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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA BAHIA UNEB CURSO DE ESPECIALIZAO EM PLANEJAMENTO E GESTO DE SISTEMAS DE EDUCAO A DISTNCIA

O DOSVOX NO CIOMF: PERCURSOS,ESPAOS E LUZES

Salvador Ba. 2005

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA BAHIA UNEB CURSO DE ESPECIALIZAO EM PLANEJAMENTO E GESTO DE SISTEMAS DE EDUCAO A DISTNCIA

O DOSVOX NO CIOMF: PERCURSOS,ESPAOS E LUZES

Esta Monografia foi julgada e aprovada para a obteno do ttulo e de Especialista de Sistema em de Planejamento Gesto

Educao a Distncia. UNEB - Universidade Estadual da Bahia. Orientadora: Prof Yasmine Habib Silva Aluna: Maria Helena Dutra de Almeida Goes

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Salvador Ba,13 de maro de 2005 MARIA HELENA DUTRA DE ALMEIDA GOES

O DOSVOX NO CIOMF: PERCURSOS,ESPAOS E LUZES

Esta Monografia foi julgada e aprovada para a obteno do ttulo e de Especialista de Sistema em de Planejamento Gesto

Educao a Distncia. UNEB - Universidade Estadual da Bahia. Orientadora: Prof Yasmine Habib Silva Aluna: Maria Helena Dutra de Almeida Goes

Salvador-BA, 20/04/2005 ______________________________________________ 3

Prof Yasmine Habib Silva Orientadora

SUMRIO 1. AGRADECIMENTO ..................................................................................... 2. INTRODUO .............................................................................................. 3. CAPITULO 1 - Referencial Terico ............................................................... 1.1- Deficincia Visual: barreiras e solues ............................. 4. CAPITULO 2 - O marco legal da incluso educacional ............................. 2.1. A nova LDB e as necessidades educacionais especiais.. 5. CAPITULO 3 - A tecnologia de computao e a incluso digital ................ 3.1. A Incluso dos Computadores nas Classes Especiais ...... 6. CAPITULO 4 -DOSVOX: histrico,caractersticas e aplicaes .................. 4.1 Os primeiros ensaios do DOSVOX .................................... 7. CAPITULO 5 -DOSVOX no CIOMF: inovao, mudanas e incluso........... 5.1 Breve histrico ..................................................................... 5.2 Implantao .......................................................................... 5.3 Aes e aplicaes ............................................................. 8. CONCLUSO ............................................................................................. 9. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .......................................................... 05 06 10 14 22 23 24 33 35 42 44 44 45 46 57 59

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AGRADECIMENTO

Ao Carlos Ges, esposo e companheiro em todas as horas. Aos meus filhos Cibele, Mibile e Thales, pelo carinho e compreenso no dia a dia. colega Thanya Ctia Dias Santos pela caminhada em educao especial. diretora Geral do CIOMF , professora Ana Carolina Nunes de Almeida e s colegas Lcia Tocafundo, Juilma Nogueira, Renilda Santos, professoras das salas de apoio do Centro Integrado Oscar Marinho Falco CIOMF, pela participao no projeto incluso digital. Aos alunos que vivenciam nossa prtica no laboratrio de informtica do CIOMF e principalmente minha orientadora Yasmine Habib Silva.

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INTRODUO O crescimento da informtica exerce grande impacto na vida da sociedade moderna. Vrios setores como o produtivo, o industrial, o financeiro, da pesquisa cientfica, das comunicaes, etc., j esto informatizados. Portanto, o momento e a vez do Setor Educacional dar o seu salto olmpico e ingressar no futuro. A empreitada educacional pode ter sido moldada em ideais religiosos ou na pregao igualitria, no passado. De l para c, as necessidades e a realidade mudaram e muito. Apesar de investimentos feitos no setor educacional pela esfera governamental e das qualidades inerentes ao computador, a disseminao do seu uso nas escolas est muito aqum da esperada. Se por um lado suscita a curiosidade, o fascnio e o interesse do aluno, por outro lado apavora o professor mantido nos moldes tradicionais de metodologias e uso de recursos empregados durante seu percurso profissional. A informtica na educao ainda no impregnou as idias dos educadores e, por isso, no est consolidada no sistema educacional brasileiro. nesse contexto que delimitei o tema para estudo: O DOSVOX no CIOMF: percursos,espaos e luzes, partindo da premissa de que tanto, o processo inclusivo como um todo para indivduos portadores de necessidades especiais, assim como, o uso dessa tecnologia no trabalho educacional desenvolvido com portadores de deficincia visual, requer reflexo sobre alguns 6

pontos a respeito da insero destes indivduos na famlia, na escola e na prpria sociedade. O PORQUE DO DOSVOX NO CIOMF O indivduo deficiente visual apresenta os mesmos problemas que aqueles que possuem viso normal quanto se trata de sua escolaridade, no que diz respeito s dificuldades de leitura e escrita. No se pode determinar o perodo de durao da fase preparatria para a aprendizagem da leitura, escrita e do clculo, uma vez que nem todas os deficientes visuais atingem o necessrio estado de prontido que se expressa em termos de maturidade biolgica, emocional e intelectual, que depende fundamentalmente do ritmo e do tempo de cada indivduo. Assim sendo, um estudo acerca do tema sobre a incluso de alunos portadores de deficincia visual em salas regulares de ensino fundamental diante da realidade que se constata na sociedade atual que conduzem necessariamente a discusso para este assunto, haja vista o processo inclusivo dos deficientes visuais no ensino regular ser a tnica do discurso democrtico sobre o uso do computador na educao. importante, necessrio e urgente analisar e refletir sobre as perspectivas reais de engajamento do deficiente visual na realidade educacional da sociedade moderna, diante do desenvolvimento de Software especfico, como o caso do DOSVOX. AS EXPECTATIVAS ADVINDAS DO DOSVOX Para entender melhor as razes pelas quais o DOSVOX foi criado, preciso analisar um problema que ainda hoje persiste no mbito educacional: dos alunos com deficincia visual que conseguem entrar no ensino regular, poucos conseguem conclulo. Entre as causas mais importantes est a defasagem educacional a nvel mdio das pessoas cegas, e o fato de que, uma vez dentro da escola regular, o aluno tem que se 7

desdobrar para estabelecer caminhos alternativos para comunicao escrita entre ele, seus colegas e seus professores. Tal abordagem no pode perder de vista as questes inerentes aos resultados obtidos com o uso destes recursos tecnolgicos no campo profissional dos deficientes visuais, pois o engajamento da pessoa deficiente no mercado como fora de trabalho define a integrao no seu plano social, econmico e poltico, alm de assegurar e legitimar sua cidadania. Nesse sentido, os objetivos deste trabalho trata de identificar os resultados obtidos com o uso do software DOSVOX no trabalho desenvolvido com alunos portadores de deficincia visual que fazem parte do processo de incluso escolar na atualidade. Pauta-se, portanto, nos objetivos especficos de acompanhar os passos do processo de incluso escolar do deficiente visual no ensino regular do centro integrado Oscar Marinho Falco - CIOMF. Refletir sobre a eficcia do uso do computador como recurso da prtica pedaggica com alunos portadores de necessidades especiais. Distinguir quais as peculiaridades do Programa DOSVOX que contribuem na integrao de deficientes visuais que fazem parte do processo de incluso escolar. Como procedimento metodolgico ser realizada uma pesquisa bibliogrfica alusiva ao tema e ser utilizada de forma minuciosa e criteriosa a coleta de dados presencial e registro fotogrfico, envolvendo alguns educadores que atuam

profissionalmente com incluso escolar de deficientes visuais e demais colaboradores,

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sendo que, a validao dos dados acontecer atravs de observaes, anlise de documentos, fotografais, etc... Como recurso da amostragem, foi escolhido o Centro Integrado Oscar Marinho Falco (CIOMF), escola de porte especial, integrante da rede estadual de ensino, localizado na Av. Itajupe s/n, Bairro Santo Antonio, na cidade de Itabuna, Estado da Bahia. Os dados primrios sero coletados a partir de visitas a unidade de amostra e relatrios fornecidos pela Unidade Escolar. Os dados secundrios sero obtidos a partir de informaes fornecidas pela pesquisa bibliogrfica, sites na internet. As tcnicas de observao e posterior entrevista estruturada atravs do uso de questionrios com perguntas fechadas, que sero aplicados aos alunos portadores de necessidades especiais (cegueira) e aos professores. Este recurso reduzir o tempo de durao das entrevistas, fato importante para a realizao do trabalho, pois os entrevistados estaro em pleno desempenho de suas atividades em sala de aula e no podero ser mobilizados por longo tempo. A observao da clientela em situao natural um ponto importante nos estudos dessa natureza. Porm, exige um cuidado redobrado para no prejudicar a espontaneidade, a naturalidade do comportamento dos indivduos que esto sendo observadas. Crianas e at mesmo adultos, alteram seu modo de agir se sabem que esto sendo observadas.

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CAPITULO 1 REFERENCIAL TERICO

Existe uma distncia grande entre o real e o ideal. Isso tambm se aplica a uma performance qualitativa no uso da informtica em prol da educao, especialmente na forma como a atividade da programao de computadores pode contribuir no processo ensino-aprendizagem. Isto, levando em considerao que de acordo com a natureza da atividade, a aprendizagem apresenta os seus processos, os quais apresentam variaes e podem ser aplicados tarefas de naturezas diferentes. ressalta que:

A complexidade do ser humano est intrinsecamente ligada a aprendizagem, e na contribuio desta para a formao do indivduo. Por sua vez, a aprendizagem pode ser considerada como o processo pelo qual a atividade tem origem ou modificada pela reao a uma situao encontrada. Hilgard (1940) citado por Campos (1991, p. 15) H um consenso generalizado de que aprender um processo que no ocorre somente na sala de aula ou sob a responsabilidade dos professores; mas algo que se concretiza em todas as experincias de vida do indivduo. E essa aprendizagem, seja sistematizada ou no, se torna um processo difcil quando o indivduo, para satisfazer sua curiosidade ou tirar dvidas, esbarra na informao inadequada. Oportuno se faz, ento, que as novas tecnologias possam preencher algumas lacunas desse processo 10

como um todo, disseminando oportunidades educacionais e pessoais, inclusive para aqueles que no tiveram a felicidade de ter acesso s melhores escolas. Pode se concretizar a, uma otimizao dos talentos naturais do sujeito objeto da aprendizagem. Entretanto, o aparato tecnolgico como recurso paradidtico ainda gera receio entre educadores. O computador, em especial, se apresenta como um objeto desconhecido e desafiador. Neste sentido, corrobora ao afirmar que: (...) facilmente sucumbimos tendncia de fixao no conhecido e no habitual. Tudo o que novo desencadeia medo e mobiliza os mecanismos de defesa. Dethlefsen (1994, p. 12) Como algo novo e desconhecido, o computador causa impacto, insegurana e perturbao. E neste caso, a superao destes efeitos advm do abandono de posturas rgidas e abertura para aliar o novo ao conhecido reciclando, ampliando, aprimorando e transformando o prprio conhecimento individual. Nesse caminho, o uso da Informtica na Educao pode ser integrado rotina do professor e do aluno, auferindo tanto para um como para o outro, vantagens e/ou facilidades na aquisio do saber. H, porm, um lado reverso da questo: o computador por ser um objeto tecnolgico pode, num primeiro momento, ser associado a um retorno da educao ao seu estgio tecnicista, o que pode ser contestado com a concepo pedaggica atual que prima pela interao do aluno com o objeto da aprendizagem e que para tanto, recorre a todo e qualquer material, equipamento ou objeto, desde que sejam teis ao processo desencadeado. Nesse contexto, o computador pode ser ento qualificado e incorporado como mais um instrumento servio da ao educativa; reforando-a, otimizando as tcnicas e mtodos disponveis e usados no ensino atualmente.

