j.outeiral - adolescencia. modernidade e pos-modernidade

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  • 7/25/2019 J.outeiral - Adolescencia. Modernidade e Pos-modernidade

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    Capitulo 14

    Adolescncia: modernidade e ps-modernidade

    No sou nenhum Spinoza para fazer piruetas no ar Tchekhov

    Outro ttulo possvel...

    A metamorfose ambulante de Pedrinho Skywalker em Gotham City

    Enunciado....O enunciado bsico desta bricollage, escrita em um styleum tanto ps-moderno, quevivemos um perodo onde a sociedade e a cultura sorem intensas mudan!as etransorma!"es de paradi#mas e valores que incidem poderosamente na e$istncia dosadolescentes, criando um gap generacional, entre os eles e os adultos% &ste perodo denominado por al#uns autores comops-modernidade.

    efini!"o ps-modernidade ! um conceito multifacetado "ue chama a nossa aten#o para umcon$unto de mudan#as sociais e culturais profundas "ue esto acontecendo neste final dos!culo %% em muitas sociedades & a'an#adas &. (udo est) englobado* uma mudan#a

    tecnolgica acelerada, en'ol'endo as telecomunica#+es e o poder da inform)tica,altera#+es nas rela#+es polticas, e o surgimento de mo'imentos sociais, especialmente osrelacionados com aspectos !tnicos e raciais, ecolgicos e de competi#o entre os seos.as a "uesto ! ainda mais abrangente* estar) a modernidade em si, como uma entidadesociocultural, desintegrando-se e le'ando consigo todo o suntuoso edifcio da cosmo'isoiluminista /'avid ()on

    #etamorfose ambulante

    0u prefiro ser essa metamorfose ambulante do "ue ter a"uela 'elha opinio formada sobre

    tudo.Se ho$e eu te odeio amanh lhe tenho amorlhe tenho horrorlhe fa#o amor.*aul +ei$as, Metamorfose ambulante

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    A clnica do quotidiano nos permite constatar que, eetivamente, uma srie de paradi#mas e

    valores de nossa +ociedade, circunst.ncias que se mantiveram relativamente estveis nodecurso de vrias #era!"es que nos antecederam, est/o sendo contestados, modiicados e,mesmo, subistituidos por outros muito dierentes% &sta observa!/o pode ser descrita como o0 advento 0 da condi#o ps-moderna 1 ou & ... a lgica cultural do capitalismo tardio &,como descreve 2% 3amelson 4, ou se5a, a etapa intermediria entre o 0 es#otamento 0 damodernidadee o perodo que a ir suceder e que n/o sabemos, e$atamente, como ser%

    6a sociedade humana 1 escrevem vrios autores, como 7ertrand *ussel 4 desde os seusprimrdios, sempre oi assim: durante um certo espa!o de tempo, 8s ve9es, abran#endoal#uns sculos, uma srie de elementos sociais, econmicos e culturais permanecem ,aparentemente, estveis at que em um determinado momento, que poder ocupar al#umas

    #era!"es, ocorre uma 0 ruptura 0, sur#indo momentos de instabilidade, incerte9as emudan!as bruscas, e aps uma nova etapa se estabelece% 2oi assim, por e$emplo, ao inaldo medievo, em torno dos sculos ;< e ;oethe, que 0 %%%a nitidez ! uma con'eniente distribui#o de luz esombra ... &, ou se5a, que n/o pretendo 0 e$plicar tudo 0 4 o movimento das placastectonicas% &stas placas, que comp"em a supercie terrestre, durante lon#os espa!os detempo , aparentemente 1 embora este5am, na verdade, em constante movimento eprodu9indo um ac?mulo de ener#ia 4, parecem estar em repouso, at que o ac?mulo de

    ener#ia produ9 movimentos perceptveis a que denominamos terremotos e novasacomoda!"es sur#em ent/o% 6/o esque!amos que nosso continente sul-americano era unido8 Arica %%% &stas novas acomoda!"es dar/o lu#ar a novos terremotos e assimsucessivamente, num movimento contnuo% @om o desenvolvimento da sociedade umanaacontece al#o parecido: a dade Bdia, como comentei antes, oi 0 estvel 0 durante al#unssculos, ocorreu um 0 terremoto 0 durante al#umas #era!"es, e se estabeleceu, ent/o, adade Boderna%

    C possvel, pensam al#uns autores, que este5amos vivendo um 0 terremoto 0 D a condi#ops-moderna - , perodo de transi!/o entre a modernidade e o que a ir suceder %%% lo#osur#e a per#unta sobre que atores provocam essas 0 mudan!as 0 E

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    restrito ao trabalho dos mon#es copistas e que permanecia na posse da #re5a, ori#inandomudan!as das quais o livro de umberto &co, O nome da rosa , nos relatama#niicamente 4, na esteira desse processo sur#e a *eorma rotestante e a @ontra-reorma, enim, um sem n?mero de atores sociais, econmicos e culturais se modiicaram,ouve um esva9iamento do medie'onos sculos ;alilei s/o e$emplos desses tempos de mudan!a, quando ao airmarem a teoriaheliocentrica, com os astros #irando ao redor do sol, em oposi!/o a cren!a da poca de quetodos os astros #iravam ao redor da terra, oram e$ecrados por determina!/o dostatus "uoou do establishment vi#ente 1 uso e$press"es em idiomas dierentes para marcar o te$to,um hiperte$to, pois, como sabemos ou n/o, o latim oi o idioma da dade Bdia, o rancsda dade Boderna e o in#ls o da s-modernidade %%% 4% As idias destes matemticos eastrnomos colocavam em risco os paradi#mas e os valores da poca e eles oram punidos,na verdade, na busca do poder em banir as novas idias laicas e o esprito cientico que

    F

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    eles representavam e que colidiam com um modelo de interpreta!/o teol#ico da vida e domundo 1 >leiser, GGH 4%

    - D

    Q% 7ion, psicanalista in#ls, escreve sobre estes enmenos sociais ao desenvolver osconceitos de mudan#a catastrfica1 que se superp"e ao que denominei de 0 terremoto 0na metora #eol#ica 4 e do papel do mstico % @omo mdico e psicanalista meu vrtice deobserva!/o dos atos , naturalmente, limitado: a comple$idade destas quest"es e$i#e, naverdade, o concurso de vrias reas do conhecimento% At a#ora me aventurei de maneiraarro#ante, entre outros, na sociolo#ia e na ilosoia, elementos ora de meu quotidianomdico, mas buscava preparar o caminho para poder escrever sobre minha prtica,articulando conceitos e buscando, se tiver en#enho e sorte para tanto, a9er uma ra9oveltessitura destes campos%

    (% >rimber# 1 >rimber#, GHF 4 tece considera!"es sobre a mudan#a catastrfica, sereerindo ao campo psicanaltico, mas e$pressando idias que se aplicam 8 sociedade comoum todo:

    udan#a catatrfica ! uma epresso escolhida por 2ion para assinalar uma con$un#oconstante de fatos, cu$a realiza#o pode encontrar-se em di'ersos campos3 entre eles, amente, o grupo, a sesso psicanaltica e a sociedade. s fatos a "ue se refere a con$un#oconstante podem ser obser'ados "uando aparece uma id!ia no'a 5 ... 6 a id!ia no'acont!m, para 2ion,, uma for#a potencialmente disrupti'a "ue 'iolenta, em maior ou menorgrau, a estrutura do campo em "ue se manifesta. ssim, um no'o descobrimento 'iolenta aestrutura de uma teoria pr!-eistente 5... 6 7eferindo-se a fatos em particular, tal comoacontecem nos pe"uenos grupos terap8uticos, a id!ia no'a epressada numa interpreta#o

    ou representada pela pessoa de um no'o integrante, promo'e uma mudan#a na estruturado grupo. 9ma estrutura se transforma em outra atra'!s de momentos de desorganiza#o,sofrimento e frustra#o3 o crescimento estar) em fun#o dessas 'icissitudes...

    elo e$posto, pensando com Q% 7ion, teremos que quando um conhecimento 1 ou um atonovo sur#e 4, ele altera e transorma a estrutura de uma +ociedade, que n/o conse#ue maise$ercer uma un!/o continente adequada para o que era considerado um con$unto de'erdades1 paradi#mas, valores, etc%%% 4S nesse momento ocorre uma mudan#a catastrficaeuma nova estrutura se estabelece% =ma outra concep!/o importante que nos oerece Q%7ion di9 respeito ao que ele denomina o msticoe a rela!/o deste com o #rupo% O msticocomo o representante #rupal de uma nova idia ou concep!/o%

    rimber#%

    indi'duo ecepcional pode ser descrito de diferentes maneiras3 pode-se cham)-lo deg8nio, mstico ou messias. 2ion utiliza, de prefer8ncia , o termo mstico para referir-se aosindi'duos ecepcionais em "ual"uer campo, se$a o cientfico, o religioso, o artstico ououtro 5...6 mstico ou o g8nio, portador de uma id!ia no'a ! sempre disrupti'o para ogrupo 5...6 de fato, todo g8nio, mstico ou messias ser) criati'o e niilista, ambas as coisas

    J

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    seguramente 5...6 desde "ue a origem de suas contribui#+es ser) seguramente destruti'ade certas leis, con'en#+es, cultura ou coer8ncia de algum grupo...

    +u#iro, se#uindo essa linha de pensamento, que os adolescentes e$ercem ao lon#o demuitos momentos histricos o papel do mstico, promovendo mudan#as catastrficas e

    a9endo, assim, andar o carrossel da sa#a humana, a evolu!/o de nossa sociedade% Q% 7ion,inclusive, postulou em uma palestra que adolescncia um e$emplo de turbul8nciaemocional, "ue ocorre "uandouma crian#a "ue parecia calma, tran":ila, comportada edcil se torna agitada, contestadora e perturbadora.&m um dos captulos deste livrodescrevi como os adolescentes, tanto por motivos internos 1 buscando, por e$emplo,e$ternali9ar ativamente na transorma!/o social os processos internos de transorma!/ocorporal que sorem passivamente, reali9ando a transorma!/o do passi'o em ati'o, comosu#ere +% 2reud ao descrever o par antittico passividade-atividade, ou na e$ternali9a!/osocial da rivalidade resultante da re-edi!/o edpica nesta etapa4 eIou e$ternos 1 sentidocrtico social a#u!ado ao alcan!ar nveis abstratos de pensamento, ausncia decompromissos sociais como adultos, pais ou proissionais, etc% 4 , historicamente, um dosprincipais a#entes de transorma!/o social%%

    - D

    &mbora utili9e, obviamente, reerenciais tericos, quero diri#ir minhas idias pela clnica epelo quotidiano de minha prtica, que representa mais de trs dcadas de atividadepsiquitrica e clnica com crian!as, adolescentes e suas amlias% 6/o tenho o intento deestar construindo um paper ou ser umscholar, mas sim o de estar buscando interlocutorespara discutir minhas idias, ou a sntese de um con5unto de idias que sou capa9 de reali9arho5e % rocuro tambm uma lin#ua#em, tanto quanto possvel, que se5a comum, distante do5ar#/o tcnico habitual : se or possvel, com esta lin#ua#em com a qual nos relacionamos

    no dia-a-dia e t/o ao #osto de 'onald Qinnicott, pediatra e psicanalista brit.nico%

