fÍsica escolar - diaadiaeducacao.pr.gov.br · principais escolas da alemanha, da frança, da...
TRANSCRIPT
GINÁSTICA GERAL COMO CONHECIMENTO A SER ESTUDADO NA EDUCAÇÃO
FÍSICA ESCOLAR
Maria Aparecida Piovezan Brischiliari1
Roseli Terezinha Selicani Teixeira2
Resumo: Nas aulas de Educação Física a ginástica não é trabalhada com frequência
como conteúdo no contexto escolar, sendo que a Educação Física está configurada
em temas corporais como: jogo, esportes, ginásticas, danças e lutas. Este artigo traz
como objetivo promover os conteúdos da Ginástica Geral por meio de vivências
práticas, oportunizando assim o conhecimento e possibilitando a realização e
criação de movimentos gímnicos. Entendendo que os alunos têm direito de ter todas
as atividades corporais já aqui nomeadas este artigo apresenta possibilidades no
trato com esse conhecimento por meio de uma organização e encaminhamentos
metodológicos para o desenvolvimento das aulas de Ginástica Geral.
Palavras chave: Ginástica. Ginástica Geral. Educação Física.
Abstract: In Physical Education classes gymnastics is not worked frequently as
content in the school context, and Physical Education is set to bodily issues as:
game, sports, gymnastics, dances and fights. This article has as objective to promote
the contents of General Gymnastics through practical experiences, providing
opportunities for knowledge and thus enabling the realization and creation of
“gímnicos” movements. Once students have the right to have all bodily activities here
already mentioned, this article presents possibilities in dealing with this knowledge
through an organization and methodological referrals for the development of general
gymnastics classes.
Keywords: Gymnastics. General Gymnastics. Physical Education. 1 Professora PDE 2012
2 Professora Doutora da UEM
INTRODUÇÃO
A Educação Física, de maneira particular, contribui para o desenvolvimento
das capacidades físicas, cognitivas, psíquicas e sociais, e com base nesta afirmação
a Educação Física escolar traz pedagogicamente para a escola a cultura corporal,
que está configurada em temas de atividades corporais nomeados como: jogos,
esportes, lutas, ginásticas e danças, todos de grande importância para o
desenvolvimento do ser humano. Este artigo traz como objeto de estudo a Ginástica
Geral como conhecimento a ser estudado na Educação Física escolar, pois a
ginástica não tem sido tratada de forma satisfatória, ou seja, ela não é apresentada
como conteúdo aos alunos.
O estudo e a vivência da prática da Ginástica Geral no sistema educacional
serão abordados por se acreditar nos seus benefícios na formação do ser humano,
não como única, mas como uma atividade que venha somar com as diversas
possibilidades de atividades físicas e por se tratar de um elemento privilegiado no
contexto educativo, pois contribui para o desenvolvimento da criança e tem caráter
participativo, livre, criativo, vivenciando diversas possibilidades, pois não possui
regras preestabelecidas, privilegia a ludicidade, a criatividade e a sensibilidade;
também o fato de abranger os aspectos sociais e afetivos na formação integral do
ser humano.
Entendendo a Ginástica como área de conhecimento a ser tratada na
Educação Física, como fazer da Ginástica Geral um conteúdo escolar atrativo para
os alunos? Como introduzir a Ginástica Geral de forma que ela tenha o mesmo valor
que as outras modalidades na concepção dos educandos? Sendo assim, este artigo
buscou trabalhar de forma sistematizada o conhecimento relacionado à ginástica
geral por meio de vivências teórico/práticas que possibilitassem a execução e a
criação de movimentos gímnicos estimulando a liberdade de expressão.
DESENVOLVIMENTO
A Ginástica Geral como conhecimento a ser estudado na Educação Física
escolar vem sendo apresentada no campo de intervenção de maneira que possa
refletir sobre as práticas ginásticas até então desenvolvidas buscando analisar seu
significado e imaginar as suas possibilidades de desenvolvimento no âmbito escolar.
Primeiramente será apresentado como a ginástica vem se configurando ao longo da
história, para em seguida aprofundar sobre a ginástica geral, e apresentar uma
possibilidade de trabalho com essa manifestação corporal.
A ginástica teve seu início na pré-história, se mistura com a história do
homem, e teve diversas representações de acordo com a época e o contexto no
qual estava inserida. Na fase pré-histórica com o objetivo de sobrevivência
apresentava um caráter utilitário; na antiguidade tem suas origens enquanto
atividade física, uma vez que os exercícios típicos do esporte já eram
desempenhados pelos homens como remo, lutas, hipismo. Na Grécia iniciou com o
ideal de beleza, em Roma com a preparação para a guerra. Na Idade Média, para a
preparação militar, com o objetivo nas cruzadas e sua valorização como agente da
educação passou a ser valorizada na Idade Moderna. Até 1800, as formas comuns
de exercício físico eram os jogos populares, as danças folclóricas, regionais e o
atletismo. A partir do século XIX surgiram na Europa formas distintas de olhar os
exercícios físicos que se sistematizou como „métodos ginásticos‟, sendo as
principais escolas da Alemanha, da França, da Suécia e da Inglaterra. O método
Alemão era para desenvolver corpos robustos e saudáveis, com o objetivo de
defender a pátria, a ginástica foi introduzida nas escolas e um período do dia era
dedicado ao exercício físico. O método de ginástica Sueco era para promover a
saúde física e moral, excluir o povo sueco que tinha tuberculose, raquitismo e
alcoolismo, o criador acreditava que a educação deveria ter vista o individualismo na
sua integridade. O Método Francês era o desenvolvimento social, acreditando que a
ginástica desenvolveria qualidades físicas, psicológicas e morais com a finalidade de
melhorar a raça humana. Essa ginástica formada inicialmente na Europa foi inserida
no Brasil, e recebeu forte influência dos métodos, sobretudo da Alemanha, França e
Suécia. Era considerado o principal conteúdo da Educação Física, sempre
marcando presença nos discursos de estadistas, médicos e pedagogos (REIS,
2011).
