literatura infanto juvenil - biblioteca...
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LETRAS | 199
LITERATURA
INFANTO-
JUVENIL
LETRAS | 200
LETRAS | 201
LITERATURA INFANTO-JUVENIL
ESTÁGIO SUPERVISIONADO III
ANA CRISTINA MARINHO LÚCIO
Era uma vez...
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Quando conto histórias para minha filha dormir, ouço a voz da minha mãe cantando a música de
Chapeuzinho Vermelho: “Pela estrada a fora eu vou bem sozinha, levar esses doces para a vovozinha...” Lem
bro de como ficava triste com o sofrimento da formiguinha com o pezinho preso na neve, mesmo sabendo que
ao final da história tudo se resolveria. No balanço da rede, ouvia as histórias e sonhava com a casa de chocola
te da bruxa, queria tanto que todas as casas e porteiras do sítio onde passava os meses de janeiro e julho fos
sem de doce e pão de mel... Era nesse mesmo sítio que esperava com ansiedade a chegada de Goba, vendedor
de cocada que nos visitava nas manhãs de sábado e domingo. Era uma festa! Ele vendia “cocada da preta e da
branca” e contava Histórias de Trancoso: pela porta da cozinha entravam reis e rainhas, Maria Cara de Pau,
“Camonje” enganando o rei, Jesus e São Pedro quando andavam pelo mundo. Fui crescendo e às histórias da
baratinha e do sapo que queria entrar na festa no céu foram se somando os gibis de Luluzinha, Mônica, Tio
Patinhas, as Sabrinas e Biancas e, no meio dessas leituras, os livros que meus irmãos mais velhos me traziam:
Água Viva e A maçã no escuro, de Clarice Lispector, Zero e Não verás país nenhum, de Ignácio de Loyola
Brandão,Moleque Ricardo,Menino de Engenho, O menino do dedo verde, Alexandre e outros heróis...
Hoje, pensando sobre essa experiência de leitura, percebo o quando a escola passou longe da minha
formação de leitora de literatura. As Histórias de Trancoso de Goba e os contos de fada que minha mãe narra
va me introduziram no universo da fantasia e preencheram minha necessidade de ficção. Depois fui conhe
cendo outros mundos através da escrita e, já na universidade, durante o doutorado, pude retomar os contos
da tradição oral e perceber, através da teoria da narrativa, o quando vida, experiência e literatura se misturam
no mundo da cultura popular.
Tenho ainda uma vaga lembrança dos momentos nos quais minha mãe chegava em casa com os li
vros didáticos novinhos, prontos para receber as capas de plástico enfeitadas com ursinhos e flores. Corria
para o quarto e lia todos os poemas, fragmentos de narrativas, me deliciava com as ilustrações e imaginava
como seria a vida daquelas meninas e meninos, quase todos brancos e do sul ou sudeste, que comiam moran
go e vestiam roupas de inverno. Com o início das aulas o encantamento desaparecia e me dedicava à tarefa de
sublinhar substantivos e adjetivos, pronomes e advérbios.
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LETRAS | 203
UNIDADE I
A LITERATURA INFANTO-JUVENIL NO BRASIL: LEITURA E CO-MENTÁRIO DE TEXTOS
No reino encantado das mil maravilhas
Nas minhas aulas de Teoria da Narrativa, costumo ler com os alunos alguns contos populares, entre
os quais as versões de Chapeuzinho Vermelho de Charles Perrault e dos Irmãos Grimm. Quase sempre, escuto
comentários assustados sobre o texto de Perrault, já que todos conhecem o final feliz que os irmãos Grimm
escolheram para a netinha e a vovó. A menina que escolhe o caminho dos alfinetes, contrariando o conselho
da mãe que indica o caminho das agulhas, come a carne da avó, despe as roupas e deita com o lobo que a
devora, não pode ser a mesma Chapeuzinho Vermelho que desobedece a mãe, perde tempo na floresta ca
tando flores, é devorada pelo lobo, que já tinha a vovozinha na barriga, mas, ao final, é salva pelo caçador. O
susto inicial, após a leitura da versão de Perrault, cede lugar ao estranhamento quando apresento aos alunos
mais um conto: “Fita Verde no cabelo (Nova velha história)”, de João Guimarães Rosa:
Fita verde no cabelo (Nova velha história)
Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam, homens e
mulheres que esperavam, e meninos e meninas que cresciam. Todos com juízo, suficientemente, menos uma menina-
zinha, a que por enquanto. Aquela, um dia, saiu de lá, com uma fita verde inventada no cabelo.
