o retrato mais que óbvio daquilo que não vemos (programa do espetáculo. coletivo pi, 2014)

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Page 1: O retrato mais que óbvio daquilo que não vemos (Programa do espetáculo. Coletivo PI, 2014)
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O que é invisível na cidade?

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As cidades são hoje verdadeiros campos de batalha, onde poderes globais se chocam com identidades locais, abandonados pela desintegração da solidariedade social. O produto desse encontro não poderia ser outro senão a violência e a insegurança generalizadas.

Zygmunt Bauman

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O retrato mais que óbvio daquilo que não vemos é um

espetáculo do Coletivo PI, núcleo cultural de São Paulo, existente há cinco

anos e que trabalha com performance e intervenção urbana. O projeto tem

incentivo do Edital ProAC Primeiras Obras de Produção de Espetáculo Inédito

e Temporada de Teatro (Secretaria Estadual de Cultura) e o apoio da Asso-

ciação Cultural Casa das Caldeiras, onde o Coletivo PI faz residência artística

por meio do edital Obras em Construção desde abril de 2013.

A montagem tem como base propositora a especulação imobiliária

e o conceito de “viver em segurança” nas grandes metrópoles. Na gênese

do espetáculo tudo começa com o público sendo recepcionado por corre-

tores de imóveis que tratam a todos como compradores em potencial e

iniciam um tour pela região e pela própria fábrica, apresentando um novo

conceito em moradia: O Complexo Sol Nascente.

O roteiro trata da vida agitada das grandes metrópoles e traz uma

mulher comum, a personagem Norma, como fio-condutor e um empreendi-

mento imobiliário como mote principal para colocar em evidência aconteci-

mentos banais na aparente normalidade da vida cotidiana. O projeto brinca

com realidade e ficção, tornando o público ora observador distante ora

personagem da trama, como um torna jogador/feitor de uma história que

se faz a cada dia única.

A encenação tem inspirações teóricas de Michel Foucault e Zygmunt

Bauman e propõe ao público uma imersão na arquitetura da região e no

próprio organismo urbano do qual somos partes.

p

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Cada vez mais a arte contemporânea nos mostra que o processo de criação

é múltiplo e passível de resvalar nas diversas linguagens, ao mesmo tempo em que

redimensiona a figura do artista como aquele que reinventa, ainda que momenta-

neamente, a sua própria existência e se coloca no espaço da partilha e de um jogo

que inaugura suas regras no ato da sua feitura junto com o público – participante/

jogador.

Quando trabalhamos com intervenção urbana e ocupamos as ruas e as

áreas públicas, podemos dizer que nos transformarmos em poetas da ação para a

construção de narratividades efêmeras num espaço que se transforma em um lugar

afetivo, despertando para uma percepção simbólica e reflexiva do espaço da vida,

de um cotidiano momentaneamente dilatado, ressignificado.

Em O retrato mais que óbvio daquilo que não vemos, trabalhamos com a di-

nâmica do próprio bairro onde a Casa das Caldeiras está inserida, caracterizado por

uma crescente especulação imobiliária, construção de grandes complexos habita-

cionais, comerciais e shoppings de alto padrão. Diante de um processo acelerado

de obras e transformações da região, vemos os espaços públicos sendo diluídos em

um planejamento urbano que prima pelo privado em detrimento do coletivo, onde

há, claramente, um direcionamento para imóveis e projetos urbanos que privile-

giam uma classe de maior poder aquisitivo e cria recursos para afastar/segregar

outros grupos sociais.

Page 7: O retrato mais que óbvio daquilo que não vemos (Programa do espetáculo. Coletivo PI, 2014)

O projeto parte do contexto do bairro para discutir o conceito de vida em

segurança nas metrópoles, tão presente nos apelos midiáticos, a partir dos estudos

de Michel Foucault sobre biopolítica e de Zygmunt Bauman sobre tempos líquidos.

O experimento torna a realidade apresentada em ficção, propondo ao pú-

blico (grupo de 20 pessoas) uma itinerância pelas ruas do bairro e espaços residuais

que são ressignificados com imagens, cenas dramáticas, vídeos e instalações visu-

ais.

Nesse espetáculo, totalmente autoral, buscamos integrar diferentes lingua-

gens – o teatro com o vídeo e a intervenção. Trabalhar entre as fronteiras das artes

e integrar seus diferentes recursos é um dos interesses centrais do Coletivo PI, já

que nossas ações extrapolam o espaço convencional de teatro e são pensadas e

realizadas nos espaços públicos como ruas, terminais rodoviários e tantos outros

que possibilitam uma interação direta entre arte e vida. Para nós, parte do espetá-

culo acontecer na rua é possibilitar a presença do imprevisível, do movimento da

cidade e seus moradores, é trazer para dentro do espetáculo, o ritmo, as imagens,

o cheiro, é brincar com os símbolos, as convenções, as memórias daquele espaço

e transformá-lo não apenas em cenário para uma representação, mas elemento

fundamental para mesma.

O retrato mais que óbvio daquilo que não vemos é uma intervenção temporá-

ria que atravessa o cotidiano urbano propondo novas maneiras de se pensar e viver

a cidade.

