legislação 2 bem imaterial

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PREFEITURA MUNICIPAL DE CRISTAIS MG PRAÇA: JOAQUIM LUIZ DA COSTA MAIA - 001 CENTRO 37275-000 Setor Municipal do Patrimônio Cultural Av Joaquim de Paula Reis/08 Fone (35) 3835 2213 cultura [email protected] ATUALIZAÇÃO E DIVULGAÇÃO DO INVENTÁRIO CATÁLOGO DOS BENS CULTURAIS DIVULGADOS AU 01 ÁREA URBANA 01 - ZU 1. Patrimônio Inventariado pelo município com Atualização e Divulgação periódica 1.2. Bens Imóveis - Estruturas Arquitetônicas e Urbanísticas autorizadas para Divulgação ( 02 períodos: fevereiro/abril e agosto/outubro) Ano Base de 2016 Exercício 2018 Bem Imaterial Romarias Inventário temático 2016 2016 Folia de Reis Inventário temático 2016 2016 FICHA DE INVENTÁRIO DOS BENS IMATERIAIS “ROMARIAS” 1. MUNICÍPIO Cristais 2. DISTRITO Sede 3. LUGAR ONDE OCORRE A ATIVIDADE: Percurso entre Cristais MG e Aparecida do Norte SP 4. RESPONSÁVEL / RELAÇÃO COM O BEM:

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PRAÇA: JOAQUIM LUIZ DA COSTA MAIA - 001

CENTRO – 37275-000

Setor Municipal do Patrimônio Cultural Av Joaquim de Paula Reis/08 – Fone (35) 3835 2213 cultura [email protected]

ATUALIZAÇÃO E DIVULGAÇÃO DO INVENTÁRIO

CATÁLOGO DOS BENS CULTURAIS DIVULGADOS

AU 01 – ÁREA URBANA 01 - ZU

1. Patrimônio Inventariado pelo município com Atualização e Divulgação

periódica

1.2. Bens Imóveis - Estruturas Arquitetônicas e Urbanísticas autorizadas

para

Divulgação ( 02 períodos: fevereiro/abril e agosto/outubro)

Ano Base de 2016 Exercício 2018

Bem Imaterial

Romarias Inventário temático 2016 2016

Folia de Reis Inventário temático 2016 2016

FICHA DE INVENTÁRIO DOS BENS IMATERIAIS

“ROMARIAS”

1. MUNICÍPIO

Cristais

2. DISTRITO

Sede

3. LUGAR ONDE OCORRE A ATIVIDADE:

Percurso entre Cristais MG e Aparecida do Norte SP

4. RESPONSÁVEL / RELAÇÃO COM O BEM:

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Sebastião Martins Ferreira

5. DESIGNAÇÃO:

Romarias

6. PERIODICIDADE:

Meses de agosto a outubro

7. AUTORIA:

Cultura popular

8. ORIGEM:

Religiosa católica

9. PROCEDÊNCIA:

A palavra "romaria" faz referência à cidade de Roma, na Itália, onde surgiu a

Igreja Católica e local da sede do Vaticano

10. BENS INTEGRADOS:

Bandeira, imagens, objetos sacros de devoção

11. DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA:

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Fotos cedidas pelo Arquivo Público Municipal

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Fotos cedidas pelo Arquivo Público Municipal

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Fotos cedidas pelo Arquivo Público Municipal

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Fotos: Marcos Antônio Marques – Cristais / agosto/ 2016

12. DESCRIÇÃO

As romarias são manifestações religiosas que foram trazidas pela Igreja

Católica durante o processo da colonização portuguesa. Trata-se de uma

peregrinação, realizado por numerosos grupos de pessoas a pé, em cavalos ou por

meio de veículos, para um dado local com o intuito de rogar por graças, pagar

promessas, agradecer os desejos alcançados ou apenas por motivação religiosa. A

palavra "romaria" faz referência à cidade de Roma, na Itália, onde surgiu a Igreja

Católica e local da sede do Vaticano. As romarias são organizadas em ciclos, de

acordo com o dia de homenagem a algum santo ou simplesmente para pagar uma

promessa. Alguns pólos nacionais de atração para as romarias são Aparecida, em

São Paulo, Trindade em Goiás e Círio de Nazaré em Belém do Pará, entre outras.

A basílica de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida do Norte, no interior de

São Paulo, é o maior templo católico do País e o segundo maior do mundo, perdendo

apenas para o Vaticano. Por ano, a basílica recebe cerca de 15 milhões de peregrinos,

de vários cantos do País.

