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FERNANDA BELLOTTI FORMIGA Fatores Prognósticos em Pacientes Portadores de Adenocarcinoma Colorretal Estadio IV Dissertação apresentada ao Curso de Pós Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do Título de Mestre em Pesquisa em Cirurgia. São Paulo 2013

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FERNANDA BELLOTTI FORMIGA

Fatores Prognósticos em Pacientes Portadores de

Adenocarcinoma Colorretal Estadio IV

Dissertação apresentada ao Curso de Pós

Graduação da Faculdade de Ciências

Médicas da Santa Casa de São Paulo para

obtenção do Título de Mestre em Pesquisa

em Cirurgia.

São Paulo

2013

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FERNANDA BELLOTTI FORMIGA

Fatores Prognósticos em Pacientes Portadores de

Adenocarcinoma Colorretal Estadio IV

Dissertação apresentada ao Curso de Pós

Graduação da Faculdade de Ciências

Médicas da Santa Casa de São Paulo para

obtenção do Título de Mestre em Pesquisa

em Cirurgia.

Área de Concentração: Anormalidades da

Proliferação e Morte Celular

Orientador: Prof. Dr. Fang Chia Bin

São Paulo

2013

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DEDICATÓRIA

A meus pais, Galdino José Sitonio Formiga e Suely Teresa Bellotti Formiga, por me

proporcionarem personalidade, sabedoria e profissão. Meu eterno muito obrigada pela

grande dedicação aos filhos.

Ao Dr. Galdino José Sitonio Formiga, exemplo de assistência e dedicação em

coloproctologia: grande influenciador de minha vida profissional.

A meus avós, José Bellotti dos Santos e Laura Norma Giacomini Bellotti, 89 anos, por

acreditarem e rezarem pelo futuro brilhante dos netos.

Ao meu eterno e querido irmão-herói, Henrique Bellotti Formiga (in memoriam), presente

estimulador da ciência e da pesquisa.

A minha irmã e amiga Cristina Bellotti Formiga Bueno, por sua cumplicidade e

companheirismo.

Ao meu amor e futuro esposo, Bernardo Fontel Pompeu, por afagar meu coração, com

paciência e doação.

Ao Sr. José Maury de Barros (in memoriam) e tantos outros pacientes com adenocarcinoma

colorretal estadio IV por acreditarem e lutarem pelo seu tratamento. A força de vida em

meio a tanta doença dá sentido a esta pesquisa.

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AGRADECIMENTOS

Ao Professor Doutor Fang Chia Bin, Chefe da Área IV (Coloproctologia) do

Departamento de Cirurgia da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, meu

orientador, agradeço pela orientação e paciência. Revelo toda minha admiração por sua

dedicação à Santa Casa e sua competência como coloproctologista completo.

Ao Professor Doutor Peretz Capelhuchnik, titular da Faculdade de Ciências

Médicas da Santa Casa de São Paulo: mestre de tantos coloproctologistas, inspiração e

exemplo de sabedoria. Obrigada por todos seus ensinamentos e conselhos.

Aos demais Coloproctologistas do Departamento de Cirurgia da Irmandade da Santa

Casa de Misericórdia de São Paulo. Em especial: Prof. Dr. Wilmar Artur Klug, Prof. Dr.

José Mandia Netto, Dr. Jorge Alberto Ortiz e Dr. Paulo de Azeredo Passos Candelária. Por

todos os ensinamentos transmitidos.

À equipe de Oncologia Clínica da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São

Paulo pela eficiência e carinho na assistência aos nossos doentes.

Aos Professores da Banca de Qualificação, Prof. Dr. Fábio Gonçalves Ferreira,

Prof. Dr. Carlos Augusto Real Martinez, Prof. Dr. Caio Sérgio Rizkallah Nahas e Profa.

Dra. Marineide Prudêncio de Carvalho, cujos comentários enriqueceram meu estudo.

Às professoras Erika Tiemi Fukunaga e Ting Hui Ching, psicólogas da estatística,

pela disposição e paciência.

Aos funcionários do Serviço de Arquivos Médicos da Irmandade da Santa Casa de

Misericórdia de São Paulo pela seriedade, profissionalismo e empenho.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES, que me

concedeu oportunidade de docência e pesquisa através do Programa de Suporte à Pós-

Graduação de Instituições de Ensino Particulares/PROSUP.

À Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e à Irmandade da

Santa Casa de Misericórdia de São Paulo por transformarem os tijolinhos em minha

segunda e querida casa. Treze primeiros anos de amor e dedicação.

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ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

ALT: alanina aminotransferase

AP: atividade protrombínica

ASA: Sociedade Americana de Anestesiologia

AST: aspartato aminotransferase

CEA: antígeno carcino-embrionário

DP: desvio padrão

DHL: desidrogenase lática

FA: fosfatase alcalina

GGT: gama glutamil transferase

Hb: hemoglobina

IC: intervalo de confiança

IMC: índice de massa corpórea

ISCMSP: Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo

PO: pós-operatório(a)

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ………………………………………………………………………. 8

2 OBJETIVOS ………………………………………………………………………….. 13

3 CASUÍSTICA E MÉTODO ………………………………………………………….. 14

4 RESULTADOS ………………………………………………………………………. 20

5 DISCUSSÃO …………………………………………………………………………. 44

5.1 Fatores relacionados ao doente:

5.1.1 sexo e idade ...................................................................................................

45

5.1.2 tempo de história, sinais e sintomas .............................................................. 46

5.1.3 antecedente pessoal e familiar de câncer ...................................................... 50

5.1.4 comorbidades, hábitos e vícios ..................................................................... 50

5.1.5 variáveis laboratoriais da admissão ............................................................... 50

5.1.6 variáveis laboratoriais pós-operatórias .......................................................... 52

5.2 Fatores relacionados ao tumor:

5.2.1 topografia .....................................................................................................

53

5.2.2 histologia e antígeno carcino-embrionário ................................................... 55

5.2.3 metástases ..................................................................................................... 58

5.3 Fatores relacionados ao tratamento do tumor primário:

5.3.1 cirurgia .........................................................................................................

60

5.3.2 morbi-mortalidade e cirurgia de urgência .................................................... 69

5.3.3 margem ......................................................................................................... 72

5.3.4 terapia neoadjuvante, quimioterapia, radioterapia e antiangiogênico .......... 73

5.4 Fatores relacionados ao tratamento do tumor secundário ...................................... 77

6 CONCLUSÕES ............................................................................................................. 82

7 ANEXOS ....................................................................................................................... 83

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 87

RESUMO ....................................................................................................................... 105

ABSTRACT .................................................................................................................. 106

APÊNDICES ................................................................................................................. 107

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1 INTRODUÇÃO

O tumor colorretal é de alta prevalência na população mundial(1)

. As últimas

estimativas, que excluem tumores de pele não melanoma, apontam que o tumor colorretal é

o terceiro de maior incidência mundial com 1.233.700 casos novos no ano de 2008, atrás de

pulmão (e brônquios, conjuntamente) e mama(1,2)

.

Entre os homens, o tumor colorretal também é o terceiro de maior incidência

mundial (663.600 casos novos/ano) e o segundo entre as mulheres (570.100 casos

novos/ano)(1,2)

.

É o quarto lugar de mortalidade entre todos os tumores, com 608.700 óbitos por

ano, sendo o quarto que mais mata entre os homens (320.600 óbitos/ano) e o terceiro entre

as mulheres (288.100 óbitos/ano). Pulmão e brônquios, fígado e estômago, em ordem

decrescente, estão na liderança da mortalidade(1)

.

As regiões mais desenvolvidas do mundo são de maior prevalência do carcinoma

colorretal. Austrália e Nova Zelândia, Europa e América do Norte lideram as taxas de

incidência do tumor colorretal, enquanto África e Ásia Sul/Central tem as menores taxas(1)

.

Há 30.140 casos novos e 8.000 mortes por tumor colorretal no Brasil,

correspondendo ao terceiro tumor de maior incidência (primeiro é próstata e segundo,

mama), segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer para 2012. É o terceiro mais

comum tanto entre homens (14.180 casos novos/ano) quanto entre mulheres (15.960 casos

novos/ano)(3)

.

A região Sudeste, a exemplo dos países desenvolvidos, tem a maior prevalência da

doença. Porém, analisando criticamente, a extensão continental do Brasil e as diferenças

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sócio-econômicas regionais acarretam insuficiente notificação de câncer e ineficaz

atendimento médico em áreas mais pobres, fazendo com que as maiores cidades

concentrem diagnóstico e tratamento de pacientes originados de todo país. O tumor

colorretal se mantém em terceiro lugar no Sudeste, atingindo a segunda maior incidência

entre homens e mulheres: 20 casos novos por ano a cada 100 mil homens e 23 casos novos

a cada 100 mil mulheres(3)

.

Mundialmente o tumor colorretal predomina no sexo masculino (1:1,16)(1,2)

,

diferente do Brasil onde há discreto predomínio da população feminina (1:1,13)(3)

.

Os Estados Unidos da América são o único país que reduziu taxa de incidência de

carcinoma colorretal na última década, fruto de rastreamento eficaz, detecção e remoção de

lesões pré malignas(4,5)

.

Assim, enquanto a mortalidade tem diminuído nos países ocidentais com o aumento

do diagnóstico precoce e a melhora dos tratamentos(2,6,7)

, os países com recursos limitados e

menor infra-estrutura, como América do Sul e Central e Europa Oriental, ainda persistem

com altas taxas de óbito(5)

.

O avanço tecnológico, a notável melhoria dos recursos diagnósticos, as campanhas

de conscientização médica e populacional quanto ao diagnóstico precoce e prevenção do

tumor colorretal são atitudes ainda distante no nosso meio.

É evidente que as taxas de tumores precoces elevaram-se com a divulgação da

colonoscopia no meio médico. Mas os tumores avançados não reduziram sua incidência: 9

a 30% dos tumores colorretais já são metastáticos(8-22)

e 15% dos carcinomas colorretais são

incuráveis na admissão(22)

. Isto sugere que há uma faixa da população brasileira e mundial

que continua sem assistência médica e, principalmente, que o conhecimento do

comportamento do tumor metastático, ainda é um desafio.

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O sítio mais comum de metástase é o fígado, seguida de peritônio e pulmão(17,23)

. O

peritônio, outrora menos frequente, teve sua prevalência aumentada ao longo das últimas

décadas devido ao incremento do diagnóstico da disseminação transcelômica.

Define-se metástase sincrônica aquela cujo diagnóstico do tumor primário é

concomitante ao do tumor secundário. A maioria das metástases hepáticas sincrônicas já

são extensas no diagnóstico, com apenas 3 a 30% de elegibilidade para extirpação cirúrgica

com intenção curativa(8-11,14,19,21,22,24,25)

.

Por isso, os tumores metastáticos eram, outrora, considerados sem qualquer

possibilidade terapêutica. Restavam aos pacientes com adenocarcinoma colorretal estadio

IV (M1a: metástase confinada a um único sítio. M1b: metástase em mais de um sítio ou

peritônio)(26)

, principalmente aqueles com lesões não ressecáveis, tratamento paliativo com

cirurgia higiênica ou suporte clínico.

O paciente com doença disseminada é heterogêneo(23)

pois, apesar de pertencer ao

mesmo estadio, tem gravidades distintas. O avanço terapêutico cirúrgico, intervencionista

não cirúrgico, quimioterápico e de suporte, devem proporcionar terapêuticas diferenciadas e

particularizadas a estes pacientes, visando alcançar o máximo de sobrevida, já que a cura da

doença é realidade para poucos.

O paciente com metástase extirpável só atingirá possibilidade de cura com conduta

cirúrgica, tanto do tumor primário quanto do secundário, associada a quimioterapia, que

melhora sobrevida.

Já os doentes com metástases inextirpáveis podem evoluir de maneiras bem

distintas: beneficiando-se de terapêuticas agressivas, seja por ganho na qualidade de vida

ou aumento do tempo livre de progressão de doença ou evoluindo mal e rapidamente, a

revelia de qualquer tratamento.

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Assim, esta dicotomia traz dúvidas tanto ao paciente e sua família quanto à equipe

médica, uma vez que toda intervenção nessa fase é paliativa, mesmo assim, invasiva e nada

inócua, trazendo grande morbi-mortalidade.

O tratamento cirúrgico do paciente com tumor primário sintomático (obstrução,

sangramento, fístula ou perfuração) é indiscutível. Entretanto, a literatura ainda diverge

quanto a exérese do tumor primário em pacientes assintomáticos ou oligossintomáticos com

metástases inextirpáveis, sugerindo que os pacientes podem não se beneficiar(27)

.

Todavia, o tratamento cirúrgico ainda é realidade em muitos países(22,28)

, seja por

desejo dos pacientes, experiência do cirurgião ou porque a quimioterapia oferecida está

aquém da necessária para controle da doença disseminada(29,30)

, fazendo a equipe médica

optar pelo tratamento cirúrgico inicial.

Excetuando pacientes com sinais claros de insuficiência hepática (icterícia, ascite) e

sem condições mínimas para tolerar qualquer tratamento (quimioterápico ou cirúrgico), os

outros doentes estadio IV são tratados baseados nos sintomas da lesão primária e na

possibilidade de cura da secundária(28-30)

. Apesar desses parâmetros serem fundamentais,

eles são insuficientes se considerarmos as inúmeras variáveis que podem determinar o

prognóstico desse doente. Idealmente, a decisão quanto a melhor terapêutica deveria se

basear na identificação dessas variáveis.

Assim, na última década, muitos autores tentaram identificar fatores prognósticos

para pacientes com adenocarcinoma colorretal estadio IV. O mais estudado é, sem dúvida,

o papel da exérese do tumor primário(27,31)

.

Não menos importante, outras variáveis são analisadas quanto ao papel prognóstico

no adenocarcinoma colorretal metastático. Fatores relacionados ao paciente:

sexo(13,14,21,22,32-36)

, idade(13,14,21,22,32-44)

, presença de sintomas(13,33,34)

, ascite(42)

, obstrução

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intestinal(13)

, status de desempenho(13,16,32,34,38,45-49)

, comorbidades(33,50)

, risco anestésico

classificado pela Sociedade Americana de Anestesiologia (ASA)(13,33,35,36)

,

hemoglobina(21,43)

, albumina(16,42)

, enzimas canaliculares(12,16,32,42)

, aspartato

aminotransferase (AST)(19)

e alanina aminotransferase (ALT)(16)

e desidrogenase lática

(DHL)(32,43)

. Fatores relacionados ao tumor: localização do tumor primário(8,13,14,23,32-35,38)

,

infiltração tumoral da parede do órgão (T)(13,14,22,32,33,36,37,41,42,44)

, linfonodos comprometidos

pelo tumor (N)(13,14,22,32,33,36,37,39-41,44,45,51-53)

, característica macroscópica do tumor(14,22,32,37)

,

grau de diferenciação histológica(13,14,21-23,32-35,37-41,44,50,51)

, aspecto mucinoso(14,22,34,35,51)

,

invasão angiolinfática e perineural(14,51)

, extensão das metástases hepáticas(12,13,19-23,32,33,36-

41,43,44,50-52,54-57), carcinomatose peritoneal

(16,22,23,33,36,37,39,41,44,51-53,56,57), metástases extra-

hepáticas(14,37,58)

, número de sítios de metástases(13,22,33-36,43,51,54)

e marcadores

tumorais(13,17,32,34,37,40,41,43,48-50,54,59)

. Além de fatores relacionados ao tratamento: cirurgia de

urgência(36)

, margem ou radicalidade da extirpação tumoral(14,32,33,36,44,46,47,51)

, duração do

ato cirúrgico(22)

, transfusão pós-operatória (PO)(41)

e

quimioterapia(11,13,14,23,33,34,36,37,40,41,45,51,56,57,60-66)

.

Atualmente, a sobrevida desses pacientes, apesar de continuar baixa a longo prazo

(5,7 a 20% em 5 anos)(8,9,13,21,26,36,67,68)

, cresceu de 12 meses(69)

para 20 meses na última

década(70,71)

. O conhecimento do comportamento do tumor colorretal e, com isso, maior

possibilidade de utilização de terapêuticas adequadas para o controle da doença, e não

necessariamente sua cura, foram os responsáveis pelo aumento da sobrevida.

Sem qualquer tratamento, esses pacientes morrem em menos de um ano devido à

doença metastática hepática em 60% dos doentes(14)

. Recentes quimioterápicos como

oxaliplatina, irinotecano e agentes antiangiogênicos melhoraram a resposta tumoral em

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47% e, consequentemente, prolongaram o tempo livre de progressão de doença e,

finalmente, a sobrevida.

Assim, a identificação de fatores prognósticos de sobrevida pode selecionar

pacientes que terão benefício com conduta agressiva tanto cirúrgica quanto não cirúrgica.

Conhecemos as vias de carcinogênese do carcinoma colorretal: caminho da

instabilidade cromossômica, instabilidade microssatélite, instabilidade epigenética e

seqüência displasia-carcinoma(72,73)

.

Conhecemos também a biologia da formação da

metástase: carcinogênese (proliferação da mucosa tumoral com alterações genéticas

surgindo oncogenes e diminuindo genes supressores de tumor); angiogênese (regulação dos

fatores pró e anti-angiogênicos); invasão (células atravessam a membrana basal, entrando

em vasos linfáticos e microcirculação até a circulação sistêmica) e, por fim, aderência

(células malignas que se desprendem, aderem a outro epitélio ou membrana basal e o foco

tumoral pode ou não crescer formando a metástase)(72)

. Porém ainda estamos longe de

entender todo o processo evolutivo pós-metastatização e porque a relação paciente-doença

pode se comportar tão diferente nessa fase.

Visto isso, comprova-se a importância de identificar possíveis características

clínicas e histológicas que sejam marcadores prognósticos de sobrevida do adenocarcinoma

colorretal estadio IV. Isso certamente contribuirá para o planejamento terapêutico desses

pacientes.

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2 OBJETIVOS

Identificar fatores prognósticos, clínicos e histológicos, que interferem na sobrevida

global dos pacientes com adenocarcinoma colorretal metastático no momento do

diagnóstico.

Como objetivos secundários, o estudo visa identificar se algum fator estudado

interfere no tempo livre de progressão de doença e na sobrevida pós-operatória.

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3 CASUÍSTICA E MÉTODO

O presente estudo é uma Coorte retrospectiva e fixa: pacientes com adenocarcinoma

colorretal de estadio IV diagnosticados e acompanhados no período de julho de 2000 a

julho de 2010 no Hospital Central da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São

Paulo (ISCMSP).

