estresse no trabalho: um estudo comparativo no setor de … · 2017-08-16 · diferenciar o setor...
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ESTRESSE NO TRABALHO: UM ESTUDO COMPARATIVO NO
SETOR DE COMPRAS NA ORGANIZAÇÃO PÚBLICA E PRIVADA NO
MUNICÍPIO DE ARACRUZ/ES
ARACRUZ/ES
2014
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1. INTRODUÇÃO
O Estresse é um desequilíbrio provocado pela relação do indivíduo com as
exigências do seu meio. As reações se exageradas em intensidade ou de longa
duração podem levar a um desequilíbrio no organismo, chamada de distresse. A
reação ao estresse é uma atitude biológica necessária para a adaptação às
situações novas (MIRANDA, 2003, p.06).
Nos dias atuais o conceito de estresse tem sido tão utilizado que está sendo
distorcido, entendido como uma carga negativa. Porém uma carga pequena de
estresse estimula o indíviduo, e em exagero causa reações negativas, conhecido
como distresse. (MIRANDA, 2003, p.06)
Segundo Jorge Miranda (2003, p.07) “O Estresse é descrito como o sal da
vida, é necessário acertar a mão na quantidade. Vida sem estresse é como comida
sem sal: NÃO TEM SABOR E NEM DÁ PRAZER”.
O setor de compras tem um nível elevado de responsabilidade por relacionar-
se com custos e benefícios na aquisição de serviços/produtos. Por este motivo
produz um nível de estresse no trabalhador, pois todo o procedimento gera um
impacto no resultado da organização.
Esse setor tem por finalidade suprir as necessidades da empresa mediante a
aquisição de materiais e/ ou serviços, emanadas de solicitações dos usuários,
objetivando identificar no mercado as melhores condições comerciais e técnicas.
(VIANA, 2002, p. 43)
É uma atividade essencial e diretamente ligada à competitividade e ao
sucesso da organização, proporcionando a redução de custos e o aumento dos
lucros.
Comprar com eficiência garantindo benefícios para a organização é fator
fundamental, não só para a competitividade, mas também como a oferta de produtos
de qualidade ao cliente.
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Para que isto ocorra, é necessário que se tenha um banco de dados sempre
atualizado, funcionários capazes e com alto poder de negociação, além de investir
em um relacionamento forte com os fornecedores. A habilidade do setor de compras
influencia diretamente no resultado financeiro da organização. (FRANCO, Glenda;
VALE; Laila, 2010).
Tanto em organizações públicas como privadas, a área de suprir as
demandas internas da empresa são extremamente relevantes. No que diz respeito
ao ambiente público o cumprimento da legislação é dever dos responsáveis pela
realização das compras, que é representado pela figura do pregoeiro e sua equipe
de apoio. O não cumprimento da lei acarreta em punições para os servidores
públicos.
Art. 83, da lei 8666/93 diz que: os crimes definidos nesta Lei, ainda que
simplesmente tentados, sujeitam os seus autores, quando servidores públicos, além
das sanções penais, à perda do cargo, emprego, função.
Face ao exposto, a problemática deste trabalho foi: Quais são as diferenças
dos fatores estressores no ambiente de compras entre organização pública e
privada?
1.1 OBJETIVO
1.1.1 Objetivo Geral
O objetivo geral deste estudo foi comparar os fatores que elevam o nível de
estresse dos trabalhadores no ambiente de compras da organização pública e
privada.
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1.1.2 Objetivos Específicos
Com a perspectiva de alcançar o objetivo geral, o estudo orienta-se pelos
seguintes objetivos específicos:
Identificar as principais teorias sobre fatores estressores;
Diferenciar o setor de compras da organização pública e privada;
Apresentar as diferenças dos fatores estressores no setor de compras na
organização pública e privada.
A Consultora em Recursos Humanos Robert Half, apontou por meio de uma
pesquisa no ano de 2013, que o brasileiro é o profissional mais estressado do
mundo. Entre os motivos que elevam esse índice destacam-se o excesso de carga
de trabalho como causa principal (52%), seguido da falta de reconhecimento (44%)
e pressões econômicas (38%).
A pesquisa foi realizada em 12 países, com 1775 gestores, sendo 100 do
Brasil. Reforçando os resultados da pesquisa, o Ministério da Previdência Social
confirma os elevados números de afastamento de profissionais devido ao estresse
no trabalho.
Entre o período de 2010 a 2013, o índice de afastamento do trabalho devido
ao alto nível de estresse aumentou em 41,9%. Foram 5.919 profissionais afastados
em 2010, por todo país.
“Em 2013, o número chegou a 8.400 funcionários, gerando custos e prejuízos
para empresas e funcionários”. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE RECURSOS
HUMANOS, Joinville).
Segundo Santos, da Revista Proteção (2011), uma pesquisa divulgada pela
UNB – Universidade de Brasília, o estresse leva 1,3 milhão de pessoas a se
afastarem do trabalho devido à depressão, alcoolismo, hipertensão, dores de cabeça
entre outras consequências do estresse.
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Diante do exposto, justifica-se a escolha deste tema, pois os fatores
estressores identificados nesta pesquisa podem contribuir com a gestão das
organizações amenizando as consequências negativas do estresse no ambiente
organizacional.
As contribuições mercadológicas associam-se a identificação dos causadores
do estresse no funcionário, proporcionando para a organização informações que
contribuirão para reformulação do ambiente organizacional e geração da qualidade
de vida e aumento da produtividade.
As contribuições científicas relacionam-se ao fato de existir poucos estudos
que abordam as diferenças dos fatores estressores entre a organização pública e
privada.
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2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 DEFINIÇÃO DE ESTRESSE
Desde os primórdios observa-se a exposição humana a grandes desafios na
luta pela sobrevivência.
Estas situações provocava no homem um estado de alerta causando
sentimentos de tensão, medo e adrenalina. Esse desenvolvimento de estresse
acompanha o homem em diversas fases: a busca pela sobrevivência, o trabalho, na
época da revolução industrial até os dias de hoje com a globalização (CARVALHO;
SERAFIM, 2001, p.139).
Miranda (2003, p. 05), relata que o estresse surgiu há anos atrás desde
quando os homens das cavernas tinham a preocupação em lutar pela sobrevivência,
transformando substâncias químicas do nosso organismo em excitação e agradável
estado de alerta, pois a vida é um jogo com duas alternativas, lutar ou fugir.
O estresse surge a partir de várias situações tensas, e não somente de um
caso isolado. Esse diagnóstico vai depender de como o psicológico do indivíduo irá
reagir a fatores externos. Cada indivíduo lida de maneiras diferentes ao desenvolver
o estresse. (CARVALHO; SERAFIM, 2001, p.139)
Miranda (2003) ainda define estresse como um “desequilíbrio provocado pela
relação do indivíduo com as exigências do seu meio”.
Selye (1975), apud França e Rodrigues (2002, p. 27) e Carvalho e Serafim
(2001, p.123) define o estresse como “o conjunto de reações que um organismo
desenvolve ao ser submetido a uma situação que exige esforço de adaptação”.
Segundo Chiavenato (1999, p.433) “estresse é um conjunto de reações
físicas, químicas e mentais de uma pessoa decorrente de estímulo ou agentes
estressores que existem no ambiente”. Dependendo do nível de estresse faz-se
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notar diversos sintomas classificados em físicos, psicológicos e comportamentais,
apresentados como pressão alta, úlcera, depressão, irritabilidade entre outros.
Os sintomas físicos estão relacionados às mudanças do metabolismo, não
deixando clara a relação entre o estresse e o sintoma físico. No entanto os sintomas
psicológicos causam insatisfação como, por exemplo, tédio, ansiedade, irritabilidade,
tensão entre outros. (CHIAVENATO, 1999 p.433)
Por sua vez, os sintomas comportamentais são manifestados por meio de
mudanças na produtividade, absenteísmo e rotatividade, é o modo como o corpo
reage ao nível de estresse. Um exemplo claro é a mudança de hábito na
alimentação, aumento de consumo de álcool ou tabaco, fala mais rápida,
inquietação ou distúrbios do sono. (ROBBINS, 2005, p. 443)
Segundo França e Rodrigues (2002, p. 64), as consequências do estresse
podem ser fisiológicas, psicológicas (associam-se a cognitivas e afetivas) e
comportamentais, a curto e longo prazo.
