grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo...
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Kennedy Maia dos Santos
Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo
transversal com a etnia Khisêdjê do Parque Indígena do
Xingu, Brasil.
São Paulo
2012
Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências
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Kennedy Maia dos Santos
Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo
transversal com a etnia Khisêdjê do Parque Indígena do
Xingu, Brasil.
São Paulo
2012
Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências Orientadora: Profª Associada Suely Godoy Agostinho Gimeno
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Ficha catalográfica
Santos, Kennedy Maia dos Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo transversal com
indígenas Khisêdjê do Parque Indígena do Xingu, Brasil / Kennedy Maia dos Santos. —São Paulo, 2012.
xiv, 82f.
Orientadora: Profª Associada Suely Godoy Agostinho Gimeno Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista
de Medicina. Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva.
Degree of physical activity and the metabolic syndrome: a cross-sectional study with indigenous Khisêdjê the Xingu Indigenous Park, Brazil.
1. Atividade Física 2. Síndrome Metabólica 3. Indígenas
3
Universidade Federal de São Paulo
Escola Paulista de Medicina
Departamento de Medicina Preventiva
Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva
Chefe do Departamento: Profª Associada Rebeca de Souza e Silva
Coordenador do programa: Profª Associada Suely Godoy Agostinho Gimeno
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Kennedy Maia dos Santos
Grau de atividade física e síndrome metabólica: um estudo
transversal com a etnia Khisêdjê do Parque Indígena do
Xingu, Brasil.
Presidente da banca:
Profª. Associada Suely Godoy Agostinho Gimeno
Data do exame de defesa: ______/_______/_______
BANCA EXAMINADORA
Profª.Dra. ______________________________________________
Profª.Dra. _______________________________________________
Profª.Dra. _______________________________________________
Profª.Dra. ______________________________________________
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Dedicatória
Dedico esta dissertação, com amor, gratidão e profunda
admiração à minha querida mãe Nelcy Maia dos Santos (in
memoriam), que me ensinou valores e princípios éticos e morais
que norteiam a minha existência. Ao meu filho, Salmon Yanke
Leão dos Santos, que é benção em minha vida e um dos
motivadores para eu continuar aprendendo. E à Raquel da
Rocha Paiva Maia, minha adorável esposa à qual sou
admirador incondicional e profundamente grato pelo amor,
paciência, amizade e compreensão em todos os momentos.
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AGRADECIMENTOS
À Deus. Obrigado Deus pelo amor incondicional, pela presença e ajuda em todos os
momentos. Por permitir a realização de mais um grande sonho em minha vida. Devo TUDO
ao Senhor, Pai eterno.
À minha esposa Raquel. Agradeço por simplesmente TUDO. Sem você nada disso seria
possível. “(...) Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se
tornarão uma só carne” (Gn 2:23). Você é o meu maior presente. AMO VOCÊ.
À minha orientadora Professora Dra. Suely. Agradeço pela paciência, dedicação, ajuda em
tudo, carinho e principalmente por ter acreditado e investido seu tempo, e um pouco da sua
vida em minha formação profissional e humana. Sou eternamente grato.
Aos Khisêdjê. Agradeço pela colaboração, disposição e ajuda que nos deram durante todos os
dias que estivemos na aldeia. Vocês proporcionaram a maior experiência e aprendizado da
minha vida.
Aos amigos Lalucha, Mario, Patrícia e todos do Projeto Xingu e UNIFESP. Pela amizade,
ajuda e paciência. “(...) Amigo é coisa para se guardar no lado esquerdo do peito (...)”
(Canção da América - Milton Nascimento). Conviver com vocês foi um presente para mim.
Aos professores. Pela inestimável contribuição que vocês deram à minha vida. Por terem
plantado em mim a preciosa semente do conhecimento. Sempre lembrarei e serei grato a
vocês. Muito obrigado!
À minha família. Aos tios (as) e primos (as) agradeço pelo amor, incentivo e por acreditar em
mim. Sei que tudo que tem acontecido de bom em minha vida é fruto da oração e torcida de
todos vocês. A minha querida irmã Raquel por acreditar em mim tanto, ou mais do que eu
mesmo, amo-te minha irmã. Todas as minhas irmãs e irmãos que se sacrificaram de uma
forma ou de outra para a realização deste sonho. AOS MEUS PAIS, que com simplicidade
conseguiram criar e educar quinze filhos. Vocês são extraordinários. AMO VOCÊS.
E por último, mas não menos importante, aos amigos de Cruzeiro do Sul e Rio Branco – AC.
Para não cometer injustiça não citarei nomes, pois são muitos amigos especiais. Muito
obrigado pela amizade, cuidado, amor, incentivo, ajuda e oração. “Ame um amigo, pois na
angústia nasce um irmão” (Pv 17:17). Sou um ser humano realizado por ter amigos como
vocês. Amo vocês.
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AGRADECIMENTOS ÀS INSTITUIÇÕES
À Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Departamento de Medicina Preventiva da
Escola Paulista de Medicina. Por oportunizar-me ensino de qualidade e aprendizado singular.
Ao Projeto Xingu, pela parceria e apoio essencial para realização desse estudo.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pelo apoio financeiro
que permitiu a realização deste trabalho.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo apoio
financeiro, por meio de bolsa de pesquisa, que me possibilitou realizar este sonho.
Ao Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Acre, na pessoa do seu Comandante Coronel
Flávio Pires. Pelo apoio e incentivo. Permitiu que me ausentasse do trabalho para poder cursar
o mestrado e realizar esse meu grande sonho. Amo essa instituição.
Ao Governo do Estado do Acre, que permitiu que me ausentasse de minhas funções
trabalhistas para galgar novos patamares em minha formação.
À Igreja Batista do Bosque de Cruzeiro do Sul, que é nossa verdadeira casa e que tem nos
apoiado em tudo. Sou grato a Deus pela vida de cada um dos nossos amigos e pastores. Muito
obrigado, amamos vocês.
A todos (as), muito obrigado.
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“Como é feliz o homem que acha a sabedoria, que
obtém o entendimento; pois a sabedoria é mais
proveitosa que a prata e rende mais que o ouro”.
(Provérbios de Salomão: 3: 13 – 14)
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SUMÁRIO
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 15
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 17
2.1 ATIVIDADE FÍSICA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE
2.1.1 Prevalência de inatividade física
2.2 SÍNDROME METABÓLICA
2.2.1 Componentes da síndrome metabólica
2.2.2 Fisiopatologia da síndrome metabólica
17
19
20
21
24
2.2.3 Prevalência da síndrome metabólica
2.3 ATIVIDADE FÍSICA E SÍNDROME METABÓLICA
2.4 ATIVIDADE FÍSICA E SÍNDROME METABÓLICA EM
POPULAÇÕES INDÍGENAS
2.4.1 Prevalência de inatividade física entre indígenas
2.4.2 Prevalência de síndrome metabólica entre indígenas
2.5 O PARQUE INDÍGENA DO XINGU E OS KHISÊDJÊ
3 JUSTIFICATIVA
26
27
30
30
33
34
37
4 OBJETIVOS
4.1 OBJETIVO GERAL
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
38
38
38
5 MATERIAL E MÉTODOS 39
5.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO
5.2 POPULAÇÃO DE ESTUDO
39
39
5.3 COLETA DE DADOS 39
5.3.1 Técnicas e critérios diagnósticos 40
5.4 ANÁLISE DOS DADOS
5.5 ASPECTOS ÉTICOS
50
50
6 RESULTADOS 52
7 DISCUSSÃO 59
8 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS 69
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 70
10 ANEXOS 83
10
Lista de Figuras
Figura 1 - Mapa da localização geográfica do Parque Indígena do Xingu e do Posto Indígena Wawi.
36
Figura 2 - Execução do teste de Rockport (uma milha/1609m) por indígenas Khisêdjê, Brasil, 2011.
43
Figura 3- Execução do teste de flexibilidade (banco de Wells) por indígena Khisêdjê, Brasil, 2011.
44
Figura 4 - Execução do teste de força de membros inferiores (impulso horizontal) por indígenas Khisêdjê, Brasil, 2011.
46
Figura 5 - Execução do teste de resistência muscular (flexão de tronco) por indígena Khisêdjê, Brasil, 2011.
47
Figura 6 - Execução do teste de resistência muscular (flexão de braço) por indígena Khisêdjê, Brasil, 2011.
48
Figura 7 - Verificação do número de passos/dia por meio do pedômetro em indígena Khisêdjê, Brasil, 2011.
50
Figura 8 - Porcentagem de indígenas Khisêdjê por faixa etária segundo sexo. Parque Indígena do Xingu, Brasil, 2011.
52
Figura 9 - Porcentagem de indígenas Khisêdjê por categoria de desempenho no teste de uma milha segundo sexo. Parque Indígena do Xingu, Brasil, 2011.
55
Figura 10 - Porcentagem de indígenas Khisêdjê por categoria de desempenho no teste de flexibilidade com o banco de Wells segundo sexo. Parque Indígena do Xingu, Brasil, 2011.
55
Figura 11 - Porcentagem de indígenas Khisêdjê por categoria de desempenho no teste de flexão de braço segundo sexo. Parque Indígena do Xingu, Brasil, 2011.
55
Figura 12 - Porcentagem de indígenas Khisêdjê por categoria de desempenho no teste de flexão de tronco segundo sexo. Parque Indígena do Xingu, Brasil, 2011.
55
Figura 13 - Porcentagem de indígenas Khisêdjê por categoria de desempenho no teste de impulso horizontal segundo sexo. Parque Indígena do Xingu, Brasil, 2011.
55
Figura 14 - Porcentagem de indígenas Khisêdjê por categoria de desempenho na avaliação do nível de atividade física com o pedômetro segundo sexo. Parque Indígena do Xingu, Brasil, 2011.
55
Figura 15 - Porcentagem de indígenas Khisêdjê com síndrome metabólica segundo faixa etária e sexo. Parque Indígena do Xingu, Brasil, 2011.
56
Figura 16 - Porcentagem de indígenas Khisêdjê segundo desempenho físico global por sexo. Parque Indígena do Xingu, Brasil, 2011.
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Lista de Tabelas
Tabela 1. Critérios da WHO, IDF, NCEP e critério consensual para o diagnóstico de síndrome metabólica.
22
Tabela 2. Tipo de procedimento segundo ano da coleta dos dados. Parque Indígena do Xingu, 2011.
40
Tabela 3. Classificação do volume máximo de oxigênio em ml(kg.min) segundo critérios da American Heart Association para o sexo feminino.
43
Tabela 4. Classificação do volume máximo de oxigênio em ml(kg.min) segundo critérios da American Heart Association para o sexo masculino.
43
Tabela 5. Classificação da flexibilidade segundo o teste com o banco Wells para o sexo masculino.
45
Tabela 6 - Classificação da flexibilidade segundo o teste com o banco Wells para o sexo feminino.
45
Tabela 7. Classificação dos resultados do teste de impulso horizontal para avaliação de força de membros inferiores.
46
Tabela 8. Classificação da resistência muscular localizada segundo o teste de flexão de tronco (abdominal).
47
Tabela 9. Classificação dos resultados do teste de flexão de braço para avaliação da resistência muscular localizada no sexo masculino.
48
Tabela 10. Classificação dos resultados do teste de flexão de braço para avaliação da resistência muscular localizada no sexo feminino.
49
Tabela 11. Número (ou média) e porcentagem (ou desvio padrão) de indígenas Khisêdjê segundo sexo e variáveis de interesse. Parque Indígena do Xingu, 2011.
54
Tabela 12. Número (ou média), porcentagem (ou desvio padrão) e razões entre as prevalências de variáveis de interesse segundo a presença de síndrome metabólica em indígenas Khisêdjê. Parque Indígena do Xingu, 2011.
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Abreviaturas utilizadas
AAHPERD - American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance ACSM - American College of Sports Medicine ADA – American Diabetes Associates AFRS - Aptidão física relacionada à saúde CSTF - Canadian Standardized Test of Fitness DCNT - Doenças crônicas não-transmissíveis DM - Diabetes mellitus FC - Freqüência cardíaca FUNASA - Fundação Nacional de Saúde GJ - Glicemia capilar de jejum G2h - Glicemia capilar de duas horas GJA - Glicemia em jejum alterada HA - Hipertensão arterial HAS - Hipertensão arterial sistêmica HDL – Lipoproteína de alta densidade IDF - International Diabetes Federation IG - Intolerância à glicose LDL – Lipoproteína de baixa densidade MS - Ministério da Saúde NCEP - National Cholesterol Education Program International Diabetes WHO – World Health Organization PA – Pressão arterial PAD - Pressão arterial diastólica PAS - Pressão arterial sistólica PC – Perímetro da cintura PIX - Parque Indígena do Xingu RI - Resistência à insulina SM - Síndrome metabólica SBC - Sociedade Brasileira de Cardiologia TOTG - Teste oral de tolerância à glicose TSA - Teste de flexibilidade sentar e alcançar UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo
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RESUMO
Este estudo teve como objetivo verificar a existência de associação entre o grau de atividade
física e a presença de síndrome metabólica (SM) entre indígenas Khisêdjê com 20 anos ou
mais. Por meio de abordagem epidemiológica do tipo transversal, foram avaliados indivíduos
Khisêdjê, do Parque Indígena do Xingu, Brasil. Formulários (dados sociodemográficos),
testes (resistência cardiorrespiratória, força e resistência muscular, flexibilidade e nível de
atividade física segundo o número de passos/dia utilizando o pedômetro) e análise de material
biológico (glicose e lipoproteínas séricas) foram utilizados para obtenção das informações de
interesse. A existência de associação entre atividade física e a presença de SM foi avaliada
pela estatística qui-quadrado (p < 0,05) e pelas razões de prevalências (por ponto e por
intervalo com 95% de confiança) brutas e ajustadas. Empregou-se, na comparação dos valores
médios das variáveis biológicas segundo sexo ou idade, o teste t de Student. No teste de
resistência cardiorrespiratória, 90,7% dos sujeitos apresentaram desempenho bom ou
excelente; no de flexibilidade, 98,7% obtiveram desempenho excelente. Quanto ao número de
passos/dia, 70,0% foram classificados como ativos ou muito ativos. Nos testes de flexão do
braço e do tronco, 50,6% e 33,3% foram classificados com desempenho acima da média ou
excelente, respectivamente. No teste de impulso horizontal, 1,1% obtiveram desempenho
bom. A prevalência de SM foi de 27,8%, sendo maior entre as mulheres e entre os sujeitos das
faixas etárias de 39 – 49 anos e ≥ 50 anos, quando comparado com a faixa etária de 20 – 29
anos. A freqüência de SM também foi maior entre aqueles que tiveram desempenho fraco ou
regular no teste de resistência cardiorrespiratória (RP= 2,52; IC95%: 1,26 – 5,03) e entre os
classificados como “baixo ativo ou sedentário” na avaliação do nível de atividade física
segundo o número de passos/dia; esta última associação perdeu a significância estatística
quando ajustada por sexo e idade. Médias menores no teste de impulso horizontal foram
identificadas entre os sujeitos com SM quando comparados aos indígenas sem essa condição.
Com exceção do teste de força explosiva de membros inferiores (impulso horizontal), os
Khisêdjê apresentaram desempenho satisfatório nos testes físicos. O pior desempenho nos
testes físicos associou-se a presença de SM, indicando a necessidade de maior vigilância no
controle e prevenção dos fatores de risco que compõe a SM.
Palavras chaves: atividade física; síndrome metabólica; indígenas.
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ABSTRACT
This study had the purpose of verifying the existence of an association between the physical
activity level and the presence of metabolic syndrome (MS) among indigenous Khisêdjê ≥ 20
years of age. It was a cross-sectional study developed with individuals of the Khisêdjê tribe in
the Xingu Indigenous Park, Brazil. Questionnaires, (sociodemographic data), tests
(cardiorespiratory endurance, muscular strength and resistance, flexibility, and physical
activity level according to number of steps/day using the foot pod) and analyses of biological
material (glucose and serum lipoproteins) were used to obtain information of interest. The
existence of associations between physical activity and the presence of MS were evaluated by
the chi-square statistic (p < 0.05), and by crude and adjusted prevalence rate ratio (point and
interval with 95% confidence). The Student`s t test was used in the comparison of the mean
values of biological variables according to sex or age. In cardiorespiratory resistance test, 90.7
% of the subjects presented good or excellent performance; in flexibility, 98.7 % obtained
excellent performance. As to the number of steps/day, 70.0 % were classified as active or very
active. In flexion of the arm and torso tests, 50.6 % and 33.3 % were classified as above
average or excellent, respectively. In horizontal impulse test, 1.1 % had good performance.
