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IInnttrroodduuççããoo
1. Relação com o estado da arte
As cochonilhas-algodão (Hemiptera: Pseudococcidae) são uma família de coccídeos que
se caracteriza por ter o corpo coberto por partículas cerosas, de cor esbranquiçada, produzidas
por poros triloculares, que lhes conferem um aspecto enfarinhado, que está na origem de
algumas designações vulgares, e.g., ciccinigle farinose, mealybugs. Apesar de se poderem
movimentar durante quase todo o ciclo de desenvolvimento, os primeiros instares constituem a
principal forma de dispersão destas cochonilhas. As fêmeas adultas produzem feromonas sexuais
para atraírem os machos, alados e de vida curta (Franco et al., 2000).
Entre as espécies do género Planococcus, existem algumas pragas cosmopolitas e
polífagas, prejudiciais a várias culturas de importância económica por todo o mundo, como é o
caso da cochonilha-algodão da vinha, Planococcus ficus (Signoret), nativa da Bacia do
Mediterrâneo, que tem expandido a sua área de distribuição geográfica a outras regiões de
cultivo de vinha, como África do Sul e Califórnia (Cox & Ben-Dov, 1986; Ben-Dov, 1994;
Daane et al., 2004; Walton & Pringle, 2004). A espécie Planococcus citri (Risso), possivelmente
de origem Afrotropical, ocorre em elevadas densidades populacionais em diversas culturas
perenes nas zonas tropicais e subtropicais, e em ornamentais de interior, por todo o mundo (Cox
& Ben-Dov, 1986; Ben-Dov, 1994; Franco et al., 2004; Zada et al., 2004). Em Portugal, tanto P.
ficus como P. citri assumem estatuto de praga-chave da vinha e dos citrinos, respectivamente
(Carvalho et al., 1996; Franco et al., 2000).
A importância das cochonilhas-algodão está associada ao facto de apresentarem elevado
potencial biológico e das suas populações se concentrarem, preferencialmente, sobre os frutos
em crescimento (Franco & Carvalho, 1990). Da sua actividade alimentar, enquanto fitófagos,
resultam estragos directos nos frutos, como a sua queda, diminuição do calibre, descoloração e
deformações, e indirectos como a deposição de fumagina (Franco et al., 1994) e a acção de
lepidópteros carpófagos que são atraídos pela excreção de melada (Franco et al., 2000). A
espécie P. ficus é ainda vectora de vírus causadores de doenças na vinha (Rosciglione & Gugerli,
1989; Tanne et al., 1989). Estes estragos podem traduzir-se em perdas económicas, quer por
decréscimo de produção, quer por desvalorização comercial dos frutos (Franco et al., 2001).
A protecção das culturas relativamente a estas cochonilhas é condicionada por diversos
factores. A protecção química, táctica mais utilizada no controlo tanto de P. citri como P. ficus,
tem-se revelado inconsistente, devido à dificuldade de penetração dos insecticidas, motivada
pelo facto das cochonilhas terem o corpo coberto por secreções cerosas (Arnett, 1993) e pelo seu
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comportamento críptico, uma vez que residem em locais protegidos na planta, como as axilas
das folhas, ranhuras da casca (Geiger & Daane, 2001; Millar et al., 2002) e cálice dos frutos
(Meyerdirch et al., 1981; Nestel et al., 1995). Por outro lado, o facto de serem espécies
multivoltinas facilita o desenvolvimento de resistência aos insecticidas. O repetido uso de
produtos fitofarmacêuticos pouco selectivos tem, também, um impacto negativo nas
comunidades de inimigos naturais destas cochonilhas (Walton & Pringle, 1999).
A protecção biológica não se tem mostrado suficientemente eficaz para prevenir as
infestações de P. citri em regiões de clima Mediterrâneo, onde as condições ambientais
favorecem o seu potencial biótico (Mendel et al., 1999; Franco et al., 2004). Também têm sido
realizados esforços no sentido de identificar e estabelecer uma eficaz comunidade de inimigos
naturais de P. ficus, mas que ainda não resultaram num controlo fiável e consistente (Malakar-
Kuenen et al., 2001). Esta problemática deve-se essencialmente ao facto da composição destas
comunidades apresentar grande variação em diferentes regiões, o que torna difícil a avaliação do
contributo dos principais inimigos naturais na regulação das populações de cochonilhas (Franco
et al., 2004). Vários factores interferem na acção dos inimigos naturais dos pseudococcídeos,
como o carácter críptico acima referido, factores climáticos adversos, interferência entre
inimigos naturais, características dos sistemas de produção (e.g., elevada densidade de plantação,
desequilíbrios nutricionais, stress hídrico), interacção com formigas e com outros insectos
fitófagos, acção de hiperparasitóides e a resposta dos pseudococcídeos ao parasitismo, através da
encapsulação dos ovos dos parasitóides (Franco et al., 2000).
As técnicas recomendadas para monitorização das populações de cochonilhas, que
consistem basicamente na observação directa dos frutos e contagem dos indivíduos, são
normalmente processos morosos (Franco et al., 2004). Por outro lado, estes métodos são mais
eficazes quando as densidades populacionais das cochonilhas são mais elevadas e os indivíduos
se encontram mais expostos, o que só sucede no final do Verão, quando os estragos nas culturas
já ocorreram e é demasiado tarde para aplicar medidas de controlo (Millar et al., 2002; Walton et
al., 2004).
Surge assim a necessidade de se desenvolverem tácticas de protecção das culturas mais
eficazes, selectivas e ambientalmente mais seguras, preferencialmente de natureza biotécnica ou
biológica, para se usarem em combinação com ou em alternativa aos insecticidas. Essas tácticas
devem utilizar métodos de monitorização que permitam efectuar estimativas das populações das
cochonilhas a baixas densidades, no início da Primavera, de forma a intervir antes das
cochonilhas se estabelecerem nos frutos (Franco et al., 2004; Walton et al., 2004, 2006).
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As feromonas sexuais fornecem excelentes oportunidades para a protecção integrada, por
modificarem o comportamento dos insectos de diferentes formas. Exemplos da sua aplicação
incluem a monitorização (como detecção e mapeamento da distribuição de pragas,
monitorização de parasitóides e predadores) e o controlo directo (como confusão sexual, captura
em massa e atracção e morte) (Sukling, 2000). A identificação das feromonas sexuais de P. citri
(Bierl-Leonhardt et al., 1981) e P. ficus (Hinkens et al., 2001) e a sua síntese, permitiram o uso
de novos métodos na monitorização, com base em armadilhas sexuais, e no controlo directo
destas pragas (Ortu & Delrio, 1982; Franco et al., 2001, 2004; Millar at al., 2002, 2005; Walton
et al., 2004, 2006; Zada et al., 2004).
Os inimigos naturais utilizam grande diversidade de estímulos na localização das
presas/hospedeiros. Tanto as plantas como os herbívoros produzem odores que fornecem
informação potencial aos inimigos naturais. O valor informativo de cada estímulo depende de
dois factores: 1) a sua fiabilidade em indicar presas/hospedeiros disponíveis e adequados; e 2) o
grau de detecção do estímulo (Vet & Dicke, 1992; Vet et al., 1995).
Os estímulos derivados dos herbívoros são a fonte de informação mais fiável. No entanto,
o uso destes estímulos é limitado, devido à sua baixa detecção. O herbívoro é, apenas, uma
pequena componente de um ambiente complexo, onde a produção dos seus odores ocorre em
ínfimas quantidades. Para além disso, a contínua evolução do herbívoro para se tornar cada vez
menos conspícuo, leva a que este minimize a emissão de odores, para evitar ser, dessa forma,
parasitado ou atacado. Por outro lado, os estímulos da planta estão mais facilmente disponíveis,
devido à sua maior biomassa, mas são menos fiáveis na indicação da presença do herbívoro, uma
vez que a presença da planta hospedeira nem sempre garante a presença de hospedeiros/presas
adequados. Estes constrangimentos, na procura a longa distância do hospedeiro, conduzem à
evolução de estratégias indirectas de procura, baseadas em fontes não derivadas directamente do
potencial hospedeiro, mas que indicam a sua presença (Vet & Dicke, 1992; Vet et al., 1995).
Assim, os inimigos naturais lidam com o problema de fiabilidade-detecção de três
formas: 1) usam infoquímicos mais conspícuos, de um estádio diferente do herbívoro que
atacam; 2) respondem a estímulos resultantes da interacção específica entre o herbívoro e a
planta hospedeira, como voláteis da planta induzidos pela presença do herbívoro (sinomonas); e
3) aprendem a relacionar os estímulos fáceis de detectar com os estímulos fiáveis mas difíceis de
detectar, através de aprendizagem associativa, aumentando, desta forma, a fiabilidade dos
estímulos fáceis de detectar (Vet & Dicke, 1992; Vet et al., 1995).
Segundo Vet & Dicke (1992), no contexto tritrófico (planta hospedeira, herbívoro e
inimigo natural), o grau de especialização dos inimigos naturais a um nível trófico particular
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estabelece o grau de especificidade dos infoquímicos usados no processo de procura. Os autores
dividem os inimigos naturais em quatro grupos, de acordo com a sua especialização dietética e o
uso dos infoquímicos: A) Especialista, tanto ao nível do herbívoro, como da planta hospedeira;
B) Generalista, ao nível do herbívoro, e especialista, ao nível da planta hospedeira; C)
Especialista, ao nível do herbívoro, e generalista, ao nível da planta hospedeira; D) Generalista, a
ambos os níveis. No grupo C, o grau de polifagia do herbívoro é maior, o que faz com que os
infoquímicos relacionados com o hospedeiro, e.g. cairomonas, sejam muito importantes
comparados com os da planta. São por isso esperadas respostas inatas às cairomonas do
hospedeiro, mas podem também ocorrer respostas inatas aos voláteis das plantas hospedeiras
mais importantes ou a um componente comum a todas as plantas hospedeiras. Estas respostas
são pouco susceptíveis de serem modificadas com a experiência, apenas a sua intensidade parece
ser alterada, dependendo do grau de especificidade ao hospedeiro. Quanto maior essa
especificidade, menor a necessidade de aprendizagem pelo inimigo natural. As sinomonas,
voláteis da planta induzidos pelo herbívoro, são geralmente aprendidas, pois variam consoante a
espécie vegetal onde o herbívoro pode ocorrer.
O estudo do comportamento dos inimigos naturais é importante para compreender como
vivem, como influenciam a dinâmica populacional dos seus hospedeiros ou presas e a estrutura
da comunidade de insectos da qual fazem parte (Alphen & Jervis, 1996).
Segundo Vinson (1998), o comportamento de selecção do hospedeiro pelos parasitóides
pode ser dividido em várias etapas: 1) localização do habitat; 2) localização do hospedeiro; 3)
reconhecimento do hospedeiro; e 4) aceitação do hospedeiro. A localização do habitat do
hospedeiro envolve uma resposta a estímulos de longa distância, como infoquímicos voláteis
(voláteis da planta, feromonas do hospedeiro, substâncias emitidas por organismos associados ao
hospedeiro), estímulos sonoros e visuais. A localização do hospedeiro envolve estímulos ou
estimulantes de procura de curta distância, que tendem a ser apenas ligeiramente voláteis, como
as cairomonas de contacto, mas podem também estar envolvidos estímulos vibratórios e visuais
(Vinson, 1998). Nesta etapa, podem operar dois tipos de estímulos: estímulos atractivos, que
evocam uma resposta direccionada do parasitóide, orientando-o para áreas onde podem existir
hospedeiros, e estímulos de retenção, que evocam uma resposta localizada do parasitóide,
intensificando a procura do hospedeiro numa área próxima (Alphen & Jervis, 1996).
Diversos estudos têm demonstrado a atracção dos parasitóides himenópteros às
feromonas dos seus hospedeiros, evidenciando a existência de resposta cairomonal a feromonas
sexuais, de agregação e de alarme (ver revisão em Powell, 1999).
Introdução
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Os encirtídeos (Hymenoptera: Encyrtidae) correspondem a 84% dos insectos parasitóides
utilizados no controlo biológico de cochonilhas-algodão (Moore, 1988). Anagyrus pseudococci
s.l. é um encirtídeo, endoparasitóide primário, coinobionte e solitário de cochonilhas-algodão
(Avidov et al., 1967; Tingle & Copland, 1989; Islam et al., 1997; Islam & Copland, 1997, 2000),
tendo cerca de 30 espécies hospedeiras (Noyes, 2003). Tem sido usado em vários programas de
protecção biológica clássica e em tácticas aumentativas para controlar populações de P. citri, que
juntamente com P. ficus, estão entre os hospedeiros mais comuns deste parasitóide (Noyes &
Hayat, 1994; Daane et al., 2006). Recentemente, Triapitsyn et al. (2007) mostraram, com base
em estudos morfológicos, moleculares e de compatibilidade reprodutiva, que o táxone
formalmente conhecido como A. pseudococci s.l. inclui na realidade duas espécies irmãs, A.
pseudococci (Girault) e A. spec. nov. próx. pseudococci. Estas duas espécies são
morfologicamente indistintas, excepto na coloração de F1 da antena da fêmea.
A resposta cairomonal de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci (sensu Triapitsyn et al.,
2007) à feromona sexual de P. ficus, foi recentemente evidenciada por Cortegano (2006) e
Franco et al. (2008a,b). O facto deste parasitóide atacar várias espécies de cochonilhas em
diferentes habitats sugere o envolvimento de outros infoquímicos inerentes aos hospedeiros,
como a melada (Franco, comun. pessoal).
O conhecimento dos comportamentos associados à localização do hospedeiro de A. spec.
nov. próx. pseudococci irá ter importantes implicações no uso de feromonas, tanto em protecção
integrada como no controlo biológico das cochonilhas-algodão.
2. Enquadramento do tema no âmbito da Ecologia e Gestão Ambiental
A consciência da problemática ambiental revelou a necessidade de se implementarem
medidas e acções para a conservação e recuperação do ambiente, a fim de se atingir um
desenvolvimento sustentável. É neste contexto que a FAO, em 1992, define o conceito de
agricultura sustentável, visando um desenvolvimento durável, que preserve a terra, a água e os
recursos genéticos vegetais e animais, sem degradar o ambiente, e que utilize técnicas
apropriadas, economicamente viáveis e socialmente aceitáveis (Amaro, 2003).
A protecção integrada surge como um modo de agricultura sustentável, que pretende
responder a problemas ambientais resultantes do uso excessivo de pesticidas nos sistemas
agrícolas. O presente trabalho insere-se nesta perspectiva, no sentido de fornecer fundamentos
para o desenvolvimento de tácticas biotécnicas de gestão de pragas de cochonilhas, de base mais
ecológica, que contribuam para criação de programas de protecção integrada da vinha e citrinos,
menos dependentes de pesticidas.
Introdução
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3. Objectivos
Este trabalho integra-se no projecto POCI/AGR/57580/2004 “Mate location by mealybug
males and host finding by parasitoids: its potential use to manage two noxious mealybug species
in citrus orchards and vineyards” que tem como objectivo desenvolver uma nova táctica
biotécnica de protecção das cochonilhas-algodão dos citrinos, Planococcus citri (Risso), e da
vinha, Planococcus ficus (Signoret), designada de “atracção e morte”.
Pretende-se aprofundar o conhecimento dos mecanismos envolvidos na resposta
cairomonal das fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci (sensu Triapitsyn et al., 2007)
relativamente à feromona sexual de P. ficus e do seu papel como infoquímico no comportamento
de selecção do hospedeiro pelo parasitóide, em particular na localização do habitat e do
hospedeiro. Propõe-se avaliar a hipótese de utilizar a feromona sexual de P. ficus para
incrementar a eficiência do parasitóide A. spec. nov. próx. pseudococci na limitação natural de
populações de P. citri, em pomares de citrinos.
Procura-se, também, averiguar a existência de resposta cairomonal do A. spec. nov. próx.
pseudococci a estímulos associados ao hospedeiro P. citri, nomeadamente à sua melada, e
verificar se a experiência de postura em P. citri influencia a resposta do parasitóide à feromona
sexual deste hospedeiro..
Finalmente, o presente estudo pretende caracterizar a micromorfologia das sensilas da
antena de fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudococci, de modo a identificar os quimiorreceptores
que poderão estar envolvidos na selecção do hospedeiro.
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Cap. 1 - Prospecção de Anagyrus pseudococci s.l.
1.1 Introdução
A espécie Anagyrus pseudococci (Girault) (Hymenoptera: Encyrtidae) é um parasitóide
bem conhecido usado com frequência por todo o mundo como agente de controlo biológico de
Planococcus spp e Pseudococcus spp, particularmente no controlo de Planococcus citri (Risso)
(Domenichini, 1952; Bartlett, 1978; Noyes, 2003).
A primeira utilização desta espécie, como agente de controlo biológico, ocorreu em 1934,
após ter sido importada do Brasil e Argentina para a Califórnia (EUA), para controlar P. citri em
citrinos. Foi introduzida em 1955 na Bermuda, para controlar Pseudococus longispinus (Targioni
Tozzetti), e mais tarde no Uzbequistão, num programa de protecção biológica da vinha e
figueira, em relação a P. citri. Em 1975, foi importada de Israel para a África do Sul para o
controlo de P. citri em citrinos. Recentemente, esta espécie tem sido utilizada com êxito em
estufas, no Texas (EUA) e na Europa, para P. citri. Também tem sido referida como agente de
protecção biológica, em vinhas no Paquistão, relativamente a P. citri (Noyes & Hayat 1994). A
distribuição geográfica de A. pseudococci inclui África do Sul, Arábia Saudita, Argentina,
Azerbeijão, Bermuda, Brasil, Chile, Congo, Croácia, China, Chipre, Egipto, Espanha, EUA,
França, Paquistão, Gana, Gambia, Geórgia, Ilhas Canárias, Itália, Israel, Rússia (Noyes & Hayat
1994) e Portugal (Franco et al., 1994).
1.1.1 Alguns aspectos da morfologia e biologia da espécie
A morfologia de A. pseudococci foi descrita por diversos autores (Domenichini, 1952;
Rosen & Rossler, 1966; Noyes & Hayat, 1994; Daane et al., 2004). Esta espécie tem um elevado
dimorfismo sexual. A fêmea mede entre 1,49-1,63 mm, com grande parte da cabeça alaranjada,
excepto o occipúcio, a fronte, a margem média da armadura bucal e as proeminências inter-
antenais, de cor castanho escuro. O escapo é castanho escuro com uma banda basal branca, o
pedicelo é branco com a parte proximal castanha escura, e o flagelo é branco, com excepção do
1º artículo do funículo (F1) que é metade negro na parte proximal, e constituído por dez
artículos. O tórax apresenta coloração laranja e castanha escura. Os machos têm menores
dimensões, com 0,71-1,25 mm de comprimento e são mais escuros, possuindo a cabeça, a região
dorsal e as antenas castanhas escuras (Fig. 1.1).
Cap. 1 - Prospecção de Anagyrus pseudococci s.l.
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Fig. 1.1 – Morfologia de Anagyrus pseudococci (Girault): a) Representação esquemática de uma fêmea (Natural History Museum, Londres); b) Fotografia de macho (à esquerda) e fêmea (à direita) (original da autora).
Esta espécie é um endoparasitóide solitário, a fêmea coloca um ovo, de 0,24×0,15 mm,
no interior da cochonilha, que passa posteriormente por cinco fases larvares e pupa antes do
adulto emergir do hospedeiro. O tempo de desenvolvimento no hospedeiro é dependente da
temperatura, podendo variar entre 11 e 79 dias, à temperatura de 32ºC e 14ºC, respectivamente.
O desenvolvimento é mais rápido a temperatura constante do que variável (Avidov et al., 1967;
Tingle & Copland, 1988; Islam & Jahan, 1993a; Daane et al., 2004). Os machos têm, em média,
um desenvolvimento mais rápido e, em geral, as fêmeas têm uma longevidade superior. A
longevidade depende do estado nutricional do parasitóide, sendo maior quando alimentados com
mel e melada do hospedeiro (Islam, 1993), e tende a diminuir com o aumento da temperatura
(Tingle & Copland 1989; Islam, 1993; Islam & Copland 1997; Islam et al. 1997).
O início do parasitismo ocorre na Primavera tardia e coincide com a deslocação do
hospedeiro para zonas mais expostas da planta. O rápido desenvolvimento do parasitóide permite
o seu rápido crescimento populacional em períodos de temperatura favorável, quando se verifica
um grande aumento do parasitismo. O aumento rápido da taxa de parasitismo reflecte um
parasitóide com múltiplas gerações para cada geração do hospedeiro (Islam, 1993; Malakar
Kuenen et al., 2001; Daane et al., 2004).
A fêmea de A. pseudococci tem capacidade de manipular a proporção dos sexos da
descendência durante a postura, depositando ovos fertilizados que originam fêmeas, em
hospedeiros maiores, e ovos não fertilizados que originam machos, em hospedeiros menores. O
parasitóide tem preferência por hospedeiros maiores, como fêmeas adultas do hospedeiro, pois
originam indivíduos com maior fecundidade, mas pode parasitar 3os instares larvares. Os estádios
ninfais do hospedeiro mostram frequentemente baixa adequabilidade ao parasitismo. Os 2os
instares não fornecem alimento suficiente para o desenvolvimento da descendência do
parasitóide ou impedem posturas subsequentes por ficarem presos ao oviscapto da fêmea, e os
a b
Cap. 1 - Prospecção de Anagyrus pseudococci s.l.
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3os instares fogem com mais facilidade e têm mais defesas físicas (Avidov et al., 1967; Islam,
1993; Islam & Copland 1997; Daane et al., 2004).
Esta espécie possui características típicas de uma espécie sinovigénica (Le Ralec, 1991).
São parasitóides de vida longa, com capacidade de reabsorver os seus ovos, a sua fecundidade é
elevada e o período de postura dura vários dias, porque a maturação dos ovos ocorre
essencialmente após a emergência. No entanto, as fêmeas fazem postura poucas horas depois de
emergirem, o que sugere que a oógenese deve começar na fase de pré-muda, ainda dentro do
hospedeiro. A taxa de maturação dos ovos aumenta rapidamente durante os primeiros 3 dias após
eclosão, atingindo um pico ao 5º dia, com 25 ovos maduros nos ovários da fêmea, e diminui ao
15º dia. Por outro lado, apesar do adulto não se alimentar directamente do hospedeiro, a sua
manutenção e fecundidade depende de alimentos relacionados com o hospedeiro (melada,
hemolinfa absorvida por picadas nutricionais), ou relacionados com a planta (néctar, pólen,
outros exsudados) (Islam, 1993).
