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FACULDADE ALFREDO NASSER INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA O LÚDICO COMO RECURSO NA APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS INSERIDAS NO AMBIENTE HOSPITALAR Elisângela Aparecida Lemes de Oliveira APARECIDA DE GOIÂNIA 2010

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FACULDADE ALFREDO NASSER INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA

O LÚDICO COMO RECURSO NA APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS INSERIDAS NO AMBIENTE HOSPITALAR

Elisângela Aparecida Lemes de Oliveira

APARECIDA DE GOIÂNIA 2010

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ELISÂNGELA APARECIDA LEMES DE OLIVEIRA

O LÚDICO COMO RECURSO NA APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS INSERIDAS NO AMBIENTE HOSPITALAR

Artigo de pesquisa apresentado ao Instituto Superior de Educação da Faculdade Alfredo Nasser, sob orientação da Professora Ms. Cristiene de Paula Alencar, como parte dos requisitos para a conclusão do curso de Pedagogia.

APARECIDA DE GOIÂNIA 2010

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O LÚDICO COMO RECURSO NA APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS INSERIDAS NO AMBIENTE HOSPITALAR

Elisângela Aparecida Lemes de Oliveira

1

RESUMO: O presente trabalho apresenta pesquisa bibliográfica sobre o trabalho

pedagógico hospitalar e a influência dos aspectos lúdicos neste ambiente como elemento favorecedor da aprendizagem, de crianças que se encontram em estado de internação hospitalar. A busca de conhecer como este trabalho tem sido realizado no ambiente hospitalar contou-se com a colaboração de autores que vem atuando neste campo como Ceccim, Mattos; Mugiatti e Porto entre outros os quais contribuíram na construção do entendimento e reflexão sobre a temática. PALAVRAS-CHAVE: Pedagogia Hospitalar. Aprendizagem. Lúdico. Humanização. Intervenção.

INTRODUÇÃO

Ao se discutir sobre a influência do lúdico no ambiente hospitalar, este

trabalho de pesquisa bibliográfica percorreu caminhos já trilhados por alguns autores

como Ceccim, Mattos; Mugiatti e Porto entre outros que publicaram recentes artigos

como Silva; Mattos, Carvalho; Batista, Fontes, Gil et al. Estes autores possibilitaram

conhecer o trabalho hospitalar, o conceito de classe hospitalar, o lúdico e o brincar

na aprendizagem, assim como os aspectos legais, leis que garantem à criança

receber auxílio pedagógico durante o tempo em que se encontra em internação, e

também o direito a frequentar um ambiente diferenciado inserido no hospital - a

brinquedoteca.

A atuação de um professor na classe hospitalar está entre o desafio de

conhecer e de entender as necessidades que uma criança hospitalizada adquire

quando se encontra internada. Por algum período, a criança está isolada da escola,

de sua casa,e sua rotina é modificada, o sentimento de solidão a deixa distante do

mundo e a deprime, portanto, a integração professor, aluno, família, equipe médica e

hospitalar se faz necessária considerando que os momentos de carência, dor,

exclusão do contato direto com o mundo podem dificultar a aprendizagem dessa

criança, exigindo assim, novas abordagens de trabalhado.

1 Acadêmica do curso de Pedagogia do Instituto Superior de Educação Faculdade Alfredo Nasser

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A Pedagogia Hospitalar tem como objetivo ajudar na recuperação da criança

que necessita de uma internação hospitalar e dar continuidade ao estudo escolar

sem que a pessoa perca muito deste ensino, para que posteriormente possa

reinserí-la no ambiente escolar. A hipótese que se levanta é de que o lúdico

favorece este momento não só em relação à aprendizagem, mas também contribui

para a interação entre os profissionais envolvidos com a saúde e a construção de

vínculos entre o educador e a criança.

Falar sobre Pedagogia Hospitalar é tentar compreender as necessidades de

uma sociedade, e a emergência de garantir educação a quem se encontra com

problemas de saúde. A sociedade atual traz novas exigências de propostas

pedagógicas que atendam as reais necessidades contemporâneas, dessa forma, a

educação se torna cada vez mais importante, o auxílio pedagógico hospitalar pode

contribuir para devolver à criança internada auto-estima e propiciar a continuidade

do ensino escolar.

Esse trabalho tem como objetivo ajudar o professor a compreender como

acontece à atuação educacional no ambiente hospitalar, relacionando as questões

lúdicas como auxiliar no trabalho pedagógico a fim de contribuir para a

aprendizagem e desenvolvimento em condições de internamento, considerando que

a sociedade tem demonstrado carências e necessidades educacionais em vários

momentos da vida cotidiana de uma criança. Quando se trata de enfermidades,

percebe-se a falta de incentivo na aprendizagem escolar. Por isso, é importante

levar a educação para pessoas que estão afastadas por algum tempo da escola,

reinserí-las na sociedade, dando continuidade ao currículo escolar, proporcionando

uma aprendizagem sem interrupções por motivos mais graves.

Para apresentar a importância do trabalho pedagógico na continuidade do

desenvolvimento e aprendizagem da criança, este artigo fragmentará alguns

aspectos direcionados e relacionados à prática pedagógica hospitalar, não na

intenção de separar, mas de facilitar a compreensão e aprofundar assuntos de suma

importância no desenrolar desta trama que é o ensino-aprendizagem em situação

hospitalar.

Inicia-se pela apresentação das leis e o posicionamento de alguns autores

sobre a necessidade de garantir um espaço diferenciado ao aprender da criança em

situação de internamento em hospitais.

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Posteriormente, será tratado o conceito de trabalho pedagógico hospitalar, a

diferenciação entre classe hospitalar e brinquedoteca hospitalar e a importância do

lúdico neste campo de atuação.

Por último, questiona-se a respeito do ato de educar e ensinar para além dos

muros da escola no fazer pedagógico humanizado, do que se faz para o outro e com

o outro num processo íntimo de troca e desafios que o relacionar traz.

LEIS QUE REGULAMENTAM A PEDAGOGIA HOSPITALAR

A legislação que rege o atendimento Pedagógico Hospitalar diz que a

educação é um direito de toda e qualquer criança ou adolescente, e isso inclui o

universo da criança e do adolescente hospitalizado. A legislação brasileira

reconhece tal direito através da Constituição Federal de 1988, da lei nº. 1044/69, da

Lei nº. 6.202/75, da Lei nº. 8.069/90.

