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04 - Editorial Octávio Carmo06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Opinião Miguel Oliveira Panão CNJP24 - Semana de... José Carlos Patrício26 - Dossier Diaconado Permanente

28 - Entrevista Pe. Manuel Ferreira de Araújo56 - Multimédia58 - Estante60 - Vaticano II62- Agenda64- Por estes dias66 - Programação Religiosa67 - Minuto Positivo68 - Liturgia70 - Fátima 201774 - Fundação AIS76 - LusoFonias

Foto de capa: DRFoto da contracapa: DR

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo AguiarPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Solidariedadedepois da dor[ver+]

5 novos cardeais[ver+]

DiaconadoPermanente[ver+] Comissão Nacional Justiça e Paz |Fernando Magalhães | José CarlosPatrício| Manuel Barbosa | PauloAido | Tony Neves | FernandoCassola Marques | Octávio Carmo

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Cansaço

Octávio Carmo Agência ECCLESIA

O Papa fez esta semana um notável discursosobre Economia Social de Mercado, o futuro dosindicalismo, a necessidade de retirar horas detrabalho aos que estão mais perto da reforma eabrir espaço para a entrada dos mais jovens nomundo laboral. Em 2013, tal discurso teria sidodivulgado imediatamente nas redes sociais, nastelevisões, mereceria comentários nos jornaisdos dias seguintes. Mas hoje já não. O motivo ésimples: cansaço.Nosso, não do Papa Francisco, que fique claro.Cansamo-nos depressa nesta era dahipervelocidade, da hiperinformação, danecessidade permanente de novidade. Nãoconseguimos estar a olhar muito tempo para omesmo sítio, de dar atenção, de ponderar, filtrar,avaliar. Vivemos para reagir, de preferência com

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veemência, até porque parecemossempre ser donos da razão.Esta longa introdução serve paraalertar para o óbvio, no caso dosrecentes incêndios: para quemsobreviveu, tudo continua por fazer.Provavelmente, o mais difícil atécomeça agora, em termos de luto ede luta.As manifestações de solidariedade,até ao momento, têm sidoextraordinárias, mas vivemos nesterisco constante do cansaço. Numconcerto que recolheu mais de ummilhão de euros em donativos, aatenção das redes sociaisconcentrou-se rapidamente nummomento

menos feliz - reconhecido pelopróprio - de Salvador Sobral. Estamos prontos para largar a“conversa dos incêndios”, não hádúvida. Mas é pena, porque deixarde lado este tema, sobretudo noinverno, tem tido custos muitoelevados em cada verão.As vítimas destas tragédias nãopodem ser vítimas da“impersistência da memória”, nosnossos dias. Deste enxame deabelhas que produzem o seu fel (leubem, não é erro) saltando depolémica em polémica. O cansaçodos bons, como sabemos, tem sidoa oportunidade dos maus. Vamoscombatê-lo.

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«Este senhor tirou-nos mais uma alegria…»

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«É sabido como a televisão, em face deacontecimentos em que veja filão de audiências, émonotemática, repetitiva e agressiva. O mesmoassunto repete-se em todos os canais, em todos osespaços informativos, sobretudo quando a coisacheira a escândalo ou fonte dele» (Manuel CorreiaFernandes; In: Voz Portucalense de 28 de junho2017). «Com o fogo não se brinca. O que acabámos de vivernos últimos dias de primavera e início deste verãotrouxe-nos à carga ensinamentos que teremos deaprofundar e consolidar com os pés assentes narealidade» (Sérgio Gaspar Saraiva; In: Notícias daCovilhã de 29 de junho de 2017) «Ora, chega a ser desesperante a forma como osconstantes improvisos de Passos Coelho diante dascâmaras de televisão destroem a principal mensagemque quer passar» (João Miguel Tavares; In: Público de29 de junho de 2017). «Perdeu-se uma oportunidade de oiro para conquistarmais um título» (António Magalhães; In: Record dejunho de 2017)

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Solidariedade na respostaao drama dos incêndios

A União das MisericórdiasPortuguesas (UMP) agradeceu oapoio da população, após aangariação de 1 milhão e 153 mileuros paras as vítimas dosincêndios florestais da regiãocentro. Os donativos foramrecolhidos na noite de terça-feira eao início da madrugada de quarta-feira, no âmbito do concertosolidário ‘Juntos por Todos’, que serealizou no MEO Arena, em Lisboa.O presidente da UMP elogiou a“mobilização fantástica” que

manifestou o “verdadeiro espírito desolidariedade do povo português”.“As Misericórdias Portuguesasagradecem a todos os artistas,técnicos, equipas de produção etodas as pessoas e entidades queestiveram envolvidas e quetrabalharam arduamente para aconcretização de uma causasolidária que pretende melhorar avida de todas as famílias afetadaspor esta grande tragédia” afirmaManuel de Lemos, em

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comunicado enviado hoje à AgênciaECCLESIA.Já a Cáritas Diocesana de Coimbraanunciou que recolheu mais de 930mil euros em donativos para ajudaras populações de afetadas pelosincêndios da última semana, naregião centro de Portugal.No terreno estiveram mais de 30técnicos e cerca de 40 voluntáriosque visitaram cerca de uma dezenade aldeias nos concelhos maisafetados pelo fogo que deflagrou a17 de junho, provocando 64 mortose mais de 200 feridos.Durante a primeira semana detrabalhos foi montada a logísticanecessária para a entrega de “bensessenciais” (alimentação, produtosde enfermagem, vestuário, produtosde higiene pessoal) e “sinalizaçãodas primeiras situações a apoiar”.A Cáritas Diocesana de Coimbracentra-se agora três áreas deintervenção: “acompanhamento noterreno”, “receção eencaminhamento de donativos” e“contabilização de donativos,entidades e pessoas”.

Em Pedrógão Grande, o padre Júliodos Santos, responsável pelacomunidade católica local, evocouas vítimas do incêndio que a 17 dejunho deflagrou na região e apontouà vida depois do luto. O sacerdotepresidiu à Missa dominical na igrejade Nossa Senhora da Assunção,onde começou por recordar os quefaleceram e todos os que estão asofrer por causa dos “tristesacontecimentos” que provocaram amorte de 64 pessoas.D. Manuel Clemente presidiu àcelebração na igreja paroquial deBenfica, que antecedeu o funeral deum casal, o seu filho e nora,residentes em Lisboa e naturais dePedrógão Grande, que morreram aofugir do fogo. O cardeal-patriarca deLisboa afirmou que é necessáriolevar por diante um país “maiscoeso, mais coerente e maisecológico”.

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Diocese de Aveiro atenta à açãosocialO plano pastoral da Diocese deAveiro para 2017-2018, que temcomo palavra de ordem a“caridade”, pretende incentivar ascomunidades católicas a ir aoencontro das várias preocupaçõessociais que marcam a região. Ementrevista à Agência ECCLESIA, obispo de Aveiro destaca desafioscomuns a outras dioceses, “os maispobres, os sem-abrigo, as margensda sociedade”, mas depois também“algumas particularidades” destaregião que “importa” atender, como“a marginalização fruto daprostituição” e “datoxicodependência”.D. António Moiteiro espera que sejapossível promover cada vez maisuma ação católica social consistentee organizada.O novo plano pastoral foiapresentado este domingo, no diada Igreja Diocesana de Aveiro, quedecorreu no Santuário deSchoenstatt, em Ílhavo.Nas suas declarações, D. AntónioMoiteiro manifestou a suapreocupação pela realidade atualdas instituições de solidariedadesocial ligadas à Igreja Católica, quepassam por “momentos muitodifíceis”. Muitas na região “estãoquase na rutura financeira” e nãotêm

condições para cumprir “os acordosque existem com a SegurançaSocial”, segundo os quais asinstituições têm de garantirfinanceiramente 20 por cento do seupróprio orçamento.“Os centros sociais paroquiais nãotêm verbas, como é que vãoarranjar 20 por cento? Podemarranjar este ano, de campanhas,de ajudas, das comunidades cristãse das paróquias. Mas este colmatardos 20 por cento, em algumassituações, é impossível”, lamentou.Durante o Dia da Igreja Diocesanade Aveiro, tomou posse o novotribunal que vai tratar do processode canonização da Beata Joana,princesa. Destaque ainda para anomeação do padre Manuel Rochacomo novo vigário-geral da diocese,um cargo que até agora eraocupado pelo monsenhor JoãoGaspar.

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Festas populares desafiam IgrejaCatólicaà criatividadeO bispo do Porto disse este sábadona celebração litúrgica de São JoãoBatista, na paróquia da Foz doDouro, ao fim da tarde, que a Igrejacatólica tem de viver comcriatividade as festas populares. Emdeclarações à Agência ECCLESIA,D. António Francisco afirmou que a“expressão religiosa e litúrgica” dascomunidades católicas nascelebrações dos santos,nomeadamente São João, tem de“saber como responder a umapresença tão numerosa de gente”,por esta ocasião.A paróquia de São João Batista daFoz do Douro, no Porto, celebra osanto popular com uma Missapresidida pelo bispo diocesano, aofim do dia, onde inclui elementosdos festejos tradicionais, como omanjerico e a cascata. “Quando seentra nesta igreja cheira amanjerico”, referiu o pároco da Fozdo Douro.Para o cónego Rui Osório, a IgrejaCatólica tem de incluir nos seusambientes “pequenos pormenores”,porventura de “origem mais profanado que sacra”, para “estabelecercom normalidade a aliança entre oprofano e o sagrado”. “Não vouintegrar o aspeto religioso à força,

mas queremos dar uma ambiênciareligiosa, sem forçar”, sustentou opároco da Foz do Douro.O antigo jornalista do “Jornal deNotícias” lembrou que a IgrejaCatólica “deixou os santospopulares um bocadinho aoabandono”, considerando que SãoJoão foi o “mais abandonado”.Para D. António Francisco, bispo doPorto, “a Igreja tem de viver aexpressão da alegria, ser uma Igrejade gente feliz, que sabe viver comdignidade, respeito e exuberânciatambém a alegria e a festa” e“aprender com os seus santos”. “Aalegria é uma dimensão da fé”,afirmou.O bispo do Porto presidiu àcelebração em honra de São JoãoBatista na igreja da Foz do Douro,na tarde do dia 24 de junho,crismando os membros dacomunidade que concluíram arespetiva preparação.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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Presidente da República homenageou médico Daniel Serrão

Bodas de ouro sacerdotais de D. Jorge Ortiga

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Cardeais, não príncipes

O Papa Francisco presidiu noVaticano ao quarto consistório doatual pontificado, para a criação decinco cardeais, e desafiou os seusmais diretos conselheiros a “olharpara a realidade”, sem se julgarem“príncipes”. “Falo particularmentepara vós, amados novos cardeais:Jesus segue à vossa frente e pede-vos que o sigais decididamente peloseu caminho. Chama-vos a olharpara a

realidade, não vos deixando distrairpor outros interesses, por outrasperspetivas”, declarou, na homiliada celebração que decorreu naBasílica de São Pedro.“A realidade é a dos campos derefugiados, que às vezes lembrammais um inferno do que umpurgatório; a realidade é o descartesistemático de tudo o que já não éútil, incluindo as pessoas”,acrescentou.

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O rito de entrega do barrete e doanel decorreu na Basílica de SãoPedro, na véspera da festa de SãoPedro e São Paulo. “[Jesus] não voschamou para vos tornardes‘príncipes’ na Igreja, para vos‘sentardes à sua direita ou à suaesquerda’. Chama-vos para servircomo Ele e com Ele, para servir oPai e os irmãos”, disse o Papa aosnovos cardeais.Os novos cardeais são D. JeanZerbo, arcebispo de Bamaco, Mali;D. Juan José Omella, arcebispo deBarcelona, Espanha; D. AndersArborelius, bispo de Estocolmo,Suécia; D. Louis-Marie LingMangkhanekhoun, vigário apostólicode Paksé, Laos; e D. Gregório RosaChávez, bispo auxiliar da Diocesede San Salvador, El Salvador, amigoe colaborador de D. Óscar Romero.Francisco alertou para “osinocentes que sofrem e morrem porcausa das guerras e do terrorismo”e as “escravidões que não cessamde negar a dignidade, mesmo naera dos direitos humanos”.A homilia partiu de uma passagemdo Evangelho, sobre os discípulos,na qual se afirma que “Jesus seguiaà frente deles”.

