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psicodinâmica do trabalhoTRANSCRIPT
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DA PSICOPATOLOGIA A PSICODINÂMICA DO TRABALHO
Christophe Dejours
Professora: Miryam Cristina Mazieiro
Vergueiro da Silva
SAMPO – IPq / SESMT - HCFMUSP
Campo Saúde Mental e Trabalho
Contribuição de várias disciplinas: ciências sociais, economia, medicina, psicologia, psicanálise, epidemiologia e ergonomia
Diferentes abordagens que compreendem os indivíduos, a sociedade, a relação corpo-mente e o trabalho como determi-nante de saúde mental - de formas diferentes
Estuda as inter-relações entre o trabalho, os processos de adoecimento psíquico e o impacto do trabalho na saúde mental
dos indivíduos
França – década de 20
INTENSIFICAÇÃO DO TRABALHO
O incremento do processo de industrialização impulsionou os estudos sobre o trabalho e sua relação com os aspectos psicológicos do ser humano
Compreender os limites do sujeito para incrementar a produção
Adequar o sujeito à produção como era feito com os maquinários
Pesquisas – porque fatigavam e como diminuir ou
promover a recuperação dessa fadiga
Melhor método para realizar o trabalho/menor esforço
França – década de 20
Os aspectos humanos eram vistos a partir de
modelos derivados das ciências positivas para as
quais seria possível isolar variáveis que poderiam ser
medidas e controladas
Focavam os estudos no desgaste e nas condições para a recuperação da força de trabalho
passíveis de intervenção
Aspectos psicológicos
Conhecimentos oriundos da escola comportamental, não havendo preocupação com os aspectos cognitivos e nem com
as questões psíquicas.
Maneiras de produzir e organizar o trabalho
Negligência com o ser humano = começa a acarretar distúrbios psíquicos
ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO TRABALHO“TAYLOR”
“TAYLOR”
Ao propor a Organização Científica do Trabalho (OCT) buscou eliminar a subjetividade do trabalho por meio do controle dos corpos dos trabalhadores cindidos de suas mentes
Porém ao observarmos a sua concepção de organização ele reafirma a importância da subjetividade:
Numa organização hierarquizada, quanto mais se sobe na estrutura da empresa, mais se abrem as possibilidades para a expressão do desejo de quem ocupa cargos de chefia, mais há necessidade de controle da subjetividade dos trabalhadores para que seja cumprido o que foi traçadoSA
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Psicopatologia do Trabalho
Apoiada na crítica ao modelo taylorista de produção, compreendia a automação no trabalho como um mal social, um processo de desumanização, que robotiza o sujeito, automatiza sua ação e destrói sua capacidade de pensar
Psicopatologia do Trabalho
Inaugurada por psiquiatras sociais como Sivadon – que postulava que não era tanto a natureza do trabalho que o tornava patogênico, mas as particularidades do sujeito confrontado com uma tarefa ou certa profissão
Essa escola buscava o nexo causal entre determinadas organizações e condições de trabalho e o adoecimento mental.
Até a década de 70 a maioria dos estudos dessa temática reconhecia o trabalho como mais um fator desencadeante de distúrbios mentais definidos pelas “estruturas de personalidade’ preexistente no individuo
Psicopatologia do Trabalho
Afirmava que se tratava simplesmente de examinar atitudes anormais do psicopata diante do trabalho + as influências do trabalho sobre as psicopatias = modalidades patológicas sobre o plano mental de adaptação do homem ao trabalho
Seu estudo centrava-se na ideia da desadaptação psíquica do homem ao trabalho e via o trabalho como organização mental.
Paul Sivadon – conferência sobre “Psicopatologia do Trabalho” em 1951, publicada como artigo em 1952.
