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871 Revista Eletrônica Acervo Saúde/ Electronic Journal Collection Health ISSN 2178-2091

REAS, Revista Eletrônica Acervo Saúde, 2017. Vol. Sup. 9, S871-S882.

O cotidiano de pacientes com úlcera venosa: uma revisão integrativa

Daily of patients with venous ulcer: an integrative review

Cotidiano de pacientes con úlcera venosa: una revisión integrativa

Andrienny Santana da Silva1*, Tatyanne Silva Rodrigues2, Silvana Maria Meneses1, Samuel

Oliveira da Vera3, Luana Mendes Silva1, Maria da Conceição Lopes de Oliveira1, Judithe Ferreira

Soares Ramos1, Anna Raquel dos Santos Barbosa1, Xênia Bia de Carvalho1, Antonio Werbert

Silva da Costa4.

RESUMO

Objetivo: Verificar na literatura científica quais aspectos são mais afetados na qualidade de vida de pacientes com úlcera venosa. Método: Revisão integrativa realizada nos periódicos científicos nacionais e internacionais disponíveis online, BDENF, LILACS, SCIELO, WEB OF SCIENCE, PUBMED via MEDLINE e SCOPUS, publicados no período de 2011 a 2016, utilizando os descritores do DeCS e MeSH: úlcera varicosa, qualidade de vida e enfermagem, com seu respectivo em inglês, ambos associados com o operador booleano and. Resultados: Foram encontrados 336 artigos, que após aplicação de critérios de inclusão, avaliação por duplicidade e adequação à temática, obteve como amostra final da análise 28 pesquisas, que foram categorizados em três eixos temáticos para facilitar a discussão e compreensão da temática pesquisada, sendo eles: aspectos mais afetados na qualidade de vida do paciente com úlcera venosa; sentimentos vivenciados no cotidiano de pacientes com úlcera venosa e; papel da enfermagem no manejo do cuidado de pacientes com úlcera venosa. Considerações Finais: Observou-se que ter uma lesão ulcerativa infere diretamente na qualidade de vida dos pacientes acometidos, uma vez que abrange vários aspectos inerentes ao ser humano, como, físico, social, psicológico e espiritual, contribuindo significativamente na vivência de vários sentimentos negativos em seu cotidiano, tornando-se necessário um cuidado assistencial prestado de forma integral e individual, ao cliente, pela equipe multiprofissional, principalmente pelo enfermeiro, embasados em conhecimentos teórico-científico.

Palavras-chaves: Úlcera Varicosa; Qualidade de Vida; Enfermagem.

ABSTRACT

Objective: To verify in the literature scientific which aspects are most affected in the quality of life of patients with venous ulcer. Method: Integrative review conducted in national and international scientific journals available online, BDENF, LILACS, SCIELO, WEB OF SCIENCE, PUBMED via MEDLINE and SCOPUS, published between 2011 and 2016, using the DeCS and MeSH descriptors: varicose ulcer , quality of life and nursing, with their respective in English, both associated with the Boolean operator and. Results: A total of 336 articles were found, which after applying inclusion criteria, evaluation for duplicity and suitability to the theme, obtained 28 final researches, which were categorized into three thematic axes to facilitate the discussion and understanding of the researched topic. they: aspects more affected in the quality of life of the patient with venous ulcer; feelings experienced in the daily life of patients with venous ulcer and; role of nursing care management in patients with venous ulcer. Final Considerations: It was observed that having

1 Enfermeira graduada pela Facul. do Piauí, Teresina - PI.*E-mail: [email protected]. 2 Mestranda em Enfermagem pela Universidade Federal do Piauí, Teresina - PI.

3 Enfermeiro Residente em Enfermagem obstétrica pela Universidade Federal do Piauí, Teresina - PI.

4 Enfermeiro Graduado pela Associação de Ensino Superior do Piauí – AESPI, Teresina - PI.

DOI: 10.25248/REAS111_2017

Recebido em: 9/2017 Aceito em: 10/2017 Publicado em: 11/2017

mailto:[email protected]



an ulcerative lesion directly infers the quality of life of patients affected, since it covers several aspects inherent to the human being, such as physical, social, psychological and spiritual, contributing significantly to the experience of several negative feelings in its daily life, making it necessary to provide comprehensive and individualized care to the client, by the multiprofessional team, mainly by the nurse, based on theoretical and scientific knowledge.

Keywords: Varicose ulcer; Quality of life; Nursing.

RESUMEN

Objetivo: Verificar en la literatura científico qué aspectos son más afectados en la calidad de vida de pacientes con úlcera venosa. Método: Revisión integrativa realizada en los periódicos científicos nacionales e internacionales disponibles en línea, BDENF, LILACS, SCIELO, WEB OF SCIENCE, PUBMED vía MEDLINE y SCOPUS, publicados en el período de 2011 a 2016, utilizando los descriptores del DeCS y MeSH: úlcera varicosa , calidad de vida y enfermería, con su respectivo en inglés, ambos asociados con el operador booleano and. Resultados: Se encontraron 336 artículos, que tras la aplicación de criterios de inclusión, evaluación por duplicidad y adecuación a la temática, obtuvo como muestra final del análisis 28 investigaciones, que fueron categorizados en tres ejes temáticos para facilitar la discusión y comprensión de la temática investigada, siendo : aspectos más afectados en la calidad de vida del paciente con úlcera venosa; sentimientos vivenciados en el cotidiano de pacientes con úlcera venosa y; papel de la enfermería en el manejo del cuidado de pacientes con úlcera venosa. Consideraciones finales: Se observó que tener una lesión ulcerativa infiere directamente en la calidad de vida de los pacientes acometidos, ya que abarca varios aspectos inherentes al ser humano, como físico, social, psicológico y espiritual, contribuyendo significativamente en la vivencia de varios sentimientos negativos en su cotidiano, haciéndose necesario un cuidado asistencial prestado de forma integral e individual, al cliente, por el equipo multiprofesional, principalmente por el enfermero, embasados en conocimientos teórico-científico.