Estatuto da criança e do Adolescente, da Resolução nº. 41/95 do Conselho

Nacional da defesa dos direitos da criança e do adolescente, da Lei nº. 9.394/96 –

Lei de Diretrizes e Bases da Educação opcional, da Resolução nº. 02/01 do

Conselho Nacional de Educação. A esta modalidade de atendimento educacional

denomina-se Classe Hospitalar, que segunda a Política Nacional de Educação

Especial publicada pelo MEC – Ministério da Educação e da Cultura em Brasília em

1994 visa o atendimento pedagógico às crianças e adolescentes que, devido as

condições especiais de saúde, encontram-se hospitalizados.

Apesar da existência de legislação sobre a classe Hospitalar, demonstrando

que já é reconhecido oficialmente, o desconhecimento popular e do profissional

pedagogo dessa modalidade de atendimento é muito grande, tanto para propiciar a

continuidade do processo educacional, quanto para fortalecer as ações para a

promoção da saúde das crianças e adolescentes em situações de internação.

Uma das preocupações com o serviço educacional que compreende a classe

hospitalar é com a formação do profissional que atua nessa área. Os cursos de

formação de professores discutem o cotidiano da escola e os cursos de formação de

profissionais da saúde não consideram o professor como participante da equipe

hospitalar.

Então, a preocupação está contemplada nos objetivos e metas do Plano

Nacional de Educação quando propõe, “incluir nos currículos de formação de

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professores, nos níveis médio e superior, conteúdos e disciplinas especificas para a

capacitação ao atendimento dos alunos especiais” (BRASIL, 2003, p. 68). O

desenvolvimento das classes hospitalares no Brasil acontece, mas falta qualificação

dos professores. O que ocorre é que muitos dos cursos superiores, nessa área de

competência, não incluem disciplinas obrigatórias que abordam as necessidades

especiais e as formas de trabalhar com os alunos hospitalizados, e nem prepara os

pedagogos para lidar com a realidade hospitalar.

Considerando a legislação Federal, a criança hospitalizada é considerada

como portadora de necessidades especiais, uma vez que sua situação de saúde a

impossibilita de estar integrada em seu cotidiano, sendo que essa necessidade

especial pode ser temporária. Por outro lado, o direito a saúde, segundo a

Constituição Federal (Art. 196), deve ser:

Garantido mediante políticas econômicas e sociais que visam ao acesso universal e igualitário às ações e serviços, tanto para a sua promoção, quanto para a sua proteção e recuperação. Assim, a qualidade do cuidado com a saúde está referida diretamente a uma concepção ampliada em que o atendimento às necessidades de moradia, trabalho e educação, entre outras, assumem relevância para compor a atenção integral. A integralidade é inclusive, uma das diretrizes de organização do Sistema Único de Saúde, definido por lei (BRASIL, 1988).

Esta nova visão de educação está ligada à demanda existente nos diversos

hospitais e aos parâmetros já definidos por lei, no qual se faz necessário uma

medida emergencial para que exista de fato a educação continuada em todas as

unidades hospitalares, sendo esta uma forma de prevenir o atraso na educação.

Perante a atuação pedagógica nos hospitais é de grande valia informar que o

trabalho de pedagogos ou de profissionais da classe é de ação educativa, social e

humanitária. Visando o bem estar e a evolução pessoal e clínica do paciente, o qual

se pode basear no referencial curricular nacional para Educação Infantil que:

Considerando essas condições e limitações especiais, compete ao sistema educacional e serviços de saúde, oferecer assessoramento permanente ao professor, bem como inserí-lo na equipe de saúde, que coordena o projeto terapêutico individual. O professor deve ter acesso aos prontuários dos usuários das ações e serviços de saúde sob atendimento pedagógico, seja para obter informações, seja para prestá-las do ponto de vista de sua intervenção e avaliação educacional (BRASIL, 2002, p. 18-19).

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A pedagogia hospitalar também é vista como um desafio a uma grande

conquista para os profissionais atuantes na área. O educador desenvolve a sua

atuação de forma contributiva, transmitindo o conhecimento àqueles que seriam

prejudicados em sua escolarização decorrente a internação, em busca valiosa de

conhecimentos, qualidade de vida e bem-estar ao educando enfermo.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº. 8.069, de 1990 – ECA) foi

elaborado e sancionado na forma de lei logo após a promulgação da Constituição

Federal. Isto talvez explique, em parte, o seu conteúdo tão significativo no que diz

respeito às propostas de garantias e direitos para a infância e a adolescência. Ou

seja, pode-se afirmar que o texto dessa lei é extremamente avançado, pois ele cobre

por completo, de forma detalhada, todos os aspectos relativos à vida da criança e do

adolescente. Nos Artigos 3º e 4º, tem-se uma dimensão da importância conferida a

estes:

Art. 3º - A Criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta lei, assegurando-se lhes, por lei ou por outros meios todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. Art. 4º - É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, à efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Parágrafo único – A garantia de prioridade compreende:

a) Primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; b) Precedência do atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; c) Preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas. d) Destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude (BRASIL, 2006, p.8).

Para a Pedagogia Hospitalar, vale ressaltar a amplitude dos direitos nos

referidos artigos e a ideia de garantia de prioridade no atendimento a esses direitos.

Nesse sentido, a Pedagogia Hospitalar se depara frente a um novo papel no

atendimento às crianças hospitalizadas, por isso ao dar continuidade à

aprendizagem da criança abre-se um campo novo de trabalho para a Pedagogia por

ser necessário um olhar especial à criança enferma e suas necessidades no

processo de ensino-aprendizagem.

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Conforme Matos; Mugiatti (2009, p.75) “uma vez verificada a já existência nos

hospitais, de uma práxis pedagógica, conclui-se pela necessidade de uma

contribuição especializada [...]”. Assim, é de fundamental importância que a

Pedagogia Hospitalar no exercício de sua autonomia desenvolva a teoria e a prática

junto ao ensinar à criança no ambiente escolar hospitalizado.

Neste contexto, o trabalho do educador por meio interdisciplinar integra a

família, a criança e a escola, auxiliando-os nesse momento de hospitalização,

garantindo o pleno direito à saúde e a educação.

A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta lei, assegurando-lhes todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar desenvolvimento físico, mental [...] (MATOS; MUGIATTI, 2009, p. 75)

Por conseguinte, a Pedagogia Hospitalar se apóia nas leis para o trabalho

exercido com os educandos hospitalizados, no exercício da cidadania para atender

as necessidades de uma sociedade e é de suma importância no auxílio à

recuperação e atendimento das crianças internadas, dando-lhes suporte pedagógico

e favorecendo a interação social delas em ambiente hospitalar.

