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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL JULIANA NORA O PAPEL DO RELAÇÕES PÚBLICAS COMO GERENCIADOR DA OPINIÃO PÚBLICA NAS REDES SOCIAIS Caxias do Sul 2015

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

JULIANA NORA

O PAPEL DO RELAÇÕES PÚBLICAS COMO GERENCIADOR DA OPINIÃO

PÚBLICA NAS REDES SOCIAIS

Caxias do Sul 2015

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM RELAÇÕES PÚBLICAS

JULIANA NORA

O PAPEL DO RELAÇÕES PÚBLICAS COMO GERENCIADOR DA OPINIÃO

PÚBLICA NAS REDES SOCIAIS

Trabalho de Conclusão de Curso de Comunicação Social, habilitação em Relações Públicas, da Universidade de Caxias do Sul, apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel. Orientadora: Ana Laura Paraginski.

Caxias do Sul 2015

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JULIANA NORA

O PAPEL DO RELAÇÕES PÚBLICAS COMO GERENCIADOR DA OPINIÃO

PÚBLICA NAS REDES SOCIAIS

Trabalho de Conclusão de Curso de Comunicação Social, habilitação em Relações Públicas, da Universidade de Caxias do Sul, apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel. Orientadora: Ana Laura Paraginski.

Aprovada em ____/____/2015.

Banca Examinadora:

_______________________

Prof. Ma. Ana Laura Paraginski Universidade de Caxias do Sul

_______________________

Prof. Ma. Jussania de Fátima Albé Universidade de Caxias do Sul

_______________________

Prof. Ma. Anaize Spada Universidade de Caxias do Sul

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos meus pais Nilo e Cici por me proporcionarem a

possibilidade de estudar, sempre pensando no meu crescimento pessoal e

profissional, por me ensinarem que o conhecimento é algo que nada nem ninguém

pode tomar de mim e por estarem me apoiando durante a realização deste trabalho,

assim como em toda a minha trajetória acadêmica.

Á minha professora e orientadora Ana Laura, pela paciência, pelos

conselhos e por todo material que esteve pesquisando para que eu pudesse

construir a base deste trabalho. Assim como todos os professores, grandes

educadores, com os quais tive o prazer de aprender ao longo desses anos de

graduação em Relações Públicas.

Agradeço também a todos os meus colegas com os quais dividi momentos

inesquecíveis e que levarei sempre no meu coração, obrigada amigos, Camile

Calza, João Domingos, Camila Valentini, Dayane Zulianelo, Gustavo Brandalise,

Monique Areze e Ricardo de Souza pelo companheirismo, apoio e pelas risadas que

pude compartilhar com cada um de vocês.

A todos, muito obrigada.

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Diga-me e eu esquecerei, mostre-me e talvez eu lembre, envolva-me e eu entenderei. Benjamin Frankling

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RESUMO O presente trabalho traz como tema central a gestão da opinião pública dentro das redes sociais online, apresentando alguns aspectos do cenário atual. Busca-se refletir a respeito do papel do profissional de Relações Públicas diante das influências negativas causadas pelas crises de imagem e reputação desencadeadas no ambiente digital. Utilizou-se, para a concretização deste trabalho, o estudo bibliográfico com base em obras, artigos e teses científicas, assim como pesquisas, manuais e outras fontes disponíveis na internet. A abordagem contextualiza primeiramente a história das Relações Públicas, suas funções iniciais e os novos nichos de mercado que surgem a partir da web 2.0, com ênfase na sua atuação como profissional de social mídia. Em seguida, investiga-se a opinião pública nos meios de comunicação de massa, percebendo as mudanças de comportamento gerado pelas influências das interações online, trazendo um panorama das organizações frente às redes sociais, à tecnologia e às novas formas de relacionamento. Por fim, para a realização de um parâmetro mais efetivo das contribuições das práticas de Relações Públicas para a comunicação organizacional no ambiente web, utilizou-se da análise de casos, assim como de uma entrevista realizada com uma profissional da área, a fim de demonstrar que a atividade de Relações Públicas tem condições de aperfeiçoar e realizar atividades de comunicação, no desenvolvimento de estratégias para melhorar o relacionamento com os públicos, bem como, na solução de problemas e no gerenciamento de crises ligadas à imagem organizacional nas redes sociais da web. Palavras-chave: Comunicação; Relações Públicas; Opinião Pública; Internet; Redes Sociais.

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ABSTRACT

This work has as central theme the management of public opinion within the online social networks, with some aspects of the current scenario. The aim is to reflect on the professional role of Public Relations in the face of negative influences caused by the image and reputation crisis triggered in the online environment. We used to implement this work, the bibliographic study based on works, scientific articles and theses, as well as research, manuals and other sources available on the internet. The first approach contextualizes the history of public relations, their initial roles and new market niches that arise from Web 2.0, with an emphasis on its role as a social media professional. Then investigates public opinion in the mass media, noting changes in behavior generated by the influences of online interactions. And a diagnosis of front organizations to social media, technology and new ways of relating. Finally, to carry out a more effective parameter of the contributions of public relations practices for organizational communication in the web environment, we used the case analysis, as well as an interview with a healthcare professional in order to demonstrate that the activity of PR is able to improve and carry out communication activities, to develop strategies to improve the relationship with the public, as well as in problem solving and crisis management related to organizational image on the social medias of web. Keywords: Communication; Public relations; Public opinion; Internet; Social Media.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 .............................................................................................................. 29 FIGURA 2............................................................................................................... 43 FIGURA 3............................................................................................................... 48 FIGURA 4............................................................................................................... 49 FIGURA 5............................................................................................................... 50 FIGURA 6............................................................................................................... 53 FIGURA 7............................................................................................................... 54 FIGURA 8............................................................................................................... 56 FIGURA 9............................................................................................................... 57 FIGURA 10 ............................................................................................................. 66 FIGURA 11 ............................................................................................................. 67 FIGURA 12 ............................................................................................................. 68 FIGURA 13 ............................................................................................................. 71 FIGURA 14 ............................................................................................................. 72 FIGURA 15 ............................................................................................................. 73 FIGURA 16 ............................................................................................................. 74 FIGURA 17 ............................................................................................................. 75 QUADRO 1 ............................................................................................................ 62

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 09 1 RELAÇÕES PÚBLICAS .................................................................................... 12 1.1 RELAÇÕES PÚBLICAS NO MUNDO ............................................................. 12 1.2 RELAÇÕES PÚBLICAS NO BRASIL .............................................................. 14 1.3 RELAÇÕES PÚBLICAS NA COMTEMPORANIEDADE ................................. 16 2 OPINIÃO PÚBLICA, COMUNICAÇÃO DE MASSA E CRISE ............................ 21 2.1 PÚBLICO ......................................................................................................... 21 2.1.1 Stakeholders ............................................................................................... 24 2.1.2 Opinião Pública ........................................................................................... 25 2.2 COMUNICAÇÃO DE MASSA .......................................................................... 26 2.3 CRISE ............................................................................................................. 30 2.3.1 Gestão de Crise .......................................................................................... 32 3 INTERNET E REDES SOCIAIS ......................................................................... 35 3.1 HISTÓRIA DA INTERNET ............................................................................... 35 3.2 WEB 2.0 .......................................................................................................... 38 3.3 REDES SOCIAIS ............................................................................................ 40 4 TWITTER, FACEBOOK E AS ORGANIZAÇÕES ............................................. 45 4.1 TWITTER ........................................................................................................ 45 4.2 FACEBOOK .................................................................................................... 51 4.3 ORGANIZAÇÕES NAS REDES SOCIAIS ...................................................... 54 5 ANÁLISE DO TRABALHO DO RELAÇÕES PÚBLICAS COMO GERENCIADOR DE CRISE DE OPINIÃO PÚBLICA NAS REDES SOCIAIS ................................. 60 5.1 PLANEJAMENTO ........................................................................................... 60 5.1.1 Diagnóstico e Briefing ............................................................................... 61 5.1.2 Definição de Conteúdos ............................................................................ 65 5.1.3 Mensuração ................................................................................................ 68 5.2 GERENCIAMENTO DE CRISE ....................................................................... 70 5.3 RELAÇÕES PÚBLICAS E SOCIAL MÍDIA ...................................................... 78 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 81 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 84 ANEXOS ............................................................................................................... 93 1 ENTREVISTA ..................................................................................................... 93 2 PROJETO .......................................................................................................... 97

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INTRODUÇÃO

Se antes do advento da internet, organizações e empresas demoravam

muito tempo para se estabelecerem no mercado e se fazerem relevantes aos

clientes e demais interessados, a partir do final do século XX esse processo foi

sendo facilitado em decorrência das diversas mudanças ocorridas na comunicação e

no relacionamento entre pessoas e comunidades, através da chegada da Web 2.0 e

da massificação das redes sociais online.

A utilização dos sites de rede social representou um ambiente propício para

a exposição de ideias e críticas de todos os tipos e desta forma, mobilizações e

debates a respeito de temas diversos puderam ser iniciados a partir desses meios,

um bom exemplo disso foi o desencadeamento das manifestações populares

ocorridas em junho de 2013 no Brasil, as quais engajaram milhares de pessoas de

todo país a irem às ruas exigir mudanças que se tornaram notícia e tema de

discussões no mundo todo. Segundo pesquisa1 da ComScore, feita no mesmo ano,

90,8% dos internautas brasileiros são usuários ativos de redes sociais e 4,9 horas

mensais são gastas com esse tipo de acesso. Além disso, a pesquisa revelou que

41% deles pesquisam nas redes sociais antes de realizar suas compras e 2 a cada 3

dão feedback para as marcas via redes sociais, sendo que 54% seguem empresas

no Twitter e 74% curtem empresas no Facebook. Visto que a tendência para o

segmento era de constante aumento, ainda no ano da pesquisa, é possível prever

que esses dados sejam ainda maiores hoje.

A necessidade de conhecer e entender a fundo determinado assunto é o

primeiro passo em direção à busca pelo conhecimento científico. Por esse motivo, o

presente trabalho será realizado através de investigações científicas que servirão

como bases sólidas para as novas descobertas aqui proporcionadas. A abordagem

contextualiza no capítulo primeiro a história das Relações Públicas no Brasil e no

mundo, suas funções iniciais e os novos nichos de mercado que surgem a partir da

web 2.0, com ênfase na sua atuação como profissional de social mídia.

A utilização dessas mídias sociais no mundo corporativo tem sido um

diferencial no que diz respeito à comunicação das organizações com os públicos em

geral. Se tratando de um universo em que se concentram pessoas de múltiplas

1<http://wp.clicrbs.com.br/impressaodigital/files/2013/07/2013_Brazil_Future_in_Focus_Final_English.

pdf>. Acesso em 05 de abr. 2015.

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ideologias, crenças e culturas, há necessidade de ter um profissional atento à gestão

e planejamento estratégico das plataformas, enfatizando questões como

expectativas e funções dos usuários dentro delas. Além disso, sua dinamicidade

beneficia o consumo através da auto-divulgação, da fidelização, da troca de

conhecimento e do estreitamento de barreiras com os públicos, oportunizando, desta

forma, uma análise mais detalhada e facilitando a interação entre eles.

O segundo capítulo, portanto, destina-se à investigação da opinião pública

nos meios de comunicação de massa, percebendo as mudanças de comportamento

gerado pelas influências das interações online, trazendo um panorama das

organizações frente às redes sociais, à tecnologia e às novas formas de

relacionamento. Em seguida, no terceiro capítulo, o trabalho discorre a respeito da

internet desde a Web 1.0 até os dias atuais, o surgimento das redes sociais online

como conhecemos hoje e sua importância para a comunicação organizacional, bem

como, os conceitos de crise, seus sintomas e práticas de gestão. O capítulo quarto

caracteriza as duas redes sociais objeto de estudo dessa análise, trazendo

mecanismos e funções práticas de ambas e um paralelo da atuação das empresas

dentro das plataformas.

A metodologia de estudo utilizada será a pesquisa de caráter qualitativo, a

qual terá como intuito coletar dados baseados na análise das interações,

campanhas e ações desenvolvidas pelas organizações estudadas nas redes sociais

Twitter e Facebook. A pesquisa bibliográfica será um dos métodos a serem

considerados no trabalho para a obtenção de embasamento teórico a respeito de

gestão e gerenciamento de crises, internet e Relações Públicas.

Da mesma forma que uma boa atuação no ambiente web pode se propagar

rapidamente, uma má ação parece repercutir ainda mais. Nesses casos, uma

imagem positiva construída através de anos de trabalho pode ser destruída em

poucas horas e nem sempre consertar esse tipo de situação é uma tarefa simples.

Desta forma, o presente trabalho terá como objetivo demonstrar, através de estudos

e pesquisas quais as contribuições que o profissional de Relações Públicas é capaz

de agregar para a tomada de decisões e principalmente para a minimização de

danos relacionados à reputação e imagem das organizações em situações de crises

de opinião pública nas plataformas online, assim como, diagnosticar o percurso da

ação geradora de crise e as ações tomadas, a fim de gerenciar a situação.

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Desta forma, e pesquisa se dará de forma exploratória e descritiva, com

ênfase no estudo de casos dentro das redes sociais Twitter e Facebook, buscando

exemplos positivos e negativos do gerenciamento da opinião pública, etapa na qual

será feito o estudo de casos que configurem gerenciamento de crises de opinião

pública nesse contexto. A partir disso, será proposta análise de “como” e por que” as

ações tomadas por elas repercutiram positivamente ou negativamente para sua

imagem e reputação no mercado. Pensando no fato de que o tema abordado neste

trabalho mostra-se mais prático do que teórico, será utilizada a técnica da entrevista

semiestruturada com um profissional de Relações Públicas especializado na área de

social media.

A autora considera que o assunto aqui abordado é de seu grande interesse

tanto pela atuação profissional, como também de estudo. Além de ser tema de suma

importância atualmente, por se tratar de um nicho promissor para as organizações

bem como para os relações públicas, quando bem utilizada.

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1 RELAÇÕES PÚBLICAS

A atividade de Relações Públicas como conhecemos hoje foi moldada

através de práticas vividas por diversos pesquisadores da área, os quais a partir de

análises entenderam o comportamento do público diante de situações adversas e de

ações tomadas em relação a elas. Pode-se dizer que foram conquistadas grandes

mudanças na atuação das Relações Públicas desde seu início, entretanto, ainda

carregamos de baixo do braço ensinamentos, estereótipos e até preconceitos

resultantes da história da profissão.

As Relações Públicas, como disciplina académica e actividade profissional, têm como objecto as organizações e os seus públicos, instâncias distintas que, no entanto, se relacionam dialecticamente. É com elas que a área trabalha, promovendo e administrando relacionamentos e, muitas vezes, mediando conflitos, valendo-se para tanto, de estratégias e programas de comunicação de acordo com diferentes situações reais do ambiente social (KUNCSH, 2003, p.91).

1.1 RELAÇÕES PÚBLICAS NO MUNDO

Apesar de o marco histórico em que se iniciou a prática das Relações

Públicas no mundo não estar bem definido, acredita-se que através do

desenvolvimento das civilizações, algumas pessoas acabaram assumindo o papel

de líderes ou defensores de certas causas, tomando assim, funções similares a do

profissional de Relações Públicas. À exemplo, uma delas, segundo cita Lloyd e

Lloyd (1988), foi a rainha Isabel I em seu trabalho para a conquista da abolição da

escravatura.

Acredita-se que o início das atividades de Relações Públicas se deu no

período de Revolução Industrial nos Estados Unidos, a crescente expansão do

mercado e o aumento do número de indústrias e comércios no país, desencadeou o

começo da utilização de publicidade e divulgação em massa. Entretanto, foi o stop in

para o crescente número de acidentes nas empresas e greves provocadas pelos

trabalhadores, os quais em sua maioria trabalhavam em condições precárias.

Problemas como esses eram tratados com desdém pelos empresários, os quais

achavam que não competia à comunidade discutir os acontecimentos vinculados às

organizações e o que ocorria dentro delas (LOYD; LOYD, 1988).

Neste contexto é que em 1906, o jornalista Ivy Lee, considerado pai das

Relações Públicas, largou seu emprego como repórter jornalístico para trabalhar

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como consultor em uma indústria de carvão, que na época sofria com as

decorrentes greves trabalhistas. A partir daí ele se mostrou eficaz na utilização de

seus conhecimentos como mediador de conflitos e melhorou a relação entre os

donos da empresa, funcionários e o público em geral (LOYD; LOYD, 1988).

Ivy Lee, através da obra “Declaração de Princípios” (1906), delineou

políticas fundamentais para o exercício de seus trabalhos. O princípio fundamental

para o autor era de que o público deveria ser informado. Além disso, ele também

exigiu que as organizações para as quais trabalhava permitissem a investigação

jornalística. Para que, desta forma, pudessem apresentar os fatos de forma clara e

assim fazer com que os repórteres produzissem matérias equilibradas e justas, as

quais levassem em conta também a versão da própria organização a respeito dos

fatos em questão.

Em suma, o nosso plano é fornecer franca e abertamente, em nome das firmas e instituições públicas, informação rápida e exata à imprensa e ao público dos Estados Unidos, relativa a assuntos que sejam de interesse e valor para o conhecimento do público. (LEE apud LLOYD E LLOYD, 1988, p.15).

Entre as ações mais importantes de sua carreira, está o serviço prestado à

Rockefeller, um grande milionário, odiado pelo público americano por não saber

administrar greves de forma pacífica. Ivy Lee tornou-se seu assessor em 1914 e

conseguiu renovar a reputação do empresário através de sua política de expor a

verdade diante da opinião pública e também de pequenas ações como, por exemplo,

moedas que Rockefeller levava nos bolsos para dar às crianças quando andava nas

ruas, demostrando assim, sua generosidade (LOYD; LOYD, 1988).

Na prática, porém, Edward Bernays é, provavelmente, a figura mais

relevante na história das Relações Públicas por ter sido “o primeiro a colocar em

prática princípios e técnicas de Relações Públicas” (ANDRADE, 1993, p.6), além de

ter estabelecido bases e códigos de ética da profissão:

O pioneiro das Relações Públicas do mundo foi o Professor Doutor Edward L. Bernays, assessor de vários presidentes dos Estados Unidos e da Casa Branca, assim como o primeiro a obter uma cátedra de Relações Públicas na Universidade de Nova Iorque e, em 1923, a escrever e publicar o primeiro livro da matéria, “Cristallizing Public Opinion”. Posteriormente, publicou outros vinte, igualmente, sobre Relações Públicas (CABRERO; CABRERO, 2001, p.21).

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Entre as muitas campanhas que o tornaram conhecido, a mais clássica

delas foi a chamada “Torches of Freedom” a qual foi desenvolvida em 1923, durante

um trabalho para uma empresa de tabaco, com o objetivo de aumentar as vendas de

cigarros. Através do uso da psicologia e dos conhecimentos de seu tio, Freud,

Bernays promoveu um desfile durante o maior evento de moda da Primavera, na

“New York East Parade”, contratando jovens bonitas e bem acompanhadas para

fumarem em público, atitude que era considerada um forte tabu na época,

principalmente para as mulheres. A partir daí o cigarro se tornou um símbolo de

liberdade e poder para o sexo feminino, alavancando consideravelmente o mercado

tabagista (ANDRADE, 1993).

Suas obras “The Engineering of the Consert” (1935) e “Public Relations”

(1952) são bases importantes na construção da teoria da profissão, às quais

consideram teses utilizadas ainda hoje, como a não utilização de mensagens diretas

ao consumidor, sugerindo que ele compre algo, mas sim a inserção da ideia como

forma de desenvolver a aceitação do público através de notícias, artigos de opinião

e influenciadores. Por outro lado, Bernays tinha uma concepção generalizada sobre

o comportamento humano e acreditava na potencialidade da persuasão de massas,

para ele, o feedback dos receptores era importante, entretanto não procurava

explorar os reais interesses dos públicos (LOYD; LOYD, 1988).

Conforme Andrade (1993), a utilização da manipulação das massas durante

o exercício das Relações Públicas, principalmente no que diz respeito aos trabalhos

desenvolvidos por Bernays e do final da carreira de Ivy Lee, ao ficar associado com

a propaganda nazista, resultou em um período em que a profissão foi vista com

maus olhos e relacionada a uma atividade que visava defender interesses privados,

“envenenadores profissionais da opinião pública, exploradores de tolices, fanatismo

e interesse próprio” disse Franklin D. Roosvelt. Ainda assim, foi a partir dos erros e

acertos de ambos os pesquisadores e profissionais que as Relações Públicas

começaram a ser pensadas aos moldes em que são hoje.

1.2 RELAÇÕES PÚBLICAS NO BRASIL

A partir da atuação de Ivy Lee em seu escritório de consultoria “Lee e Haris”

inaugurado em 1916 e de Bernays com o primeiro gabinete de Relações Públicas de

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Nova Iorque em 1919, é que a profissão foi tomando mais visibilidade e se

projetando no mundo todo.

No Brasil, a atividade teve início em meados do século XX, segundo Cabrero

e Cabrero (2001), quando a Europa se encontrava em crise e o Brasil pareceu um

mercado promissor ao desenvolvimento de novas indústrias. A empresa “The Light

and Power Co.” recém-chegada em 1914, trabalhava com padrões de produção

canadenses e norte-americanos e partir disso, preocupou-se em conquistar a

confiança de seu novo público em terras brasileiras. Desta forma, recebeu auxílio do

precursor das Relações Públicas no Brasil, Eduardo Pinheiro Lobo, que instaurou o

primeiro departamento de comunicação do país e adequou a forma de trabalho

utilizada pela Light à cultura local.

A partir daí, com o aumento da concorrência, outras organizações também

começaram a sentir necessidade de serem bem vistas pela sociedade, em especial

as governamentais e o interesse na área resultou em 1952 no surgimento da

primeira agência brasileira de Relações Públicas, a “Agencia Nacional de Relações

Públicas”, que esteve sob o controle de Romildo Fernandes e Jorge Ignácio

Penteado da Silva Telles e prestava serviços como estudos de formação de opinião

pública e propaganda (ANDRADE, 1993).