Os romeiros planejam as romarias, anualmente, para os meses de agosto a

outubro, quando acontece o ápice dos festejos, dia 12 de outubro, data da

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celebração da padroeira do Brasil, Nossa Senhora da Conceição Aparecida. As

modalidades da romaria são: a pé, a cavalo, de moto ou de ônibus. Um grupo de

peregrinos da cidade de Cristais se reúne na Igreja Matriz N. Senhora da Ajuda, às

14:00 hs, onde se celebra a missa festiva para pedir bênçãos para a viagem. Os

familiares acompanham a comitiva até a saída da cidade.

A Romaria à Aparecida do Norte – à pé –é organizada desde 1998 pelo Sr. Sebastião

Martins Ferreira. Cidades vizinhas aderem ao movimento de peregrinação,

reunindo-se em Cristais e, após participarem da celebração da missa, saem com

destino à Aparecida, perfazendo um trajeto de 800 km. De agosto à outubro

acontecem também várias romarias de ônibus com o mesmo destino. A organização

da romaria conta com a diretoria que é regida por um regulamento que dita as

normas disciplinares. Acompanha os romeiros carros e caminhões, como ponto de

apoio, oferecendo comida, água, medicamentos para primeiros socorros.

O trajeto das romarias à cidade de Trindade em Goiás é realizado através

de ônibus. Além dessas romarias a cidade conta com a romaria a pé nos Souzas,

comunidade rural e a Itací, cidade vizinha. As romarias à Três Pontas – visitação ao

túmulo do Pe. Vitor, e à Congonhas do Campo são de ônibus.

13.HISTÓRICO

As romarias e peregrinações são jornadas empreendidas por motivos religiosos a

um santuário, a um lugar sagrado e milagroso, onde as pessoas vão pedir graças

especiais, cumprir promessas e agradecer favores recebidos.

Em todo o mundo ocorrem romarias e peregrinações. A Terra Santa e Jerusalém,

desde os primórdios do cristianismo, foram pólos religiosos que atraíram multidões de

peregrinos.

Na diversidade dos contextos históricos e geográficos, as romarias sempre

apresentam algo de comum: o costume de caminhar, de deslocar-se percorrendo grandes

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distâncias, rumo a um local onde são concedidas, de modo especial, graças e favores

espirituais. Com essa motivação, os peregrinos enfrentam o desafio das longas

distâncias, fome, sede, cansaço, às vezes doenças, e tantas outras dificuldades.

Em toda a História da Igreja Católica as peregrinações constituíram sempre

expressões de grande fervor religioso. Uma promessa é feita quando normalmente já se

esgotaram os recursos humanos para resolver uma situação difícil, representando um ato

de fé e confiança. O cumprimento de uma promessa é um agradecimento, uma ação de

graças de forte conteúdo simbólico, como o extenso caminho percorrido, o portar vela

acesa, o oferecimento de perna e outros membros do corpo humano de gesso ou de

muleta numa sala de ex-votos.

As primeiras romarias de que se tem registro no Brasil aconteceram entre

1743 e 1750. Somente a partir de 1900 começaram as grandes romarias programadas,

com o incentivo da Igreja católica, graças aos novos meios e vias de transportes, bem

como do apoio dos meios de comunicação de massa, em especial as estações de rádio

religiosas.

São muitos os centros de peregrinação que atraem grandes números de romeiros no

Brasil: Nossa Senhora de Nazaré, em Belém do Pará; São Francisco de Canindé, na

cidade do mesmo nome, no Ceará, Senhor do Bonfim, em Salvador, Bahia, Santuário

da Santíssima Trindade ( Pai Eterno) em Trindade, Goiás, Nossa Senhora de Aparecida

e Bom Jesus de Pirapora, ambos em São Paulo. Não se deve esquecer a devoção a um

beato nacional, o padre Cícero, em Juazeiro do Norte, no Ceará.

Os romeiros chegam a esses lugares a pé, de bicicleta, a cavalo, em paus de

arara, de charrete, em carros de bois, moto, ônibus, caminhão. Alguns arrastam cruzes

ou andam de joelhos, com grande sacrifício. Os que andam a pé, sozinhos ou em

pequenos grupos, são chamados "caminheiros". Entre as romarias existem aquelas que

são organizadas para fazer o percurso a cavalo e que chegam a reunir mais de 1.500

cavaleiros.

Nos templos que atraem os romeiros costumam existir a sala ou casa "dos

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milagres", com centenas de ex-votos: quadros, fotos, peças de vestuário, imagens

feitas em madeira, cera ou gesso representando as graças obtidas pelos devotos que

ali os levaram. Muitos desses ex-votos têm centenas de anos de idade e fazem parte

do patrimônio artístico e cultural brasileiro.

Sendo a nação de maior população católica no mundo, o Brasil conta com

numerosos centros de romarias, localizados seja em pequenos povoados dos mais

recônditos e distantes, seja em lugares dos mais conhecidos e visitados.