Palabras claves: Úlcera Varicosa; Calidad de vida; Enfermería.

INTRODUÇÃO

A Úlcera Venosa (UV) apresenta-se como a complicação mais séria da Insuficiência Venosa Crônica

(IVC), caracterizada como uma ferida de forma irregular, inicialmente superficial, podendo se tornar

profunda, bordas definidas, comumente com exsudato purulento, ocorrendo de forma espontânea ou

traumática. Podem ser únicas ou múltiplas, de tamanhos e localizações variáveis, geralmente no terço

médio distal da perna, de maior incidência nas proeminências ósseas, especialmente nos maléolos mediais,

podendo envolver toda a circunferência da perna se não tratada (OLIVEIRA et al., 2012).

Segundo estudo de Silva et al. (2012) a presença de úlceras crônicas nos membros inferiores (MMII)

possui alta prevalência na população adulta, apresentando impacto socioeconômico significativo. Em países

europeus dados epidemiológicos variam entre 0,11% e 4,3%, já no Brasil, apesar de poucas pesquisas

relacionais, um estudo realizado em São Paulo estimou em 1,5% a prevalência desse tipo de lesão.

Sua etiologia associa-se comumente a outras patologias de base como: doença venosa crônica, doença

arterial periférica, neuropatias, hipertensão arterial, diabetes, trauma físico, anemia falciforme, infecções

cutâneas, doenças inflamatórias, neoplasias e alterações nutricionais, podendo ocorrer complicações por

fatores locais ou sistêmicos (FONSECA et al., 2012).

A UV acomete através da dor, além disso, é de difícil cicatrização, limitando de forma significante as

possibilidades de transformação da existência do ser humano, sendo necessária para a recuperação efetiva

desses pacientes, uma relação familiar, social e de lazer, já que, a ausência desses fatores pode levar a

queda da qualidade de vida, baixa autoestima, ansiedade e depressão, assim como, cuidados resolutivos e

individualizado. Outro fator de relevância é a dificuldade desses usuários ao acesso de serviços de saúde

que ofereçam tratamento especializado, por geralmente, estarem distante ou simplesmente não existirem,

principalmente, nas proximidades de suas residências, o que resulta, na maioria das vezes, em um total ou



parcial abandono do tratamento da lesão, bem como de orientações adequadas para o auto cuidado

(PEREIRA et al., 2014; BORGES et al., 2016).

Dessa forma, considerando que esta temática é um importante aferidor da qualidade de vida dos

usuários do serviço de saúde, bem como, um fator determinante nos onerosos gastos hospitalares, mundial

e nacionais, a úlcera venosa torna-se cada vez mais, um indicador de morbidade crônica de caráter

redicivante com consequências dolorosas físicas e psicossociais, sendo exigido do enfermeiro, habilidades

teórico-científicas para uma abordagem holística, contribuindo para eficácia no tratamento e na recuperação

social deste indivíduo. Assim, o presente estudo têm como objetivo específico verificar nas evidências

científicas que aspectos são mais afetados em pacientes com úlcera venosa, além de descrever os

sentimentos vivenciados no cotidiano destes pacientes e identificar o papel da enfermagem no manejo do

cuidado de paciente com úlcera venosa.

MÉTODO

Revisão Integrativa realizada através de um levantamento bibliográfico nos periódicos científicos

nacionais e internacionais disponíveis online, BDENF (Banco de Dados de Enfermagem), LILACS

(Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), SCIELO (Scientific Electronic Library

Online), WEB OF SCIENCE, PUBMED via MEDLINE e SCOPUS, publicados no período de 2011 a 2016,

usando os descritores do DeCS e MeSH: úlcera varicosa (varicose ulcer), qualidade de vida (quality of life) e

enfermagem (nursing), todos associados com o operador booleano.

Foi realizado apenas um tipo de busca nas bases internacionais, visto que a mesma faz exigência da

colocação de todos os descritores juntos, sendo feita da seguinte forma: “varicose ulcer” AND “quality of life”

AND “nursing”. No entanto, a pesquisa realizada nas bases nacionais, utilizou-se de dois métodos para o

levantamento dos dados, onde na primeira busca se colocou os três descritores juntos: úlcera varicosa AND

qualidade de vida AND enfermagem, e em seguida fez-se uma nova busca, a fim de abranger os estudos

de relevância que talvez ainda fossem possíveis encontrar, usando em associação dois dos três descritores,

ficando: úlcera varicosa AND qualidade de vida e úlcera varicosa AND enfermagem. Como critérios de

inclusão dos estudos envolveram os artigos em texto completo; em idiomas português, inglês e espanhol;

que abordassem a temática; e, que se encontra entre o período de 2011 e 2016; os demais foram

excluídos, como os que não estavam disponíveis na íntegra, não estivesse nas bases selecionadas ou que

apresentados em forma de tese, dissertação e monografias.

