max stirner - o Único e sua propriedade

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Em ''O único e sua propriedade'', Stirner faz uma crítica radicalmente antiautoritária e individualista da sociedade russa contemporânea, bem como à tão citada modernidade da sociedade ocidental. Oferece ainda um vislumbre da existência humana que descreve a singularidade humana como uma não-entidade criativa além da linguagem e da realidade, ao contrário do que pregava boa parte da tradição filosófica ocidental.

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oi ~ i I n,.., ~ ........ ,..,, O ~ >< '" z O oi '" -I-,18/lFCH 1\ I \'1\ 11 \\ I' II1 I ,'_"II) Ttulooriginal Autor Traduo, glossrioenoras Posfcio Reviso Capa Paginao Impresso Copyright ." cdioportuguesa Antgona Depsito legal ISBN " '\I" I\II1I I' I\ I,\'II!_1\11" DEREINZIGEUN SEIN EIGENTUM MaxSrirner JooBarrenro JosA,Bragana deMiranda Carlada SilvaPereira Antigona eTadeuBarros (desenhodeFriedrichEngels) LeonelMatias Guide- ArtesGrficas 2004 Antigona e Joo Barrento para estatraduo Marode2004 EditoresRefractrios Rua da Trindade,n,O5-2 0 F 1200-467Lisboa- Portugal Telefone213244170- Fax213244171 [email protected] n,o 208259/04 972-608-162-9 I N1)1 (I': \11111111.1 (.11''','I',I'.Il1S.Idcnada I',"'1.Edaisataoquenosagradoesta colorao(a forca,ocrime,etc.).Tendes horrordelhetocar.H nissoqualquercoisaquevosfogeenegativo:a amm"iado familiar,doconhecido,do prprio. Seohomemnoreconhecessenadacomosagrado,estariamabertastodasas portasparaaarbitrariedadeeasubjectividadedesenfreada!"Noprincpiodetudo est otemor,eataomaisrudedoshomenssepodeincutirtemor,constituindoisso jumabarreiracontraasuainsolncia.Masnotemorpermanece,porm,semprea tentativa denoslibertarmosdotemidopela astcia,pela fraude,pelaesperteza,etc. J coma venerao,ascoisassepassamdemododiverso.Nessecaso,nosseteme comoseadora:aquiloquesetemetornou-seuma forainterioraquemenoposso furtar,qualquercoisaqueeuadoro,quemedominaemesubmete.Aadoraoque lhededicodeixa-metotalmentenassuasmos,eeunempensojemmelibertar. Agora,estou presoaoque temo comtoda aforada f- agora, acredito.Eu eaquilo que eu temo somosum s:Nosou eu que vivo,aquiloque eu venero que vive em mim!Comoo esprito,queinfinito,nopodeter fim,tambm imutvel:temea morte,no pode separar-se do seu menino Jesus,osseusolhoscegosj noreconhecem agrandezada finitude.Oque setemia,eagora foielevadoaonveldoque sevenera, passou aserintocvel.Avenerao eternizada eo seu objecro divinizado.Ohomem deixoudesercriativo para setornar aprendiz(pelosaber,ainvestigao,etc.),ou seja, ocupa-sedeumobjectoestvel,mergulhanoseuestudoenocapazdevoltarasi prprio.Arelaocomesteobjectoumarelaodesaber,deinvestigaoede fundamentao,etc.,enodasuadissoluo(paraoabolir).Ohomemdeveser religioso,issono sepe em dvida,aquestoapenasade sabercomo sechega a, qualoverdadeirosentidodareligiosidade.Outracoisaseriapremcausaeem dvidaoprprioaxioma,aindaqueissoimplicasseasuaderrocada.Amoralidade tambm uma dessasideiassagradas:temosdeser morais,eoproblema apenaso de 63 encontraromodojustoeocaminhocerrodeoser.Nosearriscaquestionara moralidadeparasaberseelaprprianoserumailuso:elaestacimadetodaa suspeita, sublime e intangvel. E assim se constri a escala do sagrado, degrau a degrau, dosagradoataosacrossanto. * * * Porvezes,dividem-seossereshumanosemduasclasses,osmitoseosincultos. Osprimeiros,para seremdignosdoseunome,ocupavam-sedasideias,doesprito,e noperodops-cristo,cujoprincpioodopensamentoenoqualelesdominaram, exigiamumrespeitosubmissoparaasideiasquereconheciam.Essasideiasouesses espritos,queexistemapenasparaoesprito,sooEstado,oimperador,aIgreja, Deus,amoralidade,aordem,etc.Umserqueapenasvive,umanimal,preocupa-setantocomelascomouma criana.Masosincultos,na verdade,nosomaisque crianas,equemquerquesejaquesigaapenasassuasnecessidadesvitaisindiferenteemrelaoquelesespritos;mas,comoigualmentefraconoconfrontocom eles,submete-se aoseupoder edominado pelos ...pensamentos. esteosentidoda hierarquia. Ahierarquiaodomniodospensamentos,odomniodoesprito! Athoje,continuamosaserhierrquicos,oprimidosporaquelesqueseapoiam nospensamentos.Ospensamentossoosagrado. Mas osdois,o culto e oinculto, e vice-versa,esto sempre a esbarrar um no outro. enoapenasnochoquededoisindivduos,masnumenomesmohomem.Porque nenhumhomemcultotocultoque no encontre prazer nascoisas,sendo,por isso, inculto;etambmnohhomemincultototalmentedesprovidodepensamentos. ComHegelvemfinalmentealumeanostalgiadohomemcultopelascoistlSeoseu horror detoda ateoria oca.E agora ao pensamento deve corresponder perfeitamente a realidade,omundo dascoisas,enenhum conceito deve sersemrealidade.Issovaleu aosistema de Hegel oatributo de objectividade,comoseneleopensamento e acoisa celebrassemasuaunio.Defacto,oqueaaconteceamaisextremaviolnciado pensamento,omaior despotismoeamaiortiraniado pensar,otriunfodoesprito,e com ele otriunfo dafilosofia.Aum ponto maisaltono pode chegar a filosofia,porque oseuclmax o poderabsolutodoesprito,aomnipotncia doesprito17 Oshomens do esprito meteramnacabeaqualquer coisa queachavam que tinha de serlevadaprtica.Formaramdeterminadosconceitosdoamor,dabondadeeoutros. 17Rousseau,ost'ilantroposeoutros,eramhosris culrura e inteligncia,masesqueceram-sedeque elasseencontramemtodososindivduosdaeracrist,elimitaram-seaatacaraculturaerudita e sofisticada. 64 equeriam v-losrealizadoJ;por isso,queriamconstruir oreinodo amorsobrea Terra, umreinoondeningum maisagiria por egosmo,masto-somente"por amor.Alei devia seradoamor.Masissoque elesmeteram na cabea,que outro nome pode ter a noserode...ideia fixa?"Acabeadelesestcheiade !antaJ1tZm.Eo mais opressivo dessesfantasmaso homem.Pense-senoditadoquediz:"Deboasintenesesto inferno cheio. A boa inteno de ver a humanidade plenamente realizada em simesma, de ver ohomemtornar-seplenamentehomem,uma dessasintenesinfernais;dela fazemparteasintenesdeohomemsetornarbom,nobre,serdeamor,etc. NosextofascculodassuasDenkwiirdigkeiten,BrunoBauerdiz:"Aquelaclasse burguesaqueiriaterumtremendopesonahistriarecenteincapazdequalquer acoque exija sacrifcio,dequalquer entusiasmo por uma ideia,de qualquer elevao: nosededicaanadaquenosejamosinteressesdasuamediocridade,ouseja,fica semprelimitadaaoseuprpriohorizonteeacabaporvencerapenasdevidosua massificao,quealevouaesgotartodaaenergiadapaixo,doentusiasmo,da coerncia, devido sua superficialidade, na qual absorveu uma parte dasnovas ideias.18 E na pgina 6:"Ela aproveitou em seu exclusivo proveito,e sem qualquer sacrifcio,as ideiasrevolucionriaspelasquaissesacrificaramhomensaltrustaseapaixonados,e transformou o esprito em dinheiro.Obviamente,depoisdeter retirado quelasideias aradicalidade,acoerncia,oempenhodemolidorefanticocontratodooegosmo. Estagentenoconhece,portanto,oespritodesacrifcio,aexaltao,oidealismo,a coerncia,nosetrata de entusiastas de uma causa,mas,na acepo maiscorrente, de egostas,gente interesseira que apenas pensa no seu proveito de forma friae calculista. Masquemqueest"dispostoasacrificar-se?Verdadeiramente,saqueleque apostatudonoserviodeumacausa,deumfim,deumavontade,deumapaixo. Oamante,queabandona paieme,quesesubmeteatodososperigoseprivaes paraalcanaroseuobjectivo,nosacrificaelerudooquetem?Eoambicioso,que ofereceauma nica paixotodososseusanseios,desejose satisfaes?Ou o avarento, querenunciaatudoparaacumulartesouros;Ouohedonista,eoutros?Todosso dominadosporumapaixoaquesacrificamtodasasoutras. Enoserointeresseiroseegostasesteshomensquetudosacrificam?Comotm apenasuma paixo,buscamuma nicasatisfao,masdeformatantomaisfantica: todoosentidodasuavidaseesgotanela.Egostatudooquefazem,masdeum egosmounilateral,limitado,estreiro:estopossudosporumaobsesso. 18 BrunoBauer,"DieSeptemberrage1792unddieerstenKiimpfedetParteienderRepublikin Frankreich"(Os diasde Setembro de1792 e as primeiras lutas dosparridos da Repblica em Frana}, Iparte(Charloccenburg,1844,p.7).In:DmkwiirdigkeitenZU/'GeJ'ciJiciJtl'dei'netJerenZeltinder FranziisiseiJenRez'o/utuion.NachdenQuellenundOriginal-Memoirenbearbeitetund herausgegeben vonBrunoBauerundEdgarBauer(FactosMemorveisparaaHistriadosTemposModernosna RevoluoFrancesa.AdaptadoeeditadoapartirdefoncesememriaoriginaisporBrunoBauere EdgarBauer}. 65 Masestassopmxoesmesquinhasque,pelocontrrio,nodevemsubjugaros homens. O homem deve sacrificar-se por grandes ideias e grandes causas! Uma grande ideia,umaboacausaso,porexemplo,ahonradeDeus,pelaqualmilhes encontraramamorte,ocristianismo,queencontrouosseusmrtiresvoluntrios,a Igreja,nica viada salvao,que sealimentou avidamentedosacrifciodoshereges,a liberdadeeaigualdade,que estiveramaoserviodesangrentasguilhotinas. Aquele que vive para uma grande ideia,uma boa causa,uma doutrina,um sistema, umamissosublime,nopodeentregar-seanenhumprazermundano,anenhum interesseegosta.Temosaquio conceito do clericalismo,ou,como eletambm pode ser designadoparatereficciapedaggica,dopedantismodemestre-escola,porquea acodosideaisemnscomoadeummestre-escola.Ohomemespiritualtem precisamenteamissodeviverdeacordocomaideiaeparaela,paraacausa verdadeiramenteboa.Porisso,opovoachaquenolheficabemmostrararrogncia mundana,quererlevaruma vidaboa,prazerescomoadanaeojogo,em suma,ter interessesque nosejaminteressessagrados. issoque explica tambm o miservel soldodosprofessores,quessesentemrecompensadospelocarctersagradodasua profissoedevemrenunciaraoutrosprazeres. Nemsequernosfaltaumalistadeideiassagradas,dasquaisumaouvriasso vistascomovocaonaturaldetodososhomens.Afamlia,aptria,acincia,etc., podemencontraremmimumfielservidor. Encontramosaquia velha ilusodomundoqueaindanoaprendeualibertar-se doclericalismoquelhedizqueavocaodohomem viveretrabalhar porumaideia equeoseu valorhumanosemede pela fidelidadena suarealizao. Esteodomniodaideiaoudoclericalismo.Robespierre,porexemplo,ou St.Just*,eoutros,forampadresatmedula,entusiasmadospelaideia,fanticos, instrumentosconsequentesdeumaideia,homensidealistas.St.Justexclamanum dosseusdiscursos:Hqualquercoisadeterrvelnosagradoamorptria; umamorto exclusivistaquesacrifica tudo aointeressepblico,sem contemplaes, semmedo,semrespeitopelohumano.LanaManlius*noabismo;sacrificaassuas inclinaesprivadas;conduzRgulo*aCartago,lanaumRomanonalamaepe Marat,comovtimadasuadedicao,noPanteo. 19 Estes representantes de interesses ideais ou sagrados confrontam-se com ummundo de inmerosoutrosinteresses,pessoaise profanos.No h ideia,nem sistema,nem causasagradatograndesquenosejamumdiasuperadosoutransformadospor estesinteressespessoais.Podem ficaradormecidos por momentos e em fasesde grande 19St. Just,"Discurso contta Danron, pronunciado em31deMarode1794 na ConvenoNacional. In:Bib/'iothek po/.ttischerReden,1/15dem18.,mel19. jabdJttndert[BibliotecadeDiscursosPolticosdos SculosXVIIIeXIX}.Org.Adolf Rutenberg.Vol.3.Berlim,1844, p.146. 