dissertaÇÃo de mestrado 588 estratigrafia e …
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute INSTITUTO DE GEOCIEcircNCIAS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM GEOLOGIA E GEOQUIacuteMICA
DISSERTACcedilAtildeO DE MESTRADO 588
ESTRATIGRAFIA E PALEOAMBIENTE DA FORMACcedilAtildeO POTI E RELACcedilOtildeES DE CONTATO COM AS FORMACcedilOtildeES
LONGAacute E PIAUIacute BORDA LESTE DA BACIA DO PARNAIacuteBA
Dissertaccedilatildeo apresentada por ISABELLA DE FAacuteTIMA SANTOS DE MIRANDA Orientador Prof Dr Joelson Lima Soares (UFPA)
BELEacuteM-PARAacute 2020
Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo (CIP) de acordo com ISBD Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Paraacute
Gerada automaticamente pelo moacutedulo Ficat mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
M672e Miranda Isabella de Faacutetima Santos de
Estratigrafia e paleoambiente da Formaccedilatildeo Poti e relaccedilotildees de contato com as Formaccedilotildees Longaacute e Piauiacute borda Leste da Bacia do Parnaiacuteba Isabella de Faacutetima Santos de Miranda mdash 2020
xx69 f il color
Orientador(a) Prof Dr Joelson Lima Soares Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia
e Geoquiacutemica Instituto de Geociecircncias Universidade Federal do Paraacute Beleacutem 2020
1 Paleoambiente 2 Short-term transgression 3 Bacia do Parnaiacuteba 4
Formaccedilatildeo Poti I Tiacutetulo
CDD 55172
Universidade Federal do Paraacute Instituto de Geociecircncias Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia e Geoquiacutemica
ESTRATIGRAFIA E PALEOAMBIENTE DA FORMACcedilAtildeO POTI E RELACcedilOtildeES DE CONTATO COM AS FORMACcedilOtildeES
LONGAacute E PIAUIacute BORDA LESTE DA BACIA DO PARNAIacuteBA
Dissertaccedilatildeo apresentada por
ISABELLA DE FAacuteTIMA SANTOS DE MIRANDA
Como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do Grau de Mestre em Ciecircncias na Aacuterea de GEOLOGIA e Linha de Pesquisa em Anaacutelise de Bacias Sedimentares
Data de Aprovaccedilatildeo 27 07 2020 Banca Examinadora
Prof Dr Joelson Lima Soares (Orientador ndash UFPA)
Profordf Drordf Ana Maria Goacutees (Membro ndash USP)
Prof Dr Joseacute Bandeira Cavalcante Juacutenior
(Membro ndash UFPA)
iv
Ao Grande Arquiteto do Universo
Aos meus pais
v
AGRADECIMENTOS
O apoio de queridos familiares e amigos satildeo de vital importacircncia para a realizaccedilatildeo
dos melhores objetivos na vida Agradeccedilo ao Grande Arquiteto do Universo primeiramente
que me proporcionou calma e feacute Gostaria de agradecer a todas as pessoas que de alguma
forma direta ou indiretamente me ajudaram a desenvolver este trabalho
Aos meus amados pais Isardi Arauacutejo de Miranda e Maria Goretti Fonseca Santos de
Miranda que me possibilitaram ferramentas e carinho para trilhar este caminho da ciecircncia
Tenho eterna gratidatildeo e admiraccedilatildeo profunda pela tamanha grandiosidade de coraccedilatildeo do meu
pai Que este trabalho seja prova que seu amor pelas ciecircncias transbordou geraccedilatildeo e ainda do
meu amor Agrave minha matildee que me ensinou a ser uma mulher forte atraveacutes de sua educaccedilatildeo
inteligecircncia e amor alguns de seus inuacutemeros adjetivos como mulher e matildee Ao meu grande
irmatildeo Isardy Miranda pela gentileza amizade e inspiraccedilatildeo do dia a dia
Agraves minhas avoacutes Maria de Nazareacute (Noca) e Josina modelos de resiliecircncia e forccedila
feminina com histoacuterias de vida tatildeo forte que me influenciaram a nunca desistir Aos meus
avocircs (in memorian) Hardy Miranda e Joseacute das Neves pilares das famiacutelias que formaram pais
incriacuteveis Agraves minhas queridas tias (o) e primas (os) as quais muito me espelho e dedico toda a
minha admiraccedilatildeo Aos meus amados padrinhos Izamar e Margarete os guardo no coraccedilatildeo
Ao meu companheiro Bernardo Noacutebrega e meus bons amigos que fizeram parte
tambeacutem desta etapa Meus amigos Caio Perdigatildeo Felipe Rodriga Rachel Emanuelle e
Heverlyn que me apoiaram incondicionalmente Muito obrigada
Aos meus amigos da UFPA que me proporcionaram boas tardes de discussotildees
geoloacutegicas cafeacutes e momentos de descontraccedilatildeo Obrigada Alexandre Ribeiro pela amizade e
conversas sobre geologia Guilherme Raffaeli pelo apoio durante o trabalho Pedro Augusto
Roberto Arauacutejo pelo companheirismo Renan Cleacuteber Walmir Renato Sol Daniella Sacircmia
Nayra Taynara Mateus Xavier e ao teacutecnico Aldemir Sotero do laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de
raios- X Um reconhecimento especial para a biblioteca do IG da UFPA em especial a Luacutecia
Imbiriba por um excelente trabalho de revisatildeo e apoio em relaccedilatildeo as normas de editoraccedilatildeo
Agradeccedilo ao meu orientador Joelson Soares pela amizade paciecircncia e discussotildees ao
longo desta caminhada Agradeccedilo por me inspirar a ser cada vez melhor Um agradecimento
especial a querida Prof Vacircnia Barriga pela sua amizade e exemplo Tambeacutem minha gratidatildeo
vi
aos professores Joseacute Bandeira e Afonso Nogueira pelas disciplinas ministradas e sugestotildees as
quais foram essenciais para a realizaccedilatildeo desta dissertaccedilatildeo
Ainda sou grata pelo suporte estrutural e financeiro proveniente da PPGG da
Universidade Federal do Paraacute e do Conselho Nacional de Desenvolvimento cientiacutefico e
tecnoloacutegico (CNPq) Agradeccedilo tambeacutem a equipe de coordenaccedilatildeo do Campo 1 da graduaccedilatildeo
da UFPA que proporcionou o campo para esta dissertaccedilatildeo
vii
ldquoThe truth is out thererdquo
(X-Files)
viii
RESUMO
Depoacutesitos siliciclaacutesticos mississipianos ocorrem nas regiotildees leste a sudoeste da Bacia do
Parnaiacuteba com aacuterea de afloramento alongada segundo orientaccedilatildeo N-S acompanhando o
contorno geoloacutegico desta bacia A Formaccedilatildeo Poti estaacute inserida em um contexto de iniacutecio de
recuo dos mares interiores com rebaixamento do niacutevel do mar que posteriormente durante a
deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Pedra de Fogo interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do
Amazonas Esta unidade estaacute inserida ao topo da Sequecircncia Mesodevoniana-Eocarboniacutefera
Grupo Canindeacute sendo composta por arenitos cinzas siltitos e folhelhos depositados em
ambientes de deltas e planiacutecie de mareacute com influecircncia de tempestade Este trabalho definiu as
sequecircncias deposicionais e os paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave
Formaccedilatildeo Poti na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba A regiatildeo de estudo situa-se entre os
municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) e Nazareacute do Piauiacute (PI) onde nove pontos foram
descritos agraves margens das rodovias BR-230 e BR- 343 em cortes de estradas exposiccedilotildees
proacuteximas a drenagens intermitentes e em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute Os
meacutetodos empregados consistiram principalmente em anaacutelise de faacutecies elementos arquiteturais
e estratigraacutefica aleacutem de anaacutelise petrograacutefica e de DRX para melhor classificaccedilatildeo e
identificaccedilatildeo mineral das rochas Foram individualizadas quinze faacutecies sedimentares reunidas
em 3 associaccedilotildees de faacutecies (AF) A associaccedilatildeo de faacutecies AF1 ndash Fluvial entrelaccedilado ndash eacute
composta por lente de folhelho (Fl) camadas de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo
plano paralela (App) a estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) na base sotoposta por arenitos
maciccedilos (Am) e com estratificaccedilotildees cruzadas acanalada (Aca) de baixo acircngulo (Aba) planar
(Acp) tabular (Atb) e tangencial (Atg) com orientaccedilatildeo preferencial para NW organizados
em ciclos granodecrescentes ascendentes A organizaccedilatildeo destas faacutecies individualizaram sete
elementos arquiteturais depoacutesitos de barras de acreccedilatildeo lateral (AL) e frontal (AF) lenccediloacuteis de
areia laminados (LL) formas arenosas (FA) e canais (CHa CHm CHp) A AF2 ndash Frente
deltaica ndash possui as faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) e com laminaccedilatildeo ondulada
(Alo) arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e maciccedilos (Am)
compondo ciclos granocrescentes ascendentes em camadas tabulares e lobadas com
paleocorrentes para NW A associaccedilatildeo de faacutecies AF3 ndash Plataforma de mareacute e onda ndash ocorre
sotoposta aos depoacutesitos AF2 com contato abrupto composta por pelitos com laminaccedilatildeo
plano-paralela (Ap) arenitos finos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) com
recobrimento argiloso ondulada (Alo) bem como arenitos maciccedilos (Am) e com
estratificaccedilotildees cruzadas hummocky (Ah) swaley (Aes) sigmoidal (As) e plano paralela (App)
ix
Acamamentos heteroliacuteticos do tipo linsen a flaser ocorrem na base da associaccedilatildeo com
ritmitos de mareacute e wave generated tidal bundles Localmente satildeo observadas escape de
fluidos laminaccedilotildees convolutas e ball-and-pillow As camadas satildeo tabulares lateralmente
contiacutenuas e com geometria de canal no topo desta sucessatildeo A anaacutelise petrograacutefica permitiu a
classificaccedilatildeo de quartzo-arenitos para os depoacutesitos de AF1 e subarcoacutesios para os referentes agraves
associaccedilotildees AF2 e AF3 Para as exposiccedilotildees estudadas foram identificadas 3 sequecircncias
estratigraacuteficas divididas por 4 superficies A Seq 1 corresponde ao intervalo com depoacutesitos
de tempestitos da Formaccedilatildeo Longaacute representando um TSMA limitada por limite de sequecircncia
tipo 1 (S1) do fluvial da Formaccedilatildeo Poti (AF1) A Seq 2 tem iniacutecio pelo TSMB representado
por depoacutesitos de fluvial entrelaccedilado (AF1) e de frente deltaica (AF2) estas separadas por um
limite (S2) Apoacutes rochas da unidade de plataforma de mareacute e onda (AF3) satildeo separadas dos
depoacutesitos transicionais (AF1 e AF2) por uma superfiacutecie transgressiva (S3) representando um
TST e final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti A Seq 2 eacute separada dos depoacutesitos de fluvial
entrelaccedilado da Formaccedilatildeo Piauiacute acima por uma superfiacutecie de limite de sequecircncia do tipo 1
(S4) A Seq 3 eacute representada pelo fluvial entrelaccedilado do Piauiacute sendo um TSMB O
empilhamento estratigraacutefico e as correlaccedilotildees dos perfis estudados revelaram a existecircncia de
uma transgressatildeo na Formaccedilatildeo Poti O estabelecimento dos ambientes fluacutevio-costeiros com
pontos de gelo da Formaccedilatildeo Poti corroboram a regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com
posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo que possivelmente deu origem aos
depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3) Tal transgressatildeo pode ser
interpretada como de curta duraccedilatildeo (short term transgression) visto que em escala regional a
Formaccedilatildeo Poti na Bacia do Parnaiacuteba eacute regressiva
Palavras-chave Paleoambiente Short-term transgression Bacia do Parnaiacuteba Formaccedilatildeo Poti
x
ABSTRACT
Mississipian siliciclastic deposits occur in the regions east and southwest of the Parnaiacuteba
Basin with an elongated outcrop area according to the N-S orientation following the
geological contour of this basin The Poti Formation is inserted in a context of the beginning
of the retreat of the inland seas with a lowering of the sea level which later during the
deposition of the Pedra de Fogo Formation interrupted the existing connection with the
Amazon Basin This unit is inserted at the top of the Mesodevonian-Eocarboniferous
Sequence Canindeacute Group being composed of gray sandstones siltstones and shales
deposited in environments of deltas and tidal flats with storm influence This work defined the
depositional sequences and paleoenvironments of the sedimentary succession corresponding
to the Poti Formation in the eastern portion of the Parnaiacuteba BasinThe study region is located
between the municipalities of Baratildeo do Grajauacute (MA) and Nazareacute do Piauiacute (PI) where nine
points were described on the margins of the BR-230 and BR-343 highways in road cuts
exposures close to intermittent rivers and in a dam near the city of Nazareacute do Piauiacute The
methods employed consisted mainly of facies analysis architectural and stratigraphic
elements in addition petrographic analysis and XRD for better classification and mineral
identification of rocks Fifteen sedimentary facies were individualized gathered in 3 facies
associations (AF) The facies association AF1 ndash Braided fluvial - is composed of shale lens
(Fl) layers of medium to thick sandstones with plane parallel stratification (App) cross planar
stratification (Acp) at the base overlay by massive sandstones (Am) and cross- bedding
stratification (Aca) low angle (Aba) planar (Acp) tabular (Atb) and tangential (Atg) with
preferential NW orientation organized in fining-upwards cycles The organization of these
facies individualized seven architectural elements deposits of lateral (AL) and frontal (AF)
accretion bars laminated sand sheets (LL) sandy forms (FA) and channels (CHa CHm
CHp) AF2 - Delta front - sandstone facies with climbing ripple cross-lamination (Alc) and
wavy lamination (Alo) fine to medium massive sandstone (Am) and sigmoidal cross
stratification (As) composing coarsening-upward cycles in tabular and lobed layers with
paleocurrents to NW The facies association AF3 - Tidal and wave platform - occurs just
below the AF2 deposits with abrupt contact composed by pelites with plane-parallel
lamination (Ap) fine climbing ripple cross-lamination sandstone (Alc) with mud wavy
lamination (Alo) as well as massive sandstones (Am) and hummocky (Ah) swaley (Aes)
sigmoidal (As) cross stratification and plane parallel (App) Heterolytic bedding linsen to
flaser type occurs at the base of the association with tidal rhythmite and wave generated tidal
xi
bundles Flames structures convoluted laminations and ball-and-pillow are observed locally
The layers are tabular laterally continuous and with channel geometry at the top of this
sequence Petrographic analysis allowed the classification of quartz-sandstones for the AF1
deposits and subarcose for those referring to the AF2 and AF3 associations For the studied
exhibitions 3 stratigraphic sequences were identified and divided by 4 stratigrafic surfaces
Seq 1 corresponds to the interval with storm deposits from the Longaacute Formation representing
a TSMA limited by type 1 (S1) sequence limit from the fluvial braided (AF1) of the Poti
Formation Seq 2 begins with the TSMB represented by the fluvial braided (AF1) and delta
front (AF2) deposits wich are separated between them by a limit (S2) Afterwards tide and
wave platform (AF3) rocks are separated from the transitional deposits (AF1 and AF2) by a
transgressive surface (S3) representing a TST and end of Seq 2 in the Poti Formation Seq 2
is separated from the fluvial braided deposits of the Piauiacute Formation above by a type 1
boundary sequence surface (S4) Seq 3 is represented by the braided fluvial of Piauiacute being a
TSMB The stratigraphic stacking and the correlations of the studied profiles revealed the
existence of a transgression in the Poti Formation The establishment of fluvial-coastal
environments with ice points in the Poti Formation corroborates the initial regression of
Sequence 2 with subsequent melting contributing to the transgression that possibly gave rise
to platform deposits dominated by wave and tide (AF3) Such transgression can be interpreted
as short-term transgression since the regional tendency in the Poti Formation in the Parnaiacuteba
Basin is regressive
Keywords Paleoenvironment Short-term transgression Parnaiacuteba Basin Poti Formation
xii
LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES
Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti
na borda leste da Bacia do Parna3
Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)7
Figura 1- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial (Miall 1996)9
Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies
aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)11
Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil
(Silva et al 2003 modificado de Goacutees 1995)14
Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o
intervalo do final do Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute
1994)15
Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute
do Piauiacute20
Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a
Formaccedilatildeo Longaacute sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7
conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e Fig7) B Clastos de argila e quartzo
nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo
frontal (AF) com concordacircncia da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies
limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta porccedilatildeo do canal
(P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 223
xiii
Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito
arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar
e baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a
arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes
dos estratos cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser
observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram
identificados Lenccediloacuteis de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e
estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo
contiacutenuo lateralmente por aproximadamente 30 metros limitado acima por
superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente
limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de acreccedilatildeo
lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem26
Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti
(P1) Canal de preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies
de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo (CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma
assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma relativamente
simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo27
Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos
afloramentos da Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior
dos canais enquanto que as arquiteturas AF e AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais
elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por avulsotildees de
canais ativos29
Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente
deltaica (Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade
de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da aacuterea de estudo P9)30
xiv
Figura 13 Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos
depoacutesitos deltaicos (AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e
mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada
sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees
convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido
principal para NW D Geometria lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos
deltaicos nas aacutereas de estudo 31
Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc)
arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B
Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem
(P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria lobada
Floriano Piauiacute (P8)32
Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato
entre as associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3
P4) B Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgantes e ondulada com geometria
pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em arenito com
microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and
pillow (P3) E Escape de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico
(P5)37
Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal
bundles em laminaccedilatildeo cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de
argila (P4) B Wave generated tidal bundles com acamamento ondulado e
sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se
ritmicidade com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute
com ciclos de 1a 2a e 3a ordem superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D
Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e quadratura
(P5)38
xv
Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute
(AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4) B
Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com
material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas
cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de
ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C
Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D
Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley39
Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de
Baratildeo de Grajauacute e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba (modificado
de Vaz et al 2007)48
Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e
principais superfiacutecies estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de
variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)49
Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do
Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da
Seq 2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de
sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)50
xvi
Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de
fluvial entrelaccedilado (AF1 arenito com estrat cruzada acanalada A7) A
Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a
arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato
principalmente pontuais porosidade intergranular e localmente feldspatos alterando
para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na
associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios
subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila
de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com
porosidade intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo
Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3 Arenito com
laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos
subangulosos a subarredondados muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas
em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo68
xvii
Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras
representativas da Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado
(AF1) e 2 referente a plataforma de onda e mareacute (AF3) AF1 (A8 Folhelho) A A
anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada com etilenoglicol e
calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica
expansiva 119889001 indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97
Aring quando calcinada B Em amostra de rocha total eacute dominante a presenccedila de picos
principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio AF3 (A1
arenito com lam cruzada) A) Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a
natureza expansiva 119889001 da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em
amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A vermeculita eacute observada como sendo
um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a existecircncia
de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring)
bem como um menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de
amostra glicolada A ilita eacute melhor individualizada nesta anaacutelise visto que a
muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e 49 Aring do
plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em
relaccedilatildeo a ilita no pico 71 Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 B Na anaacutelise de poacute total da
amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda em menores picos
albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar
montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise
de DRX em rocha total e em lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em
clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior presenccedila de
montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser
realizados afim de atestar esta tendecircncia69
xviii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (modificado de Miall 1985 apud
Miall 2006)8
Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti21
Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de
Baratildeo do Grajaacuteu25
xix
SUMAacuteRIO
DEDICATOacuteRIAiv
AGRADECIMENTOS v
EPIacuteGRAFEvii
RESUMO viii
ABSTRACT x
LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES xii
LISTA DE TABELAS xviii
CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 APRESENTACcedilAtildeO 1
12 OBJETIVOS 2
13 LOCALIZACcedilAtildeO 2
CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 4
21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA 4
22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS 5
221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes 9
23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES 12
231 Anaacutelise petrograacutefica 12
232 Difratometria de Raios- X 12
CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO 13
31 GRUPO CANINDEacute 14
32 FORMACcedilAtildeO POTI 16
CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES 19
41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO 19
411 Interpretaccedilatildeo 27
42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA 29
421 Interpretaccedilatildeo 32
43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA 34
431 Interpretaccedilatildeo 40
xx
CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS 44
51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS 44
52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA 45
CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO 51
CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES 55
REFEREcircNCIAS 57
APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA 68
APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X 69
CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO
11 APRESENTACcedilAtildeO
Durante o Carboniacutefero Inferior a regiatildeo oeste do supercontinente Gondwana estava
separada do paleocontinente Lauraacutesia por um estreito segmento do oceano Rheic (Golonka
2007 Torsvik et al 2012) Neste periacuteodo incursotildees marinhas formaram mares rasos
epicontinentais que conectavam as bacias sedimentares intracratocircnicas do Amazonas e
Parnaiacuteba no nortenordeste do Brasil (Almeida amp Carneiro 2004 Della Faacutevera 1990
Medeiros et al 2019 Torsvik amp Cocks 2013) Durante o Carboniacutefero a porccedilatildeo sul-ocidental
do Gondwana era coberta por extensas geleiras que se instalaram desde o final do Devoniano
(Castro 2004 Golonka 2007 Milani et al 2007 Torsvik et al 2012)
De acordo com reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas a Bacia do Parnaiacuteba durante o
Viseano encontrava-se em uma zona de clima semi-aacuterido a temperado e frio (Iannuzzi 1994
Iannuzzi amp Rosner 2000) Neste periacuteodo teve iniacutecio o recuo dos mares interiores com
diminuiccedilatildeo do niacutevel do mar que interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do Amazonas
(Almeida amp Carneiro 2004 Mabesoone amp Neumann 2005) A tendecircncia regressiva deste mar
no periacuteodo Carboniacutefero eacute relacionada a movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela
Orogenia Herciniana (Winldley 1995) ou pelo aumento das capas de gelo na porccedilatildeo sul-
ocidental do Gondwana (Caputo 1984 Caputo et al 2006 ab)
Neste contexto foram depositadas as rochas continentais transicionais e marinhas da
Formaccedilatildeo Poti A Formaccedilatildeo Poti eacute caracterizada por arenitos por vezes conglomeraacuteticos com
intercalaccedilatildeo de folhelhos e finos leitos de carvatildeo (Lima amp Leite 1978 Mesner amp Wooldridge
1964) que registram ambientes de deltas e planiacutecies de mareacute com influecircncia de tempestades
(Goacutees et al 1997 Goacutees amp Feijoacute 1994) A tendecircncia da Formaccedilatildeo Poti eacute principalmente
regressiva contudo os afloramentos na aacuterea de estudo mostram uma relaccedilatildeo incomum entre
depoacutesitos transicionais sotopostos por depoacutesitos de plataforma de mareacute e onda estes por sua
vez foram pouco explorados pela literatura cientiacutefica (Della Faacutevera 1990 Goacutees et al 1997)
Portanto o objetivo principal deste trabalho eacute interpretar os paleoambientes e definir uma
sequecircncia deposicional para as rochas da Formaccedilatildeo Poti que afloram entre as regiotildees de
Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba e elaborar um
modelo deposicional
2
12 OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho eacute definir as sequecircncias deposicionais e interpretar os
paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave Formaccedilatildeo Poti a partir do estudo de
depoacutesitos que afloram na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba Para isto tecircm-se os seguintes
objetivos especiacuteficos
Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo de faacutecies sedimentares e arquiteturais dos sistemas
deposicionais das Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)
Propor sequecircncia estratigraacutefica delimitando suas principais superfiacutecies estratigraacuteficas
para as Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)
Definir um modelo deposicional para as rochas siliciclaacutesticas mississipianas da
Formaccedilatildeo Poti entre as regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute
13 LOCALIZACcedilAtildeO
A aacuterea de estudo estaacute localizada na borda leste da Bacia do Parnaiacuteba na divisa entre
os estados do Maranhatildeo e Piauiacute Os depoacutesitos descritos estatildeo situados ao longo da BR-230 e
BR-343 abrangendo os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) Floriano (PI) e Nazareacute do Piauiacute
(PI) em afloramentos de corte de estradas exposiccedilotildees proacuteximas a drenagens intermitentes e
em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute (Figura 1)
3
Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti na borda leste da
Bacia do Parnaiacuteba (Fonte CPRM)
4
CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A elaboraccedilatildeo deste trabalho contou inicialmente com um levantamento bibliograacutefico
acerca da geologia regional na aacuterea leste da Bacia do Parnaiacuteba A seguir houve a fase de
campo (realizada durante o campo da disciplina de Campo 1 da graduccedilatildeo da UFPA na porccedilatildeo
leste da Bacia do Parnaiacuteba) com anaacutelises facioloacutegica arquitetural e estratigraacutefica e
posteriormente fase de laboratoacuterio com anaacutelise petrograacutefica Estas metodologias foram as
ferramentas utilizadas para alcanccedilar os objetivos propostos nesta dissertaccedilatildeo
Na fase de campo foi realizada a coleta de dados sendo feitas as descriccedilotildees e
interpretaccedilotildees facioloacutegicas a confecccedilatildeo de perfis estratigraacuteficos e coleta de amostras dos
afloramentos das Formaccedilotildees Poti Longaacute e Piauiacute As amostras coletadas originaram as seccedilotildees
delgadas para a anaacutelise petrograacutefica A avaliaccedilatildeo estratigraacutefica envolveu o estudo de nove
afloramentos as margens das BR- 230 e BR-343 sendo os pontos P1 a P5 pontos as margens
de drenagens secas P6 a P8 exposiccedilotildees em cortes de estrada e P9 a barragem Salinas (Figura
1) Na regiatildeo os litotipos referentes aos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti ocorrem com excelente
preservaccedilatildeo de estruturas sedimentares bem como engloba unidades com associaccedilotildees
litoloacutegicas de gecircneses distintas separadas por superfiacutecies que podem ser utilizadas para
correlaccedilotildees estratigraacuteficas
21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA
Para a anaacutelise de faacutecies e estratigraacutefica foi utilizada a teacutecnica de modelamento de
faacutecies com auxiacutelio de perfis colunares e estratigraacuteficos seguindo as propostas de Walker
(1992 2006) Miall (2000) Dalrymple (2010) Bhattacharya (2010) com nomenclatura de
Miall (1977) Segundo a metodologia de Walker (1992 2006) a reconstituiccedilatildeo
paleoambiental de uma unidade sedimentar deve conter caracterizaccedilatildeo das faacutecies
sedimentares com textura composiccedilatildeo geometria estrutura sedimentar e conteuacutedo fossiliacutefero
juntamente com a leitura de paleocorrentes para haver compreensatildeo dos processos
sedimentares que agiram para a formaccedilatildeo de cada faacutecies
As associaccedilotildees de faacutecies identificadas consistem em um conjunto de faacutecies
relacionadas geneticamente que remetem a determinados ambientes e sistemas deposicionais
As medidas de paleocorrentes foram retiradas em arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada e
arenitos com laminaccedilatildeo cruzada com posterior produccedilatildeo de rosetas atraveacutes do programa
OpenStereoreg A representaccedilatildeo de faacutecies em siglas inspirou-se no coacutedigo de faacutecies de Miall
5
(1977) com representaccedilatildeo da primeira letra maiuacutescula referente a litologia principal e a letra
seguinte minuacutescula indicando a estrutura sedimentar dominante Modelos de faacutecies foram
construiacutedos na forma de mapas paleogeograacuteficos representativos perfis verticais e blocos
diagramas A confecccedilatildeo de seccedilotildees panoracircmicas a partir de fotomosaicos de afloramentos
seguiu a teacutecnica de Wilzevic (1991) para auxiliar no estudo de elementos arquiteturais para
depoacutesitos fluviais (Miall 1985 1988 2006) deltaicos e plataformais
O estudo de estratigrafia de sequecircncia de alta resoluccedilatildeo (Catuneanu et al 2011
Zecchin amp Catuneanu 2013) considerou os ciclos as superfiacutecies e as ordens de cada uma e
suas sequecircncias deposicionais identificando superfiacutecies-chave da sucessatildeo e interpretando
seu significado deposicional a partir dos conceitos da estratigrafia de sequecircncias e tratos de
sistemas (Catuneanu 2006 Catuneanu et al 2009 Posamentier amp Vail 1988 Vail et al 1977)
22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS
O estudo de formas de leitos modernos e em boas exposiccedilotildees de sequecircncias antigas
(Allen 1983 Haszeldine 1983 ab Kirk 1983 apud Miall 1985) mostram que interpretaccedilotildees
baseadas apenas em perfis verticais natildeo representam de forma acurada a geometria e
complexidade interna das estruturas de grandes macrofomas de depoacutesitos de barras Portanto
apenas representaccedilotildees por perfis consistem em ferramentas pouco eficientes para o estudo de
sedimentos fluviais em funccedilatildeo das inuacutemeras mudanccedilas laterais de faacutecies e pela natureza
tridimensional de um litossoma individual (Miall 1985 1988) O canal e sua morfologia
usualmente tecircm sido usados como chave principal para a interpretaccedilatildeo de sedimentos fluviais
existindo uma grande diversidade de estilo de canais e tipos de depoacutesitos com origem
relacionada a variedade de controles parcialmente interdependentes que atuam na
sedimentaccedilatildeo fluvial (Miall 1985)
A anaacutelise bi e tridimensional permite individualizar elementos arquiteturais em
sistemas fluviais O conceito de elemento arquitetural permeia-se na noccedilatildeo que depoacutesitos
sedimentares podem ser caracterizados por geometrias estratais escala e superfiacutecies de
acamamento limitantes (Allen 1980 Miall 1985 Miall 1988) Este conceito foi primeiramente
aplicado para definir a geometria e arranjo tridimensional de estratos areniacuteticos de antigos
depoacutesitos fluviais depoacutesitos estes que tem sido difundido na literatura desde o final da deacutecada
de 80 em funccedilatildeo da larga aplicaccedilatildeo no estudo das heterogeneidades de rochas reservatoacuterio
6
(Miall amp Tyler 1991) Contudo atualmente eacute empregado para quaisquer sucessotildees
estratigraacuteficas independentes da idade litologia e gecircnese como as sucessotildees deltaicas de
planiacutecie de mareacute (Eriksson et al 1995) sucessotildees turbidiacuteticas (Mutti amp Normark 1987) e
vulcanoclaacutesticas (Palmer amp Neall 1991) com a finalidade de explanar sobre a disposiccedilatildeo das
faacutecies e de suas associaccedilotildees no espaccedilo (Borghi 2000) Allen (1983) deu origem ao termo
ldquoelemento arquiteturalrdquo e Miall (1985) sumarizou e classificou as rochas fluviais baseado
nestes conhecimentos
Jackson (1975) classifica as formas de leito em microformas mesoformas e
macroformas Microformas satildeo estruturas geradas por variaccedilatildeo turbulenta gerando marcas de
onda de pequena escala e lineaccedilotildees de corrente Mesoformas incluem formas de leito de maior
escala como dunas pequenos canais e barras linguoacuteides longitudinais e diagonais Jaacute as
macroformas mostram o efeito cumulativo de vaacuterios eventos dinacircmicos ao longo dos anos
que incluem canais maiores e formas de barras compostas como point bars side bars sand
flats e ilhas A identificaccedilatildeo apropriada destas macroformas eacute a base para determinar o tipo de
sistema fluvial (Jackson 1975 Miall 1985)
A menor escala de elementos de macroforma eacute composta por oito elementos
arquiteturais baacutesicos Canal fluxo de gravidade de sedimentos formas de leito e barra
cascalhosa acreccedilatildeo frontal acreccedilatildeo lateral lenccediloacuteis de areia laminados formas de leito
arenosas e hollow (Figura 2 Tabela 1) Estes oito elementos arquiteturais satildeo caracterizados
por tamanho do gratildeo composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e principalmente
geometria (Miall 1985) Afloramentos com ao menos vaacuterios deciacutemetros e com certa
quantidade de controle tridimensional satildeo necessaacuterios para um estudo detalhado Todos os
sistemas fluviais satildeo compostos de proporccedilotildees variadas dos oito elementos arquiteturais
7
Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)
A ampliaccedilatildeo de pesquisas ao longo dos anos em depoacutesitos atuais e antigos permitiu
a uma abrangecircncia maior desta classificaccedilatildeo atraveacutes da identificaccedilatildeo de novos seis elementos
externos ao canal (Miall 1996) Dique marginal canais de crevasse espraiamento de
crevasse finos de planiacutecie de inundaccedilatildeo e canais abandonados (Figura 3)
Segundo Miall (1985) elementos arquiteturais devem conter descriccedilotildees e
caracterizaccedilatildeo dos elementos objetivas as quais devem incluir 1) A natureza das superfiacutecies
limitantes superior e inferior 2) a geometria externa 3) escala e 4) geometria interna
Individualizar analisar e descrever os elementos arquiteturais satildeo medidas essenciais pois
podem determinar o padratildeo de alguns tipos de rios do passado e desta forma caracterizar o
tipo de sistema fluvial
8
Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais
Fonte Modificado de (Miall 1985 apud Miall 2006)
9
Figura 3- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial Fonte (Miall 1996)
221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes
De acordo com Miall (1988 1996) existem pelo menos seis ordens de superfiacutecies
limiacutetrofes em sistemas fluviais que separam elementos arquiteturais (Figura 4) Estas satildeo
caracterizadas como superfiacutecies de natildeo deposiccedilatildeo ou erosatildeo representando periacuteodos de tempo
desde alguns minutos ateacute milhares de anos (Miall 1988) Allen (1980) estendeu o conceito de
superfiacutecies limitantes de pequena e grande escala em depoacutesitos eoacutelicos para sistemas
marinhos desenvolvendo modelos teoacutericos para explicar a formaccedilatildeo de sandwaves e
superfiacutecies limiacutetrofes em regimes dominados por mareacute Miall (1988) complementou o
trabalho de Allen (1983) a respeito de superfiacutecies limitantes estendendo a classificaccedilatildeo entatildeo
conhecida resultando em uma classificaccedilatildeo de seis ordens da escala menor (1deg ordem) a
maior (6deg ordem)
10
Superfiacutecies de 1ordf ordem Satildeo planas e limitam sets de laminaccedilotildees cruzadas Representam a
sedimentaccedilatildeo contiacutenua da migraccedilatildeo de formas de leito de mesma morfologia
Superfiacutecies de 2ordf ordem A superfiacutecie natildeo apresenta evidecircncias de erosatildeo ou truncamentos
significativos Separam cosets de litofaacutecies diferentes indicando mudanccedila nas condiccedilotildees
de fluxo ou mudanccedilas na direccedilatildeo do fluxo
Superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem Satildeo mencionadas para superfiacutecies limitantes internas e mais
acima de macroformas As de 3ordf ordem satildeo superfiacutecies erosivas existentes dentro das
macroformas (superfiacutecies de reativaccedilatildeo) geralmente truncando estratos cruzados abaixo
Estas se estendem desde o topo ateacute a porccedilatildeo inferior da macroforma com assembleia de
faacutecies e geometrias acima e abaixo da superfiacutecie sendo similares
As superfiacutecies de 4ordf ordem satildeo interpretadas como limite superior de macroformas
separando diferentes assembleias de faacutecies acima e abaixo Satildeo paralelas que truncam em
baixo acircngulo as superfiacutecies de ordem menor se assemelhando a clinoformas siacutesmicas
Superfiacutecies de 5ordf ordem Superfiacutecies que limitam grandes lenccediloacuteis de areia incluindo
complexos de preenchimento de canais Satildeo planas ou levemente cocircncavas sendo
relacionada a migraccedilatildeo eou incisatildeo lateral de canais fluviais
Superfiacutecies de 6ordf ordem Superfiacutecies que caracterizam subdivisotildees estratigraacuteficas
mapeaacuteveis de uma unidade fluvial com grande extensatildeo lateral Delimitam grupos de
canais e paleovales e marcam mudanccedilas relacionadas ao niacutevel de base estratigraacutefica
11
Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies
aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)
12
23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES
231 Anaacutelise petrograacutefica
A anaacutelise petrograacutefica das amostras de arenito foi realizada em sete seccedilotildees delgadas
das faacutecies mais representativas para este estudo Satildeo elas arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada
da associaccedilatildeo de faacutecies fluvial e em arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante nas
associaccedilotildees de frente deltaacuteica e de plataforma de mareacute e onda Para a classificaccedilatildeo destes
arenitos foi adotada a metodologia de Folk (1968) baseada na descriccedilatildeo de constituintes
textura e faacutebrica da rocha com contagem de 300 pontos (Galenhouse 1971) em cada seccedilatildeo
para melhor quantificaccedilatildeo dos seus constituintes
As amostras selecionadas para esta anaacutelise foram 8 sendo A1 a A6 correspondendo
a arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de
onda e mareacute (AF3) A7 a arenitos com estratificaccedilatildeo tabular (Atb) da associaccedilatildeo de fluvial
entrelaccedilado (AF1) e A8 denotando arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) nos
depoacutesitos de frente deltaacuteica (AF2)
A identificaccedilatildeo das principais feiccedilotildees e relaccedilotildees entre os constituintes dos arenitos
foram obtidas em microscoacutepio petrograacutefico LEICA DM 2700 P com cacircmera acoplada LEICA
MC 170 HD no Laboratoacuterio de Petrografia Sedimentar do Grupo de Anaacutelise de Bacias
Sedimentares da Amazocircnia (GSED) da Universidade Federal do Paraacute
232 Difratometria de raios- X
A teacutecnica de anaacutelise de Difraccedilatildeo de Raios-X foi aplicada em amostras de folhelhos
da associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e em arenitos com laminaccedilatildeo
cruzada cavalgante da associaccedilatildeo de plataforma de mareacute e onda (AF3 A1 e A2) Esta anaacutelise
foi realizada no laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de Raio-X do Instituto de Geociecircncias da
Universidade Federal do Paraacute (UFPA) atraveacutes dos meacutetodos do poacute total e em lacircminas de
argilas orientadas O difratocircmetro utilizado foi o XrsquoPert MPD-PRO PANalytical equipado
com acircnodo de Cu (λ=15406) com a finalidade de identificar as assembleacuteias minerais de cada
rocha O software XrsquoPert HighScore Plus auxiliou na identificaccedilatildeo dos minerais atraveacutes da
compraccedilatildeo dos resultados obtidos com as fichas do banco de dados do International Center
on Diffraction Data (ICDD)
13
CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO
A Bacia do Parnaiacuteba estaacute inserida na Proviacutencia Parnaiacuteba e abrange uma aacuterea total de
668858 kmsup2 com depocentro que atinge cerca de 3500 m e embasamento continental
fortemente estruturado representado por rochas formadas ou retrabalhadas no Ciclo
Brasiliano (Cunha 1986 Goacutees amp Feijoacute 199 Milani amp Zalaacuten 1999 Vaz et al 2007) Ainda
tomografias realizadas na aacuterea desta bacia intracratocircnica indicam uma listosfera com
espessura entre 150 e 180 km (McKenzie amp Priestley 2016) A Proviacutencia Parnaiacuteba coincide
com a denominaccedilatildeo proposta por Goacutees (1995) de Proviacutencia Sedimentar do Meio-Norte
proposta esta que foi pautada na compreensatildeo tectono-sedimentar e na evoluccedilatildeo policiacuteclica da
bacia que favorecem a delimitaccedilatildeo de bacias diferentes
A Proviacutencia do Parnaiacuteba desenvolveu-se acima de um substrato composto por rochas
metamoacuterficas advindas de processos tectonomagmaacuteticos relacionadas ao Estaacutedio de
Estabilizaccedilatildeo da Plataforma Sul-Americana (Almeida amp Carneiro 2004) que agiram ateacute o
Mesoproterozoacuteico onde instalaram-se grabens preenchidos no Neoproterozoacuteico (Formaccedilatildeo
Riachatildeo) e Cambro-Ordoviciano (Formaccedilatildeo Mirador) (Goacutees et al 1992) Segundo Daly et al
(2014) o embasamento desta bacia eacute composto por trecircs unidades crustais A Proviacutencia
Borborema ao leste o Bloco Parnaiacuteba ao centro o cinturatildeo Araguaia e o Craacuteton Amazocircnico
ao oeste A natureza da sedimentaccedilatildeo da Bacia do Parnaiacuteba eacute principalmente siliciclaacutestica
com ocorrecircncias de calcaacuterio anidrita e siacutelex aleacutem de rochas magmaacuteticas
A regiatildeo da Proviacutencia do Parnaiacuteba eacute limitada ao norte pelo Arco Ferrer-Urbano ao
leste pela Falha de Tauaacute a sudeste pelo lineamento Senador Pompeu a oeste pelo
Lineamento Tocantins-Araguaia e a noroeste pelo Arco Capim As principais feiccedilotildees morfo-
estruturais que a compartimentam satildeo a Estrutura Xambioaacute o Arqueamento do Alto Parnaiacuteba
o Lineamento Transbrasiliano o Lineamento Rio Parnaiacuteba o Lineamento Rio Grajauacute e o
sistema de lineamentos orientados com direccedilatildeo NW-SE (Figura 5 Goacutees 1990) Segundo Vaz
et al (2007) as principais estruturas da bacia os lineamentos Picos Santa-Inecircs Marajoacute-
Parnaiacuteba e o Lineamento Transbrasiliano (mais proeminente na bacia) foram importantes nos
estaacutegios iniciais da bacia e durante sua evoluccedilatildeo em funccedilatildeo do direcionamento dos eixos
deposicionais na bacia
14
Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil Fonte (Silva et al
2003 modificado de Goacutees 1995)
Goacutees amp Feijoacute (1994) dividiram a Bacia do Parnaiacuteba em cinco sequecircncias principais
de segunda ordem representadas por grupos correlacionaacuteveis a ciclos tectocircnicos de caraacuteter
global (Goacutees et al 1992) Satildeo elas Sequecircncia Siluriana (Grupo Serra Grande) Sequecircncia
