o ensino da história e cultura do negro bantu professor

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1 O CANDOMBLÉ DE TRADIÇÃO BANTU ANGOLA APLICADO NO ENSINO BRASILEIRO COM BASE NA LEI 10.639/2003/PR JEUSAMIR ALVES DA SILVA Jeusamir Alves da Silva ( Tata ia Mukisi Anange) 1 RESUMO Na luta pela inclusão e visibilidade do Candomblé de Tradição Bantu Angola no ensino brasileiro, com base na lei 10.639/2003/PR, surge à necessidade de elaborar este artigo científico para divulgar este tema, através da academia. Por tratar-se de um assunto pouco pesquisado na área de educação dividiu-se o tema em aulas teóricas e práticas, como sugestão ao professor, quando da confecção e aplicação de aulas futuras, com o propósito de despertar a atenção do aluno. O conteúdo curricular foi calcado no referencial teórico ofertado por autores especialistas em temas afrobrasileiros. De um lado Nina Rodrigues (1976), o pioneiro sobre o estudo do negro no Brasil, com sua obra impregnada de Darwinismo social, rotulando os negros bantu como inferiores aos sudaneses, seguido de perto por Arthur Ramos (1934). Do outro, Gilberto Freyre (2006), Ney Lopes (2012), Alaôr Scisínio (1997), Reginaldo Prandi (1991), Luis Mott (1997), Sérgio Paulo Adolfo (2010) e Alfredo Ângelo (2010), em defesa da História e Cultura do povo bantu. O resultado alcançado foi a apresentação de aulas práticas e teóricas extremamente interessantes. Com o comprometimento, relativismo e criatividade de cada professor, elas tornarão o ensino da Religião Candomblé de Tradição BantuAngola, cada vez mais participativas. E com isso, em um futuro próximo, não será surpresa ver este tema discutido, fluentemente, pelos pátios e corredores das escolas, nas igrejas e sinagogas. Além disso, desmistificará a rotulação de seita demoníaca, afastando de uma vez por todas, o fantasma da extinção que ronda esta religião. Palavras-chave: Ensino. Professor. Aluno. Candomblé. Bantu Angola. Introdução Esta produção acadêmica tem por finalidade a inclusão e divulgação do ensino do Candomblé de Tradição Bantu Angola. Com a criação da lei 10639/2003/PR, que obriga o ensino da História do negro na África e no Brasil surge, também, por parte de alguns professores, uma relutância em cumpri-la. Dentre os argumentos mais comuns destacam-se: Como ensinar o que não foi ensinado na faculdade? Sou evangélico e não vou ensinar macumba na minha sala! Para que incluir mais “isso” na grade curricular? 1 Pós graduação em “História e Cultura Afro-Brasileira” pela UCAM. Pós Graduação em Ensino de História pela UCAM. Pós Graduação em Ciências da Religião pela UCAM. Graduado em História pela UNOPAR, Extensão universitária “O POVO BANTU pela UERJ. Presidente Nacional da CNCACTBB (Confederação Nacional dos Candomblés de Angola e dos Costumes e Tradições Bantu no Brasil). Presidente da CRBNDM (Casa Raiz do Benge NGola Djanga ria Matamba). Liderança Nacional Religiosa do Candomblé Bantu Angola.

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O CANDOMBLÉ DE TRADIÇÃO BANTU ANGOLA APLICADO NO ENSINO

BRASILEIRO COM BASE NA LEI 10.639/2003/PR

JEUSAMIR ALVES DA SILVA

Jeusamir Alves da Silva ( Tata ia Mukisi Anange)1

RESUMO

Na luta pela inclusão e visibilidade do Candomblé de Tradição Bantu Angola no ensino brasileiro, com base na

lei 10.639/2003/PR, surge à necessidade de elaborar este artigo científico para divulgar este tema, através da

academia. Por tratar-se de um assunto pouco pesquisado na área de educação dividiu-se o tema em aulas teóricas

e práticas, como sugestão ao professor, quando da confecção e aplicação de aulas futuras, com o propósito de

despertar a atenção do aluno. O conteúdo curricular foi calcado no referencial teórico ofertado por autores

especialistas em temas afrobrasileiros. De um lado Nina Rodrigues (1976), o pioneiro sobre o estudo do negro no

Brasil, com sua obra impregnada de Darwinismo social, rotulando os negros bantu como inferiores aos

sudaneses, seguido de perto por Arthur Ramos (1934). Do outro, Gilberto Freyre (2006), Ney Lopes (2012),

Alaôr Scisínio (1997), Reginaldo Prandi (1991), Luis Mott (1997), Sérgio Paulo Adolfo (2010) e Alfredo Ângelo

(2010), em defesa da História e Cultura do povo bantu. O resultado alcançado foi a apresentação de aulas

práticas e teóricas extremamente interessantes. Com o comprometimento, relativismo e criatividade de cada

professor, elas tornarão o ensino da Religião Candomblé de Tradição BantuAngola, cada vez mais participativas.

E com isso, em um futuro próximo, não será surpresa ver este tema discutido, fluentemente, pelos pátios e

corredores das escolas, nas igrejas e sinagogas. Além disso, desmistificará a rotulação de seita demoníaca,

afastando de uma vez por todas, o fantasma da extinção que ronda esta religião.

Palavras-chave: Ensino. Professor. Aluno. Candomblé. Bantu Angola.

Introdução

Esta produção acadêmica tem por finalidade a inclusão e divulgação do ensino do

Candomblé de Tradição Bantu Angola. Com a criação da lei 10639/2003/PR, que obriga o

ensino da História do negro na África e no Brasil surge, também, por parte de alguns

professores, uma relutância em cumpri-la. Dentre os argumentos mais comuns destacam-se:

Como ensinar o que não foi ensinado na faculdade?

Sou evangélico e não vou ensinar macumba na minha sala!

