governadora marca presença em jantar dos economistas · ano xiii, no 53 setembro/2007 Órgão...

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Ano XIII, n o 53 Setembro/2007 Órgão oficial do Conselho Regional de Economia (CORECON/RS) - 4 a Região - Rio Grande do Sul Governadora marca presença em jantar dos economistas Universitário de Pelotas vence a IV Gincana de Economia Página 3 Economistas debatem as desigualdades regionais no RS Páginas 4 e 5 A Economia da Cultura e sua interrelação com os bens culturais Página 7 Um olhar sobre a produção leiteira na região Noroeste do Estado Página 8 s atenções de quem estava no Hotel Plaza São Rafael na noite do dia 13 de agosto voltaram-se para a presença da governadora Yeda Crusius que fez questão de participar do jantar organizado pelo CORECON/RS para comemorar o Dia do Econo- mista. Um número significativo de economistas também compareceu ao principal evento da semana, que marcou a comemoração dos 56 anos da assinatura da Lei 1411, que regulamentou o exercício profissional de Economia no país. O presidente do Conselho, José Luiz Amaral Machado, deu às boas-vindas para a chefe do Exe- cutivo estadual. Também econo- mista, Yeda Crusius, destacou a relevância da atuação do CORE- CON/RS na legitimação profissio- nal. Ela parabenizou pela passagem da data e se disse feliz de poder jan- tar em meio a colegas de profissão. Confira a comemoração no interior do Estado na página 3. A Monografias serão premiadas dia 5 de dezembro O Conselho Regional de Eco- nomia do RS (CORECON/RS) encerrou no dia 13 de setembro (prazo que já havia sido prorro- gado) a inscrição para os trabalhos do XXI Prêmio Conselho Regional de Economia nas modalidades Monografias e Artigos Técnicos ou Científicos. A entrega da premiação está confirmada para o dia 5 de dezembro no Salão de eventos do Hotel Plaza São Rafael. A iniciativa tem o objetivo de premiar os melhores trabalhos de conclusão dos alunos que termi- naram o curso de graduação em Ciências Econômicas no Estado. Este ano, o CORECON/RS lançou a modalidade Artigos Técnicos ou Científicos. Poderão ser inscritos nesta modalidade, tra- balhos de profissionais devidamente registrados no CORENCON/RS. Na modalidade Monografias de Gra- duação de Curso poderão ser ins- critos os trabalhos de formandos ou formados registrados no CO- RECON/RS, devendo os orien- Governadora prestigiou jantar organizado pelo CORECON/RS Foto: Maria Helena Ramos tadores que não possuem registro em razão de graduação em outra área, comprovar juntamente com a documentação para a inscrição dos trabalhos, pós-graduação stricto sensu em Ciências Econômicas através de cópias do diploma do título, respectivo. Além do registro, autores e orientadores também deverão estar em dia com suas anuidades no Conselho. Os vencedores receberão prê- mios de R$ 1.000,00 a R$ 2.500,00, além de menções honrosas. Contexto Econômico okok.pmd 21/9/2007, 11:03 1

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Page 1: Governadora marca presença em jantar dos economistas · Ano XIII, no 53 Setembro/2007 Órgão oficial do Conselho Regional de Economia (CORECON/RS) - 4a Região - Rio Grande do Sul

Ano XIII, no 53

Setembro/2007

Órgão oficial do Conselho Regional de Economia (CORECON/RS) - 4a Região - Rio Grande do Sul

Governadora marca presença

em jantar dos economistas

Universitário

de Pelotas vence

a IV Gincana

de Economia

Página 3

Economistas

debatem as

desigualdades

regionais no RS

Páginas 4 e 5

A Economia da

Cultura e sua

interrelação com

os bens culturais

Página 7

Um olhar sobre a

produção leiteira

na região Noroeste

do Estado

Página 8

s atenções de quem estava

no Hotel Plaza São Rafael na

noite do dia 13 de agosto

voltaram-se para a presença da

governadora Yeda Crusius que fez

questão de participar do jantar

organizado pelo CORECON/RS

para comemorar o Dia do Econo-

mista. Um número significativo de

economistas também compareceu

ao principal evento da semana,

que marcou a comemoração dos

56 anos da assinatura da Lei 1411,

que regulamentou o exercício

profissional de Economia no país.

O presidente do Conselho, José

Luiz Amaral Machado, deu às

boas-vindas para a chefe do Exe-

cutivo estadual. Também econo-

mista, Yeda Crusius, destacou a

relevância da atuação do CORE-

CON/RS na legitimação profissio-

nal. Ela parabenizou pela passagem

da data e se disse feliz de poder jan-

tar em meio a colegas de profissão.

Confira a comemoração no

interior do Estado na página 3.

A

Monografias serão premiadas dia 5 de dezembro

O Conselho Regional de Eco-

nomia do RS (CORECON/RS)

encerrou no dia 13 de setembro

(prazo que já havia sido prorro-

gado) a inscrição para os trabalhos

do XXI Prêmio Conselho Regional

de Economia nas modalidades

Monografias e Artigos Técnicos ou

Científicos. A entrega da premiação

está confirmada para o dia 5 de

dezembro no Salão de eventos do

Hotel Plaza São Rafael.

