a importÂncia do lÚdico na aprendizagem associada a

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A PSICOMORICIDADE Autora: Francisco José dos Anjos Costa Orientadora: Profª.: Maria Esther de Araújo Oliveira Brasília 2009

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Page 1: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM

ASSOCIADA A PSICOMORICIDADE

Autora: Francisco José dos Anjos Costa

Orientadora: Profª.: Maria Esther de Araújo Oliveira

Brasília

2009

Page 2: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

i

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇAO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM

ASSOCIADA A PSICOMORICIDADE

Objetivos:

Monografia apresentada ao Programa de

pós-graduação em Psicomotricidade na

Universidade Cândido Mendes, como

requisito à obtenção do título de

especialista Psicomotricidade.

Brasília

2009

Page 3: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

ii

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, a minha

família, pelo apoio e carinho dos amigos que

torceram pelo meu sucesso, dando ajuda para

a construção desta monografia.

Page 4: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

iii

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus alunos que me

levaram a uma reflexão mais profunda sobre a

psicomotricidde. Aos meus amigos de

profissão. Aos meus pais e irmãos e minha

esposa Leila.

Page 5: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

iv

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo uma explanação sobre a

importância da Psicomotricidade para crianças da Educação Infantil, iniciando

com o conceito e origem da Psicomotricidade até sua atuação dentro da

Educação Infantil, conscientizando pais e professores sobre a importância da

estimulação ambiental para o desenvolvimento psicomotor infantil. Baseia-se

em uma pesquisa bibliográfica reunindo informações de autores consagrados

no decorrer do trabalho. Neste contexto, podem-se verificar as abordagens

decritas pela literatura sobre o presente assunto e percebe-se que a

Psicomotricidade se insere na Educação Infantil agindo como um agente

facilitador da aprendizagem, auxiliando no desenvolvimento social, afetivo e

motor da criança, fazendo com que a criança se desenvolva de maneira

adaptada em seu ambiente. Pode-se concluir que um bom desenvolvimento

psicomotor proporciona para a criança algumas das capacidades básicas que

irão auxiliá-la em seu desempenho não só no âmbito escolar, mas ao longo de

toda a sua vida.

Page 6: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

v

METODOLOGIA

Utilizando-se vários jogos e brincadeiras, tendo sempre como articular.

O professor regente da turma, essas técnicas foram utilizadas e

avaliadas.

Em sua eficácia junto aos seus objetivos os resultados obtidos.

O trabalho foi desenvolvido em uma escola pública do GDF, na região.

Administrativa do Gama com criança da educação infantil.

No decorrer do estudo foram aplicados vários jogos e brincadeiras

sendo seu foco de estudo.

Page 7: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO I 9

PSICOMOTRICIDADE 9

1.1 Orientação e Definições de Psicomotricidade 9

1.2 Áreas Psicomotoras 12

1.3 Esquema Corporal 15

1.4 Imagem Especular 16

1.5 Etapas de Desenvolvimento do Esquema Corporal 17

1.6 Imagem corporal 19

1.7 Lateralidade 20

1.8 Equilíbrio 22

1.9 Ritmo 25

CAPÍTULO II 28

O LÚDICO ASSOCIADO A PSICOMOTRICIDADE 28

2.1 Dificuldade de aprendizagem 28

2.2 Transtornos Específicos de Leitura e Escrita (dislexia/disortografias) 29

2.3 Transtorno Global de Aprendizagem/Distúrbios de Aprendizagem 30

2.4 Perturbações psicomotoras que afeta a aprendizagem da criança 32

CAPÍTULO III 37

JOGOS E BRINCADEIRAS 37

3.1 A importância da brincadeira e o jogo 37

3.2 alguns jogos e brincadeiras associadas ao lúdico 38

CONCLUSÃO 43

BIBLIOGRAFIA 44

Page 8: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

7

INTRODUÇÃO

As formas de aprendizagem, vem evoluindo ao longo dos anos e é

cada vez mais consolidada a idéia de que quando mais lúdico,quanto mais

envolvimento e participação do próprio aluno no processo de ensino

aprendizagem utilizando a psicomotricidade como uma das vertentes a ser

aplicada,os resultados obtidos são satisfatório, alcançando seus objetivos

eficazmente.

Ao analisarmos o dia-a-dia de uma criança fica claro que todas elas

gostam mesmo é de brincar. Tudo é motivo para um corre, corre, para risos e

gargalha gargalhadas. Então nada mais lógico que oportunizar de forma

prazerosas aprendizado, pois independente de época, cultura e classe-social,

os jogos e brinquedos, e isso dos próprios movimentos (esquema corporal),

fazem parte da vida da criança. A exemplo do jogo que é um recurso muito rico

para podermos resgatar a sensibilidade, construindo no afeto, no poder de

fazer e sentir.

A educação psicomotora com as crianças deve prever a formação de

base Indispensável em seu desenvolvimento motor, afetivo, e psicológico,

dando, oportunidades para que por meio de jogos, de afetividade lúdicas, se

conscientize sobre seu corpo. Através da recreação a criança desenvolve suas

aptidões perceptivas como meio de ajustamento do comportamento

psicomotor. Para que a criança desenvolva o controle mental de sua expressão

motora, a recreação deve realizar atividades agradáveis considerando seus

níveis de manutenção das crianças, como conservação da saúde física, mental

e no equilíbrio sócio-afetivo.

Através deste trabalho podemos demonstrar que o lúdico associado a

psicomotricidade, contribuem de forma prazerosa na construção do

conhecimento, sendo grandes facilidades na aprendizagem auxilia no

desenvolvimento motor, cognitivo e social e afetivo a criança. Tendo como

Page 9: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

8

focos de estudo os jogos e brincadeiras associados a psicomotricidade,

auxiliando na aprendizagem.

Page 10: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

9

CAPÍTULO I

PSICOMOTRICIDADE

A escolha do tema “A importância do lúdico na aprendizagem

associada a psicomotricidade, para essa monografia, foi a fim de demonstrar a

importância do lúdico e da psicomotricidade na educação. A psicomotricidade,

na maioria das escolas não é trabalhada de forma adequada ou por vezes não

é trabalhada, a criança chega a sala de aula, com atitudes mecânicas e com a

ilusão de que escola é lugar para se aprender a ler.

A partir da experimentação da estimulação a criança ficará muito mais

a vontade para desenvolver seu esquema corporal, através da vivência do

imaginário e o lúdico, exercitando suas potencialidades motoras com muito

mais desenvoltura.

Fazendo uma ponte entre o psique e a educação a psicomotricidade

vem como um relevante auxiliar no processo ensino aprendizagem,

quantitativamente e qualitativamente. Mas através de longos estudos pode-se

constatar, que debilidades e fatores psicossomáticos também podem interferir

no desenvolvimento motor, isso quando suas necessidades vitais básicas e

afetivas não forem bem trabalhadas.

Uma série de fatores podem desencadear os caminhos para uma boa

evolução motora, esses fatores devem ser olhados com um olhar de esperança

e serem trabalhados com muito empenho e carinho.

1.1 Orientação e Definições de Psicomotricidade

"É a ciências que tem por adjetivo, o estudo do homem, através de

Page 11: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

10seu corpo em movimento, nas relações com seu mundo interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os abjetos e consigo mesmo". Está "relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas." (Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, 1999).

O termo "Psicomotricidade" apareceu pela primeira vez com Dupré em

1920, significando um entrelaçamento entre o movimento e o pensamento.

Desde 1909, ele já chamava a atenção de seus alunos sobre o desequilíbrio

Motor, denominando o quadro de "debilidade motriz", o que o levou a formular

o termo psicomotricidade.

