engenharia metalÚrgica e de materiais: profissÃo-ensino-currÍculo estrutura institucional da...
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ENGENHARIA METALÚRGICA E DE MATERIAIS:
PROFISSÃO-ENSINO-CURRÍCULO
ESTRUTURA INSTITUCIONAL DA ENGENHARIA COMO PROFISSÃO
PROFISSÕES
ENSINO PROFISSIONAL
ENSINO DE ENGENHARIA
CURRÍCULOS NO ENSINO DE ENGENHARIA METALÚRGICA
ENSINO DE METALURGIA EXTRATIVA
ENSINO DE METALURGIA FÍSICA, DE TRANSFORMAÇÃO E DE APLICAÇÃO
CURRÍCULOS NO ENSINO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS
ESTRUTURA INSTITUCIONAL DA ENGENHARIA COMO PROFISSÃO
O ensino de engenharia é um ensino profissional, ou seja, a preparação para uma profissão.
A Sociologia da Ciência e a Sociologia das Profissões mostram ambas que a educação e treinamento é uma etapa integral e essencial, tanto do ponto de
vista social quanto pessoal, da vida pública dos futuros cientistas e profissionais.
Desta maneira, ainda de acordo com aqueles ramos da sociologia, pode-se dizer que o estudo da educação e treinamento de engenheiros deve ser feito
no contexto mostrado no quadro a seguir.
O que é o ensino de engenharia e será que existe uma abordagem mais vantajosa para o seu estudo e compreensão?
ESTRUTURA INSTITUCIONAL DA ENGENHARIA COMO PROFISSÃO
PROFISSÕES ESTADO EMPRESAS SOCIEDADE
NÍVEL DA PESSOA JURÍDICA NÍVEL DO PODER
CREDENCIAMENTO ENSINO DE CREDENCIAMENTO ASSOCIAÇÕES DE CURSO ENGENHARIA DE PROFISSIONAL PROFISSIONAIS
NÍVEL DA PESSOA FÍSICA NÍVEL DA INSTITUCIONALIZAÇÃO
ESTRUTURA INSTITUCIONAL DA ENGENHARIA COMO PROFISSÃO
O que mostra este quadro?
Ele mostra as instituições que intervêm na vida profissional do engenheiro.
Estas instituições estão dispostas em duas linhas.
A linha de baixo se refere às instituições com as quais ele interage no plano individual: primeiro sua escola, depois suas associações
profissionais.
A linha de cima se refere às instituições com as quais ele interage no plano do emprego e do poder: o Estado, as Empresas e a Sociedade.
Examinaremos a seguir, muito brevemente, cada um desses dois níveis.
ESTRUTURA INSTITUCIONAL DA ENGENHARIA COMO PROFISSÃO
A QUESTÃO DA INSTITUCIONALIZAÇÃO
Como se organizam as instituições que dizem respeito à preparação do engenheiro em quatro países centrais
(França, Alemanha, Inglaterra e EUA) e no Brasil?
A resposta está no seguinte quadro sinóptico.
ESTRUTURA INSTITUCIONAL DA ENGENHARIA COMO PROFISSÃO
A QUESTÃO DA INSTITUCIONALIZAÇÃO CREDENCIAMENTO ENSINO DE CREDENCIAMENTO ASSOCIAÇÕES DE CURSO ENGENHARIA DE PROFISSIONAL PROFISSIONAIS
FRANÇA CTI POR CNISF/RFI POR ESCOLA ESCOLA 1934 1747 1992 1848
ALEMANHA ESTADO POR POR MODALIDADE MODALIDADE 1840
INGLATERRA ESTADO POR ENGINEERING POR HEFCE MODALIDADE COUNCIL MODALIDADE 1840 1990 1818
EUA ABET POR NSPE POR MODALIDADE MODALIDADE
BRASIL ESTADO POR CREA MODALIDADE 1933
ESTRUTURA INSTITUCIONAL DA ENGENHARIA COMO PROFISSÃO
A QUESTÃO DA INSTITUCIONALIZAÇÃO
Ele mostra que a estrutura institucional da engenharia como profissão não é a mesma em todos os países considerados.
Um autor francês identifica duas forças que moldam o ensino de engenharia (e pode-se dizer o ensino superior de uma maneira geral):
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------- forças divergentes, em função do peso das tradições culturais de cada país
forças convergentes, em função de uma padronização das condições de funcionamento das empresas no mundo
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------
O que mostra este quadro?
ESTRUTURA INSTITUCIONAL DA ENGENHARIA COMO PROFISSÃO
A QUESTÃO DA INSTITUCIONALIZAÇÃO
Existe outra maneira de se ver o peso das tradições culturais?
Sim, através do levantamento da genealogia dos sistemas de ensino superior na civilização ocidental.