A iniciativa tem o objetivo de

premiar os melhores trabalhos de

conclusão dos alunos que termi-

naram o curso de graduação em

Ciências Econômicas no Estado.

Este ano, o CORECON/RS

lançou a modalidade Artigos

Técnicos ou Científicos. Poderão ser

inscritos nesta modalidade, tra-

balhos de profissionais devidamente

registrados no CORENCON/RS. Na

modalidade Monografias de Gra-

duação de Curso poderão ser ins-

critos os trabalhos de formandos ou

formados registrados no CO-

RECON/RS, devendo os orien-

Governadora prestigiou jantar

organizado pelo CORECON/RS

Foto: Maria Helena Ramos

tadores que não possuem registro

em razão de graduação em outra

área, comprovar juntamente com

a documentação para a inscrição

dos trabalhos, pós-graduação stricto

sensu em Ciências Econômicas

através de cópias do diploma do

título, respectivo. Além do registro,

autores e orientadores também

deverão estar em dia com suas

anuidades no Conselho.

Os vencedores receberão prê-

mios de R$ 1.000,00 a R$ 2.500,00,

além de menções honrosas.

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Presidente

José Luiz Amaral Machado

Vice-Presidente

João Batista Soligo Soares

Conselheiros

Alejandro Kuajara Arandia, Ário

Zimmermann, Daniel Menezes Gil, Eloni

José Salvi, Fernando da Silva Ramos Filho,

Geraldo Pinto Rodrigues da Fonseca,

Heron Sergio Moreira Begnis, Jane Rosiclei

Pinheiro, Joal de Azambuja Rosa, José

Nosvitz Pereira de Souza, Judite Sanson

De Bem, Lauro Nestor Renck, Maria

Heloísa Lenz, Ricardo Englert, Rubens

Salvador Bordini e Silvia Horst Campos

Gerência Executiva

Helena Edi Cruz

Fiscalização de Exercício

Profissional

Antônio Pedro Hickmann

Delegacias do Corecon-RS

Lajeado, Passo Fundo, Pelotas

e Representação em Ijuí

Sede do Corecon-RSRua Siqueira Campos, 1184, 601/606

CEP 90010-001 - Porto Alegre - RS

Fones (51) 3254-2600 - 3254-2601

E-mail: [email protected]

Site: www.coreconrs.org.br

skype: corecon-rs

Conselho Editorial

• Flavio Pompermayer

• José Luiz Amaral Machado

• Judite Sanson De Bem

• Maria Heloísa Lenz e

• Sabino da Silva Porto Junior •

Colaboração

• José Nosvitz •

Jornalistas responsáveis

Contexto Econômico e

Coluna Economia em Dia:

Elaine Carrasco - Reg. Prof. 7535

Assessoria de Imprensa:

Janice Benck -

Reg. Prof. 7376

Diagramação

• Solo Editoração e Design Gráfico

• Periodicidade: bimestral

• Tiragem 5 mil exemplares

• Fotolitos e Impressão Dolika

Conselho Regional de Econo-

mia do RS experimentou

dupla satisfação no dia 13 de

agosto de 2007: a comemoração do

dia do economista, também ani-

versário da regulamentação da

categoria, e a presença da Econo-

mista Ano de 2006 e governadora do

Estado, Yeda Crusius.

No bimestre julho-agosto o

CORECON/RS também esteve

envolvido em diversas atividades de

promoção e valorização dos eco-

nomistas com destaque para o lan-

çamento do XXI Prêmio Monografia

e Artigos Técnicos e Científicos e da

IV Gincana de Economia. O pri-

meiro, muito aguardado pela comu-

nidade acadêmica e científica do

Estado, por ser considerado um dos

maiores estímulos aos estudantes de

economia e agora, também, para os

já economistas; e o segundo, pelo

seu caráter inovador e lúdico, como

mostram as adesões sempre cres-

centes de estudantes ao mesmo.

Além disto, o Conselho teve desta-

cada participação no XII Enesul, nos

Reprodução de textos e artigos somente com autorização do

editor ou desde que mencionada a fonte. Os artigos publicados

não traduzem, necessariamente, a opinião do jornal e são de

inteira responsabilidade de seus autores. Os textos que

excederem as especificações serão editados de acordo com o

espaço disponível.

Atividades no mês do economista

O

O presidente do CORECON/RS,

José Luiz Amaral Machado, liderou

a comitiva gaúcha que marcou

presença em Florianópolis (SC) para

prestigiar o XII Encontro dos Econo-

mistas da Região Sul (Enesul), nos

dias 9 e 10 de agosto.

Esta edição do evento destacou o

tema A Competitividade Global e o

Papel do Economista e transformou-

Economistas gaúchos prestigiam XII Enesul

se num importante fórum de discus-

são dos assuntos que têm pautado o

debate econômico em nível regional,

nacional e internacional.

O encontro reuniu renomados eco-

nomistas como Leandro Antônio de

Lemos, mestre em economia, que re-

presentou o CORECON/RS; Moisés

Farah Júnior e Maria Teresa Busta-

mante.