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Na outra extremidade da questo sobre o uso do computador na educao, est o papel do professor. Esse papel vem sendo discutido e sendo alvo de estudos e projetos na esfera governamental. E mais, quando se trata de estudar o uso da informtica na educao inclusiva de alunos portadores de necessidades especiais, a questo requer um olhar atento, haja vista que o sucesso de um programa depende de inmeros fatores entre si relacionados. Estudar a incluso escolar, bem como o uso de novas tecnologias no processo de aprendizagem dos deficientes visuais, exige um referencial terico que pode ser encontrado em parte na psicologia e em parte no processo de transformao histrica pela qual passou e continua passando a educao. Assim sendo, o presente estudo buscou embasamento nos postulados tericos do construtivismo, no scio - interacionismo e na concepo psicolgica sobre o que significa deficincia visual e comportamento humano, por considerar que os estudiosos preocupados com um modelo terico que d unidade ao processo de aprendizagem e aos problemas dele decorrentes, ocupam-se particularmente das relaes entre inteligncia e afetividade, considerando, ainda, as contribuies do materialismo histrico. Ao dimensionarem o processo de aprendizagem, leva em conta a interferncia de aspectos biolgicos, cognitivos, emocionais e sociais. ... E o modelo scio-interacionista tambm contribui para o

redimensionamento da concepo dos problemas educacionais, ao considerar que o desenvolvimento cognitivo dos indivduos determinado por processos biolgicos e conseqentemente pelas interaes sociais. Vygotsky (1991.)

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Este postulado conduz concepo de que as reais relaes entre o processo de desenvolvimento e a capacidade de aprendizado s podem ser especificadas atravs dos nveis de desenvolvimento: o nvel real (desenvolvimento mental da criana) e o nvel potencial (a soluo de problemas sob a orientao de um adulto). De Piaget advm os ensinamentos de que o ato de aprender o mesmo que agir e, por isso, atribui ao educador a tarefa de colocar os alunos diante de situaes variadas para que eles prprios busquem solues, construindo assim seu conhecimento; a Teoria do Construtivismo. Piaget (1993). O trabalho piagetiano volta-se para o desenvolvimento mental do sujeito, postulando que ele passa por diversas fases, sendo que essas exigem um ensino de determinados contedos dentro de certos nveis cognitivos. Alm dos contedos formais que lhe so apresentados, os indivduos precisam tambm ser estimuladas ao dilogo e ao pensamento crtico. As escolas que trabalham com o construtivismo no recorrem memorizao dos contedos e costumam construir os materiais didticos com os alunos. As teorias de Piaget, Vygotsky, Paulo Freire e outros, j trazem em seu interior, algumas premissas da caracterizao da postura do professor no ambiente tecnolgico inovador. bvio que tais premissas devem ser interpretadas e em sua maioria, recontextualizadas em novos paradigmas da aprendizagem que incorporam o uso do computador. Isto implica que no ato de integrao professor informtica, importante ao educador compreender os aspectos inerentes ao conhecimento da ferramenta os conceitos computacionais e as relaes existentes entre os contedos envolvidos. Essa associao do computador ao ato de educar, ratifica os postulados do construtivismo onde o aluno aprende fazendo. A sistematizao do conhecimento 13

ocorre de forma integrada e contextualizada, por meio das experincias prprias de cada indivduo, ou seja, por sua prpria produo. Isto um quadro da aprendizagem que reflete os pressupostos construtivistas. (...) o construcionismo uma sntese da teoria da psicologia de Piaget e das oportunidades oferecidas pela tecnologia... em atividades nas quais os estudantes trabalham em direo de construo de e um todo fatos

compreensvel

conhecimento

contextualizados... O fator central do construcionismo que ele vai alm do que usualmente chamado de cognitivo, incluindo o social, o afetivo e o hands on. Harel (1991) citado por Prado (s/d): Qualquer estudo que pretende se aprofundar sobre a chegada das novas tecnologias na educao deve ir alm da observao do paradigma do uso do computador como mera pea de adorno ou referncia de status. Deve refletir que a questo da informtica na educao vai mais alm de discutir este ou aquele software em si, e chegar como ele pode ser usado para auxiliar nas propostas de mudanas; das prprias mudanas operadas por ele na prtica pedaggica. 1.1 Deficincia visual: barreiras e solues Apresentamos a seguir diversas situaes em que o uso do sistema DOSVOX pode ser a chave da soluo para os problemas do portador de deficincia visual. So propostas as aes para solues dessas situaes.

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Formao da criana e jovem deficiente visual: - A formao da criana e jovem cego muito prejudicada por falta de acesso a recursos, tecnologia e cultura. at possvel colocar um cego numa classe comum de escola, porm os livros so todos impressos em papel. Nessas circunstncias, o aluno pode utilizar a tecnologia Braille para copiar e fazer seus trabalhos escolares, mas isso esbarra em pontos chaves: rarssimos professores sabem Braille; - sem o apoio de pessoas voluntrias (por exemplo a prpria famlia) que se disponham a ler os livros impressos comuns, o cego ficar restrito informao verbal transmitida pelo professor. Ao: - Com o uso do DOSVOX o aluno pode fazer seus trabalhos sendo facilmente compreendido pelo professor. O DOSVOX, acoplado a um aparelho de scanner e com o uso de um programa de Optical Character Recognition (O.C.R.) pode ler textos em papel. Os problemas desta ao so disponibilizar o DOSVOX comunidade estudantil, em especial os equipamentos de scanner. Isso plenamente vivel, centralizando alguns equipamentos em bibliotecas pblicas, a exemplo do que feito na biblioteca de Curitiba. Dificuldade de acesso a leitura: - A dificuldade de leitura, visto no item anterior, e fundamental no estudo, acompanha sempre o cego. Por exemplo, uma pessoa que tenha ficado cega, e que j tenha uma profisso, tem totalmente tolhido seu desenvolvimento profissional. O acesso a jornais impressos s possvel via uso de ledores, termo que designa os leitores voluntrios. Ao: - Como todos os jornais, revistas e livros hoje so produzidos por computador, o disquete pode, em geral ser lido pelo DOSVOX. Um exemplo disso, o almanaque Abril de 1995, que j vai organizar seus textos no CD-ROM, de maneira que possam ser facilmente lidos via DOSVOX, viabilizando, assim, seu acesso comunidade deficiente visual. Os problemas dessa 15

ao se relacionam dificuldade de conscientizao dos editores da importncia social de tal ao, pois embora a disponibilizao dos textos em disquete no acarrete despesa (uma vez que os textos j so computadorizados), provavelmente tambm no dar lucro comercial, pois o nmero de exemplares vendidos ser pequeno. Como uma primeira ao neste sentido, a equipe DOSVOX conseguiu a liberao por parte da editora IBPI do Rio de Janeiro, a cesso para impresso em Braille no Instituto Benjamin Constant de toda biblioteca bsica de computao. Os deficientes visuais no tem acesso a informaes bsicas para convivncia social: - extremamente difcil para um cego ter acesso a informaes absolutamente triviais, tais como preo de mercadorias, nmero de telefone, cardpios, orientaes do espao pblico, caixa automtica bancria, etc. Por outro lado, a tecnologia informtica cada vez mais domina o acesso do usurio informao. Prover nas solues tecnolgicas o acesso sonoro, possivelmente utilizando a tecnologia do DOSVOX, que aberta, e que pode ser facilmente adaptada a estes equipamentos. As dificuldades desta ao tem a ver especialmente com conscientizao dos produtores de que a tecnologia existe e vivel de ser usada, e dos compradores da tecnologia que devem solicitar que tais facilidades sejam colocadas. importante lembrar que muitas features dos sistemas computadorizados so meras firulas para atrair o usurio, e um sistema falado pode ser um elemento altamente atrativo. Qualquer

microcomputador pode falar. Os deficientes visuais fora das capitais do Brasil no tem acesso a nada: Virtualmente todas as nfimas facilidades para deficientes visuais esto localizadas nas capitais. Um cego que nasa no interior um aleijado da cultura. Atravs da ao de

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espalhar nas bibliotecas das pequenas cidades do interior microcomputadores, que, entre outras coisas, poderiam servir para as pessoas cegas terem acesso aos disquetes gerados nas bibliotecas das capitais, se poderia levar a cultura ao cego de cidades mdias do Brasil. Em especial, via telecomunicaes, os disquetes das bibliotecas das grandes cidades poderiam ser transportados para as cidades menores. O DOSVOX possui suporte a telecomunicaes via telefone. As dificuldades deste processo se referem coordenao das interaes entre bibliotecas, uma vez que praticamente todas as cidades mdias, hoje em dia, j esto equipando suas bibliotecas com microcomputadores. O custo do sistema DOSVOX, sendo ridiculamente baixo, no introduz uma dificuldade maior neste processo.Um possvel modelo a seguir o que vem sendo adotado em algumas cidades do Brasil, onde pessoas cegas montam pequenas estruturas onde ensinam a tecnologia DOSVOX (entre outras) para deficientes visuais, coordenando este trabalho com as bibliotecas pblicas. Os deficientes visuais poderiam ser muito mais produtivos se tivessem ensino profissionalizante adaptado: - Existem uma srie de atividades, que poderiam ser perfeitamente realizadas por deficientes visuais, com preparo de nvel mdio, com uso do computador. Alguns desses exemplos so as atividades de telemarketing, atendimento de reclamaes por telefone, recepcionista, etc... Essas atividades, naturalmente exigem um treinamento, por razes bvias. Devido ao despreparo do cego em atividades especficas, existem muito poucos postos de trabalho disponveis nas empresas. Atravs da tecnologia DOSVOX, muitas oportunidades de

profissionalizao podem surgir. Um exemplo o da Embratel, que est promovendo a reciclagem profissional de seus telefonistas cegos, para poder coloc-los em novos 17

pontos dentro da empresa, em que faro essencialmente o atendimento ao pblico utilizando telefone e computador, prestando informaes e registrando no computador reclamaes e pedidos feitos por usurios. Essa profissionalizao poderia ser feita tanto nas instituies destinadas a ensino de cegos, mas principalmente, nas prprias empresas, da mesma forma que feita para funcionrios comuns. O uso de computador pode dar novas oportunidades a pessoal com estudo, e que fica cego: - Existem milhares de pessoas que adquirem cegueira depois de estarem formados. Causas variadas, desde doenas at acidentes, retiram do mercado de trabalho centenas de pessoas por ano. Essas pessoas, muitas vezes, tem uma importncia grande na sociedade, so mdicos, juzes, advogados, engenheiros, que se vm privados de meios para produzirem.Viabilizar o retreinamento das pessoas que ficam cegas, ensinando-lhes durante o perodo de reabilitao, o que a tecnologia pode fazer em cada caso. O simples acesso informao de que a tecnologia existe e est disponvel, viabiliza no pessoal mais culto o retorno quase imediato s atividades anteriores ou a iniciativa de adaptao destas atividades s restries impostas pela tecnologia existente. Em ltima anlise, representa a reintegrao muito mais rpida do indivduo sociedade. Pelo fato de que o DOSVOX uma tecnologia aberta, ele pode ser usado e adaptado para uso em um sem nmero de atividades. Um exemplo extremo, o de msicos cegos produzindo msica por computador usando programas profissionais, acionados via DOSVOX. O cego deveria ter acesso "aldeia global": - As telecomunicaes so uma realidade dos tempos atuais. O transporte de informaes atravs da rede telefnica, interligada ao sistema internacional de comunicaes, utilizando tecnologia de satlite, 18

