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Pesquisa e Texto:

Antonio Maria S. C.

São Luís – MA

2006

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APRESENTAÇÃO

Sou um neurótico e fui um dependente químico (álcool, anfetaminas e remédios psicoativos ) por trinta anos.

Em 1997, no AA, aceitando incondicionalmente, por fim, a minha definitiva e completa impotência para tomar o primeiro gole, e arrimado nos exemplos de coragem, fé e humildade que me davam os companheiros sóbrios há cinco, dez, vinte, trinta anos ou mais, depois de chegarem a um Fundo de Poço tão ou mais terrível quanto o meu, tampei definitivamente a minha garrafa. Em 2004, reencontrei o N/A e pude caminhar com mais segurança na estrada da sobriedade.

Hoje, eu tenho mesmo muito pouco a pedir e muito mais a agradecer ao Poder Superior.

Realmente, tenho muito mais que agradecer! Primeiro, porque, todos os dias, ao acordar, recebo o presente de mais 24 horas para poder ser completamente feliz. Depois, por ter conseguido libertar-me dos grilhões da dependência química e por ter obtido uma insuspeitada força interior que me permite a felicidade de, em mantendo a minha depressão, ansiedade, medo e insegurança em níveis toleráveis, levar uma vida perfeitamente normal, útil e proveitosa.

Com este trabalho, cujo objetivo primordial é o de ajudar pessoas cujas vidas estão prejudicadas ou atormentadas pela doença emocional e/ou dependência química, eu julgo resgatar um pouco da minha gratidão a Deus, porque, ao fim de tudo, já na Terceira Idade, posso desfrutar de um estado emocional muito mais confortável do que poderia imaginar, nas minhas previsões mais otimistas sobre o meu futuro!

Alcoólicos Anônimos, Neuróticos Anônimos e a Doutrina Espírita não foram caminhos abertos por mim, mas sim, por Deus, para tornar mais leve o meu jugo nessa espinhosa caminhada e para que eu pudesse me levantar com mais facilidade das minhas muitas quedas e desesperanças.

Convém advertir, entretanto, que absolutamente não tenho a intenção de projetar o AA e o N/A como únicos e exclusivos meios para a recuperação do alcoolismo e

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neurose, haja vista que outras instituições, inclusive médicas e religiosas, utilizando métodos diferentes de AA e N/A, também vêm obtendo significativo sucesso no tratamento de alcoólatras e neuróticos. Por outro lado, além de os Programas de Recuperação de AA e N/A não terem qualquer caráter religioso, nenhuma Filosofia Religiosa, quer seja a Doutrina Espírita, o Catolicismo, o Evangelismo e outras detêm o monopólio da verdade absoluta. Na verdade, muitos são os caminhos que conduzem a Deus.

Neste livreto, distinguindo o AA, N/A e o Espiritismo Kardecista como divinos e extraordinários instrumentos de que me servi para a minha recuperação enquanto ser humano e espiritual, estou somente cumprindo o imperioso dever de fazer de tais referências um ato de justiça e reconhecimento a essas entidades que bondosamente Deus colocou no meu caminho .

No fim, todas essas generosas dádivas de Deus fizeram a diferença entre a loucura e a lucidez, entre uma morte indignamente prematura e uma velhice honrada, cercada do respeito dos que me são caros.

“Concedei-nos, Senhor, a Serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar; Coragem para modificar aquelas que podemos e a Sabedoria para distinguir umas das outras”.

A MINHA HISTÓRIA

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Meu nome é Antonio e sou um neurótico em recuperação. Sou também um dependente químico em recuperação (álcool e psicotrópicos) e ex-tabagista. Desde a infância, fui deprimido, angustiado, triste e solitário, e cresci assim. A minha via crucis das dependências começou em 1965, quando, com a idade de 21 anos, experimentei, no Rio de Janeiro, uns comprimidos de Dexamil, uma poderosa anfetamina, que causava uma extraordinária sensação de alegria e de bem-estar ao usuário. Ora, predisposto à dependência, desde o nascimento (quem sabe, desde o útero da mãe?), eu fui ficando dependente  progressivamente, passando de um ou dois comprimidos diários, para dez, e por fim, dois anos depois,  o tubo inteiro, cerca de vinte e cinco comprimidos por dia!

Quando caí na dependência total da anfetamina, em 1967, eu estava casado há apenas dois anos, com um filho de um ano, e tornei-me semilouco. Seviciava a jovem esposa, tinha delírios de grandeza, estranhas fantasias, alimentava-me pouco, dormia quase nada. Sou um homem de 1,78m, peso 74kg, mas, nessa época, cheguei a pesar 50 quilos! Abandonei a Faculdade de Direito, onde cursava o 3º ano e, como era de se esperar, o casamento se desfez. Tive envolvimentos com a polícia, por causa de receitas que eu adulterava para obter o psicotrópico, tentei o suicídio, mas não consegui morrer, e acabei ficando em situação moral e social bem pior do que antes.

Tendo sido aprovado em concurso público para o Banco do Brasil, e designado para servir inicialmente numa cidade do interior do Maranhão, acreditei ainda que o meu casamento pudesse ser salvo, mas a minha jovem esposa recusou-se a se reconciliar comigo e acompanhar-me na volta ao meu estado natal. Voltei sozinho, pois, para  o Maranhão, ingressei no BB e reiniciei a carreira bancária, mas infelizmente em precário estado emocional.

