governadora marca presença em jantar dos economistas · ano xiii, no 53 setembro/2007 Órgão...
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Ano XIII, no 53
Setembro/2007
Órgão oficial do Conselho Regional de Economia (CORECON/RS) - 4a Região - Rio Grande do Sul
Governadora marca presença
em jantar dos economistas
Universitário
de Pelotas vence
a IV Gincana
de Economia
Página 3
Economistas
debatem as
desigualdades
regionais no RS
Páginas 4 e 5
A Economia da
Cultura e sua
interrelação com
os bens culturais
Página 7
Um olhar sobre a
produção leiteira
na região Noroeste
do Estado
Página 8
s atenções de quem estava
no Hotel Plaza São Rafael na
noite do dia 13 de agosto
voltaram-se para a presença da
governadora Yeda Crusius que fez
questão de participar do jantar
organizado pelo CORECON/RS
para comemorar o Dia do Econo-
mista. Um número significativo de
economistas também compareceu
ao principal evento da semana,
que marcou a comemoração dos
56 anos da assinatura da Lei 1411,
que regulamentou o exercício
profissional de Economia no país.
O presidente do Conselho, José
Luiz Amaral Machado, deu às
boas-vindas para a chefe do Exe-
cutivo estadual. Também econo-
mista, Yeda Crusius, destacou a
relevância da atuação do CORE-
CON/RS na legitimação profissio-
nal. Ela parabenizou pela passagem
da data e se disse feliz de poder jan-
tar em meio a colegas de profissão.
Confira a comemoração no
interior do Estado na página 3.
A
Monografias serão premiadas dia 5 de dezembro
O Conselho Regional de Eco-
nomia do RS (CORECON/RS)
encerrou no dia 13 de setembro
(prazo que já havia sido prorro-
gado) a inscrição para os trabalhos
do XXI Prêmio Conselho Regional
de Economia nas modalidades
Monografias e Artigos Técnicos ou
Científicos. A entrega da premiação
está confirmada para o dia 5 de
dezembro no Salão de eventos do
Hotel Plaza São Rafael.
A iniciativa tem o objetivo de
premiar os melhores trabalhos de
conclusão dos alunos que termi-
naram o curso de graduação em
Ciências Econômicas no Estado.
Este ano, o CORECON/RS
lançou a modalidade Artigos
Técnicos ou Científicos. Poderão ser
inscritos nesta modalidade, tra-
balhos de profissionais devidamente
registrados no CORENCON/RS. Na
modalidade Monografias de Gra-
duação de Curso poderão ser ins-
critos os trabalhos de formandos ou
formados registrados no CO-
RECON/RS, devendo os orien-
Governadora prestigiou jantar
organizado pelo CORECON/RS
Foto: Maria Helena Ramos
tadores que não possuem registro
em razão de graduação em outra
área, comprovar juntamente com
a documentação para a inscrição
dos trabalhos, pós-graduação stricto
sensu em Ciências Econômicas
através de cópias do diploma do
título, respectivo. Além do registro,
autores e orientadores também
deverão estar em dia com suas
anuidades no Conselho.
Os vencedores receberão prê-
mios de R$ 1.000,00 a R$ 2.500,00,
além de menções honrosas.
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Presidente
José Luiz Amaral Machado
Vice-Presidente
João Batista Soligo Soares
Conselheiros
Alejandro Kuajara Arandia, Ário
Zimmermann, Daniel Menezes Gil, Eloni
José Salvi, Fernando da Silva Ramos Filho,
Geraldo Pinto Rodrigues da Fonseca,
Heron Sergio Moreira Begnis, Jane Rosiclei
Pinheiro, Joal de Azambuja Rosa, José
Nosvitz Pereira de Souza, Judite Sanson
De Bem, Lauro Nestor Renck, Maria
Heloísa Lenz, Ricardo Englert, Rubens
Salvador Bordini e Silvia Horst Campos
Gerência Executiva
Helena Edi Cruz
Fiscalização de Exercício
Profissional
Antônio Pedro Hickmann
Delegacias do Corecon-RS
Lajeado, Passo Fundo, Pelotas
e Representação em Ijuí
Sede do Corecon-RSRua Siqueira Campos, 1184, 601/606
CEP 90010-001 - Porto Alegre - RS
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Conselho Editorial
• Flavio Pompermayer
• José Luiz Amaral Machado
• Judite Sanson De Bem
• Maria Heloísa Lenz e
• Sabino da Silva Porto Junior •
Colaboração
• José Nosvitz •
Jornalistas responsáveis
Contexto Econômico e
Coluna Economia em Dia:
Elaine Carrasco - Reg. Prof. 7535
Assessoria de Imprensa:
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Reg. Prof. 7376
Diagramação
• Solo Editoração e Design Gráfico
• Periodicidade: bimestral
• Tiragem 5 mil exemplares
• Fotolitos e Impressão Dolika
Conselho Regional de Econo-
mia do RS experimentou
dupla satisfação no dia 13 de
agosto de 2007: a comemoração do
dia do economista, também ani-
versário da regulamentação da
categoria, e a presença da Econo-
mista Ano de 2006 e governadora do
Estado, Yeda Crusius.
