jornal do ipca - nº 3

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nº3 - mar / abr 2014 Esta publicação é distribuída como suplemento. A sua distribuição é gratuita, não podendo ser vendida separadamente. ISSN: 2183-1181 Especial Digital Games Lab IPCA inaugura centro dedicado à investigação em jogos digitais ilustração Tiago Lourenço

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Page 1: Jornal do IPCA - Nº 3

nº3 - mar / abr 2014

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Especial Digital Games Lab

IPCA inaugura centro dedicado à investigação em jogos digitais

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editorial

Um Campus modernoe em crescimento

Em dezembro de 1994 foi publi-cado no Diário da República o De-creto-Lei que criou este que é o 15º e mais jovem instituto politécnico em Portugal.

Em 1995-96 arrancaram no IPCA os primeiros cursos de Ensino Supe-rior, então designados por Bachare-latos. No entanto, somente em 2008 foi inaugurado o primeiro edifício no Campus situado em Vila Fres-caínha S. Martinho, Barcelos: a Esco-la Superior de Gestão, com 16 salas de aulas e três pequenos auditórios. Neste espaço, mais de dois mil es-tudantes frequentam, diariamente, unidades curriculares dos seis cur-sos de Licenciatura e dos sete cursos de Mestrado que ali são ministrados, participando também em seminári-os, conferências ou cursos breves das áreas da Gestão, do Turismo, da Contabilidade e da Fiscalidade.

Em 2010, um novo edifício foi inaugurado, integrando uma moderna cantina, onde é servi-da uma média superior a 200 re-feições diárias, e espaços para as diversas valências da responsabi- lidade dos Serviços de Ação Social, nomeadamente Bolsas, apoio ao alojamento, transporte e Fundo de Emergência.

Inteiramente custeada com recei-tas próprias foi concluída, no final de 2013, a recuperação de anexos que pertenciam ao antigo proprietário de parte do que é agora o Campus, adaptando-os a instalações destina-das aos Serviços Centrais.

A edição especial deste Jornal do IPCA é justificada pela inaugu-ração do quarto edifício que cons- titui o nosso Campus. Trata-se de um Centro de Investigação e Desen-volvimento em Jogos Digitais, que integra amplos laboratórios, com equipamentos modernos, destina-dos à componente prática de di-versos cursos de Licenciatura e de Mestrado, nomeadamente nas áreas dos Jogos Digitais, da Eletrónica, do Design Gráfico e do Design Industri-al.

Neste edifício espera-se uma taxa de ocupação elevada e uma enorme melhoria da qualidade do ensino ministrado pela Escola Superior de Tecnologia. O objetivo é que, quan-do conclui o seu curso, o estudante possa estar habilitado para ser um quadro altamente qualificado na sua área de formação, concretizan-do a missão do IPCA: produzir e le-var o conhecimento às empresas, independentemente do setor, da di-mensão e da localização.

João CarvalhoPresidente do IPCA

Luís Torrão

sucesso

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espaço onde estão sempre a surgir coisas novas, a construir algo com os alunos, onde existe uma grande vontade de evoluir, de crescer. Sen-ti-me num germinal, numa incu-badora. Isso foi muito positivo para mim”, recorda.

Luís Torrão foi um aluno brilhan-te, mais do que uma vez distingui-do pelo IPCA e pelo Ministério da Educação, completando a licencia-tura com média final de 18 valores e voando depois até Inglaterra, onde se encontra, atualmente, a frequen-tar o Mestrado em Game Program-ming (Programação de Jogos), na Universidade de Hull.

“No IPCA encontrei um espaço onde estão sempre a surgir coisas novas”

Da licenciatura lembra a opor-tunidade que teve para criar os seus próprios jogos e soluções de jogo em equipa. “No IPCA tive a possi-bilidade de encarar o videojogo desde três perspetivas fundamen-tais: a aplicação de jogos digitais à saúde mental e física, a aplicação à aprendizagem através da criação de jogos digitais educativos, e ainda os jogos como ferramenta de produção, pois ao aprender as técnicas de

“Entrar no IPCA foi como entrar num germinal de conhecimento”. Luís Torrão, um dos primeiros licen-ciados em Engenharia em Desen-volvimento de Jogos Digitais pela Escola Superior de Tecnologia do IPCA, recorda assim a sua chegada ao instituto, onde encontrou, fi-nalmente, a vocação que há muito procurava.

Noutros tempos, século XIX, também António Bulhão Pato re-correu à metáfora para recordar os versos com que, na juventude, se desvendou poeta ao mundo, com-parando-os à agradável fragrância das flores selváticas – “ao romper dos dias germinais da Primavera!”, escreveu vinte e oito anos depois.

