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FORMAÇÃO PEDAGÓGICA INICIAL DE FORMADORES MANUAL DO FORMANDO • CAPÍTULO I . O Formador nos Sistemas e Contextos da Formação

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  • FORMAO PEDAGGICA INICIAL DE FORMADORES MANUAL DO FORMANDO

    CAPTULO I . O Formador nos Sistemas e Contextos da Formao

  • FORMAO PEDAGGICA INICIAL DE FORMADORES MANUAL DO FORMANDO CAPTULO I . O Formador nos Sistemas e Contextos da Formao

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    CAPTULO I O FORMADOR NOS SISTEMAS E CONTEXTOS DE FORMAO

    Object ivos - Identificar e caracterizar os diferentes sistemas de formao; - Adoptar o sistema de formao mais adequado em funo das finalidades, do pblico-alvo e dos recursos didcticos utilizados; - Discriminar e aplicar a legislao que regula a Formao Profissional; - Identificar as competncias essenciais ao exerccio da funo de formador.

    Metfora O Principezinho e o acendedor de candeeiros P: Ol, bom dia! Porque apagaste mesmo agora o teu candeeiro? A.C: Obedeo a instrues. Ol bom dia. P: Instrues? O que isso? A.C: So instrues para apagar o meu candeeiro. Boa noite! volta a acend-lo. P: Mas porque o voltaste a acender? A.C: So as instrues que tenho. P: No percebo. A.C: Nada h para perceber. Instrues so instrues. Bom dia. Tenho uma profisso

    terrvel. Dantes, ainda v l apagava o candeeiro e acendia-o noite. Tinha o resto do dia para descansar e a noite para dormir

    P: mas as instrues mudaram da para c? A.C: No, no mudaram. Essa precisamente a minha desgraa! Imagina que, de ano para

    ano, o planeta agira cada vez mais depressa e as instrues no tm sido mudadas! Aquilo que necessrio para singrar na vida depende do tipo de mundo que se habita.

    necessrio sermos inteligentes, criativos e maleveis de acordo com as circunstncias com que nos deparamos. E medida que estas se vo alterando, precisamos ento de lhes dar respostas diferentes. J passou o tempo em que a capacidade do acendedor de candeeiros para seguir metdica e responsavelmente as instrues era crucial. Actualmente, esse tipo de importncia tornou-se efectivamente numa patetice. Agora, aquilo que ele precisa no lealdade, mas sim de criatividade.

    Guy Claxton & Bill Lucas IN Seja criativo (2006), pgs. 9-10

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    Introduo

    Citando Numa situao difcil preciso encontrar o que h a mudar, em vez de perceber o que

    est errado, pois s assim se pode agir sobre o acontecimento, em lugar de nos limitarmos a reagir a ele (Psiquiatra Slvia Quakinine).

    A evoluo do Homem enquanto ser social implicou uma viragem na forma de ver o mundo,

    assistindo-se a um gradual revolucionar de determinadas esferas da nossa existncia. O motor de qualquer revoluo sem dvida a mudana. J como referia Newton a

    propsito da mudana, sempre necessrio uma Aco (fora) para haver Mudana (no movimento). No entanto as coisas nem sempre so to lineares como parecem, nem to simples como gostaramos que fossem, pois tambm tm que existir vrias foras a operarem no mesmo sentido para que algum tipo de efeito se produza.

    Convm ento ressalvar que uma aco gera inevitavelmente algum tipo de mudana, e

    remontando ao que Jack Welch (2005) afirmou, mudana deve estar sempre associado um objectivo claro. A mudana s pela mudana estpida e enervante.

    Porm, independentemente dos motivos que nos levam a modificar um ou vrios aspectos das nossas vidas, existem sempre 4 fases de resposta humana que acompanham este processo, so elas:

    Negao, ou seja, recusa em reconhecer que a mudana necessria; Resistncia, que uma oposio activa mudana; Explorao, em que se testam vrios aspectos da mudana e Compromisso, baseia-se numa compreenso dos benefcios da mudana. Estes momentos so comuns a qualquer processo que implique mudana, a sua

    intensidade varia de acordo com a dimenso e caractersticas especficas de cada situao. ExemploNa prtica Imaginemos o processo de mudana de casa, perspectivado por um adolescente que

    nasceu e cresceu na habitao onde vive. Num primeiro momento, os pais confrontam o filho com a deciso de mudana. Ele reage

    negativamente, negando o processo, pois no consegue antever nenhuma vantagem em viver noutro lugar sem ser aquele: eu vivi sempre aqui, para qu mudar?!.