Psicopatologia do Trabalho
Outro autor expressivo foi Le Guillant – pesquisou
várias categorias profissionais, ajudando a compreender
a relação entre transtorno mental e trabalho
Foi importante pois, sem proporuma teoria sobre a sociogênese dasdoenças mentais, apreendeu o papeldo meio ambiente na etiologia dasmesmas
Psicopatologia do Trabalho
Le Guillant conduziu uma célebre pesquisa sobre a “neurose
das telefonistas”.
Objetivo: demonstrar que esse tipo de adoecimento não
acometia especificamente as telefonistas, mas que os
processos de fadiga estavam relacionados às condições
concretas do trabalho.
Os pesquisadores substituíram as trabalhadoras por um
certo período, buscando vivenciar o sofrimento ao qual elas
estavam submetidas.
Essa metodologia era uma inovação na época pois buscava as
situações reais ao invés de reproduzi-las em laboratório.
Le Guillant
Síndrome Geral de Fadiga Nervosa, caracterizada por um quadro polimórfico que incluía alterações de humor e de caráter, modificações do sono e manifestações somáticas variáveis (angústia, palpitações, sensações de aperto torácico, de “bola no estômago”, etc.). O autor falava, ainda, da invasão do espaço fora do trabalho por hábitos do trabalho que ele chamou de Síndrome Subjetiva Comum da Fadiga Nervosa. Esta última síndrome caracterizava-se pela manutenção do ritmo de trabalho durante as férias, manifestando-se pela sensação de irritação, por uma grande dificuldade para ler em casa e pela repetição incontrolável de expressões verbais do trabalho (Le Guillant, 1984: 382)SA
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Década de 50
Sinais inequívocos de sofrimento patogênico e mesmo de doenças mentais já se manifestavam em algumas profissões
Daí o surgimento da psicopatologia
do trabalho
Início: as perturbações individuais diante do trabalho buscava estabelecer uma relação entre determinadas condições de
organizar o trabalho e seu impacto nos trabalhadores
Psicopatologia do Trabalho
Surge no âmbito da psiquiatria, especialmente a psiquiatria social e em um diálogo com a medicina do trabalho
Identificação de causas coletivas da situação de trabalho que levariam a quadros psicopatológicos
Focavam menos na natureza do trabalho e mais nas particularidades do sujeito confrontado com certa tarefa ou profissão
Psicopatologia do Trabalho
Buscava classificar as síndromes e doença mental
relacionada ao trabalho adotando um modelo monocausal
Relação entre
determinadas
características
do trabalho
Consequente
afecções
psicopatoló-
gicas
POSITIVISMO – CAUSA/EFEITO – VERDADE CIENTIFICA
Relação meio
ambiente X
organização
trabalho
Psicopatologia do Trabalho
• Influência nas diversas correntes do pensamento
• Diferentes modos de: definir o sujeito, compreender as relações entre trabalho e trabalhador, de estabelecer o nexo causal, trabalho enquanto constituinte de saúde/ doença, modalidades de ação
PSICODINAMICA DO TRABALHO
ERGONOMIA
CLINICA DA ATIVIDADE
ERGOLOGIA
A Psicopatologia do Trabalho
Excesso de informaçõesNecessidade de tomada de decisãoFalta de controle sobre o próprio tempo e sobre o ritmo,
turno, jornada, divisão do trabalho – esvaziamento do conteúdo, da tarefa, distância entre planejamento e execuçãoDistância entre o real e o prescrito, acúmulo de tarefas,
fragmentação do trabalho, etc.
