fichamento modelo

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 UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO Programa de Pós-graduação em História - Mestrado Disci!i"a# História Po!$tica I Doce"te# A"a %ui&a Setti Rec'&iege! Disce"te# (iago Arcego Da Si!)a História e Teoria Política MENDON*A+ So"ia Regi"a, FON(ES+ Virg$"ia História e teoria o!$tica I"# .ARDOSO+ .iro, VAINF AS + Ro"a!do /orgs0  Novos domínios da História Rio de 1a"eiro# E!se!)ier+ 2342+ 55-62 P. Citação 55 7Prete"demos 8or"ecer uma )isão a"or9mica+ a:orda"do asectos da re!ação e"tre teoria+ oder+ o!$tica e ;istória< 55 7A ;istória o!$tica 8oi a moda!idade mais sig"i8icati)a da ;istoriogra8ia do s=cu!o >I> ?@ Seus disti"tos autores suu";am ue uma er8eita descrição dos 8e"Bme"os do Estado e de seus age"tes correso"deria ao rio rocesso ;istórico+ se"do esta a :ase de sua matri& i"terretati)a< 55 7? @ tra ta) a-se de esta:e!ec er 8atos+ dataçCes e doc ume "tos ri )i! egiados a ra co"so!idar o ue se esera)a ue )iesse a ser uma ;istória !e"ame"te cie"ti8ica< 55 7?@ outros )ieses ;istóricos critica)am durame"te aue!a rodução ;istórica ?@< /Niet&sc;e+ Mar+ Esco!a dos  Annales0 5 7Some"te "a d=cada de 463+ a ;istória o!$tica ressurgiria so: "o)os 8ormatos+ "o co"teto de modi8icaçCes eressi)as )eri8icadas "o 9m:ito da ria esco!a dos  Annales+ te"do como recursores Pierre Nora e 1acues 1u!!iard< 5 7Es sa G"o)a ;is tór ia o! $tic a arese"ta dois as ec tos ri "ci a is# a te"d"cia a a:a"do"ar as Gi"ge"uidades do "arrati)ismo tradicio"a! em 8a)or de osiçCes mais de acordo com a moder"a ci"cia o!$tica< e e"8oues 7redomi"a"teme"te co"ser)adores do o"to de )ista das co"ceçCes sociais e o!$ticas de8e"didas ou ma"i8estadas or seus autores< /.ardoso+ 2344+ 0 5 7Arese"tamos a!gu"s gra"des em:ates "a re8!eão teórica so:re Estado+ oder e  o!$tica+ e os co"tor"os mais atuais ue co"du&iram ao redom$"io de uma 8ragme"tação ;istoriogrJ8ica ue gerou i"Kmeras Gauto"omias re!ati)as+ co"duce"tes a uma uase aartação e"tre sociedade+ o!$tica+ cu!tura e imagi"Jrio< Da descrição o!$tica L teoria das e!ites 5 - 7A matri& 8i!osó8ica !i:era ! te "d ia a so :r e or -se Ls demais ? @ Para ta! ma tr i&+ a

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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDOPrograma de Ps-graduao em Histria - MestradoDisciplina: Histria Poltica IDocente: Ana Luiza Setti ReckziegelDiscente: Tiago Arcego Da Silva

Histria e Teoria Poltica

MENDONA, Sonia Regina; FONTES, Virgnia. Histria e teoria poltica. In: CARDOSO, Ciro; VAINFAS, Ronaldo (orgs.). Novos domnios da Histria. Rio de Janeiro: Elselvier, 2012, p. 55-72.

P.Citao

55Pretendemos fornecer uma viso panormica, abordando aspectos da relao entre teoria, poder, poltica e histria.

55A histria poltica foi a modalidade mais significativa da historiografia do sculo XIX. [..] Seus distintos autores supunham que uma perfeita descrio dos fenmenos do Estado e de seus agentes corresponderia ao prprio processo histrico, sendo esta a base de sua matriz interpretativa.

