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ESTUDO DA INTERAÇÃO DE VINHOTO COM UMA ARGILA DE BAIXA PLASTICIDADE DA REGIÃO DO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ ALESSANDRO DA CUNHA ALVES “Dissertação de mestrado apresentado ao Centro de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil” Orientador: Prof. Sérgio Tibana Co-orientador: Prof. Frederico Terra de Almeida CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ Julho – 2007 ii

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ESTUDO DA INTERAÇÃO DE VINHOTO COM UMA ARGILA DE BAIXA PLASTICIDADE DA REGIÃO DO MUNICÍPIO DE CAMPOS

DOS GOYTACAZES - RJ

ALESSANDRO DA CUNHA ALVES

“Dissertação de mestrado apresentado ao Centro de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil”

Orientador: Prof. Sérgio Tibana Co-orientador: Prof. Frederico Terra de Almeida

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ Julho – 2007

ii

iii

Dedico este trabalho à Maria Luiza, José, Ângela e Anderson, os meus familiares.

iv

AGRADECIMENTOS

A Deus e a toda minha famíliia.

As minhas coorientadoras Izabel Christina d’Almeida Duarte de Azevedo

e Rejane Nascentes, por todo apoio.

Ao meu coorientador Rodrigo Reis, pela colaboração.

Ao professor Frederico, que foi o idealizador do projeto e que colaborou

em muito para a realização dos objetivos.

Ao meu orientador Sérgio Tibana pelo estímulo, pela paciência,

preocupação, colaboração, competência profissional e grande amizade desde

o início.

Aos meus amigos, pelo companheirismo, amizade e oportunidade de

convivência, em especial, Francisco, Oscar, Adilson, José Augusto e Dona

Araci pelo valioso auxílio.

À Juliani Salvini que foi uma pessoa bastante especial durante essa fase

de minha vida. À Universidade Estadual do Norte Fluminense, através do Departamento de

Engenharia Civil, pela oportunidade de realizar meu curso de Mestrado.

À FAPERJ, pelo apoio financeiro concedido através de Bolsa.

v

SUMÁRIO

Lista de Figuras ................................................................................................. IX

Lista de Tabelas ................................................................................................ XI

Lista de Símbolos .............................................................................................. XII

Resumo ............................................................................................................ XIII

Abstract ............................................................................................................. XIV

1 – Introdução ..................................................................................................... 1

2 – Objetivos ....................................................................................................... 3

3 – Revisão Bibliográfica .................................................................................... 4 3.1 – Considerações Gerais ...............................................................................

4

3.2 – Vinhoto: resíduo da produção sulcroalcooleira 5

3.3 – Principais Mecanismos de Transporte nos Solos ..................................... 5

3.3.1 – Movimentos de solutos no solo ........................................................... 5 3.3.2 – Processos Físicos

7

3.3.2.1 – Advecção ............................................................................................. 7

3.3.2.2 - Dispersão Hidrodinâmica .................................................................... 8

3.3.3.3. - Dispersão Mecânica ......................................................................... 9

3.3.3.4. - Difusão molecular ................................................................................ 10

3.3.3 – Processos Químicos 11

3.3.3.1 – Sorção ................................................................................................. 11

3.3.3.2 – Fator de retardamento e o coeficiente dispersão-difusão .................. 12

3.3.3.3 - Decaimento de Primeira Ordem ......................................................... 13

3.4 - Equação Transiente e Unidimensional de Transporte de Massa ............... 14

vi

4 – Descrição dos materiais ............................................................................... 16

4.1 – Solo ........................................................................................................... 16

4.2. – Visita a campo para reconhecimento da área e coleta de vinhoto ......... 17

5 – Programação dos Ensaios de Laboratório ................................................... 20

5.1 - Considerações Gerais ................................................................................ 20

5.2 – Caracterização Física do solo ................................................................... 22

5.3 - Ensaios de permeabilidade ........................................................................ 22

5.3.1 - Ensaios de permeabilidade á carga variável ........................................... 22

5.3.2 - Confecção dos corpos de prova .......................................................... 23

5.3.3 - Ensaios de permeabilidade á carga constante ....................................... 24

5.4 – Caracterização Química do Solo ............................................................... 24

5.4.1 – Ensaio de Interação Direta do Solo e do Vinhoto ................................... 25

5.4.2 – Ensaios EDX .......................................................................................... 25

5.5 - Caracterização do vinhoto .......................................................................... 26

5.5.1 - Variação da densidade e pH do Vinhoto ................................................. 26

5.5.2 – Análise química do vinhoto ..................................................................... 26

5.5.3 - Estudo da degradação biológica do vinhoto ........................................... 27

5.5.4 – Análise Microbiológica do vinhoto .......................................................... 27

6 - Ensaios em Colunas ..................................................................................... 29

6.1 – Fundamentos e montagem do sistema ..................................................... 29

6.2 – Curvas de Chegada ................................................................................... 31

6.3 – Coeficiente de dispersão ‘D’ ...................................................................... 33

6.4 - Dimensionamento das colunas .................................................................. 33

vii

7 - Resultados e discussões ............................................................................... 35

7.1 Caracterização física do solo ..................................................................... 35

7.2 - Ensaios de permeabilidade ........................................................................ 38

7.2.1 - Ensaios de permeabilidade á carga variável ........................................... 38

7.2.2 - Ensaios de permeabilidade á carga constante ....................................... 38

7.2.2.1 - Ensaios de permeabilidade à carga constante com água .................. 39

7.2.2.2 - Ensaios de permeabilidade à carga constante ao vinhoto ................... 41

7.3 – Caracterização química do solo ................................................................ 43

7.3.1 – Ensaio de Interação Direta do Solo e do Vinhoto ................................... 43

7.3.1.1 – pH e Alumínio ...................................................................................... 44

7.3.1.2 – Carbono e Matéria Orgânica (MO) ...................................................... 45

7.3.1.3 – Potássio, Magnésio, Cálcio, Sódio e Fósforo ...................................... 45

7.3.1.4 – Capacidade de Troca Catiônica (CTC) ............................................... 46

7.3.1.5 – Ferro, Cobre, Zinco, Manganês e Boro ............................................... 47

7.3.2 – Ensaios EDX .......................................................................................... 48

7.4. Caracterização do vinhoto ........................................................................... 49

7.4.1 – Variação da Densidade e do pH do Vinhoto .......................................... 49

7.4.2. – Caracterização química do vinhoto ....................................................... 51

7.4.3. – Estudo da degradação biológica do vinhoto .......................................... 51

7.4.4 – Análise Microbiológica do Vinhoto. ......................................................... 52

7.5 – Parâmetros dos Mecanismos de Transporte de Massa ............................ 55

7 – Conclusões ................................................................................................... 68

Referências Bibliográficas .................................................................................. 70

viii

LISTA DE FIGURAS Figura 3.1 - Mecanismos físicos de mistura mecânica em escala

microscópica...................................................................................................... 9

Figura 4.1 – Localização da área de estudo....................................................... 16 Figura 4.2 – Área escolhida para coleta da amostra .......................................... 17 Figura 4.3 – Vinhoto conduzido em canais ........................................................ 18 Figura 4.4 – Vinhoto armazenado em lagoas ..................................................... 18 Figura 4.5 – Formação de espuma no vinhoto ................................................... 18 Figura 5.1 – Permeâmetro de carga variável ..................................................... 23 Figura 5.2 - Espectrômetro de Fluorescência de Raios-X por Energia

Dispersiva ........................................................................................................... 26

Figura 6.1 – Sistema de percolação em coluna .............................................. 30 Figura 6.2 – Página inicial do programa computacional DISP ........................... 32 Figura 7.1 (a) sedimentação com vinhoto; (b) sedimentação com água

destilada; (c) sedimentação com hexametafosfato de sódio ........................... 35

Figura 7.2 - Distribuição granulométrica do solo com diferentes procedimentos 36

Figura 7.3 – Curva de compactação .................................................................. 37 Figura 7.4 – Resultado dos ensaios de permeabilidade ao vinhoto à carga

variável .............................................................................................................. 38

Figura 7.5 (a) – Volume de água percolado por tempo para gradiente 20 ........ 39 Figura 7.5 (b) – Volume de água percolado por tempo para gradiente 15 ........ 40 Figura 7.5 (c) – Volume de água percolado por tempo para gradiente 10 ......... 40 Figura 7.6 (a) – Volume de vinhoto percolado por tempo para gradiente 20 ..... 41 Figura 7.6 (b) – Volume de vinhoto percolado por tempo para gradiente 15 ..... 42

ix

Figura 7.6 (c) – Volume de vinhoto percolado por tempo para gradiente 10 ... 42 Figura 7.7 - Variação da densidade x tempo ................................................... 50 Figura 7.8 - Variação do pH x tempo ................................................................. 50 Figura 7.9 – Placa inoculada com vinhoto congelado (Meio Ágar com caldo

nutritivo). ......................................................................................................... 52

Figura 7.10 - Placa inoculada com vinhoto congelado (Meio Ágar com BHI). .. 52 Figura 7.11 – Placa inoculada com vinhoto à temperatura ambiente (Meio

Ágar com caldo nutritivo). ................................................................................. 53

Figura 7.12 – Placa inoculada com vinhoto à temperatura ambiente (Meio

Ágar com BHI). ................................................................................................... 53

Figura 7.13 - Células de Saccharomyces cerevisiae. ........................................ 54 Figura 7.14 – Curva de chegada de N para o CP01 ......................................... 59 Figura 7.15 – Curva de chegada de N para o CP02 .......................................... 60 Figura 7.16 – Curva de chegada de N para o CP03 .......................................... 61 Figura 7.17 – Curva de chegada de K para o CP01 .......................................... 62

Figura 7.18 – Curva de chegada de K para o CP02 ......................................... 63 Figura 7.19 – Curva de chegada de K para o CP03 ......................................... 64 Figura 7.20 – Relação entre a dispersão hidrodinâmica e a velocidade média

(N) ...................................................................................................................... 65

Figura 7.21 – Relação entre a dispersão hidrodinâmica e a velocidade média (K) .................................................................................................................... 66

x

LISTA DE TABELAS

Tabela 5.1 – Métodos utilizados nas análises .................................................... 21 Tabela 5.2 – Índices físicos dos corpos de prova .............................................. 24 Tabela 7.1 – Resultados dos ensaios de caracterização 37

Tabela 7.2 - Resultados dos ensaios de permeabilidade ................................... 43 Tabela 7.3 – Relação entre o Al e pH do solo após 4 meses de interação

solo/vinhoto. ...................................................................................................... 44

Tabela 7.4 – Relação entre C e MO após 4 meses de interação solo/vinhoto .. 45 Tabela 7.5 – Teores de Potássio, Magnésio, Sódio. .......................................... 46 Tabela 7.6 – Teores de Potássio, Magnésio e Cálcio e índices de CTC.. ......... 47 Tabela 7.7 – Níveis de Ferro, Cobre, Zinco, Manganês e Boro ......................... 48 Tabela 7.8 - Composição química do solo com vinhoto por meio de ensaio

EDX .................................................................................................................... 49

Tabela 7.9 - Composição química do vinhoto (filtrado) ...................................... 51 Tabela 7.10 - Composição química do vinhoto (não filtrado) ........................... 51 Tabela 7.11 – Níveis de N e K no estudo de degradação biológica do vinhoto . 52 Tabela 7.12 – Nº de volume de poros e concentrações de Nitrogênio e

Potássio ............................................................................................................. 55

Tabela 7.13 – Concentrações relativas para o Nitrogênio. ................................ 57 Tabela 7.14 – Concentrações relativas para o Potássio. .................................. 58 Tabela 7.15 - Relação de ‘D’ e ‘R’ do Nitrogênio e Potássio dos corpos de

prova. .................................................................................................................. 65

Tabela 7.16 – Análise química dos corpos de prova dos ensaios em colunas. . 67

xi

LISTA DE SÍMBOLOS

D = Coeficiente de dispersão hidrodinâmica (L2 T-1)

α = Ccoeficiente de mistura mecânica ou dispersividade (L)

v = Velocidade de percolação do fluido (L.T-1)

Dm = Coeficiente de difusão molecular do soluto no meio (L2 T-1)

De = Coeficiente de difusão efetiva, (L2T-1).