The prevalence of MS was 27.8 %, and higher among women and among the subjects of the
age groups of 39 - 49 years and ≥ 50 years, when compared with the age range of 20 - 29
years. The frequency of MS was also higher among those who had poor or just regular
performance in cardiorespiratory resistance test (RP= 2.52; 95% CI: 1.26 - 5.03), and among
those classified as "low active or sedentary lifestyle" in the assessment of physical activity
level according to number of steps/day; this last association lost statistical significance when
adjusted for age and sex. Lower mean value of horizontal impulse was observed among
subjects with MS than those verified among indigenous without this condition. With the
exception of the explosive force test of the lower limbs (impulse horizontal), the Khisêdjê
showed satisfactory performance in physical tests. The worst performance in physical tests
was associated with the presence of MS indicating the need for greater vigilance in the control
and prevention of the risk factors that comprise MS.
Key words: physical activity, metabolic syndrome; indigenous.
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1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) representam um problema de saúde
pública e um desafio ao sistema de saúde na medida em que adquirem importância crescente
nas estatísticas de morbidade e mortalidade em todo o mundo (WHO, 2002; BRASIL, 2005;
MALTA et al., 2009). A redução da mortalidade infantil e por doenças infecciosas e
parasitárias, o desenvolvimento econômico, as mudanças no estilo de vida e o conseqüente
envelhecimento populacional, são fatores que contribuem para que esses agravos respondam
pela maior carga de doenças no Brasil. Em 2007, por exemplo, cerca de 70% das mortes no
Brasil ocorreram como conseqüência das DCNT (BRASIL, 2005; SILVA-JUNIOR, 2009).
Dentre as DCNT, a síndrome metabólica (SM) se destaca por se tratar de um conjunto
de fatores de risco que potencializam o risco de aparecimento de doenças cardiovasculares e o
diabetes mellitus (DM) (ALBERTI et al., 2006; BARBOSA et al., 2006; REAVEN, 2011).
Apesar de ainda não haver consenso sobre a definição de SM, sabe-se que seu diagnóstico se
dá pela identificação de pelo menos três entre cinco fatores de risco (hipertensão arterial
(HA), obesidade central, intolerância à glicose (IG), valores alterados de lipoproteína de alta
densidade (HDL) e hipertrigliceridemia (ALBERTI et al., 2006; BARBOSA et al., 2006;
ALBERTI et al., 2009; REAVEN, 2011). A SM está relacionada a fatores hereditários,
hábitos alimentares inadequados e a inatividade física (DURSTINE e HASKELL, 1994;
CASTANEDA et al., 2002; CIOLAC e GUIMARÃES, 2004). Fatores comportamentais que
aumentam o risco das DCNT (em geral) e também da SM não estão presentes apenas entre as
sociedades industrializadas, mas inserem-se de forma crescente em populações indígenas
(COIMBRA, 2003; SALVO et al., 2009; PARK e LINDHOLM, 2009).
A maior proximidade entre as populações indígenas e as populações urbanas associa-
se às modificações de sua relação com a terra, o trabalho e a alimentação (COIMBRA, 2003);
essas mudanças trazem consigo uma consequente alteração no perfil epidemiológico desses
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povos, sendo possível observar uma elevação de agravos à saúde, tais como, obesidade,
hipertensão, intolerância à glicose, diabetes e SM (GUGELMIM e SANTOS, 2006; SALVO
et al, 2009; SCHMIDT et al., 2011). Observa-se que, na atualidade, as DCNT já representam
um problema de saúde pública importante também entre povos indígenas.
Dado o problema social que as DCNT representam, ações de promoção e prevenção da
saúde são fundamentais para o combate e controle das mesmas. Estudos epidemiológicos
comprovam os efeitos benéficos da atividade física regular para a manutenção do bem-estar,
bem como para a prevenção e controle das DCNT (FLORINDO e HALLAL, 2011). VUORI
(2001) destaca que essa prática favorece o metabolismo lipídico, auxilia no controle da
pressão arterial e da densidade óssea, além de contribuir positivamente nas funções
psicológicas e imunológicas.
Embora a associação entre atividade física e saúde já tenha sido identificada por meio
de estudos epidemiológicos, essa relação ainda não foi estudada entre as populações indígenas
do Brasil. A exemplo de outras populações, o povo Khisêdjê vive um processo de transição
epidemiológica (COIMBRA, 2003; SALVO et al, 2009). Os Suyá, como eram chamados, era
um povo guerreiro que travou diversas batalhas violentas com outras etnias antes da chegada
dos irmãos Villas Bôas, por volta de 1948 (BARUZZI et al., 2005). Esse povo, que outrora
produzia seus próprios alimentos ou utilizava o que havia disponível na floresta, nos últimos
anos, incorporou, em parte de sua dieta, alimentos industrializados, o que pode contribuir
substancialmente para a ocorrência de DCNT (SALVO et al, 2009).
Dentro desse contexto, a proposta do presente trabalho é verificar a existência de
associação entre desempenho físico e a presença de SM entre índios Khisêdjê, do Parque
Indígena do Xingu.
17
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 ATIVIDADE FÍSICA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE
Na primeira conferência internacional sobre promoção da saúde, realizada em 12 de
novembro de 1986, na cidade de Ottawa, Canadá, estabeleceu-se um dos primeiros conceitos
sobre promoção de saúde, sendo assim contextualizado como “processo de capacitação da
comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde (...)” (carta de Ottawa,
1986). Sob esse prisma, entende-se que promoção da saúde de uma população não é de
responsabilidade apenas do estado, por meio do setor saúde, mas também de um conjunto de
setores sociais, entre o indivíduo e o meio, com fim no bem-estar de todos (MORETTI et al.,
2009).
O Ministério da Saúde (MS) publicou, em 2006, a Política Nacional de Promoção da
Saúde. Tal política estabeleceu a prática corporal /atividade física como uma de suas ações
específicas, buscando incentivar a inserção dessa prática ao cotidiano da comunidade, haja
vista os benefícios advindos da regularidade da mesma (BRASIL, 2006a).
Há evidências de que a atividade física regular contribui substancialmente para o
equilíbrio da pressão arterial, do metabolismo lipídico, composição corporal, intolerância à
glicose, densidade óssea e das funções psicológicas (VUORI, 2001). Esses benefícios se
contrapõem aos hábitos sedentários, que por sua vez, favorecem o aumento de peso,
desequilíbrio metabólico, elevação do estresse e constituem fatores de risco para as DCNT
(ROBERGS e ROBERTS, 2002; BRASIL, 2005).
ROBERGS e ROBERTS (2002) referem que não se pode estimar, de forma precisa, a
importância do exercício físico e sua contribuição exata à saúde e ao bem-estar do indivíduo
praticante; entretanto, evidências mostram que “a atividade física regular e o exercício
aumentam a longevidade e diminuem o risco de óbitos por doenças cardiovasculares”. Ao
18
fazer essa afirmação os autores pressupõem uma diferença entre atividade física e exercício
físico, isso porque durante muito tempo os dois termos foram utilizados como unívocos.
Atualmente se entende exercício físico como uma subcategoria da atividade física que,
no seu planejamento ou prescrição, tem características como: tipo de atividade, freqüência
semanal, tempo de cada sessão/treino, intensidade e duração do exercício, e progressão ou
evolução da carga de exercício, tendo como objetivo o aprimoramento dos componentes da
aptidão física (CASPERSEN et al., 1985; ACSM, 2001). Já a atividade física diz respeito a
toda e qualquer movimentação corpórea que resulte em um gasto de energia calórica acima
dos níveis de repouso. Pode-se dizer que todo exercício físico é uma atividade física, mas nem
toda atividade física é um exercício físico.
A aptidão física (aptidão física relacionada à saúde – AFRS) pode ser definida como a
capacidade do indivíduo executar tarefas do cotidiano de forma satisfatória, com disposição e
vigor (CASPERSEN et al., 1985; PATE, 1988). Em geral, pessoas que se enquadram nessa
definição apresentam menor propensão a desenvolver, precocemente, incapacidade motora e
algumas doenças como as DCNT (ACSM, 1996). Para GLANER (2002) isso decorre de
diversos fatores: morfológicos (referente à composição corporal), funcionais (relacionada à
capacidade cardiorrespiratória), motores (propriedades de força, resistência muscular e
flexibilidade), fisiológicos e comportamentais.
Os componentes da AFRS são conhecidos como: aptidão cardiorrespiratória,
capacidade músculo-esquelético (força e resistência musculares), composição corporal e
flexibilidade (GUEDES et al., 2002; GLANER, 2002). Para medi-los, faz-se necessário a
utilização de diversos testes e protocolos, de campo ou laboratoriais, sendo alguns deles
práticos e de baixo custo, enquanto outros são mais sofisticados. Entre os testes mais
utilizados estão os recomendados pela American Alliance for Health, Physical Education,
Recreation and Dance (AAHPERD, 1988) e pelo American College of Sports Medicine
19
(ACSM, 2001). Os mesmos são bem aceitos na comunidade acadêmica e apresentam
parâmetros para avaliar e mensurar a aptidão física relacionada à saúde de indivíduos ativos
fisicamente ou não. Dentre os testes presentes nesses protocolos, estão os de resistência
cardiorrespiratória (teste de uma milha), de flexibilidade (teste de sentar e alcançar), de
resistência e força muscular localizada (por meio da flexão de braço e de tronco; impulso
horizontal), e a avaliação da composição corporal (índice de massa corporal).
2.1.1 Prevalência de inatividade física
Segundo relatório da WHO (2002), aproximadamente 17% da população mundial com
idade superior a 14 anos não pratica qualquer atividade física. O relatório ainda aponta que
60% dos indivíduos não realiza atividade física o suficiente para ser classificada como
fisicamente ativa, ou seja, menos de 150 minutos por semana.
Uma revisão da literatura feita por DUMITH (2011), com o objetivo de verificar a
prevalência da prática de atividade física no Brasil e no mundo, mostrou que essa variou de
37% na Colômbia a 69% na União Europeia, com média e mediana por volta de 55%. O autor
refere um estudo com abrangência nacional, publicado em 2003 pelo Instituto Nacional do
Câncer (INCA), onde se detectou prevalência geral de atividade física insuficiente
(sedentário, irregularmente ativo) de 37%, variando de 28% em Belém a 55% em João Pessoa
(INCA, 2003).
Em outro estudo realizado pelo MS no ano de 2008, por meio de inquérito telefônico
domiciliar realizado pelo sistema VIGITEL (vigilância de fatores de risco e proteção para
doenças crônicas por inquérito telefônico), verificou-se que a frequência de atividade física
regular entre adultos no país é ainda muito modesta, com variação entre as capitais de 12,1%
em São Paulo e 21,5% em Palmas (BRASIL, 2009). Esse estudo ainda identificou que essa
prática é mais comum entre os homens do que entre as mulheres. Detectou-se maior
20
freqüência entre os homens nas capitais de Macapá (28,8%), Distrito Federal (26,5%) e
Vitória (26,1%); entre mulheres, em Palmas (18,9%), Campo Grande (18,3%) e Florianópolis
(17,2%). Para o sexo masculino, as localidades que apresentaram menores freqüências de
atividade física suficiente no lazer foram: São Paulo (13,8%), Curitiba (16,1%) e Aracajú
(17,4%); no sexo feminino, destacam-se São Luiz (9,9%), Rio Branco (10,2%) e São Paulo
(10,6%) (BRASIL, 2009).
2.2 SÍNDROME METABÓLICA
A SM já recebeu, ao longo dos anos, diversas denominações: síndrome X, quarteto
mortal, síndrome plurimetabólica, síndrome de resistência à insulina e síndrome
cardiometabólica (MOEBUS et al., 2007). Entretanto, é consensual que a SM é composta por
um grupo de fatores de risco à saúde, dentre eles, a obesidade central, resistência à insulina
(RI), dislipidemia, hipertensão arterial e intolerância à glicose (IDF, 2006; CHEN e
BERENSON, 2007; PARK e LINDHOLM, 2009). Todos esses distúrbios associam-se às
doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e doença renal crônica (DRC) (PARK e
LINDHOLM, 2009).
Segundo PARK e LINDHOLM (2009), até o presente, diversos debates circundam a
definição e patogênese da SM (descrita em 1923 por Kylin, Vagas em 1947 e ampliado por
Reaven em 1988). Segundo especialistas da WHO, o diagnóstico da SM é definido pela
presença de resistência à insulina, ou IG, e, a presença associada de pelo menos duas outras
anomalias: hipertensão arterial, triglicerídeos elevados, obesidade central, HDL baixo ou LDL
elevado (WHO, 1999). Outra proposta foi feita pelo National Cholesterol Education Program
International Diabetes (NCEP-ATP III), em 2001 (aceita e definida na I-DBSM, 2005),
definindo como critérios para o diagnóstico de SM a presença de três ou mais alterações:
21
obesidade abdominal, hipertrigliceridemia, HDL baixo, hipertensão, glicose em jejum elevada
(ALBERTI et al., 2009).
Uma das definições mais utilizadas foi proposta pela International Diabetes Federation
(IDF, 2006), que previa a obesidade abdominal como componente central da SM, seguido de
mais dois componentes relacionados pela NCEP-ATP III. As definições feitas por outras
entidades, a partir dessa, tiveram poucas diferenças; além do mais, estudos comprovaram que
os resultados utilizando os diferentes métodos e definições (WHO e NCEP) se mostraram
moderadamente concordantes (IDF, 2006; PICON et al., 2006; CHEN e BERENSON, 2007;
PARK e LINDHOLM, 2009). Em 2009, estabeleceu-se um consenso de que o critério
diagnóstico dessa síndrome poderia ser feito a partir da presença de pelos menos três dos
cinco fatores de risco (ALBERTI et al., 2009). Na Tabela 1 encontram-se os diferentes
critérios utilizados para o diagnóstico da SM.
2.2.1 Componentes da síndrome metabólica
a) Hipertensão arterial
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma alteração metabólica caracterizada pela
elevação e sustentação da pressão arterial sistólica ou diastólica ≥ 140 ou 90 mmHg,
respectivamente. A HAS é considerada um dos principais fatores de risco para as doenças
cardiovasculares (SBC, 2006; CARDOSO et al., 2008; SANTOS e ABREU-LIMA, 2009;
OLIVEIRA, 2010a).
No Brasil, a classificação relacionada à pressão arterial (PA) adotada pelo Ministério
da Saúde, é: normal: PAS < 120 mmHg e PAD < 80 mmHg; pré-hipertensão: PAS entre 120 –
139 mmHg e PAD entre 80 – 89 mmHg; e, hipertensa arterial (HA) estágio I: PAS entre 140
22
– 159 mmHg e PAD entre 90 – 99 mmHg, e estágio II: PAS > 160 mmHg e PAD > 100
mmHg (BRASIL, 2006b).
