estudo da anemia em ovinos decorrente à verminose gastrintestinal
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DANIELA BECKER BIRGEL
Estudo da anemia em ovinos decorrente à
verminose gastrintestinal
São Paulo
2013
DANIELA BECKER BIRGEL
Estudo da anemia em ovinos decorrente a verminose
gastrintestinal
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Clínica Veterinária da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia da Universidade de São
Paulo para obtenção do título de Doutor em
Ciências
Departamento:
Clínica Médica
Área de concentração:
Clínica Veterinária
Orientador:
Prof. Dr. Eduardo Harry Birgel Junior
Coorientador:
Prof. Dr. Fernando José Benesi
São Paulo
2013
Autorizo a reprodução parcial ou total desta obra, para fins acadêmicos, desde que citada a fonte.
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO-NA-PUBLICAÇÃO
(Biblioteca Virginie Buff D’Ápice da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo)
T.2762 Birgel, Daniela Becker FMVZ Estudo da anemia em ovinos decorrente a verminose gastrintestinal / Daniela Becker
Birgel. -- 2013. 118 f. : il.
Tese (Doutorado) - Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia. Departamento de Clínica Médica, São Paulo, 2013.
Programa de Pós-Graduação: Clínica Veterinária. Área de concentração: Clínica Veterinária. Orientador: Prof. Dr. Eduardo Harry Birgel Junior. Coorientador: Prof. Dr. Fernando José Benesi.
1. Anemia. 2. Verminose. 3. Ovinos. 4. Hemograma. 5. Perfil bioquimico. I. Título.
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Autor: BIRGEL, Daniela Becker
Título: Estudo da anemia em ovinos decorrente a verminose gastrintestinal.
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Clínica
Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor
em Ciências
Data: ______/______/_________
Banca Examinadora:
Prof. Dr. ____________________________________________________________
Instituição: ________________________Julgamento:_________________________
Prof. Dr. ____________________________________________________________
Instituição: ________________________Julgamento:_________________________
Prof. Dr. ____________________________________________________________
Instituição: ________________________Julgamento:_________________________
Prof. Dr. ____________________________________________________________
Instituição: ________________________Julgamento:_________________________
Prof. Dr. ____________________________________________________________
Instituição: ________________________Julgamento:_________________________
Dedico este trabalho...
Ao meu marido, Eduardo, quem acreditou que tudo fosse dar certo e dar tempo, mesmo em muitas dificuldades, companheiro de todas as horas e momentos e tantas e tantas noites e finais de semana na USP se dedicando aos animais.
Obrigada por todo carinho e amor.
Aos meus filhos, Beatriz, Isabelle e Henrique, vocês sempre participaram de tudo, com alegria e empolgação. Obrigada pelo companheirismo, noites e finais de semana na USP, obrigada pela torcida que tudo daria certo, obrigada pela meta: - “Mamãe, termina logo o doutorado para podermos ter o nosso cachorro”. Vocês são muito preciosos e importantes, realmente amo vocês e estar ao lado de vocês.
É o mais feliz, seja ele rei ou camponês, aquele que encontra paz em seu lar. (Goethe)
Dedico este trabalho... A minha mãe, Vera, e minha sogra, Alice, exemplo de mulheres fortes que me estimularam e me apoiaram para que nunca desistisse, principalmente na principal dificuldade da mulher moderna, conciliar bem o seu papel de mãe e profissional. Em tantos momentos que pensei
não ser possível, vocês me estimularam a seguir em frente. Obrigada pela confiança e exemplo.
Ao meu pai, Jayme, exemplo de pessoa calma, cuidadosa e forte. Obrigada pela confiança e presença em minha vida.
Ao meu sogro, Eduardo, obrigada pelo exemplo, carinho e confiança.
Aos meus queridos avós, Clara Eufride, José Becker e Paschoalina, obrigada pelo carinho, pelo amor e por tudo que significam em minha vida.
Aos meus queridos irmãos, Julio César e Thales, cunhadas, Cynthia e Heloisa, e cunhado, Eduardo, como é bom ter vocês em minha vida!
Aos queridos Antônio Augusto, Maria Gabriela, Letícia e Leonardo, durante o mestrado vocês eram crianças, agora são jovens estudando e buscando seus objetivos. Acreditem em
suas capacidades e sigam em frente, mas cuidem bem do principal alicerce, a família!
As queridas sobrinhas Julia e Carolina, como é bom ter vocês na família!
Aos meus queridos tios e tias, primos e primas e amigas e amigos... Obrigada por tudo sempre!!!
Dedico este trabalho...
Ao Prof. Wanderley Pereira de Araujo, meu primeiro orientador, muito obrigada por tudo!
Ao Prof. Fernando José Benesi, obrigada por todo ensinamento, carinho e atenção.
Agradecimentos
Muitas pessoas me ajudaram na execução e conclusão desse trabalho, tanto para formação das minhas bases profissionais, como execução, finalização e viabilização deste trabalho. Há todos meu muito obrigada!!! Obrigada, aos meus professores de graduação Obrigada, aos meus professores de pós-graduação Obrigada, aos colegas de pós graduação Obrigada, aos colegas de trabalho Obrigada, as bolsistas de pré iniciação científica, Jennyfer e Joyce Obrigada, aos bolsistas de capacitação e de iniciação científica, Pedro, Aline, Karina, Tainan e Alois Obrigada, aos estagiários, Vivian e Luan Obrigada a Rosângela, que tanto cuidou das minhas preciosidades enquanto estive trabalhando nesta pesquisa Obrigada às amigas, Andrea, Camila e Daniela, que me ajudaram buscando as crianças na escola quando eu não podia Obrigada aos pós-graduandos, Paulo, Flávio e Eduardo, por cuidar dos animais quando me ausentava Obrigada, Vanessa, Melina e Raquel, vocês fizeram a diferença nos momentos finais, nunca vou esquecer pela ajuda e disposição. Obrigada!!!
As Atitudes Mentais são mais Importantes que a Capacidade Mental
“ Tudo, na sua vida, depende da sua atitude. A felicidade não depende de coisas à sua
volta, mas da sua atitude. É uma lei que importa recordar. As nossas atitudes controlam as
nossas vidas. São uma força secreta a labutar vinte e quatro horas por dia, para o bem ou para
o mal. É importante sabermos como domesticar e controlar essa grande força. As atitudes
mentais são mais importantes que a capacidade mental. As atitudes afetam o corpo; criamos
um clima dentro de nós e à nossa volta com as nossas atitudes. Tenha uma atitude agradável,
afetuosa e amistosa.
Séneca, o sábio romano, afirmou:
- «Um homem pode governar o mundo inteiro e continuar infeliz, se não sentir que é
supremamente feliz».
Que beleza existe no mundo em que vive? Ora bem, é tão belo como a sua atitude
mental. Resolva ter uma atitude feliz, confiante, enérgica, positiva, entusiástica. A disposição
interior, mais que qualquer outra coisa, pode dar a perspectiva adequada e a faculdade para
resolver qualquer situação. Cada pessoa tem uma tendência para uma atitude construtiva ou
negativa. Manter pensamentos positivos requer vigilância constante e desenvolvimento do
caráter através do estudo e da experiência.”
Alfred Montapert, em 'A Suprema Filosofia do Homem'
RESUMO
BIRGEL, D. B. Estudo da anemia em ovinos decorrente a verminose gastrintestinal.
[Study of anemia in sheep due to gastrointestinal nematode parasites]. 2013. 118 f. Tese
(Doutorado em Ciências) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de
São Paulo, São Paulo, 2013.
A anemia por verminose nos ovinos é do tipo normocítico e normocrômico. O estado anêmico
decorrente da verminose gastrintestinal determinou normoleucocitemia com existência de
linfopenia e eosinopenia, podendo ser observado em animais com hematócrito menor do que
15 % a ocorrência de neutrofilia sem desvio a esquerda. Observou-se inversão do padrão
leucocitário, que passou de linfocitário para neutrofílico. Os teores séricos de ferro e índice de
saturação da transferrina nos animais com anemia intensa e moderada são significativamente
menores, enquanto os valores de Capacidade Total de Ligação de Ferro não sofreram
variações significativas. Observou-se hipoproteinemia, hipoalbuminemia e menor
concentração de colesterol sérico em animais classificados como intensamente anêmicos e
moderadamente anêmicos. Afora essa alteração, os resultados obtidos para a função hepática,
função renal e lipidograma indicam alterações de menor importância e mostram que os ovinos
apresentam grande capacidade de manter a sua homeostase. O processo anêmico agudo não
determinou modificações no pH, pO2, pCO2, HCO3-
e lactato sanguíneo, indicando que não
houve hipóxia tecidual. Independentemente da intensidade da anemia, os animais foram
capazes de minimizar ou prevenir os efeitos da hipóxia por meio do aumento da sua
frequência cardíaca. Neutrofilia transitória foi observada no grupo de animais submetidos à
sangria aguda, enquanto nos animais submetidos à perda crônica de sangue esse fenômeno
não ocorreu. Ao se analisar o número de leucócitos e de neutrófilos em animais submetidos à
perda crônica de sangue, observou-se leucopenia por neutropenia associado a linfopenia e
eosinopenia. Esses resultados evidenciam que as alterações no leucograma de animais com
anemia verminótica não se devem somente a perda crônica de sangue, pois os valores de
leucócitos e neutrófilos dentro da normalidade ou aumentados (como observado nos ovinos
com anemia grave) não puderam ser associados com a perda de sangue crônica.
Palavras-chave: Anemia. Verminose. Ovinos. Hemograma. Perfil Bioquimico.
ABSTRACT
BIRGEL, D. B. Study of anemia in sheep due to gastrointestinal nematode parasites.
[Estudo das anemias em ovinos decorrente a verminose gastrintestinal]. 2013. 118f Tese
(Doutorado em Ciências) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de
São Paulo, São Paulo, 2013.
The anemia caused by nematode parasites in sheep is normocytic and normochromic. The
total number of leukocytes did not change. The anemic state due to gastrointestinal parasitism
determined lymphopenia anda monocytosis and can be observed in animals with packed cell
volume less than 15% neutrophils without the occurrence of a left shift.It was observed a
change of the pattern leukocyte count, which becoming mostly neutrophilic. The levels of
serum iron and transferrin saturation index in animals with moderate and severe anemia are
significantly lower, while the values of capacity total iron binding didn’t show significant
variation. It was observed significant lower levels of total serum protein, serum albumin and
serum cholesterol in animals classified as strongly anemic and moderately anemic. Aside
from this change, the results obtained for liver function, renal function and lipidic profile
indicate minor changes and shown that sheep have a great capacity to maintain the
homeostasis. The acute anemic process not determined changes in pH, pO2, pCO2, HCO3-
and
lactate, indicating no tissue hypoxia. Regardless of the intensity of anemia, the animals were
able to minimize or prevent the effects of hypoxia by increasing the heart rate. Transient
neutrophilia was observed in the group of animals subjected to acute bleeding, while in
animals subjected to chronic blood loss this phenomenon did not occur. When analyzing the
number of leukocytes and neutrophils in animals subjected to chronic blood loss, there was
decrease on the number of neutrophils associated with a decreas on the number of
lymphocyte and eosinophils. These results show that changes in leukocyte counts in anemic
animals with worm infection due not only to chronic blood loss, because the values of
leukocytes and neutrophils normal or increased (as observed in sheep with severe anemia)
could not be associated with chronic blood loss.
Key words: Anemia. Verminosis. Sheep. Hemogram. Biochemistry profile.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 13
2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................... 16
3 MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................... 23
4 RESULTADOS .............................................................................................. 42
5 DISCUSSÃO ................................................................................................ 101
6 CONCLUSÕES ........................................................................................... 110
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 112
13
1 INTRODUÇÃO
Com rebanho nacional estimado em 17 milhões de cabeças, a ovinocultura vem
vivenciando um incremento na sua atividade nas últimas décadas, alcançando destaque cada
vez maior na pecuária brasileira, participando da produção pecuária familiar e comercial,
sobretudo, de carne e lã. Entre os animais de médio porte, os ovinos assinalaram maior
crescimentono panorama da pecuária nacional no ano de 2011 (IBGE, 2011).
O Estado de São Paulo possui mais de 450.000 cabeças, o maior rebanho ovino da
região Sudeste, sendo ele voltado principalmente para a produção de carne, em detrimento a
outros produtos como a lã (IBGE, 2011).
A queda do preço da lã nos mercados internacionais, ocasionou mudança no perfil
produtivo no qual os animais lanados começaram a ser substituídos por ovinos voltados para
produção de carne. Esta mudança ocasionou o desenvolvimento da ovinocultura em varias
regiões que não possuíam esta tradição (MARTINS, 2006).
Dentre os ovinos voltados à produção de carne, a raça Santa Inês, selecionada no
Brasil, é considerada mais tolerante às verminoses que outras raças exóticas, tornando-se,
portanto, de grande interesse zootécnico (ROCHA; AMARANTE; BRICARELLO, 2006;
SILVA, 2010). Devido a sua rusticidade, maior resistência a doenças e não apresentar
estacionalidade reprodutiva, os deslanados, dentre eles o Santa Inês e suas cruzas,
representam 61,5 % dos ovinos criados no país (MALHADO et al., 2009).
O aumento de produção e da produtividade animal são os maiores focos na pecuária
comercial. Para tanto, existe a necessidade da melhora na sanidade dos rebanhos com o
implemento de medidas que permitam o diagnóstico, tratamento e prevenção de enfermidades
responsáveis por grandes prejuízos econômicos. Dentre essas doenças, merecem destaque
particular, as verminoses gastrintestinais, que ao acometer os ovinos, causam redução de
produtividade, mortalidade e perdas econômicas (GENNARI; AMARANTE, 2006).
As verminoses gastrintestinais representam um problema na criação de ovinos,
ocasionando entraves à expansão do plantel e graves prejuízos econômicos com a perda de
produtividade, mortalidade dos animais e uso frequente de vermífugos, com grande impacto
sobre a resistência parasitária aos anti-helmínticos, o que tem dificultado o tratamento das
parasitoses (ALBERS et al., 1987; AMARANTE; AMARANTE, 2003; MILLER;
HOROHOV, 2006).
14
Na região sudeste do Brasil, os nematódeos de maior importância para os pequenos
ruminantes são: Haemonchus contortus, Trichostrongylus colubriformis, Strongyloides spp.,
Cooperia curticei e Oesophagostomum columbianum (AMARANTE et al., 1997;
AMARANTE et al., 2004), sendo que pelas condições climáticas, considera-se que o
Haemonchus contortus desempenha papel principal (VIEIRA BRESSAN et al., 1995; LOPES
et al.,1997). Em pesquisa realizada no Estado de São Paulo, Faria Junior e colaboradores
(2002) verificaram que 64% das larvas cultivadas e identificadas em amostras de fezes obtidas
de animais com verminose eram deste gênero de parasita.
O Haemonchus contortus, localizado no abomaso, é um parasito hematófago, portanto
causador de perdas sanguíneas, que levam a quadros de anemia e hipoproteinemia, resultando
em diminuição da produção e, em casos graves, em morte. Em infestações nas quais este
parasita é único ou majoritário, não se constata animais com diarreia (MOLENTO et al.,
2004).
Atualmente, o controle de nematódeos gastrintestinais em ovinos baseado apenas no
uso de anti-helmínticos tem se mostrado ineficaz. Fatores como o equilíbrio entre hospedeiro
e parasita estão sendo considerados, bem como a busca por raças e indivíduos naturalmente
mais resistentes à infecção (GENNARI; AMARANTE, 2006).
Geralmente, as infecções por parasitas são mistas, causando um somatório dos efeitos
patogênicos de cada uma das espécies que infectam o animal. Em consequência à infecção
por nematóides gastrintestinais, os principais sinais clínicos apresentados pelos ovinos são
anemia, edema submandibular, diarreia e inapetência (GENNARI; AMARANTE, 2006).
Entre 1999 e 2003, segundo Gregory e Benesi (2006), 15,82% (90/569) dos
atendimentos de ovinos realizados no Serviço de Clínica de Bovinos e Pequenos Ruminantes
da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, foram decorrentes de estados
anêmicos associados a verminoses gastrintestinais.
Para o diagnóstico laboratorial da verminose, o exame mais utilizado, porém com
significativa margem de variação, é o que determina a quantidade de ovos por grama de fezes
(OPG), baseado na técnica de Gordon e Whitlock modificada (UENO; GONÇALVES, 1998)
realizado antes e/ou após o tratamento com anti-helmínticos. Um método hoje muito utilizado
nos rebanhos para indicar o tratamento para verminose gastrintestinal é o Famacha®, baseado
no diagnóstico do mais frequente e preocupante sintoma, a anemia.
Segundo Ueno e Gonçalves (1998), em infecções mistas por helmintos em ovinos, as
contagens de OPG acima de 1000 seriam consideradas infecções moderadas e a partir de 2000
OPG infecção intensa. Para Molento et al. (2004), mesmo com contagens de OPG maiores
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que 1500, vários animais não apresentaram sintomas de anemia, sugerindo uma maior
capacidade de alguns animais em suportar altas cargas parasitárias, sendo denominados
resilientes.
Devido à importância da verminose para a criação de ovinos e aos prejuízos
econômicos associados principalmente à anemia justificam-se pesquisas que detalhem mais
esse sintoma, sendo assim, estabeleceram-se como objetivos:
a) Avaliar o quadro eritrocitário e o metabolismo de ferro de acordo com a gravidade do
estado anêmico e
b) Avaliar a repercussão do estado anêmico no leucograma, na função hepática, na
função renal, no lipidograma e no equilíbrio ácido-básico.
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2 REVISÃO DE LITERATURA
A anemia pode ser definida pela diminuição do número de eritrócitos, da concentração
de hemoglobina e do volume globular. Esta condição possivelmente leva a diminuição do
suprimento de oxigênio ao organismo, o que pode gerar hipóxia tecidual. As causas principais
de anemia são a perda sanguínea, a destruição eritrocitácia e diminuição da eritropoiese
(FELDMAN et al., 2000).
A ação dos nematoides gastrointestinais pode ocasionar dois processos: anemia e
hipoproteinemia. A anemia é causada principalmente pela ação hematófaga do Haemonchus
contortus, já que cada adulto chega a expoliar 0,08mL de sangue por dia (GARCIA;
D’ANGELINO, 1985). Blood et al. (1988) ressaltam que a ingestão de grandes quantidades
de larvas de Haemonchus contortus pode levar a haemoncose hiperaguda em cordeiros,
ocorrendo, em sete dias, morte súbita. As infestações crônicas, envolvendo números menores
de helmintos, determinam, segundo Ruas e Berne (2001), alterações caracterizadas por
anorexia, menor ganho de peso, emagrecimento progressivo, ausência de diarreia, sendo o
sintoma mais evidente a anemia.
Segundo Benesi (1985) as manifestações sintomáticas da anemia são variáveis e
dependentes da etiologia e patogênese do processo, do grau/intensidade da anemia, das
alterações do volume total de sangue circulante e das exigências e/ou manejo a que estão
sujeitos os animais afetados. De acordo com Garcia e D’Angelino (1985) as manifestações
sintomáticas são determinadas pela hipóxia tecidual que se instala e agrava o quadro, pois
toda atividade eritropoiética fica diminuída pela depressão medular. Nestes casos, mucosas
pálidas são frequentemente encontradas. Segundo Faria Junior et al. (2002), em caprinos
acometidos por intensa helmintose gastrintestinal (mais de 2.000 ovos por grama de fezes) a
presença de mucosas esbranquiçadas foi observada em 23,33% dos animais e ocorrência de
edemas em 3,33% das cabras examinadas.
Para prevenir ou diminuir a hipóxia, o organismo ativa os chamados mecanismos
compensatórios, que atuam em diversas funções e órgãos como na respiração, coração e
medula óssea (BENESI, 1985; BIRGEL, 1999).
As adaptações respiratórias caracterizam-se por aumento da frequência respiratória,
devido a concentração aumentada de gás carbônico (CO2) circulante, respiração superficial,
dispneia e por redução da afinidade da hemoglobina pelo oxigênio (O2), o quepermite uma
maior liberação de O2 para os tecidos (BENESI, 1985; BIRGEL, 1999).
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As compensações cardíacas se revelam por um aumento de rendimento cardíaco,
determinando maior velocidade de circulação e menos extração de O2 em cada circulação.
Quando a concentração de hemoglobina cai, abaixo dos 50% do valor normal, pode ocorrer
aumento da frequência cardíaca. Estas alterações podem dar origem a extremidades frias e
taquicardia com sopros cardíacos sistólicos (BENESI, 1985; BIRGEL, 1999).
As adaptações vasculares objetivam a diminuição do tempo de circulação e o aumento
da perfusão seletiva, através do desvio do sangue de áreas não vitais para as vitais, como
diminuição da circulação cutânea e renal para favorecer o cérebro, miocárdio e músculos
(BENESI, 1985; BIRGEL, 1999).
As adaptações eritropoiéticas, reconhecidas como o verdadeiro mecanismo
compensatório, visam o aumento da produção de eritrócitos. A hipóxia tecidual leva à
produção de eritropoetina e esta estimula a eritropoiese (BENESI, 1985). Veng-Pedersen et al.
(2002) realizaram sangrias em ovinos adultos jovens e observaram rápida elevação da
eritropoietina plasmática, que alcançou valores máximos de três a oito dias após os
procedimentos. A presença de reticulócitos na circulação sanguínea ocorreu em 12 horas até
1 dia e meio após as sangrias.
Segundo Birgel (1999), após perda de sangue por hemorragia e/ou hemólise intensa,
há diminuição do volume total de sangue, com compensação rápida por aumento do volume
plasmático, restaurando a volemia. O hemograma revela intensa diminuição dos valores
hematológicos (contagem de hemácias, hematócrito e dosagem de hemoglobina). O exame do
aspecto das hemácias, em esfregaços sanguíneos corados pela técnica de Rosenfeld, é
extremamente válido para estabelecero prognóstico, uma vez que a presença de sinais
regenerativos (policromatofilia, ponteado basofílico, corpúsculos de Howell-Jolly, dentre
outros) mostram adequada respostado organismo (GARCIA; D’ANGELINO, 1985).
A medula óssea, estimulada pela condição anêmica, libera grande quantidade de
células jovens e imaturas, que possuem maior volume corpuscular médio determinando
macrocitose. Após a hiperplasia medular compensatória da anemia, o tecido mieloide retorna
a liberar eritrócitos maturos, ocorrendo, então, normocitose e normocromia (BIRGEL, 1999).
A contagem de reticulócitos auxilia na verificação da intensidade da resposta medular
ao processo anêmico e até para o esclarecimento da possível etiologia do processo (MEYER;
HARWEY, 1998).
Reticulócitos são eritrócitos imaturos que, em condições normais, não são encontrados
na circulação periférica de ovinos sadios. São células de maior diâmetro, que apresentam no
citoplasma um retículo corado e que permitem, por seu número, avaliar as reações do tecido
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eritróide nos processos anêmicos, a evolução das anemias e a eficácia da terapia. O aumento
do número de reticulócitos é intenso nas hemorragias agudas e de menor magnitude nas
crônicas e pode ser persistente nas anemias hemolíticas. Um aumento no número é sinal de
eritroregeneração e bom prognóstico (BENESI, 1985). A presença de reticulócitos é
observada a partir do terceiro dia da perda de sangue (MEYER; HARWEY, 1998).
Caso o processo de espoliação determinada pelo endoparasita se prolongue e resulte
em perdas intensas e continuadas de sangue, poderá ocorrer a depleção das reservas de ferro e
consequentemente a anemia torna-se hipocrômica e, finalmente, microcítica (BIRGEL, 2000).
Na opinião de Birgel (1999), as anemias microcíticas, quer sejam hipocrômicas ou não, são as
formas clínicas mais frequentemente diagnosticadas nos pequenos ruminantes.
Segundo Birgel (1999) as anemias microcíticas e hipocrômicas podem ser
diferenciadas em duas formas: microcíticas ferroprivas e microcíticas não ferroprivas. Nas
primeiras, além das características hematimétricas, observam-se uma significativa diminuição
das concentrações plasmáticas de ferro; ao passo que nas não ferroprivas a sideremia se
encontra na amplitude de variação fisiológica. Nas anemias não ferroprivas, os estados de
sub-nutrição, que determinam déficit proteico, impedirão a formação da hemoglobina por não
haver condições de síntese da globulina.
As anemias microcíticas não ferroprivas de origem constitucional são
hemoglobinopatias primárias e relacionam-se a herdabilidade de fatores que determinam
formação de hemoglobinas anormais e com ações fisiológicas deficientes. Descreveu-se em
caprinos e ovinos, diferentes tipos de hemoglobinas, porém ainda não foi elucidado,
definitivamente, a influência desses tipos de hemoglobina nas condições de saúde desses
animais (BIRGEL, 1999).