Piaget (1987), estudando as estruturas cognitivas, descreve a

importância do período sensório-motor e da motricidade, principalmente antes

da aquisição da linguagem, no desenvolvimento da inteligência. O

desenvolvimento mental se constrói paulatinamente; é uma equilibração

progressiva, uma passagem contínua, de um estudo de menor equilíbrio para

um estudo de equilíbrio superior. O equilíbrio, para ele, significa uma

compensação, uma atividade, uma resposta do sujeito frente as perturbações

exteriores ou interiores. Quando dizemos que houve o máximo de equilíbrio,

devemos entender que houve o máximo de atividades compensatórias. Por

exemplo, o desafio do meio pode levar as perturbações e provocar um

desequilíbrio. Em resposta, a pessoa vai provocar novas formas de equilíbrio

no sentido de uma maior adaptação ao meio e com isto atinge um maior

desenvolvimento mental.

A inteligência, portanto, é uma adaptação ao meio ambiente, e, para

isso possa ocorrer, necessita inicialmente da manipulação pelo indivíduo dos

abjetos do meio com a modificação dos reflexos primários.

Quando uma criança percebe os estímulos do meio através de seus

sentidos, suas sensações e seus sentimentos e quando age sobre o mundo e

sobre os objetos que o compõem através do movimento de seu corpo, está

"experimentando", ampliando e desenvolvendo suas funções intelectivas. Por

outro lado, para que a psicomotricidade se desenvolva, também é necessário

que a criança tenha um nível de inteligência suficiente para fazê-la desejar

Page 12: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

11

"experiência", comparar, classificar, distinguir os objetos.

Wallon(1979) um dos pioneiros no estudo da psicomotricidade salienta

a importância do aspecto afetivo como anterior a qualquer tipo de

comportamento. Existe, para ele, uma evolução tônica e corporal chamada

diálogo-corporal e que constitui "o prelúdio da comunicação verbal". Este

diálogo corporal é fundamental na gênese psicomotora, pois a ação

desempenha o papel fundamental de estruturação cortical e está na base da

representação.

O movimento, portanto, assume uma grande significação. Inicialmente

a criança apresenta uma "agitação orgânica e uma hipertonicidade global",

ocasionando uma relação com o meio ambiente de forma difusa e

desorganizada. Pouco a pouco, começa a se expressar através dos gestos que

estão ligados a esfera afetiva e que são, portanto, o escape das emoções

vividas. Este mundo das emoções mais tarde dera origem ao mundo da

representação. O movimento, como um elemento básico de reflexão humana.

Aparece depois, como um fundamento sócio-cultural e dependente de um

"contexto histórico e dialético".

Wallon afirma que é "é sempre a ação motriz que regula o

aparecimento e o desenvolvimento das formações mentais". Na evolução da

criança, portanto, estão relacionados a motricidade, a afetividade e a

inteligência.

Fonseca (1987, p. 32) refere que a significação da palavra evolui com

maturidade motora e com a corticalização progressiva. É pelo movimento que a

criança integra a relação significativa das primeiras formas da linguagem

(simbolismo).

O movimento é um simples suporte que ajuda a criança a adquirir o

Conhecimento do mundo que o rodeia através de seu corpo, de suas

percepções e sensações.

A educação psicomotora pode ser vista como preventiva, na medida

Page 13: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

12

em que dá condições a criança de se desenvolver melhor em seu ambiente. È

vista também como reeducativa quando trata de indivíduos que apresentam

desde o mais leve retardo motor até problemas mais sérios, diz Fonseca

(1988).

Le Boulch apresenta o objetivo da educação psicomotora proposta pela

comissão de renovação pedagógica para o 1a grau na França:

A educação psicomotora deve ser considerada como uma educação de base na, escola primária. Ela condiciona todos os aprendizados pré-escolares: leva a criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar seu tempo, a adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos. A educação psicomotora deve ser praticada desde a mais tenra idade; conduzida com perseverança, permite prevenir inadaptações difíceis de corrigir quando já estruturadas.

Os exercícios psicomotores, através do movimento e dos gestos não

devem ser realizados de forma mecânica, devem ser associados com as

estruturas cognitivas e afetivas.

1.2 Áreas Psicomotoras

As áreas psicomotoras devem ser pensadas com a educação

simultaneamente, ou seja, a educação deve ser pensada em função da criança

de sua idade, necessidades e interesses e não tendo em vista apenas um

objetivo particular. As necessidades e interesses da criança podem ser

estabelecidos através da observação objetiva dos estágios de desenvolvimento

e do comportamento nas diferentes idades. A determinação do estágio de

desenvolvimento da criança é indispensável para que se estabeleçam as

condutas educativas que poderão favorecer os diversos aspectos de

desenvolvimento e conhecimento, e, portanto, simplificar a adaptação da

criança ao meio em que vive.

− Coordenação Global, Fina E Óculo-Manual

Page 14: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

13

§ Coordenação global

A coordenação global diz respeito a atividade dos grandes músculos.

Depene da capacidade de equilíbrio postural do indivíduo. Este equilíbrio está

subordinado as sensações proprioceptivas, sinestésicas e labirínticas. Através

da movimentação e da experimentação, o indivíduo procura seu eixo corporal,

vai se adaptando e buscando um equilíbrio cada vê melhor,

consequentemente, vai coordenando seus movimentos, vai se conscientizando

se seu corpo e das posturas. Quando maior o equilíbrio, mais economia será a

atividade do sujeito e mais coordenadas serão suas ações.

A coordenada global e a experimentação levam a criança a adquirir a

dissociação de movimentos. Isto significa que ela deve ter condições de

realizar múltiplos movimentos ao mesmo tempo, cada membro realizando uma

atividade deferente, havendo uma conservação de unidade do gesto. Quando

uma pessoa toca piano, por exemplo, a mão direita executa a melodia, a

esquerda o acompanhamento, o pé direito a sustentação. São três movimentos

diferentes que trabalham juntos para conseguir uma mesmo tarefa.

Diversas atividades levam a conscientização global do corpo, como

andar, que é um Ato neuromuscular que requer equilíbrio e coordenação;

correr, que requer, além destes, resistência e força muscular; e outras como

saltar, rolar, pular, arrastar-se, nadar, lançar-pegar, sentar. Esta experiência do

corpo leva ao esquema corporal que deixamos para discutir mais adiante.

§ Coordenação fina e óculo-manual

A coordenação fina diz respeito a habilidade e destreza manual e

constitui um aspecto particular da coordenação global. Uma coordenação

elabora dos dedos da mão facilita a aquisição de novos conhecimentos. È

através do ato de preensão que uma criança vai descobrindo pouco a pouco os

objetos de seu meio Ambiente.

Brandão (1958) analisa a mão como um dos instrumentos mais úteis

para a descoberta do mundo, afirmando que ela é um instrumento de ação a

Page 15: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

14

serviço da inteligência.

Só possuir uma coordenação fina não é suficiente. É necessário que

haja também um controle ocular, isto é, a visão acompanhando os gestos da

mão. Chamamos A isto de coordenação óculo-manual ou viso-motora.

A coordenação óculo-manual se efetua com precisão sobre a base de

um domínio visual previamente estabelecido ligado aos gestos executados,

facilitando, assim uma maior harmonia do movimento. Esta coordenação é

essencial para a escrita.

Para Ajuriaguerra (in Condemarín e Chadwick, 1987), o

desenvolvimento da escrita depende de diversos fatores: manutenção geral do

sistema nervoso, desenvolvimento psicomotor geral em relação a tonicidade e

coordenação dos movimentos e desenvolvimentos da motricidade fina dos

dedos da mão.

Um dos aspectos que a experimentação doa corpo todo favorece é a

independência do braço em relação ao ombro, e a independência da mão e

dos dedos, fatores decisivos de precisão da coordenação viso-motora. A

escrita necessita desta Independência dos membros para se processar de

maneira econômica, sem cansaço, e para que o indivíduo consiga controlar a

pressão sobre os dedos (tônus muscular).