    Num segundo momento, o indivduo em causa resiste ideia de se mudar do seu habitat, fazendo uma oposio explcita deciso do resto da famlia: eu no vou mudar de casa...

    Decorrido algum tempo, o adolescente vai desbloqueando as suas defesas em relao nova situao, sendo a sua curiosidade em relao aos pormenores da casa cada vez mais aguada. Ele procura saber mais sobre aquilo que o espera, efectuando um balano dos aspectos positivos e negativos: capaz de no ser assim to mau

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    Por ltimo, o adolescente encara a mudana como benfica, no s aceita a deciso, como

    acaba por fazer parte dela, demonstrando a sua vontade de viver noutra casa porque a mesma perto do mar, pode ter animais domsticos e at porque pode fazer novos amigos: ainda bem que mudmos de casa!

    Curios idades. .. Um estudo realizado pela Real Sociedade das Artes (RSA), concluiu que, actualmente no

    Reino Unido: 28% de todos os trabalhos so em part-time; 80%-90% dos novos empregos so atribudos a mulheres (as mulheres representavam 55% da fora de trabalho na viragem do sculo); Os gestores trabalham mais 120 horas por ano que h 50 anos atrs; Em Portugal, dos Censos efectuados em 2001, foram obtidas as seguintes concluses: A proporo de jovens diminuiu passando de 20,0% para 16,0%, e a proporo de idosos aumentou de 13,6% para 16,4%, o que significa que, para alm de em Portugal se verificar uma crescente diminuio da natalidade, tambm se observa um aumento da esperana mdia de vida, e que se traduz num progressivo envelhecimento demogrfico. Transpondo tudo o que foi referido acerca da mudana para os dias de hoje, o que se

    observa que com o acelerado processo de transformaes ocorridas ao longo dos tempos torna-se premente preparar o futuro das sociedades humanas. Para tal ser necessrio investir no desenvolvimento do valor da pessoa enquanto motor efectivo da evoluo e inovao, tal como Malone & Laubacher (.) sugerem ao afirmar que a unidade fundamental da nova economia no a empresa mas o indivduo.

    A responsabilidade de preparar o indivduo para que este possa operar a mudana quer

    nele prprio, quer no contexto das organizaes a que pertence, recai sobre a actividade de formao. Esta constitui-se como o principal instrumento que procura dar resposta s vrias adaptaes que ao longo dos tempos, se foram operando, nomeadamente ao nvel do plano tecnolgico, poltico e social

    No que diz respeito ao percurso realizado pela Formao ao longo do seu caminhar em

    direco sua necessria afirmao, importante sublinhar que este no deve ser encarado como terminado. um caminho sem fim, uma vez que, aquilo que o caracteriza precisamente a sua constante mutao, caracterstica imprescindvel adaptao humana.

    Assim, na sociedade da informao e do conhecimento caracterstica da era que

    atravessamos caber s organizaes o desafio da excelncia, no qual a qualidade da formao deve ser no s garantida, mas sobretudo, optimizada. Este dado pode ser comprovado atravs do que foi concludo no Conselho Europeu de Lisboa (Maro de 2002), no qual foi referido que a aprendizagem deve acompanhar a transio bem sucedida para uma economia e uma sociedade assentes no conhecimento (Covita, H., 2002).

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    Este aspecto vai ao encontro do que refere Roberto Carneiro (): se o conhecimento ,

    consensualmente o motor actual das economias o seu combustvel a aprendizagem. Por isso, a aprendizagem ao longo da vida surge como desafio maior do novo sculo tanto na vertente das pessoas como na das organizaes (organizaes aprendentes).

