lagomar tem jeito - setembro 2011

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Lagomar: de balneário a aglomerado urbano Situado no ponto extremo norte de Macaé, o bairro Lagomar so- fre há mais de 15 anos, por falta de infraestrutura adequada que dê qualidade de vida aos mais de 20 mil moradores (dados do IBGE), na sua grande maioria, advindos de outros lugares. O Lagomar ainda não oferece qualidade de vida à população moradora. Falta educação de qualidade para crianças e jovens, saúde curativa (o bairro possui ape- nas um posto de saúde que não atende as necessidades emergenciais dos cidadãos) e preventiva/saneamento básico, água potável e urba- nização na maioria das ruas, além de um transporte que não supre a demanda. Veja nas Pág. 4. O bairro concentra milhares de moradores Usuários do transporte coletivo reclamam do serviço oferecido Centenas de usuários do transporte coletivo que serve o Lago- mar estão insatisfeitos com o serviço oferecido pelo Sistema In- tegrado de Transportes de Macaé (SIT). Ônibus lotados, horários incertos, parcos ônibus no horário de pico, o alto custo das via- gens e roletas problemáticas, entre outras, geraram insatisfação geral nos moradores. Pág.5. Os usuários do transporte estão insatisfeitos com o serviço População vive sem saneamento básico e água potável Dos três serviços essenciais, básicos e imprescindíveis utiliza- dos pela população urbana (por- que dizem respeito ao bem-estar, à saúde, ao saneamento básico), apenas um é realizado no Lago- mar – a coleta de lixo. As cober- turas de redes de abastecimento d’água e de esgotamento sanitá- rio continuam sendo esperadas pelos moradores. Pág. 08. João mostra a cor da água que utiliza em sua residência Moradores do brejo “Lagoa dos Patos” fazem carta aberta aos poderes constitutivos so- bre o despejo de 10 famílias. Leia mais sobre este as- sunto na página 02.

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Jornal tablóide do Bairro Lagomar em Macaé, o bairro mais populoso da Capital Nacional do Petróleo.

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Page 1: Lagomar Tem Jeito - Setembro 2011

Lagomar: de balneário a aglomerado urbanoSituado no ponto extremo norte de Macaé, o bairro Lagomar so-

fre há mais de 15 anos, por falta de infraestrutura adequada que dê qualidade de vida aos mais de 20 mil moradores (dados do IBGE), na sua grande maioria, advindos de outros lugares. O Lagomar ainda não oferece qualidade de vida à população moradora. Falta educação de qualidade para crianças e jovens, saúde curativa (o bairro possui ape-nas um posto de saúde que não atende as necessidades emergenciais dos cidadãos) e preventiva/saneamento básico, água potável e urba-nização na maioria das ruas, além de um transporte que não supre a demanda. Veja nas Pág. 4.

O bairro concentra milhares de moradores

Usuários do transporte coletivo reclamam do serviço oferecido

Centenas de usuários do transporte coletivo que serve o Lago-mar estão insatisfeitos com o serviço oferecido pelo Sistema In-tegrado de Transportes de Macaé (SIT). Ônibus lotados, horários incertos, parcos ônibus no horário de pico, o alto custo das via-gens e roletas problemáticas, entre outras, geraram insatisfação geral nos moradores. Pág.5.

Os usuários do transporte estão insatisfeitos com o serviço

População vive sem saneamento básico e água potávelDos três serviços essenciais,

básicos e imprescindíveis utiliza-dos pela população urbana (por-que dizem respeito ao bem-estar, à saúde, ao saneamento básico), apenas um é realizado no Lago-mar – a coleta de lixo. As cober-turas de redes de abastecimento d’água e de esgotamento sanitá-rio continuam sendo esperadas pelos moradores. Pág. 08.

João mostra a cor da água que utiliza em sua residência

Moradores do brejo “Lagoa dos Patos” fazem carta aberta aos poderes constitutivos so-bre o despejo de 10 famílias. Leia mais sobre este as-sunto na página 02.

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2 • Macaé/RJSetembro de 2011

Senhor Prefeito Riverton Mussi e senhor secretário de Ambiente, Maxwell Vaz,

Nós, moradores do entorno da antiga Lagoa dos Patos, no bairro Lagomar continuamos e estamos assustados com a possível remo-ção de nossas casas. Somos 10 fa-mílias (50 pessoas entre adultos e crianças) residentes neste local e que há cerca de dez anos vieram para Macaé por causa da oferta de trabalho que a cidade oferece.