Al- Quaizy et al(1987) verificaram que ovinos da raça Awassi infestados com 500
larvas de Haemonchus contortus por Kg de peso vivo desenvolveram anemia a partir do
décimo primeiro dia pós-infecção, sendo que os valores do volume globular diminuíram de
29,5%, no dia da infestação experimental, para 15,5%, no vigésimo dia após o início do
experimento.
A ocorrência de anemia macrocítica ABBOTT; PARKINS; HOLMES, 1984) ou de
anemia normocítica e normocrômica (ABBOTT; PARKINS; HOLMES, 1984; FARIA
JUNIOR et al., 2002) foram relatadas em ovinos infectados por Haemonchus contortus. Em
estudo realizado em caprinos, Garcia et al.(1983) observaram as seguintes características
morfológicas das anemias decorrentes a verminose gastrintestinal: em 72% dos casos foram
do tipo macrocítico, 23% normocítico, 78% normocrômica e 18 % hipocrômica.
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Em pesquisa desenvolvida por Faria Junior et al.(2002), foram utilizados 90 animais
adultos, naturalmente infectados, divididos em três grupos de 30 animais cada, sendo: grupo I
de zero a 500 OPG; grupo II de 501 a 2.000 OPG e grupo III maior que 2.000 OPG. Os
autores observaram que caprinos acometidos por intensa helmintose gastrintestinal (mais de
2.000 OPG), apresentavam importantes alterações no seu eritrograma com a ocorrência de
anemia normocítica e normocrômica, diminuição do número de hemácias e do volume
globular. Os teores de hemoglobina foram significativamente menores nos grupos II e III.
A maior parte do ferro no organismo, aproximadamente 80%, é destinada à função
eritrocítica, presente no eritrócito em forma de hemoglobina. O restante deste mineral está
distribuído no organismo na mioglobina (3%), nos locais de estoque, como ferritina e
hemossiderina (15%) e em várias enzimas (catalases, citocromos, peroxidases) numa
pequena quantidade (1%) (HAYS; SWENSON, 1996).
Os resultados obtidos por Ashmead (2001), mostram que a suplementação oral
de ferro em doses diárias ou doses altas intermitentes aumentam a sua
biodisponibilidade com conseqüente aumento na resposta eritropoiética em
monogástricos. Hurtado, Claussen e Scott (1999), concluíram que a suplementação semanal
de ferro oral em indivíduos anêmicos levou a um aumento nos níveis de hemoglobina e
volume corpuscular médio (VCM), indicando aumento na resposta medular. Da mesma
forma, a utilização de ferro dextrano, na forma injetável, melhora a resposta reticulocitária em
cordeiros anêmicos (ROCHA et al., 2007). Este aumento na resposta medular ocorre, pois a
quantidade de ferro liberado para o eritrócito imaturo é diretamente dependente da
concentração do ferro sérico, que é melhorado pela suplementação com este mineral
(SCHOOL; JOHNSON, 2000).
O leucograma é influenciado pelo cortisol na medida em que este atua sobre a medula
óssea. O cortisol promove a liberação dos neutrófilos do compartimento de estocagem da
medula óssea causando, portanto, elevação de leucócitos circulantes. Aqueles já presentes na
circulação diminuem a expressão de moléculas de adesão na superfície, reduzindo sua ligação
com células endoteliais o que contribui para o aumento no compartimento circulante
(FELDMAN et al., 2000). Segundo Feldman et al. (2000), o cortisol induz redução dos
eosinófilos sanguíneos por inibir a eosinopoiese na medula óssea e/ou migração destas células
para outros tecidos como o baço e os linfonodos.
A eosinofilia tem sido discutida como uma forma de resistência do hospedeiro às
infeções por nematoides gastrintestinais. Segundo Dorchies et al. (1997), animais que
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apresentaram maiores contagens de eosinófilos séricos, tiveram suas contagens de ovos para
Hemonchus contortus diminuídas.
A hipoproteinemia, que ocorre pela ação dos nematoides gastrointestinais é causada
por distúrbios na digestão e absorção normal dos nutrientes. Com a conseqüente queda da
pressão oncótica do sangue, nota-se o extravasamento de plasma no interstício orgânico, na
tentativa de recuperação da pressão normal. Este extravasamento pode causar anasarca, ascite
e edema submandibular. O estado geral do animal se deteriora e nota-se perda de peso, pelos
arrepiados e sem brilho, apatia, anorexia, hipotonia ou atonia ruminal e, raramente, diarréia
(GARCIA; D’ANGELINO, 1985).
O edema que se instala nos quadros de hemoncose ocorre por consequência da
hipoproteinemia e hipoalbuminemia, enquanto a anemia é causada principalmente pela ação
hematófaga do Haemonchus contortus (ABBOTT; PARKINS; HOLMES, 1984; GARCIA;
D’ANGELINO, 1985; ABBOTT; PARKINS; HOLMES, 1988).
Deve ser destacado que nos estados anêmicos, principalmente naqueles com perda
aguda de sangue, pode ocorrer uma menor oxigenação da região centro-lobular dos lóbulos
hepáticos determinando processo degenerativo e/ou de necrose hepatocelular com
comprometimento da função do órgão (MACLACHLAN; CULLEN, 1998). Apesar desta
possibilidade, os resultados das dosagens séricas de aspartato-amino-transferase (AST) e
gamaglutamil-transferase (GGT) obtidos em pesquisa realizada por Faria Junior et al.(2002)
não conseguiram demonstrar a presença de lesão hepática que seria provocada pela hipóxia
decorrente da anemia verminótica.
Fonteque (2005) induziu anemias agudas através de sangrias e observou diminuição
de eritrócitos, da concentração de hemoglobina, do volume globular e da concentração de
proteína plasmática total. Este autor verificou a recuperação da anemia 28 dias após a segunda
sangria. A perda aguda de sangue determinou a elevação de leucócitos, neutrófilos,
monócitos, inversão da relação neutrófilo:linfócito, redução de eosinófilos, elevação de
cortisol, porém, os teores de lactato, uréia, creatinina, AST e GGT, não sofreram alterações.
O lactato pode ser utilizado como indicador de hipóxia tecidual. Em estados
isquêmicos as células privadas de oxigênio metabolizam lactato, que é liberado para a
circulação sanguínea (DUTTON, 2003). Widness et al. (2000) induziram anemia em
cordeiros através de sangrias. Os autores verificaram que o débito cardíaco e a concentração
de eritropoietina aumentaram apenas quando a hemoglobina ficou abaixo de 7,5g/dl, enquanto
o lactato elevou-se somente com valores de hemoglobina menores que 5,5g/dl.
21
A anemia também pode causar alcalose respiratória decorrente da hiperventilação
prolongada. A compensação da alcalose respiratória é realizada por diminuição na reabsorção
de bicarbonato renal o qual se acumula na urina, levando o organismo a reter também cloreto
aumentando a eletroneutralidade (ORTOLANI, 2003).
Além das alterações eritropoieticas o parasitismo gastrintestinal causa também
alterações no consumo e digestão dos alimentos. Ovinos parasitados podem reduzir o
consumo de alimentos ou até, em casos mais graves, chegar à completa anorexia. O
parasitismo no abomaso causa alterações de pH e estas podem determinar menor absorção de
elementos como o cobre (BORBA, 1996). Przemeck (2003) estudando a infecção por
Ostertagia circumcincta em cordeiros encontrou aumento de pH abomasal logo nos primeiros
dias do parasitismo (5 a 10 dias).
Nos ruminantes, grande parte da energia utilizada no seu metabolismo é obtida de
ácidos graxos voláteis (acetato, propionato e butirato) provenientes da fermentação ruminal,
sendo que a síntese de glicose a partir dos ácidos graxos voláteis é dependente do perfeito
funcionamento do fígado, uma vez que este órgão é o regulador da concentração de glicose no
sangue e da oferta de glicose aos tecidos, sendo essencialmente o único local para a
gliconeogênese (formação de glicose a partir de compostos carbônicos), ainda que exista uma
pequena contribuição do córtex renal (HERDT, 2000).
O butirato é convertido no epitélio ruminal em betahidroxibutirato (β-HBO), e quando
adentra a corrente sanguínea, pode ser utilizado como energia ou fonte de ácidos graxos de
cadeia longa (KANEKO; HARVEY; BRUSS, 2008). Normalmente, o β-HBO plasmático
provém da fermentação ruminal uma vez que os ruminantes diferem, entre outros aspectos,
dos demais monogástricos na medida em que grandes quantidades de corpos cetônicos
alimentares são liberados na veia porta (MARUTA, 2005).
Dentre os lipídeos considerados importantes para o organismo animal devem ser
citados e destacados os ácidos graxos de cadeia longa, triglicérides, fosfolipídeos, corpos
cetônicos e o colesterol. Os lipídeos exercem muitas funções, tais como reserva de energia
(essencialmente sob forma de triglicérides, tanto visceral quanto subcutaneamente,
dependendo da espécie), composição da membrana lipídica (fosfolipídeos e colesterol), além
de precursor de esteróides e ácidos biliares (colesterol), isolamento térmico (triglicérides), e
isolamento elétrico. Os lipídeos não exercem força osmótica no sistema biológico, em razão
se sua insolubilidade em água, podendo ser estocados em grandes quantidades no tecido
adiposo. Ainda que a maioria das células consiga sintetizar triglicérides, o fígado, tecido
adiposo, glândula mamária e intestino delgado são os mais adaptados para esta síntese. O
22
colesterol, sintetizado e catabolizado no fígado é precursor de hormônios esteróides, vitamina
D, ácidos biliares, e é constituinte de membranas celulares e micelas biliares (KANEKO;
HARVEY; BRUSS, 2008).
O principal substrato para a formação do colesterol, como no caso dos ácidos graxos
de cadeia longa, é a acetil-CoA. Em casos de ingestão de alimento, aumento de insulina,
aumento da leptina (CHILLIARD et al., 2001; CHILLIARD et al., 2005), baixo glucagon, ou
seja, quando o organismo está em desfosforilação (menor consumo de ATP), a produção do
colesterol é estimulada. Em momentos de inanição fisiológica (periparto) ou patológica
(doença), que levam o organismo a fosforilação, a produção de colesterol fica comprometida,
fenômeno que também é observado com aumentos nas quantidades de glicocorticóides,
endógenos ou exógenos (KANEKO; HARVEY; BRUSS, 2008).
Ácidos graxos de cadeia longa liberados do tecido adiposo durante a lipólise circulam
como ácidos graxos não esterificados (NEFA) cuja concentração no sangue reflete a
magnitude da mobilização do tecido adiposo (PULLEN et al.,1989), portanto com o aumento
do balanço energético negativo, que pode ocorrer na diminuição de consumo alimentar, mais
ácidos graxos não esterificados são liberados do tecido adiposo, aumentando a sua
concentração no sangue.
A função renal deve ser acompanhada, pois a perda de volemia determina uma
diminuição da filtração glomerular. Neste sentido, os testes de função renal são úteis para
monitorar o tratamento das anemias. (KANEKO; HARVEY; BRUSS, 2008).
O catabolismo de proteínas gera amônia, que é utilizada como substrato pelo fígado
para sintetizar ureia. A uremia pode ser alterada pela síntese de ureia nos hepatócitos e/ou
pela sua taxa de eliminação renal. A taxa de eliminação da ureia depende da filtração
glomerular e da reabsorção deste elemento nos túbulos renais KANEKO; HARVEY; BRUSS,
2008).
A musculatura esquelética tolera melhor a isquemia que outros órgãos e contém alta
atividade de creatininofosfoquinase (CK). O aumento de CK plasmática pode indicar lesão
muscular sendo, portanto, uma determinação útil para essa finalidade (DUTTON, 2003).
23
3 MATERIAL E MÉTODOS
A parte experimental desta pesquisa foi dividida em dois momentos: um momento de
observação a campo em que ovelhas foram examinadas e selecionadas e delas colhido
material para exame e outro em que as ovelhas foram mantidas em baias e piquetes no
campus da USP de Pirassununga para desenvolvimento de parte experimental relacionada a
perda aguda e perda crônica de sangue, efeito da restrição alimentar no hemograma e na
bioquímica sanguínea de ovinos com infecção moderada por nematóides e efeito do sulfato de
manganês como antagonista de absorção do ferro.
3.1 ANIMAIS UTILIZADOS PARA AVALIAÇÃO DO QUADRO ERITROCITÁRIO E
DA REPERCUSSÃO DO ESTADO ANÊMICO NO LEUCOGRAMA E NO PERFIL
BIOQUÍMICO DECORRENTES À VERMINOSE GASTRINTESTINAL
Para a realização desta pesquisa foram utilizados 167 ovinos, fêmeas, mestiças ½
sangue da raça Santa Inês oriundos de cinco propriedades com histórico de problemas de
verminose gastrintestinal causadas principalmente por Haemonchus spp.
As cinco propriedades rurais apresentavam manejo semelhante, no qual os animais
eram soltos no pasto pela manhã e no final do dia eram reunidos em local coberto e neste
momento fornecido silagem, com sal mineral e água à vontade.
A seleção dos animais foi realizada por meio de exame clínico através da inspeção da
coloração da mucosa ocular que era classificada pelo método Famacha®. Para garantir a
homogeneidade dos animais avaliados foram utilizados somente ovelhas com mais de 24
meses de vida e descartados aqueles cujo estado anêmico fosse decorrente à anemias
hemolíticas, como observado na intoxicação por cobre, ou em que a verminose gastrintestinal
estivesse associada a outras enfermidades.
O exame clínico era complementado pela determinação do hematócrito com o intuito
de quantificar a anemia existente, pelo coproparasitológico caracterizando a existência ou não
de verminose gastrintestinal decorrente à infecções por parasitas da superfamília
Trichostrongyloidea e pela coprocultura confirmando a percentagem maior de parasita do
24
gênero Haemonchus spp. A coprocultura foi realizada no Instituto Biológico utilizando-se
pool de fezes de animais da mesma propriedade.
Baseado na magnitude das diminuições do hematócrito e de acordo com as
recomendações de Benesi (1985), as anemias foram classificadas segundo a sua intensidade
em anemias de grau leve - quando as diminuições forem de até 1/3 dos valores mínimos
normais de hematócrito, sendo assim entre 21 e 25 % de hematócrito; anemia moderada -
quando as reduções forem de 1/3 a 1/2 dos valores mínimos normais, sendo assim entre 16%
e 20% de hematócrito e anemia intensa - quando as diminuições forem maiores que a 1/2 dos
valores mínimos normais, com hematócrito igual ou menor que 15%. A seguir foram
constituídos os grupos de animais de acordo com a intensidade de anemia: animais sem
anemia, anemia de grau leve, anemia moderada e anemia intensa (Quadro 1). Os animais sem
anemia, utilizados como grupo controle, foram divididos em dois grupos, o primeiro com
valores de hematócrito maiores do que 30 % e o segundo com valores de hematócrito entre 25
e 30%.
Quadro 1 – Animais utilizados para avaliar o quadro eritrocitário, o metabolismo de ferro e avaliar a
repercussão do estado anêmico no leucograma, na função hepática, na função renal, no
lipidograma e nos teores sérico de glicose, lactato e cobre
Grupos Intensidade da anemia Número de
animais
1 ovinos sem anemia: com hematócrito maior do 30 % 38
2 ovinos sem anemia: com hematócrito variando entre 25 e 30% 41
3 ovinos com anemia leve: com hematócrito variando entre 21 e 25% 54
4 ovinos com anemia moderada: com hematócrito variando entre 15 e 20 % 21
5 ovinos com anemia intensa com hematócrito igual ou menor a 15% 13
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
25
3.2 ANIMAIS UTILIZADOS PARA AVALIAÇÃO DO QUADRO ERITROCITÁRIO E
DA REPERCUSSÃO DO ESTADO ANÊMICO NO LEUCOGRAMA, NO PERFIL
BIOQUÍMICO E NO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BÁSICO DECORRENTE À PERDA
SANGUÍNEA AGUDA
Foram utilizadas 9 ovelhas de mais de 24 meses de idade, mestiças meio sangue Santa
Inês, pesando entre 50 e 60 kg, com bom estado geral, valores normais de hematócrito,
hemácias e hemoglobinas e exame coproparasitológico negativo. As ovelhas foram mantidas
no campus da USP em Pirassununga, estabulados em baias concretadas com acesso a solário e
alimentadas no cocho duas vezes ao dia com feno de capim Coast – Cross (Cynodon
dactylon), água à vontade e sem acesso a sal mineral. Sete dias antes do início da sangria
foram vermifugadas utilizando-se 20 mg/kg de albendazole via oral.
Neste estudo procurou-se promover a perda de sangue aguda, dentro do período de 12
horas, de forma que os valores de hematócrito, hemoglobina e hemácia fossem reduzidos a
menos da metade dos valores mínimos normais para a espécie, alcançando por volta de 15 %
de hematócrito, 4,5 x 106 hemácias por mm
3 e 4,5 g/dL de hemoglobina.
A sangria foi realizada por punção da veia jugular externa garroteada utilizando-se
agulha 40x16 heparinizada ligada a equipo heparinizado que depositava o sangue retirado em
proveta graduada. Inicialmente retirava-se 1000 mL de sangue e imediatamente era fornecido
1000 mL de solução fisiológica. Após 30 minutos da reposição da volemia, era realizado
hemograma para avaliar a intensidade da anemia provocada. A seguir nova sangria era
realizada, na qual retirava-se entre 250 e 500 mL antes de repor a volemia com a mesma
quantidade de solução fisiológica. Dentro do período máximo de 12 horas foram feitas
repetidas sangrias e hemogramas até que o número de hemácias, taxa de hemoglobina e
valores de hematócrito decrescerem para metade dos valores mínimos normais para a espécie.
Considerando que o volume de sangue corpóreo representa 8 % do peso vivo, para
produzir o quadro experimental proposto, retirou-se cerca de 50 % do total do volume de
sangue corpóreo, o que representou cerca de 2000 ml de sangue.
Após atingir os valores determinados as sangrias foram interrompidas e passou-se a
acompanhar a recuperação da perda aguda de sangue nos seguintes momentos: imediatamente
após sangria a última sangria (momento 0), 12 horas após a sangria, 24 horas após sangria, 48
horas após, 3 dias após, 5 dias após, 7 dias após, 10 dias após, 15 dias após, 21 dias após, 30
dias após, 45 dias após e 60 dias após a sangria.
26
Nestes momentos era realizado o exame físico das ovelhas através da aferição das
funções vitais: temperatura, freqüência cardíaca, freqüência respiratória e movimento ruminal,
inspeção da coloração da mucosa ocular classificada pelo método Famacha® e a inspeção da
condição corporal por meio de palpação da região lombar, segundo técnica descrita por
Russel (1984), que atribuem valores de 0 a 5 (0 = caquético, 1 = magro, 2 = regular, 3 = bom,
4 = gordo e 5 = muito gordo) para o escore de condição corporal inspeção da condição
corporal classificando-as de condição corporal 1 (extremante magra) a 5 (obesa). Colhia-se
sangue para hemograma, análises bioquímicas e hemogasometria, bem como fezes eram
colhidas para exame coproparasitológico, com a finalidade de monitorar a condição de não
parasitados por nematódeos da superfamília Trichostrongyloidea.
3.3 ANIMAIS UTILIZADOS PARA AVALIAÇÃO DO QUADRO ERITROCITÁRIO E
DA REPERCUSSÃO DO ESTADO ANÊMICO NO LEUCOGRAMA E NO PERFIL
BIOQUÍMICO DECORRENTES À PERDA SANGUÍNEA CRÔNICA EM ANIMAIS SEM
VERMINOSE GASTRINTESTINAL
Foram utilizadas 8 ovelhas de mais de 24 meses de idade, mestiças meio sangue Santa
Inês, com bom estado geral, valores normais de hematócrito, hemácias e hemoglobina e
exame coproparasitológico negativo. As ovelhas foram mantidas no campus da USP em
Pirassununga, estabulados em piquete de terra batida com 300 m2
de área e alimentadas no
cocho duas vezes ao dia com feno de capim Coast – Cross (Cynodon dactylon) com água à
vontade e sem acesso a sal mineral. Sete dias antes do início da sangria foram vermifugadas
utilizando-se 20 mg/kg de albendazole via oral.
Neste estudo procurou-se promover a perda de sangue crônica, dentro de
aproximadamente sessenta dias, de forma que os valores de hematócrito, hemoglobina e
hemácia fossem reduzidos a menos da metade dos valores mínimos normais para a espécie,
alcançando por volta de 15 % de hematócrito, 4,5 x 106 hemácias por mm
3 e 4,5 g/dL de
hemoglobina.
A sangria foi realizada por punção da veia jugular externa garroteada utilizando-se
agulha 40x16 heparinizada ligada a equipo heparinizado que depositava o sangue retirado em
proveta graduada.
27
Inicialmente retirou-se 100 mL de sangue por animal por dia durante sete dias, após
esse período foi realizado o hemograma e optou-se por diminuir a quantidade de sangue
retirada para que não fosse provocada rápida diminuição nos constituintes figurados
sanguíneos. Semanalmente era colhido sangue para hemograma e bioquímica sanguínea, bem
como a cada 21 dias foi realizado exame coproparasitológico comprovando a manutenção no
estado de não parasitados por nematódeos da superfamília Trichostrongyloidea. A quantidade
de sangue retirada diariamente está detalhada no quadro 2 abaixo:
Quadro 2 – Descrição da quantidade de sangue retirada por dia para provocar anemia por perda
sanguínea crônica
Semana
Quantidade de sangue retirada por dia
Quantidade de sangue retirada por semana
1º semana 100 mL 700 mL
2° semana 50 mL 350 mL
3° semana 60 mL 420 mL
4° semana 80 mL 560 mL
5° semana 100 mL 700 mL
6° semana 120 mL 840 mL
7° semana 150 mL 1050 mL
8° semana 170 mL 1190 mL
9° semana 200 mL 1400 mL
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
Ao término da nona semana (63 dias) foi retirado o total de 7.210 mL de sangue por
animal, sendo necessário mais dois dias, retirando 200 ml de sangue por dia, para que 6
ovelhas apresentassem decréscimo dos valores de hematócrito, hemácia e hemoglobina para
metade dos valores mínimos normais para a espécie. Para obtermos o mesmo resultado em
outras duas ovelhas, continuou-se retirando 200 ml de sangue, além dos 63 dias, por mais dez
dias, totalizando 73 dias de sangria e volume de sangue igual a 9.210 mL.
Após atingir os valores determinados no hemograma não era mais realizada sangria e
passava-se a acompanhar a recuperação da perda crônica de sangue nos seguintes momentos:
imediatamente após a última sangria (momento 0), 24 horas após sangria, 48 horas após, 3
dias após, 5 dias após, 7 dias após, 10 dias após, 15 dias após, 21 dias após, 30 dias após e 45
dias após a sangria.
28
Nestes momentos era realizado o exame físico das ovelhas através da aferição das
funções vitais: temperatura, freqüência cardíaca, freqüência respiratória e movimento ruminal,
inspeção da coloração da mucosa ocular classificada pelo método Famacha® e inspeção da
condição corporal por meio de palpação da região lombar, segundo técnica descrita por
Russel (1984), que atribuem valores de 0 a 5 (0 = caquético, 1 = magro, 2 = regular, 3 = bom,
4 = gordo e 5 = muito gordo) para o escore de condição corporal. Colhia-se sangue para
hemograma e análises bioquímicas, bem como fezes eram colhidas para exame
coproparasitológico, com a finalidade de monitorar a condição de não parasitados por
nematódeos da superfamília Trichostrongyloidea.
3.4 ANIMAIS UTILIZADOS PARA AVALIAR O EFEITO DA RESTRIÇÃO
ALIMENTAR NOS PARÂMETROS HEMATOLÓGICOS, BIOQUÍMICOS E
COPROPARASITOLÓGICOS
Entre fevereiro e agosto de 2012, foram mantidas 12 ovelhas, mestiças meio sangue
Santa Inês, com verminose gastrintestinal, na qual predominava Haemonchus contortus, em
piquete de 300 m2 de terra batida, dentro da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de
Alimentos-USP Pirassununga. Nesse piquete, o único alimento recebido era feno de Coast –
Cross (Cynodon dactylon) e água à vontade. Não recebiam sal mineral. Nos meses de abril,
maio e junho de 2012, reduziu-se a quantidade fornecida de feno em 50% da quantidade
inicial. As ovelhas que recebiam diariamente 1 kg de feno por ovelha passaram a receber
500g de feno por animal.