Em Cristais as romarias têm um cunho essencialmente religioso. As romarias

são organizadas por uma diretoria com regulamento próprio. Os grupos de romeiros se

reúnem na Igreja Matriz para a Missa, às 14 hs, e, após a celebração litúrgica saem em

caminhada à pé, ou a cavalo ou de moto, conforme a modalidade escolhida.

Na romaria a pé encontram-se três tipos básicos de peregrinos: o primeiro é

formado por devotos permanentes que, motivados ou não por milagres alcançados,

peregrinam até o santuário anualmente, sem interrupção. Entre os mais velhos, conta-

se como demonstração profunda de fé os que peregrinam há muitos anos. Não são

poucos os que declaram mais de vinte anos na peregrinação. Devotos desse tipo

cumprem quase todas as práticas sagradas envolvidas na caminhada, na chegada ao

santuário e no retorno, incluindo rezar no caminho, assistir missa no santuário,

acompanhar procissões, contribuir com esmolas à Igreja. Muitos repetem algumas

práticas sagradas complementares, como subir de joelhos as escadarias do santuário,

oferecer esmolas aos mendigos instalados nas ruas. Além disso, durante a romaria,

praticam penitências como jejuns, abstinência de bebidas alcoólicas e de certos

alimentos, como a carne. Outros cuidam de sacralizar a própria aparência corporal,

vestindo roupas especiais e adornos, carregam objetos sacros, especialmente bíblias,

crucifixos, rosários escultura de imagens e imagens estampadas em bandeiras.

O segundo tipo de romeiro caminhante é formado pelos pagadores de

promessas eventuais, sujeitos que passaram por aflições resolvidas por pedidos à

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santa e peregrinam para agradecer as graças alcançadas, sejam relativas a problemas

próprios, sejam relativas a aflições de sujeitos afins. Tal como os primeiros devotos,

em diferentes ocasiões antecedentes da romaria, guardavam do passado ou

apresentavam no presente os mesmos motivos antes mencionados para peregrinar.

Esses devotos eventuais ou os sujeitos afins comprometidos em suas promessas,

tendo recebido as graças, devem pagar suas dívidas. Surgem desses últimos, então,

os romeiros que, muitas vezes, pagam promessas a contragosto, penitenciando-se

por transferência de dívidas, quase sempre decorrentes de promessas feitas para

crianças, parentes doentes ou idosos. Fiadores das promessas de outros e para

outros, não é difícil ouvir deles queixas da obediência à obrigação sagrada, feitas

quase sempre seguidas de correções e receios. Assim, não causa surpresa que alguns

pagadores de promessas eventuais desistam da caminhada sob várias justificativas,

principalmente quando sofrem danos físicos nos pés, as inevitáveis bolhas.

O terceiro tipo romeiro é formado por caminhantes “profanos”, sujeitos que

mesmo não sendo devotos da santa ou envolvidos por promessas faziam a peregrinação

como acompanhantes de parentes ou amigos, com o fim de lazer. Esse grupo, formado

na maioria por jovens, quando somados a seus iguais que comparecem usando veículos

motorizados, não é numericamente desprezível e tem grande relevância na promoção da

efervescência das práticas profanas acopladas aos rituais sagrados. Entretanto, quando

caminhantes, constituem a maioria dos desistentes da empreitada, quase sempre sem

chegar ao meio do caminho, mesmo quando, às vezes, são declarantes de alguma

promessa. Também se mostram distantes das várias práticas sagradas complementares

da romaria. Os peregrinos a pé são os protagonistas centrais dos rituais das romarias

mais freqüentes à Aparecida do Norte, onde se registra a história do milagre da pesca:

três pescadores pescavam sem obter sucesso. Numa última tentativa, lançaram as redes

e puxaram uma imagem. Espantados, sentiram um sinal dos céus, pois, a partir daquele

momento, a pesca foi abundante. Os piedosos pescadores logo atribuíram o fato a um

milagre da Virgem Morena. Improvisaram um altar e, naquela mesma tarde, toda a

vizinhança se reuniu para a reza do terço, que se tornou tradição na vila, hoje cidade de

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Aparecida, terra da Rainha e Padroeira do Brasil. Este é o Porto Itaguassú, local exato

onde os três pescadores lançaram sua rede e resgataram do fundo do rio a imagem da

santa. O porto é parada obrigatória para o romeiro que visita a cidade de Aparecida do

Norte.