Em resposta a demanda do mercado, em 1960 os primeiros cursos de

Relações Públicas começam a surgir nas instituições de ensino do país. Com o

processo de industrialização e a difusão das multinacionais, entre as décadas de

1940 e 1950, tem-se um período de maior desenvolvimento da comunicação através

de mídias impressas e eletrônicas e de publicidade e propaganda, que representou

crescimento dos primeiros setores de Relações Públicas dentro das organizações.

Entretanto, a influência da assessoria de imprensa durante a década de

1960 representou um marco na história da profissão no Brasil. Em um período de

conjuntura política e ditadura militar, os profissionais muitas vezes atuaram de forma

enganosa encobrindo fatos políticos relevantes em razão da censura praticada pelos

militares. Desta forma, criou-se um conceito negativo diante da atuação dos

Relações Públicas, acarretando um olhar crítico dos formadores de opinião e

intelectuais da época e até mesmo um certo preconceito sobre o papel da profissão

na sociedade. A partir do início do terceiro milênio é que se percebeu maior

fortalecimento e consolidação da área no Brasil, tanto no nível acadêmico, como no

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mercado profissional, assim como o crescimento de novos cursos e especializações,

segundo Kunsch (2003).

1.3 RELAÇÕES PÚBLICAS: O PROFISSIONAL NA CONTEMPORÂNIEDADE

Como conceito inicial das Relações Públicas está a defesa dos interesses

dos públicos e a capacidade de informar e divulgar através de textos jornalísticos,

ações, campanhas e eventos. Entretanto, como nos diz Kunsch:

Ao longo da história, a prática das Relações Públicas passou por grandes transformações. De uma função meramente técnica, é hoje entendida como uma função estratégica indispensável para que as organizações contemporâneas se posicionem institucionalmente e administrem com eficácia seus relacionamentos com os stakeholders (KUNSCH, 2006, p.33).

As funções desempenhadas pelos profissionais de relações públicas dentro

das organizações devem conter um amplo apoio de planejamento estratégico de

comunicação. Ianhez apud Kunsch (2003) afirma que Relações Públicas é uma

função da alta administração, responsável pelo desenvolvimento de estratégias e

ações de comunicação institucional e, ainda, que a mesma interage com todas as

áreas de uma organização. Sendo assim, pode-se dizer que as Relações Públicas

teriam funções diretamente ligadas à administração, não só da comunicação, mas

de um todo dentro das organizações.

Harlow apud Kunsch (2002) reconhece a função administrativa das

Relações Públicas como um meio de atingir toda a organização, promovendo o

diálogo e a interação entre setores, grupos, subgrupos etc. “Relações Públicas é a

função de gerenciamento que ajuda a estabelecer e manter canais mútuos de

comunicação, a aceitação e cooperação entre organização e seus públicos;”

(KUNSCH, 2002, p.100).

Vive-se um período em que a cada dia a sociedade é exposta mais

facilmente ao fenômeno de globalização, isto é, as pessoas tem acesso a muitas

informações, vindas de fontes completamente distintas e com versões descritas a

partir de interesses diferentes.

Os fluxos culturais, entre as nações, e o consumismo global criam possibilidades de „identidades partilhadas‟- como „consumidores‟ para os mesmos bens, „clientes‟ para os mesmos serviços, „públicos‟ para as mesmas mensagens e imagens- entre pessoas que estão bastante distantes umas das outras no espaço e no tempo. À medida em que as culturas nacionais tornam-se mais expostas a influências externas, é difícil

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conservar as identidades culturais intactas ou impedir que elas se tornem enfraquecidas através do bombardeamento e da infiltração cultural (HALL, 1997, p.78).

A vida social possibilitada pela globalização e pela tecnologia que

conhecemos hoje tem feito com que as culturas se modifiquem e as racionalidades

também e é nesse processo que o comunicador deve estar envolvido, analisando e

conhecendo as transformações dos públicos, estabelecendo mediações entre eles e

buscando maneiras de manter ações comunicacionais as quais sejam capazes de

proporcionar vantagens mútuas (TERRA, 2010).

Kunsch (2006) nos diz que os profissionais na contemporaneidade devem

desenvolver um posicionamento estratégico que demonstre transparência e

honestidade nas ações organizacionais. Isso significa ajudar as organizações a se

colocarem diante da sociedade, de forma a deixar clara a sua razão de ser, seu

propósito, seus valores, missão, no que acreditam, onde pretendem chegar e como

pretendem ser vistas no futuro. Nesse sentido, a partir da definição da função

estratégica, o Relações Públicas exerce seu trabalho como consultor, identificando

problemas e oportunidades relacionadas à imagem da organização e do seu

relacionamento com os stakeholders. Avaliando o comportamento e a opinião2 dos

públicos é possível diagnosticar possíveis fatores que afetarão toda a sua

subsistência.

Ainda segundo a autora o que se espera do profissional de Relações

Públicas no século XXI, é que ele esteja preparado para trabalhar com

comportamentos, atitudes e conflitos, munidos de técnicas e instrumentos

comunicacionais adequados para a mediação e promoção de relacionamentos.

Através de pesquisas e planejamentos em cima da análise de mercado,

necessidades dos públicos e de todo o ambiente organizacional, que a gestão

estratégica deve ser moldada e construída.

...o estabelecimento e a manutenção de relações, acontecimento possibilitado pela comunicação dirigida, é atualmente facilitado pelas redes digitais e Internet. Essas materialidades vão além das tradicionais matérias jornalísticas impressas, releases, malas-direta, folders, anúncios e campanhas publicitárias, chegam a interações, reciprocidades e apropriações, possibilitadas pelos suportes tecnológicos e digitais, nos quais os sujeitos destinatários são atuantes e determinantes da qualidade da comunicação, contribuindo para os processos de representação e reconhecimento da organização nos diferentes campos da sociedade contemporânea (SILVA; BARICHELLO, 2006, p.10).

2 O assunto opinião pública será abordado no próximo capítulo.

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Além disso, o relações públicas também exerce função política. Conforme

Kunsch (2002), cabe aos profissionais, por meio da comunicação, gerenciar os

problemas de relacionamentos internos e externos da organização, pois a função

política exercida por elas está presente tanto na resolução de conflitos como no

gerenciamento de crises, visto que esta é responsável por estratégias e

planejamento da comunicação e ações concretas no desenvolvimento dos

relacionamentos entre organizações e público.

Cabe às Relações Públicas agir junto aos centros decisórios das instituições, procurando estabelecer a harmonia entre o interesse público e o privado, contribuindo assim para amenizar as tensões resultantes das atitudes individuais. Em outras palavras, as Relações Públicas representam uma área administrativa que tem a finalidade de dar às empresas a estabilidade em seu comportamento social, a sim de atender inclusive aos seus propósitos mercantis (ANDRADE, 1989, p. 102).

O surgimento das novas possibilidades de interação após a internet, como as

mensagens instantâneas, blogs e redes sociais provocou nos profissionais da

comunicação a ampliação de suas percepções. Isso porque, abrem-se novas portas

para a exposição organizacional, a qual parece facilitar a divulgação e a troca de

conteúdos entre a instituição e seus públicos. Por outro lado, essa facilidade

também pode coloca-la em situação de grande vulnerabilidade, o que nem sempre é

uma vantagem quando se trata de críticas. O equilíbrio entre os dois lados da web

tem sido um dos grandes desafios do relações públicas, segundo Terra (2010).

Pode-se definir mídia social como aquela utilizada pelas pessoas por meio de tecnologias e políticas na web visando o compartilhamento de opiniões, ideias, experiências e perspectivas. São consideradas mídias sociais os textos, imagens, áudio e vídeo em blogs, microblogs, comunidades, quadro de mensagens, fóruns de discussão on-line, podcasts, wikis, vlogs e afins que permitem a interação entre os usuários (FARIAS, 2011, p.267).

As redes sociais têm possibilitado que a imagem organizacional seja

construída, obtenha visibilidade e seja introduzida na vida social dos usuários, os

quais, atualmente não se limitam mais a adolescentes à procura de entretenimento,

mas também está sendo utilizada cada vez mais pelo mundo corporativo como

ferramenta de relacionamento, através de conteúdos de interesse dos públicos.

Como ferramenta bidirecional, a internet proporciona que qualquer pessoa se torne

um formador de opinião e a expresse com mesmo valor que qualquer outro usuário,

tal opinião pode ser compartilhada ou rejeitada por outros internautas e essa troca

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19

de ideias ou até guerra de interesses deve ser administrada com atenção (VERGILI,

2014).

Esse panorama, afeta as práticas profissionais, pois torna disponível novos

espaços para o uso de ações estratégicas. Tais ações têm como intuito, através da

elaboração de um planejamento, criar uma imagem institucional favorável, capaz de

ser transformada em uma reputação baseada em confiabilidade e transparência.

Além disso, o planejamento visa potencializar resultados e prever possíveis perdas,

Farias (2011) corrobora com essa afirmação quando diz que é possível, em qualquer

campo realizar atividades sem planejamento algum, entretanto, o resultado pode

também ser qualquer um, o que expõe a organização a riscos os quais o mercado

competitivo não nos permite mais considerar.

Tradicionalmente, uma das principais funções do departamento de marketing foi a de “guardião da marca”, papel que ele exercia prioritariamente na arena da mídia de massa. Talvez já na próxima década seja possível que as comunidades virtuais, em suas diversas formas (sites de relacionamento, chats, blogs, videologs, jogos e redes sociais), se tornem um “campo de batalha” igualmente importante. Articular sua dinâmica, seu timing e seu funcionamento com a estratégia de comunicação em geral e com o ciclo de vida da marca será de vital importância para influenciar os consumidores da “geração digital” (COUTINHO, 2007, p. 37).

Alf (2015) faz uma listagem dos trabalhos que cabem ao relações públicas

atualmente dentro da web, alguns deles são: criação de conteúdo a ser oferecido

nas páginas online; traçar estratégias editoriais, como definição de temas e

chamadas que chamem a atenção do público; definir estratégias para o mix de

mídias que será utilizado para cada ação que envolve a organização, a fim de obter

maior visibilidade e engajamento nas redes; elaborar diagnósticos digitais para que a

organização entenda seu espaço dentro da web; mapear influenciadores e

detratores que falem sobre a organização e sobre seus concorrentes; estar atento as

constantes mudanças e as dinâmicas do mundo digital; trabalhar a gestão de crises

que acompanha a presença das organizações dentro da web.

Lattimore et al. (2012) em sua obra “Relações Públicas profissão e prática”

listam como os maiores desafios que enfrentados pelo relações públicas no século

XXI: a necessidade de estratégias eficazes para comunicação em crises, o

acompanhamento dos stakeholders nas vias de interação online, a evolução da

comunidade e da prática de relações públicas e a estrutura organizacional diferente

que é necessária para atender a esses desafios. Segundo os autores, a

comunicação para crises exige do profissional o uso de todas as ferramentas de

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20

relações públicas disponíveis para fortalecer e preservar a reputação organizacional

em longo prazo.

Os profissionais de relações públicas lidam com a comunicação para crises começando com um plano de crise que descreva como a organização responderá no seu conjunto. Quando ocorre uma crise, um plano de comunicação escrito e ensaiado acelerará o tempo de resposta ao oferecer todas as informações gerais e distribuir de antemão todas as tarefas de resposta a crises (LATTIMORE et al., 2012, p. 365).

Stasiak (2010) complementa dizendo que o ambiente virtual se tornou

propício ao exercício das Relações Públicas, pois carece de profissionais sensíveis

que entendam a importância de todas as áreas que envolvem uma organização e

que tenham a capacidade de uni-las de maneira estratégica em busca da construção

de relacionamentos sólidos e duradouros entre todas as partes interessadas.

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2 OPINIÃO PÚBLICA, COMUNICAÇÃO DE MASSA E CRISE

Visto que a profissão em estudo trabalha as relações entre pessoas, pode-

se afirmar que os públicos são objeto de estudo da área e que merecem atenção

especial.

A opinião do público possui um grande potencial influenciador em todos os

campos da vida em sociedade, sejam eles políticos, sociais, econômicos, entre

outros. Andrade (2003) pontua que o sucesso de uma empresa depende totalmente

do público que compre, alugue, procure, difunda e fale dela, caso contrário, de nada

adiantará instalações, maquinaria, funcionários e capital.

Desta forma e cada vez mais, no mundo online o público é quem manda e

desmanda, aprova ou desaprova as ações empresariais. Por esse motivo esse

capítulo pretende entender o comportamento da massa e expor sua importância nas

tomadas de decisão do relações públicas no exercício de seu trabalho como gestor

da imagem e reputação das organizações.

2.1 PÚBLICO

Os públicos para as Relações Públicas são peças inerentes ao estudo das

relações, pois os mesmos estabelecem interações em diversos âmbitos com a

organização. Sendo assim, um dos maiores desafios desta área é encontrar um

conceito que determine como devem se desenvolver os relacionamentos entre

organizações e públicos (FRANÇA, 2008).

Pode-se caracterizar público segundo Andrade (2003) como um

agrupamento espontâneo de pessoas, as quais não possuem funções definidas a

serem desempenhadas e pouca ou nenhuma consciência de representatividade. A

formação do público dá-se a partir de um ou mais interesses em comum, gerando

oportunidade de discussões, críticas e reflexões acerca do assunto. O indivíduo no

público, ainda assim, preserva sua opinião e se dispõe a concessões e

compartilhamento de experiências com o grupo.

O público pode ser amplo ou restrito, efêmero ou duradouro tendo em vista a grandeza, a complexidade, a importância e o interesse das questões levantadas para a discussão pública. Ele não deixa de ter uma estrutura elementar, pois inclui grupos organizados que se empenham em organizar a massa amorfa de pessoas que acompanham o debate em favor de seus pontos de vista. Essa massa ocupa um lugar importante no público, na

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posição de árbitro, o que significa dizer que a discussão pública baseia-se principalmente em suas manifestações (ANDRADE,1989, p. 41).

Desta forma, pode-se afirmar que a formação do público depende totalmente

de sua capacidade de comunicação como forma de expor o ponto de vista de cada

elemento a fim de propiciar debates que atinjam o objetivo pretendido pelo

agrupamento a partir de uma decisão coletiva. Além disso, é possível considerar

como públicos um pequeno grupo de pessoas, assim como uma multidão se assim

ambos estiverem em busca da mesma causa ou interesses similares.

A partir desse conceito, três classificações mais comuns e aceitas nas

escolas brasileiras dividem os públicos como: internos, externos e mistos. Conforme

explica França (2008):

Seguindo de acordo com as tipologias determinadas pela pesquisa,

iniciamos pelo público interno, que alguns autores definem como endomarketing. No

público interno estão contemplados funcionários, diretores, acionistas, conselheiros,

ou elementos que possuam ligações socioeconômicas e jurídicas com a

organização.

O público externo se caracteriza como aquele que de certa forma não está

ligado diretamente à empresa, não apresentando ligações socioeconômicas e

jurídicas com a organização, mas mantendo interesse nas atividades por ela

desempenhadas. Para França (2008), essa divisão abrange uma grande parcela da

sociedade. Podemos considerar aqui consumidores, associações, jornalistas,

bancos, fornecedores, autoridades governamentais, entre outros.

E, por fim, o público misto, o qual se pode definir como aqueles que não

vivenciam as atividades de rotina da organização e não compartilham de seu espaço

físico, mas de maneira geral são afetados por ela. Como por exemplo: familiares dos

funcionários, revendedores, consultorias, sindicatos e ONG‟s.

Como citado anteriormente, essas são as tipologias mais simples para

caracterização dos públicos, segundo França (2008), isso porque não há um acordo

entre os autores quanto à definição e segmentação dos públicos e quem são os

grupos que compõem cada categoria. Desta forma, fica evidente a falta de

sustentação teórica que permita estabelecer os tipos de relações entre organizações

e seus públicos. Ainda assim, atenta à necessidade de se traçar um perfil mais

detalhado possível do público com o qual será trabalhado, pois só assim será

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possível entender as necessidades e expectativas a serem atingidas pela

organização.

Simões (1995) considera a classificação de públicos interno, externo e misto

como insuficiente para caracterizar as relações público-organização, e nos mostra

outra visão, compreendida sob a ótica do poder de influência que os mesmos

possuem com relação aos objetivos organizacionais:

1. Público de decisão: situam-se aqueles públicos cuja autorização ou concordância,

permite o exercício das atividades da organização. Um exemplo a ser citado, é o

governo, cujo poder, concede e permite a criação da instituição e sua permanência

legal na sociedade.

2. Público de consulta: são os públicos que sondados pela organização, quando a

mesma pretende agir. Acionistas e sindicatos patronais estão compreendidos aqui,

pois os mesmos possuem influência na forma de como decisões são tomadas diante

de determinadas situações.

3. Público de comportamento: são os públicos cuja atuação pode frear ou favorecer

as ações da organização. Os funcionários são um bom exemplo disso, pois as

atividades fim e meio dependem deles. Ainda podemos citar os clientes, pois o

sucesso de determinada empresa, vai depender de como estes se portam frente a

produtos e serviços oferecidos.

4. Público de opinião: é aquele público que influencia a organização pela simples

manifestação de sua opinião, julgamento ou ponto de vista. A este público recorrem

muitos seguidores, e através da visão dele é que ações são tomadas. Líderes

comunitários, colunistas de jornais e comentaristas de rádio e televisão, encontram-

se dentro desse grupo (SIMÕES, 1995).

Visto isso, é importante ressaltar que trabalhar o relacionamento entre a

organização e seus diversos públicos, de forma segmentada a fim de se comunicar

corretamente com cada um, é imprescindível. Sendo assim, desenvolver estratégias

para que isso aconteça, é tarefa das Relações Públicas, pois a mesma busca,

através da comunicação, o desenvolvimento de relações sólidas, positivas e

duradouras.

Sejam quais forem as definições e classificações de públicos, embora as

mesmas, talvez, ainda pareçam insuficientes, uma coisa é certa, os públicos estão

cada vez mais exigentes e participativos dentro das organizações. Os atuais grupos

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de relacionamento das organizações passaram a se comportar como se fossem os

novos proprietários, conforme afirma Fortes (2003).

2.1.1 Stakeholders

A partir da concepção de Simões (1995) de que a tradicional divisão de

públicos em interno, externo e misto não se mostra mais suficiente, surge uma nova

tipologia de público. Grunig (2011) conceitua stakeholders como todos que

apresentam interesses, assim como legitimidade ou poder em qualquer atividade da

organização.

Entretanto, stakeholders não devem ser conceituados como um tipo

qualquer público, assim como não são entendidos como todos os públicos da

empresa, pois não são subdivididos, participam das tomadas de decisão e porque se

tratam de públicos de interesse, os quais exercem algum tipo de poder sobre a

organização ou são afetados por ela (VERGILI, 2014).

Grunig (2011) diz que os stakeholders são “públicos conscientes e ativos”

que exercem ações sobre a organização direta ou indiretamente, mas por outro lado,

os chamados “públicos latentes” também podem ser considerados stakeholders

passivos, isto é, pessoas que apesar de estarem na condição de público de

interesse, não exercem grandes ações.

Sabendo que influenciam diretamente os resultados das empresas, os públicos supracitados exigem posturas éticas, além de cobrar informações sobre serviços, resultados e lucros das organizações. E nesse ponto, com a utilização cada vez mais frequente da web – tanto por parte das empresas quanto dos públicos – surge mais um ambiente para entender os stakeholders que desejam ser informados sobre algum assunto de interesse (VERGILI, 2014, p. 54).

Por esse motivo, é preciso estar preparado para trabalhar com esse novo

tipo de interação, a fim de que a oportunidade de aproximação com o público não

acabe se tornando uma ameaça. Grunig (2011) finaliza lembrando que o processo

de comunicação com os stakeholders deve ser feita na construção de

relacionamentos estáveis e de longo prazo, a fim de se obter maior apoio na

administração de conflitos, quando estes ocorrem.

2.1.2 Opinião Pública

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O conceito de opinião pública vem se transformando através do tempo e

sendo mais discutido nos últimos anos. Estudos a respeito do assunto foram

desenvolvidos, entretanto, ainda hoje é complexo definir exatamente a significação

de Opinião Pública, visto que, apresenta-se como objeto de estudo em diferentes

áreas.

Segundo Augras (1970), opinião pública é um fenômeno social que existe

apenas em relação a um grupo. É um dos modos de expressão desse grupo e

difunde-se utilizando as redes de comunicação do mesmo. A autora diz que a

opinião pública seria um agregado que emerge ajustavelmente a acontecimentos

sociais, políticos e econômicos, e também sofre influência de elementos emocionais

dos indivíduos.

Desta forma, pode-se dizer que opinião pública é algo que surge do coletivo,

pois a mesma seria a junção de diversas opiniões. Podemos dizer que a soma de

diversas vozes particulares resultam em opinião pública, pois representam ideias de

um número “x” de pessoas.

Andrade (1989) divide a formação da opinião pública em quatro fases: a

primeira é caracterizada pelo diagnóstico de um ou mais problemas de interesse

geral, que não podem ser resolvidos pelos padrões e normas culturais, resultando

em descontentamento do grupo de interesse.

A segunda fase é o momento em que se chama a atenção da comunidade

para o problema em foco, através de conversas, debates, palestras, reportagens,

etc. Isto é, colocam-se em pauta as questões acerca do assunto e suas possíveis

soluções. A discussão pública faz parte da terceira fase do desenvolvimento da

opinião pública segundo o autor, aqui o debate se torna generalizado e acaba por

gerar ainda mais descontentamento por parte da multidão.

Por fim, a última etapa é caracterizada pelo consenso do grupo, no qual a

opinião da maioria ou uma mescla de opiniões presentes na discussão torna-se uma

ação conjugada, dando início ao conceito de opinião pública. Entretanto, isso não

significa que opinião pública seja um consenso unânime, visto que, podem existir

inúmeras correntes de opinião sobre um mesmo assunto. Augras (1970)

complementa dizendo que a opinião pública consiste em um ciclo formado por três

momentos: a recepção de informação, a transformação da informação recebida, e a

produção de opiniões compartilhadas com indivíduos de determinados grupos

sociais. Por sua vez, a opinião desses grupos acaba adaptando o indivíduo.