“Jesus caminha, decididamente,para Jerusalém. Sabe bem o que láO espera [a crucifixão], tendo-oreferido várias vezes aos seusdiscípulos. Mas, entre o coraçãode Jesus e os corações dosdiscípulos, há uma distância, que sóo Espírito Santo poderá preencher”,disse Francisco.A intervenção sublinhou que, aolongo do caminho, “os própriosdiscípulos estão distraídos porinteresses não condizentes com a«direção» de Jesus, com a suavontade que se identifica com avontade do Pai”. “Que toda a nossavida se torne serviço a Deus e aosirmãos”, concluiu.O Colégio Cardinalício passa agoraa contar com 53 cardeais eleitorescriados no pontificado de Bento XVIe 19 no de São João Paulo II.D. Juan José Omella, que saudou oPapa em nome dos novos cardeais,sublinhou na sua intervenção ofacto de Francisco escolherrepresentantes de Igrejas“geograficamente distantes”.Desde 2013, quando os cardeaiseleitores da Europa representavam56% do total, Francisco tem vindo aalargar as fronteiras das suasescolhas, com uma mudança maisvisível no peso específico da África,Ásia e Oceânia.

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O rito de entrega do barrete e do anel decorreu na Basílica de São Pedro, na vésperada festa de São Pedro e São Paulo. “[Jesus] não vos chamou para vos tornardes‘príncipes’ na Igreja, para vos ‘sentardes à sua direita ou à sua esquerda’. Chama-vospara servir como Ele e com Ele, para servir o Pai e os irmãos”, disse o Papa aos novoscardeais.Os novos cardeais são D. Jean Zerbo, arcebispo de Bamaco, Mali; D. Juan José Omella,arcebispo de Barcelona, Espanha; D. Anders Arborelius, bispo de Estocolmo, Suécia; D.Louis-Marie Ling Mangkhanekhoun, vigário apostólico de Paksé, Laos; e D. GregórioRosa Chávez, bispo auxiliar da Diocese de San Salvador, El Salvador, amigo ecolaborador de D. Óscar Romero.Francisco alertou para “os inocentes que sofrem e morrem por causa das guerras e doterrorismo” e as “escravidões que não cessam de negar a dignidade, mesmo na era dosdireitos humanos”.A homilia partiu de uma passagem do Evangelho, sobre os discípulos, na qual se afirmaque “Jesus seguia à frente deles”. “Jesus caminha, decididamente, para Jerusalém.Sabe bem o que lá O espera [a crucifixão], tendo-o referido várias vezes aos seusdiscípulos. Mas, entre o coração de Jesus e os corações dos discípulos, há umadistância, que só o Espírito Santo poderá preencher”, disse Francisco.A intervenção sublinhou que, ao longo do caminho, “os próprios discípulos estãodistraídos por interesses não condizentes com a «direção» de Jesus, com a sua vontadeque se identifica com a vontade do Pai”. “Que toda a nossa vida se torne serviço a Deuse aos irmãos”, concluiu.O Colégio Cardinalício passa agora a contar com 53 cardeais eleitores criados nopontificado de Bento XVI e 19 no de São João Paulo II.D. Juan José Omella, que saudou o Papa em nome dos novos cardeais, sublinhou nasua intervenção o facto de Francisco escolher representantes de Igrejas“geograficamente distantes”.Desde 2013, quando os cardeais eleitores da Europa representavam 56% do total,Francisco tem vindo a alargar as fronteiras das suas escolhas, com uma mudança maisvisível no peso específico da África, Ásia e Oceânia.

Francisco alertou para “os inocentes que sofrem e morrem por causa dasguerras e do terrorismo” e as “escravidões que não cessam de negar adignidade, mesmo na era dos direitos humanos”.A homilia partiu de uma passagem do Evangelho, sobre os discípulos, naqual se afirma que “Jesus seguia à frente deles”. “Jesus caminha,decididamente, para Jerusalém. Sabe bem o que lá O espera [a crucifixão],tendo-o referido várias vezes aos seus discípulos. Mas, entre o coração de

Menos horas de trabalhopara criar mais empregoO Papa Francisco alertou noVaticano para as consequências dodesemprego na atual geração dejovens, enquanto os mais velhostêm de trabalhar “demasiadotempo”. “É por isso urgente um novopacto social humano, um novo pactosocial pelo trabalho que reduza ashoras de trabalho para quem estána última estação laboral, para criaremprego para os jovens que têm odireito-dever de trabalho”, disse, aoreceber os delegados daConfederação Italiana dosSindicatos de Trabalhadores.O Papa deixou críticas a umaeconomia de mercado que deixa departe natureza social da empresa.“O capitalismo do nosso tempo nãoentende o valor do sindicato,porque se esqueceu da naturezasocial da economia, da empresa.Este é um dos maiores pecados”,declarou.No encontro desta quarta-feira,Francisco citou São João Paulo IIpara defender uma “economia socialde mercado” em vez de uma“economia de mercado”,denunciando a desigualdadesalarial que afeta as mulheres e otrabalho infantil.

O Papa considerou “desumano” queos pais não tenham tempo paraestar com os seus filhos, por causado trabalho, e pediu “outra cultura”.“A vossa vocação é tambémproteger quem ainda não temdireitos, os excluídos do trabalhoque estão excluídos também dosdireitos e da democracia”, referiuaos delegados sindicais.A intervenção apontou campos deação para os sindicatos, que têm delutar pelos “descartados dotrabalho” e não só por quem játrabalha ou se reformou.Francisco alertou para os perigosda corrupção no mundo sindical epediu que a presença destesresponsáveis se façam sentir “entreos imigrantes, os pobres que estãodentro dos muros da cidade”.

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Festa com 36 arcebisposO Papa Francisco denunciou noVaticano o “silêncio” dosresponsáveis internacionais perantecasos de perseguição ediscriminação dos cristãos.“Também hoje, em várias partes domundo, por vezes num clima desilêncio – e, não raramente, umsilêncio cúmplice –, muitos cristãossão marginalizados, caluniados,discriminados, vítimas de violênciasmesmo mortais, muitas vezes sem odevido empenho de quem poderiafazer respeitar os seus direitossagrados”, disse, na homilia daMissa da solenidade dos santosapóstolos Pedro e Paulo.A celebração, marcada pela entregados pálios aos 36 novos arcebisposmetropolitas, foi ocasião para que oPapa apresentasse uma reflexãosobre três palavras “essenciais” navida dos cristãos, “confissão,perseguição, oração”.Francisco convidou todos osparticipantes a confessar a sua fé,de forma decidida, questionando osque denominou como “cristãos deparlatório”, que conversam sobre“como andam as coisas na Igreja eno mundo”. A estes, precisou,contrapõem-se os “apóstolos emcaminho, que confessam Jesus coma vida, porque o têm no coração”.

O Papa apresentou depois a oraçãocomo força que “une e sustenta, oremédio contra o isolamento e aautossuficiência que levam à morteespiritual”.A festa dos padroeiros da cidade deRoma contou com uma delegaçãodo Patriarcado Ecuménico deConstantinopla (Igreja Ortodoxa),presidida pelo arcebispo Job, deTelmessos, num sinal deaproximação entre as duascomunidades.A celebração começou com ummomento de oração junto ao túmulodo apóstolo Pedro, primeiro Papa, ediante da estátua do santo nointerior da Basílica do Vaticano.Já no final da Missa, Franciscoentregou o pálio aos 36novosarcebispos metropolitas, incluindocinco do Brasil (arquidioceses deAparecida, Sorocaba, Londrina,Aracaju e Paraíba) e um deMoçambique (Nampula).

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Cardeal George Pell rejeita «falsas acusações» de abusos sexuais eregressa à Austrália para defender-se

Papa denuncia perseguições contra cristãos

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Mistério insondável de dor e amor

Miguel Oliveira Panão Professor Universitário

Blog & Autor

Os acontecimentos no incêndio em PedrógãoGrande não nos deixam indiferentes. Sãocatástrofes naturais onde questionamos o amorque podemos encontrar na natureza e onde estáDeus.Depois, quando não conhecemos aqueles quesão vítimas, rezamos por eles, mas o coraçãonão aperta. Mas quando os conhecemos… bom,é muito diferente. Foi o meu caso. Das famíliasque faleceram eu conhecia bem o pai de umadelas e pude experimentar um pouco a dor dapartida trágica de alguém mais próximo.Antes de saber a notícia deste meu amigo tinhareflectido sobre como ser vítima de umacatástrofe natural é ser protagonista da históriacontingente do mundo… da pior maneira. E queesses que partiram ensinam-nos, com a suaprópria vida, a estar sempre preparados para apossibilidade de um dia sermos nós tambémprotagonistas.Da contingência do mundo pode surgir algo deextraordinário como a espécie humana, assimcomo algo de trágico expresso na perda de vidahumana. Encontrar o amor na natureza épossível através da contemplação do espetáculoda vida que se desenrola diante de nós. Masepisódios como este levam-nos a encontrar osofrimento na

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natureza. E se houver quem sejavítima, maior se torna essesofrimento. O mundo está repletodeste mistério insondável de dor eamor. E seja pela beleza ou pelatristeza, um maior relacionamentocom o ambiente que nos circundamostra-nos a importância devivermos bem cada momentoporque cada momento é único.Depois, a questão sobre “onde estáDeus”…Por ocasião das chuvas naMadeira reflectia que o único lugarde Deus quando alguém parte, sejade que modo for, é nessa pessoa.Assim, se ela sofre, Deus sofre comnela. Se ela morre, Deus morre comela. Quando dizemos que Jesus éEmanuel, o Deus-connosco,significa que está connosco emtudo, sobretudo nos momentos demaior dor, sofrimento e morte.Poderia ser algo que dizemos a nóspróprios para encontrarmos consoloe sentido em eventos como esteque não têm, mas não é assim.Deus está mais próximo de nós, de

que nós de nós próprios. Issosignifica que nos conheceprofundamente porque vive em nóse através de nós. Mais do que umpensamento belo, é umaexperiência. Logo, num mês comoeste que antecede um período deférias, talvez seja o tempo ideal denos prepararmos e, mais libertosdos compromissos de trabalho(porque às vezes não se conseguetotalmente), procurarmos viver cadamomento com a família, os amigos,ou simplesmente aqueles com quemnos cruzamos, com uma maiorprofundidade. Momentos profundoscomo os de encontro com Deus.O que significa isso na prática?Muito simples. Amar. Amar sempre.Amar a todos. Ser o primeiro a amar.Amar mesmo quem não gostamos.Não percamos um só momento queseja, sem o viver por amor. Porquenão há nada maior que podemosdeixar quando chegar o nossomomento de partir como o quantoamámos à nossa volta. Esse é overdadeiro e mais profundo legadode cada ser humano.

