influência da alimentação no desenvolvimento de cobb

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Escola Secundária/3 de Carregal do Sal Área de Projecto INFLUÊNCIA DA ALIMENTAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DA ESTIRPE COBB Ana Catarina Raposo Almeida e Sousa Maria de Lurdes Pinto Veloso 2006/2007

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trabalho de area de projecto secundario 2006 2007

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Page 1: Influência da Alimentação no Desenvolvimento de Cobb

Escola Secundária/3 de Carregal do Sal

Área de Projecto

INFLUÊNCIA DA ALIMENTAÇÃO NO

DESENVOLVIMENTO DA ESTIRPE COBB

Ana Catarina Raposo Almeida e Sousa

Maria de Lurdes Pinto Veloso

2006/2007

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Influência da alimentação no desenvolvimento da estirpe Cobb ___________________________________

2

Agradecimentos

A realização deste trabalho só foi possível graças ao apoio e à colaboração de várias

pessoas a quem queremos expressar o nosso profundo agradecimento.

À professora Carla Marques, por ter permitido a realização deste projecto e pela

orientação do mesmo.

Às professoras Cilene Lindinho e Aldina Sobral, pelo apoio prestado.

À professora Alda Fidalgo e ao professor João Fidalgo, por todo o material cedido e

auxílio prestado.

Ao Luís Sousa, pela colaboração prestada ao nível das análises e da recolha de

informação.

Ao Luís Pais, por ter elaborado a caixa, na qual os pintos permaneceram durante os

primeiros tempos, e o sistema de iluminação.

À Isabel Amaral e ao António Amaral, por terem cedido os pintos.

À Fernanda Raposo, ao Júlio Sousa e à Anunciação Almeida, por estarem sempre

disponíveis para ajudar a tratar dos pintos.

A todos os nossos colegas de turma, que sempre nos ajudaram.

A todos quanto de uma forma ou outra contribuíram para a realização deste trabalho.

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3

Índice

AGRADECIMENTOS .................................................................................................................................... 2

ÍNDICE ............................................................................................................................................................. 3

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................ 4

I – PARTE TEÓRICA ..................................................................................................................................... 6

1 - CARACTERÍSTICAS DAS GALINHAS ........................................................................................................... 6

2 - ALIMENTAÇÃO ........................................................................................................................................ 10

2.1) Tradicional ...................................................................................................................................... 10

2.2) Ração ............................................................................................................................................... 11

II – PARTE PRÁTICA.................................................................................................................................. 13

1 - METODOLOGIA ....................................................................................................................................... 13

2 - RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................................................... 15

2.1) Peso ................................................................................................................................................. 15

2.2) Envergadura .................................................................................................................................... 17

2.3) Tamanho das patas.......................................................................................................................... 18

2.4) Evolução das penas nos dois grupos .............................................................................................. 18

2.4) Dejectos da segunda à terceira semana ......................................................................................... 19

2.6) Comportamento ............................................................................................................................... 20

2.7) Vitalidade ........................................................................................................................................ 20

2.8) Nível Interno .................................................................................................................................... 21

2.9) Análise à qualidade da carne .......................................................................................................... 22

CONCLUSÃO ................................................................................................................................................ 24

BIBLIOGRAFIA............................................................................................................................................ 26

ANEXOS ……………………..……………………………………….…………..…….………………… 28

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4

Introdução

No âmbito da disciplina de área de projecto do 12º ano decidiu comparar-se dois lotes

de Gallus gallus domesticus da linhagem Cobb, alimentando um grupo com ração e outro com

comida tradicional.

Com o lote alimentado com comida tradicional tentou recriar-se uma avicultura de

subsistência, em que a criação se destina, essencialmente ao auto-consumo, ao invés do lote

alimentado com ração, em que se tentou recriar a situação em aviários comerciais, alimentando-

o exclusivamente com ração.

A experiência começou no dia 18 de Janeiro de 2007, data em que os pintos eclodiram

do ovo. Chegados a Cabanas de Viriato, onde permaneceram até ao final, foram pesados e

separados aleatoriamente em dois lotes, de modo a que cada um ficasse com nove pintos e

com o mesmo peso total. A partir desta data e de três em três dias procedeu-se a uma pesagem

dos pintos e a uma medição da envergadura e das patas até ao final da experiência, dia 22 de

Março de 2007.

No dia 11 de Abril foram sacrificados dois pintos (um de cada lote) com o objectivo de

se observar as diferenças a nível interno e de se analisar a qualidade da carne. Estas análises

foram realizadas na Escola Superior Agrária de Coimbra.

Os objectivos primordiais, centrados numa análise comparativa, foram observar as

diferenças a nível do peso, da envergadura, do tamanho das patas, da evolução das penas nos

dois grupos, do comportamento, da vitalidade e da quantidade de dejectos. Outro objectivo foi

analisar a qualidade da carne nos dois lotes para ser possível concluir qual o melhor frango

para alimentação humana.

No presente trabalho, começar-se-á por apresentar as características da estirpe e indicar

os diferentes tipos de alimentação utilizados actualmente para a criação de frangos (tradicional

e ração). Posteriormente, passar-se-á à apresentação da experiência, começando pela

metodologia seguida dos resultados e respectiva discussão.

Segundo a vox populi, o frango alimentado com ração tem um crescimento superior ao

frango alimentado com comida tradicional. A ser certa esta crença, esperava-se obter um

maior crescimento por parte do lote alimentado com ração relativamente ao outro. No que

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respeita à quantidade de gorduras, pretendia-se que o lote alimentado de maneira tradicional

tivesse menos gordura que o outro, provando assim que este tipo de alimentação é mais

saudável.

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I – Parte Teórica

1 - Características das galinhas

Designam-se por aves de capoeira as espécies ornitológicas que foram amansadas pelo

homem e se conservaram como animais domésticos, tendo em vista o aproveitamento da sua

carne, dos ovos ou das penas. Uma destas aves é a galinha.

Esta pode ser classificada zoologicamente como pertencente ao reino animalia, ao tipo

dos vertebrados, à classe das aves, a sua ordem é a das galináceas, corresponde à família das

faisinídeas, ao género gallus e à espécie Gallus gallus domesticus.

Mundialmente existem mais de trezentas raças de espécies de galinhas domésticas.