Como as farmácias interioranas, nesse tempo, não comercializavam substâncias psicoativas, substituí as “bolinhas” por uma droga lícita e acessível a todos: o álcool. Logo me tornei um fiel súdito de Baco. Enquanto a carreira bancária se complicava, o alcoolismo progredia. Já em 1969, tive duas crises de delirium tremens. Tentei as fugas geográficas: transferências para outras cidades do interior do Maranhão, e para outras capitais, como Belém do Pará e Fortaleza. Nesta, em 1973, recebi a maior bênção de toda a minha vida:  a mensagem de Alcoólicos Anônimos. Embora fosse sincero e honesto na minha disposição de abandonar a bebida, o meu grande descontrole emocional logo se revelou o maior empecilho para a manutenção de uma sobriedade definitiva. Ficava sóbrio alguns meses, mas sufocado pela ansiedade e depressão, voltava à garrafa. A esse tempo, tendo já perdido emprego em dois bancos federais, e insistindo na carreira bancária em banco estadual da capital do Estado, São Luís, eu já tinha adquirido a convicção de que o álcool e os psicotrópicos não eram a causa, mas a conseqüência de um desequilíbrio interior, cujo nome, neurose, eu só fui sabê-lo em 1975, quando travei conhecimento com um ex-marinheiro, residente no Rio de Janeiro, membro de AA e de N/A. Aquele companheiro deixou comigo um exemplar do Livro Vermelho, cópias datilografadas dos Doze Passos, Doze Tradições e Lemas de N/A. Faz mais de 30 anos, mas ainda guardo comigo esses preciosos documentos! E é claro que me reconheci como um perfeito neurótico. Como não reconhecê-lo? Eu era um sujeito com um monte de emoções descontroladas! E data, desse tempo, a minha intenção, nunca concretizada, mas jamais renunciada, de abrir um Grupo de N/A no Maranhão. De qualquer modo, a partir de 1975, consegui estabilizar-me no Programa de AA. Casei-me pela segunda vez, passei no Vestibular para a Faculdade de Letras, vieram dois filhos e, em 1978, eu já estava graduado em nível superior,

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era gerente de agência, tinha carro, boa casa, invejável situação social e financeira. Os dias negros tinham ficado definitivamente para trás? Infelizmente, não... Estava com três anos de sobriedade contínua em AA, quando recaí. Acometido de crises de pânico enquanto dirigia, tentei resolver o problema com comprimidos de Diazepan, exagerei na posologia, dopei-me e, então, voltei à minha desgraça engarrafada. Embriagado, dentro do recinto do Banco, rasguei documentos, agredi colegas! Aplicaram-me uma suspensão de 15 dias. Como “desgraça pouca é bobagem”, nos dias que antecederam a essa suspensão, alguém, muito esperto, falsificou saques ilícitos do antigo Funrural. Descontrolado e às vezes alcoolizado, em pleno serviço, assinei o que me apresentavam. Estourou o escândalo, inquérito administrativo etc. Minha situação se complicou não só por eu ter autorizado os saques, como porque houvera rasgado um monte de documentos e isso se configurou, aos olhos dos inspetores, como uma tentativa de “inutilizar provas”. Afastaram-me do serviço e, advertido por bons amigos, que seria demitido por justa causa, entrei em licença médica pelo INSS. Por eu já figurar na lista dos “demissíveis”, o Banco recusou-se a complementar o meu Auxílio-Doença e, por sete anos, esse benefício previdenciário se constituiu a minha única renda mensal.  Por estranha e lamentável coincidência do destino, entre os deploráveis acontecimentos que se sucederam a essa recaída, a minha esposa resolveu deixar-me. E eu fiquei só, bebendo alucinadamente, e com a grave incumbência de cuidar de duas crianças pequenas! Eu, que mal podia cuidar de mim!... Mas a minha dependência alcoólica era realmente a minha cruz mais pesada. E o  meu alcoolismo havia mudado:  de bebedor descontrolado, de fins de semana, passei a dipsomaníaco, isto é, o que tem uma paixão periódica pelo álcool. Passava dias e meses sem beber, mas quando o fazia, bebia por dez, quinze dias consecutivos! Se por um lado isso era bom, pois passava muito tempo completamente abstêmio ao álcool, desincumbindo-me dos meus deveres de pai com amor e seriedade, por outro lado, quando recaía na garrafa, rolava na mais vergonhosa sarjeta física, moral e social. Nessas horríveis jornadas de libação alcoólica, dormia bêbado, mas às cinco horas da manhã, já estava esperando o botequim abrir para tomar o primeiro gole. Nessas fases, não conseguia mais parar de beber sozinho e era obrigado a internar-me em hospitais psiquiátricos para interromper o ciclo das bebedeiras contínuas.

A decadência financeira, social e moral era, pois,  inevitável, mas ela foi quase inacreditável: de gerente de Banco, em 1978, com boa e confortável casa, e carro, vi-me, em 1981, com dois filhos pequenos, morando em zona rural, num casebre de palha, sem luz elétrica, sem água encanada, desprezado e ridicularizado por parentes e amigos! Em certas ocasiões, sem uma mulher ao meu lado e sem recursos para contratar uma empregada doméstica, eu cozinhava, lavava e passava as nossas roupas! Nas raras vezes em recorri a parentes em busca de auxílio, só recebi desprezo e indiferença. Pior que isso, agravavam a minha dolorosa situação com críticas contundentes: "Por que tu, um bêbado que nem sequer podes tomar conta de ti mesmo, foste brigar pela posse de duas crianças? Agora, te vira sozinho!" Mas eu conseguia, sim – e isso, com certeza, por bondade de Deus – cuidar dos meus dois filhos, nunca lhes faltando casa, comida, roupa e escola. Nunca, entretanto, perdi o contato com o AA. Caía e reingressava, caía e reingressava....Mas, a partir de 1986, voltei a experimentar bons períodos de sobriedade contínua e uma relativa prosperidade econômica, já que tinha conseguido, via judicial, a complementação do meu benefício previdenciário e houvera passado em concurso público para professor da rede pública estadual. Mas, nessa etapa, recrudesceram a minha depressão e ansiedade e adquiri uma nova dependência: os remédios controlados.  

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Tornei-me usuário habitual de quase todos: Alprazolan, Amitriptlina, Amplictil, Anafranil, Ansilive, Aropax, Bromazepan, Buspar, Carbamazepina, Diazepan, Dienpax, Equilid, Fluxene, Frontal, Haldol, Haloperidol, Imipramina, Lexotan, Limbritol, Librium, Lorax, Lorazepan, Olcadil, Parmelon, Prozac 20, Psiconeurin, Psicosedin, Reactivan, Sedandrômaco, Somalium, Tensil, Tofranil, Triptanol, Valium.... Só que me esquecia de um detalhe importante: houvera sido dependente de psicotrópicos, princípios ativos dos remédios controlados! Portanto, embora só mais tarde viesse a constatar, um simples comprimido de tranqüilizante ou antidepressivo era uma ameaça em potencial para a minha sobriedade! O resultado disso foi quase trágico: passava dois, três anos sem beber, e  atacava-me a depressão, ansiedade ou medo. Encurralado, procurava desesperadamente o remédio controlado, usava-o, exagerava nas doses e, dentro de mais ou menos dois dias, voltava à garrafa. E bebia por quinze, vinte dias seguidos, quase sem me alimentar, dormir ou assear-me.