Devoniana (Grupo Canindeacute) Sequecircncia Carboniacutefero-Triaacutessica (Grupo Balsas) Sequecircncia
Juraacutessica (Grupo Mearim) e Sequecircncia Cretaacutecea (Formaccedilotildees Grajauacute Codoacute e Itapecuru) Vaz
et al (2007) sugeriram a compartimentaccedilatildeo desta Bacia em cinco supersequecircncias
delimitadas por discordacircncias regionais oriundas de flutuaccedilotildees dos niacuteveis eustaacuteticos dos
mares do Eopaleozoico poreacutem adotaremos a proposta de Goacutees amp Feijoacute (1994)
31 GRUPO CANINDEacute
O Grupo Canindeacute agrupava inicialmente as formaccedilotildees Pimenteiras Cabeccedilas e
Longaacute Posteriormente Caputo amp Lima (1984) adicionaram a Formaccedilatildeo Itaim e Goacutees et al
(1992) incluiacuteram a Formaccedilatildeo Poti ao grupo
15
Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o intervalo do final do
Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute 1994)
A Formaccedilatildeo Itaim eacute caracterizada por arenitos finos a meacutedios e folhelhos
bioturbados formados em ambientes deltaicos e plataformais dominados por processos de
mareacute e tempestade (Della Faacutevera 1990 Goacutees amp Feijoacute 1994) A Formaccedilatildeo Pimenteiras eacute
composta por folhelhos negros bioturbados e localmente intercalados com arenitos e siltitos
que registram ambiente plataformal raso dominado por tempestades (Della Faacutevera 1990) A
Formaccedilatildeo Cabeccedilas eacute caracterizada por arenitos finos a grossos localmente intercalados com
folhelhos ou deformados e tilitos Estes depoacutesitos registram ambientes deltaicos e
plataformais influenciados por tempestades aleacutem de ambientes glaciais a periglaciais
(Barbosa et al 2015 Caputo 1984 Della Faacutevera 1990 Ponciano amp Della Faacutevera 2009) A
Formaccedilatildeo Longaacute eacute composta principalmente por folhelhos e siltitos bioturbados com raras
lentes de arenitos que registram ambientes plataformais dominados por tempestades (Caputo
1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Lobato amp Borghi 2014 Rodrigues 2003)
A atividade magmaacutetica na Bacia do Parnaiacuteba possui trecircs fases A primeira no
Cambro-Ordoviciano precede a formaccedilatildeo da bacia caracterizada por granitos e vulcacircnicas do
Jaibaras (Oliveira amp Mohriak 2003 apud Daly et al 2018) No entanto Cerri et al (2020)
discorda desta hipoacutetese sugerindo que durante o intervalo de erosatildeonatildeo deposiccedilatildeo entre o
fim da Bacia do Jaibaras e o iniacutecio da Bacia do Parnaiacuteba ocorreu um ciclo completo de
erosatildeo mudanccedilas nos sistemas deposicionais e modificaccedilotildees em todas as aacutereas fontes
Portanto sinais de proveniecircncia revelam que natildeo existe relaccedilatildeo de causa e efeito entre a
deposiccedilatildeo do rift do Jaibaras e das sequecircncias do Parnaiacuteba (Cerri et al 2020)A segunda e
terceira fase ocorrem apoacutes o estabelecimento da bacia no Mesozoico representada pela
16
Formaccedilatildeo Mosquito e no Cretaacuteceo pela Formaccedilatildeo Sardinha (Daly et al 2018 Vaz et al
2007) Estas duas uacuteltimas tecircm sua origem dada pelo estabelecimento de um novo estaacutedio
tectocircnico ativo no Brasil apoacutes a ruptura do Pangea que levaria a abertura do Oceano
Atlacircntico com surgimento de fraturas eventos distensionais remobilizaccedilatildeo de antigas falhas e
intenso magmatismo baacutesico (Almeida amp Carneiro 2004 Vaz et al 2007 Zalaacuten 2004)
32 FORMACcedilAtildeO POTI
A denominaccedilatildeo Poti foi primeiramente proposta por Paiva (1937) para depoacutesitos
siliciclaacutesticos que ocorriam entre as profundidades 219-566m do poccedilo 125 do DNPM
perfurado proacuteximo a cidade de Teresina Piauiacute Campbell (1949) restringiu a Formaccedilatildeo Poti
ao intervalo 219-423m do mesmo poccedilo determinando uma espessura de 204 metros para esta
formaccedilatildeo Conforme mapas de isoacutepacas a Formaccedilatildeo Poti possui espessura maacutexima de 300
metros (Caputo 1984 Cunha 1986 Goacutees 1995)
Litologicamente eacute caracterizada pela predominacircncia de arenitos finos a meacutedios
intercalados subordinamente com siltitos e folhelhos (Lima amp Leite 1978 Ribeiro 2000)
depositados em ambientes fluacutevios-deltaacuteicos com accedilatildeo de tempestade e mareacute (Goeacutes 1995
Ribeiro 2000 Schobbenhaus et al 1984) Diamictitos dropstones e arenitos com
deformaccedilotildees sin-sedimentares descritos em afloramentos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem na
porccedilatildeo oeste e sudeste da bacia foram interpretados como registro de depoacutesitos fluacutevio-
glaciais a periglaciais (Andrade 1972 Caputo 1985 Caputo et al 2006 ab Caputo et al
2008 Della Faacutevera amp Uliana 1979)
O contato entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti eacute geralmente descrito como concordante
podendo ser localmente gradacional e litologicamente brusco (Lima amp Leite 1978) Caputo
(1984) descreve este contato como de caraacuteter concordante na porccedilatildeo central da bacia e
discordante nas bordas Goacutees (1995) interpreta o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti como
pertencentes a uma uacutenica sequecircncia deposicional composta por depoacutesitos deltaicoestuarinos
plataformal litoracircneos e fluvial em um sistema regressivo de costa progradante Na borda leste
da bacia Lobato amp Borghi (2007 2014) descrevem o limite entre estas formaccedilotildees como uma
superfiacutecie discordante erosiva interpretada como o limite de sequecircncia de 3ᵃ ordem Dessa
forma a discordacircncia de caraacuteter regional entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti descrita por Vaz et
al (2007) estaria restrita as bordas da bacia
Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram trecircs sistemas deposicionais para a base
da Formaccedilatildeo Poti marinho deltaico dominado por onda e fluacutevio-deltaico Segundo estes
17
autores estes sistemas se implantaram apoacutes a discordacircncia que separa a Formaccedilatildeo Poti da
Formaccedilatildeo Longaacute e retratam um ciclo transgressivo-regressivo poacutes-glacial pontuado por
novos episoacutedios de regressatildeo forccedilada Segundo Mabesoone amp Neumann (2005) movimentos
tectocircnicos leves durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos da Formaccedilatildeo Longaacute causaram pequenos
avanccedilos do mar que resultaram na deposiccedilatildeo de areias litoracircneas na porccedilatildeo inferior da
Formaccedilatildeo Poti (Struniano-Viseano) Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram a superfiacutecie
discordante como tectocircnica produto de um rebound isostaacutetico enquanto que as superfiacutecies de
regressatildeo forccedilada que limitam as sequecircncias de menor ordem seriam em parte glaacutecio-
eustaacuteticas Esta superfiacutecie discordante envolve um hiato deposicional entre Tournaisiano
Superior e o Viseano Inferior (Melo amp Loboziak 2000) Apoacutes este periacuteodo no iniacutecio do
Carboniacutefero Superior o mar se retirou rapidamente da aacuterea quando um novo episoacutedio de
soerguimento teve iniacutecio (Mabesoone amp Neumann 2005) Este episoacutedio foi marcado pelo
recuo da linha de costa e expocircs a planiacutecie costeira que foi retrabalhada pelos rios (Mabesoone
amp Neumann 2005) Assim a porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti eacute marcada por depoacutesitos de
planiacutecie aluvial (Mabesoone amp Neumann 2005)
Paiva (2018) descreve sistemas deposicionais marinho raso estuarinodeltaico
dominados por mareacute aluvial e deseacutertico organizados em oito sequecircncias deposicionais A
primeira sequecircncia seria uma transiccedilatildeo formacional LongaacutePoti separando depoacutesitos
plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute por rochas de shoreface e offshore do sistema marinho raso
da Formaccedilatildeo Poti Em sequecircncia identificou seis sequecircncias de alta frequecircncia (de 2ordf e 3ordf
ordem) marcada pela mudanccedila abrupta de faacutecies de sistemas fluacutevio estuarinos a fluacutevio-
deseacutertico com a Formaccedilatildeo Piauiacute ao topo Arauacutejo (2018) verificou a existecircncia dos mesmos
sistemas deposicionais agrupados em seis sequecircncias deposicionais onde os reservatoacuterios de
melhor qualidade diante da anaacutelise de poccedilo seriam os arenitos de shoreface frente deltaica
influenciada por mareacute barras de canais fluacutevio-estuarinos porccedilotildees centrais de barras arenosas
de mareacute e wadis
A presenccedila de uma macroflora terrestre e a ausecircncia de palinomorfos marinhos
sugere ambientes transicionais e continentais para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem
na porccedilatildeo oeste da bacia (Iannuzzi amp Pfefferkorn 2002 Melo amp Loboziak 2000) Nas porccedilotildees
leste e central da bacia a ocorrecircncia de Edmondia um bivalve marinho indica breves
incursotildees marinhas (Kegel 1954) Os dados de palinologia e paleobotacircnica tambeacutem sugerem
paleoclima temperado para a Formaccedilatildeo Poti (Iannuzi 1994) considerando que jaacute no final da
deposiccedilatildeo desta unidade existiriam condiccedilotildees de alta taxa de evaporaccedilatildeo com clima ainda
18
mais seco poreacutem razoavelmente frio tornando-se cada vez mais semi-aacuteridas no Pensilvaniano
da Formaccedilatildeo Piauiacute (Goeacutes 1995) Tal paleoclima confere com o encontrado na Formaccedilatildeo Faro
Bacia do Amazonas (Amadou amp Truckenbrodt 1992)
De acordo com estudos palinoloacutegicos (Daemon 1974 Loboziak et al1992) foi
definida idade eocarboniacutefera entre o Tournaisiano e o Viseano para esta formaccedilatildeo sendo
posteriormente sugerido a idade Viseano tardio (Iannuzzi et al 2003 Melo amp Loboziak 2000)
e ratificado por novos dados palinoloacutegicos de subsuperfiacutecie de Pasquo amp Ianuzzi (2014) A
macrofauna estudada por Iannuzzi amp Pfefferkorn (2002) dominada por pteridospermas aleacutem
de licopsiacutedeos arboacutereos e esfenopsiacutedeos apontam idade entre o Viseano Superior e o
Serpukhoviano Inferior Eacute importante salientar que a presenccedila de Cordyosporites
magnidictyus (Daemon 1974) assim como miosporos de Indotriaradites dolianitii satildeo
comuns na Formaccedilatildeo Poti representando bons marcadores estratigraacuteficos para o Viseano em
bacias do nordeste brasileiro podendo ser correlacionada com a Formaccedilatildeo Faro (Melo amp
Loboziak 2018)
19
CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES
A sucessatildeo sedimentar aflorante na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do
Piauiacute eacute constituiacuteda pelas formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute e expotildee-se ao longo de drenagens
secas como os riachos Muqueacutem e Saco em cortes de estradas e proacuteximo da Barragem Salinas
Os depoacutesitos alcanccedilam ateacute 28 m de espessura sendo extensos por dezenas de metros em
algumas localidades com acamamentos contiacutenuos lateralmente por ateacute 50 m evidenciados
pela geometria sigmoidal e tabular das camadas Foram descritas 15 faacutecies sedimentares
(Tabela 2) em 9 seccedilotildees colunares (Figura 7) organizadas em trecircs associaccedilotildees de faacutecies
fluvial (AF1) frente deltaica (AF2) e plataforma de mareacute e onda (AF3)
41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO
A associaccedilatildeo de faacutecies 1 representa a porccedilatildeo basal da Formaccedilatildeo Poti e aflora ao longo
do riacho do Muqueacutem (Baratildeo do Grajauacute) agraves margens da rodovia BR-230 e nas proximidades
da cidade de Floriano em cotas entre 120 e 178 m Estes depoacutesitos consistem em complexos
de arenitos amalgamados extensos por aproximadamente 50 m em sucessotildees com ateacute 4 m de
espessura em contato erosivo com a Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 8A) A AF1 compreende as
faacutecies folhelho com laminaccedilatildeo planar (Fl) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela (App)
arenito com estratificaccedilotildees cruzadas de baixo acircngulo (Aba) acanalada (Aca) planar (Acp)
tabular (Atb) e tangencial (Atg) e arenito maciccedilo (Am)
Os depoacutesitos fluviais satildeo constituiacutedos por arenitos micaacuteceos com estratificaccedilotildees
cruzada acanalada tabular tangencial e de baixo acircngulo Estas rochas apresentam
granulometria areia meacutedia a grossa composta por gratildeos de quartzo monocristalino (92) com
extinccedilatildeo ondulante moderada a forte quartzo policristalino plagioclaacutesio (4) feldspatos
indiferenciados muscovita contorcidas (lt1) e cutiacuteculas de argila (3) localmente Os
constituintes siliciclaacutesticos satildeo subarredondados a arredondados muito bem selecionados
orientaccedilatildeo preferencial marcada pela muscovita e feldspatos O arcabouccedilo da rocha eacute
sustentado por gratildeos com contatos pontuais em sua maioria cocircncavo-convexos e retos e
ainda porosidade intergranular Os feldspatos comumente estatildeo alterados para argilominerais
Os argilominerais identificados atraveacutes da DRX na amostra de folhelho (A8) foram
esmectitas ilita e caulinita
20
Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute
21
Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti
Faacutecies Descriccedilatildeo Interpretaccedilatildeo
Folhelho com laminaccedilatildeo (Fl) Folhelho de cor cinza-escuro apresentando fissilidade Deposiccedilatildeo de sedimentos por meio de decantaccedilatildeo
em condiccedilotildees de baixa energia
Arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela
(Alp)
Arenito amarelo-claro gratildeos de areia fina a muito fina subarredondados bem selecionados estratificaccedilatildeo plano-paralela e
continuidade lateral
Deposiccedilatildeo de sedimentos em regime de fluxo
superior atraveacutes de fluxo unidirecional trativo
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada de
baixo acircngulo (Aba)
Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados estratificaccedilatildeo
cruzada de baixo acircngulo e lateralmente contiacutenua por 5 metros
Agradaccedilatildeo e migraccedilatildeo de formas de leito
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
acanalada (Aca)
Arenito amarelo-claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada
acanalada
Migraccedilatildeo de formas de leito 3D em regime de fluxo
inferior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
planar (Acp)
Arenito amarelo-claro a escuro com gratildeo de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e
estratificaccedilatildeo plano-paralela com continuidade lateral que chegam a cruzar no bottom set
Relacionado agrave forma de leito plano em regime de
fluxo superior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
tabular (Atb)
Arenito cinza- claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados bem selecionados com estratificaccedilatildeo cruzada
tabular e geometria tabular
Migraccedilatildeo de forma de leito 2D sob fluxo
unidirecional e regime de fluxo inferior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
tangencial (Atg)
Arenito cinza-claro com grabulometria meacutedia a grossa subarredondados a arredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada
tangencial que por vezes apresenta foresets com clastos tamanho seixo de quartzo e argila
Migraccedilatildeo e agradaccedilatildeo de formas de leito 2D por
fluxo unidirecional e regime de fluxo inferior
Transporte por traccedilatildeo
Arenito com laminaccedilatildeo ondulada (Alo)
Arenito amarelo-claro de gratildeos muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados com laminaccedilatildeo ondulada
gradando lateralmente para plano-paralela
Deposiccedilatildeo de sedimentos por traccedilatildeo em regime de
fluxo oscilatoacuterio com migraccedilatildeo de formas de leito
onduladas de pequeno porte oriunda da accedilatildeo de
ondas ou correntes
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
sigmoidal (As)
Arenito amarel- claro com gratildeos de areia fina a meacutedia gratildeos subarredondados moderadamente selecionados micaacuteceos exibindo
estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
Migraccedilatildeo formas de leito de meacutedio porte Transiccedilatildeo
entre regime de fluxo inferior e superior em
condiccedilotildees de alta taxa de sedimentaccedilatildeo
Argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela
(Ap)
Argilito de cor cinza-escuro lateralmente contiacutenuas lenticulares com laminaccedilatildeo plano paralela alternando com arenitos gerando
acamamento heteroliacutetico linsen wavy e flaser da base para o topo
Deposiccedilatildeo por decantaccedilatildeo em condiccedilotildees de baixa
energia O acamamento heteroliacutetico estaacute relacionado
a alternacircncia de processos de decantaccedilatildeo de
sedimentos finos e migraccedilatildeo de formas de leito em
um regime de fluxo inferior
Arenito com laminaccedilatildeo cruzada
cavalgante (Alc)
Arenitos com cores amarelo e vermelho com gratildeos de areia muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados
exibindo laminaccedilatildeo cruzada cavalgante com mud drapes nos foresets em ciclos caracterizando tidal bundles Ocorre ainda escape de
fluidos deformaccedilatildeo convoluta no topo da camada estruturas de ball and pillow e pinch and swell Na AF3 localmente gradam para
laminaccedilatildeo sigmoidal
Deposiccedilatildeo de areias por meio de traccedilatildeo e suspensatildeo
com desaceleraccedilatildeo de fluxo associada agrave migraccedilatildeo de
marcas onduladas com crista sinuosa de pequeno
porte As deformaccedilotildees estatildeo relacionadas a
reorganizaccedilatildeo hidroplaacutestica das camadas adjacentes
em funccedilatildeo da diferenccedila de densidade
Arenito maciccedilo (Am) Arenitos amarelo com gratildeos de areia muito finos a meacutedios subangulosos a arredondados (AF1) bem selecionados a muito bem
selecionados com continuidade lateral ausente de estruturas e acamamento maciccedilo Localmente ocorrem escape de fluidos e
acamamentos convolutos
Deposiccedilatildeo raacutepida em condiccedilotildees energeacuteticas
moderada a alta e localmente sobrecarga ou escape
de fluiacutedos
Arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela
(App)
Arenito amarelo-escuro com gratildeos de areia meacutedia a grossa subarredondados a arredondados estratificaccedilatildeo plano-paralela e contiacutenuas
lateralmente
Sedimentos depositados em regime de fluxo superior
atraveacutes de fluxo unidirecional trativo
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
hummocky (Ah)
Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia fino subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada hummocky apresentando
laminaccedilotildees internas onduladas com truncamento Possuem 15 cm de espessura e 120 m de amplitude gradando lateralmente para
estratificaccedilatildeo cruzada swaley
Deposiccedilatildeo em condiccedilotildees de alta energia por meio de
correntes trativas sob accedilatildeo de fluxo combinado durante
accedilatildeo de ondas de tempestade
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
swaley (Aes)
Arenito amarelo-claro com gratildeos finos subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada swaley Accedilatildeo de ondas de tempestade com accedilatildeo de processos
erosivos
22
As estratificaccedilotildees satildeo de meacutedio a grande porte com a faacutecies arenito com
estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (Atg) apresentando clastos de quartzo e argila em tamanhos
entre 1 cm e 45 cm nos foresets (Figura 8B) Arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada de baixo
acircngulo (Aba) tendem a gradar lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela
(App) Estratos com estratificaccedilatildeo cruzada tabular (Atb) apresentam segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica (Figura 8C) As paleocorrentes medidas nos foresets de estratificaccedilotildees
cruzadas indicam orientaccedilatildeo preferencial para NW Camadas de folhelho cinza-escuro (faacutecies
Fl) com espessura de 10 cm ocorrem como lentes entre arenitos com estratificaccedilatildeo plano-
paralela e estratificaccedilatildeo cruzada tangencial e tabular
Sete elementos arquiteturais internos de canal fluvial (Tabela 3) foram identificados
para estes depoacutesitos baseados na anaacutelise bi e tridimensional dos afloramentos referentes a
AF1 bem como na granulometria de gratildeos composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e
principalmente geometria (Miall 1985 1988 1996) Satildeo eles elemento de acreccedilatildeo frontal
(AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de
preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL)
As extensas exposiccedilotildees descritas mostram unidades de litofaacutecies intercalados e
superpostos entre si formando formas de barras complexas O litossoma de acreccedilatildeo frontal
(AF) satildeo corpos arenosos com espessura entre 2 e 4 m e 30 m de extensatildeo limitado por
superfiacutecie de 4ordf ordem (Figura 8D) As litofaacutecies caracteriacutesticas satildeo Arenito com
estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e
tangencial (Atg) limitados por sets de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies limitantes apresentam
mergulhos entre 337deg e 360deg para NW denotando mesma direccedilatildeo das superfiacutecies limitantes
com os estratos cruzados
O elemento acreccedilatildeo lateral (AL) ocorre limitado por superfiacutecies de 4ordf ordem com
espessura meacutedia de 3 m e 15 m de extensatildeo composto por conjuntos de sets com superfiacutecies
de 1ordf e 2ordf ordem inclinadas com direccedilotildees entre 349deg a 40deg para NW e estratos cruzados
limitados por elas com mergulho para SE (Figura 9A e 9B) Para diferenciar este elemento
arquitetural de AF visto que ocorrem de outras formas muito similares foi considerada a
direccedilatildeo de mergulho entre as superfiacutecies limiacutetrofes de 1ordf e 2ordf ordem e os estratos cruzados
Allen (1965 1970) e Miall (1985 1996 2006) citam que a principal forma de diferenciar os
elementos AF e AL estaacute baseada na diferenccedila de orientaccedilatildeo entre as superfiacutecies de acreccedilatildeo e
os estratos cruzados O elemento AL tem geometria e composiccedilatildeo variaacutevel dependendo da
geometria do canal e da carga sedimentar este elemento eacute menos proeminente em rios
23
entrelaccedilados As litofaacutecies que representam este elemento satildeo Arenito com estratificaccedilotildees
cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) baixo acircngulo (Aba) tabular (Atb) tangencial (Atg) e
estratificaccedilatildeo plano-paralela Depoacutesitos de areia meacutedia ou areia grossa apresentam uma
grande variedade de litofaacutecies refletindo formas de leito vigorosas e progradaccedilatildeo de barras
Acamamentos com este elemento AL satildeo complexos e podem esconder a geometria acrescida
lateralmente subjacente (Miall 1985 2006)
Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Longaacute
sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7 conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e
Fig7) B Clastos de argila e quartzo nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo frontal (AF) com concordacircncia
da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta
porccedilatildeo do canal (P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 2
24
A arquitetura de canal (CH) tem forma cocircncava e eacute limitada por superfiacutecies (por
vezes erosivas) de vaacuterias ordens (1ordf 2ordf 3ordf e 4ordf ordem) em diversas escalas chegando a mais
extensa a atingir 105 metros de extensatildeo por 22 metros de altura Trecircs elementos de canal
limitados por superfiacutecies de 4ordf foram descritos e individualizados de acordo com sua
granulometria estruturas sedimentares e configuraccedilatildeo externa (Figuras 9B e 10) Canais