3.5 ANIMAIS UTILIZADOS PARA AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DA
ADMINISTRAÇÃO VIA ORAL DO SULFATO DE MANGANÊS COMO
ANTAGONISTA DA ABSORÇÃO DE FERRO NO ERITROGRAMA E NO
METABOLISMO DE FERRO
Foram utilizadas 10 ovelhas sem anemia, mestiças meio sangue Santa Inês, com
verminose gastrintestinal, na qual predominava Haemonchus contortus. Essas ovelhas foram
29
consideradas resilientes por apresentarem infecção por nematódeos de mais de 1000 opg e não
apresentarem anemia. Os animais foram mantidos em baias de concreto e diariamente era
fornecido via oral 4 gramas de Sulfato de Manganês, como antagonista de absorção de ferro,
durante 100 dias. O sulfato de manganês era fornecido diluído em água utilizando uma
seringa.
Os animais eram alimentados com feno de Coast – Cross (Cynodon dactylon) e tinham
acesso livremente à água. Não recebiam suplementação mineral.
3.4 COLHEITA DE SANGUE
As amostras de sangue foram colhidas por punção da veia jugular externa, com agulha
descartável 25x28 mm, em três tubos plásticos preparados para a colheita de sangue á vácuo
(Sistema Vacutainer
). O tubo contendo 7,2 mg de K2 EDTA como anticoagulante (tubo de
tampa roxa) e com vácuo suficiente para aspirar 4 ml de sangue era destinado à determinação
do hemograma. O tubo sem anticoagulante e com gel ativador de coágulo (tubo de tampa
amarela) era destinado à obtenção do soro para as análises bioquímicas e o tubo com 6 mg de
fluoreto de sódio (agente anti glicolítico) e EDTA como anticoagulante (tubo de tampa cinza)
foi destinado à obtenção do plasma e com ele determinação da concentração de glicose.
O sangue após a colheita era mantido sob refrigeração até o momento da realização
dos exames, sempre concluídos antes de decorridas oito horas de conservação.
No laboratório de Análises Clínicas Veterinárias da USP de Pirassununga, os tubos
com fluoreto de sódio e os tubos com gel ativador de coágulo foram centrifugados (Centrifuga
Excelsa II, modelo 206 BL) durante 20 minutos à 2500 RPM para a formação do coágulo ou
sedimentação dos elementos figurados do sangue. A seguir, o soro e o plasma foram
pipetados em micro tubos tipo Eppendorf e as amostras embaladas e conservadas em freezer a
menos 20ºC até a realização das determinações.
30
3.5 AVALIAÇÃO DA HEMOGASOMETRIA:
O sangue para a gasometria foi colhido em seringas específicas heparinizadas com Ca
balanceado da marca Monovette® Sarstedt.
Inicialmente, utilizando scalp 25G, puncionava-se a artéria carótida no terço final do
pescoço e localizada bem próxima à veia jugular, esperava-se o preenchimento do scalp pelo
sangue arterial. Com o scalp preenchido, acoplava-se a seringa e delicadamente puxava-se o
êmbolo permitindo o preenchimento pelo sangue e a não formação de bolhas. Ao preencher
mais do que 1 ml retirava-se o scalp, delicadamente homogenizava a amostra com as mãos e
retirava-se todo ar, vedando a seringa com sua tampa plástica. O sangue venoso era colhido
por punção jugular com agulha 25X8 acoplada na seringa Monovette®, com a seringa
preenchida repetia-se o mesmo procedimento citado acima.
O sangue era rapidamente analisado no local utilizando hemogasômetro portátil i-
STAT 1® (empresa Abbott) e cartuchos i-STAT® EG7+ que consistem de um chip
biossensor eletroquímico que realiza determinações à 37ºC para pH, pCO2 (pressão parcial de
dióxido de carbono em mmHg), pO2 (pressão de oxigênio em mmHg), Na (sódio em
mMol/L), K (potássio em mMol/l), iCa (cálcio ionizado em mMol/l) e Hematócrito. A partir
dessas determinações o sistema calcula valores para o HCO3 (bicarbonato em mmol/L), o
TCO2 (Dióxido de Carbono Total em mmHg), BE ( excesso ou déficit de bases no sangue em
mMol/L), SO2 (saturação de oxigênio em %) e hemoglobina (g/dL). O pH, pCO2 e pO2 são
convertidos para a temperatura do animal.
3.6 AVALIAÇÃO DO HEMOGRAMA
A determinação do número de hemácias, do hematócrito, dosagem de hemoglobina e
número total de leucócitos foram realizadas no contador automatizado BC-2800 Vet
Mindray®. Esse equipamento utiliza o método de impedância para mensuração das hemácias
e leucócitos e os métodos colorimétricos para determinação da hemoglobina.
O volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina corpuscular média (HCM) e
concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) também são calculados pelo
aparelho que utiliza as equações abaixo para determinação.
31
VCM=Ht X 10
He
HCM = Hb x 10
He
CHCM = Hb x100
Ht
Com o sangue “in natura” foram distendidos dois esfregaços sanguíneos destinados à
contagem diferencial de leucócitos. Esses esfregaços, após secarem, foram corados utilizando-
se o corante de Rosenfeld.
Corante de Rosenfeld:
0,97 g -------- Giemsa em pó
0,53 g -------- May Grunwald
1000 ml ------- Metanol p.a.
Técnica utilizada:
Cobrir o esfregaço com 1 ml de corante de Rosenfeld
Aguardar 3 minutos
Acrescentar em gotas 2 ml de água destilada fervida
Homogeneizar
Aguardar 13 minutos
Lavar com água destilada fervida
Secar o esfregaço
Técnica padronizada para os animais por Birgel (1982).
Em cada esfregaço sanguíneo foram avaliados aspectos morfológicos e tintoriais das
hemácias bem como a ocorrência de sinais de policromasia (eritroblastos, células basófilas,
ponteado basófilo nas hemácias, corpúsculos de Howell-Joly e anéis de Cabot.) que,
juntamente com a contagem de reticulócitos, permitem avaliar a resposta da eritropoiese aos
estímulos, determinando se a anemia é degenerativa ou regenerativa.
Nesses esfregaços sanguíneos foram diferenciados 100 leucócitos classificados, de
acordo com suas características morfológicas e tintoriais, em neutrófilos com núcleo em
bastonete, neutrófilos com núcleo segmentado; eosinófilos, basófilos, linfócitos e monócitos.
32
Complementando a avaliação do hemograma foi realizado a contagem manual de
reticulócitos colocando partes iguais (50uL) do corante Azul de Cresil Brilhante (Laborclin®)
e do sangue em tubo de vidro. Essa mistura foi incubada em banho-maria por 20 minutos a
37°C e, após, distendido dois esfregaços e rapidamente secados. Os esfregaços eram contra-
corados com corante de Rosenfeld e analisado no microscópio óptico em aumento de 1000X,
contando-se 1000 hemácias e dentre essas as que foram corados fragmentos de RNA, os
reticulócitos. O resultado foi expresso em número absoluto de reticulócitos
(FERNANDEZ;GRINDEM, 2000).
3.7 AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO HEPÁTICA
3.7.1 Determinação dos teores séricos de proteína total
A determinação dos teores séricos de proteína total foi feita pelo método do biureto, de
acordo com a técnica preconizada por Gornall et al. (1949) e modificada por Strufaldi (1987),
com leitura da coloração da reação utilizando-se comprimento de onda de 550nm em
Analisador Bioquímico Automático da marca Randox Daytona®
- Randox Laboratories, Reino
Unido utilizando-se kit comercial da marca Randox® referência TP4001. O princípio desta
técnica baseia-se na reação entre os tripeptídeos, polipeptídeos e proteínas existentes no soro
sanguíneo com íons de cobre presentes no reativo de biureto, em meio alcalino, formando um
complexo de coloração violeta, cuja intensidade é diretamente proporcional à concentração de
proteína presente na amostra, sendo os resultados expressos em g/dL.
3.7.2 Determinação dos teores séricos de albumina
A determinação dos teores séricos de albumina foi feita pelo método do verde de
bromocresol em analisador bioquímico automático da marca Randox Daytona®
- Randox
Laboratories, Reino Unido utilizando-se kit comercial da marca Randox® referência AB3800,
de acordo com a técnica preconizada por Doumas et al. (1971), sendo a leitura da coloração
da reação realizada utilizando-se comprimento de onda de 630nm. O princípio desta técnica
33
baseia-se na reação entre a albumina, presente na amostra, e o verde de bromocresol, em meio
ácido, originando um complexo cuja intensidade de coloração é diretamente proporcional à
concentração de albumina presente na amostra e os resultados expressos em g/dL.
3.7.3 Determinação dos teores séricos de globulinas e da relação albumina/globulinas
A determinação dos teores séricos de globulinas foi obtida pela subtração dos teores
séricos de proteína total e albumina, sendo os valores expressos em g/dL. Com a
determinação dos teores séricos de globulinas, dividia-se a albumina pela globulinas obtendo
a relação entre as variáveis.
3.7.4 Determinação da atividade sérica da aspartato-aminotransferase (AST)
A atividade enzimática sérica da aspartato-aminotransferase foi determinada segundo
metodologia cinética otimizada em conformidade com o European Comitee for Clinical
Laboratory Standards (ECCLS), em Analisador Bioquímico Automático da marca RX
Daytona®
- Randox Laboratories, Reino Unido, utilizando-se kit comercial da marca Randox®
referência AS3804.
O princípio do método está baseado na ação catalítica da AST sobre o 2-oxoglutarato,
originando glutamato e oxalacetato, sendo este último convertido a L-malato pela enzima
malato-desidrogenase e, nesta reação acoplada, ocorre simultaneamente, a oxidação de
NADH para NAD+, ocasionando diminuição na quantidade de NADH e o desenvolvimento
de coloração quantificada em 340nm a uma temperatura igual a 25C, cuja intensidade é
diretamente proporcional à atividade de AST presente na amostra (SCHIMID; FOSTNER,
1986) e expressas em U/L.
3.7.5 Determinação da atividade sérica da gama glutamiltransferase (GGT)
A atividade enzimática sérica da gama glutamiltransferase foi determinada segundo
metodologia cinética otimizada em conformidade com o European Comitee for Clinical
34
Laboratory Standards (ECCLS), em Analisador Bioquímico Automático da marca RX
Daytona®
- Randox Laboratories, Reino Unido, utilizando-se kit comercial da marca Randox®
referência GT3817.
Segundo essa técnica, a enzima gama-glutamiltransferase cataliza a transferencia do
resíduo gama-glutamil da L-gama-glutamil-3-carboxi-4-nitrobenzoato para glicilglicina e a
quantidade de 3-carboxi-4nitroanilina formada na reação é diretamente proporcional à
atividade enzimática existente na amostra. Na realização desta prova quantificou-se o
aumento da densidade óptica em 405nm, sendo os resultados expressos em U/L e
considerando a temperatura de reação para expressão dos valores igual a 25C.
3.7.6 Determinação da atividade sérica da creatina quinase (CK)
A atividade enzimática sérica da creatina-quinase foi determinada segundo
metodologia cinética otimizada preconizada pelo Deutsche Gesellschaft fur Klinische
Chemie, em Analisador Bioquímico Automático da marca RX Daytona®
- Randox
Laboratories, Reino Unido, utilizando-se kit comercial da marca Randox® referência CK
NAC 110.
O princípio do método está baseado na ação catalítica da CK sobre a creatina fosfato e
ADP, originando creatina e ATP; durante a ocorrência desta reação outras duas reações
ocorrem simultaneamente, dando origem a NADPH que confere cor ao composto, cuja
intensidade, determinada utilizando-se comprimento de onda igual a 340nm, é diretamente
proporcional a atividade de CK existente na amostra (SCHIMID; FOSTNER, 1986), sendo os
resultados expressos em U/L e a temperatura de reação considerada para a expressão deste
valor igual a 25C.
3.7.7 Determinação das bilirrubinas séricas
As bilirrubinas foram determinadas por metodologia descrita por Jendrassik et al.
(1938), utilizando-se o método colorimétrico direto de diazotação para as determinações de
35
bilirrubinas total e direta, feita com kit de Bilirrubina da marca Randox® referência BR3807
para bilirrubina direta e referência 3859 para Bilirrubina Total.
O método fundamenta-se na reação das bilirrubinas, especificamente com o ácido
sulfanílico diazotado, produzindo um pigmento vermelho (azobilirrubina). A bilirrubina
conjugada (bilirrubina direta) reage com o diazoreativo e, para obter-se a reação completa,
permitindo a determinação de toda bilirrubina presente no soro sanguíneo (bilirrubina total),
emprega-se um acelerador aquoso de benzoato de cafeína. A bilirrubina livre (indireta) é
calculada por diferença entre os valores determinados para as bilirrubinas total e direta. As
leituras das reações coloridas foram realizadas com espectrofotômetro, em 530nm de
comprimento de onda e os resultados expressos em mg/dL.
3.8 AVALIAÇÃO DO LIPIDOGRAMA
3.8.1 Determinação dos teores séricos de colesterol
A determinação dos teores séricos de colesterol foi quantificada por metodologia
enzimática colorimétrica em Analisador Bioquímico Automático da marca RX Daytona®
-
Randox Laboratories, Reino Unido, utilizando-se kit comercial da marca Randox® referência
CH3810, conforme método descrito por Allain et al. (1974).
O princípio do método está baseado na ação das enzimas colesterol-esterase e
colesterol-oxidase sobre o colesterol, originando um composto intermediário e água
oxigenada. Na presença de peroxidase, a água oxigenada formada na reação anterior, reage
com 4-arnino-antipirina e fenol dando origem a um complexo que desenvolve coloração, cuja
intensidade medida em comprimento de onda igual a 500nm mantém relação direta com a
quantidade de colesterol presente na amostra, sendo os resultados expressos em mg/dL.
3.8.2 Determinação dos teores séricos de triglicérides
A determinação dos teores séricos de triglicérides foi quantificada por metodologia
enzimática colorimétrica em Analisador Bioquímico Automático da marca RX Daytona®
-
36
Randox Laboratories, Reino Unido, utilizando-se kit comercial da marca Randox® referência
TR3823, conforme técnica descrita por Fossati et al. (1982).
O princípio do método está baseado na hidrólise dos triglicérides pela ação da enzima
lipase liberando glicerol; a ação da enzima glicerol-quinase e glicerol-fosfato-oxidase sob o
glicerol formado na reação anterior, promove a formação de peróxido de hidrogênio e este por
sua vez, sofre ação da peroxidase, produzindo quinolaimina que desenvolve coloração, cuja
intensidade medida em comprimento de onda igual a 500nm, mantém relação direta com a
quantidade de triglicérides presente na amostra, sendo os resultados expressos em mg/dL.
3.8.3 Determinação dos teores séricos de acidos graxos não esterificados (NEFA)
A determinação dos teores séricos de ácidos graxos não esterificados (NEFA) foi
quantificada por metodologia enzimática colorimétrica em Analisador Bioquímico
Automático da marca RX Daytona®
- Randox Laboratories, Reino Unido, utilizando-se kit
comercial da marca Randox® referência FA115.
O principio do método está baseado na ação das enzimas acil-CoA-sintetase na
presença de ATP e cofatores sobre os ácidos graxos não esterificados, originando acil-CoA,
AMP e Ppi; a acil-Coa é oxidada dando origem a peróxido de hidrogênio que age favorecendo
a reação de N-etil-N-(2hidroxi-3-sulfopropil)-m-tosluidina com 4-aminoantipirina, presentes
no reagente, dando origem a um complexo que desenvolve coloração púrpura, cuja
intensidade medida em comprimento de onda igual a 550nm mantém relação direta com a
quantidade de NEFA presente na amostra, sendo os resultados expressos em mol/L.
3.8.4 Determinação dos teores séricos de beta-hidroxibutirato
A determinação dos teores séricos de beta-hidroxibutirato foi quantificada por
metodologia enzimática colorimétrica em Analisador Bioquímico Automático da marca RX
Daytona®
- Randox Laboratories, Reino Unido, utilizando-se kit comercial da marca Randox®
referência RB 1007.
37
O principio do método está baseado na oxidação de D-3-hidroxibutirato em
acetoacetato pela enzima desidrogenase 3-Hidroxibutirato. Concomitantemente com esta
oxidação o cofator NAD+ é reduzido a NADH dando origem a coloração, cuja intensidade
medida em comprimento de onda igual a 340nm mantém relação direta com a quantidade de
beta-hidroxibutirato presente na amostra, sendo os resultados expressos em mg/dL.
3.9 DETERMINAÇÃO DOS TEORES PLASMÁTICOS DE GLICOSE
Para a determinação dos teores plasmáticos de glicose foi utilizado o método descrito
por Barhan et al. (1972), em Analisador Bioquímico Automático da marca RX Daytona®
-
Randox Laboratories, Reino Unido, utilizando-se kit comercial da marca Randox® referência
GL3815.
O princípio do método está baseado na oxidação da glicose em ácido glicurônico e
peróxido de hidrogênio pela enzima glicose-oxidase; na presença de peroxidase o peróxido de
hidrogênio, formado na reação anterior, reage com a 4-aminofenazona e com o 2,4-diclofenol,
produzindo um corante quinoneiminico de coloração rósea, cuja intensidade mantém relação
direta com a quantidade de glicose presente na amostra, sendo a leitura da coloração realizada
utilizando comprimento de onda igual a 505nm e os resultados expressos em mg/dL.
3.10 AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL
3.10.1 Determinação dos teores séricos de uréia
A determinação dos teores séricos de uréia foi realizada por meio de método cinético
enzimático, sendo a leitura da reação obtida pelo analisador bioquímico automático RX
Daytona ®
- Randox Laboratories, Reino Unido utilizando-se kit comercial da marca Randox®
referência UR3825.
A uréia da amostra é hidrolisada pela enzima urease com produção de gás carbônico e
íons amônio. Estes são captados por uma segunda enzima, a glutamato desidrogenase, a qual
em presença de outros substratos como o NADH2 e α -cetoglutarato, produz NAD e
38
glutamato. A diminuição da concentração de NADH2 pode ser medida por espectrofotometria
utilizando comprimento de onda igual a 340 nm, sendo sua diminuição proporcional à
concentração de uréia na amostra. Os resultados foram expressos em mg/dL.
3.10.2 Determinação dos teores séricos de creatinina
A determinação dos teores séricos de creatinina foi realizada por método colorimétrico
e sua intensidade de cor processada pelo Analisador Bioquímico Automático da marca RX
Daytona®
- Randox Laboratories, Reino Unido, utilizando kit comercial da marca Randox®
referência CR3814.
A reação da creatinina em solução alcalina com o picrato, origina um complexo de
cor, cuja intensidade, determinada utilizando-se comprimento de onda igual a 340nm, é
diretamente proporcional a atividade de creatinina existente na amostra, sendo os resultados
expressos em mg/dL.
3.11 DETERMINAÇÃO DOS TEORES SÉRICOS DE LACTATO
O teor sérico de lactato foi obtido por determinação enzimática, correlacionando a
ação catalítica da Lactato Oxidade que é diretamente proporcional à quantidade de lactato na
amostra. A leitura por espectrofotometria utilizando comprimento de onda igual a 340 nm, foi
realizada pelo Analisador Bioquímico Automático da marca RX Daytona®
- Randox
Laboratories, Reino Unido, utilizando kit comercial da marca Randox® referência LC3980.
Os resultados foram expressos em mg/dL.
3.12 DETERMINAÇÃO DO TEOR SÉRICO DE FERRO (FS), CAPACIDADE TOTAL
DE LIGAÇÃO DO FERRO À TRANSFERRINA (CTLF OU TIBC) E ÍNDICE DE
SATURAÇÃO DA TRANSFERRINA (IST)
A determinação dos teores séricos de ferro e capacidade total de ligação do ferro à
transferrina (CTLF) foi realizada por método colorimétrico, sendo a leitura da coloração da
39
reação obtida pelo analisador bioquímico automático RX Daytona ®
- Randox Laboratories,
Reino Unido, utilizando kit comercial da marca Randox® referência SI250. Nesta
determinação, o pH ácido do reagente tampão libera o ferro sérico que está ligado à
transferrina sob a forma férrica. Há liberação do ferro férrico que é, então, reduzido para a
forma ferrosa pela hidroxilamina. O ferro na forma ferrosa reage com o reativo
Ferene(cromógeno) formando um complexo de cor azul. A absorbância da coloração desse
complexo é lida utilizando-se comprimento de onda igual a 595 nm, sendo o resultado
proporcional à concentração sérica de ferro na amostra. A presença de tiuréia na solução
tampão suprime qualquer interferência do ferro.
Em pH alcalino os receptores não ocupados de transferrina podem ligar-se com
o ferro na forma ferrosa. A adição de ferro não ligado à transferrina neste pH, reage com o
Ferene e forma uma cor. A absorbância da coloração desse complexo ferro-Fereneé lida
utilizando-se comprimento de onda igual a 595 nm, sendo o resultado inversamente
proporcional à quantidade de receptores não ocupados. A capacidade total de ligação do ferro
a transferrina (CTLF ou TIBC) é a soma da concentração sérica de ferro e a quantidade
adicional de ferro necessária para saturar o sítio não ligado de transferrina (UIBC).
Os resultados do Ferro Sérico (FS), da Capacidade Total de Ligação do Ferro à
transferrina (CTLF)foram expressos em ug/dL.
A percentagem de saturação da transferrina foi obtida através do cálculo da
proporção entre a concentração de Fe (FS) e a Capacidade Total de Ligação do Ferro à
transferrina (CTLF) e multiplicado por 100. Seguindo a equação abaixo:
ISF = _FS_ X 100
CTLF
3.13 DETERMINAÇÃO DOS TEORES SÉRICOS DE COBRE
A determinação dos teores séricos de cobre foi realizada por método colorimétrico em
pH 4,7 no qual o cobre ligado a ceruloplasmina é liberado por uma agente redutor, em seguida
reage com o complexante 3,5-Di-Br-PAESA, formando um complexo colorido estável e sua
intensidade de cor é diretamente proporcional a concentração de cobre na amostra. A leitura
por espectrofotometria, utilizando comprimento de onda igual a 580 nm, foi realizada pelo
40
Analisador Bioquímico Automático da marca RX Daytona®
- Randox Laboratories, Reino
Unido, utilizando kit comercial da marca Randox® referência CU2340. Os resultados foram
expressos em ug/dL.
3.14 EXAME COPROPARASITOLÓGICO E COPROCULTURA
A contagem no número de ovos de nematóides gastrintestinal foi realizada pela técnica
de Gordon e Whitlock modificada utilizando solução hipersaturada de cloreto de sódio, sendo
a contagem do número de ovos por grama de fezes realizada em Câmara de Macmaster, de
acordo com as recomendações de Ueno e Gonçalves (1998). Os ovos encontrados foram
diferenciados e classificados como pertencentes à superfamília Trichostrongyloidea, aos
gêneros Strongyloides, Nematodirus e Trichuris, sendo registrados a ocorrência de ovos
pertencentes ao gênero Moniezia e oocitos do gênero Eimeria sp.
Para identificação dos parasitas, principalmente, da superfamília Trichostrongyloidea
foi realizada a coprocultura conforme a técnica de Roberts e O’Sullivan descrita por Ueno e
Gonçalves (1998).
3.15 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os valores da média aritmética e desvio padrão foram calculados utilizando o
procedimento Means do SAS versão 9.2 (SAS/STAT, SAS Institute Inc., Cary, NC).
Os testes de normalidade dos resíduos foram realizados utilizando-se o Teste Shapiro-
Wilk e para homogeneidade das variâncias utilizou-se o Guide Data Analise do SAS. Dados
que não preencheram os pressupostos para a análise de variância (distribuição normal e
homocedasticidade das variâncias) foram transformadas em conformidade e novamente
analisados.
Nas variáveis nas quais foi satisfeita a premissa de distribuição normal e a hipótese de
homocedasticidade, utilizou-se a análise de variância, GLM, para testar igualdade de médias.
Nos casos em que foi rejeitada a hipótese de igualdade de médias entre os grupos, optou-se
41
por utilizar o teste paramétrico de Duncan, com nível de 5% de significância (p0,05),
conforme recomenda Sampaio (1998).
Para as variáveis nas quais a suposição de normalidade e independência dos resíduos
não foi satisfeita, optou-se por utilizar os testes não paramétricos. O teste não paramétrico de
Mann-Whitney quando foi necessária a comparação de dois grupos experimentais e o teste
não paramétrico de Kruskal-Wallis quando foi necessária a comparação de três ou mais
grupos experimentais (SAMPAIO, 1998).
42
4 RESULTADOS
Os resultados apresentados na presente pesquisa serão em seguida documentados e
ilustrados através de gráficos e tabelas.