A descendência do parasitóide aumenta ligeiramente com a densidade do hospedeiro,
atingindo o nível óptimo de produção em massa quando a proporção do hospedeiro é de 10 para
1 do parasitóide. O número de descendentes por fêmea e a proporção entre os sexos da
descendência não são afectados pela densidade do parasitóide (Campos et al., 2003). A produção
de descendentes aumenta com a temperatura, até um óptimo (30ºC) a partir do qual há uma
descida abrupta, devido à baixa longevidade das fêmeas a estas temperaturas (Avidov et al.,
1967; Tingle & Copland; 1989; Islam, 1993).
Apesar de ser um parasitóide solitário, podem ocorrer casos de superparasitismo (postura
de mais de um ovo no hospedeiro), embora raramente, o que sugere que as fêmeas têm
capacidade de distinguir entre hospedeiros parasitados e não parasitados, sendo o número médio
de posturas significativamente maior nestes últimos, visto a sua biologia ser claramente
influenciada pela qualidade do hospedeiro. No entanto, o superparasitismo conspecífico é mais
comum que o superparasitismo de uma mesma fêmea. Os hospedeiros parasitados são mais
frequentemente rejeitados através da sondagem de marcadores externos pelas antenas, do que
pela sondagem de marcadores internos pelo oviscapto. O número de ovos presente nos ovários
da fêmea também influencia a escolha dos parasitóides. As fêmeas com poucos ovos rejeitam os
hospedeiros parasitados à menos de 96h e distribuem os seus ovos por hospedeiros saudáveis
(Islam & Copland, 1997, 2000).
A ocorrência de superparasitismo em A. pseudococci, parece ser uma estratégia para
reduzir a taxa de encapsulação efectiva nas cochonilhas. A encapsulação é um mecanismo de
defesa fisiológico comum nas cochonilhas, onde o ovo ou larva do parasitóide são envolvidos
Cap. 1 - Prospecção de Anagyrus pseudococci s.l.
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por uma cápsula amorfa composta por melanina, levando à morte do parasitóide por asfixia, por
fome ou inibição do seu desenvolvimento. A incidência da encapsulação reflecte o nível de
adaptabilidade e co-evolução entre hospedeiro e parasitóide, sendo tanto menor quanto maior for
a sua proximidade evolutiva. Diversos estudos têm mostrado que a taxa de encapsulação
agregada (percentagem total de ovos encapsulados do parasitóide) é superior em P. citri (39 %)
relativamente a P. ficus (20 %). Esta diferença indica possivelmente uma adaptação fisiológica
mais baixa de A. pseudococci a P. citri, devido à sua menor proximidade evolutiva (Blumberg et
al., 1995, 2001; Grade, 2004; Passarinho, 2004).
1.1.2 Redefinição do táxone Anagyrus pseudococci s. l.
A descrição original de A. pseudococci (sob Epidinocarsis Girault) foi feita por Girault
(1915), baseada em espécimes recolhidos na Sicília, em 1913. Recentemente, Triapitsyn et al.
(2007), com base em caracteres morfológicos, biológicos e moleculares de diferentes populações
geográficas, mostrou que A. pseudococci s.l. inclui na realidade duas espécies irmãs, A.
pseudococci (Girault) e A. spec. nov. próx. pseudococci.
Apesar dos espécimes-tipo de A. pseudococci terem sido descritos por Girault (1915)
como tendo o primeiro artículo do funículo (F1) da antena da fêmea metade branco metade
preto, as populações recolhidas na região mediterrânea da Europa, entre 1994-2002, incluindo
populações de Sicília, apresentaram sempre F1 completamente preto (Triapitsyn et al., 2007).
Triapitsyn et al. (2007) verificaram, ainda, que as populações do Brasil e da Califórnia
apresentavam também o morfotipo F1 totalmente preto, enquanto que as populações da
Argentina apresentavam o morfotipo preto e branco. Como não foi encontrado mais nenhum
outro caracter morfológico distinto nos dois sexos, esta diferença de coloração do F1 foi referida
como sendo apenas variabilidade interespecífica. No entanto, permaneceu sempre a dúvida dos
dois morfotipos assumidos como A. pseudococci serem na realidade duas espécies, sabendo-se
serem simpátricas na Sicília. Para além disso, a espécie oriental Anagyrus dactylopii (Howard) é
praticamente indistinta morfologicamente do morfotipo F1 totalmente preto de A. pseudococci
(Noyes & Hayat, 1994). Triapitsyn et al. (2007) usaram diferentes abordagens a fim de
determinar a identidade da espécie nas diferentes populações geográficas: (1) reexaminaram a
morfologia para determinar se existiam outras diferenças; (2) realizaram cruzamentos recíprocos
para determinar se as populações eram compatíveis reprodutivamente; (3) compararam
sequências de DNA para determinar se as populações apresentavam diferenças genéticas. Para
tal, examinaram exemplares de colónias de A. pseudococci s.l. provenientes dos EUA, Israel,
Espanha, Turquemenistão, Argentina e Sicília (Catania).
Cap. 1 - Prospecção de Anagyrus pseudococci s.l.
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Em relação ao estudo de morfologia, Triapitsyn et al. (2007) não encontraram mais
nenhuma diferença para além da coloração de F1 em A. pseudococci, A. spec. nov. próx.
pseudococci e A. dactylopii. Estes autores observaram que os espécimes de A. pseudococci da
Sicília e Argentina eram semelhantes morfologicamente, possuindo F1 parcialmente branco e
preto, e que os restantes espécimes das populações mediterrânicas, incluindo Sicília, e
populações do Brasil e EUA, possuiam F1 totalmente preto. Anagyrus spec. nov. próx.
pseudococci e A. dactylopii são morfologicamente indistintos ao nível do F1, distinguindo-se
apenas pela diferente distribuição geográfica e pelos principais hospedeiros. Triapitsyn et al.
(2007) verificaram, ainda, que quando Girault descreveu os primeiros espécimes-tipo já existiam
espécimes com F1 inteiramente preto, significando que as duas espécies já coexistiriam na
Sicília, nessa altura. Quanto à origem de A. pseudococci na Argentina, Triapitsyn et al. (2007)
defendem que esta espécie tenha sido introduzida acidentalmente por videiras trazidas de Itália
(antes de 1932), pois de acordo com John Noyes, as espécies A. dactylopii e A. pseudococci do
complexo Anagyrus têm origem no Velho Mundo (John Noyes, comun. pessoal).
Nos cruzamentos recíprocos, Triapitsyn et al. (2007) verificaram que os biótipos de A.
spec. nov. próx. pseudococci de diferentes origens, Sicília, Israel, Espanha, Turquemenistão e
EUA se cruzavam entre si, produzindo descendência, enquanto que os cruzamentos de A.
pseudococci da Argentina com diferentes biótipos de A. spec. nov. próx. pseudococci não
originavam descendência. Os resultados revelam portanto que as populações de A. pseudococci
da Argentina são incompatíveis reprodutivamente com as populações de A. spec. nov. próx.
pseudococci, representando, por isso, duas entidades isoladas.
A análise DNA dos genes ITS1, 28S-D2 e COX1 mostrou existirem diferenças genéticas
significativas entre A. pseudococci e A. spec. nov. próx. pseudococci. Não se registaram
diferenças significativas entre populações geograficamente distintas pertencentes ao mesmo
morfotipo. Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci e A. dactylopii apresentam uma relação
genética mais próxima, para além de serem morfologicamente mais semelhantes (Triapitsyn et
al., 2007).
Triapitsyn et al. (2007) concluíram que o táxone A. pseudococci s.l. é na realidade
constituído por duas espécies diferentes: A. pseudococci, encontrado apenas na Sicília, Argentina
e Chipre, caracterizada por apresentar F1 parcialmente branco e preto, e A. spec. nov. próx.
pseudococci, presente na região mediterrânea da Europa, incluindo Sicília, Ásia Paleártica,
Brasil e EUA, caracterizada por possuir F1 totalmente preto.
Cap. 1 - Prospecção de Anagyrus pseudococci s.l.
12
1.2 Objectivos
Pretendeu-se esclarecer, com base no trabalho de Triapitsyn et al. (2007), a identidade de
populações de Anagyrus pseudococci s.l., de diferentes origens geográficas, nomeadamente as
regiões Centro e Sul de Portugal, utilizando como referencial comparativo exemplares obtidos de
amostras provenientes de Sicília (Região Centro do Mediterrâneo) e de Israel (Região Este do
Mediterrâneo).
1.3 Material e Métodos Foram realizadas colheitas de frutos infestados com cochonilhas-algodão, em vinhas, na
Região Centro de Portugal, e em pomares de citrinos, no Sul do país, em Julho e Outubro de
2007 (Anexo 1, Quadro 1). Neste estudo, foram também incluídas fêmeas de Anagyrus
pseudococci s.l. obtidas em amostragens efectuadas através de dispositivos-sentinela, i.e.,
batatas-armadilhas, constituídos por batatas abrolhadas, infestadas artificialmente com P. citri,
que foram expostos em pomares de citrinos, na região de Silves e Tavira, em Julho e Outubro de
2007, respectivamente (vide Cap. 5). Foram, ainda, considerados exemplares colhidos em vinhas
e pomares de citrinos no Sul de Portugal, entre 2002-2004, preservados em álcool etílico a 70%,
no Departamento de Protecção de Plantas e de Fitoecologia do Instituto Superior de Agronomia,
Universidade Técnica de Lisboa, bem como espécimes obtidos de criações mantidas no mesmo
departamento, provenientes de Sicília e de Israel.
O material amostrado em 2007 foi trazido para laboratório e mantido à temperatura de 22
± 0,5ºC, em caixas de plástico (17 cm x 17 cm, 9 cm de altura), fechadas com tampa hermética,
com orifícios (3 cm de diâmetro) revestidos de “etamine”, até à emergência dos parasitóides,
após a qual foram colhidos e preservados em álcool etílico a 70%, para posterior observação.
No total, foram analisadas 1307 fêmeas de A. pseudococci s.l., de diferentes origens
geográficas, 1157 de Portugal, 85 da Sicília e 65 de Israel, cujas antenas foram observadas ao
microscópio estereoscópico (ampliação 10 a 40x), para determinar o padrão de coloração de F1.
1.4 Resultados
Das 1157 fêmeas de Anagyrus pseudococci s.l. amostradas em Portugal, 1154 (99,7%)
apresentaram padrão morfológico de F1 compatível com A. spec. nov. próx. pseudococci (sensu
Triapitsyn et al., 2007) (Fig. 1.2a) e apenas três fêmeas corresponderam a A. pseudococi
(Girault) (sensu Triapitsyn et al., 2007), possuindo F1 parcialmente branco (Fig. 1.2b,c; Quadro
1.1 e 1.2). As três fêmeas de A. pseudococi observadas emergiram, no entanto, de diferentes
Cap. 1 - Prospecção de Anagyrus pseudococci s.l.
13
hospedeiros de duas regiões do país, sendo uma proveniente de P. ficus colhido em Cantanhede
(Região Centro) e as restantes duas de P. citri na criação do parasitóide originária de Silves
(Região Sul).
Todas as 65 fêmeas de Anagyrus provenientes de Israel apresentaram F1 totalmente
preto, sendo por isso compatíveis com A. spec. nov. próx. pseudococci. Das 85 fêmeas da Sicília,
83 (97,6%) corresponderam a A. spec. nov. próx. pseudococci e apenas 2 fêmeas apresentaram
F1 parcialmente branco e preto, compatível com A. pseudococci (Quadro1.2).
Fig. 1.2 – a) Antena de fêmea de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci (sensu Triapitsyn et al., 2007), de Silves, Portugal, com primeiro artículo do funículo (F1) totalmente preto; b) Antena de fêmea de A. pseudococci (Girault), de Silves, Portugal, com F1 parcialmente branco e preto; c) Pormenor do F1 da antena de fêmea de A. pseudococci, da Sicília, Itália (original da autora).
Quadro 1.1 – Número de fêmeas identificadas com morfotipo de Anagyrus pseudococci (Girault) e A. spec. nov.
próx. pseudococci (sensu Triapitsyn et al., 2007), obtidas a partir de frutos infestados com cochonilhas-algodão, colhidos em vinhas e pomares de citrinos, na região Centro e Sul de Portugal, entre 2002-2004 e em 2007.
A. spec. nov. próx
pseudococciA. pseudococci
Ago-02/Ago-03 Tavira P.ficus 15
Ago-03 Lagoa P.ficus 3
Jun-04 Lagoa P.citri 1
Jul-Set 04 Silves P. citri 24
Jul-07 Anadia P.ficus 2
Jul-07 Cantanhede P.ficus 1
Jul-07 Tavira P.ficus 10
Jul-07 Faro P.citri/ P.longispinus 3
Jul-07 Silves P.citri/ P.calceolarea 26
Jul-07 Silves P.citri 371
Jul-07 Loulé P.citri 74
Jul-07 Lagoa P.citri 9
Out-07 Tavira P.citri 453
Out-07 Lisboa P.ficus 4
Total 995 1
Número de fêmeasData recolha
campoLocalização (Concelho)
Hospedeiro
F1
a
F1
b
F1
c
Cap. 1 - Prospecção de Anagyrus pseudococci s.l.
14
Quadro 1.2 - Número de fêmeas de Anagyrus pseudococci (Girault) e A. spec. nov. próx. pseudococci (sensu Triapitsyn et al., 2007), obtidas das criações mantidas, em laboratório, sobre Planococcus citri (Risso) (Abril-Outubro de 2007), provenientes de Sicília, de Israel e de Silves.
A. spec. nov. próx
pseudococciA. pseudococci
Sicilia 83 2
Israel 65 0
Silves 159 2
Total 307 4
Origem
Número de fêmeas
1.5 Discussão
Todas as fêmeas de Anagyrus provenientes de Israel apresentaram morfotipo compatível
com A. spec. nov. próx. pseudococci (sensu Triapitsyn et al., 2007). Contudo, em Portugal,
apesar desta espécie parecer ser também a mais frequente e abundante em pomares de citrinos e
vinha, três fêmeas apresentaram padrões de F1 compatíveis com A. pseudococci (Girault) (sensu
Triapitsyn et al., 2007). Resultado semelhante foi observado nos exemplares originários da
Sicília.
De acordo com os resultados, é possível que ambas as espécies de Anagyrus coexistam
em Portugal, tal como em Itália, sendo A. spec. nov. próx. pseudococci relativamente mais
frequente e abundante. Na hipótese de serem realmente duas espécies diferentes, estas poderão
exibir diferenças na ocupação do habitat e nos comportamentos associados à selecção do
hospedeiro. Assim, o facto de não se ter capturado A. pseudococci no campo, poderá dever-se à
sua ausência ou a uma diferente resposta à feromona do hospedeiro, neste caso P. ficus, utilizada
nas batatas-armadilhas para atrair o parasitóide (Franco et al., 2008a).
Contudo, colocam-se algumas dúvidas relativamente a esta hipótese. O surgimento de
duas fêmeas com morfotipo A. pseudococci nas criações, quer de Silves, quer de Sicília, num
universo de 161 e 85 fêmeas, respectivamente, põe em causa a possibilidade deste caracter
morfológico ser suficiente para identificar a espécie, pois parece pouco provável que as duas
espécies coexistam nas criações do parasitóide em laboratório. Segundo John Noyes (comun.
pessoal, 2007), à luz dos conhecimentos actuais, não é possível separar as duas espécies, A.
pseudococci e A. spec. nov. próx. pseudococci, com base noutro caracter morfológico para além
da coloração de F1, cuja fiabilidade não está na realidade garantida, pois não foram observados
suficientes exemplares de diferentes regiões e hospedeiros. A espécie mais próxima de A.
pseudococci é A. dactylopii (Howard), referenciada com diferente distribuição geográfica, mas
que o autor pensa corresponder provavelmente à “raça israelita” de A. pseudoccci ou a sua
“forma F1 totalmente preta”, i.e., A. spec. nov. próx. psudococci, sensu Triapitsyn et al. (2007).
Cap. 1 - Prospecção de Anagyrus pseudococci s.l.
15
No estudo de Triapitsyn et al. (2007), é evidenciada uma relação genética próxima entre A. spec.
nov. próx. pseudococci e A. dactylopii, para além da mesma coloração de F1.
Segundo John Noyes (comun. pessoal, 2007), o esclarecimento desta questão passa
nomeadamente pelo estudo morfológico de mais exemplares dos dois morfotipos, proveniente de
maior número de regiões, desde a região mediterrânea da Europa até ao sul da China, de modo a
aferir a respectiva variabilidade intraespecífica, acompanhado por estudos moleculares e de
comportamento, que são normalmente muito dispendiosos e morosos.
Por outro lado, a fim de se concluir com maior exactidão sobre a identidade desta espécie,
torna-se importante verificar se as populações da Argentina de A. pseudococci se cruzam com as
populações desta espécie da Sicília e produzem descendência, cruzamentos estes que não foram
realizados por Triapitsyn et al. (2007). Seria, também, interessante verificar o isolamento
reprodutivo entre A. dactylopii (Howard) e A. spec. nov. próx. pseudococci (sensu Triapitsyn et
al., 2007), de modo a comprovar a sua identidade como espécie.
Para além disso, torna-se importante fazer a revisão completa do género Anagyrus no
futuro, pois esta nova espécie proposta por Triapitsyn et al. (2007) pode já estar descrita sob
outra designação específica. Segundo John Noyes (comun. pessoal, 2007), existem três ou quatro
espécies em África que poderão corresponder a A. spec. nov. próx. pseudococci.
16
Cap. 2 - Estudo da resposta cairomonal de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci à
feromona sexual de Planococcus ficus em laboratório
2.1 Introdução Os parasitóides utilizam diversas pistas químicas na localização dos seus hospedeiros,
sendo muitas delas voláteis emitidos pelo próprio hospedeiro, produtos resultantes da sua
actividade ou do substrato sobre o qual o hospedeiro pode ocorrer. Para evitar serem detectados
pelos seus inimigos naturais, a maioria dos artrópodes evoluiu no sentido de se tornar cada vez
menos conspícua. No entanto, na comunicação intraespecífica entre insectos é necessária a
libertação de feromonas voláteis, que revelam a presença dos organismos que as produzem.
Muitos parasitóides desenvolveram a capacidade de usar estas feromonas, como cairomonas, na
localização dos seus hospedeiros (Weseloh, 1981; Vet & Dicke, 1992; Powell, 1999). As
feromonas, como sinais químicos utilizados entre indivíduos da mesma espécie, constituem
pistas extremamente fiáveis para os parasitóides na selecção do hospedeiro (Powell, 1999).
As feromonas são infoquímicos (Dicke & Sabelis, 1988) de longo alcance usados na
comunicação intraespecífica, com várias funções, e.g., sexuais, de agregação, de pista, de
alarme. As cairomonas são também infoquímicos, mas medeiam relações interespecíficas, como
as relações insecto-insecto (e.g., localização dos hospedeiros pelos parasitóides) ou insecto-
planta (e.g., localização das plantas hospedeiras pelos fitófagos ou pelos parasitóides) (Vet &
Dicke, 1992). Uma mesma substância química pode desencadear diferentes respostas, de acordo
com o organismo que a detecta. As feromonas sexuais, emitidas pelas fêmeas para atraírem os
machos, são compostos altamente voláteis que evoluíram como sinais de comunicação de longo
alcance, sendo, por isso, cairomonas ideais no processo de localização dos hospedeiros pelos
parasitóides (Powell, 1999).
A atracção cairomonal em relação a feromonas sexuais tem sido evidenciada em diversas
espécies de parasitóides de ovos, como Trichogramma spp., Telenomus spp. e Ooencyrtus
pityocampae Mercet (Powell, 1999; Bruni et al., 2000; Reddy et al., 2002; Fiaboe et al., 2003), e
em parasitóides de larvas/pupas, Apanteles ruficrus (Haliday), Microplitis rufiventris Kok.,
Eupelmus vuilleti (CRW) (Powell, 1999). As feromonas sexuais dos afídeos são também
utilizadas como cairomonas pelos parasitóides Diaeretiella rapae (McIntosh), Praon spp. e
Aphidius spp. (Powell, 1999; Birkett & Pickett, 2003; Powell & Pickett, 2003). Aphytis spp. e
Encarsia perniciosa (Tower), parasitóides da cochonilha pinta-vermelha, Aonidiella aurantii
(Maskell), e da cochonilha de S. José, Diaspidiotus (= Quadraspidiotus) perniciosus
(Comstock), respectivamente, também respondem à feromona sexual do seu hospedeiro
Cap. 2 – Estudo da resposta cairomonal à feromona sexual de P. ficus
17
(Dunkelblum, 1999; Powell, 1999). De igual forma, os predadores das cochonilhas dos pinheiros
Matsucoccus spp. exibem resposta cairomonal à feromona sexual das suas presas (Mendel et al.,
2004).
Existem, no entanto, poucos estudos que investigaram a existência de respostas
cairomonais em parasitóides de cochonilhas-algodão à feromona sexual do hospedeiro. Alguns
exemplos são os estudos de campo de Suma et al. (2001) e os testes de antenografia de Suma et
al. (2004), onde não foi encontrada resposta cairomonal do parasitóide A. pseudococci à
feromona sexual de P. citri. Nos estudos de campo de Millar et al. (2002) foi sugerida a atracção
de A. pseudococci à feromona de P. ficus em vinhas no sul da Califórnia. Recentemente, os
estudos de campo e de laboratório de Franco et al. (2008a,b) mostraram que fêmeas de A. spec.
nov. próx. pseudococci utilizam a feromona sexual de P. ficus como cairomona na selecção do
hospedeiro.
2.2 Objectivos Neste ensaio pretendeu-se verificar a existência de resposta cairomonal de Anagyrus
spec. nov. próx. pseudococci de diferentes populações geográficas, nomeadamente Sicília e
Israel, à feromona sexual de Planococcus ficus, e determinar a natureza da resposta. O objectivo
foi confirmar os resultados obtidos, em condições de campo, nomeadamente em pomares de
citrinos na Sicília e em Israel (Franco et al., 2008a). Os resultados obtidos em estudos anteriores,
de campo e laboratório, em que se investigou a resposta cairomonal de populações portuguesas
do parasitóide à feromona de P. ficus (Cortegano, 2006; Franco et al., 2008b), foram também
comparados com os obtidos relativamente às populações de A. spec. nov. próx. pseudococci
provenientes de Sicília e de Israel, a fim de se detectarem possíveis diferenças entre populações
do parasitóide de diferentes origens geográficas, na bacia do Mediterrâneo.
2.3 Material e Métodos
2.3.1 Criação de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci e Planococcus citri
Para a realização dos ensaios do presente estudo, foi necessária a criação do parasitóide
A. spec. nov. próx. pseudococci e do seu hospedeiro P. citri, efectuada no insectário e laboratório
do Departamento de Protecção de Plantas e Fitoecologia do Instituto Superior de Agronomia,
Universidade Técnica de Lisboa.