migrantes (CHm) canais de preenchimento (CHp) e canais alternantes (CHa) As principais
litofaacutecies satildeo a estratificaccedilatildeo cruzada acanalada (Aca) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp)
Os canais satildeo componentes comuns em vaacuterios estilos de sistemas fluviais e ocorrem tanto
com geometria assimeacutetrica quanto simeacutetrica nos afloramentos da Formaccedilatildeo Poti
Os canais migrantes (CHm) satildeo constituiacutedos por areia meacutedia a grossa com
estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de larga escala e cruzada planar com geometria assimeacutetrica
(Figura 10) relacionada a migraccedilatildeo lateral e erodida pelo elemento sobreposto limitada por
superfiacutecies de 2ordf e 4ordf ordem As estruturas sedimentares juntamente com a escala do canal
sugerem energia moderada O elemento de canal alternante (CHa) possui granulometria meacutedia
a grossa em arenitos com estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) e planar (Acp) limitados
por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies basais satildeo relativamente simeacutetricas composta
por formas de leito multilaterais por vezes erodindo o adjacente resultante de fluxos
alternados O elemento de canal de preenchimento (CHp) conteacutem arenitos meacutedios a grossos
com menos estratos cruzados que os elementos de canal anteriores Eacute limitado em sua base
por superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem com extensatildeo de 131 m e 190 m preenchimento
concecircntrico (Gibling 2006) e arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada na base passando
para cruzada planar ao topo e localmente arenito maciccedilo sendo interpretado como
preenchimento de um canal menor interno ao cinturatildeo de canais (Miall 1988)
As formas de leito arenosas (FA) tem forma de lenccediloacuteis com dimensotildees que
compreendem 36 m de altura por 9 m de extensatildeo (Figura 9A) limitados por superfiacutecies de
4ordf ordem Eacute divido por sets por vezes amalgamados que conteacutem as litofaacutecies arenito com
estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e
tangencial (Atg) separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem suavemente inclinadas no sentido
para NW gradando lateralmente para o elemento AL As formas de leito arenosas (FA) satildeo
interpretadas como elemento interno ao canal fluvial oriunda da migraccedilatildeo e cavalgamento de
dunas subaquaacuteticas em partes mais rasas do canal (Miall 1996 2006)
Os lenccediloacuteis de areia laminados (LL) tem geometria em lenccedilol (Figura 9B) com
espessura 175 m e 30 m de extensatildeo com arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela (App)
25
gradando lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) Esta unidade
arquitetural eacute limitada acima por uma superfiacutecie de 4ordf ordem interpretada como produto de
deposiccedilatildeo arenosa de enchentes em condiccedilotildees de regime de fluxo superior em leito plano
(Miall 1977 1984b Tunbridge 1981 1984 Sneh 1983 apud Miall 2006) A gradaccedilatildeo de
arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela (App) para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar
(Acp) estaacute relacionada ainda com a diminuiccedilatildeo das condiccedilotildees de fluxo no fim do evento de
enchentes
Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de Baratildeo do Grajaacuteu
26
Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar e
baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes dos estratos
cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram identificados Lenccediloacuteis
de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo contiacutenuo lateralmente por aproximadamente
30 metros limitado acima por superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de
acreccedilatildeo lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem
27
Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti (P1) Canal de
preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo
(CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma
relativamente simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo
411 Interpretaccedilatildeo
Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF1 apresentam dominacircncia de arenitos com
estratificaccedilotildees cruzada tabular acanalada e de baixo acircngulo com ocorrecircncia subordinada de
lentes descontiacutenuas de pelitos As camadas de arenitos exibem geometria geralmente tabular e
um padratildeo de granodecrescecircncia ascendente Segundo a classificaccedilatildeo proposta de Miall
(1977) estes depoacutesitos satildeo caracteriacutesticos de rios do tipo entrelaccedilado (Figura 11) os quais
apresentam canais largos baixa sinuosidade com um ou mais canais sendo favorecido pela
presenccedila de carga de fundo com granulaccedilatildeo grossa grande variabilidade na descarga e
facilidade de erosatildeo das margens (Miall 1981) O acuacutemulo da carga de fundo propicia a
formaccedilatildeo de barras arenosas que obstruem a corrente e a ramificam com aumento do
suprimento detriacutetico (Miall 1981) A formaccedilatildeo de rios entrelaccedilados tambeacutem eacute relacionada a
condiccedilotildees climaacuteticas e a presenccedila de vegetaccedilatildeo (Kasse e al 2005 Miall 1981 Piegay et al
2009) Em condiccedilotildees climaacuteticas mais uacutemidas o niacutevel do lenccedilol freaacutetico mais proacuteximo agrave
superfiacutecie contribui para sedimentaccedilatildeo mais prolongada ao contraacuterio de regiotildees aacuteridas onde
28
o lenccedilol freaacutetico mais profundo resulta em sedimentaccedilatildeo limitada a chuvas torrenciais (Miall
1991)
O modelo de rio entrelaccedilado do tipo Saskatchewan Sul proposto por Miall (1977) eacute o
que mais se assemelha aos depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti Este modelo fluvial consoante
com as caracteriacutesticas litoloacutegicas e arquiteturais condiz com um fluvial entrelaccedilado
relativamente profundo perene com baixa sinuosidade (modelo 10 de Miall 1985 2006) Este
modelo ocorre em rios entrelaccedilados com canais ativos e ciclos dominados por sedimentaccedilatildeo
arenosa (Miall 1981) O fluvial entrelaccedilado eacute marcado pela existecircncia de macroformas com
geometrias de acreccedilatildeo (AF e AL) geralmente limitadas por superfiacutecies de 4ordf ordem diferente
de rios com acamamentos tabulares tiacutepicos de entrelaccedilados rasos (Miall 1985 2006) e baixa
ocorrecircncia de depoacutesitos de overbank devido ao baixo potencial de preservaccedilatildeo em virtude da
instabilidade do canal (Miall 1988 2006) O elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) eacute comum em
rios entrelaccedilados bem como canais secundaacuterios (Brierley 1996) Ambos litossomas de
acreccedilatildeo frontal (AF) e acreccedilatildeo lateral (AL) podem ocorrer em diferentes partes da mesma
barra complexa
No elemento de canais (CHm) a geometria assimeacutetrica da migraccedilatildeo de canais estaacute
relacionada a migraccedilatildeo lateral de acamamentos unidirecionais (Cant amp Walker 1978) A
migraccedilatildeo destes acamamentos foi desenvolvida proacutexima a barras compostas (compound bars)
com relativa alta sinuosidade no flanco do canal (Miall 1988) Nos elementos CHa e CHp a
presenccedila de granulometria meacutedia a grossa arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de
meacutedio a grande porte e o empilhamento das formas de leito sugerem fluxos de alta
velocidade (Li et al 2015) No caso dos afloramentos estudados na Formaccedilatildeo Poti ocorrem
complexos de preenchimento de canais formados pelas migraccedilotildees laterais de canais
As litofaacutecies do elemento de Lenccediloacuteis Laminados (LL) arenito com laminaccedilatildeo
horizontal (App) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) tipicamente indicam fluxo de regime
superior que caracterizam rios que satildeo submetidos a descargas sedimentares sazonais em
fluxos superficiais em rios entrelaccedilados (Miall 1988)
A faacutecies de granulometria fina como Fl forma-se nos canais no periacuteodo de mais
baixa energia quando a descarga diminuiu Estas faacutecies podem se desenvolver ainda
relacionadas agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo de canais fluviais entrelaccedilados em periacuteodo de descarga
elevada (Smith 1970) As medidas de paleocorrentes dominantes para NW estatildeo condizentes
29
com os trabalhos de Goacutees (1994) e Lima amp Leite (1978) que indicam aacutereas fontes para SE
(Figura 9)
As evidecircncias de paleocorrentes indicam que as direccedilotildees principais de fluxo em
elementos arquiteturais individuais variam entre 214deg e 32deg azimute Quatro dos sete
elementos apresentam medidas com orientaccedilotildees principais tendo 20deg do principal azimute
total Com um caacutelculo de 29 leituras no afloramento da Formaccedilatildeo Poti obteve-se uma meacutedia
de 324deg azimute com magnitude de vetor em 95 As medidas de dip direction das
superfiacutecies limitantes de 1deg a 4deg ordem mostram uma tendecircncia similar entre 290deg e 39deg o que
pode ser interpretado como ambiente fluvial de baixa sinuosidade
Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos afloramentos da
Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior dos canais enquanto que as arquiteturas AF e
AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por
avulsotildees de canais ativos
42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA
A associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica da Formaccedilatildeo Poti ocorre sobreposta aos
depoacutesitos fluviais entrelaccedilados (AF1) e aos folhelhos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura
12) Estatildeo expostas em cortes de estrada e ao longo de leito de rios intermitentes as margens
da rodovia BR-230 bem como na Barragem SalinasPI nos municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e
de Nazareacute do Piauiacute A AF2 tem 19 m de espessura com camadas lateralmente contiacutenuas por
centenas de metros exibindo geometria tabular e sigmoidal Tanto o contato inferior com os
30
depoacutesitos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 12) e depoacutesitos fluviais (AF1) e superior com a
associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) tecircm caraacuteter abrupto (Figura 13A)
As principais faacutecies satildeo arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) arenito com
laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo
(Am)
Estas camadas estatildeo organizadas em ciclos de raseamento ascendente (1 a 3 m de
espessura) com arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Figura 13B) ondulada ou
maciccedilo em sua base e arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal no topo (Figuras 13 C)
Tais ciclos (Figura 14 A) exibem geometria lobada (Figura 13D) Arenitos maciccedilos ocorrem
em camadas tabulares e lobadas localmente exibindo acamamentos convolutos (Figura 14B-
C) Os arenitos satildeo classificados como subarcoacutesios com gratildeos entre areia fina a meacutedia
subangulosos a subarredondados e bem selecionados Os constituintes em geral satildeo quartzos
monocristalinos com extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (90) feldspatos indiferenciados
(5) plagioclaacutesio (3) microclina (1) muscovita deformada e cimento de oacutexido-
hidroacutexido de Fe (lt1) O arcabouccedilo da rocha eacute sustentado por gratildeos com contatos
predominantemente cocircncavo-convexos e mais raramente retos e pontuais com porosidade
intergranular Feldspatos comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade
intragranular Medidas de paleocorrentes nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
mostram paleocorrentes preferenciais para NW
Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente deltaica
(Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da
aacuterea de estudo P9)
31
Figura 13- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos depoacutesitos deltaicos
(AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
(Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees
convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido principal para NW D Geometria
lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos deltaicos nas aacutereas de estudo
32
Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) arenito com
estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos
deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem (P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria
lobada Floriano Piauiacute (P8)
421 Interpretaccedilatildeo
Deltas satildeo classificados principalmente em termos de granulometria dominante e da
importacircncia relativa de processos fluviais por onda e mareacute (Bhattacharya 2006 2010) Nesta
associaccedilatildeo de faacutecies natildeo houve exposiccedilatildeo de litofaacutecies indicativas de retrabalhamento por
mareacute sendo a maior influecircncia por correntes unidirecionais Faacutecies referentes agrave frente
deltaicas satildeo comumente depositadas em aacuteguas rasas e portanto recebem maior influecircncia de
processos gerados por ondas e correntes com depoacutesitos arenosos relativamente bem
selecionados (Bhattacharya amp Walker 1992 Nichols 2009)
33
As faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) laminaccedilotildees cruzada
cavalgante (Alc) laminaccedilatildeo ondulada (Alo) e maciccedilo (Am) estatildeo dispostas em camadas com
geometria sigmoidal que exibem ciclos de granocrescecircncia ascendente e espessamento para o
topo indicando depoacutesitos de frente deltaica (Bhattacharya amp Walker 1992 Della Faacutevera
2001) O raseamento ascendente e a granocrescecircncia ascendente satildeo caracteriacutesticas
importantes para a distinccedilatildeo de uma sucessatildeo deltaica (Nichols 2009) juntamente com a
geometria lobada
A predominacircncia de faacutecies de lobos sigmoidais como os da Formaccedilatildeo Poti sugere
semelhanccedila com a arquitetura de foresets e bottomsets dos deltas tipo Gilbert (Della Faacutevera
2001 Gobo et al 2015) Os foresets satildeo basicamente as faacutecies de arenito com estratificaccedilatildeo
cruzada sigmoidal que se desenvolve em lobos e tem sua gecircnese relacionada agrave raacutepida
desaceleraccedilatildeo do fluxo em condiccedilotildees homopicnais com progressivo aumento do aporte
sedimentar Sua deposiccedilatildeo ocorre proacutexima agrave desembocadura onde fluxos pouco densos
manteacutem parte dos sedimentos em suspensatildeo gerando uma geometria de lobos sigmoidais
(Della Faacutevera 1984 2001) Arenitos maciccedilos (Am) podem ser resultantes de processos
secundaacuterios como escape de aacutegua que obliteraram parcial ou completamente as estruturas
primaacuterias (Della Faacutevera 2001) Corroboram com esta interpretaccedilatildeo a presenccedila de porccedilotildees com
acamamento convoluto associado agraves camadas de arenito maciccedilo As faacutecies de bottomsets
arenitos com laminaccedilotildees cruzada cavalgante e laminaccedilatildeo ondulada indicam accedilatildeo de correntes
e ondas que retrabalham os sedimentos depositados na frente do delta e que satildeo recobertos
durante a progradaccedilatildeo do lobo deltaico Rodrigues (2003) descreveu a presenccedila de
estratificaccedilatildeo cruzada hummocky nos depoacutesitos deltaicos da Formaccedilatildeo Poti o que sugere que
a frente deltaica foi retrabalhada por tempestade
Faacutecies arenosas com presenccedila de estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais current ripples
unidirecionais e camadas maciccedilas em frente deltaicas podem indicar presenccedila de certo
domiacutenio fluvial (Bhattacharya amp Walker 1992) As camadas deformadas (Figura 14B-C)
observadas abaixo da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal tambeacutem sugerem
que houve um cisalhamento produzido por correntes sobre uma superfiacutecie onde a fricccedilatildeo de
arrasto pelo movimento da areia resultou em convoluccedilotildees (Tucker 2014)
Paleocorrentes da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal indicam que a
migraccedilatildeo de formas de leito nos depoacutesitos de frente deltaica possuiacuteam sentido principal para
NW Ciclos de camadas iniciadas pelas faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
que passam para as faacutecies arenito maciccedilo e com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal podem ser
interpretados como oriundos de desaceleraccedilatildeo de fluxo ao entrar em um corpo de aacutegua em
34
menor energia (granocrescecircncia ascendente) onde cada ciclo representa a progradaccedilatildeo de um
lobo deltaico individual com espessura diretamente relacionada agrave profundidade da lacircmina
drsquoaacutegua (Elliott 1986)
43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA
As exposiccedilotildees da associaccedilatildeo AF3 ocorrem ao longo de drenagens secas do Riacho do
Saco distante 6 km da rodovia BR-230 e em corte de estrada Compreende depoacutesitos de
arenitos finos e pelitos contiacutenuos lateralmente com geometria tabular e lenticular
respectivamente por vezes com camadas amalgamadas e acamamento ondulado com
espessura que varia de 6 a 20 m
A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) estaacute sotoposta aos
depoacutesitos referentes agrave AF2 (frente deltaacuteica) em contato abrupto (Figura 13A e 15A) e
sobreposta por depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta pelas faacutecies
argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela (Ap) arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc)
laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito maciccedilo (Am) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela
(App) arenito com estratificaccedilotildees cruzada hummocky (Ah) estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
(As) e estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Aes)
Na base desta associaccedilatildeo ocorrem camadas com intercalaccedilatildeo riacutetmica de lacircminas de
argilito (Ap) e arenitos muito finos (Alc Alo e App) formando acamamento heteroliacutetico com
padratildeo granocrescente ascendente com predomiacutenio do tipo linsen na base passando para
wavy e flaser em direccedilatildeo ao topo Esta ciclicidade tambeacutem eacute caracterizada por pares de
arenito e pelitos mais espessos seguidos por pares menos espessos (Figura 16C-D)
As faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada exibem acamamento ondulado no topo
com laminaccedilotildees truncadas por ondas com arranjo interno do tipo bundled upbulding e
chevron (Raaf et al 1977) que variam lateralmente para laminaccedilatildeo plano-paralela com
presenccedila de mud-drapes nos foresets superfiacutecies erosivas e paleocorrentes preferenciais para
NW
As laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes possuem laminaccedilotildees cocircncavo-convexas que se
truncam lateralmente assemelhando-se agrave micro- hummockies exibindo geometria pinch and
swell (Figura 15B) e pontualmente estruturas de escape (Figura 15C) Localmente no topo de
camadas observa-se deformaccedilatildeo convoluta Os arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
satildeo subarcoacutesios com gratildeos de areia muito fina a fina tais como quartzos monocristalinos com
35
extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (86) feldspatos indiferenciados (7) plagioclaacutesio
(5) microclina (1) muscovita deformada oacutexido-hidroacutexido de Fe (ambas lt1) e
localmente cimento de calcita Os gratildeos satildeo subangulosos a subarredondados e muito bem
selecionados A rocha eacute sustentada por gratildeos com contatos pontuais cocircncavo-convexo reto e
suturado exibem ainda gratildeos e micas orientados porosidade intergranular Feldspatos
comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade alveolar Os argilominerais
identificados na anaacutelise de DRX (laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes A1 e A3) foram
esmectitas (montmorilonita) vermiculita clorita ilita e caulinita
Arenito com acamamento heteroliacutetico eacute caracterizado por exibir laminaccedilotildees plano
paralela que passam lateralmente para laminaccedilatildeo ondulada com acamamentos do tipo linsen
wavy e flaser Localmente observa-se estruturas ball and pillow e escape de fluido (Figura
15D-E)
Arenitos finos com marcas onduladas simeacutetricas e assimeacutetricas exibem laminaccedilatildeo
cruzada por onda (Alo) a sigmoidais com tidal bundles nos foresets O comprimento de onda
das marcas onduladas varia de 4 a 8 cm e a altura de 2 a 7 cm Estas estruturas satildeo limitadas
por arenitos com laminaccedilatildeo ondulada paralela a sigmoidal com alternacircncia de pares de areia e
argila (Figura 16A-B) Localmente satildeo observadas variaccedilotildees na inclinaccedilatildeo dos foresets e
superfiacutecies de reativaccedilatildeo As tidal bundles satildeo caracterizadas por alternacircncias milimeacutetricas a
centimeacutetricas de areias e recobrimentos argilosos Estes pares exibem lateralmente espessuras
distintas de recobrimento argiloso formando pares ciacuteclicos ricos em argila seguidos de pares
ricos em areia
Os ritmitos de mareacute apresentam 120 pares de mareacute organizados em 3 ordens de
ciclicidade (Figura 16C-D) 1) os ciclos de primeira ordem satildeo caracterizados por pares de
lacircminas milimeacutetricas a centimeacutetricas de areia e argila que exibem current ripples e
bidirecionalidade dos foresets A deposiccedilatildeo do material mais fino ocorre atraveacutes de suspensatildeo
e ainda floculaccedilatildeo no periacuteodo de stillstand Este ciclo de menor ordem reflete a ciclicidade de
cheia e vazante (flood-ebb) 2) os ciclos de segunda ordem representam agrupamentos de
ciclos de primeira ordem individualizados pela espessura dos pares de areia e argila com cada
ciclo mostrando um aumento da espessura dos pares seguido por uma diminuiccedilatildeo da
espessura dos mesmos Assim haacute ciclos de segunda ordem espessos onde os arenitos exibem
espessura entre 07 cm e 43 cm e argilitos entre 04 a 10 cm Enquanto que outros ciclos
menos espessos de segunda ordem apresentam camadas de arenito entre 01 a 09 cm e de
argila entre 01 a 10 cm de espessura Cada ciclo pode chegar a aproximadamente 18 cm de
espessura e satildeo compostos por 12 a 15 pares de areia-argila 3) Os ciclos de terceira ordem
36
designam a maior ordem de ciclicidade nestes ritmitos com ciclos menos espessos (pares
mais finos) seguidos por ciclos mais espessos (com pares mais grossos) gerando uma
ciclicidade desigual em sucessivos ciclos de variaccedilatildeo vertical de espessura dos pares
Sobrepostos aos depoacutesitos ciacuteclicos de mareacute ocorrem faacutecies mais arenosas (Figura
17A-B) caracterizadas por arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada hummocky que variam
lateralmente para estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Figura 17C-D) As estratificaccedilotildees cruzadas
hummocky ocorrem em camadas tabulares contiacutenuas lateralmente com aproximadamente 20
cm de espessura por 80 de comprimento que exibem topo e base ondulada sendo possiacutevel
observar clastos orientados de argila subarredondados com dimensotildees entre 3 e 9 cm (Figura
17B-C) Dos trecircs tipos de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky descritas por Cheel amp Leckie
(1993) a do tipo scour-and-drape eacute a dominante visto que as superfiacutecies geradas por erosatildeo
ondulatoacuteria estatildeo presentes
A estratificaccedilatildeo cruzada swaley tem espessuras de 5 a 22 cm com dimensotildees entre 7
a 75 cm Esta estrutura comeccedila com uma superfiacutecie erosiva planar passando para ondulada
Internamente a laminaccedilatildeo ondulatoacuteria possui espessuras de 1 a 9 mm com inclinaccedilatildeo de
aproximadamente 15deg com onlap de baixo acircngulo em superfiacutecies erosivas A inclinaccedilatildeo das
laminaccedilotildees pode comeccedilar e terminar lateralmente acentuada formando uma geometria