Logo após a Segunda Guerra Mundial, surgem tendências da Educação
Física tendo destaque o método da Educação Física desportiva generalizada.
Segundo Soares et al. (1992, p.54) “no período do pós guerra, predomina a
influência do esporte, que apresenta um grande desenvolvimento, como elemento
predominante da cultura corporal afirmando paulatinamente em todos os países sob
influência da cultura europeia”.
A ginástica percorreu um longo caminho e neste percurso foram criadas
inúmeras terminologias e tipos, de acordo com suas características e objetivos,
sempre ampliando as possibilidades de sua utilização. Ela foi dividida em cinco
grandes grupos, com o objetivo de apresentar seus principais campos de atuação e
para entendermos melhor as suas possibilidades, Paoliello define:
Ginásticas de Condicionamento Físico: englobam todas as modalidades que tem por objetivo a aquisição ou a manutenção da condição física do indivíduo normal e/ou do atleta. Ginásticas de Competição: reúnem todas as modalidades competitivas. Ginásticas Fisioterápicas: responsáveis pela utilização do exercício físico na prevenção ou tratamento de doenças. Ginásticas de Conscientização Corporal: reúnem as Novas Propostas de Abordagem do Corpo, também conhecidas por Técnicas Alternativas ou Ginásticas Suaves (Souza,1992), e que foram introduzidas no Brasil a partir da década de 70, tendo como pioneira a Anti-Ginástica. A grande maioria destes trabalhos tiveram origem na busca da solução de problemas físicos e posturais. Ginásticas de Demonstração: é representante deste grupo a Ginástica Geral, cuja principal característica é a não-competitividade, tendo como função principal a interação social entre os participantes. (PAOLIELLO, [s.d.] p.3).
Faz-se necessário para a melhor compreensão do universo da Ginástica,
analisar sua estrutura organizacional em nível mundial. A Federação Internacional
de Ginástica (FIG), sendo responsável pelas modalidades gímnicas que são
competidas nos Jogos Olímpicos, tem como objetivo orientar, regulamentar,
controlar, difundir e promover eventos na área da Ginástica. A FIG atualmente é
composta de cinco comitês, sendo quatro relativos às modalidades competitivas
(Ginástica Artística Masculina, Ginástica Artística Feminina, Ginástica Rítmica
Desportiva e Ginástica Aeróbica) e um relativo a Ginástica Geral que tem caráter
demonstrativo.
A FIG define a ginástica geral como sendo a parte da ginástica que está
orientada para o lazer e que pode ser praticada por todas as idades, e por todas as
pessoas, sempre priorizando o prazer pela atividade, e seu objetivo é de favorecer a
saúde, a condição física contribuindo para o bem estar físico e psicológico de quem
pratica, e despertar o interesse pessoal pela prática da atividade física. Ou seja, a
Ginástica Geral compreende a esfera da ginástica orientada para o lazer e engloba
programas de atividades no campo da ginástica com e sem aparelhos, dança e
jogos, conforme as preferências de quem a pratica. De acordo com GAIO (2006, p.
171) a FIG define esta modalidade como sendo,
Ginástica geral não é uma atividade de competição, não priorizando, desta forma, o rendimento. A Federação Internacional de Ginástica – FIG criou a GG com a intenção de aumentar a participação das pessoas, dando oportunidade de demonstrarem momentos de sua cultura. As práticas da GG normalmente se desenvolvem em grupos, tendo como ponto central uma seqüência ginástica coreografada, com temas livres e estabelecida pelos participantes. A prática da GG oferece aos indivíduos a possibilidade de sentir prazer pela participação em uma modalidade plasticamente bela, com musicalidade e expressão. Como não há uma cobranças de performance perfeita, essa modalidade de ginástica contribui para a espontaneidade, para o desenvolvimento da criatividade e socialização, com coreografias onde pode-se perceber a originalidade dos grupos que exploram as culturas de diversas regiões (GAIO & BATISTA, 2006. p. 171.).
A Ginástica geral é baseada nos princípios do (a): prazer, participação, não
competição, qualidade de vida, diversidade, valores culturais, estética e criatividade,
nesse sentido o estímulo à criatividade, ao bem estar e à união entre as pessoas
são as metas da Ginástica Geral, assim como o prazer na sua prática, conseguido
ao proporcionado a saúde a si próprio, ao comunicar-se, ao encontrar pessoas, ao
fazer amigos e diminuir o estresse que diariamente interfere na existência humana.
Pizani; Seron Barbosa-Rinaldi, (2009, p. 904) constata que:
Uma ginástica articulada às demais manifestações da cultura corporal (danças, lutas, jogos, ginásticas, esportes, artes circenses, musicais e cênicas, entre outras) de forma livre e criativa, de acordo com as características do grupo social que a integra. Uma prática corporal que
permite a utilização de diferentes materiais, de pequeno e grande porte, oficiais, convencionais e não convencionais, bem como, atividades sem utilização de aparelhos. Possibilita a participação irrestrita de todos os indivíduos, podendo ser praticada em qualquer idade e contexto, tendo como princípio o respeito aos limites de cada um. Não possui fins competitivos, o que provoca a valorização da subjetividade, autonomia, liberdade e criatividade gestual durante o processo de experimentação e construção coreográfica. Como resultado do trabalho com a ginástica geral, normalmente são realizadas composições coreográficas, que podem ser tematizadas ou não, inseridas num intenso processo educativo que expressa a diversidade da produção humana nas criações rítmicas, expressivas e artísticas, preconizadas pela formação.