UNIVERSIDADE BRASILEIRA
UNIVERSIDADE ALEMÃ CLÁSSICA
(1830-1930)
UNIVERSIDADE ALEMÃ
UNIVERSIDADE INGLESA
UNIVERSIDADE MEDIEVAL COM
COLÉGIOS
UNIVERSIDADE AMERICANA
(1945- )
UNIVERSIDADE MEDIEVAL SEM
COLÉGIOS
SISTEMA FRANCÊS DE ESCOLAS ISOLADAS
(1790-1820)
UNIVERSIDADE FRANCESA
UNIVERSIDADE FRANCESA
UNIVERSIDADE MEDIEVAL
UNIVERSIDADE MODERNA
ESTRUTURA INSTITUCIONAL DA ENGENHARIA COMO PROFISSÃO
A QUESTÃO DA INSTITUCIONALIZAÇÃO
O que mostra este quadro?De novo, que a história destas instituições em cada país e das influências
mútuas entre elas são bastante diferentes entre si.
Pode-se tirar uma conclusão do que foi visto?
Sim.
CONCLUSÃO: Segue que qualquer solução dos problemas de ensino que ignore um destes dois aspectos, as tradições culturais e a padronização imposta pelas condições
de funcionamento das empresas, é provavelmente uma proposta equivocada senão simplesmente errada.
ESTRUTURA INSTITUCIONAL DA ENGENHARIA COMO PROFISSÃO
A QUESTÃO DO PODER
E como poderemos examinar, muito rapidamente, a questão do poder nos mesmos quatro países centrais (França,
Alemanha, Inglaterra e EUA) e no Brasil?
Recorrendo às qualificações que um sociólogo americano, professor emérito da Northwestern University, aplicou às profissões e ao estado nos mesmos
quatro países centrais (França, Alemanha, Inglaterra e EUA) e também à Itália, e que, por provocação, atribuímos ao Brasil.
ESTRUTURA INSTITUCIONAL DA ENGENHARIA COMO PROFISSÃO
A QUESTÃO DO PODER PROFISSÕES ESTADO EMPRESAS SOCIEDADE
FRANÇA CLIENTELÍSTICAS FORTE
ALEMANHA CORPORATIVISTA CORPORATIVISTA
INGLATERRA SEGMENTADAS POR AMADOR CLASSES SOCIAIS
EUA SOB PRESSÃO CAPITALISMO DOMINANTE
BRASIL POLITIZADAS PARTIDOCRACIA
Fonte: Elliott A. Krause
ESTRUTURA INSTITUCIONAL DA ENGENHARIA COMO PROFISSÃO
A QUESTÃO DO PODER
O que mostra este quadro?
Que a estrutura do poder não é a mesma em todos os países considerados.
E que, de novo, esta estrutura do poder resulta das mesmas duas forças que moldam o ensino de engenharia:
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------- forças divergentes, em função do peso das tradições culturais de cada país
forças convergentes, em função de uma padronização das condições de funcionamento das empresas no mundo
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------
PROFISSÕES
O que são profissões?
Profissões existem em todos os países. Mas o estudo das profissões está mais avançado nos países anglo-saxões.
Neles se distinguem:--------------------------------------------------------------------------------------------------------
OCUPACÕES, que correspondem às nossas profissões: cozinheiro, carpinteiro, manicure
SEMI-PROFISSÕES, que correspondem às profissões que não alcançaram o status das verdadeiras profissões:
enfermagem, biblioteconomia,para nos restringirmos aos exemplos clássicos
PROFISSÕES (em inglês, chamadas também de Learned Professions e em português de Profissões Liberais):
medicina, direito, ministério religioso, ensino superior, engenharia-----------------------------------------------------------------------------------------------------------
PROFISSÕES
Mais recentemente um sociólogo brasileiro chamou as três profissões mais características – medicina, direito e engenharia – de Profissões Imperiais.
O que caracteriza uma profissão?
Dois aspectos:
---------------------------------------------------------------------------------------------------------- um elaborado conhecimento técnico, calcado numa base científica
através do domínio dessa base técnica, o controle pleno dos aspectos técnicos, e por extensão, das condições práticas, inclusive financeiras, do
exercício da profissão ----------------------------------------------------------------------------------------------------------
PROFISSÕES
Qual é hoje a importância social, ou seja, o prestígio e o poder das profissões?
Na literatura anglo-saxã, até os anos 70, as profissões eram vistas como extremamente necessárias, bem sucedidas e até gloriosas.
A partir de então, elas passaram a ser vistas sob um aspecto crítico e, muitas vezes, negativo -- como causa de muitos desastres (energia nuclear, por
exemplo), como meio de controle do mercado e até como uma instituição em processo de extinção.
Assim, nesta última versão, a sociedade atual, pós-moderna, estaria necessitando não de profissionais mas de indivíduos que possuam
habilidades específicas.
Por exemplo, ao invés de um engenheiro metalurgista as empresas estariam procurando um engenheiro (ou mesmo um físico, um químico, um
matemático) que saiba computação, que entenda ou fale duas línguas, que seja um bom gerente e que portanto saiba trabalhar em grupo.
ENSINO PROFISSIONAL
O ensino profissional precisa ser formal e em nível superior?
Não, no século XIX, a medicina, o direito e mesmo a engenharia, foram ensinadas pelo sistema de aprendizado.
