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FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS - ESUDA Curso de Especialização em Neuropsicologia José Gilcélio Silva A NEUROPSICOLOGIA E AS CONTRIBUIÇÕES DA TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL PARA O TRATAMENTO DE PACIENTES COM PROBLEMAS DE MEMÓRIA Recife, 2012

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FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS - ESUDA

Curso de Especialização em Neuropsicologia

José Gilcélio Silva

A NEUROPSICOLOGIA E AS CONTRIBUIÇÕES DA TERAPIA

COGNITIVO COMPORTAMENTAL PARA O TRATAMENTO DE

PACIENTES COM PROBLEMAS DE MEMÓRIA

Recife, 2012

JOSÉ GILCÉLIO SILVA

A NEUROPSICOLOGIA E AS CONTRIBUIÇÕES DA TERAPIA

COGNITIVO COMPORTAMENTAL PARA O TRATAMENTO DE

PACIENTES COM PROBLEMAS DE MEMÓRIA

Monografia apresentada ao curso de Pós-graduação em Neuropsicologa como parte dos

requisitos para aquisição do título de especialista.

Data de Aprovação

_____/_____/2012

Banca Examinadora

Profº. Mestre Fábio de Torres

Profª. Mestra Verônica Carrazzone

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela concepção da vida e a possibilidade de perpetuação, aos

meus professores e amigos de classe que contribuíram para produção de novos

conhecimentos, aos meus filhos Cayc e Adla Sena pela paciência que tiveram nas minhas

ausências e a minha querida e amada esposa Magdala Sena pelos incentivos nas horas difíceis

e momentos de desistir e pelo carinho todo especial nesses dezenove anos de casados.

RESUMO

Há muitas formas de tratamento para pacientes com problemas de memória e a Terapia

Cognitivo Comportamental junto da Neuropsicologia se propõem a contribuírem com seus

conhecimentos para o tratamento destes pacientes, a parceria entre as diversas ciências têm

sido fortalecida a cada momento por estar facilitando muito o diagnóstico, os tratamento e

permitindo aos paciente uma melhor recuperação de suas patologias, trabalharemos com a

Terapia Cognitivo Comportamental e Neuropsicologia no diagnóstico, recuperação e

identificação dos pacientes com problemas de memória, como identificar as áreas do cérebro

lesadas, ou comprometidas e qual o melhor método ou técnica que aplicaremos para

recuperação destes pacientes para garantir uma melhor qualidade de vida e um tempo mais

rápido de recuperação ou remissão dos sintomas. A Neuropsicologia identifica a área

lesionada através dos testes e avaliações neuropsicológicas e a Terapia Cognitivo

Comportamental com seus métodos, técnicas e psicoterapias, direcionará o paciente a uma

recuperação mais rápida focando suas intervenções nas áreas identificadas como necessária a

serem estimuladas para recuperação ou para uma área que deverá ser estimulada através da

plasticidade cerebral. Essa pesquisa se propõem a oferecer aos pacientes com problemas de

memória, diagnóstico mais preciso identificação e direcionamento na área lesionada, maior

agilidade no tratamento e uma melhor recuperação ou remissão dos sintomas.

Palavras Chave: Terapia Cognitivo Comportamental, Neuropsicologia, Memória e

Plasticidade Cerebral

ABSTRACT

There are many ways to treat patients with memory problems and Cognitive Behavioral

Therapy, along neuropsychology intend to contribute their knowledge to treat these patients,

the partnership between the various sciences have been strengthened by every moment is

greatly facilitating the diagnosis the treatment and allowing patients a better recovery from

their illnesses, work with the Behavioral and Cognitive Neuropsychology in the diagnosis,

recovery and identification of patients with memory problems, how to identify the brain areas

damaged or compromised and the best method or technique that will apply to recovery of

these patients to ensure a better quality of life and a faster time to recovery or remission of

symptoms. Neuropsychology identifies the injured area through neuropsychological tests and

evaluations and Cognitive Behavioral Therapy with his methods, techniques and

psychotherapies, direct the patient to recover more quickly by focusing its interventions in

areas identified as necessary for recovery or be stimulated to an area that should be stimulated

to a neuronal plasticity. This research proposes to offer to patients with memory problems,

more accurate diagnosis, identification and targeting damaged area, faster processing and

better recovery or remission of symptoms.

Keywords: Cognitive Behavioral Therapy, Neuropsychology and Memory

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................6 - 7

2. BASES EPISTEMOLÓGICA DA PSICOLOGIA..................................................8 - 11

3. TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL

3.1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS.................................................................12 - 15

3.2 TÉCNICAS E MÉTODOS UTILIZADOS PELA TERAPIA COGNITIVO

COMPORTAMENTAL PARA ALTERAÇÃO DE CRENÇAS .....................................15 - 16

4. NEUROPSICOLOGIA...........................................................................................17 - 18

4.1 PLASTICIDADE CEREBRAL ( NEUROPLASTICIDADE)....................19 - 21

5. MEMÓRIA ..............................................................................................................22 - 23

5.1 CLASSIFICAÇÃO DA MEMÓRIA...........................................................24 - 26

5.2 TESTES DE MEMÓRIA UTILIZADOS PELA NEUROPSICOLOGIA.........27

6. NEUROPSICOLOGIA E TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL...28-29

6.1 AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA E TCC........................................30- 31

7. CONCLUSÃO......................................................................................................................33 - 34

REFERENCIAS ...............................................................................................................................35

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1. INTRODUÇÃO.

Esta Monografia do curso de pós-graduação em NEUROPSICOLOGIA, tem como

tema: A Neuropsicologia e a Terapia Cognitivo Comportamental, e como objeto delimitado,

a Neuropsicologia e as contribuições da Terapia Cognitivo Comportamental para o

tratamento de pacientes com problemas de Memória. Sendo assim, é justificada, à medida

que a cada momento buscamos mecanismos que possam nos auxiliar a entender melhor as

demandas dos pacientes. Nenhum profissional hoje se permite não buscar em outras áreas

auxílio para seus diagnósticos, a interdisciplinaridade possibilita uma interação, outras formas

de conhecimento e, a Neuropsicologia em parceria com os conhecimentos da Terapia

Cognitivo Comportamental busca entender melhor as disfunções da memória para identificar

a melhor maneira utilizada pela TCC à reabilitação do paciente, nessa interação entre TCC e

NEURO, poderíamos avaliar melhor a funcionabilidade do cérebro “ perdas e ganhos” através

dos testes que são disponibilizados pela Neuropsicologia e as técnicas utilizadas pela Terapia

Cognitivo Comportamental.

Devido aos inúmeros casos envolvendo problemas de memória, que tem interferido e

prejudicado a qualidade de vida dos pacientes e provocado verdadeiros blackout nas mentes

das pessoas prejudicando sua vida familiar e o convívio na sociedade, isolando-os de todos, se

enclausurando nos seus devaneios e alucinações, nos faz pensar: Quais as contribuições que

a Neuropsicologia e a terapia cognitivo Comportamental poderão dar aos pacientes com

problemas de memória? Como objetivo geral deste estudo identificaremos de que forma a

Terapia Cognitivo Comportamental e a Neurpsicologia poderiam minimizar o sofrimento de

pacientes com problemas de memória, já como objetivos específicos, Citar as contribuições

que a Neuropsicologia em conjunto com a Terapia Cognitivo Comportamental dariam para o

tratamento dos pacientes com problemas de memória, identificar se seria possível a

Neuropsicologia e a Terapia Cognitivo Comportamental utilizando-se de suas técnicas

produzir um tratamento mais eficaz para os pacientes com disfunção na memória, relacionar

os testes específicos utilizados pela Neuropsicologia capazes de identificar que área do

cérebro encontra-se comprometida, planejar as sessões terapêuticas a partir dos testes

neuropsicológicos que identificaram a área comprometida da memória no intuito de

estimulação, utilizando-se de técnicas da terapia cognitivo comportamental, conceituar as

técnicas usadas pela Terapia Cognitivo Comportamental capazes de estimular a memória

7

disfuncional dos pacientes, construir uma ligação entre Neuropsicologia e Terapia

cognitivo Comportamental capaz de acelerar a remissão dos sintomas em pacientes com

problemas de memória procedural por exemplo, elencar os mecanismos e técnicas utilizadas

pela TCC e Neuropsicologia aplicadas aos pacientes com déficit de memória, entender como

o cérebro pode recuperar suas funções, dentre elas a memória, através da plasticidade

cerebral.

Como questões norteadoras para este esta monografia teremos: Quais as possíveis

contribuições da Neuropsicólogia e a Terapia Cognitivo comportamental dariam para o

tratamento dos pacientes com problemas de memória? Seria possível a Neuropsicologia e a

Terapia Cognitivo Comportamental utilizando-se de suas técnicas produzir um tratamento

mais eficaz para os pacientes com disfunção na memória? Quais os testes específicos

utilizados pela Neuropsicologia para memória? Quais as técnicas utilizadas pela Terapia

cognitivo comportamental capaz de produzir reestruturação cognitiva para recuperação da

memória? Como conceituar a Terapia Cognitivo Comportamental ( TCC ) , o que é

Neuropsicologia? Quais as interligações entre TCC e Neuro capazes de produzir a remissão

dos sintomas nos pacientes com problemas de memória? O que é plasticidade cerebral? Como

funciona a plasticidade cerebral? Como hipótese para este estudo pretendemos comprovar

que: A Neuropsicologia utilizando-se dos conhecimentos da terapia Cognitivo

Comportamental, conseguirá com maior rapidez recuperar as funções da memória

disfuncional.