No bimestre julho-agosto o
CORECON/RS também esteve
envolvido em diversas atividades de
promoção e valorização dos eco-
nomistas com destaque para o lan-
çamento do XXI Prêmio Monografia
e Artigos Técnicos e Científicos e da
IV Gincana de Economia. O pri-
meiro, muito aguardado pela comu-
nidade acadêmica e científica do
Estado, por ser considerado um dos
maiores estímulos aos estudantes de
economia e agora, também, para os
já economistas; e o segundo, pelo
seu caráter inovador e lúdico, como
mostram as adesões sempre cres-
centes de estudantes ao mesmo.
Além disto, o Conselho teve desta-
cada participação no XII Enesul, nos
Reprodução de textos e artigos somente com autorização do
editor ou desde que mencionada a fonte. Os artigos publicados
não traduzem, necessariamente, a opinião do jornal e são de
inteira responsabilidade de seus autores. Os textos que
excederem as especificações serão editados de acordo com o
espaço disponível.
Atividades no mês do economista
O
O presidente do CORECON/RS,
José Luiz Amaral Machado, liderou
a comitiva gaúcha que marcou
presença em Florianópolis (SC) para
prestigiar o XII Encontro dos Econo-
mistas da Região Sul (Enesul), nos
dias 9 e 10 de agosto.
Esta edição do evento destacou o
tema A Competitividade Global e o
Papel do Economista e transformou-
Economistas gaúchos prestigiam XII Enesul
se num importante fórum de discus-
são dos assuntos que têm pautado o
debate econômico em nível regional,
nacional e internacional.
O encontro reuniu renomados eco-
nomistas como Leandro Antônio de
Lemos, mestre em economia, que re-
presentou o CORECON/RS; Moisés
Farah Júnior e Maria Teresa Busta-
mante.
Metas para registros e fiscalização
Com o objetivo de melhorar a qua-
lidade de gestão, o Conselho Regional
de Economia do RS (CORECON/RS) está
trabalhando com metas quantitativas
e qualitativas para registros e fiscali-
zações. De janeiro a julho de 2007 foram
registrados 206 novos profissionais,
outros 180 – oriundos das universi-
dades – devem passar a integrar o ca-
dastro até o final do ano, e cerca de 40
novos registros devem surgir no perío-
do, a partir da atuação da fiscalização.
Encontro Brasileiro de Perícia
O economista Fabiano de Almeida
Pires esteve representando o
CORECON/RS no I Encontro Brasileiro
de Perícia Econômico-Financeira, no
Rio de Janeiro, de 31 de agosto a 1º de
setembro. O evento foi promovido pelo
Conselho Federal de Economia e os
Conselhos de Economia do Paraná e
São Paulo com o objetivo de debater
temas ligados à perícia.
dias 9 e 10 de agosto em Florianó-
polis, onde se debateu com sucesso
o tema: A Competitividade Global e o
Papel do Economista.
Sempre com o objetivo de trazer
matérias de temas relevantes e esti-
mulantes para os economistas, neste
número o Contexto traz na Seção
Debate duas interessantes contribui-
ções sobre a questão das desigual-
dades regionais e a questão espacial.
Os economistas Nali de Souza e
Carlos Paiva ao desenvolver o tema
trazem importantes reflexões teóricas
sobre o assunto, assim como resul-
tados de pesquisas para o Rio Grande
do Sul. Dentro da idéia da diver-
sificação e de novas informações so-
bre produtos tradicionais gaúchos,
na seção Opinião, o economista João
Carlos Severo Corrêa apresenta as
recentes transformações por que pas-
sou a cadeia produtiva do setor leitei-
ro na região do noroeste do Estado.
Acredita-se que este número do
Contexto traga questões instigantes,
além de sua função tradicional de
informação para os economistas.
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iversas atividades foram
realizadas pelo Conselho
Regional de Economia do RS
no interior do Estado para co-
memorar o Dia do Economista em
agosto. A data, 13, marcou o início
de uma programação diversificada
voltada aos profissionais e
acadêmicos que se preparam para o
mercado de trabalho. Confira as
atividades realizadas no interior e
que foram prestigiadas por
representantes do CORECON/RS.