Na Inglaterra, por exemplo, quando imperava este sistema, a condição de engenheiro era adquirida não através de um curso numa escola mas sendo admitido, após o devido treinamento com um engenheiro ou
firma de engenharia estabelecida, numa sociedade profissional.
Ainda hoje, alguns países europeus estão revivendo, para a engenharia, o ensino, é verdade que formal, pelo sistema de aprendizado
ENSINO PROFISSIONAL
Quão antigo é o ensino profissional formal em nível superior?
O ensino profissional formal em nível superior remonta pelo menos à fundação das universidades no século XIII.
Naquela época as universidades possuíam
-------------------------------------------------------------------------------------------------------- uma faculdade inferior – a Faculdade de Artes –
e três faculdades superiores, profissionais – as Faculdades de Medicina, de Direito e de Teologia -- que treinavam médicos, advogados e clérigos,
às quais se juntou depois uma faculdade superior, não-profissional – a Faculdade de Filosofia.
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
ENSINO PROFISSIONAL
O ensino profissional formal em nível superior existe ainda hoje?
Este ensino profissional persiste até hoje.
Nos EUA, curiosamente, ele tem uma estrutura igual a da universidade medieval, mas não por imitação dessa.
Exemplos são a Northwestern University e a Yale University, nas quais o ensino profissional, como de resto em todo os EUA, exceto para a os cursos de engenharia e assemelhados, é tipicamente um ensino pós-
graduado.
ENSINO PROFISSIONAL
O ensino profissional formal em nível superior existe ainda hoje?
Na Europa e no Brasil, o ensino profissional formal em nível superior deslocou-se para o nível de graduação.
Ele é, em geral, extremamente importante.
Na UFMG, por exemplo, em 1997, ele respondeu por 3/4 das vagas oferecidas no vestibular e por 80% dos alunos graduados.
Curso Corpo Discente Corpo DocenteDenominação Duração Vagas Matrícula Diplomação Professores Prof/Alu
> 0,0/5,0 < 0050 > 0,90Medicina 5,0/6,0 a 0320 01971 0339 0414 1,22Odontologia 4,5/4,5 a 0120 00516 0116 0109 0,94Farmácia 3,5/5,0 a. 0132 00647 0103 0073 0,71Enfermagem 4,5/4,5 a 0096 00374 0082 0084 1,02Fisioterapia 4,0/5,0 a 0040 00214 0038 0040 0,49Terapia Ocupacional 4,0/5,0 a 0040 00224 0044 --- ---Educação Física 4,0/4,0 a 0110 00508 0076 0035 0,46Psicologia 3,5/5,0 a 0132 00667 0200 0047 0,24Direito 5,0/5,0 a 0330 01747 0301 0073 0,24Engenharia Civil 4,0/5,0 a 0200 01146 0145 0096 0,66Engenharia de Minas 4,0/5,0 a 0050 00206 0012 0016 1,33Engenharia Mecânica 4,0/5,0 a 0100 00460 0061 0056 0,92Engenharia Metalúrgica 4,0/5,0 a 0050 00256 0052 0026 0,50Engenharia Química 4,0/5,0 a 0050 00261 0044 0024 0,55Engenharia Elétrica 4,0/5,0 a 0100 00440 0050 0048 0,96Eng. Automação e Controle 4,5/5,0 a 0040 --- --- --- ---Arquitetura 5,0/5,0 a 0090 00451 0070 0056 0,80Ciência da Computação 3,5/4,0 a 0080 00308 0063 0038 0,60Medicina Veterinária 4,0/5,0 a 0120 00645 0240 0084 0,35Administração Diurno 4,0/4,0 a 0050 00219 0037 0037 0,46Administração Noturno 4,0/5,0 a 0050 00281 0044 --- ---Ciências Econômicas 4,0/4,0a 0080 00678 0060 0023 0,38Ciências Contábeis (Noturno) 5,0/5,0 a 0080 00483 0080 0018 0,23Biblioteconomia 4,0/4,0 a 0082 00336 0061 0030 0,49Comunicação Social 4,0/4,0 a 0070 00298 0029 0026 0,90Pedagogia Diurno 3,0/4,0 a 0066 00324 0068 0085 0,61Pedagogia Noturno (L) 3,0/4,5 a 0066 00297 0072 --- ---Belas Artes 4,0/4,0 a 0066 00320 0060 0044 0,73Música 3,0/6,0 a 0040 00163 0019 0047 2,47ÁREA PROFISSIONAL 2850 14440 2566 1629 0,63
Filosofia 4,0/4,0 a 0045 00187 0023 0026 1,13História Diurno 3,0/4,0 a 0044 00216 0038 0026 0,43História Noturno 3,0/4,0 a 0044 00191 0022 --- ---Ciências Sociais 4,0/4,0 a 0080 00401 0035 0048 1,37Letras Diurno 3,0/4,0 a 0140 01370 0236 0115 0,49Letras Noturno 3.0/4,0 a 0160 --- ---Matemática Diurno (L/B) 4,0/4,0 a 0050 00210 0049 0052 0,88Matemática Noturno (L) 3,0/4,0 a 0040 00133 0010 --- ---Estatística 3,5/4,0 a 0035 00127 0009 0032 3,56Física Diurno (B) 4,0/4,0 a 0030 00143 0013 0060 2,31Física Noturno (L) 3,0/4,0 a 0040 00124 0013 --- ---Química Diurno (B/L) 4,0/4,0 a 0040 00205 0026 0078 3,00Química Noturno (L) 4,5/4,5 a 0040 00106 0000 --- ---Geologia 4,0/5,0 a 0035 00137 0014 0042 3,00Geografia Diurno (L/B) 4,0/4,0 a 0040 00207 0042 0035 0,60Geografia Noturno (L) 3,0/6,0 a 0040 00166 0016 --- ---Ciências Biológicas Diurno 4,0/4,0 a 0080 00403 0079 0223 2,82
UFMGENSINO DE GRADUAÇÃO
Fonte: Relatório Anual de Atividades, Boletim Estatístico, UFMG, 1997 e Catálogo de Graduação, UFMG, 1998
UFMG
ENSINO DE GRADUAÇÃO
1997
VAGAS MATRÍCULA DIPLOMAÇÃO
ÁREA PROFISSIONAL 2 850 14 440 2 566
ÁREA NÃO-PROFISSIONAL 1 032 4 472 625
ENSINO PROFISSIONAL
Qual é a estrutura do ensino profissional?
