e dissertaÇÃo de mestrado
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química
DDIISSSSEERRTTAAÇÇÃÃOO DDEE MMEESSTTRRAADDOO
EEQQUUIILLÍÍBBRRIIOO LLÍÍQQUUIIDDOO--LLÍÍQQUUIIDDOO AAPPLLIICCAADDOO
ÀÀ SSEEPPAARRAAÇÇÃÃOO BBIIOODDIIEESSEELL//GGLLIICCEERROOLL
AAnnaa CCaarroolliinnaa ddee SSoouussaa MMaaiiaa
Recife/PE Agosto/2010
PPEQ - Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química CEP. 50740-521 – Cidade Universitária- Recife - PE Telefaxs: 0-xx-81- 21267289
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E
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Nº 143
EQUILÍBRIO LÍQUIDO-LÍQUIDO APLICADO À
SEPARAÇÃO BIODIESEL/GLICEROL
ANA CAROLINA DE SOUSA MAIA
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Engenharia Química da
Universidade Federal de Pernambuco, como
requisito necessário a obtenção do título de mestre
em Engenharia Química.
Área de Concentração: Processos Químicos Industriais
Orientador: Prof. Dr. Luiz Stragevitch
Recife – PE
Agosto, 2010
ii
Catalogação na fonte Bibliotecária Rosineide Mesquita Gonçalves Luz / CRB4-1361 (BCTG)
M217e Maia, Ana Carolina de Sousa.
Equilíbrio Líquido-Líquido aplicado à separação Biodiesel/Glicerol / Ana Carolina de Sousa Maia. - Recife: O Autor, 2010.
xvii,102, il., figs., gráfs.; tabs. Orientador : Prof. Dr. Luiz Stragevitch.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Pernambuco. CTG. Programa de Pós Graduação em Engenharia Química, 2010.
Inclui Referências Bibliográficas e Apêndices. 1.Engenharia Química. 2. Biodiesel. 3.Equilíbrio
Líquido-Líquido. 4. UNIFAC. I. Stragevitch, Luiz. II. Título.
660.2 CDD (22.ed) UFPE/BCTG-094/2011
i
ii
Aos meus pais, Manoel e Suely e às minhas irmãs Manoela e Maria Celeste
iii
“Não, não pares. É graça divina começar bem.
Graça maior, persistir na caminhada certa, manter o ritmo... Mas a graças das graças é não desistir, podendo ou não podendo, caindo,
embora aos pedaços, chegar até o fim”.
(Dom Helder Câmara)
“Depois de um tempo, você aprende que realmente pode suportar... Que realmente é forte e que pode ir muito mais longe...
Depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor
E que você tem valor diante da vida.”
(Willian Shakespeare)
iv
AGRADECIMENTOS
Primeiramente e acima de tudo a Deus. Sem Deus nada tem ou faz sentido.
Agradeço a Ele por tudo que me aconteceu durante toda minha vida. Situações que passei para que pudesse me tornar a pessoa que sou hoje. Às alegrias e tristezas, conquistas e fracassos, surpresas e decepções, tudo agradeço a Ele. Deus é o maior responsável por tudo isto.
À minha mãe, Suely, pelo exemplo mais lindo de honestidade, esforço, esperança e amor que alguém pode ter em sua vida. Pelos sacrifícios, abdicações e esforço para que eu pudesse chegar aonde cheguei. Por cada sim e por cada não dado ao longo de minha vida. Por me mostrar que os sentimentos são as coisas mais importantes na vida de uma pessoa. Por ela ser exatamente como ela é. Tudo o que fui, o que sou e o que um dia eu hei de ser, eu devo a minha mãe. Mainha, muito obrigada!
Ao meu pai, Manoel, e às minhas irmãs Mana e Celeste, pelo amor, carinho, dedicação, paciência, amizade e incentivo ao longo da minha vida. Não chegaria aonde cheguei sem o apoio de vocês. Vocês são o fundamento e a razão da minha vida, “meu abrir de olhos no amanhecer”. Amo vocês!
À Josemar pela paciência, incentivo, amizade, carinho, dedicação e pelo amor, demonstrado silenciosamente em cada gesto.
A três pessoas especiais que perdi durante meu mestrado: minha querida Tia Lela que durante tantos anos dedicou sua atenção a mim e às minhas irmãs, falando sempre com orgulho das “sobrinhas” que tanto amava. Apesar de infelizmente não poder presenciar essa conquista onde quer que ela esteja tenho certeza que está em júbilo. E à minha Tia Teca e sua filha Zélia que me mostraram através do seu modo de vida que servir aos outros é uma das formas mais grandiosas de se viver.
A todos os meus familiares que sempre vibraram comigo desde o momento que entrei na Universidade e vibram até hoje. Aos incentivos, torcidas e carinho demonstrados ao longo desses anos. Obrigada por tudo, vocês são parte de tudo isso.
Aos meus amigos, Luciana Mendes, Viviane Fonseca, Jonathan Teixeira, Léa Zaidan, Paulo Fernandes, Iury Silva, Cláudio Vicente, Suzana Lima e Luciana Fontes verdadeiros amigos, que me ajudaram a sempre seguir em frente e a não desistir dos meus sonhos mesmo quando esses pareciam tão longes. Mostram-me que realmente os amigos são irmãos que nos permitiram escolher e que laços como os nossos são pra toda vida. Amo vocês!
Ao Professor Luiz Stragevitch, pela orientação, oportunidade e pela confiança no meu trabalho.
À Paulo Fernandes, “Paulinho”, pela dedicação, apoio e amizade. Por cada sábado, domingo e feriado dedicados a este trabalho. Tenha certeza de que sem sua ajuda não teria chegado aqui.
À Iury Silva, aluno de iniciação científica que trabalhou comigo no projeto da nova célula de equilíbrio e na realização das modelagens termodinâmicas. Que mesmo
v
nos meses em que esteve na Suécia não deixou de estar “presente”. E que mais do que isso, me presenteou com sua amizade e companheirismo.
À Fabrícia Liz, minha “professora” de cromatografia, fundamental para conclusão deste trabalho. Muito obrigada Fabrícia!
A todos os colegas do Laboratório de Combustíveis da UFPE pela amizade, companhia e divertimento. Sem eles os dias não seriam tão alegres. Em especial a Ismália Melo que me ajudou muito na realização desse trabalho e que por muitas vezes me fez rir quando minha vontade era de chorar.
À James Melo, do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (CETENE), pelo biodiesel metílico de algodão e pelo óleo de algodão refinado.
Ao Professor José Geraldo de Andrade Pacheco que cedeu o espaço físico de seu laboratório assim como reagentes e padrões todas as vezes que precisei. Ao pessoal de seu laboratório, o Laboratório de Tecnologias Limpas (LaTecLim) em especial à Alianda Dantas, sempre tão prestativa e atenciosa.
Ao Programa de Pós Graduação em Engenharia Química da UFPE.
Aos professores da Pós Graduação em Engenharia Química pelo conhecimento transmitido ao longo deste mestrado.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Ensino Superior, CAPES, pela bolsa concedida.
E a todos aqueles que foram testemunhas oculares de minhas alegrias e angústias (e haja angústia!) durante o desenvolvimento deste trabalho, que se disponibilizaram a me ajudar quando viam minha tristeza e as lágrimas em meus olhos, que me fizeram rir compartilhando de bons momentos e que me fizeram acreditar que eu era capaz mesmo quando eu não acreditei que era.
A todos vocês que me mostraram que o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida os meus sinceros agradecimentos.
Muito obrigada a todos!
vi
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... viii
LISTA DE TABELAS ................................................................................................... xii
NOMENCLATURA ...................................................................................................... xiv
RESUMO ...................................................................................................................... xvi
ABSTRACT ................................................................................................................. xvii
1. Introdução ..................................................................................................................... 1
2. Objetivos ....................................................................................................................... 4
3. Revisão Bibliográfica ................................................................................................... 5
3.1 Biodiesel ................................................................................................................. 5
3.1.1 Fontes .............................................................................................................. 9
3.1.1.1 Algodão .................................................................................................. 14
3.2 Equilíbrio Termodinâmico ................................................................................... 14
3.2.1 Critérios de Equilíbrio ................................................................................... 15
3.2.2 Equilíbrio Líquido-Líquido (ELL) ................................................................ 16
3.2.3 Sistemas Ternários e Diagramas Triangulares .............................................. 19
3.2.4 Coeficiente de Distribuição ........................................................................... 23
3.3 Modelagem Termodinâmica ................................................................................. 24
3.3.1 NRTL ............................................................................................................. 25
3.3.2 UNIQUAC ..................................................................................................... 26
3.3.3 ASOG ............................................................................................................ 28
3.3.4 UNIFAC ........................................................................................................ 30
3.3.5 UNIFAC – Modificado (Dortmund) ............................................................. 33
4. Metodologia ................................................................................................................ 35
4.1 Materiais e Equipamentos .................................................................................... 35
4.1.1 Reagentes ....................................................................................................... 35
4.1.2 Planta Piloto de Produção de Biodiesel ......................................................... 35
4.1.3 Sistema Experimental para Medição dos Dados de ELL .............................. 37
4.1.4 Equipamentos ................................................................................................ 39
4.2 Procedimento Experimental ................................................................................. 41
4.2.1 Biodiesel Metílico de Algodão ...................................................................... 41
4.2.2 Produção do Biodiesel Etílico de Algodão .................................................... 41
4.2.3 Projeto da Célula de Equilíbrio ..................................................................... 42
vii
4.2.4 Medição Experimental dos Dados de Equilíbrio Líquido-Líquido ............... 44
4.2.5 Análise Cromatográfica ................................................................................. 46
4.2.6 Predição do Equilíbrio Termodinâmico ........................................................ 47
5. Resultados e Discussão ............................................................................................... 49
5.1 Caracterização do Biodiesel ................................................................................. 49
5.2 Dados de Equilíbrio Líquido-Líquido .................................................................. 50
5.3 Diagramas de Equilíbrio Líquido-Líquido ........................................................... 53
5.3.1 Sistema Ésteres Metílicos/Metanol/Glicerol ................................................. 53
5.3.2 Sistema Ésteres Etílicos/Etanol/Glicerol ....................................................... 56
5.4 Coeficiente de Distribuição do Álcool ................................................................. 61
5.5 Predição do Equilíbrio Líquido-Líquido .............................................................. 63
5.4.1 Sistema Ésteres Metílicos/Metanol/Glicerol ................................................. 66
5.4.2 Sistema Ésteres Etílicos/Etanol/Glicerol ....................................................... 76
6. Conclusões .................................................................................................................. 86
7. Propostas Futuras ........................................................................................................ 87
8. Referências Bibliográficas .......................................................................................... 88
APÊNDICES .................................................................................................................. 92
APÊNDICE I .............................................................................................................. 93
APÊNDICE II ............................................................................................................. 96
APÊNDICE III ........................................................................................................... 99
APÊNDICE IV ......................................................................................................... 102
viii
LISTA DE FIGURAS Figura 01: Alcoólise na produção de biodiesel. ............................................................... 6
Figura 02: Reações envolvidas na transesterificação de triglicerídeos: (i) Formação do
diacilglicerol; (ii) Formação do monoglicerol e (iii) Formação do glicerol (SUAREZ et
al., 2007). .......................................................................................................................... 6
Figura 03: Diagrama triangular ...................................................................................... 20
Figura 04: Sistema do Tipo 1 – Curva binodal e tie lines. ............................................. 21
Figura 05: Efeito da temperatura nos equilíbrios ternários (TREYBAL, 1991). ........... 22
Figura 06: Exemplo de um sistema do Tipo 2 – Curva binodal e tie lines. .................... 23
Figura 07: Planta piloto para produção de biodiesel do Laboratório de Combustíveis da
UFPE .............................................................................................................................. 36
Figura 08: Esquema do processo de produção de biodiesel na planta piloto do
Laboratório de Combustíveis da UFPE .......................................................................... 37
Figura 09: Célula de equilíbrio líquido-líquido .............................................................. 38
Figura 10: Agitador mecânico (a) e banho termostático (b). .......................................... 38
Figura 11: Sistema para medição dos dados de equilíbrio líquido-líquido .................... 39
Figura 12: Cromatógrafo à Gás. ..................................................................................... 40
Figura 13: Densímetro digital Anton Paar DMA 4500 .................................................. 40
Figura 14: Balança analítica (a) e balança semi-analítica (b). ........................................ 40
Figura 15: Célula de ELL de Stragevitch. ...................................................................... 44
Figura 16: Nova célula de ELL ...................................................................................... 44
Figura 17: Gráfico Othmer-Tobias para o sistema FAME/Metanol/Glicerol à 30,45 e
60°C. ............................................................................................................................... 52
Figura 18: Gráfico Othmer-Tobias para o sistema FAEE/Etanol/Glicerol à 30, 45 e 60°C
........................................................................................................................................ 52
Figura 19: Equilíbrio líquido – líquido ésteres metílicos/metanol/glicerol a 30°C. ....... 54
Figura 20: Equilíbrio líquido – líquido ésteres metílicos/metanol/glicerol a 45°C. ....... 54
Figura 21: Equilíbrio líquido – líquido ésteres metílicos/metanol/glicerol a 60°C. ....... 55
Figura 22: Efeito da temperatura nos diagramas de ELL dos sistemas ésteres
metílicos/metanol/glicerol. ............................................................................................. 56
Figura 23: Equilíbrio líquido – líquido ésteres etílicos/etanol/glicerol a 30°C. ............. 57
Figura 24: Equilíbrio líquido – líquido ésteres etílicos/etanol/glicerol a 45°C. ............. 57
ix
Figura 25: Equilíbrio líquido – líquido ésteres etílicos/etanol/glicerol a 60°C. ............. 58
Figura 26: Comparação dos diagramas de ELL para o sistema metílico e etílico a 30°C.
........................................................................................................................................ 59
Figura 27: Comparação dos diagramas de ELL para o sistema metílico e etílico a 45°C.
........................................................................................................................................ 59
Figura 28: Comparação dos diagramas de ELL para o sistema metílico e etílico a 60°C.
........................................................................................................................................ 60
Figura 29: Efeito da temperatura nos diagramas de ELL dos sistemas ésteres
etílicos/etanol/glicerol. ................................................................................................... 61
Figura 30: Coeficiente de distribuição para o metanol e etanol na fase glicerol a 30, 45 e
60°C. ............................................................................................................................... 62
Figura 31: Estrutura molecular do linoleato de metila (a) e do linoleato de etila (b). .... 64
Figura 32: Estrutura do glicerol ...................................................................................... 64
Figura 33: Representação da estrutura do glicerol levando em consideração os grupos
OH (a) e DOH (b). .......................................................................................................... 65
Figura 34: Diagrama ternário para o FAME/Metanol/Glicerol a 30°C. Comparação com
a predição utilizando o modelo UNIFAC e o grupo OH. ............................................... 69
Figura 35: Diagrama ternário para o FAME/Metanol/Glicerol a 30°C. Comparação com
predição utilizando o modelo UNIFAC e o grupo DOH. ............................................... 69
Figura 36: Diagrama ternário para o FAME/Metanol/Glicerol a 30°C. Comparação com
a predição utilizando o modelo UNIFAC-Dortmund e o grupo OH. ............................. 70
Figura 37: Diagrama ternário para o FAME/Metanol/Glicerol a 30°C. Comparação com
a predição utilizando o modelo UNIFAC-Dortmund e o grupo DOH. .......................... 70
Figura 38: Diagrama ternário para o FAME/Metanol/Glicerol a 45°C. Comparação com
a predição utilizando o modelo UNIFAC e o grupo OH. ............................................... 71
Figura 39: Diagrama ternário para o FAME/Metanol/Glicerol a 45°C. Comparação com
a predição utilizando o modelo UNIFAC e o grupo DOH. ............................................ 71
Figura 40: Diagrama ternário para o FAME/Metanol/Glicerol a 45°C. Comparação com
a predição utilizando o modelo UNIFAC-Dortmund e o grupo OH. ............................. 72
Figura 41: Diagrama ternário para o FAME/Metanol/Glicerol a 45°C. Comparação com
a predição utilizando o modelo UNIFAC-Dortmund e o grupo DOH. .......................... 72
Figura 42: Diagrama ternário para o FAME/Metanol/Glicerol a 60°C. Comparação com
a predição utilizando o modelo UNIFAC e o grupo OH. ............................................... 73
x
Figura 43: Diagrama ternário para o FAME/Metanol/Glicerol a 60°C. Comparação com
a predição utilizando o modelo UNIFAC e o grupo DOH. ............................................ 73
Figura 44: Diagrama ternário para o FAME/Metanol/Glicerol a 60°C. Comparação com
a predição utilizando o modelo UNIFAC-Dortmund e o grupo OH. ............................. 74
Figura 45: Diagrama ternário para o FAME/Metanol/Glicerol a 60°C. Comparação com
a predição utilizando o modelo UNIFAC-Dortmund e o grupo DOH. .......................... 74
Figura 46: Comparação entre a predição utilizando o modelo UNIFAC e UNIFAC-
Dortmund com o grupo OH para o sistema FAME/Metanol/Glicerol a 30°C. .............. 75
Figura 47: Comparação entre a predição utilizando o modelo UNIFAC e UNIFAC-
Dortmund com o grupo DOH para o sistema FAME/Metanol/Glicerol a 30°C. ........... 75
Figura 48: Diagrama ternário para o FAEE/Etanol/Glicerol a 30°C. Comparação com a
predição utilizando o modelo UNIFAC e o grupo OH. .................................................. 78
Figura 49: Diagrama ternário para o FAEE/Etanol/Glicerol a 30°C. Comparação com a
predição utilizando o modelo UNIFAC e o grupo DOH. ............................................... 78
Figura 50: Diagrama ternário para o FAEE/Etanol/Glicerol a 30°C. Comparação com a
predição utilizando o modelo UNIFAC-Dortmund e o grupo OH. ................................ 79
Figura 51: Diagrama ternário para o FAEE/Etanol/Glicerol a 30°C. Comparação com a
predição utilizando o modelo UNIFAC-Dortmund e o grupo DOH. ............................. 79
Figura 52: Diagrama ternário para o FAEE/Etanol/Glicerol a 45°C. Comparação com a
predição utilizando o modelo UNIFAC e o grupo OH. .................................................. 80
Figura 53: Diagrama ternário para o FAEE/Etanol/Glicerol a 45°C. Comparação com a
predição utilizando o modelo UNIFAC e o grupo DOH. ............................................... 80
Figura 54: Diagrama ternário para o FAEE/Etanol/Glicerol a 45°C. Comparação com a
predição utilizando o modelo UNIFAC-Dortmund e o grupo OH. ................................ 81
Figura 55: Diagrama ternário para o FAEE/Etanol/Glicerol a 45°C. Comparação com a
predição utilizando o modelo UNIFAC-Dortmund e o grupo DOH. ............................. 81
Figura 56: Diagrama ternário para o FAEE/Etanol/Glicerol a 60°C. Comparação com a
predição utilizando o modelo UNIFAC e o grupo OH. .................................................. 82
Figura 57: Diagrama ternário para o FAEE/Etanol/Glicerol a 60°C. Comparação com a
predição utilizando o modelo UNIFAC e o grupo DOH. ............................................... 82
Figura 58: Diagrama ternário para o FAEE/Etanol/Glicerol a 60°C. Comparação com a
predição utilizando o modelo UNIFAC-Dortmund e o grupo OH. ................................ 83
Figura 59: Diagrama ternário para o FAEE/Etanol/Glicerol a 60°C. Comparação com a
predição utilizando o modelo UNIFAC-Dortmund e o grupo DOH. ............................. 83
xi
Figura 60: Comparação entre a predição utilizando o modelo UNIFAC e UNIFAC-
Dortmund com o grupo OH para o sistema FAEE/Etanol/Glicerol a 30°C. .................. 84
Figura 61: Comparação entre a predição utilizando o modelo UNIFAC e UNIFAC-
Dortmund com o grupo DOH para o sistema FAEE/Etanol/Glicerol a 30°C. ............... 84