Estas podem distinguir-se em três categorias principais:

Raças puras para fins comerciais;

Raças híbridas que resultam de cruzamentos;

Raças locais ou nacionais.

De uma maneira empírica, podemos dividir as raças para fins comerciais de acordo

com o seu principal objectivo de produção:

Postura de ovos, principalmente as raças de galinhas leves, que põem ovos;

Produção de carne, principalmente pelas raças mais pesadas;

As galinhas que são criadas tanto para porem ovos como para produção de

carne e que são as chamadas raças de duplo objectivo.

A linhagem utilizada neste trabalho, a Cobb, é considerada uma estirpe “pesada”, pois

é de rápido crescimento, alta eficiência alimentar, baixa mortalidade e está especialmente

vocacionada para a deposição de músculo (creatopoiéticas). Esta resultou do cruzamento de

fêmeas White Rock e machos Vantress.

Os animais Cobb apresentam emplumação branca, com pele amarela, mas mediante a

administração de alimentos compostos despigmentados, a sua pele adquire a cor branca ou

creme. As suas patas e bico são amarelos e a crista é simples e dentada de cor vermelho vivo.

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Tal como o resto da sua espécie, esta estirpe é omnívora, poligâmica1 e dimorfa

2.

As penas que revestem o seu corpo são de tipos diferentes: as remiges, que são as

penas grandes das asas, as rectrizes, que são as penas grandes da cauda, as tectrizes, que são as

penas curtas e largas que revestem quase todo o corpo e as plúmulas, que estão por baixo de

todas estas penas e cujo conjunto é designado por penugem, que serve para isolar e proteger a

ave de variações de temperatura do meio ambiente. E isso é fundamental dado que a galinha

tem uma temperatura permanente de 42ºC.

O seu esqueleto3 divide-se em três partes principais: cabeça, tronco e membros. O

esqueleto da cabeça é pequeno e relativamente leve, o qual está ligado à coluna vertebral

apenas por um só côndilo occipital, o que facilita muito os movimentos da cabeça. Outro traço

dominante da cabeça das aves é o bico, o qual se abre segundo movimentos verticais e está

concebido para apanhar e manipular o alimento.

No tronco, há a considerar o osso peitoral ou esterno, que se alonga por toda a parte

ventral do animal, com uma quilha mediana, onde se prendem os músculos peitorais do voo.

Aquele é reforçado também pelas costelas e pela coluna vertebral, que forma uma ancoragem

maciça e rígida para o sistema muscular das asas.

As asas são compostas pelo braço, constituído pelo úmero, pelo antebraço, que é

formado pelo rádio e cúbito, e pela mão, que é formada por dois ossos carpianos, por dois

ossos metacarpianos e por três falanges, sendo duas compridas e uma rudimentar. Os ossos das

asas estão ligados a uma cintura escapular, que é composta pela omoplata, pelo coiracóide e

pela clavícula. Nos membros posteriores ou patas observa-se na coxa o fémur; na perna, a tíbia

e o perónio; e nos ossos do pé, o tarso e o metatarso, que conjuntamente formam o osso da

canela. Os pés têm quatro artelhos, três voltados para a frente e um para trás.

A galinha é uma ave que praticamente não voa, por causa das suas asas pequenas e do

seu corpo volumoso, no entanto possuiu todas as características essenciais ao voo. O sistema

muscular das aves é bastante desenvolvido, especialmente na região peitoral, onde se observa

1 Existe apenas um macho para várias fêmeas.

2 O macho distingue-se facilmente das fêmeas.

3 Ver página 28, figura 1

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uma forte massa muscular, de forma a permitir a faculdade de voar. Apesar de a galinha não

ser uma ave voadora possuiu todos os músculos com características para tal.4

O peso dos músculos da região peitoral iguala o peso total dos restantes e constitui

12% do peso corporal. Estes músculos também suportam os órgãos vitais da cavidade

abdominal. São muito desenvolvidos na maior parte das aves, mas especialmente nas estirpes

com selecção genética cujo objectivo é a produção de carne. As galinhas apresentam músculos

claros e escuros, que conferem à carne uma cor clara ou escura. Normalmente, a actividade

dos músculos determina a sua cor. Carne mais escura significa maior esforço por parte desse

músculo.

O sistema respiratório das aves5 é muito diferente do dos mamíferos, no entanto é

bastante eficiente. O ar apenas circula num sentido – ventilação contínua. As vias respiratórias

são formadas pelo bico, laringe e traqueia. A laringe é muito reduzida, a traqueia disposta à

frente do esófago é constituída por anéis cartilagíneos e dá origem aos dois brônquios, os quais

se desdobram em bronquíolos. Algumas das ramificações dos brônquios penetram nos

pulmões, mas outras vão abrir-se em sacos membranas, chamados sacos aéreos, espalhados

por todo o corpo. Estes comunicam, internamente, com os bronquíolos e com a cavidade

interna dos ossos pneumáticos. Os pulmões estão fortemente unidos às costelas, são pequenos

e compactos, basicamente formados por um conjunto de tubos. Estão abertos nas duas

extremidades pelos parabrônquios, que os ligam aos sacos aéreos, anteriores e posteriores. Os

sacos aéreos não intervêm na hematose, mas tornam a ventilação mais eficiente. Durante a

ventilação ocorrem duas inspirações e duas expirações: na primeira inspiração, o ar entra para

os sacos posteriores; na primeira expiração, passa para os pulmões; na segunda inspiração, o ar

avança para os sacos anteriores (ao mesmo tempo que entra ar fresco para os posteriores) e na

segunda expiração, o ar é expelido dos sacos anteriores (ao mesmo tempo que o ar fresco entra

nos pulmões).

Nas aves, o coração é constituído por duas aurículas e dois ventrículos e a corça da

aorta encurva-se para a direita. O coração, como órgão propulsor, expele constantemente o

sangue para a corrente circulatória. Este último sai do ventrículo esquerdo (arterializado) pela

4 Getty, 1982, citado por Pires.

5 Ver página 28, figura 2.

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aorta e suas ramificações e é transportado para todo o corpo, onde se processa a troca de

oxigénio por dióxido de carbono. Após esta acção de troca gasosa, o sangue regressa à

aurícula direita pelas veias cavas. A todo este processo chama-se “Grande circulação do

sangue”. O sangue venoso passa dessa aurícula para o ventrículo direito, saindo pela artéria

pulmonar, que o conduz aos pulmões, onde vai arterializar-se. Uma vez realizada a hematose

do sangue, este regressa ao coração pelas veias pulmonares à aurícula esquerda. Esta é

chamada a “Pequena circulação do sangue”.