Cap. 2 – Estudo da resposta cairomonal à feromona sexual de P. ficus
18
Criação da cochonilha-algodão:
A população de P. citri utilizada nos ensaios foi criada em laboratório sobre brolhos de
batata (Solanum tuberosum L.) da variedade Desirée, processo que compreendeu a fase de
crescimento dos brolhos de batata e a criação propriamente dita. Estas duas fases foram
realizadas em salas separadas, para evitar contaminações por outras espécies de cochonilhas.
Nesse sentido, as várias espécies de cochonilhas-algodão foram mantidas em diferentes câmaras
climatizadas e o seu manuseamento foi realizado separadamente e após desinfecção da bancada
de trabalho e do material de manuseamento.
Na primeira fase, os tubérculos de batata seleccionados (peso médio de 91 g) foram
lavados, para remover a sujidade, e colocados em tabuleiros apropriados (44 cm de
comprimento, 34 cm de largura, 12 cm de profundidade). Estes foram mantidos num
compartimento (22,0 ± 0,5ºC) durante cerca de 20 dias, até se formarem brolhos com
comprimento médio de 5 cm. Os tabuleiros foram cobertos com um tecido de cor negra, para que
o desenvolvimento dos brolhos ocorresse sem formação de solanina, substância que pode
interferir no desenvolvimento das cochonilhas-algodão. Os tubérculos foram pulverizados com
água regularmente.
Na fase de criação em laboratório, cada brolho foi infestado com dois sacos ovígeros de
fêmeas adultas da cochonilha. Foram colocados oito tubérculos por caixa de plástico (17 cm x 17
cm, 9 cm de altura), fechada com tampa hermética com cinco orifícios (3 cm de diâmetro),
revestidos com “etamine”, para permitir o arejamento. As caixas foram mantidas numa câmara
climatizada (24,0 ± 0,5ºC; 52,0 ± 0,5% HR; ausência de luz) até se obterem fêmeas adultas no
início de postura, para se poder repetir o processo e efectuar novas criações.
O material de origem de P. citri foi obtido a partir de populações recolhidas em pomares
de citrinos, em diferentes períodos e regiões de Portugal (Quadro 2.1).
Quadro 2.1 - Origem, hospedeiro vegetal e datas de recolha de populações de cochonilha-algodão dos citrinos, Planococcus citri (Risso), utilizadas na criação em condições controladas de laboratório.
Origem Hospedeiro vegetal Data de recolha
Camarate limoeiro Outubro 2004
Mafra limoeiro Outubro 2005
Silves laranjeira-doce Outubro 2004, Junho 2005, Julho 2006
Silves limoeiro Julho 2006
Cap. 2 – Estudo da resposta cairomonal à feromona sexual de P. ficus
19
Criação do parasitóide:
As populações do parasitóide A. spec. nov. próx. pseudococci foram criadas em colónias
de P. citri, em laboratório. Num frasco de plástico cilíndrico (14 cm de diâmetro, 15 cm de
altura) com sistema de fecho semelhante ao utilizado nas cochonilhas, foram colocados dois
tubérculos de batata infestados com 3os instares ninfais e fêmeas adultas de P. citri e cerca de 10-
20 indivíduos de ambos os sexos do parasitóide. Em cada frasco, foram colocadas duas gotas de
mel, uniformemente espalhadas pelas suas paredes, para que o parasitóide se alimentasse, e um
círculo de papel absorvente no fundo, para absorver o excesso de humidade. As caixas de criação
foram mantidas numa câmara climatizada (24,0 ± 0,5ºC; 52,0 ± 0,5% HR; fotoperíodo de
14L:10E) até à emergência dos parasitóides, de modo a serem efectuadas novas criações.
As populações em criação resultaram de colheitas de frutos infestados por colónias de P.
citri efectuadas em pomares de citrinos. Foram mantidas isoladas diferentes origens do
parasitóide, nomeadamente de Silves, Sicília e Israel, recolhidas em diferentes períodos (Quadro
2.2). Para evitar contaminações, as várias origens do parasitóide foram manuseadas
separadamente e após desinfecção da bancada de trabalho e do material utilizado.
Quadro 2.2 - Origem, hospedeiro vegetal e datas de recolha de populações de A. spec. nov. próx.
pseudococci obtidas a partir de colónias de Planococcus citri (Risso) utilizadas na criação em condições controladas de laboratório.
Origem Hospedeiro vegetal Data de recolha
Silves, Portugal laranjeira-doce Outubro 2004, Julho 2006
Sicília, Itália citrinos Janeiro 2007
Israel citrinos Abril 2007
2.3.2 Químicos A feromona sexual de Planococcus ficus, senecioato de (S)-(+)-lavandulilo (LS), foi
sintetizada na unidade química do Departamento de Entomologia do Volcani Center,
Agricultural Research Organization, Bet Dagan, Israel, segundo Zada et al. (2003). Todos os
difusores foram impregnados com feromona em solução de hexano. LS foi utilizada na sua
forma racémica, com uma pureza química de 94 %. Os esterioisómeros sintetizados de LS são
benignos, nem inibidores nem sinergistas, como a maioria das feromonas das cochonilhas-
algodão (Dunkelblum, 1999; Millar et al., 2002; Zada et al., 2004).
Cap. 2 – Estudo da resposta cairomonal à feromona sexual de P. ficus
20
2.3.3 Ensaios em olfactómetro de ar estático Neste ensaio, cada fêmea de A. spec. nov. próx. pseudococci foi submetida a um teste de
dupla escolha, entre o difusor de feromona sexual de P. ficus a 200 µg (PF200) (odor teste) e a
ausência de estímulo (testemunha). A resposta das fêmeas do parasitóide foi estudada em
olfactómetro de ar estático (Vet, 1983; Alphen & Jervis, 1996), que consiste em três câmaras
dispostas em fila, ligadas por um corredor (Fig. 2.1). Cada fêmea é libertada na câmara do meio,
sendo registada posteriormente a sua escolha por um dos dois estímulos químicos em estudo,
localizados nas câmaras exteriores (difusor versus testemunha), assim como o tempo de resposta.
Foram efectuadas 30 repetições, em condições de laboratório (22,0 ± 0,5ºC; 49,0 ± 0,5% HR;
presença de luz artificial e natural com igual incidência sobre ambos os lados do olfactómetro),
com duração máxima de 30 minutos, por repetição. O difusor de feromona foi colocado no
olfactómetro 5 minutos antes da colocação da fêmea do parasitóide. Para evitar possíveis efeitos
visuais ou outros efeitos externos na resposta do parasitóide, a posição do difusor de feromona
entre as duas câmaras opostas do olfactómetro foi alterada antes de cada repetição. O período de
realização dos ensaios coincidiu com a fase luminosa da câmara de criação do parasitóide. No
final de cada ensaio, o F1 das antenas da fêmea do parasitóide foi observado para verificação da
identidade da espécie, sendo excluídos os ensaios em que foram encontradas fêmeas que não
apresentavam fenótipo antenal típico de A. spec. nov. próx. pseudococci. Entre cada repetição, o
olfactómetro foi colocado em água e detergente, durante 10 minutos, enxaguado e lavado com
hexano.
Uma vez que as respostas dos parasitóides e predadores em olfactómetro são
influenciadas pela idade, estado nutricional e experiência, procurou-se assegurar condições
idênticas a todas as fêmeas do parasitóide (idade, alimento e acasalamento) (Alphen & Jervis,
1996). As fêmeas do parasitóide, com origem em Sicília e Israel, foram criadas em P. citri e
tinham entre 22-24 horas de vida. Fêmeas recém-emergidas, com um máximo de 2h, foram
retiradas das caixas de criação e mantidas durante 20-22h num frasco de plástico cilíndrico (14
cm de diâmetro, 15 cm de altura), fechado com tampa hermética, com um orifício (3 cm de
diâmetro) revestido de “etamine”, para permitir o arejamento, com alimento (1 gota de mel
diluída em água, na proporção de 1:1) e com machos (proporção de 1 fêmea:2 machos), para
permitir o acasalamento.
Considerou-se como hipótese nula (H0) que a escolha da fêmea do parasitóide, entre as
duas arenas do olfactómetro (PF200 versus testemunha), era feita ao acaso. Para verificar esta
hipótese recorreu-se à distribuição binomial, com base no programa SPSS versão 15.0 para
Windows.
Cap. 2 – Estudo da resposta cairomonal à feromona sexual de P. ficus
21
Fig. 2.1 – Olfactómetro de ar estático (Alphen & Jervis, 1996)
2.4 Resultados
O número de respostas positivas à feromona de P. ficus pelas fêmeas de A. spec. nov.
próx. pseudococci de Israel foi significativamente (p=0,05) superior ao esperado se as fêmeas do
parasitóide tivessem escolhido de forma aleatória entre o tratamento e a testemunha, justificando
assim a rejeição da H0 de acordo com a distribuição binomial (p=q=0,5; n=30) (Fig. 2.2).
Contudo, no caso da população da Sicília, o número de respostas positivas à feromona de
P. ficus, apesar de superior, não diferiu significativamente das respostas negativas, não havendo
por isso razões para rejeitar H0 (Fig. 2.2).
0 5 10 15 20 25 30 35
Sicília
Israel
Nº respostasPF 200 Testemunha
Fig. 2.2 – Número de respostas de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci, em ensaios de dupla escolha (feromona Planococcus ficus versus testemunha) realizados em olfactómetro de ar estático, em função da origem do parasitóide: Israel e Sicília.
2.5 Discussão
Os resultados obtidos com as fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudococci provenientes de
Israel suportam a hipótese deste parasitóide utilizar a feromona sexual de P. ficus como
cairomona na selecção do hospedeiro. Estes resultados corroboram os obtidos por Cortegano
(2006) e Franco et al. (2008b), relativamente a populações portuguesas de A. spec. nov. próx.
Cap. 2 – Estudo da resposta cairomonal à feromona sexual de P. ficus
22
pseudococci. No entanto, nos ensaios realizados com batatas-armadilhas em pomares de citrinos
em Israel (Franco et al., 2008a), as fêmeas do parasitóide não responderam significativamente à
feromona de P. ficus. Este resultado, aparentemente discordante, parece estar associado ao facto
dos ensaios terem sido realizados em Maio, altura em que a densidade populacional do
parasitóide no campo é muito baixa.
De forma semelhante ao verificado na população portuguesa de A. spec. nov. próx.
pseudococci (Cortegano, 2006; Franco et al., 2008b), a resposta das fêmeas do parasitóide
proveniente de Israel à feromona sexual de P. ficus sugere a existência de uma resposta inata e
não adquirida, por experiência ou aprendizagem, uma vez que as fêmeas utilizadas nos ensaios
foram obtidas de P. citri e não tiveram contacto prévio com P. ficus ou qualquer estímulo
associado a este hospedeiro. Este comportamento inato das fêmeas do parasitóide à feromona
sexual de P. ficus está em concordância com a hipótese da especialização da dieta alimentar e
uso de semioquímicos pelos inimigos naturais no contexto tritrófico: nos especialistas ao nível
do hospedeiro e generalistas ao nível da planta é esperada uma resposta inata às cairomonas do
hospedeiro/presa, visto as sinomonas emitidas pelas várias plantas hospedeiras variarem
consoante a espécie vegetal (Vet & Dicke, 1992). O parasitóide A. spec. nov. próx. pseudococci
parece incluir-se neste grupo de inimigos naturais, uma vez que é especialista de cochonilhas-
algodão, mas os seus potenciais hospedeiros incluem espécies polífagas (Noyes, 2003; Triapitsyn
et al., 2007).
As fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudococci da Sicília não responderam
significativamente à feromona sexual de P. ficus, não evidenciando a utilização desta feromona
como cairomona no processo de selecção do parasitóide. Estes resultados não corroboram os
estudos de campo realizados em pomares de citrinos na Sicília, onde foi encontrada uma resposta
cairomonal das fêmeas do parasitóide à feromona de P. ficus (Franco et al., 2008a). No entanto,
neste estudo o parasitóide mostrou uma resposta cairomonal à feromona de P. citri, embora
menor que a da feromona P. ficus, não corroborando os estudos anteriores de Suma et al. (2001)
realizados na mesma região. Apesar destes resultados poderem estar relacionados com a
experiência adquirida no hospedeiro pelo parasitóide no início do Outono, podem também
evidenciar uma diferença na resposta cairomonal à feromona sexual de P. citri e P. ficus pelas
populações de A. spec. nov. próx. pseudococci da Sicília, relativamente à das populações de
outras origens geográficas na bacia do Mediterrâneo, como Portugal e Israel. Segundo Vet &
Dicke (1992), as populações de inimigos naturais que evoluem em contextos ecológicos
diferentes podem variar nas características importantes para um bom desempenho, como
tolerância climática, evasão à resposta imunitária do hospedeiro e no uso dos infoquímicos.
Cap. 2 – Estudo da resposta cairomonal à feromona sexual de P. ficus
23
Considerando o número reduzido de repetições deste ensaio e a discordância com os
resultados obtidos em campo na Sicília, torna-se necessário repetir o ensaio com maior número
de repetições, de modo a serem retiradas conclusões mais robustas. Por outro lado, há que ter em
conta que a metodologia utilizada no estudo efectuado com a população portuguesa do
parasitóide não foi exactamente a mesma utilizada em relação às populações de Sicília e de
Israel, nomeadamente no que respeita à idade das fêmeas utilizadas nos ensaios. De facto,
enquanto que no primeiro caso as fêmeas tinham menos de 1 dia, ou seja, entre 0 e 24h de idade
(Cortegano, 2006; Franco et al. 2008b), no segundo caso tinham 22 a 24h. Tendo em conta que o
número de ovos presentes nos ovários das fêmeas influencia a escolha do parasitóide (Islam &
Copland, 1997, 2000) e que se trata de um parasitóide sinovigénico (Islam, 1993), isto é, fêmeas
recentemente emergidas dependem de fontes de alimento para terminar o processo de maturação
dos ovos, é de esperar que a diferente condição fisiológica das fêmeas influencie a sua resposta à
feromona do hospedeiro.
24
Cap. 3 - Estudo da resposta cairomonal de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci à melada
de Planococcus citri em laboratório
3.1 Introdução Muitos insectos parasitóides utilizam cairomonas de contacto como pistas na localização
do hospedeiro. Estas cairomonas são geralmente segregadas ou excretadas pelo hospedeiro
durante a sua actividade fitófaga e incluem melada, fezes, ceras e secreções salivares (Vinson,
1981; Weseloh, 1981; Vet & Dicke, 1992).
A melada, excretada pelos homópteros, é uma mistura complexa de compostos químicos
e diversos nutrientes, que a tornam um recurso alimentar para muitos insectos. Além de ser rica
em açúcares (e.g., frutose, glucose, sacarose), a sua composição inclui grande diversidade de
aminoácidos, amidas, proteínas, minerais e vitamina B (Hagen 1986, Degen & Gersani 1989).
Encontra-se, por isso, na origem de diversos tipos de relações tróficas, podendo envolver,
nomeadamente, no caso dos pseudococcídeos e dos citrinos, formigas colectoras de melada,
lepidópteros carpófagos e outros insectos fitófagos, parasitóides e predadores, artrópodes
detritívoros e fungos saprófitas e entomopatogénicos.
A resposta cairomonal à melada do hospedeiro tem sido bastante estudada em
parasitóides (Bouchard & Cloutier, 1984; Hagvar & Hofsvang, 1989; Budenberg, 1990; Cloutier
& Bauduin, 1990; Grasswitz & Paine, 1992; Shaltiel & Ayal, 1998) e hiperparasitóides de
afídeos (Grasswitz, 1998; Li et al., 1997; Buitenhuis et al., 2004). Tanto os parasitóides
primários, como os hiperparasitóides de afídeos, usam a melada como estímulo de retenção na
procura do hospedeiro e a resposta a este estímulo parece ser inata, uma vez que fêmeas sem
experiência respondem à cairomona (Bouchard & Cloutier, 1984; Grasswitz & Paine, 1993;
Grasswitz, 1998). Após o contacto com a melada do hospedeiro, os parasitóides exibem uma
série de alterações comportamentais, incluindo o aumento da sondagem com as antenas,
contracções abdominais, redução da velocidade de deslocação e aumento da taxa de viragem
(Bouchard & Cloutier, 1984; Budenberg, 1990; Hagvar & Hofsvang, 1991).
O efeito de retenção da melada foi também observado em parasitóides de mosca-branca
(Lenteren et al., 1996; Romeis & Zebitz, 1997; Hudák et al., 2003). Apesar da composição da
melada depender maioritariamente dos elementos do floema, que são específicos da planta
(Hendrix et al., 1992), pode também depender da espécie fitofaga. No estudo de Romeis &
Zebitz (1997), o parasitóide Encarsia formosa (Gahan) (Hymenoptera: Aphelinidae) respondeu
de forma diferente à melada do hospedeiro, mosca-branca, em comparação com a de espécies
não hospedeiras, afídeos.
Cap. 3 - Estudo da resposta cairomonal à melada de P. citri
25
O parasitóide de psilas, Psyllaephagus pistaciae (Burckhardt e Lauterer) (Hymenoptera:
Encyrtidae), também utiliza a melada do hospedeiro como cairomona volátil e de contacto, o que
afecta significativamente o seu comportamento, actuando como estimulante de procura. A
resposta cairomonal do parasitóide à melada de psila permite que este invista mais tempo e
esforço de procura em locais onde o hospedeiro está presente (Mehrnejad & Copland, 2006).
Existem poucos estudos que evidenciam a resposta cairomonal à melada de coccídeos
pelos seus parasitóides (Vinson et al., 1978; Meiracker et al., 1990) e apenas dois incidem sobre
a influência da melada de Planococcus citri no comportamento de procura de Anagyrus
pseudocci s.l. (Islam & Jahan, 1993b; Islam, 1993). Em ambos os estudos, foi observado um
comportamento de retenção do parasitóide, que aumenta a actividade de procura na presença de
melada de P. citri. Ao encontrar uma área contaminada, A. pseudococci reduz a actividade,
podendo permanecer em repouso repetidas vezes, sonda o substrato com as antenas e a armadura
bucal e efectua viragens angulosas. Os autores observaram ainda que o parasitóide, quando perde
o contacto com a zona com melada, vira rapidamente para trás em direcção a essa zona. O tempo
gasto nas zonas com melada foi superior ao das zonas limpas, independentemente da experiência
das fêmeas. As fêmeas inexperientes gastaram mais tempo nas zonas com melada, apresentando
menor actividade.
Para além de serem usadas pelo parasitóide na localização do hospedeiro, as cairomonas
podem também ser usadas para estimar o número de hospedeiros num determinado local, uma
vez que a quantidade de cairomona parece estar correlacionada positivamente com o número de
hospedeiros nesse local (Shaltiel & Ayal, 1998).
No entanto, a presença de melada nem sempre indica com fiabilidade a presença do
hospedeiro, pois permanece na planta, mesmo depois do hospedeiro ter deixado a área
contaminada. A inferência da qualidade do local, através da taxa de encontros do parasitóide
com o hospedeiro, pode fornecer estimativas mais fiáveis para os parasitóides do que as
cairomonas (Vet & Dicke, 1992). No estudo de Li et al. (1997), a percepção da densidade do
hospedeiro num local parece ter sido mais influenciada pelo número de hospedeiros atacados, do
que pela presença de melada, uma vez que as fêmeas experientes do parasitóide permaneceram o
mesmo tempo em locais sem hospedeiros, com ou sem melada.
Cap. 3 - Estudo da resposta cairomonal à melada de P. citri
26
3.2 Objectivos
Pretendeu-se avaliar, em laboratório, se a melada constitui um estímulo de curta ou longa
distância utilizado pelas fêmeas do parasitóide A. spec. nov. próx. pseudococci na localização de
cochonilhas-algodão, dado ser uma substância comum, excretada pelos hospedeiros.
Sabendo que P. citri é um hospedeiro primário de A. pseudococci s.l. (Noyes & Hayat
1994) e que este parasitóide não apresentou resposta cairomonal à feromona sexual de P. citri
(Suma et al., 2001, 2004; Cortegano, 2006; Franco et al., 2008b), pretendeu-se, em particular,
averiguar se as fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudococci usam a melada como estímulo químico
na localização deste hospedeiro. Para o efeito, delinearam-se dois tipos de ensaios. O estudo do
comportamento do parasitóide na presença de melada de P. citri foi realizado em placa de Petri.
A existência de resposta cairomonal foi averiguada através de ensaios de dupla escolha, em
olfactómetro de ar estático.
3.3. Material e Métodos
3.3.1. Ensaio em placa de Petri
No estudo do comportamento de A. spec. nov. próx. pseudococci, cada fêmea do
parasitóide foi exposta a um círculo de papel de filtro (2 cm diâmetro), impregnado ou não
(testemunha) com melada do hospedeiro, colocado no centro de uma placa de Petri (12 cm
diâmetro, 2 cm altura) (Fig. 3.1). Foram efectuadas 30 repetições por modalidade, tendo-se
registado o tipo e a duração de cada comportamento do parasitóide (limpeza, repouso,
alimentação, procura, sondagem com as antenas ou armadura bucal), assim como o tempo
dispendido na área tratada, em cada repetição. Os ensaios foram realizados em condições de
laboratório (22,0 ± 0,5ºC; 49,0 ± 0,5% HR; presença de luz artificial e natural com igual
incidência na placa de Petri) e tiveram duração máxima de 15 minutos. O período de realização
dos ensaios coincidiu com a fase luminosa da câmara de criação do parasitóide. A fêmea do
parasitóide foi colocada sobre a área tratada, imediatamente a seguir à colocação do papel de
filtro na placa de Petri. No final de cada ensaio, o F1 das antenas da fêmea do parasitóide foi
observado para verificação da identidade da espécie, sendo excluídos os ensaios em que foram
encontradas fêmeas cujo fenótipo antenal não era típico de A. spec. nov. próx. pseudococci. Entre
cada repetição, a placa de Petri foi colocado em água e detergente, durante 10 minutos,
enxaguada e lavada com hexano.
As fêmeas do parasitóide utilizadas no ensaio, originárias de indivíduos colhidos na
região de Silves, foram criadas em P. citri e tinham entre 48-50 horas de vida. Fêmeas recém-
Cap. 3 - Estudo da resposta cairomonal à melada de P. citri
27
emergidas, com um máximo de 2h, foram retiradas das caixas de criação e mantidas durante 46-
48h horas em frasco de plástico cilíndrico (14 cm de diâmetro, 15 cm de altura), fechado com
tampa hermética, com um orifício (3 cm de diâmetro) revestido de tecido “etamine” para
permitir o arejamento, com alimento (1 gota de mel diluída em água, na proporção de 1:1) e com
machos, (proporção de 1fêmea:2machos) para permitir o acasalamento.
