imagos virtuais: imagem, morte e eternidade em plataformas ciberespaciais de relacionamento

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IMAGOS VIRTUAIS: Imagem, morte e eternidade em plataformas ciberespaciais de relacionamento 1 Cíntia Dal Bello 2 Resumo: Este artigo observa a situação sui generis de profiles (perfis em comunidades virtuais de relacionamento, como o Orkut) que permanecem online após a morte concreta de seus usuários, bem como o impacto do fenômeno no imaginário religioso dos demais internautas e as práticas culturais decorrentes. Para tanto, sinaliza a natureza fantasmagórica das imagens (de acordo com Debray, Kamper, Morin e Baitello Jr.) nos processos de espectralização da identidade no cyberspace (Virilio, Baudrillard, Trivinho, Dal Bello). A natureza fantasmagórica das imagens Ao mesmo tempo que se pretenderá imortal, o homem designar-se-á a si próprio como mortal. (MORIN, 1988, p. 26). O nascimento da imagem está envolvido com a morte. Mas se a imagem arcaica jorra dos túmulos é por recusar o nada e para prolongar a vida. (DEBRAY, 1994, p. 20). A consciência da morte está inextricavelmente ligada ao desabrochar da individualidade, razão pela qual se relaciona com o processo de humanização e civilização. Desperto do sono-natureza, o ser humano ergueu-se, 1 Artigo integrante da programação da 6ª Conferência Mídia, Religião e Cultura, promovida em 2008 pela Metodista. Disponível no CD-ROM dos anais do evento (ISBN 978-85-7814-048-99). 2 A autora é mestranda do Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PEPGCOS-PUC/SP) e bolsista CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Sua pesquisa é orientada pelo Prof. Dr. Eugênio Trivinho sob o título (provisório) de Cibercultura e subjetividade: uma investigação sobre a identidade em comunidades virtuais de relacionamento. E-mails: [email protected]; [email protected].

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Artigo integrante da programação da 6ª Conferência Mídia, Religião e Cultura, promovida em 2008 pela Metodista. Disponível no CD-ROM dos anais do evento (ISBN 978-85-7814-048-99).Artigo integrante da programação da 6ª Conferência Mídia, Religião e Cultura, promovida em 2008 pela Metodista. Disponível no CD-ROM dos anais do evento (ISBN 978-85-7814-048-99).

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Page 1: Imagos virtuais: imagem, morte e eternidade em plataformas ciberespaciais de relacionamento

IMAGOS VIRTUAIS:Imagem, morte e eternidade em

plataformas ciberespaciais de relacionamento 1

Cíntia Dal Bello2

Resumo: Este artigo observa a situação sui generis de profiles (perfis em comunidades virtuais de relacionamento, como o Orkut) que permanecem online após a morte concreta de seus usuários, bem como o impacto do fenômeno no imaginário religioso dos demais internautas e as práticas culturais decorrentes. Para tanto, sinaliza a natureza fantasmagórica das imagens (de acordo com Debray, Kamper, Morin e Baitello Jr.) nos processos de espectralização da identidade no cyberspace (Virilio, Baudrillard, Trivinho, Dal Bello).

A natureza fantasmagórica das imagens

Ao mesmo tempo que se pretenderá imortal, o homem designar-se-á a si próprio como mortal. (MORIN, 1988, p. 26).

O nascimento da imagem está envolvido com a morte. Mas se a imagem arcaica jorra dos túmulos é por recusar o nada e para prolongar a vida. (DEBRAY, 1994, p. 20).

A consciência da morte está inextricavelmente ligada ao desabrochar da

individualidade, razão pela qual se relaciona com o processo de humanização e

civilização. Desperto do sono-natureza, o ser humano ergueu-se, paulatinamente, no

contínuo empreendimento de domesticar a selvageria de seu entorno e a sua própria

ferocidade, concentrando parte de seus interesses em lidar com o terror do nada-ser, ou

do nunca-mais-ser, da morte. Para Morin (1988, p. 31), por trás da dor dos ritos

funerários, do horror à decomposição do cadáver e da obsessão pela morte, encontra-se

o medo primeiro: “a perda da individualidade”. Frente à carcaça de um animal ou de um

inimigo, o ser humano pode enojar-se, mas não necessariamente se comover; entretanto,

quando aquele que está morto é reconhecidamente um semelhante, com o qual há

identificação, o horror se põe como antevisão da própria tragédia e a dor se faz maior

sempre que o morto é sentido como único e insubstituível.