Metas para registros e fiscalização

Com o objetivo de melhorar a qua-

lidade de gestão, o Conselho Regional

de Economia do RS (CORECON/RS) está

trabalhando com metas quantitativas

e qualitativas para registros e fiscali-

zações. De janeiro a julho de 2007 foram

registrados 206 novos profissionais,

outros 180 – oriundos das universi-

dades – devem passar a integrar o ca-

dastro até o final do ano, e cerca de 40

novos registros devem surgir no perío-

do, a partir da atuação da fiscalização.

Encontro Brasileiro de Perícia

O economista Fabiano de Almeida

Pires esteve representando o

CORECON/RS no I Encontro Brasileiro

de Perícia Econômico-Financeira, no

Rio de Janeiro, de 31 de agosto a 1º de

setembro. O evento foi promovido pelo

Conselho Federal de Economia e os

Conselhos de Economia do Paraná e

São Paulo com o objetivo de debater

temas ligados à perícia.

dias 9 e 10 de agosto em Florianó-

polis, onde se debateu com sucesso

o tema: A Competitividade Global e o

Papel do Economista.

Sempre com o objetivo de trazer

matérias de temas relevantes e esti-

mulantes para os economistas, neste

número o Contexto traz na Seção

Debate duas interessantes contribui-

ções sobre a questão das desigual-

dades regionais e a questão espacial.

Os economistas Nali de Souza e

Carlos Paiva ao desenvolver o tema

trazem importantes reflexões teóricas

sobre o assunto, assim como resul-

tados de pesquisas para o Rio Grande

do Sul. Dentro da idéia da diver-

sificação e de novas informações so-

bre produtos tradicionais gaúchos,

na seção Opinião, o economista João

Carlos Severo Corrêa apresenta as

recentes transformações por que pas-

sou a cadeia produtiva do setor leitei-

ro na região do noroeste do Estado.

Acredita-se que este número do

Contexto traga questões instigantes,

além de sua função tradicional de

informação para os economistas.

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iversas atividades foram

realizadas pelo Conselho

Regional de Economia do RS

no interior do Estado para co-

memorar o Dia do Economista em

agosto. A data, 13, marcou o início

de uma programação diversificada

voltada aos profissionais e

acadêmicos que se preparam para o

mercado de trabalho. Confira as

atividades realizadas no interior e

que foram prestigiadas por

representantes do CORECON/RS.

Pelotas – A delegacia de Pelotas

organizou na Semana do Econo-

mista a palestra “A Silvicultura

como Veículo de Desenvol-

vimento Social, Econômico e Am-

biental Sustentável”, que ficou a

cargo da economista Maria Fer-

nanda Cavalieri de Lima Santin, no

dia 13 de agosto.

Lajeado – A palestra promo-

vida pela delegacia regional do

CORECON/RS no município versou

sobre a “Introdução ao Mercado de

Interior comemora Dia do Economista

D

O acadêmico de Economia Ever-

ton Peres da Silva, da Universidade

Católica de Pelotas (UCPel), venceu

a IV Gincana de Economia com o

jogo “Crescimento Econômico com

Estabilidade”, no dia 28 de julho.

A iniciativa, promovida pelo

CORECON/RS, consistiu na to-

mada de decisão virtual em três

diferentes níveis de dificuldades,

estimulando a prática da gestão

Acadêmico da UCPel vence IV Gincana de Economia

macroeconômica entre os partici-

pantes. Everton foi premiado com

um notebook.

O segundo lugar ficou com Pedro

Henrique de Morais Campetti, da

Unisinos, premiado com uma

máquina fotográfica digital e, o

terceiro colocado, foi Luis Henrique

Penha, da Universidade Federal de

Santa Maria (UFSM), que recebeu

uma calculadora HP 12C.

Capitais”, no dia 16.

Foram palestrantes Andress da

Rocha Barão e Guilherme Reis.

Caxias do Sul – As ações

comemorativas no município tiveram

início no dia 14 de agosto com uma

reunião-almoço com economistas da

região e representantes da Associação

dos Economistas da Serra Gaúcha

(Ecoserra), seguida pelo I Workshop

Sobre a Profissão de Economista. O

evento foi realizado na Universidade

de Caxias do Sul (UCS).

Canoas – Um dos momentos altos

da programação foi a palestra do

economista do BNDES, cedido ao

Instituto de Pesquisa Econômica

Aplicada (IPEA), Fábio Giambiaggi,

que falou sobre o tema “O PAC e as

Reais Perspectivas de Crescimento

Econômico do Brasil: uma visão

exógena ao sistema”, realizada no dia

15 de agosto, na Unilasalle.

Santa Maria – O presidente do

Conselho Regional de Economia do

RS, José Luiz Amaral Machado, foi o

palestrante no dia 17 de agosto, em

Santa Maria. Ele abordou o tema “O

Papel do Economista na Sociedade do

Século XXI”. O evento foi realizado

durante a IV Semana Acadêmica do

Economista promovida pelo curso de

Economia da Unifra, com o objetivo

de abordar temas atuais sobre

economia e envolver no processo de

discussão os alunos, docentes e

profissionais do setor. A palestra

encerrou as ações do CORECON/RS

em comemoração à Semana do

Economista 2007.