Tabela 1. Critérios da WHO, IDF, NCEP e critério harmonizado para diagnóstico de síndrome
metabólica
FATORES DE RISCO
WHO (1999)
NCEP ATPIII (2001)****
IDF (2005)
CRITÉRIO CONSENSUAL
(2009)1 Obesidade central
Relação cintura/quadril > 0,9 em homens e > 0,85 em mulheres e/ou IMC > 30 kg/m²
Cintura abdominal > 102 cm em homens e > 88 cm em mulheres
Cintura abdominal > 94 cm em homens europeus, > 90 cm em homens asiáticos e >80 cm em mulheres***
Definição segundo critérios específicos da população e país (IDF ou AHA/NHLBI)
Glicose plasmática
Diabetes,intolerância glicídica ou resistência insulínica comprovada pelo clamp*
≥ 110 mg/dL ≥ 100 mg/dL ou diagnóstico prévio de diabetes
≥ 100 mg/dL
Triglicerídeos ≥ 150 mg/dL** ≥ 150 mg/dL ≥ 150 mg/dL ou tratamento para dislipidemia
≥150 mg/dL (1.7 mmol/L)
HDL < 35 mg/dL em homens e < 39 mg/dL em mulheres
< 40 mg/dL em homens e < 50 mg/dL em mulheres
< 40 mg/dL em homens ou < 50 mg/dL em mulheres ou tratamento para dislipidemia
≥40 mg/dL (1.0 mmol/L) em homens ≥50 mg/dL (1.3 mmol/L) em Mulheres
Pressão arterial
Pressão sistólica ≥ 140 mmHg ou diastólica ≥ 90 mmHg, ou tratamento para HA
Pressão sistólica ≥ 130 mmHg ou diastólica ≥ 85 mmHg
Pressão sistólica ≥ 130 mmHg ou diastólica ≥ 85 mmHg ou tratamento para HÁ
Pressão sistólica ≥ 130 mmHg e /ou diastólica ≥ 85 mmHg
Outros Excreção urinária de albumina ≥ 20 µg/min ou relação albumina/creatinina ≥ 30 mg/g
* Fator de risco distinto e mais dois fatores de risco; ** Tanto triglicerídeos elevados ou HDL baixo constituem apenas um fator pela WHO; *** Componente obrigatório para o diagnóstico e mais dois; **** A existência de três ou mais dos fatores de risco citados. WHO: World Health Organization; NCEP: National Cholesterol Education Program; IDF: International Diabetes Federation; AHA/NHLBI: American Heart Association; National Heart, Lung, and Blood Institute. 1 - Critério estabelecido em consenso pelas principais organizações que estudo o tema síndrome metabólica: WHO, NCEP ATPIII, IDF.
23
b) Intolerância à glicose (IG)
Sabe-se que a IG é uma condição clínica que se associa à maior propensão ao diabetes
mellitus (DM) e a diversos problemas cardiovasculares (CIPRIANO et al., 2006). MATOS e
DIAS (2010) afirmam que a IG, em geral, é assintomática, portanto, seu diagnóstico pode
demorar diversos anos. Além disso, os autores comentam que diversos casos de DM não
diagnosticados apresentam níveis de glicemia em jejum (GJ) normais, porém apresentam
níveis anormais adquiridos após refeição (pós-prandiais), obtidos por meio do teste oral de
tolerância à glicose (TOTG).
O TOTG é realizado com um aporte oral de 75g de glicose - 120 minutos após a
ingestão realiza-se uma coleta de sangue para determinar a concentração de glicose (MATOS
e DIAS, 2010). A WHO (2003) e o Comitê de especialistas sobre o diagnóstico e classificação
do diabetes mellitus (The Expert Committee On The Diagnosis And Classification Of
Diabetes Mellitus, 2003) consideram como normais níveis de glicemia em jejum até 99
mg/dL, e até 139 mg/dL após a sobrecarga de glicose. Considera-se com DM o sujeito com
glicemia de jejum ≥ 126mg/dL ou ≥ 200 mg/dL após a sobrecarga. Tolerância a glicose
diminuída ou pré-diabetes corresponde a glicemia em jejum entre 100 e 125 mg/dL e, após a
sobrecarga ≥ 140mg/dL e < 200 mg/dL.
c) Dislipidemia
A dislipidemia é caracterizada pela alteração dos níveis de lipoproteínas séricas,
estando diretamente associada às doenças cardiovasculares (FRANCA e ALVES, 2006). A
ocorrência de dislipidemia está relacionada com fatores genéticos e ambientais, tendo como
principais características a elevação do colesterol total, aumento do LDL (lipoproteína de
baixa densidade), ou diminuição do HDL (lipoproteína de alta densidade) e aumento dos
valores de triglicérides (ARCANJO et al., 2005; FRANCA e ALVES, 2006).
24
A presença de dislipidemia pode ser caracterizada quando a concentração de colesterol
total for > 200 mg/dL, ou triglicérides e LDL forem maior que 150 mg/dL e 130 mg/dL,
respectivamente, ou quando o valor de HDL for < 40 mg/dL (NCEP, 2001).
d) Obesidade central
A obesidade central caracteriza-se pela concentração de gordura na região abdominal;
além disso, constitui-se um fator de risco que está associado à maior propensão para o
desenvolvimento de DM e doenças cardiovasculares (BARBOSA et al., 2006; LEITÃO,
2009). Considera-se que valores do perímetro da cintura ≥ 80 cm e ≥ 94 cm, para mulheres e
homens, respectivamente, são indicativos da presença dessa anormalidade (IDF, 2006;
ALBERTI et al., 2009).
2.2.2 Fisiopatologia da síndrome metabólica
Por sua natureza multifatorial, os mecanismos envolvidos na fisiopatologia da SM são
complexos. Acredita-se que a resistência à insulina (RI) seja o componente essencial da SM.
A RI caracteriza-se por uma excessiva produção de insulina pelo pâncreas, em resposta a uma
elevação dos níveis de glicose sanguínea; ou seja, existe uma inabilidade desse hormônio em
produzir seus efeitos biológicos em concentrações normais ou aumentadas nos tecidos
periféricos como o adiposo, o muscular e o hepático. Isso ocorre como conseqüência do
prejuízo na transmissão do sinal intracelular desse hormônio (REAVEN, 1988; MCARDLE et
al, 2008; MORI et al., 2010).
A obesidade abdominal também parece exercer um importante papel na SM. No
organismo humano, o tecido adiposo armazena a gordura na forma de triglicérides, que são
compostos constituídos por três moléculas de ácidos graxos ligados ao glicerol. Porém, em
indivíduos obesos, devido ao maior aporte de triglicérides, os adipócitos aumentam de
25
tamanho; se a capacidade de armazenagem desses adipócitos for excedida, ocorre a liberação
de ácidos graxos livres para a corrente sanguínea. Essas moléculas, posteriormente,
depositam-se em órgãos como o fígado e o tecido muscular favorecendo a ocorrência da RI
(BAYS et al., 2004; PIMENTA, 2008). O fígado é um órgão diretamente afetado pela elevada
deposição de gordura intra-abdominal. A drenagem sanguínea da gordura visceral converge
diretamente para a veia porta, levando grandes quantidades de ácidos graxos livres para esse
órgão; isto diminui a extração hepática de insulina, contribuindo para o quadro de
hiperinsulinemia e RI. Mutações no gene obeso (ob) podem ser responsáveis pela obesidade.
Esse gene é responsável pela produção da substância hormonal chamada leptina. Essa
substância desempenha papel fundamental no controle do peso, pois ao ser depositado na
corrente sanguínea a mesma atua sobre hipotálamo fazendo com que o mesmo interrompa a
vontade de comer (MCARDLE et al, 2008).
A hiperinsulinemia e a RI estão, por sua vez, associadas a outro componente da
síndrome metabólica: a hipertensão arterial (ECKEL et al., 2005; PIMENTA, 2008). A
insulina tem ação vasodilatadora e exerce efeitos secundários na reabsorção de sódio nos rins.
Em indivíduos com resistência à insulina, essa segunda função é preservada, entretanto, o
efeito vasodilatador desaparece (STEINBERG et al., 1994; TOOKE e HANNEMANN,
2000). Adicionalmente, há maior reabsorção de sódio nos rins devido a hiperinsulinemia,
levando a um aumento do volume plasmático e, em consequência, elevação da pressão arterial
(KURODA et al.,1999). Outro fator contribuinte para a hipertensão arterial observada na SM
é a produção e secreção, pelo tecido adiposo, de hormônios conhecidos coletivamente como
adipocinas. Dois desses hormônios, o angiotensinogênio e as catepsinas D e G estimulam a
síntese de angiotensina II, que provoca vasoconstrição periférica e elevação dos níveis
plasmáticos da aldosterona, hormônio produzido pelas glândulas adrenais e que tem
capacidade de aumentar a reabsorção renal de sódio (LOPES, 2003).
26
A importância do agrupamento desse arcabouço de anormalidades que juntos
compõem a SM, relaciona-se ao fato de que quando identificados em um sujeito, tal condição
se constitui fator de risco amplificado para as doenças cardiovasculares e DM (FERREIRA e
CATÂNIA, 2010). Esta hipótese é endossada por meio de diversos estudos (GIACAGLIA et
al, 2010). GAMI et al (2007) realizaram uma meta-análise para investigar a associação entre
SM e eventos cardiovasculares. Os autores referiram que a presença de SM aumentou o risco
cardiovascular em 1,54 vezes. Em outro estudo, o risco de relativo médio DM em sujeitos
com SM foi de 3,5 a 5,2 (FORD et al, 2008).
2.2.3 Prevalência da síndrome metabólica
Segundo pesquisadores da Federação Internacional de Diabetes (2006), cerca de 20%
a 25% da população adulta mundial tem SM; esses sujeitos têm o dobro da probabilidade de
morrer, além de terem três vezes mais chance de derrame ou ataque cardíaco em relação aos
que não têm SM. Essa propensão, no entanto, é mais evidente em países desenvolvidos; tende
a aumentar com idade e sua prevalência varia de acordo com fator étnico, como afirmam
PARK e LINDHOLM (2009). Segundo os autores, enquanto na Índia se observou uma
prevalência de 8% de SM na população urbana adulta masculina, nos Estados Unidos essa
prevalência foi de 21%.
Embora seja reconhecida a importância da SM e suas consequências às doenças
cardiovasculares e diabetes, ainda não existem estudos representativos sobre sua prevalência
na população brasileira (LAKKA et al., 2002; SALAROLI et al., 2007). No Brasil, estudo do
tipo transversal feito com 1554 trabalhadores de uma indústria petrolífera na Bahia, com base
nos critérios estabelecidos para diagnóstico segundo o NCEP/ATP III, e recomendado pela I
Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da SM, detectou uma prevalência de 15% de
SM entre os avaliados (FELIPE-DE-MELO et al., 2009).
27
Em outro estudo transversal realizado com 753 pacientes de ambos os sexos, e
diferentes grupos étnicos, com idade média de 57 anos, e que procuraram o serviço
ambulatorial de um hospital no Rio Grande do Sul, observou-se a presença de SM em 89% e
87%, segundo a definição da WHO e do NCEP respectivamente (PICON et al., 2006). O
estudo mostrou que houve uma diferença substancial nos valores entre os sexos, sendo maior
entre os homens, e menor entre pessoas negras. Em outro estudo, realizado com nipo-
brasileiros na cidade de Bauru-SP, identificou-se prevalência de 54, 3% de indivíduos com
síndrome metabólica, sendo identificada maior prevalência entre indivíduos mais velhos, de
ambos os sexos (DORO et al., 2006; BORGES et al., 2007).
2.3 ATIVIDADE FÍSICA E SÍNDROME METABÓLICA
A atividade física é considerada um importante mecanismo de intervenção não
medicamentoso para algumas enfermidades, desempenhando importante papel na prevenção
dos fatores de risco que constituem a SM. A prática regular de atividade física favorece
estabilização dos níveis pressóricos e lipídicos, auxilia na manutenção do peso corporal,
melhora a função cardiorrespiratória, auxiliando na manutenção dos níveis normais de
freqüência cardíaca, aumenta a captação de glicose pelo músculo ativo durante e após a sessão
de exercício, causando melhoria na sensibilidade da ação da insulina (ROBERGS e
ROBERTS, 2002; CARROLL e DUDFIELD, 2004; MCARDLE et al., 2008; GIACAGLIA
et al., 2010).
Segundo ROBERGS e ROBERTS (2002), durante o exercício o organismo é
estimulado a adaptar-se para manter o estado estável (condição onde as funções orgânicas se
adaptam ao esforço submetido). Esse processo faz com que haja mudanças fisiológicas que
vão influenciar nos sistemas de controle corporal (responsável pela homeostase do corpo).
Dessa forma, os mecanismos que agem e influenciam no controle da pressão sanguínea, do
28
metabolismo energético e nos estímulos bioquímicos provocam mudanças essenciais na
fisiologia dos sistemas de controle biológico.
O exercício físico possibilita a maximização do metabolismo energético, pois durante
o mesmo a necessidade de energia (calorias) aumenta para que ocorram as contrações
musculares; com isso, essa necessidade energética do músculo esquelético estimula algumas
reações que coincidem com algumas alterações nas funções orgânicas (coração, rins, pulmões,
fígado e outros órgãos), que naturalmente sustentam a necessidade energética de forma cíclica
(ROBERGS e ROBERTS, 2002; MCARDLE et al., 2008). Os autores referem ainda que
indivíduos fisicamente ativos mantêm-se com níveis satisfatórios do metabolismo em
repouso, mesmo com o aumento da idade. Dessa forma, a atividade física regular pode
aprimorar o metabolismo das gorduras e carboidratos, melhorando a utilização das reservas de
glicogênio, da função respiratória e melhor distribuição da massa corpórea.
Em relação à pressão arterial, o exercício físico possibilita melhoras significativas ao
condicionamento do sistema cardiovascular (ROBERGS e ROBERTS, 2002). Com isso, o
sistema cardiovascular pode regular de forma mais eficiente à distribuição sanguínea no
corpo, ao mesmo tempo em que a pressão arterial e a frequência cardíaca se mantêm estáveis.
MCARDLE et al. (2008) explicam que os sujeitos fisicamente ativos desenvolvem uma
capacidade fisiológica que permite aumentar o volume sistólico de ejeção do coração,
aumentando o débito cardíaco (volume de sanguíneo que é bombeado pelo coração/minuto),
reduzindo a resistência do fluxo de sangue nos tecidos periféricos (pressão sanguínea nos
vasos e artérias) sem aumentar a frequência cardíaca. Isso ocorre devido mudanças
morfológicas arteriolares que possibilitam a redução do fluxo sanguíneo, e ao fato de que a
função renal alterada pode facilitar à eliminação do sódio, reduzindo a quantidade de liquido e
consequentemente os níveis da PA.
29
A atividade física regular também pode ser responsável pela ativação de
neurotransmissores e hormônios secretados pela glândula hipófise. Esses hormônios por sua
vez são responsáveis pela função adrenocortical (função de produção de hormônios que
regulam o uso de substâncias químicas pelos órgãos), funcionamento do sistema nervoso e
imunológico e função reguladora da ingestão de alimentos e armazenamento das gorduras
(ROBERGS e ROBERTS, 2002; MCARDLE et al., 2008).
Estudos realizados em diferentes países com grupos e faixas etárias distintas, suscitam
a hipótese de que a prática regular de atividade está inversamente associada à SM, da mesma
forma que inatividade física pode ser um fator nocivo à qualidade de vida dos sujeitos que
apresentam SM (CIOLAC e GUIMARÃES, 2004; DORO et al., 2006; ELIAS et al., 2008;
CHURILLA e ZOELLER, 2008). Estudando a influência da atividade física sobre a SM em
um grupo de mulheres em Minas Gerais, ELIAS et al. (2008) identificaram maior prevalência
de SM entre aqueles indivíduos sedentários e menor prevalência naqueles mais ativos
fisicamente.
A SM é considerada um complexo conjunto de fatores de risco associados às doenças
cardiovasculares e DM, que é originado a partir de fatores genéticos e ambientais (hábitos
alimentares, idade, sexo, fumo, álcool e o nível de atividade física) (POULSEN et al., 2001;
OLIVEIRA et al., 2006). A prevenção ou o tratamento de seus componentes consiste na
adoção de atividade física regular e consumo adequado de alimentos (CIOLAC e
GUIMARÃES, 2004; OLIVEIRA et al., 2006; GOTTLIEB et al., 2008; GIACAGLIA et al.,
2010). A IDF (2006) e a WHO (2010a) referem que a prevenção dos fatores de risco que
compõem a SM deve ocorrer, sobretudo por meio de mudanças no estilo de vida (alimentação
saudável e prática regular de atividade física).