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A partir de tais conceitos, é possível concluir de forma mais resumida que a

opinião pública, primeiramente, é o resultado de diversas críticas e avaliações da

grande massa a respeito de um determinado assunto. Entretanto, esse resultado

pode vir de um público em específico, que em grande maioria, possuem as mesmas

ideologias ou ideias, mas nem sempre a concepção de cada indivíduo sobre certos

temas se assemelha.

Além disso, pode-se afirmar que a opinião pública é utilizada para exprimir a

verdade do povo, isto é, saber o que pensam determinados grupos de pessoas a

respeito de algo ou de alguém. Entretanto, a opinião segundo Lopes (2010) é o

resultado de todo um contexto cultural e uma série de influências vivenciadas pelo

indivíduo, as quais moldam interesses e ideias acerca de complexidades de todas as

espécies, desde interesses pessoais, econômicos, ambições, preconceitos. Assim

como as possibilidades de acesso ao conhecimento e fatores sociais também

possuem grandes influências no desenvolvimento da opinião. Andrade sustenta tais

afirmações quando diz:

Desse modo, pode-se dizer que o comportamento coletivo de qualquer tipo pressupõe o comportamento individual que dele participa, direta ou indiretamente. Em outras palavras, os indivíduos agem e reagem, consciente ou inconscientemente, às influências e pressões de outros indivíduos (ANDRADE, 1989, p. 23).

2.2 COMUNICAÇÃO DE MASSA

Martin-Barbero (2001) conceitua massa como uma maneira de expressar a

rotina das classes populares, tanto em suas novas relações como em suas formas

de opressão, sendo assim um “fenômeno psicológico pelo qual os indivíduos, por

mais diferentes que sejam seu modo de vida, suas ocupações ou seu caráter, estão

dotados de uma alma coletiva que lhes faz comportarem-se de maneira

completamente distinta de como o faria cada indivíduo isoladamente” (MARTIN-

BARBERO, 2001, p.59). A cultura de massa, para o autor, aparece lentamente a

partir da cultura popular.

Segundo Andrade (1989), a opinião pública ainda na idade média já era

considerada como um fator de extrema importância por estudiosos e cultos, pois

sempre se soube que o poder estivera nas mãos de quem obtivesse controle sobre

a opinião do povo - Nicolau Maquiavel na obra O Príncipe, dizia que é do povo que

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importa merecer o afeto, pois ele é o mais forte e o mais poderoso. Napoleão

Bonaparte também reconheceu o valor do público quando disse: “A opinião pública é

uma potência invisível a quem ninguém resiste. Nada é mais móvel, mais vago e,

mais forte e apesar de caprichosa, ela é verdadeira, razoável, muito mais do que se

pensa” (CÉGOS apud ANDRADE, 1989, p. 205).

Entretanto, no século XIX as multidões eram consideradas pela psicologia e

pelas ciências médicas como o resultado de um contágio moral seguido por

tendências emocionais primitivas, e era vista como um comportamento das classes

mais baixas e mais desprovidas de intelecto. Nesse período, quanto maior e mais

complexa era a multidão reunida mais próxima da concepção de inumana e maligna

era considerada. Já nos séculos XX e XXI a comunicação de massa passa a

considerar a manifestação individual através da cultura participativa3 e da

inteligência coletiva como um aspecto positivo e benéfico para a comunicação.

Ao entrar em uma massa, o sujeito perdia sua individualidade e tornava-se apenas parte de um “enxame” (swarm) desprovido de identidade, constituído por robôs humanos e subjugados por uma vontade exterior e misteriosa (FELINTO, 2011, p.143).

Com o passar do tempo, o valor da “inteligência coletiva” começou a ser

percebido, assim como o potencial de poder que é gerado com o uso de tal

ferramenta. Para Levy (2010), a inteligência coletiva representa o ideal mobilizador

da informática atual “a saber, a valorização, a utilização otimizada e a criação de

sinergia entre as competências, as imaginações e as energias intelectuais, qualquer

que seja sua diversidade qualitativa e onde quer que esta se situe” (LEVY, 2010, p.

169). Santos, Cabastré e Moraes (2012) dizem que a inteligência coletiva

centralizará a comunicação de forma que os indivíduos sejam capazes de socializar

conhecimento, desenvolver a difusão do saber e coordenar a integração social a fim

de desenvolver controles internos do comportamento humano, sendo assim, um

articulador dos diversos saberes.

No processo de formação da opinião pública, é perceptível o

desenvolvimento de grupos, que influenciam diretamente nas opiniões e atitudes.

Segundo Augras (1970), de certa forma, qualquer grupo é capaz de exercer

influencias sobre um indivíduo. Essa influência é transmitida principalmente pelos

líderes desses grupos, que catalisam, transmitem e transformam as informações.

3 “Cultura em que fãs e outros consumidores são convidados a participar ativamente da criação e da

circulação de novos conteúdos” (JENKINS, 2012, p. 378).

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Importante observar que a manipulação de informações nas mídias de

massa é tópico importante, que para grande parte da população passa despercebido

e que acaba por moldar opiniões, mais tarde reproduzidas pelas próprias pessoas

exatamente da forma como foi absorvida. Essa colocação é o que sustenta a

hipótese de agenda setting que caracteriza o agendamento e seleção das

informações, impedindo que outros temas, muitas vezes de mesma ou maior

importância, sejam abordados pelos noticiários.

A agenda setting é um elo entre emissor e receptor. O ponto de tensão entre ambos está na diferença entre o que a coletividade gostaria de conhecer e o que a instituição jornalística transmite. Para ele, o mais importante é o tratamento dado ao material jornalístico, a orientação que é dada pelo veículo ao material em suas edições. Há uma capacidade para influenciar consideravelmente o público, pois o comunicador tem o poder de decidir qual conteúdo e imagem será divulgado, e em que oportunidade (OLIVEIRA apud LOPES, 2010, p.20).

Os veículos de comunicação de massa contribuem para a formação da

opinião pública, ora positivamente, ora, negativamente. A persuasão garante através

das propagandas e demais conteúdos midiáticos, que sejam criados estereótipos e

influenciam nas atitudes da sociedade. A mídia, desde que foi introduzida no mundo

e ainda hoje com mais força, é capaz de atuar na construção do conhecimento e do

pensamento humano. O grande problema de tudo isso é que uma vez inseridos

nesse contexto existirá uma ditadura midiática onde plataformas de informação

ditam o que é certo e errado, de acordo, é claro, com seus próprios interesses

(JENKINS, 2009).

O chamarisco para a grande audiência das emissoras nacionais é o culto às

celebridades, a utilização de estratégias que sejam atrativas ao público, como

grandes exibições e espetáculos estrelados por pessoas bonitas e famosas,

produzidos para encher a mente do observador de ideias que muitas vezes não

condizem com a realidade. A necessidade de sair da invisibilidade através dos ideais

ditados pela mídia é a principal motivação para que os consumidores se engajem

em uma incessante atividade de consumo. O ciberespaço, apropriado pelos próprios

consumidores acaba seguindo os mesmos padrões midiáticos, uma vez que se

constitui como um ambiente da vida cotidiana, em interfaces computacionais

(BRETAS, 2012).

Por outro lado, para Lopes (2010), com o aumento cada vez maior do uso da

internet e das mídias sociais, a produção e distribuição da notícia, assim como o

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entretenimento em larga escala, têm sofrido mudanças. Percebe-se que parte da

sociedade já está buscando novas fontes de informação e opiniões diversas a

respeito de um mesmo assunto, isso faz com que a opinião pública esteja mais

exigente e cobre do mass media um cuidado maior ao tentar manipular informações.

Segundo Jenkins (2009), esse fluxo de conteúdos através de múltiplos

sistemas midiáticos é chamado convergência midiática. A partir desses novos

comportamentos adquiridos no mundo online, desenvolveu-se uma cultura

participativa, baseada na colaboração não apenas do emissor da mensagem, mas

também do receptor na construção e troca de informações.

A expressão cultura participativa contrasta com noções mais antigas sobre a passividade dos espectadores dos meios de comunicação. Em vez de falar sobre produtores e consumidores de mídia como ocupantes de papéis separados, podemos agora considera-los como participantes interagindo de acordo com um novo conjunto de regras, que nenhum de nós entende por completo (JENKINS, 2009, p.30).

A convergência corporativa funciona em um processo de cima para baixo

enquanto a convergência do consumidor faz o trajeto contrário, de baixo para cima,

dessa forma as organizações midiáticas estão aprendendo a acelerar o fluxo de

informações, interações e conteúdos que geram oportunidades de ampliação de

mercado, networking e relacionamento com os públicos, o consumidor da mesma

forma, procura através desse processo trocar experiências com outros

consumidores. Esse ambiente possibilita maior independência na troca de ideias e

opiniões (JENKINS, 2009).

Stasiak (2015), no livro Organização, mídia e mercado traz um esquema

bastante útil para explicar os fluxos que compõem o processo de midiatização entre

organizações e indivíduos a partir dos estudos de Verón (1997):

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Figura 1: Esquema para análise da midiatização. Fonte: Véron apud Stasiak (2015).

No primeiro círculo, ilustrado na Figura 1, temos as instituições que

representam as organizações como um todo. No segundo, os meios que são

intermediadores e exercem os pressupostos da midiatização e, no último círculo os

atores, sujeitos no exercício das relações sociais. As flechas duplas atuam como as

interações através das quais se constroem os coletivos (STASIAK, 2015).

No C1 temos a relação entre instituições e o meio, que demonstra a

influência das tecnologias de comunicação sobre a rotina das organizações, um

exemplo citado pela autora é o uso das redes sociais por um prefeito, por exemplo, o

qual faz uso das plataformas possivelmente para explicitar suas decisões e está,

desta forma, expondo-se aos comentários de outros usuários sobre tal questão. C2

demonstra as mudanças comportamentais ocasionadas pelo consumo midiático,

como por exemplo, nas concepções de família, saúde, preconceito, entretenimento,

meio ambiente, etc., construídas pelos indivíduos ao longo dos últimos anos. Em C3

as relações entre instituições e indivíduos, segundo Véron, modificaram-se ao passo

de que os colaboradores agora circulam pelas redes e exibem informações do seu

trabalho e inclusive das próprias organizações internamente. Por fim, C4 representa

a influência da midiatização tanto para as organizações como para os próprios

indivíduos, Stasiak exemplifica citando o possível abalo na relação com

colaboradores que hoje possuem acesso a todos os comentários referentes à

empresa em que atuam através das mídias digitais, principalmente quando se tratam

de críticas desencadeadas por crises de opinião (STASIAK, 2015).

O esquema desta forma evidencia a influência das interações online em

todos os campos do processo de comunicação. Bretas (2012) afirma que o processo

de fluxo de conteúdo nas diversas plataformas midiáticas ocorre em razão da

ruptura dos limites entre o público e o privado dentro das redes sociais, a partir da

busca constante por visibilidade e reconhecimento observada nesse contexto.

2.3 CRISE

Conforme veremos no próximo capítulo, a tecnologia abriu novas

oportunidades de comunicação entre as organizações e o público através das

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mídias sociais online, que se configuram em ambientes propícios para o

estreitamento das relações e da troca de conteúdos. Por outro lado, também

representa um espaço de certa forma instável, no qual o usuário encontra-se

“protegido” por uma tela, permitindo que ele fale e haja como achar conveniente.

Além disso, como já fora comentado, as mensagens e notícias são disseminadas

para um número infindável de pessoas nas redes em questão de segundos.

Com isso, manter o controle, a boa imagem e a reputação de organizações

no ambiente web tem sido uma tarefa difícil para os profissionais de comunicação.

Visto que até organizações que não estejam presentes dentro das redes, estão

sendo comentadas e estão também suscetíveis às críticas da opinião pública, de

modo que, ignorar essa forma de expressão do consumidor pode desencadear

danos ainda mais graves relacionados à reputação.

É evidente que crises corporativas se desenvolvem nas mais diversas áreas

e repercutem quase sempre em todos os canais de comunicação. Entretanto, neste

trabalho será mantido o foco nos sites de rede social. Para o ambiente

organizacional, uma crise pode ser de natureza- econômica, política, financeira,

ambiental, entre outras, mas igualmente todas possuem reflexo na organização.

Crises geralmente representam um estado de alerta e de instabilidade. É um

momento crítico ou decisivo que requer tomada de decisão rápida e precisa. Podem

ser vistas como uma situação de ameaça, assim como, quando bem administrada

podem também representar uma oportunidade (TEIXEIRA, 2013).

Uma crise pode ser definida, de maneira geral, como uma situação emergencial que pode ou não ser prevista e, ao ser desencadeada, desestrutura, ainda que temporariamente, a espinha dorsal das organizações (e isso é importante para os comunicadores), podendo assim comprometer sua imagem e reputação (BUENO, 2009, p. 138).

A crise de imagem ganhou destaque e começou a ser tema de reflexão nas

organizações em meados do século XX, a partir de uma situação que ocorreu com a

multinacional Johnson & Johnson em 1982, quando um cliente da empresa veio a

falecer após a ingestão de comprimido de Tylenol - o que aconteceu foi que algumas

embalagens haviam sido contaminadas com uma substância tóxica. Ao tomar

conhecimento do ocorrido a empresa imediatamente recolheu todos os produtos

danificados do mercado, interrompeu as propagandas e abriu suas portas para

esclarecimentos, demonstrando preocupação com os danos causados às pessoas

que acabaram lesadas de qualquer forma pelo erro cometido por ela. Esse fato

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inevitavelmente abriu os olhos das organizações demonstrando que todas estão

suscetíveis a sofrer grandes desestabilizações a partir de problemas com reputação,

independente de seu tamanho ou poder (TEIXEIRA, 2013).

Já que qualquer organização está exposta a eventualidades de crise, é

imprescindível assumir uma projeção dos erros, sobretudo no contexto de

concorrência, globalização e tecnologia atual (MARADEI, 2015). As consequências

de uma crise dependem diretamente dos riscos envolvidos e de quão preparada a

organização está para tal evento. O despreparo para lidar com ameaças pode

transformar um caso simples e isolado em um escândalo de grande dimensão,

dependendo, por exemplo, do tempo levado por uma resposta ou de uma ação a ser

realizada. Por esse motivo prever erros é tão importante quanto evita-los (TEIXEIRA,

2013).

A palavra-chave para o gerenciamento de crises, portanto, é a prevenção. Adotar uma atitude preventiva significa, na prática, mapear as dificuldades que poderão surgir e definir soluções quando a cabeça não está quente, nem a pressão insuportável. Na hora da crise, o importante é lidar com o problema de forma mais adequada – e isso é muito mais fácil se houver um planejamento prévio (ROSA, 2007, p.70).

Lucas (2007) complementa lembrando que são nas pequenas negligências

cotidianas que residem silenciosamente as ameaças que muitas vezes só são

identificadas em longo prazo, quando a gravidade já constitui sinais de crise. Por

isso, segundo a autora, saber ser vulnerável é primordial, já que essa atitude permite

que de tempos em tempos as empresas revejam o que há de errado e solucionem

possíveis agentes de problema. Além disso, essa visão mais realista configura o

primeiro passo para perceber a importância estratégica da gestão de riscos.

2.3.1 Gestão de Crises

Para Rosa (2007), a crise de imagem possui um caráter muito mais

devastador do que uma crise financeira, por exemplo, porque destrói o maior

patrimônio que uma empresa pode construir ao longo de anos de trabalho: sua

reputação e confiança. Quando a capacidade de acreditar em algo é ferida, há uma

grande dificuldade de reconstrução, Garcia (2015) lembra que a postura ética e a

responsabilidade social atualmente não dizem respeito apenas a princípios morais,

mas também a questões estratégicas, já que stakeholders e, a própria sociedade

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cobram essas atitudes das corporações e a partir da atuação que elas apresentam

formam-se laços de confiança ou abrem-se brechas perigosas para críticas e

retaliações.

Uma reputação sólida pode ser aliada na hora de uma crise, pois sempre há

mais chances do consumidor manter-se acreditando em uma empresa que possui

créditos obtidos através de uma comunicação consolidada. A gestão de crises, desta

forma, funciona como uma prevenção para as crises, mas não tem a mesma

efetividade dentro das redes sociais sem um bom trabalho de imagem.

A visão estratégica da gestão de crises está na antecipação, ao se avaliar

todas as variáveis do ambiente e do objetivo de uma organização, estamos

minimizando as vulnerabilidades e maximizando a capacidade em contra partida a

possíveis eventos que representem risco. Entretanto, é preciso lembrar que na

gestão de crises não há condições de se monitorar e controlar completamente o

risco, isto é, existem situações que podem surgir devido à falta de informação, por

exemplo. Por isso é preciso trabalhar com equilíbrio e sensibilidade, a fim de obter

as melhores estratégias de planejamento através da capacidade de percepção e

técnica (ZAMITH, 2007).

Importante pontuar também que a dimensão de instantaneidade das redes

sociais pressupõe agilidade nas interações, isto é, os usuários esperam respostas

corretas e rápidas das organizações nas plataformas online e quando não se dispõe

de um plano previamente elaborado que sirva de apoio nesse momento,

provavelmente esse retorno levará tempo demais para ser dado ou ainda não ser

feito da melhor forma, o que pode piorar ainda mais a situação (GARCIA, 2015).

Segundo Teixeira (2013), esse trabalho deve ser contínuo, pois sempre

surgem novos riscos, que devem ser mapeados e analisados através de pesquisas

que deem subsídio para a criação de um plano de crise. Desta forma, a autora lista

as informações a serem levantadas a fim de conhecer a situação da organização no

ambiente online:

1. Analisar o tamanho da organização. 2. Analisar a cultura da companhia no ambiente virtual. 3. Levantar as vulnerabilidades que podem afetar o negócio nesse ambiente. 4. Enxergar as ameaças em âmbito global. 5. Checar as vulnerabilidades que podem surgir no mundo off-line e se repercutir no on-line. - Durante o levantamento de riscos, analise as queixas postadas pelo público.

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- Converse com os departamentos relacionados para entender os problemas. - Faça uma análise dos principais problemas do setor. - Estude quais vulnerabilidades podem estimular o debate da opinião pública no ambiente virtual. 6. A área de comunicação deve estar alinhada com a internet e ter conhecimento do assunto. 7. Implantar um monitoramento on-line constante da marca. - Cada negócio requer um sistema diferenciado de monitoramento. O que é indicado por uma empresa pode não ser para outra. Dependendo do ramo de atividade de uma organização, quando se fala dela, sua presença ativa no mercado e quanto influencia o consumidor. Dependendo do caso é necessário ter um monitoramento 24h por dia, 7 dias por semana. Entenda qual a necessidade do seu negócio. - Ter um monitoramento que não trabalha com eficácia, de acordo com o negócio, pode vir a se transformar em uma vulnerabilidade para o negócio. 8. Criar um sistema de alerta. 9. Identificar e registrar todas as possibilidades de domínios negativos em sites, blogs, Twitter e demais redes sociais que possam se referir à empresa. - Na internet existe a onda “Eu odeio a marca X”, “não gosto da marca Y”, etc. 10. Identificar stakeholders que estejam no ambiente virtual. 11. Mapear influenciadores e líderes de opinião no mundo virtual. 12. Pesquisar o tom e a linguagem da mensagem que deve ser passada ao seu público; lembrando que o estilo de comunicação implantada off-line é diferente do on-line. 13. Familiarizar a equipe de comunicação corporativa com o ambiente virtual. Neste caso, promovendo treinamentos constantes. (TEIXEIRA, 2013, p. 96).

A partir desses tópicos é possível projetar um plano de comunicação nas

redes sociais, esse plano será a base para todas as ações tomadas pela

organização, qual postura ela deve assumir, de que forma deve reportar-se aos

internautas, quais os seus objetivos dentro das plataformas, etc. Essas informações

também podem ser utilizadas para a construção da gestão de crises, pois os dados

coletados fornecem informações sobre as vulnerabilidades e ameaças da empresa,

assim como, influenciadores da área que podem ser grandes geradores de insights.

Garcia (2015) comenta que dar ouvidos aos públicos online certamente trará

benefícios para a minimização dos riscos ou mesmo para a redução das perdas em

casos de crise, visto que sempre é possível retirar algum conhecimento ou ideia que

pode ser utilizado de alguma forma para reverter a situação. Entretanto, o autor

contrapõe dizendo que pode ser um grande desafio viver na “corda bamba” de

comentários positivos, críticas e opiniões contrastantes, o que constitui uma tarefa

complexa que vai da aceitação a certa necessidade de abafamento e, portanto, agir

com criatividade parece ser a melhor solução. Daremos continuidade a esse assunto

no capítulo 5, com a abordagem do planejamento e gerenciamento de crise.

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3 INTERNET E REDES SOCIAIS

Desde a invenção dos computadores, a tecnologia vem avançando para

atender a diferentes necessidades. Através da utilização cada vez maior da web, a

cultura das últimas gerações vem se modificando e se adaptando com a inclusão de

novas formas de comunicação, relacionamento, consumo de informações e tudo que

esteja relacionado à vida cotidiana, dando à internet o título de grande promotora

dessas mudanças que estamos presenciando nos últimos tempos.

Penso que o advento da comunicação digital é uma das mais importantes revoluções da nossa época. A criação de uma arquitetura informativa que não se limita a distribuir informação, mas que também é interativa, permitindo o diálogo fértil entre dispositivos de conexão, banco de dados, pessoas e tudo o que existe é um marco na história da comunicação, porque, pela primeira vez, altera-se a forma de transmissão das informações (LEMOS E DI FELICE, 2015, p.7).

Desta forma, esse capítulo abordará assuntos como a história da internet até

os dias atuais, a cibercultura4 e, principalmente, uma ampla visão sobre as redes

sociais e seus usuários, assunto central deste trabalho.

3.1 HISTÓRIA DA INTERNET

Entre o quarto e quinto milênio a.C., a primeira grande inovação da

comunicação iniciou com o desenvolvimento da escrita. No século XV, Gutenberg5

desenvolve a prensa tipográfica que utilizava caracteres móveis, seguido, por volta

de 1860 pela invenção do telégrafo6. Mais tarde a eletricidade foi o advento mais

importante para a concretização das mídias de massa (rádio, cinema, televisão,

etc.).