Como todos nós não tivemos condições de adquirir imóveis em outros bairros, construímos nossas casas nesta área que, na época, nos parecia ser sobra de terra deixada pelo proprietário do lote e não invadimos como mui-tos o fizeram aqui próximo. En-tão, como ninguém e nem a pre-feitura não se manifestou contra continuamos a morar aqui por ser próximo da área urbana e de fácil acesso para o trabalho de muitos de nós.

Depois, com o tempo ficamos sabendo que o brejo (antes alaga-diço, hoje seco) se tratava de área de preservação ambiental. Então perguntamos: Por que naque-le período não nos informaram isso? A prefeitura ficou calada e no seu silêncio entendemos que poderíamos ficar. Depois nos dis-seram que a prefeitura tinha um projeto para este lugar e aí vocês tentaram outras vezes intervir aqui para nos tirar... Quando vie-mos pra cá – Rua W18 com a Ave-nida Atlântica, a prefeitura não nos impediu de construir nossas casas. Agora querem tirar nossas famílias que não vão ter onde mo-rar? Para onde vamos? O senhor Prefeito vai fazer alguma coisa para que não fiquemos desampa-rados?...

Prefeito, o senhor lembra que

da última vez que as máquinas da prefeitura vieram até aqui para derrubar nossas casas, muita gente passou mal? São vidas, se-nhor prefeito! As pessoas dizem que o senhor que se preocupa tanto com o social! O senhor tem solução para nós?

Se a prefeitura tem interesse de fazer a drenagem das águas pluviais de todo o bairro para este brejo cheio de taboas, onde havia a Lagoa dos Patos, ou se há algum projeto para revitalizar, nesse caso a desapropriação é de inte-resse público. Infelizmente o de-senvolvimento capitalista irá pro-mover um impacto social, pois 10 famílias podem ser removidas a qualquer momento. O que nos in-triga é que outras edificações que foram feitas também nesta área não irão sair daqui...

Pois bem, depois de tanto susto e insegurança que estamos passando pedimos uma solução para o nosso caso. Nós investimos muito na construção de nossas casas. Não temos dinheiro, mas temos muita disposição para tra-balhar. Não iremos impedir a der-rubada de nossas casas desde que na desapropriação, o município pague uma indenização justa aos respectivos proprietários ou nos dê outras habitações dignas para

morar! O que não pode acontecer é sermos “jogados na rua” per-dendo nossas casas construídas com o suor do nosso rosto...

Quanto ao senhor, secretário de Ambiente, Maxwell Vaz, ca-bem as seguintes perguntas: O senhor está de acordo com a re-moção de quase 10 famílias deste local para tentar revigorar uma lagoa que já está morta há muito tempo? A secretaria ambiental quer agora reparar um erro do passado quando permitiu a de-gradação ambiental sem nada fa-zer? O volume d’água que o local irá receber, principalmente nos dias chuvosos não poderá causar maior proliferação dessas ervas típicas de pântano?

Queremos lembrar as poucas vezes que o senhor esteve aqui (inclusive com um antigo presi-dente da Associação do bairro) pedindo o apoio da população la-gomaense para se eleger o senhor prometeu fazer todo o possível para que tivéssemos o básico de uma sobrevivência. Ter uma casa pra morar, ter uma habitação se-nhor secretário é um direito bá-sico de cidadania... Aguardamos o senhor de novo, pois vem mais um ano eleitoral aí, senhor secre-tário!...

Macaé, 2 de setembro de 2011.

Carta aberta ao prefeito e ao secretário de Ambiente

Sustentabilidade! Esta é a palavra que buscamos para desenvolver a primeira edição do “Lagomar tem jeito”, um jornal com a cara dos milhares de moradores, na sua grande maioria, advindos de outros lugares e que foram se instalando ao logo de

quase 20 anos, numa área de 3.239.000 metros quadrados, margeada pela Rodovia Amaral Peixoto e o Engenho da Praia de um lado e pelo Oceano Atlântico do outro.

Assim como há 189 anos, neste sete de setembro, D. Pe-dro I conclamou o povo a lutar pela independência do Bra-sil, o lançamento do tablóide na mesma data caracteriza o grito dos oprimidos que não contam com políticas públicas referentes a muitos serviços de infraestrutura urbana do tipo pavimentação na maioria das ruas, drenagem, abastecimento de água, saneamento e esgotamento sanitário, entre outras, que geram a qualidade de vida.