1 Artigo integrante da programação da 6ª Conferência Mídia, Religião e Cultura, promovida em 2008 pela Metodista. Disponível no CD-ROM dos anais do evento (ISBN 978-85-7814-048-99).2 A autora é mestranda do Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PEPGCOS-PUC/SP) e bolsista CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Sua pesquisa é orientada pelo Prof. Dr. Eugênio Trivinho sob o título (provisório) de Cibercultura e subjetividade: uma investigação sobre a identidade em comunidades virtuais de relacionamento. E-mails: [email protected]; [email protected].

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A individualidade que se revolta perante a morte é uma individualidade que se afirma sobre a morte. A prova experimental, tangível, desta afirmação é a réplica à putrefação, a imortalidade, que é a afirmação da individualidade para além da morte. (...) O caráter categórico, universal, da afirmação da imortalidade é da mesma craveira do caráter categórico, universal, da afirmação da individualidade. (MORIN, 1988, p. 34).

A consciência de si implica o reconhecimento das fragilidades e limitações

que concorrem diretamente com a preservação da própria vida. Nascimento e morte,

contrapostos, constituem uma das mais importantes oposições binárias3 desde os

primórdios da cultura humana, dualidade que marca a percepção e compõe valores

polarizados e assimétricos, tais como luz e sombra, dia e noite, começo e fim, bem e

mal (BYSTRINA, 1995, p. 7-8). Nesse sentido, Baitello Jr. (1997, p. 70) lembra que os

mitos e os rituais mágicos, entre outros artefatos culturais, compõem estratégias de

superação destas dualidades, reconfigurando as assimetrias. A morte, apesar se ser (e

exatamente porque é) pólo negativo da vida, comparece simbolicamente instituída como

ambivalente (mortalidade e imortalidade). Desde os vocabulários mais arcaicos é

considerada como um sono, uma viagem, um nascimento, uma doença, um acidente, um

malefício, uma entrada para a morada dos antepassados “e, o mais das vezes, [como]

tudo isto ao mesmo tempo” (MORIN, 1988, p. 25).

As práticas funerárias e o trato dos mortos, conforme demonstrado por

Frazer (apud MORIN, 1988, p. 25), indicam a força, por que não dizer universalidade?,

da crença na imortalidade, ou seja, “no prolongamento da vida por período indefinido,

mas não necessariamente eterno”, já que a noção abstrata de eternidade é tardia. As

imagens nascem nesse caldo paradoxal em que o ser vivo, mortal, aspira à imortalidade,

obsessão que revela, muitas vezes em detrimento da própria vida, a aguda preocupação

com a conservação da individualidade após a morte. As imagens surgem, de acordo com

Kamper (2002, p. 9), contra o medo da morte e, por isso, a elas “se prendem os desejos

de imortalidade”. Nascem como mortalhas que, exatamente por serem o que são, só

podem fazer lembrar aquilo que pretendem esconder e fazer esquecer: se imagens são

presenças de ausências, são o próprio retrato do vazio. Nesse sentido, Debray (1994, p.

29-30) assinala que, ante o traumatismo da visão do cadáver, presença/ausência

inominável, restou ao ser humano a contramedida de recompor em imagem aquilo que

3 Os pares de opostos direita/esquerda (relativo ao próprio corpo) e masculino/feminino (relativo ao outro que complementa) também são significativas matrizes constitutivas do dualismo fundador da cultura.

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se decompõe: ao fazer “um duplo do morto para mantê-lo vivo”, o ser humano deixa

“de ver esse não-sei-o-quê em si”, “de ver a si mesmo como quase nada”.

A natureza fantasmagórica das imagens e sua relação com o mito arcaico do

duplo pode ser inferida a partir da etimologia. Imagem, do latim imago, refere-se

primeiramente à máscara mortuária modelada em cera a partir do próprio rosto do

morto, utilizada nos rituais funerários e guardada “em casa nos nichos do átrio, a salvo,

na prateleira” (DEBRAY, 1994, p. 23). Simulacrum significa espectro e eídolon, a alma

dos mortos. Só depois estas palavras passaram a significar imagem, retrato.

O eídolon arcaico designa a alma do morto que sai do cadáver sob a forma de uma sombra imperceptível, seu duplo, cuja natureza tênue, mas ainda corporal, facilita a figuração plástica. A imagem é a sombra; ora, sombra é o nome comum do duplo. (DEBRAY, 1994, p. 23).