Para que incluir mais “isso” na grade curricular?

1 Pós graduação em “História e Cultura Afro-Brasileira” pela UCAM. Pós Graduação em Ensino de

História pela UCAM. Pós Graduação em Ciências da Religião pela UCAM. Graduado em História pela

UNOPAR, Extensão universitária “O POVO BANTU pela UERJ. Presidente Nacional da CNCACTBB

(Confederação Nacional dos Candomblés de Angola e dos Costumes e Tradições Bantu no Brasil).

Presidente da CRBNDM (Casa Raiz do Benge NGola Djanga ria Matamba). Liderança Nacional

Religiosa do Candomblé Bantu Angola.

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Fica, então, a incógnita de como promover o ensino de mais uma religião de matriz

africana e a sua cultura em meio a tantos obstáculos. Só que para a perplexidade da maioria,

“isso” ou essa cultura e religião, rotulada por Nina Rodrigues como paupérrima e sem mitos

cosmogânicos, convive conosco, desde a colonização e, é a vertente negra responsável, junto

com o índio e o português, pela construção da nossa língua e formação do nosso país.

Pode-se problematizar questões como: qual a vertente negra que chegou primeiro?

Quais países africanos comandaram essa diáspora? Por quê uma religião absorveu os rituais

de outra. Tudo isso, graças às evidências encontradas nas concordâncias e discordâncias entre

os autores e pesquisas recentes realizadas por acadêmicos e a oralidade sacerdotal. No caso da

religião que absorve os rituais de uma outra, afirma Bastide (1975).

[...] quando duas religiões entram em contato, ou produzir-se-á uma estratificação

religiosa – uma das duas religiões sendo considerada a única verdadeira, a outra

sendo rejeitada ao domínio dos cultos misteriosos ou da magia sinistra – ou tentar-

se-á estabelecer equivalência entre os deuses, colocá-los num mesmo nível de

valorização. (BASTIDE, 1975, p. 383).

Fica, então, bem perceptível ser o ensino da história e cultura do negro bantu o

objetivo central deste trabalho. Mas, a palavra ensino conduz a dois atores

importantíssimos nesse palco histórico, o professor e o aluno. Por tratar-se de um tema

descartado por historiadores pioneiros, surge a necessidade imediata de preencher essa

lacuna histórica de quase quinhentos anos. Como fazer? Muito simples,

instrumentalizando e capacitando os docentes para que armazenem bagagem suficiente

que permita ao aluno, dela se apropriar. A sugestão aqui apresentada para tal

procedimento será explicitada no desenrolar do desenvolvimento.

A metodologia utilizada baseou-se em entrevistas e depoimentos de respeitáveis sacerdotes e

sacerdotisas bantu, valorizando desta forma a oralidade, além de uma intensa pesquisa

literária, e referencial teórico de autores como: ADOLFO (2010), ANGELO (2013),

FREYRE (2006), LOPES (2012), MOTT (1997), PRANDI (1991), RAMOS (1934),

REDINHA (1958), RIBAS (1958), NINA RODRIGUES (1976), SCISÌNIO (1997) e,

VERGER (1980).

Desenvolvimento

O ensino da História do Negro Bantu a partir do Fundamental II ao 3º ano Médio

ostensivo ao nível Superior é a estratégia adequada para dar visibilidade a primeira vertente

negra aqui introduzida. É uma forma de atrair o interesse acadêmico e levar o aluno a tomar

conhecimento de quem é o povo bantu e qual foi o seu papel na construção do Brasil. Além

disso, fazê-lo sentir-se como um novo aliado no preenchimento dessa lacuna histórica que

perdura há quase 500 anos. A idéia de dividir o tema em seis aulas teóricas e duas aulas

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práticas é para familiarizar o professor com o conteúdo novo, apoiando-o em suas futuras

elaborações de aulas para o aprendizado dos seus alunos. Espera-se com a aprovação e uma

futura publicação deste artigo científico, a divulgação da existência desse povo e sua religião

combatendo assim, o fantasma da extinção que ameaça essa cultura e religião. Para tal,

organizou-se o conteúdo histórico de modo que possa ser aplicado aos alunos em sala de aula,

de acordo com os níveis do ensino brasileiro.

Aula 1. A Lei 10.639/2003/PR e A Ordem de chegada e o lapso temporal entre as vertentes

negras introduzidas no Brasil.

Aula 2. A contribuição do povo Bantu. O Panteão dos Akisi (Divindades bantu).

Aula 3. Principais motivos da discriminação dentro da própria raça.

Aula 4. A Língua Kimbundu.

Aula 5. Musicalidade – Orquestra Bantu – aula prática.

Aula 6. Cozinha das Divindades – Medicina caseira – Cereais, legumes. Ervas Medicinais –

aula prática.

Aula 7. Revisão da Matéria.

Aula 8. Avaliação.

Aula 1. A Lei 10.639/2003/PR e a Ordem de chegada e, o lapso temporal entre as

vertentes negras introduzidas no Brasil.

A) Levantamento do conhecimento prévio dos alunos sobre o assunto, para depois

introduzir o conteúdo histórico.

B) Leitura do texto pelos alunos voluntários ou escolhidos pelo professor, com as devidas

considerações a cada intervenção do mesmo.

C) No final da aula a turma é dividida em quatro grupos, onde cada representante

explicará para turma e professor o que o grupo conseguiu entender em relação a aula

dada.

Texto para leitura e interpretação;

A Lei 10.639/2003/PR, criada no primeiro mandato do Excelentíssimo Presidente da

República, Sr. Luis Inácio da Silva é a que obriga o ensino da História do Negro, na África e

no Brasil.