Pelotas – A delegacia de Pelotas
organizou na Semana do Econo-
mista a palestra “A Silvicultura
como Veículo de Desenvol-
vimento Social, Econômico e Am-
biental Sustentável”, que ficou a
cargo da economista Maria Fer-
nanda Cavalieri de Lima Santin, no
dia 13 de agosto.
Lajeado – A palestra promo-
vida pela delegacia regional do
CORECON/RS no município versou
sobre a “Introdução ao Mercado de
Interior comemora Dia do Economista
D
O acadêmico de Economia Ever-
ton Peres da Silva, da Universidade
Católica de Pelotas (UCPel), venceu
a IV Gincana de Economia com o
jogo “Crescimento Econômico com
Estabilidade”, no dia 28 de julho.
A iniciativa, promovida pelo
CORECON/RS, consistiu na to-
mada de decisão virtual em três
diferentes níveis de dificuldades,
estimulando a prática da gestão
Acadêmico da UCPel vence IV Gincana de Economia
macroeconômica entre os partici-
pantes. Everton foi premiado com
um notebook.
O segundo lugar ficou com Pedro
Henrique de Morais Campetti, da
Unisinos, premiado com uma
máquina fotográfica digital e, o
terceiro colocado, foi Luis Henrique
Penha, da Universidade Federal de
Santa Maria (UFSM), que recebeu
uma calculadora HP 12C.
Capitais”, no dia 16.
Foram palestrantes Andress da
Rocha Barão e Guilherme Reis.
Caxias do Sul – As ações
comemorativas no município tiveram
início no dia 14 de agosto com uma
reunião-almoço com economistas da
região e representantes da Associação
dos Economistas da Serra Gaúcha
(Ecoserra), seguida pelo I Workshop
Sobre a Profissão de Economista. O
evento foi realizado na Universidade
de Caxias do Sul (UCS).
Canoas – Um dos momentos altos
da programação foi a palestra do
economista do BNDES, cedido ao
Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA), Fábio Giambiaggi,
que falou sobre o tema “O PAC e as
Reais Perspectivas de Crescimento
Econômico do Brasil: uma visão
exógena ao sistema”, realizada no dia
15 de agosto, na Unilasalle.
Santa Maria – O presidente do
Conselho Regional de Economia do
RS, José Luiz Amaral Machado, foi o
palestrante no dia 17 de agosto, em
Santa Maria. Ele abordou o tema “O
Papel do Economista na Sociedade do
Século XXI”. O evento foi realizado
durante a IV Semana Acadêmica do
Economista promovida pelo curso de
Economia da Unifra, com o objetivo
de abordar temas atuais sobre
economia e envolver no processo de
discussão os alunos, docentes e
profissionais do setor. A palestra
encerrou as ações do CORECON/RS
em comemoração à Semana do
Economista 2007.
O edital de convocação de eleições para o CORECON/RS
foi novamente publicado no dia 11 de setembro no Diário
Oficial do Estado e Jornal do Comércio, face a ação popular
ajuizada contra o Conselho Federal de Economia pelo
CORECON/RJ. A data do pleito ficou marcada para o dia 31
de outubro de 2007. Novos procedimentos eleitorais serão
adotados a partir desse ano por meio da Resolução 1.786.
Entre as alterações, destacam-se o retorno à eleição somente
Eleições do CORECON/RS acontecerão dia 31 de outubro
Foto: Maria Helena Ramos
Foto: Janice Benck
para conselheiros efetivos e suplentes dos conselhos
regionais, delegado eleitor efetivo e suplente junto ao
COFECON, e a votação apenas presencial, na sede do
Conselho, ficando excluída a possibilidade de voto por
correspondência. Nesta eleição, o CORECON estará
elegendo quatro conselheiros suplentes para suprir a
vacância do ano anterior. Mais informações sobre o processo
eleitoral no site www.coreconrs.org.br.
José Luiz Machado esteve, em Caxias, com
o presidente do Sindilojas Ivanir Antonio
Gasparin, e da Ecosserra Milton Biazus
O vencedor Everton Peres da Silva (C), entre
Pedro Henrique (E) e Luis Henrique (D)
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Nali de Jesus de Souza*
crescimento econômico não
aparece disseminado no terri-
tório nacional, mas surge de
forma concentrada em alguns pontos
do território. Essa concentração eco-
nômica e demográfica resulta, inicial-
mente, da dotação desigual das di-
ferentes regiões em recursos naturais,
como disponibilidade de água potável
e rios para navegação, recursos
minerais, madeiras e terras férteis.