Figura 62: Equilíbrio líquido – líquido ésteres metílicos/metanol/glicerol a 30°C em
base molar ....................................................................................................................... 99
Figura 63: Equilíbrio líquido – líquido ésteres metílicos/metanol/glicerol a 45°C em
base molar. ...................................................................................................................... 99
Figura 64: Equilíbrio líquido – líquido ésteres metílicos/metanol/glicerol a 60°C em
base molar. .................................................................................................................... 100
Figura 65: Equilíbrio líquido – líquido ésteres etílicos/etanol/glicerol a 30°C em base
molar. ............................................................................................................................ 100
Figura 66: Equilíbrio líquido – líquido ésteres etílicos/etanol/glicerol a 45°C em base
molar. ............................................................................................................................ 101
Figura 67: Equilíbrio líquido – líquido ésteres etílicos/etanol/glicerol a 60°C em base
molar. ............................................................................................................................ 101
Figura 68: Dimensões da célula de ELL. ..................................................................... 102
xii
LISTA DE TABELAS Tabela 01: Ácidos graxos presentes nos óleos vegetais. ................................................ 10
Tabela 02: Plantas oleaginosas disponíveis no território nacional para produção de
biodiesel (CÂMARA, 2006)........................................................................................... 13
Tabela 03: Composição percentual de ácidos graxos das oleaginosas (REZENDE et al.,
2006). .............................................................................................................................. 13
Tabela 04: Reagentes utilizados ..................................................................................... 35
Tabela 05: Condições experimentais para produção do biodiesel de algodão. .............. 41
Tabela 06: Teor de éster do biodiesel metílico e do biodiesel etílico de algodão. ......... 49
Tabela 07: Concentração dos ésteres metílicos presentes no biodiesel metílico de
algodão. .......................................................................................................................... 49
Tabela 08: Concentração dos ésteres etílicos presentes no biodiesel etílico de algodão.50
Tabela 09: Massa específica dos componentes dos sistemas ternários. ......................... 50
Tabela 10: Valor do R2 para os gráficos de Othmer-Tobias .......................................... 53
Tabela 11: Representação do glicerol com dois grupos principais distintos .................. 64
Tabela 12: Valores de Rk e Qk para o novo subgrupo para representação do Glicerol no
método UNIFAC ............................................................................................................ 65
Tabela 13: Valores de Rk e Qk para o novo subgrupo para representação do Glicerol no
método UNIFAC-Dortmund .......................................................................................... 65
Tabela 14: Distribuição dos grupos para os métodos UNIFAC e UNIFAC-Dortmund. 66
Tabela 15: Desvio na composição das fases (∆w%) utilizando o modelo UNIFAC para
o sistema metílico ........................................................................................................... 66
Tabela 16: Desvio na composição das fases (∆w%) utilizando o modelo UNIFAC-
Dortmund para o sistema metílico .................................................................................. 67
Tabela 17: Desvio na composição das fases (∆w%) utilizando o modelo UNIFAC para
o sistema etílico. ............................................................................................................. 76
Tabela 18: Desvio na composição das fases (∆w%) utilizando o modelo UNIFAC-
Dortmund para o sistema etílico. .................................................................................... 76
Tabela 19: Dados de ELL a 30°C para o Sistema Metílico - Éster(1) / MeOH(2) /
Glicerol(3) ...................................................................................................................... 93
Tabela 20: Dados de ELL a 45°C para o Sistema Metílico - Éster(1) / MeOH(2) /
Glicerol(3) ...................................................................................................................... 93
xiii
Tabela 21: Dados de ELL a 60°C para o Sistema Metílico - Éster(1) / MeOH(2) /
Glicerol(3) ...................................................................................................................... 94
Tabela 22: Dados de ELL a 30°C para o Sistema Etílico - Éster(1) / EtOH(2) /
Glicerol(3) ...................................................................................................................... 94
Tabela 23: Dados de ELL a 45°C para o Sistema Etílico - Éster(1) / EtOH(2) /
Glicerol(3) ...................................................................................................................... 95
Tabela 24: Dados de ELL a 60°C para o Sistema Etílico - Éster(1) / EtOH(2) /
Glicerol(3) ...................................................................................................................... 95
Tabela 25: Dados de ELL a 30°C para o Sistema Metílico - Éster(1) / MeOH(2) /
Glicerol(3) – Frações Molares ........................................................................................ 96
Tabela 26: Dados de ELL a 45°C para o Sistema Metílico - Éster(1) / MeOH(2) /
Glicerol(3) – Frações Molares ........................................................................................ 96
Tabela 27: Dados de ELL a 60°C para o Sistema Metílico - Éster(1) / MeOH(2) /
Glicerol(3) – Frações Molares ........................................................................................ 97
Tabela 28: Dados de ELL a 30°C para o Sistema Etílico - Éster(1) / EtOH(2) /
Glicerol(3) – Frações Molares ........................................................................................ 97
Tabela 29: Dados de ELL a 45°C para o Sistema Etílico - Éster(1) / EtOH(2) /
Glicerol(3) – Frações Molares ........................................................................................ 98
Tabela 30: Dados de ELL a 60°C para o Sistema Etílico - Éster(1) / EtOH(2) /
Glicerol(3) – Frações Molares ........................................................................................ 98
xiv
NOMENCLATURA Awk Área das superfícies de van der Waals
f Coeficiente de fugacidade do componente i puro
G Energia livre de Gibbs
K Coeficiente de distribuição
M Massa molar
P Pressão
R Constante universal dos gases ideais
Rk, Ri Parâmetros de volume de grupo
Qk, Qi Parâmetros de área de grupo
T Temperatura
Vwk Volume de van der Waals
x Fração molar
w Fração mássica
z Número de coordenação
K Coeficiente de distribuição
Äg Energia de interação entre as moléculas
q Parâmetro de área superficial da espécie
r Parâmetro de volume da espécie
u Média da energia de interação
Xm Fração molar do grupo m na mistura
U Média da energia de interação
a Parâmetro de interação de grupo
TL Tie Line
Letras gregas
ãi Coeficiente de atividade do componente i
µ Potencial químico
θi Fração de área da espécie i
Èm Fração de área do grupo m
xv
Ønm Parâmetro de interação energéticas entre os grupos m e n
á Parâmetro de não-aleatoriedade (modelo NRTL)
Ö Fração de área
í Número de interações dos grupos
à Coeficiente de atividade
Sobrescrito
C Combinatorial
R Residual
exp Valor experimental
calc Valor calculado
I,II Fases em equilíbrio
S Tamanho (do inglês Size)
G Grupo de interação (do inglês Group interaction, modelo ASOG)
* Estado padrão
Subscritos
i Componente i
j Componente j
k Grupo particular da molécula
1,2 Componentes
Siglas
FAME – Ésteres Metílicos de Ácidos Graxos (do inglês Fatty Acids Methyl Esthers)
FAEE – Ésteres Etílicos de Ácidos Graxos (do inglês Fatty Acids Ethyl Esthers)
ELL – Equilíbrio Líquido-Líquido
ELLV – Equilíbrio Líquido-Líquido-Vapor
NRTL – do inglês Non-Random Two-Liquid
UNIQUAC – do inglês Universal Quasichemical
ASOG – do inglês Analytical Solution of Groups
UNIFAC – do inglês UNIQUAC Functional-group Activity Coefficient
CETENE – Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste
xvi
RESUMO O Biodiesel é um combustível renovável que surge como alternativa ao diesel e pode ser
obtido a partir de fontes naturais como os óleos vegetais e as gorduras animais. Este
combustível é biodegradável e não tóxico além de apresentar baixas emissões de
poluentes quando comparado ao diesel. A produção do biodiesel pode ser feita a partir
de uma reação de transesterificação ou alcoólise, na qual triacilgliceróis reagem com
álcoois de cadeia curta produzindo ésteres de ácidos graxos (biodiesel) e glicerol. Os
álcoois mais utilizados para obtenção dos ésteres são o metanol e o etanol e, para
aumentar a conversão da reação de obtenção do biodiesel, esses álcoois são utilizados
em excesso. Assim, como os ésteres de ácidos graxos e o glicerol são parcialmente
miscíveis, durante a separação destes produtos, há a formação de duas fases líquidas,
uma rica em ésteres e a outra em glicerol com o álcool residual distribuído entre as duas
fases. As duas fases co-existentes atingem um estado de equilíbrio e a determinação dos
dados do equilíbrio líquido-líquido (ELL) é fundamental para simulação e otimização
da etapa de separação dos produtos formados. Neste trabalho foram medidos
experimentalmente dados de ELL para sistemas pseudo- ternários de ésteres metílicos
de ácido graxo (FAME)/metanol/glicerol e ésteres etílicos de ácido graxo
(FAEE)/etanol/glicerol a 30, 45 e 60°C. O biodiesel utilizado neste trabalho foi
produzido pela transesterificação do óleo de algodão. Os dados experimentais medidos
mostraram, como esperado, que os álcoois distribuem-se predominantemente na fase
glicerol. Aumento da fração de álcool na fase rica em éster é observado com o aumento
da temperatura. Além disso, a fração de etanol na fase rica em éster é maior do que a
fração de metanol nesta mesma fase. A partir dos dados experimentais medidos,
predições do ELL foram realizadas pelo uso dos modelos UNIFAC e UNIFAC-
Dortmund. Os desvios entre os dados experimentais e calculados mostraram que estes
modelos não conseguiram predizer satisfatoriamente toda a região heterogênea dos
sistemas estudados, porém, para regiões mais distantes da região de solubilidade
(regiões contendo menos de 30% de álcool na mistura) os modelos aplicados predizem
com boa aproximação os dados de ELL.
Palavras-Chave: Biodiesel, Equilíbrio Líquido-Líquido, UNIFAC
xvii
ABSTRACT Biodiesel is a renewable fuel that is an alternative to diesel and can be produced from
natural sources like vegetables oils and animal fats. This fuel is biodegradable, nontoxic
and presents low pollutant emissions when compared to diesel. The biodiesel
production can be achieved through a transesterification reaction or alcoholysis, where
triacylglycerols react with short chain alcohols producing fat acids esters (biodiesel) and
glycerol. The most used alcohols to obtain esters are methanol and ethanol and, to
improve the reaction conversion, these alcohols are used in excess. Thus, due to the fact
that fat acids esters and glycerol are partially miscible, there is the formation of two
liquid phases during the separation of the products, one rich in esters and the other in
glycerol with the residual alcohol distributed between both phases. The two co-existents
phases co-existents achieve an equilibrium state and the determination of liquid-liquid
equilibrium (LLE) data is fundamental to simulate and optimize the separation of the
products. In this work experimentally LLE data for pseudo ternary systems from fat
acids methyl esters (FAME)/methanol/glycerol and fat acids ethyl esters
(FAEE)/ethanol/glycerol at 30, 45 and 60°C were measured. The biodiesel used in this
work as produced by the transesterification of cottonseed oil. The measured
experimental data showed, like expected, that the alcohols are distributed predominantly
in the glycerol phase. The increase of alcohol fraction in the ester rich phase was
observed with increasing temperature. Also, the fraction of ethanol in the ester rich
phase is higher than the fraction of methanol in this phase. From measured experimental
data, LLE predictions were accomplished by the use of the models UNIFAC and
UNIFAC-Dortmund. The deviations among the experimental and calculated data
showed that these models were not able to predict satisfactorily all heterogeneous area
of the studied systems. However, the applied models were able to predict the LLE with
good accuracy at conditions distant from the solubility region (regions with less than
30% alcohol in the mix).
Keywords: Biodiesel, Liquid-Liquid Equilibrium, UNIFAC
Maia, A.C.S. Introdução
1
1. Introdução
Diante da irreversível redução das reservas de petróleo e da crescente emissão de
poluentes, vários países (governos) e corporações começaram a investir em pesquisas
buscando novas fontes de energia que possam substituir parcial ou por completo os
combustíveis tradicionais e que possam amenizar os impactos ambientais provenientes
do uso difundido dos mesmos nas décadas passadas (COSTA, 2005).
Nesse universo, o biodiesel surgiu como uma alternativa para diminuição da
dependência dos derivados de petróleo e diminuição da emissão de gases poluentes
como CO, NOx e SOx. Trata-se de um combustível renovável, biodegradável, não
tóxico, e que produz menos partículas, fumaça e monóxido de carbono (LUCENA et al.,
2008). Os óleos vegetais e as gorduras animais são as principais fontes que podem ser
empregadas na produção de biodiesel (PINTO et al., 2005).
No Brasil, A Lei nº 11.097, publicada em 13 de janeiro de 2005 (ANP, 2010),
introduziu o biodiesel na matriz energética brasileira. A Agência Nacional de Petróleo,
Gás Natural e Biocombustíveis, ANP, é responsável pela comercialização e controle de
qualidade do biodiesel no Brasil. Desde 1º de janeiro de 2010, o óleo diesel
comercializado em todo o Brasil contém a adição obrigatória de 5% de biodiesel.
A adição do biodiesel ao diesel mineral é uma alternativa economicamente
viável para o Brasil já que há o elevado consumo do óleo diesel no País, tendo-se em
vista que o modelo de transportes brasileiro é predominantemente rodoviário. Além
disso, o uso do biodiesel associado ao óleo diesel amplia o mercado das oleaginosas,
favorecendo o desenvolvimento da agricultura familiar.
O biodiesel utilizado nas misturas com o óleo diesel mineral, é comumente
produzido por meio de uma reação química denominada transesterificação ou alcoólise.
A transesterificação é uma reação química entre triacilgliceróis e álcoois na presença de
um catalisador. Consiste em uma sucessão de três reações reversíveis nas quais um mol
Maia, A.C.S. Introdução
2
de triacilglicerol é convertido a um diacilglicerol, que posteriormente é convertido a um
monoacilglicerol seguido pela conversão deste último a glicerol. Em cada etapa desta
reação um mol de éster é produzido e assim, no final da reação, para cada mol de
triacilglicerol presente no óleo vegetal ou gordura animal que for completamente
convertido, serão produzidos três mols de éster e um mol de glicerol (SHARMA et al.,
2008). Por se tratar de uma seqüência de reações reversíveis, o álcool é utilizado em
excesso, deslocando assim a reação no sentido da formação dos ésteres.
Para que o biodiesel produzido possa ser utilizado em consórcio com o diesel, é
necessário que este passe por um processo de purificação para garantir aos
consumidores que o combustível que chegará até eles seja um combustível com
qualidade. Assim, ao final da reação de transesterificação, os ésteres resultantes devem
ser separados do glicerol, dos reagentes em excesso e do catalisador da reação assim
como dos possíveis contaminantes como mono, di e triacilgliceróis resultantes da
conversão incompleta e dos sabões que podem se formar durante o processo.
Após todo o processo de purificação, o biodiesel precisa atender às
especificações exigidas pela ANP para que este possa então ser utilizado como
combustível através de sua adição ao óleo diesel mineral. Para isto, as etapas de
purificação do biocombustível são de grande importância para obtenção de um produto
final com qualidade e que garanta o bom desempenho dos motores.
A primeira etapa de purificação do biodiesel é a separação das fases formadas
após a reação do óleo ou gordura com o álcool. Esta separação entre os ésteres de ácido
graxo e o glicerol é promovida pela diferença de polaridade entre os componentes.
Devido a essa diferença de polaridade, ocorrerá a formação de duas fases coexistentes:
uma rica em biodiesel e outra rica em glicerol. As duas fases co-existentes atingem um
estado de equilíbrio e a determinação dos dados do ELL é fundamental para simulação e
otimização da etapa de separação dos produtos formados, uma das etapas de maior
importância para qualidade do produto que será comercializado.
Os dados de equilíbrio entre as fases que se formam em diversos processos são
indispensáveis para o cálculo e projeto dos equipamentos onde se desenvolverão as
operações que envolvem transferência de massa entre as fases (GOMIS, 1998). No
Maia, A.C.S. Introdução
3
entanto, o número e complexidade de sistemas que podem ser obtidos através da
combinação das fases (líquido-gás, líquido-líquido, sólido-gás e sólido-líquido) são tão
grandes que raramente se encontram na literatura os dados de equilíbrio
correspondentes.
A disponibilidade de dados experimentais de ELL de boa qualidade é essencial
para o estudo de qualquer processo de extração líquido-líquido ou de separação de fases.
Entretanto, os dados disponíveis na literatura, em sua maioria, são incompletos, e em
temperaturas em torno de 25°C, muitas vezes longe das temperaturas de interesse
industrial. Dessa forma, existem duas alternativas: a obtenção experimental dos dados
de equilíbrio ou a predição termodinâmica dos mesmos baseados no mínimo de dados
experimentais sobre os componentes da mistura (GOMIS, 1998). Outra alternativa para
obtenção de dados de equilíbrio para os sistemas de interesse seria a simulação
molecular. A simulação por dinâmica molecular permite a obtenção de dados de ELL a
partir de cálculos computacionais que necessitam apenas do conhecimento da
arquitetura molecular e dos parâmetros de interação inter e intramoleculares.
A determinação dos dados de equilíbrio é de fundamental importância para
otimização do processo de purificação do biodiesel garantindo assim a qualidade do
produto final. Segundo Negi et al. (2006), o conhecimento sobre o equilíbrio de fase em
sistemas ternários de ésteres de ácido graxo, glicerol e álcool é essencial para um
melhor entendimento do processo e melhoria da taxa de reação, seletividade do produto
desejado e do processo de separação para a mistura reacional. Além disso, o
conhecimento da condição de equilíbrio de fases nesses sistemas é necessário para a
simulação e otimização do reator a ser utilizado (ANDREATTA et al., 2008).
A obtenção destes dados também permite a predição dos dados de equilíbrio de
diferentes misturas constituídas por este sistema ternário através do uso de modelos
termodinâmicos apropriados. De acordo com Negi et al. (2006), simulações para
desenvolver novos processos para tais sistemas requerem um modelo de coeficiente de
atividade que possa descrever estes sistemas adequadamente. Alguns autores utilizam o
modelo termodinâmico UNIFAC para descrever esse tipo de sistema enquanto outros
aplicam o UNIQUAC e o NRTL para simulação do processo de produção de biodiesel
(NEGI et al., 2006).
Maia, A.C.S. Introdução
4
2. Objetivos
Como resultado da reação de transesterificação, há a formação de duas fases
líquidas: biodiesel e glicerina. Estas fases se separam até que se atinja o estado de
equilíbrio entre elas. A separação biodiesel/glicerina é a primeira etapa de purificação
do biodiesel sendo, portanto uma das etapas responsáveis pela qualidade do produto
final. Baseado nisto, os principais objetivos deste trabalho são:
• Medição experimental dos dados de equilíbrio líquido-líquido de sistemas
pseudo-ternários éster/glicerol/álcool em diferentes condições de temperatura;
• Construção dos diagramas de fases para o sistema éster/glicerol/álcool;
• Predição dos dados de equilíbrio através de modelos termodinâmicos
apropriados;
• Determinação das melhores condições de operação para promover a separação
das fases biodiesel/glicerina;
• Garantia da qualidade do biodiesel que será comercializado.
Objetivos
Maia, A.C.S. Revisão Bibliográfica
5
3. Revisão Bibliográfica
3.1 Biodiesel
O Biodiesel é um combustível renovável que surge como alternativa ao diesel e
pode ser obtido a partir de fontes naturais como os óleos vegetais e as gorduras animais.
Este combustível é biodegradável e não tóxico além de apresentar baixas emissões de
poluentes quando comparado ao diesel (RAMOS et al., 2009).
A utilização de óleos vegetais como combustível não é recente, remetendo-nos à
época da invenção do motor de ciclo diesel, no final do século XIX. Rudolph Diesel
inventor do motor à combustão interna que leva seu nome utilizou em seus ensaios
petróleo cru e óleo de amendoim. Na primeira metade do século XX, os óleos vegetais
puros ou seus derivados foram usados em motores à combustão interna, principalmente
em situações emergenciais como nas crises de abastecimento mundial de petróleo
devido às guerras (SUAREZ et al., 2007).
Os óleos vegetais têm densidade energética, número de cetano e calor de
vaporização comparáveis ao diesel de petróleo (RAMADHAS et al., 2005). No entanto,
a alta viscosidade, a baixa volatilidade e o alto grau de polimerização destes óleos
prejudicam seu desempenho nos motores diesel (FUKUDA et al., 2001).
Uma possível alternativa para a minimização destes problemas seria a
transformação do óleo em biodiesel. O biodiesel pode ser definido quimicamente como
uma mistura de ésteres monoalquílicos de longas cadeias de ácidos graxos, derivados de
fontes renováveis como óleos vegetais, sintetizados a partir da transesterificação com
um álcool de cadeia curta (MADRAS et al., 2004).
Durante a transesterificação ou reação de alcoólise, como também é conhecida,
um mol de triacilglicerol reage com três moles de álcool para formar um mol de glicerol
e três moles de ésteres de ácido graxo, o biodiesel (RAMOS et al., 2009). A Figura 01
mostra um esquema resumido da reação de alcoólise do óleo vegetal.
