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ENCARTE 5: Meta 6

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

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ÍNDICE

LISTA DE FIGURAS............................................................................ 3

LISTA DE TABELAS............................................................................ 6

I - META 6: ANÁLISE BIOLÓGICO-PESQUEIRA DA PESCA DE ARRASTO.... 8

I-1. ATIVIDADES ORIGINALMENTE PREVISTAS E RESPECTIVO

CRONOGRAMA ............................................................................ 8

I-2. METODOLOGIA EMPREGADA ................................................. 12

I-3. RECURSOS ENVOLVIDOS ........................................................ 14

I-4. DIFICULDADES ENCONTRADAS E FORMAS DE SUPERAÇÃO ......... 14

I-5. EXPERIÊNCIA ADQUIRIDA COM SEU DESENVOLVIMENTO............ 15

II - RESULTADOS ALCANÇADOS E PRODUTOS .................................... 15

II-1. SÍNTESE SOBRE A ESPÉCIE-ALVO........................................... 17

II-2. FAUNA ACOMPANHANTE ........................................................ 18

II-2.1. CAMARÕES (DENDROBRANQUIATA)................................... 18

II-2.2. ICTIOFAUNA .................................................................. 21

II-2.3 DEMAIS FAUNAS .............................................................. 26

(CARCINOFAUNA, MALACOFAUNA, CNIDOFAUNA E EQUINOFAUNA). 26

II-3. ESFORÇO DE PESCA.............................................................. 28

II-3.1. COMUNIDADES ............................................................... 29

II-4. ESTIMATIVA DE ABUNDÂNCIA ............................................... 39

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II-5. ANÁLISE DOS DADOS DE CAPTURA E ESFORÇO NA PESCA DE

ARRASTO DE CAMARÃO .................................................................40

II-5.1. COMPARATIVO ENTRE AS TAXAS DE CAPTURA MÉDIA DIÁRIA

POR EMBARCAÇÃO PARA O CAMARÃO SETE-BARBAS, ANTES E APÓS

SER DESVINCULADO DO PERÍODO DE DEFESO ENTRE OS MESES DE

MARÇO A MAIO ..........................................................................52

III. DISCUSSÃO...............................................................................54

III-1. ESPÉCIE-ALVO: CAMARÃO SETE-BARBAS (X. kroyeri) ...............54

III-2. FAUNA ACOMPANHANTE ........................................................61

III-3. RENDIMENTOS .....................................................................71

III-4. ESTIMATIVA DE ESTOQUE .....................................................76

IV – CONCLUSÕES ...........................................................................77

V - RECOMENDAÇÕES ......................................................................79

VI - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................83

ANEXOS..........................................................................................92

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Variação mensal em número médio de exemplares (a) e em

biomassa média (b) da ictiofauna acompanhante da pesca artesanal do

camarão sete-barbas na Baía de Tijucas............................................. 25

Figura 2. Rendimentos médios de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de

arrasto) reportados pelas embarcações que desembarcaram nas diferentes

localidades da Baía de Tijucas – SC. Barras representam o Erro Padrão. 30

Figura 3. Rendimentos médios de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de

arrasto) obtidos nas diferentes áreas de pesca (pesqueiros) da Baía de

Tijucas e arredores. Barras representam o Erro Padrão. ....................... 31

Figura 4. Rendimentos médios de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de

arrasto) obtidos mensalmente pelas embarcações que desembarcaram nas

localidades da Baía de Tijucas SC. Barras representam o Erro Padrão. ... 32

Figura 5. Rendimentos médios de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de

arrasto) obtidos por embarcações de diferentes níveis de participação nos

desembarques totais (representados em %) registrados nas localidades da

Baía de Tijucas SC. Barras representam o Erro Padrão......................... 33

Figura 6. Rendimentos médios de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de

arrasto) obtidos por embarcações de diferentes potências de motor,

comprimentos e presença ou não de casario. Barras representam o Erro

Padrão. .......................................................................................... 34

Figura 7. Rendimentos médios de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de

arrasto) obtidos sob influência de tempo chuvoso, ensolarado e nublado e

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condições de mar agitado, moderado e calmo. Barras representam o Erro

Padrão............................................................................................35

Figura 8. Rendimentos médios de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de

arrasto) obtidos sob influência de diferentes direções de ventos e maré.

Barras representam o Erro Padrão......................................................36

Figura 9. Coeficientes obtidos pelo Modelo Linear Generalizado aplicado ao

LN kg/h do camarão-sete-barbas. ......................................................38

Figura 10. Produção mensal, em kg, das capturas de camarões

(considerando todas as espécies) pela frota de arrasteiros da Baía de

Tijucas............................................................................................43

Figura 11. Produção mensal, em kg, das capturas de camarões (excluindo

as capturas de camarão sete-barbas) pela frota de arrasteiros da Baía de

Tijucas............................................................................................44

Figura 12. Avaliação trimestral, em percentual, das produções de

camarões na Baía de Tijucas. ............................................................45

Figura 13. Análise comparativa, em kg, das capturas totais de camarão

rosa versus capturas de camarão rosa associado às capturas de camarão

sete-barbas conjuntamente. ..............................................................46

Figura 14. Taxa de captura média diária do camarão sete-barbas por

embarcação e respectivos números totais de barcos em atividade por dia,

referentes aos meses de junho, julho e agosto de 2004. .......................48

Figura 15. Taxa de captura média diária do camarão sete-barbas por

embarcação e respectivos números totais de barcos em atividade por dia,

referentes aos meses de setembro, outubro e novembro de 2004. .........49

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Figura 16. Taxa de captura média diária do camarão sete-barbas por

embarcação e respectivos números totais de barcos em atividade por dia,

referentes aos meses de dezembro de 2004, janeiro e fevereiro de 2005.

..................................................................................................... 50

Figura 17. Taxa de captura média diária do camarão sete-barbas por

embarcação e respectivos números totais de barcos em atividade por dia,

referentes aos meses de março, abril e maio de 2005.......................... 51

Figura 18. Taxa de captura média diária do camarão sete-barbas por

embarcação e respectivos números totais de barcos em atividade por dia,

referentes aos meses de junho e julho de 2005. ................................. 52

Figura 19. Taxa de captura média diária do camarão sete-barbas por

embarcação e respectivos números totais de barcos em atividade por dia,

referentes aos meses de março, abril e maio de 2005 e 2006. .............. 53

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Relação das espécies de camarões capturadas na pesca

artesanal do camarão sete-barbas, na baía de Tijucas. .........................19

Tabela 2. Relação das espécies de peixes capturadas na pesca do camarão

sete-barbas na baía de Tijucas...........................................................21

Tabela 3. Participação em número de exemplares e biomassa (g) das

espécies mais abundantes da ictiofauna acompanhante na pesca do

camarão sete-barbas........................................................................23

Tabela 4. Relação das espécies da fauna acompanhante (Carcinofauna,

Malacofauna, Cnidofauna e Equinofauna) capturadas na pesca artesanal do

camarão sete-barbas, na baía de Tijucas.............................................26

Tabela 5. Proporção entre um kilograma de camarão sete-barbas e as

demais faunas. ................................................................................28

Tabela 6. Estimativas de biomassa total (±±±± IC 95%) de camarão sete-

barbas estimadas para os meses de junho/04, janeiro/05 e junho/05 pelo

método da área varrida, e respectivos percentuais de remoção pela pesca.

Estimativas realizadas utilizando coeficientes de eficiência de captura de

40% e 100%. ..................................................................................40

Tabela 7. Produções mensais, em kg, das espécies de camarões

capturadas pela modalidade do arrasto com rede de portas para cada

localidade monitorada.......................................................................42

Tabela 8. Números médios, máximos e mínimos de dias trabalhados por

mês pela frota arrasteira de cada uma das localidades monitoradas. ......47

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Tabela 9. Número e percentual das embarcações em atividade, nos anos

de 2004 e 2005, na pesca de arrasto de camarões nas comunidades

(localidades) do entorno da Baía de Tijucas. ....................................... 47

Tabela 10. Amplitude de comprimentos totais do camarão sete-barbas, em

mm, para ambos os sexos, de acordo com bibliografias. ...................... 55

Tabela 11. Tamanho de primeira maturação em cm, do camarão sete-

barbas, para ambos os sexos, de acordo com a literatura..................... 60

Tabela 12. Comparação entre o número de espécies da fauna

acompanhante do camarão sete-barbas registrado por BRANCO & VERANI

(2006) e para a Baía de Tijucas, durante o projeto Pesca Responsável na

baía de Tijucas................................................................................ 62

Tabela 13. Comparação entre a proporção dos diferentes grupos presentes

na pesca camarão sete-barbas registrado por BRANCO & VERANI (2006) e

para a Baía de Tijucas, durante o projeto Pesca Responsável na baía de

Tijucas. Proporção em kg. ................................................................ 63

Tabela 14. Comparação entre os números de espécies de ictiofauna

acompanhante na pesca de arrasto de camarão em diferentes áreas. .... 67

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I - META 6: ANÁLISE BIOLÓGICO-PESQUEIRA DA PESCA

DE ARRASTO

O objetivo da meta foi obter informações quanto ao ciclo de vida,

parâmetros populacionais, padrões de recrutamento e migração dos

camarões capturados pela pesca de arrasto, além de estimar o esforço de

pesca aplicado na captura de camarão e respectiva abundância. Também

objetivou-se caracterizar a fauna acompanhante aproveitada e rejeitada

na modalidade em questão.

Supervisão técnica: Roberto Wahrlich (CTTMar/UNIVALI)

Especialistas colaboradores: Joaquim O. Branco(CTTMar/UNIVALI)

Maurício Hostim-Silva (CTTMar/UNIVALI)

Paulo Ricardo Pezzuto (CTTMar/UNIVALI)

I-1. ATIVIDADES ORIGINALMENTE PREVISTAS E RESPECTIVO

CRONOGRAMA

Seriam realizadas amostragens mensais com embarcações e

petrechos da própria frota local, que seriam realizadas acompanhando as

atividades normais de pescadores selecionados nas comunidades. Estas

amostragens seriam utilizadas para estimativa da quantidade e tipo do

rejeito à bordo (e suas variações temporais), o qual incluiria frações

menores e não comerciais das espécies de camarões, outros invertebrados

e peixes em geral. Em cada viagem, além da obtenção dos dados

pesqueiros, seria guardado e levado ao laboratório o conteúdo total

produzido em um dos lances de pesca (ou uma parcela aleatória do

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mesmo), bem como o conteúdo referente a outro lance após o respectivo

material ter sido selecionado pelo pescador de acordo com seus próprios

critérios.

As amostragens deveriam ser mantidas durante o período de defeso,

visando acompanhar os padrões biológico-pesqueiros das espécies

envolvidas e avaliar quais populações de camarões que realmente

estariam sendo protegidas.

A cada 15 dias seriam adquiridas 6 amostras de 1 kg de camarão

junto aos produtores para estudo biológico-populacional (2 amostras para

cada Colônia de Pescadores). Seria anotado o peso da amostra e da

captura total para posterior estimativa do número total de indivíduos

capturados por classe de tamanho. Tal amostra seria mantida congelada

pela Colônia de Pescadores e retirada tão cedo quanto possível pela equipe

de apoio técnico para análise em laboratório.

Em laboratório, os camarões seriam identificados, medidos e

analisados quanto ao estágio de maturação. Os demais itens seriam

identificados em grandes grupos e pesados para análise do percentual de

participação na constituição do rejeito. As distribuições de freqüência de

tamanhos dos camarões antes e após a seleção seriam comparadas,

permitindo assim uma análise das variações temporais no aproveitamento

comercial da captura.

Para cada exemplar de camarão seriam registrados a espécie, o

sexo, comprimento da carapaça (Lc) em milímetros e o peso total (Wt) em

gramas. O estágio de maturação dos machos seria determinado pela união

dos lóbulos do petasma e das fêmeas pela coloração e desenvolvimento

das gônadas.

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O tamanho de primeira maturação (Lc 50%), que corresponde ao

percentual de 50% de indivíduos adultos na população, seria determinado

usando fêmeas em maturação, maturas e desovadas, e os machos com os

lóbulos do petasma unidos. Seria calculada a distribuição de freqüência

relativa acumulada dos organismos nessas categorias por classe de

tamanho. Os valores de freqüência relativa acumulada seriam então

linearizados através da transformação em probitos sendo então calculada

uma regressão linear por mínimos quadrados entre os comprimentos da

carapaça e os percentuais linearizados para a estimativa do Lc 50%.

O período de desova seria determinado pela freqüência mais elevada

de fêmeas com gônadas maduras, apresentado em histogramas mensais

para as diversas áreas. Para verificar a possível diferença entre a

proporção de sexos durante os meses, por classe de comprimento e

estágio de maturação, seria utilizado o teste do X2. Também seria

calculada a variação temporal, por área e espécie, o percentual de

indivíduos jovens e maturos nas capturas comerciais. Os histogramas de

distribuição de comprimento serão utilizados para comparar a estrutura

das populações nas áreas de captura, em conjunto com a relação

peso/comprimento calculada para cada sexo.

A partir das informações pesqueiras obtidas durante as entrevistas

no momento do desembarque (ver Meta 2, Encarte 1), seriam extraídas

diversas medidas potencialmente relevantes ao cálculo do esforço de

pesca como, por exemplo: duração total da viagem, em horas; horas de

arrasto; distância do pesqueiro; comprimento da embarcação; potência do

motor; tipo de embarcação, etc. A análise do esforço de pesca teria como

objetivo principal de avaliar as variáveis pesqueiras responsáveis pela

captura obtida. Essas variáveis seriam assim as integrantes de uma

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medida adequada de esforço de pesca, além de serem utilizadas para o

entendimento da dinâmica da pescaria. Essa análise seria desenvolvida

com prioridade para a pesca de arrasto do camarão, porém abordagens

similares poderiam ser posteriormente desenvolvidas para as outras artes

de pesca monitoradas.

Os dados de captura e esforço de pesca serão analisados através de

um método de regressão linear múltipla, que permite analisar a relação

entre uma única variável dependente e diversas variáveis independentes,

identificando quais destas explicam de forma mais significativa a variação

da variável dependente. Este método prevê a observação inicial do grau de

relação entre as variáveis envolvidas, através da construção de uma

matriz de correlação de Pearson e, posteriormente o desenvolvimento de

um modelo estatístico. A aplicação do modelo ainda permitiria evidenciar

quantas e quais variáveis são responsáveis pela variação das capturas.

Os padrões espaço-temporais de variação de abundância dos

camarões seriam analisados utilizando-se um modelo linear generalizado

(MLG), no qual as taxas individuais de captura (p.ex. quilos por hora de

arrasto) são explicadas por variáveis que levem em consideração a

abundância do recurso no espaço e no tempo, assim como variáveis

referentes às características das embarcações que influenciem no poder de

captura das mesmas. Desta forma pode-se suprimir a utilização de índices

como o CPUE (captura por unidade de esforço) que requerem uma

padronização prévia do esforço empregado. O método proporciona um

índice de abundância já corrigido pelas variações individuais do poder de

pesca.

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Meta 6

Essa análise seria desenvolvida para cada localidade da Baía de

Tijucas, considerando períodos de pesca (meses, trimestres etc...) e

pesqueiros, e/ou para todas as localidades em conjunto, as quais

passariam então a ser consideradas áreas dentro do modelo. Isso seria

possível sempre que sejam reunidas variáveis como comprimento do barco

e potência do motor que possam ser incorporadas ao modelo de forma a

corrigir as variações da taxa de captura oriundas dos diferentes poderes

de pesca das diferentes embarcações.

Seriam ainda analisados aspectos biológicos das várias espécies de

camarões presentes na captura. Estas análises teriam o intuito de verificar

a existência de padrões geográficos distintos e que possam, por um lado,

vir a ser importantes na definição de futuras estratégias de manejo na

Baía de Tijucas, e por outro, avaliar a efetividade das medidas ora

vigentes.

Cronograma original: Bimestres

Atividade Unidade de

Medida Quantidade 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º

Campanhas de amostragem na pesca de

arrasto campanha 12 X X X X X X

Análise de dados biológico-pesqueiros da

pesca de arrasto relatório 1 X X X X X X

I-2. METODOLOGIA EMPREGADA

Em novembro de 2004 foram iniciados os embarques para

amostragem da pesca de arrasto de camarão. Foram realizadas de uma a

três saídas mensais com embarcações e petrechos da própria frota, com

acompanhamento das atividades normais de pesca. As embarcações

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Meta 6

utilizadas são típicas da pesca de arrasto realizada no interior da Baía de

Tijucas, tendo como alvo o camarão sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri).

Este tipo de embarcação apresenta motorização de 18-22 hp e opera duas

redes de portas de forma simultânea (arrasto duplo).

As amostragens foram utilizadas para determinação da composição

das capturas e estimativa da quantidade e tipo do rejeito a bordo (e suas

variações temporais), incluindo frações menores e não comerciais das

espécies de camarões, outros invertebrados e peixes em geral. Em cada

viagem, além da obtenção dos dados pesqueiros, o conteúdo total

produzido em um dos lances de pesca foi levado a laboratório. De uma

rede foi retido todo produto do lance de pesca (ou uma parcela aleatória

do mesmo), enquanto que da outra rede foi retido somente a fração

selecionada pelo pescador de acordo com seus próprios critérios. Em caso

de que o volume de camarão obtido no lance amostrado fosse menor que

2 kg, adquiriu-se do pescador 1 kg de camarão no final da viagem de

pesca. O material coletado durante a saída foi conservado em gelo até

estocagem específica para triagem em laboratório. Em contrapartida às

amostras coletadas e à presença de um pesquisador a bordo foi ofertado

ao pescador entre 20 e 40 litros de óleo diesel por saída de pesca.

As amostragens foram mantidas durante o período de defeso (1o de

março a 31 de maio), através de autorização específica cedida pelo IBAMA

(Anexo 5.2), visando acompanhar a sazonalidade dos padrões biológico-

pesqueiros do camarão sete-barbas e avaliar quais populações/espécies

que estariam sendo protegidas pela paralisação da pesca.

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Pág. 5-14 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Meta 6

I-3. RECURSOS ENVOLVIDOS

As atividades de campo foram realizadas por dois oceanógrafos

contratados com recursos do Projeto, com a participação de um estagiário.

Nas triagens e análises em laboratórios, houve o envolvimento de outros

dois estagiários contratados pelo Projeto.

Os trabalhos desenvolvidos envolveram a utilização do veículo do

Projeto (Fiat Dobló MEH-7532) e embarcações artesanais de pescadores. A

documentação das amostragens foi realizada com uma máquina

fotográfica digital e planilhas específicas e a marcação dos locais dos

arrastos com auxílio de um receptor GPS. O combustível para o veículo e

para as embarcações dos pescadores, bem como as despesas com

alimentação nas saídas de campo foram custeadas com recursos do

Projeto.

I-4. DIFICULDADES ENCONTRADAS E FORMAS DE SUPERAÇÃO

Da mesma maneira que na Meta 4, houve uma dificuldade de se

iniciar a série de embarque, pois nos primeiros meses havia resistência

dos pescadores em aceitar o embarque de técnicos vinculados ao Projeto.

Como as saídas envolviam coletas, alguns pescadores esperavam alugar a

embarcação para a Universidade, o que não era o objetivo do trabalho pois

se necessitava acompanhar uma saída regular de pesca e só se

necessitava coletar a produção de um arrasto. Procurou-se identificar

pescadores que estivessem mais interessados na proposta do Projeto para

trabalhar na superação das resistências iniciais e se estabeleceu uma cota

de óleo combustível a título de ressarcimento do “arrasto perdido” ou

como uma gratificação.

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Meta 6

Outro problema que estava por ocorrer era a concessão da

autorização para pesca científica no período de defeso que iniciaria em 1o

de março. A solicitação foi protocolada no IBAMA/CEPSUL em 20 de

janeiro, sendo informado de que não havia previsão para concessão da

autorização, pois o IBAMA aguardava há meses uma determinação do

Ministério do Meio Ambiente. Esta autorização foi obtida somente no início

de abril, após a publicação da Instrução Normativa MMA no 04/2005.

I-5. EXPERIÊNCIA ADQUIRIDA COM SEU DESENVOLVIMENTO

Com a consolidação da confiança entre a equipe técnica e um grupo

de pescadores de arrasto as dificuldades iniciais de acompanhar as saída

de pesca foram vencidas. A partir desta conquista, diversos pescadores

passaram a contribuir efetivamente na execução do Projeto, viabilizando

embarques para amostragens na maioria das localidades abrangidas pelo

Projeto.

II - RESULTADOS ALCANÇADOS E PRODUTOS

Ao total, foram realizadas 20 saídas para amostragem das capturas

da pesca de arrasto direcionada ao camarão sete-barbas. A primeira saía

ocorreu em 23 de novembro de 2004, tendo sido fundamental para ajustes

na metodologia. No mês de dezembro não houve saídas por causa da

paralisação de praticamente toda a frota camaroeira da Baía de Tijucas

pelo menos até o dia 23 daquele mês, devido aos baixíssimos rendimentos

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

da pescaria. A partir de janeiro de 2005 até dezembro do mesmo ano as

saídas de pesca foram efetuadas mensalmente.

De acordo com as características obtidas através da análise da pesca

de arrasto na Baía de Tijucas prevista na meta 06 do projeto, esta arte de

pesca apresenta baixa seletividade, possuindo como característica

marcante a captura de grandes quantidades de invertebrados e peixes,

muitas vezes rejeitados e descartados pelo seu pequeno tamanho ou por

não haver mercado para a sua comercialização. O camarão sete-barbas,

devido a sua abundância, desempenha um importante papel sócio-

econômico para diversas comunidades do entorno da baía de Tijucas, os

quais retiram o sustento de seus familiares utilizando embarcações de

pequeno porte e atuando em regiões mais próximas da costa.

Os resultados analisados estão embasados em dados coletados nas

campanhas de amostragem biológica da pesca de arrasto dirigida ao

camarão sete-barbas, durante o período de novembro de 2004 a janeiro

de 2006, executadas pelos Laboratórios de Biologia e de Ciências

Ambientais do CTTMar e apresentados em formato de relatórios por seus

responsáveis (Anexos 5.3; 5.4 e 5.5). A análise do esforço de pesca foi

obtida a partir das informações pesqueiras coletadas durante as

entrevistas no momento do desembarque, contempladas pela meta 2 do

presente projeto, durante o período de junho de 2004 a agosto de 2005, e

posteriormente analisadas por especialistas do Laboratório de

Oceanografia Biológica (Anexos 5.6 e 5.7). Dados de registro de captura

coletados durante o monitoramento pesqueiro também foram

considerados, a fim de respaldar as conclusões. A partir das estimativas de

biomassa total e das estatísticas de produção (desembarque), foram

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.

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Meta 6

também calculadas as taxas de remoção da biomassa disponível pelas

frotas de arrasto que operam na baía de Tijucas.

A análise biológico-pesqueira consistiu no conhecimento sobre o ciclo

de vida da espécie-alvo, parâmetros populacionais, padrões de

recrutamento e migração dos camarões, avaliação da fauna acompanhante

e rejeição da pesca de arrasto e estimativa de esforço de pesca aplicado

na captura de camarão e estimativa de abundância por área varrida.

II-1. SÍNTESE SOBRE A ESPÉCIE-ALVO

Durante o período, a proporção entre machos e fêmeas de camarão

sete-barbas ficou em 38,06% e 61,94% respectivamente, indicando uma

dominância das fêmeas na população. Em relação ao tamanho, constatou-

se um significativo predomínio de fêmeas sobre os machos nas classes de

4,0, 5,0, 6,0, 11,0 e 12,0 cm. A amplitude de variação do comprimento

nos machos foi de 4,0 a 12,0 cm e a do peso de 0,51 a 10,73g e

crescimento alométrico negativo b=2,9694. Para as fêmeas, o

comprimento variou de 3,0 a 14,0 cm; o peso entre 0,2 e 16,56g e

crescimento alométrico negativo b=2,9469.

Em relação as flutuações da estrutura da população, durante

novembro de 2004 registrou-se uma pequena ocorrência de camarões

juvenis, com um aumento gradativo em janeiro e fevereiro, seguido de

oscilação até abril, ausência em junho e maiores contribuições de julho a

setembro. Nos meses de outubro e novembro registrou-se a participação

de exemplares adultos, principalmente fêmeas, e em dezembro a ausência

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Meta 6

total de espécimes de ambos os sexos para a baía de Tijucas; verificando

o recrutamento de juvenis em janeiro de 2006.

Ainda em relação as flutuações da estrutura da população,

constatou-se através da contagem de número de exemplares que

compuseram 1,0 kg de camarão sete-barbas, que as maiores taxas de

captura de juvenis ocorreram nos meses de janeiro/05 e 06.

A curva de maturação gonadal obtida através dos valores médios

mensais do IGS sugerem que o camarão sete-barbas apresenta um

período reprodutivo longo, com dois picos de desova: o primeiro entre

maio a junho e o segundo e mais intenso de outubro a janeiro.

Em relação à captura por unidade de esforço (CPUE), as maiores

taxas foram registradas nos meses de fevereiro, abril e maio (pico de

captura).

O tamanho de primeira maturação (Lc 50%) não foi determinado

pelos especialistas devido à dificuldade de se manter os indivíduos intactos

com o processo de resfriamento.

II-2. FAUNA ACOMPANHANTE

II-2.1. CAMARÕES (DENDROBRANQUIATA)

Em 26 lances de pesca direcionada ao camarão sete-barbas,

acompanhados durante o período de amostragem, foram capturados 10

espécies de camarões, pertencentes a 6 famílias. Destas, apenas 5

apresentaram valor comercial: camarão rosa, branco, barba-ruça e

vermelho; porém foram pouco representados nas amostragens (Tabela 1).

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.

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Meta 6

Das espécies acompanhantes capturadas, apenas o camarão branco

teve ocorrência regular nas amostragens (segundo metodologia de

ANSARI et al, 1995), sendo que as demais foram consideradas ocasionais.

Tabela 1. Relação das espécies de camarões capturadas na pesca artesanal do camarão sete-barbas, na baía de Tijucas.

Família Espécie Nome Popular N Penaeidae Farfantepenaeus brasiliensis camarão rosa 6

Farfantepenaeus paulensis camarão rosa 32 Lithopenaeus schmitti camarão branco/legítimo 37 Artemesia longinaris camarão barba-ruça/ferrinho 2810 Trachypenaeus constrictus (sem denominação popular) 6 Lismatidae Exhippolysmata oploforoides camarão espinho 124

Sergestidae Acetes americanus americanus (sem denominação popular) 39

Solenoceridae Pleoticus muelleri camarão vermelho/santana 5410

Sicyoniidae Sycione dorsalis camarão pedra 97

Alpheidae Alpheus sp. camarão estalo 1

II-2.1.1. SÍNTESE DAS ANÁLISES PARA OS DEMAIS CAMARÕES

Farfantepenaeus paulensis (camarão rosa): Os machos dominaram nas

classes de 8,0, 10,0 e 13,0 cm e as fêmeas nos 11,0 cm. Padrão de

crescimento: alométrico negativo para os machos e isométrico para as

fêmeas. Ocorrência da espécie apenas no mês de março.

Lithopenaeus schmitti (camarão branco/legítimo): os machos ocorreram

nas classes de 10,0 a 16,0 e 18,0 cm e predominaram sobre as fêmeas

nos 13,0 a 16,0 cm; enquanto nos 11,0 cm as fêmeas dominaram. Padrão

de crescimento: alométrico positivo nos machos e alométrico negativo

para as fêmeas. Registraram-se oscilações nas capturas, com os maiores

valores em março, abril e julho.

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Meta 6

Artemesia longinaris (camarão barba-ruça): as fêmeas foram maiores e

predominaram acima dos 7,0 cm, enquanto que os machos predominaram

apenas nos 3,0 cm. Padrão de crescimento: alométrico negativo para

ambos os gêneros. Maiores registros de ocorrência nos meses de

novembro/04, abril e outubro.

Exhippolysmata oploforoides (camarão espinho): apenas um exemplar

macho foi capturado. As fêmeas foram mais abundantes na classe de 4,0

cm. Padrão de crescimento: alométrico negativo para as fêmeas. Registro

de ocorrência nos meses de nov/04 e setembro a dezembro.

Pleoticus muelleri (camarão vermelho/santana): a partir dos 8,0 cm não

ocorreram machos. Predomínio significativo das fêmeas sobre os machos

nas classes de 6,0 e 7,0 cm. Padrão de crescimento: alométrico negativo

para machos e fêmeas. Ocorrência da espécie em nov/04, setembro,

outubro e dezembro/05.

Sycione dorsalis (camarão pedra): mesma amplitude de variação de

comprimento para a espécie, onde os machos predominaram nas classes

de 3,0 e 5,0 cm, e as fêmeas nos 4,0 cm. Padrão de crescimento:

alométrico positivo para machos e alométrico negativo para fêmeas.

Ocorrência da espécie em nov/04, setembro e outubro.

II-2.1.2. PROPORÇÃO ENTRE CAMARÃO SETE-BARBAS E DEMAIS

CAMARÕES

Para cada kilograma de camarão sete-barbas capturado,

registraram-se 0,14 kg de outras espécies de camarões.

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Meta 6

II-2.2. ICTIOFAUNA

Em 26 lances de pesca acompanhados durante o período, foram

capturados 8338 exemplares entre peixes pelágicos e demersais,

pertencentes a 25 famílias e distribuídas em 44 espécies, totalizando

73,66 kg de biomassa (Tabela 2).

Das 25 famílias coletadas, quatro representaram 85,50% do total de

exemplares capturados. A família Sciaenidae foi responsável por 61,03%

do número total de peixes capturados, seguidos da Clupeidae (14,60%),

Carangidae (5,71%) e Engraulidae (4,16%); enquanto que as 21 famílias

restantes, denominadas outras (Tabela 2), contribuíram em conjunto com

apenas 14,50% do número total de espécimes da ictiofauna.

A tabela 3 mostra a contribuição em número de exemplares e

biomassa das espécies mais abundantes da ictiofauna. Das cinco espécies

dominantes, quatro pertencem à família Sciaenidae e uma à Clupeidae.

Stellifer rastrifer contribui com 32,86% em número de indivíduos, seguido

de Pellona harroweri (14,31%), Paralonchurus brasiliensis (11,92%),

Stellifer stellifer (6,72%) e Isopisthus parvipinnis (4,91%). Para a

biomassa, obteve-se o mesmo padrão, com exceção de P. brasiliensis, que

ocupou o segundo lugar, superando P. harroweri. A tabela 2 indica que

Stellifer rasfrifer foi à espécie que participou com maior número de

exemplares e biomassa.

Tabela 2. Relação das espécies de peixes capturadas na pesca do camarão sete-barbas na baía de Tijucas.

Família Espécie Nome Popular N

Achiridae Achirus lineatus Sola 2

Ariidae Cathorops spixii Bagre amarelo 8

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Meta 6

Genidens barbus Bagre branco 196

Genidens genidens Bagre favudo 57

Batrachoididae Porichthys porosissimus Sapo luminoso 262

Carangidae Chloroscombros chrysurus Palombeta 109

Selene setapinnis Galo 92

Selene vomer Galo de penacho 277

Clupeidae Harengula clupeola Sardinha cascuda 2

Sardinella brasiliensis Sardinha verdadeira 27

Pellona harroweri Sardinha-mole 1193

Cynoglossidae Symphurus tesselatus Língua de sogra 87

Engraulidae Lycengraulis grossidens Manjuvão 172

Cetengraulis edentulus Manjuvinha 176

Ephippidae Chaetodipterus faber Enxada 2

Gerreidae Eucinostomus melanopterus Escrivão 1

Haemulidae Pomadasys corvinaeformis Corcoroca 1

Orthopristis ruber Corcoroca 1

Monocanthidae Stephanolepis hispidus Peixe porco 3

Muraenidae Gymnotorax ocellatus Moréia pintada 1

Ophicthidae Ophichthus gomesii Cobra dáguá 12

Paralichthydae Etropus crossotus Linguado 1

Citharichthys spilopterus LInguado 96

Phycidae Urophycis brasiliensis Abrótea 39

Pomatomidae Pomatomus saltator Enchova 1

Sciaenidae Isopisthus parvinnis Pescadinha/tortinha 409

Larimus breviceps Oveva 17

Macrodon ancylodon Pescada foguete 152

Menticirrhus americanus Papa terra 1

Micropogonias furnieri Corvina 159

Stellifer rastrifer Cangoá 2740

Stellifer stellifer Cangoá 560

Stellifer brasilienis Cangoá 74

Paralonchurus brasilienis Maria Luiza 994

Scombridae Scomberomorus cavalla Cavala 1

Serranidae Diplectrum radiale Aipim 1

Stromateidae Peprilus paru Gordinho 61

Synodontidae Synodus foetens Peixe lagarto 1

Tetradontidae Sphoeroides greely Baiacu 4

Sphoeroides spengleri Baiacu 1

Sphoeroides testudineus Baiacu 2

Lagocephalus laevigatus Baiacu arara 44

Trichiuridae Trichiurus lepturus Espada 288

Triglidae Prionotus punctatus Cabrinha 11

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.