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    corpoS 1G4 do recrudescimento das antasias edpicasS 1 R4 vivncia de uma nova etapa doprocesso de separa!/o-individua!/oS 14 da constru!/o de novos vnculos com os pais,caracteri9ados por menor dependncia e ideali9a!/oS 1 N 4 da prima9ia da 9ona ertica#enitalS 1F4 da busca de um ob5eto amorosoS 1J4 da deini!/o da escolha proissional 1 M4do predomnio do ideal de ego sobre o ego ideal S enim, de muitos outros aspectos que

    seria possvel se#uir citando, mas, em sntese, da or#ani9a!/o da identidade em seusaspectos sociais, temporais e espaciais 1 Aberastur) Pnobel, GHS >rimber#, GHSOuteiral, GLNS GGNS NRRR 4% &m vrios trabalhos anteriores enoquei dierentes aspectosdeste momento evolutivo% As transorma!"es da adolescncia ocasionam lutua!"es que secaracteri9am por momentos pro#ressivos D onde predomina, entre outros aspectos, oprocesso secundrio, o pensamento abstrato e a comunica!/o verbal D e momentosre#ressivos D com a emer#ncia do processo primrio, da concreti9a!/o deensiva dopensamento e a retomada de nveis n/o verbais de comunica!/o%

    C necessrio, tambm, considerar que, da mesma orma com que o conceito de crian#acomo indivduo em desenvolvimento e com necessidades especicas sur#e em torno dosculo ;

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    ponto de 'ista, uma diminui#o das ati'idades seuais, a desseualiza#o das rela#+es deob$eto e dos sentimentos 5 e, especialmente, a predomin

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    quarenta, no sculo ;;, o @enso 'emo#rico do 7>& revelava que crca de FR V dapopula!/o vivia nas #randes cidades, enquanto HRV habitava as 9onas rurais e pequenascidades , situa!/o que se inverte na passa#em para o sculo ;; quando LRV da popula!/ohabita nos centros urbanos maiores e apenas NRV nas 9onas rurais 4 e 1N4 o in#resso damulher, a partir dos anos sessenta especialmente 1 le#almente at GKN a mulher necessitava

    da aprova!/o do marido para ter atividades ora do lar 4, no mercado de trabalho% A famliapatriarcal, contituida por #rupos amiliares de vrios #raus de parentesco 1 avs, tios,primos, etc 4 , habitando espa!os pr$imos e, 8s ve9es, participantes de uma mesmaatividade produtiva, oerecia 8 crian!a e ao adolescente uma rede familiar de prote#o, nocaso de diiculdades por parte dos pais, assim como um n?mero maior de modelos paraidentiica!/o 1 mais uniormes, coerentes e estveis e pertencentes a uma mesma cultura 4% &ste #rupo amiliar prprio das 9onas rurais e dos pequenos vilare5os do interior% @om arpida mi#ra!/o para os #randes centros urbanos passamos a encontrar afamlia nuclear,constituida por um casal 1 ou somente pela m/e, em pelo menos um ter!o das amliasse#undo o 7>& 4 e um ou dois ilhos, lon#e do #rupo amiliar de ori#em, annimos,isolados e solitrios na multid/o das #randes cidades e desenrai9ados de suas culturas%&$atamente nesta dcada observamos que crian!as e adolescentes passam a chamar de tiosos adultos em #eral e os proessores em particular % &stes novos tiospenso que s/o assimdenominados por uma nostal#ia pelo #rupo amiliar mais amplo e protetor: crian!as eadolescentes 1 e seus pais 4 em busca dafamlia perdida% aulo 2reire n/o concordava comesta denomina!/o, mas penso que, se nos anos setenta, os alunos chamavam proessores detios, ho5e os proessores s/o convocados inclusive a e$ercerfun#+es maternas e paternas%

    1b4 na dcada de oitenta as quest"es di9iam respeito 8s no'as configura#+es familiares:amlias reconsitituidas, com ilhos de casamentos anteriores e do novo casamento, tendoeste ato social o reconhecimento com a lei do divrcio% 6uma sala de aula, nos anoscinquenta, poucas crian!as tinham os pais separados, enquanto ho5e um #rande n?mero viveesta situa!/o%

    1c 4 na ?ltima dcada temos a possibilidade de uma mulher ter um ilho sem rela!"es#enitais com um homem, atravs da ertili9a!/o assistida: o desenvolvimento tecnol#iconos aporta novas estruturas amiliares %%% 6/o uma 0 produ!/o independente 0, mas uma#esta!/o e um beb sem ter acontecido uma rela!/o #enital e 0 o pai 0 apenas um 0desconhecido doador de esperma 0%%% Al#umas pesquisas 5 especulam com a possibilidadede uma crian!a ser #erada apenas com clulas da m/e%

    A mulher obtm uma deinitiva inser!/o no mercado de trabalho e o tempo com os ilhos setorna menor do que nas #era!"es anteriores% @reches, ber!rios e as escolas inants setornam necessrias para compensar a aus8ncia materna, e nem sempre s/o locaisadequados e 8s ve9es a amlia n/o tem nem acesso a esses recursos% A fun#o paterna cada ve9 mais ine$istente nos #randes centros urbanos% C interessante ler o que Wuenir

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    ri da lha pegou o microfone, mandou parar o som e come#ou a falar. discurso aprincpio foi todo de persuaso.-Ns estamos a"ui para nos di'ertir. A um baile de paz. Eoc8s t8m "ue dar um bomeemplo. 0sse baile no pode ter tumulto.Como um pai en!rgico da"ueles > mil $o'ens, foi aos poucos engrossando a mensagem,

    mas mantendo o bom humor.-Eoc8s conhecem nosso regulamento, no conhecem / ;uem fizer coisa errada le'apalmada na bunda.Ficou claro at! para mim "ue ele esta'a usando um eufemismo. Sem d='ida, palmada"ueria dizer palmatria, um castigo muito usado em Gucas e "ue poderia at! "uebrarmos. ordem definiti'a 'eio no final da fala*- 0 'amos acabar com esse negcio de trenzinho. sso d) confuso.

    O que aconteceu E

    Ari da lha, velho e doente, mas respeitado, e$erceu uma fun#o paternae restabeleceu aordem na esta X

    A#ora ve5amos as mudan!as que observo nos adolescentes, perodo que a Or#ani9a!/oBundial da +a?de situa entre de9 e vinte anos% *evisando os conceitos teremos quepuberdade corresponde aos processos biol#icos e adolesc8ncia a enmenos psico-sociais%6os anos setenta a crian!a se tornava p?bere e aps adolesciaS nos anos oitenta puberdade eadolescncia ocorrendo concomitantemente e na ?ltima dcada observo condutaadolescente 1 namoro, contesta!/o, etc% 4 em indivduos ainda n/o p?beres, antes dos de9anos, com sete ou oito anos% enso, inclusive, que o conceito de inf

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    @onsiderando que este con5unto de idias se5a verdadeiro, quais ser/o os paradi#mas ouvalores que est/o sendo contestados, modiicados ou substitudos por outros E

    @omo adultos 0 modernos 0 1 pais, proessores, etc% 4 e adolescentes 0 ps-modernos 0 serelacionam E

    @omo lidar com, por e$emplo, a circunst.ncia de que a globaliza#o , pela acilidade erapide9 dos meios de comunica!/o, cria dese5os e uma l#ica cultural prpria dos pasescom um desen'ol'imento capitalista a'an#adoem crian!as e adolescentes de um pas que,como o nosso, nem in#ressou plenamente na modernidadeE @omo, ent/o, ns , adultos 0anti#os 0, posto que 0 modernos 0, poderemos entender e nos comunicar com adolescentes1 inclusive os de perieria 4 que, por hiptese, querem um tnis de marca norteamericana eum bon do (he GaDers usados por adolescentes classe mdia alta de 7oston e @hica#o E Aglobaliza#odissemina, em espa!os sociais e culturais muito dierentes , o mesmo dese5o%%%

    C dicil encontrarmos nos adolescentes de ho5e uma continuidade com as e$perinciasadolescentes dos pais: por e$emplo, o edrinho do +tio do ica-au Amarelo de Bonteiro(obato, tpico adolescente da modernidade, honesto, respeitoso com os mais velhos,nacionalista, inte#rado na amlia, rele$ivo e preocupado com os atos sociais e danature9a, etc% O que encontramos, brinco, um Pedrinho Skywalker, mistura comple$a econusa do Pedrinhodo Bonteiro (obato e&uke Skywalker , o adolescente do seriadops-moderno Huerra nas 0strelasde >% (ucas%

    +/o muitas as per#untas e eu n/o tenho respostas: primeiro porque, obvio, n/o tenho asrespostas e se, por acaso, as tivesse , n/o mataria uma boa per#unta com uma resposta,como o ilsoo 7lanchot ensinou 1 resposta ! a desgra#a da pergunta 4% rocuro, pois,produ9ir inquieta!/o e d?vida, rele$/o e pensamento% 6ovamente quero buscar a a5uda deduas cita!"es de 2% 6iet9sche%

    "ue enlou"uece ! a certeza, no a d='ida.

    A do caos "ue nasce uma estrela.

    @omo bons 0 modernos 0 e 0 iluministas 0, nascidos em um pas que tem como dstico do

    pavilh/o nacional a e$press/o Ordem e Pro'resso, vinda do positivismo do sculo ;; edas primeiras dcadas do sculo ;;, obra de Au#usto @omte, acreditamos que a d?vida e ocaos s/o indese5veis e com isto perdemos a chance de descobrir que tambm naausncia, na alta, na d?vida e no caos que sur#e o pensamento e a ra9/o e n/o s na ordeme na estabilidade%

    R

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    C necessrio conceituar, o que n/o tarea cil, modernidade e ps-modernidade% aratornar a tarea menos inspida, vamos recorrer a al#uns autores%

    'ois ilsoos, um brasileiro e outro rancs, tentam dar conta da quest/o e escrevem :

    !poca em "ue 'i'emos de'e ser considerada uma !poca de transi#o entre osparadigmas da ci8ncia moderna e um no'o paradigma, de cu$a emerg8ncia 'o seacumulando os sinais. 0 "ue, na falta de uma melhor designa#o, chamo de ci8ncia ps-moderna7% +antos 1 +antos, GLG 4

    "ue chamamos ps-modernidade / 5...6 Ie'o dizer "ue tenho uma certa dificuldade emresponder a esta "uesto 5...6 por"ue nunca compreendi completamente o "ue se "ueriadizer "uando se emprega'a o termo modernidade.B% 2oucault 1 Apud +mart, GGF 4

    O nosso humorista maior, Billor 2ernandes, tambm se aventura no tema%

    final, o "ue ! ps-modernismo / modernismo um pouco depois / No, acho eu, mas oprprio modernismo, apenas $) 'elho e precisando mudar de nome. 0 o "ue !modernismo / rte conceitual, cria#+es minimalistas, m=sica decididamente anti-musical,algara'ias. SinJnimo da"uilo "ue em tecnologia se chama progresso. mbos, modernismoe progresso, $) sendo, isto !, $) eram ...Billor 2ernandes 1 2ernandes, GGJ 4