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Dor, louvor e alertaNa sua reunião anual, em Fátima,a 24 de junho de 2017, a ComissãoNacional Justiça e Paz, asComissões Diocesanas Justiça ePaz e a Comissão Justiça e Pazdos Institutos Religiososaprovaram a seguinte nota, apropósito da tragédia dosrecentes incêndios

Ainda em período de balanço dostrágicos incêndios que ocorreramrecentemente no nosso país,queremos, antes de mais, exprimir anossa solidariedade na dor dasfamílias enlutadas e dizer que astemos presentes nas nossasorações, tal como cada uma dasvítimas, a quem auguramos afelicidade eterna junto de Deus.Queremos também exprimir o nossolouvor a todos os queabnegadamente se entregam àdefesa de vidas e bens no combatea este e outros fogos, numtestemunho de amor ao próximo quenunca é demais enaltecer.E queremos ainda formular votos deque esta tragédia sirva de alertapara que situações semelhantesnão venham a repetir-se. Não pode

suceder outra vez o que temsucedido anteriormente: que aemoção de momentos como esteseja rapidamente esquecida e que areflexão sobre as causas estruturaisque levam a que os incêndiosprovoquem em Portugal danos atémaiores do que em países comcondições climatéricas idênticastambém não se prolongue para alémdestes momentos e não se traduzaurgentemente em ações concretas.Os problemas com que se deparamas populações mais pobres evulneráveis de um interior cada vezmais desertificado também nãopodem ser recordados apenasnestes momentos trágicos.A política de ordenamento doterritório deve ser guiada porcritérios de bem comum, o dasgerações presentes e os dasgerações futuras, critérios quedevem sobrepor-se a interessesindividuais ou de grupo.Mais amplamente e no planointernacional, há que enfrentar asalterações climáticas que podem vira intensificar a ocorrência deincêndios e a gravidade das suasconsequências.

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Vem certamente a propósitosalientar os apelos do PapaFrancisco (designadamente naencíclica Laudato sì) à promoção deuma ecologia integral (ambiental,humana e social) e a uma educaçãoecológica que implica umaverdadeira conversão. O patrimónioflorestal a proteger

é mais do que um recursoeconómico, faz parte daquele domde Deus à humanidade querepresenta a criação, dotada deuma ordem, harmonia e beleza quecada um de nós deve respeitar,cultivar e desenvolver sem destruir.

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O Trabalho, as Tecnologias e aRobotização

LOC/MTC Movimento de trabalhadoresCristãos

O trabalho, que foi ao longo dos tempos fonte dealegrias, solidariedades e desenvolvimento social,foi também origem de escravatura, sofrimento,doença e morte. Mas o mesmo é hoje consideradoum meio privilegiado de dignificação humana, deequidade e inclusão sociais.Por isso “o mundo do trabalho é uma prioridadehumana...é uma prioridade cristã”... “o diálogo noslugares de trabalho não é menos importante que odiálogo que fazemos dentro das paróquias”… “Otrabalho é parto: são aflições para poder depoisgerar alegria pelo que se gerou juntos”… “Seentregarmos o trabalho ao consumo, com o trabalhologo venderemos também todas as suas palavrasirmãs: dignidade, respeito, honra, liberdade”...! PapaFrancisco, no encontro com o mundo do trabalho emGénova, a 27 maio passado.Isto significa que o trabalho é muito mais que umemprego, uma ocupação, ou uma produção.Humana e cristãmente, o trabalho deve tornar apessoa feliz e conceder-lhe uma oportunidadesingular de contribuir para o bem comum. Isto, emqualquer sector: na agricultura, na indústria, nocomércio, nos serviços de cuidados e domésticos,na saúde, na educação, na cultura. Todo o trabalhodeve proporcionar diariamente realização pessoal ecomunitária.As tecnologias, nas últimas décadas, vieram dar umgrande contributo para que o trabalho sejaexecutado com mais segurança, maior celeridade emelhor eficácia. E muitas pessoas têm beneficiadodo resultado destas novas tecnologias. Porexemplo,

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a vida doméstica está mais facilitadapelas máquinas que lavam, secam,passam a ferro, cozinham, etc.,libertando a mulher, em quemrecaem mais vezes estas tarefas, aaceder a uma vida profissional oudela não prescindir. Tem mais tempopara a vida familiar e conquistamindependência económica.E os avanços tecnológicos sãotambém bem visíveis em muitasoutras áreas, incluindo a saúde e aeducação.A indústria 4.0, designada peloconjunto de novas tecnologias queenvolvem a automação, adigitalização, a robótica e ainteligência artificial vem acentuarainda mais este novo paradigma domundo do trabalho, onde se produzem menos tempo maior quantidadede produto, reduzindo, porém anecessidade de trabalho eextinguindo imensos postos detrabalho. Produz-se mais commenos trabalhadores e com maiorobtenção de lucros para osdetentores dos meios de produção.A necessidade do trabalho humanoé substancialmente reduzida eatiram-se imensas pessoas para odesempregoAs tecnologias e a robotizaçãopodem executar hoje tarefas maisduras e perniciosas para a saúdedas pessoas? Podem reduzir no usodos nossos

recursos naturais e contribuir paramelhorar o ambiente? Entãodeveriam ser aproveitados essesbenefícios que a evoluçãotecnológica nos oferece em favor detodos, e não ser permitidos que estamudança se reverta numa novaescravatura ou exclusão social.Por isso é premente exigir,reivindicar e lutar para que osbenefícios deste desenvolvimentorevertam também para ostrabalhadores e suas famílias. Duasdas medidas a aplicar com maisurgência são: a redução doshorários de trabalho para quepossamos desfrutar de mais tempopara a família, para a cultura, paraparticipação cívica e para aespiritualidade; e melhor repartiçãoda riqueza do trabalho, através dossalários e da contribuição fiscal paraque se possa precaver umaproteção social mais eficaz, menosestigmatizante e mais inclusiva.

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Que depois da cinza renasça aesperança

José Carlos Patrício Agência ECCLESIA

Nestas últimas semanas vimos de novo Portugalvestido de negro e de cinza, tocado pelavoracidade das chamas que reclamaram a vidade dezenas de pessoas, e deixaram muitasoutras feridas e sem nada.O incêndio na região de Pedrogão Grande, jáconsiderado o pior dos últimos 10 anos naEuropa, tem de levar a uma reflexão séria acercadas medidas a tomar.Em matéria de segurança, de prevenção, docuidado com as nossas zonas verdes, com asnossas florestas, com as populações que vivemem zonas mais isoladas.É também um apelo a cuidar das famílias maisdiretamente tocadas por este drama, e nestecampo, felizmente, o negro e a cinza estão a darlugar à esperança pois mais uma vez, no pior dosacontecimentos vemos também o melhor dahumanidade, na prática da solidariedade, naunião de esforços.Dar aos outros um pouco de nós, para que elespossam voltar a ter vida, para retomarem o seucaminho, é a aplicação prática do Evangelho, éfazer presente a ressurreição de Cristo, é deixarmarca cristã no meio da sociedade.Mas estes dias também têm sido um tempo defesta, com os santos populares e os seusarraiais, a música e a dança, as tradicionaissardinhadas.Na minha terra, que tem como padroeiro SãoPedro dos Grilhões, ainda me lembro de andar asaltar

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a fogueira na noite de folia, emrapaz claro porque agora um pai defamília tem de ter outra compostura…A preparação da festa emcomunidade, o convívio e a alegriaque se gera entre novos e menosnovos, são momentos que não têmpreço e que renovam a fé nummundo que hoje nos prega tantas(más) partidas.

E por falar em renovar, as fériasestão quase aí e no caso daAgência ECCLESIA, está também nohorizonte a mudança para uma novacasa.Um novo espaço de trabalho masonde teremos a mesmapreocupação de sempre: levar até sitoda a atualidade e informação,onde o Evangelho e a Humanidadesão notícia.

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Diáconos Permanentes? Já ouviu falar? Conhece algum? O SemanárioECCLESIA apresenta hoje um dossier especial, no 50.º aniversário darestauração deste ministério, pela mão do Papa Paulo VI, após decisãodo Concílio Vaticano II. Testemunhos na primeira pessoa, reflexõespastorais e um percurso sobre a implementação e crescimento desteministério em Portugal é o que pode encontrar nas próximas páginas.O ministério do diácono permanente envolve alguém especialmentedestinado na Igreja Católica às atividades caritativas, a anunciar a Bíbliae a exercer funções litúrgicas, bem como assistir o bispo e o padre nasmissas, administrar o Batismo, presidir a casamentos e exéquias, entreoutras funções.No caso dos candidatos ao diaconado permanente, esta é uma missãopara toda a vida, a que podem aceder homens, incluindo os casados,com mais de 35 anos.

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Um tesouro difícil de reconhecer O padre Manuel Ferreira de Araújofoi o primeiro diretor do ServiçoNacional do DiaconadoPermanente, nos anos 80 doséculo XX. Um campo de empenhopessoal ao qual dedicou váriosartigos na revista Lumen e a suaprova académica, na UniversidadeCatólica, procurando vencerresistências e despertasensibilidades para uma riquezaredescoberta e consagrada peloConcílio Vaticano II, mas quedemorou a fazer o seu caminho emPortugal.

Entrevista conduzida porLuis Filipe Santos

Agência ECCLESIA (AE) – Foi umdos principais impulsionadores doDiaconado Permanente emPortugal, como nasceu estasensibilidade para a restauraçãodeste ministério?Padre Manuel Ferreira de Araújo(MFA) – A Santa Sé insistia, juntoda Conferência EpiscopalPortuguesa (CEP), para que ospaíses que

não tinham ainda restaurado oDiaconado Permanente o fizessem.Perguntava a cada ConferênciaEpiscopal as razões porque ainda nãoo tinham feito? Após este alerta, aCEP respondeu a esta solicitaçãovinda de Roma. Como o II Concílio doVaticano restaurou o DiaconadoPermanente era preciso maisempenho nesta área.

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AE – Que razões apontou, naaltura, a CEP para este atraso?MFA – Isso desconheço. Só aConferência Episcopal Portugalsabe… AE – A primeira diocese aimplementar o DiaconadoPermanente foi Setúbal, seguida deoutras que lhe seguiram o exemplo.MFA – Setúbal deu o primeiro passoe outras entraram nessa dinâmica.

AE – Mais de meio século depois deencerrado o II Concílio do Vaticano,este ministério não está um poucoesquecido?MFA – Fui nomeado como primeirodiretor do Diaconado Permanenteem Portugal e saí na década deoitenta. Fui uma escolha de D. JoséPolicarpo. Estava a viver em Lisboaporque estudava na UniversidadeCatólica Portuguesa.

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AE – Nesse périplo feito pelasdioceses encontrou entraves?MFA – Havia de tudo… Como aindaexiste atualmente. Na altura vireações bastante diferentes nasvárias dioceses. Umas acolherambem, noutras o clero tinha bastanterelutância em aceitar a restauraçãodo diaconado permanente. AE – Receio de perderem oprotagonismo?MFA – Talvez, devido aosacontecimentos históricos. Mas

não tenho acompanhado arealidade do DiaconadoPermanente. AE – Alguns ainda pensam que oDiaconado Permanente é umaresposta à falta de vocaçõessacerdotais.MFA – A questão não pode ser vistadessa forma. O diácono permanentenão é para substituir o padre. Afunção do diácono permanente éexercer um ministério na Igreja quefoi muito frutuoso no início.

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AE – No entanto, hoje, é visto comoaquele que ministra algunssacramentos, esquecendo adimensão socio-caritativa.MFA – A função do diáconopermanente passa pela dimensãosocio-caritativa e a liturgia. Ochamado serviço das mesas. Ocuidar dos mais pobres. Foi aí quehouve alguma dificuldade, em váriasdioceses. No meu entender, osdiáconos não deveriam estar e ficarem gabinetes diocesanos, masandar mais no mundo do trabalho eno mundo daqueles que andam umpouco fora da Igreja. Devia ser aí oseu apostolado.Tivemos pessoas que quiseramreduzir a função do diáconopermanente a serviços desecretarias. Nunca defendi essalógica… AE – Como se explica que passadomeio século ainda não se tenharedescoberto este valor?MFA – É um problema pastoral.Algumas dioceses, como têm muitoclero não querem o DiaconadoPermanente. Todavia, eu sou daopinião de que sejam poucos ou

muitos padres, o DiaconadoPermanente faz parte da estruturada Igreja. AE – Alguns chegam a pensar que odiácono permanente é umapromoção do apostolado laical.MFA – Essa também foi uma ideiasobre o qual lutei imenso. Muitaspessoas pensavam nessapromoção. O diaconado não é nadadisso… Tivemos também exemplos,nalgumas dioceses, que queriamordenar apenas ex-seminaristas.Nunca fiz nenhuma imposição, masdefendi sempre que se deviaordenar aqueles que estavam maislivres. Os leigos não precisam deser promovidos, eles têm o seupapel na Igreja. A função do diáconopermanente passa peladimensão socio-caritativae a liturgia. O chamadoserviço das mesas. Ocuidar dos mais pobres.

