erm 113 processo saÚde- doenÇa modelos de …
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Objetivo: Compreender os modelos
de interpretação do processo saúde-doença a
partir de uma perspectiva histórica, tendo em
vista as possibilidades de intervenção nas
diferentes situações.
Conteúdo: Modelo unicausal: teoria
mágico religiosa, miasmas, contato,
bacteriológica.
ERM 113 – PROCESSO SAÚDE-
DOENÇA – MODELOS DE
INTERPRETAÇÃO E INTERVENÇÃO
A TÍTULO DE SÍNTESE DAS
ENTREVISTAS
Saúde
O conceito de
saúde está ligado
diretamente a
ausência de
disfunção do corpo
Doença
O conceito de
doença está ligado
diretamente a
disfunção do corpo
Saúde definida como
ausência de doença e a
doença inversamente
conceituada como falta ou
perturbação da saúde.
+Concepção simplista
mas muito usada
Paradigma Newtoniano-
cartesiano de explicação
da realidade
Século XVIII
Base para a
estruturação das
ciências e práticas
que ainda hoje
dominam a a nossa
sociedade
Corpo humano é
visto como uma
máquina
A doença é uma
consequência de uma
avaria na máquina
Saúde
Doença
Saúde é o resultado do
equilíbrio dinâmico entre
o indivíduo e o seu meio
ambiente.
O conceito de
doença está ligado
à noção de
equilíbrio /
desequilíbrio
Equilíbrio (saúde)
X desequilíbrio
(doença)
Concepção presente e que
necessita de se definir o que
se denomina por equilíbrio
A noção de equilíbrio
considera a saúde e doença
como momentos de um
processo e não como
conceitos estanques
Saúde
O conceito de saúde
está ligado a
determinantes de
vida, ou seja,
depende das
condições de
moradia,
alimentação,
transporte
Doença
outros aspectos são
considerados para se
definir saúde-doença
Presença de
determinantes de
diversas naturezas na
definição de saúde e
doença
PROCESSO SAÚDE-DOENÇA
é um
processo
dinâmico e
coletivo dependem das relações
estabelecidas entre os
homens, grupos e
sociedade
também das relações
com o meio ambiente
possui
influências
culturais, sociais
e econômicas
é influenciado pela
produção (material) e
distribuição de riquezas
pela sociedade
SAÚDE – DOENÇA
É um processo onde sempre se tem presente
uma vivência diferenciada.
Saúde/doença apresenta um investimento
simbólico - saúde é um bem simbólico. Em
torno de saúde e doença há diferentes
concepções / diferentes significados.
É um complexo físico-psíquico, biológico
social e ambiental. Neste sentido se faz em um
contexto/ um entorno/ um cenário que não
pode ser desvinculado.
Saúde e doença são de difícil
conceituação
Em cada período histórico é possível
encontrar as mais diferentes
interpretações
Modelos Unicausais
explicavam a doença dentro de uma
concepção mágica do mundo
Doença era atribuída a forças
sobrenaturais, demônios, espíritos
malignos
ANTIGUIDADE (assírios, babilônios,
egípcios)
Doença era um sinal da cólera divina
diante dos pecados humanos
As doenças eram explicadas a partir
da concepção religiosa, possessão do
diabo
explicação das doenças se dava a partir
de uma visão do mundo teocentrada
Teoria ou
Concepção
Mágico-
Religiosa
Teoria ou Concepção Mágico-Religiosa
Doença era um sinal da cólera divina diante
dos pecados humanos (hebreus)
lepra
A prática de cura se dava por meio da purificação,
de milagres, da expiação dos pecados, do
arrependimento, súplicas e mortificação.
Culpa – dimensão do processo social de adoecer
Doença era atribuída as forças sobrenaturais,
demônios, espíritos malignos, possessões
As práticas de cura eram os feitiços, as rezas,
benzeduras, procedimentos rituais, magias (feiticeiros, sacerdotes)
explicavam a doença a partir da existência de
humores, presença de miasmas (maus ares)
Doença era atribuída a presença de
miasmas – maus-ares (meio ambiente)
Malária (Império Romano)
ANTIGUIDADE IDADE MÉDIA RENASCIMENTO
Concepção
Miasmática
Teoria dos
Miasmas
A prática de cura se dá através do
controle dos miasmas: proteção contra
os fedores, emanações que pudessem
causar maus odores, drenagem de
pântanos, construção de esgotos,
melhoria da circulação de ar nas
cidades, local adequado para os mortos
(cemitérios)
Renascimento (séculos XV, XVI)
-Revolução mercantilista
ordenamento do espaço urbano
- pensamento científico
- método científico
- compreensão da constituição do corpo humano
Descartes (corpo humano como uma máquina)
- doenças atribuídas a causas naturais
Mercantilismo, Colonialismo (séc XV – final séc XVIII)
-sarampo, cólera, varíola, sífilis
-malária, febre amarela (colônias)
Industrialização (meados séc XVIII, séc XIX)
-desnutrição, alcoolismo, doenças mentais e violência
-febre tifóide, cólera, tuberculose
-crise sanitária
-participação dos Estados na
regulamentação das condições de
trabalho e de uso do espaço urbano
-reformas urbanas nos centros
industriais (teoria dos miasmas)
doenças epidêmicas
Através da observação das epidemias, da contagem
dos casos e da comparação dos fatos começaram a
explicar a doença a partir da “existência de ‘algo’ que
passa do doente para o são, e que tem a propriedade
de se multiplicar no organismo”
Doença era atribuída a presença de ‘algo’ -
partículas invisíveis no corpo, capazes de
passar de uma pessoa a outra
SÉCULO XIX
Teoria do
Contato ou
do Contágio
A prática de cura se dá através de
medidas de proteção e controle:
lavagem das mãos, separação de
doentes e sãos, quarentena, limitação
da liberdade individual, controle das
águas de beber e dos esgotos
Pasteur (químico) – estudando o processo de
fermentação do vinho demonstrou que o vinho torna-
se azedo pela ação de um microrganismo que poderia
ser destruído pelo aquecimento.
Doença era atribuída a presença de um
germe - partículas vivas capazes de passar
de uma pessoa e causar doença
SÉCULO XIX
Teoria
Bacteriológica
A prática de cura se dá através de
medidas de proteção e controle: uso
de anti-sépticos, produção de
vacinas, medicações específicas
MODELO
UNICAUSAL
Teoria Mágico-religiosa
Teoria dos Miasmas
Teoria do contato ou
contágio
Teoria dos germes ou
Bacteriológica
Uma causa – um efeito
SCLIAR, M. Do mágico ao social. A trajetória da Saúde
Pública. São Paulo: Editora SENAC, São Paulo, 2002.
BATISTELLA, C. Saúde, Doença e Cuidado: complexidade
teórica e necessidade histórica. In: FONSECA, A.F.; CORBO,
A.M.D. (orgs) O território e o processo saúde doença. Rio de
Janeiro. Escola Politécnica de Saúde João Venâncio.
FIOCRUZ, 2007. p. 25-50
http://www.epsjv.fiocruz.br/index.php?Area
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ROUQUAYROL, M.Z. Epidemiologia e Saúde. Ed. Medsi,
1999. Capítulo 2