Maia, A.C.S. Revisão Bibliográfica
6
Figura 01: Alcoólise na produção de biodiesel.
Este processo ocorre em uma seqüência de três reações reversíveis nas quais a
molécula de triacilglicerol é convertida, passo a passo, em diacilglicerol,
monoacilglicerol e glicerol (RAMOS et al., 2009). A Figura 02 ilustra essa seqüência de
reações.
Figura 02: Reações envolvidas na transesterificação de triglicerídeos: (i) Formação do diacilglicerol; (ii) Formação do monoglicerol e (iii) Formação do glicerol (SUAREZ et al.,
2007).
O
R1O
OO
O
O
R3
R2
+ 3 R OH +
HO
OH
OH
O
R3
O
R
O
R1
O
R
O
R2
O
R
Triacilglicerol Álcool Biodiesel Glicerol
Catalisador
Maia, A.C.S. Revisão Bibliográfica
7
Os álcoois mais usados para produção do biodiesel são o metanol e o etanol. Em
relação ao etanol, o metanol apresenta algumas vantagens, pois apresenta maior
reatividade que o primeiro, a razão álcool/óleo necessária é menor assim como o tempo
de reação. Além disso, a reação com o metanol pode ser processada a uma temperatura
mais baixa (LÔBO et al., 2009). Por outro lado, o metanol é um produto bastante tóxico
e, em geral, de origem fóssil uma vez que é produzido em maior escala através do refino
do petróleo.
Já o etanol além de ser um produto menos tóxico, produz biodiesel com maior
índice de cetano e maior lubricidade (LÔBO et al., 2009) e é de origem 100%
renovável podendo ser produzido a partir de amido de milho, cana-de-açúcar, beterraba
e de outras matérias-primas, como a biomassa (etanol de segunda geração). O etanol
tem sido usado por décadas como combustível para transporte, em várias partes do
mundo. A principal desvantagem em relação à utilização do etanol como agente
transesterificante na produção do biodiesel é a maior dificuldade de separação
éster/glicerina (LÔBO et al., 2009).
Apesar de alguns estudos utilizarem o etanol para produção do biodiesel
(SOUZA et al., 2005; HANH et al., 2009; CERNOCH et al., 2010; OLIVEIRA et al.,
2010; PINNARATE e SAVAGE, 2010) os países que utilizam o biodiesel como
combustível, o produzem pela via metílica. Isso ocorre porque na maioria desses países
a disponibilidade de etanol derivado de biomassa é bastante reduzida. Assim, entre o
etanol e o metanol, evidentemente, escolhe-se o de menor custo e o mais reativo, que
atualmente é o metanol. Entretanto, devido à extensão territorial, o cenário brasileiro é
atípico. A presença do álcool etílico (etanol) no mercado energético brasileiro é de
fundamental importância para a economia do país uma vez que este pode ser totalmente
produzido no país, o que diminui a necessidade do óleo importado e dos derivados de
petróleo.
Para acelerar a reação de transesterificação dos triacilgliceróis catalisadores
básicos ou ácidos podem ser utilizados durante a mesma. Os catalisadores mais
utilizados são os catalisadores alcalinos como o hidróxido de sódio ou o de potássio ou
seus respectivos alcóxidos (RAMOS, 2009). O uso desses catalisadores, no entanto,
interfere no processo de separação do biodiesel e glicerol formados, sendo necessária, a
purificação dos produtos finais para remoção dos mesmos, geralmente realizada através
Maia, A.C.S. Revisão Bibliográfica
8
de lavagens sucessivas com água destilada aquecida (MA e HANNA, 1999; SHARMA
et al., 2008). Além disso, a presença de ácidos graxos livres e água no óleo vegetal
podem levar à formação de produtos indesejáveis como sabões, devido à presença dos
catalisadores básicos (LOU et al., 2008). Apesar dos inconvenientes da catálise básica,
os catalisadores básicos tradicionais são largamente utilizados na indústria para
obtenção de biodiesel, pois, além de serem menos agressivos aos equipamentos,
apresentam atividades até 4.000 vezes superiores às verificadas para os ácidos minerais
(SUAREZ et al., 2007).
Além do processo de transesterificação por catálise homogênea utilizando
catalisadores básicos, existem outras formas de se transformar os óleos vegetais em
combustíveis. Tan et al. (2009) estudaram a produção do biodiesel do óleo de palma
utilizando a reação de transesterificação não-catalítica através do uso de metanol
supercrítico. Lucena et al. (2008) produziram biodiesel através da esterificação do ácido
oléico com metanol utilizando ácido sulfúrico como catalisador. Eles utilizaram uma
coluna de adsorção para remoção da água formada durante o processo de esterificação
do ácido. Hanh et al. (2009) também estudaram a produção de biodiesel a partir da
esterificação do ácido oléico catalisada pelo ácido sulfúrico porém além do metanol,
estudaram o uso do etanol, propanol e butanol. Além disso, Hanh et al. (2009)
desenvolveram a reação de esterificação sob condições de irradiação de ultrasom. De
acordo com Sharma et al. (2008), muitos trabalhos estão sendo desenvolvidos quanto ao
uso de catalisadores heterogêneos. Diferente dos catalisadores homogêneos, os
catalisadores heterogêneos podem ser removidos do sistema através de um processo de
filtração evitando o uso de grandes volumes de água e diminuindo o tempo de
purificação dos produtos. Além disso, os sólidos filtrados podem ser reutilizados em
novas reações. Os catalisadores heterogêneos que estão sendo utilizados pelos
pesquisadores incluem óxidos alcalinos-terrosos, zeólitas, MgO e CaO (SHARMA et
al., 2008).
Apesar dos diversos estudos em busca de novas técnicas para obtenção do
biodiesel, a transesterificação dos óleos vegetais utilizando alcoóis de cadeia curta e
catalisadores básicos é a técnica mais aplicada para obtenção dos ésteres que são
utilizados como combustível associado os diesel mineral. Dessa forma, a determinação
Maia, A.C.S. Revisão Bibliográfica
9
dos dados de ELL para as fases que se formam é de fundamental importância para
otimização da etapa de purificação do produto final.
3.1.1 Fontes
Diversas fontes de óleos vegetais e de gorduras animais podem ser empregadas
na produção de biodiesel, mas nem todas as fontes de ácidos graxos viabilizam o
processo a nível industrial, pois a química dos ácidos graxos infuencia nas
características do combustível.
Ácidos graxos são ácidos carboxílicos de cadeia normal que apresentam o grupo
carboxila (–COOH) ligado a uma longa cadeia alquílica, saturada ou insaturada. Os
ácidos graxos diferem entre si devido ao tamanho de sua cadeia hidrocarbônica; do
número de insaturações e da presença de grupamentos químicos.
Os ácidos graxos mais frequentemente encontrados apresentam um número par
de carbonos nas suas cadeias (12, 14, 16, 18, 20, 22 ou 24). Existem três grupos
principais de ácidos graxos que podem estar presentes no triacilglicerol: saturados
(Cn:0), mono-insaturados (Cn:1) e poli-insaturados (Cn:2 ou Cn:3) onde n é o número
de carbonos e 0, 1, 2 e 3 é o número de ligações duplas presentes na cadeia (RAMOS et
al., 2009).
Ramos et al. (2009) estudaram a influência da composição de ácidos graxos
sobre as propriedades do biodiesel. Eles observaram que quanto maior a cadeia
carbônica e mais moléculas saturadas presentes no biodiesel, maior o número de cetano
do biodiesel produzido. O número de cetano é uma propriedade utilizada como
parâmetro de qualidade para o óleo diesel mineral e está relacionado ao tempo de
ignição e qualidade da combustão. Altos números de cetano foram observados para
ésteres de ácidos graxos saturados como os ácidos palmíticos (C16:0) e esteáricos
(C18:0) e baixo número de cetano está associado a componentes mais altamente
insaturados como os ésteres dos ácidos linoleico (C18:2) e linolênico (C18:3).
Resultados semelhantes foram encontrados por Knothe et al. (2003). Apesar do alto
número de cetano, a presença de longas cadeias carbônicas no biodiesel proporciona um
Revisão Bibliográfica
maior ponto de entupimento a frio o que torna o uso do combustível difícil em regiões
com temperaturas baixas. O Ponto de Entupimento de Filtro a Frio representa a maior
temperatura em que o biodiesel (B100), quando resfriado não flui através de um filtro
padronizado, ou leva mais de 60 segundos para passar através desse filtro. O limite
máximo para o Ponto de Entupimento de Filtro a Frio do diesel, do biodiesel e de suas
misturas varia conforme a região e a época do ano, mas, de maneira geral, deve estar
dentro do intervalo de 0 a 12°C (GARCIA
A Tabela 01 mostra alguns dos ácidos graxo
nos óleos vegetais.
Tabela 01: Ácidos graxos presentes nos óleos vegetais.
Nome Usual
Ácido
Láurico C12:0
Ácido
Mirístico C14:0
Ácido
Palmítico C16:0
Ácido
Esteárico C18:0
Ácido
Araquídico C20:0
Ácido
Behêmico C22:0
Ácido Lignocérico
C24:0
Maia, A.C.S.
maior ponto de entupimento a frio o que torna o uso do combustível difícil em regiões
turas baixas. O Ponto de Entupimento de Filtro a Frio representa a maior
temperatura em que o biodiesel (B100), quando resfriado não flui através de um filtro
padronizado, ou leva mais de 60 segundos para passar através desse filtro. O limite
Ponto de Entupimento de Filtro a Frio do diesel, do biodiesel e de suas
misturas varia conforme a região e a época do ano, mas, de maneira geral, deve estar
dentro do intervalo de 0 a 12°C (GARCIA et al., 2006).
A Tabela 01 mostra alguns dos ácidos graxos (RAMOS et al.,
Tabela 01: Ácidos graxos presentes nos óleos vegetais.
Estrutura Molecular
Maia, A.C.S.
10
maior ponto de entupimento a frio o que torna o uso do combustível difícil em regiões
turas baixas. O Ponto de Entupimento de Filtro a Frio representa a maior
temperatura em que o biodiesel (B100), quando resfriado não flui através de um filtro
padronizado, ou leva mais de 60 segundos para passar através desse filtro. O limite
Ponto de Entupimento de Filtro a Frio do diesel, do biodiesel e de suas
misturas varia conforme a região e a época do ano, mas, de maneira geral, deve estar
2009) presentes
Tipo
Ácidos
Graxos
Saturados
Cn:0
Revisão Bibliográfica
Tabela 01 (continuação): Ácidos graxos presentes nos óleos vegetais.
Nome Usual
Ácido Palmitoleico
C16:1
Ácido Oleico C18:1
Ácido Erúcico
C22:1
Ácido Nervônico
C24:1
Ácido Linoleico
C18:2
Ácido Linolênico
C18:3
Maia, A.C.S.
: Ácidos graxos presentes nos óleos vegetais.
Estrutura Molecular
Maia, A.C.S.
11
Tipo
Ácidos
Graxos
Insaturados
com uma
dupla ligação
Cn:1
Ácido Graxo
Insaturado
com duas
duplas
ligações
Cn:2
Ácido Graxo
Insaturado
com três
duplas
ligações
Cn:3
Revisão Bibliográfica
Tabela 01 (continuação): Ácidos graxos presentes nos óleos vegetais.
Ácido Ricinoleico
C18:1/OH
Em relação aos ácidos graxos insaturados, a química dos mesmos influencia de
diversas formas a qualidade do biodiesel. A estabilidade à oxidação, por exemplo, é
uma das propriedades que mais afetam o uso do biodiesel devido à presença de ésteres
poli-insaturados. A presença de compostos contendo duplas ligações promove o
decrescimento desta propriedade. Além disto, a presença de ácidos graxos insaturados
no biodiesel precisa ser limitada devido ao fato de que o aquecimento de ácidos graxos
insaturados a altas temperaturas resulta na polimerização de glicerídeos o que pode
levar à formação de depósitos sólidos (RAMOS
Como pode ser observado, dependendo da composição dos ácidos graxos
presente no óleo vegetal ou na gordura animal, o biodiesel p
características que viabilizarão ou não o seu uso como combustível.
No Brasil, devido à sua grande extensão territorial, existe uma enorme
diversidade de matérias-primas para a produção de biodiesel. A viabilidade de cada
matéria-prima dependerá de alguns fatores de caráter técnico, econômico e sócio
ambiental, assim como aspectos agronômicos como teor de óleo; produtividade agrícola
(produção por unidade de área); equilíbrio agronômico; ciclo cultural (sazonalidade);
adaptação regional e impacto sócio
2006). A Tabela 02 mostra algumas oleaginosas potenciais para produção de biodiesel
no Brasil de acordo com as Regiões do País.
Maia, A.C.S.
: Ácidos graxos presentes nos óleos vegetais.
C18:1/OH
Em relação aos ácidos graxos insaturados, a química dos mesmos influencia de
diversas formas a qualidade do biodiesel. A estabilidade à oxidação, por exemplo, é
uma das propriedades que mais afetam o uso do biodiesel devido à presença de ésteres
urados. A presença de compostos contendo duplas ligações promove o
decrescimento desta propriedade. Além disto, a presença de ácidos graxos insaturados
no biodiesel precisa ser limitada devido ao fato de que o aquecimento de ácidos graxos
as temperaturas resulta na polimerização de glicerídeos o que pode
levar à formação de depósitos sólidos (RAMOS et al., 2009).
Como pode ser observado, dependendo da composição dos ácidos graxos
presente no óleo vegetal ou na gordura animal, o biodiesel produzido terá propriedades
características que viabilizarão ou não o seu uso como combustível.
No Brasil, devido à sua grande extensão territorial, existe uma enorme
primas para a produção de biodiesel. A viabilidade de cada
prima dependerá de alguns fatores de caráter técnico, econômico e sócio
ambiental, assim como aspectos agronômicos como teor de óleo; produtividade agrícola
(produção por unidade de área); equilíbrio agronômico; ciclo cultural (sazonalidade);
egional e impacto sócio-ambiental de seu desenvolvimento (CÂMARA,
2006). A Tabela 02 mostra algumas oleaginosas potenciais para produção de biodiesel
no Brasil de acordo com as Regiões do País.
Maia, A.C.S.
12
Ácidos Graxos
Insaturados com
uma dupla
ligação e um
grupamento
químico
Em relação aos ácidos graxos insaturados, a química dos mesmos influencia de
diversas formas a qualidade do biodiesel. A estabilidade à oxidação, por exemplo, é
uma das propriedades que mais afetam o uso do biodiesel devido à presença de ésteres
urados. A presença de compostos contendo duplas ligações promove o
decrescimento desta propriedade. Além disto, a presença de ácidos graxos insaturados
no biodiesel precisa ser limitada devido ao fato de que o aquecimento de ácidos graxos
as temperaturas resulta na polimerização de glicerídeos o que pode
Como pode ser observado, dependendo da composição dos ácidos graxos
roduzido terá propriedades
No Brasil, devido à sua grande extensão territorial, existe uma enorme
primas para a produção de biodiesel. A viabilidade de cada
prima dependerá de alguns fatores de caráter técnico, econômico e sócio-
ambiental, assim como aspectos agronômicos como teor de óleo; produtividade agrícola
(produção por unidade de área); equilíbrio agronômico; ciclo cultural (sazonalidade);
ambiental de seu desenvolvimento (CÂMARA,
2006). A Tabela 02 mostra algumas oleaginosas potenciais para produção de biodiesel
Maia, A.C.S. Revisão Bibliográfica
13
Tabela 02: Plantas oleaginosas disponíveis no território nacional para produção de
biodiesel (CÂMARA, 2006).
Região Óleos vegetais disponíveis
Norte Dendê, babaçu e soja
Nordeste Babaçu, soja, mamona, dendê, algodão e coco
Centro-Oeste Soja, mamona, algodão, girassol, dendê e gordura animal
Sudeste Soja, mamona, algodão e girassol
Sul Soja, milho, colza (canola), girassol e algodão
A Tabela 03 mostra a composição percentual dos ácidos graxos de algumas
oleaginosas cultivadas no Brasil (REZENDE et al., 2006).
Tabela 03: Composição percentual de ácidos graxos das oleaginosas (REZENDE et al.,
2006).
Ácido
Graxo
Composição Ácidos Graxos das Oleaginosas (%)
Soja Algodão Milho Girassol Mamona Pinhão
Manso
Nabo
Forrageiro
Mirístico 0,2 0,9 0,1 0,1 - - 6,0
Palmítico 12,0 25,8 13,7 6,2 1,4 13,3 7,9
Palmitoleico 0,1 0,7 0,2 0,1 - 0,8 -
Margárico - - 0,1 - - - -
Esteárico 4,2 2,4 2,0 4,1 1,2 6,4 3,1
Oleico 17,5 17,1 33,5 23,5 4,7 41,2 29,1
Vacênico 1,3 0,9 0,7 0,7 0,7 1,2 1,4
Ricinoleico - - - - 84,1 - -
Estercúlico - 0,3 - - - - -
Linoleico 55,2 51,4 48,0 63,0 6,5 36,5 16,3
Linolênico 7,7 - 0,8 0,5 0,6 0,3 12,7
Araquídico 0,4 0,3 0,5 0,3 - 0,3 8,2
Gadoleico 0,2 0,2 0,4 0,3 0,8 - -
Behêmico 0,4 - - 0,8 - - 14,1
Erúcico - - - - - - 1,2
Lignocérico - - - 0,4 - - -
Maia, A.C.S. Revisão Bibliográfica
14
3.1.1.1 Algodão
Dentre as oleaginosas cultivadas no País que possuem potencialidade para a
produção de biodiesel, podemos destacar o algodão. Como pode ser observado na
Tabela 02, com exceção da Região Norte, o algodão pode ser cultivado nas demais
regiões do território nacional.
O algodão é extraído do algodoeiro (Gossypium herbaceum) e possui como
principal produto a fibra que tem larga utilização nas indústrias têxteis. Além da fibra, o
algodão é utilizado pelas indústrias de óleos comestíveis por apresentar um alto valor
nutricional devido a sua alta porcentagem de ácido linoléico, um ácido graxo insaturado
que possui duas duplas ligações, que é essencial para saúde humana (RODRIGUES et
al., 2005).
O óleo da semente de algodão chega a compor em média 15% da semente e sua
produtividade pode chegar a 5,9 t/ha. A composição do óleo de algodão assemelha-se a
de óleos como os de soja e girassol, onde mais de 90% é constituída pelos ácidos
linoleico, palmítico e oleico (PINTO et al., 2005).
O uso do óleo de algodão para produção de biodiesel apresenta vantagens em
diversos aspectos. Seu uso como fonte para produção do biocombustível agregará valor
aos subprodutos gerados uma vez que o caroço de algodão é subproduto da indústria
têxtil e o seu farelo ainda serve para a ração animal. Assim, além da semente do algodão
se apresentar como um subproduto com valor de mercado, a cultura do algodão oferece
uma alternativa economicamente viável para os pequenos produtores que poderão
aproveitar as oportunidades de toda a cadeia de produção (VICENTE, 2007).
3.2 Equilíbrio Termodinâmico
Um sistema em equilíbrio pode ser descrito como aquele no qual todas as forças
motrizes estão completamente equilibradas. As principais forças motrizes em um
Maia, A.C.S. Revisão Bibliográfica
15
sistema são a pressão (P), a temperatura (T) e o potencial químico (µ). Dessa forma, as
condições de equilíbrio de fases são dadas por (VAN NESS et al., 2000):
(1)
(2)
(3)
onde I, II e π representam as fases em equilíbrio e i representa os componentes.
O estado de equilíbrio é uma idealização, porém, muito útil na prática para a
solução de um grande número de problemas. Observações experimentais sobre o
equilíbrio mostram que qualquer sistema tende a um estado de equilíbrio logo, se for
dado tempo suficientemente longo, o estado de equilíbrio sempre acontecerá e, uma vez
que este estado é atingido, um sistema jamais tenderá espontaneamente para um estado
de não equilíbrio (VAN NESS et al., 2000).
3.2.1 Critérios de Equilíbrio
A condição de equilíbrio de um sistema pode ser determinada a partir de vários
critérios baseados na condição de minimização da função termodinâmica característica
do processo. O critério baseado na energia livre de Gibbs é o mais utilizado nos cálculos
de equilíbrio de fases, uma vez que os processos químicos que ocorrem a pressão e
temperatura constantes são os de maior interesse nos sistemas termodinâmicos
(SANTOS, 1999). Para processos espontâneos restritos a ocorrer a T e P constantes
pode-se escrever:
(4)
( )ni
TTT
PPP
iIIi
Ii
III
III
,...,2,1...