5-23

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Meta 6

Tabela 3. Participação em número de exemplares e biomassa (g) das espécies mais abundantes da ictiofauna acompanhante na pesca do camarão sete-barbas.

Família/Espécie Nome popular N % Biomassa %

Clupeidae

Pellona harroweri Sardinha mole 1193 14,31 10734,30 14,57

Sciaenidae Paralonchurus brasiliensis

Maria Luiza 994 11,92 10882,94 14,77

Isophistus parvipinnis Pescadinha/tortinha 409 4,91 2880,81 3,91

Stellifer stellifer Cangoá 560 6,72 3440,62 4,67

Stellifer rastrifer Cangoá 2740 32,86 15756,23 21,39

Total 5896 70,71 43694,9 59,32

II-2.2.1. SÍNTESE DA ESTRUTURA DE COMPRIMENTO DAS

ESPÉCIES MAIS ABUNDANTES

Pellona harroweri (sardinha mole): observou-se uma distribuição de

freqüência polimodal, sendo as modas nas classes de 6,0, 9,0, 11,0 cm e

menos representativas nas classes de 15,0 e 19,0 cm. A amplitude do

comprimento total variou de 3,0 a 19,0 cm e o comprimento total médio

foi de 9,2 cm.

Paralonchurus brasiliensis (maria luiza): apresentou amplitude de

comprimento total entre 3,0 a 29,0 cm. A distribuição de freqüência

apresentou tendência do tipo polimodal, sendo que a moda mais

representativa ocorreu na classe de 10,0 cm e o comprimento total médio

da espécie foi de 10,0 cm.

Isopisthus parvipinnis (pescadinha/tortinha): também apresentou

distribuição de freqüência polimodal, com picos mais representativos nas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

classes de 6,0 e 9,0 cm. A amplitude de comprimento total variou entre

4,0 e 21,0 cm, com comprimento total médio de 8,0 cm.

Stellifer stellifer (cangoá): o comprimento variou entre 4,0 e 17,0 cm,

apresentando uma distribuição de freqüência polimodal, sendo que a moda

mais representativa ocorreu na classe de 7,0 cm. O comprimento total

médio da espécie foi de 7,0 cm.

Stellifer rastrifer (cangoá): ocupou o primeiro lugar em número de

indivíduos e biomassa. A distribuição de freqüência de comprimento total

dessa espécie foi do tipo unimodal na classe de 8,0 cm. Sua amplitude de

comprimento variou de 4,0 a 21,0 cm e seu comprimento total médio foi

de 7,3 cm.

II-2.2.2. FLUTUAÇÕES SAZONAIS DA ICTIOFAUNA

A figura 1 mostra a variação do número médio de exemplares

capturados e a biomassa média ao longo do período de coleta.

Para o número de exemplares, as maiores contribuições ocorreram

nos meses de janeiro, seguido de um declínio em fevereiro, novo

incremento no mês de março e queda gradativa até dezembro, intercalado

por pequenas oscilações nos meses de julho e outubro.

Para a biomassa, observou-se flutuações sazonais mais acentuadas,

onde registrou-se pico de captura para o mês de janeiro (6,42 kg) e

menores capturas em junho (0,89 kg).

Numa análise geral, verificou-se que a ictiofauna acompanhante

apresentou maiores contribuições em exemplares e biomassa no início do

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Meta 6

(a)

0

200

400

600

800

1000

1200

N/04 J F M A M J J A S O N D meses

N

(b)

0

1

2

3

4

5

6

7

N/04 J F M A M J J A S O N D meses

Captu

ra m

édia

mensal (

kg)

verão (janeiro) e menores capturas nos meses da primavera (outubro,

novembro e dezembro).

Figura 1. Variação mensal em número médio de exemplares (a) e em biomassa média (b) da ictiofauna acompanhante da pesca artesanal do camarão sete-barbas na Baía de Tijucas.

II-2.2.3 PROPORÇÃO ENTRE CAMARÃO SETE-BARBAS E PEIXES

Para cada kilograma de camarão sete-barbas capturado,

registraram-se 0,59 kg de peixes.

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Pág. 5-26 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

II-2.3 DEMAIS FAUNAS

(CARCINOFAUNA, MALACOFAUNA, CNIDOFAUNA E EQUINOFAUNA)

Foram capturados 1718 exemplares pertencentes à 11 espécies e ao

grupo dos cnidários (composta por água-viva e anêmona), totalizando em

biomassa 18,73 kg (Tabela 4).

Tabela 4. Relação das espécies da fauna acompanhante (Carcinofauna, Malacofauna, Cnidofauna e Equinofauna) capturadas na pesca artesanal do camarão sete-barbas, na baía de Tijucas.

Família Espécie Nome Popular N CNIDARIA água viva 9

anêmona 106 MOLLUSCA/ GASTROPODA

Nassariidae Buccinanops gradatum concha 85 Olividae Olivancillaria urceus concha 32

MOLLUSCA/ CEPHALOPODA Loligonidae Loligo sanpaulensis lula 328

CRUSTACEA/ MALACOSTRACA Calappidae Hepatus pudibundus caranguejo 32 Leucossidae Persephona mediterranea caranguejo 15

Persephona punctata caranguejo 100 Majidae Libinia spinosa caranguejo aranha 22

Portunidae Callinectes danae siri-azul 176 Callinectes ornatus siri-azul 684

EQUINODERMATA Astropectinidae Astropecten marginatus estrela-do-mar 115

Luidiidae Luidia senegalensis estrela-do-mar 14

Considerando separadamente cada grupo, registraram-se para os

Crustáceos 6 espécies de caranguejos e siris, pertencentes a 4 família;

onde os siris-azul foram os mais representativos. Para o grupo dos

Moluscos a contribuição foi de 3 espécies, pertencentes a 3 famílias, com

predomínio de lulas. Em relação aos Equinodermos, capturou-se duas

espécies de estrela-do-mar, com dominância de Astropecten marginatus. E

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

para o grupo dos Cnidários, foram capturados poucos exemplares de água

viva e anêmonas, não identificadas ao nível de espécie.

Destas espécies capturadas, Buccinanops gradatum, Loligo

sanpaulensis, Persephona punctata, Callinectes danae, Callinectes ornatus,

Astropecten marginatus e anêmona apresentaram ocorrências regulares

nas amostragens segundo metodologia de ANSARI et al (1995).

II-2.3.1 SÍNTESE DAS ESPÉCIES CONSIDERADAS REGULARES NAS

AMOSTRAGENS

Buccinanops gradatum (concha): esta espécie ocorreu durante todo o

período, exceto nos meses de janeiro e junho. As maiores contribuições

foram registradas nos meses primavera (outubro, novembro e dezembro).

Loligo sanpaulensis (lula): apresentou oscilação na distribuição, com

registro de maiores capturas em número de exemplares e biomassa, nos

meses de agosto e setembro.

Persephona punctata (caranguejo): foi a mais representativa em peso

durante os meses de outubro a janeiro/06. Pico de captura em número de

exemplares no mês de março.

Callinectes danae (siri-azul): segunda espécie mais abundante em

biomassa e em número de indivíduos. Pico de captura no mês de junho.

Callinectes ornatus (siri-azul): predomínio em número de exemplares em

maio e junho, e em biomassa nos meses de setembro a janeiro.

Astropecten marginatus (estrela-do-mar): pico de captura no mês de

fevereiro e ausência de exemplares nos meses de inverno (julho, agosto e

setembro).

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Pág. 5-28 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

Anêmona: ocorrência durante todo o ano, com exceção do mês de julho.

Pico de captura no mês de fevereiro.

II-2.3.2 PROPORÇÃO ENTRE CAMARÃO SETE-BARBAS E DEMAIS

FAUNAS

A proporção entre um kilograma da espécie alvo para os diferentes

grupos é apresentada na tabela 5.

Tabela 5. Proporção entre um kilograma de camarão sete-barbas e as demais faunas.

camarão sete-barbas/Cnidofauna 1/0,01 kg

camarão sete-barbas/Carcinofauna 1/0,11 kg

camarão sete-barbas/Equinofauna 1/0,01 kg

camarão sete-barbas/Malacofauna 1/0,02 kg

II-3. ESFORÇO DE PESCA

A análise do esforço de pesca teve como objetivo principal avaliar as

variáveis pesqueiras responsáveis pela captura obtida na pesca de arrasto

direcionado ao camarão sete-barbas. Essas variáveis foram utilizadas para

o entendimento da dinâmica da pescaria em questão.

A partir das informações pesqueiras obtidas durante as entrevistas

no momento do desembarque, foram extraídas diversas medidas

potencialmente relevantes ao cálculo do esforço de pesca como:

comprimento da embarcação; potência do motor; tipo de embarcação, etc.

A análise, através da aplicação de um modelo matemático específico

permitiu evidenciar quantas e quais variáveis são responsáveis pela

variação das capturas.

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.

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Meta 6

Os padrões espaço-temporais de variação de abundância dos

camarões foram analisados utilizando-se um modelo linear generalizado

(MLG), no qual as taxas individuais de captura (p.ex. quilos por hora de

arrasto) foram explicadas por variáveis que levaram em consideração a

abundância do recurso no espaço e no tempo, assim como variáveis

referentes às características das embarcações que influenciaram no poder

de captura das mesmas.

Essa análise foi desenvolvida para cada localidade da Baía de

Tijucas, considerando períodos de pesca e pesqueiros. A seguir são

apresentados os rendimentos obtidos, por itens analisados.

II-3.1. COMUNIDADES

De acordo com a figura 2:

• Os maiores rendimentos (10-12 kg/h) foram obtidos pelos

desembarques realizados nas comunidades de Calheiros e Ganchos de

Fora.

• Os menores rendimentos (cerca de 3 Kg/h) foram obtidos pelos

desembarques realizados na localidade de Canto dos Ganchos.

• Ganchos do Meio, Tijucas, Sta. Luzia e Zimbros tiveram rendimentos

similares (5 – 6 Kg/h).

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Pág. 5-30 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

Figura 2. Rendimentos médios de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de arrasto) reportados pelas embarcações que desembarcaram nas diferentes localidades da Baía de Tijucas – SC. Barras representam o Erro Padrão.

II-3.2. ÁREAS DE PESCA (PESQUEIROS)

De acordo com a figura 3:

• Os rendimentos mais baixos (3 – 4 kg/h) foram obtidos nas áreas do

Baixio, Baía de Tijucas e Baías de Zimbros.

• Os rendimentos mais elevados (8 – 12 kg/h) foram obtidos nos

pesqueiros de Macuco, Costeira dos Ganchos, ponta do Bota e Mar

de Fora.

0

2

4

6

8

10

12

14

Calhe

iros

Can

to d

os G

anch

os

Can

to G

rand

e

Gan

chos

de

Fora

Gan

chos

do

Meio

Sta. L

uzia

Tijuca

s

Zimbr

os

Localidade

kg

/ho

ra

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.

5-31

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

Figura 3. Rendimentos médios de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de arrasto) obtidos nas diferentes áreas de pesca (pesqueiros) da Baía de Tijucas e arredores. Barras representam o Erro Padrão.

II-3.3. SAZONALIDADE

De acordo com a figura 4:

• Rendimentos mostram uma forte sazonalidade.

• Entre Julho e Janeiro os rendimentos são muito baixos, não

ultrapassando 4 kg/ hora.

• Entre fevereiro e junho os rendimentos sofrem um incremento

considerável, sendo máximos (entre 17 – 19 kg/h) em abril e maio.

0

2

4

6

8

10

12

14

Baixio

Mac

uco

Cos

teira

dos

Gan

chos

Ponta

do

Bota

Ilha

do A

rvor

edo

Mar

de

Fora

Pesqueiro

kg

/ho

ra

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Pág. 5-32 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

Figura 4. Rendimentos médios de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de arrasto) obtidos mensalmente pelas embarcações que desembarcaram nas localidades da Baía de Tijucas SC. Barras representam o Erro Padrão.

II-3.4. EMBARCAÇÕES

De acordo com a figura 5:

• Observa-se um crescente nos rendimentos em embarcações que

tiveram maior participação.

• Porém naquelas com maior participação (>30% dos desembarques) o

rendimento decai.

0

5

10

15

20

25

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Mês

kg

/ho

ra

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.

5-33

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

Figura 5. Rendimentos médios de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de arrasto) obtidos por embarcações de diferentes níveis de participação nos desembarques totais (representados em %) registrados nas localidades da Baía de Tijucas SC. Barras representam o Erro Padrão.

As embarcações com casario, potência de motor superior a 20 Hp e

maiores que 8,5 m apresentaram rendimentos ligeiramente maiores que

aquelas sem casarios, motores com potência inferior a 20HP e menores

que 8,5 m (Figura 6).

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

<5% 5 - 20% 20-30% >30%

Participação da embarcação nos desenbarques totais

kg

/ho

ra

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Pág. 5-34 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

<20 HP >20HP

Potência do Motor

kg

/ho

ra

0

1

2

3

4

5

6

7

8

<8,5 m >8,5 m

Comprimento da embarcação

kg

/ho

ra

0

1

2

3

4

5

6

7

Sem casario Com casario

Presença de Casario

kg

/ho

ra

Figura 6. Rendimentos médios de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de arrasto) obtidos por embarcações de diferentes potências de motor, comprimentos e presença ou não de casario. Barras representam o Erro Padrão.

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.

5-35

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

II-3.5. CONDIÇÕES AMBIENTAIS

De acordo com a figura 7:

• Viagens de pesca sob condições de mar agitado e tempo chuvoso

mostraram rendimentos ligeiramente maiores que em condições de

tempo bom e mar calmo

• Rendimentos ligeiramente mais elevados foram obtidos sob influência

de ventos do quadrante NE –E e SW-W o mesmo se observando em

relação ao sentido de fluxo da maré (Figura 8).

• Figura 7. Rendimentos médios de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de arrasto) obtidos sob influência de tempo chuvoso, ensolarado e nublado e condições de mar agitado, moderado e calmo. Barras representam o Erro Padrão.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Agitado Moderado Calmo

Condições do Mar

kg

/ho

ra

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Chuvoso Ensolarado Nublado

Clima

kg

/ho

ra

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Pág. 5-36 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

Figura 8. Rendimentos médios de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de arrasto) obtidos sob influência de diferentes direções de ventos e maré. Barras representam o Erro Padrão.

II-3.6. EFICIÊNCIA E ABUNDÂNCIA

De acordo com a figura 9:

• A eficiência das viagens de pesca desembarcadas nas localidades de

Ganchos (Calheiros + Ganchos de Fora + Ganchos do Meio) foi 20 a

40% superior às das demais localidades. As menos eficientes foram

as viagens desembarcadas em Tijucas.

• A abundância do camarão-sete-barbas nas áreas de pesca de Mar de

Fora, Macuco e Costeira dos Ganchos foram 65%, 30% e 19%

maiores que no área do Baixio respectivamente.

0

2

4

6

8

10 N-NE

NE-E

E-SE

SE-SS-SW

SW-W

W-NW

NW-N

Vento Maré

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.

5-37

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

• A Baía de Zimbros apresentou as menores abundâncias, sendo 36%

inferior à área de Baixio e 100% inferior ao Mar de Fora

• O outono é o período de maior abundância de camarão-sete-barba

sendo 37%, 94% e 103% maior que no verão, no inverno e na

primavera, respectivamente.

• As embarcações com comprimento superior a 8,5m foram 14% mais

eficiente que as menores.

• As embarcações com e sem casario tiveram praticamente a mesma

eficiência

• As embarcações que participaram mais do que 5% nos

desembarques totais tiveram eficiências muito similares e em torno

de 30% inferiores àquelas que participaram menos de 5% dos

desembarques. Este é o resultado mais surpreendente.

• A influência do clima e da maré foi mínima na variação do CPUE.

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Pág. 5-38 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

Ganchos Cto. Dos

Ganchos

Zimbros Sta. Luzia Tijucas

Localidades

Co

efi

cie

nte

s

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

Baixio Baía de

Tijucas

Baía de

Zimbros

Macuco Costeira

dos

Ganchos

Mar de

Fora

Pesqueiros

Co

efi

cie

nte

s

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

Jan-Mar Abr-Jun Jul-Set Out-Dez

Trimestres

Co

efi

cie

nte

s

Figura 9. Coeficientes obtidos pelo Modelo Linear Generalizado aplicado ao LN kg/h do camarão-sete-barbas.

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.

5-39

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

II-4. ESTIMATIVA DE ABUNDÂNCIA

A estimativa de estoque foi obtida através dos registros de capturas

em kg por horas trabalhadas, a eficiência das redes, a velocidade de

arrasto em nós, o comprimento médio de tralha superior das redes de

arrasto e o coeficiente de abertura das redes; parâmetros os quais foram

convertidos e resultaram em biomassa disponível por áreas.

A metodologia aplicada foi o método da área varrida, o qual visou

obter estimativas de biomassa média por quilômetro quadrado. Essas

estimativas foram realizadas para três meses distintos: junho/04,

janeiro/05 e junho/05, selecionados com base nos seguintes critérios: a)

corresponderem a períodos de elevada ou reduzida produção

desembarcada; b) corresponderem a períodos próximos ou afastados do

término do defeso aplicado à espécie até então.

As estimativas finais de biomassa obtidas com os parâmetros

utilizados para cada mês estão apresentadas na tabela 6, e a fim de

comparar, são apresentadas também as estimativas obtidas com eficiência

igual a 1, ou seja, 100% de capturabilidade. Os meses de janeiro e junho

de 2005 apresentaram valores extremos de abundância, seguindo o

comportamento observado nos desembarques. Dependendo da eficiência

de captura utilizada, as biomassas mínimas variaram entre 15,6 e 38,9

toneladas em janeiro de 2005 e as máximas entre 221,4 e 539,3

toneladas em junho do mesmo ano. Considerando os três meses

analisados, os percentuais médios de remoção da biomassa disponível pela

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Pág. 5-40 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

pesca variaram de um mínimo de 23,9% (± 0,08 DP) a um máximo de

59,0% (± 0,19 DP).

Tabela 6. Estimativas de biomassa total (± IC 95%) de camarão sete-barbas estimadas para os meses de junho/04, janeiro/05 e junho/05 pelo método da área varrida, e respectivos percentuais de remoção pela pesca. Estimativas realizadas utilizando coeficientes de eficiência de captura de 40% e 100%.

Eficiência 40% Eficiência 100% Biomassa Total IC inf IC sup Biomassa Total IC inf IC sup

jun-04 272.858 215.294 330.423 jun-04 109.143 86.117 132.169jan-05 38.933 31.292 46.574 jan-05 15.573 12.517 18.630jun-05 539.334 199.235 879.433 jun-05 221.411 81.790 361.031

Remoção Remoção

jun-04 24,2% 30,6% 20,0% jun-04 60,4% 76,6% 49,9%jan-05 15,7% 19,5% 13,1% jan-05 39,1% 48,7% 32,7%jun-05 31,8% 86,1% 19,5% jun-05 77,5% 209,7% 47,5%

II-5. ANÁLISE DOS DADOS DE CAPTURA E ESFORÇO NA PESCA DE

ARRASTO DE CAMARÃO

A pesca de arrasto com rede de portas, praticada pela frota

artesanal da Baía de Tijucas é dirigida às capturas dos camarões sete-

barbas Xiphopenaeus kroyeri, branco Litopenaeus schmitti, rosa

Farfantepenaeus brasiliensis e F. paulensis, vermelho Pleoticus muelleri e

ferrinho Artemesia longinaris. Essa pesca ocorre tanto no interior da baía

como em mar aberto em áreas adjacentes, sendo as áreas preferenciais

delimitadas pela profundidade limite da isóbata dos 30 metros.

A partir das informações pesqueiras obtidas durante as entrevistas

no momento do desembarque (Encarte 1 – Meta 2), foram extraídas

diversas medidas potencialmente relevantes à análise da captura e esforço

da pesca de arrasto de camarões.

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.

5-41

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

Os padrões sazonais da variação da abundância dos camarões foram

obtidos para cada localidade monitorada da Baía de Tijucas e para todas

as localidades em conjunto, através das informações das produções

mensais dos camarões: sete-barbas, branco, rosa, vermelho e ferrinho

(Tabela 1).

Dentre as comunidades monitoradas, a comunidade de

Zimbros/Morrinhos foi a que capturou a maior quantidade de camarões no

período, sendo esta de 132.428 kg, seguida em ordem decrescente pela

comunidade de Santa Luzia (103.191 kg), Tijucas (46.052 kg), Canto dos

Ganchos (44.602 kg), Ganchos de Fora (37.881 kg), Canto Grande

(36.193 kg), Calheiros (21.582 kg) e Ganchos do Meio (19.955 kg).

Ressalta-se que embora seja sabido que a comunidade de Ganchos do

Meio trabalhe quase que exclusivamente no arrasto de camarão, os dados

apresentados, não demonstraram a realidade da pesca local, tal fato foi

decorrente única e exclusivamente devido a problemas de monitoramente

e baixa adesão dos pescadores desta localidade (Tabela 7).

Os dados de produção apresentados tornaram evidente que o grande

direcionamento da frota arrasteira da Baía de Tijucas esta direcionada à

captura do camarão sete-barbas Xiphopenaeus kroyeri, praticamente ao

longo de todo o ano, com período de maior biomassa desembarcada para

os meses de fevereiro e junho. Valores totais entre os meses de março a

maio demonstraram-se pouco representativos, uma vez que coincidiam

com o período de defeso, fazendo desta forma, com que muitos dos

pescadores não fornecessem informações quanto a suas capturas no

período (Tabela 7 e Figura 10).

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Pág. 5-42 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

Tabela 7. Produções mensais, em kg, das espécies de camarões capturadas pela modalidade do arrasto com rede de portas para cada localidade monitorada.

Entre os meses de agosto a janeiro houve uma grande contribuição

na biomassa desembarcada, decorrente das capturas dos camarões:

vermelho Pleoticus muelleri e ferrinho Artemesia longinaris, coincidindo

com o provável período de safra destas espécies (Figura 11). Geralmente

estes recursos são capturados nas áreas adjacentes a baía, ou seja, ao

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.

5-43

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

largo da Ilha de Florianópolis, mais precisamente no pesqueiro

denominado ponta do Bota (porção norte da ilha de Florianópolis.).

0

25.000

50.000

75.000

100.000

125.000

150.000

175.000

jun/04 jul/04 ago/04 set /04 out /04 nov/04 dez/04 jan/05 fev/05 mar/05 abr/05 mai/05 jun/05

Kg

camarão rosa camarão branco camarão vermelho camarão ferrinho

vermelho + sete-barbas vermelho + ferrinho camarão sete-barbas vermelho + sete-barbas + ferrinho

rosa + branco ferrinho + sete-barbas rosa + sete-barbas

Figura 10. Produção mensal, em kg, das capturas de camarões (considerando todas as espécies) pela frota de arrasteiros da Baía de Tijucas.

A Figura 10 evidenciou a grande representatividade da captura do

camarão sete-barbas perante as demais espécies. Já na Figura 11,

observa-se que excluindo a produção obtida na região para o camarão

sete-barbas, as produções dos camarões vermelho e ferrinho, despontam

como de maior representatividade, no período mencionado (agosto a

janeiro).

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Pág. 5-44 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

0

2.500

5.000

7.500

10.000

12.500

15.000

17.500

jun/04 jul/04 ago/04 set /04 out /04 nov/04 dez/04 jan/05 fev/05 mar/05 abr/05 mai/05 jun/05

Kg

camarão rosa camarão branco camarão vermelho camarão ferrinho

vermelho + sete-barbas vermelho + ferrinho vermelho + sete-barbas + ferrinho rosa + branco

ferrinho + sete-barbas rosa + sete-barbas

Figura 11. Produção mensal, em kg, das capturas de camarões (excluindo as capturas de camarão sete-barbas) pela frota de arrasteiros da Baía de Tijucas.

A avaliação trimestral da produção dos camarões, quando analisada

em percentual, auxilia na identificação dos padrões sazonais e da variação

específica da biomassa capturada (Figura 12). Observa-se que a Figura 12

reforça as informações mencionadas nas Figuras 10 e 11, de que a captura

do camarão sete-barbas foi apenas suplantada nos meses de setembro,

outubro e novembro pelos camarões vermelho e ferrinho.

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.

5-45

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

0 %

10 %

2 0 %

3 0 %

4 0 %

50 %

6 0 %

70 %

8 0 %

9 0 %

10 0 %

jun/ jul/ ago set / o ut / no v dez/ jan/ fev mar/ abr/ mai

camarão sete barbas camarão vermelho

camarão vermelho + ferrinho camarão ferrinho

camarão branco camarão ro sa

camarão vermelho + sete barbas camarão ferrinho + sete barbas

Figura 12. Avaliação trimestral, em percentual, das produções de camarões na Baía de Tijucas.

Nota-se na Figura 12, que nos meses que compreendiam o período

de defeso (mar/abr/mai), as únicas espécies capturadas foram o camarão

sete-barbas e camarão rosa, porem este fato foi decorrente do

direcionamento de parte da frota à captura do camarão sete-barbas e

parte da frota à captura do camarão rosa. Mesmo sabendo que tal

atividade no período mencionado era ilegal. Se considerarmos a análise

comparativa entre as capturas totais de camarão rosa versus capturas do

camarão rosa associado às capturas de camarões sete-barbas

conjuntamente, nota-se que estas, quando presentes, ocorreram em

baixos números, ou seja, apenas 37 desembarques de um total de

aproximadamente 14.000 desembarques monitorados, representando

também uma baixa biomassa capturada (Figura 13). Deixando claro que

ambas as espécies possuem áreas de ocorrência distintas.

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Pág. 5-46 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

0

200

400

600

800

1.000

1.200

1.400

1.600

1.800

jun/jul/ago set/out/nov dez/jan/fev mar/abr/mai

Kg

camarão rosa camarão rosa (7 barbas)

Figura 13. Análise comparativa, em kg, das capturas totais de camarão rosa versus capturas de camarão rosa associado às capturas de camarão sete-barbas conjuntamente.

Buscando avaliar a periodicidade mensal da pesca do arrasto de

camarão, realizaram-se análises quanto à movimentação dos barcos, desta

referida frota, para as comunidades monitoradas, considerando o número

de dias trabalhados mês (Tabela 8).

Analisando o número médio total de dias trabalhados por localidade,

observa-se que a comunidade de Santa Luzia desponta com maior média

geral de dias trabalhados no período, seguida pelas comunidades de Canto

dos Ganchos, Canto Grande, Zimbros/Morrinhos, Calheiros, Tijucas,

Ganchos de Fora e Ganchos do Meio. A movimentação de barcos nos

meses de março, abril e maio foram desconsideradas devido à baixa

confiabilidade das informações coletadas. Os valores médios de dias

trabalhados por mês aparentaram-se baixos, mas se considerarmos o

número máximo de dias trabalhados, juntamente a tais valores, pode-se

inferir que há uma parcela de pescadores, embora pequena, como

demonstra os valores médios, que possui a pesca do arrasto de camarão

como atividade exclusiva.

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.

5-47

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

O dimensionamento do tamanho da frota do arrasto de camarões,

em número de embarcações por localidade (comunidade) é apresentado

na Tabela 9.

Tabela 8. Números médios, máximos e mínimos de dias trabalhados por mês pela frota arrasteira de cada uma das localidades monitoradas.

Tabela 9. Número e percentual das embarcações em atividade, nos anos de 2004 e 2005, na pesca de arrasto de camarões nas comunidades (localidades) do entorno da Baía de Tijucas.

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Pág. 5-48 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

A frota de arrasteiros da comunidade de Zimbros/Morrinhos

apresentou-se como a maior, em número de embarcações, representando

23,29%; enquanto que a comunidade de Calheiros apresentou a menor

frota (3,65%) (Tabela 9). Para melhor compreender as informações

mencionadas nas Tabelas 8 e 9, é importante conhecer o “tamanho” de

cada comunidade e a influência da atividade da pesca do arrasto de

camarões nestas.

O rendimento e o esforço diário da frota dirigida à captura do

camarão sete-barbas foi avaliado através dos dados de desembarques

monitorados das capturas diárias, a taxa de captura diária por embarcação

em kg médio/dia/barco e número de embarcações trabalhando por dia,

por trimestre (Figuras 14, 15, 16 e 17) e por bimestre (Figura 18).

Captura média diária de 7 barbas jun/jul/ago 2004

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29dias

Kg m

édio

0

20

40

60

80

100

120

140

160

em

barc

ações

Kg médio jun/jul/ago nº emb. jun/jul/ago

Figura 14. Taxa de captura média diária do camarão sete-barbas por embarcação e respectivos números totais de barcos em atividade por dia, referentes aos meses de junho, julho e agosto de 2004.

Através da Figura 14, que mostra um elevado número de

embarcações em atividade no dia 1 de junho de 2004, em virtude da

“reabertura” legal da pesca do arrasto devido ao término do período de

defeso, demonstra que neste dia havia 160 embarcações em atividade,

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.

5-49

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

cuja taxa média de rendimento de captura/dia/barco foi superior aos 100

kg. Nos dias subseqüentes houve uma gradativa diminuição do número de

embarcações em atividade proporcionalmente a diminuição das taxas

médias de rendimento de captura/dia/barco, ambas variáveis,

apresentaram oscilações ao longo deste respectivo mês, sendo que no dia

31 de junho havia aproximadamente 25 embarcações cuja taxa média de

rendimento diário por barco ficou próxima dos 25 kg. Nos meses

subseqüentes, julho e agosto houve flutuações no número de embarcações

dia, não excedendo o número máximo de 40 barcos, porém as taxas

médias de captura diária por barco obtiveram valores máximos próximos

ou inferiores aos 30 kg.

Captura média diária de 7 barbas set/out/nov 2004

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 dias

Kg m

éd

io

0

20

40

60

80

100

120

140

160

em

ba

rca

çõe

s

kg médio set/out/nov nº embarcação set/out/nov

Figura 15. Taxa de captura média diária do camarão sete-barbas por embarcação e respectivos números totais de barcos em atividade por dia, referentes aos meses de setembro, outubro e novembro de 2004.

Nos meses de setembro, outubro e novembro como mostram a

Figura 15, se mantiveram as baixas taxas médias de captura diária por

barco, as baixas taxas podem ter sido a conseqüência para o baixo

número de barcos em atividade diária nesta modalidade de pesca, como

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Pág. 5-50 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

constatado no mês de novembro; o número máximo de barcos

trabalhando por dia neste respectivo trimestre, não ultrapassou 30

embarcações.

Captura média diária de 7 barbas dez/jan/fev 2004/2005

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 2 5 8 11 14 17 20 23 26dias

Kg m

édio

0

20

40

60

80

100

120

140

160

em

barc

ações

kg médio dez/jan/fev nº embarcação dez/jan/fev

Figura 16. Taxa de captura média diária do camarão sete-barbas por embarcação e respectivos números totais de barcos em atividade por dia, referentes aos meses de dezembro de 2004, janeiro e fevereiro de 2005.

O mesmo panorama observado na Figura 15 se manteve para o mês

de dezembro (Figura 16). Porém, analisando a Figura 16, observa-se a

partir de janeiro, um gradual aumento no número de embarcações

trabalhando por dia, embora as taxas de rendimento médio diário se

mantiveram flutuantes, vindo apenas a apresentar uma maior estabilidade

a partir do mês de fevereiro. Por algum motivo, não identificado, embora

as taxas médias de rendimento diário por barco para o mês de fevereiro

sejam representativas, observa-se uma oscilação, embora com tendência

ascendente no número de barcos em atividade por dia. Nota-se que no

último dia de pesca antes do período de defeso (29 de fevereiro), o

rendimento se equipara ao observado no dia 1 de junho de 2004,

apresentado na Figura 14.

As taxas de captura média diária para o camarão sete-barbas

continuaram sendo monitoradas para uma pequena parcela de

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.

5-51

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

embarcações que participaram através do fornecimento de informações

pesqueiras do período do defeso dos camarões (Figura 17).