O período prolongado do estresse causa desgaste emocional, trazendo
grandes consequências ao indivíduo. Com o ritmo de vida acelerado as cobranças
se tornam maiores, causando alterações no organismo do indivíduo, resultando em
diagnósticos como ansiedade, depressão, angústia entre outros. (CARVALHO;
SERAFIM, 2001, p.136).
Charly Cungy (2004, p.24), traz como consequências do estresse distúrbios
funcional – enxaqueca, sintomas digestivos, alergias e problemas de pele - doenças
orgânicas – hipertensão arterial, colesterol, infarto do miocárdio, doenças do tubo
digestivo, asma.
Além dos sintomas funcionais ou orgânicos, o estresse muitas vezes
provoca irritabilidade, ansiedade, depressão e dificuldade de
relacionamento na família e no trabalho, gerando conflitos que agravam
ainda mais o problema, no verdadeiro círculo vicioso, estresse produz
estresse.
Os indivíduos não conseguem diferenciar os sintomas ocasionados pelo
estresse, podendo ser físico – dor de cabeça, pouco apetite, resfriados frequentes,
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fadiga – psicológica – falta de memória, pessimismo, tédio, ansiedade, impaciência –
e comportamentais – autoritarismo, agressividade, mau humor, isolamento social,
pouca capacidade de trabalho. (ARDEN, 2003, p.10).
As consequências do estresse no indivíduo relacionado ao trabalho acarretam
situações no ambiente organizacional “[...] como ameaça as suas necessidades de
realização pessoal e profissional e / ou a sua saúde física ou mental, prejudicando a
interação desta com o trabalho e com o ambiente de trabalho [...]” ocorrendo no
ambiente constantes mudanças sem a obtenção de recursos necessários para
suportar tais situações. (FRANÇA; RODRIGUES, 2002, p. 34)
Tais consequências geram transtornos interpessoais, como desrespeito,
convivência depreciativa, tanto no ambiente familiar como no organizacional,
resultando em “círculo vicioso: aumentando o nível de tensão e desgaste
emocional”. (ZANELLI, 2010, p. 42)
2.2 ESTRESSE NO AMBIENTE ORGANIZACIONAL
A partir do século XXI, intensificaram-se as cobranças no ambiente de
trabalho, causadas pela globalização e os avanços tecnológicos, acarretando para
as organizações um ambiente mais competitivo. “[...] tendo dificuldades para
perceber, refletir e agir em benefício da própria saúde e do bem estar coletivo.”
(ZANELLI, 2010, p. 13).
Com os avanços tecnológicos o homem passou a se preocupar em
acompanhar essas mudanças no seu ambiente de trabalho, resultando em
consequências negativas, como pressão psicológica e uma má qualidade de vida
emocional, por não conseguir acompanhar e obter as grandes realizações e
conquistas. (CARVALHO; SERAFIM, 2001, p.122)
Baker e Karasek, (2000, p. 420), apud França e Rodrigues (2002, p. 27) diz
que o estresse do trabalho é visto como “as respostas físicas e emocionais
prejudiciais que ocorrem quando as exigências do trabalho não estão em equilíbrio
com as capacidades, recursos ou necessidades do trabalhador”.
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Chiavenato, (1999, p. 433), afirma que o estresse no trabalho é provocado por
estímulos estressores existentes no ambiente, como o autoritarismo, desconfiança,
pressão das exigências e cobranças, a chateza e monotonia de certas tarefas entre
outros fatores. De acordo com o autor, existem duas fontes de estresse no trabalho
sendo elas: ambiental e pessoal. O ambiental é tudo o que está em volta do
individuo relacionado ao trabalho. E o pessoal é o que está além do trabalho, à
família, o cônjuge, finanças entre outros.
No entanto Robbins (2005, p.440) desenvolveu um estudo em que evidenciou
três potenciais fontes de estresse: ambiental, organizacional e individual.
Os fatores ambientais estão relacionados às incertezas do ambiente externo,
como incertezas econômicas, políticas e tecnológicas.
Os fatores organizacionais envolvem o ambiente de trabalho, por exemplo, as
demandas de tarefas, demandas de papéis, demandas interpessoais, estrutura
organizacional, liderança organizacional e estágio de vida de uma organização.
Por sua vez, fator individual refere-se à vida pessoal relativo aos funcionários,
que inclui questões familiares, problemas econômicos e características de
personalidade. (ROBBINS, 2005, p.440)
As consequências do estresse no ambiente organizacional são evidenciadas
de forma recorrente em setores que são submetidos a muitas metas e pressões. O
setor de compras é um setor onde as atividades são relacionadas a cobranças de
tempo, valores, qualidades dentre outros fatores que ajudam a elevar o estresse,
antes, durante e pós o processo de compras.
2.2.1 Principais teorias sobre estresse no ambiente organizacional
Existem várias teorias que evidenciam as principais causas do estresse no
ambiente organizacional. Estes estudos apresentam escalas de validação para
identificar as causas de comportamentos nos funcionários.
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2.2.1.1 Teoria Job Demand Resources.
O modelo mais conhecido para explicar o estresse no trabalho é o de Karasek
(Karasek e Theorell, 1990) Job Demand Resources. Esse modelo teórico procura
enfatizar a importância de promover a motivação, a aprendizagem e o
desenvolvimento pessoal com a relação do aumento do estresse no trabalho.
(Buunk et. al, 1998 apud ZANELLI, 2010, p 63).
A formulação do modelo inicial considera que a grande exigência do trabalho
relacionada à situação de baixo controle, gera o Estresse. Porém o indivíduo poderá
ter grandes exigências, desde que mantenha o controle emocional “[...] elevada
motivação, aprendizagem e oportunidade de desenvolvimento, ocorre quando o
trabalho tem elevadas exigências, mas também elevado controle.” (ZANELLI, 2010,
p 64).
“Sua principal hipótese é que reações adversas à saúde acontecem devido ao
desgaste psicológico decorrente da exposição simultânea por parte dos
trabalhadores, a elevadas demandas psicológicas e escassa amplitude de decisão
sobre o seu processo de trabalho (controle).” (ALVES; HOKERBERG; FAERSTEIN;
2007 p.02).
Em estudos anteriores, Tavares (2010, p.76) pesquisou sobre a identificação
de Distúrbios Psíquicos Menores (DPM) em 130 enfermeiros docentes das
universidades federais do Rio Grande do Sul utilizando o modelo de Karasek:
Evidenciou-se associação positiva e significativa entre alta demanda
psicológica, baixo controle sobre o trabalho e a ocorrência de DPM. O
enfermeiro docente que desenvolve as atividades em um ambiente
considerado de alta exigência tem maior chance de desenvolver DPM,
quando comparado ao que desenvolve as atividades em um ambiente de
baixa exigência.
A Escala de Avaliação do Modelo de Demanda e Controle possui 49 questões
desdobradas da seguinte forma: controle, demandas psicológicas, demandas físicas,
suporte social, insegurança no trabalho e uma avaliação o nível de qualificação
requerido para a atividade de trabalho realizada”. (TAVARES, 2010, p.27).
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2.2.1.2 Modelo Quadrifásico do Estresse e do Treino Psicológico do
Controle do Estresse
A validação da escala de identificação de estresse de Lipp (1994) surgiu da
Teoria Modelo Quadrifásico do Estresse e do Treino Psicológico do Controle do
Estresse.
O modelo apresenta quatro fases relacionadas ao estresse: fase de alarme,
fase de resistência, fase de quase exaustão e fase de exaustão.