Dejours – carga psíquica (início)
Psicopatologia do Trabalho
Indissociabilidade entre atividades físicas e dimensões cognitivas do trabalho – carga mental e carga física -estudos sobre fadiga no trabalho/
discordâncias entre medidas de carga física e mentais e sua relação com os processos de fadiga
Noção de carga cognitiva (ergonomia)
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Psicopatologia do Trabalho
Carga mental – pressupõe ambiguidade pois compreende a carga cognitiva e a carga psíquica e posteriormente o que Dejours denomina “sofrimento mental”Utiliza bastante a noção de sobrecarga, indicando que o sujeito está trabalhando acima de suas possibilidades - há indicadores de fadiga, esgotamento, de fazer bem e com qualidade o seu trabalho
Noção de carga = mensuração
Sobrecarga
Teoria do Estresse
• Causa e efeito
• Explicações organicistas
advindas da fisiologia e bioquímica
• Foco no adoecimento e não na saúde
• Fatores objetivos/mensuráveis – escalas
• Fatores de proteção
Psicopatologia do trabalho Dejours
• noção de subjetividade – psicanálise como modelo teórico para compreender como os indivíduos se comportam e reagem a situações de constrangimento que estariam na origem do sofrimento patogênico
• Apesar de considerar os conceitos de carga cognitiva e carga mental, passa a investigar fenômenos psíquicos mesmo que não se concretizassem em doença mental ou sintomatologia psiquiátrica
Impactos da organização do trabalho sobre a saúde mental sob nova perspectiva:
Dejours – organização do trabalho
Maneira escolhida pelos gestores da produção para dividir homens e mulheres num determinado processo de produção (definição das tarefas, sequência das etapas, tempo alocado, possibilidade de comunicação, exigências de qualidade/ produtividade, modalidades de controle e avaliação)
Liberdade dos sujeitos para organizarem suas atividades no
âmbito individual e coletivo
“Contrariamente ao que se poderia imaginar, a exploração do sofrimento pela organização do trabalho não cria doenças mentais específicas. Não existem psicoses do trabalho, nem neuroses do trabalho. Até os maiores e mais ferrenhos críticos da nosologia psiquiátrica não conseguiram provar a existência de uma patologia mental decorrente do trabalho”
Dejours, 1987 “A loucura do trabalho
- estudo de Psicopatologia do
Trabalho” (p. 122)SAM
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Dejours
• Diante das condições patogênicas
de trabalho, sujeitos nem sempre
desenvolviam doenças mentais
• Indivíduos trabalhadores mesmo
nestas condições (de sofrimento)
tendiam a estar em melhores condi-
ções psíquicas que aqueles que não
trabalhavam
Questionamentos
• Como os indivíduos reagem ao sofrimento e continuam a trabalhar?
• Porque reagiam de formas tão singulares?
• Porque achavam “naturais” formas que ameaçavam a saúde mental?
• Que mecanismos defensivos eram construídos individual e coletivamente para se manterem saudáveis?
• Aparente normalidade: como as pessoas não sofriam de doenças mentais?
Da Psicopatologia à Psicodinâmica do
Trabalho
• Dejours se questiona se essa normalidade poderia não ser apenas aparente, mas fruto de uma dialética entre o sofrimento e prazer no trabalho
• Sugere uma perspectiva mais rica e mais condizente com o conhecimento já acumulado – propõe então a mudança da denominação de sua teoria para “Psicodinâmica do Trabalho”
A Psicodinâmica do Trabalho
Trabalhadores desenvolvem um conjunto de estratégias defensivas – individuais e coletivas para se protegerem dos constrangimentos psíquicos impostos pelo trabalho
• Negação ou proteção diante do risco• Normalidade: dinâmica entre o sofrimento não patogênico,
as defesas psíquicas, as possibilidades de realização e os processos de identificação com o trabalho
Normalidade
• não implica ausência de sofrimento
• conceito de “normalidade sofredora”: resultado alcançado na dura luta contra a desestabilização psíquica provocada pelas pressões do trabalho
Sofrimento e prazer
Sofrimento Doença Mental
(pois os indivíduos conseguem se proteger e se defender)
Doença = sofrimento insuportável quando o trabalho exigido não permite aos sujeitos – individual e coletivo, criarem
condições para que o sofrimento seja subvertido em prazer SAM
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Sofrimento e prazer
A enfermidade surge quando os trabalhadores utilizaram suas possibilidades intelectuais e psicoafetivas para lidarem com as imposições da organização e percebem que nada podem fazer para se adaptarem ou transformarem o trabalho
Sofrimento Patogênico
Psicodinâmica do Trabalho
Novo objeto de pesquisa - normalidade nas questões organizacionais – nova perspectiva teórica e prática
Psicopatologia – campo das doenças/ preocupação com a análise, descobertae tratamento das doenças mentais
Psicodinâmica – prazer e desenvolvimento emocional e psicológi-co no trabalho
Psicodinâmica do Trabalho
A economia psíquica repousa sobre um equilíbrio dinâmico entre forças geradas pela organização, de um lado, e pela luta contínua dos trabalhadores pela construção de sua saúde mental de outro.