No que respeita ao aparelho digestivo das galinhas, este é composto por tubo digestivo

e órgãos anexos. O tubo digestivo é constituído por um conjunto de órgãos: a boca,

transformada em bico; o esófago, com uma dilatação, situada para a frente; o papo, onde os

alimentos são armazenados e amolecidos; o estômago, formado por duas partes: o

proventrículo ou ventrículo succenturiado (onde um suco desfaz, em parte, os alimentos) e a

moela, que tem uma forma oval, paredes muito espessas e musculosas, revestidas de uma

película imensamente resistente, onde os alimentos são verdadeiramente triturados com a

ajuda de areias; o intestino delgado, que produz enzimas que ajudam na digestão e onde se dá

a absorção dos nutrientes (na galinha adulta mede cerca de 140cm); o intestino grosso, que se

estende desde o fim do intestino delgado até à cloaca, está envolvido da reabsorção de água e

quando a galinha é adulta mede cerca de 10cm; por fim, a cloaca, por onde saem as fezes

juntamente com a urina e onde termina o canal condutor dos ovos. Os órgãos anexos são

constituídos por fígado, vesícula biliar e pâncreas.

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2 - Alimentação

A água representa cerca de 60% a 70% do peso da ave. Ao contrário do que se poderia

pensar, os frangos consomem quantidades consideráveis de água. Os galináceos devem ter um

abastecimento constante de água fresca e limpa, de modo a que os nutrientes possam ser

absorvidos e os materiais tóxicos eliminados do corpo. Tal é especialmente importante no caso

dos pintos. A falta de água reduzirá a ingestão/consumo alimentar, provocando um grave

retardamento do crescimento.

A energia dietética provém principalmente dos hidratos de carbono (cereais), mas

também da gordura e proteínas. Normalmente, as galinhas têm acesso livre à comida e é-lhes é

permitido consumir a quantidade que desejam.

As vitaminas desempenham um papel importante nos sistemas enzimáticos e da

resistência natural das aves de capoeira. Só se necessita delas em quantidades muito pequenas,

mas são vitais para o sustentáculo da vida.

Os minerais, especialmente o cálcio (Ca) e o fósforo (P), são essenciais para os ossos.

Os sistemas enzimáticos também se encontram muitas vezes dependentes de elementos

minerais como o ferro, cobre, zinco e iodina.

Actualmente, podem-se distinguir duas formas principais de avicultura: a de pequena

escala (avicultura de subsistência) e a de aviários comerciais.

2.1) Tradicional

Ainda hoje, principalmente nas pequenas localidades, se pratica a criação de frangos

para consumo próprio.

Quando os frangos são criados em casa, mais de metade da sua dieta são cereais, tais

como o milho. Este tem uma grande quantidade de hidratos de carbono (71.7%). Inicialmente,

é fornecido sob a forma de farinha e posteriormente inteiro. Também são administrados às

aves vegetais como couves, alfaces, algumas ervas, entre outros. Muitas vezes, os restos da

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alimentação do ser humano, como por exemplo batatas cozidas e arroz, também são

fornecidos às aves.

Nesta situação, o frango tem espaço para se movimentar e muitas vezes recolhe do

chão algumas minhocas e outros animais. Este também ingere algumas pedras para ajudar na

trituração dos alimentos.

A alimentação que lhes é fornecida não contém grandes quantidades de gordura, o que

faz com que estes não apresentem uma grande quantidade da mesma no tecido adiposo.

Neste tipo de alimentação, o animal não ingere aditivos, pelo que o seu tempo de

crescimento é mais lento.

Na tabela seguinte, podem-se observar as necessidades nutricionais do frango bem

como as fontes onde estes as podem obter.

2.2) Ração

As rações para frangos de carne são constituídas por uma mistura complexa de

ingredientes cuidadosamente seleccionados, fornecendo de uma forma equilibrada e adequada

as quantidades certas de proteína, energia e outros nutrientes essenciais, de modo a atingir o

seu objectivo que é a obtenção de um crescimento rápido e saudável.

O tipo de ração a fornecer às aves deve estar de acordo com a fase de crescimento do

animal, devendo nas duas primeiras semanas dar-se uma ração de iniciação (A-104),

caracterizada pelo seu elevado teor de proteína e aminoácidos, com a finalidade de estimular

Categoria dos nutrientes Possível fonte do nutriente

Energia Amido de cereais ou tubérculos, gordura

das sementes

Proteína Grãos de soja, peixe, insectos

Minerais Cinza de ossos, conchas, calcário

Vitaminas Fruta, legumes verdes

Água Água da chuva, água canalizada, água

proveniente de nascentes naturais

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ao máximo o crescimento. A partir da terceira semana, muda-se para uma ração granulada (A-

115), destinada fundamentalmente a manter o ritmo de crescimento das aves. Esta ração é

caracterizada pela diminuição do teor de proteína e aminoácidos.

A ração de arranque deve ser fornecida sob a forma de migalhas e farinada, enquanto a

de crescimento e acabamento é fornecida sob a forma granulada.

O objectivo de se passar de uma ração sob a forma de migalhas para uma granulada é

esta proporcionar um maior estímulo visual, aumentando assim o consumo com o consequente

aumento de peso e menor desperdício da ração, pois no acto de apreensão esta perde-se,

caindo para a cama.

A incorporação de aditivos nas rações é hoje uma prática comum indispensável para a

obtenção de um rápido crescimento.

Apresentam-se em anexo as características da ração, que acompanham os sacos desta

sob a forma de etiqueta, utilizada no lote que foi alimentado com ração.6

6 Ver página 30, figura 3.

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II – Parte Prática

1 - Metodologia

Para ser possível a realização desta experiência foi necessário adquirir pintos que não

tivessem sido alimentados anteriormente com ração para não se obterem conclusões falseadas.

