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O Remédio é
Ser Feliz
Alcione Alvez 2
O Remédio é
Ser Feliz! 2ª edição
Alcione Alvez
2015
Produção Independente Diagramação, designer gráfico, impressão e distribuição sob responsabilidade do autor.
__________________________________________________________ Alvez, Alcione O Remédio é Ser Feliz! / Alcione Alvez – 2ª edição - Ituporanga, SC: produção independente, 2014 ISBN 978-85-62467-01-1
1.Psicologia 2. Qualidade de vida 3. Relações interpessoais 4. Felicidade 5.Autoconhecimento 6. Paz de espírito – questões, exercícios, técnicas. Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução de trechos desde que citada a autoria
____________________________________________________________________________________________
Ao Universo, que por sua infinita sabedoria me levou à realização deste trabalho.
Para Ana Maria, Bruno, Júnior e Joseane
Pessoas que me ensinaram o significado do amor incondicional.
Contato com o autor: [email protected]
Indice
PRIMEIRA PARTE
Ser feliz: direito ou obrigação?, 7
Felicidade: um caminho sem volta, 19
Entendendo nossos hábitos, 29
Necessidade: a mãe da criatividade, 35
Tudo acontece para o bem, 41
SEGUNDA PARTE
Conhecendo os poderes , 51
O poder das expectativas, 53
O poder do medo, 63
O poder da autoestima, 75
O poder da culpa, 85
O poder do perdão, 89
O poder do sorriso, 97
O poder do amor, 101
O poder da mudança, 109
TERCEIRA PARTE
Viva! Não evite a vida, 117
“A vida é um eco. Sorria e tudo
fluirá a seu favor”
Primeira Parte
Ser feliz:
direito ou obrigação?
“São poucos os que vivem
o presente: a maioria aguarda
para viver mais tarde”1.
Outro dia ouvi alguém dizer: "Você tem a obrigação de ser feliz!".
Prefiro encarar de outra forma. Percebo a vida como uma dádiva e
sinto que o tempo passa muito rápido. Ao mesmo tempo, a felicidade é
algo extraordinário demais para ser encarada como uma obrigação.
Logo, prefiro dizer: "Você tem o direito de ser feliz!".
Colocar a felicidade como uma obrigação faz com que ela deixe
de ter a leveza que lhe é peculiar. A partir do momento em que tivermos
a capacidade de perceber as coisas de uma maneira mais positiva e
conseguirmos reagir com assertividade2 aos acontecimentos do nosso
cotidiano, a felicidade será, antes de qualquer coisa, uma consequência
de nosso estilo de vida.
Importante também é entender que felicidade não é um estado
pleno e constante de bem-estar. A vida é uma coleção de momentos.
Felicidade é, antes de mais nada, a capacidade de fazer com que nos
1 Jonathan Swift: escritor irlandês. 2 Assertividade: ser assertivo é ter a capacidade de encontrar um ponto de equilíbrio entre a passividade e a agressividade, não se conformando com o que faz mal, mas reagindo de maneira construtiva. É estar presente em cada momento, de corpo e alma, dando vazão aos seus sentimentos, mas respeitando sempre o próximo (nota do autor).
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aconteçam mais momentos agradáveis durante nossos dias, otimizando
cada um desses acontecimentos.
Ao mesmo tempo, felicidade é também a capacidade de minimizar
os efeitos negativos dos momentos que não acontecem como
desejávamos, fazendo de cada um deles oportunidades para nos
tornarmos pessoas melhores.
Este livro não ensinará a ficar rico sem esforço e não lhe dará
fórmulas mágicas para eliminar os obstáculos da vida. Tão pouco
mostrará como usar forças misteriosas para resolver seus problemas.
A proposta é analisar nosso cotidiano tal qual o percebemos e
propor maneiras alternativas para encarar a vida, com suas alegrias e
tristezas, garantias e incertezas, permitindo que as emoções que cada
acontecimento provoca nos façam sentir o prazer de estarmos vivos.
Nós temos ao nosso alcance poderes muito fortes, que podem nos
ajudar a mudar a maneira como reagimos aos fatos, fazendo de cada
nova realidade um aprendizado. Tudo depende da maneira como
enfrentamos as situações.
Podemos deixar de ser espectadores passivos do espetáculo de
nossas vidas. Temos a capacidade de nos transformarmos em pessoas
proativas, com um maior controle sobre nossas emoções.
Com certeza não podemos controlar todas as situações, prever o
futuro e fazer com que tudo aconteça exatamente como planejamos. Se
isso fosse possível, penso que a vida perderia seu tempero.
Podemos e devemos ser cautelosos e proativos em relação a alguns
aspectos, mas há fatos que simplesmente acontecem e, por mais que
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planejemos, nossas reações nem sempre são as que gostaríamos que
fossem.
Afinal, somos seres humanos. Possuímos o livre arbítrio e isso é
que faz a vida ter sentido. O importante é termos um preparo emocional
que nos leve não a ter uma resposta pronta para cada situação, mas que
nos permita possuir uma bagagem de condicionamentos, os quais
possibilitem reagir de maneira mais positiva a cada momento de nossa
existência, sejam eles episódios fascinantes ou frustrantes.
Fico analisando o que costuma acontecer na época do Carnaval. A
mídia e as pessoas que gostam muito dessa festa para extravasar
energias e ações reprimidas, em função do caráter de permissividade
que o evento insinua, querem nos impor a necessidade de estarmos
alegres naqueles quatro ou cinco dias, como se fosse proibido estar feliz
o restante do ano e só fosse permitido sentir-se à vontade, para por pra
fora nossos sentimentos de alegria, durante o Carnaval.
Não existe hora certa para ser feliz ou estar alegre. Podemos ser
felizes a qualquer momento. Não preciso esperar o Carnaval chegar para
por pra fora minhas energias positivas, festejar para apaziguar as
angustias ou comemorar vitórias. Ao mesmo tempo, não sou obrigado a
estar feliz no Carnaval, embora também goste dessa festa.
As lágrimas devem rolar no momento em que nosso coração se
entristece. Caso contrário, mantê-las em nossos olhos prolongará nossa
angústia e fará de nós pessoas tristes por mais tempo. Ao mesmo tempo,
a vitória deve ser comemorada no momento em que acontece, para que
seu sabor seja mais intenso.
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Querer ficar só algumas vezes, ou sofrer um pouco porque algo
deu errado não mata ninguém e é importante para o nosso
desenvolvimento emocional. O que não podemos é nos deixar abater
por tristezas profundas ou nos viciarmos em ser pessoas mal humoradas
e carrancudas, achando que nada vale a pena.
Tudo na vida depende do nosso ponto de vista, da maneira como
encaramos as situações e a forma como agimos para lidar com cada uma
delas. Estarmos bem ou não depende em grande parte da maneira como
nos sentimos frente a cada acontecimento.
Por que ficamos nervosos e irritados quando o trânsito para? Não
seria mais produtivo ligar o rádio e ouvir música calmamente enquanto
não podemos seguir viagem, ou ler um livro para o qual não temos
tempo de ler em casa? Já que o atraso é inevitável, deixe pra lá. Sem
falar que muitas vezes nem estamos atrasados, mas nos irritamos
mesmo assim.
Por que todos se abalam com o atraso do ônibus ou do avião e
começam a ter acessos de raiva em locais públicos, gerando transtornos
e confusão? Que tal ter sempre à mão um livrinho de palavras cruzadas?
Acalma e ajuda a desenvolver o raciocínio.
O protesto é necessário sim, para evitar que abusos repetidos
contra as pessoas aconteçam sem impunidade. Mas devemos reclamar
de maneira racional e correta, utilizando os canais disponíveis para isso.
Não deixe que a irresponsabilidade de uma empresa aérea danifique
suas artérias e encurte sua vida. Encare tudo de uma maneira mais
positiva.
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Essas e outras situações que nos fazem sentir mal acabam
acontecendo em nossas vidas cedo ou tarde. Podemos pensar positivo, e
isso é muito bom, ser otimistas, e isso é ótimo! Mas mesmo tomando
todos os cuidados para que certas coisas desagradáveis não aconteçam,
algo acaba, às vezes, não saindo como esperávamos.
O que fazer? Chorar, espernear, esbravejar? Ou respirar fundo e
tentar ver a situação sob outro ângulo?
Muitos acontecimentos, no momento em que ocorrem, parecem
ruins e insatisfatórios, nos fazendo sentir mal. Porém, mais tarde,
revelam-se como males necessários ou, depois do nervosismo, vemos
como poderíamos ter agido diferente, amenizando as consequências.
Poderíamos até, quem sabe, termos dado boas risadas e esquecido o
assunto, sem ficarmos aborrecidos.
Certamente não somos robôs, insensíveis e previsíveis. Algumas
vezes o sangue ferve, o coração chora. Isso é natural e temos que nos
permitir sentir tais emoções. O que quero dizer é que não podemos
reagir o tempo todo da mesma maneira frente a situações que nos
incomodam ou nos deixam tristes.
Precisamos parar, refletir e tentar reagir de maneira positiva diante
dos fatos da vida, sejam eles bons ou ruins. Educar um pouco as
emoções e tirar proveito de eventos que nos parecem desfavoráveis fará
com que levemos a vida de uma maneira mais leve, menos complicada.
Ter bom senso e perceber o que é bom ou ruim para nós depende
de um pouco de treino. Muitas vezes o senso comum nos leva a aceitar
ou rejeitar certas coisas por motivos banais e infundados. Saiba filtrar os
estímulos e influências externas e aja de acordo com suas emoções e sua
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consciência. Não se irrite com certa situação somente porque as outras
pessoas costumam se irritar com ela.
Cabe aqui citar a parábola dos paradigmas:
Certa vez, um grupo de cientistas pôs três macacos em uma jaula
e um cacho de bananas pendurado no topo da mesma. Cada vez que um
dos macacos tentava pegar uma banana, os três levavam choques
elétricos. Essa sensação ficou tão insuportável para os macacos, que
eles não se aventuraram mais a pegar uma banana.
Certo dia, um dos macacos morreu e foi substituído por outro.
Quando o novo habitante da jaula avistou o cacho de bananas no alto,
foi logo subindo para pegar uma, mas foi impedido pelos outros dois
macacos, que lhe deram uma surra.
Os cientistas não aplicaram mais choques nos macacos e assim
eles foram morrendo e sendo substituídos, sucessivamente, até que
nenhum dos três primeiros estivesse mais presente.
Mesmo assim, cada macaco novo que entrava e tentava pegar
uma banana, levava uma surra dos outros. Um dia, um desses novatos
perguntou aos dois veteranos porque eles bateram nele, quando tentou
pegar uma banana e eles responderam:
- Não sabemos o porquê. Só sabemos que sempre foi assim.
Não aceite as coisas prontas só porque lhe dizem que são boas e
não as rejeite só porque lhe dizem que são ruins. Não aja sempre da
mesma maneira só porque você tem medo de mudar. Tenha bom senso.
Reflita sobre o que faz bem a você ou o que lhe causa desconforto e
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trabalhe para mudar isso. Se não for possível mudar a situação, mude a
maneira como você reage a ela.
Seria hipocrisia acreditar, porém, que a aparência, ou seja, que o
comportamento que os outros esperam de nós, não deva ser levado em
consideração. A vida em sociedade exige que não batamos de frente
com certos paradigmas.
No entanto, podemos desenvolver um comportamento diplomático
e assertivo, que nos permita driblar certas situações incômodas sem
gerar conflitos. O que não podemos é deixar que o culto à aparência
sufoque nossa consciência.
Encarar as coisas buscando sempre revelar pontos favoráveis ou
maneiras de minimizar os efeitos negativos e desenvolver formas de
reação controlada diante de fatos desfavoráveis, melhora o nosso
humor, nossa saúde e prolonga nossa vida.
Outro ponto crucial da busca da felicidade é compreender que
acontecimentos, em geral, serão bons ou ruins de acordo com as nossas
expectativas. Se esperarmos demais da vida, sem aproveitar o que ela
nos proporciona naturalmente, estaremos permanentemente lutando por
algo a mais e não teremos tempo nem energia para nos concentrarmos e
aproveitarmos os bons momentos que nos acontecem o tempo todo.
Lute sim pelos seus sonhos. Jamais desista deles! Mas não deixe
de aproveitar os prazeres da luta. Quem espera muito ansiosamente
chegar ao seu destino, não aproveita as belas paisagens da caminhada.
Respire fundo, olhe a sua volta. Vivemos em um universo de
possibilidades. “O impossível é só uma palavra motivadora”, para
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provar a nós mesmos que somos capazes de realizar tudo o que
idealizamos.
Podemos educar nossas emoções e buscar o que queremos, sem
deixarmos de ser humanos. Tudo depende da maneira como nos
conhecemos, de como encaramos a nossa existência e do quanto
acreditamos em nosso próprio potencial.
Descartados os sensacionalismos das correntes e obras do
pensamento positivo, o que defendo aqui é que somos sim responsáveis
pela nossa felicidade.
Temos dentro de nós poderes muito fortes. Esses poderes são
formados por nossas emoções e nossas reações. A maneira como nos
sentimos em relação aos fatos e às pessoas e o modo como reagimos a
cada acontecimento ou interação com os outros moldam nosso destino.
Sentir-se bem atrai coisas boas, não só porque os autores famosos
defendam, mas por uma consequência lógica. Se tratarmos bem as
pessoas seremos bem tratados. Se acreditamos que temos potencial,
facilitaremos nossa luta diária. Se sorrirmos mais, receberemos mais
sorrisos, inclusive o nosso diante do espelho, pois cara feia não atrai
simpatia.
Como já afirma o ditado popular, a vida é como jogar bolas na
parede: se jogarmos uma bola azul, ela voltará azul, se a jogarmos com
força, ela voltará com força. Trata-se da lei da ação e reação.
Acreditar que estamos bem com o que já somos ou possuímos nos
libera da carga negativa de pensar que estamos em desvantagem com
relação aos outros.
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Agradecer ao universo e às forças superiores por nos permitirem
acordar todos os dias e construirmos nossa história, é o primeiro passo
para que novas e melhores oportunidades se apresentem a nós.
Esse livro tem a nobre intenção de mostrar a você que existem
poderes dentro da sua alma, do seu coração e do seu cérebro que podem
lhe proporcionar luz e felicidade e que temperamento e comportamento
não são destino. Todos podemos melhorar nossos sentimentos, nossas
emoções e automatizar reações que nos sejam favoráveis, sem precisar
perder o verdadeiro sabor da vida, aquele gosto especial de sentir prazer
em estar vivo, quando ficamos tristes, alegres, irritados, eufóricos, seja
lá qual for a situação. O importante é sentir, deixar a vida fluir e nos
divertirmos com ela.
Devemos ser proativos e evitar condicionamentos que nos sejam
prejudiciais. Porém, não precisamos estar o tempo todo evitando a
tristeza e os momentos não tão agradáveis. Quem faz isso evita a vida.
Deixe que venham. Mas deixe, também, que nos ensinem a cada dia
como reagir melhor com relação a esses acontecimentos. O importante é
estarmos prontos para interagir com os acontecimentos de uma maneira
positiva.
Há sentimentos e emoções que prejudicam nossa saúde, mas que
às vezes nos atingem. A preocupação, quando excessiva, o
ressentimento, a inveja, o ódio, a vingança, são coisas negativas que
nada agregam a nossa vida. Por isso, transforme a preocupação em
esperança, o ressentimento em perdão, a inveja em cooperação, o ódio
em amor e a vingança em reconciliação. Isso só depende de você.
Transforme sua vida.
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O imediatismo e o sentido de urgência experimentados por nossa
geração, faz com que queiramos tudo "pra ontem". A fome pelo
consumo e a supremacia do "ter" sobre o "ser" dominam a vida das
massas. Nada nunca está completo, pois a cada dia surgem coisas novas.
O desenvolvimento tecnológico, tão benéfico para nós em muitos
sentidos, também trouxe essa mudança em nosso estilo de vida. Tudo
acontece muito rápido. Tudo muda com muita velocidade e a cada dia o
ritmo aumenta.
Esse padrão comportamental tem sido o causador de inúmeros
males modernos como a depressão, o stress, a elevação dos índices de
consumo de drogas, legais e ilegais, e até o crescimento do número de
suicídios, além do aumento da violência.
Precisamos entrar nessa onda? Não!
Podemos ficar totalmente fora dela? Também não!
Não podemos viver o tempo todo em função do futuro e do
progresso, mas ambos são inevitáveis e necessários. Querer ficar alheio
às mudanças não é aconselhável. Não precisamos mudar para o Tibet
para escarparmos do sofrimento da vida moderna. No entanto, não
precisamos, também, nos deixar condicionar por essa neura imediatista,
consumista e que coloca o "sucesso" pessoal acima de qualquer coisa.
Lembre-se: o padrão de sucesso é o reflexo das expectativas.
Para que consigamos viver em harmonia com o universo, com as
pessoas que nos cercam e com nós mesmos, o objetivo das próximas
páginas é revelar a você importantes poderes inerentes a sua existência,
mostrando os pontos positivos e negativos de cada um deles.
O Remédio é Ser Feliz 17
Você conhecerá também sugestões sobre maneiras de desenvolver
um comportamento assertivo, que pode minimizar os efeitos de fatos
desagradáveis em sua vida e, em muitas situações, fazê-lo perceber que
o que parecia um pesadelo pode ser transformado talvez não em um
belo sonho, mas em uma agradável realidade.
Começaremos por algumas considerações sobre a felicidade e
sobre como os hábitos podem condicionar nossas reações. Depois,
vamos refletir sobre como a necessidade influencia sua criatividade e
tentaremos entender como o ponto de vista e a maneira como reagimos
aos fatos podem influenciar nosso bem-estar.
Na sequência, falaremos sobre os poderes que influenciam nossa
vida e como podemos agir com relação a cada um deles, fazendo com
que sejam ferramentas a nossa disposição, auxiliando-nos na agradável
jornada rumo a nos tornarmos pessoas melhores a cada dia, com alegria,
com satisfação, com intensidade, com vida.
Acredito que não exista fórmula pronta e infalível para a
felicidade. No entanto, planejar a vida, sem fazer dela algo previsível e
sem opções; trabalhar, mas com prazer; encarar as agruras da vida, mas
sem ser dominado por elas; buscar a realização pessoal, sem utilizar as
formas prontas que a sociedade nos impõe, são algumas dicas que
sugiro, para uma jornada feliz.
A partir do momento em que conseguirmos aplicar o máximo
possível de atenção no presente, sentindo com intensidade cada emoção
e cada sensação que a existência nos proporciona, teremos mais energia
e criatividade para viver profundamente os bons momentos que a vida
nos traz.
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O futuro deixará de ser tão incerto, abrindo suas portas para que
façamos dele nossa oportunidade de sermos pessoas cada vez mais
desenvolvidas: emocional e espiritualmente.
Ao mesmo tempo, o passado desempenhará em nossas vidas o
papel que realmente pertence a ele: o de nos trazer boas lembranças e
nos proporcionar aprendizado.
Procure refletir, após a leitura de cada capítulo, como você se
sente a respeito do assunto abordado. Você se identifica com o que
acabou de ler? Leia novamente se não tiver certeza. Aplique as técnicas
e os conceitos sugeridos. Faça desse livro uma ferramenta para tornar
seus dias mais leves e felizes.
Espero que ao final de sua leitura você possa ter agregado bons
conhecimentos, que levem a desenvolver excelentes condicionamentos.
Dessa forma, você poderá reagir de uma maneira mais assertiva perante
a vida e ter atitudes mais proativas, fazendo com que tudo aconteça da
maneira mais próxima possível do que você espera.
Felicidade: um caminho sem volta!
“Não existe um caminho para a felicidade.
A felicidade é o caminho”3
Ser feliz é saber fazer com que os momentos agradáveis sejam
nossos companheiros. Penso que a infelicidade não existe, mas sim que
ocorrem alguns momentos um pouco difíceis em nossa vida, com os
quais devemos aprender a interagir de maneira mais positiva.
Sempre defendo que se, ao final do dia, pararmos para fazer um
balanço do que vivemos durante as últimas 24 horas, teremos com
certeza mais acontecimentos positivos do que negativos.
O fato de estarmos vivos já constitui um ponto a ser considerado
como positivo e importantíssimo, afinal é a vida que nos permite buscar
a felicidade.
Se estamos saudáveis e em plenas condições de trabalhar, procurar
crescimento, livre para nos relacionarmos com as pessoas, somos
grandes sortudos.
Doentes e privados de nossa liberdade, teremos maiores
dificuldades em buscar a realização de nossos sonhos, mas será
plenamente possível se tivermos coragem e boa vontade. Como já está
escrito no capítulo anterior, “impossível é só uma palavra motivadora”,
que nos impulsiona na busca de nossos sonhos.
3 Mahatma Gandhi (1869 - 1948), do sânscrito "grande alma", foi um dos idealizadores e fundadores do moderno estado indiano e um influente defensor do Satyagraha, princípio da não-agressão e forma não-violenta de protesto, como um meio de revolução.
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Temos motivos suficientes para acreditar que somos privilegiados
por estarmos vivos e que todo o resto constitui o tempero da vida, ou o
que faz ela ter sentido.