viabiliza o transporte de informaes quase instantneo a qualquer um que disponha acesso Internet, servio prestado pela Embratel a custo reduzido. Para o deficiente visual, o acesso s informaes via rede, viabilizaria a recepo de jornais, informaes gerais, troca de mensagens, acesso s centrais de vdeo texto, informaes bancrias, etc... Ao: - A tecnologia DOSVOX incorpora o acesso s telecomunicaes atravs de fax-modem. O que seria desejvel seria um tratamento diferenciado de tarifas para o uso do deficiente s telecomunicaes. Uma instituio pblica poderia centralizar o armazenamento das mensagens de correio eletrnico, e a distribuio de informaes e programas destinados aos deficientes, a exemplo da RENDE, rede Nacional de Deficiente, da Universidade de So Paulo. Atravs das redes pblicas e de pesquisa, por exemplo, Renpac, vivel ter toda comunidade deficiente visual comunicada entre si e com o mundo, atravs da Internet. O custo disso irrisrio, pois o volume de informaes a comunicar compatvel com o servio que prestado pelas BBS comerciais do pas. As instituies tradicionais no tem meios que facilitem o acesso tecnologia: Ter acesso tecnologia implica mais do que comprar computadores: o material humano o item principal. Difundir a tecnologia para as instituies que j existem um desafio a ser vencido, uma vez que muitas vezes a mudana para incorporar a tecnologia representa um esforo que estas no esto dispostas a fazer. Favorecer a instalao de equipamentos e treinamento nas instituies idneas do pas. A, a iniciativa privada pode ter papel importante, no sentido de, a partir do pessoal treinado nessas instituies, dar-lhes oportunidade de estgio ou emprego.

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O cego e a universidade: - Atualmente na UFRJ existem menos de 10 (dez) deficientes visuais cursando cursos de graduao e ps-graduao, tais como: Informtica, Matemtica, Direito, etc. A causa desse pequeno nmero pode ser explicada por problemas scio-econmicos do pas que atingem a populao de baixa renda impossibilitando-os de ingressar nas universidades, e dos poucos recursos encontrados para a formao dessas pessoas. A dificuldade ainda maior medida que o grau de especializao aumenta. Falta a eles literatura especializada, equipamentos e monitoria especial. Ao: - A universidade tem sempre atuado como o centro de produo de tecnologia. As indstrias buscam suas solues em pesquisas desenvolvidas dentro das universidades. Assim, ela tem gradativamente conseguido papel de destaque dentro da sociedade. O que se prope agora a utilizao dessa tecnologia j produzida no auxlio aos deficientes. Assim, o papel da universidade passa a ser no apenas o de desenvolver tecnologia, mas de desenvolver com humanidade. O auxlio ao deficiente pode ser encarado como um investimento a mdio prazo, que acarretar em retorno de novas tecnologias para a prpria sociedade produzida agora pelos prprios deficientes. Essas novas tecnologias podem ser reaplicadas, produzindo ento um ciclo que se auto impulsiona. A necessidade de treinamento de pessoal de programao para difundir a tecnologia de fala aos mais variados campos.: - A tecnologia de fala existe e funciona. Aplic-la a campos especficos exige que existam programadores e analistas de sistemas com domnio dela. Embora essa tecnologia seja simples, mas necessrio um esforo de sua difuso no mbito tcnico. Ao: - importante promover

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treinamentos e publicaes em que a tecnologia seja explicada para que possa, em curto espao de tempo ser dominada pelo pessoal tcnico.

O projeto DOSVOX foi criado utilizando tecnologia totalmente nacional. Tanto o software quanto o hardware so projetos originais, de complexidade baixa, e adequados s necessidades e dificuldades financeiras do Brasil. O impacto do sistema DOSVOX sobre a comunidade cega e deficiente visual tremendo, e pode ser facilmente avaliado pela imensa repercusso na imprensa escrita, falada e televisada. O projeto DOSVOX pode ser uma cunha que abra novos espaos a uma parte importante da populao brasileira, e em especial nordestina, cujo destino forou a uma srie de limitaes. Com o uso efetivo do sistema, adaptado s reais necessidades dos cegos do Brasil, esperamos dar mais um passo no sentido de tornar os deficientes visuais em elementos mais produtivos e melhor integrados sociedade. Entretanto, ele apenas uma ferramenta. Para que ela possa ser efetivamente importante, necessrio o incio imediato das aes que possam aplic-la ao maior nmero de deficientes visuais do nosso pas. E isso depende do esforo de todos.

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CAPITULO 2 O marco legal da incluso educacional LEI N 9.394 de 20 de dezembro de 1996 LEI N 9394/96LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAO NACIONAL 1996 Publicada em Dirio Oficial da Unio em 23 de Dezembro de 1996 CAPITULO V DA EDUCAO ESPECIAL Art. 58 . Entende-se por educao especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educao escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. 1 Haver, quando necessrio, servios de apoio especializado, na escola regular, para atender as peculiaridades da clientela de educao especial. 2 O atendimento educacional ser feito em classes, escolas ou servios especializados, sempre que, em funo das condies especficas dos alunos, no for possvel a sua integrao nas classes comuns do ensino regular. 3 A oferta da educao especial, dever constitucional do Estado, tem incio na faixa etria de zero a seis anos, durante a educao infantil. Art. 59 . Os sistemas de ensino asseguraro aos educandos com necessidades especiais: I currculos, mtodos, tcnicas, recursos educativos e organizao especficos, para atender s suas necessidades; II terminalidade especfica para aqueles que no puderem atingir o nvel exigido para a concluso do ensino fundamental, em virtude de suas deficincias, e acelerao para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III professores com especializao adequada em nvel mdio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integrao desses educandos nas classes comuns; IV educao especial para o trabalho, visando a sua efetiva integrao na vida em sociedade, inclusive condies adequadas para os que no revelarem capacidade de insero no trabalho competitivo, mediante articulao com os rgos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas reas artstica, intelectual ou psicomotora; V acesso igualitrio aos benefcios dos programas sociais suplementares disponveis para o respectivo nvel do ensino regular. Art. 60 . Os rgos normativos dos sistemas de ensino estabelecero critrios de caracterizao das instituies privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuao exclusiva em educao especial, para fins de apoio tcnico e financeiro pelo Poder pblico. 22

Pargrafo nico. O poder Pblico adotar, como alternativa preferencial, a ampliao do atendimento aos educandos com necessidades especiais na prpria rede pblica regular de ensino, independentemente do apoio s instituies previstas neste artigo. 2.1. A nova LDB e as necessidades educativas especiais A incluso educacional no pode ser entendida como o simples ato da aceitao da matrcula de um educando na escola regular. Conforme preceitua a Lei n 9394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educao nacional: A educao abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivncia humana, no trabalho, nas instituies de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizaes da sociedade civil e nas manifestaes culturais; Dessa forma, a conceituao de educao abrangente, no sendo simples sinnimo de ensino; o que nos remete para perceber que, da mesma forma, o sentido de incluso amplo e se ancora fundamentalmente nos princpios e valores que a sociedade vem construindo com grande esforo, no sentido do respeito diversidade, onde todas as pessoas sejam valorizadas como construtores da sociedade, de sua histria e, principalmente, que tenham acesso aos direitos bsicos e fundamentais da vida. Em sentido amplo, o novo paradigma da incluso se faz pela conscincia de que no se pode mais aceitar a excluso, por sculos construda lenta e gradativamente pela humanidade. A construo da incluso que, em termos de educao, se d na famlia, na comunidade, nas agncias sociais de educao e em especial na escola significa a construo de uma educao formadora dos valores de justia, igualdade e fraternidade.

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CAPITULO 3

A tecnologia de computao e a incluso digital A modificao das relaes entre deficiente visual e a cultura pode ser definida com uma nica frase: um cego agora pode escrever e ser lido e ler o que os outros escreveram. Explicando melhor: Conforme o IBC,97, a leitura e escrita das pessoas Entretanto, rarssimas

cegas, tradicionalmente, se faz atravs do mtodo Braille .

pessoas que enxergam conseguem ler ou escrever Braille (muito menos com fluncia). Isso isolava as pessoas cegas num gueto cultural: um cego s escrevia para outro cego ler. Ao precisar ler um texto com escrita convencional, era necessrio algum que traduzisse para Braille ou lesse o texto, provavelmente gravando em fita

cassete.Embora uma pessoa cega pudesse escrever mquina, o resultado quase sempre era ruim, pois era muito difcil corrigir ou escrever um texto, parar e depois voltar a escrever. A tecnologia de computao tornou possvel o rompimento dessas barreiras e muitas mais.Com o uso de scanners, o cego pode ler escrita convencional (datilografada) diretamente.Atravs da Internet, qualquer documento de qualquer parte do mundo pode ser transmitido com um mnimo de esforo e custo muito baixo, e traduzido para qualquer lngua. Desta forma, um texto do New York Times pode ser 24

lido por um cego em portugus no mesmo momento em que o jornal sai nos Estados Unidos, em ingls, usando a tecnologia de traduo da web (ainda incipiente mas com rpido aperfeioamento). Instrumentos eletrnicos podem ser conectados ao computador, e um cego consegue fazer arranjos orquestrais e imprimir partituras. Existem hoje inmeros cegos investindo pesado nesta rea [Wonder, 98]. Um cego pode desenhar, usando o computador.Um texto em Braille demorava horas para ser criado manualmente. Hoje demora minutos com o uso de impressoras Braille. Em sntese, o acesso atinge nveis espantosamente melhores do que h poucos anos atrs. Talvez o subprojeto do DOSVOX que promove mais impacto de acesso a Internet. Como de amplo conhecimento, a Internet se torna cada vez mais um veculo de comunicaes que transcende o aspecto de pura informao, e se expande para diverso e comrcio. Comprar pizza e ler piadas possvel pela Internet, bem como obter o horscopo dirio. A tendncia, na verdade, segundo muitos gurus de

tecnologia, que em pouqussimo tempo, computador, aparelho de som e TV vo ser uma coisa nica. Dados do projeto Intervox [Borges, 97] do o nmero de usurios cegos no Brasil, em Outubro de 1998 como mais de 500. As maiores aplicaes da Internet, que so hoje o correio eletrnico e o acesso World Wide Web (homepages), encontram nos cegos usurios com alto interesse. Esses usurios fazem acesso especialmente ao correio eletrnico, jornal dirio, diversos livros, cotao de algumas lojas de eletrodomsticos, artigos variados retirados da revista Veja, Isto e