Ko = Constante de decaimento de primeira ordem

R = Fator de retardamento

Vv = Volume de vazios

Dâm = Diâmetro (cm)

H = Altura (cm)

A = Area (cm2)

Mt = Massa total (g)

G = Densidade real dos grãos

e = Índice de vazios

n = porosidade

xii

Resumo

Em Campos dos Goytacazes, o vinhoto, um dos subprodutos da

produção de açúcar e álcool em usinas de cana-de-açucar, vem sendo utilizado

intnsamente nas áreas de plantação para ferti-irrigar o solo devido o elevado

teor de micro-nutrientes existentes na sua composição química. Entretanto, se

por um lado a ferti-irrigação pode favorecer as lavouras com o bom

desenvolvimento da cana-de-açucar, no que diz respeito à qualidade e ao

tempo de maturação da plante, por outro lado a ferti-irrigação pode causar a

contaminação do lençol freático. Dentro deste contexto, o principal objetivo

deste trabalho é a investigação da interação do vinhoto com um solo da refião

de Campos dos Goytacazes. Neste trabalho o nitrogênio e o potássio foram

escolhidos como referencia para avaliar a interação tendo em vista os elevados

teores destes na composição química do vinhoto e as exigências dos órgãos

ambientais que limitam os teores de nitrato na água para considerá-la

adequada para o consumo humano. O programa experimental consistiu de

ensaios de caracterização de solos, conforme as normas técnicas da ABNT,

análises química de amostras de solo e do vinhoto, ensaios de compactação,

ensaios de permeabilidade e de coluna com corpos reconstituídos. Os

resultados sugerem que o solo em questão não é uma boa barreira para os

poluentes investigados.

xiii

Abstract

In Campos dos Goytacases (BRAZIL) city, the vinasse, one of the

residues from alcohool and sugar in sugar-cane industries, has been largely

used in plantation areas in order to ferti-irrigate the soil due to its high

concentration of micronutrients in its chemical composition. However, if by one

hand the ferti-irrigation with vinasse can be favorable to the sugar-cane,

considerering the qualith and the growing time of it, on the other hand the ferti-

irrigation can cause the contamination of the groundwate. Thus, the main aim of

this work is to investigate the interaction between vinasse and soil that is found

in Campos dos Goytacazes. The nitrogenium and the potassium were chosen

as reference to evaluate their interaction dus to the hign concentration of both in

vinasse chemmical composition and the environnmental agencies requirement

that limit the concentration of nitrate in the ground-water in order to consider it

clean to human use. The experimental program deals to physical

caracterization tests, according to Brazilian ABNT recommendations, chemical

analyses of soils samples and vinasse, compactation tests, and permeabilit and

difusion tests with reconstitutives specimens. The results of this work suggest

that the soil investigated is not a good natural barrier to these pollutant.

xiv

1

I - INTRODUÇÃO

A porção de água subterrânea representa cerca de 97% da água doce líquida

existente do planeta, segundo Rebouças (1999), o que mostra a importância

econômica, social e ambiental desse recurso.

Com o aumento da população mundial e da procura por novas formas de

energia, aumentou-se em muito a demanda tanto pela utilização de águas subterrâneas

para diversos fins quanto pelo uso do solo para fins agrícolas, dentre outros. Em

consequência, ampliaram-se também as formas de contaminação desses recursos,

sendo as causadas por ação antrópica as principais, como, por exemplo, a disposição

inadequada de resíduos.

Embora as águas subterrâneas sejam muito menos susceptíveis à contaminação

que as águas superficiais, existe a possibilidade de contaminação através da

percolação de contaminantes através do solo, podendo assim, provocar a deterioração

da qualidade desse recurso e, em conseqüência, pondo em risco a saúde e o bem estar

humano.

A região do Município de Campos dos Goytacazes, no norte do Estado do Rio de

Janeiro, dispõe de grandes áreas de plantação de cana-de-açúcar, sendo uma região

que produz muito açúcar e álcool. Conseqüentemente, são gerados muitos resíduos

advindos dessa produção. O principal resíduo industrial da produção de álcool é o

vinhoto ou vinhaça. No processo de destilação, há a produção de vinhoto na razão de

12 a 13 litros por litro de álcool produzido (Medina e Brinholi, 1998). É considerado

altamente poluente se for despejada no solo uma dosagem maior que o mesmo pode

reter. Durante anos, diversos acidentes ecológicos ocorreram pelo descarregamento

indiscriminado do vinhoto, principalmente em cursos d'água. Assim, devido ao grande

volume deste efluente industrial produzido pelas destilarias de álcool, justifica-se o

interesse em se estudar seus mecanismos de interação e transporte no solo.

Para a realização dos estudos que são apresentados neste trabalho, foram

coletadas amostras de vinhoto proveniente da usina Coagro, em Campos dos

Goytacazes RJ. Também foram coletadas amostras de solo da região, que foram

devidamente caracterizadas segundo as normas técnicas da ABNT.

2

O programa experimental consistiu de ensaios de caracterização física do solo,

caracterização química, tanto do solo como do vinhoto, análise microbiológica do

vinhoto, ensaios de permeabilidade ao vinhoto e à água, tanto à carga constante como

à carga variável e ensaios não convencionais, como por exemplo, ensaios de

sedimentação comparativa, ensaio de degradação biológica, ensaios diretos de

interação e ensaios em coluna.

Esta dissertação se divide em oito capítulos. No segundo capítulo apresentam-se

os objetivos que motivaram o trabalho. No terceiro capítulo faz-se uma revisão da

literatura observando aspectos relacionados ao vinhoto e a mecanismos de transporte

de poluentes no solo como, por exemplo, a advecção, a adsorção, a dispersão e o

decaimento. No quarto capítulo explica-se a escolha do tipo e da localização do solo

utilizado e também o local de coleta do vinhoto. No quinto capítulo apresenta-se a

programação e detalhamento dos ensaios realizados. No sexto capítulo descreve-se o

ensaio de percolação em coluna relatando os fundamentos do sistema e também o

dimensionamento dos corpos de prova e a escolha dos materiais das colunas. No

sétimo capítulo apresentam-se os resultados obtidos e no oitavo apresenta as

conclusões e sugestões para novas pesquisas.

3

2 – OBJETIVO

Esta dissertação de mestrado tem como objetivo principal avaliar a interação

entre um solo encontrado na região de Campos dos Goytacazes e o vinhoto utilizado na

ferti-irrigação nas áreas de cultivo da cana-de-açucar. A programação de ensaios de

laboratório consistiu de ensaios de caracterização, ensaios de compactação, ensaios

de permeabilidade com carga variável e constante, análises químicas em amostras de

solo e de vinhoto, ensaios de coluna e análise microbiológica do vinhoto. Os ensaios de

caracterização de solos seguiram os procedimentos preconizados nas normas técnicas

brasileira e também procedimentos não usuais que são descritos no capítulo de

metodologia.

4

3 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 – Considerações iniciais

O uso da terra para as atividades agrícola, pecuária e industrial tem acarretado,

como conseqüência elevados níveis de contaminação. De fato, aos usos referidos

associam-se, geralmente, descargas acidentais ou voluntárias de poluentes no solo e

em corpos d’água, deposição não controlada de produtos que podem ser resíduos

perigosos, deposições atmosféricas resultantes das várias atividades, dentre outros.

Os processos de contaminação no solo ocorrem, de um modo geral, lentamente

e, freqüentemente, sem conseqüências trágicas imediatas, porém em longo prazo,

podem ter efeitos sérios e possivelmente irreversíveis. A contaminação do solo tem-se

tornado uma das grandes preocupações ambientais da sociedade, pois, geralmente, a

contaminação interfere no ambiente global da área afetada (solo, águas superficiais e

subterrâneas, ar, fauna e vegetação), podendo mesmo estar na origem de problemas

de saúde pública.

Segundo Boscov (1997) a contaminação do solo é a principal causa da

deterioração das águas subterrâneas.

Segundo Paganini (1997), a utilização incorreta das águas residuárias pode

promover efeitos adversos ao solo e plantas.

Melo (1978) alerta que, apesar do uso de efluentes promover economia de água

e fertilizantes, reciclagem de nutrientes e aumento da produção agrícola, podem surgir

problemas tanto para o solo e culturas (se, por exemplo, nitrogênio e outros nutrientes

forem aplicados em demasia), como para o homem e os animais quando houver a

presença de organismos patogênicos no efluente.

Para Ayers e Westcot (1991), a irrigação com águas residuárias pode contaminar

os solos, o ar, as águas subterrâneas e as plantas de áreas vizinhas aos campos

irrigados.

Oliveira (1993) adverte quanto ao fato de que as necessidades nutricionais de

uma determinada cultura provavelmente não seriam integralmente supridas somente

com a aplicação de efluentes no solo, pois as proporções de N, P e K são, geralmente,

5

diferentes das demandadas pelas culturas, havendo necessidade de complementação

com fertilizantes minerais.

Oliveira et al. (2000) descrevem que podem ocorrer alterações na capacidade de

infiltração do solo ocasionadas pela colmatação dos macroporos e pela formação de

crostas em sua superfície, quando a irrigação é realizada com líquidos contendo altas

concentrações de sólidos.

3.2 – Vinhoto: resíduo da produção sulcroalcooleira

Ao mesmo tempo em que existe uma grande busca por novas formas de energia,

tem-se preocupado cada vez mais com as questões ambientais. No caso da produção

de álcool, a preocupação é com os resíduos da produção. O principal resíduo industrial

das destilarias é o vinhoto ou vinhaça. Com a destilação do vinho (produto resultante da

fermentação) há a produção de vinhoto na razão de 12 a 13 litros por litro de álcool

produzido (Medina e Brinholi, 1998).

Em média, sua composição básica é de 93% de água e 7% de sólidos (orgânicos

e minerais), possui alto teor de potássio (K) e nitrogênio total além de cálcio (Ca),

magnésio (Mg) e fósforo (P) em menores concentrações (Ferreira, 1980, citado por

Busato, 2004).

Segundo Rosseto (1977), o vinhoto, por apresentar concentrações relativamente

elevadas de nutrientes como potássio, cálcio e magnésio, e significativos teores de

matéria orgânica, pode ser utilizado na fertilização dos canaviais. Seu uso,

normalmente, promove a elevação da produtividade de colmos, contudo, pode diminuir

os rendimentos se for aplicado em excesso.

A utilização intensiva da vinhaça nos solos cultivados com cana-de-açúcar surgiu

devido à produção de mais de 150 bilhões de litros desse resíduo por safra, ou seja,

cerca de 1.000 litros de efluentes líquidos por tonelada de cana-de-açúcar moída

(RODELLA & FERRARI, 1977), que anteriormente eram, em grande parte, despejados

nos rios e lagoas próximos às redondezas das usinas e destilarias.

6

Segundo Xavier (1970), até alguns anos atrás, o não aproveitamento desse

efluente, e a prática de descarregá-lo sem tratamento prévio em rios, constituíam o

maior problema ambiental provocado por essa atividade agro-industrial.

Segundo Viana (1988), deve-se considerar a possibilidade de se converter a

matéria orgânica do vinhoto em metano, pois essa prática, a medida que vai

neutralizando o pH do efluente, minimiza os eventuais riscos com acidentes durante o

manuseio e facilita sua aplicação na lavoura.

Lamo (1991) demonstrou o potencial energético de uma tonelada de cana.

Observa-se que uma tonelada de cana pode gerar 909,90x10³ kcal de energia (álcool +

biogás). Porém, caso não se aproveite o biogás resultante da biodigestão da vinhaça,

deixa-se de recuperar 7,5% do total de energia disponível em uma tonelada de cana.

Conforme Andriolli (1986) a aspersão de água pura, logo após a aplicação do

vinhoto, promove a eliminação de resíduos das folhas e redução dos teores de sais na

camada superficial do solo. O desequilíbrio dos minerais N, P e K presente na

composição do vinhoto pode ser corrigido com a adição de adubos comerciais,

conforme as necessidades da planta e da deficiência dos mesmos no solo.

3.3 – Principais Mecanismos de Transporte nos Solos 3.3.1 – Movimento de solutos no solo

Segundo Prevedello (1996), quando se movimenta no solo, a água transposta os

solutos, podendo uma parte destes ser absorvida pelas plantas, outra parte ser

adsorvida pelo solo, ou precipitada. Contudo, não só ao deslocamento da água se deve

a movimentação de solutos. Os solutos podem difundir-se na água, em resposta a

gradientes de concentração, ou podem reagir entre si e interagir com a matriz do solo,

interrelacionando uma sucessão cíclica de processos físicos e químicos. Nessas

interações são envolvidas características químicas, mineralógicas e físicas do solo,

como a acidez, temperatura, potencial de oxi-redução, composição e concentração da

solução do solo.

7

Para Ferreira (2001), ocorre o processo de deslocamento de fluidos miscíveis

quando um fluido mistura-se com outro e o desloca. Como exemplos de deslocamento

miscível, tem-se a lixiviação de sais no solo e a conseqüente movimentação de íons no

perfil do solo.

Para Dodds et al. (1998) quando os fertilizantes se movimentam para camadas

inferiores do solo, tornam-se inacessíveis às plantas e se transformam em risco de

contaminação das águas subterrâneas.

Segundo Vieira e Ramos (1999), o nitrogênio, em todas as suas formas, se

movimenta livremente no solo, como é o caso do NO3-, em que o nitrogênio é menos

suscetível à adsorção pelos colóides do solo, estando sujeito a perdas por lixiviação e

redução.

Segundo Garcia (2003), o fósforo, em geral, tem pouca movimentação na

maioria dos solos, em especial nos argilosos, em virtude da forte adsorção e a

formação de precipitados com os constituintes do solo. O cálcio e o magnésio tem

menos mobilidade no solo, ficando retidos nas superfícies da argila e da matéria

orgânica, que são carregadas negativamente.