Fase de alarme: “é identificada ou é percebida, produz resposta de tensão no
corpo”, não é considerada uma fase de distresse e sim um impulso para a
produção de adrelina.
Fase de resistência: “se o estressor persiste, torna-se necessário tentar
alguns meios de enfrentar o evento”.
Fase de quase exaustão: começa em todas as fases, mas na fase de
resistência para a exaustão o indivíduo não consegue manter a homeostase,
seu modo de equilíbrio interno, tendo uma duração longa e de intensidade.
“Nessa fase, oscila entre a incapacidade de resistir às tensões e a
homeostase que não é recuperada”.
Fase de exaustão: “a homeostase estará definitivamente perturbada e a
exaustão irá ao ponto de produzir resultados severos, inclusive à morte”-.
(ZANELLI, 2010, p. 62)
A Teoria do Modelo Quadrifásico de Lipp baseou-se no modelo Trifásico de
Salye, que dizia que o estresse possui apenas três fases, a fase de alarme, fase de
resistência e fase de exaustão. A teoria de Lipp foi validada pelo Inventário de
Sintomas de Stress para Adultos (ISSL) padronizado por Lipp e Guevara (1994).
O Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL) fornece uma
medida objetiva da sintomatologia do estresse em jovens acima de 15 anos e
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adultos. Sua aplicação leva aproximadamente 10 minutos e pode ser realizada
individualmente ou em grupos de até 20 pessoas.
O Instrumento é formado por três quadros referentes às fases do estresse. O
primeiro quadro, composto de 15 itens refere-se aos sintomas físicos ou psicológicos
que a pessoa tenha experimentado nas últimas 24 horas.
O segundo, composto de dez sintomas físicos e cinco psicológicos, está
relacionado aos sintomas experimentados na última semana. E o terceiro quadro,
composto de 12 sintomas físicos e 11 psicológicos, refere-se a sintomas
experimentados no último mês.
Alguns dos sintomas que aparecem no quadro 1 retornam no quadro 3, mas
com intensidade diferente. No total, o ISSL apresenta 37 itens de natureza somática
e 19 psicológicas, sendo os sintomas muitas vezes repetidos, diferindo somente em
sua intensidade e seriedade. A fase 3 (quase-exaustão) é diagnosticada na base da
frequência dos itens assinalados na fase de resistência
A escala de validação de Lipp foi observada na amostra “com 1853 pessoas,
sendo 64% do sexo feminino e 36% do masculino, na faixa etária de 15 a 75 anos”.
Verificou-se que 44% dos indivíduos não possuíam sinais de stress, 53%
encontravam-se entre a fase de resistência e 1% na fase de exaustão. A faixa de
idade para o sexo feminino que permaneceu com níveis de estresse na fase de
resistência, foi a de 15 a 24 anos. Enquanto para o sexo masculino a fase de
resistência permaneceu entre a faixa de 25 a 34 anos. (ROSSETTI, 2008 p.12)
Rossetti et al( 2008) utilizou a escala de Lipp para identificar níveis de
estresses por meio de sintomas em uma amostra da Policia Federal do estado de
São Paulo. Concluiu-se que a maior parte dos participantes permaneceu na fase de
resistência do estresse, sendo o grupo feminino com a maior porcentagem de
estresse, 59%, em relação ao público masculino.
Pafaro e Martino (2004) utilizaram a escala de validade de Lipp para
identificar os níveis de estresse em enfermeiros do hospital de oncologia pediátrica
em São Paulo, os resultados não foram muitos diferentes dos encontrado por
Rosseti (2008). No universo de 33 enfermeiros pesquisados, 22% encontra-se com
estresse no nível de resistência, a maior parte da população da amostra sendo
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mulher. O maior nível de estresse foi identificado em trabalhadores que praticam a
dupla jornada.
2.2.1.3 Modelo Teórico para Explicar o Estresse Ocupacional em
Gerentes (MTEG)
Zille, 2005, desenvolveu o Modelo Teórico para explicar o estresse
ocupacional em Gerentes (MTEG) por meio da teoria básica de Cooper et al.
(1988,2000) , Karasek (1996, 1998,2000) Moraes et al (1990, 1992, 1995, 1998,
2000, 2002, 2003) e Couto (1987). Para o estresse ocupacional é relacionado três
abordagens, a bioquímica, ou seja, fisiologia do estresse, psicológica e sociológica.
Na abordagem bioquímica: começou a ser desenvolvida por Selye (1936-
1954), onde foi estudado o equilíbrio interno do indivíduo, denominado homeostase.
Sendo observado que os indivíduos possuem mecanismos de combate a agressões,
denominado “síndrome de luta ou fuga”, que reagem a comportamentos emocionais,
ambientais e fisiológicos. A intensidade dos comportamentos nos indivíduos irá
definir as diversas reações psicológicas entre as fases do estresse, que são: alarme,
resistência e exaustão. Diante deste estado de tensão o indivíduo irá adquirir uma
forma mais rápida de desenvolver diversas reações fisiológicas. (Zille, 2005, p. 66)
No que diz respeito à abordagem psicológica o enfoque está na forma como o
ser humano pensa ao reagir sobre determinado problema, essa forma atinge o seu
estado racional e emocional, gerando consequências biológicas ao corpo, como as
doenças. (ZILLE, 2005, p. 68). “Apresenta sua ênfase principal a compreensão da
influência que a percepção e o comportamento do indivíduo são manifestados no
processo do estresse”. (ZILLE et al, 2011 p.8)
Por sua vez, a abordagem sociológica está relacionada às variáveis das
sociedades, a visão do mundo do indivíduo a sua realidade social. Todo o
desenvolvimento psíquico do indivíduo está relacionado à forma cultural e meio
social que ele nasceu e foi criado, que tem forte influência no seu estado emocional.
(ZILLE et al, 2011 p.8)
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Perante o exposto, a teoria de Zille (2005), desenvolveu o MTGE – Modelo
Teórico de Estresse Ocupacional em Gerentes afirmando que o estresse está
relacionado ao desequilíbrio acentuado entre os níveis de tensão que o indivíduo
recebe do meio e à sua capacidade psíquica de suportá-lo. (ZILLE et al, 2011 p.9)
Na validação do MTGE, “foi utilizada uma amostra de 547 gerentes, que
desenvolvem suas atividades em 15 empresas de diversos setores com atuação no
Brasil. Verificou-se que 63% dos gerentes, foram diagnosticados com quadro de
estresse, sendo 45% com estresse leve a moderado; 15% com estresse intenso, e
3% com manifestações de estresse muito intenso.” (ZILLE, 2005, p. 233).
Zille et al (2011), aplicou o mesmo Modelo Teórico para explicar o Estresse
Ocupacional em Gerentes de empresas que estão em constantes transformações,
como bancos, indústrias de celulose, call center, elétrica e informática. Os resultados
apontam que dos 950 gestores pesquisados, 71%, apresentam quadro de estresse
ocupacional, sendo que destes 43% foram diagnosticados com quadro de estresse
leve a moderado; 23% apresentam estresse intenso, 5% apresentam quadro de
estresse muito intenso. Apenas 29% da amostra, apresentaram ausência de
estresse, ou seja, equilíbrio entre as pressões psíquicas do ambiente e a estrutura
psíquica desses indivíduos.
A análise foi realizada com o objetivo de mostrar a importância de cada
construto. O modelo é composto por cinco construtos de primeira ordem (fontes de
tensão no trabalho, fontes de tensão no indivíduo e do papel da gerência,
mecanismos de regulação, sintomas de estresse e impactos na produtividade).
Sendo cada construto de primeira ordem, explicado por construtos de segunda
ordem, porém relacionados aos seus indicadores. (ZILLE et al, 2011 p.9).
Para a realização do presente estudo, utilizou teoria de Zille (2005) com
adaptações para este estudo com o objetivo de identificar as diferenças dos fatores
estressores nas organizações públicas e privadas.