Sinal (ou não) dos tempos, Luís Torrão não descobriu em si a poe-sia das palavras, mas viu arte e fu-turo na criação de videojogos, após uma “crise vocacional” que o levou, inicialmente, a experimentar ou-tras áreas, desde a Medicina até à Veterinária e à Psicologia, sem que nenhuma delas o fizesse sentir-se realizado.

Foi “uma pequena notícia de jor-nal” que lhe despertou a atenção para a abertura de uma nova li-cenciatura em “Engenharia de Jo- gos Digitais”, no IPCA. E a verdade é que a escolha revelou-se acerta-da. “Eu tinha tido outras experiên-cias académicas e nunca sentira isto antes. No IPCA encontrei um

desenvolvimento de videojogos aprende-se a trabalhar com uma série de ferramentas e ganha-se conhecimento acerca de inúmeros conceitos que permitem, depois, a sua aplicação a ambientes de pro-dução”, acrescenta Luís Torrão.

No último ano de licenciatura foi convidado a dar aulas aos co-legas dos primeiros dois anos do curso. “Foi, ao mesmo tempo, uma experiência assustadora e maravil-hosa”, recorda. E acrescenta: “Eu co- nhecia a expressão só sei que nada sei, mas costumava desvalorizá-la. A partir dessa altura, comecei a colocá-la como base de partida, pois encon-trei alunos que já tinham muitos conhecimentos dentro da área”.

Para responder aos desafios, Luís Torrão adotou, desde cedo, uma metodologia que se baseia num princípio simples: “dominar o dia em vez de o dia me dominar a mim”. Para tal, encarou o estudo como um trabalho e passou a deitar-se entre as 20h00 e as 21h00 para acordar, diariamente, às 4h00 e começar a trabalhar às 5h00, antes de ir para as aulas. Acrescenta que este não é um hábito obrigatório para o suces-so académico, mas antes uma opção pessoal.

Agora, na Universidade de Hull, longe da sua casa em Braga, Luís Torrão dá, aos 31 anos de idade, continuidade ao trabalho iniciado durante a licenciatura, relacionado com os jogos sérios vocacionados para a saúde, e anseia dedicar-se, profissionalmente, à área da inves-tigação. “De preferência, algo que conjugasse a possibilidade de estar numa lógica europeia, sem perder a ligação a Portugal”, diz.

O IPCA é um germinalde conhecimento

Diretor: João Carvalho | Edição e conteúdos: Pedro Bessa | Grafismo e paginação: Pedro Rito | Ilustrações: Bruno Rajão, Catarina Gomes, Daniel Roque, Miguel Sousa, Patrícia Figueiredo, Tiago Lourenço | Impressão: Empresa Diário do Minho, Lda. | Propriedade: Instituto Politécnico do Cávado e do Ave | Serviços Centrais: Campus do IPCA, 4750-810 Barcelos | Telefone: 253 802 190 | www.ipca.pt www.facebook.com/IPCA.Instituto.Politecnico | www.twitter.com/ipca | ISSN: 2183-1181 | Tiragem: 18 000 exemplares | Publicação de distribuição gratuita

ilustração Miguel Sousa

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Uma “aposta ousada com reflexos na estratégia da instituição” é como o diretor da Escola Superior de Tec-nologia (EST) do IPCA, Nuno Rodrigues, classifica o pro-jeto do Digital Games Lab. Uma estratégia que, diz, “as-senta no ensino e investigação de um conjunto de áreas e tecnologias inovadoras, que combinam competências avançadas, nomeadamente, ao nível da informática, da eletrónica e do design”.

Foi, aliás, neste contexto que surgiu, em 2009, o cur-so de licenciatura em Engenharia em Desenvolvimento de Jogos Digitais, o qual deu início a um novo conjunto de atividades multidisciplinares dentro da EST que, se-gundo Nuno Rodrigues, “levaram à definição e concre-tização deste projeto”.

Considerando que “o Digital Games Lab tem uma im-portância enorme e a vários níveis para a EST”, Nuno Rodrigues refere que este centro “é um instrumento fundamental para os docentes e investigadores da es-cola poderem desenvolver os seus projetos de investi-gação e canalizar para a sociedade os respetivos resulta-dos, designadamente ao nível da elevação do ensino aqui ministrado, bem como para a relação com o tecido empresarial nacional e regional”.

“O Digital Games Lab será uma ferramenta funda-mental de ligação e interface com o setor empresarial, desde logo pela possibilidade de disponibilização da capacidade instalada para a investigação aplicada e prototipagem de novas soluções para as empresas”, adi-anta o diretor da EST.