Nesses períodos, acontecia tudo: prisões, internações, acidentes. E a dependência às substâncias entorpecentes se manifestava de maneira extremamente absurda e degradante: bebi álcool puro com água, desodorante, cheirei cola de sapateiro, éter, gasolina, roubei farmácias para obter o remédio controlado, roubei dinheiro, falsifiquei, vendi roupas do corpo e objetos pessoais para beber. Amanhecia bêbado, trêmulo, às cinco da manhã, e corria desesperadamente para o primeiro botequim aberto; se não tinha dinheiro, suplicava pelo copo de cachaça, tomava-o com as duas mãos, vomitava (o organismo, desidratado e enfraquecido, repelia o álcool), tomava outro gole, e tornava a vomitar, tomava o terceiro e, enfim, esse ficava no organismo.  E isso tudo acontecia com um bancário, um professor de nível superior! Em 1993, 20 anos depois de ter conhecido o AA, eu contabilizava 22 internações psiquiátricas, 12 prisões por embriaguez e desordem, dois processos judiciais por falsificação e adulteração de documentos. Teria o Programa de AA funcionado negativamente para mim? Não, como se verá a seguir...

Os períodos de sobriedade em AA, embora descontínuos (23 anos) possibilitaram-me, apesar dos pesares, criar e educar os meus dois filhos. Cresceram, se formaram, casaram. Aposentei-me da carreira bancária e como professor da rede pública estadual. Com mais disciplina, fé e coragem, fiz, em 1997, o meu último reingresso em AA e tornei-me, a partir daí, definitivamente sóbrio. Completo, no próximo ano, 10 anos de sobriedade contínua, mas, tenho, ao todo, 33 anos  de militância no Programa de Recuperação de AA.  Então, como falar em fracasso? Eu me recusei a desistir do Programa de AA e isso fez a diferença...

Mas e a depressão, ansiedade, medo e fobia social? Sem grupos de N/A, aqui no Maranhão, não podia aproveitar o AA para tratar do meu descontrole emocional e embora experimentando a maravilhosa sensação da liberdade definitiva do álcool, ainda usava antidepressivos e tranqüilizantes (felizmente, sem recair no primeiro gole), mas sem nenhum melhora na minha psicose maníaco-depressiva. Com o tempo, embora sóbrio, a depressão e fobia social agravaram-se e caí no mais profundo isolamento social, quase misantropia. Trancado em casa, com uma empregada para fazer os serviços domésticos, só saía para receber as aposentadorias e pagar as contas. Eu estava realmente enclausurado. Como um bicho. Era o ano de 2003. Com 59 anos, sexualmente ativo, homem de boa aparência, estável situação financeira, não tinha namoradas, amantes, nada. Fugia de tudo e de todos! Eu sempre fui um homem muito emotivo, mas sempre muito contido no extravasar das minhas emoções, pouco afeito a lamentações ou a lágrimas. Entretanto, aquela solidão, aquele isolamento passaram a doer tanto em mim que, em determinado dia, não resisti e chorei feito uma criança!

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 E foi como se tivesse lavado a alma. Uma sensação de paz tomou conta de mim e tomei uma deliberação: abri o armário e joguei fora os remédios controlados. Procurei no catálogo telefônico o número da casa espírita que eu freqüentara, anotei os dias de reunião e voltei para lá, redescobrindo a minha Religião. Mas, em  junho de 2004, minha paz interior e a minha própria sobriedade estavam sob ameaça, pois a depressão, ansiedade e fobia social estavam retornando insidiosamente. Em conflito com familiares e amigos, que nada tinham a ver com o meu patológico e cristalizado desequilíbrio interior, pensava já em recorrer às tristes muletas dos remédios psicoativos - idéia perigosa, no meu caso - quando comprei um PC e passei a acessar a Internet. No dia 21 de junho, espantado, dei-me de cara com o site oficial de Neuróticos Anônimos! Ora, eu que passara 30 anos ansiando por um Grupo de N/A na minha cidade, agora podia freqüentar um, embora virtual, às quartas e sábados. Convencido de que tinha encontrado o que procurara por tantos anos, declarei categoricamente, olhando para o site de N/A: “Eis aqui o meu remédio!” E, pela primeira vez, na minha vida, eu pude desabafar numa sala de N/A. Que maravilha! Fortalecia-se, dentro de N/A, o meu processo de recuperação do descontrole emocional, eu, que já vencera o álcool e os psicotrópicos. Depois encontrei mais outros grupos virtuais, fui ao Rio de Janeiro, freqüentei grupos presenciais, inclusive o Nova Vida, o Grupo a que pertence o Mariano, aquele ex-marinheiro que em 1975 me mandou a primeira mensagem de N/A!

Eu tinha reencontrado, enfim, o fio da meada da minha recuperação integral.... Hoje, que escrevo essa história, prestes a completar 10 anos de sobriedade contínua em AA, posso comemorar outras vitórias pessoais: 15 anos sem tabaco, 3 anos sem ingerir nenhuma substância psicoativa - seja tranqüilizante, antidepressivo ou ansiolítico - e um ano livre da depressão e fobia social. Aproveitando o ensejo, criei um Grupo de Auto-Ajuda On-Line - O Grupo Valorização da Vida - que  tem como  objetivo primordial oferecer apoio emocional a pessoas que se reconhecem portadoras de distúrbios mentais e comportamentais, acompanhados ou não de dependência química, e propondo uma terapia de grupo leiga, de autodiagnose, automotivação e auto-ação,  baseada no compartilhamento de experiências, forças e esperanças, no sofrimento e na recuperação da doença emocional e/ou dependência química. São dois os principais motivos que me levaram a esse empreendimento. O primeiro é que suponho que a minha experiência possa ser de grande valia para os que estão nas sarjetas da vida, derrubados pela embriaguez contumaz, ou com as vidas paralisadas por emoções descontroladas. O outro motivo, mais transcendental, é que estou plenamente convencido de que por mais coragem e resistência de que eu fosse possuidor, jamais teria saído do Fundo do Poço se um Poder Superior a mim mesmo não me tivesse fornecido uma blindagem espiritual necessária para enfrentar esse tormentoso vendaval de 30 anos.  Não sei que nome tem esse Poder Superior, só sei que ele existe, e declaro, a quem interessar possa, que a  minha sobrevivência o prova. São Luís - MA, 08 de junho de 2006Antonio Cabralhttp://groups.msn.com/GrupodeAutoAjudaValorizacaodaVida

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NEUROSE, ONDE TUDO COMEÇA...