A estrutura do ensino profissional é provida pela doutrina que foi chamada por um teórico americano, professor de Urbanismo do MIT,
de Racionalidade Técnica.
O esquema da Racionalidade Técnica está exposto no quadro seguinte e não é difícil de se ver que ele é a base de nossos currículos.
QUADRO I – AS TRÊS COMPONENTES DO ENSINO PROFISSIONAL,SEGUNDO EDGAR SCHEIN
1. Uma componente constituída por uma disciplina ou ciência básica subjacente em que a prática se apoia e a partir da qual se desenvolve.
2. Uma componente constituída por uma ciência aplicada ou “engenharia” da qual muitos dos procedimentos de diagnóstico aplicados no dia a dia e soluções de problemas são derivadas.
3. Uma componente de atitudes e habilidades que se refere à prestação de serviços reais ao cliente, usando o conhecimento básico e aplicado subjacente.
Fonte: Donald Schöen
ENSINO DE ENGENHARIA
Quantos tipos de ensino de engenharia existem?
Segundo um estudioso francês existem de fato dois grandes modelos de ensino de engenharia no mundo
O modelo continental, fundado sobre estudos longos (5 anos), que terminam com a concessão de um título que possibilita a priori o exercício
da profissão,
cuja concretização a mais marcada se encontra na Alemanha, mas que também se encontra na Europa Setentrional (Holanda,
Dinamarca, Noruega, Suécia, Suiça), na Europa Central (Polônia, Hungria, República Checa, Rússia),
com variantes nos países da Europa Meridional (França, Espanha, Itália, ...)
O modelo anglo-saxão, fundado em estudos curtos (4 anos), com a possibilidade de se obter diplomas superiores (estudos pós-graduados) e
o doutorado, e com a visão de que o ofício se aprende na prática,
o caso marcante sendo através do acompanhamento por tutoramento (Reino Unido),
sendo que este modelo está largamente distribuído no mundo, na América,
na Ásia, ...
ENSINO DE ENGENHARIA
Quantos tipos de ensino de engenharia existem?
Uma outra dimensão que dificulta ainda mais a compreensão dos diferentes sistemas nacionais é o da coexistência mais ou menos generalizada de
dois níveis de ensino e de concessão de diplomas,
---------------------------------------------------------------------------------------------------------- um nível de engenheiro com formação de base mais científica
um nível de engenheiro com formação de base mais tecnológica----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Os países que adotam o modelo continental, com exceção da França, adotam o princípio das duas formações.
No modelo anglo-saxão, ao contrário, o nível tecnológico não é bem reconhecido para o acesso às funções de engenheiros.
ENSINO DE ENGENHARIA
Independentemente de modelos de ensino de engenharia, existem textos de elaboração de currículos de engenharia cujo conhecimento é imprescindível para os professores envolvidos com esta questão?
Sim. Pelo menos dois.
Como o moderno ensino de engenharia foi codificado nos EUA em 1955 pelo chamado Grinter Report, um verdadeiro manual de como se
fazer um currículo de engenharia, que está ainda hoje disponível no site da ASEE, dado a sua atualidade, este Relatório é o primeiro
destes textos.
O segundo é o texto A Nova Concepção do Ensino de Engenharia no Brasil, elaborado por especialistas a serviço do MEC, por ocasião da
redação da Resolução 48/66, que é o texto legal do nosso atual currículo mínimo.
ENSINO DE ENGENHARIA
Já que desde a Segunda Guerra Mundial o sistema de ensino superior dos EUA é o sistema hegemônico, que todos olham, invejam
e muitas vezes imitam, como é o ensino de engenharia nos EUA?