O edital de convocação de eleições para o CORECON/RS

foi novamente publicado no dia 11 de setembro no Diário

Oficial do Estado e Jornal do Comércio, face a ação popular

ajuizada contra o Conselho Federal de Economia pelo

CORECON/RJ. A data do pleito ficou marcada para o dia 31

de outubro de 2007. Novos procedimentos eleitorais serão

adotados a partir desse ano por meio da Resolução 1.786.

Entre as alterações, destacam-se o retorno à eleição somente

Eleições do CORECON/RS acontecerão dia 31 de outubro

Foto: Maria Helena Ramos

Foto: Janice Benck

para conselheiros efetivos e suplentes dos conselhos

regionais, delegado eleitor efetivo e suplente junto ao

COFECON, e a votação apenas presencial, na sede do

Conselho, ficando excluída a possibilidade de voto por

correspondência. Nesta eleição, o CORECON estará

elegendo quatro conselheiros suplentes para suprir a

vacância do ano anterior. Mais informações sobre o processo

eleitoral no site www.coreconrs.org.br.

José Luiz Machado esteve, em Caxias, com

o presidente do Sindilojas Ivanir Antonio

Gasparin, e da Ecosserra Milton Biazus

O vencedor Everton Peres da Silva (C), entre

Pedro Henrique (E) e Luis Henrique (D)

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Nali de Jesus de Souza*

crescimento econômico não

aparece disseminado no terri-

tório nacional, mas surge de

forma concentrada em alguns pontos

do território. Essa concentração eco-

nômica e demográfica resulta, inicial-

mente, da dotação desigual das di-

ferentes regiões em recursos naturais,

como disponibilidade de água potável

e rios para navegação, recursos

minerais, madeiras e terras férteis.

Porém, as desigualdades regionais não

se explicam apenas por essas dife-

renças, mas também por outros fato-

res, como troca desigual, agravada

pelo princípio da causação circular e

acumulativa, assim como por inves-

timentos mais intensivos em infra-

estrutura física, indústrias básicas,

educação e treinamento da mão-de-

obra.

A teoria da troca desigual tem como

contraponto a teoria das vantagens

comparativas. As regiões que se espe-

cializam na produção primária crescem

menos, em comparação às que se

especializaram na indústria. Eco-

nomias externas nos centros de maior

crescimento produzem um diferencial

posterior e acumulativo de cresci-

mento; inversamente, crises conjun-

turais periódicas nas áreas agrícolas

ou minerais acabam produzindo um

efeito acumulativo descendente, pela

propagação da crise para atividades

ligadas. Maiores rendas nas regiões

mais prósperas incentivam inves-

timentos em infra-estruturas, novas

indústrias, educação e pesquisa tecno-

lógica; novos produtos e métodos de

produção mais eficientes estimulam a

causação circular acumulativa ascen-

dente, ampliando as desigualdades

regionais.

À medida que a região pólo se

desenvolve, em muitos casos, ela gera

efeitos regressivos sobre as áreas

periféricas. Inicialmente, isso se

produz pela integração regional, via

meios de transportes mais desen-

volvidos. A redução dos custos de

transportes proporciona a penetração

dos produtos da região mais rica no

interior das mais pobres, fazendo

desaparecer pequenas e médias em-

presas. Isso aumenta as emigrações

em direção do pólo central, provo-

cando uma causação circular descen-

dente. Nas regiões mais ricas, pelo

contrário, o aumento da oferta de

trabalhadores deprime os salários,

estimulando os investimentos e o

crescimento econômico.

Porém, a integração espacial

também facilita a difusão de efeitos

propulsores vindos do pólo nacional,

estimulando o crescimento das áreas

menos desenvolvidas. Estas podem

aumentar a exportação de alimentos,

matérias-primas, insumos industriais

e manufaturas de tecnologias mais

simples ou especializadas para os

centros mais dinâmicos. Foi assim

que, mesmo sem incentivar nenhum

investimento no RS, durante o

governo JK a indústria gaúcha cres-

ceu mais do que a média brasileira.

O RS especializou-se na produção de

produtos intermediários para a in-

dústria paulista; hoje, a Bahia ex-

porta produtos petroquímicos para

o Sudeste; outras regiões do País tam-

bém crescem à margem do dinamismo

do Centro-Sul.

Williamsom afirmou que as desi-

gualdades regionais aumentam com

o crescimento econômico, atingem

um máximo e depois declinam em um

processo de despolarização (a curva

teria a forma de um U invertido). A

reversão da polarização pode se pro-

longar em demasia, sendo necessária

a intervenção do Estado para acelerar

esse processo. O livre jogo das forças

de mercado pode manter por muito

tempo os efeitos regressivos supe-

riores aos efeitos propulsores, com

grande prejuízo para o desenvol-

vimento das regiões mais pobres.