    A sociedade de futuro basear-se- nos investimentos em inteligncia e na aprendizagem e

    formao (Silva, M., 1997, Mtodos Activos). Prope-se uma sociedade que aprende learning society destinada a optimizar a sinergia ao descobrir novas formas de organizar e administrar que estimulam a aprendizagem no seu todo.

    Neste enquadramento, o campo da formao profissional abre-se perante as diferentes

    formas de pensar o indivduo e a actividade pedaggica. Assim, a aprendizagem ao longo da vida pode considerar-se como um dos pilares bsicos

    da cidadania activa e de empregabilidade, tornando-se urgente aprofundar o conhecimento e proporcionar os dispositivos de aprendizagem adequados aos ritmos e disponibilidades dos cidados. Urge assim o reconhecimento das competncias que tambm se adquirem em ambientes no formais, nomeadamente dos profissionais de formao e as entidades formadoras.

    Em funo das vulnerabilidades especficas de certos pblicos torna-se fulcral o

    desenvolvimento de iniciativas permanentes que promovam a progressiva interiorizao de competncias (Covita, 2002).

    Deste modo, novos e profundos desafios colocar-se-o aos sistemas e dispositivos de

    educao e formao e a toda a sociedade de forma a garantir aos cidados a participao num contnuo de aprendizagem que ir proporcionar a melhoria permanente de conhecimentos, aptides e competncias (Horcio Mendes Covita, Anlise Psicolgica, 2002).

    A Formao Profissional uma actividade integradora e desenvolvimentista e deve ser

    considerada como o factor principal da humanizao do trabalho.

    A Saber 1.1 Formao profiss ional

    O novo mundo traz com ele uma nova viso de criatividade, Claxton & Lucas (2004).

    Nunca existiu tanta incerteza como existe hoje neste mundo de rpida mutao, o que significa que para responder s questes que hoje abundam, as pessoas devem apostar no seu potencial criativo, o qual s poder ser francamente desenvolvido atravs de um instrumento de partilha de conhecimento: a Formao Profissional. Esta configura-se como o pilar da mudana procurada, destinada a desenvolver pessoas inteligentes, criativas e flexveis, capazes de dar respostas diferentes, porque o tempo da vida quotidiana tal que tudo parece e sentido como diferente (Claxton & Lucas, 2004).

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    O que a Formao Profissional? Segundo o Decreto-Lei n. 401/91 de 16 de Outubro de 1991, entende-se por Formao

    Profissional, o processo global e permanente atravs do qual jovens e adultos, a inserir ou inseridos na vida activa, se preparam para o exerccio de uma actividade profissional.

    Como cada vez mais as empresas exigem a especializao e adaptao a novas funes,

    as reciclagens impem-se como uma constante para se conseguir responder aos desafios que so colocados pela dinmica do mundo envolvente.

    Neste sentido, importante sublinhar o papel das entidades de formao cujo desempenho

    deve ser pautado pelo exerccio de valores fundamentais como a transparncia, a responsabilidade, a qualidade, a inovao e a excelncia, numa perspectiva de melhoria contnua.

    De acordo com Wexley e Latham (1991) qualquer esforo de formao e desenvolvimento

    pode ter em vista um ou mais dos seguintes objectivos: 1. Aumentar nos indivduos nveis de auto-conscincia; 2. Aumentar competncias individuais numa ou mais reas de percia; 3. Aumentar nos indivduos a motivao para desempenharem bem as suas funes. Manual de Avaliao da Formao Assim, a Formao profissional o complemento necessrio da educao pelo qual so

    adquiridos conhecimentos especficos, tcnicas e atitudes necessrias ao exerccio das funes dos diferentes nveis profissionais.

    A Formao Profissional actua concertadamente em trs domnios: Formao Geral corresponde ao domnio dos conhecimentos, do desenvolvimento do saber

    terico que sustenta qualquer aco/aprendizagem (O Saber - Saber). Especializao corresponde ao domnio das competncias, do desenvolvimento de

    habilidades/destrezas que possibilitam a passagem prtica em todas as actividades (Saber - Fazer).