Nos EUA o ensino de engenharia é um tipo especial de ensino de graduação básico, chamado de B.E. e, portanto, paralelo ao tradicional B.A. e ao moderno
B.S. Como tal, ele visa primeiro a educação do cidadão e depois a profissional.
Os currículos do B.S. e do B.E. possuem algumas diferenças dos currículos do B.A, como mostram os quadro seguintes.
ASPECTOS CLÁSSICOS DOS CURRÍCULOSNAS UNIVERSIDADES AMERICANAS
CURRÍCULOS CURTOS
1H AULA / 2H ESTUDO
120 CR PARA ARTES E CIÊNCIAS
130 CR PARA ENGENHARIA
5 DISCIPLINAS POR PERÍODO
LETIVO
DISCIPLINAS CURTAS
PADRÃO DE 3 CRÉDITOS
AUSÊNCIA DE AULAS GEMINADAS
AULAS SIMETRICAMENTE DISPOSTAS
NA SEMANA
EXAMES FREQUENTES
TIPICAMENTE 2/3 POR DISCIPLINA
Fonte: Paulo Pinheiro
GRAU DE ESTRUTURAÇÃO
Fonte: Paulo Pinheiro
FOI VISTO QUE OS CURRÍCULOS EM
CIÊNCIAS E ENGENHARIA SÃO MAIS
ESTRUTURADOS QUE OS CURRÏCULOS EM
HUMANIDADES E CIÊNCIAS SOCIAIS
EM TRÊS SENTIDOS DISTINTOS:
------------------------------------- PRIMEIRO, ELES TENDEM A SER MAIS
LONGOS (PARTICULARMENTE NO CASO DA
ENGENHARIA, EM QUE O PADRÃO DE 130
CRÉDITOS PREDOMINA CONTRA O DE 120
CRÉDITOS PARA OS DEMAIS)
SEGUNDO, A PARTE DEDICADA AOS
ESTUDOS ESPECIALIZADOS (MAJOR)
NELES É MAIOR (PODENDO CHEGAR ATÉ
2/3 CONTRA ATÉ 1/2 PARA OS DEMAIS)
TERCEIRO, OS SEUS ESTUDOS SÃO
MAIS HIERARQUIZADOS, NO SENTIDO DE
APRESENTAREM LONGAS CADEIAS DE
PRÉ-REQUISITOS, QUE PODEM CHEGAR ATÉ
A SE ESTENDER AO LONGO DE TODO O
CURRÍCULO
-------------------------------------
ENSINO DE ENGENHARIA
O que preconiza o Relatório Grinter?
O Relatório Grinter preconiza um currículo de engenharia com fundamentação científica.
Isto envolve dois aspectos.
Primeiro, o reconhecimento de que os fundamentos científicos da engenharia estão não apenas nas ciências básicas (Matemáticas, Física,
Química e possivelmente Geociências e Ciências Biológicas) mas também nas chamadas ciências de engenharia (Mecânica dos Sólidos, Mecânica dos Fluidos, Termodinâmica, Fenômenos do Transporte, Eletricidade, Materiais).
Anteriormente se falava em ciências básicas e ciências aplicadas, que seriam extensões das primeiras.
Na concepção da ASEE as ciências básicas se distinguem das ciências de engenharia pelo objeto de seus estudos: -- as ciências básicas têm por objeto o estudo da Natureza e as ciências de engenharia o estudo dos
artefatos (isto é, materiais, objetos e sistemas feitos pelo Homem).
Segundo, a organização dos currículos com as seguintes características de conteúdo e de distribuição da carga horária.
SUMÁRIO DA DISTRIBUIÇÃO DE TEMPO PARA UM CURRÍCULO DE ENGENHARIA CIENTIFICAMENTE ORIENTADO(SUGESTÃO DO RELATÓRIO GRINTER,1955)
------------------------------------------------ Proporção Área curricular do currículo------------------------------------------------(1) Estudos Humanísticos e Sociais 20%(2) Matemática e Ciências Básicas 25%(3) Ciências de Engenharia 25%(4) Sequência de Análise, Projeto e 25% Sistemas de Engenharia, incluindo o material tecnológico necessário(5) Optativas ou Eletivas em 10% (a) Estudos Humanísticos e Sociais, (b) Ciências Básicas, (c) Ciências de Engenharia, (d) Pesquisa ou Tese, (e) Análise e Projeto de Engenharia, (f) Administração------------------------------------------------Fonte: P. Pinheiro, apud Grinter Report, ASEE, 1955
ENSINO DE ENGENHARIA
As recomendações do Relatório Grinter são obedecidas?
O seguinte levantamento, dos principais currículos na área da Engenharia Metalúrgica e de Materiais nos EUA há alguns anos atrás, mostra que o
Relatório Grinter é de fato aplicado nos EUA.
Apenas como curiosidade, o segundo quadro seguinte mostra como os currículos dos cursos da área de exatas da UFMG se desviam de preceitos
que preconizam currículos equilibrados.