A etapa de levantamento dos artigos ocorreu no período de novembro e dezembro de 2016, quando

foram encontrados, 53 no BDENF, 88 no LILACS, 53 no SCIELO, 6 da WEB OF SCIENCE, 74 da PUBMED

via MEDLINE e 62 eram SCOPUS, totalizando 336 pesquisas, os quais, após uma análise criteriosa (ano,

idioma e texto completo) foram eliminados 160. Após isto, com os 176 estudos restantes seguiram-se com

uma nova análise quanto a duplicidade, títulos e resumos, obtendo-se a uma amostra final de 28 artigos,

conforme mostra o fluxograma a seguir (Figura 1).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A úlcera venosa torna-se um fator relevante de saúde para avaliação na qualidade de vida do indivíduo

que a detém, uma vez que, essa lesão crônica e recorrente, devido à suas complicações, atuam como

empecilho à permanência de uma rotina definida pelas pretensões e/ou necessidades dos pacientes,

resultando na maioria das vezes, em aspectos negativos, como: isolamento social, presença de dor,

deterioração da autoimagem, perca do emprego e até depressão, além disso, no serviço público, gera

gastos onerosos no tratamento prestado.



Figura 1 - Fluxograma da seleção de artigos para a revisão integrativa.

Para melhor compreensão do levantamento bibliográfico realizado, os resultados foram apresentados no

quadro abaixo (Quadro 1), que descreve as seguintes características: autores, ano, periódico, tema,

objetivos, metodologia e conclusão. A seguir são apresentados os três eixos temáticos divididos após a

análise e interpretação do material, para facilitar a discussão e compreensão da temática pesquisada,

sendo eles: aspectos mais afetados na qualidade de vida do paciente com úlcera venosa; sentimentos

vivenciados no cotidiano de pacientes com úlcera venosa e; papel da enfermagem no manejo do cuidado de

pacientes com úlcera venosa.

De acordo como mostra o quadro 2, no que se refere ao ano de publicação, o ano de 2013 concentrou o

maior número de publicações. Percebe-se que nos anos definidos para coleta de dados, foram

desenvolvidos muitos trabalhos a respeito, com isso deixando mais evidente o interesse da realização de

pesquisas nessa temática.

No que se refere aos periódicos de origem dos artigos, a grande maioria delas foram publicadas em

Revista Gaúcha de Enfermagem. Quanto ao idioma, verificamos a produção de 17 artigos em português e

11 em inglês. Isso pode ser justificado, pelo fato de a úlcera venosa ser um grande problema de saúde

pública e coletiva, bem como um referenciado de qualidade de vida, estando assim, entre os requisitos de

aceite. Os periódicos de enfermagem vêm demonstrando grande interesse em divulgar também, bons

trabalhos acerca desta temática.



Quadro 1 - Caracterização do levantamento bibliográfico acerca do cotidiano de pacientes com úlcera venosa, no período de 2011 a 2016, Teresina, Piauí, 2016.

Autores/ Ano Periódico Tema Conclusões

ARAÚJO et al. (2016) Aquichan, Colômbia Impacto de úlceras venosas na qualidade de vida de indivíduos atendidos na atenção primária

As pessoas com UV há mais de ano apresentam maior comprometimento da QV. Necessita-se de intervenções e ações de promoção à saúde dessa população.

JOAQUIM et al. (2016)

Revista Enferm UFPE online, Recife

Reflexão acerca do atendimento domiciliar realizado por enfermeiros no tratamento de úlceras venosas

O estudo demonstra a importância do papel do enfermeiro em relação à visita domiciliar para o tratamento de úlceras venosas, tendo em vista o fato do profissional em questão estar envolvido em todo o processo que circunda o tratamento.

JOAQUIM; CAMACHO (2016)

Rev enferm UFPE on line., Recife

Avaliação da capacidade funcional de portadores de úlceras venosas através da estratégia da visita domiciliar

O estudo indica que a utilização da visita domiciliar como estratégia de avaliação da capacidade funcional permite que o enfermeiro lance seu olhar crítico e reflexivo vislumbrando uma melhor assistência e qualidade de vida aos portadores de úlcera venosa.

LIBERATO et al. (2016)

J. res.: fundam. care. online

A enfermagem no manejo da dor em pessoas com úlcera venosa: revisão integrativa

Verificou-se que existe um déficit de estudos sobre o manejo da dor, contudo sugere-se a implementação das atividades de intervenção encontradas para realização de uma assistência eficaz e holística.

JESUS; BRANDÃO; SILVA (2015)

J. Res.: Fundam. Care. Online

Cuidados de enfermagem aos clientes com úlceras venosas uma revisão integrativa da literatura

Evidencia-se a necessidade de realizar pesquisas com níveis de evidência significativos, visando a otimização do tempo de cicatrização, prevenção de recidivas, estímulo ao autocuidado e conforto do cliente.

AGUIAR et al. (2015)

Revista Cubana de Enfermería

Alterações ocorridas no cotidiano de pessoas Acometidas pela úlcera venosa: contribuições à Enfermagem

Identificaram-se limitações nas atividades cotidianas de lazer e laborais, aposentadoria por invalidez, bem como sentimentos e sensações de angústia e sofrimento que interferem em suas relações sociais.

ALVES; SOUSA; SOARES (2015)

Rev Enferm UFSM Sentimentos de inclusão social de pessoas com úlcera venosa

Faz-se necessário repensar práticas assistenciais inclusivas e receptivas que transcendam a técnica de curativo e compreenda o ser humano em sua complexidade.

GONÇALVES; RABEH; TERÇARIOL (2015)

Rev. Latino-Am. Enfermagem.

The contribution of distance learning to the knowledge of nursing lecturers regarding assessment of chronic wounds

A participação no curso de atualização on-line contribuiu para melhor desempenho dos docentes no teste de conhecimentos, sobre as recomendações para avaliação de feridas crônicas, com embasamento em evidência científicas.