    Adaptao corresponde ao domnio das atitudes, manifestando-se no mbito dos valores,

    na postura que desenvolvemos a partir de determinada aco/aprendizagem (Saber - Ser).

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    Exemplo Uma aprendizagem abrange o desenvolvimento dos domnios referidos, embora existam

    actividades que impliquem a predominncia de um em relao aos outros. Foquemos o exemplo do indivduo que pretende aprender a conduzir automveis. A sua

    formao ser global, ter de desenvolver os trs domnios do conhecimento (saber-saber, saber-fazer e o saber-ser) para se tornar um bom condutor.

    Em primeiro lugar, o sujeito ter que aprender a teoria que suporta a conduo de veculos, tendo para tal de adquirir um conjunto de conhecimentos relacionados com as regras de trnsito, adoptando o conhecido cdigo da estrada.

    Uma vez adquirido o saber-saber, o indivduo poder desenvolver a parte prtica da conduo, as habilidades/destrezas que lhe permitam manter a estabilidade do automvel, executar as manobras, etc.

    Por ltimo, o indivduo est apto para desenvolver a sua atitude para transitar na estrada, em convvio cvico com os outros condutores, pees e regras estabelecidas. Neste domnio, ele utilizar tanto os conhecimentos adquiridos como as competncias prticas no sentido de proceder adaptao sustentada pelo sistema de valores que incorporou durante a formao decorrida.

    Conceito de S istema Um Sistema um conjunto de elementos em interaco dinmica e organizados em funo

    de uma finalidade. Neste sentido num Sistema tem que existir Entrada, Processamento e Sada da Informao, ou seja, todos os sistemas tm as seguintes exigncias:

    Definio de nveis de entrada; Definio de tratamento interno (metodologias, sequncias); Definio de nveis de sada. Esquematizando

    No que respeita ao mbito da Educao/Formao em Portugal, so considerados os

    seguintes sistemas: O Sistema Macro Educativo, em que a aco pedaggica se destina a conduzir crianas

    de forma a ensin-las, instru-las e educ-las, portanto encerra em si a transmisso de conhecimentos de mbito mais generalista.

    O Sistema Extra-escolar ou Formao Profissional faz parte da Educao de Adultos

    (Andragogia), ou seja, o enfoque dado ao desenvolvimento profissional e aquisio ou ao aperfeioamento de competncias.

    entrada Processamento Sada

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    O que importante reter no que diz respeito noo de Sistema o facto de que, apesar

    dos diversos enquadramentos e objectivos do sistema de formao as fases que constituem a sua gesto so semelhantes: Concepo do sistema; Gesto do Sistema; organizao/Coordenao e Animao do Sistema e Avaliao do Sistema.

    A importncia da Formao profissional prende-se ento com a necessidade de

    proporcionar s pessoas a aquisio de informao, conhecimento e experincias, cada vez em maior quantidade, qualidade e velocidade de forma a garantir a evoluo e a sustentabilidade das organizaes e naes, atravs do mundo da rentabilidade, produtividade e qualidade das organizaes que as integram.

    Modalidades da Formao A Formao profissional pode ser: Inicial e Contnua. A formao profissional inicial destina-se a habilitar a pessoa para o exerccio de uma

    profisso, conferindo uma qualificao profissional certificada. A Formao profissional Contnua estando inserida na vida profissional do sujeito, realiza-

    se ao longo da mesma, e por isso apresenta os seguintes objectivos: Promoo da adaptao do indivduo tanto s mudanas ocorridas ao nvel do plano tecnolgico como a nvel organizacional; Favorecimento do crescimento profissional; Melhoria da qualidade do emprego; Desenvolvimento progressivo ao nvel do desenvolvimento cultural, econmico e socia Quadro I FP Inicial

    FP Inici al Caracters ticas

    Inici ao profissional Preparao do indiv duo que no completou a escolar idade obrigatria

    para a insero na vida activa, fornecendo-lhe uma componente prtica em contexto rea l de trabalho.

    Quali f icao Ini cial Atribuio de formao profissional completa, qualif icante, nvel II ou III , no inferior a 1 ano, a jovens e adultos com idade no inferior a 16 anos, antes do ingresso na vida act iva.