A Ginástica Geral é uma atividade gímnica não competitiva, que visa
propiciar o bem estar físico, mental, social e ao aumento da interação de seus
praticantes, ela não possui um número exato de participantes e não necessita de um
alto nível técnico, tornando-se assim uma atividade inclusiva, podendo ser praticada
por pessoas de diferentes idades, gêneros, capacidades, habilidades e assim
permitindo formas de grupos diversificados e mistos. A Ginástica Geral é uma
modalidade bastante abrangente que se fundamenta nas atividades ginásticas como
Ginástica Artística, Ginástica Rítmica, Ginástica Acrobática, Ginástica Aeróbica e
Ginástica de Trampolim, e também, de vários tipos de práticas corporais, tais como
as danças, as expressões folclóricas os jogos, dentre outros, expressos por meio de
atividades livres e criativas ou ainda quanto à utilização de elementos materiais,
musicais e coreográficos. Um destaque importante em relação a essa modalidade
de ginástica é que a preocupação central é apresentar possibilidades de
movimentação corporal aliada a aspectos da cultura nacional, sempre sem fins
competitivos.
Em virtude de sua característica ser abrangente e aberta ela possibilita uma
vivência de inúmeras experiências com diferentes conteúdos: ginásticas, danças,
lutas, jogos, lembrando sempre que o produto final da Ginástica Geral pode ser uma
composição coreográfica, Ayoub (2003 p. 94) acredita que: “no processo de
elaboração de uma composição coreográfica, devem ser privilegiados as
experiências e interesses dos alunos e o trabalho em grupo, estimulando a
cooperação, a capacidade de ação e a autonomia dos educando”.
Por acreditar que a prática da Ginástica Geral possui um alto valor
educacional podendo contribuir de forma significativa para a educação integral dos
indivíduos, defende-se que seria possível inseri-la no contexto escolar, a esse
respeito Ayoub (2003 p. 87) acredita que:
A ginástica geral engloba e integra as diversas manifestações da ginástica que vêm configurando ao longo desses dois últimos séculos. Isto quer dizer que as diferentes formas de manifestações gímnica poderão, e deverão, ser tema das aulas de ginástica Geral. Aprender ginástica geral na escola significa estudar, vivenciar, conhecer, compreender, perceber, confrontar, interpretar, problematizar, compartilhar, apreender as inúmeras interpretações da ginástica para, com base nesse aprendizado, buscar novos significados e criar novas possibilidades de expressão gímnica. Sob essa ótica, podemos considerar que a ginástica geral, como conhecimento a ser estudado na educação física escolar, representa a Ginástica. Considerando ainda, as características fundamentais da GG, podemos afirmar que a ginástica traz consigo a possibilidade de realizarmos uma reconstrução da ginástica na educação física escolar numa perspectiva de “confronto” e síntese e, também, numa perspectiva lúdica, criativa e participativa.
Desse modo, a Ginástica Geral se mostra como um componente importante
no currículo escolar, porque juntamente com outros conhecimentos poderá contribuir
para que o aluno possa interpretar compreender, explicar e intervir, de maneira
crítica e autônoma na realidade em que vive, e se elegeu este conteúdo como
princípio norteador desse estudo, por sentir necessidade de trilhar novos caminhos
no trato da ginástica no contexto escolar.
Entendendo a Ginástica Geral como área de conhecimento a ser tratada na
Educação Física, como fazer da Ginástica Geral um conteúdo escolar atrativo para
os alunos? Como introduzir a Ginástica Geral de forma que ela tenha o mesmo valor
que as outras modalidades na concepção dos educandos?
Sendo assim, foi destacado neste artigo trabalhar de forma sistematizada o
conhecimento relacionado à Ginástica Geral por meio de vivências teórico/práticas
que possibilitem a execução e a criação de movimentos gímnicos estimulando a
liberdade de expressão. Os conteúdos da Ginástica Geral são compreendidos como
uma prática corporal que traz diferentes formas de manifestações gímnicas, sendo
tema das aulas diversas manifestações da ginástica, apresentadas aqui, segundo
Barbosa Rinaldi,Teixeira (2011, p.28) como: “possíveis conteúdos a serem
trabalhados no desenvolvimento de um trabalho com a Ginástica Geral”:
Elementos corporais (com, em e sem aparelho): Passos, corridas, saltos, saltitos, giros, equilíbrios, ondas, poses, marcações, balanceamentos, circunduções, dentre outros. Elementos acrobáticos (com, em e sem aparelhos): Rotações: no ar, no solo, em aparelhos. Apoio: no solo em aparelhos, Reversões: no solo em aparelhos, Suspensões em aparelhos Pré-acrobáticos. Exercícios condicionamento físico (com, em e sem aparelhos): Para o desenvolvimento das habilidades e capacidades físicas: força, resistência e flexibilidade velocidade, agilidade, equilíbrio, coordenação motora, ritmo, dentre outros. Aparelhos tradicionais: Pequeno porte: bola, corda, arco, fita, maças, dentre outros. Grande porte: plinto, barra fixa, mesa de salto, trave de equilíbrio, cavalo com alças, trampolim, esteira, colchões, dentre outras. Aparelhos não tradicionais: Bastão, tecido, pneu, câmara de ar de pneu, caixas, galões de água, , cama elástica, cadeiras, boias, dentre outra, além de aparelhos constituídos de acordo com a criatividade e cultura corporal, com barangandam, mini-trampolim de câmara de pneu. Construção de materiais: Construção criativa de materiais adaptados à ginástica, ligados ou não à cultura vigente. Ginásticas competitivas (olímpicas e não olímpicas): Artística, rítmica, estética, aeróbica, acrobática, roda ginástica, tumbling, trampolim acrobático e outras. Coreografia ginástica geral: Formação, direção, trajetória, planos, harmonia, sincronia, ritmo, apresentação individual e em grupo, dentre outros. Ginástica geral: Conhecimentos históricos, culturais, sociais, pedagógicos metodológicos. Manifestações da cultura corporal: Jogos, ginásticas, danças, lutas, brincadeiras, teatros, artes circenses, artes musicais, entre outros, desenvolvidos no contexto da ginástica Barbosa Rinaldi,Teixeira (2011 p.28).