A neurose é uma perturbação mental ou emocional que não compromete, entretanto, as funções da personalidade. Isso significa que o doente, embora vivendo em penoso estado de distúrbios mentais e comportamentais, tem plena consciência desse estado e, por não violar flagrantemente  as principais regras sociais,  pode levar uma vida “aparentemente normal”.

Parece que já está cientificamente comprovado que não são os fatos da vida que levam uma pessoa à neurose, mas sim a sua reação anormal a esses fatos. É a interpretação que o indivíduo dá aos acontecimentos e situações, que conduz à  saúde emocional ou à doença emocional. O neurótico, em permanente conflito com o mundo que o cerca, tenta fugir e essa fuga pode ser fatal para algumas pessoas, como, por exemplo, o  alcoólatra ou o usuário de  drogas ilícitas.

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Entre os principais  transtornos neuróticos ou da personalidade, destacam-se, pela ordem de ocorrências: ansiedade, depressão, insegurança, medo (inclusive as formas mais graves, como fobia social e síndrome do pânico), distúrbios sexuais, nervosismo, neurastenia, insônia, apatia e pensamentos suicidas.

Certos transtornos neuróticos, se não tratados adequadamente, podem afetar gravemente a qualidade de vida do indivíduo ou até mesmo incapacitá-lo para interagir no seu meio social ou profissional. Em casos extremos, esses transtornos podem conduzir ao crime ou ao suicídio.

Parece já ser consenso entre os profissionais da Medicina que, embora a doença mental e emocional possa ter causas orgânicas, a esmagadora maioria das neuroses são devidas a  causas psíquicas e, como já foi dito acima, não em relação ao fato, mas em relação à maneira como o indivíduo reage a esse fato. 

Se a neurose, enquanto perturbação mental e emocional, não produzisse outras conseqüências a não ser aflição mental e um estado de permanente incompatibilidade com o mundo, já seria uma doença das piores. Entretanto, o dado mais alarmante e cruel que se tem atualmente sobre a neurose é que, na maioria dos casos, na tentativa desesperada de fugir da realidade que o cerca, o doente busca o álcool (ou outras drogas) ou outras formas de evasão psíquica como jogo, comida em excesso ou sexo compulsivo, tornando-se, então, um  refém da dependência. A partir daí, em termos sociais, o indivíduo passa da condição de emparedado social para a de desajustado e, finalmente, para a  de persona non grata. 

Em função disso,  a doença deixaria de ser catalogada como uma das piores, para ser talvez a pior, tendo em vista o seu enorme raio de propagação e desdobramentos: alcoolismo, dependência de outras substâncias psicoativas, compulsões para jogo, comida ou sexo, demência e suicídio. E, neste caso, discute-se a eficácia dos medicamentos psicoativos: antidepressivos, tranqüilizantes, ansiolíticos, soníferos, etc. Pode um produto químico - ingerido de fora para dentro - corrigir um distúrbio mental e/ou comportamental - que, obviamente, se produz  de dentro para fora?

Parece evidente que os medicamentos psicoativos têm indicação e uso extremamente indispensáveis em certos quadros neuróticos graves, tais como, depressão  e fobia social severas, síndrome de pânico, insônia rebelde, pensamentos suicidas, etc. Mas, além disso, eles são, como querem alguns, meros paliativos para uma doença da alma, cuja causa remota até mesmo o próprio doente pode desconhecer?

Somente o tempo e os avanços da Medicina Humana  poderão nos elucidar tais questões.

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DEPENDÊNCIA QUÍMICA, UMA DAS PIORES CONSEQÜÊNCIAS DA NEUROSE.Podemos dizer que droga é uma substância química que, introduzida no organismo, produz sensações de que o usuário gosta. Alguns profissionais chamam tais sensações de estados de consciência alterada, uma sensação de bem-estar, mas também algum tipo de intoxicação e, com o tempo, de dependência.

Essa definição inclui o álcool, o tabaco, mas também drogas ilícitas como heroína, cocaína, maconha, cola de sapateiro, e ainda, as drogas lícitas e controladas: antidepressivos, estimulantes, tranqüilizantes, ansiolíticos, moderadores do apetite, e outras.

A Dependência Química, isto é, a dependência de drogas lícitas ou ilícitas,  receitadas ou não, é, portanto, uma só, quer seja relacionada com o abuso do álcool, quer seja relacionada com a maconha, cocaína, heroína, ecstasy, etc. e, segundo estudos e pesquisas científicas modernas, o indivíduo já nasce predisposto ou não para essa dependência.

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ALCOOLISMO, A PERIGOSA VARIANTE DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA.No entanto, é geralmente com o álcool, droga lícita e socialmente aceita, de fácil acesso e de uso até mesmo incentivado pela sociedade de consumo, que essa dependência - que poderia permanecer dentro do indivíduo em inalterável estado de má tendência psíquica - aflora na personalidade do predisposto nato, tornando-o conseqüentemente vulnerável ao uso de outras drogas.

Em razão disso, o tratamento e a prevenção do alcoolismo é, sem dúvida alguma, prioridade em qualquer conjunto de ações que visem a minimizar o problema da dependência química, que assola a sociedade contemporânea.

Ao contrário do que muitos pensam, a doença do alcoolismo não se resume numa questão de beber direito ou não, nem tem relação direta com o uso contínuo ou periódico da bebida.  Você pode ser um cavalheiro quando bebe e mesmo assim ser um alcoólatra. Grande parte dos alcoólicos em fase de recuperação, jamais causavam problemas quando bebiam, embora não soubessem parar, após o primeiro copo; procuraram ajuda para o seu alcoolismo porque perceberam, a tempo, que estavam se matando lentamente ou caminhando para a demência alcoólica. Você pode também tomar seus tragos todos os dias e não ser um alcoólatra, mas, em compensação, pode beber só de vez em quando e, mesmo

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assim, experimentar desagradáveis episódios de incontinência alcoólica e amargar  incalculáveis prejuízos morais e sociais.