    Aprendizagem Profissional

    Candidatos ao primeiro emprego, no abrangidos pelas leis relativas escolaridade obrigatria, que pretendem obter uma qualif icao de nvel II ou III ; - Alternncia de qualif icao prof iss ional com uma progresso escolar.

    Especia lizao tecnolgica

    Formao ps-secundria de jovens e adultos (candidatos ao 1 emprego e ind ivduos com o 12 ano), d ireccionada para componentes tcnicas de nvel mdio

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    Quadro II FP Cont nua

    FP Cont nua

    Caractersticas

    Formao Recorrente Modal idade dest inada a ind ivduos integrados no mercado de trabalho sem a necessria formao de base.

    Recic lagem Profissional Visa a actualizao de conhecimentos, competncias e atitudes devido a progressos que ocorrem a nve l tecnolgico e cient f ico, dentro da mesma profisso

    Aperfeioamento Profissional Proporciona uma qualif icao de base actualizada que serve de complemento prtica da profisso exercida.

    Quali f icao Profissional Visa a qualif icao de activos indiferenciados ou semi-qualif icados.

    Reconverso Profissional Visa a obteno de uma qualif icao diferente da possuda para o exerccio de uma outra actividade profissional.

    Especia lizao Profissional Permite o reforo de certas atitudes e competncias, formas de estar ou conhecimentos que no foram adquir idos durante a qualif icao prof iss ional de base mas que so fundamentais para o exerccio de tarefas profissionais mais complexas.

    1.2- Enquadramento legal Organizao da activ idade formativa A formao profissional constitui-se como um sistema particular sustentado por rgos

    que regulam a actividade e a tornam vlida para que todos os agentes envolvidos no processo a sintam de forma transparente e eficaz. S assim a formao faz sentido.

    Entidades que regulam a formao profissional: IQF (Instituto para a Qualidade na Formao) antigo INOFOR criado em 2004 assume uma interveno vocacionada reforo da qualidade e eficcia do Sistema de formao profissional, sob tutela do Ministrio da Segurana Social e do Trabalho. Trata-se de um organismo de apoio estratgico profissionalizao e desenvolvimento das entidades formadoras e dos profissionais de formao. IEFP (Instituto de Emprego e Formao Profissional) criado em 1979 um organismo pblico, sob a tutela do Ministrio do Trabalho e da Solidariedade Social, ao qual compete a execuo das polticas de emprego e formao profissional, definidas e aprovadas pelo governo.

    A formao sendo regulada por instituies como o IQF e o IEFP, levada a cabo por entidades formadoras.

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    Entidade formadora: Organismo pblico ou entidade dos sectores privado ou cooperativo,

    com ou sem fins lucrativos, que assegura o desenvolvimento de formao a partir da utilizao de estruturas adequadas, tais como instalaes e recursos humanos e tcnico - pedaggicos, para desenvolver com carcter permanente actividades de orientao, pr-formao, formao e insero, em benefcio de entidades ou participantes externos entidade (guia IQF).

    As entidades formadoras devem estar acreditadas pelo IQF. Uma entidade acreditada

    consiste numa entidade, com personalidade jurdica prpria, cujas capacidades para o desenvolvimento de actividades formativas foram validadas e reconhecidas nos domnios e mbitos de interveno onde demonstrou deter competncias, meios e recursos adequados.

    Deste modo, a acreditao representa numa operao de validao tcnica global e reconhecimento formal da capacidade formativa de uma entidade (guia IQF).

    Para que serve o sistema de acreditao? Elevar da qualidade da formao profissional; Estruturar do sistema nacional de formao profissional; Contribuir para a credibilizao das entidades e demais agentes que operam no quadro do sistema de formao profissional; Promover as entidades validadas pelo sistema, mediante o reconhecimento das respectivas competncias distintivas; Estimular e dinamizar o funcionamento do mercado da formao profissional; Articular parcerias ou redes de mbito nacional ou transaccional que desenvolvam metodologias inovadoras e desenvolvam novas intervenes formativas; Contribuir para um melhor aproveitamento, rentabilidade e utilidade na aplicao e utilizao de fundos nacionais e comunitrios. Agentes de formao 1. Formador Pessoa qualificada que estabelece uma relao pedaggica com os formandos,

    favorecendo a aquisio ou aprofundamento de competncias adequadas ao desempenho profissional (Decreto Regulamentar n. 66/94, de 19 Novembro, com as alteraes introduzidas pelo Decreto Regulamentar n. 26/97, de 18 de Junho).