SELL et al (2015) UNOPAR Cient Ciênc Biol Saúde

Qualidade de Vida de Pessoas com Úlceras Vasculogênicas Segundo Ferrans e Powers: Versão Feridas

Confirmou-se que a qualidade de vida das pessoas com úlceras vasculogênicas tem, como maior déficit, o marco saúde e funcionamento. Posto isso, é essencial que medidas para o atendimento destes pacientes sejam estabelecidas para que haja registro, controle e acompanhamento tanto da evolução das feridas quanto do estado geral.

SILVA et al. (2015) Texto Contexto Enferm, Florianópolis.

The therapeutic journey of people with ulcer in out patient care

Conclui-se que o itinerário terapêutico é constituído por uma pluralidade De caminhos, onde os setores populares e profissionais influenciam fortemente na experiência da pessoa que vive úlcera venosa.

DIAS et al. (2014) Rev. Latino-Am. Enfermagem

Quality of life assessment of patients with and without venous ulcer

Todos os aspectos da qualidade de vida estavam mais comprometidos nas pessoas com úlcera. Estes achados podem contribuir para melhor compreensão dos efeitos da doença venosa crônica na qualidade de vida e melhor direcionamento das intervenções terapêuticas nessa população.

EDWARDS et al. (2014)

Journal of Pain and Symptom Management

Identification of Symptom Clusters in Patients With Chronic Venous Leg Ulcers

Dois grupos de sintomas foram identificados nessa amostra de pacientes com úlcera venosa de perna. Pesquisas adicionais são necessárias para verificar esses conjuntos de sintomas e avaliar seu efeito nos resultados dos pacientes.

SALVETTI et al., (2014)

Rev Dor. São Paulo Prevalence of pain and associated factors in venous ulcer patients.

Fatores sociodemográficos, relacionados à assistência e à lesão influenciaram a dor relacionada a úlceras venosas. Intervenções que visem influenciar esses fatores tem potencial para auxiliar no controle da dor desses pacientes.

SILVA et al. (2014)-A Rev Esc Enferm USP Limits and possibilities experienced by nurses in the treatment of women with chronic venous ulcers

O tratamento da úlcera venosa crônica constitui-se um desafio, requer investimento coletivo, envolvendo a mulher, os profissionais, os gestores e as instituições de saúde.



SILVA et al. (2014)-B Rev Gaúcha Enferm. Influence of social networks on the terapeutic e intineraries of people with venous ulcer

Os resultados permitiram conhecer elementos das redes sociais que influenciam nas escolhas e continuidade dos tratamentos e cuidados da pessoa acometida por úlcera venosa. Aponta-se a necessidade da enfermagem conhecer essa rede social e atuar junto a ela para fortalecer a parceria no cuidado.

TORRES et al. (2014) Rev enferm UERJ, Rio de Janeiro

Comparação dos domínios da qualidade de vida de clientes com úlcera venosa

Para melhorar a Qualidade de Vida Relacionada à Saúde (QVRS) das pessoas com UV, é necessária uma assistência integral, com planejamento assistencial e multiprofissional.

DANTAS et al. (2013)

Revista RENE Protocolo de assistência a pessoas com úlceras venosas: validação de conteúdo

Conclui-se que para compor o protocolo, fazem-se necessários aspectos referentes a diagnóstico, tratamento e prevenção das lesões.

DIAS et al. (2013)-A

Online Braz J Nurs [internet]

Quality of life for venous ulcer patients: a comparative study in Brazil/Portugal

Em Portugal há uma melhor qualidade de vida quanto aos aspectos estudados em relação ao Brasil.

DIAS et al. (2013)-B Acta Paul Enferm. Influences of health care services and clinical characteristic on the quality of life of patients with venous ulcer

Os pacientes com úlcera venosa apresentam prejuízos em todos os domínios da qualidade de vida. As características da assistência e da lesão influenciaram a qualidade de vida desse grupo de pacientes, sugerindo que uma assistência integral e de qualidade pode colaborar na melhoria da qualidade de vida desses pacientes.

REIS et al. (2013) Revista Min. Enferm. Reme

Cuidados as pessoas com úlcera venosa: Percepção dos enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família

O conhecimento específico do profissional, sua capacitação, as melhores condições de trabalho, a utilização da integralidade e a adoção de um protocolo são essenciais para o aprimoramento dos cuidados da pessoa com úlcera venosa, diminuindo, assim, o tempo de cicatrização e os índices de recidiva.

SANTANA et al. (2013)

Revista Bras Enferm. Caracterização de profissionais de enfermagem que atendem pessoas com úlceras vasculares na rede ambulatorial

Os dados obtidos indicam fragilidades no processo de atendimento de enfermagem a pessoas com ulceras vasculares.

SARAIVA et al. (2013) Revista de Enfermagem Referência

Qualidade de vida do utente com úlcera venosa crónica

Salienta-se que a maioria dos utentes obteve valores intermédios de QV, tendo-se observado um impacto negativo mais significativo na dimensão bem-estar. Que o estado civil se relaciona com todas as dimensões da QV; e a zona de residência com a QV em geral e as dimensões sintomas físicos, vida diária e vida social.

SILVA et al. (2013)

Revista Gaúcha Enferm.

O cotidiano do homem que convive com a úlcera venosa crônica: estudo Fenomenológico

Os achados sinalizam aspectos vivenciais relevantes que podem orientar os profissionais no planejamento e execução de ações de saúde voltadas para essa clientela.