Dificuldades, lutas, frustrações também podem ser transformadas
em pontos positivos, se extrairmos delas as lições que nos oferecem a
chance de tentar novamente, nos aperfeiçoando a cada dia.
Temos que cultivar e fortalecer o bom hábito de buscar nas
pessoas e acontecimentos os seus pontos positivos, suas qualidades,
minimizando seus pontos negativos. Em geral julgamos as pessoas pela
aparência e quando conhecemos alguém vamos logo elencando seus
defeitos mais aparentes.
Acredito na força do pensamento positivo, mas sei que, mesmo
que sejamos otimistas, às vezes acontecem fatos que não estavam nos
nossos planos conscientes e que nos obrigam a partir para situações que
não desejávamos.
O buscar constante nos faz crescer e as vitórias em batalhas mais
difíceis costumam ser as que têm mais sabor.
Pensar que chegará um momento em que estaremos totalmente
satisfeitos com o que somos, o que temos e o que fazemos é uma utopia.
Já está provado que a satisfação de uma necessidade acaba criando uma
nova expectativa. Somos seres movidos por desejos e sempre que
alcançamos a realização de um sonho, teremos outro projeto entrando
em nosso coração e nossa mente. Temos que ter cuca fresca para
entender essa dinâmica e tirar proveito dela.
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As pessoas mais bem sucedidas são aquelas que encontram em
crises e situações difíceis oportunidades de crescimento e
aperfeiçoamento. Encaram os caminhos inesperados que a vida
apresenta com serenidade, observando o que acontece, percebendo os
detalhes, aprendendo como tudo funciona e aplicando o que absorveu de
maneira positiva, criando bons resultados.
Mas a pressa, o medo de situações novas e o hábito de pensar que
tudo dá errado na vida fazem uma grande maioria perder oportunidades
de realização e sucesso.
Tudo depende de como encaramos as coisas.
Temos o direito de sermos felizes apesar de tudo! O importante é
buscar a realização dos sonhos, sem se deixar abater pelas dificuldades e
tropeços que essa busca nos apresenta.
Fique tranquilo! A preocupação traz o sofrimento por antecipação.
Só é válida quando se resume a uma maior concentração de energia para
solucionar questões difíceis.
Se você tem certeza que algo indesejado vai acontecer daqui a
uma semana, já fez tudo o que podia para evitar e realmente não há mais
o que fazer, deixe para enfrentar as dificuldades depois que elas vierem.
Se você ficar mal-humorado, a espera de algo que ainda não aconteceu,
terá menos força para reagir aos fatos.
Talvez a dificuldade que você espera nem aconteça ou, se
acontecer, é possível que os resultados não sejam assim tão desastrosos.
Dessa forma, você estará tranquilo para buscar soluções para as
questões que ocorrerem.
Alcione Alvez 22
A proatividade e a busca de soluções inteligentes em relação às
questões difíceis da vida são atitudes benéficas, mas há momentos em
que nos percebemos sobrecarregados, cansados e sem forças para
resolver certas situações. Outras vezes nos deparamos com fatos que
parecem não ter solução naquele momento.
Muitas vezes vivenciamos alguns acontecimentos que nos
estressam, nos tiram a capacidade de buscar soluções e põem
pensamentos fixos em nossas mentes. Respire fundo, avalie os fatos e
decida se vale a pena ir em frente. Se não for, de uma guinada e seja
feliz. Quando a vida nos fecha uma porta, ela nos abre uma janela.
Chute o balde! Como diria Confúcio4, “o que não tem solução,
solucionado está!”. Se não tem jeito, deixe pra lá. A vida passa muito
depressa para “gastarmos velas com defuntos ruins”. Porém, tome o
cuidado para não se tornar apático e pensar que nada tem solução.
O que estou tentando defender aqui é o fato de que a felicidade
depende de nós. Podemos ser felizes ou não. Tudo depende da
importância que damos a cada acontecimento da vida e de como
encaramos cada um deles.
Há pessoas que desistem de viver e ficam a espera de uma morte
feliz, passando a evitar a vida para não enfrentar as dificuldades.
Devemos fazer a essas pessoas a seguinte proposta: “dê-me de presente
os anos da sua vida que você pensa que serão difíceis e quer evitar e,
então, tenha sua tão esperada morte tranquila, que eu fico vivo mais
4 Confúcio: pensador chinês (551 a.C.)
O Remédio é Ser Feliz 23
alguns anos, além dos que já me estão reservados, e enfrento suas
dificuldades para você” (de uma maneira assertiva e positiva é claro!).
Carlos Drummond de Andrade escreveu: “A cada dia que vivo,
mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não
damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada
arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a
felicidade...”5.
Ser feliz não significa fugir da tristeza. A tristeza e a felicidade
andam juntas. O que não podemos é deixar que as dificuldades e
frustrações nos derrubem. Se a queda for inevitável, o que temos a fazer
é levantar e continuar!
A busca por momentos agradáveis ajuda na superação de
frustrações e estados depressivos. Quem tem momentos alegres e
descontraídos com frequência terá sempre maior facilidade em
contornar situações adversas.
O sofrimento na dose certa nos ajuda a crescer e nos torna fortes.
Não precisamos procurar a tristeza, mas também não podemos fugir
dela. Precisamos sentir as emoções que as frustrações nos causam, nos
fortalecermos e aprender com elas.
No entanto, temos que ser cautelosos em relação à tristeza. Talvez
você fique chocado com o que vou dizer e me tome por louco, mas digo
assim mesmo: “a tristeza vicia!”.
Isso mesmo, há muitas pessoas viciadas em tristeza.
Acostumaram-se a fazer queixas constantes, de pensar que a vida é
ingrata. Nem têm outro assunto. Para elas a sorte só existe para alguns
5 ANDRADE, Carlos Drummond de: “Viver não dói”. Poema atribuído ao autor.
Alcione Alvez 24
poucos. Começam a gostar da sensação que angústia causa e nos dias
em que acordam sem aquele aperto incômodo no peito, dão um jeito de
criar situações que o façam aparecer. Enchem a cabeça de pensamentos
negativos, preocupações e outras inutilidades, os quais lhes tiram o
tempo e a energia que precisam para criar projetos e soluções que as
façam crescer e sentirem-se bem.
O pior é que o mundo favorece o vício da tristeza. Todos se
interessam mais por acontecimentos infelizes da vida dos outros do que
pelo sucesso que eles alcançaram. A negatividade está no noticiário, na
novela, nos e-mails, no rosto das pessoas.
Aí mora a questão. Se ser infeliz é um vício, a solução é buscar
remédios para combater esse mal. E o remédio é ser feliz!
Combater a negatividade não é tarefa fácil, pois, como já vimos,
ela está presente em muitos lugares. Precisamos nos concentrar em fatos
positivos e agir para que tudo aconteça como gostaríamos que fosse.
Assim como um fumante, que acredita que pode parar de fumar
quando quiser, sem problema, e não aceita ser criticado pelo seu vício;
assim como um alcoólatra não assume essa condição e resiste ao
tratamento; a pessoa infeliz também não assume seu vício, rebate
conselhos que podem ajudá-la e acredita que sua felicidade depende dos
outros.
Por isso, faça uma reflexão sobre suas atitudes, sobre como você
encara a vida e dê um diagnóstico a si mesmo: você também não é
viciado em tristeza?
Se for, você terá que iniciar um tratamento urgente.
O Remédio é Ser Feliz 25
Você será seu médico, sua enfermeira e seu paciente ao mesmo
tempo.
Terá que desenvolver novos hábitos, mudar de atitude e de postura
diante da vida, buscar conselhos com as pessoas as quais você admira,
pela maneira leve como vivem suas vidas, e resistir à sensação de
angústia, substituindo-a por sensações de bem-estar.
Você deverá se policiar e, sempre que os pensamentos negativos e
as preocupações invadirem sua mente e a dúvida entrar em seu coração,
deverá buscar lembranças de momentos felizes ou pensar em coisas que
agradam.
A busca pela vida em grupo também é um grande remédio. Não se
isole. Queira estar perto das pessoas, converse, sorria. Ficar sozinho de
vez em quando é bom para refletir, mas deve ser por pouco tempo,
somente para organizar algumas ideias. Depois, vá ao encontro das
pessoas.
Demonstre interesse pelas pessoas, tente ajudá-las. Elogie pelo
menos três pessoas por dia. O interesse, a ajuda e o elogio serão
retribuídos e o fortalecerão.
Mantenha-se ocupado. O ócio pode ser criativo, como defende
Domenico de Masi6, mas se transforma “oficina do diabo”, se você for
viciado em tristeza. Tenha hobbies, pratique esportes (são excelentes
contra a depressão e oxigenam o cérebro), não fique parado. Crie
projetos novos e vá atrás dos resultados esperados.
Arrisque-se mais, sem medo da derrota. Seja persistente. O rol dos
fracassados possui muito mais nomes de pessoas que desistiram no meio
6 Domenico de Masi: escritor italiano. Autor do livro “O ócio criativo”.
Alcione Alvez 26
do caminho do que das que realmente falharam. O verdadeiro valor de
uma pessoa não está na quantidade de vitórias que conquistou, mas na
maneira como se recuperou de suas derrotas.
Busque fazer o que lhe dá prazer e tente manter-se o máximo
possível fazendo isso.
Quando as preocupações e os pensamentos repetitivos começarem
a invadir sua cabeça, pare e pergunte-se:
- São pensamentos úteis para resolver as questões que me
incomodam ou que me impedem de ter felicidade?
- Esses pensamentos não estão ocupando o tempo que me
serviria para encontrar soluções e buscar alternativas úteis para
minha vida?
Se não forem pensamentos úteis e se estiverem desviando sua
atenção para preocupações desnecessárias, livre-se desses visitantes
incômodos e ocupe-se com uma atividade agradável, ou concentre-se
em ideias novas para buscar o que você precisa.
Lembre-se sempre: foco nas soluções, não nos problemas.
A transformação será gradual e poderá ser lenta, como é a cura de
todo vício. Você poderá ter recaídas, isso é normal. Mas o importante é
viver um dia de cada vez. Por isso você terá que deixar o seu médico e
sua enfermeira em permanente vigília, orientando-os e trazendo-os de
volta para ajudar no tratamento, sempre que você começar a sentir-se
fraco.
O fundamental é que depois de superar a tristeza, você verá que a
felicidade é um caminho sem volta, pois assim como o fumante percebe
O Remédio é Ser Feliz 27
que sua qualidade de vida melhora quando deixa de fumar, assim como
o alcoólatra encara a vida de outra forma quando não bebe mais, as
sensações que a felicidade proporciona são muito mais agradáveis do
que as oferecidas pela angústia e a tristeza.
A felicidade começa a fazer parte de nossas vidas a partir do
momento em que percebemos que nossa existência constitui-se de uma
sucessão de momentos e que não temos poderes para mudar o que
passou, tão pouco prever os acontecimentos futuros. Por isso, cabe a nós
fazer de cada momento presente um episódio especial. Simples, como a
vida deve ser.
A nossa existência é relativamente curta e se tornará ainda mais
breve se desperdiçarmos os bons momentos que nos são oferecidos,
deixando que a tristeza e as preocupações roubem nosso tempo.
Lembre-se: apesar de o amanhã representar sempre a esperança de
momentos melhores, ele pode não chegar. Nossa maior chance de
sermos felizes está no aqui, no agora!
Temos que aproveitar a bagagem que os momentos passados nos
proporcionam para aprender com a vida e utilizar o que aprendemos
para maximizar o bem-estar no presente.
Seja um adepto da felicidade. O sentimento de bem-estar que a
alegria e o sorriso nos proporcionam permitem que o organismo libere
substâncias benéficas em nosso corpo, fazendo com que as sensações
negativas originadas pela angústia e pelo estado depressivo se dissipem.
O torpor experimentado por uma pessoa que passa da tristeza ao
bem-estar é muito agradável, pois renova as energias e dá o entusiasmo
Alcione Alvez 28
necessário para a execução de quaisquer tarefas, impulsionando na
direção de novas metas.
A felicidade é um caminho sem volta. Para quem a descobre, o céu é
o limite.
“Ser feliz é reconhecer que vale a
pena viver, apesar de todos os
desafios, incompreensões e
períodos de crise.”
Entendendo nossos hábitos
“A gente não se liberta de um hábito
atirando-o pela janela:
é preciso fazê-lo descer a escada,
degrau por degrau”7.
Desde pequenos somos levados a aprender certas coisas que,
segundo quem nos ensina, são boas ou ruins para nós. Primeiro todos
acham engraçadinho quando nos sujamos com a comida. Mais tarde,
isso se transforma num problema e passamos a ser repreendidos.
Durante toda nossa vida vão acontecendo situações em que somos
elogiados ou criticados pelo modo como agimos ou deixamos de agir.
Esses elogios e críticas nos provocam sensações e sentimentos, que
permitem avaliar se será bom agir dessa forma outra vez ou não. Essa
dinâmica nos condiciona a dar certas respostas padronizadas a
determinados estímulos em cada situação.
Todos os dias ouvimos muitos "nãos". Quando pequenos: "menino
não suba no sofá", "não diga palavrões"; quando adultos: "não corra no
trânsito", "não sonegue impostos". Tudo isso vai moldando o nosso
comportamento e introduzindo em nosso cérebro mensagens positivas e
negativas. O cérebro processa as recompensas e as penalidades sofridas
em cada ato cometido e nos proporciona o aprendizado para que
escolhamos a melhor reação.
7 Mark Twain: pseudônimo de Samuel Longhorne Clemens, (30 de Novembro de 1835, Flórida, Missouri, EUA - 21 de Abril de 1910, Redding, Connecticut, EUA); Escritor e humorista norte-americano.
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Alcione Alvez 30
Vamos aprendendo e percebendo o que nos faz sentir bem, ou o
que nos faz sofrer. As situações vividas e aprendidas nos levam a
desenvolver reações diferentes para cada acontecimento. Com o tempo,
a forma como reagimos acaba se transformando em hábito, ou seja,
torna-se automática.
Sempre que estou ministrando cursos e quero explicar o que são
hábitos ou condicionamentos, faço uma brincadeira: peço que um dos
participantes vá em busca de um copo d'água pra mim. A pessoa
educadamente levanta-se e começa a busca pela água. Antes que saia da
sala eu a chamo de volta e peço para que se sente. Ninguém entende
nada.
Peço então que essa pessoa fale sobre o que sentiu e pensou
quando eu fiz o pedido. Geralmente falam que se preocuparam em
descobrir onde iriam encontrar um copo ou a água. Algumas se sentem
privilegiadas, outras constrangidas e tudo mais.
Pergunto, depois, se antes de se levantar ela pensou que teria que
fazer os movimentos com as pernas para começar a andar, depois teria
que levantar o braço para abrir a porta e assim por diante, até voltar com
a água. Todas respondem negativamente.
Obviamente, essas ações já estão automatizadas em nós. Não
precisamos pensar em dar um comando a nossa boca para que ela emita
um som. Isso já está aprendido, assimilado, internalizado. Basta
escolhermos a palavra e ela será dita. Acontece naturalmente, sem que
precisemos pensar nos movimentos que nossos músculos terão que
executar para que o som saia.
O Remédio é Ser Feliz 31
Assim são nossos hábitos. Fazemos ou deixamos de fazer alguma
coisa tantas vezes, que no final já repetimos o ato sem nos darmos
conta. Sempre gritamos com o motorista do carro que
desprevenidamente cruzou a preferencial, sempre nos estressamos com
o atraso do ônibus, sempre ficamos aborrecidos porque não
conseguimos algo. Não pensamos mais. Apenas agimos como de
costume.
Os paradigmas com os quais nos deparamos todos os dias moldam
nossos hábitos. Fazemos coisas apenas porque sempre foram feitas da
forma como as conhecemos. Paradigmas são as lentes pelas quais
enxergamos o mundo, moldadas pelos padrões que construímos a partir
das influências externas, processadas juntamente com a percepção que
possuímos do ambiente em que estamos inseridos. Da mesma forma, o
conjunto de nossos hábitos acaba construindo nossos próprios
paradigmas pessoais.
Os hábitos formam o nosso caráter, pois definem o padrão de
reações que teremos diante de cada acontecimento, seja ele bom ou
ruim.
É possível mudar? Com certeza, sim!
Porém, não é tão fácil assim eliminar ou criar novos hábitos. A
mudança exige a alteração de mecanismos internalizados e
automatizados em nós. Precisamos de muita reflexão, concentração e
força de vontade. Deixar de fumar, por exemplo, eis uma mudança de
hábito que só acontece quando parte da vontade, da decisão e da
mudança de atitude de quem fuma. Como ex-fumante, posso
testemunhar como foi difícil abandonar esse vício. Mas venci!
Alcione Alvez 32
Nossos paradigmas (sentimentos, crenças, pensamentos) exercem
grande influência sobre o nosso comportamento. No entanto, nosso
comportamento também influencia nosso pensamento.
Quando nos concentramos em algo ou alguém acabamos
desenvolvendo sentimentos pelo objeto ou pela pessoa. Esses
sentimentos moldarão nossas emoções e definirão nossas reações.
Para modificar alguma situação temos que nos comportar de
maneira diferente. Para isso devemos começar a mudar nossos
paradigmas, nossa maneira de ver o mundo e interagir com ele. Temos
que criar nossas próprias lentes, para que a visão que temos da realidade
não seja distorcida pela influência das expectativas que criaram para
nós. Precisamos investir tempo em nós mesmos para melhorarmos
nossas atitudes frente à vida.
Grande parte das atitudes automáticas que possuímos podem ser
alteradas a partir de algum treinamento. Tudo depende de nosso esforço.
Desenvolver novos hábitos é uma tarefa que exige vigilância,
atenção e persistência. Temos que perceber em quais situações agimos
de maneiras que nos causam desconforto ou geram problemas, refletir e
descobrir qual a forma mais adequada de respondermos a esses
acontecimentos. Então, temos que nos manter atentos para que, no
momento em que ocorram, possamos reagir conscientemente da forma
como planejamos.
Muitas vezes não sabemos que é bom para nós desenvolver algum
hábito ou habilidade e não temos o preparo para isso. A partir do
momento em que identificamos atitudes as quais pretendemos
O Remédio é Ser Feliz 33
desenvolver, começaremos a nos policiar para que, cada vez que uma
situação ligada àquela atitude ocorra, possamos agir da maneira como
idealizamos.
No começo é difícil, pois estaremos condicionados a agir da
maneira anteriormente automatizada. Mas com o tempo vamos
adquirindo a habilidade necessária.
Após algum tempo de policiamento e prática da nova habilidade,
estaremos respondendo automática e inconscientemente àquela antiga
situação, da maneira como desejamos e não da maneira como havíamos
sido moldados para reagir.
Fazendo isso repetidamente, acabaremos por desenvolver padrões
de condicionamento que nos levem a reagir automaticamente de
maneira mais positiva, frente a qualquer fato da vida.
Precisamos educar nossos sentimentos para que moldem nosso
comportamento e devemos nos comportar de uma maneira que nos leve
ao desejado condicionamento, frente às diferentes situações do nosso
cotidiano, para que tenhamos atitudes mais positivas e assertivas em
nossas vidas.
Alcione Alvez 34
“Ser feliz é deixar de ser vítima dos
problemas e se tornar autor da própria
história.”
Necessidade: A mãe da criatividade
“A arte de viver consiste em tirarmos
o maior bem do maior mal”8
Você já ouviu falar que "é na crise que se cresce"?
O ser humano tem a mania de acreditar que "em time que está
ganhando não se mexe" e deita-se em berço esplêndido quando
considera que tudo vai bem. Para de buscar novos conhecimentos, não
se interessa por novas oportunidades, não quer mais saber de mudanças.
Deixa o comodismo tomar conta.
Não quero dizer aqui que devamos viver sem descanso,
trabalhando sempre para mudar nossa vida. Às vezes é preciso relaxar e
curtir um pouco o que conquistamos. Porém, temos que ficar atentos
para o fato de que o mundo contemporâneo tornou-se muito dinâmico e
não podemos mais acreditar que o sucesso do passado e do presente vai
garantir bons resultados no futuro. Temos que ressaltar, inclusive, que o
futuro tem se tornado presente cada vez mais rápido.
Longe de mim querer que o leitor mergulhe nessa neura moderna
da urgência e do imediatismo. O que quero dizer é que imprevistos
acontecem. As situações mudam: quando pensamos que sabemos todas
as respostas, percebemos que a vida mudou todas as perguntas.
Por outro lado, buscar a mudança e o constante aperfeiçoamento
pessoal em todas as áreas faz bem, mesmo quando tudo parece perfeito,
8 Machado de Assis: escritor brasileiro.
Alcione Alvez 36
pois para quem descobre o caminho da felicidade, o céu é o limite. Não
há nada que não possa ser melhorado.
Penso ser importante narrar aqui a parábola do “monge e a
vaquinha”. Ela conta que: certa vez um monge e seu aprendiz
peregrinavam por uma região, quando encontraram uma casa pequena
e pobre, na qual moravam um homem, sua esposa e dois filhos. Eles
mal tinham o que comer e viviam apenas do leite de uma vaquinha
velha e magra que possuíam.