De forma geral, pode-se dividir os mecanismos de transporte de solutos no solo

em processos físicos e químicos. O item 3.2.2 e 3.2.3 abordam os principais processos

físicos e químicos, respectivamente.

3.3.2 – Processos Físicos 3.3.2.1 - Advecção

Segundo Queiroz (2003) este é o mecanismo de transporte para fluidos livres em

movimento como ventos, rios e oceanos. Quando o fluido percola através de um meio

poroso como o solo, este tipo de transporte é chamado advectivo. Neste caso parte do

volume por onde o fluido permeia está ocupado por sólidos, sendo o fenômeno que

ocorre predominantemente em meios descontínuos, de alta permeabilidade, como

areias, argilas fissuradas e rochas fraturadas.

8

Para Shackelford (1993) a advecção é o processo pelo qual os solutos são

transportados pelo fluido (água, em geral), na direção das linhas de fluxo, devido a um

gradiente na carga hidráulica total, sem que ocorra alteração de sua concentração na

solução. Pode variar muito, em função da condutividade hidráulica do solo

3.3.2.2 - Dispersão Hidrodinâmica

Segundo Freeze e Cherry (1979), no processo de dispersão hidrodinâmica

ocorre o espalhamento do soluto no meio poroso. Assim o contaminante passa a

ocupar um volume maior do que se ocorresse apenas transporte por advecção. Desse

modo, decresce o pico de concentração, enquanto a frente de contaminação

movimenta-se mais rapidamente.

A dispersão hidrodinâmica é um fenômeno composto por duas parcelas:

dispersão mecânica (Dm) e difusão molecular (D). Estes fenômenos uniformizam as

concentrações dos solutos, sendo a difusão causada por um gradiente de potencial

químico, que resulta na migração do soluto de regiões de maior concentração para as

de menor concentração. Este fato pode explicar casos reais, nos quais, em meios de

permeabilidade muito baixa, a difusão possa vir a ser o fenômeno de transporte

predominante.

O coeficiente que descreve a dispersão hidrodinâmica (Dh) pode ser descrito

como a soma dessas duas parcelas (Freeze e Cherry, 1979). Matematicamente, é um

processo que pode ser descrito de acordo com a Equação 3.1.

Dh = Dm + D (3.1)

Em que:

Dh = coeficiente de dispersão hidrodinâmica (L2 T-1);

α = coeficiente de mistura mecânica ou dispersividade (L);

v =velocidade de percolação do fluido (L.T-1);

D = coeficiente de difusão molecular do soluto no meio (L2 T-1).

9

Para Cremasco (1998), a difusão consiste no transporte causado pelo

movimento Browniano das moléculas (onde a mobilidade de uma molécula é devida à

agitação térmica do meio em que ela se encontra) que se agitam aleatoriamente

tendendo a uniformizar a distribuição do soluto no solvente. Segundo Queiroz (2002),

esta uniformização é muito lenta e até meados da década de 80 era considerada

desprezível em problemas ambientais.

3.3.2.3 - Dispersão Mecânica

Segundo Nobre (1987), dispersão mecânica é um fenômeno que provoca um

espalhamento de solutos devido às variações de velocidade do fluido dentro do meio

poroso.

Já segundo Freeze e Cherry (1979), em uma escala microscópica, a dispersão

mecânica é o resultado de três mecanismos básicos. Primeiramente, acontece em

canais individuais, quando a rugosidade superficial dos poros promove maior atrito

entre as moléculas que, por isso, movem-se mais lentamente nessa posição que no

centro do canal (Figura 3.1a). O segundo processo depende do tamanho dos poros na

trajetória, sendo que a diferença na área superficial de contato entre o fluido e a

superfície rugosa promove velocidade maior em poros de maior diâmetro e velocidade

menor em poros de menor diâmetro (Figura 3.1b). O terceiro processo está relacionado

com a tortuosidade, ou comprimento da trajetória de fluxo (Figura 3.1c), sendo a

velocidade mais lenta quanto maior for a tortuosidade dos poros.

Figura 3.1 - Mecanismos físicos de mistura mecânica em escala microscópica. Fonte: Freeze e cherry (1979)

10

A dispersão pode ser dividida em duas componentes: uma longitudinal e outra

transversal à direção do fluxo. Geralmente a dispersão longitudinal é cerca de dez

vezes maior que a transversal.

Dentre as principais causas da dispersão mecânica está o fato de o fluido no

meio poroso não apresentar velocidade constante igual à velocidade média de

advecção, e também pode-se citar a tortuosidade dos poros do solo, onde a geometria

do meio poroso pode fazer com que as linhas de fluxo próximas se afastem. 3.3.2.4 - Difusão molecular

Freeze e Cherry (1979) definem difusão molecular como o processo no qual os

constituintes iônicos e moleculares se movem sob a influência da energia cinética na

direção do gradiente de concentração. Uma vez estabelecido o gradiente, as moléculas

e íons tendem a se deslocar das regiões de maior concentração para as de menor,

visando o equilíbrio. O transporte difusivo ocorre mesmo na ausência de fluxo

hidráulico.

Fetter (1993) está de acordo com Freeze e Cherry ao afirmar que a difusão é o

processo pelo qual tanto as espécies iônicas ou moleculares dissolvidas em água se

movem de regiões de maior concentração para regiões de menor concentração.

A difusão ocorre em solos a uma taxa definida pelo coeficiente de difusão efetiva,

De (L2T-1). Em solos de granulometria fina, em que as velocidades de fluxo são

comumente baixas, a difusão molecular é o mecanismo de contaminação

preponderante.

A difusão tende a ser atenuada em solos não saturados, em função do aumento

da tortuosidade nas linhas de fluxo. Porém é de se esperar que a dispersão mecânica

aumente em função do “afunilamento” dos canais de fluxo. Este fato é pouco

considerado em implementações numéricas que visam contemplar o fenômeno do

transporte advectivo em um solo não saturado submetido a um fluxo imposto.

O coeficiente de difusão molecular (Dm) é indiretamente dependente do teor de

umidade, pois depende da tortuosidade do solo. À medida que o teor de umidade

diminui, o caminho efetivo que o fluxo percorre, aumenta.

11

3.3.3 – Processos Químicos 3.3.3.1 - Sorção

Sorção é a partição de espécie químicas entre fases de solução e de solvente.

Neste processo, quando moléculas dissolvidas deixam a fase líquida e entram na fase

sólida diz-se que ocorreu adsorção. Quando as moléculas deixam a fase sólida e

entram na fase líquida diz-se que ocorreu dessorção. Seja qual for o sentido do

deslocamento, a partição continua até haver o equilíbrio.

Para Pignatelo (1989) o fenômeno da sorção consiste na impregnação de uma

substância dissolvida em um fluido na parte sólida de um meio poroso durante a

percolação. A ocorrência da sorção é muitas vezes considerada através de um fator de

retardamento nas equações do transporte advectivo-dispersivo. Este fator é

proporcional à intensidade da reação de sorção.

Segundo Rowe et al. (1995), sorção é o processo em que se remove o

contaminante da solução, independente da natureza do processo, podendo incluir troca

catiônica ou partição de compostos orgânicos na matéria orgânica sólida. Dessa forma

e, estando de acordo com diversos autores, a sorção inclui os processos de adsorção,

absorção, sorção química e troca iônica.

Segundo Nobre et al (1987), a adsorção é um fenômeno de retardamento, no

qual a velocidade efetiva das espécies químicas é menor do que a da água

contaminada.

Entende-se por dessorção a transferência de átomos, moléculas ou agregados

de um sólido para a fase gasosa ou líquida. È o processo em que o soluto é liberado

das partículas de solo para o fluido intersticial.

A absorção acontece no momento em que o soluto sofre difusão no interior das

partículas porosas; o soluto é sorvido para o interior das partículas (1997).

O processo em que o soluto é incorporado à partícula sólida por uma reação

química corresponde à sorção química.

Ao entrar em contato com a água muitas substâncias orgânicas e muitos

minerais são capazes de atrair moléculas de água ou íons ou liberar alguns

constituintes, devido a processos fícico-químicos de adsorção e de sorção química.

12

Quando as posições das espécies iônicas são trocadas, o processo é denominado

troca iônica.

De acordo com a EPA (1992), a adsorção química uma ligação química real,

geralmente covalente, entre uma molécula e átomos superficiais, em que a molécula

pode perder sua identidade quando os átomos são rearranjados, formando novos

compostos.

A formulação matemática que relaciona a concentração de espécies adsorvidas

nos sólidos e a concentração na solução é geralmente referida como isoterma. É pelo

coeficente de distribuição Kd ou pela função de distribuição Kf a maneira mais utilizada

para se quantificar esse processo. Segundo Freeze e Cherry (1979), quando a isoterma

é linear, este coeficiente também atua como um indicador da mobilidade de um

poluente num fluxo subsuperficial.

O conhecimento dos fenômenos de adsorção e de dessorção tem auxiliado a

criar novas metodologias de remediação para amenizar os impactos ambientais

produzidos no solo.

3.3.3.2 – Fator de retardamento e o coeficiente dispersão-difusão

Para Fetter (1993), no processo de adsorção, alguns solutos em percolação no

solo, passam se movendo mais lentamente do que a água freática que os transporta.

Este efeito é chamado de retardamento. Desse modo, um modo de introduzir os

processos de sorção na equação advecção-dispersão do transporte de solutos é

considerar o transporte em termos de retardamento do movimento dos contaminantes,

com a utilização de um fator de retardamento, R, que representa a razão entre a

velocidade do fluido e a velocidade de transporte para o centro de massa de um soluto

reativo (Freeze et al. 1979).

Segundo Matos et al. (1998), o retardamento é inversamente proporcional a

relação entre mobilidade e adsorção de solutos à fração sólida ou às condições do

meio, que favoreçam a precipitação dos íons. A adsorção faz com que os íons

mantenham intercâmbio com aqueles presentes na solução do solo, proporcionando,

ora sua adsorção na fração sólida do solo, ora disponibilização no meio aquoso.

13

Segundo Garcia (2003), a existência de diversas espécies de cátions no solo

promove competição entre eles, facilitando a lixiviação daqueles com menor poder de

adsorção pelos sítios da matriz sólida, o que constitui uma advertência quanto ao risco

de contaminação dos mananciais de água subterrânea.

Para Campos e Elbachá (1991), o fator de retardamento é a capacidade de

retenção ou efeito tampão do solo, para um elemento ou composto existente em um

resíduo. Já para Valocchi (1984), o fator de retardameno representa a defasagem entre

a velocidade de avanço de um soluto e a velocidade de avanço da frente de

molhamento da solução percolante. È uma característica que, indiretamente expressa a

capacidade do solo em reter íons.

O coeficiente dispersivo-difusivo, para Van Genucheten e Wierenga (1986), é

uma característica física da equação de transporte de solutos, que expressa o efeito

aditivo de dois fenômenos de mistura na interface de dois solutos.

3.3.3.3 - Decaimento de Primeira Ordem

A seguir é apresentada a Equação 3.2 que descreve o mecanismo do

decaimento de primeira ordem:

dC = -KoC eq. (3.2)

dt

Em que C é a concentração do contaminante; t é o tempo e ko, também

conhecido por �, é a constante de decaimento de primeira ordem (sendo igual a

0,693/T, onde T é a meia-vida do contaminante). Ao integrar a Equação 3.2 obtém-se a

Equação 3.3, onde verifica-se que C decai exponencialmente com o tempo:

C = Co exp(-Kot) eq. (3.3)

O decaimento pode ser radiativo ou devido à biodegradação.

14

3.4 - Equação Transiente e Unidimensional de Transporte de Massa

O transporte transiente de espécies químicas através de um material saturado é

baseado na conservação de massa de um volume elementar representativo ou volume

de controle de solo ( Freeze et al., 1979).

A Equação Geral do Transporte de Massa através de Meios Porosos Saturados,

é expressa pela Equação 3.4, em que a velocidade e coeficiente de Dispersão são

constantes e uniformes.

eq. (3.4)

C(x,t) = Concentração de Soluto CGvD i

XXt ∂∂ 2

CCC λ−∑−∂

−∂

=∂∂ 2

D= Coeficiente de Dispersão

V= Velocidade média de fluxo

ts

npb

∂∂

−G∑ = reações de retardamento =

Cλ = kC = Decaimento radiativo

A solução analítica da Equação 4 é representada pela Equação 3.5, que foi

obtida por Ogata (1971) citada em Nobre (1987), onde D’ e V’ são, respectivamente, a

dispersão aparente e a velocidade aparente.