MADDOX (2012)

Nursing Standard Effects of venous leg ulceration on patients’ quality of life

O artigo identificou a importância de adotar uma abordagem holística para o cuidado de pacientes com úlcera venosa, visando melhorar os resultados e a qualidade de vida.

SALOMÉ; BLANES; FERREIRA (2012)

Rev Bras Cir Plást. Avaliação de sintomas depressivos em pessoas com úlcera venosa

Os resultados obtidos por meio do Inventário de Avaliação de Depressão de Beck permitiram concluir que pacientes com úlcera venosa apresentam níveis diferentes de sintomas depressivos.

SALOMÉ; FERREIRA (2012)

Revista Bras Cir Plást.

Qualidade de vida em pacientes com úlcera venosa em terapia compressiva por Bota de Unna

Os pacientes com úlcera venosa, no início da coleta de dados, apresentaram qualidade de vida baixa, e após 8 meses de tratamento com Bota de Unna foi observada melhora da qualidade de vida.

COSTA et al. (2011) Rev Gaúcha Enferm. Porto Alegre (RS)

Pessoas com Úlceras Venosas: estudo do modo psicossocial do Modelo Adaptativo de Roy

A identificação do modo psicossocial direciona as ações de enfermagem abrangendo a pessoa que recebe o cuidado considerando-a no todo em suas relações com ambiente promovendo melhor nível de adaptação.

GONZÁLEZ-CONSUEGRA; VERDU (2011)

Journal of Advanced Nursing

Quality of life in people with venous leg ulcers: an integrative review

O impacto negativo da úlcera venosa na qualidade de vida foi confirmado na revisão. Os resultados sugerem que o questionário Charing Cross Venous Leg Ulcer é o instrumento mais adequado para avaliação.

Fonte: BDENF, LILACS, SCIELO, WEB OF SCIENCE, PUBMED/MEDLINE e SCOPUS, 2011 à 2016.



Aspectos mais afetados na qualidade de vida do paciente com úlcera venosa

A avaliação da qualidade de vida de pacientes com úlcera venosa atua como um qualificador importante

na assistência prestada pelo serviço de saúde primário, secundário ou terciário, sendo público e privado,

nacional ou internacionalmente, pois, essa patologia atinge os indivíduos em sua fase mais produtiva da

vida e interfere diretamente no bem-estar desses, por abranger características peculiares à rotina e o

cotidiano dessas pessoas, desde tarefas domésticas, atividades laborais, lazer, dentre outros. Permeando

os aspectos subjetivos comuns ao ser humano quer físicos, sociais, psicológicos e espirituais.

Avaliar a qualidade de vida é algo que se tornou importante nas últimas décadas. Inicialmente abrangeu

outras áreas do conhecimento, e somente depois foi incorporada à saúde. A qual foi denominada Qualidade

de Vida Relacionada à Saúde (QVRS), pela necessidade de transformar a medida, antes subjetiva, em

quantitativa, e de forma a poder ser usada em pesquisas, modelos econômicos e, também, que os

resultados pudessem ser utilizados em populações diversas até mesmo em diferentes doenças (SALOMÉ;

FERREIRA, 2012).

Nas pessoas com doenças crônicas, especialmente aqueles que apresentam úlcera venosa, a qualidade

de vida implica em realizar atividades simples do cotidiano com enorme dificuldade. Uma das graves

consequências que a ulceração venosa traz ao paciente é a diminuição da produtividade no trabalho,

aumento do número de atestados médicos no emprego, aposentadoria precoce, desemprego, deterioração

da autoimagem, isolamento social até mesmo a depressão (DIAS et al., 2013).

Em concordância com o estudo de Torres et al. (2014) a evidencia da perturbação no padrão satisfatório

de sono é uma vivência declarada pelas pessoas com UV, onde, quase sempre está associada à existência

da dor. Tal condição desfavorável resulta em fadiga e sensação de cansaço, condições que regularmente

marcam presença na vida dos que possuem uma ferida crônica obtendo consequências óbvias na energia,

disposição e capacidade das pessoas para desempenharem suas atividades pessoais normais e

profissionais (DIAS et al., 2013).

A dor atua como uma característica principal no que refere à úlcera venosa crônica, uma vez que esse

sintoma se manifesta em quase todos os pacientes acometidos por essa doença; o que acaba por

determinar uma deterioração da qualidade de vida, visto que, resultarão em uma prestação de serviço

profissional insatisfatória, noite de sono prejudicada, limitação de mobilidade e baixa autoestima.

Em um estudo realizado para avaliar o impacto das UV na QV, constatou que a dor foi o sintoma

relatado com maior frequência, 80,00% da amostra. A dor física associada às feridas é, por vezes,

subvalorizada e até negligenciada pelos cuidadores formais e informais (SARAIVA et al., 2013).

A presença de dor é fator que provoca muito desconforto, além de limitar as atividades de vida diária. Na

pesquisa realizada por enfermeiros do Reino Unido verificou que os participantes descreveram esse

sintoma como um lembrete constante de sua úlcera, que foi incansável e contribuiu para os seus

sentimentos de perda de controle (DIAS et al., 2014). No entanto, no estudo feito por Salvetti et al. (2014),

relatam que o fato de pacientes com renda mais baixa terem apresentado menor intensidade e impacto da

dor nas atividades do dia a dia não era esperado, mas esses pacientes podem ter demonstrado maior

resiliência, considerando a falta de opções no contexto em que vivem.