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AE – Foi ordenado em agosto de1967, dois anos após oencerramento do II Concílio doVaticano, e tentou logo aplicar asnormas emanadas desteacontecimento eclesial?MFA – Procurei tentar aplicar oconcílio. Mesmo passados 50 anos,o que é preciso é colocá-lo emprática. Há muita gente que diz quea Igreja tem de ir às fontes. Masessas mesmas pessoas esquecem-se que o Diaconado Permanente éir às fontes. O DiaconadoPermanente é fundamental porqueos padres têm dificuldade empenetrar nalguns campos de ação.

AE – Após a primavera florida, adinâmica conciliar estacionou naprimeira etapa?MFA – Não digo que tenha parado,mas não se deu grande impulso egrande relevo aos documentos e aoconteúdo saído do II Concílio doVaticano. AE – Falta de divulgação?MFA – Os documentos do concílionão foram muito lidos e muito menosestudados. É aí que falha bastantea formação do clero. Temos leigosque sabem muito sobre o concílio eexpõem bem o conteúdo. Todavia, oespírito do concílio não foi bemcontinuado através dos tempos.

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AE – A obra «O Ministério doDiácono Permanente» é fruto dainvestigação universitária feita naUCP.MFA – Foi o trabalho de licenciaturana Universidade Católica em Lisboa.Na defesa da tese tive algunsproblemas. Peripécias um poucotristes. AE – O júri não defendia arestauração do DiaconadoPermanente?MFA – O problema, diziam eles, nãoestava no Diaconado Permanente,mas no estatuto de presbítero. Oministério não é poder, mas serviço,exercício, humildade, simplicidade

e obediência. Eles diziam que eranecessário vincar mais uma certaindependência do presbítero. Umdos elementos do júri disse-me: “Osenhor está a prestar um frete aosbispos”. Dos quatro elementos dojúri, só um é que compreendeu. AE – Mesmo depois destasperipécias, continua a acreditar queo Diaconado Permanente tem futuroda Igreja.MFA – Sim. Completamente. Toda aIgreja tem de pensar no valor desteministério.

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Diaconado Permanentetem sido uma riqueza

O bispo de Coimbra ordenou 17novos diáconos permanentes para adiocese e destaca a importânciadeste ministério, não só para aIgreja Católica local mas para todasas comunidades católicas do país.Em entrevista à Agência ECCLESIA,D. Virgílio Antunes, que até este anoassumiu a presidência da ComissãoEpiscopal das Vocações eMinistérios, considera que odiaconado

permanente “está a ser umariqueza” para a Igreja em Portugal,“porque completa o leque deformas, meios, carismas, deministérios que ela propõe para estetempo”.Um tempo marcado em muitasparóquias, unidades pastorais ouarciprestados do país por umagrande escassez de sacerdotes oupor um clero envelhecido. “Asnossas comunidades estão ávidas,estão

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sedentas de pastores”, realça D.Virgílio Antunes, que no caso dos 17diáconos permanentes agoraordenados acredita que eles vãoser “pedras importantes” para a“promoção da ação da Igreja noterritório”.Em primeiro lugar, junto dascomunidades atualmente sempároco, pois há “na diocese ummundo muito vasto de lugares ondenão é possível celebrar-se aeucaristia, mesmo em muitas igrejasparoquiais”, salienta o bispo. Depoisem áreas como a evangelização e acatequese de adultos, numa regiãoonde “uma grande camada dapopulação deixou de ser crente, deestar ligada à Igreja, de serpraticante”.Todo o trabalho a desenvolver seráfeito “sempre em ligação com um ouvários sacerdotes”, com especialenfoque também no serviçolitúrgico, “na presidência dosbatismos, dos matrimónios, dasexéquias cristãs onde não épossível estar um presbítero”, eainda na “ação social, caritativa, deapoio aos pobres”.A figura do diácono permanente, oprimeiro grau da ordem doministério ordenado, surgiu nosprimórdios do cristianismo comouma vocação de serviço àcomunidade e viu o seu papel serreforçado com o Concílio Vaticano II.

O bispo de Coimbra realça aimportância de reforçar junto dacomunidade cristã que “todos têmum lugar, em que todos sãocorresponsáveis na Igreja Católica,cada um à sua maneira e de acordocom a sua vocação”. “Sem os leigos,sem o povo de Deus a trabalharativamente, algumas comunidadesjá não tinham possibilidade de estarvivas. Esse caminho felizmente tem-se vindo a fazer e este dia é oculminar desse caminho realizado”,aponta D. Virgílio Antunes.O bispo de Coimbra presidiu estedomingo à ordenação de doispadres, um diácono em preparaçãopara o sacerdócio e 17 diáconospermanentes, num “dia feliz” em quedestacou a importância dascomunidades católicas nosurgimento destas vocações. “Hámuito tempo que não vivíamos umdia tão grande e tão feliz como este.O dom de 18 diáconos e doispresbíteros para o serviço da Igrejafaz-nos exultar no Senhor e refazera fé e a confiança no seu amor”,disse D. Virgílio Antunes, na homiliada celebração.

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O «bichinho de servir» e umahistória de «conversão» que ligouBrasil e PortugalAlbano Nogueira Rosárioredescobriu a vocação depois de,em jovem, ter frequentado oSeminário dos Salesianos. É um dos17 diáconos permanentes queforam ordenados no domingo pelobispo de Coimbra, D. VirgílioAntunes, na Sé Nova da diocese.“Abandonei o Seminário adeterminada altura, mas estebichinho de servir ficou-me cádentro e chegou a altura em que oSenhor me voltou a chamar”, contao novo diácono.O diaconado permanente, que estáaberto a homens casados depois decumprirem 35 anos de idade, é nasua génese uma missão de serviçoà comunidade, na liturgia, nacaridade, na evangelização ecatequese, e vem desde osprimórdios da Igreja Católica.Com o Concílio Vaticano II, e maisconcretamente com a publicação em1967 da carta apostólica “Sacrumdiaconatus ordinem”, do Papa PauloVI, o diaconado permanente viu asua função reforçada e maisenquadrada.Na Diocese de Coimbra, a par depraticamente todas as dioceses dopaís, tem havido uma aposta efetivaneste ministério, até para suprir

as carências existentes ao nível dasvocações sacerdotais.“Espero servir o povo de Deusnaquilo que me compete, o melhorpossível”, refere o diácono AlbanoRosário, que vem da Paróquia deSão João Batista, é casado e pai deduas filhas, uma de 24 e outra de 21anos, e de um rapaz de seis anos. “A minha formação demorou cincoanos, foi um percurso difícil, porqueconciliar a vida profissional, a vidafamiliar, mas fez-se com espírito deserviço”, salientou.Entre os novos diáconospermanentes da Diocese deCoimbra está também André Alves,que esteve na ordenaçãoacompanhado pela mulher e osquatro filhos.Advogado de profissão e residenteno Pombal, este novo diácono tem aparticularidade de ter nascido noBrasil.“Nasci em São Paulo, mas de umafamília que emigrou para São Paulohá muitos anos atrás, de Trás-os-Montes, aqui de Bragança. Deusconverteu-me lá e chamou-me aquiao ministério para servir o povo deDeus aqui em Portugal, que há 12anos já é a

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minha terra de eleição e o meu paísdo coração”, conta o diácono AndréAlves.Sobre o que o fez enveredar poresta vocação, destaca “um desejomuito forte de servir a Deus nopróximo, sobretudo naqueles quemais sofrem”, no trabalho pastoralmas também no seu ambientalprofissional, enquanto advogado.“Nós somos chamados a exercer anossa diaconia na nossa profissão,no nosso estado civil, e no meucaso sou advogado e tenho queexercer os valores da virtude, dacaridade e da justiça”, aponta onovo diácono permanente, que nãoesquece a

importância do trabalho em conjunto“com os sacerdotes” e de “rezar pornovas vocações sacerdotais, quesão tão necessárias à Igreja”.Todos os 17 novos diáconospermanentes da Diocese deCoimbra vão começar por exercerfunções na sua paróquia de origem.No final da celebração na Sé Nova,no dia 25 de junho, que incluiutambém a ordenação de dois novospadres e de um diácono empreparação para o sacerdócio, D.Virgílio Antunes adiantou que vai seraberto mais um curso para diáconospermanentes, no próximo ano.

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«Servir o melhor que posso sempre»- Adelino da Silva Carvalho

Adelino da Silva Carvalho é diáconopermanente na Diocese do Porto,foi ordenado há 25 anos, a 26 deabril de 1992. Em declarações àAgência ECCLESIA, conta que seapresentou ao bispo da alturaporque sentiu que o chamamentode Deus.“Ninguém me convidou, senti queDeus me chamava e apresentei-meao bispo para esse serviço. Fuiadmitido para a formação, a Igrejaordenou-me e continuo a servir omelhor que

posso sempre. Gosto muito”, disseAdelino da Silva Carvalho.O diácono permanente contou quetem “sempre presente” umaintenção no seu serviço e que estáem “tudo” o que exerce: “Senhorque seja para a vossa glória e paranossa salvação.”“Considero a minha ordenaçãodiaconal, uma bênção muitoespecial para mim e para a minhafamília”, revela aos 64 anos (19 dejunho 1953).Adelino da Silva Carvalho sentiu o

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chamamento ao serviço diaconalaos 35 anos. Era MinistroExtraordinário da Comunhão eanimava as celebrações no cantoem várias paróquias para tornar asMissas “mais festivas, alegres eparticipativas por parte do povo”.Atualmente, serve as paróquias deConstance e de Vila Boa de Quires,em Marco de Canaveses, e SãoMartinho de Recezinhos, emPenafiel, entre outras quando ésolicitado.“É um compromisso”, observa,explicando que colabora na pastoralda família e é responsável peloCenáculo – “devoção e culto

a Nossa Senhora - os primeirossábados de cada mês”, emConstance.“Presidi ao casamento dos trêsfilhos e batizei os três netos”, contao entrevistado.Em 25 anos já presidiu a funerais,outros batizados e casamentos.Bênçãos e celebrações da Palavrasão outros serviços a que échamado “em representação dopároco” porque “não pode estar emtodo o lado”.Adelino da Silva Carvalho éprofessor da disciplina de EducaçãoMoral e Religiosa Católica, com“horário completo e anual na EscolaSão Martinho do Campo em SantoTirso”,

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mas no chamamento ao diaconado“tinha apenas a 4.ª classe”.“A partir dali comecei a fazer oCurso de Teologia e, em simultâneo,a formação académica, senti anecessidade de aprofundar mais osconhecimentos”, acrescenta.Neste contexto, recorda queprofissionalmente era motorista deautocarro na Sociedadede Transportes Colectivos do Porto,onde já tinha sido cobrador“bastantes anos”, e tambémtrabalhou como metalúrgico.A experiência do mundo, darealidade da vida, da família, dotrabalho, “enriquece” o diáconopermanente e é uma “mais-valia notrato e no relacionamento com aspessoas”, auxiliando os sacerdotesnas “dificuldades de dialogar,aproximar”.A 26 de abril de 1992, quando foiordenado aos 39 anos, já estava no11.º ano e depois do secundário foipara a Universidade CatólicaPortuguesa fazer o Curso deCiências Religiosas. Regressoumais tarde à faculdade, “porquesentia a necessidade de melhorformação”, para o mestrado namesma área e fez umaespecialização em “educação emensino especial”.“Sentia essa falta de formação quepara mim é fundamental porquepara

se servir tem de se saber servir”,desenvolve o diáconopermanente, sublinhando que aformação para a ordenaçãodiaconal “é um aspeto muitoimportante” e considera que, nomínimo, devia ser necessárioLicenciatura em Teologia ou emCiências Religiosas.O diácono permanente é “umcolaborador do bispo”, comotambém são os sacerdotes, por isso,na sua missão sente-se “enviado emnome do bispo, da Igreja”. É também“o primeiro colaborador” dospárocos e está ao seu “lado aajudar”.“Hoje a vida é muito diferente” paraAdelino da Silva Carvalho, “maisativa, apesar de trabalhar muito”antes da ordenação o domingo era“dia sagrado, de descanso, louvor,convívio” e só “trabalhava quandoera obrigado pelo serviço”.O diácono permanente da Diocesedo Porto destaca ainda aimportância da família que oacompanha na missão de servir aIgreja Católica, nomeadamente aesposa que o acompanha “sempreque pode”.“Vamos sempre juntos de Ermesindepara o Marco, para Penafiel,conversamos, convivemos”,explicou, realçando a importânciadesse “apoio, da presença daesposa”.