Este trabalho apresenta-se como elaboração teórica através de pesquisa do tipo

bibliográfica que segundo Gil( 1991,apud Meules,2001 ) é elaborada a partir de material já

publicado constituída principalmente de livros, artigos e períodos com material

disponibilizado na internet, Fará parte deste projeto os seguintes capítulos: Bases

epistemológica da psicologia, Terapia Cognitivo Comportamental, Conceitos fundamentais,

Técnicas e métodos utilizados pela Terapia Cognitivo Comportamental para alteração de

Crenças, Neuropsicologia, Plasticidade Cerebral, Memória, Testes de Memória utilizados pela

Neuropsicologia, A Neuropsicologia e a Terapia Cognitivo Comportamental.

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2. EPISTEMOLOGIA DA PSICOLOGIA

Procurar conhecer as bases que fundamentaram a história da psicologia é importante

para obtenção do conhecimento desta ciência tão nova e tão presente em nossa sociedade,

faz-se necessário conhecer as etapas da história, como surgiu, de onde surgiu e como foi

inserida na contemporaneidade, a base epistemológica servirá de alicerce para fundamentação

teórica e credibilidade perante os leitores, procuraremos apresentar de uma forma sucinta e

evolutiva, seguindo uma ordem cronológica, de modo a fazer com que o leitor adentre na

história até despontar no surgimento da psicologia científica.

Na idade antiga, numa perspectiva filosófica, alguns filósofos buscavam explicar o

surgimento do mundo em período que chamaram de: COSMOLÓGICO,

ANTROPOCÊNTRICO E TEOCÊNTRICO, a Grécia por ser considerada o berço da

civilização ocidental, sendo o local do surgimento da filosofia de onde surgiu a psicologia,

busca uma explicação filosófica de como surgira o cosmo, de que matéria orgânica era

constituído, tentavam busca explicação do principio ou a lei que regia o universo, pois até

aquela época, VI aC, tinha-se como um mito.

Tales de Mileto, ( 640-548 aC) foi o precursor na tentativa de explicar o cosmos pela

universalidade da matéria, havia algo que fora responsável pela formação do cosmo, Tales vê

na água o elemento original de todas as cosias, pois segundo Tales, a água estava presente na

maior parte dos componentes mineral, vegetal e animal, a água era o nutriente necessário para

alimentar todo ser vivo, desta feito estaria no elemento água a explicação do surgimento do

cosmo, surgiram vários outros filósofos que defenderam a idéia do surgimento do cosmo

através de um elemento, Heráclito ( 540-475 aC) apesar de perceber a dificuldade de reduzir o

cosmo a um elemento simples, defendia que: “ O mundo está em constante mudança, num

eterno devir, o permanente era apenas ilusão de nossos sentidos, dava mais ênfase ao

processo, à dinâmica e não ao elemento estático. Tudo no universo, com o tempo, se

transforma em seus opostos.”( RIBEIRO. p. 26, 1997) E tinha no fogo o elemento básico para

formação do universo, sendo assim, já poderemos perceber a contribuição destes filósofos na

construção da psicologia através dos tempos, nada seria estático e tudo estava na maneira

como percebíamos as coisas através dos sentidos.

Pitágoras ( 570-496 aC) buscava explicar a formação do cosmo através dos números,

os números seriam a essência de tudo, procurava descobrir de que forma o universo

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funcionava havendo uma ordem numérica para esse funcionamento.“ Pitágoras sustentava a

existência de uma alma imortal, distinta do corpo, ao qual preexistia e no qual se encarnava

como uma prisão” ( FREIRE. p. 27, 1997). Outro filósofo, Anaxágoras, não partilhava de uma

visão elementar, única na formação do cosmo, ele dizia que: “ tudo está em tudo, pois em

cada coisa há uma parte de todas as outras” Assim como Pitágoras que sustentava agora uma

alma distinta do corpo, Anaxágoras contribui muito para o surgimento da psicologia, dando

origem a uma escola psicológica do século XX a Gestalt.

O último filósofo do período cosmológico foi Demócrito ( 460-370 aC) que falava de

corpo, alma, morte, criou um sistema materialista e considerava que os pensamentos e os atos

do homem, bem como todos os seus acontecimentos eram determinados por agentes externos,

falou do determinismo externo agindo sobre o comportamento indo de encontro ao livre-

arbítrio, esse pensamento de Demóclito contribui para formação do Behaviorismo, que

defendem que o comportamento é controlado por forças externas.

Esse período foi o que praticamente originou o pensamento psicológico que se

fortaleceu através dos tempos, mas sempre buscando nos pensamento filosófico de Demóclito,

principalmente e Pitágoras, o ponto de partida para o entendimento do sujeito, os outros

filósofos como Tales, Heráclito e Anaxágoras, embora tenham tido uma participação na

história, não foram tão representativos para o surgimento da psicologia, poderíamos dizer que

a psicologia surgiu da cosmologia.

No Período antropocêntrico, o homem agora é o centro de todas as coisas, a

eloqüência agora era a forma diferenciada de se avaliar as pessoas, saía o jovem que deveria

ser preparado para guerra e entrava o cidadão de formação direcionada à educação, Sócrates

foi o principal pensador desta época e contribui muito para o surgimento da psicologia quando

fala da introspecção, do mundo das idéias, do conhece-te a ti mesmo, da maiuetica, perguntas

e resposta, indo de encontro ao pensamento de Demóclito, que falava da construção do

sujeito à partir das experiências.

A psicologia apesar de ainda não ter surgido, se fortalece com essa dialética através

dos tempos, Platão discípulo de Sócrates, compartilha do mundo das idéias e fala sobre os

conhecimentos inatos, “ Conhecer seria um processo de lembrar o que está dentro e não

aprender o que está fora” ( FREIRE.p 34, 1997) Platão , a exemplo de Heráclito, defende que

tudo que esteja fora do mundo das idéias, estão em mutação, faz a separação de mente e

corpo, que se torna na realidade ponto fundamental para a psicologia. Ainda neste período

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surge Aristóteles que vai de encontro aos pensamentos platônicos e defendem que o homem

tudo aprende, não compartilhava de que as idéias eram inatas, ao nascermos, não trazemos

conosco nenhum conhecimento, nada temos nos nossos pensamentos, somos construídos

através das experiências.

Esse pensamento contribuiu de uma forma representativa para o surgimento de

algumas abordagens psicológicas e serviu como fonte de sustentação para a psicologia de uma

forma em geral. Já na idade média prevalecia o cristianismo, Jesus Cristo era o modelo e a

explicação de todas as coisas, não havia como contestar a Bíblia sagrada como fonte de todo o

saber o período passou a ser Teocêntrico, Deus o ser soberano agora explica através da Bíblia

o surgimento de todas as coisas, de acordo com a Bíblia sagrada no livro de João no capítulo

1 versículos de1 a 5 está escrito:

No princípio era o verbo, e o Verbo estava com Deus, e o verbo era Deus. Ele estava o princípio com

Deus. Todas as coisas foram feitas por meio Dele, e sem Ele nada do que foi feito se fez. Nele estava à

vida, e a vida era a luz dos homens.

Alguns pensadores deste período, como Santo Agostinho e Tomás de Aquino segue a linha de

pensamento Aristotélica negando a concepção das idéias inatas. Esse foi um período que não

trouxe grandes contribuições para a psicologia, no século XV com a chegada da idade

moderna, há uma queda do apogeu teocêntrico, o dogmatismo deixa de prevalecer e o

antropocentrismo volta a ter seus dias de destaque, o cristianismo não foi esquecido, ele

pendura até os dias de hoje com uma influência fenomenal.

A psicologia nesta época já poderíamos dizer que sua existência seria filosófica, mas

tudo que já se havia construído, as tendências vista até o momento, reuniam requisitos, as

bases e os pensamentos criados já tinham subsídios suficientes para levar o que era psicologia

filosófica para uma psicologia científica.

No final da idade média, com o surgimento da idade moderna, que foi considerada o berço

das ciências, surgindo a Química, a Física, a Estatística, a Astronomia, a Biologia etc, surge

também correntes filosóficas que possibilitam a automação da psicologia, fazendo com que a

ela torne-se uma ciência emancipada, o que estava em questão era como se deveria construir o

conhecimento, vários filósofos como: Hobbes, Locke, Kant e Hume, tinham seus

pressupostos na formação do homem através da mente e corpo, ou seja o homem era nativista

em alguns pontos, mas também empirista em outros, Locke e Hume, eram defensores do

empirismo crítico, “ nada há na inteligência que não tenha passado pelos sentidos”

11

poderemos ver aqui o fortalecimento de uma idéia Aristotélica, já mencionado anteriormente,

como bases epistemológicas da psicologia, nesta dialética, há o fortalecimento da psicologia

como ciência, a partir da experiência, segundo HUME,( s.d, p. 122- et seq.)