Considerado o bairro mais populoso da Capital do Petró-leo, com mais de 20 mil moradores, segundo dados do IBGE, o balneário que hoje virou um aglomerado, ainda possui um clima de interior contrastando com o crescimento acelerado que sofreu nos últimos anos, provocado pelo aumento do contingente de população pobre, num processo denominado de inchaço urbano.

É isso que voce irá ler nas páginas do “Lagomar tem jeito”. E, como há no planeta a urgência em equilibrar a balança do tripé da sustentabilidade, onde a economia não deve pesar mais que o social e o ambiental, e onde devemos garantir para nossos filhos uma qualidade de vida, surgiu a necessidade de mostrar o retrato da comunidade.

O recado está dado. Boa leitura!

Maria Estrela

Opinião

Palavra da editora

Editorial

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Macaé/RJSetembro de 2011 • 3

Já está vigorando desde o final de agosto o site Ob-servatório da Corrupção, lançado pela OAB (Ordem

dos Advogados do Brasil) com o objetivo de fazer pressão junto ao Poder Judiciário para priori-zar os processos envolvendo mal uso de recursos públicos, tráfico de influência e outros desvios que caracterizam a corrupção, julgando e punindo com maior celeridade os envolvidos.

O site pretende ser um canal perene entre a sociedade e a OAB para o envio de denúncias de casos de corrupção. Além disso, irá acompanhar os processos ju-diciais que tratem de desvios de recursos públicos. As denúncias recebidas serão monitoradas pela Comissão Nacional de Combate à Corrupção e os denunciantes têm

a garantia do anonimato.Na página do Observatório da

Corrupção na internet, além de denunciar, o cidadão também vai poder acompanhar o andamento dos casos de corrupção noticia-dos pela mídia. O portal também divulga uma relação dos princi-pais processos que tramitam no STF (Supremo Tribunal Federal) e no STF (Superior Tribunal de Justiça).

- A sociedade pode transfor-mar, sim, por meio da legitima pressão que ela exerce nos po-deres públicos. E ela (sociedade) deve mobilizar-se no sentido de combater essa pandemia que é a corrupção. Em paralelo, nós vamos fazer visitas ao promotor, ao juiz, ao delegado responsável e cobrar providencia – disse o pre-sidente da OAB, Ophir Cavalcan-

te. Ele lembrou que a sociedade brasileira precisa se conscien-tizar de que é a protagonista no combate a corrupção.

Cavalcante informou ainda que a OAB vai ajuizar no Supre-mo uma Adin (ação direta de inconstitucionalidade) contra os mecanismos da Lei Eleitoral que permitem o financiamento de campanha por empresas. “O em-brião da corrupção reside no fi-nanciamento de campanhas elei-torais por empresas privadas”.

O internauta que quiser fazer a denúncia no site encontrará um texto com 18 artigos, que são os termos de usos para poder par-ticipar e ao se inscrever poderá acompanhar as ações tomadas pela OAB em relação ao processo alvo de denúncia. O sigilo do de-nunciante será mantido.

Política

O site Repolítica de-senvolvido por qua-tro jovens do Rio de Janeiro, que mos-tra a cara dos polí-

ticos através da opinião pública destacou o deputado federal Dr. Aluízio Junior (PV), como o par-lamentar mais popular do estado na avaliação dos participantes.

Através de questionamentos como “Qual é o seu candidato ideal em oito perguntas”, “Quais candidatos combinam com seu perfil” e “você gosta dele?”, o site coletou respostas de centenas de internautas. A pesquisa aponta que 72 por cento das opiniões gostam do perfil político do de-putado macaense, sua ideologia e prioridades.

Dr. Aluízio também está no topo do ranking quando se tra-tam de assuntos como saúde e in-fraestrutura. O site procura mos-trar que a opinião dos eleitores/

internautas ajuda a descobrir o político mais parecido com você.

Na avaliação online, mais ob-jetiva do que as que são feitas pelos institutos de pesquisas nas ruas, o deputado segue na frente numa relação de nomes quando são combinadas questões como ética, competência e relação com a sociedade. Ao escolher em qual área o político mais demonstra atuação, 21% reconhecem que Dr. Aluízio dá prioridade a saú-de e 18% identificam que o de-putado se dedica também a área de infraestrutura, com ações nas questões de energia e transporte.