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2.3 DIFERENÇAS NO SETOR DE COMPRAS ENTRE
INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS
A diferença entre os setores de compra público e privado associa-se a
informalidade dos procedimentos na organização privada e o excesso de
formalidade e burocracia respaldadas em leis nas organizações públicas. (VIANA,
2002, p. 254)
No entanto, Costa, (1998, p.02), afirma que tanto a organização pública
quanto a privada possuem a característica de burocratização, por seguirem regras.
O processo de compra da organização pública é instituído por lei, já o processo de
compra da instituição privada, é regido por normas internas, que variam de empresa
para empresa, ambas com fim de garantir a transparência nos processos, já que as
grandes organizações privadas não possuem um dono e sim gestores de processos.
O setor de compras tanto em organização pública quanto em organização
privada é extremamente relevante para o funcionamento de qualquer organização,
pois se faz necessária a disponibilização de recursos de materiais.
Esses recursos devem ser supridos constantemente, evitando a paralização
da produção, pois toda e qualquer atividade de uma organização é necessário à
demanda de materiais e ou serviços. (HEINRITZ; FARREL, 1986, p. 15)
Segundo Heinritz e Farrel, (1986, p.23) o ato de comprar é definido como a
capacidade de adquirir os “materiais na qualidade e quantidade certa, no tempo
certo, ao preço certo e na fonte certa”, indicando a amplitude da função.
Dias (1993) contribui com as afirmações de Heinritz e Farrel, (1986),
descrevendo que a função de compras tem o objetivo de suprir as necessidades de
consumo de materiais e serviços, na qualidade, quantidade e tempo certo.
Já Viana (2002, p.43), diz que o ato de comprar tem como finalidade
preencher as necessidades da organização por meio de aquisição de matérias e ou
serviços, por meio das solicitações dos clientes internos, tendo por objetivo buscar
as melhores condições comerciais e técnicas no mercado.
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Diante da evolução tecnológica, abriu-se um leque de fornecedores dando
ênfase no setor de compras, e elevando a importância dos funcionários desse setor.
Estes profissionais devem estar atualizados, possuir habilidades interpessoais e
dinamismo. (MARTINS; CAMPOS, 2004, p.63)
É importante ressaltar que através do ato de comprar na organização privada
tem como objetivo buscar a competitividade por meio da aquisição de materiais e /
ou serviços com menores custos e de maior qualidade. Já organização pública
busca somente atender as suas necessidades, limitada a um orçamento anual.
(HEINRITZ; FARRELL, 1986, p. 23)
O ato de comprar na organização pública ocorre pelo meio da Licitação, com
o objetivo de comprar pela proposta mais vantajosa, seguindo os princípios e termos
descritos no edital. Na organização privada tem como objetivo no ato da compra
obter o produto na qualidade, quantidade, fornecedor, preço e tempo certo. (COSTA,
1998, p. 02)
Costa, (1998, p.03), apresentou por meio de um quadro, as principais
diferenças do processo de compra da iniciativa privada e da lei de licitação, utilizada
pela organização pública, seguindo os fatores: “seleção de fornecedores, avaliação
dos fornecedores, custo do pedido, tamanho do lote de compra, tempo de reposição,
preço e concorrência, especificação do produto, inspeção de qualidade, contrato e
controle sobre a função”, de acordo com a figura 01.
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Figura 1 – Quadro Sinóptico Demonstrativo das Diferenças entre os Modelos de Compras
Tamanho do Lote de Compra -Grandes lotes de produtos
- Pequeno -Grande
-Processo obedece a lógica cronológica
Preço e concorrência -Concorrência centrada no preço
Inspeção de Qualidade
-Recebimento feito por uma comissão
-Longa duração (JIT) -Curta duração
-Flexível na especificação do produto -Na prática, mais rígido
-Incorpora melhoria técnica e qualidade -Especificação formal
-Modificação por negociação
-Controle genérico sobre a função
Controle Sobre a Função -Pequeno nível de formalismo -Grande nível de formalismo; tudo deve
ser documentado
-Controle sobre cada processo
-Troca de informação técnica durante o
contrato
-Dificuldade para incorporar melhorias
técnicas
-Dificuldades na troca de informação
técnica
-Pode ser no próprio fornecedor, qualidade
garantida (JIT)
-Inspeção de recebimento feita pelo Controle
de Qualidade
-Dificuldade de trabalhar com qualidade
garantida
Especificação do Produto
-Fornecedor pode participar do projeto do
produto (JIT)
-Modificação na especificação com curva de
aprendizado de fabricação
-Especificação mais flexível -Comprador fornece especificação
formal no início do processo de compra
que tende, em regra, a ser seguida
rigorosamente.
Contratos
Tempo de reposição
-Tende a zero com os sistemas eletrônicos,
Kanban e JIT -Apelação jurídica dos participantes pode
estender o tempo ainda mais
-Concorrência centrada em qualidade,
entrega, serviços, preços, tempo de vida do
produto
-Dificuldade de usar como critério os
fornecimentos passados
Custo de Pedido -Pequenos custos de pedidos; as parcerias
fazem tender a zero.
-Grandes custos de pedidos, alto custo
de vendas para o fornecedor
-Pequenos lotes de produtos
-Entregas constantes (JIT) -Entregas constantes só com Registro de
Preços ou Padronização
Avaliação dos fornecedores -Facilidade de usar como critério os
fornecimentos passados
-Negociação
-Possibilidade de parcerias
-Critério de seleção com base no custo do
ciclo de vida
-Critério de seleção centrado no produto
-Cotação
-Impossibilidade de parcerias
- Critério de seleção com base no preço
Quadro Sinóptico Demonstrativo das Diferenças entre os Modelos de Compras
Parâmetros Compras Licitação
Seleção de Fornecedores -Critério de seleção centrado no fornecedor
Fonte: Ansare & Modarres (1990) apud Costa, 1998 P. 03.
Viana (2002, p.176), retrata que as diferenças entre as “atividades é a
formalidade no serviço público e a informalidade na iniciativa privada, muito embora
com procedimentos praticamente idênticos, independentemente dessa
particularidade”. A modalidade de compra pode ser normal ou emergencial,
Segundo Viana (2002, p.179), caracteriza-se uma compra normal, quando for
realizada dentro de um prazo hábil, observando as condições e técnicas para a
aquisição dos materiais, seguindo todas as etapas. Considera-se esta modalidade
mais vantajosa. Conforme figura 02, demonstrada no fluxo básico da compra.
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Figura 2 - Fluxo de Compra Normal
PREPARAÇÃO DOS PROCESSOS
PLANEJAMENTO DA COMPRA
CONCORRÊNCIASELEÇÃO DE FORNECEDORES
PLANEJAMENTO DA COMPRA
INÍCIO
PREPARAÇÃODOS PROCESSOS
PLANEJAMENTO DA COMPRA
SELEÇÃO DEFORNECEDORES
SELEÇÃO DEFORNECEDORES
ANÁLISE DOS FORNECEDORES
CONCORRÊNCIA
AVALIAÇÃO
NEGOCIAÇÃO
CONTRATAÇÃO
DILIGENCIAMENTO
RECEBIMENTO
ENCERRAMENTO
FIM
AUTORIZAÇÃO DO FORNECIMENTO
CONTRATO DE LONGO PRAZO
Fonte: Viana (2002, p.179)
A modalidade emergencial ocorre a partir da falta de planejamento ou
necessidade de algum problema ocorrido de forma emergencial, caracterizando esta
modalidade desvantajosa, pois a organização não terá tempo hábil para fazer uma
pesquisa detalhada de preço. A figura 03 mostra o fluxo de compra emergencial.
(VIANA, 2002, p.179)
28
Figura 3 - Fluxo de Compra Emergencial
N
S PROCURA DO MATERIAL POR FAZ, TELEFONE OU PESSOALMENTE
INÍCIO
USUÁRIO
EMITE PEDIDO DE COMPRA EM
EMERGÊNCIA
PEDIDO DE COMPRA EM EMERGÊNCIA
SETOR DECOMPRAS
QUESTIONAMENTO DE EMERGÊNCIA
EMERGÊNCIAACEITA?