Uma estratégia para o desenvol-

vimento regional seria estimular nas

regiões periféricas atividades indus-

triais vinculadas ao complexo agro-

industrial; a abertura e asfaltamento

de estradas secundárias ligando as

zonas produtoras às rodovias na-

cionais; a implantação de indústrias

intensivas em mão-de-obra e recursos

naturais; o estímulo ao empreen-

dedorismo, treinamento de mão-de-

obra em convênio com prefeituras,

SEBRAE e governos. Dessa forma, o

desenvolvimento seria impulsionado

do local, às esferas regional, estadual

e nacional.

“Porém, a integração

espacial também

facilita a difusão de

efeitos propulsores

vindos do pólo

nacional, estimulando

o crescimento das

áreas menos

desenvolvidas”

* Mestre e Doutor em Economia Regional e

Urbana, e professor da PUCRS, Programa de

Pós-Graduação em Economia

O

Desigualdades Regionais

Fo

to: D

ivu

lgação

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Page 5: Governadora marca presença em jantar dos economistas · Ano XIII, no 53 Setembro/2007 Órgão oficial do Conselho Regional de Economia (CORECON/RS) - 4a Região - Rio Grande do Sul

5

“Só que este processo é

muito mais heterogêneo

do que se poderia esperar,

dando guarida a ‘ilhas de

prosperidade’, (como

Erexim, Panambi e

Sarandi) na região Norte-

Noroeste e de manchas de

crescimento (que unem

alguns municípios em

torno da Lagoa dos

Patos), na Metade Sul”

* Coordenador do Núcleo de

Estudos Regionais e Urbanos da FEE

(ou NERU/FEE). Professor do Mes-

trado e Doutorado em Desenvol-

vimento Regional da Unisc (ou

PPGDR/Unisc)

esde 2003, a FEE e a Unisc vêm

desenvolvendo uma pesquisa

sobre a evolução das desi-

gualdades regionais no Rio Grande

do Sul nas últimas décadas. O pri-

meiro produto desta pesquisa foi

lançado recentemente na forma de um

CD-Rom intitulado “RS em Mapas e

Dados”. Este CD disponibiliza um

programa de conversão dos dados

pertinentes a qualquer estrutura mu-

nicipal vigente entre 1983 e 2007 para

a estrutura vigente entre 1966 e 1982,

quando o Estado contava com apenas

232 municípios. A função da con-

versão é determinar rigorosamente as

taxas de desempenho de longo prazo

dos municípios mais antigos do RS.

Um exemplo pode ser esclarecedor.

Segundo o IBGE, Sobradinho teve

uma perda absoluta de 12.717 ha-

bitantes entre 1980 e 2000, o que

implica numa perda anual média de

2,84% da população. Porém, há que

se levar em consideração que o mu-

nicípio de Sobradinho cedeu terri-

tório para a criação dos municípios

de Passa Sete, Lagoa Bonita do Sul,

Ibarama e Segredo. Só quando as

áreas cedidas são reagrupadas se pode

ter uma avaliação rigorosa da evo-

lução populacional do território, que,

de fato, teve um discreto ganho de 895

pessoas, apresentando uma taxa

média anual de crescimento popula-

cional de 0,15%.

Para além do sistema de conversão,

o CD oferece um amplo conjunto de

dados sobre os municípios Rio Gran-

de do Sul ao longo das últimas qua-

tro décadas, os quais podem ser tra-

balhados nas (também disponibili-

zadas) bases georreferenciadas das

distintas malhas municipais e das

distintas malhas de regionalizações

D

Fo

to: D

ivu

lgação

A concentração espacial no

RS e a lição das exceçõesCarlos Paiva*

administrativas (como os Coredes) e

analíticas (as micro-regiões do IBGE,

p. ex.) vigentes no período.

Com os instrumentos oferecidos,

uma rede de pesquisadores do RS está

realizando estudos sobre as distintas

dimensões da evolução das dispari-

dades regionais em nosso Estado.

Contudo, algumas conclusões preli-

minares já podem ser anunciadas.

Em primeiro lugar, os dados deixam

claro que persiste o processo de

concentração da população e da

renda na região Nordeste do RS, em

detrimento da região Norte-Noroeste

e da Metade Sul. Além disso, fica claro

que nas últimas duas décadas os casos

mais graves de perda de dinamismo

encontram-se na região Norte-

Noroeste, e não no Sul. Só que este

processo é muito mais heterogêneo

do que se poderia esperar, dando

guarida a “ilhas de prosperidade”,

(como Erexim, Panambi e Sarandi)

na região Norte-Noroeste e de

manchas de crescimento (que unem

alguns municípios em torno da

Lagoa dos Patos), na Metade Sul.

Em segundo lugar, chama a

atenção as discrepâncias nas dinâ-

micas do PIB municipal e da renda

pessoal municipal. Malgrado exce-

ções, os municípios que apresentam

as maiores taxas de crescimento do

produto não são os mesmos que

apresentam as taxas mais elevadas de

crescimento da renda. Aparente-

mente, aqueles que tiveram melhor

performance de PIB pautaram sua

estratégia de crescimento na atração

de investimentos forâneos, enquanto

os que tiveram melhor performance

na renda dos moradores foram os

que cresceram a partir de seus recur-

sos endógenos, diversificando a pro-

dução agropecuária (como Vacaria, p.

ex.) ou industrial (como Sarandi, p.

ex.) ou de serviços (como o conjunto

dos municípios do Litoral). Particu-

larmente bem sucedidos no quesito

renda estão sendo aqueles muni-

cípios que, por oferecerem uma qua-

lidade de vida acima da média, estão

atraindo aposentados de rendimentos

médios e superiores.