...
...
====
===
===
π
π
π
µµµ
0)( , ≤PTtdG
Maia, A.C.S. Revisão Bibliográfica
16
A equação (4) impõe que a energia de Gibbs de um estado de equilíbrio seja o
valor mínimo em relação a todas as possíveis mudanças nas temperaturas e pressão
especificadas.
Assim, para um sistema fechado, a pressão e temperatura constantes, o estado de
equilíbrio é atingido quando a energia livre de Gibbs ( ) atinge seu valor mínimo.
Quando isto ocorre, mudanças em não são mais observadas e tem-se então:
(5)
No entanto, a igualdade acima é uma condição necessária ao equilíbrio, mas não
é suficiente por não deixar claro se trata-se de um ponto de mínimo, de máximo ou de
inflexão (STRAGEVITCH, 1992). Para garantir que o sistema atingiu o estado de
equilíbrio é necessário que a função tenha atingido seu ponto de mínimo e isto é dado
pela seguinte condição matemática:
> 0 (6)
A equação (6) é denominada Critério de Estabilidade. A condição de mínimo de
Gibbs é necessária e suficiente para garantir o estado de equilíbrio e a estabilidade do
sistema (SANTOS, 1999).
3.2.2 Equilíbrio Líquido-Líquido (ELL)
De acordo com Van Ness et al. (2000), muitos pares de espécies químicas que se
devem misturar para formar uma única fase líquida dentro de certos limites de
composição poderiam não satisfazer o critério de equilíbrio dado pela equação (6).
Dessa forma, tais sistemas se separam neste intervalo de composição em duas fases
líquidas de composições diferentes. Se estas fases estão em equilíbrio termodinâmico,
tG
tG
( ) 0, =PTtdG
( ) PTtGd ,
2
Maia, A.C.S. Revisão Bibliográfica
17
este é um exemplo de equilíbrio líquido-líquido, o qual é de grande importância para
diversas operações industriais.
Segundo Gomis (1998), a determinação dos dados de equilíbrio entre as fases
que se formam em vários processos são imprescindíveis para o desenvolvimento e/ou
aperfeiçoamento dos equipamentos onde se desenvolverão as operações que envolvem
transferência de massa entre as fases. Para o estudo de qualquer processo de extração
líquido-líquido ou de separação de fases, por exemplo, a disponibilidade de dados
experimentais de ELL de boa qualidade é essencial.
O ELL depende da natureza dos componentes presentes, da concentração deles
em cada uma das fases, da temperatura e pressão do sistema. A composição total e a
temperatura são conhecidas e a pressão, usualmente, não é importante nos equilíbrios
líquido-líquido (PRAUSNITZ et al., 1980).
O tratamento termodinâmico do equilíbrio de fase de multicomponentes é
baseado no conceito de potencial químico. Duas fases estão em equilíbrio
termodinâmico quando a temperatura de uma fase é igual a da outra fase e, quando o
potencial químico de cada componente é o mesmo em ambas as fases, como
demonstrado pelas equações 1 a 3. No entanto, o potencial químico apresenta
características que dificultam seu uso para solução de problemas práticos. De acordo
com Prausnitz et al. (1980), G. N. Lewis mostrou que havia fisicamente uma quantidade
equivalente ao potencial químico que podia ser obtida através de uma transformação
simples. O resultado desta transformação é denominado fugacidade. Dessa forma, a
aplicação dos critérios de equilíbrio é facilitada pela introdução desta nova propriedade
(PRAUSNITZ et al., 1980).
Do conceito de fugacidade, no equilíbrio líquido-líquido todas as equações de
equilíbrio podem ser satisfeitas quando
(7)
onde é a fugacidade do componente i nas fases I e II.
A Equação 7 pode ser reescrita em termos do coeficiente de atividade
IIi
Ii ff =
f
γ
Maia, A.C.S. Revisão Bibliográfica
18
(8)
onde .
No processo de produção de biodiesel, ao final da reação de transesterificação os
ésteres de ácido graxo e o glicerol que se formam são parcialmente miscíveis, de forma
que, durante a separação destes produtos, há a formação de duas fases líquidas com o
álcool residual distribuído entre elas. Após a separação completa das duas fases
líquidas, o sistema ternário éster de ácido graxo/glicerol /álcool, atingirá um estado de
equilíbrio. O conhecimento sobre o equilíbrio de fase nesse tipo de sistema é essencial
para um melhor entendimento dos processos de produção e separação, além de permitir
a simulação e otimização do reator a ser utilizado (NEGI et al., 2006, ANDREATTA et
al., 2008).
Zhou et al. (2006) estudaram a inter-solubilidade dos componentes presentes na
mistura FAME (Ésteres Metílicos de Ácidos Graxos), glicerol, metanol e óleo em
diferentes temperaturas. Em seu trabalho, eles utilizaram o óleo de Jatropha curcas L.
(pinhão manso) e biodiesel produzido pela transesterificação metílica deste óleo.
Diagramas de fases para os sistemas FAME+Metanol+Glicerol, Óleo+FAME+Metanol,
Óleo+Glicerol+Metanol e FAME+Glicerol+Óleo foram construídos através do método
de titulação. Tie lines foram determinadas apenas para o sistema
FAME+Metanol+Glicerol. Os resultados encontrados por Zhou et al. (2006) mostraram
que a solubilidade do óleo de Jatropha curcas L., metanol, FAME e glicerol não foi
sensível à mudança da temperatura na faixa estudada, de 25 a 60°C. Esta faixa de
temperatura corresponde à faixa mais utilizada durante a reação de transesterificação
para produção de biodiesel.
Em 2006, Negi et al., estudaram o equilíbrio de fases em sistemas constituídos
por Glicerol/Metanol/Oleato de Metila a 60°C e Glicerol/Monoleína/Oleato de Metila
a135°C. Eles mostraram que a presença do metanol geralmente utilizado em excesso na
reação de transesterificação afeta a separação do glicerol da fase éster que consiste
principalmente de FAME.
( ) ( )IIii
Iii xx γγ =
11 == ∑∑i
IIi
i
Ii xex
Maia, A.C.S. Revisão Bibliográfica
19
Andreatta et al. (2008) desenvolveram trabalho semelhante ao realizado por
Negi et al. (2006). No entanto, eles avaliaram o equilíbrio de fase apenas para o sistema
ternário oleato de metila, glicerol e metanol. A faixa de temperatura estudada por
Andretta et al. foi entre 313 e 393K (40 a 120°C), assim esses autores além do ELL
também estudaram o equilíbrio líquido-líquido-vapor (ELLV) para esses sistemas. Os
dados experimentais de ELL encontrados por Andreatta et al. (2008) mostraram-se
concordantes com aqueles obtidos por Negi et al. (2006) e por Chiu et al. (2005).
O comportamento do equilíbrio de fases para o sistema biodiesel de
mamona/glicerol/álcool foi estudado por França et al. (2009). Eles avaliaram o
comportamento deste sistema utilizando como álcool o metanol e o etanol. Assim como
Zhou et al. (2006) eles construíram as curvas de solubilidade através do método de
titulação. Apenas para o sistema constituído pelo metanol, as tie lines foram
indiretamente determinadas através da medida da massa específica das misturas. Essa
determinação foi realizada a partir de curvas de calibração preparadas para a massa
específica de cada componente em cada fase.
Para sistemas ternários, em condições de pressão constante, ou quando os efeitos
da pressão são desprezíveis, o ELL é representado de forma conveniente através das
curvas binodais que podem ser representadas a temperatura e pressão constantes através
de um diagrama triangular.
3.2.3 Sistemas Ternários e Diagramas Triangulares
A composição de uma mistura ternária pode ser indicada por um ponto em um
triângulo eqüilátero (ALDERS, 1955). Os vértices do triângulo representam os
componentes puros. Todo ponto localizado em um dos lados do triângulo representa
uma mistura binária dos componentes que se encontram nos extremos. A Figura 03
mostra um diagrama triangular para uma mistura hipotética constituída dos
componentes A, B e C quaisquer.
Maia, A.C.S. Revisão Bibliográfica
20
Figura 03: Diagrama triangular
Quando estas três substâncias são combinadas, elas podem formar um sistema de
uma, duas ou três fases parcialmente miscíveis. Para três componentes líquidos à
temperatura constante, existem quatro tipos de sistema que podem ocorrer (TREYBAL,
1968):
• Tipo 1: Formação de um par de líquidos parcialmente miscíveis;
• Tipo 2: Formação de dois pares de líquidos parcialmente miscíveis;
• Tipo 3: Formação de três pares de líquidos parcialmente miscíveis;
• Tipo 4: Formação de fases sólidas.
Os sistemas do Tipo 1 são os mais freqüentes e são representados pelas
isotermas mostradas na Figura 04. Nos sistemas dessa natureza, os pares de líquidos A-
C e B-C são miscíveis em todas as proporções a temperatura constante e A e B são
parcialmente miscíveis. Todas as misturas dos componentes representadas por pontos na
área fora da curva DNPLE são soluções homogêneas, de uma única fase líquida. Todos
os pontos no interior da curva, isto é, na área limitada pela curva e pela linha DE,
formam duas fases líquidas imiscíveis. A curva DNPLE representa as soluções
saturadas e se chama curva de solubilidade ou binodal.
0.00 0.25 0.50 0.75 1.00
0.00
0.25
0.50
0.75
1.000.00
0.25
0.50
0.75
1.00
Y Z
X
A B
C
Maia, A.C.S. Revisão Bibliográfica
21
Figura 04: Sistema do Tipo 1 – Curva binodal e tie lines.
Uma mistura de composição M formará duas soluções líquidas parcialmente
miscíveis de composições L e N. A linha reta que passa pelo ponto M e que une os
pontos L e N é a linha de interseção denominada linha de amarração, de união ou tie
line. Todas as misturas representadas pela linha LN formam fases coexistentes de
mesma composição.
A Figura 05 mostra o efeito da temperatura sobre este tipo de sistema. Neste
diagrama a temperatura cresce na escala vertical e os diagramas isotérmicos são
mostrados nas seções transversais do prisma. Para muitos sistemas deste tipo, a
solubilidade mútua de A e B aumenta com o aumento da temperatura. Acima da
temperatura crítica da solução, A e B se dissolvem completamente. O aumento da
solubilidade a temperaturas mais altas influencia consideravelmente o equilíbrio
ternário. A temperaturas mais altas ocorre o decréscimo da área de heterogeneidade e
mudança nas inclinações das linhas de união. Para operações que dependem da
formação de fases líquidas insolúveis, estas devem ser trabalhadas a temperaturas
inferiores a temperatura crítica. Existem outros efeitos menos comuns devidos à
temperatura (TREYBAL, 1991).
Maia, A.C.S. Revisão Bibliográfica
22
(a) (b)
Figura 05: Efeito da temperatura nos equilíbrios ternários (TREYBAL, 1991).
Nos sistemas do Tipo 2, os pares de A-B e B-C são parcialmente miscíveis e C
se dissolve em A em todas as proporções. A Figura 06 mostra um exemplo de diagrama
ternário possível para sistemas desse tipo. A área do interior da curva que atravessa o
triângulo representa misturas que formam duas fases líquidas e cujas composições estão
nos extremos das linhas de interconexão que passam pelos pontos que representam as
misturas como conjunto. Este tipo de diagrama de solubilidade pode ser considerado
freqüentemente derivado de uma situação mais simples por uma mudança na
temperatura (TREYBAL, 1968).
Maia, A.C.S. Revisão Bibliográfica
23
Figura 06: Exemplo de um sistema do Tipo 2 – Curva binodal e tie lines.
Os sistemas do Tipo 3 são relativamente pouco usuais e podem chegar a ser
extremamente complexos nas relações de variáveis que surgem na mudança de
temperatura. A técnica de extração líquida é pouco utilizada para este tipo de sistema.
Os sistemas do Tipo 4, nos quais ocorre a formação de sólidos, podem ser muitos
complexos quanto ao número de equilíbrios existentes (TREYBAL, 1968).
3.2.4 Coeficiente de Distribuição
O coeficiente de distribuição ou coeficiente de partição (Ki) de um componente i
em um sistema de duas fases é a razão das concentrações deste componente nas fases. A
concentração pode ser expressa em unidades de volume, massa ou unidade molar. Em
termos molares K pode ser definido como:
(9)
IIi
Ii
ix
xK =
Maia, A.C.S. Revisão Bibliográfica
24
Os valores de K podem ser < 1, =1 ou > 1. Em um sistema ternário, o coeficiente
de distribuição geralmente não possui valor constante, sendo dependente da composição
das fases.
Chiu et al. (2005) estudaram a distribuição do metanol e do catalisador, neste
caso KOH e H2SO4, entre as fases líquidas biodiesel e glicerol a 25 e 75°C. Eles
utilizaram em seu trabalho o biodiesel metílico de soja. Os resultados encontrados por
estes pesquisadores mostraram que a distribuição do catalisador no produto final
biodiesel é significativamente influenciada pela presença do metanol não reagido. A
presença do metanol no sistema biodiesel-glicerol tende a aumentar a fração de
catalisador na fase biodiesel.
A informação sobre o fenômeno da distribuição do metanol e do catalisador
entre as fases biodiesel e glicerol é de grande importância para otimização do processo
de produção visando atingir altas conversões do produto de interesse. Além disso, essa
informação permite a identificação dos processos subseqüentes de separação.
Zhou et al. (2006) e Andreatta et al. (2008) também determinaram o coeficiente
de distribuição do metanol entre as fases biodiesel e glicerol para os sistemas por eles
estudados. Apesar dos dados de ELL obtidos por Andreatta et al. estarem de acordo
com outros resultados reportados na literatura, os valores para o coeficiente de
distribuição do metanol obtidos por estes autores são discrepantes dos encontrados por
Zhou et AL (2006).
3.3 Modelagem Termodinâmica
Os modelos termodinâmicos podem ser divididos em dois grupos, os modelos
moleculares e os modelos de contribuição de grupos.
Os modelos moleculares são aqueles onde os parâmetros ajustáveis e as
interações acontecem entre as moléculas das espécies na mistura. Neste grupo
encontram-se os modelos de Margules, Van Laar, Redlich-Kister, Wilson, NRTL e
UNIQUAC (SANTOS, 1999).
Maia, A.C.S. Revisão Bibliográfica
25
Já os modelos de contribuição de grupos são aqueles nos quais os parâmetros
ajustáveis e as interações se referem aos grupos funcionais com os quais as moléculas
são construídas. Exemplos desse modelo são ASOG e UNIFAC (SANTOS, 1999).
Entre os modelos termodinâmicos citados, podemos destacar o uso mais
freqüente dos modelos moleculares NRTL e UNIQUAC e, dos modelos de contribuição
de grupo ASOG e UNIFAC.
3.3.1 NRTL
O modelo NRTL (Non-Random Two-Liquid) é um modelo de três parâmetros
proposto por Renon e Prausnitz em 1968. Este modelo está baseado no conceito da
composição local. Este conceito tem como idéia básica o fato de que a composição não
é uniforme através da mistura, introduzindo uma não-aleatoriedade ao modelo de
mistura de líquidos (SANTOS, 1999). A idéia de composição local é muito útil por
permitir uma redução do número de parâmetros ajustáveis.
O modelo NRTL para o coeficiente de atividade de sistemas multicomponentes é
expresso por:
Maia, A.C.S. Revisão Bibliográfica
26
Este modelo possui três parâmetros ajustáveis ( , e ) para cada
binário. Os parâmetros e estão relacionados à energia característica de
interação entre as moléculas de tipo i e j. O parâmetro está relacionado com a não-
aleatoriedade da mistura. A não- aleatoriedade se refere ao fato de que os componentes
da mistura não se distribuem aleatoriamente, mas seguem um padrão ditado pela
composição local (SANTOS, 1999).
3.3.2 UNIQUAC
O UNIQUAC (Universal Quasichemical) é o modelo de Abrams e Prausnitz e é
baseado na teoria mecânica estatística. Este modelo considera a composição local como
resultado da diferença do tamanho e energia entre as moléculas na mistura. O resultado
é a expressão:
(15)
( )
( ) ( )
T
T
G
RT
g
xG
Gx
xG
Gx
xG
xG
ijijij
ijijij
jiijijijij
jiijij
ij
kkkj
kkjkjk
ijj
kkkj
ijj
kk
ki
jjjiji
i
.
.
exp
ln
10
10
ααα
τττ
αατα
τττ
τ
τ
τ
γ
+=
+=
=−=
≠∆
=
−+=∑
∑∑∑∑
∑
ijg∆ jig∆ ijα
ijg∆ jig∆
ijα
( ) ( )RT
residualG
RT
ialcombinatorG
RT
G exexex
+=
(10)
(11)
(12)
(13)
(14)
Maia, A.C.S. Revisão Bibliográfica
27
onde o primeiro termo (combinatorial) se refere ao tamanho molecular e as diferenças
de formas das moléculas, e o segundo termo (residual) que leva em conta as interações
moleculares. Estes termos escritos na forma multicomponentes são dados por:
onde
∑
∑
==
==
=
=
jjj
iii
jjj
iii
i
i
qxrxiespéciedavolumedefraçãoousegmento
qxqxiespéciedaáreadefração
iespécieparaerficialsupáreadaparâmetroq
iespécieparavolumedeparâmetror
φ
θ ;
;
;
e
com uij sendo a média da energia de interação para a espécie, i espécies - j interações e z
é a média do número de coordenação, usualmente adotado como 10. Combinando as
equações (15), (16) e (17) têm-se:
com .
( )
( )∑ ∑
∑ ∑
−=
+=
i jjijii
ex
i i i
iii
i
ii
ex
xqRT
residualG
qxz
xx
RT
ialcombinatorG
τθ
φ
θφ
ln
ln2
ln
( )RT
uu jjijij
−−=τln
( ) ( )
( )
( )
−
−=
−++=
+=
∑∑
∑
∑
jj
kjk
jij
jjijii
jjj
i
ii
i
ii
i
ii
iii
qresidual
lxx
lqz
xialcombinator
residualialcombinator
τθ
τθτθγ
φ
φ
θφγ
γγγ
ln1ln
ln2
lnln
lnlnln
( ) ( )12 −−−= iiii rzqrl
(16)
(17)
(18)
(19)
(20)
Maia, A.C.S. Revisão Bibliográfica
28
Desde que os parâmetros referentes ao tamanho e a área superficial podem ser
avaliados da estrutura molecular, a equação UNIQUAC contém apenas dois parâmetros
ajustáveis: τ12 e τ21 para cada binário. Assim, semelhante às equações de Van Laar ou
Wilson, este modelo é um modelo de coeficiente de dois parâmetros (SANDLER,
1999).
Listando os parâmetros de volume (r) e da área superficial (q) para cada espécie
molecular para usar no modelo UNIQUAC, estes parâmetros são avaliados pelo método
da contribuição de grupos. A idéia é que a molécula pode ser considerada como sendo
uma coleção de grupos funcionais, e o volume Ri e a área superficial Qi do grupo i será
aproximadamente a mesma em qualquer molécula na qual estes grupos ocorram. Assim,
os parâmetros de volume e área superficial r e q de uma molécula será obtida da soma
dos parâmetros de R e Q dos grupos funcionais. A vantagem desta contribuição de
grupo é que ela aproxima, de um número relativamente pequeno de grupos funcionais,
as propriedades de milhões de diferentes moléculas que podem ser obtidas (SANDLER,
1999).
3.3.3 ASOG
A solução analítica dos grupos, método ASOG (Analytical Solution of Groups)
foi desenvolvido por Derr e Deal (1969).
Para o componente i na mistura, o coeficiente de atividade γi consiste de uma
contribuição configuracional devida às diferenças no tamanho molecular e a
contribuição do grupo – interação devida primeiramente a diferenças nas forças
intermoleculares:
(21)
onde o sobrescrito S designa o tamanho (size) e o sobrescrito G designa o grupo de
interação (group interaction).
Gi
Sii γγγ lnlnln +=
Maia, A.C.S. Revisão Bibliográfica
29
O coeficiente de atividade depende apenas do número do tamanho dos
grupos. Da teoria de Flory-Huggins para misturas sem aquecimento, de tamanhos
moleculares diferentes tem-se:
(22)
na qual
(23)
onde xj é a fração molar do componente j na mistura e sj o número do tamanho dos
grupos na molécula j.