Experiências dinâmicas de lançar-pegar também são muito importantes

para a escrita, pois facilitam a fixação da atividade entre o campo visual e a

motricidade fina da mão e dos dedos, provocando uma maior coordenação

óculo-manual.

O ensino da escrita exige também certa coordenação global do ato de

sentar. A criança precisa adquirir uma postura correta para realizar os

movimentos gráficos no sentido de torná-la mais cômoda, mais relaxada. Além

disso, necessita adquirir uma dissociação e controle dos movimentos. É

fundamental que consiga também controlar a pressão gráfica exercida sobre o

lápis e o papel, para alcançar maior destreza e consequentemente maior

Page 16: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

15

velocidade no movimento. Isto é facilitado quando possui uma lateralidade bem

definida.

Condemarín e Chadwick (1987, p. 23) ressaltam também a importância

do desenvolvimento do freio dos movimentos (inibição voluntária), para

responder as exigências de precisão na forma das letras e a rapidez de

execução. Para elas, A "estes componentes do controle são resultados de

interações cinestésicas e visuais". O freio e a interrupção parecem depender

mais da cinestesia. O manter ou "retomar a direção depende mais da visão"

Estes autores afirmam que a escrita "constitui o resultado de uma

conjugação entre uma atividade Visual de identificação do modelo caligráfico e

uma atividade motora de realização do mesmo”. (p. 23)

André Rey relata que no momento de realizar uma ação, por exemplo,

traçar Linhas em zigue-zague, se produz mentalmente, com antecipação a

execução, uma medida visual da distancia e se realiza como uma execução

interior e mental do movimento a efetuar-se.

1.3 Esquema Corporal

Esquema corporal é a representação que cada um faz de si mesmo e

que lhe" permite orientar-se no espaço. Baseada em vários dados sensoriais

proprioceptivos e exteroceptivos, esta representação esquematizada é

necessária a vida normal e fica prejudicada por lesões do lobo parietal.

O esquema corporal pode ser considerado como uma intuição de

conjuntos ou um conhecimento imediato que temos do nosso próprio corpo,

seja em posição estática ou em movimento, em relação às diversas partes

entre si e, sobretudo, nas relações com espaço e os objetos que o circundam.

Esquema corporal é a integração das sensações relativas ao próprio

Page 17: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

16

corpo, em relação aos dados do mundo exterior.

A partir do momento que o indivíduo descobre, utiliza e controla o seu

corpo, o esquema corporal é estruturado e passa a ter consciência dele e de

suas possibilidades, na relação com meio ambiente em que vive. Vivenciar

estímulos sensoriais, para discriminar as partes do próprio corpo e exercer um

controle sobre elas, implica: a percepção do corpo, o equilíbrio, a lateralidade,

a independência dos membros em relação ao tronco e entre si, o controle

muscular e o controle de respiração.

Todas as experiências da criança (o prazer e a dor, o sucesso ou fracasso) são sempre vividas corporalmente se acrescentarmos valores sociais que o meio à ao corpo e a certas partes, este corpo termina por ser investido de significações, de sentimentos e de valores muitos particulares e absolutamente pessoais. (Vayer, 1984)

É através do corpo que a criança vai descobrir o mundo, experimentar

sensações e situações, expressar-se, perceber-se e perceber as coisas que a

cercam. À medida que a criança se desenvolve quanto mais o meio permitir,

ela vai ampliando suas percepções e controlando seu corpo e ampliando suas

possibilidades de ação.

O corpo é, portanto, o ponto de referência que o ser humano possui

para conhecer e interagir com mundo. Ele servirá de base para o

desenvolvimento cognitivo, para a aquisição de conceitos referentes ao espaço

e ao tempo, para um maior domínio de seus gestos e harmonia de

movimentos.

1.4 Imagem Especular

Trata-se da descoberta da criança de sua imagem no espelho, o que

se dá por volta dos seis meses de idade. Inicialmente a criança sente-se

supressa com a imagem que vê. Às vezes tenta pegar seu reflexo, sorri para

ele sem reconhecer que é sua própria imagem refletida.

Page 18: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

17

Ela vê a imagem do adulto que a sustem, sorri para ele e se volta

supressa quando este lhe falta. A representação que ela possui deste adulto

vai somando à imagem especular dele.

Aos poucos vai percebendo que o reflexo no espelho é uma

representação dela também e passa a se ver de forma global como um ser

único. Ela brinca com o espelho, faz careta, põe a mão na face, nos cabelos,

beija o espelho. Cada vez mais vai comparar o que Le Boulch (1984) chama de

reações posturas e gestuais com seu corpo sinestésico. Isto significa que ela

percebe o corpo e sente o mesmo que ela observa no espelho. Ela deve

compreender que está onde se sente e não onde se vê (Wallon).

1.5 Etapas de Desenvolvimento do Esquema Corporal

− Corpo vivido (até três anos de idade)

Corresponde á frase da inteligência sensório-motora de Piaget, Essa

etapa é dominada pela experiência vivida pela criança através da exploração

do meio. As descobertas são intensas nesta fase por sua atividade

investigadora e incessante. Seus primeiros movimentos que ela aprende a

mover-se (imitação).

Aos poucos, a criança vai se diferenciando do meio e no fim desta

etapa pode-se falar em imagem do corpo, pois o "eu" se torna unificado e

individualizado. Vemos, então, que parte de um estado de indiferenciação para

um estado de diferenciação.

− Corpo percebido ou descoberto (três a sete anos)

Corresponde á organização do esquema corporal devido á "função de

interiorização'". Lê Boulch define a função de interiorização como a

"possibilidade de deslocar sua atenção do meio ambiente para seu corpo

Page 19: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

18

próprio a fim de levar á tomada de consciência" À criança passa a aperfeiçoar e

refinar seus movimentos. Adquiridos uma maior coordenação dentro de um

espaço e tempo determinado.

Ela chega á representação mental dos elementos do espaço, descobre

sua dominância e com ela seu eixo corporal. Assimila conceitos como embaixo,

acima, direita, esquerda etc..., alem das noções temporais: o que vem antes,

depois, primeiros, últimos.

− Corpo representado (sete a doze anos)

Nesta etapa, observa-se a estruturação corporal, pois já apresenta a

noção do todo e das partes de seu corpo, conhece as posições e mantém um

maior controle e domínio corporal. A partir daí, ela amplia e organiza seu

esquema corporal.

No início desta fase, a imagem do corpo é estático e reprodutora, por

volta dos 10/12 anos a criança dispõe de uma imagem mental do corpo em

movimento efetuando e programando mentalmente suas aços (imagem de

corpo operatório), o que representa uma grande evolução das funções

cognitivas.

Nesta etapa, ocorre à descentralização do corpo, que não mais.

Criança que não apresentam consciência e conhecimento de seu corpo

pode experimentar dificuldades de percepção, controle e equilíbrio.

Apresentam confusão em localizar as partes de seu corpo, em perceber a

posição de seus membros, em orientar-se no espaço e no tempo, além da

dificuldade de coordenação dos movimentos, o que as torna lentas na

execução de atividades como abotoar uma roupa, andar de bicicleta, jogar bola

etc. Além disso, esta falta de conhecimento de sua presença no mundo pode

levar a uma dificuldade de contato com as pessoas e a um mau

desenvolvimento da linguagem.

Page 20: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

19

1.6 Imagem corporal

A imagem corporal diz respeito aos sentimentos dos indivíduos em

relação á estrutura de seu corpo como a bilateralidade, lateralidade, dinâmica e

equilíbrio corporal. As relações entre o corpo e os objetos situados no espaço

ao seu redor referem-se aos conceitos direcionais do indivíduo e á consciência

de si próprio e do desempenho do que ele cria no espaço.