REGISTRO DE CONTROLE
PROCURA DO MATERIAL POR FAZ, TELEFONE OU
PESSOALMENTE
CONFIRMAÇÃO DE COMPRA OU FORNECEDOR
ENCONTRADO
RETIRADA DO MATERIAL NO FORNECEDOR
RECEBIMENTO
ENCERRAMENTO DO PROCESSO
FIM
Fonte: Viana (2002, p.179)
Observa-se que a cada organização do setor de compras apresenta suas
particularidades no procedimento no ato de comprar. Diante deste fato, segue
descrição dos procedimentos de compra na iniciativa privada e pública.
2.4.1 Procedimentos de Compras na Iniciativa Privada
O procedimento de compras na iniciativa privada, não é regido por lei, e sim,
por uma política interna, que o direciona conforme o padrão de cada organização,
porém a essência do fluxo de execução até o ato de comprar é similar à organização
pública. Segundo, Viana, (2002, p.172) as etapas para compra são:
a. determinação do que, de quanto e de quando comprar [...];
29
b. estudo dos fornecedores e verificação de sua capacidade técnica, relacionando-os para consulta;
c. promoção de concorrência, para seleção do fornecedor vencedor;
d. fechamento do pedido, mediante autorização de fornecimento ou contrato;
e. acompanhamento ativo durante o período que decorre entre o pedido e a entrega;
f. encerramento do processo, após recebimento do material, controle da qualidade e da quantidade [...].
O regime de procedimentos tem como objetivo elaborar uma diretriz de
compras “às quais são adicionadas técnicas de pesquisa e de análise, para que se
possa auxiliar o pleno sucesso do total potencial das compras em conservar e
efetivar os lucros da empresa.” (HEINRITZ; FARRELL, 1986, p.37).
2.4.1.1 Evidências Empíricas do processo de compra na Empresa
Privada X
O processo de aquisição de materiais e serviços inicia quando há verificação
e constatação de uma necessidade. Para os materiais de estoque a demanda é
verificada por meio de um relatório extraído do sistema de informação da Empresa
“X”. Para os serviços e produtos de consumo, a demanda é verificada por meio da
solicitação de compra.
Para cada fornecimento de produto e/ou serviço será analisado o tipo, e é
necessário acionar alguns órgãos competentes da própria organização, para
verificação das documentações dos fornecedores, como o Setor de Qualidade, Setor
Segurança e Meio Ambiente do Trabalho.
2.4.1.2 Recebimento da Solicitação de Compra
O solicitante envia para o comprador a solicitação de compra para análise,
caso seja necessário informações complementares, o mesmo recusa a solicitação,
caso contrário, dar-se início ao processo de compra.
30
2.4.1.3 Solicitação de Orçamento
Os orçamentos são solicitados pelo comprador, via email aos fornecedores.
Em situação de urgência faz-se a solicitação via telefone, a fim de agilizar o
processo de compra. Esta mesma informação deve ser esclarecida no pedido de
compra.
O orçamento deverá ser encaminhado preferencialmente para fornecedores já
cadastrados no sistema da empresa, previamente aprovados e certificados pela
Empresa “X”, e deverá observar os seguintes critérios:
No mínimo uma cotação para compras nos valores de até R$500,00.
Duas cotações para compras acima do valor de R$500,00 até o limite de
R$1500,00.
Três cotações para valores acima de R$1500,00.
As solicitações de cotações deverão ser respondidas pelos fornecedores em
um prazo de 03 a 05 dias úteis, salvo situações especiais.
Quando houver situação de fornecedor único (fabricante, contratos
comerciais, requisitado pela engenharia e/ou cliente) será dispensada a
quantidade mínima de cotações exigidas. Em casos específicos e de urgência, o
mesmo deve ser informado pela área solicitante, incluindo o fornecedor.
2.4.1.4 Análise Comparativa dos Orçamentos Recebidos
As propostas dos fornecedores serão analisadas conforme os critérios de:
Condições comerciais (preços e condições de pagamento);
Atendimento a especificação do produto;
Prazo de entrega;
Todo o processo deve ser disponibilizado em formato digital.
31
2.4.1.5 Emissão do Pedido de Compra
Após a análise dos orçamentos, escolhe o que melhor atende os critérios
exigidos pela Empresa “X”. O comprador deverá emitir o pedido de compra por meio
do sistema de informação.
A aquisição de produtos, materiais e/ou serviço com histórico de compras de
até 180 dias considera-se o último orçamento, visto que o orçamento ainda está
vigente.
Efetivado a aprovação do pedido de compra pela hierarquia de
responsabilidade da empresa, o comprador o envia eletronicamente ao fornecedor,
que já autoriza a execução do serviço de entrega de produtos e materiais orçados.
2.4.1.6 Follow-up de Suprimentos
Todo o processo de fornecimento deverá ser acompanhado pelo comprador,
garantindo que o fornecedor irá cumprir o compromisso dentro do prazo de entrega.
Havendo situações de alterações nos prazos previstos o comprador irá notificar o
solicitante, para que o mesmo possa se planejar com a nova data prevista de
entrega.
2.4.2 Procedimentos de Compras no Setor Público
As aquisições de qualquer natureza, das organizações públicas, devem se
enquadrar na Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, onde estabelece normas gerais
sobre licitações e contratos administrativos, tornando assim todo procedimento de
aquisição transparente. (REIS; ALCANTARA; TEIXEIRA, 2013, p. 13).
O artigo 3˚ da Lei 8666/93, afirma que a licitação objetiva garantir a
observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais
vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional
32
sustentável e será realizada e julgada em estrita conformidade com os princípios
básicos: da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade ou
isonomia, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento
convocatório e do julgamento do objetivo.
No artigo 22º, da referida lei são estabelecidos modalidades de licitação
permitidas pela administração pública, que são: concorrência; tomada de preços;
convite; concurso; leilão, de acordo com a figura 4.
FONTE: Elaborado pelas autoras, de acordo com a Lei 8666/93.
Modalidades de
Licitação
Inexigibilidade
Dispensa de Licitação
Contratação Direta
Exceção ) (
Concorrência
Tomada de Preço
Convite
Concurso
Pregão
Licitações
) Regra (
Figura 4 - Formas de Contratar
33
Existem critérios para definir a escolha da modalidade mais interessante e em
todas elas ocorre à definição de valores para sua concretização.
Figura 5 - Valores e Prazos
MODALIDADES DE
LICITAÇÃO
AQUISIÇÃO DE MATERIAS
PARA CONTRATAÇÃO DE
SERVIÇOS
OBRAS E SERVIÇOS DE
ENGENHARIA
PRAZOS MÍNIMOS PARA
APRESENTAÇÃO DAS
PROPOSTAS
LIMITES PARA DISPENSA
Até R$8.000,00
Art. 24 inciso II
Até R$15.000,00
Art. 24 inciso I -
CONVITEAté R$80.000,00
Art. 23 inciso II alínea a
Até R$150.000,00
Art. 23 inciso I alínea a5 dias úteis
TOMADA DE PREÇOS
Até R$650.000,00
Art. 23 inciso II alínea b
Até R$1.500.000,00
Art. 23 inciso I alínea b15 dias corridos
CONCORRÊNCIA 30 dias corridos
LEILÃO 15 dias corridos
PREGÃONão sendo inferior a 08 dias
úteis
PREGÃO ELETRÔNICONão sendo inferior a 08 dias
úteis
Para valores acima dos limites de Tomadas de Preços.
Art. 23 inciso II alínea c
Para valores não superior dos limites de Tomadas de Preços.
Art. 23 inciso II alínea c
Bens e Serviços Comuns
Compras e Serviços FONTE: Elaborado pelas autoras, de acordo com a Lei 8666/93.