Sua mãe mandara-a, com um cesto e um pote, à avó, que a amava, a uma outra e quase igualzinha aldeia.
Fita-Verde partiu, sobre logo, ela a linda, tudo era uma vez. O pote continha um doce em calda, e o cesto estava vazi-
o, que para buscar framboesas.
Daí, que, indo, no atravessar o bosque, viu só os lenhadores, que por lá lenhavam; mas o lobo nenhum,
desconhecido nem peludo. Pois os lenhadores tinham exterminado o lobo. Então, ela, mesma, era quem dizia: - “Vou
à vovó, com cesto e pote, e a fita verde no cabelo, o tanto que a mamãe me mandou.” A aldeia e a casa esperando-a acolá,
depois daquele moinho, que a gente pensa que vê, e das horas, que a gente não vê que não são.
E ela mesma resolveu escolher tomar este caminho de cá, louco e longo, e não o outro, encurtoso. Saiu,
atrás de suas asas ligeiras, sua sombra também vindo-lhe correndo, em pós. Divertia-se com ver as avelãs do chão não
voarem, com inalcançar essas borboletas nunca em buquê nem em botão, e com ignorar se cada uma em seu lugar as
plebeínhas flores, princesinhas e incomuns, quando a gente tanto por elas passa. Vinha sobejadamente.
Demorou, para dar com a avó em casa, que assim lhe respondeu, quando ela, toque, toque, bateu:
- “Quem é?”
LETRAS | 204
- “Sou eu...” – e Fita-Verde descansou a voz. – “Sou sua linda netinha, com cesto e pote, com fita verde no ca-
belo, que a mamãe me mandou.”
Vai, a avó, difícil disse: - “Puxa o ferrolho de pau da porta, entra e abre. Deus te abençoe.”
Fita-Verde assim fez, e entrou e olhou.
A avó estava na cama, rebuçada e só. Devia, para falar agagado e fraco e rouco, assim, ter apanhado um ru-
im defluxo. Dizendo: - “Depõe o pote e o cesto na arca, e vem para perto de mim, enquanto é tempo.”
Mas agora Fita-Verde se espantava, além de entristecer-se de ver que perdera em caminho sua grande fita
verde no cabelo atada; e estava suada, com enorme fome de almoço. Ela perguntou:
- “Vovozinha, que braços tão magros, os seus, e que mãos tão trementes!”
- “É porque não vou poder nunca mais te abraçar, minha neta...” – a avó murmurou.
- “Vovozinha, mas que lábios, aí, tão arroxeados!”
- “É porque não vou nunca mais poder te beijar, minha neta...” – a avó suspirou.
- “Vovozinha, e que olhos tão fundos e parados, nesse rosto encovado, pálido?”
- “É porque já não te estou vendo, nunca mais, minha netinha...” – a avó ainda gemeu.
Fita-Verde mais se assustou, como se fosse ter juízo pela primeira vez.
Gritou – “Vovozinha, eu tenho medo do Lobo!”
Mas a avó não estava mais lá, sendo que demasiado ausente, a não ser pelo frio, triste e tão repentino
corpo.
Fita Verde, a “meninazinha” com pouco juízo, leva doces e um cesto vazio para a casa da vovó que a
espera para um último encontro, “com falar agagado e fraco e rouco”. O diálogo entre os textos é logo perce
bido pelos alunos, que diante do conto de Guimarães Rosa tecem os seguintes comentários: o lobo é o desco
nhecido, a menina era louca e desobediente e por isso foi punida, Fita Verde inventou toda a história pois até
a fita que tinha no cabelo era fruto da imaginação. Tento conduzir as impressões de leitura sobre o conto de
Rosa chamando a atenção dos alunos não apenas para a seleção e combinação de elementos de uma tradição
narrativa, mas também para os modos como o autor constrói o seu tecido narrativo explorando a sonoridade
das palavras, recriando umas, inventando outras.
