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Meningioma Meningioma - Visão geral Meningioma, ou meninge oma, cerebral é um tipo de tumor benigno que se origina a partir das membranas que recobrem e protegem o nosso cérebro. Estas membranas são chamadas meninges, por isso o nome de meningioma ou meningeoma. Habitualmente os meningiomas apresentam crescimento lento e causam poucos sintomas, principalmente no início do seu desenvolvimento. Por isso, geralmente, a pessoa só descobre que tem um meningioma cerebral quando ele já está relativamente grande e é capaz de comprimir estruturas cerebrais e causar sinais e sintomas. Outras vezes, devido a essa característica de crescimento lento e silencioso, o meningioma é descoberto por acaso quando a pessoa realiza algum exame (Tomografia Computadorizada ou Ressonância Magnética) para avaliar outro problema, como um traumatismo no crânio por exemplo, e o meningioma é encontrado nas imagens. Nessa situação chamamos de “achado incidental” ou "fortuito", ou seja o meningioma cerebral não estava causando nenhum sintoma importante e foi descoberto apenas por que apareceu em algum exame do crânio que o paciente fez por outro motivo. É extremamente frequente encontrarmos meningiomas gigantes pois, às vezes, o paciente só vai apresentar algum sintoma quando a lesão já está bastante grande. Os meningiomas podem ser retirados e curados por cirurgia. Eventualmente, pode-se optar por não realizar qualquer tipo de cirurgia ou tratamento específico, e o meningioma cerebral é acompanhado com repetição dos exames de tempos em tempos. Nessa eventualidade, a qualquer sinal de crescimento do meningioma, a cirurgia é então realizada. Apesar de serem consideradas lesões benignas, existem também os meningiomas cerebrais que apresentam comportamento maligno. Estes meningiomas geralmente têm comportamento diferente do habitual, com crescimento rápido. Felizmente, os meningiomas que fogem do padrão e

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Meningioma

Meningioma - Visão geral

Meningioma, ou meningeoma, cerebral é um tipo de tumor benigno que se origina a partir das membranas que recobrem e protegem o nosso cérebro. Estas membranas são chamadas meninges, por isso o nome de meningioma ou meningeoma. Habitualmente os meningiomas apresentam crescimento lento e causam poucos sintomas, principalmente no início do seu desenvolvimento. Por isso, geralmente, a pessoa só descobre que tem um meningioma cerebral quando ele já está relativamente grande e é capaz de comprimir estruturas cerebrais e causar sinais e sintomas. Outras vezes, devido a essa característica de crescimento lento e silencioso, o meningioma é descoberto por acaso quando a pessoa realiza algum exame (Tomografia Computadorizada ou Ressonância Magnética) para avaliar outro problema, como um traumatismo no crânio por exemplo, e o meningioma é encontrado nas imagens. Nessa situação chamamos de “achado incidental” ou "fortuito", ou seja o meningioma cerebral não estava causando nenhum sintoma importante e foi descoberto apenas por que apareceu em algum exame do crânio que o paciente fez por outro motivo.  É extremamente frequente encontrarmos meningiomas gigantes pois, às vezes, o paciente só vai apresentar algum sintoma quando a lesão já está bastante grande. 

Os meningiomas podem ser retirados e curados por cirurgia. Eventualmente, pode-se optar por não realizar qualquer tipo de cirurgia ou tratamento específico, e o meningioma cerebral é acompanhado com repetição dos exames de tempos em tempos. Nessa eventualidade, a qualquer sinal de crescimento do meningioma, a cirurgia é então realizada. 

Apesar de serem consideradas lesões benignas, existem também os meningiomas cerebrais que apresentam comportamento maligno. Estes meningiomas geralmente têm comportamento diferente do habitual, com crescimento rápido. Felizmente, os meningiomas que fogem do padrão e apresentam comportamento maligno são muito raros e correspondem somente a cerca de 1% de todos os meningiomas e serão comentados em outro texto. 

Devido ao crescimento lento dos meningiomas o cérebro vai gradativamente se adaptando sem que a pessoa tenha qualquer sinal ou sintoma. Essa capacidade de adaptação cerebral é chamada de complacência. Mas isso tem um limite. Quando a complacência cerebral é ultrapassada, os sintomas começam a aparecer gradativamente porque, a partir desse limite, o meningioma começa a comprimir o cérebro ou os nervos intracranianos com mais intensidade.

Meningiomas na Coluna – Existem ainda os meningiomas que estão localizados na coluna e que crescem a partir das meninges que recobrem a medula. Apesar de se tratar do mesmo tipo de lesão, os sintomas e o tratamento obviamente são diferentes dos meningiomas cerebrais. Essas lesões serão abordadas neste site na área dedicada à coluna vertebral.

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Sintomas

Uma grande variedade de sinais e sintomas pode aparecer devido aos menigiomas e eles geralmente estão relacionados à localização da lesão cerebral. Os sinais e sintomas mais comuns são dor de cabeça, vômitos, convulsões, fraqueza ou paralisia parcial ou total de braços e pernas.

O objetivo do tratamento é curar a pessoa com a retirada total do tumor. Paralelamente, com a retirada do meningioma, conseguimos também eliminar os sinais e sintomas, ou seja, obtemos alívio das dores de cabeça por exemplo e, caso o paciente apresente alguma paralisia, a força muscular no membro afetado tende a voltar ao normal.

Diagnóstico

Os exames recomendados para identificar o meningioma cerebral são Tomografia Computadorizada e Ressonância Magnética do crânio.