O TRABALHO PEDAGÓGICO HOSPITALAR: A CLASSE HOSPITALAR, O

LÚDICO NO ENSINO-APRENDIZADO E A BRINQUEDOTECA

A Pedagogia Hospitalar e o seu contexto deparam com um novo papel frente aos

procedimentos necessários a educação de crianças hospitalizadas. Segundo Matos

e Mugiatti (2009) no espaço hospitalar deve se oferecer uma atenção pedagógica

aos escolares que se encontram em situação de internamento e ao próprio hospital

na concretização de seus objetivos.

Exige-se dessa forma, grande esforço das instituições hospitalares ao abrirem

este novo e valioso espaço para ação educativa na realidade hospitalar, em busca

de autonomia à Pedagogia Hospitalar, com sólidos fundamentos de natureza,

científica nos aspectos teóricos e práticos. Como principais objetivos da Pedagogia

Hospitalar estão: a integração entre a criança, a família, a escola e o hospital,

amenizando os traumas da internação; dar oportunidade ao atendimento às crianças

hospitalizadas e qualidade de vida intelectiva e sócio-interativa; aproximar a vivência

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da criança no hospital à sua rotina diária anterior ao internamento; proporcionar à

criança hospitalizada a possibilidade de mesmo estando em ambiente hospitalar, ter

acesso à educação.

A criança não pode ser prejudicada pelo longo período de internação que sofre,

percebe-se a necessidade do profissional da educação dentro do ambiente

hospitalar.

Este enfoque educativo e de aprendizagem deu origem à ação pedagógica em hospitais pediátricos, nascendo de uma convicção de que a criança e o adolescente hospitalizados, em idade escolar, que não devem interromper, na medida do possível, seu processo de aprendizagem, seu processo curricular educativo (MATOS; MUGIATTI, 2009, p. 68).

Diante do exposto, trata-se da continuidade dos estudos, a fim de que a criança

não perca seu curso escolar e não se converta à repetente, ou venha a interromper

o ritmo de aprendizagem. “A necessidade de continuidade, exigida pelo processo de

escolarização é algo tão notório que salta às vistas dos pais, professores e mesmo

das próprias crianças e adolescentes” (Matos; Mugiatti, 2009, p. 69).

O meio educacional moderno contempla toda a sociedade, sua fonte de

legitimação é do âmbito das ciências humanas das quais a Pedagogia faz parte,

uma vez que se institui em sua organização curricular e nela se desenvolve. Tal

experiência adquirida pela Pedagogia, em sua trajetória permitiu ao ensino e

aprendizagem a auxiliar a Pedagogia Hospitalar.

Neste contexto, a criança não pode ser prejudicada pelo longo período de

internação que sofre, o pedagogo é o agente de mudanças, pois a criança doente

não é um educando comum, mas aquele que necessita de ajuda para vencer as

conseqüências de sua própria doença. No entanto, o trabalho do pedagogo no

hospital é de propiciar uma prática educativa visando à formação integral do aluno

enfermo numa proposta de amenizar a possível desmotivação e o estresse

ocasionados pela internação.

Por isso, estende-se a necessidade de desenvolver propostas consistentes, tanto

do ponto de vista pedagógico quanto de apoio teórico. Nesta perspectiva, a atenção

pedagógica mediante a comunicação e diálogo, é essencial para o ato educativo que

se propõe a ajudar a criança hospitalizada a se desenvolver em suas dimensões

possíveis de educação continuada, como uma proposta de enriquecimento pessoal.

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Desse modo, exigem-se soluções urgentes para que todos os esforços sejam

direcionados para uma ação coletiva, que envolva a família, a escola e o quadro

clínico da criança, garantindo que seus direitos sejam preservados nesse momento

de fragilidade que é ocasionado pela doença.

Com isso, a educação que se processa por meio da pedagogia hospitalar, não

pode ser identificada como um simples depósito de conhecimento, mas sim como

um suporte para a criança, pois ameniza a condição de doente e a mantém

integrada em atividades escolares e também um suporte para a família, apoiada

pedagogicamente por profissionais capacitados para ampará-la no decorrer da

internação.

No intuito de se evitar consequências negativas ao sistema de ensino, cabe a

iniciativa de criar procedimentos para dar continuidade ao ensino escolar da criança

hospitalizada. “Tais alternativas, se processadas num ambiente diferenciado, que

irão beneficiar sua saúde mental, refletindo positivamente nos aspectos da saúde

física [...]”, (Matos Mugiatti, 2009, p. 71).

Observa-se, portanto,que a continuidade dos estudos paralelamente ao

internamento traz maior vigor às forças vitais da criança hospitalizada, como

estímulo motivacional, induzindo-a se tornar mais participante e produtiva, com

vistas a uma efetiva recuperação.

Procura-se ressaltar, que a Pedagogia Hospitalar é um processo alternativo de

educação, pois ela ultrapassa os métodos tradicionais escola/aluno, buscando

dentro da educação formas de auxiliar o paciente no processo de internação que a

ele é imposto.

O homem, como agente de sua cultura, não se adapta, mas faz com que o meio se adapte às suas necessidades. Daí a quebra do paradigma “escola só em sala de aula e hospital apenas para tratamento médico” faz parte da evolução. Neste contexto, o pedagogo é o agente de mudanças, pois se entende que o escolar hospitalizado não é um escolar comum, ele se diferencia por estar acometido de modéstia ou algum dano ao seu corpo, razão pela qual precisa de cuidados médicos (MATOS; MUGIATTI, 2009, p. 73).

Assim sendo, é preciso uma adaptação do ambiente hospitalar para a escola e

da escola para o ambiente hospitalar que se constitui numa necessidade, bem como

uma possibilidade emergente para interação pedagógica em ambiente diferenciado.

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De acordo com Matos; Mugiatti (2009) existem dois fatores a serem observados

com relação à criança em idade escolar: o primeiro se refere ao tratamento médico

em consequência de moléstia de causa da hospitalização e o segundo refere-se à

frequência à escola, cuja continuidade se torna dependente do primeiro, porém a

esta questão é importante que se tenha bem claro o prejuízo relacionado ao

afastamento da escola, com sérias implicações com a escolaridade e possibilidade

de evasão definitiva. Neste contexto, se instala a relação do educador, de permear a

interação de um trabalho multi / inter / transdisciplinar que privilegie o escolar

hospitalizado.