O Município de Aparecida está situado a 168 Km de São Paulo, a leste do

Estado, na micro região denominada Vale do Paraíba. O turismo e, consequentemente,

o comércio em geral, hoteleiro e de alimentação, constituem as principais atividades

econômicas do município. A cidade do Santuário conta com cerca 50 indústrias de

transformação, voltadas a atender o comércio religioso e, em geral, estruturado em

torno do turismo

Chegando ao destino, recebidos pelos familiares que fizeram o percurso de

carro, visitam o local sagrado, assistem a missa e cumprem suas promessas. Após o

cumprimento das promessas, o tempo fica livre para as compras e para o lazer. Então

visitam os pontos turísticos da cidade. O retorno à casa é feito por meio de transporte,

carros ou ônibus.

14. Recursos financeiros:

Os recursos financeiros são obtidos através de doações dos associados, dos

romeiros participantes.

15. Transmissão de saberes para gerações futuras:

Há uma preocupação em manter a tradição cultural. Os pais transmitem aos

filhos a tradição cultural e a instituição católica da comunidade também se

empenha em manter viva a fé, preservando a identidade coletiva, como um

legado religioso e cultural da região.

16. Proteção legal:

Inventário

17. Proteção proposta:

Registro do bem cultural imaterial

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18. Referências bibliográficas:

ARQUIVO DA PREFEITURA MUNICIPAL DE CRISTAIS

BRANDÃO, C. R. - A Cultura na Rua. Campinas: Editora Papirus,1989.

___________ Os deuses do povo. um estudo sobre a religião popular. São Paulo:

Brasiliense,

1986

LIMA, Maria Salomé Reis Alves de. & PARREIRA, Maria Tereza Reis. História

de Cristais. Belo Horizonte, Lithera Maciel, 2000.

LIMA, Maria Salomé Reis Alves de. História de Cristais: da primeira Povoação

do Ambrósio á Saga Lindeira do Município. Belo Horizonte, FAPI, 2012

PESQUISA DE CAMPO

PRANDI, Reginaldo & PIERUCCI, Antonio Flávio. A Realidade Social das Religiões. São

Paulo: Editora Hucitec, 1996.

ZALUAR, Alba. Os Homens de Deus: um estudo dos santos e das festas no catolicismo

popular. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1983

19. Informações Complementares

Informações obtidas juntas á comunidade

20.DATA DO INVENTÁRIO: 2016

21.MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO E SALVAGUARDA:

. Ações de Educação Patrimonial para conscientização da sociedade sobre os valores:

religioso, histórico e cultural do Bem Imaterial e sua necessidade de preservação;

. Ações do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural como agente de fiscalização

da preservação do bem imaterial, dando continuidade à tradição e promovendo sua

recriação.

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22. NÍVEL DE PROTEÇÃO

Manter o instituto do inventário , conduzindo-o para o registro como norma de

proteção para o bem imaterial. O inventario envolve tecnica que permite a catalogacao

e caracterizacao de bens com o objetivo de subsidiar politica de tutela , notadamente

na forma de registro , instituto aplicavel aos bens do patrimonio imaterial . O instituto

do registro, previsto na Constituicao da Republica (art. 216, § 1o), destina- se a

promocao e a protecao do patrimonio cultural no seu plano intangivel .

23. MOTIVAÇÃO DO INVENTÁRIO

O bem imaterial nasce da intervenção da pessoa humana no meio ambiente,

construindo sua identidade e memória enquanto indivíduo e coletividade, para cada

povo e nação. Em Cristais, assim como em outros municípios brasileiros, há uma rica

diversidade cultural, como visto, a qual deve ser dada continuidade, imprescindível à

sadia qualidade de vida das presentes e futuras gerações. É preciso possibilitar-lhes o

direito à memória, a cultura e o acesso ao patrimônio cultural imaterial, fundamentais

para o equilíbrio do meio ambiente em que a sociedade está inserida. Neste contexto,

o inventário torna-se necessário para conduzir o bem ao processo de registro , como

alternativa para protecao de bens imateriais (a referencia a materialidade faz -se a

titulo de apropriacao da base de evocacao da dimensao intangivel que se pretende

protegida) e se faz mediante identificacao da manifestacao cultural cujas caracteristicas

essenciais se vinculem a uma tradicao e se mantenham ao longo do tempo para

reconhecimento de sua relevancia como referencia de identidade de um povo ; por fim,

o registro oficial do bem , na perspectiva de apoio a continuidade de suas

caracteristicas essenciais , historicamente construidas , e de sua valorizacao como

referencia de identidade da comunidade cristalense .