A melada utilizada em cada ensaio tinha entre 24-72h e foi obtida a partir de colónias de
ninfas do 3º instar (garantia de ausência da feromona) de P. citri sobre brolhos de batatas em
frascos de plástico. As paredes do frasco foram forradas de papel de filtro, de modo a absorver a
melada excretada pela colónia de cochonilhas e reduzir a contaminação por partículas cerosas
segregadas pelas cochonilhas.
Fig. 3.1- Dispositivo do ensaio de comportamento de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci em placa de Petri. A seta indica a localização da fêmea sobre o papel de filtro (original da autora).
3.3.2. Ensaio em olfactómetro estático
Neste tipo de ensaio, cada fêmea de A. spec. nov. próx. pseudococci foi submetida a um
teste de dupla escolha, entre melada de P. citri impregnada num círculo de papel de filtro (2 cm
diâmetro) (odor teste) e ausência de estímulo (testemunha). A resposta das fêmeas do parasitóide
foi estudada em olfactómetro de ar estático (Vet, 1983; Alphen & Jervis, 1996), descrito
anteriormente (vide Cap. 2.2.3). Foram efectuadas 30 repetições, tendo-se registado, em cada
repetição, o tipo e tempo de resposta da fêmea. Cada ensaio foi realizado em condições de
laboratório (22,0 ± 0,5ºC; 49,0 ± 0,5% HR; presença de luz artificial e natural com igual
incidência sobre ambos os lados do olfactómetro) e teve a duração máxima de 30 minutos. Para
evitar possíveis efeitos visuais ou outros efeitos externos na resposta do parasitóide, a posição do
difusor de feromona entre as duas câmaras opostas do olfactómetro foi alterada antes de cada
repetição. O período de realização dos ensaios coincidiu com a fase luminosa da câmara de
criação do parasitóide. No final de cada ensaio, o F1 das antenas da fêmea do parasitóide foi
observado para verificação da identidade da espécie, sendo excluídos os ensaios em que foram
encontradas fêmeas cujo fenótipo antenal não era típico de A. spec. nov. próx. pseudococci. Entre
cada repetição, o olfactómetro foi colocado em água e detergente, durante 10 minutos, sendo
posteriormente lavado com água corrente e com hexano.
Cap. 3 - Estudo da resposta cairomonal à melada de P. citri
28
As fêmeas utilizadas neste ensaio foram sujeitas às mesmas condições do ensaio anterior,
assim como o procedimento de obtenção da recolha de melada utilizada (vide 3.3.1).
Considerou-se como hipótese nula (H0) que a escolha da fêmea do parasitóide entre as
duas arenas do olfactómetro (melada versus testemunha) era feita ao acaso. Para verificar esta
hipótese recorreu-se à distribuição binomial, com base no programa SPSS versão 15.0 para
Windows.
3.4 Resultados
3.4.1 Ensaio em placa de Petri
Na presença de melada, a fêmea de A. spec. nov. próx. pseudococci dedicou a maior parte
do seu tempo à actividade de procura (74%) e à sondagem com antenas (19%), com duração
média de cerca de 11 minutos e 3 minutos, respectivamente, nos 15 minutos de ensaio (Fig. 3.2;
Anexo 2, Quadro 1). O restante tempo foi ocupado por ordem decrescente em repouso, limpeza,
alimentação e sondagem com armadura bucal.
A fêmea do parasitóide permaneceu, em média, cerca de 1/4 do seu tempo (Fig. 3.3A),
na área tratada com melada do hospedeiro, dedicando-se predominantemente, nessa área, às
actividades de sondagem com antenas e procura (Fig. 3.3B). Apesar de ter sido, previamente,
fornecido mel à fêmea do parasitóide, antes do ensaio, esta parece ter-se alimentado da melada
do hospedeiro durante cerca de 2% do seu tempo na área tratada.
Fig. 3.2 – Frequência relativa (%) (A) e representação estatística (B) do tempo dispendido em cada comportamento pelas fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci, na presença da melada de Planococcus citri, em ensaios de 15 minutos realizados em placa de Petri. Tipos de comportamentos considerados: Procura, Repouso, Limpeza, Alimentação (Aliment), Sondagem com antenas (Sond Ant), Sondagem com armadura bucal (Sond Arm).
Limpeza
1,9%
Alimentação
0,5%
Repouso
5,0%
Sondagem
armadura
bucal
0,1% Sondagem
antenas
18,5%
Procura
74,0%
A
Al iment
Limpeza
Procura
Repouso
Sond Ant
Sond Arm
Comportamento
-0:05:00
0:00:00
0:05:00
0:10:00
0:15:00
Tempo dispendido (min)
��
�
�
����
�
�
�
�
�
�����
B
Cap. 3 - Estudo da resposta cairomonal à melada de P. citri
29
Fig. 3.3 – Frequência relativa (%) do tempo dispendido, em cada área (A), e em cada comportamento na área tratada (B), pelas fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci, na presença de melada de Planococcus citri, em ensaios de 15 minutos realizados em placa de Petri. Tipos de comportamentos considerados: Procura, Repouso, Limpeza, Alimentação, Sondagem com antenas, Sondagem com armadura bucal.
Na ausência de melada, a fêmea de A. spec. nov. próx. pseudococci dedicou a maior
parte do seu tempo, em média cerca de 12 minutos, à actividade de procura, nos 15 minutos de
ensaio (Fig. 3.4A e 3.5; Anexo 2, Quadro 1). O restante tempo foi distribuído por ordem
decrescente pelas actividades de repouso, limpeza, sondagem com antenas e sondagem com
armadura bucal.
No que diz respeito ao tempo dispendido em cada área, a fêmea do parasitóide dispendeu,
apenas, 1% do seu tempo no papel de filtro, na modalidade testemunha (Fig. 3.4B).
Fig. 3.4 – Frequência relativa (%) do tempo dispendido, em cada tipo de comportamento (A), e em cada área (B), pelas fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci, na ausência de melada de Planococcus citri, em ensaios de 15 minutos realizados em placa de Petri. Tipos de comportamentos considerados: Procura, Repouso, Limpeza, Alimentação, Sondagem com antenas, Sondagem com armadura bucal.
Alimentação
2.2%Limpeza
0.3%
Repouso
2.5%
Sondagem
armadura bucal
0.0%
Sondagem
antenas
62.2%
Procura
32.8%
B
77%
23%
dentro área tratada fora área tratada
A
Sondagem
antenas
3,1%
Alimentação
0,0%
Limpeza
5,6%
Sondagem
armadura
bucal
0,2%Repouso
9,8%
Procura
81,3%
A
99%
1%
dentro área tratada fora área tratada
B
Cap. 3 - Estudo da resposta cairomonal à melada de P. citri
30
Al iment
Limpeza
Procura
Repouso
Sond Ant
Sond Arm
Comportamento
-0:05:00
0:00:00
0:05:00
0:10:00
0:15:00
Tempo dispendido (min)
�
�
�
�
�
��
�
�
�
�
�
�
�
������
Fig. 3.5 – Representação estatística de cada comportamento das fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci na ausência de melada de Planococcus citri, em ensaios de 15 minutos realizados em placa de Petri. Tipos de comportamentos considerados: Procura, Repouso, Limpeza, Alimentação (Aliment), Sondagem com antenas (Sond Ant), Sondagem com armadura bucal (Sond Arm).
3.4.2 Ensaio em olfactómetro estático
O número de respostas positivas de A. spec. nov. próx. pseudococci à melada de P. citri
não diferiu significativamente do número de respostas à testemunha, não havendo por isso razões
para rejeitar a H0 (Fig. 3.6).
0 5 10 15 20 25 30 35
1
Nº respostas
Melada Testemunha
Fig. 3.6 – Número de respostas da fêmea de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci em ensaios de dupla escolha (melada de Planococcus citri versus testemunha), realizados em olfactómetro de ar estático.
Cap. 3 - Estudo da resposta cairomonal à melada de P. citri
31
3.5 Discussão
Os resultados do ensaio de olfactómetro mostram não existir resposta cairomonal da
fêmea de A. spec. nov. próx. pseudococci aos odores da melada de P. citri, visto não se terem
observado diferenças significativas na escolha realizada pelo parasitóide.
No entanto, os resultados do ensaio em placa de Petri evidenciam um comportamento de
retenção da fêmea do parasitóide induzido pela presença de melada do hospedeiro. Em presença
de melada, a fêmea dedicou a maior parte do tempo às actividades de procura (74%) e sondagem
com antenas (19%), enquanto que na sua ausência, apesar da procura ter sido a actividade
dominante (81%), a sondagem com antenas representou, apenas, 3%. Apesar de, na presença de
melada, não ter sido observada maior actividade de procura relativamente à testemunha, o
parasitóide mostrou comportamentos de retenção na área tratada. Ao contactar com a melada do
hospedeiro, o parasitóide diminuiu a velocidade de deslocação, tendo mesmo parado e sondado o
substrato com as antenas frequentemente. Durante os ensaios foi ainda observado que, ao perder
o contacto com o papel de filtro onde estava embebida a melada, o parasitóide virava
rapidamente para trás em direcção à zona tratada, efectuando viragens angulosas. Estas
alterações comportamentais do parasitóide, após o contacto com a melada do hospedeiro, foram
também observadas por outros autores, em diferentes espécies de parasitóides, incluindo A.
pseudococci s.l. (Vinson et al., 1978; Bouchard & Cloutier, 1984; Budenberg, 1990; Islam,
1993; Islam & Jahan, 1993b; Romeis & Zebitz, 1997; Mehrnejad & Copland, 2006).
Na presença de melada, apesar de se ter registado um maior tempo de permanência do
parasitóide na área tratada, relativamente à testemunha, esta proporção foi contudo inferior ao
tempo dispendido fora da área tratada. Estes resultados não corroboram o estudo de Islam
(1993), onde A. pseudococci s.l. despendeu maior tempo nas zonas com melada do hospedeiro
do que nas zonas limpas. De igual forma, o tempo gasto pelo parasitóide P. pistaciae na metade
da folha com melada foi superior ao tempo gasto na metade da folha limpa (Mehrnejad &
Copland, 2006). A diferença entre estes resultados pode resultar de diferentes metodologias,
relativamente ao tempo dispendido na área tratada e à dimensão da mesma. Admitindo que o
parasitóide não permanece num determinado local, onde é retido por um estímulo cairomonal,
mais do que um certo limite de tempo, caso não encontre nenhum hospedeiro, então, quanto
maior for o tempo de observação do ensaio, menor é a proporção de tempo que o parasitóide
permanece retido. Relativamente à proporção entre a área com e sem melada, no presente estudo
esta proporção é relativamente pequena, sendo a área sem melada 35 vezes maior que a área com
melada. Se a deslocação do parasitóide fosse distribuída ao acaso por toda a placa, era de se
esperar que o tempo de permanência no círculo da melada fosse proporcional à área, i.e., deveria
Cap. 3 - Estudo da resposta cairomonal à melada de P. citri
32
ser 35 vezes menor. Contudo, neste caso o tempo dispendido na área com melada foi apenas 3,3
vezes menor, relativamente à área sem melada, indiciando um comportamento não aleatório.
Os resultados do presente estudo sugerem portanto que a melada de P. citri actua como
estímulo de localização do hospedeiro, a curta distância, uma vez que a fêmea de A. spec. nov.
próx. pseudococci inicia uma intensa procura e sondagem com antenas na área tratada, após
detectar a presença de melada. Por outro lado, o facto de ter sido fornecido mel à fêmea do
parasitóide previamente ao ensaio, permite assegurar que o comportamento de retenção do
parasitóide está associado maioritariamente à procura do hospedeiro, uma vez que as suas
carências nutritivas estão asseguradas.
Ao fim de algum tempo de procura naquela zona sem encontrar hospedeiro, a fêmea do
parasitóide sai da área tratada e continua à procura num perímetro mais alargado, entrando e
saindo do papel com melada, tendendo a abandonar o local e a dedicar-se a tarefas de repouso e
limpeza. Este comportamento apoia a hipótese de Vet & Dicke (1992) de que a taxa de encontros
de hospedeiro pode fornecer uma estimativa mais fiável da qualidade do local do que a presença
de cairomona por si só, pois a presença de melada nem sempre está directamente associada à
presença de hospedeiro, que pode já ter abandonado o local.
Concluindo, o facto de A. spec. nov. próx. pseudococci ter mostrado comportamento de
retenção em presença da melada de P. citri, no ensaio de placa de Petri, mas não ter apresentado
resposta cairomonal aos odores da melada, no ensaio de olfactómetro, parece sugerir que o
parasitóide utiliza este infoquímico como cairomona de contacto, a curta distância, na
localização do hospedeiro.
33
Cap. 4 - Estudo da influência da experiência de postura na resposta cairomonal de
Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci à feromona sexual de Planococcus citri
4.1 Introdução
Um insecto parasitóide usa grande diversidade de pistas físicas e químicas nas diferentes
fases de selecção do hospedeiro (Vet & Dicke, 1992). O êxito deste processo de selecção
depende de respostas comportamentais adequadas aos diversos estímulos captados durante a
procura do hospedeiro. As respostas comportamentais de um parasitóide, neste processo de
procura, são determinadas em grande parte pelo genótipo, estado fisiológico (e.g. carga de ovos),
e experiência ambiental prévia (Vet et al., 1990). Esta plasticidade ambiental permite ao
parasitóide fazer um óptimo uso das espécies de hospedeiro mais abundantes e disponíveis a
cada momento. A capacidade de aprender através da experiência e de modificar a sua resposta de
acordo com estímulos ambientais, tem um papel importante na adaptabilidade comportamental
do parasitóide, assegurando o seu êxito reprodutivo e a sua sobrevivência (Vet et al., 1995).
A aprendizagem nos parasitóides tem sido tema de diversos estudos com o objectivo de
compreender melhor a função desta variabilidade comportamental (Turlings et al., 1993; Vet et
al., 1995; Geervliet et al., 1998b; Grasswitz, 1998; Iizuka & Takasu, 1998; Vinson, 1998; Powell
et al., 1999; Dutton et al., 2000; Fukushima et al., 2001, 2002).
Segundo Vinson (1998), a experiência prévia da fêmea do parasitóide é particularmente
importante no comportamento de selecção do hospedeiro e pode ser classificada em três tipos:
1) Comportamento inato da fêmea, sem que esta tenha tido experiência prévia com o
hospedeiro; é a herança genética da fêmea que determina as primeiras pistas às quais esta
responde e os comportamentos daí resultantes, as espécies de hospedeiro que ataca e a
intensidade do ataque; esta heritabilidade genética das respostas aos diferentes estímulos
ocorre a todos os níveis do processo de selecção do hospedeiro e está sujeita à pressão da
selecção natural;
2) Experiência propriamente dita, através da qual a fêmea aumenta a intensidade de uma
resposta inata fraca ou melhora uma resposta existente a um determinado estímulo, o que
resulta numa maior sensibilidade às pistas inatas ou a pistas para as quais a fêmea foi
geneticamente programada para responder (Vinson, 1998); a experiência é extensível a
todos os níveis do processo de selecção do hospedeiro. Parece ser particularmente
importante nas fases iniciais deste processo, como na localização do habitat e hospedeiro;
tem sido demonstrado que as fêmeas experientes respondem mais cedo e exibem voos
directos para o complexo hospedeiro-planta relativamente às fêmeas naive ou inatas
Cap. 4 - Influência da experiência de postura na resposta cairomonal à feromona de P. citri
34
(Drost et al., 1986; McAuslane et al., 1991; Sheehan & Shelton, 1989); no entanto, foi
também evidenciada a importância da experiência na fase de reconhecimento do
hospedeiro, onde o aumento de manuseamento de sucessivos hospedeiros pelo
parasitóide diminui o tempo que este leva a parasitar (Wajnberg, 1989);
3) Aprendizagem associativa, através da qual a fêmea gera respostas a novos estímulos por
associação a pistas inatas (Vet & Dicke, 1992; Vinson, 1998). Esta aprendizagem permite
que a fêmea responda de forma apropriada a estímulos que ela pode detectar (Ding et al.,
1989; Kaiser & Dejong, 1993; Kaiser et al., 1995; Lewis et al., 1991; Vet & Groenewold,
1990; Vinson et al., 1977), mas que não foi geneticamente programada para responder. O
resultado desta aprendizagem é um sistema flexível, que permite à fêmea do parasitóide
responder a estímulos associados a novos hospedeiros ou a novos habitats do seu
hospedeiro (Lewis et al., 1990; Vet et al., 1990, 1995).
A aprendizagem é, por isso, um factor importante que afecta o comportamento de postura
das fêmeas dos parasitóides. Muitos estudos têm demonstrado que fêmeas com experiência
prévia do hospedeiro, plantas hospedeiras, ou de outros estímulos associados ao hospedeiro, são
normalmente mais eficientes na procura do hospedeiro do que fêmeas sem experiência (Alphen
& Vet, 1986; Lewis et al., 1991; Cortesero et al., 1995). Em muitos casos, a experiência de
postura parece ser pré-requisito para que haja aprendizagem (Alphen & Vet, 1986; Iizuka &
Takasu, 1998; Geervliet et al., 1998a; Fujiwara et al., 2000; Ueno & Ueno, 2005) ou aumento de
resposta inata a um estímulo (Vinson, 1998; Peri et al., 2006).
Existem alguns estudos sobre o efeito da experiência na selecção do hospedeiro em
Anagyrus pseudococci s.l. (Islam et al., 1997; Islam & Copland, 1997; Karamaouna & Copland,
2000; Daane, 2004). Nestes estudos, foi demonstrado que a selecção do instar ou tamanho do
hospedeiro durante o período de procura pode ser afectada pela experiência ou aprendizagem do
parasitóide. Islam (1993) observou que fêmeas experientes do parasitóide eram mais eficientes
na procura, deslocando-se mais depressa, com menor tempo de manuseamento do hospedeiro. O
estudo de Heidari & Jahan (2000) mostrou que a experiência de postura nos hospedeiros, P. citri
e Pseudococcus viburni (Signoret), desempenha um papel importante nas posturas subsequentes
do parasitóide nestes hospedeiros.
4.2 Objectivos
Pretendeu-se avaliar se as fêmeas do parasitóide Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci
aprendem a reconhecer a feromona sexual de Planococcus citri, após experiência de postura
neste hospedeiro.
Cap. 4 - Influência da experiência de postura na resposta cairomonal à feromona de P. citri
35
4.3 Material e métodos
4.3.1 Químicos
A feromona sexual de P. citri, acetato de (+)-(1R,3R)-cis-2,2-dimetilo-3-isopropenilo-
ciclobutanemetanol (PcA ou acetato de Planococcil), foi sintetizada segundo Zada et al. (2004),
na unidade química do Departamento de Entomologia, do Volcani Center, Agricultural Research
Organization, Bet Dagan, Israel. Todos os difusores foram impregnados com feromona em
solução de hexano. PcA foi utilizada na sua forma quiral com uma pureza química de 95 %. O
esterioisómero sintetizado de PcA é benigno, nem inibidor nem sinergista, como na maioria das
feromonas das cochonilhas-algodão (Dunkelblum, 1999).
4.3.2 Ensaio em olfactómetro de ar estático
Neste ensaio, a mesma fêmea de A. spec. nov. próx. pseudococci, experiente ou não, foi
submetida a um teste de dupla escolha, entre o difusor de feromona sexual de P. citri a 200 µg
(PC200) (odor teste) e a ausência de estímulo (testemunha). A resposta das fêmeas do parasitóide
foi estudada em olfactómetro de ar estático (Vet, 1983; Alphen & Jervis, 1996), descrito
anteriormente (vide Cap. 2.3.3). Foram efectuadas 30 repetições, tendo-se registado o tipo e
tempo de resposta em cada repetição. Cada ensaio foi realizado em condições de laboratório
(22,0 ± 0,5ºC; 49,0 ± 0,5% HR; presença de luz artificial e natural com igual incidência sobre
ambos os lados do olfactómetro) e teve a duração máxima de 30 minutos. O difusor de feromona
foi colocado no olfactómetro 5 minutos antes da colocação da fêmea do parasitóide. Para evitar
possíveis efeitos visuais ou outros efeitos externos na resposta do parasitóide, a posição do
difusor de feromona entre as duas câmaras opostas do olfactómetro foi alterada antes de cada
repetição. O período de realização dos ensaios coincidiu com a fase luminosa da câmara de
criação do parasitóide. No final de cada ensaio, o F1 das antenas da fêmea do parasitóide foi
observado para verificação da identidade da espécie, sendo excluídas as fêmeas cujo fenótipo
antenal não correspondia tipicamente a A. spec. nov. próx. pseudococci. Entre cada repetição, o
olfactómetro foi colocado em água e detergente, durante 10 minutos, enxaguado e lavado com
hexano.
As fêmeas do parasitóide utilizadas neste ensaio tiveram origem em indivíduos
proveniemtes de Silves e foram criadas em P. citri. Fêmeas recém-emergidas, com um máximo
de 2h, foram retiradas das caixas de criação e mantidas durante 24h em frascos de plástico (14
cm de diâmetro, 15 cm de altura) fechados, com tampa hermética e orifício (3 cm de diâmetro)
revestido de tecido “etamine”, para permitir o arejamento, com alimento (1 gota de mel diluída
em água, na proporção de 1:1) e com machos (proporção de 1fêmea:2machos), para permitir o
Cap. 4 - Influência da experiência de postura na resposta cairomonal à feromona de P. citri
36
acasalamento. Ao fim desse tempo, cada fêmea inexperiente foi testada no olfactómetro e
mantida isolada por mais 24h nos frascos de plástico com mel e machos. Para obtenção de
fêmeas com experiência de parasitismo, cada fêmea inexperiente, com 48h-50h, foi colocada
numa placa de Petri (12 cm diâmetro, 2 cm altura), com seis ninfas de 3º instar ou fêmeas jovens
de P. citri e na presença de um difusor de feromona sexual de P. citri (200 µg), até ocorrência no
mínimo de uma postura. A fêmea foi então isolada, no máximo 1h, até ter sido novamente
testada a sua resposta em olfactómetro (Fig. 4.1).
Para confirmação da ocorrência de postura pelo parasitóide, cada fêmea de cochonilha
parasitada foi submetida a um processo de clarificação, por imersão numa solução de 1:1 de
clorofenol (Anexo 3) e ácido acético, durante 24 horas. Cada exemplar foi posteriormente
dissecado, com recurso ao microscópio estereoscópico (ampliação 10 a 40x) e agulhas
entomológicas, e observada a existência ou não de ovo do parasitóide (Fig. 4.2).
Considerou-se como hipótese nula (H0) que a escolha da fêmea do parasitóide entre as
duas arenas do olfactómetro (PC200 versus testemunha) era feita ao acaso. Para verificar esta
hipótese recorreu-se à distribuição binomial, tendo-se utilizado o programa SPSS versão 15.0
para Windows.