A Pedagogia Hospitalar requer, pela sua especificidade, habilidades e

competências profissionais. A responsabilidade assumida pelo pedagogo, na

relação com as crianças enferma ou hospitalizada, exige também, experiência no

plano da psicologia do desenvolvimento e da educação. “A atenção pedagógica

dedicada à criança e ao adolescente hospitalizado não basta por si só, é necessário

também assegurar ensino escolar continuado” (MATOS; MUGIATTI, 2009, p. 83).

Portanto, é importante buscar para as crianças, atividades representadas de

maneira lúdica, recreativa, como o envolvimento em atividade com música e

canções, dramatizações, desenhos e outras tantas possibilidades expressivas e com

um planejamento articulado e flexível, para atender as necessidades do cotidiano de

escolarização em contexto hospitalar.

Classe Hospitalar

Nos dias atuais, percebe-se a necessidade do cuidar das crianças que

necessitam de internação hospitalar, isso devido aos estudos da psiquiatria infantil,

evidenciou que além de especial atenção ao desenvolvimento psíquico e cognitivo,

os momentos de internação interferiam no aspecto social e subjetivo da criança.

Cecim (1999) afirma que a criança tem necessidades intelectuais próprias do

desenvolvimento psíquico e cognitivo que se interferem nas relações de convivência,

na exploração do ambiente de vida e pelas oportunidades sócio-interativas.

A inclusão do atendimento pedagógico na atenção hospitalar, inclusive no que se refere à escolarização, vem interferir nessa dimensão vivencial por que resgata os aspectos de saúde mantidos, mesmo em face da doença, enquanto respeita e valoriza os processos afetivos cognitivos de construção

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de uma inteligência de si, de uma inteligência do mundo, de uma inteligência do estar no mundo (CECIM, 1999, p. 42).

Segundo Cecim (1999) o acompanhamento pedagógico e escolar da criança

hospitalizada dá-se pela continuidade do currículo escolar, aos laços sociais entre os

colegas e a relação mediada do professor. Caracteriza-se, portanto uma escola ou

classe hospitalar em ambiente hospitalar. Na Política Nacional de Educação

Especial (MEC/SEESP, 1994 e 1995), a educação hospitalar aparece como

modalidade de ensino. Segundo o autor, o ensino e a ação intermediada do

professor podem assegurar o desenvolvimento e contribuir para a volta à escola

após a alta hospitalar.

Para Silva; Matos (2009), a classe hospitalar tem o objetivo de atender as

necessidades pedagógicas educacionais do aluno hospitalizado e executar com os

condicionamentos do desenvolver psíquico e cognitivo representado pelo

adoecimento e pela informação hospitalar no preparo para aprendizagem.

Cecim (1999) relata que as classes hospitalares no Brasil possuem um perfil

teórico e prático diferenciando, entre as atividades de recreação ou terapia

ocupacional projeto de serviço social, voluntariado e até programas escolares.

A classe hospitalar, como atendimento pedagógico – educacional deve apoiar-se em propostas educativo escolares, e não em propostas de educação lúdica, educação recreativa ou de ensino para a saúde, nesse sentido diferenciando-se das salas de recreação, [...] mesmo que o lúdico seja estratégico à pedagogia no ambiente hospitalar (CECIM, 1999 p. 43).

Essa proposta educativo-escolar não faz da classe hospitalar uma escola

formal, e sim torna uma responsabilidade entre as aprendizagens da criança a

participação dos pais e da escola que ela frequenta em enviar formulários para o

atendimento da classe hospitalar. “Em sua prática pedagógico-educacional diária,

visará à continuidade do ensino de conteúdos da escola de origem da criança”

(CECIM, 1999, p. 43).

Para o autor, o atendimento pedagógico educacional hospitalar se identifica

pelo papel do professor junto ao desenvolvimento da aprendizagem, ao resgate da

auto-estima e a recuperação da saúde da criança doente. Como fator contribuinte

nesse processo, o professor poderá desenvolver atividades lúdicas de recreação

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que ocupe o tempo da criança hospitalizada, como também trabalhar com a

afetividade para a construção do cognitivo como os conteúdos escolares.

Neste contexto, Cecim (1999 p. 43) diz que: “O contato com o professor e

com a escola no hospital funciona de modo importante, como uma oportunidade de

ligação com os padrões da vida cotidiana das crianças, como ligação com a vida em

casa e na escola”. Portanto, a educação hospitalar prioriza as necessidades

intelectuais, a interação com o outro no processo de desenvolvimento e

aprendizagem da criança.

Consta em Cecim (1999), que por meio de pesquisas e projetos realizados

foi possível notar o crescimento na aprendizagem das crianças que tiveram a

oportunidade de atendimento educacional hospitalar. Com o retorno e à integração

da criança ao seu grupo escolar dando continuidade ao currículo escolar sem

grandes danos. Cecim (1999) considera ainda, a necessidade de melhoria na

educação da classe hospitalar, pois esta consiste na construção e no resgate do

direito de cidadão da criança hospitalizada na educação e na saúde, sendo que este

encontro possibilita e garante o desenvolvimento, aos processos cognitivos na

interação com o aprendizado.

É importante ressaltar que embora muito se tenha a avançar no atendimento

a classe hospitalar, mesmo que pareça insignificante ao tempo mínimo dedicado,

ainda assim reflete de forma bastante positiva para a criança, pois atualiza suas

necessidades tanto na vida escolar quanto pessoal, oferecendo continuidade a seu

projeto de vida e esperança de sair da situação de internamento e retomar suas

atividades sociais.

O lúdico

Santos (2000) afirma que o lúdico vem sendo alvo de várias pesquisas no final

deste século, o questionamento do comportamento do adulto de hoje vem do

caminho da ludicidade na infância. “O lúdico tem uma conotação que extrapola a

infância [...]”(SANTOS, 2000, p.58). O brincar, relacionados com brinquedos, jogos e

brincadeiras estão pautados a valores e crenças que fazem parte da vida do ser

humano.

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Para a autora, foi durante muitos séculos que as atividades lúdicas foram

vistas sem importância e que “a vida não é uma brincadeira”. Tal mudança ocorreu

sobre a criança, passando a ser o brinquedo a essência da infância.

Pode-se compreender aqui que o lúdico esteja ligado a situações de prazer

que envolve a ação de sujeitos para manipular objetos, brinquedos, livros, entre

outros instrumentos que favoreçam a aprendizagem. Sem desmerecer essa gama

de instrumentos, o enfoque a ser dado à situação lúdica em situação hospitalar será

voltado ao jogo por considerar sua importância na vida da humanidade.