O tempo de seguimento mínimo foi 24 meses, com todos os pacientes vivos

catalogados até julho de 2012.

Foram incluídos os casos bem documentados tanto em relação aos aspectos clínicos

dos pacientes quanto a biópsia ou peça cirúrgica do tumor primário. Além disso, em relação

a lesão metastática sincrônica, só foram incluídos os pacientes cujo diagnóstico foi feito por

exame de imagem pré-operatório e achado intra-operatório confirmado por exame de

imagem pós-operatório, biopsia intra-operatória ou peça cirúrgica.

Foram excluídos pacientes com biopsia ou peça cirúrgica de outros serviços que

foram encaminhados ao nosso apenas para quimioterapia e/ou seguimento oncológico.

Também foram excluídos pacientes com antecedente pessoal de adenocarcinoma colorretal

ou metástase metacrônica.

O trabalho, projeto no 002/12, foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa em

Seres Humanos da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, em 18/01/2012

(Apêndice 1).

Os dados foram obtidos através de revisão de prontuário médico e revisão de

lâminas ou blocos em caso de dúvidas quanto às características histológicas da lesão. Todos

os dados foram catalogados através de protocolo detalhado (Anexo 1).

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Assim, estudaram-se 81 variáveis, discriminadas e categorizadas em fatores

relacionados ao paciente (Tab. 1), ao tumor (Tab. 2) e ao tratamento (Tab. 3).

TABELA 1 - Fatores estudados relacionados ao paciente.

Variáveis Clínicas Variáveis Laboratoriais

da admissão e do pós-operatório

Sexo Linfadenopatia Hemoglobina admissão (valor)

Idade IMC Hemoglobina PO

Tempo de história Antecedente pessoal de (Hb≥10 ou <10 g/dL)

Sinais e sintomas câncer não colorretal Albumina (≥ ou <3,5g/dL)

Dor Comorbidades Coagulograma (AP ≥ ou <70%)

Distensão abdominal Doença cardiovascular Bilirrubina total (<2 ou ≥2mg/dL)

Sangramento Diabetes mellitus Enzimas canaliculares (normais,

Emagrecimento Doença pulmonary elevadas)

Alteração de hábito intestinal Insuficiência renal AST / ALT (normais, elevadas)

Ascite Tabagismo Função renal (normal, alterada)

Tumor abdominal palpável ou

retal fixo

Etilismo

Antecedente familiar de

Obstrução intestinal

Hepatomegalia

câncer colorretal

Os sinais e sintomas foram agrupados em uma mesma categoria, assim se

consideraram tanto as queixas do paciente quanto o que foi constatado pelo médico ao

exame físico no primeiro atendimento. A variável dor incluiu tanto dor abdominal quanto

retal, anal e até mesmo sensação de puxo e tenesmo. O emagrecimento foi caracterizado

como qualquer perda ponderal: ≤5%, 5-10%, >10% do peso habitual.

Todo paciente com algum tumor não colorretal prévio foi considerado como tendo

antecedente pessoal de câncer.

Analisou-se a presença de comorbidades e também discriminadamente quanto ao

tipo, dando ênfase nas mais prevalentes que caracterizaram a casuística. Foi considerada

comorbidade leve toda doença controlada com medicações de primeira linha, que não

descompensa há mais de dois anos, assim como doença cardiovascular leve. Por outro lado,

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comorbidade e doença cardiovascular moderada e grave foram consideradas na presença de

doenças descompensadas, assim como doença aterosclerótica com repercussão clínica,

mesmo controlada.

Antecedente familiar de câncer colorretal foi considerado presente apenas para os

pacientes com parentes de primeiro e segundo graus.

Os dados laboratoriais catalogados do prontuário médico foram, para todos os

pacientes, os resultados adquiridos no momento do diagnóstico do tumor. Para os pacientes

operados, os dados pós-operatórios foram aqueles do terceiro mês após a alta hospitalar. As

enzimas canaliculares estudadas foram gama glutamil transferase (GGT) e fosfatase

alcalina (FA).

Os fatores estudados relacionados ao tumor primário e ao secundário foram

representados na Tabela 2.

TABELA 2 - Fatores estudados relacionados ao tumor.

Variáveis do tumor primário Variáveis do tumor secundário

Localização (reto extra-peritoneal,

cólon esquerdo, cólon proximal)

Tumor sincrônico

Grau de diferenciação tumoral

(bem, moderado, pouco

diferenciado)

Metástase hepática (ausente,

<50%, ≥50% de parênquima

hepático comprometido)

Estenose à colonoscopia

(transponível, intransponível)

Componente mucinoso

CEA

Carcinomatose

Metástase pulmonar (ausente,

Penetração da parede (T1, T2,

T3, T4)

Invasão perineural

Invasão linfática

unilateral, bilateral)

Implante tumoral isolado

Comprometimento linfonodal (N0,

N1, N2)

Invasão venosa Metástase ovariana (ausente,

unilateral, bilateral)

N+/Nt* Metástase óssea

* Razão do número de linfonodos comprometidos pelo tumor pelo número de linfonodos retirados na

extirpação cirúrgica

Quanto a topografia, o tumor colorretal foi dividido em proximal à flexura

esplênica, cólon esquerdo incluindo reto intra-peritoneal e reto extra-peritoneal. O valor do

CEA considerado foi o do momento do diagnóstico.

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A penetração da parede pelo tumor e o número de linfonodos comprometidos foram

classificados pela sexta edição do Comitê da Junta Americana de Câncer (AJCC): tumor T1

infiltra até submucosa, T2 infiltra muscular própria, T3 infiltra serosa ou tecido peri-retal

não peritonizado e T4 invade órgãos adjacentes e/ou perfura peritônio visceral. N0

representa a ausência de linfonodos comprometidos pelo tumor, N1 até três linfonodos

comprometidos e N2 mais de três linfonodos(74)

. Esta categorização N foi feita

independente do número total de lifonodos retirados.

A variável N+/Nt é a razão do número de linfonodos comprometidos pelo tumor

pelo número de linfonodos retirados na extirpação do tumor primário. Quando o coeficiente

era zero, não permitindo o cálculo da razão, o valor foi desprezado (Anexo 2).

Os fatores estudados relacionados ao tratamento do tumor primário e do secundário

foram representados na Tabela 3.

TABELA 3 - Fatores estudados relacionados ao tratamento.

Tratamento do tumor primário Tratamento do tumor secundário

Tratamento neoadjuvante Insuficiência hepática PO Tratamento das metástases

Cirurgia (extirpativa, derivativa, não

terapêutica, não operou)

Pneumonia PO

Infecção de sítio cirúrgico

Cirurgia

Quimioembolização

Cirurgia de urgência Reoperação Alcoolização

Radicalidade da extirpação cirúrgica

(R0, R1, R2)

Sepse PO

Deiscência de anastomose

Radioterapia

Radioablação

Margem longitudinal Íleo PO Complicação

Comprometimento de margem (livre,

comprometida)

Quimioterapia

Radioterapia

Complicação pós-operatória (PO) Antiangiogênico

Descompensação de comorbidades PO

O tratamento neoadjuvante consistiu em radioterapia de 4500 a 5040cGy associada

a 5-fluorouracil e leucovorin na primeira e última semanas, seguidas de cirurgia entre seis e

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dez semanas. Já a radioterapia foi considerada tanto como terapia adjuvante como

tratamento exclusivo.

Os doentes operados foram divididos em três grupos: os que extirparam o tumor

(cirurgia extirpativa), aqueles que fizeram derivação interna ou externa (derivativa) e, por

fim, os que foram submetidos a laparotomia exploradora não terapêutica.

A classificação da radicalidade da extirpação cirúrgica (R) subdivide a exérese do

tumor primário quanto ao aspecto de lesão residual local, sendo R0 a extirpação tumoral

sem qualquer lesão residual, R1 lesão residual microscópica e R2, macroscópica(26)

. As

margens dos pacientes submetidos a extirpação cirúrgica R1 ou R2 (longitudinalmente ou

radialmente) foram consideradas comprometidas.

A margem longitudial aferida foi a menor distância entre o tumor e a secção

intestinal, seja proximal ou distal.

Somente a apresentação clínica da deiscência de anastomose foi considerada como

variável: saída de conteúdo fecal pelo dreno (quando colocado) mesmo em paciente

assintomático, saída de conteúdo fecal pela ferida, peritonite estercoral, coleção pélvica

secundária a escape de anastomose diagnosticada em tomografia computadorizada ou

diagnóstico intra-operatório. Não houve estudo radiológico em busca de deiscências

assintomáticas.

A sepse pós-operatória foi definida como a presença de critérios clínicos

(temperatura maior que 38oC ou menor que 36

oC, frequência cardíaca maior que 90bpm,

frequência respiratória maior que 20irpm ou PaCO2 menor que 32mmHg, leucocitose

superior a 12000céls/mm3 ou leucopenia inferior a 4000céls/mm

3 ou 10% de bastões)

independente da causa, seja deiscência de anastomose, tumor perfurado, pneumonia grave,

infecção de cateter, entre outras.

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As complicações da quimioterapia, embora não consideradas para análise

univariada, também foram registradas.

Por fim, a evolução clínica do paciente foi documentada: óbito, vivo sem doença,

vivo com doença. Nos óbitos, identificou-se a causa: doença de base, cirurgia do tumor

primário, complicação do tratamento complementar (quimioterapia, tratamento da

metástase) ou outras causas. Os pacientes sem registro de óbito no prontuário médico e com

mais de seis meses de absenteísmo às consultas foram ativamente e exaustivamente

procurados, seja através de registros institucionais de câncer, telefonemas ou telegramas.

Cada variável apresentada anteriormente foi comparada ao desfecho (sobrevida

global, sobrevida pós-operatória e tempo livre de progressão de doença) por análise

univariada através de teste não paramétrico Mann-Whitney e Kruskal-Wallis, quando

variável qualitativa, e Spearman quando quantitativa. As curvas de sobrevida foram

estimadas através do método de Kaplan-Meier e comparadas pelo teste Log-Rank.

As variáveis cujo valor de p foi menor que 0,05 foram inclusas na análise

multivariada. Esta foi realizada pelo modelo de regressão Cox que foi aplicado para

identificar os fatores prognósticos independentes. Estabeleceu-se intervalo de confiança de

95%. Todas as análises foram feitas pelo programa SPSS (Statistical Package for Social

Sciences) versão 13.0.1, 2004.

O tempo de sobrevida global foi o intervalo entre o diagnóstico e o óbito ou a última

informação objetiva para os casos vivos. Já a sobrevida pós-operatória foi considerada

como o período entre o ato cirúrgico e o óbito ou a última informação do paciente vivo. Por

fim, considerou-se tempo livre de progressão de doença, o paciente que manteve nível

estável de CEA, sem progressão tumoral clínica ou radiológica.

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4 RESULTADOS

Após a avaliação dos critérios de inclusão e exclusão de todos os doentes com

adenocarcinoma colorretal estadio IV, incluímos no estudo 149 doentes no período

estudado (dez anos).

A média de idade foi 58,5 anos, variando de 22 a 90 anos, com 14,9 anos de desvio

padrão (DP) e 59 anos de mediana (Fig. 1). Houve discreto predomínio da população

feminina (53,7% da amostra - Tab. 4).

FIGURA 1 - Distribuição etária dos 149 pacientes com adenocarcinoma colorretal estadio IV diagnosticados

na ISCMSP entre 2000 e 2010. São Paulo, 2013.

O tempo de história clínica no primeiro atendimento variou de um dia a 60 meses,

com média de 7,4 meses e mediana de cinco meses (Fig. 2). Os sinais e sintomas mais

anos

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freqüentes foram emagrecimento (65,7%), dor (61%) e tumor abdominal ou retal fixo

(51,6% - Tab. 4).

FIGURA 2 - Tempo de história dos 149 pacientes com adenocarcinoma colorretal estadio IV diagnosticados

entre 2000 e 2010 na ISCMSP. São Paulo, 2013.

A maior parte dos pacientes não apresentou antecedente pessoal de outros tumores

ou correlação familiar com tumor colorretal (Tab. 5). Os pacientes com passado de câncer

tiveram tumores em orofaringe, supra-glote, uretra, mama e Kaposi.

meses

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TABELA 4 - Distribuição da casuística e análise univariada dos fatores clínicos demográficos e sinais e

sintomas em 149 pacientes com adenocarcinoma colorretal estadio IV diagnosticados na ISCMSP entre 2000

e 2010. São Paulo, 2013.

Variável Categoria / Medida N*(%) / Valor Sobrevida média

DP (meses)

p / Log Rank**

Sexo Masculino

Feminino

69 (46,3)

80 (53,7)

17,4

17,3

0,908

Idade (anos)

Mínima (Mín)

Máxima (Máx)

Mediana

22

90

59

58,5 14,9

0,508

Tempo de história

(meses)

Mín – Máx

Mediana

0,03 – 60

5

7,4 8,5

0,15

Sinais e sintomas Presente

Ausente

147 (98,6)

2 (1,4)

26,5

17,2

0,49

Emagrecimento

Ausente

<5%

5-10%

>10%

51(34,3)

9 (6,0)

26 (17,5)

63 (42,2)

24,1

25,0

17,4

13,6

0,044

Dor

Presente

Ausente

91 (61,0)

58 (39,0)

19,6

13,9

0,171

Tumor abdominal ou

retal fixo

Presente

Ausente

77 (51,6)

72 (48,4)

19,7

14,8

0,071

Alteração hábito

intestinal

Presente

Ausente

67 (44,9)

82 (33,0)

15,7

18,7

0,586

Sangramento Presente

Ausente

66 (44,2)

83 (55,8)

18,5

16,5

0,077

Hepatomegalia Presente

Ausente

29 (19,4)

120 (80,6)

9,1

21,1

<0,001

Distensão abdominal Presente

Ausente

14 (9,3)

135 (90,7)

15,1

17,6

0,701

Obstrução intestinal Presente

Ausente

14 (9,3)

135 (90,7)

14,1

17,7

0,462

Ascite Presente

Ausente

6 (4,0)

143 (96,0)

4,2

19,5

<0,001

Linfadenopatia Presente

Ausente

4 (2,6)

145 (97,4)

15,0

17,4

0,953

IMC (kg/m2) Mín – Máx

Mediana

34,7 – 14,2

22,8

22,6 3,7 0,568

*N: número de pacientes

**p< 0,05

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TABELA 5 - Distribuição da casuística e análise univariada dos fatores clínicos - antecedentes - em 149

pacientes com adenocarcinoma colorretal estadio IV diagnosticados na ISCMSP entre 2000 e 2010. São

Paulo, 2013.

Variável Categoria N*(%) Sobrevida média

(meses)

p / Log Rank**

Antecedente

pessoal de cancer

não colorretal

Com

Sem

6 (4,0)

143 (96,0)

11,5

17,6

0,377

Comorbidades Ausente/leve

Moderada/grave

133 (89,3)

16 (10,7)

17,1

19,5

0,463

Doença

cardiovascular

Ausente/leve

Moderada/grave

135 (90,6)

14 (9,4)

17,1

19,5

0,446

Diabetes Melitus Presente

Ausente

20 (13,4)

129 (86,6)

17,4

17,3

0,493

Doença pulmonar Presente

Ausente

5 (3,4)

144 (96,6)

13,6

17,5

0,558

Insuficiência renal

crônica

Presente

Ausente

1 (0,7)

148 (99,3)

2,0

17,5

0,255

Tabagismo Presente

Ausente

40 (26,8)

109 (73,2)

16,6

17,6

0,869

Etilismo Presente

Ausente

13 (8,7)

136 (91,3)

14,5

17,6

0,324

Antecedente

familiar de câncer

Com

Sem

21 (14,1)

128 (85,9)

23,9

18,0

0,101

*N: número de pacientes

**p< 0,05

Tabagismo e etilismo não predominaram na amostra. Os principais tipos de

comorbidades foram doença cardiovascular (34,2%), diabetes melitus (13,4%) e doença

pulmonar (3,4% - Tab. 5). Outras comorbidades incluíram hipotireoidismo (2,6%),

esquistossomose (1,3%) e, com apenas um caso cada: insuficiência renal crônica, hepatite

B, transtorno afetivo bipolar, obesidade mórbida e síndrome da imunodeficiência adquirida.

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TABELA 6 - Distribuição da casuística e análise univariada das variáveis laboratoriais, da admissão e do pós-

operatório, em 149 pacientes com adenocarcinoma colorretal estadio IV diagnosticados na ISCMSP entre

2000 e 2010. São Paulo, 2013.

Variável Categoria / Medida N* (%) / Valor Sobrevida média

DP (meses)

p / Log Rank**

Valores da admissão

Hemoglobina

(g/dL)

Mín – Máx

Mediana

5,3 – 18

11,3

11,1 2,0 0,246

Albumina

≥3,5g/dL

<3,5g/dL

109 (73,2)

40 (26,8)

22,2

10,4

<0,001

Coagulograma

AP >70%

≤70%

133 (89,3)

16 (10,7)

20,4

6,6

<0,001

Bilirrubina total

<2mg/dL

≥2mg/dL

144 (96,6)

5 (3,4)

19,4

3,5

<0,001

Enzimas

canaliculares

Normais

Elevadas

117 (78,5)

32 (21,5)

18,5

13,1

0,125

AST / ALT

Normais

Elevadas

139 (93,3)

10 (6,7)

19,6

6,5

0,008

Função renal

Normal

Alterada

136 (91,3)

13 (8,7)

17,7

13,5

0,207

Valores do pós-operatório***

Hemoglobina PO Hb >10g/dL

≤10g/dL

128 (85,9)

3 (2,0)

19,0

8,3

0,210

Albumina PO

≥3,5g/dL

<3,5g/dL

96 (64,4)

6 (4,0)

25,9

9,3

<0,001

Coagulograma PO

AP >70%

≤70%

96 (64,4)

6 (4,0)

22,6

21,6

0,977

Bilirrubina total PO

<2mg/dL

≥2mg/dL

101 (67,7)

1 (0,6)

25,2

4

<0,001

Enzimas

canaliculares PO

Normais

Elevadas

64 (42,9)

38 (25,5)

22,6

22,5

0,392

AST / ALT PO

Normal

Elevada

89 (59,7)

13 (8,7)

22,9

20,5

0,996

Função renal PO

Normal

Alterada

94 (63,0)

8 (5,3)

22,8

22,6

0,636

*N: número de pacientes **p< 0,05 ***Valores do pós-operatório: pacientes que não operaram e valores

desconhecidos foram exclusos da tabela.