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A «vontade de agradecer» peloserviço como diácono permanente

“Isso é quase um livro”, começa porafirmar Vasco d'Avillez sobre oporquê de ser diácono permanentee como surgiu o convite “já tarde”na sua vida, aos 64 anos. No mundoprofissional é ‘Personalidade do Anono Vinho’ e como crente vai serordenado este domingo, dia 2 dejulho, para estar ao serviço daDiocese de Lisboa.

“Surgiu ao fim de anos de uma vidade seguimento de Cristo mas umbocadinho de alheamento, havia amissa ao domingo, não havia muitomais do que isso e comecei aperceber que ao meu lado tudocorria muito bem e que eranecessário de alguma formaagradecer”, disse em declarações àAgência ECCLESIA.

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“Já tarde na minha vida”, recorda,surgiu o convite para Vasco d'Avillezser diácono permanente, há mais oumenos 6 anos.“Tinha 64 anos, que é mais do quea idade que prevista, foi preciso quena altura D. José Policarpoautorizasse a minha entrada paraeste curso. Ele autorizou com muitogosto para mim”, observou.A ordenação está marcada para opróximo domingo, dia 2 de julho, às16h00, no Mosteiro dos Jerónimos.A Eucaristia vai ser presidida pelocardeal-patriarca de Lisboa, D.Manuel Clemente, que vai ordenarmais três diáconos permanentes eainda seis presbíteros.Segundo o entrevistado “a primeiragrande força” para o caminho queempreendeu “é a vontade deagradecer” porque “a vida tem sidofantástica” e é ótimo agradecer.Depois, surge também a ideia de“ser útil, de servir dentro dacomunidade”.O serviço, realça Vasco d'Avillez, éalgo que já fazia no seu trabalho dodia-a-dia e depois do convite doanterior pároco era “só umaquestão de fazê-lo também nascoisas de Deus”.Para futuro diácono permanente erapreciso estudar “um bocadinhomais”, afinal, as bases foram“trabalhadas

anos antes, durante muito tempo” epor “um grande amigo”, que o vaiordenar diácono permanente, e comquem estudou no Colégio de SãoJoão de Brito, em Lisboa, e foitambém conselheiro espiritual dasua equipa de casal durante maisde 20 anos.“Foram mais momentos de chegar àconclusão que havia necessidadenossa, de casal, de dizer obrigado,da parte da Igreja de contar compessoas do mundo do dia-a-dia,pelo seu serviço”, acrescentou.Desde janeiro de 2011 que Vascod'Avillez é o presidente da ComissãoVitivinícola da Região de Lisboa masestá “disposto a abdicar já no fim”do ano civil do seu trabalho paradedicar-se “inteiramente” à novamissão porque “há necessidade naparóquia de mais duas mãos e doisbraços e duas cabeças”.Os últimos cinco anos foram deestudo, exames, onde estevetambém presente a vida de família.Os netos, por exemplo, a“provocarem, constantemente, porcausa dos exames” para saberemquais as notas que o avô tinha eeles “tinham sempre notasmelhores”.O especialista destaca também acomunidade que vai começar aservir ainda mais que “apoioumuitíssimo

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esta caminhada”, desde o antigopároco, que o propôs ao diaconadopermanente e “está agora emBelas”, e o que foi para Sintra que“tem apoiado muitíssimo”.A ordenação vai ser só o “fim destaprimeira parte”, assinala Vascod'Avillez que fez uma pausa no“retiro fantástico” que está a fazerpara conversar com a AgênciaECCLESIA. “Com muita margem ànossa cabeça

para pensar e ir ao encontro destastraves mestras da nossa atividadecomo ordenados”, acrescentousobreo período de reflexão que estáa ser orientado pelo padre JesuítaVasco Pinto Magalhães.Na vida do futuro diáconopermanente “mudou muita coisa nodia-a-dia” porque tem mais tempopara a Igreja e para aqueles queprecisam: “Aprofundar esteconhecimento de

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Deus faz-nos ficar mais disponíveis,mais dedicados ao serviço.”“Estar aberto a ser eu quem faço olava-pés todos os dias, a todos osque precisarem”, frisou.Para além dos padres serempoucos e os trabalhos na Igreja nãoterem fim, o diaconado permanenteé importante para a Igreja Católica,“sobretudo”, pela “especialização”que vai ser ganha, afinal, “é maisfácil chegar a certas pessoas,casos, vidas diferentes das damaioria” se for uma pessoa “casada,com filhos com netos”.“Como se fala do controlo danatalidade, do planeamento familiar.É mais difícil para um padre falardisto aos casamentos que esteja aorientar do que a um diáconopermanente que experimentou evive estas coisas”, exemplificou.Vasco d'Avillez frisa que “mais duasmãos são sempre uma ajudaenorme” e é nessa disposição quevai trabalhar “mais a fundo com aparóquia” mas está “ao serviço dadiocese” estando “sempredisponível para ir”.A disponibilidade faz-se em casal ecom a esposa, Mary Anne d'Avillez,perceberam que pode existir“menos

tempo para jantar com os amigosmais vezes” porque a Igreja precisadeles “mais vezes”.“A minha mulher que é muitoexigente foi preciso conversarmosmuito e ela perceber que tambémtinha um lugar neste novo trabalho.Há um papel para ela que é dafamília do diácono que éimportante”, desenvolveu,relembrando que “a família acolheumuito bem, a família toda,” o novoserviço.Neste contexto, recorda ainda quefoi em casal, com o prior e mais setecasais, que fundaram um CPM -Centro de Preparação para oMatrimónio, têm um movimentochamado ‘Conversas sobre Deus’:“É em casal, não é só o diáconopermanente, é eu e a Mary Anne.”Vasco d’Avillez é a ‘Personalidadedo Ano no Vinho’, no âmbito dosprémios ‘Os melhores do ano 2016’,da revista Wine. Em 2015, foiagraciado com a Comenda daOrdem do Mérito Agrícola pelo entãopresidente da República, AníbalCavaco Silva. O percursoprofissional no setor vitivinícolacomeçou em 1970 como chefe doServiço de Relações Públicas daJ.M. da Fonseca InternacionalVinhos.

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Diaconado permanenteUm ministério ordenado para oserviço da Igreja no mundo- excerto em pré-publicação da obra“Portugal Católico - A Beleza nadiversidade”, a editar brevementepelo Círculo de Leitores -(…)O diácono serve para servir acomunidade: no serviço da palavra,no serviço da liturgia, no serviço dacaridade.Esta é a identidade própria dodiácono que não precisa de verrelativizado o seu ministérioordenado em relação a outrosministérios ou a aspetosconjunturais da Igreja para o vercompreendido. Num momento emque se fala do papel futuro dodiaconado na Igreja, num tempo emque foi instituída uma comissão peloPapa para estudo do diaconadofeminino, num momento em quefrequentemente se tematiza odiaconado como apoio à resoluçãodo problema da insuficiência depresbíteros para as necessidadesda Igreja, importa não perder onorte em relação à identidade dodiácono. Como dizia, há quase 20anos, D. João Alves, entãopresidente da

Conferência Episcopal Portuguesa,nas I Jornadas Nacionais doDiaconado Permanente, parece serimportante ultrapassar uma “visãoactual muitas vezes incompleta e atéincorrecta. (...) os diáconos existemnão porque faltam padres, masporque são necessários à Igreja.(…) os diáconos devem existir naIgreja, repito, para que estejacompleta a sua orgânicasacramental e ministerial” (CECSV,1999, 10). Numa asserção que seouve, em contexto eclesial, comalguma facilidade e felicidade desíntese, os diáconos não são “nempadres de segunda, nem leigos deprimeira”; tão pouco são “párocossuplentes ou uma espécie depadre”. Pressente-se nestas enoutras palavras a afirmação deque, sendo sinal de renovaçãoeclesial, o diaconado não pode serdisso o inverso e ser fator dereforço de clericalização da Igreja.Pressente-se o apelo a que nessesentido desenvolva esforços toda aIgreja: leigos, religiosos, presbíteros,bispos e, no cimo da lista, ospróprios diáconos. O diaconado temuma

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identidade própria. Ele é ministérioordenado para o serviço, fazendona comunidade o que, à imagemdos primeiros tempos, possa libertaros pastores para o queministerialmente só eles podemfazer; têm, ademais, os diáconosoutra particular especificidade:serem ministério ordenado nomundo, com uma possibilidadeúnica de penetração

da Igreja ministerial ordenada onde,regra geral, ela não está se não forpor eles.Os diáconos permanentes,enquanto agentes eclesiais, serãosempre seres de relação na Igreja:com o bispo de quem filialmentedependem e a quem prometeramobediência; com os sacerdotes aquem devem lealdade e com quemtrabalham estreitamente;

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com os leigos a quem tambémservem alegremente, com quemrezam e a quem animam na fé; coma família que não pode serdescurada nem por si, nem pelasinstâncias responsáveis deacompanhamento do diaconado,quer na formação inicial querdurante o exercício do ministério;com os outros irmãos diáconos, comquem são convidados a constituircolégio na Igreja; com o

mundo onde trabalham e vivem paraser sinal de testemunho einstrumento de chamada.Parece ser indesmentível que hoje,como ontem, se jogam diferentes eimportantes aspetos na vida dodiaconado permanente em Portugal(e na Igreja Universal): um melhorconhecimento teológico doministério, uma melhor divulgaçãodo ministério, um maiorempenhamento no

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desenvolvimento do ministério nocontexto da vida das comunidades.Talvez estes tempos, com tudo oque eles encerram, sugiram serocasião de uma nova etapa dodiaconado permanente em Portugal.Perguntamo-nos se teremos deaguardar que essa ocasião sejagerada pela Igreja universal, noquadro de uma reflexãoeclesiológica mais alargada, ou seela poderá ser feita desde logo eaqui, com base na experiência dediaconado permanente vivida naatual realidade da Igreja

em Portugal. Independentementeda melhoria a fazer na divulgaçãodo ministério, na aprendizagem enas adaptações a serem feitas pelosdiferentes agentes ministeriais e nadefinição a fazer pelos órgãosresponsáveis, entrevê-senecessária ação e não apenasreflexão. Essa é uma exigênciapremente que decorre do imperativode cuidar da Igreja do Senhor e daeficácia da sua presença emPortugal e no mundo.