Em apenas oito perguntas, como o cargo do político pesqui-sado, Estado, partido, ideologia, valores, prioridades, popularida-de - ética e competência e atuação parlamentar, Dr. Aluízio aparece na lista como primeiro em popu-laridade. Essa avaliação é o resul-tado da nota dada pelo internau-

ta pelo desempenho do deputado em campos como transparência, finanças, equilíbrio social, sanea-mento básico, carisma, inteligên-cia, combatividade e articulação política.

Apoiado por entidades como o Movimento Pró-Democracia, or-ganização civil e voluntária, o site Repolítica surgiu pouco antes das últimas eleições no Brasil para ajudar o eleitor a escolher o can-didato com perguntas simples.

Dessa forma os indecisos po-diam encontrar o candidato ideal de acordo com suas próprias po-sições políticas. Ao fim das per-guntas o site oferecia um ranking de quem tinha ideias e propostas mais semelhantes ao que o cida-dão procurava. Hoje em dia, o site oferece uma lista atualizada pelo próprio internauta com o perfil do seu político ideal de acordo com a atuação parlamentar.

Site carioca destaca Dr. Aluízio como um dos políticos mais populares

Quando se trata de saúde o deputado está no topo do ranking

OAB observa a corrupção e acompanha denúncias

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4 • Macaé/RJSetembro de 2011

Cidade/BairroLagomar: de balneário a aglomerado urbanoSituado no ponto extre-

mo norte de Macaé, o bairro Lagomar sofre há mais de 15 anos, por falta de infraestru-

tura adequada que dê qualidade de vida aos mais de 20 mil mo-radores (dados do IBGE), na sua grande maioria, advindos de ou-tros lugares. Essa região costeira da cidade, caracterizada nos anos 90 como um balneário de lazer, onde as pessoas que possuíam sítios e chácaras utilizavam-nas para congratulações familiares, hoje, está transformada num aglomerado urbano, fruto de es-peculação imobiliária ocasionada pela corrida ao ouro negro - o pe-tróleo.

O fato da sede da Petrobras se instalar em Macaé atraindo centenas de empresas do setor offshore para subsidiá-la e o mu-nicípio ceder áreas em condomí-nio industrial próximo ao Balne-ário afim de que as empreiteiras do petróleo se acomodassem fez com que os empregados e pres-tadores de serviço também qui-sessem ficar próximo do traba-lho, comprando pequenos lotes e construindo suas residências.

Assim, nasceu o bairro, ocu-pando uma área de 323 hectares (3.239.000 metros quadrados), com 54 quilômetros de ruas, margeado pela Rodovia Amaral Peixoto e o Engenho da Praia de um lado e pelo Oceano Atlântico do outro. O subúrbio é plano e possui áreas com características ambientais - o Baixio das Rãs e o brejo Lagoa dos Patos. Uma das principais avenidas é a Quissa-mã, que corta o Lagomar desde as proximidades do Terminal Rodoviário até a área de amor-tecimento do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba (área de preservação ambiental, onde as construções são proibidas). As carroças que passam nas ruas dão um clima de interior ao lu-gar, contrastando com o cresci-mento acelerado que o bairro so-freu nos últimos anos, provocado

pelo inchamento urbano.

Retrato atual do bairro

O Lagomar ainda não oferece qualidade de vida à população moradora. Falta educação de qualidade para crianças e jovens do ensino fundamental maior (da 5ª à 8ª série), saúde cura-tiva (o bairro possui apenas um posto de saúde que não atende

as necessidades emergenciais dos cidadãos) e preventiva/sa-neamento básico, água potável e urbanização na maioria das ruas, além de um transporte que não supre a demanda. “Nós não temos parques ou praças para o lazer de nossas famílias e para que nossos filhos possam brincar. Isso é função do poder público”, disse Paulo Andrade, residente na W 20.

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Macaé/RJSetembro de 2011 • 5

Dos três serviços essen-ciais, básicos e impres-cindíveis utilizados pela

população urbana (porque dizem respeito ao bem-estar, à saúde, ao saneamento básico), apenas um é realizado no Lagomar – a coleta de lixo. As coberturas de redes de abastecimento d’água e de esgotamento sanitário con-tinuam sendo esperadas pelos moradores.

Se levarmos em considera-ção que a água é um elemento essencial para a vida, o abaste-cimento de água potável é uma das necessidades mais urgentes no local. Para não ficar sem esse líquido precioso, a maioria dos moradores durante longos anos, perfurou poços tubulares. No en-tanto, a furação indiscriminada de poços e a construção de fossas residenciais muito próximas con-taminaram os lençóis freáticos de superfície, ocasionando sérios riscos à saúde.