Captura média diária de 7 barbas mar/abr/mai 2005

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30dias

Kg

médio

0

20

40

60

80

100

120

140

160

de e

mbarc

õe

s

Kg médio mar/abr/mai nº embarcação mar/abr/mai

Figura 17. Taxa de captura média diária do camarão sete-barbas por embarcação e respectivos números totais de barcos em atividade por dia, referentes aos meses de março, abril e maio de 2005.

Ao observar a Figura 17, fica claro que os maiores rendimentos

ocorreram nestes respectivos meses, entre março a maio, porem embora

as taxas médias de capturas diária fiquem próximas dos 140 kg/barco em

determinados dias, para explicar este elevado rendimento, não se deve

considerar fatores como a diminuição do esforço em número de

embarcações, pois este fato decorre principalmente do receio dos

pescadores em participar do monitoramento neste período em virtude dos

órgãos de fiscalização (Ibama e Polícia Ambiental) e não do número real

de embarcações em atividade. O baixo número de embarcações em

atividade, demonstrado na Figura 17, refere-se ao pequeno número de

pescadores que optaram pela continuidade do fornecimento de suas

informações quanto às capturas realizadas, como mencionado

anteriormente.

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Pág. 5-52 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

Captura média diária de 7 barbas jun/jul 2005

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31dias

Kg m

édio

0

20

40

60

80

100

120

140

160

em

barc

ações

Kg médio jun/jul 2005 nº embarcação jun/jul 2005

Figura 18. Taxa de captura média diária do camarão sete-barbas por embarcação e respectivos números totais de barcos em atividade por dia, referentes aos meses de junho e julho de 2005.

Em junho de 2005 a taxa de captura média/dia/barco, em kg,

chegou a exceder no dia 7 do referido mês a taxa de 160 kg (Figura 18).

Se compararmos as taxas de captura obtidas para os meses de julho de

2004 (Figura 14) e julho de 2005 (Figura 18) nota-se que houve um

melhor rendimento diário neste último ano.

II-5.1. COMPARATIVO ENTRE AS TAXAS DE CAPTURA MÉDIA

DIÁRIA POR EMBARCAÇÃO PARA O CAMARÃO SETE-BARBAS,

ANTES E APÓS SER DESVINCULADO DO PERÍODO DE DEFESO

ENTRE OS MESES DE MARÇO A MAIO

Para efeito comparativo entre a taxa de captura média/dia/barco, do

camarão sete-barbas nos meses de março, abril e maio de 2005 (época

em que esta espécie compunha a lista de espécies submetidas ao período

de defeso) com o mesmo período do ano de 2006 (no qual esta espécie já

havia sido desvinculada do período citado) foram realizadas comparações

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

entre as taxas de captura média/dia/barco, em kg, neste período entre os

respectivos anos. (Figura 19).

Observando a Figura 19, nota-se um significativo aumento no

número de embarcações em atividade de 2005 para 2006; este fato

ocorreu principalmente devido a legalidade da pesca neste último ano

(desvinculação do camarão sete-barbas do período de defeso), e não de

que em 2005 não havia embarcações em atividade, como mencionado

anteriormente.

Captura média diária de 7 barbas mar/abr/mai 2005

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30dias

Kg

médio

0

20

40

60

80

100

120

140

160

de e

mbarc

õe

s

Kg médio mar/abr/mai nº embarcação mar/abr/mai

Captura média diária de 7 barbas mar/abr/mai 2006

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29dias

Kg m

édio

0

20

40

60

80

100

120

140

160

de e

mbarc

ações

Kg médio mar/abr/mai nº embarcação mar/abr/mai

Figura 19. Taxa de captura média diária do camarão sete-barbas por embarcação e respectivos números totais de barcos em atividade por dia, referentes aos meses de março, abril e maio de 2005 e 2006.

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Pág. 5-54 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

Outro fato identificado através da análise comparativa, foi de que as

taxas médias de captura diária por embarcação não apresentaram valores

médios tão elevados, como os observados no mesmo período em 2005;

certamente a queda desta taxa, de 2005 para 2006, foi decorrente do

maior número de desembarques controlados. Deve-se considerar com

cautela os valores apresentados para o mês de maio de 2006, uma vez

que o monitoramento dos desembarques controlados neste mês foi

realizado apenas com os pescadores do município de Tijucas.

III. DISCUSSÃO III-1. ESPÉCIE-ALVO: CAMARÃO SETE-BARBAS (X. kroyeri)

De acordo com a literatura disponível, em geral a população de

camarão sete-barbas mantém o equilíbrio na população entre sexos de 1:1

(BRANCO, 2005; COELHO & SANTOS, 1993; SEVERINO-RODRIGUES et al.,

1993). Porém, para NATIVIDADE (2006), as freqüências de machos e

fêmeas não se mantiveram nesta proporção em cerca de metade do

período de estudos realizados no litoral do PR. De acordo com SENORET

(1974) apud NAKAGAKI & NEGREIROS-FRANZOSO (1998), as proporções

sexuais do camarão sete-barbas não se mantêm homogêneas ao longo do

ano. BRANCO (2005) atribui isso à distribuição segregada dos sexos em

alguns meses do ano; enquanto WENNER (1972) apud NAKAGAKI &

NEGREIROS-FRANZOSO (1998) relaciona essas desproporções

possivelmente a mortalidade por sexo, migrações, utilização diferenciada

de habitats, recursos alimentares e períodos reprodutivos.

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.

5-55

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

Para a Baía de Tijucas, os resultados demonstraram predominância

das fêmeas, corroborando com os resultados obtidos por TREMEL (1969) e

PIETZSCH & NETO (1974/75) para a mesma área de estudo.

De acordo com BOSCHI (1969) apud BRANCO et al., (1999), as

fêmeas da família Penaeidae atingem sempre comprimentos totais

superiores aos machos. Os comprimentos totais do camarão sete-barbas

descritos em trabalhos realizados em áreas mais próximas do presente

estudo variam entre 40 e 160 mm para fêmeas e 30 a 130 mm para

machos, conforme apresentado na tabela 10.

Tabela 10. Amplitude de comprimentos totais do camarão sete-barbas, em mm, para ambos os sexos, de acordo com bibliografias.

Local Autor Fêmeas

< >

Machos

< >

Baía de Tijucas, SC TREMEL (1969) 30 159 30 139

Itajaí, SC BRANCO et al., (1999) 40 140 40 120

Penha, SC BRANCO (1999) 40 160 30 130

Litoral do PR NATIVIDADE (2006) 40 141 42 129

Para o Projeto Pesca Responsável na baía de Tijucas, os

comprimentos totais, máximos e mínimos de fêmeas e machos oscilaram

entre 30 a 140 mm e 40 a 120 mm respectivamente, correspondendo com

os trabalhos descritos na literatura. Ainda sobre trabalhos realizados na

mesma área, PIETZSCH & NETO (1974/75) realizaram coletas nos meses

de março e julho e obtiveram valores ainda menores para o tamanho

mínimo de comprimento total da espécie (25 mm), porém não há

indicações no texto a qual sexo se refere este valor.

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Pág. 5-56 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

Segundo BRANCO et al., (1999), a relação peso/comprimento é

utilizada para facilitar a estimativa do peso de um exemplar, através do

conhecimento do seu comprimento, sendo muito utilizada em estudos de

dinâmica populacional. Os camarões Peneídeos apresentam em geral uma

tendência de comprimento alométrico diferenciado entre os sexos

(BRANCO, 2005).

De acordo com BENEDITO-CECÍLIO & AGOSTINHO (1997), o

crescimento isométrico significa que o incremento em peso acompanha o

crescimento em comprimento. No alométrico positivo, há um incremento

em peso maior que em comprimento, enquanto que no alométrico

negativo, há um incremento em peso menor que em comprimento.

Estudos de BRANCO (1999) na região de Penha, SC, revelaram que

os machos de camarão sete-barbas apresentam padrão isométrico e as

fêmeas apresentam crescimento alométrico negativo. Entretanto para a

Baía de Tijucas, a relação peso/comprimento apresentou um padrão de

crescimento do tipo alométrico negativo para ambos os sexos. Estudos de

BRANCO et al., (1994) demonstram que as curvas de crescimento em

peso do camarão sete-barbas, sugerem que os machos crescem mais

rapidamente que as fêmeas, alcançando em média, menos peso para a

mesma classe de comprimento.

Sobre as flutuações da estrutura da população, a distribuição

depende de vários fatores ambientais, como a disponibilidade de alimento,

o tipo de sedimento, a salinidade, a profundidade e a temperatura

(BOSCHI, 1963 apud NATIVIDADE, 2006); e comportamentos de

migrações podem influenciar na sua distribuição espaço-temporal (DALL et

al., 1990 apud NATIVIDADE, 2006).

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.

5-57

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

De acordo com VIEIRA (1947) & IWAI (1973), informações sobre o

ciclo de vida do camarão sete-barbas indicam que não existem migrações

de recrutamento ao estoque adulto, possibilitando ocorrência de juvenis e

adultos na mesma área de coleta. Este padrão foi encontrado por BRANCO

et al., (1999) e BRANCO (2005). Porém, estudos de NATIVIDADE (2006),

no litoral do PR revelam uma população estratificada verticalmente, onde

regiões mais rasas e próximas à desembocadura de estuários podem ser

os hábitats preferenciais de crescimento do camarão sete-barbas, e as

áreas mais profundas, com maior transparência da água e salinidades,

podem ser locais preferidos para a maturação sexual e desova. Tal fato

pode ser assumido para a Baía de Tijucas, levando-se em consideração o

conhecimento empírico dos pescadores envolvidos no Projeto Pesca

Responsável, onde os mesmos relatam que exemplares juvenis de sete-

barbas são mais comumente encontrados na área conhecida como

“Baixio”, de baixa profundidade e grande turbidez, influenciada

diretamente pela desembocadura do rio Tijucas. Enquanto exemplares de

maior tamanho, são mais freqüentemente encontrados em áreas mais

externas e profundas, como no pesqueiro “Macuco” e “Mar de Fora”.

Sobre o período de desova do camarão sete-barbas, estudos de

BRANCO (2005) descrevem um período reprodutivo longo, com a

existência de dois picos de desova: o primeiro e mais intenso durante a

primavera (outubro a dezembro) e o segundo, menos acentuado, no

outono (abril-maio). NATIVIDADE (2006) encontrou pra o litoral do PR o

mesmo padrão reprodutivo de dois picos. GRAÇA-LOPES (1996) também

descreve dois picos de desova para o litoral de SP, embora invertidos,

onde o pico mais acentuado ocorre durante o outono (maio) e o segundo,

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Pág. 5-58 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

na primavera (outubro). De acordo com COELHO & SANTOS (1993), para

a região nordeste do Brasil, a principal época de reprodução do sete-

barbas provavelmente ocorra entre os meses de dezembro e abril. Porém,

é consenso entre pesquisadores que a espécie apresenta reprodução mais

intensa para a região sul, entre os meses de primavera (TREMEL, 1969;

BRANCO, 2005; NATIVIDADE, 2006), corroborando com os resultados

obtidos para o presente estudo.

Para GARCIA (1988), os diferentes períodos reprodutivos

encontrados na bibliografia provavelmente sejam decorrentes da variação

da temperatura da água, a qual exerce papel relevante no ciclo de vida

dos peneídeos, ocasionando crescimento sazonal nas áreas onde as

diferenças são pronunciadas.

TREMEL (1969) observou que nos meses de abril a julho, os

camarões são menores, necessitando de um maior número de exemplares

para completar um kg. No presente estudo, a análise mensal de número

de camarões sete-barbas contidos em um kg demonstraram que as

maiores taxas de captura de juvenis ocorreram nos meses de janeiro/05 e

janeiro/06, sugerindo que o recrutamento pesqueiro se dê neste mês.

Segundo SANTOS & COELHO (1998), informações sobre o recrutamento

pesqueiro ajudam a identificar o período em que indivíduos jovens passam

a ser mais vulneráveis aos aparelhos de pesca. Esses mesmo autores,

identificaram para Pernambuco, dois picos de recrutamento pesqueiro para

o camarão sete-barbas, sendo o principal nos meses de junho e agosto e o

secundário entre janeiro e fevereiro. Para a foz do rio São Franscisco

(AL/SE) o pico principal foi identificado como março e abril, e o secundário

am agosto e setembro. Enquanto que SANTOS et al., (2001) apresentou

para o litoral de Sergipe o período entre fevereiro e maio e em setembro

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.

5-59

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

para os machos e de março a junho e em setembro para as fêmeas de

sete-barbas.

Segundo SANTOS (1997) apud SANTOS et al., (2001), medidas de

defeso em períodos de pico de recrutamento tem sido empregado com

sucesso no gerenciamento da pesca de peneídeos, quer seja na

recuperação dos estoques, ou nos ganhos econômicos obtidos pelo

incremento em peso de captura. Porém, deve-se levar em conta ainda, o

recrutamento biológico, determinado em função do potencial reprodutivo

da espécie em questão. Para o presente estudo, o recrutamento biológico

foi evidenciado no mês de novembro. Os maiores índices de IGS foram

registrados em outubro e novembro, reforçando o que foi determinado na

IN nº 91 de 06 de fevereiro de 2006, que estabelece a proibição da pesca

do camarão sete-barbas de 1º de outubro a 31 de dezembro. Estudos de

SANTOS et al., (2001) determinaram o período de recrutamento biológico

para o camarão sete-barbas entre abril e junho e em setembro.

Ressalta-se ainda que diversos estudos demonstram que as maiores

taxas de captura do camarão sete-barbas ocorrem nos meses de fevereiro

a maio de cada ano (TREMEL, 1969; EPAGRI/IBAMA, 1995; BRANCO et al.,

1999; BRANCO, 2005 e NATIVIDADE, 2006). Tal fato, associado com a

fundamentação biológica apresentada (principal período reprodutivo

durante os meses de primavera) e a não ocorrência do camarão sete-

barbas juntamente com o camarão rosa (BRANCO & FRACASSO, 2004),

respaldam a alteração da antiga portaria (IN nº 74 de 13 de fevereiro de

2001) que proibia a pesca do camarão sete-barbas durante os meses de

março, abril e maio.

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Pág. 5-60 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

Em relação ao tamanho de 1º maturação (Lc50%), para o presente

estudo não foi determinado, porém, ressalta-se que esta informação é de

extrema importância, pois fornece a informação básica para determinar o

tamanho mínimo de captura do camarão sete-barbas e assim, dimensionar

o tamanho de malha das redes utilizadas na sua captura, além de permitir

saber em que estrato populacional a pesca de arrasto vem atuando.

O tamanho de primeira maturação encontrado na bibliografia para o

camarão sete-barbas está apresentado na tabela 11.

Tabela 11. Tamanho de primeira maturação em cm, do camarão sete-barbas, para ambos os sexos, de acordo com a literatura. Local Autor Fêmeas Machos

Itajaí, SC BRANCO et al.,

(1999)

comprimento total: 9,0

comprimento carapaça: 1,71

comprimento total: 7,4

comprimento carapaça: 1,39

Penha, SC BRANCO (1999) comprimento total: 7,9

comprimento carapaça: 1,60

comprimento total: 7,3

comprimento carapaça: 1,42

Os valores apresentados por BRANCO (1999) no quadro II foram

alcançados com idade em torno dos 6 meses, e a partir do comprimento

total de 12,0 cm, todos os camarões sete-barbas já eram considerados

adultos. Para BRANCO et al., (1999), os valores foram atingidos com idade

em torno dos 6 a os 8 meses , sendo que a partir do comprimento total de

11,0 cm, os camarões já eram considerados adultos.

Na literatura, alguns trabalhos apresentam ainda a expectativa de

vida para o camarão sete-barbas, onde BRANCO et al., (1999), descreve

que o comprimento máximo pode ser atingido com cerca de 12 meses de

idade. DALL et al., (1990) descreve que o ciclo de vida dos peneídeos tem

dois estágios, onde o larval leva de 2 a 3 semanas, e o adulto, de 8 a 20

meses (≅1 ano e 9 meses), enquanto IWAI (1973) defende que os

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.

5-61

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Meta 6

camarões do gênero Peneus apresentam um ciclo de vida variando de 16 a

50 meses (≅ 1 ano e 4 meses a 4 anos e 2 meses).

III-2. FAUNA ACOMPANHANTE

A fauna capturada na pesca do camarão sete-barbas é caracterizada

por uma grande multiplicidade faunística, sendo composta por crustáceos,

peixes, moluscos, equinodermos e cnidários (RODRIGUES et al., 1985;

BRANCO, 1999). Geralmente a participação dessa fauna nos arrastos é

elevada, superando a quantitade de camarões em condições de

comercialização (COELHO et al., 1986). Essa fauna capturada além de

diminuir a seletividade da rede, ocupando espaço, acaba sendo devolvida

morta ao mar, por tratar-se de espécies sem valor de mercado ou por ser

composta por exemplares de pequeno tamanho de algumas espécies de

interesse econômico (BRANCO, 1999).

Em relação aos grupos integrantes da fauna acompanhante, BRANCO

& VERANI (2006b) ressalta que os peixes são os mais abundantes e de

maior interesse econômico.

Alguns autores (COELHO et al., 1986; RUFFINO & CASTELLO,

1992/93) defendem que a pesca de arrasto é predatória e realizada

freqüentemente em áreas consideradas criadouros de diversas espécies de

peixes juvenis.

RODRIGUES et al., (1985) ainda enfatiza que se desconhece até que

ponto a grande mortalidade dessa fauna afetará o equilíbrio ecológico das

áreas de pesca.

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Pág. 5-62 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

Para o presente estudo, a fauna acompanhante da pesca de arrasto

direcionada ao camarão sete-barbas foi representada por 67 espécies,

sendo 44 pertencentes ao grupo dos peixes (Ictiofauna), 16 ao grupo dos

crustáceos (Carcinofauna), 3 ao grupo dos moluscos (Malacofauna), duas

para os Cnidários (Cnidofauna) e mais duas para os equinodermos

(Equinofauna).

Estudos de BRANCO & VERANI (2006), na região de Penha/SC,

durante os anos de 1996 a 2002 demonstram uma oscilação no número

total de espécies capturadas (Tabela 12) e da proporção do camarão sete-

barbas e sua fauna acompanhante, em kg (Tabela 13).

Tabela 12. Comparação entre o número de espécies da fauna acompanhante do camarão sete-barbas registrado por BRANCO & VERANI (2006) e para a Baía de Tijucas, durante o projeto Pesca Responsável na baía de Tijucas. GRUPOS 96-97 97-98 98-99 99-00 00-01 01-02 Tijucas

Cnidofauna 2 5 6 6 6 6 2

Malacofauna 7 6 6 7 6 5 3

Carcinofauna 22 19 21 20 24 21 16

Equinofauna 6 5 3 2 3 2 2

Ictiofauna 41 39 31 38 43 37 44

TOTAL 78 74 67 73 82 71 67

Comparando os dados obtidos pelo projeto Pesca Responsável na

Baía de Tijucas e para a região de Penha/SC (BRANCO & VERANI, 2006),

verifica-se que o número total de espécies se equipara somente ao período

de 98-99. Analisando cada grupo de espécies separadamente, no geral, a

diversidade de espécies é sempre menor para a baía de Tijucas, exceto

para o grupo dos peixes, que superaram com 44 espécies, sendo que o

maior valor alcançado para a Penha foi no período de 00-01, com 43

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.

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Meta 6

espécies. De acordo com RUFFINO & CASTELLO (1992/93), a composição

dos grupos taxonômicos que integram a fauna acompanhante pode variar

em função da área de pesca, profundidade e época do ano.

Tabela 13. Comparação entre a proporção dos diferentes grupos presentes na pesca camarão sete-barbas registrado por BRANCO & VERANI (2006) e para a Baía de Tijucas, durante o projeto Pesca Responsável na baía de Tijucas. Proporção em kg.

GRUPOS 96-97 97-98 98-99 99-00 00-01 01-02 Tijucas

Sete-barbas:Cnidofauna 1/3,218 1/7,615 1/0,899 1/2,294 1/5,140 1/1,470 1/0,01

Sete-barbas:Malacofauna 1/0,227 1/0,144 1/0,405 1/0,491 1/0,767 1/0,140 1/0,02

Sete-barbas:Carcinofauna 1/1,222 1/7,016 1/2,039 1/1,860 1/2,486 1/0,700 1/0,29

Sete-barbas:Equinofauna 1/0,08 1/0,005 1/0,221 1/0,229 1/0,084 1/0,030 1/0,01

Sete-barbas:Ictiofauna

Sete-barbas:Mat. orgânica

Sete-barbas:Mat. inorgânica

1/3,918

1/2,706

1/0,398

1/8,191

1/3,297

1/0,428

1/3,736

1/0,651

1/0,072

1/4,874

1/0,179

1/0,413

1/6,855

1/0,511

1/0,512

1/1,250

1/0,27

1/0,179

1/0,59

-

-

TOTAL 1/8,671 1/19,436 1/9,025 1/9,751 1/8,497 1/3,572 1/0,88

Em relação à proporção de camarão sete-barbas e sua fauna

acompanhante, no geral, a proporção é sempre consideravelmente menor

para a baía de Tijucas, exceto para Sete-barbas/Equinofauna (1/0,01 kg)

que superou os valores alcançado para a Penha, embora sutilmente,

somente no período de 97-98 (1/0,005).

Sendo assim, essa diferença no número de espécies capturadas e na

proporção em kg entre os grupos e a espécie alvo, para a baía de Tijucas,

pode ser atribuída a dois possíveis fatores: às áreas de amostragens, onde

para a Penha eram áreas pré-determinadas e monitoradas a 6 anos

initerruptavelmente; enquanto que para a baía de Tijucas, as áreas eram

típicas de pesca (pesqueiros), escolhidas aleatoriamente, onde quem

determinava era o pescador-colaborador do dia da amostragem, o qual

optava pela área de maior captura provável, segundo seu conhecimento

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Pág. 5-64 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Meta 6

empírico. Portanto, as amostragens, uma vez que foram efetuadas em

áreas típicas de pesca, possivelmente atuaram em locais de maior

concentração de camarões sete-barbas, os quais quando em abundância,

ocorrem mais “limpos”, ou seja, sem ou com pouca captura de fauna

acompanhante, fato este, que pode justificar a diferença encontrada entre

a baía de Tijucas e a Penha/SC.

Outra hipótese razoável, seria que a atividade pesqueira na baía de

Tijucas pode estar afetando a diversidade faunística local e respectiva

biomassa, uma vez que há muitas embarcações atuando na baía

constantemente.

Em relação ao grupo dos crustáceos, com 16 espécies, registraram-

se 10 espécies de camarões, onde destas, apenas 5 apresentaram valor

comercial: camarão rosa (duas espécies), camarão branco/legítimo,

camarão barba-ruça/ferrinho e camarão vermelho/santana.

Sobre o camarão rosa, embora tenham sido capturados na área de

pesca do camarão sete-barbas, a captura foi insignificante durante todo o

período (N=38). RODRIGUES et al., (1985) encontrou o mesmo padrão em

estudos de levantamento das espécies de camarões presentes na captura

do camarão sete-barbas no litoral de São Paulo. Este autor atribui ao fato

do camarão rosa possuir hábitos noturnos, enquanto o camarão sete-

barbas seja de hábitos diurnos. Porém, deve-se considerar ainda que além

do período de captura ser diferente, a pesca do camarão rosa é efetuada

com petrechos (redes e embarcações) diferenciados dos utilizados na

pesca do sete-barbas, além da profundidade dos pesqueiros serem

distintas. Tal fato reforça os critérios utilizados na desvinculação do defeso

do camarão sete-barbas, pela IN nº 91 de 06 de fevereiro de 2006.

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Meta 6

Para o camarão branco, embora tenha sido considerada a única

espécie de ocorrência regular no período de coleta, a mesma contribuiu

com poucos indivíduos (N=37). Vale ressaltar que esta espécie possui um

dos maiores valores econômicos por kg capturado, geralmente não

sofrendo nenhum tipo de beneficiamento (descascamento).

O camarão barba-ruça/ferrinho foi a terceira espécie mais

abundante, sendo superada apenas pela espécie-alvo e pelo camarão

vermelho. Esta espécie foi capturada apenas nos meses de primavera

(novembro/04, outubro, novembro e dezembro), onde em todos os meses,

exceto nov/05 superou a quantidade da espécie-alvo. Segundo os

pescadores envolvidos no presente projeto, esta espécie ocorre misturada

ao camarão sete-barbas, e possui valor comercial semelhante ao mesmo.

De acordo com RODRIGUES et al., (1985), as causas dessa supremacia

temporária do camarão barba-ruça/ferrinho são desconhecidas,

entretanto, em estudos realizados no litoral de SP, foi evidenciado uma

predominância deste camarão nos meses de fevereiro e abril, não

influenciando no aumento da produção total por unidade de esforço,

sugerindo que tenha ocorrido um deslocamento do camarão sete-barbas

da área de pesca em questão. Para a baía de Tijucas, nos meses de

ocorrência do camarão barba-ruça/ferrinho, esta predominância também

foi evidenciada, sendo que no mês de dezembro/05 nenhum exemplar de

camarão sete-barbas foi capturado.

Em relação ao camarão vermelho/santana, o qual foi a espécie mais

abundante em número de exemplares, o mesmo padrão encontrado para o

barba-ruça/ferrinho foi evidenciado, onde registrou-se a ocorrência em

novembro/04, setembro, outubro e dezembro, com predomínio sobre o

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

sete-barbas em praticamente todos os meses, sendo as maiores capturas

registradas em dezembro/05, onde nenhum exemplar de sete-barbas foi

registrado.

Ainda em relação aos crustáceos, os resultados demonstraram a

ocorrência de 4 espécie de caranguejos e duas de siris-azuis, todos sem

valor de mercado no âmbito geral. Destas espécies, os siris ocorreram

regularmente, e embora a sua carne não seja comercializada, mulheres e

crianças da comunidade de Santa Luzia/Porto Belo capturam esta espécie

através da modalidade de “puçá” para venda da carapaça à restaurantes

locais, os quais utilizam esta estrutura nos adornos de seus petiscos

conhecidos como “casquinha de siri”. Essas carapaças são tratadas

artesanalmente, dissecadas, lavadas e secas ao sol, e posteriormente

vendidas por cerca de R$ 1,00 a dúzia (informação obtida em comunicação

pessoal com a comunidade). Assim, o descarte de siris-azuis observado na

pesca de arrasto poderia ser minimizado, através da reversão do destino,

uma vez que a espécie é tida como fonte de renda para uma das

comunidades de entorno da baía de Tijucas.

Sobre as espécies capturadas no grupo dos Cnidários (água viva e

anêmonas), Moluscos (conchas e lulas) e Equinodermos (estrelas-do-mar),

nenhuma espécie apresentou valor comercial; entretanto, sabe-se que as

lulas capturadas, são às vezes selecionadas para servir de isca natural na

captura de peixes utilizando-se do petrecho “linha e anzol”, porém, esta

utilização é feita geralmente pelo próprio pescador de arrasto, ou por

algum familiar ou colega, não havendo mercado instituído para esse item,

exceto no caso dos pescadores que possuem estabelecimento/comércio de

pescados, onde durante a época de veraneio, são procurados por turistas

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Meta 6

que praticam a pesca esportiva ou de lazer nas ilhas próximas, e adquirem

as lulas como iscas para a linha e anzol.

Para o grupo dos peixes, foram registradas 44 espécies. Para

BRANCO (1999), o número de espécies da ictiofauna acompanhante da

pesca artesanal do camarão sete-barbas oscila entre as regiões, com

tendência a um incremento do Sul para o Sudeste do Brasil. A tabela 14

apresenta uma comparação entre o número de espécies obtidas em

diferentes regiões, de acordo com a literatura.

Tabela 14. Comparação entre os números de espécies de ictiofauna acompanhante na pesca de arrasto de camarão em diferentes áreas.

Local Autor Nº de espécies

Barra do Rio Grande/RS RUFFINO & CASTELLO (1992/93) 47

Barra do estuário da Lagoa dos

Patos/RS PEREIRA (1994) 55

Baía de Tijucas/SC PIETZSCH & NETO (1974/75) 21

Penha/SC BRANCO (1999) 41

Penha/SC BAIL & BRANCO (2003) 37

Baía de Guaratuba/PR CHAVES & CÔRREA (1998) 60

Baía de Santos/SP PAIVA-FILHO & SCHMIEGELOW

(1986) 55

Baía de Santos/SP GIANNINI & PAIVA-FILHO (1990) 92

Baía de Santos e Praia de Perequê/SP RODRIGUES & MEIRA (1988) 33

Litoral de São Paulo COELHO et al., (1986) 77

Litoral de São Paulo GRAÇA-LOPES (1996) 62

Litoral do Rio de Janeiro ARAÚJO et al., (1998) 97

Balneário de Itaoca, Itapemirim/ES PINHEIRO et al., (2005) 57

Foz do Rio São Francisco

(Alagoas/Sergipe) TISCHER & SANTOS (2001) 18

Pontal do Peba/AL SANTOS et al., (1998) 61

Tamandaré/ PE SANTOS et al., (1998) 60

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Pág. 5-68 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Meta 6

Quatro famílias representaram 85,50% do total de exemplares, onde

a família Sciaenidae dominou tanto em número de exemplares, quanto

em biomassa. A dominância desta família é relatada para diversas regiões

costeiras do sudeste/sul do Brasil (COELHO et al.,1986; PAIVA-FILHO &

SCHMIEGELOW ,1986; GIANNINI & PAIVA-FILHO, 1990; RUFFINO &

CASTELLO, 1992/93; SANTOS et al., 1998; BRANCO, 1999; KRUL, 1999;

HOSTIM-SILVA et al., 2002; BAIL & BRANCO, 2003; BRANCO & VERANI,

2006b). COELHO et al., (1986) sugere que tal fato decorre provavelmente

de que as espécies da família Sciaenidae são mais comumente

encontradas no estrato demersal do ambiente costeiro. MENEZES &

FIGUEIREDO (1980) citam que espécies dessa família são típicas em águas

rasas com fundos de areia ou lama, coincidindo com o tipo de substrato da

área de pesca, onde atuam a frota do camarão sete-barbas na baía de

Tijucas.

Cinco espécies dominaram as amostragens realizadas pelo projeto

Pesca Responsável na Baía de Tijucas, sendo 4 pertencentes à família

Sciaenidae: maria luiza, duas espécies de cangoás e a

pescadinha/tortinha, e outra à família Clupeidae (sardinha mole). A análise

da distribuição de freqüência por classe de comprimento efetuada para os

dados obtidos no Projeto Pesca Responsável, e a sobreposição dos

tamanhos de primeira maturação descritos na literatura para as espécies

em questão, observa-se que a pesca de arrasto direcionada ao camarão

sete-barbas na baía de Tijucas incide mais sobre o estoque juvenil das

espécies de peixes predominantes. Para os cangoás Stellifer rastrifer,

COELHO et al., (1985) estabeleceu o tamanho de 1º maturação em 9,5 cm

pra fêmeas e 9,7 cm para os machos. Para S. stellifer, ALMEIDA (2002)

descreve o tamanho médio em torno de 7,5 cm para fêmeas e 8,1 cm

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.

5-69

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

para machos. Já para a maria luiza (Paralonchurus brasiliensis), TINOCO

(2002) obteve 14,8 cm para as fêmeas e 15,0 cm para os machos.

Enquanto que para a pescadinha/tortinha (Isophistus parvipinnis),

COELHO et al., (1988) estabeleceu o comprimento de 1º maturação em

10,7 cm para ambos os sexos. Não foi encontrado na literatura o Lc50%

para a sardinha mole (Pellona harroweri).

A constatação de uma maior incidência da pesca de arrasto com

portas direcionada a captura de camarões sobre peixes juvenis já era

esperada, devido ao tamanho de malha utilizada nas redes empregadas.

As profundidades das áreas de pesca também podem acarretar em

maiores capturas de indivíduos pequenos, pois diversas espécies de peixes

juvenis utilizam áreas mais rasas como criadouros (COELHO et al., 1986;

RUFFINO & CASTELLO, 1992/93).

Numa análise geral das espécies capturadas, detecta-se que

aproximadamente 20 espécies ocorreram ocasionalmente, corroborando

com vários autores que apresentam que apenas uma parcela de espécies

domina em número e biomassa, sendo a ictiofauna constituída na sua

maioria por espécies ocasionais (COELHO et al.,1986; PAIVA-FILHO &

SCHMIEGELOW ,1986; RUFFINO & CASTELLO, 1992/93; ARAÚJO et al.,

1998; BRANCO, 1999; HOSTIM-SILVA et al., 2002; BAIL & BRANCO,

2003).