sentido dado por Freud: refere-se a hipótese segundo a qual os processos psíquicos consistem na circulação e repartição de uma energia quantificável (energia pulsional), isto é, suscetível de aumento, diminuição, equivalência.
Psicodinâmica do Trabalho
• Processos psíquicos – ótica psicanalítica, em que as relações de trabalho e as consequências para os indivíduos serão focalizadas não só do ponto de vista da dimensão consciente das relações interpessoais mas também de sua dimensão
inconsciente
Conceitos da Psicanálise - Repressão
Freud – o ser humano lida com desejos, motivações, ideias e representações proibidas; ao serem socialmente interditados , os indivíduos são obrigados a reprimi-las; a repressão traz como consequência uma luta contínua contra a possibilidade de se ter consciência de que se é portador de tais desejos e a impossibilidade de realizá-losSA
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Conceitos da Psicanálise – angústia
A partir do conceito psicanalítico de angústia, Dejours discute a gênese
do sofrimento preexistente ao trabalho. Busca analisar como ela se
origina no sujeito em suas relações primitivas com os PAIS: a criança é
inicialmente suscetível à angústia dos pais principalmente aquela com a
qual o progenitor tem dificuldade de lidar.
Ao vivenciar essa angustia passa a senti-la
como se fosse sua, pois não consegue ainda
distinguir o que é seu do que é do outro. Ao
tentar retomar essa questão quando já pode
distinguir o que é seu do que é do outro , há
recusa dos pais, já que é algo da ordem do
sofrimento.
Conceitos da Psicanálise - angústia
Essa angustia não elaborada adquirirá uma característica enigmática e será origem de uma angústia não satisfeita, de um desejo de saber e compreender que, periodicamente, será reposto pelas situações conjunturais ; ao mesmo tempo, se constituirá como uma zona de fragilidade psíquica do sujeito, uma zona obscura
Um dos espaços privilegiados que esse indivíduo recolocará em cena essa angústia é o trabalho.
Conceitos da Psicanálise - angústia
Nesse locus procurará indiretamente elaborar esse sofrimento primitivo e a cada enigma que resolve sentirá que se fortalece psiquicamente; assim a zona de obscuridade diminuirá um pouco
Dejours chamará de RESSONÂNCIA SIMBÓLICA essa complexa relação entre o mundo psíquico e o mundo do trabalho
Conceito de identidade
O trabalho é um elemento central na constituição da saúde, da identidade e o principal ELO entre indivíduos e sociedade
Trabalhar significa pensar, conviver, agir, construir-se a si próprio e confrontar-se perante o mundo
Compreender a importância do trabalho e seus efeitos sobre a psique significa dar visibilidade aos aspectos subjetivos mobilizados no ato de trabalhar
Identidade Trabalho e Saúde
O sofrimento engendrado pelo trabalho é inerente a esse processo de confronto identitário e não será necessariamente patológico
Se o trabalhador tem condições de superá-lo poderá ser fator de crescimento e desenvolvimento psíquico
Trabalho é central na busca por saúde
Trabalho e Saúde
• Em situações em que o trabalhador não pode contribuir com sua experiência, seu saber fazer ou não consegue realizar o trabalho de acordo com seus princípios e crenças, o indivíduo está impedido de transformar o sofrimento em ações significativas que levem ao prazer.
