não sei ser triste a valer
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Português 12.º ano
Prof.ª Catarina Labisa
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Fernando Pessoa
«Não sei ser triste a valer»
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A impossibilidade ontológica
«Não sei ser triste a valer
Nem ser alegre deveras.
Acreditem: não sei ser.»
• O sujeito poético afirma que não sabe ser: – «Não sei ser» (impossibilidade frisada pela
repetição);
– «a valer» / «deveras» (sinonímia que reforça a falta de convicção ou a insinceridade);
– «triste» / «alegre» (adjetivação antitética que cobre o espectro dos estados emocionais).
• O eixo de enunciação: – (Eu) «não sei» / (Vocês) «Acreditem».
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A interrogação filosófica
«Serão as almas sinceras
Assim também, sem saber?»
• A interrogação (retórica) constitui uma
forma de estender as suspeitas de
impossibilidade ontológica também às
«almas sinceras»:
– A diferença entre o sujeito poético e as «almas
sinceras» restringe-se ao conhecimento:
“provavelmente, as almas sinceras também são
assim, mas não o sabem!”
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A exclamação filosófica
• Interjeição Ah
• Tristeza?
• Alegria?
• Prazer?
• Calma?
Emoções?
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Relação eu / flor
dá calma
EU
«ficção da alma»
«mentira da emoção»
FLOR
«sem razão»
«sem coração»
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«A rosa não tem porquê»
Angelus Silesius
(1624-1667)
«A rosa não tem
porquê.
Floresce porque
floresce.
Não cuida de si
mesma.
Nem pergunta se
alguém a vê.»
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Encadeamento (i)lógico
• Conjunção coordenativa adversativa
• (oposição) «Mas»
• Advérbio conectivo
• (conclusão) «enfim»
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A indiferenciação ontológica
«Mas enfim não há diferença.
Se a flor flore sem querer,
Sem querer a gente pensa.»
• O poeta chega à conclusão de que entre o
mundo vegetal e o mundo humano não há
diferença:
– Pois, embora pensar e florescer sejam ações
distintas, ambas são involuntárias («sem querer»)
e próprias de cada esfera do ser.
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A indiferenciação ontológica
«O que nela é florescer
Em nós é ter consciência.»
• Nenhum ser foge ao seu natural tropismo, ao
instinto ou destino para o qual foi criado:
– A flor floresce;
– O homem pensa (e vive o dilema entre a razão e a
emoção).
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Encadeamento (a)temporal
• Advérbio de tempo (conectivo)
«Depois»
• Conjunção subordinativa temporal
«quando»
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O tempo da morte
«Depois, a nós como a ela,
Quando o Fado os faz passar,
Surgem as patas dos deuses
E a ambos nos vêm calcar.»
• No fim da vida, por ordem do destino (Fado), surgem os deuses que vêm ceifar a vida humana e vegetal: – Os deuses obedecem a uma força superior a si
mesmos, o inexorável Destino;
– Perante a morte, a flor e o homem são igualmente frágeis.
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O tempo da vida
«’Stá bem, enquanto não vêm
Vamos florir ou pensar.»
• A constatação do tempo breve da existência
convida o poeta a aceitar a lábil bênção da
sua humanidade e a seguir a doutrina do
carpe diem:
– Vivamos a vida, florindo inconscientes como a flor
ou pensando conscientemente como o homem.