A construção do saber implica necessariamente na comunicação entre

professores e alunos. Enquanto o diagnóstico e o tratamento da criança

hospitalizada exigem de forma efetiva a comunicação entre a equipe de saúde e a

criança hospitalizada. Ambos os tipos de comunicação têm perfis e características

muito diferentes de acordo com suas finalidades. Portanto, existem elementos

comuns que estão presentes nas diferentes propostas na ação da aprendizagem e

na cura / recuperação, que têm especificidade entre si bem distintas e uma das

propostas está na comunicação por meio da ludicidade.

A atuação do pedagogo em hospitais, e as intervenções realizadas neste espaço

estão nas atividades desempenhadas com as crianças internadas, leitura,

dramatizações, teatro de fantoches, brincadeiras, desenho, pintura, recorte e

colagem, montagem, música, jogos educativos, jogos recreativos, projeção de

filmes, festas comemorativas. Neste contexto, os resultados podem ser

compensadores para as crianças, famílias e educadores.

Para Silva; Matos (2009), o brincar no hospital é tão importante quanto à

escolarização então, o pedagógico e o lúdico são fundamentais nesse processo. O

adulto deve se limitar a sugerir, e a estimular brincadeiras e jogos sem impor,

determinada forma de agir. Tal intervenção do professor possibilita que a criança

utilize o jogo e o brinquedo como meio de descobertas e compreensão dos objetivos

almejados.

Segundo Gil et al (2001), as diversas atividades educacionais e de

recreação desenvolvidas com as crianças no ambiente hospitalar é um trabalho

aceito por elas e seus acompanhantes, pois enriquece o atendimento do paciente,

estimulando a socialização, humanizando o ambiente hospitalar, aproximando os

pacientes de sua rotina habitual.

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Para as autoras, a realização de intervenção utilizando brinquedos com as

crianças enfermas são satisfatórios no bem estar, o que refere a importância do

pedagogo para um trabalho interdisciplinar neste contexto. Consideram ainda a

importância de equipes multidisciplinares no contexto hospitalar porque acreditam

que o tratamento é facilitado pela participação e integração de todos.

Segundo Negrine (2000), o desenvolvimento da humanidade acontece com o

desenvolvimento do homem, a criança desenvolve culturalmente no processo de

crescimento, maturação e desenvolvimento orgânico. O natural e o cultural se

comunicam constituindo a formação social do homem. Para o autor, o

comportamento humano não é hereditário e sim construído conforme suas

necessidades diárias.

Consta em Negrine (2000), que o homem durante a história da humanidade

conseguiu se diferenciar dos demais seres vivos como ser racional, pelo trabalho e

pelo jogo como processo de desenvolvimento e de aprendizagem.

Foi nas sociedades antigas que se deu início as brincadeiras e os

divertimentos ocuparam um espaço na vida do homem, um ser sócio-cultural. Essa

atitude se contradizia entre opiniões, que de um lado os jogos eram admitidos sem

discriminação e de outro, os moralistas da sociedade condenavam quase todos por

sua imoralidade. Ou seja, opiniões contraditórias colocavam os jogos ao longo dos

séculos XVII e XVIII ao conceito dos jogos maus e aqueles conhecidos como bons.

Daí o jogo passa a ser discutido e valorizado “O ato de jogar (brincar) passa a ser

considerado como um fator fundamental no processo de desenvolvimento humano”

(NEGRINE, 2000, p. 16).

Segundo o autor, o jogo pode apresentar significados distintos, podem ser

compreendidos desde os primeiros movimentos da criança ao ato de brincar, com as

brincadeiras inserias na vida da criança no seu crescimento. É a partir do século XIX

que o jogo do ponto de vista científico passa a ser explorado entre os psicólogos,

psicanalistas e pedagogos na tentativa do seu significado que implica como

atividade importante da vida humana. As concepções teóricas dos séculos

anteriores predominavam o positivismo, a brincadeira como determinismo biológico.

De acordo com Negrine (2000), atualmente o tema jogo aborda o paradigma

naturalista, em que a atividade lúdica faz parte integrante da vida humana. O lúdico

como processo de aprendizagem da criança é alvo de estudo científico em busca de

novas formas no pedagógico no comportamento humano.

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O jogo no processo evolutivo humano também foi destacado por psicólogos

contemporâneos como Piaget, Wallon e Vygotsky (apud NEGRINE, 2000, p. 18) que

“deram destaque ao brincar da criança, atribuindo-lhe papel decisivo na evolução

dos processos de desenvolvimento humano (maturação e aprendizagem)”. Visto

como uma atividade de valor pedagógico, o jogo pode ser estudado sob vários

aspectos como sua estrutura e conteúdo.

O jogo é analisado a partir da evolução das estruturas mentais e o conteúdo é

analisado a partir do desenvolvimento cultural da humanidade “existe jogo quando

há alguma representação simbólica” (NEGRINE, 2000, p. 19).

A criança ao brincar, jogar ou extrair habilidades já adquiridas ao imitar

personagens, testar ou adquirir novas habilidades envolve outras crianças para

atividades que realiza.

Todavia, estas, como outras necessidades que a criança apresenta ao exercitar-se, estão diariamente relacionadas com a afirmação do seu “eu”, e pensando neste sentido é que entendemos a atividade da criança como exercício muito importante em seu processo de desenvolvimento e de aprendizagem(NEGRINE, 2000,p. 19).

Para Negrine (2000), a análise do jogo da criança como conteúdo demonstra

o aprender de uma sociedade culturalmente dita. O representar compõe as

representações entre diversos momentos de desenvolvimento da criança como

cognitivos, afetivos ou psicomotores. O conteúdo do jogo compreende então a

criança na construção de um saber no ato de representar como também, nas

atividades realizadas no divertir, retratando a cultura lúdica dos povos. Tais fatores

contribuem na construção do vocabulário linguístico e psicomotor da criança, e

consequentemente o desenvolvimento espontâneo e criativo no crescimento

biológico da personalidade humana.

Para Antunes (2000), a relação entre o professor e o aluno esteve por várias

décadas entendida como transmitir o conhecimento, enquanto o aluno se portava

como um agente passivo. Neste contexto, não havia interação entre ambos, e o

aluno não colocava suas necessidades, sendo castigados com a reprovação,

aqueles que não aprendiam. Nos dias atuais, entende-se que, “não existe ensino

sem que ocorra aprendizagem, e esta não acontece senão pela transformação”

(ANTUNES, 2000, p. 37).