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As variáveis laboratoriais na admissão do paciente e no pós-operatório foram

caracterizadas na Tabela 6.

A localização mais frequente foi o cólon esquerdo com 49% da amostra, seguido do

tumor de reto extra-peritoneal (32,9%) e, por fim, o cólon proximal (18,1% - Tab. 7).

O tumor primário sincrônico atingiu 3,4% dos casos e a colonoscopia foi

intransponível ao tumor na maioria da amostra (43,6%), porém 34,9% dos pacientes não

realizaram colonoscopia (Tab. 7).

Quanto ao estadiamento local dos pacientes que foram submetidos a exérese do

tumor primário, os tumores localmente avançados predominaram na amostra: 75 doentes

(72,8% dos pacientes cujo tumor foi retirado) eram tumores T3 pelo estadiamento TNM da

AJCC 6ª edição(74)

, seguidos de 21 pacientes (20,3%) tumores T4.

O comprometimento linfonodal atingiu 72,8% dos pacientes cujo tumor primário foi

extirpado, sendo 33% N1 e 39,8% N2 (Tab. 7). A porcentagem de linfonodos

comprometidos pelo tumor alcançou 32% de média (N+/Nt foi 0,32) e 22% de mediana

(N+/Nt foi 0,22). O anexo 2 caracteriza a amostra em relação ao número de linfonodos

comprometidos e retirados na peça cirúrgica do tumor primário.

O grau de diferenciação moderado (83,9% da amostra global) e a ausência do

componente mucinoso (91,3%) predominaram, assim como a invasão linfática (51%), mas

não venosa nem perineural (Tab. 7).

O CEA variou muito na amostra estudada com valor mínimo de 1,2ng/mL e

máximo de 14048ng/mL (Tab. 7). Sessenta pacientes (40,2%) não tinham CEA no

diagnóstico. Apenas 15,7% dos pacientes que aferiram CEA na admissão apresentaram

valor inferior a 5ng/mL.

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TABELA 7 - Distribuição da casuística e análise univariada dos fatores relacionados ao tumor primário em

149 pacientes com adenocarcinoma colorretal estadio IV diagnosticados na ISCMSP entre 2000 e 2010. São

Paulo, 2013.

Variável Categoria / Medida N* (%) / Valor Sobrevida média

DP (meses)

p / Log Rank**

Localização Reto extra-peritoneal

Cólon esquerdo

Cólon proximal

49 (32,9)

73 (49,0)

27 (18,1)

18,5

15,9

19,0

0,228

Tumor sincrônico

Presente

Ausente

5 (3,4)

144 (96,6)

28,0

17,0

0,337

Estenose à

colonoscopia

Transponível

Intransponível

32 (21,5)

65 (43,6)

17,5

18,9

0,830

CEA (ng/mL)

Mín – Máx

Mediana

1,2 – 14048,0

71,0

626,7 1939,7

0,004

Variáveis histológicas

Penetração da

parede (T)

T1

T2

T3

T4

0

7 (4,7)

75 (50,4)

21 (14,0)

16,1

26,2

13,3

0,024

Comprometimento

linfonodal (N)

N0

N1

N2

28 (18,8)

34 (22,8)

41 (27,5)

24,0

20,3

19,4

0,316

N+/Nt

Mín – Máx

Mediana

0 – 1

0,22

0,32 0,33

0,004

Grau de

diferenciação

tumoral

Bem diferenciado

Moderadamente

diferenciado

Pouco diferenciado

16 (10,7)

125 (83,9)

8 (5,4)

19,7

17,6

9,0

0,155

Componente

mucinoso

Presente

Ausente

13 (8,7)

136 (91,3)

19,3

17,2

0,848

Invasão perineural

Presente

Ausente

44 (29,5)

59 (39,6)

21,2

20,7

0,754

Invasão linfática

Presente

Ausente

76 (51,0)

27 (18,1)

20,4

29,7

0,05

Invasão venosa

Presente

Ausente

57 (38,2)

46 (30,9)

20,9

21,0

0,955

*N: número de pacientes **p< 0,05

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O sítio metastático mais comum foi o fígado com 81,2% da amostra seguido do

peritônio e pulmão com 19,5% e 18,8%, respectivamente (Tab. 8). Trinta porcento dos

pacientes apresentavam mais de um sítio metastático.

TABELA 8 - Distribuição da casuística e análise univariada dos fatores relacionados ao tumor secundário em

149 pacientes com adenocarcinoma colorretal estadio IV diagnosticados na ISCMSP entre 2000 e 2010. São

Paulo, 2013.

Variável Categoria N* (%) Sobrevida média

(meses)

p / Log Rank**

Metástase hepática <50% parênquima hepático

≥50% parênquima hepático

Ausente

66 (44,3)

55 (36,9)

28 (18,8)

23,4

12,7

17,9

0,003

Carcinomatose

peritoneal

Presente

Ausente

29 (19,5)

120 (80,5)

7,9

21,6

<0,001

Metástase

pulmonar

Unilateral

Bilateral

Ausente

10 (6,7)

18 (12,1)

121 (81,2)

19,2

11,4

18,1

0,122

Implante tumoral

isolado

Presente

Ausente

13 (8,7)

136 (91,3)

16,2

17,5

0,640

Metástase ovariana Unilateral

Bilateral

Ausente

7 (4,7)

9 (6,0)

133 (89,3)

33,5

13,1

16,8

0,075

Metástase óssea

Presente

Ausente

4 (2,7)

145 (97,3)

8

17,6

0,217

*N: número de pacientes

**p< 0,05

A maioria dos pacientes, 71,8%, foi submetida a procedimento cirúrgico eletivo,

enquanto 16,1% foi de urgência (Tab. 9).

O tratamento cirúrgico foi indicado em 87,9% dos pacientes, com extirpação do

tumor primário factível em 69,1%, enquanto os demais foram submetidos a derivação

(14,8%) ou laparotomia não terapêutica (4%). Apenas 17 pacientes, 11,4% da amostra,

tiveram exérese incompleta do tumor primário: nove deles com comprometimento da

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margem radial e oito, longitudinal. A taxa de extirpabilidade completa foi de 83,5% entre

os pacientes que foram submetidos a exérese do tumor primário (Tab. 9).

TABELA 9 - Distribuição da casuística e análise univariada do tratamento do tumor primário em 149

pacientes com adenocarcinoma colorretal estadio IV diagnosticados na ISCMSP entre 2000 e 2010. São

Paulo, 2013.

Variável Categoria / Medida N* (%) / Valor Sobrevida média

(meses)

p / Log Rank**

Tratamento

neoadjuvante***

Realizou

Não realizou

12 (8,1)

38 (25,5)

19,8

18

0,394

Cirurgia

Extirpativa

Derivativa

Não terapêutica

Não operou

103 (69,1)

22 (14,8)

6 (4,0)

18 (12,1)

23,3

12,1

5,1

7,5

<0,001

Cirurgia de

urgência

Eletiva

Urgência

107 (71,8)

24 (16,1)

22,5

10,0

0,001

Radicalidade da

cirurgia (R)

R0

R1

R2

86 (57,7)

5 (3,3)

12 (8,1)

22,6

9,4

14,2

0,005

Margem

longitudinal (cm)

Mín – Máx

Mediana

0 – 24

3,5

4,5 4,2

0,577

Comprometimento

de margem

Livre

Comprometida

86 (57,7)

17 (11,4)

25,4

12,8

0,003

Quimioterapia

Realizou

Não realizou

98 (65,8)

51 (34,2)

25,4

6,3

<0,001

Radioterapia***

Realizou

Não realizou

14 (9,3)

37 (24,9)

16,4

19,8

0,554

Antiangiogênico

Realizou

Não realizou

13 (8,7)

136 (91,3)

38,5

16,9

0,001

*N: número de pacientes

**p< 0,05

***Pacientes sem indicação de radioterapia (cólon e reto intra-peritoneal) foram excluídos da tabela.

A maior parte dos pacientes fez quimioterapia (65,8% - Tab. 9), 23 deles tiveram

reações adversas maior ou igual a três no sistema de graduação para os efeitos adversos do

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tratamento do câncer(75)

. Os principais efeitos adversos foram hematológicos (14,2%),

infecciosos (9,1%) e do trato gastro-intestinal (7,1% - Tab. 10).

TABELA 10 - Efeitos adversos da quimioterapia em 98 pacientes com adenocarcinoma colorretal estadio IV

entre 2000 e 2010, na ISCMSP. São Paulo, 2013.

Complicação da quimioterapia Número de pacientes (%)

Complicaram 23 (23,4)

Causa hematológica 14 (14,2)

Causa infecciosa 9 (9,1)

Trato Gastro-Intestinal 7 (7,1)

Sistema Nervoso Periférico 4 (4,0)

A radioterapia foi usada em tumores de reto, quando indicada, seja na terapia

neoadjuvante (8,1%) ou não (9,3%). Os antiangiogênicos foram utilizados apenas em 8,7%

da amostra (Tab. 9).

A morbidade pós-operatória atingiu 33,5% dos pacientes, sendo a reoperação a

causa mais comum de complicação (9,3%), seguida de infecção de sítio cirúrgico (6,7%) e

íleo PO (4% - Tab. 11). Outras causas de morbidade foram descompensação de

comorbidades, pneumonia, deiscência de anastomose, sepse, insuficiência hepática,

hemorragia digestiva alta, fístula urinária, síndrome de abstinência, insuficiência renal

aguda, tromboembolismo pulmonar, eventração e retração de estoma.

As reoperações foram laparotomia exploradora por peritonite secundária a

afundamento de estoma, deiscência de anastomose, isquemia do cólon abaixado, lesão de

bexiga; drenagem de abscesso intra-cavitário; derivação interna por obstrução e ressutura

de parede por evisceração.

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TABELA 11 - Distribuição da casuística e análise univariada das complicações pós-operatórias em 131

pacientes operados por adenocarcinoma colorretal estadio IV diagnosticados na ISCMSP entre 2000 e 2010.

São Paulo, 2013.

Variável Categoria N* (%) Sobrevida média

(meses)

p / Log Rank**

Complicação pós-

operatória

Presente

Ausente

44 (29,5)

87 (58,4)

11,5

25,3

<0,001

Reoperação

Presente

Ausente

14 (9,3)

117 (78,5)

9,9

21,9

0,003

Infecção de sítio

cirúrgico

Presente

Ausente

10 (6,7)

121 (81,2)

16,0

18,9

0,845

Íleo pós-operatório

Presente

Ausente

6 (4,0)

125 (83,8)

18,5

18,7

0,783

Descompensação

de comorbidades

no pós-operatório

Presente

Ausente

5 (3,3)

126 (84,5)

10,4

19,0

0,180

Pneumonia pós-

operatória

Presente

Ausente

5 (3,3)

126 (84,5)

11,4

19,0

0,282

Deiscência de

anastomose

Presente

Ausente

5 (3,3)

126 (84,5)

18,0

18,7

0,852

Sepse pós-

operatória

Presente

Ausente

4 (2,6)

127 (85,2)

1,0

21,2

<0,001

Insuficiência

hepática pós-

operatória

Presente

Ausente

3 (2,0)

128 (85,9)

14,6

18,8

0,834

*N: número de pacientes **p< 0,05

A sobrevida pós-operatória foi 15,8 meses, com 9,9% de mortalidade pós-operatória

(30 dias). Excluindo mortalidade pós-operatória, a sobrevida atingiu 17,5 meses (Tab. 12).

Em pacientes submetidos a exérese do tumor primário, a sobrevida pós-operatória

foi 18,1 meses com 6,7% de mortalidade e 34,9% de morbidade. Excluindo a mortalidade

pós-operatória, atingiu-se 19,4 meses de sobrevida (Tab. 12).

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TABELA 12 - Tempo de sobrevida, morbidade e mortalidade pós-operatória dos pacientes com

adenocarcinoma colorretal estadio IV operados na ISCMSP entre 2000 e 2010. São Paulo, 2013.

Pacientes Número de

pacientes

Sobrevida PO

(meses)

Mortalidade PO

(%)

Morbidade PO

(%)

Operados 131 15,8 9,9 33,5

Operados exceto óbito até PO30d

118

17,5

Submetidos a exérese do tumor

primário

103

18,1

6,7

34,9

Submetidos a exérese do tumor

primário exceto óbito até PO30d

96 19,4

Submetidos a derivação

22

8,0

18,2

27,3

Submetidos a derivação exceto óbito

até PO30d

18

9,7

Submetidos a laparotomia

exploradora não terapêutica

6

4,0

33,3

33,3

Submetidos a laparotomia

exploradora não terapêutica exceto

óbito até PO30d

4

6,0

Aproximadamente um terço dos pacientes (30,2%) foi submetido a algum tipo de

tratamento da doença metastática (Tab. 13). O tratamento cirúrgico foi a terapêutica mais

indicada nas metástases: 71,1% dos pacientes submetidos a tratamento do sítio secundário

realizaram metastasectomias. Outros procedimentos terapêuticos foram

quimioembolização, alcoolização e radioablação hepática, além de radioterapia das

metástases ósseas ou cerebrais. Onze pacientes tiveram complicações desses tratamentos

(Tab. 13).

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TABELA 13 - Distribuição da casuística e análise univariada do tratamento do tumor secundário em 149

pacientes com adenocarcinoma colorretal estadio IV diagnosticados na ISCMSP entre 2000 e 2010. São

Paulo, 2013.

Variável Categoria Número de

pacientes (%)

Sobrevida média

(meses)

p / Log Rank*

Tratamento das

metástases

Realizou

Não realizou

45 (30,2)

104 (69,8)

32,6

12,8

<0,001

Metastasectomia** Realizou

Não realizou

32 (21,4)

13 (8,7)

30,2

24,6

0,634

Quimioembolização** Realizou

Não realizou

5 (3,3)

40 (26,8)

29,2

28,5

0,766

Alcoolização** Realizou

Não realizou

5 (3,3)

40 (26,8)

28,6

28,6

0,766

Radioterapia** Realizou

Não realizou

5 (3,3)

40 (26,8)

26,0

28,9

0,986

Radioablação** Realizou

Não realizou

4 (2,6)

41 (27,5)

28,7

28,6

0,715

Complicação** Presente

Ausente

11 (7,3)

34 (22,8)

30,3

28,0

0,426

* p< 0,05

** Os 104 pacientes que não fizeram qualquer tratamento da doença metastática foram excluídos da tabela.

Ao final do seguimento mínimo de 24 meses, apenas sete pacientes (4,7%) estavam

vivos sem doença, enquanto quatro estavam com doença (2,7%) e, a grande maioria, 92,6%

morreram. As causas dos óbitos foram a doença de base (110 pacientes - 73,8%), cirurgia

do tumor primário (12 pacientes - 8%), tratamento complementar seja quimioterapia,

radioterapia ou tratamento da metástase (13 pacientes - 8,7%) e outras causas

(tromboembolismo pulmonar, acidente vascular cerebral e descompensação de

comorbidades).

A sobrevida global (do diagnóstico ao óbito ou até o fim do seguimento para os

pacientes vivos) variou de 2 dias a 91 meses, com média de 17,4 meses, mediana de 12

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meses com tempo de seguimento mínimo de 24 meses para os pacientes vivos (Fig. 3). A

sobrevida em 2 e 5 anos foi de 28,2% e 2,7%, respectivamente (Fig. 3).

Na análise univariada, dos fatores que influenciaram a sobrevida global, diversas

variáveis foram significantes: emagrecimento; ascite; hepatomegalia; albumina,

coagulograma, bilirrubina total, AST / ALT e CEA, todos da admissão; T; N+/Nt; cirurgia;

cirurgia de urgência; comprometimento de margem; radicalidade da cirurgia; complicação

pós-operatória; reoperação; sepse pós-operatória; albumina e bilirrubina total pós-

operatória; uso de quimioterapia e antiangiogênico; metástase hepática; carcinomatose e

tratamento da metástase (Tab. 4, 6-9, 11 e 13).

As variáveis significantes na análise univariada (p<0,05) foram incluídas na análise

multivariada, exceto bilirrubina total pós-operatória que foi excluída devido reduzida

amostra (Tab. 6).

As variáveis independentes que levaram à pior sobrevida global são as ilustradas na

Tabela 14 e na Figura 4: coagulograma alterado e bilirrubina total elevada na admissão,

Probabilidade de sobrevida

meses

FIGURA 3 - Curva de sobrevida global dos 149 pacientes com adenocarcinoma colorretal estadio IV

diagnosticados na ISCMSP entre 2000 e 2010. São Paulo, 2013.

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carcinomatose peritoneal, margem comprometida, reoperação e sepse pós-operatória. Além

disso, o uso de quimioterapia, de antiangiogênico e tratar metástase se relacionaram a

melhor sobrevida.

TABELA 14 - Análise multivariada dos fatores independentes que interferiram na sobrevida global dos 149

pacientes com adenocarcinoma colorretal estadio IV diagnosticados na ISCMSP entre 2000 e 2010. São

Paulo, 2013.

Variável

Categoria (N*) Sobrevida média

(meses)

Cox** 95% IC***

Coagulograma da

admissão

AP >70% (133)

≤70% (16)

20,4

6,6

0,027 1,990 (1,079-3,668)

Bilirrubina total da

admissão

<2mg/dL (144)

≥2mg/dL (5)

19,4

3,5

0,011

3,746 (1,352-10,377)

Carcinomatose

peritoneal

Presente (29)

Ausente (120)

7,9

21,6

<0,001

2,713 (1,619-4,548)

Comprometimento

de margem

Livre (86)

Comprometida (17)

25,4

12,8

0,034

1,844 (1,048-3,242)

Reoperação

Presente (14)

Ausente (117)

9,9

21,9

<0,001

3,887 (2,099-7,202)

Sepse pós-

operatória

Presente (4)

Ausente (127)

1,0

21,2

<0,001

14,986 (4,240-52,970)

Quimioterapia

Realizou (98)

Não realizou (51)

25,4

6,3

<0,001

0,287 (0,177-0,450)

Antiangiogênico

Realizou (13)

Não realizou (136)

38,5

16,9

<0,001

0,213 (0,098-0,462)

Tratamento das

metástases

Realizou (45)

Não realizou (104)

32,6

12,8

<0,001

0,352 (0,224-0,554)

*N = número de pacientes

**p< 0,05

***IC = intervalo de confiança

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FIGURA 4 - Curvas de sobrevida global das variáveis independentes dos 149 pacientes com adenocarcinoma

colorretal estadio IV diagnosticados na ISCMSP entre 2000 e 2010. São Paulo, 2013.