Para além disso, acrescenta Nuno Rodrigues, “será um espaço ativo de discussão e cooperação entre em-presas, investigadores e estudantes, constituindo assim um ambiente de convivência com um potencial enorme de ideias, projetos e oportunidades para a região e o país”.

Uma área de futuro O denominador comum do Digital Games Lab é a in-

vestigação na área do desenvolvimento de jogos digi-tais, desde videojogos com funções meramente lúdicas, até aos jogos sérios para aplicação nas áreas da saúde e da educação, entre outras.

“Os videojogos são uma temática extremamente multidisciplinar”, refere Nuno Rodrigues, acrescentan-do que, nesse sentido, “o centro integra um conjunto de laboratórios capacitados à investigação e desenvolvi-mento de soluções com aplicação direta nos jogos”, além de um auditório com capacidade para 170 pessoas.

Tal não invalida, contudo, que cada um desses labo-ratórios desenvolva projetos e atividades da sua espe-cialidade com aplicação e resultados em outras áreas. “A principal característica que se privilegia na atividade

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do centro é, precisamente, a ligação e a cooperação en-tre as suas diversas áreas específicas, até porque é aí que reside grande parte das capacidades no desenvolvi-mento de novos produtos e serviços com potencial co- mercial”, explica o diretor da EST.

Para Nuno Rodrigues “a área do entretenimento di- gital em geral, e dos videojogos em particular, regista grande crescimento a nível mundial e tem um poten-cial de futuro enorme”. Prova disso, diz, “são os avulta-dos investimentos públicos e privados em projetos relacionados com estas áreas um pouco por todo o mundo desenvolvido”. E recorda os esforços que estão a ser desenvolvidos pela iniciativa Europa Criativa no sentido do financiamento e da alavancagem do setor.

“Será um espaço ativo de discussão e cooperação entre empresas.”

No caso do IPCA, e da EST em particular, “o impor-tante é estarmos preparados para os grandes desafios e oportunidades que vão surgir, nomeadamente através da capacitação do nosso potencial humano enquanto ator ativo no desenvolvimento e participação em proje-tos relacionados com as áreas criativas”.

Mais ainda, acrescenta Nuno Rodrigues, “é na capaci-dade de interligação entre as áreas fundamentais que contribuíram para o recente crescimento económico dos países desenvolvidos que reside o maior potencial de futuro, em particular no desenvolvimento de no-vos produtos e serviços envolvendo a eletrónica, a in-formática e o design”.

“Esse é o cunho que a EST imprime nos seus cursos e na investigação aplicada que efetua, com vista a uma adequada preparação dos seus estudantes para lidar com os desafios de amanhã e à alavancagem das em-presas através do desenvolvimento de novos produtos e serviços”, conclui.

DIGITAL GAMES LAB Centro de Investigação & Desenvolvimento de Jogos Digitais

Investigação ao serviço da ciência e das empresas

ilustração Tiago Lourenço

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LABORATÓRIO

AUDIOVISUAISO Laboratório de Audiovisuais está vocacionado para investigação e desenvolvimento de projetos na área da imagem, dispondo de equipamentos únicos em Portugal. No âmbito do Digital Games Lab, a sua ação é transversal e, graças à elevada especialização, poderá estender-se a outras instituições e ao tecido empresarial da região. Pedro Mota Teixeira, diretor do curso de Licenciatura em Design Gráfico do IPCA (regime diurno), é o responsável por este laboratório.

IPCA – Como descreve a ativi-dade do laboratório no contexto do Digital Games Lab?

PEDRO MOTA TEIXEIRA – O Laboratório de Audiovisuais é um espaço de relevo. Isto porque ca-pacita o centro de meios para uma investigação ao nível da imagem, nomeadamente a imagem anima-da, som, vídeo e animação 2D e 3D. Portanto, a este nível, fornece to-dos os meios necessários para um desenvolvimento único de projetos transversais, audiovisuais, estáticos, dinâmicos ou interativos, no campo do desenho analógico/digital e da fotografia/vídeo.

IPCA – De que forma a atividade do laboratório irá relacionar-se com os projetos na área dos jogos digitais?

P.M.T. – Como disse, o Laboratório de Audiovisuais tem todos os mei-os para desenvolver investigação no domínio das artes e do design, abrangendo, inclusive, a área dos jogos digitais. Neste laboratório é possível desenvolver projetos na área da ilustração e da animação digital (criação e animação de perso-nagens virtuais 2D e 3D, sonorização de jogos, desenvolvimento e edição de “cutscenes”, genéricos anima-dos, “motion graphics”, entrevistas de imagem real, etc.), cruzando ex-periências entre arte e tecnologia e no sentido da interatividade e dos jogos digitais.