Um homem sábio, portanto, torna sua crença proporcional à sua evidência, Nas conclusões que se

baseiam numa experiência infalível, espera o evento com o máximo grau de segurança e considera a

experiência passada uma prova completa da existência futura deste evento. ( ... ) Se a experiência, digo

eu, não revelasse que as qualidades são inerentes à natureza humana, não depositaríamos jamais a menor

confiança no testemunho humano.

Questões como consciente, inconsciente, percepção através da memória e atenção

começam a surgir no contexto, os processos mentais são reconhecidos, o homem não é apenas

razão, mas também prática, a ciência apenas entendia como verdade aquilo que se pudesse

comprovar, o sensorial, os órgãos dos sentidos, seriam a porta para a comprovação do

conhecimento, neste contexto, já se faziam presente para emancipação da psicologia três

correntes filosóficas, a saber: o Empirismo Crítico, o Associacionismo e o Materialismo

Empírico.

No final do século XIX, dois nomes se destacam na legitimação da psicologia como ciência,

Fechner e Wundt. Em 1860, Fechner lança um livro “ Elementos de Psicofísica, já Wundt

com maior representatividade, em 1864, publica o livro: “ Elementos de psicologia

Fisiológica, também criando o primeiro laboratório psicológico, este na Alemanha em 1879.

Wundt era Empirista, não acreditava nas idéias inatas e que o que adivinha da mente no

presente, baseava-se nas experienciais passadas como pensava Hume. Desta forma Wundt é

considerado o pai da psicologia como ciência autônoma e experimental.

12

3. TERAPIA COGNITIVO – COMPORTAMENTAL.

3.1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS.

No século XX, com a novidade da psicologia como ciência, surgem várias escolas

psicológicas, o Estruturalismo, Funcionalismo, Behaviorismo, Gestalterapia e a Psicanálise

que ganhou notoriedade diante do mundo, assim como muitos pensadores criaram muitas

outras formas de terapia, na década de 60, surge uma nova forma de fazer psicoterapia, a

saber: TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL ( Carinhosamente chamada de

TCC), seu criador, um conceituado psiquiatra com bases psicanalíticas, na Filadélfia, Aaron

T. Beck, que junto com Albert Ellis, traz uma nova perspectiva para o tratamento a priori para

pacientes com depressão, mas que ao longo dos tempos tem se demonstrado muito promissora

no tratamento das mais diversas formas de patologia, sendo uma abordagem empírica com

mais de 40 ( quarenta) anos de atividade que compactua com mais de 20 abordagens dentro

do modelo cognitivo comportamental, a TCC tem sido promissora e cada dia faz mais adeptos

para disseminação do seu modelo, os que se utilizam dessas “ técnicas” se assim poderíamos

chamar, tem como pressuposto e fundamento a seguinte teoria: “ O que perturba o ser

humano não são os fatos, mas a interpretação que ele faz dos fatos”, nessa conjectura

apresentada por ( Knapp, 2004, p 20) teremos a seguinte afirmativa:

O material trazido à consulta não é interpretado pelo terapeuta, mas elaborado em conjunto como o

paciente num trabalho de identificar, examinar e corrigir as distorções do pensamento que causam

sofrimento emocional ao indivíduo. A TCC focaliza seu trabalho em identificar e corrigir padrões de

pensamentos conscientes e inconscientes ( que não estão acessíveis diretamente a consciência, (...) A

terapia Cognitiva baseia-se na premissa de que a inter-relação entre cognição, emoção, e comportamento

está implicada no funcionamento normal do ser humano e, em especial, na psicopatologia. Um evento

comum do nosso cotidiano pode gerar diferentes formas de sentir e agir em diferentes pessoas, mas não é

o evento em si que gera as emoções e os comportamentos, mas sim o que nós pensamos sobre o evento.

A TCC trabalha com as experiências do sujeito que foram adquiridas através do

tempo, formou-se uma história de vida que construiu a história do sujeito, nesta formação

consta não só a questão cognitiva, mas também e principalmente as questões de cunho

emocional, o desenvolvimento social, as manifestações das emoções, o prazer, o desprazer, as

indiferenças, o estado de experiências ou sentimentos individuais, regras e valores foram

implantados, formou-se crenças e pressupostos, o psicoterapeuta cognitivo comportamental,

trabalha junto ao paciente uma avaliação destes pressupostos e crenças afim de refazer ou

reconfigurar seus pensamentos e automaticamente mudar seus comportamentos, há uma

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construção entre terapeuta e paciente, segundo Sudak ( 2008,p.18) Todas as abordagens

cognitivas têm o mesmo pressuposto: a de que os indivíduos possuem a capacidade de

controlar as suas próprias crenças e ações, e as nossas emoções dependem de como

compreendemos a nossa experiência.

Poderíamos dizer que para apreendermos essas experiências, que são registradas e

armazenadas na nossa memória, há uma construção de pensamento, sentimento que gera

comportamento, Knapp ( 2004, p. 21 ) fala de um modelo cognitivo: Minhas crenças

nucleares, ativarão meus pressupostos subjacentes, desencadeados por uma situação vivida,

surgindo os Pensamentos automáticos, que por sua vez produzirá uma Reação, levando a um

sentimento emocional, gerando um comportamento também produzindo uma reação física.

O objetivo do terapeuta, é mostrar ao paciente que seus pensamentos automáticos, não

possuem sustentação para a realidade, não haverá evidências que comprove esse pensamento

disfuncional, devendo levar o paciente a uma reestruturação cognitiva, tornando-o mais

flexível nas suas convicções, o paciente fará uma avaliação de como ele se percebe, diante

dele, do outro e do mundo, sobre isto, Knapp ( 2004, p. 21 ) escreve o seguinte:

O interjogo de vários fatores – genéticos, ambientais, culturais, familiares, de desenvolvimento e

personalidade – predispõe o indivíduo à vulnerabilidade cognitiva. As interações e interfaces de todos

estes fatores entram em jogo na formação das crenças e dos pressupostos idiossincráticos de si mesmo

material trazido à consulta não é, das pessoas e do mundo, determinando quais eventos de vida virão

acionar reações mal-adaptativas.

3.2 TÉCNICAS E MÉTODOS UTILADOS PELA TERAPIA COGNITIVA

COMPORTAMENTAL PARA ALTERAÇÃO DE CRENÇAS.

Quando falamos em técnicas na Terapia Cognitivo Comportamental para alteração de

crenças recebemos uma enxurrada de questionamentos, há quem pense que a TCC é um

amontoado de técnicas e fórmulas que precisam ser seguidas dentro de uma sistematização,

essa não é a proposta da TCC para utilização de suas técnicas, elas são apenas um mecanismo

que os psicoterapeutas Comportamentais usam para gerar mudanças

cognitivas/comportamentais e fazer com que seu paciente reconheça o modelo cognitivo para

aquela patologia, essas técnicas poderão levar o paciente à novas descobertas e mudanças na

cognição e no comportamento do sujeito o que chamamos de mudanças de crenças, podendo

atingir o nível de crenças centrais e crenças intermediárias para uma reestruturação eficaz,

14

desta feita mostraremos a seguir algumas técnicas utilizadas pela TCC ( Terapia Cognitivo

Comportamental ).

REGISTRO DE PENSAMENTO AUTOMÁTICO. Como primeira técnica a ser

apresentada, falaremos do Pensamento Automático ( PA ) o terapeuta geralmente leva ao

conhecimento e ao exercício do paciente a identificação dos pensamentos automáticos, são de

cunho cognitivo e podem surgir de palavras, imagens ou memórias, é a parte que está mais

aflorada no pensamento do paciente com relação a sua posição sobre ele mesmo, os outros e o

mundo, esse pensamento geralmente é disfuncional, mas o paciente o tem como verdadeiro,

uma mudança com uma nova forma de pensar, levará o paciente a uma reestruturação

cognitivo e uma reavaliação de tais pensamentos, a melhor forma de identificar os PA, é

perguntar diretamente ao paciente em que ele está pensando naquele momento. (

KNAPP,2004 ).

TAREFAS DE CASA ( OU EXERCÍCIOS TERAPEUTICOS). Outra técnica muito

usada são as tarefas de casa, que prefiro chamar de exercícios terapêuticos, essa técnica tem

como objetivo envolver o paciente no tratamento terapêutico nos momentos em que ele não

estiver na sessão, além de dá continuidade no preenchimento de um registro de pensamento

que entregamos ao paciente para que ele faça suas anotações quando em uma situação de

desconforto tiver um pensamento que esteja condizente com a realidade, facilmente é

percebido este tipo de pensamento quando realizamos a anotação no ( RP) ( Registro de

Pensamente) descrito por: Padesk. Et. Al, 2007, p.64) que segue abaixo:

REGISTRO DE PENSAMENTO

1.Situação 2.Estado de

Humor

3.Pensamentos

automáticos

imagens

4.Evidências que

apóiam o

pensamento

automático

5.Evidências que

não apóiam o

pensamento

automático

6.Pensamentos

alternativos/com

pensatórios

7.medir

o estado

de

humor

ROLY-PLAY. Essa técnica consiste em levar o paciente a uma dramatização do momento

em que ele viveu o desconforto , há uma interpretação da situação vivida e o paciente passa a viver um

papel, a critério do terapeuta, no intuito de levá-lo a reviver aquele momento e poder refazer seus

pensamentos produzindo uma reestruturação cognitiva ( KNAPP,2004 ).

