Mídia Política e Poder

A política é “pop”

Material Teórico

Responsável pelo Conteúdo:Profa. Ms. Regina Tavares Menezes

Revisão Textual:Prof. Ms. Cláudio Brites

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• A política é “pop”

· Chegamos ao final da disciplina “Mídia, política e poder”. Está é a Unidade VI e trata justamente da condição atual da política no Brasil: a condição de política “pop”. Imaginem que até o sisudo Partido Comunista do Brasil se rendeu às estratégias dessa nova forma de fazer política.

A política é “pop”

Atenção

Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as ativi-dades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.

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Divagações sobre a linguagem na política.Nada mais perigoso do ponto de vista político do que o uso das palavras. Já os sofistas,

na Grécia Antiga, perceberam a importância da linguagem, especializando-se na retórica. “Nos tempos antigos”, observa Rousseau, “quando a persuasão constituía uma força pública, impunha-se a eloquência. De que serviria hoje, quando a força pública substitui a persuasão?”. A propósito, sofista (do grego, sophistés) originalmente significava sábio; posteriormente, adquiriu o sentido de impostor (derivado do latim sophista).

Rousseau não poderia imaginar o alcance dos meios modernos de persuasão, nem como os Estados totalitários os usariam para dominar os povos. A obra de George Orwell mostra a estreita conexão entre liberdade e linguagem. Não é por acaso que, em geral, políticos e burocratas autoritários tendem a metamorfosear as palavras, mascarando-as ou destituindo-as do seu significado real. O burocrata patológico faz questão de dominar os códigos, os segredos inseridos nas entrelinhas e especializar-se, a ponto das pessoas temerem-no. Já o político populista-autoritário usa frases pomposas e abusa da balofice. “A linguagem política”, escreveu Orwell, “destina-se a fazer com que a mentira soe como verdade e o crime se torne respeitável, bem como a imprimir ao vento uma aparência de solidez”.

Trecho de por Antonio Ozaí da Silva, extraído do site:

www.espacoacademico.com.br

Contextualização

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A política contemporânea vem tendo uma relação diferente com os meios de comunicação. As metamorfoses no cenário político e na sociedade, marcadas pela dita Idade Mídia (RUBIM, 2001), nos colocam novos desafios, dentre eles o de dar sentido e mostrar o rumo dessas mudanças.

Tendo em vista que a Idade Mídia se forma a partir do modo de produção capitalista, a política na contemporaneidade prefere a televisão às ruas, as campanhas publicitárias ao discurso, etc. Nas campanhas eleitorais, os políticos dedicam o papel principal aos meios de comunicação, em especial à televisão e, mais recentemente, à internet, que permite estabelecer uma relação com o mundo dos jovens.

Nas discussões suscitadas nesta unidade, estão em xeque, à título de exemplificação, as mudanças de discurso do partido político mais antigo do Brasil, o PCdoB . O mesmo foi fundado em 1922 e já acompanhou alterações substanciais no contexto sociopolítico e cultural do país e do mundo . Algumas das alterações vivenciadas pelo partido foram as transições do estado democrático de direito para o ditatorial e vice-versa, especialmente, em duas ocasiões dramáticas da história nacional. Podemos afirmar que, por conta disso, o PCdoB viveu 60 anos de sua jornada na clandestinidade.

O partido nasceu como uma seção brasileira da Internacional Comunista, sob a liderança da então União Soviética, e manteve sua influência até o final dos anos de 1980 quando foram criadas a Central Única dos Trabalhadores e a Confederação Geral dos Trabalhadores. Deve-se considerar que o partido se orgulha de conquistas trabalhistas como a adoção da jornada de 8 horas de trabalho, a criação do 13º salário e a concepção dos direitos previdenciários das mulheres e dos menores. Contudo, no final dos anos de 1970, adentrou uma profunda crise de imagem junto ao seu eleitorado, especificamente no que tange aos jovens.

Segundo Gomes e Graminto (2008), o PCdoB perdeu força política e representatividade em função da não-adaptação à Idade Mídia, confira os principais motivos:

• Expansão quantitativa dos meios e veículos de comunicação;

• Presença dos discursos das culturas midiáticas nos circuitos culturais;

• Impacto social da mídia sobre a sensibilidade social e individual;

• Ampliação vertiginosa dos setores voltados para a produção, circulação, difusão e consumo de bens simbólicos;

• Crescimento (percentual) dos trabalhadores da informação e da produção simbólica;

• Alargamento do consumo e dos gastos, públicos e privados, com as comunicações.