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Segundo Antunes (2000), a partir da idéia de que o aluno se torna construtor

do seu conhecimento é que o professor deve se apoiar em criar situações

estimuladoras, com material pedagógico. O jogo está entre uma das ferramentas

desse material, estimula o aluno ao desafio, proporcionando experiências pessoais e

sociais com o outro. Sendo que o professor se posiciona na condição de condutor,

estimulador e avaliador da aprendizagem.

Trabalhar o lúdico como ato pedagógico é algo que precisa de critérios e

conhecimento. Segundo Antunes (2000), o jogo usado como material pedagógico

precisa ser trabalhado cuidadosamente para que não venha ser ineficaz a

aprendizagem do aluno. Todo e qualquer jogo, como instrumento de aprendizagem

precisa ser planejado, definido por regras e de metas para ser atingidas.

O aluno precisa ser estimulado e os jogos efetivamente acompanham o

progresso do mesmo. Em que a primeira intenção do jogo seja o de provocar

aprendizagem significativa, construir conhecimentos e desenvolver novas

habilidades, em especial as habilidades operatórias.

Para Antunes (2000, p.40), existem quatro elementos que precisam ser

levados em conta na aplicação dos jogos. Independentes de uma ordem podem ser

apresentados pelo professor no momento certo, são eles:

Primeiro, a capacidade de se constituir em fator de auto-estima do aluno – os

jogos de resolução muito fáceis desmotiva o aluno. Reorganizar o jogo possibilita

novos desafios, o professor poderá dificultar o jogo com intuito de torná-lo

interessante ao jogador, dar dicas para suas resoluções. Tais modificações

possibilitam o encerramento do jogo com entusiasmo que leva o interesse a novos

jogos.

Segundo, condições psicológicas favoráveis – O jogo não pode ser colocado

como “trabalho”, o professor precisa colocá-lo como instrumento de desafios

grupais, com devido preparo e estímulo para que os alunos queiram jogar.

Terceiro, condições ambientais – O ambiente é fundamental para realização

do jogo. Como o espaço, a organização e a higiene que possibilitam a execução

dessa atividade.

Quarto, fundamentos técnicos – O jogo não deve ser interrompido, precisa ter

começo, meio e fim. Não devem ser aplicados sem que haja possibilidades de sua

consecução.

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O jogo deve ser considerado em todos esses aspectos e estar voltado para a

aprendizagem, podendo tornar a aula mais atraente e levar a construção do

conhecimento pela mediação ensino-aprendizado na relação professor-aluno. Para

isso, o espaço de brincar deve ser também pensado como um lugar de aprendizado

e, é neste intuito que surge o espaço da brinquedoteca o qual será explicado a

seguir.

Brinquedoteca

As primeiras brinquedotecas começaram a surgir no Brasil nos anos 1980,

por meio de várias dificuldades enfrentadas. Os primeiros movimentos surgiram em

1973, a Ludoteca da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de São

Paulo. Silva; Matos (2009) afirmam que a brinquedoteca estava voltada às

necessidades da criança brasileira, em que o brincar era priorizado atendendo

diretamente a criança.

Nessa década de 1980, a Associação Brasileira dos Fabricantes de

Brinquedos atentou-se seus interesses para as crianças, atendendo especificamente

suas necessidades. Então, surgiram novas idéias e em 1984 foi criada a Associação

Brasileira de Brinquedoteca, o que ajudou a crescer o movimento em diferentes

estados brasileiros.

Para Schlle (2000), o conceito de brinquedoteca é um laboratório em que as

crianças podem brincar, e os professores atuam como observadores entre a criança,

o brinquedo e o desenvolvimento humano. Para que a brinquedoteca seja definida

como laboratório, é necessário entender que dois grupos de pessoas fazem parte

deste ambiente, os de professores e os dos pesquisadores que desenvolvem

atividades lúdicas para serem testadas com o outro grupo (de crianças), mesmo de

forma inocente colaboram com o entendimento do brinquedo como material

pedagógico.

De acordo com Santos (2000), foi necessário criar espaços específicos

destinados a vivências lúdicas. A brinquedoteca é um desses espaços que

expressam prazer, as emoções, as vivências corporais, entre outros. Este espaço

lúdico envolve não somente a criança, os jogos, os adultos e os idosos, mas o

pensar na brinquedoteca como desenvolvimento humano, na educação, no trabalho

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e na vida. A brinquedoteca extrapola a infância, enfocando os jogos e os brinquedos

em diversos contextos no desenvolvimento do ser humano.

Silva; Matos (2009) afirmam que as brinquedotecas foram criadas para

atender as necessidades lúdicas e afetivas das crianças e priorizavam a

individualidade ligada à necessidade de cada criança doente. Estes lugares

especiais que ocupam as brinquedotecas estão nas mais variadas localizações

como favelas, circos, museus, escolas, creches, presídios, hospitais entre outras,

porém todas com o mesmo objetivo de promover atividades lúdicas e o direito de

brincar da criança.

A brinquedoteca nos ambientes hospitalares foi criada com intuito de tornar

mais alegres e de minimizar os traumas de uma internação. Por meio do brinquedo,

a criança se distrai, “pode criar e recriar o seu próprio mundo” (SILVA; MATOS,

2009, p.7).

No Brasil, a existência das brinquedotecas se tornou obrigatório. Nas

unidades de saúde em março de 2005 com a Lei Federal 11.104, de 21 de março de

2005. Este foi o resultado do trabalho de educadores, psicólogos, assistentes

sociais, pedagogos.

Para Silva; Matos (2009), a brincadeira sempre ocupou espaço na vida das

pessoas. Neste contexto, as brincadeiras foram introduzidas nas escolas tornando

esses espaços mais prazerosos com um fundo educacional. Com o surgimento da

brinquedoteca resgatou a importância do desenvolvimento lúdico das crianças.

Sendo o brincar um direito da criança, direito este amparado em leis como Estatuto

da Criança e do Adolescente (ECA) a Constituição Federal, sendo prioridade e

direito da criança, como também dever do estado, da família e da sociedade.

Nesse sentido, a brinquedoteca hospitalar vem para garantir a criança um

espaço destinado ao ato de brincar, com intuito de colaborar no tratamento e

amenizar traumas que podem surgir com a internação.