Após a percepção global do corpo, vem a etapa de consciência de

cada segmento corporal. Esta se realiza de forma interna (sentindo uma parte

do corpo) e externa (vendo cada segmento em um espelho, em uma outra

criança ou em uma figura).

Ajuriaguerra (1972) entende que a evolução da criança é sinônima de

conscientização e conhecimento cada vez mais profundo do seu corpo, a

criança é o seu corpo, pois é através dele que a criança elabora todas as suas

experiências vitais e organiza toda a sua personalidade. A imagem de si

mesmo se constrói igual á forma que as demais estruturas mentais (pela

associação dos elementos cada vez mais coordenados e complexos.).

A sua imagem permite-lhe perceber como um eixo central (que se volta

para um lado e para o outro) seus dois demídios laterais: direito e esquerdo,

sentindo o domínio de um desses demídios e o estabelecimento correto da

lateralidade.

A ação da criança e a ação do outro são como atitudes que se

interpenetram e interpenetram interjustificam simultaneamente estímulo e

resposta. Na criança, a imagem do corpo depende, compreende e completa-se

na imagem do corpo do outro. O outro é para a criança o centro de suas

atenções e motivações. É para ele que a criança canaliza toda sua afetividade.

O objeto está para a estruturação sensório-motora assim como os outros estão

para estruturação afetiva.

A criança aprende a conhecer e a nomear as diferentes partes do seu

corpo, através de diversas modalidades e levando em consideração:

Page 21: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

20

§ Identificação da cabeça, das partes do rosto, do pescoço, do tronco,

dos membros inferiores e dos membros superiores em si, nos outros,

em objetos, em gravuras;

§ Representação mental e repetição verbal e mental, que seria a

introjeção;

§ Transposição nos outros, em objetos, em gravuras;

§ Transcrição: o introjetado é projetado através de habilidades manuais e

representações gráficas;

§ Conhecimento e consciência dos órgãos dos sentimentos, com suas

respectivas funções;

§ Conhecimento, consciência e educação respiração.

1.7 Lateralidade

A lateralidade é a propensão que o ser humano possui de utilizar

preferencialmente mais um lado do corpo do que em três níveis: mão, olho e

pé. Isto significa que existe um predomínio motor, ou melhor, uma dominância

de um1 dos lados. O lado dominante apresenta maior força muscular, mais

precisão e mais rapidez. È ele que inicia e executa a ação principal. O outro

lado auxilia esta ação e é igualmente importante. Na realidade os dois não

funcionam isoladamente, mas de forma complementar.

Guillarme (1983) introduz aqui o conceito de prevalência e faz uma

distinção entre este termo que para ele significa a freqüência de utilização de

um lado, com suas implicações psicológicas e sociais e o termo dominância

com implicações orgânicas e significando a relação entre a utilização

preferencial e o predomínio de um hemisfério cerebral.

Page 22: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

21

O tremo "dominância tende cada vez mais a ser substituído por

"hemisfério maior" porque o critério de dominância implica o controle das

funções de um hemisfério por outro". Entretanto, o termo continua sendo usada

para referir-se ao hemisfério cerebral esquerdo, que esta comprometido com as

funções da linguagem na maioria dos seres humanos.

A lateralidade demonstra ser um fato necessário para a aquisição da

estabilidade e do equilíbrio, com relação á linha vertical que divide o corpo, e

também para a aquisição de uma boa postura.

Muitas crianças chegam á idade escolar com problemas de

aprendizagem e precisam de assistência específica no treinamento da

lateralidade e da identificação dos lados direito e esquerdo, para que se possa

prevenir e eliminar sintomas tais como reversão, palavras fora de ordem e

escritas e espelhada. Sem esta ajuda, elas terão problemas não só com a

formação do esquema corporal, mas também com as relações espaciais.

A lateralidade é importante na evolução da criança, pois influi na idéia

que a criança tem de si mesma, na formação de seu esquema corporal, na

percepção da simetria de seu corpo, contribuindo para determinar a

estruturação espacial (percebendo seu eixo corporal).

Na lateralidade homogenia, a criança é destra ou canhota dos olhos,

mão, pé e ouvidos; na lateralidade cruzada a criança pode ser destra da mão e

do olho e canhota de pé e ouvidos (ou outra combinação); já que, na

ambidestria, a criança é tão forte do lado direito quando do esquerdo.

A consciência da lateralidade e da discriminação de direita e esquerda

nos auxilia a perceber os movimentos do corpo no espaço. A conselha-se a

não empregar os termos esquerdos e direitos sem que a lateralização esteja

bem definido

Page 23: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

22

1.8 Equilíbrio

Segundo Ajuriaguerra (1972) "o tônus que prepara e guia o gesto é

simultaneamente a expressão da realização ou frustração do indivíduo". O

tônus apresenta-se como uma tensão que regula e controla a atividade postural

como suporte do movimento.

Todos os movimentos se apóiam num estado de tensão que no fundo é

o meio pelo qual se torna possível o equilíbrio mecânico indispensável para

que possa acontecer a coordenação entre os movimentos dos vários

segmentos corporais, entre si e no seu todo. Assim, não pode haver movimento

sem atitude, também não pode haver coordenação de movimento sem um bom

equilíbrio, permitido o ajustamento do homem ao meio. É um dos sentimentos

mais nobres do corpo humano. À medida que ele cresce e evolui, o equilíbrio

torna-se cada vez mais fundamental e a sua base de sustentação (a seu

tamanho e a sua forma) imprescindível para sua manutenção. O equilíbrio pode

ser classificado de dois tipos:

§ Equilíbrio Estático: São movimentos não locomotores como, por

exemplo, ficar em pé, apenas com a ponta dos pés tocando o solo,

com elevação dos calcanhares e os pés unidos.

§ Equilíbrio Dinâmico: São movimentos locomotores como, por exemplo,

o andar em mancha normal sobre uma linha pré-delimitada.

Estruturação Espacial

A estruturação espacial não nasce com o indivíduo. Ela é uma

elaboração e uma construção mental que se opera através de seus

movimentos em relação aos objetos que estão em seu meio.

Fonseca (1998) vê o espaço bucal como o primeiro com que a criança

se defronta. A boca é o espaço mais próximo dos braços e é, portanto, o

Page 24: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

23

primeiro objeto de exploração, pois a sensação e o movimento estão

intimamente ligados.

Primeiro, a criança percebe a posição de seu próprio corpo no espaço.

Depois a posição dos objetos em relação a si mesma e, por fim, aprender a

notar as relações das posições dos objetos entre si.

Segundo Giacomim (1985), a exploração do espaço começa no

momento em que a criança consegue os primeiros movimentos voluntários e os

vai ampliando com a aquisição do engatinhar, da marchar e da verbalização. O

espaço humano é todo orientado no sentido esquerdo, direito, acima, abaixo,

longe e perto.

Para a criança assimilar os conceitos espaciais, precisa ter uma

lateralidade bem definida. A lateralidade é a base da estruturação espacial e é

através dela que uma criança se orienta no mundo que a rodeia.

A partir dos quatro anos, a criança é levada a torna consciência das

referências espaciais, tomando como base o seu próprio corpo.

As noções de orientação direito-esquerda e lateral constituem as

primeiras aquisições no domínio da estruturação espacial, promovendo uma

boa adaptação escolar no momento do aprendizado da leitura e da escrita, que

depende, em parte, da orientação espaço-temporal. Muitas desordens do

comportamento escolar reconhecem como causa inicial, uma perturbação

desta função.