15

EXAME DAS EVIDÊNCIAS. Levamos o paciente a fazer uma relação de vantagens e

desvantagens daquele pensamento e construiremos juntos a melhor maneira para solucioná-lo,

do que seria melhor para o paciente, de acordo com suas convicções, não será papel do

terapeuta decidir pelo paciente, mas ajudá-lo a descobrir o que seria melhor para ele, afim de

que, ele desenvolvesse uma condição de perceber-se, perceber as pessoas e o mundo que está

a sua volta, essa técnica também poderá ser aplicada para os pressupostos e crenças nucleares(

KNAPP,2004 ).

DESCATASTROSFIZAÇÃO. Através do questionamento Socrático que também é

uma técnica muito utilizada pela TCC, levaremos o paciente a questionar seus pensamentos e

reavaliar suas distorções, no intuito de fazê-lo perceber que aquele pensamento catastrófico

não têm fundamentação suficiente para suas distorções exageradas. ( KNAPP, 2004 )

PSICOEDUCAÇÃO. Apesar de não ser uma técnica é um dos métodos que mais se aplica na

TCC, possibilita uma reestruturação Cognitiva quando o paciente é informado de cada

posição, de como funciona o seu modelo cognitivo para cada patologia, o paciente se sente

mais confiante e aumenta muito a confiança do paciente com o terapeuta, processo principal

para qualquer psicoterapia, esse conhecimento científico para o paciente pode provocar um

alívio muito grande devido a pensamentos disfuncionais que o paciente tinha acerca daquele

transtorno, problema de maneira geral.

CARTÕES DE LEMBRETES, OU CARTÕES DE ENFRENTAMENTO. A experiência

de vida do paciente, faz-lhe adquirir durante sua vida regras e padrões que foram absorvidos

por ele, o cérebro já captou informações que foram armazenados na memória e que estarão à

disposição para serem utilizadas dentro de um padrão ético e moral construído ao longo da

vida, a sua natureza de ser, as suas atitudes seguiram um direcionamento construído, novas

regras, pressupostos padrões morais, precisam ser apreendidos e colocados em prática durante

o processo terapêutico, o cartão de lembrete tem essa função, as novas regras e práticas

precisam ser colocados no lugar dos pensamentos antigos, deveremos escrever no cartão a

idéia principal discutida e norteadora que alimentará sua nova forma de pensar e agir, o

paciente poderá a qualquer momento utilizar-se deste cartão que foi construído entre o

terapeuta e o paciente e pode ser consultado a qualquer momento ( KNAPP, 2004 ).

REESTRUTURAÇÃO DA MEMÓRIA. Como já falamos, a memória é onde

armazenamos todas as nossas experiências vividas através dos anos, nela estão contidas todas

informações inerente a quem sou eu de que maneira agirei diante de um problema, quais são

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meus padrões éticos, morais, espirituais, como devo andar, falar, quais as lembranças que

devo ter para garantir uma boa qualidade de vida, somos o que relembramos devido ao que

vivemos, o que está nas nossas crenças centrais está registrado na memória de uma maneira

muito profunda( KNAPP, 2004 ).

A técnica da reestruturação da memória, seria revivermos uma situação e substituir as

informações advindas de experiências traumáticas emocionalmente por experiências

prazerosas, poderemos fazer uma reestruturação da memória quando fazemos o Roly-Play,

vivemos uma situação nova para substituir uma situação traumatizante que gerou uma

disfunção do pensamento, essa capacidade que a memória tem, é devido ao seu poder de

armazenamento e de formações de novas sinapses ocasionado pela plasticidade cerebral e

neuronal que fará parte de outro capítulo que abordaremos a posteriore. Há outras técnicas

utilizadas pela TCC, que não foram abordadas.

17

4. NEUROPSICOLOGIA.

A Neuropsicologia caminhou para um reconhecimento científico a partir de

observações de casos clínicos de pacientes culminando em metodologias de estudos

experimentais, a Neuropsicologia seria uma nova forma de investigar os sistemas cerebrais e

possibilitar um conhecimento mais aprofundado do funcionamento das estruturas internas, de

sua funcionabilidade, com a utilização deste novo método os pacientes poderiam ser

diagnosticado mais rapidamente estabelecendo-se novas formas de tratamento, das ações

terapêuticas a serem administradas e dos processos de reabilitação de uma forma mais focal

aumentando as chances de recuperação da área

lesionada.

Fonte: www.universosobrenatural.blogspot

É através da Neuropsicologia que se possibilita entender os mais complexos

funcionamentos das funções cognitivas, da memória, dos problemas de aprendizagem, da

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interpretação da produção da fala, da complexidade da maturação do sistema nervoso, da

construção do sujeito dentro de suas especificidade desde a mais tenra idade até o final de sua

vida, a Neuropsicologia permite uma investigação detalhada e um conhecimento aprofundado

dos mecanismos acionados por ocasião de produção de pensamentos, ações, linguagens, etc (

GIL ,2010).

Tudo está ligado dentro de um sistema funcional, é através das sinapses que são

formadas as cadeias que dão sentido as ações que o cérebro deseja executar, as informações

chegam e saem através das vias Aferentes e Eferentes, em milésimos de segundas as ações

são tomadas, as informações são transmitidas na estrutura do corpo, só um sistema muito

concatenados e perfeito poderia responder a estímulos com uma precisão e agilidade tão

grande, mas como acontece esses fatos, qual a área que está envolvida em cada movimento,

em cada fala, em cada gesto, em cada locomoção, a Neuropsicologia se propõe através dos

testes mostrar o funcionamento de cada área envolvida e compreender essas operações

mentais humanas ( GIL, 2010).

A NUROPSICOLIGA, tentará entender como acontece os pensamentos, como cada sinapse

acontece, buscará encontrar que função do cérebro está desconectado com a realidade, como

se processa um mecanismo capaz de produzir novos pensamentos, onde está e como corrigir

as distorções cognitivas devido a uma pensamento mal formulado ou interpretado de uma

forma disfuncional, a nossa mente tem o poder de viver na irrealidade, de criar situações

capaz de alimentar uma crença adquirida ao longo das nossas experiências, o pensamento vai

onde quer, faz o que quer e determina em que se quer acreditar, segundo Hume: ( s.d,p. 65 )

Não há nada mais livre do que a imaginação humana; embora não possa ultrapassar o estoque primitivo

de idéias fornecidas pelos sentidos externos e internos, ela tem poder ilimitado para misturar, combinar,

separar e dividir estas ideias em todas as variedades da ficção e da fantasia imaginativa e novelesca. Ela

pode inventar uma série de eventos com toda aparência de realidade, pode atribuir-lhes um tempo e um

lugar particulares, concebê-los como existentes e descrevê-los com todos os pormenores que

correspondem a um fato histórico, no qual ela acredita com máxima certeza. Em que consiste, pois, a

diferença entre tal ficção e a crença? Ela não se localiza simplesmente em uma idéia particular anexada a

uma concepção que obtém nosso sentimento, e que não se encontra em nenhuma ficção conhecida. Pois ,

como a mente tem autoridade sobre todas as suas idéias, poderia voluntariamente anexar esta idéia

particular a uma ficção e, por conseguinte, seria capaz de acreditar no que lhe agradasse, embora se

opondo a tudo que encontramos na experiência diária. Poderíamos, quando pensamos, juntar a cabeça de

um homem ao corpo de um cavalo, mas não está em nosso poder acreditar que semelhante animal tenha

alguma vez existido.

19

4.1 PLASTICIDADE CELEBRAL/ NEUROPLASTICIDADE.

Na história sempre temos nos deparados com o homem se adaptando ao meio em que está

inserido, procurando sempre se adaptar para obter uma melhor condição de vida e melhoria

na forma de viver, não é muito diferente na construção das estruturas fisiológicas do ser

humano, o próprio homem cria mecanismo capazes de adaptar-se ou recuperar-se par que

seja suprida uma necessidade para a sustentação ou a preservação da vida, a Plasticidade

cerebral é uma função do SNC( Sistema Nervoso Central) desenvolvida para garantia do

funcionamento mínimo necessário para subsistência humana, a plasticidade pode se

desenvolver de várias maneiras como veremos posteriormente, é a habilidade do corpo para

modificar uma organização estrutural, é uma propriedade do sistema nervoso para o

desenvolvimento de alterações para responder a uma experiência e alterá-las dependendo

das condições e estímulos repetidos. ( GIL, 2010).