Finalmente, em 1936, o matemático húngaro John Von Neumann criou o

primeiro computador digital eletrônico, que na verdade se tratava de uma gigantesca

calculadora. Foi a partir desses primeiros estudos que códigos foram desenvolvidos

4 “Cibercultura expressa uma mutação fundamental da própria essência da cultura.” (LÉVY, 1999,

p.257). 5 Johannes Gutenberg foi um ourives alemão que desenvolveu em meados de 1455 a técnica de

impressão a partir de placas de metal duro, as quais serviam de molde para fundir os caracteres que se desejava colocar no papel, formando textos. <http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/prensa-gutenberg-435887.shtml>. Acesso em: 18 de set. 2015 6 O telégrafo é um sistema concebido para transmitir mensagens de um ponto para outro em grandes

distâncias, com a utilização de códigos. As mensagens eram transmitidas através de um sistema composto por fios. Samuel Morse criou e registrou a patente no ano de 1837. <http://www.suapesquisa.com/pesquisa/telegrafo.htm>. Acesso em: 18 de set. 2015

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através de um sistema binário (padronizado com os numerais de 0 e 1), o qual é

utilizado ainda hoje para realizar o processamento de dados.

Pode-se dizer que o projeto contempla a lógica de uma programa sequencial, instalado na memória modificável da máquina, que, por sua vez, fornece a ordem básica realizada pelo processador central. Sob o prisma das tecnologias, utilizariam um código binário para emitir impulsos. Na ausência de impulso, o código binário seria o (zero) e, na presença dele, o dígito binário seria 1 (um). Essa conjuntura está diretamente relacionada a quaisquer processos computacionais, que, por sua vez, sempre são norteadas por um algoritmo rigorosamente definido para se comportar bem em todas as condições (VERGILI, 2014, p.24).

O período após a Segunda Guerra Mundial, em meados de 1960,

representava para as duas superpotências mundiais, Estados Unidos e União

Soviética, a rivalidade política chamada de Guerra Fria, a qual apesar de não ter

sido uma disputa armada, tal divergência era uma forte ameaça de ataque e por

esse motivo o Departamento de Defesa americano investiu muito na pesquisa de

informações para o serviço militar, a fim de garantir a comunicação emergencial

(FERRARI, 2008).

O governo americano, em 1964, buscando proteger suas bases militares

opta por implantar um sistema de comunicação em que um ponto principal

(Pentágono) tivesse múltiplos links, com diversas conexões independentes, evitando

assim, que, em caso de ataque a troca de informações das instalações militares não

se prejudicasse - já que no modelo anterior, um ataque ao Pentágono representava

o fim das linhas de comunicação (VERGILI, 2014).

Nesse contexto, ao efetivar-se esse novo padrão surge a Agência de

Pesquisas e Projetos Avançados (ARPA - Advanced Research and Projects

Agency), órgão responsável pelo desenvolvimento de pesquisas científicas e

tecnológicas para fins militares do governo norte-americano que financiou o projeto,

formando a ARPANET (VIEIRA, 2003).

Com o avanço das pesquisas, a ARPANET investiu na ideia de comutação

de pacotes (packet switching) – uma maneira mais eficiente, confiável e rápida de

transmitir dados por uma rede, já que permitia que as mensagens fossem

fragmentadas e distribuídas durante o trajeto e se encontrassem apenas no seu

destino final (VERGILI, 2014).

Os primeiros computadores da ARPANET foram conectados em 1969. Em

1971 já haviam quinze computadores interconectados (VIEIRA, 2003). Provando

assim que era possível se comunicar à distância, utilizando computadores, através

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de cabos subterrâneos que formavam toda a infraestrutura de telecomunicações

norte-americana.

A partir daí, conforme Vergili (2014), os militares começaram a permitir que

os universitários passassem a ajudar no aprimoramento da ARPANET. Vint Cerf,

Gerard Le Lann e Robert Metclafe foram os líderes de um grupo responsável pelo

desenvolvimento da conexão entre computadores em redes locais e mais tarde Cerf

ainda trabalhou acrescentando o protocolo intrarrede (IP), que é utilizado ainda hoje

para que dois computadores conversem entre si.

O cenário do final dos anos 80 era este: muitos computadores conectados, mas principalmente computadores acadêmicos instalados em laboratórios e centros de pesquisa. A Internet não tinha a cara amigável que todos conhecem hoje. Era uma interface simples e muito parecida com os menus dos BBS. Mas, enquanto o número de universidades e investimentos aumentava em progressão geométrica, tanto na capacidade dos hardwares com dos softwares usados nas grandes redes de computadores, outro núcleo de pesquisadores, até bem modesto, criava silenciosamente a Word Wide Web (Rede de Abrangência Mundial), baseada em hipertexto e sistemas de recursos para a Internet (FERRARI, 2008, p.16).

A primeira iniciativa para a popularização da internet foi dada, finalmente,

em meados dos anos 1990, com o desenvolvimento do código WWW. Desta forma,

a tecnologia hipertexto possibilitou um espaço em que as informações armazenadas

nos milhões de computadores pudessem ser compartilhadas e acessadas facilmente

dentro da web. Qualquer computador conectado à internet, a partir daí, seria capaz

de acessar os diversos textos e arquivos disponíveis na internet (VERGILI, 2014).

Para facilitar o acesso aos documentos disponíveis na rede, cada um deles

recebeu um endereço, denominado URL (sigla de Uniform Resource Locator),

composto por um identificador de hipertextos, o HTTP (sigla de HyperText Transfer

Protocol) e um sinal de que estava disponível na Web, o WWW (VIEIRA, 2003).

Todos estes são ainda utilizados para acessar qualquer site disponível na rede.

A partir de 1993, inicia-se uma corrida em busca de diversas melhorias na

utilização dos sites, além da academia, sites de busca também se interessam em

aprimorar a interface gráfica de suas páginas, que começam a ganhar nova cara,

ficando mais estável e fácil de instalar e de trabalhar com imagens simples no

formato bitmap (FERRARI, 2008).

Para se ter uma dimensão do tamanho da expansão da Internet no mundo

todo ainda na década de 90, o número de computadores conectados pulou de 1,7

milhão em 1993 para vinte milhões em 1997, conforme Ferrari (2008). A primeira vez

que o Brasil esteve em contato com a internet, segundo Vieira (2003), foi em 1988

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quando a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp),

realizou a primeira conexão em rede através de uma parceria com um dos mais

importantes centros de pesquisa científica dos Estados Unidos. Entretanto, apenas

em 1992 é que o governo federal começou a trabalhar na infraestrutura de cabos

para suporte de conexão nas principais captais do país, distribuindo acesso à

internet nas universidades e fundações de pesquisa (VIEIRA, 2003).

Nos dados da Pesquisa Brasileira de Mídia 20157, feita pela Secretaria de

Comunicação Social da Presidência da República, a televisão ainda foi apontada

como o meio de comunicação mais utilizado pelos brasileiros (93%), seguido pelo

rádio (46%). A internet aparece em terceiro lugar por 42% dos entrevistados.

Os dados mostram que 65% dos jovens com até 25 anos acessam internet todos os dias. Entre os que têm acima de 65 anos, esse percentual cai para 4%. Entre os entrevistados com renda familiar mensal de até um salário mínimo (R$ 724), a proporção dos que acessam a internet pelo menos uma vez por semana é de 20%. Quando a renda familiar é superior a cinco salários mínimos (R$ 3.620 ou mais), a proporção sobe para 76%. Por sua vez, o recorte por escolaridade mostra que 87% dos respondentes com ensino superior acessam a internet pelo menos uma vez por semana, enquanto apenas 8% dos entrevistados que estudaram até 4a série o fazem com a mesma frequência (BRASIL - PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA – SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL, 2014, p.49).

3.2 WEB 2.0

A Web 2.0, segundo Burrus e Mann (2011), refere-se a um determinado

período tecnológico representado pelo conjunto de novas estratégias

mercadológicas e a processos de comunicação mediados pelo computador. A

segunda geração de serviços online tem como objetivo, conforme o autor,

potencializar as formas de compartilhamento, publicação e organização das

informações, assim como, obter espaços para a interação dos usuários desses

processos. Sampaio (2007) complementa dizendo que essa nova terminologia não

representa grandes mudanças tecnológicas para a internet, mas sim mudanças de

pensamento, ao deixar a visão comercial da web em segundo plano para atender a

necessidade da troca de conteúdo e integração das informações.

A partir da mudança comportamental desencadeada nesse novo contexto é

que o os sites de redes de relacionamentos e compartilhamento de informações

demostraram significativo crescimento, como podemos observar na linha do tempo:

7. Disponível em: <http://www.secom.gov.br/atuacao/pesquisa/lista-de-pesquisas-quantitativas-e-qualitativas-de-contratos-atuais/pesquisa-brasileira-de-midia-pbm-2015.pdf>. Acesso em: 5 out. 2015.

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1. Janeiro de 2001 – A Wikipédia, versão em inglês, entra no ar. 2. Fevereiro de 2003 – A Google compra a Pyra Labs e lança o serviço Blogger. 3. Janeiro de 2004 – O Orkut entra no ar. 4. Fevereiro de 2004 – O Flickr.com entra no ar. 5. 2004 – Primeira conferência sobre Web 2.0 (O‟Reilly). 6. 2004 – Yahoo Maps API e Google Maps API são lançadas.

(SAMPAIO, 2007, p.9)

Para Avorio e Spyer (2009), a Web 2.0 é um espaço desenvolvido por

megacorporações que funciona como uma plataforma mais acessível para

publicação de forma segura e controlada, o que dá suporte para sites colaborativos

e e-commerces8 com acesso rápido e maiores vantagens para os usuários. Além

disso, representa um ambiente que propicia as trocas simbólicas em um espaço

social virtual com relação entre indivíduos que constroem e reconstroem a realidade

através de novas formas de comunicação (NEIVA; BASTOS; LIMA, 2012).

A mudança mais relevante proporcionada pelas ferramentas da Web 2.0 é a possibilidade de colaboração em massa e o compartilhamento de conhecimento. Por meio de serviços tais como blogs e microblogs, wikis, redes de relacionamentos e ferramentas de compartilhamento de vídeos e fotos, os internautas podem discutir assuntos de interesse comum, participando ativamente do processo comunicativo (NEIVA; BASTOS; LIMA, 2012, p. 193).

Vários autores já começaram a citar a web 3.0 como a evolução do uso da

internet que estamos vivenciando atualmente. Burrus e Mann (2011) caracterizam o

futuro da web como um ambiente de imersão e experiência multidimensional.

Stasiak complementa dizendo que a Web 3.0 estará mais ligada à comunicação

colaborativa em tempo real e a convivência online:

A web 3.0 é um sistema que inclui desde redes sociais e serviços empresariais on-line até sistemas GPS e televisão móvel, assim como o aumento das etiquetas inteligentes, que permitem lidar com a informação de uma forma mais simples (STASIAK, 2010, p.26).

Scudere (2015) descreve as novidades a partir da transformação da web em

um banco de dados no qual um software irá vasculhar a internet em busca das

melhores respostas para uma pergunta, o que mais tarde servirá como caminho

evolutivo até a inteligência artificial. Desta forma, segundo o autor, surge a web

semântica que consiste na reprodução do processo cognitivo do cérebro humano de

pensar, analisar e decidir. Além disso, segundo Baltzan e Phillips (2012) apud

8 E-commerce em português significa comércio eletrônico.

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Pinochet (2014) a Web 3.0 será a evolução de uma arquitetura mais acessível e

voltada para o uso 3D.

3.3 REDES SOCIAIS

Voltando a abordagem do capítulo anterior, como já fora mencionado, a

opinião pública começou a ganhar maior aceitação a partir do século XVIII, por conta

da visibilidade que tomou o Iluminismo na Europa. Ao mesmo tempo ocorre um

processo de urbanização da sociedade. Com isso e com a industrialização, as

pessoas são inseridas no contexto de uma sociedade voltada para o consumo de

bens materiais. A diminuição do analfabetismo, o acesso a literatura e a expansão

do jornalismo crítico também foram fatores que contribuíram para desenvolver a

socialização, a necessidade de expressão e a reprodução de ideias na esfera

pública (RECUERO, 2015).

O conceito de “rede”, segundo Terra (2012), advém dos laços que os

homens estabelecem entre si, em busca de referências, apoio, informações e

principalmente a sensação de pertencimento. Após a Web 2.0, conforme a autora, o

conceito de rede social vem sendo associado à comunicação no ciberespaço.

Monge (2012, p.33) diz que “sítios de redes sociais são uma forma

organizacional que facilita uma forma de interação social humana baseada no

computador”. Já para Boyd e Ellison apud Recuero (2015, p.21) os sítios de rede

social são caracterizados como:

Serviços baseados na rede que permitem que indivíduos: (1) construam um perfil público ou semipúblico dentro de um sistema limitado; (2) articulem uma lista de outros usuários com quem eles compartilham uma conexão; (3) viajem e cruzem sua lista de conexões e aquelas feitas por outro dentro do sistema.

O primeiro sítio de rede social que se tem conhecimento, conforme indica

Castells (2003) foi a ARPANET, tecnologia utilizada pelos militares para trocarem

mensagens entre si durante a Guerra Fria, conforme citado anteriormente. Em 1979,

através dos sistemas BBS (bulletin-board), aqueles que já possuíam computador

podiam conecta-los por meio de intercâmbios de telefone para se comunicarem.

Cada vez mais observou-se o interesse das pessoas em comunidades de bate-

papos online e empresas como CompuServe e America Online (AOL) trabalharam

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para desenvolver interfaces acessíveis ao compartilhamento de informações online

(MONGE, 2012).

Oldenburg apud Recuero (2014) diz que há três espaços fundamentais na

vida de todo indivíduo: o lar, onde está a família, o trabalho e os espaços de lazer,

como parques e pubs. Como resultado do constante avanço tecnológico e

globalização, é possível afirmar que as pessoas estão tendo cada vez menos tempo

para este último espaço. A falta de tempo, o medo resultante do aumento da

violência e a ascensão das mídias sociais online representaram a causa do

surgimento das comunidades virtuais, influenciadas por um ritmo de vida agitado e a

necessidade de interações sociais. (RECUERO, 2014)

Lembrando que apesar do conceito de mídias sociais digitais serem utilizados

como sinônimo de redes sociais digitais é importante frisar que estas possuem

diferentes características. Mídias sociais digitais são as plataformas de geração e

compartilhamento de conteúdo, as quais possuem potencial para a interação entre

usuários. As redes sociais são agrupamentos formados através da utilização das

plataformas (RUBLESCKI E BARICHELLO, 2013).

Os sites de rede social, portanto, podem ser consideradas como um espaço

que possibilita uma adaptação ampliada dos elementos que caracterizam os

públicos, como uma forma de comunicação na era digital, através de vários tipos de

manifestação, produção e reprodução de mensagens e conteúdos (RECUERO,

2015).

As redes sociais são metáforas para a estrutura dos agrupamentos sociais. Elas são constituídas pelas relações entre os indivíduos e vão servir como estrutura fundamental para a sociedade. São, assim, uma forma de olhar os grupos sociais, onde se percebem as relações e os laços sociais como conexões e os indivíduos como atores que estão unidos por essas conexões, formando o tecido social (RECUERO et al., 2015, p.23).

Telles (2010) conceitua as redes de relacionamento online como um

ambiente que possibilita reunir os usuários para que estes interajam entre si, criando

uma rede de amigos e comunidades, além de oportunizar que os membros

exponham seus perfis, compartilhem suas fotos, textos, mensagens e vídeos. Clay

Shirky apud Terra (2015) lembra que as novas tecnologias de rede social permitem

a organização dos membros sem a intermediação de empresas, partidos e qualquer

outra instituição de forma que a produção de conteúdo seja independente e o

compartilhamento seja colaborativo, de maneira que até mesmo grandes ações

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coletivas possam ser planejadas. Teixeira (2013) complementa dizendo que as

redes sociais permitem maior interação entre as pessoas no mundo independente

de idioma, localização e preferências, além de permitir que elas assumam um

caráter participativo.

Um site de rede social é uma plataforma de comunicação em rede na qual os participantes 1) possuem perfis de identificação única que consistem em conteúdos produzidos pelo usuário, conteúdos fornecidos por outros usuários, e/ou dados fornecidos pelo sistema; 2) podem articular publicamente conexões que podem ser vistas e cruzadas por outros; e 3) podem consumir, produzir e/ou interagir com fluxos de conteúdo gerado por usuários fornecidos por suas conexões no site (BOYD E ELLISON apud RECUERO et al., 2015, p. 26).

Isto é, ao vivenciar uma situação, seja ela positiva ou negativa, os usuários

transmitem para sua rede, que dão seu posicionamento a respeito do fato em

questão, compartilhando e aos poucos envolvendo um número cada vez maior de

pessoas e situações (TEIXEIRA, 2013).

Concluindo as afirmações feitas pelos autores, de forma mais resumida, as

redes sociais digitais são formadas por grupos de pessoas ou organizações que têm

como objetivo principal interagir umas com as outras a fim de discutir temas (de

muita ou pouca importância), trocar experiências, exibir conexões entre os amigos

ou mesmo obter e manter relações sociais e mercantis (no caso de empresas e

organizações em geral).

A primeira rede social na web foi a SixDegrees.com, em 1997, a rede tinha

como função a troca de mensagens instantâneas, permitia a criação de perfis e lista

de amigos as quais podiam ser visualizadas pelos amigos em comum. A rede

alcançou seu auge em um curto período de tempo, alcançando em média um milhão

de usuários, até que novas concorrentes foram sendo criadas, acarretando no fim da

SixDegrees em 2011 (MONGE, 2012).

No início dos anos 2000, as redes sociais começam a ganhar popularidade

de massa (MONGE, 2012), e a partir de 2004 diversas plataformas que utilizamos

ainda hoje se tornaram populares, como Facebook e Flickr, Youtube em 2005 e o

Twitter em 2006.

Terra (2012) conceitua os indivíduos na era da midiatização como usuários-

mídia, em razão do poder que possuímos como próprios canais de mídia, podendo

assumir papel de produtores, criadores, compositores, difusores ou apresentadores

dos nossos próprios conteúdos. A autora entende que o usuário-mídia é um heavy

user, isto é, um internauta que utiliza a internet e as mídias sociais de todas as

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formas possíveis, colaborando através da produção, consumo, compartilhamento e

disseminação de conteúdos online, entretanto, acredita que existam níveis diferentes

de usuário-mídia, conforme é possível verificar na Figura 2 feita pelo Ibope em um

estudo chamado “Many to many”.

Figura 2: Pirâmide Many to Many . Fonte: Ibope (2010) - Disponível em: <http://www4.ibope.com.br/download/Redes_Sociais.pdf >. Acesso em: 29 set. 2015.

Colnago (2015) cita os diferentes perfis dos usuários de redes sociais

digitais através de uma pesquisa realizada pela Elife em 2014, em que foi observado

o comportamento de 7 mil interações feitas entre internautas e marcas de telefonia,

bens de consumo, fast-foods, bebidas e serviços em geral no Twitter e no Facebook.

A primeira tipologia, segundo a autora, é classificada como “agitadores”,

esses usuários costumam se unir em grupos a fim de defender alguma causa,

geralmente usando comentários apelativos e linguagens de baixo calão para

provocar estardalhaços. Mais ou menos como os “agitadores”, os “reclamões” são

aqueles que costumam fazer comentários insatisfeitos e muitas vezes dramáticos

para expressar o quão negativa foi sua experiência com o produto ou serviço.

“Pidões” foram caracterizados como usuários que, muitas vezes, por terem um certo

respaldo dentro da rede, como blogueiros, celebridades ou apenas pessoas que se

acham importantes aproveitam o ambiente para pedir brindes, patrocínios,

condições especiais, etc. Os usuários “decepcionados” têm como característica

demonstrar sua insatisfação com a marca através de longos textos que explicam

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cada detalhe da sua péssima experiência com a marca, evidenciando que

costumavam ser grandes simpatizantes da empresa antes da decepção sofrida.

(ELIFE apud COLNAGO, 2015).

Por outro lado, os “colaboradores” gostam de interagir, compartilhar ideias,

opiniões, dar sugestões e, por esse motivo, são considerados importantes fontes de

insights. Já os usuários “especialistas”, conforme a autora são aqueles que

demonstram interesse em elementos técnicos e específicos sobre os produtos ou

serviços, o que requer um cuidado especial para respostas corretas e claras. E

finalmente, os “amantes da marca”, são os que agem como defensores da marca

quando outro usuário faz comentários pejorativos a ela. Costuma expressar sua

preferência e afinidade pela organização, assim como divulga novidades anunciadas

por ela por livre e espontânea vontade (ELIFE apud COLNAGO, 2015).

Os usuários reunidos em torno de interesses ou valores comuns

potencializam seu poder nas interações que realizam no cotidiano, nesse ponto de

vista, as redes sociais digitais devem ser vistas pelas organizações e pelas relações

públicas como um ambiente de expressão coletiva, o qual permite a construção de

estruturas favoráveis à comunicação colaborativa e a troca de experiências

(BRETAS, 2012).

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45

4 TWITTER, FACEBOOK E AS ORGANIZAÇÕES

Nesta pesquisa, optamos por estudar os relacionamentos estabelecidos entre

organizações e seus públicos nas redes sociais Twitter e Facebook, mediadas pelo

profissional de Relações Públicas. Nesse sentido, neste capítulo busca-se traçar o

perfil dos usuários de cada uma das plataformas, bem como suas funcionalidades e

mecanismos. A partir de tal análise, colocaremos a atuação das organizações em

pauta, a fim de obter um parâmetro do cenário em que elas se encontram no

ambiente virtual.