IPCA – Quem serão os utiliza-dores do Laboratório de Audiovi- suais?

P.M.T. – O objetivo do laboratório é apoiar toda a investigação que possa ser efetuada no contexto do audiovisual, mas também de dar apoio aos alunos da Licenciatura em Design Gráfico e do Mestrado em Ilustração e Animação (MIA) para o desenvolvimento dos seus proje-tos integrados em contexto de aula ou extra-curricular. Julgamos ainda que este laboratório poderá servir os

interesses da própria instituição e de necessidades pontuais de outros laboratórios do centro.

IPCA – O laboratório terá algum tipo de ligação ao exterior, desig-nadamente a empresas nacionais e estrangeiras?

P.M.T. – O equipamento alta-mente especializado desta área dos audiovisuais e da tecnologia leva-nos a crer que poderá captar o interesse das mais diversas insti- tuições e empresas do tecido em-presarial da região designadamente aquelas interessadas nas áreas das artes, do design e das indústrias criativas. Através de projetos como a série Café Central, que foi transmiti-da pela RTP 2 e em que participaram alguns alunos do MIA, sob minha orientação na qualidade de docente, percebemos o potencial retorno que pode advir da existência deste labo-ratório, de investigadores motivados e do equipamento disponível para a investigação.

IPCA – Podemos falar em ca- raterísticas únicas do laboratório, em termos regionais ou nacionais?

P.M.T. – Algum do equipamento mencionado anteriormente, espe-cialmente o fato de captura de mo- vimento “mocap” Xsens, é de facto, uma aquisição única em Portugal, podendo tornar, assim, este labo-ratório numa referência laborato- rial.

IPCA – Quais são as áreas de in-vestigação a explorar?

P.M.T. – Como mencionado ante- riormente, o Laboratório de Audio-visuais está preparado para desen-volver projetos transversais, no cam-po do desenho analógico/digital e da fotografia/vídeo para as mais diversas plataformas e artefactos estáticos, dinâmicos ou interativos.

EQUIPAMENTO

O laboratório de Audiovisuais consiste num estúdio de cinema com aproximadamente 60 metros quadrados — preparado não só para filmagem clássica, mas também de efeitos especiais, com uma zona de “croma key” — um estúdio de captação de áudio, uma régie de som/imagem com comunicação para ambos os estúdios, uma antecâmara e um quarto escuro para fotografia analógica. Alberga, ainda, uma sala de pós-produção vídeo e 3D. O equipamento para cada um destes espaços serve os seus vários propósitos, com equipamento profissional de vídeo e reportagem, de iluminação, de fotografia digital e analógica, possuindo estiradores e computadores para trabalho prático. O laboratório conta, ainda, com dois fatos de “motion capture” Xsens, únicos em Portugal. Esta tecnologia pode ser utilizada no desenvolvimento de jogos, filmes, jogos sérios, ambientes virtuais, bem como no estudo do desporto e medicina.

ilustrações Catarina Gomes

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LABORATÓRIO

JOGOS DIGITAISSe fosse possível fazer-se uma descrição anatómica do Digital Games Lab, poder-se-ia dizer que o Laboratório de Jogos Digitais é, conforme indicia o próprio nome do centro de investigação, o órgão fundamental para o funcionamento de tudo o resto. Vocacionado para a investigação e desenvolvimento de projetos na área dos videojogos, este é um laboratório onde se trabalha, sobretudo, na área da computação gráfica. Duarte Duque, diretor do curso de Licenciatura em Engenharia em Desenvolvimento de Jogos Digitais do IPCA, é o responsável por este laboratório.

IPCA – Como descreve a atividade do Laboratório de Jogos no contexto do Digital Games Lab?

DUARTE DUQUE – A principal missão deste laboratório é pesqui-sar, desenvolver e testar a compo-nente de programação subjacente à implementação de jogos digitais. Para atingir estes objetivos, o espaço dedicado a este laboratório está equipado com computadores de alto desempenho, servidores gráficos state-of-the-art, consolas de teste e uma área especialmente dedicada para a divulgação para a sociedade e a comunidade empresarial do tra-balho desenvolvido no laboratório.

IPCA – De que forma a atividade do laboratório irá relacionar-se com outros projetos desenvolvidos no Digital Games Lab?

D. D. - O Laboratório de Jogos constitui um espaço de Investigação e Desenvolvimento especialmente vocacionado para o desenvolvimen-to de jogos, quer sejam jogos sérios (direcionados para a aprendizagem, simulação, militar e saúde) ou de caráter puramente lúdico. Sendo um laboratório onde se trabalha predominantemente a componente da computação gráfica, estará apto para apoiar projetos multidiscipli- nares promovidos por outros labo-ratórios e que necessitem de apoio especializado nesta área do conhe-cimento.