Vinda dos Reinos da Mãe África e introduzida no Brasil pelo processo colonial

escravista, a população negra compunha-se de três vertentes. A primeira a ser trazida foi no

século XVI, os BANTU. Palavra formada segundo a tradução dos padres jesuítas, por: ”BA”,

pronome de quantidade que significa muitos, muitas e “NTU” que corresponde a corpo,

homem, indivíduo, pessoas ou tribo. Vieram para trabalhar nas lavouras de Cana de Açúcar,

Café e Algodão. A segunda, chegada no século XVII foi a dos Gêges ou Fons. A terceira foi a

dos Nagôs ou Iorubas, no séculp XVIII, para trabalhar na mineração, já que eram

considerados bons mineradores, na África. (ANGELO, 2013).

Segundo Prandi, (2005, p. 1) “Os bantu são povos da África Meridional que falam entre

setecentas e duas mil línguas e dialetos aparentados, estabelecendo-se para o sul, logo abaixo

dos limites sudaneses, até o Cabo da boa Esperança.” Os bantos trazidos para o Brasil vieram

das regiões que atualmente são os países africanos de: Angola, República do Congo,

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República Democrática do Congo, Moçambique e Tanzânia. Povoaram massivamente o

estado do Rio de Janeiro, Minas Gerais e a zona da mata do Nordeste. De acordo com

Scisínio, (1997, pp. 143-148), “o Brasil recebeu cerca de 40% de todos os escravos que foram

trazidos para a América”.

Por ser um povo rural contribuiu introduzindo suas técnicas agrícolas milenares já que

provinham da Guiné e de Angola (principalmente da região da Baixa deKassanje situada na

Província de Malange, antigo reino de Matamba), do Congo e Cabinda da África Ocidental e

os Macuas e Angicos da Costa Oriental.José Redinha (1905-1983), nos ensina que de acordo

com as teses asiáticas, os Bantus seriam um povo que a cerca de 5.000 anos, teria invadido a

Somália, para ser expulso por nova vaga Bantu a que se seguiram outras. Supõe-se que as

línguas Bantus iniciaram a sua invasão no sul da África há cerca de 2.000 a 2.500 anos. Á

cristianização dos negros vindo de Angola e Congo se deu na África, eles aqui chegaram em

sua grande parte já cristãos e falando português. Segundo Redinha, por este motivo uma

intensa cristianização foi se sobrepondo a um extrato remoto das crenças naturais, que desde

os dias da descoberta se popularizaram sob nome de feitiçarias, como sinônimos de idolatrias.

A presença do cristianismo desenvolveu uma importante divulgação da língua e da escrita

motivando-a para de mudança de crença e,a adaptação de novos usos e costumes.

A segunda, chegada por volta de 1730, duzentos anos depois, já no século XVII, foi a dos

Gêges ou Fons, época da descoberta do ouro e pedras preciosas em Minas Gerais, à terceira

foi a dos Nagôs ou Iorubas, por volta de 1830, trezentos anos depois, já no século XIX,

também, para trabalhar na mineração, já que eram considerados bons mineradores, lá na Terra

Mãe.

Aula 2. A contribuição do povo Bantu. O Panteão dos Akisi (divindades bantu).

A) Revisão da aula anterior e introdução do conteúdo histórico.

B) Leitura do texto pelos alunos voluntários ou escolhidos pelo professor, com as devidas

considerações a cada intervenção do mesmo.

C) No final da aula a turma é dividida em quatro grupos, onde cada representante

explicará para turma e professor o que o grupo conseguiu entender em relação a aula

dada.

Texto para leitura e interpretação:

Os Bantu, no Brasil, sempre tiveram uma atuação importante na formação da nação

brasileira, todavia, só há pouco tempo, alguns estudos nesse sentido vêm sendo elaborados,

referentes, principalmente, à linguagem, às contribuições lingüísticas ao português brasileiro,

com destaque para as advindas do Kimbundo e do Kikongo. Quanto a estudos relacionados a

área da cultura popular, como das congadas, dos reisados, da capoeira rasteira de Angola, do

Maracatu de Cabinda Velha, do Jongo, do Caxambu, e do próprio samba é notório que além

das pesquisas já finalizadas, há vários estudiosos interessados em desenvolvê-las. (ANGELO,

2013).

Contudo, na área das religiões de matriz Bantu no Brasil, existe uma enorme carência

de estudos, pois muito pouco ou quase nada tem sido feito desde que nossos pioneiros na

pesquisa do negro e nas suas manifestações simbólicas afirmaram não encontrar elementos de

peso da cultura bantu no Brasil. Daí, a atenção dos estudiosos voltou-se para os sudaneses,

dando origem, a temática do nagocentrismo que muito prejuízo tem causado, razão por que

teriam se apoderado da mítica e dos rituais nagô. Mediante essas afirmações, a falta de

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estudos mais aprofundados sobre o tema e a tarefa de compreender a mítica bantu no Brasil,

infelizmente, tornou-se quase impossível.

O Panteão dos Akisi (PL.de Mukisi) ou seja, dos santos compõe-se de uma enorme

plêiade de divindades.

NZAMBI APUNGO (Deus Todo Poderoso) que se desdobra em:

NDALA KARITANGA, (divindade da criação dos seres e da vida).

NKUKU A LUNGA (divindade das práticas oraculares, Jingombo (búzios)

NZAMBI SAKATANA (Deus Poderoso e Criador).

NLEBARANGANGA (divindade do equilíbrio entre a terra e as águas).

NLEMBAENGANGA (divindade da evolução dinâmica dos seres, dos reinos e das coisas).

NLEMBA KUTANGO (divindade dos frutos e frutas).

NYAMAKARE (divindade da inteligência humana).

TATA KALUNGA (divindade dos mares).

TATA KULE (divindade do nascer do sol).

KAJAPRIKU (divindade da noite).

JAKATAMBA (divindade da luz lunar, sua presença se anuncia por uma auréola formadas ao

redor da lua).

KASSUTE ( divindade dos primeiros raios de sol da manhã.