É consenso que atividade física regular é um importante mecanismo de prevenção e
tratamento da SM e seus componentes (CIOLAC e GUIMARÃES, 2004). Entidades como o
30
American College of Sports Medicine, American Heart Association, IDF e a Sociedade
Brasileira de Cardiologia (SBC), sugerem que inúmeros benefícios à saúde podem ser obtidos
com a simples adoção de hábitos mais ativos. Ao mesmo tempo em que o exercício físico
regular colabora para o controle dos níveis glicêmicos, da composição corporal e da PA, entre
outros, também contribui para melhoria da qualidade de vida (ACSM, 2001; RENNIE et al.,
2003; CIOLAC e GUIMARÃES, 2004; SBC, 2005; IDF, 2010).
2.4 ATIVIDADE FÍSICA E SÍNDROME METABÓLICA EM POPULAÇÕES INDÍGENAS
2.4.1. Prevalência de inatividade física entre indígenas
A prevalência de inatividade física pode apresentar grandes disparidades entre
diferentes etnias. Em estudo realizado com aborígenes adultos australianos utilizando um
método recordatório de sete dias onde os participantes foram questionados sobre a prática de
atividade física, identificou-se que 26,7% de indivíduos eram fisicamente ativos (atividade
física moderada ou vigorosa por mais de 30 minutos/dia, durante cinco dias na semana) (LI et
al., 2009).
ROSS e HAMLIN (2007) conduziram uma revisão de estudos sobre a prevalência de
inatividade física em adultos de diferentes etnias da Nova Zelândia. Os autores referem que
60% e 51% de homens e mulheres, respectivamente, realizavam pelo menos 30 minutos de
atividade física durante cinco dias na semana. Essa porcentagem foi semelhante à encontrada
entre homens (58%) e mulheres (50%) europeus. Os autores referiram ainda que 12% dos
indivíduos dessa população indígena afirmaram não realizar nenhuma atividade física de
lazer.
Estudo realizado com 49 indígenas adultos de uma comunidade do Equador detectou
maior gasto de energia e nível de atividade física em homens; entretanto, os autores referem
31
que os níveis de atividade física nessa população são relativamente baixos quando
comparados com outras populações não ocidentais (MADIMENOS et al., 2011).
Nas populações indígenas do Brasil, informações referentes à frequência das práticas
de atividades físicas e aptidão física relacionada á saúde são escassas, embora existam
diversos estudos de cunho antropológico que descrevem a importância do corpo e do bem
estar físico para os mesmos (SEEGER, 1981; SOUZA, 2008). SOUZA (2008), estudando
atividade física e o cotidiano dos jovens indígenas Terena, menciona que 73% referem fazer
algum tipo de esporte (futebol, voleibol, caminhada, bicicleta). Os estudos a respeito das
práticas corporais entre os povos indígenas descrevem uma variedade tão grande quanto à
própria variação cultural existente entre as diversas populações indígenas do Brasil
(GRANDO, 2004; GRANDO et al., 2009a; OLIVEIRA e GRANDO, 2009a).
Nos últimos anos, algumas iniciativas estão sendo feitas no intuito de promover a
socialização e fortalecer a diversidade cultural entre as populações indígenas existentes no
país; entre elas citam-se os “Jogos indígenas”. Cada edição é realizada em uma comunidade
diferente. A programação conta geralmente com competições e atividades lúdicas, indígenas e
não indígenas. Dentre essas estão presentes principalmente as competições de futebol,
atletismo e natação em rios. Entre aquelas tradicionais destacam-se as danças, cânticos, lutas,
corridas com toras, competição com arco e flecha (GRANDO et al., 2009b; ALMEIDA et al.,
2010).
Diferentemente das populações não indígenas, que possuem rotinas e hábitos
semelhantes nas grandes cidades, as comunidades indígenas podem ter hábitos e
características culturais totalmente distintas umas das outras: cada etnia constitui uma nação,
com características, símbolos, costumes e valores próprios (FASSHEBER, 2006; LEITE
2007; ALMEIDA et al., 2010). Em relação ao cotidiano desses povos (atividades de trabalho
e lazer), os autores que descreveram o modo de vida e a rotina (DIECKERT e MEHRINGER,
32
1989; VINHA e ROCHA, 2003; TAGLIARI, 2006; MELATTI, 2007; LEITE, 2007; SOUZA,
2008) evidenciam que, em geral, os mesmos não são sedentários, e que em seu cotidiano
costumam participar de práticas corporais lúdicas como danças, rituais, festas, cerimônias e
lutas. A própria rotina pela busca ou produção do alimento (plantio ou coleta do alimento,
caça e pesca) entre esses povos é extremamente extenuante, sendo necessário muitas vezes o
deslocamento por mata ou rios durante horas (GRANDO, 2004; FASSHEBER, 2006;
ALMEIDA et al., 2010).
Para DIECKERT e MEHRINGER (1989), a importância do corpo e as formas que os
indígenas vivenciam as práticas corporais do movimento estão ligadas aos meios de produção,
subsistência e ao trabalho diário, e, de forma lúdica, por meio das expressões culturais e
ritualísticas que também são rotineiras. Entre os Khisêdjê, por exemplo, o corpo e suas
faculdades (capacidade utilitária) também são de grande importância. SEEGER (1981)
menciona que o corpo para esse povo transcende ao aspecto físico, mas o mesmo é
compreendido como parte do universo que o cerca. Para o autor, a relação do corpo, sua
importância e significado podem ser percebidos por meio da peculiar ornamentação corporal,
que não está relacionada ao aspecto estético apenas, mas, sobretudo à identidade. A
importância do corpo, segundo o autor, fica mais evidente quando ocorrem as cerimônias e
festas.
Nos diversos ritos existentes entre os indígenas a figura corpórea de uma pessoa forte
fisicamente é constantemente cantada. Esta é uma forma de culto ao corpo, não em sua forma
estética apenas, mas acima de tudo louvando seus atributos utilitários e, ou guerreiro
(SEEGER, 1980).
33
2.4.2 Prevalência de síndrome metabólica entre indígenas
Alguns estudos epidemiológicos mostram grandes variações nas prevalências de SM
entre diferentes etnias do Brasil e do mundo (DEEPA et al., 2007; ROCHA et al., 2011). Essa
variação pode ser atribuída, dentre outros fatores, as mudanças no perfil alimentar e
comportamental (ROCHA et al., 2011; OLIVEIRA et al., 2011). SNODGRASS et al. (2010)
estudaram a prevalência de SM em uma população indígena adulta da Sibéria e identificaram
10% de sujeitos com SM. ALAYÓN et al. (2010), estudando fatores de risco para doenças
cardiovasculares em comunidade indígena da Colômbia, encontraram porcentagem de SM de
21%. Já em pesquisa com aborígenes australianos, LI et al. (2011) identificaram prevalência
maior da doença (33%).
Estudos com populações indígenas, em todo o mundo, também apontam uma aumento
da SM, inclusive em faixas etárias menores (ZORZI et al., 2009). No Brasil, um estudo com
os indígenas adultos da etnia Khisêdjê, do Parque Indígena do Xingu, identificou 21,9% dos
sujeitos com SM, sendo mais prevalente entre as mulheres com mais idade (SALVO et al.,
2009).
Outro estudo realizado também no Brasil com 150 indígenas das etnias Kaingang e
Guarani, com idade igual e acima de 40 anos, detectou prevalência de SM de 65,3%, sendo
mais freqüente ente os indivíduos do sexo feminino (ROCHA et al., 2011). Segundo os
autores, a alta prevalência de SM observada associou-se aos hábitos alimentares dos sujeitos
pesquisados, que incorporaram em suas dietas grandes quantidades de alimentos
industrializados.
34
2.5 O PARQUE INDÍGENA DO XINGU E OS KHISÊDJÊ
O Parque Indígena do Xingu (PIX), criado na década de 60, localiza-se a noroeste do
estado de Mato Grosso, ocupando uma área de 26.400 km², composto de cerrado, típico da
região central do Brasil, e também de Floresta Amazônica, haja vista que o outro extremo se
localiza ao norte, com o Estado do Pará; ao sul, até a cachoeira Von Martius (BARUZZI e
JUNQUEIRA, 2005; BARUZZI, 2007). Segundo dados da FUNASA (BRASIL, 2010) vivem
nesse território em torno de 5.835 indivíduos, distribuídos em 14 nações indígenas nas três
sub-regiões do Parque, denominadas: baixo Xingu, médio Xingu e alto Xingu.
Uma das etnias que habita no PIX é a Khisêdjê. Eles são falantes da língua Jê e vivem
atualmente na região sudeste do PIX (médio Xingu; Figura 1). Tiveram o primeiro contato
com não indígenas em 1884, quando uma expedição liderada pelo alemão Karl von den
Steiner adentrou naquela região (BARUZZI e JUNQUEIRA, 2005). Nesse período, esses
povos ainda não haviam se fixado em definitivo em uma localidade, e eram comuns conflitos
e mortes por guerras entre as diversas etnias. Entretanto, com o passar dos anos e a
aproximação dos não indígenas, esses conflitos foram diminuindo e as principais causas de
óbitos foram mudando, tornando-se mais comuns principalmente mortes por epidemias, que
foram responsáveis pela diminuição drástica no número de indivíduos (COIMBRA JR e
SANTOS, 2001; BARUZZI e JUNQUEIRA, 2005; PAGLIARO, 2010).
Para SEEGER (1980; 1981) os ornamentos corporais utilizados pelos Khisêdjê não
são utilizados aleatoriamente, ou por vaidade. A utilização do disco labial, por exemplo,
representa valorização do órgão boca. Quando se menciona a boca, deve-se entender como
sendo a função ou significado da boca no universo Khisêdjê. Da mesma forma, os objetos
presos na orelha remetem a importância da audição. Ou seja, esses ornamentos refletem a
importância da comunicação para esse povo.
35
Outro aspeto que os diferencia de outros povos indígenas, é maneira particular com
que entoam seus cânticos (SEEGER, 1980). O Khisêdjê considera o ato de cantar a melhor
forma de expressão oral. Dessa forma, todas as canções são expressões referentes a algo que
faz parte de sua rotina, na convivência com os elementos que o cerca. Não necessariamente,
em uma cerimônia, todos os participantes devem cantar a mesma música (SEEGER, 1980).
SEEGER (1980) explica que os próprios significados dessas faculdades são diferentes
daqueles atribuídos na língua portuguesa. A audição, por exemplo, que significa ouvir, para os
Khisêdjê significa ouvir, compreender e saber. Já a faculdade da fala significa falar, exortar,
orar, oratória. Essa é uma capacidade inerente a todos os seres (plantas, animais, terra). Essa
inclusive deve ser uma habilidade de um grande líder; ou seja, a capacidade de solucionar
conflitos e problemas por meio da oratória (convencimento). Em relação a outros sentidos
(paladar, tato e outros), são ainda menos importantes simbolicamente que os anteriores
(SEEGER, 1974, apud SEEGER, 1980).
Outra particularidade dos Khisêdjê é a figura e a representação dos mais velhos. Os
mesmos são uma espécie de “palhaço” na comunidade, principalmente nos rituais, festas e
cerimônias. Eles fazem todo tipo de brincadeira e levam todos ao êxtase de tanta risada. As
brincadeiras estão longe de serem interpretadas como ridículas ou maliciosas; pelo contrário,
é algo que se espera desses indivíduos (SEEGER, 1980). Segundo SEEGER (1980), a figura
do idoso que lhe foi apresentada é exclusiva dessa cultura, sendo desconhecido algo
semelhante em qualquer outra.
Na cultura Khisêdjê o papel da liderança é fundamental e plural. Existem dois tipos de
líderes atuando harmoniosamente na aldeia. Um líder exerce função política e outro exerce
função cerimonialista (meropakande líder politico, e o merokinkande líder cerimonial). A
liderança sempre está relacionada às características físicas e a laços familiares. No entanto, as
características físicas valorizadas na cultura Khisêdjê, estão mais relacionadas ao conceito
36
utilitário do físico, seja ele relacionado ao aspecto guerreiro, ou relacionado às faculdades
valorizadas entre eles (instrumento musical – cânticos, danças e audição). Essas qualidades
são constantemente referidas nas cerimônias e festas (SEEGER, 1980).
Figura 1- Mapa da localização geográfica do Parque Indígena do Xingu e do Posto Indígena Wawi.
Fonte: Instituto Socioambiental, 2002 (www.socioambiental.org)
37
3 JUSTIFICATIVA
O Brasil possui uma população indígena com cerca de trezentas e setenta mil pessoas,
com 210 etnias, distribuídas em 562 terras indígenas nas cinco regiões do país, sendo mais da
metade localizadas nos estados do Acre, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima
(BRASIL, 2002a). Elas apresentam características culturais, costumes e histórias peculiares,
que as diferem umas das outras, incluindo a língua.
A maior proximidade da população indígena com os não indígenas, em muitos casos,
aumenta a vulnerabilidade desses povos, contribuindo para o surgimento de diversos
problemas de saúde, outrora não existentes. Esse contato traz consigo a aquisição de novos
hábitos e costumes que contribuem para o aparecimento de doenças, especialmente as
relacionadas ao estilo de vida tais como a hipertensão arterial e o diabetes (BRASIL, 2002a).
De fato, resultados de estudos epidemiológicos evidenciam um aumento de diversas DCNT
entre os povos indígenas (COIMBRA, 2003; SALVO et al., 2009; GIMENO et al., 2007).
Além disso, é possível que essa proximidade colabore também para a ocorrência de mudanças
na forma de aquisição de alimentos e atividades culturais podendo ocasionar uma redução na
prática de atividades físicas, o que constitui um fator de risco importante para tais doenças
(CIOLAC e GUIMARÃES, 2004; DORO et al., 2006; ELIAS et al., 2008).
A elevação das DCNT em populações indígenas bem como as alterações no estilo de
vida desses indivíduos são fatores que reforçam a necessidade da realização de diagnósticos
sobre a sua situação de saúde, haja vista que os estudos realizados neste campo ainda são
escassos, o que dificulta o planejamento e direcionamento das ações de instituições
responsáveis pela formulação das políticas de saúde indígena no país. Portanto, a proposta do
presente trabalho foi investigar o nível de atividade física na população Khisêdjê, bem como
sua relação com a presença de síndrome metabólica.
38
4 OBJETIVOS
4.1 OBJETIVO GERAL
Verificar a existência de associação entre o grau de atividade física e a síndrome
metabólica entre indígenas Khisêdjê com 20 anos ou mais.
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
a) Descrever o desempenho de indígenas Khisêdjê em testes físicos;
b) Descrever a prevalência de síndrome metabólica entre indígenas Khisêdjê.
39
5 MATERIAL E MÉTODOS
5.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO
Estudo epidemiológico do tipo transversal.
5.2 POPULAÇÃO DE ESTUDO
A população de estudo foi composta por indivíduos pertencentes à comunidade
indígena Khisêdjê, residente no Parque Indígena do Xingu, de ambos os sexos e com idade
igual ou maior que vinte anos.
Num universo de 190 sujeitos elegíveis (47% da população Khisêdjê), 181 indígenas
participaram da pesquisa (95,3%). Onze mulheres foram excluídas do presente estudo por não
se dispor de informações sobre a prática de atividade física (quatro grávidas e sete com
alguma enfermidade ou limitação física).
5.3 COLETA DE DADOS
A coleta de dados foi realizada na aldeia Ngojwere, no posto indígena Wawi, Parque
Indígena do Xingu, por profissionais treinados (médicos, enfermeiras, nutricionistas e
educadores físicos). Ela ocorreu em duas fases: em 2010 (julho) e em 2011 (agosto/setembro),
conforme apresentado do Quadro 1. As informações foram registradas em formulário padrão
(Anexo 1). Contou-se, sempre que necessário, com auxílio de tradutores indígenas (auxiliares
de saúde ou professores indígenas).
40
Tabela 2. Tipo de procedimento segundo ano da coleta dos dados. Parque Indígena do Xingu, 2011.
