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FUNÇÕES PSÍQUICAS

PROFA. EROTILDES MARIA LEALPROF. OCTAVIO DOMONT DE SERPA JR.

IPUB/UFRJDepartamento de Psiquiatria e Medicina Legal

Psicopatologia Geral

HISTÓRICO

- função psíquica e faculdade mental são utilizados como sinônimos

- Espécie de anátomo-fisiologia do espírito, um pouco funcional, um pouco localizacionista

- Faculdade mental – aparece primeiro: desde antiguidade – a mente humana é

una ou composta por faculdades?

HISTÓRICO

Número e nome das faculdades mentais foi mudando com as diversos sistemas teóricos

Sec XVIII - Christian Wolff, o pai da faculdade mental, considera capacidades como atenção, memória, percepção, faculdades como FUNÇÕES mais ou menos independentes.

Debate subjacente até este momento: as faculdades mentais/ funções psíquicas eram capacidades advindas das sensações (sensualismo/corpo) ou do espírito (mente)?

Inicio do sec XIX – Frenologia:

marca a localização das funções psíquicas no cérebro.

o cérebro é composto por sub-orgãos e cada um destes sub- orgãos é responsável uma faculdade mental específica.

a forma externa do crânio reflete a forma interna do cérebro; o desenvolvimento relativo de seus sub-órgãos causam mudanças na forma do crânio; é possível diagnosticar faculdades mentais particulares de um dado indivíduo, ao se fazer a análise adequada do crânio.

as faculdades mentais como propõe a frenologia perdem a força no fim do sec XIX, por causa de sua fraqueza científica.

HISTÓRICO

Necessidades descritivas dos administradores de asilos e dos novos cohortes de pacientes

Psicologia das Faculdades e Associonismo

Forma e Conteúdo dos Sintomas

Sintomas (subjetivos) e Sinais (objetivos)

Funções psíquicas e a relação mente corpo hoje

E o localizacionismo hoje, como fica, esse termo se aplica?

ruiu a concepção dos "centros autônomos" a idéia de centros depósitos de imagens, de palavras, de recordações ou criadores de idéias, volições e sentimentos


há regiões determinadas cujas modificações fisiológicas ou mórbidas se acompanham de repercussão precisa na esfera psicológica.

A mente humana não é uma “faculdade” isolada ou apriorística, mas uma “atividade” complexa, caracterizada por sua estrutura sistêmica, natureza mediada e origem histórico-social.

Psicopatologia GeralFunções Psíquicas


Todo ato mental (percepção de um objeto, enunciado verbal,resolução de um problema) é levado a cabo por um ‘sistema funcional complexo’ também concebido como ‘rede neurofuncional’, ‘representação distribuída em paralelo e em série’ e como ‘modelo de esboços múltiplos’, que se constitui de um conjunto dinâmico e interconexo de componentes psicológicos (volitivos, afetivos, cognitivos) e de regiões cerebrais, cada uma delas contribuindo com operações básicas para o funcionamento do sistema ou ato como um todo.


- Seu caráter dinâmico deve-se ao fato de que sua estrutura psicológica e sua organização cerebral mudam a cada instante, na mesma medida em que mudam as tarefas em pauta.

- Cada tarefa requer um conjunto diferente de operações psíquicas básicas adequadas aos seus objetivos, além dos componentes motivacionais e emocionais sempre presentes.


Essa concepção de cérebro é evidentemente um contraponto à concepção localizacionista do cérebro como “mapa” ou “container” de funções psíquicas:

-

De acordo com este conceito, apenas certas operações ou mecanismos básicos podem ser localizados em determinadas regiões cerebrais, não as próprias funções psíquicas; e apenas os objetivos ou resultados finais da atividade permanecem constantes, devendo variar seus mecanismos ou operações básicas na medida em que mudam as condições em que se realizam.


Holismo Cerebral

&

Holismo Mental

Funções psíquicas definição atual

As funções psíquicas descrevem, de modo

artificial e compartimentalizado, as complexas atividades da vida mental que permitem a cada individuo estabelecer relação com o mundo, com o outro e consigo mesmo.

Exemplo: como apreendemos os objetos que estão no mundo?

a) percebemos diretamente b) através da sua imagem c) através do pensamento

As funções psíquicas estudadas na PSICOPATOLOGIA

Consciência Orientação Atenção Sensopercepção Memória Consciência do Eu Consciência da Realidade Pensamento Vontade e Vida Instintiva Afetividade, humor Inteligência Linguagem


Consciência: - dados objetivos apreendidos e incorporados à

experiência vivida e dotados de amplitude e claridade

Orientação: - complexo de funções psíquicas que nos permite ter

consciência, a cada momento da nossa vida, da situação real em que nos encontramos, tanto em relação a nós mesmos, quantos aos outros, quanto ao tempo e ao espaço

Atenção: - processo psicológico que nos permite concentrar a

nossa atividade psíquica sobre o estímulo que a solicita


consciência do eu: - é a convicção da existência pessoal, da identidade, da

autonomia, o sentimento de constância no tempo, de unidade e atividade

Percepção: - ato pelo qual, através dos sensações, dos estímulos sensoriais, tomamos conhecimento de um objeto do meio exterior

Pensamento: - atividade mental que elabora e organiza os dados da

experiência conforme a razão, o raciocínio.