KILAMBA KIAXI (divindadeassexuada ligada a raça humana, mãe de todasas cabeças).

GANGAIOBANDA (divindade responsável pelo surgimento da raça humana).

NGANGA MALEMBA (divindade da luz solar).

TATA MBIOKA (divindade dos moluscos).

TATA NGANGA MUNGANGA /TERA MUNGANGA (divindade da transição do dia para

a noite).

KUMENEMENE (divindade da madrugada).

KALUNGANZIMBI (divindade da morte e transformações da matéria).

Na certa, o nosso ilustre Verger não ouviu falar nas divindades chamadas de MPANGO

BAKURO que segundo a compreensão de alguns povos bantu, são divindades que

participaram da formação do universo classificadas em: construtoras, mantenedoras,

transformadoras e degradadoras. Segundo o professor Angelo Alfredo, facilitador do curso

“O Povo Bantu, Mitos e Deuses africanos de Angola. UERJ/PROEPER/CSS”, na mitologia

Banta as divindades chamadas de MPANGO BAKURU, são aquelas que participaram da

cosmo gênese, isto é, da construção de todo o universo, todavia, mesmo possuindo cultos e

rituais específicos, não são iniciadas ou confirmadas nos seres humanos, não possuíram de

modo algum vida terrena, são constituídas por energias totalmente puras da natureza com alta

gama de vibrações, participantes diretas nos processos de criação, manteneção e outras que se

comportam com real ativismo nas transformações e degradações que finalizam o ciclo vital

dos seres e que possuem importantes intervenções nos reinos mineral, vegetal, animal e em

especial no hominal. (ANGELO, 20013).

Divindades criadoras aquelas que participam da criação do nosso universo e que são

responsáveis por tudo que existe e habita nele. Divindades mantenedoras aquelas que têm

como função principal, distribuir e zelar pela continuidade de todacriação atribuída no planeta

procurando mantê-la em perfeito equilíbrio e harmonia, para que possa encontrar o

continuísmo de sua existência mantendo a presença do poder divino em constante presença.

Divindades transformadoras aquelas que têm ligação objetiva e direta com os seres

humanos, atuando nos ciclos do nascer, crescer, viver, expandir, proliferar, aprender,

envelhecer com sabedoria e experiência, permitindo a busca pela lapidação dos defeitos e

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aprimoramento da evolução da obra considerada da criação. Divindades degradadoras

aquelas que estão associadas ao ciclo do FIM, a morte que pode ser entendida como um dos

propósitos da transformação, mas, suas principais funções estão em receber os corpos ou

outros materiais orgânicos na terra, onde atuarão na deterioração das matérias, se alimentando

dos líquidos da putrefação, consumindo a carne dos corpos até só restarem o esqueleto e os

cabelos que não são absorvidos pela decomposição, de modo que após certo tempo possam

ser devolvidos para a superfície, demonstrando desse modo o fim de um ciclo existencial, de

forma que durante todo o trajeto ocorrido nesse processo, permita que a alma se evole do

corpo morto e o espírito inicie a sua viagem de retorno para a Aldeia Encantada de Deus,

SANZALA KASEMBE NDIÁ NZAMBI, onde será decidido o destino que será outorgado

aquela alma e espírito , palavras que embora sejam entendidas como semelhantes, mas, não

são idênticas, haja vista, que alma (MWONU) refere-se ao conjunto de emoções sentidas pela

essência energética durante o processo da vida, e espírito KILULU), trata-se da energia vital

que deu forma e vida ao corpo durante sua existência terrestre.

Abaixo estão relacionadas as divindades secundárias conhecidas na língua Kimbundu

como Akisi ( plural de Mukisi), cultuados em várias regiões onde se acham a presença de

povos Bantu.

Divindades relacionadas as encruzilhadas.

Bionatã, Bombogiro, Burunganji, DundoSalunga, Etajelunji, Ganga Pambunguera,

Imbeberekiti, IgoMavan, Jiramavambo, Jiramanako, Jiramavile, Jujuku, Kinjanjá,

Kakurukaio, Kamungo, Korobo, Kunibaro, Kunkurunguanje, Mavambo, Mavilutango,

Marambo, Malungu, Mavile, Malusibango, Nigero, Pambungila, Sigatana, Sinzamuzila,

Tibiriri.

Divindades associadas à ingestão e restituição dos alimentos, aos movimentos que interligam

o Céu (Nduílo) e a Terra (Iungo), bem como aos ciclos do nascer, crescer, transformar,

propulcionar e comunicar.

Aluvá ou Aluvaiá, Apavenã, etc.

Divindades relacionadas à guerra, as conquistas, a proteção das aldeias.

Alunda, Biolá, Buré, Dagolonâ, etc.

Divindades associadas à caça e a subsistência das comunidades.

BaranguanjeBarangunanje, Burungunso, Gongobila, KaMbila, Kabila Mutalambo, etc.

Divindades associadas aos alimentos, em especial as sementes (cereais) que carrega nas

jinbimba (cabaças) para aplacar a fome do mundo, mas também, relacionadas as ervas

sagradas e curativas.

Ambuké, Amokun, Apokan, Diabanganga, katende, etc.

Divindade da Terra, dos tubérculos, da transformação, do início e o fim dos ciclos.

, Kaviungo, Kijenje, Kimbongo, Kincongo, Kissanje, Kitungo, Insumbo, Iungo, etc.

Divindades associadas aos ciclos das águas das chuvas e ao Arco Íris.

Angoro, Angoroméa, Angoromean, Angoro Semavula, Anvulá, Gongoa, etc.

Divindades relacionadas ao fogo.

Luango, Lubango, Luvango, Lwaangu, Nzage, Kibuko, Kiambo, etc.

Divindades relacionadas com o clima, ventos, estações do ano, cheias e vazantes dos rios,

lagos e mar, plantio e colheitas.