Ano
Procedimento† 2010 2011
Exame físico (pressão arterial sistólica e diastólica) Sim ♯
Antropometria (peso§, altura§, perímetros corporais) Sim ♯
Antropometria (peso, altura e idade de menores de 5 anos)§,† Não Sim
Impedância bioelétrica§ Sim ♯
Calorimetria indireta§ Não Sim
Perfil bioquímico (glicose e lipoproteínas séricas, entre outros) Sim ♯
Perfil bioquímico (hemoglobina, leptina e adiponectina)§ Não Sim
Imagem corporal (como se vê? como gostaria de estar?)§ Não Sim
Consumo de alimentos e práticas agrícolas§ Sim ♯
Condição socioeconômica (família ampliada)§ Sim ♯
Atividade física (teste de uma milha; flexibilidade com banco de Wells) Sim ♯
Atividade física (pedômetro; força ou resistência muscular) Não Sim
† nome, sexo, data de nascimento, etnia, aldeia de residência: obtidos nas fichas de acompanhamento médico
§ dados não utilizados neste estudo ♯ apenas para aqueles sujeitos cuja informação não foi obtida em 2010
5.3.1 Técnicas e critérios diagnósticos
A pressão arterial (sistólica - PAS e diastólica - PAD) foi verificada com aparelho
automático de pulso (HEM 741C-INT-OMRON®), em triplicata (preferencialmente no braço
esquerdo), após repouso por 10 (dez) minutos, em posição sentada. O valor final foi aquele
que representou a média aritmética das duas últimas medidas.
Para classificação dos indivíduos quanto à pressão arterial utilizou-se o critério
proposto no relatório do Joint National Commitee on Prevention, Detection, Evaluation, and
Treatment of High Blood Pressure (CHOBANIAN et al., 2003) para adultos maiores de 18
anos, a saber: normal se PAS < 120 mmHg e PAD < 80 mmHg, pré-hipertenso se PAS estiver
entre 120-139 mmHg e PAD entre 80-89 mmHg e hipertenso quando os valores de PAS ou
PAD foram, respectivamente, ≥ 140 ou 90 mmHg.
41
Mediu-se o perímetro da cintura (PC) utilizando-se uma fita métrica metálica (modelo
17, Grafco , São Paulo, Brasil). O indivíduo colocava-se de pé, ereto, braços estendidos ao
longo do corpo, abdômen relaxado e pés separados a uma distância aproximada de 25 a 30
cm. O avaliador passava então a fita ao redor da menor curvatura localizada entre as costelas e
a crista ilíaca. Solicitava-se ao indivíduo para inspirar e em seguida expirar totalmente quando
então se realizava a leitura. Esse procedimento foi feito em duplicata e o valor final foi a
média aritmética entre essas medidas. A presença de obesidade central foi caracterizada por
valores de PC ≥ 94 cm, para homens, ou ≥ 80 cm, para mulheres (ALBERTI et al., 2009).
O teste oral de tolerância a glicose (TOTG) foi feito, após jejum de 12 horas, com
glicemia capilar de jejum (GJ) e de duas horas (G2h) após a ingestão de solução com 75
gramas de glicose (Glutol), segundo as recomendações sugeridas pela WHO (1999) e
American Diabetes Association (ADA, 2009). O TOTG foi precedido de rastreamento para o
diabetes mellitus (DM) a fim de selecionar aqueles que receberiam a sobrecarga oral de
glicose, ou seja, aqueles com valores ≥ 200 mg/dL, considerados diagnósticos de DM, foram
dispensados de realizar o teste.
Os pontos de corte para a classificação dos diferentes graus de tolerância à glicose
foram definidos segundo proposta da ADA (2009) com as correções para aferições em sangue
capilar indicada pela WHO (ALBERTI et al., 1998). Os indivíduos foram considerados
“normais” quando não tinham história prévia de DM e cujas dosagens de GJ e G2h
apresentassem, respectivamente, valores < 100 mg/dL ou < 140 mg/dl. Aqueles com história
prévia de DM ou com glicemia de jejum ≥ 200 mg/dL foram classificados como diabéticos.
Os participantes foram classificados como pertencentes à classe glicemia de jejum alterada
(GJA) desde que não referissem história prévia de DM, apresentassem GJ ≥ 100 mg/dL e <
110 mg/dL e G2h < 140 mg/dL. Na classe tolerância à glicose diminuída (TGD) foram
42
incluídos os que, sem história prévia de DM, apresentaram GJ < 110 mg/dL e valores de G2h
≥ 140 mg/dL e < 200 mg/dL (ALBERTI e ZIMMET, 1998).
Uma amostra de sangue venoso colhida após jejum de 12 horas foi obtida para dosar a
concentração de lipoproteínas séricas, entre outros. Os níveis de HDL e triglicérides foram
determinados por kits enzimáticos e processados em analisador automático. Os valores de
referência para identificação da hipertrigliceridemia e HDL reduzido foram, respectivamente,
triglicérides >150 mg/dL e HDL < 40 mg/dL, para homens, ou < 50 mg/dL, para mulheres
(ALBERTI et al., 2009).
Para o diagnóstico de síndrome metabólica utilizou-se o critério resultante do
consenso estabelecido pela International Diabetes Federation Task Force on Epidemiology
and Prevention; National Heart, Lung, and Blood Institute; American Heart Association;
World Heart Federation; International Atherosclerosis Society; and International Association
for the Study of Obesity. O consenso propõe, para o diagnóstico da SM, a presença de pelo
menos três entre os cinco fatores de risco: hipertensão arterial, intolerância à glicose ou DM,
presença de obesidade central, hipertrigliceridemia ou HDL reduzido (ALBERTI et al., 2009).
No teste de Rockport (ou de uma milha) os sujeitos foram orientados a caminhar, o
mais rápido possível, por uma distância de 1609 metros (Figura 2). Ao final da prova,
registrou-se a sua duração (minutos; cronômetro da marca Guepardo modelo OF0200) e a
frequência cardíaca do indivíduo (frequencímetro da marca e modelo Oregon Scientific HR-
102).
O volume máximo de oxigênio (VO2max), indicativo da aptidão cardiorrespiratória, foi
obtido pela equação do Rockport Walking Institute, (ROBERGS e ROBERTS, 2002), a saber:
VO2max (ml/kg/min) = 132,853 - [0,0769 x (P/0,454)] - (0,3877 x idade) + (6,3150 x sexo) -
(3,2649 x tempo) - (0,15655 x FC), onde:
43
P = peso corporal, em kg; idade, em anos completos; sexo = feminino (0), masculino (1);
tempo = duração do teste, em minutos; FC = frequência cardíaca ao final do teste, em
batimentos por minuto (bpm).
Nas Tabelas 2 e 3 apresentam-se os critérios utilizados na classificação do volume
máximo de oxigênio.
Figura 2- Execução do teste de Rockport (uma milha/1609m) por indígenas Khisêdjê, Brasil, 2011.
Tabela 3. Classificação do volume máximo de oxigênio em ml(kg/min) segundo critérios da American Heart Association para o sexo feminino
Idade Muito Fraca Fraca Regular Boa Excelente 20 – 29 < 24 24 – 30 31 – 37 38 – 48 > 49 30 – 39 < 20 20 – 27 28 – 33 34 – 44 > 45 40 – 49 < 17 17 – 23 24 – 30 31 – 41 > 42 50 – 59 < 15 15 – 20 21 – 27 28 – 37 > 38 60 – 69 < 13 13 – 17 18 – 23 24 – 34 > 35
Fonte: PITANGA, 2004
Tabela 4. Classificação do volume máximo de oxigênio em ml(kg/min) segundo critérios da American Heart Association para o sexo masculino
Idade Muito Fraca Fraca Regular Boa Excelente 20 – 29 < 25 25 – 33 34 – 42 43 – 52 > 53 30 – 39 < 23 23 – 30 31 – 38 39 – 48 > 49 40 – 49 < 20 20 – 26 27 – 35 36 – 44 > 45 50 – 59 < 18 18 – 24 25 – 33 34 – 42 > 43 60 – 69 < 16 16 – 12 23 – 30 31 – 40 > 41
Fonte: PITANGA, 2004
44
No teste de flexibilidade (sentar e alcançar – TSA / Teste de Wells e Dillon), utilizou-
se um banco construído no formato e medidas exatas do Banco de Wells (30,5 cm em todas as
laterais, havendo, em uma delas, prolongamento de 23 cm, totalizando 53,5 cm). Na lateral
“prolongada” (permaneceu voltada para o lado de cima, ou seja, oposta ao solo) fixou-se fita
métrica, de forma a quantificar (cm) o desempenho do sujeito no teste: o indivíduo sentava-se,
em uma superfície plana, de frente para o banco, com os joelhos estendidos (pernas
inteiramente alongadas), apoiando os pés no banco em flexão plantar. Nesse momento, os pés
localizavam-se abaixo do prolongamento do banco, no 23° cm da escala métrica (CARDOSO
et. al., 2007; SIGNORI et al., 2008). Ao final da projeção à frente, com os membros
superiores totalmente estendidos e com o tronco flexionado, o avaliador marcava o maior
valor (em centímetro) das três tentativas, tendo como referência a ponta dos dedos (Figura 3).
Nas Tabelas 4 e 5 apresenta-se o critério utilizado na classificação dos resultados desse teste,
segundo faixa etária.
Figura 3- Execução do teste de flexibilidade (banco de Wells) por indígena Khisêdjê, Brasil, 2011.
45
Tabela 5. Classificação da flexibilidade corporal avaliada pelo teste com o banco Wells (sexo masculino) Nível / Idade ≤ 29 anos 30 - 39 anos 40 - 49 anos 50 - 59 anos ≥ 60 anos
Excelente ≥ 40cm ≥ 38cm ≥ 35cm ≥35cm ≥ 33cm
Bom 34 – 39cm 33 – 37cm 29 – 34cm 28 – 34cm 25 – 32cm
Médio 30 – 33cm 28 – 32cm 24 – 28cm 24 – 27cm 20 – 24cm Regular 25 – 29cm 23 – 27cm 18 – 23cm 16 – 23cm 15 – 19cm
Fraco ≤ 24cm ≤ 22cm ≤ 17cm ≤ 15cm ≤ 14cm Fonte: POLLOCK e WILMORE, 1993.
Tabela 6. Classificação da flexibilidade corporal avaliada pelo teste com o banco Wells (sexo feminino)
Nível/ Idade ≤ 29 anos 30 – 39 anos 40 - 49 anos 50 - 59 anos ≥ 60 anos
Excelente ≥39cm ≥ 39cm ≥ 38cm ≥38cm ≥ 33cm
Bom 35 – 38cm 34 – 38cm 33 – 37cm 33 – 37cm 32 – 35,5cm
Médio 31 – 34cm 29 – 33cm 29 – 32cm 28 – 32cm 27 – 31cm Regular 26 – 30cm 25 – 28cm 23 – 28cm 22 – 27cm 22 – 26cm
Fraco ≤ 25cm ≤ 24cm ≤ 22cm ≤ 21cm ≤ 21cm Fonte: POLLOCK e WILMORE, 1993.
O teste de impulso horizontal foi utilizado para avaliar a força muscular de membros
inferiores. Para isso, usou-se uma trena (marca Profield 50m) para medir a distância do salto
executado e uma fita afixada ao chão, demarcando o local onde o indivíduo se posicionava
para execução. Os indivíduos foram orientados para se posicionar com os pés ligeiramente
afastados, com as pontas dos pés sobre a fita sem ultrapassá-la e com os joelhos e o tronco
semiflexionados (Figura 4). Foram executados três saltos sendo considerado apenas o melhor
deles (em metros). A classificação dos resultados encontra-se na Tabela 6 (FONTOURA et
al., 2008).
46
Figura 4- Execução do teste de força de membros inferiores (impulso horizontal) por indígenas Khisêdjê, Brasil, 2011.
Tabela 7. Classificação dos resultados do teste de impulso horizontal para avaliação de força
de membros inferiores
Classificação Resultados (expressos em metros) Fraco < 2,30
Regular 2,30 – 2,49 Bom 2,49 – 2,69
Muito bom 2,70 – 2,89 Excelente > 2,70
Fonte: CALDAS e ROCHA (1978, apud FONTOURA et al., 2008)
O teste de flexão de tronco foi utilizado para avaliar a resistência muscular localizada
de membros superiores; para isso, empregou-se o procedimento sugerido pela ACSM (2006).
O material utilizado foi um colchonete e fita adesiva. As fitas foram fixadas no solo
transversalmente ao lado do colchonete (distância de oito cm da 1ª para 2ª fita para execução
dos sujeitos com idade ≥ 45 anos; e, 12 cm da 1ª para 3ª fita para execução daqueles com
idade < 45 anos). O indivíduo deitava-se em decúbito dorsal, com joelhos ligeiramente
flexionados a 90° e com braços e dedos estendidos (Figura 5). Com os dedos posicionados em
cima da primeira fita fixada, começava a executar as abdominais compassadamente. A
execução era validada quando a ponta dos dedos percorria a distância entre as fitas
correspondente a faixa etária. O teste foi encerrado quando o avaliado executava seu maior
número de repetições ou quando completava 75 execuções.
47
A classificação quanto ao desempenho neste teste foi feita com base na proposta da
Canadian Society for Phisiology e Fitness Canada (Tabela 7). Esse critério classifica o
desempenho dos indivíduos de acordo com o número de execuções segundo sexo e faixa
etária (excelente (percentil 90); acima da média (percentil 70); média (percentil 50); abaixo da
média (percentil 30) e fraco (percentil 10); ACSM (2006)).
Figura 5- Execução do teste de resistência muscular (flexão de tronco) por indígena Khisêdjê, Brasil, 2011.
Tabela 8. Classificação da resistência muscular localizada segundo o teste de flexão de tronco (abdominal)*
Fonte: ACSM (2006) *Baseado em dados de Canadian Standardized Test of Fitness Operations Manual 3rd ed. Ottawa: Canadian Society for Phisiology em cooperação com Fitness Canada, Governo do Canadá, 1986. Os sguintes valores podem ser usados como descritores para as taxações com percentis; bem acima da média (90). Acima da média (70), média (50); abaixo da média (30) e bem abaixo da média (10). M = sexo masculino; F = sexo feminino.
O teste de flexão de braço foi empregado para avaliar a resistência muscular localizada
de membros superiores. Adotou-se o critério e protocolo do CSTF (Canadian Standardized
Idade 20 -29 anos 30 -39 anos 40 - 49 anos 50 -59 anos 60-69 anos
Percentil-Sexo M F M F M F M F M F
90 75 70 75 55 75 50 74 48 53 50 80 56 45 69 43 75 42 60 30 33 30 70 41 37 46 34 67 33 45 23 26 24 60 31 32 36 28 51 28 35 16 19 19 50 27 27 31 21 39 25 27 9 16 13 40 24 21 26 15 31 20 23 2 9 9 30 20 17 19 12 26 14 19 0 6 3 20 13 12 13 0 21 5 13 0 0 0 10 4 5 0 0 13 0 0 0 0 0
48
Test of Fitness, apud MORROW et al., 2003). O posicionamento e execução diferem entre os
sexos. As mulheres apoiavam os joelhos e mãos no solo, e os homens apoiavam as pontas dos
pés (Figura 6). Com braços ligeiramente à frente, distantes um do outro acompanhando a
amplitude dos ombros e com cotovelos estendidos, executavam o maior número de repetições
até a exaustão. Uma execução completa correspondia a um movimento onde os cotovelos
eram flexionados (cotovelo a 90° aproximadamente) e se estendiam completamente,
conforme descrição da CSTF. A classificação no teste ocorreu mediante o número de
repetições executadas segundo sexo e faixa etária (Tabelas 8 e 9).
Figura 6- Execução do teste de resistência muscular (flexão de braço) por indígena Khisêdjê, Brasil, 2011.