Nessa perspectiva, defendemos que a Ginástica Geral como conhecimento
da Educação Física Escolar, previsto nas Diretrizes Curriculares do Estado do
Paraná, seja contemplada de forma atrativa, tanto para o professor, quanto para o
aluno, sempre buscando maior motivação para ambos. Entendemos que quando o
professor adquiri e se encanta com o conhecimento de uma nova modalidade, esta
passa a ser um conteúdo incorporado a sua prática, de forma atrativa, conquistando
assim seus educandos.
METODOLOGIA
Esta pesquisa se caracteriza como de campo, sendo que a maior parte do
trabalho foi realizada pela pesquisadora pessoalmente. Lakatos e Marconi (1991,
p.186) acrescentam que a pesquisa de campo tem como finalidade “[...] conseguir
informações e/ou conhecimentos a respeito de um problema, para o qual se procura
uma resposta, ou acerca de uma hipótese, que se queira comprovar, ou ainda,
descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles”. A pesquisa envolveu 30
alunos do 7º ano do Colégio Estadual Lúcia Alves de Oliveira Schoffen de Altônia,
que foram submetidos a três ações, sendo que, a primeira envolveu a equipe
pedagógica, onde foram apresentadas as propostas da produção didática
pedagógica “A Ginástica Geral como conhecimento a ser estudada na Educação
Física escolar” para os professores, equipe pedagógica, direção e funcionários do
estabelecimento. A segunda ação foi à apresentação ao 7º ano, do período da
manhã, do cronograma elaborado com as propostas das atividades, todas as
informações sobre o plano de trabalho e de como seria desenvolvida a metodologia
de ensino utilizada para aplicação desse conteúdo. A terceira ação foi à execução
das aulas sistematizadas de Ginástica Geral, sendo que foram realizadas duas
vezes por semana, e ao final de cada aula todos os dados coletados eram
registrados no diário de campo, destacando os pontos principais ocorridos durante a
mesma com o objetivo de verificar como a proposta se concretizou na prática,
buscando identificar as dificuldades e possibilidades apresentadas pelos alunos no
decorrer de cada aula, destacando as reações dos alunos ao resolverem os
problemas surgidos no trabalho em grupo, relacionando com as situações reais do
cotidiano.
As metodologias propostas para o desenvolvimento das aulas foram
embasadas na pedagogia histórico-crítica, proposta pelas Diretrizes Curriculares do
Paraná, que propõe que o conteúdo e a realidade concreta se interajam, visando à
transformação da sociedade. A ação metodológica compõe cinco momentos: a
prática social inicial, problematização, instrumentalização, catarse e prática social
final.
As aulas foram organizadas conforme o quadro abaixo, que apresenta os
conteúdos que foram trabalhados bem como os objetivos traçados para cada aula.
UNIDADES CONTEÚDOS OBJETIVOS
1ª unidade
Introdução à
ginástica geral
Oportunizar o conhecimento da ginástica geral, por meio da
demonstração de vídeos, fotos, textos e prática.
2ª unidade
Confecção
material
Confeccionar e explorar materiais da cultura popular, por meio
de vivências individuais e coletivas, a fim de que conheçam
(Barangandam) como esse material pode estar presente na prática da
ginástica geral.
3ª unidade
Ginástica
Acrobática
Aprender as características dessa modalidade, sem cunho
competitivo, e vivenciar as diferentes possibilidades de
movimentos.
4ª unidade
Manipulação de
material
tradicional da
Ginástica
Explorar a corda (rope skipping), a bola e o arco como um
aparelho tradicional da ginástica, por meio de vivências
individuais e coletivas, a fim de que conheçam como esses
materiais podem estar presentes na prática da ginástica geral.
5ª unidade
Ginástica
artística
Vivenciar, conhecer as formas básicas de movimento,
adquirindo maior consciência corporal.
6ª unidade
Montagem
composição
coreográfica
Desenvolver a criatividade e participação de todos no
processo de construção e apresentação coreográfica por meio
de trabalhos em equipes.
A seguir destaca-se o relato das aulas desenvolvidas.
1ª - Unidade - Introdução Ginástica Geral
Prática social inicial- Neste momento da aula foram feitas questões aos alunos para
responderem sobre o que conheciam a respeito da ginástica: “Vocês já ouviram falar
em ginástica? O que é ginástica para vocês? Qual tipo de ginástica vocês
conhecem? Como você conheceu a ginástica? O que cada um acredita ser a
ginástica? Quem pode praticar? Qual a opinião de cada um sobre a ginástica?
Quando falamos de ginástica o que você pensa? Você já praticou ginástica alguma
vez?” E neste processo inicial percebeu-se que a maioria entende a ginástica como
exercícios, alongamento, academia, que muitos conhecem a ginástica pela
televisão, que todos podem praticar a ginástica, mas a grande maioria nunca fez, e
os tipos eles só conhecem a ginástica artística e rítmica e de início acharam difícil
(chato) de trabalhar a ginástica como conteúdo a ser estudado.