Abananganga, Apananga, (outono), Amuraxó, Dambwa, Kaiti, Kitembu, Kidimbanda,

Lembura, Maawila (inverno), Makurá, Mavile, Mavalu, Muilu (primavera), Murunganga

(verão), Ndemba (feminino), Ndembu, Ntempu, Tembwa, Sangole, Sumbungole, Zalu.

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Divindades relacionadas aos ventos das tempestades.

Abasulemi, Angurussema, Anvula, Bamburussema, Daminajo, Gunga, Isa Sitamba, Jonjure,

Kaango Munhenho, Matamba, Mavanju, Sinavanju, Sinavulu, etc.

Divindades associadas as águas doces e plácidas, responsáveis pela flora e fauna dos rios.

KambaLasinda, Kaeté, Keamaze, , Kissimbe, Kitolomi, Takumbira, Vinsin, etc.

Divindades do encontro de rios de águas doces, responsáveis pelas tartarugas aquáticas

(Jimbaxi, singular mbaxi).

Kissalunda, Lundamudila, NdandaDalú, NdandaDila, ,Ndanda Lunda, etc.

Observação: KARAMOSE é a divindade dos rios que representam turbulência em razão dos

seus leitos pedregosos. Possui ligações comas aves de rapina e serpentes.

Divindades associadas às águas do mar.

Inae, Kaiá, Kaiála, Kaitumba, Kalunga, Kassinga, Kianda, etc.

Divindades associadas as às guerras e aos elementos ar e fogo.

Mbaka, Minalungandu, Muanzu, Kitamba, Kulekuka, Kutema, etc.

Divindade associada às águas, a terra, e a lama, a fertilidade da agricultura.

Ajassi, Gangazumba, Jejessu, Kambambe, Mam’etuZumbá, Zumbarandá, etc.

Divindades do sol, da luz, da inteligência, da espiritualidade.

Ajalupongo, Dondo , Hemakalunga, Jafurama, Jamafurama, Kassulembá, etc.

Todo este conjunto de divindades (AKISI/MINKISI) proporciona a formação de mais

de 250 caminhos ou variações, que algumas pessoas equivocadamente denominam de

qualidades de santo. (ADOLFO. pg 110 a 113).

Aula 3 - Principais motivos da discriminação dentro da própria raça.

A) Revisão da aula anterior e introdução do conteúdo histórico.

B) Leitura do texto pelos alunos voluntários ou escolhidos pelo professor, com as devidas

considerações a cada intervenção do mesmo.

C) No final da aula a turma é dividida em quatro grupos, onde cada representante

explicará para turma e professor o que o grupo conseguiu entender em relação a aula

dada.

Texto para leitura e interpretação:

Um dos motivos que gerou a discriminação do negro de origem sudanesa para com o

negro bantu reside no fato de terem sido iniciados os estudos sobre a religião negra na Bahia,

ponto onde o tráfico de escravos naquele momento foi principalmente de negros sudaneses, o

que veio a influenciar todos os trabalhos ulteriores sobre o assunto. O fortalecimento, desta

discriminação, dentro da própria raça acontece por conta de atos comoo de 14 de dezembro

1891, quando Ruy Barbosa, então, Ministro da Fazenda, mandou queimar os Livros de

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Matrículas de escravos existentes nos cartórios das comarcas e registros de posse e

movimentação patrimonial envolvendo todos os Escravos, bem como os livros das fazendas,o

que foi feito ao longo de sua gestão e de seu sucessor. A razão alegada para o gesto teria sido

apagar "a mancha" da escravidão do passado nacional. Todavia, alguns autores apresentam

uma versão de que teria sido para que o Governo não tivesse que ressarcir o prejuízo dos

senhores de escravos que exigiam altos valores como indenizações. Só que com esse ato foi

destruída grande parte do acervo sobre a introdução do povo bantu.

Aula 4 - A Língua Kimbundu.

A) Revisão da aula anterior e introdução do conteúdo histórico.

B) Leitura do texto pelos alunos voluntários ou escolhidos pelo professor, com as devidas

considerações a cada intervenção do mesmo.

C) No final da aula a turma é dividida em quatro grupos, onde cada representante

explicará para turma e professor o que o grupo conseguiu entender em relação a aula

dada.

Texto: para leitura e interpretação:

O comportamento de alguns estudiosos, a começar por Nina Rodrigues (1862-1982),

autor, dentre outros, dos livros: “O animismo fetichista dos negros na Bahia (1900) e Os

africanos no Brasil” (1932), que sendo precursor do estudo das religiões afro descendentes na

Bahia manteve-se alheio à realidade circundante. Embora cercado pelos diversos bairros

como o Cabula, Calabetão, Muriçoca, Beiru, Curuzu e outros, mesmo “comendo” maxixe,

quiabo, jiló e etc, ou até mesmo, ouvindo palavras como quenga, muxiba, neném, bagunça,

cachaça, quitanda, quilombola, trambique, marimbondo, pronunciando palavras como,

quenga, neném, bagunça, quitanda, Zumbi, Ganga Zumba, trambique, marimbondo,

muçurungos, suçuarana, itororó, mesura, muxoxo, cachaça, banda, e etc. Aliás, é bom que

se observe que em momento algum da formação da língua brasileira ( negro, índio e europeu),

não se encontra qualquer palavra em Fon ( língua dos Gêges) ou Yorubá ( língua dos Nagôs),

fazendo parte dessa construção. Com tudo, o nosso ilustre professor não considerou estas

importantíssimas fontes históricas. Ignorou ainda as origens e manifestações folclóricas no

Brasil como: Capoeira Samba, Congadas, Maracatu, Jongo e etc.