55[...] tratava-se de estabelecer fatos, dataes e documentos privilegiados para consolidar o que se esperava que viesse a ser uma histria plenamente cientifica.

55[...] outros vieses histricos criticavam duramente aquela produo histrica [...]. (Nietzsche, Marx, Escola dos Annales).

56Somente na dcada de 1970, a histria poltica ressurgiria sob novos formatos, no contexto de modificaes expressivas verificadas no mbito da prpria escola dos Annales, tendo como precursores Pierre Nora e Jacques Julliard.

56Essa nova histria poltica apresenta dois aspectos principais: a tendncia a abandonar as ingenuidades do narrativismo tradicional em favor de posies mais de acordo com a moderna cincia poltica e enfoques predominantemente conservadores do ponto de vista das concepes sociais e polticas defendidas ou manifestadas por seus autores (Cardoso, 2011, p.9).

56Apresentamos alguns grandes embates na reflexo terica sobre Estado, poder e poltica, e os contornos mais atuais que conduziram ao predomnio de uma fragmentao historiogrfica que gerou inmeras autonomias relativas, conducentes a uma quase apartao entre sociedade, poltica, cultura e imaginrio.

Da descrio poltica teoria das elites

56-57A matriz filosfica liberal tendia a sobrepor-se s demais [...]. Para tal matriz, a sociedade compe-se de indivduos cuja natureza suscita condutas egostas e agressivas; o Estado seria o pacto necessrio para garantir, a partir de sua externalidade contratual, os direitos naturais tidos como fundamentais: a vida e a propriedade. (Hobbes, Locke e Rousseau).

57[...] seu mtodo, que pretendia conferir s cincias sociais o mesmo estatuto das ditas cincias exatas, substituindo a interpretativo pela demonstratio no estudo das regularidades do comportamento moral/poltico dos homens.

O marxismo e a luta terica sobre Estado e poder

57Nessa matriz terica, a sociedade no pode ser tomada como mero somatrio de indivduos, como supunham os pensadores liberais tanto para o momento denominado Estado de natureza, quanto para o Estado [ou sociedade] civil, fruto do contrato social firmado, em teoria, entre o governo e cada um de seus governados.

57O Estado no procede, aqui, de pacto ou acordo, mas emerge do conjunto das relaes sociais para assegurar a continuidade da produo e reproduo de sua existncia; tampouco consiste em uma exigncia da natureza humana, sendo fruto das diferenciaes internas da vida social, que conduziram diviso de classes.

Do abandono do Estado nova histria poltica

58[...] nos anos 1970 novas tendncias tericas enfatizam alguns desses temas, desconectando-os da centralidade estatal. [...] Tratava-se, agora, de localizar nos mnimos espaos sociais as formas pelas quais se multiplicavam poderes que, por um lado, reproduziram as estratgias de denominao e, por outro, criavam novos mecanismos de opresso/subordinao. (Cita Foucault)

58Certamente, tal abordagem no subsidiou uma historiografia propriamente poltica, mas sim outra de cunho culturalista.

59A rigor no houve apenas uma velha histria poltica, mas vrias e diante delas a nova histria poltica promoveria trs rupturas-chave: admitir que jamais foram politicamente neutras; apontar que todas tentaram substituir uma abordagem monoltica por outra; sinalizar que todas evitaram explicar a relao entre mudana social e poltica.

59Uma tnica da nova especialidade priorizar a anlise das representaes, dos ritos e dos smbolos de poder, sem deixar de lado a discursividade, presentes nas memrias coletivas, basicamente estudadas a partir das tcnicas de histria oral.

60Como alerta Ronald Formisano (2001, p. 396), dentre os problemas inerentes nova histria poltica est a focalizao excessiva dos adornos do poder em detrimento de seus objetivos materiais e suas consequncias, reiterando a colagem ou con-fuso entre nova histria poltica e cultura poltica.