(3.5)

onde, pela Equação 3.6 tem-se que:,

y

∫o e – X2 dx (3.6) erfc y = função complementar de erro = 1 – 2 √╓

A Equação 3.7 e a Equação 3.8 fornecem, respectivamente, a velocidade

retardada e o coeficiente de dispersão:

15

V’ = v (3.7)

R

D’ = D (3.8)

R

Em que v é a velocidade do fluxo obtida pela lei de Darcy descrita pela Equação

3.9 e n é a porosidade e K é a permeabilidade, obtida pelo ensaio de permeabilidade à

carga constante ao vinhoto.

v = (k * i) / n (3.9)

16

4 – Descrição dos Materiais

4.1 – Solo

O solo utilizado é da região do município de Campos dos Goytacazes, localizado

na Região Norte do Estado do Rio de Janeiro, a aproximadamente 279 km da capital

estadual, Rio de Janeiro (Figura 4.1). Abrange uma área de 4.037 km2, sendo o maior

município do Estado. Possui uma população de cerca de 406.989 (quatrocentos e seis

mil novecentos e oitenta e nove) habitantes, segundo o censo do IBGE (2002). A

rodovia federal BR-101 atravessa o município longitudinalmente e é responsável por

boa parte do escoamento da produção agrícola, dos produtos cerâmicos, de petróleo,

etc.

220000

220000

280000

280000

7600

000

7600

000

7600

000

7600

000

7700

000

7700

000

Campos Brasil

Figura 4.1 – Localização da área de estudo.

Fonte: IBGE 2002

A amostra de solo utilizada foi retirada na área de empréstimo de material de

cobertura das pilhas de lixo município. A Figura 4.2 mostra o local de coleta das

amostras. Esta área foi escolhida porque é próxima a canaviais e o solo mostrou boas

17

condições para se trabalhar. Levando-se em consideração a realização de ensaios de

percolação em colunas, foi necessário escolher um solo que não fosse muito argiloso, o

que acarretaria em grande espaço de tempo para a execução dos ensaios. Ao mesmo

tempo, não se poderia escolher um solo muito arenoso porque mecanismos de

transporte como a sorção e a difusão molecular não seriam bem representados.

Figura 4.2 – Área escolhida para coleta da amostra

4.2. – Visita a campo para reconhecimento da área e coleta de vinhoto

Realizou-se uma visita de campo a uma usina produtora de álcool da região com

o intuito de se entender o processo de produção de álcool, bem como a geração e

destinação do vinhoto. O vinhoto é descartado das destilarias a uma temperatura que

varia em torno de 105ºC e conduzido por canais, conforme as Figuras 4.3 ou

armazenado em lagoas, como mostrado na Figura 4.4. Uma outra parte é utilizada na

fertirrigação dos canaviais.

18

Figura 4.3 – Vinhoto conduzido em canais Figura 4.4 – Vinhoto armazenado em lagoas

Verifica-se no vinhoto conduzido pelos canais ou já nas lagoas de

armazenamento a formação de espuma, conforme a Figura 4.5, sugerindo intensa

atividade microbiana. Essa constatação também foi observada em laboratório ao se

manter ao ar livre algumas amostras.

Figura 4.5 – Formação de espuma no vinhoto

Foram coletados cerca de 80 litros de vinhoto à temperatura de 105º. As

amostras foram armazenadas em recipientes plásticos.

19

Ao chegar ao laboratório, o vinhoto já se encontrava a temperatura ambiente e

foi mantido em sala com ar condicionado a 25º C. Os recipientes plásticos foram

mantidos abertos para poderem ter contato com o ambiente.

Cada amostra foi posta em um refrigerador em seu devido tempo, de acordo com

a programação, para análises químicas posteriores.

5 - Programação dos Ensaios de Laboratório

20

5.1 - Considerações Gerais

Com a coleta do solo no Distrito Industrial de Campos e do vinhoto na USINA da

COAGRO, procedeu-se o início das atividades experimentais que consistiram de

ensaios de caracterização do solo, ensaios de caracterização do vinhoto e ensaios

“especiais” executados para se avaliar a interação solo-vinhoto.

Com o solo foram executados ensaios corriqueiros de geotecnia, cujos objetivos

são determinar a distribuição granulométrica, avaliar a plasticidade da fração fina, e

determinar a densidade dos grãos. Foram também executados ensaios de

compactação PROCTOR NORMAL, ensaios de permeabilidade a carga variável e

constante com corpos de prova compactados. A composição química foi determinada

através de ensaios de Fluorescência de Raio X (EDX) e de ensaios na FUNDENOR

executados de acordo com o Manual de métodos de análises de solo publicado pela

Embrapa em 1997, sendo os métodos utilizados nas análises relacionados na Tabela

5.1.

Tabela 5.1 – Métodos utilizados nas análises

21

Métodos utilizados nas análises dos solos

ROTINA BÁSICA MICRONUTRIENTES

Argila: densímetro S: Fosfato de Ca 500 mg P/L

pH: pH Água Zn: HCl 0,1 mol/L

NC: pH SMP Cu: HCl 0,1 mol/L

P: Mehlich-I B: Água quente

K: Mehlich-I Mn: KCl 1 mol/L

MO: Combustão úmida Fe: Oxalato de amônio 0,2 mol/L

Al trocável: KCl 1 mol/L Nitrato (NO3-) e Amônio(NH4+)

Ca trocável: KCl 1 mol/L Carbono

Mg trocável: KCl 1 mol/L Nitrogênio total

Acidez total pH 7: pH SMP P resina em KCl 2 M quente

Com o vinhoto, foram realizadas análises microbiológicas e químicas. A análise

microbiológica foi realizada no Laboratório de Biotecnologia (LBT) do Centro de

Biociências e Biotecnologia (CBB) da UENF, enquanto que a análise química foi

executada na FUNDENOR, de acordo com Rodela (1977). Para uma análise preliminar

do comportamento do vinhoto foram realizadas medidas do pH e da densidade do

mesmo durante as primeiras semanas de estudo. Para analisar a possibilidade de

decaimento biológico do vinhoto foi realizado um ensaio intitulado “Estudo da

degradação biológica do vinhoto”, não preconizado em normas.

Finalmente, para avaliar a interação solo-vinhoto foram realizados ensaios em

coluna e ensaios não especificados em normas como o ensaio de interação direta do

solo e do vinhoto.

5.2 – Caracterização física do solo

22

Inicialmente, os ensaios de caracterização seguiram os procedimentos

preconizados nas normas técnicas da ABNT apresentadas a seguir:

Preparação das amostras para ensaios de caracterização – NBR6457

Análise granulométrica (Peneiramento e sedimentação) - NBR7181/84

Determinação dos limites de consistência - NBR7180/84 & NBR6459/84

Densidade dos grãos – NBR6508

Classificação dos grãos – NBR6502

Para o ensaio de compactação utilizou-se o método Proctor Normal segundo a

norma da ABNT NBR-6457/86, de onde se obteve a curva de compactação para a

determinação da umidade ótima do solo e a densidade aparente seca máxima. O

material desse ensaio foi mantido em uma câmara úmida para posteriormente ser

utilizado em ensaios de permeabilidade à carga variável

5.3 - Ensaios de Permeabilidade 5.3.1 - Ensaios de permeabilidade á carga variável

Foram realizados ensaios de permeabilidade à água à carga variável utilizando

uma amostra de solo compactada no cilindro de compactação Proctor Normal para

efeito de se obter um valor a ser utilizado no dimensionamento dos corpos de prova e

no ensaio em coluna. Foi utilizado um permeâmetro de carga variável conforme o da

Figura 5.1.

23

Figura 5.1 – Permeâmetro de carga variável

Em seguida, procedeu-se a execução do ensaio de permeabilidade utilizando-se

o vinhoto como efluente durante cerca de dois meses, período no qual houve um

acompanhamento contínuo os valores do pH e da temperatura.

5.3.2 - Confecção dos corpos de prova

Os corpos de prova foram obtidos por meio do ensaio de compactação Proctor

Normal segundo as normas da ABNT NBR-6457/86. O material resultante localizado no

cilindro de compactação foi extraído e talhado manualmente até se obter um corpo

cilíndrico de aproximadamente 5cm de diâmetro por 5cm de altura como foi

estabelecido pelo dimensionamento das colunas. O processo foi repetido até se obter

inicialmente três corpos de prova.

Para cada corpo procurou-se impor uma umidade próxima da ótima e foram

calculados seus respectivos índices físicos. A Tabela 5.2 relaciona os valores obtidos.

Tabela 5.2 – Índices físicos dos corpos de prova

24

CP 1 CP 2 CP 3 Dâm 4,92 4,92 4,85

H 4,99 5,03 5,02 Área 19,01 19,01 18,47

Vol. (cm3) 94,81 95,62 92,74 Mt 174,17 182,4 185,7

Umidade (%) 14,02 15,57 15,00 G 2,78 2,78 2,78

Peso Esp. Total (kN/m3) 18,0 18,7 19,6 Peso Esp. Aparente (kN/m3) 15,8 16,2 17,1

e 0,73 0,68 0,60 n 42,0 40,6 37,3

Vv 39,8 38,8 34,5

5.3.3 - Ensaios de permeabilidade à carga constante

O primeiro passo foi a confecção de corpos de prova compactados no cilindro

Proctor Normal. Em seguida, foi montado um sistema de percolação em corpos de

prova instalados em colunas cilíndricas que, pela imposição de gradientes hidráulicos,

serviram como permeâmetros de carga constante.

Os corpos de prova foram denominados de CP01, CP02 e CP03 e os gradientes

hidráulicos escolhidos para cada um foram, respectivamente, de 20, 15 e 10.

Os ensaios foram inicialmente realizados com água e em seguida com vinhoto.

5.4 – Caracterização química do solo

Foram utilizadas para as análises químicas do solo as amostras obtidas com o

ensaio de interação direta do solo e do vinhoto e também uma amostra de solo sem

contaminação. As análises se basearam na medição do pH e dos níveis de fósforo,

potássio, cálcio, magnésio, alumínio, sódio, carbono, matéria orgânica, CTC

(capacidade de troca catiônica), ferro, cobre e zinco e também em ensaios EDX.

5.4.1 – Ensaio de Interação Direta do Solo e do Vinhoto

25

Ensaio não prescrito em normas, que teve por princípio observar a interação da

combinação de vinhoto e solo por diferentes intervalos de tempo. Teve como

fundamento a mistura em cinco recipientes, volumes iguais de vinhoto e de solo

(750ml). Cada recipiente foi deixado ao ar livre para interação entre o solo e o vinhoto,

sendo que o material do primeiro recipiente foi retirado e preparado para análise uma

semana após a mistura, o segundo duas semanas, o terceiro um mês, o quarto dois

meses e o último após quatro meses de interação. Essas amostras foram enviadas para

análise química na FUNDENOR e também para ensaio de EDX.

5.4.2 – Ensaios EDX

As amostras utilizadas na caracterização química do solo também foram

submetidas a ensaios realizados com a utilização de um espectrômetro de

Fluorescência de Raios-X por Energia Dispersiva, que é utilizado para determinar a

presença e a quantidade de praticamente todos elementos da tabela periódica, de sódio

a urânio, passando pelo carbono, que poucos equipamentos detectam.

O espectrômetro de fluorescência de raios-X é um instrumento que determina

quantitativamente os elementos presentes em uma determinada amostra através da

aplicação de raios-X na superfície da amostra e a posterior análise dos fluorescentes

raios-X emitidos. A técnica de fluorescência de raios-X é não-destrutiva para todos os

tipos de amostras, incluindo sólidos, líquidos, pós, discos, etc.. A Figura 5.2 ilustra o

equipamento utilizado.

26

Figura 5.2 - Espectrômetro de Fluorescência de Raios-X por Energia Dispersiva

5.5 - Caracterização do vinhoto

5.5.1 - Variação da densidade e pH do Vinhoto

Para se verificar a variação do pH e densidade do vinhoto colocaram-se 1000ml

de vinhoto em uma proveta onde foram realizadas medições de pH e leituras de

densímetro por um período de quase dois meses. Durante esse período registraram-se

as variações de temperatura. 5.5.2 – Análise química do vinhoto

Foram realizadas análises com duas amostras; uma filtrada (1B) e outra não (1A).

Em ambas foram medidos o pH e os níveis de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio,

magnésio, carbono, sódio, ferro, cobre, zinco e manganês.

Foram realizadas também análises na FUNDENOR, segundo Rodela (1977),

considerando apenas nitrogênio e potássio, para as amostras do estudo da degradação

biológica do vinhoto e para todas amostras obtidas nos ensaios de percolação em

colunas nos corpos de prova 1, 2 e 3.

27

5.5.3 - Estudo da degradação biológica do vinhoto

Uma tentativa de se tentar quantificar o processo de degradação biológica do

vinhoto, com relação ao nitrogênio e ao potássio, se deu a partir do momento da coleta

na usina. Várias amostras foram armazenadas em recipientes plásticos e, cada uma a

seu tempo foi posta em um refrigerador para análises químicas posteriores. Ao chegar

ao laboratório, os recipientes plásticos foram mantidos abertos para poderem ter

contato com a atmosfera.