Em seus estudos sobre fotografia, Morin (1997, 51-52) assinala a

capacidade humana de inocular na imagem “o vírus da presença”, tornando-a objeto de

adoração, de posse, de culto e de apropriação em rituais ocultistas. Como materialização

ou cristalização de lembranças, a fotografia presta-se à prática da recordação,

substituindo, nos lares, amuletos, estatuetas e outros objetos que poderiam constituir

símbolos ou índices de lugares e momentos específicos; a troca de imagens entre os

apaixonados, que beijam-nas quando saudosos e rasgam-nas quando a relação termina,

“realiza magicamente essa troca de individualidades, em que cada um se torna não só

ídolo como escravo, e que constitui o amor” (MORIN, 1997, p. 38); nas práticas

magísticas, ocultistas e espíritas, opera-se à distância sobre a imagem fotográfica de

uma pessoa com finalidades diversas: “Quer isto dizer que a fotografia é, no sentido

estrito do termo, presença real da pessoa representada, que nela se pode ler a sua alma,

a sua doença, o seu destino. E mais: que se torna possível agir por seu intermédio e

sobre ela” (MORIN, 1997, p. 39). O que pensar, então, do curioso medo de que a

câmera fotográfica aprisione a alma na materialidade da fotografia?

O que parecem ser propriedades da fotografia são propriedades do nosso espírito, que nela se fixaram, e que ela nos devolve. Em vez de se procurar na coisa fotográfica a qualidade tão evidente e profundamente humana da fotografia, dever-se-á partir do homem... A riqueza da fotografia reside, de fato, no que nela não existe, mas que nela é projetado e fixado por nós. (MORIN, 1997, p. 41).

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O estranhamento experimentado diante da própria imagem revela o

paradoxo fundamental da complexidade humana: a não-identidade na identidade

(MORIN, 2005), relativa ao saber-se idêntico à sua própria imagem e, ainda assim, não

sentir-se representado completamente nela. Eis o que expressa o mito do duplo, sombra

zombeteira ou maléfica que foge ao controle de seu senhor (como em Peter Pan),

figuração que envelhece no lugar do original (como acontece com Dorian Gray), alma

que se desgarra do corpo físico, durante o sono ou após a morte (o vampiro não tem

reflexo porque já é o próprio duplo em sua eternidade amaldiçoada). Quando a

fotografia, imagem material, parece revelar uma qualidade que o original não possui,

revela em si sua natureza de duplo. Embora possa ser considerada ontologicamente

inferior ao que representa (de acordo com os pressupostos platônicos), a realidade-

fantástica do duplo é assustadoramente mágica. Mas, se o duplo é o reflexo, a sombra, o

fantasma... ele também é a ausência. Ausência, sobretudo, do sujeito que, atônito,

observa do lado de fora do espelho: até que ponto sou a minha própria imagem?

Sartre diz que ‘a característica essencial da imagem mental é uma certa forma que o objeto tem de estar ausente na sua própria presença’. Acrescente-se, também, o recíproco: de estar presente na sua própria ausência. Como igualmente diz Sartre, ‘o original encarna-se, desce à imagem’. A imagem é uma presença vivida e uma ausência real, uma presença-ausência. (MORIN, 1997, p. 42).

Wolff (2005, p. 30-31) sinaliza os três graus de ausência passíveis de

representação pela imagem: (1) a acidental, quando aquele que está representado não se

encontra presente mas pode fazê-lo a qualquer momento – neste caso, a imagem é um

artefato de substituição e consolo; (2) a substancial, quando a ausência do que já esteve

presente é irreversível e a consciência da falta soma-se a agonia da saudade – caso dos

momentos passados, da infância distante e dos mortos queridos; e, por fim, (3) a

absoluta, ou seja, aquilo que é, em essência, ausente deste mundo: os seres sobrenaturais

ou transcendentais e os deuses; neste caso, a imagem engendra a ilusão de que emana

diretamente do invisível que representa, “e não daquele que a fez. É como se os dois

tipos de imagens, o retrato e o fantasma, se confundissem” (WOLFF, 2005, p. 32); é

como se o próprio ausente pudesse se manifestar por meio da imagem.

Entre a representação do acidentalmente ausente (apenas ocasionalmente

invisível, razão pela qual a imagem consola) e do absolutamente ausente (portanto,

“divinamente” invisível),

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as imagens visíveis têm o poder de representar as coisas passadas ou os seres defuntos, que não são nem inteiramente visíveis nem inteiramente invisíveis. E é nesse nível que há concorrência entre dois tipos de imagens nas crenças populares: as verdadeiras imagens feitas pela mão do homem e que têm o verdadeiro poder de representar os mortos, e as imagens ilusórias, com as quais imaginamos que os mortos se apresentem. (WOLFF, 2005, p. 31).