66 iraemasnodemorammuitoadespertarpelaacodosaudvelbom sensodopovo.Aquelasideiassvencemdefinitivamentequandodeixamdeser inimigasdointeressepessoal,ouseja,quandosatisfazemoegosmo. Ohomemqueagoramesmoapregoaarenquesfumadosdiantedaminhajanela temuminteresse pessoalnuma boa venda,e quando a sua mulher ou outra pessoa lhe desejamboasvendas,essessotambminteressespessoais.Masseumladrolhe roubasseocesto,gerava-seimediatamenteuminteressedemuitos,detodaacidade, de todo o pas ou,numa palavra, de todos aquelesque condenam o roubo:um interesse paraoqualindiferenteapessoadovendedor,agorasubstitudapelacategoriado roubado.Mastambmaquitudopoderiairdarauminteressepessoal,porque todososimplicadospensariamquetinhamdecontribuirparaocastigodoladro, poisdeoutro modo oroubono punido poderia generalizar-se elevar-lhestambm o que seu.No entanto, difcil prever que sejam muitos osque fariamum tal raciocnio, sendomais previsvel que seouvissedizerqueo ladro umcriminoso.Temosaqui umjuzo,namedidaemqueaacodoladroexpressaatravsdoconceitode crime.Agora,acoisamudadefigura:mesmoqueumcrimemenotragadanoa mimnemaningumemquemeupossaterinteresse,apesardissoeuinsurjo-me contra elee denuncio-o.Porqu?Porque eu estou possudo pela moralidade,pela ideiada moralidade:persigotudoaquiloquelhehostil.Proudhon,porexemplo,notem dvidasdequeoroubocondenvel,eporissoquejulgaquepodeanatemizara propriedade apenascom a simples frase:Apropriedade roubo. luz dos princpios da mentalidadeclerical,orouboumcrime,ou pelomenosuma infraco. Aqui chegados, chega tambm aofimo interesse pessoal. Aquela pessoa que roubou ocestoabsolutamenteindiferenteparaaminhapessoa;omeuinteressevai exclusivamente para oroubo,para este conceito do qual aquela pessoa um exemplo. Paraomeuesprito,oladroeoserhumanosoopostosinconciliveis,poisnose podeserverdadeiramenteserhumanoseseladro:quandoserouba,retira-sea dignidade aohomem,ouhumanidade.Saindoda participaopessoal,camosna filantropitl,noamordahumanidade,geralmenteconfundidacomoamorpelos indivduos,porcadaumemparticular.Defacto,elaumamorpelohomem, peloconceitoirreal,pelofantasma.Oqueofilantropoacolhenoseucoraono 'tou av8pdmou,oshomens,mas sim 'tov av8polIov,o ser humano. certo que ele se preocupa comcada homem singular,masapenasporque gostaria deverconcretizado portodaaparteoseuideal. Ouseja:nosepodefalaraquidepreocupaocomigo,contigo,connosco.Isso seriainteresse pessoal e pertence aocaptulodoamor mundano.Afilantropia um amorcelestial,espirituaL.,clerical. precisoconstruiremnso homem,mesmoque issosignifiqueofimdecadaumdens,pobresdiabos.Estaquipresenteomesmo 67 princpio clerical doclebre fiat iustitia, pereat mundus i :o homem e ajustia so ideias, fantasmas,poramordosquaistudosesacrifica.Porissoqueosespritosclericais estoprontosasacrificar-se. Quemseempenhanohomemdeixaparatrsaspessoas,ataopontoextremo desseempenho,para flutuarnomardeuminteresseidealesagrado.Ohomem,de facto,nouma pessoamasumideal,umespectro. Aohomempodepertencertudo,aissotudopodeseratribudo.Seaexigncia maiorposta na devoo,temosoclericalismoreligioso;seforna moralidade,ento oclericalismomoralquelevantaacabea.Porisso,osespritosclericaisdonosso tempo gostariam de fazerdetudouma religio,uma religio da liberdade,religio da igualdade,etc.,etodasasideiassetransformam paraelesemcausassagradas, at mesmo a cidadania,a poltica,a esfera pblica,a liberdade de imprensa,otribunal dejurados,etc. Quesignificaento,neste sentido,altrusmo?Significaterapenasuminteresse ideal,peranteoqualcaiporterra orespeitopela pessoa! Contra istoinsurge-seacabea dura do homem domundo,mas durante milnios eleperdeuaaposta,pelomenosenquanto foiobrigadoadobrarasuacervizrebelde parahonrarpoderessuperiores:oclericalismoobrigou-oavergar-se.Seoegosta mundanoconseguiasacudirumdessespoderessuperiores- porexemplo,aleido Amigo Testamento,oPapada criaromana,ecc.-, tinha logosobreeleoutro,sete vezesmaisalto- por exemplo,a crenanolugar da lei,atransformao detodosos leigosem sacerdotesnolugar docorpo limitadodo clero,etc.Aconteceu-lhecomo ao possesso,noqualentraramsetedemniosquandoelejsejulgavalivredeums. Na passagematrscitadanega-sequeaclasseburguesatenhaqualquerespcie deidealidade. certoqueelamanobroucontraacoernciaidealpormeiodaqual Robespierrequispremprticaesseprincpio.Oinstintodoseuprpriointeresse dizia-lhequeessacoernciaseharmonizavapoucocomaquiloqueaguiava,eque agiriacontra siprpria seseempenhassemuitonumtalentusiasmodeprincpio.Por querazohaveriadesecomportar de formacoaltrusta,abandonandotodososseus objectivos,paralevarvitriaumateoriatospera?Naturalmentequeospadres exultam quando aspessoasseguem o seuapelo.Deixa tudo e segue-me,ou:Vende tudooquetensed-oaospobres,eassimtersumtesouronocu;edepoisvetE esegue-me.,tAlgunsidealistasdecididosobedecema esteapelo;masamaiorparte age como Ananias* e Safira*,comportando-se deformaem parte clericaloureligiosa. emparte profana,servindoa Deusea Mamon. tFaa-se jusria, ainda que o mundo v abaixo,,; a divisa atribuda a Fernando 1(1503-64), imperad,.:: doSacro-ImprioRomnicoGermnico. tt Alatem19,21. 68 Nocensuroaclasseburguesa pornosedeixardesviardosseusobjecrivospor ?obespierre,istO,porinterrogaroseuegosmoparasaberatquepontodeyiair da ideia revolucionria. Masj sepoderiam censurar aqueles (se que censura faz Jgum sentido neste contexto) que,seguindo os interesses da classeburguesa, sevissem -2cfraudadosnosseus.Enoaprenderoestestambm,maistardeoumaiscedo,a melhorosseusprpriosinteresses!AugustBecker*diz:"Paraganharo c.poiodosprodutores(proletrios),nobastaumanegat,:odosconceitosjurdicos :radicionais.Infelizmente,aspessoasinteressam-sepoucopelotriunfo tericodeuma :deia. precisodemonstrar-lhes ad oadost de que maneira essetriunfo pode dar frutos :1ayidaprtica. ,,211Emaisadiante,apginas32:"Sequiseremteralgumainfluncia sobreaspessoas,tmdeasatraircomosinteressesreaisqueasmovem."Elogoa seguirmostravacomo,entreosnossoscamponeses,sevemdesenvolvendoumabela :moralidade, porque eles preferem seguir osseus interesses reais a obedecer aos preceitOs damoralidade. Por quererem servir o homem, ospadres e mestres-escolas revolucionrios cortaram a cabea a tantos indizJdtlos.Os leigose profanosda revoluono tinhamassimtanto pudor pelocorte decabeas,estavam apenasmuito maisinteressadosnosseusdireitOs doquenosdireitoshumanos,ouseja,nosdireitosdohomem. Mascomoqueseexplicaentoqueoegosmodaquelesqueafirmamoseu interessepessoaleagemsempredeacordocomeletenha sempredesesubmeterao interessedospadresedosmestres-escolas,ism,auminteresseideal?Elesprprios achamasua pessoademasiado pequena e insignificante - e defactoassim - para poder exigirtudo e afirmar-se plenamente.Um sinal inequvocodisso o factodeeles sedividiremem duaspessoas,uma eterna euma temporal,e decuidarem ora deuma oradeoutra,aodomingodaeternaeduranteasemanadatemporal,deumana orao,da outra no trabalho.Tm o padre dentro desi,e por isso seno libertam dele eseouvemasiprpriosa fazero sermoaodomingo. Muita luta e muito clculo dos homens foramprecisos para dlScobrirestasessncias dualistas!Eram ideias,princpios,sistemasatrsunsdosoutroS,enenhumconseguia conterdefinitivamenteacontradiodohomem"profano,>,dochamadoegosta". No ser istOuma prova deque todas essas ideias eram demasiado fracas para absorver emsitoda a minha vontadee satisfaz-la?Erame continuarama ser-mehostis,ainda queessahostilidadeficassepormuitotempoescondida.Eserassimtambmcoma singtdaridade?Serelatambmapenasumatentativademediao?Fossequalfosseo princpio para o qualme voltava - por exemplo,o da razo-, acabava por meafastar t"Pr-lhesdebaixodosolhos. 20AugLlstBeckecD/eVulkJphi/uJophit/112ftre,.Tage[AFilosofiaPopulardosNossosDias}.Neumnster pettodeZurique,1843,p.22. 69 sempredele.Ouserquepossoagirsempreluzdarazo,orientarporelatodaa minha vida?Possocomcerteza aJpirar racionalidade,posso am-Ia,talcomo a Deus eaqualqueroutra ideia:possoserfilsofo,umamanteda sabedoria,talcomoamoa Deus.Masaquiloqueeuamoeaqueaspiroexisteapenasna minha ideia,naminha imaginao,nosmeuspensamentos:estnomeucorao,na minha cabea,estem mimcomoocorao,masno eu,eeuno souisso. Aeficciadosespritosclericaiscaracteriza-sesobretudoporaquiloaque vulgarmente se chama a influncia moral. E essa influncia moral comea onde principia a humilhao,no mesmo outra coisa senoessa humilhao,que quebra e fazvergar acoragem(Mut),reduzindo-aa humildade(DemJtt).Segritoaalgumqueestperto deumpenhascoquevaiserdinamitado,pedindo-lheparaseafastar,noestoua exercercomissoqualquerinflunciamoral;quandodigoaumacrianavaispassar fomesenocomeresoquevemmesa,tambmissonocorrespondeanenhuma influnciamoral.Masseeulhedisserquetemderezar,dehonrarpaieme,de respeitar o crucifixo,dedizer sempre a verdade,etc.,porque issofazparte da natureza dohomemeasuavocao,oumesmoqueessaavontadedeDeus,nessecaso trata-sedeinflunciamoral:espera-sequeumindivduoconcretosevergueantea vocaodo homem,que seja obediente e humilde,que renuncie sua vontade emfavor de uma outra que lhe estranha e quer valer como mandamento e lei.Ele deveento humilhar-Jeperantealgode Juperior:auto-humilhao.Aquelequesehumilharser exaltado.>;-;- Pois,ascrianastm desereducadas atempo no sentido da devoo,da religiosidadee da honradez;um indivduodeboa educao aquele aquemosbons princpiosforamemitzadoJeinm!cadoJ,metidosnacabeaforapelasovaepela doutrina. Sealgumencolheosombrosdiantedisto,osbonserguemlogoasmost exclamam:(,Valha-nosDeus!Senoeducarmosascrianasnosbonsprincpios,elas vocairnasgarrasdopecadoetornam-seunsinteis!Calma,profetasda desgraa: Elasserounsinteisnovossosentido,masacontecequeo vossosentido queum sentidointil.Aspestinhas,osrefiles,no vo deixar-seenrolarpela vossaconversa easvossaslamrias,enoteroqualquersimpatiapelasideiasabsurdasquevos empolgam e vosfazem delirar h tanto tempo:elesvoacabar com asleishereditrias. ou seja,novoquerer herdara vossa estupidez, como vsaherdastes dosvossospais: e vo eliminar de vez o pecado que herdaram, opecado original.Quando lhes ordenardes: Curva-teperanteoAltssimo;,elesvoresponder:SeElenosquerfazervergar. que venha c e o faa,que nsno o faremosde livre vontade. E quando osameaardes comaSuairaeoSeucastigo,elesvoreagircomoseosameasseiscomopapo. E senoconseguirdesmeter-lhesmedocomfantasmas,isso sinaldequechegouac tMatem23,12. 70 fimodomniodosfantasmasedequeashistriasdacarochinhajnoencontram quemnelastenha... f. E digam l seno sooutra vezosliberais que insistemna necessidade deuma boa educaoeda reformadosistemaeducativo?Naturalmente,senocomo queo seu liberalismo,a sua , o que cada um de vssepergunta.Umabismode instintos,desejos. aspiraes,paixes,umcaossemluzesemestrelaquemeguie!ComopodereieL receberuma resposta corrccta seme interrogar apenasa mimprprio,desprezandoomandamentosdeDeusouosdeveresprescritospela moral,ignorandoavozdaraz,. que,no decorrerdahistria e depoisde muitasexperinciasamargas,transformou err leiosmelhoresemaissensatosprincpios?Asminhaspaixesdar-me-iamosmai, insensatosconselhos.Eassimcada um sevcomoum...demnio;porque sceleseviss" (desde que se desinteressasse do ponto de vista religioso) apenas como animal,depress.'entenderiaqueoanimal,quessegueosseusinstintos(eestesfuncionamcom conselhos),nolevadopor elesafazerascoisasmaisinsensatas>,masd ospassccertos e justos. Oque acontece que o hbito de pensarmos segundo padres religiosc; amarroudetalmodoonossoespritoquensnosassustamoscomanossclprpric. nudezenaturalidade;essehbitorebaixou-nostanto que nsnosconsideramos presc; aopecado original, diabos inatos. Naturalmente que vos ocorre imediatamente queavossavocaovospedequefaaisobem,oqueamoraleajustiaditaIT Comopode ento,sevosinterrogaisa l'Sprprios,sairda vossabocaa vozjusta,a yc = queindicaocaminhodobem,dojusto,doverdadeiro,etc.Comopremharmon:.'DeuseBelial*? Mas que pensareis vs se algum vos respondesse: Isso de seguir Deus, a conscinci:. Odever,asleis,etc.,tudo issosobalelascomque vosencherama cabea eocorac fazendo-vosficarloucos.E seessealgum vosperguntasse como quepodeisestar t::'. certosdequeavozdanatureza avozdatentao?Eseelevossugerisse inverter ascoisaspara verdes na voz de Deus e da conscincia a obra do diabo? Homer".' mpios como este existem:como que quereis lidar com eles? No podeis pedir consel!