Nessas aulas, tomo o cuidado de não estabelecer hierarquias entre os textos, identifico alguns ele
mentos que ajudam a pensar numa tradição narrativa que recria e reelabora traços do folclore, retoma moti
vos e temas, elementos constitutivos do gênero romanesco, tais como o encontro, a despedida, a descoberta,
o reconhecimento, entre outros.
Durante o nosso curso, procuraremos identificar em algumas narrativas de autores brasileiros a for
ma como cada um deles retoma, recria, resignifica temas e motivos presentes nos contos populares e nos con
tos de fadas.
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LETRAS | 207
“Poesia é brincar com palavras”
Ô rosa, ô flor Ô que rosa pra cheirar Eu queria ser a rosa Da roseira de Iáiá (Coco cantado por Joventino, Forte Velho – PB)
Cravo branco na janela É sinal de casamento Menina tira teu cravo Pra casar não falta tempo (Cantiga de roda)
LETRAS | 208
O contato com a poesia acontece desde cedo, quando ouvimos as primeiras quadrinhas, parlendas e
adivinhas. O aprendizado da língua para as crianças parte de um processo de estranhamento, caracterizador
da linguagem literária. Quantas vezes nos irritamos com uma criança que passa horas e horas experimentando
uma palavra, um som produzido com a boca, com os pés, com as mãos. Esquecemos que fomos crianças e na
nossa vida de adultos quase não há mais espaço para o encantamento com o novo. Esse encantamento vai
sendo substituído ao longo da nossa experiência escolar, até o momento em que alguns chegam a afirmar que
a poesia é algo muito difícil, completamente distante da nossa realidade, tão complicada que precisa de um
intérprete, um leitor experiente para decodificar os sons, palavras e imagens. Esquecemos o quando a literatu
ra infantil está marcada por canções como a seguinte:
Se essa rua, se essa rua fosse minha,
eu mandava, eu mandava ladrilhar,
com pedrinha, com pedrinha de brilhante,
só para ver, só para ver meu bem passar.
Nessa rua, nessa rua tem um bosque,
que se chama, que se chama solidão,
dentro dele, dentro dele mora um anjo,
que roubou, que roubou meu coração.
Se eu roubei, seu eu roubei seu coração,
tu roubaste, tu roubaste o meu também.
Se eu roubei, se eu roubei teu coração,
Foi porque, só porque te quero bem.
Esse universo da tradição popular é muitas vezes recriado pelos poetas que escrevem para crianças e
jovens, como José Paulo Paes que “atualiza” a canção anterior:
Se esta rua fosse minha,
eu mandava ladrilhar,
não para automóvel matar gente,
mas para criança brincar.
Se esta mata fosse minha,
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Se cortarem todas as árvores,
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LETRAS | 210
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Papagaio, formiga, elefante, girafa estão presentes nas fábulas, canções, piadas, contos e poemas. O
tempo em que os bichos falavam se prolonga até o tempo em que os bichos quase não têm mais espaço para
viver e a literatura infanto juvenil acompanha esse processo. Inúmeros são os livros cuja temática gira em tor
no das mudanças, nem sempre respeitosas, operadas pelo homem na natureza. Chamo a atenção para a ne
cessidade da literatura infantil ter a sua autonomia pois, embora historicamente atrelada ao viés pedagógico,
o que devemos evidenciar nos textos são as qualidades literárias, o universo lúdico, as imagens e o trabalho
com a linguagem.
A bicharada também comparece nos poemas de Sérgio de Castro Pinto:
a coruja
são todo ouvidos os teus olhos de vigília olhos acesos, luzeiros
de sabedoria. olhos atentos à geografia do dentro,
és uma concha. um encorujado caramujo.