A cada experiência vivida se cria novos arranjos, que chamamos sinapses,

poderíamos dizer que a plasticidade cerebral seria uma estratégia do corpo com diferentes

formas para recuperar uma atividade que havia se perdido, mesmo sendo uma ação

recuperada diferente do original, mas o resultado final seria o mesmo, poderíamos chamar

de uma reorganização funcional, que veremos mais adiante, segundo alguns autores, essa

recuperação dar-se-ia de três formas. Seria impossível falar em Neuroplasticidade sem falar

em neurônios, axônios, sinapses, organização dos nossos pensamentos, os neurônios

formam novas sinapses com outros neurônios através de neurotransmissores dando início a

novas conexões, nesse processo ocorrem novos comportamentos ou formas de pensar, a

plasticidade cerebral é de primordial importância para a recuperação de lesões no sistema

nervoso e recuperação das funções perdidas por lesionamentos cerebrais.

O poder de recuperação dos pacientes com problemas de memória por exemplo

dependerá da plasticidade cerebral que segundo, EKMAN, 2008, há três maneiras de

acontecer a Plasticidade, através da HABITUAÇÃO, APRENDIZADO DE MEMÓRIA e

RECUPERAÇÃO CELULAR APÓS AS LESÕES, o que poderíamos chamar do processo de

habituação seria a diminuição das respostas a partir das repetições de um mesmo estímulo,

esse fato provocaria novas conexões ou sinápticas entre os neurônios com seus

respectivos neurotransmissores ocorrendo os reflexos e conseqüentemente alterações

estruturais permanentes, então o número de conexões sinápticas diminuía ocorrendo a

Plasticidade, ou seja, haveria uma nova forma de conexões neuronais, segundo Ekman,

2008, segue o exemplo de plasticidade cerebral por habituação:

20

Algumas crianças são extremamente reativas a uma estimulação na pele. O tratamento dessa sensibilidade

anormal, designada como defesa tátil, é pela estimulação da pele da criança por estímulos leves,

aumentando-se, então, a intensidade dos estímulos em uma tentativa de obter a habituação à estimulação

tátil. Em pessoas com tipo específicos de distúrbios vestibulares, são executados, repetidamente,

movimentos que induzem tonteiras e náuseas, igualmente com o propósito de obter habituação ao

movimento.

Uma outra forma de acontecer a Plasticidade seria através da Aprendizagem e

Memória, nesse caso faz-se-ia necessário envolver alterações de persistência e com maior

duração, diferentemente da Habituação, que é um processo de curto prazo, com um

processo mais duradouro aumentaríamos as potências sinápticas, desta feita se repetirmos

uma tarefa várias vezes, a memória armazena a aprendizagem e um número menor de

regiões celebrais serão envolvidas no processo, quando ocorre a aprendizagem não se faz

necessário tantas conexões, quando uma tarefa é aprendida, a memória absorve o

conhecimento e usa apenas pequenas regiões distintas do encéfalo potencializando através

da repetição durante um período mais prolongado ( GIL ,2011 )

Já para recuperação de uma lesão neuronal, a memória registraria todo o

aprendizado, através das repetições e dos estímulos específicos, com esse fato promover-

se-ia uma excitação ou inibição dos neurônios, haveriam novas conexões sinápticas uma

alteração genética nas estruturas da célula enquanto se estimulava o processo de

aprendizado e memória, mas se restringiria, como já dissemos anteriormente, apenas a uma

pequena região do encéfalo havendo uma adequação e uma mudança no funcionamento

das atividades ocorrendo uma plasticidade cerebral. Pode ocorrer também plasticidade

cerebral, quando da RECUPERAÇÃO CELULAR APÓS AS LESÕES, neurônios e axônios

que foram lesionados ou que houve algum tipo de ruptura, isso pode levar a degeneração

das células neuronais, mas o cérebro tem a capacidade de Regeneração Celular, esse tipo

de recuperação ou de plasticidade não vem através de estímulos ou por induções externas,

como a Habituação e o aprendizado de Memória, mas sim pela recuperação das células

lesionadas através do sistema nervoso agindo por meio das sinápticas e reorganização de

todo o seu sistema nervoso central, é o próprio corpo se adequando a sua mais nova

atividade, há uma ramificação dos neurônios lesionados, dendritos de neurônios vizinhos

reinervam nos neurônios lesionados, a capacidade de regeneração dos neurônios, dar-se-á

devido a plasticidade possibilitar a recuperação de lesões ao sistema nervoso, esse

processo é uma capacidade de preservação da vida através do corpo. Segundo (GIL,

2010).

21

Os “influxos” Nervosos que percorrem os neurônios e que criam essas atividades elétricas detectáveis

dependem de fenômenos bioquímicos complexos. Os receptores sensoriais têm por missão a

“transmidução” dos sinais físicios que recebem em impulosos nervosos. A transmissão do influxo

nervoso de um neurônio para o outro nas sinapses, e dos neurônios para os músculos, nas placas motoras,

é possível graças à liberação de “ neurotransmissores” que são, em seguida, recapturados pela membrana

pré-sináptica ou destruídos na fenda sináptica (...) O neuromediador é específico do sistema neuronal

envolvido ou que é específico das funções nas quais esse sistema está implicado: Assim embora a

dopamina seja, efetivamente, liberada pelos neurônios Nigro-estriados e esteja implicado na motricidade,

ela também é liberada pelos neurônios mesolímbicos na regulação afetivo-emocional.

Com a descoberta da,“Plasticidade cerebral”,capacidade do cérebro de se recuperar,

permitiu-se a estimulação dessas áreas afetadas, dando mais ênfase na lesão e

consequentemente ocasionando uma possibilidade maior de recuperação, a partir do

momento em que a neuropsicologia busca conhecer o funcionamento do cérebro e aposta

nesta capacidade de recuperação cerebral ou neuronal junto a outros conhecimentos, como

a TCC ( Terapia Cognitivo Comportamental) proporcionará aos pacientes maior capacidade

de estimulação das áreas afetadas e poder de recuperação com mais eficácia, essa parceria

entre Neuropsicologia e Terapia Cognitivo Comportamental, abre mais possibilidades para

um novo modelo de terapia, criando mecanismos mais eficazes agilizando a recuperação

dos pacientes, com está parceria teremos mais ferramentas de trabalho a serem utilizadas e

aumentaremos o campo de visão do profissional inserido no processo com o paciente.

22

5. MEMÓRIA

Quem já não se deparou com um lapso de memória, um esquecimento, a memória nos

permite reviver experiências que nos traz alegria ou tristeza, através dos nossos sentidos ao

tocar em alguma coisa, ao sentir um cheiro, um gosto ou até mesmo uma música, sua

memória permite uma lembrança parecida com a que você experienciou anteriormente, tudo

isto só é possível graças aos registros feitos por sua memória e armazenada para ser

recuperada em cada momento, ela é a fonte de nossas emoções. Onde encontra-se a

memória? Em que parte do cérebro? Por que não lembramos o que não queremos lembrar,

ou esquecemos o que desejamos esquecer,? Não tenho controle sobre a memória? Como

funciona? Muitos estudiosos do assunto tem se deparado com questões como estas

buscando respostas para nossas indagações, afinal o que é memória: Segundo GIL, 2011:

Memória é a capacidade de registrar, armazenar e manipular informações proveniente das interações entre

o cérebro e o corpo não apenas entre estes como também de todo organismo e mundo externo. È a base

das nossas emoções ou de qualquer atitude cotidiana, que se modifica conforme cada período da vida do

indivíduo ( gestação, infância, adolescência e senescência). Está intimamente relacionada com o

aprendizado, uma vez que o aprendizado é a aquisição de conhecimentos e a memória é o resgate desses

conhecimentos após certo tempo.

A identidade de cada sujeito está na sua memória, ela possibilita uma lembrança do

passado que aparece no presente, um gosto, um aroma, uma cor, uma ação, ela é a base

do seu futuro apontando para sua história, o nosso futuro estaria apontando para o nosso

passado e a memória seria responsável pelos acessos trilhados através do tempo e

fortalecidos através das experienciais, mas como acontece a construção da memória?