De acordo com Pierre Bourdieu (1974), um bem simbólico se configura quando a um objeto artístico ou cultural é atribuído valor mercantil, sendo consagrado pelas leis do mercado ao status de mercadoria. Para esses objetos é formado um grupo consumidor, bem como de produtores de bens simbólicos.

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O discurso do PCdoB sempre se caracterizou pela sisudez e pelo radicalismo, até que uma série de alterações lhe acometeu, entre elas a chegada da jovem política Manuela D’Ávila, a recordista em votos no Rio Grande do Sul, responsável por inovar o partido.

Manuela foi militante do movimento estudantil e em 2004 ingressou na vida política como candidata. Na época, elegeu-se a vereadora mais jovem da capital gaúcha com 9.498 votos. Hoje se consagrou como deputada federal. Entre outras atitudes, mudou a linguagem da prática política desempenhada pelo PCdoB e a maneira dura de se dirigir ao eleitor, praticada há anos por políticos como Aldo Rebelo, que agora figuram ao lado de Manuela sem a agressividade dos discursos anteriores.

Manuela chegou a ganhar uma boneca gigante durante uma de suas campanhas eleitorais, a Manuelete, como uma espécie de mascote. Sua vestimenta, seus gestos, seu discurso, entre outras características inspiram afetividade e aproximação, contudo não agridem a ideologia e a firmeza, tão marcantes em seu partido. Um exemplo latente de sua prática está no visual e no texto de seu blog Bola de meia, boa de gude.

Site da Manuela - bolademeiaboladegude.blogspot.com.br

Note como a publicação abaixo provoca uma sensação de proximidade com o público-eleitor e analise a forma como o interlocutor se comporta diante do apelo:

*Publicação - Manuela*

domingo, 13 de outubro de 2013

Olhares

Eram três pares de pernas cruzadas para um mesmo lado no sofá. E eu. olhava como olhava o quadro na parede, o sorriso no rosto, a vida passando.

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Eram pernas cruzadas e um olhar de saudade que entregava tudo. Proporcional ao ódio que exalava minutos depois. Eram todos parte de uma mesma coisa. E eu. Que olhava, apenas.

Escrito por Manu às 01:01

*Comentário do Interlocutor*

Edu disse...

Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.

Se os olhares se cruzarem e, neste momento, houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.

Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d’água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.

Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente: O Amor.

13 de outubro de 2013 08:40

Já em 2010, a preocupação com os aspectos emotivos era aparente em suas publicações no Blog.

- E aí, beleza?

- Aqui estou eu, após três dias de uma doença chata e que me aborreceu. Trabalhei menos do que queria e mais do que podia. Por isso, quando chegava em casa cheia de antibiótico, não conseguia articular o texto para postar no blog. Mas agora estou melhorando. Ainda não estou 100% mas estou em pé. Hoje gravei parte do programa do PCdoB de TV e trabalhei muito em casa para dar conta do que tinha atrasado. Mas entre sexta e sábado fizemos muitas coisas legais.

- Galeano: “Na parede de um botequim de Madri, um cartaz avisa: Proibido cantar. Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro, um aviso informa: É proibido brincar com os carrinhos porta-bagagem. Ou seja: Ainda existe gente que canta, ainda existe gente que brinca.”

Cabe dizer que Manuela discorda do rótulo de musa pop da política ou ainda de detentora do rótulo de beleza. Veja como ela reagiu ao título de musa em uma entrevista concedida à Folha Online em 2006:

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“Agradeço os elogios, mas qualquer pessoa que conhece as mulheres gaúchas sabe que eu não tenho os padrões de modelo”, diz Manu, ou Manuela D’Ávila, que virou até boneca em Porto Alegre, de tão popular. “Beleza não elege ninguém, não sou uma invenção. Mas também é meio machista: o ACM Neto [deputado federal pelo PFL-BA] é bonito, foi eleito e virou um “caminhão de votos”. Eu fui eleita e virei musa.”

(Trecho extraído do texto: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u84871.shtml)

Por ser formada em jornalismo, Manuela possui técnicas de comunicação eficazes. Além disso, possui padrão de beleza ditado pela Idade Mídia: é jovem, persuasiva, carismática, usa roupas informais no ambiente polido dos círculos políticos e possui gestualidade adequada aos ditames culturais midiáticos.