Seus discípulos Artur Ramos (1903-1949) e Edson Carneiro (1912-1972), seguiram a mesma

linha e não disfarçaram o seu preconceito com relação a Tradição Bantu, referindo-se com

desdém a propalada pobreza mítica dos Candomblés de Angola. Segundo Ramos (1934)

[...] tal foi a influência dos sudaneses na Bahia, pelo número e pela maior riqueza

dos seus elementos míticos, originando uma espécie de religião geral gêge-nagô, que

o próprio Nina Rodrigues teve as suas vistas desviadas de qualquer outro tema negro

religioso que não fosse gêge-nagô, muito embora tivessem entrado também negros

bantus, principalmente, angolenses na Bahia. (RAMOS, 1934, p. 76).

Tal descaso e rotulação como um povo menos culto, gerou um velado preconceito do

candomblé de origem nagô contra o candomblé de Angola, o qual perdura até hoje não

percebeu o mundo Banto que o rodeava, ligando-se apenas, nos Nagôs que chegaram quase

três séculos depois. Na época desse primeiro estudo encomendado sobre o negro eram os

Nagôs ou Sudaneses, como ele gostava de se referir que estavam em evidência. Aliás, é bom

que se observe que em momento algum da formação da língua brasileira ( negro, índio e

europeu), encontramos qualquer palavra em Fon ( língua Gêge) ou Yorubá ( língua dos

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Nagôs), fazendo parte dessa construção, até porque estes ao chegarem séculos depois, já

encontraram a “casa arrumada” pelos Bantu. Observando por este lado, há de se concordar

com Nei Lopes (2011) quando ele realça a influência dos bantos no Brasil:

[...] existe uma predominância das culturas bantas no Brasil e por sua vez

colaboraram para a formação da cultura brasileira, sobretudo através de suas línguas,

como sejam, o Quicongo, o Umbundu, e basicamente o Quimbundu... de fato, no

vocabulário do português falado no Brasil os termos de origem nagô estão mais

restritos às práticas e utensílios ligados à tradição dos orixás, como a música, a

descrição dos trajes e a culinária afro-baiana. E mesmo o vocabulário do culto jêje-

nagô sofreu uma influência banta, haja vista a popularização, em seu meio, de

termos como quizila, dijina (nome de iniciação) etc. (LOPES, 2011, p. 198).

Com tudo, o nosso ilustre professor não considerou estas importantíssimas fontes

históricas.Seus discípulos Artur Ramos (1903-1944) e Edson Carneiro (1912-1972), foram

pelo mesmo caminho e não dissimulram o seu preconceito com relação a Tradição Bantu,

referindo-se com desprezo a propalada pobreza mítica dos Candomblés de Angola.

Para Silva: O bom senso não nos permite aceitar que seres humanos oriundos de outras terras

tendo suas próprias crenças e costumes, em mais de 150 anos não conseguissem

implantar seus hábitos religiosos onde viveram por várias gerações participando

ativamente na construção da língua brasileira. Será que teriam que esperar a chegada

dos sudaneses para copiar seus deuses? (SILVA, 2010, P. 12).

Outra consequência, ainda que indireta, dessa atitude de nossos pesquisadores, é o fato

de que as religiões de matriz bantu, principalmente a Umbanda e o Candomblé de Angola,

passou a utilizar de forma gritante os elementos de matriz yorubana, uma vez que estes foram

legitimados pela academia e divulgados pela mídia. A Umbanda, assim como uma sua

ramificação o Omolocô, sincretizou-se violentamente a partir dos anos 60 com a inteção de

tornar-se conhecida e legitimada pelo grande público, pelos orixás nagôs e pela prática

litúrgica dos descendentes do povo yorubano. Por sua vez, o Candomblé de Angola passou a

nomear seus Akisi (plural de Mukisi na língua Kimbundu), como Orixás nagôs, copiando

formas de culto e de comportamento do Candomblé de Ketu, mais popular e aceito pela

academia e pela mídia. (ADOLFO, 2009).

Aula 5 - Musicalidade – Orquestra Bantu – aula prática.

Com relação a musicalidade; o professor, acessorado pelos músicos e dançarinos do

Candomblé Bantu Angola vestidos a carater organizará uma aula externa de rítimos e danças

e cantorias oriundas do negro bantu e que fazem parte nossa formação, como por exemplo, o

rítmo Kabula que lembra o nosso samba, bem como o rítmo Kongo cuja batida do funk é

idêntica, e com toda a certeza irá atrair a atenção dos jovens fazendo com que interajam

acompanhando o rítmo que já lhes é familiar, mesmo que seja fazendo o “passinho”.

Aula 6 - Culinária – aula prática.

O professor apresenta uma receita da confecção do MAKANZA (bantu) conhecido

vulgarmente como acarajé (yoruba) e através do auxílio da merendeira, ou de uma pessoa que

saiba executar a receita, ou mesmo uma canjica tão nossa conhecida cuja origem é bantu e a

grafia em Kimbundu é KANJIKA convidando os alunos para participarem da confecção e

degustação, lembrando-lhes sempre a origem dessas guloseimas.

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Aula 7 - Revisão dos conteúdos oferecidos nas oito aulas e tira dúvidas.

Aula 8 – Avaliação.

Através problematização do lapso temporal intercalado entre as vertentes negras

introduzidas no país, os alunos divididos em 4 grupos deverão discutir as relações explícitas

e implícitas nos fatos apresentados, elaborando cada grupo um texto de no máximo 10 linhas,

quem? ?Como? E porque? foi a vertente negra que junto com o índio e o europeu formou a

nossa língua (o português brasileiro) e, além da sua cultura e religiosidade, qual foi a sua

contribuição para que o Brasil ficasse reconhecido no exterior, como nação.