• Ao contribuir com seu conhecimento e inteligência para o aprimoramento dos seus processos de trabalho, inaugura a forma de transformar esse sofrimento em prazer.SA
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Trabalho e Saúde
Trabalhar significa: pensar, conviver, agir, construir-se a si próprio e confrontar-se perante o mundo.
Nesse sentido o trabalho jamais será NEUTRO: ou ele promoverá o desenvolvimento da inteligência e o prazer ou, ao contrário, levará a impossibilidade de pensar e ao sofrimento patogênico
Identidade Trabalho e Saúde
Motivação e realização – retribuição simbólica e contribuição que trazem a produção.Reconhecimento favorece o processo de realização de si.
Fortalecimento da identificação do trabalhador com o seu trabalho = reconhecimento do esforço e contribuição individual e coletiva para a superação das dificuldades encontradas no confronto com o real.
Identidade Trabalho e Saúde
Conceito de identidade – central: construção intersubjetiva pois depende do olhar do outro
É essencial que a organização do trabalho e o conteúdo das tarefas propiciem condições para a realização de si, fruto de uma ressonância simbólica entre atividade de trabalho e história pessoal
Identidade Trabalho e Saúde
O processo de construção identitária ocorre mediante o julgamento e reconhecimento das ação, sob 2 prismas: utilidade e estética.
1. o individuo sente-se útil pertencente ao grupo e à organização do trabalho quando reconhecido por esse julgamento. É feita principalmente pelos superiores hierárquicos e clientes – eficiência e relevância.
2. Julgamento estético remete a beleza e originalidade da solução e é formulado pelos pares que reconhecem no sujeito o seu saber-fazer e sua contribuição para o coletivo do trabalho. Originalidade = não ser igual a outro – único/singular.
Exemplo – sofrimento no trabalho
• TRABALHO COM RH
• FALTAM EQUIPAMENTOS DE TRABALHO• NÚMERO INSUFICIENTE DE FUNCIONÁRIOS• FALTA DE SISTEMAS PARA CONTROLE RH• ESPAÇO INADEQUADO• FALTA DE INTEGRAÇÃO COM RH CENTRAL (DRH)• FALTA DE COMPARTILHAMENTO DE INFORMAÇÕES COM OUTROS INSTITUTOS• POUCO INCENTIVO AO CRESCIMENTO PROFISSIONAL• DESVALORIZAÇÃO DO PROFISSIONAL DO RH• FALTA DE AUTONOMIA PARA MOVIMENTAÇÃO DE PESSOAL• FALTA DE TREINAMENTO• BAIXO PODER DE DECISÃO• FALTA DE APOIO DA ALTA DIREÇÃO• ESPECIALIZADO PARA AUXILIAR NA TRATIVA COM O FUNCIONÁRIO• FALTA SUPORTE TÉCNICO• NÃO HÁ PADRONIZAÇÃO DAS ROTINAS DE TRABALHO• MUITA COBRANÇA• NÃO TER DIREITO A RESPOSTA
Exemplo – sofrimento no trabalho
• NÃO TEM HUMANIZAÇÃO• DIFICULDADE DE MOBILIDADE (MUDANÇA DE SETOR) /COLOCAÇÃO DE QUE A MUDANÇA SÓ
É POSSÍVEL PELA DEMISSÃO• REGRAS RIGIDAS PARA O SETOR E MAIS FLEXIVEIS PARA OS DE FORA• GRANDE VOLUME DE TRABALHO GERANDO STRESS CONSTANTEMENTE• POR SER UM GRUPO UNIDO NÃO HÁ ESPAÇO PARA DISCORDÂNCIA• DESENTENDIMENTOS QUE SE TORNAM GRANDES ABISMOS• NÃO SE ENFATIZAM PONTOS POSITIVOS DOS FUNCIONÁRIOS, APENAS OS NEGATIVOS• ÊNFASE EXAGERADA NA CONSEQUENCIA DOS ERROS• TER LIMITES PARA ERROS• EXCESSO DE COBRANÇA-GERANDO DOENÇA• NOS ERROS GRAVES O GRUPO NÃO SE UNE HAVENDO PUNIÇÃO INDIVIDUAL• FORMAS INADEQUADAS DE CHAMAR A ATENÇÃO PELOS ERROS COMETIDOS• NÃO SABER SEPARAR O PESSOAL DO PROFISSIONAL-QUANTO A CHAMAR A ATENÇÃO• FALTA DE RECONHECIMENTO DO ESFORÇO EMPREENDIDO/ FALTA DE INCENTIVO• CRÍTICAS ENFÁTICAS E POUCOS ELOGIOS (É OBRIGAÇÃO)• CULPA PELA INSATISFAÇÃO DAS PESSOAS• POUCA OPORTUNIDADE PARA NOVOS DESAFIOS• TER QUE SER SEMPRE EXEMPLO PARA OUTROS FUNCIONÁRIOSA