IPCA – A atividade deste labo-ratório será aberta a que tipo de utilizadores?

D. D. - Pretende-se com este la- boratório disponibilizar os meios e o ambiente necessários para o de-senvolvimento de projetos inova-dores na área dos videojogos. Com esse propósito, os recursos dos labo-ratórios serão geridos de modo a dar preferência a trabalhos de Investi-gação e Desenvolvimento. Natural-mente, a componente de inovação é maior em alunos que se encontram a realizar mestrado. Contudo, serão

também acolhidos projetos que demonstrem forte potencial cientí- fico, ou comercial, e que sejam pro-movidos por alunos de licenciatura, ou mesmo por entidades externas.

IPCA – O Laboratório de Jogos terá uma ligação ao exterior. De que forma ela será concretizada?

D. D. - A Escola Superior de Tec-nologia (EST) do IPCA tem vindo a desenvolver esforços com vista a uma maior aproximação à indústria nacional, como se pode constatar pela recente constituição do Co-mité Consultivo Empresarial da EST. Naturalmente, pretende-se que esta ligação ao tecido empresarial tenha um maior âmbito, de modo a que o Laboratório de Jogos se estabe-leça como uma plataforma para a primeira linha da investigação e de-senvolvimento destas empresas. O setor empresarial tem reconhecido no IPCA fortes competências para o desenvolvimento de videojogos. Este facto tem proporcionado um crescente envolvimento de alunos e professores em projetos de índole empresarial. Fruto deste reconhe- cimento, a empresa Nerd Monkeys, sediada em Lisboa, recorreu recente-mente ao IPCA para testar o seu vi- deojogo “Inspetor Zé e Robot Pa-lhaço em Crime no Hotel Lisboa”. Outros projetos com empresas já estão a ser forjados, envolvendo ati-vamente alunos da licenciatura em Engenharia em Desenvolvimento de Jogos Digitais.

IPCA – Quais são as áreas de in-vestigação que o Laboratório de Jogos irá explorar?

D. D. - O Laboratório de Jogos tem como propósito realizar inves-tigação nas áreas da computação gráfica, animação digital, usabi- lidade e experiência de jogo, e de-senvolvimento de jogos. Contudo, espera-se a colaboração com ou-tras áreas de interesse como, por exemplo, a robótica.

EQUIPAMENTO

O Laboratório de Jogos Digitais será dedicado à componente de desenvolvimento de software, maioritariamente na área da computação gráfica. Estará, por isso, equipado com 10 computadores de alto desempenho gráfico, cinco dos quais dotados de monitores 3D e óculos FPR 3D passivos. Contará, ainda, com dois computadores Mac Pro de última geração e uma mesa gráfica Wacon Intuos5 Touch Pen. Para dar suporte a projetos que envolvam as componentes de áudio e vídeo, o Laboratório de Jogos irá contar com equipamentos profissionais de captura. Estarão, igualmente, disponíveis, entre outros, um simulador de condução, um quadcopter, sensores de imagem 3D, consolas, iPad Mini e tablets com SO Android.

ilustrações Catarina Gomes

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LABORATÓRIO

ENSAIOSO Laboratório de Ensaios desenvolve investigação nas áreas dos materiais e controlo de qualidade, tecnologias ambientais e segurança e saúde no trabalho. Gilberto Santos, diretor do curso de Mestrado em Sistemas Integrados – Qualidade, Ambiente e Segurança, é o responsável.

EQUIPAMENTOÁREA DOS MATERIAIS E CONTROLO DA QUALIDADE- Máquina de tração - Rugosímetro - Ecógrafo

ÁREA DE AMBIENTE- Kits e sensores de oxigénio - Termo reator - Floculador - Microscópio - Estufa e mufla

ÁREA DE SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO- Sonómetro e dosímetros - Luxímetro - Termo-higrómetro, anemómetro e sonda globométrica - Analisador de vibrações - Dosímetros

para indústrias locais, estações de tratamento de águas (ETA) e es-tações de tratamento de águas re-siduais (ETAR) que não disponham de recursos internos. Na área da Saúde e Segurança no Trabalho es-taremos disponíveis para todo o tipo de empresas, nomeadamente as locais, que pretendam caraterizar os seus postos de trabalho de modo a obterem resultados para uma ade-quada avaliação de riscos e estabe-lecimento de medidas preventivas.