Em sua luta ancestral para vencer a morte e imortalizar o que não pode mais

ser, o homem, ainda hoje, produz e consome imagens. Entretanto, a revolução

tecnológica e a digitalização das informações, a comunicação em tempo real e o advento

do cyberspace, a configuração de uma sociedade que se articula em rede e avança nos

processos de espectralização da existência redimensionam, no macro contexto da era da

visibilidade mediática (TRIVINHO, 2007, 2008), novas (velhas) práticas culturais. Para

além de uma sociedade espetacular que se embevece diante do speculum (espelho)

televisivo porque nele se reconhece em um pacto de fantasia coletiva, vive-se como

imagem no próprio speculum cibertecnológico das comunidades virtuais de

relacionamento: o que não são os perfis senão carcaças-sígnicas com as quais os

usuários configuram sua mediática aparição-presença?

Nesse sentido, Kamper (2002, p. 11) afirma que os homens de hoje vivem

nas imagens do mundo, de si próprios e dos outros homens – uma permanência

imaginária que conduz à condição de uma vida morta. Já que às imagens se prendem os

desejos de imortalidade, fazer uma imagem do corpo humano “significa alinhá-lo na

falange dos mortos-vivos, dos espectros e fantasmas”. Essa compreensão permite que se

tome as representações do eu na virtualidade por espectros ciberculturais.

Espectros do Orkut

O cyberspace pode ser compreendido como arquitetura tecnológica cuja

trama, em rede invisível, engendra mecanismos de vigilância e de controle, conforme os

aportes crítico-teóricos de Virilio (2000) e Trivinho (2007). Dentre os diversos

arranjamentos que interfaceiam o fluxo de informações e a comunicação em tempo real,

as comunidades virtuais de relacionamento se destacam por constituírem refinados

ambientes de visibilidade mediática; são espaços de exposição do eu que permitem aos

sujeitos se circunscreverem no irrefreado fluxo informacional. Neste estudo, toma-se o

Orkut como exemplar em virtude de ser, ainda hoje, a rede de contatos pessoais mais

popular no Brasil.

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Diferentemente dos chats públicos, onde a associação4 entre usuários é

provisória por ocorrer apenas no momento em que os sujeitos, identificados por seus

nicknames, estão conectados à sala para interagir, o Orkut sinaliza a possibilidade da

permanência (mesmo que se desconecte da rede, o perfil do usuário ou as discussões

encetadas nos fóruns comunitários permanecem disponíveis) e da atualização (sempre

que está online, o sujeito pode reconfigurar o seu perfil, publicando textos, imagens e

vídeos; ao percorrer outros perfis, participar dos fóruns e deixar recados em scrapbooks,

colabora para atualizar o próprio ambiente). Além disso, o espectro formado pelas

páginas-informações que identifica o sujeito e circunscreve suas fronteiras em relação

ao outro também comporta a intersubjetividade: há introjeção do “nós” no “eu”, já que

parte constitutiva do perfil é exatamente o conjunto de relações expresso sob a chancela

de “meus amigos”. É assim que cada “eu” encontra-se multiplicado ao longo dos “nós”

da rede de relacionamentos; a imagem de cada “amigo” é, na verdade, um hiper-ícone

que remete ao universo subjetivo devidamente “perfilado”.

Se para estar no Orkut é preciso projetar as imagens constitutivas de si

mesmo em um arranjamento lúdico, dinâmico e espectral, ser no Orkut exige que se

revista desse ruidoso conjunto para andarilhar, espiar, assombrar e deixar rastros. A

permanência e ubiqüidade do perfil, a despeito do sujeito não estar sincronamente

conectado, permite que se afirme que, no cyberspace, é possível estar sem ser. Em seus

desdobramentos, o fenômeno da espectralização generalizada da existência em prol da

teleexistência interativa implica não apenas a transformação do mundo em imagens ou

da mediatização das relações pelas imagens; trata-se, também, da experimentação da

própria vida na realidade hiperespetacular dos corpos tecno-fantásticos, estética-

instrumental de individuação e marcação da identidade.

Em trabalho anterior, investigou-se a constituição do espectro virtual de

acordo com os parâmetros (ora antagônicos, ora complementares) da representação e da

simulação (o duplo como reflexo e como sombra, respectivamente) para compreender a

natureza das práticas relativas à alimentação do sistema informacional na composição

de imagens do “eu” (DAL BELLO, 2007b). Parte das conseqüências desta alimentação

gratuita e muitas vezes ingênua, levada a cabo como passatempo, também já foi

aventada na denúncia de um regime avançado de indexação sígnica (DAL BELLO,

2007a). O presente estudo tem por objetivo registrar e refletir sobre os rituais que

4 A associação pode ocorrer por tema, faixa etária ou sexo, entre outras possibilidades de estratificação desses canais de conversação.