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Trabalho prescrito X trabalho real
O sofrimento é inerente à condição humana, mas nem por isso deve ser
banalizado ou naturalizado (DEJOURS, 1998). Ele está presente no
momento criativo, quando o sujeito se depara com uma situação inédita
ou não prevista que precisa ser resolvida. Além disso, o sofrimento se
encontra na discrepância entre o trabalho prescrito e o trabalho real.
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O trabalho prescrito corresponde ao que antecede a
fiscalização. É fonte de reconhecimento e de punição
O trabalho prescrito corresponde ao que antecede a execução da tarefa. Um registro que satisfaz uma
necessidade de orientação, burocratização e fiscalização. É fonte de reconhecimento e de punição
realiza o trabalho, mas a ação real do trabalhador.
Já o trabalho real é o próprio momento de execução. Dejours chega a definir trabalho como tudo aquilo
que não está prescrito, porque não é o prescrito que realiza o trabalho, mas a ação real do trabalhador.
Trabalho prescrito X trabalho real
A prescrição adquiriu um atestado de qualidade: de que a engenharia elaborada numa folha de papel é impecável, e que se há erro, este se deu por falha humana – e subentende-se que a falha humana nunca é daquele que planeja, mas sempre daquele que executa
A prescrição do trabalho nunca contempla a totalidade da realidade com que se depara o trabalhador
A distância entre planejador e executor impede um espaço para discussão do trabalho e o funcionário sugerir modificações ou adaptações
Trabalho prescrito X trabalho real
Apenas uma pequena parte do trabalho real é visível aos olhos da prescrição e da organização do trabalho. A maior parte dele consiste em uma infinidade de comportamentos, sentimentos, pensamentos e atitudes não reconhecidos formalmente nem pela hierarquia, nem pelos consumidores, nem pelos pares, portanto, invisíveis
Isso, no entanto, constrange o trabalhador por desrespeitar as regras, ao mesmo tempo em que se sente recompensado por recorrer à sua criatividade, gerando todo um sentido pessoal do trabalho
Sublimação
É no espaço entre esse prescrito e esse real que pode ocorrer ou não a sublimação e a construção da identidade no trabalho.
O conceito de sublimação tem sua origem na teoria de Freud sobre o desenvolvimento da sexualidade
A sublimação é o processo graças ao qual pulsões parciais –cuja satisfação é, originalmente, de natureza sexual –encontram uma saída substitutiva em uma atividadesocialmente valorizada – nesse caso, o trabalho.
PDT entendida como “clínica do trabalho”
Conhecer os aspectos que envolvem a organização do trabalho e sua execução possibilita um excelente meio de detectar os problemas na operacionalização das tarefas e suas implicações psíquicas e a forma de superá-los.