monja em voto de silêncio. (Zôo imaginário. São Paulo: Escrituras, 2005)
E por falar em animais, quem não lembra as canções d’A arca de Noé, com poemas de Vinícius de
Morais e canções de Toquinho? A foca, a coruja, a pulga, o gato ... Outro viés muito presente nos poemas in
fantis é o humor. Vejamos o poema Era uma vez, de Sérgio Caparelli:
LETRAS | 211
Era um vez
Era uma vez um gato cotó: fez cocô procê só. E o gato zarolho veio depois: fez cocô procês dois. Tinha também um gato xadrez: fez cocô procês três. O gato seguinte usava sapato: fez cocô procês quatro. Quem não conhece O gato Jacinto: fez cocô procês cinco. Do gato azarado chegou a vez: fez cocô procês seis. Ah, que beleza! É o gato coquete: fez cocô procês sete. Bom dia! Banoite! É o gato maroto: fez cocô procês oito. E o gato zebrado também resolve: fez cocô procês nove. Viche! Vem chegando O gato Raimundo: Traz cocô pra todo mundo. (Sérgio Caparelli)
Da minha experiência escolar os únicos versos de que me lembro são os do Hino Nacional (reprodu
zido na contracapa do caderno), pequenos poemas em homenagem às mães, quadrinhas populares colados
em cartolinas durante a semana do folclore.
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LETRAS | 213
Convite
Poesia é brincar com palavras como se brinca com bola, papagaio, pião. Só que bola, papagaio, pião de tanto brincar se gastam. As palavras não: quanto mais se brinca com elas mais novas ficam. Como a água do rio que é água sempre nova. Como cada dia que é sempre um novo dia. Vamos brincar de poesia?
(Xilogravura de Antônio Lucena)
PNBE-2001 – Palavra de poeta. Henriqueta Lisboa, José Paulo Paes, Mário Quintana e Vinícius de Moraes; A bailarina e outros poemas. Roseana Murray; A arca de Noé, Vinícius de Moraes; Palavras de encantamento; Manu-el de Barros, Elisa Lucinda, entre outros; Meus primeiros versos, Manuel Bandeira, Cecília Meireles e Rosena Murray; Cinco estrelas, Chico Buarque, Henriqueta Lisboas, entre outros;
PNBE-2002 – Varal de poesia, Cecília Meireles, Fernando Paixão, José Paulo Paes e Mario Quintana; A poesia dos bichos, Carlos Drummond de Andrade, Manuel de Barros e Thiago de Mello; Um poema puxa o outro, José Paulo Paes, Marcelo R. L. Oliveira, Ricardo Azevedo e Ricardo da Cunha Lima; Pé de Poesia, Cecília Meirele, Ferreira Gullar e outros; Tem gato na tuba e outros poemas, Sidónio Muralha, Casimiro de Abreu, Olavo Bilac, entre outros; Poemas que contam a história, Gonçalves Dias, Castro Alves, entre outros; Toda criança do mundo, Sérgio Caparelli, Fagundes Varella, entre outros; Simplesmente Drummond, Carlos Drummond de Andrade;
LETRAS | 214
PNBE-2003 – Nossos poetas clássicos, Casimiro de Abreu e outros; Caminho da poesia, Cecília Meireles e outros; Trem de Alagoas e outros poemas, Álvares de Azevedo e outros; Poesia quando nasce..., Leo Cunha e outros; Gotas de poesia, Angela Leite de Sousa e outros; Poesia fora da estante, Dilan Camargo e outros; Poesia das crian-ças, Casimiro de Abreu e outros; Poemas do mar, Ana Maria Machado e outros; Bichos de versos, Ferreira Gullar e outros;
Oitava série – Na onda dos versos, Ana Cristina Cesar e outros; Os estatutos do homem, Thiago de Mello; Receita de poesia, Vinícius de Moraes; Tempo de poesia, Henriqueta Lisboa e outros; Poesia sempre, Gonçalves Dias e outros; Discurso de um sonho e outros poemas, Gregório de Matos e outros; Amores diversos, Arnaldo Antunes e outros; A descoberta do amor em versos, Casimiro de Abreu e outros; Conversa de poetas, Álvares de Azevedo e outros; Ofício de poetas, Álvares de Azevedo e outros;
Palavra da Gente – Educação de jovens e adultos. Poesia romântica brasileira, Álvares de Azevedo e outros; Na boca do povo – poesias da memória brasileira, Álvares de Azevedo e outros; Três homens falam de amor, Affonso Romano de Sant’Anna e outros; Canções do Brasil, Álvares de Azevedo e outros;
Dramaturgia para crianças e jovens
“Lewis Caroll, com sua Alice no País das Maravilhas, Monteiro Lobato e a deliciosa Emília, são
personagens onde o nonsense desenfreado faz lembrar aos adultos que é mais saudável não
levar a sério demais as coisas tidas como certas e imutáveis. Uma cambalhota, à maneira dos
irmãos Marx, está talvez mais perto da verdade das crianças do que uma enxurrada de ensi
namentos morais duvidosos...” (Maria Clara Machado.)