Fig. 4.1 - Esquema do tratamento da fêmea de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci no estudo do efeito da experiência de postura no reconhecimento da feromona sexual de Planococcus citri pelo parasitóide (original da autora; excepto fotografia do parasitóide, Blumberg 2003).
Fig. 4.2 – Exemplar de Planococcus citri parasitado com um ovo de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci
encapsulado (A) e não encapsulado (B); Ovo isolado de A. spec. nov. próx. pseudococci (C) (original da autora).
A B C
+ 24 h
Fêmea inexperiente
24-26 h
idade
Fêmea experiente
Experiência de postura
48-50 h
idade
Cap. 4 - Influência da experiência de postura na resposta cairomonal à feromona de P. citri
37
4.4 Resultados Ambas as fêmeas de A. spec. nov. prox. Pseudococci, com e sem experiência, não
mostraram resposta cairomonal à feromona sexual de P. citri, uma vez que o número de respostas
positivas do parasitóide à feromona do hospedeiro não diferiu significativamente do número de
respostas em relação à testemunha, não havendo por isso razões para rejeitar a H0 (Fig. 4.3).
0 5 10 15 20 25 30 35
Fêmeas
Inexperientes
Fêmeas
Experientes
Nº respostasPC200 Testemunha
Fig. 4.3 – Número de respostas de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci, com e sem experiência de postura, em ensaios de dupla escolha (feromona de Planococcus citri vs testemunha) realizados em olfactómetro de ar estático.
No que diz respeito ao efeito da experiência de postura, 46 % das fêmeas do parasitóide
mostrou uma resposta positiva à feromona de P. citri, após a experiência com o hospedeiro.
Nestas respostas positivas, apenas 23 % das fêmeas inexperientes com resposta negativa,
mostraram resposta positiva à feromona do hospedeiro, após a experiência de postura (Fig. 4.4).
Neg - Neg
27%
Pos - Neg
27%
Neg - Pos
23%
Pos - Pos
23%
Fig. 4.4 – Frequência relativa (%) da sequência de respostas de cada fêmea de Anagyrus spec. nov. próx.
pseudococci à feromona sexual de Planococcus citri. Resposta Pos-Neg: resposta positiva da fêmea inexperiente seguida de resposta negativa após experiência de postura; Resposta Pos-Pos: ambas respostas positivas da fêmea; Resposta Neg-Pos: resposta negativa da fêmea imexperiente, seguida de resposta positiva após experiência de postura; Resposta Neg-Neg: ambas respostas negativas da fêmea.
Quanto ao tempo de resposta do parasitóide à feromona sexual de P. citri, as fêmeas
experientes apresentaram, no total, menor tempo do que as inexperientes. No entanto, as fêmeas
experientes que responderam positivamente, demoraram mais tempo a responder à feromona do
hospedeiro (Quadro 4.1).
Cap. 4 - Influência da experiência de postura na resposta cairomonal à feromona de P. citri
38
Quadro 4.1 - Número de respostas e tempo de resposta médio das fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx.
pseudococci, com e sem experiência de postura, em ensaios de dupla escolha (feromona Planococcus citri versus testemunha) realizados em olfactómetro de ar estático.
nTempo de resposta
médio (min)n
Tempo de resposta médio (min)
Positiva 15 02:59 14 03:14
Negativa 15 03:53 16 02:08
Total 30 03:26 30 02:39
Fêmeas ExperientesFêmeas Inexperientes
Tipo resposta
4.5 Discussão Os resultados mostram que as fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudococci não aprenderam
a reconhecer a feromona sexual de P. citri, após terem realizado uma postura no hospedeiro. No
entanto, apesar de pouco representativo, 23% das fêmeas experientes, que realizaram uma
postura efectiva em P. citri mostraram ter associado esta experiência positiva à feromona do
hospedeiro, o que evidencia, de alguma forma, aprendizagem associativa do parasitóide.
Os resultados mostram, também, não existir resposta cairomonal das fêmeas de A. spec.
nov. próx. pseudococci à feromona de P. citri, mesmo após as fêmeas terem realizado postura no
hospedeiro. Esta evidência corrobora os resultados obtidos em ensaios de olfactómetro por
Cortegano (2006) e Franco et al. (2008b), em electroantenogramas por Suma (2004) e em
ensaios de campo com armadilhas sexuais por Suma et al. (2001), Cortegano (2006) e Franco et
al. (2008b). No entanto, Franco et al. (2008a) observaram uma resposta significativa do
parasitóide à feromona sexual de P. citri, na Sicília. Uma vez que os ensaios foram realizados no
fim de Outubro e não eram consistentes com os ensaios de campo anteriores realizados na
mesma região, onde não tinha sido registada nenhuma resposta à feromona deste hospedeiro
(Suma et al., 2001), os autores sugeriram que os resultados obtidos poderiam estar relacionados
com a experiência do parasitóide. Segundo Franco et al. (2008a) é de esperar que a experiência,
factor a considerar, seja mais provável nesse período do ano, pois o abaixamento das
temperaturas permite maior longevidade do parasitóide e as densidades mais elevadas dos
hospedeiros possibilitam maior número de contactos entre o parasitóide e o hospedeiro.
Muitos estudos têm demonstrado que o comportamento de procura dos insectos
parasitóides difere nas fêmeas com ou sem experiência prévia de postura e que as fêmeas
experientes são mais eficientes na localização dos seus hospedeiros (Alphen & Vet, 1986; Lewis
et al., 1990; Vet & Dicke, 1992; Godfray, 1994; Vinson, 1998) e têm maior motivação para
depositarem ovos, do que fêmeas mais jovens ou inexperientes (Wardle & Borden, 1985;
Rosenheim, 1993; Takasu & Lewis, 1993).
Cap. 4 - Influência da experiência de postura na resposta cairomonal à feromona de P. citri
39
Os resultados deste estudo não vão por isso ao encontro do esperado. A experiência de
postura em P. citri deveria ter induzido maior número de respostas do parasitóide à feromona do
hospedeiro e levar consequentemente a um incremento da eficiência de parasitismo, maior
número de respostas positivas em menor tempo. Para além disso, o facto de se ter testado a
mesma fêmea, antes e após a experiência, implica que as diferenças inerentes a cada indivíduo
fossem diluídas e o aumento da idade das fêmeas, aliado ao maior número de ovos maduros nos
ovários das fêmeas experientes (Islam, 1993) favorecesse a aprendizagem da feromona do
hospedeiro. Durante a fase de experiência de postura, foi ainda comum observar as fêmeas do
parasitóide alimentarem-se da hemolinfa que sai da picada no hospedeiro em vez de depositarem
ovos nesse hospedeiro. Segundo Iizuka & Takasu (1998), a ingestão do hospedeiro pode reforçar
a associação entre o hospedeiro e um odor. Assim, adicionalmente à experiência de postura, as
fêmeas do parasitóide poderiam ter aprendido a associar o odor da hemolinfa com o hospedeiro
através da sua experiência enquanto se alimentava.
Tendo em conta os resultados obtidos nos ensaios de campo na Sicília (Franco et al.,
2008a) e o estudo de Heidari & Jahan (2000), onde se verificou que a experiência de postura no
hospedeiro desempenha papel importante nas posturas subsequentes de A. pseudococci s.l.,
coloca-se a hipótese de que a experiência prévia de, apenas, uma única postura em P. citri não
tenha sido suficiente para a fêmea do parasitóide aprender a associar esse estímulo às pistas
químicas inerentes ao potencial hospedeiro, neste caso a feromona sexual de P. citri. O mesmo
aconteceu com Pimpla luctuosa (Smith) (Hymenoptera: Ichneumonidae), segundo Iizuka &
Takasu (1998), onde foram necessárias várias experiências de postura em presença do novo odor,
para que as fêmeas do parasitóide aprendessem a associar esses odores ao hospedeiro. No estudo
de Ueno & Ueno (2005), as fêmeas experientes de Itoplectis naranyae (Ashmead)
(Hymenoptera: Icheumonidae) mostraram menor tempo de procura do hospedeiro após lhes ter
sido permitida uma experiência de postura continuada, durante algumas horas ao longo de vários
dias.
Assim, uma das formas para se verificar efectivamente se a experiência de postura das
fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudococci influencia a aprendizagem da feromona de P. citri
seria aumentar o número de posturas do parasitóide neste hospedeiro. No entanto, deve ter-se em
conta que um excessivo tempo de exposição ao hospedeiro pode levar ao decréscimo do número
de ovos da fêmea do parasitóide e consequentemente a um descrécimo do seu apetite de procura
pelo hospedeiro (Vet et al., 1990).
40
Cap. 5 - Estudo da influência da feromona sexual de Planococcus ficus no parasitismo de
Planococcus citri
5.1 Introdução
A expansão dos citrinos no mundo está relacionada com a sua introdução na Bacia do
Mediterrâneo pelos árabes, por volta de 300 ac. A difusão dos citrinos para o Novo Mundo teve
início em finais do sec. XV, com a expansão dos Portugueses e Espanhóis na altura dos
Descobrimentos. A introdução destas plantas exóticas nas principiais regiões de produção
comercial (Norte e Sul da América, Bacia Mediterrânea, África do Sul, Austrália) levou à rápida
colonização por espécies de insectos nativas, que logo se tornaram em espécies nocivas para as
plantas (Carvalho et al., 1996). Segundo Cramer (1967), os prejuízos causados pelas pragas de
insectos na produção de citrinos a nível mundial são de 8,3 %. No conjunto dos prejuízos, 42%
são da responsabilidade das cochonilhas. Mais de 20 espécies de cochonilha-algodão estão
associadas aos citrinos (Viggiani, 1988), sendo Planococcus citri uma das principais pragas dos
citrinos (Ebeling 1959). Em Portugal, esta espécie assume estatuto de praga-chave no continente
e nos Açores (Carvalho et al., 1996), podendo causar estragos severos, sobretudo em pomares
fortemente tratados com insecticidas sintéticos, o que revela a importância da limitação natural
no controlo das suas populações (Viggiani, 1988; Franco et al., 1994).
Recentemente, Franco et al. (2008b) concluíram que A. spec. nov. próx. pseudococci é
aparentemente a espécie mais comum nos pomares de citrinos e vinhas de Portugal e
demonstraram que este parasitóide é atraído pela feromona sexual de P. ficus, mas não pela
feromona sexual de P. citri (Suma et al., 2001, 2004). Esta evidência permite a implementação
da feromona sexual de P. ficus em tácticas de protecção biológica, nomeadamente no incremento
do parasitismo de P. citri por este parasitóide. O maior número de emergências de A. spec. nov.
próx. pseudococci em batatas-armadilhas com feromona de P. ficus (Franco et al. 2008a)
mostrou que a presença desta feromona pode melhorar o desempenho do parasitóide no
parasitismo de P. citri, em pomares de citrinos. Este bom desempenho do parasitóide é resultado
de um maior número de fêmeas atraídas pela fonte de feromona e de uma localização do
hospedeiro mais rápida.
Nas diferentes etapas de selecção do hospedeiro, podem operar dois tipos de estímulos
diferentes: estímulos atractivos, que como o seu nome indica atraem os parasitóides para áreas
que contêm ou podem conter hospedeiros, e estímulos de retenção, que induzem redução da
distância ou área percorrida por unidade de tempo pelos parasitóides dentro daquela área. Uma
vez retido numa área com hospedeiros, o parasitóide pode responder adicionalmente a estímulos
Cap. 5 - Influência da feromona sexual de P. ficus no parasitismo de P. citri
41
atractivos ou de retenção que tendem a localizar os movimentos do hospedeiro em unidades cada
vez mais pequenas da sua distribuição (Alphen & Jervis, 1996).
O conhecimento da função cairomonal das feromonas dos insectos, como atractivas, de
retenção ou estimulantes de procura, para os seus inimigos naturais, oferece valiosas
oportunidades para o uso eficaz destas feromonas na protecção biológica e integrada das
culturas. No entanto, é necessário estabelecer ligação entre o conhecimento comportamental e o
conhecimento ecológico para que o uso das cairomonas possa ser direccionado aos elementos
específicos de uma relação particular hospedeiro/parasitóide, que são normalmente obstáculos a
uma eficiente gestão da praga (Powell, 1999).
5.2 Objectivos Pretendeu-se avaliar a hipótese de utilizar a feromona sexual de P. ficus para incrementar
a eficiência do parasitóide Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci na limitação natural de
populações de P. citri, em pomares de citrinos.
Procurou-se analisar indirectamente o comportamento de procura de A. spec. nov. próx.
pseudococci na localização do hospedeiro, através de uma diferente distribuição espacial da da
fonte de feromona sexual de P. ficus, em diferentes modalidades.
5.3 Material e Métodos Neste estudo, foram realizados dois ensaios de campo, em pomares de citrinos, na região
do Algarve, em dois períodos diferentes de 2007, 18-26 Julho, no pomar Afonso Vaz, e 25
Setembro - 2 Outubro, no pomar CEAT (Anexo 1, Quadro 1). No primeiro ensaio, foram
comparadas três modalidades de batatas-armadilha, duas com feromona sexual de P. ficus, com
difusor de 200 µg no interior ou no exterior a 30 cm, e uma testemunha, sem feromona. No
segundo ensaio, foram comparadas as mesmas modalidades, no entanto aumentou-se a distância
do difusor na modalidade de feromona sexual de P. ficus exterior para 60 cm. Em cada ensaio,
foram efectuadas 10 repetições. Em cada pomar, as armadilhas foram suspensas no interior da
copa das árvores, à altura de 1.0-1.5 m, no quadrante sudeste, distanciadas cerca de 20 m e
segundo um sistema de casualização total.
Cada batata-armadilha consistia em duas batatas com brolhos previamente infestados
com colónias de P. citri (3os instares ninfais e fêmeas jovens), colocadas num frasco de plástico
cilíndrico (11 cm de diâmetro, 13 cm de altura), com quatro aberturas laterais (3 cm de
diâmetro), para permitir o acesso das fêmeas do parasitóide à colónia de cochonilhas-algodão.
Cap. 5 - Influência da feromona sexual de P. ficus no parasitismo de P. citri
42
Cada frasco foi fechado com uma tampa hermética e possuía orifícios no fundo, para permitir a
escorrência da água da chuva. Na modalidade de feromona de P. ficus interior, o difusor foi
preso à tampa do frasco, enquanto que na modalidade de feromona de P. ficus exterior, o difusor
foi colocado na extremidade de um arame de 30 cm ou 60 cm, preso ao frasco (Fig. 5.1).
Fig. 5.1 – Modalidades das batatas-armadilhas colocadas em pomares de citrinos, em Julho e Setembro de 2007. A) Modalidade feromona Planococcus ficus interior; B) Modalidade feromona P. ficus exterior a 30 cm; C) Modalidade feromona P. ficus exterior a 60 cm (original autora).
Ao fim de uma semana de exposição no campo, as armadilhas foram trazidas para o
laboratório, onde foi contabilizado o número de parasitóides e cochonilhas presentes em cada
armadilha. Cada batata foi examinada, de modo a detectar sinais de predação das cochonilhas, e
foram retiradas das armadilhas formigas e larvas de predadores, que pudessem interferir com os
parasitóides ou predar as cochonilhas. As batatas-armadilhas foram mantidas, em condições de
laboratório (22,0 ± 0,5ºC; 50,0 ± 0,5% HR), em frascos de plástico hermeticamente fechados, de
medida semelhante aos anteriores, com um orifício (3 cm de diâmetro) revestido de “etamine”,
para permitir o arejamento. Para cada repetição, foi determinado o número de parasitóides
emergidos das cochonilhas parasitadas, durante três semanas após o aparecimento das primeiras
emergências, e posteriormente a taxa de parasitismo, quociente entre o número de parasitóides
emergidos e número de cochonilhas presentes em cada repetição. No primeiro ensaio, foi ainda
contabilizado o número de dias até à 1.ª emergência do parasitóide de modo a estimar a
eficiência das fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudococci na localização da armadilha.
Os dados foram sujeitos a análise de variância (ANOVA). Para verificar a homogeneidade
de variâncias, recorreu-se ao teste de Levene e sempre que H0 foi rejeitada procedeu-se à
transformação logarítmica dos dados (ln [x + 0,5]), ou, em último caso, à transformação por
radiciação (√(x+1). A fim de se detectarem as diferenças entre as modalidades, recorreu-se ao
teste a posteriori de Student-Newman-Keuls (SNK). Esta análise foi realizada com base no
programa SPSS versão 15.0 para Windows.
B C
A B C
Cap. 5 - Influência da feromona sexual de P. ficus no parasitismo de P. citri
43
5.4 Resultados No primeiro ensaio, realizado em Julho, o número de fêmeas de A. spec. nov. próx.
pseudococci capturadas no interior das batatas-armadilha foi muito baixo, tendo-se registado
uma fêmea em três armadilhas de cada uma das modalidades de feromona de P. ficus, e apenas
uma fêmea numa armadilha da modalidade testemunha. Este registo pode ser o reflexo de uma
baixa densidade populacional do parasitóide em campo naquele período.
No entanto, registou-se parasitismo em todas as modalidades, sendo o número de
parasitóides emergidos das duas modalidades de feromona significativamente superior ao da
testemunha (F2,27 = 9,633; P = 0,001). Não se observaram diferenças significativas entre as duas
modalidades de feromona (Quadro 5.1; Anexo 4, Quadro 1).
Quanto à taxa média de parasitismo, existem diferenças significativas entre as três
modalidades (F2,27 = 23,806; P = 0,0001), tendo-se registado o valor mais elevado na modalidade
de feromona de P. ficus interior, onde 75% das cochonilhas presentes nas batatas-armadilha
foram parasitadas. A modalidade de feromona de P. ficus exterior a 30 cm e testemunha
registaram uma taxa média de parasitismo de 40% e 14% respectivamente (Quadro 5.1; Anexo 4,
Quadro 2).
No que respeita ao número de dias até à 1.ª emergência do parasitóide, as modalidades
testemunha e feromona de P. ficus interior apresentam valores significativamente inferiores aos
da modalidade feromona de P. ficus exterior a 30 cm (F2,27 = 4,775; P = 0,017) (Quadro 5.1;
Anexo 4, Quadro 3).
Quadro 5.1 – Número (média ± erro padrão) de parasitóides Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci capturados e emergidos, número de dias até à 1ª emergência do parasitóide, número de cochonilhas e taxa média de parasitismo em batatas-armadilha num pomar de citrinos, em Silves, entre 18 e 26 de Julho de 2007, em função da modalidade: armadilhas com feromona sexual de Planococcus ficus exterior a 30 cm ou com feromona sexual de P.ficus interior, e armadilhas sem feromona (testemunha).
ModalidadeNº médio parasitóides
capturadosNº médio parasitóides
emergidos *Nº médio dias até 1.ª
emergência *Nº médio
cochonilhasTaxa média
parasitismo (%) *
P.ficus ext 30 0,3 ± 0,2 19,1 ± 2,9 a 19,5 ± 0,7 a 49,4 ± 8,2 38,7 ± 6,1 a
P. ficus int 0,3 ± 0,2 19,4 ± 2,7 a 17,2 ± 0,4 b 25,0 ± 3,0 77,6 ± 5,0 b
Testemunha 0,1 ± 0,1 7,3 ± 1,5 b 17,9 ± 0,6 b 53,4 ± 8,0 13,7 ± 6,2 c * Não existem diferenças significativas entre modalidades com letras iguais na mesma coluna (SNK, P=0,05).
Em fins de Setembro e Outubro, a densidade populacional de A. spec. nov. próx.
pseudococci era, aparentemente, mais elevada, uma vez que foram capturadas fêmeas do
parasitóide em quase todas as armadilhas de campo, tendo-se registado valores
significativamente superiores nas modalidades com feromona de P. ficus em relação à
testemunha (F2,27 = 19,336; P = 0,0001) (Quadro 5.2; Anexo 4, Quadro 4).
Cap. 5 - Influência da feromona sexual de P. ficus no parasitismo de P. citri
44
O número médio de parasitóides emergidos, a taxa média de parasitismo e o número
médio de dias até à 1ª emergência do parasitóide foram excluídos da análise deste ensaio, por
apresentarem valores discordantes. A principal razão para este facto deveu-se às condições
climatéricas desfavoráveis que se fizeram sentir no campo neste período, como fortes chuvadas,
que tiveram influência na redução do número de cochonilhas presentes nas armadilhas,
possivelmente já parasitadas, como pelo desenvolvimento posterior de fungos em laboratório.
Quadro 5.2 – Número (média ± erro padrão) de parasitóides Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci capturados em batatas-armadilha num pomar de citrinos, em Tavira, entre 25 Setembro e 2 de Outubro de 2007, em função da modalidade: armadilhas com feromona sexual de Planococcus ficus exterior a 60 cm ou com feromona sexual de P.ficus interior, e armadilhas sem feromona (testemunha).
ModalidadeNº médio parasitóides
capturados *
P.ficus ext 60 cm 6,4 ± 0,7 a
P. ficus int 7,3 ± 1,9 a
Testemunha 1,2 ± 0,4 b * Não existem diferenças significativas entre modalidades
com letras iguais na mesma coluna (SNK, P=0,05). 5.5 Discussão
Os resultados obtidos, quanto ao número de fêmeas capturadas nas batatas-armadilha, em
ambos os ensaios, evidenciam uma resposta cairomonal das fêmeas de A. spec. nov. próx.
pseudococci à feromona sexual de P. ficus, que em Julho se traduziu num maior número de
parasitóides emergidos e consequentemente num maior número de cochonilhas parasitadas.
Verifica-se portanto um incremento no parasitismo de P. citri pelo parasitóide em presença da
feromona de P. ficus. Estes resultados corroboram o referido por Cortegano (2006) e Franco et
al. (2008a).
No ensaio realizado em Setembro, a densidade populacional de A. spec. nov. próx.
pseudococci no campo era, aparentemente, superior à de Julho, uma vez quase todas as
armadilhas continham fêmeas do parasitóide no seu interior, mesmo sob condições climatéricas
desfavoráveis. Estas observações são também consistentes com as efectuadas por Cortegano
(2006) e Franco et al. (2008a), nos ensaios de campo realizados neste período em pomares de
citrinos na mesma região.