    2. Coordenador de Formao Indivduo que prepara e assegura a execuo de uma ou vrias aces de formao,

    efectuando o planeamento, a programao, a organizao, o acompanhamento, o controlo e a avaliao das actividades que integram cada aco de formao.

    3. Responsvel de Formao (manual requisitos IQF pag.16) Pessoa com responsabilidade de gesto da actividade em que assenta o pedido e

    acreditao. Desempenha as seguintes funes (entre outras):

    Assegurar o cumprimento dos objectivos do plano de interveno, no que formao diz respeito;

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    Assegurar o cumprimento dos requisitos de acreditao e a ligao ao sistema; Assegurar a articulao da funo formativa s restantes funes dentro da organizao;

    Ser o elo de ligao das intervenes com a gesto de topo ou direco e os clientes ou utilizadores. Enquadramento legal da Formao profiss ional :

    Legislao de Enquadramento da Formao Profissional (Decreto Lei N 401/91 de 16 de Outubro de 1991)

    Artigo 2 Conceito de formao

    Artigo 3 Definio de Formao profissional in icial e Formao

    profiss ional contnua

    Artigo 8 Certif icao da Formao profissional

    Artigo 9 Definio de Formandos

    Artigo 10 Definio de Formadores

    Artigo 11 Definio de Entidades formadores

    Artigo 22 Avaliao da Formao profissional

    Regime Jurdico especf i co da formao profissional ins erida no mer cado de emprego (Decreto Lei N 405/91, de 16 de Outubro)

    Artigo 7 Empresas e outras entidades empregadoras

    Artigo 8 Outras entidades formadoras

    Artigo 10 Coordenao da Formao profissional

    Artigo 12 Formandos/Contrato de Formao

    Artigo 13 Formadores/Habil itaes exigidas ao exerccio das funes de

    formador

    Artigo 15 Avaliao das aces de formao profissional

    Lei de Bases do Sistema Educati vo (Lei N 46/86 de 14 de Outubro)

    Artigo 16 Modal idades da Formao profissional

    Artigo 19 Definio de Formao profissional e pblico

    alvo

    Artigo 20 Definio de Ensino recorrente de alunos e pblico-alvo

    Artigo 21 Definio de Ensino distncia e pblico-alvo

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    Regime Jurdico da aprendizagem (Decreto Lei n 205/96, de 25 de Outubro)

    Artigo 19 Direitos dos Formandos

    Artigo 20 Deveres dos Formandos

    Artigo 21 Direitos das entidades formadoras

    Artigo 22 Deveres das entidades formadoras

    Regulamentao do exercci o da actividade do formador no domnio da Formao profissional inserida no mer cado de empr ego (Decretos Regulamentar es N 66/94, de 18 de Novembro e n 26/97, de 18 de Junho)

    Artigo 2 Conceito de Formador

    Artigo 4 Tipos de Formadores

    Artigo 7 Direitos do Formador

    Artigo 8 Deveres do Formador

    Artigo 9 Emisso e certif icados de admisso

    Portaria N 1119/97 de 5 de Novembro Normas especf i cas de certi f icao relativas homologao da formao pedaggica

    1 Formao pedaggica Inicial de Formadores

    2 Renovao de certif icados de aptido

    Tabela de nveis de Formao (Deciso n 85/386/CEE de 16 de Julho de 1985)

    Nvel 1 Nvel de Formao que permite o acesso escolaridade

    obrigatria e in iciao profissional

    Nvel 2 Nvel de Formao que permite o acesso escolaridade obrigatria e formao profissional

    Nvel 3 Nvel de Formao que permite o acesso escolaridade obrigatria e/ou formao profissional e formao tcnica complementar ou formao tcnica escolar, ou outra de n vel secundrio

    Nvel 4 Nvel que permite o acesso formao secundria (geral ou profiss ional) e formao tcnica ps-secundria

    Nvel 5 Nvel que permite o acesso Formao secundria (geral ou profiss ional) e formao superior completa

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    1.3- Perf il do formador Numa sociedade que se quer aprendente, a actividade do formador no se limita apenas

    a proporcionar a aprendizagem e a apropriao de saberes pelos formandos, mas tambm como acontece em qualquer processo bilateral, a absorver tudo o que transmitido no ambiente de formao.