Nosso cérebro é formado por células, que chamamos de neurônios, eles fazem ligações

com outros neurônios, que chamamos de sinapses, a memória faz essas sinapses e

registram para um acesso posterior, algumas informações que julgar necessárias para a

construção do sujeito serão guardadas e outras desprezadas, esse processo dar-se-á ao

longo da vida, esses registros duradouros serão armazenados para formulação da história

de vida do sujeito ( IZQUIERDO , 2002 )

Alguns estudiosos da memória, dizem que sua localização estaria no lobo pré-frontal,

mas a literatura mostra que não há um lugar específico no cérebro para localização da

memória, ela estabelece um paralelo no funcionamento de todo o cérebro, não há uma

estrutura única detentora da memória, na realidade ela é o resultado de um agrupamento de

sistemas neuronais, há várias áreas do cérebro responsável pela memória, O lobo temporal

por exemplo é tido como a fonte para formação de novas memórias, a região do hipocampo

participa da consolidação, que acontece no momento do sono, da memória de longa

23

duração, também participando do conhecimento e reconhecimento de novidades, na

questão espacial, como por exemplo, relembrar de um local já visitado a muito tempo, a

amígdala fazendo conexões entre o tálamo e as regiões do córtex cerebral, participa do

processo de armazenamento através das sensações, a memória de longa duração tem uma

parte de seu armazenamento no córtex frontal, sendo assim, a memória está associada a

um mecanismo sináptico, sendo impossível uma informação ter sustentabilidade ou ser

armazenada por uma informação isolada, cada sentido é uma porta de entrada para

formação de novas memória. A Visão por exemplo constituída por: Córnea, conjuntiva, íris,

pupila, cristalino e retina, levando informações através do nervo óptico até o lobo occipital,

absorve a informação podendo ou não ser consolidada através de novas sinapses, portanto

o olho humano vê, mas o cérebro recebe as informações e processa. O ouvido, olfato,

paladar e tato, também fazem parte do recrutamento de informações para formação de

novas memórias, mas assim como a visão, todos os demais sentidos apenas capturam

através de suas especialidades, mas o cérebro é que qualifica, absorve e armazena ou não

na memória ( IZQUIERDO, 2002)

Há vários tipos de memória, cada uma com determinada função, por isso

acreditamos, na participação de uma forma integral da memória em todo sistema cerebral, a

memória que utilizamos para andar de bicicleta, não é a mesma que utilizamos para lembrar

de uma data, como por exemplo o descobrimento do Brasil, como também é diferente da

memória que utilizamos para uma percepção sensorial capturadas por apenas alguns

segundos e descartadas logo em seguida, há portanto, mais de um tipo de memória para

determinadas funções. Falando sobre os estágios da memória, Gislane Gil, ( 2011, p.11e14)

diz:

Nossa memória se processa em estágios: a aquisição, a consolidação, o armazenamento e a evocação da

informação. A aquisição é o registro das informações em arquivos sensoriais. Esses arquivos registram

dados dos sentidos, ou seja, advindos da visão, da audição, do tato, do paladar e do olfato. A consolidação

é a criação de uma forte representação da informação ao longo de tempo, pois reforça a associação entre

múltiplas entradas de estímulos e ativação da informação previamente armazenada. Isso ocorre pelo

estímulo de novas sinapses, decorrentes da maior comunicação ente os neurônios. A estrutura do cérebro

conhecida como hipocampo é tida como coordenadora desse reforço, mas acredita-se que o efeito

acontece no neocórtex. Uma vez que a consolidação esteja completa, o hipocampo não é mais necessário

para o armazenamento ou a recuperação da informação. De qualquer forma, embora as memórias sejam

armazenadas no neocórtex, o hipocampo é crucial para a consolidação. O armazenamento, por sua vez, é

a criação e a manutenção de um registro permanente. E a evocação é a recordação da informação para que

possamos executar um comportamento.

Desta feita, podemos perceber a interação da memória na conjuntura do cérebro e a

influência dos sentidos na aquisição dos diversos tipos de memória que pode ser

24

classificada de diversas formas, a consolidação da memória dar-se-á de acordo com o grau

de importância de cada experiência vivida, como veremos a seguir:

5.1 CLASSIFICAÇÃO DA MEMÓRIA

Para alguns autores, a memória classifica-se em:

1. Sensorial

2. Curta duração

3. Longa duração

SENSORIAL: Essa memória tem duração muito rápida, capaz de deter uma informação por

apenas segundos ou milésimos de segundo, a informação diminui progressivamente em

nossas mentes até se perder, apesar de não ser acessível a consciência, em alguns casos

poderá ser acessada, desde que seja de imediato, tais informações tem suas bases no

sensorial, se os estímulos vierem através da audição, receberá o nome de ecóica, caso

venha através da visão será icônica, sua característica principal é a rapidez em ser

absorvida e descartada.

CURTA DURAÇÃO OU MEMÓRIA DE CURTO PRAZO: É a memória cuja

informação permanece por um período maior de tempo da sensorial, a informação

permanece por segundos ou minutos, sendo inclusive muito limitada, não podendo ser

armazenada grande quantidade de palavras ou números, essa memória é capaz de

absolver no máximo de cinco a nove itens, este tipo de memória sempre está à disposição

do sujeito para ser utilizada, a não ser que tenha um déficit desta memória, que poderá ser

recuperada após identificado o déficit através dos testes neuropsicológicos e reabilitada ou

reaprendida,utilizando-se das técnicas da Terapia Cognitivo comportamental.

MEMÓRIA DE LONGA DURAÇÃO OU MEMÓRIA DE LONGO PRAZO: Essa

memória é mais complexa, é a que se mantém por um período de tempo significativo, é a

memória responsável pela formação e individualização do sujeito no seu habitat, ela

absorve, armazena e seleciona as informações advinda das memórias sensoriais e de curto

prazo, essa memória pode ser classificada de acordo com o tipo de informação que chega,

em: DELARATIVA E NÃO DECLARATIVA.

DECLARATIVA: é a memória que lhe acompanhará pelo resto de sua vida, é claro

se não tiver uma degeneração da memória ocasionado por exemplo pela doença de

Alzheimer, ela é capaz de fazer você lembrar de fórmulas aprendidas no seu tempo de

25

colegial, o seu acesso pode ser consciente, mesmo que para isso você tenha que levar um

pouco de tempo pensando e procurando acessar, mas ela não se perdeu no tempo, está

apenas esperando você acessar através das sinapses que você obteve ao longo de sua

trajetória de sua vida. Se você por exemplo, precisa recordar qual roupa você foi a uma

determinada festa, é nesta memória que você irá buscar tal lembrança, quando você busca

fatos alusivos a sua própria vida, essa memória é declarativa, porém chamada de

episódica, se a lembrança que você quer for algo aprendido no social, no mundo externo,

essa memória também será declarativa, mas semântica, por isso a memória declarativa, é

de longo prazo, que pode ser Episódica se for uma lembrança da sua vida pessoal, ou

semântica se for um conhecimento adquirido através dos padrões sociais.

MEMÓRIA NÃO DECLARATIVA: É o tipo de memória que acontece no automático,

aprendemos e repetimos os movimentos sem que se faça necessário um novo aprendizado,

são recordações e não precisamos de acesso consciente para realizar os movimentos, essa

memória seria processada e estaria disponível sempre que se fizer necessário, por exemplo,

quando aprendemos a dirigir, a andar de bicicleta, esse tipo de memória está dividida em

três tipos:

A) Procedural

B) Representação perceptiva

C) Condicionamento Clássico

PROCEDURAL, ou de procedimento, essa memória dará condições de aprendizagem a

novas atividades, se uma pessoa exerce um cargo na área administrativa, pode aprender a

desempenhar outras atividades em áreas diferentes utilizando-se dos recursos da memória

procedural, outro tipo de memória seria a de REPRESENTAÇÃO PERCEPTIVA, age

diretamente no sistema da percepção, você consegue decifrar frases mesmo quando faltam

letras, para isso utiliza-se das suas experiências trazendo a consciência todo o contexto de

vida, memória de CONDICIONAMENTO CLÁSSICO, esse tipo de memória pode ser muito

trabalhada para reabilitação do paciente, é capaz de se extinguir ou modificar o

comportamento que fora apreendido com técnicas de rememorização, poderemos diminuir

gradativamente respostas condicionadas a algum estímulo, essa memória por

condicionamento, é muito utilizada pelos terapeutas, em pessoas que foram vítimas de

estresse pós-traumático, ou como psicoterapia para remissão de sintomas fóbicos, como o

Pânico, etc. As nossas memórias estão a todo tempo nos remetendo a alguma situação e se

adaptando a situações novas, através das memórias acessamos o nosso passado e

projetamos o nosso futuro, isto é: nos dizem quem poderemos ser. A formação desse

26

conjunto de memória, é que nos permite dizer quem fomos, quem somos e quem seremos.

Segundo IZQUIERDO, ( 2002, P.10).

O conjunto das Memórias de cada um determina aquilo que se denomina personalidade ou forma de ser.

Um homem ou um animal criado no medo será mais cuidadoso, introvertido, lutador ou ressentido,

dependendo mais de suas lembranças específicas do que de suas propriedades congênitas. Nem se quer as

memórias dos seres clonados ( como os univitelinos ) são iguais; as experiências de vida de cada um são

diferente, (...) Eu sou o que sou, cada um é quem é, porque todos lembramos de coisas que nos são

próprias e exclusivas e não pertencem a mais ninguém. As nossas memórias fazem com que cada ser

humano ou animal seja um ser único, um indivíduo.

sabendo que a experiência de vida do presente, aprendida no passado, poderá mudar um

comportamento no futuro, desde que a memória tenha sido estimulada e absorvida no

agora, a estimulação através de técnicas e testes numa junção entre TCC ( terapia

Cognitivo comportamental ) e Neuropsicologia criará mecanismos mais didáticos e

resultados mais satisfatórios para os pacientes submetidos a estas técnicas, além de uma

maior legitimidade no meio acadêmico desde que comprovado tais resultados, como já

mencionamos anteriormente, a parceria entre vários conhecimentos e a busca pela troca de

informação entre os profissionais das mais diversas áreas, permitirá que sejamos mais

seletos nas disfunções e tenhamos mais aprofundamento, focando os tratamentos e

redirecionando à cada conhecimento.