Por este motivo, a presente investigação começou no dia 18 de Janeiro de 2007, dia em

que as aves eclodiram do ovo. Foram adquiridas ao senhor António Amaral, razão pela qual

foi necessária a deslocação à localidade de Pardieiros. De seguida, efectuou-se o trajecto

Pardieiros – Cabanas de Viriato, onde os animais permaneceram até ao final da experiência.

Nesse mesmo dia, efectuou-se a medição das patas e da envergadura com uma fita

métrica de um metro e meio. Conjuntamente, pesaram-se numa balança digital de cozinha,

sendo distribuídos aleatoriamente em dois lotes, de modo a que cada grupo ficasse

equiponderante e com o mesmo número de indivíduos. Cada conjunto ficou com nove pintos.

Este procedimento foi efectuado até ao terminus da experiência com um intervalo de três dias,

para assim ser possível observar melhor o seu desenvolvimento. Um lote começou a ser

alimentado com ração A104 e outro com farinha de milho e arroz trinca, a comida permanecia

em comedouros. Nos dois grupos, a água foi disponibilizada em bebedouros com uma

capacidade de quatro litros.

Durante a primeira semana permaneceram junto à lareira pois necessitavam de uma

temperatura elevada e constante. Foram postados em caixas de papelão guarnecidas com

folhas de jornais.

Na segunda semana foram transferidos para uma caixa de madeira. Esta caixa foi

dividida em duas partes iguais, com uma folha de cartão. Assim, de um lado ficou o lote

alimentado a ração e do outro o alimentado a farinha de milho e arroz trinca. Nesta fase de

desenvolvimento, colocaram-se duas lâmpadas de 60W, ligadas 24 horas por dia, para garantir

uma temperatura constante e elevada dentro da caixa. Foi necessário mudar os jornais

diariamente para garantir a higiene do local. De seguida, procedeu-se à sua pesagem, através

de uma balança digital, para se obter a quantidade de dejectos expelidos por cada lote.

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Na terceira semana, no dia 8 de Fevereiro, retiraram-se da caixa os alimentados a

ração, pois o espaço era exíguo para aí permanecerem conjuntamente com o outro lote. Assim,

foram mudados para um galinheiro anexo, continuando aí até ao final da investigação. O outro

lote permaneceu na caixa, sitio de onde foi retirada a divisória para estes terem mais espaço

para o seu desenvolvimento. Contudo, cada um dos lotes continuou com uma lâmpada de 60W

ligada permanentemente.

Nesta semana, introduziu-se na dieta do lote alimentado com comida tradicional alface,

couve, batatas cozidas e alguma areia e esporadicamente algumas minhocas apanhadas da

terra. No outro grupo, procedeu-se à mudança do tipo de ração passando de A104 para A115,

como sugerem as regras de avicultura industrial.

A partir desta semana, deixaram de se colocar jornais na cama das aves, sendo esta

substituída por resíduos de madeira. Para garantir as condições de higiene e um salutar

desenvolvimento, era necessário mudá-la periodicamente: inicialmente, de semana a semana, e

a partir da sexta semana, num intervalo de quatro dias.

Na quarta semana, dado o estado de desenvolvimento do lote alimentado a ração,

procedeu-se à retirada da lâmpada. No entanto, o outro lote continuou com iluminação até à

sexta semana, visto que o seu crescimento se processava a um ritmo mais lento.

Ao fim da nona semana, deixou-se de efectuar a pesagem dos frangos, a medição das

asas e das patas, porque a observação empírica já era conclusiva.

Na décima segunda semana, sacrificaram-se dois frangos, um de cada lote, tendo sido

escolhidos os frangos médios de cada lote. Estes foram seleccionados segundo um critério de

peso médio dentro do próprio grupo.

Foram abertos com uma tesoura, na aula de Biologia. Os órgãos internos foram

retirados com a ajuda de um bisturi e colocaram-se num tabuleiro para observação.

A pesagem dos frangos sem vísceras efectuou-se numa balança digital, para se saber o

valor exacto do peso sem órgãos internos. Posteriormente, colocaram-se em arcas frigoríficas,

nas quais seguiram para a Escola Superior Agrária de Coimbra para se realizarem análises à

qualidade da carne.

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2 - Resultados e discussão

Durante a experiência registaram-se alguns dados tais como a evolução média do peso, da

envergadura e do tamanho das patas; observou-se a evolução das penas nos dois grupos;

pesou-se a quantidade de dejectos da segunda à terceira semana; verificou-se as diferenças a

nível do comportamento e da vitalidade. Após o sacrifício, constataram-se as diferenças a

nível interno de um frango de cada lote e, posteriormente, procedeu-se à análise da carne de

cada um.

2.1) Peso

Inicialmente, cada pinto tinha cerca de 44 gramas. No primeiro dia, o peso total do lote

alimentado com comida tradicional era de 402 gramas, ao passo que o lote alimentado com

ração pesava 385 gramas. O que significa que a diferença entre os pesos totais nos dois lotes

era de 17 gramas.

Ao quarto dia de experiência, verificou-se que os alimentados com comida tradicional

pesavam no total cerca de 425g, sendo o peso médio de cada pinto de 47gramas, enquanto os

da ração pesavam em média 57gramas, tendo um peso total de 514 gramas. Assim, o peso

total dos da comida tradicional sofreu uma evolução de 23 gramas, ao passo que os da ração

pesavam mais 129 gramas, mostrando assim que estes começaram logo a ter um crescimento

superior.

Com o advir temporal, a diferença a nível do peso tornou-se mais evidente.

No trigésimo quarto dia, a meio da experiência, cada frango alimentado com comida

tradicional pesava em média 180 gramas, em contrapartida os alimentados com ração pesavam

780 gramas.

No terminus da experiência, verificou-se uma diferença bastante significativa entre os dois

lotes, sendo esta de 2100 gramas

Efectuou-se um estudo matemático das funções da evolução do peso e pôde-se verificar

que ambos os lotes apresentavam um crescimento exponencial.

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A função 68,694 x 1,066x, em que o x representa a variável tempo, traduz o crescimento

do lote alimentado com ração. O coeficiente da correlação7 entre o peso e a variável tempo é

de 0,975. É considerada uma correlação positiva praticamente perfeita, o que significa que as

variáveis crescem seguindo praticamente o modelo referido.

A evolução do peso no lote alimentado com comida tradicional traduz-se pela função

35,440 x 1,047x. A correlação do peso com a variável tempo é de 0,993.