O jovem aprendiz ficou comovido vendo aquela situação e
perguntou ao monge:
- Mestre: como posso ajudar essa pobre família?
O sábio monge respondeu:
- Atrás da casinha há um precipício. Vá lá e jogue a vaquinha no
precipício.
O jovem aprendiz não entendeu. Como poderia ajudar aquela
família tirando dela a única fonte de alimento que possuíam? Relutou
muito, mas como conhecia o monge e tinha certeza que ele era sábio,
obedeceu à ordem do velho e jogou a vaquinha no precipício.
Anos passaram e o jovem viveu angustiado, sem saber se havia
ajudado aquela família ou tinha matado todos de fome.
Certo dia, quando peregrinava pela mesma região, voltou àquele
local para conferir e não avistou mais a velha casinha. Ao contrário, o
que ele viu foi uma casa bonita, na qual moravam o mesmo homem, sua
esposa e seus filhos.
O Remédio é Ser Feliz 37
A família já não passava mais necessidade, possuía dez vacas de
leite e uma bela plantação, da qual tiravam seu sustento e ainda
sobrava dinheiro para investir na propriedade. O jovem aproximou-se
do dono da casa e disse:
- Há alguns anos passei por aqui. Havia um casebre velho e quem
morava nele era uma família pobre. O que aconteceu?
E o homem respondeu:
- Pois bem. De fato, há alguns anos éramos pobres e tudo o que
possuíamos era um casebre e uma velha vaquinha, da qual tomávamos
o leite.
- Certo dia essa vaquinha caiu no precipício – continuou ele. Para
que minha família não passasse fome tive que ir em busca de novas
alternativas de sustento.
- No início foi difícil, mas com o tempo percebi que tinha jeito
para os negócios. Juntei algum dinheiro trabalhando de empregado e
comecei a comprar e vender vacas. Com o lucro dessas vendas construí
uma vida melhor para a minha família e hoje quem toca a propriedade
são meus filhos.
O jovem aprendiz percebeu então o que o velho monge percebera
há anos atrás: aquela família tinha potencial para crescer, mas estava
acomodada, pois havia se adaptado àquela vida, de viver do leite de
uma vaquinha. Ao jogar a vaquinha no precipício, ele fez com que eles
tivessem que ir em busca de sobrevivência e acabaram encontrando
prosperidade.
Alcione Alvez 38
Muitas pessoas são tomadas de surpresa por imprevistos que
acontecem na história de todos. Estava tudo bem até que.... O conforto
virou preocupação. A fartura se transformou em necessidade.
Então, como não estavam preparadas para a mudança, pois
deixaram de exercitar suas mentes e a habilidade de buscar alternativas
se atrofiou, passam a culpar Deus, o destino e as outras pessoas pelo
infortúnio que começam a viver.
Felizmente a maioria de nós possui a capacidade de construir o
próprio destino e, quando o cenário muda, buscamos forças para encarar
a nova realidade. Quando a necessidade surge, começamos a dar vazão
a nossa criatividade e a capacidade de superação vem à tona. Após
assimilarmos o golpe começamos a buscar meios de "sacudir a poeira e
dar a volta por cima".
Alguns, porém, permitem que a nova situação tome conta de suas
vidas, mergulham na depressão e deixam que o caminho de volta para a
felicidade torne-se um pouco mais longo e sinuoso. Mas tudo tem
remédio.
Assim caminha a humanidade: em geral, primeiro temos que nos
deparar com as questões, para depois buscarmos soluções.
Existem uns poucos “privilegiados” visionários, que conseguem
prever o futuro e inventar soluções para situações que sequer
aconteceram, mas que um dia vão acontecer.
Mas também há pessoas que, embora não consigam antecipar
soluções, conseguem superar um pouco mais fácil as situações
inesperadas.
O Remédio é Ser Feliz 39
Por quê?
Em primeiro lugar porque elas possuem um jeito diferente de
encarar a vida e não se deixam tomar pelo desespero. Segundo, porque
elas têm sempre um plano B. Isso mesmo, um plano alternativo.
O plano B pode não ser a solução para cada nova situação que
acontece, mas ele nos permitirá agir e ganhar tempo, enquanto
buscamos alternativas com mais tranquilidade.
Você está bem empregado ou possui uma atividade que lhe
garante equilíbrio financeiro? Esteja atento. Mantenha-se informado
sobre as possibilidades de iniciar uma nova carreira quando julgar
oportuno.
Prepare-se, estude, informe-se sobre as vantagens e desvantagens
de outras atividades profissionais e avalie a viabilidade de cada uma, de
acordo com a realidade em que está inserido, respeitando sempre, é
claro, sua vocação e sua essência.
O dinamismo da economia mundial tem feito com que muitos
negócios lucrativos se tornem deficitários ou mesmo deixem de existir.
O advento do DVD, por exemplo, fez com que centenas de casas de
cinema fossem fechadas, assim como a pirataria e a TV por assinatura
têm atrapalhado os negócios do setor de locação de filmes.
Por outro lado, o que é dificuldade para alguns pode transformar-
se em oportunidade para outros. A falta de segurança e estrutura das
grandes cidades, por exemplo, propiciou o crescimento das empresas de
entrega de produtos a domicílio. Muita gente prefere pedir uma pizza,
um DVD ou qualquer outra coisa em casa, para não correr o risco de ser
assaltado na rua ou ter que rodar horas atrás de estacionamento.
Alcione Alvez 40
Manter-se informado e estar atento às oportunidades de novos
negócios pode propiciar crescimento e novas perspectivas, mesmo
quando tudo está indo bem.
O plano B pode facilitar a nossa vida. Tenha sempre um em
mente. Não permita que a necessidade seja a única motivadora de seu
crescimento e deixe sua criatividade tomar forma, mesmo quando o céu
está azul.
Se prestar atenção, você verá que até mesmo as pessoas mais bem
sucedidas continuam sempre em constante aprendizado. Se ainda estão
aqui entre nós é porque há algo que precisam aperfeiçoar, para
tornarem-se pessoas mais humanas, dotadas de compaixão e
compreensão, para que possam viver em paz.
Não espere sua vaquinha cair no precipício para começar a buscar
novas oportunidades. Procure antecipar-se as suas necessidades. Não se
adapte com o que não é bom pra você. Não se acomode. Aperfeiçoe-se
sempre e, se a situação estiver insuportável, seja corajoso e jogue você
mesmo sua vaquinha no precipício. Vá à luta!
Tudo acontece para o bem
“Viver é encarar um problema
atrás do outro. O modo como você
o encara é que faz a diferença”9
A maneira como enfrentamos as situações
A maneira como lidamos com as situações faz diferença em nossa
vida, influencia nos resultados das nossas ações e determina o grau de
felicidade que cada um sente no dia-a-dia. Somos responsáveis pelo que
sentimos e o que sentimos depende da maneira como encaramos a vida.
Nos estressamos diante de acontecimentos cotidianos que, se
encarados de outro ponto de vista, poderiam constituir fatos cômicos,
dos quais poderíamos dar boas risadas, liberando endorfina10 em nosso
organismo e nos sentindo bem, ao invés de liberarmos cortisol11 e
passarmos o resto do dia carrancudos.
Com o avanço tecnológico e a evolução do conhecimento humano,
a afirmativa men sana in corpore sano, pronunciada já há milhares de
anos pode, hoje, ser comprovada. A tristeza, a raiva, o nervosismo, a
ansiedade e o ressentimento fazem mal à saúde. Padrões de
9 Benjamin Franklin, cientista e estadista norte-americano. 10 Endorfina é um neurotransmissor. É produzida em resposta à atividade física, visando relaxar e dar prazer, despertando uma sensação de euforia e bem-estar. Durante o orgasmo essa substância é liberada na corrente sanguínea, provocando uma intensa sensação de relaxamento no casal e alguns até adormecem após a relação. 11 Cortisol é um hormônio corticosteróide produzido pela glândula supra-renal que está envolvido na resposta ao estresse; ele aumenta a pressão arterial e o açúcar do sangue, além de suprimir o sistema imunológico.
Alcione Alvez 42
comportamento associados ao stress e á ansiedade prejudicam o
organismo.
A mente e o corpo possuem uma relação direta. Perceba como
nossas mãos suam quando ficamos nervosos, como nosso rosto fica
vermelho quando nos sentimos embaraçados. As emoções agem sobre
nosso sistema nervoso e alteram a maneira e a quantidade com que
certos hormônios são liberados em nosso organismo, determinando
nossas reações em função do que o nosso corpo está sentindo.
A nossa resistência a doenças, ou a fragilidade com que nos
apresentamos frente a certos males, dependem da resposta do nosso
organismo as nossas emoções. Ao nos sentirmos bem, levamos nossas
glândulas a liberar substâncias benéficas, que nos trazem saúde e
longevidade.
O mesmo acontece quando, ao contrário, nos sentimos mal. Nosso
organismo produz e libera em maior quantidade hormônios que nos
levam a ficar fragilizados e com tendência a desenvolver mais doenças,
além de acelerar o envelhecimento.
Assim como alguns sintomas nos avisam sobre a possibilidade de
doenças, o nosso comportamento também denuncia questões ligadas ao
nível de satisfação que estamos tendo com a vida. Tudo depende de
como deixamos as emoções condicionarem nossas reações.
A boa notícia é que podemos educar nossas emoções. Temos a
capacidade de aprender a viver de uma maneira mais leve, dando vez á
felicidade. A tristeza faz mal à saúde e temos que buscar um remédio
eficaz para combatê-la. E o remédio é ser feliz!
O Remédio é Ser Feliz 43
Uma mudança de atitude diante da vida pode fazer com que nos
sintamos mais leves, tranquilos e bem-humorados. Está em nossas
mãos. Não devemos levar a vida tão a sério.
Isso não significa ser irresponsável e deixar tudo à deriva, mas ter
uma postura mais assertiva com relação às pessoas e frente aos fatos que
nos ocorrem. O fundamental é sabermos criar mecanismos que nos
levem a ter reações mais benéficas, que levem a melhores resultados e
não destruam nossa saúde e paz interior.
Questões ou problemas?
Considero como passo principal para começarmos a mudar nossa
atitude frente aos acontecimentos da vida, definirmos claramente a
diferença entre questões e problemas.
Constantemente ouvimos queixas das pessoas dizendo que
enfrentam muitos “problemas”. Ao perguntarmos o que as aflige,
ouviremos da maioria o mesmo rol de reclamações:
- falta de dinheiro;
- amor não correspondido;
- brigas na família;
- insatisfação com o trabalho.
Gostaria de fazer uma pergunta: tratam-se realmente de
problemas?
Alcione Alvez 44
Para descobrir, teremos que refletir sobre cada uma dessas
queixas. Então vejamos:
- A falta de dinheiro só se tornará um problema quando a nossa
sobrevivência estiver ameaçada por essa carência financeira. Somente
quando por falta de recursos financeiros não pudermos por comida na
mesa ou pagar um tratamento de saúde necessário, poderemos afirmar
que temos um problema. No mais, a prestação do financiamento do
carro pode ser paga com alguns dias de atraso, o veículo poder ser
vendido ou trocado por um mais barato. Aquela viagem dos sonhos
pode ser adiada para quando estivermos mais estáveis financeiramente.
- Quanto ao amor não correspondido, até hoje não tive notícias de
alguém que, naturalmente, tenha morrido por causa disso. Lembre-se
que quanto maior for sua autoestima, quanto mais bem-humorado você
estiver, mais sucesso você terá em suas conquistas amorosas.
- As brigas em família são como as disputas de questões entre
países: alguém sempre precisa dar o primeiro passo e ceder um pouco,
para que a paz aconteça. Precisamos ser mais tolerantes. Deixar pra lá.
Perdoar. Como diria Shakespeare, “ter ressentimento é como tomar
veneno e esperar que o outro morra”.
Costumamos levar pra casa nossas frustrações do dia-a-dia e
descarregar nossa insatisfação nas pessoas mais próximas, as que
amamos. Porém, isso não constitui um problema, pois a solução está em
nossas mãos. Basta tratarmos as pessoas com mais carinho, gentileza e
tolerância.
O Remédio é Ser Feliz 45
- Se você está insatisfeito com sua profissão, mude de emprego.
Faça outra coisa. Chute o balde, vá atrás de seus sonhos. Pode ser
difícil? Pode. Mas depende de você! Vivemos dentro de um universo de
possibilidades, as quais podem estar ao nosso alcance assim que as
percebermos, se tivermos boa vontade para agarrá-las.
O que estou tentando esclarecer aqui, comentando cada uma
dessas reclamações mais comuns das pessoas, é demonstrar que não se
tratam de problemas, mas de questões. São situações cujas soluções
estão ao nosso alcance, bastando que tomemos algumas providências ou
que mudemos nossos hábitos, ou nossa postura diante da vida.
Problema é outra coisa!
Ter um ente querido com uma doença grave é um problema, pois,
às vezes, por mais que cuidemos dele, por mais carinho, atenção e
cuidados médicos que lhe sejam dispensados, a sua recuperação não
depende só de nós. Depende da eficácia do tratamento, do poder de
recuperação de nosso ente querido e de uma vontade maior que nos
governa.
Mas já vi provas de que mesmo doenças graves podem ser
curadas, com a ajuda de mudanças de atitude e de uma fé maior na vida.
Algumas outras situações na vida também podem ser encaradas
como problemas, mas podemos ter certeza que são poucas. Podemos
citar: estar morando num país que está em guerra ou que foi atingido
por circunstâncias naturais adversas, estar sendo ameaçado por pessoas
mal intencionadas, entre outras.
Alcione Alvez 46
Porém, a maioria das situações constituem simples questões, cuja
solução está em nossas mãos e depende da maneira como enfrentamos
cada caso e como agimos para solucioná-los ou, simplesmente, esquecê-
los.
Por isso, viva feliz. Não transforme suas questões em problemas.
Tudo acontece para o bem
Diz a lenda que um rei e seu ministro estavam caçando, quando o
rei desprevenidamente decepou um de seus dedos com uma faca. Após
estancar o sangue e fazer ataduras em seu rei, o ministro lhe disse:
- Não vos preocupais, tudo acontece para o bem.
O rei que já era austero, sentindo muita dor, ficou irritadíssimo
com o seu ministro e gritou com ele:
- O que pensas?! Dizer ao teu rei que perder um dedo pode ser
algo que veio para o bem! Desaparece da minha frente! Estás banido
do meu reino!.
O ministro obedeceu e seguiu por uma trilha mata adentro.
Alguns minutos depois o rei foi cercado por uma tribo indígena
que, vendo-o bem vestido e coberto por jóias, resolveu que seria um
grande presente aos deuses sacrificá-lo, em uma fogueira de oferendas.
Ele foi então amarrado e levado para a aldeia. No momento em
que os índios iam atear fogo no rei, o pagé percebeu que lhe faltava um
dos dedos e ordenou que o sacrifício fosse interrompido. Oferecer uma
pessoa imperfeita, sem uma parte de seu corpo, seria uma desfeita para
O Remédio é Ser Feliz 47
com os deuses e matá-lo poderia ser uma atitude que traria azar para a
tribo.
O cacique desamarrou o rei e ordenou que ele fosse embora.
Envergonhado por ter brigado com seu ministro, que afinal tinha
razão no que disse, o rei seguiu mata adentro e encontrou-o deitado sob
uma árvore, tranquilamente, observando os pássaros.
O rei então disse ao ministro:
- Quero pedir-te desculpas. Fui injusto contigo.
Contou sua história ao ministro, que respondeu:
- Não vos preocupais majestade, tudo acontece para o bem.
O rei enfureceu-se novamente e falou:
- Mas como podes dizer isso. Eu fui injusto contigo, te expulsei de
meu reino e ainda me dizes que tudo acontece para o bem?.
- Pois não majestade! – disse o ministro. Se eu estivesse com
vossa majestade no momento em que fostes capturado, eles também
teriam me levado. Como não me falta nenhum dedo, eles com certeza
teriam me sacrificado no seu lugar!
Essa lenda serve para nos mostrar que na vida tudo depende da
maneira como encaramos os fatos e que nada acontece por acaso.
Para muitos a chuva é um incômodo, que nos faz perder um dia,
enquanto outros sentam-se próximos à janela, admiram o milagre da
natureza e agradecem pela água que cai, molha as plantas e permite que
tenhamos o que comer e beber.
Você está tomando café da manhã, antes de ir para o trabalho, seu
filho bate em seu braço e derrama o café em sua camisa. Você tem duas
Alcione Alvez 48
opções: abraçar e beijar seu filho, pedir calmamente que ele tome mais
cuidado, trocar a camisa e ir trabalhar bem humorado. Mas também
pode ficar irritado, brigar com seu filho e estragar o seu dia e o de sua
família com seu mau humor.
Dalai-Lama, em seu livro “Uma ética para o novo milênio”,
afirma: "Olhando em torno, vejo que não somos apenas nós, refugiados
tibetanos e os membros de outras comunidades expatriadas, que
enfrentamos dificuldades. Em toda parte e em todas as sociedades as
pessoas passam por sofrimentos e infortúnios - até as que gozam de
liberdade e prosperidade material. De fato, parece que uma grande
porção do sofrimento que nos aflige é na verdade criada por nós
mesmos. Em princípio, portanto, somos ao menos capazes de evitar
essa porção".12
Como já foi dito, “Viver é como jogar bolas na parede”. Se você
jogar uma bola azul, ela baterá na parede e voltará azul para você, não
mudará de cor. Se você jogar uma bola com força na parede, ela
retornará também com força para você. Da mesma forma, se você viver
semeando discórdia, colherá discórdia. Se semear vingança, colherá
vingança.
Encarar a vida com bom humor atrai coisas boas. Pensar positivo,
ser altruísta, agir com assertividade e ser gentil com as pessoas
constituem um estilo de vida que, se praticado com vontade,
transformar-se-á em hábito, trazendo para você resultados positivos. A
12 Dalai-Lama: Uma ética para o novo milênio. Rio de Janeiro, RJ. Sextante, 2006, p 7.
O Remédio é Ser Feliz 49
vida será mais leve, a paz interior será sua companheira e aí então, com
certeza, tudo acontecerá para o bem.
Alcione Alvez 50
SEGUNDA PARTE
Conhecendo os poderes
“Defeitos não fazem mal, quando
há vontade e poder de os corrigir”13.
A partir de agora você saberá quais são os poderes que
influenciam nosso cotidiano. Todos temos sobre eles total e absoluta
influência. Tudo depende da maneira como encaramos a vida e como
exercemos cada uma dessas forças, utilizando-as a nosso favor ou
contra nós.
São sentimentos e situações inerentes a todo ser humano.
Acompanham nossas vidas e podem trazer sucesso ou fracasso, fortuna
ou miséria, amor ou ódio, sofrimento ou felicidade.
Cabe a nós entender a dinâmica de cada um desses poderes e
descobrir como tirar proveito deles, otimizando o que podem fazer de
bom por nós e neutralizando suas forças negativas. Somos responsáveis
por nossas opções.
A vida é uma sucessão de escolhas. Sempre que escolhemos
alguma coisa estaremos renunciando a outra. O casamento sugere a
renúncia de algumas liberdades. Mandar seu filho estudar em outra
cidade, em função de melhores oportunidades para ele, fará com que
13 Machado de Assis: escritor brasileiro.
Alcione Alvez 52
vocês passem menos tempo juntos. O trabalho requer a renúncia ao
tempo livre e assim por diante.
A cada momento estamos exercendo nossas escolhas em busca de
realização pessoal e paz de espírito. Se erramos ou acertamos é tudo
consequência da dinâmica da vida. “Quem sai na chuva é pra se
molhar”.
O importante é que saibamos o que queremos e desenvolvamos
condicionamentos que nos levem sempre à escolha mais favorável, de
acordo com o que consideramos melhor para nós.
Ter conhecimento sobre os poderes que influenciam nossa vida e
entender como podemos agir para tirar deles o que pode nos trazer
benefícios, é a base para iniciarmos as mudanças necessárias em nossos
hábitos, a fim de que consigamos nos tornar mais felizes a cada dia.
Sombra ou luz, sorrisos ou lágrimas. Você será sempre o
responsável pelas suas escolhas e elas construirão o seu destino.
Conheça esses poderes e faça deles eficazes ferramentas, que
ajudem você a se tornar uma pessoa cada vez melhor.
Boa jornada!
O poder das expectativas
“Não estou no mundo para
corresponder às expectativas alheias.
Minha vida pertence a mim.
E isso é igualmente verdadeiro
para os demais seres humanos”14.
Ambição, planejamento, sonhos e objetivos são necessários para
que vivamos em constante desenvolvimento. Querer um bom emprego,
uma vida tranquila e desfrutar de conforto constituem padrões
estipulados pelo meio em que vivemos.
Certamente, esses “modelos” de bem-viver apresentam variações,
de acordo com a cultura e o poder econômico de cada comunidade. No
entanto, sempre haverá um market share, um alvo: algo que para
alcançarmos necessitamos de esforços e renúncias.
Esses padrões dão origem a expectativas. A sociedade “espera” de
nós um comportamento padronizado, que na sua essência exige que
sejamos “bem sucedidos” na vida. Isso nos leva a construir expectativas
em relação a nós mesmos e aos que nos rodeiam.