Para Schelle (2000), a brinquedoteca não deve ser confundida com uma sala

de aula, espaço de reunião ou uma sala feita sem que este grupo especial não

participe de sua construção. A brinquedoteca deverá responder a objetivos

específicos em que este espaço seja voltado para vivências lúdicas.

Através de um projeto criativo, da correta articulação das formas, do uso dos materiais adequados, da exploração inteligente da luz e das cores, e da escolha e/ou desenho do mobiliário pertinente, é possível criar um espaço

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que contribua para ser, ao mesmo tempo, um agente da ludicidade (SCHELLE, 2000, p. 64).

Segundo Silva; Matos (2009) por meio da brincadeira, a criança desenvolve

seu senso de companheirismo, aprende a conviver, procura entender regras e tem

satisfação em participar. Porém, são excelentes oportunidades para o

desenvolvimento da linguagem da criança, e é neste contato com diferentes

situações e objetos que a criança estimula a linguagem interna e aumenta seu

vocabulário. A criança quando hospitalizada não deixa de ser criança e precisa

brincar, pois o papel dos jogos e brincadeiras é garantir o seu equilíbrio emocional e

intelectual.

De acordo com Carvalho; Batista (2007), a brinquedoteca proporciona a

criatividade e espontaneidade da criança, fatores estes que são indispensáveis à

formação de uma personalidade e plena realização do homem. Pode também ser

benéfica e utilizada pela equipe como preparo da criança para procedimento como

cirurgia por meios de brinquedos e brincadeiras permitindo que elas vivenciem essas

experiências. Estes tipos de estratégias possibilitam maior atendimento à criança e

reduz sua angústia a cerca dos procedimentos posteriores.

Sendo que ainda tem muitos avanços a percorrer, o espaço da

brinquedoteca é extremamente necessário para a criança no hospital, para

humanização dos hospitais a brinquedoteca proporciona uma melhor qualidade de

vida durante a internação das crianças.

O FAZER PEDAGÓGICO HOSPITALAR: UM LUGAR INTEGRADOR E HUMANIZADO

A identidade da criança é na maioria das vezes desfeita numa situação de

internação, pois sua vida cotidiana muitas vezes fica longe e distante da realidade

hospitalar. Para Fontes (2005), a criança é tratada como paciente que necessita de

cuidados médicos e que fica alheia dos acontecimentos que a cercam, o que a

distancia cada vez mais da sua subjetividade.

A criança precisa ser escutada, observada e entendida. É neste contexto

que a Pedagogia Hospitalar tenta compreender e resgatar a subjetividade,

contribuindo para a saúde da criança hospitalizada, que vão operar com processos

cognitivos e afetivos, como também definir o espaço de atuação do professor.

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Para Porto (2008), tratando da relação entre pessoas, se faz necessário

olhar para todos que estão envolvidos no trabalho no contexto que

encontramos. Por meio de toda situação envolvida poderá ser alcançados os

objetivos e metas que foram traçados.

Com a pedagogia Hospitalar, o paciente interno tem a oportunidade e

continuidade da sua aprendizagem escolar promovendo então a recuperação da sua

saúde. A identidade profissional do pedagogo vem sendo discutida em todo o país

há alguns anos. Educador na busca de definição da natureza do pedagogo vem

investigando e empenhando por seu próprio objeto de estudo.

Para Libâneo (2007, p. 25), “o objeto da teoria pedagógica modifica-se junto

com os impulsos transformadores da sociedade”. Nestes últimos anos, muitas

transformações vêm ocorrendo interferindo e modificando a pedagogia levantando

novas questões em discussão, assim direcionando novos olhares.

Junto a essas dificuldades e transformação constantes da sociedade,

problemas e dilemas levam aos questionamentos. Tais transformações

contemporâneas contribuem para o entendimento da educação que podem ter

ocorridas em vários lugares. Por isso, a ampliação do conceito de educação é um

dos fenômenos mais significativos dos processos sociais contemporâneo.

Ninguém escapa da educação. Em casa na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender e ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação (Libâneo, 2007, p. 26).

Segundo Libâneo (2007), a escola não se torna o único lugar em que acontece a

educação e talvez não seja o melhor. Porque as transformações contemporâneas

contribuem para o entendimento da educação como institucionalizar ou não, sob

várias modalidades. É um processo educativo em espaço não formal, que propõe

desafios aos educadores e possibilita a construção de novos conhecimentos e

atividades.

Essa ampliação do conceito de educação decorrente de diversificação das

atipicidades educativas não poderia deixar de afetar a Pedagogia tomada como

teoria e prática da educação. Em vários momentos da sociedade sugere a

necessidade de saberes e modos de ação, levando à prática pedagógica.

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Pode-se perceber que ocorrem ações pedagógicas não apenas na família, na

escola, mas também nos meios de comunicação, nos movimentos sociais e outros

grupos humanos organizados. As transformações tecnológicas e científicas levam a

mudança no perfil profissional e novas exigências de qualificação dos trabalhadores

que acabam afetando o sistema de ensino como evolução da educação

direcionando a novas realidades em relação ao conhecimento e a formação.

Por mais que se reconheça que as transformações na educação decorrem de necessidades e exigências geradas pela reorganização produtiva e pela competitividade no âmbito das instituições capitalistas, portanto, com um caráter economicista, tecnocrático e espoliador, é notório que nos encontramos em relação ao conhecimento e à formação (LIBÂNEO, 2007, p. 28).

Nesse sentido, o campo educativo é bastante vasto, e pode ocorrer na

família, no trabalho, na rua, na fábrica, nos meios de comunicação, na política, pois

existem vários tipos de educação e modalidades da prática educativa “se há muitas

práticas educativas em muitos lugares e sob variadas modalidades há portanto,

várias pedagogias: a pedagogia familiar, a pedagogia sindical, a pedagogia dos

meios de comunicação e também a pedagogia escolar”(LIBÂNEO, 2007, p. 31).

Acrescenta-se agora a pedagogia hospitalar, já que esta acontece mediante a

necessidade do educando em dar continuidade ao estudo, fica evidente que este é

também um campo de atuação do pedagogo. Pelas palavras de Demo (2004, p. 90),

“o professor do futuro é aquele que sabe fazer o futuro”. Ser professor é

substancialmente saber “fazer o aluno aprender”, partindo da noção que ele é a

comprovação da aprendizagem bem-sucedida. Somente faz o aluno aprender o

professor que bem aprende, se o professor não é capaz de construir esta autonomia

em si mesmo, não pode fomentá-la no aluno. Quem quer que deseje continuar a ser

chamado de educador, não pode ignorar a importância hoje dos processos

educativos extra-escolares.