Diácono Fernando Magalhães

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De 4 a caminho dos 400

A 8 de dezembro de 1984 foramordenados dos primeiros quatrodiáconos permanentes em Portugal.Foi em Setúbal, uma diocese jovem,pela iniciativa do seu primeiro bispo,D. Manuel da Silva Martins. Desdeentão, esse número multiplicou-sequase por 100, um dinamismo quese verifica também a nívelinternacional: de acordo com osúltimos dados divulgados pela SantaSé, o maior crescimento nos váriosgrupos analisados pelo ‘AnnuariumStatistitcum Ecclesiae' refere-se aosdiáconos permanentes, com umaumento de 33,5%, passando de 33mil para quase 45 mil, apenas numadécada.Os diáconos permanentes sãoagentes pastorais de maior relevo,sobretudo na América do Norte,onde atuam 64,49% dos diáconospermanentes do mundo, e naEuropa, onde trabalham 32,6%. “Adinâmica destes agentes não écertamente devido a razõestemporárias e contingentes, masparece expressar novas ediferentes

opções na apresentação daatividade de difusão da fé”, refere oVaticano.Em Portugal, esse crescimento podeser constatado numa comparaçãodas últimas duas viagens papais.Aquando da viagem de Bento XVI(2010), havia nas diocesesnacionais 212 diáconospermanentes, número que em 2017,na visita do Papa Francisco, já erade 360 e continua a crescer. Umaumento superior a 70%, em menosde uma década.

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O português António Rebelo Lopes, um emigrante de 57 anos a residirem França há mais de 20 anos, foi ordenado diácono permanente emoutubro de 2016, na Catedral de Notre-Dame, em Paris. O diácono énatural da localidade de Argozelo, no Concelho de Vimioso, pertencenteà Diocese de Bragança-Miranda.

A Diocese do Porto celebra emabril de 2017 o jubileu dos 25anos de ordenação dos primeirosdiáconos permanentes da região.Numa carta pastoral enviada àAgência ECCLESIA, os bispos doPorto destacam o diaconadopermanente como “uma bênção eum desafio de ministério e demissão para toda a Igreja” e dão“graças a Deus pelo dom da vida”de todos aqueles que, ao logodeste tempo, têm correspondidoa este chamamento, no meio dascomunidades.Na Diocese do Porto, osprimeiros 18 diáconospermanentes foram ordenadosno dia 26 de abril de 1992 peloentão bispo diocesano D. JúlioTavares Rebimbas.

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Diáconos permanentes nas dioceses portuguesas - http://www.anuariocatolicoportugal.net/lista_diaconos.asp

Algarve: 6 diáconosAngra: 5 diáconosAveiro: 38 diáconosBeja: 10 diáconosBraga: 10 diáconosBragança-Miranda: 7 diáconosCoimbra: 29 diáconosÉvora: 13 diáconosGuarda: 17 diáconosFunchal: -Lamego: 2 diáconosLeiria-Fátima: -Lisboa: 82 diáconosPortalegre-Castelo Branco: 13 diáconosPorto: 86 diáconosSantarém: 17 diáconosSetúbal: 12 diáconosViana do Castelo: -Vila Real: 3 diáconosViseu: 10 diáconos

A Diocese de Leiria-Fátima vai avançar com a preparação e formação dediáconos permanentes, sendo que os primeiros candidatos deverão serordenados a partir do final de 2020. A instituição do diácono permanentena referida diocese foi feita através de decreto pelo bispo, D. AntónioMarto, a 13 de julho de 2016. No documento, o prelado apelava “àoração de toda a diocese para esta iniciativa, ao aprofundamento dateologia deste ministério ordenado e à promoção de uma oportunacatequese aos fiéis sobre a vocação dos diáconos”.

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A Diocese do Porto celebra em abril de 2017 o jubileu dos 25 anos deordenação dos primeiros diáconos permanentes da região. Numa cartapastoral enviada à Agência ECCLESIA, os bispos do Porto destacam odiaconado permanente como “uma bênção e um desafio de ministério ede missão para toda a Igreja” e dão “graças a Deus pelo dom da vida” detodos aqueles que, ao logo deste tempo, têm correspondido a estechamamento, no meio das comunidades. Na Diocese do Porto, osprimeiros 18 diáconos permanentes foram ordenados no dia 26 de abrilde 1992 pelo então bispo diocesano D. Júlio Tavares Rebimbas.

O bispo de Santarém colocou nove diáconos permanentes no anopastoral de 2016-2017, para exercerem o seu ministério “em estreitacolaboração com os respetivos párocos”.D. Manuel Pelino sublinha que os diáconos permanentes são nomeadospara determinadas comunidades, mas “poderão ser chamados acolaborar nalguns serviços pastorais da Vigararia ou noutras paróquias,em cooperação com os sacerdotes responsáveis”.O bispo de Santarém pediu em particular que os diáconos permanentesprocurem “dar testemunho do Evangelho no meio familiar, profissional esocial”, “participar ativamente na pastoral familiar” e “colaborarzelosamente na organização e no exercício evangélico da caridade”. Emparticular, o prelado sublinhou a importância da “pastoral das exéquias”,designadamente no apoio espiritual e humano das pessoas que sofrem oluto.

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Sacrum Diaconatus Ordinem , 50 anos de história

A 18 de junho de 1967 era assinadoo Motu Proprio ‘Sacrum DiaconatusOrdinem’, do Papa Paulo VI, a cartaapostólica com a qual sepromulgava a restauração dodiaconado permanente na IgrejaLatina, segundo decisão tomada noConcílio Vaticano II.“Será muito bom que se ponha emevidência a própria natureza destaOrdem, que não deve serconsiderada como simples graupara ascender ao sacerdócio, masrecebe tal riqueza

pelo seu carácter indelével e pelasua graça particular que aquelesque a ele são chamados podemdedicar-se de modo estável aos«mistérios de Cristo e da Igreja»”,escrevia o beato italiano.A decisão sobre a restauração nasvárias dioceses foi confiada àsConferências Episcopais territoriais,com a aprovação do Sumo Pontífice.

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As funções do diáconoa) assistir durante as açõeslitúrgicas, o Bispo e o presbítero emtudo quanto lhe compete, segundoas prescrições dos diferentes livrosrituais;b) administrar solenemente oBapismo e suprir as cerimóniasomitidas no Batismo, quer acrianças quer a adultos;c) conservar a Eucaristia, distribuí-laa si mesmo e aos outros, levá-lacomo viático aos moribundos e darao povo, com a píxide, a bênção doSantíssimo Sacramento;d) assistir à celebração dosmatrimónios e abençoá-los emnome da Igreja, por delegação doBispo ou do Pároco, quando nãohouver sacerdote;

e) administrar os sacramentais,presidir aos ritos do funeral e dasepultura;f) ler aos fiéis os livros da SagradaEscritura, e ensinar e exortar opovo;g) presidir às orações e ofícios doculto, quando não estiver presenteum sacerdote;h) dirigir as celebrações da palavrade Deus, sobretudo quando nãohouver sacerdote;i) desempenhar, em nome dahierarquia, as obrigações decaridade e de administração, assimcomo as obras sociais deassistência;j) dirigir legitimamente, em nome doPároco e do Bispo, as comunidadescristãs dispersas;l) promover e ajudar as atividadesapostólicas dos leigos.

Em grau inferior da hierarquia estão os diáconos, aos quais foramimpostas as mãos «não em ordem ao sacerdócio mas ao ministério». Poisque, fortalecidos com a graça sacramental, servem o Povo de Deus emunião com o Bispo e o seu presbitério, no ministério da Liturgia, dapalavra e da caridade. É próprio do diácono, segundo for cometido pelacompetente autoridade, administrar solenemente o Batismo, guardar edistribuir a Eucaristia, assistir e abençoar o Matrimónio em nome daIgreja, levar o viático aos moribundos, ler aos fiéis a Sagrada Escritura,instruir e exortar o povo, presidir ao culto e à oração dos fiéis, administraros sacramentais, dirigir os ritos do funeral e da sepultura. Consagradosaos ofícios da caridade e da administração, lembrem-se os diáconos darecomendação de S. Policarpo: «misericordiosos, diligentes, caminhandona verdade do Senhor, que se fez servo de todos».Lumen Gentium, 29

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E-Museu Do Património Imaterialhttp://www.memoriamedia.net/ Esta semana a minha sugestãopassa por uma visita atenta ao sítiodo “MEMORIAMEDIA e-Museu dePatrimónio Imaterial”. Este projetotem como grandes objectivos a“recolha e difusão da literaturatradicional / oral / popular e detodas as formas de manifestaçãodesta cultura – tradicionais econtemporâneas – enquanto partedo património imaterial, nacional euniversal da humanidade”.Fundamentado na necessidadeurgente de “identificar, registar,preservar e divulgar um patrimónioque está em risco de se perder: oscontos, as lendas, os provérbios, aslenga-lengas e demais expressõesda cultura oral; o “saber-fazer” deantigos artesãos, da pequenaindústria tradicional e do comérciotradicional;

os costumes e ritos que ainda semanifestam em quotidianos daesfera profissional, familiar e socialdas populações.”Ao entrarmos neste “e-museu”temos diversos destaques,nomeadamente com a lista dasatualizações mais recentes. Naopção “expressões orais”, dispomosde uma quantidade enorme devídeos catalogados por regiões dePortugal, onde o seu conteúdo é oregisto em formato audiovisual derelatos da memória do nosso povona primeira pessoa.Em “saber fazer”, encontramos ummanancial de registos de“conhecimentos e modos de fazerenraizados no quotidiano dascomunidades”, que vão desde ossaberes tradicionais (fazer o pão,criar um burro, benzer o pão, fazerpalhetas, etc.) aos apetecíveissabores tradicionais.

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No item “celebrações”, dispomos doregisto de “rituais e festas quemarcam a vivência colectiva dotrabalho, da religiosidade, doentretenimento e outras práticas davida social”.Em “práticas performativas” somosconvidados a aprofundar mais asáreas da música, da dança e doteatro “como práticas performativascomunitárias que se manifestamperiódica ou esporadicamente”.Resultante do trabalho das “práticase representações desenvolvidas porcomunidades no decurso da

sua interação com meio ambiente”entramos no item natureza euniverso.Por último é possível ainda acederao repositório de acervos em vídeode entidades e particulares. Paraisso clique em “outros autores”.De facto este sítio é um veículoextraordinário de afirmação daidentidade nacional e deaproximação das populações àssuas raízes, permitindo assimperpetuar a memória de um país.

Fernando Cassola Marques

[email protected]

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Cáritas com Portugalabraça vítimas dos incêndios

As circunstâncias dramáticas e adimensão dos estragos causadospelos vários incêndios que nosúltimos dias atingiram o nosso país,levaram a Cáritas Portuguesa aavançar com uma campanha deapoio às vítimas. Esta campanhateve início no passado dia 19 dejunho, com a abertura de uma contasolidária, bem como com umarecolha de bens que se estendeu atodo o território nacional e que fezchegar a Pedrógão Grande milharesde bens necessários na últimasemana.A Cáritas Portuguesa, junto com aCáritas Diocesana de Coimbra, queconta com uma equipa de mais de50 pessoas no terreno, tem estadoa

acompanhar todos osdesenvolvimentos e a trabalharjunto das populações maisafectadas.A campanha “Cáritas com PortugalAbraça as Vítimas dos Incêndios” vaiprolongar-se até ao dia 17 de julho,recolhendo fundos que se destinama apoiar a recuperação de casas ouempresas, reposição de postos detrabalho, alimentação de gado,entre outras necessidadesidentificadas. Até agora, a redeCáritas disponibilizou uma verba de445.000,00€ para apoio imediato àspopulações mais afectadas.Ler mais: www.caritas.pt/apoiaportugal/

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Cáritas assinala Dia Mundial do Refugiado com vídeo

sobre a sua acção no âmbito das migrações erefugiados

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Junho/julho 2017

30 de junho*Encerramento do concurso escolar«Centenário das Aparições deFátima» promovido pela Santa Casada Misericórdia de Lisboa. *Fátima - Reunião do Serviço deAmbiente e Construções doSantuário de Fátima *Algarve - Tavira (BibliotecaMunicipal) - Tertúlia sobre «PapaFrancisco - A Revolução Imparável?» com a presença de JoaquimFranco e Maria Luísa Francisco. Dia 01 de julho*Açores - Ilha das Flores -Ordenação presbiteral de JacobVasconcelos na Ilha das Flores. *Porto - Ação de formação elançamento do novo ano escolardos professores de EMRC daDiocese do Porto. *Aveiro – Anadia - Encontro dosprofessores de EMRC da Diocesede Aveiro com D. António Moiteiro.