A lesão é um agravante negativo na saúde e na qualidade de vida dos pacientes com úlcera venosa,

uma vez que, a ausência da ferida representaria a essas pessoas viverem livres de dor e dificuldade de

locomoção; teriam independência pessoal, valorização da autoimagem e liberdade de convivência social

com familiares, amigos e comunidade. Podendo decidir individualmente em o que e como fazer, o que

vestir, como sair, enfim, lhes devolveria a verdadeira autonomia.

Uma pesquisa reitera, ao afirmar que para os pacientes acometidos com a lesão, a cura da úlcera de

perna é percebida como precursora da melhoria da qualidade de vida da pessoa, permitindo o resgate das

atividades interrompidas pelo acometimento da lesão e o almejado convívio social (SILVA et al., 2013).



Desse modo, é preciso ter em mente que ter uma boa qualidade de vida para pacientes portadores de

úlcera venosa consiste na realização de atividades cotidianas, participação de atividades sociais com

amigos e familiares, bem como na minimização do aspecto estético provocado pela úlcera. Destaca-se que

o relacionamento familiar em geral, é positivo na vida das pessoas. Representa um suporte emocional,

inclusive estimulando-o para o retorno às atividades que comprometem a sua autonomia (JOAQUIM et al.,

2016; SARAIVA et al., 2013).

Portanto, como mostrado pela evidência científica, a saúde contribui diretamente na qualidade de vida de

indivíduos ou populações e, ter qualidade de torna-se um instrumento efetivo na melhoria e recuperação da

lesão. Assim como é sabido que muitos componentes da vida social contribuem para uma vida com

qualidade e um perfil elevado de saúde (SELL et al., 2015).

Contudo, conforme descrito pelos estudos elucidados, ter a pessoa uma úlcera venosa contribui

negativamente de forma significativa na sua qualidade de vida, pois, as restrições inerentes ao seu dia a dia

ultrapassa o simples fato de ter uma lesão, passa a interferir diretamente em todos os aspectos vivenciados

em seu cotidiano, quer físico, social, psicológico e espiritual.

Sentimentos vivenciados no cotidiano de pacientes com úlcera venosa

Alguns dos mais diversos sentimentos são experimentados e vivenciados pelas pessoas acometidas por

uma úlcera venosa, onde foi descrito as mais variadas sensações e emoções que são comumente inerente

à vida, bem como ao cotidiano desses indivíduos que passam a ter que conviver com essa lesão que em

sua maioria se dar com caráter redicivante e com alta possibilidade de tornar-se crônica.

Pessoas com UV destacam o mal-estar sentido pela vivência de um cotidiano marcado pela presença de

uma ferida crônica como um interferente relevante na sua QV. O bem-estar é comprometido pela sensação

de desconforto, levando os pacientes a caracterizarem a vida diária como algo incomodativo e fonte de

martírio. Essa é descrita como um evento gerador de mal-estar em múltiplos sentidos, levando-os a

adjetivarem sua própria vida como sendo “martirizada”, marcada por uma série de incômodos (SARAIVA et

al., 2013).

Percebe-se o quanto é estigmatizante para esses indivíduos a presença de uma ferida crônica. Esses

vivenciam o preconceito, à vergonha de expor os membros inferiores aos olhos dos outros, e ainda tem sua

imagem corporal alterada. Bem como, evidenciar o cotidiano desses indivíduos possibilita perceber que

esses passam a ter dependência excessiva de terceiros para realizar suas atividades o que também

dificulta sua interação social (AGUIAR et al., 2015).

Por ter uma lesão ulcerativa, provavelmente o indivíduo não sente vontade de estar em grupo, partilhar

histórias de vida, nem mesmo sair de casa para um passeio. Portanto, o impacto da ferida crônica permeia

todos os aspectos da vida diária das pessoas, que se preocupam com o horário de trocar o curativo e

sentem-se desconfortáveis ao frequentar qualquer local social por causa do odor da lesão e dos pés ou de

um possível vazamento do exsudato da ferida (ALVES; SOUSA; SOARES, 2015).

Em pessoas acometidas com lesão há mais de ano, elas passam a ter sua visualização estética mais

fortemente afetada, evidenciando que a medida que a ferida vai se tornando crônica isto vai gerar uma

maior preocupação das pessoas com sua aparência. A pessoa que tem a lesão expressa vergonha de

mostrá-la a outras com quem convive e passa a usar roupas que escondem a ferida para que ninguém

pergunte sobre o problema (ARAÚJO et al., 2016; ALVES; SOUSA; SOARES, 2015).

Para outros pacientes, ter a ferida pode resultar em perca do direito à liberdade de escolha, por tornar

ausente o poder de decidir quanto ao que fazer, aonde ir e o que evitar, tendo que aceitar a condição

imposta pela limitação da lesão para não se sentirem discriminados, sendo isso um agravante negativo em

sua autoestima, qualidade de vida, saúde e na valorização do seu ser.



Em seu estudo, Sell et al. (2015), afirma que ter qualidade de vida com saúde é poder vivenciar

momentos de liberdade e independência da doença, sob a perspectiva do cuidado voltado para as feridas e

as alterações em seu cotidiano em detrimento as lesões.

Em estudo comparativo sobre a qualidade de vida entre pessoas com úlcera de perna e outras sem a

lesão evidencia que os resultados da escala de depressão foram significativamente mais altos para as que

têm a ferida. Os resultados também sugerem participação em redes sociais e apoio social para indivíduos

com úlceras, o que demonstra que eles são socialmente isolados, tanto por causa da rejeição da sociedade

quanto pelo fato de a própria pessoa que tem a ferida saber que os outros reagem com diferença devido às

suas condições (ALVES; SOUSA; SOARES, 2015).