AP >70%

AP ≥70%

Coagulograma da admissão

meses

Bilirrubina total da admissão

<2mg/dL

≥2mg/dL

meses

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Margem

meses

livre

comprometida

Carcinomatose peritoneal

meses

ausente

presente

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Sepse pós-operatória

meses

ausente

presente

Reoperação

meses

ausente

presente

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Quimioterapia

realizou

não realizou

meses

realizou

não realizou

meses

Antiangiogênico

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* Os pacientes censurados são os pacientes vivos.

Assim, nove variáveis foram independentes na sobrevida global do adenocarcinoma

colorretal estadio IV: seis fatores de risco e três fatores de proteção. Quando adicionadas

levaram à piora gradativa da sobrevida, isto é, os pacientes que não possuíam nenhum dos

fatores de mau prognóstico e tinham todos os fatores de proteção atingiram sobrevida

média de 50,6 meses enquanto os pacientes que apresentaram sete das dez variáveis

(incluindo presença do risco e ausência da proteção) viveram apenas 21 dias (Tab. 15, Fig.

5).

Tratamento de metástase

realizou

não realizou

meses

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TABELA 15 - Sobrevida média global em relação ao número de variáveis independentes de prognóstico em

149 pacientes com adenocarcinoma colorretal estadio IV diagnosticados na ISCMSP entre 2000 e 2010. São

Paulo, 2013.

Número de variáveis

independentes

Número de pacientes Sobrevida media

(meses)

0 3 50,6

1 36 32,3

2 36 18,5

3 43 11

4 19 6

5 10 1,5

6 1 1,0

7 1 0,7

8 0

9 0

Total 149

FIGURA 5 - Curva de sobrevida média global em relação ao número de variáveis independentes de

prognóstico em 149 pacientes com adenocarcinoma colorretal estadio IV diagnosticados na ISCMSP entre

2000 e 2010. São Paulo, 2013.

Analisando as mesmas variáveis nos pacientes operados (131 doentes) e

comparando a desfecho final distinto, sobrevida pós-operatória, temos 21 fatores

significantes em análise univariada: hepatomegalia, IMC, coagulograma e AST / ALT da

variáveis

0

12

24

36

48

60

0 1 2 3 4 5 6 7

mes

es

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admissão, albumina e bilirrubina total pós-operatória, T, N+/Nt, invasão linfática, metástase

hepática, carcinomatose peritoneal, cirurgia, cirurgia de urgência, margem, radicalidade

cirúrgica, complicação pós-operatória, reoperação, sepse pós-operatória, uso de

quimioterapia e antiangiogênico e tratamento das metástases. Para a análise multivariada,

albumina e bilirrubina total pós-operatória, além de sepse, foram excluídas devido amostra

reduzida.

A regressão Cox da análise multivariada determinou seis variáveis independentes de

sobrevida pós-operatória: carcinomatose peritoneal, complicação pós-operatória e

reoperação determinando pior sobrevida e quimioterapia, antiangiogênico e tratamento das

metástases determinando melhor sobrevida (Tab. 16).

TABELA 16 - Análise multivariada dos fatores que influenciaram a sobrevida pós-operatória em 131

pacientes com adenocarcinoma colorretal estadio IV operados na ISCMSP entre 2000 e 2010. São Paulo,

2013.

Variável

Categoria (N*) Sobrevida PO

média (meses)

Log Rank** Cox** 95% IC

Carcinomatose

peritoneal

Presente (22)

Ausente (109)

7,3

19,5

<0,001 0,001 2,465 (1,445-4,205)

Complicação

pós-operatória

Presente (44)

Ausente (87)

8,3

22,2

<0,001

0,037

1,636 (1,029-2,601)

Reoperação

Presente (14)

Ausente (117)

7,6

18,6

0,008

0,036

2,060 (1,049-4,048)

Quimioterapia

Realizou (91)

Não realizou (40)

23,6

3,4

<0,001

<0,001

0,204 (0,122-0,342)

Antiangiogênico

Realizou (11)

Não realizou (120)

33,6

15,8

0,004

0,024

0,412 (0,190-0,891)

Tratamento das

metástases

Realizou (45)

Não realizou (86)

28,6

11,2

<0,001

0,007

0,526 (0,330-0,837)

*N = número de pacientes

**p< 0,05

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Comparando o tempo livre de progressão de doença com as mesmas variáveis nos

149 pacientes da amostra, 20 fatores foram significantes em análise univariada:

emagrecimento, ascite, hepatomegalia, coagulograma, bilirrubina total e AST / ALT da

admissão, albumina da admissão e pós-operatória, N+/Nt, CEA, invasão linfática,

metástase hepática, carcinomatose, cirurgia, cirurgia de urgência, complicação pós-

operatória, sepse pós-operatória, uso de quimioterapia e antiangiogênico e tratamento das

metástases.

A regressão Cox da análise multivariada determinou quatro variáveis independentes

de tempo livre de progressão de doença: albumina do momento do diagnóstico menor que

3,5g/dL e presença de carcinomatose peritoneal determinaram menor tempo livre, já o uso

de antiangiogênico e fazer tratamento das metástases determinaram maior tempo livre de

progressão de doença (Tab. 17).

TABELA 17 - Análise multivariada dos fatores independentes que interferiram no tempo livre de progressão

de doença em 149 pacientes com adenocarcinoma colorretal estadio IV diagnosticados na ISCMSP entre 2000

e 2010. São Paulo, 2013.

Variável

Categoria (N*) Tempo livre de

progressão (meses)

LogRank** Cox** 95% IC

Albumina da

admissão

≥3,5g/dL (109)

<3,5g/dL (40)

13,9

4,6

<0,001 0,02 1,593 (1,076-2,357)

Carcinomatose

peritoneal

Não (120)

Sim (29)

13,3

3,0

<0,001

0,001

2,182 (1,381-3,446)

Antiangiogênico

Não (136)

Sim (13)

10,2

17,0

0,009

0,007

0,393 (0,200-0,771)

Tratamento das

metástases

Não (104)

Sim (45)

5,7

23,5

<0,001

<0,001

0,452 (0,294-0,696)

*N = número de pacientes

**p< 0,05

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Por fim, a Tabela 18 mostra os fatores prognósticos que foram independentes nos

três desfechos: sobrevida global, sobrevida pós-operatória e tempo livre de progressão de

doença.

TABELA 18 - Fatores prognósticos independentes de sobrevida global, pós-operatória e tempo livre de

progressão de doença em pacientes com adenocarcinoma colorretal estadio IV diagnosticados na ISCMSP

entre 2000 e 2010. São Paulo, 2013.

Fator prognóstico Sobrevida global Sobrevida pós-operatória Tempo livre de

progressão de doença

Albumina da admissão Não interfere Não interfere <3,5g/dL - pior tempo

livre

Coagulograma da

admissão

Alterado - mau

prognóstico

Não interfere

Não interfere

Bilirrubina total da

admissão

>2mg/dL - mau

prognóstico

Não interfere

Não interfere

Carcinomatose

peritoneal

Mau prognóstico

Mau prognóstico

Pior tempo livre

Margem cirúrgica

Comprometida - mau

prognóstico

Não interfere

Não interfere

Complicação pós-

operatória

Não interfere

Qualquer complicação

PO - mau prognóstico

Não interfere

Reoperação

Mau prognóstico

Mau prognóstico

Não interfere

Sepse pós-operatória

Mau prognóstico

Excluído - amostra

pequena

Não interfere

Quimioterapia

Bom prognóstico

Bom prognóstico

Não interfere

Antiangiogênico

Bom prognóstico

Bom prognóstico

Melhor tempo livre

Tratamento das

metástases

Bom prognóstico

Bom prognóstico

Melhor tempo livre

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5 DISCUSSÃO

De um lado temos o aumento do diagnóstico do tumor colorretal precoce através de

exames eficazes, campanhas de conscientização de diagnóstico precoce e rastreamento e

tratamentos novos e agressivos; de outro temos melhora no diagnóstico do tumor

metastático. As metástases são encontradas em fase mais precoce, a taxa de extirpabilidade

ou metástases potencialmente extirpáveis se elevou, o paciente vive mais, mesmo com

doença, e a busca da qualidade de vida é fenômeno ascendente.

No entanto, a literatura peca tanto na análise dos fatores clínicos que influenciam a

sobrevida quanto, principalmente, a qualidade de vida. Isso se dá pela menor prevalência

deste estadio em relação aos outros; dificuldade de randomizar pacientes unidos em estadio

mas com características clínicas e evolutivas tão distintas; não disponibilidade dos serviços

médicos em fornecer os melhores tratamentos seja quimioterápico, radioterápico ou

intervencionistas e, também, a dificuldade de pesquisar qualidade de vida nestes pacientes.

Este estudo visou avaliar a maior gama possível de variáveis que poderiam

influenciar na sobrevida para tentar traçar o perfil dos pacientes cujo investimento

terapêutico justifica tanta disponibilidade humana (do paciente, dos cuidadores e da equipe

médica e para-médica). Ajudando cirurgiões a identificar pacientes que sobrevivem tempo

suficiente para ter beneficio com a extirpação tumoral.

Assim, foram estudados 149 pacientes com adenocarcinoma colorretal estadio IV

no período de dez anos em Hospital Terciário, com pelo menos dois anos de seguimento,

para caracterizar fatores independentes de prognóstico de sobrevida global, sobrevida pós-

operatória e fatores que interferem no tempo livre de progressão de doença.

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Abaixo, avaliaremos cada variável agrupando-as em fatores relacionados ao

paciente, ao tumor e ao tratamento:

5.1 Fatores relacionados ao paciente:

5.1.1 Sexo e idade

As características demográficas se assemelharam às taxas nacionais que, diferente

das mundiais, mostram discreto predomínio do sexo feminino(3)

. A proporção homem e

mulher da amostra foi 1:1,16. A literatura, assim como o presente estudo, não mostrou

influência do sexo na sobrevida global nem pós-operatória(13,14,21,22,32-36)

.

A distribuição etária da amostra foi homogênea com 58,5 anos de média,

coincidente com a literatura(34)

. Não houve influência na sobrevida, assim como na maioria

dos estudos(14,16,21,32-35,37-42,51)

.

Divergente disso, outros autores, também em estudos retrospectivos, evidenciam

que a idade no estadio IV é variável independente de mau prognóstico, com pior sobrevida

em pacientes operados com idade superior a 65 anos(23,43)

; todos os pacientes, independente

de cirurgia, em idade igual ou superior a 75 anos(13,44)

ou, ainda, pacientes com idade

superior a 80 anos sem adjuvância(22)

.

Outro estudo evidencia que pacientes menores de 50 anos vivem mais (28,9 meses)

e, a cada década, a sobrevida diminui, chegando a 6,7 meses nos maiores de 80 anos(36)

. O

mesmo estudo, demonstra que pacientes com o tumor primário não extirpado e idade

superior a 60 anos tem pior sobrevida, enquanto nos pacientes que foram submetidos a

extirpação tumoral, essa correlação aumenta para 80 anos(36)

.

Quanto a sobrevida pós-operatória e o tempo livre de progressão de doença, nem a

idade nem o sexo foram fatores determinantes.

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5.1.2 Tempo de história, sinais e sintomas

O tempo de história clínica no primeiro atendimento é bastante variável por

inúmeros motivos: desde a capacidade de comunicação médico-paciente, passando pela

instrução do paciente, da família, status de desempenho do doente, estágio da doença

(negação, raiva, barganha, depressão, aceitação), momento da consulta (como se trata de

Hospital Terciário, muitas vezes o paciente já passou em vários atendimentos médicos

prévios), entre outros.

Muitos pacientes pouco sintomáticos se surpreendem com o diagnóstico de tumor já

disseminado. Sabemos que a evolução do tumor colorretal não é rápida e que a maior parte

dos pacientes tem tumores originados da via de carcinogênese mais comum: a instabilidade

cromossômica, isto é, a sequência adenoma-carcinoma(73)

.

Este estudo avaliou o tempo de história dos sintomas que minuciosamente foram

questionados na consulta inicial. É senso comum que o paciente que teve dificuldade de

atendimento médico ou que minimizou suas queixas descobre a doença em sua forma mais

avançada e assim teria pior sobrevida, mas isso não se verificou em nossa análise.

A média de tempo de história foi 7,4 meses com mediana de cinco meses, o que

surpreende pelo curto tempo de história para doença disseminada, demonstrando a

necessidade do rastreamento do câncer colorretal para detecção precoce da doença e,

também, a desvalorização de sinais e sintomas clínicos tanto pelo paciente quanto pelo

médico.

Muitos autores classificam pacientes sintomáticos somente aqueles que apresentam

complicação como suboclusão recorrente, obstrução, enterorragia grave, peritonite, fístula e

perfuração. Esses pacientes são a minoria, em nossa amostra apenas 12,7% e na literatura,

15%(32)

. Mas na prática, muitos outros sintomas menos graves, porém não menos

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debilitantes e preocupantes, existem e influenciam a evolução deste doente. Assim, deve-se

ter uma análise crítica quando se lê sobre os pacientes assintomáticos da literatura, por que

na verdade a maioria deles são oligossintomáticos.

Assim, atingindo 80% de pacientes oligossintomáticos(76,77)

, a literatura é clara

quanto a raridade do paciente completamente assintomático no estadio IV: 16,7% nos

tumores de cólon e 18,2% nos tumores de reto(33)

. E demostra que ter sintomas não é

variável independente de prognóstico(13,33,34)

, assim como em nossa amostra, cujo índice de

pacientes sintomáticos concentra quase sua totalidade (98,6%).

Considerando os sinais e sintomas dos pacientes no exame clínico inicial,

surpreende a alta porcentagem de emagrecimento (65,7%) e tumor abdominal palpável ou

retal fixo ao toque digital (51,6%).

Por vezes emagrecimento, tumor abdominal e distensão abdominal não são sintomas

notados pelo paciente. Até mesmo o tumor retal extruso pelo ânus pode ser confundido com

doença hemorroidária e o paciente não relatar espontaneamente. Daí o papel do médico ser

fundamental na primeira consulta clínica: perguntar detalhes de suas queixas e examinar

minuciosamente o doente, incluindo o peso (e perguntar peso habitual para saber se houve

perda) e o toque retal que faz parte do exame médico comum e é obrigatório principalmente

quando o paciente relata queixas do trato gastro intestinal baixo. Lembrar que 80% dos

tumores de reto são acessíveis pelo toque retal(78)

e, portanto, o diagnóstico será feito já na

primeira consulta.

Mais frequentemente que a literatura que diagnostica emagrecimento em 25% dos

casos de adenocarcinoma colorretal estadio IV(21,23)

, encontramos 42,2% de perda superior

a 10% do peso habitual. Considerando qualquer porcentagem de emagrecimento, esta cifra

sobe para 65,7%. Esta variável foi significante em análise univariada de sobrevida global e

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tempo livre de progressão de doença, porém não se mostrou independente na análise

multivariada.

A dor foi o segundo sintoma da amostra (61%), considerando dor abdominal, retal,

anal ou puxo. Entendendo aqui, que o puxo é uma sensação dolorosa ou desconfortável de

evacuação incompleta(79)

.

A taxa de tumor abdominal ou retal fixo ao toque foi muito além da taxa descrita na

literatura, 51,6% (terceiro sinal e sintoma mais frequente da amostra), pois aqui

consideramos sinais e sintomas clínicos, o que por vezes difere da literatura que só

relaciona os sintomas relatados pelo doente. Essa opção foi feita porque, por ser estudo

retrospectivo, as informações descritas em prontuário podem ser incompletas e,

considerando os sinais clínicos, o grau de fidelidade é maior.

O quarto sintoma mais comum foi alteração de hábito intestinal com 44,9%, muito

próximo ao sangramento (44,2%).

Hepatomegalia, presente em 19,4% dos pacientes, foi significante na análise

univariada da sobrevida global, pós-operatória e tempo livre de progressão de doença, mas

não na multivariada.

Obstrução intestinal ocorreu em 9,3% da amostra e não foi fator de pior sobrevida,

assim como na literatura(13)

. Apesar do tumor de cólon esquerdo predominar nossa amostra

(49%), não foi importante a taxa de obstrução intestinal nesses pacientes. Nos pacientes

com estadio avançado era de se esperar um número maior de obstrução intestinal, o que

sugere que o crescimento local do tumor nem sempre se correlaciona com doença

metastática(10)

.

A ascite foi identificada em 4% dos pacientes e pode ser devido a desnutrição

(hipoalbuminemia), carcinomatose peritoneal e também insuficiência hepática secundária a

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múltiplas metástases hepáticas. Em análise univariada de sobrevida global e tempo livre de

progressão de doença, esta variável foi significante porém na multivariada não mostrou ser

fator independente de sobrevida. Cabe ressaltar que a pequena amostra (seis pacientes)

pode ter influenciado esta avaliação. Na literatura apenas um estudo relaciona ascite com

mau prognóstico(39)

.

O IMC foi significante na análise univariada de sobrevida pós-operatória, mas não

na multivariada.

Uma variável que mostra ser o mais importante fator de sobrevida relacionado ao

paciente com adenocarcinoma colorretal estadio IV e que não está inclusa nesta análise é o

status de desempenho(28,34,42,45)

. Este é definido como a capacidade do indivíduo em fazer

suas atividades diárias. A não inclusão se explica pela dificuldade de identificar esta

informação no prontuário médico em nosso meio.

Estudos mostram pior prognóstico nos pacientes com capacidade limitada a seu

auto-cuidado sem possibilidade de realizar atividades de trabalho ou limitações superiores a

estas (Categoria 2 ou maior pelo critério do Eastern Cooperative Oncology Group(80)

Apêndice 2)(16,32,48,49)

. Identificam, até mesmo, pior prognóstico em doentes com pouca

limitação: Categoria 1 (alguma restrição física, suportando apenas trabalho domiciliar ou de

escritório)(13)

. Entretanto, um outro estudo não mostrou relação do status de desempenho

com a sobrevida em pacientes que fizeram quimioterapia e operaram ou por boa resposta ou

por complicação(38)

.

O presente estudo mostrou que nenhum sinal e sintoma foi fator independente de

sobrevida global, pós-operatória nem tempo livre de progressão de doença.

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5.1.3 Antecedente pessoal e familiar de câncer

Nem antecedente pessoal, nem familiar foram significantes para sobrevida global,

pós-operatória ou tempo livre de progressão de doença no adenocarcinoma colorretal

estadio IV. A literatura não aborda essas duas variáveis.