-" aosvossospadres,paisehomensbons,poisessessovistoscomovossostmtadore comoosverdadeirossedutoresedestruidoresdajuventude,aquelesquesemearalL.:.ervadaninhadodesprezodesiedaveneraodeDeus,queencheramdelama.' coraesdosjovensedeestupidezassuascabeas. Masaquelescontinuameperguntam:Emnomedequvospreocupaiscom mandamentosdeDeusedosoutros?Nodigaisqueofazeisapenasparaagradar_ Deus.No,fazei-Io,umavezmais ...emvoJSo prprionome.Ouseja:tambmnisto: soisoessencial,ecada um temdedizerasiprprio:eusoutudoparamimetude quefaoporminhacausa.SealgumaveztivsseisconscinciadecomoDeL' osmandamentos,etc.,svoscausamdano,voslimitamevosarrunam,certamec: osafastareisdevs,talcomo emtempososcristosamaldioaramApoloou Miner. .:. ou amoralpag. certoqueem lugardelescolocaramCristoedepoisMaria,eUL_ moralcrist;mastambmelesfizeramissopela salvaoda suaalma,portanto,F. egosmoouparaafirmarasuasingularidadeprpria. 132 Pormeiodesseegosmoedessasingularidade,desembaraaram-sedomundodos velhos deuses e ficaram li1'resdeles.A singularidade-da-prprio criouuma nova liberdade, porqueasingularidade-da-prprioacriadoradetudo,domesmomodoquejh muitotempoagenialidade(umaformaprpriadesingularidade),quesempre originalidade,vistacomoacriadoradenovasproduesdesignificadouniversal. Massealiberdadedefactoafinalidadedosvossosesforos,entoesgotaiat aolimiteassuasexigncias.Quemdeveentoserlibertado?Tu,eu,ns.Elibertado dequ?Detudoaquiloquenosejatu,eu,ns.Eusouentoocarooquedeveser libertadodetodososinvlucros,detodasascascasqueolimitam.Equerestaseeu forlibertado detudo aquilo queno sou?Apenas eu e nada maisque eu.Masa este eu aliberdadenotemnadaaoferecer.Aliberdadenodiznada sobreoqueacontecer depoisdeeu serlibertado,do mesmo modo que osnossos governos selimitam a soltar ospresosdepoisdecumpridaapena,lanando-osnototalabandono. Sealiberdadesebuscaporamordoeu,porquequenoelegemoslogooeu comocomeo,meioefim?Novalhoeumaisdoquealiberdade?Nosoueuque liberto,nosoueuoprimeiro?Mesmoescravizado,mesmoamarradoamil grilhes, euexisto,enoexistoapenascomoalgofuturoequeestpresentecomoesperana, como a liberdade, mas existo e estou a ainda que sendo o maismiservel dosescravos. Pensaibemnistoedecidi-vos:quereiscolocarnavossabandeiraosonhoda liberdade, ou a deciso do egosmo e da singularidade-da-prprio? A liberdade" desperta a vossa raivacontra tudo o queno sois;o egosmoapela ao jbilode serdes vsprprios,aoprazer de vs;a liberdade e ser sempre uma nostalgia,um lamento romntico,uma esperanacristnoalmenofuturo;asingularidade-da-prprio umarealidadeque,spor.li,eliminatantaescravidoqueatravancaovossoprprio caminho. Vs no querereis desembaraar-vos daquilo que no vos incomoda, e quando comearaincomodar-vos,jsabeisquetereisdeobedecermaisa vs prpriosdoque aoh o m e m ~ Aliberdade ensina apenas:Libertai-vos,desembaraai-vos detudo oque vospesa. Masno vosensina quem sois.Fora,fora!, o seu lema,e vs,seguindoansiosamente esteapelo,atdevsprpriosvoslivrais,renegandoovossoprprioser.Mas a singularidade-da-prprio traz-vosdenovoa vsprprios,dizendo:Voltaati!Sob agidedeliberdadeperdeismuitacoisa,masoutras,novas,voltamaoprimir-vos: Livraste-vosdosmaus,masomalcontinua.>'"EnquantoindivduosprprioJ,estais realmeJJtelivreJdetudo,eaquiloque conservais aquiloque aceit?/JteJ, avossaescolha livre.Oindil'duo prprio o homemlivre pornaJmento,livrepornatureza;olivre,pelo contrrio, apenasomanacodaliberdade,osonhadorevisionrio. t Nova variaodov...'509do FallJtodeGoerhe (cenaCozinhadebruxa:Livraram-sedomau,mas osmausficam). 133 o primeirooriginariamentelivre,porquenoreconhecemaisnadaanoserele prprio;noprecisadeselibertar,porquerejeitadesdelogotudooquenosejaelt. porquenoestimanemvalorizanadamaisdoqueasiprprio,emsuma,porque partedesiprprioe"voltaasi.Jemcriana,obrigadoaterrespeito,comea2. libertar-sedesseconstrangimento.Asingularidade-do-prpriotrabalhanopequene egosta,eatravsdelaelealcanaadesejada...liberdade. Milniosdecultura obscureceramaosvossosolhosaquiloquesois,efizeram-vos acreditar que no soisegostas, e que estais l'olacionadospara serdesidealistas ("homens bons).Deitai forataisideias!Nobusqueisaliberdadequevosrouba avsprprio pela"abnegao,masprocurai-vosavsprprios,tornai-vosegostas,equecadaun: devs setorne um eJttodo-poderoso.Ou, dito de forma mais clara:reconhecei-vos apenas avsprprios,reconheceiapenasoquesoisrealmente,erejeitaiasvossasaspiraes hipcritas,a vossa louca mania de querer ser outra coisa que no vsprprios.Hipcritassoparamimtodasessasaspiraes,porquedurantetodosestesmilniosvs fostesegostas, mas adormecidos, enganando-vos a vsprprios, alienados, vs heautolitimor/tmenoi c,autoflageladores.Jamaisumareligiopdefurtar-sespromessasf recompensas,querelasapontemparaoalmouparaestemundo("vidalonga'. etc.);poisohomem temuma natureza mercenerel direito:ela sexiste atravs do direito.Mas,como ela sexiste seexercer a sua soberania :::- .:lele sobreosindivduos,odireitoasua vontade soberana.Aristtelesdizqueajustia ointeresseda sociedade. o Todoodireitovigentedireitoalheio,direitoquealgummedoume :Jmo concede.Masteria eurazo(estarianodireito)setodosmedessemrazo?Eapesar [.dora disso,oqueodireitoqueoEstadoeasociedademeconcedemsenoumdireitode .:":'do instncias alheiasamim prprio? Seum idiota me d razo,eu desconfiodessedireito,

umdireitoquenoaprecio.Mastambmquandoumsbiomedrazo,issono

significaqueeutenhaporessaviaalcanadoosmeusdireitos.Seelftenhoouno razo,osmeusdireitos,issocompletamenteindependentedequemmosconcede,

sejaelesbioou idiota. L'1lo Apesardisso,aessedireitoqueatagora temosaspirado.Procuramosodireito r..:..:loa edirigimo-nosaotribunal.Quetribunal?Aumtribunalreal,papal,popular,etc. em Podeumtribunaldo sultopronunciaruma sentena quenoseorientepelodireito

queosultodecretou?Podereleconceder-meosmeusdireitosseeuprocurarum direitoque no coincida com o do sulto)Poder, por exemplo,conceder-me o direito a....::ose dealtatraio,umavezque,segundoosulto,issonoumdireito?Poderele, como tribunal censrioque ,conceder-mea liberdade de expressocomo um direito, uma vezque osulto noquer nem saber dessemelfdireito?Que busco eu ento junto deum tal tribunal?Busco odireito do sulto,noo meu;busco...um direito alheio.Se!'::odo essedireitoalheioseencontrarcomomeu,ento possotambmencontrareste.C::l.em; OEstadonopermitequedoishomensseconfrontem,eope-seaoduelo.At[:1 o mesmouma pequena briga,paraaqualnenhumdosintervenienteschamaapolcia, _l....;ora, punida,exceptosenoforumeuabater numtu,masum paidefamliano filho:a Ij;nnliatemessedireito,eopai emseunome,maseu,enquantoindivduo,no. do OjornallIossiJcheZeitung*apresentaassimoEstadodedireito,,:nele,tudotem ele t:'1lser deserdecididoporumjuizeumtribunal.Osupremotribunalcensrio,paraesse E:retajornal,umtribunalondesepronunciamsentenassegundoodireitovigente. 110 nada Que direito?Odireito da censura.Para reconhecer como direitoassentenas dessetribunal,temosdeconsiderar queacensura umdireito.Mas,aomesmotempo,diz-se queessetribunalofereceumagarantia,garantiacontraoerrodeumnicocensor: :..::eitos,limita-seagarantirqueolegisladorcensrionointerpretemalasuavontade,mas refora origor da sua leicontra osque escrevem,atravs da sagrada forado direito. Seeutenhoounorazo,onicojuizqueodecidesoueuprprio.Osoutros podemapenasjulgarecondenardizendoseaceitamounoomeudireito,eseele tambmumdireitopara eles. 149 Masvejamosaquestoaindadeoutropontodevista.Espera-sedemimqU respeiteodireitodosultonosultanato,odireitodopovonarepblica,odireitc cannico na comunidade catlica, etc. E devo submeter-me a essesdireitos e consider-lossagrados.Osentido do direitoou dalegalidade,assimvisto,est detal mode instaladonascabeasdaspessoas,queascabeasmaisrevolucionriasdosnossosdias nosquerem submeter a um novodireito sagrado, o direito da sociedade,da comunidade humana, o direito da humanidade,de todos, etc..E esse direitodetodos devevirantesdomeudireito.Sendoumdireitodetodos,seriatambmomeu,um:: vezqueeufaoparte dessetodos;mas ofactodesetratar deumdireitodeoutros. oumesmodetodososoutros,nomeincitanecessariamenteamant-lo.Eunoe defendereicomo o direitodetodoJ,mascomo o meudireito,e cadaumquetrate de ver como quer defend-lo.Odireito detodos (por exemplo,a comer) um direitodecad..:. um.Secada um o mantiver para si,opondo-sea qualquerrestrio,todoso exercere naturalmente;masqueelenosepreocupecomtodososoutrosenoseempenh zelosamentenelecomosefosseumdireitodetodos. Masosreformadoressociaispregam-nosumdireitodaJOriedade.Oindividue torna-seescravodasociedade,estemrazoseasociedadelhederrazo,ou seja,S viver segundo asleiJda sociedade,sefor...legalta.Ser legalista numregime despticc ou numa sociedade de inspirao weitlingiana*, vai dar mesma privao de direitos. namedida emque,nosdoiscasos,sigoum direitoquenomeu,masalheio. A propsito do direito,pergunta-se sempre:Quem ou quecoisame concede esse direito?Resposta:Deus,oamor,arazo,anatureza,ahumanidade,etc.Masno assim:sa tlla ftra,so teu poderteconcededireitos(atua razo,por exemplo,pod dar-tos). Ocomunismo,que pressupe que oshomenstm por natureza osmesmosdireitos,contradizoseuprprioprincpiosegundooqualelesnotmqualquerdireite pornatureza.Poisnoqueraceitar,porexemplo,queospaistm,pornatureza", direitossobreosfilhos,ouvice-versa:abolea famlia.Anatureza nod aospais,aos irmos,etc.,qualquerdireito.Alis,todoesteprincpiorevolucionrio,inspiradoe n ~Babeuf*59,assentanuma conceporeligiosa,e como tal falsa.Quem, senotiver urro pontodevistareligioso,poderreclamardireitos?Noodireitoumconceite religioso,isto,qualquercoisadesagrado)AigualdadededireitoJestabelecida peL Revoluomaisnodoqueumaoutraformadaigualdadecrist,aigualdadt 59 CfJohannCasparBluntschli,DieKom11l2tnisteninderS,-hweiznclchderzbeiWeitlzrzgvOl'gef2tndelh; Papiel'en.Wi/rtlicherAbdmckdeJKommisszonalberichtesandzeH.J;' .Enquanto oEstado seafirmar,apresentar sempreavontade prpria,sua adversria einimiga,comoirracional,m,etc.: eaquelavontadedeixa-selevarporessaconversaerealmente irracionalpor ir atrs de tal retrica:ainda no tomou conscincia de sie da sua dignidade, e por issoainde:. imperfeitaecorruptveL TodooEstado um regimedeJptico,quer odspota sejaum ou muitos,quertodososdominadores,cadaumexercendoasuaacodespticasobreosoutros. comosepensaqueacontecenumarepblica.Istoacontece defactoquandouma lei, uma vezestabelecida na sequncia da clara vontade de uma assembleia nacional, passe:. aseruma leipara todo oindivduo,quelhe delJeobedinciaeperante aqualtem o dett; deobedincia.Mesmoimaginandoquecadaindivduotinhamanifestadoamesm" vontadeeassimseformariaumavontadegeral,mesmoassimascoisasnose alterariam.Noficariaeupreso,hojeedepois,minhavontadedeontem?Neste caso,aminhavontadeficariapetrificada.DetestvelJemibilidade!Aminhacriatura isto,uma determinadaexpressodevontade,tornar-se-ianomeutirano,eeu,seI.: criadordotadodevontade,ficariatolhidonomeudesenvolvimentoenaminhadissoluo.Pelofactodeontemtersidoumidiota,estariacondenadoa assimparaorestodavida.Destemodo,navidadoEstadoeusou,namelhordas hipteses- tambmpoderiadizer:na pior -, um escravodemimprprio.Porque ontemfuiumserdevontade,hojesou umsersemvontade;ontemvoluntrio,hoje involuntrio. Comomudaresteestadodecoisas?Noaceitando nomeligandoneL deixandoligaranada.Senotiverdeveres,noconheolei. tAlusoaoescricodeKant Z1I1i1euigenFrieden[SobreaPazEterna},de1795. 