O parâmetro sj é independente da temperatura. O somatório compreende todos
os componentes, incluindo o componente i.
Para calcular , nós precisamos conhecer a fração molar do grupo Xk, onde o
subscrito k representa um grupo particular na molécula j.
(24)
na qual é o número de interações dos grupos k na molécula j. O coeficiente de
atividade é dado por:
(25)
na qual
Siγ
iiSi RR ln1ln −−=γ
∑=
jjj
ii xs
sR
Giγ
∑∑
∑=
kkj
jj
jkjj
k x
x
Xν
ν
kjν
Giγ
∑∑ ∗Γ−Γ=k
kkikk
kiGi lnlnln ννγ
Maia, A.C.S. Revisão Bibliográfica
30
Este estado padrão depende da molécula i.
O coeficiente de atividade é dado pela equação de Wilson (1964)
(26)
onde o somatório compreende todos os grupos presentes na mistura.
A equação (26) também é usada para encontrar para o componente i, mas
neste caso isto é aplicado para a “mistura” de grupos como encontrado no componente
puro i.
Os parâmetros Aki e Aik (Aki ≠ Aik) são parâmetros dos grupos de interação que
dependem da temperatura. Estes resultados são obtidos da redução do equilíbrio
líquido-vapor e o número substancial de cada parâmetro tem sido reportado
(PRAUSNITZ et al., 2001).
3.3.4 UNIFAC
A idéia fundamental do modelo da solução de grupos é utilizar os dados de
equilíbrio existentes para predizer o equilíbrio de fases de sistemas para os quais dados
experimentais não são disponíveis. No conceito, o método UNIFAC segue o método
ASOG, em que os coeficientes nas misturas são relatados para interações entre os
grupos estruturais (PRAUSNITZ et al., 2001).
O método UNIFAC para estimativa de coeficientes de atividade depende do
conceito de que uma mistura líquida pode ser considerada uma solução das unidades
estruturais a partir das quais as moléculas são formadas em vez de uma solução das
padrãoestadonokgrupodoatividadedeecoeficient
gruposdemisturanakgrupodoatividadedeecoeficient
k
k
=Γ
=Γ
∗
kΓ
−+−=Γ ∑∑
∑i
mimm
iki
ikiik Ax
AXAX 1lnln
∗Γk
Maia, A.C.S. Revisão Bibliográfica
31
próprias moléculas. Estas unidades estruturais são chamadas subgrupos. O volume
relativo Rk e a área superficial relativa Qk são propriedades dos subgrupos. Quando é
possível construir uma molécula com mais de um conjunto de subgrupos, o conjunto
composto pelo menor número de diferentes subgrupos é o conjunto correto. A grande
vantagem do método UNIFAC é que um número relativamente pequeno de subgrupos
se combina para formar um número muito grande de moléculas (VAN NESS, 2000).
O método UNIFAC está baseado na equação UNIQUAC, para a qual os
coeficientes de atividades são dados pela equação (15). No método UNIFAC
(FREDENSLUND, et al., 1975, 1977), a parte combinatorial dos coeficientes de
atividade do UNIQUAC é usada diretamente. Apenas propriedades dos componentes
puros entram nesta equação. Os parâmetros ri e qi são calculados como a soma dos
parâmetros de volume e área dos grupos, Rk e Qk:
e (27)
onde , sempre um inteiro, é o número de grupos do tipo k na molécula i. Parâmetros
de grupos Rk e Qk são obtidos do volume e áreas das superfícies de van der Waals, Vwk e
Awk, dados por Bondi:
17,15wk
k
VR = e
9105,2 ×= wk
k
AQ (28)
Os fatores de normalização 15,17 e 2,5 x 109 são determinados pelo volume e
área da superfície externa de uma unidade de CH2 no polietileno.
A parte residual do coeficiente de atividade, equação (20), é substituída pelo
conceito da solução de grupos. Ao invés da equação (20), nós escrevemos:
(29)
( )∑=k
ki
ki Rr ν ( )∑= ki
ki Qq ν
( )ikν
( ) ( )( )∑ Γ−Γ=k
ikk
ik
Ri lnlnln νγ
Todos os grupos
Maia, A.C.S. Revisão Bibliográfica
32
onde é o coeficiente de atividade do grupo residual e é o coeficiente de atividade
residual do grupo k em uma solução de referência contendo apenas moléculas do tipo i.
Na equação acima o termo Γ���� é necessário para atingir a normalização do coeficiente
de atividade γi. O coeficiente de atividade para o grupo k na molécula i depende da
molécula na qual k está situada.
O coeficiente de atividade é encontrado a partir de uma expressão semelhante
à equação (26):
(30)
A equação (30) também é utilizada para . Na equação (30), é a fração da
área do grupo m, e o somatório inclui todos os diferentes grupos. é calculada de
maneira similar a :
(31)
onde Xm é a fração molar do grupo m na mistura. O parâmetro de interação de grupo
é dado por
(32)
onde Umn é a medida da energia de interação entre os grupos m e n. O parâmetro de
interação de grupo amn deve ser avaliado a partir de dados experimentais de equilíbrio
de fases disponíveis na literatura. Este parâmetro possui unidades de Kelvin (K).
kΓ ( )ikΓ
kΓ
Ψ
Ψ−
Ψ−=Γ ∑
∑∑
mn
mnn
mm
mmkmkk Q
θ
θθln1ln
( )ikΓ mθ
mθ
iθ
nn
n
mmm XQ
XQ
∑=θ
nmΨ
−=
−−=Ψ
T
a
RT
UU mnnmmnmn expexp
Maia, A.C.S. Revisão Bibliográfica
33
3.3.5 UNIFAC – Modificado (Dortmund)
No modelo modificado do UNIFAC (Dortmund), assim como no modelo
UNIFAC original, o coeficiente de atividade é a soma das partes combinatorial e
residual, equação (33) (GMEHLING e SCHILLER, 1993):
(33)
No entanto, o termo combinatorial foi modificado e passou a ser expresso pela
equação (34):
(34)
O parâmetro Vi’ pode ser calculado usando os volumes relativos de Van der
Waals (Rk) de diferentes grupos.
(35)
Todos os demais parâmetros são calculados da mesma forma como para o
modelo UNIFAC original.
(36)
(37)
onde o ri e o qi são dados pela equação (27).
Ri
Cii γγγ lnlnln +=
−−−+−=
Fi
V
F
VqVV i
i
iiii
Ci ln15ln1ln ''γ
∑=
jjj
ii
rx
rV
43
43
'
∑=
jjj
ii rx
rV
∑=
jjj
ii qx
qF
Maia, A.C.S. Revisão Bibliográfica
34
O termo residual é descrito de forma análoga ao UNIFAC original como descrito
nas equações (30) e (31) e com Xm dado por:
(38)
Comparado ao método UNIFAC original apenas as propriedades de van der
Waals foram ligeiramente alteradas ao mesmo tempo em que parâmetros dependentes
da temperatura foram introduzidos para permitir uma melhor descrição do
comportamento real (coeficiente de atividade) como uma função da temperatura. Desta
maneira, ao invés da equação (32) nós escrevemos (GMEHLING e SCHILLER, 1993):
(39)
A predição dos dados de equilíbrio de diferentes misturas constituídas pelo
sistema biodiesel/álcool/glicerol deve ser feita através do uso de modelos
termodinâmicos apropriados. De acordo com Negi et al. (2006), simulações para
desenvolver novos processos para tais sistemas requerem um modelo de coeficiente de
atividade que possa descrever estes sistemas adequadamente.
Segundo Cheng et al. (2009), alguns autores utilizaram o modelo termodinâmico
UNIFAC para descrever esse tipo de sistema enquanto outros aplicaram o UNIFAC-
Dortmund, UNIFAC com associação de um modelo de coeficiente de atividade, o
modelo de coeficiente de atividade de Wilson ou o modelo de coeficiente de atividades
NRTL. Chiu et al. (2005) em seu trabalho utilizaram o modelo de coeficiente de
atividade de Wilson, França et al. (2009) o modelo termodinâmico UNIQUAC e Negi et
al. (2006) utilizaram os modelos UNIFAC e UNIFAC-Dortmund, por exemplo.
( )
( )∑∑
∑=
j nj
jn
jj
jm
mx
x
Xν
ν
++−=Ψ
T
TcTba nmnmmnmn
2
exp
Maia, A.C.S. Metodologia
35
4. Metodologia
4.1 Materiais e Equipamentos
4.1.1 Reagentes
Os reagentes utilizados neste trabalho estão listados na Tabela 04.
Tabela 04: Reagentes utilizados
Reagentes Fabricante Pureza (%)
Óleo de Algodão Refinado Tipo 1 ROVSA -
Etanol Merck ≥ 99,9
Metanol Merck ≥ 99,9
Glicerina Vetec ≥ 99,5
NaOH Merck ≥ 99,0
Sulfato de Sódio Merck ≥ 99,0
Isopropanol Merck ≥99,8
4.1.2 Planta Piloto de Produção de Biodiesel
A planta piloto do Laboratório de Combustíveis que foi utilizada para produção
do biodiesel de algodão etílico utilizado neste trabalho está mostrada na Figura 07 e
consiste de:
• Reator encamisado em vidro, com saída de fundo e capacidade de 1,5 L, marca
FGG.
Maia, A.C.S. Metodologia
36
• Agitador mecânico com velocidade de operação de (100 a 2000) rpm, marca
Quimis, modelo Q250M.
• Termômetros de líquido em vidro (TLV) com faixa de temperatura de (-10 a
+360)ºC, marca Incoterm.
• Bomba peristáltica com velocidade de operação de (35 a 200) rpm, fabricante
Cole-Parmer, marca Master Flex L/S, modelo 77200-12.
• Placa de aquecimento com controle de agitação magnética, marca Fisatom,
modelo 752A.
• Banho termostatizado com faixa de temperatura de (-10 a +70)ºC, marca Tecnal,
modelo TE 2000.
Figura 07: Planta piloto para produção de biodiesel do Laboratório de Combustíveis da UFPE
A Figura 08 mostra o esquema do processo de produção do biodiesel na planta
piloto utilizada.
Metodologia
Figura 08: Esquema do processo de produção de biodiesel na planta piloto do Laboratório de
4.1.3 Sistema Experimental para Medição dos Dados de ELL
O sistema para medição dos dados experimentais do equilíbrio líquido
para as misturas éster/álcool/glicerol é constituído por:
• Células de equilíbrio com encamisamento para circulação de fl
vidro com volume de 100mL e tampa de teflon para colocação do agitador
mecânico e do sensor de temperatura. As células de ELL possuem dois canais de
Maia, A.C.S.
Figura 08: Esquema do processo de produção de biodiesel na planta piloto do Laboratório de Combustíveis da UFPE
4.1.3 Sistema Experimental para Medição dos Dados de ELL
O sistema para medição dos dados experimentais do equilíbrio líquido
para as misturas éster/álcool/glicerol é constituído por:
Células de equilíbrio com encamisamento para circulação de fl
vidro com volume de 100mL e tampa de teflon para colocação do agitador
mecânico e do sensor de temperatura. As células de ELL possuem dois canais de
Maia, A.C.S.
37
Figura 08: Esquema do processo de produção de biodiesel na planta piloto do Laboratório de
O sistema para medição dos dados experimentais do equilíbrio líquido-líquido
Células de equilíbrio com encamisamento para circulação de fluido feitas em
vidro com volume de 100mL e tampa de teflon para colocação do agitador
mecânico e do sensor de temperatura. As células de ELL possuem dois canais de
Maia, A.C.S. Metodologia
38
amostragens pelos quais as alíquotas são retiradas de cada uma das fases (Figura
09).
Figura 09: Célula de equilíbrio líquido-líquido
• Agitadores mecânicos com velocidade de agitação de (200 a 2000) rpm, marca
IKA®, modelo RW 20 digital (Figura 10.a)
• Termopares do tipo PT-100 com calibração RBC na faixa de (20 a 80)°C.
• Banho termostático com faixa de temperatura de (-42 a 200)°C, com precisão de
±0,01°C, marca Julabo FP 45, modelo TE-184 (Figura 10.b)
(a) (b)
Figura 10: Agitador mecânico (a) e banho termostático (b).
Maia, A.C.S. Metodologia
39
No sistema experimental utilizado, três células de ELL foram colocadas em série
e o fluido circulava em cada uma através de um difusor de vidro com três saídas e
retornavam ao banho por um coletor de vidro com três entradas, fazendo com que todo
o sistema fosse mantido a uma mesma temperatura. A Figura 11 mostra o sistema
experimental de ELL.
Figura 11: Sistema para medição dos dados de equilíbrio líquido-líquido
4.1.4 Equipamentos
• Cromatógrafo à Gás, marca Shimadzu, modelo 17A (Figura 12)
• Densímetro digital de bancada Anton Paar DMA 4500, com precisão de
0,00001g/cm3 (Figura 13).
• Balança Analítica Sartorius, modelo BL 210S, com precisão de 0,0001g (Figura
14.a)
Maia, A.C.S. Metodologia
40
• Balança Semi-analítica Mettler Toledo modelo PB 3002-S com precisão de
0,01g (Figura 14.b)
Figura 12: Cromatógrafo à Gás.
Figura 13: Densímetro digital Anton Paar DMA 4500
(a)
(b)
Figura 14: Balança analítica (a) e balança semi-analítica (b).
Maia, A.C.S. Metodologia
41
4.2 Procedimento Experimental
4.2.1 Biodiesel Metílico de Algodão
O biodiesel metílico de algodão utilizado neste trabalho foi fornecido pelo
Centro Tecnológico do Nordeste (CETENE). Este foi produzido na Unidade de
Produção localizado na cidade de Caetés, no Estado de Pernambuco através da
transesterificação metílica do óleo de algodão.
4.2.2 Produção do Biodiesel Etílico de Algodão
Óleo de algodão refinado Tipo 1 produzido pela Refinaria de Óleos Vegetais
S/A (ROSVA - Campina Grande) e comercializado sob a marca Tia Don Don® foi
utilizado para produção do biodiesel etílico neste trabalho. A reação de alcoólise foi
realizada na planta piloto do Laboratório de Combustíveis da UFPE (Figura 07) via
transesterificação etílica do óleo de algodão.
Para a reação de obtenção dos ésteres etílicos foram utilizadas as condições
experimentais mostradas na Tabela 05.
Tabela 05: Condições experimentais para produção do biodiesel de algodão.
Parâmetro Valor
Razão molar álcool:óleo 6:1
Catalisador NaOH
Fração mássica de catalisador em relação à massa de óleo 0,75%
Agitação 300 rpm
Temperatura de reação 50ºC
Maia, A.C.S. Metodologia
42
O álcool utilizado foi o etanol e em cada batelada foram utilizados 1000 g de
óleo de algodão refinado, mantendo-se as condições da Tabela 05.
O óleo de algodão foi pesado em uma balança semi-analítica e transferido para
o reator onde foi aquecido até atingir a temperatura da reação (Tabela 05). Atingida a
temperatura desejada, foi adicionada ao sistema a solução constituída pelo etanol mais o
hidróxido de sódio (solução etóxido). A partir deste instante o sistema reacional foi
deixado sob agitação pelo período de 1 hora.
Após 1h de reação, os produtos formados (glicerina e biodiesel) foram
separados e purificados por evaporação do etanol, lavagem do biodiesel com uma
solução ácida de ácido clorídrico concentração 0,5 mol/L seguida de lavagens com água
destilada aquecida à temperatura de 50°C, evaporação da água e retirada da umidade
residual utilizando sulfato de sódio anidro.
A lavagem inicial foi realizada com solução ácida ao invés da utilização de
água pura para evitar que durante a lavagem do biodiesel ocorresse uma hidrólise
alcalina, pois um éster quando em solução aquosa de uma base inorgânica ou de um sal
básico, irá originar um sal orgânico e um álcool. A hidrólise alcalina de um éster é
denominada reação de saponificação porque numa reação deste tipo, quando é utilizado
um éster proveniente de um ácido graxo, o sal formado recebe o nome de sabão.
4.2.3 Projeto da Célula de Equilíbrio
Os dados de equilíbrio líquido-líquido foram medidos experimentalmente
através de uma célula de ELL adaptada a partir da célula desenvolvida por Stragevitch
(1997). A célula de Stragevitch foi projetada para utilização de agitação magnética,
porém, a mesma não foi eficiente para promover a agitação entre a glicerina, o biodiesel
e o álcool uma vez que a glicerina possui uma alta viscosidade.
Maia, A.C.S. Metodologia
43
O êxito de muitas operações depende da eficácia da agitação e mistura dos
fluidos. Dentre os objetivos da agitação encontra-se a mistura de líquidos imiscíveis
como é o caso dos ésteres de ácido graxo e glicerol. Dessa forma, uma nova célula foi
projetada utilizando agitação mecânica. Como a viscosidade da glicerina é elevada,
agitadores do tipo turbina foram utilizados uma vez que os mesmos são eficazes para
um amplo intervalo de viscosidade. Foram instalados dois agitadores sob o mesmo eixo,
atuando cada agitador como um misturador separado. Para evitar o fluxo circulatório e
os redemoinhos (vórtices) o agitador foi disposto deslocado do centro da célula uma vez
que quando o eixo é vertical e está disposto no centro do sistema, a componente
tangencial de velocidade segue uma trajetória circular ao redor do eixo criando um
vórtice na superfície do líquido que, devido à circulação em fluxo laminar, dá lugar a
uma estratificação permanente em diferentes níveis de substâncias sem misturar
(McCABE et al., 1991).
As Figuras 15 e 16 mostram a célula de Stragevitch e a nova célula,
respectivamente. A célula é construída em vidro e possui canais de amostragem
contendo um pequeno orifício para tomada das amostras por meio de seringas. Os
orifícios para amostragem são vedados pelo uso de septos de borracha os quais são fixos
com o auxílio de um cilindro de silicone que exerce pressão sobre os mesmos mantendo
o sistema vedado. Para direcionar a agulha da seringa até o ponto de amostragem foi
colocado um pequeno tubo de vidro dentro dos cilindros de silicone. Na parte superior
as células são vedadas por uma tampa de teflon que é fixada à célula de equilíbrio por
meio de uma abraçadeira. A tampa das células possui duas conexões, uma para o
controle da temperatura do sistema através de um sensor de temperatura e a outra para
colocação do agitador mecânico. A célula possui encamisamento que serve para
circulação do fluido termostático.
As dimensões da nova célula foram determinadas de acordo com as relações
descritas por McCabe et al. (1991) e são mostradas no Anexo IV.
Metodologia
Figura 15: Célula de ELL de Stragevitch.
4.2.4 Medição Experimental dos Dados de Equilíbrio Líquido
Misturas ternárias de éster/álcool/glicerol foram preparadas
Os três componentes da mistura foram pesados diretamente na célula de ELL para evitar
perda dos mesmos. Para preparação gravimétrica das misturas, as massas específicas
dos componentes foram determinadas em um densímetro digital com prec
±0,00001g/cm3 nas diferentes temperaturas dos ensaios. As pesagens foram realizadas
em uma balança semi-analítica com precisão de ±0,01g. Após a pesagem dos três
componentes, a célula de ELL foi vedada e conectada a um banho termostático. O
banho termostático foi utilizado para manter o sistema à temperatura constante. Foram
consideradas as temperaturas de 30, 45 e 60ºC. O fluido utilizado no banho foi a água.
Esta circulou através do encamisamento das células de ELL mantendo o sistema à
temperatura desejada com uma variação máxima admitida de ±0,2ºC. Para medir a
temperatura da mistura na célula foi empregado um termopar do tipo PT100.
Maia, A.C.S.
Figura 15: Célula de ELL de Stragevitch. Figura 16: Nova célula de ELL
4.2.4 Medição Experimental dos Dados de Equilíbrio Líquido-Líquido
Misturas ternárias de éster/álcool/glicerol foram preparadas gravimetricamente.
Os três componentes da mistura foram pesados diretamente na célula de ELL para evitar
perda dos mesmos. Para preparação gravimétrica das misturas, as massas específicas
dos componentes foram determinadas em um densímetro digital com prec
nas diferentes temperaturas dos ensaios. As pesagens foram realizadas
analítica com precisão de ±0,01g. Após a pesagem dos três
componentes, a célula de ELL foi vedada e conectada a um banho termostático. O
ermostático foi utilizado para manter o sistema à temperatura constante. Foram
consideradas as temperaturas de 30, 45 e 60ºC. O fluido utilizado no banho foi a água.