8

Após a nona semana, deixou-se de efectuar a pesagem dos frangos. Estes continuaram a

seguir o anterior plano alimentar.

Na décima segunda semana, data em que se sacrificou um frango de cada lote, o

alimentado com ração pesava 3890 gramas, enquanto o alimentado com comida tradicional

pesava 920 gramas.

Os frangos foram pesados posteriormente numa balança digital sem vísceras e verificou-se

que o alimentado com ração pesava 3440 gramas9, por outro lado o frango alimentado com

comida tradicional pesava 607,5 gramas.

O peso do lote alimentado com comida tradicional foi inferior ao obtido pelo outro lote,

pois esta estirpe não está preparada geneticamente para ser alimentada tradicionalmente. A

ração possui aditivos que induzem o crescimento da massa muscular do frango num curto

período de tempo. Nesta situação, os frangos apenas foram alimentados com comida

tradicional que não possui nenhum desses aditivos, induzindo assim a um crescimento mais

lento por parte dos mesmos.

O peso obtido pelo lote alimentado com ração10

, apesar de ser superior ao do lote alimento

com comida tradicional, foi inferior ao peso standard11

. As condições de criação em aviário

são bastante diferentes das conseguidas nesta experiência. No que respeita à temperatura, nos

7 O coeficiente de correlação (r) utilizado foi o de Pearson e este varia entre -1 e 1. Quando r varia entre -1 e 0 é negativa; se

varia entre 0 e 1 é positiva; se r=0, a correlação é nula. Também se considera uma correlação fraca se r variar entre -0,5 e 0 e

entre 0 e 0,5, considera-se forte se variar entre -1 e -0.5 e entre 0.5 e 1. No caso de ser -1 e 1 diz-se perfeita.

8 Ver página 31, figura 5.

9 A balança digital só considerava valores até 3100g. Por isso, este cálculo foi baseado na diferença entre o peso vivo e o peso

das vísceras (intestino, fígado, moela, coração, pulmões).

10 Este lote tentava recriar a criação de frangos em aviário.

11 Ver página 31, figura 4.

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Influência da alimentação no desenvolvimento da estirpe Cobb ___________________________________

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aviários esta é sempre constante, o que não se verificou neste estudo, pois no início ficaram

junto à lareira, onde a temperatura não é constante. Quando foram mudados para o galinheiro,

apesar de este possuir uma lâmpada para aquecimento, trata-se de um espaço aberto no qual a

temperatura não era constante, visto que a esta ambiente sofre variações. Como a temperatura

é um factor determinante no desenvolvimento das galinhas e o lote alimentado com ração

sofreu grandes variações da mesma, esta é uma das razões para não se ter obtido um peso tão

elevado como os standard.

Nos aviários, os frangos têm pouco espaço para se movimentarem, isto para estes não

despenderem energia e esta ser convertida em massa muscular. O lote alimentado com ração

possuía um espaço amplo para se movimentar e, por isso, essa energia era gasta, não sendo

convertida em massa muscular, o que leva a que o peso não aumente tanto.

2.2) Envergadura

A envergadura significa a distância que vai de uma asa à outra.

Relativamente a este parâmetro, verificou-se que no dia do nascimento a envergadura nos

dois lotes era de dez centímetros.

Ao décimo dia, já se verificava uma diferença de oito centímetros ao nível envergadura

nos dois lotes.

Com o passar dos dias, esta diferença começou a ser mais visível.

No trigésimo sétimo dia, a envergadura do lote alimentado com comida tradicional era de

trinta centímetros, enquanto a do lote alimentado com ração era de quarenta e oito cm.

No final da experiência, verificou-se que a diferença entre os dois lotes era de dezanove

centímetros.12

Podemos assim concluir que o lote alimentado com ração teve um maior desenvolvimento

ao nível da envergadura.

Após o estudo matemático do crescimento deste parâmetro nos dois lotes, pôde-se concluir

que a função que traduzia o crescimento da envergadura no lote alimentado com comida

12 Ver página 32, figura 6.

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Influência da alimentação no desenvolvimento da estirpe Cobb ___________________________________

18

tradicional era y =10,453 x 1,027x, com uma correlação de aproximadamente 0,993. No caso

do lote alimentado com ração, efectuou-se o mesmo estudo e constatou-se que a função

y=9.565X + 0.9598, em que o x é a variável tempo, traduzia o crescimento da sua envergadura

com uma correlação de aproximadamente 0,997.13

2.3) Tamanho das patas

No primeiro dia, o tamanho médio das patas dos pintos nos dois lotes era de 5,5cm. Este

valor manteve-se até ao sexto dia de experiência.

A partir desse dia, as patas do lote alimentado com ração tiveram um maior

desenvolvimento. Verificando-se no fim do estudo uma diferença de seis centímetros entre os

dois lotes, medindo as patas do lote alimentado com ração dezoito centímetros, enquanto as do

lote alimentado com comida tradicional mediam doze centímetros.

Em suma, as patas do lote alimentado com comida tradicional tiveram um

desenvolvimento inferior.

Matematicamente, verificou-se que as patas do lote alimentado com ração cresciam

segundo uma função linear de expressão y=0,2055X + 5,0656, com uma correlação de

aproximadamente 0,996. A função que melhor definia a evolução do tamanho das patas no

lote alimentado com comida tradicional era uma função exponencial, cuja expressão é y=5.098

x 1,0138x e esta apresentava uma correlação de aproximadamente 0,996 com os dados obtidos

durante a experiência.

2.4) Evolução das penas nos dois grupos

Ao quarto dia de vida, os pintos já tinham as penas a desenvolverem-se na ponta das asas,

tanto os da tradicional como os da ração14

.

13 Ver página 32, figura 7.

14 Ver página 34, figura 11.

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Influência da alimentação no desenvolvimento da estirpe Cobb ___________________________________

19

Durante a segunda semana, os do lote alimentado com comida tradicional, tinham metade

das asas com penas. Ao passo que, o lote alimentado com ração tinha as asas cheias de

penas.15

Na quarta semana, a diferença entre os dois grupos tornou-se mais evidente: o lote

alimentado com ração tinha a maior parte do corpo coberto de penas e na restante observava-

se a queda da penugem. O lote alimentado com comida tradicional continha as asas cobertas

de penas.16

Três semanas mais tarde, ou seja, na sétima semana, o grupo da ração possuía o corpo

revestido de penas, enquanto os da comida tradicional apresentavam penugem na cabeça.17

Com o passar do tempo verificou-se que o lote alimentado com comida tradicional

apresentava penas mais rarefeitas.18

No dia do sacrifício, verificou-se que as penas do lote alimentado com ração não estavam

tão agarradas ao tecido adiposo como as do lote alimentado com comida tradicional.