4.1 TWITTER

O Twitter é uma rede social que foi desenvolvida por Jack Dorsey, Biz Stone

e Evan Williams em 2006, como um projeto da empresa Odeo (RECUERO, 2014). A

plataforma é organizada como um microblogging, a qual permite que sejam escritos

pequenos textos de até 140 caracteres, chamados tweets, respondendo a pergunta

“What is happening?” (O que está acontecendo?). Cada usuário possui um nome

acompanhado pelo caractere @, por exemplo: @juliananora, esse nome de usuário

será utilizado para que outros internautas possam me encontrar dentro do site,

assim como o meu próprio nome utilizado no perfil ou até mesmo meu endereço de

e-mail (TEIXEIRA, 2013).

O site se diferencia dos blogs “à medida que é mais simplificado, ligado à

ideia de mobilidade e instantaneidade, voltado para postagens breves, reduzindo o

tempo e aumentando a frequência de atualização e a geração de conteúdo”

(RUSSEL e ROSA, 2012, p.276).

A página particular de cada usuário pode ser personalizada pela construção

de um pequeno perfil e o site é estruturado através do sistema followers

(seguidores). Desta forma, é possível escolher quem se deseja seguir e por quem se

deseja ser seguido. Há possibilidade de enviar mensagens em modo privado, mas a

proposta principal da ferramenta é que as postagens sejam públicas para todos os

usuários da rede de seguidores (TEIXEIRA, 2013).

Ao contrário de redes sociais como o Facebook, por exemplo, no Twitter um

perfil “A” pode ter relação com um perfil “B”, sem que necessariamente o perfil “B”

tenha relação com “A”, isto é, não é preciso haver reciprocidade nem vínculos entre

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os usuários, é possível que “A” siga “B” apenas por ter interesses sobre os assuntos

postados por ele (CANATTA, 2014).

Por meio do Twitter, conhecido também como um microblog, uma

mensagem postada pode ser replicada (retwittada) por outros usuários, permitindo a

visualização dos seguidores destes outros usuários, que da mesma forma podem

replicar o post. Esse sistema permite que a mensagem se dissemine com mais

facilidade e rapidez e é responsável por uma comunicação pró-ativa e mais próxima

do público de interesse. Além do constante compartilhamento de links e mensagens-

tempo, a rede permite vínculos com outras redes, possibilitando a conquista de

novos seguidores (RUSSEL E ROSA, 2012).

Uma característica importante do microblog é fazer com que usuários

possam ter a mesma capacidade de fazer com que os próprios conteúdos circulem

na rede e sejam ao menos lidos por outras pessoas do ciberespaço, independente

de qual for seu capital social e influência. Hiller (2014) lembra que além de ter

acesso à intimidade de pessoas famosas ou que possuem notoriedade, o Twitter

permite interagir com elas ou manter interconexões através dos retweets. Desta

forma, uma informação retuitada agrega valor para o grupo e para o indivíduo

gerando engajamento na busca por capital social.

O Twitter é a maturação da rede mundial de computadores em seu estado mais pleno, pois faz com que consigamos ser lidos e ouvidos por usuário que nunca imaginávamos ter contato um dia na vida (HILLER, 2014, p.36).

Quando uma postagem é feita a partir de um assunto específico, o usuário

pode indexar uma palavra ou frase iniciada pelo símbolo #, utilizado para designar a

hashtag. O que acontece é que dentro da rede as hashtags viram hiperlinks que

podem ser utilizados para buscar e visualizar outras mensagens sobre o mesmo

tópico (SANTOS; CABESTRÉ; MORAES, 2012).

Desta forma, quando uma hashtag é mencionada muitas vezes, por usuários

diferentes, dentro de um curto período de tempo (algumas horas), o tópico da

hashtag é considerado um tranding topic, ou seja, este é um assunto que está em

alta e está sendo discutido no Twitter por um grande grupo de usuários, isso

acontece quando eventos importantes ou polêmicos estão repercutindo ou em prol

de algum objetivo específico. Através do uso das hashtags, segundo Canatta (2014),

o diálogo sobre determinado assunto é estimulado entre os internautas, que podem

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ou não fazer parte da mesma rede de seguidores, criando um fluxo descentralizado

de mensagens que funcionam como organizadores e filtros de informação.

Além de ser utilizada como um microblog a plataforma também se tornou

uma ferramenta de grande escala na divulgação de notícias e fatos mais recentes,

que ainda não receberam cobertura de imprensa tradicional. Desta forma, o Twitter é

capaz de transmitir informações, as quais já estão sendo indexadas por sites de

busca, como Google e Bing, como forma de promovê-las em tempo real (CANATTA,

2014).

Apesar de utilizar como norte a questão “O que está acontecendo?”, não é

preciso fazer uma análise muito profunda para observar que os usuários não

interagem apenas respondendo a essa pergunta, mas principalmente

compartilhando links, fazendo observações e expressando opiniões acerca de

assuntos diversos (SANTOS; CABESTRÉ; MORAES, 2012).

No artigo Entendendo a Twitteresfera Brasileira9, os autores fazem uma

análise dos termos mais utilizados em tweets, mostrando que as palavras mais

frequentes na plataforma são relacionadas ao tempo, como: dia, agora, hoje, noite,

tempo, semana, amanhã, sempre, hora, tarde, ontem, nunca, anos, dias, sexta, ano,

horas (nesta ordem de frequência). Conclui-se, portanto, que a ferramenta é

utilizada para descrever costumes e fatos do cotidiano e eventos recentes ou que

estão acontecendo.

A pesquisa também percebeu que há presença de muitos conjuntos de

abreviações, que são comuns entre os usuários em razão do número limitado de

caracteres, o que requer que a mensagem escrita precise ser encurtada. Além de

um conjunto de termos bem informais, que muitas vezes não fazem parte do

dicionário da língua portuguesa, mas são utilizados principalmente para expressar

emoções, ênfases ou apenas reprodução de expressões da língua falada, como:

cara, aí, hahaha, né, xd.

A partir dessa simples análise de termos mais frequentes, podemos concluir

que o Twitter é um ambiente caracterizado por um caráter mais espontâneo e

pessoal, o que leva a crer, segundo Russel e Rosa (2012), que a promoção de

informações com tons corporativos provoca uma quebra de identidade e

9 SILVEIRA, Diego Antonio Cotta. Entendendo a Twitteresfera Brasileira. XIX Seminário de Iniciação

Científica da UFOP, 2011. Disponível em: http://homepages.dcc.ufmg.br/~fabricio/download/sbsc2011.pdf

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naturalidade dentro da rede, por esse motivo, as organizações precisam ter atitudes

estratégicas que evitem a perda de credibilidade através do excesso de discurso e

busquem ações de relacionamento. Santos, Cabastré e Moraes (2012)

complementam lembrando que a geração nativa da internet costuma fazer muitas

coisas ao mesmo tempo e por esse motivo desenvolve outros tipos de percepção e

aprecia diferentes formatos de texto.

A respeito do público da plataforma, começando pela faixa etária, segundo a

pesquisa mais recente feita pelo Elife Group em 2014 sobre os hábitos e

comportamento dos usuários de redes sociais no Brasil, demonstra que 60% dos

usuários estão na faixa dos 20 a 40 anos de idade, e pertencem em sua maioria a

classe BC, conforme a Figura 3.

Figura 3: Perfil do usuário do Twitter. Fonte: Elife Group, Disponível em: <https://pt.slideshare.net/secret/BXWSF0YxOhas8X>. Acesso em: 7 de out. 2015.

Sobre as preferências a hábitos dos usuários brasileiros, a pesquisa mais

recente foi feita em 2013 pelo próprio Twitter, conforme a Figura 3, em que

demonstra ser um site mais utilizado por públicos culturalmente elitizados e

formadores de opinião. A mesma pesquisa feita pelo Elife corrobora com essa

informação, já que, segundo os dados obtidos, o brasileiro utiliza o Twitter para

buscar notícias e se manter informado, conforme a Figura 4.

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Figura 4: Perfil dos usuários do Twitter no Brasil. Fonte: Site Mídia Boom, <http://midiaboom.com.br/dados-e-estatisticas/infografico-quemusaotwitter-perfil-dos-usuarios-do-twitter-no-brasil/> Acesso em: 7 de out. 2015.

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Figura 5: Motivação do uso do Twitter. Fonte: Elife group, <https://pt.slideshare.net/secret/BXWSF0YxOhas8X> Acesso em 7 de out. 2015.

Pode-se observar que os usuários são adeptos também, em sua grande

maioria, da utilização de outras redes sociais através do celular para compartilhar

fotos e buscar informações e entretenimento, conforme o gráfico a cima mais de

90% acessam o microblog por meio de dispositivos móveis (celulares e tablets).

Além disso, essa pesquisa demonstra claramente o grande potencial que o

público usuário do Twitter possui como consumidor para as organizações que fazem

uso da rede, já que 1 em cada 2 se importam com marcas e 4 em cada 5 são fiéis às

marcas que gostam. Em média 50% dos entrevistados disse seguir marcas por

todos os motivos citados no questionário, ou seja, tudo que envolva as novidades da

empresa, interação e atendimento.

Visto como grande potencial para a comunicação organizacional, o Twitter

atrai inclusive a atenção dos veículos de comunicação, como por exemplo, as

emissoras de televisão que têm utilizado a plataforma para compartilhar teasers10,

divulgar sua programação, realizar promoções e enquetes e, principalmente,

interagir com os telespectadores, conforme cita Canatta (2014).

10

Técnica usada em marketing para chamar a atenção para uma campanha publicitária, aumentando o interesse de um determinado público alvo a respeito de sua mensagem, por intermédio do uso de informações enigmáticas no início da campanha. <https://pt.wikipedia.org/wiki/Teaser> Acesso em: 12 de out. 2015.

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O Twitter possibilita ainda às organizações alta penetração e alcance de mercado aos seguidores ativos que sinalizam com a possibilidade de ser tornarem promotores e multiplicadores da marca, a existência de nichos ainda inexplorados, oferta de promoções, descontos, a possibilidade de parcerias com anunciantes e inserção no novo mercado geográfico (RUSSEL e ROSA, 2012, p.277).

Para Avorio e Spyer (2009), o fato da plataforma não seguir regras

específicas e ser um serviço incompleto é uma das principais razões do seu êxito

quanto a sua popularidade, não possuir uma finalidade faz com que a rede tenha a

possibilidade de sofrer mudanças e estar em constante aperfeiçoamento em termos

técnicos e de usabilidade.

Por outro lado, o autor destaca os efeitos colaterais do uso organizacional:

expectativa de pronto-atendimento – visto que os internautas estão acostumados às

interações em tempo real, esperam que a empresa aja da mesma forma; expectativa

de atendimento no local – o consumidor através do Twitter pode achar que o

atendimento que está recebendo via rede social está sendo feito da mesma região

em que ele se encontra, mas nem sempre é o que acontece, o que pode dificultar o

entendimento ou a resolução de um problema; amplificação de protestos e

reclamações – a repercussão de um fato ou uma reclamação feita por um cliente

pode piorar a situação ou ainda estimular novos protestos.

4.2 FACEBOOK

A ideia do Facebook iniciou-se a partir da necessidade observada pelo seu

criador, o americano Marc Zuckerberg, de manter a rede de relacionamentos dos

jovens universitários, uma vez que nos Estados Unidos, quando um estudante

termina o colegial, ele muito provavelmente acaba mudando-se de cidade para

cursar a faculdade e desta forma, acabava perdendo o contato com os amigos da

escola. Pensando nisso, o sistema originalmente chamado Thefacebook foi lançado

na universidade de Harvard em 2004, pouco tempo depois a plataforma já estava

operando em diversas universidades americanas e, atualmente, é considerada a

maior base de usuários do mundo (RECUERO, 2014). Conforme divulgação11 do

Facebook, os dados do terceiro trimestre de 2015 revelaram que a plataforma possui

11

< http://www.tecmundo.com.br/facebook/88949-facebook-revela-numeros-esmagadores-receita-videos-usuarios-diarios.htm>. Acesso em 5 de nov.2015.

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1.55 bilhão de usuários mensais ativos e mais de 1 bilhão de pessoas que visitam e

usam fielmente ao menos uma vez por dia.

A plataforma tem como premissa inicial a criação de perfis, em que os

usuários adicionam uns aos outros como amigos, formando redes mútuas, desta

forma, quando um amigo faz uma publicação, ela será exposta para sua rede de

amizade na forma de timeline ou feed de notícias. Diferentemente do Twitter, o

Facebook possibilita postagens com número ilimitado de caracteres, assim como

fotos, imagens, vídeos, links, etc. para replicar uma mensagem, da mesma forma

como o retweet utiliza-se o comando compartilhar ou curtir, quando se aprova a

publicação.

Existem também perfis corporativos que se diferem por serem consideradas

“fanpages”, quando um usuário curte a página de uma marca, ele será capaz de

visualizar as atualizações dela na sua linha do tempo, obter informações como

endereço, telefone, horário de funcionamento e principalmente, através de

depoimentos deixados pelos clientes e sua classificação (contada por número de

estrelas) é possível saber se aquele produto, serviço ou estabelecimento possui uma

boa reputação ou não. A mesma pesquisa do Facebook citada anteriormente

revelou também que mais de 45 milhões de pequenos e médios negócios possuem

e gerenciam fanpages na rede social.

O Facebook atualmente disponibiliza uma infinidade de ferramentas, como a

criação de eventos, que possibilita organizar festas e qualquer tipo de encontro de

maneira rápida e prática, inclusive limitando quais usuários podem ter acesso a esse

evento e enviando convite aos convidados. Criação de grupos fechados a fim de

reunir pessoas com interesses específicos, como por exemplo, venda de artigos

femininos usados, classificados de empregos, etc., além disso, possui diversos jogos

e aplicativos personalizados que podem ser acoplados (TEIXEIRA, 2013).

O usuário ao acessar o Facebook tem uma forma de interação basicamente lúdica de prazer, onde através dela vive em um mundo de passeio e gozo. Nestes locais os internautas podem interagir expressando suas opiniões a respeito da economia, política e de todos os problemas relacionados com a mídia e a sociedade (RAMOS; LIMA, 2014, pg.5).

A respeito do público da plataforma, começando pela faixa etária, segundo a

pesquisa já citada feita pelo Elife Group em 2014, 51% dos usuários estão na faixa

dos 20 a 40 anos de idade, e pertencem em grande parte a classe C. As regiões

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sudeste, nordeste e sul do Brasil, nesta ordem, possuem o maior número de

usuários da rede.

Figura 6: Perfil do usuário do Facebook. Fonte: Elife group, <https://pt.slideshare.net/secret/BXWSF0YxOhas8X> Acesso em 7 de out. 2015.

Sobre as preferências e hábitos dos usuários brasileiros, o principal motivo

da utilização do Facebook é a manutenção dos contatos com amigos, colegas e

parentes, a busca por notícias e informações em segundo lugar, seguido pelo

entretenimento, conforme a Figura 7.

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Figura 7: Motivação do uso do Facebook. Fonte: Elife group, <https://pt.slideshare.net/secret/BXWSF0YxOhas8X> Acesso em 7 de out. 2015.

Sendo assim, verifica-se o Facebook como uma plataforma muito ampla, que

pode ser utilizada na comunicação organizacional não só através da busca por

interações com os públicos, mas importante também observar que a rede social

configura-se principalmente como divulgadora de feedbacks, uma vez que as

fanpages podem obter muitos recursos a seu favor, mas também podem ser

classificadas de acordo com a satisfação do cliente ou através de depoimentos a

respeito da marca.

4.3 ORGANIZAÇÕES NAS REDES SOCIAIS

Conforme vimos nos tópicos anteriores, a partir das mudanças que vêm

fazendo parte do mundo contemporâneo através da tecnologia, profundas

transformações nos mais diversos campos da atividade humana vêm sendo

observadas, principalmente no que diz respeito aos processos comunicacionais, já

que o poder de comunicar, antes restrito às mídias tradicionais, passa a estar agora

também nas mãos do próprio público.

Se na Web 1.0 as organizações criaram seus sites institucionais a fim de

disseminar informações ao público como uma forma de comunicação unilateral, na

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Web 2.0 sob a perspectiva dos ambientes interativos requer-se um comportamento

diferenciado das organizações. Até pouco tempo atrás, conforme lembra Stasiak

(2010), as informações corporativas eram filtradas pelas mídias lineares (televisão,

rádio, jornal, revista), hoje a multiplicidade de acesso disponível através da internet

permite alcançar visibilidade pública sem depender desse filtro, além disso, uma

simples ferramenta de busca na internet permite ter acesso a trajetória, reputação e

tudo o que dizem sobre uma instituição, o que evidencia a necessidade de zelar pela

imagem corporativa nesse contexto (TERRA, 2015).

Cada vez mais as organizações se dão conta da necessidade de criar

estreitas relações com o consumidor, que antes estavam ligadas somente a fatores

como a lucratividade gerada a partir da comercialização de produtos ou serviços.

Entretanto, a concorrência existente no mercado atual exige a manutenção de uma

comunicação eficaz com relação a todos os seus stakeholders, assim como um

serviço personalizado que demonstre ao cliente sua importância não apenas como

consumidor, mas também como gerador de opiniões que possam vir a agregar na

organização (BUENO, 2015).

A comunicação organizacional encontrou novas oportunidades de interação

e heterogeneidade das informações por meio das mídias digitais, que são

caracterizadas por um fluxo mais efetivo através da possibilidade de uma publicação

ser disseminada para muitos, ou seja, cria uma via de mão dupla não-linear e

bidirecional. Através dessa interação, o usuário pode dar o seu feedback e a

organização é capaz de responder, replicando a questão, que pode continuar a ser

discutida por vários usuários (RUSSEL e ROSA, 2012).

Não há hoje, órgão produtivo que não esteja ligado a algum tipo de relação

digital, direta ou indiretamente (TERRA, 2015) e essa proliferação do uso das

plataformas digitais exige das organizações novas percepções para identificar qual a

imagem que o público possui em relação a marca, os produtos e os serviços

oferecidos por ela, assim como para reconhecer os pontos fortes, problemas,

necessidades e expectativas desse público (RUSSEL e ROSA, 2012).

A pesquisa Many to many realizada pelo Ibope em 2012 demonstra ainda

nesse período que um usuário segue em média seis marcas no Twitter ou no

Facebook. Russel e Rosa (2012) nos dizem que as organizações com alto grau de

engajamento nas redes online obtêm mudanças significativas na cultura corporativa

através do acompanhamento das opiniões e desejos dos públicos. Além disso, a

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participação ativa das marcas nos diálogos estimula a disseminação de mensagens

positivas, gerando uma espécie de marketing boca a boca dentro da própria internet.

Nesse sentido, os dados da pesquisa corroboram com as afirmações da autora, já

que 84% dos internautas dizem levar em consideração a opinião de outras pessoas

da rede na hora de tomar decisões de compra, conforme a Figura 8.

Figura 8: Many to Many, estudo sobre o comportamento de seguidores e fãs de marcas nas redes sociais. Fonte: <http://www.ibope.com.br/pt-br/conhecimento/Infograficos/Paginas/Many-to-Many-Um-estudo-do-IBOPE-Media-sobre-o-comportamento-de-fas-e-seguidores-nas-redes-sociais.aspx> Acesso em 7 de out. 2015.

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Terra (2010) ressalta que o potencial consumidor mantém relações com

outros usuários para entre outras coisas se informar, analisar as opiniões e

experiências de outras pessoas, acompanhar rankings e comentários de

especialistas que possam afetar na sua decisão de compra.

Sobre o que leva os consumidores a acompanharem os perfis das empresas

nas redes sociais, a pesquisa mais recente feita em 2014 pela E-Life diz que o

principal motivo é que eles têm interesse nas novidades e oportunidades ofertadas

pelas corporações nas plataformas, mas também por quererem apoiar as marcas

que adimiram.

Figura 9: Motivação de relacionamentos com as marcas em redes sociais. Fonte: E-life group, <https://pt.slideshare.net/secret/BXWSF0YxOhas8X> Acesso em 7 de out 2015.

Visto que 46% dos usuários declararam postar elogios as organizações nas

redes, conforme a Figura 6 e considerando os dados da Figura 7 é possível

constatar que envolver a empresa nos diálogos online de forma participativa,

inserida nas conversações entre usuários e ações comunicacionais eficientes podem

gerar benefícios relevantes no relacionamento com stakeholders.

Colnago (2015), entretanto, alerta que as organizações antes de iniciarem

sua atuação nas redes sociais devem se certificar de que os objetivos de suas

estratégias de comunicação estão de acordo com os objetivos definidos por seu

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planejamento estratégico. Isto é, é necessário analisar qual será a melhor

abordagem, quais os melhores canais e quais as ferramentas que farão parte da

operacionalização das ações nos meios virtuais, para que desta forma seja possível

colocar em prática a fim de atingir o público de interesse da forma esperada. Os

dados levantados pelo Ibope mostram que 64% dos usuários já deixaram de seguir

alguma marca pelo excesso de mensagens ou por considerar o conteúdo pouco

relevante ou repetitivo, o que complementa a afirmação anterior sobre a importância

do planejamento nas redes.

Em tempos de tecnologias e ferramentas da web 2.0, a comunicação digital em redes sociais presume mais simetria entre emissores e receptores e constante troca de papéis entre eles, além da aceitação de diálogos, conversações e colaborações. Tudo isso obriga a organização a se posicionar estrategicamente em termos de comunicação, primando por uma comunicação on e off-line sistematizadas e sabendo que suas ações terão desdobramentos (podendo ser alvo de manifestações de usuários, consumidores, stakeholders em geral), sejam eles no meio físico ou digital. Basta ter acesso às comunidades em sites de relacionamento ou aos microblogs para provar a tese acima (TERRA, 2015, p. 87).

Quando as organizações enxergam as mídias sociais como ferramentas de

divulgação e armazenamento de informações de seu próprio interesse acabam por

limitar suas estratégias de comunicação, o que resulta na diminuição dos níveis de

interação. A utilização de conteúdos elaborados para divulgação em veículos de

comunicação tradicionais, como releases, boletins, certos tipos de manchetes e

publicações em muitos casos não funcionam da mesma forma no Twitter ou no

Facebook, visto que o perfil das redes online requer formatos e níveis de discurso

diferenciado (BUENO, 2015).