Problematização - Em seguida foi problematizado o conteúdo com algumas
indagações: “Vocês sabem o que é ginástica geral? A Ginástica para todos
desenvolve quais capacidades? O que é Gymnaestrada? Já assistiram uma
apresentação de Ginástica Geral? Vocês já realizaram na escola? No que esta
ginástica se diferencia das outras?” Uma única aluna sabia o que é Ginástica Geral,
os outros nunca ouviram falar, pois só conheciam a ginástica de rendimento, nunca
viram uma gymnaestrada, alguns alunos ficaram interessados no conteúdo novo.
Instrumentalização – Neste processo foi elaborada uma história para incentivar a
nova prática, foi contada a história “A venda do sítio”, com o objetivo de levar o aluno
a ver, olhar para o novo de diferente maneira, olhar para o diferente com simpatia,
após foi apresentado na TV pen drive uma série de slides sobre o que é a Ginástica
Geral, qual o objetivo, do que é composta, qual é o resultado final, o que é a
gymnaestrada, a fim de propiciar subsídios teóricos, para que os alunos entrem em
contato com conceitos científicos a respeito do assunto. Foi passado um vídeo com
um documentário que continha informações sobre esta manifestação gímnica, e
foram feitas análises e reflexões sobre o assunto. Também foi planejada uma aula
prática na qual os alunos vivenciaram atividades que tinham como foco o trabalho
em equipe e a integração dos participantes. As atividades desenvolvidas foram: O
grupo dividido em duplas foi colocado vários cartazes com figuras de posições de
ginástica pela quadra, um foi a marionete que era manipulado pelo artista. Ele
imaginava um fio nas articulações do seu “boneco”, movimentava de acordo com os
movimentos visto no cartaz. A “marionete” ficava como o artista o deixou. Ao final,
foram observadas as composições das outras duplas e, em seguida trocaram-se as
posições. Foi distribuída uma figura diferente de ginástica a cada aluno, eles se
posicionaram em um círculo grande, com a figura no chão a frente deles, ele fizeram
a posição da figura, o professor solicitava para que todos rodassem, até passar por
todas realizando a posição da figura. Foi dividida a turma em grupos de cinco
alunos, a cada grupo foi distribuído cinco figuras de ginástica. Cada grupo elaborou
uma sequência com movimentos Após a elaboração da atividade, cada grupo
realizou uma apresentação ao grande grupo. Em seguida todos fizeram uma só
apresentação com todos os grupos ao mesmo tempo.
Catarse - Após as vivências de todas as atividades elaboradas pelos grupos foi
realizada uma exposição verbal. Os alunos relataram que a aula foi interessante,
outros acharam legal, vários definiram como diferente, e o conceito sobre a nova
prática mudou para vários alunos.
Prática social final - Os alunos tiveram uma nova posição, passaram a entender o
porquê que ela não tem competição, acharam fácil sua prática, gostaram muito do
trabalho em grupo que ela proporciona, já na primeira aula notou-se uma mudança
geral na turma, pois demonstraram maior interesse frente ao conteúdo trabalhado e
principalmente a possibilidade de se utilizar esse conhecimento em outros espaços
da vida cotidiana.
2ª - Unidade – confecção de materiais (barangandam)
Prática social inicial - Iniciou-se a aula com questões:- “Vocês já ouviram falar em
barangandam? Como é trabalhado na ginástica? Como é usado na ginástica? O que
a ginástica tem a haver com este material? Qual o tipo de ginástica que vocês
conhecem que dá para utilizar estes materiais? Quem pode praticar? Quem gostaria
de confeccionar e realizar movimentos com este material?” A maioria dos alunos
nunca havia realizado essa atividade, eles comentaram que é utilizado na ginástica
artística, todos podem realizar, pois é de fácil manuseio, todos se interessaram em
construir o material. Em seguida a esses questionamentos, os alunos construíram o
material sob a orientação do professor e com o material que eles trouxeram de casa.
Problematização - Neste momento da aula, os alunos foram estimulados a explorar
as possibilidades de movimentação corporal a partir das seguintes problematização:-
“Como vocês poderiam correr saltar, rolar, girar, balançar no ambiente da aula?
Como podemos usar o barangandam? Podemos fazer movimentos com giros? De
que forma? Podemos lançar o barangandam? Um de cada vez? E os dois ao
mesmo tempo? Podemos fazer movimentos de balanceios e rotações? Sentados em
pé? Sobre a cabeça? E deitados o que podemos fazer? É possível brincar em
duplas? Em trios? Em quartetos?” Foi solicitado aos alunos que formasse círculo, fila
e coluna.
Instrumentalização: Os alunos foram questionados se os movimentos já vivenciados
poderiam ser utilizados em uma composição coreográfica: “Como utilizar o
barangandam para fazer uma coreografia? - O que podemos usar? Podemos fazer
todos os mesmos movimentos em círculo? E em fila? E em duas filas? Como
podemos sair da fila e ir para o círculo?” Foram divididos em grupos de oito alunos e
partindo dos questionamentos os alunos fizeram uma composição coreográfica;
associando com movimentos corporais gímnicos. Cada grupo apresentou para os
colegas o resultado de sua criação, em seguida realizou uma só apresentação.
Catarse – Foi realizado um questionamento: “O que foi mais difícil? Quais
movimentos estão presentes em suas vidas? Quando?” Os alunos responderam que
tiveram facilidade em realizar as atividades, que os movimentos fazem parte de seu
cotidiano, pois utilizam para realizar situações tais como: andar, dançar.
Prática Social final - Os alunos conseguiram contextualizar o que foi trabalhado, com
suas ações cotidianas. Com as atividades eles perceberam novos movimentos que
podem ser feitos com seus corpos. E disseram que esses movimentos podem estar
presentes na sua rotina diária.