Estruturação Temporal

Tanto quanto a estruturação espacial, a estruturação temporal também

não é um conceito inato. Deve ser construída e exige um trabalho mental da

criança que só conseguirá realizar quando tiver um desenvolvimento cognitivo

mais avançado.

O desenvolvimento da estruturação temporal na criança é importante.

Pois, por intermédio do ritmo é que ela terá uma boa orientação no domínio do

Page 25: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

24

papel, na escolarização, construindo palavras de forma ordenada e sucessiva

na utilização das letras, umas atrás das outras, obedecendo a certo ritmo e

dentro de um determinado tempo. Na comunicação oral, também estrutura os

sons das palavras diferenciando-os, aprendendo a ler com mais facilidade.

A percepção temporal permite, além da consciência e da interiorização

dos ritmos motores corporais, a percepção dos ritmos exteriores. Esta

passagem é indispensável para que a criança possa tomar conta de seus

próprios movimentos e organiza-los a partir da representação mental. Esta

última possibilidade só se realizará no estágio seguinte do desenvolvimento

psicomotor.

Os principais conceitos que as crianças devem adquirir são:

Simultaneidade

A simultaneidade é vivenciada inicialmente através do movimento, de

forma motora. São movimentos que, para serem realizados, têm que aparecer

junto. Por exemplo, um bebê que move seus braços e pernas juntas.

Ordem e Seqüência

Kephart (1986) denomina a seqüência como a disposição dos

acontecimentos em uma escala temporal, de modo que as relações de tempo e

a ordem dos acontecimentos evidenciem-se. As nossas atividades cotidianas

requerem uma sucessão de movimentos. Por exemplo, "Antes de dormir, "eu

"escovo o "dentes".

Uma criança pequena tem condições de perceber a ordem e a

seqüência de acontecimento, mas só aos 5 anos adquire a noção de seqüência

lógica. Uma pessoa precisa adquirir a noção de escola para assimilar as

noções de seqüência.

Duração dos intervalos

Os fenômenos que acontecem no tempo apresentam certa duração-

Page 26: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

25

tempo curto e tempo longo-e envolvem as noções de hora, minutos e

segundos, isto é, o tempo decorrido.

Uma criança pequena vive o que De Meur e Bucher(1978) chamam de

tempo subjetivo. Isto significa que o tempo é determinado pela sua própria

impressão e emotividade. Uma atividade que lhe dá prazer terá um tempo

menor e passará mais rapidamente (pois ela não verá o tempo passar), do que

uma que lhe seja desagradável.

A música está inserida no dia a dia de todo indivíduo, fazendo parte de

vários lugares do convívio das crianças. A criança já traz uma bagagem

musical que é adquirida dentro do habitat natural cabendo a escola adaptar e

desperta o gosto pela música.

Nós adultos, também vivemos este tempo subjetivo, mas não

perdemos de vista o outro tempo, o tempo matemático, sempre idêntico

representado pelo tempo objetivo. Este tempo é fundamental para uma maior

organização do mundo em que vivemos.

Renovação cíclica de certos períodos

É a percepção de que o tempo é determinado por dias (manhã, tarde e

noite), semanas, estações. Podemos fazer "junto com a criança associações,

por exemplo, com as estações do ano." Que roupa deve-se usar no inverno? E

no verão?

1.9 Ritmo

O ritmo é um dos conceitos mais importantes da orientação temporal.

O ritmo não envolver, porém, somente as noções de tempo, mas está ligado ao

espaço também. A combinação dos dois dá origem ao movimento. È por isto

que se diz que o ritmo deve ser vivido corporalmente. "O ritmo não é

Page 27: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

26

movimento, mas o movimento é meio de expressão do ritmo". (Defontaine.v. 4,

p. 206)

O homem se insere no tempo segundo sua "realidade psicossomática".

Isto significa dizer que os fenômenos auditivos, táteis, visuais, biológicos,

sinestésico estão constantemente interferidos em sua percepção de tempo.

Temos um relógio corporal do qual não tomamos conhecimento

O ritmo pode ocorrer em várias áreas de nosso comportamento.

Kephart (1986) distingue três tipos de ritmos: motor, auditivo e visual.

Ritmo motor: está ligado ao movimento do organismo que se realiza

em um intervalo de tempo constante. Andar, nadar e correr são exemplo de

ritmo motores. È uma condição necessária que a criança possua anteriormente

uma coordenação global dos movimentos para que estes se tornem ritmados.

Ritmo auditivo: Normalmente é trabalhado em associação com algum

movimento, pois muitas crianças não percebem os ritmos auditivos. Por esta

razão, as escolas associam os dois e pedem para as crianças cantarem,

dançarem, tocarem alguns instrumentos.

Ritmo visual: Envolve a exploração sistemática de um ambiente visual

muito amplo para ser incluídos no campo visual em uma só fixação. A criança

precisa desenvolver uma transferência espaço-temporal. Muitas vezes seus

olhos não lêem com ritmo constante, isto é, uma palavra atrás da outra. Eles se

fixam em um determinado ponto e não acompanham a fluidez do texto, não

percebem a sucessão de elementos gráficos contidos nele e que são

traduzidos em elementos sonoros, comprometendo assim a ritmicidade da

leitura.

Na escrita, também verificamos o ritmos quando a criança respeita os

espaços entre as palavras e quando consegue ordenar as letras dentro da

palavra e as palavras nas frases. Uma letra deve suceder a outra. A pontuação

e a entonação que acompanham uma leitura e uma escrita são conseqüências

das nossas habilidades rítmicas.

Page 28: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

27

Segundo De Meur e Stae (op.cit.p. 17) o ritmo envolve, pois, a noção

de ordem, de sucessão, de duração e de alternância.

Fonseca(1988, p.276) analisa a diferença que existe entre uma gnosia

e uma praxia do ritmo: "A gnosia do ritmo é a capacidade de interiorização da

sucessão de sons e a assimilação dos fatores temporais elementares. (...) A

apraxia do ritmo é a capacidade de evolução dos fenômenos temporais com

domínio da sucessão dos elementos constituintes de uma estrutura rítmica

homogênea."

O ritmo permite, também, uma maior flexibilidade de movimentos, um

maior poder de atenção e concentração, na medida em que obriga a criança a

seguir uma cadência determinada. Um outro fator fundamental é a aquisição de

automatismos elementares. A percepção da alternância de tempos fortes e

fracos leva á percepção do relaxamento e das pausas. Os exercícios de andar,

por exemplo, levam á materialização da sucessão temporal e suas variações

(Picq e Vayer, op. cit., p.39).

Lê Boulch (1984, p.182) afirma que: "A associação do canto e do

movimento permite á criança sentir a identidade rítmica, ligando os movimentos

do corpo aos sons musicais".

Estes sons musicais cantados são ligados á própria respiração da

criança. A atividade psicomotora não tem por objetivo fazer a criança adquirir

os ritmos, senão favorecer a expressão de sua motricidade natural, cuja

característica essencial é a ritmicidade.

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28

CAPÍTULO II

O LÚDICO ASSOCIADO A PSICOMOTRICIDADE

O lúdico é a psicomotricidade guardam entre si estreitas correlações,

pois os fins da educação concretizam-se, na prática pedagógica, pela busca

permanente da coerência entre os objetivos explicitados e o como torna-los

realidade concreta no cotidiano escolar de cada criança. Assim, o caminho

para se atingirem os fins expressa-se no método, elemento essencial à

operalização teórica, mas, principalmente, como aplicação realista, de forma

prazerosa.

2.1 Dificuldade de aprendizagem

As crianças com dificuldades de aprendizagem representam um grupo

sem déficit lingüístico, apenas com dificuldades que refletem problemas de

ordem político-educacional e sócio-cultaral, ou seja, um atraso simples de

leitura. Grupo não elegível para o tratamento fonoaudiológico.