Tabela 9. Classificação dos resultados do teste de flexão de braço para avaliação da resistência muscular localizada no sexo masculino
dade Excelente Média + Média Média - Fraco
15 – 19 + 39 29 a 38 23 a 28 18 a 22 - 17 20 – 29 + 36 29 a 35 22 a 28 17 a 21 - 16
30 – 39 + 30 22 a 29 17 a 21 12 a 16 - 11
40 – 49 + 22 17 a 21 13 a 16 10 a 12 - 09
50 – 59 + 21 13 a 20 10 a 12 07 a 09 - 06
60 – 69 + 18 11 a 17 08 a 10 05 a 07 - 04 Fonte: NIEMAN (1995, apud MORROW et al., 2003)
49
Tabela 10. Classificação dos resultados do teste de flexão de braço para avaliação da resistência muscular localizada no sexo feminino
Idade Excelente Média + Média Média - Fraco
15 – 19 + 33 25 a 32 18 a 24 12 a 17 - 11
20 – 29 + 30 21 a 29 15 a 20 10 a 14 - 09
30 – 39 + 27 20 a 26 13 a 19 08 a 12 - 07 40 – 49 + 24 15 a 23 11 a 14 05 a 10 - 04
50 – 59 + 21 11 a 22 07 a 10 02 a 06 - 01
60 – 69 +17 12 a 16 05 a 11 02 a 04 - 01 Fonte: NIEMAN (1995, apud MORROW et al., 2003)
O nível de atividade física segundo o número de passos/dia foi medido em três dias
consecutivos por meio do pedômetro. Iniciava-se a avaliação calculando o tamanho médio do
passo do avaliado; o equipamento (pedômetro) da marca Geonaute (distância F100) foi
colocado ao lado direito da cintura. O sujeito foi orientado para retirá-lo apenas para dormir e
para o banho. A cada 24 horas o número de passos dado era registrado (Figura 7) ( TUDOR-
LOCKE et al., 2005; MATSUDO e ARAÚJO, 2008; GZGIK, 2010; SANTOS et. al., 2010).
A classificação do nível de atividade física segundo o número de passos/dia (média de
três dias) foi feita segundo a proposta de TUDOR-LOCKE et al. (2004), ou seja: < 5.000
passos/dia – sedentários, de 5.000 a 7.499 passos/dia - baixo ativos, de 7.500 a 9.999
passos/dia - pouco ativos (mínimo satisfatório), de 10.000 a 12.499 passos/dia - plenamente
ativos e, ≥ 12.500 passos/dia ou mais - muito ativos.
Com o objetivo de realizar uma avaliação mais abrangente do desempenho dos
indígenas nos testes físicos, criou-se uma variável denominada “desempenho físico global”.
Para criação desta variável utilizou-se critério próprio com base no que preconiza
FLEISHMANN (1964) sobre as capacidades físicas relacionadas ao desempenho físico global
e esportivo. Essa variável foi composta a partir dos resultados nos testes de Rockport,
flexibilidade, flexão de tronco, flexão de braço. Consideraram-se como com desempenho
físico global satisfatório aqueles indivíduos que obtiveram desempenho bom ou acima da
50
média ou excelente em, no mínimo, três testes; os demais foram classificados como com
desempenho físico global insatisfatório.
Figura 7- Verificação do número de passos/dia por meio do pedômetro em indígena Khisêdjê, Brasil, 2011.
5.4 ANÁLISE DOS DADOS
Na descrição dos dados foram utilizados medidas de tendência central e de dispersão,
para variáveis quantitativas, e porcentagens para variáveis qualitativas. A existência de
associação entre atividade física e a presença de síndrome metabólica foi avaliada pela
estatística qui-quadrado (p < 0,05) e pelas razões de prevalências (por ponto e por intervalo
com 95% de confiança). Para obtenção da razão de prevalência ajustada (por sexo e idade)
utilizou-se a regressão de Poisson. Empregou-se, para a comparação dos valores médios das
variáveis biológicas dos indivíduos segundo sexo ou idade, o teste t de Student (SNEDECOR
e COCHRAN, 1989). O programa Stata (Statacorp, 2008. Stata statistical software release 10
College Station, TX Stata Corporation) foi utilizado em todas as etapas da análise.
5.5 ASPECTOS ÉTICOS
O desenvolvimento deste estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal de São Paulo sob o parecer de número 0320/2011 (Anexo 2). Ele é um
51
subproduto do projeto intitulado Perfil Nutricional e Metabólico de Índios Khisêdjê, cujo
desenvolvimento foi anteriormente aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa
(CONEP 16105, parecer 113/2011) e pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFESP
(protocolo CEP 0760/10).
52
6 RESULTADOS
Entre os 170 indivíduos que participaram do estudo, 40% era do sexo feminino (n=68)
e 60% do sexo masculino (n=102). A média de idade foi de 38 anos (desvio padrão (dp) =
14,8 anos). Em ambos os sexos (Figura 8), observou-se maior porcentagem de indígenas na
faixa etária de 20 a 29 anos (38,2%). A distribuição dos sujeitos segundo faixas etárias foi
semelhante em ambos os sexos (p= 0,280).
Em relação à atividade física (Tabela 10), diferenças estatisticamente significantes
foram encontradas entre os valores médios de todos os testes segundo sexo (p<0,05). As
mulheres apresentaram médias superiores nos testes de flexibilidade e flexão de braço;
enquanto os homens obtiveram médias maiores nos testes de teste de uma milha, flexão de
tronco, impulso horizontal e número de passos/dia (p<0,05).
Quanto ao desempenho, observou-se que 90,7% dos indígenas apresentaram
desempenho bom ou excelente no teste de uma milha e 73% obtiveram desempenho bom ou
53
excelente no teste de flexibilidade. Nos testes de flexão de braço e tronco, 50,5% e 33,3%
foram classificados, respectivamente, com desempenho acima da média ou excelente.
Entretanto, o mesmo não ocorreu no teste de impulso horizontal, onde apenas 1,1% dos
participantes apresentaram desempenho bom. Entre aqueles que participaram da avaliação
com o pedômetro, 48,4% foram classificados como muito ativos (Figuras de 9 a 14).
A prevalência de SM foi 27,8%, sendo esta maior entre as mulheres quando
comparadas aos homens (Tabela 10, p= 0,003). Na Figura 15 pode-se observar a distribuição
dos indivíduos com SM segundo a faixa etária e sexo. Quanto aos componentes da SM, as
prevalências foram: hipertensão arterial 6,8%, intolerância à glicose 23,1%; obesidade central
37,4%, hipertrigliceridemia 43,5% e HDL-c reduzido 66,2% (Tabela 10).
54
Tabela 11. Número (ou média) e porcentagem (ou desvio padrão) de indígenas Khisêdjê segundo sexo e variáveis de interesse. Parque Indígena do Xingu, 2011. Sexo Feminino (n=68) Masculino (n=102) Total (n=170)
Variável N (ou média) % (ou desvio padrão) N (ou média) % (ou desvio padrão) N (ou média) % (ou desvio padrão) P*
Idade (anos) 40,0 15,9 36,6 13,9 38,0 14,8 0,066 Teste de 1 milha (VO2max; ml/kg/min) 46 (38,0) 7,8 94 (45,8) 6,8 140 (43,3) 8,0 <0,001 Teste de flexibilidade (banco de Wells), cm 55 (38,5) 5,1 97 (35,1) 6,6 152 (36,3) 6,3 <0,001 Teste de flexão de braço (repetições) 19 (32,4) 20,0 68 (22,9) 8,2 87 (25,0) 12,3 0,001 Teste de flexão de tronco (repetições) 18 (20,4) 22,4 70 (31,9) 17,4 88 (29,6) 19,0 0,010 Teste de impulso horizontal (metros) 24 (1,1) 0,2 69 (1,8) 0,3 93 (1,6) 0,4 <0,001 Número de passos/dia 18 (10645,9) 2915,7 46 (12977,8) 4409,0 64 (12321,9) 4159,0 0,021 Pressão arterial sistólica (mmHg) 114,6 17,3 122,7 13,4 119,5 15,5 <0,001 Pressão arterial diastólica (mmHg) 65,6 9,1 64,7 8,3 65,1 8,6 0,240 Hipertensão arterial1 Sim 5 7,8 6 6,1 11 6,8 0,676 Não 59 92,2 92 93,9 151 93,2 Glicemia em jejum (mg/dL) 90,5 9,3 92,3 7,4 91,6 8,2 0,106 Glicemia de 2 horas (mg/dL) 120,6 22,9 104,4 18,9 110,4 21,9 <0,001 Grau de tolerância à glicose2 Normal 40 67,8 80 82,5 120 76,9 <0,05 Glicemia de jejum alterada 7 11,8 12 12,4 19 12,2 Tolerância diminuída a glicose 8 13,5 3 3,1 11 7,0 Diabetes 4 6,8 2 2,0 6 3,8 Perímetro da cintura (cm) 85,2 9,2 87,1 8,1 86,3 8,6 0,082 Obesidade central3 Sim 43 67,2 18 18,2 61 37,4 <0,001 Não 21 32,8 81 81,8 102 62,6 Triglicérides (mg/dL) 157,1 101,3 186,8 126,5 177,1 117,8 0,077 Hipertrigliceridemia4 Sim 23 35,9 48 48,5 71 43,5 0,115 Não 41 64,1 51 51,5 92 56,5 HDL colesterol (mg/dL) 43,5 11,1 36,6 9,4 39,3 10,6 <0,001 HDL reduzido5 Sim 45 70,3 63 63,6 108 66,2 0,379 Não 19 29,7 36 36,4 55 33,7 Síndrome metabólica6 Sim 26 40,6 19 19,4 45 27,8 0,003 Não 38 59,4 79 80,6 117 72,2 *qui-quadrado ou t de Student 1 sim se PAS e PAD forem, respectivamente, ≥ 140 ou 90 mmHg 2 normal: GJ < 100 mg/dL e G2h < 140 mg/dL, glicemia de jejum alterada: GJ ≥ 100 mg/dL e < 110 mg/dL, G2h < 140 mg/dL, tolerância diminuída a glicose: GJ < 110 e G2h entre 140 e 199 mg/dL, diabetes: GJ ≥ 110 mg/dL ou G2h ≥ 200 mg/dL 3perímetro da cintura > 80 cm ou 94 cm, para mulheres e homens, respectivamente 4 sim se triglicérides > 150 mg/dL 5 HDL < 40 mg/dL (homens) e < 50 mg/dL (mulheres) (Alberti et al., 2009) 6 sim se o indivíduo apresenta três ou mais dos seguintes fatores de risco cardiovascular: hipertensão arterial, intolerância à glicose, obesidade central, hipertrigliceridemia ou HDL reduzido.
544
55
p=0,016
p=0,002 p=0,017
p=0,483
p=0,055
56
Ao comparar os valores médios das variáveis relativas à atividade física segundo a
presença de SM (Tabela 11), verificou-se que os indivíduos sem essa condição apresentaram
melhores resultados no teste de uma milha (p<0,001), número de passos/dia (p= 0,004) e impulso
horizontal (p= 0,018).
O número e a porcentagem de indígenas segundo a presença de síndrome metabólica e
prática de atividade física podem ser observados na Tabela 11. Indígenas sem SM apresentaram
melhor desempenho no teste de uma milha (Rockport) e na avaliação do nível de atividade física
segundo o número de passos/dia (p<0,05) quando comparados com aqueles com SM.
Na Tabela 11 (e Figura 15) pode-se verificar que entre os sujeitos com idade ≥ 30 anos, a
prevalência da SM foi estatisticamente maior que aquela observada entre os mais jovens. Além
disso, a prevalência de SM também foi estatisticamente maior no sexo feminino, em comparação
ao sexo masculino, nos sujeitos que tiveram desempenho fraco ou regular no teste de uma milha
(Rockport) em relação aqueles com desempenho excelente (Tabela 11). Situação semelhante foi
observada em relação à avaliação do nível de atividade física por meio do número de passos/dia
(com pedômetro) e entre os sujeitos classificados como sedentário/baixo ativo e pouco ativo,
quando comparados com o grupo classificado como muito ativo.
57
Em relação à variável desempenho físico global, observou-se que 52,3% dos indivíduos
obtiveram desempenho satisfatório (desempenho bom ou superior em pelo menos três dos
quatros testes físicos). Não houve diferença estatisticamente significante entre os sexos (Figura
16). Além disso, não se observou associação desta variável com a presença de SM (Tabela 11).
p= 0,580
58
Tabela 12. Número (ou média), porcentagem (ou desvio padrão) e razões entre as prevalências de variáveis de interesse segundo a presença de síndrome metabólica em indígenas Khisêdjê. Parque Indígena do Xingu, 2011.
Com síndrome metabólica
Sem síndrome metabólica
Total
Variável N (média) % (dp) N (média) % (dp) N (média) % (dp) P RP (bruta) RP ajustada* IC95% Idade (anos) 20 a 29 30 a 49 ≥ 50
6
26 13
13,3 57,8 28,9
56 39 22
47,9 33,3 18,8
62 65 35
38,3 40,1 21,6
< 0,001
1
4,1 3,8
Sexo Masculino Feminino
19 26
42,2 57,8
79 38
67,5 32,5
98 64
60,5 39,5
0,003
1
2,0
Flexibilidade (centímetro) 40 (37,3) 6,5 111 (35,9) 6,2 151 (36,3) 6,3 0,115 Impulso horizontal (metros) 17 (1,4) 0,3 75 (1,7) 0,4 92 (1,6) 0,4 0,018 Teste de uma milha, ml(kg/min) 39(36,5) 7,6 100(45,8) 6,5 139(43,2) 8,0 < 0,001 Teste de uma milha Fraco / Regular Bom Excelente
9 22 8
23,0 55,4 20,5
4 58 38
4,0
58,0 38,0
13 80 46
9,3 57,5 33,0
0,001
3,9 1,5 1
2,5 1,3 1
1,26 – 5,03 0,66 – 2,59
- Número de passos/dia Sedentário/Baixo ativo Pouco ativo Ativo Muito ativo
16 (10032,0) 2 7 3 4
3710,9 12,5 43,7 18,7 25,0
48 (13085,2) 1 9 11 27
4051,0 2,0
18,7 22,9 56,2
64 (12321,9) 3 16 14 31
4159,0 4,6 25,0 21,8 48,4
0,004 0,040
5,1 3,3 1,6 1
3,1 2,0 0,9 1
0,94 – 10,84 0,64 – 6,30 0,27 – 3,01
- Flexão de tronco Fraco /< que a média Médio Acima da média Excelente
17 (26,0) 7 5 3 2
22,6 41,1 29,4 17,6 11,7
70(30,4) 20 25 17 7
18,2 28,9 36,2 24,6 10,1
87 (29,6) 27 30 20 9
19,1 21,4 34,8
23,2 10,4
0,198 0,765
1,1 0,7 0,6 1
0,8 0,7 0,9 1
0,28 – 2,73 0,20 – 2,60 0,23 – 3,78
- Flexão de braço Fraco / < que a média Médio Acima da média Excelente
17 (24,1) 4 3 4 6
10,8 23,5 17,6 23,5 35,2
69 (25,1) 17 19 16 17
12,8 24,6 27,5 23,1 24,6
86 (24,9) 21 22 20 23
12,4 24,4 25,5 23,2 26,7
0,383 0,775
0,7 0,5 0,7 1
1,8 0,3 0,1 1
0,61 – 5,87 0,35 – 5,20 0,42 – 3,27
- Desempenho físico global Satisfatório Insatisfatório
9 9
50,0 50,0
36 33
52,2 47,8
45 42
51,7 48,3
0,869
1
1,1
1
1,7
-
0,72 – 3,82
* Ajustada por sexo e idade
58
59
7 DISCUSSÃO
No presente estudo, constatou-se que a maioria dos indígenas Khisêdjê apresentou
desempenho excelente em praticamente todos os testes físicos realizados, destacando-se, em
particular, os resultados observados nos testes de flexibilidade e de resistência cardiorrespiratória
(teste de uma milha), e também na avaliação do nível de atividade física por meio do número de
passos/dia (pedômetro). A presença de SM associou-se ao desempenho insatisfatório no teste de
uma milha e ao número de passos/dia. Média significativamente maior da distancia alcançada no
teste de impulso horizontal (metros) foi observada entre sujeitos sem síndrome metabólica em
comparação com os demais.
Pesquisas de natureza semelhante a esta já foram realizadas com populações urbanas;
entretanto, entre indígenas, elas são raras ou inexistentes. No Brasil, este é o primeiro estudo que
quantificou a prática atual de atividade física de indígenas e examinou sua relação com a
presença de SM. Se, por um lado, esse aspecto é positivo, por outro, a comparação dos achados
desta com os de outros pesquisadores é limitada.