    Significa ento que o formador deve estar atento forma como aprendem os adultos e

    como reagem ao seu estilo de aprendizagem (Silva, M., 1997). A actividade do Formador baseia-se em trs grandes momentos:

    Actividade do Formador

    - Anlise, ordenao e estruturao das tarefas a desenvolver na aco de formao: objectivos, perfis de entrada e de sada, programa, condies de realizao. - Elaborao do dossier da aco de formao. - Concepo e p lanif icao do desenvolvimento da formao: tema, durao, object ivos; contedos; metodologia (actividades); recursos didcticos/documentao de apoio; ava liao.

    Planeamento/ Prepar ao da Formao

    - Elaborao dos planos das sesses de formao. - Mediao do processo de formao/aprendizagem: desenvolvimento dos contedos, estabelecimento da comunicao da motivao dos formandos; gesto dos tempos e meios materiais necessrios; ut i l izao dos auxil iares didcticos.

    Desenvolvimento/Animao da Formao

    - Gesto da progresso na aprendizagem: uti l izao dos meios de avaliao formativa; Implementao dos ajustamentos necessrios. - Avaliao da aprendizagem. - Avaliao da reaco.

    Avali ao da Formao

    - Aco de regulao com vista melhoria do processo formativo.

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    O Formador animador -o por vocao, mas desenvolve a reflexo sobre o seu prprio

    trabalho e domina perfeitamente as tcnicas pedaggicas. Alis, a experincia no mbito da formao de formadores (e de professores), coloca-nos perante a necessidade de reflectir sobre uma vertente essencial: o formador um animador de grupos (Silva, M., 1997).

    Para exercer as suas funes de maneira a conseguir facilitar a aprendizagem

    e apropriao de saberes pelos formandos e, simultaneamente desenvolver relaes interpessoais positivas (lder), tem que possuir dois grandes tipos de Competncias:

    Psicossociais:

    - Saber-estar em situao profissional no posto de trabalho (assiduidade,

    pontualidade, aplicao no trabalho, boa relao);

    - Possuir capacidade de relacionamento com os outros e consigo prprio (comunicao interpessoal, liderana);

    - Capacidade de relacionamento com o objecto de trabalho (criatividade, flexibilidade, capacidade de tomada de deciso).

    Tcnicas:

    - Planear e preparar as aces de formao; - Mediar o processo de formao; - Gerir a progresso na aprendizagem dos formandos; - Avaliar a eficcia da formao

    Assim, o Formador deve ter em conta tanto os formandos como a situao de aprendizagem e, agindo dinamicamente sobre ambos deve conseguir:

    Centrar-se nas pessoas e no grupo; Criar uma dinmica de grupo; Provocar discusso, o trabalho tanto individual como de equipa; Utilizar a pedagogia do sucesso com reforo positivo; Valorizar as experincias e os desempenhos; Ter conhecimento e poder agindo nas diversas fases do sistema de formao.

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    S ntese

    Ideias a reter: Vivemos num mundo em constante mutao que exige por parte das pessoas uma capacidade de adaptao constante e um potencial criativo capaz de responder de forma inovadora s questes apresentadas. A Formao Profissional consiste numa resposta adaptativa s exigncias do mercado actual, constituindo uma ferramenta de desenvolvimento pessoal, profissional e social. O formador deve ser dotado de um conjunto de competncias (psicossociais e tcnicas) que lhe permitam assumir-se como agente da mudana, sendo um facilitador/orientador da aprendizagem dos formandos, fomentando a sua atitude e potencial crtico e criativo.