Com base nestes resultados, a

equipe da pesquisa FEE/Unisc está se

voltando ao levantamento e sistema-

tização das potencialidades endó-

genas dos municípios e regiões do RS.

Oxalá consigamos nesta nova etapa

o mesmo apoio das instituições e

órgãos de financiamento à pesquisa.

Contexto Econômico okok.pmd 21/9/2007, 11:035

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6

Economia da Cultura: bem-estar

econômico e evolução cultural, or-

ganizado por Lean-

dro Valiati e Stefano

Florissi

Foi lançado, re-

centemente, o livro

Economia da Cultu-

ra: bem-estar econô-

mico e evolução cul-

tural. A obra é fruto de

uma série de artigos

realizados por pesqui-

sadores da nascente

área da economia da cultura e tem como

objetivo fomentar a discussão acerca do

tema. As leis de incentivo à cultura e o

audiovisual e seus efeitos econômicos,

temas tão urgentes no cenário nacional,

fazem parte da discussão deste livro.

O ramo da ciência econômica que

pode ser definido como economia da

cultura toma corpo, por meio desta obra,

e se apresenta como um instrumento

analítico que pretende revelar questões

associadas aos efeitos econômicos da

atividade cultural.

A obra reúne quatro artigos a respeito

do tema, respectivamente, de autoria dos

seguintes economistas: (1º) Stefano

Florissi e Felipe Starosta de Waldemar;

(2º) Marcelo S. Portugal, Fernando

Schuler, Alexandre A. Porsse, Patrícia U.

Palermo, Pedro Longhi e Luiz A. Capra

Filho; (3º) Mauro Salvo; e (4º) de Leandro

Valiati e Stefano Florissi.

A lógica do dinheiro, Niall Ferguson

O autor explora o vínculo entre a eco-

nomia e a política e o papel que tem sido

atribuído ao dinheiro

- à economia - como o

principal elo entre as

pessoas e o responsá-

vel por fazer o mun-

do girar. Com olho

treinado, Ferguson

mergulha nas alega-

ções de que a economia

decide o curso da his-

tória, de que a demo

cracia traz riqueza e

paz e de que o mundo atual é regido pelos

mercados financeiros. Cada uma delas é

derrubada com elegância, habilidade e

grande sabedoria.

Especialização em Avaliação

em Tecnologias da Saúde

Unisc oferece MBA em Agronegócios

A UFRGS está formando

turmas para a especialização de

Avaliação em Tecnologias da

Saúde. O objetivo geral do curso

é o de introduzir aos profis-

sionais de nível superior atuan-

tes na área de Saúde, Economia,

Medicina, Enfermagem, Farmá-

cia, Estatística, Direito, Adminis-

tração, Veterinária, Biomedicina

ou Odontologia os conceitos-

chave referentes à avaliação de

tecnologias em saúde. Este é um

novo campo de atuação, que, por

sua natureza, é multidisciplinar.

Assim, não é por acaso que ele

envolve economistas, médicos,

estatísticos e filósofos. Especifi-

camente, o objetivo do curso é

equipar os profissionais que

buscam este conhecimento com

os instrumentos necessários

para que estes possam começar

suas próprias pesquisas, tra-

balhar nos diversos setores que

demandam profissionais alta-

mente especializados e com

formação multidisciplinar.

Aulas

As aulas serão ministra-

das nas sextas-feiras das 14h às

22h30 e nos sábados das 8h30 às

12h, em finais de semana alter-

nados. As inscrições começaram

em 27 de agosto e encerram-se

em 24 de setembro.

A Unisc está oferecendo a

partir de 28 de setembro o curso

de MBA em agronegócios, com

o objetivo de oferecer conhe-

cimento científico, tecnológico,

mercadológico e gerencial aos

profissionais de empresas pú-

blicas e privadas que buscam

conhecimento para atuarem na

organização da produção, no

gerenciamento e coordenação

de cadeias produtivas e no mer-

cado de insumos e produtos

agroindustriais.

Público alvo

Diplomados em Ciências

Administrativas, Ciências Bio-

lógicas; Ciências Contábeis;

Ciências Econômicas; Enge-

nharia Agrícola; Engenharia

Agronômica; Engenharia de

Alimentos; Engenharia de

Produção; Jornalismo; Medici-

na Veterinária; Zootecnia e

áreas afins ao agronegócio.

A coordenação do curso

está a cargo do Prof. Dr. Heron

S. M. Begnis, e Profª. Dra.

Rejane Maria Alievi e prevê

encontros semanais sextas,

das 19h15 às 22h15, e sábados,

das 7h50 às 13h20.