A Terapia Cognitivo Comportamental que também detém o conhecimento no campo da

estimulação para adquirir novos comportamentos outrora visto pelo paciente como não

condizente com sua maneira de ser, utilizar-se de suas técnicas e mecanismos

comportamentais no intuito de redirecionar tais pensamentos, nos problemas relacionados à

memória, a TCC, Terapia Cognitivo Comportamental, faz a estimulação através de técnicas

com o objetivo também de estimular tal área afetada, como a Neuropsicologia detém o

conhecimento que nos permite conhecer em que parte da área a memória foi afetada ou

lesionada e a posteriore, também se utilizando de testes nos permite saber se tal área que

fora afetada já está recuperada após estimulação através das técnicas utilizadas pela

Terapia Cognitivo Comportamental, o paciente poderá ter uma recuperação muito mais

eficaz como também uma maio brevidade do tratamento, pois com a parceria entre estes

dois conhecimentos, poderemos fazer a cada estimulação através das técnicas da TCC (

Terapia Cognitivo Comportamental) uma comprovação se tal procedimento está surtindo

algum efeito para recuperação da memória que fora lesionada.

Com a possibilidade e a necessidade de cada profissional buscar conhecer Cada vez mais

as demandas de seu paciente no intuito de prestar-lhe um serviço de maior qualidade e

27

proporcionar uma melhor qualidade de vida, dentro dos padrões de confiabilidade no campo

do conhecimento científico a Terapia Cognitivo Comportamental e a Neuropsicologia se

complementam nesta função em prol da recuperação de seu paciente.

5.2 TESTES DE MEMÓRIA UTILIZADOS PELA NEUROPSICOLOGIA:

A neuropsicologia faz uso de vários testes de memória para avaliar a capacidade do

paciente em reter informações e tê-las disponíveis no momento em que for acionada, como já

dissemos anteriormente, há vários tipos de memória, cada uma com sua função específica que

poderá ser testada e em muitos casos recuperada, ou reabilitada, caso tenha sofrido alguma

lesão, sendo por causas externas ou por deterioração do próprio sistema, em alguns casos

como na doença de Alzheimer há uma perda progressiva da memória deixando o paciente

incompatibilizado com a vida, mas dentre outros muitos casos a memória poderá ser

reestimulada ou reestabelecida a partir da identificação do problema e da reabilitação

utilizando-se de mecanismos que serão apresentados no conteúdo do corpo desta monografia.

Há vários testes que são aplicados pela Neuropsicologia, Provas gráficas, desenho de

figuras humana de Machover, A prova de Bender, Tarefas de redação, Cópia, Desenhos

livres, Figuras complexas de Rey, dentre outras, cada um com uma função específica para

diagnosticar uma determinada função cerebral, assim também como há vários tipos de teste

para avaliação da memória, como exemplo discorreremos de um tipo de teste específico e

uma técnica utilizada na sua recuperação e testagem da memória, sendo de curto ou de longo

prazo, memória imediata, ou memória primária, que uma memória de capacidade limitada

tendo como forma mais latente de captar informações as áreas visuais e auditivas.

Poderemos identificar sua funcionabilidade verificando a retenção dos estímulos

apresentados no visual ou no auditivo, dentre vários testes capazes de mensurar a memória, na

sua capacidade de memorização citamos o WAIS, este teste utiliza-se de numerais com uma

escala que nos informará a capacidade de armazenamento da memória de curto prazo, essa

memória é utilizada para resoluções de problemas, ela manipula as informações e possibilita a

realizações de tarefas cognitivas, como o raciocínio e a compreensão, vários outros testes

também são utilizados de uma forma geral, eles centralizam-se nas análises comparativas dos

resultados de um grupo variado de provas realizadas medindo a cada estímulo acionado uma

resposta dada pelo paciente, essas respostas possibilitam uma verificação mais adequada não

só no desempenho das áreas distintas do cérebro, como também numa determinada forma de

28

atividade psíquica que encontra-se perturbada ou fora do estímulo apresentado por algum tipo

de lesão.

6. NEUROPSICOLOGIA E TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMETNAL.

Os profissionais das mais diversas profissões sempre necessitam de uma interação

maior com os outros, as áreas trocam conhecimentos com o objetivo de tornar mais

clarificado os diagnósticos dos pacientes, não há hoje possibilidade alguma de uma ciência ser

independente, não há uma estrutura perfeitamente independente que garanta sua auto

suficiência sem necessitar das contribuições das outras ciências, cada uma detém o conhecer

na sua área e essa fragmentação tem feito com que muitos profissionais procurem parcerias

com outras áreas de forma a garantirem um diagnóstico mais bem trabalhado e com uma

maior confiabilidade pela comunidade científica, elevando o grau de segurança nos

diagnósticos e conseqüentemente fortalecendo cada área deixando os paciente mas tranqüilos

confiando no profissional que o atende.

A Neuropsicologia busca a parceria com outros conhecimentos e entre elas a Terapia

Cognitivo Comportamental, a TCC utiliza-se de métodos e técnicas mais pragmáticas, há uma

participação do pacientes e uma orientação praticamente a cada sessão, no caso fazendo-se

uso da psicoeducação, a Neuropsicologia se identifica muito com essa formulação nos

atendimentos aos seus pacientes por ocasião das aplicações dos testes e suas ações nas

reabilitações, enquanto a Neuropsicologia identifica a parte do cérebro lesionada, a TCC (

terapia Cognitivo Comportamental) utiliza-se de suas técnicas para estimular o pensamento,

as ações, conceituando cognitivamente os pensamentos, utilizando-se do Roly Play para

tornar mas acessível para o paciente aquele momento a fim de trazer à memorização, uma

nova configuração e consequentemente um novo comportamento.

Assim como a Neuropsicologia a TCC não é estática, enquanto a Neuropsicologia

identifica as funções psíquicas da memória que foi lesionada ou está com algum déficit, a

TCC desenvolverá mecanismos capazes de auxiliar no tratamento ou recuperação da área

lesionada através de suas técnicas, ambas trabalham muito juntas e focadas na recuperação do

paciente utilizando-se de estímulos respostas, a Neuropsicologia busca provas que

possibilitem uma verificação adequada não só do papel que desempenha as distintas áreas do

29

cérebro, como também como determinada forma de atividade psíquica pode achar-se

perturbada por lesões distintas em sua localização (EKMAN, 2008)

Uma forma de tratamento de um paciente com problema de memória de longo prazo,

detectado através dos testes de memória, seria em primeiro lugar, identificar entre as várias

áreas que são utilizadas no cérebro para a memorização, já que não existe uma estrutura

única, isolada para formação da memória e focar a estimulação da área lesionada através de

testes específicos. Nossa memória é o resultado de um agrupamento de sistemas conectados

através dos neurônios trabalhando em conjunto para reprodução das ações ou experiências

vividas, poderíamos dizer que o processo de formação de novas memórias estariam contidas

no Lobo Temporal, já no processo de consolidação, teríamos a região do hipocampo, além

de estar envolvido com o reconhecimento e os processos de relação espacial, há uma ligação

em todo o sistema que reproduzem a memória, a amígdala por exemplo, é responsável pela

conexão entre o Tálamo e o Cortex Cerebral, armazenando todas as informações necessárias

para a sua vida, essa memória seria a memória de longa duração, é dela onde sai os

planejamentos e as aspirações para o crescimento do ser, a Neuropsicologia utilizando-se do

WAIS poderá identificar se algumas dessas memórias ou dessas áreas têm alguma lesão ou

déficit capaz de interferir na vida do sujeito ( GIL, 2010 ).

A partir da identificação da área lesionada, utilizando-se da Terapia cognitivo

Comportamental através dos mecanismo e técnica, como por exemplo dos EXERCÍCIOS

TERAPEUTICOS OU TAREFAS DE CASA, o paciente poderá recuperar ou ter acesso

aquele fato ocorrido e agora esquecido, desde que seja orientado a realizar o exercício de

memorização de números e palavras em casa anotando todos os fatos e tratar depois na sessão

com o psicoterapeuta verbalizar como foi a experiência, com a repetição das ações o paciente

conseguirá estimular a área do cérebro a produzir armazenamento de novas informações,

outro método para recuperação da memória perdida, seria a REESTRUTURAÇÃO DA

MEMÓRIA onde seria revivermos uma situação e substituir essa experiência vivida

traumatizante por uma prazerosa, utilizando-se também do ROLY PLAY.