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24.FICHA TÉCNICA

Levantamento: Data: abril de 2016

Maria Salomé Reis Alves de Lima

Marcos Antônio Marques

Elaboração: Data: abril/maio de 2016

Maria Salomé Reis Alves de Lima

Marcos Antônio Marques

Revisão Data: junho/julho de 2016

Maria Salomé Reis Alves de Lima

Marcos Antônio Marques

Alexa Bastos Gambogi Meireles

Marcio Vinicius Reis

Maria Salomé Reis Alves de Lima

Função: Diretora da Diretoria Municipal de Cultura e Turismo - Chefe do SEMPAC

Formação: Bibliotecária – Historiadora

Marcos Antônio Marques

Função: SEMPAC Formação: informática – professor

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Alexa Bastos Gambogi Meireles

Consultoria Taipa Engenharia LTDA - Engenheira civil- CREA 44538/D

Márcio Vinicius Reis -

Arquiteto e Urbanista – CAU 17.229-4

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INVENTÁRIO DO BEM CULTURAL IMATERIAL FOLIA DE REIS

1. MUNICÍPIO

Cristais / MG

2. DISTRITO

Sede

3. LUGAR ONDE OCORRE A ATIVIDADE

Na cidade e na comunidade rural do Souza

4. RESPONSÁVEL / RELAÇÃO COM O BEM

Grupo urbano – responsável: Antônio do Lei

Grupo rural – responsável: José Raimundo de Souza

5. DESIGNAÇÃO

Folia de Reis ( Manifestação Cultural)

6. PERIODICIDADE

A festa acontece nos meses de dezembro e janeiro – época natalina, mais

precisamente do dia 01 ao dia 06 de janeiro

7. AUTORIA

Manifestação cultural tradicional

8. ORIGEM

Tradição da cultura portuguesa

9. PROCEDÊNCIA

Correlacionada com a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário

10. BENS INTEGRADOS

Grupo de folia ou embaixada, instrumentos musicais, indumentárias, coroas,

rosários, bandeiras, etc.

11. DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA

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Fotos: Antônio Marcos Marques – Cristais / janeiro 2016

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12. DESCRIÇÃO

Os festejos incluem o auto de Natal, as pastorinhas e outras maneiras de

reverenciar o Menino Jesus.

Os festejos caíram no gosto popular e resultam da interação entre negros e brancos, que

reinventavam práticas religiosas da Europa, trazidas ao Brasil por portugueses,

principalmente no período do império. As comemorações em homenagem ao menino

Jesus são conhecidas como Reisado. Na Bíblia, a viagem dos magos é apresentada de

forma ligeira no capítulo 2 do Evangelho de São Mateus: “E, tendo nascido Jesus em

Belém de Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do Oriente a

Jerusalém”.

Todos os anos, a folia vai às casas onde há um presépio montado para venerar o

menino Jesus. A tradição é da época do Brasil Império e repassada de geração a

geração.

Para que a festa ocorra é preciso que a bandeira seja conduzida com todo o

respeito e devoção por um folião. Aos violeiros cabe entoar os cantos, as rezas e catiras.

Eles são acompanhados pelos caixeiros, que, por meio do som da caixa, chamam os

foliões para a festa. O embaixador é o líder, o guia da folia, responsável pela alvorada,

giro e entrega da folia. Ele que determina quem deverá fazer as obrigações. É uma

pessoa de reverência, de respeito, de dignidade que aprendeu a guiar a folia com

geração passada e ensina a geração presente. Os reis magos vestem roupas coloridas e

com muito brilho. Podem estar mascarados ou não. Quando se fantasiam de palhaços,

ficam mais livres e conduzem os foliões para brincadeiras e diversas coreografias.

Quando apenas mascarados, cantam para o menino Jesus. Na folia, não pode faltar a

figura de Herodes, o imperador da Judeia, que mandou matar todas as crianças com

medo do Messias, que seria o rei dos judeus. Herodes é simbolizado pela personagem

Catirina.

Os reis Baltazar, Belchior e Gaspar, que foram guiados pela estrela de Belém até o

menino Jesus, são os personagens centrais desta festa, trazida de Portugal pelos colonos.

Sua comemoração era semelhante à portuguesa, pelo menos até o século XVIII, com

trocas de presentes na véspera do Dia de Reis, 06 de janeiro. Com o tempo, a Folia de

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Reis adquiriu traços mais populares e se misturou a novos elementos, como o Congado

ou Reinado. Atualmente, elas constituem um auto, em que são dramatizadas as

passagens bíblicas do nascimento de Cristo, da visitação dos reis magos e da fuga da

sagrada família para o Egito. Acompanham os foliões: tambores, cavaquinhos e

pandeiros. A Folia de Reis é comemorada, principalmente, em pequenas cidades do

interior de Minas Gerais, São Paulo e Nordeste, e sobrevive nas periferias de grandes

capitais. O ritual tem o seu início ao sinal do toque acelerado da sanfona e dos

instrumentos de percussão, uma extensa roda de espectadores animados se forma,

aguardando ansiosamente a entrada do palhaço, personagem mascarado da Folia de

Reis. O palhaço pede licença ao dono da casa para iniciar sua apresentação espetacular a

que todos chamam de brincadeira, na qual esse personagem de aparência e gestos

assustadores declama versos rimados e cômicos conhecidos como chulas, como o

abaixo:

"Quem é bom já nasce feito

Eu tento fazer o que pode

Me dá licença meu povo

que eu tô dentro do pagode

você vai me dar os dois real

eu posso falar do seu bigode?"