A nutriz Elizete Matos (30), que amamenta um bebê de cinco meses e moradora da Travessa dos Amigos - na Rua W 22, uti-liza água do poço de sua resi-dência para lavar louça, roupas

e tomar banho há mais de cinco anos. Ela informou que também possui uma fossa, como a maio-ria da comunidade, para despejar dos dejetos de sua habitação. Há exatamente um mês, começou a sentir enjoos, diarréia e outros sintomas causados pelo verme parasitário Tênia (acusado num exame laboratorial de fezes) e, para poder fazer o tratamento à base de antibiótico teve que di-minuir a amamentação. “Já co-mecei o tratamento há três sema-nas, conforme indicação médica. Depois disso começamos a tratar a água do nosso poço com cloro”.

De acordo com o pedreiro João Lima também morador da Travessa dos Amigos, há 11 anos, outras pessoas já adquiriram do-enças infecciosas e parasitárias aqui na rua, através da utilização da água dos poços. “Nós não te-mos condições de comprar água potável toda a semana. Por isso, utilizamos a água do poço (ape-sar da cor amarelada) para o banho, cozinhar, lavar as roupas e trabalhamos duro para poder comprar a água mineral para be-bermos”, revelou.

Abastecimento d’água -

Segundo informações no site da prefeitura da cidade, após a inauguração do novo reservató-rio da Cedae, que aconteceu em dezembro do ano passado, a rede de distribuição aumentaria com a expansão da adutora de água bruta e de água tratada, benefi-ciando bairros como o Lagomar e a região da Linha Azul. A obra feita pela Cedae em conjunto com a prefeitura deveria acontecer no primeiro semestre deste ano e até agora, nada.

Esgotamento sanitário - Quanto ao serviço de esgotamen-to sanitário, o lagomaense ainda não utiliza, porque somente ago-ra, a prefeitura está concluindo a rede de águas pluviais e de esgo-to que começou em 2006. Nesta fase, além da colocação dos canos para escoamento da água pluvial em direção ao mar e dos dejetos em direção à Estação de Trata-mento de Esgoto (ETE) que está sendo construída no Engenho da Praia, o Poder Executivo está recolocando a rede de abasteci-mento de água que foi tirada e pavimentando algumas ruas.

Juarez Pavuna, de Santo An-tonio de Pádua e que reside há

10 anos na W 22, contou que durante todo esse tempo pos-sui fossa comum e que quando não tem como pagar o caminhão limpa-fossa, deixa correr na rua. Desconfiado com a ação do Poder Público que está fazendo as liga-ções domiciliares de esgoto desa-bafou: “Agora estão colocando os canos, mas será que vai mesmo funcionar?”.

Na opinião do bombeiro hi-dráulico Carlos Mota, essa obra está muito demorada. “Parece até uma novela com capítulos picantes. Quando está próximo das eleições ou um ano antes, as obras ficam aceleradas e após o pleito os capítulos (obras) es-friam, pois não tem mais dinhei-ro pra tocar a empreitada”, disse.

População vive sem saneamento básico e água potável

Vanusa mostra a cor amarelada da água do poço, mesmo com cloro

Centenas de usuários do transporte coletivo que serve o Lagomar estão insatisfeitos com o ser-

viço oferecido pelo Sistema Inte-grado de Transportes de Macaé (SIT). Ônibus lotados, horários incertos, parcos ônibus no ho-rário de pico, o alto custo das viagens e roletas problemáticas, entre outras, geraram insatisfa-ção geral nos moradores.

Quer nos pontos de ônibus do bairro ou aguardando o coletivo nas paradas da cidade para po-der retornar, as pessoas ficam impacientes com a demora. Lon-ge de garantir um atendimento que respeite quem necessita do transporte, “a prefeitura dispo-nibiliza, através do SIT, 14 ôni-bus para os moradores do Lago-mar”, diz o site do município.