Porém, as desigualdades regionais não
se explicam apenas por essas dife-
renças, mas também por outros fato-
res, como troca desigual, agravada
pelo princípio da causação circular e
acumulativa, assim como por inves-
timentos mais intensivos em infra-
estrutura física, indústrias básicas,
educação e treinamento da mão-de-
obra.
A teoria da troca desigual tem como
contraponto a teoria das vantagens
comparativas. As regiões que se espe-
cializam na produção primária crescem
menos, em comparação às que se
especializaram na indústria. Eco-
nomias externas nos centros de maior
crescimento produzem um diferencial
posterior e acumulativo de cresci-
mento; inversamente, crises conjun-
turais periódicas nas áreas agrícolas
ou minerais acabam produzindo um
efeito acumulativo descendente, pela
propagação da crise para atividades
ligadas. Maiores rendas nas regiões
mais prósperas incentivam inves-
timentos em infra-estruturas, novas
indústrias, educação e pesquisa tecno-
lógica; novos produtos e métodos de
produção mais eficientes estimulam a
causação circular acumulativa ascen-
dente, ampliando as desigualdades
regionais.
À medida que a região pólo se
desenvolve, em muitos casos, ela gera
efeitos regressivos sobre as áreas
periféricas. Inicialmente, isso se
produz pela integração regional, via
meios de transportes mais desen-
volvidos. A redução dos custos de
transportes proporciona a penetração
dos produtos da região mais rica no
interior das mais pobres, fazendo
desaparecer pequenas e médias em-
presas. Isso aumenta as emigrações
em direção do pólo central, provo-
cando uma causação circular descen-
dente. Nas regiões mais ricas, pelo
contrário, o aumento da oferta de
trabalhadores deprime os salários,
estimulando os investimentos e o
crescimento econômico.
Porém, a integração espacial
também facilita a difusão de efeitos
propulsores vindos do pólo nacional,
estimulando o crescimento das áreas
menos desenvolvidas. Estas podem
aumentar a exportação de alimentos,
matérias-primas, insumos industriais
e manufaturas de tecnologias mais
simples ou especializadas para os
centros mais dinâmicos. Foi assim
que, mesmo sem incentivar nenhum
investimento no RS, durante o
governo JK a indústria gaúcha cres-
ceu mais do que a média brasileira.
O RS especializou-se na produção de
produtos intermediários para a in-
dústria paulista; hoje, a Bahia ex-
porta produtos petroquímicos para
o Sudeste; outras regiões do País tam-
bém crescem à margem do dinamismo
do Centro-Sul.
Williamsom afirmou que as desi-
gualdades regionais aumentam com
o crescimento econômico, atingem
um máximo e depois declinam em um
processo de despolarização (a curva
teria a forma de um U invertido). A
reversão da polarização pode se pro-
longar em demasia, sendo necessária
a intervenção do Estado para acelerar
esse processo. O livre jogo das forças
de mercado pode manter por muito
tempo os efeitos regressivos supe-
riores aos efeitos propulsores, com
grande prejuízo para o desenvol-
vimento das regiões mais pobres.
Uma estratégia para o desenvol-
vimento regional seria estimular nas
regiões periféricas atividades indus-
triais vinculadas ao complexo agro-
industrial; a abertura e asfaltamento
de estradas secundárias ligando as
zonas produtoras às rodovias na-
cionais; a implantação de indústrias
intensivas em mão-de-obra e recursos
naturais; o estímulo ao empreen-
dedorismo, treinamento de mão-de-
obra em convênio com prefeituras,
SEBRAE e governos. Dessa forma, o
desenvolvimento seria impulsionado
do local, às esferas regional, estadual
e nacional.
“Porém, a integração
espacial também
facilita a difusão de
efeitos propulsores
vindos do pólo
nacional, estimulando
o crescimento das
áreas menos
desenvolvidas”
* Mestre e Doutor em Economia Regional e
Urbana, e professor da PUCRS, Programa de
Pós-Graduação em Economia
O
Desigualdades Regionais
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to: D
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“Só que este processo é
muito mais heterogêneo
do que se poderia esperar,
dando guarida a ‘ilhas de
prosperidade’, (como
Erexim, Panambi e
Sarandi) na região Norte-
Noroeste e de manchas de
crescimento (que unem
alguns municípios em
torno da Lagoa dos
Patos), na Metade Sul”
* Coordenador do Núcleo de
Estudos Regionais e Urbanos da FEE
(ou NERU/FEE). Professor do Mes-
trado e Doutorado em Desenvol-
vimento Regional da Unisc (ou
PPGDR/Unisc)
esde 2003, a FEE e a Unisc vêm
desenvolvendo uma pesquisa
sobre a evolução das desi-
gualdades regionais no Rio Grande
do Sul nas últimas décadas. O pri-
meiro produto desta pesquisa foi
lançado recentemente na forma de um
CD-Rom intitulado “RS em Mapas e
Dados”. Este CD disponibiliza um
programa de conversão dos dados
pertinentes a qualquer estrutura mu-
nicipal vigente entre 1983 e 2007 para
a estrutura vigente entre 1966 e 1982,
quando o Estado contava com apenas
232 municípios. A função da con-
versão é determinar rigorosamente as
taxas de desempenho de longo prazo
dos municípios mais antigos do RS.