Antes de apresentarmos alguns dos nossos escritores que se dedicaram ao teatro infantil, vale a pe
na estabelecer algumas distinções. A primeira é entre teatro e dramaturgia. Quem nunca assistiu a uma repre
sentação da Paixão de Cristo na sua cidade? Nesses momentos nos colocamos como espectadores e, embora
reconhecendo os episódios encenados, todo o drama da vida e morte de Jesus, não conhecemos o texto dra
mático. O texto escrito para a encenação da Paixão de Cristo pode ser lido por um leitor qualquer no silêncio
da sua casa, que preenche os espaços vazios do texto com a imaginação da cena, seguindo de perto as indica
ções do autor presentes nas rubricas (que podem indicar os espaços, o tempo, as características das persona
gens...). Já o teatro mantém relações entreitas com a representação. Teatro além de ser o local onde se reali
zam os espetáculos representa ainda o texto acrescido da ação. Em relação à dramaturgia nos colocamos co
mo leitores, ao teatro como espectadores. Quando nos colocamos no papel de espectadores, assistimos ao
trabalho dos atores, músicos, percebemos o resultado final do trabalho dos cenógrafos, figurinistas, ilumina
dores... e outros tantos que não aparecem em cena mas fazem funcionar a luz, o som, as mudanças de cená
rio.
A segunda distinção importante é entre um teatro feito por crianças e um teatro feito por adultos
mas dirigido a um público infantil. Mais uma vez nos voltamos para a nossa experiência na escola. Lembro de
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LETRAS | 217
feita pelas crianças e jovens, ou mesmo a encenação, levam para o espaço da sala de aula o questionamento
dos papéis sociais desempenhados pelos sujeitos, de forma dialética.
PNBE2001: Pluft, o fantasminha, Maria Clara Machado; Hoje tem espetáculo, no país dos Prequetés, Ana Maria Machado; Eu chovo, tu choves, ele chove, Sylvia Orthof.
PNBE2002: O rapto das cebolinhas, Maria Clara Machado; Os Saltimbancos, Chico Buarque de Holanda; Histórias de lenços e ventos, Ilo Krugli.
PNBE2003: O menino narigudo, Walcyr Carrasco; Os cigarras e os formigas, Maria Clara Machado; Baile do Menino Deus, Ronaldo Correia de Brito e Assis Lima.
8ª série: O pagador de promessas, Dias Gomes; O diamante do grão-mogol, Maria Clara Machado; So-nho de uma noite de verão, Shakespeare; O santo e a porca, Ariana Suassuna; O Judas em sábado de alelúia, Mar-tins Pena.
EJA: O burguês fidalgo, Molière; A greve do sexo. Lisístrata; Aristófanes.
LETRAS | 218
UNIDADE II
A LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL – DOCUMENTOS
Nessa unidade analisaremos dois documentos que norteiam a políticas pedagógicas educacionais re
lativas ao ensino fundamental: os Parâmetros Curriculares Nacionais e os Parâmetros em Ação. Selecionamos
os seguintes documentos dos PCNs que mencionam o trabalho com o texto literário.
Sobre a qualidade dos textos
“A visão do que seja um texto adequado ao leitor iniciante transbordou os limites da escola e influiu
até na produção editorial. A possibilidade de se divertir com alguns dos textos da chamada literatura infantil
ou infanto juvenil, de se comover com eles, de fruí los esteticamente é limitada. Por trás da boa intenção de
promover a aproximação entre alunos e textos, há um equívoco de origem: tenta se aproximar os textos sim
plificando os aos alunos, no lugar de aproximar os alunos a textos de qualidade”.(p. 25)
A especificidade do texto literário
O texto literário constitui uma forma peculiar de representação e estilo em que predominam a força
criativa da imaginação e a intenção estética. Não é mera fantasia que nada tem a ver com o que se entende
por realidade, nem é puro exercício lúdico sobre as formas e sentidos da linguagem e da língua.