Ressalta-se que das espécies capturadas na baía de Tijucas, apenas

os bagres (N=261), a enchova (N=1), a pescada foguete (N=152), o

papa-terra (N=1), a corvina (N=159) e a cavala (N=1) possuem algum

valor comercial. Destas, a captura mais expressiva se deu sob os bagres,

sendo que estes são alvo de capturas e comércio apenas para a

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Pág. 5-70 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Meta 6

comunidade de Tijucas e Santa Luzia, as quais atuam na modalidade de

rede de emalhar mais intensamente, principalmente Tijucas.

Outro fato que deve ser considerado é em relação a captura elevada

dos Cangoás e Maria Luiza, as quais são agrupadas e consideradas como

“mistura”. Estas espécies em geral não possuem valor comercial, por

serem em média de pequeno tamanho são capturadas e descartadas,

exceto exemplares de maiores comprimentos, os quais são separados e

aproveitados eventualmente para o próprio consumo das famílias de

pescadores. Porém, durante a execução do Projeto Pesca Responsável e

monitoramento da atividade pesqueira, percebeu-se a pesca de arrasto de

parelha praticada por algumas embarcações da comunidade se Zimbros e

Canto Grande. Esta prática visa a captura da “mistura” (cangoás e maria

luizas), as quais são adquiridas por peixarias do município de Bombinhas,

a R$ 0,50/kg em média. Essas capturas são sazonais (geralmente

ocorrendo no período dito como “miséria” da pesca do sete-barbas, que

abrange os meses de agosto a dezembro, de acordo com os pecadores),

atingindo capturas de até 1000 kg de mistura/dia de arrasto (≅ 8 horas).

Tal atividade é criticada pelas outras comunidades de entorno da

baía, as quais julgam ser uma atividade depredatória das comunidades de

peixes e camarões presentes na baía, e responsável pela queda na

produção pesqueira local nos últimos anos. Segundo pescadores da

comunidade de Santa Luzia, a população de cangoás vem diminuindo

progressivamente ao longo dos anos, chegando a interromper uma

tradição local, onde se realizava a “Festa do Cangoá” anualmente. Fato

esse, atribuído à atividade de arrasto de parelha, que desde 2000 vem

sendo praticada na baía.

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Meta 6

III-3. RENDIMENTOS

De acordo com as análises, os maiores rendimentos (kg/hora de

arrasto) foram registrados para as comunidades de Calheiros e Ganchos

de Fora. Tal fato pode ser atribuído aos pesqueiros que estas comunidades

geralmente optam por trabalhar, os quais são mais externos à baía, com

maiores abundâncias de camarões sete-barbas. Pesqueiros como a Ilha

Grande, Costeira dos Ganchos e Ponta do Bota era freqüentemente

procurados por estas comunidades.

A comunidade de Canto dos Ganchos foi a que apresentou menores

rendimentos, tal fato pode ser atribuído às áreas de pesca utilizadas por

pescadores desta localidade, os quais concentram suas atividades em

áreas de baixa produtividade camaroeira dentro da baía de Tijucas, em

especial na área denominada “baixio”, a qual é geograficamente mais

próxima de Canto dos Ganchos. De acordo com informações levantadas,

nesta área ocorrem camarões de pequeno tamanho, o que pode estar

influenciando no baixo rendimento detectado para esta comunidade.

Ressalta-se que a área do baixio está fechada para a prática de arrasto de

acordo com o plano de manejo da RBMA.

Em relação as demais comunidades (Ganchos do Meio, Tijucas,

Santa Luzia e Zimbros), estas mantiveram rendimentos similares,

provavelmente devido as áreas de pesca em que trabalhavam, atuando

em pesqueiros como o Mar de Fora, Macuco e baía de Tijucas. É sabido

também que a comunidade de Ganchos do Meio optava muitas vezes pelo

pesqueiro da Ponta do Bota.

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Meta 6

Em relação aos rendimentos médios obtidos pelos pesqueiros

analisados, o Mar de Fora foi o que indicou maiores índices de rendimento,

seguido da Ponta do Bota, Macuco e Costeira dos Ganchos. Isso pode ser

atribuído ao fato de que áreas mais externas e profundas são locais de

ocorrência mais elevada de exemplares de maior tamanho, corroborando

com estudos de GRAÇA-LOPES (1996) e NATIVIDADE (2006). Enquanto

em áreas de baixa profundidade e grande turbidez são capturados

geralmente indivíduos jovens de sete-barbas, os quais não contribuem

muito em biomassa, esse fato pode ser constatado para a baía de Tijucas,

onde os menores rendimentos foram obtidos nas áreas do “baixio”, baía de

Tijucas e baía de Zimbros.

Os rendimentos em kg/hora de arrasto sazonalmente apresentaram

o mesmo padrão descrito por diversos autores (TREMEL, 1969;

EPAGRI/IBAMA, 1995; BRANCO et al., 1999; BRANCO, 2005;NATIVIDADE,

2006), os quais relatam que as maiores taxas de captura ocorrem nos

meses de fevereiro a maio, inclusive trabalhos efetuados na mesma área

de estudo por TREMEL (1969), ou seja, há mais de 3 décadas, as maiores

capturas de sete-barbas são registradas para a mesma época dos anos.

A sazonalidade do camarão sete-barbas é marcante, com picos de

captura nos meses de março, abril e maio, seguida de queda gradativa,

onde as menores taxas ocorreram nos meses de inverno e primavera

(julho a dezembro), período este chamado pelos pescadores de “miséria”,

onde os rendimentos não ultrapassaram 4 kg/hora de arrasto, e em

muitas vezes, o gasto de óleo despendido para alcançar esses valores

ultrapassaria o lucro, não compensando o esforço despendido para um dia

de pesca com tais rendimentos, principalmente para embarcações com

características de potência de motor mais elevada.

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Meta 6

Ressalta-se que a taxa de rendimento médio diário de camarão

sete-barbas /barco foi obtida diariamente para todo o período de coleta de

dados do presente projeto, e é melhor discutida no “Parecer técnico sobre

os resultados obtidos com a coleta de dados de captura e esforço na pesca

de arrasto de camarão”, realizada pelo Oc. Ricardo M. da S. Hoinkis.

Informações sobre o conhecimento tradicional dos pescadores que

estiveram envolvidos no projeto “Pesca Responsável”, coletadas durante

as oficinas de DRP desenvolvidas na meta 09, revelam o mesmo padrão de

sazonalidade para a espécie em questão, e estão disponibilizados no

relatório da referida meta. Até janeiro de 2006, os pescadores de diversas

regiões reivindicavam a mudança do período de defeso, onde pela IN nº

74 de 13 de fevereiro de 2001, proibia a pesca do camarão sete-barbas no

período de 1º de março a 31 de maio, o qual coincidia justamente com a

época de maiores taxas de capturas desta espécie. Entretanto, este ano,

após inúmeras manifestações sociais, abaixo-assinados encaminhados,

reuniões e pareceres técnicos, a IN nº 74 foi revogada, e o período de

defeso foi instituído para os meses de outubro, novembro e dezembro,

conforme IN nº 91 de 06 de fevereiro de 2006.

Analisando os rendimentos obtidos por embarcações e seus

respectivos desembarques, observou-se que há um acréscimo no

rendimento à medida que ocorre uma maior contribuição dos dados de

desembarque. Porém, nas que mais participaram, os valores de

rendimento decaíram.

Quanto às características da frota, as embarcações maiores e mais

potentes apresentaram rendimentos ligeiramente superiores, entretanto,

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Meta 6

gastos em combustível (óleo diesel) podem não compensar o rendimento

obtido pela comercialização da captura.

Sobre as condições ambientais, em geral, os rendimentos médios de

camarões sete-barbas são mais elevados em dias chuvosos, com condição

de mar agitado, sob influência de ventos de sudoeste e lestada; dias com

essas condições podem ser menos “convidativos” para a atividade de

pesca, fazendo com que o número de embarcações em atividade seja

relativamente menor, aumentando ligeiramente a captura de sete-barbas

por barco arrasteiro, uma vez que há menos barcos disputando o mesmo

recurso. Outra hipótese é de que essas condições marítimas podem estar

removendo o sedimento, tornando os camarões mais susceptíveis a

captura.

A aplicação do Modelo Linear Generalizado, o qual utilizou-se das

seguintes variáveis: locais de desembarque, experiência, pesqueiro,

trimestre e comprimento das embarcações (> 8,5 e <8,5), revelou que as

viagens de pesca desembarcadas nas comunidades de Calheiros, Ganchos

de Fora e Ganchos do Meio foram mais eficientes, indicando possivelmente

que pescadores desta comunidade possuem um maior conhecimento em

pesca, seja em relação as áreas de maior abundância em camarão sete-

barbas, seja em relação ao domínio da arte. Ao contrário da comunidade

de Tijucas, onde os coeficientes revelaram que as viagens menos

eficientes foram desembarcadas nesta comunidade. Levando-se em conta

que muitas embarcações tijucanas trabalham restritas aos limites da baía,

preferencialmente na área do “baixio”, tais rendimentos já eram de se

esperar, uma vez que estas áreas não são abundantes em biomassa de

camarão sete-barbas. Ressalta-se ainda que a pesca nesta comunidade é

uma atividade relativamente recente.

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Meta 6

Sobre a abundância do camarão sete-barbas, esta se revelou maior

nas áreas mais externas da baía, sendo os pesqueiros: Mar de fora e

Macuco, os mais significativos. Áreas mais profundas, com transparência

d’água e salinidades maiores são mais produtivas em termos de biomassa

(NATIVIDADE, 2006).

A baía de Zimbros apresentou os menores índices de abundância,

provavelmente devido ao fato de que os pescadores (principalmente da

comunidade de Zimbros/Morrinhos e Canto Grande) respeitam esta área, a

qual é considerada pela maioria como local de criação dos camarões, além

de estar fechada para a prática de arrasto, conforme determinação do

Plano de Manejo da RBMA.

O Modelo Linear Generalizado comprovou novamente a sazonalidade

da abundância do camarão sete-barbas para a baía de Tijucas, onde o pico

de captura ocorre durante o outono, corroborando com inúmeros trabalhos

realizados na costa sudeste e sul do Brasil.

Considerando as participações dos registros de desembarques/barco,

percebe-se que quem desembarcou menos, teve maior eficiência nas suas

capturas. Esse resultado primeiramente poderia nos levar a acreditar que

houve falhas nas amostragens, entretanto, considerando que o projeto

mantinha uma sistemática de coleta de dados diariamente, descarta-se

essa hipótese. Porém, analisando as peculiaridades da pesca de arrasto

na baía de Tijucas, detectadas ao longo do projeto, evidenciou-se que tal

fato pode ser decorrente das embarcações que trabalham nesta

modalidade/atividade esporadicamente. Tal fato foi percebido em campo e

provavelmente será detectado no diagnóstico sócio-econômico, onde se

constatou que uma parcela dos pescadores atua na pesca industrial

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Meta 6

(traineiras), e quando ocorre o período de defeso da sardinha, tais

pescadores atuam na pesca artesanal, realizando algumas poucas viagens.

Outro caso evidenciado, é que há pescadores que atuam na pesca de

arrasto somente durante o período de defeso do camarão, o qual ocorria

até 2005, nos meses de março, abril e maio, onde foram registradas as

maiores taxas de captura da espécie, proporcionando poucas viagens,

porém eficientes em termos de biomassa capturada.

III-4. ESTIMATIVA DE ESTOQUE

De acordo com as análises (Anexo 5.7) ao considerar as drásticas

reduções nos desembarques após os picos de produção evidenciados nos

meses de junho, pode-se concluir que: a) ou os valores estimados para a

eficiência próxima de 100% são mais coerentes, implicando a remoção da

maioria da biomassa disponível à pesca em cerca de 30 dias, ou b) o

camarão sete-barbas exibe um nível de mobilidade extremo, implicando a

imigração de cerca de dois terços da sua biomassa para áreas inacessíveis

à frota arrasteira sediada na Baía de Tijucas no mesmo intervalo de

tempo.

De qualquer modo ainda que se possa considerar como coerentes as

estimativas para níveis de eficiência iguais a 40%, vale mencionar que a

remoção de quase um quarto da biomassa disponível em prazo igual a um

mês confere à frota um elevado poder de pesca. De fato, se essa biomassa

permanecesse por 12 meses disponível à pesca com uma taxa mensal de

remoção de 25%, ao final de um ano a frota teria removido um total de

96% da biomassa inicial, sem contar com a mortalidade natural. Ou seja,

sobraria apenas 4% de biomassa, a qual seria responsável pelo sucesso da

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Meta 6

manutenção da espécie para o ano seguinte, ou seja, a biomassa

pontecialmente desovante dependeria deste valor. Deve-se considerar

ainda que esta biomassa desovante está sujeita a processos naturais,

como morte natural e predação, indicando que o sucesso reprodutivo e

respectiva manutenção do estoque de camarão sete-barbas para o

próximo ano seria incerto. Por fim, ressalta-se que há muitas embarcações

atuando na pesca de arrasto nesta região, onde os próprios pescadores

participantes do Projeto “Pesca Responsável” relatam que vêem

observando um incremento desta frota anualmente; e caso não seja

controlado este aumento de esforço de pesca, o camarão sete-barbas pode

ser dizimado na baía.

IV – CONCLUSÕES

As análises biológicos-pesqueiras revelaram que o camarão sete-

barbas apresenta para proporção entre machos e fêmeas, estrutura da

população, período reprodutivo e sazonalidade das capturas, os mesmos

padrões encontrados em estudos realizados para a espécie em diferentes

regiões do sul e sudeste do Brasil.

A fauna acompanhante capturada caracterizou-se por 67 espécies de

peixes e macroinvertebrados bentônicos. Destas, 44 espécies pertencem

ao grupo dos peixes, 16 espécies ao grupo dos crustáceos (sendo 10

espécies de camarões), duas espécies representantes dos cnidários, três

do grupo dos moluscos e duas dos equinodermos.

Das 67 espécies capturadas, apenas 11 apresentaram algum valor

comercial, sendo elas: os camarões rosa (duas espécies), branco/legítimo,

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vermelho/santana, ferrinho/barba-ruça, e os peixes bagres, anchova,

pescada foguete, papa terra, corvina e cavala.

As viagens de pesca desembarcadas nas comunidades de Calheiros,

Ganchos de Fora e Ganchos do Meio foram as mais eficientes, enquanto as

desembarcadas em Tijucas revelaram-se as menos eficientes.

As áreas de pesca mais abundantes em camarões sete-barbas foram

os pesqueiros: Mar de Fora e Macuco, e a menos produtiva a baía de

Zimbros. Enquanto que os rendimentos de captura de camarões sete-

barbas são geralmente mais elevados em dias chuvosos, com condições de

mar agitado, sob influência de ventos de sudoeste e lestada e em outubro

ocorre o período de maior abundância de camarão sete-barbas.

As embarcações que desembarcaram menos, ou seja, efetuaram

poucas viagens, obtiveram maior eficiência nas capturas.

A frota arrasteira das comunidades de entorno da baía esta atuando

no limite do estoque de camarão sete-barbas disponível na baía de

Tijucas.

A análise dos resultados obtidos com a coleta de dados de captura e

esforço revelou que a pesca artesanal de arrasto de camarão nas

comunidades do entorno da Baía de Tijucas baseia-se na exploração de um

pequeno conjunto de espécies-alvo, onde a captura é quase que

exclusivamente dirigida ao camarão sete-barbas Xiphopenaeus kroyeri. A

captura desta espécie, juntamente as capturas dos camarões vermelho

Pleoticus muelleri e ferrinho Artemesia longinaris são marcadamente

sazonais e de extrema relevância a estas comunidades.

As capturas de camarão rosa Farfantepenaeus brasiliensis e F.

paulensis associadas às capturas de camarão sete-barbas Xiphopenaeus

kroyeri conjuntamente mostraram-se insignificantes.

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Meta 6

Há uma pequena parcela de pescadores destas comunidades, que

apresentaram exclusividade na atividade da pesca do arrasto com redes

de portas.

As melhores taxas médias de rendimento diário da captura do

camarão sete-barbas Xiphopenaeus kroyeri ocorreram entre os meses de

fevereiro a junho. O melhor rendimento observado no mês de julho de

2005 se comparado ao mesmo mês do ano anterior, decorre segundo

relatos dos pescadores das comunidades monitoradas, da elevada

abundância do recurso se comparada há anos anteriores. Aparentemente

as taxas diárias de capturas médias por embarcação não diferiram para o

camarão sete-barbas, antes e após ser desvinculado do período de defeso.

V - RECOMENDAÇÕES

A eficiência da captura da espécie alvo está relacionada com a

presença de exemplares da fauna acompanhante, onde, de acordo com

GRAÇA-LOPES (1996), ocorre uma “competição” pela ocupação do espaço

da rede, um aumento de “peso morto” para o barco tracionar e uma

diminuição da seletividade do aparelho por obstrução das malhas. Para

isso, evitar a mortalidade de peixes jovens é melhorar a eficiência de

captura e rentabilidade da atividade.

A utilização de dispositivos para redução da fauna acompanhante é

uma medida de manejo perfeitamente aplicável. De acordo com VIANNA

(2001), para uma administração pesqueira ser eficiente, ela deve passar

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inicialmente pelo gerenciamento do petrecho de captura em questão e não

unicamente pela espécie-alvo.

GRAÇA-LOPES (1996) revela que experimentos com espantadores

(franjas na porta da rede de arrasto) diminuíram em 50% a captura de

fauna acompanhante na pesca do camarão sete-barbas e camarão branco.

VIANNA (2001) apresenta um trabalho desenvolvido na Lagoa dos Patos

(RS), onde se conseguiu reduzir em mais de 50% a captura de fauna

acompanhante na pesca do camarão rosa pela rede modelo “aviãozinho”,

sem perda na produção da espécie-alvo.

Outra sugestão seria a utilização de tamanho de malhas maiores na

porção superior do corpo da rede, visando permitir o escape da ictiofauna

sem comprometer a captura da espécie-alvo.

De acordo com os preceitos estabelecidos no Código de Conduta

para uma Pesca Responsável, organizado pela FAO (1995), sobre a

seletividade das artes de pesca, “os Estados deveriam exigir que as artes,

métodos e práticas de pesca sejam, na medida do possível,

suficientemente seletivas para minimizar os desperdícios, as rejeições, as

capturas de espécies objeto de pesca, tanto de espécies de peixes como

de outras espécies, e os efeitos sobre as espécies associadas ou

dependentes e que a finalidade dos regulamentos correspondentes não se

desvirtuem por artifícios técnicos. Neste sentido, os pescadores deveriam

cooperar no desenvolvimento de artes e métodos de pesca seletivos. Os

Estados deveriam velar para que sejam postas à disposição de todos os

pescadores as informações sobre novos adiantos e requerimentos. Com o

objetivo de melhorar a seletividade, os Estados, ao elaborarem as suas

leis e regulamentos, deveriam ter em conta as diversas artes, métodos e

estratégias de pesca seletivas disponíveis pela indústria. Os Estados e as

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instituições competentes deveriam colaborar no desenvolvimento de

metodologias uniformes para a investigação sobre seletividade das artes e

métodos de estratégias de pesca. Os estados deveriam estimular a

cooperação internacional no que se refere aos programas de investigação

sobre a seletividade de artes de pesca, métodos e estratégias de pesca, a

difusão de resultados desses programas de pesquisa e a transferência de

tecnologia.”

Com isso, recomendam-se medidas que venham a minimizar a ação

deletéria da pesca de arrasto, como:

1. uso de dispositivos de escape nas redes de arrasto;

2. uso de tamanho de malhas maiores no corpo da rede, a fim de

aumentar a seletividade da rede;

3. aumentar o tamanho de malha do ensacador, a fim de minimizar

a captura de camarões jovens;

4. limitar o esforço de pesca através do controle do número de

barcos arrasteiros na área em questão;

5. delimitar áreas de exclusão da prática de arrasto. Ressalta-se que

o plano de manejo da RBMA já contempla áreas fechadas para

esta modalidade na baía de Tijucas;

6. balizar as áreas fechadas para a prática de arrasto, a fim de

auxiliar os pescadores na sua identificação e limitação

espacial/geográfica.

Por fim, recomenda-se criar um sistema contínuo do controle dos

desembarques pesqueiros artesanais na região, pois todo o conhecimento

e informações gerados foram oriundos deste tipo de fonte primária,

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necessitando, portanto uma série temporal mais longa, e se possível

permanente. Segundo o Código de Conduta da FAO (1995), os Estados

deveriam reconhecer que a pesca responsável requer sólida base

científica, que deverá estar disponível para os administradores pesqueiros

e outras partes interessadas na tomada de decisões; e ainda, todos os

envolvidos no ordenamento pesqueiro deveriam adotar, em um marco

normativo, jurídico e institucional adequado, medidas para a conservação

e o uso sustentável, a longo prazo, dos recursos pesqueiros. As medidas

de conservação e ordenamento, tanto se aplicadas em escala local,

nacional, sub-regional ou regional, deveriam alem de basearem-se nos

dados científicos mais fidedignos disponíveis, estar concebidas para

garantir a sustentabilidade dos recursos pesqueiros.

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Pág. 5-84 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Pág. 5-86 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.

5-87

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Pág. 5-88 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.

5-89

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

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Pág. 5-90 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.

5-91

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

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Pág. 5-92 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

ANEXOS

ANEXO 5.1. REGISTROS FOTOGRÁFICOS ILUSTRATIVOS DA META 06.

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Anexo 5.1

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Meta 6

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Pág. 5-94 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Meta 6

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Anexo 5.2

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

ANEXO 5.2. AUTORIZAÇÃO ESPECÍFICA CEDIDA PELO IBAMA.

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Anexo 5.3

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

ANEXO 5.3. CARACTERIZAÇÃO DA FAUNA DE CAMARÕES NA PESCA DO

CAMARÃO SETE-BARBAS NA BAÍA DE TIJUCAS.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR - CTTMar

LABORATÓRIO DE BIOLOGIA

ANEXO 5.3 - CARACTERIZAÇÃO DA FAUNA DE CAMARÕES NA PESCA DO CAMARÃO SETE-BARBAS NA BAÍA DE TIJUCAS.

Responsáveis técnicos:

HÉLIO AUGUSTO ALVES FRACASSO

JOAQUIM OLINTO BRANCO

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 3-2

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.4

INTRODUÇÃO

A atividade pesqueira na Baía de Tijucas é realizada em escala

artesanal há cerca de 200 anos. Desde então, se estabeleceram ao redor

da Baía diversas comunidades pesqueiras, que hoje compõem os núcleos

de Canto Grande, Zimbros, Santa Luzia, Barra do Rio Tijucas, Canto dos

Ganchos, Ganchos do Meio e Ganchos de Fora. Não há dados oficiais

disponíveis sobre o número pescadores, embarcações, produção

desembarcada e valor da produção, porém é notória a importância social e

econômica da atividade pesqueira para as comunidades locais. Apesar de

sua importância, a pesca na Baía de Tijucas apresenta aspectos conflitivos

com a legislação pesqueira, além de ocorrer na Zona de Amortecimento da

Reserva Biológica Marinha do Arvoredo.

No litoral catarinense, a maioria dos camarões capturados pela

pesca artesanal pertence à família Penaeidae, destacando-se o camarão

sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri, Heller 1862), o camarão barba-ruça

(Artemesia longinaris, Bate 1888) e o camarão vermelho (Pleoticus

muelleri, Bate 1888) (BRANCO, 2005). Esses camarões em conjunto, nas

regiões Sudeste e Sul do Brasil, contribuíram em 1990 com

aproximadamente 6,0% em peso e 24,0% em valor econômico total do

pescado (VALENTINI et al., 1991). Já no ano de 2000, a frota industrial de

arrasto duplo que atua em Santa Catarina desembarcou um total de

305.340kg de camarão sete-barbas, sendo este superado pelo camarão

barba-ruça e santana, com 2.466 e 1.068t respectivamente (GEP/CTTMar,

2000).

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 3-3

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.4

O camarão sete-barbas apresenta ampla distribuição geográfica no

Atlântico Ocidental, ocorrendo da Carolina do Norte (EUA) ao Estado de

Santa Catarina (BR) (HOLTHUIS, 1980), e atualmente estendendo-se até o

Rio Grande do Sul (DÍNCAO et al. 2002). Possui crescimento rápido e um

ciclo de vida em torno de 18 meses (NEIVA & WISE, 1963), habitando

águas costeiras rasas com fundo de areia e lama com até 30 metros de

profundidade (IWAI, 1973). Ao contrário do que ocorre com outras

espécies da família Penaeidae, como Farfantepenaeus paulensis e

Farfantepenaeus brasiliensis, que habitam estuários e lagoas quando

juvenis e mar aberto quando adultos, enquanto que o camarão sete-

barbas não depende de estuários para o desenvolvimento de juvenis

(SANTOS, 1978). Esta espécie não apresenta estratificação populacional,

sendo comum a ocorrência de juvenis e adultos na mesma área (IWAI,

1973). Entretanto, para alguns autores a presença desta espécie em zonas

estuarinas está associada à penetração de cunha salina (HOLTHUIS, 1959

in BRANCO, 1999).

No nordeste brasileiro, a pesca de arrasto motorizado em

embarcação artesanal teve início em 1969 ao largo da foz do rio São

Francisco, no Pontal do Peba, AL. No Estado do Piauí, estima-se que a

produção de X. kroyeri em 1994 atingiu cerca de 145 toneladas,

correspondendo a 6,5% do total desembarcado pela frota artesanal, sendo

que 90% desse recurso foi proveniente da cidade de Luís Correia (COELHO

& SANTOS, 1994/95). No litoral baiano esse recurso atinge valores

superiores a 90% de produção da pesca artesanal de camarão, sendo que

no município de Caravelas, litoral baiano, é uma das principais atividades

econômicas, responsável pelo emprego direto de 664 pescadores (SANTOS

& IVO, 2000).

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 3-4

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.4

No Estado de São Paulo, o camarão sete-barbas é a espécie mais

explorada (NAKAGAKI & NEGREIROS-FRANSOZO, 1998), sendo o item

dominante na megafauna bentônica da Plataforma Continental desse

Estado (PIRES, 1992). Essa espécie destaca-se na produção pesqueira do

litoral paulista, tanto em volume de desembarque como em valor

monetário (RODRIGUEZ et al., 1985).

No município de Penha, SC, a pesca artesanal deste recurso, é

realizada com embarcações de pequeno porte, que atuam entre 5,0 a 20,0

metros de profundidade, operando com duas redes-de-arrasto-com-portas

sendo este método de pesca conhecido como arrasto duplo. A pesca

artesanal do camarão sete-barbas na área em estudo é denominada

“pesca de sol a sol”, com início das atividades ao amanhecer e

encerramento antes do por do sol (BRANCO, 1999). Devido às

características da embarcação e ao sistema de conservação do pescado, as

capturas estão restritas a zona costeira.

Neste contexto, o presente projeto propõe a coleta e sistematização

de dados ambientais e pesqueiros com o envolvimento dos usuários e

demais membros da comunidade local para a elaboração de um plano de

gestão participativa para o uso dos recursos pesqueiros, considerando as

premissas da Agenda 21 e do Código de Conduta para a Pesca

Responsável. Ações de educação ambiental e mobilização social estão

previstas para a estruturação de um Conselho da Pesca para a Baía de

Tijucas, como instância participativa de gestão compartilhada (com o

Poder Público) dos recursos pesqueiros.

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 3-5

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.4

MATERIAIS E MÉTODOS

Trabalho de Campo

As amostragens foram efetuadas a bordo dos barcos da frota

artesanal que atuam na Baía de Tijucas, sendo que, a metodologia estará

disponível no relatório pertinente a essa meta.

Os camarões coletados foram acondicionados em sacos plásticos,

etiquetados por área de coleta e mantidos em caixa de isopor com gelo. A

terminologia “Dendrobranquiata” que será utilizada neste documento

refere-se a todos os camarões acompanhantes na pesca da espécie-alvo,

Xiphopenaeus kroyeri.

Trabalho de Laboratório

No laboratório do CTTMar / UNIVALI, o produto de cada arrasto foi

triado e separado por espécie, sendo registrados o sexo, comprimento

total (Lt) em cm e o peso total (Wt) em gramas.

Do total de camarões coletados, foi retirada uma sub-amostra

representativa (1,0kg) para a realização da biometria, quando abaixo

desse valor, as amostras eram processadas integralmente. Para cada

exemplar de Xiphopenaeus kroyeri capturado foi registrado o sexo,

comprimento total (Lt) e do cefalotórax (Lc) em cm através de ictiômetro

e paquímetro, e o peso total (Wt) em gramas. Foram selecionados 2,0kg

de camarões e separadas as fêmeas para retirada das gônadas, sendo

estas pesadas com auxílio de balança de precisão de décimo de grama,

além dos outros procedimentos anteriormente citados. O estágio de

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 3-6

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.4

maturação dos machos foi determinado pela união dos lóbulos do petasma

conforme Pérez Farfante (1970) in BRANCO (1999); nas fêmeas pela

coloração e desenvolvimento das gônadas (VIEIRA, 1947). O tamanho de

primeira maturação de 7,3cm para machos e 7,9cm para fêmeas,

estimado por BRANCO (2005) na Armação do Itapocoroy, foi o menor

encontrado na literatura disponível, assim sendo, foi utilizada a média

(7,6cm) entre os sexos para avaliar o impacto da pesca na população da

Baía de Tijucas. O tempo estimado para o individuo dessa espécie alcançar

esse tamanho é de 6 a 8 meses (BRANCO et al., 1999), e de acordo com

MELLO (1973), estudando exemplares adultos de Penaeus paulensis,

obteve comprimento assintótico total de 16,5 cm nos machos e de 21,5

cm nas fêmeas, com idade de 30 meses.

Análise dos dados

Os dados foram analisados com o auxílio de pacotes estatísticos do tipo

Micro Office Excel em microcomputadores, onde foi calculada a captura por

unidade de esforço (CPUE kg) por tempo de arrasto (h) para as áreas e

estações do ano.

Para verificar as diferenças entre os sexos durante os meses e por

classe de comprimento, conforme VAZZOLER, 1996, foi utilizado o teste do

χ2 (qui-quadrado) com nível de significância de 5% e n-1 grau de liberdade

(SANTOS, 1978), sendo que, a análise de variância (ANOVA) (SOKAL &

ROHLF, 1969) foi aplicada para comparar a CPUE de camarão sete-barbas

nas diferentes áreas ao longo do período de estudo.

A relação peso/comprimento foi estimada para machos e fêmeas

através da equação (SANTOS, 1978):

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 3-7

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Anexo 5.4

Wt = φ Lt θ, onde:

φ fator de condição; θ constante da relação peso/comprimento.

O índice gonadossomático (IGS) foi obtido através da expressão:

IGS = Wg / Wt . 100 (VAZZOLER, 1996). Em seguida foram

estimados os valores médios mensais deste índice.

No mês de maio, as amostras foram danificadas, sendo assim

apenas foram consideradas seu peso total e proporção sexual.

RESULTADOS

Foram realizados 26 lances de pesca e capturados 142,02 kg de

camarões, com o registro de seis famílias, 10 gêneros e 11 espécies,

sendo realizada a biometria de 8161 indivíduos; apenas seis destas,

apresentaram algum valor comercial, sendo que a proporção entre

camarão sete-barbas e fauna dendrobranquiata foi de 7,15:1 kg

respectivamente (Tab. I). De acordo com esta mesma tabela, as fêmeas

foram maiores e com maior massa corporal em quase todas espécies,

exceto em Lithopenaeus schmitti, Trachypenaeus constrictus e Sycione

dorsalis; as espécies de maior valor econômico, camarões rosa

(Farfantepenaeus brasiliensis e F. paulensis) e branco (L. schmitti) foram

pouco representados nas amostragens (0,07, 0,39 e 0,45%,

respectivamente), enquanto que a espécie-alvo foi a predominante na

área e período de estudo (61,51%).

Segundo a tabela II, duas espécies foram de ocorrência regular, X.

kroyeri e L. schmitti, enquanto que as demais foram ocasionais nas

coletas; F. brasiliensis, F. paulensis, T. constrictus e Alpheus sp. foram

registradas apenas uma vez durante o período de estudo.

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Pág. 3-8

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.4

Tab. I. Relação das espécies integrantes da fauna dendrobranquiata acompanhante na

pesca artesanal do camarão sete-barbas, no período de dezembro/04 a janeiro/06. N =

número de indivíduos estudados; Lt (cm) = comprimento total; Wt(g) = peso total; < =

menor valor; > = maior valor; Méd = média e Desvpad = desvio padrão.