4.1 AVALIAÇÃO DO QUADRO ERITROCITÁRIO E DA REPERCUSSÃO DO
ESTADO ANÊMICO DECORRENTES À VERMINOSE GASTRINTESTINAL
4.1.1 Eritrograma
Nos gráficos 1 a 6 e tabela 1 foram apresentados as médias e desvios padrão do
número de hemácias, concentração de hemoglobina, hematócrito e os índices hematimétricos
absolutos de ovinos sem anemia e com três diferentes intensidades de anemia, permitindo a
caracterização de cada sub-grupo.
As médias de número de hemácias, concentração de hemoglobina e hematócrito por
grupo foram estatisticamente diferentes confirmando as diferenças da intensidade da anemia
observadas nos subgrupos.
Em termo médios, a análise dos resultados dos índices hematimétricos absolutos
permitiram caracterizar a anemia como normocítica e normocômica independente da
intensidade do processo anêmico.
Considerando-se os resultados individuais, observou-se na população de animais
sadios e não anêmicos valores de VCM maiores do que 40,0 µ em 3,8 % (3/79) e valores de
VCM menores do que 28,0 µ em 7,6 % (6/79) das ovelhas examinadas. A ocorrência de
anemia classificada como macrocítica foi igual a 7,4% (4/54) nas ovelhas com anemia leve,
14,3 % (3/21) nos animais com anemia moderada e 46,2 % (6/13) nos animais com anemia
grave. Anemia do tipo microcítico foi diagnosticada em 16,7 % (9/54) das ovelhas com
anemia leve, em 19,0% (4/21) das ovelhas com anemia moderada e em 23,1 % (3/13) das
ovelhas com anemia grave. Com relação aos valores individuais do HCM observou-se que
em 10,1 % (8/79) das ovelhas não anêmicas eram observados valores de HCM menores do
que 9,0 picogramas. A ocorrência de anemia classificada como hipocrômica foi igual a 9,3%
(5/54) nas ovelhas com anemia leve, 23,8 % (5/21) nos animais com anemia moderada e 46,2
% (6/13) nos animais com anemia grave.
43
Gráfico 1 - Número de Hemácias de ovinos distribuídos segundo a intensidade da anemia – Pirassununga - 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013) abcde - letras diferentes significam diferença estatística significante
Gráfico 2 - Concentração de Hemoglobina de ovinos distribuídos segundo a intensidade da anemia –
Pirassununga – 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
abcde - letras diferentes significam diferença estatística significante
Gráfico 3 – Hematócrito de ovinos distribuídos segundo a intensidade da anemia – Pirassununga – 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013) abcde - letras diferentes significam diferença estatística significante
3,4
5,6
7,3
8,8
10,7
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
Hem
aci
as
(x1
06/m
m3)
1,01 a
1,01 b
1,26 d
1,15 c
1,76 e
3,81
6,22
8,32
10,20
12,00
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
Hem
oglo
bin
a (g/d
L)
1,76 e
1,55 d
0,96 c
0,87 b
0,97 a
12,0
18,5
23,6
28,0
36,0
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
Hem
ató
crit
o (%
)
2,70 a
1,53 b
1,28 c
1,45 d
4,15 e
44
Gráfico 4 – VCM de ovinos distribuídos segundo o grau de anemia – Pirassununga – 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
abcde - letras diferentes significam diferença estatística significante
Gráfico 5 - HCM de ovinos distribuídos segundo o grau de anemia – Pirassununga – 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013) abcde - letras diferentes significam diferença estatística significante
Gráfico 6 - CHCM de ovinos distribuídos segundo o grau de anemia – Pirassununga – 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013) abcde - letras diferentes significam diferença estatística significante
11,8411,29 11,56 11,72
11,21
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
HC
M (p
g)
1,56 a 1,41 a1,98 a
0,88 a
3,64 a
31,4734,02
35,4236,80
33,24
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
40,00
45,00
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
CH
CM
(%
)
3,67 a2,54 b
3,14 bc
5,70 b
2,17 c
37,4
33,5 33,132,2
34,0
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
50,0
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
VC
M (µ
³)
9,12 a
5,68 a 5,33 a4,37 a
3,75 a
45
Tabela 1 - Valores médios e respectivos desvios padrão do número de hemácias, concentração de hemoglobina, hematócrito e índices hematimétricos absolutos de ovinos agrupados
em diferentes intensidades de anemia – Pirassununga – 2013
abcde letras diferentes na mesma coluna, denotam presença de diferença estatística significante: * - Teste de Duncan (p≤0,05); ** - Teste de Kruskal-
Wallis (p ≤ 0,05)
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
Animais Anêmicos Animais Sem Anemia
Anemia Intensa
Ht ≤ 15 %
Anemia Moderada
15 % < Ht ≤ 20 %
Anemia Leve
20%< Ht ≤ 25 %
25%< Ht ≤ 30 %
Ht > 30 %
Número de Amostras 13
21
54
41
38
Hemacias* (X10
6/mm
3)
3,35 ± 1,01 a
5,59 ± 1,01 b
7,29 ± 1,15 c
8,84 ± 1,26 d 10,72 ± 1,70 e
Hemoglobina*
(g/dL) 3,81 ± 0,97 a 6,22 ± 0,87 b 8,32 ± 0,96 c 10,20 ± 1,55 d 12,00 ± 1,76 e
Hematócrito*
(%) 12,00 ± 2,70
a 18,48 ± 1,53 b 23,56 ± 1,28
c 27,99 ± 1,45 d 35,96 ± 4,15
e
VCM**
(µ3)
37,44 ± 9,12 a
33,53 ± 5,68 a 33,10 ± 5,33 a
32,17 ± 4,37 a 34,01 ± 3,75 a
HCM**
(pg) 11,84 ± 3,64
a 11,29 ± 1,56 a 11,56 ± 1,41
a 11,72 ± 1,98 a 11,21 ± 0,88
a
CHCM**
(%) 31,47 ± 3,67 a 34,02 ± 2,54 b 35,42 ± 3,14 bc 36,80 ± 5,70 b 33,24 ± 2,17 c
46
Nos esfregaços sanguíneos avaliados foi observado anisocitose e hipocromia em,
respectivamente, 52,4% (41/79) e em 26,6 % (21/79) das ovelhas não anêmicas. A frequência
e a intensidade da anisocitose e hipocromia aumentou gradualmente com o aumento da
intensidade da anemia. Em animais com anemia leve observou-se anisocitose em 75,9 %
(41/54) e hipocromia em 38,9 % (21/54) das amostras de sangue examinadas. Em animais
com anemia moderada observou-se anisocitose em 85,7 % (18/21) e hipocromia em 38,1 %
(8/21) das amostras de sangue examinadas. Em animais com anemia intensa observou-se
anisocitose em 100,0 % (13/13) e hipocromia em 100,0 % (13/13) das amostras de sangue
examinadas.
Nas ovelhas sadias e não anêmicas não são observados sinais de policromasia.
Presença de corpúsculo de Howel-Jolly e eritroblastos foram achados esporadicamente nos
esfregaços sanguíneos de ovelhas anêmicas e não representaram um bom parâmetro para
afirmar se a anemia é do tipo regenerativa ou degenerativa. A presença de reticulócitos, de
ponteado basófilo e de hemácias basofílicas foi, dentre os sinais de prolicromasia, aqueles que
apresentaram significado clinico para a interpretação do eritrograma de ovinos.
A frequência de reticulócitos foi igual a 5,6 % (3/54) no grupo de animais com anemia
leve, igual a 14,3 % (3/21) no grupo de animais com anemia moderada e igual a 53,8 % (7/13)
no grupo de animais com anemia intensa.
Observou-se que no grupo de animais com anemia leve, a frequência de ponteado
basófilo foi igual a 5,6 % (3/54), nas anemias moderadas igual a 14,3% (3/21) e nas anemias
intensas igual a 30,8 % (4/13).
A frequência de hemácias basofílicas foi igual a 1,9 % (1/54) no grupo de animais com
anemia leve, igual a 9,5 % (2/21) no grupo de animais com anemia moderada e igual a 38,5 %
(5/13) no grupo de animais com anemia intensa.
4.1.2 Leucograma
A repercussão do estado anêmico sobre o leucograma foi apresentada nos gráficos 7 a
14 e tabela 2, em média observou-se normoleucocitemia com existência de linfopenia e
eosinopenia, podendo ser observado em animais com hematócrito menor do que 15 % a
ocorrência de neutrofilia sem desvio a esquerda. Observou-se linfopenia e eosinopenia
47
11808
84579082 9339
10764
0
5000
10000
15000
20000
25000
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
Leu
cóci
tos
(/m
m³)
7715 a
6409 b
3372 ab 2977 ab
3852 a
absoluta que aumentou conforme maior era a intensidade do processo anêmico e ocorria
inversão do padrão leucocitário, que passa de predominantemente linfocitário para
neutrofílico.
Essa inversão acentua-se a medida que o processo anêmico torna-se mais intenso. Nos
ovinos com hematócrito maior do que 30 %, observou-se que 26,3 % (10/38) dos animais
apresentavam quadro leucocitário predominantemente neutrofílico, enquanto nos animais com
hematócrito variando entre 25 e 30 % o percentual foi de 43,9 % (18/41). Nos animais com
anemia leve esse percentual era de 63,9 % (34/54), nos animais com anemia moderada o
percentual foi de 61,9 % (13/21), enquanto nos animais com anemia grave o padrão
leucocitário foi neutrofílico em 84,6 % (11/13) dos animais examinados.
Nos ovinos observou-se que 22,8 % (38/167) dos animais apresentava número
absoluto de eosinófilos variando entre 500 e 1.000 celulas/mm³ e 16,8 % (28/167)
apresentavam eosinofilia, ou seja, número absoluto de eosinóflos maior do que 1000 células/
mm³.
Gráfico 7 - Leucócitos de ovinos distribuídos segundo a intensidade da anemia – Pirassununga – 2013
Fonte:: (BIRGEL, D. B., 2013)
abcde - letras diferentes significam diferença estatística significante
48
Gráfico 8 - Neutrófilos bastonetes de ovinos distribuídos segundo a intensidade da anemia – Pirassununga –2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
abcde - letras diferentes significam diferença estatística significante
Gráfico 9 - Neutrófilos segmentados de ovinos distribuídos segundo a intensidade da anemia – Pirassununga -
2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
abcde - letras diferentes significam diferença estatística significante
Gráfico 10 - Neutrófilos totais de ovinos distribuídos segundo a intensidade da anemia – Pirassununga – 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
abcde - letras diferentes significam diferença estatística significante
8876
5159 51224511 4570
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
Neu
tró
filo
s S
egm
enta
dos
(/m
m³) 6972 a
2632 b
2117 b
5670 b
2109 b
10
36
63
2512
0
50
100
150
200
250
300
350
400
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
Neu
tró
filo
s B
ast
on
etes
(/m
m³)
37 a
299 a
81 a
66 a
32 a
8886
5195 51854536 4582
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
Neu
tró
filo
s T
ota
is (/
mm
³)
6960 a
5738 b
2890 b
2132 b 2112 b
49
Gráfico 11 - Linfócitos de ovinos distribuídos segundo a intensidade da anemia – Pirassununga – 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
abcde - letras diferentes significam diferença estatística significante
Gráfico 12 - Monócitos de ovinos distribuídos segundo a intensidade da anemia – Pirassununga – 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
abcde - letras diferentes significam diferença estatística significante
26132951
3303
3991
4845
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
Lin
fóci
tos
(/m
m³)
1527 a
1922 ab
1845 bc
997 a
2362 c
236
7397
121 134
0
100
200
300
400
500
600
700
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
Mo
nó
cito
s (/
mm
³)
421 a
139 a 125 a
181 a138 a
50
Gráfico 13 - Eosinófilos de ovinos distribuídos segundo a intensidade da anemia – Pirassununga – 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
abcde - letras diferentes significam diferença estatística significante
Gráfico 14 - Basófilos de ovinos distribuídos segundo a intensidade da anemia – Pirassununga – 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
abcde - letras diferentes significam diferença estatística significante
74
223
482
666
1181
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
Eo
sin
ófi
los
(/m
m³)
150 a
298 b
625 bc505 bd
1299 d
0
15 14
25 23
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
Basó
filo
s (/
mm
³)
35 a
31 a
53 a
62 a
51
Tabela 2 – Valores médios e respectivos desvios padrão do diferencial de leucócitos de ovinos distribuídos segundo a intensidade da anemia – Pirassununga - 2013
Animais Anêmicos
Animais Sem Anemia
Anemia Intensa
Ht ≤ 15 %
Anemia Moderada
15 % < Ht ≤ 20 %
Anemia Leve
20%< Ht ≤ 25 %
25%< Ht ≤ 30 %
Ht > 30 %
Leucócitos*
(/mm³)
11.808 ± 7.715 a
8.457 ± 6.409 b
9.082 ± 3.372 ab
9.339 ± 2.977 ab
10.764 ± 3.852 a
Neutrófilos
Bastonete**
(/mm³)
10 ± 37 a
36 ± 81 a
63 ± 299 a
25 ± 66 a
12 ± 32 a
Neutrófilos
Segmentado*
(/mm³)
8.876 ± 6.972 a 5.159 ± 5.670 b 5.122 ± 2.632 b
4.511 ± 2.117 b 4.570 ± 2.109 b
Total de Neutrófilos*
(/mm³)
8.886 ± 6.960 a
5.195 ± 5.738 b
5.185 ± 2.890 b
4.536 ± 2.132 b
4.582 ± 2.112 b
Linfócitos*
(/mm³)
2.613 ± 997 a
2.951 ± 1.527 a
3.303 ± 1.922 ab
3.991 ± 1.845 bc
4.845 ± 2.362 c
Monócitos*
(/mm³)
236 ± 421 a
73 ± 139 a
97 ± 125 a
121 ± 181 a
134 ± 138 a
Eosinófilos*
(/mm³)
74 ± 150 a
223 ± 298 b
482 ± 625 bc
666 ± 505 bd
1.181 ± 1.299 d
Basófilos*
(/mm³)
0 ± 0 a
15 ± 35 a
14 ± 31 a
25 ± 53 a
23 ± 62 a
abcde letras diferentes na mesma coluna, denotam presença de diferença estatística significante: * - Teste de Duncan (p≤0,05); ** - Teste de Kruskal-Wallis (p ≤ 0,05)
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
52
4.1.3 Coproparasitológico
A média e desvio padrão do número de ovos da superfamília Trichostrongyloidea por
grama de fezes foi significativamente maior em ovelhas com anemia intensa (8.567 ± 7.276
opg) e no grupo de animais com anemia moderada (4.715 ± 3.821 opg). Os resultados da opg
entre o grupo composto por animais sem anemia e grupo de animais com anemia leve
oscilaram entre 1.718 ± 3.555 e 2.438 ± 3.572 opg sem que diferenças estatísticas fosse
observadas.
Tabela 3 – Média de ovos de Trichostrongyloidea por grama de
fezes de ovinos distribuídos segundo a intensidade de
anemia – Pirassununga - 2013
Ovos de Trichostrongyloidea por
gramas de fezes (opg)*
Anemia Intensa
Ht ≤ 15 % 8567 ± 7276 a
Anemia Moderada
15 % < Ht ≤ 20 % 4712 ± 3821 b
Anemia Leve
20%< Ht ≤ 25 % 2121 ± 2203 c
Sem Anemia
25%<Ht≤30% 2438 ± 3572 c
Sem Anemia Ht>30% 1718 ± 3555 c
abcde:letras diferentes na mesma coluna, denotam presença de diferença estatística
significante: * - Teste de Duncan (p≤0,05) Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
53
4.1.4 Função Renal
A repercussão do estado anêmico na função renal não determinou diferenças
significativas comparadas a animais não anêmicos.
Apesar da média dos teores séricos de ureia não ser estatisticamente maior nas ovelhas
intensamente anêmicas, na análise individual dos resultados observa-se maior porcentagem de
animais com teores de ureia sérica acima de 60 mg/dl. Desta forma, 38,4% (5/13) das ovelhas
com anemia intensa, comparado a 14,2% (3/21) das ovelhas com anemia considerada
moderada, 9,2 % (5/54) das ovelhas com anemia leve e à 8 % (7/79) das ovelhas não
anêmicas apresentaram teores de mais de 60 mg/dl de ureia sérica.
Os teores séricos de creatinina oscilaram sem diferença estatística entre anêmicos e
não anêmicos. Nenhum animal utilizado nessa pesquisa apresentou teores séricos de mais de 2
mg/dl de creatinina, sendo valores acima de 2 mg/dl considerados indicativo de insuficiência
renal.
Os teores séricos de ureia e creatinina seguem representados nos gráficos 15 e 16 e na
tabela 4:
54
Gráfico 15 - Ureia de ovinos distribuídos segundo a intensidade da anemia – Pirassununga – 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013) abcde - letras diferentes significam diferença estatística significante
Gráfico 16 - Creatinina de ovinos distribuídos segundo a intensidade da anemia – Pirassununga – 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013) abcde - letras diferentes significam diferença estatística significante
53,10
32,30 32,9035,70
32,66
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
Uré
ia (m
g/d
l) 17,2 a19,3 a
17,7 a
28,1 a
12,1 a
0,80
0,90 0,90 0,90
1,09
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
Cre
ati
nin
a (m
g/d
l)
0,30 a 0,20 ab 0,20 b
0,30 ab
0,20 c
55
Tabela 4 – Valores médios e respectivos desvios padrão da concentração de uréia e creatinina de ovinos distribuidos segundo a intensidade da anemia – Pirassununga - 2013
abcde letras diferentes na mesma coluna, denotam presença de diferença estatística significante: * - Teste de Duncan (p≤0,05); ** - Teste de Kruskal-Wallis (p ≤ 0,05) Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
Animais Anêmicos Animais Sem Anemia
Anemia Intensa
Ht ≤ 15 %
Anemia Moderada
15 % < Ht ≤ 20 %
Anemia Leve
20%< Ht ≤ 25 %
25%< Ht ≤ 30 %
Ht > 30 %
Uréia*
(mg/dl) 53,09 ± 28,07
a 32,28 ± 17,16
a 32,92 ± 19,35
a 35,73 ± 17,73
a 32,66 ± 12,10
a
Creatinina*
(mg/dl) 0,80 ± 0,32
a 0,91 ± 0,27
ab 0,87 ± 0,18
ab 0,95 ± 0,17
b 1,09 ± 0,20
c
56
4.1.5 Função Hepática
A análise dos resultados da repercussão do estado anêmico sobre a função hepática
determinou que animais intensamente anêmicos, com valores de hematócrito abaixo de 15%,
apresentassem em média menor concentração de proteína, albumina e globulina séricas
comparadas às demais intensidades de anemia e aos não anêmicos.
Animais com anemia considerada moderada, também apresentaram em média,
significante diminuição de proteína total e albumina comparado aos não anêmicos. A relação
albumina globulina só estava diminuída nos animais intensamente anêmicos.
Os gráficos 17 a 20 e tabela 5 representam as médias e seus desvios padrão da
concentração sérica de proteína, albumina, globulina e relação albumina globulina.
Gráfico 17 – Proteína total de ovinos distribuídos segundo o grau de anemia – Pirassununga – 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013) abcde - letras diferentes significam diferença estatística significante
5
6,2
6,8 6,9 6,95
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
Pro
teín
a T
ota
l (g/d
l) 1,30 a
0,80 c 0,80 c1,10 b
0,70 c
57
Gráfico 18 – Albumina de ovinos distribuídos segundo o grau de anemia – Pirassununga – 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013) abcde - letras diferentes significam diferença estatística significante
Gráfico 19 – Globulinas de ovinos distribuídos segundo o grau de anemia – Pirassununga – 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013) abcde - letras diferentes significam diferença estatística significante
Gráfico 20 – Relação Albumina/Globulinas de ovinos distribuídos segundo o grau de anemia – Pirassununga -
2013
Fonte:: (BIRGEL, D. B., 2013) abcde - letras diferentes significam diferença estatística significante
1,80
2,30
2,702,90
3,18
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
Alb
um
ina (g/d
l)0,40 a
0,50 b0,30 c
0,30 d
0,28 e
3,10
3,904,10 4,00
3,76
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
Glo
bu
lin
as
(g/d
l) 1,00 a
1,30 b0,80 b 0,90 b
0,77 b
0,640,68 0,7
0,75
0,89
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
Rel
açã
o A
lb/G
lob
0,23 b
0,20 b
0,17 b
0,34 b
0,27 a
58
Tabela 5 – Valores médios e respectivos desvios padrão da concentração de proteína total, albumina, globulina e relação albumina/globulinas de ovinos distribuidos segundo a
intensidade da anemia – Pirassununga - 2013
abcde letras diferentes na mesma coluna, denotam presença de diferença estatística significante: * - Teste de Duncan (p≤0,05); ** - Teste de Kruskal-Wallis (p ≤ 0,05)
Animais Anêmicos Animais Sem Anemia
Anemia Intensa
Ht ≤ 15 %
Anemia Moderada
15 % < Ht ≤ 20 %
Anemia Leve
20%< Ht ≤ 25 %
25%< Ht ≤ 30 %
Ht > 30 %
Proteína Total**
(g/dl) 4,99 ± 1,34
a 6,20 ± 1,13
b 6,77 ± 0,83
c 6,90 ± 0,78
c 6,95 ± 0,70
c
Albumina**
(g/dl) 1,77 ± 0,41
a 2,30 ± 0,46
b 2,72 ± 0,30
c 2,87 ± 0,28
d 3,18 ± 0,28
e
Globulinas**
(g/dl) 3,10 ± 1,01
a 3,90 ± 1,27
b 4,06 ± 0,84
b 4,03 ± 0,88
b 3,76 ± 0,77
b
Relação Albumina /
Globulinas** 0,64 ± 0,27
a 0,68 ± 0,34
b 0,70 ± 0,17
b 0,75 ± 0,20
b 0,89 ± 0,23
b
59
Os gráficos 21 e 22 e tabela 5 representam as médias e seus desvios padrão da
atividade enzimática sérica da AST e GGT, segundo a intensidade da anemia. A concentração
enzimática da CK também é apresentada como forma de diferenciar uma provável alteração
muscular, na qual haveria aumento de AST e CK.
Ao analisar os dados abaixo se pode concluir que em média a intensidade da anemia
não provocou alterações na AST, GGT e CK, ao se analisar individualmente os resultados
pode-se afirmar que, quando a AST se elevou a valores não considerados dentro da
normalidade, a CK também se elevou, indicando dano muscular e não hepático.
Gráfico 21 – Determinação da AST a 25°C de ovinos distribuídos segundo a intensidade da anemia –
Pirassununga - 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
abcde - letras diferentes significam diferença estatística significante
Gráfico 22 – Determinação da GGT a 25°C de ovinos distribuídos segundo a intensidade da anemia –
Pirassununga - 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
abcde - letras diferentes significam diferença estatística significante
161,50189,60
104,00
74,5060,52
0,00
50,00
100,00
150,00
200,00
250,00
300,00
350,00
400,00
450,00
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
AS
T a
25
ºC (U
/L)
199,8 a
134,0 a
70,6 a
217,7 a
29,6 a
21,824,3
33,7
28,4
42,9
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
GG
T a
25
ºC (U
/L)
12,9 a 11,9 a
13 a13,1 b
48,41 ab
60
A atividade sérica da enzima CK não apresentou, em média, diferença estatística entre
as diversas intensidades da anemia, mas quando se analisa os dados individualmente temos
que 30,8% (4/13) dos animais com anemia intensa apresentaram valores para CK maiores que
200 U/L, sendo observado o mesmo fato em 23,8% (5/21) dos animais moderadamente
anêmicos, 13% (7/54) dos levemente anêmicos e em 5% (4/79) das ovelhas não anêmicas.
Gráfico 23 – Determinação da CK a 25°C de ovinos distribuídos segundo o grau de anemia – Pirassununga -
2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
abcde – letras diferentes significam diferenças estatísticas significante
Os gráficos 24 a 26 e a tabela 6 representam as médias e desvios padrão de bilirrubina
direta, indireta e total, ao analisá-los se pode concluir que não houve alteração das bilirrubinas
hepáticas conforme a intensidade do processo anêmico.