2.4) Dejectos da segunda à terceira semana

Na primeira semana foi impossível quantificar a quantidade de dejectos expelida por cada

lote, porque havia muito desperdício de comida. Caso se tentasse pesar os jornais os resultados

obtidos iriam ser falseados, pois pesar-se-iam comida e dejectos.

Da segunda à terceira semana foi possível pesá-los, porque durante este período de tempo

os desperdícios de comida eram mínimos, permitindo assim obter resultados correctos.

A partir da terceira semana, deixou-se de utilizar jornais na cama dos pintos e passou-se a

utilizar resíduos de madeira. Como estes absorvem muita humidade, também não foi possível

quantificar a quantidade de dejectos.

Durante a semana em que foi possível quantificar os dejectos, verificou-se que o lote

alimentado com ração expeliu uma maior quantidade dos mesmos, pois este lote ingeria uma

15 Ver página 35, figura 12.

16 Ver página 35, figura 13.

17 Ver página 36, figura 14.

18 Ver página 36, figura 15.

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Influência da alimentação no desenvolvimento da estirpe Cobb ___________________________________

20

quantidade superior de comida comparativamente com o lote alimentado com comida

tradicional.19

Durante toda a experiência, verificou-se que os dejectos do lote alimentado com comida

tradicional apresentavam uma cor esverdeada, ao passo que, os do lote alimentado com ração

eram acastanhados.

2.6) Comportamento

Os dois lotes demonstraram um comportamento bastante diferenciado um do outro.

O lote alimentado com ração apresentou-se muito calmo. Passava a maior parte do tempo,

quando não estava a comer ou a beber, sentado. Era bastante fácil apanhar uma ave deste

grupo à mão.

O lote alimentado com comida tradicional apresentava um comportamento oposto. Era

agressivo e dinâmico. Desde o início, verificou-se que este lote passava a maior parte do

tempo a correr. Durante o dia, a grande maioria dos frangos permanecia em pé. Desde cedo se

notou uma grande tendência de algumas aves para se empoleirarem no comedouro e na caixa.

Este lote esgravatava continuamente a cama, o que permitia que esta se apresentasse mais

seca, contrariamente ao que aconteceu no outro lote.

2.7) Vitalidade

Inicialmente, cada lote continha nove pintos. Ao fim da terceira semana, o lote alimentado

com comida tradicional permanecia apenas com seis, ao passo que no outro lote figuravam

oito.

Assim, os alimentados com comida tradicional tiveram uma taxa de mortalidade de 33%,

enquanto os alimentados com ração apresentaram uma taxa de 11%.

No final da experiência, pôde-se verificar que o lote com menor taxa de mortalidade tinha

dificuldades de locomoção devido ao seu excessivo peso.

19 Ver página 34, figura 10.

Page 21: Influência da Alimentação no Desenvolvimento de Cobb

Influência da alimentação no desenvolvimento da estirpe Cobb ___________________________________

21

O lote alimentado com comida tradicional apresentou, ao longo de toda a experiência, a

mesma vitalidade.

2.8) Nível Interno

A abertura dos frangos efectuou-se na aula de Biologia com a ajuda de uma tesoura.

Durante este processo verificou-se que o frango alimentado com comida tradicional possuía

ossos mais rijos. Este aspecto foi baseado na força que teve de se exercer para se conseguir

partir os ossos do esterno nos dois frangos.

Após a sua abertura, pôde-se verificar, empiricamente, que o frango alimentado com ração

possuía maior quantidade de gordura.20

Esta, neste frango, apresentava uma cor mais

esbranquiçada em relação ao outro, que apresentava a gordura dotada de uma cor amarelo

vivo.

Verificou-se que a cor do tecido muscular do frango alimentado com comida tradicional

era mais escura em relação ao outro frango. Estes exerciam mais força nos músculos e sabe-se

que quanto mais força se exerce, mais escura se torna a carne.21

Nos restantes órgãos do corpo, o que mais diferenças evidenciou foi a moela. No frango

alimentado com comida tradicional, esta possuía um músculo mais escuro e rijo em relação ao

frango alimentado com ração, isto deve-se ao facto de a moela ter de triturar o milho, que é um

alimento que exige grande esforço para ser triturado, ao passo que o outro frango apenas tinha

de triturar ração, que engloba o milho já triturado. Assim, exige-se um menor esforço por parte

da sua moela.

Foi possível observar, para além da moela, órgãos como os pulmões, o fígado, o coração, o

papo, os intestinos e verificou-se que os do frango alimentado com ração apresentavam

maiores dimensões, devido ao seu superior crescimento.

20 Ver página 37, figura 16.

21 Ver página 8.

Page 22: Influência da Alimentação no Desenvolvimento de Cobb

Influência da alimentação no desenvolvimento da estirpe Cobb ___________________________________

22

2.9) Análise à qualidade da carne

No dia do sacrifico, 11 de Abril de 2007, os frangos foram levados à Escola Superior

Agrária de Coimbra para se efectuar uma análise sumária (proteínas, cinzas, humidade e

gordura) ao tecido muscular, para se verificarem as diferenças ao nível da qualidade da carne

nos dois lotes.

No que diz respeito à quantidade de proteínas, verificou-se que o frango alimentado com

ração possuía 17,6% na constituição da sua carne, ao passo que o lote alimentado com comida

tradicional possuía 15,6%. Esta diferença de 2% não é significativa e deve-se ao facto de as

rações actuais estarem elaboradas de modo ao frango obter uma certa quantidade de proteínas.

A quantidade de cinzas, ou seja, a quantidade de elementos minerais presentes no tecido

muscular, era maior no frango alimentado com comida tradicional, sendo 2,19%. Ao passo

que, o outro frango possuía 1,33% de cinzas. O frango alimentado tradicionalmente tem mais

cinzas devido à sua alimentação ser rica em sais minerais.