LABORATÓRIO

REDESO Laboratório de Redes desenvolve a sua atividade de investigação nas áreas de redes de computadores e sistemas distribuídos. O objetivo é, assim, o estudo da interação e comunicação eficiente entre múltiplos dispositivos de hardware para o suporte a jogos em rede.

As áreas de investigação do Laboratório de Redes in-cluem os principais problemas de comunicações na in-ternet, assim como a interação entre os diversos tipos de dispositivos atuais que requerem uma comunicação de dados, nomeadamente smartphones e tablets, além dos tradicionais dispositivos de comunicações na inter-net, como os netbooks, computadores portáteis e ser-vidores.

A melhoria da eficiência da comunicação entre vári-os dispositivos de hardware é o grande desafio de todo o trabalho desenvolvido neste laboratório, tendo em conta que, frequentemente, ela envolve um elevado número de utilizadores, por vezes separados por longas distâncias, através da internet.

Estas características de troca de dados apresentam vários desafios na comunicação em tempo real para múltiplos utilizadores, que será estudada e simulada neste laboratório.

Para tal, este espaço do Digital Games Lab é compos-to por equipamentos de comunicações, como switches e routers, para permitir estudar a comunicação entre dispositivos e na internet. Adicionalmente, existirão servidores para suporte ao processamento e armazena-mento dos dados necessários para realizar as várias ex-periências.

IPCA – Como descreve a ativi-dade do Laboratório de Ensaios?

GILBERTO SANTOS - O laboratório tem três domínios de investigação: uma para a área de materiais e con-trolo da qualidade, a segunda para a área das Tecnologias Ambientais, nomeadamente para o descritor água e efluentes, e a terceira relacio-nada com a Segurança e Saúde no Trabalho (SST).

IPCA – Que tipo de relação terá com os projetos dos restantes labo-ratórios?

G.S. - O laboratório poderá ser utilizado para a realização de pro-jetos de investigação nas áreas refe- renciadas na pergunta anterior. Por exemplo: caraterizar materiais, no-meadamente resistências, detetar possíveis defeitos superficiais ou in-ternos, bem como caraterizar uniões de materiais, ou rugosidades no aca-bamento superficial. Por outro lado, também pode ser feita a carate- rização de efluentes de uma deter-minada área setorial, desenvolvi-mento de tratamentos para deter-minado tipo de efluente, etc.. Na área da Segurança e Saúde no Tra-balho permitirá auxiliar projetos relacionados com a caraterização dos postos de trabalho, nomead-amente no que se refere a tempe- ratura, vibrações, ruído, luminosi-dade e radiações, entre outras.

IPCA – A ligação às empresas será possível?

G.S. – Sim. Poderemos fazer al-guma caraterização de materiais, nomeadamente no que se refere a resistências, rugosidades e defei-tos estruturais ou de uniões que as empresas da região necessitem. Na área do ambiente, poderemos inter-vir na realização de análises e ca- raterização de águas e efluentes

ilustração Bruno Rajão

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LABORATÓRIO

INTERFACES E ROBÓTICA O Laboratório de Interfaces Eletrónicas e Robótica está vocacionado para explorar o domínio dos jogos sérios, da simulação e da interação com o utilizador, bem como para o desenvolvimento de soluções tecnologicamente inovadoras na área da Saúde (clínicas e cirúrgias). João Vilaça, diretor dos cursos de Licenciatura (regime diurno) e Mestrado em Engenharia Eletrónica e de Computadores do IPCA, é o responsável por este laboratório.

IPCA – Como descreve a atividade do Laboratório de Interfaces Eletrónicas e Robótica no contexto do Digi-tal Games Lab?

JOÃO VILAÇA – No campo das Interfaces Eletróni-cas, o laboratório tem como principal objetivo a inves-tigação e o desenvolvimento de novas formas de rela-cionamento entre o jogador e o jogo. Esta interação, de uma forma natural, entre as intensões e os objetivos do jogador, ou conjunto de jogadores, é hoje em dia tão importante como o próprio jogo, permitindo o seu aparecimento em áreas onde até há pouco tempo era impensável, como a Saúde e a indústria automóvel. Na área da Robótica, trata-se de um espaço multidiscipli-nar para o desenvolvimento de soluções tecnológicas capazes de transportar a jogabilidade e motivação dos jogos para situações reais, que exijam muito treino, perícia e precisão de movimentos. Estas poderão pas-sar não só pelo desenvolvimento de novas ferramen-tas robotizadas que automatizem procedimentos, mas também pela integração de formas inovadoras de in-formação e atuação em ferramentas e procedimentos já existentes nos diferentes setores da indústria.

IPCA – Que tipo de ligação terá este laboratório ao exterior?