266,7 286,9
155,6
86,270,5
0,0
100,0
200,0
300,0
400,0
500,0
600,0
700,0
800,0
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
CK
a 2
5ºC
(U
/L) 317,60 a
265,90 a
91,60 a
436,20 a
44,43 a
61
Gráfico 24 – Bilirrubina indireta de ovinos distribuídos segundo a intensidade da anemia – Pirassununga - 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
abcde – letras diferentes significam diferenças estatísticas significante
Gráfico 25 – Bilirrubina direta de ovinos distribuídos segundo a intensidade da anemia – Pirassununga - 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013) abcde – letras diferentes significam diferenças estatísticas significante
Gráfico 26 – Bilirrubina total de ovinos distribuídos segundo a intensidade da anemia – Pirassununga - 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013) abcde – letras diferentes significam diferenças estatísticas significante
0,2860,254
0,213 0,203
0,259
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
0,45
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
Bil
irru
bin
a In
dir
eta (m
g/d
l)
0,128 ab
0,097 b0,103 b
0,092 ab0,065 a
0,034 0,034
0,028
0,045
0,016
0
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
0,08
0,09
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
Bil
irru
bin
a D
iret
a (m
g/d
l)
0,043 ab
0,029 ab
0,039 a
0,03 ab
0,018 b
0,3090,287
0,24 0,246
0,276
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
0,45
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
Bil
irru
bin
a T
ota
l (m
g/d
l)
0,062 a
0,095 b 0,078 b
0,095 ab0,128 ab
0,3090,287
0,24 0,246
0,276
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
0,45
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
Bil
irru
bin
a T
ota
l (m
g/d
l)
0,062 a
0,095 b 0,078 b
0,095 ab0,128 ab
62
Tabela 5 – Valores médios e respectivos desvios padrão da atividade sérica das enzimas AST, GGT e CK e da concentração de bilirrubina indireta, direta e total de ovinos distribuidos
segundo a intensidade da anemia – Pirassununga - 2013
abcde letras diferentes na mesma coluna, denotam presença de diferença estatística significante: * - Teste de Duncan (p≤0,05); ** - Teste de Kruskal-Wallis (p ≤ 0,05)
Animais Anêmicos Animais Sem Anemia
Anemia Intensa
Ht ≤ 15 %
Anemia Moderada
15 % < Ht ≤ 20 %
Anemia Leve
20%< Ht ≤ 25 %
25%< Ht ≤ 30 %
Ht > 30 %
AST a 25ºC**
(U/L) 161,48 ± 199,81
a 189,64 ± 217,69
a 103,99 ± 133,99
a 74,45 ± 70,64
a 60,52 ± 29,60
a
GGT a 25ºC**
(U/L) 21,78 ± 12,88
a 24,31 ± 11,88
a 33,73 ± 13,05
b 28,44 ± 12,99
a 42,90 ± 48,41
a
b
CK a 25ºC**
(U/L) 266,69 ± 317,64
a 286,90 ± 436,24
a 155,56 ± 265,95
a 86,25 ± 91,61
a 70,53 ± 44,43
a
Bilirrubina Indireta*
(mg/dl) 0,286 ± 0,065
a 0,254 ± 0,092
ab 0,213 ± 0,103
b 0,203 ± 0,097
b 0,259 ± 0,128
a
b
Bilirrubina Direta**
(mg/dl) 0,034 ± 0,043
ab 0,034 ± 0,030
ab 0,028 ± 0,029
ab 0,045 ± 0,039
a 0,016 ± 0,018
b
Bilirrubina Total*
(mg/dl) 0,309 ± 0,062
a 0,287 ± 0,095
ab 0,240 ± 0,095
b 0,246 ± 0,078
b 0,276 ± 0,128
a
b
63
4.1.6 Lipidograma
Os gráficos 27 a 31 e tabela 6 representam a concentração de colesterol, triglicérides,
NEFA (ácidos graxos não esterificado), beta-hidroxibutirato e glicose de ovinos distribuídos
conforme a intensidade da anemia e ovinos não anêmicos.
Ao analisar os resultados se pode concluir que apenas os valores médios do colesterol
eram menores nos grupos com anemia intensa e moderada, comparado aos animais com leve
anemia e aos não anêmicos. A glicemia dos animais com verminose gastrintestinal diminuiu
com o aumento da intensidade da anemia, porém no grupo com anemia intensa observou-se
hiperglicemia. Em de três dos 13 animais apresentavam glicemia maior do que 100 mg/dL
Gráfico 27 – Colesterol de ovinos distribuídos segundo a intensidade da anemia – Pirassununga - 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
abcde – letras diferentes significam diferenças estatísticas significante
Gráfico 28 – Triglicérides de ovinos distribuídos segundo a intensidade da anemia – Pirassununga – 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
abcde – letras diferentes significam diferenças estatísticas significante
23,5024,40
25,80
30,20
24,56
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
40,00
45,00
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
Tri
glic
érid
es (
mg/d
l)
17,60 a
11,00 a 9,10 a
10,50 a
8,45 a
38,10
48,00
58,6061,90
68,19
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
100,00
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
Co
lest
ero
l (m
g/d
l)
19,20 a13,40 b
15,40 c
18,00 c
18,78 c
64
Gráfico 29 – NEFA de ovinos distribuídos segundo a intensidade da anemia – Pirassununga - 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013) abcde – letras diferentes significam diferenças estatísticas significante
Gráfico 30 – Beta-Hidroxibutirato de ovinos distribuídos segundo a intensidade da anemia – Pirassununga - 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
abcde – letras diferentes significam diferenças estatísticas significante
Gráfico 31 – Glicose de ovinos distribuídos segundo a intensidade da anemia – Pirassununga - 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
abcde – letras diferentes significam diferenças estatísticas significante
175,2155,5
110,9
159,2
217,26
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
NE
FA
(u
Mo
l/L
) 133,2 ab
92,6 b
137,5 ab139,4 b
171,42 a
2,803,00
2,50
2,90
2,57
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
Bet
a-H
idro
xib
uti
rato
(m
g/d
l) 1,10 a
0,90 a
1,00 a0,90 a 1,32 a
80,6
61,264,5
73,1 74,18
0
20
40
60
80
100
120
140
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
Gli
cose
(m
g/d
l)
35,4 a
14,1 ab
20,3 a
24,1 b 15,04 a
65
Tabela 6 – Valores médios e respectivos desvios padrão da concentração de colesterol, triglicérides, NEFA, Beta hidroxibutirato e glicose de ovinos distribuidos segundo a intensidade
da anemia – Pirassununga - 2013
abcde letras diferentes na mesma coluna, denotam presença de diferença estatística significante: * - Teste de Duncan (p≤0,05); ** - Teste de Kruskal-Wallis (p ≤ 0,05)
Animais Anêmicos Animais Sem Anemia
Anemia Intensa
Ht ≤ 15 %
Anemia Moderada
15 % < Ht ≤ 20 %
Anemia Leve
20%< Ht ≤ 25 %
25%< Ht ≤ 30 %
Ht > 30 %
Colesterol*
(mg/dl) 38,06 ± 19,15
a 47,98 ± 13,36
b 58,55 ± 15,43
c ± 61,93 ± 18,03
c 68,19 ± 18,78
c
Triglicérides**
(mg/dl) 23,54 ± 17,57 a 24,40 ± 11,03 ab 25,80 ± 9,06 b ± 30,17 ± 10,50 b 24,56 ± 8,45 b
Ácidos Graxos Não
Esterificado*
(uMol/L)
175,18 ± 133,19 ab 155,50 ± 139,39 b 110,86 ± 92,58 b ± 159,20 ± 137,47 ab 217,26 ± 171,42 a
Beta-Hidroxibutirato*
(mg/dl) 2,82 ± 1,10
a 3,00 ± 0,89
a 2,53 ± 0,91
a ± 2,85 ± 0,99
a 2,57 ± 1,32
a
Glicose*
(mg/dl) 80,59 ± 35,37
a 61,15 ± 24,07
b 64,49 ± 14,08
ab ± 73,14 ± 20,31
a 74,18 ± 15,04
a
66
4.1.7 Determinação da concentração de lactato sérico, ferro sérico (FS), capacidade total
de ligação do ferro (TIBC), índice de saturação da transferrina (IST) e cobre sérico
O gráfico 32 e a tabela 7 representam as médias da concentração sérica de lactato, ao
analisá-las se pode concluir notar que a concentração de lactato variou sem se relacionar com
a intensidade da anemia.
Gráfico 32 – Lactato de ovinos distribuídos segundo a intensidade da anemia – Pirassununga - 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013) abcd - letras diferentes significam diferença estatística significante
Os gráficos 33 a 35 e tabela 7 representam as médias e seus desvios padrão da
concentração sérica de ferro (FS), capacidade total de ligação do ferro à transferrina (TIBC) e
índice de saturação da transferrina (IST) segundo a intensidade da anemia.
A média da concentração sérica de ferro foi menor em animais intensamente anêmicos
e moderadamente anêmicos. Ao analisar individualmente os resultados observou-se que
46,1% (6/13) das ovelhas intensamente anêmicas apresentaram concentração sérica de ferro
menor do que 100 ug/dl, enquanto que o mesmo foi observado em 47,6% (10/21) das ovelhas
com anemia moderada, 20,4% (11/54) das ovelhas com anemia leve e 19% (15/79) das
ovelhas sem anemia. A ausência de diferença estatística para as médias de TIBC entre as
diversas intensidades de anemia e os animais sem anemia indicam que não houve diferença na
concentração de transferrina entre animais anêmicos e não anêmicos. Ao analisar o IST
conclui-se que as médias estatisticamente menores deste índice, dos animais intensamente
anêmicos e moderadamente anêmicos, confirmam deficiência primária de ferro nos animais
mais anêmicos, nos quais a transferrina apresentou maior número de sítios sem ligação.
54,8
26,5
33,4
41,3
68,01
0
20
40
60
80
100
120
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
Lact
ato
(m
g/d
l)
26,4 d 21,9 cd
30,2 bc
42,2 ab35,11 a
67
Gráfico 33 – Ferro de ovinos distribuídos segundo a intensidade da anemia – Pirassununga - 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
abcde - letras diferentes significam diferença estatística significante
Gráfico 34 – TIBC de ovinos distribuídos segundo intensidade da anemia – Pirassununga - 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
abcde - letras diferentes significam diferença estatística significante
Gráfico 35 – IST de ovinos distribuídos segundo a intensidade da anemia – Pirassununga – 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
abcde - letras diferentes significam diferença estatística significante
104,4 103,6
139,6 137,3
170,19
0
50
100
150
200
250
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
Fer
ro (u
g/d
l)
74,6 a
46,4 a
53,8 ab58,1 b
52,49 b
257,5269,1 266,6
279,0291,9
0,0
50,0
100,0
150,0
200,0
250,0
300,0
350,0
400,0
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
TIB
C (u
g/d
l)
39,3 a
58,5 ab 50,3 ab49,6 ab51,65 b
39,1 39,6
52,0 49,4
60,0
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
IST
(%
)
27,1 a18,2 b
17,6 ab
18,2 a
15,79 b
68
O gráfico 36 e tabela 7 representam a média e desvio padrão da concentração sérica de
cobre, ao analisá-los se pode inferir que não houve variação significativa com relação as
diversas intensidades da anemia.
Gráfico 36 – Cobre de ovinos distribuídos segundo a intensidade da anemia – Pirassununga - 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
abcde - letras diferentes significam diferença estatística significante
63,0
76,6
84,4
75,8
90,5
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
140,0
Anemia
Intensa
Anemia
Moderada
Anemia
Leve
Sem
Anemia
25%<Ht≤30%
Sem
Anemia
Ht>30%
Co
bre
(u
g/d
l)
27,9 ab25,3 b
24,7 ab
29,7 a
29,19 b
69
Tabela 7 – Valores médios e respectivos desvios padrão da concentração de lactato, ferro sérico (FS), capacidade total de ligação do ferro à transferrina (TIBC), índice de saturação da
transferrina (IST) e cobre sérico de ovinos distribuidos segundo a intensidade da anemia – Pirassununga - 2013
abcde letras diferentes na mesma coluna, denotam presença de diferença estatística significante: * - Teste de Duncan (p≤0,05); ** - Teste de Kruskal-Wallis (p ≤ 0,0)
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
Animais Anêmicos Animais Sem Anemia
Anemia Intensa
Ht ≤ 15 %
Anemia Moderada
15 % < Ht ≤ 20 %
Anemia Leve
20%< Ht ≤ 25 %
25%< Ht ≤ 30 %
Ht > 30 %
Lactato**
(mg/dl) 54,82 ± 42,23
ab 26,54 ± 26,39
d 33,36 ± 21,88
cd 41,28 ± 30,16
bc 68,01 ± 35,11
a
Ferro*
(ug/dl) 104,41 ± 74,58
a 103,62 ± 46,37
a 139,63 ± 58,10
b 137,30 ± 53,80
ab 170,19 ± 52,49
b
TIBC*
(ug/dl) 257,51 ± 39,30
a 269,10 ± 49,60
ab 266,63 ± 58,48
ab 279,01 ± 50,34
ab 291,85 ± 51,65
b
IST*
(ug/dl) 39,10 ± 27,05
a 39,61 ± 18,22
a 51,96 ± 18,21
b 49,37 ± 17,63
ab 59,96 ± 15,79
b
Cobre**
(ug/dl) 62,96 ± 29,75
a 76,62 ± 27,92
ab 84,39 ± 25,29
b 75,83 ± 24,65
ab 90,45 ± 29,19
b
70
4.2 AVALIAÇÃO DO QUADRO ERITROCITÁRIO E DA REPERCUSSÃO DO
ESTADO ANÊMICO DECORRENTE À PERDA SANGUÍNEA AGUDA E
CRÔNICA NO LEUCOGRAMA, METABOLISMO DE FERRO E EQUILÍBRIO
ÁCIDO- BÁSICO
As tabelas 8 a 10 representam as médias e seus desvios padrão dos componentes do
eritrograma e leucograma de ovelhas submetidas à perda aguda de sangue.
A retirada do sangue em menos de 12 horas até valores de hematócrito por volta de
15%, representou em média 4,63g/dl de hemoglobina e 4,65 x 106
hemácias por mm3.
Os
valores de hemácia, hemoglobina e hematócrito começaram a aumentar a partir de 5 dias após
a sangria, neste momento a média do VCM encontra-se significativamente maior indicando
macrocitose. A média do VCM continua elevada até 21 dias, após esse momento retorna a
valores semelhantes ao antes da sangria.
As médias de HCM e VCM não sofreram variações, permitindo concluir que o
processo anêmico em todos os momentos foi normocrômico. A média de RDW (red cell
distribution width – grau de anisocitose das hemácias), no décimo dia após sangria, aumentou
significantemente, mas esse fato não perdurou a partir do 15º dia após sangria, voltando
assumir médias estatisticamente iguais a antes da sangria.
As médias dos valores de hemácias, hemoglobina e hematócrito passaram a estar
dentro dos valores de referência para a espécie a partir do 21° dia após sangria, mas se pode
notar que até o 60º dia após sangria, as referidas médias não eram estatisticamente iguais à
antes da sangria.
Na análise dos esfregaços sanguíneos nos diversos momentos da recuperação da perda
sanguínea aguda, pode-se observar que sinais de eritroregeneração apareceram rapidamente,
pois em amostras colhidas imediatamente após o término do processo de sangria já era
possível detectar a presença de reticulócitos. Imediatamente após a sangria observou-se
presença de reticulócitos em 22,2 % (2/9) das amostras de sangue examinadas, indicando
existir resposta medular dentro de 12 horas nas quais 50% do sangue corpóreo foi retirado. O
número de animais com reticulócitos no sangue aumentou gradualmente, até que nas amostras
colhidas 48 horas após a sangria o percentual foi igual a 100,0% (9/9). Essa situação
permaneceu até o 7º dia após a sangria. A partir desse momento o número de animais que
apresentavam reticulócitos circulantes começou a diminuir, sendo que nas amostras colhidas
71
com 30 dias após a sangria, não era possível encontrar nenhum animal com reticulócitos
circulantes. Resposta semelhante foi observada com relação à presença de ponteado basófilico
e hemácias basofílicas.
Ao se analisar o quadro leucocitário imediatamente após a sangria pode-se constatar
ligeira neutrofilia sem devio a esquerda, não mais encontrada 12 horas após a sangria.
Juntamente com a neutrofilia, sem aumento do número total de leucócitos, houve inversão do
padrão leucocitário para neutrofílico e isso perdurou até o 5° dia após a sangria. No sétimo dia
as médias do número absoluto de linfócitos eram maiores do que de neutrófilos. Em nenhum
momento da recuperação após sangria houve aumento do número total de leucócitos.
Os 9 animais que sofreram perda aguda de sangue apresentaram apatia imediatamente
após a retirada do sangue, mas esse comportamento não mais existiu nos próximos momentos,
sendo que durante os 60 dias de recuperação não houve diminuição do apetite e não houve
modificação do score de condição corporal.
As médias dos teores séricos de ferro, de cobre, da capacidade total de ligação do ferro
à transferrina (TIBC) e do índice de saturação da transferrina (IST), retratados na tabela 11,
não apresentaram variações significativas nos momentos de recuperação da anemia por perda
aguda de sangue.
O processo anêmico agudo não determinou modificações no pH sanguíneo e no
equilíbrio acido-básico. As variações observadas na pO2 e na pCO2 não foram
estatisticamente significantes e o lactato não aumentou, indicando que não houve hipóxia
tecidual. Independentemente da intensidade da anemia, os animais foram capazes de
minimizar ou prevenir os efeitos da hipóxia por meio do aumento da sua frequência cardíaca.
As médias de pH, pO2, pCO2 e bicarbonato nos momentos de recuperação da perda
sanguínea crônica estão retratadas nas tabelas 12 e 13, sendo as médias de frequência
cardíaca, respiratória e da concentração de lactato, na tabela 14.
72
Tabela 8 - Eritrograma de ovelhas meio sangue Santa Inês submetidas à sangria aguda para acompanhamento da recuperação da crase sanguínea decorrente a processos anêmicos
agudos – Pirassununga - 2013
abcde letras diferentes na mesma coluna, denotam presença de diferença estatística significante: * - Teste de Duncan (p≤0,05); ** - Teste de Kruskal-Wallis (p ≤ 0,05)
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
Hemacias**
(X106/mm
3)
Hemoglobina**
(g/dL)
Hematócrito**
(%)
VCM*
(µ3)
HCM**
(pg)
CHCM**
(%)
RDW*
%
Antes
da Sangria 11,46 ± 2,09
a
12,25 ± 2,20 a
35,65 ± 6,07 a
31,23 ± 1,90 ab
10,66 ± 0,83 bcde
34,31 ± 1,60 abc
17,63 ± 0,69 ab
c
Imediatamente
após a sangria 4,65 ± 0,35
b
4,63 ± 0,33
b
14,28 ± 1,16
b
30,84 ± 1,99
b
9,92 ± 0,53
e
32,42 ± 1,40
e
17,01 ± 0,74
a
12 horas
após a sangria 4,83 ± 0,69
b
5,01 ± 0,64 bc
15,06 ± 1,96 b
31,31 ± 1,90 ab
10,38 ± 0,84 de
33,39 ± 1,80 bcde
17,21 ± 0,79 a
24 horas
após a sangria 4,32 ± 0,55
b
4,40 ± 0,61
b
13,39 ± 1,66
b
31,17 ± 2,14
ab
10,13 ± 0,84
e
32,76 ± 1,68
de
17,18 ± 0,95
a
48 horas
após a sangria 4,85 ± 0,89
b
5,12 ± 0,97 bcd
15,56 ± 3,16 bc
32,21 ± 3,09 abc
10,53 ± 0,98 cde
32,99 ± 2,11 cde
17,01 ± 0,99 a
3 dias
após a sangria 4,89 ± 0,56
b
5,25 ± 0,71
bcd
16,22 ± 2,28
bc
33,32 ± 4,21
abcde
10,73 ± 1,22
bcde
32,39 ± 1,70
e
17,19 ± 0,91
a
5 dias
após a sangria 5,34 ± 0,82
bc
6,07 ± 1,00 cde
18,77 ± 2,92 cd
35,43 ± 4,30 def
11,35 ± 1,23 abc
32,29 ± 1,65 e
17,39 ± 0,95 ac
7 dias
após a sangria 5,44 ± 0,45
bc
6,27 ± 0,77
de
19,58 ± 2,66
d
36,15 ± 4,25
ef
11,50 ± 1,25
ab
32,03 ± 1,07
e
18,31 ± 2,17
ab
c
10 dias
após a sangria 6,07 ± 0,59
cd
7,12 ± 0,94 ef
21,89 ± 2,86 de
36,34 ± 4,13 f
11,71 ± 1,23 a
32,41 ± 0,90 e
20,23 ± 2,72 d
15 dias
após a sangria 6,89 ± 0,92
de
7,93 ± 1,34
f
24,53 ± 4,07
ef
35,69 ± 2,96
def
11,43 ± 0,92
abc
32,30 ± 1,01
e
19,15 ± 1,51
bd
21 dias
após a sangria 7,33 ± 0,54
ef
8,23 ± 0,81 f
25,35 ± 2,47 f
34,70 ± 2,29 cdef
11,20 ± 0,68 abcd
32,44 ± 0,98 abcd
18,98 ± 1,72 bd
30 dias
após a sangria 8,27 ± 1,88
f
9,92 ± 1,87
g
29,07 ± 4,90
g
34,00 ± 1,95
acdef
11,52 ± 0,77
ab
34,08 ± 1,43
e
18,59 ± 1,84
ab
c
45 dias
após a sangria 9,63 ± 1,63
g
10,93 ± 1,67 gh
31,40 ± 4,56 g
32,82 ± 1,92 abcd
11,34 ± 0,69 abc
34,73 ± 0,74 b
18,83 ± 1,74 bc
d
60 dias
após a sangria 10,03 ± 1,57
g
11,15 ± 1,64
g
31,74 ± 4,49
g
31,84 ± 1,78
abc
11,10 ± 0,46
abcd
35,06 ± 1,28
a
19,14 ± 1,99
bd
73
Tabela 9 - Leucograma de ovelhas meio sangue Santa Inês submetidas à sangria aguda para acompanhamento da recuperação da crase sanguínea decorrente a processos anêmicos
agudos – Pirassununga - 2013
Leucócitos*
(/mm³) Neutrófilos*
(/mm³) Eosinófilos**
(/mm³) Basófilos**
(/mm³) Linfócitos*
(/mm³) Monócitos**
(/mm³)
Antes
da Sangria 7.711 ± 3.550 a 3.173 ± 991 abc 459 ± 345 ab 5 ± 16 a 3.933 ± 2.667 a 140 ± 170 ab
Imediatamente
após a sangria 9.290 ± 2.234 a 6.159 ± 1.845 d 91 ± 156 c 0 ± 0 a 2.882 ± 1.423 a 153 ± 141 ab
12 horas
após a sangria 8.400 ± 2.829 a 4.851 ± 2.065 bd 216 ± 212 bc 0 ± 0 a 3.214 ± 1.288 a 120 ± 126 ab
24 horas
após a sangria 8.420 ± 2.959 a 4.894 ± 2.015 bd 219 ± 252 bc 8 ± 26 a 3.158 ± 1.752 a 141 ± 138 ab
48 horas
após a sangria 8.130 ± 2.176 a 4.147 ± 1.446 bcd 309 ± 315 abc 8 ± 27 a 3.354 ± 1.122 a 307 ± 230 bc
3 dias
após a sangria 7.740 ± 3.084 a 4.010 ± 1.595 bc 309 ± 352 abc 19 ± 39 a 3.065 ± 1.652 a 353 ± 275 c
5 dias
após a sangria 7.810 ± 2.501 a 3.863 ± 1.370 bc 300 ± 272 abc 6 ± 19 a 3.389 ± 1.794 a 252 ± 111 abc
7 dias
após a sangria 6.950 ± 3.131 a 3.078 ± 807 abc 191 ± 165 bc 16 ± 50 a 3.423 ± 2.349 a 242 ± 198 abc
10 dias
após a sangria 6.640 ± 4.147 a 2.934 ± 1.825 ac 191 ± 152 bc 10 ± 21 a 3.372 ± 2.471 a 134 ± 141 ab
15 dias