outras,levantamentos bibliogrficos e busca de produtos relativos a deficincia visual. Para a pessoa cega, a comunicao pela Internet especialmente importante por duas 25

razes: a eliminao da necessidade da locomoo, que normalmente um entrave para o cego, e o fato de que do outro lado da Internet, ningum precisa realmente saber se o parceiro ou no cego. Assim, pelo menos numa comunicao inicial, a pessoa cega vista como uma pessoa no deficiente pelo parceiro. O nmero de estudantes de nvel superior que so deficientes visuais graves extremamente reduzido. Por exemplo, na UFRJ existem apenas 5 alunos cegos. Isso se deve a dois fatores: uma pessoa cega dificilmente consegue passar no vestibular, e uma vez passando, no encontra na universidade a infraestrutura necessria para seu desenvolvimento. A dificuldade ainda maior medida que o grau de especializao aumenta. Falta a eles literatura especializada, equipamentos e monitoria especial. Essa situao veio a ser melhorada com a disponibilidade do computador, em especial do sistema DOSVOX. Para o aluno deficiente visual na universidade, o computador absolutamente necessrio: o aluno pode fazer trabalhos e provas com o auxlio do computador; participar de trabalhos em grupo se torna possvel; a consulta a material bibliogrfico feito com scanner (para material impresso) e tambm via Internet. Atualmente a

questo do vestibular tambm se torna menos complexa: algumas universidades j esto permitindo a execuo das provas, especialmente as de mltipla escolha e as discursivas de matrias em que a soluo pode ser expressa em texto corrido (portugus, histria, etc). interessante notar, entretanto que mais de metade dos alunos prefere executar a prova em Braille: existe uma desconfiana de que o tempo necessrio para executar a prova no computador no ser suficiente ou que a leitura dos textos da prova, feitas pelo computador, no tero a clareza adequada. Durante o curso, 26

entretanto, a escolha por provas em Braille quase nunca feita, especialmente por presso do professor, que no sabe Braille e no quer um trabalho extra. A nvel de mestrado o problema idntico, apenas com pesos diferentes: aqui o acesso a Internet ganha um peso extra, em detrimento ao material impresso. O

computador tambm ganha importncia na produo do material impresso de qualidade, que ser usado (ou servir de base) para a execuo da tese. O impacto comea a ser sentido de forma sutil: hoje menos estudantes cegos abandonam a Universidade (na UFRJ nos ltimos 3 anos, ou seja, a partir da disponibilizao ampla do sistema DOSVOX, no houve abandono de curso por deficientes visuais). Embora no existe uma estatstica oficial, conversas com os

professores de diversos departamentos nos sinalizam que o desempenho escolar dos deficientes visuais melhorou e a relao com os professores ficou mais simples: a aplicao e a correo de trabalhos e provas pode agora ser feita de forma quase idntica para alunos videntes e deficientes visuais. A grande dificuldade do aluno de nvel mdio cego o acesso aos livros didticos. Grande parte dos professores se utilizam exclusivamente do meio oral para transmisso de conhecimentos para os alunos e sua avaliao. A realizao de trabalhos escolares, feita em Braille, e corrigida por um professor que no sabe Braille, evitada. O resultado disso um aluno mal formado, com graves erros de escrita e, por praticamente no ler, um distanciamento cultural intenso. Aqui, a possibilidade de transcrio rpida de textos se torna um item fundamental. Essa transcrio feita para Braille pelo prprio aluno ou algum familiar, ou para fita cassete, usando os servios gratuitos da maioria das instituies de cegos. Entretanto, a velocidade com que isso feito, quase nunca atende aos requisitos do 27

estudante.

O estudante se torna tambm dependente dos ledores voluntrios, em

termos de estudo e at de convvio pessoal. O uso do computador na casa do aluno pode minorar alguns dos problemas, em especial a feitura dos trabalhos escolares. Como a maior parte dos professores de nvel mdio j usa um computador para preparar as aulas e os exerccios, o disquete se torna o meio bidirecional de comunicao entre professor e aluno. Os trabalhos em grupo se tornam possveis, e o estudante cego, em alguns casos se torna mesmo o datilgrafo do grupo, utilizando o sistema DOSVOX. Eventualmente o texto

datilografado no DOSVOX pode ser facilmente embelezado usando algum outro sistema de editorao eletrnica, sem prejuzo do contedo. Embora o uso de scanner e de Internet sejam importantes, nossa observao de que isso ainda pouco explorado a nvel mdio, e a maior parte dos estudantes no utiliza, a no ser em casos especiais. A fita cassete continua sendo a forma mais efetiva de acesso a informao, em especial pela qualidade do som gerado ao vivo, no sinttico. Nossa sensao que isso deve mudar rapidamente, em virtude do

barateamento dos equipamentos de scanner e de acesso a Internet, e com o aumento da qualidade do som gerado pelo computador. Uma ao importante seria espalhar microcomputadores nas bibliotecas das pequenas cidades do interior, que, entre outras coisas, poderiam servir para as pessoas cegas terem acesso aos disquetes gerados nas bibliotecas das capitais. No ensino fundamental, a relao professor-aluno toma um carter de maior proximidade [Torres, 98]. O professor deve levar ao aluno o conhecimento, e muitos dos livros didticos so apenas cadernos de exerccios sofisticados, construdos quase sempre para atuar fortemente na motivao do estudante [Vigotski, 88]. Aqui, 28

portanto, o papel do computador para os alunos deficientes visuais deve muito alm os objetivos de transcrio do nvel mdio. Deve atuar muito mais no nvel interativo e ldico do que no nvel de informao. Entretanto, a maior parte dos programas que existem com este tipo de objetivo no so adequados para uso por deficientes visuais. Assim, boa parte do potencial do computador se perde: os professores, teoricamente poderiam produzir programas simples para os deficientes visuais, com uso de ferramentas simples (muitas delas gratuitas e disponveis junto com o sistema DOSVOX), mas no existe formao para tal nos cursos de pedagogia correntes. Desta forma, somos levados a afirmar que infelizmente o nmero de crianas que pode ter acesso pleno a todo potencial desta tecnologia pequeno. Sentimos, porm, que existe um potencial imenso facilmente explorvel: colocar o estudante para ler e escrever com o computador. Incentiv-lo na escrita e leitura convencionais por computador (j que as brincadeiras ainda no esto disponveis como para crianas videntes), ser um item que preparar melhor o estudante para superar com tranquilidade as dificuldades que o esperaro nos nveis mais altos de estudo. Diversas dificuldades do processo de alfabetizao de crianas com graves problemas visuais decorrem de problemas mecnicos do mtodo de escrita manual com o mtodo Braille [IBC, 97]. Aqui se utiliza um estilete (puno),

escrevendo-se de trs para diante no verso do papel. O manejo do puno exige fora e destreza e uma criana pequena tem dificuldades de adquirir o domnio da escrita. Aqui, portanto, o computador pode ser usado para escrita com menos necessidade de habilidade. O teclado pode ser coberto (parcialmente, em geral) com 29

adesivos com alguns cdigos Braille, de forma, quando a criana aperte uma tecla, ela sinta qual o cdigo Braille e o computador verbalize a tecla apertada, eventualmente associada a algum jogo didtico. Desta forma, a criana pode aprender a escrever e a ler, simultaneamente [Borges, 1998]. Os dois jogos mais usados aqui so o Letravox e o Letrix. O primeiro associa cada letra teclada a uma historieta que tem relao com a letra em questo. O

segundo ajuda na formao de palavras, sonorizando o que a criana teclar, e caso a palavra faa sentido, dando alguma resposta agradvel (em geral uma piadinha). No Letrix, o professor pode gravar novas piadinhas de acordo com o interesse da turma. Alguns experimentos esto sendo feitos na Sociedade de Assistncia aos Cegos de Fortaleza e no Instituto Benjamin Constant. Os resultados preliminares demonstram diversas facetas interessantes: aumento no interesse da escrita; ligeira diminuio do tempo de alfabetizao; aumento da compreenso do resultado da juno de letras; desejo absoluto dos estudantes de voltarem para brincar em outra hora. O mtodo usado sempre o de provocao dos alunos a descobrirem como o programa funciona, e no nas relaes didticas subjacentes. A provocao do tipo ser que voc consegue... ou eu acho que o computador vai explodir se voce... provocam sempre um clima de descoberta, que leva ao aprendizado com motivao [Vigotski, 88]. Experimentos em que os alunos foram deixados simplesmente no computador, sem uma orientao muito prxima, produziram resultados medocres, a desmotivao das crianas. Os professores acabam aproveitando as descobertas dos alunos para dar uma motivao maior ao ensino de Braille, que muito beneficiado. A criana aprende a ler Braille, mesmo antes que seja capaz de escrever. 30

Achamos que seria importante, ao usar o Letrix, de ter disponvel uma impressora Braille para produzir em papel as palavras criadas. Infelizmente isso nunca foi tentado nessas escolas, devido a problemas de alocao de recursos. Um dos objetivos mais importantes do ensino preparar a pessoa para o trabalho. No caso de deficientes visuais, existem diversas funes em que o Em reas como tele-

computador pode ser um meio efetivo de obter emprego.

marketing, prospeco de informaes, ensino distncia, e tantas outras, em que o uso da mente, do computador e do telefone so a base, e o registro e manipulao de informaes o objetivo, a pessoa cega consegue obter nveis muito adequados de desenvolvimento, que o permite, inclusive, concorrer com pessoas sem deficincias. O problema aqui se situa em dois nveis: o treinamento conveniente (envolvendo outros itens alm do computador, como por exemplo, um excelente conhecimento da Lngua Portuguesa) e a aceitao das empresas. Pouco a pouco esses itens tem sido trabalhados, e hoje j existem mais de 120 pessoas no mbito Rio-So Paulo com trabalho envolvendo o uso direto do computador e telefone. Esse nmero tem-se expandido com rapidez, graas ao uso do DOSVOX, que por seu baixo custo, permite a uma empresa ou rgo pblico pensar no treinamento de um deficiente visual como um investimento e no como uma caridade [ODIA, 98]. O impacto do sistema DOSVOX sobre a comunidade cega e deficiente visual tremendo, e pode ser facilmente avaliado pela imensa repercusso nos meios de comunicao e nas escolas especializadas. As principais vantagens do DOSVOX so sua simplicidade, custo e adequao realidade educacional dos deficientes visuais do Brasil.