Os exemplos de variação lingüística podem ser identificadores do

falante, seja através de marcas que explicitem o seu estarto social (Flamengo-

Framengo), sua origem regional (menino - mininu) ou o estilo que busca

(dependendo do contexto) ou o estilo que busca (dependendo do contexto).

Os problemas pedagógicos ou emocionais primários são: mudança

freqüente de escola ou de professor, metodologia inadequada, fracasso escola

com sintoma familiar, etc.

Page 30: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

29

2.2 Transtornos Específicos de Leitura e Escrita

(dislexia/disortografias)

Estes transtornos apontam para dificuldades fonológicas que interferem

na leitura e na escrita intervindo na escolaridade, favorecendo a criação de

estratégias compensatórias. Este grupo necessita de estimulação

fonoaudiológico.

Pode-se caracterizar de modo mais abrangente a dislexia, abarcando o

problema da disortografias e conceituando-a como:

§ O termo é aplicável a uma situação onde a pessoa é incapaz de

ler/escrever com a mesma facilidade com que lê/escrevem seu iguais;

§ Conjunto de sintomas reveladores de uma possível (mas não

confirmada disfunção neurológica, geralmente hereditária);

§ Afeta a aprendizagem de leitura num contínuo que se estende sintoma

leve ao severo;

§ É freqüentemente acompanhada de transtornos na aprendizagem da

escrita, ortografia, gramática e redação;

§ Afeta meninos numa proporção maior que meninas.

Ellis (1984) mostra que muitas pessoas com dislexia são capazes de

compreender tão bem como qualquer outra pessoa, desde que ele consiga ler

corretamente o texto.

Page 31: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

30

2.3 Transtorno Global de Aprendizagem/Distúrbios de

Aprendizagem

Distúrbio de aprendizagem é uma expressão geral que se refere grupo

heterogêneo de distúrbios, manifestados por dificuldades significativas na

aquisição e no uso de capacidades de atenção, fala leitura, escrita, raciocínio

ou habilidades matemáticas. Estes distúrbios são intrínsecos aos ao indivíduo,

supostamente devido a uma disfunção do sistema nervoso central, e podem

ocorrer ao longo da duração da vida. Problemas em comportamentos auto-

reguladores. Percepção social e interação social podem coexistir com

distúrbios de aprendizagem posam ocorrer concomitantemente com outras

condições incapacitastes (por exemplo, prejuízo sensorial, retarda mental,

distúrbio emocional grave), ou com influências extrínsecas (como diferenças

culturais, instrução insuficiente ou inadequada), eles não são decorrentes

destas condições ou influências.

Os distúrbios de aprendizagem englobam problemas de linguagem

mais amplos com déficits de compreensão que refletem a aprendizagem. O

baixo rendimento escolar é atribuído a fatores intra-individuais e não externos.

Observa-se persistência de distúrbios ao longo da vida. Deve ser realizada

estimulação fonoaudiológica.

Moares (1998) refere que os distúrbios de aprendizagem manifestam-

se como dificuldade para integrar os elementos simbólicos percebidos na

unidade de uma palavra ou uma frase, qualquer que seja o tipo de mecanismo

utilizado nessa integração. Essa dificuldade atinge, em diversos graus, a

leitura, a escrita, a ortografia, o cálculo e, geralmente, incidem no diagnostico

de criança com problemas de adaptação.

Gerber afirma que a aquisição da leitura e da escrita faz parte de um

processo lingüístico complexo e, portanto, elas não podem ser consideradas de

forma isolada, mas fazendo parte de uma deficiência na estrutura e

Page 32: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

31

organização da linguagem em geral.

Myklebust e Johnson (1967) concluíram que os distúrbios de

aprendizagem estão relacionados á linguagem. Então partiram para a

descrição dos processos de aprendizagem verbal e não verbal, que incluem

também sensação. Percepção, imagem (memória). Simbolização e

conceituação, com a possibilidade de distúrbios em qualquer nível. Os

distúrbios poderiam ser "intraneurossensoriais", como no caso do sistema

auditivo, ou "interneurossensoriais", como nas dificuldades de integração entre

funções de sistema diferentes.

Hirsch, Jansky e Langsford ( 1965) relacionaram problemas iniciais de

processamento de linguagem (receptiva e expressiva) com fracasso posterior

na leitura.

Hirsch afirmou que competências lingüísticas e cognitivas, em vês de

percepção, foram essenciais para o desempenho da leitura e da escrita.

Kershner (1983) associou o distúrbio de aprendizagem, relacionado á

linguagem, a inadaptação dos recursos necessários ao processamento

simultâneo de informações lingüísticas entre os dois hemisférios.

Goleman (1996) salienta a relação entre a inteligência e as emoções

em sua obra sobre "Inteligência Emocional". Para ele o quociente emocional

pode ser comparado ao intelectual, embora sendo independente, pelo poder

das emoções de perturbar o próprio pensamento do indivíduo. O autor refere

que "o córtex pré-frotal é a região do cérebro responsável pela memória

funcional, que é fundamental para as aprendizagens escolares. Essa área é

ligada, por circuito, ao cérebro límbico, que pode ser chamado de cento das

emoções. Isso significa que os sinais de forte emoção, ansiedade, ira e afins,

através dos circuitos, que circulam de uma área á outra, podem criar a estática

neural, sabotando a capacidade do lobo pré-frotal de manter a memória

funcional."... “Porque a continua perturbação emocional cria deficiência nas

aptidões intelectuais da criança, mutilando a capacidade de aprender".

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32

2.4 Perturbações psicomotoras que afeta a aprendizagem da

criança

§ Perturbações do Esquema corporal

Existem crianças que têm um conhecimento pobre de seu corpo. Para

elas a representação e nominação das diferentes partem de seu corpo são

muitas vezes difíceis. Não localizam ou confundem essas partes. Não

percebem a posição de seus membros e consequentemente seu desenho da

figura humana torna-se pobre.

Segundo De Meur ( 1984, p.32), "Excetuando-se os casos referentes a

problemas motores ou intelectuais, todas as perturbações na definição do

esquema corporal são de origem afetiva"

Elas podem, também podem representar dificuldade em se locomover

em um espaço predeterminado e em situar-se em um tempo, pois o esquema

corporal está intimamente ligando á orientação espaço-temporal.

Ajuriagerra (in Fonseca, 1998, p. 65) afirma que: "sem o verdadeiro

conhecimento do corpo e investimento sobre o mundo dos objetos e das

pessoas, não se atinge, consequentemente, a linguagem".

Outro sintoma de esquema corporal mal estabelecido pode se visto

quando a criança se confunde em relação ás diversas coordenadas de espaço,

como em cima, em baixo, ao lado, linha horizontais, verticais; também não

adquiri os sentidos de direção devido a confusões entre direita e esquerda.

Na escrita, por exemplo, pode não se dispor bem e nem obedecer aos

limites de uma folha, não conseguir trabalhar com vírgulas, pontos, nem armar

corretamente conta de somar.

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33

§ Perturbações da Lateralidade

O problema reside quando uma pessoa apresenta lateralidade cruzada

ou é mal lateralizada, o que pode resultar e muitos efeitos negativos, tais como:

§ Dificuldade em aprender os conceitos esquerdos e direitos. Deve-se

aqui fazer uma dentição entre lateralidade como domínio de um dos

lados do corpo e como conhecimento das noções de direita e

esquerda.

Sengundo De Meur e Staes 1984, p. 13): A "O conceito estável de

esquerda e de direita só é possível ao 5 ou 6 anos e a reversibilidade

(possibilidade de reconhecer a mão direita ou a mão esquerda de uma pessoa

á sua frete) não pode ser abordada ante do 6 ano, 6 anos e meio".

§ Dificuldade em aprender a direção gráfica.