A exclusão do passado de tumor colorretal se deveu por ser variável de confusão,

uma vez que é difícil a caracterização se a metástase é metacrônica do tumor previamente

extirpado ou sincrônica do atual.

5.1.4 Comorbidades, hábitos e vícios

A presença de comorbidades não interferiu na sobrevida global, pós-operatória, nem

no tempo livre de progressão de doença, assim como mostra a literatura(33,50)

.

A classificação ASA não foi analisada pois, por ser análise retrospectiva, alguns

pacientes não foram classificados dado ausência de indicação cirúrgica.

Na literatura, estudo com todos os pacientes operados mostra pior prognóstico em

ASA IV e V(13)

. Embora outro, com pacientes que não extirparam o tumor primário, mostra

pior sobrevida em ASA III e IV, mas sem diferença nos pacientes que foram submetidos a

exérese do tumor(36)

. Assim como outros estudos, que não mostram qualquer significância

prognóstica(33,35)

.

No presente estudo, nem o tabagismo nem o etilismo interferiram no prognóstico do

adenocarcinoma colorretal estadio IV.

5.1.5 Variáveis laboratoriais da admissão

A hemoglobina não foi fator prognóstico de sobrevida global, pós-operatória e

tempo livre de progressão de doença no adenocarcinoma colorretal estadio IV, assim como

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em estudo prévio(21)

, entretanto em outro mostrou pior prognóstico se hemoglobina inferior

a 10g/dL(43)

.

A albumina foi variável independente no tempo livre de progressão de doença,

mostrando que albumina inferior a 3,5g/dL foi fator de risco de progressão de doença. Já na

sobrevida global, esta variável foi significante apenas em análise univariada e não mostrou

relação com sobrevida pós-operatória tanto em análise uni quanto multivariada.

Alguns autores mostram a relação de albumina baixa com mau prognóstico(16,42)

. Já

em outro estudo, isto ocorre apenas quando associado ao CEA: albumina normal com CEA

baixo atingiu 66% de sobrevida em seis meses, enquanto albumina baixa e CEA alto apenas

25%(17)

.

Alterações no teste de coagulação e na dosagem de bilirrubina total da admissão

mostraram ser fatores independentes de mau prognóstico na sobrevida global. Ambos

fatores se relacionaram com o tempo livre de progressão de doença na análise univariada,

mas não na multivariada. Na sobrevida pós-operatória, coagulograma foi significante em

análise univariada, bilirrubina não. Não há dados na literatura que corroborem com nosso

achado.

Enzimas canaliculares não tiveram relação com sobrevida global, pós-operatória,

nem tempo livre de progressão de doença, concordando com alguns estudos(12,32)

e

divergindo de outros que identificaram FA como fator prognóstico de sobrevida(16,42)

. Além

disso, as alterações de enzimas canaliculares, GGT e FA, não são atribuídas diretamente à

extensão da metástase hepática(12)

.

AST e ALT foram significantes apenas em análise univariada de sobrevida global,

pós-operatória e tempo livre de progressão de doença. Diferente deste achado, Tebbutt e

colaboradores mostraram que ALT elevada é variável independente de mau prognóstico(16)

.

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Em análise de sobrevida pós-operatória, AST maior que 50U/L é fator de mau

prognóstico(19)

.

A função renal da admissão não teve relação com sobrevida global, pós-operatória,

nem tempo livre de progressão de doença.

DHL não é fator prognóstico(32)

, entretanto quando maior que 350U/L foi fator de

mau prognóstico(43)

. Este fator não foi estudado em nosso trabalho.

De todos os dados laboratoriais analisados na admissão, três foram particularmente

importantes: albumina, coagulograma e bilirrubina total. Estes representam, justamente,

sinais de insuficiência hepática, que no adenocarcinoma colorretal estadio IV deve-se,

principalmente, à disfunção hepática secundária às metástases.

Coagulograma alterado e bilirrubina total ≥2mg/dL foram variáveis independentes

de mau prognóstico na sobrevida global, alertando que sinais de insuficiência hepática

devem ser considerados na avaliação da terapêutica desses pacientes. A albumina não foi

variável independente de prognóstico na sobrevida global, o que pode ser explicada pela

elevada taxa de emagrecimento da amostra, fazendo a hipoalbuminemia representar

desnutrição e não insuficiência hepática.

5.1.6 Variáveis laboratoriais pós-operatórias

Foram considerados os valores laboratoriais do terceiro mês após alta hospitalar dos

pacientes operados. Este critério visou evitar as alterações pós-operatórias não relacionadas

ao tumor e sim ao ato cirúrgico ou a possível complicação pós-operatória.

Não há estudos que analisam a contribuição dos dados laboratoriais pós-operatórios

no prognóstico do adenocarcinoma colorretal estadio IV. No presente estudo, a albumina

pós-operatória foi significante apenas em análise univariada da sobrevida global, pós-

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operatória e tempo livre de progressão de doença. Esta variável foi excluída da análise

multivariada de sobrevida pós-operatória por reduzida amostra.

Tanto na sobrevida global quanto na pós-operatória, bilirrubina total PO foi

significante em análise univariada mas excluídas da multivariada por diminuta amostra.

Assim, todos os dados laboratoriais de pós-operatório (hemoglobina, albumina,

coagulograma, bilirrubina, enzimas canaliculares, AST / ALT e função renal) não tiveram

qualquer importância prognóstica.

5.2 Fatores relacionados ao tumor:

5.2.1 Topografia

O comportamento do adenocarcinoma de cólon é distinto do reto quanto ao

diagnóstico, terapêutica e evolução. A caracterização topográfica no estadio IV,

distinguindo cólon de reto, não mostra diferença na sobrevida para alguns autores(13,32-35)

,

enquanto outros mostram que o carcinoma do reto apresenta melhor prognóstico(8,23)

com

16 meses de sobrevida média contra seis meses do cólon(8)

, porém a distância da borda anal

não foi significante(51)

. Entretanto, quando não há exérese do tumor primário, o carcinoma

retal apresenta pior prognóstico(36)

.

Para os autores que subdividem os tumores colorretais em tumores de cólon direito

(do ceco até o transverso médio) e esquerdo (transverso médio ao reto), mostram pior

prognóstico no cólon direito(14,38)

.

Com o maior conhecimento das síndromes hereditárias colônicas (principalmente a

síndrome hereditária do câncer colorretal não polipóide) cuja predominância dos tumores a

montante da flexura esplênica é notável, a tendência é dividir os tumores colorretais entre

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cólon proximal (até flexura esplênica), cólon esquerdo e reto. Com esta caracterização,

estudos também não encontram diferença na sobrevida quanto a localização(12,22,36,41,44,50,54)

.

A localização extra-peritoneal do carcinoma retal apresenta complexidade

diagnóstica e terapêutica, justificando análise distinta de localização. Esta análise

diferenciada nunca foi feita em estudos prévios.

O tumor de reto intra-peritoneal tem comportamento biológico semelhante ao do

cólon(79)

. Entretanto, quando localizado no segmento extra-peritoneal tem características,

comportamentos e terapêuticas distintas quanto a necessidade de exames específicos para

estadiamento local, via de disseminação tumoral, importância da margem distal e

circunferencial, preservação esfincteriana, radioterapia neoadjuvante(81,82)

ou terapêutica

exclusivamente(83-86)

.

A literatura diverge bastante quanto a localização mais frequente do

adenocarcinoma colorretal estadio IV. Alguns estudos predominam cólon esquerdo(17,22,23)

,

outros reto(33,35)

e, ainda, cólon direito(12)

.

Na maior parte da nossa amostra predominou cólon distal com 81,9%, sendo 49%

cólon esquerdo e 32,9% reto extra-peritoneal. Apenas 18,1% dos pacientes tinham tumor de

cólon proximal. Não houve diferença na sobrevida global, pós-operatória, nem tempo livre

de progressão de doença quanto à distribuição topográfica.

O tumor sincrônico colorretal atinge 2 a 8% dos pacientes, independente do

estadio(26,79)

. Em nossa casuística, estadio IV, a taxa foi 3,3%.

Uma preocupação natural do cirurgião são os tumores intransponíveis ao aparelho

de colonoscopia. No presente estudo, dos 97 pacientes que fizeram colonoscopia, 67%

apresentavam tumores intransponíveis. Não há comprovação da relação entre tumor

intransponível, maior risco de obstrução e lesões mais avançadas. Esta variável, assim

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como a presença de tumor sincrônico, não foi significante para sobrevida global, pós-

operatória nem tempo livre de doença do paciente com adenocarcinoma colorretal estadio

IV.

Deve-se atentar que todos os pacientes com tumores intransponíveis devem ser

avaliados quanto a presença de tumores sincrônicos seja com enema iodado de baixa

pressão ou colonoscopia virtual no pré operatório, palpação minuciosa do cólon ou

colonoscopia no intra-operatório ou, ainda, colonoscopia até seis meses de pós-

operatório(79)

. A importância da avaliação pré e/ou intra-operatória no estadio IV se dá por

dois motivos principais: a indicação cirúrgica da extirpação do tumor secundário deve ser

precedida pelo controle do tumor primário (salvo se indicada terapia reversa) e há

dificuldade para a realização da colonoscopia pós-operatória dado a necessidade de drogas

quimioterápicas de curso prolongado (oxaliplatina, por exemplo) produzirem neutropenia,

risco de translocação e mucosite com o preparo intestinal.

5.2.2 Histologia e antígeno carcino-embrionário

Os tumores localmente avançados predominaram (T3 com 50,4% da amostra e T4

com 14%) uma vez que a taxa de doença metastática em tumores T1 ou T2 é baixa(22,26,33)

.

Predominou, também, a presença de linfonodos comprometidos pelo tumor: N1 com 22,8%

da amostra e N2 com 27,5%.

Diversos estudos analisaram a invasão do tumor na parede como potencial fator de

interferência na sobrevida do paciente com adenocarcinoma colorretal estadio IV(52)

: T3 e

T4(44)

ou apenas T4(13,33,41)

com pior prognóstico. Outros(14,22,32,36,37,42)

, incluindo o nosso,

não mostraram relação independente. Na sobrevida global e pós-operatória do presente

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estudo, T foi significante apenas em análise univariada, mas no tempo livre de progressão

de doença não mostrou qualquer relação.

O comprometimento linfonodal do adenocarcinoma colorretal (N) é, por vezes,

subestadiado em vigência de doença metastática. Isso se deve ao fato da despreocupação

com a dissecção linfonodal durante extirpação cirúrgica paliativa.

Apesar disso, a presença de metástase linfonodal é relacionada a pior

prognóstico(14,33,36,44,52,53)

, com 22,4 meses de sobrevida nos pacientes N0 e 13,9 meses nos

pacientes com linfonodo comprometido(44)

. A literatura também mostra relação progressiva:

quanto maior o estadiamento N pior a sobrevida(37)

. Um único estudo analisa

especificamente o linfonodo apical: 10,6% de sobrevida em 2 anos quando comprometido e

19,7% quando está livre de tumor(14)

.

A proporção linfonodos comprometidos por linfonodos totais (N+/Nt) visa melhorar

a interpretação da variável N, minimizando o efeito do subestadiamento linfonodal.

Tendo em vista que N+/Nt é marcador prognóstico do adenocarcinoma colorretal

estadio III(87,88)

, Derwinger & Gustavsson, ao analisar os linfonodos no estadio IV,

determinaram que os doentes com tumores pouco diferenciados tem maior N+/Nt(45)

.

Quando N+/Nt elevado, o paciente apresenta mais sítios de metástases e evolui com mais

efeitos adversos, intolerabilidade e pior resposta à quimioterapia(45)

. Por fim, os autores

concluem que há melhor sobrevida para os pacientes com N+/Nt entre 0 e 0,15, isto é, com

até 15% de linfonodos comprometidos pelo tumor(45)

.

Costi e colaboradores estudaram pacientes que não fizeram quimioterapia pós-

operatória e relatam que ter mais de 25% de linfonodos comprometidos é fator

independente de mau prognóstico com seis meses de sobrevida, enquanto que pacientes

com taxa menor que 25% tem 13 meses de sobrevida(22)

.

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Nossa casuística vai de encontro a esta relação entre linfonodo comprometido e

sobrevida dos pacientes com adenocarcinoma colorretal estadio IV. Tanto N quanto N+/Nt

não mostraram influência na sobrevida, assim como para outros autores(13,32,39-41,51)

. N+/Nt

foi significante apenas em análise univariada de sobrevida global, pós-operatória e tempo

livre de progressão de doença, não sendo, portanto, variável independente.

Características macroscópicas do tumor primário, como tamanho e aspecto

(polipóide, ulcerado, estenosante ou perfurado), não foram analisados em nossa casuística.

A literatura não vê relação com sobrevida nem do tamanho do tumor(14,22,32,37)

nem do

aspecto(14,22)

.

O grau de diferenciação tumoral não foi fator relacionado a sobrevida global, pós-

operatória nem tempo livre de progressão de doença nos pacientes com adenocarcinoma

colorretal estadio IV em nossa amostra, assim como na maior parte da

literatura(13,21,22,32,33,35,37-39,41,51)

, porém alguns autores relatam que o adenocarcinoma pouco

diferenciado é fator desfavorável independente de sobrevida(14,23,34,40,44,50)

.

Componente mucinoso não foi predominante em nossa amostra (apenas 8,7%) e

também não mostrou qualquer relação com sobrevida, assim como em outros

estudos(14,22,35,51)

, com exceção de um autor que descreve pior prognóstico do componente

mucinoso em pacientes submetidos a exérese do tumor primário com metástases

inextirpáveis(34)

.

Invasão venosa sugere grande associação com metástase hepática e é fator

independente da presença de metástase(89,90)

. Mas quando já existe disseminação, este fator

deixa de ser importante para a sobrevida. Assim, invasão linfática, venosa e perineural não

são importantes como preditores de sobrevida(51)

, como em nossa amostra. Apenas um

trabalho da literatura mostra invasão venosa como fator independente(14)

. Em nossa

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casuística, a invasão linfática foi a mais frequente e teve significância apenas em análise

univariada de sobrevida pós-operatória e tempo livre de progressão de doença.

O antígeno carcino-embrionário é um ótimo marcador tumoral de seguimento e, em

níveis muito elevados, sugere doença avançada. Estudo coreano analisou 2230 pacientes

que extirparam o adenocarcinoma colorretal, independente do estadio, mostrando que o

CEA teve relação com sobrevida(91)

.

No entanto, especificamente no estadio IV, a literatura diverge sobre a importância

do CEA na sobrevida. A maioria dos pacientes tem CEA elevado(92)

, mas nem todos os

tumores são produtores de CEA o que não permite que este seja fator preditivo de

sobrevida(41)

. A média do CEA no Dukes D é 102ng/mL, enquanto no Dukes A é

4ng/mL(92)

. Há evidências que CEA elevado (maior que 5ng/mL) leva a pior

sobrevida(13,17,34,48,49)

com 7,7 meses para pacientes com níveis elevados e 11,9 meses para

aqueles com níveis normais(13)

. Outro estudo mostra pior prognóstico apenas em CEA

maior que 500ng/mL(43)

.

Na análise vigente, a média do CEA foi 626,7ng/mL com mediana de 71ng/mL.

Houve significância apenas em análise univariada de sobrevida global e tempo livre de

progressão de doença, mostrando não ser fator independente de sobrevida, assim como para

outros autores(32,37,40,41,50,54)

.

5.2.3 Metástases

O sítio de metástase mais frequente do adenocarcinoma colorretal é o fígado(18,23)

,

presente em 71,6% a 90% dos casos, sendo 40,8% a 53% como sítio

exclusivo(13,17,22,23,32,34,93)

, ratificando nosso achado: 81,2% dos pacientes tem metástases

hepáticas e 51,6% como único sítio.

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A presença e extensão da metástase hepática foi significante em análise univariada

da sobrevida global, pós-operatória e tempo livre de progressão de doença, mas não como

fator independente. De certo modo, isso difere da literatura que afirma que a extensão da

metástase hepática é fator prognóstico independente.

Pode-se explicar tal diferença devido a seleção amostral, isto é, o presente estudo

englobou todos os pacientes estadio IV. Aqueles que não possuíam metástase hepática,

apresentavam sítios mais graves (como peritônio), fazendo dos pacientes com menos de

50% do parênquima hepático comprometido sobreviverem mais do que aqueles que não

apresentavam metástase hepática: 17,9 meses sem metástase hepática, 23,4 meses com

menos de 50% do parênquima comprometido e 12,7 meses com mais de 50% do

parênquima. Certamente se estudássemos só pacientes com metástase hepática, os dados

seriam coincidentes ao da literatura, porém nosso objetivo era estudar o comportamento de

pacientes no estadio IV como um todo e, neste caso, outras variáveis foram mais

determinantes que a presença e extensão da metástase hepática.

A literatura mostra evidências de pior sobrevida no adenocarcinoma colorretal

estadio IV quanto maior a extensão da metástase hepática(12,13,44,51,5255-57)

. Alguns autores

comprovam que doentes com 25% ou mais do parênquima hepático comprometido

sobrevivem duas vezes menos(43,54)

. Enquanto outros autores, mostram pior sobrevida em

doentes com comprometimento maior ou igual a 50% do parênquima hepático com 4,2

meses versus 14,4 meses(32,33,50,51)

, ou ainda, presença de mais de cinco metástases ou

nódulo único superior a 5cm(40,41)

e até, metástase bilobar(21,23,39)

.

Diferente desses estudos, outros não mostram que a extensão da metástase hepática

interfere na sobrevida(12,22,36-38)

.

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Seguidos de metástase hepática, em nosso estudo, o peritônio (19,5%) e pulmão

(18,8%) foram os sítios mais frequentes, assim como em outras séries(12,17,22,23,34,94,95)

. A

presença de carcinomatose peritoneal foi fator independente de mau prognóstico no

adenocarcinoma colorretal estadio IV, assim como na literatura(16,23,41,51-53,56,57)

, embora não

seja observada por outros autores(22,33,36,37,39,44)

. Em nossa casuística, foi fator independente

tanto na sobrevida global, pós-operatória como também no tempo livre de progressão de

doença.

A presença de metástases extra-hepáticas é de pior prognóstico(14,58)

para alguns

autores e não foi significante para outros(37)

.