“Os gestores públicos nem se preocupam com os impactos eleitorais que os ônibus lotados e as demoras podem causar na hora do voto. Parece até uma

aliança, esse monopólio da em-presa Macaense. O que não dá é para ficar mais de 40 minu-tos num ponto para embarcar no ônibus superlotado e ainda chegar atrasado ao trabalho”, lamentou a auxiliar de enferma-gem Alice Brito, utilizadora do

coletivo que passa pela W 5. Descaso e desrespeito ao usu-

ário do transporte - É o que pen-sa o trabalhador da construção civil, Antonio da Silva (54 anos). Ele relata que todos os dias pela manhã dezenas de pessoas saem em comboio das Ruas W 14, W

16, W 18 e de outras, em direção à W 28, onde fica localizado o ponto final dos ônibus para ga-rantir uma vaga no coletivo. “É uma verdadeira procissão. Logo cedo, a gente vê as pessoas an-dando depressa para pegar um lugar no ônibus e poder sentar

e olha que são de 20 a 25 minu-tos de caminhada”, disse, com-pletando que são pouquíssimos ônibus passando pela W 5.

Além da superlotação nos ônibus o trânsito caótico na ci-dade do petróleo muito contribui para o estresse diário das pesso-as, principalmente, nos horários de entrada e saída do trabalho e da escola. Já nos outros horá-rios a demora entre um coletivo e outro ocasiona impaciência em quem precisa cumprir um com-promisso. “Não dá para progra-mar horário com ninguém, pois o péssimo serviço nos faz perder nossos compromissos”, protesta o inspetor de colégio José Luiz (45), morador da Rua W 16. Ele que pega ônibus às 5h50 no bairro só chega ao trabalho às 7h20 diariamente. “O serviço de transporte oferecido não permi-te que a gente descanse um pou-quinho no intervalo do almoço, pra ter mais qualidade de vida”, assegurou.

Usuários do transporte coletivo reclamam do serviço oferecido

A quantidade de ônibus não supre a demanda no horário de pico

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6 • Macaé/RJSetembro de 2011

Geral

Lagomar vai abrigar o mais novo empreen-dimento petrolífero – o Terminal Logístico Portuário de Macaé

(Terlom). Trata-se de um proje-to de investimentos na ordem de R$ 350 milhões, que será cons-truído pela Petrobras, através da iniciativa privada com a parceria do governo municipal, visando desafogar o Porto de Imbetiba, além de gerar milhares de em-pregos.

O maior Porto Naval da região irá abarcar mais de um milhão de metros quadrados e mais de mil contratações de empregos. A lo-calidade foi definida pensando no futuro e na logística de entregas de materiais, pois está próxima ao aeroporto, ao terminal ferrovi-ário e a área industrial de Cabiú-nas, onde novas indústrias estão se instalando. A região também possui três formas de acessos, através da Via Industrial, da BR 101 e da Rodovia Amaral Peixo-

to, e isso facilita a circulação dos produtos.

A Petrobras é a única em-presa de exploração de Petróleo que possui porto em Macaé. As outras, como a Shell e Sinopec realizam operações de apoio as suas unidades através de Niterói. O calado (profundidade média do porto) será de 10 a 11 metros. Dentre a sua dimensão, o TER-LOM vai contar ainda, com uma área alfandegária, Centro de Ne-gócios e Retroárea de Movimen-tação de Cargas.

O TERLOM objetiva ainda complementar outros portos da região, pois ele será todo volta-do para o petróleo, não compete com o Porto do Açu (minério), nem com o de São João da Barra (que tem como viés a construção naval).

A dimensão do projeto é mui-to grande, porém o tempo de conclusão previsto é de 18 meses para o TERLOM começar a ope-rar, a partir da Licença de Insta-

lação (LI), que depende do gover-no federal. No entanto, o projeto já foi apresentado oficialmente aos órgãos envolvidos - Instituto Estadual do Ambiente - INEA, Marinha e Instituto Chico Men-des de Conservação da Biodiver-sidade - ICMBio.

Empregos à vista – A constru-ção, o futuro porto possibilita a geração de emprego e renda para os profissionais qualificados. Du-rante a assinatura do protocolo de intenções ficou acordado que para consolidar o equilíbrio eco-nômico da cidade, a mão de obra utilizada deverá vir das locali-dades próximas ao porto, como: Lagomar, Aeroporto, Engenho da Praia, Ajuda, entre outras. Dentre as vagas de emprego es-tão as áreas de logística de cargas e materiais, montador de peças, automação industrial, soldador, pintura industrial e área admi-nistrativa.

Porto do Lagomar vai escoar petróleo e gerar emprego na região

O porto ficará localizado no litoral Lagomar

Cerca de 10 microempre-endedores resolveram se juntar e montar bar-raquinhas de alimenta-

ção (doces e salgados) e artesana-to, na principal rua do Engenho da Praia. A feira que acontece sempre às sextas-feiras e sába-dos, a partir das 17h teve início em meados de agosto.