13. HISTÓRICO

A Folia de Reis é uma festa religiosa de origem portuguesa, que chegou ao

Brasil no século XVIII. Em Portugal, em meados do século XVII, tinha a principal

finalidade de divertir o povo, enquanto aqui no Brasil, passou a ter um caráter mais

religioso do que de diversão.

Em Minas Gerais teve um crescimento nos séculos XVIII e XIX porque o estado

abrigava as principais cidades do país.

Em Cristais, a Folia de Reis remonta ao século XX, após a sagração da

Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos que, desde essa época

homenageia com muitos festejos a padroeira dos homens pretos Nossa Senhora do

Rosário. A Festa do Reinado e a Folia de Reis são manifestações culturais correlatas.

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Ambas foram trazidas pelos portugueses ( embora a origem da Festa do Reinado seja da

cultura afro, os portugueses também colonizaram a África, havendo assim os fenômenos

histórico sociais do hibridismo cultural e do sincretismo religioso ), celebram seus reis,

têm os mesmos tipos de instrumentos, usam indumentárias fantasiosas,etc. As Folias de

Reis são manifestações culturais populares muito difundidas, tanto em áreas rurais

quanto urbanas, apresentando grande diversidade de variações regionais e

denominações locais. As folias procuram reproduzir a viagem mítica à cidade de Belém,

local de nascimento de Jesus, segundo a tradição cristã, que os reis magos - Gaspar,

Melquior e Baltasar - teriam feito para adorar e presentear o menino com ouro, incenso

e mirra.

No período de 01 a 06 de janeiro, um grupo de cantadores e instrumentistas

percorre a cidade entoando versos relativos à visita dos Reis Magos ao Menino Jesus.

Passam de porta em porta em busca de oferendas, que podem variar de um prato de

comida a uma simples xícara de café

Trata-se de grupos de cantores e instrumentistas, chamados de embaixadas, que

realizam visitas rituais, às casas de devotos, distribuindo bênçãos em troca de donativos

para a realização de uma grande festa. A visitação às casas de devotos envolve

sequência ritualizada de ações, como chegada, entrada na casa, distribuição de bênçãos,

refeição, apresentação dos palhaços, ofertas, agradecimentos e despedida.

A apresentação do personagem palhaço, denominado Catirina, desenrola-se em

forte interação com o público e com os familiares da casa. Seu jogo está em divertir os

espectadores com versos e malabarismos de todo tipo e conseguir tirar proveito do

dinheiro ofertado pelos presentes. Os ganhos, assim, dependem de uma negociação

permanente entre palhaço e público, na qual se trocam versos ou bailados por dinheiro.

Catirina é o palhaço personificando o rei Herodes. É um personagem sempre

cercado de obrigações, regras e restrições. Ele deve permanecer do lado de fora das

casas dos devotos até o momento de sua apresentação e, por vezes, considera-se

perigoso tocar em suas vestes ou máscara.

O motivo de tanto cuidado com esse personagem misterioso está nos

significados a eles atribuídos. Algumas interpretações os relacionam com o diabo (o

cão), com o rei Herodes ou com seus soldados, que teriam saído em perseguição para

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matar o menino Jesus, segundo os mitos narrados. Palhaços estão aparentemente mais

ligados à esfera profana, mas seu vínculo com a folia se dá certamente pela via sagrada.

Uma pessoa, por exemplo, torna-se um palhaço, muitas vezes, em decorrência do

pagamento de uma promessa feita aos reis magos. A brincadeira do palhaço é, de certa

forma, o lugar potencial da subversão, da desordem, da criatividade, em contraste com a

formalidade e a solenidade do canto, da música, das palavras e dos gestos dos foliões.

Essas oposições parecem evidenciar um sistema simbólico que aponta para o fato de

que foliões e devotos compõem uma visão totalizadora do mundo.