cocircncava como pode perder a angulaccedilatildeo gradando para laminaccedilatildeo ondulada As faacutecies com
estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley satildeo sotopostas a camadas onduladas que
apresentam estruturas de mareacute e sobreposta por camadas onduladas
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal ocorrem em camadas geralmente
tabulares com ateacute 20 cm de espessura com base e topo suavemente ondulados e que se
adelgaccedilam lateralmente Localmente satildeo observados finos recobrimentos argilosos nos
foresets e dados paleocorrente indicam fluxos para NW
No topo destes depoacutesitos observam-se corpos com geometria de canal (Figura 17B)
Estes canais satildeo caracterizados por evidente migraccedilatildeo mergulho de 310deg compostos por
camadas amalgamadas de arenito fino com laminaccedilatildeo ondulada e plano-paralela que
acompanham a forma cocircncava do canal (preenchimento concecircntrico Gibling 2006) A
paleocorrente dominante deste ambiente estaacute para NW baseado na mediccedilatildeo de laminaccedilotildees
cruzadas cavalgantes Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominados por onda
e mareacute (AF3) de uma forma geral apresentam ciclos retrogradacionais com material argiloso
dominante na base influenciados principalmente por mareacute passando para mais arenoso ao
topo e maior inflencia por onda
37
Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato entre as
associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3 P4) B Arenito com laminaccedilatildeo
cruzada cavalgantes e ondulada com geometria pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em
arenito com microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and pillow (P3) E Escape
de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico (P5)
38
Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal bundles em laminaccedilatildeo
cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de argila (P4) B Wave generated tidal bundles com
acamamento ondulado e sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se ritmicidade
com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute com ciclos de 1a 2a e 3a ordem
superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e
quadratura (P5)
39
Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute (AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4)
B Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas
cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C Estratificaccedilatildeo
cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley
40
431 Interpretaccedilatildeo
Na associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) eacute evidente a
intercalaccedilatildeo regular entre as faacutecies arenosas finas e argilosas na base que gradativamente
passam para dominacircncia de faacutecies arenosa para o topo Esta caracteriacutestica sugere um aumento
crescente de energia passando de um sistema com predomiacutenio de transporte por decantaccedilatildeo
para outro dominado por traccedilatildeo A presenccedila das faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada
cavalgante e mud drapes nos foresets argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela arenito com
laminaccedilatildeo ondulada e ainda acamamento heteroliacutetico linsen wavy e por vezes flaser satildeo
comuns em sistema dominado por mareacute (Choi 2010 Longhitano et al 2012 Reineck amp
Wunderlich 1968 Visser 1980 Yang et al 2008) Os processos especiacuteficos que favorecem a
deposiccedilatildeo de acamamento linsen e flaser refletem condiccedilotildees de flutuaccedilotildees irregulares sendo
comuns em ambientes dominados por mareacute e tambeacutem por ondas (Nio amp Young 1991
Reineck amp Wunderlich 1968) Ritmitos de mareacute exibem ciclicidade entre laminaccedilotildees linsen e
flaser mostrando eventos influenciados por mareacutes Tal estrutura pode ser formada em vaacuterios
ambientes mas a presenccedila de ciclicidade e sua correlaccedilatildeo com diferentes ordens de
ciclicidade de mareacute satildeo evidecircncias suficientes para afirmar a presenccedila de mareacute em depoacutesitos
claacutesticos marinhos rasos (Nio amp Young 1991) Isto associado com as faacutecies de arenito com
laminaccedilatildeo cruzada cavalgante ondulada (exibindo porccedilotildees com bidirecionalidade) e mud
drapes atestam a existecircncia da accedilatildeo de mareacutes na porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti
Nos ritmitos de mareacute a bidirecionalidade em alguns pares de areia e pelito pode
indicar que durante nos periacuteodos de mareacutes siziacutegia (spring tide) a corrente subordinada teve
forccedila suficiente para mover porccedilotildees de areia como pequenas migraccedilotildees de ripples A presenccedila
de depoacutesitos de corrente dominante e subordinada com dois mud drapes podem sugerir
ambiente de submareacute (subtidal) para AF3 sendo coberto por dois periacuteodos de slack water em
um ciclo de mareacute alta e vazante (ebb-flood) (Nio amp Young 1991) A alternacircncia dos ciclos de
2ordf ordem de ritmitos de mareacute (grupos mais e menos espessos) indicam inequidade diurna Esta
alternacircncia pode ser relacionada agraves variaccedilotildees de ciclos semilunares de mareacutes de siziacutegia e
quadratura sugerindo alta taxa de deposiccedilatildeo (Rahmani 1988) A espessura meacutedia entre 12 e
16 cm por ciclo semilunar com 22 e 26 pares indica taxa deposicional de 24 a 32 cm por mecircs
Esta sequecircncia portanto pode ter sido depositada em uma zona de submareacute ou intermareacute
inferior em funccedilatildeo da alternacircncia entre lacircminas de material arenoso e peliacutetico que foram
cobertos por mareacutes durante todo ou na maior parte dos ciclos de mareacutes de siziacutegia e de
quadratura (Tessier et al 1988)
41
As tidal bundles ocorrem em laminaccedilotildees onduladas com 3 a 8 cm de espessura
como jaacute descrito em trabalhos de Boersma (1969) Terwindt (1981) Kreisa e Moiola (1986)
de estruturas de megaripplessandwave de ambientes de submareacute (apud Bhattacharya amp
Bahattacharya 2006) Tidal bundles em camadas de pequena espessura podem indicar
retrabalhamento miacutenimo dos sedimentos mais novos em funccedilatildeo do mud draping espesso
(Bhattacharya amp Bhattacharya 2006) Estruturas similares satildeo reconhecidas pela migraccedilatildeo de
ripples ou sandwaves durante a mareacute principal O recobrimento de argila com forma
sigmoidal nas bandas das tidal bundles podem definir periacuteodos de pausas da mareacute (Kreisa amp
Moiola 1986)
Algumas porccedilotildees de tidal bundles observadas nos afloramentos descritos condizem
com as sugeridas no trabalho de Yang et al (2008) como wave generated tidal bundles
(Figura 16B) com laminaccedilotildees na base dos sets por vezes sigmoidais a onduladas
(componente oscilatoacuteria) e recobrimento de argila nas cristas da ondulaccedilatildeo adjacente
exibindo as geometrias em offshoot e unidirecional descritas por Raaf et al (1977) Os
foresets satildeo recobertos por argila com variaccedilotildees deste material peliacutetico indicando ciclicidade
com porccedilotildees ricas em argila (neap tide) e em areia (spring tide) Na base e topo deste
conjunto de wave generated tidal bundles haacute laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas com
acamamento heteroliacutetico variando linsen-flaser indicando ciclos semilunares (Figura 16B)
Esta estrutura portanto eacute uma soma de resultantes advindas da accedilatildeo tanto de ondas pela
ocorrecircncia de wave generated ripples (Raaf et al 1977) como pela accedilatildeo de correntes de
mareacute pela existecircncia de recobrimento de argilas com ciclicidade
As wave-generated tidal bundles satildeo indicativas de um depoacutesito com superimposiccedilatildeo
de accedilatildeo de ondas bem como de mareacute gerando uma sucessatildeo riacutetmica Estas estruturas diferem
das tidal bundles tiacutepicas por serem estruturas que resultam de uma variaccedilatildeo temporal na
combinaccedilatildeo de correntes de mareacute e onda bem mais do que variaccedilatildeo de corrente de mareacute
apenas (Yang et al 2008) Elas se formam em circunstacircncias onde o pico de energia continua
ainda no campo de estabilidade de ripples sendo portanto estruturas indicativas de deposiccedilatildeo
por tempestade de baixa energia pois em condiccedilotildees de tempo normal a quantidade de
sedimento em suspensatildeo natildeo eacute suficiente para gerar sucessotildees espessas em um uacutenico ciclo de
mareacute principalmente em ambientes de costa aberta (Yang et al 2008) Estruturas deste
gecircnero satildeo difiacuteceis de serem preservadas em funccedilatildeo do intenso retrabalhamento por ondas que
ocorrem no ambiente em que satildeo geradas desta forma elas tendem a ser preservadas por
42
subsidecircncia tectocircnica (Allen amp Bass 1993 Tessier amp Gigot 1989) ou por taxas de
sedimentaccedilatildeo altas
Faacutecies arenito com laminaccedilatildeo ondulada arenito com estratificaccedilotildees cruzada
hummocky sigmoidal e swaley em sedimentos de areia fina denotam sistema mais energeacutetico
com accedilatildeo de ondas de tempestade Clastos de argilas presente nas camadas com estruturas
geradas por ondas ratificam este sistema mais energeacutetico forte o suficiente para retrabalhar
as rochas do substrato Estruturas como estratificaccedilatildeo cruzada hummocky foi primeiramente
descrita por Harms et al (1975) sendo gerada por meio de processos dominantemente
oscilatoacuterios combinados por correntes unidirecionais resultantes de ambiente dominado por
tempestade em aacuteguas rasas (Arnott amp Southhard 1990 Cheel amp Leckie 1993 Duke 1985
Dumas amp Arnott 2006) As estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley estatildeo geneticamente
relacionadas onde a estratificaccedilatildeo cruzada swaley pode ser descrita como estratificaccedilatildeo
cruzada hummocky truncada anisotroacutepica (Dumas amp Arnott 2006) A estratificaccedilatildeo cruzada
hummocky geralmente ocorre em um restrito intervalo de granulometria (areia muito fina a
fina) onde a forma de leito responsaacutevel pela geraccedilatildeo desta estrutura eacute um tipo de ondulaccedilatildeo
orbital (Harms et al 1975 Southard et al 1990 Yang et al 2006)
Em periacuteodos onde a atividade por tempestade foi maior as ondas penetraram e
retrabalharam os depoacutesitos dominados por mareacute formando as estratificaccedilotildees cruzadas
hummocky e swaley visto que a influecircncia de mareacute foi preservada durante periacuteodos de natildeo
tempestade (Vakarelov et al 2012) Em outras palavras a accedilatildeo das ondas retrabalharam os
sedimentos existentes onde tais ondas de tempestade atingiram o substrato acima do niacutevel de
base de onda sob fluxo combinado juntamente com componente unidirecional em regime de
fluxo superior (Arnott amp Southard 1990)
Estruturas de sobrecargadeformaccedilatildeo podem ocorrer atraveacutes do fenocircmeno de fluxo
plaacutestico associado agrave saiacuteda de aacutegua e peso da areia sobreposta (Allen 1982) Superfiacutecies
erosivas nas camadas desta associaccedilatildeo ocorrem trucando estruturas sedimentares e tem forma
ondulada com maior concentraccedilatildeo de material peliacutetico ratificando a interpretaccedilatildeo da accedilatildeo de
ondas e tempestades nestes depoacutesitos (Peng et al 2018) As Superfiacutecies de reativaccedilotildees satildeo
resultantes de variaccedilatildeo de velocidades durante as mareacutes (Klein 1970)
Estruturas balls and pillows compreendem massas redondas de sedimentos claacutesticos
tambeacutem chamados de pseudonoacutedulos em uma matriz similar ou mais fina verticalmente
sobrepostos em um horizonte Satildeo estruturas que se formam atraveacutes da separaccedilatildeo repetitiva de
43
pseudonoacutedulos da base de uma camada fonte que para de fato ocorrer o substrato deve
permanecer liquidificado por um tempo maior em relaccedilatildeo agrave taxa de deformaccedilatildeo sendo
possiacutevel o contraste de densidade das camadas e portanto o aparecimento da forccedila de divisatildeo
(Owen 2003) As estruturas deformacionais penecontemporacircneas presentes na associaccedilatildeo de
faacutecies AF3 evidenciam portanto perturbaccedilatildeo dos sedimentos ainda semi-consolidado ou
inconsolidado (Van Loon amp Brodzokowski 1987)
Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF3 estatildeo relacionados a um shoreface
inferior com accedilatildeo de tempestades episoacutedicas em uma costa retrogradante com accedilatildeo de mareacute
O ambiente plataformal torna-se mais profundo para leste em funccedilatildeo da maior ocorrecircncia de
tempestitos nesta aacuterea Geometria em canal observada no topo de tempestitos denota
proximidade com o continente com fluxo de detritos subaquosos confinados
44
CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS
Na regiatildeo estudada foram identificadas trecircs sequecircncias deposicionais de 4ordf ordem
que tiveram iniacutecio no final do Neodevoniano ateacute o Pensilvaniano e compreendem o topo da
Formaccedilatildeo Longaacute a Formaccedilatildeo Poti e a base da Formaccedilatildeo Piauiacute Estas sequecircncias satildeo
compostas por 5 tratos de sistemas limitados por 4 superfiacutecies estratigraacuteficas (Figuras 18 e
19) Sequecircncia 1 (Trato de Sistema de Mar Alto ndash TSMA) Sequecircncia 2 (Trato de Sistema de
Mar Baixo ndash TSMB e Trato de Sistema Transgressivo ndash TST) e Sequecircncia 3 (Trato de
Sistema de Mar Baixo ndash TSMB)
51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS
As superfiacutecies estratigraacuteficas (S) foram baseadas em faacutecies e limites erosivos que
delimitam os tratos de sistemas identificados (Catuneanu et al 2009 2011) com seu
reconhecimento pautado em mudanccedilas bruscas entre faacutecies e sistemas deposicionais A
superfiacutecie S1 eacute o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti (Figura 8A) representando um limite
de sequecircncia tipo 1 A superfiacutecie S2 representa o limite entre as associaccedilotildees de faacutecies fluvial e
frente deltaica da Formaccedilatildeo Poti e a superfiacutecie S3 eacute interpretada como uma superfiacutecie
transgressiva uma vez que separa depoacutesitos fluacutevio-costeiros (AF1 e AF2) de depoacutesitos de
plataforma rasa (AF3 Figuras 13A e 15A) A superfiacutecie S4 eacute um limite de sequecircncia tipo 1
de depoacutesitos plataformais do topo da Formaccedilatildeo Poti com os fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute
sobrejacente
A inconformidade subaeacuterea tem sua gecircnese relacionada a condiccedilotildees subaacutereas com
resultado de erosatildeo fluvial ou by-pass pedogecircnese degradaccedilatildeo eoacutelica ou dissoluccedilatildeo e
carstificaccedilatildeo (Catuneatu et al 2011) Ocorre quando a taxa de subsidecircncia eacute menor que a de
rebaixamento eustaacutetico na quebra do offlap (Van Wagoner et al 1988) Na aacuterea de estudo
este limite eacute encontrado em toda a regiatildeo onde dois tipos satildeo diferenciados O tipo 1 ocorre
dividindo os depoacutesitos fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti dos plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute
apresentando erosatildeo fluvial com horizontes irregulares O segundo tipo divide os depoacutesitos
plataformais de ondas e mareacute (AF3) de sequecircncias fluviais referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute Esta
superfiacutecie apresenta horizontes erosivos irregulares mais tecircnues que a primeira superfiacutecie
As superfiacutecies S1 e S4 satildeo interpretadas como resultante de queda do niacutevel relativo
do mar onde depoacutesitos fluviais puderam ser desenvolvidos As camadas foram erodidas por
45
essa accedilatildeo resultando em horizontes irregulares A superfiacutecie S2 eacute um limite de faacutecies sendo
estabelecida em um contato abrupto entre litofaacutecies de arenito meacutedio a grosso com
estratificaccedilatildeo cruzada tabular (depoacutesitos fluviais ndash AF1) e finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo
cruzada sigmoidal (depoacutesitos deltaicos ndash AF2) A superfiacutecie transgressiva (S3) limita camadas
progradantes abaixo de camadas retrogradantes acima separando os depoacutesitos transicionais
(AF1 e AF2) de depoacutesitos plataformais (AF3)
52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA
A primeira sequecircncia (Seq 1) consiste no final de uma sequecircncia estratigraacutefica
representada por trato de sistema de mar alto (TSMA) com folhelhos cinza escuros a pretos
homogecircneos ou laminados e bioturbados referente a ambiente plataformal dominado por
tempestade (Goacutees amp Feijoacute 1994) Esta sequecircncia corresponde ao final da deposiccedilatildeo da
Formaccedilatildeo Longaacute limitada acima por uma S1 (LS1) erosiva e deposiccedilatildeo de sedimentos
fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti
O trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Seq 2 (Figura 20A) compreende
depoacutesitos fluviais e deltaicos contemporacircneos (AF1 e AF2) em um contexto de bacia com
conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais Limitados abaixo por S1 (LS1) e acima
por S3 (ST) com ciclos de granodecrescecircncia ascendentes nas litofaacutecies de arenito meacutedio a
grosso com estratificaccedilatildeo cruzadas de meacutedio porte de faacutecies fluvial passando para ciclos
granocrescente ascendente de arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal e
laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes nos depoacutesitos deltaicos com a superfiacutecie S2 separando estes
dois depoacutesitos
A variaccedilatildeo das taxas de criaccedilatildeo de espaccedilo de acomodaccedilatildeo ao longo do tempo
consiste no principal fator para preservaccedilatildeo de sedimentos (Shanley amp McCabe 1994)
Sistemas fluviais costeiros satildeo muito influenciados pela mudanccedila de niacutevel de base (Miall
2006) Em sistemas fluviais controlados pelo niacutevel relativo do niacutevel do mar a identificaccedilatildeo
dos tratos de sistemas estaacute fundamentada em um somatoacuterio de criteacuterios que envolvem a
geometria padratildeo de empilhamento dos canais fluviais razatildeo entre depoacutesitos de canais e de
planiacutecie de inundaccedilatildeo (Miall 2006) O TSMB estaacute relacionado ao final do rebaixamento do
niacutevel do mar e consequente iniacutecio de sua elevaccedilatildeo
De acordo com a anaacutelise arquitetural dos depoacutesitos fluviais os elementos
individualizados foram elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal
46
alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito
arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em
forma de lenccediloacuteis Geralmente sistemas fluviais entrelaccedilados arenosos de TSMB formam
corpos de canais do tipo ldquosheet-likerdquo (Hirst 1991 Miall 2006) com amalgamaccedilatildeo de barras e
canais internos ao canal principal onde a preservaccedilatildeo de sedimentos mais finos comuns de
planiacutecie de inundaccedilatildeo eacute menor (Schanley amp McCabe 1993 Wan Wagoner et al 1995) Tal
disposiccedilatildeo estaacute de acordo com o observado para os depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti De
uma forma geral segundo a variaccedilatildeo de espessura e distribuiccedilatildeo desses depoacutesitos (Figura 19)
observa-se um acunhamento dos depoacutesitos fluviais para a porccedilatildeo SE da regiatildeo
O final do TSMB eacute marcado pelos depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de frente
deltaica (AF2) que denota progradaccedilatildeo com padratildeo de raseamento ascendente Segundo
Bhattacharya amp Walker (1992) durante os periacuteodos de aumento do niacutevel do mar a deposiccedilatildeo
deltaica fica confinada a ambientes de aacuteguas rasas na plataforma e resulta na raacutepida
progradaccedilatildeo dos lobos e comutaccedilatildeo de um ambiente dominado por processos fluviais A
sedimentaccedilatildeo deltaica tende a ser suprimida durante o aumento do niacutevel do mar e em regiotildees
costeiras tende a ser influenciada por processos de onda e mareacute (Miall 2000)
O TSMB eacute sobreposto por um Trato de Sistema Transgressivo (TST Figura 20B)
sendo seu limite marcado pela superfiacutecie S3 que representa uma incursatildeo marinha dentro da
sequecircncia 2 O trato de sistema transgressivo (TST) corresponde a depoacutesitos plataformais de
onda e mareacute (AF3) de tendecircncia granocrescente para o topo iniciando com intercalaccedilatildeo de
pelitos e arenitos finos com laminaccedilotildees com ritmitos de mareacutes e tidal bundles passando para
arenitos estratificados hummocky e swaley e em seguida camadas de arenitos maciccedilos e
ondulados mais espessos para o topo A preservaccedilatildeo de depoacutesitos de mareacute comumente ocorre
em tratos de sistemas caracterizados por taxas altas de aumento relativo do niacutevel do mar (Nio
amp Yang 1991)
Durante a incursatildeo marinha os sedimentos da plataforma rasa eram periodicamente
retrabalhados por tempestades As evidecircncias de accedilatildeo perioacutedica de ondas de tempestades satildeo
laminaccedilotildees onduladas micro-hummockys e pinch-and-swell observadas na base da sequecircncia
que passam para arenitos com Ah e Aes ao topo A diferenccedila de escala observada nas
estruturas sedimentares geradas por tempestades desta sequecircncia corrobora com o contiacutenuo
aumento do niacutevel do mar Yang et al (2006) registram que o tamanho do comprimento de
onda de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky (Ah) diminui conforme se aproxima das aacuteguas mais
rasas devido a diminuiccedilatildeo do tamanho das ondas Baseado nesta premissa as estruturas
47
sedimentares menores (ex micro-hummockys) seriam geradas no iniacutecio do aumento do niacutevel
do mar e as estruturas maiores (Ah e Aes) no aacutepice da incursatildeo marinha
A presenccedila de um ambiente dominado por processos de mareacute e onda e influenciados
por tempestades sugere que o limite TSMB-TST registra a passagem de um mar
epicontinental amplo e de aacuteguas rasas com alta taxa de aporte sedimentar (AF1 e AF2) para
um ambiente de mar mais aberto e elevada taxa de aumento do niacutevel do mar (AF3) O padratildeo
retrogradacional identificado nos depoacutesitos do TST eacute atribuiacutedo agrave geraccedilatildeo de espaccedilo de
acomodaccedilatildeo que supera a taxa de sedimentaccedilatildeo (Catuneanu et al 2011 Posamentier amp Vail
1988)
O topo do TST eacute limitado no topo pela superfiacutecie S4 a qual coincide com a
discordacircncia regional Mesocarboniacutefera A base da sequecircncia 3 representa um TSMB (Figura
20C) com depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta por camadas de
arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilotildees cruzadas tabular acanalada e tangencial com
lags conglomeraacuteticos Apoacutes a instalaccedilatildeo de um sistema plataformal transgressivo no Viseano
houve um rebaixamento do niacutevel de mar que causou um hiato erosivo de 20 Ma registrado em
vaacuterias partes da Bacia do Parnaiacuteba (Caputo 1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007) Este
evento estaria associado ao iniacutecio estaacutegio de continentalizaccedilatildeo que ocorreu durante o
Moscoviano e resultou na formaccedilatildeo do Pangea (Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007)
48
Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de Baratildeo de Grajauacute e
Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba Fonte Modificado de (Vaz et al 2007)
49
Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e principais superfiacutecies
estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)
50
Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da Seq
2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)
51
CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO
As trecircs sequecircncias deposicionais identificadas na aacuterea de estudo que compreendem
as formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute tem sua gecircnese relacionada a variaccedilotildees ciacuteclicas do niacutevel
relativo do mar influenciadas por eventos de eustasia e tectocircnica (Catuneanu 2006) A Seq 1
(TSMA) eacute caracterizada por uma transgressatildeo marinha que iniciou no Fameniano e que deu
origem aos depoacutesitos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (TSMA) com ambiente dominado por
eventos de tempestades (Goacutees amp Feijoacute 1994)
A Seq 2 que engloba TSMB em sua porccedilatildeo inicial eacute composta por depoacutesitos
fluviais e deltaicos caracterizando uma fase seguinte de progradaccedilatildeo As paleocorrentes dos
depoacutesitos fluviais (AF1) e de frente deltaica (AF2) indicam sentido do paleofluxo para NW
com provaacuteveis aacutereas fontes para leste-sudeste Dados preacutevios baseados em anaacutelises de
paleocorrentes e dataccedilotildees U-Pb em zircatildeo detritico indicam que as principais aacutereas fontes dos
sedimentos da bacia do Parnaiacuteba durante o Paleozoico estariam localizadas na Proviacutencia
Borborema que fica a sudeste da aacuterea de estudo (Daly et al 2018 Hollanda et al 2014
Oliveira amp Moura 2019) Sedimentos retrabalhados de rochas paleoproterozoicas e
neoproterozoicas seriam as principais fontes para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti com
contribuiccedilatildeo secundaacuteria de sedimentos reciclados de rochas cambro-ordovicianas ou mais
jovens (Hollanda et al 2014) aleacutem de fontes neoarquenas (Oliveira amp Moura 2019)
Retrabalhamento de rochas do intervalo Devoniano-Tournaisiano tambeacutem eacute sugerido por
dados palinoloacutegicos (Di Pasquo amp Iannuzzi 2014 Streel et al 2012) Assim um progressivo
recuo dos mares epicontinentais entre o Mesodevoniano e o Mississipiano (Goeacutes 1995)
resultou na formaccedilatildeo de extensos depoacutesitos transicionais e na exposiccedilatildeo de rochas cristalinas
e sedimentares preacute-cambrianas (antes inundadas pela incursatildeo marinha devoniana) na regiatildeo a
leste e sudeste da Bacia do Parnaiacuteba (Oliveira amp Moura 2019)
A instalaccedilatildeo deste sistema fluvio-deltaico ocorreu sob um clima semiaacuterido com
vegetaccedilatildeo escassa ou ausente Segundo Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) a vegetaccedilatildeo nas
proximidades da regiatildeo de estudo era mais arbustiva e escassa com presenccedila de plantas
pteridoacutefitas e gimnospermas aleacutem de algas que refletem aacuteguas salobras Ianuzzi (1994)
descreve clima temperado a subtropical no final do Carboniacutefero Inferior passando para
tropical no final do Carboniacutefero Superior com deriva do Continente Americano em direccedilatildeo ao
Equador (Ribeiro 2000) Parrish et al (1986) descrevem variaccedilotildees no clima durante o
Carboniacutefero Superior oscilando entre periacuteodos quentes e mais frios com tendecircncia geral de
52
aquecimento Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) descrevem assembleias fossiliacuteferas tiacutepicas de
intervalos normais a secos assim como ratificado por reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas (Iannuzzi
amp Roumlsler 2000) o qual afirma que a Bacia do Parnaiacuteba teria estado situada em uma zona
climaacutetica semiaacuterida durante a metade do Mississipiano Streel et al (2012) descrevem
miosporos em seccedilotildees de diamictitos da Formaccedilatildeo Poti na borda oeste da bacia depositados
em periacuteodos interglaciais
Os depoacutesitos deltaicos satildeo representados pelo predomiacutenio de camadas com geometria
lobada e estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais que podem estar relacionados a eventos de
sedimentaccedilatildeo episoacutedica durante carga extrema de rios (Della Faacutevera 2001 Ponciano amp Della
Faacutevera 2009) Esta carga extrema geralmente transpassa (by-pass) a parte proximal do sistema
deltaico (Della Faacutevera 2001) A ausecircncia de faacutecies de prodelta nos depoacutesitos estudados pode
estar associada a grande extensatildeo dos depoacutesitos de frente deltaica e alta taxa de progradaccedilatildeo
Apesar da ausecircncia de estruturas como Ah e Aes nos afloramentos estudados a inexistecircncia
de prodelta pode estar associada agrave remoccedilatildeo do material argiloso por tempestades (Della
Faacutevera 2001)
O delta da Formaccedilatildeo Poti flui para um ambiente de mar epicontinental raso Porritt et
al (2020) descrevem deltas similares com baixo gradiente onshore e offshore resultando em
efeitos miacutenimos das variaccedilotildees do niacutevel do mar nos deltas Ainda segundo Porritt et al (2020)
a diferenccedila destes tipos de deltas em mares epiricos para outros eacute sua quantidade baixa de
espaccedilo de acomodaccedilatildeo disponiacutevel e local de sedimentaccedilatildeo controlada por avulsatildeo de rios mais
acima nas superfiacutecies de leque aluvial
Goacutees et al (1997) descreveram ainda exposiccedilotildees referentes ao delta em contatos
laterais ou intercalados com os depoacutesitos dominado por tempestade e onda As bacias do
Parnaiacuteba e do Amazonas durante o Viseano tardio estava inserida nos paralelos 40deg a 50deg
dentro do continente Gondwana (Scotese 2000 Torvski et al 2012) recebendo accedilotildees de
furacotildees que geraram os depoacutesitos tempestiacutesticos da associaccedilatildeo AF3 (Duke 1985)
O continuo avanccedilo do mar para dentro da plataforma continental gerou os depoacutesitos
influenciados por mareacute e onda (AF3) que recobrem o sistema fluvio-deltaico Este limite
sugere a passagem de um ambiente com alta taxa de sedimentaccedilatildeo siliciclaacutestica durante o
recuo marinho para um ambiente com taxa de sedimentaccedilatildeo moderada com aumento do
niacutevel do mar mais lento Desta forma uma configuraccedilatildeo de mares epicontinentais com maior
53
restriccedilatildeo eacute sugerida para o sistema fluvio-deltaico com passagem para mares epicontinentais
amplos poreacutem ainda rasos do sistema plataformal dominado por mareacute e onda
Segundo mapas paleogeograacuteficos de Scotese (2019) observa-se no periacuteodo entre 361
e 351 milhotildees de anos (Fameniano e Tounasiano) a diminuiccedilatildeo de pontos de gelo que
estariam ligados ao processo transgressivo que deu origem a depoacutesitos plataformais marinhos
no topo da Formaccedilatildeo Longaacute Entre 344 Ma e 338 Ma (Viseano) houve o estabelecimento dos
ambientes referentes agrave Formaccedilatildeo Poti com a presenccedila de pontos de gelo relacionados agrave
regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo
que possivelmente deu origem aos depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3)
aqui descritos no topo da Formaccedilatildeo Poti Tal hipoacutetese pode sustentar ainda a existecircncia de
sistema fluvial entrelaccedilado relacionado a descargas e maior proporccedilatildeo de carga de fundo em
regiotildees glaciais oriundas de escoamentos superficiais sazonais (ou ocasionada pelo degelo) A
presenccedila de uma vegetaccedilatildeo arbustiva no Mississipiano aliado a condiccedilotildees ambientais semi-
aridas durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos Poti sustenta a justificativa da instalaccedilatildeo de um
fluvial entrelaccedilado
Uma discordacircncia regional que gerou um hiato deposicional de aproximadamente 20
Ma na Bacia do Parnaiacuteba (Goacutees et al 1992) marca o contato entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute
e consequentemente o final do ciclo deposicional do Grupo Canindeacute Assim apoacutes a
deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti movimentos epirogecircnicos ascendentes e uma regressatildeo de
extensatildeo global seriam fatores que tiveram accedilatildeo na erosatildeo da bacia (Goacutees 1995 Mesner amp
Wooldridge 1964 Santos amp Carvalho 2009) resultando na superfiacutecie S4 e na sedimentaccedilatildeo
da Seq 3 Esta tendecircncia regressiva do mar durante o Carboniacutefero poderia estar relacionada a
movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela orogenia Herciniana que se
desenvolveu principalmente a norte do supercontinente Gondwana com periacuteodos colisionais
entre 380 e 280 Ma (Windley 1995 Vaz et al 2007) O contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Poti
e Piauiacute foi observado na porccedilatildeo oeste da aacuterea de estudo onde depoacutesitos plataformais de onda
e mareacute (AF3) estatildeo sotopostas a litofaacutecies de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo
cruzada de depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Trabalhos referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute
revelam um contexto de sistema deseacutertico associado ao iniacutecio do processo de
continentalizaccedilatildeo no Gondwana (Lima amp Leite 1978 Xavier 2019) Portanto as faacutecies
fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute sobrepostas a AF3 satildeo interpretadas como pertencentes a um
TSMB
54
Em 315 Ma (Moscoviano) houve o estabelecimento de grande camada de gelo nas
porccedilotildees da Bacia do Parnaiacuteba corroborando a natureza regressiva da sequecircncia 3 (TSMB)
com um rebaixamento do niacutevel do mar juntamente com as orogenias que consolidavam o
supercontinente Pangea em condiccedilotildees climaacuteticas quente e semiaacuterida em geometria diferente
na bacia (Caputo et al 2005) referente ao fluvial da Formaccedilatildeo Piauiacute Recentemente Xavier
(2019) associa a discordacircncia entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute a movimentos glacio-eustaacuteticos
que ocorreram durante o primeiro pico de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age
(LPIA)
55
CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES
A anaacutelise dos afloramentos do intervalo da porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Longaacute
Formaccedilatildeo Poti e inferior da Formaccedilatildeo Piauiacute entre os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e Nazareacute
do Piauiacute evidenciaram ocorrecircncia de um short term transgression com depoacutesitos fluvio-
deltaicos recobertos por plataformais no Carboniacutefero inferior onde incursotildees marinhas
formaram mares rasos epicontinentais
Foram descritos para Formaccedilatildeo Poti 9 afloramentos com 15 faacutecies das quais
individualizaram 3 associaccedilotildees de faacutecies Fluvial entrelaccedilado (AF1) Frente deltaica (AF2) e
Plataforma dominada por mareacute e onda (AF3)
A Formaccedilatildeo Longaacute representa a Seq1 com depoacutesitos de tempestitos de um Trato de
Sistema de Mar Alto (TSMA) separada do fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti por um limite de
sequecircncia tipo 1 (S1) A base da Formaccedilatildeo Poti eacute representada por um fluvial entrelaccedilado
(AF1) descrito na porccedilatildeo leste da aacuterea o qual possui 8 faacutecies e sete elementos arquiteturais
elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante
(CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia
laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em forma de lenccediloacuteis
A associaccedilatildeo de Frente deltaica (AF2) possui 4 faacutecies dispostas em geometrias
tabulares a lobadas separada da AF1 por uma superfiacutecie de limite de associaccedilatildeo (S2) AF1 e
AF2 representam um Trato de sistema de Mar Baixo (TSMB) e iniacutecio da Seq 2 da Formaccedilatildeo
Poti em um contexto de bacia com conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais
AF2 separa-se dos depoacutesitos plataformais de onda e mareacute (AF3) por uma superfiacutecie
trangressiva (S3)
A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3) tem 8 faacutecies inseridas em
2 geometrias tabular e em canal Nesta sucessatildeo foram descritos acamamentos heteroliacuteticos e
ritmitos de mareacute bem como estruturas como tidal bundles wave generated que atestam a
accedilatildeo de mareacute e onda nesta unidade Ainda estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley
evidenciam a accedilatildeo de ondas de tempestades Esta associaccedilatildeo representa um Trato de Sistema
Trangressivo (TST) e o final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti sendo um short term transgression
provavelmente associada a derretimento de pontos de gelo na regiatildeo oeste da Bacia AF3
separa-se da Formaccedilatildeo Piauiacute por uma superficie de limite de sequecircncia do tipo 1 (S4) A
Formaccedilatildeo Piauiacute denotaria um Trato de Sistema de Mar Baixo (TMSB) e por isso iniacutecio da
56
Seq 3 que representa os movimentos glacio-eustaacuteticos que ocorreram durante o primeiro pico
de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age (LPIA)
57
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Zecchin M amp Catuneanu O 2013 High-resolution sequence stratigraphy of clastic shelves I
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68
APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA
Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1
arenito com estrat cruzada acanalada A7) A Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a
arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato principalmente pontuais porosidade intergranular e
localmente feldspatos alterando para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na associaccedilatildeo de
faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com porosidade
intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3
Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos subangulosos a subarredondados
muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo
69
APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X
Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras representativas da
Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e 2 referente a plataforma de onda e
mareacute (AF3 A1 e A3) AF1 (A8 Folhelho) A A anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada
com etilenoglicol e calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica expansiva 119889001
indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97 Aring quando calcinada B Em amostra de
rocha total eacute dominante a presenccedila de picos principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio
AF3 (A1 arenito com lam cruzada) C Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a natureza expansiva 119889001
da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A
vermeculita eacute observada como sendo um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a
existecircncia de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring) bem como um
menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de amostra glicolada A ilita eacute melhor
individualizada nesta anaacutelise visto que a muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e
49 Aring do plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em relaccedilatildeo a ilita no pico 71
Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 D Na anaacutelise de poacute total da amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda
em menores picos albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar
montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise de DRX em rocha total e em
lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior
presenccedila de montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser realizados afim de
atestar esta tendecircncia
Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo (CIP) de acordo com ISBD Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Paraacute
Gerada automaticamente pelo moacutedulo Ficat mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
M672e Miranda Isabella de Faacutetima Santos de
Estratigrafia e paleoambiente da Formaccedilatildeo Poti e relaccedilotildees de contato com as Formaccedilotildees Longaacute e Piauiacute borda Leste da Bacia do Parnaiacuteba Isabella de Faacutetima Santos de Miranda mdash 2020
xx69 f il color
Orientador(a) Prof Dr Joelson Lima Soares Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia
e Geoquiacutemica Instituto de Geociecircncias Universidade Federal do Paraacute Beleacutem 2020
1 Paleoambiente 2 Short-term transgression 3 Bacia do Parnaiacuteba 4
Formaccedilatildeo Poti I Tiacutetulo
CDD 55172
Universidade Federal do Paraacute Instituto de Geociecircncias Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia e Geoquiacutemica
ESTRATIGRAFIA E PALEOAMBIENTE DA FORMACcedilAtildeO POTI E RELACcedilOtildeES DE CONTATO COM AS FORMACcedilOtildeES
LONGAacute E PIAUIacute BORDA LESTE DA BACIA DO PARNAIacuteBA
Dissertaccedilatildeo apresentada por
ISABELLA DE FAacuteTIMA SANTOS DE MIRANDA
Como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do Grau de Mestre em Ciecircncias na Aacuterea de GEOLOGIA e Linha de Pesquisa em Anaacutelise de Bacias Sedimentares
Data de Aprovaccedilatildeo 27 07 2020 Banca Examinadora
Prof Dr Joelson Lima Soares (Orientador ndash UFPA)
Profordf Drordf Ana Maria Goacutees (Membro ndash USP)
Prof Dr Joseacute Bandeira Cavalcante Juacutenior
(Membro ndash UFPA)
iv
Ao Grande Arquiteto do Universo
Aos meus pais
v
AGRADECIMENTOS
O apoio de queridos familiares e amigos satildeo de vital importacircncia para a realizaccedilatildeo
dos melhores objetivos na vida Agradeccedilo ao Grande Arquiteto do Universo primeiramente
que me proporcionou calma e feacute Gostaria de agradecer a todas as pessoas que de alguma
forma direta ou indiretamente me ajudaram a desenvolver este trabalho
Aos meus amados pais Isardi Arauacutejo de Miranda e Maria Goretti Fonseca Santos de
Miranda que me possibilitaram ferramentas e carinho para trilhar este caminho da ciecircncia
Tenho eterna gratidatildeo e admiraccedilatildeo profunda pela tamanha grandiosidade de coraccedilatildeo do meu
pai Que este trabalho seja prova que seu amor pelas ciecircncias transbordou geraccedilatildeo e ainda do
meu amor Agrave minha matildee que me ensinou a ser uma mulher forte atraveacutes de sua educaccedilatildeo
inteligecircncia e amor alguns de seus inuacutemeros adjetivos como mulher e matildee Ao meu grande
irmatildeo Isardy Miranda pela gentileza amizade e inspiraccedilatildeo do dia a dia
Agraves minhas avoacutes Maria de Nazareacute (Noca) e Josina modelos de resiliecircncia e forccedila
feminina com histoacuterias de vida tatildeo forte que me influenciaram a nunca desistir Aos meus
avocircs (in memorian) Hardy Miranda e Joseacute das Neves pilares das famiacutelias que formaram pais
incriacuteveis Agraves minhas queridas tias (o) e primas (os) as quais muito me espelho e dedico toda a
minha admiraccedilatildeo Aos meus amados padrinhos Izamar e Margarete os guardo no coraccedilatildeo
Ao meu companheiro Bernardo Noacutebrega e meus bons amigos que fizeram parte
tambeacutem desta etapa Meus amigos Caio Perdigatildeo Felipe Rodriga Rachel Emanuelle e
Heverlyn que me apoiaram incondicionalmente Muito obrigada
Aos meus amigos da UFPA que me proporcionaram boas tardes de discussotildees
geoloacutegicas cafeacutes e momentos de descontraccedilatildeo Obrigada Alexandre Ribeiro pela amizade e
conversas sobre geologia Guilherme Raffaeli pelo apoio durante o trabalho Pedro Augusto
Roberto Arauacutejo pelo companheirismo Renan Cleacuteber Walmir Renato Sol Daniella Sacircmia
Nayra Taynara Mateus Xavier e ao teacutecnico Aldemir Sotero do laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de
raios- X Um reconhecimento especial para a biblioteca do IG da UFPA em especial a Luacutecia
Imbiriba por um excelente trabalho de revisatildeo e apoio em relaccedilatildeo as normas de editoraccedilatildeo
Agradeccedilo ao meu orientador Joelson Soares pela amizade paciecircncia e discussotildees ao
longo desta caminhada Agradeccedilo por me inspirar a ser cada vez melhor Um agradecimento
especial a querida Prof Vacircnia Barriga pela sua amizade e exemplo Tambeacutem minha gratidatildeo
vi
aos professores Joseacute Bandeira e Afonso Nogueira pelas disciplinas ministradas e sugestotildees as
quais foram essenciais para a realizaccedilatildeo desta dissertaccedilatildeo
Ainda sou grata pelo suporte estrutural e financeiro proveniente da PPGG da
Universidade Federal do Paraacute e do Conselho Nacional de Desenvolvimento cientiacutefico e
tecnoloacutegico (CNPq) Agradeccedilo tambeacutem a equipe de coordenaccedilatildeo do Campo 1 da graduaccedilatildeo
da UFPA que proporcionou o campo para esta dissertaccedilatildeo
vii
ldquoThe truth is out thererdquo
(X-Files)
viii
RESUMO
Depoacutesitos siliciclaacutesticos mississipianos ocorrem nas regiotildees leste a sudoeste da Bacia do
Parnaiacuteba com aacuterea de afloramento alongada segundo orientaccedilatildeo N-S acompanhando o
contorno geoloacutegico desta bacia A Formaccedilatildeo Poti estaacute inserida em um contexto de iniacutecio de
recuo dos mares interiores com rebaixamento do niacutevel do mar que posteriormente durante a
deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Pedra de Fogo interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do
Amazonas Esta unidade estaacute inserida ao topo da Sequecircncia Mesodevoniana-Eocarboniacutefera
Grupo Canindeacute sendo composta por arenitos cinzas siltitos e folhelhos depositados em
ambientes de deltas e planiacutecie de mareacute com influecircncia de tempestade Este trabalho definiu as
sequecircncias deposicionais e os paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave
Formaccedilatildeo Poti na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba A regiatildeo de estudo situa-se entre os
municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) e Nazareacute do Piauiacute (PI) onde nove pontos foram
descritos agraves margens das rodovias BR-230 e BR- 343 em cortes de estradas exposiccedilotildees
proacuteximas a drenagens intermitentes e em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute Os
meacutetodos empregados consistiram principalmente em anaacutelise de faacutecies elementos arquiteturais
e estratigraacutefica aleacutem de anaacutelise petrograacutefica e de DRX para melhor classificaccedilatildeo e
identificaccedilatildeo mineral das rochas Foram individualizadas quinze faacutecies sedimentares reunidas
em 3 associaccedilotildees de faacutecies (AF) A associaccedilatildeo de faacutecies AF1 ndash Fluvial entrelaccedilado ndash eacute
composta por lente de folhelho (Fl) camadas de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo
plano paralela (App) a estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) na base sotoposta por arenitos
maciccedilos (Am) e com estratificaccedilotildees cruzadas acanalada (Aca) de baixo acircngulo (Aba) planar
(Acp) tabular (Atb) e tangencial (Atg) com orientaccedilatildeo preferencial para NW organizados
em ciclos granodecrescentes ascendentes A organizaccedilatildeo destas faacutecies individualizaram sete
elementos arquiteturais depoacutesitos de barras de acreccedilatildeo lateral (AL) e frontal (AF) lenccediloacuteis de
areia laminados (LL) formas arenosas (FA) e canais (CHa CHm CHp) A AF2 ndash Frente
deltaica ndash possui as faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) e com laminaccedilatildeo ondulada
(Alo) arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e maciccedilos (Am)
compondo ciclos granocrescentes ascendentes em camadas tabulares e lobadas com
paleocorrentes para NW A associaccedilatildeo de faacutecies AF3 ndash Plataforma de mareacute e onda ndash ocorre
sotoposta aos depoacutesitos AF2 com contato abrupto composta por pelitos com laminaccedilatildeo
plano-paralela (Ap) arenitos finos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) com
recobrimento argiloso ondulada (Alo) bem como arenitos maciccedilos (Am) e com
estratificaccedilotildees cruzadas hummocky (Ah) swaley (Aes) sigmoidal (As) e plano paralela (App)
ix
Acamamentos heteroliacuteticos do tipo linsen a flaser ocorrem na base da associaccedilatildeo com