Resultados de pesquisas epidemiológicas evidenciam a associação entre inatividade física
e maior frequência da SM. No trabalho conduzido por ELIAS et al. (2008), identificou-se o
dobro da prevalência de SM em indivíduos sedentários, em comparação com aqueles ativos
fisicamente. Essa relação também foi confirmada no presente estudo, onde maior frequência da
SM associou-se com desempenho insatisfatório nos testes físicos que avaliaram a
força/resistência muscular localizada (membros inferiores e superiores) e nível de atividade
física segundo o número de passos/dia. Esses resultados são corroborados por estudos que
investigam os benefícios da prática regular de atividade física no controle e redução da SM.
KATZMARZYK et al. (2003) observaram redução de 30% na prevalência de SM em população
60
canadense saudável após intervenção com a introdução de exercícios predominantemente
aeróbios.
É consensual que a prática regular de atividade física é de grande importância para o
controle e manutenção dos níveis pressóricos, glicêmicos, adiposidade e composição corporal,
servindo como proteção às alterações metabólicas (SANTIAGO et al., 2002; RONQUE et al.,
2007). Além disso, há evidências de que essa prática, juntamente com alimentação adequada,
pode prevenir o aparecimento de diversas DCNT (DURSTINE e HASKELL, 1994; BLAIR et
al., 1996; ERIKSSON et al., 1997; ACSM, 2001; CASTENEDA et al., 2002; GUSTAT et al.,
2002; RENNIE et al., 2003; CIOLAC e GUIMARÃES, 2004; BARROSO et al., 2008;
MEDINA et al., 2010). De forma oposta, níveis de condicionamento físico abaixo dos
parâmetros considerados adequados relacionam-se com os fatores de risco que compõem a SM
(hipertensão arterial, dislipidemia, intolerância à glicose e obesidade) (BLAIR et al., 1996;
CIOLAC e GUIMARÃES, 2004; BARROSO et al., 2008).
O aumento da prevalência de SM tem sido uma preocupação constante da comunidade
científica e das entidades ligadas à saúde, haja vista que a mesma exerce grande impacto sobre as
doenças cardiovasculares e DM (IDF, 2006; OLIVEIRA et al, 2008; PARK e LINDHOLM,
2009).
Entre populações não indígenas, existe grande variação da prevalência de SM. Países
como a Índia, apresentam valores muito abaixo do que aqueles observados na América do Norte
(8% Índia, 21% USA) (PARK e LINDHOLM, 2009). No Brasil, em estudo realizado com
trabalhadores no estado da Bahia, observou-se prevalência de 15% (FELIPE-DE-MELO et al.,
2009). PIMENTA et al. (2011), identificaram prevalência de 14,9% em estudo realizado em
comunidade rural de Minas Gerais. OLIVEIRA et al. (2006), analisando uma população com
características semelhantes, encontraram maior prevalência (30,0%). Esses estudos mostram que
a prevalência de SM pode estar relacionada a diversos fatores, mesmo em populações com
61
características socioeconômicas relativamente próximas, como é o caso dos descritos por
PIMENTA et al. (2011) e OLIVEIRA et al. (2006).
Elevadas prevalências desse agravo não são exclusividade de um grupo étnico ou racial.
Mesmo entre as populações indígenas, as prevalências parecem estar aumentando
substancialmente nas últimas décadas. No presente estudo, a SM foi diagnosticada em 27,8% dos
indivíduos. Essa porcentagem, foi maior que aquela identificada por SALVO et al. (2009)
quando estudaram esta mesma população anteriormente (21,9%). OLIVEIRA et al. (2011)
também identificaram elevada prevalência de SM entre indivíduos com idade de 18 a 69 anos da
etnia Jaguapirú, no Mato Grosso do Sul (43,4% entre as mulheres e 26,1% entre os homens). Os
achados de OLIVEIRA et al. (2011), assim como o presente trabalho, evidenciam uma situação
preocupante do quadro de SM entre as populações indígenas, no instante em que os mesmos
mostram evolução dos casos de SM entre essas populações tornando-os mais suscetíveis às
doenças cardiovasculares e DM.
Estudo realizado com nativos americanos detectou prevalências diferentes segundo o
acesso a produtos industrializados pelas diferentes populações indígenas. Entre sujeitos
residentes na região sudeste dos EUA, a prevalência foi de 43,2% e 47,0% entre homens e
mulheres respectivamente. Na população do Alasca, a prevalência foi de 26,5% entre os homens,
e 31,2% entre as mulheres (SCHUMACHER et al., 2008).
Diferentes estudos apontam para a hipótese de que o acesso a alimentos hipercalóricos
por populações indígenas está influenciando drasticamente a ocorrência de mudanças no
metabolismo e composição corporal das populações (BASIT e SHERE, 2008; SCHUMACHER
et al., 2008; PANDIT et al., 2012). Em relação aos Khisêdjê, nos últimos anos nota-se que a
alimentação também vem sendo modificada. Produtos como sal, óleo de cozinha, açúcar,
refrigerantes, bolachas, arroz e outros, estão se tornando cada vez mais comuns em algumas
62
famílias. É possível que esse fator seja um dos contribuintes para a elevada porcentagem de SM
observada entre os Khisêdjê.
Em relação à atividade física entre indígenas, existem poucos dados disponíveis na
literatura. Os estudos realizados indicam a presença de grandes desigualdades em relação a essa
prática e consequentemente em relação ao condicionamento físico desses indivíduos. Tais
disparidades, embora possam ser influenciadas pelos diversos métodos utilizados para medir
atividade física (questionários com informações sobre o tempo diário/semanal gasto para praticar
atividades; entrevistas telefônicas; avaliação do nível de atividade por meio de instrumentos
como o acelerômetro), possivelmente refletem os diferentes momentos históricos e de transição
vivenciados por cada etnia (ZURLO et al., 1992; FISCHER et al., 1999; KRISKA et al., 2003;
DUNCAN et al., 2009; FRETTS et al., 2009). A prevalência de aborígenes ativos fisicamente
varia desde 26,7% entre adultos australianos (LI et al., 2009) até 51% em mulheres e 60% em
homens na Nova Zelândia (ROSS e HAMLIN, 2007). Uma pesquisa sobre fatores de risco para
doenças crônicas identificou que 37,2% de nativos do Alaska não praticam nenhuma atividade
física no lazer (DENNY et al., 2005).
Os dados supracitados ratificam a afirmação de que os Khisêdjê apresentam condição
física satisfatória. No presente estudo, por exemplo, a média geral do VO2max (43,3 ml(kg.min))
foi semelhante à encontrada por CIRO (2003) em estudo com 369 militares do estado de Santa
Catarina (43,3 ml(kg.min)). Cabe resaltar que esses sujeitos avaliados por CIRO (2003), por
conta da profissão, possuem rotina de treinamento físico diferenciada da população civil;
evidenciando o quão importante é o resultado encontrado entre os Khisêdjê. Além disso,
independente da faixa etária ou sexo, esse resultado pode ser considerado extremamente
satisfatório, considerando os valores de referência para esse teste (ROBERGS e ROBERTS,
2002; PITANGA, 2004).
63
A porcentagem de sujeitos com desempenho excelente foi maior no sexo masculino que
no feminino (41,5% versus 17,4%). É provável que isso ocorra devido à distribuição de afazeres
na aldeia, uma vez que os homens se deslocam mais que as mulheres no dia-a-dia em tarefas
como ir ao roçado, pescar e caçar, enquanto as mulheres exercem atividades mais próximas de
casa, como artesanato, preparo dos alimentos e o cuidado com os filhos pequenos.
A aptidão cardiorrespiratória é um importante componente da AFRS à saúde. Pesquisas
indicam que níveis baixos de VO2max estão associados a maior risco de doenças crônicas não
transmissíveis (ACSM, 1996; HOOTMAN et al., 2001; GUEDES et al., 2002; GLANER, 2002).
Os valores do VO2max podem variar de acordo com a idade, sexo, peso, nível e tipo de atividade
física diária do indivíduo, ingestão de bebida alcoólica, fumo e sedentarismo (WASSERMAN et
al.,1999; ATS/ACCP, 2003; HERDY e UHLENDORF, 2011).
Quanto à capacidade funcional das articulações (componente da AFRS flexibilidade),
segundo TUBINO (1984), ARAÚJO (1987) e BARBANTI (1994) essa capacidade possibilita a
execução de quaisquer atividades físicas, sejam elas esportivas ou rotineiras, dentro da amplitude
articular que cada indivíduo possui. Pode ser ativa ou passiva, e é uma capacidade física que
varia de acordo com o sexo, idade e o estilo de vida, haja vista que se trata de um componente
treinável, caso o indivíduo adote em seu cotidiano hábitos estimulantes para o aprimoramento da
mesma (HOLLMANN e HETTINGER, 1989; DANTAS, 1995; WERLANG, 1997;
BAGRICHEVSKY, 2002).
Entre os Khisêdjê, observou-se média geral elevada no teste de flexibilidade (36,4 cm,
dp= 6,3) com 58,2% das mulheres e 35% dos homens sendo classificados com excelente
desempenho. Esses resultados se mostram satisfatórios se comparados aos observados por
PRATI e PRATI (2006) que identificaram média também elevada (40 cm) em estudo realizado
com bailarinas com mais de sete anos de experiência. Esses resultados podem estar relacionados
à posição adotada por esses indivíduos para realizar atividades como cozinhar, ralar e descascar a
64
mandioca, trabalhar com artesanato, lavar roupa, se deslocar de canoa, plantar e colher, ou
apenas sentar no chão. Todas essas atividades exigem a adoção de posturas anatômicas com
elevada amplitude articular, provavelmente incômodas para outros indivíduos, mas rotineiras
para os Khisêdjê.
A força muscular de membros inferiores é um importante componente da AFRS, sendo
necessária em toda e qualquer atividade do cotidiano (MAGALHÃES et al., 2001). O teste de
impulso horizontal foi utilizado com a finalidade de mensurar, indiretamente, a força explosiva
dos membros superiores (FONTOURA, 2008). É um teste muito utilizado devido ao seu baixo
custo e a relativa simplicidade para execução; entretanto, é mais freqüente seu uso com crianças
e jovens até os 18 anos, tendo como objetivo principal o diagnóstico da condição física para
posteriormente desenvolver um treinamento específico de força explosiva de membros inferiores
(KISS, 1987; FERNANDES FILHO, 2003; PRATI e PRATI, 2006; PEREIRA e GRAUP, 2007;
COTTA et al., 2009; LEITE et al., 2011).
PEREIRA e GRAUP (2007), avaliando jovens calouros do curso de Educação física da
Universidade Federal de Santa Maria, detectaram uma distância média de 2,05 m entre os
homens, e 1,45 m entre as mulheres no teste de impulso horizontal. LEITE et al. (2011) por sua
vez, analisando o perfil atlético de jovens do sexo masculino praticantes Le Parkour (esporte que
utiliza transposição à obstáculos naturais ou não para desenvolvimento do corpo e mente),
identificaram média de 2,53 m. Tais resultados estão muito além daqueles encontrados com a
população Khisêdjê (média= 1,66 m; dp=0,43). Não se pretende fazer comparações entre o
desempenho dos indígenas e dos estudos supracitados, haja vista que são grupos distintos. Deve-
se considerar que esse teste é geralmente empregado na mensuração da força explosiva de
membros inferiores em grupo de atletas de diversas modalidades esportivas (KISS, 1987). É
provável que este instrumento não seja o mais adequado para avaliar essa habilidade nessa
população.
65
A força/resistência muscular corresponde a um dos componentes da AFRS responsável
pela mobilidade do corpo e realização de tarefas rotineiras ou esportivas. Também promove a
sustentação do corpo possibilitando a manutenção postural. Uma condição desfavorável desse
componente pode acarretar problemas posturais, articulares, lesões no sistema músculo-
esquelético, dores localizadas e inúmeros desconfortos ao corpo (ACSM, 1996; NIEMAN, 1999;
GLANER, 2002). NIEMAN (1999) salienta que a boa condição desse componente auxilia na
qualidade de vida das pessoas em qualquer idade, inclusive daquelas pessoas com idade mais
avançada, prevenindo doenças ósseas e lesões causadas por simples acidentes, mas que podem
ter danos graves de acordo com a idade.
Os dois testes mais utilizados para avaliar a condição do componente força/resistência
muscular são os de flexão de tronco (abdominal) e de flexão de braço (HOLLOWAY, 1989;
GONÇALVES, 2006; ACSM, 2006). A baixa aptidão nesse componente pode ser considerada
um risco na medida em que a idade avança e os riscos de lesões aumentam (TINETTI e
SPEECHLEY, 1989). Entre os Khisêdjê, médias satisfatórias foram encontradas nos testes de
flexão de braço e tronco. Além disso, entre os pesquisados, 35,7% (masculino) e 23,5%
(feminino) apresentaram desempenho bom ou excelente no teste de flexão de tronco; e, 44,1%
(masculino) e 73,7% (feminino) obtiveram desempenho bom ou excelente no teste de flexão de
braço. PRATI e PRATI (2006), em estudos com jovens bailarinas, identificaram médias de 21,0
e 23,0 repetições nos testes de flexão de braço e flexão de tronco respectivamente. Segundo os
autores os resultados ficam abaixo das recomendações satisfatórias para os testes. PEREIRA e
TEIXEIRA (2006), avaliando militares de ambos os sexos da Aeronáutica, encontraram as
seguintes médias de repetições nos testes de flexão de tronco e flexão de braço: 40,7 no sexo
masculino e 28,5 repetições no sexo feminino para flexão de tronco; e, 22,0 no sexo masculino e
25,9 no sexo feminino para flexão de braço.
66
Uma alternativa que tem sido cada vez mais utilizada para avaliar o nível de atividade
física é a contagem do número de passos/dia por meio do pedômetro (TUDOR-LOCKE et al.,
2005; BENEDETTI et al., 2007; MATSUDO e ARAUJO, 2008; PORTO e JUNQUEIRA JR,
2009). Esse é um aparelho simples e relativamente barato que fica preso ao corpo do avaliado,
devendo ser retirado apenas para tomar banho e dormir. O mesmo é dotado de um sensor que
registra a distância que o sujeito percorreu (em número de passos) durante o dia, desde que o
corpo esteja em posição vertical (LAPORTE et al.,1985; OLIVEIRA e MAIA, 2001; TUDOR-
LOCKE et al., 2005; GZGIK, 2010; SANTOS et. al., 2010; OLIVEIRA et al., 2010b). TUDOR-
LOCKE et al. (2005) explicam que o número de pessoas que um adulto saudável costuma dar
por dia é cerca de 7000 a 13000. Os autores esclarecem que 30 minutos de atividade física
moderada equivalem aproximadamente de 3000 a 4000 passos apenas. Para que um indivíduo
seja considerado ativo fisicamente, segundo esse método, o mesmo deve dar pelo menos 10000
passos por dia (TUDOR-LOCKE et al., 2008). OLIVEIRA et al. (2010b), em artigo de revisão
sobre a fidedignidade e validade da utilização do pedômetro e acelerômetro entre populações de
idosos, chegaram a conclusão de que ambos os instrumentos são adequados para avaliar o nível
de atividade física. Outros autores também corroboram com a proposta de que o uso do
pedômetro constitui-se em bom instrumento para avaliar o nível de atividade em diversos grupos
e faixas etárias (LAPORTE et al.,1985; OLIVEIRA e MAIA, 2001; BENEDETTI et al., 2007).
Estudos com diferentes populações têm revelado que a média de passos diários está
abaixo dos parâmetros considerados adequados (OLIVEIRA e MAIA, 2001; TUDOR-LOCKE et
al., 2005; BENEDETTI et al., 2007; MATSUDO e ARAUJO, 2008). RICHARDSON et al.
(2008), por meio de uma meta-análise, investigaram estudos de intervenção que utilizaram o
pedômetro para avaliar o nível de atividade física e a perda de peso por meio da caminhada.