Pôde-se verificar que em ambos os frangos mais de metade da sua constituição é água. O

lote alimentado com comida tradicional possui 69,27% de água na sua constituição, ao passo

que o lote alimentado com ração possui 58,92%. Esta diferença deve-se ao facto de o grupo

alimentado com comida tradicional ingerir uma grande quantidade de vegetais que possuem

um grande teor de água. Apesar de a ração não ter na sua constituição água, estes frangos

apresentam um elevado teor desta na sua carne, pois estes bebiam cerca de três vezes mais

água que o outro lote.

Em relação à quantidade de gordura, pôde-se verificar que o frango alimentado com ração

apresentava uma percentagem de 20,7%, enquanto o frango alimentado com comida

tradicional tinha 11,5% de gordura.22

Estes dados demonstram que o frango alimentado com

ração possui quase o dobro de gordura do que o frango alimentado com comida tradicional.

Isto deve-se ao facto de a ração possuir aditivos que induzem o crescimento da massa

muscular num curto período de tempo.

22 Ver página 38, figura 18.

Page 23: Influência da Alimentação no Desenvolvimento de Cobb

Influência da alimentação no desenvolvimento da estirpe Cobb ___________________________________

23

Assim, podemos concluir que o frango alimentado com comida tradicional é mais

saudável, porque possui maior quantidade de cinzas que são benéficas ao corpo humano e um

menor teor de gorduras, que, quando ingeridas em excesso, são prejudiciais à saúde pois

possuem toxinas.

Page 24: Influência da Alimentação no Desenvolvimento de Cobb

Influência da alimentação no desenvolvimento da estirpe Cobb ___________________________________

24

Conclusão

A experiência permitiu retirar conclusões expressivas relativamente às diferenças

verificadas nos dois lotes.

Constatou-se que o lote alimentado com ração apresentou um crescimento superior,

comparativamente ao outro grupo, em relação ao peso, à envergadura e ao tamanho das patas.

Pode-se salientar que no dia do sacrifício apresentavam uma diferença de aproximadamente

três quilogramas.

No que respeita à evolução das penas, desde cedo se começaram a observar diferenças nos

dois lotes. As penas do lote alimentado com ração apresentaram um desenvolvimento superior.

No dia do sacrifício, verificou-se que as penas do lote alimentado com comida tradicional se

encontravam mais agarradas à pele em relação às do outro lote.

Outra das conclusões que foi possível retirar desta experiência diz respeito à quantidade de

dejectos expelidos por cada lote. Verificou-se que o grupo alimentado com ração expeliu

maior quantidade dos mesmos.

Os frangos alimentados com comida tradicional apresentaram um comportamento mais

dinâmico e agressivo do que o outro lote. Neste grupo, os frangos passavam a maioria do

tempo sentados, a comer e a beber. Ao passo que os alimentados tradicionalmente estavam

sempre a correr.

Quando se procedeu à abertura dos frangos, observou-se empiricamente que o alimentado

com comida tradicional possuía menos gordura.

Após a retirada dos órgãos e gordura calculou-se a quebra23

nos dois frangos e verificou-se

que o frango alimentado com ração teve uma quebra de 13%, enquanto o alimentado com

comida tradicional apresentou uma quebra de 51%. Assim, verifica-se que, economicamente,

criar frangos alimentados com ração é mais rentável.

Após as análises, os resultados da qualidade da carne nos dois lotes foram bastante

conclusivos. Pôde-se verificar que o lote alimentado com ração possuía mais de 20% de

gordura na constituição da sua carne. Enquanto o outro lote apenas possuía 11,5%. Também se

23 Percentagem entre o peso do frango morto com vísceras e sem estas

Page 25: Influência da Alimentação no Desenvolvimento de Cobb

Influência da alimentação no desenvolvimento da estirpe Cobb ___________________________________

25

constatou que este último grupo apresentava maior quantidade de cinzas e de água sua na

constituição. Estes resultados demonstram-nos que o frango alimentado com comida

tradicional é mais saudável para a alimentação humana. Assim, a crença da vox populi é

verdadeira.

Em futuros trabalhos, poder-se-á comparar a evolução de crescimento de um lote

alimentado com ração, que permanecerá num galinheiro caseiro (como ocorreu nesta

experiência) com um lote que será criado em aviário. Como as condições de maneio neste

último são diferentes das utilizadas nesta experiência, acha-se que seria interessante comparar

os resultados obtidos nestes dois lotes, tanto a nível de crescimento como de qualidade da

carne.

Outra proposta para futuros trabalhos poderá centrar-se na realização desta experiência

com uma estirpe de frango de campo para comparação de resultados.

Page 26: Influência da Alimentação no Desenvolvimento de Cobb

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26

Bibliografia

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LARBIER, Michel, Leclercg, Bernard; Nutriton et alimentation des volailles; Institut

national de la recherché agronomique (INRA) edition

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OLIVEIRA, Sérgio Manuel Domingues de; Relatório final de estágio - Maneio em

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duas estirpes de aves de vocação creatopoiética; Coimbra; 2000; p. 4 a 10, 13 a 19, 24

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Influência da alimentação no desenvolvimento da estirpe Cobb ___________________________________

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LOUREIRO, António Firmino Figueiredo; Contributo para o estudo comparativo de

duas estirpes de frango de campo; p. 4 a 11, 18, 20, 28 a 30

MAYNARD et al., Animal Nutrition, 7ª ed. 1979, p.10

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NEVES, Armando; Biologia – Para os Cursos de Formação Industrial 2º ano; 2ª ed;

2º volume, p. 116 a 126

SOEIRO, Augusto C. G.; Compêndio de Zoologia 3º ano; Porto Editora; 1º volume; p.

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http://www.informaves.hpg.ig.com.br/fotos/respiratoriom.jpg

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28

Anexos

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29

Figura 1 – Esqueleto da galinha.

Figura 2 – Esquema do aparelho respiratório das aves.

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30

ALIMENTO COMPOSTO COMPLETO

VERÍSSIMO 104

Pintos para carne 1ª fase das 0 às 3 semanas

Matérias-primas para Alimentação Animal

Grãos de cereais, respectivos produtos e subprodutos;

Sementes ou frutos oleaginosos, respectivos produtos e

subprodutos; tubérculos e raízes, respectivos produtos e

subprodutos; Sementes de leguminosas, respectivos

produtos e subprodutos; minerais; ácidos aminados; banha.