O primeiro caso é o da amostra de um dia após a coleta. Em seguida, a amostra

de dois dias após a coleta e, sucessivamente, para quatro dias, oito dias, quinze dias,

um mês, dois meses e cinco meses.

5.5.4 - Análise Microbiológica do Vinhoto

Tendo em vista o aparecimento de uma espuma amarelada na proveta,

sugerindo que um processo de degradação biológica estava em andamento, foram

encaminhadas ao Laboratório de Biociências e Biotecnologia da Universidade Estadual

do Norte Fluminense para análise microbiológica, duas amostras de vinhoto para

eventuais comparações, sendo uma mantida congelada desde o momento da coleta e a

outra à temperatura ambiente.

Foi utilizada a técnica de isolamento de bactérias, que é fundamentalmente

usada para se obter cultura pura de amostras, que possivelmente contenham

populações mistas. Este procedimento levou à formação de colônias isoladas através

da semeadura em estrias na superfície dos meios sólidos Ágar com caldo nutritivo e

BHI, (Brain Heart Infusion) que é um extrato nutritivo para reprodução e

desenvolvimento dos microorganismos. O método se presta, também, a estudo de

caracteres culturais.

As placas de Petri inoculadas utilizando uma alça de platina, fazendo uso da

técnica de estrias em quadrantes, foram incubadas invertidas na estufa, para evitar que

durante a incubação, a água de condensação na superfície dos meios, provocasse

crescimento confluente, o que impediria a formação de colônias isoladas. A temperatura

28

de incubação foi mantida a 30°C, em um período de 24 a 72 horas, até que colônias

isoladas fossem visualizadas.

De acordo com a programação dos ensaios, na seqüência são realizados

ensaios de percolação em coluna. O capítulo 6 engloba os fundamentos gerais desses

ensaios e também etapas como o dimensionamento dos corpos de prova utilizados e a

montagem do sistema.

29

6 - Ensaios em colunas 6.1 – Fundamentos e montagem do sistema

Um importante método utilizado para analisar a interação entre o solo e o vinhoto

é o ensaio em coluna, onde o fluxo de efluentes, que no caso é o vinhoto, se dá na

direção vertical, o que oferece a grande vantagem de se poder trabalhar com apenas

uma dimensão, facilitando a interpretação matemática do problema.

Neste ensaio é percolada a solução do vinhoto através de um corpo de prova

que se encontra no interior de uma câmara cilíndrica. Esse corpo de prova é envolvido

por uma membrana de látex para isolá-lo e protegê-lo de qualquer contato com a água

que fica ao seu redor preenchendo o restante da coluna e aplicando uma tensão de

confinamento.

Inicialmente os ensaios são realizados com água destilada, com o intuito de se

verificar vazamentos, aumentar o grau de saturação dos corpos de prova e se realizar

ensaios de permeabilidade à carga constante. Em seguida, a água é substituída por

vinhoto.

São três colunas montadas simultaneamente e em cada coluna existem três

conexões de entrada ou saída. Há uma conexão entre a coluna e um recipiente

contendo água, localizado a uma certa altura tendo por objetivo impor uma tensão

confinante à amostra do solo para impedir que haja passagem de água entre a

membrana e o corpo de prova.

A segunda conexão da coluna é destinada à ligação com um frasco de mariotte,

onde o vinhoto é armazenado. Cada frasco se encontra a uma certa altura em relação à

base da coluna onde é montado o corpo de prova, de modo a determinar um gradiente

específico para cada coluna. Assim, cada coluna se encontra conectada a um vaso de

mariotte, com uma altura diferente para cada caso.

O frasco, além se ser utilizado para armazenar o vinhoto, serve principalmente

para a manutenção de uma carga constante. O mariotte consiste de um tubo imerso

dentro do líquido contido em um recipiente que possui uma saída na base, que pela

qual uma mangueira faz a ligação entre o frasco e a coluna.

30

A terceira conexão da coluna é reservada para a saída do vinhoto após a

passagem do mesmo pelo corpo de prova. É usado um tubo, que por onde o vinhoto é

conduzido até uma bureta, onde é coletado para ser submetido às análises. É realizada

periodicamente a coleta para que se possa determinar a sua concentração. A Figura

6.1, mostra a montagem do sistema, onde A representa a coluna, B representa o

mariotte e C representa o sistema de pressão.

C água

Mangueira de nível B

água

A

Bureta 50ml suporte

Figura 6.1 - Sistema de percolação em colunas

31

Antes da realização dos ensaios com vinhoto, os corpos de prova foram

saturados com água destilada e em seqüência realizados ensaios de permeabilidade à

carga constante à água. Em seguida, deu-se início aos ensaios de percolação com

vinhoto, que foi previamente filtrado para eliminação de impurezas.

Simultaneamente foram realizadas medidas de permeabilidade à carga

constante. Deve-se ressaltar que o vinhoto utilizado no ensaio foi filtrado com filtro

quantitativo faixa azul, para se eliminar impurezas e uma amostra de 10ml desse

vinhoto foi mantida congelada.

Para cada coluna coletou-se um total de 25 amostras de 10ml cada, o que

representa uma percolação total de aproximadamente seis vezes o volume de vazios

de cada corpo de prova. O tempo de percolação para os corpos de prova CP01 e CP02

foi de aproximadamente 45 dias e para o CP03, 75 dias. As amostras foram

armazenadas em tubos Falcon e em seguida foram mantidas em um refrigerador para

análises.

Após a percolação de todas as amostras de todos os corpos de prova, todo o

material coletado foi submetido a análises químicas, com o intuito de se medir as

concentrações de nitrogênio na forma total e de potássio.

6.2 – Curvas de chegada

Com a concentração medida ao longo do tempo e traçando-se os resultados em

um gráfico em termos de concentração relativa (C/Co), em função da razão entre o

volume percolado (Vp) e o volume de vazios da amostra (Vv), que fornece o número de

volumes de poros, obtém-se uma curva normalizada. Esta é denominada curva

característica do transporte ou curva de chegada, também conhecidas em inglês como

breakthrough curves. É plotada uma curva característica de transporte para cada

elemento de vinhoto analisado.

O programa computacional DISP, desenvolvido pelo departamento de

engenharia agrícola da Universidade Federal de Viçosa (UFV), fornece essas curvas

características, sendo os dados de concentração relativa e o número de volume de

poros como dados de entrada. A Figura 6.2 mostra a página inicial do programa, onde

32

se pode ver no canto esquerdo o local em que se introduz dos dados de concentração

relativa e número de volume de poros. São utilizados também como dados de entrada o

teor de água, a densidade do solo, fluxo e altura do corpo de prova.

Figura 6.2 – Página inicial do programa computacional DISP

Obtém-se o fator de retardamento, R, diretamente através das curvas

características do transporte. Para tal faz-se uso de um processo usual de se

considerar o fator de retardamento com valor aproximado ao do número de volume de

vazios percolado quando a concentração relativa é de 0,5, como mostra a Equação 6.1.

R = V(C = 0,5Co)/Vv eq. (6.1)

33

6.3 – Coeficiente de dispersão ‘D’

Nobre (1987) sugere uma metodologia para a obtenção do coeficiente de

dispersão D onde o primeiro passo é a obtenção do fator de retardamento R como

descrito anteriormente, em seguida, fazendo-se uso da Lei de Darcy, descrita pela

Equação 3.9, obtém-se o valor da velocidade de percolação do fluido. A partir disso

pode-se obter o valor da velocidade aparente V’, descrita pela Equação 3.7.

Partindo-se da solução analítica da equação transiente unidimensional de

transporte de massa, expressa pela Equação 3.5, pode-se encontrar o valor do

coeficiente de dispersão aparente D’ e com uso da Equação 8 obtém-se o valor de D.

Esta equação pode ser resolvida pelo DISP.

Para se obter o coeficiente de dispersividade, α, e a difusão molecular, Dd, é

necessário executar ensaios com diferentes valores de gradiente hidráulicos, sendo

necessária a utilização de pelo menos três experimentos e, por regressão linear, de

acordo com a equação 1, determinar os coeficientes.

6.4 - Dimensionamento das colunas

É uma etapa que antecede a construção das colunas. Deve-se ter em mente o

fator tempo de modo a se dimensionar as colunas onde o tempo de percolação não

seja muito extenso, mas que seja o suficiente para que os processos químicos ocorram.

O primeiro passo é dimensionar o corpo de prova a ser utilizado nas colunas.

Para tal, utilizou-se o conceito de número de volume de poros que é definido como o

volume de fluido que atravessa a amostra em um intervalo de tempo dividido pelo seu

volume de poros. Da lei de Darcy (6.2), tem-se:

Q = K i A, onde Q = V / t, daí V / t = K i A: eq. (6.2)

Sendo:

K = permeabilidade (cm/s)

I = gradiente (m/m)

34

A = área (cm2)

V = volume percolado (cm3)

T = tempo (s)

Após várias tentativas com valores diferentes, por fim verificou-se que com

corpos de prova de 5cm de diâmetro por 5cm de altura a gradientes 10, 15 e 20, seria

possível a execução dos ensaios dentro de um prazo adequado. Com a utilização de

gradientes menores como 1 e 5, por exemplo, o tempo de percolação seria longo o

suficiente para que ocorresse a formação de camadas espessas de matéria orgânica

devido à degradação biológica do vinhoto, o que dificultaria a percolação e inviabiliza a

realização dos ensaios.

A permeabilidade utilizada para as estimativas foi extraída por meio de ensaio de

permeabilidade à carga variável.

O valor do volume utilizado acima para dimensionar o tempo é o volume de

vazios da amostra que é o produto do volume da amostra pela porosidade, estimada

em 40%. Estipulou-se um valor de seis volumes de vazios a serem percolados pelo

corpo de prova.

35

7 - Resultados e discussões

7.1 Caracterização física do solo

Os ensaios de sedimentação com hexametafosfato de sódio, vinhoto, água foram

acompanhados até que houvesse estabilização. Na Figura 7.1 é apresentada uma foto

ao final do ensaio, em que foram postas lado a lado as provetas contendo a

sedimentação com vinhoto, água destilada e hexametafosfato de sódio, representadas

pelas letras a, b e c, respectivamente. Pode-se observar maior aglutinação do material

nos casos de sedimentação com água destilada e, especialmente, no caso de

sedimentação com vinhoto. Como era de se esperar, é observado efeito dispersante na

sedimentação com hexametafosfato de sódio.

(c)(b)(a)

Figura 7.1 (a) sedimentação com vinhoto; (b) sedimentação com água destilada; (c) sedimentação com hexametafosfato de sódio

A distribuição granulométrica, obtida pelo ensaio de sedimentação e por

36

peneiramento grosso e fino, pode ser observada na Figura 7.2.

Figura 7.2 - Distribuição granulométrica do solo com diferentes procedimentos

Observa-se pelas Figuras 7.1 e 7.2 o efeito aglutinador do vinhoto se comparado

com a água destilada e o defloculante hexametafosfato de sódio.

Os limites de consistência também foram obtidos seguindo os procedimentos

prescritos nas normas brasileiras, porém, para efeito de comparação, utilizou-se uma

segunda situação onde o vinhoto foi adicionado ao solo. Os resultados são

apresentados na Tabela 7.1.

Observa-se que não existem diferenças significativas nos limites de consistência

obtidos com os diferentes procedimentos, podendo-se considerar os mesmos como

iguais. Deve-se destacar que os ensaios foram executados sem ter havido tempo de

cura.

37

Tabela 7.1 – Resultados dos ensaios de caracterização

Granulometria Limites de Consistência

Amostra Gs Argila %

Silte %

Fina %

Média %

Grossa %

Pedr. % LL LP IP A

Com defloculante 42,7 10,3 14,0 21,0 10,2 1,9

Sem defloculante 2,78 0,6 33,4 32,6 20,5 11,1 1,9 35 20 15 0,36

Com vinhoto 1,0 27,5 41,5 19,3 8,8 1,9 33 19 14 13,77

Pode-se atribuir a grande diferença do índice de atividade (Parâmetro A de

Skempton, onde A = IP/% < 2um) ao efeito da presença do vinhoto no ensaio de

sedimentação.

Observa-se que a amostra de solo é bastante argilosa, podendo ser classificada

como uma argila arenosa. No Sistema de Classificação Unificado a amostra de solo foi

classificada como uma argila de baixa plasticidade.

A curva de compactação obtida, apresentada na Figura 7.3, sugere a umidade a

ótima em torno de 16,6% e o peso específico aparente de 17,5 kN/m3.

Figura 7.3 – Curva de compactação

7.2 - Ensaios de permeabilidade

38

7.2.1 - Ensaios de permeabilidade á carga variável

Inicialmente os ensaios foram executados com água e duraram cerca de uma

semana, onde se obteve a permeabilidade média de 1,85 x10-7cm/s. O grau de

compactação atingiu 94%.

Em seguida, foram executados ensaios de permeabilidade à carga variável ao

vinhoto, sendo os resultados apresentados na Figura 7.4. Pode-se observar uma

tendência de queda do valor da permeabilidade ao longo do período de percolação.