após a sangria 6.250 ± 4.511 a 2.402 ± 1.953 a 254 ± 179 bc 11 ± 23 a 3.411 ± 2.302 a 172 ± 271 ab
21 dias
após a sangria 6.510 ± 4.595 a 3.053 ± 2.322 ac 141 ± 163 bc 34 ± 75 a 3.177 ± 2.532 a 112 ± 106 a
30 dias
após a sangria 7.720 ± 5.138 a 3.091 ± 2.028 ac 468 ± 420 ab 3 ± 10 a 4.086 ± 2.854 a 72 ± 89 a
45 dias
após a sangria 8.440 ± 4.313 a 3.383 ± 1.259 abc 639 ± 874 a 0 ± 0 a 4.245 ± 2.929 a 174 ± 191 ab
60 dias
após a sangria 7.130 ± 2.762 a 3.146 ± 818 abc 281 ± 186 bc 0 ± 0 a 3.538 ± 2.056 a 165 ± 169 ab
abcde letras diferentes na mesma coluna, denotam presença de diferença estatística significante: * - Teste de Duncan (p≤0,05); ** - Teste de Kruskal-Wallis (p ≤ 0,05)
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
74
Tabela 10 - Leucograma de ovelhas meio sangue Santa Inês submetidas à sangria aguda para acompanhamento da recuperação da crase sanguínea
decorrente a processos anêmicos agudos – Pirassununga - 2013
abcde letras diferentes na mesma coluna, denotam presença de diferença estatística significante: * - Teste de Duncan (p≤0,05); ** - Teste de Kruskal-Wallis (p ≤ 0,05)
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
Neutrófilos Bastonetes**
(/mm³) Neutrófilos Segmentados*
(/mm³) Neutrófilos Totais*
(/mm³)
Antes
da Sangria 7 ± 21 a 3.167 ± 994 abc 3.173 ± 991 abc
Imediatamente
após a sangria 35 ± 78 ab 6.124 ± 1.821 d 6.159 ± 1.845 d
12 horas
após a sangria 32 ± 52 ab 4.819 ± 2.031 bd 4.851 ± 2.065 bd
24 horas
após a sangria 35 ± 58 ab 4.859 ± 2.028 bd 4.894 ± 2.015 bd
48 horas
após a sangria 24 ± 43 ab 4.123 ± 1.426 bcd 4.147 ± 1.446 bcd
3 dias
após a sangria 76 ± 63 b 3.934 ± 1.601 bc 4.010 ± 1.595 bc
5 dias
após a sangria 77 ± 82 b 3.786 ± 1.308 bc 3.863 ± 1.370 bc
7 dias
após a sangria 72 ± 71 b 3.006 ± 812 abc 3.078 ± 807 abc
10 dias
após a sangria 21 ± 45 ab 2.912 ± 1.832 ac 2.934 ± 1.825 ac
15 dias
após a sangria 0 ± 0 a 2.402 ± 1.953 a 2.402 ± 1.953 a
21 dias
após a sangria 32 ± 71 ab 3.021 ± 2.291 ac 3.053 ± 2.322 ac
30 dias
após a sangria 16 ± 28 a 3.075 ± 2.037 ac 3.091 ± 2.028 ac
45 dias
após a sangria 23 ± 49 ab 3.360 ± 1.260 abc 3.383 ± 1.259 abc
60 dias
após a sangria 0 ± 0 a 3146 ± 818 abc 3.146 ± 818 abc
75
Tabela 11 - Concentração sérica de ferro, capacidade total de ligação do ferro (TIBC), índice de saturação da transferrina (IST) e concentração
sérica de cobre de ovelhas mestiças meio sangue Santa Inês submetidas a sangria aguda para acompanhamento da recuperação da crase
sanguínea decorrente a processos anêmicos agudos – Pirassununga - 2013
Ferro
(µg/dL)
Capacidade Total de
Ligação Ferro
(µg/dL)
IST
(%) Cobre
(µg/dL)
Antes
da Sangria 156,70 ± 34,00 a 295,10 ± 44,05 bcd 53,12 ± 9,36 ab 108,54 ± 23,57 abcd
Imediatamente
após a sangria 120,40 ± 43,03 a 224,90 ± 34,37 e 53,16 ± 16,01 ab 86,15 ± 19,42 ef
12 horas
após a sangria 158,88 ± 47,68 a 253,58 ± 34,22 de 61,63 ± 12,65 a 90,95 ± 15,84 def
24 horas
após a sangria 132,75 ± 47,06 a 269,15 ± 31,85 cd 48,69 ± 14,56 abc 107,32 ± 27,50 abcde
48 horas
após a sangria 132,61 ± 56,63 a 315,51 ± 48,54 abc 41,59 ± 15,32 bc 115,97 ± 16,48 abc
3 dias
após a sangria 112,47 ± 34,60 a 299,87 ± 49,75 bc 37,58 ± 9,76 c 127,57 ± 22,28 ab
5 dias
após a sangria 134,80 ± 69,61 a 302,10 ± 55,81 bc 43,19 ± 16,91 bc 124,38 ± 20,36 ab
7 dias
após a sangria 145,85 ± 85,74 a 337,85 ± 55,42 ab 41,97 ± 18,43 bc 124,87 ± 20,20 ab
10 dias
após a sangria 163,28 ± 93,31 a 366,38 ± 52,07 a 42,85 ± 18,77 bc 129,11 ± 20,95 a
15 dias
após a sangria 146,51 ± 80,41 a 305,81 ± 66,72 bc 45,82 ± 17,46 bc 105,72 ± 23,17 bcdef
21 dias
após a sangria 174,84 ± 79,67 a 314,74 ± 64,53 abc 54,23 ± 15,76 ab 100,98 ± 23,10 cdef
30 dias
após a sangria 146,10 ± 72,61 a 320,40 ± 65,60 abc 44,24 ± 15,76 bc 91,42 ± 27,88 def
45 dias
após a sangria 128,57 ± 28,96 a 310,97 ± 27,10 abc 41,13 ± 7,37 bc 83,95 ± 13,32 f
60 dias
após a sangria 121,12 ± 17,25 a 290,42 ± 55,32 bcd 42,73 ± 7,99 bc 90,30 ± 24,34 def
abcde letras diferentes na mesma coluna, denotam presença de diferença estatística significante: * - Teste de Duncan (p≤0,05); ** - Teste de Kruskal-Wallis (p ≤ 0,05)
76
Tabela 12 - Hemogasometria de sangue venoso de ovelhas mestiças meio sangue Santa Inês submetidas a sangria aguda para
acompanhamento da recuperação da crase sanguínea decorrente a processos anêmicos agudos – Pirassununga - 2013
ph*
pCO2*
pO2*
BE**
HCO3*
Antes
da Sangria 7,41 ± 0,04
a
41,00 ± 4,06 a
39,44 ± 6,69 abcd
1,88 ± 2,36 a
26,02 ± 2,08 a
Imediatamente
após a sangria 7,43 ± 0,04
a
41,11 ± 5,48 a
33,88 ± 5,32 a
1,87 ± 3,27 a
25,93 ± 2.96 a
12 horas
após a sangria 7,44 ± 0,05
a
39.11 ± 2,31 a
34,22 ± 5,93 a
1,87 ± 3,27 a
26,88 ± 3,75 a
24 horas
após a sangria 7,45 ± 0,03
a
37,88 ± 2,31 a
37,11 ± 5,44 ab
2,88 ± 3,37 a
26,33 ± 2,95 a
48 horas
após a sangria 7,42 ± 0,04
a
36,44 ± 3,35 a
34,66 ± 4,47 ab
-0.33 ± 3,60 a
23,66 ± 3,06 a
3 dias
após a sangria 7,40 ± 0,03
a
38,88 ± 4,98 a
36,33 ± 4,82 ab
-0,44 ± 2,12 a
23,88 ± 2,12 a
5 dias
após a sangria 7,42 ± 0,04
a
38,55 ± 2,83 a
36,11 ± 6,33 ab
0,55 ± 2,29 a
24,16 ± 1,79 a
7 dias
após a sangria 7,41 ± 0,03
a
39,77 ± 2,72 a
35,66 ± 5,36 ab
1,00 ± 2,17 a
25,05 ± 1,88 a
10 dias
após a sangria 7,42 ± 0,01
a
38,55 ± 2,12 a
37,88 ± 2,57 abc
1,22 ± 1,20 a
25,14 ± 1,05 a
15 dias
após a sangria 7,41 ± 0,04
a
38,66 ± 3,64 a
41,00 ± 8,32 bcde
0,00 ± 1,87 a
24,05 ± 1,35 a
21 dias
após a sangria 7,40 ± 0,01
a
38,22 ± 3,76 a
43,44 ± 7,85 cde
-0,66 ± 1,65 a
23,65 ± 1,77 a
30 dias
após a sangria 7,42 ± 0,05
a
37,44 ± 4,30 a
46,88 ± 7,54 e
0,44 ± 2,69 a
24,25 ± 2,22 a
45 dias
após a sangria 7,41 ± 0,05
a
39,11 ± 3,85 a
43,44 ± 7,26 de
0,44 ± 4,21 a
24,62 ± 3,56 a
60 dias
após a sangria 7,41 ± 0,04
a
39,00 ± 4,61 a
46,28 ± 8,47 de
0,57 ± 1,51 a
24,70 ± 1,34 a
abcde - letras diferentes na mesma coluna, denotam presença de diferença estatística significante: * - Teste de Duncan (p≤0,05); ** - Teste de Kruskal-Wallis
(p ≤ 0,05) Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
77
Tabela 13 - Hemogasometria de sangue arterial de ovelhas mestiças meio sangue Santa Inês submetidas a sangria aguda para acompanhamento
da recuperação da crase sanguínea decorrente a processos anêmicos agudos – Pirassununga - 2013
ph*
pCO2*
pO2*
BE*
HCO3*
Antes
da Sangria 7,47 ± 0,02
a
33,80 ± 3,30 a
91,80 ± 19,20 a
1,22 ± 3,15 a
24,40 ± 2,80 a
Imediatamente
após a sangria 7,52 ± 0,05
a
33,44 ± 2,88 a
101,5 ± 19,00 a
5,22 ± 4,94 bc
27,50 ± 4,20 a
12 horas
após a sangria 7,51 ± 0,06
a
32.55 ± 2,22 a
109,70 ± 15,70 a
4,11 ± 3,10 abc
25,80 ± 3,00 a
24 horas
após a sangria 7,52 ± 0,05
a
32,60 ± 3,00 a
102,20 ± 12,70 a
4,66 ± 3,50 c
26,80 ± 2,80 a
48 horas
após a sangria 7,47 ± 0,06
a
32,08 ± 3,02 a
102,90 ± 12,20 a
0,55 ± 4,79 ab
23,50 ± 3,70 a
3 dias
após a sangria 7,50 ± 0,05
a
31,01 ± 2,24 a
117,00 ± 24,00 a
1,11 ± 3,05 abc
23,90 ± 2,10 a
5 dias
após a sangria 7,47 ± 0,04
a
33,55 ± 2,22 a
89,20 ± 23,30 a
1,66 ± 2,87 a
24,50 ± 2,10 a
7 dias
após a sangria 7,48 ± 0,03
a
32,60 ± 3,70 a
92,00 ± 7,90 a
2,33 ± 2,87 abc
25,20 ± 2,30 a
10 dias
após a sangria 7,46 ± 0,02
a
35,3 ± 2,40 a
92,20 ± 10,10 a
2,00 ± 1,50 a
25,20 ± 1,30 a
15 dias
após a sangria 7,48 ± 0,08
a
32,20 ± 4,30 a
102,70 ± 24,00 a
0,25 ± 1,83 a
24,00 ± 2,20 a
21 dias
após a sangria 7,46 ± 0,04
a
32,70 ± 3,30 a
94,50 ± 11,30 a -
0.11 ± 1,45
a
23,20 ± 1,20 a
30 dias
após a sangria 7,47 ± 0,05
a
33,20 ± 3,80 a
94,00 ± 15,00 a
1,00 ± 2,78 a
24,00 ± 2,30 a
45 dias
após a sangria 7,46 ± 0,06
a
33,30 ± 3,70 a
95,50 ± 13,10 a
0,55 ± 4,63 a
23,90 ± 3,90 a
60 dias
após a sangria 7,46 ± 0,02
a
33,50 ± 2,60 a
88,80 ± 6,70 a
0,77 ± 2,22 a
24,00 ± 1,90 a
abcde - letras diferentes na mesma coluna, denotam presença de diferença estatística significante: * - Teste de Duncan (p≤0,05); ** - Teste de Kruskal-
Wallis (p ≤ 0,05) Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
78
Tabela 14 - Frequência cardíaca, movimentos respiratórios, lactato e PCO2 de ovelhas meio sangue da
raça Santa Inês submetidas à sangria aguda para acompanhamento da recuperação da
crase sanguínea decorrente a processos anêmicos agudos – Pirassununga - 2013.
Frequência
cardíaca*
Movimentos
respiratórios**
Lactato*
Antes
da Sangria 82,28 ± 13,63
cde
32,00 ± 14,60 a
43,83 ± 28,32 a
Imediatamente
após a sangria 119,71 ± 32,29
a
32,57 ± 9,07 a
19,95 ± 10,03 bc
12 horas
após a sangria 118,85 ± 25,37
a
27,71 ± 6,36 a
22,28 ± 26,62 cd
24 horas
após a sangria 109,71 ± 27,98
ab
28,00 ± 7,30 a
7,63 ± 2,55 d
48 horas
após a sangria 99,42 ± 14,86
abc
26,85 ± 6,81 a
18,71 ± 13,70 bc
3 dias
após a sangria 100,50 ± 13,08
abc
32,00 ± 9,56 a
12,14 ± 6,61 cd
5 dias
após a sangria 96,00 ± 12,96
abcd
26,22 ± 9,82 a
14,71 ± 15,20 cd
7 dias
após a sangria 90,66 ± 21,54
bcde
32,44 ± 12,07 a
18,48 ± 16,37 bcd
10 dias
após a sangria 100,00 ± 27,85
abcd
33,77 ± 9,61 a
24,95 ± 40,42 cd
15 dias
após a sangria 78,22 ± 14,71
de
29,11 ± 10,05 a
25,94 ± 36,44 cd
21 dias
após a sangria 72,00 ± 13,85
e
36,88 ± 18,19 a
35,03 ± 36,21 ab
30 dias
após a sangria 84,00 ± 16,24
cde
46,00 ± 19,82 a
52,59 ± 45,87 a
45 dias
após a sangria 90,22 ± 16,13
bcde
43,42 ± 26,67 a
54,22 ± 50,84 a
60 dias
após a sangria 94,28 ± 14,94
abcd
34,28 ± 21,14 a
49,52 ± 54,09 a
abcde letras diferentes na mesma coluna, denotam presença de diferença estatística significante: * - Teste de
Duncan (p≤0,05); ** - Teste de Kruskal-Wallis (p ≤ 0,05)
79
As tabelas 15 a 17 representam as médias e seus desvios padrão dos componentes do
eritrograma e leucograma de ovelhas submetidas à perda crônica de sangue.
A média do hematócrito no momento inicial da recuperação dos aproximadamente 65
dias de retirada diária de sangue, foi de 16%, representando por volta de 5,35 x 106 hemácias
por mm3
e 5,06 g/dl de hemoglobina..Os valores de hemácia, hemoglobina e hematócrito
começaram a aumentar a partir de 24 horas após a última sangria.
Não há alteração significativa das médias do VCM em toda recuperação da perda
sanguínea crônica, mas nota-se que imediatamente após a última sangria as médias de HCM e
CHCM são significantemente menores do que antes das sangrias e permanecem assim pelos
45 dias de recuperação. O CHCM retorna a seus valores médios equivalentes ao antes da
sangria, 30 dias após a última sangria. Baseado nesses parâmetros pode-se concluir que a
anemia foi normocítica hipocrômica.
As médias de RDW (red cell distribution width – grau de anisocitose das hemácias)
foram maiores, comparadas a antes da sangria, desde imediatamente após a sangria e isso
perdurou pelos 45 dias estudados.
As médias dos valores de hemácias, hemoglobina e hematócrito passaram a estar
dentro dos valores de referência para a espécie a partir do 15° dia após sangria, e se pode
notar que no 45° dia após sangria, as referidas médias eram estatisticamente superiores à antes
da sangria.
Na análise dos esfregaços sanguíneos, imediatamente após a última sangria, pode-se
observar presença de sinais de eritroregeneração em 100 % (8/8) dos animais examinados. A
partir do 5º dia após a ultima sangria observou-se diminuição do número de reticulócitos
circulantes, sendo que a sua presença não foi mais detectada em amostras colhidas a partir do
10° dia após o termino da sangria. Nos primeiros 5 dias verificou-se que entre 2 e 4 % das
células vermelhas eram reticulócitos.
Na recuperação da crase sanguínea, de animais submetidos a processo crônico de
perda sanguínea, foi possível observar a presença de eritroblasto em 37,5 % (3/8) dos animais
examinados. Os achados de ponteado basofilico e da basofilia tiveram comportamento
semelhante aquele observado para os reticulócitos.
Ao se analisar o quadro leucocitário imediatamente após a última sangria pode-se
constatar leucopenia por neutropenia associado a linfopenia e eosinopenia, esta situação se
manteve até por volta do 15º dia de recuperação da sangria. A mudança do perfil leucocitário
80
de linfocítico para neutrofílico ocorreu a partir do 7º dia de recuperação, mantendo-se até os
45 dias de acompanhamento.
Os 8 animais que sofreram perda crônica de sangue apresentaram dentre os 65 dias de
retirada de sangue diminuição do escore corporal, na qual foram classificados como score 2.
Através de inspeção e palpação do flanco esquerdo, era perceptível diminuição de conteúdo
no interior do rúmen, constatando que a perda crônica de sangue provocou emagrecimento,
debilidade e falta de apetite. Na recuperação da anemia crônica as 8 ovelhas apresentaram
alteração e depravação do apetite, durante os primeiros 15 dias de recuperação, comendo terra
e roendo concreto. Após os 15 dias, esse comportamento não foi mais observado.
Em termos médios os teores séricos de ferro, de cobre, da capacidade total de ligação
do ferro à transferrina (TIBC) e do índice de saturação da transferrina (IST), não sofreram
variações significativas durante a recuperação da anemia por perda crônica de sangue, vide
tabela 18.
81
Tabela 15 - Eritrograma de ovelhas meio sangue Santa Inês submetidas a sangria crônica para acompanhamento da recuperação da crase sanguínea decorrente a processos anêmicos
crônicos – Pirassununga - 2013
abcdef letras diferentes na mesma coluna, denotam presença de diferença estatística significante: * - Teste de Duncan (p≤0,05); ** - Teste de Kruskal-Wallis (p ≤ 0,05)
Hemacias*
(X106/mm
3)
Hemoglobina**
(g/dL)
Hematócrito**
(%)
VCM*
(µ3)
HCM*
(pg)
CHCM*
(%)
RDW*
(%)
Antes
da Sangria 9,33 ± 1,74 a 11,08 ± 2,29 a 31,13 ± 5,67 a 33,45 ± 1,65 a 11,80 ± 0,83 a 35,43 ± 1,36 a 16,28 ± 0,77 a
Imediatamente
após a sangria 5,35 ± 0,73 b 5,06 ± 0,37 b 16,01 ± 0,89 b 30,38 ± 3,06 a 9,50 ± 0,96 b 31,56 ± 1,28 bc 18,50 ± 0,85 b
24 horas
após a sangria 6,32 ± 0,50 c 6,15 ± 0,50 cd 19,26 ± 1,33 c 30,78 ± 3,34 a 9,74 ± 1,18 b 31,89 ± 0,91 bcd 18,69 ± 0,97 bc
48 horas
após a sangria 6,57 ± 0,66 cd 6,63 ± 0,32 cd 20,18 ± 0,96 c 31,09 ± 3,47 a 10,11 ± 0,96 b 32,83 ± 1,22 def 19,15 ± 0,47 bcd
3 dias
após a sangria 5,93 ± 0,76 bc 6,00 ± 0,38 d 18,31 ± 1,38 bc 31,33 ± 3,60 a 10,19 ± 0,98 b 32,79 ± 1,67 def 19,11 ± 0,92 bcd
5 dias
após a sangria 7,21 ± 0,88 d 7,03 ± 0,76 e 22,30 ± 1,95 cd 31,34 ± 3,95 a 9,76 ± 1,20 b 31,43 ± 1,04 c 19,85 ± 1,38 bcd
7 dias
após a sangria 7,35 ± 1,17 d 7,13 ± 0,70 e 22,09 ± 1,95 de 30,61 ± 4,00 a 9,79 ± 1,44 b 32,19 ± 0,87 bcd 19,38 ± 1,51 bcd
10 dias
após a sangria 8,39 ± 0,86 a 8,19 ± 0,54 f 24,71 ± 1,82 d 29,76 ± 3,48 a 9,78 ± 1,08 b 33,10 ± 0,82 ef 19,44 ± 0,81 bcd
15 dias
após a sangria 9,25 ± 0,75 a 9,09 ± 0,91 f 27,74 ± 2,46 f 30,14 ± 3,01 a 9,80 ± 0,98 b 32,69 ± 0,75 bdef 19,45 ± 1,57 bcd
21 dias
após a sangria 10,80 ± 1,17 e 10,46 ± 0,77 a 31,24 ± 2,62 a 29,16 ± 2,78 a 9,71 ± 0,99 b 33,49 ± 0,99 e 20,13 ± 1,68 cd
30 dias
após a sangria 11,33 ± 0,85 e 11,33 ± 0,86 ag 32,39 ± 2,73 ag 28,73 ± 2,38 a 9,95 ± 0,73 b 34,96 ± 0,69 a 20,49 ± 2,03 d
45 dias
após a sangria 12,17 ± 0,94 e 12,19 ± 1,10 g 34,29 ± 3,52 g 28,24 ± 2,10 a 9,98 ± 0,63 b 35,54 ± 0,77 a 20,14 ± 2,16 cd
82
Tabela 16 - Leucograma de ovelhas meio sangue Santa Inês submetidas a sangria crônica para acompanhamento da recuperação da crase sanguínea decorrente a processos
anêmicos crônicos – Pirassununga - 2013
Leucócitos*
(/mm³) Neutrófilos*
(/mm³) Eosinófilos**
(/mm³) Basófilos**
(/mm³) Linfócitos**
(/mm³) Monócitos**
(/mm³)
Antes
da Sangria 8.838 ± 2.840 a 3.919 ± 1.363 a 709 ± 934 a 57 ± 53 a 4.065 ± 1.469 a 87 ± 128 a
Imediatamente
após a sangria 3.613 ± 564 bc 1.780 ± 421 bc 83 ± 104 b 5 ± 15 a 1.686 ± 451 bc 58 ± 47 a
24 horas
após a sangria 4.400 ± 981 bd 2.069 ± 642 bc 81 ± 84 b 0 ± 0 a 2.113 ± 619 bcde 138 ± 88 a
48 horas
após a sangria 4.338 ± 667 bd 2.053 ± 469 bc 72 ± 101 b 0 ± 0 a 2.089 ± 643 bcde 124 ± 51 a
3 dias
após a sangria 3.538 ± 843 be 1.720 ± 614 bc 42 ± 40 b 0 ± 0 a 1.708 ± 387 bce 67 ± 36 a
5 dias
após a sangria 3.200 ± 796 e 1.423 ± 471 c 82 ± 65 b 0 ± 0 a 1.640 ± 335 bc 56 ± 68 a
7 dias
após a sangria 4.538 ± 2.726 be 2.860 ± 2.522 bd 50 ± 45 b 11 ± 19 a 1.548 ± 325 c 69 ± 90 a
10 dias
após a sangria 4.513 ± 1.060 bd 2.328 ± 675 bd 109 ± 154 b 5 ± 14 a 1.938 ± 419 bcde 132 ± 84 a
15 dias
após a sangria 5.738 ± 1.612 df 3.340 ± 1.094 ad 237 ± 126 b 7 ± 18 a 2.001 ± 682 bcde 153 ± 143 a
21 dias
após a sangria 7.725 ± 2.626 af 4.209 ± 1.704 a 804 ± 391 a 12 ± 34 a 2.562 ± 1.017 d 138 ± 129 a
30 dias
após a sangria 8.163 ± 1.838 a 4.836 ± 1.427 a 651 ± 292 a 22 ± 40 a 2.509 ± 608 de 145 ± 166 a
45 dias
após a sangria 7.000 ± 1.714 af 4.162 ± 1.562 a 268 ± 126 b 50 ± 73 a 2.450 ± 612 bde 71 ± 52 a
abcde letras diferentes na mesma coluna, denotam presença de diferença estatística significante: * - Teste de Duncan (p≤0,05); ** - Teste de Kruskal-Wallis (p ≤ 0,05)
83
Tabela 17 - Leucograma de ovelhas meio sangue Santa Inês submetidas a sangria crônica para acompanhamento da recuperação da crase sanguínea
decorrente a processos anêmicos crônicos – Pirassununga - 2013
Neutrófilos Bastonetes**
(/mm³) Neutrófilos Segmentados*
(/mm³) Neutrófilos Totais*
(/mm³)
Antes
da Sangria 22 ± 61 a 3.897 ± 1.355 a 3.919 ± 1.363 a
Imediatamente
após a sangria 10 ± 18 a 1.770 ± 408 bc 1.780 ± 421 bc
24 horas
após a sangria 38 ± 66 a 2.031 ± 590 bc 2.069 ± 642 bc
48 horas
após a sangria 10 ± 18 a 2.043 ± 464 bc 2.053 ± 469 bc
3 dias
após a sangria 10 ± 19 a 1.710 ± 602 bc 1.720 ± 614 bc
5 dias
após a sangria 12 ± 26 a 1.411 ± 466 c 1.423 ± 471 c
7 dias
após a sangria 47 ± 78 a 2.813 ± 2.474 bd 2.860 ± 2.522 bd
10 dias
após a sangria 0 ± 0 a 2.328 ± 675 bd 2.328 ± 675 bd
15 dias
após a sangria 0 ± 0 a 3.340 ± 1.094 ad 3.340 ± 1.094 ad
21 dias
após a sangria 12 ± 34 a 4.197 ± 1.703 a 4.209 ± 1.704 a
30 dias
após a sangria 0 ± 0 a 4.836 ± 1.427 a 4.836 ± 1.427 a
45 dias
após a sangria 0 ± 0 a 4.162 ± 1.562 a 4.162 ± 1.562 a
abcde letras diferentes na mesma coluna, denotam presença de diferença estatística significante: * - Teste de Duncan (p≤0,05); ** - Teste de Kruskal-Wallis (p ≤ 0,05)
84
Tabela 18 - Concentração sérica de ferro, capacidade total de ligação do ferro (TIBC), índice de saturação da transferrina (IST) e concentração sérica de
cobre de ovelhas meio sangue Santa Inês submetidas a sangria crônica para acompanhamento da recuperação da crase sanguínea decorrente a
processos anêmicos crônicos – Pirassununga - 2013
Ferro*
(µg/dL)
Capacidade Total de
Ligação Ferro**
(µg/dL)
IST**
(%) Cobre*
(µg/dL)
Antes
da Sangria 154,51 ± 42,69 a 287,26 ± 25,82 ab 54,38 ± 16,53 ab 79,35 ± 13,33 abc
Imediatamente
após a sangria 162,29 ± 93,73 a 283,29 ± 50,03 a 54,07 ± 26,81 ab 79,03 ± 16,43 abc
24 horas
após a sangria 148,30 ± 73,97 a 328,80 ± 66,81 bcd 46,01 ± 21,17 bc 92,72 ± 18,36 cd
48 horas
após a sangria 171,66 ± 109,88 a 380,41 ± 32,98 e 46,12 ± 30,11 bc 107,30 ± 18,90 de
3 dias
após a sangria 197,21 ± 102,81 ab 374,09 ± 33,66 e 53,38 ± 28,64 ab 92,29 ± 9,36 cd
5 dias
após a sangria 260,44 ± 53,37 b 368,56 ± 29,89 de 70,09 ± 9,80 a 89,83 ± 16,59 bcd
7 dias
após a sangria 175,86 ± 112,83 a 327,61 ± 53,19 bcd 50,32 ± 28,80 abc 84,78 ± 19,87 abc
10 dias
após a sangria 181,29 ± 81,85 ab 366,54 ± 40,03 de 48,47 ± 19,23 abc 132,59 ± 45,42 e
15 dias
após a sangria 114,88 ± 28,74 a 319,88 ± 20,67 abc 35,75 ± 8,04 bc 88,95 ± 16,65 abcd
21 dias
após a sangria 111,43 ± 32,68 a 393,55 ± 28,21 e 28,81 ± 10,50 c 88,38 ± 7,81 bcd
30 dias
após a sangria 132,00 ± 19,99 a 358,63 ± 36,95 cde 37,17 ± 6,77 bc 72,18 ± 14,07 ab
45 dias
após a sangria 130,09 ± 29,56 a 294,59 ± 11,14 ab 44,10 ± 9,38 bc 70,48 ± 8,80 a
abcde letras diferentes na mesma coluna, denotam presença de diferença estatística significante: * - Teste de Duncan (p≤0,05); ** - Teste de Kruskal-Wallis (p ≤ 0,05)
85
Os gráficos 37 a 52 retratam as diferenças nas médias dos componentes do
hemograma, metabolismo de ferro e concentração sérica do cobre dentre os diversos
momentos da recuperação da perda aguda e crônica de sangue.