Um exemplo pode ser esclarecedor.
Segundo o IBGE, Sobradinho teve
uma perda absoluta de 12.717 ha-
bitantes entre 1980 e 2000, o que
implica numa perda anual média de
2,84% da população. Porém, há que
se levar em consideração que o mu-
nicípio de Sobradinho cedeu terri-
tório para a criação dos municípios
de Passa Sete, Lagoa Bonita do Sul,
Ibarama e Segredo. Só quando as
áreas cedidas são reagrupadas se pode
ter uma avaliação rigorosa da evo-
lução populacional do território, que,
de fato, teve um discreto ganho de 895
pessoas, apresentando uma taxa
média anual de crescimento popula-
cional de 0,15%.
Para além do sistema de conversão,
o CD oferece um amplo conjunto de
dados sobre os municípios Rio Gran-
de do Sul ao longo das últimas qua-
tro décadas, os quais podem ser tra-
balhados nas (também disponibili-
zadas) bases georreferenciadas das
distintas malhas municipais e das
distintas malhas de regionalizações
D
Fo
to: D
ivu
lgação
A concentração espacial no
RS e a lição das exceçõesCarlos Paiva*
administrativas (como os Coredes) e
analíticas (as micro-regiões do IBGE,
p. ex.) vigentes no período.
Com os instrumentos oferecidos,
uma rede de pesquisadores do RS está
realizando estudos sobre as distintas
dimensões da evolução das dispari-
dades regionais em nosso Estado.
Contudo, algumas conclusões preli-
minares já podem ser anunciadas.
Em primeiro lugar, os dados deixam
claro que persiste o processo de
concentração da população e da
renda na região Nordeste do RS, em
detrimento da região Norte-Noroeste
e da Metade Sul. Além disso, fica claro
que nas últimas duas décadas os casos
mais graves de perda de dinamismo
encontram-se na região Norte-
Noroeste, e não no Sul. Só que este
processo é muito mais heterogêneo
do que se poderia esperar, dando
guarida a “ilhas de prosperidade”,
(como Erexim, Panambi e Sarandi)
na região Norte-Noroeste e de
manchas de crescimento (que unem
alguns municípios em torno da
Lagoa dos Patos), na Metade Sul.
Em segundo lugar, chama a
atenção as discrepâncias nas dinâ-
micas do PIB municipal e da renda
pessoal municipal. Malgrado exce-
ções, os municípios que apresentam
as maiores taxas de crescimento do
produto não são os mesmos que
apresentam as taxas mais elevadas de
crescimento da renda. Aparente-
mente, aqueles que tiveram melhor
performance de PIB pautaram sua
estratégia de crescimento na atração
de investimentos forâneos, enquanto
os que tiveram melhor performance
na renda dos moradores foram os
que cresceram a partir de seus recur-
sos endógenos, diversificando a pro-
dução agropecuária (como Vacaria, p.
ex.) ou industrial (como Sarandi, p.
ex.) ou de serviços (como o conjunto
dos municípios do Litoral). Particu-
larmente bem sucedidos no quesito
renda estão sendo aqueles muni-
cípios que, por oferecerem uma qua-
lidade de vida acima da média, estão
atraindo aposentados de rendimentos
médios e superiores.
Com base nestes resultados, a
equipe da pesquisa FEE/Unisc está se
voltando ao levantamento e sistema-
tização das potencialidades endó-
genas dos municípios e regiões do RS.
Oxalá consigamos nesta nova etapa
o mesmo apoio das instituições e
órgãos de financiamento à pesquisa.
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6
Economia da Cultura: bem-estar
econômico e evolução cultural, or-
ganizado por Lean-
dro Valiati e Stefano
Florissi
Foi lançado, re-
centemente, o livro
Economia da Cultu-
ra: bem-estar econô-
mico e evolução cul-
tural. A obra é fruto de
uma série de artigos
realizados por pesqui-
sadores da nascente
área da economia da cultura e tem como
objetivo fomentar a discussão acerca do
tema. As leis de incentivo à cultura e o
audiovisual e seus efeitos econômicos,
temas tão urgentes no cenário nacional,
fazem parte da discussão deste livro.