Acontece, porém, que grande parte dessas expectativas, geradas a
partir do modelo de vida ideal, nem sempre coincidem com o estilo de
vida que a nossa personalidade, a nossa essência, cobra da gente. O
“modelo de sucesso” atual exige que tenhamos um bom emprego, um
casamento perfeito, uma casa exuberante, mesmo que o preço a pagar
14 Desconheço o autor.
Alcione Alvez 54
por tudo isso seja o stress, o mau humor constante, tomar
antidepressivos todos os dias...
Aos poucos, o padrão de comportamento que a sociedade espera
de nós acaba moldando as expectativas que projetamos para a nossa
vida e acabamos esperando de nós mesmos os resultados, o sucesso, a
vida do “bem sucedido”.
Sofremos porque não conseguimos comprar um carro mais caro
que o do vizinho, porque a promoção que esperávamos no trabalho não
chegou, porque não somos os primeiros em tudo o que fazemos.
Precisamos de tudo isso?
O mais grave é que, além de copiarmos as expectativas externas
que nos pressionam, como sendo as nossas próprias expectativas,
acabamos projetando sobre os outros comportamentos que julgamos que
deveriam ter. Ficamos magoados quando as pessoas não agem como
esperávamos, sem parar para pensar se tal comportamento tem haver
com a personalidade e as necessidades delas. Baseados no padrão de
resposta construído em nossa mente, não permitimos que ninguém “saia
da linha”.
Como diria Carlos Drummond de Andrade15: “Definitivo, como
tudo o que é simples, nossa dor não advém das coisas vividas, mas das
coisas que foram sonhadas e não cumpridas”.
Não quero dizer aqui que tenhamos todos que abandonar o
trabalho, deixar de estudar e não nos preocuparmos nem um pouquinho
15 ANDRADE, Carlos Drummond de: Viver não dói (poema atribuído ao escritor)
O Remédio é Ser Feliz 55
com que os outros pensam de nós, tornando-nos desleixados,
insuportáveis, com ideias vazias.
O trabalho dignifica, sim, os homens e as mulheres. A leitura e os
estudos nos proporcionam crescimento e, queiramos ou não, bons
modos são fundamentais para que possamos nos relacionar com os
outros.
No entanto, se você tem vocação para marceneiro, tem
criatividade para transformar a madeira em obras de arte, não será feliz
se acabar se formando médico. Uma pessoa que se pega, subitamente,
fazendo versos, será infeliz se for obrigada a estar todos os dias no
tribunal, defendendo seus clientes, como advogado. Precisamos
descobrir o que nos trará satisfação profissional e trabalhar duro, com
certeza, para sermos bons no que fazemos.
Buscar no trabalho apenas o resultado financeiro para satisfazer as
expectativas que os outros construíram a nosso respeito fará com que
estejamos, pelo menos oito horas por dia, insatisfeitos. Essa insatisfação
fará com que não aproveitemos os momentos livres após o trabalho para
desfrutar com os amigos, a família, a namorada, a esposa, pois
estaremos exaustos e mal-humorados. O dinheiro é uma consequência
do trabalho e não precisa ser muito, desde que seja bem aproveitado.
Como diz o ditado popular: “quem trabalha no que gosta, não
trabalha!” Feliz daquele camarada que descobriu que sua vocação era
dar aulas e hoje diz orgulhoso: “antes eu trabalhava... agora eu sou
professor!”.
Alcione Alvez 56
Maslow16 classificou as necessidades do homem, colocando-as em
uma pirâmide, na qual a base é formada pelas necessidades primeiras,
aquelas sem as quais não sobrevivemos e, na sequência, conforme as
necessidades da base vão sendo satisfeitas, novas necessidades surgem,
até atingirmos o topo da pirâmide.
Segundo Maslow, o ser humano estará sempre buscando atingir
níveis maiores de realização pessoal, profissional e econômica. A
satisfação nunca será completa.
“Maslow define um conjunto de cinco necessidades:
• necessidades fisiológicas (básicas), tais como a fome, a sede o
sono, a excreção, o abrigo;
• necessidades de segurança, que vão da simples necessidade de
sentir-se seguro dentro de uma casa a formas mais elaboradas de
segurança, como um emprego estável, um plano de saúde ou um
seguro de vida;
• necessidades sociais ou de amor, afeto, afeição e sentimentos tais
como os de pertencer a um grupo ou fazer parte de um clube;
• necessidades de estima, que passam por duas vertentes: o
reconhecimento das nossas capacidades pessoais e o
reconhecimento dos outros face à nossa capacidade de adequação
às funções que desempenhamos;
• necessidades de auto-realização, em que o indivíduo procura
tornar-se aquilo que ele pode ser.”17.
16 Abraham Maslow (1 de abril de 1908 — 8 de junho de 1970) psicólogo americano, conhecido pela proposta hierarquia das necessidades de Maslow. 17 Fonte: Wikipédia, em 30/11/2007.
O Remédio é Ser Feliz 57
Precisamos considerar que existe uma diferença entre necessidade
e desejo. Necessidade é algo sem o qual não viveríamos. Assim, temos a
necessidade de respirar, comer, beber água, ter abrigo, necessidades
fisiológicas e, em função de um instinto natural da perpetuação da
espécie, temos necessidades sexuais. Tudo mais constitui uma sequência
de possibilidades que nos são oferecidas em função de nossa vida em
sociedade: amor, atenção, reconhecimento, status e assim por diante.
Tais exigências desenvolvem no homem o desejo, que no mesmo
ritmo das necessidades, torna-se cada vez mais complexo à medida que
os primeiros vão se realizando. Dessa forma, não queremos ter mais
apenas um teto para dormir, mas uma casa bonita e sofisticada. A
segurança passa a ter outro significado e passamos a querer morar em
um condomínio fechado. Começamos a querer conquistar várias
pessoas, ao invés de cultivar o amor do cônjuge e teremos sempre que
ter o reconhecimento dos que nos cercam, para que nos sintamos bem.
A sociedade de consumo se encarrega de nos impor a cada dia
novos desejos, maquiados de necessidades. O telefone fixo virou
celular. O celular aparece a cada dia com uma cara e uma função nova,
em forma de iphones. O computador se transformou em notebooks,
tablets e outros aparatos. A antena parabólica já não serve mais, pois
agora temos a TV por assinatura.
O tempo todo vemos pessoas receitando fórmulas especiais para
alcançarmos a felicidade. Logicamente, a maioria de nós busca ser mais
feliz e sofrer menos. Ocorre que a felicidade que buscamos, hoje mais
Alcione Alvez 58
do que nunca, está padronizada e depende de ostentações físicas,
materiais e de poder, sobretudo econômico.
A vida em sociedade nos leva a sentir a necessidade de aprovação
e aceitação pelos outros membros do grupo. Para nos sentirmos aceitos,
acabamos buscando sempre atingir as expectativas que as pessoas têm a
nosso respeito. Buscamos o sucesso padronizado, a qualquer custo.
Ter sucesso e ser reconhecido é muito bom, quando obtemos tudo
isso seguindo nossa essência. Porém, o sucesso como obrigação, como
forma de suprirmos nossas carências e nossa insegurança, nos escraviza,
fazendo com que necessitemos cada dia mais de aplausos. A frustração
acabará se tornando nossa companheira.
Crie seu próprio modelo de sucesso. Não se iluda com o padrão
que já existe. Experimente, reflita, descubra o que é melhor pra você e
batalhe para conseguir.
Sair por aí dirigindo um carro popular, assobiando, em companhia
da família, com varas de pescar amarradas no teto, um isopor no porta-
malas cheio de galinha na farofa, pode não ser o modelo de sucesso que
todos esperam de alguém, mas com certeza pode ser a felicidade
verdadeira para muita gente, que conseguiu não ser contaminada pela
“consciência” do bem sucedido.
Com certeza, ao passar pelas pessoas na rua essa família ouvirá
muitos dizerem: “pobre se contenta com pouca coisa”.
E precisamos de mais?
Tudo depende de nossas expectativas.
O Remédio é Ser Feliz 59
Sofremos porque temos consciência das coisas. Somos infelizes
por concluirmos que não alcançamos o “sucesso” que todos esperam de
nós. E esse sucesso, nos dias atuais e como em quase toda a história, se
traduz em fortuna, ostentação e status.
"O que gera essa situação é a retórica contemporânea do
crescimento econômico, que reforça intensamente a tendência das
pessoas para a competitividade e a inveja. E com isso vêm a percepção
da necessidade de manter as aparências - por si só uma importante
fonte de problemas, tensões e infelicidade"18.
Outro dia, lendo uma mensagem que recebi de um amigo por e-
mail, com o título “Os Dez mandamentos para viver melhor”, chamou-
me atenção o quinto mandamento: “Seja humilde, não esqueça que
estamos nessa vida só de passagem”.
O avanço tecnológico e a rapidez com que as mudanças vêm
acontecendo no mundo moderno alteraram muitos aspectos em nosso
cotidiano. A expectativa de vida das pessoas é maior a cada dia. As
condições de saúde, higiene e alimentação vão melhorando, os recursos
médicos e a medicina preventiva vêm salvando cada vez mais vidas.
Tudo isso faz com que vivamos mais.
Mais e melhor?
Dos casos que acompanhamos na imprensa sobre pessoas que
passam dos cem anos de idade, a maioria pertence às classes
economicamente menos privilegiadas. Algumas mal sabem ler ou
escrever, sempre trabalharam duro e sequer imaginam o que significa a
18 Dalai-Lama: Uma ética para o novo milênio. Rio de Janeiro, RJ. Sextante, 2006, p. 16.
Alcione Alvez 60
palavra check up19. São pessoas que nunca se “estressaram” por pouca
coisa, aceitaram vida como ela é, souberam extrair dela sua essência.
Conseguiram moldar suas expectativas ao que a existência lhes exibiu
como viável. Riem à toa: são felizes
Na busca incessante por metas e resultados, que nem sempre
acontecem como queríamos, deixamos de perceber as pequenas vitórias
que obtemos no dia-a-dia e não comemoramos a alegria de coisas
simples, como a de estar vivo, ter saúde, poder ter passado momentos
harmônicos com a família.
O caldo engrossa ainda mais pelo fato de o ser humano ser este
eterno insatisfeito. A cada conquista, a cada expectativa alcançada,
traçamos metas ainda maiores. Se antes o desejo era ter um carro do
ano, no momento em que o conseguimos passamos a querer um carro do
ano de um modelo mais luxuoso e, em seguida, um importado, um
modelo esportivo. A escala de valores vai sendo alterada e começa a ser
cada vez mais difícil chegar ao topo, ao modelo de sucesso que criamos.
Essa situação nos faz lembrar do filme “O sorriso de Monalisa”20,
com Julia Roberts, quando uma personagem diz: “o horizonte é apenas
uma linha imaginária, que se afasta cada vez que nos aproximamos
dela”. Assim são nossas expectativas nos dias atuais. São o nosso
horizonte: a linha imaginária que jamais alcançamos.
Outra característica do avanço tecnológico na vida moderna
encontra-se nas alterações que causou nas relações sociais. A
modernidade sem dúvida nos trouxe muita liberdade, através de
19 Rotina de exames e consultas médicas para identificar possíveis problemas de saúde. 20 O Sorriso de Monalisa. Columbia Pictures Corporation, 2003.
O Remédio é Ser Feliz 61
inventos que nos tornam independentes da ajuda de outras pessoas. O
fato de as máquinas estarem fazendo o trabalho que antes era realizado
por pessoas, faz com que consigamos nos virar sozinhos. A questão é
que isto tem tornado cada vez maior o individualismo: eu não preciso de
você e você não precisa de mim, por isso eu fico na minha e você fica
na sua. Ninguém mais se envolve.
Você já percebeu como tem se ampliado o número de pessoas que
não conseguem mais caminhar nas ruas sem um fone de ouvidos? Isso
se transformou na mais moderna forma de alienação que conhecemos.
Antes as pessoas apenas não se olhavam quando passavam umas pelas
outras. Agora, elas simplesmente não se percebem. Um não existe para
o outro. Estamos nos individualizando ao extremo.
Além disso, o avanço das ciências e a rapidez que impuseram às
mudanças em geral, acabam influenciando o imediatismo. Ninguém
quer mais esperar para ter o que deseja ou realizar o que planejou. Tudo
tem que ser agora, já. Quem não consegue fica para trás.
Esse é o poder das expectativas: nos tornar frustrados por não
sermos o que os outros esperam de nós ou, do contrário, somos infelizes
por não vivermos da maneira como o nosso coração gostaria, apenas
para agradar os outros.
No entanto, não podemos transformar as expectativas no vilão da
luta pela felicidade. Como foi citado no início do texto, ela é importante
para que alcancemos o crescimento pessoal e profissional. O que faz
dela um problema é a maneira com que nos colocamos diante da vida,
esperando sempre mais do que precisamos, por pura pressão dos
Alcione Alvez 62
padrões dentro dos quais fomos criados, influenciados pela cultura do
“ter”, sobreposta a do “ser”.
Não precisamos atingir todos os objetivos que nós mesmos e os
outros traçaram para nós. A felicidade não depende dos resultados que
alcançamos, mas da maneira como lutamos para alcançá-los.
Ser feliz é seguir o coração e acordar satisfeito por poder viver
mais um dia. A vida é uma constante descoberta. Trabalhar com
competência, ser generoso e descobrir o valor das pequenas coisas nos
traz bem-estar e alegria.
Drummond de Andrade, mais à frente, no seu poema “Viver não
dói”, conclui: “Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é
simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais! ... A dor é
inevitável. O sofrimento é opcional.”
Espere da vida, apenas o que a vida pode lhe oferecer: o momento
presente, o fato de estar vivo. Tudo mais depende de você.
O poder do medo
"A coragem não é a ausência do medo e
sim a presença da fé apesar do medo"21
A autoconfiança é fundamental para que consigamos uma
existência com paz, dignidade e tranquilidade. Ela nos permite encarar
as situações de frente e fazer o que precisa ser feito com segurança e
competência. Trata-se da peça chave para que comecemos a operar as
mudanças necessárias nos nossos hábitos e estilo de vida, as quais nos
permitirão sermos donos do nosso próprio destino.
O inimigo número um da autoconfiança é o medo. Todos sentimos
medo. Esse sentimento, em algumas circunstâncias, constitui um fator
positivo, pois existe para evitar que nos envolvamos em situações de
perigo, como, por exemplo, entrarmos na jaula de um leão selvagem
sem nenhuma proteção, ou atravessar a rua quando percebemos a
aproximação de um veículo em alta velocidade.
O medo existe para nos por limites, no que se refere a
comportamentos e atitudes que possam por em risco nossa vida e nossa
saúde.
Quem detém o poder costuma usar o medo como forma de coação,
para que todos ajam de acordo com a vontade dos que governam. Dessa
forma, o medo é desencadeado em forma de ameaças: “ou você anda na
21 BAKER, Mark W.: Jesus, o maior psicólogo que já existiu. Rio de Janeiro, RJ. Sextante, 2005, p. 65
Alcione Alvez 64
linha ou será preso”, “ou você paga os impostos ou terá problemas
com o fisco”, etc. O poder coercitivo do Estado baseia-se no medo.
Também as organizações criminosas fazem uso desse mecanismo,
espalhando o terror para obter respeito. Então, o medo de desaparecer
de repente e ser encontrado morto em uma sarjeta faz com as pessoas
respeitem os criminosos.
No âmbito familiar, desde cedo ouvimos frases do tipo: “menino,
não sobe no muro que você vai cair e quebrar a perna”, “não brinca
com fogo que você vai se queimar”, “não pula no sofá que te puxo a
orelha”. Essas frases repetidas diversas vezes vão incutindo em nosso
subconsciente a noção do que devemos ou não fazer, seja para preservar
nossa vida e nossa saúde, seja para preservar as relações com as outras
pessoas.
Alguns desses mecanismos restritivos que nossa mente cria em
função dessa situação são importantes e servem para nos livrar de
situações embaraçosas. Outros ajudam a podar nossa criatividade e nos
tornam pessoas sem iniciativa e excessivamente cautelosas, em alguns
casos.
O cuidado permanente que alguns pais exercem sobre seus filhos
muitas vezes sufoca a criança, não deixa que ela desenvolva sua
criatividade e não permite que descubra os limites de sua
individualidade. A criança não pode brincar à vontade sem a vigilância
da mãe, não pode correr na rua para não sujar a roupa, não pode brincar
com tinta para não manchar o tapete. Restrições demais impostas de
O Remédio é Ser Feliz 65
maneira autoritária abrem espaço para o sentimento de medo e
insegurança, o que poderá provocar problemas na fase adulta.
Deixem as crianças serem crianças. Isso é muito importante.
Procure impor limites saudáveis, sem limitar também a criatividade e a
espontaneidade. Eduque pelo exemplo, tendo o amor sempre como
valor mais importante a ser cultivado. O amor desencadeia o respeito
pelos outros e abre as portas para as ações espontâneas de solidariedade.
O ser humano, que se distingue dos demais seres vivos em função
de alguns fatores físicos, também tem suas peculiaridades quanto aos
aspectos psíquicos, emocionais e sociais. Desenvolveu uma entidade
chamada ego.
Ego é o centro da consciência inferior (diferente do Eu que é
centro superior da consciência). O Ego é a soma total dos pensamentos,
ideias, sentimentos, lembranças e percepções sensoriais. É a parte mais
superficial do indivíduo, a qual, modificada e tornada consciente, tem
por funções a comprovação da realidade e a aceitação, mediante seleção
e controle, de parte dos desejos e exigências procedentes dos impulsos
que emanam do indivíduo.
A vida na sociedade moderna, na qual a competição por melhores
condições econômicas e sociais torna-se cada vez mais acirrada, fez do
ego um elemento maleável, subordinado as nossas expectativas, que são
maiores a cada dia. Ele se transformou no elemento que nos dita o que é
bom ou ruim para nós.
O pior é que o ego não aceita ser contrariado, não quer ser ferido
e, por isso, cada vez que não conseguimos a realização de um desejo,
projeta em nós suas frustrações, nos causando dor e sofrimento.
Alcione Alvez 66
Dor emocional e sofrimento são sentimentos que ninguém gosta
de ter e, quando passamos por algumas situações em que o ego ferido
nos tortura, começamos a desenvolver medos que já não têm somente a
função de nos preservar a vida ou a saúde, mas existem sim para
possibilitar que a condição social que alcançamos seja mantida ou
ampliada.
Todos gostamos de ascender socialmente. A queda, porém, é algo
doloroso, com reflexos desastrosos. A maioria torce pela queda dos
outros e quando isso acontece ninguém deixa barato.
Dessa forma, passamos a desenvolver medos do tipo: o de não ser
o melhor no esporte que praticamos, de não ser um sucesso em nossa
profissão, de não ter mais dinheiro que nossos amigos e assim por
diante.
Temos que ser o número um, o melhor em tudo. Queremos ter
razão sempre. O receio de ser contrariado ou humilhado frente aos
nossos colegas de trabalho, amigos e familiares torna-se constante em
nossas vidas. Isso começa a trazer de carona outra companheira
constante e nociva, chamada preocupação.
Ficamos pensando: será que conseguirei ser promovido e ganhar
mais dinheiro? Será que conseguirei manter o status social que
alcancei? Será que meus filhos terão orgulho de mim?
A função da preocupação é resolver uma questão, empregando a
reflexão construtiva. Ela serve como elemento de vigilância para
detectar perigos potenciais. Isso tem sido essencial para a sobrevivência
O Remédio é Ser Feliz 67
no curso da evolução. A preocupação excessiva, porém, prejudica nossa
concentração e limita a criatividade.
O ser humano, por ser racional e viver em sociedade, busca
sempre aprimoramento e aperfeiçoamento pessoal. Até aí tudo bem. Só
que isso gerou também um comportamento que faz com que a cada
necessidade satisfeita, surja uma nova necessidade, mais complexa que
a anterior.
Somos movidos pelo desafio constante e isso faz com que
queiramos sempre mais. Tudo bem se esse "mais" acontecesse sempre
em favor do bem da coletividade. Mas isso não acontece. O
individualismo e a competitividade levam cada pessoa a "puxar a brasa
sempre para a sua sardinha".
Daniel Goleman, em seu livro "Inteligência Emocional"22, explica
que temos em nós um medo hereditário, encravado em nosso DNA, que
faz com que tenhamos reações de defesa automáticas.
Segundo ele os nossos antepassados, moradores das cavernas,
viviam em constante alerta, em função das ameaças de ataques de
animais selvagens. Esse estado de alerta desenvolveu neles reações
automáticas de defesa, nas quais prima a agressividade, para contra-
atacar as ameaças da natureza. Estavam defendendo suas vidas.
Dessa forma, herdamos reações automáticas contra os perigos que
nos cercam. Por exemplo, quando ouvimos um barulho à noite, ficamos
apreensivos com a possibilidade de ser um assaltante, mesmo que não
seja.
22 GOLEMAN, Daniel: Inteligência Emocional. Rio de Janeiro, RJ. Editora Objetiva, 2001. p. 19
Alcione Alvez 68
Atualmente, porém, o conceito de sobrevivência tornou-se mais
complexo. Lutamos pela sobrevivência social. Por isso, quando
julgamos que alguém está ameaçando nosso emprego ou posição social,
seja uma ameaça real ou imaginária, tendemos a reagir de maneira
agressiva contra essa pessoa.