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O projeto DOSVOX uma cunha que abre novos espaos a uma parte importante da populao brasileira. Com o uso efetivo do sistema, adaptado s reais necessidades dos cegos do Brasil, mais um passo foi dado no sentido de tornar os deficientes visuais em elementos mais produtivos e melhor integrados sociedade. Entretanto, ele apenas uma ferramenta [Pimentel, 97]. Para que ela possa ser efetivamente importante, necessrio a concretizao de muitas aes polticas e educacionais que permitam que ele seja aplicado ao maior nmero de deficientes visuais do nosso pas. Muitas delas j se iniciaram, em especial a nvel universitrio. Mas a maior parte delas envolve uma conscientizao maior por parte dos deficientes visuais e mais ainda, de seus professores. (...) A incluso social incide justamente na vida das pessoas portadoras de necessidades especiais; aquelas que possuem uma situao atpica, de carter temporrio, intermitente ou permanente, para que elas possam tomar parte ativa na sociedade. Nesse sentido, a incluso o contraponto da excluso. (MANTOAN, 2001.). Entretanto, nesse sentido quando se trata da incluso escolar, a questo se torna complexa, pois este processo traz em seu bojo outros tipos de alunos, que esto fora das escolas por uma diversidade de motivos. Quadro este, que entra em conflito com o princpio da democracia brasileira, que se fundamenta no direito de igualdade e, a educao, toma para si, tal princpio na medida em que se prope ser uma educao democrtica. Portanto, a educao nesses moldes s se evidencia nos sistemas educacionais que se especializam em todos os indivduos, no apenas em alguns deles, Mas principalmente, os alunos com deficincia. nesse contexto que ficam evidentes as novas propostas de mudanas que visem melhorias para o quadro educacional, no dependem somente da sano de 32

novas leis para o setor educacional, dependem tambm de uma redefinio de novos paradigmas para as prticas pedaggicas. Aqui se insere o uso do computador na educao e, mais especificamente, na educao destinada aos alunos portadores de necessidades especiais. No cenrio educacional, o papel do computador o de provocar mudanas pedaggicas profundas sem, contudo automatizar o ensino. No bojo desta proposta est uma aliana da educao com os avanos tecnolgicos, bem como o aumento de possibilidades pedaggicas que a informtica e seus diferentes recursos podem oferecer tanto instituio educacional, como ao professor e tambm ao educando. Deste ponto, emergem uma nova percepo e novas abordagens para os cursos de educao especial e novas polticas para os projetos desta rea. Os deficientes visuais talvez tenham sido os mais beneficiados pela tecnologia, em especial de computao. Hoje, com a ajuda de computadores, scanners, impressoras e outros equipamentos, um cego capaz de escrever e ser lido e ler o que os outros escreveram. A vertente brasileira desta tecnologia o projeto DOSVOX. ( Borges, 1996.). Programa esse de computao baseado em sntese de fala que permitiu o acesso ao computador a mais de 3000 pessoas cegas no Brasil, eliminando serias restries para comunicao com pessoas no cegas, e que a base de construo para a minha monografia do curso.

3.1. Incluso dos Computadores nas Classes Especiais A utilizao dos computadores em atividades pedaggicas das classes especiais so enriquecedoras, uma vez que estimulam o educando em seu processo 33

de aprendizagem. O computador constitui-se uma ferramenta cognitiva para alunos e professores( foto 02, Cap 5.3). Considero o Projeto Incluso Digital, em prtica h mais de dois anos nas classes especiais do CIOMF ( Centro Educacional Oscar Marinho Falco ), uma experincia mpar e digna de um registro. Nossos primeiros ensaios tem sido com os aplicativos do Office ( Word, Excel, Power Point, Paint ), CD -Rom Comunicar do MEC( Ministrio de Educao e Cultura ), Software DOSVOX (foto 01), Falador, Dicionrio em Libras do INES( Instituto Nacional de educao de Surdos) . O Projeto Incluso Digital acontece numa parceria entre O Ncleo de tecnologia Educacional de Itabuna NTE 05 e CIOMF que um centro educacional que atende alunos portadores de necessidades especiais da rede estadual de ensino. As atividades pedaggicas ministradas atravs do computador so desenvolvidas e aplicadas no laboratrio de Informtica Educativa da Unidade Escolar. O ambiente de aprendizagem computacional constitui-se um espao aberto construo do conhecimento, construo cognitiva, scioafetiva, da interao e comunicao entre educandos e educadores. Tenho observado e comprovado por meio de registros feitos pelos pais e professores, transformaes e avanos significativos nas atitudes dos alunos em relao sua prpria vida, sua auto-estima, sua vivncia e na valorizao de seu processo de aprendizagem e interao com o mundo. pr meio da convivncia que os pr-conceitos so superados. Para amar preciso estar junto a condio do olhar interfere na condio de amar. Castramos a potencialidade do educando no momento em que nosso olhar est focado nas deficincias e limitaes . preciso exercitar o olhar diferente para as diferenas. Ningum perfeito. Somos todos diferentes e temos deficincias e limitaes. E digo mais, benditas diferenas e limitaes... Cabe a cada um de ns superar os limites e olhar sobre as potencialidades de cada um. A incluso est por acontecer. O que h so ensaios para a incluso. A insero dos computadores nas classes especiais um deles.

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CAPITULO 4 DOSVOX: histrico,caracteristicas e aplicaes

O DOSVOX vem se desenvolvendo desde 1993 em muitos aspectos humanos, tcnicos e polticos estiveram envolvidos na sua criao e disseminao. O DOSVOX um sistema para microcomputadores da linha PC que se comunica com o usurio atravs de sntese de voz, viabilizando, deste modo, o uso de computadores por deficientes visuais, que adquirem assim, um alto nvel de independncia no estudo e no trabalho. O sistema realiza a comunicao com o deficiente visual atravs de sntese de voz em portugus, sendo que a sntese de textos pode ser configurada para outros idiomas. O que diferencia o DOSVOX de outros sistemas voltados para uso por deficientes visuais que no DOSVOX, a comunicao homem-mquina muito mais simples, e leva em conta as especificidades e limitaes dessas pessoas. Ao invs de simplesmente ler o que est escrito na tela, o DOSVOX estabelece um dilogo amigvel, atravs de programas especficos e interfaces adaptativas. Isso o torna insupervel em qualidade e facilidade de uso para os usurios que vm no computador um meio de comunicao e acesso que deve ser o mais confortvel e amigvel possvel.

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Grande parte das mensagens sonoras emitidas pelo DOSVOX feita em voz humana gravada. Isso significa que ele um sistema com baixo ndice de estresse para o usurio, mesmo com uso prolongado. Ele compatvel com a maior parte dos sintetizadores de voz existentes pois usa a interface padronizada SAPI do Windows. Isso garante que o usurio pode adquirir no mercado os sistemas de sntese de fala mais modernos e mais prximos voz humana, os quais emprestaro ao DOSVOX uma excelente qualidade de leitura. O DOSVOX tambm convive bem com outros programas de acesso para deficientes visuais como (Virtual Vision, Jaws, Windows Bridge, Windows Eyes, Ampliadores de tela, etc.) que porventura estejam instalados na mquina do usurio. O DOSVOX contava em dezembro de 2002 com cerca de 6000 usurios no Brasil e alguns pases da Amrica Latina. Nesta poca, o nmero de usurios que acessava a Internet era estimado em cerca de 1000 pessoas. O ncleo de Computao Eletrnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, situado no centro de cincias Matemticas e da Natureza, criou o sistema DOSVOX, destinado a auxiliar os deficientes visuais a usar o computador, executando tarefas como edio de textos (com impresso comum ou Braille) leitura/audio de textos anteriormente transcritos, utilizao de ferramentas de produtividade faladas

(calculadora, agenda, etc), alm de diversos jogos. O sistema fala atravs de um sintetizador de som de baixo custo, que acoplado a um microcomputador tipo IBMPC. O sistema DOSVOX evoluiu a partir do trabalho de Marcelo Pimentel, estudante de informtica totalmente cego, e que desenvolveu o editor de textos do sistema. Marcelo hoje programador do NCE, onde trabalha sob orientao acadmica do professor Antonio Borges, responsvel pela coordenao do projeto DOSVOX.

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So diversas as chaves que provocaram um sucesso extraordinrio deste projeto, que hoje utilizado por mais de 500 cegos de todo o Brasil: custo muito baixo. O sistema foi industrializado e hoje vendido por menos de 100 dlares. a tecnologia de produo muito simples, e vivel para as indstrias nacionais. O sistema fala e l em portugus. O dilogo homem-mquina feito de forma simples, removendo-se ao mximo os jarges do computs. O sistema obedece s restries e caractersticas da maioria das pessoas cegas leigas. O sistema utiliza padres internacionais de computao, e assim, o DOSVOX pode ser lido e ler dados e textos gerados por programas e sistemas de uso comum em informtica. O projeto tem um grande impacto social pelo benefcio que ele traz aos deficientes visuais, abrindo novas perspectivas de trabalho e de comunicao. O projeto resultado do esforo de muitas pessoas, entre as quais se destacam o Eng. Diogo Fujio Takano, projetista do sintetizador de custo baixo e o analista Orlando Jos Rodrigues Alves (in memoriam) desenvolvedor de grande parte do sistema, e Luis Candido, tambm cego, que foi o primeiro responsvel pela distribuio do DOSVOX para o Brasil, Segundo ele afirma que: o mundo no vai se amoldar s necessidades do cego.Ele que tem que se adaptar s dificuldades impostas por este. (Candido,Luis.1991).

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A tecnologia, portanto, existe no Brasil. A idia, portanto, torn-la disponvel para a comunidade. O Ncleo de Computao Eletrnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) vem nos ltimos anos se dedicando criao de um sistema de computao destinado a atender aos deficientes visuais. O sistema operacional DOSVOX permite que pessoas cegas utilizem um microcomputador comum (PC) para desempenhar uma srie de tarefas, adquirindo assim um nvel alto de independncia no estudo e no trabalho. O sistema DOSVOX instalado em microcomputadores que executam o Microsoft Windows 95 ou superior. A plataforma mnima para o DOSVOX um Pentium 133 ou equivalente, sendo possvel executa-lo com menor velocidade em mquinas a partir de 486. O computador usado absolutamente comum, sendo apenas necessria uma placa de som ou a disponibilidade de som on-board. O DOSVOX vem sendo aperfeioado a cada nova verso. Hoje ele possui mais de 80 programas, e este nmero crescente. O programa composto por: - Sistema operacional que contm os elementos de interface com o usurio; - Sistema de sntese de fala; - Editor, leitor e impressora/formatador de textos; Impressora/formatador de Braille; - Diversos programas de uso geral para o cego como jogos de carter didtico e ldico; -Ampliador de telas para pessoas com viso reduzida; - Programas para ajuda educao de crianas com deficincia visual; - Programas sonoros para acesso internet, como correio eletrnico, acesso a homepages, telnet e FTP; - Leitor simplificado de janelas do Windows.