O alcoolismo, na verdade, é uma conjunção de dois fatores, sendo que o primeiro e mais grave é a predisposição psíquica que consiste, na fase inicial,   numa atração incomum pelos efeitos euforizantes e/ou dopantes da droga-álcool seguidas, numa fase intermediária,  de  uma dificuldade para controlar-se, isto é, parar de beber, após ingerir o primeiro gole, e mudança acentuada da personalidade durante as bebedeiras; finalmente, na fase crônica, o indivíduo deixa-se dominar por uma obsessão permanente para usar bebidas alcoólicas, apesar de todos os prejuízos e nefastas conseqüências que experimenta,  o que caracteriza a dependência completa.

Essa predisposição psíquica é, segundo alguns estudiosos do assunto, uma característica genética, mas se desenvolve e  evolui para a compulsiva dependência geralmente após o estabelecimento do hábito de beber. Daí a equação: predisposição psíquica + hábito de beber = dependência alcoólica. Somente em casos raríssimos a dependência alcoólica se manifesta sem a associação dessas duas condições psico-sociais.

Para identificar essa predisposição, a tempo de evitar a via crucis do alcoolismo, a pessoa, sempre que estiver ingerindo bebida alcoólica, deve perguntar-se: “Por que motivo estou bebendo agora? É Natal, Ano Novo, aniversário de alguém, alguma data especial? Consigo largar facilmente o copo depois que começo a beber? Quando bebo, continuo eu mesmo, isto é, meus padrões de conduta não sofrem alterações?”  Se não conseguir responder “sim” a todas essas perguntas, provavelmente a pessoa estará a caminho de meter-se em sérios apuros por causa da garrafa.

Analisando o alcoolismo sob esse aspecto da predisposição inata, acredita-se que ele seja também hereditário, embora não sejam raros os casos de filho abstêmio gerado por pai alcoólatra ou filho alcoólatra gerado por pai abstêmio. Contudo, mais da metade de filhos de pais alcoólatras têm, mais certo ou mais tarde, problemas com o uso descontrolado e/ou compulsivo de bebidas alcoólicas.

E existe o segundo fator, orgânico e agravante do alcoolismo, que ainda não está cientificamente elucidado se, a exemplo da predisposição psíquica, é anterior à primeira bebedeira, ou se apenas se manifesta após o estabelecimento do hábito de beber. Trata-se da ação de  uma enzima chamada acetoaldeído desidrogenase.

O álcool etílico, no fígado, é convertido em aldeído acético, e que por ação da enzima acetoaldeído desidrogenase é transformado em acetato. Segundo pesquisas modernas da Medicina, a pessoa normal, em relação ao consumo de álcool, teria nível baixo desta enzima, o que elevaria a concentração de aldeído acético, responsável  pela “digestão” do álcool, diminuindo a quantidade de álcool que chegará à corrente sanguínea. O alcoólatra, por outro lado, teria nível mais alto dessa enzima, baixando a concentração do aldeído acético  e aumentando a quantidade de álcool na corrente sanguínea. Em outras palavras, o álcool fica retido no organismo do alcoólatra, custando a ser eliminado, mesmo que ele durante a bebedeira urine uma porção de vezes. Isso explicaria, principalmente na fase crônica do alcoolismo, não só a embriaguez contumaz como a maldita ressaca e a compulsão pelo primeiro gole  no dia seguinte.

Isso explicaria, também, o fato de que uma esmagadora maioria de alcoólatras  têm, desde a infância ou juventude, uma tolerância muito grande para o álcool. É aquele que se gaba de poder esvaziar várias garrafas, enquanto que a maioria dos seus colegas se embriaga após a ingestão de poucos copos. Parece que a  enzima, a vilã da história, em vez de eliminar o álcool, adapta-se a ele!

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No começo, com um organismo jovem e resistente, isso é uma beleza, um motivo de orgulho para o rapaz ou para a moça, futuros alcoólatras! Mas, com os danos físicos e mentais produzidos pela progressão da doença, a situação muda completamente de figura: a dificuldade de eliminar o álcool do organismo acarreta a embriaguez contumaz, principalmente na fase crônica, quando o indivíduo pode atingir a amnésia alcoólica ou se embriagar completamente até mesmo com a  ingestão de poucos copos de bebida! E se, por outro lado, na fase crônica da doença, o indivíduo continua capaz de consumir altas doses de bebida alcoólica, corre um grande risco de sofrer um coma alcoólico, distúrbio que lhe pode ser fatal.

Não é, portanto, apenas uma metonímia maliciosa chamar-se o alcoólatra de “esponja”. Na verdade, o organismo do alcoólatra absorve o álcool ingerido exatamente como uma esponja!

SINTOMAS DO ALCOOLISMO - Alguns sintomas do alcoolismo podem ser claramente percebidos durante as diversas fases da doença, permitindo assim o seu tratamento e profilaxia, antes que o alcoólatra mergulhe no seu fundo de poço, que é a sarjeta física, financeira, social, moral,  emocional e espiritual, da qual poucos conseguem levantar-se:

1. Beber habitualmente, sem motivo social justificado.

2. Euforia excessiva, após alguns copos de bebida.

3. Beber pela manhã ou em horas inoportunas.

3. Mudança de personalidade, durante as fases da bebedeira.

4. Dificuldade para controlar-se, isto é, parar de beber, após o primeiro copo.

5. Esquecimento do que fez durante a bebedeira ( amnésia alcoólica).

6. Faltas ao serviço ou a compromissos sociais, por causa da bebida.

7. Problemas de saúde, financeiros, sociais e familiares ocasionados pela bebida.

8. Obsessão permanente para ingerir bebidas alcoólicas, mesmo diante dos prejuízos que elas costumeiramente lhe causam.

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OS GRUPOS DE AUTO-AJUDANão obstante, quaisquer que sejam as causas da neurose, da dependência química ou psíquica, quaisquer que sejam os índices de sucesso da psicoterapia e da farmacoterapia nessa área, já é premissa plenamente aceita pela maioria dos profissionais de Medicina, sociólogos, religiosos e os próprios neuróticos em geral - portadores somente de transtornos emocionais (os chamados “neuróticos puros”), alcoólicos, usuários de outras drogas, dependentes de jogo, comida ou sexo - em tratamento, que a recuperação do indivíduo passa obrigatoriamente pela mudança radical da sua personalidade, em outras palavras, pela sua  higiene mental o que, na prática, se pode traduzir por "passar um aspirador de pó no espírito".