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amalgamam, também no cyberspace, imagem, morte e eternidade: a imortalidade do

perfil que permanece online após a morte do usuário-sujeito e seu contraponto, a morte

da imagem-perfil, expressa como orkuticídio.

A hiper-realidade dos perfis desencarnados

O não abandono dos mortos implica a sua sobrevivência. (MORIN, 1988, p. 25).

A comunidade Profiles de Gente Morta (PGM)5, criada em dezembro de

2004, tem mais de 48 mil membros associados e nove comunidades relacionadas.6 O

principal objetivo de seu fórum é pesquisar e divulgar a morte de usuários do Orkut.

Aqui vemos como, de uma hora para a outra, nossa vida acaba e deixamos tudo para trás, inclusive banalidades como Orkut, Fotolog, MSN, etc... Banalidades essas que, por vez, podemos chamar de "rastros virtuais".Mas o que são esses rastros?? Seriam eles úteis?? Um conforto para quem fica?? Uma imortalidade virtual?? Bom, estamos aí para discutir...Queremos que vc poste o profile de algum conhecido seu que tenha falecido ou algum profile que vc conhece. Não é permitido brincadeiras de má intenção, bem como falta de respeito com os mortos. Deixo claro também que sou contra qualquer tipo de violência e jamais faço apologia a morte aqui nessa comunidade. Sem mais, desejo que todos descansem em paz...Ass.: Guilherme Dorta

Tabela 1: Texto de apresentação da comunidade Profiles de Gente Morta (PGM)

Para cada notícia de falecimento abre-se um tópico na lista do fórum; os

títulos trazem os nomes dos mortos identificados entre cruzes (figura 1). Cada tópico

contém, necessariamente, o hiperlink para acesso ao perfil do falecido; além disso, pode

informar a causa7 do óbito. Conhecidos e, sobretudo, desconhecidos, manifestam seu

pesar tanto no fórum quanto no scrapbook do perfil recém-desencarnado; nestes

também ocorre o vandalismo virtual, expresso como mensagens difamatórias ou de

baixo calão deixadas por perfis anônimos ou falsos (fake profiles).

5 Disponível em: http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=993780. Acesso em: 01/06/2008.6 Dados de junho de 2008. Comunidades relacionadas: Eu já chorei lendo a Profiles (1484 membros); Gente morta sem profile (1359 membros); Sou viciado na Profiles (876 membros); Eu adoro a PGM (775 membros); PGM – Investigações (741 membros); Se eu morrer, me enterre na PGM (557 membros); Eu sou um pegeêmico – PGM (215 membros); Não ao RIP e DEP nos profiles (135 membros); e A PGM não me deixa trabalhar (28 membros).7 Na enquete da própria comunidade, 2205 usuários responderam a seguinte pergunta, formulada em agosto de 2007: que tipo de morte mais aparece aqui na PGM? Resultado: suicídio (29%), acidente de carro (28%), acidente de moto (14%) e homicídio (14%).

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Figura 2: Fórum da PGM, imagem capturada em junho de 2008.

Em novembro de 2007, um tópico divulgou o suicídio de G8. Cerca de 500

mensagens, além de condolências, passaram a especular as razões que a levaram a esse

ato extremo. No trabalho coletivo de “investigação”, após analisarem fotos e mensagens

dos perfis de parentes e amigos da falecida, os internautas chegaram à possível

conclusão de que G. havia se matado por não suportar a ausência ou indiferença de seu

filho, cujo comportamento aparentemente era motivado pelo pai, ex-marido de G. O

mais inusitado, entretanto, era o álbum do perfil da própria G. No conjunto, imagens e

legendas formavam uma hiperespetacular carta suicida endereçada ao filho e aos pais:

“Nossa senhora cubra meu filho com seu manto de amor. Guarda-o na paz desse

olhar...”; “Meu filho, minha vida, mainha te ama muito, viu!!! Serás um grande homem,

em nom...”; “Saudades eternas... Meus Paizinhos, sempre os amarei, sempre estarão em

meu coraç...”. G. também se preocupou em postar imagens artísticas em preto e branco

que simbolizam a sensualidade feminina, a tristeza (lágrima) e a angústia (prostração),

respectivamente (ver figura 2).

8 Embora o Orkut seja um publicador de perfis, ou seja, aquele que entra na rede tem ciência de que o conteúdo gerado será público, optou-se em preservar a identidade de G., abreviação do apelido registrado em seu perfil.

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Figura 2: Álbum de G., imagem capturada em novembro de 2007.