No que diz respeito à taxa média de parasitismo, em Julho, verificaram-se valores
significativamente superiores nas modalidades de feromona de P. ficus relativamente à
testemunha, corroborando os resultados anteriores referentes ao número de parasitóides
emergidos. Comparando as duas modalidades de feromona, obteve-se uma taxa de parasitismo
Cap. 5 - Influência da feromona sexual de P. ficus no parasitismo de P. citri
45
significativamente superior na feromona interior, 75%, para 40% na feromona exterior. Sendo a
taxa de parasitismo o quociente entre o número de parasitóides emergidos e o número de
cochonilhas presentes, a taxa obtida na feromona interior pode estar sobrestimada, por o número
de cochonilhas nestas armadilhas ser inferior, ainda que o número de parasitóides emergidos seja
semelhante em ambas as modalidades. Desta forma, torna-se difícil concluir sobre a diferença
entre as taxas obtidas nas modalidades de feromona, pois não se sabe se um maior número de
cochonilhas na modalidade interior se traduziria ou não num acréscimo no número de
emergências do parasitóide. Apenas se pode concluir que na modalidade exterior a taxa de
parasitismo é relativamente baixa, pois apesar do número de cochonilhas ser o dobro da
modalidade interior, somente 40% das cochonilhas foram parasitadas (não considerando a
encapsulação dos ovos do parasitóide). De modo a determinar a correcta taxa de parasitismo de
A. spec. nov. próx. pseudococci nas diferentes modalidades, deveriam ter sido fornecidas as
mesmas condições de hospedeiro, nomeadamente o número e a idade das cochonilhas-algodão
fornecidas ao parasitóide em campo. No entanto, esta variável mostrou-se difícil de controlar,
tendo-se verificado em ambos os ensaios uma redução do número médio de cochonilhas na
modalidade de feromona P. ficus interior.
Quanto à eficiência de parasitismo, medida pelo número médio de dias até à 1ª
emergência do parasitóide, verificou-se que, em Julho, na modalidade de feromona P. ficus
interior, os parasitóides emergiram mais rapidamente. Uma vez que o tempo de desenvolvimento
do parasitóide é constante nas condições do ensaio, um maior atraso das emergências do
parasitóide revela um atraso na localização da armadilha que contém o seu hospedeiro. Pode-se
assim concluir que na modalidade de feromona P. ficus exterior o parasitóide foi menos eficiente
na localização do hospedeiro, apesar de ter existido um número de emergências semelhante.
Esta diferença parece apoiar a hipótese do parasitóide ter um comportamento de retenção
na procura do hospedeiro, procura esta que é facilitada quando o hospedeiro se encontra mais
próximo da fonte de odor detectada, como é o caso da feromona no interior das batatas-
armadilha. Este comportamento não impediu no entanto a detecção do hospedeiro na modalidade
da feromona no exterior, já que, ao aumentar a procura na vizinhança da fonte de feromona, o
parasitóide acaba por localizar o hospedeiro, mais cedo ou mais tarde. Pelo contrário, num
comportamento de procura direccionada ou de atracção, ao encontrar a fonte de feromona de P.
ficus sem associação directa a um hospedeiro, o parasitóide tende a abandonar a procura naquele
local, implicando ausência ou redução no número de cochonilhas parasitadas na modalidade de
feromona exterior.
Cap. 5 - Influência da feromona sexual de P. ficus no parasitismo de P. citri
46
A resposta cairomonal de A. spec. nov. próx. pseudococci à feromona de P. ficus em
pomares de citrinos, vem também suportar a hipótese desta resposta ser inata, uma vez que
parece ser pouco provável os parasitóides presentes no pomar terem tido experiência prévia com
o hospedeiro P. ficus, visto não existirem habitats típicos deste hospedeiro (plantações de
figueiras ou vinhas) em redor do local de estudo. Hipótese também corroborada por Cortegano
(2006) e Franco et al. (2008a,b).
47
Cap. 6 - Estudo da micromorfologia das sensilas da antena de fêmeas de diferentes
populações de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci
6.1 Introdução As sensilas são órgãos sensoriais unicelulares, com origem numa célula epidérmica
modificada (tricogénea), que estão associadas a células nervosas (neurónios bipolares), dendrites
e a partes cuticulares. Estes orgãos podem estar quer estendidos sobre a cutícula, quer inseridos
ou por baixo da mesma (Zacharuk, 1985; Carvalho, 1986). As sensilas dos insectos foram
primeiramente classificadas de acordo com a sua morfologia externa e o seu modo de inserção na
cutícula. Segundo a classificação de Snodgrass (1935) e Schneider (1964) existem dez tipos de
sensilas: trichodea, chaetica, basiconica, coeloconica, ampullacea, squamiforme, campaniforme,
placodea, scolophora, styloconica. No entanto, com o desenvolvimento das técnicas de
microscopia electrónica, a classificação das sensilas passou a incluir também o número, a
estrutura e a posição dos poros presentes nas respectivas paredes cuticulares, uma vez que, em
muitos casos, a função das sensilas está intimamente relacionada com estas características.
Segundo Altner (1977) e Zacharuk (1980) existem cinco tipos de sensilas: 1) aporos,
essencialmente mecanorreceptores; 2) uniporos, que incluem quimiorreceptores ou receptores
com função mista, química e mecânica; 3) multiporos lisas de parede fina, predominantemente
quimiorreceptores; 4) multiporos lisas de parede espessa e 5) multiporos sulcadas, ambas
essencialmente olfactivas.
As antenas dos insectos adultos têm diversos tipos de sensilas com diferentes funções
que desempenham um papel importante nos vários comportamentos ao longo da vida. Estas
sensilas são importantes receptores sensoriais dos estímulos envolvidos nos comportamentos de
localização e reconhecimento do hospedeiro pelas fêmeas dos parasitóides (Hayes & Vinson,
1971; Weselow, 1972; Ochieng et al., 2000; Bleeker et al., 2004; Roux et al., 2005; Bourdais et
al., 2006). A utilização das sensilas olfactivas e gustativas da antena dos parasitóides têm sido
associada, quer ao reconhecimento do odor do habitat (Turlings et al. 1995) e localização do
microhabitat, como ao reconhecimento das espécies de hospedeiro e à sua distinção intra- e
interespecífica (Vet et al., 1995).
A distribuição das sensilas na antena não é aleatória, seguindo um padrão. No escapo e
pedicelo, existem em geral poucas sensilas, maioritariamente mecanorreceptoras, enquanto que,
no flagelo são em maior número e de vários tipos (Schneider, 1964; Zacharuk, 1985).
Existem diversos estudos sobre a micromorfologia e ultraestrutura das sensilas dos
himenópteros parasitóides (Olson & Andow, 1993; Baaren et al., 1999; Ochieng et al., 2000;
Bleeker et al., 2004; Roux et al., 2005; Bourdais et al., 2006; Gao et al. 2007), mas apenas três
Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena
48
incidiram sobre espécies de encirtídeos, nomeadamente, Epidinocarsis lopezi (De Santis) e
Leptomastix dactylopii (Howard) (Baaren et al., 1996) e Cheiloneurus noxius (Compere)
(Weseloh 1972; Olson & Andow, 1993). Nenhum estudo foi efectuado relativamente a Anagyrus
pseudococci s.l.. No entanto, a morfologia externa da antena de A. pseudococci foi estudada com
detalhe por Domenichini (1952). Rosen & Rossler (1966) e Noyes & Hayat (1994) também
apresentam uma breve descrição da morfologia da antena da fêmea e do macho de A.
pseudococci.
6.2 Objectivos
Neste estudo pretendeu-se identificar e caracterizar os receptores sensoriais, sensilas,
presentes na antena de fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudoccoci, através de Microscopia
Electrónica de Varrimento (MEV), de modo a determinar que quimiorreceptores poderão estar
envolvidos na selecção do hospedeiro.
Pretendeu-se ainda detectar diferenças na distribuição, número e comprimento de cada
tipo de sensila presente em fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudoccoci de diferentes populações,
nomeadamente de Portugal, Sicília e Israel.
6.3 Material e Métodos
As populações de A. spec. nov. próx. pseudococci de origem Sícilia, Israel e Portugal
foram criadas em laboratório. Fêmeas recentemente emergidas foram retiradas das caixas de
criação e sujeitas a dois tratamentos diferentes a fim de se avaliar qual produziria melhores
resultados. Assim, alguns exemplares foram colocados em álcool a 70%, durante alguns minutos
e deixados secar ao ar. Outros foram colocados num tubo de Eppendorf, com ar saturado de éter,
até à sua imobilização. Para visualizar os poros das sensilas, alguns exemplares foram fixados
com uma solução de álcool absoluto, ácido acético glacial e clorofórmio (proporção de 3:1:1)
durante 1 minuto e de seguida desidratados com álcool a 96%, durante mais 1 minuto. Com
auxílio de agulhas entomológicas, destacaram-se as antenas de cada exemplar e montaram-se
sobre fita-cola em suporte metálico de pionés. O material foi metalizado com ouro, com o
recurso a JEOL JFC 1200. Os exemplares foram observados ao MEV, JEOL JSM 5200 LV, do
Centro de Biologia Ambiental, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
O comprimento das sensilas e dos artículos da antena, tal como o número de sensilas
presente em cada artículo, foram medidos directamente a partir da impressão das imagens MEV.
Os comprimentos médios foram determinados para o conjunto de fêmeas de cada origem e o
número de sensilas foi contabilizado de acordo com a face ventral ou dorsal da antena.
Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena
49
Para cada origem foram observadas antenas de seis fêmeas diferentes, três do lado dorsal
e três do lado ventral, num total de 18 fêmeas.
Foram ainda observadas as antenas de machos de A. spec. nov. próx. pseudococci,
provenientes de Portugal, a fim de se detectarem diferenças qualitativas, relativamente às
fêmeas, ao nível da diversidade e do número de sensilas presentes nas antenas. Os machos foram
submetidos aos tratamentos acima citados e observados ao MEV referido anteriormente.
6.4 Resultados
A antena da fêmea de A. spec. nov. próx. pseudococci é constituída por um escapo, um
pedicelo e um flagelo com 10 artículos: os primeiros 6 artículos constituem o funículo e os 3
últimos artículos constituem a clava. A principal articulação está localizada entre o pedicelo e o
flagelo. O escapo é lameliforme, com lado ventral semicircular e é duas vezes mais comprido
que largo. O pedicelo e os artículos do funículo são longos e cilíndricos. A clava é mais longa,
um pouco mais larga na parte proximal e afilada na parte distal. Esta parte da antena é achatada
dorso-ventralmente e a sua fase ventral é côncava, formando uma espécie de sulco, onde se
concentra uma grande diversidade de sensilas.
O comprimento total médio da antena das fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudococci
provenientes de Sicília, Portugal, e Israel foi de 1056 µm, 1067 µm e 1143 µm, respectivamente,
tendo o comprimento do flagelo atingido 651 µm, 642 µm e 685 µm (Anexo 5, Quadro 1). O
comprimento dos artículos do flagelo, nas três origens, diminui ligeiramente da parte proximal
da antena para a distal. A antena das fêmeas provenientes de Israel apresentou um comprimento
ligeiramente maior que a das outras duas origens (Fig 6.1).
0
50
100
150
200
250
300
350
400
E P F1 F2 F3 F4 F5 F6 C
Antenómeros
Comprimentos dos antenómeros (µm)
Portugal Sicília Israel
Fig. 6.1 – Comprimento médio (µm) (± erro padrão) dos antenómeros de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx.
pseudococci de Portugal, Sicília, Israel (n=6): E – escapo; P – pedicelo; F1/F6 – artículos do flagelo; C - clava.
Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena
50
O flagelo da antena da fêmea possui sete tipos diferentes de sensilas que são semelhantes
em morfologia nas fêmeas de diferentes origens, mas diferem por vezes em número e
distribuição. Foram identificados os seguintes tipos de sensilas, de acordo com a classificação de
Snodgrass (1935): trichodea, placodea, basiconica e chaetica tipo1-4. O número de cada tipo de
sensila na face dorsal e ventral da antena das fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudococci de
diferentes origens é dado nos Quadros 6.1 e 6.2 e o respectivo comprimento médio na Fig. 6.2. A
diversidade de sensilas é menor na parte proximal da antena, aumentando na parte distal.
Quadro 6.1 – Número médio dos diferentes tipos de sensilas na face dorsal de cada antenómero de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci provenientes de Portugal (Po), Sicília (Si) e Israel (Is) (n=3), da parte proximal para a distal da antena. E – escapo; P – pedicelo; F1/F6 – artículos do flagelo; C1/C3 – artículos da clava.
Antenómeros E P F1 F2 F3 F4 F5 F6 C1 C2 C3 Total
Po 67 38 39 44 48 52 51 53 66 88 119 665
Si 70 32 28 41 44 48 51 55 64 90 130 654
Is 86 38 41 46 52 55 55 58 72 85 125 714
Po 1 2 2 2 3 3 5 5 4 28
Si 1 1 2 3 3 3 4 5 5 27
Is 1 2 2 3 4 4 6 8 6 37
Po 1 1 1 1 1 2 1 8
Si 1 1 1 1 1 1 1 1 1 10
Is 1 1 1 1 1 2 2 1 10
Po 1 1 2 2 3 2 8 20
Si 1 2 2 2 2 3 8 20
Is 2 2 2 2 1 2 7 17
Po 2 1 5 8
Si 2 10 12
Is 5 5
Po 3 3 3 4 6 6 25
Si 1 2 3 3 5 4 18
Is 3 3 5 5 17
Po 6 6
Si 9 9
Is 8 8
s. chaetica 2
s. chaetica 3
s. chaetica 4
s. trichodea
s. placodea
s. basiconica
s. chaetica 1
Quadro 6.2 – Número médio dos diferentes tipos de sensilas na face ventral de cada antenómero de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci provenientes de Portugal (Po), Sicília (Si), Israel (Is) (n=3), da parte proximal para a distal da antena. E – escapo; P – pedicelo; F1/F6 – artículos do flagelo; C1/C3 – artículos da clava.
Antenómeros E P F1 F2 F3 F4 F5 F6 C1 C2 C3 Total
Po 125 40 36 43 46 53 54 66 80 114 175 833
Si 114 36 37 45 46 50 53 60 82 103 147 773
Is 131 39 37 48 51 55 57 68 78 98 165 827
Po 1 2 2 2 2 3 4 4 2 23
Si 1 2 2 2 3 3 4 6 2 24
Is 2 2 2 2 3 4 5 2 22
Po 1 1 1 3
Si 2 2
Is 1 1 1 3
Po 2 3 3 4 3 2 4 21
Si 3 3 3 4 2 3 8 25
Is 2 2 3 2 1 7 17
Po 1 6 53 60
Si 2 4 36 42
Is 1 5 46 51
Po 1 1 1 1 5
Si 2 2 2 2 7
Is 2 2 4
Po 22 22
Si 24 24
Is 25 25
s. chaetica 2
s. chaetica 3
s. chaetica 4
s. trichodea
s. placodea
s. basiconica
s. chaetica 1
Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena
51
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
s. placodea s. chaetica 1 s. chaetica 2 s. chaetica 3 s. chaetica 4
Comprimento médio (µm)
Portugal Sicília Israel Fig. 6.2 – Comprimento médio (µm) (± erro padrão) total dos tipos de sensilas presentes nas antenas de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci de Portugal, Sicília, Israel (n=6). Sensilas: placodea, chaetica 1- 4.
6.4.1 Sensila Trichodea Este tipo é o mais abundante e cobre a superfície de todos os artículos, com excepção da
superfície dorsal do escapo, onde existem poucas sensilas. Estas sensilas estendem-se
paralelamente ao eixo longitudinal da antena e apontam sempre para a extremidade distal. Têm
inserção flexível, que consiste numa ligeira elevação na cutícula. Apresentam superfície com
sulcos helicoidais e ponta afilada, ligeiramente encurvada (Fig. 6.8b,c,d,e,f). O seu comprimento
tende a diminuir progressivamente da parte proximal da antena para a parte distal. De modo
geral, observou-se maior número destas sensilas na face ventral da antena, em todas as origens, e
em particular as fêmeas da Sicília apresentaram menor número em ambas as faces da antena, 654
na fase dorsal, e 773 na fase ventral (Quadro 6.1 e 6.2).
6.4.2 Sensila Placodea Estas sensilas estão presentes em todos os artículos do flagelo e distribuem-se
regularmente à sua volta, sendo o seu número ligeiramente superior nos artículos distais da face
dorsal da antena (Fig. 6.8d). A extremidade distal de cada sensila estende-se para lá da
extremidade de cada artículo, com excepção do último artículo da clava (Fig. 6.8e,f). Por vezes
estas sensilas surgem alinhadas de um artículo para o outro. Elas estão sobrelevadas da superfície
da antena e dispõem-se horizontalmente na cutícula entre as fileiras das sensilas trichodea. É o
tipo de sensilas de maior tamanho, sendo o seu comprimento médio entre 44 e 46 µm, que
diminui ligeiramente no último artículo da clava (Fig. 6.2 e 6.3; Quadro 2, Anexo5). A superfície
desta sensila encontra-se uniformemente perfurada com poros (Fig. 6.8b).
Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena
52
Não se verificaram grandes diferenças nestas sensilas entre as fêmeas das diferentes
origens, tanto no número, como no comprimento médio e comprimento em cada artículo, com
excepção das de Israel, que apresentaram maior número total, 37, na face dorsal da antena (Fig.
6.2 e 6.3; Quadro 1.1 e 1.2; Anexo 5, Quadro 3).
0
10
20
30
40
50
60
F1 F2 F3 F4 F5 F6 C1 C2 C3
Antenómeros
Comprimento médio s. placodea (µm)
Portugal Sicília Israel Fig. 6.3 - Comprimento médio (µm) (± erro padrão) das sensilas placodea presentes em cada antenómero das antenas de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci de Portugal, Sicília, Israel (n=6). E - escapo; P - pedicelo; F1/F6 – articulos do funículo; C1/C3- artículos da clava.
6.4.3 Sensila Basiconica
Estas sensilas encontram-se de uma maneira geral em todos os artículos da face dorsal do
flagelo, sendo pouco abundantes na face ventral (Quadro 6.1 e 6.2). Estão sempre localizadas na
parte distal de cada artículo, com excepção do último artículo da clava, onde surgem numa
posição mediana (Fig. 6.8d). Existe normalmente uma sensila por artículo, mas nalguns casos
foram encontradas aos pares, onde cada sensila do par estava diametralmente oposta à outra. Esta
sensila é de tamanho reduzido e consiste num pedúnculo sobre o qual assenta uma extremidade
distal bolbosa. Cada sensila está inserida numa depressão da cutícula, rodeada por um anel em
forma de “donut”. A cutícula parece apresentar sulcos longitudinais, contudo não é claramente
visível, devido à baixa resolução do microscópio utilizado (Fig. 6.8g).
Não se verificaram diferenças no número destas sensilas na antena das fêmeas das
diferentes origens (Quadro 6.1 e 6.2). Não foi possível medir o comprimento destas sensilas
devido ao seu tamanho reduzido e ao facto de se encontrarem numa depressão com profundidade
desconhecida.
Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena
53
6.4.4 Sensila Chaetica tipo 1
Este tipo de sensilas só se encontra no flagelo, a partir do 3º artículo, até à extremidade da
clava. Estão dispostas em coroa, na parte distal de cada artículo, e foi possível observar 2 a 4
sensilas em cada lado dos artículos (Fig. 6.8e). No último artículo da clava, são um pouco mais
numerosas, 4 a 8 sensilas, e a maioria está disposta no limite entre a fase dorsal e ventral (Fig.
3c,d,f). Estas sensilas diferem das trichodea, pois dispõem-se perpendicularmente ao eixo da
antena, ficando as suas extremidades muito acima do nível das sensilas trichodea (Fig. 6.8e). A
base da sensila está inserida na cutícula. As sensilas apresentam um comprimento médio de 14-
16 µm (Fig. 6.2; Anexo 5, Quadro 2), que vai diminuindo distalmente, atingindo nos dois
últimos artículos da clava valores de 11-14 µm (Fig. 6.4; Anexo 5, Quadro 4). No entanto,
observou-se grande variação no comprimento destas sensilas nos artículos do funículo, tendo-se
encontrado por vezes sensilas de tamanho muito inferior à média. Esta sensila é rectilínea e
apresenta a extremidade cortada.
Não se verificaram grandes diferenças no número deste tipo de sensilas nas fêmeas de
diferentes origens, tendo-se observado, no entanto, um número ligeiramente menor no caso de
Israel, 17, em cada uma das faces da antena. Quanto ao comprimento destas sensilas em cada
artículo, observou-se que, de uma forma geral, as fêmeas de Portugal apresentam um tamanho
ligeiramente menor, sendo o valor médio 14 µm (Fig 6.2 e 6.4; Anexo 5, Quadro 2).
0
5
10
15
20
25
F3 F4 F5 F6 C1 C2 C3
Antenómeros
Comprimento m
édio s. chaetica 1 (µm)
Portugal Sicília Israel Fig. 6.4 - Comprimento médio (µm) (± erro padrão) das sensilas chaetica tipo 1 presentes em cada antenómero das antenas de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci de Portugal, Sicília, Israel (n=6). E - escapo; P - pedicelo; F1/F6 – articulos do funículo; C1/C3- artículos da clava.
6.4.5 Sensila Chaetica tipo 2 Este tipo encontra-se apenas na clava, existindo em grande número na face ventral do
último artículo (Fig. 6.8c,d). As fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudococci de Portugal
Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena
54
registaram o maior número, 60, e as fêmeas de Sicília o menor valor, 36 (Quadro 6.2). Estas
sensilas estão inseridas na cutícula e medem 6-8 µm (Fig. 6.2; Anexo 5, Quadro 2), apresentando
uma base mais larga que as sensilas chaetica tipo 1 e trichodea. O seu diâmetro reduz-se
ligeiramente na direcção apical. A extremidade tem uma forma característica, apresentando uma
projecção subapical. A cutícula desta sensila tem sulcos longitudinais bem marcados, desde a
base até ao topo, e é flexível, podendo, por vezes, ser bastante encurvada (Fig. 3b).
Quanto ao comprimento das sensilas nos diferentes artículos, observou-se um menor
valor nas fêmeas de Israel, 6 µm, com excepção do último artículo da clava, onde as fêmeas de
Sicília apresentam sensilas ligeiramente mais pequenas que as de Israel, 6 e 7 µm,
respectivamente (Fig. 6.5; Anexo 5, Quadro 5).
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
C1 C2 C3
Antenómeros
Comprimento m
édio s. chaetica 2 (µm)
Portugal Sicília Israel Fig. 6.5 - Comprimento médio (µm) (± erro padrão) das sensilas chaetica tipo 2 presentes em cada antenómero das antenas de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci de Portugal, Sicília, Israel (n=6). E - escapo; P - pedicelo; F1/F6 – articulos do funículo; C1/C3- artículos da clava.