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Ocorre uma surpresa quando ns, que vivenciamos o dia-a-dia do DOSVOX ao longo de tantos anos, olhamos para trs. espantosamente simples o seu surgimento, um trabalho de um professor e um aluno durante um semestre acadmico. Mas espantosamente complexa a cadeia de relaes mltiplas que surgiram a partir de um pequeno programa, gerando hoje um sistema imenso de computao, com milhares de usurios, e suportando mltiplos relacionamentos com tantos setores da sociedade. Foram essas relaes, tendo a computao como mola propulsora, e no a qualidade (ou falta de qualidade) dos programas que provocaram a modificao a vida de muitas pessoas, criando prespectivas mais amplas para a atuao dos deficientes visuais na sociedade. Recuperar historicamente tudo o que ocorreu durante a conformao desta rede que, formada a partir de uma pequena semente, se tornou uma rede de propores quase continentais, seria uma tarefa herclea. Primeiro, porque o tempo se comporta como um apagador, que passa suavemente sobre os acontecimentos do dia-a-dia que so escritos com giz. Uma leve marca deixada, mas outras coisas so escritas por cima, e em pouco tempo muito difcil saber o que existia antes. Segundo, porque somos tentados a introduzir um certo clima de romance para tornar a histria interessante. Para entender melhor as razes pelas quais o DOSVOX foi criado, preciso analisar um problema que ainda hoje persiste no apenas na UFRJ mas em todas as universidades: poucos alunos cegos conseguem entrar no curso superior, e poucos daqueles que entram conseguem conclu-lo. Entre as causas mais importantes est a defasagem educacional a nvel mdio das pessoas cegas, e o fato de que, uma vez dentro da universidade. O aluno ter que se desdobrar para estabelecer caminhos 39

alternativos para comunicao escrita entre ele, seus colegas e seus professores. A entrada de um estudante cego idntica ao de qualquer aluno, ou seja, atravs do vestibular. A diferena a aplicao da prova que pode ser feita em Braille. Na sua aplicao, geralmente se conta com a ajuda de um ledor (termo tcnico usado para indicar as pessoas que lem para um cego). As respostas so dadas numa folha branca que marcada atravs de uma reglete (pequena prancheta com guias para escrita Braille manual) ou datilografada numa mquina especial de Braille (perkins). Essa prova depois ser transcrita para tinta (ou para cartes marcados, no caso de mltipla escolha) por um professor especializado em escrita Braille. A prova de um aluno A foi, realizada no Instituto Benjamin Constant, uma das instituies especializadas na educao de cegos, no Rio de Janeiro, onde um ledor leu as questes da prova para ele , em sua mquina Perkins, datilografou as respostas, sendo aprovado para informtica. O aluno A iniciou seu curso, no tendo muitos problemas com s matrias tericas, contava com a ajuda de amigos e, principalmente, de seu pai. As provas sempre foram feitas de forma diferenciada: era geralmente realizadas de forma oral, com as respostas transcritas para Braille. Os professores (que no sabem Braille) tinham sempre que criar solues especiais, mas em geral, existia uma boa-vontade geral de dar solues para essas situaes. Porm, trabalhar diretamente com o computador, criar e executar programas, era bem mais complicado, pois o aluno A, com a tecnologia disponvel na UFRJ, no podia lidar com isso sozinho, sendo sempre obrigado a fazer parte de grupos de trabalho. O aluno A descobriu que no SERPRO havia muitos cegos que trabalhavam com informtica e conheceu os equipamentos por eles utilizados um terminal de vdeo 3270 conectado a um mainframe IBM, conectado a um sintetizador de voz (equipamento que custava alguns 40

milhares de dlares), uma impressora a Braille e um scanner de mesa. A sntese de voz deste sistema era toda em ingls e a voz produzida era de difcil entendimento. Um de seus professores, responsvel pela disciplina de clculo vetorial e geometria Analtica, sugeriu que o aluno A fizesse um projeto de iniciao cientifica, com o objetivo de desenvolver um sistema que fizesse o computador falar, semelhana do que existia no SERPRO, mas com tecnologia nacional. O aluno A escreveu um projeto solicitando reitoria a aquisio de equipamentos para que pudesse trabalhar, e uma pequena sala no laboratrio do curso de informtica foi cedida a ele, onde foram instalados os equipamentos conseguidos. Muitas outras pessoas cegas acabaram por ter noticias do desenvolvimento desses programas no NCE, especialmente os programadores de SERPRO e os outros alunos cegos da UFRJ, e alguns vinham visitar o aluno A e conhecer o que estava sendo feito. Era urgente a necessidade de disseminao destas solues para outros possveis usurios. Decidiu-se ento criar um curso que seria aplicado para pessoas que poderiam transformar-se em futuros divulgadores e instrutores. S que isso no era to simples, e dois problemas apareceram imediatamente: Como duplicar o circuito sintetizador se no havia recursos?Ser que uma pessoa cega, sem conhecimento nenhum de computao conseguiria ligar o computador, esperar o boot, e usar os complicados comandos do DOS? O primeiro destes problemas foi resolvido de forma no ortodoxa. O professor comprou o material suficiente para duplicar 20 unidades do circuito, foi empresa de uma pessoa amiga e conseguiu que fosse fabricado um circuito impresso em quantidade pequena, conseguiu a doao de uma outra empresa (Laycab) de pequenas caixas que eram usada para outra finalidade (micro-modem) mas cujo 41

tamanho era similar ao do circuito, e pagou a um tcnico para montar. A idia foi que os alunos que fizessem o curso poderiam comprar, pelo valor de custo, este hardware, ressarcindo assim o professor pelo gasto. O segundo problema era mais complexo: era imprescindvel a criao de alguma interface operacional que pudesse guiar com segurana e simplicidade um deficiente visual nas funes mais usadas, ao invs de obriga-lo a interagir diretamente com o sistema operacional MS-DOS. O professor programou ento um sistema de interface com o usurio que possibilitava a ativao de programas e de algumas funes de arquivamento, baseado no uso de menus com mensagens gravadas. A maior parte das operaes era acionada atravs de uma ou duas teclas apenas, e a memorizao minimizada pela presena de uma ajuda online (tecla F1). Esse programa hoje conhecido como o gerenciador do DOSVOX. 4.1. Os primeiros ensaios do DOSVOX A primeira verso do DOSVOX era composta pelos seguintes programas: - o gerenciador do sistema; - um programa que ajudava a aprender as posies das teclas; - o editor de textos edivox; - um gerenciador de arquivos e discos; - um programa impressor de textos; - uma opo para digitar diretamente comandos para o MS-DOS. O sistema completo cabia em 3 disquetes de 5 polegadas. O curso afinal foi realizado. Foram chamados os cegos alunos da universidade (eram somente 5 na poca) e algumas pessoas conhecidos Poe o aluno A, formando assim,a primeira turma do curso, que teve durao de uma semana. A gerao digital de voz foi criada basicamente gravando atravs de um microfone todas as possibilidades de slabas de portugus. Essas slabas eram depois tocadas em seqncia, a partir do resultado produzido pelo tradutor. A qualidade sonora no podia ser considerada excelente, mas foi suficiente para com um pequeno 42

tempo para acostumar o ouvido, entender tudo o que o computador falava. Esta sntese de voz apesar de ser limitada pela extrema simplicidade da tcnica usada, ainda hoje distribuda junto com o DOSVOX. interessante notar que mesmo existindo nos dias de hoje excelentes sintetizadores comerciais para a lngua portuguesa que so compatveis com o DOSVOX, muitos usurios antigos ainda preferem a sntese original pela sua velocidade a ausncia da emoo sinttica exibida em produtos mais sofisticados. Os usurios exerceram um papel fundamental no desenvolvimento do sistema. A cada dia sugeriam mais e mais idias que eram imediatamente acrescentadas ao programa.

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CAPITULO 5

DOSVOX no CIOMF: inovao, mudanas e incluso

5.1 Breve histrico O projeto teve seu momento embrionrio nas aes pedaggicas do Ncleo de Tecnologia Educacional de Itabuna NTE 5, quando a coordenao colocou em pauta a oportunidade de cada multiplicador do NTE, apresentar propostas e projetos de trabalho para o ano letivo de 2000. Meu interesse maior j na rea de educao especial, nesse sentido iniciei o grupo de estudo em educao especial com professores da rede estadual e municipal de ensino de Itabuna.

No ano letivo de 2001 iniciamos o projeto com visitas as escolas que j trabalhavam com alunos portadores de necessidades especiais e dentre elas percebemos que o Centro Educacional Oscar Marinho Falco CIOMF, tinha o programa de salas de apoio para atender os alunos portadores de necessidades especiais na aprendizagem, sendo assim, iniciamos o nosso trabalho. Cada turma tem uma hora aula no laboratrio de informtica educativa com atividades especificas e direcionadas a sua necessidade. Os alunos portadores de cegueira desenvolve atividades pedaggicas no DOSVOX. So aproximadamente quatro anos que 44

vivenciamos o uso do DOSVOX com os alunos cegos do CIOMF e desde ento venho me entusiasmando mais e mais por esse projeto que denominamos INCLUSO DIGITAL.

5.2 Implantao O projeto de pesquisa do DOSVOX vem sendo aplicado na cidade de Itabuna no colgio Centro Integrado Oscar Marinho Falco CIOMF, uma escola de porte especial, fundada no ano de 1967 no nvel I e no ano de 1970 no nvel II, uma escola contemplada com o prmio da Undime/Unesco como premio de referencia Nacional de Gesto. Atualmente com 3180 alunos matriculados e com classes especiais de apoio nas reas de deficincia visual, mental e auditiva DV, DM E DA. assim dizer por excelncia uma escola muito especial que acolheu o projeto DOSVOX e vem crescendo a cada dia mais, a entrada do projeto na escola foi de fundamental importncia para o nosso municpio e principalmente para os alunos beneficiados que hoje podem se expressarem e ter a certeza de que fazem parte de uma sociedade. O projeto

DOSVOX tem como fundamental objetivo educar e auxiliar os deficientes visuais que precisam dele.

O trabalho relata uma experincia bem-sucedida na escola publica de Itabuna CIOMF, com alunos deficientes visual, onde o programa de computador DOSVOX fez a diferena para esses alunos. por assim dizer uma experincia nica e com resultados extraordinrios, o propsito desta pesquisa foi o de obter, atravs de fontes escritas e orais, os efeitos desses alunos com deficincias visuais na sala de aula do

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CIOMF e como tudo mudou na sua vida dentro da escola atravs do programa DOSVOX.

5.3. Aes e aplicaes PROJETO INCLUSO DIGITAL PROFESSOR MULTIPLICADOR: M HELENA DUTRA DE ALMEIDA GOES Relato das aes de Informtica Educativa na Educao Especial Perodo de abrangncia do Projeto: 2000 a 2004 Carga Horria 05 horas Semanais

Atividades desenvolvidas nas salas de apoio do CIOMF ( Centro Integrado Oscar Marinho Falco). Fotos em anexo dos alunos utilizando o computador na sala do Proinfe da U.E.

RELATO DE EXPERINCIA IDENTIFICAO DA ESCOLA (onde a experincia foi desenvolvida) Estado: Bahia Municpio: Itabuna Nome da Escola: CIOMF - Centro Integrado Oscar Marinho Falco e-mail: home page: telefone: (073) 212- 5586 Nome do Diretor: Ana Carolina Nunes de Almeida Nome do NTE que a escola est vinculada: NTE 05 e-mail do NTE: [email protected] home page: www.nte.rbtd.br telefone: ( 073) 617-1758/1720 DADOS DO PROJETO Ttulo: Incluso Digital nas Salas de Apoio Nome do(s) autor(es): Professoras multiplicadora do NTE 05: * M Helena Dutra de Almeida Goes e * Thnya Ctia Dias Nome do(s) professor(es) envolvidos no Projeto: Lcia Bezerra Tocafundo Sala de DM46

Juilma Cristina Nogueira de Santana Santos Sala DV Renilda Santos - Sala de DA Disciplina(s) / rea(s) do Conhecimento envolvida(s): CBA - Curso Bsico de Acelerao. Nmero de turmas participantes: 2 Srie dos alunos: CBA , pr-escola, 4 srie e 6 srie. Nmero de alunos por turma: 1 turma DM (11) e 2 turma DV ( 8) Idade mdia dos alunos: de 5 a 17 anos Modalidade de Ensino: ( ) Regular ( ) Jovens e Adultos ( X ) Especial ( X ) Atendimento Comunidade Nmero de micros no laboratrio: 22 Tipo de conexo com a Internet : no tem ainda InternetProfessores j utilizavam tecnologia em projetos anteriores? ( x) Computador (X) Televiso (X) Vdeo ( x) Telemtica Recursos utilizados : Power point. Cite a verso Microcomputador Zipdrive CD drive Outros. Citar: Software COMUNICAR /MEC e demonstrativo DOSVOX e Virtual Vision - Bradesco. 5.3.1. Funes do DOSVOX Uso do Teclado - tero facilidade porque identificaro as letras no visor. Editor de texto - Criao de textos de acordo com a sua vivncia , textos usados em sala de aula. Forca- trabalhar o significado das palavras, derivadas , primitivas, encontros consonantais - o uso do m e n, vogais, em cincias as partes do corpo humano. Caa Palavras - dependendo do grupo de palavras h diversas possibilidades, como Nomes Prprios ( exe 14), Bblia ( exe.23 Novo Testamento), cores em ingls ( exe.32) , capitais brasileiras exe.15, nome de carros exe. 5. Pode-se explorar o tempo, trabalhando horas, minutos, como tambm matemtica subtrao, adio, esquerda, direita, acima , abaixo.