Pâmella Cruz e Natalia Vianna

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O Coletivo PI

Coletivo PI é um núcleo de performance e intervenção urbana de São Paulo, fundado em 2009 por Pâmella Cruz e Priscilla Toscano e em 2010 integrado por Natalia Vianna. As três se conheceram durante a graduação em Artes Cênicas na UNESP e perceberam as afinidades artísticas. Atualmente, o PI conta com sete pessoas no núcleo fixo, de diferentes áreas: Adriano Garcia, Chai Rodrigues, Jean Carlo Cunha e Mari Sanhudo, além de Pâmella, Priscilla e Natalia. Um dos objetivos do Coletivo PI é pensar e realizar intervenções e perfor-mances em espaços urbanos, reafirmando a rua e locais utilizados cotidianamen-te pela população como espaços da experiência e da criação. Por meio de ações efêmeras ressignifica, ainda que temporariamente, os espaços e as relações entre as pessoas e a cidade. O PI também promove encontros, oficinas e palestras. O núcleo mantém diversos projetos culturais por meio de editais públicos, redes de parceria e ações artísticas em instituições como, por exemplo, a rede Sesc. Para realizar seus projetos faz parcerias com outros artistas, como é o caso deste espetáculo que reuniu mais de doze profissionais entre elenco, equipe técni-ca e de produção. Em 2011 criou a intervenção Na Faixa, uma série de encontros inusitados no tempo do farol para os pedestres em faixas de sinalização. Também realizou o pro-jeto Na Casa de Paulo (2012), com o Prêmio Artes na Rua da FUNARTE, instalando uma casa a céu aberto em oito bairros de São Paulo como forma de trazer à tona as memórias do local. Em 2013, o PI foi contemplado pelo edital Obras em Construção, da Asso-ciação Cultural Casa das Caldeiras, com o projeto Reflexos Urbanos. Desde então, o grupo em residência artística no local pesquisa e prepara o experimento urbano O retrato mais que óbvio daquilo que não vemos, contemplado no Edital da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo – ProAc Primeiras obras de produção de espetá-culo inédito e temporada de teatro, que trata do tema da especulação imobiliária e propõe ao público um tour pela região onde está a Casa das Caldeiras.

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Ainda em 2013, o núcleo recebeu o Prêmio FUNARTE Mulheres nas Ar-tes Visuais com a performance urbana Entre Saltos. Em 2014, esta performance foi realizada em São Paulo, capital, Campinas/SP em parceria com o Sesc Cam-pinas , Porto Alegre/RS e Salvador/BA. O trabalho gerou o vídeo documentário Entre Saltos, que teve sua primeira exibição no Sesc Campinas em agosto deste ano. Seu mais recente trabalho é a performance Contornos, cuja estreia acon-teceu no Sesc Vila Mariana, dentro da programação da Virada Cultural 2014. Recentemente o PI participou da mesa de discussão “Cultura e Empo-deramento Feminino” dentro da programação “Mulheres e Cultura” do Centro de Pesquisa e Formação do Sesc/SP (maio) e do Seminário de Cultura Visual da Universidade Federal de Goiás (junho). O grupo também se prepara assumir a residência artística e gestão cultural do CEU das Artes, em Indaiatuba, por meio do Edital da FUNARTE/MinC de Ocupação dos CEUs das Artes, e realizar o Sarau “Literatura Feminina Contemporânea e a Arte”, na Casa das Rosas, ambos em 2015.

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O espetáculo nos faz pensar sobre como vivemos nas grandes cidades, as escolhas cotidianas que influenciam em nossas vidas no que diz respeito à moradia, segurança e con-vivência coletiva. De forma bem humorada e irônica, o espetáculo propõe uma imersão em nossa própria história, naquilo que determina nosso cotidiano e nos deixa a possibilidade de reinventá-lo.

Pâmella Cruz

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O Retrato Mais Que Óbvio Daquilo Que Não Vemos

Produção Coletivo PI

Concepção Natalia Vianna, Pâmella Cruz, Priscilla Toscano

Dramaturgia Coletivo PI

Direção Pâmella Cruz

Direção de Arte Natalia Vianna

Trilha Sonora Coletivo PI

Vídeo Chai Rodrigues e Priscilla Toscano

Locução de vídeo Chai Rodrigues

Preparação Corporal Marcello D’Ávilla

Assistentes de Produção Jean Carlo Cunha e Mari Sanhudo

Contrarregragem Rodrigo Spavanelli, Matheus Felix e Sandra Toscano

Assessoria em Arquitetura Maria Carolina Braz

Colaboração em cenografia Felipe Galli

Assessoria de Imprensa e Comunicação Luciana Gandelini

Fotografia Eduardo Bernardino

Arte gráfica Natalia Vianna

Elenco Pâmella Cruz: Corretora de imóveis, Candidata XX

Natalia Vianna: Maria da Graça (Gracy), Assistente dos corretores

Fernanda Pérez: Norma, Corpos Pintados

Marcelo D’Avilla: Corretor de imóveis, Sistema, Hino Nacional

Júlio Razec: Dr. Armando Master, Candidato XY

Emanuela Araújo: Assistente dos corretores, Maria do Socorro, Patrícia, Corpos pintados

Mari Sanhudo: Assistente dos corretores, Mulher-placa, Assistente de palco

Thiago Camacho: Homem-placa, Hino Nacional, Corpos pintados

Maira Meyer: Piedade, Corpos pintados

Jean Carlo Cunha: Osvaldinho, Mesário

Priscilla Toscano: Maria Madalena (vídeo)

Douglas Torelli: Messias (vídeo)

Marcelo Prudente: Corretor, Hino Nacional, Sistema (stand-in)

Projeto realizado com o apoio do ProAC

Duração: 11omin

Temporada: 21 de setembro a 28 de outubro. Domingos às 20h30, segundas e terças às 20h.

Excepcionalmente nos dias 23 de setembro, 07, 14 e 21 de outubro não haverá espetáculo.

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