USAMETALLURGICAL ENGINEERING, CERAMIC ENGINEERING, AND MATERIALS SCIENCE AND ENGINEERING CURRICULA
SUMMARYUNIVERSITY/PROGRAM Totalcredits
LiberalEducation
Math& BasicSciences
Eng.Sciences& Design
FreeElectives
Missouri-Rolla/Metallurgical Engineering 132 16,7 32,6 50,7 00,0Missouri-Rolla/Ceramic Engineering 135 16,0 32,1 47,3 00,0Penn State/MSE/Metals Sc .and Eng. Option 129 24,0 29,5 46,5 00,0Penn State/MSE/Ceramic Sc. and Eng. Option 130 23,9 31,5 40,0 04,6Penn State/MSE/Polymer Science Option 125 24,8 30,4 40,0 04,8Penn State/MSE/Electronic & Photonic Mat. Opt. 129 24,0 31,8 39,5 04,7MTU/MME/Mineral, Particulate & Environ. Opt. 132 21,2 34,8 43,9 00,0MTU/MME/MSE Option 131 21,4 35,2 43,4 00,0CSU/MME 147 19,0 27,6 45,2 08,2
Ohio State/Metallurgical Engineering 132 19,1 26,6 54,3 00,0Ohio State/Ceramic Engineering 132 19,1 26,6 54,3 00,0Ohio State/MSE 132 19,1 26,6 54,3 00,0Wisconsin/Metallurgical Engineering 132 15,9 34,8 43,2 06,1Wisconsin/MSE 132 15,9 34,8 44,7 04,6Purdue/MSE 128 18,8 35,9 45,3 00,0California-Berkeley/MSE 120 15,0 35,0 50,0 0,00MIT/MSE 130 24,6 23,1 40,0 12,3Michigan/MSE 128 18,8 26,5 50,8 03,9Carnegie-Mellon/MSE 126 19,1 28,4 50,1 02,4
Florida/MSE/Metals 128 18,7 28,2 53,1 00,0Florida/MSE/Ceramics 128 18,7 28,2 50,0 03,1Florida/MSE/Polymers 128 18,7 28,2 51,6 01,5Florida/MSE/Electronic Materials 128 18,7 28,2 53,1 00,0Illinois/Metallurgical Engineering 128 17,2 32,8 45,3 04,7Illinois/Ceramic Engineering 128 17,2 32,8 45,3 04,7Illinois/MSE 128 17,2 32,8 45,3 04,7Lehigh/MSE 135 20,8 28,1 46,7 04,4Rensselaer/ME 133 18,0 28,6 53,4 00,0Drexel/ME 150 19,2 20,2 57,4 03,2Rice/MSE 134Pennsylvania/MSE 39 cs 17,9 30,8 46,2 05,1Northwestern/MSE 48 cs 18,8 25,0 45,8 10,4Cornell/MSE 126 19,1 28,6 52,3 00,0Johns Hopkins/MSE 120 15,0 34,2 50,8 00,0Stanford/MSE 120 37,5 23,8 38,7 00,0
120-135 15-20 25-35 40-50 00-12
Grinter Report 20 25 50EE-UFMG 240 01,7 40,8 57,5 00,0
Fonte: P. Pinheiro
CURRÍCULOS DAS ÁREAS DE CIÊNCIAS EXATAS E ENGENHARIA
CURRÍCULO PLENO
CURSOS DEPARTAMENTOS ESTRUTURA DO CURRÍCULOPRINC. MAT EST DCC FIS QUI GEO ENG ADM ED LIB CIEBA
SENG OB/OP CR
Matemática 67 --- 03 05 11 00 00 00 09 00 93/07 154Estatística 66 18 --- 07 01 00 00 00 02 06 93/07 180Ciência da Computação 55 18 03 --- 13 00 00 00 09 02 89/11 175Física 75 18 00 06 --- 00 00 00 00 00 77/23 139Química 62 09 02 02 10 --- 03 02 10 01 80/20 168Geologia 75 06 02 03 08 06 --- 00 00 00 95/05 263Engenharia Metalúrgica 38 09 04 03 09 15 03 14 00 05 43 52 97/03 241Engenharia Química 45 11 03 03 08 20 00 08 00 03 45 53 98/02 251Engenharia Mecânica 61 10 02 03 10 03 00 11 00 00 28 72 87/13 252Engenharia Elétrica 52 13 02 06 12 03 00 11 00 00 36 63 80/20 240Engenharia de Controle e Automação 45 11 02 10 11 03 00 16 00 02 37 61 93/07 244Engenharia de Minas 33 09 02 03 08 10 16 17 00 02 48 50 95/05 261Engenharia Civil 57 09 02 03 07 03 05 08 00 06 26 65 92/08 248
Fonte: P. Pinheiro
ENSINO DE ENGENHARIA
E o que preconiza a A Nova Concepção do Ensino de Engenharia no Brasil?
A Nova Concepção do Ensino de Engenharia no Brasil preconiza duas providências importantes.