Isso não vale a pena. A experiência nos mostra que as parcerias e
as cooperações têm dado muito mais certo do que as ações competitivas
no mercado. Se você se sentir ameaçado por alguém, antes de tentar se
defender dessa pessoa, avalie se não seria melhor se aproximar dela e
unir suas forças, criando uma situação mais sólida para sobreviver na
"selva de pedra".
Sempre que alguma situação - seja ela real ou fruto da imaginação
de quem embarcou na neura da competitividade acirrada e do complexo
de perseguição - ameaça a satisfação de uma necessidade ou a
realização de um desejo desenvolvemos novos medos, como
mecanismos para nos alertar que a dor e o sofrimento podem estar
próximos e para que estejamos prontos para a defesa.
O pior é que muitas vezes desenvolvemos medos infundados,
baseados em situações hipotéticas, as quais talvez nunca aconteçam e
que nos trazem preocupações desnecessárias.
Por exemplo, a mãe que não dorme quando seu filho sai de casa à
noite com os amigos, pois teme que algo de ruim aconteça com ele.
Talvez até aconteça. Fatalidades acontecem. Mas não dormir não irá
proteger o garoto. O melhor é mostrar a ele que o ama de verdade e quer
muito que ele volte são e salvo. Se ele sentir que o amor é verdadeiro
O Remédio é Ser Feliz 69
sentirá vontade de voltar para casa e não se envolverá em nenhuma
confusão.
À medida que vamos acumulando medos e deixando que eles
dominem nossos corações e nossas mentes, vamos desenvolvendo o
sentimento de pânico. As situações hipotéticas que montamos em nossa
imaginação para justificar nossos medos se tornam tão reais para nós,
que passamos a reagir como reagiríamos se elas já estivessem
acontecendo. Nos pegamos suando frio e agitados de repente, sem
nenhum motivo real para isso, simplesmente porque as hipóteses que
construímos parecem reais para o nosso cérebro e estão nos
incomodando.
Napoleon Hill23, em seu livro "A Lei do Triunfo", defende que a
humanidade possui seis medos básicos: medo da pobreza, medo da
velhice, medo da crítica, medo de perder o amor de alguém, medo da
doença e medo da morte.
Esses medos podem ter fundamento. Mas precisamos deixar que
nos desviem do caminho da felicidade?
Claro que não!
Vejamos porque:
- Logicamente, a velhice e a morte são fatores inevitáveis e
chegarão um dia: a morte para todos, a velhice para os mais persistentes.
Mas vivermos com medo da morte, não evitará que morramos e sim fará
com que deixemos de viver com plenitude os bons momentos que a vida
nos oferece. Já que a morte é inevitável e não conhecemos o momento
23 HILL, Napoleon: A Lei do Triunfo.Rio de Janeiro, RJ. José Olympio Editora, 18 ed, 1997.
Alcione Alvez 70
em que chegará, viver cada momento como se fosse o primeiro e o
último, com toda a intensidade possível, ajudará a nos sentirmos
realizados e dissipará o medo.
- A velhice representa o estágio mais avançado do
desenvolvimento humano. Não deveríamos temê-la, mas aceitá-la com
serenidade, pois é nela que teremos condições de ousar com maior
tranquilidade, criatividade e segurança, haja vista que nessa fase da vida
todos já acumulamos uma bagagem invejável de experiências e
sabedoria, que auxiliará em todas as nossas escolhas.
Precisamos ter em mente que a juventude é, acima de tudo, um
estado de espírito, que nos acompanhará em qualquer idade, desde que a
gente permita. Ao mesmo tempo, o medo da velhice não fará com que
sejamos eternamente jovens e sim nos transformará em pessoas com
comportamento de quem deixou que o espírito envelhecesse, ainda na
juventude. Fará com que sejamos jovens desanimados e ranzinzas.
Aceite a velhice como uma conseqüência natural e benéfica da
vida. Um prêmio para quem consegui chegar à longevidade, com uma
vida plena e feliz.
- Já o medo da pobreza é algo que desenvolvemos em função dos
padrões sociais de sucesso que nos são impostos. Ao invés de darmos
força a esse medo, devemos focar nossa energia no que gostamos de
fazer e, dessa forma, teremos sucesso e ganharemos dinheiro, pois,
quem faz o que gosta, faz bem feito. Talvez não fiquemos milionários,
mas com certeza não seremos miseráveis.
O Remédio é Ser Feliz 71
- O receio quanto à crítica é um sentimento que nasce como
consequência do culto à aparência. Ninguém gosta de ouvir que não
agiu certo ou não obteve um bom resultado. Nessa hora o bom senso e a
humildade devem falar mais alto. Ao receber uma crítica, avalie se
realmente a outra pessoa não tem razão. Se tiver, seja humilde e procure
consertar o erro. Se não, tenha habilidade para fazer com ela mude idéia
e volte atrás, apresentando seus argumentos, sem querer impô-los.
O importante é tentar fazer sempre o nosso melhor, agir de acordo
com nossos valores e ouvir nossa consciência. Não perca uma amizade
em função de um ponto de vista.
- Perder o amor de alguém dói, mas não mata. Em matéria de amor
é sempre mais importante dar do que receber. Esteja aberto às pessoas.
Ame-as incondicionalmente. Não espere que elas o amem do jeito que
você gostaria que amassem. Não espere dos outros o que eles não
podem lhe dar.
Há muitos sinais de amor que passam despercebidos, como o
carinho espontâneo quando menos esperamos. Lembre-se que "a beleza
do cavalo selvagem está na sua liberdade". Podemos acumular
riquezas, cultura, saber, mas nunca poderemos acumular pessoas. Seja
você mesmo e elas o amarão. Não corra atrás das borboletas: cultive
seu jardim e elas virão até você.
- Temer a doença não irá evitá-la. Muito pelo contrário, grande
parte das úlceras estomacais e problemas cardíacos, entre outros males,
são consequência de reações psicossomáticas24 do organismo, em
24 Torna-se importante, neste ponto, distinguir somatização de doença psicossomática. Somatização acontece quando uma dor emocional se expressa através de uma dor física. Já a doença psicossomática, acontece quando os problemas emocionais desencadeiam doenças
Alcione Alvez 72
função do stress gerado pelas preocupações e pelos medos que
acumulamos.
Leve uma vida equilibrada, alimente-se corretamente, faça
exercícios físicos moderada e regularmente, não se exponha demais ao
sol forte e durma o suficiente para que seu organismo se recomponha
das jornadas diárias. Então, com certeza, a saúde será sua companheira.
Temos que tomar uma atitude assertiva com relação aos nossos
medos. Negá-los não resolve. Precisamos acreditar em nós mesmos, no
nosso potencial, ter autoconfiança e lutar pela vida que acreditamos ser
a melhor para nós, mesmo que não seja aquela idealizada pelos que nos
cercam.
Devemos assumir que os nossos medos existem, encará-los e
buscar formas de minimizá-los, diminuir seus efeitos sobre o nosso
comportamento e não deixar que atrapalhem nossas decisões.
Aprendi um jeito divertido de minimizar o efeito de meus medos
quando sinto que eles estão ganhando força. Faço o seguinte: ligo o meu
computador e acesso a pasta "Meus documentos". Lá eu clico com o
botão direito do mouse para que apareçam as opções do menu e escolho
a opção "novo/pasta". Crio então uma pasta com o nome "Todos os
meus medos".
Abro essaa nova pasta e crio dentro dela outras pastas com o nome
dos medos que me incomodam, como por exemplo: "medo de ser feliz",
"medo da solidão", "medo de ficar sem dinheiro", etc.
físicas. Em geral, trata-se de descarregar no corpo físico o que o sistema emocional não consegue resolver.
O Remédio é Ser Feliz 73
Reflito um pouco sobre cada um desses medos, tentando descobrir
o que fez com que eles aparecessem no meu coração. Penso em
alternativas para superá-los e resolver as questões que estão
desencadeando o aparecimento desses medos.
Então, clico com o botão direito do mouse sobre as pastas cridas,
uma de cada vez, e no menu que se abre eu escolho a opção excluir.
Aparecerá, então a mensagem "Você tem certeza que deseja enviar a
pasta "Medo de ser feliz" para a lixeira?" (por exemplo). Reflito um
pouco mais, desejo de todo o coração que aquele medo deixe de
atrapalhar a minha felicidade e clico em OK.
Repito a operação com todas as pastas, inclusive a pasta "Todos os
meus medos".
Fecho a pasta "Meus documentos" e clico no ícone Lixeira, na
área de trabalho. Escolho a opção "Esvaziar lixeira". Aparecerá a
mensagem: "Tem certeza que deseja excluir definitivamente todos os
itens da lixeira?". Respiro fundo e clico em OK.
Pronto! De certa forma, no meu inconsciente, eliminei todos os
medos que estavam me incomodando, jogando-os na lixeira, e passo a
sentir paz no coração. Isso serve para liberar a minha energia criativa e
fica mais fácil lidar com as situações que me causam medo.
Em seu livro “Como evitar preocupações e começar a viver”, Dale
Carnegie nos dá excelentes dicas de como podemos lidar com
pensamentos repetitivos que nos impedem de viver plenamente. Vale a
pena conferir25.
25 CARNEGIE, Dale. Como evitar preocupações e começar a viver.São Paulo, SP. Companhia Editora Nacional, 34.ed., 1989.
Alcione Alvez 74
Existem outras técnicas e exercícios para que consigamos lidar
melhor com os nossos medos. Fará bem buscar conhecê-las, aplicá-las e
ver qual serve melhor para você.
Seja mais forte que os seus medos. Não deixe que eles o
paralisem. Seja o líder de seu coração e de sua mente
.
“Uma pessoa permanece jovem, na
medida em que ainda é capaz de
aprender, adquirir novos hábitos e tolerar
contradições.” Marie Von Ebner - Eschenbach
O Poder da autoestima
“Se você não se valorizar, chegará uma hora
em que todos acreditarão em você.
O contrário também é válido”26.
Jesus disse: "Ama ao teu próximo como a ti mesmo".
As palavras sábias desse grande mestre nos levam a evidenciar um
fato incontestável: quem não tem amor próprio, não poderá amar mais
ninguém.
Se não me amo, como poderei amar o próximo como a mim
mesmo?
Indo mais longe, se não me dou valor, se não me sinto bem com
minha vida, como poderei ser amado e respeitado? Como poderei fazer
alguém feliz, se eu mesmo estou triste e angustiado?
“Um erro grave é tanto se julgar mais do que é quanto se estimar
menos do que se merece” 27. Estar de bem com a vida: eis o fundamento
principal da felicidade!
Mas como conseguir isto?
Simples, como a vida deve ser: buscando o autoconhecimento,
para saber como sentir-se bem consigo mesmo.
Mas o que significa isso?
Significa ter amor próprio, gostar de si mesmo, do seu corpo, do
seu jeito de ser, da maneira como se veste, enfim: ter autoestima.
26 Jefferson Luiz Maleski: escritor. 27 Johann Wolfgang Goethe: poeta e escritor alemão.
Alcione Alvez 76
Tal virtude tornou-se um pouco mais complicada nos tempos
atuais. O modelo de sucesso que a sociedade moderna impõe sobre
todos nós faz com que, muitas vezes, nos sintamos mal com relação ao
nosso desempenho profissional ou relações interpessoais, pelo fato de
não termos alcançado o que os outros e o que nós mesmos esperávamos
que fosse alcançado.
O padrão de sucesso profissional exige de todos esforços sobre-
humanos e faz com que tenhamos pouco tempo para parar, recarregar as
baterias e refletir sobre nossa importância no contexto em que vivemos,
independente dos resultados que apresentamos.
A ditadura da beleza tem levado pessoas à depressão por não
conseguirem atingir o peso que gostariam, ou por terem ingerido
medicamentos para emagrecer que levam à dependência. Vemos
crianças fazendo dietas para perder peso, clínicas de cirurgia plástica
lotadas, mulheres retirando fios de costela para ter mais cintura, entre
outras agressões ao corpo. A bulimia28 e a anorexia29 também têm sido
problemas constantes, relacionados à maneira com que as pessoas têm
encarado a questão estética.
No entanto, poucos se dão conta de que o fator mais importante,
para que consigamos nos sentir bem com relação a nós mesmos e aos
outros não está na aparência física ou no status, tão pouco no sucesso
em relação ao padrão de vida que todos desejam.
28 Bulimia nervosa é uma disfunção alimentar A pessoa bulímica tende a apresentar períodos em que se alimenta em excesso, muito mais do que a maioria das pessoas conseguiriam se alimentar em um determinado espaço de tempo, seguidos pelo sentimento de culpa. 29 A anorexia nervosa é uma disfunção alimentar, caracterizada por uma rígida e insuficiente dieta alimentar (caracterizando em baixo peso corporal) e estresse físico.
O Remédio é Ser Feliz 77
O que precisamos para nos sentir bem está dentro de nós!
A aceitação com relação a nós mesmos, o amor próprio, o
autocontrole emocional, a paixão pela vida, tudo isso depende somente
da gente.
Ser feliz apesar de tudo! Ninguém poderá fazer isto por você, a
não ser você mesmo.
Ter a alegria e o sorriso como cartões de visita, ser capaz de auto
motivar-se, conhecer e respeitar seus limites são ingredientes
fundamentais para conseguirmos estar de bem com a vida.
Para tudo isso precisamos nos conhecer.
Como poderemos fazer isso?
Muitas são as dicas para que cheguemos ao autoconhecimento.
Sou da opinião que não existe receita pronta. No entanto, é importante
que saibamos relaxar e refletir sobre nossas emoções.
De que maneira reagimos a cada estímulo externo que recebemos?
Conseguimos nos controlar diante de situações que nos deixam com
raiva? Como poderemos exercitar a paciência e a tolerância para não
nos indispormos tão facilmente com os outros e não nos sentirmos
frustrados e irados? Como nos sentimos frente às possibilidades que o
mundo nos oferece?
Lembre-se, na vida tudo passa, assim como tudo pode ser mudado.
Muitas pessoas alegam que reagem sempre impulsivamente diante das
situações e que não adianta querer buscar mudanças, pois nasceram
assim e seus pais também agiam dessa maneira. Não concordo.
Alcione Alvez 78
Podemos sim absorver algumas tendências comportamentais de
nossos pais, mas o nosso caráter é moldado pelo meio em que
crescemos e pela maneira como interpretamos cada situação.
Logicamente, fica muito mais fácil mudar comportamentos e
temperamentos na infância, enquanto nossa consciência ainda está em
formação e o aprendizado ocorre de maneira mais rápida. No entanto,
mudanças na fase adulta também são possíveis, bastando que tenhamos
força de vontade. Trata-se de um processo lento e mais complicado, mas
possível. Mais ou menos como parar de fumar ou de beber.
Começa com o policiamento de nossas reações a cada situação a
que somos expostos. Em seguida, precisamos analisar como nos
sentimos ao reagir da maneira como reagimos. Nos sentimos bem com o
resultado? A maneira como reagimos colaborou para uma interação
positiva com os outros envolvidos?
Após essa análise, elencaremos as reações que nos fizeram sentir
mal ou que geraram conflitos desnecessários com os outros e
pensaremos em formas alternativas de reagir em situações semelhantes,
tentando sempre aplicar essas novas reações na vida prática.
Não precisamos, é claro, estar o tempo todo nos policiando.
Podemos começar com uma situação específica, que nos incomoda,
partindo em seguida para outras, não tão estressantes.
Analisar nossas reações e emoções, conversar sobre elas com
outras pessoas, tentar exprimi-las em palavras, fará com que as
entendamos melhor e estaremos assim partindo para um maior
conhecimento de nós mesmos.
O Remédio é Ser Feliz 79
Paralelamente, poderemos tentar aplicar técnicas para melhorar
nosso temperamento, como yoga, meditação, relaxamento entre outras,
se julgarmos necessário para o bom desenvolvimento do autocontrole.
Outra dica importante para melhorarmos o conhecimento que
temos de nós mesmos, é tentar por no papel no mínimo cinco qualidades
e cinco defeitos que julgamos que possuímos.
Em seguida, peça a duas pessoas de sua confiança que façam o
mesmo a seu respeito, dizendo cinco qualidades e cinco defeitos que
elas pensam que você possui. Peça que sejam sinceras, sem ser
benevolentes nem cruéis demais. Garanta que você não irá contestá-las
nem censurá-las pelo que disserem. Tenha maturidade para ouvi-las sem
se magoar com o que vão dizer.
Compare a relação do que você elencou com o que seus
colaboradores lhe disseram. Reflita sobre as qualidades ou defeitos que
não coincidiram com o que você pôs no papel. Você realmente possui
esses defeitos e essas qualidades?
Escolha quais qualidades você quer desenvolver ou melhorar ainda
mais e quais os defeitos que você julga importante eliminar da sua vida,
ou minimizá-los.
Trabalhe um de cada vez. Observe-se. Descubra formas de
modificar suas atitudes e controlar suas emoções. Quando julgar que já
dominou o item, passe para o seguinte.
Veja bem. Quando digo que é importante dominarmos nossas
emoções e treinarmos nosso temperamento, não estou sugerindo que nos
transformemos em robôs, frios e insensíveis, para evitar que as emoções
Alcione Alvez 80
nos magoem. Somos de carne e osso, temos sentimentos e “nosso
sangue não é de barata”.
Insisto, sim, em dizer que devemos tentar nos conhecer o máximo
possível, com o intuito de fazer com que nossas emoções trabalhem a
nosso favor, que nos tragam satisfação e melhor qualidade de vida.
Jamais chegaremos a níveis de controle total das emoções por
meios naturais. Afinal, um pouco de melancolia, tristeza, decepção,
frustração e sofrimento, na dose certa, são importantes para o nosso
crescimento emocional.
A motivação é outro fator importante para a autoestima. Estar
motivado significa "ter motivo para a ação". Quando se trata de
motivação para fazer algo que somos obrigados a fazer e do qual não
gostamos, o remédio é buscar formas mais agradáveis de desenvolver
cada tarefa.
Uma dica é, sempre antes de começar a fazer alguma atividade,
perguntar-se:
1. O que vou fazer agora é realmente importante para mim, para
minha vida ou para o meu trabalho?
A reflexão sobre a importância do que você está fazendo poderá
motivá-lo, a partir da consciência que se tem do resultado prático e dos
benefícios que trarão a você e a outras pessoas.
Se você chegar à conclusão de que o que está fazendo é prejudicial
a você ou há coisas mais importantes e urgentes a serem feitas, não
vacile. Faça o que for melhor e mais importante em primeiro lugar.
O Remédio é Ser Feliz 81
2. Não existe uma maneira mais fácil, rápida e interessante de
fazer o que estou fazendo?
Invente, busque maneiras mais agradáveis de fazer as coisas. Faça
a diferença!
Já quando a questão é motivar-se para a vida, para aquilo que
gostamos de fazer, tudo fica mais fácil. Reflita sobre sua condição:
Você está feliz com sua profissão?
Está feliz com a maneira com que está conduzindo sua vida?
Poderia melhorar seu relacionamento amoroso?
Não espere coisas melhores caírem do céu. Encontre as respostas,
escolha o que é melhor para você e parta para a ação.
Logo que os primeiros resultados positivos começam a aparecer, a
partir das suas novas atitudes, a satisfação com eles aumentará sua
motivação até transformar-se em uma bola de neve.
Apaixone-se pela vida. Não dependa dos outros para traçar suas
metas e expectativas, não seja tão severo consigo mesmo, viva cada dia
como se fosse o primeiro e o último, aceite-se como você é, resolva um
problema de cada vez e dê valor ás pequenas coisas. Quem não se
contenta com o pouco, jamais terá o muito, pois o muito também lhe
parecerá pouco.
Alcione Alvez 82
Siga os conselhos de Santo Agostinho30: “seja grato pelo que você
já tem”. A vida será curta se você viver correndo atrás de seus sonhos.
Relaxe, concentre-se no presente e seus sonhos virão até você.
Procure não dar muita atenção às revistas de beleza. Em geral elas
fazem com que nos sintamos feios. Se você está descontente com seu
corpo tente mudá-lo, mas de maneira saudável. Não se agrida. Busque
formas naturais de se sentir melhor com sua aparência e jamais seja
escravo do padrão estético. Todos temos uma beleza única, com um
brilho incomparável.
A indústria da moda tem, obviamente, a missão de fazer com nos
sintamos feios sempre, pois assim estará constantemente vendendo a
promessa de que pode fazer a gente se sentir melhor. Não embarque
nessa onda!
Somos pessoas únicas e especiais. Ao nos compararmos com os
outros sempre encontraremos quem esteja em melhores ou em piores
condições que a nossa. Não se compare com ninguém. Decida quem
você quer ser e seja. Siga seus instintos e seu coração.
Respeitadas as restrições alimentares de cada um e as indicações
nutricionais dos especialistas, uma alimentação saudável é muito
importante. A alimentação influencia em nosso humor e o bom humor
favorece a autoestima. Tenha uma dieta balanceada. Dê preferência às
frutas, verduras e legumes, mas não despreze as proteínas e
carboidratos.