Face a conjuntura na estrutura da Neuropsicologia e TCC, percebemos a facilidade de

se trabalhar com essas duas ciências para melhorar os conhecimentos, permitir uma melhor

recuperação dos pacientes com problemas de memória por exemplo, assim como se faz

necessário um conhecimento neuropsicológico para uma compreensão mais aprofundada de

uma disfunção cognitiva. A TCC se utiliza de seus métodos e técnicas testadas através das

30

repetições para intervir em um comportamento, fazendo com que o paciente tome

conhecimento dos fatos que o perturbam anotando em um registro de pensamento por

exemplo, essa interação possibilitará um conhecimento mais aprofundado entre doença

cerebral e comportamento, ou seja, entre Neuropsicologia e Terapia Cognitivo

Comportamental.

6.1 AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICO E A TERAPIA COGINITVO

COMPORTAMTNAL.

Constantemente estaremos fazendo uma interação entre Terapia Cognitivo

Comportamental e a Neuropsicologia, ambas são compostas de várias fases, assim como na

TCC, a Neuropsicologia é previsto um número de sessão para avaliação, há uma previsão de

início e final da avaliação e do tratamento, coisa que não acontece nas outras abordagens,

inicia-se fazendo uma anamnese do paciente, sua identificação com seus dados pessoas, e

traçamos a finalidade da avaliação, qual a demanda do paciente? na anamnese no caso de

crianças, assim como na TCC, a Neuropsicologia convoca os pais para uma primeira conversa

e se necessário for, solicitam a presença do professor ou qualquer pessoa que possa

influenciar no comportamento ou que exerça algum tipo de controle sobre paciente.

Além dos testes avaliativos, é observado todos os gestos do paciente, como se senta,

para onde está olhando constantemente, se é comunicativo, se está disponível para sessão e

principalmente se há o Rapport, o processo de confiança é o ponto chave entre Terapeuta e

paciente, entre Neropsicólogo e paciente, a construção dar-se-á através da dupla, tudo é um

processo de colaboração e a interação entre ambos é primordial para que o processo flua, são

utilizados vários mecanismos avaliativos, a saber:

a) Anamnese neuropsicológica

b) Baterias de rastreio Neuropsicológicos e de perfil Cognitivo Global

c) Teste Neuropsilin

d) Wisc ( Memória)

e) Muitos outros testes para averiguar ( Atenção, Percepção, Funções executivas, Nível

intelectual, Linguagem, Praxia, e Memória ( GIL,2010; IZQUIERDO,2002;

DENNIS, 2007).

A anamnese, como já falamos anteriormente, é feita com o objetivo de conhecer o

paciente no seu estado atual de consciência, suas queixas, seus propósitos, sua dominância

31

cerebral, funções motoras ( das mãos – praxias orais; regulação verbal do ato motor), funções

superiores cutâneas e cinestésica, sensibilidade muscular, esteriognosia, funções visuais

superiores ( percepção visual, orientação espacial,) processo da fala, escrita, leitura e

processos de aprendizagem com retenção e evocação de memorização, vale salientar que

nesta monografia não constam todos os testes utilizados pela Neuropsicologia para avaliação.

A Terapia Cognitivo Comportamental, também faz anamnese do paciente levando em

conta sua vida, suas experiências, as pessoas que estão diretamente exercendo algum

influência sobre ele, seus pais, seu professor, seu curador ou qualquer outra figura que seja

significativa para ele, sendo criança ou adulto. Tem que haver uma interação em como o

paciente percebe a sua relação com ele mesmo, com os outros e com o mundo que está

inserido, na Neuropsicologia todas essas fases são relacionadas para avaliação, exercício

terapêuticos, com a ajuda da psicoeducação promoverá uma estrutura cognitiva e poderá

estimular a parte da memória que fora danificada ou lesionada, esse processo ocorre devido a

Plasticidade cerebral ou neuronal, é o poder de recuperação que o cérebro tem para reativar

uma área do cérebro que deixou de executar suas funções, é também através da Plasticidade

cerebral que o próprio cérebro distribui algumas funções perdidas para outra parte do cérebro

a fim de recuperar aquele movimento ou ação que deixara de funcionar, toda operação poderá

ser apagada e remanejada para uma outra área cerebral, mas que garanta a compatibilidade

com a vida, a preservação do movimento ou pensamento ( BECK , 1997;KNAPP, 2004)

32

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Como já colocamos inicialmente face a conjuntura atual das mais diversas

formas de conhecimento e o processo de globalização que se assola nas culturas, é

praticamente impossível uma ciência se manter independente , sem uma parceria, a

própria globalização nos condiciona ou nos leva a uma reciprocidade constante, a

uma interação maior um com o outro, um conhecimento torna-se mais fortalecido

quando faz suas interlocuções com outras áreas, a credibilidade tona-se maior e seus

resultados passam a ter mais sustentação na comunidade científica, esta

interdisciplinaridade aproxima cada vez mais os profissionais deixando-os mais

fortalecido e mais seguros nos seus diagnósticos possibilitando um tratamento mais

planejado e discutido entre as áreas.

No decorrer deste trabalho, tentamos repassar para o leitor que a busca do

conhecimento unilateral fragiliza as formas de conhecimentos e deixa-o sem

sustentabilidade, sem essas bases epistemológica, seria impossível garantir o que se

falaria ou o que se produziria através da escrita, a troca de conhecimento entre a

Neuropsicologia e a Terapia Cognitivo Comportamental, trará ganhos imensos para o

tratamento dos pacientes com problemas de memória, essas duas ciências se

complementam nas suas formas de abordagem e tratamento dos pacientes.

A que se propõem a NEUROPSICOLOGIA E TERAPIA COGNITIVO

COMPORTAMENTAL nessa pesquisa? Caberia a Neuropsicologia identifica os

pacientes com problemas de memória através de teste aplicados e encaminhar para

tratamentos psicoterapêutico, na abordagem Cognitivo Comportamental, utilizando

dos métodos e técnicas da TCC, que conforme pesquisa, as possibilidades de

remissão ou diminuição dos déficit de memória estariam mais presente nos

tratamentos destes pacientes.

A memória nos permite viver as experiências de vida e essas recordações

servirão de bases para construção do sujeito a partir dele mesmo, tudo se armazena

de uma forma hierárquica e organizada, o que preciso agora para minha sobrevivência

está disponível a qualquer momento, a qualquer hora, a qualquer segundo, basta ser

solicitado que chega para nós, assim também aquilo que não queremos que apareça

de uma forma tão rápida também é controlado pela memória, meu acesso dependerá

do meu grau de significação que aquela informação tem para minha vida, as crenças

estão armazenadas numa cadeia protegida pelo limite do que seria melhor ou pior

33

para minha satisfação, informações que foram construídas através do tempo, das

evidências de vida, das experiências que formaram minha personalidade, o meu eu, o

meu ser e me constitui como pessoa pensante, capaz de decidir, expondo-nos ou nos

intimidando a cada ação, a cada momento da vida.

Com a perda de qualquer função da memória essa harmonia fica

comprometida, faz-se necessário saber onde está o problema, que parte foi lesionada

e o grau de comprometimento daquela área, o propósito seria reestimular e acessar a

área comprometida, a Neuropsicologia se propõe a descobrir que parte do cérebro foi

lesionada, porque esqueço algo que deveria está tão fácil o acesso, porque não

consigo lembrar de coisas simples ou de gravar coisas tão bobas que aconteceram a

um dia, uma hora, um minuto ou dez segundos atrás, após a identificação da parte

lesionada precisaremos estimular para recuperação.

A TCC apoderando-se de seus meios de trabalhar e estimular essas áreas, cria

possibilita para que o paciente desenvolva uma melhor recuperação, ou remissão dos

sintomas e a retomada das atividades, esse fato ocorre por ativação da área afetada

ou estimulando outra área da memória a fazer a função daquela área lesionada, essa

possibilidade que a TCC se propõe, só poderá acontecer devido a algo que

chamamos de PLASTICIDADE CEREBRAL, que é a capacidade que o cérebro tem

como forma de garantir ou manter a mínima estrutura funcionando de modo que

garanta a vida do paciente, é uma auto regulação do corpo para preservação da vida,

nesta forma do cérebro se comportar, a Neuropsicologia e a Terapia Cognitivo

Comportamental auxiliam o cérebro a estimular as áreas e garantir mais rapidamente

a reativação da área lesionada ou fazer com que outra área do cérebro assuma a

função de uma forma mais direcionada e estimulada através dos estímulos.

Os processos Neuropsicológicos são importantes para investigação dos

diagnósticos do paciente, mas se propuser uma parceria com abordagem

Psicoterapêutica Cognitivo Comportamental terá maior eficácia no tratamento com

pacientes diagnosticados com problemas de memória, que é o que essa monografia se

propôs a averiguar. Fazendo-se uso dos testes Neuropsicológicos no intuito de

direcionar o tratamento mais focalizado para área lesionada, com os trabalhos

pragmáticos da Terapia Cognitivo Comportamental através de seus métodos, técnicas

e estimulações com reconfiguração cognitiva e acreditando na Plasticidade cerebral

para reativar a área do cérebro lesionado ou o deslocamento de uma função perdida

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para outra área do cérebro, os paciente terão maior probabilidade de uma recuperação

com maior rapidez e eficácia.

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