    Como reconhecer o ps-moderno* se de algum modo 'oc8 consegue definir se o "uadroest) de cabe#a para baio ou no B ! pintura ps-moderna.K Se 'oc8 entende to bem como"uando l8 uma bula de hidropitiasinolfotena B ! literatura ps-moderna.K Se 'oc8 '8, 'irae re'ira, e o sentido est) no re'irar e no no dito B ! poesia ps-moderna.K Se 'oc8 tem desegurar a tampa en"uanto faz ii no 'aso, ! design ps-moderno.K Se 'oc8 de'ol'e aobombeiro hidr)ulico pensando "ue ! uma ferramenta es"uecida, e depois descobre "ue !um presente do seu gato B ! escultura ps-moderna.K Se cho'e dentro B ! ar"uitetura psmoderna. K Se 'oc8 fracassa por"ue procura'a eatamente a anti-'itria B ! filosofia ps-

    moderna.K Se 'oc8 pratica homosseualismo no por forma#o ou destina#o biolgica,mas por eperimentalismo sadomasoco-niilista B 'oc8 ! uma boneca ps-moderna e muitoda louca, bicho 5a6 LBillor 2ernandes 1 2ernandes, GGJ 4

    Billor 2ernades, como eu e muitos outros, 0 apenas 0 um moderno e, talve9, por issotome esse vis, di#amos, 0 pouco deslumbrado 0 para deinir a ps-modernidade: aocontrrio do que talve9 escreveriam al#uns autores ranceses %

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    O materialismo histrico nos ensina que as transorma!"es que se operam nas sociedades enas culturas se d/o atravs de um continuunpro#ressivo, e somente aps um certo #rau deacumula!/o quantitativa teremos uma altera!/o qualitativa, como pude e$por com maisdetalhes antes% &ste ac?mulo de e$perincias, que determinam as altera!"es qualitativas,

    s/o observados periodicamente na histria da humanidade, ocasionando mudan!a nosvalores ticos e morais, na esttica e na produ!/o cultural, na estrutura e na din.mica dasor#ani9a!"es sociais assim como na poltica, na concep!/o da amlia e nas rela!"es entreos homens% @omo vimos, estas transorma!"es que ocorrem na sociedade costumamacontecer aps al#uns sculos de estabilidade%

    2eathstone 1 2eathstone, GGM 4 considera, com ra9/o, que o termo modernit! oiintrodu9ido por @harles 7audelaire 1 LN-LKH 4 para quem moderno si#niicava um 0senso de novidade 0% As sociedades modernas, para este 0 poeta maldito 0 , produziriam umdesfile incessante de mercadorias, edifica#+es, modas, tipos sociais e mo'imentosculturais, todos destinados a uma r)pida substitui#o por outros, refor#ando um sentidode transitoriedade ao momento presente. flautier, em LKJ, quando estes poetas escreveram 0 ps-modernidade 0 aoa9erem uma crtica da 0 sociedade moderna e bur#uesa da poca 0 1 >ardner, GGFS@hristo, GGH 4% C, entretanto, somente em GJH, que Arnold To)nbee, matemtico,historiador e ilsoo in#ls sistemati9a a observa!/o de que uma srie de paradi#mas damodernidade estavam sendo contestados e transormados pela, assim chamada, ps-modernidade%

    O escritor in#les @harles 3encks, entretanto, retira dos ranceses a introdu!/o da e$press/o0 ps-moderno 0 e a credita ao poeta 3ohn Qatkins @hapman, seu conterr.neo, que a teriausado em LHR 1 Appi#nanesi >arrat, GGM 4%

    N

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    *icardo >oldember# 1 @hahlub, GGJ 4, cita (uc 2err) situando o ps-modernismo entreGHM e GHK e lembra de um ilme de Bel brooks% 6esse ilme de9enas de homens lutamcom espadas e lan!as% +oa, ent/o, um apito e todos param de lutar e come!am a pintar% =mdeles e$plica ent/o que come!ou o *enascimento% (#ico que as transorma!"es n/o se d/odesta maneira, mas, repito, ocupam muitas #era!"es%

    3ean-2ran!ois ()otard 1 +mart, GGF 4 polemi9a, como necessrio, sobre a e$press/o ps-modernidade, ao escrever:

    ... ou ser) a ps-modernidade o passatempo de um 'elhote "ue espiona o monte de lio procura de restos , "ue fala de inconsci8ncias, lapsos, limites, fronteiras, gulags,parataes, absurdos ou paradoos, transformando-os na glria de sua no'idade, na suapromessa de mudan#a /

    @omparto com al#uns autores, especialmente +r#io *ouanet 1 *ouanet Baessoli,GGJ 4 a necessidade de discutirmos se o 7rasil, com suas particularidades, passa damodernidade 8 ps-modernidade, pois evidente que a modernidade n/o se 0 instalou 0eetivamente entre ns e, consequentemente, n/o podemos alar de um es#otamento damodernidade em nosso pas% Bas, como nos trpicos as possibilidades nunca se es#otam e a#lobali9a!/o uma realidade, n/o s econmica mas tambm cultural, a ps-modernidadepoder estar entre ns%%%

    C interessante, a#ora, e$plicitar al#umas das caractersticas da ps-modernidade:velocidade, banali9a!/o, cultura do descartvel, ra#menta!/o, #lobali9a!/o, mundo deima#ens, virtualidade, simulacro, pardia, des-sub5etiva!/o, des-historici9a!/o, des-territoriali9a!/o, etc% 6/o se trata, evidente, de tomar a ps-modernidade como aencarna#o do mal, ela um momento de passa#em e como tal de inevitvel turbul8ncia .6/o sei, ao certo, se ela e$iste realmente como momento histrico e cultural , ou se apenas uma cria#o intelectual, mas interessante e ?til que a!amos, a partir dessas idiasum e$erccio de compreens/o deste mal-estar na cultura, parodiando o criador dapsicanlise% %

    - VII

    Ao comentar os aspectos que envolvem o processo adolescente, estrutura e din.mica queabarca tanto o adolescente como sua amlia e a sociedade, quero considerar novamenteque esta e$perincia evolutiva se reali9a em um momento em que a sociedade sore

    intensas e rpidas transorma!"es 1 talve9, melhor dito, um con5unto de rupturas 4 de umasrie de paradi#mas 1 idas, valores morais e estticos, processos de pensamento, etc % 4que podem ser considerados dentro do conlito 0 modernidadeversusps-modernidade0%Assim, vou abordar uma srie de elementos paradi#mticos que ser/o comentados cada umpor sua ve9, embora queira dei$ar bem claro que cada um deles um io de uma tramatecidual, elementos entremeados, partcipes de uma intera!/o dialtica, que estar/o isoladosapenas por uma quest/o didtica e metodol#ia% 2ica ao leitor a su#est/o para que

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    estabele!a a li#a!/o entre eles, or#ani9ando estepuzzle comple$o e ra#mentado que oquadro de nossa sociedade atual e, inclusive, aumente a lista dos paradi#mas abordados%

    1. O tempo r(pido ouA 'era!"o fast. O mundo delivery

    rapidez das transforma#+es globais torna obsoletos os costumes, a poltica e a ci8ncia.1 Antonio 6e#ri, A desmedida do mundo, @aderno Bais% 2olha de +/o aulo% NR desetembro de GGL 4

    O enunciado bsico de que o tempo das crian!as e adolescentes ho5e muito mais rpidodo que o tempo dos adultos: reiro-me, evidentemente, ao tempo interno, tempo deelabora!/o das e$perincias, e n/o apenas ao tempo cronolgico, tempo do movimento dosastros, das esta!"es, das colheitas ou dos rel#ios% &les s/ofast Didsmas ns n/o somosfast parents ... +abemos que dicil conceituar o tempo ou alar dele% +anto A#ostinho,ilsoo da dade Bdia 1 sculo < 4 procurou dar conta dessa diiculdade ao comentar que... no se pode '8-lo, nem sentir, nem escutar, nem cheirar e pro'ar...

    Baurcio Pnobel 1 Pnobel, GHJ 4 considera que o adolescente tem uma caractersticamuito especial em sua rela!/o ao tempo% &le escreve:

    Iesde o ponto de 'ista da conduta obser')'el ! poss'el dizer "ue o adolescente 'i'e comuma certa desconeo temporal* con'erte o tempo presente e ati'o como uma maneira demane$)-lo. No tocante sua epresso de conduta o adolescente parece 'i'er em processoprim)rio com respeito ao temporal. s urg8ncias so enormes e, s 'ezes, as posterga#+esso aparentemente irracionais.

    A airmativa de Baurcio Pnobel nos remete ao ato de que prprio desse momentoevolutivo a utili9a!/o do tempo dentro de critrios doprocesso prim)rio, tal como descritopor +% 2reud, quando o tempo vivido predominantemente em un!/o das demandasinternas, inconscientes, tempo interno, tempo de elabora!/o% Os adolescentes vivem , ent/o,em un!/o de suas transorma!"es psquicas, este aastamento do tempo cronolgico% &stasitua!/o mais intensa quando a +ociedade sore, como vimos, ela prpria intensas erpidas transorma!"es em sua concep!/o de tempo % A #lobali9a!/o e9, atravs dascomunica!"es rpidas e mais ceis, um tempo fast%%% @omo e$emplo posso lembrar quequando Abra/o (incon oi assassinado os americanos mandaram avisar os in#leses, atravsde um barco muito velo9, do acontecido: a via#em levou tre9e dias% o5e qualqueracontecimento na @asa 7ranca estar em nossas casas em tempo real, ou 8 noite teremostodos os atos nos noticirios de televis/o e inorma!"es adicionais pela internet%

    +u#iro que continuemos um pouco mais com Baurcio Pnobel 1 Pnobel, GHJ 4 :

    transcorrer do tempo se 'ai fazendo mais ob$eti'o 5 conceitual 6 sendo ad"uiridasno#+es de lapsos cronologicamente orientados. @or isso creio "ue se poderia falar de umtempo eistencial, "ue seria um tempo em si, um tempo 'i'encial ou eperiencial, e umtempo conceitual .