Considera-se que o cuidado transcende o tratamento das feridas e a visão integral da pessoa possibilita

identificar suas necessidades e particularidades. Ainda mais que a presença de uma ferida modifica o

cotidiano das pessoas, sensibilizando-as emocional e fisiologicamente (SILVA et al., 2015).

Os sentimentos descritos nos estudos encontrados foram bem diversificados, e revelaram bem a

correlação existente e a interferência da úlcera venosa no cotidiano das pessoas acometidas com essa

lesão incapacitante, limitadora e restritiva, pois tende a delimitar as condições e obrigações pessoal,

profissional e social do indivíduo. Portanto o cuidado direcionado a esses pacientes devem ser realizados

de forma integral, de modo a contemplar o ser em sua plenitude peculiar e individual.

Papel da enfermagem no manejo de pacientes com úlcera venosa

Entende-se como principal administrador do cuidado, o profissional enfermeiro, pois esse é quem

rotineiramente está a demandar uma assistência direta ao paciente. E isso por sua vez, lhe exigirá conteúdo

teórico, habilidades práticas, um olhar clínico e individual voltados para o planejamento e desenvolvimento

de ações efetivas e resolutivas no manejo do cuidado prestado a pacientes com úlcera venosa. Contudo,

para o desempenho de uma assistência integral e adequada, necessita-se de uma equipe multiprofissional

interessada no bem estar dos seus clientes, e aptas para resolver as demandas de suas necessidades.

É papel dos enfermeiros o cuidado com feridas, dentre essas a úlcera venosa de membros inferiores é

de extrema relevância, pois o tratamento da úlcera venosa necessita da intervenção de diversas

especialidades médicas e da atuação da equipe multidisciplinar de saúde para se conseguir resultado

terapêutico efetivo. A atenção desses profissionais devem está voltadas para atividades como avaliação dos

custos destinados ao tratamento da referida doença, avaliação da qualidade de vida do doente, avaliação

do processo de cicatrização e adoção de novas tecnologias de tratamento para fundamentar a prática e

aprofundar as questões vinculadas à assistência (DANTAS et al., 2013; JOAQUIM et al., 2016).

É importante destacar que um trabalho interdisciplinar, quando envolve a participação e comunicação

efetiva de todos os profissionais, diminui a possibilidade de que sejam tomadas condutas diferenciadas em

uma mesma situação de cuidado. Sobre isso, um estudo mostrou que o trabalho multidisciplinar, com

comunicação efetiva entre os membros da equipe, aumentou a possibilidade de cicatrização e reduziu a

severidade dos desconfortos relacionados à presença das lesões (SILVA et al., 2014).

Diante das necessidades surgidas nas últimas décadas, decorrentes do aumento das doenças crônicas

e do número de pessoas com feridas, torna-se igualmente necessário redirecionar a formação acadêmica e

a qualificação dos profissionais de saúde, valorizando não somente o conteúdo, mas também a prática da

assistência (SALOMÉ; BLANES; FERREIRA, 2012).

O conhecimento demonstrado, a compreensão das úlceras de perna e o compromisso em seus cuidados

prestados tem uma influência significativa no relacionamento existente entre o paciente e o enfermeiro. Foi

identificada uma lacuna no uso de estratégias de enfrentamento para manter o equilíbrio entre a gestão dos

efeitos físicos da úlcera e segurança do atendimento às necessidades centrais dos pacientes (MADDOX,

2012).



Em uma pesquisa realizada com enfermeiras, a maioria delas possuía baixo conhecimento sobre UV. A

falta de conhecimento, bem como não identificação das características clínicas pelo profissional, interferirá

no processo de cicatrização da lesão. É importante considerar que a educação permanente é necessária,

embora se apresente como insuficiente para provocar mudanças na prática (SANTANA et al.,

2013;GONÇALVES; RABEH; TERÇARIOL, 2015).

O conhecimento técnico e científico do enfermeiro torna-se essencial, dada sua responsabilidade de

sensibilizar o paciente a seguir as orientações, esclarecer todas as dúvidas e a importância desses

cuidados para o tratamento (REIS et al., 2013). O enfermeiro dentro do seu papel de compartilhador de

conhecimento deve estar apto para saber visualizar as condições de risco pertinentes à sua clientela, para

assim orientá-los quanto às suas expressivas necessidades, contribuindo na disseminação do manejo

adequada do cuidado, permitindo a esse indivíduo ser alguém independente, validando a prática da

autonomia e do autocuidado.

Uma avaliação funcional realizada por profissionais de saúde possibilita identificar limitações e

potencialidades, o que permite o compartilhamento de orientações na adoção de medidas preventivas,

terapêuticas e reabilitadoras com o objetivo de tornar o usuário ativo nesse processo, estendendo os

cuidados ora adquiridos para o seu domicílio (REIS et al., 2013; JOAQUIM; CAMACHO, 2016).

Não obstante, o enfoque principal dos enfermeiros durante o cuidado ao cliente com úlcera venosa deve

ser o fortalecimento das orientações em relação ao autocuidado. Assim, a enfermagem busca uma

abordagem mais humanista e menos tecnicista do processo de cuidar e fica encarregada de fornecer a

assistência necessária ao cliente caso este possua alguma impossibilidade ou limitação para realizar o

autocuidado (JESUS; BRANDÃO; SILVA, 2015).