Linguagem: - a expressão do pensamento por meio de palavras, fala ou

escrita


Afetividade: - capacidade de experimentar sentimentos e emoções tanto

em relação a intensidade quanto qualidade

Vontade: - é o aspecto pragmático, operacional das tendências

instintivas Memória: - capacidade de fixação dos dados da experiência vivida

com fins a sua posterior evocação

Inteligência: - capacidade de utilizar suas disposições psíquicas , em

especial o pensamento, de forma eficiente e produtiva.

Funções psíquicas hoje: possibilidades e limites

o seu estudo não é feito para se buscar localização cerebral, mas para permitir a descrição detalhada do sintoma e a partir determinar o transtorno mental. Entretanto, só esta descrição detalhada não basta para fazer o diagnóstico!

a analise das funções psíquicas permite o estudo detalhado e aprofundado de fatos da vida psíquica normal e patológica, mas esses fenômenos não são objetos naturais!


embora cada função seja estudada isoladamente, não existem funções psíquicas isoladas e alterações psicopatológicas compartimentalizadas desta ou daquela função. É sempre a pessoa na sua totalidade que adoece.


O estudo das funções psíquicas produz a impressão de que vida psíquica pode ser entendida como um mosaico, a partir da soma de manifestações isoladas . Isso não corresponde a realidade!

Cada função parcial na vida psíquica e cada aspecto da realidade psíquica só existem em vinculação estreita com toda a vida e com a realidade psíquica total.

Exemplo: tendemos a separar memória de pensamento, mas o pensamento pressupõe a existência de lembranças



Na psicopatologia cada sintoma é um processo, mais aparente, de uma perturbação geral.

Exemplo: uma idéia delirante de ter cometido um pecado, num estado de tristeza, é sinal de depressão e desaparecerá com ela, essa mesma idéia delirante sem modificação do estado de humor, indica doença diversa, podendo por exemplo sugerir adoecer esquizofrênico.



Não vincular significado de sintoma apenas ao estado total atual do doente

Vincular também a sua vida real: sentido de tristeza é uma coisa quando ocorre junto a severo golpe do destino e pode ser outra quando aparece em pessoa que vive feliz.

Ouvir a palavra de Deus em época de excitação religiosa e ouvi-la em fora dessa circunstancias, tomar isso como natural ,etc.. - suspeitar de dç mental

Funções psíquicas hoje: possibilidades e limites da utilização desta categoria

O estudo da forma e do conteúdo dos sintomas:

Forma:

- modo como o indivíduo tem o objeto diante de si – se como percepção, como representação (imagem), como pensamento

- caráter comum que se repete e que não muda de tempos em tempos. Ex: o fato alucinação é sempre alucinação, independente daquilo que é alucinado;

- percepção, idéias, julgamento, sentimentos vontade consciência de si são todos formas de fenômenos psíquicos; indicam um modo particular de existência no qual os conteúdos se apresentam a nós.

- a forma se refere aos aspectos impessoais dos sintomas mentais, o que garante a sua estabilidade no tempo e no espaço, isto é a constância dos elementos.



Forma: - Enfatizar a forma do sintoma é um modo de se alcançar ,com

campo da psiquiatria, um marcador comportamental estável e publico da doença.

Problema: Isso “produz” numa metafísica dos tipos naturais: cada classe que é um tipo real distingue-se de outro classe por propriedades múltiplas e indeterminadas que não derivam de nenhuma outra.



Conteúdos: - mudam o modo como os fenômenos são vividos.

Conferem peso aos fenômenos na totalidade da vida psíquica e dão sentido a interpretação e a auto apreensão dos fenômenos.

- conteúdo pode mudar de tempos em tempos, ou seja, o fato alucinação tem que ser distinguido de seu conteúdo – quer seja uma arvore ou um homem

- dão acesso a uma psique individual

Estudo da experiencia subjetiva como sintoma – via empatia

FUGINDO DE UMA ANÁLISE PLANA, SEM PROFUNDIDADE QUE NÃO LEVA EM CONTA A ORGANIZAÇÃO INTERNA DO SUJEITO

Se o estudo exclusivo dos sintomas não basta para entender diagnosticar e tratar

o transtorno mental, como proceder?

semiologia o que é vivenciado aqui e agora.

Análise do estado mental que o paciente apresenta no momento do exame.

Corresponde a análise da experiência presentemente vivenciada. Em que circunstâncias isso se deu. Em que universo de relações.

A experiência vivenciada é constituída do conjunto de fenômenos psíquicos (percepção, imaginação, linguagem, humor,atividade psicomotora) que compõem o campo da consciência a cada instante da existência.

Semiologia do sistema permanente de existência do sujeito – corte longitudinal.

. Análise de como o paciente tem vivido, ao longo do tempo, as alterações das funções psíquicas.

. O tempo é um referente de análise

. Inclui análise longitudinal da competência psicossocial

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