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    @omo havamos comentado antes o autor aborda a distin!/o que os #re#os a9iam dechronos, o tempo conceitual, e tempus, o tempo interno, da sub5etividade do ser% &ssadistin!/o entre esses dois tempos essencial ao sentido de sel 1 ou ao going on beingde'onald Qinnicott 4 e a or#ani9a!/o da personalidade, reali9a!"es estreitamente li#adas aoprocesso adolescente% 6essa etapa a no!/o de tempo assume, basicamente, caractersticas

    corporais e ritmicasS tempo de dormir, tempo de comer, tempo de estudar, etc%ro#ressivamente, acompanhando o lento desenvolver do processo o adolescente vaiadquirindo uma no!/o de tempo conceituali9ada, que implica na discrimina!/o entrepassado-presente-uturo, interno e e$terno e a aceita!/o da perda do corpo inantil, daidentidade inantil e dos pais da in.ncia 1 Aberastur), GHFS Outeiral, GLF 4% +ur#e, ent/o,a capacidade de espera, da elabora!/o do presente e do estabelecimento de um pro5eto parao uturo a partir das memrias do passado% @omo posso perceber, a5udado tambm pelaobserva!/o clnica,, o processo adolescente no que respeita aos paradi#mas vinculados aotempo s/o comple$os e diceis de serem elaborados, situa!/o que se problemati9a aindamais quando nos derontamos 1 alm de uma velocidade maior 4 com transorma!"es erupturas no conceito de temporalidade%

    enso que ser interessante prosse#uir em nossa discuss/o comentando a e$perincia com otempo vivenciada pelos pais, assim como pelos adultos em #eral, em contraste com a dosadolescentes% 6s, adultos, vivemos um tempo onde, por e$emplo, o aprendi9ado da 0taboada 0, as quatro opera!"es bsicas da matemtica, era um processo demorado queocupava al#uns anos da in.ncia% (embro dos proessores dividirem as turmas de alunos epromoverem acirradas competi!"es sobre a 0 taboada 0% Os adolescentes ho5e, talve9, n/osaibam ho5e nem o si#niicado da palavra 0 taboada 0 e s/o capa9es de reali9ar as opera!"esmatemticas bsicas e al#umas comple$as, instantaneamente, com uma pequenacalculadora simples de operar , de custo bai$o, com ormato de cart/o e movida por ener#ialuminosa %%% C dicil, com essa 0 prtese 0, e$plicar a import.ncia do desenvolvimento dopensamento matemtico %%%

    O campo da literatura tambm me permite comentar essa 0 ratura 0% A leitura de um livrocontrasta muito com a utili9a!/o de um te$to multimdia% O livro uma lon#a seqYncia deuns poucos sinais, n/o muito mais que duas de9enas, que revelam uma narrativa queconvida, pro#ressivamente, atravs do tempo, 8 utili9a!/o da ima#ina!/o: a leitura deGrabiela) cravo e canelade 3or#e Amado permite que cada leitor, por e$emplo, 0 construa0 sua >abriela, lentamente e de tal orma que a ima#ina!/o de quem l n/o corresponde 8>abriela nem do escritor e nem do ilustrador, @ar)b% , na literatura, com seu convite 8cria!/o e 8 ima#ina!/o, uma intera!/o escritor-leitor, uma e$perincia compartida, demutualidade, de um espa!o esttico a ser preenchido pelo leitor e que leva 8 uma vivnciaativa de quem se aventura nesta via#em que 0 ler 0%% 6os meios de comunica!/omultimdia vrias dessas un!"es est/o preenchidas e s/o oerecidas 0 prontas 0, para agera#o deli'ery, por um sotZare e um hardZare cada ve9 mais rpidos 1 embora tambmrapidamente se tornem obsoletos 4 , imediatamente, como prprio de uma cultura 0 astood 0, para serem consumidas por um 0 espectador 0 que assiste %%% 0 Assiste 0 caracteri9abem a quest/o pois su#ere al#o passivo: nin#um 0 assiste 0 um livro, ns 0 lemos 0 umlivro X Beus ilhos me mostraram, h pouco, um @'*-*OB com a obra do 3or#e Amado:l pelas tantas sur#e na tela uma prateleira com a lombada de cada um dos livros do autor eclicando o 0 mouse 0 sobre um deles sur#e uma sntese da obra 1 0 n/o h tempo a perder %%%

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    0 4 e clicando sobre o nome de um dos persona#ens sur#e uma breve bio#raia e lo#odepois um trecho de um ilme sobre o livro ou de uma telenovela e lo#o depois, um novo 0clique 0, um ra#mento de uma m?sica cantada por um popular cantor baiano sobre o te$toe lo#o depois al#uns crticos a9endo comentrios de poucos minutos e lo#o depois umcomentrio sobre o pensamento poltico do escritor e lo#o depois %%% enim, tudo muito

    rpido e pronto, percebido por mim na orma com que tento transmitir ao leitor atravs da 0estrutura #ramatical ps-moderna 0% 6/o necessrio ima#inar e criar pois tudo est criado eimediatamente pronto para o 0 input 0%

    A velocidade 0 das coisas 0 , ent/o, muita distinta entre duas #era!"es, entre pais e ilhos%O advento da ciberntica possibilita ao adolescente uma e$perincia vital de e$tremavelocidade: opera!"es matemticas, contatos imediatos com todo o mundo atravs dainternet, acesso a uma quantidade de inorma!"es quase ines#otvel, etc% C dicil para umadulto 1 e ima#ine para os adolescentes 4 pensar como nos anos sessenta uncionavam os7ancos sem os computadores 1 e uncionavam %%% 4% &ste contraste entre a reernciavelocidadeItempo entre a #era!/o dos adultos e a dos adolescentes me leva a inerir que umdos vetores que nos levam a encontrar 0 ho5e 0, mais do que 0 ontem 0, adolescentes 0atuadores 0 se deve a esta quebra de paradi#ma: a tradicional, ou moderna,cadeia impulsopensamentoa!"o cede lu#ar a um modelo novo caracteri9ado pela supress/o dopensamento que demanda elabora!/o e, por conse#uinte tempo e que se coni#ura 0 ps-modernamente 0 como impulsoa!"o, bai$a toler.ncia 8 rustra!/o, diiculdades emposter#ar a reali9a!/o dos dese5os e busca de descar#a imediata dos impulsos% umrentico no paro, se paro penso, se penso di% 7% 7recht escreveu, a propsito, quequando o homem atin#e a 'erdadedescobre tambm osofrimento.Acredito, inclusive, queuma ampla ai$a de nossa clnica ho5e consituida por pacientes com sintomatolo#ia narea da conduta e na or#ani9a!/o do pensamento: um n?mero maior de amlets do queCdipos, no que muitos autores concordam 1 OuteiralS GGFS Outeiral, NRRR 4

    &stas coloca!"es s/o, evidentemente, apenas um esquema e na verdade um esquemainsuicienteS mas todos concordamos em que, embora se constituam um elemento comumao processo adolescente em qualquer perodo, na sociedade atual h uma e$acerba!/odestes aspectos% @)belle Qeimber# chama estes adolescentes de 0 #era!/o deliver) 0 %%%

    #. A cultura do descart(vel ou o permanente versus o ef*mero

    &ncontramos dois paradi#mas #eneracionais que se chocam: a modernidade busca apermanncia e a ps-modernidade o descartvel% @harles baudelaire descreveu em seusversos essa transi!/o ao alar do amor do fl

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    &ssa condi!/o se revela quando, por e$emplo, o currculo de al#umas &scolas de&n#enharia possuem uma disciplina sobre 0 durabilidade de materiais 0% 6/o apenas oestudo da adi#a dos componentes da asa de um avi/o, mas tambm determinar quantotempo dever 0 durar 0 certo material, que compor um eletrodomstico ou um automvel,ou qualquer outro produto, para que aps certo tempo esse material se deteriore e produ9a a

    necessidade do consumidor se 0 descartar 0 dele e adquirir um novo produto% Osautomveis s/o eitos para durar muitos menos do que os construdos na dcada passada: ae$plica!/o de que assim se manter a cadeia produtiva e, em conseqYncia, osempre#os %%% numa l#ica perversa um tanto perversa, sob o ponto de vista de um anti#o,isto , um homem moderno% &m nossas casas acontece o mesmo: as avs dos adolescentesde ho5e n/o colocar/o ora um copo de vidro, va9io, de #elia: um ob5eto duradouro, comuma utilidade e poder ser necessrio em al#um momento% reservar/o o copo se#uindo umpadr/o de sua cultura% Os adolescentes, entretanto, convivem e lidam com um sem-n?merode ob5etos descartveis em seu cotidiano%

    @onsiderando que entre al#umas das caractersticas da ps-modernidade encontramos ades-sub5etiva!/o e a des-historici9a!/o, as rela!"es entre as pessoas tambm poder/o tercaractersticas descartveisS caricatamente, o su$eito ser tomado como um gadgetdescart)'el.

    +. A banali,a!"o

    @hristopher 7ollas escrevendo o captuloEstado de mente fascistade seu livroSendo umpersona'em 1 7ollas, GGN 4 desenvolve idias sobre os vrios estrata#emas que o estadode mente ascista, em seu aspecto individual ou social, utili9a, citando entre mecanismos a0 banali9a!/o 0 %A 0 banali9a!/o 0 um mecanismo mental que se desenvolveinsidiosamente e, dessa maneira 1 de uma orma sutil e silenciosa 4, modiica umparadi#ma% 6ovamente ?til recorrer 8 clnica, observando o quotidiano%

    Uuando in#ressei na 2aculdade de Bedicina, ao de9essete anos, nunca havia tido contatoreal com um morto% Ao iniciarem as aulas recebi um cadver com o qual eu deveria estarem contato, estudando a anatomia e a9endo disseca!"es, durante todo um ano nas aulas deanatomia % &u o retirava da cuba de ormol todas as manh/s e esta vivncia me mobili9avaintensamente: me per#untava se aquele homem havia tido uma mulher e ilhos, como haviasido seu 0 ado 0 de acabar como meu ob5eto de estudo, teria tido uma proiss/o E'vamos um nome, inclusive, ao cadver% &le era sub5etivado e historici9ado, al#o ao estilo0 moderno 0% &ra comum n/o comermos carne porque o cadver nos vinha 8 mente,usvamos luvas preocupados com al#uma possibilidade de inec!/o e uma mscara porqueo ormol irritava as mucosas% 6esse meio tempo amos a9endo as disseca!"es e o cadver,homem morto e possuidor de um nome e de uma histria, ao inal do semestre era apenas 0pe!as anatmicas 0: ossos, m?sculos, vsceras, etc %%% 6/o era necessrio mais usar luvas,pois o ormol 0 estereli9ava 0 e tampouco mscara porque nos acostumamos ao ormol ea9amos um intervalo para lanchar na prpria sala de anatomia% 7anali9ada a situa!/ohavia apenas ra#menta!/o, des-sub5etiva!/o e des-historici9a!/o, n/o umsu$eito, mas umacoisa%

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    Acontece al#o semelhante ao descrito antes com a violncia e a se$ualidade% Uuandoal#um e e$posto 8 uma situa!/o continuada de violncia a tendncia que para conse#uirsobreviver o indivduo banali9e a situa!/o% % 7runo 7ettelheim 1 7ettelheim, GHFSGLG 4,conhecido psicanalista que esteve preso durante a +e#unda >uerra Bundial, nos campos deconcentra!/o na9istas de 'achau e 7uchenZald, nos descreve com clare9a a opera!/o desse

    mecanismo D a banali9a!/o D cu5a rai9 est no mecanismo de ne#a!/o, um dos mecanismosbsicos da deesa do e#o% odemos ima#inar o que ocorre na mente de crian!as eadolescentes e$postas, por e$emplo, atravs da mdia a uma no!/o banali9ada da violncia,'avid (evisk) 1 (evisk), GGH 4 escreve, assim como *aquel +oier , sobre os eeitos damdia na estrutura!/o psquica de indivduos em desenvolvimento : uma crian!a ou umadolescente assistindo a vrios assassinatos, diariamente, pela televis/o modiicar suamaneira de perceber a violncia da mesma orma que modiicar sua ertica seconstantemente e$posto a uma se$ualidade, em todas as suas ormas e mati9es, desdequando assiste a um ilme, uma novela ou uma propa#anda% O Binistrio da 3usti!adivul#ou uma pesquisa que constatou que as crian!as brasileiras assistiam cerca de duas atrs horas de televis/o por dia %%%