As variações nas medidas de pH e da temperatura foram da ordem de 4,08 até

4,22 para o pH, e, de 23 º até 27º centígrados para a temperatura.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Tempo Decorrido (dias)

Per

mea

bilid

ade

(10E

-7 c

m/s

)

Figura 7.4 – Resultado dos ensaios de permeabilidade ao vinhoto à carga variável

7.2.2 - Ensaios de permeabilidade á carga constante

Para a realização dos ensaios o primeiro procedimento foi o de confeccionar os

corpos de prova. Os ensaios foram realizados inicialmente com água e em seguida com

vinhoto. Foi utilizado o gradiente de 20 para o corpo de prova 1, o de 15 para o corpo

de prova 2 e gradiente 10 para o corpo de prova 3.

39

7.2.2.1 - Ensaios de permeabilidade à carga constante com água

Após a confecção dos corpos de prova e montagem do sistema, de acordo com

a Figura 6.1, os vasos de Mariotte, preenchidos com água, foram conectados às células

cilíndricas portadoras dos corpos de prova dando início à percolação. Doze horas após,

os valores da relação volume percolado com tempo começaram a ser medidos.

Para o caso de percolação no CP01, a Figura 7.5 (a) mostra a relação de volume

percolado com tempo para a gradiente 20, de onde se obtém a permeabilidade de 9,4 x

10-6 cm/s. A Figura 7.5 (b) mostra a relação de volume percolado por tempo, a gradiente

15, de onde se obtém a permeabilidade de 1,62 x 10-6 cm/s. . A Figura 7.5 (c) mostra a

relação de volume percolado por tempo, a gradiente 10, de onde se obtém a

permeabilidade de 1,11 x 10-7 cm/s.

0

10

20

30

40

50

60

70

0 1440 3720 4620 6720 9540 12540 17520

Tempo Decorrido (s)

Vol

ume

Perc

olad

o (c

m3)

K = 9,4 x 10-6

Figura 7.5 (a) – Volume de água percolado por tempo para gradiente 20

40

0123456789

0 1440 3720 4620 6720 9540 12540 17520

Tempo Decorrido (s)

Volu

me

Perc

olad

o (c

m3)

'''

K = 1,62 x 10-6

Figura 7.5 (b) – Volume de água percolado por tempo para gradiente 15

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

0 1440 3720 4620 6720 9540 12540 17520

Tempo Decorrido (S)

Volu

me

Perc

olad

o (c

m3)

'''

K = 1,11 x 10-6

Figura 7.5 (c) – Volume de água percolado por tempo para gradiente 10

41

7.2.2.2 - Ensaios de permeabilidade à carga constante ao vinhoto

Ao término do ensaio de permeabilidade à carga constante à água, os vasos de

Mariotte foram desconectados das células cilíndricas para que a água fosse substituída

por vinhoto e, em seguida, foram conectados novamente dando início à percolação.

A Figura 7.6 (a) mostra a relação de volume percolado por tempo, a gradiente

20, de onde se obtém a permeabilidade de 2,9 x 10-6cm/s. A Figura 7.6 (b) mostra a

relação de volume percolado por tempo, a gradiente 15, de onde se obtém a

permeabilidade de 3,7 x 10-6cm/s. A Figura 7.6 (c) mostra a relação de volume

percolado por tempo, a gradiente 10, de onde se obtém a permeabilidade de 7,52 x 10-7

cm/s.

Os ensaios foram realizados em ambiente refrigerado a 24ºC.

0123

456

0 600 1200 1800 2400 3000 3600 4200 4800

Tempo Decorrido (s)

Vol

ume

Per

cola

do (c

m3)

K = 2,9 x 10-6

Figura 7.6 (a) – Volume de vinhoto percolado por tempo para gradiente 20

42

0

1

2

3

4

5

6

0 600 1200 1800 2400 3000 3600 4200 4800

Tempo Decorrido (s)

Volu

me

Perc

olad

o (c

m3)

K = 3,7 x 10-6

Figura 7.6 (b) – Volume de vinhoto percolado por tempo para gradiente 15

0

0,5

1

1,5

2

2,5

0 2880 5760 8640 11520 14400

Tempo (s)

Vol

ume

Perc

olad

o (c

m3) K = 7,52 x 10-6

Figura 7.6 (c) – Volume de vinhoto percolado por tempo para gradiente 10

43

Esses resultados foram obtidos durante uma semana de observações. Um mês

após, a coluna a gradiente 10, que ainda estava sendo observada, apresentou

resultados na casa de 10-8cm/s o que representa uma considerável redução.

Na Tabela 7.2 pode é apresentado um resumo dos resultados dos ensaios de

permeabilidade à carga constante tanto à água como ao vinhoto.

Tabela 7.2. Resultados dos ensaios de permeabilidade (1semana).

Corpo de Prova Efluente

CP01 CP02 CP03

I = 20 I = 15 I = 10

Permeabilidade à

água (cm/s) 9,4 x 10-6 1,62 x 10-6 1,11 x 10-7

Permeabilidade com

vinhoto (cm/s) 2,9 x 10-6 3,7 x 10-6 7,52 x 10-7

7.3 – Caracterização química do solo

Foram analisadas as concentrações de potássio, cálcio, magnésio, alumínio,

sódio, ferro, cobre, zinco, manganês e boro existentes em uma amostra do solo em

estudo. Avaliou-se também a capacidade de troca catiônica ‘CTC’ e os percentuais de

carbono e matéria orgânica. As amostras foram analisadas pela FUNDENOR e

também submetidas a ensaios EDX.

7.3.1 – Ensaio Interação Direta do Solo com Vinhoto

Os materiais utilizados para a realização desse ensaio foram 5 porções de uma

mistura de solo e vinhoto na proporção de 1:1. Estas amostras foram conservadas em

ambiente refrigerado a 24ºC com o objetivo de se verificar a interação entre o solo e o

vinhoto, sendo cada uma das amostras conservadas por um período de tempo

44

diferente.

A primeira amostra permaneceu em laboratório por uma semana, a segunda por

duas semanas, a terceira por um mês, a quarta por dois meses e a quinta por um

período de quatro meses.

7.3.1.1 – pH e Alumínio

Segundo Rosseto (1987) a aplicação de vinhaça promove a elevação do pH do

solo, do poder de retenção de cátions, da disponibilidade de nutrientes, da capacidade

de retenção de água e da atividade microbiana.

Pode-se contatar, por meio das análises, um caráter ácido da amostra de solo,

sendo que na primeira semana de interação com o vinhoto, cujo pH situa entre 4.0 e

4.5, ocorreu uma elevação da acidez do solo. Nas semanas seguintes e até o final dos

quatro meses de observação pode-se perceber um processo de recuperação do pH do

solo.

A presença de Alumínio no solo é condicionada pela acidez do solo. Na semana

inicial, quando foi verificado o processo de acidificação do solo, ocorreu uma acentuada

elevação na concentração do Alumínio, passando a ocorrer em seguida um processo

de redução da concentração. Quando o pH do solo se encontra entre 5,6 e 5,8 há o

desaparecimento desse elemento

A Tabela 7.3 mostra os resultados obtidos pela análise do pH, do Alumínio e de

hidrogênio mais alumínio da amostra de solo em seu estado natural citada no item

anterior e também os resultados das amostras do ensaio de interação direta do vinhoto

com o solo.

Tabela 7.3 – Relação entre o Al e pH do solo após 4 meses de interação solo/vinhoto.

Solo puro 1 semana 2 semanas 1 mês 2 meses 4 meses

pH 5,9 5,1 5,4 5,6 5,5 5,8

Al

mmolc/dm3

0,0 7,1 4,0 0,0 3,0 0,0

H + Al

mmolc/dm3

10,6 28,6 20,9 16,8 19,1 14,8

45

7.3.1.2 – Carbono e Matéria Orgânica (MO)

As análises apresentadas na Tabela 7.4 mostraram uma grande elevação, com o

tempo, dos teores de carbono e matéria orgânica. O que já era de se esperar devida à

intensa atividade microbiana do vinhoto verificada na análise microbiológica

apresentada mais adiante.

Tabela 7.4 – Relação entre C e MO após 4 meses de interação solo/vinhoto

Solo puro 1 semana 2 semanas 1 mês 2 meses 4 meses

C % 2,5 8,4 6,7 7,6 7,6 6,7

MO % 4,31 14,48 11,55 13,10 13,10 11,55

7.3.1.3 – Potássio, Magnésio, Cálcio, Sódio e Fósforo

De acordo com RODELLA; FERRARI, 1977; FREIRE; CORTEZ, (2000) o

potássio é o cátion predominante e de maior importância no vinhoto. Considerando a

aplicação de vinhoto na irrigação de canaviais, GLÓRIA (1985) relata que a cana é

altamente exigente em potássio e sua carência reflete não apenas na diminuição da

biomassa produzida, como também no menor acúmulo de açúcares no colmo,

explicado pela menor fotossíntese e pela menor translocação. Ocorre, também,

diminuição do crescimento da cana, além da formação de colmos mais finos com

internódios mais curtos (ORLANDO FILHO, 1977).

Os resultados das análises, apresentadas na Tabela 7.5, mostraram que após

quatro meses de interação entre o solo e o vinhoto, que houve grande elevação nos

teores de potássio, magnésio, cálcio e sódio, em que para o potássio a diferença é mais

expressiva que nos demais. O que corrobora com PENATTI et al., (1988), que afirma

que o vinhoto pode ser empregado como fertilizante orgânico, contendo alto teor de

matéria orgânica, potássio e água, sendo relativamente pobre em nitrogênio e cálcio,

com baixos teores de fósforo e magnésio.

46

Tabela 7.5 – Teores de potássio, magnésio, cálcio, sódio e fósforo.

Solo puro 1 semana 2 semanas 1 mês 2 meses 4 meses

K 0,1 36,3 34,1 40,7 44,1 44,1

Mg mmolc/dm3 4,3 19,1 18,6 16,6 32,0 18,9

Ca mmolc/dm3 16,0 32,8 30,3 24,9 35,5 30,1

Na mmolc/dm3 0,3 3,1 3,2 3,8 4,2 4,0

P mg/dm3 1 3 3 5 4 4

7.3.1.4 – Capacidade de Troca Catiônica (CTC)

De acordo com Santos (2006) a análise da CTC tem por finalidade determinar a

capacidade que os argilominerais têm em reter ou ceder os cátions trocáveis e a

determinação das seguintes relações:

• Valor SB (%) – Corresponde à soma das bases extraíveis de um solo e é

calculada pela soma de Ca+2, Mg+2, Na+, K+;

• Valor T (%) - Representa a atividade das argilas, relacionada a CTC, onde T= S

+ Al+3 + H+. Para valores iguais ou superiores a 27 cmolc/kg de argila, temos uma

atividade alta das argilas (Ta), e a atividade baixa (Tb), para valores inferiores a 27

cmolc/kg.

• Valor V (%) - corresponde à saturação das bases trocáveis onde V = S x 100/T.

Valores iguais ou superiores a 50% são considerados como de alta saturação,

classificando o material como eutrófico, enquanto valores inferiores a 50% determinam

baixa saturação, indicando materiais distróficos.

• (100Al3+/SB+Al3+) - É a saturação de alumínio trocável. Resultados maiores que

50% são classificados como álicos, o que significa que são solos com alumínio em

quantidades tóxicas para a vegetação.

47

A Tabela 7.6 mostra os resultados obtidos para a CTC, S, T, V e da saturação do

alumínio trocável.

Tabela 7.6 – CTC, Soma das Bases e Saturação.

Solo puro 1 semana 2 semanas 1 mês 2 meses 4 meses

CTC

mmolc/dm3

31,3 119,9 107,1 102,8 134,9 111,9

SB (soma das

bases)

20,7 91,3 86,2 86,0 115,8 97,1

V % 66 76 80 84 86 87

T 31,3 119,9 107,1 102,8 134,9 111,9

100Al3+/S+Al3+ 0,0 0,0 0,0

Todas essas análises estão de acordo com Ferreira (1980), citado por Busato

(2004), que afirma que a utilização de grandes quantias de vinhoto aumenta os teores

de K, Mg e Ca no solo, provocando elevação do pH e da CTC e redução de Al+3 e de

H+, podendo-se concluir que o seu uso pode dispensar a adubação potássica.

O valor de T na Tabela 7.7 mostra que a amostra utilizada pode ser considerada

uma argila de alta atividade. Com relação à saturação das bases trocáveis pode-se

considerar o material como eutrófico.

7.3.1.5 – Ferro, Cobre, Zinco, Manganês e Boro

Pode-se perceber pela Tabela 7.7, que o teor de ferro mais que centuplicou

durante as observações. Boom (2003) afirma que mais freqüentemente, as toxicidades

ao ferro são encontradas nos solos, especialmente naqueles de pH muito baixo ou em

solos com má drenagem. O excesso de ferro pode interferir na adsorção de manganês,

zinco, cobre, fósforo, cobalto e cálcio.