Para essa alternativa - que a cada dia se revela mais acertada - estão convergindo as várias correntes de opiniões e terapêuticas, inclusive com a disseminação mundial dos  Grupos de Auto-Ajuda (terapia grupal para pessoas que têm problemas comuns), tendência que, a partir da fundação dos Alcoólicos Anônimos, em 1935, vem crescendo de maneira avassaladora no mundo inteiro.

Alcoólicos Anônimos (AA), Neuróticos Anônimos (N/A), Narcóticos Anônimos (NA), Dependentes Amorosos e Sexuais Anônimos (DASA), Fumantes Anônimos (FA), Jogadores Anônimos (JA), Comedores Compulsivos Anônimos (CCA), Mulheres que Amam Demais Anônimas (MADA) e outros prestam, nos dias de hoje, extraordinárias contribuições para o enfrentamento da problemática da neurose com as suas variantes de dependência química ou psíquica. Oferecem gratuitamente e sem quaisquer exigências de ordem social, religiosa ou jurídica, Programas de Tratamento, baseados em terapias grupais que detêm encorajadores níveis de recuperação.

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“ Se vir algo faiscando na areia, abaixe-se e pegue. Pode ser um caco de vidro ou uma pérola. Mas você nunca saberá se não a pegar.” (Will Randall)

ALCOÓLICOS ANÔNIMOS

“Alcoólicos Anônimos é uma Irmandade de homens e mulheres que compartilham suas experiências, forças e esperanças, a fim de resolver o seu problema comum e ajudar outros a se recuperarem do alcoolismo. O único requisito para se tornar membro é o desejo de parar de beber. Para ser membro de AA não há necessidade de pagar taxas nem mensalidades, somos auto-suficientes, graças às nossas próprias contribuições. AA não está ligado a nenhuma seita ou religião, partido político, nenhuma organização ou instituição, não deseja entrar em qualquer controvérsia, não apóia nem combate quaisquer causas. Nosso propósito primordial é mantermo-nos sóbrios e ajudar outros a alcançarem a sobriedade” ( Preâmbulo oficial de AA, Alcoholics Anonymous World Services, Inc.)

Alcoólicos Anônimos nasceu em 1935, em Akron, Ohio, Estados Unidos, quando Bill W., um homem de negócios de Nova Yorque, tendo ficado sóbrio pela primeira vez, em anos, convenceu um médico alcoólico, Dr. Bob, a parar de beber. Trabalhando juntos, o homem de negócios e o médico observaram que o seu grau de encorajamento aumentava à proporção que ajudavam outros alcoólicos a abandonarem a bebida.

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Foi à luz desse princípio espiritual que cresceu a Irmandade dos Alcoólicos Anônimos, expandindo-se pelo mundo inteiro.

Em 05/09/1947, Harold W., um americano que ingressara no AA e que viera fixar residência no Brasil, fundou, junto com outros alcoólicos, o primeiro Grupo de AA do Brasil – o Grupo Central do Rio de Janeiro.

Atualmente o AA conta com mais de 90 mil Grupos em 146 países. No Brasil, estima-se que são mais de seis mil Grupos.

O PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE AA

O Programa de Recuperação de Recuperação do Alcoolismo, sugerido pelo AA, se baseia na Experiência dos seus membros, na Medicina e na Religião. O alcoolismo é visto como uma doença progressiva e incurável, mas que pode ser detida pela abstenção total do álcool sob todas as suas formas e é sugerido ao participante um programa de recuperação, baseado em doze princípios espirituais, os Doze Passos

Não se sugere nenhuma forma de conversão religiosa aos participantes, nem se prescrevem medicamentos. Trata-se de um método de tratamento do alcoolismo no qual seus participantes funcionam como terapeutas uns para os outros, compartilhando entre si as suas experiências no sofrimento e na recuperação do alcoolismo, experiências essas que se revelam altamente proveitosas para aqueles que desejam abandonar a bebida.

Todos os membros de AA são alcoólicos que hoje estão reaprendendo a viver sem o álcool. Sem sermões nem conselhos, acolhem os recém-chegados, oferecendo-lhes toda a ajuda disponível em AA. Este é, em linhas gerais, o Programa de Recuperação do Alcoolismo, de AA, que é simples, mas surpreendente: mais da metade dos doentes alcoólicos que procuram o AA param de beber imediatamente.

ONDE PROCURAR AJUDA:

♣ Alcoólicos Anônimos no Brasil Av. Senador Queiroz, 101, 2º and. Cj. 205

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São Paulo – SP Cx. Postal 3180 – CEP 01060-970 Tel: (011) 3229-3611♣ Escritório de Serviços Locais de AA no Maranhão Av. Celso Magalhães, 662 – Centro. São Luís – MA. Tel; (098) 3222-4050♣ Grupo de Auto-Ajuda Valorização da Vida http://groups.msn.com/GrupodeAutoAjudaValorizacaodaVida

NEURÓTICOS ANÔNIMOS

“Neuróticos Anônimos faz para a pessoa mental e emocionalmente aflita (neurótica) o mesmo que Alcoólicos Anônimos faz para o alcoólatra. Funciona exatamente como o AA.N/A é um Grupo de pessoas unidas para resolverem seus problemas mentais e emocionais, através da prática do Programa de Recuperação de Alcoólicos Anônimos, adaptado para N/A. Neuróticos Anônimos existe com o único propósito de ajudar pessoas mental e emocionalmente aflitas a se recuperarem de sua doença e a se manterem recuperadas.Não há cobrança de mensalidades ou emolumentos para se participar de N/A ou receber sua ajuda. As pessoas recuperadas ajudam as que ainda estão sofrendo. Todos são bem-vindos às reuniões abertas de Neuróticos Anônimos. Todas as pessoas portadoras de problemas mentais e emocionais são bem-vindas às reuniões fechadas.Alcoólicos Anônimos bondosamente deu permissão a N/A para usar seus Passos e seu Programa, assim como já o fez com outros Grupos Anônimos.”( Preâmbulo de N/A, Escritório de Serviços Gerais do Brasil – ENABRA, São Paulo)

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O N/A nasceu em 1964, nos Estados Unidos, quando Grover B., um alcoólatra recuperado em AA, tomou consciência de que a sua dependência pelo álcool era fruto de graves problemas emocionais anteriores.