6.4.6 Sensila Chaetica tipo 3 Estas sensilas encontram-se em maior número na face dorsal da antena, tendo-se
registado o maior valor, 25, nas fêmeas de Portugal (Fig. 6.8c,d). Este tipo surge a partir do 3º
artículo do funículo até ao 2º artículo da clava, nas fêmeas de Portugal e Sicília, e a partir do 5º e
6º artículo nas fêmeas de Israel (Quadro 6.1; Fig. 6.6). Distribuem-se na parte distal de cada
artículo. O seu comprimento varia entre 26 e 30 µm, diminuindo distalmente (Fig. 6.2 e 6.6;
Anexo 5, Quadro 6). A base da sensila é bolbosa e não apresenta inserção ao nível da cutícula da
antena. O seu diâmetro diminui de forma regular em direcção ao ápice, que é pontiagudo e
ligeiramente dilatado (Fig. 6.8e).
Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena
55
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
F3 F4 F5 F6 C1 C2
Antenómeros
Comprimento m
édio s. chaetica 3 (µm)
Portugal Sicília Israel Fig. 6.6 - Comprimento médio (µm) (± erro padrão) das sensilas chaetica tipo 3 presentes em cada antenómero das antenas de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci de Portugal, Sicília, Israel (n=6). E - escapo; P - pedicelo; F1/F6 – articulos do funículo; C1/C3- artículos da clava.
6.4.7 Sensila Chaetica tipo 4
Este tipo de sensila encontra-se apenas no último artículo da clava e distribui-se tanto
pelo ápice como pela zona do sulco da face ventral da antena, onde existe em maior abundância
(Fig. 6.8c,d,f). O seu número não variou muito nas fêmeas das diferentes origens, podendo ser de
22 a 25 na face ventral, e de 6 a 9 na face dorsal da antena (Quadro 6.1 e 6.2). Esta sensila é
constituída por duas partes: a parte inferior, que tem cerca de 2 µm de comprimento, emerge
directamente da cutícula e parece não ser sulcada; a parte superior mede cerca de 6-7 µm e tem
um diâmetro maior na base (Fig. 6.7; Anexo 5, Quadro 7). A cutícula apresenta vários sulcos
longitudinais ao longo da sensila, contudo menos marcados do que nas chaetica tipo 2. O ápice
da sensila é mais estreito que a restante parte superior e apresenta uma concavidade (Fig. 6.8h).
O comprimento total destas sensilas é ligeiramente inferior nas antenas das fêmeas de Israel,
medindo em média 8 µm (Fig. 6.2 e 6.7).
0
1
2
3
4
5
6
7
8
C3 Sup C3 Inf
Comprimento médio s. chaetica 4 (µm)
Portugal Sicília Israel Fig. 6.7 - Comprimento médio (µm) (± erro padrão) das sensilas chaetica tipo 4 presentes em cada antenómero das antenas de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci de Portugal, Sicília, Israel (n=6). E - escapo; P - pedicelo; F1/F6 – articulos do funículo; C1/C3- artículos da clava.
Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena
56
6.4.8 Sensilas do macho
O flagelo da antena do macho possui sete tipos diferentes de sensilas: trichodea,
placodea, basiconica, chaetica tipo1, 3, 4, e um tipo de sensilas escamosas e tridentadas. Este
último tipo de sensilas é específico dos machos. De uma forma geral, a antena do macho
apresenta um menor número de sensilas, relativamente à da fêmea.
Fig. 6.8 – Antena da fêmea de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci.
a) Diferentes artículos da antena. MEV. E, escapo; P, pedicelo; F1-F6, 6 artículos do funículo; C, clava. × 100. barra de escala = 100 µm. b) Pormenor de alguns tipos de sensila no lado ventral da clava. MEV. P, sensila placodea com poros visíveis; T, sensila trichodea com sulcos cuticulares helicoidais; C1, sensila chaetica tipo 1; C2, sensila chaetica tipo 2 com sulcos cuticulares longitudinais bem marcados e projecção subapical. × 5000. barra de escala = 5 µm. c) Pormenor do sulco no lado ventral da clava. MEV. × 750. barra de escala = 10 µm. d) Pormenor do lado dorsal da clava. MEV. × 750. barra de escala = 10 µm.
E P F2
F4
F5
C
F6
F1
F3
a
T C1
P C2
b
C1
C4
C3
P
B
T
C2
d
C1
C4
C3
P
T
C2
C1
c
Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena
57
Fig. 6.8 (cont.) – Antena da fêmea de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci.
e) Pormenor da parte distal do primeiro artículo da clava, com sensilas chaetica tipo 1 dispostas em coroa. MEV. × 2000. barra de escala = 10 µm. f) Ápice da antena do lado dorsal da clava. MEV. × 3500. barra de escala = 5 µm. g) Pormenor da sensila basiconica. MEV. sc, sulcos cuticulares. × 10000. barra de escala = 1 µm. h) Pormenor da sensila chaetica tipo 4. MEV. × 10000. barra de escala = 1 µm. T, sensila trichodea; P, sensila placodea; B, sensila basiconica; C1, sensila chaetica tipo 1; C2, sensila chaetica tipo 2; C3, sensila chaetica tipo 3; C4, sensila chaetica tipo 4.
6.5 Discussão
Os sete tipos de sensilas identificados neste estudo foram encontrados na antena das
fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudococci das diferentes populações, Portugal, Sicília e Israel.
Estes tipos de sensilas foram também descritos noutras espécies de himenópteros (Baaren et al.,
1996; 1999; Ochieng et al., 2000; Bleeker et al., 2004; Roux et al., 2005; Bourdais et al., 2006).
As sensilas trichodea são o tipo mais abundante e ocorrem em todos os antenómeros da
fêmea de A. spec. nov. próx. pseudococci. Este tipo de sensilas tem sido identificado como sendo
exclusivamente mecanorreceptor, devido à inexistência de poros cuticulares, à sua inserção na
cutícula e à sua distribuição espacial (Keil, 1999). Estas sensilas têm sido descritas em espécies
C4
P
T
C1
f
C1
C1
C3
P
T
e
C4
h
B
sc
g
Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena
58
de parasitóides de diferentes famílias, incluindo Trichogrammatidae (Voegelé et al., 1975; Olson
& Andow, 1993), Aphelinidae (Viggiani & Mazzone, 1982), Pteromalidae (Slifer, 1969),
Eulophidae (Barlin et al., 1981), Mymaridae (Baaren et al., 1999), Braconidae (Ochieng et al.,
2000; Bleeker et al., 2004; Roux et al., 2005; Bourdais et al., 2006; Gao et al., 2007) e
Ichneumonidae (Norton & Vinson, 1974).
Tanto a diminuição de comprimento destas sensilas dos artículos proximais para os
distais, como a presença de sensilas muito pequenas na parte terminal da antena foram
encontradas nas espécies de Encyrtidae, C. noxious (Weseloh, 1972), E. lopezi e L. dactylopii
(Baaren et al., 1996), em espécies de Braconidae (Norton & Vinson, 1974; Roux et al., 2005), e
numa espécie de Ichneumonidae (Norton & Vinson, 1974), no entanto nas duas últimas famílias
as sensilas trichodea apresentam sulcos longitudinais em vez de helicoidais.
As sensilas placodea podem apresentar vários tamanhos e formas, estando presentes em
quase todos os himenópteros parasitóides (Barlin & Vinson, 1981; Ochieng et al., 2000; Bleeker
et al., 2004; Roux et al., 2005; Gao et al., 2007). Estas sensilas são alongadas em A. spec. nov.
próx. pseudococci e têm um comprimento inferior aos artículos onde ocorrem. A sua
extremidade distal estende-se sempre para fora do artículo, com excepção do último artículo da
clava onde ocupa uma posição mais mediana.
A morfologia das sensilas placodea tem sido descrita por diversos autores. O
prolongamento desta sensila para fora do artículo foi, também, registado em E. lopezi e L.
dactylopii (Baaren et al., 1996), no entanto, nestas duas espécies as sensilas têm o mesmo
comprimento do artículo onde ocorrem. Esta projecção também foi encontrada em Scelionidae
na espécie Trissolcus basalis (Woll.) (Bin et al., 1989), onde foi designada por “sensila em
forma de foice”. Em Ichneumonidae e Braconidae, está completamente encerrada na antena e em
Chalcidoidae ela ocupa uma posição intermédia (Bin et al., 1989). A estrutura da sensila
placodea foi descrita por Barlin & Vinson (1981) para Braconidae e Chalcidoidae. Estes autores
sugeriram que a função desta sensila é provavelmente olfactiva, devido à existência de múltiplos
poros cuticulares. Estas sensilas parecem estar adaptadas especificamente ao processamento de
misturas de odores (Akers & Getz, 1992, 1993), como a percepção dos odores das plantas pelos
parasitóides (Ochieng et al., 2000).
As sensilas basiconica são encontradas em várias famílias de himenópteros e têm sido
descritas com diferentes terminologias, como “pequena sensila subterminal” em C. noxious
(Weseloh, 1972), “sensila ampullae” em Trichogramma (Voegelé et al., 1975), “sensila sulcada
multiporosa” em Tetrastichus hagenowii (Ratzeburg) (Barlin et al., 1981), a “sensila bolbosa”
Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena
59
em Telenomus reynoldsi (Gordh e Coker) (Cave & Gaylor, 1987), “sensila basiconica lisa” em
Campoletis sonorensis (Cameron), Microplitis croceips (Cresson) e Cardiochiles nigriceps
(Viereck) (Norton & Vinson, 1974), “sensila coeloconica” em M. croceips (Ochieng et al., 2000) e
“sensila coeloconica tipo 1” em Cotesia glomerata (L.) e C. rubecula (Marshall) (Bleeker et al.,
2004). Este tipo de sensila é mais abundante na fase dorsal da antena das fêmeas de A. spec. nov.
próx. pseudococci, não tendo sido observadas mais de duas sensilas por artículo. Localizam-se
na parte distal de cada artículo, com excepção do último artículo da clava, onde ocupam uma
posição mediana. Uma distribuição semelhante destas sensilas foi observada em E. lopezi e L.
dactylopii (Baaren et al., 1996). No entanto, nestas espécies observaram-se, nalguns casos, mais
de 2 sensilas em cada artículo e 4 sensilas na parte proximal do último artículo da clava.
Muitos autores não atribuíram nenhuma função a este tipo de sensila. Alguns sugerem
uma função olfactiva, apenas, pela sua aparência externa. Baaren et al. (1996) observaram a
existência de dez sulcos cuticulares longitudinais, distribuídos uniformemente pela sensila, que
formavam projecções em forma de dedo, rodeadas por poros. Barlin et al. (1981) verificaram que
esta sensila tem uma parede relativamente espessa e não encontrou poros tubulares. No entanto,
não atribuiu nenhuma função a este tipo de sensila. Bin et al. (1989) descreveram a ultraestrutura
desta sensila em T. basalis e verificaram que, embora a sua função pareça ser olfactiva, devido
aos numerosos poros, a sua organização interna sugere uma função gustativa. Olson & Andow
(1993) observaram estas sensilas em Trichogramma nubilale (Ertle & Davis) e sugeriram uma
função olfactiva devido à sua localização. De igual modo, Steinbrecht (1997) sugeriu a mesma
função para estas sensilas na sua revisão sobre estrutura dos poros nas sensilas olfactivas dos
insectos. No entanto, é também possível que estas sensilas possam funcionar como receptores
hidro-térmicos, tal como foi mostrado noutros insectos (Altner et al., 1983).
As sensilas chaetica do tipo 1 observadas em A. spec. nov. próx. pseudococci, são
comuns noutros encirtídeos (Baaren et al., 1996), mimarídeos (Baaren et al., 1999), scelionídeos
(Bin et al., 1989; Cave & Gaylor, 1987) e em braconídeos (Ochieng et al., 2000; Gao et al.,
2007), mas estão ausentes nalgumas espécies de Cotesia (Bleeker et al., 2004; Roux et al.,
2005). As sensilas observadas em A. spec. nov. próx. pseudococci têm localização e o número
muito semelhantes às descritas em E. lopezi e L. dactylopii (Baaren et al., 1996). Nestas duas
espécies, este tipo de sensilas apresenta sulcos cuticulares longitudinais e um poro apical. Por
outro lado, a sua orientação perpendicular à superfície, que coloca as pontas acima do nível das
outras sensilas, e a sua presença na parte distal do artículo, suportam a hipótese avançada por
alguns autores de que estas sensilas têm função mista, gustativa e mecânica (Ochieng et al.,
2000; Baaren et al., 1996).
Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena
60
Um tipo de sensilas semelhante, com as mesmas funções, foi descrito por Bin et al.
(1989) para T. basalis. Em Anaphes victus (Huber) e A. listronoti (Huber) (Baaren et al., 1999),
foi registado o mesmo tipo de sensilas, mas localizadas apenas na clava. Cave & Gaylor (1987)
identificaram a presença deste tipo de sensila em T. reynoldsi (Scelionidae). No entanto, nesta
espécie, não estão distribuídas apenas na parte distal dos segmentos, mas espalhadas por todo o
artículo. Em Nasonia vitripennis (Walk.) (Slifer, 1969), este tipo de sensila foi, também, descrito
como “receptor químico de parede espessa”, com uma função gustativa. Nesta espécie, estas
sensilas localizam-se na parte distal da antena, estão dirigidas anteriormente, e são mais longas
que outros quimiorreceptores.
A variação do comprimento deste tipo de sensila observado em A. spec. nov. próx.
pseudococci, foi também verificado em Microplitis pallidipes (Szepligeti) (Gao et al., 2007), M.
croceips (Ochieng et al., 2000), Anaphes victus e A. listronoti (Baaren et al., 1999). Esta
variação no tamanho pode sugerir a existência de dois tipos de diferentes de sensilas, contudo é
necessário um estudo mais aprofundado da sua ultraestrutura.
As sensilas chaetica do tipo 2 foram observadas maioritariamente na fase ventral da clava
da antena da fêmea de A. spec. nov. próx. pseudococci e parece estar ausente nos machos. Estas
sensilas apresentam uma distribuição semelhante em E. lopezi e L. dactylopii (Baaren et al.,
1996) e foram descritas como tendo sulcos longitudinais cuticulares bem marcados e um poro
subapical, com um mecanismo de abertura subapical simples ou tridígito. Esta projecção
subapical não foi observada nas sensilas chaetica tipo 1. Contudo, o estudo da ultraestrutura
revelou semelhanças com as chaetica do tipo 1, tendo sido identificadas como receptores
mecânicos e gustativos. Uma projecção subapical semelhante foi, também, encontrada em A.
spec. nov. próx. pseudococci, no entanto não foi possível observar com muito pormenor a sua
forma.
Norton & Vinson (1974) descreveram uma “sensila estriada com ponta inclinada” em C.
nigriceps, M. croceips, e C. sonorensis. Estas sensilas, apenas encontradas na parte ventral do
flagelo das fêmeas dos parasitóides, foram descritas como sendo receptores mecânicos e
gustativos e parecem desempenhar um papel importante na discriminação do hospedeiro. No
entanto, a morfologia externa destas sensilas é mais semelhante à chaetica do tipo 1. Em A.
victus e A. listronoti (Baaren et al., 1999) foi observada uma sensila chaetica tipo 4, com
morfología semelhante às sensilas chaetica tipo 2, e à qual foram atribuídas as mesmas funções.
Roux et al. (2005), em Cotesia plutellae (Kurdjumov) descreveu uma sensila trichodea TP tipo
2, com ponta característica, com vários poros protegidos por uma excrescência cuticular. Estes
autores atribuíram função gustativa ou quimiorreceptora de contacto a este tipo de sensila.
Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena
61
As sensilas chaetica do tipo 3 e 4 parecem ter função olfactiva, devido à existência de
inúmeros poros cuticulares e de terem uma parede fina (Baaren et al., 1996). Estas sensilas
podem, pois, pertencer ao grupo das “sensilas de parede simples”, descrita por Altner (1977) ou
das “sensilas multiporosas de superfície perfurada” de Zackaruk (1980).
A sensila chaetica do tipo 3 foi identificada em E. lopezi e L. dactylopii (Baaren et al.,
1996), com uma morfologia e distribuição semelhante à encontrada em A. spec. nov. próx.
pseudococci. De igual modo, Slifer (1969) descreveu em N. vitripennis uma “sensila de parede
fina” com a mesma dimensão, curvada, distribuindo-se radialmente nos artículos, e com poros
espalhados por toda a superfície, excepto na base bolbosa. Em C. nigriceps, Norton & Vinson
(1974) verificaram a presença de uma “sensila basiconica curvada e não estriada” no macho,
semelhante à sensila chaetica do tipo 3 observada em encirtídeos (Baaren, 1994), e algumas
destas sensilas na fêmea, mas distribuídas por todos os artículos. Contudo, nenhum destes
autores atribui uma função a esta sensila.
A sensila chaetica do tipo 4 foi observada em várias espécies de Encyrtidae, como em E.
lopezi, L. dactylopii (Baaren et al., 1996) e em C. noxious (Weseloh, 1972). Nesta última, foi
denominada de “sensila basiconica delgada”. Foi encontrada exclusivamente no último artículo
em todas estas espécies. Nas duas primeiras espécies de encirtídeos, o estudo da estrutura interna
desta sensila revelou uma função olfactiva, enquanto que em C. noxious não lhe foi atribuída
nenhuma função. Baaren et al. (1999) descreveu em A. victus e A. listronoti uma “sensila
chaetica tipo 2” com morfologia externa semelhante à observada na de tipo 4, tendo-lhe sido
também atribuída função olfactiva. Na antena do macho e da fêmea de T. hagenawii, Barlin et al.
(1981) descreveram “longos pêlos multiporosos sem inserção” que têm algumas características
em comum com as sensilas chaetica do tipo 3 e 4. Morfologicamente estas sensilas são muito
semelhantes às do tipo 3, pois têm paredes lisas, a sua base é bolbosa e a sua extremidade é
pontiaguda. Contudo, a sua distribuição é semelhante às do tipo 4, uma vez que estão
concentradas na extremidade distal da antena.
As fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudococci parecem ter mais sensilas
quimiorreceptoras do que os machos, essencialmente localizadas no lado ventral da clava, com
excepção das sensilas placodea, que são mais abundantes no lado dorsal. Estas diferenças
poderão estar associadas ao comportamento de selecção do hospedeiro pelas fêmeas.
A predominância das sensilas placodea no lado dorsal da antena, lado que fica orientado
para o exterior durante o deslocamento da fêmea, parece ter uma posição estratégica para
detectar, de forma mais eficiente, os voláteis emitidos pela planta infestada com o hospedeiro.
Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena
62
No entanto, a existência destas sensilas nos machos leva a querer que estes, de alguma forma,
também, evoluíram no sentido de detectar estes voláteis, no processo de localização das fêmeas.
Segundo Baaren et al. (1993), as sensilas chaetica do tipo 2, que parecem não existir nos
machos de A. spec. nov. próx. pseudococci, entram em contacto com o hospedeiro, durante a
sondagem prolongada com as antenas, pelas fêmeas de E. lopezi. Estes autores estudaram o
comportamento de postura nesta espécie e verificaram que este tipo de contacto com a antena
está intimamente ligado com a aceitação do hospedeiro. Estas sensilas estão provavelmente
relacionadas com a discriminação do hospedeiro e podem ajudar a fêmea a detectar feromonas
externas depositadas pelas fêmeas conspecíficas durante a postura (Baaren & Nénon, 1994). Em
fêmeas das espécies Trichogrammatidae, Olson & Andow (1993), também, mostraram a
presença de uma área específica de sensilas, na parte ventral da clava. Estes autores sugeriram
que estas sensilas têm uma dupla função, gustativa e mecânica, podendo estar envolvidas na
discriminação do hospedeiro. O número e tamanho destas sensilas varia de acordo com a espécie
e Olson & Andow (1993) julgam que esta variação pode reflectir diferenças nas funções
relacionadas com o manuseamento do hospedeiro.
A presença de uma proporção relativamente elevada de sensilas olfactivas na antena das
fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudococci revela a sua importância na localização de longa
distância com antena, isto é, quando a fêmea não entra totalmente em contacto com o
hospedeiro. Os estudos de Baaren et al. (1993) demonstraram uma ligação entre este tipo de
contacto e a discriminação entre hospedeiros parasitados e não parasitados pelas fêmeas de E.
lopezi. Para além disso, os estudos do comportamento destas fêmeas em olfactómetro mostraram
que elas detectam hospedeiros parasitados a curta distância, pelo olfacto (Baaren, 1994). A
distribuição da sensila chaetica tipo 4 na parte terminal da clava sugere o seu envolvimento na
localização olfactiva com antena.
Relativamente ao estudo das populações de A. spec. nov. próx. pseudococci, verificou-se
não existirem diferenças significativas, quer no tipo de sensilas presentes, quer no número e
distribuição destas sensilas na antena das fêmeas das diferentes populações. Estes resultados
podem estar relacionados com o facto destas populações parasitarem o mesmo tipo de
hospedeiro (ninfas e adultos de cochonilhas-algodão Pseudococcidae). Isto está de acordo com o
estudo de Le Ralec (1991), que mostrou que as sensilas de postura são mais semelhantes em
espécies num mesmo contexto ecológico, que podem não estar relacionadas, do que em espécies
relacionadas que exploram diferentes hospedeiros.
Cap. 6 – Estudo da micromorfologia das sensilas da antena
63
As pequenas diferenças detectadas na distribuição e número de sensilas, nas diferentes
populações de A. spec. nov. próx. pseudococci, podem estar relacionadas com as diferentes
interacções no contexto tritrófico. Uma vez que esta espécie parece pertencer ao grupo C de
inimigos naturais, propostos por Vet & Dicke (1992), a sua especialização ao nível de um
hospedeiro polífago, como o caso das cochonilhas-algodão, leva a que os indivíduos de
diferentes populações se tenham que adaptar e aprender a reconhecer os voláteis das diferentes
plantas onde o seu hospedeiro possa estar presente. Esta hipótese é corroborada por Chapman
(1982), que verificou que as diferenças sensoriais entre espécies de insectos podem dever-se a
variações no número e distribuição das sensilas presentes nas suas antenas. No entanto, os
estudos existentes ainda são escassos para estabelecer qualquer relação entre as características
morfológicas, anatómicas e comportamentais.
64
CCoonnssiiddeerraaççõõeess ffiinnaaiiss
A recente separação do táxone Anagyrus pseudococci s.l., proposta por Triapitsyn et al.
(2007), em duas espécies irmãs, A. pseudococci (Girault) e A. spec. nov. próx. pseudococci, vem
colocar inúmeras questões relativamente ao uso dos infoquímicos no processo de selecção do
hospedeiro por estas espécies, factor a ter em conta na utilização destes parasitóides no controlo
eficaz das cochonilhas-algodão. Ao mesmo tempo, o estudo do comportamento destas duas
espécies em presença dos infoquímicos do hospedeiro pode fornecer critérios robustos que
poderão contribuir para esclarecer a sua identidade.
Os exemplares de A. pseudococci s.l. observados neste estudo apresentavam
predominantemente, no caso de Portugal e Sicília, ou na totalidade, no caso de Israel, o
morfotipo de F1 compatível com A. spec. nov. próx. pseudococci (sensu Triapitsyn et al., 2007).