30 Famoso pregador, foi bispo católico, teólogo e filósofo, considerado pelos católicos santo e Doutor da Igreja.
O Remédio é Ser Feliz 83
Nosso organismo necessita de um pouco de cada substância que a
natureza nos oferece, para nos mantermos com uma aparência
agradável. Seja bom com o seu corpo e elegante em seus atos. É o
suficiente.
Tome bastante água. A água é importante para manter nosso corpo
hidratado e possibilita uma constante desintoxicação, fazendo com que
nosso sistema urinário se encarregue de pôr pra fora o que nosso
organismo não necessita.
Pratique exercícios físicos (verifique primeiro se você não possui
restrições médicas). As atividades físicas moderadas mantêm nosso
corpo em perfeito funcionamento, oxigenam nosso cérebro e nos dão
mais disposição em geral, além de regular a pressão arterial.
Publicações especializadas afirmam que uma caminhada leve de meia
hora, no mínimo três vezes por semana, já é um ótimo remédio para a
saúde, a beleza e o humor.
Sorria mais. Ocupe-se ao invés de preocupar-se. Mantenha-se
ativo e aberto aos novos aprendizados e à mudança. Seja dinâmico.
Busque o que lhe dá prazer, mantenha-se o máximo que puder
fazendo o que gosta. Apaixone-se por você. Tome consciência da sua
beleza, da sua importância para os que o cercam e para o mundo. Ame a
você e as outras pessoas incondicionalmente.
Tudo isso fará com que você entre em sinergia com a vida, em
sintonia com sua essência. Você se sentirá mais leve, com mais beleza,
com mais vontade de interagir com as pessoas e contagiá-las com seu
bom humor e alegria de viver.
Alcione Alvez 84
“A autoestima é o que há de mais
divino no ser humano. Pois, quando
nada lhe resta, resta-lhe a si mesmo.”
Cíntia Salvato
O poder da culpa
“Culpa é quando você cisma
que podia ter feito diferente,
mas, geralmente, não podia”31.
Não está escrito em lugar algum que devamos ser exemplos de
retidão, eficiência e perfeição. Somos seres humanos, de carne e osso e
estamos na vida para aprender com ela. O erro é inerente ao
aprendizado. Ninguém pode estar sempre certo.
Um dos sentimentos mais nocivos à saúde emocional, sem dúvida,
é o da culpa. A cultura na qual estamos inseridos, fez da culpa uma
ferramenta poderosa para conter comportamentos indesejados.
Admiro e respeito a história de Jesus Cristo. O considero uma
figura que serve de exemplo de vida digna e plena para todos nós. No
entanto, muitas religiões usaram, e usam ainda hoje, a figura de Jesus
Cristo crucificado como o símbolo de culpa inata que todos carregamos,
motivo pelo qual devemos viver resignados.
O fato de aquele homem ter morrido para nos livrar dos pecados é
utilizado para justificar a doutrina de eterna gratidão a Jesus por esse
sacrifício e, por isso, sugerem que temos que seguir seus ensinamentos
para nos mostrarmos gratos. Na maioria das igrejas em que entramos, a
primeira coisa que vemos é a cruz no fundo do altar, com um homem
31 Adriana Falcão: nasceu no Rio, em 1960, mas passou boa parte de sua vida em Recife. Roteirista da TV Globo, escreve para séries como Comédias da Vida Privada e A Grande Família, além de roteiros para cinema
Alcione Alvez 86
morto nela, para nos lembrar de nossas dívidas com ele. Trata-se do
dogma do mea culpa.
Concordo sim em seguir o exemplo de Jesus Cristo. Porém, não
por obrigação ou culpa, mas porque sua vida, suas palavras e seus atos
constituem um modelo de comportamento que não envelhece através
dos tempos. Suas palavras permanecem antenadas com a realidade em
qualquer época. Se todos nos guiássemos por seus conselhos, com
certeza, a paz estaria mais presente em nossas vidas.
Se ao invés da cruz, houvesse nas igrejas uma figura de Cristo
sorrindo, de braços abertos, como quem diz: "vinde a mim", a
frequência dos fiéis nas cerimônias religiosas seria bem mais
significativa.
O mundo moderno nos inseriu em rotinas de vida que nos
transmitem a impressão que não temos mais tempo pra nada. O sentido
de urgência está presente na vida de todos e o imediatismo é a palavra
de ordem. Tudo tem que ser "pra ontem". Cobra-se a perfeição em todos
os setores da vida sob a alcunha da "excelência". As falhas não são mais
admitidas, sobretudo no trabalho e, se você for considerado ineficiente
pelo mercado, haverá umas cinquenta pessoas dispostas a substituí-lo
pela metade do preço que você merece.
Diante de tanta cobrança, de tanta urgência, passamos a nos tornar
intolerantes. Não aceitamos erros de ninguém, sobretudo os nossos.
Então, o remorso por não termos sido perfeitos começa a nos roer o
estômago e quando um problema maior acontece, em função de algo
O Remédio é Ser Feliz 87
que fizemos ou deixamos de fazer, tudo se complica. Passamos a ter o
sentimento de culpa como nosso companheiro.
As cobranças sobre nossos erros são inevitáveis, eu sei. O
importante é estarmos atentos às possibilidades de corrigir o que não
acertamos. Fundamental também é ter certeza de que a nossa culpa tem
realmente fundamento, ou seja, se ela é fruto de um erro real ou estamos
nos culpamos porque pensamos que devíamos ter agido diferente.
Algumas vezes corrigir os erros estará além de nossas
possibilidades. Então teremos que tentar ajudar o máximo que pudermos
as pessoas a quem prejudicamos em função desses erros e procurar
conseguir delas um perdão sincero. Isso nos fará bem.
O caminho é focar a solução e não o problema. Se focarmos o
problema ele se tornará cada vez maior e a solução se tornará cada vez
mais difícil.
Carregar a culpa por algo que fizemos, mesmo que não haja como
corrigir, só fará com que gastemos a energia que nos faltará para não
cometermos novos erros. Esse sentimento também estará ocupando o
espaço em nossa mente em que deveriam estar as ideias, para buscar
novas possibilidades de nos sentirmos bem e nos aperfeiçoarmos.
Aliás, todo sentimento negativo, seja ele frustração, inveja, rancor
ou ressentimento, consome nossas energias e desvia nossa atenção, nos
impedindo de dar vazão a nossa criatividade para inventar alternativas e
oportunidades de criar momentos mais felizes.
Não pensem que estou defendendo a irresponsabilidade, o desleixo
e a falta de ambição. Um pouco de remorso não faz mal a ninguém e
Alcione Alvez 88
serve como fonte de aprendizado para agirmos diferente na próxima
vez, já que na anterior deu tudo, ou quase tudo, errado.
O que insisto em dizer é que não podemos deixar o sentimento de
culpa dominar a nossa vida e sabotar nossa felicidade. Se você errou
tente consertar, peça perdão, perdoe-se. Dê espaço para a felicidade em
sua vida.
Querer sentir-se importante o tempo todo faz com que levemos
vidas vazias. Não podemos ganhar todas, ninguém vence sempre.
As expectativas que criamos sobre nós mesmos e as que a
sociedade nos impõe, faz muitas vezes com que nos sintamos pessoas
más. Parecemos e somos normais por fora, mas por dentro criamos uma
situação de autocondenação, por erros que julgamos que cometemos ou
por não sermos quem gostaríamos de ser.
Seja você mesmo. Descubra os mecanismos autodestruidores que
o impedem de ser feliz e busque alternativas para anulá-los, mesmo que
para isso seja necessária a ajuda de um profissional da área da
psicologia ou psiquiatria. Às vezes, conversar com um amigo, ou até
mesmo um desconhecido, já basta.
Transforme as culpas que o atormentam em motivação para se
aperfeiçoar sempre e acertar mais. Não poupe esforços quando a
questão é ser feliz.
O Poder do perdão
"A humildade é a força sob controle"32
"Aprenda a se perdoar e a perdoar os outros. O perdão enternece
o coração, esgota o rancor e dissolve a culpa". Estas palavras foram
escritas por Morrie Schwartz, em seu livro "Lições sobre amar e
viver"33, no qual ele explica como enfrentou uma doença degenerativa
com serenidade.
Eu costumava ser muito rígido comigo mesmo. Culpava-me pelas
falhas que cometia e deixava que a o sentimento de culpa me
acompanhasse sempre. Certo dia escutava um padre católico ler uma
lista de vinte conselhos para o sucesso, dentre os quais há o seguinte:
"saiba perdoar". O sacerdote foi mais longe e acrescentou: "... inclusive
a você mesmo".
Essas palavras me fizeram perceber quantos momentos eu já havia
deixado de desfrutar, por estar com o pensamento distante, absorvido
pela culpa que carregava por acontecimentos do passado, alguns sem
solução possível, outros já solucionados, mas que ainda me despertavam
sensações e sentimentos negativos.
O mesmo Morrie Schwartz, no livro citado acima, também fala:
"Aceite o passado como passado, sem negá-lo ou descartá-lo. Tenha
suas lembranças, mas não viva no passado. Aprenda com ele, mas não
32 BAKER, Mark W.: Jesus, o maior psicólogo que já existiu. Rio de Janeiro, RJ. Sextante, 2005, p. 29 33 SCHWARTZ, Morrie. Lições sobre amar e viver. Rio de Janeiro, RJ. Sextante, 2007.
Alcione Alvez 90
se castigue a respeito dele nem lamente o tempo todo a sua passagem.
Não fique atolado no passado".
Perdoar é muito importante. Certamente não temos "sangue de
barata" e somos seres sentimentais por natureza. Logo, são inúmeras as
vezes em que os outros nos magoam através de ações ou palavras,
agindo de maneira diferente da que esperávamos.
No entanto, as outras pessoas, em geral, não nos magoam de
propósito. Fazem isto porque também se sentiram magoadas ou
ofendidas, ou até mesmo por serem insensíveis ao que estamos sentindo.
Certas pessoas são tão espontâneas que às vezes se tornam
inconvenientes. Faz parte de sua natureza.
Mas na vida tudo passa. Ficaremos mais felizes se estivermos nos
sentindo bem com relação aos outros. Como é desagradável ter que
deixar de ir a algum lugar, ou ficar constrangido porque no local em que
estamos encontra-se uma pessoa com quem tivemos um
desentendimento não resolvido.
"Guardar ressentimento é como tomar veneno e esperar que o
outro morra"34. Perdoe, releve, esqueça. Não deixe a mágoa dominar
sua vida. O tempo passa muito depressa, não o desperdice com ódio,
rancor e vingança.
Participei de uma palestra na qual nos foi dado a seguinte
instrução:
"Fechem os olhos e imaginem que o seu médico lhes revelou que
hoje é o seu último dia de vida. O que vocês gostariam de fazer?"
34 Frase atribuída a William Shakespeare
O Remédio é Ser Feliz 91
A grande maioria respondeu que gostaria de procurar pessoas com
as quais haviam se desentendido e pedir perdão!
Não deixe de exercitar o perdão e viver com as pessoas de quem
você gosta. Não espere a morte lhe dizer que está na hora da
reconciliação. Peça perdão hoje. Perdoe hoje.
A busca por culpados em relacionamentos rompidos não favorece
a reconciliação. Você tem sempre duas opções no que diz respeito a sua
relação com as outras pessoas: você pode ser feliz ou pode estar certo.
À vezes você sabe que estava com a razão quando discutiu com
alguém e isso gerou um desentendimento. Mas e daí? Peça perdão assim
mesmo. Repita sempre a frase: "Prefiro ser feliz a estar certo"35. Em
certas ocasiões precisamos deixar o orgulho de lado e partir para o
abraço!
Isso não significa que devamos ser eternos submissos, cedendo
sempre à vontade dos outros para evitar desentendimentos. Mas com
diplomacia, serenidade e humildade conseguimos reverter a maioria das
situações a nosso favor.
Por outro lado, não podemos alimentar a utopia de que somos
capazes de agradar a todos o tempo todo. Em alguns momentos sempre
agiremos de uma forma que deixará alguém descontente, por mais
diplomatas que sejamos e por mais bem intencionados que estejamos. É
inevitável. Nem Jesus cristo agradou a todos. Mesmo entre pessoas que
agem querendo o bem da coletividade, haverá momentos em que a
divergência de ideias levará a algum impasse.
35 PATHER, Hug. Não leve a vida tão a sério. Rio de Janeiro, RJ. Sextante, 2003.
Alcione Alvez 92
O importante é agir sempre buscando a melhor solução comum.
Devemos aplicar alternativas que possibilitem ganho para todos os
lados. Sempre que for possível, é claro.
Perdoar não significa ignorar o que acontece de ruim. Temos que
encarar os fatos, mas sempre buscando um comportamento assertivo
com relação aos outros. Não podemos ser capachos sem dignidade, mas
também não precisamos provocar a guerra sempre que formos
ofendidos ou contrariados.
Ser assertivo é possuir a abertura necessária para resolver os
impasses de maneira justa, limpa e honesta. Depois, o importante é
esquecer o ressentimento e dar lugar ao perdão e à paz.
Já fui bancário e trabalhei no atendimento a clientes. Recebia
diariamente reclamações a respeito de assuntos de produtos e serviços
do banco. Vivenciei várias situações de discussões acaloradas entre os
clientes e meus colegas de trabalho, em geral motivadas pela forma
como eles respondiam às queixas dos correntistas e por uma disputa
acirrada pela defesa de pontos de vista diferentes. Eles rebatiam de
forma hostil às reclamações dos clientes e desencadeavam um
desentendimento desnecessário.
Aprendi desde cedo que a forma correta de resolver esses casos
era ser gentil com o cliente, mesmo quando ele estava sendo hostil
comigo. Independente do estado emocional do correntista, procurava
responder sempre com frases que o fizessem entender que eu estava
considerando que ele pudesse ter razão, como: "Concordo com o
O Remédio é Ser Feliz 93
senhor, mas vamos examinar o que gerou esse débito que lhe parece
indevido", "Sim, a senhora pode estar certa, vamos verificar".
Jamais peça a um cliente alterado para que tenha calma. Isso o
deixa mais nervoso. Quem reclama de alguma coisa quer ter sua
solicitação resolvida e não ficar recebendo conselhos para ficar mais
calmo.
Escute-o, deixe-o desabafar, demonstre interesse pelo seu
problema e jamais diga que ele está errado, mesmo que ele esteja.
Depois de deixá-lo falar de suas frustrações, tente encontrar fatos e
argumentos que comprovem que ele se equivocou.
Em seu livro “Inteligência Emocional”, Daniel Goleman nos fala
do “judô emocional”. Trata-se de possuir a empatia necessária para
fazer com que a pessoa, no auge de sua ira, encare os fatos de outra
forma. Para isso, é necessário que consigamos distraí-la e levá-la a ter
emoções que permitam que recupere a calma36.
Devemos ser adeptos da humildade (isso não significa ser
simplório). Ás vezes, por mais bem intencionados que estejamos,
podemos estar errados. Porém, no ímpeto de fazer valer nossos pontos
de vista, não nos damos conta de nossos equívocos.
Por isso, “cuidado com a língua”. Em momentos de euforia, no
meio de uma discussão, podemos nos deixar levar pelo impulso de
querer estar sempre certo, e acabar falando o que não devíamos.
Dizer o que nos vem à cabeça nos momentos de discussão é muito
fácil, mas pode provocar inimagináveis estragos, romper
relacionamentos, destruir amizades, partir corações.
36 GOLEMAN, Daniel: Inteligência Emocional. Rio de Janeiro, RJ. Objetiva, 2001, p. 137-8.
Alcione Alvez 94
Por isso, não bata de frente com as pessoas. Procure entendê-las,
ponha-se no lugar delas e mantenha-se sereno. Existem pessoas que
gostem de iniciar uma briga só pelo prazer da reconciliação. Mas isso é
desnecessário e pode acabar ferindo alguém.
Lembremos aqui uma lição de William Shakespeare:
Um rico resolve presentear um pobre por seu aniversário e
ironicamente manda preparar uma bandeja cheia de lixo e sujeiras.
Na presença de todos, manda entregar o presente, que é recebido
com alegria pelo aniversariante. Ele gentilmente agradece e pede que
lhe aguardem um instante, pois gostaria de poder retribuir a gentileza.
Joga fora o lixo, lava e desinfeta a bandeja, enche-a de flores, e
devolve-a com um cartão, onde está a frase: "A gente dá o que tem de
melhor".
A raiva faz mal à saúde. O rancor estraga o fígado. A vida
costuma nos devolver as coisas tal como as recebe de nós. Se
alimentamos o rancor receberemos atitudes rancorosas. Se alimentarmos
o ódio, teremos a guerra. Mas se alimentarmos o amor e o perdão
teremos paz, serenidade e alegria em nossas vidas.
O poder de perdoar e evitar confrontos desnecessários encontra
força em nosso autoconhecimento. Se tivermos um pleno controle sobre
nossas emoções, seremos capazes de encontrar um ponto de equilíbrio,
que nos possibilitará pensar antes de revidar a agressões e tentar levar a
situação para um lado positivo.
O Remédio é Ser Feliz 95
Precisamos desenvolver técnicas as quais permitam que nos
coloquemos no lugar do outro e entendamos seus medos, frustrações e o
motivo real de sua ira no momento da discussão ou de sua mágoa, após
algum desentendimento. Isso se chama empatia.
Ao assumirmos o lugar da pessoa com a qual entramos em
conflito, estaremos dando a nós mesmos e ao outro a chance de nos
conhecer melhor e construir uma solução positiva para o impasse. Por
isso, a presença de um mediador de conflitos pode ser importante.
Uma técnica muito eficaz na mediação de conflitos é exatamente a
de conversar isoladamente com cada uma das partes envolvidas e pedir
que exponham sua visão do fato, seus motivos e queixas, imaginando
que em uma cadeira a sua frente esteja a outra parte interessada.
Em seguida, pede-se que essa mesma pessoa que acabou de falar
sente-se na outra cadeira e assuma o lugar de quem antes imaginou ali
sentado. Então, ela deverá expor a mesma situação, só que agora
tentando defender os pontos de vista do outro.
Isso levará a uma reflexão e fará com que cada parte acabe
encontrando motivos que levaram o outro a discordar do seu ponto de
vista e direcionará os envolvidos a uma compreensão mais profunda da
situação, com um nível mais elevado de tolerância e empatia, visto que
cada um sentirá na própria pele o que o outro sentiu em relação ao
conflito.
Mas você também pode exercitar essa técnica sozinho. Basta
imaginar-se na frente da pessoa com quem se indispôs, expor seus
motivos e, depois, assumir o lugar do outro, tentando defender os pontos
de vista dele.
Alcione Alvez 96
Acima de tudo lembre-se: todos queremos ser ouvidos. Por isso,
ouça as pessoas antes de se indispor com elas.
A empatia, favorece a tolerância e a piedade. Ela nos ajuda a
conviver com as diferenças, quebra paradigmas e torna o caminho da
felicidade mais iluminado.
Outro elemento fundamental gira e torno do nosso respeito com a
dignidade alheia. Muitas vezes as críticas são necessárias para
ajudarmos um amigo a melhorar um comportamento indesejado ou para
corrigir falhas de um funcionário subordinado.
Porém, temos que criticar sabiamente. Devemos fazer essas
críticas de forma particular, de maneira que apenas o interessado escute.
É muito desagradável ser criticado em público. Então, elogie em
público, mas critique em particular. E não saia depois contando aos
outros as críticas que fez a alguém: isso é destrutivo e desnecessário.
As críticas devem servir para corrigir atitudes e melhorar
relacionamentos e nunca para ofender as pessoas. Você pode ser
profundamente admirado por alguém depois de tê-lo criticado, bastando,
porém, que você critique da maneira correta e que essa atitude ajude a
essa pessoa a se aprimorar.
Dê preferência à paz e à felicidade e, acima de tudo, peça perdão e
perdoe sempre.
O poder do Sorriso
"Ninguém é tão pobre que não possa doá-lo,
nem tão rico que possa dispensá-lo"37
Os olhos são a janela da alma. Quando sorrimos, abrimos essas
janelas e no escancaramos para o mundo. Dessa forma, deixamos as
pessoas saberem que estamos felizes e contagiamos seus espíritos.
Olhos sorridentes têm o poder de atrair pessoas e conquistar outras
almas.
Uma boa gargalhada mexe com todo nosso corpo. Estimula todos
os nossos órgãos e nos traz uma excelente sensação de bem-estar. Basta
observar a reação dos carrancudos a uma boa risada fora de hora, para
entendermos seu poder. Com certeza, ou trocarão a carranca por um
sorriso, ou nos tomarão por inoportunos.
Na Índia, há grupos de pessoas que se reúnem todas as manhãs
para exercitar a gargalhada. Eles simplesmente começam a dar
gargalhadas sem motivo algum. A gargalhada, mesmo que forçada,
contagia os outros e todos começam a rir com vontade. A sensação de
bem-estar que essa atitude proporciona é inexplicável. Afirmo isso
porque sempre que começo a me sentir angustiado dou boas
gargalhadas, sozinho mesmo, sem motivo nenhum. Posso garantir que
funciona.