Com autorização de AA promoveu uma adaptação no Programa de Recuperação de AA e passou a sugeri-lo para aqueles cujas emoções descontroladas interferiam em seu comportamento, em qualquer forma e em qualquer grau, segundo eles mesmos o reconhecessem.

Hoje funcionam no Brasil, mais de 420 Grupos de N/A que auxiliam, através da prática do seu Programa, milhares de pessoas a vencerem as suas emoções descontroladas e a desfrutarem de vidas normais e serenas.Há também, em funcionamento, dois Grupos Virtuais de N/A, na Internet – O Grupo Caminho Novo On-Line e o Grupo Valorização da Vida de N/A.

O PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE N/A

O Programa de Recuperação de N/A tem por base os Doze Passos e as Doze Tradições de AA, adaptados para N/A. Embora não se prescreva nem se sugira o uso de medicamentos, o N/A não faz qualquer exigência a seus membros para que deixem de tomar tranqüilizantes, antidepressivos, soníferos e outros. Para que isso aconteça, é necessário que o participante tenha plena convicção de que o Programa de Recuperação de N/A realmente lhe oferece uma esperança de solução para os seus problemas mentais e emocionais.

ONDE PROCURAR AJUDA:

♣ Escritório de Serviços Gerais do Brasil – ENABRA Rua Brigadeiro Tobias, 118 – 4º andar – sala 402 Telefone: (011) 3228-2042 – Fax: (011) 3228-5852 Caixa Postal 4161 – CEP 01061 – 970 – São Paulo – SP http://www.neuroticosanonimos.org.br

♣ Grupo Valorização da Vida de N/A http://groups.msn.com/GrupoValorizacaodaVidadeNA

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OUTROS GRUPOS DE AUTO-AJUDA NO BRASIL

DEPENDÊNCIA DE DROGAS ILÍCITAS

♣ Narcóticos Anônimos (NA) NA – Escritório de Serviços BrasilAv. Franklin Roosevelt, 71, s/801, CentroRio de Janeiro – RJ. Tels: (21) 2532-1580 / (21) 22158674CEP 20021-120 http://www.na.org.br

♣ Grupo de Auto-Ajuda Valorização da Vida ( virtual)http://groups.msn.com/GrupodeAutoAjudaValorizacaodaVidaDEPENDÊNCIA DO JOGO

♣ Jogadores Anônimos (JA)Rua do Acre, 47, s/411, CentroRio de Janeiro – RJ, Tels: (21) 2516-4672CEP [email protected]

♣ Grupo de Auto-Ajuda Valorização da Vida ( virtual)http://groups.msn.com/GrupodeAutoAjudaValorizacaodaVida

DEPENDÊNCIA DO FUMO

♣ Fumantes Anônimos (FA)Grupo RenascerRua Senador Vergueiro, 141, Rio de Janeiro-RJhttp://[email protected]

♣ Grupo de Auto-Ajuda Valorização da Vida ( virtual)http://groups.msn.com/GrupodeAutoAjudaValorizacaodaVida

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DEPENDÊNCIA DE COMIDA

♣ Comedores Compulsivos Anônimos (CCA)Rua Debret, 79, sala 702, Castelo, Rio de Janeiro-RJCEP 20030-080. Tel: (21) 2532-5174http://[email protected]

♣ Grupo de Auto-Ajuda Valorização da Vida ( virtual) http://groups.msn.com/GrupodeAutoAjudaValorizacaodaVida

DEPENDÊNCIA AMOROSA E SEXUAL

♣ Dependentes de Amor e Sexo Anônimos (DASA)Caixa Postal, 11521, Rio de Janeiro-RJCEP 22020-370http://www.slaa.org.br

♣ Grupo de Auto-Ajuda Valorização da Vida ( virtual)http://groups.msn.com/GrupodeAutoAjudaValorizacaodaVida

DEPENDÊNCIA AFETIVA

♣ Mulheres que Amam Demais Anônimas (MADA)Tel. do Mada-RJ: (21) 2479-2042http://[email protected]

♣ Grupo de Auto-Ajuda Valorização da Vida ( virtual) http://groups.msn.com/GrupodeAutoAjudaValorizacaodaVida

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A OBSESSÃO ESPIRITUAL E O ESPIRITISMO KARDECISTA

A OBSESSÃO ESPIRITUAL

“A obsessão é uma ação persistente que um mau espírito exerce sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diferentes, desde a simples influência moral, sem sinais exteriores sensíveis, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais.

A obsessão é quase sempre uma vingança exercida por um Espírito, e que, o mais freqüentemente, tem sua origem nas relações que o obsidiado teve com ele numa precedente existência” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, págs. 350/351)

Você é o que pensa. Cuidado com a Obsessão! Quando a obsessão degenera em possessão e subjugação, se o doente é alcoólico ou drogado, tem uma compulsão incontrolável para beber ou tomar drogas. Faz todos os sacrifícios possíveis para continuar mantendo o vício, independentemente dos prejuízos, da perda da família, da perda dos empregos, da saúde abalada, do afastamento de parentes e amigos etc, e de ele próprio reconhecer que está se matando. O caso é que ele não pode parar: Está dominado por uma força estranha, superior às suas forças.

Em se tratando de um neurótico, a possessão e a subjugação se traduzem pelo completo descontrole emocional, medo, angústia e tristeza inexplicáveis, síndrome do pânico, desinteresse pela vida, apatia e idéias suicidas. Se toma remédios controlados, tem uma falsa sensação de melhora, porque dopa a sua mente e entra

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num estado de quase insensibilidade e torpor. Mas assim que passam os efeitos dos remédios, seus distúrbios emocionais recrudescem, porque a obsessão continua ativa, persistente, agravada agora pelos sintomas da síndrome de abstinência aos remédios psicoativos, que produzem extrema dependência física e psíquica.

É preciso compreender que ninguém é vítima inocente de uma obsessão. Se o obsessor nos influencia é porque a nossa mente está sintonizada com a dele ou seja, nossos pensamentos são tão ruins quanto os dele. Justamente por causa disso é que num Centro Espírita Kardecista se enfatiza em primeiro lugar a renovação moral do obsidiado e que os Grupos de Auto Ajuda geralmente adotam Programas Espirituais, isto é, programas que procuram melhorar nosso espírito, nossa mente. E quem, sincera e honestamente, pratica esses Programas, geralmente obtém a cura ou uma significativa melhora.