    $. A ordem da narrativa

    Ei'emos ho$e na !poca dos ob$etos parciais, ti$olos estilha#ados em fragmentos e resduos.'eleu9e e >uatari 1 3ameson, GGJ 4

    Oistoricizar sempre.2% 3ameson 1 3ameson, GGJ 4

    A maneira que encontro para come!ar a apresentar essa quest/o atravs da narrativaliterria, O romance , e$press/o literria da modernidade, introdu9ido na cultura ocidental

    atravs, principalmente, de Q% >oethe 1 HJG-LFN 4% >eor# (ukcs ao comentar Os anosde forma!"o de -ilhelm #eister , lembra que esta estrutura narrativa, que coloca o homemreal e seu desenvolvimento como elemento central, domina a literatura europia desde o*enanascimento e o ponto nodal da literatura do luminismo, atin#e seu pice com Q%>oethe% O romance de forma#o, o buildingroman , cu5os e$emplos clssicos poder/o ser,para meu #osto, o Os sofrimentos do ovem -herter1 HHJ 4 e o Os anos de aprendi,adode -ilhelm #eister 1 HGF-HGM 4 tra9em, na pena de Q% >oethe n/o apenas aconsolida!/o de um modelo narrativo literrio, mas a racionalnarrativa que pressup"es 0um incio, um meio e um im 0: a descri!/o do ambiente e a constru!/o dos persona#ens, atrama e seu desenvolvimento e , inalmente, a esperada termina!/o da histria que cativa eleva o leitor at este momento% &ste modelo de incio-meio-im alterado na ps-

    modernidade: possvel se iniciar pelo meio, ir da para o im 1 ou para o incio 4 e voltarao meio% um andamento repleto de 0 idas-e-vindas 0, 0 lashbacks 0 1 voltas aopassado 4, 0 lash-orZards 0 1 antecipa!"es 4, ra#menta!"es, simbolo#ias e metoras,elementos se#mentados, etc% O cinema nos d e$emplos importantes dessa nova narrativacom ilmes comoAmerican 'raffiti, Star -ars, Chinatown, /ody %eat) 0aiders of thelost ark,/lade 0iunner,1iss of the spider woman e tantos outros, como nos relata +teven@onnor 1 @onnor, GLG 4 em seu arti#o 23) vdeo e p4s5modernos%

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    &sta estrutura narrativa abran#e n/o s as produ!"es culturais como tambm as narrati'asde self, que cada indivduo apresenta como parte de sua personalidade 1 7ollas, GGLSOuteiral, NRRR 4%

    6. 7ma nova er4tica) o 8 ficar 8 na adolesc*ncia

    Os adultos se derontam ho5e com uma ertica dos adolescentes dierente em muitosaspectos daquela que eles vivenciaram quando 5ovens, di#amos nos anos sessenta ousetenta %%% *eunindo os quatro itens anteriores D516 rapidez,5>6 banaliza#o, 5P6 elementosdescart)'eis e 546 altera#o na ordem da narrati'a - a quest/o do 0 icar 0% 6aadolescncia inicial comum 0 icar 0 com vrios parceiros numa mesma esta e quem osobserva poder ter a impress/o de um 0 #rande enamoramento 0 1 que durar, entretanto,apenas al#uns minutos 4 e, no dia se#uinte, n/o ser de bom tom cumprimentar o parceiro,devendo-se, inclusive, i#nor-lo e n/o a9er men!/o ao acontecido% C evidente que os pais

    dos adolescentes tambm vivenciaram estas e$perincias% A dieren!a que 0romanticamente 0 1 ou de uma orma moderna 4 davam ao ato um nome 0 ele#ante 0, como0 sada 8 rancesa 0 e, o mais importante, buscava-se n/o encontrar o parceiro, ou a parceira, nos dias se#uintes por um certo sentimento de constran#imento ou culpa de ter criadouma e$pectativa no outroS tal considera!/o ho5e praticamente ine$istente%

    oder ser interessante lembrar 1 a modernidadebusca historici9ar, insisto %%% 4 que os paisdos adolescentes pertenceram ao que, prosaicamente, podemos chamar, se#uindo a Qood)Allen, 0 a era do rdio 0% As amlias se reuniam, a noite, e ouviam os captulos dirios deuma novela no rdio, sempre com al#uma dramaticidade, e todos D em especial, claro, osadolescentes - iam construindo em seu ima#inrio os persona#ens: processo lento,

    pro#ressivo% o5e, em uma novela de televis/o, som e ima#em reunidos, os persona#enss/o apresentados, 5 na vinheta de abertura, completamente despidos: somo privados doestmulo de 0 desnudar 0 ertica e criativamente, aos poucos, 8 medida que a intimidade vaise estabelecendo, pro#ressivamente, descoberta aps descoberta, o persona#em que nosdesperta o dese5o, a sensualidade %%%% A situa!/o atual cria uma ertica que, de certa orma,adquire autonomia em rela!/o ao dese5o: ou se5a, o ob5eto est 0 pronto e oerecido 0anates mesmo de ser dese5ado% 6/o e$iste mais , ent/o , 0 este obscuro ob5eto do dese5o 0t/o ao #osto dos modernos%%%

    A literatura, por e$emplo, incita uma participa!/o ativa e pro#ressiva na constru!/o doob$eto ertico: a leitura de um livro de 3or#e Amado, por e$emplo, nos convida a criar,

    di#amos, uma i#ura eminina, bastante dierente das ilustra!"es de @ar)b, umapersona#em s nossa%

    A banali9a!/o que envolve a se$ualidade determina a necessidade da cria!/o de estmulosmais intensos e dierentes: a simples ima#em despida n/o suiciente% C necessrio, nosapro$imando de uma cultura ao a#rado do marques de +ade, ou #tica 1 lembram-se de queestamos em >otham @it) 4, ou perversa como diriam al#uns psicanalistas, criarfetiches,como a tiazinha ou afeiticeira.

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    9. A est$tica da p4s5modernidade

    A esttica , num sentido amplo, uma forma , que atravs da beleza, busca cativar einteressar D por meio do prazer est!ticoe% assim, transmitir um conte=do a al#um % =m

    %pintor renascentista , por e$emplo, buscava atravs de novos elementos estticos dapintura reli#iosa interessar o espectador e transmitir-lhe a idia de 'eus% =m proessorbusca atravs de seu plano de aula e por meio de sua maneira de e$por este planotransmitir conte?dos aos alunos: ele , em essncia, um esteta%

    A diiculdade que a est!ticada modernidade e da ps-modernidade s/o dierentes% Oproessor, que utili9ei como e$emplo, um esteta de modernidadee seus alunos est/ovivenciando a est!tica da ps-modernidade S cria-se umgap entre uns e outros %%% mas necessrio e$plicitar mais% &u diria que a esttica do adulto pode ser reerida com o ilmeCasablanca% O ilme, em sntese, tem o seu pice na cena inal do aeroporto quando ocasal se despede e a mocinha volta para aris e o mocinho permanece na [rica% &la o ama,

    mas volta para seu marido em aris pois eles tem um 0 histria de vida 0 e um 0 respeitom?tuo 0, alm dela consider-lo um homem de valor, nte#ro e que luta ao lado do 0 bem 0,isto , na resistncia rancesa contra os na9istas % Os 0 modernos 0 choram com o ilmeemocionados pelos 0 paradi#mas e os valores 0 que conse#uem, atravs da razosobrepu5ar apaio% Os adolescentes n/o se emocionam da mesma orma pelo ilme: paraeles absurdo que ela volte a aris se n/o ama o marido e deveria, bvio, icar em@asablanca com seu 0 verdadeiro 0 amor% A esttica dos adolescentes, impre#nados pelaesttica da ps-modernidade, o vdeo-clip: breve, curto, ra#mentado, desocado, 8sve9es, sem incio-meio-im, n/o conta, em termos da modernidade, uma histria verdadeira%Bas tem uma est!tica e transmite um conte=do % (evando estas quest"es para a escola,penso que h uma ratura entre a fala da escolaD moderna , tipo CasablancaD e a escuta

    dos alunosD ps-modernos, tipo vdeo-clip%osso tambm abrir a quest/o, 5 reerida por muitos autores , da esttica do corpo nacultura contempor.nea, particularmente no tocante aos 5ovens% Arriscaria a di9er que ostranstornos alimentares1 anore$ia nervosa, obesidade e bulimia 4 poder/o a9er parte doque enri-ierre 3eud) 1 3eud), NRRR 4 chamou de doen#as ps-modernas, ao reerir-se aoparrat, GGM 4, no

    seu +eminrio ;

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    (his abo'e all* to thine oQn self be truend it must folloQ, as the night the day(hou canst not then be false to any man+hakespeare, amlet 1 Apud Qinnicott, GGJ 4

    Todos ns sabemos o que tica, mas se somos solicitados a conceitu-la a tarea n/o t/osimples% 2bio errmann 1 errmann, GGMS NRRR 4 considera que h uma rela!/o clssicaentre !tica e ser 'erdadeiro, reerindo-se ao compromisso do indivduo com ele mesmo ecom os outros% &le escreve

    ;ue significa !tica / No come#o do li'ro da ;tica a

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    'evemos pensar nos modelos e identiica!"es que a sociedade contempor.nea oerece: aamlia em rpida mudan!a de valores e perple$a, por um lado, e a sociedade, de outro,revelando e transmitindo - atravs da mdia, da poltica, etc - uma cultura, em al#unsaspectos, perversa%

    +i#amos adiante, abrindo nosso leque%

    dultesc8ncia , um novo termo, oi criado e, inclusive, incluido no conhecido dicionrioford ictionary 1 @adermo Bais% 2olha de +/o aulo% NR de setembro de GGL 4,mistura, em in#ls% das palavras 0 adult 0 1 adulto 4 e 0 adolescent 0 1 adolescente 4 %

    dultescente B pessoa imbuda de cultura $o'em, mas com idade suficiente para no o ser.Heraalmente entre os PR e 4R anos, os adultescentes no conseguem aceitar o fato deestarem deiando de ser $o'ens 1 'avid *oZan, 7m 'loss(rio para os anos ?@4%

    @omo icam os adolescentes tendo de lidar com modelos identiicatrios inadequados eIoucom adultos que querem ser adolescentes E Onde encontrar modelos adultossuficientemente bons E A per#unta, sem resposta, um convite para pensarmos 5untos%