3ª Unidade - Ginástica Acrobática
Prática social inicial - Organizados os alunos em um grande círculo, foram lançadas
questões para levar os alunos a refletirem sobre o que conhecem sobre a ginástica
acrobática. “Vocês já ouviram falar em ginástica acrobática? O que é ginástica
acrobática para vocês? Qual é a diferença da ginástica que vocês conhecem? Como
você conheceu a ginástica acrobática? Quem pode praticar? Você já praticou
ginástica alguma vez? Todos nós podemos praticar a ginástica acrobática?” A
grandes maiorias dos alunos não demonstraram conhecimento sobre a modalidade,
alguns citaram que poderia ser “aquilo que fazem no circo”, outros utilizaram a
expressão pirâmides, onde disseram que uns ficam por cima dos outros, e que são
atividades que todos podem praticar, mas que nunca realizaram este tipo de
ginástica.
Problematização - Em seguida foi problematizado o conteúdo com algumas
indagações: “Quais as vantagens ou desvantagens de se trabalhar em grupo? Essa
modalidade poderá ser realizada na escola, de que maneira, quais as capacidades
necessárias para desenvolver essa modalidade”. Os alunos responderam que é
importante o trabalho em grupo, a maioria de início achou a sua prática possível.
Instrumentalização - Após uma breve conversa foi apresentado um vídeo sobre a
ginástica acrobática, e iniciou-se a prática com as atividades: Foi determinado um
espaço pequeno na quadra, foi colocada uma música e os alunos se deslocaram
sob orientação do professor. Foi lançado o desafio: andar e conforme passava pelo
colega deveria sorrir e fazer cara de bravo, fazer cara de raiva, ficar feliz, após
deveria fazer um cumprimento: dar a mão, bater o cotovelo, bater o joelho, quadril,
testa. Após, andar em ponta de pé sozinha, com um apoio, três apoio, quatro apoios
em seguida dividiram-se em duplas: carregar de cavalinho nas costas, carriola, saltar
sobre o amigo, costas, após, de trios: realizar apoio em trio: três, quatro, dez, doze,
quinze. Dividida a turma em grupos de seis e feito o desafio para que transportassem
seus colegas de diferentes formas (deitado, sentado, de pé), transferência do
companheiro por cima dos participantes, estando em colunas. Divididos os alunos
em duplas sendo apresentados alguns cartazes com vários elementos da ginástica
acrobática em duplas e os alunos foram realizar todas as figuras dos cartazes.
Foram divididos em trio e foram apresentados cartazes com vários elementos da
ginástica acrobática em trio e os alunos foram realizar todas as figuras dos cartazes.
A seguir, dividido em quatro e apresentado cartazes com vários elementos da
ginástica acrobática em quarteto e os alunos foram realizar todas as figuras dos
cartazes. No final cada quarteto apresentou para a turma uma série de dupla, trio e
quarteto, onde os alunos usaram da criatividade em criar além dos cartazes. Na
sequência dessa tarefa, eles organizaram a montagem de uma série de
apresentações com todos os grupos apresentando ao mesmo tempo.
Catarse – Durante um diálogo realizado, os alunos identificaram as dificuldades de
realizar as acrobacias, pois eles comentaram por nunca ter feito acharam difícil,
principalmente em manter o equilíbrio, ficar na mesma posição segurando o colega e
relataram que sempre buscaram solução no diálogo com o colega para
solucionarem as dificuldades para realizar a acrobacia considerando que a confiança
é um elemento fundamental na realização dessa tarefa.
Prática social final - Neste momento, uma discussão e reflexão foram organizadas
em que os alunos relataram que o conceito mudou, pois passaram a sentir prazer,
vontade de fazer mais aula e compreender suas possibilidades nas aulas de
Educação Física.
4º Unidade - Manipulação de material tradicional ginástica: corda, arco e bola.
Prática social inicial - Foram feitas questões sobre materiais tradicionais da
ginástica: corda, arco e bola. “Vocês já ouviram falar sobre a corda, arco e bola? O
que é que a corda, o arco e a bola têm a ver com ginástica? Quais movimentos
podem ser realizados com os materiais? Que ginástica que utiliza esses aparelhos?”
A maioria dos alunos declarou já ter brincado e manipulado o material, citaram a
ginástica rítmica que utiliza estes matérias para sua execução, falaram que na
infância utilizaram estes materiais para brincar.
Problematização – Diante dos comentários anteriores foram lançadas novas
questões: “Quais são os elementos básicos que podemos realizar ao pular corda?
Arco? Bola? É possível executarmos esses elementos, utilizando todos os
materiais? Será que conseguimos executar uma sequencia de movimento, estando
com mais companheiros? O que é preciso para isso?” Após os questionamentos
percebeu-se que os alunos ficaram pensativos, e que sentiram estimulados a saber
sobre a modalidade.
Instrumentalização - Foram apresentados vídeos com elementos da ginástica
utilizando a corda, o arco e bola, em seguida, realizou-se mais uma série de
questões: “Vocês acham que é possível realizar alguns dos elementos presentes
nos vídeos? Podemos fazer movimentos de giros? De que forma? Podemos fazer
movimentos de balanceios e rotações? Como? Sentados? Em pé? E deitados o que
podemos fazer? Como podemos saltar a corda? Como podemos saltar o arco?