Tratamento

Podemos, de forma genérica e didática, dividir o tratamento dos meningiomas cerebrais em três tipos de abordagem distintas:

Tratamento cirúrgico com a retirada total do meningioma por meio da microcirurgia

Tratamento cirúrgico com retirada parcial do meningioma, também usando microcirurgia

Tratamento clínico

O tratamento mais eficaz para o meningioma cerebral é a cirurgia. Atualmente a cirurgia é o único tratamento que consegue realmente eliminar o tumor. O procedimento cirúrgico para retirada do meningioma está em evolução contínua; o refinamento constante da técnica cirúrgica aliado à experiência do neurocirurgião são fatores decisivos pra o sucesso do tratamento. Felizmente, com a nossa experiência, temos obtido excelentes resultados no tratamento dos meningiomas. Nossa meta é a retirada total da lesão com o mínimo de risco para o paciente e sem deixar qualquer sequela.

Tratamento cirúrgico

A microcirurgia é o procedimento mais moderno no tratamento do meningioma cerebral. Consiste no uso do microscópio cirúrgico na abordagem do meningioma, o que confere maior precisão e segurança, diminuindo-se drasticamente o risco de lesão das estruturas cerebrais adjacentes ao tumor. Usando um microscópio de última geração, o neurocirurgião, na maioria das vezes, pode retirar toda o meningioma e a cura ser obtida.

Podemos dizer que a capacidade de se retirar toda o meningioma cerebral com um risco mínimo para o paciente está intimamente relacionada com a localização e o tamanho da

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lesão. Quanto mais superficial e menor o meningioma, melhores são as chances de que ele seja totalmente removido e o paciente curado.

Muitos pacientes confudem isto, mas uma microcirurgia não significa, necessariamente, que as incisões serão menores ou pequenas. Procuramos trabalhar buscando oferecer o máximo de segurança aos nossos pacientes. Incisões pequenas podem diminuir o campo de visão do neurocirurgião e dificultar o procedimento. Ou seja, podem ser mais arriscadas. Caso queira se inteirar melhor sobre o assunto, por favor leia nosso comentário para as chamadas cirurgias minimamente invasivas 

Retirada parcial

Os meningiomas com localização mais profunda às vezes não podem ser totalmente removidos devido ao risco de sequelas. Nessa situação, usando sua experiência e bom senso, o neurocirurgião pode optar por retirar parte da lesão e evitar abordar as áreas de maior risco. Com isso também se pode obter excelentes resultados para o paciente com um risco bem baixo. Os sinais e sintomas podem ser aliviados e a pessoa voltar à sua vida normal.

A porção remanescente da lesão é acompanhada posteriormente com a repetição periódica dos exames de imagem como a Tomografia ou a Ressonância.

Tratamento clínico

Meningiomas pequenos podem ser apenas acompanhados com repetição dos exames de tempos em tempos (a cada 6 meses por exemplo) ou serem operados imediatamente. Caso seja optado pelo acompanhamento clínico, uma vez identificado um crescimento ou outro tipo de alteração no meningioma, a cirurgia é realizada.  Atualmente a escolha de alguns médicos é pelo acompanhamento. Isto é baseado no fato de que alguns tumores não crescem jamais. Mas é impossível saber quais são esses felizardos. 

Mas, na minha opinião e com a minha experiência, eu geralmente aconselho o tratamento cirúrgico. Porque? Vejam abaixo minhas observações:

Quando a pessoa descobre que tem um meningioma cerebral, na maioria das vezes, sua vida muda drasticamente. Mesmo que seja uma lesão pequena e inocente. Pelo resto da vida, caso não opere, toda vez que tiver uma dor de cabeça, uma tonteira, um mal estar ou qualquer outro sintoma banal, o medo volta a se instalar na mente. Ou seja, a vida vira um inferno.

Quando é decidido por não operar, o tratamento é baseado nas imagens, seja de tomografia ou ressonância. O problema é que a tomografia, apesar de ser mais rápido e confortável, emite doses altíssimas de radiação, podendo até provocar câncer no futuro. Ou seja, é um exame excelente mas que tem que ser criteriosamente indicado. Já a ressonância magnética oferece mais detalhes ao médico, porém é um exame extremamente desconfortável para algumas pessoas, pois é demorado, barulhento e o aparelho é bem apertado o que desperta sentimentos de claustrofobia.

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Devemos imaginar também que esses exames deverão ser realizados para "o resto da vida". Imagine a angústia de repetir os exames de meses em meses e também a expectativa de aguardar o resultado para saber "se o tumor cresceu".

E caso o tumor tenha crescido, o paciente deverá ser operado. Não poderá mais esperar. E se quando isto ocorrer a sua idade já esteja mais avançada e ele não tolere bem uma cirurgia? E se sua saúde já não for a mesma?

Normalmente, quando estou diante de um paciente com um impasse, procuro pensar o que eu faria se ele fosse um parente meu. Nesse instante as ideias ficam muito claras porque isso nos faz focar apenas no paciente, no ser humano que está ali procurando ajuda. E a ajuda que eu posso lhe oferecer é dedicar toda a minha energia e experiência buscando o melhor para a pessoa.

A cirurgia hoje em dia, como já dissemos, é bastante segura. Por isso a minha opinião é de operar essas lesões descobertas acidentalmente. Não vejo sentido em adiar o problema. Caso a opção seja a cirurgia precoce, o problema pode ser eliminado imediatamente aproveitando-se a oportunidade de tratar uma lesão pequena e provavelmente mais fácil de ser abordada.

A não ser que seja alguma lesão muito profunda, de difícil acesso ou que já esteja comprometendo outras estruturas nobres. Nesse tipo de situação, podemos optar por uma cirurgia com retirada parcial ou subtotal (cerca de 80%) ao até mesmo optar pelo acompanhamento. 

Da mesma forma, em pessoas muito idosas ou com a saúde muito debilitada, a cirurgia provavelmente não seria a primeira opção.