O número de sítios de metástases não foi incluso na análise do presente estudo, mas

35,5% da amostra apresentava mais de um sítio metastático, semelhante a literatura com

30,3%(23)

. A maioria dos estudos não mostram que tal variável interfere na

sobrevida(13,22,33,35,36,51,54)

, entretanto alguns evidenciam pior prognóstico(34,43)

.

Tanto metástase pulmonar quanto outros sítios metastáticos menos frequentes,

implante peritoneal isolado, metástase ovariana e óssea, não foram significantes para

sobrevida global, pós-operatória nem tempo livre de progressão de doença no presente

estudo.

5.3 Fatores relacionados ao tratamento do tumor primário:

5.3.1 Cirurgia

As evidências de benefício com a extirpação do tumor primário no adenocarcinoma

colorretal estadio IV ainda não estão completamente claras.

O tratamento do carcinoma estadio IV se baseia na gravidade dos sintomas, status

de desempenho do paciente, volume da doença metastática, ressecabilidade do tumor

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primário e secundário, segurança e eficácia da quimioterapia, papel da radioterapia, riscos e

benefícios cirúrgicos(51,96)

.

É evidente que quando falamos de cura no estadio IV, o doente será submetido a

tratamento multimodal agressivo(97)

. Por muitos anos, a cirurgia era a única opção para a

maioria dos tumores parenquimatosos, porém, atualmente, muitas outras modalidades

terapêuticas se somam.

O tumor colorretal com metástase passível de extirpação é evidentemente

beneficiado com cirurgia do primário em conjunto com o secundário (simultânea); em dois

tempos (estagiada), precedida ou não de quimioterapia, ou cirurgia do tumor secundário

precedendo a do primário (reversa). Isso traz incremento de 20 a 50% na sobrevida a longo

prazo em pacientes assintomáticos e 10 a 20%, independente dos sintomas(67,68,98)

.

Já os tumores com metástases inextirpáveis são alvo de muita discussão quanto ao

papel da exérese do tumor primário. Atualmente, a quimioterapia tem resultados

surpreendentes, aumentando o tempo livre de progressão de doença em pacientes outrora

paliativos ou ainda, tornando metástases inextirpáveis em passíveis de cura.

Há inegável indicação da exérese do tumor primário em pacientes sintomáticos

complicados (hemorragia, obstrução, perfuração e fístula)(15)

mas ainda há dúvidas para

assintomáticos ou oligossintomáticos(99)

.

A ressecção do adenocarcinoma colorretal oligossintomático no estadio IV objetiva

prevenir complicação local(8,13,16,22,23,31,32,43,51,54,56,100)

; responder aos anseios do doente e

familiares que muitas vezes desejam que o tumor seja retirado(23,43,54,56)

; diminuir perda de

peso, depleção nutricial e anemia, fatores que pioram qualidade de vida e limitam a

quimioterapia(8,16,22,54)

; reduzir massa tumoral para maior efetividade da

quimioterapia(8,22,32,43,51,54,56,101)

; possibilitar cirurgia curativa da metástase no futuro(32)

e

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estadiar corretamente T, N e metástases, principalmente carcinomatose peritoneal que é de

difícil diagnóstico clínico-radiológico(8,22,54)

. Alguns autores acreditam que as vantagens da

extirpação superam a morbidade peri-operatória(8,13,34,54,102)

.

Porém o objetivo principal é alcançar baixa morbi-mortalidade e alta sobrevida.

Para tanto, muitos autores criticam a conduta cirúrgica de eleição(10,12,16,60,61,103,104)

e

colocam a quimioterapia como alternativa da não operação ou como conduta que a

preceda(104,105)

, advogando que o risco de complicação do tumor primário é menor que a

morbi-mortalidade da cirurgia(10-12,61,105)

; a descompensação da doença metastática é mais

grave e precoce que a complicação local(61,105,106)

; a demora do início da quimioterapia,

decorrente do ato cirúrgico ou sua complicação, prejudica o tratamento do tumor

metastático, que é sistêmico(10-12,19,51,60-62,105)

; há ativação de fatores de crescimento, pela

imunodepressão pós-operatória, que permite a metástase hepática crescer devido ao

aumento da densidade vascular, taxa de proliferação celular e taxa de crescimento

metabólico(107-110)

.

Associado a isso, muitos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento(104)

tem

dificuldade com os recursos diagnósticos para estadiamento e uso de novas drogas

(oxaliplatina e irinotecano) e agentes antiangiogênicos (bevacizumabe ou cetuximabe),

restando a cirurgia como única opção eficaz(22)

.

O número de extirpação tumoral paliativa diminuiu ao longo dos anos(8)

, entretanto,

mais de 65% dos pacientes com adenocarcinoma colorretal estadio IV são submetidos a

cirurgia do tumor primário como principal tratamento paliativo, até nos países

desenvolvidos(8,101)

, como nos Estados Unidos da América com 70% dos casos nas últimas

duas décadas(111)

. Semelhante cifra, 69,1%, deu-se em nossa casuística, em que o

tratamento cirúrgico extirpativo foi a conduta terapêutica mais frequente devido a

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dificuldade de acesso da população ao serviço médico em caso de complicação do tumor

primário, associada a dificuldade de obtenção de antiangiogênicos e a expectativa do

paciente e família.

Alguns estudos mostram que a quimioterapia sem resseção é de pior sobrevida(38)

,

outros não identificam diferença de sobrevida entre as condutas(10,12,16,27,104)

, há aqueles cuja

extirpação do tumor primário foi fator prognóstico de melhor

sobrevida(8,13,15,22,23,34,36,39,46,47,50,61,99,100,111-115)

e, por fim, outros que não identificam

diferença em extirpar ou não o tumor primário(10,12,13,16,21,32,40,46,54,104,112)

.

A média de sobrevida dos estudos cuja exérese do tumor primário foi fator de bom

prognóstico é 15,4 meses, enquanto os que não o retiraram tem 5,1 meses de

sobrevida(15,22,34,36,38,39,46,47,100,111-115)

.

Com o avanço do conhecimento na área oncológica e novos agentes

quimioterápicos, a sobrevida desses pacientes aumentou e pode ser que, no futuro, vejamos

que não operar será expôr o indivíduo a complicações do tumor primário(96)

, mostrando

benefício na exérese do tumor primário.

Afinal, além da quimioterapia, há o avanço da cirurgia laparoscópica, por exemplo,

que diminui o trauma cirúrgico e pode determinar outros caminhos terapêuticos(2)

. Muitas

dúvidas surgem e a literatura não contempla suas respostas: e se começássemos a

quimioterapia junto com a cirurgia? Será que a cirurgia do primário altera a qualidade de

vida? Será que a cirurgia de Hartmann é melhor que anastomose no estadio IV? Será que a

topografia do tumor interfere na decisão da extirpação tumoral? A cirurgia diminui as

admissões hospitalares? Diminui as intervenções como necessidade transfusional e uso de

endoprótese colônica?

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Revisão recente do Instituto Cochrane(27)

sobre a extirpação ou não do tumor

primário no estadio IV, incluiu apenas sete estudos de 798 artigos, todos não

randomizados(10,12,16,32,40,54,104)

. A metanálise incluiu 1086 pacientes sendo 722 submetidos

a extirpação do tumor primário, com sobrevida média de 14 a 23 meses, e 364 doentes

inicialmente submetidos a quimioterapia, atingindo oito a 22 meses de sobrevida. A

conclusão foi que extirpar o tumor não está associado a melhor sobrevida e não previne

complicação, pois esta foi semelhante entre os grupos(27)

, exceto um estudo, cujos pacientes

submetidos a quimioterapia e radioterapia concomitante, tiveram mais complicações

cirúrgicas(10)

. E, por fim, a revisão também define que a necessidade de procedimento de

urgência não está descartada com a exérese do tumor primário.

Outra metánalise incluiu 1062 pacientes com adenocarcinoma colorretal estadio IV

e conclui que extirpar o tumor pode prolongar a sobrevida em seis meses, porém esse

beneficio é influenciado por outros fatores como a extensão das metástases hepáticas(21)

,

carcinomatose peritoneal, status de desempenho do doente e, potencialmente, fosfatase

alcalina e albumina(31)

. Desta maneira, conclui que a extirpação tumoral não é variável

independente de sobrevida, como em nossa amostra(31)

.

Há forte tendência da literatura para a cirurgia e quimioterapia combinadas, a fim

de obter melhor sobrevida no estadio IV(15,22,35,38,101)

. Essa conduta supera quimioterapia ou

cirurgia isoladas, com sobrevida de 15 meses para os pacientes que fazem apenas

quimioterapia, de 11 a 22 meses aos que só extirpam o tumor primário e 30 meses para os

procedimentos combinados(15,28)

.

A quimioterapia precedendo a cirurgia é segura quando indicada em pacientes

assintomáticos ou oligossintomáticos. Há baixo risco de complicação do tumor primário(10-

12,15,104), de 9% a 21%

(11), e diminuição tumoral possibilitando tratamento cirúrgico

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posterior em 3% a 43% dos pacientes(10,11,97,116-118)

, com média de sobrevida de 22,5

meses(11)

.

O tratamento cirúrgico inicial pode retardar o tratamento da doença sistêmica. Esse

retardo é particulamente indesejável nos pacientes com metástase potencialmente curável,

que quando apresentam boa resposta tumoral serão submetidos a tratamento curativo do

tumor primário e secundário. A dificuldade é conseguir classificar o paciente como

potencialmente curável(97)

, uma vez que diversas variáveis estão envolvidas tanto de arsenal

diagnóstico como terapêutico.

Outra boa indicação desta conduta é no tumor de reto com doença metastática

avançada. A cirurgia do primário é mórbida e impactante na qualidade de vida do

doente(117)

, podendo a quimioterapia preceder a cirurgia, resguardando-a aos bons

respondedores e poupando os maus respondendores do risco da extirpação tumoral(69)

.

Mesmo os autores que acreditam na baixa morbidade da exérese do reto, ponderam que

status de desempenho reduzido, sítios metastáticos múltiplos ou metástase hepática

avançada não devem ser operados para que consigam suportar quimioterapia agressiva(69)

.

Os pacientes que progridem com a quimioterapia inicial devem fazer paliação para os

sintomas ou mudar o protocolo quimioterápico(51)

.

Cada vez mais, condutas intervencionistas não cirúrgicas estão crescendo na prática

clínica, principalmente no tumor de reto e cólon esquerdo: ablação (fulguração), terapia

endoscópica a laser Nd:YAG (neodymium yttrium aluminium garnet), crioterapia, terapia

fotodinâmica, aplicação de argônio, radioterapia, endoprótese colônica e exérese transanal

como conduta cirúrgica menos agressiva(17,103,119-127)

.

Assim, discriminar pacientes que se beneficiam delas ao invés da ressecção

paliativa ou outras cirurgias paliativas é um desafio(17)

. Todos os aspectos devem ser

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ponderados, alguns autores comprovam que a endoprótese colônica no tumor de cólon

esquerdo metastático leva a maior risco de perfuração durante a quimioterapia(128)

. A

exérese paliativa do tumor de reto reduz sintomas, que por vezes são exuberantes e

comprometem a qualidade de vida(51)

, fazendo com que, apesar da endoprótese colônica ser

indicada no alívio da obstrução e evitar colostomia, não soluciona tenesmo, sangramento e

dor(124)

. Outras opções, como laserterapia e radioterapia, são boas, mas são realizadas em

várias sessões e tem resposta variável(124)

.

Nos pacientes com tumor de reto que recebem radioterapia associada à

quimioterapia, 87% conseguem ficar livre de estoma em um ano(119)

. Enquanto nos

submetidos a exérese do tumor primário, 67,5% necessitam estoma, sendo que 35,1% dos

estomas são confeccionados devido derivação por anastomose colorretal baixa. A maioria,

68,6%, desses estomas temporários se transformam em definitivos no estadio IV, taxa

muito maior quando comparada com outros estadios, 31,2%(129)

. Com isso, a anastomose

baixa se torna alternativa duvidosa nesses pacientes, uma vez que a quimioterapia sistêmica

pós-operatória pode impedir a oportunidade de fechamento e, paralelo a isso, a doença se

mantém em evolução.

Considerando todas as anastomoses nas condições da extirpação tumoral paliativa, a

deiscência é infrequente, com estudo demonstando uma deiscência em 60 casos(130)

. Em

nossa amostra tivemos cinco deiscências, sendo duas urinárias e três intestinais. Estas

últimas corresponderam a 4,2% dos 70 pacientes submetidos a anastomose intestinal.

Assim, a anastomose no estadio IV também visa oferecer qualidade de vida quando

comparado ao estoma(130)

.

A extirpação tumoral não elimina o risco de recidiva no tumor de reto estadio

IV(119)

, mas a taxa não difere de outros estadios(51,57,131)

, com autores ilustrando 94% de

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controle local em dois anos(51)

. Law & Chu mostram que todos os pacientes que evoluíram

com recidiva, progrediram também para carcinomatose peritoneal, comprovando doença

descontrolada(57)

.

Deve-se avaliar caso a caso quanto a real necessidade de cirurgia paliativa:

expectativa de vida, risco cirúrgico, possibilidade de alternativas não cirúrgicas que atuem

como paliação local e o impacto do tratamento na qualidade de vida. Fazio recomenda não

extirpar o tumor de pacientes com expectativa de vida menor que seis meses(120)

. Assim,

não se deve operar pacientes de alto risco e os de baixo risco, deve-se considerar a

ressecção, pois nestes há aceitável morbi-mortalidade(19)

.

A cirurgia paliativa que não retira o tumor primário é de pior

prognóstico(13,21,22,34,36,39,100,114,115)

: pacientes ressecados vivem 12,5 meses enquanto

operações paliativas não extirpativas resultam em sobrevida de 4,6 meses(114)

. Há diferença

de sobrevida em dois anos mas não em cinco anos(21)

.

O presente estudo corrobora com o achado, os pacientes cujo tumor foi extirpado

sobreviveram 23,3 meses enquanto os derivados, 12,1 meses. A taxa de laparotomia não

terapêutica em nossa amostra (4%) foi aquém da literatura (17%)(17)

.

Chafai e colaboradores(14)

comprovam que a extirpação tumoral é fator

independente de melhor sobrevida nos pacientes assintomáticos que sobreviveram à

mortalidade pós-operatória (30 dias). Em nossa amostra, a maior sobrevida pós-operatória

foi exatamente nesses pacientes com 19,4 meses, sugerindo que se o paciente superar a

mortalidade cirúrgica, a extirpação é benéfica.

Existem estudos prospectivos e randomizados analisando o adenocarcinoma

colorretal estadio IV com metástases inextirpáveis, porém não estão concluídos.

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O National Surgical Adjuvant Breast and Bowel Project (NSABP) iniciou estudo

fase II propondo tratamento quimioterápico com 5-fluorouracil, leucovorin, oxaliplatina

(mFOLFOX6) e bevacizumabe nos tumores de cólon assintomáticos com metástase

inextirpável(132)

. O objetivo primário deste estudo é a morbidade do tratamento, incluindo

taxa de complicações do tumor primário. Toxicidade e sobrevida global são objetivos

secundários(132)

.

O Dutch Colorectal Cancer Group iniciou estudo fase III visando analisar o papel

da cirurgia nos pacientes com adenocarcinoma colônico oligossintomáticos com metástase

sincrônica inextirpável. Objetiva avaliar sobrevida global e, secundariamente, tempo livre

de progressão de doença, qualidade de vida, custo-beneficio e necessidade de intervenções

não cirúrgicas(133)

.

Outros estudos também analisam sobrevida global, randomizando pacientes com

adenocarcinoma colorretal e metástases inextirpáveis que farão quimioterapia precedida ou

não de cirurgia(134,135)

e avaliando, em estudo fase III, o papel da exérese paliativa do tumor

primário(136)

.

Em relação a qualidade de vida, há poucos dados na literatura, porém houve maior

necessidade transfusional em pacientes com adenocarcinoma colorretal estadio IV que não

foram submetidos a extirpação tumoral, o que pode comprometer a qualidade de vida,

indiretamente(16)

.

Apesar da duração da cirurgia interferir na resposta metabólica do doente, não se

demonstra relação com sobrevida no estadio IV(22)

, porém a transfusão pós-operatória

mostra piora da sobrevida(41)

.

Entre muitos estudos citados, apenas um deles definiu critérios de inoperabilidade

no adenocarcinoma colorretal estadio IV: tumores de reto T4 com expectativa de cirurgia

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R2 associado a comorbidade em mais de um órgão ou ASA IV e mais de 50% de

comprometimento hepático(33)

.

Em nossa amostra, cirurgia foi variável significante em análise univariada de

sobrevida global, pós-operatória e tempo livre de progressão de doença, mas não foi fator

independente de prognóstico.

O benefício da extirpação tumoral no tempo livre de progressão de doença também

é controverso, não sendo fator independente para alguns(99)

, ratificando nosso achado, e

mostrando relação prognóstica para outros(46,47)

.

A literatura mostra melhor sobrevida global e maior tempo livre de progressão de

doença nos pacientes submetidos a exérese do tumor primário apenas em sítio metastático

único(46,99)

e piora da sobrevida em pacientes com mais de quatro metástases hepáticas,

independente da extirpação do primário(97,137)

.

5.3.2 Morbi-mortalidade e cirurgia de urgência

Neste estudo, a presença de complicação cirúrgica foi fator independente de mau

prognóstico na sobrevida pós-operatória. Já na sobrevida global e tempo livre de progressão

de doença, a presença de complicação pós-operatória foi importante apenas em análise

univariada.

Detalhando as complicações pós-operatórias, reoperação foi fator independente de

mau prognóstico tanto na sobrevida global quanto na pós-operatória e sepse foi fator

independente apenas na sobrevida global, enquanto que na sobrevida pós-operatória e no

tempo livre de progressão de doença sua significância se limitou à análise univariada. O

restante das complicações, descompensação de comorbidades, insuficiência hepática,

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pneumonia, infecção de sítio cirúrgico, deiscência e íleo pós-operatório não influíram na

sobrevida.

Em revisão sistemática com 2296 pacientes(28)

, a morbidade variou de 3,5 a 50%

com média de 18%(21,32-34,36,38,39,54)

e a mortalidade variou de 0 a 11,7% com média de

5,3%(13,14,21,32-34,36,38,39,44,54)

. A amostra estudada vai ao encontro desses achados com 33,5%

de morbidade e 9,9% de mortalidade. A ampla variação das taxas, principalmente na

morbidade, deve-se a heterogenicidade dos casos inclusos.