O ramo da ciência econômica que
pode ser definido como economia da
cultura toma corpo, por meio desta obra,
e se apresenta como um instrumento
analítico que pretende revelar questões
associadas aos efeitos econômicos da
atividade cultural.
A obra reúne quatro artigos a respeito
do tema, respectivamente, de autoria dos
seguintes economistas: (1º) Stefano
Florissi e Felipe Starosta de Waldemar;
(2º) Marcelo S. Portugal, Fernando
Schuler, Alexandre A. Porsse, Patrícia U.
Palermo, Pedro Longhi e Luiz A. Capra
Filho; (3º) Mauro Salvo; e (4º) de Leandro
Valiati e Stefano Florissi.
A lógica do dinheiro, Niall Ferguson
O autor explora o vínculo entre a eco-
nomia e a política e o papel que tem sido
atribuído ao dinheiro
- à economia - como o
principal elo entre as
pessoas e o responsá-
vel por fazer o mun-
do girar. Com olho
treinado, Ferguson
mergulha nas alega-
ções de que a economia
decide o curso da his-
tória, de que a demo
cracia traz riqueza e
paz e de que o mundo atual é regido pelos
mercados financeiros. Cada uma delas é
derrubada com elegância, habilidade e
grande sabedoria.
Especialização em Avaliação
em Tecnologias da Saúde
Unisc oferece MBA em Agronegócios
A UFRGS está formando
turmas para a especialização de
Avaliação em Tecnologias da
Saúde. O objetivo geral do curso
é o de introduzir aos profis-
sionais de nível superior atuan-
tes na área de Saúde, Economia,
Medicina, Enfermagem, Farmá-
cia, Estatística, Direito, Adminis-
tração, Veterinária, Biomedicina
ou Odontologia os conceitos-
chave referentes à avaliação de
tecnologias em saúde. Este é um
novo campo de atuação, que, por
sua natureza, é multidisciplinar.
Assim, não é por acaso que ele
envolve economistas, médicos,
estatísticos e filósofos. Especifi-
camente, o objetivo do curso é
equipar os profissionais que
buscam este conhecimento com
os instrumentos necessários
para que estes possam começar
suas próprias pesquisas, tra-
balhar nos diversos setores que
demandam profissionais alta-
mente especializados e com
formação multidisciplinar.
Aulas
As aulas serão ministra-
das nas sextas-feiras das 14h às
22h30 e nos sábados das 8h30 às
12h, em finais de semana alter-
nados. As inscrições começaram
em 27 de agosto e encerram-se
em 24 de setembro.
A Unisc está oferecendo a
partir de 28 de setembro o curso
de MBA em agronegócios, com
o objetivo de oferecer conhe-
cimento científico, tecnológico,
mercadológico e gerencial aos
profissionais de empresas pú-
blicas e privadas que buscam
conhecimento para atuarem na
organização da produção, no
gerenciamento e coordenação
de cadeias produtivas e no mer-
cado de insumos e produtos
agroindustriais.
Público alvo
Diplomados em Ciências
Administrativas, Ciências Bio-
lógicas; Ciências Contábeis;
Ciências Econômicas; Enge-
nharia Agrícola; Engenharia
Agronômica; Engenharia de
Alimentos; Engenharia de
Produção; Jornalismo; Medici-
na Veterinária; Zootecnia e
áreas afins ao agronegócio.
A coordenação do curso
está a cargo do Prof. Dr. Heron
S. M. Begnis, e Profª. Dra.
Rejane Maria Alievi e prevê
encontros semanais sextas,
das 19h15 às 22h15, e sábados,
das 7h50 às 13h20.
Pós-Graduação em Economia na PUCRS
O Programa de Pós-Gradua-
ção em Economia da PUCRS está
com inscrições abertas para sele-
ção de candidatos até o dia 30 de
novembro para ingresso no pri-
meiro semestre de 2008. A seleção
visa o preenchimento de até 26
vagas em nível de mestrado. Até
50% das vagas (13 vagas) é pre-
enchida através de seleção in-
terna e o restante através do
Exame Nacional da ANPEC
(informações: www.anpec.org.br).
A seleção interna é feita
mediante: a) a análise do Cur-
riculum Vitae do candidato;
b) a aplicação de uma prova,
abrangendo as áreas de Micro-
economia, Macroeconomia e
Economia Brasileira que serão
aplicadas no dia 07/12/07
(sexta-feira), na sala 1116/
Prédio 50, das 9:00 às 12:00
horas. A inscrição será feita
mediante pagamento da taxa e
o envio dos seguintes docu-
mentos:
a) Formulário de inscrição
b) Curriculum Vitae;
c) Cópia da Carteira de
Identidade e CPF;
d) Cópia do diploma e do
histórico escolar de Graduação;
e) Carta de recomendação,
conforme formulário padroni-
zado, enviada diretamente à
Secretaria do Programa pelos
recomendantes;
f) Uma foto 3x4 recente; e
g) Carta de Interesse (até
três páginas) indicando sua(s)
área(s) de interesse em desen-
volver pesquisas ao longo do
curso.