Lt (cm) Wt (g)

Taxon Sexo

< > Med±Desvpad < >

Med±

Desvpad

N

Penaeidae

Farfantepenaeus brasiliensis

(Latreille, 1817) M 11,4 13,1 12,3±0,9 11,2 15,6 13,7±2,2 3

F 7,7 13,8 10,0±3,3 3,8 12,2 6,9±4,6 3

Farfantepenaeus paulensis (Pérez

Farfante,1967) M 8,1 13,1 10,7±1,5 4,9 16,6 9,8±3,8 10

F 8,2 14,5 11,1±1,6 4,1 22,6 10,9±4,6 22

Lithopenaeus schmitti

(Burkenroad,1936) M 10,5 18,2 14,4±1,7 8,2 47,6 24,4±9,1 22

F 6,6 17,7 12,5±3,2 1,9 48,1 17,3±12,1 15

Artemesia longinaris Bate, 1888 M 3,8 9,8 6,0±0,9 0,23 3,39 0,9±0,4 439

F 3,5 11,5 7,0±1,4 0,22 5,22 1,4±0,8 909

Xiphopenaeus kroyeri (Heller,

1862) M 4,7 12,2 8,5±1,5 0,51 10,73 3,8±2,0 1911

F 3 14,5 8,5±2,1 0,2 16,56 4,1±3,0 3109

Trachypenaeus constrictus

(Stimpson, 1874) M 4,5 6,2 5,1±0,9 0,6 1,8 1,0±0,7 3

F 3,5 4,5 4,1±0,5 0,3 0,6 0,5±0,2 3

Lismatidae

Exhippolysmata oploforoides

Holtuis, 1948 M 3,6 0,4 1

F 3,5 6,2 4,7±0,8 0,26 1,57 0,7±0,3 72

Sergestidae

Acetes americanus americanus 39

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Pág. 3-9

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Anexo 5.4

Ortmann,1893

Solenoceridae

Pleoticus muelleri (Bate, 1888) M 4 7,8 5,4±0,6 0,44 4,05 2,3±1,4 442

F 3,8 11 6,5±1,2 0,31 11,13 1,2±0,5 1060

Sicyoniidae

Sycione dorsalis (Bate, 1888) M 2,6 5,8 4,2±0,5 0,16 2,23 0,8±0,5 42

F 2 5,6 4,2±0,7 0,19 1,71 0,8±0,3 55

Alpheidae

Alpheus sp. M

F 4 0,71 1

TOTAL 8161

Tab. II. Relação do número de exemplares capturados na pesca dirigida ao camarão sete-

barbas por mês de coleta. M= machos e F= fêmeas.

F.

b

r

a

si

li

e

n

si

s

F.

p

a

ul

e

n

si

s

L.

s

c

h

m

it

ti

A.

lo

n

gi

n

ar

is

X.

kr

o

y

er

i

T.

c

o

n

st

ri

ct

u

s

E.

o

pl

of

o

r

oi

d

e

s

P.

m

u

el

le

ri

S.

d

or

s

al

is

Alpheus

sp.

M F M F M F M F M F M F M F M F M F M F

N/04 172 576 122 75 1 23 247 707 1 3

J 1 1 263 456

F 240 257

M 3 3 10 22 4 8 131 85

A 5 4 415 803

M 59 50

J 1 53 126

J 6 1 125 172 1

A 72 251

S 1 271 394 2 114 238 3 20

O 3 466 568 62 95 3 3 8 354 917 37 31

N 1 50 50 111 127 5

D/05 1 617 311 85 1774 1058 1

J 139 271

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Pág. 3-10

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Anexo 5.4

Fauna acompanhante

As figuras 1 a 6 indicam a distribuição por classe de comprimento

total (Lt) em cm por percentual (%) (1a), a relação peso/comprimento

(1b) e a CPUE (kg/h) (1c) de machos e fêmeas das espécies que

compuseram a fauna acompanhante na pesca artesanal do camarão sete-

barbas na Baía de Tijucas. Os machos de F. paulensis dominaram

significativamente nas classes de 8,0, 10 e 13,0 cm, já as fêmeas nos

11,0cm (Fig. 1a), com um padrão de crescimento relativo do tipo

alométrico negativo nos machos (Wt = 0,016 Lt 2,892 , r2 = 0,9507) e

isométrico nas fêmeas (Wt = 0,0063 Lt3,071, r2 = 0,9898) (Fig. 1b). Essa

espécie foi captura apenas em março (Fig. 1c).

F paulensis

0

5

10

15

20

25

30

35

8 9 10 11 12 13 14Lt

% Machos = 10

Femeas = 22

*

* *

*

Wt = 0,016 Lt2,6912

r2 = 0,9507

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

7 8 9 10 11 12 13 14Lt

Wt Wt = 0,0063 Lt3,071

r2 = 0,9898

0

5

10

15

20

25

6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Lt

Wt

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

N J F M A M J J A S O N D J

Meses

CPUE

machos fêmeas

(a)

(b)

(c)

F paulensis

0

5

10

15

20

25

30

35

8 9 10 11 12 13 14Lt

% Machos = 10

Femeas = 22

*

* *

*

Wt = 0,016 Lt2,6912

r2 = 0,9507

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

7 8 9 10 11 12 13 14Lt

Wt Wt = 0,0063 Lt3,071

r2 = 0,9898

0

5

10

15

20

25

6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Lt

Wt

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

N J F M A M J J A S O N D J

Meses

CPUE

machos fêmeas

(a)

(b)

(c)

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Pág. 3-11

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Anexo 5.4

Fig. 1. Distribuição de machos e fêmeas da classe de comprimento (Lt) de F.

paulensis em cm por percentual (%) (a), relação peso comprimento (b) e CPUE (Kg/h) (c)

da fauna dendrobranquiata acompanhante na Baia de Tijucas. * = diferença significativa

(χ2 = p < 0,05).

De acordo com a figura 2a, os machos de L. schmitti ocorreram nas

classes de 10,0 a 16,0 e 18,0 cm e predominaram significativamente sobre

as fêmeas nos13 a 16 cm, ocorrendo uma inversão nos 11,0 cm a favor

das fêmeas, com um padrão de crescimento relativo do tipo alométrico

positivo nos machos (Wt = 0,0048 Lt 3,1849 e o r2 = 0,989) e alométrico

negativo para fêmeas (Wt = 0,0082 Lt2,961 e r2 = 0,9845) (Fig. 2b), com

oscilações na captura ao longo dos meses, com os maiores valores

registrados em março, abril e julho e os menores em maio e setembro

(Fig. 2c).

L schimit

0

5

10

15

20

25

30

6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18Lt

% Machos = 22

Femeas = 15* *

* *

*

Wt = 0,0048 Lt3,1849

r2 = 0,989

0

10

20

30

40

50

60

8 10 12 14 16 18 20

Lt

Wt Wt = 0,0082 Lt2,9614

r2 = 0,9845

0

10

20

30

40

50

60

6 8 10 12 14 16 18 20

Lt

Wt

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0,14

0,16

0,18

0,2

N J F M A M J J A S O N D J

Meses

CPUE

machos fêmeas

(a)

(b)

(c)

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Pág. 3-12

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Anexo 5.4

Fig. 2. Distribuição de machos e fêmeas da classe de comprimento (Lt) em cm de

L. schmitti por percentual (%) (a), relação peso comprimento (b) e CPUE (Kg/h) (c) da

fauna dendrobranquiata acompanhante na Baia de Tijucas. * = diferença significativa (χ2

= p < 0,05).

As fêmeas de A. longinaris foram maiores e predominaram acima

dos 7,0 cm, enquanto que os machos, apenas nos 3,0cm (Fig. 3a), com

um padrão de crescimento relativo do tipo alométrico negativo nos machos

(Wt = 0,0069 Lt 2,7092 e o r2 = 0,892) e fêmeas (Wt = 0,008 Lt2,6139 e r2 =

0,9108) (Fig. 3b) com os maiores registros de CPUE em dezembro, abril e

outubro e os menores em setembro, novembro e dezembro (Fig. 3c).

A longinaris

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

3 4 5 6 7 8 9 10 11

Lt

% Machos = 439

Femeas = 909

*

*

*

*

Wt = 0,0069 Lt2,7092

r2 = 0,892

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

0 2 4 6 8 10 12

Lt

Wt Wt = 0,008 Lt2,6139

r2 = 0,9108

0

1

2

3

4

5

6

0 2 4 6 8 10 12 14

Lt

Wt

0

0,5

1

1,5

2

2,5

N J F M A M J J A S O N D J

Meses

CPUE

machos fêmeas

(a)

(b)

(c)

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Pág. 3-13

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Anexo 5.4

Fig. 3. Distribuição de machos e fêmeas da classe de comprimento (Lt) em cm de A.

longinaris por percentual (%) (a), relação peso comprimento (b) e CPUE (Kg/h) (c) da

fauna dendrobranquiata acompanhante na Baia de Tijucas. * = diferença significativa (χ2

= p < 0,05).

Enquanto que em Exhippolysmata oploforoides os machos

ocorreram apenas nos 3,0 cm (Fig. 4a), com um padrão de

crescimento relativo do tipo alométrico negativo para as fêmeas (Wt

= 0,00131 Lt2,4742, r2 = 0,6961) (Fig. 4b) com ocorrência em

dezembro e ausência de janeiro/05 a agosto e janeiro/06 e

acréscimos graduais de setembro a dezembro (pico de abundância)

(Fig. 4c).

Fig. 4. Distribuição de machos e fêmeas da classe de comprimento (Lt) em cm de E.

oploforoides por percentual (%) (a), relação peso comprimento (b) e CPUE (Kg/h) (c) da

E oploforoides

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

3 4 5 6Lt

% femeas = 72

machos = 1

Wt = 0,0131 Lt2,4742

r2 = 0,6961

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5Lt

Wt

0

0,005

0,01

0,015

0,02

0,025

N J F M A M J J A S O N D J

Meses

CPUEfêmeas

(a)

(b)

(c)

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Pág. 3-14

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Anexo 5.4

fauna dendrobranquiata carcinofauna acompanhante na Baia de Tijucas. * = diferença

significativa (χ2 = p < 0,05).

A figura 5a indica que não ocorreram machos de P. muelleri a partir

dos 8 cm, e que ocorreu predomínio significativo das fêmeas sobre estes

nos 6,0 e 7,0 cm, com um padrão de crescimento relativo do tipo

alométrico negativo nos machos (Wt = 0,0069 Lt 2,7092 e o r2 = 0,892) e

fêmeas (Wt = 0,01 Lt2,8594 e r2 = 0,8971), com a ocorrência desta espécie

em dezembro/04, setembro, outubro e dezembro/05 (Fig. 5c).

P muelleri

0

10

20

30

40

50

60

3 4 5 6 7 8 9 10 11

Lt

% Machos = 442

Femeas = 1061

*

*

Wt = 0,01 Lt2,8594

r2 = 0,8971

0

2

4

6

8

10

12

0 2 4 6 8 10 12

Lt

WtWt = 0,0102 Lt2,8172

r2 = 0,78

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9Lt

Wt

0

1

2

3

4

5

6

N J F M A M J J A S O N D J

Meses

CPUE

machos fêmeas

(a)

(b)

(c)

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Pág. 3-15

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Anexo 5.4

Fig. 5. Distribuição de machos e fêmeas da classe de comprimento (Lt) em cm de P.

muelleri por percentual (%) (a), relação peso comprimento (b) e CPUE (Kg/h) (c) da

fauna dendrobranquiata acompanhante na Baia de Tijucas. * = diferença significativa (χ2

= p < 0,05).

De acordo com a Fig. 6a, os machos e fêmeas de S. dorsalis

tiveram a mesma amplitude de variação, com o predomínio dos machos

nas classes de 3,0 e 5,0 cm e das fêmeas nos 4,0 cm, com um padrão de

crescimento relativo do tipo alométrico positivo nos machos (Wt = 0,0061

Lt 3,3033 e o r2 = 0,9515) e negativo nas fêmeas (Wt = 0,0284 Lt2,2435 e r2

= 0,7988) (Fig. 6b) com os registros de captura em dezembro, setembro e

outubro (Fig. 6c).

S dorsalis

0

10

20

30

40

50

60

70

80

2 3 4 5

Lt

% Machos = 42

Femeas = 55

*

*

*

Wt = 0,0284 Lt2,2435

r2 = 0,7988

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

0 1 2 3 4 5 6

Lt

WtWt = 0,0061 Lt3,3033

r2 = 0,9515

0

0,5

1

1,5

2

2,5

0 1 2 3 4 5 6 7Lt

Wt

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

N J F M A M J J A S O N D J

Meses

CPUE

machos fêmeas

(a)

(b)

(c)

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Pág. 3-16

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Anexo 5.4

Fig. 6. Distribuição de machos e fêmeas da classe de comprimento (Lt) em cm de

S. dorsalis por percentual (%) (a), relação peso comprimento (b) e CPUE (Kg/h)

(c) da fauna dendrobranquiata acompanhante na Baia de Tijucas. * = diferença

significativa (χ2 = p < 0,05).

Espécie-alvo – Xiphopenaeus kroyeri

Proporção sexual

Durante o período de estudo, foram analisados 5020 exemplares

de X. kroyeri, sendo que os machos e as fêmeas representaram 38,06% e

61,94% do total capturado respectivamente, indicando uma dominância

das fêmeas na população. Ao analisar a abundância de camarões ao longo

do ano através do teste do χ2, observaram-se diferenças significativas a

favor dos machos apenas em novembro/04, enquanto que as fêmeas

predominaram nos meses de janeiro/05, abril, agosto e janeiro/06 (Fig.

7).

Fig. 7 – Freqüência percentual da ocorrência de machos e fêmeas de X. kroyeri, durante o

período de novembro/04 a janeiro/06. * = diferença significativa (χ2 = p < 0,05).

X kroyeri

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

N/04 J F M A M J J A S O N D J/06Meses

% M

F

**

* *

*

*

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Pág. 3-17

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Anexo 5.4

As distribuições de freqüências relativas totais mostram que

ocorreram camarões numa amplitude de variação entre 3,0 e 14,0 cm

(fêmeas) e entre 4,0 e 12,0cm (machos). As fêmeas predominaram

significativamente, de acordo com o χ2, nas classes de 4,0, 5,0, 6,0, 11,0 e

12,0cm (Fig. 08).

Fig. 8 – Freqüência percentual da ocorrência de machos e fêmeas de X. kroyeri, durante o

período de estudo. * = diferença significativa (x2 = p < 0,05).

Estrutura sazonal de comprimentos

A figura 9 mostra as distribuições de freqüência das classes de

comprimento totais de machos e fêmeas, ao longo do período de estudo.

Durante novembro/04 foi registrada uma pequena ocorrência de camarões

juvenis, com um aumento gradativo em janeiro e fevereiro e oscilação até

abril, seguido de ausência em junho e chegando as maiores contribuições

de julho a setembro. Em outubro e novembro ocorreu participação de

adultos, principalmente das fêmeas, sendo que, em dezembro não foram

capturados camarões sete-barbas na região e em janeiro registrado o

0

5

10

15

20

25

30

3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14Lt

% Machos = 1911

Femeas = 3109

**

*

*

*

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 3-18

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.4

recrutamento de juvenis. As modas de freqüência mais altas foram

registradas em dezembro/04, março, junho, outubro e novembro, e as

menores em janeiro/05, abril e junho (Fig. 9).

Para avaliar as flutuações na estrutura da população, foi também,

computado mensalmente o número de indivíduos que compuseram 1,0 kg

de camarões nas amostragens totais na Baia de Tijucas, com acréscimo de

dezembro a janeiro, onde foi constatado as maiores taxa de captura de

exemplares juvenis, com queda gradativa até os menores valores em

junho, com oscilações de julho a setembro e elevações até janeiro (Fig.

10).

Relação peso / comprimento

Os valores de peso total foram lançados em gráfico em função dos

valores do comprimento total, para os sexos separados, indicando uma

boa aderência dos pontos entre as variáveis, o que foi corroborado pelos

valores do coeficiente de determinação (r2), com crescimento alométrico

negativo, resultando nas equações: Wt = 0,006 Lt 2,9694 e o r2 = 0,9338

para machos e Wt = 0,0062 Lt2,9469 e r2 = 0,9488 para fêmeas (Fig. 11).

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 3-19

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Anexo 5.4

Novembro 04

0

10

20

30

40

50

60

3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14Lt

% Machos = 122

Fêmeas = 75

Janeiro

0

5

10

15

20

25

30

35

3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14Lt

% Machos = 263

Fêmeas = 456

Fevereiro

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14Lt

% Machos = 240

Fêmeas = 257

Março

0

5

10

15

20

25

30

35

40

3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14Lt

% Machos = 131

Fêmeas = 85

Abril

0

5

10

15

20

25

30

3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14Lt

% Machos = 415

Fêmeas = 803

Junho

0

10

20

30

40

50

60

3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

Lt

% Machos = 53

Fêmeas = 126

Julho

0

5

10

15

20

25

30

35

3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

Lt

% Machos = 125

Fêmeas = 172

Agosto

0

5

10

15

20

25

30

35

40

3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

Lt

% Machos = 72

Fêmeas = 251

Setembro

0

5

10

15

20

25

30

35

3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14Lt

% Machos = 271

Fêmeas = 394

Outubro

0

5

10

15

20

25

30

35

40

3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14Lt

%

Machos = 62

Fêmeas = 95

Novembro

0

10

20

30

40

50

60

3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14Lt

% Machos = 111

Fêmeas = 127

Janeiro 06

0

5

10

15

20

25

30

3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

Lt

% Machos = 139

Femeas = 271

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Pág. 3-20

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Anexo 5.4

Fig. 9. Distribuição de comprimento total da população de X. kroyeri, durante

dezembro/04 a janeiro/06. As linhas tracejadas indicam o tamanho de primeira

maturação.

Fig. 10. Número de indivíduos por quilograma coletado ao longo do período de

amostragem. As barras verticais indicam o desvio padrão das médias.

Fig. 11. Relação Peso / Comprimento para X. kroyeri.

machos Wt = 0,006 Lt2,9694

r2 = 0,9338

0

2

4

6

8

10

12

0 2 4 6 8 10 12 14Lt

Wt

femeas Wt = 0,0062 Lt 2,9469

r2 = 0,9488

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0 2 4 6 8 10 12 14 16Lt

Wt

0

200

400

600

800

1000

1200

N/04 J/05 F M A M J J A S O N D J/06

Meses

N

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Pág. 3-21

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Anexo 5.4

Aspectos reprodutivos

A Figura 12 mostra a curva de flutuação média mensal, onde os

valores de IGS indicam a ocorrência de um período reprodutivo longo, com

a presença de dois picos de desova, o primeiro entre maio a junho, e o

segundo e mais intenso, de outubro a janeiro/06.

Fig. 12 – Variação mensal do IGS, durante o período de dezembro/04 a janeiro/06. As

barras verticais indicam o desvio padrão das médias.

Captura por unidade de esforço

De acordo com a Figura 13, as maiores taxas mensais em CPUE de

camarão sete-barbas, capturados no período de coleta na Baia de Tijucas

ocorreram nos meses de fevereiro, abril e maio (pico de abundância); com

variações sazonais no estoque que está sujeito a captura na área de

estudo.

50

25785

485

126

6

251 394

227

112

137

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

N/04 J F M A M J J A S O N D/05 J/06

Meses

IGS

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Pág. 3-22

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Anexo 5.4

Figura 13. Variação media mensal da CPUE (kg/h) de X. kroyeri durante o período de

estudo. As barras verticais indicam o desvio padrão das médias.

DISCUSSÃO

A pesca de arrasto de camarões é considerada predatória e

desestabilizadora das comunidades bentônicas, sendo freqüentemente

realizada em criadouros de diversas espécies de interesse econômico

(BRANCO & FRACASSO, 2004). Apesar de não ter sido estudada a fauna

acompanhante neste estudo, a carcinofauna registrada foi diversificada e

sem valor econômico. As espécies de alto valor comercial, como os

camarões rosa e branco, foram de ocorrência restrita, corroborando o

encontrado por BRANCO & FRACASSO, 2004.

De acordo com BRANCO (2005) a literatura disponível sobre a

proporção sexual de camarão sete-barbas é restrita, sendo que a média

anual nos desembarques na região da Armação do Itapocoroy,

Tamandaré, PE, (COELHO & SANTOS, 1993), São Paulo (SEVERINO-

RODRIGUES et al. 1993) foi de 1:1, com período de alternância entre os

0

5

10

15

20

25

30

35

N/04 J F M A M J J A S O N D/05 J/06Meses

CPUE (kg/h)

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.4

sexos ao longo dos meses. SIGNORET (1974), descreve que a população

de X. kroyeri na Laguna de Términos, México, não apresenta

homogeneidade entre machos e fêmeas, e no presente estudo, as fêmeas

predominaram nas amostragens, mas estas flutuações podem ser

atribuídas, em parte, a distribuição segregada dos sexos em alguns meses

do ano (BRANCO, 2005).

De acordo com BOSCHI (1969) in BRANCO et al. (1999), as fêmeas

da família Penaeidae sempre atingem comprimento totais superior aos

machos. Na Foz do Rio Itajaí-Açú, conforme os mesmos autores, os

valores de comprimento total foram 12,0cm para machos e 14,0cm para

fêmeas. Segundo NASCIMENTO & POLI (1996), que trabalharam na Baia

de Tijucas, obtiveram para a espécie um comprimento total máximo de

15,0 cm, enquanto que atualmente foi registrado 12,2 para machos e 14,5

cm para as fêmeas. Na população da Armação do Itapocoroy, os

resultados obtidos elevam o tamanho da população para 13,0 e 16,0 cm,

respectivamente, sendo que, estas variações provavelmente estão

associadas à distribuição geográfica, crescimento diferenciado,

disponibilidade de alimento e principalmente, aumento do esforço de pesca

(BRANCO, 2005).

De acordo com BRANCO (1999), os machos da população de X.

kroyeri na Armação do Itapocoroy predominam nas classes de 7,0cm e as

fêmeas nas classes de 5,0, 12,0 e 13,0cm, com modas variando entre 7,0

e 12,0cm. No presente estudo as fêmeas predominaram nas classes de

4,0, 5,0, 6,0, 11,0 e 12,0cm, apresentando distribuição unimodal, com

modas variando entre 7,0 e 9,0cm, corroborando os resultados obtidos por

BRANCO (1999).

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Pág. 3-24

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.4

As informações disponíveis sobre o ciclo de vida de X. kroyeri

indicam que não existem migrações de recrutamento ao estoque adulto,

possibilitando a ocorrência de juvenis e adultos na mesma área de coleta

(VIEIRA, 1947, IWAI, 1973). Padrão semelhante foi encontrado neste

estudo, corroborando o encontrado por BRANCO (2005), demonstrando

que a estrutura sazonal de comprimento da população é mantida em

função dos eventos de ciclo de vida da espécie. Os histogramas das

distribuições das classes de comprimento mostram que, indivíduos adultos

predominam sobre os juvenis, contrariando o registrado para a espécie na

região de Caravelas (Bahia) (SANTOS & IVO, 2000) e na maioria das

populações naturais (BRANCO, 2005).

A relação peso/comprimento tem sido utilizada para facilitar a

estimativa do peso de um exemplar através do seu comprimento; esta

relação é amplamente empregada em estudos de dinâmica populacional

(BRANCO, 1999). A forma de crescimento de uma espécie é importante no

estudo do ciclo de vida de uma população (VAZZOLER, 1996). De acordo

com BRANCO (1999), os camarões da família Penaeidae, em geral

apresentam tendência de crescimento alométrico, com diferença entre os

sexos. Assim, a relação peso/comprimento para X. kroyeri, apresentou

tendência exponencial, com padrão de crescimento alométrico negativo.

Entretanto, BRANCO (1999) descreve que na Armação do Itapocoroy, os

machos de X. kroyeri apresentaram padrão isométrico, enquanto nas

fêmeas o padrão foi mantido.

De acordo com BRANCO (2005), a população de X. kroyeri na

Armação do Itapocoroy apresentou um amplo período de desova, com a

existência de dois picos de desova, o primeiro e principal ocorre na

primavera, e o segundo no outono, corroborando o presente estudo.

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Pág. 3-25

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.4

A maior parte das espécies mostra uma periodicidade no processo

reprodutivo, com início do desenvolvimento gonadal em uma época

anterior àquela de reprodução. Quando as condições ambientais forem

favoráveis à fecundação e desenvolvimento da prole, completam a

maturação gonadal, com uma disponibilidade de oxigênio dissolvido

suficiente e menores riscos de predação sobre a prole (VAZZOLER, 1996).

De acordo com COELHO & SANTOS (1993), no Nordeste do Brasil a

principal época de reprodução de X. kroyeri, provavelmente ocorra entre

dezembro e abril. Entretanto para VIEIRA (1947), essa espécie apresenta

um período de reprodução mais intenso durante os meses de setembro a

março; as fêmeas de X. kroyeri apresentam um desperdício dos

espermatóforos através dos processos de ecdise que a espécie apresenta,

assim há a necessidade de uma nova cópula pré-desova.

GRAÇA-LOPES (1996) também descreve dois picos de desova para

a população de X. kroyeri no litoral de São Paulo. Durante o outono, no

mês de maio, ocorreu um pico mais acentuado, e o outro na primavera,

em outubro. Ainda de acordo com o mesmo autor, o pico de desova que

ocorreu em maio deve-se ao recrutamento, enquanto o pico de outubro

deve-se às prováveis concentrações de parcelas da população para cópula

e desova.

Os resultados obtidos na Armação do Itapocoroy demonstram que

as maiores taxas de captura ocorreram entre dezembro a maio, com os

picos anuais alternando-se entre março e abril (BRANCO, 2005),

corroborando os dados do presente estudo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Anexo 5.4

Apesar de serem obtidos resultados consistentes e satisfatórios,

este estudo apresenta alguns ruídos causados possivelmente, pela troca

de área de amostragem, diferentes embarcações e apetrechos de pesca,

bem como a potência do motor utilizado.

As maiores taxas de captura ocorreram nos meses de fevereiro a

maio, período do antigo defeso, e em contrapartida, o período de maiores

índices do IGS foram registrados em outubro e novembro, reforçando o

que foi determinado na nova portaria sobre o defeso do camarão sete-

barbas, (decreto n° 5583, de 16 de novembro de 2005, processo

IBAMA/SC n°02026001828/2005-35, que proíbe a pesca de 01 de outubro

a 31 de dezembro) estipulada através dos trabalhos descritos no litoral

brasileiro, principalmente os realizados com série temporal, como o de

BRANCO (2005).

BRANCO (2005) indica dimensões preocupantes com relação ao

impacto da pesca artesanal do camarão sete-barbas na Armação do

Itapocoroy. Conforme o autor, na maioria dos estudos, os dados

disponíveis não determinam os reais impactos biológicos e ecológicos

desta modalidade pesqueira. Portanto, através dos resultados obtidos

neste trabalho, a limitação do esforço e a correta utilização da ferramenta

de defeso, poderá estabelecer um nível máximo de esforço compatível

com a preservação dos estoques explorados na Baía de Tijucas.

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Pág. 3-27

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.4

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Zoologia, Curitiba, 21 (2): 259-301.

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 3-28

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.4

COELHO, P. A. & SANTOS, M. C. F. 1993. Época da reprodução do

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 3-29

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.4

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SEVERINO-RODRIGUEZ, E.; PITA, J. B.; GRAÇA LOPES R.; COELHO, J.

A. P. & PUZZI, A. 1992. Aspectos biológicos e pesqueiros do

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 3-30

_________________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.4

camarão sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri) capturado pela pesca

artesanal no litoral do estado de São Paulo. B. Inst. Pesca. 19(1) :

67-81.

SIGNORET, M. 1974. Abundancia, tamaño y distribución de camarones

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Nal. Autón. México 45, Ser. Zoología 0:119-140.

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DOMIT, L. G. 1991. Análise da pesca do camarão sete-barbas

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Anexo 5.4

_______________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

ANEXO 5.4. CARACTERIZAÇÃO DA FAUNA ACOMPANHANTE DA PESCA DO

CAMARÃO SETE-BARBAS NA BAÍA DE TIJUCAS.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR - CTTMar

LABORATÓRIO DE BIOLOGIA

ANEXO 5.4 - FAUNA ACOMPANHANTE DO CAMARÃO SETE-BARBAS

Responsáveis técnicos:

MARCOS SIQUEIRA BOVENDORP JOAQUIM OLINTO BRANCO

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-3

_______________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.4

1.Introdução

A pesca de camarões no litoral de Santa Catarina exerce papel

relevante no contexto econômico, histórico, social e cultural (Branco,

1999). A pesca vem sendo, há muito tempo, uma atividade responsável

pelo sustento de grande parte da população mundial (Marchesin & Rui,

1985 in Oliveira, 1988). Embora no Brasil, a pesca artesanal seja uma

atividade importante, pois abastece local e regionalmente os mercados de

pescados, tem recebido ao longo do tempo poucos incentivos

governamentais já que constitui uma das principais atividades para uma

expressiva parcela da população litorânea (Cabral, 1997).

Nas pescarias de arrasto da frota artesanal, uma parcela significativa

da fauna capturada é devolvida ao mar, seja por tratar-se de espécies sem

valor comercial ou de indivíduos pequenos das espécies de interesse

econômico. A maioria dos exemplares devolvidos ao mar já está morta,

sendo denominada de rejeito ou descarte (Branco, 1999).

A fauna rejeitada nessa atividade de pesca é bastante diversificada,

constituída de peixes, crustáceos, moluscos, equinodermatas e cnidários,

dentre outros (Branco, 1999). A participação dessa fauna no produto dos

arrastos é freqüentemente elevada, superando consideravelmente a

quantidade de camarão em condições de comercialização (Coelho et al.

1986; Branco, 1996). Dentre os grupos integrantes da fauna

acompanhante, os peixes são os mais abundantes e de maior interesse

econômico (Branco & Verani, 2006).

No Brasil, em especial no Estado de Santa Catarina, a análise da

rejeição da fauna acompanhante é bastante incipiente, dessa maneira,

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Pág. 5-4 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

_________________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.4

estudos quali-quantitativos da fauna acompanhante associados a estudos

do comportamento biológico do camarão sete-barbas, são de fundamental

importância, visto que os arrastos são realizados freqüentemente em

criadouros de diversas espécies de interesse econômico. Além disso, a

pesca de arrasto é considerada uma arte de captura predatória e

desestabilizadora das comunidades bentônicas (Branco & Verani, 2006).

2. Materiais e Métodos

Foram realizadas coletas durante o período de Janeiro/2005 a

Janeiro/2006, sendo os meses que ocorria mais de uma coleta, foram

somados os dados e feito a média dos mesmos para o mês, no entanto a

coleta realizada no mês de novembro/2004 foi utilizada somente como

amostra piloto. A escolha das áreas de pesca foram aleatórias, na Baía

Tijucas, SC em embarcações da pesca do camarão sete-barbas das

cidades e comunidades e que utilizam a baía como área de pesca.

Na obtenção do material foram utilizadas duas redes de arrasto com

portas, tracionadas por baleeira, com velocidade aproximada de 3,0 nós,

sendo que a fauna acompanhante e a espécie alvo capturada foram

separadas e acondicionada em sacos plásticos etiquetados, armazenado

em caixas de monobloco e resfriada com gelo, a coleta e o processamento

do material biológico seguiram metodologia de BRANCO (1999).

No laboratório do Campus I da UNIVALI a ictiofauna e a espécie alvo

capturada foram separadas da análise da fauna acompanhante sendo está

identificada e separada por espécies ou ao menor nível taxonômico

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-5

_________________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.4

possível, através de bibliografias especializadas, em seguida registrado o

número total de indivíduos e pesados com balança de precisão de 0,01g.

As espécies foram classificadas segundo a sua ocorrência segundo

(ANSARI et al, 1995), sendo r = regular, com ocorrência de (9 a 12

meses), s = sazonal (6 a 8 meses) e o = ocasional (1 a 5 meses) .

A carcinofauna correspondente aos camarões, foi analisada junto

com a espécie alvo, visto que o profissional detinha maior conhecimento

sobre os camarões.

A análise dos dados foi efetuada com o auxílio de pacotes

estatísticos em microcomputadores.