Como representação de um modo particular de dar forma às experiências humanas, o texto literário
não está limitado a critérios de observação fatual (ao que ocorre e ao que se testemunha), nem às categorias e
relações que constituem os padrões dos modos de ver a realidade e, menos ainda, às famílias de no
ções/conceitos com que se pretende descrever e explicar diferentes planos da realidade (o discurso científico).
Ele os ultrapassa e transgride para constituir outra mediação de sentidos entre o sujeito e o mundo, entre a
imagem e o objeto, mediação que autoriza a ficção e a reinterpretação do mundo atual e dos mundos possí
veis.
Pensar sobre a literatura a partir dessa relativa autonomia ante outros modos de apreensão e inter
pretação do real corresponde a dizer que se está diante de um inusitado tipo de diálogo, regido por jogos de
aproximação e afastamento, em que as invenções da linguagem, a instauração de pontos de vista particulares,
a expressão da subjetividade podem estar misturadas a citações do cotidiano, a referências indiciais e, mesmo,
a procedimentos racionalizantes. Nesse sentido, enraizando se na imaginação e construindo novas hipóteses e
metáforas explicativas, o texto literário é outra forma/fonte de produção/apreensão de conhecimento.
LETRAS | 219
Do ponto de vista lingüístico, o texto literário também apresenta características diferenciadas. Embo
ra, em muitos casos, os aspectos formais do texto se conformem aos padrões da escrita, sempre a composição
verbal e a seleção dos recursos lingüísticos obedecem à sensibilidade e a preocupações estéticas. Nesse pro
cesso construtivo original, o texto literário está livre para romper os limites fonológicos, lexicais, sintáticos e
semânticos traçados pela língua: esta se torna matéria prima (mais que instrumento de comunicação e ex
pressão) de outro plano semiótico, na exploração da sonoridade e do ritmo, na criação e recomposição das
palavras, na reinvenção e descoberta de estruturas sintáticas singulares, na abertura intencional a múltiplas
leituras pela ambigüidade, pela indeterminação e pelo jogo de imagens e figuras. Tudo pode tornar se fonte
virtual de sentidos, mesmo o espaço gráfico e signos não verbais, como em algumas manifestações da poesia
contemporânea.
O tratamento do texto literário oral ou escrito envolve o exercício de reconhecimento de singulari
dades e propriedades que matizam um tipo particular de uso da linguagem. É possível afastar uma série de
equívocos que costumam estar presentes na escola em relação aos textos literários, ou seja, tomá los como
pretexto para o tratamento de questões outras (valores morais, tópicos gramaticais) que não aquelas que con
tribuem para a formação de leitores capazes de reconhecer as sutilezas, as particularidades, os sentidos, a
extensão e a profundidade das construções literárias (P. 26 e 27)
A literatura infanto-juvenil e o leitor
“O terceiro e quarto ciclos têm papel decisivo na formação de leitores, pois é no interior des
tes que muitos alunos ou desistem de ler por não conseguirem responder às demandas de lei
tura colocadas pela escola, ou passam a utilizar os procedimentos construídos nos ciclos ante
riores para lidar com os desafios postos pela leitura, com autonomia cada vez maior. Assumir
a tarefa de formar leitores impõe à escola a responsabilidade de organizarse em torno de um
projeto educativo comprometido com a intermediação da passagem do leitor de textos facili
tados (infantis ou infanto juvenis) para o leitor de textos de complexidade real, tal como cir
culam socialmente na literatura e nos jornais; do leitor de adaptações ou de fragmentos para
o leitor de textos originais e integrais.”(p. 70)
“Para ampliar os modos de ler, o trabalho com a literatura deve permitir que progressivamen
te ocorra a passagem gradual da leitura esporádica de títulos de um determinado gênero, é
poca, autor para a leitura mais extensiva, de modo que o aluno possa estabelecer vínculos
cada vez mais estreitos entre o texto e outros textos, construindo referências sobre o funcio
namento da literatura e entre esta e o conjunto cultural; da leitura circunscrita à experiência
possível ao aluno naquele momento, para a leitura mais histórica por meio da incorporação
de outros elementos, que o aluno venha a descobrir ou perceber com a mediação do profes
sor ou de outro leitor; da leitura mais ingênua que trate o texto como mera transposição do
mundo natural para a leitura mais cultural e estética, que reconheça o caráter ficcional e a na
tureza cultural da literatura.” (p. 71)
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LETRAS | 221
Referências
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