J.V. – Teremos uma ligação ao Instituto de Investi-gação das Ciências da Saúde (ICVS/3B’s), nosso labo-ratório associado, em concreto aos domínios de inves-tigação em Ciências Cirúrgicas e Neurociências para validação das soluções clínicas/cirúrgicas desenvolvi-das. Prestaremos, também, apoio à indústria local no desenvolvimento de soluções de Investigação & Desen-volvimento. Exemplo disso mesmo é o projeto QUID Box, recentemente premiado na feira de eletrónica de consumo CES 2014, em Las Vegas, com o “Innovation Award”. O laboratório terá, ainda, uma ligação às em-presas spin-off do IPCA, possibilitando a utilização dos

equipamentos disponíveis e no apoio ao desenvolvi-mento de soluções inovadoras.

IPCA – Podemos falar em características exclusivas deste laboratório?

J.V. – O laboratório reúne um conjunto de recursos e equipamentos que, quando combinados, podem po-tenciar o desenvolvimento de soluções tecnologica-mente inovadoras na área da Saúde e das interfaces eletrónicas com o utilizador, que o podem tornar uma referência nacional e internacional. São exemplo disso diversos projetos em curso, reconhecidos com prémios nacionais e internacionais de relevo, alguns dos quais deram origem a Spin-Offs.

IPCA – Quais serão então, em concreto, as áreas de investigação a explorar?

J.V. – A visão científica do trabalho de investigação na área da Robótica passa por aumentar a realidade e a precisão do médico dentro da sala de operações. Conti- nuaremos a trabalhar em soluções tecnicamente inova-doras em três linhas de investigação principais: no pro-cessamento avançado de imagem biomédica; na saúde e cuidados de saúde personalizados; e nos procedimen-tos cirúrgicos inteligentes. No longo prazo, o objetivo final é fornecer dispositivos médicos mais eficientes e personalizados para um desempenho clínico ótimo. No que respeita às Interfaces Eletrónicas, a principal área de investigação centra-se, como disse, na interação do utilizador com instrumentos, sistemas, equipamen-tos e jogos, tornando essa experiência mais natural. Em relação aos objetivos globais do Digital Games Lab atuaremos de duas formas. Por um lado, de uma forma transversal às diferentes áreas dos jogos digitais na in-vestigação e desenvolvimento de interfaces naturais com o utilizador. Por outro, de uma forma direcionada para a investigação e desenvolvimento de jogos sérios para a Saúde.

EQUIPAMENTO

- Dispositivo de feedback de força háptica (para ativar o controlo de robôs através de um dispositivo tátil)- Sistema para a prototipagem de Placas de Circuito Impresso- LeapMotion (deteção dos movimentos da mão)- Máquina de Ultra som 4D (para visualizar a forma, tamanho e função do coração e das suas válvulas)- Sistema de Deteção de Movimento Eletromagnético- Óculos de realidade virtual - Robô manipulador com 6 graus de liberdade- Handheld laser scan 3D - Sistemas de Visão Artificial (câmaras 2D e 3D, objetivos, filtros e iluminação)- Sistemas de Realidade Virtual- Sensores de temperatura, humidade, pressão, Eletroencefalograma, Eletrocardiograma, entre outros- Sistemas embebidos e PC com elevada capacidade de processamento

ilustração Daniel Roque

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LABORATÓRIO

DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOO Laboratório de Desenvolvimento de Produto é um dos melhores exemplos do caráter multidisciplinar do Digital Games Lab. Num único espaço estará disponível uma multiplicidade de equipamentos que visam, sobretudo, a criação e produção de protótipos para a testagem de modelos físicos. Ricardo Simões, diretor dos cursos de Licenciatura em Design Industrial e de Mestrado em Desenvolvimento de Produto, é o responsável por este laboratório.

IPCA – Como descreve a atividade do Laboratório de Desenvolvimento de Produto no contexto do Digital Games Lab?

RICARDO SIMÕES – O objetivo deste laboratório é, essencialmente, o desenvolvimento de todo o processo de criação, ou conceção, de prototipagem e depois de teste de dispositivos físicos. Não só nos jogos digitais, mas também nas restantes áreas de intervenção da Es-cola Superior de Tecnologia do IPCA.

IPCA – Concretamente na área dos jogos digitais, qual será a intervenção do laboratório?

R.S. – Na lógica dos jogos digitais, o laboratório vai permitir, por exemplo, a elaboração de interfaces, car-caças, no fundo tudo o que são maneiras de interagir fisicamente com os ambientes virtuais. Tudo isso pode ser prototipado e testado. Vamos ter a capacidade de criar e construir peças que depois podem ter eletrónica dentro e que poderão ser utilizadas para jogos digitais ou analógicos. Por exemplo, pode haver a necessidade de criar uma cana de pesca virtual, uma espada ou uma pistola para um determinado jogo que esteja a ser de-senvolvido. O que este laboratório vai permitir é o fa-brico rápido de protótipos que possam ser testados.