    . Os espa!os da modernidade e o espa!o virtual da p4s5modernidade

    Os modernos vivenciaram dois espa!os: o espa!o da realidade e$terna e o espa!o interno,das antasias, das emo!"es e dos sonhos% Buitos ilsoos da modernidade estudaram oquanto a realidade e$terna possvel de ser 0 ob5etivamente 0 percebida sem a inluncia decate#orias do espa!o interno% Os adolescentes, entretanto, convivem com um terceiroespa!o: o espa#o 'irtual% &ste um novo espa!o, com caractersticas especiais, sur#ido hpouco mais de cinqYenta anos, muito recente portanto: ele capa9, di9em, de interagir% A%ps-modernidade tem, inclusive, muito a ver com a rela!/o e com o prprio incio desteperodo do cyberespa#o 1 (ev), 4%

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    no computador D delete D e acreditava que tudo icava apa#ado% 6um domin#o 8 tarde, todaa amlia na sala, onde icava a televis/o e o computador, e o marido, que entendia umpouco mais que ela desta ascinante mquina, oi procurar al#uns &-mails na li$eira docomputador e, atnito, 0 pu$ou todas as conversas 0 da espsa e do homem virtual% 2icouapavorado, pois convivia com a espsa h mais de vinte anos e nunca ima#inara que ela

    quisesse ouvir tais coisas e, muito menos, escrever o que ele lia %%% os ilhos colocaram-secontra a m/e, que de B/e +anta, passou a mulher 0 ad?ltera 0 %%% e o mais impressionante , aprpria mulher n/o reconhecia o que lia como al#o 0 seu 0, que tudo aquilo osse umae$press/o de seuself X

    O que aconteceu %%%

    A modernidade, como escrevi antes, enati9ou a e$istncia de dois espa#os 1 sob, pore$emplo, a inluncia do romantismo, pois estamos alando de uma histria de amor,quando esta corrente literria estabelecida por Q% >oethe, colocou o homem e suasemo!"es no centro do universo 4: 14 o espa#o interno, das emo!"es e dos dese5os, daspuls"es, da alma e do mundo dos sonhos, topos psi"uico t/o nosso conhecido, e 1N4 oespa#o eterno, dos acontecimentos reais%% A modernidade coloca as coisas nos seusdevidos lu#ares, no lu#ar certo, cada coisa em seu lu#ar, buscando a certe9a e se#uindo a'escartes, kant e a @omte %%% A ps-modernidade criou um novo espa!o, o c)berespa!o, doqual nos ala, entre outros tantos, ierre (ev) e 3ean 7audrillard: o espa!o virtual %%% oespa!o desta nova mquina, que interativa e que denominamos computador%'esconstruindo 1 ou dando oco 4 8 histria clnica dessa esposa e de sua amlia %%% essamulher, cu5a narrati'a de self, como escreve @h% 7ollas, se relaciona ao 0 moderno 0, decerta maneira ao anti#o e ao passado, s reconhecia dois espa!os, o interno e o e$terno, e oespa!o virtual, espa!o da cultura contempor.nea, espa!o hight-tec, lhe estranho e 0desconstrisua estrutura de self.

    ierre (ev) 1 (ev), GGM 4, pensador li#ado 8 ps-modernidade e ao conceito decyberespa#o, escreve a propsito:

    for#a e a 'elocidade da 'irtualiza#o contempor

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    Ocyberespa#ointervm tambm no conceito de identidade, o que nos dado pelo conceitode 0 hipercorpo 0%

    'irtualiza#o do corpo incita a 'iagens e a todas as trocas. s transplantes criam umagrande circula#o de rgos entre corpos humanos. Ie um indi'duo ao outro e tamb!m

    entre os mortos e os 'i'os ... cada corpo torna-se parte integrante de um imensohipercorpo hbrido e mundializado ...

    3ean 7audrillard 1 7audrillard, GGH 4 outro autor que nos a5uda nesta collage%

    s m)"uinas s produzem ma"uinas. sto ! cada 'ez mais 'erdadeiro na medida doaperfei#oamento das tecnologias 'irtuais. Num n'el ma"uinal, de imerso na ma"uinaria,no h) mais distin#o homem-m)"uina* a m)"uina se localiza nos dois lados da interface.(al'ez no se$amos mais "ue espa#os pertencentes ela B o homem transformado emrealidade 'irtual da m)"uina, seu operador, o "ue corresponde ess8ncia da tela. O) umpara al!m do espelho, mas no para al!m da tel. s dimens+es do prprio tempoconfundem-se no tempo real. 0 a caracterstica de todo e "ual"uer espa#o 'irtual sendo deestar a, 'azio e logo suscet'el de ser preenchido com "ual"uer coisa, resta entrar, emtempo real, em intera#o com o & 'azio & ...

    Articulando estas idias poderemos ser levados a pensar que quando al#um 0 brinca 0 comum 5o#o eletrnico no computador n/o est verdadeiramente 0 brincando 0 , mas sim 0sendo brincado pela mquina 0%

    ?. O predomnio do e>terno) da forma e da parte sobre o interno) o conteFdo e o todo

    A modernidade sempre buscou a valori9a!/o do 0 conte?do 0 sobre a orma e o e$terno 1 aaparncia sica 4 e do con5unto sobre as partes 1 subordina!/o das pessoas ao estadonacional 4, buscando no campo do indivduo a 0 pessoa total 0% A ps-modernidade , emoposi!/o, valori9a a aparncia, a supercie, e a ra#menta!/o% O n?mero de cirur#iasplsticas e os transtornos de alimenta!/o nos levam a pensar como a cultura ps-moderna ,marcisista, incide sobre os adolescentes%

    @. O mito do her4i

    Otto *ank 1 *ank, GK 4 escreveu sobre o mito do nascimento do heri, onde a partir devrios relatos mticos, da literatura e das reli#i"es, encontra elementos comuns na 0 vida 0dos heris e a9 um con5unto de observa!"es psicanalticas sobre o tema%O heri damodernidade, espelhado na cultura #re#a anti#a, tem como uma reerncia, por e$emplo,'on Uui$ote de la Bancha de Biquel de @ervantes, romance de cavalaria do quinhentos%'on Uui$ote enlouquece e dedica a sua vida 8 uma causa, o amor% Os heris modernos temsempre uma causa 0 5usta, solidria e coletiva 0: um amor, uma reli#i/o, uma ideolo#ia, etc,pela qual dedicam ou sacriicam sua vida % O heri ps-moderno, em oposi!/o, tem umacausa estritamente pessoal, da qual deve obter o m$imo de proveito, n/o solidria ,e#osticaS nunca deve se sacriicar ou oerecer a vida por ela% 'eve, isto sim, desrutar das

    NJ

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    benesses X O novo heri, o heri ps-moderno, um super-heroi narcsico, manaco epredador%

    . O conhecimento da hori,ontalidade versus o conhecimento vertical

    A passa#em da dade Bdia, com sua vis/o teol#ica do mundo e suas e$plica!"es m#icase msticas para os atos do mundo, deu lu#ar na dade Boderna 8 busca da e$plica!/ocientica, da ra9 do conhecimento em determinada rea, do #enoma para compreendermelhor o homem, prprio da modernidade: a busca da proundidade conere um estatutobaseado na ra9/o e na cincia% A ps-modernidade, entretanto, busca o conhecimentohori9ontal: um adolescente que assiste a um vdeo de cincias naturais sobre os animais dasavana aricana poder ser capa9 de reali9ar uma 0 conerncia 0 sobre o tema: ele ala doclima, das espcies que vivem neste habitat e de seus hbitos alimentares e reprodutivos%Bas ele n/o pesquisou, nunca esteve l, n/o leu nada sobre o assunto, assistiu ima#ens epoucas e$plica!"es, que ele simplesmente reprodu9 com habilidade% O resumo, a sntese, o que buscado, principalmente atravs de ima#ens, elemento undamental destacondi!/o %ps-moderna%

    H. O falso versus o verdadeiro. A p4s5modernidade como a cultura do simulacro.

    A inven!/o da oto#raia no sculo ;; possibilitou a reprodu!/o bastante pereita darealidade, liberando o artista para se aventurar mais alm, che#ando ao impressionismo e8s outras ormas modernas de representa!/o% A utili9a!/o dos ne#ativos oto#ricospropiciou uma srie de reprodu!"es e, ho5e, com uma mquina $ero$ teremos um #randen?mero de cpias, bastante reais%

    =m dos representantes mais si#niicativo deste momento And) Qarhol 1 GFR-LH 4%Tornou-se amoso por suas ima#ens em srie de produtos para consumo, pessoastransormadas em ob5etos 1 Bar)lin Bonroe, Bao-Tse-Tun#, etc% 4 ou mesmo simplesob5etos como latas de sopa @ampbell% 2reqYentando os ambientes mais variados de 6eZ\ork, munido de uma mquina olaroid 1 otos instant.neas 4 clicava ima#ens e asreprodu9ia seriadas em silk-screen ou em tinta acrlica, trabalho mais de seus assistentes deque dele mesmo, 0 produ9indo 0 1 seustudiose chamava (he factory, a brica 4 quadrosdisputados por museus e colecionadores% &ste ps-moderno persona#em, al#o #tico, comsua peruca platinada, culos escuros e uma plida maquia#em, atravs de suas obrastransmitia a idia da perda da identidade na sociedade industrial 1 reiro-me 8 se#undarevolu!/o industrial 4% &le escreveu rases como : pinto isso por"ue "ueria ser umam)"uina ... cho "ue seria sensacional se todo o mundo fosse id8ntico... ;uero "ue omundo pense da mesma maneira, como uma m)"uina... Se "uerem conhecer ndy arhololhem para a superfcie de meus "uadros, dos meus filmes e isso sou eu. No h) nada portr)s disso . 2e9, tambm, mais de sessenta ilmes que suplantaram as ronteiras possveisda banalidade: um de seus ilmes, mudo, intitulado Sleep, tem seis horas de dura!/o,re#istrando apenas um homem dormindo% +obre esse ilme ele comentou que gosto decoisas chatas...Atin#ido por um tiro deserido por um dos i#urantes de seus ilmes, na=nidade de Tratamento ntensivo , buscava se inormar das notcias publicadas na mdiasobre seu estado clnico e tratava de oto#raar seus erimentos % +ua arte entretanto n/opode ser restrita a uma anlise que a 5ul#ue repetitiva, banali9ada e despersonali9ada% 3ulian

    NM

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    +chnabel, pintor contempor.neo, talve9 e$a#erando, re#istrou com al#uma pertinncia quendy mostrou o horror do nosso tempo tanto "uanto Hoya o fez em sua !poca.&le umpersona#em e$emplo da ps-modernidade, da cultura do simulacro%

    'onald Qinnicott, pediatra e psicanalista in#ls, desenvolveu o conceito de 'erdadeiro e

    falso self, deinindo o falso self como uma deesa altamente or#ani9ada, que rente a umambiente que n/o e$erce adequadamente suas un!"es 1 maternas4 busca prote#er o'erdadeiro selfdo aniquilamento% 3?lio de Bello 2ilho 1 Bello, GGH 4 escreveu a propsitodestefalso self, adaptativo , um arti#o intitulado 3ivendo num pas de falsos selves.