156 "Masacabareiporserligadoaalgumacoisa!Ningumpodeamarraraminha -:.)ntade,eaminha contravontadesersemprelivre. Seria o caostotal secada um pudesse fazero que lhe apetece!Mas quem dizque :J.daumpodefazertudo?Paraquequetuestsaqui,tuquenotensdeaceitar Defende-te,eningumtefarnada!Quemquiserquebraratua vontadeter '::esehaver contigo e teu inimigo.Trata-o comotal.Setiveresatrsde tiunsljuantos ::1ilhes para teprotegerem,sereisuma foraimponente etriunfareisfacilmente.Mas ::1esmoqueavossaforavostragaorespeitodoadversrio,issonosignificaque ejaisumaautoridadesagrada,anoserqueelesejaumladro.Elenovosdeve :espeitonemconsiderao,aindaquetenha detomarcuidadoperanteavossafora. Costumamos classificar os Estados de acordo com a forma como o "poder supremo :lelesestrepartido.Seforporums- monarquia;seforportodos- democracia, :':rcO poder supremo,ento!Poder contra quem?Contra o indivduo e a sua vontade ?rpria.OEstadoexerceoseupoder,oindivduonoopodefazer.Ocompor doEstadoodopoderviolento:aessepoderelechamadireito,aodo :ndivduochama-lhecrime.Opoderdoindivduochama-seentocrime,espelo :rimeelepodequebraro poderdoEstado,sefordeopinioqueno oEstadoque :':stacimadele,maseleacimadoEstado. Ora,seeu quisesseagirdeformaridcula,avisar-vos-iacomasmelhores intenes nosentidodenopromulgardesleisquepossamafectaromeudesenvolvimento,a minhaactividade,aminhacriaopessoal.Masnodoutalconselho,porque,se osegusseis,sereispoucointeligentes,eeu ver-me-ia privadodetudo oqueganhei. De vs,eunoqueronada,porque fosseo que fossequeeuexigisse,vscontinuareis aserlegisladoresautoritrios,etendesdeoser,porqueumcorvonocantaeum ladronovivesemroubar.Perguntoantesquelesquequeremseregostasoque achammaisegosta,seaceitarasleisquelhesdaiserespeit-las,ouexercer arebeldia e mesmo a total desobedincia.Asboaspessoasacham queasleissdevem prescrever aquiloqueosentimento dopovoconsiderarjustoe aceitvel.Masquetenhoeua ver com aquiloque vlido entre o povo e para o povo? Talvezo povo esteja contra osque blasfemamcontraDeus:faa-seentoumaleicontraosblasfemos.Eporissovou deixar deblasfemar?Essa lei deve ser para mim mais do que uma ordem? o que eu pergunto. Todasasformasde governosefundamnoprincpiodequetodoo direitoetodoo .poderpertencem totalidade do povo.Nenhuma delasdeixa deapelar aesteprincpio,e tanto o dspora como o presidente ou uma qualquer aristocracia,etc, agem e ordenam .cm nome do Estado. Eles possuem o "poder de Estado, e absolutamente indiferente sabersequemexerceesse,eeuvivodela.Assim,aexistnciaautnomadoEstadofundamentaa minhadependncia,asuanaturalidade,oseuorganismo,exigemqueaminha natureza no cresa livremente, mas selhe ajuste.Para que elesepossa desenvolver de formanatural,aplica-meamimatesouradacultura;d-meuma instruoeuma educao quelheservemaele,masnoa mim, eensina-me,por exemplo,arespeitar asleis,anoagircontraapropriedadedoEstado(isto,propriedadeprivada),a venerar uma autoridade,divinae terrena,etc.;em suma,ensina-me a ser irrepreemue/, exigindo com isso que eu sacrifique a minha singularidade prpria a algo de sagrado (emuitascoisaspodemsersagradas,porexemploapropriedade,avidadosoutros, etc.).Nisso consiste o tipo de cultura e formaoque o Estado me pode dar:educa-me paraeuserumaferramentatil,ummembrotilda sociedade. TodooEstadotemdefazerisso,tantoopopularcomooabsolutistaouconstitucional.1em defaz-loenquanto nscontinuarmosa insistirnoerro dequeele um eu,oqueoautorizaaatribuirasiprprioonomedeumapessoamoral,msticaou estatal. estapeledeleodoeuqueEu,quesouverdadeiramenteeu,tenhode 177 arrancaraesseimponente comedor decardos.Em quantosroubos,derodaa espcie, noriveeudeconsentiraolongodahistriadomundo,concedendoaSol,Lua, estrelas,gatosecrocodilosahonradepassaremporeus;depoisveio]eov,Ale Nosso Senhor e ofereci-lhestambmo presente do etl;e vieramfamlias,tribos,povos eporfimatahumanidade,etodosforamhonradoscomonomedeeus;eveioo Estado,aIgreja,comapretensodeseremeus,eeudeixei-meficarcalmamentea olhar.Noadmiraqueaparecessesempreumeurealparamedizerna caraqueno era o meu t11,mas o meu prprio Eu.Seo filhodo Homem por excelncia o tinha feito, por quequeumfilhodohomemonohaviadefazer?Eassimfuivendosempre o meu Eu acima de mim e forademim,sem nunca conseguir chegar verdadeiramente a mIm. Nunca acreditavaemmim,nuncaacreditavanomeu presentee via-seapenasno futuro.Orapazacredita que smaisrarde,quandoforhomem, ser um autntico eu, um sujeito sdireitas; e o homem pensa que sno alm ser algum. E,para chegarmos maispertodarealidade,tambmhojeosmelhoressed7emunsaosoutrosque precisoabsorveremsiumEstado,umpovo,ahumanidadeeseilqupara serum verdadeiroeu,umcidadolivre,umcidadodoEstado,umhomemlivree verdadeiro;tambm elesvema verdadee arealidadedemimna assimilaodeum euestranhoenaminhaentrega aele.Equeeuesse? umeuquenoeunemtu, masumeu imaginrio,umespectro. Enquantona Idade Mdia a Igreja podia suportar a existncia deuma diversidade deEstadosnoseuseio,depoisdaReforma,esobretudodepoisda Guerra dosTrinta Anos,foramosEstadosqueaprenderamatolerarmuitasigrejas(confisses)soba mesma coroa.MastodososEstadossoreligiosos,nomeadamentecristos,e vem comosuamissoobrigarosindisciplinados,osegostas,aacomodar-sesobojugo daantinatureza,ouseja,cristianiz-los.TodasasinstituiesdoEstadocristotm comofinalidadeacristiaJz?lfodoPOZlO.Assim,otribunaltemafunodeobrigaras pessoasaobedeceremjustia,aescolaadeasobrigarformaodoesprito,em suma,a finalidadede proteger osqueagem cristmente contra osqueagem de forma no crist,delevar ao poder etornar poderosasasformasdeaco crists.Entre osmeios utilizados para alcanar essefimo Estadocontou coma Igreja,exigindode cada um... uma determinada religio.Dupin* dizia h pouco tempo contra osclrigos:O ensino eaeducaosoresponsabilidadesdoEstado. Da responsabilidadedoEstado ,alis,tudoaquiloquetem a vercom oprincpio da moralidade. por issoque oEstado chinsseimiscuitantona vida dasfamlias,e nessepasno senada senoseforumbom filhodosseuspais.Mastambmentre nsasquestesdafamliasoquestesdoEstado;adiferenaestemqueonosso Estadotemconfiananasfamliaseporissonoprecisadeassujeitaravigilncia 178 rgida;oslaosmatrimoniaispermitem-lhemanterafamliaunida,esemeleestes laosnopodemserdesfeitos. Maso factode oEstado me fazerresponsvel pelosmeus princpios edeme exigir algunspoderialevar-meaperguntar:a quequeeletemavercomasminhas obsesses(princpios)? Muito, porque ele ... oprincpio dominante.Geralmente pensa-sequenaquestododivrcio,eemgeralnoqueserefereaodireitodefamlia,o ptoblemaodaoposioentreodireitocivileoeclesistico.Masaquesto,na verdade,adesaberseuma instnciasagradadevedominaroshomens,chame-seela fou lei moral (moralidade). a Estado comporta-se hoje como dominador, exactamente comoantesaIgreja.Estaassentana devoo,aquelena moralidade. Fala-seporvezesdatolerncia,daliberdadeconcedidasdiversastendncias opostas,etc.,ev-senissoumamarcadosEstadoscivilizados.Algunsso,defacto, suficientementefortesparaassistiremsmaistumultuosasmanifestaes,enquanto outtoSencarregam osseusesbirtosde perseguir osfumadoresde cachimbo.Mas,para umEstadocomoparaooutro,ojogodosindivduosentresi,asuaazfamaeoseu vai-e-vem,assuasvidasquotidianas,sopuracontingncia,queeledeixaaoarbtrio dosindivduos,porquenosaberiaoquefazercomisso.claroquealgunsEstados aindaperdemtempoaapanharmosquitoseaengolircamelos',enquantooutrosse mostrammaishbeis.Nestes,osindivduossomaislivresporquemenos importunados.Mas livre,eIInoo sou em nenhumEstado.A sempre louvada tolerncia dosEstadosapenasum tolerar dosinofensivoseincuos, apenasuma elevao acimadosentidodemaiormesquinhez,apenasumdespotismomaisestimvel,mais grandioso,maissenhor de si.Um certo Estado pareceu,durante algum tempo,querer manter-sebastanteacimadaslurasliterrias,quepuderamdesenrolar-sedeforma muito acesa; a Inglaterra est acima da confuso do povoe...do tabaco. Mas ai da literatura queatacar directamente oEstado,aidaagitaopopular quefaa perigaroEstado! NaqueleprimeitoEstadosonha-secomumacincialivre,emInglaterra comuma vidalivreparaopovo. a Estadodeixaosindivduos jogarlivremente,mas nometer-se a srionascoisas eesquec-lo.a homemnopodeterrelaesespont/ineascomosourroshomens,sem vigilncia emediaoapartir decima.Eunopossofazertudo o quesoucapazde fazer,masapenasaquiloqueoEstadopermite,nopossovalorizarasminhasideias, nemomeutrabalho,nada quesejameu. aEstadotemsempreumanicafinalidade:limitaroindivduo,refre-lo, subordin-lo,fazerdelesbditodeumaqualquerideiageral;sduraenquantoo indivduonofortudoemtudo,eapenasamaismarcadaexpressodalimitafodo meu eII, da minha limitao e da minha escravido. Nunca um Estado tem como objectivo tAlusoaMateu23,24. 179 permitiraactividadelivredecadaindivduo,massempreaquelasqueestoligadas aosinteressesdoEstado.Etambmnadadecomumpodenascerdele,domesmomodo que umtecidonopodeservistocomootrabalhocomum detodasaspartesdeuma mquina; trata-se antes do trabalho de toda a mquina como uma unidade, um trabalho mecnico.Aformacomoascoisasacontecemcomamquina doEstadosemelhante; ela que fazmover asengrenagens de cada um dosespritos em particular, masnenhum delespodeseguiroseuprprioimpulso.OEstadoprocuratravartodaaactividade livre,atravsda suacensura,da sua vigilncia,dasua polcia,etomaissocomoseu dever,quena verdadeumdeverquelhe ditadopeloseuinstintodeconservao. OEstado quer fazeralguma coisadoshomens,e por issoque nelesvivemhomens fabricados;todoaquelequequisersereleprprioseuinimigo,enovalenada.Este - --=-::.:" cabo este roubo (vol).Em vez disso,Proudhon quer-nos vender a ideia de que a sociedade ..:....::.. .;apropriettiaoriginalenicadonapordireitoimprescritvel,equeochamado proprietriocometeufurtosobreela(Lapropritc'estlevol).Seelaagoraretiraa propriedade ao seu proprietrio aetual,no est a roubar-lhe nada,uma vez que apenas fazvaleroseudireitoimprescritvel.Eisoponto aquesechegoucomofantasmada sociedadecomo pessoamoral.Masascoisasnosepassamassim:aohomempertence aquiloaqueelepode deitaramo.Omundo pertence-me a mim.Ser que vsdizeis algodediferentecomafrasedesentidooposto,Omundopertence atodos?Todos soapenaseu,eeu... ,etc.Masvsfazeisdessetodosumfantasma,umfantasma sagrado,demodoquedepoisostodossetornamosterrveissenhoresdoindivduo. Easeuladovemcolocar-seaindaofantasmadodireito. 197 Proudhon,talcomooscomunistas,combateoegosmo.Porisso,umcomooutros soacontinuaoeaconsequnciadoprincpiocristo,doprincpiodoamor,do sacrifcioporum princpiouniversal,eestranho.Limitam-sealevarataofim,por exemplo na propriedade, apenas aquilo que j h muito tempo est implcito na natureza dacoisa,ousejaqueoindivduonotempropriedade.Aleidiz:Ad regespotestas omnizmzpertinet,ad singu!osproprietas;omniareximperiopossidet,singtdidominio t.Eisso significa:oreiproprietrio,poisselepodedispordetudo,esobretudotem potestase imperium.Oscomunistastornamistomaisclaroaotransporaquele imperium para asociedadedetodos.Portanto:sendoaquelesdoisinimigosdoegosmo,so... cristos,ou,emtermosmaisgerais,homensreligiososqueacreditamemespectros, dependentes e servos de um qualquer princpio geral (Deus, a sociedade, etc.). Tambm noutroaspectoProudhon seassemelhaaoscristos:aquiloquenega aoshomensd-o a Deus,a quem chama o propritaireda terraS4 .Com isto prova que incapaz dedeixar depensarno proprietrioenqtttmtota!;acabaporchegartambmaumproprietrio, masdesloca-opara oalm. Proprietriosnoso,nemDeusnemohomem(asociedadehumana),maso indivduo. * * * Proudhon (etambm Weitling) acha que dizo pior possvel da propriedade quando serefereaelacomoroubo(vo/).Independentemente da questoembaraosa desaber o quehaveria defundamentadoaobjectar contra oroubo,limitamo-nosa perguntar: oconceitoderouboserpossvelsenoaceitarmostambmodepropriedade? Como possvelroubar,seno houver jantespropriedade?Aquiloquenopertence a ningum no pode ser roubado:a gua que algum tira do mar no roubada.Portanto, noapropriedadeemsiqueroubo,maselaquepossibilitaoroubo.Weitling tambm tem dechegar a esta concluso,uma vez queconsidera tudo como propriedade detodos:sealgumacoisapropriedadedetodos,entooindivduoqueseapropria delaestaroubar. Apropriedade privada vivepor obra e graa dodireito.Snessembitoelatema suagarantia- aposseaindanopropriedade,ssetornacoisaminhacom aprovao dodireito,no um facto(1m Jait,comoProudhon pensa),masuma fico, uma ideia.Uma coisanominhagraasamim,masgraasaodireito. tEm traduo literal:Cabe aosreiso poder sobre todas ascoisas,e a propriedade aosindivduos;o rei possuitudoemtermosdepoder,eosindivduosemtermosdeposse. 84Proudhon,op.cito[Nestecontexto,ProudhonnofaladeDeuscomo propritaire,mascomoprodllctmr.] 198 - do . ._- por :.:.:: tas - :5S0

-:.'1112 ::>c-.:.::-- ::'m - :::1-0 :---=-::-':-10, :=-- o ::::'.:.::'cr "':'1. '--=-: - _'_I. -=- -...