Colnago (2015) enfatiza a necessidade de um trabalho qualificado para o

engajamento comunicacional, já que a simples criação de um blog corporativo de

nada adianta se não alimentado sistematicamente, assim como um website não

condiz com o perfil do usuário participativo atual se não puder oferecer recursos

multimidiáticos, ferramentas de opinião e diálogo e bidirecionalidade.

Para solucionar tais questões as organizações devem dispor de recursos

para produção de conteúdos relevantes, e monitoramento das reações

desencadeadas por eles. Esse trabalho exige a atenção de um especialista, assim

como de um planejamento estratégico desenvolvido por ele. Tal tópico será

abordado novamente nos próximos capítulos desse trabalho.

A internet se torna um instrumento efetivo uma vez que facilita e otimiza

interações de forma direta e personalizada, já que os próprios consumidores podem

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influenciar outros potenciais consumidores sobre determinado produto ou serviço de

forma positiva ou negativa (RUSSEL e ROSA, 2012). Desta forma, conforme Hiller

(2014), é importante lembrar que as redes sociais digitais apesar de eficaz na

construção do relacionamento com o público, apresentam também uma enorme

dificuldade para a comunicação organizacional, visto que qualquer mensagem

postada na internet, quando transmitida é passível de transformações totalmente

inesperadas, podendo ser reconstruída de muitas outras formas por cada um que a

reproduzir.

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5 ANÁLISE DO TRABALHO DO RELAÇÕES PÚBLICAS COMO GERENCIADOR

DE CRISE DE OPINIÃO PÚBLICA NAS REDES SOCIAIS

Nos capítulos anteriores realizamos um estudo da profissão de Relações

Públicas e seus desafios nesse novo campo de atuação que são as redes sociais

online e entendemos a importância de conhecer a opinião pública e de dominar as

técnicas de gestão e gerenciamento de crises nesse trabalho. A partir disso, este

capítulo fará uma análise do trabalho do Relações Públicas como social media

através de uma entrevista realizada com uma profissional, assim como colocará em

pauta alguns cases e a opinião de autores da área.

5.1 PLANEJAMENTO

Quando falamos de crises, no capítulo 2, comentamos que o processo de

planejamento é objeto primordial de todas as áreas, assim como para o controle de

riscos. Da mesma forma, antes de começar a utilizar as redes sociais online, é

preciso estruturar estratégias de comunicação que tornem os esforços

organizacionais eficazes nas plataformas.

O planejamento é, por definição, um processo que se respalda em dados sistematizados, informações, conhecimentos, vivências e saberes intrinsecamente veiculados aos objetivos, aos valores e à missão de uma organização, não devendo ser entendido como uma atividade episódica ou meramente operacional (BUENO, 2009, p.38).

Segundo Kunsch (2003), o planejamento possibilita a minimização de

custos, pois há um orçamento a ser levado em consideração; incentiva o trabalho

em equipe pois demonstra a importância de todos para a obtenção do objetivo; faz

com que a organização tome consciência da sua razão de ser; permite controlar os

resultados de acordo com as metas propostas e provoca novas ideias sobre

oportunidades a serem exploradas.

Para Lattimore et al. (2012), o planejamento estratégico consiste em um

estudo de Relações Públicas no qual se confere onde se está e onde se quer

chegar, o que caracteriza uma atividade proativa, a fim de atingir objetivos pré-

estabelecidos e evitar as possíveis perdas advindas dos problemas organizacionais.

Mais que isso, para Baseggio (2012), o planejamento estratégico propõe foco,

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atenção e ação estratégica para a definição de propósitos, considerando as

dimensões filosóficas, analíticas e decisórias que regem a organização.

Para iniciarmos a análise a respeito do planejamento estratégico de

comunicação nas redes digitais, conforme assinalado na metodologia deste trabalho,

a autora traz algumas experiências práticas, obtidas através de uma entrevista12

realizada com a relações públicas Cláudia Muniz, graduada pela Universidade de

Caxias do Sul e, atualmente membro a equipe de gestão digital da agência Deen

Marketing Digital.

Segundo Cláudia, antes de qualquer planejamento, a equipe se reúne com o

cliente e constrói um briefing13 objetivando identificar as necessidades e traçar as

estratégias de conteúdo. Esse material contém todas as informações detalhadas da

organização, como por exemplo, o posicionamento da marca no segmento digital, o

diagnóstico da situação em que ela se encontra atualmente, os objetivos traçados, o

público e o que está sendo falado nas plataformas à seu respeito, etc. Podemos

observar que essa pesquisa inicial se equipara com a listagem de dados de Teixeira

(2013) disposto no capítulo anterior, no qual falamos sobre a gestão de crises.

A relações públicas diz ainda que geralmente esse processo é mais

completo quando o cliente é novo, porque é preciso conhecê-lo mais a fundo, mas

em alguns casos, também é necessário quando há renovação de identidade, novas

coleções (em caso de clientes de moda, que trabalham com editorias inverno/verão),

mudança de posicionamento, etc.

O Scup by srinklr é uma plataforma de monitoramento de mídias sociais,

muito utilizada pelos social media, através de um e-book disponibilizado pela

empresa sobre “Como monitorar as mídias sociais e ter insights para o seu negócio”

será possível obter uma ideia mais clara de que forma são construídas as bases

para a estrutura do planejamento estratégico dentro das redes sociais.

5.1.1 Diagnóstico e Briefing

Inicialmente, é importante fazer diagnosticar a própria marca nas redes

sociais, identificar as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, assim como

12

Entrevista na íntegra no Anexo 1. 13

“O Briefing é uma base forte para a montagem do plano de ação na comunicação ou no marketing, uma vez que ele é composto por todos os elementos necessários para o entendimento dos ambientes, dos riscos e embasamentos de estratégias” (ALMEIDA, 2012, p.35).

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mapear o público, já que para um estudo mais aprofundado da organização é

preciso entender que quanto mais próximo do público os levantamentos são feitos,

mais efetivos serão os dados obtidos, conforme Baio et al. [2015]. Um dos

processos mais utilizados para o levantamento de tais informações é a análise

SWOT, que consiste no estudo do ambiente interno e externo a partir das strengths

(forças), weaknesses (franquezas), opportunities (oportunidades) e threats

(ameaças) da organização em questão, tal análise é utilizada para criar

planejamentos de ações marketing, entretanto, também pode ser aplicada como

uma avaliação geral do ambiente corporativo.

Segundo França (2011), dominar o universo dos públicos com os quais a

organização pretende se relacionar, permite avaliar em todas as dimensões como se

dará o envolvimento entre as partes, o autor auxilia na construção desse trabalho

com o quadro a baixo:

Antes de mapear os

públicos

Durante o relacionamento

com os públicos

Depois de estabelecidos os

relacionamentos

Identificar e qualificar os

públicos de interesse

Determinar os objetivos do

relacionamento

Acompanhar o

comportamento dos públicos

Mapear os públicos Descrever o tipo de

relacionamento a ser

desenvolvido

Manter contatos

programados de interesse

das partes

Definir públicos essenciais,

não essenciais e de

interferência

Estabelecer os objetivos da

empresa perante os públicos

Manter o sistema contínuo de

comunicação na interação

com os públicos

Deixar clara a

interdependência

organização-públicos

Conhecer as expectativas dos

públicos

Monitorar as atividades e

reações dos públicos em

relação à organização para

que se possa verificar se são

positivas ou negativas

Definir o tipo de

relacionamento a ser

estabelecido

Desenvolver um processo

eficiente de interação e de

comunicação

Administrar os

relacionamentos de forma

permanente

Conhecer e atender os

públicos

Ouvir e responder às

indagações dos públicos

Manter atualizado o banco de

dados dos públicos

Instruir os públicos Dar a conhecer a organização,

sua missão, valores, princípios

Manter alianças estratégicas

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63

éticos e operacionais

Quadro 1: Relacionamento com os públicos Fonte: França (2011, p. 273)

O autor considera como públicos essenciais os quais a organização

depende para sua sobrevivência, como por exemplo, investidores, sócios, diretores

e governo. Assim como colaboradores, fornecedores, clientes, revendedores, etc.

Os públicos não essenciais são considerados aqueles que participam das atividades

de intermediação ou prestação de serviços, como por exemplo, redes de consultoria

e divulgação, empresas afiliadas, sindicatos, assim como entidades beneficentes,

culturais, comerciais e outros. Por fim, os públicos de interferência incluem públicos

do ambiente externo, como a rede de concorrência, mass media, grupos ativistas e

ideológicos e grupos que exercem pressão (formadores de opinião).

Somando as informações já obtidas até então, a primeira questão a ser

levantada na elaboração do briefing, segundo Baio et al [2015], é o problema de

marketing, que não diz respeito necessariamente a um problema a ser resolvido,

mas principalmente ao contexto em que a organização está e quais as necessidades

dela; seguido pelos objetivos negócio, isto é, o que se espera das ações e o target

que diz respeito ao público alvo e sua segmentação.

O diagnóstico do mercado pode ser realizado através do monitoramento de

conversações sobre assuntos diversos, os quais influenciem a organização direta ou

indiretamente, é uma função que viabiliza a identificação de oportunidades de

negócio. Esse estudo pode ser feito de duas formas, através do chamado

“Benchmark” que consiste no acompanhamento de diversas marcas nas redes

sociais, independente de serem concorrentes ou do mesmo segmento, esse

processo ajuda a identificar o que viável e aprender com as ações já feitas. E,

principalmente, com o monitoramento da concorrência, mapeando a atuação, os

conteúdos compartilhados e os relacionamentos obtidos por elas nas plataformas

(BAIO et al., [2015]).

Ainda segundo os autores, outro tópico de estudo importante para a

estruturação do projeto são as palavras-chave, esse levantamento deve agrupar o

maior número possível de palavras ou combinações a serem pesquisados nas redes

sociais, como por exemplo:

O nome da marca e dos seus produtos e serviços, assim como dos concorrentes; as abreviações e “apelidos” que as pessoas usam para se

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referenciar às marcas e aos assuntos em torno delas; erros de digitação; eventos patrocinados; palavras relacionadas a campanhas; e nome de produtos, serviços, termos técnicos de produtos e que envolvam o segmento (BAIO et al., [2015], p.19).

Para Vergili (2014), o monitoramento das palavras-chave mencionadas nas

redes sociais, tem importante função de alerta em casos de críticas acentuadas, já

que essa tendência pode representar um indicador de crise ou ameaça a imagem da

organização. Segundo o autor é preciso selecionar uma amostra representativa e

identificar os tópicos que se sobressaem, assim como o grau de satisfação por parte

dos públicos.

A partir das informações obtidas no diagnóstico é possível, construir um

briefing, que mais tarde dará sustentação ao plano de ação. Por isso, quanto mais

detalhado ele estiver, maior é a probabilidade das estratégias de comunicação

serem efetivas. Esse é o momento de conhecer a organização mais a fundo, assim

como entender os seus problemas e objetivos (BAIO et al., [2015]). Na entrevista

com a social media Cláudia Muniz, ela diz que na agência em que trabalha, o

material coletado no briefing é utilizado para criar uma apresentação detalhada que

deve ser apresentada para cliente em média 10 dias depois.

Por fim, Terra (2011) resume em dez etapas a montagem de um programa

de comunicação digital, na perspectiva das Relações Públicas:

1. Mapear quem são os atores on-line que falam sobre o seu setor, marca, negócio ou produtos. 2. Monitorar conversações, classificando-as pelo seu teor e grau de influência de seus interlocutores. 3. Elaborar planos de ação e interferência (quando necessário) para gerenciar a imagem da organização. 4. Dispor de recursos humanos especializados em redes sociais que entendam o comportamento dos agentes e recomendem ações. 5. Saber interferir em ambientes exclusivos de usuários ou apenas monitorá-los. 6. Saber ouvir e propor mudanças. 7. Tratar os usuários-mídia como públicos de relacionamento que demandam canais específicos de comunicação. 8. Planejar com transparência ações induzidas que visem ao convencimento dos usuários. Enganá-los é perder credibilidade nesses meios. 9. Estudar se a mídia social suporta formas de patrocínio, apoio ou pagamento para angariar exposição.

(TERRA, 2011, p. 280).

Segundo Cláudia, para cada cliente da agência existe um tipo de trabalho

distinto, pois cada um tem uma necessidade e uma estratégia de mercado. Com

alguns, a equipe define um planejamento semestral, com outros mensal e com

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outros semanal. O importante, segundo ela, é sempre receber a pauta do

planejamento de marketing do cliente e depois adaptar para o meio digital,

procurando fazer um diálogo entre o online e o offline, para que as ações não fiquem

isoladas.

5.1.2 Definição de conteúdos

Com todas as informações coletadas até aqui e através do mapeamento do

perfil dos públicos torna-se acessível criar mensagens personalizadas que se

adequem às exigências específicas de linguagem seguidas no ambiente online.

Nesse sentido, Terra (2011) diz que é preciso pensar na personalidade da marca de

forma que ela aja como se fosse um participante da rede, já que o engajamento

gerado entre os usuários deve vir a partir de situações que gerem repercussões

espontâneas. A autora lista alguns pontos que devem ser levados em consideração

para estabelecer diálogos com os consumidores nesse contexto:

1. O contato pessoa a pessoa é mais eficiente que pessoa-empresa, o que deve levar as organizações a investir em porta-vozes da marca. 2. Crie um ambiente em que os consumidores possam palpitar a vontade. 3. Conheça os perfis e as preferências dos consumidores de sua marca, pois, quanto mais informações, melhor a interação. 4. Aposte em um nicho de mercado; não envie notícias de um produto para quem não teria interesse em compra-lo.

(TERRA, 2011, p. 279).

A linguagem corporativa no ambiente web é um tema que merece um

cuidado especial, pois ao mesmo tempo em que se busca humanização nas

interações (sem respostas prontas), é também necessário estar atento à linguagem

do público-alvo. Fabian (2011) traz alguns conteúdos importantes que ilustram as

conversas online, como por exemplo, a presença do Magazine Luíza no Twitter, com

o perfil @magazineluiza, é conduzido pela personagem “Lu”, que além de dar

recados e atualizar os seguidores sobre as novidades da empresa, utilizando a

terceira pessoa do plural, também responde aos questionamentos dos

consumidores, utilizando a primeira pessoa do singular. Como podemos observar na

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Figura 8, o avatar14 está inclusive na foto do perfil, tal ação faz com que a empresa

se personifique a fim de interagir com as pessoas e estar mais próxima delas.

Figura 10: Página do Magazine Luiza no Twitter. Fonte: <https://twitter.com/magazineluiza>. Acesso em: 26 out. 2015.

Por outro lado, a autora lembra que esta ação é efetiva para o Magazine

Luiza principalmente pelo fato de se tratar de uma empresa já reconhecida, é

preciso observar que uma organização ainda pouco consolidada no mercado

enfrentará dificuldades ao utilizar-se de respostas como “eu estarei verificando”, uma

vez que não é possível identificar quem irá resolver o problema, assim como “eles

estarão verificando” passa a ideia de que há uma abismo entre o relações públicas e

os responsáveis pelo ocorrido, nesses casos o uso da primeira pessoa do singular

(nós), parece fazer mais sentido (FABIAN, 2011).

Assim como o Magazine Luiza e tantas outras empresas, o McDonald‟s

também tem demonstrado estar atento às tendências de conteúdo alinhado ao seu

público nas redes sociais. A Figura 11 mostra uma postagem feita pela marca, na

qual ao mesmo tempo em que utiliza uma piada reverenciando um viral da internet,

consegue vender o seu produto, assim como gerar curtidas e compartilhamentos.

14

“Em informática, avatar é um cibercorpo inteiramente digital, uma figura gráfica de complexidade variada que empresta sua vida simulada para o transporte identificatório de cibernautas” <https://pt.wikipedia.org/wiki/Avatar_%28realidade_virtual%29>. Acesso em: 26 out. 2015.

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Figura 11: Postagem do McDonald‟s Brasil em sua página no Twitter. Fonte: < https://twitter.com/McDonalds_BR>. Acesso em: 26 out. 2015.

Na Figura 12, as postagens falam sobre acontecimentos ou ações

cotidianas, em dois deles foi feito uma relação com a marca, entretanto é possível

observar que não há necessidade de só se falar sobre a empresa e sobre os

produtos, assuntos diversos também são permitidos e, muitas vezes, como no caso

ilustrado na Figura 10, a postagem que não faz menção a nada relacionado ao

McDonald‟s gerou mais interações do que as que o fizeram.

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Figura 12: Postagem do McDonald‟s Brasil em sua página no Twitter. Fonte: < https://twitter.com/McDonalds_BR>. Acesso em: 26 out. 2015.

Portanto, segundo Fabian (2011), é preciso sincronizar os diálogos a fim de

que o consumidor esteja certo de que pode falar com a empresa em qualquer meio

de comunicação da mesma forma e com a mesma linguagem. Pode não se uma

tarefa fácil, mas importantíssima para o estreitamento das relações. Cláudia Muniz

corrobora dizendo que a humanização do conteúdo é sempre o melhor caminho já

que as pessoas querem ver histórias de verdade, sentimentos de verdade. As

marcas têm o enorme desafio de conseguir tornar as relações humanas como parte

do processo comercial e vender mais. As redes sociais são o ambiente perfeito para

essa fusão do consumo e do relacionamento.

5.1.3 Mensuração

Uma vez a organização inserida no ambiente web, é necessário

acompanhar o impacto de seus processos comunicacionais, através de métricas que

devem mensurar as trocas entre os usuários. Tais interações podem ser resultado

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de três fatores: das influências, que podem ser medidas através do número

exibições, pessoas ou conexões feitas pela informação propagada; da relevância,

avaliada através da reputação do autor da mensagem; ou do engajamento, medido

pela participação dos usuários ativos a partir de respostas, compartilhamentos e etc.

Esses processos podem ser avaliados por diversas ferramentas, são as chamadas

plataformas de monitoramento, as quais auxiliam a organizar as informações a fim

de intensificar a presença online (RUSSEL; ROSA, 2012).

Para Terra (2011), certas ações nas redes sociais devem ser

acompanhadas e mensuradas com maior atenção:

1. Conversações sobre temas relevantes para a organização. 2. Alterações nos diálogos que envolvem a empresa. 3. Links e tráfego que levam para o site. 4. Fortalecimento das relações. 5. Visitantes únicos, tempo gasto por eles e locais de maior aceitação e rejeição. 6. Cliques que foram convertidos em valor monetário. 7. Participação em outros programas de comunicação da organização.

(TERRA, 2011, p. 281).

Existem diversas metodologias de monitoramento disponíveis, cada uma

atende a uma necessidade, de acordo com as funções e possibilidades de ação de

cada rede social. Por meio de relatórios gerados pelos softwares, é possível analisar

a distribuição de mensagens aos públicos de interesse, consumo de tempo do

usuário na página ou postagem, percentual de cliques em determinado link, horários

de pico de acesso, entre outras informações que fornecem subsídios ao relações-

públicas para obter um parâmetro das tendências e feedback dos públicos de

interesse, ferramentas que facilitam e ampliam a eficácia de suas atividades

(VERGILI, 2014).

A análise nunca deve ser pautada apenas nos resultados quantitativos, ou seja, apenas em números e gráficos. O quantitativo deve ser complementado e enriquecido pela análise qualitativa, que ajuda a entender o contexto, os motivos e as razões para aquele resultado mostrado (BAIO et al., [2015], p.38).

Portanto, a partir da mensuração das informações online é possível observar

os resultados obtidos diante das ações tomadas pelas organizações, da mesma

forma acontece na agência Deen. De acordo com Cláudia Muniz, a equipe envia

relatórios mensais com números básicos – curtidas, engajamento, posts mais

populares, público, localização, gastos, etc. Alguns clientes, entretanto, pedem

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dados mais específicos ou relatórios exclusivos por campanha comercial, para

avaliar os resultados de determinada ação, comparado ao fluxo de vendas.

5.2 GERENCIAMENTO DE CRISES DE OPNIÃO PÚBLICA

Depois de desencadeada a crise é preciso gerencia-la. Procurar minimizar

os danos e administrar as consequências da melhor forma possível é o único jeito de

passar por cima da situação sem perder o controle. Teixeira (2007) diz que o

processo de gerenciamento é nada mais do que a aplicação prática do que fora

planejado na fase de gestão, sendo assim, o seu sucesso depende diretamente do

que foi previsto anteriormente.

Segundo Rosa (2007), o gerenciamento de crise não constitui uma fórmula

de como agir, mas sim uma forma de pensar. O autor considera que o grande

desafio aqui é administrar a percepção do público em relação ao conjunto de

medidas e ações tomadas para conter a crise, de forma que seja a mais positiva

possível, a fim de que não se suje a imagem corporativa.

Lembrando que uma crise organizacional nem sempre tem início nas redes

sociais, entretanto uma vez noticiada por qualquer mídia, em instantes ganha as

atenções dos usuários, que provavelmente irão comentar o ocorrido nas plataformas

online durante um bom tempo. Maradei (2015) atenta para o fato de que antes era

necessário que o jornalismo divulgasse pautas durante o processo de crise para que

as pessoas tomassem conhecimento, hoje muitos internautas trabalham de forma

colaborativa para ampliar a exposição negativa e cobrar explicações das empresas

nesses casos:

... as organizações estão tendo que se reinventar neste novo ambiente de transparência e ativismo social, tão radicalmente diferente daquele em que elas operavam até pouco tempo (MARADEI, 2015, p. 167).

Em meados do mês de março, a empresa de esmaltes Risqué anunciou sua

Coleção Outono/Inverno 2015, chamada “Homens que amamos”. Esta linha tinha

como objetivo homenagear homens românticos e fazer um “tributo aos pequenos

gestos diários” deles, de forma que cada cor de esmalte levou um nome masculino

relacionado a uma atitude, como: “João disse eu te amo”; “Guto fez o pedido”; “Zeca

chamou para sair”; “Fê mandou mensagem”; “André fez o jantar” e “Leo mandou

flores”.

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Figura 13: Divulgação da campanha Outono/Inverno 2015 Risqué Fonte: Site Risqué <https://www.risque.com.br/homens.php>. Acesso em: 25 mar. 2015.