A pedagogia hospitalar é um desses espaços a ser efetivamente ocupado

pelo educador e forma consciente, qualificada e responsável. Este trabalho é claro,

não pode ser aceito de forma isolada, o pedagogo deve buscar a integração com

diversas áreas do conhecimento para favorecer a aprendizagem no que se pode

nomear de trabalho humanizado, o qual se refere à conduta de integração de

diversos saberes e contribuições para o ensino-aprendizado. Com a criança em

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situação de internamento não é diferente e, portanto se faz necessário um trabalho

de equipe para auxiliar a criança neste momento. De acordo com Porto (2008) no

trabalho em equipe deve ser imprescindível a organização de toda comunidade

hospitalar e estar organizados com pessoas comprometidas com o trabalho

hospitalar.

Segundo Porto (2008, p. 26), “A humanização começa na porta de entrada da

unidade, com profissionais cordiais, esclarecendo e informando as necessidades

dos usuários”. Por isso, todos os funcionários fazem parte do trabalho direcionado

ao tratamento das pessoas que ali se encontram hospitalizadas como: na

manutenção das instalações que deverão estar sempre limpas; na lavanderia e na

autoclave que deverão estar sempre em bons estados de utilização e conservação;

nas equipes médicas; de enfermagem; assistentes sociais; auxiliares e técnicos de

enfermagens; nutrição; psicologia; fonoaudiologia; fisioterapeutas.

Para Porto (2008), o processo de “humanização” precisa ser refletido entre a

equipe de saúde, objetivando o bem estar do paciente. Então, o trabalho hospitalar

vem relacionar o momento de internação, intermediando de forma lúdica para que o

período de tratamento seja positivamente alcançado.

Porto (2008) afirma que a humanidade está constituída de amor, afeto,

caridade, raiva. São os sentimentos que envolvem as pessoas, o ser humano

necessita do outro para viver em sociedade. Desse modo, a família está entre uma

das importantes contribuições na recuperação do doente hospitalizado.

Para a autora, a humanização começa acontecer no momento que as

pessoas se relacionam, invadindo então o espaço e a vida do outro. A equipe

médica reconhece o paciente como ser humano, compreende suas necessidades e

dificuldades. A relação interdisciplinar precisa ser realizada com liberdade para que

aconteça a troca de relações, não podendo ser forçada ou obrigatória. Tais fatores

são essenciais para que aconteça a humanização nos hospitais e na saúde, a

relação com o paciente deve estar pautada na ética e respeito aos direitos do

paciente como o direito a privacidade, direito ao sigilo, direito ao consentimento

informado e direito a auto-estima.

Para Porto (2008) fala-se em grupo quando a formação de todos participantes

expressam as necessidades, compartilham a confiança e os mesmos objetivos,

organização e a busca do crescimento pessoal e profissional. Quando uma equipe

se forma, a união do grupo trabalha uma missão que é movimentada por uma tarefa,

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levados a atingir o bem-estar no desenvolvimento interpessoal. Por isso, as equipes

são movidas pelos objetivos e metas a serem atingidas, o início se dá na definição

dos objetivos, em seguida o desenvolvimento das atividades propostas e, ao final,

poderá ocorrer reavaliação de trabalho tornando uma equipe num verdadeiro grupo.

Por intermédio deste tipo de equipe, se considera possível um trabalho

humanizado, em que o pedagogo possa contar com os demais evolvidos na saúde

da criança para juntos alcançarem o objetivo em comum, do bem estar e melhora do

interno e sua reintegração social.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste artigo pôde-se refletir sobre a importância do lúdico na aprendizagem

da criança hospitalizada, tendo sido possível discutir a ludicidade como fator

contribuinte para o desenvolvimento da criança, pois para ela brincar é relacionar

seu cotidiano a momentos de alegria e prazer.

Foi possível comprovar as hipóteses anteriormente levantadas de que o

lúdico favorece não só a aprendizagem, como também contribui para a interação

entre os profissionais e a construção de vínculos entre o educador e a criança,

alcançando os objetivos propostos de apresentar como o trabalho pedagógico

acontece nos hospitais, oportunizando a reflexão da necessidade de atuação neste

campo.

Outra questão que fica evidente é que as leis garantem a inclusão do trabalho

pedagógico, porém esse para ser efetivo deve também fazer parte dos requisitos de

aprendizagem do professor enquanto graduando nesta área, dando-lhe condições

reais de conhecimento para realizar o trabalho pedagógico hospitalar.

A pedagogia hospitalar vem atender as transformações e necessidades de

uma sociedade e salientar as necessidades da criança/aluno que se encontra

afastada da escola por motivos de doença. Sendo este, um processo alternativo de

educação, pois ela ultrapassa os métodos tradicionais escola/aluno, buscando

dentro da educação formas de auxiliar a criança no processo de internação que a

ela é imposto.

No estudo realizado percebe-se que o professor atua auxiliando e orientando

a aprendizagem do aluno no processo cognitivo e afetivo, dedicando-se a

recuperação do ser humano enfermo. Com sua escuta e seu olhar direcionado para

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aquele que necessita de atenção e carinho, considera que o ser humano necessita

do outro para viver em sociedade. O envolvimento de todo grupo hospitalar como a

equipe médica, técnicas de enfermagem, professores e a família estão entre uma

das importantes contribuições na recuperação da criança hospitalizada. Momento

este que a humanização começa acontecer, em que as pessoas se relacionam

invadindo então o espaço e a vida do outro na recuperação da saúde e a elevação

da auto-estima do enfermo.

Foi proposto neste artigo que os educadores transformem o trabalho

pedagógico num mundo mágico para essas crianças, por meio de sensibilidade,

organização, responsabilidade, integração e profissionalismo. Possibilite a

continuidade do estudo ás crianças enfermas, dentro de suas possibilidades,

considerando os problemas particulares de cada uma, se envolvendo com elas, no

compromisso de ajudá-las a encontrar um sentido para suas vidas.

ABSTRACT: This paper presents research literature on the pedagogical work and

influence of hospital entertaining aspects in this environment as a factor favoring the

learning of children who are in a state hospital stay. The quest to understand how this

work has been performed in the hospital was counted with the collaboration of authors

who has been working in this field as Ceccim Mattos; Mugiatti and Porto among others

who contributed in building understanding and reflection on the topic.

KEYWORDS: Hospital Pedagogy. Learning. Playful. Humanization. Intervention.

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