Como podemos saltar a bola?” Os alunos confirmaram que era possível realizar
vários dos movimentos e ficaram interessados em fazer a prática. Iniciou-se a prática
onde foi trabalhado primeiramente com o arco, depois bola, e por fim a corda. O
material foi explorado pelo aluno, estimulado pelo professor com questões como: “O
que podemos realizar com este arco? Quais são os movimentos possíveis?” A seguir
foram realizadas atividades para a execução individual, em duplas, trio, quarteto
utilizando o arco. O mesmo trabalho ocorreu com a bola e corda, em diferentes
formatos, finalizando com grupos de oito alunos, em que organizaram uma
coreografia utilizando os três materiais (arco, bola e corda). Cada grupo apresentou
o seu trabalho para os outros participantes, e no final foi realizado uma
apresentação com todos os grupos ao mesmo tempo.
Catarse – Realizada uma exposição em formato de escrita de toda a turma, onde
eles relatam os pontos negativos e positivos da atividade.
Prática social final - Neste momento, feita discussão e reflexão dos conteúdos
abordados relacionando-os com o cotidiano, onde os alunos apresentaram novos
posicionamentos, sendo que eles relataram que foi uma atividade criativa, pois eles
não imaginavam que poderiam realizar tantas atividades com o material.
5º Unidade - Ginástica Artística
Prática social inicial – A partir de questões norteadoras para levar os alunos a
refletirem sobre o que conhecem sobre a ginástica artística. “-Vocês já ouviram falar
em ginástica artística? O que é ginástica artística para vocês? Qual é a diferença da
ginástica que vocês conhecem? Como você conheceu a ginástica artística? O que
cada um acredita ser a ginástica artística? Quem pode praticar? Qual a opinião de
cada um sobre a ginástica artística? Quando falamos de ginástica o que você
pensa? Você já praticou ginástica alguma vez? Todos nós podemos praticar a
ginástica artística? “Os alunos relataram que já tinham conhecimento sobre a
ginástica artística, citaram vários elementos da ginástica, como piruetas, mortais e
saltos, comentaram que é uma atividade que exige muita força e equilíbrio
acontecem eventos que aparecem muito na televisão de quatro em quatro anos, que
a diferença para outras ginástica é que é praticada individualmente, que todos
podem participar e que já realizaram na escola.
Problematização – Foi utilizado recurso de questionamento, perguntando aos alunos
se no dia a dia, eles utilizavam diferentes formas de deslocamento, em quais
situações utilizavam esses movimentos e se seriam capazes de realizar esses
elementos corporais gímnicos na escola. Na opinião deles, qual a importância de
trabalhar esses elementos nas aulas de Educação Física. Se as posições corporais
que os ginastas realizam são habituais no cotidiano. Em qual momento a ginástica
se faz presente na escola e por quais motivos. Os alunos relataram que no dia a dia
utilizam vários tipos de deslocamento, que mesmo na atividade física podem ser
utilizados os vários movimentos, que é possível realizarem na escola, que é
importante trabalhar esses movimentos na aula, mas que existe alguns elementos
que só atleta que treina consegue realizar.
Instrumentalização – Foi utilizado o recurso de apoio TV pen drive, onde foi
apresentado um vídeo sobre a ginástica artística. Após, foi informado aos alunos
que eles iriam vivenciar alguns elementos corporais da ginástica artística. Foi
iniciada com a atividade onde os alunos foram distribuídos em grupos de cinco, cada
aluno tinha um número, o primeiro era o número um e seguia na sequência, o aluno
que ficava à frente era o mestre. Ele andava pelo espaço realizando alguns
movimentos, os demais, seguindo a fila, foram acompanhando realizando todos os
movimentos que o mestre fazia; após um tempo trocou o número e
consequentemente trocava o mestre. O professor pedia para (andar, correr, em
diferentes direções) Em seguida, a turma foi dividida em grupos de quatro alunos,
cada grupo ficou em uma estação distribuída pela quadra com os seguintes temas:
1º estação: rolamento grupado para frente. 2º estação: rolamento grupado para trás.
3º estação: roda (estrela). 4º estação: ponte. 5º estação: vela. 6º estação: avião. 7º
estação: esquadros. 8º estação: parada de três apoios ou de cabeça. 9º estação:
parada de mãos. 10º estação: reversão. O grupo ficou um tempo em cada estação,
realizando e praticando o movimento sugerido. Ao final, cada grupo realizou uma
coreografia utilizando cinco movimentos, e apresentou para a sala, e no final todos
apresentaram juntos.
Catarse - Foi realizada uma exposição verbal de toda a turma em grande círculo. Os
alunos relataram que tiveram muita dificuldade em realizar algumas das estações,
estrela, os apoios e a reversão.
Prática social final - Neste momento, teve início uma discussão e reflexão dos
conteúdos abordados, os alunos relataram que compreenderam que é possível
contextualizar os elementos trabalhados com suas ações cotidianas, admitiram que
é possível executar os movimentos da ginástica artística mesmo não sendo atleta,
pois na escola cada um tem o seu limite.
6º Unidade - Montagem de uma composição coreográfica.
Prática social inicial – A aula teve início com perguntas sobre coreografia, o que
precisavam fazer ou saber, para montar uma, o que era necessário em uma
coreografia e que tipo de música. Os alunos relataram que já tinham realizado
coreografia, mas que a maioria das vezes era com músicas que já tinha uma
coreografia pronta.
Problematização – Com o objetivo de levar o aluno ao entendimento do conteúdo
foram feitas outros questionamentos, perguntando: “Quais os materiais oficiais
utilizados na coreografia de ginástica de competição? O que é uma coreografia
bonita e perfeita? Existem regras e pontuações para coreografia de ginástica
competitiva?” Os alunos responderam que os materiais utilizados são maça, bola,
corda, arco, e disseram que deveria existir uma sequência de movimentos para sua
execução, a coreografia é bonita quando é realizada sem erros e com movimentos
perfeitos.