*Lamego - Seminário Maior -Conselho Diocesano de Pastoral *Fátima - Reunião do SecretariadoNacional da Pastoral do EnsinoSuperior com a presença de D.Joaquim Mendes *Beja - Sines (auditório daAdministração do Porto de Sines) -Prémio do Festival «Terras semSombra» distingue maestro AlbertoZedda e iniciativas em Portugal e naAlemanha *Fátima - Peregrinação da FamíliaEspiritana ao Santuário de Fátima(01 e 02) *Porto - Casa de Vilar - Jornadas deverão para catequistas eeducadores da fé com o tema«Alegria do encontro com JesusCristo» (01 e 02) *Coimbra - Festas da Rainha SantaIsabel (01 a 04) *Covilhã - O Museu de Arte Sacra daCovilhã promove atividades lúdicaspara crianças e jovens (01 a 31)

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*Fátima - Iniciativa «Fátima 2017 -Tu és livre?» promovida pela «Casado Jovem» do Santuário de Fátima.(01 a 03 setembro) Dia 02 de julho*As dioceses católicas portuguesasfazem peditório nacional a favor dasvítimas dos incêndios na regiãocentro do país*Lamego – Sé - Ordenaçõespresbiterais na Diocese de Lamego *Lisboa - Mosteiro dos Jerónimos -Ordenações presbiterais e dequatro diáconos permanentespresididas por D. Manuel Clemente. Dia 03 de julho*Porto - Centro Paroquial deFerreira - Sessão do ciclo «A Alegriado Amor no Cinema» *Beja - Santiago do Cacém - XIIClericus Cup, torneio de futsal parapadres portugueses. (03 a 06) *Bragança – Vimioso - A JuventudeEucarística Franciscana (JEF) vairealizar a sua primeira missãopastoral na Unidade PastoralSenhora da Visitação, no Concelhode Vimioso, na Diocese deBragança-Miranda. (03 a 07)

*Porto - Gondomar (Paróquia deSão Cosme) - Semana missionária esacerdotal em Gondomar (03 a 09) Dia 05 de julho*Lisboa – UCP - A Faculdade deTeologia, a Faculdade de CiênciasHumanas e o Instituto de Ciênciasda Saúde da Universidade CatólicaPortuguesa organizam, de 05 a 07de julho, o «Summer School 2017»que tem como tema «Humanização ecuidado. Da arte de cuidar».

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II Concílio do Vaticano: Primórdiosda restauração do DiaconadoPermanente

O II Concílio do Vaticano (1962-65) procurou, desde oinício, ser um concílio pastoral. Apesar de nãodesprezar as questões mais dogmáticas, esteacontecimento convocado pelo Papa João XXIII fez umesforço enorme para responder às ansiedadesconcretas da Igreja atual. Era fundamental que ospadres conciliares dessem normas práticas para aIgreja ajudar na transformação das realidadesterrestres. Nesta lógica transformadora, o DiaconadoPermanente recebeu os seus efeitos benéficos.Tendo como base o livro «O ministério do DiaconadoPermanente» da autoria do padre bracarense ManuelFerreira de Araújo, lê-se que, desde 1950, se fazia um“estudo sério acerca do ministério diaconal e de modomais eficiente de o poder viver em Igreja”. Na hora deolhar para os primórdios da restauração doDiaconado Permanente, este ministério, como estávele permanente, “deixara de existir, permanecendosomente como grau para o presbiterado”, lê-se naobra citada anteriormente.A ideia da restauração do Diaconado Permanente éanterior à II Guerra Mundial (1939-45), mas só apóseste flagelo é que na Alemanha, devido a situaçõesconcretas “começa a ideia a tomar corpo”. Os padresOtto Pies e Schamoni como também Joseph Horneflevados por “uma necessidade prática e pastoral, pelafalta de clero, são despertados para estesproblemas”, vendo como uma das soluções arestauração do Diaconado Permanente.

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Em 1953 é publicado o primeirotrabalho sobre o DiaconadoPermanente, com o título «OrdonnerDiacres des pères de famille», daautoria de Schamoni. A segundaetapa desta dinâmica pré-conciliarsobre o assunto nasceu, em 1956,no Congresso Internacional dePastoral Litúrgica, realizado emAssis (Itália), no qual “se pediu arestauração do DiaconadoPermanente, por razões desituações históricas da Igreja”,escreveu o padre Manuel Ferreirade Araújo. A ideia andava no ar… Eos anos seguintes foram janelasprimaveris para a restauração desteministério.Quando, em 1959, o Papa JoãoXXIII

pensa na realização do II Concílio doVaticano, a ideia desta restauraçãonão estava alheia ao pensamentodo sucessor de Pedro. Após estadata, a revista «Nouvelle RévueThéologique», assim como aCáritas, sobretudo a alemã,desenvolveram neste campo umpapel extremamente positivo. Será,todavia, em 1962, que sai uma obrade conjunto, “sem dúvida, a demaior valor sobre o DiaconadoPermanente em que Karl Rahner é oseu principal responsável, com H.Vorgrimler, intitulada «Diakonia inChristo». Um desbravar da estradaaté à restauração do DiaconadoPermanente.

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Em 1953 é publicado o primeiro trabalho sobre o Diaconado Permanente, com o título«Ordonner Diacres des pères de famille», da autoria de Schamoni. A segunda etapadesta dinâmica pré-conciliar sobre o assunto nasceu, em 1956, no CongressoInternacional de Pastoral Litúrgica, realizado em Assis (Itália), no qual “se pediu arestauração do Diaconado Permanente, por razões de situações históricas da Igreja”,escreveu o padre Manuel Ferreira de Araújo. A ideia andava no ar… E os anosseguintes foram janelas primaveris para a restauração deste ministério.Quando, em 1959, o Papa João XXIII pensa na realização do II Concílio do Vaticano, aideia desta restauração não estava alheia ao pensamento do sucessor de Pedro. Apósesta data, a revista «Nouvelle Révue Théologique», assim como a Cáritas, sobretudo aalemã, desenvolveram neste campo um papel extremamente positivo. Será, todavia, em1962, que sai uma obra de conjunto, “sem dúvida, a de maior valor sobre o DiaconadoPermanente em que Karl Rahner é o seu principal responsável, com H. Vorgrimler,intitulada «Diakonia in Christo». Um desbravar da estrada até à restauração doDiaconado Permanente.

Junho e julho são meses de muitas festas. Também asque acontecem por ocasião de ordenações diaconaisou presbiterais. No dia 1 de julho acontecem na Ilhadas Flores, Diocese de Angra, e no dia 2 em Lamegoe em Lisboa, pelo menos! Dia 1 e 2 de julho os Missionários Espiritanosperegrinam ao Santuário de Fátima. Um encontro quecelebra dois jubileus: os 100 anos das Aparições e os150 anos da presença em Portugal. Nos mesmos dias e também em Fátima, a ‘Casa doJovem’ so Santuário vai promover a iniciativa de verão‘Fátima 2017 - Tu és livre?’ que visa oferecer a“oportunidade” dos jovens refletirem e “assumirem” adimensão da “liberdade”, que “não é muito exploradana mensagem”. A iniciativa repete-se ao fim desemana até 2 e 3 de setembro. Este sábado, 1 de julho, há muitos outros eventos deNorte a Sul de Portugal: a reunião dos secretariadosde Pastoral Universitária, a atribuição do Prémio doFestival Terras Sem Sombra e o encontro deprofessores de EMRC de Aveiro com o bispodiocesano. Em Coimbra, começam este sábado as festas emhonra da Rainha Santa Isabel Entre os dias 3 e 6 de julho, 100 padres estãoconvocados para uma celebração especial. Não élitúrgica, mas desportiva: decorre em Santiago doCacém o XII Clericus Cup, um torneio de futsal.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h30Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa

Domingo:10h00 - Porta Aberta;11h00 - Eucaristia;23h30 - Entrevista deAura Miguel Segunda-feira:12h00 - Informaçãoreligiosa Diariamente18h30 - Terço

RTP2, 13h00Domingo, 2 de julho, 13h30- Livros e autores:propostas no início do verão Segunda-feira, dia 3 dejulho, 15h00 - Cursos daFaculdade de Teologia daUCP. Propostas para2017/2018 Terça-feira, dia 4 de julho, 15h00 - Informação eentrevista a Ângela Roque, sobre o livro "Gente felizcom fé". Quarta-feira, dia 5 de julho, 15h00 - Informção eentrevista a José Luís Nunes Martins sobre o livro"Pilar - 83 histórias em torno do Amor" Quinta-feira, dia 6 de julho, 15h00 - Informação ecomentário à atualidade Sexta-feira, dia 7 de julho, 15h00 - Entrevista.Comentário à liturgia do domingo com a Irmã LuísaAlmendra e o padre Nélio Pita Antena 1Domingo, 2 de julho, 6h - Ordenações sacerdotaisem Viseu Segunda a sexta-feira, 3 a 7 de julho, 22h45 -Ordenações sacerdotais e Seminário.

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Ano A – 13.º Domingo do TempoComum Seguir Cristona partilhacom os irmãos

Celebramos este 13.º Domingo do Tempo Comumapós uma série de solenidades e festas ao longo domês de junho: Ascensão, Pentecostes, SantíssimaTrindade, Corpo e Sangue de Cristo, SagradoCoração de Jesus, Nascimento de São João Baptista,São Pedro e São Paulo.Neste domingo comum, depois de tantos diasmarcados pela excelência da festa e da solenidade,sabe bem ouvir o essencial da nossa caminhada comodiscípulos de Jesus Cristo, no quotidiano da nossaexistência.É disso que trata o Evangelho de hoje: define ocaminho do discípulo, capaz de fazer de Jesus a suaopção fundamental e seguir o seu mestre no caminhodo amor e da entrega da vida; sugere que toda acomunidade é chamada a dar testemunho da BoaNova de Jesus; promete uma recompensa àqueles queacolherem com generosidade e amor os missionáriosdo Reino.O projeto de Jesus implica uma adesão incondicionalao Reino, à sua dinâmica, à sua lógica. Trata-se deuma opção radical, abraçada com convicção, a tempointeiro e a fundo perdido, de modo sério e consciente.Não é um projeto em que se vai estando, sem grandeesforço ou compromisso, por inércia, por comodismo,por tradição.Dentro do quadro de exigências que Jesus apresentaaos discípulos, sobressai a exigência de preferir Jesusà própria família. Não quer dizer que devamos rejeitaros laços que nos unem àqueles que amamos. Significaque os laços afetivos, por mais sagrados que sejam,não devem afastar-nos dos valores do Reino.Outra exigência que Jesus faz aos discípulos é arenúncia à própria vida e o tomar a cruz do amor, doserviço, do dom da vida.

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A forma exigente como Jesus põe aquestão da adesão ao Reino e àsua dinâmica faz-nos pensar nanossa pastoral, que pode cair natentação de facilitar as coisas, denão ser exigentes. Às vezes, pareceque interessa mais que asestatísticas da paróquia apresentemum grande número de batizados, decasamentos, de crismas, decomunhões, do que propor, comexigência, a radicalidade doEvangelho e dos valores de Jesus.Cada um é livre de escolher eaceitar ou não o convite de Jesus.Escolher caminhar o mais pertopossível de Cristo é tomar com Ele ocaminho

da Cruz, jogando a vida sob oregisto da fé e do amor. Umadecisão em contradição direta com oespírito do mundo. A Pessoa deJesus Cristo exige adesão fiel etestemunho verdadeiro nos espaçosque vamos habitando na Igreja e nomundo.Neste domingo em especial somosconvidados a ser solidários, com anossa oferta, com todas as vítimasdos dramáticos incêndios no nossopaís. Na partilha com os irmãos,estamos a seguir Cristo ao serviçodo próximo. Não adiemos os nossosgestos solidários!