A figura 5 demonstra as modalidades da Licitação com os diferentes valores
praticados e de acordo com cada modalidade. (VIANA, 2002, p.255)
2.4.2.1 Contratação Direta: Dispensa e Inexigibilidade de Licitação
Existem dois tipos de situações onde não ocorrerá ou não poderá ocorrer
licitação prévia de contratações, sendo estes: inexigibilidade e dispensa de licitação.
(ALEXANDRINO; PAULO; 2012 p.634)
O artigo 24 da lei 8.666/93 dispõe que:
I para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso I do artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente;
II para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso II do artigo anterior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não se refiram a
34
parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada de uma só vez;
IV nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;
Alexandrino e Paulo, (2012, p. 635), “A inexigibilidade de licitação se verifica
sempre que houver impossibilidade jurídica de competição.” A Lei 8.666/93 em seu
art. 25 dispõe as hipóteses que ocorrerá a impossibilidade jurídica de licitação,
segue descritos os dispositivos pertinentes “(grifos nossos)”:
I – para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
II – para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;
III – para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.
Segundo, a Lei 8.666/93, organizada por Reis, Alcântara e Teixeira, (2013, p.
35) com base no art. 24, incisos I e II a contratação por dispensa de licitação, tem
limite previsto de 10% na modalidade convite, sendo que R$ 8 mil para compras de
bens e outros serviços e R$ 15 mil para obras e serviços de engenharia. As
contratações tem caráter excepcional e de pequeno valor.
35
2.4.2.2 Convite
Segundo Viana, (2002, p. 255), essa é uma das modalidades mais simples de
contratação, onde são destinadas a pequenos valores, com o limite de até três
interessados, no ramo do objeto, onde as empresas tem que estar cadastradas, para
que possam apresentar suas propostas no prazo de cinco dias úteis.
A Lei 8.666/93, legislação de licitações e contratos administrativos
organizados por Reis, Alcântara e Teixeira, conceitua no art. 22, §3º:
Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.
Já Pereira, (2008, p. 201), ressalta que para esta modalidade, não há
existência de edital. As empresas devem ser cadastradas ou não, escolhidas ou
convidadas com participação aberta para as interessadas, devendo ser no mínimo
três.
2.4.2.3 Tomada de Preço São contratações de médio valor (conforme figura 05), limitando os
cadastrados ou interessados a se cadastrarem, até três dias antes da abertura das
propostas. (PEREIRA, 2008, p. 201)
A legislação deixa claro, que todos os participantes deverão atender as
condições exigidas para realizarem o cadastramento, observando-se as
qualificações necessárias. (REIS; ALCANTARA; TEIXEIRA, 2013, p. 32).
36
2.4.2.4 Concorrência
Para esta modalidade é aberto um edital para execução do objeto, onde serão
previstas na primeira fase a habilitação preliminar dos participantes, sendo estas a
verificação da idoneidade dos concorrentes, aspectos jurídicos, fiscais, técnicos e
financeiros. Aprovados na primeira fase as propostas serão abertas e analisadas por
uma comissão composta por no mínimo três membros. (VIANA, 2002, p.254)
Pereira, 2008, acrescenta que esta modalidade é utilizada para contratações
de grande valor (conforme figura 05) e ressalta que todos os participantes devem
cumprir os requisitos mínimos descritos no edital.
Para a execução do seu objeto, a legislação diz “entre quaisquer interessados
que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos
mínimos de qualificação exigidos no edital”. (REIS; ALCANTARA; TEIXEIRA, 2013,
p. 32).
2.4.2.5 Leilão Segundo Pereira, (2008, p. 202), a modalidade de leilão “é utilizada para
vendas de bens móveis inservíveis ou de produtos legalmente ou penhorados. A
participação é aberta para qualquer interessado, vence quem oferecer o maior
lance”.
Leilão é a venda de bens móveis inservíveis a quem oferecer o maior lance
referente ao valor da avaliação. Sendo que esse valor tem que ser superior ou igual
ao valor do bem leiloado. (REIS; ALCANTARA; TEIXEIRA, 2013, p. 33).
2.4.2.6 Pregão
O Pregão passou a fazer parte das demais modalidades de licitação, por meio
da criação “Medida Provisória nº 2.026 de 4 de maio de 2000 (convertido na Lei nº
10.520, de 17 de julho de 2002), foi regulamentada pelo Decreto n º 5.450, de 31 de
maio de 2005”. (PEREIRA, 2008, p. 202)
37
O pregão é sugerido para compra de bens e serviços comuns. Segundo
Pereira (2008), definiram-se bens e serviços comuns:
[...] aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais do mercado.
As propostas e lances no pregão são feitos em sessão pública, conduzidos pelo pregoeiro e por sua equipe de apoio. Os valores ofertados decrescem a cada rodada. Será proclamado vencedor o fornecedor que ofertar o material ou serviço pelo menor valor.
Segundo Reis, Alcântara, Teixeira, (2013, p.103) as normas da lei 8.666/93 é
que norteiam a modalidade do pregão.
2.4.2.7 Pregão Eletrônico
De acordo com Reis, Alcântara e Teixeira (2013), esta modalidade se dá de
forma eletrônica, por meio do sistema de informação e da internet, isto ocorre
“quando a disputa pelo fornecimento de bens e serviços comuns for feita à distância
em sessão pública”.
A Lei 10.520/02, Art. 1º diz que: “Para aquisição de bens e serviços comuns,
poderá ser adotada a licitação na modalidade de pregão, que será regida por esta
lei”, §1º “Poderá ser realizado o pregão por meio de utilização de recursos de
tecnologia da informação, nos termos de regulamentação específica”. (REIS;
ALCANTARA; TEIXEIRA, 2013, p.103).
Segundo Reis, Alcântara e Teixeira (2013), o decreto número 5.450/05 diz:
Art. 2º O pregão, na forma eletrônica, como modalidade de licitação do tipo menor preço, realizar-se-á quando a disputa pelo fornecimento de bens ou serviços comuns for feita à distância em sessão pública, por meio de sistema que promova a comunicação pela internet.
É importante ressaltar que a lei 10.520/02 é conhecida como a lei geral do
Pregão e institui a utilização do pregão na sua forma eletrônica. E com o Decreto
Federal 5.450/05 institui e regulamenta o pregão eletrônico na sua esfera.
38
2.4.2.8 Concurso
Modalidade, segundo Pereira, (2008, p. 202), “utilizado para escolha de
trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou
remuneração aos vencedores. A participação é aberta para qualquer interessado”.
É importante ressaltar que a lei retrata na modalidade de concurso, que os
vencedores deverão seguir os critérios exigidos no edital que deve ser publicado
com antecedência de 45 dias na imprensa oficial. (REIS; ALCANTARA; TEIXEIRA,
2013, p. 33).
39
3. METODOLOGIA
A abordagem de pesquisa utilizada neste estudo foi a de métodos mistos
empregando coleta de dados associadas às duas formas de dados, concentrando
em analisar e coletar dados qualitativos e quantitativos em um único estudo.
(CRESWELL, 2007, p. 213)
O enfoque adotado foi o de pesquisa descritiva, a escolha deste método
auxilia na busca de “características de determinada população ou fenômeno ou o
estabelecimento de relações entre variáveis”. (GIL, 1999, p. 44)
As estratégias de investigação utilizadas foi um estudo de caso e bibliográfico.
O estudo de caso é “um conjunto de dados que descrevem uma fase ou totalidade
do processo social de uma unidade, uma pessoa, uma família, um profissional, uma
instituição social, uma comunidade ou uma nação.” (FIGUEIREDO; SOUZA, 2011 p.
110).
Visto a dificuldade em identificar as causas que geram o estresse no
trabalhador, realizou-se uma pesquisa bibliográfica, desenvolvida a partir “de
material já elaborado didaticamente”. (FIGUEIREDO; SOUZA, 2011, p.100).