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Apesar disso,propriedadeaexpresso para a Jobemniailimitada sobre qualquer coisa(umacoisa,umanimal,umhomem),comaqualpossofazeroquebemme apetecef.De acordocomodireitoromano,certo,h queatentar emque iUJutendi elabutmdireJua,quatemtJiuriJratiopatiturj-,isto,trata-sedeumdireitoeXc!UJivoe ilimitado;masapropriedade determinada pela fora.Aquilosobrequerenhopoder meu.Enquanto eu me afirmar como dono,sou oproprierrio da coisa;seeu a perder denovo,noimportaporintervenodequefora,porexemplopelomeu reconhecimenrodeumdireitodeourrosmesmacoisa,apropriedadeexringue-se. Assim,propriedadeeposseconfundem-seOquemelegirimanoumdireitoque est foradomeupoder,masapenasessemeupoder;sedeixardeoter,acoisafoge-me.No momento emqueosRomanosdeixaramdeter podersobreosGermanos,o imprioromanopassouapertenceraestes,eseriaridculoquererinsistiremqueos Romanoscontinuaramaserosseusproprietrios.Acoisapertencequelequefor capaz dea tomar ede aafirmar como sua,at que ela lhe seja de novo tirada, tal como aliberdadepertencequelequeatomtl. Da propriedadedecideapenasopoder,ecomooEstado- quersejaEsradodos cidados,dosmiserveisoudoshomenssemmais- onicodetentordopoder, tambmeleonicoproprietrio;eu,onico,notenhonada,receboapenasoque medadocomofeudo,souservoevassalo.SobadominaodoEstado,noh aquepossachamarminha. Euqueroelevarovalordemimprprio,ovalordasingularidade-da-prprio,e pede-se-meque desvalorizeapropriedade?Aminha resposta no!Do mesmo modo que,atagora,eu no fuilevado em conta,porque secolocavaacima demimopovo, ahumanidadeemiloutrasinstnciasuniversais,tambmapropriedadenofoiat hojereconhecidanoseudevidovalor.Tambm apropriedadeera apenaspropriedade de um fantasma, por exemplo, propriedade do povo; toda a minha existncia pertencia ptria:Eupertencia ptria,ao povo,aoEstado,ecom issotambm tudoaquilo a que chamava meu.Exige-se dos Estadosque erradiquem o pauperismo.Amim parece-meque issosignificaaexigncia deoEstadocortaraprpria cabea ep-la aosseus ps;porque enquanto oEstadoforoeu,oeu individual ser sempre umpobrediabo, um no-eu.OEstado temapenasum interesse,odeserrico;no lheimporta saber se oManuel ricoeo Joopobre,etambm ficariaindiferenteseo Joo fossericoeo Manuelpobre.Eleassiste,indiferente,aestejogodesorteque levaunsaficarpobres eoutrosricos.EnquantoindividuoJ,elesso,peranteoEstado,realmenteiguais,e nissoelejusto:peranteele,ambosso...nada,talcomons,('peranteDeus,somos todospecadores.Mas oEstado j tem um grande interesse em que aqueles indivduos quefazemdeleoseueuparrilhemdaJuariqueza:fazdelesparticipantesdaJlta t letra:odireito de usar e abusar da nossa propriedade,at onde o permitir o princpio do direito. 199 propriedade.Atravsdapropriedade,comaqualrecompensaosindivduos,ele domestica-os;masapropriedadecontinua asersua,ecadaumpodeapenasusufruir delaenquantotrouxeremsioeudoEstadoouforumlealmembro dasociedade; casocontrrio,apropriedade confiscadaoureduzidaanadapor meiodeprocessos penais.Apropriedadee ser,assim, propriedadedoEstado,enopropriedadedoeu. a factodeoEstadonoretirardeformaarbitrriaaoindivduoaquiloqueestedele recebesignificaapenasqueoEstadonoseroubaasiprprio.Quem forumeu-de-Estado,isto,umbomcidadoousbdito,desfrutarranguilamentedoseufeudo enquantoeudwetipo,masnocomoeuprprio.Aisso,ocdigodumnome: propriedadeaquiloaqueeuchamomeuemnomedeDeusedodireito.Mas mesmocomoavaldeDeusedodireito,issosmeu enquantooEstadonotiver nadaaopor. Nos processos de expropriao, fornecimento de armas e semelhantes (por exemplo, quandoofiscofazpassarparaoscofresdoEstadoheranasqueosherdeirosno reclamaram atempo),salta claramente vista o princpio,derestoescondido,deque so povo,oEstado,proprietrio,enquantooindivduovassalo. aEstado- eraistooqueeupretendiadizer- nopodequererquealgum tenha propriedade,quesejaricoou mesmoapenasremediado,em fimfodesi prprio, nopodeconceder-me,reconhecer-menem garantir-menada na minha qualidadede euprprio.a Estadonopodeprfimaopauperismoporqueapobrezadebens uma pobreza doeu.Quem no nada ano ser aquiloque o acaso ou um outro,neste caso,oEstado,delefaz,tambmnotemnada,ecomtodaarazo,anoseraquilo que um outro lhe d.E este slhe dardo que aquele merece,ou seja,o que ele vale pelo quepresta.No elequesevaloriza,massimo Estado. Aeconomiapoltica(ounaciona!)ocupa-semuitodesteobjecto.Masele ultrapassaemmuitooslimitesdonaciona!,indoparaalmdosconceitosedo horizontedoEstado,quesconhecepropriedadedoEstadoespodedistribuiressa propriedade.Por isso,associa o conceito de propriedade a determinadascomo fazcom tudo, por exemplo como casamento,aoconsiderarvlidosapenasosque so sancionadosporele,subtraindo-osaomeupoder.Masapropriedadesminha propriedadeseeu apossuir semcondies:seu,enquanto eu nocondicionado,possuoa propriedade,estabeleoumarelaoamorosa,faolivrementenegcios. a Estadono sepreocupa comigo e com o que meu, masconsigoe como que seu:slhe possointeressar enquanto seu filho,filhoda nao;enquanto eu,nosou nadapara ele.a quemeacontece enquanto eu,doponto de vistadoEstado,coisa doacaso,quersetratedaminhariqueza,querdomeu empobrecimento.Mas,seeu, comtudooquemeu,soupara elemeroacaso,issosmostraqueelenomepode compreender:Cltestouparaalmdasuacompreenso,ouoseuentendimento demasiadolimitadoparamecompreender.Porisso,nopodefazernadapormim. 200 -.:;.:;'-- -=- .:.. ..;. :

o pauperismo a aUJnciadevedordoeu,amanifestaoda minha impossibilidade deme valorizar.Por isso,Estado e pauperismo souma e a mesma coisa.OEstado no me deixa afirmar omeu valorprprio c ssubsiste porque menega valoramim:est sempreaquerertiraralgumproveitodemim,ouseja,aexplorar-me,aservir-sede mim,ainda queapenasobrigando-me aserresponsvelporuma proleJ(proletariado); oque elequerqueeusejacriatura sua. Opauperismo spodesereliminadoseeume z'alorizarenquantoeu,quandoder valoramim prprioe definiromeu prpriopreo.Senome sublevar,no me posso elevar. Oqueeuproduzo - farinha,tela - ouextraiopenosamenteda terra - ferro, carvo,etc.- trabalhomeu,quequerovalorizar.Masbempossolamentar-me, dizendoqueomeutrabalhonopagodeacordocomovalorquetem;opagador nomeouvir,eo Estadocomportar-se- igualmente de formaaptica atacharque temdemepacificaf,paraqueeunoexpludanumaviolnciaqueeleteme.As coisasficar-se-oporessapacificao;masseeufizermaisexigncias,oEstado voltar-se-denovocontramimcomtodaaforadassuaspatasdeleoegarrasde guia:porque eleoreidosanimais,leoeguia.Seeunomederporsatisfeito como preo que eleestabelece para a minha mercadoria e omeu trabalho, setratar de definir eu prprio o preo da mercadoria, isto,(,deme fazer pagaf,entro desde logo emcont1itocomoscompradoresdamercadoria.Seesteconflitoseresolvessepor acordodeambasaspartes,oEstadoprovavelmentenofariaobjeces,porqueno lheinteressaoqueosindivduosdecidementre sifazer,desdequenoseatravessem noseu caminho.Oseu prejuzo eo seu perigo comeam apenasquando asduaspartes noseentendem,mas,nochegandoaum acordo,chegamaviasdefacto.OEstado noadmitequeohomempossaterrelaesdirectascomohomem;eletemdeser sempreintermedirio,temde...intervir.OEstadotornou-senaquiloqueCristo,os santos,aIgreja,eram,nomeadamenteintermedirio.Separaohomemdohomem para secolocarentre elescomoesprito.Osoperriosque exigemmelhoressalrios sotratadoscomocriminososseostentaremobter pelaMas,oquepodemeles fazer,senada conseguirosemafora?OEstado,porm,vnelaum gesto de justia pessoal,umaimposiodepreoporpartedoindivduo,umaverdadeiraereal valorizaoda sua propriedade,eissoelenoo pode permitir.Que devemento fazer osoperrios?Pensar emsieignoraroEstado? Masoqueacontececomomeutrabalhomaterialpassa-setambmcomo intelectual. OEstado permite-me que eu use e valorize asminhas ideias e ascomunique (estouja valoriz-laspelo factodeosque me ouvem me honraremcom isso,etc.) massenquanto asminiJasideiasforemassuaJ.Se,pelo contrrio,eu alimentar ideias queelenopossaaprovar,isto,quenopossafazersuas,elede modonenhumme permitir valoriz-las,oferec-las troca,p-lasem circulao.Os meUJpensamentos s 201 solivressemeforemconcedidos por graadoEstado,ou seja,seforempensamentos doEstado.SmedeixafilosofarlivrementesedemonstrarserfilsofodoEstado; contraoEstadonopossofilosofar,emboraeleestejadispostoaaceitarosmeus estmulosssuasfraquezas.Concluindo:porumlado,eupossocomportar-me comoumeugenerosamenteautorizadopeloEstado,munidodoseudiploma delegitimidadee dopassaporteda sua polcia;poroutro,no possovalorizaroque meu,anoserqueseproveque essaminha propriedadetambmasua,equeeu a tenho com concesso feudal do Estado.Os meus caminhos tm de ser osseus caminhos, senoelepr-me-sobsequestro;asminhasideiastmdeserassuas,senoamordaa-me. NohnadaqueoEstadotemamaisdoqueOvalordomeu eu,enadaqueele maisempenhadamente tenteevitar doquetoda a oportunidade queseme oferea de me valorizar a mim prprio.F,usou o inimigo nmero umdo Estado, que se vsempre perante aalternativa:eleoueu.Por issome vigiaapertadamente,no spara que ell nomeimponha,mastambmpara quetudooque meusejasabotado.NoEstado no existe... propriedade, quer dizer, propriedade do indivduo, mas apenas propriedade doEstado.SatravsdoEstadoeutenhooquetenho,satravsdeleeusouoque sou.A minha propriedade privada apenasaquela que ele me concede da sua,privando dela,paraisso,outrosmembrosdesseEstado:propriedadedoEstado. Mas,aocontrrio doEstado,eu sintode formacada vezmaisclara queainda me restaumagrandefora,opodersobremimprprio,isto,sobretudoaquiloque apenasmeu eapenas na medidaemqueprpriodemim. Quepossoeu fazerquandoosmeuscaminhosdeixaramdeserosseuseosmeus pensamentos no soosseus?Penso sem mim e ignoro-o a ele!Os mem pensamentos, quenotmdesersancionadospornenhumaaprovao,nenhumbeneplcito, nenhumagraa,soaminhaverdadeirapropriedade,umapropriedadecomaqual possonegociar.Pois,sendo elesalgo que me pertence,socriaturasminhas,e eu posso troc-losporoutrospensamentos:renuncioaeleseaceitoemseulugaroutrosque passamaseruma novapropriedadepormimadquirida. Oqueentoaminhapropriedade?Apenasaquiloqueestsobomeu poder! Aquepropriedadetenhoeudireito?Atodaaqueladequeeupossaapoderar-me. Concedoamimprprioodireitodepropriedadeapossando-medapropriedade,ou dandoamimprprioo poderdoproprietrio,opoderplenoeautorizado. Minha propriedade sotodosaquelesbenssobreosquaiseu tenhoumpoder que ningummepodetirar.Sejaento:queopoderdecidadapropriedade,eeuvou esperartudodomeupoder!Opoder alheio,opoderqueeuconcedoaoutro,fazde mim um servo.Maseu quero um poder que me transforme em eu-proprietrio.Assim, retomoopoderqueconcediaoutros,pordesconhecimentodaforadomeu prprio poder.Digo a mim prprio que oslimites da minha propriedade sooslimites do meu 202 poder,reclamocomopropriedadetudooqueaminhaforamepermitealcanar,e deixoira minha propriedade realataoponto emque eumedou o direito,ou a fora, parameapropriardela. N este ponto, o egosmo,ointeresse prprio,quetem dedecidir,nao o princpio do amor,no osmotivosdoamor,como amisericrdia,ahrandura,a generosidade ou mesmoajustia ea equidade (porquetambma iz/stitia um fenmenodeamor,um produtodoamor):oamor sconhece sacrifcioseexigequenossacrifiquemos. Oegosmonopensaemsacrificarsejaoquefor,emrenunciaraalgumacoisa, masTenhodeteroque preciso,ehei-dearranj-lo! Todasastentativasdelegislarracionalmentesobreapropriedadesaramdoseio doamore foramdaraummar