Na análise dos gráficos infere-se que a recuperação dos valores de hemácia,
hemoglobina e hematócrito foi mais rápida para os animais que sofreram perda crônica de
sangue.
A anemia por perda aguda de sangue pode ser classificada como macrocítica
normocrômica, enquanto a por perda crônica foi normocítica e hipocrômica.
Animais em recuperação da perda aguda de sangue apresentaram em todo processo
normoleucocitemia, havendo mudança do perfil leucocitário de linfocítico para neutrofílico
imediatamente após a sangria perdurando até o 5° dia após a sangria.
Animais em recuperação da perda crônica de sangue apresentaram após a última
sangria leucopenia por neutropenia, associado a linfopenia e eosinopenia, esta situação se
manteve até por volta do 15º dia de recuperação da sangria. A mudança do perfil leucocitário
de linfocítico para neutrofílico ocorreu a partir do 7º dia de recuperação, mantendo-se até os
45 dias de acompanhamento.
86
Grafico 37-Médias do número de hemácia por momento de recuperação da perda sanguínea aguda e crônica –
Pirassununga – 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
Grafico 38-Médias da taxa de hemoglobina por momento de recuperação da perda sanguínea aguda e crônica –
Pirassununga - 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
Antes
da
Sangria
0 Hs 24 hs 48 hs 3 dias 5 dias 7 dias 10 dias 15 dias 21 dias 30 dias 45 dias
Hem
aci
as
(X1
06
/mm
3)
___________________________________________________________________________
Após a sangria
Anemia Crônica Anemia Aguda
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
Antes
da
Sangria
0 Hs 24 hs 48 hs 3 dias 5 dias 7 dias 10 dias 15 dias 21 dias 30 dias 45 dias
Hem
og
lob
ina
(g
/dL
)
_____________________________________________________________________
Após a sangria
Anemia Crônica Anemia Aguda
87
Grafico 39-Médias do hematócrito por momento de recuperação da perda sanguínea aguda e crônica –
Pirassununga - 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
Grafico 40-Médias do volume corpuscular médio por momento de recuperação da perda sanguínea aguda e
crônica – Pirassununga - 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
10
15
20
25
30
35
40
Antes
da
Sangria
0 Hs 24 hs 48 hs 3 dias 5 dias 7 dias 10 dias 15 dias 21 dias 30 dias 45 dias
Hem
atr
ócr
ito
(%)
_____________________________________________________________________
Após a sangria
Anemia Crônica Anemia Aguda
26
28
30
32
34
36
Antes
da
Sangria
0 Hs 24 hs 48 hs 3 dias 5 dias 7 dias 10 dias 15 dias 21 dias 30 dias 45 dias
VC
M (µ
3)
_____________________________________________________________________
Após a sangria
Anemia Crônica Anemia Aguda
88
Grafico 41-Médias da hemoglobina corpuscular média por momento de recuperação da perda sanguínea aguda e
crônica – Pirassununga - 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
Grafico 42-Médias da concentração de hemoglobina corpuscular média por momento de recuperação da perda
sanguínea aguda e crônica – Pirassununga - 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
9
10
11
12
Antes
da
Sangria
0 Hs 24 hs 48 hs 3 dias 5 dias 7 dias 10 dias 15 dias 21 dias 30 dias 45 dias
HC
M (
pg)
____________________________________________________________________
Após a sangria
Anemia Crônica Anemia Aguda
30
31
32
33
34
35
36
Antes
da
Sangria
0 Hs 24 hs 48 hs 3 dias 5 dias 7 dias 10 dias 15 dias 21 dias 30 dias 45 dias
CH
CM
(%
)
____________________________________________________________________
Após a sangria
Anemia Crônica Anemia Aguda
89
Grafico 43-Médias do índice de anisocitose por momento de recuperação da perda sanguínea aguda e crônica –
Pirassununga – 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
15
16
17
18
19
20
21
Antes
da
Sangria
0 Hs 24 hs 48 hs 3 dias 5 dias 7 dias 10 dias 15 dias 21 dias 30 dias 45 dias
RD
W (
%)
____________________________________________________________________
Após a sangria
Anemia Crônica Anemia Aguda
90
Grafico 44- Médias do número de leucócitos por momento de recuperação da perda sanguínea aguda e crônica –
Pirassununga - 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
Grafico 45- Médias do número total de neutrófilos por momento de recuperação da perda sanguínea aguda e
crônica – Pirassununga - 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
7.000
8.000
9.000
10.000
Antes
da
Sangria
0 Hs 24 hs 48 hs 3 dias 5 dias 7 dias 10 dias 15 dias 21 dias 30 dias 45 dias
Leu
cóci
tos
(/m
m³)
____________________________________________________________________
Após a sangria
Anemia Crônica Anemia Aguda
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
7.000
Antes
da
Sangria
0 Hs 24 hs 48 hs 3 dias 5 dias 7 dias 10 dias 15 dias 21 dias 30 dias 45 dias
Neu
tró
filo
s T
ota
is (
/mm
³)
____________________________________________________________________
Após a sangria
Anemia Crônica Anemia Aguda
91
Grafico 46- Médias do número total de linfócitos por momento de recuperação da perda sanguínea aguda e
crônica – Pirassununga - 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
Grafico 47- Médias do número total de eosinófilos por momento de recuperação da perda sanguínea aguda e
crônica – Pirassununga - 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
3.500
4.000
4.500
Antes
da
Sangria
0 Hs 24 hs 48 hs 3 dias 5 dias 7 dias 10 dias 15 dias 21 dias 30 dias 45 dias
Lin
fóci
tos
(/m
m³)
____________________________________________________________________
Após a sangria
Anemia Crônica Anemia Aguda
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
Antes
da
Sangria
0 Hs 24 hs 48 hs 3 dias 5 dias 7 dias 10 dias 15 dias 21 dias 30 dias 45 dias
Eo
sin
ófi
los
(/m
m³)
____________________________________________________________________
Após a sangria
Anemia Crônica Anemia Aguda
92
Grafico 48- Médias do número total de monócitos por momento de recuperação da perda sanguínea aguda e
crônica – Pirassununga - 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
Grafico 49- Médias do número total de basófilos por momento de recuperação da perda sanguínea aguda e
crônica – Pirassununga - 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
0
50
100
150
200
250
300
350
400
Antes
da
Sangria
0 Hs 24 hs 48 hs 3 dias 5 dias 7 dias 10 dias 15 dias 21 dias 30 dias 45 dias
Mo
nó
cito
s (/
mm
³)
____________________________________________________________________
Após a sangria
Anemia Crônica Anemia Aguda
0
10
20
30
40
50
60
Antes
da
Sangria
0 Hs 24 hs 48 hs 3 dias 5 dias 7 dias 10 dias 15 dias 21 dias 30 dias 45 dias
Basó
filo
s (/
mm
³)
____________________________________________________________________
Após a sangria
Anemia Crônica Anemia Aguda
93
Grafico 50- Médias da concentração sérica de ferro por momento de recuperação da perda sanguínea aguda e
crônica – Pirassununga - 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
Grafico 51-Médias da capacidade total de ligação de ferro por momento de recuperação da perda sanguínea
aguda e crônica – Pirassununga - 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
50
100
150
200
250
300
Antes
da
Sangria
0 Hs 24 hs 48 hs 3 dias 5 dias 7 dias 10 dias 15 dias 21 dias 30 dias 45 dias
Fer
ro (µ
g/d
L)
____________________________________________________________________
Após a sangria
Anemia Crônica Anemia Aguda
150
200
250
300
350
400
450
Antes
da
Sangria
0 Hs 24 hs 48 hs 3 dias 5 dias 7 dias 10 dias 15 dias 21 dias 30 dias 45 dias
Ca
pa
cid
ad
e T
ota
l d
e L
iga
ção
do
Fer
ro
(µg
/dL
)
____________________________________________________________________
Após a sangria
Anemia Crônica Anemia Aguda
94
Grafico 52-Médias do índice de saturação da transferrina por momento de recuperação da perda sanguínea aguda
e crônica – Pirassununga - 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
Grafico 53-Médias dos teores séricos de cobre por momento de recuperação da perda sanguínea aguda e crônica
– Pirassununga - 2013
Fonte: (BIRGEL, D. B., 2013)
20
30
40
50
60
70
80
Antes
da
Sangria
0 Hs 24 hs 48 hs 3 dias 5 dias 7 dias 10 dias 15 dias 21 dias 30 dias 45 dias
IST
(%
)
____________________________________________________________________
Após a sangria
Anemia Crônica Anemia Aguda
60
70
80
90
100
110
120
130
140
Antes
da
Sangria
0 Hs 24 hs 48 hs 3 dias 5 dias 7 dias 10 dias 15 dias 21 dias 30 dias 45 dias
Co
bre
(µ
g/d
L)
__________________________________________________________________
Após a sangria
Anemia Crônica Anemia Aguda
95
4.4 AVALIAÇÃO DO QUADRO ERITROCITÁRIO E DA REPERCUSSÃO DO
ESTADO ANÊMICO DECORRENTE À RESTRIÇÃO ALIMENTAR
Nas tabelas 19, 20,21 estão retratadas as médias dos componentes do hemograma,
perfil bioquímico, coproparasitológicos, metabolismo de ferro e concentração sérica do cobre
de ovelhas infectadas predominantemente por Haemonchus contortus, submetidas a restrição
alimentar.
Ao analisar os resultados se pode concluir que houve redução de 4 % nos valores de
hematócrito e de 0,9 g/dL nas taxa de hemoglobina, mas não foi estatisticamente significante.
A análise dos teores séricos de ferro, da capacidade total de ligação de ferro e do
índice de saturação de ferro não sofreram variações após o processo de restrição alimentar.
Nesse mesmo período observou-se que os valores de albumina diminuíram de forma
significativa em 0,46 g/dL. Verificou-se, ainda, que a restrição alimentar determinou
significativa diminuição nos valores dos ácidos graxos não esterificados e da glicemia.
Tabela 19 - Eritrograma de ovelhas submetidas a período de restrição alimentar durantes 90 dias – Pirassununga
– 2013
Sem
Restrição Alimentar
Com
Restrição Alimentar
Hemacias*
(X106/mm
3)
7,69 ± 2,15
a 6,32 ± 1,73
a
Hemoglobina*
(g/dL)
8,68 ± 2,01
a 7,79 ± 2,06
a
Hematócrito*
(%)
28,53 ± 5,80 a
24,28 ± 5,83 a
VCM**
(µ3)
38,13 ± 5,19
a 39,19 ± 4,05
a
HCM *
(pg)
11,43 ± 0,99
a 12,46 ± 0,68
a
CHCM*
(%)
30,28 ± 2,01
a 32,15 ± 2,54
b
ab letras diferentes na mesma coluna, denotam presença de diferença estatística significante: * - Teste de Duncan (p≤0,05); ** -
Teste de Kruskal-Wallis (p ≤ 0,05)
Tabela 20 – Média de ovos de Trichostrongyloidea por grama de fezes de ovelhas submetidas a período de
restrição alimentar durantes 90 dias – Pirassununga – 2013
Sem
Restrição Alimentar
Com
Restrição Alimentar
Trichostrongyloidea*
(opg)
9848 ± 10650
a 4783 ± 4342
a
ab letras diferentes na mesma coluna, denotam presença de diferença estatística significante: * - Teste de Duncan (p≤0,05); ** -
Teste de Kruskal-Wallis (p ≤ 0,05)
96
Tabela 21 Perfil bioquímico de ovelhas submetidas a período de restrição alimentar durantes 90 dias –
Pirassununga – 2013
Sem
Restrição Alimentar
Com
Restrição Alimentar
Proteína Total*
(g/dl)
6,55 ± 0,95
a 6,42 ± 0,99
a
Albumina**
(g/dl)
3,03 ± 0,44
a 2,57 ± 0,40
b
Globulinas*
(g/dl)
3,51 ± 1,22
a 3,85 ± 0,78
a
Relação Albumina /
Globulinas**
0,94 ± 0,27 a 0,68 ± 0,12 b
AST a 25ºC**
(U/L)
55,47 ± 28,85
a 133,80 ± 115,80
a
GGT a 25ºC*
(U/L)
18,24 ± 6,54
a 32,67 ± 10,98
b
CK a 25ºC*
(U/L)
66,44 ± 21,33
a 262,34 ± 331,08
a
Bilirrubina Indireta**
mg/dl
0,038 ± 0,049
a 0,245 ± 0,052
a
Bilirrubina Direta**
mg/dl
0,016 ± 0,020
a 0,051 ± 0,045
a
Bilirrubina Total*
mg/dl
0,254 ± 0,053 a 0,296 ± 0,055 a
Colesterol *
(mg/dl)
44,21 ± 10,07
a 39,67 ± 6,34
a
Triglicérides*
(mg/dl)
25,06 ± 8,69
a 21,39 ± 9,20
a
Ácidos Graxos Não
Esterificado*
(uMol/L)
272,75 ± 261,46 a 104,17 ± 46,63 b
Beta-Hidroxibutirato*
(mg/dl)
2,68 ± 0,81
a 2,53 ± 0,74
a
Glicose*
(mg/dl)
89,68 ± 20,05
a 48,60 ± 13,41
b
Uréia*
(mg/dl)
48,69 ± 13,42
a 49,74 ± 7,43
a
Creatinina*
(mg/dl)
1,07 ± 0,19 a 0,76 ± 0,13 b
Lactato**
(mg/dl)
77,44 ± 33,52
a 29,74 ± 13,26
b
Ferro *
(ug/dl)
110,02 ± 41,71
a 127,51 ± 37,35
a
TIBC*
(ug/dl)
288,50 ± 27,65
a 286,84 ± 38,26
a
IST*
(ug/dl)
40,43 ± 15,92
a 45,70 ± 16,56
a
ab letras diferentes na mesma coluna, denotam presença de diferença estatística significante: * - Teste de Duncan (p≤0,05); ** -
Teste de Kruskal-Wallis (p ≤ 0,05)
97
4.3 AVALIAÇÃO DO QUADRO ERITROCITÁRIO E DO METABOLISMO DE FERRO
DE ANIMAIS SUBMETIDOS A TRATAMENTO COM SULFATO DE MANGANÊS
Nas tabelas 22, 23 e 24 estão retratadas as médias dos componentes do eritrograma,
exame coproparasitológico e metabolismo de ferro de ovelhas que receberam, via oral,
diariamente 4 gramas de Sulfato de Manganês, durante 100 dias.
A análise das tabelas permitiu afirmar que houve redução do número de hemácia em
1,64 x106 hemacias/mm
3, redução em 5,9 % no hematócrito e de 2,3 g/dL na taxa de
hemoglobina. A anemia desses animais foi do tipo normocícito e normocrômico e os teores
séricos de ferro foram significativamente menores nas colheitas realizadas com 60 e 80 dias
após o inicio do uso do manganês como antagonista da absorção do ferro.
98
Tabela 22 - Eritrograma de ovinos submetidos a tratamento com sulfato de manganês para antagonizar absorção de ferro – Pirassununga - 2013
abcd letras diferentes na mesma coluna, denotam presença de diferença estatística significante: * - Teste de Duncan (p≤0,05); ** - Teste de Kruskal-Wallis (p ≤ 0,0)
Hemacias**
(X106/mm
3)
Hemoglobina**
(g/dL) Hematócrito**
(%)
VCM*(µ3)
HCM** (pg)
CHCM**(%)
Antes 8,72 ± 2,07 a 10,17 ± 2,29 a 30,61 ± 5,86 a 35,76 ± 4,68 a 11,69 ± 0,86 a 33,07 ± 2,90 a
30 Dias após Início do
Tratamento 8,451 ± 1,73 ab 9,54 ± 1,99 a 29,33 ± 4,88 ab 35,28 ± 5,03 a 11,26 ± 0,67 b 32,36 ± 2,72
a
45 Dias após Início do
Tratamento 7,98 ± 1,49 abc 8,68 ± 1,96 b 27,39 ± 4,68 b 34,8 ± 5,63 a 10,75 ± 0,83 c 31,49 ± 3,20 a
60 Dias após Início do
Tratamento 7,84 ± 1,29 bcd 8,61 ± 1,67 bc 26,92 ± 4,02 bc 34,67 ± 4,24 a 10,89 ± 0,67 BC 31,75 ± 3,00 a
80 Dias após Início do
Tratamento 7,219 ± 1,27 cd 7,840 ± 1,64 c 24,32 ± 4,38 cd 33,91 ± 4,30 a 10,74 ± 0,78 c 32,18 ± 3,10 a
100 Dias após Início do
Tratamento 7,07 ± 1,36 d 7,88 ± 1,70 c 24,66 ± 5,09 cd 34,98 ± 4,20 a 11,06 ± 0,93 bc 31,97 ± 2,50 a
99
Tabela 23 - Média de ovos de Trichostrongyloidea por grama de fezes de
ovinos submetidos a tratamento com sulfato de manganês
para antagonizar a absorção de ferro – Pirassununga - 2013
OPG
Antes 2755 ± 1982 a
30 Dia após Início do
Tratamento 2920 ± 2003 a
45 Dias após Início
do Tratamento 3430 ± 1668 a
60 Diasapós Início do
Tratamento 3360 ± 1602 a
80 Diasapós Início do
Tratamento 3840 ± 2502 a
100 Dias após Início
do Tratamento 2680 ± 1735 a
abcde - letras diferentes na mesma coluna, denotam presença de diferença
estatística significante: * - Teste de Duncan (p≤0,05); ** - Teste de Kruskal-Wallis
(p ≤ 0,05)
100
Tabela 24 – Concentração de ferro sérico, capacidade total de ligação do ferro e índice de saturação da transferrina de
ovinos submetidos a tratamento com sulfato de manganês para antagonizar a absorção de ferro –
Pirassununga - 2013
Ferro
(µg/dL)
Capacidade Total de
Ligação Ferro
(µg/dL)
IST
(%)
Antes 159,80 ± 60,64 ab
292,50 ± 42,42 a
53,80 ± 16,94 a
30 Dias
após Início do Tratamento 146,66 ± 54,83
ab 322,76 ± 34,46
b 46,27 ± 18,17
ab
45 Dias
após Início do Tratamento 150,76 ± 67,62
ab 328,96 ± 42,46
b 47,31 ± 24,27
ab
60 Dias
após Início do Tratamento 97,29 ± 38,02
c 357,09 ± 28,92
c 27,93 ± 12,07
c
80 Dias
após Início do Tratamento 123,52 ± 48,91
bc 312,42 ± 22,46
ab 39,32 ± 14,17
b
100 Dias
após Início do Tratamento 172,80 ± 63,23
a 318,20 ± 28,89
b 55,17 ± 22,16
a
abcde letras diferentes na mesma coluna, denotam presença de diferença estatística significante: * - Teste de Duncan (p≤0,05); ** -
Teste de Kruskal-Wallis (p ≤ 0,0)
101
5 DISCUSSÃO
Ao compulsar-se a literatura sobre anemia de pequenos ruminantes foi descrita, em
associação a verminose de pequenos ruminantes por Haemonchus contortus, a ocorrência de
anemia macrocítica (GARCIA et al., 1983; ABBOTT; PARKINS; HOLMES, 1988), anemia
normocítica e normocrômica (GARCIA et al., 1983; ABBOTT; PARKINS; HOLMES, 1984;
FARIA JUNIOR et al., 2002) ou hipocrômicas (GARCIA et al., 1983).
As discrepâncias relacionadas à classificação do tipo de anemias observadas na
literatura compulsada podem ser justificadas como inerentes a fase de evolução do processo
anêmico. Em processos agudos com grave perda de sangue, a medula óssea estimulada pela
condição anêmica libera grande quantidade de células jovens e imaturas com maior volume
corpuscular médio determinando macrocitose. Conforme o processo cronifica-se, ocorre
hiperplasia medular compensatória da anemia, retorna o tecido mieloide a liberar eritrócitos
maturos, ocorrendo, então, normocitose e normocromia. Caso o processo de espoliação
determinada pelo endoparasita se prolongue e resulte em perdas continuadas de sangue poderá
ocorrer depleção das reservas de ferro e conseqüentemente a anemia torna-se hipocrômica e,
finalmente, microcítica.
Apesar da existência de animais cuja anemia foi classificada como macrocítica e de
animais cuja anemia foi classificada como do tipo microcítica e hipocrômica, verificou-se,
que em termos médios, o predomínio da ocorrência de anemia do tipo normocítico e
normocrômico nas verminoses dos ovinos, criados no Estado de São Paulo. Os resultados
obtidos na presente pesquisa não puderam estabelecer uma relação do tipo de anemia com a
intensidade do processo anêmico.
Esses resultados indicam que a instalação do processo anêmico dos ovinos
relacionados à verminose gastrintestinal tem evolução que permite a hiperplasia da medula e
que as reservas de ferro, mesmo que diminuídas, não determinam grau extremo de depleção
dos estoques de ferro que poderiam determinar anemia microcítica e hipocromica.
Possivelmente, a depleção das reservas de ferro a um grau extremo estejam relacionadas a
carga parasitária, a fatores individuais que favoreçam ou inibam a absorção do ferro e ao
sistema de semi-extensivo de criação de ovinos no Estado de São Paulo, no qual os animais
tem acesso a pastos e podem por meio da ingestão de terra suprir parcialmente ou totalmente
as suas necessidades de ferro.