Contudo, o aparecimento de algumas fêmeas com padrões de F1 compatíveis com A.
pseudococci (Girault) (sensu Triapitsyn et al., 2007), em Portugal e Sicília, coloca a hipótese
destas duas espécies poderem coexistir nestas duas regiões. Neste sentido, a não captura de A.
pseudococci (Girault) nas batatas-armadilhas pode ter ficado a dever-se a diferenças na ocupação
do habitat e nos comportamentos associados à selecção do hospedeiro exibidos por estas duas
espécies. No entanto, são necessários mais estudos para averiguar esta possibilidade.
Por restrições de tempo e aspectos relacionados com a logística dos ensaios, o presente
trabalho incidiu apenas no estudo dos comportamentos de selecção do hospedeiro e no uso dos
infoquímicos neste processo em A. spec. nov. próx. pseudococci.
A antena da fêmea de A. spec. nov. próx. pseudococci possui sete tipos diferentes de
sensilas: sensila trichodea, exclusivamente mecanorreceptora, sensilas chaetica do tipo 1 e 2,
presumivelmente quimiorreceptoras de contacto, e sensilas chaetica do tipo 3 e 4, basiconica e
placodea, todas assumidas como olfactivas. Estes tipos de sensilas foram, também, descritos
noutras espécies de himenópteros (Baaren et al., 1999; Ochieng et al., 2000; Bleeker et al., 2004;
Roux et al., 2005; Bourdais et al., 2006), incluindo duas espécies de encirtídeos, E. lopezi e L.
dactylopii (Baaren et al., 1996).
As fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudococci parecem ter mais sensilas
quimiorreceptoras que os machos e estes receptores estão essencialmente localizados no lado
ventral da clava, com excepção das sensilas placodea. Estas diferenças poderão estar associadas
à detecção dos infoquímicos no processo de selecção do hospedeiro pelas fêmeas. A sensila
chaetica do tipo 2 parece ter particular importância neste processo, devido à sua localização, na
fase ventral da clava, e ao facto de estar ausente nos machos. Esta sensila e a chaetica do tipo 4
Considerações Finais
65
parecem estar envolvidas directamente no processo de aceitação do hospedeiro (Baaren et al.,
1993; Baaren & Nénon, 1994; Olson & Andow, 1993).
As fêmeas de A. spec. nov. próx. pseudococci de Israel mostraram uma resposta
cairomonal à feromona sexual de P. ficus nos ensaios de olfactómetro. Esta evidência sugere
uma resposta inata, que é também corroborada por estudos anteriores efectuados com a
população portuguesa do parasitóide. Este comportamento inato está em concordância com a
hipótese proposta por Vet & Dicke (1992), onde é esperada uma resposta inata às cairomonas do
hospedeiro/presa nos inimigos naturais do grupo C, isto é, especialistas ao nível do hospedeiro e
generalistas ao nível da planta, como é o caso de A. spec. nov. próx. pseudococci.
As fêmeas do parasitóide da Sicília não mostraram, no entanto, o mesmo tipo de resposta
cairomonal à feromona sexual de P. ficus, nos ensaios de olfactómetro. Este resultado pode
evidenciar uma diferença na resposta desta população de A. spec. nov. próx. pseudococci à
feromona do hospedeiro, relativamente às populações de Portugal e Israel. Segundo Vet & Dicke
(1992), as populações de inimigos naturais que evoluem em contextos ecológicos diferentes
podem variar nas características importantes para um bom desempenho, como no uso dos
infoquímicos.
No estudo da micromorfologia das sensilas de A. spec. nov. próx. pseudococci não foram
detectadas diferenças significativas quanto ao tipo, número e distribuição das sensilas presentes
na antena das fêmeas das diferentes populações geográficas. No entanto, as pequenas diferenças
observadas na distribuição e no número de sensilas, podem estar relacionadas com as diferentes
interacções destas populações de A. spec. nov. próx. pseudococci no contexto tritrófico,
nomeadamente, na resposta das fêmeas aos infoquímicos associados ao hospedeiro e à planta
hospedeira.
A evidência da resposta cairomonal de A. spec. nov. próx. pseudococci à feromona sexual
de P. ficus abre caminho ao uso desta feromona em tácticas de protecção biológica das culturas,
como o incremento do parasitismo de P. citri por este parasitóide, em pomares de citrinos. Foi
neste sentido que foram realizados os ensaios das batatas-armadilha. Os resultados evidenciaram
um aumento do parasitismo de P. citri em presença da feromona sexual de P. ficus. O parasitóide
revelou ser mais eficiente na modalidade com difusor de feromona de P. ficus instalado no
interior da armadilha, em comparação com a modalidade do difusor a 30 cm de distância. Este
resultado parece apoiar a hipótese da feromona sexual de P. ficus induzir em A. spec. nov. próx.
pseudococci um comportamento de retenção na procura do hospedeiro, tanto mais que, se a
procura fosse direccionada, seria de esperar que o parasitismo de P. citri na modalidade com
Considerações Finais
66
difusor a 30 cm da armadilha fosse menor ou mesmo nulo. O modo de procura do hospedeiro
pelo parasitóide torna-se relevante no seu uso eficaz como agente de controlo biológico, na
medida em que esta estratégia influencia os níveis de parasitismo da praga pelo parasitóide.
Planococcus citri está entre os hospedeiros mais comuns de A. pseudococci s.l.. No
entanto, os estímulos químicos envolvidos na atracção deste parasitóide ao hospedeiro ainda
permanecem por esclarecer. A melada de P. citri parece induzir um comportamento de retenção
na fêmea do parasitóide. Contudo, nos ensaios de olfactómetro não foi evidenciada uma resposta
cairomonal do parasitóide aos odores da melada deste hospedeiro. Este resultado pode sugerir
que o parasitóide utiliza a melada como cairomona de contacto de curta distância, na localização
do hospedeiro, e não como cairomona volátil.
Por outro lado, no ensaio sobre a experiência, foi mais uma vez evidenciada a não
atracção do parasitóide à feromona sexual de P. citri. Este parasitóide também não mostrou
aprendizagem em relação a este estímulo potencialmente cairomonal, após ter realizado postura
no hospedeiro. No entanto, a experiência prévia de apenas uma postura em P. citri pode não ter
sido suficiente para a fêmea do parasitóide associar este estímulo ao hospedeiro. Estudos futuros
deverão considerar maior número de posturas no hospedeiro, a fim de se verificar a influência da
experiência no comportamento de localização de A. spec. nov. próx. pseudococci.
Franco et al. (2008b) sugeriram a hipótese de P. citri ser uma espécie hospedeira mais
recente na história evolutiva de A. spec. nov. próx. pseudococci do que o hospedeiro P. ficus.
Esta hipótese é também suportada pelo baixo nível de adaptação fisiológica deste parasitóide a P.
citri, evidenciado pela elevada taxa de encapsulação dos ovos neste hospedeiro (Blumberg et al.,
1995). De acordo com esta hipótese, o parasitóide pode ter aprendido a responder aos estímulos
deste novo hospedeiro por aprendizagem associativa, o que lhe permitiu gerar novas respostas
com base em respostas inatas aos estímulos inerentes às cochonilhas-algodão em geral. De entre
os estímulos associados a estas cochonilhas poderá estar a melada. No entanto, há que ter em
conta que a sua composição parece variar com a planta hospedeira e que as cochonilhas-algodão
hospedeiras são, em geral, espécies polífagas. O parasitóide poderá ainda responder a estímulos
associados à planta hospedeira. Segundo Vet & Dicke (1992), os inimigos naturais do grupo C,
como A. spec. nov. próx. pseudococci, podem exibir respostas inatas aos voláteis das plantas
hospedeiras mais comuns ou a um componente comum a todas as plantas hospedeiras.
Será interessante verificar no futuro se A. spec. nov. próx. pseudococci exibe uma
resposta cairomonal às sinomonas emitidas pela planta hospedeira ou a outro estímulo associado
ao hospedeiro P. citri.
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79
AAnneexxooss
Anexo 1
Quadro 1 - Caracterização dos pomares de citrinos na região do Algarve e das vinhas na zona Centro de Portugal. Prospecção de Anagyrus pseudococci s.l. (a); Estudo da influência da feromona de Planococcus ficus (Signoret) na taxa de parasitismo de Planococcus citri (Risso) por A. spec. nov. próx. pseudococci (sensu Triapitsyn et al., 2007), em Julho e Setembro/ Outubro de 2007 (b).
Pomar Localização Ano de
plantaçãoHospedeiro vegetal
CultivarPorta-enxerto
Sistema de rega
Compasso (m×m)
Área
(m2)
a Estação Vitivinícola da Bairrada
Arcos, Anadia
1992 videira Chardonay - - - -
a Abílio Santos Galvão
Cordinhã, Cantanhede
1986 videira Rabo de Ovelha; Bical
SO4; 161-49 C
Guyot 2,5 x 1,3 5 400
a 1993 videira colecção de várias castas*
- gota-a-gota 2,7 x 1 22 400
2005 videira- estufa
Cardinal 80 161-49 gota-a-gota 1,2 x 2,7 311
a Quinta da Nora Conceição, Faro
1996 tangerineira Ortanique citranjeira troyer
gota-a-gota 5 x 2,5 37 000
a Estibeira Quarteira, Loulé
2004 laranjeira Rhode - - - -
a Amoladeiras Algoz, Silves - tangerineira Nules - - - -
a Pomar D. Alice Silves - laranjeira Newhall - - 6 x 4 19 000
a, b Afonso Vaz Algoz, Silves 1989 tangerineira Newhall citranjeira troyer
gota-a-gota 4 × 6 3 000
a Carocha Boliqueime, Loulé
1991 tangerineira Ortanique - gota-a-gota - -
a Quinta do Carmo Lagoa 2002 laranjeira Rhode citranjeira troyer
gota-a-gota 5 x 3 -
a, b Centro de Experim. Agrária de Tavira
(CEAT)
Santiago, Tavira
1996 laranjeira Newhall citranjeira troyer
gota-a-gota 4,5 × 4,5 4 600
a ISA - Ponte Alcântara, Lisboa
1985 videira colecção de várias castas
- - 3,2 x 1,2 4 000
* 98 castas de uva de mesa e 129 castas de uva de vinho
Centro de Experim. Agrária de Tavira
(CEAT)
Santiago, Tavira
Anexos
80
Anexo 2
Quadro 1 - Estatísticas descritivas do tempo dispendido em cada comportamento de Anagyrus spec. nov. próx.
pseudococci em presença de melada (tempo com melada) e na sua ausência (tempo testemunha) em ensaios de olfactómetro de ar estático. Comportamentos: 1) Procura; 2) Sondagem com antenas; 3) Repouso; 4) Limpeza; 5) Alimentação 6) Sondagem com armadura bucal.
30 0:11:06 0:01:58 0:00:21 0:10:21 0:11:50 0:06:54 0:14:12
30 0:02:46 0:01:49 0:00:20 0:02:05 0:03:27 0:00:22 0:07:05
30 0:00:44 0:00:28 0:00:05 0:00:34 0:00:55 0:00:09 0:02:16
30 0:00:17 0:00:32 0:00:05 0:00:04 0:00:29 0:00:00 0:02:44
30 0:00:04 0:00:14 0:00:02 -0:00:00 0:00:09 0:00:00 0:01:04
30 0:00:00 0:00:02 0:00:00 -0:00:00 0:00:01 0:00:00 0:00:14
180 0:02:30 0:04:07 0:00:18 0:01:53 0:03:06 0:00:00 0:14:12
30 0:12:12 0:02:29 0:00:27 0:11:16 0:13:07 0:05:09 0:14:11
30 0:00:27 0:00:17 0:00:03 0:00:21 0:00:34 0:00:03 0:01:42
30 0:01:27 0:01:15 0:00:13 0:00:59 0:01:56 0:00:32 0:06:00
30 0:00:50 0:01:52 0:00:20 0:00:08 0:01:32 0:00:00 0:08:52
30 0:00:00 0:00:00 0:00:00 0:00:00 0:00:00 0:00:00 0:00:00
30 0:00:01 0:00:06 0:00:01 -0:00:00 0:00:04 0:00:00 0:00:27
180 0:02:30 0:04:35 0:00:20 0:01:49 0:03:10 0:00:00 0:14:11
1 2 3 4 5 6 Total
1 2 3 4 5 6 Total
Tempo com melada
Tempo testemunha
N Média Desvio Padrão Erro Padrão Limite Inferior Limite Superiord
Intervalo de Confiança a 95% para a Média
Mínimo Máximo
Anexos
81
Anexo 3
Preparação de Clorofenol
1.1 Reagentes utilizados:
- 50g de fenol
- 50g de cloral hidratado
1.2 Procedimento:
Misturar os dois reagentes num gobelé de vidro e aquecer até à completa dissolução do
material. Dever-se-á obter uma solução transparente.
Colocar a solução num frasco de vidro, envolvido exteriormente com papel de alumínio, e
deixar em local escuro durante uma semana.
O Clorofenol estará então preparado e poderá ser utilizado para clarificar os exemplares de
cochonilhas.
Anexos
82
Anexo 4
Quadro 1 - Estatísticas descritivas do número de indíviduos de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci emergidos em batatas-armadilha num pomar de citrinos, em Silves, entre 18 e 26 de Julho de 2007, em função da modalidade: 1) armadilhas com feromona sexual de Planococcus ficus exterior a 30 cm, ou 2) com feromona sexual de P.ficus interior, e 3) armadilhas sem feromona (testemunha).
Quadro 2 - Estatísticas descritivas da taxa de parasitismo de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci em batatas-armadilha num pomar de citrinos, em Silves, entre 18 e 26 de Julho de 2007, em função da modalidade: 1) armadilhas com feromona sexual de Planococcus ficus exterior a 30 cm, ou 2) com feromona sexual de P.ficus interior, e 3) armadilhas sem feromona (testemunha).
Quadro 3 - Estatísticas descritivas do número dias até à 1.ª emergência do parasitóide, Anagyrus spec. nov. próx.
pseudococci, em batatas-armadilha num pomar de citrinos, em Silves, entre 18 e 26 de Julho de 2007, em função da modalidade: 1) armadilhas com feromona sexual de Planococcus ficus exterior a 30 cm, ou 2) com feromona sexual de P.ficus interior, e 3) armadilhas sem feromona (testemunha).
Quadro 4 - Estatísticas descritivas do número de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci capturadas em batatas-armadilha num pomar de citrinos, em Tavira, entre 25 Setembro e 2 de Outubro de 2007, em função da modalidade: 1) armadilhas com feromona sexual de Planococcus ficus exterior a 30 cm, ou 2) com feromona sexual de P.ficus interior, e 3) armadilhas sem feromona (testemunha).
10 6,40 2,119 ,670 4,88 7,92 4 10 10 7,30 6,111 1,932 2,93 11,67 2 18 10 1,20 1,135 ,359 ,39 2,01 0 3 30 4,97 4,567 ,834 3,26 6,67 0 18
1
2
3
Total
N Média Desvio Erro Padrão Limite Inferior Limite Superior
Intervalo de Confiança a 95% para a Média
Mínimo Máximo
10 19,5000 2,06828 ,65405 18,0204 20,9796 15,00 22,00 10 17,2000 1,13529 ,35901 16,3879 18,0121 16,00 20,00 9 17,8889 1,69148 ,56383 16,5887 19,1891 16,00 22,00 29 18,2069 1,89698 ,35226 17,4853 18,9285 15,00 22,00
1 2 3 Total
N Média Desvio Padrão Erro Padrão Limite Inferior Limite Superior
Intervalo de Confiança a 95% para a Média
Mínimo Máximo
10 45,1450 19,38809 6,13105 31,2756 59,0144 15,91 78,26 10 77,3480 15,68189 4,95905 66,1298 88,5662 52,94 100,00 10 18,6450 19,63438 6,20894 4,5994 32,6906 ,00 56,52 30 47,0460 30,14355 5,50343 35,7902 58,3018 ,00 100,00
1 2 3 Total
N Média Desvio Padrão Erro Padrão Limite Inferior Limite Superior
Intervalo de Confiança a 95% para a Média
Mínimo Máximo
Nº de parasitóides emergidos
10 19,10 9,303 2,942 12,45 25,75 8 36 10 19,40 8,435 2,667 13,37 25,43 6 31 10 7,30 4,596 1,453 4,01 10,59 0 13 30 15,27 9,399 1,716 11,76 18,78 0 36
1 2 3 Total
N Média Desvio Padrão Erro Padrão Limite Inferior Limite Superior
Intervalo de Confiança a 95% para a Média
Mínimo Máximo
Anexos
83
Anexo 5
Quadro 1 – Comprimento médio (µm) (± erro padrão) dos antenómeros de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx.
pseudococci de Portugal, Sicília e Israel (n=6). E – escapo; P – pedicelo; F1/F6 – artículos do flagelo; C - clava.
E 310,0 ± 7,1 301,9 ± 14,4 332,3 ± 7,5
P 115,0 ± 4,3 103,2 ± 2,9 125,4 ± 2,0
F1 82,9 ± 2,3 79,3 ± 2,2 85,9 ± 2,9
F2 78,2 ± 1,6 73,9 ± 1,4 81,4 ± 1,9
F3 76,9 ± 1,8 76,7 ± 2,0 83,3 ± 2,2
F4 74,4 ± 2,4 74,8 ± 2,3 78,0 ± 1,7
F5 69,7 ± 1,7 72,0 ± 2,0 75,2 ± 1,6
F6 66,5 ± 2,4 68,8 ± 1,9 70,1 ± 1,6
C 193,6 ± 5,8 205,6 ± 5,8 211,1 ± 4,2
Total flagelo
Total antena
642,1
1.067,1
Portugal
685,0
1.142,7
651,1
1.056,2
IsraelSicília
Quadro 2 – Comprimento médio (µm) (± erro padrão) total dos diferentes tipos de sensilas presentes nas antenas de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci de Portugal, Sicília e Israel (n=6).
s. placodea 44,3 ± 1,3 45,6 ± 1,2 45,9 ± 1,2
s. chaetica 1 14,3 ± 1,0 16,1 ± 1,3 15,9 ± 1,1
s. chaetica 2 7,6 ± 0,4 7,5 ± 0,3 6,2 ± 0,3
s. chaetica 3 27,8 ± 1,9 30,0 ± 2,3 26,3 ± 1,2
s. chaetica 4 8,8 ± 0,0 9,2 ± 0,0 8,2 ± 0,0
s. chaetica 4 Sup 6,7 ± 0,0 7,0 ± 0,0 6,3 ± 0,0
s. cahetica 4 Inf 2,0 ± 0,0 2,2 ± 0,0 1,9 ± 0,0
Portugal Sicília Israel
Quadro 3 - Comprimento médio (µm) (± erro padrão) das sensilas placodea presentes em cada antenómero das antenas de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci de Portugal, Sicília e Israel (n=6). E - escapo; P - pedicelo; F1/F6 – articulos do funículo; C1/C3- artículos da clava.
F1 45,0 ± 0,3 40,4 ± 1,1 44,7 ± 0,0
F2 44,7 ± 0,5 45,5 ± 0,1 48,2 ± 0,3
F3 47,5 ± 1,5 48,2 ± 0,6 49,8 ± 1,9
F4 45,9 ± 1,6 48,9 ± 1,3 48,6 ± 0,3
F5 45,8 ± 0,5 46,8 ± 0,5 46,2 ± 0,7
F6 44,7 ± 0,4 45,7 ± 0,3 44,9 ± 1,3
C1 44,7 ± 0,5 45,1 ± 0,6 45,2 ± 1,5
C2 43,9 ± 0,2 47,9 ± 0,3 45,4 ± 1,0
C3 36,4 ± 0,0 42,2 ± 0,3 39,8 ± 0,3
Sicília Israel Portugal
Anexos
84
Quadro 4 - Comprimento médio (µm) (± erro padrão) das sensilas chaetica tipo 1 presentes em cada antenómero das antenas de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci de Portugal, Sicília e Israel (n=6). E - escapo; P - pedicelo; F1/F6 – articulos do funículo; C1/C3- artículos da clava.
F3 16,0 ± 0,5 18,7 ± 0,8 19,2 ± 0,0
F4 17,2 ± 0,8 18,3 ± 0,7 16,8 ± 1,5
F5 16,1 ± 0,9 18,6 ± 0,4 17,5 ± 0,6
F6 15,2 ± 1,1 18,5 ± 1,3 16,5 ± 0,6
C1 13,1 ± 0,3 13,6 ± 1,3 16,0 ± 1,1
C2 11,5 ± 0,8 13,9 ± 0,2 14,3 ± 0,5
C3 10,8 ± 0,1 11,2 ± 0,3 10,9 ± 0,0
Sicília Israel Portugal
Quadro 5 - Comprimento médio (µm) (± erro padrão) das sensilas chaetica tipo 2 presentes em cada antenómero das antenas de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci de Portugal, Sicília e Israel (n=6). E - escapo; P - pedicelo; F1/F6 – articulos do funículo; C1/C3- artículos da clava.
C1 8,1 ± 0,2 7,0 ± 0,0 6,3 ± 0,0
C2 8,3 ± 1,0 8,2 ± 0,3 5,6 ± 0,0
C3 6,3 ± 0,1 7,2 ± 0,3 6,8 ± 0,0
Sicília Israel Portugal
Quadro 6 - Comprimento médio (µm) (± erro padrão) das sensilas chaetica tipo 3 presentes em cada antenómero das antenas de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci de Portugal, Sicília e Israel (n=6). E - escapo; P - pedicelo; F1/F6 – articulos do funículo; C1/C3- artículos da clava.
F3 34,6 ± 0,0 39,7 ± 0,0 -
F4 31,4 ± 0,0 31,4 ± 0,0 -
F5 27,7 ± 0,4 30,2 ± 0,3 28,9 ± 0,0
F6 27,6 ± 1,1 28,9 ± 1,1 26,8 ± 0,0
C1 24,5 ± 0,8 25,8 ± 0,8 27,4 ± 0,1
C2 21,2 ± 0,7 23,8 ± 0,2 22,2 ± 0,6
Portugal Sicília Israel
Quadro 7 - Comprimento médio (µm) (± erro padrão) das sensilas chaetica tipo 4 presentes em cada antenómero das antenas de fêmeas de Anagyrus spec. nov. próx. pseudococci de Portugal, Sicília e Israel (n=6). E - escapo; P - pedicelo; F1/F6 – articulos do funículo; C1/C3- artículos da clava.
Sensila
Parte Superior 6,7 ± 0,1 7,0 ± 0,0 6,3 ± 0,1
Parte Inferior 2,0 ± 0,0 2,2 ± 0,0 1,9 ± 0,0C3
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