O ESPIRITISMO KARDECISTA

O Espiritismo é uma doutrina espiritualista com base filosófica, religiosa e científica. Sua origem data do século XIX, época em que o então professor e pedagogo Hippolyte Léon Denizard Rivail, adotando o pseudônimo de Allan Kardec, concentrou em cinco obras básicas (O Livro dos Espíritos”, “O Livro dos Médiuns”, “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, “A Gênese” e “Céu e Inferno”) ensinamentos colhidos a partir dos depoimentos de várias pessoas (médiuns) tidas como tendo a faculdade de se comunicar com os chamados "mortos" em vários países, os quais foram atribuídos também aos espíritos superiores.

O termo Espiritismo Kardecista procura identificar não só a prática espírita que segue fielmente os postulados de Allan Kardec, como a que é isenta de ritos e cultos exteriores, o que, na verdade, é o seu maior diferencial de outras manifestações comumente interpretadas como espíritas, tais como, umbanda, macumba, candomblé ou similares, em que é comum o uso de roupas brancas, imagens de santos, velas, charutos, tambores, e incorporações de “caboclos” e “encantados”.

A prática habitual num Centro Espírita Kardecista geralmente se divide em duas partes: uma palestra pública sobre os Evangelhos de Cristo ou sobre temas morais, sociais ou religiosos; a outra parte, somente para quem assim o desejar, consiste no recebimento de passes magnéticos, aplicados por pessoas previamente selecionadas e treinadas para tal função. As sessões de desobsessão, em que os casos de processos obsidiosos são tratados mediante o esclarecimento e doutrina dos espíritos obsessores e endurecidos, não são abertas ao público.

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Os principais dogmas do Espiritismo Kardecista são:

a) Os Espíritos – os Espíritos não são, como vulgarmente se acredita, uma criação distinta das outras. São as almas das pessoas que viveram na Terra ou em outros mundos, despojadas de seu envoltório corporal. São seres semelhantes a nós mesmos e que, como nós, têm um corpo: mas fluídico e invisível em estado normal.

b) Espírito e Alma – define-se como Alma o princípio inteligente, imortal; Espírito, o ser imaterial, encarnado num corpo físico ou habitando o espaço cósmico, de posse de um corpo fluídico chamado perispírito.

c) Ser Tríplice – três coisas essenciais contam-se no homem: a Alma ou Espírito, princípio inteligente onde residem o pensamento, a vontade e o senso moral; o corpo, envoltório material que põe o Espírito em relação com o mundo exterior; o perispírito, envoltório leve, imponderável, que serve de laço intermediário entre o Espírito e o corpo.

d) Pluralidade das Existências e Reencarnação – já tivemos outras vidas e após a nossa morte física, continuaremos a renascer com outros corpos, até que o nosso espírito atinja o grau de elevação necessário para merecermos o ingresso em outros planos espirituais superiores ao da Terra.

e) Imortalidade da Alma – a alma é imortal, chama divina, e após a morte do corpo físico, volta para a sua verdadeira vida, que é a espiritual. A vida na Terra é uma oportunidade que Deus concede à nossa alma para se melhorar moralmente. É como se fosse uma Escola, em que a cada ano (vida), após uma avaliação, o aluno (alma), passa para uma série melhor ou repete a mesma. O corpo físico é um veículo, uma roupagem de que a alma se utiliza para progredir, através de reencarnações sucessivas.

f) Comunicação com os Espíritos – é possível a comunicação com os espíritos, através de pessoas, chamadas médiuns, que têm uma faculdade inata e ostensiva de percepção do mundo extracorpóreo.

g) Céu e Inferno – durante a nossa vida, os nossos pensamentos e ações produzem em torno de nós, uma atmosfera de vibrações, isto é, um determinado e inconfundível padrão mental e moral. Como o semelhante atrai o semelhante,

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quando deixamos o nosso corpo físico, somos atraídos para um lugar espiritual cujo padrão vibratório seja compatível com o nosso. Eis aí o nosso Céu e o nosso Inferno.

Onde Procurar Ajuda:

♣ Federação Espírita Brasileira (Casa-Máter do Espiritismo) Av. L-2 Norte – Q. 603 – Conjunto 70830-030 – Brasília – DF Pedidos de livros: Tel: (021) 589-6020 FAX (021) 589-6838 http://www.febrasil.org

♣ Centros Espíritas Kardecistas no Maranhão Consultar Federação Espírita do Maranhão – FEMAR Rua de Santaninha, 112, Centro. Tel: 3232-1395

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GRUPO DE AUTO-AJUDAVALORIZAÇÃO DA VIDA

http://groups.msn.com/GrupodeAutoAjudaValorizacaodaVida

REUNIÕES DE TERAPIA DE GRUPO DO G.A.A.V.V. O QUE ENCONTRAR AQUI?

AJUDA - O Grupo Valorização da Vida   tem como objetivo primordial oferecer apoio emocional a pessoas que se reconhecem portadoras de distúrbios mentais e comportamentais, acompanhados ou não de dependência química.

FORÇA PARA VENCER DESAFIOS - Trata-se de uma terapia de grupo leiga, de autodiagnose, automotivação e auto-ação,  baseada no compartilhamento de experiências, forças e esperanças, no sofrimento e na recuperação da doença emocional e/ou dependência química.

CORAGEM E ESTÍMULO PARA SUPERAR DIFICULDADES -  As experiências pessoais aqui relatadas, bem como as vibrações de fé na recuperação completa, de otimismo e de solidariedade, que emanam deste círculo de corações irmanados por um sofrimento comum, certamente serão de grande valia para os que estão chegando, em busca de uma vida serena, equilibrada e feliz.

VENHA COMPARTILHAR CONOSCO, NAS SEGUNDAS E SEXTAS, DAS 21:00 ÀS 23:00 HORAS!.....

Grupo de Auto-Ajuda Valorização da Vida

“Se vir algo faiscando na areia, abaixe-se e pegue. Pode ser um caco de vidro ou uma pérola. Mas você nunca saberá se não a pegar” (Will Randall)

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