Se considerarmos apenas os pacientes submetidos à extirpação tumoral, a

mortalidade da literatura varia de 6,4 a 13% com morbidade de 8,8% a 50,3%(21,44,119)

,

semelhante ao nosso estudo: 6,7% de mortalidade e 34,9% de morbidade.

Os pacientes que complicam na cirurgia fazem menos tratamento adjuvante(21,33)

. As

causas de complicação mais frequentes são infecção de sítio cirúrgico, infecção do trato

urinário e pneumonia(12,36,39,54,105)

. No presente estudo, a reoperação foi a complicação mais

frequente (9,4%), seguida de infecção de sítio cirúrgico (6,7%) e íleo pós-operatório (4%).

Dois pacientes de nossa amostra (1,5% dos operados) tiveram hemorragia digestiva

alta como complicação pós-operatória. Há relatos de até 4,5% de sangramento por úlcera de

estresse no pós-operatório(12)

.

Fatores que se relacionam a pior morbidade cirúrgica no adenocarcinoma colorretal

estadio IV são idade superior a 65 anos(23)

, comorbidade em mais de um sistema(33)

, tumor

de reto(33)

, metástase comprometendo mais de 50% do parênquima hepático(23,33)

,

carcinomatose peritoneal(23)

e metástase extra-hepática exclusiva(12)

. Enquanto os fatores de

pior mortalidade pós-operatória são idade superior a 65 anos(13,23,33,100)

, ASA IV e V(13,33)

,

T4(33)

, cirurgia de urgência(13)

e complicação pós-operatória(33)

.

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Vibert e colaboradores determinaram que idade superior a 75 anos e AST elevada

são fatores independentes de pior morbi-mortalidade de três meses de pós-operatório(19)

. O

estudo alerta que a mortalidade de 30 dias de pós-operatório inclui apenas pacientes que

complicam rapidamente com o ato cirúrgico, porém as alterações metabólicas que

precipitam a progressão da doença ultrapassam este período fazendo-os encontrar apenas

2,5% de mortalidade em 30 dias e 28% desses sobreviventes morreram em até três meses

de pós-operatório por progressão de doença(19)

, outros autores também concordam com esta

curva de mortalidade(36)

. Pacientes com nenhum fator de risco (idade superior a 75 anos e

AST elevada) tem 13% de mortalidade de três meses pós-operatório, enquanto com um

fator de risco atinge 44% e dois fatores de risco, 100%(19)

.

A extirpação tumoral paliativa, apesar de aumentar a sobrevida em relação a

procedimentos cirúrgicos não extirpativos, apresenta maior risco de complicação pós-

operatória, por ser cirurgia de maior porte cirúrgico(21,39)

. No entanto, não mostra diferença

na mortalidade pós-operatória(13,22,104)

. A mortalidade pós-operatória da laparotomia

exploradora não terapêutica varia de 2% a 10%(23,43,50)

, com morbidade de 23%(21,23)

. Na

nossa amostra, a extirpação tumoral teve 34,9% de complicações enquanto os submetidos a

cirurgia sem extirpação teve 28,5%.

Os pacientes submetidos a cirurgia de urgência, em nosso estudo, tiveram pior

sobrevida global, pós-operatória e tempo livre de progressão de doença apenas em análise

univariada, não se caracterizando como fator independente, assim como na literatura(36)

.

A mortalidade da cirurgia eletiva no adenocarcinoma estadio IV varia de 3% a

7,3%, sendo menor que a da cirurgia de urgência com 16,9 a 40%(8,13,23,36,38,54,61,138)

. Assim

como a morbidade, com 21,4% no grupo operado eletivamente e 25 a 43% nos operados na

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urgência(8,32)

. Em vigência de quimioterapia, alguns autores relatam ainda maior morbi-

mortalidade(54,104)

, ao contrário de outros(40,61)

.

Vinte por cento dos pacientes estadio IV exigem cirurgia inicialmente por obstrução

ou perfuração(16)

. A obstrução intestinal é a complicação mais comum do tumor colorretal

metastático não extirpado: 5,6 a 29%(10,12,16,61,104,105)

, sendo a principal causa de operação de

urgência. Em análise multivariada, o risco de obstrução é maior em metástase peritoneal

(omento ou carcinomatose) e idade jovem foi fator de proteção(16)

. Nem localização, nem

extirpação do tumor primário foram importantes como fatores de risco para obstrução,

argumento a favor da não extirpação do primário na presença de carcinomatose(16)

.

A endoprótese colônica foi descrita em 1991(139)

, apesar do alto-custo, pode ser útil

nas obstruções(54)

como “ponte” para cirurgia eletiva. Tem 81% de eficácia em seis

meses(139)

, diminuindo a necessidade de procedimento de urgência, que apresenta maior

morbidade(35,103,124,140)

. Porém como tratamento paliativo definitivo, apresenta maus

resultados por complicações tais como migração, perfuração, reestenose(128,139)

, manutenção

de sintomas álgicos, sangramento, puxo e tenesmo(35)

. Apesar da mortalidade relacionada

ao stent ser baixa (0 a 0,6%)(140,141)

, sua complicação é alta, atingindo 30%(100,142)

.

Outras complicações do tumor que necessitam cirurgia de urgência são peritonite

por perfuração (4% a 24%), fístula (3,7%) e sangramento (3,5%)(12,16,104)

.

5.3.3 Margem

A extirpação tumoral do tumor primário no estadio IV, considerando ausência de

lesão residual (R0), presença microscópica (R1) ou macroscópica (R2), teve diferença na

análise univariada mas não na multivariada de sobrevida global e pós-operatória.

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O comprometimento da margem, seja radial ou longitudinal, o que na prática

corresponde a R0 versus R1 + R2, foi fator independente de prognóstico na sobrevida

global. Foi também significante em análise univariada de sobrevida pós-operatória, mas

não teve qualquer relação com tempo livre de progressão de doença. Já o tamanho da

margem distal não mostrou relação prognóstica.

Considerando todos os estadios do adenocarcinoma colorretal, a margem positiva é

conhecidamente o pior fator prognóstico de sobrevida(143)

. Mesmo em paciente com estadio

IV, a margem continua sendo importante para o prognóstico(14,33,44,47)

, embora haja

divergência com outros autores(32,36,51)

. Chafai e colaboradores também mostram melhor

prognóstico: nenhum paciente estadio IV com ressecção R1 viveu dois anos enquanto

19,7% dos R0 atingiram dois anos de sobrevida(14)

. Já Koopman e colaboradores mostraram

que a ressecção R0 só está associado a melhor prognóstico se o sítio metastático for único

na ausência de carcinomatose(46)

.

5.3.4 Terapia neoadjuvante, quimioterapia, radioterapia e antiangiogênico

O conceito de tratamento neoadjuvante não é bem aplicado nas cirurgias paliativas.

Além disso, neste conceito, a quimioterapia objetiva potencializar o efeito da radioterapia,

já na doença sistêmica tem finalidade terapêutica ou paliativa.

Mesmo com tais considerações, alguns pacientes são submetidos a terapia

neoadjuvante clássica para tumor de reto (radioterapia de 4500 a 5040cGy associada a 5-

fluorouracil e leucovorin na primeira e última semanas)(144,145)

e posterior extirpação

tumoral por diversas razões: melhorar condições locais para extirpabilidade completa e

subestadiamento inicial são as principais delas.

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No presente estudo, os pacientes que realizaram terapia neoadjuvante não tiveram

melhora de sobrevida global, pós-operatória nem tempo livre de progressão de doença.

Diferente dos tumores de reto estadio II e III que apresentam benefício no controle local,

podendo aumentar tempo livre de doença(144,145)

. Resultado esperado, a tentativa de

controle local no estadio IV não supera a importância da doença disseminada.

Descoberto no final de 1980, o 5-fluorouracil é o agente quimioterápico principal no

adenocarcinoma colorretal. Novas drogas surgiram no final de 1990 (irinotecano) e 2000

(oxaliplatina), com incremento na resposta tumoral do adenocarcinoma colorretal estadio

IV de 15% com 5-fluorouracil e leucovorin para 50% com combinações de irinotecano ou

oxaliplatina(146-149)

, além de atingir 85% de controle de doença(146,147)

. A sobrevida também

aumentou(40,63,147,148,150-153)

: nove meses na era 5-fluorouracil para 24 meses com

oxaliplatina, irinotecano e antiangiogênicos(71,146,147,154-158)

. Estes últimos, bevacizumabe,

cetuximabe e panitumumabe, também foram descobertos em 2000(159)

.

Apesar disso, em estudos retrospectivos de sobrevida, a quimioterapia é envolvida

em um grande viés de seleção: pacientes mais graves são excluídos da quimioterapia por

falta de condições clínicas, reservando-a apenas aos pacientes com mais condições e,

consequentemente, melhores resultados(13)

. A análise multivariada minimiza este viés mas

deve-se ser crítico quanto a esta consideração. Este foi o motivo de, apesar de relatarmos a

toxicidade da quimioterapia, esta variável não fez parte da análise de sobrevida, porque

quanto mais se sobrevive no estadio IV, maior o tempo de quimioterapia e, com isso, maior

a chance de toxicidade. Considerar esse parâmetro na análise seria considerar que quem

complica na quimioterapia vive mais, o que não é causa e consequência lógica e sim

correlação temporal. A literatura também sugere que a toxicidade da quimioterapia pode ser

fator adicional de pior prognóstico no estadio IV(160)

, porém com difícil comprovação.

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Não realizaram quimioterapia 34,2% dos pacientes deste estudo. Vários fatores

foram determinantes: opção do paciente e família, idade avançada, status de desempenho

ruim, problemas sociais, não disponibilidade de agentes quimioterápicos (alguns meses do

ano 2000), má adesão terapêutica do paciente, morbi-mortalidade cirúrgica, entre outros.

A quimioterapia foi fator independente de bom prognóstico na sobrevida global e

pós-operatória em nossa amostra. Não interferiu no tempo livre de progressão de doença,

embora tenha sido significante na análise univariada do mesmo.

Concordando com nosso achado, a maioria dos estudos mostra melhora da

sobrevida com o uso da quimioterapia no adenocarcinoma colorretal estadio

IV(11,13,23,33,34,40,41,45,56,57,60-64)

. Enquanto poucos, não demonstram diferença

prognóstica(14,36,37,65,66)

.

A quimioterapia pode aumentar chance de sobrevida em 1 ano em 50%, sem piorar

qualidade de vida(60)

e reduz progressão de doença, aumentando período assintomático(60,64-

66). Apesar do presente estudo não a caracterizar como fator independente de tempo livre de

progressão de doença.

Além disso, não reduz apenas massa tumoral metastática, mas também o tumor

primário, com potencial redução do risco de obstrução(11,76)

.

Os agentes antiangiogênicos vieram para melhorar a resposta clínica tumoral(107)

,

adicionando controle de doença sistêmica(155-157)

. Porém, aumentam risco de perfuração e

sangramento do tumor primário não extirpado e também deiscência quando há necessidade

de cirurgia de urgência(159)

. Em nossa amostra, foi fator independente de sobrevida global,

pós-operatória e tempo livre de progressão de doença.

No entanto, cabe ressaltar que estes agentes não foram ofertados a todos os nossos

pacientes e sim aqueles que progrediram doença mesmo em vigência de quimioterapia com

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oxaliplatina ou irinotecano, a partir de 2009. Este é um viés importante que se soma ao

mesmo viés de seleção da quimioterapia.

Ofertou-se bevacizumabe a 13 pacientes, quatro deles receberam cetuximabe após

determinação do K-ras selvagem. Metanálise com cetuximabe mostrou melhora na

sobrevida dos pacientes com tumores K-ras selvagem(161)

.

Esses avanços nos agentes quimioterápicos podem diminuir metástases hepáticas

em até 40% dos pacientes que inicialmente não foram candidatos a cirurgia hepática

curativa(117,154-157)

.

A resposta ao primeiro ciclo de quimioterapia é fator independente de melhor

prognóstico(51)

. No tumor de reto com metástase inextirpável, a resposta completa ou

parcial, apesar de pouco freqüente, trouxe 85 meses de sobrevida enquanto apenas 18

meses para aqueles com pouca resposta, sem resposta ou até progressão de doença. Ao

mesmo tempo, pacientes que tiveram qualquer resposta à quimioterapia (completa, parcial,

pouca ou sem progressão) sobreviveram 28 meses enquanto os que progrediram viveram

apenas 12 meses. O autor conclui que a quimioterapia é a mais importante intervenção

terapêutica para prolongar sobrevida(51)

.

Para os pacientes não eleitos a procedimento cirúrgico, por opção terapêutica ou

contra-indicação clínica, a quimioterapia pode oferecer benefício superando a sobrevida

máxima de três meses obtida por medidas clínicas de suporte(15,149,162)

. Ela é bem

estabelecida como paliação e é preditor de sobrevida, mas seu uso isolado é incapaz de

prolongar sobrevida para mais de um ano(64)

.

Quanto a toxicidade da quimioterapia no adenocarcinoma colorretal estadio IV,

alguns estudos mostram que os pacientes que não extirparam o tumor primário, evoluem

com mais náusea, vômito e íleo adinâmico que os doentes cujo tumor foi extirpado(46,47)

.

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5.4 Fatores relacionados ao tratamento do tumor secundário

Os tratamentos realizados para as metástases no presente estudo foram cirurgia, seja

hepatectomia ou ligadura de ramo portal esquerdo, radioablação, quimioembolização,

alcoolização e radioterapia (em metástase cerebral). Trinta porcento dos pacientes fizeram

algum tratamento para a metástase, sendo 71,1% desses, tratamento cirúrgico.

A doença metastática não tratada tem sobrevida de menos de 10 meses e apenas 5%

de sobrevida em cinco anos(163)

. Em contrapartida, a sobrevida de cinco anos pós

metastasectomia hepática varia de 25 a 51% e pulmonar, de 30 a 73%(24,164,165)

.

Há incremento na sobrevida, de 25 a 60%, para os pacientes que são submetidos a

tratamento da metástase(20,37,166)

, com mortalidade cirúrgica menor que 5%(166)

, 40,7 meses

de sobrevida global(97)

, 8,8 meses de tempo livre de doença pós hepatectomia(97)

, porém

49% de recidiva da doença metastática hepática a longo prazo(97)

.

Nossa amostra corrobora com isso, mostrando que tratar as metástases é fator

independente de proteção na sobrevida global, pós-operatória e tempo livre de progressão

de doença. A sobrevida global do grupo que tratou as metástases foi 32,6 meses com 23,5

meses de tempo livre de progressão de doença, enquanto aqueles que não trataram

atingiram apenas 12,8 meses de sobrevida e 5,7 meses de tempo livre de progressão de

doença.

Considerando cada tratamento isolado e a presença de complicação secundária ao

tratamento das metástases, não houve relação com a sobrevida. Isso pode ser resultado da

pequena amostra que tratou as metástases (45 doentes). Ao subdividir este grupo por tipos

de tratamento, a amostra ficou ainda mais diminuta, não mostrando relação com sobrevida.

Nas metástases inextirpáveis, a quimioembolização é o tratamento mais utilizado porém

não traz melhora na sobrevida(37)

, assim como em nosso achado.

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Houve avanços na estratégia cirúrgica da hepatectomia: ressecções parciais guiadas

por ultrassonografia intra-operatória(167,168)

, hepatectomia extensa precedida por

embolização da veia hepática(169)

, hepatectomia em dois tempos(170)

, repetidas

hepatectomias(171)

, hepatectomia reversa(172-174)

, quimioterapia adjuvante(65)

, peri-

operatória(66)

ou neoadjuvante(118,175)

. Tais estratégias melhoram a sobrevida da doença

metastática extensa.

A recomendação da Liga Americana de Compreensão do Câncer para metástase

hepática extirpável ou potencialmente extirpável é hepatectomia sincrônica ou

quimioterapia neoadjuvante por dois a três meses ou, ainda, hepatectomia estagiada seguida

de quimioterapia(29,30)

.

Não há diferença de sobrevida entre a cirurgia hepática sincrônica e estagiada(96,176)

e 26% dos pacientes que não puderam extirpar o tumor primário sincronicamente com o

secundário, com quimioterapia adjuvante conseguiram em segundo tempo(96)

.

Sexo masculino(34,163,170,177,178)

, idade avançada(163,170,177,178)

, tumor pouco

diferenciado(163,170,177,178)

, N2(34)

, invasão perineural(34)

e CEA elevado(163,170,177,178)

são de

pior prognóstico nos pacientes submetidos à metastasectomia. Enquanto sexo masculino,

N2 e invasão perineural também determinam menor tempo livre de doença(34)

.

Alguns autores acreditam que não é a localização das metástases hepáticas no

parênquima que prediz a sobrevida pós-metastasectomia(179,180)

, mas outros mostram que a

metástase bilobar é o preditor negativo mais importante da indicação cirúrgica, sugerindo

que, nesta condição, o tratamento inicial com quimioterapia deva ser considerado(181)

.

Há melhor sobrevida quando metástase de lobo único sem linfonodo comprometido

(28 meses)(37,97)

e pior em pacientes com mais de cinco metástases comprometendo ambos

os lobos e com linfonodos comprometidos em número maior de três (quatro meses)(37)

.

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Sakamoto e colaboradores analisaram fatores de mau prognóstico para o tratamento

da doença metastática hepática bilobar e determinaram que mais de cinco metástases

hepáticas e tumores T4 são fatores independentes de mau prognóstico. Enquanto as

variáveis sexo, idade, localização do tumor primário, N, grau de diferenciação tumoral,

invasão linfática, CEA, CA19.9, tempo da hepatectomia, técnica, margem e quimioterapia

adjuvante à hepatectomia não tiveram qualquer relação com sobrevida na metástase bilobar

tratada(97)

.

A metástase extra-hepática, principalmente pulmonar, não contra-indica

hepatectomia(58,182)

, porém deve-se avaliar cada caso em particular: o status de desempenho

do paciente, a exérese completa do tumor primário e a extirpabilidade do primeiro e do

segundo sítio metastático, pois as comorbidades dos pacientes e a doença disseminada ou

local descontrolada são limitações de cura(13)

. A quimioterapia hipertérmica intraperitonial

oferece alguma perspectiva para pacientes selecionados com carcinomatose peritoneal(183)

.

Ao final do seguimento de nossa amostra, 4,7% dos pacientes estavam vivos sem

doença, 2,7% com doença, 73,8% morreram pela doença de base, 8% pela cirurgia do

tumor primário e 8,7% pelo tratamento complementar. A literatura ratifica nosso achado,

com 3,7% de pacientes vivos, 86,6% morrendo pela doença e 6,5% pela cirurgia do tumor

primário(15)

.