Apesar dos constantes estudos, a dor ainda prevalece um problema quanto à Qualidade de Vida

Relacionada à Saúde. Necessita-se urgentemente de métodos de tratamento para cicatrização e alívio da

dor para feridas, com pesquisas focadas em intervenções multidisciplinares, a fim de garantir a realização

de uma abordagem holística (GONZÁLEZ-CONSUEGRA; VERDÚ, 2011).

A dor crônica ou o desconforto dificulta ou até mesmo impossibilita a deambulação, por isso, o controle

desse sintoma deve ser uma preocupação do profissional enfermeiro, e; achados mostram que a

assistência prestada tem influência sobre a dor relacionada à úlcera, porém é imprescindível às pessoas

com úlcera venosa uma assistência embasada em um modelo holístico de cuidado, objetivando a

reintegração social dos pacientes com o máximo de condições para se ter uma vida normal, ou seja, viver

com qualidade e saúde (LIBERATO et al., 2016).

A realização de um cuidado assistido de forma integral, humanístico, holístico e individual, prevalece

sem dúvida como eficiente, uma vez que, se disponibilizará a conhecer o indivíduo além da lesão acometida

e traspassará para o seu meio social, agregando a importância dos familiares como um terapêutico

essencial no tratamento. Assim, buscará contemplar o indivíduo em todos os seus domínios integrativos,

sua situação pessoal, seus desconfortos e ansiedades.

As orientações realizadas pelos enfermeiros favorecem e auxiliam no cuidado, e preparam a família para

enfrentar a situação causada pelo surgimento da doença. Neste caso, deverá planejar uma proposta de

intervenção que considere a pessoa e o seu grupo familiar, pois o apoio emocional recebido desses

membros configura um cuidado não profissional que pode reduzir os prejuízos das carências estruturais,

bem como serve de incentivo para favorecer a adesão e continuidade do tratamento proposto, do contrário,

a ausência de apoio pode ter efeito negativo e contribuir para a cronicidade da lesão (SILVA et al., 2014a).

A falta de compreensão das variações, da experiência dos sintomas e das respostas ao tratamento

contribuem para a inconsistência e incerteza no aconselhamento da assistência dada aos doentes com

úlcera crônica de perna. Uma melhor compreensão do agrupamento de sintomas é importante para o

desenvolvimento de novas intervenções para tratar os sintomas precários e obter resposta favorável ao

tratamento (EDWARDS et al. 2014).



Uma assistência de qualidade pode ter impacto positivo na funcionalidade e na percepção de dor,

confirmando achados de pesquisa que concluíram que as melhores práticas assistenciais promovem

redução da dor e mais independência nas atividades de vida diária em pacientes com ulceras crônicas

(DIAS et al., 2013a).

Assim, discute-se a abordagem clínica e integral dos médicos e enfermeiros diante do atendimento às

pessoas com UV. Cabe aos enfermeiros desenvolverem e aplicarem ações principalmente no que diz

respeito à integralidade da atenção. A relação entre paciente e enfermeiro apresenta como de fundamental

importância nos bons resultados da assistência à pessoa com úlcera venosa (ARAÚJO et al., 2016).

Contudo, faz-se de grande relevância o desenvolvimento do enfermeiro no cuidado aos pacientes com

úlcera venosa, bem como, de uma equipe multiprofissional para o planejamento de uma assistência

adequada com ações que visem a qualidade de vida das pessoas acometidas com essas lesões

ulcerativas, visto que, essas lesões geram danos a todos os aspectos envolvidos no cotidiano e na vida

desses indivíduos afetando diretamente na sua saúde e no seu bem estar. Por isso, deve ser motivo

principal dos profissionais envolvido nesse cuidado a eficácia e produtividade dos resultados durante o

tratamento, desenvolvido a esse ser em toda sua esfera psicobiológica e psicossocial.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O cotidiano do indivíduo com uma lesão ulcerativa torna-se alterado, necessitando de cuidados

diferenciados e específicos. Dentre essas alterações, a principal envolve os novos sentimentos que esses

por sua vez passam a experimentar rotineiramente, uma vez que, ter uma lesão crônica, dolorosa e

exsudativa torna sua vida mais restritiva, modificando todo um contexto que antes era comum, como, ter

sua imagem física alterada, suas atividades diárias interrompidas, contribuindo assim para desenvolver

sentimentos como, isolamento social, medo, baixa autoestima, raiva, sentimento de impotência, culminando

até mesmo na depressão.

A presente pesquisa possibilitou o alcance dos objetivos estabelecidos, pois, descreveu todos os

aspectos que se tornam mais afetados na qualidade de vida dos pacientes acometidos com úlcera venosa,

bem como, quais sentimentos são vivenciados em seu cotidiano como consequência de ter a lesão, e, o

papel do enfermeiro no manejo com essas pessoas.

Para tanto, observou-se nos estudos realizados que a insuficiência de conhecimento técnico-científico ou

a falta de atualização do mesmo, permeia o cenário de rotina na assistência de enfermagem aos pacientes

acometidos com uma ferida crônica, demonstrando a importância de uma educação permanente, voltada

para a lesão e para as devidas orientações que contemplarão o ser humano nas suas individualidades.

Portanto, ser a úlcera venosa uma patologia que acomete várias pessoas principalmente em sua idade

produtiva, necessita-se então da publicação de constantes estudos voltados a essa temática, que foquem

nos cuidados adequados, bem como, nas orientações corretas para a ocorrência de uma assistência efetiva

intra e extra-hospitalar. Mantendo sempre atualizado o necessário conhecimento voltado ao cuidado com

essa lesão e com o paciente envolvido.

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o cotidiano de pacientes com úlcera venosa: uma revisão ... · oliveira da vera3, luana mendes...

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