Mantenha um estado de espírito alegre e sorria sempre. A ciência
comprova que o bom-humor previne e ajuda a combater doenças. Em
37 Ouço muito falar. Desconheço o autor.
Alcione Alvez 98
seu livro “Sorria, você está sendo curado!”38, Marcelo Pinto, o doutor
“Risadinha”, através de um guia com muitos motivos para você sorrir,
mostra como um bom sorriso cura doenças e alivia o stress.
O riso regula o sistema nervoso central. Os cientistas têm
comprovado a eficácia do riso na recuperação de cirurgias e na
prevenção de doenças. O Riso aumenta a imunidade do corpo,
estimulando a produção de serotonina39 e endorfina, combatendo os
malefícios da depressão e da angústia.
O sorriso estimula o funcionamento intestinal e produz um efeito
de sedação, proporcionando um sono tranquilo e reparador. Melhora as
relações sociais e restaura ao indivíduo a alegria de viver.
No século IV a.C., o médico Hipócrates40 já sugeria a seus colegas
a utilização do lúdico no tratamento dos pacientes. Humor, em grego,
significa líquido, fluido. As pessoas bem-humoradas eram consideradas
de bons fluidos e, portanto, saudáveis.
O riso é uma manifestação fisiológica que, em média, segundo
Freud41, não ultrapassa quinze segundos. Para a Psicanálise, o riso é o
resultado do humor. O humor integra os opostos, rompe casamatas
hierárquicas, facilitando a inter e a intracomunicação.
38 PINTO, Marcelo. Sorria, você está sendo curado. São Paulo, SP. Editora Gente, 2008. 39 Serotonina: neurotransmissor. Desempenha um importante papel no funcionamento do nosso sistema nervoso e existem numerosas patologias relacionadas com alterações na atividade desse neurotransmissor. 40 Hipócrates: ( 460 a 377 a.C.) é considerado por muitos uma das figuras mais importantes da história da saúde, frequentemente considerado "pai da medicina". 41 Siegmund Freud: pai da psicanálise.
O Remédio é Ser Feliz 99
Rir é fundamental para a ecologia psíquica, para a saúde mental.
Muito mais do que movimentar cerca de 40 músculos da cabeça e do
pescoço, sorrir é dar sinal de vida.
As pessoas que dão vazão à felicidade através do sorriso sentem-se
mais leves, são emocionalmente mais saudáveis e têm vantagem sobre
os carrancudos na resolução de problemas e questões do cotidiano.
Contar uma piada a alguém pode ajudar essa pessoa a resolver
questões que exijam a capacidade de pensar com mais complexidade,
pois possibilitam a ampliação do pensamento e facilitam a liberdade de
associações. Isso faz com que a pessoa perceba relações que lhe teriam
escapado se estivesse em um estado emocional de preocupação e
angústia.
O riso extravasa energia positiva. A troca desta energia entre as
pessoas harmoniza o ambiente e combate a poluição mental e espiritual.
O riso, como expressão de um sentimento bom, é um agente terapêutico.
Com certeza, na interação com outras pessoas nosso estado
emocional interfere no resultado da conversa. No entanto, se
verificarmos vários estudos sobre o assunto, veremos que um estado de
espírito alegre e leve é muito mais contagiante do que um
comportamento soturno, preocupado e sorumbático. Ao sorrir,
influenciamos as pessoas a melhorarem seu humor e, com isso,
melhoramos a energia que vibra em nossas relações interpessoais.
Um sorriso franco abre muitas portas, fascina e encanta as pessoas.
Além de fazer muito bem à saúde, ajuda a fechar bons negócios. Você
não precisa ser carrancudo para ser responsável ou para obter o respeito
Alcione Alvez 100
das pessoas, pois se encantá-las com seu sorriso será admirado e se
tornará um líder competente e bem admirado.
Cara feia não paga dívida, não resolve problemas, não arruma
emprego.
Tenha o sorriso como seu cartão de visitas: é mais barato e
funciona melhor.
O poder do amor
“O verdadeiro amor nunca se desgasta.
Quanto mais se dá mais se tem”42.
Em seu livro “A Águia e a Galinha”43, Leonardo Boff define o
amor incondicional como aquele que não coloca condições para ser
vivido. Não há a necessidade de parentesco, de raça, de religião, de
ideologia e de trabalho. Amor que é energia, para qual devemos nos
entregar sem exigir recompensa ou retorno.
Abordo o texto de Leonardo Boff para introduzir algumas
considerações a respeito do padrão de amor que nos é imposto pela
sociedade. O amor incondicional descrito pelo autor acima se revela o
oposto do modelo de amor que geralmente vivenciamos.
Somos levados a encarar o amor como uma relação de pura troca.
Só amamos uma pessoa, se ela for como queremos que seja. Trata-se de
um amor que sugere a posse ao invés da convivência.
Deixamos de ouvir nosso coração, para garantir a nossa posição
perante o grupo ao qual pertencemos. Não nos entregamos ao amor
incondicional, pois tememos ser chamados de tolos, porque não
42 Antoine-Jean-Baptiste-Marie-Roger Foscolombe de Saint-Exupéry: filho do conde e condessa de Foscolombe (29 de junho de 1900, Lyon - 31 de julho de 1944) foi escritor, ilustrador e piloto da Segunda Guerra Mundial. 43 BOFF, Leonardo. A Águia e a Galinha: uma metáfora da condição humana, Petrópolis, RJ: Vozes, 27. Ed., 1997, pp. 131-5
Alcione Alvez 102
permitimos deixar cair a máscara, com a qual nos revestimos para
garantir nossa sobrevivência.
James C. Hunter, em seu livro “O Monge e o Executivo”44, explica
esse amor como sendo derivado da palavra grega philos, ou
fraternidade, amor recíproco. Uma espécie de amor condicional, do tipo
“você me faz o bem e eu faço o bem a você”.
Em contrapartida, o mesmo autor nos fala do amor agapé, que
corresponde ao amor incondicional, baseado no comportamento com os
outros, sem exigir nada em troca.
Há mães e pais que cobram dos filhos o amor e a atenção que lhes
deram. Não é raro ouvirmos uma mãe se queixando de um filho ou uma
filha quando não se comportam da maneira como ela espera: “Eu passei
noites acordada cuidando de sua saúde, dei duro para oferecer o
melhor para você e agora é assim que você me retribui, dando só
desgosto e preocupação”.
Gente! Ninguém pede para vir ao mundo. Nenhuma criança fica
doente por vontade própria. O esforço que fazemos para dar boas
condições aos nossos filhos é algo temos que fazer porque os amamos e
não porque estamos investindo em alguém, que mais tarde deverá ser o
resultado de um projeto de ser humano que idealizamos.
Se você cuida do seu filho por obrigação, se trabalha para lhe
garantir um bom futuro esperando que ele lhe retribua, você não está lhe
dando amor. O que existe aí é uma relação de troca, um negócio.
44 HUNTER, James C. O Monge e o Executivo.Rio de Janeiro, Sextante, 12. Ed., 2004, p. 76
O Remédio é Ser Feliz 103
Essa questão do amor que espera retribuição está presente em
muitas situações. Quantas namoradas e namorados, esposas e esposos
cobram de seus parceiros constantemente coisas como: “Eu mudei a
minha vida pra ficar com você”, “Deixei de realizar meus projetos
profissionais pra te acompanhar”, “Fiz de tudo por você!”.
A questão é que o amor incondicional não exige que as pessoas
mudem ou se anulem. Se você teve que mudar para conquistar o seu
amor, você não está vivendo um amor verdadeiro, pois a outra pessoa
não terá se apaixonado por você, mas por um personagem que você
criou.
Ao mesmo tempo você estará se anulando, deixando de ser você e
com o tempo isso começará a custar caro. Você começará a querer que a
outra pessoa lhe retribua o sacrifício que está fazendo para ficar com ela
e sentirá mágoa por ela não se comportar como você gostaria que se
comportasse.
Os momentos íntimos nunca serão satisfatórios. Você se sentirá
incompleto, não terá certeza do amor do parceiro ou da parceira, pois
aguarda uma troca, uma retribuição que não acontecerá.
A outra pessoa se manterá autêntica e não se transformará no
modelo de parceiro ou parceira que você idealizou, a partir da postura
que você tomou frente ao relacionamento, anulando-se, deixando de ser
e fazer o que gosta, para impressionar e atrair a atenção da pessoa
amada.
O ciúme, que já constitui elemento natural nas relações amorosas,
acabará se tornando insuportável, pois o fato de você se anular em
Alcione Alvez 104
função do outro vai aos poucos minando seu amor próprio e sua
autoestima e você começa a se achar inferior às outras pessoas.
O medo de perder a atenção da pessoa amada cresce, pois, para
você, qualquer um acaba parecendo melhor, mais bonito e mais atraente
e sua insegurança fará com que você cometa ridículos por causa do
ciúme, que se transforma em obsessão.
Para quem vive nessa situação, vai um conselho do saudoso John
Lehnon45: “A gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em
boa companhia é só mais agradável”.
Há também os casos de pessoas possessivas. Acontece quando o
parceiro ou a parceira quer dominar a pessoa amada. Começa a exigir
que ela mude e se molde as suas expectativas. Faz isso de maneira sutil,
oferecendo presentes e carinho em troca de obediência, ou de maneira
mais direta e, às vezes, utilizando chantagens emocionais e até a
violência.
O antigo paradigma de rimar “amor” com “dor” faz com que a
maioria das pessoas só valorize o amor que busca troca ou recompensa,
aquele que necessita ser correspondido. Morrer de amor, sofrer de
paixão, matar por ela, parece ser só o que vale. Com base nessa
realidade as duplas sertanejas vendem discos e as emissoras de TV
estouram em audiência com as novelas.
Prefiro rimar “amor” com “calor”, com “flor” e tudo mais que seja
bom e bonito.
45 John Lenon: músico britânico, ex-Beatle.
O Remédio é Ser Feliz 105
Carlos Drumond de Andrade, em seu poema “O amor antigo”46
nos fala que: “O amor antigo vive de si mesmo, não de cultivo alheio ou
de presença. Nada exige nem pede. Nada espera, mas do destino vão
não nega a sentença”.
Portanto, faça o que fizer, mas faça por amor! Faça porque você
está com vontade de fazer e não porque espera que suas ações lhe
tragam retorno no futuro.
Ame seus filhos simplesmente porque eles são seus filhos. Ensine-
os a serem gratos pelo exemplo e não pela cobrança. Seja grato aos
pequenos atos que seu filho pratica por você. Lembre de dizer muito
obrigado quando ele faz alguma coisa que você pede. Valorize o
desenho colorido que a criança faz num pedaço de papel, lhe traz com
carinho e diz que aquele boneco, desenhado a partir de um círculo e
pequenas linhas, é você.
Da mesma forma, não traga flores para sua esposa só porque você
que ser liberado para jogar futebol à noite, sem queixas e reclamações.
Não mantenha relações nas quais já não existe mais amor e
cumplicidade só porque você tem medo de ficar só. Relacionamentos
assim não proporcionam alegria. Torna-se um trabalho, uma rotina.
Nada de novo acontece, a criatividade morre e os momentos de prazer
verdadeiro tornam-se cada vez mais raros.
Sheakspeare47, em um de seus poemas nos diz que: “Depois de
algum tempo você percebe a diferença, a sutil diferença entre dar a
mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa
46 ANDRADE, Carlos Drummond de. Amar se Aprende Amando. Rio de Janeiro, Record, p.29 47 Dramaturgo e poeta inglês, William Shakespeare é reconhecido como o maior dramaturgo de todos os tempos.
Alcione Alvez 106
apoiar-se e que companhia nem sempre significa segurança. E começa
a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas
(...) Aprende que só porque alguém não o ama do jeito que você espera
que ame, não significa que esse alguém não o ame com tudo o que
pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem
como expressar ou viver isso (...) Portanto, plante seu jardim e decore
sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores”.
A história nos dá exemplos de pessoas que viveram o amor
incondicional. Jesus Cristo, com seu amor pela humanidade, curava a
todos e ensinava o perdão a qualquer pessoa. Madre Teresa de Calcutá,
com seu amor pelos pobres, recolhia os moribundos na rua, para que
morressem com dignidade. São Francisco de Assis, com seu amor pelos
animais, deixou uma vida confortável para viver em comunhão com a
natureza.
Nós também podemos ser exemplos de amor incondicional. Não
precisamos para isso entrar na história ou realizar mudanças radicais no
nosso modo de viver. Podemos ser exemplos vivendo o amor
incondicional no nosso cotidiano, com os nossos familiares, nossos
amigos, nossos vizinhos, com o trabalho que escolhemos realizar.
Acima de tudo, seremos mais felizes se amarmos incondicionalmente a
nós mesmos e a vida.
Afinal de contas, Jesus falou: “ama teu próximo como a ti
mesmo”. Se não nos amarmos e não estivermos felizes com nós
mesmos, dificilmente poderemos amar ou fazer feliz outra pessoa.
O Remédio é Ser Feliz 107
Não falo aqui somente do amor que exige relacionamento e
convivência, mas de todo amor que seja possível de existir. Aquele
gesto de compaixão que se faz ao permitir que os órgãos de um parente
próximo que faleceu sejam doados, mesmo para pessoas que talvez nem
cheguemos a conhecer, mas que se beneficiarão dessa atitude para o
resto de suas vidas.
Falo do amor que demonstra quem ajuda os necessitados através
de doações espontâneas, mesmo que eles muitas vezes estejam do outro
lado do mundo.
Falo do amor que muitos voluntários em causas diversas
demonstram, ao se dedicarem gratuitamente a uma questão humanitária.
Amar é querer que o outro esteja bem. O amor não tem fronteiras,
não tem amarras, não tem obrigações. Ele é um sentimento nobre, que
nasce na alma do mais pobre ao mais afortunado. O amor é como o
sorriso: ninguém é tão pobre que não o possa dar e nem tão rico que
dele não necessite
Alcione Alvez 108
“Viver é desenhar sem borracha”
Milor Fernades
O Poder da Mudança
"Quanto mais coisas vejo no mundo,
mais claro fica pra mim que,
sejamos ricos ou pobres, instruídos ou não,
todos desejamos ser felizes e evitar sofrimentos"48
Quantas vezes nos pegamos reclamando de uma situação que nos
incomoda?
O reconhecimento no trabalho que não acontece, aquela promoção
que não alcançamos, a relação com a família que não está boa.
Ao pararmos para realizar uma análise dessas situações, muitas
vezes perceberemos que, embora elas nos incomodem, não estamos
fazendo nada para mudá-las. Quem faz tudo sempre do mesmo jeito,
acaba obtendo sempre os mesmos resultados.
Podemos estar fazendo o nosso trabalho da maneira que julgamos
ser a melhor, sem observar se é a maneira como nosso chefe gostaria
que fizéssemos. Isso sem contar que, muitas vezes, estamos insatisfeitos
com o próprio trabalho, pois não estamos exercendo a atividade que
gostaríamos de exercer.
Queremos uma promoção, mas não fazemos um curso de
aperfeiçoamento, não tomamos iniciativa no trabalho e agimos sempre
reativamente.
Chegamos em casa mal-humorados e perdemos a paciência
facilmente, sem notar que, na verdade, o que nos incomoda nos outros
48 Dalai-Lama: Uma ética para o novo milênio. Rio de Janeiro, RJ. Sextante, 2006
Alcione Alvez 110
são comportamentos perfeitamente normais e que nós e que estamos
sendo intolerantes.
Acontece que acabamos nos acostumando com situações
desagradáveis, por considerarmos que é mais fácil suportar
inconvenientes do que encarar uma mudança, rumo a situações novas e
desconhecidas. Muitas vezes esperamos que as coisas se resolvam
sozinhas, que as soluções caiam do céu.
A natureza nos dotou com uma habilidade que pode ser benéfica,
em muitos momentos (quando precisamos estratégica e calmamente
aguardar o momento certo de “virar a mesa”), mas pode ser também o
caminho que nos leva a estagnação. Essa habilidade chama-se:
capacidade de adaptação.
Por medo da mudança, por nos considerarmos incapazes de
transpor certos obstáculos, nos adaptamos a situações desfavoráveis.
Mendigamos o amor de quem já não nos quer mais por perto, por
acharmos que não somos capazes de amar outras pessoas ou fazer com
que nos amem.
Vamos todos os dias para um trabalho que já não nos satisfaz, por
medo de “chutar o balde”, “jogar a vaquinha no precipício” e buscar
novas oportunidades.
Esses exemplos são só uma pequena amostra de como a adaptação
pode nos adormecer a alma e fazer com que não busquemos remédio
para o tédio e a falta de motivação. Isso faz com que passemos pela
vida, como se dela não fizéssemos parte.
O Remédio é Ser Feliz 111
Nos acostumamos não só com situações desagradáveis, mas
também com situações de segurança e bem-estar. Muitas vezes estamos
acostumados com uma rotina que nos sugere segurança e acabamos
entrando numa zona de conforto.
O problema é que esse conforto nos deixa desatentos às mudanças
que ocorrem ao nosso redor e, de repente, podemos ser surpreendidos
por acontecimentos que ameaçam e até comprometem a segurança a que
estávamos habituados.
O livro “Quem Mexeu no Meu Queijo”, de Spencer Johnson49,
trata dessa circunstância. Através de uma história divertida, expõe a
necessidade que temos de procurar o crescimento constante e nos
mantermos antenados com as novas oportunidades, para que as
mudanças externas, aquelas que não estão sob nosso controle, não nos
surpreendam despreparados.
As mudanças normalmente exigem uma ruptura com o passado.
Precisamos esquecer as velhas soluções que um dia funcionaram bem,
mas que hoje já não surtem mais efeito. Precisamos acreditar que do
outro lado da porta existe um lugar mais claro, arejado e bonito do que
onde estamos agora e ter a coragem de virar a chave.
Romper com padrões também é importante. Constitui fórmula
certa para a infelicidade manter vidas vazias e sem graça, por medo de
encarar com o peito aberto as críticas das pessoas e nossa autocrítica,
que surgem a partir do momento em que resolvemos ir atrás de soluções
não convencionais.
49 JOHNSON, Spencer: Quem mexeu no meu queijo. São Paulo, SP. Editora Record, 43. Ed., 2004.
Alcione Alvez 112
Não espere a sua aposentadoria chegar para fazer o que te dá
prazer. Não passe a vida atormentado, aturando um trabalho monótono,
só porque ele dá a você um bom retorno financeiro. Esse retorno não
será o suficiente para curar os males que lhe aparecerão depois que você
relaxar e quiser curtir a vida, pois a insatisfação vai se acumulando no
seu ser e, quando chega o tão esperado momento de libertação, você
baixa a guarda e esse acúmulo encontra forças para atacá-lo, levando-o
à lona.
Obviamente nem tudo são flores. Dificuldades sempre existirão e,
por se tratarem de situações novas e desconhecidas, poderão nos
assustar. A verdade é que se não encararmos o novo, o desconhecido,
superarmos os obstáculos e se não nos arriscarmos, jamais saberemos
qual seria o resultado da mudança.
A borboleta nos apresenta um exemplo maravilhoso de
transformação e mudança. De uma lagarta rastejante, com movimentos
limitados e com uma forma desprezível aos nossos olhos, desperta um
ser com uma aparência bela, livre para voar e ganhar o mundo. Siga o
exemplo desse ser maravilhoso: deixe que lagarta que existe em você
morra e “dê asas a sua borboleta”!
Reagimos com grandes expectativas a todas as novidades. Muitas
vezes, nos sentimos inseguros, incomodados, mas devemos lembrar
sempre que o novo muda o mundo, derruba velhos paradigmas e nos
motiva a fazer diferente para obter resultados diferentes. Não há
mudanças boas ou ruins, há uma nova forma de lidar com uma nova
realidade.
O Remédio é Ser Feliz 113
Há 2500 anos o filósofo grego Heráclito já ensinava que “nada
existe de permanente a não ser a mudança”. Não podemos garantir que
a mudança vá melhorar as coisas, mas para que tudo melhore
precisamos mudar.
A nova realidade não depende só do destino ou da boa sorte.
Precisamos colaborar sempre para que a ela nos seja favorável, que
traga caminhos para buscarmos ser mais felizes.
O ditado popular nos diz que: "só há três coisas que depois de
ocorridas não tem mais volta: a palavra proferida, a flecha atirada e a
oportunidade perdida". Concordo em termos com a afirmação. Faço
ressalvas: a palavra proferida não tem volta, mas pode ser remediada ou
perdoada, se fizer estragos; e, na minha opinião, não há oportunidade
perdida, pois se nós não a aproveitarmos, alguém sempre a aproveitará.
Quanto à flecha atirada: não há muito o que fazer!
Por isso, cabe a nós termos o autocontrole necessário para não
cometermos atos que venham a ferir as pessoas, provocar estragos, ou
seja, para não sairmos “disparando flechas” por aí.
Desenvolver condicionamentos que nos levem a ter respostas
assertivas, a todas as situações do cotidiano, constitui a ferramenta que
nos permitirá guardar “as nossas flechas” para quando forem realmente
necessárias.
O fato é que o desconhecido nos causa medo. Trocar o certo pelo
incerto é considerado por todos loucura. Mudar parece difícil muitas
vezes.