Objetivo: dar visibilidade e refletir sobre o trabalhar
Significa pesquisar as relações entre os indivíduos e um coletivo (grupo de pessoas que compartilham regras de ofício ou experiências acerca das atividades realizadas)
PDT entendida como “clínica do trabalho”
Ao focar o trabalhar a PDT evidencia aspectos menos visíveis e conhecidos das relações de trabalho: como a construção identitária, as relações sofrimento e prazer que decorrem disso, a construção de defesas individuais e coletivas, os riscos de alienação e a construção da intersubjetividade.
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PDT entendida como “clínica do trabalho”
No âmbito da AÇÃO – possibilita um espaço livre de circulação da palavra (manifestação das expectativas, reflexão sobre de como vivem subjetivamente as suas atividades cotidianas)
Escuta atenta para permitir a emergência dos sofrimentos, das angústias, dos receios, dos medos, dos desafios, das engenhosidades diante das dificuldades e imprevistos frequentes, dos prazeres da superação e resolução dos problemas aparentemente insolúveis, obtenção do reconhecimento.
Perspectivas de Ação em PDT
Compreensão de que o trabalho é gerador de doenças e sofrimento – ações que visem sua transformação devem ser pensadas a partir de mudanças no próprio trabalho e nas relações das pessoas que o executam – prevenção, tratamento, reabilitação, retorno ao trabalho
Adoção de uma perspectiva MULTIPROFISSIONAL tanto no planejamento quanto na execuçãoDesenvolvimento das equipes, a reconstrução do coletivo de trabalho e de processos de cooperação.
Perspectivas de Ação em PDT
Maior disponibilidade, comunicação, compreensão, cooperação, e reconhecimento de eixos para o estabelecimento de boas relações no trabalho entre os pares e entre trabalhadores e chefias.Criação de espaços de escuta e a criação de espaços públicos de circulação da palavra que favoreçam a apropriação pelos trabalhadores do seu próprio processo produtivo, tornando-os protagonistas de mudanças, favorecendo o diálogo e atitudes de cooperação e solidariedade.
Intervenções no local de trabalho que recuperem o coletivo, devolvam ao trabalhador a sensação de reconhecimento pelo trabalho
Perspectivas de Ação em PDT
• Reconhecimento = autonomia para tomar as decisões para executar as tarefas sobre as quais é responsável = reconhecimento social.
• Retorno ao trabalho \reabilitação – intervir no trabalho e não só no indivíduo que adoece (qualidade das relações que o trabalho propicia, escuta e reflexão sobre o próprio trabalho) – reapropriação do trabalho e modificação da relação dele com a saúde.
• Relação interpessoal – importante aspecto de motivação para o retorno ao trabalho (equipe de reabilitação + chefias +aceitação e apoio dos colegas +família)
Conjunto da obra de Christophe Dejours
1. Dejours C. Loucura do trabalho. São Paulo: Oboré; 1987.
2. Dejours C. Plaisir et souffrance dans le travail. Paris: Edition de l'AOCIP; 1998.
3. Daniellou F. L'action en psychodynamique du travail: interrogations d'un ergonome. Travailler 2001; 7:119-30.
4. Molinier P. Souffrance et théorie de l'action. Travailler 2001; 7:131-46.
5. Dejours C, Abdoucheli E. Itinerário teórico em psicopatologia do trabalho. In: Dejours C, Abdoucheli E, Jayet C, organizadores.
Psicodinâmica do trabalho. São Paulo: Atlas; p. 119-45.
6. Dejours C. Travail, usure mentale. De la psychopathologie à la psychodynamique du travail. Paris: Bayard; 1993.
7. Dejours C. Inteligência operária e organização do trabalho: a propósito do modelo japonês de produção. In: Hirata H, organizador.
Sobre o "modelo" japonês. São Paulo: Edusp; 1993. p. 281-309.