confusoderegulamentaes,enem osocialismonem o comunismo sao excepes a esta regra. Todos devem ser providos de meios suficientes, mas no muito importante saber se essesmeios se encontram ainda numa propriedade pessoal (socialismo) ou se so retirados da comunidade dos bens (comunismo).O sentido do indivduo em ambos oscasos o mesmo - a dependncia. A Clutoridade que distribui com equidade sme atribui aquilo que o seu semido da equidade, o seu cuidado amoroso comtodos,lheprescrevem.Paramim,oindivduo,opatrimniocomum,no menos chocante que o dosoutrosindivduos;nem um nem Outro so meus;quer osbens pertenamcomunidade,quefazreverterparamimumapartedeles,quera proprietriosindividuais,aviolnciasobremimamesma,umavezqueeuno tenhopodersobrenenhumdeles.Pelocontrrio:ocomunismoempurra-meainda maispara a dependncia de outros - o geral,a colectividade - atravsda eliminao detoda a propriedade pessoal;por maisque ataque oEstado,aquiloqueeleprope uma outra formade Estado,um status,um estado decoisasque me tolhe a liberdade demovimentos,umaautoridadeltimaacimademim.Ocomunismorebela-se,e comrazo,contraapressoqueosvriosproprietriosindividuaisexercemsobre mim;masmaisterrvelaindaopoderqueelepenasmosdacolectividade. Oegosmosegueoutrocaminhoparaacaharcomaplebedosdescamisados.Ele no diz:Espera pelo que a equnime autoridade te oferecer em nome da colectividade (ofertas dessasaconteceram sempre nosEstadosem quesed a cada umdeacordo com o seumrito>"ou seja,na medida em que soube merec-loou alcan-lo pelos servios prestados).Pelocontrrio,diz:Estendeamoeapanhaoque precisares!Assimest declaradaaguerradetodoscontra todos.Seudecidosobreoquequeroter. Ora,mas essa sahedoria notem nada denovo,foio que fizeramsempre todos os egostas!Mastambmno precisoque a coisasejanova,desdeque a mmcinciadela exista.Masestanopodereivindicar uma tradiomuitoantiga,senolevarmosem contaa leiegpciae espartana.Que essaconscincianoassimtocomum,prova-o ja censura comidanodesprezoassociado palavraegosta. precisoquesesaiba 203 que aquele gesto de estender amono desprezvel,masanuncia oaetopuro de um egostacoerenteconsigoprprio. Squandoeu deixardeesperardeumindivduooudeuma colectividadeaquilo quepossodaramimprprioescapareisarmadilhasdo...amor;sentoaplebe deixardeserplebe - quandoestenderamo.Somedodeofazereassanesque issoimplicafazemdelaplebe.Aplebesnascequandoesseestenderdemo considerado pecadoe crime;esea plebecontinua aser plebe,aculpa tanto dela,ao deixar valer essesprincpios, como sobretudo daquelesque exigem, de modo egosta (para lhesdevolver esta palavra deque gostamtanto),que elessejamrespeitados.Em suma:aculpaapenasdafaltadeconscinciadaquelanovasabedoria,avelha conscinciadopecadoedaculpa. Seoshomenschegarema perder o respeitopela propriedade,todostero propriedade,do mesmo modo que osescravos setornaro homens livresa partir do momento em quedeixem dereconhecerossenhorescomo senhores.Etambm nestamatria as aJSociaesmultiplicaroosmeiosdoindivduoeasseguraroasuapropriedade ameaada. Na opinio doscomunistas, a comunidade que deveserproprietria.De facto, aocontrrio:eusouproprietrioelimito-meaentender-mecomosoutrossobrea minha propriedade.Seacomunidademetratar mal,rebelo-mecontraelaedefendo aminha propriedade.Eu sou proprietrio,masa propriedade no sagrada.Diro que entosouapenasalgumquepossuibens.No,at agorasseera possuidor,coma suapequenaparcelaassegurada,seseconcediatambmaoutrosapossedeoutras parcelas;masagoratudome pertence amim,eu sou proprietrio detudoaquilodeque precisoedeque me possoapoderar.Os socialistasdizemque asociedademe d tudo o queeupreciso,masoegostadiz:Euapodero-medaquilodequepreciso.Os comunistascomportam-secomomiserveis,oegostacomoproprietrio. Todas astentativas de tornar a plebe felizetodasasuniesfraternas maneira das ConfrariasdoCisne*estocondenadasaofracasso,poisdescendemdoprincpiodo amor.Soegosmopodeajudaraplebe,eestaajudaspodeviraelaprpria - e vir.Sea plebe no sedeixar vencer pelo medo,ser um poder.Aspessoas perderiam todo o respeito senolhes incutssemoso medo,diz o espantalho-da-Iei n'O Gatodas Botas *. Assim, a propriedade no deve nem pode ser abolida, tem, isso sim, de ser arrancada amosespectraisetornar-seminhapropriedade;nessaaltura,desaparecerdas conscinciasa ideia falsasegundo a qual eu no tenho o direito de me apoderar daquilo dequepreciso. Mas,h alguma coisa deque o homemno precise?Bom,aquelesque precisam demuitoesabemcomolchegar,sempreseapropriaramdoquequeriam,como Napoleofezcomo continente eosFrancesescom aArglia.Por isso,oimportante 204 ;- - ~ -r- - - - 5_ --=--:C~ - :..=...s;,-;:- --::' :-;: quea"pleberespeitosafinalmenteaprendaairbuscaraquilodequeprecisa.Seela forlonge de mais, pois defendei-vos.No precisais de lhe oferecer nada de boa vontade; eseelaaprenderaconhecer-se- melhor,oplebeuqueaprenderaconhecer-se-, livrar-se-doseuplebeismovirandoascostassvossasesmolas.Oquedeveras ridculoavossaetiquetadepecaminosaecriminosa,quandoelanopretende viverdasvossasboasaces,porquecapazdeirbuscaroqueprecisa.Asvossas ofertasenganam-na erefreiam-na.Defendeiavossapropriedade,esereisfortes;mas se,pelocontrrio,quiserdesmanteravossacapacidadedeofertae,quemsabe,ter ainda tantos mais direitos polticos quantas mais esmolas (o imposto dos pobres) derdes, issonodurarmaistempoqueaquelequeosbeneficiriospermitiremB5 Em concluso:a questo da propriedade no de resoluo pacfica, como sonharam ossocialiraseatoscomunistas.Sserresolvidacomaguerradetodoscontra todos.Ospobressserolivreseproprietriosseserebelarem,serevoltarem,se sublevarem.Por maisque lhes oferecerdes,elesvosempre querer mais;porque o que elesquerem,nadamaisnadamenos,quefinalmenteseacabecomasddivas. Perguntar-se-:masqueacontecerseosquenadatmtomaremcorageme decises?Dequetiposerentoaigualizao?omesmoquepretenderqueeu preveja a hora exacta donascimento deuma criana.Para saber o que farum escravo depoisdeterquebradoascadeias,teremos ...deesperar. Numa brochura semqualquetvalor,porquedestitudadeformaedesubstncia ( . - ~ -l_':l_ ~! ~ - ~~ , - = -,;.--"-,~ ~ :: daverdadeeanossacredibilidade,mascomonossointereJSe,comonossoegosmo: confiaemquenoiremosincorrernacleradeDeusprestandofalsosjuramentos. Ora,imaginemosumrevolucionriofrancs,noanode1788,adeixarcairnum crculo de amigos a fraseque setornou clebre:O mundo noter descanso enquanto o ltimo dosreisno forenforcadocomastripas do ltimo dospadres.tNessa altura todoopoderestavaaindanasmosdorei,equandoaafirmaodenunciadapor acaso,semque noentanto seja possvel encontrar testemunhas, exige-se que o acusado confesse.Deveounoconfessar?Senegar,mentee...nosofrepena;seconfessar, sinceroe...decapitado.Separaeleaverdadeestiveracimadetudo,temamorte certa.Summaupoetapoderiaquerertransformarofimdestavidanumatragdia: poisqueinteressehem ver como um homemmorre por cobardia? }vIasseeletivesse acoragemdenoserescravodaverdadeedahonestidade,perguntaria:Paraque precisamosjuzesdesaberoqueeudisseentreamigos?SeeuqltiseJSequeeleso soubessem,tinha-lhodito,talcomoodisseaosmeusamigos.Maseunoqueroque eleso saibam.Elesquerem ganhar a minha confiana sem que eu lhes tenha dado esse direito,tornando-osmeusconfidentes:queremsaberoqueeu pretendoesconder.Pois vindeento,vsquequereisquebraraminhavontadecomavossa,etentaiavossa sorte!Podeistorturar-me, podeisameaar-me com o inferno e a danao eterna, podeis vergar-meatqueeu presteumfalsojuramento,masnomearrancareisaverdade, porque eu queroenganar-vos,porque no vosdeinenhum direito minha sinceridade. Podero Deus,,ec suma,oEstado[agrado,enasuarelaocomigo,oindivduo,eleoverdadeiL homem,oesprito,ofantasma;aassociao,porm, criaominha,criatura minh.:. nosagradanemforaespiritualacimadomeuesprito,topoucocomoqualqut: associao de qualquer tipo.Do mesmo modo que eu no quero ser escravo das minh::.' mximas,masasexponho remqualqmr garantiasminhascrticaspermanentesen:'-. admitoqualquerpenhorsobreasuamanuteno,assimtambm(aindamene' nomecomprometo,eaomeufuturo,comaassociao,nolheprometoamini: . alma,como sedizdodiaboe acontece de factocom o Estado e comtoda a autoridaL:: espiritual,massouecontinuareiaser,paramim,mairdoqueEstado,Igreja,De.:.' etc.,eportantoinfinitamentemaisdoqueuma associao. Aquela sociedadequeocomunismopretendeinstituiraqueest maisprxi::-._ destaacepodaunioouaJJocafo.Oseufim,diz-se,obemdetodos,n:::. mesmodetodos,detodos,exclama \X!eitlingvezessem fim93 .Eparecemesmo que'c querdizerqueningumdeveficarparatrs.Masquebemseresse?Tero _ mesmaideiadebem,ser quetodossesentembemcomasmesmascoisas?Se 93GarantienderHelrmonielmd Freiheit.Vivis,1842,p.17 5. 242 ~ ~ ~ ; ; :5- __ ...::.... - -for,estamosperanteoverdadeirobem.Enochegaremosnspor aprecisamente quele ponto onde comea atirania da religio?Ocristianismo diz:No olheispara as vaidadesterrenas,masbuscaioverdadeirobem,tornando-voscristosdevotos- ser cristo o verdadeirobem. o verdadeirobem detodos,porque o bem dohomem enquantotal(esseespectro).Eobemdetodosh-deserentotambm omeubem e o tm?Esenem eu nemtu aceitarmosaquelebem comonossobem,serquenosdaro aquilocomque nsnossentimosbem?Nem pensar,porque a sociedadedecretouque umdeterminadobemoverdadeirobem;seestebem fosse,porexemplo,ogozo ganho comtrabalhohonesto,esetupreferissesapreguiabemgozada,ogozosem trabalho,asociedade,queseocupa dobemdetodos,nemdelongepensaria em se preocupar comaquiloquetefazsentirbemati.Ocomunismo,aoproclamarobem detodos,destri precisamente obem daquelesque at agora viveram das suaspenses esesentiamprovavelmentemuitomelhordoquenaperspectivadeumrigoroso horriodetrabalho,comoquerWeitling.Porisso,esteafirmaqueobemdemilno obemdemilhes,equeaquelestmderenunciaraoseubememfavordobem geral94.No:Nosepeaspessoasquesacrifiquemoseubempessoalpelobem geral,porque com essasexigncias cristsno sevai longe; elascompreendero melhor oapelocontrrio,odenodeixarqueningumlhesroubeoseubem prprio,masde oconsolidarpermanentemente.Nessaalturachegaroporelasprpriasaperceber que a melhor maneira decuidar doseubem as.wclarem-seaoutros,sacrificandouma partedasua liberdade,masnoaobemgeral,antesaoprprio.Oapeloaoesprito de sacrifciodoshomenseaoamorqueexigeauto-renncia perder finalmenteasua aparncia sedutoraquando,atrsdeumaeficciademilnios,nodeixarnadaano ser...amisriadehoje.Porquehavamosnsdecontinuar,semverresultados, esperadostemposmelhoresque osacrifcionostraria)Porquerazonohavemosde osesperarantesda usurpao?Asalvaonovemjdosquedo,dosqueoferecem, dosqueamam,masdosqueseapoderamdascoisas,dosusurpadores,doseus-proprietrios.Ocomunismoe,conscienteouinconscientemente,oliberalismo humanistaque vemdenegrindooegosmo,continuamacontarcomoamor. Seacomunidadesetornarumanecessidadeparaohomemeelevirqueela propciassuasintenes,aquela,umaveztornadaseuprincpio,rapidamentelhe prescreverassuasleis,asleisda sociedade.Oprincpiodoshomenseleva-sesoberanamenteacimadelas,torna-senasuaessnciamxima,noseuDeuse,comotal, legislador.Ocomunismo leva sltimas consequncias este princpio,e o cristianismo areligiodasociedade,porqueoamor,comobemdizFeuerbach - emboratendo uma ideia falsada coisa -, aessnciado homem,ou seja,a essncia da sociedade ou dohomem social (comunista).Toda areligio um culto da sociedade,deste princpio 94Acitaono deWeitling.(Nota doorganizador da edioalem.) 