Todos os estudos analisados fizeram duas aferições do desempenho dos participantes. Na
primeira, as médias de passos/dia dos avaliados variaram de 4791 a 7029 (dp=3100). Na segunda
67
aferição, as médias foram de 7296 a 10480 (dp=3224). Apenas em dois, a média de passos estava
no limiar que considera o sujeito ativo, ou seja, ≥ 10000 passos/dia. GZGIK (2010),
investigando o nível de atividade física de professores, detectou média de passos de 6248,3
(dp=3123,99) entre os homens, e 7010,33 (dp=1479,65) passos/dia entre as mulheres.
No presente estudo, a média geral de passos/dia encontrada foi de 12321,9 com valores
superiores sendo identificados entre os homens (12977,8) em comparação às mulheres
(10645,9). Essas médias classificam ambos os sexos como plenamente ativos (TUDOR-LOCKE
et al., 2004). Tais resultados se mostram superiores aos encontrados entre os estudos referidos
acima.
Em relação à diferença observada entre os sexos, alguns estudos identificam maior média
de passos/dia entre homens, e outros entre mulheres (TUDOR-LOCKE et al. 2004; MATSUDO
e ARAUJO, 2008; TUDOR-LOCKE et al., 2008; PORTO e JUNQUEIRA JR, 2009; GZGIK,
2010); entretanto, em nenhum dos estudos identificou-se médias iguais às encontradas entre a
população Khisêdjê. É importante ressaltar, que tais valores podem estar subestimados, pois se
percebeu que alguns indivíduos esqueciam o uso do equipamento em alguns momentos, e outros
sujeitos o retiravam quando iam pescar. Além disso, alguns possuem bicicletas, cujo uso é
bastante freqüente, o que também pode subestimar substancialmente o número de passos do
indivíduo no dia. Apesar disso, não há dúvidas que a condição física favorável observada nesse
teste reflete o modo de vida desse povo.
É possível que esses indivíduos tivessem, há décadas atrás, um condicionamento físico
superior ao que foi revelado neste estudo. Sabe-se que a rotina física de trabalho e afazeres atual
da maioria desses sujeitos se modificou, com a incorporação de alguma tecnologia (motor de
barco, carro, por exemplo). Além disso, alguns já possuem trabalho remunerado na própria
aldeia (agentes de saúde, professores, entre outros), o que pode refletir na saúde dos mesmos
sobre dois aspectos: o primeiro está relacionado à diminuição da atividade física, e, o segundo
68
relaciona-se ao aumento do poder de compra e consumo de alimentos industrializados desses
indivíduos.
O fato dos Khisêdjê não terem tido desempenho tão satisfatório nos teste de força e
resistência de membros inferiores e superiores (impulso horizontal, flexão de tronco e de braço),
quando comparados aos seus próprios testes de flexibilidade, resistência cardiorrespiratória e
nível de atividade física (banco de Wells, uma milha, pedômetro), pode estar relacionado com a
familiarização da técnica adequada para a execução dos mesmos. Sabe-se que os testes em
questão exigem não apenas boa condição atlética do componente em questão, mas, sobretudo
técnica apropriada. Portanto, essa pode ter sido uma limitação deste estudo que talvez tenha
subestimado os resultados nesses testes.
Outra limitação, diz respeito à possibilidade do nível de atividade física, principalmente
entre as mulheres, ter sido subestimada. Muitas atividades executadas pelas mulheres são feitas
em posição sentada ou de cócoras (fazendo os alimentos, artesanatos, lavando roupas,
descascando e ralando a mandioca). Essas atividades demandam um tipo de movimento físico e
gasto energético não captado pelo pedômetro.
Apesar das limitações, este estudo se destaca pelo pioneirismo de desenvolver uma
pesquisa com esse desenho em populações indígenas. Esse estudo possibilitou, pela primeira vez
em nosso meio, quantificar a condição física de indígenas. Além disso, possibilitou verificar a
relação da condição física com a prevalência de SM em indígenas, visto até então apenas em
população não indígena.
69
8 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo, foi possível constatar que apesar da alta prevalência de SM e de seus
componentes, os Khisêdjê ainda estão em condição física satisfatória, em sua maioria. Além
disso, o menor nível de atividade física e desempenho inferior nos testes físicos foram associados
com maior prevalência da síndrome metabólica. Esses resultados enfatizam a etiologia
multicausal das DCNT e indicam que esses agravos estão se tornando uma ameaça à saúde e
qualidade de vida desse povo.
Devido à ausência de estudos que avaliam a condição física e sua relação com a SM em
população indígenas, não foi possível fazer comparações. Entretanto, foi possível constatar o
bom desempenho físico dos mesmos por meio dos parâmetros estabelecidos na literatura. A
associação entre a presença de SM e nível insatisfatório de condicionamento físico identificada
neste estudo corrobora com os resultados de outros estudos realizados em populações não
indígenas, constituindo mais uma evidência de que o sedentarismo (ou condição física abaixo do
recomendado) é um fator de risco aos componentes da SM.
Mesmo com algumas limitações, este estudo pode ser considerado como parâmetro na
medida em demonstrou que a avaliação do condicionamento físico de indígenas é factível,
mesmo se a população em questão não tenha tido contato com técnicas de execução nos referidos
testes. Os métodos, técnicas e testes aqui utilizados podem ser reproduzidos em estudos com
outras etnias.
70
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10 ANEXOS
Anexo 1
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Universidade Federal de São Paulo Departamento de Medicina Preventiva
Projeto Khisêdjê, 2010-2011 Gestante ( ) Jejum ( ) Coleta de sangue ( ) Antropometria ( ) Exame físico ( ) Impedância/Calorimetria ( ) Atividade física 1 ( ) Atividade física 2 ( )
Preencher com letra de forma
Número da casa � � Dados gerais – FICHA INDIVIDUAL
1. Número do registro: � � � � � � 2. Nome: _____________________________________________________________________________
3. Aldeia (0) NGOJWERE (1) ROPTOTXI (2) NGOSOKO (3) HURAHOSSINKÔ �
4. Etnia _______________________________ �
5. Data ________ / ________ / ____________ � � /� � /� � � �
6. Sexo Feminino Masculino �
7. Data de nascimento ________ / ________ / ____________ � � /� � /� � � �
Exames bioquímicos 8. Glicose de jejum (GJ)
___________________________ mg/dL � � � � 9. Horário da coleta (GJ)
________________________________ h � :� � 10. Glutol Não
Sim � 11. Hemoglobina
___________________________ mg/dL � � ,� � 12. Glicose de 2 horas
___________________________ mg/dL � � � � Antropometria
13. Peso corporal _________________, ___________ kg _________________, ___________ kg
� � � ,� � � � � ,� �
85
14. Altura (comprimento) _________________, ___________ cm _________________, ___________ cm
� � � ,� � � � ,�
15. Perímetro da cintura: ___________________, __________cm ___________________, _________ cm
� � � ,� � � � ,�
16. Perímetro do quadril ___________________, _________ cm ___________________, _________ cm
� � � ,� � � � ,�
17. Perímetro do braço
___________________, _________ cm ___________________, _________ cm � � ,�
� � ,� Pressão arterial
18. Pressão sistólica
___________________________ mmHg � � �
19. Pressão diastólica
___________________________ mmHg � � �
20. Pressão sistólica
___________________________ mmHg � � �
21. Pressão diastólica
___________________________ mmHg � � �
22. Pressão sistólica
___________________________ mmHg � � �
23. Pressão diastólica
___________________________ mmHg � � �
Exame físico
24. Gestante
Não
Sim �
25. Se sim, há quanto tempo? ___________________________
semanas ou data última menstruação � � �
26. Achados do exame físico
86
Calorimetria indireta (para não grávidas) 27. Volume de oxigênio inspirado
______________________________ � � � � 28. Volume de oxigênio expirado
______________________________ � � � � 29. Consumo de oxigênio (VO2)
______________________________ � � � � 30. Taxa metabólica de repouso
______________________________ � � � � ,� Impedância bioelétrica (para não grávidas)
31. Reactância: ______________________________ � � � ,�
32. Resistência: _______________________________ � � � ,�
33. % Água ______________________________ � �
34. % Massa Magra ______________________________ � �
35. % Massa Gorda ______________________________ � �
87
Atividade Física (para não grávidas) 37. Tempo do teste de uma
milha
___________________ minutos � � :� � 38. Frequência cardíaca (teste
1 milha)
___________________ bpm � � � 39. Pedômetro (horário)
________ h ________ m � � :� � 40. Pedômetro (dia 1)
____________________ � � � � � 41. Dia da semana (dia 1) ( 0) 2ª feira ( 1 ) 3ª feira
( 2 ) 4ª feira ( 3 ) 5ª feira ( 4 ) 6ª feira ( 5 ) sábado ( 6 ) domingo
� 42. Pedômetro (dia 2)
____________________ � � � � � 43. Dia da semana (dia 2) ( 0) 2ª feira ( 1 ) 3ª feira
( 2 ) 4ª feira ( 3 ) 5ª feira ( 4 ) 6ª feira ( 5 ) sábado ( 6 ) domingo
� 44. Pedômetro (dia 3)
____________________ � � � � � 45. Dia da semana (dia 3) ( 0) 2ª feira ( 1 ) 3ª feira
( 2 ) 4ª feira ( 3 ) 5ª feira ( 4 ) 6ª feira ( 5 ) sábado ( 6 ) domingo
� 46. Teste de flexibilidade
____________________ cm
____________________ cm
� � ,� � � ,�
Exames bioquímicos 47. Colesterol total
___________________________ mg/dL � � � � 48. Triglicérides
___________________________ mg/dL � � � � 49. HDL
___________________________ mg/dL � � � � 50. LDL
___________________________ mg/dL � � � � 51. Ácido úrico
___________________________ mg/dL � � ,� 52. Creatinina
___________________________ mg/dL 53. Leptina
___________________________
� � � � 54. Adiponectina
___________________________ � � � � 55. PCR
___________________________
� � � �
88
Universidade Federal de São Paulo Departamento de Medicina Preventiva
Projeto Khisêdjê 2010-2011
Preencher com letra de forma FICHA DO DOMICÍLIO
1. Nome (s) do (s) informante (s): _________________________________________________________
2. Aldeia (0) NGOJWERE (1) ROPTOTXI
(2) NGOSOKO (3) HURAHOSSINKÔ � 3. Etnia
_______________________________ � 4. Data
________ / ________ / ____________ � � /� � /� � � � 5. Sexo Feminino
Masculino � Condição sócio-econômica
6. Número da casa ___________________________ � �
7. Chefe da casa ________________________________
____________________
______ 8. No. Moradores
___________________________ � � 9. Número de pessoas com atividade remunerada (ou
aposentadoria)
___________________________ � �
10. Tipo de atividade remunerada
� � � � � � � �
89
� � � � 11. Renda total (atividade
remunerada) R$ __________________,__________
� � � � ,� � 12. Carro (0) Não
(1) Sim � 13. Motocicleta (0) Não
(1) Sim � 14. Bicicleta (0) Não
(1) Sim � 15. Trator (0) Não
(1) Sim � 16. Moto serra (0) Não
(1) Sim � 17. Motor de barco (0) Não
(1) Sim � 18. Televisão (0) Não
(1) Sim � 19. Aparelho de som (0) Não
(1) Sim � 20. Computador (0) Não
(1) Sim � 21. Máquina fotográfica (0) Não
(1) Sim � 22. Fogão a gás (0) Não
(1) Sim � 23. Telefone celular (0) Não
(1) Sim � 21. DVD (0) Não
(1) Sim � 22. Filmadora (0) Não
(1) Sim � 23. Antena parabólica (0) Não
(1) Sim � 24. Energia solar (0) Não
(1) Sim � 25. Rádio (0) Não
(1) Sim �
Consumo habitual de alimentos Pergunta que o inquérito visará responder: Qual é a interferência dos alimentos industrializados na transição epidemiológica e nutricional dos Khisêdjê? Hipótese: Supõe-se que a introdução de alimentos industrializados na sociedade Khisêdjê tenha gerado uma desordem alimentar por não obedecer a regras fundamentadas em experiências anteriores, e que esteja contribuindo para o aumento da obesidade e o aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis como o diabetes e a hipertensão. Para comprovar esta hipótese serão levantadas informações sobre:
1. Consumo alimentar – rotina diária:
90
1.1. Tipos de alimentos – provenientes da roça, caça, pesca, coleta, criação de animais, comprados – industrializados ou não;
1.2. Preparo dos alimentos – quem prepara? Como prepara? Aonde os alimentos são preparados? Que tipo de combustível se usa para o preparo dos alimentos? Quem distribui? Quem come primeiro (hierarquia)? Onde comem? Como comem (utensílios)? Metodologia Neste momento a investigação deverá ser realizada com a participação de agentes indígenas de saúde ou outro interlocutor, como um professor indígena ou liderança. Visita e acompanhamento da rotina diária nas casas. Elaboração de um mapa da aldeia com a nomeação dos responsáveis pelas casas, junto com os agentes de saúde. Elaboração de um calendário alimentar, junto com os agentes de saúde. Aspectos do consumo alimentar a serem investigados por observação e questionamento:
1) TIPOS DE ALIMENTOS Produtos da Roça: Distâncias entre as casas investigadas e suas respectivas roças; Número de roças por casa/famílias; Posse das roças por casas; Meios de transporte utilizados/ locomoção; Tipos de alimentos cultivados, inclusive temperos como pimenta, etc. ; Quem planta/colhe/transporta e como transporta; Freqüência com que vão às roças; Alimentos procedentes de roças de outros povos; Existe excedente? Existe venda de produtos da roça? Qual é a medida de venda? Esta venda compromete a alimentação da família? Em que momentos? Coleta: Tipos de alimentos coletados, frutas, temperos, formigas, gafanhotos, outros insetos, ovos de tracajá, sal (aguapé); Roteiros percorridos na coleta dos diferentes alimentos/ avaliação das distâncias; Freqüência das coletas; Quem/quando/transporte. Pesca: Disponibilidade – lagoa/ rios, outros; O que pescam e onde; Freqüência das pescas; Classificação e hierarquia dos peixes; Sabores e odores; Preferências do ponto de vista da saúde – indicações: para que/quando; Ocasiões de festividades; Interdições; Como são tratados os peixes. Como está hoje a disponibilidade de pescado? Sofreu alguma alteração nos últimos anos? Qual? Existe escassez de pescado em algum momento do ano? Em que situações? Caça: Disponibilidade/ onde? Estimativa das distâncias Freqüência das caçadas/ quando caçam/ periodicidade; O que caçam - hierarquia/classificação/preferências; Quem caça? Como caçam? Calendário por tipo de caça; Tratamento Como está hoje a disponibilidade da caça? Sofreu alguma alteração nos últimos anos? Qual? Existe escassez de caça em algum momento do ano? Em que situações? Outros alimentos industrializados ou não: Como se dá o acesso aos alimentos industrializados? Compra/doação/distribuição; Quais são os componentes das “cestas de alimentação” que chegam das áreas urbanas nas aldeias? – tipos de alimentos e + outros produtos como sabonetes, shampoo, fraldas, sabão, fósforos, bebidas alcoólicas, refrigerantes, etc...;
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Preferências – produtos mais comprados? Procedências Criação de animais: Existe criação de algum animal? Como foi introduzida? Quais são as regras para o seu uso? Quem cuida da criação? Existe algum incentivo/recurso/projeto destinado à criação de animais?
2) PREPARO DOS ALIMENTOS Como são ingeridos: assados/cozidos/crus; Quem prepara; Quem está proibido de preparar (mulher menstruada ou parida/homens em algumas condições); Onde é feito o preparo (dentro/fora de casa); Como são preparados; Se existe acréscimo de elementos externos à cultura tradicional no preparo dos alimentos; Quem serve os alimentos e hierarquia da distribuição; Onde e como comem: sentados em bancos/rede/solo – com a mão/talheres, em cuias, pratos, folhas..; Horários das refeições (se existem);
3) REGRAS RELACIONADAS À ALIMENTAÇÃO INTRA E EXTRA DOMICILIAR – CIRCULAÇÃO DOS ALIMENTOS ENTRE AS CASAS – DESCREVER. 4) REGRAS DA ALIMENTAÇÃO NAS DIFERENTES FASES DA VIDA, NO ADOECIMENTO E NAS CERIMÔNIAS.
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