3. Resultados e discussão

Foi capturado um total de 1718 indivíduos pertencentes à 11

espécies e ao grupo dos cnidários (composta por água-viva e anêmona),

totalizando em biomassa 18,73 kg(Tab I). A proporção da captura da

espécie alvo para a sua fauna acompanhante (cnidofauna carcinofauna,

equinofauna, e malacofauna) foi de (1:0,0050; 1:0,0057; 1:0,0068;

1:0,0085; 1:0,065) repectivamente, totalizando para essas faunas

1:0,1318. BRANCO E VERANI (2006), para a região da penha encontrou

uma variação de 67 a 82 espécies na fauna acompanhante incluindo a

ictiofauna.

O grupo da fauna acompanhante com maior contribuição em

biomassa e números de exemplares nas capturas, durante o período de

amostragem foi a Carcinofauna com 9,36% (Fig. 1), sendo as espécies

mais representativas foram o siri-azul, Calinectes ornatus com 684

exemplares e uma biomassa total 6,00 kg, seguido do Callinectes dannae

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Pág. 5-6 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

_________________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.4

com 176 e 4,82 kg respectivamente (Tab. I). Os demais grupos,

contribuíram com apenas 3,71% do total da fauna acompanhante

analizada, representando 5,32 kg do peso total (Fig. 2). Na região da

Armação do Itapocoroy, Bail (2003) verificou que a contribuição da

carcinofauna foi de 18% para a pesca do camarão sete-barbas.

Tabela I. Relação das espécies de macroinvertebrados e suas respectivas freqüências no período de coleta na região da Baía de Tijucas, SC, durante janeiro/2005 a janeiro/2006. A ocorrência das espécies está representada por r = regular (9 a 12 meses), s = sazonal (6 a 8 meses) e o = ocasional (1 a 5 meses).

Família/Espécie 2005 N Biomassa ocorrêcia

CNIDARIA água viva 9 0,44 o anêmona 106 0,58 r

MOLLUSCA/ GASTROPODA

Nassariidae Buccinanops gradatum (Deshayes, 1844) 85 0,81 r

Olividae Olivancillaria urceus (Röding, 1798) 32 0,35 o

MOLLUSCA/ CEPHALOPODA

Loligonidae Loligo sanpaulensis (Brakoniecki, 1984) 328 1,75 r

CRUSTACEA/ MALACOSTRACA

Calappidae Hepatus pudibundus (Herbst, 1785) 32 0,84 s

Leucossidae Persephona mediterranea (Herbst, 1794) 15 0,09 s Persephona punctata (Linnaeus, 1758) 100 1,28 r

Majidae Libinia spinosa (H. Milne Edwards, 1834) 22 0,39 o

Portunidae Callinectes danae (Smith, 1869) 176 4,82 r Callinectes ornatus (Ordway, 1863) 684 6,00 r

Astropectinidae Astropecten marginatus (Gray, 1840) 115 0,54 r

Luidiidae Luidia senegalensis (Lamarck, 1816) 14 0,84 o Total 1718 18,73

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-7

_________________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.4

As espécies que apresentaram ocorrências regulares durante o ano

foram Buccinanops gradatum (Deshayes, 1844), Loligo sanpaulensis (Lula)

(Brakoniecki, 1984), Persephona punctata (garanguejo aranha) (Linnaeus,

1758), Callinectes danae (siri-azul)(Smith, 1869), Callinectes ornatus (siri-

azul)(Ordway, 1863), Astropecten marginatus (estrela do mar)(Gray,

1840) e anêmona, que não foi identificada a nível de espécie. Estas

espécies foram capturadas em trabalhos de arrasto do camarão-sete

barbas nas regiões sul e sudeste do litoral brasileiro (Branco & Fracasso,

2004, Graça-Lopes et al; 2002), (Nagakaki et al; 1995).

Contribuição em número de exemplares

0,71

0,81

0,97

1,22

9,36

86,93

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Cnidaria

Gastropoda

Echinodermata

Cephalopoda

Crustacea

X. Kroyeri

%

Figura 1. Participação em número de exemplares dos grupos pertencentes à fauna acompanhante da pesca artesanal do camarão sete-barbas, na região da Baía de Tijucas, SC.

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Pág. 5-8 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

_________________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.4

Contribuição em biomassa

124,6

13,41

1,39

1,02

1,16

1,75

0 20 40 60 80 100 120 140

Cnidaria

Gastropoda

Echinodermata

Cephalopoda

Crustacea

X. Kroyeri

Kg

Figura 2. Contribuição em quilogramas dos grupos pertencentes à fauna acompanhante da pesca artesanal do camarão sete-barbas, na região da Baía de Tijucas, SC.

As figuras de 3 a 9 mostram as variações mensais da captura das

espécies que apresentaram distribuição de ocorrência regular no presente

estudo. Na figura 3, a maior captura de anêmonas concentrou-se no mês

de fevereiro e ausência em julho, contribuindo no ano com 106 indivíduos

e um peso de 0,58 kg (Tab. I). Bail (2003) encontrou valores semelhantes

no trabalho realizado na região da Penha, SC, o que corrobora com os

valores obtidos para anêmona na Baía de Tijucas, SC.

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-9

_________________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.4

anêmona

0

5

10

15

20

25

30

J/05 F M A M J J A S O N D J/06 meses

N

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0,14

Kg

Número

Biomassa

Figura 3. Variações mensais da anêmona na pesca artesanal do camarão sete-barbas, na região da Baía de Tijucas, SC.

A espécie Buccianops gradatum não foi verificada para os meses de

janeiro/05 e junho/05, porem nos demais meses apresentou valores de

peso e número de indivíduos para setembro/2005 a janeiro/2006, (Fig. 4

). Isto pode ser explicado pelas amostragens efetuadas aleatoriamente na

baía de Tijucas, abrangendo áreas distintas nos meses em questão. Sua

captura anual foi de 85 exemplares, com uma biomassa de 0,81 kg (Tab.

I).

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Pág. 5-10 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

_________________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.4

Buccinanops gradatum

0

2

4

6

8

10

12

14

J/05 F M A M J J A S O N D J/06 meses

N

0

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

0,06

0,07

0,08

0,09

0,1

0,11

Kg

Número

Biomassa

Figura 4. Variações mensais da B. gradatum na pesca artesanal do camarão sete-barbas, na região da Baía de Tijucas, SC.

Na região da Penha, Bail (2003), registrou a ocorrência de 70

indivíduos de L. sanpaulensis, porém na baía de Tijucas foram capturados

um número superior de exemplares (328), totalizando 1,8 kg no ano (Tab.

I), com picos em agosto e setembro e ausência em julho (Fig. 5). Este

valor pode estar sendo influenciado pelas amostragens aleatórias.

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-11

_________________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.4

Loligo sanpaulensis

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

J/05 F M A M J J A S O N D J/06 meses

N

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0,45

Número

Biomassa

Figura 5. Variações mensais da L. sanpaulensis na pesca artesanal do camarão sete-barbas, na região da Baía de Tijucas, SC.

Persephona Punctata foi à espécie mais representativa em peso nos

meses de outubro a janeiro/2006, com um pico de captura em número de

exemplares no mês de março/2005, estes valores podem estar indicando

uma maior ocorrência de juvenis em março (Fig. 6). A captura anual

totalizou 100 indivíduos, atingindo uma biomassa total de 1,28 kg (tab. i).

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Pág. 5-12 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

_________________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.4

Persephona punctata

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

J/05 F M A M J J A S O N D J/06 meses

N

0

0,005

0,01

0,015

0,02

0,025

0,03

0,035

0,04

0,045

0,05

0,055

Kg

Número

Biomassa

Figura 6. Variações mensais da P. punctata na pesca artesanal do camarão sete-barbas, na região da Baia de Tijucas, SC.

Para Callinectes ornatus, as maiores biomassas ocorreram em

setembro/2005 a janeiro/2006 e uma baixa captura, sendo em abril, maio

e julho uma alta taxa de captura e uma biomassa reduzida, demonstrando

assim que a alta captura é nos indivíduos de pequeno porte (juvenis) e a

alta biomassa e pequena captura nos adultos (fig.7).

Branco & Lurnadon-Branco (1993), encontraram para os meses de

setembro à janeiro um incremento de juvenis na população de Matinhos,

PR, e captura de adultos para os outros meses, corroborando com o

comportamento e biologia da espécie para a baía de Tijucas. Foi a espécie

que apresentou maiores números, tanto em indivíduos quanto em peso.

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-13

_________________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.4

Callinectes ornatus

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

J/05 F M A M J J A S O N D J/06 meses

N

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

1,1

1,2

Kg

Número

Biomassa

Figura 7. Variações mensais da C.ornatus na pesca artesanal do camarão sete-barbas, na região da Baia de Tijucas, SC.

O siri-azul Callinectes dannae foi a segunda espécie que mais

contribuiu em biomassa e número de exemplares na fauna acompanhante

analisada da pesca do camarão sete barbas. as maiores capturas, tanto

em biomassa, quanto em número de indivíduos ocorreram em junho e as

menores capturas em setembro.

Page 142: ENCARTE 5: Meta 6 - siaiacad09.univali.brsiaiacad09.univali.br/pescatijucas/encartes/encarte5.pdf · Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Meta 6 O tamanho de primeira maturação (Lc

Pág. 5-14 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

_________________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.4

Callinectes danae

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

J/05 F M A M J J A S O N D J/06 meses

N

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

1,1

1,2

Kg

Número

Biomassa

Figura 8. Variações mensais da C.danae na pesca artesanal do camarão sete-barbas, na região da Baia de Tijucas, SC.

Já a Astropecten Marginatus (fig.9) apresentou uma captura de 115

indivíduos e uma biomassa de 0,54 kg, com pico de captura em fevereiro e

ausência nos meses de julho, agosto e setembro. Bail, (2003) encontrou

valores semelhantes para as áreas de trabalho na região da Penha, o que

corrobora com o presente estudo.

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-15

_________________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.4

Astropecten marginatus

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

J/05 F M A M J J A S O N D J/06 meses

N

0

0,015

0,03

0,045

0,06

0,075

0,09

0,105

0,12

0,135

0,15

0,165

0,18

Kg

Número

Biomassa

Figura 9. Variações mensais da A. marginatus na pesca artesanal do camarão sete-barbas, na região da Baia de Tijucas, SC.

4. Considerações Finais

Segundo BRANCO (2005) os dados disponíveis na maioria dos

estudos com relação ao impacto da pesca artesanal do camarão sete-

barbas na Armação do Itapocoroy, não determinam os reais impactos

ecológicos desta modalidade pesqueira.

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Pág. 5-16 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

_________________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.4

5. Referências Bibliográficas

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-17

_________________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.4

BRANCO, J. 0. 1996. Ciclo e ritmo alimentar de Callinectes danae SMITH,

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Pág. 5-18 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

_________________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.4

GRAÇA-LOPES, R.; A. PUZZI; E. SEVERINO-RODRIGUES; A.S.

BARTOLOTTO; D.S.F. GUERRA & K.T.B. FIGUEIREDO. 2002. Comparação

entre a produção de camarão sete-barbas e de fauna acompanhante pela

frota de pequeno porte sediada na Praia de Perequê, Estado de São Paulo,

Brasil. Boletim do Instituto de Pesca, São Paulo, 28(2): 189-194.

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Anexo 5.5

_________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

ANEXO 5.5. CARACTERIZAÇÃO DA ICTIOFAUNA NA PESCA DO CAMARÃO

SETE-BARBAS NA BAÍA DE TIJUCAS.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR - CTTMar

LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA E EXTENSÃO PESQUEIRA

ANEXO 5.5 - CARACTERIZAÇÃO DA ICTIOFAUNA ACOMPANHANTE NA PESCA DO

CAMARÃO SETE-BARBAS NA BAÍA DE TIJUCAS, SC.

Responsável técnica:

GISLEI CIBELE BAIL

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-3

_______________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.5

APRESENTAÇÃO

Este trabalho apresenta características da ictiofauna presente na

Baía de Tijucas, onde a atividade da pesca camaroeira é regular. Esta arte

de pesca apresenta baixa seletividade, possuindo como característica

marcante a captura de grandes quantidades de invertebrados e peixes,

muitas vezes rejeitados e descartados pelo seu pequeno tamanho ou por

não haver mercado para a sua comercialização. A ictiofauna

acompanhante da pesca do camarão forma em todo o mundo um

conhecido e discutido recurso que tende a ser subutilizado em muitas

áreas do mundo e totalmente utilizado em outras. O camarão sete-barbas,

devido a sua abundância, desempenha um importante papel sócio-

econômico para diversas comunidades de pescadores artesanais do litoral

brasileiro, os quais retiram o sustento de seus familiares utilizando

embarcações de pequeno porte e atuando em regiões mais próximas da

costa. Foram realizados acompanhamentos mensais da atividade

pesqueira de arrasto, entre novembro/2004 a janeiro/2006, em áreas

distribuídas na Baía de Tijucas, decidida pelo pescador–colaborador no dia

da amostragem, entre as isóbatas de 3,5 e 35 metros de profundidade. As

capturas obtidas foram triadas pelo acadêmico Jonas Rodrigues Leite, sob

orientação do professor Dr. Maurício Hostim-Silva, onde obteve-se dados

quali-quantitativos das espécies. Posteriormente os dados receberam

tratamento, sendo analisada a diversidade, abundância, flutuações

sazonais, bem como a proporção de camarão sete-barbas/ictiofauna

acompanhante.

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Pág. 5-4 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

_______________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.5

RESULTADOS

Em 26 lances de pesca acompanhados durante o período, foram

capturados 8338 exemplares entre peixes pelágicos e demersais,

pertencentes a 25 famílias e distribuídas em 44 espécies (Tab. I).

Tabela I. Relação das espécies de peixes acompanhantes na pesca artesanal do camarão sete-barbas, durante o período de dezembro/04 a janeiro/06. N = número de indivíduos capturados, Biomassa total capturada, Lt (cm) < e >= comprimento total mínimo e máximo.

Família Espécie Nome Popular N Biomassa

(g)

Lt <

(cm) Lt > (cm)

Achiridae Achirus lineatus Sola 2 17,84 9,10 4,20

Ariidae Cathorops spixii Bagre amarelo 8 63,70 13,50 5,50

Genidens barbus Bagre branco 196 1836,75 27,00 4,00

Genidens genidens Bagre favudo 57 1271,09 23,00 5,00

Batrachoididae Porichthys porosissimus Sapo luminoso 262 2766,86 29,00 4,50

Carangidae Chloroscombros chrysurus Palombeta 109 420,27 13,40 4,30

Selene setapinnis Galo 92 473,88 12,60 3,20

Selene vomer Galo de penacho 277 1524,92 14,90 3,70

Clupeidae Harengula clupeola Sardinha cascuda 2 5,30 7,00 6,80

Sardinela brasiliensis Sardinha

verdadeira 27 67,03 15,00 5,00

Pellona harroweri Sardinha-mole 1193 10734,30 18,80 3,00

Cynoglossidae Symphurus tesselatus Língua de sogra 87 868,33 16,20 7,90

Engraulidae Lycengraulis grossidens Manjuvão 172 1010,12 17,50 5,30

Cetengraulis edentulus Manjuvinha 176 1260,61 16,50 3,80

Ephippidae Chaetodipterus faber Enchada 2 61,68 9,50 8,70

Gerreidae Eucinostomus

melanopteros Escrivão 1 39,60 15,20 15,20

Haemulidae Pomadasys corvinaeformis Corcoroca 1 16,19 10,50 10,50

Orthopristis ruber Corcoroca 1 233,81 26,20 26,20

Monacantidae Stephanolepis hispidus Peixe porco 3 35,85 11,50 2,00

Muraenidae Gymnotorax ocellatus Moréia pintada 1 204,12 45,50 38,30

Ophicthidae Ophichthus gomesii Cobra dáguá 12 1184,50 51,20 5,60

Paralichthydae Etropus crassotus Linguado 1 14,92 9,30 9,30

Citharichthys spilopterus Linguado 96 711,85 17,80 5,00

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-5

____________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.5

Phycidae Urophycis brasiliensis Abrótea 39 385,61 16,10 6,50

Pomatomidae Pomatomus saltator Enchova 1 27,75 14,60 14,60

Sciaenidae Isopisthus parvipinnis Pescadinha 409 2880,81 20,70 3,60

Larimus breviceps Oveva 17 72,74 10,50 3,70

Macrodon ancylodon Pescada foguete 152 1194,23 18,50 3,00

Menticirrhus americanus Papa terra 1 360,37 31,50 31,50

Micropogonias furnieri Corvina 159 1986,90 17,10 5,00

Stellifer rastrifer Cangoá 2740 15756,23 20,60 1,50

Stellifer stellifer Cangoá 560 3440,62 16,70 4,00

Stellifer brasilienis Cangoá 74 602,86 16,90 4,10

Paralonchurus brasilienis Maria Luiza 994 10882,94 29,00 2,30

Scombridae Scomberomorus cavalla Cavala 1 16,86 14,50 14,50

Serranidae Diplectrum radiale Aipim 1 155,66 21,10 21,10

Stromateidae Peprilus paru Gordinho 61 1299,45 18,50 3,00

Synodontidae Synodus foetens Peixe lagarto 1 65,45 21,60 21,60

Tetradontidae Sphoeroides greely Baiacu 4 546,24 26,00 8,10

Sphoeroides spengleri Baiacu 1 9,26 8,00 6,50

Sphoeroides testudineus Baiacu 2 253,42 23,20 5,70

Lagocephalus laevigatus Baiacu arara 44 301,22 10,50 3,80

Trichiuridae Trichiurus lepturus Espada 288 8489,25 79,50 8,90

Triglidae Prionotus punctatus Cabrinha 11 112,72 15,00 6,60

CONTRIBUIÇÃO EM NÚMERO DE EXEMPLARES E BIOMASSA

Das 25 famílias coletadas, quatro representaram 85,50% do total de

exemplares capturados (Fig. 1). A família Sciaenidae foi responsável por

61,03% do número total de peixes capturados, seguidos da Clupeidae

(14,60%), Carangidae (5,71%) e Engraulidae (4,16%); enquanto que as

21 famílias restantes, denominadas outras (Tab. I), contribuíram em

conjunto com apenas 14,50% do número total de espécimes da ictiofauna

(Fig. 1).

Em relação ao peso, quatro famílias somaram 71,45% da biomassa

total (Fig. 2). A família Sciaenidae superou as demais, com 50,42%,

seguida da Clupeidae (14,66%), Carangidae (3,28%) e Engraulidae

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Pág. 5-6 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

_______________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.5

Contribuição em número de indivíduos

4,16%

5,71%

14,60%

14,50%

61,03%

Engraulidae

Carangidae

Clupeidae

Outras

Sciaenidae

Contribuição em biomassa

3,08%

3,28%

14,66%

28,56%

50,42%

Engraulidae

Carangidae

Clupeidae

Outras

Sciaenidae

(3,08%) (Fig. 2). As demais famílias representaram 28,56% da biomassa

total capturada.

Figura 1. Contribuição em número de indivíduos das principais famílias da ictiofauna acompanhante na pesca artesanal do camarão sete-barbas.

Figura 2. Contribuição em biomassa das principais famílias da ictiofauna acompanhante na pesca artesanal do camarão sete-barbas.

A tabela II mostra a contribuição em número de exemplares e

biomassa das espécies mais abundantes da ictiofauna. Das cinco espécies

dominantes, quatro pertencem à família Sciaenidae e uma à Clupeidae.

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-7

____________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.5

Stellifer rastrifer contribui com 32,86% em número de indivíduos, seguido

de Pellona harroweri (14,31%), Paralonchurus brasiliensis (11,92%),

Stellifer stellifer (6,72%) e Isopisthus parvipinnis (4,91%). Para a

biomassa, obteve-se o mesmo padrão, com exceção de P. brasiliensis, que

ocupou o segundo lugar, superando P. harroweri. A tabela II, indica que

Stellifer rasfrifer foi à espécie que participou com maior número de

exemplares e biomassa.

Tabela II. Participação em número de exemplares e biomassa (g) das espécies mais abundantes da ictiofauna acompanhante na pesca do camarão sete-barbas.

Família/Espécie Nome

popular N % Biomassa %

Clupeidae

Pellona harroweri Sardinha

mole 1193 14,31 10734,30 14,57

Sciaenidae

Paralonchurus

brasiliensis Maria Luiza 994 11,92 10882,94 14,77

Isophistus parvipinnis Pescadinha 409 4,91 2880,81 3,91

Stellifer stellifer Cangoá 560 6,72 3440,62 4,67

Stellifer rastrifer Cangoá 2740 32,86 15756,23 21,39

Total 5896 70,71 43694,9 59,32

ESTRUTURA DE COMPRIMENTO DAS ESPÉCIES MAIS ABUNDANTES

Para a análise de distribuição do comprimento total, consideraram-se

apenas as espécies mais representativas (Tab. II).

Para P. harroweri, observou-se uma distribuição de freqüência

polimodal, sendo as modas nas classes de 6,0, 9,0, 11,0 cm e menos

representativas nas classes de 15,0 e 19,0 cm. A amplitude do

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Pág. 5-8 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

_______________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.5

N = 1193

Lt M = 9,2

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 Lt (cm)

N

N = 994

Lt M = 10,0

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 Lt (cm)

N

comprimento total variou de 3,0 a 19,0 cm e o comprimento total médio

foi de 9,2 cm (Fig. 3).

Figura 3. Distribuição de freqüência por classe de comprimento total para P. harroweri.

Paralonchurus brasiliensis apresentou amplitude de comprimento

total entre 3,0 a 29,0 cm. A distribuição de freqüência apresentou

tendência do tipo polimodal, sendo que a moda mais representativa

ocorreu na classe de 10,0 cm e o comprimento total médio da espécie foi

de 10,0 cm (Fig. 4).

Figura 4. Distribuição de freqüência por classe de comprimento total para P. brasiliensis.

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-9

____________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.5

N = 560

Lt M = 7,0

0

20

40

60

80

100

120

140

160

4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Lt (cm)

N

N = 409

Lt M = 8,0

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 Lt (cm)

N

Isopisthus parvipinnis também apresentou distribuição de freqüência

polimodal, com picos mais representativos nas classes de 6,0 e 9,0 cm. A

amplitude de comprimento total variou entre 4,0 e 21,0 cm (Fig. 5), com

comprimento total médio de 8,0 cm.

Figura 5. Distribuição de freqüência por classe de comprimento total para I. parvipinnis.

Para Stellifer stellifer o comprimento variou entre 4,0 e 17,0 cm,

apresentando uma distribuição de freqüência polimodal, sendo que a moda

mais representativa ocorreu na classe de 7,0 cm. O comprimento total

médio da espécie foi de 7,0 cm (Fig. 6).

Figura 6. Distribuição de freqüência por classe de comprimento total para S. stellifer.

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Pág. 5-10 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

_______________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.5

N = 2740

Lt M = 7,3

0

200

400

600

800

1000

1200

4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 Lt (cm)

N

Stellifer rastrifer ocupou o primeiro lugar em número de

indivíduos e biomassa. A figura 7 mostra que a distribuição de

freqüência de comprimento total dessa espécie foi do tipo unimodal

na classe de 8,0 cm. Sua amplitude de comprimento variou de 4,0 a

21,0 cm e seu comprimento total médio foi de 7,3 cm (Fig. 7).

Figura 7. Distribuição de freqüência por classe de comprimento total para S. rastrifer.

FLUTUAÇÕES SAZONAIS DA ICTIOFAUNA

A figura 8 mostra a variação do número médio de exemplares

capturados e a biomassa média ao longo do período de coleta.

Para o número de exemplares, as maiores contribuições ocorreram

nos meses de janeiro, seguido de um declínio em fevereiro, novo

incremento no mês de março e queda gradativa até dezembro, intercalado

por pequenas oscilações nos meses de julho e outubro.

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-11

____________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.5

(a)

0

200

400

600

800

1000

1200

N/04 J F M A M J J A S O N D meses

N

(b)

0

1

2

3

4

5

6

7

N/04 J F M A M J J A S O N D meses

Captu

ra m

édia

mensal (

kg)

Para a biomassa, observou-se flutuações sazonais mais acentuadas,

onde registrou-se pico de captura para o mês de janeiro (6,42 kg) e

menores capturas em junho (0,89 kg).

Numa análise geral, verificou-se que a ictiofauna acompanhante

apresentou maiores contribuições em exemplares e biomassa no início do

verão (janeiro) e menores capturas nos meses da primavera (outubro,

novembro e dezembro).

Figura 8. Variação mensal em número médio de exemplares (a) e em biomassa média (b) da ictiofauna acompanhante da pesca artesanal do camarão sete-barbas na Baía de Tijucas.

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Pág. 5-12 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

_______________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.5

PROPORÇÃO ENTRE CAMARÃO SETE-BARBAS E ICTIOFAUNA

Para cada kg de camarão sete-barbas capturado, registraram-se

0,59 kg de peixes (Tab. III).

Tabela III. Proporção das Ictiofauna capturada na pesca de arrasto dirigida ao camarão

sete-barbas, na Baía de Tijucas.

Relação Proporção (kg)

Camarão sete-barbas: Ictiofauna 1: 0,59

DISCUSSÃO

A fauna capturada na pesca do camarão sete-barbas é caracterizada

por uma grande multiplicidade faunística, sendo composta por crustáceos,

peixes, moluscos, equinodermos e cnidários (RODRIGUES et al., 1985;

BRANCO, 1999). Geralmente a participação dessa fauna nos arrastos é

elevada, superando a quantitade de camarões em condições de

comercialização (COELHO et al., 1986). Essa fauna capturada além de

diminuir a seletividade da rede, ocupando espaço, acaba sendo devolvida

morta ao mar, por tratar-se de espécies sem valor de mercado ou por ser

composta por exemplares de pequeno tamanho de algumas espécies de

interesse econômico (BRANCO, 1999).

Em relação aos grupos integrantes da fauna acompanhante,

BRANCO & VERANI (2006b) ressalta que os peixes são os mais

abundantes e de maior interesse econômico.

Alguns autores (COELHO et al., 1986; RUFFINO & CASTELLO,

1992/93) defendem que a pesca de arrasto é predatória e realizada

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-13

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.5

freqüentemente em áreas consideradas criadouros de diversas espécies de

peixes juvenis. RODRIGUES et al., (1985) ainda enfatiza que se

desconhece até que ponto a grande mortalidade dessa fauna afetará o

equilíbrio ecológico das áreas de pesca.

Para o presente estudo, a fauna acompanhante da pesca de arrasto

direcionada ao camarão sete-barbas foi representada por 44 espécies

pertencentes ao grupo dos peixes (Ictiofauna). Para BRANCO (1999), o

número de espécies da ictiofauna oscila entre as regiões, com tendência a

um incremento do Sul para o Sudeste do Brasil. A tabela IV apresenta uma

comparação entre o número de espécies obtidas em diferentes regiões, de

acordo com a literatura.

Tabela IV. Comparação entre os números de espécies de ictiofauna acompanhante na pesca de arrasto de camarão em diferentes áreas.

Local Autor Nº de espécies

Barra do Rio Grande/RS RUFFINO & CASTELLO (1992/93) 47 Barra do estuário da Lagoa dos Patos/RS PEREIRA (1994) 55 Baía de Tijucas/SC PIETZSCH & NETO (1974/75) 21 Penha/SC BRANCO (1999) 41 Penha/SC BAIL & BRANCO (2003) 37 Baía de Guaratuba/PR CHAVES & CÔRREA (1998) 60 Baía de Santos/SP PAIVA-FILHO & SCHMIEGELOW (1986) 55 Baía de Santos/SP GIANNINI & PAIVA-FILHO (1990) 92 Baía de Santos e Praia de Perequê/SP RODRIGUES & MEIRA (1988) 33 Litoral de São Paulo COELHO et al., (1986) 77 Litoral de São Paulo GRAÇA-LOPES (1996) 62 Litoral do Rio de Janeiro ARAÚJO et al., (1998) 97 Balneário de Itaoca, Itapemirim/ES PINHEIRO et al., (2005) 57 Foz do Rio São Francisco (Alagoas/Sergipe) TISCHER & SANTOS (2001) 18 Pontal do Peba/AL SANTOS et al., (1998) 61 Tamandaré/ PE SANTOS et al., (1998) 60

Quatro famílias representaram 85,50% do total de exemplares, onde

a família Sciaenidae dominou tanto em número de exemplares, quanto em

biomassa. A dominância desta família é relatada para diversas regiões

costeiras do sudeste/sul do Brasil (COELHO et al.,1986; PAIVA-FILHO &

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Pág. 5-14 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.5

SCHMIEGELOW ,1986; GIANNINI & PAIVA-FILHO, 1990; RUFFINO &

CASTELLO, 1992/93; SANTOS et al., 1998; BRANCO, 1999; KRUL, 1999;

HOSTIM-SILVA et al., 2002; BAIL & BRANCO, 2003; BRANCO & VERANI,

2006b). COELHO et al., (1986) sugere que tal fato decorre provavelmente

de que as espécies da família Sciaenidae são mais comumente

encontradas no estrato demersal do ambiente costeiro. MENEZES &

FIGUEIREDO (1980) citam que espécies dessa família são típicas em águas

rasas com fundos de areia ou lama, coincidindo com o tipo de substrato da

área de pesca, onde atuam a frota do camarão sete-barbas na baía de

Tijucas.

Cinco espécies dominaram as amostragens realizadas pelo projeto

Pesca Responsável na Baía de Tijucas, sendo 4 pertencentes à família

Sciaenidae: maria luiza, duas espécies de cangoás e a

pescadinha/tortinha, e outra à família Clupeidae (sardinha mole). A análise

da distribuição de freqüência por classe de comprimento efetuada para os

dados obtidos no Projeto Pesca Responsável, e a sobreposição dos

tamanhos de primeira maturação descritos na literatura para as espécies

em questão, observa-se que a pesca de arrasto direcionada ao camarão

sete-barbas na baía de Tijucas incide mais sobre o estoque juvenil das

espécies de peixes predominantes. Para os cangoás Stellifer rastrifer,

COELHO et al., (1985) estabeleceu o tamanho de 1º maturação em 9,5 cm

pra fêmeas e 9,7 cm para os machos. Para S. stellifer, ALMEIDA (2002)

descreve o tamanho médio em torno de 7,5 cm para fêmeas e 8,1 cm

para machos. Já para a maria luiza (Paralonchurus brasiliensis), TINOCO

(2002) obteve 14,8 cm para as fêmeas e 15,0 cm para os machos.

Enquanto que para a pescadinha/tortinha (Isophistus parvipinnis),

COELHO et al., (1988) estabeleceu o comprimento de 1º maturação em

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-15

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.5

10,7 cm para ambos os sexos. Não foi encontrado na literatura o Lc50%

para a sardinha mole (Pellona harroweri).

A constatação de uma maior incidência da pesca de arrasto com

portas direcionada a captura de camarões sobre peixes juvenis já era

esperada, devido ao tamanho de malha utilizada nas redes empregadas.

As profundidades das áreas de pesca também podem acarretar em

maiores capturas de indivíduos pequenos, pois diversas espécies de peixes

juvenis utilizam áreas mais rasas como criadouros (COELHO et al., 1986;

RUFFINO & CASTELLO, 1992/93).

Numa análise geral das espécies capturadas, detecta-se que

aproximadamente 20 espécies ocorreram ocasionalmente, corroborando

com vários autores que apresentam que apenas uma parcela de espécies

domina em número e biomassa, sendo a ictiofauna constituída na sua

maioria por espécies ocasionais (COELHO et al.,1986; PAIVA-FILHO &

SCHMIEGELOW ,1986; RUFFINO & CASTELLO, 1992/93; ARAÚJO et al.,

1998; BRANCO, 1999; HOSTIM-SILVA et al., 2002; BAIL & BRANCO,

2003).

Ressalta-se que das espécies capturadas na baía de Tijucas, apenas

os bagres (N=261), a enchova (N=1), a pescada foguete (N=152), o

papa-terra (N=1), a corvina (N=159) e a cavala (N=1) possuem algum

valor comercial. Destas, a captura mais expressiva se deu sob os bagres,

sendo que estes são alvo de capturas e comércio apenas para a

comunidade de Tijucas e Santa Luzia, as quais atuam na modalidade de

rede de emalhar mais intensamente, principalmente Tijucas.