A característica mais marcante do palhaço, entretanto, parece ser sua

ambivalência. O palhaço pode ser visto como um ser liminar que tem o poder de

transitar entre os domínios do puro e do impuro, do bem e do mal. Sua ambivalência é

atestada pela ideia difundida entre foliões de que um bom palhaço deve ter tanto

conhecimento sobre as profecias quanto um mestre, podendo até mesmo substituí-lo em

uma eventualidade. A ambiguidade própria do palhaço o leva a lidar concretamente com

forças perigosas decorrentes da ação das divindades ou dos próprios homens. Por esta

razão, muitos são os preparativos que os palhaços devem realizar antes de se fardar e

sair em uma folia. Ele reza, acende velas e louva a bandeira. A importância do

personagem está em renovar e atualizar.

Para receber a bandeira de volta, ao fim do longo ciclo de visitações, o altar deve

estar cuidadosamente arrumado, com imagens de santos, lâmpadas coloridas e enfeites

natalinos. Nessa ocasião, os foliões passam por um ritual especialmente importante, no

qual se despedem da bandeira. O palhaço retira as máscaras e caminham de joelhos em

direção à bandeira, deitando-se de bruços diante dela.

Diz-se que, nessa ocasião, o palhaço está pedindo perdão pela perseguição ao menino

Jesus, como aparece nos mitos, e declarando-se arrependidos. Trata-se de uma

conversão simbólica, por meio da qual é confirmada a supremacia moral do bem contra

o mal, da ordem contra a desordem. Uma das muitas explicações que foliões dão para o

uso de máscaras pelos palhaços é que, de acordo com os mitos, soldados de Herodes

que se converteram, ao ver o menino Jesus, as teriam adotado para que o próprio

Herodes não os reconhecesse e acusasse de traição.

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A importância do palhaço está em confirmar ideias, valores morais e visão de

mundo de foliões e devotos e, ao mesmo tempo, renová-los e atualizá-los por meio de

seu poder criativo. Por meio da Folia de Reis, manifestação cultural na qual a relação

entre mito e rito, pensamento e ação, ocupa lugar central, foliões e devotos ordenam

continuamente o mundo. Transmitir esses saberes na forma de uma tradição é,

necessariamente, recriá-la.

Versos para a chegada a casa:

“Senhor e dono da casa, vai chegando a folia

Vem beijar a nossa bandeira e escutar a cantoria

Vem beijar a nossa bandeira e escutar a cantoria ai ai ai !

Senhor e dono da casa, se não for muito custoso

Vem abrir a sua porta que nóis viemos de pouso

Vem abrir a sua porta que nóis viemos de pouso ai ai ai !

Nosso corpo quer descanso nóis precisamos dum canto

Nossa arma quem vigia é o Divino Espírito Santo

Nossa arma quem vigia é o Divino Espírito Santo ai ai ai !

Senhor e dono da casa, a folia vai saindo

Fica com Deus nosso pai e a proteção do divino

Fica com Deus nosso pai e a proteção do divino ai ai ai !”

Ele encerra sua entrevista cantando uma trova de nascimento:

“Vinte e quatro de Dezembro

Meia noite deu sinal

Lá do céu desceu uma estrela

Lumiou o mundo geral

Dizendo nasceu Jesus

Na noite véspera de natal

Que o galo crista da serra

Por ser um pássaro instruído

Foi ele quem deu à nova

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Que Jesus era nascido

(...) São José foi buscar luz

Na casa da mãe Maria

Quando ele vinha de volta

O messias era nascido

Se ele não tinha nascido

O que de nós, o que seria”

14. RECURSOS FINANCEIROS

Os recursos financeiros são obtidos através de doações feitas pelos moradores da

residência visitada e da população participante da festa.

15. TRANSMISSÃO DE SABERES PARA GERAÇÕES FUTURAS

Há uma preocupação em manter a tradição cultural, que é transmitida de geração

para geração.

16. PROTEÇÃO LEGAL

Inventário

17. PROTEÇÃO PROPOSTA

Nenhuma

18. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTONIAZZI, Alberto. O catolicismo no Brasil. In: LANDIM, L. (org.).

Sinais dos tempos: tradições Religiosas no Brasil. Cadernos do ISER, Rio de

Janeiro, n° ARQUIVO PÚBLICO MUNICIPAL DE CRISTAIS/MG

BERKENBROCK, Volney. Diálogo e sincretismo. Revista Rhema, v. 5, n. 20, p.

167-183, 1999. ______. A festa nas religiões afro-brasieliras. In: PASSOS, Mauro

(org.). A festa na vida: significado e imagens. Petrópolis: Vozes, 2002.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Os deuses do povo: um estudo sobre religião

popular. Uberlândia: EDUFU, 2007.

CHAVES, Wagner Neves Diniz. Na jornada de santos reis: uma etnologia da Folia

de Reis de mestre Tachico. Rio de Janeiro: Museu Nacional, 2003. Dissertação

antropologia

ENTREVISTAS com grupo da Folia de Reis ( embaixada) – 2016

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INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO DE

MINAS GERAIS. Pasta do município de Cristais.

INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL DO MUNICÍPIO

DE

CRISTAIS 22, p. 13-35, 1989.

ARQUIVO PAROQUIAL DE CRISTAIS

LIMA, Maria Salomé Reis Alves de Lima. PARREIRA, Maria Tereza Reis.

História de Cristais. Belo Horizonte, Lithera Maciel. 2000.

LIMA, Maria Salomé Reis Alves de Lima. História de Cristais: DA PRIMEIRA

POVOAÇÃO DO AMBRÓSIO À SAGA Lindeira do Município. Belo Horizonte,

Editora FAPI. 2012.

MONTEIRO, Ausonia Bernardes. A performance do palhaço da folia de reis:

estilos, danças e movimentos. In: LIGIÉRO, Z. e SANTOS, C. A. (org.). Dan- ças

da Terra: Tradição, história, linguagem e teatro. Rio de Janeiro, Papel Virtual

Editora, 2005

SOUZA, Marina de Mello e. Catolicismo negro no Brasil: santos e minkisi, uma

reflexão sobre miscigenação cultural. Afro-Ásia, Salvador, UFBA, v. 28, p. 125-

146, 2002.

_____________________ Reis Negros no Brasil Escravista. Belo Horizonte.

UFMG, 2002

19. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES

Informações obtidas juntas á comunidade

20. DATA DO INVENTÁRIO: 2016

21. MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO E SALVAGUARDA:

. Ações de Educação Patrimonial para conscientização da sociedade sobre os valores:

religioso, histórico e cultural do Bem Imaterial e sua necessidade de preservação;

. Ações do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural como agente de fiscalização

da preservação do bem imaterial, dando continuidade à tradição e promovendo sua

recriação.

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22. NÍVEL DE PROTEÇÃO

Manter o instituto do inventário, conduzindo-o para o registro como norma de proteção

para o bem imaterial. O inventario envolve tecnica que permite a catalogacao e caracterizacao

de bens com o objetivo de subsidiar politica de tutela , notadamente na forma de registro ,

instituto aplicavel aos bens do patrimonio imaterial . O instituto do registro, previsto na

Constituicão da Republica (art. 216, § 1o), destina- se a promocao e a protecao do patrimonio

cultural no seu plano intangivel

23. MOTIVAÇÃO DO INVENTÁRIO

O bem imaterial nasce da intervenção da pessoa humana no meio ambiente, construindo

sua identidade e memória enquanto indivíduo e coletividade, para cada povo e nação. Em

Cristais, assim como em outros municípios brasileiros, há uma rica diversidade cultural, como

visto, a qual deve ser dada continuidade, imprescindível à sadia qualidade de vida das presentes

e futuras gerações. É preciso possibilitar-lhes o direito à memória, a cultura e o acesso ao

patrimônio cultural imaterial, fundamentais para o equilíbrio do meio ambiente em que a

sociedade está inserida. Neste contexto, o inventário torna-se necessário para conduzir o bem ao

processo de registro, como alternativa para protecao de bens imateriais (a referencia a

materialidade faz -se a titulo de apr opriacão da base de evocacão da dimensão intangível que se

pretende protegida ) e se faz mediante identificacao da manifestacao cultural cujas caracteristicas

essenciais se vinculem a uma tradicao e se mantenham ao longo do tempo para reconhecimento

de sua relevancia como referencia de identidade de um povo ; por fim, o registro oficial do bem ,

na perspectiva de apoio a continuidade de suas caracteristicas essenciais , historicamente

construídas, e de sua valorizacao como referencia de ide ntidade da comunidade cristalense.

24.FICHA TÉCNICA

Levantamento: Data: abril de 2016

Maria Salomé Reis Alves de Lima

Marcos Antônio Marques

Elaboração: Data: abril/maio de 2016

Maria Salomé Reis Alves de Lima

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Marcos Antônio Marques

Revisão Data: junho/julho de 2016

Maria Salomé Reis Alves de Lima

Marcos Antônio Marques

Alexa Bastos Gambogi Meireles

Marcio Vinicius Reis

Maria Salomé Reis Alves de Lima

Função: Diretora da Diretoria Municipal de Cultura e Turismo - Chefe do SEMPAC

Formação: Bibliotecária – Historiadora

Marcos Antônio Marques

Função: SEMPAC Formação: informática – professor

Alexa Bastos Gambogi Meireles

Consultoria Taipa Engenharia LTDA - Engenheira civil- CREA 44538/D

Márcio Vinicius Reis -

Arquiteto e Urbanista – CAU 17.229-4