O trabalho de atualizar o álbum (escolha das imagens e composição das

legendas) e tratar a sua própria imagem (a chamada “foto do perfil”), conferindo-lhe um

aspecto aéreo, espectral, permite supor que G., embora se dirija apenas ao filho e aos

pais, tinha interesse em assegurar e legitimar, na visibilidade ciberespacial, o quanto os

amava, de forma que seu suicídio não fosse compreendido como ausência de amor. Esta

preocupação sobrepôs-se à necessidade de justificar sua atitude e expressa, de forma

indireta, um cuidado com sua imagem pós-morte. Seu perfil é sua imago, sua máscara

mortuária virtual, sua última imagem – a imagem que postulará o quanto era sublime

seu amor de mãe, apesar de suicida. Para Debray (1994, p. 25-26), “a transposição em

imagem (...) é o melhor que acontece ao homem do Ocidente porque sua imagem é a

sua melhor parte: seu ego imunizado, colocado em lugar seguro”. O perfil mumifica a

vida do duplo não em seu último suspiro, mas em sua última atualização, para assim

permanecer em um presente eternizado e receber as mensagens rest in peace de amigos

e desconhecidos. Se a própria morte é premeditada, o perfil pode ossificar para a

eternidade a imagem que se deseja que os demais guardem de si. Convertido em

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“santinho” interativo, o perfil vira ponto de romaria; transforma-se também em curiosa

aberração.

Embora o caso de G. seja exponencial, o desejo de que o perfil seja mantido

online após a morte foi manifestado por 47% dos 527 membros da PGM que

responderam em enquete da própria comunidade a seguinte pergunta: você gostaria que

seu profile fosse deletado após a sua morte? (formulada em abril de 2007). 22%

disseram não se importar e 13% disseram que, dependendo do tipo de morte, é melhor

que o perfil seja apagado pelos familiares. Apenas 16% não desejam que o perfil seja

mantido. Alguns comentários9 deixados pelos respondentes permitem que se

compreenda a congruência entre perfil e identidade para além de índice ou ícone da

subjetividade; o desejo de permanência do perfil corresponde, portanto, ao desejo de

sobrevivência da individualidade.

Tassia: naum gostaria pq,sei lá...seria minha única marca antes de morrer.minhas últimas palavras e talz... seria minha lembrança mais viva e eu naum gostaria q ela fosse apagada.

Gabriela Meg: Gostaria que as pessoas se lembrassem de mim, de alguma forma. Provar que fiz algo na minha vida, mesmo que fosse somente um profile no orkut. e quanto as mensagens que receberia, a morte não é um fim, apenas um começo...

Antonio Marcos: Quando eu não mais estiver nesse mundo, quero que as pessoas que ficaram, saibam que eu fui, das coisas que eu gostava, assim como as que não.

Tabela 2: Enquete PGM - comentários em resposta à perguntaVocê gostaria que seu profile fosse deletado após a sua morte? (abril de 2007).

De acordo com Renard (2001, p. 56-71, apud LEGROS et al, 2007, p. 231),

“as técnicas modernas acolhem voluntariamente o sobrenatural: fotos espíritas, vozes de

defuntos, calculadoras astrológicas”. Na intangibilidade desmaterializada e fugaz do

ecrã, os fantasmagóricos perfis desencarnados (porque absolutamente livres de uma

corporeidade à qual deva representar) tornam-se hiper-reais10, simulacros epicurianos

desgarrados da realidade concreta que fomentam o imaginário tecno-religioso11 a partir

9 Os comentários não foram reproduzidos necessariamente na ordem em que aparecem postados. As fotos do perfil (que acompanham cada mensagem) foram dispensadas. Além disso, para facilitar a leitura, caracteres especiais e textos em caixa alta foram modificados sem alteração do conteúdo. No mais, a transcrição é literal. Os comentários, nas enquetes, não são datados.10 Aquilo que é mais real do que o real liquida os seus referenciais e deixa de representá-los, obliterando a diferença entre verdadeiro e falso, real e imaginário (BAUDRILLARD, 1991, p. 7-14). 11 Para Legros et al (2007, p. 218), “religião e imaginário, por terem em comum uma característica fundamental – a atividade simbólica -, são dois domínios que se aproximaram, assimilando-se mutuamente”.

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da possibilidade de sobrevida por meio da imagem, como pode ser observado nos

seguintes comentários:

Dra Kittie: Após d morta quero ficar viva... nem q seja virtualmente

Paula: Eu queria que não fosse deletado já pedi a minha família que me post aqui e não delete meu orkut, já que eu vou morrer dexa eu aqui plisss

Pinn: se excluirem meu orkut o que eu vo faze no ceu ou inferno?