Entretanto, ao ser noticiada na internet, a campanha acabou ganhando

repercussão bastante negativa, uma vez que muitos usuários consideraram as

nomenclaturas machistas e ofensivas ao homenagear atitudes banais. Tão mal

recebida foi a ação, que os internautas criaram a hashtag #homensrisque no Twitter

e os comentários chegaram aos Trending Topics do Brasil no mesmo dia.

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Figura 14: Mensagens com a #HomensRisque. Fonte: Twitter < https://twitter.com/search?q=homensrisque&src=typd>. Acesso em: 25 mar. 2015.

O mesmo ocorreu na postagem feita pela empresa no Facebook, na qual

fora anunciada a nova campanha.

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Figura 15: Postagem da Risqué Fonte: Facebook <

https://www.facebook.com/RisqueOficial/?fref=ts >. Acesso em: 25 mar. 2015.

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Figura 16: Comentários feitos no post da Risqué Fonte: Facebook <

https://www.facebook.com/RisqueOficial/?fref=ts >. Acesso em: 25 mar. 2015.

Nas figuras a cima é possível observar os comentários dos usuários, nos

quais a maioria usou os títulos dos esmaltes para criar novas frases ironizando as

atitudes masculinas, outros criticaram argumentando que as mulheres também

merecem ser homenageadas, considerando que há atitudes mais honrosas feitas

por elas, que poderiam ter sido lembradas. Em um momento em que as ideias

feministas aparecem em alta, parece que a marca cometeu um deslize ao acreditar

que a campanha seria bem recebida pelas mulheres, seu público-alvo. Este caso

pode não ter se refletido como crise econômica, no sentido de perda de

consumidores e danos monetários, entretanto, representou perda na imagem da

organização, já que o caso inclusive teve repercussão em diversos sites de notícia,

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outros relacionados à publicidade e tecnologia como B915 e Adnews16, assim como o

próprio blog Fantástico Mundo RP17, todos questionando a ação.

A partir da análise das postagens do Facebook percebeu-se que a empresa

não costuma responder as mensagens negativas e da mesma forma não tentou

defender-se da enxurrada de críticas recebidas em cima da campanha,

provavelmente a fim de abafar o fato. Entretanto, quando questionada a respeito da

crise por canais de comunicação, a Risqué posicionou-se com o seguinte

comunicado: “A coleção “Homens que Amamos” foi inspirada em gestos de carinho

e respeito vindos de pessoas que amamos. A marca considera todo tipo de

discussão positiva e reafirma que está sempre atenta aos comentários de seus

consumidores”.

Ao retornar a página da organização em meados do mês de outubro, por

outro lado, notou-se que a postagem da Figura 15 e consequentemente os

comentários da Figura 16 foram excluídos. Outra postagem foi feita no intuito de

amenizar a situação e “mudar de assunto”, ainda houve algumas críticas, mas bem

mais amenas em relação às anteriores, conforme a Figura 17.

Figura 17: Postagem da Risqué no Facebook. Fonte: Facebook < https://www.facebook.com/RisqueOficial/?fref=ts >. Acesso em: 29 out. 2015.

15

<http://www.b9.com.br/56261/advertising/risque-escorrega-com-colecao-com-nomes-de-homens-e-lida-com-crise-no-twitter-homensrisque/>. Acesso em: 25 mar. 2015. 16

<http://www.adnews.com.br/renato-melo/risque-mal-entendido-ou-erro-da-marca>. Acesso em: 25 mar. 2015. 17

<http://fantasticomundorp.com.br/2015/03/24/risque-e-cinco-aprendizados/>. Acesso em: 25 mar. 2015.

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76

Cabe lembrar que a falta de posicionamento da empresa e falta de

planejamento em ações ousadas, onde já existe um risco já previsto é um dos

maiores erros cometidos no gerenciamento de crises de opinião pública, segundo

Cláudia Muniz. Ao contrário do que fez a Risqué neste caso, mantendo-se mais

discreta possível, Rosa (2007) propõe algumas ações práticas a fim de reparar a

imagem negativa:

1. Admita voluntariamente os erros cometidos. 2. Explique por que os erros aconteceram (não importa o quão estúpidos tenham sido). 3. Diga e demonstre contrição e preocupação sinceras. 4. Concorde em dar os passos necessários para a solução do problema. 5. Peça ajuda das vítimas e aceite conselhos da comunidade. 6. Prometa publicamente não deixar acontecer de novo. 7. Encontre um modo de pagar (de fazer penitência), aliviar ou compensar alguém pelos erros cometidos.

(ROSA, 2007, p.183).

Nem todas essas ações se encaixam na situação discutida, mas é

importante refletir sobre elas a fim de adapta-las da melhor forma possível ao fato

em questão. Cláudia Muniz diz que em casos de comentários negativos no perfis

das empresas para as quais presta serviços, procura-se comunicar e entender o que

aconteceu e se o fato é verídico ou não. Após a confirmação do fato, a equipe

procura desenvolver alguma ação que possa apaziguar a situação, por exemplo, um

brinde ou um desconto no serviço com problemas, assim como um comunicado

público desculpando-se pelo ocorrido, mas segundo ela, prefere-se resolver via

inbox (com o próprio lesado), até mesmo para evitar que outras pessoas se

aproveitem da situação para ganhar brindes ou descontos.

Ainda segundo a relações públicas, na agência nunca houve grandes crises

nas páginas gerenciadas. Um caso bem específico, conta, aconteceu quando uma

imagem foi utilizada em um post que pertencia a uma fotógrafa de São Paulo e por

esse motivo, ela e os amigos atacaram o post alegando que fora usada sem

autorização. Entretanto, visto que a equipe de criação toma muito cuidado com a

fonte das imagens, a agência respondeu cada um dos comentários com o link da

foto disponível sem os créditos em um banco de imagens, mostrando para a

fotógrafa que não houve acesso à informação da fonte, desta forma a situação foi

contida, mostrando que o erro foi do banco de imagens que disponibilizou a imagem

sem créditos. Outros casos de crise de opinião pública vivenciados pela social mídia,

dizem mais respeito a problemas internos no cliente, como falhas em promoções,

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produtos com defeito, mal atendimento, etc., nesses casos a resolução da crise foi

feita diretamente com o cliente, para reverter a situação em bonificações.

Outro exemplo foi apresentado no Congresso Intercom de 2015, e traz o

estudo de caso em torno do gerenciamento de crise da Petrobrás - maior empresa

da nação brasileira - nos meios digitais, diante da deflagração da operação Lava-

Jato, a qual está sendo conduzida pela Polícia Federal, a fim de investigar um

sistema de corrupção, envolvendo desvio e lavagem de dinheiro. Diretores, gestores

e prestadoras de serviços são suspeitos de participarem do esquema criminoso. A

empresa, portanto, vem recebendo diversos processos judiciais tanto no Brasil como

no exterior, fazendo com que não só suas ações caíssem, mas principalmente a sua

reputação diante da opinião pública (COSTA et al., 2015).

O estudo faz uma análise do sistema de comunicação da Petrobrás a fim de

entender de que forma as ações estratégicas da empresa estão sendo utilizadas

para gerenciar a crise no ambiente web. A página da empresa no Twitter foi

classificada pelos pesquisadores como a principal ferramenta utilizada por ela, e

como uma central de informações e links postados, em média, a cada 3 horas.

O presente estudo analisou 783 tweets publicados entre Janeiro e abril de 2015, e constatou que 91,2% das mensagens estão relacionadas as estatísticas do desempenho operacional e conquistas, seja uma plataforma inaugurada, aumento da extração de gás natural e número de barris, ou divulgação e aumento dos lucros. As mensagens que remetiam a trabalhos paralelos apoiados pela empresa representam 5,3%, enquanto 3,5% dos comentários se portavam a operação lava-jato em específico. Sempre se divulgam resumos, tópicos, e em seguida o link com a matéria completa -geralmente o link nos leva para o site da empresa (COSTA et al., 2015, p. 12).

No Facebook, segundo Costa et al. (2015), a estatal se inseriu mais

ativamente a partir da instauração da crise, aumentando o número de postagens e

geração de conteúdos que, segundo a pesquisa, são feitos em uma média de um

por dia, trazendo informações relacionadas ao ramo petroleiro e, principalmente,

notícias a respeito da empresa, posicionando-se de certa forma como vítima dos

acontecimentos, mas mostra-se interessada em passar veracidade e reforça em

cada postagem o espírito de superação por parte da marca. Ainda assim,

comentários negativos estão suscetíveis a serem apagados pelos moderadores que,

por outro lado, conforme mostrou a pesquisa, estão preocupados em responder com

seriedade as mensagens dos internautas, sem ignorá-las. Essas atitudes

demonstram que um bom trabalho de gerenciamento de crises está sendo feito para

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conter os danos de imagem, pensando na fidelização dos consumidores que ainda

acreditam na marca e na tentativa de conquistar aqueles que se sentiram

prejudicados ou possuem opiniões negativas sobre a empresa.

Rosa (2007) finaliza dizendo que expor a verdade é sempre o melhor

caminho antes, durante e depois da crise. Na esfera pública, como no caso da

Petrobrás, segundo o autor, é uma obrigação, principalmente porque uma mentira

dificilmente consegue se manter por muito tempo quando se trata de um fato com

grande repercussão, desta forma, quando a realidade vier a tona, o escândalo será

ainda maior, com poucas chances superação.

5.3 RELAÇÕES PÚBLICAS E SOCIAL MÍDIA

Vergili (2014) em sua obra “Relações públicas, mercado e redes sociais”,

traz uma pesquisa feita para entender a atual situação do mercado profissional de

Relações Públicas como articulador de redes sociais dentro das empresas. Um dos

dados mais relevantes para este estudo é o que diz respeito ao principal objetivo

buscado pelas organizações ao atuar nas redes sociais. Segundo a pesquisa, 78%

das entrevistadas colocaram o relacionamento, seguido pela divulgação de serviços

e produtos, que representou apenas 14,8% das respostas. Contudo, a mesma

pesquisa relevou que entre os profissionais de mídia social entrevistados, apenas

12,5% eram graduandos ou graduados em Relações Públicas, outros 85,5%

estavam divididos entre jornalistas, profissionais de marketing, publicitários, web

designers e produtores multimídia.

A partir desses dados, o autor realiza uma reflexão acerca do interesse das

organizações na construção de relacionamentos nas redes. Entretanto, o

profissional que tem como base de seus conhecimentos as relações, não é, em

grande parte, quem está articulando as páginas corporativas atualmente. Lembrando

que essa pesquisa leva em conta empresas de médio e grande porte, nas quais a

demanda se mostra mais intensa e visto que empresas menores costumam

contratar agências terceirizadas para a realização deste trabalho. Apesar das

possibilidades de interação geradas pelas mídias sociais na internet estarem

aparentemente à disposição das organizações, é importante observar que nem

sempre o potencial dessas informações tem sido explorados a fim de convertê-las

em instrumentos comunicacionais efetivos. Muitas vezes, o que acontece é a

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utilização de modelos de relacionamento utilizados nas mídias tradicionais

exportados para as mídias digitais sem as devidas mudanças necessárias e sem

planejamento específico para o novo ambiente, o que faz que a organização ande

no sentido contrário na busca pela participação e envolvimento, propósitos centrais

nas redes sociais (CARVALHAL, 2010).

O relações públicas, segundo Vergili (2014), é capaz de ter uma visão global

sobre todos os processos que envolvem a organização, fazendo o papel de

centralizador das ações e intermediador a fim de incentivar o diálogo entre todas as

atividades desenvolvidas pelas áreas da comunicação, marketing, criação, recursos

humanos e tecnologia da informação, peças de igual importância para o trabalho no

ambiente web. Cláudia Muniz diz que na agência, o social media é responsável pela

redação dos textos, desenvolvimento da ideia de cada post ou campanha,

aprovação com o cliente e postagem e a equipe de criação é composta por

designers, que criam as artes e identidades, desta forma, ambas as equipes

trabalham em conjunto e dependem uma da outra para realização das ações.

No sentido das novas tecnologias, portanto, Terra (2011) diz que o relações-

públicas é um profissional capaz de posicionar-se a fim de aperfeiçoar o

relacionamento entre organizações e seus stakeholders. Obter a boa vontade do

público a partir desse processo não é mais um diferencial competitivo, mas sim uma

forma de manter-se sustentável no mercado, uma vez que esses públicos não

podem mais ser tratados como meros consumidores, mas sim como produtores e

multiplicadores de informação, conforme Carvalhal (2010).

De acordo com Terra (2011), a partir das ferramentas de comunicação

bidirecional, surgem novas perspectivas de mídia (interativa, hipertextual,

instantânea), nas quais não há a supervisão dos grandes produtores de mídia

massiva. Essa livre expressão da opinião pública permite uma pluralidade de vozes

e maior representatividade das pessoas nos meios online e consequentemente, no

off-line.

Neste ambiente em que predomina a cultura colaborativa e participativa,

Carvalhal (2010) comenta que o relações públicas é capaz de criar um espaço

passível de troca de informações e experiências, o que, segundo ela, só é possível

quando se estabelece cooperação através de instrumentos comunicacionais que

permitam a interatividade e visem à qualidade das relações estabelecidas com o

perfil inerente aos novos consumidores da informação. Na visão prática, a habilidade

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80

conferida ao relações públicas nesse campo é a capacidade de mesclar diferentes

habilidades nas redes sociais, pois ele precisa criar a ideia, conceber a estratégia,

pensar no resultado, acompanhar o andamento da ação, adaptar detalhes não-

compatíveis com a ideia inicial e, ainda, relacionar-se com a ponta do processo de

comunicação. Tudo isso exige expertise em ferramentas, processos, relacionamento

e conteúdo, em perfeita sintonia, conforme Cláudia Muniz.

Conceitos como sustentabilidade, ética, transparência, responsabilidade social, entre tantos outros, tornaram-se essenciais para a dinâmica de sustentação empresarial. A atividade de Relações Públicas, por sua vez, vem exigindo uma reestruturação de suas práticas, ferramentas e profissionais. As empresas que antes podiam planejar passo a passo sua estratégia de comunicação, em que canais gostariam de estar, por exemplo, hoje precisam monitorar seus consumidores que colocam a sua marca em destaque (positivo ou negativo) independente do desejo da alta direção. Diante dessa nova realidade do mercado, a demanda por profissionais capacitados para gerenciar esses relacionamentos de forma ágil e eficaz vem crescendo muito (PAULA, 2015, p.25).

A relações públicas entrevistada diz que costuma seguir certa rotina,

fazendo rondas nas páginas que gerencia, pela manhã e metade da tarde,

acompanhando as interações e buscando retornos para os questionamentos com o

cliente, e quando está livre na pauta de criação, confere páginas dos concorrentes

para avaliar as ações. Cláudia diz ainda que o trabalho nessa área exige um

profissional curioso, que tenha como hábito ler sobre assuntos diversos, além disso,

saber falar a língua do público para quem a marca precisa se comunicar é

imprescindível, quem tenta falar com todos acaba não sendo ouvido por ninguém,

por isso é tão importante saber segmentar e conhecer o público-alvo, segundo ela.

Por fim, é importante lembrar que o relações públicas, portanto, assume o

papel de guardião da marca nesse contexto, uma vez que na mesma intensidade em

que as mensagens são enviadas, respostas vindas do público são recebidas. Outras

pessoas conseguem enxergar aspectos de forma que não havia sido pensado na

hora de uma postagem, por exemplo, sendo assim, ações comunicacionais boas ou

ruins podem viralizar18 rapidamente na internet, colocando a imagem e reputação

organizacional à prova (TAKASSIKI, 2015).

18

“Termo usual da internet que designa a ação de fazer com que algo se espalhe rapidamente, semelhante ao efeito viral.” < http://www.dicionarioinformal.com.br/viralizar/>. Acesso em 10 de nov. 2015.

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81

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo desenvolvido neste trabalho abrangeu diversos tópicos relativos a

atividade de relações públicas, na busca pelo entendimento do cenário da profissão

no contexto do ambiente web. A análise acabou por compilar um universo de

assuntos ainda maior, a fim de construir uma base sólida para a construção e

obtenção dos resultados obtidos até aqui.

O embasamento teórico a respeito da formação dos públicos, a internet e a

web 2.0 ressaltaram o poder adquirido pela opinião pública nos espaços digitais,

uma vez que dispõe de uma capacidade excepcional de ser ouvido e compreendido

por outras pessoas, através de interesses comuns, o que facilita a discussão e a

troca de informações. A valorização da liberdade de expressão disposta atualmente

subverteu a ordem da comunicação tradicional permitindo que qualquer usuário de

internet seja capaz de produzir e compartilhar conteúdos, sem previa supervisão e a

necessidade de intermediários.

A partir desse novo contexto, o perfil e o nível cultural da opinião pública se

modificaram, exigindo que a comunicação de massa se adaptasse aos novos

hábitos da sociedade da informação. Não é por acaso que as mídias tradicionais

(televisão e rádio) estão sofrendo mudanças nas suas antigas formas de trabalho

diante dos telespectadores, uma vez que hoje eles possuem acesso a uma

infinidade de fontes de informação através da internet e exigem dos mass media um

comportamento mais transparente.

Por outro lado, também se percebe que a tela que de certa forma protege o

usuário é, ao mesmo tempo, uma máscara que carrega frustrações, preconceitos e

concepções distintas que muitas vezes, ao se verem unidas acabam se tornando

mais radicais e agressivas, assim como influenciadoras de novas ideias. Nesse

sentido, o relações públicas tem a possibilidade de estar mediando conflitos,

facilitando o debate, fornecendo informações e buscando o entendimento através

dos interesses do público e da organização. Portanto, o profissional deve estar

atento a tudo o que se relaciona direta ou indiretamente com a marca a qual

pretende zelar.

Além disso, todas as organizações são passíveis de cometer erros. Certos

problemas que poderiam ser resolvidos com facilidade, podem se tornar fatos

geradores de crise quando não são diagnosticados e corrigidos com atenção. Desta

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forma, o relações públicas se faz necessário a fim de projetar as ameaças utilizando

técnicas de gestão que possam evitar ou controlar situações extremas. O

planejamento, como instrumento estratégico da comunicação possui papel

imprescindível para a contenção da crise, uma vez que consolida as bases para o

gerenciamento e viabiliza a minimização dos danos buscando identificar as

condições a fim de controla-las e torna-las favoráveis quando possível.

Tal cenário propiciou um novo campo de atuação para o relações públicas,

em função de sua capacitação para o entendimento das relações e de sua constante

responsabilidade diante da formação e gerenciamento da imagem e da reputação

organizacional, podendo desempenhar seu trabalho dentro das plataformas online

como social media. É importante que o profissional dessa área procure não apenas

a formação acadêmica, mas também esteja em constantes capacitações, já que se

trata de um ambiente instável, que está sempre sofrendo modificações de acordo

com as necessidades da sociedade e as possibilidades disponibilizadas pela

tecnologia.

Um dos propósitos trazidos para este trabalho é a análise das tomadas de

decisão feitas pelas empresas diante das crises de opinião pública. O que se pode

perceber é que há uma preocupação com as ideias negativas, entretanto,

diferentemente do que aconselham os teóricos, ainda há certo receio das

organizações em se manterem transparentes nas ações desenvolvidas, assim como

nas retratações diante das críticas e de um posicionamento mais firme. No caso da

Risqué a autora considera que há um descaso com o público, uma vez que

nenhuma atitude da empresa foi identificada para esclarecer a campanha ou fazer

com que os reclamantes se sentissem ouvidos.

Ainda assim, verificou-se que as organizações já estão atentas às

tendências e adequando a abordagem dos conteúdos de acordo com o perfil dos

usuários do Twitter e do Facebook, buscando se colocarem no ciberespaço de forma

mais humana possível, interagindo com outros internautas, trazendo informações

pertinentes, entretenimento e principalmente dedicando-se a troca de experiências

com o público. Não somente visando divulgação e notoriedade, mas também a

qualidade dos relacionamentos. Importante frisar que o social media precisa também

se concentrar em todos os assuntos que estão sendo discutidos e comentados na

internet, assim como saber utiliza-los de maneira inteligente, buscando gerar

engajamento e propiciar experiências memoráveis aos internautas.

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A entrevista realizada com a relações públicas Cláudia Muniz, social media

da agência Deen Marketing Digital possibilitou uma visão mais prática da rotina

dessa profissão que apesar de não ser mais novidade no mercado, ainda demonstra

pouca inserção dos profissionais da área, uma vez que a entrevistada foi a única

relações públicas formada atuante nas mídias digitais que a autora tomou

conhecimento na cidade de Caxias do Sul. A pesquisa de Rafael Vergili citada no

Capítulo 5 demonstra o mesmo panorama, quando diz que a maioria dos social

medias participantes do estudo não são graduados nem mesmo graduandos na

área. A autora acredita que os relações públicas precisam se fazer mais presentes

no ambiente web, demonstrando seu potencial para a administração dos

relacionamentos e para a construção da credibilidade corporativa, pois há infinitas

possibilidades de desenvolver trabalhos comunicacionais nesse meio e melhorar o

desempenho das organizações através do diálogo eficaz com seus públicos.

Por fim, o presente estudo tornou evidente que as redes sociais digitais

fazem parte da rotina de grande parte da população brasileira e, atualmente, são

importantes ferramentas para a cultura organizacional. O trabalho do relações

públicas como profissional estratégico, criativo e multitarefas se adequa

perfeitamente no campo das mídias online, no sentido que auxilia no

desenvolvimento de todo o contexto que envolve a esfera corporativa, desde o

entendimento da missão, dos valores, dos objetivos, dos recursos e dos problemas

enfrentados por ela internamente e externamente, considerando que todos os

processos comunicacionais estão interligados, e desta forma, ruídos comprometem

o sucesso da mensagem e a assimilação dos emissores finais (stakeholders). Sendo

assim, este profissional é capaz de propiciar condições de aperfeiçoar e realizar

atividades de comunicação, no desenvolvimento de estratégias para melhorar o

relacionamento com os públicos nas redes sociais, bem como, na solução de

problemas e no gerenciamento de crises ligadas à imagem e reputação.