Esta circulou através do encamisamento das células de ELL mantendo o sistema à
desejada com uma variação máxima admitida de ±0,2ºC. Para medir a
temperatura da mistura na célula foi empregado um termopar do tipo PT100.
Maia, A.C.S.
44
Figura 16: Nova célula de ELL
Líquido
gravimetricamente.
Os três componentes da mistura foram pesados diretamente na célula de ELL para evitar
perda dos mesmos. Para preparação gravimétrica das misturas, as massas específicas
dos componentes foram determinadas em um densímetro digital com precisão de
nas diferentes temperaturas dos ensaios. As pesagens foram realizadas
analítica com precisão de ±0,01g. Após a pesagem dos três
componentes, a célula de ELL foi vedada e conectada a um banho termostático. O
ermostático foi utilizado para manter o sistema à temperatura constante. Foram
consideradas as temperaturas de 30, 45 e 60ºC. O fluido utilizado no banho foi a água.
Esta circulou através do encamisamento das células de ELL mantendo o sistema à
desejada com uma variação máxima admitida de ±0,2ºC. Para medir a
temperatura da mistura na célula foi empregado um termopar do tipo PT100.
Maia, A.C.S. Metodologia
45
Para promover o contato inicial entre as fases, o sistema foi mantido sob
agitação através de um agitador mecânico pelo período de uma hora e em seguida o
sistema foi colocado em repouso durante um período suficiente para se atingir o
equilíbrio após a separação das duas fases. O tempo de equilíbrio estabelecido foi de um
mínimo de três horas para os sistemas metílicos e de cinco horas para os sistemas
etílicos. Após estes tempos, podiam ser observadas duas fases totalmente límpidas e
separadas.
Atingido o equilíbrio, amostras de cada uma das fases foram coletadas com uma
seringa de vidro. As amostras foram coletadas em quantidades suficientes para atender
ao método analítico adotado e cada amostragem foi realizada com retiradas de três
amostras de cada fase.
Para evitar que os sistemas em equilíbrio fossem perturbados pela retirada das
amostras de cada uma das fases, misturas foram preparadas de forma que, ao final da
separação, a interface ficasse localizada aproximadamente no centro da célula. As
quantidades de cada componente necessárias para satisfazer essa condição, podem ser
determinadas através de um sistema de equações conforme mostrado por Maduro
(2005).
(40)
(41)
(42)
++
+
++
=
3
33
2
22
1
11
11
3
33
2
22
1
11
111 2
ρρρρρρ
MxMxMxMx
MxMxMxMxV
VFAFAFA
FA
FOFOFO
FO
++
+
++
=
3
33
2
22
1
11
22
3
33
2
22
1
11
222 2
ρρρρρρ
MxMxMxMx
MxMxMxMxV
VFAFAFA
FA
FOFOFO
FO
++
+
++
=
3
33
2
22
1
11
13
3
33
2
22
1
11
133 2
ρρρρρρ
MxMxMxMx
MxMxMxMxV
VFAFAFA
FA
FOFOFO
FO
Maia, A.C.S. Metodologia
46
nas quais V é o volume da célula, x é a fração molar, M é a massa molar, FO é fase
orgânica (biodiesel) e FA é a fase álcool (glicerol)
Neste trabalho, para estimativa destes valores, dados da fração molar reportados
na literatura por Andreatta et al. (2008) foram utilizados. Os dados de Andreatta et al.,
foram utilizados apenas para indicar as prováveis quantidades de cada componente,
limitando-se o uso apenas das frações molares por eles publicados. O uso destes dados
permitiu que as misturas preparadas neste trabalho resultassem na interface próxima ao
centro da célula, como desejado. Isto pode ser observado na Figura 08.
4.2.5 Análise Cromatográfica
A composição de ésteres metílicos e etílicos de cada biodiesel utilizado foi
determinada por cromatografia gasosa seguindo a norma EN 14103 (2003) empregando
um injetor tipo split/splitless e um detector de ionização de chama (Flame Ionization
Detector – FID).
A determinação da composição de cada uma das fases foi realizada através de
cromatografia gasosa com detector de ionização de chama utilizando uma coluna capilar
cromatográfica DB-1 (J & W) com comprimento de 30 m, diâmetro interno de 0,32 mm
e espessura do filme de 0,3 µm. Foi empregado um injetor tipo split/splitless e um
detector de ionização de chama (Flame Ionization Detector – FID). As temperaturas
do injetor e do detector foram de 250 e 260ºC, respectivamente e à coluna foi aplicada a
seguinte rampa de temperatura: 50°C durante 6 minutos, em seguida a temperatura foi
elevada até 260°C à uma taxa de 20°/min, permanecendo em 260°C pelo tempo de 23
minutos e 30 segundos. Hidrogênio foi usado como gás de arraste.
Para determinar a fração mássica de cada amostra de ELL, foi construída uma
curva analítica de calibração contendo os três componentes de interesse em diferentes
321 VVVV ++=
Maia, A.C.S. Metodologia
47
concentrações. Foi construída uma curva para o sistema metílico e outra para o sistema
etílico. Isopropanol foi utilizado como solvente para diluição das amostras.
4.2.6 Predição do Equilíbrio Termodinâmico
A partir dos dados de ELL determinados, foi realizada a modelagem
termodinâmica para construção dos diagramas de equilíbrio de fases para os sistemas
éster/álcool/glicerol estudados.
A predição do equilíbrio termodinâmico para os sistemas avaliados
experimentalmente foi realizada utilizando o cálculo flash líquido-líquido (FLL)
isotérmico à 303, 318 e 333K (30, 45 e 60°C), e os coeficientes de atividade foram
preditos pelos métodos de contribuição de grupos UNIFAC e UNIFAC modificado
(Dortmund) considerando-se duas configurações para estrutura do glicerol.
O cálculo flash líquido-líquido (FLL), consiste em resolver simultaneamente as
equações de ELL e de balanço material da mistura. Misturas de N componentes, de
composição global conhecida (composição de alimentação), zi, a temperatura T e uma
pressão P foram consideradas.
As equações não-lineares de ELL e do FLL foram resolvidas por sub-rotinas
utilizando o software Matlab® versão R2008a.
A equação (43), que representa a percentagem média do desvio padrão, foi
utilizada para se comparar os valores experimentais com os calculados pelo FLL.
(43)
LN
wwwww
T
n
N
i
calcIIin
exIIin
calcIin
exIin
2
])()[(100 1 1
2,,2,,∑∑= =
−+−
=∆
Maia, A.C.S. Metodologia
48
onde L é o número total de tie-lines e N o número total de componentes do sistema. A
fração mássica é representada por w, os subscritos n e i são os componentes e as tie-
lines, respectivamente, e os sobrescritos I e II são as fases; ex e calc são os dados
experimentais e os dados calculados.
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
49
5. Resultados e Discussão
5.1 Caracterização do Biodiesel O teor de éster dos biodieseis utilizados neste trabalho está mostrado na Tabela
06.
Tabela 06: Teor de éster do biodiesel metílico e do biodiesel etílico de algodão.
Biodiesel de Algodão Teor de Éster (%)
Metílico 99,1
Etílico 97,2
De acordo com o estabelecido pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP) através da Resolução nº 07/2008, o teor de éster mínimo deve
ser de 96,5%. Os dois biodieseis utilizados neste trabalho apresentaram-se dentro das
especificações estabelecidas pela Agência para essa característica.
Como visto durante a revisão da literatura, o óleo de algodão é constituído mais
de 90% pelos ácidos linoleico, palmítico e oleico. A concentração dos ésteres
constituintes do biodiesel metílico e etílico utilizados está mostrada nas Tabelas 07 e 08,
respectivamente.
Tabela 07: Concentração dos ésteres metílicos presentes no biodiesel metílico de
algodão.
Éster Concentração (%)a
Palmitato de Metila 22,05
Oleato de Metila 14,83
Linoleato de Metila 57,91
Outros 5,21 a Em relação a 99,1% de éster.
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
50
Tabela 08: Concentração dos ésteres etílicos presentes no biodiesel etílico de algodão.
Éster Concentração (%)a
Palmitato de Etila 21,43
Oleato de Etila 14,87
Linoleato de Etila 53,83
Outros 9,87 a Em relação a 97,2% de éster.
As massas específicas dos biodieseis produzidos, assim como dos alcoóis e
glicerol usados neste trabalho foram medidas em um densímetro de bancada e são
mostradas na Tabela 09.
Tabela 09: Massa específica dos componentes dos sistemas ternários.
Componente Massa Específica (g/cm3)
30°C 45°C 60°C
Biodiesel Metílico 0,87386 0,86273 0,85183
Biodiesel Etílico 0,87262 0,86168 0,87020
Metanol 0,78187 0,76754 0,75367
Etanol 0,78114 0,77138 0,75766
Glicerol 1,25472 1,24520 1,23567
5.2 Dados de Equilíbrio Líquido-Líquido
Apesar de o biodiesel ser constituído por uma mistura de ésteres de ácidos graxos
de diferentes cadeias, o sistema pode ser aproximado como sendo um sistema ternário
(ZHOU et al., 2006; CHENG et al., 2009). O biodiesel pode ser considerado então
como sendo constituído por um único éster (éster representativo), o qual melhor
representa o biodiesel utilizado.
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
51
Neste trabalho, a escolha do éster que melhor representa o biodiesel de algodão
utilizado foi realizada através da determinação de um éster médio. Para isso, a média
ponderada do número de ligações duplas e do número de carbonos foi calculada
levando-se em consideração todos os ésteres presentes nos biodieseis, incluindo aqueles
considerados aqui como outros. Como resultado para o éster médio do biodiesel
metílico foi encontrado o linoleato de metila e, para o biodiesel etílico, o linoleato de
etila. Este resultado já era esperado uma vez que estes ésteres representam mais de 50%
da composição dos biodieseis utilizados neste trabalho. O biodiesel metílico apresentou
57,91% de linoleato de metila e o biodiesel etílico 53,83% de linoleato de etila (Tabelas
06 e 07). Cheng et al. (2009), ao estudar o equilíbrio líquido-líquido para sistemas do
tipo Óleo-FAME-Metanol, utilizando óleo e biodiesel de canola, consideraram o oleato
de metila como éster representativo do biodiesel de canola por ele representar 58,89%
do mesmo.
Dados de equilíbrio líquido-líquido foram determinados para os sistemas
FAME/Metanol/Glicerol e FAEE/Etanol/Glicerol a 30, 45 e 60°C. A fração mássica w
de cada componente em cada uma das fases foi determinada através de uma curva de
calibração, excluindo-se o pico do solvente. Os resultados obtidos para os sistemas
estudados encontram-se no Apêndice I.
Para testar a confiabilidade dos dados experimentais de um sistema ternário que
se encontra em ELL, muitos autores (NEGI et al., 2006; ANDREATTA et al., 2008;
FRANÇA et al., 2009) utilizam a correlação introduzida por Othmer e Tobias (1942), a
tie-line correlation. Esta correlação consiste em se plotar o gráfico do log((1 - a)/a)
contra o log((1 - b)/b), onde a é a fração molar de biodiesel na fase rica em biodiesel e
b é a fração molar de glicerol na fase rica em glicerol.
Para construção dos gráficos de Othmer-Tobias, a fração molar dos componentes
foi calculada. A partir das frações mássicas (w) determinadas através da cromatografia
gasosa, a fração molar pode ser determinada através do uso da equação (44):
(44) ∑
=ii
iii Mw
Mwx
Resultados e Discussão
na qual wi é a fração molar e
As frações molares calculadas para os sistemas FAME/Metanol/Glicerol e
FAEE/Etanol/Glicerol à 30, 45 e 60°C enco
As Figuras 17 e 18 mostram os gráficos de Othmer
metílicos e etílicos, respectivamente.
Figura 17: Gráfico Othmer
Figura 18: Gráfico Othmer
Maia, A.C.S.
é a fração molar e Mi é a massa molar do componente i.
As frações molares calculadas para os sistemas FAME/Metanol/Glicerol e
FAEE/Etanol/Glicerol à 30, 45 e 60°C encontram-se no Apêndice II.
As Figuras 17 e 18 mostram os gráficos de Othmer-Tobias para os sistemas
metílicos e etílicos, respectivamente.
Figura 17: Gráfico Othmer-Tobias para o sistema FAME/Metanol/Glicerol à 30,45 e 60°C.
Othmer-Tobias para o sistema FAEE/Etanol/Glicerol à 30, 45 e 60°C
Maia, A.C.S.
52
As frações molares calculadas para os sistemas FAME/Metanol/Glicerol e
Tobias para os sistemas
Tobias para o sistema FAME/Metanol/Glicerol à 30,45 e 60°C.
Tobias para o sistema FAEE/Etanol/Glicerol à 30, 45 e 60°C
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
53
Tabela 10: Valor do R2 para os gráficos de Othmer-Tobias
Álcool Temperatura (°C) R2
Metanol 30 0,996 45 0,997 60 0,995
Etanol 30 0,997 45 0,998 60 0,998
Como pode ser observado nas Figuras 17 e 18 e na Tabela 10 os dados
experimentais obtidos para os sistemas ternários mostram um bom ajuste linear com a
correlação de Othmer-Tobias indicando a consistência dos dados medidos.
5.3 Diagramas de Equilíbrio Líquido-Líquido
A partir dos dados de ELL determinados, os diagramas ternários para os
sistemas estudados foram construídos.
5.3.1 Sistema Ésteres Metílicos/Metanol/Glicerol
As Figuras 19, 20 e 21 mostram os diagramas triangulares para o sistema
FAME/Metanol/Glicerol às temperaturas de 30, 45 e 60°C, respectivamente,
construídos em termos de fração mássica.
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
54
Figura 19: Equilíbrio líquido – líquido ésteres metílicos/metanol/glicerol a 30°C.
Figura 20: Equilíbrio líquido – líquido ésteres metílicos/metanol/glicerol a 45°C.
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=30°C
Glic
erol M
etanol
Ésteres Metílicos
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=45°C
Glic
erol M
etanol
Ésteres Metílicos
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
55
Figura 21: Equilíbrio líquido – líquido ésteres metílicos/metanol/glicerol a 60°C.
As tie lines apresentadas nas Figuras 19, 20 e 21 mostram, como esperado, que a
fase glicerol é mais rica em metanol do que a fase éster. O aumento da temperatura
aumenta a miscibilidade mútua dos componentes no sistema e a fase rica em éster passa
a apresentar uma quantidade um pouco maior de metanol. Esse efeito pode ser melhor
observado na Figura 22, a qual foi construída a partir dos dados das frações molares. A
construção dos diagramas a partir dos dados de fração molar permite uma melhor
visualização do efeito da temperatura sobre a distribuição do álcool uma vez que pode
observar-se uma ampla região heterogênea para o sistema estudado (Apêndice III). A
Figura 22 ilustra esse efeito da temperatura sobre os diagramas ternários para os
sistemas metílicos a partir da sobreposição dos dados obtidos para cada temperatura
estudada em termos de fração molar. Os resultados obtidos mostraram-se coerentes com
os dados reportados na literatura (ANDREATTA et al., 2008; NEGI et al., 2006).
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=60°C
Glic
erol M
etanol
Ésteres Metílicos
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
56
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
- - T = 30°C- - T = 45°C- - T = 60°C
Glic
erol M
etanol
Ésteres Metílicos
Figura 22: Efeito da temperatura nos diagramas de ELL dos sistemas ésteres metílicos/metanol/glicerol.
Como podemos perceber altas purezas para a fase éster podem ser alcançadas a
temperaturas mais baixas de separação de fases para o sistema em estudo. No entanto, a
etapa de separação a temperaturas mais altas ocorre de forma mais rápida que a baixas
temperaturas. Assim, na grande maioria das vezes, o fator tempo prevalece ao grau de
pureza na escolha dos parâmetros do processo (ANDREATTA et al., 2008).
5.3.2 Sistema Ésteres Etílicos/Etanol/Glicerol
As Figuras 23, 24 e 25 mostram os diagramas triangulares para o sistema
FAEE/Etanol/Glicerol às temperaturas de 30, 45 e 60°C, respectivamente, em termos de
fração mássica.
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
57
Figura 23: Equilíbrio líquido – líquido ésteres etílicos/etanol/glicerol a 30°C.
Figura 24: Equilíbrio líquido – líquido ésteres etílicos/etanol/glicerol a 45°C.
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=30°C
Glic
erol Etanol
Ésteres Etílicos
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=45°C
Glic
erol Etanol
Ésteres Etílicos
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
58
Figura 25: Equilíbrio líquido – líquido ésteres etílicos/etanol/glicerol a 60°C.
Para os sistemas etílicos, os diagramas ternários mostram que apesar de o etanol
encontrar-se em maior quantidade na fase rica em glicerol, a presença deste componente
na fase rica em éster é maior do que a observada para o metanol.
As Figuras 26, 27 e 28, construídas a partir dos dados das frações molares,
permitem uma melhor visualização do comportamento da distribuição de cada álcool
em seu respectivo sistema nas temperaturas de 30, 45 e 60ºC, respectivamente.
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=60°C
Glic
erol Etanol
Ésteres Etílicos
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
59
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T = 30°C- - Sistema Metílico- - Sistema Etílico
Glic
erol Álcool
Ésteres
Figura 26: Comparação dos diagramas de ELL para o sistema metílico e etílico a 30°C.
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T = 45°C- - Sistema Metílico- - Sistema Etílico
Glic
erol Álcool
Ésteres
Figura 27: Comparação dos diagramas de ELL para o sistema metílico e etílico a 45°C.
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
60
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T = 60°C- - Sistema Metílico- - Sistema Etílico
Glic
erol Álcool
Ésteres
Figura 28: Comparação dos diagramas de ELL para o sistema metílico e etílico a 60°C. No caso dos sistemas etílicos a presença do etanol no sistema também contribui
para presença de certa quantidade de glicerol na fase rica em éster uma vez que este
álcool promove uma maior dispersão da glicerina no biodiesel. Assim como para os
sistemas metílicos, o aumento da temperatura promove o aumento da miscibilidade dos
componentes no sistema e a fase rica em éster passa a apresentar uma maior quantidade
do álcool. Nos diagramas construídos a partir dos dados de fração molar, nos quais
também pode ser observada uma ampla região heterogênea para o sistema estudado, é
possível observar a mudança no comportamento das tie lines com o aumento da
temperatura (Apêndice III).
A Figura 29 ilustra o efeito da temperatura no ELL dos sistemas etílicos
estudados. Os diagramas projetados na Figura 29 foram obtidos a partir das frações
molares dos componentes pelo fato destes diagramas possibilitarem uma melhor
visualização do efeito da temperatura devido à ampla região heterogênea obtida quando
comparado aos construídos a partir dos dados de fração mássica desses mesmos
sistemas.
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
61
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
- - T = 30°C- - T = 45°C- - T = 60°C
Glic
erol Etanol
Ésteres Etílicos
Figura 29: Efeito da temperatura nos diagramas de ELL dos sistemas ésteres etílicos/etanol/glicerol.
5.4 Coeficiente de Distribuição do Álcool
Para analisar a distribuição do álcool entre as fases éster e glicerina, foram
calculados os valores para o coeficiente de distribuição do metanol e do etanol nos seus
respectivos sistemas. O coeficiente de distribuição K2 do álcool foi calculado pela
relação:
(45)
A Figura 30 mostra o comportamento do coeficiente de distribuição (K2) do
metanol e do etanol entre as fases éster e glicerol. Na Figura 30, no eixo x foi plotada a
fração mássica do álcool na fase glicerol.
glicerina
éster
w
wK
2
22 =
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
62
Figura 30: Coeficiente de distribuição para o metanol e etanol na fase glicerol a 30, 45 e 60°C.
Podemos observar a partir da análise dos coeficientes de distribuição do metanol
e do etanol, valores de K menores do que 1. Pela definição do coeficiente de
distribuição mostrada na equação (45), valores de K< 1 indicam altas concentrações de
álcool na fase glicerol e pequenas quantidades de álcool dissolvidas na fase éster.
Este efeito é esperado uma vez que o metanol, o etanol e o glicerol apresentam
estruturas semelhantes com grupos O–H. A presença desses grupos nessas substâncias
faz com que ocorram interações moleculares denominadas ligações de hidrogênio entre
as moléculas desses compostos o que significa que o álcool irá distribuir-se
predominantemente na fase glicerol como demonstrado pelos dados experimentais.