Apaixonada pelas novas tecnologias, a atual deputada federal possui em seu site www.eaibeleza.com.br as principais ferramentas virtuais do mundo contemporâneo, tais como: Youtube, Twitter, Facebook, podcasts e videocasts. Antenada no papel das novas tecnologias no contato com o cidadão e o eleitor, Manuela sempre recicla os mecanismos de interatividade empregados em sua atuação. Mal o uso do Flickr – rede social destinada à divulgação de fotos – caiu no gosto popular, a então presidente do PCdoB do Rio Grande do Sul tratou de inclui-lo no cardápio de suas redes sociais. Atualmente, registra mais de 9.000 fotos na referida rede.

Em determinadas ocasiões a aposta em certas redes sociais não surte o efeito esperado, tendo em vista a efemeridade das mesmas, como no caso do Formspring.me, mencionado logo abaixo.

Confira a postagem do seu site no início de março de 2010 sobre o assunto:

Manuela abre mais um canal de diálogo com a sociedade

A deputada Manuela d’Ávila abriu mais um canal direto de diálogo com a sociedade, é o Formspring.me, uma rede social onde os internautas podem perguntar diretamente à ela todos os assuntos.

Para Manuela este novo espaço é muito importante “nós já temos os site, o meu blog e o da equipe do mandato, além das outras redes como o Orkut, Facebook, Flickr e outros, mas este canal permite que os internautas interajam, perguntem e me questionem diretamente sem barreiras” destacou a deputada.

“Eu tenho muita satisfação de poder ter este contato, já que as agendas do Rio Grande e de Brasília muitas vezes me impedem de atender todos que nos procuram” lembrou Manuela.

A deputada ainda destacou que o formspring.me é mais uma forma de aproximar a sociedade do Congresso “nós buscamos incessantemente dar transparência ao nosso mandato e estamos usando todas as ferramentas existentes para isso”.

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A recente história de mudanças no PCdoB é um exemplo de como os partidos e os atores políticos se comportam na contemporaneidade.

Seria fundamental a discussão sobre até que ponto a forma como as mídias são utilizadas contribui para a escolha dos eleitores. É preciso utilizar a publicidade e o marketing eleitoral e/ou político em direção de um desenvolvimento social mais consciente, afim de formar e informar o cidadão plenamente.

Bom, chegamos ao final de nossa disciplina. Eu me despeço, na certeza de que desempenhamos uma importante discussão sobre os caminhos e os descaminhos da Política e da Mídia nos dias atuais.

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ARBEX J. J. Showrnalismo: A Notícia Como Espetáculo. 4. ed. São Paulo: Casa Amarela, 2005.

CÉSAR, G. Documentário “O espetáculo democrático”. 2003.

COHN, G. Comunicação e Indústria Cultural. 2. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1975.

COSTA, R. M. Espelho de narciso - A subjetividade, O cenário e o Imaginário dos Anos 80 e a construção da imagem do Caçador de Marajás através da mídia e da publicidade. Tese de doutorado, UFPB. João Pessoa. 2002.

GOMES, W. Transformações da política na era da comunicação de massa. São Paulo: Paulus, 2006.

WEBER, M. H. Comunicação e Espetáculo da Politica. 2. ed. Porto Alegre: Ufrgs, 2000.

Material Complementar

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ALBUQUERQUE, Afonso de. “Aqui você vê a verdade na tevê”: A propaganda

política na televisão. Niterói: MCII (Publicações do Mestrado em Comunicação, Imagem e Informação), 1999.

BOURDIEU, Pierre. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997.

CHAIA, V. Analise do Discurso Politico: Abordagens. Sao Paulo: Edusp/Perspectiva, 1993.

DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Lisboa. Edições Afrodite, s/d

GOMES, Wilson da Silva. “Duas premissas para a compreensão da política espetáculo”, in: NETO, Antônio Fausto e PINTO, Milton José (org) O indivíduo e as mídias: ensaio sobre comunicação, política, arte e sociedade no mundo contemporâneo. Rio de Janeiro. Diadorim, 1996

HABERMAS, Jurgen. Mudança Estrutural da Esfera Pública. Rio de Janeiro. Tempo Brasileiro. 1984.

LIMA, Venício A. de. “Televisão e poder: a hipótese do cenário de representação da política; CR-P”, Comunicação & Política, Nova Fase, Vol. 1, n. 1, agosto-novembro, 1994a.

LIMA, Venício A. de. Cenário de representação da política (CR-P): um conceito

e duas hipóteses sobre a relação da mídia com a política. in: Mídia, teoria e política. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo. 2001.

LIMA, V. A. Midia Crise Politica e Poder no Brasil. São Paulo: Perseu Abramo, 2006.

RUBIM, Antônio Albino Canellas. Mídia e Política no Brasil. João Pessoa.

Referências

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Anotações

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