Esses documentos deverão
ser enviados à Secretaria do
PPGE com a data de postagem
até o dia 30/11/07. Mais infor-
mações podem ser obtidas no
telefone (51) 3320-3513.
O Programa de Pós-Graduação em
Economia da UFRGS prorrogou até 28
de setembro, o prazo de inscrições para
o Curso de Especialização em Economia
da Cultura. Mais informações pelos
telefones (51) 3308-3440 ou (51) 3308-
4050.
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produção de bens culturais
é realmente importante, na
medida em que a cultura
representa o modo de vida de um
povo e agrega as manifestações de
identidade, valores e crenças de
uma sociedade, identificada com
sua formação histórico-social. Isto,
sem dúvida, é vital para a essência
da validade de um bem cultural,
que é benéfico ao ambiente econô-
mico, mesmo que não usufruído
diretamente por seu valor de uso.
Qual, por exemplo, seria o valor
econômico agregado diretamente
às pirâmides do Egito? Certa-
mente elas não são insumos e tam-
pouco uma riqueza natural que
satisfaça parte de necessidades
ilimitadas ou mesmo tenham valor
influenciado pela escassez. É ine-
gável a importância explicativa de
tal empreendimento à história
egípcia e mundial, assim como seu
valor mítico à crença de povos,
bem como acepções religiosas que
se reproduzem de maneira livre e
ilimitada. Apesar de dificilmente
tais questões poderem ser captadas
por análises científicas, principal-
mente pelo tom subjetivo confe-
rido à sua importância, sua exis-
tência aumenta o nível de bem-
estar da sociedade como um todo.
Em outras palavras, a utilidade
individual se eleva com a simples
existência de um tesouro cultural
da humanidade. Agora, deixando
um pouco de lado o que Octavio
Getino chama de “relações huma-
nas com a natureza, deuses e ou-
tros homens”, o que podemos cha-
mar de valor econômico ordinário
agregado à cultura existe e de ma-
neira plena, gerando possibili-
dades de apreensão lógica por um
modelo mais racional do que in-
A Economia da Cultura e a
importância dos bens culturais
Atuitivo. Assim, desde a época de
sua construção até os dias de hoje,
as pirâmides geraram vários tipos
de renda, dinamizando a região
pelo turismo, trânsito de estu-
diosos, reprodução de imagens,
vídeos, etc. Essa dimensão percep-
tível pelos modelos econômicos
mais tradicionais pode orientar a
formação de consistência setorial
na cultura, na medida em que o
setor emprega mão-de-obra, gera
renda, se reproduz em efeitos de
encadeamento setorial e na medida
em que essa abordagem permite
o tratamento da produção cultural
como o fornecimento de bens
públicos que, além de meritórios,
são economicamente relevantes.
Torna-se, então, um problema eco-
nômico e a “lógica de escassez” se
manifesta.
O que tem então a economia a
dizer a respeito desse problema?
A Economia pode atuar em diver-
sos níveis, a partir de seu instru-
mental analítico amplo e por uma
multiplicidade de abordagens do
setor a partir de diversos enfoques.
Tal como expresso por Alan Hers-
covici, a economia do setor público
pode definir a natureza do produto
cultural, seu caráter indivisível e as
externalidades; a lei do valor per-
mite ressaltar as dinâmicas ma-
croeconômicas da cultura; con-
ceitos de trabalho concreto e abs-
trato, formação do valor de troca e
preços ajudam a caracterizar a
natureza econômica do produto
cultural; análises relativas aos mer-
cados oligopolistas bem como tra-
balhos no âmbito da economia
industrial têm relevância ao ex-
plicar a dinâmica do mercado cul-
tural a partir dos efeitos da domi-
nação e avanço tecnológico; aná-
lises ligadas à estruturação do
espaço geográfico ajudam a com-
preender como as políticas cultu-
rais dos atores públicos se inserem
e se articulam nos espaços locais,
nacionais e internacionais; a análise
schumpeteriana constitui um ele-
mento explicativo da dinâmica dos
mercados, racionalidade dos agen-
tes e papel da inovação no setor
cultural.
Enfim, é muito rica e dinâmica
esta relação que o mundo agora co-
meça a apreciar e a analisar entre
o pragmatismo seco da Economia
e a delicadeza, muitas vezes nada
prática, da Cultura. Um belo casa-
mento!