Os resultados experimentais também mostram que o coeficiente de distribuição
do álcool aumenta com o aumento da temperatura em ambos os sistemas. Este resultado
também é esperado uma vez que os efeitos de associação irão decrescer com a
temperatura (ANDREATTA et al., 2008).
Comparando-se os valores dos coeficientes de distribuição do metanol e do
etanol, pode ser observado que para o segundo álcool este valor chega a atingir o dobro
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60
K2
w2(GLICEROL)
EtOH 30°C
EtOH 45°C
EtOH 60°C
MetOH 30°C
MetOH 45°C
MetOH 60°C
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
63
do valor encontrado para o primeiro. Isto é, a presença do etanol na fase rica em éster é
maior do que a do metanol, como foi observado na análise dos diagramas triangulares
dos dois sistemas (Figuras 26, 27 e 28) e que pode ser comprovado pelos maiores
valores de K.
Nos sistemas contendo metanol e glicerol, como estes álcoois apresentam um
grupo OH por átomo de carbono, um alto grau de ligações de hidrogênio é esperado, o
que faz com que o metanol se distribua na fase glicerol com mais intensidade do que o
etanol.
Da mesma forma que ocorre com o metanol, o etanol também se mistura com o
glicerol formando um sistema homogêneo em diferentes proporções devido às
interações entre as moléculas do etanol e do glicerol (ligações de hidrogênio). No
entanto, uma característica do etanol que deve ser ressaltada é que este álcool apresenta
uma parte apolar em sua molécula e por isso interage com compostos apolares, como é
o caso dos ésteres de ácido graxo. Isto pode ser facilmente verificado observando-se a
solubilidade do etanol tanto na água, que é uma substância polar, quanto em gasolinas,
que são compostos apolares.
Além disso, quanto maior for o tamanho de uma molécula, maior será a sua
superfície, propiciando uma maior intensidade de interações de London com outras
moléculas vizinhas. Assim, o fato de os ésteres etílicos e o etanol possuírem cadeias
com tamanho levemente maior que os ésteres metílicos e o metanol (um átomo de CH2
a mais, cada um) as interações entre esses compostos também são ligeiramente maiores.
5.5 Predição do Equilíbrio Líquido-Líquido
Conforme explicado anteriormente, os ésteres linoleato de metila e linoleato de
etila foram escolhidos como o éster representativo dos biodieseis metílico e etílico,
respectivamente. As estruturas moleculares desses dois compostos estão mostradas na
Figura 31. A estrutura química do glicerol é mostrada na Figura 32.
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
64
(a) (b)
Figura 31: Estrutura molecular do linoleato de metila (a) e do linoleato de etila (b).
Figura 32: Estrutura do glicerol
Para realização da predição dos dados de equilíbrio a estrutura do glicerol foi
abordada de duas formas distintas conforme a Tabela 11. Uma forma leva em
consideração o grupo OH e outra o grupo DOH (Figura 33). O grupo DOH é obtido a
partir da representação do etileno-glicol proposto por Magnussen et al. (1981).
Tabela 11: Representação do glicerol com dois grupos principais distintos
Subgrupos Grupo OH Grupo DOH CH2 2 0 CH 1 0 OH 3 0 DOH 0 1 ½ (CHOH)2 0 1
HO
OH
OH
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
65
(a) (b)
Figura 33: Representação da estrutura do glicerol levando em consideração os grupos OH (a) e
DOH (b).
Com os dados dos parâmetros de Rk e Qk dos subgrupos DOH, CH2 e CH, os
valores do volume e área das superfícies de van der Waals, Vwk e Awk, de cada um deles
foram determinados pelo uso das equações 27. A partir da correlação desses valores, Vwk
e Awk para o novo subgrupo foram calculados e assim, os parâmetros de interação Rk e
Qk desse grupo foram determinados para os modelos UNIFAC e o UNIFAC-Dortmund
através das equações 27, baseado nas fórmulas geométricas de Bondi.
Os valores obtidos para os parâmetros Rk e Qk do novo subgrupo (½ (CHOH)2)
para os modelos UNIFAC e UNIFAC-Dortmund são apresentados nas Tabelas 12 e 13,
respectivamente.
Tabela 12: Valores de Rk e Qk para o novo subgrupo para representação do Glicerol no
método UNIFAC
Grupo Principal DOH Novo Subgrupo ½ (CHOH)2 Rk 0,9769 Qk 0,812
Tabela 13: Valores de Rk e Qk para o novo subgrupo para representação do Glicerol no
método UNIFAC-Dortmund
Grupo Principal DOH Novo Subgrupo ½ (CHOH)2 Rk 1,044 Qk 0,8473
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
66
A Tabela 14 mostra a distribuição de grupos dos componentes do sistema para
os métodos UNIFAC e UNIFAC-Dortmund considerando as duas conformações para o
glicerol: o grupo OH e o grupo DOH.
Tabela 14: Distribuição dos grupos para os métodos UNIFAC e UNIFAC-Dortmund.
CH3 CH2 CH CH=CH OH/OH-p OH-s CH2COO DOH ½ (CHOH)2 CH3OH
Linoleato de Metilaa,b
2 11 0 2 0 0 1 0 0 0
Linoleato de Etilaa,b
2 12 0 2 0 0 1 0 0 0
Metanola 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 Metanolb 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 Etanola,b 1 1 0 0 1 0 0 0 0 0
Glicerola,c 0 2 1 0 3 0 0 0 0 0 Glicerolb,c 0 2 1 0 2 1 0 0 0 0
Glicerola,b,d 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 a UNIFAC original; b UNIFAC-Dortmund; c Grupo OH, d Grupo DOH.
5.4.1 Sistema Ésteres Metílicos/Metanol/Glicerol
O cálculo dos dados de ELL utilizando os modelos escolhidos, UNIFAC e
UNIFAC-Dortmund, para o sistema metílico foi realizado utilizando o flash líquido-
líquido considerando os grupos OH e DOH. Os desvios médios entre as composições
experimentais e calculadas em cada uma das fases são mostradas nas Tabelas 15 e 16,
para os modelos UNIFAC e UNIFAC-Dortmund, respectivamente.
Tabela 15: Desvio na composição das fases (∆w%) utilizando o modelo UNIFAC para
o sistema metílico
Temperatura
(°C)
(∆w%)
Grupo OH Grupo DOH
9TL 8TL 7TL 9TL 8TL 7TL
30 15,93 11,62 1,93 10,97 3,83 3,41
45 - - 1,80 10,90 4,08 3,68
60 11,09 1,74 1,44 10,47 4,09 3,77
TL = Tie Line
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
67
Tabela 16: Desvio na composição das fases (∆w%) utilizando o modelo UNIFAC-
Dortmund para o sistema metílico
Temperatura
(°C)
(∆w%)
Grupo OH Grupo DOH
9TL 8TL 7TL 9TL 8TL 7TL
30 17,77 13,74 0,81 11,40 5,09 4,65
45 17,51 13,52 0,76 11,07 4,76 4,32
60 11,58 0,78 0,51 10,51 4,35 4,08
TL = Tie Line
A partir dos desvios encontrados para a predição dos dados de equilíbrio dos
sistemas FAME/Metanol/Glicerol na região heterogênea medida experimentalmente (9
tie lines) pode ser observado que os modelos escolhidos para predição dos dados de
equilíbrio não conseguiram representar adequadamente o sistema estudado. Isto
provavelmente ocorre devido à proximidade dos últimos dados à região de
homogeneidade do sistema, o que torna o uso destes modelos inapropriados. A região
heterogênea formada por 8 e 9 tie lines apresenta mais de 30% de álcool na composição
da mistura ternária, valor muito superior ao utilizado na produção de biodiesel.
Observando-se a Tabela 15, pode-se constatar que para a temperatura de 45°C,
modelando os dados para a região formada por 8 e 9 tie lines, utilizando a representação
OH, o modelo UNIFAC não consegue convergir, resultando em valores inconsistentes.
Para os demais casos a modelagem termodinâmica recai sobre o ponto de prato
elevando assim o desvio para mais de 10%, Tabelas 15 e 16.
Quando uma região mais distante da região de solubilidade (7 tie lines) foi
modelada pelo uso destes mesmos modelos, desvios menores foram obtidos. Isto mostra
que os modelos UNIFAC e UNIFAC-Dortmund conseguem predizer satisfatoriamente
os dados de ELL nestas regiões. Negi et al. (2006) utilizaram o UNIFAC para predizer
satisfatoriamente os dados de ELL do sistema oleato de metila/metanol/glicerol.
Nestes casos, os menores desvios encontrados entre os dados experimentais e os
calculados foram obtidos quando utilizado o modelo UNIFAC e UNIFAC-Dortmund
com o glicerol representado pelo grupo OH. Para esta representação, quando usado o
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
68
modelo UNIFAC, valores menores do que 2,0% foram obtidos e para o UNIFAC-
Dortmund valores menores do que 1,0% foram obtidos. Comparações entre os dados
experimentais e calculados para a região na qual os modelos predizem satisfatoriamente
o ELL são mostradas nos diagramas apresentados nas Figuras de 34 a 45.
Os modelos UNIFAC e UNIFAC-Dortmund são modelos de contribuição de
grupos que consideram uma mistura líquida como uma solução das unidades estruturais
a partir das quais as moléculas são formadas em vez de uma solução das próprias
moléculas. Em relação ao UNIFAC original, que considera o metanol como sendo
formado por um subgrupo CH3 e um OH primário, o modelo UNIFAC-Dortmund
possui em sua base de dados o subgrupo CH3OH, representação exata da estrutura do
metanol.
Durante a predição dos dados de ELL, possíveis variações nos valores dos
parâmetros dos modelos devem ser promovidas devido à estrutura característica do
glicerol. Nos métodos baseados em contribuição de grupos, parâmetros usados na
parcela combinatorial do coeficiente de atividade, volume e áreas dos grupos, são
obtidos de tabelas que são resultados de uma média desses parâmetros em vários
ambientes químicos. No entanto, a característica particular da estrutura do glicerol
talvez afaste os parâmetros dos valores encontrados nas tabelas. O grupo CH, por
exemplo, está ligado a uma hidroxila e a dois grupos CH2-OH vizinhos. A forte
polaridade gerada por 02 átomos de oxigênio quase vizinhos deve modificar a nuvem
eletrônica da cadeia carbônica fazendo os parâmetros diferirem fortemente de um
mono-álcool com o mesmo grupo CH-OH.
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
69
Figura 34: Diagrama ternário para o FAME/Metanol/Glicerol a 30°C. Comparação com a predição utilizando o modelo UNIFAC e o grupo OH.
Figura 35: Diagrama ternário para o FAME/Metanol/Glicerol a 30°C. Comparação com
predição utilizando o modelo UNIFAC e o grupo DOH.
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T = 30°C- - Experimental- - Unifac (OH)
Glic
erol M
etanol
Ésteres Metílicos
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=30°C- - Experimental- - Unifac (DOH)
Glic
erol M
etanol
Ésteres Metílicos
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
70
Figura 36: Diagrama ternário para o FAME/Metanol/Glicerol a 30°C. Comparação com a
predição utilizando o modelo UNIFAC-Dortmund e o grupo OH.
Figura 37: Diagrama ternário para o FAME/Metanol/Glicerol a 30°C. Comparação com a
predição utilizando o modelo UNIFAC-Dortmund e o grupo DOH.
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=30°C- - Experimental- - Unifac-Dortmund (OH)
Glic
erol M
etanol
Ésteres Metílicos
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=30°C- - Experimental- - Unifac-Dortmund (DOH)
Glic
erol M
etanol
Ésteres Metílicos
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
71
Figura 38: Diagrama ternário para o FAME/Metanol/Glicerol a 45°C. Comparação com a
predição utilizando o modelo UNIFAC e o grupo OH.
Figura 39: Diagrama ternário para o FAME/Metanol/Glicerol a 45°C. Comparação com a
predição utilizando o modelo UNIFAC e o grupo DOH.
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=45°C- - Experimental- - Unifac (OH)
Glic
erol M
etanol
Ésteres Metílicos
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=45°C- - Experimental- - Unifac (DOH)
Glic
erol M
etanol
Ésteres Metílicos
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
72
Figura 40: Diagrama ternário para o FAME/Metanol/Glicerol a 45°C. Comparação com a
predição utilizando o modelo UNIFAC-Dortmund e o grupo OH.
Figura 41: Diagrama ternário para o FAME/Metanol/Glicerol a 45°C. Comparação com a
predição utilizando o modelo UNIFAC-Dortmund e o grupo DOH.
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=45°C- - Experimental- - Unifac-Dortmund (OH)
Glic
erol M
etanol
Ésteres Metílicos
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=45°C- - Experimental- - Unifac-Dortmund (DOH)
Glic
erol M
etanol
Ésteres Metílicos
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
73
Figura 42: Diagrama ternário para o FAME/Metanol/Glicerol a 60°C. Comparação com a
predição utilizando o modelo UNIFAC e o grupo OH.
Figura 43: Diagrama ternário para o FAME/Metanol/Glicerol a 60°C. Comparação com a
predição utilizando o modelo UNIFAC e o grupo DOH.
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=60°C- - Experimental- - Unifac (OH)
Glic
erol M
etanol
Ésteres Metílicos
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=60°C- - Experimental- - Unifac (DOH)
Glic
erol M
etanol
Ésteres Metílicos
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
74
Figura 44: Diagrama ternário para o FAME/Metanol/Glicerol a 60°C. Comparação com a
predição utilizando o modelo UNIFAC-Dortmund e o grupo OH.
Figura 45: Diagrama ternário para o FAME/Metanol/Glicerol a 60°C. Comparação com a
predição utilizando o modelo UNIFAC-Dortmund e o grupo DOH.
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=60°C- - Experimental- - Unifac-Dortmund (OH)
Glic
erol M
etanol
Ésteres Metílicos
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=60°C- - Experimental- - Unifac-Dortmund (DOH)
Glic
erol M
etanol
Ésteres Metílicos
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
75
Para uma melhor visualização dos efeitos dos modelos e das representações do
glicerol no sistema FAME/Metanol/Glicerol, as Figuras 46 e 47 mostram uma
comparação entre o uso dos modelos UNIFAC e o UNIFAC-Dortmund para estes
sistemas a 30ºC quando utilizadas as representações do glicerol pelo grupo OH e pelo
grupo DOH, respectivamente.
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T = 30°C- - Experimental- - Unifac (OH)- - Unifac-Dortmund (OH)
Glic
erol M
etanol
Ésteres Metílicos
Figura 46: Comparação entre a predição utilizando o modelo UNIFAC e UNIFAC-Dortmund
com o grupo OH para o sistema FAME/Metanol/Glicerol a 30°C.
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=30°C- - Experimental- - Unifac (DOH)- - Unifac -Dortmund (DOH)
Glic
erol M
etanol
Ésteres Metílicos
Figura 47: Comparação entre a predição utilizando o modelo UNIFAC e UNIFAC-Dortmund
com o grupo DOH para o sistema FAME/Metanol/Glicerol a 30°C.
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
76
5.4.2 Sistema Ésteres Etílicos/Etanol/Glicerol
Assim como para os sistemas metílicos, o cálculo dos dados de ELL para os
sistemas etílicos utilizando os modelos UNIFAC e UNIFAC-Dortmund foi realizado
utilizando o flash líquido-líquido considerando também os grupos OH e DOH. Os
desvios médios entre as composições experimentais e calculadas em cada uma das fases
são mostradas nas Tabelas 17 e 18, para os modelos UNIFAC e UNIFAC-Dortmund,
respectivamente. Para a temperatura de 60ºC foram determinados experimentalmente
apenas 8 tie lines devido à falta de biodiesel etílico para realização de mais
determinações.
Tabela 17: Desvio na composição das fases (∆w%) utilizando o modelo UNIFAC para
o sistema etílico.
Temperatura
(°C)
(∆w%)
Grupo OH Grupo DOH
9TL 8TL 7TL 9TL 8TL 7TL
30 10,56 0,71 0,54 8,61 2,10 2,09
45 10,49 0,81 0,52 8,35 2,34 2,32
60 - 10,65 0,68 - 8,10 2,54
TL = Tie Line
Tabela 18: Desvio na composição das fases (∆w%) utilizando o modelo UNIFAC-
Dortmund para o sistema etílico.
Temperatura
(°C)
(∆w%)
Grupo OH Grupo DOH
9TL 8TL 7TL 9TL 8TL 7TL
30 11,49 2,05 1,74 9,15 4,79 4,44
45 10,79 2,20 1,82 9,01 4,99 4,61
60 - 11,26 1,87 - 8,77 4,81
TL = Tie Line
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
77
Os desvios encontrados para a predição dos dados de equilíbrio dos sistemas
FAEE/Etanol/Glicerol apresentaram comportamento semelhante aos vistos para os
sistemas metílicos. Para a predição dos dados de ELL da região heterogênea medida
experimentalmente, 9 tie lines para os sistemas a 30 e 45ºC e 8 tie lines para os sistemas
a 60ºC, os modelos termodinâmicos UNIFAC e UNIFAC-Dortmund não conseguiram
representar adequadamente o sistema estudado. Mais uma vez, isto provavelmente deve
acontecer devido à proximidade dos últimos dados à região de homogeneidade do
sistema, tornando o uso destes modelos inadequados para estas regiões. Nos sistemas
etílicos, a região heterogênea formada por 8 e 9 tie lines também apresenta mais de 30%
de álcool na composição da mistura ternária.
Assim como observado para os sistemas metílicos, modelando os dados de
equilíbrio dos sistemas etílicos para a região formada por 9 tie lines para as
temperaturas de 30 e 45ºC e 8 tie lines para a temperatura de 60ºC, a modelagem
termodinâmica recai sobre o ponto de prato elevando assim o desvio encontrado para
valores acima de 8,0%, Tabelas 17 e 18.
Novamente, semelhante aos sistemas metílicos, quando uma região mais
distante da região de solubilidade (7 tie lines) foi modelada pelo uso destes modelos,
valores mais baixos para os desvios foram obtidos. Isto mostra que os modelos
UNIFAC e UNIFAC-Dortmund conseguem predizer satisfatoriamente os dados de ELL
dos sistemas FAEE/Etanol/Glicerol nestas regiões.
Para a predição dos de ELL dos sistemas etílicos nas regiões mais distantes da
região de solubilidade, os menores desvios encontrados entre os dados experimentais e
os calculados foram obtidos quando utilizado o modelo UNIFAC e UNIFAC-Dortmund
com o glicerol representado pelo grupo OH, de forma análoga ao encontrado para os
sistemas metílicos. Para esta representação, quando usado o modelo UNIFAC, valores
menores do que 1,0% foram obtidos e valores de aproximadamente 1,8% foram obtidos
pelo uso do UNIFAC-Dortmund.
Comparações entre os dados experimentais e calculados para a região na qual os
modelos predizem satisfatoriamente o ELL são mostradas nos diagramas apresentados
nas Figuras de 48 a 59.
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
78
Figura 48: Diagrama ternário para o FAEE/Etanol/Glicerol a 30°C. Comparação com a predição utilizando o modelo UNIFAC e o grupo OH.
Figura 49: Diagrama ternário para o FAEE/Etanol/Glicerol a 30°C. Comparação com a predição utilizando o modelo UNIFAC e o grupo DOH.
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=30°C- - Experimental- - Unifac (OH)
Glic
erol Etanol
Ésteres Etílicos
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=30°C- - Experimental- - Unifac (DOH)
Glic
erol Etanol
Ésteres Etílicos
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
79
Figura 50: Diagrama ternário para o FAEE/Etanol/Glicerol a 30°C. Comparação com a predição utilizando o modelo UNIFAC-Dortmund e o grupo OH.
Figura 51: Diagrama ternário para o FAEE/Etanol/Glicerol a 30°C. Comparação com a predição utilizando o modelo UNIFAC-Dortmund e o grupo DOH.
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=30°C- - Experimental- - Unifac-Dortmund (OH)
Glic
erol Etanol
Ésteres Etílicos
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=30°C- - Experimental- - Unifac-Dortmund (DOH)
Glic
erol Etanol
Ésteres Etílicos
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
80
Figura 52: Diagrama ternário para o FAEE/Etanol/Glicerol a 45°C. Comparação com a predição utilizando o modelo UNIFAC e o grupo OH.
Figura 53: Diagrama ternário para o FAEE/Etanol/Glicerol a 45°C. Comparação com a predição utilizando o modelo UNIFAC e o grupo DOH.