§ Comprometimento na leitura e escrita. Ou ritmo da escrita pode ser

mais lento. A escrita torna-se muitas vezes ilegível e mesmo especular.

§ A má postura pode resultar em desestímulo decorrente do esforço que

precisa fazer para escrever.

§ Dificuldade de coordenação motora fina, isto é, há uma probabilidade

de maior imprecisão dos movimentos finos.

§ Dificuldade de discriminação visual: a criança pode apresentar

confusão nas letras de direções diferentes como d, b, p, q.

§ Perturbações afetivas que podem ocasionar reações de insucessos

faltam de estimulo para escola, baixa, alto-estima.

§ Dificuldade de restruturação espacial, pois esta faz parte integrante da

lateralização. A lateralização é a base da estruturação espacial e é

através dela que uma criança se orienta no mundo que a rodeia.

§ Aparecimento de maior número de sincinesias.

Page 35: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

34

A sincinesias é o comprometimento de alguns músculos que participam

e se mover, sem necessidade, durante a execução de outros movimentos

envolvidos em determina ação. É involuntária e geralmente inconsciente.

Normalmente uma criança de até 5 anos apresenta sincinesias,

havendo uma diminuição aos 7 e ou desaparecimento aos 10 anos. As

sincinesias

Perturbações na Estruturação Espacial

Muitas dificuldades podem advir de má integração espacial, como por

exemplo:

§ Limitação de seu desenvolvimento mental e psicomotor.

§ Crianças tolhidas em suas experiências corporais e espaciais e que

não têm oportunidade manipular os objetos ao se redor.

§ Crianças que não conseguirão estabelecer a dominância lateral e nem

assimilarão as noções de direita e esquerda através da internação do

se eixo corporal.

§ Insuficiência ou déficit da função simbólica. A criança é capaz de

associar termos abstratos como direita e esquerda, puramente

convencionais, ao que sente nível proprioceptivo.

§ Dificuldade de representação mental das diversas noções.

§ Ás vezes, conhecem os termos espacial, mas não percebem as

posições, colocando em sua própria aprendizagem, pois não

discriminam as direções das letras. Ex.: "m" e "u" e "ou" e"on", "b" e

"9,"b e"d","p" e "q", "15" e 51, etc.

§ Algumas crianças não têm memória espacial, "esquecem", ou

confundem os significados dos símbolos representados pela letra

gráfica.

Page 36: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

35

§ A falta de organização espacial é muito encontrada em adultos que

constantemente esbarram em objetos.

§ Não obedece aos limites de uma folha acumulando palavras ao sentir

que a folha vai acabar reversibilidade e transposição (conseguida aos 8

anos somente). Ex.: 8+5+=3+10.

§ Dificuldade e organizar seus números em fileira (dezenas, centena e

milhar).

Perturbação na Estruturação Temporal

As principais dificuldades que podem advir de uma má orientação

temporal são:

§ Dificuldade em perceber os intervalos de tempo, isto, é não percebe os

espaços existentes entre as palavras.

§ A criança pode apresentar confusão na ordenação e sucesso dos

elementos de uma sílaba, ou seja, não percebi o que é primeiro e o que

é o último, não se sinta antes e depois.

§ Dificuldade na retenção de uma série de palavras dentro da sentença e

de uma série de idéias dentro de uma história.

§ Pode haver falta de padrão rítmico constante.

§ Dificuldade na organização do tempo. A criança não prevê suas

atividades e, muitas vezes, não tem noção de horas e minutos.

§ Uma organização espaço-temporal inadequada pode provocar também

um fracasso em matemática, pois os alunos precisam ter noções de

fileira e coluna para organizar os elementos de uma soma.

§ Podem apresentar também má utilização dos termos verbais. "A

"criança deve saber distinguir:" Ontem eu fui ao cinema." De "Amanhã

irei ao...".

Page 37: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

36

§ Dificuldades na representação mental sonora. Os alunos se esquecem

da correspondência dos sons com as respectivas letras que os

representam, especialmente durante os ditados.

§ Quando a criança desenvolveu as estruturas espaciais, mas não tem

ainda as temporais, torna-se uma "repetidora de palavras".

Compreende muito mal o conteúdo. A escrita também fica

comprometida, apresenta inversões, adições e omissões.

§ Quando a criança é organizada no tempo, mas não no espaço, torna-

se uma "leitora pobre", demora muito para ler e, portanto, fica muito

dependente do contexto. "Ela odeia ler, mas assimila um vasto número

de informações auditivas, as quais podem manipular com grande

facilidade. Seqüências complexas não lhe causam problemas, mas

exibições visuais simples frustram-na". (Kephartj p. 156).

Com o objetivo de diagnosticar possíveis transtornos que dificultam a

aprendizagem e ao mesmo tempo indicar caminhos para uma educação de

qualidade para todos, apontam se alguns pressupostos básicos da ação

pedagógica, nascidos de questões significativas, que impedem muitas vezes a

criança de chegar ao conhecimento é que chegamos as principais dificuldades

estudadas neste capítulo, redimensionando a prática do professor para atingir

seus objetivos.

Page 38: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

37

CAPÍTULO III

JOGOS E BRINCADEIRAS

Os jogos e as brincadeiras são mais que simples diversão, dentro da

escola. São tão necessários para estruturação da personalidade humana

quanto a lógica formal das estruturas cognitivas, sendo revelador da

personalidade do jogador, cheio de simbolismo que dá sentido á própria ação,

reforça a motivação e possibilita a criação de novas ações.

3.1 A importância da brincadeira e o jogo

"Viver o lúdico é viver o momento, o presente, o agora". E esse não

representa o passado ou preparação para o futuro.

A criança estrutura e constrói seu mundo interior e exterior a partir do

potencial lúdico, através da brincadeira ela expressa o que teria dificuldades de

traduzir em palavras. O ato de brincar gera oportunidades de escolha entre os

múltiplos tipos de brinquedos e as brincadeiras que a ajudam a criança a

estruturar a capacidade de raciocínio e adquirir flexibilidade no contato com o

mundo, dado asas á fantasia e á sua criatividade.

Libermam (1978) afirma que o lúdico parece ser fato um traço da

personalidade ou ter influência marcante na sua construção. As manifestações

lúdicas do indivíduo sofrem bloqueios, com péssimas conseqüências na sua

vida de relação, na sua alegria, senso de humor e espontaneidade.

A brincadeira pode ser considerada como um meio pelo qual a criança

efetua suas primeiras realizações, que através do prazer, ela expressa a si

própria e as suas emoções e fantasias.

Page 39: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

38

O brincar, numa perspectiva sociocultural, define-se por uma maneira

que as crianças tem para interpretar e assimilar o mundo, os objetos, a cultura,

as relações e o afeto das pessoas. Por Causa disso, transformou-se no espaço

característico da infância para experimentar o mundo adulto sem riscos, como

participante responsável.

Nenhuma criança brinca para passar o tempo como, muita vezes, o

adulto imagina e, justamente por não saber interpretar o brincar da criança e

fazer uma leitura de suas manifestações lúdicas, o adulto perde a grande

oportunidade de penetrar no seu mundo e compreender o verdadeiro sentido

de brincar.

Vygotshy (1984, p.115) refere que,

A aprendizagem resulta no desenvolvimento das funções superiores, mediante a apropriação e intenalizarão de signos e instrumentos num contexto de interação. A aprendizagem humana pressupõe uma natureza social específica e um processo mediante o qual as crianças têm acesso á vida intelectual e afetiva daqueles que o rodeiam.

O jogo faz com que a criança se envolva com o que está fazendo,

colocando seu sentimento e emoção através da ação.