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ANEXOS

1 ENTREVISTA

Questionário estruturado pela acadêmica de relações públicas Juliana Nora

a fim de buscar conteúdo para o trabalho de conclusão de curso, o qual tem como

tema "O papel do RP como gerenciador da opinião pública nas redes sociais".

Entrevista com profissional de relações públicas atuante no mercado de

social media, realizada via e-mail.

1. Nome: Cláudia Muniz

2. Formação: Relações Públicas UCS

3. Empresa: Deen Marketing Digital

4. Equipe: Área de gestão digital da agência

5. Quais sites de rede social são gerenciados?

Facebook, Instagram, Linkedin, blogs e sites dos clientes com adaptação de

conteúdo.

6. Por qual motivo o Twitter não é utilizado pelos clientes da agência?

O Twitter já foi trabalhado para alguns clientes, mas perdeu força na metade

de 2014, por conta da dificuldade de gerenciar a conta em tempo real, já que o

trabalho da agência é realizado à distância, sem contato presencial diário com o

cliente. Alguns clientes optaram por encerrar suas contas no Twitter, por falta de

retorno na comunicação e pela impossibilidade de anúncios.

7. Como é realizado o planejamento estratégico nas mídias sociais?

Antes de qualquer planejamento, nos reunimos com o cliente e fazemos um

briefing pra identificar as necessidades e traçar as estratégias de conteúdo. Com o

material coletado no briefing, criamos uma apresentação detalhada que será

apresentada para o cliente cerca de 10 dias depois. Geralmente esse processo é

mais completo quando o cliente é novo, onde precisamos conhecê-lo a fundo. Em

alguns casos, também fazemos esse processo pra renovação de identidade, novas

coleções (em caso de clientes de moda, que trabalham com editorias inverno/verão),

mudança de posicionamento, etc.

Depende de cada cliente, pois cada um tem uma necessidade e uma

estratégia de mercado diferente. Atendo clientes da área de varejo, moda,

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alimentação, imóveis, eventos, etc. Cada um deles tem uma forma de trabalho

diferente. Com alguns, definimos um planejamento semestral, outros mensal e

outros semanal. O importante é sempre receber a pauta do planejamento de

marketing do cliente e depois adaptar para o meio digital. Procuramos sempre fazer

esse diálogo entre o online e o offline, para que as ações não fiquem isoladas.

8. Diariamente, como se dá o acompanhamento das redes sociais?

Diariamente, faço rondas nas páginas que gerencio, pela manhã e metade

da tarde, acompanhando as interações e buscando retornos para os

questionamentos com o cliente, o mais rápido possível. Quando tenho tempo livre na

pauta de criação, confiro páginas dos concorrentes para avaliar as ações.

9. Há alguma rotina estabelecida?

Sim, trabalhamos junto a uma equipe de criação, onde o social media é

responsável pela redação dos textos, desenvolvimento da ideia de cada post ou

campanha, aprovação com o cliente e postagem. A equipe de criação é composta

por designers, que criam as artes e identidades. Ou seja, o trabalho da criação

depende do trabalho do social media, pois o trabalho começa e termina nele.

10. Em casos de comentários negativos a respeito da organização, como a atitude a

ser tomada?

Primeiramente, precisamos comunicar o cliente e entender o que aconteceu,

se o fato é verídico ou não. Após a confirmação do fato, procuramos desenvolver

alguma ação que possa apaziguar a situação, por exemplo, um brinde ou um

desconto no serviço com problemas, mediante a autorização do cliente. Pedimos

desculpas publicamente, mas procuramos resolver via inbox, até mesmo para evitar

que outras pessoas se aproveitem da situação para ganhar brindes ou descontos.

11. Exemplifique um ou dois casos de crises de opinião pública nos sites de redes

sociais, bem como as ações tomadas.

Nunca tivemos grandes crises nas páginas gerenciadas. Um caso bem

específico, foi quando utilizamos uma imagem em um post que pertencia a uma

fotógrafa de São Paulo. Ela e os amigos atacaram o post alegando que usamos sem

autorização. Como nossa equipe de criação toma muito cuidado com a fonte das

imagens, nós respondemos cada um dos comentários com o link da foto disponível

sem os créditos em um banco de imagens, mostrando para a fotógrafa que não

tivemos acesso à informação da fonte. Foi uma forma de reverter a situação, pois

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mostramos que o erro foi do banco de imagens que disponibilizou a imagem sem

créditos.

Outros casos dizem mais respeito a problemas internos no cliente, como

falhas em promoções, produtos com defeito, mal atendimento, etc., nesses casos a

resolução da crise se dá diretamente com o cliente, para reverter a situação em

bonificações, conforme explicado na questão 9.

12. Como enxerga a atuação do RP nas redes sociais?

O RP tem a capacidade de mesclar diferentes habilidades nas redes sociais,

pois ele precisa criar a ideia, conceber a estratégia, pensar no resultado,

acompanhar o andamento da ação, adaptar detalhes não-compatíveis com a ideia

inicial e, ainda, se relacionar com a ponta do processo de comunicação. Tudo isso

exige expertise em ferramentas, processos, relacionamento e conteúdo, em perfeita

sintonia, que um profissional com formação em design, publicidade ou jornalismo

não teria isso tudo de forma tão aguçada.

13. De que forma o profissional pode provocar maior interação e engajamento dentro

das redes sociais?

A humanização do conteúdo é sempre o melhor caminho. As pessoas

querem ver histórias de verdade, sentimentos de verdade. As marcas têm o enorme

desafio de conseguir tornar as relações humanas como parte do processo comercial

e vender mais. As redes sociais são o ambiente perfeito para essa fusão do

consumo e do relacionamento.

14. Quais os maiores erros cometidos no gerenciamento de crises de opinião

pública?

Falta de posicionamento da empresa e falta de planejamento em ações

ousadas, onde já existe um risco já previsto.

15. Quais as dicas para os profissionais que pretendem iniciar suas carreiras nessa

área?

Ser curioso sempre, ler sobre tudo e, principalmente, saber falar a língua do

público para quem a marca precisa se comunicar. Quem tenta falar com todos acaba

não sendo ouvido por ninguém, por isso é tão importante saber segmentar e

conhecer o público-alvo.

16. De que forma são apresentados resultados para os clientes?

Enviamos relatórios mensais com números básicos – curtidas, engajamento,

posts mais populares, público, localização, gastos, etc. Alguns clientes pedem dados

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mais específicos, mas é bem raro, ou relatórios exclusivos por campanha comercial,

para avaliar os resultados de determinada ação, comparado ao fluxo de vendas.

17. Como o profissional de RP se diferencia dos demais profissionais nesta área de

atuação?

Conforme dito na questão 11, o profissional de RP tem capacidade de unir

muitas habilidades diferentes, que não dizem respeito só à curadoria do conteúdo ou

monitoramento. É um profissional criativo e versátil, que precisa saber se comunicar

com outros públicos, com objetividade e empatia.

2 PROJETO

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

JULIANA NORA

O PAPEL DO RELAÇÕES PÚBLICAS COMO GERENCIADOR DA OPINIÃO

PÚBLICA NAS REDES SOCIAIS

Caxias do Sul 2015

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM RELAÇÕES PÚBLICAS

JULIANA NORA

O PAPEL DO RELAÇÕES PÚBLICAS COMO GERENCIADOR DA OPINIÃO

PÚBLICA NAS REDES SOCIAIS

Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para aprovação na disciplina de Monografia I. Orientador: Ana Laura Paraginski.

Caxias do Sul 2015

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 03 2 TEMA ................................................................................................................. 05 2.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA ............................................................................... 05 3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 06 4 QUESTÃO NORTEADORA ............................................................................... 08 5. OBJETIVOS ...................................................................................................... 09 5.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 09 5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................... 09 6. METODOLOGIA ............................................................................................... 10 7. ROTEIRO DOS CAPÍTULOS ............................................................................ 13 8. CRONOGRAMA ............................................................................................... 14 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 15

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1 INTRODUÇÃO

Se antes do advento da internet, organizações e empresas demoravam

muito tempo para se estabelecerem no mercado e se fazerem relevantes aos

clientes e demais interessados, hoje em dia a prática de relacionamento possibilitou

maiores perspectivas de visibilidade, nos últimos anos, a Web 2.019 passou a fazer

parte da vida de grande parte da sociedade mundial e se desenvolveu de tal forma

que arrisco dizer que são os próprios usuários que se adaptam constantemente ao

mundo online e não ao contrário. De acordo com o IBGE, o Brasil ganhou 2,5 milhões

de internautas (2,9%) entre 2012 e 2013, totalizando aproximadamente 86,7 milhões de

usuários de internet com 10 anos ou mais. Sendo assim, a partir do final do século XX,

diversas mudanças no relacionamento entre pessoas, comunidades e organizações

foram identificadas, porém, grande parte dessas mudanças acabam por receber

pouca atenção como objeto de estudo, por serem consideravelmente novas e desta

forma, possuírem pouco embasamento teórico e prático.

As redes sociais são plataformas dinâmicas que favorecem ao mercado a

auto divulgação, a fidelização, a troca de conhecimento e o estreitamento de

barreiras com os públicos, oportunizando, desta forma, uma análise mais detalhada

e facilitando a interação entre eles. Stakeholders20 procuram por interações

bidirecionais dentro da rede, isto é, seu objetivo é conversar intimamente e receber

respostas práticas e rápidas, que estejam dentro do seu universo e por esse motivo

tornou-se tão importante ações que se fazem pertinentes dentro das plataformas

online.

Entretanto, da mesma forma que uma boa atuação nas mídias sociais pode

se propagar rapidamente, uma má ação parece repercutir ainda mais, nesses casos,

uma imagem positiva construída através de anos de trabalho pode ser destruída em

poucas horas e nem sempre concertar esse tipo de situação é uma tarefa simples.

Por esse motivo, o presente estudo terá como norte a análise do trabalho do

profissional de Relações Públicas em situações de crise de opinião pública na web,

mais precisamente nas redes sociais Twitter e Facebook, que têm se colocado como

uma das mais influentes plataformas no que diz respeito às reclamações dos

19

Web 2.0: Segunda geração de comunidades e serviços. 20

Stakeholders: “Termo idiomático inglês que define todas as pessoas que possuem interesse em relação às empresas, ou organizações: shareholders (acionistas), o governo, os consumidores e os grupos ativistas de consumidores, funcionários, as comunidades representativas e a mídia.” CARROLL (1998, p.38). O tema “Stakeholders” será abordado no capítulo 2.

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clientes e da rápida disseminação de tais comentários, segundo levantamento da

ferramenta de inteligência em marketing digital da Serasa Experian, a Hitwise, feito

em 2013, o Brasil já representava 33,3 milhões de usuários, se colocando como o

segundo país com maior número e também um dos mais ativos na rede.

A autora considera que o assunto aqui abordado é de seu grande interesse

tanto pela atuação profissional, como também de estudo, visto que possui

verdadeira paixão pela comunicação e pela tecnologia. Além de ser tema de suma

importância atualmente, por se tratar de um nicho promissor para as organizações

bem como para os Relações Públicas, quando bem utilizada.

.

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2 TEMA

Opinião pública nas redes sociais.

2.1 Delimitação do tema

O papel do Relações Públicas como gerenciador de opinião pública no

Twitter e no Facebook.

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3 JUSTIFICATIVA

Ainda durante os tempos paleolíticos em que o homem abrigava-se em

cavernas e não havia nem ao menos desenvolvido uma linguagem para se

comunicar, encontrou formas primitivas para se expressar e desta forma, manteve

“diálogos” consigo mesmo, por meio de pinturas rupestres e principalmente com

outros seres humanos com os quais viveu em grupos, conforme estudos já

comprovaram. A vida social esteve presente no cotidiano desde os primórdios,

possivelmente por tratar-se de uma questão de sobrevivência. Entretanto, também

observa-se que esta é uma característica natural que parece nos acompanhar ao

passo em que evoluímos.

A atuação da sociedade como formadores de opinião pública nunca esteve

tão presente nos espaços de discussão até a chegada da Web 2.0 e da

massificação das redes sociais. A utilização das redes sociais representou um

ambiente propício para a exposição de ideias e críticas de todos os tipos e desta

forma, mobilizações e debates a respeito de temas diversos puderam ser iniciados a

partir desses meios, um bom exemplo disso foi o desencadeamento das

manifestações populares ocorridas em junho de 2013 no Brasil, a qual engajou

milhares de pessoas de todo país a irem as ruas exigir por mudanças que se

tornaram notícia e tema de discussões no mundo todo. Segundo pesquisa mais

recente da ComScore, feita em 2013, 90,8% dos internautas brasileiros são usuários

ativos de redes sociais e 4,9 horas mensais são gastas com esse tipo de acesso,

além disso, a pesquisa revelou que 41% deles pesquisam nas redes sociais antes

de realizar suas compras, 2 a cada 3 dão feedback para as marcas via redes

sociais, 54% seguem empresas no Twitter e 74% curtem empresas no Facebook.

Visto que a tendência para o segmento era de constante aumento, ainda no ano da

pesquisa, é possível prever que esses dados sejam ainda maiores hoje.

Além das constatações acima, a utilização das mídias sociais no mundo

corporativo tem sido um diferencial no que diz respeito à comunicação das

organizações com os públicos em geral. Se tratando de um universo em que se

concentram pessoas de múltiplas ideologias, crenças e culturas, há necessidade de

ter um profissional atento a gestão e planejamento estratégico das plataformas,

enfatizando questões como expectativas e funções dos usuários dentro delas. Desta

forma, o presente trabalho terá como objetivo demonstrar, através de estudos e

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pesquisas quais as contribuições que o profissional de Relações Públicas é capaz

de agregar para a tomada de decisões e principalmente para a minimização de

danos relacionados à reputação das organizações em situações de crises de opinião

pública no Twitter e no Facebook.

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4 QUESTÃO NORTEADORA

Quais as contribuições do profissional de Relações Públicas para a

minimização de danos de imagem e reputação às organizações diante de crises de

opinião pública no Twitter e no Facebook?

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5 OBJETIVOS

5.1 Objetivo geral

Estudar como profissionais de Relações Públicas gerenciam as páginas do

Twitter e do Facebook de organizações quando há uma crise de opinião pública.

5.2 Objetivos específicos

a) Demonstrar, a importância do profissional de Relações Públicas na gestão

da opinião pública.

b) Identificar como se da à relação entre organizações e stakeholders nas

redes sociais, em especial no Twitter e no Facebook.

c) Analisar as ações tomadas pelo Relações Públicas quando há uma crise

de opinião pública acontecendo via Twitter ou Facebook.

d) Diagnosticar o percurso da ação geradora de crise de opinião pública no

ambiente web.

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6 METODOLOGIA

A necessidade de conhecer e entender a fundo determinado assunto é o

primeiro passo em direção à busca pelo conhecimento científico, por esse motivo, o

presente trabalho será realizado através de investigações científicas que servirão

como bases sólidas para as novas descobertas aqui proporcionadas. Segundo

Köche (2010), o conhecimento científico surge como uma forma de o homem se

desvencilhar de sua posição passiva diante dos fenômenos e a partir dele assume

poder de ação ou controle dos mesmos.

Cabe ao homem, otimizando o uso da sua racionalidade, propor por uma forma sistemática, metódica e crítica da sua função de desvelar o mundo, compreendê-lo, explica-lo e dominá-lo. (KÖCHE, 2010, p. 29).

A metodologia de estudo utilizada será a pesquisa de caráter qualitativo, a

qual terá como intuito coletar dados baseados na análise das interações,

campanhas e ações desenvolvidas pelas organizações estudadas nas redes sociais

Twitter e Facebook.

O método qualitativo é o que se aplica ao estudo da história, das relações, das representações, das crenças, das percepções e das opiniões, produtos das intervenções que os humanos fazem a respeito de como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmos, sentem e pensam. (…) Esse tipo de método que tem fundamento teórico, além de permitir desvelar processos sociais ainda pouco conhecidos referentes a grupos particulares, propicia a construção de novas abordagens, revisão e criação de novos conceitos e categorias durante a investigação (MINAYO, 2010, p. 57).

A pesquisa bibliográfica - Margarida Kusch, Carolina Terra, Cândido

Teobaldo de Souza Andrade, Fábio França, Rafael Vergili, Raquel Recuero, Daiana

Stasiak e Patrícia Teixeira - será um dos métodos a serem considerados no trabalho

para a obtenção de embasamento teórico a respeito de gestão e gerenciamento de

crises, internet e relações públicas.

A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto (FONSECA, 2002, p. 32).

Desta forma, e pesquisa se dará de forma exploratória e descritiva, com

ênfase no estudo de casos dentro das redes sociais Twitter e Facebook, buscando

exemplos positivos e negativos do gerenciamento da opinião pública.

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As pesquisas exploratórias têm como propósito proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Seu planejamento tende a ser bastante flexível, pois interessa considerar os mais variados aspectos relativos ao fato ou fenômeno estudado. A coleta de dados pode ocorrer de diversas maneiras, mas geralmente envolve: 1. levantamento bibliográfico; 2. entrevistas com pessoas que tiveram experiência prática com o assunto; e 3. análise de exemplos que estimulem a compreensão (SELLTIZ, apud GIL, 2010, p. 27).

O estudo de caso é uma técnica utilizada para solucionar questões que

respondam as perguntas “como” e “por que” a fim de analisar fenômenos

contemporâneos. Segundo Yin (2005), o estudo de caso pode ser tratado como

importante estratégia metodológica para a pesquisa em ciências humanas, pois

permite ao investigador um aprofundamento em relação ao fenômeno estudado,

revelando variações difíceis de serem enxergadas “a olho nu”.

Nessa etapa, organizações que exemplifiquem e configurem casos de

gerenciamento de crises de opinião pública dentro de suas páginas em redes sociais

serão assinaladas. E, a partir disso, proposta análise de “como” e por que” as ações

tomadas por elas repercutiram positivamente ou negativamente para sua imagem e

reputação no mercado. Para tal pesquisa, o autor Yin sugere que o estudo de caso

deve seguir algumas regras básicas para obter sucesso:

Engajamento, instigação e sedução – essas são características incomuns dos estudos de caso. Produzir um estudo de caso como esse exige que o pesquisador seja entusiástico em relação à investigação e deseje transmitir amplamente os resultados obtidos. (YIN, 2005, p. 197).

Pensando no fato de que o tema abordado neste trabalho mostra-se mais

prático do que teórico, será utilizada a técnica da entrevista semiestruturada com um

profissional de Relações Públicas especializado na área de social media. A

entrevista, segundo Yin (2005), tem como objetivo buscar o entrevistado de

forma a satisfazer às necessidades da linha de investigação. É comum que seja

conduzida de forma espontânea e informal, entretanto, o pesquisador segue um

protocolo de perguntas, principalmente por se tratarem, em sua maioria, de

questões humanas.

Por fim, será feita Análise de Conteúdo das páginas do Twitter e Facebook

de uma ou mais empresas/organizações que possam agregar ao conteúdo desse

trabalho e servir como exemplos e comprovação de todos os métodos de pesquisa

já citados a cima, “Isto porque a análise de conteúdo se faz pela prática” (BARDIN,

2009, p.51). Desta forma, a Análise de Conteúdo se constitui como:

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“Um conjunto de técnicas de análise de comunicação visando a obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção destas mensagens” (BARDIN, 2009, p.123).

Inicialmente, serão selecionadas as páginas do Twitter e Facebook a serem

analisadas, com base na relevância de cada uma dentro da plataforma. Em seguida,

todas as interações e citações estarão sendo monitoradas e documentadas a fim

sofrer interpretação posterior.

Através de tais resultados será possível compreender de que forma as

crises de opinião pública são desencadeadas no ambiente virtual e como o

profissional de relações públicas lida com tais situações a fim de manter a boa

imagem e reputação das organizações na web.

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7 ROTEIRO DOS CAPÍTULOS

1 RELAÇÕES PÚBLICAS 1.1 RELAÇÕES PÚBLICAS NO MUNDO 1.2 RELAÇÕES PÚBLICAS NO BRASIL 1.3 RELAÇÕES PÚBLICAS NA COMTEMPORANIEDADE 2 OPINIÃO PÚBLICA, COMUNICAÇÃO DE MASSA E CRISE 2.1 PÚBLICO 2.1.1 Stakeholders 2.1.2 Opinião Pública 2.2 COMUNICAÇÃO DE MASSA 2.3 CRISE 2.3.1 Gestão de Crise 3 INTERNET E REDES SOCIAIS 3.1 HISTÓRIA DA INTERNET 3.2 WEB 2.0 3.3 REDES SOCIAIS 4 TWITTER, FACEBOOK E AS ORGANIZAÇÕES 4.1 TWITTER 4.2 FACEBOOK 4.3 ORGANIZAÇÕES NAS REDES SOCIAIS 5 ANÁLISE DO TRABALHO DO RELAÇÕES PÚBLICAS COMO GERENCIADOR DE CRISE DE OPINIÃO PÚBLICA NAS REDES SOCIAIS 5.1 PLANEJAMENTO 5.1.1 Diagnóstico e Briefing 5.1.2 Definição de Conteúdos 5.1.3 Mensuração 5.2 GERENCIAMENTO DE CRISE 5.3 RELAÇÕES PÚBLICAS E SOCIAL MÍDIA 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

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8 CRONOGRAMA

Mês/2015

Etapas

MAR ABR MAI

JUN

JUL AGO SET OUT NOV

Elaboração do

projeto

X x x

Capítulo 1 x

Capítulo 2 x

Capítulo 3 x

Capítulo 4 x

Elaboração do

questionário

x

Aplicação da

entrevista

x

Capítulo 5 x

Considerações

Finais

x

Correção

Formatação

Entrega

x

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REFERÊNCIAS

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa, Portugal; Edições 70, LDA, 2009.

GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. In: Métodos e técnicas

de pesquisa social. Atlas, 2010.

KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica: teoria da ciência e

iniciação à pesquisa. 27.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa social: teoria, método e criatividade.

29.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.

YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3.ed. Porto Alegre:

Bookman, 2005