Pós-Graduação em Economia na PUCRS

O Programa de Pós-Gradua-

ção em Economia da PUCRS está

com inscrições abertas para sele-

ção de candidatos até o dia 30 de

novembro para ingresso no pri-

meiro semestre de 2008. A seleção

visa o preenchimento de até 26

vagas em nível de mestrado. Até

50% das vagas (13 vagas) é pre-

enchida através de seleção in-

terna e o restante através do

Exame Nacional da ANPEC

(informações: www.anpec.org.br).

A seleção interna é feita

mediante: a) a análise do Cur-

riculum Vitae do candidato;

b) a aplicação de uma prova,

abrangendo as áreas de Micro-

economia, Macroeconomia e

Economia Brasileira que serão

aplicadas no dia 07/12/07

(sexta-feira), na sala 1116/

Prédio 50, das 9:00 às 12:00

horas. A inscrição será feita

mediante pagamento da taxa e

o envio dos seguintes docu-

mentos:

a) Formulário de inscrição

b) Curriculum Vitae;

c) Cópia da Carteira de

Identidade e CPF;

d) Cópia do diploma e do

histórico escolar de Graduação;

e) Carta de recomendação,

conforme formulário padroni-

zado, enviada diretamente à

Secretaria do Programa pelos

recomendantes;

f) Uma foto 3x4 recente; e

g) Carta de Interesse (até

três páginas) indicando sua(s)

área(s) de interesse em desen-

volver pesquisas ao longo do

curso.

Esses documentos deverão

ser enviados à Secretaria do

PPGE com a data de postagem

até o dia 30/11/07. Mais infor-

mações podem ser obtidas no

telefone (51) 3320-3513.

O Programa de Pós-Graduação em

Economia da UFRGS prorrogou até 28

de setembro, o prazo de inscrições para

o Curso de Especialização em Economia

da Cultura. Mais informações pelos

telefones (51) 3308-3440 ou (51) 3308-

4050.

Contexto Econômico okok.pmd 21/9/2007, 11:036

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7

produção de bens culturais

é realmente importante, na

medida em que a cultura

representa o modo de vida de um

povo e agrega as manifestações de

identidade, valores e crenças de

uma sociedade, identificada com

sua formação histórico-social. Isto,

sem dúvida, é vital para a essência

da validade de um bem cultural,

que é benéfico ao ambiente econô-

mico, mesmo que não usufruído

diretamente por seu valor de uso.

Qual, por exemplo, seria o valor

econômico agregado diretamente

às pirâmides do Egito? Certa-

mente elas não são insumos e tam-

pouco uma riqueza natural que

satisfaça parte de necessidades

ilimitadas ou mesmo tenham valor

influenciado pela escassez. É ine-

gável a importância explicativa de

tal empreendimento à história

egípcia e mundial, assim como seu

valor mítico à crença de povos,

bem como acepções religiosas que

se reproduzem de maneira livre e

ilimitada. Apesar de dificilmente

tais questões poderem ser captadas

por análises científicas, principal-

mente pelo tom subjetivo confe-

rido à sua importância, sua exis-

tência aumenta o nível de bem-

estar da sociedade como um todo.

Em outras palavras, a utilidade

individual se eleva com a simples

existência de um tesouro cultural

da humanidade. Agora, deixando

um pouco de lado o que Octavio

Getino chama de “relações huma-

nas com a natureza, deuses e ou-

tros homens”, o que podemos cha-

mar de valor econômico ordinário

agregado à cultura existe e de ma-

neira plena, gerando possibili-

dades de apreensão lógica por um

modelo mais racional do que in-

A Economia da Cultura e a

importância dos bens culturais

Atuitivo. Assim, desde a época de

sua construção até os dias de hoje,

as pirâmides geraram vários tipos

de renda, dinamizando a região

pelo turismo, trânsito de estu-

diosos, reprodução de imagens,

vídeos, etc. Essa dimensão percep-

tível pelos modelos econômicos

mais tradicionais pode orientar a

formação de consistência setorial

na cultura, na medida em que o

setor emprega mão-de-obra, gera

renda, se reproduz em efeitos de

encadeamento setorial e na medida

em que essa abordagem permite

o tratamento da produção cultural

como o fornecimento de bens

públicos que, além de meritórios,

são economicamente relevantes.

Torna-se, então, um problema eco-

nômico e a “lógica de escassez” se

manifesta.

O que tem então a economia a

dizer a respeito desse problema?

A Economia pode atuar em diver-

sos níveis, a partir de seu instru-

mental analítico amplo e por uma

multiplicidade de abordagens do

setor a partir de diversos enfoques.

Tal como expresso por Alan Hers-

covici, a economia do setor público

pode definir a natureza do produto

cultural, seu caráter indivisível e as

externalidades; a lei do valor per-

mite ressaltar as dinâmicas ma-

croeconômicas da cultura; con-

ceitos de trabalho concreto e abs-

trato, formação do valor de troca e

preços ajudam a caracterizar a

natureza econômica do produto

cultural; análises relativas aos mer-

cados oligopolistas bem como tra-

balhos no âmbito da economia

industrial têm relevância ao ex-

plicar a dinâmica do mercado cul-

tural a partir dos efeitos da domi-

nação e avanço tecnológico; aná-

lises ligadas à estruturação do

espaço geográfico ajudam a com-

preender como as políticas cultu-

rais dos atores públicos se inserem

e se articulam nos espaços locais,

nacionais e internacionais; a análise

schumpeteriana constitui um ele-

mento explicativo da dinâmica dos

mercados, racionalidade dos agen-

tes e papel da inovação no setor

cultural.