Outro fato que deve ser considerado é em relação a captura elevada

dos Cangoás e Maria Luiza, as quais são agrupadas e consideradas como

“mistura”. Estas espécies em geral não possuem valor comercial, por

serem em média de pequeno tamanho são capturadas e descartadas,

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Pág. 5-16 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.5

exceto exemplares de maiores comprimentos, os quais são separados e

aproveitados eventualmente para o próprio consumo das famílias de

pescadores. Porém, durante a execução do Projeto Pesca Responsável e

monitoramento da atividade pesqueira, percebeu-se a pesca de arrasto de

parelha praticada por algumas embarcações da comunidade se Zimbros e

Canto Grande. Esta prática visa a captura da “mistura” (cangoás e maria

luizas), as quais são adquiridas por peixarias do município de Bombinhas,

a R$ 0,50/kg em média. Essas capturas são sazonais (geralmente

ocorrendo no período dito como “miséria” da pesca do sete-barbas, que

abrange os meses de agosto a dezembro, de acordo com os pecadores),

atingindo capturas de até 1000 kg de mistura/dia de arrasto (≅ 8 horas).

Tal atividade é criticada pelas outras comunidades de entorno da

baía, as quais julgam ser uma atividade depredatória das comunidades de

peixes e camarões presentes na baía, e responsável pela queda na

produção pesqueira local nos últimos anos. Segundo pescadores da

comunidade de Santa Luzia, a população de cangoás vem diminuindo

progressivamente ao longo dos anos, chegando a interromper uma

tradição local, onde se realizava a “Festa do Cangoá” anualmente. Fato

esse, atribuído à atividade de arrasto de parelha, que desde 2000 vem

sendo praticada na baía.

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-17

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.5

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Pág. 5-18 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-19

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.5

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Pág. 5-20 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-21

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.5

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TISCHER, M. & SANTOS, M. C. F. 2001. Algumas considerações sobre a

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Tamandaré, 9 (1):155-165.

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Anexo 5.6

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

ANEXO 5.6. DINÂMICA DA BIOMASSA DO CAMARÃO SETE-BARBAS

(XIPHOPENAEUS KROYERI) NA BAÍA DE TIJUCAS E PADRÕES

ASSOCIADOS À EFICIÊNCIA DAS FROTAS PESQUEIRAS.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR - CTTMar

LABORATÓRIO DE OCEANOGRAFIA BIOLÓGICA

ANEXO 5.6 - DINÂMICA DA BIOMASSA DO CAMARÃO SETE-BARBAS (XIPHOPENAEUS KROYERI) NA BAÍA DE TIJUCAS E PADRÕES ASSOCIADOS À EFICIÊNCIA DAS FROTAS

PESQUEIRAS

Responsável técnico:

JOSÉ ANGEL ALVAREZ PEREZ

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-3

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.6

INTRODUÇÃO

Este relatório apresenta a análise da dinâmica espacial e temporal da

biomassa do camarão sete-barbas Xiphopenaeus kroyeri disponível à

pesca na área de abrangência do projeto “Pesca Responsável na Baía de

Tijucas”. Da mesma forma se analisa a dinâmica da atividade pesqueira e

dos fatores associados à eficiência das capturas. Objetiva-se desta forma

sintetizar os principais padrões de exploração do recurso e a ampliar a

compreensão sobre dinâmica das interações recurso – usuário.

MATERIAL E MÉTODOS

Dados Analisados

A base de dados analisada foi obtida através do monitoramento

contínuo dos desembarques da frota de arrasteiros sediada nos municípios

que margeiam a Baía de Tijucas entre junho 2004 e agosto 2005. Este

monitoramento foi parte das atividades realizadas no âmbito do projeto

“Pesca Responsável na Baía de Tijucas” executado pelo Grupo de Estudos

Pesqueiros (GEP – UNIVALI) com apoio do Fundo Nacional do Meio

Ambiente (FNMA). Os dados pesqueiros foram obtidos por coletores

sediados nas comunidades pesqueiras dos municípios de Porto Belo,

Bombinhas, Tijucas e Governador Celso Ramos (Figura 1.).

Em cada comunidade foram realizadas entrevistas com pescadores

no retorno de suas viagens para a pesca de arrasto do camarão sete-

barbas a partir da qual foram levantadas informações sobre as

embarcações, as operações de pesca e as condições ambientais durante

essas operações (Tabela 1). As variáveis ambientais não foram

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Pág. 5-4 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.6

provenientes de medições in situ, mas sim da perceptividade dos

pescadores que as classificaram de dentro de categorias pré-estabelecidas.

Essas informações foram tratadas como variáveis categóricas (por

exemplo, mês, local de desembarque etc.) ou contínuas (por exemplo:

captura, horas de arrasto). Algumas variáveis contínuas também foram

agrupadas em categorias após uma análise de sua distribuição de

freqüência acumulada e a delimitação dos principais quartis (Tabela 1).

Dentre as variáveis categorizadas vale destacar aquela denominada

“Nível de Dedicação” que reflete a freqüência das embarcações nos

registros de desembarque do camarão sete-barbas em todas as

comunidades durante o período de estudo. O objetivo em se definir essa

variável foi de avaliar potenciais interferências dos níveis de “experiência”

de pescadores individuais nas taxas de captura do estoque-alvo, que

poderiam afetar estimativas de abundância relativa desse estoque. As

categorias da variável “Nível de Dedicação” foram estabelecidas a partir da

análise da freqüência de desembarque de cada arrasteiro individualizado e

agrupamento destes em níveis de dedicação delimitados por percentuais

de contribuição aos desembarques totais registrados no período (Tabela

1).

A Captura por Unidade de Esforço (CPUE) do camarão sete-barbas

foi calculada para cada viagem registrada através da divisão da captura

total desembarcada pelo número total de horas arrastadas (kg.h-1).

Análise descritiva dos dados

As viagens foram agrupadas de acordo com os níveis das variáveis

categóricas (ou categorizadas) e foi avaliada a variação média do CPUE

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-5

_________________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.6

como função dessas variáveis. Após a logaritmização do CPUE, uma

ANOVA foi aplicada com o objetivo de testar a significância do efeito de

cada variável categórica sobre a variação do CPUE. Em alguns casos um

teste do tipo Tucker foi aplicado a posteriori para identificar possibilidades

de reagrupamento das categorias com vistas à construção do Modelo

Linear Generalizado descrito a seguir.

Modelagem do CPUE

A variação do CPUE do camarão sete-barbas foi estudada a partir da

aplicação de um Modelo Linear Generalizado (MLG) (Gavaris, 1980). O

objetivo desta análise foi decompor a referida variação em suas diversas

fontes (fatores) de forma a se definir padrões temporais e espaciais de

abundância do recurso e os potenciais efeitos de elementos tecnológicos

(i.e. potência do motor, casario etc...), humanos (i.e. nível de dedicação,

comunidade de origem etc...) e ambientais (i.e. condições do mar, direção

do vento etc...) sobre a eficiência das capturas.

O modelo assumido foi:

ijeUUi j

ijr

∏∏ ⋅= θ (1)

onde i é o índice dos fatores, j é o índice dos níveis de cada fator e Ur é

CPUE referencial, assumida como a CPUE do primeiro nível de cada fator.

Θij é o coeficiente que dimensiona o efeito relativo do j-ésimo nível do i-

ésimo fator em relação a Ur. Considerando que U é uma variável Log-

normal, Є é normal e o logaritmo do modelo é:

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Pág. 5-6 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.6

∑∑ ∈++=i j

ijijrij UU θlogloglog (2)

Os fatores considerados no modelo foram resultado de uma análise

prévia da influência dos mesmos sobre a variabilidade do log do CPUE (ver

acima) incluindo um processo de reagrupamento dos níveis

preliminarmente propostos (Tabela 1). O efeito dos fatores assim definidos

foi avaliado previamente através de uma análise de variância (ANOVA) e

os resíduos gerados pelos modelos foram examinados a posteriori para

verificação do pressuposto de log-normalidade.

RESULTADOS

Padrões gerais de variabilidade da CPUE

As CPUEs de camarão sete-barbas obtidas pelas embarcações

monitoradas nas comunidades da Baía de Tijucas durante o durante o

período de estudo variaram entre 0,08 e 66,67 kg.h-1 oscilando em torno

do valor médio de 6,49 kg.h-1 (±0,189 kg.h-1 EP). As maiores CPUEs

médias de camarão sete-barbas (10-12 kg.h-1) foram obtidas pelos

desembarques realizados nas comunidades de Calheiros e Ganchos de

Fora. As menores, cerca de 3 kg.h-1, foram obtidas pelos desembarques

realizados na localidade de Canto dos Ganchos. Ganchos do Meio, Tijucas,

Santa Luzia e Zimbros tiveram rendimentos similares (5 – 6 kg.h-1)

(Figura 2).

As áreas de pesca mais internas incluindo Baixio, Baía de Tijucas e

Baías de Zimbros produziram as menores CPUEs médias durante o período

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-7

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.6

de estudo. Já as áreas externas foram as mais produtivas com CPUEs

médias entre 8 e 12 kg.h-1 registradas nos pesqueiros Macuco, Costeira

dos Ganchos, Ponta do Bota e Mar de Fora (Figura 3).

As CPUEs mostraram uma forte sazonalidade (Figura 4). Entre Julho

e Janeiro os rendimentos foram muito baixos, não ultrapassando 4 kg.h-1.

Já entre fevereiro e junho os rendimentos sofreram um incremento

considerável, sendo máximos (entre 17 – 19 kg.h-1) em abril e maio

(Figura 4).

As embarcações com casario, potência de motor superior a 20 HP e

maiores que 8,5 m de comprimento apresentaram rendimentos

ligeiramente maiores que as demais (Figura 5). Observa-se também um

crescente nas CPUEs médias obtidas por embarcações que tiveram

maiores níveis de dedicação à pescaria (maior participação nos

desembarques totais) (Figura 6). Porém, naquelas com maior participação

(>30% dos desembarques) o rendimento decaiu.

Viagens de pesca sob condições de mar agitado e tempo chuvoso

mostraram CPUEs ligeiramente maiores que em condições de tempo bom

e mar calmo (Figura 7). CPUEs ligeiramente mais elevados foram obtidos

sob influência de ventos do quadrante NE –E e SW-W o mesmo se

observando em relação ao sentido de fluxo da maré (Figura 8).

Abundância Relativa e Eficiência das Capturas

Os padrões de abundância relativa do camarão sete-barbas na Baía de

Tijucas e da eficiência das suas capturas durante o período de estudo

foram analisados através dos coeficientes gerados pelo MLG. Nesse

sentido, inicialmente procedeu-se uma análise da influência das variáveis

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Pág. 5-8 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.6

categóricas (ou categorizadas), previamente definidas na coleta de dados,

sobre a variabilidade da CPUE logaritmizada (Tabela 2).

Essa análise revelou que as variáveis relacionadas à operação de

pesca (mês, localidade de desembarque e pesqueiro) exerceram a maior

influência sobre a variabilidade da CPUE. Dentre as características da

embarcação apenas o comprimento e a presença de casario influenciaram

significamente a CPUE com o nível de dedicação de cada embarcação

exercendo um efeito apenas marginal (p= 0,097) (Tabela 2). Dentre as

variáveis ambientais, apenas a direção da maré teve um efeito

siginificativo sobre a CPUE do camarão sete-barbas observando-se um

efeito marginal (p = 0,092) do clima.

Um teste Tucker foi realizado a posteriori sobre a variável “local de

desembarque” o que permitiu um reagrupamento dos níveis que

apresentaram efeitos semelhantes sobre a CPUE (Tabela 3). Assim, as

localidades de Calheiros, Ganchos de Fora e Ganchos do Meio foram

agrupadas em um nível denominado “Ganchos”. Também as localidades de

Canto Grande e Zimbros foram agrupadas na localidade “Zimbros”. Em

relação à variável “pesqueiros” não houve reagrupamento, mas sim a

eliminação de dois níveis previamente considerados, “Arvoredo” e “Ponta

do Bota”, devido ao reduzido número de casos disponível em cada nível.

Finalmente a variável “Mês” foi reagrupada em trimestres (Janeiro-Março;

Abril-Junho; Julho-Setembro; Outubro-Dezembro) para sua aplicação no

MLG. Os fatores incluídos no MLG estão apresentados na Tabela 3

juntamente com seus níveis definitivos.

Uma nova ANOVA foi executada avaliando-se o efeito dos fatores

selecionados sobre o Log CPUE (Tabela 4). Apenas o “nível de dedicação”

não apresentou efeitos significativos sobre a variável dependente sendo

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-9

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.6

ainda assim incluído no MLG. O MLG ajustado às CPUEs logaritmizadas do

camarão sete-barbas (Tabela 5) geraram resíduos com distribuição

próxima à log-normal, conforme pressupostos iniciais. Os fatores incluídos

no modelo foram responsáveis por 49,5% da variabilidade da CPUE sendo

a análise altamente significativas (p<0,001) (Tabela 5).

O camarão sete-barbas foi mais abundante nas áreas externas da Baía

de Tijucas (Figura 9). Particularmente os pesqueiros de Mar de Fora,

Macuco e Costeira dos Ganchos foram 65%, 30% e 19% maiores que o

pesqueiro do Baixio (nível referencial) respectivamente. A Baía de Zimbros

apresentou as menores abundâncias no período, sendo 35% inferior ao

pesqueiro do Baixio e 100% inferior ao Mar de Fora (Figura 9). O outono

foi o período de maior abundância relativa de camarão sete-barbas

superando em 37% a abundância do verão, 94% a abundância do inverno

e 103% a abundância da primavera (Figura 9).

A eficiência das viagens de pesca desembarcadas nas localidades de

Ganchos (Calheiros + Ganchos de Fora + Ganchos do Meio) foi 20 a 40%

superior às das demais localidades. As menos eficientes foram as viagens

desembarcadas em Tijucas. As embarcações com comprimento superior a

8,5m foram 14% mais eficientes que as menores. Já as embarcações com

e sem casario tiveram praticamente a mesma eficiência. As embarcações

que participaram com mais do que 5% nos desembarques totais tiveram

eficiências muito similares e em torno de 30% inferiores àquelas que

participaram menos de 5% dos desembarques.

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Pág. 5-10 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.6

DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

A disponibilidade do recurso camarão sete-barbas apresenta padrões

dinâmicos espaciais e temporais dentro da área de atuação doa Baía de

Tijucas. As maiores biomassas estão concentradas nas áreas mais

profundas e externas da Baía principalmente no primeiro semestre do ano

assim como já observado nas estimativas de biomassa total realizadas

como parte do referido projeto.

Graça-Lopes (1996) e Natividade (2006) descrevem que áreas mais

externas e profundas são mais produtivas em termos de biomassa,

enquanto que em áreas de baixa profundidade e grande turbidez são

capturados geralmente indivíduos jovens de sete-barbas, os quais não

contribuem muito em biomassa. Tal fato pode ser constatado para a Baía

de Tijucas, onde os menores rendimentos foram obtidos nas áreas do

Baixio, baía de Tijucas e baía de Zimbros.

O padrão sazonal tem sido associado ciclicidade do recrutamento que

se intensifica em fevereiro e mantêm a biomassa elevada até junho. Já o

padrão espacial de difícil interpretação, sendo que, a priori, deve-se levar

em conta que as áreas mais externas são mais distantes, menos seguras e

menos visitadas o que manteria densidades possivelmente mais elevadas.

Foi notória diferença dos níveis de eficiência das viagens

desembarcadas nas diferentes localidades do entorno da Baía, o que

sugere algum fator cultural no padrão de exploração do recurso. Uma

análise no padrão espacial de uso das diferentes comunidades, no entanto

(Figura 9) sugere que ao menos em parte essa diferença está associada

aos níveis de acesso aos pesqueiros mais externos e mais abundantes. Por

exemplo, as comunidades de Ganchos apresentam CPUEs mais elevadas

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-11

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.6

possivelmente como função de utilizarem principalmente uma área com

densidades mais elevada no extremo sul da Baía (Costeira dos Ganchos).

Já aquelas comunidades com uma maior freqüência de atuação no corpo

central da Baía ou nas regiões mais rasas da mesma realizam operações

de pesca menos produtivas.

Tais resultados podem indicar que pescadores de Ganchos possuem

um maior conhecimento em pesca, seja em relação às áreas de maior

abundância em camarão sete-barbas, seja em relação ao domínio da arte.

Ao contrário da comunidade de Tijucas, onde os coeficientes revelam que

as viagens menos eficientes foram desembarcadas nesta comunidade.

Levando-se em conta que muitas embarcações tijucanas trabalham

restritas aos limites da baía, preferencialmente na área do Baixio, tais

rendimentos já eram de se esperar, uma vez que estas áreas não são

abundantes em biomassa de camarão sete-barbas. Ressalta-se ainda que

a pesca nesta comunidade é uma atividade relativamente recente.

Embarcações maiores, também com eficiência superior, podem

permitir uma maior capacidade de deslocamento e permanência nessas

áreas externas e nesse sentido igualmente propiciar melhores

rendimentos, entretanto, gastos em combustível (óleo diesel) podem não

compensar o rendimento obtido pela comercialização da captura.

Ao contrário do que se esperava a freqüência de viagem das

embarcações apresentou uma relação contrária de eficiência o que merece

uma análise mais aprofundada dos dados. Esse resultado primeiramente

poderia indicar que houve falhas nas amostragens, entretanto,

considerando que o projeto mantinha uma sistemática de coleta de dados

diariamente, descarta-se essa hipótese. Porém, analisando as

peculiaridades da pesca de arrasto na baía de Tijucas, evidenciou-se que

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Pág. 5-12 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.6

tal fato pode ser decorrente das embarcações que trabalham na

modalidade de arrasto esporadicamente.

Outro caso evidenciado, é que há pescadores que atuam na

atividade de arrasto somente durante o período de safra, o qual ocorria

até 2005 concomitantemente ao período de defeso, acarretando em um

número baixo de viagens devido ao risco de fiscalização, porém,

resultando em viagens eficientes em termos de biomassa capturada.

É possível, no entanto hipotetizar que esse padrão possa também

sofrer influência da posição geográfica das comunidades e dos pesqueiros

utilizados, uma vez que embarcações menos freqüentes nos

desembarques podem ser aquelas que também se dedicam a outras

modalidades de pesca durante o ano e nesse sentido tem maior tamanho e

possibilidade de utilizar os pesqueiros mais externos e mais produtivos.

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-13

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.6

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Gavaris, S. 1980. Use of a multiplicative model to estimate catch rate

andeffort from commercial data. Can. J. Fish. Aquat. Sci. 37, 2272-2275

Graça-Lopes, R. 1996. A pesca do camarão sete-barbas Xiphopenaeus

kroyeri, HELLER (1862) e sua fauna acompanhante no litoral do Estadao

de São Paulo. Tese de Doutorado. Universidade Estadual Paulista, SP, 96

p.

Natividade, C. D. 2006. Estrutura Populacional e Distribuição do camarão

sete-barbas Xiphoepenaeus kroyeri (Heller,1862) (Decapoda: Penaeidae)

no litoral do Paraná, Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal

do Paraná, PR, 76 p.

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Pág. 5-14 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.6

Tabela 1. Variáveis contínuas, categóricas e categorizadas consideradas para o estudo da CPUE do camarão sete-barbas registradas a partir do monitoramento da pesca de arrasto nas localidades da Baía de Tijucas entre 2004 e 2005.

Fonte de informação Variável Níveis de agrupamento 1. Embarcação Nome Potência do Motor

(HP) Igual ou menor que 20 HP

Maior que 20 HP Comprimento (m) Igual ou menor que 8,5 m Maior que 8,5 m Casario Presença Ausência Nível de Dedicação Responsável por menos do que 5% dos

desembarques Responsável por 5% a 20% dos desembarques Responsável por 20% a 30% dos desembarques Responsável por mais do que 30% dos

desembarques 2. Operação de pesca Mês Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Local de Desembarque Calheiros Canto dos Ganchos Ganchos do Meio Ganchos de Fora Barra do Rio Santa Luzia Canto Grande Zimbros Pesqueiros Baixio Baía de Tijucas Baía de Zimbros Ilha do Macuco

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-15

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.6

Costão dos Ganchos Ponta do Bota Ilha do Arvoredo Mar de Fora Duração da viagem

(h)

Número de Lances Captura total (kg) 3. Condições ambientais

Clima Chuvoso

Ensolarado Nublado Variável Direção do Vento N – NE NE – E E – SE SE - S S – SW SW – W W – NW NW - N Condições do mar Agitado Moderado Calmo Direção da Maré N – NE NE – E E – SE SE - S S – SW SW – W W – NW NW - N Velocidade da maré Forte Moderada Fraca Transparência Clara Escura

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Pág. 5-16 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.6

Tabela 2. ANOVA multifatorial aplicada sobre a variável Log CPUE do camarão sete-barbas obtida pela pesca de arrasto na Baía de Tijucas, SC, entre 2004 e 2005. SQ, soma dos quadrados; GL, graus de liberdade; MQ, média dos quadrados; F, estatística F; p, probabilidade.

Fonte de variabilidade SQ GL MQ F p

N = 1169 r = 0,74 r2 = 55,0

1. Embarcação

Potência do Motor 0,222 1 0,222 0,476 0,490

Comprimento 5,066 1 5,066 10,857 0,001

Casario 2,584 1 2,584 5,537 0,019

Nível de Dedicação 2,954 3 0,985 2,110 0,097

2. Operações de

Pesca

Mês 299,548 8 37,444 80,240 <0,001

Local de Desembarque 35,093 7 5,013 10,743 <0,001

Pesqueiros 24,183 7 3,455 7,403 <0,001

3. Condições

Ambientais

Clima 2,235 2 1,117 2,394 0,092

Direção do Vento 5,097 7 0,728 1,560 0,143

Condições do Mar 0,386 2 0,193 0,414 0,661

Direção da Maré 7,918 7 1,131 2,424 0,018

Velocidade da Maré 1,788 2 0,894 1,915 0,148

Transparência 0,211 1 0,211 0,452 0,502

Erro 522,174 1119

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-17

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.6

Tabela 3. Fatores (i) e respectivos níveis (j) incluídos no Modelo Linear Generalizado ajustado às CPUEs logaritmizadas do camarão sete-barbas obtidas pela pesca de arrasto na Baía de Tijucas, SC, entre 2004 e 2005. N = número amostral.

Fatores (i) Níveis (j) N Comprimento α1 <= 8,5 m 528 α2 > 8,5 m 667 Casario β1 Presença 385 β2 Ausência 810 Nível de Dedicação χ1 < 5% dos desembarques 51 χ2 5% a 20% dos

desembarques 177

χ3 20% a 30% dos desembarques

214

χ4 > 30% dos desembarques 174 Trimestre δ1 Janeiro – Março 353 δ2 Abril – Junho 526 δ3 Julho – Setembro 423 δ4 Outubro - Dezembro 174 Local do Desembarque

ε1 Ganchos 280

ε2 Canto dos Ganchos 212 ε3 Zimbros 295 ε4 Santa Luzia 434 ε5 Tijucas 266 Pesqueiro φ1 Baixio 110 φ2 Baía de Tijucas 777 φ3 Baía de Zimbros 40 φ4 Macuco 289 φ5 Costeira dos Ganchos 198 φ6 Mar de Fora 62 Clima γ1 Chuvoso 109 γ2 Ensolarado 968 γ3 Nublado 380

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Pág. 5-18 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.6

Tabela 4. ANOVA multifatorial aplicada sobre a variável Log CPUE do camarão sete-barbas obtida pela pesca de arrasto na Baía de Tijucas, SC, entre 2004 e 2005. SQ, soma dos quadrados; GL, graus de liberdade; MQ, média dos quadrados; F, estatística F; p, probabilidade.

Fonte de variabilidade

SQ GL MQ F p

N = 1172 r = 0,68 r2 = 46,3 1. Embarcação Comprimento 6,666 1 6,666 12,333 <0,001 Casario 3,189 1 3,189 5,901 0,015 Nível de Dedicação 1,110 3 0,370 0,684 0,562 2. Operações de Pesca

Trimestre 239,896 3 79,965 147,946 <0,001 Local de Desembarque 37,524 4 9,379 17,352 <0,001 Pesqueiros 27,689 5 5,538 10,246 <0,001 3. Condições Ambientais

Clima 9,241 3 3,080 5,699 0,001 Erro 618,334 1144

Tabela 5. Estimativa dos coeficientes da regressão, no Modelo Linear Generalizado aplicado às CPUEs logaritmizadas (ln kg.h-1, variável dependente) do camarão sete-barbas Xiphopenaeus kroyeri obtidas pela pesca de arrasto na Baía de Tijucas entre 2004 e 2005. EP, erro padrão; p, probabilidade; ICI, intervalo de confiança inferior; ICS, intervalo de confiança superior. Em negrito estão ressaltadas as estimativas dos coeficientes trimestrais, dos locais de desembarque e dos pesqueiros.

Nível do Fator Ln da estimativa EP p Estimativa ICI ICS

LnU11111111 2,242 0,127 <0,001 9,412 7,338 12,072

α2 0,477 0,064 <0,001 1,611 1,421 1,827 β2 0,079 0,046 0,084 1,082 0,989 1,184 χ2 -0,354 0,088 <0,001 0,702 0,591 0,834 χ3 -0,391 0,085 <0,001 0,676 0,573 0,799 χ4 -0,410 0,077 <0,001 0,664 0,571 0,772 δ2 0,317 0,056 <0,001 1,373 1,230 1,532 δ3 -0,840 0,058 <0,001 0,432 0,385 0,484 δ4 -1,066 0,071 <0,001 0,344 0,300 0,396 ε2 -0,722 0,076 <0,001 0,486 0,419 0,564

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-19

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.6

ε3 0,326 0,057 <0,001 1,385 1,239 1,549 ε4 0,768 0,069 <0,001 2,155 1,883 2,468 ε5 0,643 0,05 <0,001 1,902 1,725 2,098 φ2 -0,071 0,076 0,351 0,931 0,803 1,081 φ3 -0,445 0,138 0,001 0,641 0,489 0,840 φ4 0,260 0,087 0,003 1,297 1,094 1,538 φ5 0,171 0,103 0,096 1,186 0,970 1,452 φ6 0,502 0,122 <0,001 1,652 1,301 2,098 γ2 -0,058 0,073 0,429 0,944 0,818 1,089 γ3 -0,170 0,079 0,031 0,844 0,723 0,985

a N = 1479; R = 0,70; p < 0,001

Figura 1. A Baía de Tijucas incluindo os municípios do entorno e os pesqueiros

considerados neste estudo: (1) Baixio; (2) Baía de Tijucas; (3) Baía de Zimbros; (4)

Macuco; (5) Costeira dos Ganchos; (6) Ponta do Bota; (7) Ilha do Arvoredo; (8) Mar de

Fora.

Atlantic Ocean

Santa CatarinaIsland

48.7 48.6 48.5 48.4 48.3

Longitude W

27.5

27.4

27.3

27.2

27.1

27

Latitu

de S

1 2

34

56

7

8

Tijucas

GovernadorCelso Ramos

Bombinhas

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Pág. 5-20 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.6

0

2

4

6

8

10

12

14

Calhe

iros

Can

to d

os G

anch

os

Can

to G

rand

e

Gan

chos

de

Fora

Gan

chos

do

Meio

Sta. L

uzia

Tijuca

s

Zimbr

os

Localidade

kg

/ho

ra

Figura 1. CPUEs médias de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de arrasto) reportadas pelas embarcações que desembarcaram nas diferentes localidades da Baía de Tijucas – SC entre 2004 e 2005. Barras representam o Erro Padrão

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-21

_________________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.6

0

2

4

6

8

10

12

14

Baixio

Mac

uco

Cos

teira

dos

Gan

chos

Ponta

do

Bot

a

Ilha

do A

rvor

edo

Mar

de

Fora

Pesqueiro

kg

/ho

ra

Figura 2. CPUEs médias de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de arrasto) obtidas nas diferentes áreas de pesca (pesqueiros) da Baía de Tijucas e arredores. Barras representam o Erro Padrão

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Pág. 5-22 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

_______________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.6

0

5

10

15

20

25

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Mês

kg

/ho

ra

Figura 3. CPUEs médias de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de arrasto) obtidas mensalmente pelas embarcações que desembarcaram nas localidades da Baía de Tijucas SC. Barras representam o Erro Padrão

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-23

_________________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.6

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

<5% 5 - 20% 20-30% >30%

Participação da embarcação nos desenbarques totais

kg

/ho

ra

Figura 4. Rendimentos médios de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de arrasto) obtidos por embarcações de diferentes níveis de participação nos desembarques totais (representados em %) registrados nas localidades da Baía de Tijucas SC. Barras representam o Erro Padrão

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Pág. 5-24 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

_______________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.6

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

<20 HP >20HP

Potência do Motor

kg

/ho

ra

0

1

2

3

4

5

6

7

8

<8,5 m >8,5 m

Comprimento da embarcação

kg

/ho

ra

0

1

2

3

4

5

6

7

Sem casario Com casario

Presença de Casario

kg

/ho

ra

Figura 5. CPUEs médias de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de arrasto) obtidas por embarcações de diferentes potências de motor, comprimentos e presença ou não de casario. Barras representam o Erro Padrão

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-25

_________________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.6

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Chuvoso Ensolarado Nublado

Clima

kg

/ho

ra

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Agitado Moderado Calmo

Condições do Mar

kg

/ho

ra

Figura 6. CPUEs médias de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de arrasto) obtidas sob influência de tempo chuvoso, ensolarado e nublado e condições de mar agitado, moderado e calmo. Barras representam o Erro Padrão

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Pág. 5-26 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

_______________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.6

0

2

4

6

8

10 N-NE

NE-E

E-SE

SE-SS-SW

SW-W

W-NW

NW-N

Vento Maré

Figura 7. CPUEs médias de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de arrasto) obtidas sob influência de diferentes direções de ventos e maré. Barras representam o Erro Padrão

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-27

_________________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.6

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

Ganchos Cto. Dos

Ganchos

Zimbros Sta. Luzia Tijucas

Localidades

Co

efi

cie

nte

s

00,20,40,60,8

11,21,41,61,8

Baix

io

Baía

de

Zim

bro

s

Coste

ira

dos

Ganchos

Pesqueiros

Co

efi

cie

nte

s

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

Jan-Mar Abr-Jun Jul-Set Out-Dez

Trimestres

Co

efi

cie

nte

s

Figura 8. Coeficientes obtidos pelo Modelo Linear Generalizado aplicado ao Log da CPÙE do camarão-sete-barbas obtida pela frota de arrasteiros monotorada nas localidades da Baía de Tijucas entre 2004 e 2005.

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Pág. 5-28 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

_______________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.6

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0

Ganchos

Canto dos Ganchos

Zimbros

Sta Luzia

Tijucas

Lo

ca

is d

e D

es

em

ba

rqu

e

Frequência percentual

Baixio B. de Tijucas B. de Zimbros Macuco C. dos Ganchos Mar de Fora

Figura 9. Freqüência de desembarques de camarão sete-barbas registrados nas localidades da Baía de Tijucas, SC, entre 2004 e 2005 (N = 1577). As áreas representam a contribuição relativa dos pesqueiros nos desembarques registrados em cada local de desembarque.

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Anexo 5.7

_______________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Meta 6

ANEXO 5.7. AVALIAÇÃO DO ESTOQUE DO CAMARÃO SETE-BARBAS NA

BAÍA DE TIJUCAS.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR - CTTMar

LABORATÓRIO DE OCEANOGRAFIA BIOLÓGICA

ANEXO 5.7 - AVALIAÇÃO DO ESTOQUE DO CAMARÃO SETE-BARBAS (XIPHOPENAEUS

KROYERI) NA BAÍA DE TIJUCAS

Responsáveis técnicos:

JOSÉ ANGEL ALVAREZ PEREZ PAULO RICARDO PEZZUTO

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-3

_______________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.7

INTRODUÇÃO

Este relatório apresenta as estimativas da biomassa do camarão

sete-barbas Xiphopenaeus kroyeri disponível à pesca na área de

abrangência do projeto “Pesca Responsável na Baía de Tijucas”. A partir

dessas estimativas e das estatísticas de produção (desembarque), são

também calculadas as taxas de remoção aplicadas pela frota de arrasto

que opera na região de estudo e elaborado um diagnóstico da situação do

estoque.

METODOLOGIA

Essa análise foi baseada no monitoramento das operações de pesca

da frota artesanal de arrasto duplo controlada pelo projeto entre os anos

de 2004 e 2005. Ao longo do período, a produção pesqueira local foi

estimada com base em dois tipos de informação: fichas de produção e

entrevistas. As fichas, obtidas em base censitária, forneceram o nome da

embarcação e produção por espécie, enquanto as entrevistas, mais

detalhadas e realizadas em sistema de amostragem, forneceram medidas

de esforço (p.ex., horas de arrasto, número de lances), captura e áreas de

pesca visitadas, permitindo a estimativa de capturas por unidade de

esforço (em quilogramas por hora de arrasto) e por área.