Instrumentalização – Teve início as atividades práticas onde foram distribuídos os
alunos em grupos de cinco pessoas, cada aluno tinha um número, o primeiro era
número um e seguia na sequência, o aluno que ficou a frente realizava diferentes
movimentos com o corpo, e os outros de trás imitavam-no, após um tempo a
professora trocou o número até todos realizarem a atividade. A professora
comandou várias situações, em círculo, andando, correndo, em fila, sempre
trocando o ritmo da música. Após foram espalhadas folhas de jornal pelo chão da
sala, como “Ilhas”. “Imaginem o mar, o sol, os coqueiros, etc...”, os espaços onde
havia jornais eram ilhas, e o espaço onde não havia jornais era mar. Quando tocava
a música, dançava no espaço do mar, como se estivessem nadando, quando a
música parava é porque estava vindo um tubarão, e então todos corriam para as
ilhas. Recomeçou a música e foram retiradas algumas ilhas e, repetiu-se isso até
que todos estavam amontoados num espaço equivalente a ½ folha de jornal.
Formaram-se grupos de oito pessoas onde cada um criou um movimento (esporte,
profissão) e um ensinou para o outro companheiro do grupo no ritmo da música,
fazendo uma sequência de oito tempos, depois se uniram todos os grupos, um
grupo ensinava para o outro a sua sequência. Ao final, a turma teve vários passos
da dança, juntou todos os passos criados e formou uma única coreografia, que
completou toda a música. Utilizou-se esta mesma coreografia utilizando um material
escolhido pelos alunos, para realizar a apresentação para todos.
Catarse - Foi feita após a apresentação um diálogo de identificação das dificuldades
e facilidades na vivência, nas colocações dos alunos eles declaram ter gostado de
realizar uma coreografia, que se sentiram integrados pelo grupo, e que não teve
nenhum ponto negativo.
Prática social final - Neste momento foi feita uma discussão e reflexão dos conteúdos
abordados e relação com seu cotidiano, onde eles apresentaram seus novos
posicionamentos às questões da Ginástica Geral, o que aprenderam de novo, se o
conceito mudou com relação a esta nova prática. Eles relataram sobre o contexto
social das ações desenvolvidas para a construção da coreografia como: Saber ouvir,
respeitar as ideias e opiniões dos demais. No dia a dia, parar para ouvir alguém,
escutar a opinião do colega, que muitos não tinham conseguido ter ideais e opiniões,
mas que neste trabalho tiveram uma participação ativa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo realizou uma proposta de trabalho sistematizada, em
consonância com as DCEs, onde traz pedagogicamente a Educação Física como
conhecimento, levando como tema a expressão corporal. A Educação Física escolar
está configurada em temas de atividades corporais: jogos, esportes, ginásticas e
danças todos de grande importância para o desenvolvimento, sendo confirmada que
algumas delas não são trabalhadas nas aulas de Educação Física, e este trabalho
teve como estudo a Ginástica Geral, levando o conteúdo com aulas sistematizadas
por meio da pedagogia histórico crítica, de forma atrativa e introduzindo como
mesmo valor das outras modalidades na concepção dos educandos.
Dentro dos princípios da Metodologia Histórico Crítico, acreditamos ter
levado os educandos a vivenciarem as atividades corporais, pois foram trabalhados
na perspectiva da interação social, valorização do conhecimento, inclusão e trabalho
em equipe. De forma contextualizada, os alunos perceberam, como cidadãos
conscientes e críticos, que por meio de vivências, reflexões e estudos de texto que
podem interferir e transformar uma realidade posta.
Conclui-se que os educadores precisam propor conteúdos estando abertos
ao novo e desenvolvendo diferentes metodologias, pois quando o aluno passa a
fazer, ele gosta da atividade, e, quando o professor adquire e se encanta com o
conhecimento este passa a ser um conteúdo incorporado a sua prática,
conquistando todos os educandos.
REFERÊNCIAS
AYOUB, Eliana. Ginástica geral e educação física escolar. Campinas, SP: Unicamp,
2003.
BARBOSA-RINALDI, I. P. A ginástica como área de conhecimento na formação
profissional em educação física: encaminhamentos para uma estruturação curricular.
Campinas, Tese (Doutorado em Educação Física) Faculdade de Educação Física da
Universidade Estadual de Campinas, Campinas SP, 2005.
GAIO, Roberta; BATISTA, José Carlos (org). Ginástica em questão. Ribeirão Preto, SP:
Tecmedd, 2006.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade. Fundamentos de Metodologia
científica. 3. Ed. São Paulo: Atlas, 1991.
OLIVEIRA, Amauri Aparecido Bassoli. Ensinando e aprendendo esportes no programa
segundo tempo (El AL.) (organizadores). Maringá: Eduem, 2011
PARANÁ. Secretária de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação
Básica, Curitiba: SEED, 2008.
PAOLIELLO, Profª Drª Elizabeth. O Universo Da Ginástica. Grupo de Pesquisa em
Ginástica Geral FEF. Disponível em:
<http://www.ginasticas.com/conteudo/gimnica/gin_ginastica/ginasticas_com_gimnica_o_univ
erso_da_ginastica.pdf> Acesso em: 18 de set. de 2012.
REIS, Lorena Nabanete. Esporte Educacional: uma proposta gímnica para o programa
segundo tempo no Estado do Ceará. Dissertação de mestrado. UEM, Maringá, Paraná
2011.
SOARES, Carmem Lúcia. Metodologia do Ensino da Educação física. São Paulo, Cortez,
1992.
SOUZA, Elizabeth Paoliello. Ginástica geral: uma área do conhecimento da educação
física. Tese (doutorado). Faculdade de educação física, UNICAMP. EDITORA DA Unicamp
CAMPINAS, SÃO PAULO, 1997.