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Um novo pensamento teológicosobre Fátima

O presidente da ComissãoOrganizadora CongressoInternacional “Pensar Fátima”, queterminou este sábado, afirmou queo povo “é o sujeito principal deFátima” e disse que o debate dequatro dias desafia a um novo“pensamento teológico”.“O povo, seja especificamente comopovo de Deus, seja num sentidomais vasto, é o sujeito principal de

Fátima e a primeira mediação doque possa ser considerado sobreum fenómeno revelador”, afirmouJoão Duque na sessão deencerramento do congresso.“Deus é o sujeito através do povo eno povo”, salientou.Para João Duque, professor daFaculdade de Teologia daUniversidade Católica Portuguesa, asimplicidade

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com que Deus fala à humanidade,“culta ou inculta”, confunde “aspretensões dos arrogantes” e atodos coloca na comum situação de“pertença a uma condição deprocura, de vulnerabilidade, deperegrinos”.Para o presidente da ComissãoOrganizadora, o Congresso desafiaa “pensar as várias categorias dopensamento teológico a partir dopovo, nomeadamente a mariologia ea eclesiologia”.Alfredo Teixeira, também professorda UCP, afirmou que a peregrinaçãoconstitui a “emergência autónomade uma identidade religiosa novaque é a identidade do peregrino” “Aperegrinação pedestre favoreceuma correlação entre a experiênciade si como corpo e comointerioridade” e é “uma experiênciade encontro pessoal, favorecidapela experiência do caminho”,realçou, no último dia CongressoPensar Fátima.Para o antropólogo, “os queperegrinam também são hojediferentes”, porque se apresentam"mais equipados” e “associam acaminhada a uma certacompetência desportiva”.O historiador António Matos Ferreiraabordou, por sua vez, a relaçãoentre ‘Fátima e Roma’, entre osantuário

mariano e os Papas. Se emPortugal, “a autoridade eclesiástica”desde cedo realizou um caminho de“convergência” com Fátima, àmedida que esta se foi tornando “umpolo importante para os crentescatólicos”, em relação a Roma aquestão está na “maneira como foisendo valorizada e potenciada amensagem de Fátima”, disse àAgência ECCLESIA.“Sempre houve uma grandereticência à questão do segredo, oque colocava muito as aparições deFátima num campo de naturezamilenarista, messiânico”, mas isto foisendo ultrapassado graças à noçãode que este local de culto teria muitoa dizer quanto à “reformulação dauniversalidade” da Igreja Católica,apontou o historiador.A sessão de encerramento doCongresso Internacional “PensarFátima” contou com a participaçãodos dois responsáveis pelasentidades promotoras, o reitor doSantuário de Fátima, padre CarlosCabecinhas, e o diretor daFaculdade de Teologia daUniversidade Católica Portuguesa,padre João Lourenço.

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A Mensagem de Fátima e os novospastorinhos

O presidente do Conselho Pontifícioda Cultura (CPC), da Santa Sé,disse que a mensagem de Fátima é“de paz”, “pelos últimos” e para os“novos pastorinhos”, os queencontram "túmulos de água” noMediterrâneo. “É uma mensagem devida, uma mensagem pela paz, umamensagem pelos últimos, paranovos e tantos

«pastorinhos» que estão no mundoe que são, por exemplo, as criançasque vêm da África para a Europa etantas vezes encontram túmulos deágua no mar Mediterrâneo”.O presidente do CPC fez aconferência de encerramento doCongresso Internacional quedurante quatro dias analisou o tema‘Pensar Fátima’.

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Para o cardeal italiano, é necessárioir além do conhecimento vago damensagem de Fátima, transmitidanuma aparição, afirmando que setrata sobretudo de uma “mensagemde vida, uma mensagem de paz”. D.Gianfranco Ravasi sustentou que“um grande contributo para oconhecimento da mensagem deFátima foi dado pelo Papas.“O último, Papa Francisco, fez de talforma que os que sabiamvagamente sobre o que era Fátima,soubessem mais em concreto”,recordou.“Temos de fazer com que amensagem de Fátima seja propostatambém aos indiferentes, aos quenão creem para agitar aconsciência, e aos crentes paraestejam prontos a colocar-se

ao serviço da justiça, da verdade,da paz e da oração, reencontrandoa união da alma com o mistério, como divino”, afirmou.O presidente do CPC consideraFátima uma “espécie de sementeque é colocada no terreno dahistória”, cheio de pedras“manchadas pelo sangue dahistória”, tanto o das guerrasmundiais, como o da atualidade. “Apalavra de Fátima é uma palavracontra o mal, contra o pecado,contra a violência e uma palavrasobretudo de luz, de esperança depaz, de compromisso por parte detodos os cristãos e de todos oshomens e mulheres por um mundodiferente”, sustentou emdeclarações aos jornalistas.

Servitas de FátimaO presidente da República Portuguesa agraciou a Associação de Servitasde Nossa Senhora de Fátima como Membro Honorário da Ordem doMérito, numa cerimónia no Palácio de Belém. O sítio online da Presidênciada República informa que o presidente da direção Associação de Servitasde Nossa Senhora de Fátima recebeu as insígnias atribuídas por MarceloRebelo de Sousa, esta segunda-feira, no Palácio de Belém.“[Representa] uma responsabilidade e será um estímulo para nosmantermos sempre humildes e fiéis à nossa missão”, disse Pedro SantaMarta, em declarações divulgadas pelo Santuário de Fátima.A Associação dos Servitas de Nossa Senhora de Fátima foi fundada há 93anos e colabora ativamente com o santuário mariano no acolhimento aosperegrinos, especialmente aos doentes, e na divulgação e vivência damensagem de Fátima.

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Capturada pelos jihadistas, Cristina, 6 anos, voltou acasa 3 anos depois

Lágrimas de felicidadeNo dia em que os últimos cristãosestavam a ser expulsos deQaraqosh, uma menina de apenas 3anos de idade foi retirada à forçados braços de sua mãe. Foi a 22 deagosto de 2014. Desde então, nadamais se soube dela. Agora, já comseis anos, Cristina foi devolvida àfamília. Muitos falam em milagre.Houve festa em Erbil, no campo dosrefugiados, quando no passado dia9 de junho, Cristina, uma meninacristã de seis anos de idade, foidevolvida à sua família. Houve festa,mas também lágrimas e muitasorações. O regresso da criança foisaudado por todos como se de umverdadeiro milagre se tratasse. Amãe de Cristina, Aida Hanna, de 46anos, conseguiu finalmente sorrir.Foram três anos em que o seu rostose transformou numa máscara dedor, de sofrimento. Agora, porém,tudo mudou. Nesse dia 9 de junho,Aida não conseguiu mais escondera felicidade do reencontro com asua filha, que um jihadista arrancoudos seus braços no dia 22 deAgosto de 2014. “Todos os dias opai de Cristina rezava o Rosáriopelo seu

regresso”, atesta o padre IgnatiusOffy, que acompanha a comunidadecristã refugiada na região de Erbil.Também ele considera, emdeclarações à Fundação AIS, que alibertação da menina “é um milagredivino”. O regresso da menina, jácom seis anos, provocou umaenorme comoção no campo derefugiados de Ashti, no norte dopaís, onde vivem muitos dos cristãosobrigados a fugir de suas casasperante a ofensiva jihadista nesseano de 2014. “Ver a minha filha éum milagre”, disse Aida, poucosinstantes depois de ter estado comela de novo ao fim destes três anosde sofrimento. “Mas fiqueiassustada, porque ela mudou muitoe não a reconheci.” O que aconteceuMas regressemos a esse dia trágicode 22 de Agosto de 2014. Mãe efilha estavam já a abandonar acidade de Qaraqosh. Com elasestava também o marido de Aida,Jadder, e os outros filhos. A regiãoia ficar, a partir dali, sem cristãos. Àsaída da cidade, havia uma barreiramilitar imposta pelos jihadistas.Todos tinham de passar

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por lá. Foi então que aconteceu.Eram nove e meia da manhã. Aidalevava ao colo a menina quando umjihadista olhou para ela e,simplesmente, arrancou-a dos seusbraços. De nada valeram os gritos,os protestos, as lágrimas jáenrouquecidas. A menina ficava.Eles tinham de partir. O reencontropermitiu agora refazer o resto dahistória. A criança foi encontrada,perdida, sozinha e em lágrimas juntoa uma mesquita em Mossul emagosto desse ano de 2014. Umafamília muçulmana acolheu-a etratou dela até agora. Entretanto,com grande parte de Mossullibertada das mãos dos jihadistas,milhares de pessoas aproveitaram aoportunidade e fugiram também. Foiassim que a família que acolheu amenina saiu de Mossul e conseguiuentregá-la, sã e salva, aos seuspais e irmãos. Cristina regressoumas sabe-se que há ainda muitoscristãos – mulheres, crianças ehomens – cativos nas mãos dosjihadistas. E agora, que vaiacontecer? Tal como a família deCristina, mais de 120 mil cristãosforam forçados a abandonar assuas casas quando os jihadistasconquistaram um vasto território nonorte do Iraque no Verão de 2014. Acasa de Cristina, na aldeia deBajdida, em Qaraqosh, foidestruída. E agora? A sua famíliavive em Erbil, num contentor

transformado em habitação. Semtrabalho, sem recursos, qual vai sero futuro desta menina, o futurodesta família? Aida continua achorar. Agora, são lágrimas defelicidade. Mas, se nada mudar,depressa se transformarão emlágrimas de desespero…Paulo Aido | www-fundacao-ais.pt

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Cabo Verde, terra de paz e gente boa

Tony Neves Espiritano

Cabo Verde, para mim, é sempre terra de gentesqueridas. Posso dizer que conheci Cabo Verdefora de portas. Para ser mais claro, conheci oCabo Verde da diáspora, pois encontrei osprimeiros caboverdianos da minha vida nas lidespastorais por terras da Cruz Quebrada, nasperiferias de Lisboa. Guardo ainda amigosdesses velhos tempos de há 30 e tal anos,naquelas encostas do Alto de Santa Catarina. Ali,o povo vivia mal, mas mantinha o seu coraçãoenorme e feliz, entre a cachupa que seconfeccionava e as mornas e coladeiras que sedançavam a ritmos que só os corposcaboverdianos conseguem dançar a sério!Muitos anos mais tarde, tive o privilégio deconhecer Cabo Verde em Cabo Verde.Desloquei-me a este país lusófono paracoordenar o melhor possível um projeto deVoluntariado Missionário, a ‘Ponte 2002’, dosJovens Sem Fronteiras. E como tinhaMissionários Espiritanos nas Ilhas de Santiago,Maio e Santo Antão, visitei-os todos e fiz umareportagem sobre a Missão Espiritana em CaboVerde. Ali encontrei um povo feliz e hospitaleiro,sempre de braços abertos para acolher, apesardas reais dificuldades por que passam para vivero seu dia a dia com dignidade.Uns meses mais tarde, acompanhei uma dúzia deJovens Sem Fronteiras à Calheta de S. Miguelpara o tal projeto ‘Ponte’. Foi um mês de sonho,na interação com crianças, jovens e adultosdesta comunidade paroquial tão dinâmica. Osjovens portugueses vieram de lá com uma marcaque não se apagou até hoje, ano em que os JSFregressam

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para outra experiência de Missãopor terras da Calheta.Fui, depois, a Cabo Verde váriasvezes, sobretudo para orientarRetiros ou participar emOrdenações de Padres Espiritanos.A última visita foi em 2015 paramoderar o I Capítulo do Grupo dosEspiritanos, entretanto tornadoindependente de Portugal. Voltei aencontrar uma Igreja forte

e um povo lutador contra ventos emarés, a investir numdesenvolvimento sustentado e nacimentação da democracia que setorna exemplo para muitos paísesda vizinhança continental.Que este caminho já andado rumo àdemocracia plena e ao respeitointegral pelos direitos humanos façade Cabo Verde um modelo, umareferência.

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