102
Considera-se que a deficiência primária de ferro em ruminantes adultos não é comum
em nosso país, pois o solo e as pastagens brasileiras são ricos nesse elemento (TOKARNIA;
DÖBEREINER; PEIXOTO, 2000). Somente nos bezerros, a deficiência primária de ferro é
considerada importante e frequentemente associada como causa determinante das anemias
observadas nos neonatos (BIRGEL, 1972; TENNANT, 1975; HIDIROGLOU, 1980).
Segundo Birgel (1999), a carência de ferro na alimentação ocorre, particularmente, nos
animais lactentes, pois além do leite ser um alimento pobre em ferro existe nessa fase da vida
um balanço negativo, pois os bezerros nascem com uma pequena reserva de ferro que é
rapidamente consumida, sendo este elemento considerado como de fundamental importância
na dieta de animais jovens durante o período de rápido crescimento (HIDIROGLON, 1980).
Nas perdas crônicas de sangue, a anemia desenvolve-se lentamente e as reservas
corporais de ferro podem ficar esgotadas (DUNCAN; PRASSE; MAHAFFEY, 1994). A ação
hematófaga do Haemonchus contortus se assemelha aos processo anêmico crônicos, sendo
estimado que cada parasito deste gênero suga 0,05 ml de sangue por dia (RUAS; BERNE,
2001). A análise dos resultados da presente pesquisa demonstrou que os teores séricos de
ferro e índice de saturação da transferrina nos animais com anemia intensa e moderada são
significativamente menores, enquanto os valores de Capacidade Total de Ligação de Ferro,
que refletem os teores séricos de transferrina, não sofreram variações significativas.
Considerando-se que não existe deficiência de ferro primária em animais adultos, esses dados
indicam que existe na anemia verminótica balanço negativo de ferro, sendo a capacidade de
absorção de ferro menor do que a quantidade de ferro que é espoliado pelos vermes
hematófagos.
Em grupo de animais por nós acompanhados, nos quais havia predomínio de infecção
por Haemonchus contortus, com opg que variaram entre 4.783 ± 4.342 e 9.848 ±10.650 opg,
submetidos a restrição alimentar, no qual cada animal recebia 0,5 Kg de feno de coast-cross,
durante o período de 90 dias não desenvolveram anemia na intensidade esperada. Os
resultados apresentados nessa dissertação mostram que a redução de 4 % nos valores de
hematócrito e de 0,9 g/dL nas taxa de hemoglobina não foi estatisticamente significante. A
análise dos teores séricos de ferro, da capacidade total de ligação de ferro e do índice de
saturação de ferro não sofreram variações durante o processo de restrição alimentar. Nesse
mesmo período observou-se que os valores de albumina diminuíram de forma significativa
em 0,46 g/dL. Verificou-se, ainda, que a restrição alimentar determinou significativa
diminuição nos valores dos ácidos graxos não esterificados e da glicemia.
103
Apesar de ovinos submetidos a dietas com pouca proteina serem mais sensíveis a
infecção experimental por Haemonchus contortus (BRICARELLO et al., 2005), os resultados
por nós obtidos sugerem que a existência de déficit energético e proteico não potencializou a
anemia dos animais e deveria ser vista como uma somatória da ação simultânea de duas
enfermidades: verminose e desnutrição. A desnutrição proteico-energética tem sido associada
à anemia em humanos (BARROS, 2007), camundongos (BARROS, 2007) e cordeiros
(BORELLI et al., 2007), sendo descrito anemia do tipo normocícito e normocrômico com
diminuição do número de reticulócitos. Na anemia de animais subnutridos não foi observado
redução dos teores séricos de ferro e foi sugerido que a anemia observada era causada pela
alteração na capacidade de proliferação e maturação da célula progenitora, resultando em
inefetiva eritropoiese (BORELLI et al., 2007).
Os resultados por nós obtidos indicam que os animais foram capazes de manter a
homeostase no metabolismo de ferro, possivelmente por que tinham acesso a piquetes com
terra.
Ovelhas, alimentadas ad libitum com feno de coast cross, que receberam diariamente 4
gramas de Sulfato de Manganes pelo período de durante 100 dias, apresentaram redução de
1,64 x106 hemacias/mm
3, de 5,9 % no hematócrito e de 2,3 g/dL na taxa de hemoglobina. A
anemia desses animais foi do tipo normocícito e normocrômico e os teores séricos de ferro
foram significativamente menores nas colheitas realizadas com 60 e 80 dias após o inicio do
uso do manganês com antagonista de absorção de ferro.
Os animais continuarão a receber o sulfato de manganês até completarem 150 dias de
administração, entretanto, um deles, que apresentou anemia intensa foi retirado do grupo
experimental. Esse animal recebeu durante 45 dias, diariamente, 10 gramas de sulfato de ferro
por via oral. Observou-se neste animal, que permanece infectado (não recebeu vermífugo),
recuperação da sua crase sanguínea, com valores de hemácias aumentando de 5,48 para 8,74
x106 hemácias/mm
3, hemoglobina de 4,9 para 9,2 g/dL; hematócrito de 14,9 para 27,3 %,
VCM de 27,3 para 31,3 µ3 e HCM de 8,9 para 10,5 pg. Os teores séricos de ferro aumentaram
de 105,8 µg /dL para valores que oscilaram entre 141,2 e 338,2 µg /dL.
Os dados obtidos até agora com o uso de manganês sugerem que a resposta ao
processo anêmico dos animais com verminose gastrintestinal, bem como o fenômeno de
resiliência nas verminoses gastrintestinais poderiam estar associadas ao metabolismo de ferro
e à maior capacidade de captação e absorção de ferro. O manejo dos animais ou ao ambiente
em que são criados seriam importantes fatores a serem considerados, pois as reservas de ferro,
em situações nas quais os terrenos sejam arenosos ou animais criados confinados poderiam
104
ser insuficientes para contrapor a depleção de ferro pelos vermes hematófagos. Afora isso
haveriam fatores individuais relacionados a eficiência no aproveitamento do ferro alimentar.
Camundongos deficientes de hepcidina desenvolveram sobrecarga de ferro, especialmente no
fígado, pâncreas e coração (GROTTO, 2008). Por outro lado animais que superexpressavam a
hepcidina apresentavam anemia microcitca e hipocromica ao nascimento e morriam
rapidamente (GROTTO, 2008). Em situações de anemia e hipóxia há inibição da expressão da
hepcidina, visando maior absorção de ferro pelos enterócitos e maior exportação de ferro do
sistema reticuloendotelial e enterócitos, aumentado a disponibilidade de ferrro para a
eritropiese (GROTTO, 2008).
A avaliação da repercussão do estado anêmico/ verminose gastrintestinal sobre o
leucograma evidenciou normoleucocitemia com existência de linfopenia e eosinopenia,
podendo ser observado em animais com hematócrito menor do que 15 % a ocorrência de
neutrofilia sem desvio a esquerda. Em ovelhas não infectadas observou-se valores de
linfócitos maiores do que nos infectados.
Observou-se linfopenia absoluta que aumentou conforme maior era a intensidade do
processo anêmico e ocorria inversão do padrão leucocitário, que passa de predominantemente
linfocitário para neutrofílico. Essa inversão acentua-se a medida que o processo anêmico
torna-se mais intenso. Nos ovinos com hematócrito maior do que 30 % observou-se que 26,3
% (10/38) dos animais apresentavam quadro leucocitário predominantemente neutrofílico,
enquanto nos animais com hematócrito variando entre 25 e 30 % o percentual de animais com
quadro neutrofílico era de 43,9 % (18/41). Nos animais com anemia leve esse percentual era
de 63,9 % (34/54), nos animais com anemia moderada o percentual foi de 61,9 % (13/21),
enquanto nos animais com anemia grave o padrão leucocitário foi neutrofílico em 84,6 %
(11/13) dos animais examinados. Encontra-se na literatura datada da década de 60, uma
referencia sobre aumento do número relativo de neutrófilos associado à diminuição do
número relativo de linfócitos sem alterações no número total de leucócitos em casos de
verminose gastrintestinal experimental causada por Trichostrongylus colubriformis
(GALLAGHER, 1963). Entretanto ao analisar os resultados apresentados por Gallagher
(1963) verificou-se que esse autor não observou inversão do padrão leucocitário, ou seja, o
quadro leucocitário de animais com tricostrongilíase permanecia linfocitário.
Apesar dos mecanismos de imunidade ao parasitismo por Haemonchus contortus ainda
não estarem completamente elucidados, pesquisas tem demonstrado o envolvimento dos
linfócitos Th2 CD4+ na resposta imune a infecções parasitárias por nematódeos (Amarante;
Amarante, 2003). Estudos realizados com canulação do abomaso evidenciaram a participação
105
de linfócitos agindo diretamente na mucosa afetada (SCHALLIG, 2000), a ativação e
proliferação dos leucócitos, em especial os linfócitos (VEER et al., 2007) e significativa
correlação inversa entre a contagem de linfócitos T na mucosa abomasal e a fecundidade,
tamanho e a sobrevivência da fêmea adulta de Haemonchus contortus (ROWE et al., 2008).
Esses fatos permitem supor que a diminuição do número de linfócitos circulantes seria
conseqüência da sua provável migração para a mucosa abomasal.
Ocorrência de eosinofilia na mucosa abomasal e intestinal foi observada nas infecções
por parasitas gastrintestinais e associada a maior resistência as infecções parasitárias.
Correlacionou-se a ocorrência do aumento do número de eosinófilos circulantes com baixos
valores de opg nas fezes de ovinos e relacionou-se esse fenômeno com maior resistência
animal a infecção parasitária (HOHENHAUS et al., 1998).
Os resultados obtidos na presente pesquisa evidenciaram que a eosinopenia aumentou
conforme aumentava a intensidade do processo anêmico e que o número absoluto de
eosinóficos era menor nos animais infectados. Comparando-se os resultados obtidos em
ovinos com aqueles referidos em caprinos por Muller et al. (2011) verifica-se que existem
diferenças importantes entre o leucograma de ovinos e caprinos infectados por vermes
gastrintestinais. Eosinofilia em caprinos ocorreu de forma esporádica quer nos animais sadios
quer naqueles com verminose gastrintestinal, sendo observado valores absolutos de
eosinófilos maiores do que 500 células/mm³ em menos de 5 % dos caprinos examinados
(MULLER et al., 2011). Nos ovinos observou-se que 22,8 % (38/167) dos animais
apresentava número absoluto de eosinófilos variando entre 500 e 1.000 celulas/mm³ e 16,8 %
(28/167) apresentavam eosinofilia, ou seja, número absoluto de eosinóflos maior do que 1000
células/ mm³.
Outra diferença no leucograma de ovinos e caprinos infectados por Haemonchus
contortus foi observado na resposta neutrofílica, pois nos ovinos infectados por vermes
hematófagos, a neutrofilia foi observada somente no grupo de animais com anemia intensa.
Em caprinos com verminose gastrintestinal, a neutrofilia sem desvio a esquerda era
mais evidente e observada, também, no grupo de animais com anemia leve e moderada, sendo
que sua intensidade aumentava proporcionalmente ao aumento da gravidade da anemia
(MULLER et al., 2011).
Durante a análise dos resultados obtidos, surgiu a dúvida se a resposta hematológica
observada (neutrofilia e linfopenia) seria decorrente propriamente a verminose ou ao processo
anêmico. Os resultados obtidos nos grupos de animais submetidos a perda aguda de sangue e
perda crônica de sangue, contribuem para esclarecer a questão.
106
A ocorrência de neutrofilia durante os processos anêmicos por perda sangüínea
puderam ser observados de forma transitória no grupo de animais submetidos a sangria aguda,
enquanto nos animais submetidos a perda crônica de sangue esse fenômeno não ocorreu. Em
animais pesando entre 50 e 60 Kg, nos quais foi retirado no intervalo de 12 horas cerca de
2.000 ml de sangue, seguido de reposição do volume com solução fisiológica, apresentaram
evidente neutrofilia sem desvio a esquerda, sendo que a inversão da relação entre neutrófilos e
linfócitos permaneceu durante 7 dias. Em cordeiros, observou-se que elevações do número
total de leucócitos, neutrófilos e monócitos, com a inversão da relação entre neutrófilos e
linfócitos e com a redução dos eosinófilos coincidiram com as maiores as maiores
concentrações de cortisol (FONTEQUE, 2005), devendo essas alterações serem creditadas ao
desvio do compartimento marginal de neutrófilos para o compartimento circulante (JAIN,
1993). Mesmo nas infecções graves por vermes hematógafos, nas quais existissem de 2000 a
5000 Haemonchus contortus, as perdas sanguíneas diárias oscilariam entre 100 e 250 ml, não
permitindo caracterizar perda aguda de sangue.
Ao analisar-se o número de leucócitos e de neutrófilos em animais submetidos a perda
crônica de sangue observou-se leucopenia por neutropenia associado a linfopenia e
eosinopenia. Esses resultados evidenciam que as alterações no leucograma de animais com
anemia verminótica não se devem somente a perda crônica de sangue, pois se por um lado a
linfopenia e eosinopenia poderiam ser creditados ao processo anêmico, por outro a
normoleucocitemia e valores de neutrófilos dentro da normalidade ou aumentados (como
observado nos ovinos com anemia grave) não puderam ser associados com as perdas de
sangue crônicas.
A suposição que o estado anêmico associado às verminoses gastrintestinais causariam
menor oxigenação da região centro-lobular dos lóbulos hepáticos determinando processo
degenerativo e/ou de necrose hepatocelular com comprometimento da função do órgão
(MacLACHLAN; CULLEN, 1998) não pode ser demonstrada, pois a análise dos resultados
de AST e GGT, bem como os teor sérico de bilirrubina total não sofreram variações em
função dos grupos experimentais. Ao consultar a literatura sobre as possíveis inter-relações da
função hepática e as anemias verminóticas, observa-se que o assunto foi pouco estudado,
sendo encontrada somente a pesquisa de Faria et al. (2002) que também não conseguiram
demonstrar a presença de lesão hepática que seria provocada pela hipóxia decorrente da
anemia verminótica. Diante dos resultados obtidos poder-se-ia formular hipótese que nos
animais com anemia verminótica as lesões não comprometeram mais que um terço do fígado
ou seriam lesões sub-agudas, nas quais os valores das enzimas não se alteraram ou já
107
regressaram aos seus valores normais, não permitindo que por meio da bioquímica sangüínea
ser efetuado o diagnóstico da hepatopatia. Para demonstrar se existe inter-relações entre as
anemias verminóticas e a ocorrência de lesões hepáticas será necessário a utilização de outros
métodos de diagnóstico como a ultra-sonografia e a biopsia hepática.
A principal alteração do perfil metabólico dos ovinos com verminose gastrintestinal
foi a diminuição dos teores séricos de colesterol. Segundo Kaneko, Harvey e Bruss (2008), as
quantidades de colesterol presentes refletem o acetil-CoA disponível para a geração de
energia, oriundo basicamente da ingestão de comida. Em momentos de diminuição de
ingestão de alimentos, há diminuição da liberação de insulina e de leptina e aumento de
glucagon e AMPc, ou seja, em situações em que o organismo está em fosforilação, a produção
de colesterol fica comprometida (KANEKO; HARVEY; BRUSS, 2008).
A associação entre baixos valores de colesterol e a ocorrência de distúrbios da
reprodução foi descrita por Arosh et al. (1998) que verificaram níveis de colesterol
significativamente menores para o grupo de fêmeas bovinas considerados inférteis. As
explicações dessa associação estariam relacionadas ao fato do colesterol ser um precursor de
hormônios esteróides como a progesterona, o estrógeno e a testosterona (KANEKO;
HARVEY; BRUSS, 2008) ou ainda no fato que os baixos níveis de colesterol poderiam afetar
a qualidade dos oócitos (KRUIP et al., 1996).
Encontra-se na literatura diversas referências correlacionando negativamente os teores
séricos de colesterol, os teores plasmáticos de lipoproteínas com a infiltração gordurosa do
fígado, ou seja, naqueles animais com significativa esteatose hepática observou-se que os
valores séricos ou plasmáticos de colesterol e de lipoproteínas são baixos (VAN DEN TOP et
al., 1995). Em seu livro sobre patologia animal, Santos (1979) afirma que nas anemias a
gordura permanece nas células hepáticas, sem ser utilizada, acumulando-se progressivamente
e ocasionando, dessa maneira, lipidose hepática. Apesar de não termos observado
macroscopicamente a ocorrência de esteatose hepática nos animais com verminose
necropsiados, existe a necessidade de avaliar por meio de biopsia hepática as possíveis inter-
relações entre a esteatose hepática e os teores séricos de colesterol em animais com verminose
gastrintestinal.
A glicemia dos animais com verminose gastrintestinal diminuiu com o aumento da
intensidade da anemia, porém no grupo com anemia intensa observou-se hiperglicemia. Em
três dos 13 animais apresentavam glicemia maior do que 100 mg/dL. Talvez, essa alteração
bioquímica seja uma demonstração que pode ocorrer durante os processos graves de
verminose distúrbios do metabolismo da glicose, com aumento da neoglicogênese em
108
resposta ao aumento de secreção de glicocorticóides ou dificuldades no aproveitamento da
glicose como reflexo da diminuição dos níveis plasmáticos de insulina associado a menor
ingestão de alimentos.
Os valores do betahidroxibutirato mantiveram-se dentro de valores de normalidade,
indicando que não houve aumento da produção de corpos cetônicos, bem como a cetôgenese
alimentar manteve-se inalterada. Este fato é indicativo que, mesmo com a diminuição da
ingestão de alimentos, os processos fermentativos do rúmen não foram afetados pela
verminose gastrintestinal, uma vez que durante a fermentação de carboidratos o acetato e o
butirato, são convertidos em acetoacetato e β-HBO durante a absorção pelo epitélio ruminal,
na denominada cetogênese alimentar (HEITMANN et al., 1987).
Ao analisar, os resultados da presente pesquisa observa-se que não houve aumento da
lipólise associado à anemia verminótica, mas observou-se que 46,1 % (77/167) de todos os
animais examinados tinham valores de NEFA menores do que 100 µmol/dL. Esses resultados
sugerem que um número significativo de ovelhas criadas no Estado de São Paulo, as reservas
corporais de gordura são pequenas, o que poderiam indicar má alimentação nesses animais.
Em situações de déficit energético, pode ocorrer mobilização das gorduras corpóreas e
aumento do catabolismo protéico em decorrência da diminuição dos níveis plasmáticos de
insulina e o aumento de secreção de glicocorticoide (KANEKO; HARVEY; BRUSS, 2008).
Apesar da média dos teores séricos de ureia não serem estatisticamente maior nas ovelhas
intensamente anêmicas, na análise individual dos resultados observa-se maior porcentagem de
animais com teores de ureia maiores do que de 60 mg/dl: 38,4% (5/13) das ovelhas com
anemia intensa, 14,2% (3/21) das ovelhas com anemia moderada, 9,2 % (5/54) das ovelhas
com anemia leve e 8 % (7/79) das ovelhas não anêmicas apresentaram teores de mais de 60
mg/dl de ureia sérica. Da mesma forma a atividade sérica da enzima CK não apresentou, em
média, diferença estatística entre os diversos grupos experimentais, mas a análise individual
dos resultados mostrou que 30,8% (4/13) dos animais com anemia intensa apresentaram
valores para CK maiores que 200 U/L, sendo esse aumento observado em 23,8% (5/21) dos
animais moderadamente anêmicos, 13% (7/54) dos levemente anêmicos e em 5% (4/79) das
ovelhas não anêmicas.
A análise dos resultados obtidos nessa pesquisa para a função hepática, função renal e
lipidograma, incluindo aspectos do metabolismo energético e proteico, indicam que os ovinos
apresentam grande capacidade de manter a sua homeostase. Esse fato poderia ajudar a
explicar porque mesmo em processos mórbidos graves, as manifestações clínicas das
109
enfermidades que acometem os ovinos são mais dificilmente percebidas do que nas outras
espécies de ruminantes.
O processo anêmico agudo não determinou modificações no pH sanguíneo e no
equilíbrio acido-básico. As variações observadas na pO2 e na pCO2 não foram
estatisticamente significantes e o lactato não aumentou, indicando que não houve hipóxia
tecidual. Independentemente da intensidade da anemia, os animais foram capazes de
minimizar ou prevenir os efeitos da hipóxia por meio do aumento da sua frequência cardíaca.
Considerando-se a população de animais examinados anêmicos e sem anemia
verificou-se que em 27,0 % (23/85) das mensurações realizadas o pH sangüíneo estava menor
do que 7,350. Nesses casos verificou-se que em 21,7 % (5/23) a acidose era respiratória e em
78,3 % (18/23) havia um componente metabólico. Nesses animais observou-se aumento dos
níveis séricos de lactato. Essas observações e alterações são compatíveis com aquelas
observadas na miopatia de captura (CARRAMENHA; CARREGARO, 2012) e possivelmente
estejam relacionados a resposta de estresse dos ovinos à contenção física, podendo explicar
parte dos quadros de morte súbita relatados nessa espécie animal durante a sua manipulação.
110
6 CONCLUSÕES
A análise dos resultados obtidos na presente tese bem como a sua discussão permitiu
que as seguintes conclusões fossem obtidas:
1ª Conclusão –Em termos médios, observou-se predomínio da ocorrência de anemia do tipo
normocítico e normocrômico nas verminoses dos ovinos, criados no Estado de São Paulo.
2ª Conclusão – A avaliação da repercussão do estado anêmico/ verminose gastrintestinal
sobre o leucograma evidenciou normoleucocitemia com existência de linfopenia e
eosinopenia, podendo ser observado em animais com hematócrito menor do que 15 % a
ocorrência de neutrofilia sem desvio a esquerda. Observou-se linfopenia absoluta, que
aumentou conforme maior era a intensidade do processo anêmico, e a inversão do padrão
leucocitário, que passa de predominantemente linfocitário para neutrofílico.
3ª Conclusão –Os teores séricos de ferro e índice de saturação da transferrina nos animais com
anemia intensa e moderada são significativamente menores, enquanto os valores de
Capacidade Total de Ligação de Ferro, que refletem os teores séricos de transferrina, não
sofreram variações significativas.
4ª Conclusão – Observou-se hipoproteinemia e hipoalbuminemia que se intensificou com a
intensidade da anemia, enquanto os teores de colesterol diminuíram com a intensidade da
anemia. Afora essa alteração, os resultados obtidos nessa pesquisa para a função hepática,
função renal e lipidograma, incluindo aspectos do metabolismo energético e proteico, indicam
alterações de menor importância e mostram que os ovinos apresentam grande capacidade de
manter a sua homeostase.
5ª Conclusão – A restrição alimentar não determinou diminuição significativa nos valores do
eritrograma e indicam que os animais foram capazes de manter a homeostase no metabolismo
de ferro, possivelmente por que foram mantidos em piquete com terra. Entretanto a restrição
de ferro na alimentação, utilizando-se 4 gramas de Sulfato de Manganês como antagonista da
absorção de ferro, durante 100 dias, determinou redução de 1,64 x106 hemacias/mm
3, de 5,9
% no hematócrito e de 2,3 g/dL na taxa de hemoglobina. A anemia desses animais foi do tipo
111
normocícito e normocrômico e os teores séricos de ferro foram significativamente menores
nas colheitas realizadas com 60 e 80 dias após o inicio do uso do manganês. A administração
de ferro oral em um desses animais infectados determinou a recuperação dos valores da crase
sanguínea.
6ª Conclusão - A ocorrência de neutrofilia durante os processos anêmicos por perda sangüínea
puderam ser observados de forma transitória no grupo de animais submetidos a sangria aguda,
enquanto nos animais submetidos a perda crônica de sangue esse fenômeno não ocorreu.
7ª Conclusão - Ao analisar-se o número de leucócitos e de neutrófilos em animais submetidos
a perda crônica de sangue observou-se leucopenia por neutropenia associado a linfopenia e
eosinopenia. Esses resultados evidenciam que as alterações no leucograma de animais com
anemia verminótica não se devem somente a perda crônica de sangue, pois se por um lado a
linfopenia e eosinopenia poderiam ser creditados ao processo anêmico, por outro a
normoleucocitemia e valores de neutrófilos dentro da normalidade ou aumentados (como
observado nos ovinos com anemia grave) não puderam ser associados com as perdas de
sangue crônicas.
8ª Conclusão – O processo anêmico agudo não determinou modificações no pH sanguíneo e
no equilíbrio acido-básico. As variações observadas na pO2 e na pCO2 não foram
estatisticamente significantes e o lactato não aumentou, indicando que não houve hipóxia
tecidual. Independentemente da intensidade da anemia, os animais foram capazes de
minimizar ou prevenir os efeitos da hipóxia por meio do aumento da sua frequência cardíaca.
112
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