Fo
to: E
lain
e C
arrasco
* Mestre e doutor em Economia
e professor do pós-graduação em
Economia da Cultura, da UFRGS
Stefano Florissi*
“Assim, desde a época de
sua construção até os
dias de hoje, as
pirâmides geraram
vários tipos de renda,
dinamizando a região
pelo turismo, trânsito de
estudiosos, reprodução
de imagens, vídeos, etc”
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Transformações na cadeia produtiva do leite: uma
breve discussão em torno do noroeste gaúcho
o início da década de 1990,
a desregulamentação do
mercado e o fim do tabela-
mento dos preços do leite dei-
xaram toda a cadeia produtiva de
leite brasileira exposta a um am-
biente totalmente novo e vulne-
rável. Expôs todo o problema de
ineficiência, baixa produtividade,
uso de técnicas rudimentares para
coleta de leite, indústrias com
problemas de deficiência tecno-
lógica e atravessadores controlando
a venda para o comércio varejista.
No Rio Grande do Sul, o setor
também esteve sujeito a essas situa-
ções, que aliadas a um despreparo
dos elos da cadeia na gestão
geraram uma série de entraves ao
seu desenvolvimento. Apesar dis-
so, tem-se verificado que a ativi-
dade láctea no Brasil vem cres-
cendo e tem potencial de cresci-
mento ainda maior.
Uma forte evidência deste po-
tencial é a disparada do preço do
leite nos últimos meses, que assu-
miu proporções muito acima da
média histórica. Embora os níveis
de preço deste momento não se-
jam definitivos, a situação atual é
de reacomodação em um patamar
superior aos níveis dos últimos
anos. O Brasil tem boas condições
de ocupar uma posição importante
no mercado mundial como expor-
tador, pois o momento é favorável.
Austrália e Nova Zelândia, dois dos
principais produtores mundiais,
enfrentam problemas climáticos e
o consumo mundial cresce de for-
ma consistente, surgindo, portanto
uma lacuna de oferta no mercado.
Baixos custos de produção, nível
tecnológico compatível, mão-de-
obra e área disponíveis são as
condições existentes no país, que
o colocam como forte candidato a
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“Isto representa um
aumento significativo
na demanda de leite in
natura para
industrialização que
alterará a estrutura do
mercado regional, hoje
controlada pela Elegê”
José Carlos Severo Corrêa*
Foto: D
ivulgação
* Economista, professor do Curso de
Economia da UNICRUZ - Universidade de
Cruz Alta
Nocupar este espaço.
No Brasil, a região sul é apon-
tada como uma das mais promis-
soras para a atividade, principal-
mente em função da estrutura
fundiária e forma de organização
da produção, mais adequada ao
desenvolvimento da atividade. No
Rio Grande do Sul, esta estrutura
produtiva é encontrada de forma
bastante intensa na região No-
roeste, local caracterizado por pe-
quenas propriedades que utilizam
mão-de-obra familiar e cultura
cooperativista bastante forte. Esta
situação aliada aos anúncios de
investimentos pela indústria no
Estado, especialmente na região,
tem suscitado a idéia de que o leite
passa a ocupar lugar de maior
destaque na nossa economia.
Consolidando-se as intenções de
investimento anunciadas, que so-
madas chegam a R$ 470 milhões,
e objetivam industrializar em tor-
no de 4,5 milhões de litros diários
na área compreendida pelos mu-
nicípios de Passo Fundo, Saran-
di, Palmeira das Missões, Ijuí e
Cruz Alta, com um raio de apro-
ximadamente 150 km de abran-
gência. Isto representa um aumen-
to significativo na demanda de
leite in natura para industria-
lização, que alterará a estrutura do
mercado regional, hoje controlada
pela Elegê. Aos produtores desta
região, considerados o elo fraco da
cadeia, esta condição estabelecerá
um novo ponto de equilíbrio. Pon-
to este que de um lado estimula os
investimentos no negócio a partir
da boa expectativa de retorno, de
outro exige dos produtores uma
nova postura em termos de gestão
e dedicação à atividade.
Está se apresentando uma ex-
celente oportunidade de diversi-
ficação das atividades na proprie-
dade rural do Noroeste gaúcho. No
entanto isto exige um grau maior
de atenção, especialmente em
decorrência do custo oportunidade
apresentado, pois além do leite,
esta é uma região que está for-
temente ligada a cultura da soja,
que já ocupa um lugar de destaque
no mercado mundial. As condi-
ções estão postas, bastando investir
para que esta atividade deixe de ser
a apenas a “renda da mulher” do
meio rural.
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