    +. A importIncia da hist4ria para a modernidade e o fim da hist4ria na p4s5modernidade

    A modernidade tratou de historici9ar o homem e sua cultura, na busca de estabelecer suaidentidade% As #randes pesquisas arqueol#icas e de palenteolo#ia, na busca da contru!/oda histria, oram umfrisson no sculo ;;% +% 2reud, como sabemos, pensador e$emplarda modernidade, utili9ou reqYentemente a metora arqueol#ica para descrever suacria!/o, a psicanlise, e tinha uma #rande cole!/o de ob5etos anti#os%

    A ps-modernidade, inversamente, 0 decretou 0 o im da histria % O historiador americano2rancis 2uku)ama, em seu livro 2he end of history and the last man, lan!ado em GGN,num tom evan#lico proeti9ou ofim da histriacomo umaNeQ Hospel1 do in#ls anti#o,#odspel, good neQs4 do im do milenio% 6uma mi$rdia, que oi prontamente aceita poral#uns ps-modernos, 2% 2uku)ama li#a seu tom evan#lico da neQ gospelao pensamentode P% Bar$ e de >% 2% e#el e , num e$erccio que mais lembra uma impostura intelectual1 +okal, GMM 4, 0 celebra 0 o triuno de um novo capitalismo neoliberal e o inal dahistria% &ste autor, uncionrio do departamento de estado 6orteamericano, escreve quenunca mais aconter #randes transorma!"es histricas: o capitalismo em suas novasormas a sociedade inal% 'evemos abandonar as utopias pois o admir)'el mundo no'oaest%: devemos esquecer as lutas polticas, os debates ilosicos e as reali9aa!"es artsticasde van#uarda

    J. A modernidade e suas utopias e o fim das utopias na p4s5modernidade

    A modernidade acredita, como os 5ovens de GKL, que quando muitos sonham 5untos ossonhos se tornam realidade% C a necessidade das utopias, al#o que mesmo n/o sendoactvel em sua totalidade move o #nero humano em dire!/o ao pro#resso, ao respeito pelohumano, sua vida e seus sonhos%O heri, este aspecto utpico de cada um de ns, e que aliteratura, e mesmo a vida, nos revelam essencial% A utopialeva o humano mais ao alto%

    A ps-modernidade, com ofim-da-histriae seus heris ps-modernos, e$pulsa a utopia%6/o h o que dese5ar sen/o consumir o que est produ9ido, simulacros, simula!"es do real,ser feliz ! ter uma cal#a lee'elha e desbotada TO ?ltimo heri da modernidade para a#era!/o de KL, &rnesto >uevara, n/o se pretende que se5a um ideal utpicopara os 5ovens,mas uma estampa numa t-shirt da 2orum de Tuik 'usek%

    NK

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    6.

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    cultura ps-moderna produziu em sua bre'e eist8ncia um con$unto de obras ricas,ousadas e di'ertidas, em todos os campos da arte. 0la tamb!m gerou um ecesso dematerial Ditsch eecr)'el. Ierrubou um bom n=mero de certezas complacentes,contaminou purezas protegidas com des'elo e trasngrediu normas opressoras. (al maneirade 'er baseia-se em circunst

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    reerindo a este animal que ao transormar peridicamente o corpo perde a 0 casca 0 que oenvolve 1 'olto, GLG 4% 'urante al#uns meses todos reqYentam um mesmo local e depois0 mi#ram 0 para outro %%% como o corpo inantil que tem de ser abandonado 1 ansiedadedepressiva e conusional rente a perda do conhecido 4 e o outro corpo, o adulto, encontradoe habitado 1 ansiedade paranide rente ao desconhecido 4%

    Bats (ieber# 1 (ieber#, GGJ 4 em um estudo da =niversidade de Banchester sobre aocupa!/o do espa!o p?blico pelos teenagers, reali9a uma pesquisa que nos mostra a 0mi#ra!/o 0 atravs da cidade como correlata com as transorma!"es da identidade% Alis,Brio Uuintana, o poeta maior dos #a?chos, si#niicativamente, correlacionando a#eo#raia com a anatomia escreve em seus versos %%%

    lho o mapa da cidade como "uem eaminasse a anatomia de um corpoA "ue nem fosse meu corpo L

    O arquiteto 6orber#-+chul9, em seu livro ist*ncia)espa!o e arDuitetura 1 6orber#-+chul9, GHM 4, descreve a rela!/o espa!o-persona dase#uinte maneira:

    Gugares, caminhos e regi+es so os es"uemas b)sicos de orienta#o, isto !, os elementosconstituintes do espa#o eistencial. ;uando se combinam o espa#o se con'erte em umadimenso real da eist8ncia humana... somente se define interior e eterior "uando se podedizer "ue se & habita & ou se & reside &... em fun#o dessa coneo as eperi8ncias e asmemrias do homem se localizam e o & interior & do espa#o 'em a ser uma epresso do& interior & da personalidade. & identidade & est), pois, ntimamente associada com aeperi8ncia de lugar, especialmente nos anos de forma#o da personalidade.

    &stes comentrios oram eitos por um arquiteto, que embora n/o se5a um psicanalista,compreende pereitamente as quest"es envolvidas na rela!/o espa!o arquitetnico e oespa!o e$istencial%

    Onde habita, ho5e, o adolescente E rovocativamente respondo: em Gotham cityX

    >otham @it), cidade de 7atman e *obin, 6eZ \ork ou (os An#eles, l e aqu, aapresenta!/o conceitual e esttica do espa!o ps-moderno% A representa!/o seqYencial dosestilos D clssico, #tico e moderno D miada e sur#e a i#urabilidade ps-moderna:>otham @it) esta collage% (embremos quegticooi um termo cunhado pelos tericosrenacentistas italianos para caracteri9ar uma esttica vinculada ao estilo b)rbaro germanicoque se impunha rente a antica e buona maniera modernaD o velho e bom estilo moderno 1Appi#nanesi >arrat, GGM 4 %%% O #tico tambm evoca um tipo de romance noironde oBarques de +ade e9 desilar seus persona#ens e suas vi#orosas e$perincias% *eparandoem al#uns prdios bastante conhecidos de 6eZ \ork veremos o #tico e tambm o clssicoe o moderno numa clara composi!/o ps-moderna: alis oi esta cidade que inspirou o autorde >otham @it)%

    C (os An#eles, entretanto, para vrios tericos, a cidade e$emplo do espa!o ps-moderno%3% 7audrillard, em seu livroAmerica1 7audrillard, GLL 4, comenta que (A est) li're de

    NG

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    toda a profundidade ... um hiperespa#o eterior, sem origem e sem pontos de refer8ncia %ara este autor (A uma 'iso do humano ps-moderno pat!tico. 3% 7audrillart e toutcourtconsideram que o ps-moderno se separa do moderno, entre outros aspectos, quandoa produ!/o de demanda D dos consumidores D se torna central: a produ#o de necessidadese dese$os, a mobiliza#o do dese$o e da fantasia, da poltica de distra#o 1 ()on, GGL 4%

    um olhar dierente na cidade ps-moderna: o olhar do turista ou dozapping% 6/o maiso olhar dosfl

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    certamente, al#um e9 melhor antes% Bas que escola seria esta E Aquela que preservandovalores essenciais da modernidade este5a aberta ao pro#resso e ao novo% Binhasobserva!"es se derivam mais de uma prtica com crian!as, adolescentes e escolas do que deidias que eu tenha tido a oportunidade de desenvolver uma teori9a!/o sobre elas% Obtenhorespaldo, entretanto, com um importante pensador que escreveu, no sculo ;;, que a

    pr)tica ! o crit!rio da 'erdade.3ul#o que trs pontos seriam essenciais: olhar a crian!a com 14 um no'o olhare educarpara 1N4 brincar e 1F4 pensar%

    Olhar a crian!a com um novo olhar

    &nati9o com este destaque a import.ncia de oerecer 8 crian!a este no'o olhar, quesi#niica propiciar 8 ela sub5etiva!/o e historici9a!/o% @ompreender as dieren!as entreensinar 1 colocar si#nos para dentro 4 e educar 1 criar condi!"es ambientais para que acrian!a e o adolescente desenvolva, a seu ritmo, seu potencial 4, recusando o papel de impor

    um fordismo na escola, uma linha de monta#em onde osgadgets crian#ass/o produ9idospara o #o9o de uma sociedade consumista% 2a!o reerncia a um no'o olharque conira 8crian!a um narcisismo de 'ida , como e$plica Andr >reen, distante do narcisismo demorte ao qual ela est condenada por uma sociedade que estabelece com seus ilhos umarela!/o perversa, do abandono 8 violncia, da e$plora!/o se$ual 8 transorma!/o em serespara o consumo rpido%

    Educar para brincar

    Binha hiptese que a escola poder a5udar a crian!a e o adolescente a descobrir o brincar,e$perincia perdida em um mundo de concreto, de ob5etos prontos para o consumo e um

    uso n/o criativo, recuperando a perda da tradi!/o do brincar e de criar o brinquedo% As#randes corpora!"es levam seus #erentes com B7A para seminrios onde eles s/oensinados a brincar: num reconhecimento e$plcito da import.ncia do brincar para odesenvolvimento da criatividade e de que o brincar est esquecido %

    Educar para pensar

    &m muitos momentos, ao lon#o do te$to, reeri como o pensarest problemati9ado nacondi!/o ps-moderna% A escola tem a un!/o de res#atar este aspecto undamental dodesenvolvimento da crian!a e do adolescente%

    &sta nova escola ter, desde meu ponto de vista como mdico, uma un!/o undamental depromo!/o da sa?de e preven!/o da doen!a% +eu currculo n/o se diri#ir a penas a matriasdissociadas entre si, 8s ve9es sem nenhum entrela!amento, um currculo ra#mentado%

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    A escola deve se constituir tambm em uma 0 escola para os pais 0, onde estes possamdiscutir todas estas quest"es e muitas outras que sur#em a cada momento%

    I(

    Eplo'o

    O), dora'ante, no "ue se refere ordem social e poltica, um problema especfico dainf

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    anos. 0m 1VV> essa propor#o era de X>Y. as essa ! a m!dia para todo o territrionacional. No sudeste ela aumenta para ZPY. No 0stado de So @aulo, ZZ em cada 1??$o'ens mortos no ano de 1VVW tombaram por causas 'iolentas.Os ine#veis avan!os tecnol#icos da #lobali9a!/o devem ser disponibili9ados para o

    pro#resso das condi!"es humanas% O desenvolvimento necessita ser avaliado a partir deindicadores sociais e n/o e$clusivamente em un!/o dos aspectos econmicos% 6/o se tratade ne#ar o avan!o tecnol#ico da #lobali9a!/o, repito, pois necessrio, mas sim decoloc-lo para disposi!/o de todos e n/o apenas a servi!o de uns poucos%