O jogo integra os aspectos mores, cognitivos, afetivos e sociais e seria

muito interessante todos os profissionais a área e o professor criarem

oportunidades para que a motivação permita aos alunos participarem

ativamente do processo ensino- aprendizagem.

3.2 alguns jogos e brincadeiras associadas ao lúdico

As dinâmicas citadas abaixo foram retiradas dos livros Jogos de salão

(Civitate, 1998/0 e Novas dinâmicas para grupos (Miranda, 2002).

§ Quem não dançar "dança"

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39

O grupo deverá dançar conforme o ritmo da música serão vários ritmos

e estilos, e quando o tp. Der "pause", deverão dizer a última frase cantada

(letra e melodia).

Objetivos: Estimular a percepção auditiva, atenção e memória auditiva,

ritmo, coordenação motora global, esquema corporal, lateralidade equilíbrio.

§ Formação de figuras geométricas

Cada criança estará sentada numa cadeira com os olhos vendados,

cada uma receberá uma folha de jornal, desta forma formarão figuras

geométricas rasgando o jornal comas mão, formando, por exemplo, círculo,

quadrado, triângulo e retângulo.

Objetivos: Estimular a coordenação motora fina, estruturação espacial

e lateralidade.

§ Trabalhando com os pés

O grupo estará sentado no chão com as mãos voltadas para trás e

joelhos semiflexionados á frete do corpo. Cada participante receberá uma folha

de jornal, somente com os dedos dos pés deverão amassar o jornal, e depois

disso, tentar abrir a folha de jornal com os dedos dos pés. Neta atividades há

apoio visual.

Objetivos: Estimular a coordenação motora fina, óculo-pedal, equilíbrio

e lateralidade.

§ Formando palavras

O terapeuta colora em cada criança dois cartões (tamanho A4), cada

cartão terá uma letra, um cartão ficará na frente (no peito) e o outro atrás(nas

costas) da criança. Cada criança deverá memorizar a letra que está na frente e

atrás de seu corpo. Quando o terapeuta disser a palavra, as crianças comas

respectivas letra estarão dispostas em fileira para formar a palavra. Algumas

estarão de frente e outras de costas em fileira de acordo com seqüência de

Page 41: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA APRENDIZAGEM ASSOCIADA A

40

letras da palavra pedida.

Objetivos: Estimular a estruturação espacial e temporal, esquema

corporal, lateralidade, atenção e memória auditiva e segmentação fonêmica,

por exemplo, /casa/->/c/-/s-/a/.

§ Fabricação de bonecos

Cada participante receberá folhas de papel ofício, massinha de

modelar, cola lápis de cor, canetinha, palito de picolé, tampas de garrafa: “pet",

tesoura, pedaços de tecidos, etc. Cada um formará seu boneco de acordo com

a sua criatividade.

Objetivos: Estimular o esquema corporal, a lateralidade, coordenação

motora fina e óculo-manual, estruturação espacial e temporal.

§ Bola de Jornal

A criança receberá uma folha de jornal e formará uma bola. A criança

deverá andar com a bola de jornal no pé, não poderá deixá-la cair.

Objetivos: Estimular o equilíbrio, a coordenação motora fina e óculo-

manual, o esquema corporal e lateralidade.

§ Atenção ao comando

A criança estará sentada no chão com os olhos vendados. O terapeuta

colocará diversos objetos ao redor da criança. "A criança deverá estar atenta

aos comandos do terapeuta, por exemplo, "Pegue o lápis á sua direita", Pegue

o apontador á sua esquerda, um pouco mais para trás".

Objetivos: Estimular a atenção e memória auditiva, a lateralidade e a

estruturação espaço-temporal.

§ Nó humano

O grupo com o máximo de 15 pessoas fica em círculo, ombro a ombro,

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41

com os braços esticados para frente. Deve-se ter o cuidado de não pegar nas

mãos da mesma pessoa e não pegar nas mãos dos colegas que estão ao seu

lado, todos os integrantes do círculo ficam de mão dadas. A tarefa será

desfazer o nó humano.

Objetivos: Trabalhar a coordenação motora global, a lateralidade e a

estruturação espacial.

§ Figuras humanas

O grupo receberá diverso recortes de revistas de figuras humanas. A

figura pode ser somente o rosto ou o corpo inteiro. Cada criança deverá montar

a sua figura. Além de montar, a criança também poderá imitar a figura, ou seja,

a posição da cabeça, dos braços, das pernas, das mãos e dos pés, etc.

Objetivos: Trabalhar o esquema corporal, a lateralidade, estruturação

espacial e coordenação óculo-manual.

§ O espelho

Formam-se dois grupos em fila frente a frente. Um grupo será

encarregado de fazer movimentos com o corpo, gestos, caretas, etc; e o outro

será seu espelho (imitará tudo como fosse espelho).

Objetivos: Trabalhar o esquema corporal, a lateralidade, coordenação

motora global e estruturação espaço-temporal.

§ Jogo do coelho

O grupo deve estar de pé. O terapeuta explica que quando ele disser:

"Pum!", todos devem colocar o dedo polegar numa orelha e abanar o resto da

mão como se fosse uma orelha de coelho. Quando disser Pum, pum!"". Todos

devem cair sentados no chão. Quando disser Pum, pum, pum!"". Todos devem

pular feito coelho com as mãos sobre a cabeça abanando-as no ar.

Objetivos: Trabalhar a coordenação motora global, o equilíbrio, o

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esquema corporal e a lateralidade.

§ Passeio de carruagem

O grupo deve ficar atento á explicação da atividade e durante a leitura

do texto. Cada participante será um personagem com respectivo número de

palmas. Quando o terapeuta disser carruagem todos baterão três palmas.

Segue-se abaixo o n°. de palmas para cada personagem (este n°. sofrerá

variações de acordo com a quantidade de participantes).

Personagens: Cocheiro (1 palma), cavalo (2 palmas), mordomo (4

palma), portão (5 palmas).

O cocheiro sobe na carruagem para buscar o rei e a rainha. Os cavalos

relincham várias vezes, mas seguem o trajeto, a carruagem pára, cocheiro

desce e vai até o portão. O portão diz "pom, pom, pom", o mordomo abre o

portão, um grande portão de ferro. O mordomo pergunta ao cocheiro o que ele

deseja, e cocheiro reponde: "A carruagem já está pronta."; o mordomo fecha o

portão e vai até o rei e a rainha, e diz: "Suas majestades, a carruagem está

pronta". O rei e a rainha respondem: "já estamos indo", e o mordomo muito

gentil responde: "para as minhas altezas desejo um bom dia e um belo passeio

de carruagem".

Objetivos: Estimular o ritmo, a estruturação espaço-temporal, atenção e

memória auditiva.

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CONCLUSÃO

Vale ressaltar neste trabalho casos em que o aluno é rotulado como

possuidor de um distúrbio de aprendizagem pela escola ou por um

"especialista", onde na verdade, apenas apresenta uma dificuldade no

processo ensino-aprendizagem, estas diferenças foram abordadas no segundo

capítulo para que não venham a prejudicar ainda mais a criança no âmbito

escolar, social e afetivo.

Não adianta somente discutirmos os porquês das dificuldades de

aprendizagem. É preciso propor caminhos que possam se não solucionar, pelo

menos diminuir alguns destes problemas que são tão dolorosos para a criança-

como ver suas chances diminuídas por problemas que muitas vezes são

alheios a ela.

A escola tem na pessoa do professor, papel importantíssimo neste

processo de aprendizagem, buscando conhecimentos que ajudem a elucidar

problemas diagnosticados no decorrer do caminho percorrido pelo aluno.

Portanto, a psicomotricidade associada ao lúdico é uma arma

indispensável para alcançarmos uma educação de qualidade e para todos,

partindo sempre do pressupostos que todos são capazes e podemos atingir

nossos objetivos.

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