Enfim, é muito rica e dinâmica

esta relação que o mundo agora co-

meça a apreciar e a analisar entre

o pragmatismo seco da Economia

e a delicadeza, muitas vezes nada

prática, da Cultura. Um belo casa-

mento!

Fo

to: E

lain

e C

arrasco

* Mestre e doutor em Economia

e professor do pós-graduação em

Economia da Cultura, da UFRGS

Stefano Florissi*

“Assim, desde a época de

sua construção até os

dias de hoje, as

pirâmides geraram

vários tipos de renda,

dinamizando a região

pelo turismo, trânsito de

estudiosos, reprodução

de imagens, vídeos, etc”

Contexto Econômico okok.pmd 21/9/2007, 11:037

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Transformações na cadeia produtiva do leite: uma

breve discussão em torno do noroeste gaúcho

o início da década de 1990,

a desregulamentação do

mercado e o fim do tabela-

mento dos preços do leite dei-

xaram toda a cadeia produtiva de

leite brasileira exposta a um am-

biente totalmente novo e vulne-

rável. Expôs todo o problema de

ineficiência, baixa produtividade,

uso de técnicas rudimentares para

coleta de leite, indústrias com

problemas de deficiência tecno-

lógica e atravessadores controlando

a venda para o comércio varejista.

No Rio Grande do Sul, o setor

também esteve sujeito a essas situa-

ções, que aliadas a um despreparo

dos elos da cadeia na gestão

geraram uma série de entraves ao

seu desenvolvimento. Apesar dis-

so, tem-se verificado que a ativi-

dade láctea no Brasil vem cres-

cendo e tem potencial de cresci-

mento ainda maior.

Uma forte evidência deste po-

tencial é a disparada do preço do

leite nos últimos meses, que assu-

miu proporções muito acima da

média histórica. Embora os níveis

de preço deste momento não se-

jam definitivos, a situação atual é

de reacomodação em um patamar

superior aos níveis dos últimos

anos. O Brasil tem boas condições

de ocupar uma posição importante

no mercado mundial como expor-

tador, pois o momento é favorável.

Austrália e Nova Zelândia, dois dos

principais produtores mundiais,

enfrentam problemas climáticos e

o consumo mundial cresce de for-

ma consistente, surgindo, portanto

uma lacuna de oferta no mercado.

Baixos custos de produção, nível

tecnológico compatível, mão-de-

obra e área disponíveis são as

condições existentes no país, que

o colocam como forte candidato a

8

“Isto representa um

aumento significativo

na demanda de leite in

natura para

industrialização que

alterará a estrutura do

mercado regional, hoje

controlada pela Elegê”

José Carlos Severo Corrêa*

Foto: D

ivulgação

* Economista, professor do Curso de

Economia da UNICRUZ - Universidade de

Cruz Alta

Nocupar este espaço.

No Brasil, a região sul é apon-

tada como uma das mais promis-

soras para a atividade, principal-

mente em função da estrutura

fundiária e forma de organização

da produção, mais adequada ao

desenvolvimento da atividade. No

Rio Grande do Sul, esta estrutura

produtiva é encontrada de forma

bastante intensa na região No-

roeste, local caracterizado por pe-

quenas propriedades que utilizam

mão-de-obra familiar e cultura

cooperativista bastante forte. Esta

situação aliada aos anúncios de

investimentos pela indústria no

Estado, especialmente na região,

tem suscitado a idéia de que o leite

passa a ocupar lugar de maior

destaque na nossa economia.

Consolidando-se as intenções de

investimento anunciadas, que so-

madas chegam a R$ 470 milhões,

e objetivam industrializar em tor-

no de 4,5 milhões de litros diários

na área compreendida pelos mu-

nicípios de Passo Fundo, Saran-

di, Palmeira das Missões, Ijuí e

Cruz Alta, com um raio de apro-

ximadamente 150 km de abran-

gência. Isto representa um aumen-

to significativo na demanda de

leite in natura para industria-

lização, que alterará a estrutura do

mercado regional, hoje controlada

pela Elegê. Aos produtores desta

região, considerados o elo fraco da

cadeia, esta condição estabelecerá

um novo ponto de equilíbrio. Pon-

to este que de um lado estimula os

investimentos no negócio a partir

da boa expectativa de retorno, de

outro exige dos produtores uma

nova postura em termos de gestão

e dedicação à atividade.

Está se apresentando uma ex-

celente oportunidade de diversi-

ficação das atividades na proprie-

dade rural do Noroeste gaúcho. No

entanto isto exige um grau maior

de atenção, especialmente em

decorrência do custo oportunidade

apresentado, pois além do leite,

esta é uma região que está for-

temente ligada a cultura da soja,

que já ocupa um lugar de destaque

no mercado mundial. As condi-

ções estão postas, bastando investir

para que esta atividade deixe de ser

a apenas a “renda da mulher” do

meio rural.

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