    &$iste ho5e, como escreveu +i#mund 2reud no inal da dcada de NR 1 2reud, GFR 4, ummal-estar na civili9a!/o% C certo que ele levantava quest"es relativas ao estatuto do su5eitona modernidade, pois a psicanlise uma leitura da sub5etividade e de seus impasses namodernidade1 7irman, GGL 4, mal-estar este que, entretanto, podemos estender para a ps-modernidade e seus intentos de dessub5etiva!/o% =m con5unto si#niicativo de autores temescrito sob o tema, desde o ponto de vista psicanaltico 1 *ouanet, GLHS *ouanet, GGFS@osta, > Pat9, >%GGK S 7ierman, GGLS *occa, NRRRS @ukier, NRRR 4, enati9ando asaltera!"es psquicas que se observa relacionadas, diretamente ou indiretamente, com asquest"es levantadas neste te$to% &lisabetta de *occa 1 *occa, NRRR 4 considera o se#uinte:

    cultura ps-moderna, caracterizada pelo domnio da imagem e 'elocidade emassifica#o da informa#o, sustenta aspectos erticos e tan)ticos. 0ntre os primeiros est)a possibilidade de um acesso mais r)pido e completo do conhecimento global e umaconscientiza#o cada 'ez maior da ineist8ncia de 'erdades definiti'as e completas, o "uecontribui para destruir dogmatismos est!reis e facilita o respeito pelo no'o e pelodiferente. So fatores tan)ticos a 'iol8ncia, a superficialidade, a pouca "ualifica#o dos'alores trasncendentes e a ecessi'a import

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    A autora desenvolve seus comentrios muito pr$ima 8s observa!"es que a!o ao lon#o dote$to% 6a verdade estes s/o temas bastante discutidos em diversas reas do conhecimentohumanstico% 6/o tenho nenhuma d?vida da validade e da vitalidade da psicanlise nestemomento, espa!o da e$perincia humana, e$perincia compartida, de sub5etiva!/o ehistorici9a!/o, como instrumento de levar ao uturo, ao homem do novo sculo, al#uns dos

    valores undamentais da modernidade%

    /iblio'rafiaOs te>tos colocados na biblio'rafia n"o est"o todos referidos no te>to. Moram)entretanto) necess(rios para o desenvolvimento das id$ias nele contidasL por isso suapresen!a na biblio'rafia) pois poder"o ser Fteis tamb$m ao leitor .

    Aberastur), A% 1 GH 4%)l nin& y sus dibu*os. +e,ista %r-entina de Psiuiatria /Psicolo-ia da Infancia y %dolescencia% +et%, GH, NI% A+AAIA'_+% 7uenos Aires%pp H-NG

    Aberastur), A% et alli 1 GHF 4% %dolescencia% &d% Par#ieman% 7uenos Aires% GHF

    Aberastur), A% et alii 1GL 4% %dolesc0ncia normal% Artes Bdicas% +/o paulo% GL

    An9ieu, '% 1 GLG 4% )upele% @asa do siclo#o% +/o aulo% GLG

    Appi#nanesi, *% >arrat, @h% 1 GGG 4% Introducin- postmodernism% con 7ooks% =P%GGG

    Armon), 6% 1 GGL 4% 2orderline3 uma no,a normalidade% *evinter% *io de 3aneiro%GGL

    7achelard, >% 1 GJL 4% % terra e os de,aneios do repouso. )nsaio sobre as ima-ens daintimidade.martins 2ontes% +/o aulo GGR

    7achelard, >% 1 GJG R% % psicanlise do fo-o% Bartins 2ontes% +/o paulo% GGR

    7audelaire, @% 1 LKG 4% Sobre a modernidade% a9 e Terra% +/o aulo% GGK

    7audelaire, @% 1 LKH 4% %s flores do mal% 6ova 2ronteira% *io de 3aneiro% GLM

    7audrillard, 3% 1 GGH 4% 4ela total. Mito e ironias da era do ,irtual e da ima-em. +ulina%orto Ale#re% GGH

    7auman, W% 1 GGL 4% 5lobali6a!"o3 as conse70ncias humanas.3or#e Wahar editores%*io da 3aneiro% GGL

    7elmont, +% 1 GGL 4% Prefcio. n: Armon), 6% 7orderline: uma outra normalidade%*evinter% *io de 5aneiro% GGL

    FJ

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    7ettelheim, 7% 1 GHK 4% Conducta indi,idual y social in situaciones e8tremas. n:7ettelheim, 7% et alii sicolo#ia del torturador% *odolo Alonso &ditor% 7s% As% GHF

    7ettelheim, 7% 1 GHK 4% Psychanalyse des contes de f9es.*sponses% aris% GHK

    7ettelheim, 7% 1 GLG 4%Sobre,i,0ncia. Artes Bdicas% orto Ale#re% GLG7ick, &% 1 GLH 4% 4he e8perience of the skin in the early ob*ect relations % n : arris% B% 7ick, &% @ollect papers o Bartha arris and &sther 7ick% The @lune ress% +cotland%GLH

    7irman, 3% 1 GGL 4%Malestar na modernidade. @ivili9a!/o 7rasileira% *io de 3aneiro%GGL

    7le#er, 3% 1 GKH 4 %Simbiosis y ambi-uidade% aids%7s% As% GKH

    7le#er, 3% et alii 1 GHF 4 :a identidad en el adolescente.aids% 7s% As% GHF

    7los, % 1 GKN 4% Psicoanalisis de la adolescencia. &d% B$ico% GKN

    7ollas, @h% 1 GGN 4% Sendo um persona-em.*evinter% *io de 3aneiro% GGL

    @arrol, (% 1 GHK 4% %lice.+ummus % +/o aulo% GHK

    @halub, +% e) alii 1 GGJ 4% P'smoderno% ma#o% *io de 5aneiro% GGJ

    @hristo, 2rei% A% (% 1 GGH 4% %s ,eredas perdidas da p'smodernidade. @aros Ami#os%ano , n% N% GHH

    @onnor, +% 1 GLG 4% Cultura p'smoderna. Introdu!"o ;s teorias do contempor% Pat9, >% 1 GGK 4% adolescente e a fam=lia p'smoderna% *ev% 7ras% desicanlise% transforma!"o socioecon?mica no fimdes9culo3 seus efeitos ps=uicos. *evista de psicanliseI++A%

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    &a#leton, T% 1 GGK 4% %s ilus&es do p'smodernismo. 3or#e Wahar editores% *io de3aneiro% GGK&liot% T% +% 1 GJL 4. Aotas para uma defini!"o de cultura.erspectiva% +/o aulo% GLL

    2ernandes, B%1 GGJ 4% Millor definiti,o.(B% orto Ale#re% GGJ

    2la$ , 3% 1 GGN 4% Binal analysis Psychoanalysis in the postmodern west. n: Annual os)choanal)sis% oldember#, >% 1 GG 4% Psicolo-ia *ur=dica da crian!a e do adolescente% &ditora2orense% *io de 3aneiro% GG

    >rimber#, (% >rimber#, *% 1 GH 4% Identidad y cambio% Par#ieman% 7s% As% GH

    arve), '% 1 GLG 4%Condi!"o p'smoderna% (o)ola% +/o aulo% GGK

    Phan, B% 1 GLF 4 % Eidden sel,es. 4he Eo-arth press. :ondon. 1FFG$

    Pnobel, B% 1 GHF 4% )l pensamiento y la temporalidad en el psicoanalisis de laadolescencia. n: Aberastur), A% et alli% Adolescncia % Parkie#man% 7s% As% GHF

    Pnobel, B% 1 GHJ 4% )l sindrome de la adolescencia normal% n: Aberastur), A% Pnobel% B% (a adolescencia normal% aids% 7s% As% GHJ

    Pnobel, B% 1 GLR 4% % adolesc0ncia e a fam=lia atual. Dma ,is"o psicanal=tica.Ateneu%*io de 3aneiro% GLR

    (ieber#, B% 1 GGJ 4% % ropiatin- the city3 teena-erHs use of public space. n : 6ear), +%et alii% The =rban e$perience% A people environment perspective% & 26 +O6% (ondon%GGJ

    FK

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    (evinsk), '% 1 GGH 4% %dolesc0ncia e ,iol0ncia% @asa do siclo#o, +/o aulo% GGH

    (v), % 1 GGM 4% ue 9 o ,irtual &ditora FJ% +/o aulo% GGK

    ()otard, 3-2% 1 GLM 4% :a posmodernidad% >edisa &ditorial% 7arcelona% GGK

    3ameson, 2% 1 GG 4% P'smodernismo. % l'-ica cultual do capitalismo tardio% [tica% +/oaulo% GGH

    3ameson, 2% 1 GGJ 4% %s sementes do tempo% [tica% +/o aulo% GGH

    3ameson, 2% 1 GGM 4% )spa!o e ima-em. 4eorias do p'smodernismo e outros ensaios.&ditra =2*3% *io de 3aneiro% GGM

    3erusalink), A% et alii 1 GGH 4% %dolesc0ncia3 entre o passado e o futuro% AOAIArtes eOcio% orto Ale#re% GGH

    3unqueira, (%@% et alii 1 GGM 4% corpo e a mente% Dma fronteira m',el. @asa dosiclo#o % +/o aulo% GGM

    Boraes, &% 1 GGG 4% :imites do moderno3 o pensmento est9tico de Mrio de %ndrade.*elume D'umar% +/o paulo% GGG

    6orber#-+chul9, @% 1 GHM 4% Aue,os camios de la aruitectura3 e8istencia> espacio yaruitectura.&ditorial 7lume% 7s% As% GHM

    Osrio, (% @% 1 GLG 4% %dolesc0ncia ho*e . Artes Bdicas% orto Ale#re% GLG

    Outeiral, 3% 1 GLNa 4 % corpo na adolesc0ncia. n: Osrio, (%@% et alii% Bedicina doAdolescente% Artes Bdicas% orto Ale#re% GLN

    Outeiral, 3% et alii 1 GLN 4% % bela adormecida no bosue. Dm estudo sobre atemporalidade na adolesc0ncia.*ev% siq% *+, M14:FH-G, 5an-ab% GLF

    Outeiral, 3% 1 GGN 4% %dolescer% Artes Bdicas% orto Ale#re% GGN

    Outeiral, 3% 1 NRRR 4% Cl=nica psicanal=tica de crian!as e adolescentes% *evinter% *io de3aneiro% NRRR

    ri#o#ine, % 1 GGK 4% fim das certe6as.=6&+% +/o aulo% GGK*ank, O 1 GK 4% )l mito del nacimiento del heroe% aids% 7s%As% GK

    *occa, &% 1 NRRR 4% % psicanlise na sociedade p'smoderna.*evista de psicanliseI+A%

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    *ouanet, +% 1 GGF 4% Malestar na moernidade.@ompanhia das (etras% +/o aulo% GGF

    +antos, 7% 1 GGM 4%Pela m"o de %lice. social e o pol=tico na p'smodernidade. @orte9&ditora% +/o aulo% GGM

    +antos, 7% 1 GLG 4% Introdu!"o ; uma ci0ncia p'smoderna.>raal% *io de 3aneiro% GLG

    +arlo, 7% 1 GGJ 4% Cenas da ,ida p'smoderna3 intelectuais> arte e ,=deo. Cultura na%r-entina.&d%=2*3% *io de 3aneiro% GGH

    +childer, %1 GHM 4 Ima-em y aparencial del corpo humano% aids% 7s% As% GHM

    +chmidt, B% 1 GGK 4% Ao,a hist'ria cr=tica3 moderna e contempor