O estudo de caso em análise foi aplicado no setor de compras, em uma
Organização Privada, identificada como Empresa “X”, no ramo de automação. A
Organização Pública será identificada como Empresa “Y”, ambas localizadas no
Município de Aracruz. Abordamos os procedimentos de compra de cada
organização, a fim de conhecer a particularidade de cada uma.
Segundo Gil, (1999, p. 42) “o objetivo fundamental da pesquisa é descobrir
respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos”.
A técnica de levantamento de dados ocorreu por meio de um questionário
semiestruturado com 28 questões, sendo 27 perguntas fechadas e uma pergunta
aberta, formuladas a partir da Teoria do Modelo Teórico para explicar o Estresse
40
Ocupacional em Gerentes de Zille (2005), adaptados para o contexto desta
pesquisa.
A coleta de dados ocorreu por meio de um link hospedado na web site
surveymonkey, e aplicado entre os dias 12 de setembro de 2014 até o dia 18 de
outubro de 2014.
A amostra foi composta por 10 servidores que trabalham em setores de
licitação e compras nas duas modalidades de empresas.
A amostra do estudo utilizou a técnica por conveniência. “A amostragem por
conveniência procura obter uma amostra de elementos convenientes. A seleção das
unidades amostrais é deixada em grande parte a cargo do entrevistador. Com
frequência, os entrevistados são escolhidos porque se encontram no lugar exato no
momento certo”. (MALHATRA, 2006, p. 326)
Os dados da pesquisa foram realizados por meio de análise aprofundada das
respostas dos entrevistados.
41
4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
4.1 PERFIL AMOSTRAL
Os questionários foram encaminhados para 12 pessoas, obtendo um índice
de resposta de 83,33%.
Os dados demográficos evidenciam que o maior índice de participantes da
amostra deste estudo relaciona-se com a organização privada (60%). Quanto ao
gênero, 60% do sexo feminino e 40% do sexo masculino. No que diz respeito à
idade, a maioria dos participantes estão entre 18 a 29 anos (50%). O estado civil da
maioria dos entrevistados corresponde a 60% casados. As funções ocupadas pelos
funcionários são: 40% comprador, 20% estagiários, 20% assistente administrativo,
10% coordenador, 10% Outro. A faixa salarial teve uma variação de 40% entre 3 a 6
salários mínimos, 30% entre 1 a 3 salários mínimos.
42
Tabela 1: PERFIL DOS PARTICIPANTES
Variáveis demográficas Quantidade %
Gênero Masculino
Feminino
4
6
40,00%
60,00%
Tipo de Organização
Pública 4 40,00%
Privada 6 60,00%
Faixa Etária
Entre 18 a 29 anos
Entre 30 a 39 anos
Entre 40 a 49 anos
5
1
3
50,00%
10,00%
30,00%
Acima de 50 anos 1 10,00%
Estado Civil
Solteiro
Casado
Divorciado
Viúvo
União Estável
2
6
1
0
1
20,00%
60,00%
10,00%
00,00%
10,00%
Função
Comprador
Estagiário
Assistente Administrativo
Coordenador
Outro
4
2
2
1
1
40,00%
20,00%
20,00%
10,00%
10,00%
Faixa Salarial
Até 1 salário mínimo
De 1 a 3 salários mínimos
De 3 a 6 salários mínimos
1
3
4
10,00%
30,00%
40,00%
De 6 a 9 salários mínimos 2 20,00%
Acima de 9 salários mínimos 0 00,00%
Fonte: Elaborado pelas autoras de acordo com os dados coletados.
4.2 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Construtos é a construção puramente mental, criada a partir de elementos
mais simples para ser parte de uma teoria. A análise de resultados ocorrerá
fundamentada em quatro construtos de primeira ordem do Modelo Teórico para
Explicar o Estresse Ocupacional em Gerentes (MTEG), desenvolvido por Zille
43
(2005), são eles: Fontes de tensão no Trabalho; Fontes de Tensão do Indivíduo e do
Papel Gerencial; Mecanismos de Regulação; Sintomas de Estresse.
4.2.1 Fontes de Tensão no Trabalho
As Fontes de Tensão no Trabalho associam-se a demandas de trabalho. “A
baixa demanda pode resultar em habilidades reduzidas para resolver problemas ou
realizar mudanças,” reduzindo a capacidade de aprendizado, resultando em
sentimentos tristes e comportamentos de depressão.
Por outro lado, a alta demanda no trabalho, é compatível com o grau de
autoridade e “[...] habilidades requeridas (estressores controláveis, ou trabalhos
„ativos‟) ocorrem juntamente com maior aprendizagem ativa e maior lócus interno no
desenvolvimento do controle. Essa adaptação pode capacitar indivíduos a
desenvolveram uma escala mais ampla de estratégias de enfrentamentos no
ambiente de trabalho.” (ZILLE, 2005 P. 95).
Foram seis indicadores para explicar o construto fontes de tensão no trabalho.
Tabela 2: FONTES DE TENSÃO NO TRABALHO
Indicadores Organização Percentual Variável
Realização de várias atividades ao
mesmo tempo
Pública
Privada
75%
100%
Concordo
Concordo
Realização de atividades além da
função
Pública 75% 3 a 4
atividades
Privada 66,66% 1 a 2
atividades
Lida com a pressão do tempo para
realização das atividades
Pública
Privada
75%
83,33%
Concordo
Concordo
Recursos disponíveis para execução
das atividades
Pública Privada
50%
100%
Concordo
Concordo
Cobranças por resultados Pública Privada
100%
100%
Concordo
Concordo
Fonte: Elaborado pelas autoras de acordo com os dados coletados.
Observou-se que um dos fatores estressores de paridade tanto na
organização pública como na privada associa-se a cobrança por resultados. Mas
44
uma das causas para os atrasos na conclusão dos processos foram apontados nos
relatos dos servidores do setor público:
E (1): “Quando não se dá tempo para execução das tarefas”.
E (2): “Secretários que acreditam ser exclusivos e esquecem de que existem várias
Secretarias Municipais, exigindo que seus processos sejam finalizados com rapidez e
urgências. Processos que são protocolizados com erros são desenvolvidos à origem
para correção e com isso demoram em ser finalizado, acarretando insatisfação por
parte dos gestores, os quais cobram dos servidores, chegando até a denunciar o
servidor ao Prefeito Municipal. Servidores que ficam o dia inteiro na internet,
esquecendo-se que existem várias atividades a serem executadas, sobrecarregando
apenas uma ou duas pessoas, as quais tem que fazer todo o serviço sozinhas,
ganhando o mesmo salário das demais, sem fazer nada”.
E (3): “A diferença do nível de cobrança para servidores de um mesmo nível
hierárquico”.
E (4): “Pouco domínio no desenvolvimento da atividade e falta de apoio técnico para
desenvolvê-la”.
Por sua vez na organização privada identificamos relatos de cobranças
desnecessárias e que não geram impactos para organização e sim para o indivíduo:
E (1): “Depender de outros para a realizar uma atividade”
E (2): “Serviços de outros setores mal realizados gerando urgências”
E (3): “Bom senso com ao status de urgência”.
E (4): “Quando o cliente interno não se planeja ocasionando efeito dominó nos
processos que se sucedem”
E (5): “Cobranças repetitivas relacionadas ao mesmo assunto”.
E (6): “Me deixa estressada na cobrança da realização das minhas atividades: Por
exemplo: Caso o processo inicial venha faltando informações, e tenho que conseguir
as informações faltantes, o que acarreta mais tempo e atraso, e a pessoa vem me
cobrando como se eu estivesse atrasando por conta própria ou incompetência”.
Evidenciou-se que as duas organizações apresentaram similaridades quanto
às altas demandas, acúmulos de tarefas e responsabilidades, porém as evidências
comprovam que os servidores da organização pública pesquisada possui um maior
acúmulo de atividades. No que diz respeito à disponibilização de recursos, onde a
organização privada possui um maior suporte.