5.3.2. Dirios de Bordo NTE05 - Ncleo de Tecnologia Educacional 47

Projeto Incluso Digital Atividade com os alunos da Sala Especial DM e DV Local: Laboratrio de Informtica Educativa do CIOMF- Centro Integrado Oscar Marinho Falco Registro N 01 - 3 FEIRA Prof Lcia Bezerra. Multiplicadora Maria Helena GoesALUNOS Gleciana Wanderson Iran AVALIAO DESEMPENHO Muito bom Regular timo DIFICULDADE Achar letras teclado cruzadinhas No sentiu O QUE GOSTOU Comunicar figuras Dosvox - forca Dosvox- forca ATIVIDADE DO COMUNICAR Vocabulrio 1 e 2 Vocabulrio 1 Vocabulrio 1 ATIVIDADE DO DOSVOX Forca Forca Catavox e Forca

Os trs alunos citados acima adoraram a experincia, apenas Wanderson teve dificuldade com o mouse, mas acharam fceis e prazerosas as atividades dos dois softwares. Foi vlida a iniciativa um novo comeo, mas em breve eles estaro mais soltos com o computador. Registro N 02 - 5 feira ALUNOS DESEMPENHO Juliana Cristiano Richard Rossi Ruth Muito bom Bom Bom Muito Bom DIFICULDADE Nenhuma No conhece letras Coord. Motora mouse Nenhuma O QUE GOSTOU Dosvox - forca Dosvox - forca Dosvox - forca Comunicar ATIVIDADE DO COMUNICAR Vocabulrio 1e 2 Vocabulrio 1 Vocabulrio 1 Vocabulrio 1 ATIVIDADE DO DOSVOX Forca Forca 2 exe. De Forca Forca

Observaes:

Juliana no conhece ainda as letras do alfabeto, apesar de ter sndrome de Down, me surpreendeu a desenvoltura com o mouse, atendia perfeitamente os comandos, quando falava clicar, ela j distinguia que era o mouse que usaria e quando teria que procurar a letra que eu desenhava, ela sabia que era no teclado. Richard Rossi ficou deslumbrado como computador, fez todas as atividades com um sorriso largo e no queria parar, um grande avano devido a sua resistncia para fazer novas atividades, bom desempenho apesar da deficincia na mo direita, o que dificulta sua coordenao motora na utilizao do mouse. Cristiano e Ruth ficaram apenas meia hora no laboratrio pois encerra as 16:00 e ficou 1h e meia com cada aluno, como Ruth j conhecia o Comunicar e j domina alguns comandos , trabalhei com ela e Cristiano nessa meia hora, mas o suficiente para empolgar Cristiano que adorou o DOSVOX , o jogo da forca, apesar de no conhecer as letras do alfabeto ele pediu para jogar mais um pouco, e sozinho fez os comandos, apesar de no entender que letra ele teria que colocar para achar o nome.Registro N 03 - 5 feira - Sala de Apoio DM - alunos prof Lcia Bezerra ALUNOS Ruth DESEMPENHO Muito bom DIFICULDADE O QUE ATIVIDADE DO GOSTOU COMUNICAR Adoram ir p/ lab. Voc. 3 e 4 ATIVIDADE DO DOSVOX Forca 3 exe.

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Cristiano Rossi Wanderson Juliana Sirlene

Bom Bom Bom timo Iniciando

Melhorou o mouse No conhece as letras

idem idem idem idem Tudo, ficou encantada

Voc. 2 e 3 Voc. 3 Voc. 3 e 4 Voc. 3 Iniciou Voc. 1 concluiu

Forca 4 exe. Forca 3 exe. Forca 2 exe. Forca 2 exe. -

Observaes: Hoje a atividade rendeu um pouco mais, devido a presena da multiplicadora Helena, ento levamos dois alunos a cada 1h e meia, apesar do treinamento de Rossi ser mais demorado, devido a deficincia na mo fica mais lento o trabalho com o mouse, no entanto ele fica satisfeito no computador, no quer sair do laboratrio, dispensou at a aula de Ed. Fsica. Ruth fez 3 exerccios da Forca a Macieira ( foi enforcada), no Crime ( conseguiu com ajuda) e no Sapato ( fez sozinha).

Registro N 04 - Sala de Apoio DM - alunos prof Lcia Bezerra Multiplicadora- Helena ALUNOS Cristiano Rossi Wanderson Juliana Sirlene Roslia DESEMPENHO Bom Bom Bom timo Iniciando iniciando DIFICULDADE Reconhecer palavras Melhorou o mouse No conhece as letras Pouco conhece os fonemas iniciais O QUE GOSTOU Escrever idem idem idem Tudo, ficou encantada O exerc do comunicar e desenhar no paint ATIVIDADE DO COMUNICAR Voc. 4 Voc. 3 Voc. 3 e 4 Voc. 3 Continuando o exer. 01 Conheceu o exerc 01 ATIVIDADE DO DOSVOX Forca 6 exe. Forca 3 exe. Forca 2 exe. Forca 2 exe. Forca 1 exe. Forca 2 exe.

Observaes:

As atividades foram desenvolvidas e os alunos foram acompanhados no passo a passo dos exerccios do comunicar e Dosvox. Observamos que os alunos de hoje, foram os que no tiveram bom desempenho nas atividades passadas. O fato deles no serem alfabetizados, percebemos que o rendimento lento no desenvolver das tarefas do comunicar e Dosvox. Mesmo com dificuldade em ler e escrever as palavras exibidas nos programas em estudo, eles mostram muita vontade em aprender e acertar as respostas dos exerccios. Acredito que eles tem crescido no conhecimento a partir deste momento com a nova ferramenta, o computador. Segundo Cristiano ele diz que o computador interessante e ele gostou muito dele. O que mais gosta de fazer no computador escrever. A professora diz que ele no sabe escrever o seu nome mas com o computador ele ira aprender a escrever o seu nome completo. 49

Registro N- 05- Sala de Apoio DM - alunos prof Lcia Bezerra Multiplicadora- Helena ALUNOS Cristiano Rossi Juliana Sirlene Roslia Gleiciana Ruth Iran DESEMPENHO Bom Bom timo Iniciando iniciando Bom timo timo DIFICULDADE Reconhecer palavras Melhorou o mouse No conhece as letras Melhorou o mouse Na cruzadinhas nenhuma O QUE GOSTOU Paint Desenhou no Paint comunicar e paint Paint Paint ATIVIDADE DO COMUNICAR Voc. 5 no fez a cruz. Voc. 4 Voc. 4 e 5 Voc. 1,2 e faltou a cruz. 3 Voc. 1 e 2 Voc. 3 Voc. 5 Voc. 3,4e5 ATIVIDADE DO DOSVOX Forca 2 Forca 2 exe. Forca 2 exe.

Roslia avanou bastante hoje, trabalhou com o Comunicar, no tem mais problemas com o mouse depois do treinamento com desenho no Paint. Cristiano gostou de desenhar no Paint, mas queria fazer outros tipos de jogos. Rossi vai muito bem, ainda sente dificuldade com o mouse devido a deficincia na mo. Sirlene seu desenvolvimento lento pois, no conhece as letras ainda.

Registro N 06 - Sala de Apoio DM - alunos prof Lcia Bezerra Multiplicadora- Helena ALUNOS Cristiano Rossi Juliana Sirlene Ruth Iran DESEMPENHO Bom Bom timo Iniciando timo timo DIFICULDADE letras o mouse No conhece as letras nenhuma O QUE GOSTOU Desenhou no Paint ATIVIDADE DO COMUNICAR Cruz.5, voc.6 e 7 Voc. 5 fez a cruz. Voc. 6 e 7 Voc. 4 e 5 - fez a cruz. 3 Voc. 6 e 7 Voc. 6, 7 e 8 ATIVIDADE DO DOSVOX Forca 2 forca Forca 3 exe. .

Todos foram muito bem hoje. Dia 04/10/01 Sala DM Prof. Lcia Tocafundo/ALUNOS Iran Comunicar

Multiplicadora: M Helena GoesDOSVOX FORCA Dificuldade PAINT Desenho u bandeira, DESEMP ENHO Bom

50

Juliana

Voc. 8

Silene Cristiano

Voc. 5 Voc. 30 forca

Letras Letras

casa Rabiscos Bom e aprendeu apagar Onde est -bom Onde est - bom

Rossi no participou estava cansado, e Gleiciana no gosta das atividades no computador, fez um pouco de Paint, cansou, um pouco de forca , cansou , Comunicar tambm se cansou rpido.

5.3.3. Produes Fotos e textos de ALUNOS com Deficincia Visual das SALAS DE RECURSOS do CIOMF no Laboratrio de Informtica Educativa:

Texto de Cleiton no computador: Eu tenho quinze anos eu gosto de jogar daminor, de tocar teclado, de cantar, de passear com a minha me na rua ou lr no chopem, e na siquentenrio e na praa do So Caitano. Eu sempre gosto mais de tomar sorvete, e jogar no computador.

Luzia no computador

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Vanderson desenhando no Paint ALUNOS com Deficincia Visual das SALAS DE Laboratrio de Informtica RECURSOS do CIOMF no

Valdirene Vieira Bomfim 24 anos Eu gosto de estudar ouver musica cantar conversa e ir a igreja passear praia

Fotos 01 Atividade pedaggica no SOFTWERE DOSVOX Vencendo os limites da Viso

52

Foto 02 Atividade pedaggica no CD MEC. Superando limites da audio

Comunicar-

5.4.