243 . ~quedomina ohomem social(civilizado);etambmodeusnuncaexclusivamenteo deus de um eu, mas sempre de uma sociedade ou comunidade, quer esta seja a famlia (Lares.Penates),umpovo,)ouaindatodososhomens(.Ohomemmoral ageaoservic;'odeumfimoudeumaideia:torna-seinstrtlmentodaideiadobem,do mesmomodoqueocrenteseorgulhadeseruminstrumento ouuma arma deDeus. Alei moral dizque o bem esperar a morte, e que infligir a morte a siprprio imoral e da ordem do mal:o suicdiono temperdo notribunal da moralidade.Seo homem religiosooprobeporque,(58)Talcomosenaturtz.:. produzomedo,tambmseproduzoentusiasmoeainspirao.queroEstamosperanteuma verdadeiraproduo,umfuncionamentomecnicoerepe omune .. titivo,quealimenta em circuito fechadoo pavor pela morte e orespeitopelo sagrado,maiS." ou o seu esquecimento, como corre nasnovas tcnicas dosestupefacientes e dasdrogas. Emlugaresdecisivosdonico,surgemrefernciasaestamecnicageral,quevaidas mquinasna fbricasinstituieseaosindivduos.Ooperrioquefazumtraba 4.CriI":.-:'=lhomecnicocomoumamquina"(99);osjuzessoforadosa em mquinasdesimesmos (ISS);asociedadecujomodelo,para Stirner,a priso eLc.z::cuja funo fazer com que ns, em conjunto,desempenhemos uma tarefa,trabalhemostodas.:',; comoumamquina,ponhamosqualquercoisaemaco(I73);oEstadoqueseriapermect:: uma mquina que"fazmoverasengrenagensdecada um dosespritosemparticular,umde,:; masnenhumdelespodeseguiroseuprprioimpulso(I80).Aproduodosenti hojeclt " ----..:: -- ...::..,j- - ---f: - ' : ~ . : --~ , = - ---=..- --".- ~ : - ~ --= . = : - ~ -~ . : : . . - : - - : - ~ ---- ---- ' - ~ -__ s . ~queassentaoartifciosocial,propecomosoluoaocrimequecadaindivduo decidasoberanamentesobteosseuslimiteseasregrasquesedestina. Dada a delgadeza dos efeitos que persegue e a afirmao inaudita de uma soberania sempartilha,Stirnerfoisempreacusadodeestaradefenderocrime. ocasode Marx que,noseu Anti-Stirner, oacusa decanonizar ocrime,deretornobarbrie: Facilmente sereconhecena manifestaoda vontade stirneriana oacto deguerra,na hostilidade a defesa,etc., um mau decalque da leido mais forte e da prtica do sistema feudalprimitivo,nareparaoavingana... ,emresumo,oessencialdasleges barbarorum.41Marx,queconsideravaodireitocomoumadissimulaodasrelaes sociaiscapitalistas,quepressupunhaasuaaboliopelocomunismo,dlargassua indignaocontra o preceitoStirneriano deque cabe acadaumassegurar por sisa reparao e o castigo(156).Stirner leva o direito mais a srio do que Marx. evidente que,do POntode vista do Estado,lhe cabe definir o que crime e castigo, sancionando osaetosCfposteriori;mas,dopontodevistastirneriano,cabeaonicodelimitar oalcancedoagir,mas a priori. Estamosdiantedeumconflitoemtornodasoberania:Marxprossegueo modernismopolticolocalizando-anacomunidade,enquantoStirnerconsideraque elaspodesubsistirnonico.ParaStirner,comoparaSade,seDeusmorreu,em nada sepodefundarumpodersuperior.Seosoberanoaquelequepodedecretaro Estadodeexcepoedecidirdavidaedamorte,Stirnerintromete-senessepoder. Vimosjque eleconsideravacomoessenciaisasconquistasda revoluo poltica eda liberdade,procurandoradicaliz-Ias,enoanul-las.preciso,afirmaStirner, apropriarmo-nosdelas,e no desermos vtimas delas,quando ainda por cima o poder doEstadoedarazomoralnosepodem fundarasiprprios. Para Stirner, age-se sempre numa situao concreta, e no numa idealidade filosfica quesuspendeuoexistentepararefund-Iometafisicamente.Marxacusaumae outra vezStirnerdedesconhecimentodascircunstncias,procurandomostrarqueo nicodominadopelotrabalho,aLei,asinstituies,aexplorao,dasquaisse pretendeilusoriamentelibertar.Analisandomelhorotextostirneriano,ascoisasso muitodiferentes.Nascondiesmodernas,onico,>agesemprenumadada circunstncia - porexemplo,ocapitalismoeoEstado-, numcertonveldeLei, portanto,masnoabdica do direitode,na sua relaocom avidaconcreta,afirmara suasoberania,voltandoadecidirsobreoquetodaahistriajtinhadecidido. Comuma honestidade surpreendente,Stirner leva aoextremo este problema,que finalmenteredundanaquestodoassassinato,daviolnciaextrema.Esteproblema foiintensamente dramatizadoporDostoevski,queassociaoniilismoaopoder de um homem superiOrse arrogar direitos vedados a outros.Mas esta a formacriminosa dasoberania,noadeStirner.AlfredHitchcockabordoumagistralmenteaforma criminosanumdosseusmelhoresfilmes,TheRope(1948),emquedoisjovens 317 assassinamumcolega paracometeremumcrimeperfeito,absolutamente gratuito. Um dessesjovens,Brandon,afirma:Matmospelo prazer doperigo e pelo prazer de matar.))RupertCaldwell,oprofessordosjovens,tinhaargumentadoapenasintelectualmenteafavordatesedequeosseressuperiorestinhamdireitosabsolutos, mesmodematarosinferiores.Quandoateoriapassaprtica,Caldwellficahorrorizado:Comque direitoteatrevesa dizerque existeum punhado de seressuperiores equetu fazespartedessespoucos?"Caldwellacabaporseentregarpolciaporse considerarmoralmenteresponsvel. contraluzdestecasoextremopercebe-sequea posiodeStirnerbastantedistinta.Primeiramente pornodistinguir entre pessoas superiorese inferiores,poiscadapessoanica,todospodendorefundaroDireito; emsegundolugar,porqueocrimenoficaimpune,dadoqueocorrenuma situao juridicamenteestvel,eporqueosseusefeitosreplicam-seinfinitamente.Onico, casosedecida pelo crime,passaaserdefinido por um nicoatributo,odo assassnio, porexemplo,impossibilitandotodososoutros.Ora,issoimpede-oderecomeardo zero ou de ser absolutamente outro,justamente o contrrio daquilo que ateoria stirneriana pressupe45 .Em ltima instncia,todos sonicos,todos so objecto e sujeito doprazer,todospodemreivindicarsecretamenteumasoberania,semserpossvel antecipar oestado final.Comoeleafirma:possvelquenosejaainda a coisajusta para osoutros:masesseproblema deles,nomeu - elesquesedefendam.(152) Contrariamente ao que Marx pensa,no h em Stirner nenhuma defesa da barbrie ouda violncia.Stirnerrespeita melhor o Direitoexistentee asleisdo que Marx,que asnoreconhece,poiscr-aspotencialmenteabolidaspelarevoluovindoura.Ora, emStirner tudo presente.No presente, Marx fazexactamente o mesmo que Stirner, coma diferena deque Marx aguarda o futuropara viver,e Stirner quer viverj.Ea estemjogoa soberania donico,que sedota a sido poder degerarsempre novas leisoudeahsorverasexistentes.Soleissecretaspornatureza,quespodemser afirmadasteoricamente,sobpenadesecairimediatamentenocrime.Soleisno estatudasem confronto com asleisexistentes,e todo o travejamento jurdico que tm aseu favor ofactodeestaremem vigor.Oniconopodeanul-lasna realidade, elepodetom-laspordentro.Asleisperdemasuaexterioridadeesacralidadepelo factodesedecidiraceit-las,ouno.Nassuaspalavras:Sealgumsecomporta de formaousadanoperigoemorre,dizemos:teveoquemerecia,foielequesemeteu nisso.Masseelevencesseoperigo,isto,seoseu podervencesse,eleteriatambm razo.Seuma crianabrinca coma facae secorta,teveoquemerecia;massenose cortar, continua a ter o que merecia.Podemos tambm dizer que justo para o criminoso sofrer por aquiloquearriscou:por que que o arriscou,conhecendoasconsequncias quedapoderiamadvir?Masapena quelheinfligimosonossodireito,nooseu. Onossodireitoreageaoseu,eele'notemrazo'porque...nsestamosnamde cima.(155) 318 _: - - ~- :,:J -~ - - -,-":" 1:"- . ~ - . : - " ~ : .- ~ '~ ' . : C . ~_o. _ ~.~ ~Perantefrasesdestetipo,semlerverdadeiramenteStirner,fcilreduziros problemas que elecoloca mera canonizaodo crime e a partir da denunciartoda aobracomoabsurda,delirantee,emltimainstncia,perigosa.Na verdade,Stirner deu-secontadequeaviolnciairiadominaramodernidade,feitapelosEstados facilmentecapturveispara osReichmilenaresoupara osfuturosrisonhos,feitapor indivduosquetrocamoriscopelolucroequeesto,secretamente,decididosajogar tudo,mesmo a vida,numa nica jogada.A soluoque eleapresenta,a de reassumir asoberaniaquesecedeuempuraperda,dotando-sedeleispoderosas,semprena convico de que vem menos mal do nico, que se conhece e domina, do que daqueles quevivemnosautomatismosquecremdominar,quandosoporelesdominados. Trata-se,afinal,desairdasalternativasque mecanizamasdecisesenosarrastamnos seus clculos lgicos, que tm inevitavelmente de tecer uma rede complexa para absorver antecipadamenteocrime.Estatambmuma soluo- possvel-, mascomela desapareceaprprialiberdade.Amodernidadenecessitadaliberdadeparaacabar comaservido,masassusta-secomosseusefeitoseventuais.Para Stirnertrata-sede abandonar asescolhasmaquinaisa favordeuma escolha quesejoga em cada acto e a cadainstante,numquadrojurdicohistoricamenteinstaladoelegtimo.Quasese poderiadizerqueaconstituiojurdicaganhavigorquandoemconfrontocomas escolhasabsolutasdonico:Porquenolevaressadiferena depensamento at s ltimasconsequncias,nomeadamenteatquelepontoemqueeunoreconheo coisaodireitoaserpensada,emquepensooseunada,emqueaapago?(264-265) 4.Arte Stirner escreviabem,e issosignifica muito.Emtudoomaisfracassou:noensino, nosnegcios,nastradues,enfim,noamor.Eraesteoseumododeser,escrevia porquenopodia deixardefaz-lo?Eleprprioo afirma,masna escrita passa-sealgo demaisdecisivo.Aterrvelcomplexidadedestelivro,antesdemais,umefeitode escrita que complica enormemente a filosofia.Reafectar a escrita, perturbar a metafsica queelaproduzporacumulaoesublimaocontnua,eametafsica,paraele, sempreumefeitodepoder,visaobterumefeitobemconcreto.Nietzschedisse-o, emboraumpoucoenigmaticamente:Primeiramente,asimagens;seriadeexplicar comoasimagens nascemnoesprito.Seguidamente,aspalavras aplicadassimagens. Finalmente,osconceitos,somentepossveisapartirdaspalavras.i6Comomostrou Hegel,oconceitorealizadoabsorveasimagens,masnaprticaf-lasperderoseu poderdemaravilharavida.Ora,oconceitorealizadomaisno doquea vitriada escritaecontraaescrita,quesetornaprogramtica.Stirnerpretenderestituir-lhe todososseuspoderes,oqueaaproximadaimagem.Naverdade,estelivroum 319 conflitoentre imagens.Ade deus,a dohomem,a donico,etc.Sabe-seque as imagens fortesseperderamna mirade de pequenas imagens,e olivrodeStirner,sem chegar a colocar esta questo, pressupe-na perfeitamente. A inteno outra: construir umsimulacro,tovazioeinfinitocomoodedeus,maisforrequeodohomem, masinfixvel,aberto,flexvel,umnovoveculoparacruzaravidaeevenrualmente naufragar,masem pazconsigo. AescriradeStirneroperaatravsdainstilaodeumatensodentrodetudoo que existe,por ter vencidohistoricamenre.Oquevencepara Stirnerahierarquia.) queequivaleatrajectosrgidos,ligaesinquebrveis,aespaosdeenc!oszlresonde apenassepodeentraresair,parapassardeumparaooutro.Emcadaumdesses espaos,sempre o mesmo:osque mandam e osque obedecem,osricose ospobres,os que ensinam e osque aprendem,etc., etc.Ahierarquia sempre um simulacro que se fundiu comorea]",tornando irreal,louca ou absurda toda a tentativa de iralm dele. queorealanresde maisuma imagem dissimulada.Onicovaiintervirna fina pelcula que recobre o reah, indo alm dasteoriasque o teceme por ele sotecidas. Tudoissoimplica uma problematizaodaestrica,uma aprendizagem com asartes, quevitalpara acompreensodolivrodeStirner. Oprojectomodernodeeliminarosdolos,asauras,asimagensdelirantes,para instaurarumacentralizaonosprocedimentosanalticosematemticosde programaogeraldomundo,implicouacriaodeumespaocomplementar.oda esttica,ondetudooquenoeraracionalizvelencontravalugar:deuses,monstros mitolgicos,excessosdetodoognero,etc.noromantismoqueStirnercolocaa origem deste processo:Osromnticossentiram bem comoa prpria crena em Deus sofreuumrudegolpecomarecusadacrena em esptitosefantasmas;eprocuraram colmatar assuasfunestasconsequncias,nosfazendorenascero mundo doscontos de fadas,mas,por fim,especialmente comosseus'mundossuperioresque invadem o nosso',mundos de sonmbulos, videntes de Prevorst, etc. (35) Todo o real penetrado emprofundidadepelosprocedimentosanalticosdatcnica,enquantoacapacidade sinttica,eamsticadaunidadeabsoluta,passavaminteiramenteparaaesttica47 EstaestruturatendeuaconvergircomasmquinasinventadasnosculoXIX,coma fotografia,o gramofone e o cinema, sobretudo com o computador, forava a radicalizar acrticadopresente,quenosepodialimitareconomiapoltica,comopretendeu MarxemmeadosdosculoXIX,Mal1armafirmou-onumafraselapidar:Tudose resumenaEstticaenaEconomiaPoltica.4sUmdosefeitosdesteprocessoo surgimentodeumaeconomiageneralizada,dequeStirnerumpioneiro.Sendo um grande conhecedor da economia clssica,nonicofar-lhe-uma crtica original,a partir do excessoda vida sobretodasasformasem que decorree usada,Mastodo o livroerauma crticada espiritualizao,de uma espectralizao daexistncia,o que implicaumacrticadosprocessosestticos,nosentidolatodotermo.Vimosqueo 320 ~ ; . _.