A intenção é gerar renda fa-miliar para quem está desempre-gado e contribuir no desenvolvi-mento econômico dos pequenos produtores. Durante a feira são comercializados lanches (san-duiches, pastéis, sucos), bolos,

bombons de fabricação caseira, produtos de artesanato e outros.

Os empreendedores contam com o apoio da prefeitura (que fornece a montagem das barra-quinhas), de iniciativas comu-nitárias e do comércio local, a exemplo do Supermercado Ma-caé que disponibilizou o carro de som para fazer divulgar o evento em todo o bairro.

- Qual é o trabalhador infor-mal ou pequeno empresário que não sonha em ter o próprio negó-cio? São iniciativas como essas emanadas da comunidade que dão oportunidade para muitos

empreendedores de crescer eco-nomicamente, contribuir com a renda familiar e realizar seus planos. Eu também comecei com muita luta e agora dou a maior força para quem quer e precisa

viver dignamente – disse o em-presário Thiago Silva, do Super-mercado Macaé.

Segundo Rosangela Campos, que faz churrasquinho e molho à campanha, a feirinha veio em boa

hora na sua vida. “Essa oportuni-dade de trabalhar aqui vai salvar minha vida, pois sem emprego há meses não sabia como fazer para obter uma renda e manter minha família”.

Feirinha do Engenho gera renda familiar

A Feira informal do Engenho acontece sempre às sextas e sábados

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Macaé/RJSetembro de 2011 • 7

Uma dessas bactérias transmitidas através do consumo d’água não tratada e pela in-

gestão de alimentos contamina-dos é a cólera. De acordo com es-pecialistas no assunto, a bactéria provoca febre, diarreia e vômitos, levando o indivíduo à desidrata-ção severa. A doença pode matar em 24 horas, se não for tratada,

mas pode ser controlada por meio de reidratação e de antibi-óticos.

- A cólera é uma infecção in-testinal aguda causada pelo Vi-brio cholerae - uma bactéria capaz de produzir uma enteroto-xina que causa diarréia. A doença é de transmissão fecal-oral e os fatores essenciais para sua dis-seminação são as condições de-

ficientes de saneamento, particu-larmente a falta de água tratada. Entretanto, o risco de aquisição da doença para quem mora em bairros com saneamento básico adequado é relativamente menor e, basicamente, está mais relacio-nado aos alimentos, uma vez que podem estar contaminados na origem e o seu preparo exige hi-giene adequada – explica um site

de pesquisa. A forma mais efetiva de impe-

dir a instalação da cólera em uma localidade é a existência de infra-estrutura de saneamento básico adequada, o que não é o caso do Lagomar. Os especialistas adver-tem que em caso de utilização d’água de poços ou coletada di-retamente de rios ou lagoas, as pessoas devem estabelecer (com

supervisão técnica especializada) uma vigilância domiciliar mí-nima que permita o tratamento (cloração) da água utilizada para consumo e preparo de alimentos. “Quando não houver um sistema público de saneamento, as pes-soas devem construir uma fossa séptica que permita a coleta e o tratamento de esgotos, sem con-taminação do lençol freático”.

RegiãoUPA: A cara do abandonoInstalada na Avenida Quis-

samã, a principal e próxi-ma ao Terminal Rodovi-ário do bairro, a Unidade de Pronto Atendimento

24 horas – UPA do Lagomar, que deveria oferecer aos moradores um atendimento especializado de saúde e de emergência está abandonada.

A obra construída numa área de 1000 metros quadrados é fru-to de parceria entre o Governo do Estado e a Prefeitura de Ma-caé e seria inaugurada no final de março deste ano. No local, nossa reportagem apurou que além do abandono por parte dos poderes constitutivos, o prédio está so-frendo ação de vândalos que des-truíram a porta principal. Além disso, toda estrutura lateral já apresenta pontos de ferrugem.

Preparada para realizar de 200 a 300 atendimento/dia (clí-nico, de emergência, de raio-x e ultrassonografia), a UPA foi construída pelo Estado, cabendo ao município equipar (móveis,

equipamentos e utensílios) e con-tratar o pessoal para trabalhar na Unidade de Saúde composta por cinco consultórios, dez leitos, sala de espera e de acolhimento, cozinha, banheiros e outras.