Boom (2003) relata também que os solos calcários são particularmente

propensos à deficiência de zinco, que provavelmente afetará as leguminosas antes das

48

gramíneas. Níveis elevados de zinco no solo podem reduzir a produtividade da

pastagem, especialmente em áreas onde os níveis de cobre encontram-se reduzidos.

Ao longo de quatro meses de interação os teores de manganês quase

decuplicaram. Para Boom (2003), o excesso de manganês é freqüentemente

encontrando em solos muito ácidos e em solos sujeitos a encharcamento e a plantas

variam em sua tolerância e necessidades de manganês, sendo difícil apresentar

números críticos genéricos. Os níveis de manganês nos solos variam

consideravelmente dependendo do tipo de solo e do teor de matéria orgânica. A

assimilação de manganês pelas plantas pode diminuir devido a níveis elevados de

ferro, cobre, zinco e fósforo disponíveis.

Tabela 7.7 – Níveis de Ferro, Cobre, Zinco, Manganês e Boro.

Solo puro 1 semana 2 semanas 1 mês 2 meses 4 meses

Fe mgdm3 5,12 38,20 49,31 169,00 319,9 720,00

Cu mgdm3 0,07 0,38 0,12 0,08 0,07 0,08

Zn mgdm3 0,22 0,65 0,79 1,07 0,87 0,85

Mn mgdm3 0,29 2,49 2,31 2,81 2,37 2,76

B mgdm3 0,65 0,95 0,84 0,82 0,77 1,16

7.3.2 – Ensaios EDX

As amostras utilizadas na caracterização química do solo também foram

submetidas a ensaios realizados com a utilização de um espectrômetro de

Fluorescência de Raios-X por Energia Dispersiva, que é utilizado para determinar a

presença e a quantidade de praticamente todos elementos da tabela periódica, de sódio

a urânio, passando pelo carbono, que poucos equipamentos detectam.

A Tabela 7.8 apresenta os resultados dos ensaios EDX realizados para uma

amostra, para a interação do vinhoto com o solo por uma semana, por duas semanas,

por um mês, por dois meses e por quatro meses.

49

Tabela 7.8 - Composição química do solo com vinhoto por meio de ensaio EDX

Solo puro 1 semana 2 semanas 1 mês 2 meses 4 meses

SiO2 55,383% 48,169 48,558 48,337 47,829 46,598

Al2O3 37,584 38,592 39,012 39,933 39,445 40,254

Fe2O3 2,998 5,801 5,393 5,106 5,384 5,794

K2O - - 0,955 0,966 0,943 1,160 1,021

SO3 1,775 2,540 2,390 2,174 2,448 2,439

TIO2 2,020 3,289 3,086 2,896 3,080 3,148

CaO 0,112 0,386 0,355 0,387 0,410 0,360

V2O5 0,055 0,078 0,074 0,094 0,082 0,173

ZrO2 0,073 0,190 0,165 0,130 0,163 0,214

Os resultados mostram que ocorreu uma redução de quase 10% nos percentuais

de óxido de silício em contraposição a uma elevação significativa de alumínio, ferro,

potássio, enxofre, titânio e cálcio. O que sugere haver um processo de adsorção desses

elementos enquanto há dessorção do silício. Fato evidenciado pelo crescimento

significativo da CTC.

7.4. Caracterização do vinhoto 7.4.1. – Variação da densidade e do pH do vinhoto

O vinhoto após ser coletado foi levado ao laboratório, onde se deu início ao

processo de acompanhamento da variação de pH e da densidade.

Para se verificar a variação do pH e da densidade do vinhoto foram realizadas

medições de pH e leituras do densímetro, em condições ambientais, por um período de

aproximadamente dois meses. O vinhoto foi colocado em provetas de um litro e as

medições foram efetuadas periodicamente. As Figuras 7.7 e 7.8 apresentam os

resultados dessa avaliação preliminar.

50

1,01351,014

1,01451,015

1,01551,016

1,01651,017

1,01751,018

1,0185

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70

Tempo Decorrido em dias

Den

sid

ade

(g/c

m3)

Figura 7.7 - Variação da densidade x tempo

3,7

3,8

3,9

4

4,1

4,2

4,3

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60

Tempo em dias

pH

Figura 7.8 - Variação do pH x tempo

A variação da densidade do vinhoto foi de 1,015 g/cm3 até 1,018 g/cm3. Já o pH do

vinhoto apresenta variações, mas em geral, há uma tendência de aumento com o

passar do tempo. Os valores variam de 3,9 até aproximadamente 4,2 como mostra o

gráfico da figura. Observou-se durante o período de medição que na superfície do

vinhoto acumulava-se uma espuma de coloração amarelada, sugerindo que havia um

processo de degradação em andamento.

51

7.4.2. - Caracterização química do vinhoto

A caracterização química do vinhoto foi realizada com duas amostras; uma filtrada

(1B) e outra não (1A). Foram utilizados filtros quantitativos faixa azul. O objetivo foi

eliminar impurezas do vinhoto para que não viessem a interferir nos resultados de

permeabilidade.Os resultados são apresentados nas Tabelas 7.9 e 7.10, em que se

pode verificar diferença entre os valores obtidos para o vinhoto filtrado e não filtrado,

evidenciando a presença dos nutrientes pesquisados nessas impurezas.

Tabela 7.9 - Composição química do vinhoto (filtrado) pH N

Kg/m3P2O5 Kg/m3

K2O3 Kg/m3

Ca Kg/m3

Mg Kg/m3

C %

Na Kg/m3

CE dS/m

Fe mg/dm3

Cu mg/dm3

Zn mg/dm3

Mn mg/dm3

4,00 0,52 0,14 3,52 1,05 0,75 1,16 - 13,28 42 1 1 9

Tabela 7.10 - Composição química do vinhoto (não filtrado) pH N

Kg/m3P2O5 Kg/m3

K2O3 Kg/m3

Ca Kg/m3

Mg Kg/m3

C %

Na Kg/m3

CE dS/m

Fe mg/dm3

Cu mg/dm3

Zn mg/dm3

Mn mg/dm3

4,00 0,58 0,16 3,75 1,06 0,80 1,21 - 13,46 44 1 1 9

Como relatado na literatura corrente, pode-se observar o pH ácido (pH 4) e

elevado teor de micro-nutrientes; potássio, fósforo e nitrogênio.

7.4.3. – Estudo da degradação biológica do vinhoto

O objetivo da realização desse ensaio foi o de avaliar uma eventual variação dos

níveis de nitrogênio e de potássio com vistas a identificar o fenômeno do decaimento

biológico. Com relação ao nitrogênio, os resultados apontam uma ligeira queda ao

longo dos cinco meses de observação. Para o potássio também é verificada uma

pequena redução. A Tabela 7.11 mostra os resultados das análises químicas das

amostras, em que foram analisados o nitrogênio e o potássio, podendo-se concluir que,

no período de cinco meses, houve decaimento biológico tanto com relação ao

nitrogênio como em relação ao potássio.

52

Tabela 7.11 – Níveis de N e K no estudo de degradação biológica do vinhoto

Tempo em dias Nitrogênio Kg/m3 Potássio Kg/m3

1 0,396 3,450

2 0,360 3,300

4 0,405 3,150

8 0,261 3,000

15 0,333 3,075

30 0,376 3,150

60 0,334 3,150

150 0,350 3,075

7.4.4 – Caracterização microbiológica do vinhoto

Nas placas inoculadas com o vinhoto previamente congelado, como mostram as

Figuras 7.9 e 7.10, o crescimento de colônias não foi observado. Isso indica, que o

suposto microrganismo presente no vinhoto, provavelmente não suporta baixas

temperaturas (o°C). No entanto, as placas inoculadas com o vinhoto que permaneceu a

temperatura ambiente desde a sua coleta, foram feitas observações a olho nu de

algumas colônias.

Figura 7.9 - Placa inoculada com vinhoto

congelado (Meio Ágar com caldo nutritivo).

Figura 7.10 - Placa inoculada com vinhoto

congelado (Meio Ágar com BHI).

53

Nestas placas, observou-se colônias lisas, brilhantes, com bordas regulares

(circular), e cor esbranquiçada. A multiplicação destas células dá origem a colônias de

aspecto semelhante à bactérias e leveduras, indicadas nas Figuras 7.11 e 7.12, onde

as setas indicam colônias isoladas. Análises microscópicas foram realizadas com intuito

de verificar os microorganismos existentes.

Figura 7.11 – Placa inoculada com vinhoto à temperatura ambiente (Meio Ágar com caldo

nutritivo).

Figura 7.12 – Placa inoculada com vinhoto à temperatura ambiente (Meio Ágar com BHI).

A observação microscópica mostrou que os microorganismos existentes no

vinhoto não são bactérias. Aparentemente são leveduras, do gênero Saccharomyces

(Figura 7.13). A levedura da fermentação alcoólica, a Saccharomyces cerevisiae é

54

constituída de uma única célula (unicelular), a qual, geralmente, apresenta-se sob as

formas ovais ou esféricas. As setas nas figuras indicam as células em divisão

(gemulação), forma característica de reprodução das leveduras.

Figura 7.13 - Células de Saccharomyces cerevisiae.

A levedura Saccharomyces cerevisiae, é um aeróbio facultativo, ou seja, tem a

capacidade de se ajustar metabolicamente, tanto em condições de aerobiose como de

anaerobiose (ausência de oxigênio). Organismos saprófitas, exigem uma fonte de

carbono elaborada (glicose, sacarose, ou outro açúcar) que fornece a energia química e

o esqueleto carbônico de suas estruturas celulares, constituídas predominantemente de

carbono, oxigênio e nitrogênio. Utiliza o nitrogênio nas formas amoniacal (NH4+),

amídica (uréia) ou amínica (aminoácidos). Tem pouquíssima ou nenhuma habilidade de

utilizar as proteínas do meio. O fósforo, por sua vez, é absorvido na forma de íon

(H2PO4-), enquanto o enxofre pode ser assimilado do sulfato, sulfito ou tiossulfato.

São mesófilas, ou seja, admitem como temperatura ótima de 26 a 35°C, mas,

não raramente, a temperatura nas destilarias alcança 38°C. E se desenvolvem numa

ampla faixa de pH, sendo adequada entre 4 e 5. No entanto, em mostos industriais

podem se encontrar na faixa de 4,5 a 5,5.

Uma vez em ação no vinhoto, essas leveduras se multiplicam formando, com o

passar do tempo, uma massa considerável de matéria orgânica, o que leva a

colmatação dos poros do solo, diminuindo a permeabilidade.

55

7.5 – Parâmetros dos Mecanismos de Transporte de Massa

Nos corpos de prova CP01, CP02 e CP03, o volume de vinhoto percolado

coletado foi de aproximadamente seis vezes o volume de vazios. Na Tabela 7.12 são

apresentadas as concentrações de Nitrogênio e Potássio para cada amostra de

efluente coletado dos corpos de prova CP01, CP02 e CP03.

Tabela 7.12 – Nº de volume de poros e concentrações de Nitrogênio e Potássio

CP01 CP02 CP03

Amos-

tras nº de

vol.

N

Kg/m3

K2O

Kg/m3

nº de

vol.

N

Kg/m3

K2O

Kg/m3

nº de

vol.

N

Kg/m3

K2O

Kg/m3

A1 0,25 0,010 0,300 0,25 0,018 0,300 0,25 0,018 0,180

A2 0,50 0,012 0,225 0,50 0,018 0,300 0,50 0,018 0,180

A3 0,75 0,045 0,600 0,75 0,027 0,375 0,75 0,027 0,225

A4 1,00 0,063 0,600 1,00 0,063 1,050 1,00 0,090 0,375

A5 1,25 0,099 1,200 1,25 0,108 1,725 1,25 0,135 1,350

A6 1,50 0,135 1,800 1,50 0,117 2,625 1,50 0,117 1,350

A7 1,75 0,117 2,175 1,75 0,144 2,700 1,75 0,162 2,250

A8 2,00 0,117 2,550 2,00 0,135 2,925 2,00 0,153 2,475

A9 2,25 0,171 2,625 2,25 0,126 3,075 2,25 0,153 2,700

A10 2,50 0,153 2,625 2,50 0,162 3,000 2,50 0,180 3,300

A11 2,75 0,171 2,775 2,75 0,135 3,000 2,75 0,162 3,375

A12 3,00 0,189 2,775 3,00 0,153 3,000 3,00 0,153 3,975

A13 3,25 0,171 2,775 3,25 0,162 3,075 3,25 0,162 3,900

A14 3,50 0,180 2,925 3,50 0,135 3,075 3,50 0,144 3,975

A15 3,75 0,171 3,000 3,75 0,153 2,925 3,75 0,135 3,825

A16 4,00 0,207 3,075 4,00 0,171 3,225 4,00 0,135 3,975

A17 4,25 0,153 3,075 4,25 0,153 3,450 4,25 0,135 3,750

A18 4,50 0,162 3,825 4,50 0,162 3,375 4,50 0,144 3,825

56

A19 4,75 0,279 3,225 4,75 0,153 3,375

A20 5,00 0,189 3,300 5,00 0,153 3,375

A21 5,25 0,162 3,375 5,25 0,153 3,300

A22 5,50 0,207 3,300 5,50 0,153 3,450

A23 5,75 0,189 3,300 5,75 0,198 3,450

A24 6,00 0,153 3,375 6,00 3,375

A25 6,25 0,171 3,375 6,25 3,450

A amostra de vinhoto filtrado apresentou 0,189 kg/m3 para o Nitrogênio e 3,375

kg/m3 para o potássio. Considerando-se esses valores como concentração inicial e os

valores de cada amostra percolada pelos corpos de prova como concentração final, se

obtém então os valores de concentração relativa, como mostra a Tabela 7.13para o

nitrogênio e a Tabela 7.14 para o potássio, a partir da divisão da concentração total

inicial pela concentração final de cada amostra.