IPCA – Que tipo de técnicas serão aplicadas?R.S. – Vamos aplicar, por exemplo, técnicas de im-

pressão 3D e formação com vácuo. Temos uma câmara de vácuo que nos permitirá trabalhar com resinas, si- licones e outros tipos de termoendurecíveis para o fa- brico de moldes e a produção de meia dúzia, ou uma dú-zia, de peças iguais. Teremos, também, uma grande área de trabalho para acabamentos. Será quase como uma oficina manual, onde poderemos trabalhar madeiras, plásticos, acrílicos e até outros termoplásticos. Vamos ter a possibilidade de trabalhar com corte e gravura a la-ser, termoformação, fornos para cozedura de materiais cerâmicos a médias e altas temperaturas. Temos ainda uma mesa de CNC para o trabalho de corte de materiais macios, o que nos permitirá, por exemplo, produzir as costas de uma cadeia.

IPCA – Todas essas possibilidades de trabalho vão permitir também uma abertura ao exterior, designa- damente às empresas da região?

R.S. – O Laboratório de Desenvolvimento de Produto vai ser um centro capacitado para fazer prototipagem

EQUIPAMENTO

- Máquina de corte e gravação por laser (para trabalho com acrílicos e madeiras)- Impressão 3D multicor (para criação de objetos físicos a partir de modelos 3D de forma direta)- Impressão 3D por deposição de filamento fundido (para protótipos preliminares rápidos e baixo custo)- Autoclave / câmara de vácuo (para moldar peças em resinas termoendurecíveis e silicones)- Scanner 3D (para interpretar a geometria de uma peça existente e transformá-la num modelo 3D no computador)- Máquinas para moldação de plásticos por vácuo, injeção e moldação sopro com recurso a moldes- Máquina de corte de vinil- Fresa de bancada (para trabalhar peças metálicas de pequena dimensão)- Estufa para cozer cerâmicos

Esta edição especial do Jornal do IPCA é ilus-trada por estudantes do curso de Mestrado em Ilustração e Animação (MIA). Agradecemos a colaboração de Bruno Rajão, Catarina Gomes, Daniel Roque, Miguel Sousa, Patrícia Figueiredo e Tiago Lourenço.

rápida. As empresas que necessitem de produzir pro-tótipos com grande rapidez poderão, a partir de agora, recorrer ao IPCA. Não temos equipamentos de grande porte para prototipagem de componentes metálicos, ou de elevada precisão. A nossa vantagem será termos no mesmo espaço e num único laboratório muitas tecno-logias disponíveis, funcionando numa lógica de desen-volvimento rápido de produtos.

IPCA – Que tipo de impacto terá este laboratório na oferta formativa do IPCA?

R.S. – Vai ter um impacto muito grande. Sobretu-do porque até ao momento não tínhamos capacidade para produzir quase nada em termos de prototipagem. No que respeita às competências, o salto vai ser muito significativo. Vamos aumentar bastante não só a varie-dade de materiais com que poderemos trabalhar, mas também as técnicas que poderemos usar.

IPCA – Um trabalho que terá ligações com aquele que é desenvolvido noutros laboratórios do Digital Games Lab...

R.S. – Sim. Por exemplo, as ligações ao Laboratório de Audiovisuais são óbvias, pois poderemos criar objetos que eles possam englobar em animações. Outro caso é o Laboratório de Interfaces e Robótica, para o qual vamos poder fazer, por exemplo, carcaças em plástico para en-volver e cobrir componentes eletrónicos.

IPCA – Quais são, atualmente, as áreas de investi-gação do Laboratório de Desenvolvimento de Produto?

R.S. – Temos várias. Umas viradas para a lógica da Saúde, outras para a lógica dos interiores – designa- damente o mobiliário – e outras para recursos trans-versais como a ergonomia e a usabilidade. Mas eu di-ria que as áreas da Saúde e da melhoria da qualidade de vida são bastante importantes para nós em termos de investigação. Estamos a falar, por exemplo, de dis-positivos médicos, auxílios técnicos, coisas para faci- litar o pegar, o usar e o manusear de objetos. Também estamos particularmente interventivos ao nível dos brinquedos, tanto relacionados com os jogos digitais como analógicos, designadamente no que diz respeito a componentes físicos como os comandos dos videojogos, acessórios e outros.

ilustração Patrícia Figueiredo