Os conteúdos programáticos ofertados nestas 8 (oito) aulas serão desenvolvidos por

meio de reflexão, verificação dos conhecimentos prévios dos alunos e idéias equivocadas dos

mesmos a serem desconstruídas pelo professor, leitura e interpretação de trechos do texto,

pelos alunos, mediados pelo professor, aulas práticas e atividades aplicadas no decorrer das

aulas como avaliação contínua e formativa, projetos envolvendo todos os profissionais do tipo

gincanas, trabalhos em grupo, visitas externas a terreiros de Tradição Bantu e de outras

“nações” (Gege/Nagô), para que se observe as diferenças entre eles.

Exemplo de atividades mais ousadas;

O professor, tão logo entre na sala de aula, estrategicamente, coloca sobre a mesa, os

legumes e cereais (maxixe, quiabo, jiló, canjica, café) citados no item sobre recursos, com o

propósito de despertar a curiosidade dos alunos, principalmente, daqueles “rotulados”, como

desinteressados, gaiatos ou piadistas, tipo: ___Ai, professor veio do sacolão? Sendo essa,

uma reação intencionalmente provocada pelo professor será o gancho para dar continuidade a

aula que o aluno rotulado sem perceber começou. Sacolão lembra mercadinho, que por sua

vez lembra quitanda e quitanda nada mais é que uma palavra da língua Kimbundu cuja grafia

é KITANDA. Daí, então, está aberto o caminho para uma atrativa e proveitosa aula.

Cada aluno, deverá realizar uma pesquisa entre seus familiares e apresentar no mínimo

três palavras de origem Bantu Angola, na aula seguinte, que não sejam as já citadas em sala

de aula. Esta atividade cresce em importância, também, quando o aluno erra trazendo uma ou

mais palavras em yorubá, erro esse ocasionado pela globalização, momento no qual, o

professor intervem esclarecendo a origem correta.

RECURSOS HUMANOS E MATERIAIS.

Pessoas: alunos, professores e coordenadores, músicos e dançarinos do candomblé Bantu

Angola.

Material ilustrativo: jogo de três atabaques, um agogô, berimbau,um pandeiro, um chocalho.

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Peças de vestuário, adornos de origem bantu e de outras nações para que os alunos

problematizem, discutam e formulem suas hipóteses, buscando a identificação das diferenças

entre as nações de candomblé.

Alimentos de largo emprego na cozinha brasileira como: quiabo, canjica, jiló, maxixe, café,

porém de origens provavelmente desconhecidas para alguns alunos.

Material didático: apostilas, revistas e jornais, Mapa Mundi e locais, livro didático, dicionário.

Materiais de expediente:

papel, tesoura, lápis de cor, régua, cartucho para impressora.

Instalações: sala de aula, sala de informática, pátio para apresentação de expressões culturais

bantu como; a capoeira, maculelê, samba de roda, jongo e, a cozinha da escola.

Material didático: apostilas, revistas e jornais, Mapa Mundi e locais, livro didático, dicionário.

Materiais de expediente:

Papel, tesoura, lápis de cor, régua, cartucho para impressora.

A avaliação é contínua e formativa, buscando qualidade atingindo desta forma a

quantidade. Neste primeiro momento o professor deverá fazer uma verificação dos

conhecimentos prévios, e idéias equivocadas dos alunos a serem por ele desconstruídas.

Também, propor atividades que levem a problematização, discussão, a sugestão daquele aluno

que antes de aceitar os fatos discute as relações (intrínsicas ou extrínsicas), avaliações que

busquem no erro uma forma de aprendizagem trabalhando este de maneira a ser corrigido e,

dando em seguida uma nova chance de aprendizagem, refletindo, inclusive, a maneira que

passou aquele ensinamento para o aluno sendo capaz de mudá-lo se for preciso, para que o

aluno venha entender melhor. E se for necessário, acompanhá-lo individualmente.

Através da problematização do lapso temporal intercalado entre as vertentes negras

introduzidas no país, os alunos divididos em 4 grupos deverão discutir as relações explícitas

e implícitas nos fatos apresentados, elaborando cada grupo um texto de no máximo 10 linhas,

quem? Quando? Como? e porque? foi a vertente negra que junto com o índio e o europeu

formou a nossa língua(o português brasileiro) e além da sua cultura e religiosidade, qual foi

a sua contribuição para que o Brasil ficasse reconhecido no exterior, como nação. Os alunos

serão avaliados antes, durante e depois. A começar pelo modo de se organizar para iniciar

suas anotações, pelo interesse, pela capacidade de pensar formalmente, pela concentração nas

relações e não nos fatos em si, pelos destaques dos detalhes observados, implícitos ou

explícitos, demonstrando a sua capacidade de percepção e associação, na confecção do texto,

bem como na apresentação do mesmo. Em outras palavras será continuamente avaliado

qualitativamente, o que ocasionará, automaticamente, em qualidade e quantidade.

Divisão da turma em quatro grupos. Cada grupo, após discussão entre si, deverá

produzir um texto de 5 a 10 linhas, com base tema apresentado, pontos que mais lhe

chamaram a atenção no conteúdo transmitido. Os alunos serão avaliados antes, durante e

depois. A começar pelo modo de se organizar para iniciar suas anotações, pelo interesse, pela

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capacidade de pensar formalmente, pela concentração nas relações e não nos fatos em si,

pelos destaques dos detalhes observados, implícitos ou explícitos, demonstrando a sua

capacidade de percepção e associação, na confecção do texto, bem como na apresentação do

mesmo. Em outras palavras será continuamente avaliado qualitativamente, o que ocasionará,

automaticamente, em qualidade e quantidade.

Conclusão

Através deste recorte realizado, foi possível trazer à tona a história de um povo, que embora

tenha sido introduzido no Brasil, desde o século XVI, para o trabalho escravo teve a sua

história relegada à obscuridade. A oralidade ficou garantida pelas entrevistas concedidas por

respeitáveis sacerdotes e sacerdotisas bantu. Já a pesquisa literária embasou este trabalho

acadêmico com o valioso referencial teórico doado pelos escritores especialistas consultados.