Bruno: naum uai vai q la no ceu tenha lan house u.u*

Deep: Não gostaria de ficar recebendo scraps me chingando mesmo após minha morte

Tabela 3: Enquete PGM - comentários em resposta à perguntaVocê gostaria que seu profile fosse deletado após a sua morte? (abril de 2007).

Permanência e atualização de conteúdos no Orkut corroboram para o

embaralhamento de postulados demarcados tais como vida e morte. Sete meses depois,

ainda online, o perfil de G. pode ser localizado; houve um trabalho de atualização do

conteúdo (provavelmente feito por alguém que teve acesso à senha): as mensagens

ofensivas postadas à época do falecimento foram apagadas, bem como as mensagens de

sua mãe, respondendo às condolências virtuais de familiares e amigos; o álbum de fotos

foi modificado, reduzindo-se a uma única imagem. Mas, os muitos recados que chegam,

sucessivamente, não são deletados. Acumulam-se saudações, poesias e mensagens de

otimismo absolutamente impessoais; cartões animados (slideshow) por ocasião de datas

festivas; divulgações de comunidades, sites, festas, produtos e serviços. Nas poucas

mensagens dirigidas especificamente à G., são recorrentes imagens bíblicas ou de

paisagens banhadas em luz; G. é chamada de “eterna amiga”, “G. de luz”, “meu

anjinho”. Curiosamente, em maio de 2008, G. recebeu mais de 20 mensagens de

congratulação por seu aniversário como se ainda estivesse viva, a ponto de um dos

usuários ter de intervir diretamente:

(Usuário não existe mais): Gente!!!!!!!!! Tenho certeza que vcs não sabem!!! Mas G. faleceu o ano passado... Que Deus a tenha em seu reino... Que tenha misericórdia e lhe perdoe. (29/05/2008)

Tabela 4: Mensagem retirada do scrapbook do perfil de G.

O embaralhamento12 chega a tal ponto que alguns internautas manifestam o

seu aturdimento: fato ou boato? Verdade ou mentira? Viva, morta ou... ressuscitada?

12 Na hiper-realidade (BAUDRILLARD, 1991, 1996), as dicotomias implodem e causam a estranheza do embaralhamento.

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Representação do vivo, imago-efígie ou fantasma?13 Afinal, representado quer dizer

“presente na imagem (e não na realidade) e tornado presente pela imagem” (WOLFF,

2005, p. 21). Mas a que tipo de presença o perfil de G. se refere?

Graça: Recebi o recado de vcs amigos de G. dizendo do falecimento.... porem o profile de vcs não recebe recados... só envia, achei muito estranho!!! Coloque o recado na pagina dela... avisando do falecimento!! Obrigada(19/05/2008)

Everaldo: porque vc tah tão sumida??? (19/05/2008)

Graça: G. vc ressucitou??/ Pois a notica que correu na rede é que vc havia se suicidado. Por favor alguém pode me responder? (15/05/2008)

Graça: Atenção familiares da G.!!!!! Se ela faleceu porque continuar com o orkut dela.... vcs não acham que é mais sofrimento??? Gostaria de ter uma explicação plausível pra continuar com este orkut!!! A G. não faleceu!???? Está parecendo coisa meio enrolada...... A quem vcs querem enganar pois ta tudo muito estranho!!! Porque vcs querem prolongar este sofrimento familiar... A não ser que a familia seja masoquista.... (25/03/2008)

Jonathan: vc morreu ou não? (21/01/2008)

Graça: O que aconteceu com vc??? Estes boatos do orkut que vc suicidou é verdade... Por favor alguém responda!!!! Que loucura foi esta???? (07/01/2008)

Graça: Que recados são estes a respeito de seu suicídio?? Será vírus?? Alguém me de noticias por favor pois adoro muito você e estou preocupada com esta noticia!!! (12/12/2008)

Tabela 4: Mensagem retirada do scrapbook do perfil de G.

A análise do scrapbook de G. revela, em meio à saturação informacional

cuja obesidade se deve ao “delírio de estocar tudo e tudo memorizar”

(BAUDRILLARD, 1996, p. 25), um grande vazio: o que se pode extrair de

verdadeiramente substancial? Muito pouco. Quem sabia ou queria realmente saber de

G.? Poucos. Mesmo as mensagens de aniversário se transformam em pseudo-afronta,

pois não constituem uma lembrança legítima: a plataforma indexa os “amigos”

aniversariantes do dia, aos quais se podem enviar os devidos “parabéns”.