57

Tabela 7.13 – Concentrações relativas para o Nitrogênio

Amostras CP01 CP02 CP03

1 0,05291 0,095238 0,095238

2 0,063492 0,095238 0,095238

3 0,238095 0,142857 0,142857

4 0,333333 0,333333 0,47619

5 0,523810 0,571429 0,714286

6 0,714286 0,619048 0,619048

7 0,619048 0,761905 0,857143

8 0,619048 0,714286 0,809524

9 0,904762 0,666667 0,809524

10 0,809524 0,857143 0,952381

11 0,904762 0,714286 0,857143

12 1,000000 0,809524 0,809524

13 0,904762 0,857143 0,857143

14 0,952381 0,714286 0,761905

15 0,904762 0,809524 0,714286

16 1,095238 0,904762 0,714286

17 0,809524 0,809524 0,714286

18 0,857143 0,857143 0,761905

19 1,476190 0,809524

20 1,000000 0,809524

21 0,857143 0,809524

22 1,095238 0,809524

23 1,000000 1,047619

24 0,809524

25 0,904762

58

Tabela 7.14 – Concentrações relativas para o Potássio

Amostras CP01 CP02 CP03 1 0,088889 0,088889 0,053333 2 0,066667 0,088889 0,053333 3 0,177778 0,111111 0,066667 4 0,177778 0,311111 0,111111 5 0,355556 0,511111 0,400000 6 0,533333 0,777778 0,400000 7 0,644444 0,800000 0,666667 8 0,755556 0,866667 0,733333 9 0,777778 0,911111 0,800000 10 0,777778 0,888889 0,977778 11 0,822222 0,888889 1,000000 12 0,822222 0,888889 1,177778 13 0,822222 0,911111 1,155556 14 0,866667 0,911111 1,177778 15 0,888889 0,866667 1,133333 16 0,911111 0,955556 1,177778 17 0,911111 1,022222 1,111111 18 1,133333 1,000000 1,133333 19 0,955556 1,000000 20 0,977778 1,000000 21 1,000000 0,977778 22 0,977778 1,022222 23 0,977778 1,022222 24 1,000000 1,000000 25 1,000000 1,022222

59

Com a relação entre os números de volumes de vazios e os dados de

concentração relativa pode-se plotar as curvas de chegada para cada elemento

estudado em cada corpo de prova.

Considerando como primeiro caso o Nitrogênio estudado no CP01 a Figura 7.14

mostra a curva de chegada obtida.

Figura 7.14 – Curva de chegada de N do CP01

Conforme a Equação 6.1 é possível obter o fator de retardamento diretamente a

partir da curva de chegada. Assim para o primeiro caso tem-se que:

R = 1,24

Com o valor de permeabilidade à carga constante ao vinhoto obtido para o CP01,

que é de 2,9 x 10-6 cm/s, pode-se obter a partir da Equação 3.9, o valor de v .

v = 1,38 x 10-4 cm/s

60

A partir da Equação 3.7 pode-se então obter V’.

V’ = 1,14 x 10-4 cm/s

Assim, se tem em mãos todos os dados necessários para se poder resolver a

Equação 3.5. As concentrações relativas, os volumes de vazios, bem como o teor de

umidade, densidade, fluxo e altura de cada corpo de prova, serviram como dados de

entrada no programa computacional DISP, que fornece como dados de saída o fator de

retardamento R, o coeficiente de dispersão. Para cada corpo de prova o programa

fornece um arquivo de resultados, que é mostrado abaixo para cada corpo de prova

contendo nitrogênio e também para potássio.

Para o caso do nitrogênio do corpo de prova 1, obtém-se: D (cm2/h): 0,0441

Para o caso do nitrogênio do corpo de prova 2, obtém-se a curva apresentada

pela Figura 7.15, mostra a curva de chegada obtida.

Figura 7.15 – Curva de chegada de N para o CP02

61

Pela Figura 7.11 obtém-se:

R = 1,334

Com o valor de permeabilidade à carga constante ao vinhoto obtido para o CP01,

que é de 3,7 x 10-6 cm/s, pode-se obter a partir da Equação 3.9, o valor de v.

v = 1,37 x 10-4 cm/s

E pela resolução da Equação 3.5:

D (cm2/h) = 0,0973

Para o caso do nitrogênio do corpo de prova 3 a curva de chegada é

apresentada na Figura 7.16:

Figura 7.16 – Curva de chegada de N para o CP03

62

R: 1,243

D (cm2/h): 0,0129

Com o valor de permeabilidade à carga constante ao vinhoto obtido para o CP03,

que é de 7,52 x 10-7 cm/s, pode-se obter a partir da Equação 3.9, o valor de v .

v = 2,02 x 10-5 cm/s

Já para o Potássio do CP01, pela Figura 7.17, tem-se:

Figura 7.17 – Curva de chegada de K para o CP01

R: 1,486

D (cm2/h): 0,0433

63

Para o caso do Potássio do CP02 é apresentada a curva de chegada na Figura

7.18:

Figura 7.18 – Curva de chegada de K para o CP02

R = 1,209

D = 0,0220

64

Para o caso do potássio do corpo de prova 3, obtém-se pela Figura 7.19:

Figura 7.19 – Curva de chegada de K para o CP03

R = 1,662

D = 0,0095

Assim, chega-se a uma situação em que se tem em mãos três valores de

coeficiente de dispersão hidrodinâmica D para o nitrogênio e três para o potássio.

Temos também três valores de velocidade de percolação do fluido para cada elemento.

A Tabela 7.15 mostra a relação de coeficiente de dispersão hidrodinâmica e velocidade

de percolação do fluido para o nitrogênio e para o potássio em cada corpo de prova.

65

Tabela 7.15 - Relação de ‘D’ e ‘R’ do Nitrogênio e Potássio dos corpos de prova

Coeficiente de Dispersão

Hidrodinâmica D (cm2/s)

Fator de Retardamento

R

Corpos de

Prova

Velocidade de

percolação cm/s N K N K

CP01 1,38 x 10-4 0,0441 0,0433 1,24 1,486

CP02 1,37 x 10-4 0,0973 0,0220 1,334 1,209

CP03 2,02 x 10-5 0,0129 0,0095 1,243 1,662

Traçando-se um gráfico de Coeficiente de Dispersão x Velocidade de percolação

e em seguida fazendo-se uma regressão linear pode-se obter os valores do Coeficiente

de Difusão molecular e a Dispersividade que são os elementos necessários para se

resolver a Equação 3.1. Para o caso do Nitrogênio obtém-se o gráfico da Figura 7.20

que sugere um coeficiente de difusão molecular de 0,0032.

Y = 0.1360 * X + 0.0032

Figura 7.20 – Relação entre a dispersão hidrodinâmica e a velocidade média (N)

66

Para o caso do Potássio, ilustrado pelo gráfico da Figura 7.21, observa-se um

coeficiente de difusão molecular na ordem de 0,0054.

Y = 0.0552 * X + 0.0054

Figura 7.21 – Relação entre a dispersão hidrodinâmica e a velocidade média (K)

Há uma proximidade entre os valores de velocidade de percolação do vinhoto no

CP01 e CP02, já com relação ao CP03 existe significativa diferença. Pode-se atribuir

essas variações ao tempo de percolação pelos corpos de prova. Isto se deve ao fato de

que com o espaço de tempo de poucos dias já se pode perceber a formação de

camadas de material orgânico que, segundo a análise microbiológica, se trata de

atividade microbiana, uma vez que o vinhoto é rico em nutrientes que favorecem ao

desenvolvimento de microorganismos. O que fica evidente é que essa camada de

matéria orgânica provoca a colmatação dos poros do solo e, em conseqüência disso, a

diminuição da condutividade hidráulica.

67

O período de percolação do CP01 e do CP02 foi aproximadamente 45 dias, já

para o CP03 este período se estendeu por cerca de 120 dias. Deve-se ressaltar que, ao

final dos ensaios, os corpos de prova foram submetidos à análise química, conforme

mostra a Tabela 7.16.

Tabela 7.16 – Análise química dos corpos de prova dos ensaios em colunas.

CP01 CP02 CP03 pH 5,40 5,40 5,30

Al mmolc/dm3 2,00 3,50 4,60

H + Al mmolc/dm3 17,60 20,30 21,90

C % 1,00 4,30 4,30

MO % 6,90 7,41 7,40

K 22,00 20,90 22,40

Mg mmolc/dm3 10,30 12,30 12,90

Ca mmolc/dm3 13,60 17,50 18,70

Na mmolc/dm3 1,90 1,90 0,40

P mgdm3 5,00 8,00 6,00

CTC mmolc/dm3 65,40 72,90 76,30

SB (soma das bases) 47,80 52,60 54,40

V % 73,00 72,00 71,00

Fe mgdm3 21,23 35,81 65,60

Cu mgdm3 0,50 0,72 0,60

Zn mgdm3 2,23 2,49 2,80

Mn mgdm3 2,00 2,20 2,30

B mgdm3 0,95 1,21 1,00

Os resultados apresentados nas análises dos corpos de prova confirmam a

tendência observada nas análises químicas dos ensaios de Interação Direta se solo e

vinhoto.

68

7 – Conclusões

O presente trabalho investigou aspectos relacionados à interação de uma

amostra de solo com vinhoto, e a variação do coeficiente de permeabilidade do solo

com esse efluente.

Percebeu-se também a intensa atividade microbiana do efluente. A análise

microbiológica indicou a presença do microorganismo Saccharomyces Cerevisiae, que

é uma espécie de levedura utilizada no processo de produção do álcool, sendo

responsáveis pela degradação do açúcar no processo de fermentação industrial. Uma

vez em ação no vinhoto, essas leveduras se multiplicam formando, com o passar do

tempo, uma massa considerável de matéria orgânica, o que leva a colmatação dos

poros do solo, diminuindo a permeabilidade.

Do ensaio de degradação biológica pode-se verificar a redução dos teores de

Nitrogênio e de Potássio indicando assim a ocorrência de decaimento biológico.

Do ensaio em colunas pode-se averiguar a existência de retardamento com

valores próximos de um, o que mostra a sorçãoc como mecanismo de transporte de

massa menos importante que a advecção na relação entre o solo escolhido e o vinhoto,

mas Também foi possível obter pelo ensaio de colunas o coeficiente de dispersão, o

coeficiente de difusão molecular e a dispersividade, que são os parâmetros necessários

para se identificar a ocorrência e importância da dispersão hidrodinâmica como

mecanismo de transporte de massa na relação entre o solo e o vinhoto.

Os resultados dos ensaios de caracterização sugerem que a presença do vinhoto

no solo pode acarretar na aglutinação das partículas de argila, possivelmente

aumentando a permeabilidade do mesmo. É interessante observar que se por um lado

existe um efeito de aglutinação, por outro, a produção de matéria orgânica durante a

degradação do açúcar e a produção do álcool, tenderia a diminuir a permeabilidade do

solo.

Observou-se nos ensaios de caracterização que o vinhoto tem um efeito de

floculação das partículas de argila no solo. Isto foi constatado nos resultados dos

ensaios de sedimentação realizados com o defloculante, com a água e com o vinhoto.

Constatou-se também a diminuição do valor do coeficiente de permeabilidade do

solo ao vinhoto sugerindo que a degradação microbiológica do vinhoto, pelas leveduras

69

do processo de fermentação, favoreceu a produção de matéria orgânica, resultando na

colmatação dos poros do solo.

Das análises químicas dos diversos ensaios realizados foi possível verificar a

elevação nos teores de praticamente todos os elementos identificados no solo após a

interação por quatro meses com o vinhoto. Fato importante quando se leva em conta

elementos como o Potássio e o Fósforo que são de extrema importância para a

agricultura, servindo assim como excelente fertilizante. Mas o que preocupa é a

elevação exagerada dos níveis de elementos como o Ferro, Manganês e Boro, que são

metais pesados que podem vir a ser prejudiciais ao ser humano caso sejam lixiviados e

contaminem as águas subterrâneas.

70

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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