8. Dejours C. O fator humano. Rio de Janeiro: Editora da FGV; 1997.
9. De Bandt J, Dejours C, Dubar C. La France malade du travail. Paris: Bayard; 1995.
10. Dejours C. A banalização da injustiça social. Rio de Janeiro: Editora da FGV; 1999.
11. Clot Y. Clinique du travail, clinique du réel. Le Journal des Psychologues 2001; 185:48-51.
12. Dejours C. Introduction: psychodynamique du travail. Revue Internationale de Psychosociologie 1996; 5:5-12.
13. Hirata H. Nova divisão sexual do trabalho? Um olhar voltado para a empresa e a sociedade. São Paulo: Boitempo; 2002.
14. Dejours C. Comment formuler une problématique de la santé en ergonomie et en médecine du travail? Le Travail Human 1995;
58:1-16.
15. Dejours C. L'évaluation du travail à l'épréuve du réel. Critique des fondements de l'evaluation. Paris: INRA; 2003.
16. Dejours C. O corpo entre a biologia e a psicanálise. Porto Alegre: Artes Médicas; 1988.
17. Dejours C. Repressão e subversão em psicossomática. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor; 1991.
18. Dejours C. Le corps, d'abord. Paris: Payot & Rivages; 2001.
ATHAYDE, 2005
Bibliografia
1. UCHIDA, Seiji; LANCMAN, Selma; SZNELWAR, Laerte. Contribuições da psicodinâmica do trabalho para
o desenvolvimento de ações transformadoras no processo laboral em Saúde Mental. In: Glina, D.M.R. e
Rocha, L.E. (orgs) Saúde Mental e Trabalho – da teoria a prática. São Paulo, Ed. Roca, 2010.
2. LANCMAN, Selma; UCHIDA, Seiji. Trabalho e subjetividade: o olhar da psicodinâmica do trabalho. Cad.
psicol. soc. trab., São Paulo, 2013 Disponível em
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516- acesso em 21/07/2013.
3. DEJOURS, C. A loucura do trabalho – estudo da psicopatologia do trabalho. São Paulo, Ed. Oboré, 1987.
4. DEJOURS, C.; ABDOUCHELI, E.; JAYET,C. Psicodinâmica do Trabalho – Contribuições da escola
dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento e trabalho. São Paulo, Ed. Atlas, 1994.
5. DEJOURS, C.; GERNET, I. Trabalho, subjetividade, confiança. In: SNELWAR, L. (org) Saúde dos
bancários. São Paulo, Publisher Brasil: Editora Gráfica Atitude, 2011.
6. Nassif, L.F. Origens e desenvolvimento da Psicopatologia do Trabalho na França (século XX): uma
abordagem histórica. In: http://www.fafich.ufmg.br/memorandum/artigos08/nassif01.htm. Acesso em:
25/07/2013
7. Mendes , A.M.B. Aspectos psicodinâmicos da relação homem-trabalho: as contribuições de C. Dejours. Rev.
Psicologia ciência e profissão v.15 n.1-3 Brasília, 1995.
8. Merlo, A.R.C. Psicodinâmica do trabalho. In: JACQUES, M.G. CODO, W. (Orgs.). Saúde mental &
trabalho: leituras. Petrópolis, Ed. Vozes, 2002. p. 130-142.
9. Dejours, C. Subjetividade, trabalho e ação. Ver. Produção, Vol.14 no 3 Set./Dez. 2004.
10. Lima, M.E.A. A psicopatologia do Trabalho. Rev. Psicol. cienc. prof. v.18 n.2, Brasília, 1998.SAM
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28/07/2013
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Exercício: articulação teórico-prática
1. Buscar na fala dos profissionais de enfermagem os conceitos trabalhados (pressupostos da PDT)• Trabalho prescrito/trabalho real• Sublimação• Trabalho e saúde
2. Esboçar um plano de intervenção à partir da proposta de ação da PDT, destacando pontos que podem ser abordados
OBRIGADA!!
Miryam Cristina Mazieiro Vergueiro da Silva
E-mail: [email protected]
Fone – (11) 2661 3844
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