ritmitos de mareacute e wave generated tidal bundles Localmente satildeo observadas escape de
fluidos laminaccedilotildees convolutas e ball-and-pillow As camadas satildeo tabulares lateralmente
contiacutenuas e com geometria de canal no topo desta sucessatildeo A anaacutelise petrograacutefica permitiu a
classificaccedilatildeo de quartzo-arenitos para os depoacutesitos de AF1 e subarcoacutesios para os referentes agraves
associaccedilotildees AF2 e AF3 Para as exposiccedilotildees estudadas foram identificadas 3 sequecircncias
estratigraacuteficas divididas por 4 superficies A Seq 1 corresponde ao intervalo com depoacutesitos
de tempestitos da Formaccedilatildeo Longaacute representando um TSMA limitada por limite de sequecircncia
tipo 1 (S1) do fluvial da Formaccedilatildeo Poti (AF1) A Seq 2 tem iniacutecio pelo TSMB representado
por depoacutesitos de fluvial entrelaccedilado (AF1) e de frente deltaica (AF2) estas separadas por um
limite (S2) Apoacutes rochas da unidade de plataforma de mareacute e onda (AF3) satildeo separadas dos
depoacutesitos transicionais (AF1 e AF2) por uma superfiacutecie transgressiva (S3) representando um
TST e final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti A Seq 2 eacute separada dos depoacutesitos de fluvial
entrelaccedilado da Formaccedilatildeo Piauiacute acima por uma superfiacutecie de limite de sequecircncia do tipo 1
(S4) A Seq 3 eacute representada pelo fluvial entrelaccedilado do Piauiacute sendo um TSMB O
empilhamento estratigraacutefico e as correlaccedilotildees dos perfis estudados revelaram a existecircncia de
uma transgressatildeo na Formaccedilatildeo Poti O estabelecimento dos ambientes fluacutevio-costeiros com
pontos de gelo da Formaccedilatildeo Poti corroboram a regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com
posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo que possivelmente deu origem aos
depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3) Tal transgressatildeo pode ser
interpretada como de curta duraccedilatildeo (short term transgression) visto que em escala regional a
Formaccedilatildeo Poti na Bacia do Parnaiacuteba eacute regressiva
Palavras-chave Paleoambiente Short-term transgression Bacia do Parnaiacuteba Formaccedilatildeo Poti
x
ABSTRACT
Mississipian siliciclastic deposits occur in the regions east and southwest of the Parnaiacuteba
Basin with an elongated outcrop area according to the N-S orientation following the
geological contour of this basin The Poti Formation is inserted in a context of the beginning
of the retreat of the inland seas with a lowering of the sea level which later during the
deposition of the Pedra de Fogo Formation interrupted the existing connection with the
Amazon Basin This unit is inserted at the top of the Mesodevonian-Eocarboniferous
Sequence Canindeacute Group being composed of gray sandstones siltstones and shales
deposited in environments of deltas and tidal flats with storm influence This work defined the
depositional sequences and paleoenvironments of the sedimentary succession corresponding
to the Poti Formation in the eastern portion of the Parnaiacuteba BasinThe study region is located
between the municipalities of Baratildeo do Grajauacute (MA) and Nazareacute do Piauiacute (PI) where nine
points were described on the margins of the BR-230 and BR-343 highways in road cuts
exposures close to intermittent rivers and in a dam near the city of Nazareacute do Piauiacute The
methods employed consisted mainly of facies analysis architectural and stratigraphic
elements in addition petrographic analysis and XRD for better classification and mineral
identification of rocks Fifteen sedimentary facies were individualized gathered in 3 facies
associations (AF) The facies association AF1 ndash Braided fluvial - is composed of shale lens
(Fl) layers of medium to thick sandstones with plane parallel stratification (App) cross planar
stratification (Acp) at the base overlay by massive sandstones (Am) and cross- bedding
stratification (Aca) low angle (Aba) planar (Acp) tabular (Atb) and tangential (Atg) with
preferential NW orientation organized in fining-upwards cycles The organization of these
facies individualized seven architectural elements deposits of lateral (AL) and frontal (AF)
accretion bars laminated sand sheets (LL) sandy forms (FA) and channels (CHa CHm
CHp) AF2 - Delta front - sandstone facies with climbing ripple cross-lamination (Alc) and
wavy lamination (Alo) fine to medium massive sandstone (Am) and sigmoidal cross
stratification (As) composing coarsening-upward cycles in tabular and lobed layers with
paleocurrents to NW The facies association AF3 - Tidal and wave platform - occurs just
below the AF2 deposits with abrupt contact composed by pelites with plane-parallel
lamination (Ap) fine climbing ripple cross-lamination sandstone (Alc) with mud wavy
lamination (Alo) as well as massive sandstones (Am) and hummocky (Ah) swaley (Aes)
sigmoidal (As) cross stratification and plane parallel (App) Heterolytic bedding linsen to
flaser type occurs at the base of the association with tidal rhythmite and wave generated tidal
xi
bundles Flames structures convoluted laminations and ball-and-pillow are observed locally
The layers are tabular laterally continuous and with channel geometry at the top of this
sequence Petrographic analysis allowed the classification of quartz-sandstones for the AF1
deposits and subarcose for those referring to the AF2 and AF3 associations For the studied
exhibitions 3 stratigraphic sequences were identified and divided by 4 stratigrafic surfaces
Seq 1 corresponds to the interval with storm deposits from the Longaacute Formation representing
a TSMA limited by type 1 (S1) sequence limit from the fluvial braided (AF1) of the Poti
Formation Seq 2 begins with the TSMB represented by the fluvial braided (AF1) and delta
front (AF2) deposits wich are separated between them by a limit (S2) Afterwards tide and
wave platform (AF3) rocks are separated from the transitional deposits (AF1 and AF2) by a
transgressive surface (S3) representing a TST and end of Seq 2 in the Poti Formation Seq 2
is separated from the fluvial braided deposits of the Piauiacute Formation above by a type 1
boundary sequence surface (S4) Seq 3 is represented by the braided fluvial of Piauiacute being a
TSMB The stratigraphic stacking and the correlations of the studied profiles revealed the
existence of a transgression in the Poti Formation The establishment of fluvial-coastal
environments with ice points in the Poti Formation corroborates the initial regression of
Sequence 2 with subsequent melting contributing to the transgression that possibly gave rise
to platform deposits dominated by wave and tide (AF3) Such transgression can be interpreted
as short-term transgression since the regional tendency in the Poti Formation in the Parnaiacuteba
Basin is regressive
Keywords Paleoenvironment Short-term transgression Parnaiacuteba Basin Poti Formation
xii
LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES
Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti
na borda leste da Bacia do Parna3
Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)7
Figura 1- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial (Miall 1996)9
Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies
aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)11
Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil
(Silva et al 2003 modificado de Goacutees 1995)14
Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o
intervalo do final do Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute
1994)15
Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute
do Piauiacute20
Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a
Formaccedilatildeo Longaacute sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7
conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e Fig7) B Clastos de argila e quartzo
nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo
frontal (AF) com concordacircncia da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies
limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta porccedilatildeo do canal
(P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 223
xiii
Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito
arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar
e baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a
arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes
dos estratos cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser
observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram
identificados Lenccediloacuteis de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e
estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo
contiacutenuo lateralmente por aproximadamente 30 metros limitado acima por
superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente
limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de acreccedilatildeo
lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem26
Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti
(P1) Canal de preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies
de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo (CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma
assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma relativamente
simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo27
Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos
afloramentos da Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior
dos canais enquanto que as arquiteturas AF e AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais
elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por avulsotildees de
canais ativos29
Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente
deltaica (Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade
de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da aacuterea de estudo P9)30
xiv
Figura 13 Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos
depoacutesitos deltaicos (AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e
mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada
sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees
convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido
principal para NW D Geometria lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos
deltaicos nas aacutereas de estudo 31
Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc)
arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B
Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem
(P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria lobada
Floriano Piauiacute (P8)32
Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato
entre as associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3
P4) B Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgantes e ondulada com geometria
pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em arenito com
microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and
pillow (P3) E Escape de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico
(P5)37
Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal
bundles em laminaccedilatildeo cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de
argila (P4) B Wave generated tidal bundles com acamamento ondulado e
sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se
ritmicidade com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute
com ciclos de 1a 2a e 3a ordem superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D
Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e quadratura
(P5)38
xv
Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute
(AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4) B
Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com
material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas
cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de
ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C
Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D
Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley39
Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de
Baratildeo de Grajauacute e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba (modificado
de Vaz et al 2007)48
Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e
principais superfiacutecies estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de
variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)49
Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do
Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da
Seq 2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de
sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)50
xvi
Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de
fluvial entrelaccedilado (AF1 arenito com estrat cruzada acanalada A7) A
Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a
arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato
principalmente pontuais porosidade intergranular e localmente feldspatos alterando
para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na
associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios
subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila
de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com
porosidade intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo
Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3 Arenito com
laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos
subangulosos a subarredondados muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas
em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo68
xvii
Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras
representativas da Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado
(AF1) e 2 referente a plataforma de onda e mareacute (AF3) AF1 (A8 Folhelho) A A
anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada com etilenoglicol e
calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica
expansiva 119889001 indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97
Aring quando calcinada B Em amostra de rocha total eacute dominante a presenccedila de picos
principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio AF3 (A1
arenito com lam cruzada) A) Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a
natureza expansiva 119889001 da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em
amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A vermeculita eacute observada como sendo
um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a existecircncia
de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring)
bem como um menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de
amostra glicolada A ilita eacute melhor individualizada nesta anaacutelise visto que a
muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e 49 Aring do
plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em
relaccedilatildeo a ilita no pico 71 Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 B Na anaacutelise de poacute total da
amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda em menores picos
albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar
montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise
de DRX em rocha total e em lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em
clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior presenccedila de
montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser
realizados afim de atestar esta tendecircncia69
xviii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (modificado de Miall 1985 apud
Miall 2006)8
Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti21
Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de
Baratildeo do Grajaacuteu25
xix
SUMAacuteRIO
DEDICATOacuteRIAiv
AGRADECIMENTOS v
EPIacuteGRAFEvii
RESUMO viii
ABSTRACT x
LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES xii
LISTA DE TABELAS xviii
CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 APRESENTACcedilAtildeO 1
12 OBJETIVOS 2
13 LOCALIZACcedilAtildeO 2
CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 4
21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA 4
22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS 5
221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes 9
23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES 12
231 Anaacutelise petrograacutefica 12
232 Difratometria de Raios- X 12
CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO 13
31 GRUPO CANINDEacute 14
32 FORMACcedilAtildeO POTI 16
CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES 19
41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO 19
411 Interpretaccedilatildeo 27
42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA 29
421 Interpretaccedilatildeo 32
43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA 34
431 Interpretaccedilatildeo 40
xx
CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS 44
51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS 44
52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA 45
CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO 51
CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES 55
REFEREcircNCIAS 57
APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA 68
APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X 69
CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO
11 APRESENTACcedilAtildeO
Durante o Carboniacutefero Inferior a regiatildeo oeste do supercontinente Gondwana estava
separada do paleocontinente Lauraacutesia por um estreito segmento do oceano Rheic (Golonka
2007 Torsvik et al 2012) Neste periacuteodo incursotildees marinhas formaram mares rasos
epicontinentais que conectavam as bacias sedimentares intracratocircnicas do Amazonas e
Parnaiacuteba no nortenordeste do Brasil (Almeida amp Carneiro 2004 Della Faacutevera 1990
Medeiros et al 2019 Torsvik amp Cocks 2013) Durante o Carboniacutefero a porccedilatildeo sul-ocidental
do Gondwana era coberta por extensas geleiras que se instalaram desde o final do Devoniano
(Castro 2004 Golonka 2007 Milani et al 2007 Torsvik et al 2012)
De acordo com reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas a Bacia do Parnaiacuteba durante o
Viseano encontrava-se em uma zona de clima semi-aacuterido a temperado e frio (Iannuzzi 1994
Iannuzzi amp Rosner 2000) Neste periacuteodo teve iniacutecio o recuo dos mares interiores com
diminuiccedilatildeo do niacutevel do mar que interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do Amazonas
(Almeida amp Carneiro 2004 Mabesoone amp Neumann 2005) A tendecircncia regressiva deste mar
no periacuteodo Carboniacutefero eacute relacionada a movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela
Orogenia Herciniana (Winldley 1995) ou pelo aumento das capas de gelo na porccedilatildeo sul-
ocidental do Gondwana (Caputo 1984 Caputo et al 2006 ab)
Neste contexto foram depositadas as rochas continentais transicionais e marinhas da
Formaccedilatildeo Poti A Formaccedilatildeo Poti eacute caracterizada por arenitos por vezes conglomeraacuteticos com
intercalaccedilatildeo de folhelhos e finos leitos de carvatildeo (Lima amp Leite 1978 Mesner amp Wooldridge
1964) que registram ambientes de deltas e planiacutecies de mareacute com influecircncia de tempestades
(Goacutees et al 1997 Goacutees amp Feijoacute 1994) A tendecircncia da Formaccedilatildeo Poti eacute principalmente
regressiva contudo os afloramentos na aacuterea de estudo mostram uma relaccedilatildeo incomum entre
depoacutesitos transicionais sotopostos por depoacutesitos de plataforma de mareacute e onda estes por sua
vez foram pouco explorados pela literatura cientiacutefica (Della Faacutevera 1990 Goacutees et al 1997)
Portanto o objetivo principal deste trabalho eacute interpretar os paleoambientes e definir uma
sequecircncia deposicional para as rochas da Formaccedilatildeo Poti que afloram entre as regiotildees de
Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba e elaborar um
modelo deposicional
2
12 OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho eacute definir as sequecircncias deposicionais e interpretar os
paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave Formaccedilatildeo Poti a partir do estudo de
depoacutesitos que afloram na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba Para isto tecircm-se os seguintes
objetivos especiacuteficos
Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo de faacutecies sedimentares e arquiteturais dos sistemas
deposicionais das Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)
Propor sequecircncia estratigraacutefica delimitando suas principais superfiacutecies estratigraacuteficas
para as Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)
Definir um modelo deposicional para as rochas siliciclaacutesticas mississipianas da
Formaccedilatildeo Poti entre as regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute
13 LOCALIZACcedilAtildeO
A aacuterea de estudo estaacute localizada na borda leste da Bacia do Parnaiacuteba na divisa entre
os estados do Maranhatildeo e Piauiacute Os depoacutesitos descritos estatildeo situados ao longo da BR-230 e
BR-343 abrangendo os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) Floriano (PI) e Nazareacute do Piauiacute
(PI) em afloramentos de corte de estradas exposiccedilotildees proacuteximas a drenagens intermitentes e
em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute (Figura 1)
3
Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti na borda leste da
Bacia do Parnaiacuteba (Fonte CPRM)
4
CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A elaboraccedilatildeo deste trabalho contou inicialmente com um levantamento bibliograacutefico
acerca da geologia regional na aacuterea leste da Bacia do Parnaiacuteba A seguir houve a fase de
campo (realizada durante o campo da disciplina de Campo 1 da graduccedilatildeo da UFPA na porccedilatildeo
leste da Bacia do Parnaiacuteba) com anaacutelises facioloacutegica arquitetural e estratigraacutefica e
posteriormente fase de laboratoacuterio com anaacutelise petrograacutefica Estas metodologias foram as
ferramentas utilizadas para alcanccedilar os objetivos propostos nesta dissertaccedilatildeo
Na fase de campo foi realizada a coleta de dados sendo feitas as descriccedilotildees e
interpretaccedilotildees facioloacutegicas a confecccedilatildeo de perfis estratigraacuteficos e coleta de amostras dos
afloramentos das Formaccedilotildees Poti Longaacute e Piauiacute As amostras coletadas originaram as seccedilotildees
delgadas para a anaacutelise petrograacutefica A avaliaccedilatildeo estratigraacutefica envolveu o estudo de nove
afloramentos as margens das BR- 230 e BR-343 sendo os pontos P1 a P5 pontos as margens
de drenagens secas P6 a P8 exposiccedilotildees em cortes de estrada e P9 a barragem Salinas (Figura
1) Na regiatildeo os litotipos referentes aos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti ocorrem com excelente
preservaccedilatildeo de estruturas sedimentares bem como engloba unidades com associaccedilotildees
litoloacutegicas de gecircneses distintas separadas por superfiacutecies que podem ser utilizadas para
correlaccedilotildees estratigraacuteficas
21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA
Para a anaacutelise de faacutecies e estratigraacutefica foi utilizada a teacutecnica de modelamento de
faacutecies com auxiacutelio de perfis colunares e estratigraacuteficos seguindo as propostas de Walker
(1992 2006) Miall (2000) Dalrymple (2010) Bhattacharya (2010) com nomenclatura de
Miall (1977) Segundo a metodologia de Walker (1992 2006) a reconstituiccedilatildeo
paleoambiental de uma unidade sedimentar deve conter caracterizaccedilatildeo das faacutecies
sedimentares com textura composiccedilatildeo geometria estrutura sedimentar e conteuacutedo fossiliacutefero
juntamente com a leitura de paleocorrentes para haver compreensatildeo dos processos
sedimentares que agiram para a formaccedilatildeo de cada faacutecies
As associaccedilotildees de faacutecies identificadas consistem em um conjunto de faacutecies
relacionadas geneticamente que remetem a determinados ambientes e sistemas deposicionais