60O giro histrico no estudo da cultura poltica remonta aos ltimos trinta anos; o conceito necessita, entretanto, de um exame consciente, em especial das comparaes e das diversas dimenses do poder na sociedade (Elkins; Simeon, 1979, p. 129).

Estado, poder e poltica: Perspectivas crticas sobre a histria poltica,

60Uma histria poltica envolve definir os contornos do que se chama poltica, envolve identificar formas culturais, miditicas, lingusticas, ideolgicas e representacionais sob as quais os agentes significam suas existncias; envolve ainda as inmeras interaes sociais nas quais esto imersos os seres histricos (economia, famlia, instituies, etc.).

61 na complexa teia de relaes sociais que configura um perodo ou processo histrico que podemos encontrar e definir tanto as formas de poder e sua cristalizao quanto os movimentos que, aberta ou discretamente, envolvem conflitos e disputas por ele.

62A reflexo gramsciana integra e ultrapassa as dicotomias vontade versus imposio, sujeito versus sociedade e base versus superestrutura por meio de uma anlise cuja nfase histrica, tanto no sentido da construo das formas de interveno social das classes, dos grupos e das fraes de classe, quanto no sentido de remeter ao processo de expanso da dinmica socioeconmica capitalista em sua relao com a poltica.

63Em Gramsci, a prpria construo das vontades (coletivas e organizadamente) torna-se objeto preferencial da anlise, uma vez que o conceito de aparelhos privados de hegemonia, forma preponderante na sociedade civil, permite coligar o processo pelo qual se elaboram as conscincias, atingindo a organizao do poder do Estado (sociedade poltica).

64Cultura, para Gramsci, compe-se do conjunto dos projetos e vises de mundo pautados por valores, crenas e autopercepes de indivduos e grupos sobre seu lugar social desenvolvidos por cada classe ou frao, em permanente disputa.

64Logo, em Gramsci cultura e poltica so inseparveis [...].

65[...] Gramsci exorta os setores subalternos (o conjunto das classes dominadas) a multiplicarem seus prprios aparelhos privados de hegemonia, de modo a defender-se e contrapor-se extenso crescente da dominao de classe que, nutrida dentro e fora do Estado, tende a impor-se como natureza cultura

Gramsci, Bourdieu e a poltica

64-65[...] Bourdieu refina a anlise sobre as medies entre sujeito e grupos sociais, superando a dicotomia entre internalidade e externalidade pela via cultural.

65O maior pomo da discrdia entre ambos os pensadores reside, para Burawoy (op. Cit., p. 57-59), na incompatibilidade entre dois conceitos: o de intelectual orgnico rejeitado por Bourdieu em face de sua viso peculiar sobre o intelectual (para ele apenas o de atuao acadmica) e o de hegemonia por ele retraduzido a partir da violncia/poder simblicos.

66Enquanto a hegemonia aberta e explicita, a violncia simblica sorrateira, tendo como sua precondio o desconhecimento de seu exerccio. Logo, a submisso dominao seria, para o socilogo francs (Bourdieu), uma questo de crena/habitus (inconscientes), sem envolver a produo de uma conscincia critica.

67Dessa forma, apesar de dotados de fundamentos tericos diferenciados, os conceitos de hegemonia e violncia simblica mais se apoiam do que se anulam, sendo ambos necessrios, mais companheiros do que antagonistas

68Assim, nem a chamada nova histria poltica de que muitos se dizem herdeiros pode resumir-se poltica como espetculo, nem a chamada cultura poltica pode restringir-se ao estudo das manifestaes dos de baixo ou das elites sob pena de esvaziar-se a questo mais cara histria: a complexa integrao dos diferentes nveis da vida social

69Logo, dentro e fora do Estado restrito constitui-se o que se pode, legitimamente, chamar de histria poltica.