A biomassa total disponível à pesca foi estimada para cinco

diferentes meses: junho de 2004 e janeiro, fevereiro, junho e julho de

2005. Esses meses foram selecionados por obedecerem aos seguintes

critérios: a) corresponderem a períodos de elevada ou reduzida produção

desembarcada; b) corresponderem a períodos próximos ou afastados do

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Pág. 5-4 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

_______________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.7

término do defeso aplicado à espécie até então (março a maio) e; c) por

possuirem distribuição de esforço abundante no maior número possível de

áreas de pesca ou “pesqueiros”. A identificação desses pesqueiros foi

realizada com base nas informações dos próprios pescadores, permitindo a

subdivisão da região de abrangência do projeto em oito subáreas, cujas

características podem ser consultadas na Tabela 1.

Estimativas de biomassa média por quilômetro quadrado (e

respectivos intervalos de confiança de 95%) foram obtidas para cada

subárea pelo método da área varrida (Sparre et al., 1989). Para tanto, as

taxas de captura registradas em cada viagem (em kg/h de arrasto) foram

convertidas para biomassa (B, em kg/km2) através da equação abaixo,

modificada de Sparre et al. (1989):

)1000

852,1*(2 CaCtV

ErCPUE

B∗∗∗

= (1)

onde, CPUE é a captura por unidade de esforço (em kg de camarão retido

por hora de arrasto), Er é a eficiência da rede, ou seja, a fração dos

camarões existentes no trajeto da rede que é efetivamente retida no

ensacador; V é a velocidade do arrasto em nós; Ct é o comprimento da

tralha superior da rede em metros, Ca é o coeficiente de entralhamento ou

de abertura da rede, ou seja, a fração do comprimento da tralha superior

correspondente à abertura horizontal da rede e o coeficiente “2” refere-se

ao número de redes tracionadas simultaneamente por cada embarcação.

A partir dos valores convertidos, foram estimadas a biomassa média

estratificada (kg/km2) e a biomassa total disponível à pesca (toneladas) no

conjunto de áreas visitadas pela frota em cada mês analisado, a partir de

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-5

_________________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.7

um desenho estratificado, onde cada subárea foi considerada como um

estrato estatístico (Krebs, 1989). A tabela 2 apresenta um sumário do

número de viagens utilizadas nos cálculos em cada mês.

Na equação 1 o valor de Ct foi fixado em 9,75 m, igual à média do

comprimento da tralha superior das redes de 68 embarcações amostradas

ao longo do estudo, equivalentes a um terço da frota em operação no

período (aproximadamente 210 unidades). Dado o desconhecimento dos

outros três parâmetros dessa equação (eficiência, velocidade e coeficiente

de abertura), estes tiveram que ser definidos a posteriori com base em

simulações. Assim, primeiramente, foi definido um conjunto de valores

plausíveis para os três parâmetros (Tabela 3). A partir das múltiplas

combinações desses valores e da sua aplicação na equação da área

varrida, foram calculadas as 105 estimativas possíveis de biomassa total

com respectivos intervalos de confiança de 95% para cada mês.

Dentre essas estimativas, foram selecionadas como potencialmente

corretas somente aquelas cujos limites inferiores dos respectivos

intervalos de confiança superaram as capturas registradas em cada um

dos meses (vide Tabela 2). Tais estimativas indicaram então, o conjunto

provável de valores para os parâmetros da equação 1, e a identificação

das estimativas mais acuradas de biomassa.

No intuito de confirmar a validade desse processo, foi realizado um

experimento de depleção (Hilborn & Walters, 1992) visando obter, de

forma independente, uma estimativa da biomassa inicial de camarões para

um período e área onde também fosse possível estimar a biomassa média

pelo método da área varrida. Como o experimento de depleção gera uma

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Pág. 5-6 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.7

estimativa de abundância referente ao início do período considerado para

análise, seu resultado deveria fornecer, necessariamente, uma biomassa

superior àquela estimada pelo método da área varrida para a mesma área

e período. A confrontação dos resultados dos dois métodos poderia, assim,

indicar mais uma vez o conjunto de parâmetros mais robustos para

emprego definitivo na equação da área varrida.

A aplicação de um experimento de depleção requer o pressuposto de

“estoque fechado”, ou seja, de que ao longo de determinado período e

dentro de uma determinada “área de depleção” as perdas populacionais

por mortalidade natural ou emigração, e os ganhos populacionais por

recrutamento ou imigração podem ser considerados desprezíveis (Hilborn

& Walters, 1992). Durante esse “cenário de depleção” seria assumido que

todas as perdas populacionais seriam ocasionadas pelo esforço pesqueiro.

O acompanhamento da diminuição de abundância do estoque a medida

que remoções controladas são realizadas por esse esforço, permite a

projeção da captura necessária para a depleção completa do estoque, o

que corresponde à uma estimativa da abundância desse estoque no início

do experimento.

O cenário de depleção foi definido como os 24 primeiros dias de junho

de 2005 na subárea 2. Essa definição se deu em função da observação

direta da variação temporal das taxas de captura nas áreas/períodos

utilizados para as estimativas por área varrida. A estimativa de

abundância inicial do estoque foi realizada utilizando-se um estimador de

Leslie o qual considera, assumindo um estoque fechado, o modelo

populacional simplificado abaixo:

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-7

_________________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.7

10 −−= tt KBB (2)

onde a biomassa do estoque em qualquer tempo t (Bt), resulta da

biomassa inicial do estoque (B0) menos a captura acumulada

anteriormente ao tempo t (Kt-1). Considerando-se que a captura por

unidade de esforço no tempo t (Ut) é um indicador da abundância do

estoque nesse momento, então:

tt qBU = (3)

onde q é o coeficiente de capturabilidade e:

10 −−= tt qKqBU (4)

Essa equação expressa uma relação linear entre a captura por

unidade de esforço em cada tempo t (variável dependente) e a captura

acumulada no tempo imediatamente anterior a esse tempo (variável

independente). Assim procedendo-se a uma regressão linear entre essas

varáveis obtém-se os parâmetros de elevação (qB0) e declividade (q) da

reta cuja razão corresponde à estimativa de B0.

Os desembarques registrados ao longo do experimento de depleção

foram agrupados por dia, sendo que a cada dia foi somado o total

desembarcado e o total de horas de arrasto de cada viagem, e calculado o

valor de U através da razão de ambos.

A regressão linear entre Ut e Kt-1 foi realizada utilizando-se um

procedimento do tipo Monte Carlo, calculando-se 500 regressões incluindo

todos os dias menos um, selecionado aleatoriamente do conjunto. A cada

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Pág. 5-8 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

_______________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.7

regressão foram calculadas a biomassa total no início do experimento (B0)

e o coeficiente de escape, calculado a partir da diferença entre B0 e o total

capturado no período, expresso como uma proporção de B0. A partir da

distribuição de freqüência da biomassa inicial e da proporção de escape

foram selecionados os valores medianos e calculados Intervalos de

Confiança de 90%.

A seleção final dos parâmetros da equação 1 foi então realizada,

confrontando-se a estimativa final de B0 obtida pelo método de depleção

com aquelas calculadas para os mesmos 24 dias na subárea 2,

empregando-se as diversas combinações de parâmetros indicados na

Tabela 3.

RESULTADOS

Produção total e rendimentos médios

Os desembarques controlados do camarão sete-barbas na área de

estudo variaram de um mínimo de 1,2 toneladas em novembro de 2004

até um máximo de 171,5 toneladas em junho de 2005. A produção oscilou

de forma aparentemente irregular no período, com picos nos meses de

junho de 2004, fevereiro e junho de 2005 (Figura 1). Deve-se destacar,

contudo, que as produções registradas entre março e maio de 2005 se

encontram subestimadas, uma vez que parte das embarcações

mantiveram suas operações durante o defeso, mas não informaram suas

produções devido ao caráter ilegal da pesca no período. Os rendimentos

médios flutuaram entre o mínimo de 2,0 kg/h em novembro de 2004 e o

máximo de 19,3 kg/h em março do ano seguinte, apresentando um

padrão cíclico de variação. Os maiores rendimentos foram registrados

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-9

_________________________________________________________________________________

Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.7

entre fevereiro e junho, e se estabilizaram em cerca de 2,5 kg/h entre

julho e janeiro (Figura 1).

Avaliação da biomassa

A maioria das combinações entre os valores indicados na tabela 3

forneceu estimativas de biomassa total superiores aos desembarques dos

respectivos meses, contribuindo pouco para a seleção dos valores mais

prováveis para os parâmetros da equação da área varrida. De fato, para

os meses de junho de 2004 e janeiro, fevereiro, e julho de 2005 foram

obtidas 96, 105, 60, e 82 estimativas plausíveis, respectivamente.

Nota-se que no mês de janeiro, todas as 105 combinações possíveis de

parâmetros forneceram estimativas aceitáveis de biomassa. Por outro

lado, apenas 8 combinações foram selecionadas em junho de 2005 (Tabela

4), tendo sido essenciais para identificar os valores mais prováveis desses

mesmos parâmetros. Em geral, houve uma reduzida variabilidade interna

dos valores obtidos, com destaque para a velocidade de arrasto, cujo valor

foi fixado em 1,5 nós (Tabela 4). Para o coeficiente de entralhamento foi

adotado o valor de 0,65, dado que 75% das combinações envolveram

valores iguais a esse ou situados a menos de 10% do mesmo. Restou,

portanto, definir a a eficiência da rede entre 0,4 e 0,5. Essa escolha

revelou-se fundamental pois, mantendo-se os demais parâmetros fixos,

um incremento de eficiência de 40% para 50% poderia levar a uma

variação de 25% na biomassa estimada, sendo então, o parâmetro de

maior sensibilidade na análise.

A escolha definitiva do valor de eficiência a ser empregado nas

estimativas de biomassa foi então baseada nos resultados do experimento

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Pág. 5-10 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.7

de depleção. A figura 2 apresenta a regressão calculada entre Ut e Kt-1,

mostrando que mais de 50% da variação na CPUE pôde ser explicada

pelas capturas acumuladas e consequënte declínio de abundância do

recurso no período selecionado.

O procedimento de Monte Carlo gerou estimativas de biomassa e

percentuais de escape pouco variáveis (Figura 2). A biomassa mediana

estimada pelo modelo de Leslie para a área 2 durante os primeiros 24 dias

de junho foi de 38.557,3 kg (Tabela 5). Considerando que a captura total

registrada nesse período e subárea foi de 35.140,1 kg, a estimativa

mediana de escape chegou a 0,14 (IC 95% Sup 0,28 – IC 95% Inf. 0,06).

Comparando o valor de biomassa estimada pelo método de depleção

com as duas estimativas obtidas pela área varrida (Tabela 5), verifica-se

que a eficiência de 0,5 foi a que forneceu uma biomassa média

ligeiramente inferior àquela estimada como biomassa inicial pelo método

da depleção, sendo então adotado como valor mais plausível para

emprego na equação 1.

A tabela 6 apresenta as estimativas finais de biomassa obtidas. Embora

se considere a eficiência de 50% mais provável, a título de comparação

foram apresentados também os valores calculados com eficiência igual a

1, ou seja, 100% de capturabilidade, conforme encontrado

freqüentemente na literatura.

Deve-se ressaltar que, como as áreas visitadas pela frota não foram as

mesmas em todos os meses, os cinco valores finais de biomassa total

estimados não são totalmente comparáveis entre si, dado que se aplicam

somente às respectivas áreas de pesca. Por outro lado, a comparação

direta é possível entre os meses de junho de 2004 e fevereiro de 2005 e

Page 209: ENCARTE 5: Meta 6 - siaiacad09.univali.brsiaiacad09.univali.br/pescatijucas/encartes/encarte5.pdf · Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Meta 6 O tamanho de primeira maturação (Lc

Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-11

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.7

entre janeiro e julho desse mesmo ano, dado que as áreas totais visitadas

pela frota em cada par de meses foi a mesma (vide Tabela 2). A tabela 6

revela que a biomassa total aumentou de 31,8 t em janeiro para 50,2 t em

julho de 2005, decaindo de 271,3 t em junho de 2004 para 159,7 t em

fevereiro de 2005.

Confrontando as biomassas estimadas (Tabela 6) com as capturas

registradas nos respectivos meses (Tabela 2), nota-se que entre junho de

2004 e janeiro de 2005, em média, o percentual de remoção da biomassa

disponível atingiu 21,7% ao mês, enquanto entre fevereiro e julho de

2005, esse percentual subiu para cerca de 34% (Tabela 6).

DISCUSSÃO

As estimativas de biomassa absoluta obtidas neste trabalho sugerem a

existência de um ciclo na abundância do camarão disponível à pesca na

região de estudo. O mês de fevereiro parece constituir um período de

recrutamento à pesca, que mantém a biomassa do estoque elevada até

junho. De julho até o final do ano, a abundância do recurso diminui,

quando então é reposta pelo novo recrutamento, dando início a um novo

ciclo. Esse padrão é confirmado tanto pelos perfis de produção como dos

rendimentos médios (Figura 1), ressalvando a queda de produção durante

os meses de defeso (março a maio).

Essa ciclicidade parece ser uma feição característica da espécie, uma

vez que, com pequenas variações, ela tem sido constatada historicamente

por diferentes indicadores, inclusive antes do advento da sua pesca

industrial ocorrido em São Paulo no início da década de 1970 (Valentini et

al., 1991). De fato, entre 1944 e 1945 os níveis máximos de desembarque

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Pág. 5-12 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.7

nesse Estado ocorreram entre julho e agosto e os mínimos entre

novembro e dezembro (Vieira, 1947). Entre 1961 e 1966, a frota

camaroneira artesanal que operava na Baía de Santos (SP) obteve os

rendimentos máximos entre maio e junho e os mínimos em setembro e

outubro (Santos et al., 1968). Tremel (1968) observou que a produção

mensal desembarcada em Santa Catarina entre 1963 e 1967 apresentou

seus maiores valores no primeiro semestre, decaindo fortemente nos

demais meses do ano.

Trabalhos mais recentes realizados a partir de cruzeiros científicos em

São Paulo, Paraná e Santa Catarina, demonstraram que as maiores taxas

de captura do camarão sete-barbas tendem a ser obtidas entre o final do

verão e o início do inverno (Nakagaki & Negreiros-Fransozo, 1998; Branco

et al., 1999; Branco, 2005; Natividade, 2006). Por fim, médias mensais de

desembarque calculadas entre 1998 e 2005 em São Paulo e entre 2001 e

2006 em Santa Catarina mostram maiores valores no primeiro semestre

(excetuando o período de defeso), em especial, no mês de junho (Figura

3).

Em parte, tal característica pode ser explicada pelo ciclo de vida da

espécie, que ao longo do litoral Sudeste/Sul tem sido caracterizado, com

poucas variações: a) pela existência de dois períodos reprodutivos anuais,

sendo um principal na primavera e outro secundário no final do verão ou

outono; b) pelo predomínio de indivíduos juvenis nas capturas de verão

e/ou outono e de maiores tamanhos no segundo semestre e; c) por uma

longevidade de aproximadamente 1,5 anos e uma idade de primeira

maturação de cerca de 6 meses (Vieira, 1947; Tremel, 1968; Nascimento

& Poli, 1985; Severino Rodrigues et al., 1993; Nakagaki & Negreiros-

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-13

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.7

Fransozo, 1998; Fransozo et al., 2000; Branco, 2005; Castro et al., 2005;

Natividade, 2006).

A similaridade e a sincronia dos padrões biológicos exibidos pela

espécie ao longo da costa Sudeste/Sul contrariam uma hipótese levantada

pelos pescadores locais de que as quedas nos rendimentos observados

durante o segundo semestre poderiam ser explicadas pela migração do

camarão em direção ao norte. Por outro lado, alguns autores (e. g. Castro

et al., 2005) sugerem que a reprodução (concentrada na primavera) deva

ocorrer em águas mais profundas limitando a disponibilidade do recurso

nos fundos de pesca utilizados pela frota artesanal. Essa hipótese não é

suportada por outros trabalhos que mostram que, mesmo na primavera,

as maiores taxas de captura são encontradas em profundidades rasas

(e.g. Natividade, 2006), ou que fêmeas maturas são capturadas com

freqüência nas áreas de pesca (e. g. Tremel, 1968). Embora esse tema

mereça uma investigação mais aprofundada, de fato, as quedas de

abundância do segundo semestre parecem refletir sobretudo a elevada

mortalidade natural esperada para uma espécie de ciclo de vida

comprovadamente curto, amplificada ainda pela mortalidade por pesca.

A avaliação do estoque do camarão sete-barbas no Sudeste/Sul tem

sido realizada através da aplicação do modelo de produção geral de

Schaefer, ajustado aos desembarques controlados em todos os estados da

região e a dados de esforço (e respectivas CPUEs) obtidos para a frota

industrial de São Paulo. Segundo Valentini et al. (1991), em 1987 a

captura da espécie se encontrava 21% abaixo da máxima sustentável,

indicando um estoque explotado em níveis aceitáveis de captura e esforço.

Porém, na década de 1990 a abundância do recurso e o seu rendimento

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Pág. 5-14 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.7

máximo sustentável diminuiram em 29% e 47,5%, respectivamente,

levando à recomendação de um período de defeso específico para a

espécie (D’Incao et al., 2005). Tal defeso foi instituído recentemente, com

a publicação da Instrução Nomativa Ibama N° 91, de 6 de fevereiro de

2006 que proibiu anualmente a pesca do camarão sete-barbas entre 1o. de

outubro e 31 de dezembro, visando proteger o período reprodutivo da

espécie.

A eficácia dessa medida de manejo depende de que uma quantidade

suficiente de biomassa sobreviva ao longo do ano até atingir, como

biomassa desovante, o período de defeso reprodutivo de primavera. A

comparação entre as biomassas disponíveis estimadas neste trabalho e as

capturas registradas nos respectivos meses indica que os níveis de

remoção praticados pela pesca são extremamente elevados e sofreram um

incremento entre os dois primeiros e os três últimos meses monitorados.

Simulando-se um decaimento simples da biomassa do estoque -

desconsiderando-se crescimento, mortalidade e migração - observa-se

que no cenário de remoção médio praticado em junho de 2004 e janeiro

de 2005 (21,7% ao mês), a biomassa do estoque seria reduzida a menos

de 50% da original em cerca de 3 meses de pesca, chegando a menos de

10% em nove meses (Tabela 7). Esse cenário se agrava com a taxa média

observada em 2005 (34,4% ao mês), já que cinco meses de pesca seriam

suficientes para remover 90% da biomassa disponível na área. Nota-se

que ambos cenários se aproximam do quadro real observado na região,

uma vez que o rendimento médio obtido nos meses de primavera (2,2

kg/h) correspondeu a apenas 13% do registrado no outono (17,08 kg/h)

(Figura 1), e que a pesca do camarão na Baía de Tijucas é caracterizada

por uma temporada de praticamente seis meses de duração.

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-15

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Anexo 5.7

A magnitude dessas taxas de remoção mostra que as comunidades

pesqueiras locais estão fortemente expostas às flutuações de abundância

do estoque relacionadas à intensidade dos recrutamentos anuais, com

óbvios impactos sócio-econômicos. Se a opção pelo defeso recém-adotado

justifica-se pela proteção do estoque-desovante, é porque se assume,

mesmo que implicitamente, a existência de uma relação estoque-

recrutamento para a espécie. Ainda que a existência dessa relação em

invertebrados bentônicos seja um tema controvertido na literatura (e. g.

Jamieson, 1993), há exemplos de pescarias de camarões peneídeos cujo

manejo obteve sucesso a partir da consideração desse processo (e.g.

Caputi et al., 1998). Portanto, partindo-se dessa premissa, pode-se

concluir que níveis excessivos de mortalidade por pesca podem colocar em

xeque a eficácia do defeso ora em vigor, caso a biomassa desovante seja

comprometida pela atividade pesqueira antes do período reprodutivo.

Os resultados desse trabalho abrangem apenas uma pequena (embora

localmente importante) parcela da área de distribuição da espécie, não

sendo necessariamente válidos para outras localidades da região

Sudeste/Sul, com distintos regimes de pesca. Entretanto, dada a

constatação de sobreexplotação do recurso em escala regional (D’Incao et

al., 2002), esses mesmos resultados apontam a necessidade de, pelo

menos, não se incrementar o esforço real de pesca na região, sob pena de

potencializar a capacidade de depleção do estoque, afetar a eficácia do

defeso reprodutivo (ainda que localmente) e reduzir ainda mais os

benefícios econômicos para as comunidades dependentes do camarão-

rosa, em decorrência da sua maior exposição às variações imprevisíveis no

recrutamento.

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Pág. 5-16 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Anexo 5.7

REFERÊNCIAS

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Xiphopenaeus kroyeri (Heller) (Crustacea, Penaeidae), na Armação do

Itapocorói, Penha, Santa Catarina, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia,

22(4): 1050-1062.

Branco, J. O.; Lunardon-Branco, M. J.; Souto, F. X. & Guerra, C. R. 1999.

Estrutura populacional do camarão sete-barbas Xiphopenaeus kroyeri

(Heller, 1862), na foz do rio Itajaí-açú, Itajaí, SC, Brasil. Brazilian Archives

of Biology and Technology, 42(1): 115-126.

Caputi, N.; Penn, J. W.; Joll, L. M. & Chubb, C. F. 1998. Stock-

recruitment-environment relationships for invertebrate species of Western

Australia. In: Jamieson, G.S. and Campbell A. (Eds.) Proceedings of the

North Pacific Symposium on Invertebrate Stock Assessment and

Management. Can. Spec. Publ. Fish. Aquat. Sci. 125:247-255.

Castro, R. H.; Costa, R. C.; Fansozo, A. & Mantellato, F. L. M. 2005.

Population structure of the seabob shrimp Xiphopenaeus kroyeri (Heller,

1862) (Crustacea: Penaeoidea), in the littoral of São Paulo, Brazil. Scientia

Marina, 69(1):105-112.

D’Incao, F.; Valentini, H. & Rodrigues, L. F. 2002. Avaliação da pesca de

camarões nas regiões Sudeste e Sul do Brasil. 1965-1999. Atlântica,

24(2): 103-116.

Fransozo, A.; Costa, R. C.; Pinheiro, M. A. A.; Santos, s. & Mantelatto, F.

L. M. 2000. Juvenile recruitment of the seabob Xiphopenaeus kroyeri

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-17

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.7

(Heller, 1862) (Crustacea: Penaeidae), in the Fortaleza Bay, Ubatuba, SP,

Brazil. Nauplius, 8(2): 179-184.

Hilborn, R. & Walters, C. J. 1992. Quantitative fisheries stock assessment.

Choice, dynamics & uncertainty. Kluwer Academic Publishers, Boston, 570

p.

Jamieson, G. S. 1993. Marine invertebrate conservation: evaluation of

fisheries over-exploitation concerns. Amer. Zool. 33: 551-567.

Krebs, C. J. 1989. Ecological methodology. Harper & Row, Publisher, New

York, 654 p.

Nakagaki, J. M. & Negreiros-Fransozo, M. L. 1998. Population biology of

Xiphopenaeus kroyeri (Heller, 1862) (Decapoda: Penaeidae) from Ubatuba

bay, São Paulo, Brazil. Journal of Shellfish Research, 17(4): 931-935.

Nascimento, P. A. M. & Poli, C. R. 1985. Curva de crescimento do camarão

sete barbas, Xiphopenaeus kroyeri (Heller, 1962), na Baía de Tijucas –

Santa Catarina. Anais do Io. Seminário sobre Ciências do Mar da UFSC –

FPOLIS. V Semana de Pesquisa da UFSC. p. 37-41.

Natividade, C. D. 2006. Estrutura populacional e distribuição do camarão

sete-barbas Xiphopenaeus kroyeri (Heller, 1862 (Decapoda: Penaeidae) no

litoral do Paraná, Brasil. Dissertação de Mestrado. Pós-Graduação em

Ecologia e Conservação, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 76 p.

Santos, E. P.; Neiva, G. S. & Schaeffer, Y. 1968. Dinamica de la poblacion

del camaron “Sete-barbas” Xiphopenaeus kroyeri (Heller) de la Bahia de

Santos. CARPAS/4/Documentos Técnicos, 3: 1-12.

Severino Rodrigues, E.; Pita, J. B.; Graça Lopes, R.; Coelho, J. A. P. &

Puzzi, A. 1993. Aspectos biológicos e pesqueiros do camarão sete-barbas

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Pág. 5-18 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.7

(Xiphopenaeus kroyeri) capturado pela pesca artesanal no litoral do estado

de São Paulo. Boletim do Instituto de Pesca, 19:67-81.

Sparre, P.; Ursin, E. & Venema, S. C. 1989. Introduction to tropical fish

stock assessment. Part 1 – Manual. FAO, Roma. FAO Fisheries Technical

Paper 306/1, 337 p.

Tremel, E. 1968. Recursos camaroneiros da costa de Santa Catarina,

Brasil. Resultados preliminares de pesquisas sobre o camarão sete barbas.

CARPAS/4/Documentos Técnicos, 21: 1-10.

Valentini, H.; D’Incao, F.; Rodrigues, L. F.; Rebelo Neto, J. E. & Domit, L.

G. 1991. Análise da pesca do camarão sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri)

nas regiões Sudeste e Sul do Brasil. Atlântica, 13(1): 171-177.

Vieira, B. B. 1947. Observações sobre a maturação de Xyphopenaeus

kroyeri no litoral de São Paulo. Boletim do Museu Nacional, n.s. Zoologia,

74: 22 p.

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

Pág. 5-19

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Anexo 5.7

TABELAS

Tabela 1. Área (em km2) dos oito pesqueiros (setores) de camarão sete-barbas identificados na Baía de Tijucas.

Setor Área 1 34,91 2 89,25 3 38,13 4 13,59 5 51,28 6 206,26 7 197,07 8 61,51

Tabela 2. Número de viagens utilizadas em cada área de pesca e mês para estimativa de biomassa de camarão sete-barbas disponível à pesca na Baía de Tijucas e respectivas capturas totais estimadas nessas áreas. * as áreas 6 e 7 foram somadas nesse caso.

Período Área Junho 2004 Janeiro 2005 Fevereiro 2005 Junho 2005 Julho 2005

1 6 6 13 3 14 2 101 84 78 140 63 3 11 6 2 - 3 4 27 12 27 98 9 5 6 6 88 35 14 6 - - - 3* - 7 - - - - - 8 24 - 4 34 -

Captura total (kg) 65.949,5 6.094,5 55.158,4 171.483,7 16.694,2 Tabela 3. Valores assumidos para os parâmetros da equação 1 nas estimativas de biomassa do camarão sete-barbas.

Coef.abertura

Veloc. Arrasto

Eficiência

0,6 1,5 0,4 0,65 2 0,5 0,7 2,5 0,6 0,75 0,7 0,8 0,8 0,9 1

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Pág. 5-20 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas

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Anexo 5.7

Tabela 4. Estimativas de biomassa total de camarão sete-barbas para o mês de junho de 2005 e respectivos parâmetros da equação da área varrida.

Coeficiente abertura

Velocidade de arrasto (nós)

Eficiência Biomassa (kg)

IC Inferior (kg)

IC Superior (kg)

0,6 1,5 0,4 655.765,4 238.290,8 1.073.239,9 0,6 1,5 0,5 524.612,3 190.632,6 858.591,9 0,6 2 0,4 491.824,0 178.740,5 804.907,6 0,65 1,5 0,4 605.321,9 219.967,6 990.676,1 0,65 1,5 0,5 484.257,5 175.974,1 792.540,9 0,7 1,5 0,4 562.084,6 204.262,0 919.907,1 0,75 1,5 0,4 524.612,3 190.650,5 858.574,0 0,8 1,5 0,4 491.824,0 178.740,5 804.907,6

Tabela 5. Estimativas de biomassa total do camarão sete-barbas estimadas para os 24 primeiros dias do mês de junho de 2005 na área 2, pelos métodos de depleção e área varrida, neste caso, utilizando-se valores de eficiência de captura iguais a 0,4 e 0,5.

Método Biomassa (kg) IC 95% Inferior (kg)

IC 95% Superior (kg)

Depleção 38.557,3 35.065,1 45.494,7 Área varrida Eficiência 0,4 46.015,1 40.988,1 51.042,1 Eficiência 0,5 36.812,1 31.785,1 41.839,1

Tabela 6. Estimativas de biomassa total (± IC 95%) de camarão sete-barbas estimadas para os meses de junho de 2004 e janeiro, fevereiro, junho e julho de 2005 pelo método da área varrida e respectivos percentuais de remoção pela pesca. Estimativas realizadas utilizando eficiências de captura de 50% e 100%. Valores de biomassa em quilos.

Eficiência 50% Eficiência 100% Biomassa Total IC inf IC sup Biomassa Total IC inf IC sup jun-04 271.281,3209.887,2332.675,4 jun-04135.640,6104.943,6166.337,7jan-05 31.787,5 25.959,2 37.615,8 jan-05 15.893,8 12.979,6 18.807,9fev-05 159.690,8111.642,0207.739,6 fev-05 79.845,4 55.821,0103.869,8jun-05 484.257,5175.974,1792.540,9 jun-05242.128,7 87.987,1396.270,4jul-05 50.207,6 43.491,0 56.924,3 jul-05 25.103,8 21.745,5 28.462,2

Remoção Remoção jun-04 24,31% 31,42% 19,82% jun-04 48,62% 62,84% 39,65%jan-05 19,17% 23,48% 16,20% jan-05 38,35% 46,95% 32,40%fev-05 34,54% 49,41% 26,55% fev-05 69,08% 98,81% 53,10%jun-05 35,41% 97,45% 21,64% jun-05 70,82% 194,90% 43,27%jul-05 33,25% 38,39% 29,33% jul-05 66,50% 76,77% 58,65%

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

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Anexo 5.7

Tabela 7. Decaimento da biomassa do camarão sete-barbas na Baía de Tijucas ao longo de 12 meses, em dois cenários distintos representados por taxas de remoção mensais pela pesca de 21,7% e de 34,4%. Os cálculos desconsideram crescimento, mortalidade natural e migração e os valores de biomassa estão representados como porcentagem do valor inicial.

tempo Biomassa restante (%)

(meses) Taxa de 21,7% ao

mês Taxa de 34,4% ao

mês

1 78,3 65,6 2 61,3 43,0 3 48,0 28,2 4 37,6 18,5 5 29,4 12,1 6 23,0 8,0 7 18,0 5,2 8 14,1 3,4 9 11,1 2,2 10 8,7 1,5 11 6,8 1,0 12 5,3 0,6

FIGURAS

Figura 1. Produção mensal controlada (linha contínua) e rendimentos médios (linha tracejada) na pesca do camarão sete-barbas, na área e período de estudo.

0255075

100125

150175200225250

jun/

04

jul/0

4

ago/04

set/0

4

out/0

4

nov/04

dez/04

jan/

05

fev/05

mar

/05

abr/0

5

mai/0

5

jun/

05

jul/0

5

ago/05

mês/ano

pro

du

ção

(t)

0

5

10

15

20

25

ren

dim

en

to (

kg

/h)

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Anexo 5.7

Ut = 16,127 - 0,0004K t-1

R2 = 0,5312

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

0 10000 20000 30000 40000

K t+1 (kg)

U (

kh

/h)

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

Biomassa (kg)

0

80

160

240

320

400

Fre

quê

ncia

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

proporção de escape

0

50

100

150

200

250

Fre

quê

ncia

Figura 2. Resultados do experimento de depleção aplicado ao camarão sete-barbas nos 24 primeiros dias do mês de junho de 2005, na subárea 2. Regressão ajustada entre Ut e Kt-1 (superior). Distribuição das estimativas de biomassa inicial (meio) e percentuais de escape (inferior) obtidas nas 500 simulações realizadas pelo procedimento de Monte Carlo.

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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5

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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003

Anexo 5.7

Figura 3. Médias mensais da produção controlada (desembarques) de camarão sete-barbas nos estados de São Paulo e Santa Catarina. No primeiro caso, os dados referem-se ao período de 1998 a 2005, englobando tanto a pesca industrial como artesanal. No segundo caso, inclui apenas a pesca industrial monitorada entre os anos de 2001 e 2006. Fontes: Instituto de Pesca – APTA – SAA – SP (www.pesca.sp.gov.br) e GEP/CTTMar/UNIVALI (www.univali.br/gep). Valores em toneladas.

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São Paulo Santa Catarina