Primeiro, o Brasil deve formar três categorias de engenheiro:------------------------------------------------------------------------------------------------------ •
primeiro, o engenheiro de concepção, voltado para e capaz de falar a linguagem do abstrato
• segundo, o engenheiro de ligação, o chamado engenheiro industrial, capaz de falar as duas linguagens
• terceiro, o engenheiro de execução, o chamado tecnólogo, voltado para e capaz de falar a linguagem do concreto
--------------------------------------------------------------------------------------------------------como mostram as figuras a seguir.
ENSINO DE ENGENHARIA
E o que preconiza a A Nova Concepção do Ensino de Engenharia no Brasil?
Segundo, para cada disciplina ou especialização, o Brasil pode formar três categorias de engenheiro pleno:
------------------------------------------------------------------------------------------------------------ primeiro, o engenheiro de concepção, voltado para os projetos da área, segundo, o chamado engenheiro industrial, voltado para os processos
da área, terceiro, o chamado engenheiro de produção, voltado para os métodos
da área, --------------------------------------------------------------------------------------------------------------
como mostram as figuras a seguir.
CURRÍCULOS NO ENSINO DE ENGENHARIA METALÚRGICA
Como evoluíram nos EUA os currículos de Engenharia Metalúrgica?
Os currículos dos cursos de Engenharia Metalúrgica nos EUA foram modernizados (cientifizados) na década de 30 em duas escolas:
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------- no MIT, sob a liderança do Prof. John Chipman (da área de Metalurgia
Extrativa)
no Carnegie Tech, sob a liderança do Prof. Robert F. Mehl (da área de Metalurgia Física)
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------Em ambas emergiram currículos integralizados, cobrindo igualmente
Metalurgia Extrativa e Metalurgia Física.
Nas décadas de 50 e 60, com a diminuição da importância relativa da Metalurgia Extrativa, surgiram muitos cursos voltados quase que ou
exclusivamente para a Metalurgia Física.
CURRÍCULOS NO ENSINO DE ENGENHARIA METALÚRGICA
Como se divide a Metalurgia e a Engenharia Metalúrgica para fins de elaboração de currículos?
Bons autores e excelentes educadores, como o Prof. John Chipman, do MIT, e o Prof. F. D. Richardson, do Imperial College, nunca tiveram dificuldade de
estabelecer esta divisão.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Ciência Básicas da Metalurgia e Engenharia Metalúrgica
Metalurgia Química, voltada para o estudo do comportamento químico dos metais
Metalurgia Física, voltada para o estudo da estrutura e do comportamento físico dos metais
Engenharia de Processo, voltada para o estudo das massas e energias trocadas no processamento químico dos minérios e dos metais
Estudos Aplicados da Engenharia Metalúrgica Metalurgia Extrativa, voltada para e extração e ajuste de composição
química dos metais Metalurgia de Transformação, voltada para o processamento de metais Metalurgia de Aplicação, voltada para o projeto, seleção e proteção de
metais--------------------------------------------------------------------------------------------------------------
conforme mostram as figuras que se seguem.
Fonte: John Chipman
Fonte: F. D. Richardson
ENSINO DE METALURGIA EXTRATIVA
Como evoluiu o ensino de Metalurgia Extrativa nos EUA?
Inicialmente este ensino era descritivo, por metais, e o estudo das reações metalúrgicas que ocorriam nos vários processos e reatores se resumia ao
seu aspecto meramente químico.
Nos anos 50, por iniciativa particularmente do Prof. Reinhardt R. Schuhmann, Jr., então no MIT, reconheceu-se mais claramente os aspectos de
engenharia envolvidos nos processos e reatores utilizados e introduziu-se a abordagem segundo o estudo das operações e processos unitários,
desenvolvido e usado pela Engenharia Química desde a década de 1910.
Segundo esta abordagem, estudar-se-ia --------------------------------------------------------------------------------------------------------------
primeiro, os fundamentos da engenharia de processos (termodinâmica, cinética, fenômenos de transporte e outros)
segundo, as várias operações e processos unitários, compreendidas respectivamente no Tratamento de Minérios e na Metalurgia Extrativa
(Pirometalurgia, Hidrometalurgia e Eletrometalurgia)
e finalmente os processos integrados de processamento primário e secundário dos vários metais
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ENSINO DE METALURGIA EXTRATIVA
ENSINO DE METALURGIA EXTRATIVA
Como está hoje o ensino de Metalurgia Extrativa relativamente ao programa proposto na década de 50?
Inicialmente procurou-se assimilar os métodos da Engenharia Química no estudo dos processos e reatores da Metalurgia Extrativa.
Foram então feitos muitos progressos mas também se verificou que os processos e reatores da Metalurgia Extrativa, em função das condições
limites em relação às propriedades dos materiais em que eles geralmente trabalham, estão longe de ter a configuração geométrica precisa e
facilmente controlável dos processos e reatores da Engenharia Química e que portanto os modelos nela desenvolvidos não são diretamente
aplicáveis aos processos e reatores metalúrgicos.