Alcione Alvez 114
Recentemente passei por uma experiência na qual resolvi mudar
de carreira. Deixei um emprego estável e bem remunerado em uma
empresa federal de economia mista e fui em busca de meus sonhos.
Fui duramente criticado pela grande maioria de pessoas próximas
a mim. No entanto, todas estavam pensando apenas na questão salarial e
no status da profissão. Ninguém se preocupou em saber os motivos que
me levaram a tomar tal decisão.
Pois bem. O emprego anterior simplesmente estava me deixando
neurótico, estressado e de mal com a vida. Eu simplesmente estava com
este livro engavetado há dois anos, escrevendo aos poucos e não tinha
tempo nem ânimo para concluí-lo. Vivia sendo transferido de cidade e
ultimamente estava há meses longe de minha mulher e filhos.
Com uma nova atividade, mais tranquila e perto de minha família,
consegui organizar minhas atividades para concluir este trabalho. Está
sendo fácil? Não. Estou enfrentando muitas questões complicadas, mas
estou feliz e satisfeito. Voltei a ter paz no coração e não me arrependo
de minha decisão.
De que adiantaria continuar numa carreira promissora, longe dos
meus filhos e de minha esposa, infeliz e com grandes chances de
desenvolver uma depressão ou problemas cardíacos?
Esta é a questão. Poucas pessoas têm a coragem de encarar uma
mudança, simplesmente porque temem o futuro. Às vezes temos que
abraçar as incertezas de uma nova opção e seguir em frente, vencendo
os obstáculos. Todos temos potencial e capacidade para mudar e sermos
O Remédio é Ser Feliz 115
bem sucedidos. Se não financeiramente, mas em qualidade de vida,
alegria e paz de espírito.
As pressões externas para que sigamos os padrões sociais de
sucesso e estilo de vida são fortes. Muita gente tentará convencê-lo a
não mudar, se a mudança não for ocorrer de maneira convencional.
Porém, os fatores externos não são o maior obstáculo para a
mudança. Na maioria das vezes são nosso paradigmas, nosso interior,
que se apresenta como o maior inimigo. A negatividade e a baixa estima
que deixamos nascer e criar raízes em nossa alma acabam sendo o muro
aparentemente intransponível, que nos faz desistir da transformação.
Por isso, eduque suas emoções. Desenvolva condicionamentos
positivos que transformem você em uma pessoa confiante, capaz de
decidir qual o rumo a seguir e com forças para chegar sempre ao final
de toda caminhada. Faça do caminho a fonte de sua felicidade e da
chegada o ponto de partida, para uma nova investida.
Se quisermos chegar ao topo da montanha teremos que enfrentar a
subida, curtir cada progresso, aproveitar cada lição da escalada e,
quando estivermos lá em cima, contemplarmos a beleza do vale e o
prazer da conquista. Então, poderemos procurar outras montanhas para
uma nova investida, mesmo que sejam menores. Essa é a dinâmica da
vida.
O investidor que não arrisca investindo em ações não ganha
dinheiro. O rapaz apaixonado que não arrisca um primeiro contato com
a garota jamais irá conquistá-la. A mulher que não arrisca dizer alguns
“nãos” ao marido inconsequente, temendo "abalar" o relacionamento,
Alcione Alvez 116
será eternamente submissa e infeliz. O mesmo se aplica aos homens
com relação às mulheres.
"Quem não arrisca não petisca".
Seja humilde, mas não simplório. Não se conforme com situações
desfavoráveis. Tenha serenidade, calma, bom senso e iniciativa. A vida
é um eterno aprendizado!
As mudanças, por mais assustadoras que sejam as perspectivas,
sempre nos dão motivação e forças para buscar o que pode ser
melhorado. Quando você assume sua decisão e muda sente-se renovado,
pois as novas situações exigiram novos aprendizados, o que fará com
que partes do seu cérebro que estavam inertes voltem a funcionar. Isso é
bom, nos faz sentir bem!
Por isso, se você está insatisfeito: mude!
Se ao contrário, estiver bem e feliz: parabéns! Você merece!
Mas esteja sempre antenado com relação às mudanças, que estão
ocorrendo a todo momento, e preparado para agarrar com unhas e
dentes toda nova oportunidade de ser mais feliz.
Lembre-se: para quem sabe ser feliz o céu é o limite e não há nada
que não possa ser melhorado. Tudo a seu tempo, sem sentimentos de
culpa pelos tropeços, curtindo sempre a caminhada.
TERCEIRA PARTE
Viva! Não evite a vida
“A Vida não é feita de quantas vezes
respiramos, mas sim de quantos momentos
nos fazem ficar sem fôlego”50
Para iniciar o último capítulo deste livro, gostaria de citar um
pequeno poema que recebi de um amigo por e-mail, cujo autor eu
desconheço:
“Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre ...
Não me mostrem o que esperam de mim, porque vou seguir meu
coração ...
Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, porque
sinceramente sou diferente ...
Não sei amar pela metade. Não sei viver na mentira. Não sei voar de
pés no chão ...
Sou sempre eu mesmo, mas com certeza não serei o mesmo pra
sempre ...”
O grande milagre de nossas vidas é exatamente estarmos vivos.
Enquanto há vida tudo é possível, pois sempre haverá um outro dia, uma
outra chance. Certamente não podemos contar com isso o tempo todo,
pois poderemos nos acomodar e acabar deixando a vida para amanhã.
50 Desconheço o autor.
Alcione Alvez 118
No entanto, tal fato nos serve de consolo, pois o dia de amanhã nos dá
sempre uma nova oportunidade.
O que faz dos dias de amanhã uma promessa de melhores
momentos é que serão sempre diferentes, desde que a gente queira.
Tudo depende de nossa coragem de fazer o novo, de mudar, de agir
diferente, de nos tornarmos sempre pessoas melhores.
Ao final de cada dia, ou mesmo uma vez por semana, devemos ter
um tempinho só nosso para refletir sobre tudo que nos aconteceu e
como reagimos a cada acontecimento.
Terminada essa reflexão, deveremos nos perguntar: me sinto hoje
uma pessoa melhor do que eu era ontem?
Independente de sua resposta, procure pensar como você poderá
agir no futuro para que suas ações e reações, em cada acontecimento,
possam ser mais assertivas. Sempre sem deixar que a culpa tome conta
de seu coração.
Perdoe-se por tudo que você concluir que não fez como deveria ter
feito e peça perdão a quem você considera que possa ter ficado
magoado com você.
Deixo aqui registrado um pequeno texto que escrevi outro dia e
que se encaixa bem no que estamos falando:
O Remédio é Ser Feliz 119
“FLUXO DA VIDA
Sei que hoje não sou mais quem eu era ontem.
Se isso é bom ou ruim, ainda não descobri.
Mas descobri que a mudança é a única coisa constante em nossas
vidas.
Se não acompanharmos a dinâmica da existência, ficaremos perdidos
na dimensão estática do não ser, por medo de ser.
Por medo de amar, me afastei de pessoas que teriam me dado amor
sincero.
Por medo de errar, deixei de viver situações que teriam me deixado
mais feliz.
E por medo de viver já passei pela vida, como se dela não fizesse parte.
Mas hoje não sou mais quem eu era ontem.
Amo as pessoas, sem esperar retorno. Apenas por amá-las.
Acerto e erro todos dias. Quero aprender sempre mais, ser feliz.
E por ter perdido o medo de amar e de errar, passei a gostar mais da
vida: essa dádiva dinâmica e mutante.
Fazendo uso de uma frase que li, cujo autor eu desconheço: “quando
pensei que sabia todas as respostas, percebi que a vida havia mudado
todas as perguntas”.
Aprendi que a felicidade é um caminho sem volta.
Talvez, amanhã, eu não seja mais quem sou hoje.
Alcione Alvez 120
Mas o amanhã é só um esboço no projeto do tempo.
Se isso é bom, ou ruim, ainda não sei.
Só sei que hoje, eu não sou mais quem eu era ontem”.
Faça de cada dia um acontecimento diferente. Seja você mesmo,
mas sempre respeitando a individualidade alheia. Abrace a vida. Ela
pode não ser a festa que esperávamos, mas enquanto estamos aqui,
deveríamos dançar.
"Não podemos fazer muito em relação à extensão da nossa vida,
mas podemos fazer o suficiente em relação à sua largura e
profundidade". 51
Não viva do passado. Faça dele um livro de boas memórias e um
guia para reações positivas frente aos acontecimentos. Tudo é
passageiro, assim como a própria vida. As tristezas, e também as
alegrias, não são estados de espírito permanentes e imutáveis.
Praticar a paciência e perseverar no bem e nas boas ações, ter
simplicidade, fé e pensamentos positivos, mesmo perante as mais
difíceis situações, é saber viver e fazer da nossa vida um constante
aprendizado.
“A vida é para ser vivida como uma aventura, não vegetando. E
pode-se definir aventura como um episódio no qual se enfrenta algum
tipo de risco e se procura superá-lo” 52.
Não se esconda dos problemas. Enfrente-os. Saiba que enquanto
você não superar uma situação ela o perseguirá e fará com que sua vida
51 Evan Esar (1899 - 1995) : humorista norte-americano. 52 GUNTHER, Max. Os Axiomas de Zurique. São Paulo, SP: Record. 20. Ed. 2008
O Remédio é Ser Feliz 121
seja incompleta, pois a preocupação estará sempre limitando seus bons
momentos.
“Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas
apenas existe” 53. Abrace a vida e viva com vontade. Libere seu coração
para dizer á vida o quanto está feliz. Vibre, com os acontecimentos
felizes, pondo à mostra positividade e alegria. Sofra com os momentos
tristes, mas não entre no abatimento prolongado. Supere sempre.
Deixe o amor incondicional que há em você tomar forma e
exponha-se. Pode ser perigoso, mas você estará preparado para sentir
tudo que essa atitude poderá lhe trazer. Viva cada emoção e cada
sentimento originado do ato de amar e deixe que eles te façam crescer.
Fugir do amor por medo de sofrer é fugir da vida. Mas ame sempre sem
esperar retorno.
“Por muito tempo em minha vida acreditei que amar significava
evitar sentimentos ruins. Não entendia que ferir e ser ferido, ter e
provocar raiva, ignorar e ser ignorado faz parte da construção do
aprendizado do amor. Não compreendia que se aprende a amar
sentindo todos esses sentimentos contraditórios e... os superando”54.
Não espere das pessoas mais do que elas podem oferecer nem da
vida mais do que ela pode lhe dar. Conquiste o que você quer por você
mesmo, seja amado pelo que é e deixe que as pessoas o amem como
elas sabem. Faça do destino seu parceiro, da sorte sua companheira e
tenha sempre amigos sinceros.
53 Oscar Wilde: dramaturgo e poeta irlandês. 54Roberto Crema – Presidente do Colégio Internacional dos Terapeutas – UNIPAZ. Disponível em: http://behappy-lizbeth.blogspot.com/2008/04/atritos.html
Alcione Alvez 122
Sirva, se quiser ser servido. Dê o exemplo e não espere que os
outros adivinhem como você quer ser tratado. Fale, expresse-se. Muitas
vezes o que é óbvio pra nós pode não estar tão claro para os outros. Por
isso, diga sempre o que for necessário, mesmo que lhe pareça repetitivo.
Trate os outros como gostaria que eles o tratassem. Demonstre
interesse sincero pelas pessoas. Todos gostamos de atenção. Queremos
ter certeza que sempre haverá alguém com quem possamos contar. Por
isso, faça sempre o seu melhor em relação ao próximo e você terá deles
uma contrapartida sincera e útil.
Seja persistente. Não desista no primeiro tropeço. Um campeonato
é composto de várias partidas e nem sempre se ganha todas. Ao mesmo
tempo, o mesmo time não será campeão todos os anos. O importante é
dar o melhor de si sempre, agir com responsabilidade, ouvir sua
consciência e ter o bem sempre como inspiração. O pódio estará sempre
lá a sua espera. Depende de você alcançar o mais alto degrau o maior
número de vezes possível!
Encare seus fracassos com dignidade. Levante-se e prossiga. O
vencedor é aquele que se levanta quantas vezes forem necessárias para
completar a jornada. Assuma suas fraquezas, tente compreendê-las e
faça delas suas aliadas, pois elas podem nos indicar para onde nossos
esforços devem ser direcionados.
Somente após uma análise consciente de nossos pontos fortes e
pontos fracos é que podemos definir no que já somos bons o suficiente e
em que campos devemos melhorar.
O Remédio é Ser Feliz 123
Perdoe sempre. Perdoe as pessoas e a si mesmo. Todas as pessoas
erram. Somos seres ainda imperfeitos em busca da perfeição e por isso
sofremos. Muitas vezes nos magoamos por que esperamos demais dos
outros e de nós mesmos. Seja compreensivo. Dê uma segunda chance e
não leve a vida tão a sério. O perdão revitaliza a alma e faz bem à saúde.
O progresso dos estudos sobre a somatização nos permitem
concluir que praticamente todas as doenças que temos são criadas por
nós. Somos responsáveis pela maior parte dos males que atacam no
nosso organismo. Todas as doenças têm origem num estado de
ressentimento. Sempre que estamos doentes, necessitamos descobrir se
não estamos precisando perdoar alguém. Às vezes pode ser a nós
mesmos!
Saiba também pedir perdão. Somos seres imperfeitos, indivíduos
em construção, podemos cometer erros, podemos ser egoístas às vezes,
mas não podemos deixar que o erro e o egoísmo sejam a marca de nossa
personalidade. Temos que reconhecer nossos erros, aprender com eles e
buscar a reconciliação com as pessoas que se sentiram prejudicadas com
nossas falhas. Pratique a humildade, mas não seja simplório.
Não se deixe escravizar pelo imediatismo da vida moderna. Por
não saber esperar muitas vezes acabamos por fazer o que não devemos.
Contraímos dívidas desnecessárias para adquirir o que poderia ser
deixado para depois, nos indispomos com colegas por uma promoção
para a qual talvez nem estejamos prontos, entre outras coisas. Exercite a
paciência. Saiba eleger suas verdadeiras prioridades. Lembre-se que
para subir uma escada precisamos começar pelo primeiro degrau.
Alcione Alvez 124
Desenvolva atitudes positivas perante a vida. Pare, reflita sobre o
que é bom pra você, sem se deixar influenciar pelos outros. Siga os
conselhos apenas daqueles em quem você confia. Busque sempre uma
nova maneira de ver a vida, de encarar cada situação com alegria de
viver.
Otimize os bons momentos e saiba diminuir os efeitos negativos
dos momentos desagradáveis. Aprenda sempre. “Acredita que vale a
pena viver e a tua convicção ajudará a criar esse fato” 55.
Tenha hábitos saudáveis. Alimente-se adequada e
balanceadamente (dentro de seus limites e restrições), pratique esportes
(mas antes consulte seu médico) e leia bons livros. Evite o cigarro e se
beber o faça socialmente (não dirija depois). Cultive boas amizades, vá
a festas. Estude sempre, não pare. Procure ter hobbies para ocupar seu
tempo ocioso. Viaje o máximo que puder. Seja voluntário para alguma
atividade de assistência social: faz bem a alma. Doe sangue (se não
estiver impedido pelo seu médico). Interesse-se pelas pessoas. Seja
feliz.
Exerça o seu direito de ser feliz. Descubra o que é melhor para
você, mas cuidado para não se deixar influenciar pelo que os outros
pensam ser o melhor. Tenha personalidade e vá a luta. Desenvolva as
habilidades necessárias para chegar aos seus objetivos, esbanjando
criatividade. Encare a vida de uma maneira mais positiva, aja de uma
maneira mais assertiva.
55 William James: filósofo e psicólogo norte-americano.
O Remédio é Ser Feliz 125
Encare seus medos e seja maior do que eles. Deixe o amor guiar
seus caminhos. Abra um sorriso e siga sempre em frente.
Tenha fé no seu potencial. Mude o que precisa ser mudado,
melhore o que já está bom e transforme os hábitos que o impedem de
ser feliz. Renove-se a cada dia.
Tudo acontece para o bem quando acreditamos na vida e, depois
que encontramos o caminho da felicidade, o céu é o limite.
Para concluir, gostaria de deixar este poema atribuído a Charles
Chaplin56, que tem tudo haver com o objetivo deste livro:
“Já perdoei erros quase imperdoáveis, tentei substituir pessoas
insubstituíveis e esquecer pessoas inesquecíveis.
Já fiz coisas por impulso, já me decepcionei com pessoas quando
nunca pensei me decepcionar, mas também decepcionei alguém.
Já abracei pra proteger, já dei risada quando não podia, fiz
amigos eternos, amei e fui amado, mas também já fui rejeitado, fui
amado e não amei.
Já gritei e pulei de tanta felicidade, já vivi de amor e fiz juras
eternas, "quebrei a cara" muitas vezes!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos, já liguei só pra escutar
uma voz, me apaixonei por um sorriso, já pensei que fosse morrer de
tanta saudade e tive medo de perder alguém especial (e acabei
perdendo)!
Mas vivi! E ainda vivo! Não passo pela vida... e você também não
deveria passar. Viva!
56 Charles Spencer Chaplin (1889 - 1977), foi um ator e diretor inglês, também conhecido por Carlitos no Brasil.
Alcione Alvez 126
Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida e viver
com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, porque o mundo
pertence a quem se atreve e a vida é muito para ser insignificante”.
Aceite o presente como a dádiva mais preciosa que existe. Deixe
as emoções invadirem sua alma. Sorria quando estiver feliz, chore
quando estiver triste. A vida é feita de momentos. Alguns ótimos, outros
bons e uns poucos não tão perfeitos.
Para os bons momentos a natureza já nos dotou com a capacidade
de nos sentirmos bem. Podemos, porém, otimizar esse sentimento
celebrando cada acontecimento especial como se fosse o primeiro e o
último.
Para os momentos que não saem como desejávamos, cabe-nos
aprender a reagir de uma maneira mais positiva, fazendo de cada
acontecimento uma oportunidade para aprendermos a ser pessoas
melhores, pois há remédio pra tudo na vida.
E o remédio é ser feliz!
Fontes de inspiração e reflexão
As fontes abaixo citadas são as principais obras que influenciaram as
ideias expostas neste livro.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Amar se Aprende Amando. Rio de
Janeiro, RJ. Record
BAKER, Mark W.: Jesus, o maior psicólogo que já existiu. Rio de
Janeiro, RJ. Sextante, 2005.
BOFF, Leonardo. A Águia e a Galinha: uma metáfora da condição
humana, Petrópolis, RJ. Vozes, 27. Ed. 1997.
CARNEGIE, Dale. Como fazer amigos e influenciar pessoas. São
Paulo, SP. Companhia Editora Nacional, 47.ed., 1998.
__________. Como evitar preocupações e começar a viver.São Paulo,
SP. Companhia Editora Nacional, 34.ed., 1989.
COVEY, Stephen R. Os sete hábitos das pessoas muito eficazes. Best
Seller. 30.ed. 2007.
Dalai-Lama: Uma ética para o novo milênio. Rio de Janeiro, RJ.
Sextante, 2006.
FREIRE, Roberto. Ame e dê vexame. Rio de Janeiro, RJ. Ed.
Guanabara.
GOLEMAN, Daniel: Inteligência Emocional. Rio de Janeiro, RJ.
Objetiva, 2001,.
GUNTHER, Max. Os Axiomas de Zurique. São Paulo, SP. Record, 20.
Ed. 2008
Alcione Alvez 128
HILL, Napoleon: A Lei do Triunfo.Rio de Janeiro, RJ. José Olympio
Editora, 18. Ed. 1997.
HUNTER, James C. O Monge e o Executivo.Rio de Janeiro, RJ.
Sextante, 12.ed. 2004.
JOHNSON, Spencer: Quem mexeu no meu queijo? São Paulo, SP.
Editora Record, 43 ed., 2004.
MASI, Domenico de. O Ócio Criativo. Rio de Janeiro, RJ. Sextante,
2000.
PATHER, Hug. Não leve a vida tão a sério. Rio de Janeiro, RJ.
Sextante, 2003.
PATHER, Hug. Como ser feliz apesar de tudo. Rio de Janeiro, RJ.
Sextante, 2.ed., 2005.
PINTO, Marcelo. Sorria, você está sendo curado. São Paulo, SP.
Editora Gente, 2008.
PRATES, Luis Carlos. Jornal Diário Catarinense. Várias edições.
REICH. Wilhelm. O Assassinato de Cristo. São Paulo, SP. Martins
Fontes, 4. Ed., 1991.
SHINYASHIKI, Roberto: Heróis de Verdade. Pessoas Comuns que
vivem sua Essência. São Paulo, SP. Editora Gente, 2005.
___________. Tudo ou Nada. São Paulo, SP,.Editora Gente, 2007.
SCHWARTZ, Morrie. Lições sobre amar e viver. Rio de Janeiro, RJ.
Sextante, 2007.
WISEMAN, Richard. O fator sorte. São Paulo, SP. Record, 2003.
Filme:
O Sorriso de Monalisa. Columbia Pictures Corporation, 2003.
O Remédio é Ser Feliz 129
“Porquanto a felicidade consiste
em estar satisfeito com o que se
tem, é bom que as expectativas não
sejam superiores à realidade que se
apresentará.”
Márcio Inácio Franco