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=45°C- - Experimental- - Unifac (OH)
Glic
erol Etanol
Ésteres Etílicos
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=45°C- - Experimental- - Unifac (DOH)
Glic
erol Etanol
Ésteres Etílicos
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
81
Figura 54: Diagrama ternário para o FAEE/Etanol/Glicerol a 45°C. Comparação com a predição utilizando o modelo UNIFAC-Dortmund e o grupo OH.
Figura 55: Diagrama ternário para o FAEE/Etanol/Glicerol a 45°C. Comparação com a predição utilizando o modelo UNIFAC-Dortmund e o grupo DOH.
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=45°C- - Experimental- - Unifac-Dortmund (OH)
Glic
erol Etanol
Ésteres Etílicos
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
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1,0
T=45°C- - Experimental- - Unifac-Dortmund (DOH)
Glic
erol Etanol
Ésteres Etílicos
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
82
Figura 56: Diagrama ternário para o FAEE/Etanol/Glicerol a 60°C. Comparação com a predição utilizando o modelo UNIFAC e o grupo OH.
Figura 57: Diagrama ternário para o FAEE/Etanol/Glicerol a 60°C. Comparação com a predição utilizando o modelo UNIFAC e o grupo DOH.
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=60°C- - Experimental- - Unifac (OH)
Glic
erol Etanol
Ésteres Etílicos
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=60°C- - Experimental- - Unifac (DOH)
Glic
erol Etanol
Ésteres Etílicos
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
83
Figura 58: Diagrama ternário para o FAEE/Etanol/Glicerol a 60°C. Comparação com a predição utilizando o modelo UNIFAC-Dortmund e o grupo OH.
Figura 59: Diagrama ternário para o FAEE/Etanol/Glicerol a 60°C. Comparação com a predição utilizando o modelo UNIFAC-Dortmund e o grupo DOH.
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=60°C- - Experimental- - Unifac-Dortmund (OH)
Glic
erol Etanol
Ésteres Etílicos
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=60°C- - Experimental- - Unifac-Dortmund (DOH)
Glic
erol Etanol
Ésteres Etílicos
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
84
Para uma melhor visualização dos efeitos dos modelos e das representações do
glicerol no sistema FAME/Metanol/Glicerol, as Figuras 60 e 61 mostram uma
comparação entre o uso dos modelos UNIFAC e o UNIFAC-Dortmund para estes
sistemas a 30ºC quando utilizadas as representações do glicerol pelo grupo OH e pelo
grupo DOH, respectivamente.
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=30°C- - Experimental- - Unifac (OH)- - Unifac - Dortmund (OH)
Glic
erol Etanol
Ésteres Etílicos
Figura 60: Comparação entre a predição utilizando o modelo UNIFAC e UNIFAC-Dortmund
com o grupo OH para o sistema FAEE/Etanol/Glicerol a 30°C.
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=30°C- - Experimental- - Unifac (DOH)- - Unifac - Dortmund (DOH)
Glic
erol Etanol
Ésteres Etílicos
Figura 61: Comparação entre a predição utilizando o modelo UNIFAC e UNIFAC-Dortmund
com o grupo DOH para o sistema FAEE/Etanol/Glicerol a 30°C.
Maia, A.C.S. Resultados e Discussão
85
Como pode ser observado através dos diagramas comparativos entre os resultados
experimentais e os valores preditos pelos modelos UNIFAC e UNIFAC-Dortmund, para
regiões mais distantes da região de solubilidade estes modelos conseguem predizer os
dados de ELL com desvios muito pequenos isto é, predizem satisfatoriamente o ELL.
No entanto, é necessária a utilização de modelos termodinâmicos que consigam predizer
o equilíbrio líquido-líquido para estes tipos de sistemas em toda a região heterogênea do
diagrama triangular.
Para obtenção de bons resultados de predição, a estimativa dos parâmetros de
interação molecular e de interação de grupos precisa ser feita. O modelo de coeficiente
de atividade NRTL ou o modelo UNIQUAC podem ser testados como alternativa para
predição dos dados de equilíbrio.
Maia, A.C.S. Conclusões
86
6. Conclusões
Dados de equilíbrio líquido-líquido foram determinados para os sistemas
FAME/Metanol/Glicerol e FAEE/Etanol/Glicerol às temperaturas de 30, 45 e 60°C. O
FAME e FAEE utilizados neste trabalho foram obtidos a partir da alcoólise do óleo de
algodão. O linoleato de metila e o linoleato de etila foram considerados como ésteres
representativos dos biodieseis metílico e etílico de algodão, respectivamente. A
determinação da composição das fases foi realizada através de cromatografia gasosa.
Foram determinadas em média nove linhas de amarração para cada sistema estudado.
Foi observado o aumento da fração de álcool na fase rica em éster com o aumento da
temperatura. Além disso, a fração de etanol na fase rica em éster é maior do que a
fração de metanol, em seus respectivos sistemas. Para o sistema etílico, mudança na
inclinação das tie lines foi observada devido ao aumento da quantidade do etanol na fase
éster e diminuição na fase glicerol com o aumento da temperatura (diagrama em base
molar). Os gráficos de Othmer-Tobias mostraram consistência dos resultados
experimentais encontrados neste trabalho. Altas purezas de biodiesel são obtidas quando
o processo de separação das fases é realizado a temperaturas mais baixas, porém, o
tempo de separação é mais lento do que a altas temperaturas. Para sistemas onde o
álcool utilizado é o etanol, temperaturas ainda mais baixas serão requeridas devido à
maior afinidade deste com os ésteres etílicos comparado ao metanol com os ésteres
metílicos.
A partir dos dados experimentais medidos, predições do ELL foram realizadas
pelo uso dos modelos UNIFAC e UNIFAC-Dortmund considerando a representação do
glicerol de duas formas distintas, com o grupo OH e o grupo DOH. Os desvios entre os
dados experimentais e calculados mostraram que estes modelos não conseguiram
predizer satisfatoriamente toda a região heterogênea dos sistemas estudados. Apenas
para regiões mais distantes da região de solubilidade estes modelos conseguem predizer
o ELL com boa aproximação.
Os resultados aqui encontrados limitam-se aos sistemas formados pelo biodiesel
de algodão.
Maia, A.C.S. Propostas Futuras
87
7. Propostas Futuras
Devido às dificuldades encontradas durante a execução deste trabalho que
impossibilitaram a realização de algumas etapas importantes, algumas recomendações e
sugestões são aplicadas.
• Estimar os parâmetros de interação molecular e de grupos;
• Modelar o sistema utilizando outros modelos termodinâmicos;
• Modelar o sistema levando em consideração todos os ésteres presentes no
biodiesel ou aqueles que se encontrem em maior quantidade;
• Estudar o ELL em faixas de temperaturas maior;
• Estudar o ELL em sistemas de outras oleaginosas potenciais para produção de
biodiesel;
• Determinar as melhores condições para separação dos sistemas etílicos buscando
viabilizar o uso deste álcool na produção de biodiesel.
Maia, A.C.S. Referências Bibliográficas
88
8. Referências Bibliográficas
ALDERS, L. Liquid-Liquid Extraction. Elsevier Publishing Company. (1955). ANDREATTA, A. E.; CASÁS, L. M.; HEGEL, P.; BOTTINI, S. B.; BRIGNOLE, E. A. Phase Equilibria in Ternary Mixtures of Methyl Oleate, Glycerol, and Methanol. Ind. Eng. Chem. Res, v. 47, p. 5157-5164, (2008). AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS (ANP), LEI Nº 11.097, DE 13.1.2005 – DOU 14.1.2005. http://nxt.anp.gov.br/NXT/gateway.dll/leg/leis/2005/lei%2011.097%20-%202005.xml?f=templates$fn=default.htm&sync=1&vid=anp:10.1048/enu; acessado em Maio de 2010. CÂMARA, G. M. S. Biodiesel Brasil - Estado Atual da Arte, USP/ESALQ, (2006). CERNOCH, M.; HÁJEK, M.; SKOPAL, F.; Relationships among .ash point, carbon residue, viscosity and some impurities in biodiesel after ethanolysis of rapeseed oil. Bioresource Technology, v. 101, 7397–7401, (2010). CHENG, L-H.; CHENG, Y-F.; YEN, S-Y.; CHEN, J.; Application of UNIQUAC and SVM to ultrafiltration for modeling ternary mixtures of oil, FAME, and methanol. Chemical Engineering Science, v. 64, 5093-5103, (2009). CHIU, C-W,; GOFF, M. J.; SUPPES, G. J.; Distribution of Methanol and Catalysts between Biodiesel and Glycerin Phases. AIChE Journal, v. 51, n° 4, 1274-1278, (2005). COSTA, A. C. Os Biocombustíveis e as Novas Perspectivas para as Empresas de Energia no Brasil. 3º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em petróleo e Gás, (2005). DERR, E. L., DEAL, C. H., Ind. Eng. Chem., Symp. Ser., 32 (3), 40-51, (1969). EN - EUROPÄISCHE NORM. EN 14103 - Fat and oil derivatives -Fatty Acid Methyl Esters (FAME) - Determination of ester and linolenic acid methyl ester contents. Europäische Norm, (2003). FRANÇA, B. B.; PINTO, F. M.; PESSOA, F. L. P., ULLER, A. M. C., Liquid-Liquid Equilibria for Castor Oil Biodiesel + Glycerol + Alcohol, J. Chem. Eng. Data v. 54, 2359–2364, (2009). FREDENSLUND, A., JONES, R.L., PRAUSNITZ, J.M.; “Group-Contribution Estimation of Activity Coefficients in Nonideal Liquid Mixtures”, AIChE J., 21, 1086-1099. (1975) FREDENSLUND, A., GMEHLING, J., RASMUSSEN, P., Vapor-Liquid Equilibria Using UNIFAC, Elsevier, Amsterdam. (1997)
Maia, A.C.S. Referências Bibliográficas
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Maia, A.C.S. Apêndices
92
APÊNDICES
Maia, A.C.S. Apêndices
93
APÊNDICE I Tabela 19: Dados de ELL a 30°C para o Sistema Metílico - Éster(1) / MeOH(2) /
Glicerol(3)
Fase Éster Fase Glicerol
100w1 100w2 100w3 100w1 100w2 100w3
99,53 0,44 0,03 0,83 04,08 95,09
99,06 0,88 0,05 0,22 08,95 90,83
98,43 1,50 0,07 0,28 13,77 85,95
97,76 2,15 0,09 0,00 19,26 80,74
96,84 3,04 0,12 0,00 26,55 73,45
95,91 3,92 0,17 0,00 33,69 66,31
94,61 5,14 0,24 0,27 40,65 59,09
93,10 6,58 0,32 1,60 49,85 48,55
90,91 8,63 0,46 2,59 59,43 37,98
Tabela 20: Dados de ELL a 45°C para o Sistema Metílico - Éster(1) / MeOH(2) /
Glicerol(3)
Fase Éster Fase Glicerol
100w1 100w2 100w3 100w1 100w2 100w3
99,44 00,51 0,05 0,97 03,34 95,69
98,89 01,05 0,07 0,00 08,72 91,28
98,19 01,72 0,09 0,00 13,18 86,82
97,25 02,59 0,15 0,00 18,90 81,10
96,34 03,47 0,20 0,00 25,39 74,61
95,31 04,44 0,25 0,00 32,31 67,69
93,77 05,88 0,36 0,31 39,61 60,08
91,79 07,66 0,54 1,75 48,51 49,74
89,16 10,10 0,74 2,38 59,15 38,47
Maia, A.C.S. Apêndices
94
Tabela 21: Dados de ELL a 60°C para o Sistema Metílico - Éster(1) / MeOH(2) /
Glicerol(3)
Fase Éster Fase Glicerol
100w1 100w2 100w3 100w1 100w2 100w3
99,22 00,69 0,09 0,18 03,32 96,51
98,63 01,25 0,12 0,00 08,11 91,89
97,79 02,05 0,16 0,00 12,44 87,56
96,78 02,99 0,22 0,00 18,91 81,09
95,87 03,82 0,30 0,00 23,78 76,22
93,69 05,81 0,50 0,00 30,46 69,54
92,40 06,99 0,61 0,37 37,75 61,88
90,15 09,05 0,80 1,00 46,42 52,59
86,77 12,05 1,18 3,28 56,37 40,35
Tabela 22: Dados de ELL a 30°C para o Sistema Etílico - Éster(1) / EtOH(2) /
Glicerol(3)
Fase Éster Fase Glicerol
100w1 100w2 100w3 100w1 100w2 100w3
98,76 01,18 0,06 0,51 03,85 95,64
97,28 02,58 0,14 0,00 08,26 91,74
95,63 04,15 0,22 0,00 12,28 87,72
93,62 05,96 0,42 0,00 17,85 82,15
91,27 08,10 0,63 0,00 22,98 77,02
88,65 10,42 0,93 0,00 29,82 70,18
85,25 13,43 1,32 0,36 38,31 61,33
80,92 17,01 2,07 1,06 46,37 52,57
73,40 23,08 3,52 3,96 55,30 40,73
Maia, A.C.S. Apêndices
95
Tabela 23: Dados de ELL a 45°C para o Sistema Etílico - Éster(1) / EtOH(2) /
Glicerol(3)
Fase Éster Fase Glicerol
100w1 100w2 100w3 100w1 100w2 100w3
98,66 1,25 0,09 0,00 3,60 96,40
97,01 2,80 0,18 0,00 7,28 92,72
95,20 4,51 0,29 0,00 12,24 87,76
93,05 6,43 0,52 0,00 16,46 83,54
90,48 8,71 0,81 0,00 22,63 77,37
87,66 11,14 1,20 0,18 29,12 70,70
83,57 14,62 1,81 0,42 37,00 62,57
79,34 17,86 2,80 1,46 44,80 53,75
69,07 25,86 5,07 3,84 54,73 41,42
Tabela 24: Dados de ELL a 60°C para o Sistema Etílico - Éster(1) / EtOH(2) /
Glicerol(3)
Fase Éster Fase Glicerol
100w1 100w2 100w3 100w1 100w2 100w3
98,51 1,35 0,14 0,00 3,47 96,53
96,80 2,97 0,23 0,00 7,11 92,89
94,74 4,83 0,42 0,00 11,70 88,30
92,42 6,89 0,69 0,00 14,92 85,08
89,53 9,42 1,05 0,00 22,27 77,73
86,48 11,95 1,57 0,20 28,50 71,30
81,84 15,73 2,43 0,46 35,36 64,18
65,43 29,75 4,82 4,68 52,20 43,12
Maia, A.C.S. Apêndices
96
APÊNDICE II
Tabela 25: Dados de ELL a 30°C para o Sistema Metílico - Éster(1) / MeOH(2) /
Glicerol(3) – Frações Molares
Fase Éster Fase Glicerol
X1 X2 X3 X1 X2 X3 0,961 0,038 0,001 0,002 0,109 0,888
0,924 0,074 0,002 0,001 0,221 0,779
0,877 0,121 0,002 0,001 0,315 0,684
0,832 0,165 0,002 0,000 0,407 0,593
0,777 0,220 0,003 0,000 0,510 0,490
0,728 0,268 0,004 0,000 0,594 0,406
0,667 0,327 0,005 0,003 0,664 0,336
0,606 0,387 0,007 0,003 0,745 0,252
0,534 0,458 0,008 0,004 0,815 0,181
Tabela 26: Dados de ELL a 45°C para o Sistema Metílico - Éster(1) / MeOH(2) /
Glicerol(3) – Frações Molares
Fase Éster Fase Glicerol
X1 X2 X3 X1 X2 X3 0,954 0,044 0,001 0,003 0,091 0,906
0,911 0,087 0,002 0,000 0,215 0,785
0,861 0,136 0,003 0,000 0,304 0,696
0,803 0,193 0,004 0,000 0,401 0,599
0,751 0,244 0,005 0,000 0,494 0,506
0,700 0,294 0,006 0,000 0,578 0,422
0,634 0,359 0,008 0,001 0,654 0,345
0,564 0,425 0,010 0,003 0,735 0,262
0,488 0,499 0,013 0,004 0,812 0,184
Maia, A.C.S. Apêndices
97
Tabela 27: Dados de ELL a 60°C para o Sistema Metílico - Éster(1) / MeOH(2) /
Glicerol(3) – Frações Molares
Fase Éster Fase Glicerol
X1 X2 X3 X1 X2 X3 0,939 0,059 0,003 0,001 0,090 0,910
0,894 0,103 0,003 0,000 0,202 0,798
0,837 0,158 0,004 0,000 0,290 0,710
0,777 0,217 0,006 0,000 0,401 0,599
0,730 0,263 0,007 0,000 0,473 0,527
0,634 0,355 0,011 0,000 0,557 0,443
0,587 0,401 0,012 0,001 0,636 0,363
0,517 0,468 0,014 0,002 0,716 0,282
0,435 0,546 0,019 0,005 0,797 0,198
Tabela 28: Dados de ELL a 30°C para o Sistema Etílico - Éster(1) / EtOH(2) /
Glicerol(3) – Frações Molares
Fase Éster Fase Glicerol
X1 X2 X3 X1 X2 X3 0,925 0,073 0,002 0,001 0,074 0,924
0,848 0,148 0,004 0,000 0,153 0,847
0,773 0,221 0,006 0,000 0,219 0,781
0,697 0,292 0,010 0,000 0,303 0,697
0,622 0,364 0,014 0,000 0,374 0,626
0,553 0,428 0,019 0,000 0,459 0,541
0,479 0,497 0,024 0,001 0,555 0,444
0,405 0,561 0,034 0,002 0,637 0,361
0,310 0,641 0,049 0,008 0,725 0,267
Maia, A.C.S. Apêndices
98
Tabela 29: Dados de ELL a 45°C para o Sistema Etílico - Éster(1) / EtOH(2) /
Glicerol(3) – Frações Molares
Fase Éster Fase Glicerol
X1 X2 X3 X1 X2 X3 0,920 0,077 0,003 0,000 0,070 0,930
0,836 0,159 0,005 0,000 0,136 0,864
0,756 0,236 0,008 0,000 0,218 0,782
0,679 0,309 0,012 0,000 0,283 0,717
0,601 0,381 0,018 0,000 0,369 0,631
0,531 0,445 0,024 0,000 0,451 0,548
0,450 0,518 0,032 0,001 0,541 0,458
0,385 0,570 0,045 0,003 0,623 0,374
0,270 0,665 0,065 0,008 0,720 0,272
Tabela 30: Dados de ELL a 60°C para o Sistema Etílico - Éster(1) / EtOH(2) /
Glicerol(3) – Frações Molares
Fase Éster Fase Glicerol
X1 X2 X3 X1 X2 X3 0,913 0,082 0,004 0,000 0,067 0,933
0,826 0,167 0,007 0,000 0,133 0,867
0,740 0,249 0,011 0,000 0,209 0,791
0,660 0,324 0,016 0,000 0,260 0,740
0,578 0,400 0,022 0,000 0,364 0,636
0,508 0,462 0,030 0,000 0,444 0,556
0,423 0,536 0,041 0,001 0,524 0,475
0,236 0,707 0,057 0,010 0,701 0,290
Maia, A.C.S. Apêndices
99
APÊNDICE III
Figura 62: Equilíbrio líquido – líquido ésteres metílicos/metanol/glicerol a 30°C em base molar
Figura 63: Equilíbrio líquido – líquido ésteres metílicos/metanol/glicerol a 45°C em base molar.
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=30°C
Glic
erol M
etanol
Ésteres Metílicos
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=45°C
Glic
erol M
etanol
Ésteres Metílicos
Maia, A.C.S. Apêndices
100
Figura 64: Equilíbrio líquido – líquido ésteres metílicos/metanol/glicerol a 60°C em base molar.
Figura 65: Equilíbrio líquido – líquido ésteres etílicos/etanol/glicerol a 30°C em base molar.
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=60°C
Glic
erol M
etanol
Ésteres Metílicos
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=30°C
Glic
erol Etanol
Ésteres Etílicos
Maia, A.C.S. Apêndices
101
Figura 66: Equilíbrio líquido – líquido ésteres etílicos/etanol/glicerol a 45°C em base molar.
Figura 67: Equilíbrio líquido – líquido ésteres etílicos/etanol/glicerol a 60°C em base molar.
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=45°C
Glic
erol Etanol
Ésteres Etílicos
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00 0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
T=60°C
Glic
erol Etanol
Ésteres Etílicos
Maia, A.C.S. Apêndices
102
APÊNDICE IV
Figura 68: Dimensões da célula de ELL.