Cabe ressaltar que a mortalidade pós-operatória de nosso estudo foi maior que a

porcentagem considerada como óbito secundário a cirurgia do tumor primário uma vez que

a primeira inclui todos os óbitos até 30 dias do ato cirúrgico, portanto, pacientes que

morreram por complicação do tumor e foram operados também se somam à mortalidade

pós-operatória embora a causa de morte seja a doença de base.

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A sobrevida em 2 e 5 anos foi de 28,2% e 2,7%, respectivamente, com sobrevida

média de 17,4 meses. As nove variáveis independentes de sobrevida adicionadas (fatores de

risco e ausência de fatores de proteção), coagulograma alterado e bilirrubina total elevada

na admissão, carcinomatose peritoneal, margem comprometida, reoperação, sepse pós-

operatória, não fazer quimioterapia nem antiangiogênico e não tratar metástase,

determinaram piora gradativa da sobrevida global dos pacientes: doentes sem nenhum

desses fatores sobreviveram 50,6 meses; um deles, 32,3 meses e sete das nove variáveis

sobreviveram apenas 21 dias.

Considerando todas as variáveis , deve-se ter em mente que os fatores relacionados

ao doente e ao tumor são constantes(79)

, cabendo a equipe médica julgar os únicos fatores

que podem ser manejáveis para alcançar a melhor sobrevida: aqueles relacionados ao

tratamento.

Como todo estudo retrospectivo, há limitações que devem ser consideradas em sua

análise crítica: heterogenicidade da amostra; o tratamento da doença disseminada sofreu

alterações ao longo desses dez anos, principalmente na indicação do tipo de quimioterápico

e disponibilidade do uso de antiangiogênicos; a terapêutica foi determinada com base em

variáveis não controladas, isto é, a equipe decidiu a melhor terapêutica para cada caso

baseado em critérios próprios.

Mesmo assim, estudar numerosa gama de variáveis para concluir quais pacientes

com adenocarcinoma colorretal estadio IV tem melhor prognóstico, faz os autores inferirem

e sugerirem a resposta para a principal pergunta dos cirurgiões: já que a extirpação tumoral

isoladamente não melhora o prognóstico, quais pacientes oligossintomáticos não se

beneficiam de tratamento cirúrgico? Pacientes com sinais de insuficiência hepática

(albumina, coagulograma e bilirrubina), presença de carcinomatose peritoneal, previsão de

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extirpação tumoral com margem comprometida e risco de complicação pós-operatória com

sepse ou necessidade de reoperação devem ser direcionados a tratamento sistêmico com

quimioterapia e antiangiogênico, pois a estimativa de sobrevida é baixa e a morbi-

mortalidade cirúrgica supera o risco de complicação do tumor primário.

Num futuro próximo, a terapia alvo fará parte da escolha terapêutica desses

pacientes. Mais do que características clínicas e histológicas, teremos aspectos moleculares

que ajudarão à entender o comportamento tumoral e optar pela melhor terapêutica.

Algumas mutações e expressões proteicas tem sido estudadas tanto para identificar

os pacientes com melhor prognóstico quanto para assumi-las como alvo terapêutico:

AKT(184)

, CDX2(185)

, cyclin D1(186)

, ciclooxigenase-2(187)

, EGFR(188)

, CD133(189)

, p27(190)

,

IMP3(191)

, CD44(192)

, KITENIN(193)

, OPRT(194)

, DPD(195)

, TP(195)

, Fas ligand(196)

, activin

A(197)

, sialyl-Le(x)(198)

, DHHC9(199)

, KAI1(200)

, cMET/hepatocyte(201)

, integrina alpha 2 e

3(202)

, fascin(203)

, ID4(204)

, LRP16(205)

, nm23-H1 e H2(206)

, RCAS1(207)

, entre outras.

Dessas, três em especial mostraram correlação com sobrevida em estadio avançado.

Foram elas: IMP3(191)

, CD44(192)

e fascin(203)

.

IMP3 é proteína oncofetal RNAm que se liga a fatores de crescimento insulina-like

II transcriptase. Ela está presente no epitélio em desenvolvimento, músculo e placenta e

ausente ou com pouca expressão em tecidos adultos. Quando está expressa no

adenocarcinoma colorretal mostrou pior sobrevida em estadio III e IV, sendo variável

independente de mau prognóstico(191)

.

A superexpressão da molécula glicoproteica transmembrânica CD44 tem sido

associada a pior prognóstico nos tumores colorretais estadio IV(192)

.

Fascin é uma 55 kDa proteína globular ligadora de actina, envolvida na motilidade

das células mesenquimais e neuronais, considerada mediador de invasão celular e

agressividade fenotípica nos tumores epiteliais. A superexpressão fascin é preditora de pior

prognóstico, com taxa de sobrevida em dois anos de 92,2% em pacientes com

adenocarcinoma colorretal fascin negativo nos estadios III e IV contra 60% em doentes

com alta expressão de fascin(203)

.

Estudo futuro avaliará tais marcadores na amostra caracterizada.

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6 CONCLUSÕES

Os fatores prognósticos independentes que interferem na sobrevida global dos

pacientes com adenocarcinoma colorretal estadio IV, relacionando-se à pior sobrevida são

carcinomatose peritoneal, coagulograma alterado e bilirrubina total elevada na admissão,

extirpação do tumor primário com margens comprometidas, sepse pós-operatória e

necessidade de reoperação. Já o uso da quimioterapia, do antiangiogênico e o tratamento

das metástases são fatores de proteção tanto na sobrevida global como na pós-operatória.

Carcinomatose peritoneal e reoperação também são fatores independentes de pior

sobrevida pós-operatória, além de complicação pós-operatória.

Já albumina baixa na admissão e carcinomatose peritoneal determinam menor

tempo livre de progressão de doença, enquanto o uso de antiangiogênico e o tratamento das

metástases determinam maior tempo livre.

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7 ANEXO 1

ADENOCARCINOMA COLORRETAL ESTADIO IV Paciente no_________

Nome: _________________________________________________ Idade diag: ____anos

RG: _______________ Sexo: (1) F (2) M Nasc: _____/_____/______

End: _______________________________________________ Tel: _________________

1) Anamnese:

1.1) Tempo de história: ___________ meses

1.2)Sintomas:

(0) assintomático

(1) dor abdominal

(2) dispepsia

(3) fadiga

(4) ascite

(5) enterorragia

(6) hematoquezia

(7) puxo/tenesmo/dor

(8) perda ponderal

(9) diarréia

(10) diarréia paradoxal

(11) anemia

(12) fezes fita

(13) outra: ___________

1.3) AP de Câncer não colorretal: (0) não (1)sim:

1.4) Comorbidades: (0)nenhuma

(1) DPOC

(2) HAS

(3) IRC

(4) DM

(5) AVC

(6) ICC

(7) arritmia

(8) ICo

(9)outra:

1.5) AF de CCR: (0) não (1) sim:

2) Exame físico: IMC: ______ kg/m2

(0) normal

(1) hepatomegalia

(2) tu abdominal fixo

(3) tu abdominal móvel

(4) icterícia

(5) ascite

(6) tu retal fixo

(7) tu retal móvel

(8) anemia

(9) LNM inguinal

(10) outro: ___________

3) Diagnóstico: Data: ______/______/__________

3.1)Localização:

(1) reto alto

(2) reto médio

(3) reto baixo

(4) transição

(5) sigmóide

(6) descendente

(7) transverso

(8) ascendente

(9) ceco

3.2) Estadio local pré-operatório: T____N____ (1) TC (2) RM

3.3) Colonoscopia: (0) transponível (1) intransponível (2) sincrônico

3.4) Metástase:

(0) sem Mx

(1) fígado

(2) pulmão

(3) adrenal

(5) peritônio

(6) ovário

(7) osso

(8) cérebro

(9) outra: _____

exame: (1) TC (2) RM (3) CO

características: (1) <50% (2) >50% (3) unilateral (4) bilateral (5) carcinomatose (6) única

3.5) CEA:

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4) Exames laboratoriais da admissão: Hb

Ht

Leucócitos

Albumina

TP

TTPA

AP

BT

BD

FA

GGT

TGO

TGP

U

Crea

5) Tratamento tumor primário:

5.1) Neoadjuvância: (0) não (1) sim

5.2) Cirurgia: Data: ______/______/__________

(1) AAP

(2) retossigmoidectomia

(3) ileostomia em alça

(4) Hartmann

(5) hemicolectomia D

(6) hemicolectomia E

(7) transversectomia

(8) derivação

5.3) Ressecção: (0) R0 (1) R1 (2) R2

5.4) Mx no intra-operatório:

(1) <50%

(2) >50%

(3) carcinomatose

(4) Krukemberg unilatera

(5) Krukemberg bilateral

(6) implante único

6) Anátomo-Patológico: 6.1) Tipo histológico: (0) bem (1) mod (2) pouco (3) mucinoso

6.2) Invasão: (0) sem invasão (1) perineural (2) linfática (3) vascular

6.3) Linfonodos: _____/_____

6.4) T_____

6.5) Margem distal: _____cm

7) Complicações pós-operatórias:

(1) descompensação comorbidades

(2) insuficiência hepática

(3) PNM

(4) infecção FO

(5) TVP

(6) TEP

(7) IAM

(5) reoperação:

(6) outra:

(0) nenhuma

8) Exames laboratoriais pós-operatórios: Hb

Ht

Leucócitos

Albumina

TP

TTPA

AP

BT

BD

FA

GGT

TGO

TGP

U

Crea

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9) Tratamento Mx:

(1) cirurgia: _____/_____/_____ qual/AP:

(2) ablação: _____/_____/_____ quais nódulos:

(3) QE: _____/_____/_____ droga:

complicações:

10) Adjuvância:

(1) 5-FU

(2) LV

(3) Oxaliplatina

(4) Capecitabina

(5) Irinotecano

(6) Cetuximabe

(7) Bevacizumabe

(8) RDT

(9) outra:

período:

efeitos adversos:

11) Seguimento:

3m 6m 9m 12m …

Sintomas

CEA

Mx

12) Óbito: Data: ______/______/_______

(1) relacionado à doença (2) relacionado à cirurgia do tumor primário

(3) relacionado ao demais tratamentos (4) outro:

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ANEXO 2

Anexo 2 - Caracterização do número de linfonodos dissecados e sua taxa de positividade em 103 pacientes

com adenocarcinoma colorretal estadio IV que foram submetidos a cirurgia extirpativa na ISCMSP entre

2000 e 2010. São Paulo, 2013.

Nt* Pacientes Média N+/Nt Nt* Pacientes Média N+/Nt

0 7 > 14 34 0,29

< 10 30 0,34 15 3 0,04

1 2 0,5 16 4 0,42

2 4 0,25 17 3 0,39

3 2 0,33 18 4 0,2

4 3 0,5 19 2 0,42

5 1 0 20 3 0,53

6 2 0,08 21 3 0,28

7 6 0,35 22 1 0

8 6 0,39 23 2 0,43

9 4 0,38 25 1 0

10-14 32 0,40 26 1 0,07

10 4 0,45 28 1 0,03

11 9 0,36 33 1 0,93

12 8 0,4 35 2 0,31

13 6 0,44 37 1 0,05

14 5 0,41 42 1 0,18

49 1 0,04

*Nt: número de linfonodos dissecados na peça cirúrgica

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RESUMO

Formiga FB. Fatores prognósticos em pacientes portadores de adenocarcinoma

colorretal estadio IV. São Paulo; 2013. [Dissertação de Mestrado - Faculdade de Ciências

Médicas da Santa Casa de São Paulo].

O sítio metastático mais comum do adenocarcinoma colorretal é o fígado e até 70% das

metástases sincrônicas não são elegíveis para extirpação cirúrgica com intenção curativa.

Com isso, o tratamento do tumor disseminado é ainda controverso e os fatores prognósticos

de sobrevida desses pacientes podem ajudar na decisão terapêutica. Objetivo: Identificar

fatores prognósticos que interferem na sobrevida global, pós-operatória e tempo livre de

progressão de doença em pacientes com adenocarcinoma colorretal metastático no

momento do diagnóstico. Método: Estudo de Coorte realizado com 81 variáveis

(relacionadas ao doente, ao tumor e ao tratamento) em 149 pacientes diagnosticados com

adenocarcinoma colorretal estadio IV na Santa Casa de São Paulo, no período de julho de

2000 a julho de 2010. Cada variável se comparou ao desfecho por análise univariada e, a

partir das significantes, foi realizada análise multivariada. Resultados: A média de idade foi

58,5 anos. Tumor de cólon esquerdo (49%) e reto extra-peritoneal (32,9%) predominaram

na amostra. Dos pacientes cujo tumor foi retirado, 72,8% foi pT3, 20,3% pT4, 33% pN1 e

39,8% pN2. Fígado (81,2%), peritônio (19,5%) e pulmão (18,8%) foram os sítios

metastáticos mais comuns, com 30% dos pacientes apresentando mais de um sítio. Cirurgia

foi realizada em 87,9% dos pacientes, com extirpação do tumor primário em 69,1% e

derivação em 14,8%. A morbidade pós-operatória foi 33,5% e a mortalidade 9,9%. A

sobrevida global média foi 17,4 meses. As variáveis independentes de mau prognóstico

foram coagulograma alterado (AP<70% 6,6 vs 20,4 meses AP>70%), bilirrubina total

elevada (BT>2md/dL 3,5 vs 19,4 meses <2md/dL), carcinomatose peritoneal (7,9 vs 21,6

meses), margem (comprometida 12,8 vs 25,4 meses livre), reoperação (9,9 vs 21,9 meses) e

sepse pós-operatória (1,0 vs 21,2 meses). Além disso, fazer quimioterapia (25,4 vs 6,3

meses), antiangiogênico (38,5 vs 16,9 meses) e tratar metástase (32,6 vs 12,8 meses) se

relacionaram a melhor sobrevida. Conclusões: Os fatores prognósticos independentes que

interferem na sobrevida global dos pacientes com adenocarcinoma colorretal estadio IV,

relacionando-se à pior sobrevida são carcinomatose peritoneal, coagulograma alterado e

bilirrubina total elevada na admissão, extirpação do tumor primário com margens

comprometidas, sepse pós-operatória e necessidade de reoperação. Já o uso da

quimioterapia, do antiangiogênico e o tratamento das metástases são fatores de proteção

tanto na sobrevida global como na pós-operatória. Carcinomatose peritoneal e reoperação

também são fatores independentes de pior sobrevida pós-operatória, além de complicação

pós-operatória. Já albumina baixa na admissão e carcinomatose peritoneal determinam

menor tempo livre de progressão de doença, enquanto o uso de antiangiogênico e o

tratamento das metástases determinam maior tempo livre.

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ABSTRACT

Formiga FB. Prognostic factors in patients with stage IV colorectal adenocarcinoma.

São Paulo, 2013. [Faculty of Medical Sciences of Santa Casa de São Paulo].

The most common site of metastatic colorectal cancer is the liver and up to 70% of

synchronous metastases are not eligible for surgical resection with curative intent. Thus,

treatment of disseminated tumor is still controversial and prognostic factors of survival in

these patients may help the therapeutic decision. Objectives: To identify prognostic factors

that influence the overall survival, postoperative survival and time free of disease

progression in patients with metastatic colorectal cancer at diagnosis. Methods: Cohort

Study was conducted with 81 variables (related to the patient, tumor and treatment) in 149

patients diagnosed with stage IV colorectal adenocarcinoma in Santa Casa de São Paulo,

from July 2000 to July 2010. Each variable was compared with the outcome in univariate

analysis and, based on the significant, multivariate analysis was performed. Results: Mean

age was 58.5 years. Tumor of the left colon (49%) and extra-peritoneal rectum (32.9%)

were predominated in the sample. Of the patients whose tumor was removed, 72.8% of

patients were pT3, 20.3% were pT4, 33% and 39.8% were pN1 and pN2, respectively.

Liver (81.2%), peritoneum (19.5%) and lung (18.8%) were the most common metastatic

sites, with 30% of patients having more than one site of metastasis. Surgery was performed

in 87.9% of patients, with resection of the primary tumor in 69.1% and 14.8% with

intestinal derivation. The postoperative morbidity was 33.5% and mortality 9.9%. The

median overall survival was 17.4 months. The independent variables of poor prognosis

were altered coagulation (AP <70% 6.6 vs 20.4 months AP> 70%), elevated total bilirubin

(TB>2md/dL 19.4 months vs 3.5 <2md/dL), peritoneal carcinomatosis (7.9 vs 21.6

months), margin (positive 12.8 vs 25.4 months if negative), reoperation (9.9 vs 21, 9

months) and postoperative sepsis (1.0 vs 21.2 months). Moreover, chemotherapy (25.4 vs

6.3 months), antiangiogenic (38.5 vs 16.9 months) and treated metastasis (32.6 vs 12.8

months) were related to better survival. Conclusions: The independent prognostic factors

that affect the overall survival of patients with stage IV colorectal adenocarcinoma, relating

to the worst survival are peritoneal carcinomatosis, altered coagulation and total bilirubin at

admission, removal of the primary tumor with positive margins, postoperative sepsis and

reoperation. But the use of chemotherapy, antiangiogenic and treatment of metastases are

protective factors for both overall survival and post-operative. Peritoneal carcinomatosis

and reoperation are also independent predictors of worse postoperative survival, as well

postoperative complication. Low albumin and peritoneal carcinomatosis determine shorter

progression-free disease, while the use of antiangiogenic ant treatment of metastases

determine longer progression-free disease.

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APÊNDICE 1

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APÊNDICE 2

Classificação do status de desempenho físico – Eastern Cooperative Oncology Group(80)

Categoria 0 Atividade plena. Capaz de atividades pré-doença, sem restrições.

Categoria 1 Restrição à atividade extenuante, mas capaz de realizar trabalho de natureza

leve ou sedentária. Por exemplo: atividade domiciliar ou trabalho em

escritório.

Categoria 2 Paciente ambulatorial. Capaz de auto-cuidado, mas incapaz de realizar

qualquer atividade de trabalho. Faz atividade em mais de 50% das horas em

vigília.

Categoria 3 Capaz apenas de limitado auto-cuidado. Está na cama ou cadeira em mais de

50% das horas em vigília.

Categoria 4 Completamente incapaz. Não pode exercer auto-cuidado. É totalmente

confinado à cama ou cadeira.

Categoria 5 Morto