45
4.2.2 Fontes de Tensão do Indivíduo e do Papel Gerencial
Para o construto Fontes de Tensão do Indivíduo e do Papel Gerencial foi
adaptado à pesquisa somente para Fontes de Tensão do Indivíduo, pois o ponto
focal é a função comprador.
As Fontes de Tensão do Indivíduo associam-se a prazos e cumprimentos das
atividades na função de compras. Foram quatros indicadores para explicar o
construto fontes de tensão do indivíduo.
Tabela 3: FONTES DE TENSÃO NO INDIVÍDUO E DO PAPEL GERENCIAL
Indicadores Organização Percentual Variável
Dificuldades em concluir as atividades Pública
Privada
50%
66,66%
Concordo
Discordo
Motivos que dificultam a conclusão das
atividades
Pública 75% Alta
demanda
Privada 66,66% Falta de
Informações
Muitos compromissos com pouco
tempo livre
Pública
Privada
50%
50%
50%
50%
Concordo
Indiferente
Concordo
Indiferente
Não consegue desligar do trabalho
após o expediente
Pública Privada
50%
33,33%
Concordo
Discordo
Fonte: Elaborado pelas autoras de acordo com os dados coletados.
Em relação ao cumprimento de suas atividades a organização pública
apresenta uma alta demanda tendo dificuldades na conclusão de suas tarefas,
interferindo na sua vida afetiva, não se desligando do trabalho. A organização
privada não apresenta relatos de dificuldades para o cumprimento de suas
atividades, contudo evidenciou-se que o fator estressor relevante é a falta de
informações.
4.2.3 Mecanismos de Regulação
Mecanismos de Regulação associam-se a experiência profissional. É por
meio da experiência que existe a possibilidade do funcionário alcançar a
46
solução/minimização de problemas e dificuldades relacionados ao trabalho e cargo
exercido. (ZILLE, 2005 P. 119).
“[...] leva em conta que evoluir significa adaptar. Ou seja, aqueles que mais
rapidamente se adaptam a pressão do conjunto de fatores que o ambiente impõe
mais evoluído estarão e, por consequência, tenderão a não se extinguirem.” (ZILLE,
2005 P. 39). Foram três indicadores para explicar o construto mecanismos de
regulação.
Tabela 4: MECANISMOS DE REGULAÇÃO
Fonte: Elaborado pelas autoras de acordo com os dados coletados.
Os funcionários da organização privada possuem maior intimidade com a
organização e setor, apresentando uma diferença de tempo em média 2 anos na
organização e no setor uma diferença considerável em média de 10 anos, por
apresentarem experiência. Conforme disse Zille (2005), facilita na resolução dos
problemas diminuindo o estresse no trabalho.
4.2.4 Sintomas de Estresse
Os Sintomas de Estresse associam-se com os principais sintomas que o
indivíduo está sentindo na realização das suas tarefas ou em outros ambientes.
(ZILLE, 2005 p. 117)
Foram 12 indicadores para explicar o construto sintomas de estresse, e
selecionados os principais sintomas causados pelo estresse no trabalho.
Indicadores Organização Percentual Variável
Tempo de trabalho na organização Pública
Privada
75%
66,66%
1 a 3 anos
3 a 5 anos
Trabalho no setor de compras Pública Privada
100%
33,33%
1 a 4 anos
15 a 18
anos
Experiência no setor. Público Privado
75%
83,33%
Concordo
Concordo
47
Tabela 5: SINTOMAS DE ESTRESSE
Indicadores Organização Percentual Variável
Variação de Humor
Pública
Privada
75%
33,33%
33,33%
33,33%
Concordo
Indiferentes
Discordo
Concordo
Vivo tenso, não consigo relaxar.
Pública
Privada
50%
50%
66,66%
Indiferente
Concordo
Discordo
No período dos intervalos para as
refeições, não consegue parar as
atividades.
Público Privado
75%
100%
Discordo
Discordo
Utilização de drogas lícitas ou ilícitas Pública
Privada
75%
100%
Discordo
Totalmente
Discordo
totalmente
Pratica Exercícios físicos ou hobbies Pública
Privada
50%
66,66%
Discordo
Concordo
Possuo problemas físicos sem
explicação médica
Pública
Privada
75%
83,3%
Discordo
Discordo
Sono ruim
Pública
Privada
50%
50%
100%
Concordo
Discordo
Discordo
Perde a calma com facilidade
Pública
Privada
50%
50%
66,66%
Indiferente
Discordo
Discordo
Não sente prazer no trabalho e no lazer
Pública
Privada
50%
50%
83,3%
Indiferente
Discordo
Discordam
Interrompe as frases de outras pessoas Pública
Privada 50%
100%
Discordo Discordo
Irrita-se frequentemente Pública
Privada 75%
66,66%
Concordo
Discordo
Sintomas sentidos relacionados ao
estresse
Pública
Privada
100%
75%
75%
75%
75%
50%
50%
50%
50%
Ansiedade
Dor de cabeça
Falta de memória
Impaciência
Mau humor
Dores nas costas
Falta de memória
Impaciência
Ansiedade
Fonte: Elaborado pelas autoras de acordo com os dados coletados.
48
Nota-se que as evidências dos sintomas para a causa do estresse são
altamente relevantes na organização pública, em contrapartida na organização
privada há um equilíbrio dos sintomas estressores. Evidências comprovam que a
variação de humor e o sono ruim, são fatores estressores relevantes que afetam a
vida dos servidores públicos e não influenciam nos funcionários da organização
privada. Outro ponto é relacionado à irritabilidade e tensão evidenciado na
organização pública apresentando um maior percentual.
É importante ressaltar que os funcionários da organização privada possuem o
hábito da prática de exercícios/hobbies. Ponto relevante, nas duas organizações,
são os sintomas do estresse sentidos com frequência. A organização pública
apresenta um índice de percentual considerável, sendo eles: ansiedade, dor de
cabeça, falta de memória, impaciência e mau humor. O índice apresentado na
organização privada é considerado moderado, sendo eles: dores nas costas, falta de
memória, impaciência e ansiedade.
49
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa buscou comparar os fatores que elevam o nível de estresse
dos trabalhadores no ambiente de compras da organização pública e privada,
utilizando o modelo teórico para explicar o estresse ocupacional em gerentes de Zille
(2005), adaptados para o contexto deste estudo.
Foi realizado um estudo no município de Aracruz, com uma organização
pública e uma organização privada, sendo entrevistadas 10 pessoas ligadas
diretamente ao setor de compras.
Observou-se no construto Fontes de Tensão no Trabalho a existência das
cobranças por desenvolvimento e a alta demanda de atividades em ambas as
organizações. Porém a organização privada oferece suporte quanto à
disponibilidade de recursos para realização das atividades, o que não foi identificado
na organização pública.
O que se destaca no construto Fontes de Tensão do Indivíduo e do Papel
Gerencial é que na organização pública o funcionário não consegue se desligar do
trabalho devido à alta demanda. Por sua vez, na organização privada foi constatado
como fator estressor a falta de informação.
Ao analisar o construto de Mecanismo de Regulação, evidenciou-se que a
empresa privada apresenta uma maior experiência dentro do setor em estudo sendo
superior em média a 10 anos.
O último construto Sintomas de Estresse traz um índice preocupante na
organização pública, por apresentar fatores estressores em um maior percentual. A
organização privada em análise, apesar de apresentar os sintomas do estresse, os
fatores estressores não interferem na vida do funcionário.
A limitação deste estudo revela a impossibilidade de generalização dos
resultados, por conter uma pequena amostra.
50
As informações obtidas contribuirão de forma metodológica para reformulação
do ambiente organizacional, proporcionando a minimização dos fatores estressores,
maximizando a qualidade de vida do funcionário, o qual responderá com ações
produtivas para a organização.
Ainda para pesquisas futuras, se faz relevante à realização de pesquisas com
uma maior amostra, seguindo todos os passos do modelo teórico criado por Zille
(2005), utilizando outras teorias, como a de Lipp que mede o nível de estresse dos
funcionários.
51
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