ENSINO DE METALURGIA EXTRATIVA
Procurou-se então se desenvolver métodos e modelos aplicáveis às peculiaridades dos processos e reatores metalúrgicos. Do ponto de vista
didático, parece que a comunidade de professores e engenheiros emaranhou-se nestes estudos particulares a ponto de não ter ainda fôlego para
desenvolver métodos gerais que sejam aplicáveis ao estudo de extração e de adequação química dos metais.
ENSINO DE METALURGIA FÍSICA, DE TRANSFORMAÇÃO E DE APLICAÇÃO
Como evoluiu o ensino de Metalurgia Física, de Transformação e de Aplicação nos EUA?
Este estudo foi inicialmente também eminentemente descritivo.
Com o desenvolvimento das técnicas analíticas (raio-X nos anos 30, microscopia eletrônica nos anos 50 e os vários recursos analíticos hoje
disponíveis),-------------------------------------------------------------------------------------------------------------- o estudo dos processos foi desenfatizado em favor do estudo da estrutura
dos metais e ligas
e no estudo da estrutura dos metais e ligas o fulcro se deslocou dos constituintes para os átomos
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------Nesta área o progresso tem sido espetacular, dificultando mesmo que o ensino
acompanhe devidamente os desenvolvimentos verificados.
CURRÍCULOS NO ENSINO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS
Qual é a origem dos currículos dos cursos de Engenharia de Materiais nos EUA?
Estes currículos se originaram da demanda de duas indústrias particularmente exigentes quanto a amplitude de comportamento e quanto ao
nível de qualidade e desempenho exigidos dos materiais.
Essas duas indústrias foram--------------------------------------------------------------------------------------------------------------
a indústria nuclear, que, a partir dos anos 40, em virtude de sua dimensão agiu mais como precursora não chegando a provocar a criação desta
engenharia a indústria aeronáutica e aeroespacial, que, nos anos 60, com a corrida
espacial, provocou de fato o surgimento da Engenharia de Materiais--------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Posteriormente estes currículos se solidificaram com-------------------------------------------------------------------------------------------------------------- a indústria eletrônica, que, a partir dos anos 70, passou a exigir um grande
esforço não só na desenvolvimento mas também na produção de toda a sorte de materiais e componentes funcionais, para finalidades elétricas,
magnéticas, eletrônicas e óticas, deslocando em grande parte a Ciência e Engenharia de Materiais para esta classe de materiais.
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CURRÍCULOS NO ENSINO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS
Qual é o grande problema da formulação de currículos de Engenharia de Materiais?
O grande problema do desenvolvimento de currículos para a Engenharia de Materiais é o problema da integração da abordagem das diferentes classes
de materiais.
Como disse o Prof. Schuhmann, há muitos anos atrás, quando a Ciência e Engenharia de Materiais estava na sua infância, “The concept of materials sciences or of the engineering science of materials is not realized simply
by putting physicists, chemists, and metallurgists together in one building or curriculum or by getting metallurgists to simulate physicists. This
concept will remain little more than an slogan until more solid research and thinking are directed toward the most difficult objective of developing
useful science.”
CURRÍCULOS NO ENSINO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS
Como o MIT pretende resolver este problema?
O MIT analisou este problema e identificou que a solução do mesmo necessitará possivelmente a passagem por três gerações de currículos,
como mostrado a seguir.
Ressalta-se que eles estão, no momento, iniciando a sua segunda geração de currículos.
DESENVOLVIMENTO DOS CURRÍCULOS DE CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS SEGUNDO O MIT
---------------------------------------------------------------------- 1a. geração: metalurgia + decorações (de outras classes de
materiais)
2a. geração: núcleo genérico + eletivas restritas
Este currículo ainda se refere a classes específicasde materiais
3a. geração: totalmente integrado – genérico, pluralista e unificado
Neste currículo as disciplinas são genéricas na suaexplanação de princípios e pluralistas na suaapresentação de exemplos.
Mas, acima de tudo, ele apresenta ao aluno um
tratamento unificado da área da ciência e engenhariade materiais e ele consegue com isso seja feitoprincipalmente se esforçando para evitar com que sefaça qualquer fragmentação segundo as várias classes
de materiais.----------------------------------------------------------------------
CURRÍCULOS NO ENSINO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS
É possível de se identificar abordagens distintas da Engenharia de Materiais?
Com base em livros de estudo e na análise de currículos é possível se distinguir três tipos de abordagens para o ensino da Engenharia de
Materiais
CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS (CEM)ENFOQUES NA CEM
----------------------------------------------------------------------- ABORDAGENS LIVROS CURSOS ---------------------------------------------------------------------- Enfoque da metalurgia Van Vlack Voltados para física Flinn materiais estruturais Shackelford enfatizando Ciência de Materiais (EUA) ---------------------------------------------------------------------- Enfoque da metalurgia Ashby Voltados para física e do projeto de Materials in Action materiais estruturais de peças enfatizando Engenharia (Reino Unido) ---------------------------------------------------------------------- Enfoque químico P.R. Atkins Voltados para MIT Series in MSE materiais funcionais (EUA) ----------------------------------------------------------------------