O envio massificado de mensagens indiferenciadas presta-se antes a tornar-

se visível no scrapbook daqueles que estão vinculados como “amigos” que

propriamente entabular uma conversação, um vínculo efetivo, comportamento

condizente com a cultura narcisista vigente (LASCH, 1983, 1990). Mensagens como

“pensei em você” ou “tenha um ótimo final de semana” publicizam o eu e multiplicam

seus pontos de acesso, já que, ao lado de cada mensagem, segue-se o composto

13 Para Wolff (2005, p. 32), “as imagens dão novamente vida aos mortos (está aí seu poder), isso porque a vida dos mortos é a das imagens (aí está a ilusão). (...) Ela tem o poder de representar o ausente. Ela pode também criar a ilusão de que é o próprio ausente que se apresenta”.

Page 13: Imagos virtuais: imagem, morte e eternidade em plataformas ciberespaciais de relacionamento

imagem/nome “hiperlinkado” ao perfil. E estas seguem, inclusive, aos “amigos”

falecidos, atualizando seus scrapbooks. Esta supermultiplicação conduz ao êxtase, “essa

qualidade própria a todos os corpos que giram sobre si mesmos até a perda de

consciência e que resplandecem então em suas formas puras e vazias”

(BAUDRILLARD, 1996, p. 9).

Orkuticídio: assassinato ou suicídio do espectro virtual?

O contraponto dos perfis sem corpos são os corpos sem perfis, sujeitos que

optaram por encerrar sua conta no Orkut e assim, cometeram orkuticídio, assassinato-

suicídio do espectro virtual. A prática, de caráter ambivalente, constitui assassinato

quando se toma o espectro como “eu mesmo-outro”; mas também é suicídio porque só é

possível atentar contra o espectro sendo este próprio espectro. No Orkut, há pelo menos

46 comunidades relativas; a maior, com 6419 membros, chama-se Já pensei em fazer

orkuticídio14. As justificativas freqüentes dadas por quem já pensou ou de fato cometeu

(mas voltou, criando um novo perfil) denunciam, no conjunto, que esse espaço de

visibilidade fomenta práticas correlatas: o controle, a vigilância, a especulação e o roubo

de identidade. Se, por um lado, novas ferramentas buscam assegurar maior privacidade

no Orkut, por outro, acabam com parte da essência da plataforma. Nela, tudo parece

perfeito e, exatamente por isso, absolutamente irreal.

Adriele: Pq tudo aqui e "perfeito"... todos são lindos, interessantes e cultos!AHHH e sem contar que aqui todo mundo s ama, mas quando lhe v na rua nem olha para a sua cara!

Tabela 5: Enquete da comunidade Já pensei em fazer orkuticídio - comentário em resposta à pergunta Você já cometeu orkuticídio? (abril de 2007).

Enquanto alguns usuários relatam o desejo de sair para evitar fofocas, brigas

e preservar sua privacidade, outros dizem que o Orkut perdeu a graça com essas novas

ferramentas:

Bezinha: to morrendo de ódio do orkut com esses cadeadinhos desgraçados

Tabela 6: Enquete da comunidade Já pensei em fazer orkuticídio - comentário em resposta à pergunta Você já cometeu orkuticídio? (abril de 2007).

Há quem já saiu simplesmente para testar se seus amigos sentiriam sua falta

no Orkut. Dos 432 membros que responderam à enquete Você já cometeu orkuticídio?

14 Disponível em: http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=3618861. Acesso em 01/06/2008.

Page 14: Imagos virtuais: imagem, morte e eternidade em plataformas ciberespaciais de relacionamento

(pergunta postada em maio de 2007), apenas 35% disseram que sim, e mais de uma vez,

tornando a criar um novo perfil. Aqueles que não cometeram, mas já pensaram no

assunto, dizem não fazerem por medo de se arrepender depois, já que é trabalhoso

construir o perfil e reunir os “amigos”. Há uma constante referência ao sentimento de

que viver no Orkut constitui um “vício”. Será esse um dos efeitos do feitiço da imagem,

ser e viver na imagem?

Henrique Martins: Fala pra mim... O que eu iria fazer na Internet todos os dias sem que eu tivesse orkut ? O que tem de INTERESSANTE na Internet, por emquanto, melhor que o orkut ? Tem coisa mais divertida que conversar e conhecer pessoas pelo orkut ? Quando alguem inventar coisa melhor eu deleto o meu.

Tabela 7: Enquete da comunidade Já pensei em fazer orkuticídio - comentário em resposta à pergunta Você já cometeu orkuticídio? (abril de 2007).

Referências

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