Significados e Impactos

5.4.1.Depoimento de alunos, pais e professores da classe especial de deficientes visuais do CIOMF Centro Integrado Oscar Marinho Falo 1. Professora da sala de DV regente da sala de apoio dos deficientes visuais: A manuteno do projeto incluso digital fundamental por representar uma janela aberta e cheia de horizontes para os portadores de deficincia visual. Considero assim porque em primeiro lugar um desafio para o aluno iniciar com as novas tecnologias, que s foi possvel a partir deste projeto. Em segundo lugar representa uma grande via da elevao da auto-estima do aluno, fazendo com que o crescimento global seja acelerado. Espero que este projeto continue e seja ampliado em sua abrangncia e obtenha mais recurso pedaggicos, equipamentos e programas especficos. 2. Depoimento da Sr. X me de aluna / Idade: 11 anos 15/08/92 Srie regular: 2 srie Escola: Agrupada Vicentinos Prof: A Questionamento feito me da aluna: - A freqncia da aluna ao laboratrio de Informtica educativa tem sido proveitosa no processo aprendizagem? - Sim - Justifique sua resposta: - Porque ela desenvolveu muito na escola, em casa, a fala melhorou em termos de expressar o pensamento. Quando chega o dia da aula de informtica ela fica feliz ansiosa para chegar a hora e pede para eu comprar um computador para ela. Ela se apaixonou pelo computador. Quando passa por uma loja que tem computador ela pede para entrar e comprar. 53

Ela sempre diz aos outros que mame vai comprar um computador para ela. - O que a professor registrou sobre o avano dela na aprendizagem, depois do computador? - Que ela vai muito bem. - Ela percebe que vem aprendendo mais os sinais em libras e que ela vai falar tudo. 3.professora Falco: das salas de apoio do Ciomf- Centro Integrado Oscar Marinho

O programa Dosvox auxilia no processo da alfabetizao desenvolvendo meios para elaborao, fixao e finalizao das habilidades e competncias necessrias para aquisio da leitura e escrita do aprendiz.

4. DEPOIMENTO DO ALUNO D

( Digitado por ele no editorvox )

Tudo comeou, quando eu ia todas as semanas para o CIOMF nas Teras feiras. Mas a minha histria s estava comeando, foi a que eu comecei a me interessar pelo computador mas como eu s ia para estudar e fazer as atividades no que eu chamo de banca que so as salas de apoio. mais de repente apareceram as professoras Tania e Helena para min , foi a maior sorte elas terem aparecidos na minha vida. Hoje a metade do meu tempo que ocupado por esse causador de informaes. L no computador do CIOMF eu fao vrias atividades que so chamadas de Textos, leio eles, brinco com os jogos s da forca, e o cassa palavras e tambm escuto msicas no programa que do Rio de Janeiro e adaptado para os deficientes visuais. Ele conhecido , como ds vox e oferece outros tipos de atividades que so os rede de Internet e a impressora. Tem tanto no computador do CIOMF quanto computador do Ncleo , mas eu s utilizo no do Ncleo que eu entro na Internet com a ajuda do CD-ROM chamado Virtual Visiom que falar as palavras e no dificulta qualquer coisa que v fazer dentro do local previsto. Sem o computador, no mundo da tecnologia em que vivemos sem ele ns seres humanos no conseguimos fazer nada pois se no tivesse existido o inventor dessa mquina eu no estaria aqui na frente de uma arma como essa. Essa arma conhecida como uma armamento de trabalho, depois que eu me adaptei no Ncleo eu acho que melhorei praticamente 999 % da minha vida na escola, na minha a casa com os meus familiares, em quase na vida profissionais Ter um computador hoje em dia, bastante necessrio porque facilita muito nas atividades profissionais, seja em casa ou na rua e nas empresas pequenas nas grandes pois a capacidade de aprendizado importante at demais para a pessoa que quer se empregar e trabalhar algum lugar. Mas para na pessoa entrar em qualquer tipo de trabalho, hoje ela tem que ter um grande nvel de escolaridade que o segundo grau completo mais no so todos que exigem o segundo grau completo s exigem o primeiro grau completo. Como eu j tenho quase completo por que eu j estou na oitava srie terminando o primeiro grau, eu penso assim o ano j est terminando e 54

para o ano eu sei que eu posso arranjar um emprego e Aqui vai o meu apelo para vocs ao final dessa grande caminhada, muito obrigado por estar todas as tardes nos dias de segunda e quarta no Ncleo e tera-feira no CIOMF escrevendo textos, jogando com os jogos forcavox e o caa palavras, lendo os lindos textos, e fazendo o que de descobrir que ouvir msica. Jogar os jogos forcavox e o caavox, e o que acabei de descobrir. Tomara que vocs continuem encontrando outras pessoas que tenha no o mesmo rtimo que eu mais que possa render bastante e encher todas as duas de orgulho. Eu estou falando isso , no porque eu sei que no fim do ano eu vou embora mas porque mesmo que tenha que falar essas besteiras que emociona qualquer pessoa mas porque eu sou um menino cheio de energia pra dar e vender. Como eu sei que foi timo muito bom estudar informtica com vocs. Eu estou falando de corao aberto para todas as duas. 5.4.2. Registros de atividades pedaggicas 18/08/2001 Alunos A fazendo o teste de teclado, porque faltou na outra aula e esqueceu, depois digitou algumas palavras. Fez o exerccio da forca e um caavox nome de pases mas, com ajuda de Helena. Luzia desenvolveu atividades no teclado, conhecendo as letras e suas respectivas funes. Exercitou atividades na forca, e caa vox. No caa vox ela fez em 19: 55 identificando 15 palavras. Precisa melhorar a ateno no caa vox. B- fez o teste de teclado e no editorvox digitou seu trabalho de casa o ditado de palavras que estava em braille, ela lia e digitava. O arquivo foi gravado como ditado.txt com 43 palavras, depois ouviu no leitorvox. Cada dia melhora mais. C continuou o exerccio de mouse no paint, desenho e digitou uma frase sobre o computador, utilizei os comandos de acessibilidade para deficientes, ficando as letras maiores e o fundo escuro, para melhor aproveitamento do aluno. D- fez o teste de teclado e continuou na forca, exerccio que ele mais Registro dia25/09/01 TURMA DV ALUNO A 13 anos 1 srie manh, hoje foi seu primeiro dia no computador, fez o teste de teclado em seguida fez um ditado de palavras ( fditado casa boneca maravilha fozete tio emprezada felicidade exato) em que errou apenas 3 palavras ditado, foguete e empregada. ALUNO B fez o teste de teclado, ditado com 20 palavras, errou apenas duas palavras. Fez o exerccio da forca acertou sozinha duas palavras. ALUNO C fez um ditado de palavras com palavras que o mesmo tem dificuldade ortogrficas.

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ALUNO D Reconheceu o computador com o tato, depois fizemos o teste de teclado para ela poder ouvir o som das letras e repetir, pois a mesma ainda no foi alfabetizada. ALUNO E - trabalhou no paint, pintura dos quadrados, em seguida o s Vocabulrios 1,2,3,4,5 mas no fez nenhuma cruzadinha, trabalhou as imagens, achando os desenhos e os 7 erros. ALUNO F- Fez o exerccio de casa palavras substantivas, passando do braille para o editor do Dosvox, o artigo ficou gravado como substantivo.txt. ALUNO G- Continuou Comunicar. 05/08/2003 DM Prof. X Alunos: A,B,C,D,E,F; ATIVIDADES; Caa Palavras no DOSVOX e digitao no Paint, usando os recursos de diversas fontes e cores. DA Prof. Y Alunos: A e B. ATIVIDADES: Desenho no Paint e jogo da forca com Marta. DV Prof. X Alunos: A,B,C, D ,E. ATIVIDADES: Reconhecimento do teclado no DOSVOX, digitao do nome e nome das prof. Cleiton fez leituras no DOSVOX, usou o editor de texto, e o falador. Visita de Ana Carolina diretora do CIOMF- para observar a necessidade de comprar fones de ouvido para os usurios do DOSVOX. Multiplicadora: Maria Helena D. A Goes os desenhos no Paint, depois fez alguns exerccios do

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CONCLUSO

Qualquer estudo que pretende se aprofundar sobre a chegada das novas tecnologias na educao deve ir alm da observao do paradigma do uso do computador como mera pea de adorno ou referncia de status. Deve refletir que a questo da informtica na educao vai mais alm de discutir este ou aquele software em si, e chegar como ele pode ser usado para auxiliar nas propostas de mudanas; das prprias mudanas operadas por ele na prtica pedaggica. O crescimento da informtica exerce grande impacto na vida da sociedade moderna. Vrios setores como o produtivo, o industrial, o financeiro, da pesquisa cientfica, das comunicaes, etc., j esto informatizados. Portanto, o momento e a vez do Setor Educacional dar o seu salto olmpico e ingressar no futuro. A empreitada educacional pode ter sido moldada em ideais religiosos ou na pregao igualitria, no passado. De l para c, as necessidades e a realidade mudaram e muito. Apesar de investimentos feitos no setor educacional pela esfera governamental e das qualidades inerentes ao computador, a disseminao do seu uso nas escolas est muito aqum da esperada. Se por um lado suscita a curiosidade, o fascnio e o interesse do aluno, por outro lado apavora o professor mantido nos moldes tradicionais 57

de metodologias e uso de recursos empregados durante seu percurso profissional. A informtica na educao ainda no impregnou as idias dos educadores e, por isso, no est consolidada no sistema educacional brasileiro. nesse contexto que se delimita um tema para estudo: Uma reflexo sobre o uso do computador por alunos com limitao sensorial significativa na rea da viso (cegueira) das salas de apoio do Centro Integrado Oscar Marinho Falco CIOMF, partindo da premissa de que tanto, o processo inclusivo como um todo para indivduos portadores de necessidades especiais, assim como, o uso dessa tecnologia no trabalho educacional desenvolvido com portadores de deficincia visual, requer reflexo sobre alguns pontos a respeito da insero destes indivduos na famlia, na escola e na prpria sociedade.

O indivduo deficiente visual apresenta os mesmos problemas que aqueles que possuem viso normal quanto se trata de sua escolaridade, no que diz respeito s dificuldades de leitura e escrita. No se pode determinar o perodo de durao da fase preparatria para a aprendizagem da leitura, escrita e do clculo, uma vez que nem todas os deficientes visuais atingem o necessrio estado de prontido que se expressa em termos de maturidade biolgica, emocional e intelectual, que depende fundamentalmente do ritmo e do tempo de cada indivduo. Assim sendo, justifica-se um estudo acerca do tema sobre a incluso de alunos portadores de deficincia visual em salas regulares de ensino fundamental diante da realidade que se constata na sociedade atual que conduzem necessariamente a discusso para este assunto, haja vista o processo inclusivo dos deficientes visuais no

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ensino regular ser a tnica do discurso democrtico sobre o uso do computador na educao.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS CONSELHO Nacional de Educao, Cmara de Educao Bsica. "Proposta de regulamentao da Lei 9.394/96" e "Trabalho preliminar de interpretao da LDB". Braslia, 1997, mimeo. DEMO, Pedro. A nova LDB: Ranos e avanos. Campinas: Papirus, l997. FERREIRA, J.R. "A educao especial na LDB". Comunicao apresentada na XVII Reunio Anual da Anped. Caxambu, 1994, 10 p. FERREIRA, J.R. e NUNES, Leila R.O.P. "A educao especial na nova LDB". Comentrio sobre a educao especial na LDB". In: Alves, N. e Villardi, R. (org.). Mltiplas leituras da nova LDB. Livro organizado por N. Alves e R. Villardi. Rio de Janeiro: Dunya, 1997, pp.17-24, no prelo. JANNUZZI, Gilberta S.M. "Polticas sociais pblic