Segundo o comerciante Luiz Carlos (47), que trabalha nas pro-

ximidades, se a UPA do Lagomar estivesse funcionando iria favo-recer a milhares de pessoas com atendimento de saúde. Durante entrevista à nossa reportagem, Carlos alertou que a caixa d’água aérea pode cair a qualquer mo-mento e enumerou os danos que

estão acontecendo no local. - A caixa d’água está por um

fio, pois quando dá um vento mais forte ela balança muito, a porta principal escancarada, o resto do material que os constru-tores deixaram coloca em risco

a vida das crianças que brincam no entorno do prédio. Além dis-so, a UPA está sendo frequentada pelos cachorros durante o dia e à noite, servindo de motel ou quem sabe de esconderijo de usuários de drogas - lamentou.

Moradores do bairro correm o risco de contrair cólera

Abandonada, a Upa sofre ação de vândalos

As pessoas constroem as fossas por falta de saneamento público

A água não tratada pode transmitir bactérias que matam em 24 horas.

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8 • Macaé/RJSetembro de 2011

Nos Bastidores...

Vem aí um dos pleitos eleitorais mais demo-cráticos do país – a eleição dos conselhei-

ros tutelares para o Conselho Municipal de Defesa dos Direi-tos da Criança e Adolescente (CMDDCA). O conselheiro, en-tre outras atribuições, zela por crianças e adolescentes que fo-ram ameaçados ou que tiveram seus direitos violados, cumprin-do o que determina o ECA (Esta-tuto da Criança e do Adolescen-te). A eleição está programada para acontecer no próximo dia 25 (domingo) de 9 às 17h. O eleitor do Lagomar, Engenho da Praia, Barreto, Parque Aeropor-to e outros da área norte da cida-de deverão votar na escola mu-nicipalizada Leonel de Moura

Brizola, na Estrada do Aeropor-to, 146, Barra de Macaé. Fique ligado e vote em pessoas idôneas

e de caráter ilibado. Não se es-queça de levar o título de eleitor e um documento com foto!...

Eleição de conselheirosFlagrante ambiental

Uma área de restinga (fragmento de Mata Atlântica) localizada

no Barreto, entre a Avenida Amaral Peixoto e a orla ma-rítima está sendo invadida!... Ou será que foi adquirida e teve licenciamento ambien-tal para construir? É preciso que a secretaria de Ambiente (Sema) fiscalize aquele local a fim de manter o ecossiste-ma natural e de importância para o meio ambiente. Nossa reportagem flagrou um muro

sendo erguido naquela área, que representa um fragmen-to do ecossistema de restinga ainda bem preservado em nos-so município com reconhe-cida função ecológica. A res-tinga que fica próxima a Apa do Barreto (Área de Proteção Ambiental) é prioritária para a conservação e impõe ao poder público o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Estamos de olho!...

Militância do PV discute estratégiasRecentemente, cerca de 250

filiados do PV discutiram estratégias para as eleições mu-nicipais do próximo ano. Du-rante o encontro ocorreu um workshop sobre políticas pú-blicas, com objetivo de avaliar o crescimento da sigla na cidade e ao mesmo tempo definir com suas bases as estratégias para o avanço do partido. O evento faz parte de uma programação que tem levado à população, informações relacionadas aos seus direitos e deveres diante do poder público. O resultado foi que os filiados saíram ainda mais motivados com a militân-cia política, sintonizados com a proposta do partido e com a forma de participar e praticar políticas públicas. Não é todo partido político que qualifica seus filiados para o embate nas urnas. Nossos aplausos aí para os organizadores da cidadania política!... A foto é do empre-sário Thiago Silva, morador do Lagomar e filiado ao PV que participou do evento.

Ensino fundamental maiorO artigo 11, inciso V, da Lei de

Diretrizes e Bases (LDB) diz que é competência do município oferecer obrigatório e gratuito a Educação Infantil (creches de 0 a 3 anos e pré-escolas de 4 e 5 anos) e ressalta que em prioridade deve ser oferecido o ensino fundamen-tal (anos iniciais do 1º ao 5º ano e anos finais do 6º ao 9º ano).Com relação à educação, o Lago-

mar possui apenas duas escolas de Educação Infantil (maternal e pré-escolar) e ensino fundamen-tal (1 à 4ª séries) com salas de aula, insalubres e sem conforto, algumas com ventiladores dani-ficados e quadros negros em pés-sima qualidade. É preciso que se construam escolas para o ensino fundamental maior, pois muita gente se queixa que seus adoles-

centes têm que estudar noutros locais, longe de casa...

Maria [email protected]