- ': --- -- -----:..: L-. - .. - espectral eraafinalumautomatismoque provocavaacese entusiasmos,nopara o prprio,masparaanimaramecnicaelasociedade.Nopossveldissip-los definitivamente,poisestoem permanente emergncia.Como dizStirner,trata-sede defenderapelecontraapelculaquetudoreveste.Acrticadaeconomiapoltica inseparvel deuma crtica da esttica,pois,como eleafirma:Deus,a imortalidade, aliberdade,ohumanitarismo,etc.,so-nosinsufladosdesdeainfnciacomoideiase sentimentosque,demodomaisforteoumaisleve,atingemanossainterioridadee, ounosdominaminconscientemente,ou,emnaturezasmaisricas,seexprimemem sistemas e obras de arte;mastrata-se sempre de sentimentos impostos, no despertados emns,porquenelesacreditamosedelesdependemos.>,(57) Stirneropeasobrasdonicoesttica.Masnestedomnioqueoseu tratamentodoespectralganhaplenosentido.Alis,apartirdaartequemuitas questesquecoloca ganham verdadeirosentido.ocasodocrime,mastambmde todasastransformaesque onicoopera na existncia.No sercasualquerenha sidonosvanguardisrasenosdadastasqueSrirneralcanouasua mximainfluncia. curiosorepararcomoosartistasmaisradicaisda vanguarelaeuropeiaeamericana foramemmaioroumenorgrauleitoresdeStirner,comoocasodeEzraPound, Wyndham lewis, Joyce, Beckett i').No Ulissesde J oyce fala-se dos Famishedghosts (Ulysses 8:lestrygonians)comolesandoavidaio Masexistealgumaambiguidadenamaneiracomoosartistasoacolheram.Para boapartedelesStirnereraodefensordasingularidadedecadaautor,reforandoa deslocaodaarteparaoartista.ocasodosvorticistasEzraPoundeWyndham lewisqueencontraramnoindividualismodeStirnermaterial para alimentarasua lutacontraoestadodecoisas,ausuraeexploraocapitalistas.Omodernismo politiza-seapartirdaideiadequeosseusprocedimentosestticos,comooabstraccionismo,erammarcadaexpressodoartistacontraosconceitometafsicosea hierarquia que elesA apropriao de Stirner pelos vanguardistas deveu-se interpretaoquefizeramdonicocomoumgnio,dequeoartistaeraasua expresso mais exemplar. Mesmo Marcel Duchamp, que leu Stirner to profundamente, tende a privilegiar este aspecto:Soba aparncia, e estou tentado a dizer,sob o disfarce deummembrodaraahumana,oindivduodefactoabsolutamentesolitrioe nico;ascaractersticascomunsatodososindivduosconsideraelosem massa notm nenhumarelaocomaexplososolitriadeumindivduoentregueasimesmo ... Max Stirner,noltimo sculo, estudou muito nitidamente esta distino no seu notvel livroDer Einziger und SeineEigmtum.i certo que Duchamp visauma singularidade queexcedeadoartista.Masatendncianitidamenteforte.Aimagemdonico comoartistachegaraliteraturaatravsdoromancedeMeredith,TheEgoist51 De facto,boa parte destesartistasreviu-sedemasiadodepressanaimagemdonico, queerailusriae,maisainda,era provisria. 321 Aideia de umindivduoemluta contta osistemamuito poucostirneriana, tal comoaideiaconexa deque essaluta teria deserfeitado ponto devista estticoS". Emnenhum momento encontramosemStirnera luta contra oreal,em favordealgo melhor ou diferente.O"nico intervm sempre noparticular, e a sua despreocupao comosarranjosfinaisdosseusaetosdeve-sesuaintenodedesarranj-lo.Stirner noisentanenhuma instituio da sua crtica,noexcluindo demodonenhum aarre. Este ataque arte,a necessidade absoluta de desestiticizar, que culmina com Duchamp, totalmenteassumidopelosdadastas,quenasuamaioriaforamstirnerianos. nasartes plsticas que esta questo mais se fazsentir.Picabia, vindo de Nova Iorque depoisdoArmorySbow,decideafastar-sedocubismo,procurandoexpressaros sentimentosmisteriososdoseuegoemformasdeabstraccionismoqueremetem apenas para siprprias".Em1913,Picabia participa num abaixo-assinado proveniente de um grupo de artistas stirnerianos - The Aristocrats -, contra a censura do governo francsa uma esttua de J acobEpstein,dedicada a Oscar Wilde, que forajulgado pela suahomossexualidade,vindoaacentuaraguerrilhavanguardistacontraaesttica. Alis,caracterstica comum atodos estesartistas o factode privilegiarema revolta maisdoquearevoluo,atitudeconsentneacomadeStirner:Arevoluoexigea criaodeinstituies,arevolta exigequeo indivduo seeleveouserebele.A questoque preocupavaascabeasrevolucionriaseraadesaberqueconstituioescolher;todo esseperodopolticofervilhadelutasediscussesconstitucionais,eostalentosdessa sociedade foram extraordinariamente inventivos quanto a novas instituies (falanstrios eoutras).Orebeldeesfora-sepor selivrardeconstituies.(248) PormaisambguaquetenhasidoarecepodeStirnerpelosgrandesartistas doprincpiodosculo,atravsdeMarcelDuchampqueStirneririnfluenciaro sculoxx.Nosfinaisda vida,disseDuchampnumaentrevista:lerStirnerconstituiu opontodeviragemparaalibertaocompleta56.Duchampfizeraamuitofamosa viagemao Jura,no carro de Picabia,emOutubro de 1912.Picabia j tinha lido Stirner esabe-seque,noVerode1912,Duchampestevecompletamenreembrenhadona leituradonico j7 Alis,ointeressedeDuchampmantm-sedurantetodaavida. RobertLebelconta que numjantar em casa de Duchamp emNova Iorque,em1961, comHuelsenbeck,Tinguely,NikideSaint-Phalle,Watson-Taylor,etc.,fala-seda preparao de uma reediodonico,com capa de Max Ernst.Discutiu-se aviolncia na guerra da Arglia e a violncia provocada pelas ideologias e movimentos totalitrios dosculoxxeDuchamp falana oportunidadedeNietzscheedeStirner para seopor atudoisso:Soosnicoscujoslivrosreleiocomprazer.S DuchampatribuiumesmoleituradeStirnerumadassuasobras,mastodaa reflexoque leva aosready-madesparece ser o resultado dessevero de1912.Em1914, MarcelDuchampdescobreoprimeiro ready-made,dandoconhecimentodessefacto em 1915,em Nova Iorque,onde serefugiara da guerra, atravs do seu primeiro ready322 - :-.,- -1 L: -: ..:- _.- --, ~-madeamericano:a famosa p deneve.Trata-se de um exerccio de iconoclastia?Ou de umaetonominalistaemqueoartistacriapelomeroactodeescolherumobjectoe assin-IOI Nadadisso,trata-sedepremcriseamalhahierrquicaemqueesto cadososobjectos,talcomopretendiaStirner.Eraissomesmoqueoafastavado cubismo e de todososoutros movimentos,que replicavam essa hierarquia,suprindo-a sempredenovosobjeetos.Duchampatacavaahierarquiaquedividiaosobjectos, reduzindo-osrodosaumamesma pobreza.Asartespareciamincapazesdeolharessa enormepobrezaque,lesandoosobjecros,lesavatudomais.Duchamp provou-ocom umdosseusready-made.rmaisconhecidos,umurinolinvertidoaquecolaonomede FountainequeapresentadosecodeesculturadaSocietyof lndependentsem 1917.Esta sociedade,quepretendia serabsolutamenteaberta,noconsegueaceitaro urinolcomoumobjecto-de-arte,acabandoporrecus-lo.Oprpriogestodeenviar o urinol e asperipcias que o acompanham comprovam bem a estratgia de Duchamp, queintroduzclandestinamenteStirner na Amrica.Ourinoleraassinadoporumtal R.Mutt,quealgunsespritossapientes tm procuradoem vo.Basta pronunciar esse nomeinglsemvozaltaparaquesurjaapalavra AI'Jnut,cujosignificadoemlngua alem, que Duchamp conhecia bem, pobreza.Ora, este um dos principais conceitos dolivrodeStirner59 Ointeressede Duchamp por Stirner nosedevia steorias estticas deste ltimo, massuametafsica. interessante,contudo,verificarqueDuchampcentraasua leituradoniroemtornodaesteticizaodasartesedaexperincia.Emborase encontremrefernciasfrequentesartenonico,queseapoiaemSchiller,Chamisso emuitos outros poetas,e queextrai o seuescandalosomorro Irhhab' Mein'Sarh' em! NidJtsgestelit,como formadedissoluodascristalizaesdoreal.Quandoacomdiasetornadominante, ento saironiaeapardiatm verdadeiraeficcia. S Cf.AlIanAnrliff em Anar(ht Modemlll:Art,PoliticJ.and theFint American Avant-Garde, ChicagoUniversityPress(2001).Trata-sedeumimportantelivrosobreoanarquismo literrio,fornecendoexcelentespistassobreainflunciadeStirnernosprimeiros vanguardistas,eacima detudonosdadastas. 6Referidopor RobertoCalasso(2001),ALiteraturae OJDemeJ,Lisboa,Gtica,2003,p.87. 7RobertoCalasso(2001),Op.ulr.cir.,p.86. 8F.A.Lange,GeJchichtedeJAlaterialrJIZiJ(1873). 9TantoparaStirnercomoparaNietzscheDeustinhamorrido,masNietzschetinhao hiper-homem(bermemch)paraocuparoseulugar. 10 Essa j era a tese de Marx n' AIdeologiaAlem,mas foiafirmada com fora por Karl Lowith noseulivroVonHegelzuNietzJchede1941Cf.KarlLowith.DeHegelNietZJche,Paris, Gallimard,1969,pp.134ess.Encontra-seamesmatesedoimportantelivrodeDavid .McLellande1969,TheYoungHe;;eliam&Kad Malx,PalgraveMacmillan,queincluium bizarrocaptulo sobreasrelaesentre Marx eStrner. 332 11Oqueimplica quetodaafilosofiaps-hegeliana,na medidaemquesepretendeafirmar filosoficamente,estejadefinida pela imagemterminalqueHegellhedeu. esta atesede AlexandreKojevequesusrentaqueoSistemadoSaber hegelianodemonstra(d-montre) que nenhuma filosofia posterior data da sua redaco o pode 'ultrapassar' pois este Sistema mostraqueintegraemsimesmotodasasfilosofias'possveis'.Cf.Essaid'UneHistoire RaisonndelaPhilosophiePalenne,Vol.r,Paris.Gallimard,1968,p.13. 12Na verdade,boapartedesteprocessodeconvergnciaestaocorreratravsdatcnica digital,queseinscrevenorealdemaneiraaintegr-lodentrodoespaodatcnica contempornea.Estatendnciatorna-seclaracomNorbertWiener,ofundadordaciberntica.Oespaode controlo vaiaumentando em forma de espiral medida que atravs do ~ . ~feedbackasrespostasdoambiente vosendocodificadas. 13 interessanteverificarqueescaestrutura formalusadapor StphaneMallarmnoseu famosopoemaCoupdeDsjamaisn'abolirasl'hasard,quecomeaeterminacomesse enigmticocoupdeds,criandoumcrculoarbitrrioefatalentrandoemnovasrelaes, foradascristalizaeshiscricas,ouseja,doslancesqueseafirmavamcomonicos para melhor eliminar asforasqueosdecerminam. 14MaxStirner(1842),DasunwahrePrinzipunsererErziehung,oder:Humanismusund Realismus.Cf.Lefauxprincipedenotreducation,in.MarxStirner,L'UniqueetSa Propritetautresaits,Lausanne,L'gedeI'Homme,1972,p.29.Trata-sedeumensaio publicado na RheinischenZeitung,lO,Abril1842,de que Bruno Bauer e Karl Marx eram os redactores.DiZ-sequeesretexcofoiencomendadoporMarxaStirner.Sobvrios pseudnimos,Stirnercolaboroucomfrequncianestarevista.EmOutubrodesseano, :-:: Marx passaadirector,eStirneraindapublica maisdoistexcos,nomeadamente um longo ensai