Ficou comprovada a existência de outra modalidade de candomblé com divindades e

entidades que não são as mesmas dos candomblés de Gêge e de Ketu.

Sabe-se que uma das melhores maneiras de combater o preconceito e a discriminação

é a informação. Portanto, nada melhor que transmitir esses conhecimentos dentro da sala de

aula, como aqui foi proposto, o que, consequentemente, espalhar-se-á pelo mundo, graças ao

advento do computador e da internet. Devida a amplitude e complexibilidade da cultura bantu,

espera-se que muitos outros recortes surjam sobre o referido tema. Com esta proposta de

pesquisa, estaremos contribuindo para a renovação da História política, econômica e social

brasileira muito embora esteja estudando um recorte específico, mas, esperando demonstrar a

relevância da inserção da cultura e religiosidade de Tradição Bantu nos níveis de ensino do

nosso país, para, daí, pensarmos outros recortes temporais. Em um mundo onde o crime e o

tráfico atraem cada vez mais jovens, principalmente negros oriundos de comunidades

populares, realizar pesquisas com base nas raízes da cultura africana é uma forma de trazer

estes jovens para mais perto de suas origens, elevando a auto estima dos mesmos,

contribuindo para o desenvolvimento do ser humano e a formação cidadã, gerando em

paralelo um grande e positivo impacto social.

Dentre os inúmeros motivos que encorajam no prosseguimento da luta pela visibilidade

da cultura e religião do povo Bantu é o “sinal verde” recebido, como resposta ao

ofício/002/2011/CNCACTBB/CRBNDM dirigido a Presidência da República, solicitando

apoio na inclusão da Cultura Bantu tendo como fio condutor a sua religião, nos currículos

escolares, de onde o mesmo foi encaminhado pelo Gabinete particular da PR para o MEC

pelo ofício COR/GP/PR: 1272/2011 de 08/09/2011 para análise e devidas providências,

gerando o ofício resposta do MEC a CNCACTBB/CRBNDM, nº

2962/2011/DPECAD/SECADI/MEC que considerou a proposta relevante, encaminhando a

sua temática aos Fóruns de Diversidade Étnico-Racial, para avaliação e orientação ao sistema

de ensino. Solicitação e respostas comprovadas pelo apêndice único e, anexos A e B no final

deste artigo científico.

Por último fica a frase criada pelo autor para análise e reflexão:

“Neste Brasil, onde quer que se vá o negro bantu já esteve por lá!”

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REFERÊNCIAS

ADOLFO, Sérgio, Paulo. Nikissi Tata dia Nguzu, estudos sobre o candomblé Congo

Angola,Londrina: Eduel (Editora da Universidade Estadual de Londrina), 2010.

ANGELO, A. “ O Povo Bantu, Mitos e deuses africanos de Angola: as influências

culturais e religiosas Brasil/Angola” Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Sub

reitoria de Extensão e Cultura (SR-3), departamento de Extensão, PROEPER,CCS,

2013.

FREYRE, Gilberto. Casa grande e senzala, 16ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973.

HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil, 9ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio,

1976.

LOPES, Ney. “Novo Dicionário Bantu do Brasil”, 1ª. Ed, RJ 2003.

MAIA, Da Silva, Antonio, Padre, Dicionário Complementar Português – Kimbundu –

Kikongo, Luanda – Angola - 1961.

MOTT, Luiz. “Cotidiano e vivência religiosa: entre a capela e o calundu”.In: Laura

de Mello e Souza (org). História da vida privada no Brasil.São Paulo: Companhia de

Letras, 1997, vol.1.

RAMOS, Arthur. “O Negro Brasileiro”, 1ª. Ed. RJ, Biblioteca de Divulgação,

setembro de 1934.

REDINHA, José. “Etnossociologia do nordeste de Angola”,Agência Geral do

Ultramar, 1958.

RIBAS,Oscar, Ilundo - 1958.

RODRIGUES, José da Costa , “Candomblé de Angola”1ª. Ed. RJ, Pallas Editora -

2003.

RODRIGUES, Nina. “Os Africanos no Brasil”, 4ª. Ed. São Paulo: Cia Editora

Nacional - 1976.

SCISÍNEO, Alaôr, Eduardo. “Dicionário da Escravidão”,1ª.ªEd. RJ, Léo Christiano

Editorial LTDA – 1997

SILVA, Jeusamir Alves da. “Angola Nação Mãe”: O resgate do candomblé tradicional

Bantu - Angola. Duque de Caxias: Gráfica e Editora Maná Betel.2010.

14

VERGER, Pierre, “,Rertratos da Bahia”, Salvador,: Editora CurrupioLtda, 1980.

Tatas e Mam’etus, (estas fontes se utilizaram de relatos orais, como de costume na

tradição africana de transmitir o conhecimento):

Bernardino Bate Folha ( Fundador da Raiz Bate Folha).

João Alves Torres Filho (Joãozinho da Goméia) Fundador da Raiz Goméia.

Mãe Risoleta (Mam’etu Nanga Kovi) (Raiz Goméia).

Mam’etuKitalaMungongo. (Raiz Goméia).

Mam’etuMabeji(Raiz Bate Folha).

Mam’etuMulunderi (Raiz Tumbajussara).

Mam’etuSaundê. (Raiz Tumbajussara).

Mam’etuSissimbe do Banco de Areia, (Raiz Bate Folha).

Mariquinha Lembá( Raiz Tombenci).

Miguel Grosso (Deuandá) Raiz Goméia.

Mirinha do Portão (Raiz Goméia).

Ogan Marino (“Seu Amor” das ferramentas - Raiz Bate Folha).

Pai Siriáco (Tata Ludiamungongo), Fundador da raiz Tumbajussara).

Tata Kambono Nelson UAZÊ. ( Raiz Tumbajussara).

APÊNDICE.

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17

18

ANEXO A

19

ANEXO B