Contêm milho, soja e seus derivados geneticamente

modificados.

Características analíticas:

Proteína bruta 18,00%

Cinza bruta 7,50%

Gordura bruta 3,00%

Metionina 0,42%

Celulose bruta 4,50%

Aditivos por Kg de Alimento

Vitamina A 10.000Ul

Cobre 10mg (Sulfato cúprico penta-hidratado)

Vitamina D3 2.000 UI

Vitamina E 10 mg (Alfatocoferol)

Aglutinante sepiolite

Coccidiostático 100 mg (Monensina sódio)

Conservantes

Ácido propriónico

Ácido fórmico

Propionato sódio

Pigmentante Cantaxantina

Contêm MOS e Óleos Essenciais

Antioxidante 15 mg (BHA + Etoxiquin + Ácido Cítrico +

Ácido Ortofosf6rico + Mono e triglicéridos de Ácidos

Gordos)

Figura 3 – Do lado esquerdo, ração administrada até à terceira semana. Do lado direito, ração administrada até

cinco dias antes do abate.

ALIMENTO COMPOSTO COMPLETO

VERÍSSIMO 115

Pintos para carne – 2ª Fase a partir da 3ª semana até 5 dias

antes do abate

Matérias-primas para Alimentação Animal

Grãos de cereais, respectivos produtos e subprodutos;

Sementes ou frutos oleaginosos, respectivos produtos e

subprodutos; tubérculos e raízes, respectivos produtos e

subprodutos; Sementes de leguminosas, respectivos produtos

e subprodutos; minerais; ácidos aminados; contêm milho, soja

e seus derivados geneticamente modificados.

Características analíticas:

Proteína bruta 16,00%

Cinza bruta 7,50%

Gordura bruta 2,70%

Metionina 0,38%

Celulose bruta 4,50%

Aditivos por Kg de Alimento

Vitamina A 10.000Ul

Cobre 10mg (Sulfato cúprico penta-hidratado)

Vitamina D3 2.000 UI

Vitamina E 10 mg (Alfatocoferol)

Aglutinante sepiolite

Coccidiostático 100 mg (Monensina sódio)

Conservantes

Ácido propriónico

Ácido fórmico

Propionato sódio

Pigmentante Cantaxantina

Contêm MOS e Óleos Essenciais

Antioxidante 15 mg (BHA + Etoxiquin + Ácido Cítrico +

Ácido Ortofosfórico + Mono e triglicéridos de Ácidos

Gordos)

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31

Peso médio nos dois lotes e standard

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58 61 64

Tempo (dias)

gra

ma

s ração

tradicional

standard

Funções da evolução do peso médio nos dois lotes

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58 61 64

Tempo (dias)

gra

ma

s ração

tradicional

Exponencial (ração)

Exponencial (tradicional)

Figura 4 – Evolução do peso médio de cada frango nos dois lotes e valores standard.

Figura 5 – Funções que traduzem a evolução do peso médio nos dois lotes, em que a variável x é o tempo.

y = 68,694 x 1,066x

y = 35,440 x 1,047x

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32

Envergadura média nos dois lotes

0

10

20

30

40

50

60

70

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58 61 64

Tempo (dias)

cm

Tradicional

Ração

Funções da envergadura média nos dois lotes

0

10

20

30

40

50

60

70

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58 61 64

Tempo (dias)

cm

Tradicional

Ração

Exponencial (Tradicional)

Linear (Ração)

Figura 6 – Evolução da envergadura média de cada frango nos dois lotes.

Figura 7 – Funções que traduzem a evolução da envergadura média nos dois lotes, em que a variável x é o tempo.

y = 9,565X + 0,9598

y = 10,45 x 1,027x

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Influência da alimentação no desenvolvimento da estirpe Cobb ___________________________________

33

Funções do tamanho médio das patas nos dois lotes

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58 61 64

Tempo (dias)

cm Tradicional

Ração

Linear (Ração)

Exponencial (Tradicional)

Tamanho médio das patas nos dois lotes

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58 61 64

Tempo (dias)

cm Tradicional

Ração

Figura 8 – Evolução do tamanho médio das patas de cada frango nos dois lotes.

Figura 9 – Funções que traduzem a evolução do tamanho média das patas nos dois lotes, em que a variável x é o

tempo.

y = 0,2055X + 5,0656

y = 5,098 x 1,0138x

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Influência da alimentação no desenvolvimento da estirpe Cobb ___________________________________

34

0

50

100

150

200

250

gra

mas

1 2 3 4 5 6 7 8

tempo

Quantidade de dejectos do dia 27/01/07 a 03/02/07

Ração

Tradicional

Figura 10 – Quantidade dos dejectos expelidos por cada da segunda à terceira semana.

Figura 11 – Pintos durante a primeira semana. A imagem do lado esquerdo ilustra o lote alimentado com comida

tradicional, a do lado direito o lote alimentado com ração.

Page 35: Influência da Alimentação no Desenvolvimento de Cobb

Influência da alimentação no desenvolvimento da estirpe Cobb ___________________________________

35

Figura 12 – Pintos durante a segunda semana. A imagem do lado direito ilustra o lote alimentado com comida

tradicional e a do lado esquerdo o lote alimentado com ração.

Figura 13 – Pintos durante a quarta semana. O maior pertence ao lote alimentado com ração, enquanto o mais

pequeno faz parte do lote alimentado com comida tradicional.

Page 36: Influência da Alimentação no Desenvolvimento de Cobb

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36

Figura 14 – Frangos na sétima semana.

Figura 15 – Frangos na décima semana.

Page 37: Influência da Alimentação no Desenvolvimento de Cobb

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37

Figura 16 – Nível interno do frango de cada lote.

Figura 17 – Vísceras dos dois frangos sacrificados.

Page 38: Influência da Alimentação no Desenvolvimento de Cobb

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38

Figura 18 – Resultados das análises efectuadas à carne de cada frango.

Amostra

Humidade

Cinza

Gordura

Proteína

(Ref.)

(%)

(%)

(%)

(%)

Frango alimentado a comida tradicional

69,27

2,19

11,5

15,6

Frango alimentado com

ração

58,92

1,33

20,7

17,6