As medidas de paleocorrentes foram retiradas em arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada e
arenitos com laminaccedilatildeo cruzada com posterior produccedilatildeo de rosetas atraveacutes do programa
OpenStereoreg A representaccedilatildeo de faacutecies em siglas inspirou-se no coacutedigo de faacutecies de Miall
5
(1977) com representaccedilatildeo da primeira letra maiuacutescula referente a litologia principal e a letra
seguinte minuacutescula indicando a estrutura sedimentar dominante Modelos de faacutecies foram
construiacutedos na forma de mapas paleogeograacuteficos representativos perfis verticais e blocos
diagramas A confecccedilatildeo de seccedilotildees panoracircmicas a partir de fotomosaicos de afloramentos
seguiu a teacutecnica de Wilzevic (1991) para auxiliar no estudo de elementos arquiteturais para
depoacutesitos fluviais (Miall 1985 1988 2006) deltaicos e plataformais
O estudo de estratigrafia de sequecircncia de alta resoluccedilatildeo (Catuneanu et al 2011
Zecchin amp Catuneanu 2013) considerou os ciclos as superfiacutecies e as ordens de cada uma e
suas sequecircncias deposicionais identificando superfiacutecies-chave da sucessatildeo e interpretando
seu significado deposicional a partir dos conceitos da estratigrafia de sequecircncias e tratos de
sistemas (Catuneanu 2006 Catuneanu et al 2009 Posamentier amp Vail 1988 Vail et al 1977)
22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS
O estudo de formas de leitos modernos e em boas exposiccedilotildees de sequecircncias antigas
(Allen 1983 Haszeldine 1983 ab Kirk 1983 apud Miall 1985) mostram que interpretaccedilotildees
baseadas apenas em perfis verticais natildeo representam de forma acurada a geometria e
complexidade interna das estruturas de grandes macrofomas de depoacutesitos de barras Portanto
apenas representaccedilotildees por perfis consistem em ferramentas pouco eficientes para o estudo de
sedimentos fluviais em funccedilatildeo das inuacutemeras mudanccedilas laterais de faacutecies e pela natureza
tridimensional de um litossoma individual (Miall 1985 1988) O canal e sua morfologia
usualmente tecircm sido usados como chave principal para a interpretaccedilatildeo de sedimentos fluviais
existindo uma grande diversidade de estilo de canais e tipos de depoacutesitos com origem
relacionada a variedade de controles parcialmente interdependentes que atuam na
sedimentaccedilatildeo fluvial (Miall 1985)
A anaacutelise bi e tridimensional permite individualizar elementos arquiteturais em
sistemas fluviais O conceito de elemento arquitetural permeia-se na noccedilatildeo que depoacutesitos
sedimentares podem ser caracterizados por geometrias estratais escala e superfiacutecies de
acamamento limitantes (Allen 1980 Miall 1985 Miall 1988) Este conceito foi primeiramente
aplicado para definir a geometria e arranjo tridimensional de estratos areniacuteticos de antigos
depoacutesitos fluviais depoacutesitos estes que tem sido difundido na literatura desde o final da deacutecada
de 80 em funccedilatildeo da larga aplicaccedilatildeo no estudo das heterogeneidades de rochas reservatoacuterio
6
(Miall amp Tyler 1991) Contudo atualmente eacute empregado para quaisquer sucessotildees
estratigraacuteficas independentes da idade litologia e gecircnese como as sucessotildees deltaicas de
planiacutecie de mareacute (Eriksson et al 1995) sucessotildees turbidiacuteticas (Mutti amp Normark 1987) e
vulcanoclaacutesticas (Palmer amp Neall 1991) com a finalidade de explanar sobre a disposiccedilatildeo das
faacutecies e de suas associaccedilotildees no espaccedilo (Borghi 2000) Allen (1983) deu origem ao termo
ldquoelemento arquiteturalrdquo e Miall (1985) sumarizou e classificou as rochas fluviais baseado
nestes conhecimentos
Jackson (1975) classifica as formas de leito em microformas mesoformas e
macroformas Microformas satildeo estruturas geradas por variaccedilatildeo turbulenta gerando marcas de
onda de pequena escala e lineaccedilotildees de corrente Mesoformas incluem formas de leito de maior
escala como dunas pequenos canais e barras linguoacuteides longitudinais e diagonais Jaacute as
macroformas mostram o efeito cumulativo de vaacuterios eventos dinacircmicos ao longo dos anos
que incluem canais maiores e formas de barras compostas como point bars side bars sand
flats e ilhas A identificaccedilatildeo apropriada destas macroformas eacute a base para determinar o tipo de
sistema fluvial (Jackson 1975 Miall 1985)
A menor escala de elementos de macroforma eacute composta por oito elementos
arquiteturais baacutesicos Canal fluxo de gravidade de sedimentos formas de leito e barra
cascalhosa acreccedilatildeo frontal acreccedilatildeo lateral lenccediloacuteis de areia laminados formas de leito
arenosas e hollow (Figura 2 Tabela 1) Estes oito elementos arquiteturais satildeo caracterizados
por tamanho do gratildeo composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e principalmente
geometria (Miall 1985) Afloramentos com ao menos vaacuterios deciacutemetros e com certa
quantidade de controle tridimensional satildeo necessaacuterios para um estudo detalhado Todos os
sistemas fluviais satildeo compostos de proporccedilotildees variadas dos oito elementos arquiteturais
7
Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)
A ampliaccedilatildeo de pesquisas ao longo dos anos em depoacutesitos atuais e antigos permitiu
a uma abrangecircncia maior desta classificaccedilatildeo atraveacutes da identificaccedilatildeo de novos seis elementos
externos ao canal (Miall 1996) Dique marginal canais de crevasse espraiamento de
crevasse finos de planiacutecie de inundaccedilatildeo e canais abandonados (Figura 3)
Segundo Miall (1985) elementos arquiteturais devem conter descriccedilotildees e
caracterizaccedilatildeo dos elementos objetivas as quais devem incluir 1) A natureza das superfiacutecies
limitantes superior e inferior 2) a geometria externa 3) escala e 4) geometria interna
Individualizar analisar e descrever os elementos arquiteturais satildeo medidas essenciais pois
podem determinar o padratildeo de alguns tipos de rios do passado e desta forma caracterizar o
tipo de sistema fluvial
8
Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais
Fonte Modificado de (Miall 1985 apud Miall 2006)
9
Figura 3- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial Fonte (Miall 1996)
221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes
De acordo com Miall (1988 1996) existem pelo menos seis ordens de superfiacutecies
limiacutetrofes em sistemas fluviais que separam elementos arquiteturais (Figura 4) Estas satildeo
caracterizadas como superfiacutecies de natildeo deposiccedilatildeo ou erosatildeo representando periacuteodos de tempo
desde alguns minutos ateacute milhares de anos (Miall 1988) Allen (1980) estendeu o conceito de
superfiacutecies limitantes de pequena e grande escala em depoacutesitos eoacutelicos para sistemas
marinhos desenvolvendo modelos teoacutericos para explicar a formaccedilatildeo de sandwaves e
superfiacutecies limiacutetrofes em regimes dominados por mareacute Miall (1988) complementou o
trabalho de Allen (1983) a respeito de superfiacutecies limitantes estendendo a classificaccedilatildeo entatildeo
conhecida resultando em uma classificaccedilatildeo de seis ordens da escala menor (1deg ordem) a
maior (6deg ordem)
10
Superfiacutecies de 1ordf ordem Satildeo planas e limitam sets de laminaccedilotildees cruzadas Representam a
sedimentaccedilatildeo contiacutenua da migraccedilatildeo de formas de leito de mesma morfologia
Superfiacutecies de 2ordf ordem A superfiacutecie natildeo apresenta evidecircncias de erosatildeo ou truncamentos
significativos Separam cosets de litofaacutecies diferentes indicando mudanccedila nas condiccedilotildees
de fluxo ou mudanccedilas na direccedilatildeo do fluxo
Superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem Satildeo mencionadas para superfiacutecies limitantes internas e mais
acima de macroformas As de 3ordf ordem satildeo superfiacutecies erosivas existentes dentro das
macroformas (superfiacutecies de reativaccedilatildeo) geralmente truncando estratos cruzados abaixo
Estas se estendem desde o topo ateacute a porccedilatildeo inferior da macroforma com assembleia de
faacutecies e geometrias acima e abaixo da superfiacutecie sendo similares
As superfiacutecies de 4ordf ordem satildeo interpretadas como limite superior de macroformas
separando diferentes assembleias de faacutecies acima e abaixo Satildeo paralelas que truncam em
baixo acircngulo as superfiacutecies de ordem menor se assemelhando a clinoformas siacutesmicas
Superfiacutecies de 5ordf ordem Superfiacutecies que limitam grandes lenccediloacuteis de areia incluindo
complexos de preenchimento de canais Satildeo planas ou levemente cocircncavas sendo
relacionada a migraccedilatildeo eou incisatildeo lateral de canais fluviais
Superfiacutecies de 6ordf ordem Superfiacutecies que caracterizam subdivisotildees estratigraacuteficas
mapeaacuteveis de uma unidade fluvial com grande extensatildeo lateral Delimitam grupos de
canais e paleovales e marcam mudanccedilas relacionadas ao niacutevel de base estratigraacutefica
11
Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies
aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)
12
23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES
231 Anaacutelise petrograacutefica
A anaacutelise petrograacutefica das amostras de arenito foi realizada em sete seccedilotildees delgadas
das faacutecies mais representativas para este estudo Satildeo elas arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada
da associaccedilatildeo de faacutecies fluvial e em arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante nas
associaccedilotildees de frente deltaacuteica e de plataforma de mareacute e onda Para a classificaccedilatildeo destes
arenitos foi adotada a metodologia de Folk (1968) baseada na descriccedilatildeo de constituintes
textura e faacutebrica da rocha com contagem de 300 pontos (Galenhouse 1971) em cada seccedilatildeo
para melhor quantificaccedilatildeo dos seus constituintes
As amostras selecionadas para esta anaacutelise foram 8 sendo A1 a A6 correspondendo
a arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de
onda e mareacute (AF3) A7 a arenitos com estratificaccedilatildeo tabular (Atb) da associaccedilatildeo de fluvial
entrelaccedilado (AF1) e A8 denotando arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) nos
depoacutesitos de frente deltaacuteica (AF2)
A identificaccedilatildeo das principais feiccedilotildees e relaccedilotildees entre os constituintes dos arenitos
foram obtidas em microscoacutepio petrograacutefico LEICA DM 2700 P com cacircmera acoplada LEICA
MC 170 HD no Laboratoacuterio de Petrografia Sedimentar do Grupo de Anaacutelise de Bacias
Sedimentares da Amazocircnia (GSED) da Universidade Federal do Paraacute
232 Difratometria de raios- X
A teacutecnica de anaacutelise de Difraccedilatildeo de Raios-X foi aplicada em amostras de folhelhos
da associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e em arenitos com laminaccedilatildeo
cruzada cavalgante da associaccedilatildeo de plataforma de mareacute e onda (AF3 A1 e A2) Esta anaacutelise
foi realizada no laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de Raio-X do Instituto de Geociecircncias da
Universidade Federal do Paraacute (UFPA) atraveacutes dos meacutetodos do poacute total e em lacircminas de
argilas orientadas O difratocircmetro utilizado foi o XrsquoPert MPD-PRO PANalytical equipado
com acircnodo de Cu (λ=15406) com a finalidade de identificar as assembleacuteias minerais de cada
rocha O software XrsquoPert HighScore Plus auxiliou na identificaccedilatildeo dos minerais atraveacutes da
compraccedilatildeo dos resultados obtidos com as fichas do banco de dados do International Center
on Diffraction Data (ICDD)
13
CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO
A Bacia do Parnaiacuteba estaacute inserida na Proviacutencia Parnaiacuteba e abrange uma aacuterea total de
668858 kmsup2 com depocentro que atinge cerca de 3500 m e embasamento continental
fortemente estruturado representado por rochas formadas ou retrabalhadas no Ciclo
Brasiliano (Cunha 1986 Goacutees amp Feijoacute 199 Milani amp Zalaacuten 1999 Vaz et al 2007) Ainda
tomografias realizadas na aacuterea desta bacia intracratocircnica indicam uma listosfera com
espessura entre 150 e 180 km (McKenzie amp Priestley 2016) A Proviacutencia Parnaiacuteba coincide
com a denominaccedilatildeo proposta por Goacutees (1995) de Proviacutencia Sedimentar do Meio-Norte
proposta esta que foi pautada na compreensatildeo tectono-sedimentar e na evoluccedilatildeo policiacuteclica da
bacia que favorecem a delimitaccedilatildeo de bacias diferentes
A Proviacutencia do Parnaiacuteba desenvolveu-se acima de um substrato composto por rochas
metamoacuterficas advindas de processos tectonomagmaacuteticos relacionadas ao Estaacutedio de
Estabilizaccedilatildeo da Plataforma Sul-Americana (Almeida amp Carneiro 2004) que agiram ateacute o
Mesoproterozoacuteico onde instalaram-se grabens preenchidos no Neoproterozoacuteico (Formaccedilatildeo
Riachatildeo) e Cambro-Ordoviciano (Formaccedilatildeo Mirador) (Goacutees et al 1992) Segundo Daly et al
(2014) o embasamento desta bacia eacute composto por trecircs unidades crustais A Proviacutencia
Borborema ao leste o Bloco Parnaiacuteba ao centro o cinturatildeo Araguaia e o Craacuteton Amazocircnico
ao oeste A natureza da sedimentaccedilatildeo da Bacia do Parnaiacuteba eacute principalmente siliciclaacutestica
com ocorrecircncias de calcaacuterio anidrita e siacutelex aleacutem de rochas magmaacuteticas
A regiatildeo da Proviacutencia do Parnaiacuteba eacute limitada ao norte pelo Arco Ferrer-Urbano ao
leste pela Falha de Tauaacute a sudeste pelo lineamento Senador Pompeu a oeste pelo
Lineamento Tocantins-Araguaia e a noroeste pelo Arco Capim As principais feiccedilotildees morfo-
estruturais que a compartimentam satildeo a Estrutura Xambioaacute o Arqueamento do Alto Parnaiacuteba
o Lineamento Transbrasiliano o Lineamento Rio Parnaiacuteba o Lineamento Rio Grajauacute e o
sistema de lineamentos orientados com direccedilatildeo NW-SE (Figura 5 Goacutees 1990) Segundo Vaz
et al (2007) as principais estruturas da bacia os lineamentos Picos Santa-Inecircs Marajoacute-
Parnaiacuteba e o Lineamento Transbrasiliano (mais proeminente na bacia) foram importantes nos
estaacutegios iniciais da bacia e durante sua evoluccedilatildeo em funccedilatildeo do direcionamento dos eixos
deposicionais na bacia
14
Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil Fonte (Silva et al
2003 modificado de Goacutees 1995)
Goacutees amp Feijoacute (1994) dividiram a Bacia do Parnaiacuteba em cinco sequecircncias principais
de segunda ordem representadas por grupos correlacionaacuteveis a ciclos tectocircnicos de caraacuteter
global (Goacutees et al 1992) Satildeo elas Sequecircncia Siluriana (Grupo Serra Grande) Sequecircncia
Devoniana (Grupo Canindeacute) Sequecircncia Carboniacutefero-Triaacutessica (Grupo Balsas) Sequecircncia
Juraacutessica (Grupo Mearim) e Sequecircncia Cretaacutecea (Formaccedilotildees Grajauacute Codoacute e Itapecuru) Vaz
et al (2007) sugeriram a compartimentaccedilatildeo desta Bacia em cinco supersequecircncias
delimitadas por discordacircncias regionais oriundas de flutuaccedilotildees dos niacuteveis eustaacuteticos dos
mares do Eopaleozoico poreacutem adotaremos a proposta de Goacutees amp Feijoacute (1994)
31 GRUPO CANINDEacute
O Grupo Canindeacute agrupava inicialmente as formaccedilotildees Pimenteiras Cabeccedilas e
Longaacute Posteriormente Caputo amp Lima (1984) adicionaram a Formaccedilatildeo Itaim e Goacutees et al
(1992) incluiacuteram a Formaccedilatildeo Poti ao grupo
15
Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o intervalo do final do
Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute 1994)
A Formaccedilatildeo Itaim eacute caracterizada por arenitos finos a meacutedios e folhelhos
bioturbados formados em ambientes deltaicos e plataformais dominados por processos de
mareacute e tempestade (Della Faacutevera 1990 Goacutees amp Feijoacute 1994) A Formaccedilatildeo Pimenteiras eacute
composta por folhelhos negros bioturbados e localmente intercalados com arenitos e siltitos
que registram ambiente plataformal raso dominado por tempestades (Della Faacutevera 1990) A
Formaccedilatildeo Cabeccedilas eacute caracterizada por arenitos finos a grossos localmente intercalados com
folhelhos ou deformados e tilitos Estes depoacutesitos registram ambientes deltaicos e
plataformais influenciados por tempestades aleacutem de ambientes glaciais a periglaciais
(Barbosa et al 2015 Caputo 1984 Della Faacutevera 1990 Ponciano amp Della Faacutevera 2009) A
Formaccedilatildeo Longaacute eacute composta principalmente por folhelhos e siltitos bioturbados com raras
lentes de arenitos que registram ambientes plataformais dominados por tempestades (Caputo
1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Lobato amp Borghi 2014 Rodrigues 2003)
A atividade magmaacutetica na Bacia do Parnaiacuteba possui trecircs fases A primeira no
Cambro-Ordoviciano precede a formaccedilatildeo da bacia caracterizada por granitos e vulcacircnicas do
Jaibaras (Oliveira amp Mohriak 2003 apud Daly et al 2018) No entanto Cerri et al (2020)
discorda desta hipoacutetese sugerindo que durante o intervalo de erosatildeonatildeo deposiccedilatildeo entre o
fim da Bacia do Jaibaras e o iniacutecio da Bacia do Parnaiacuteba ocorreu um ciclo completo de
erosatildeo mudanccedilas nos sistemas deposicionais e modificaccedilotildees em todas as aacutereas fontes
Portanto sinais de proveniecircncia revelam que natildeo existe relaccedilatildeo de causa e efeito entre a
deposiccedilatildeo do rift do Jaibaras e das sequecircncias do Parnaiacuteba (Cerri et al 2020)A segunda e
terceira fase ocorrem apoacutes o estabelecimento da bacia no Mesozoico representada pela
16
Formaccedilatildeo Mosquito e no Cretaacuteceo pela Formaccedilatildeo Sardinha (Daly et al 2018 Vaz et al
2007) Estas duas uacuteltimas tecircm sua origem dada pelo estabelecimento de um novo estaacutedio
tectocircnico ativo no Brasil apoacutes a ruptura do Pangea que levaria a abertura do Oceano
Atlacircntico com surgimento de fraturas eventos distensionais remobilizaccedilatildeo de antigas falhas e
intenso magmatismo baacutesico (Almeida amp Carneiro 2004 Vaz et al 2007 Zalaacuten 2004)
32 FORMACcedilAtildeO POTI
A denominaccedilatildeo Poti foi primeiramente proposta por Paiva (1937) para depoacutesitos
siliciclaacutesticos que ocorriam entre as profundidades 219-566m do poccedilo 125 do DNPM
perfurado proacuteximo a cidade de Teresina Piauiacute Campbell (1949) restringiu a Formaccedilatildeo Poti
ao intervalo 219-423m do mesmo poccedilo determinando uma espessura de 204 metros para esta
formaccedilatildeo Conforme mapas de isoacutepacas a Formaccedilatildeo Poti possui espessura maacutexima de 300
metros (Caputo 1984 Cunha 1986 Goacutees 1995)
Litologicamente eacute caracterizada pela predominacircncia de arenitos finos a meacutedios
intercalados subordinamente com siltitos e folhelhos (Lima amp Leite 1978 Ribeiro 2000)
depositados em ambientes fluacutevios-deltaacuteicos com accedilatildeo de tempestade e mareacute (Goeacutes 1995
Ribeiro 2000 Schobbenhaus et al 1984) Diamictitos dropstones e arenitos com
deformaccedilotildees sin-sedimentares descritos em afloramentos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem na
porccedilatildeo oeste e sudeste da bacia foram interpretados como registro de depoacutesitos fluacutevio-
glaciais a periglaciais (Andrade 1972 Caputo 1985 Caputo et al 2006 ab Caputo et al
2008 Della Faacutevera amp Uliana 1979)
O contato entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti eacute geralmente descrito como concordante
podendo ser localmente gradacional e litologicamente brusco (Lima amp Leite 1978) Caputo
(1984) descreve este contato como de caraacuteter concordante na porccedilatildeo central da bacia e
discordante nas bordas Goacutees (1995) interpreta o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti como
pertencentes a uma uacutenica sequecircncia deposicional composta por depoacutesitos deltaicoestuarinos
plataformal litoracircneos e fluvial em um sistema regressivo de costa progradante Na borda leste
da bacia Lobato amp Borghi (2007 2014) descrevem o limite entre estas formaccedilotildees como uma
superfiacutecie discordante erosiva interpretada como o limite de sequecircncia de 3ᵃ ordem Dessa
forma a discordacircncia de caraacuteter regional entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti descrita por Vaz et
al (2007) estaria restrita as bordas da bacia
Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram trecircs sistemas deposicionais para a base
da Formaccedilatildeo Poti marinho deltaico dominado por onda e fluacutevio-deltaico Segundo estes
17
autores estes sistemas se implantaram apoacutes a discordacircncia que separa a Formaccedilatildeo Poti da
Formaccedilatildeo Longaacute e retratam um ciclo transgressivo-regressivo poacutes-glacial pontuado por
novos episoacutedios de regressatildeo forccedilada Segundo Mabesoone amp Neumann (2005) movimentos
tectocircnicos leves durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos da Formaccedilatildeo Longaacute causaram pequenos
avanccedilos do mar que resultaram na deposiccedilatildeo de areias litoracircneas na porccedilatildeo inferior da
Formaccedilatildeo Poti (Struniano-Viseano) Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram a superfiacutecie
discordante como tectocircnica produto de um rebound isostaacutetico enquanto que as superfiacutecies de
regressatildeo forccedilada que limitam as sequecircncias de menor ordem seriam em parte glaacutecio-
eustaacuteticas Esta superfiacutecie discordante envolve um hiato deposicional entre Tournaisiano
Superior e o Viseano Inferior (Melo amp Loboziak 2000) Apoacutes este periacuteodo no iniacutecio do
Carboniacutefero Superior o mar se retirou rapidamente da aacuterea quando um novo episoacutedio de
soerguimento teve iniacutecio (Mabesoone amp Neumann 2005) Este episoacutedio foi marcado pelo
recuo da linha de costa e expocircs a planiacutecie costeira que foi retrabalhada pelos rios (Mabesoone
amp Neumann 2005) Assim a porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti eacute marcada por depoacutesitos de
planiacutecie aluvial (Mabesoone amp Neumann 2005)
Paiva (2018) descreve sistemas deposicionais marinho raso estuarinodeltaico
dominados por mareacute aluvial e deseacutertico organizados em oito sequecircncias deposicionais A
primeira sequecircncia seria uma transiccedilatildeo formacional LongaacutePoti separando depoacutesitos
plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute por rochas de shoreface e offshore do sistema marinho raso
da Formaccedilatildeo Poti Em sequecircncia identificou seis sequecircncias de alta frequecircncia (de 2ordf e 3ordf
ordem) marcada pela mudanccedila abrupta de faacutecies de sistemas fluacutevio estuarinos a fluacutevio-
deseacutertico com a Formaccedilatildeo Piauiacute ao topo Arauacutejo (2018) verificou a existecircncia dos mesmos
sistemas deposicionais agrupados em seis sequecircncias deposicionais onde os reservatoacuterios de
melhor qualidade diante da anaacutelise de poccedilo seriam os arenitos de shoreface frente deltaica
influenciada por mareacute barras de canais fluacutevio-estuarinos porccedilotildees centrais de barras arenosas
de mareacute e wadis
A presenccedila de uma macroflora terrestre e a ausecircncia de palinomorfos marinhos
sugere ambientes transicionais e continentais para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem
na porccedilatildeo oeste da bacia (Iannuzzi amp Pfefferkorn 2002 Melo amp Loboziak 2000) Nas porccedilotildees
leste e central da bacia a ocorrecircncia de Edmondia um bivalve marinho indica breves
incursotildees marinhas (Kegel 1954) Os dados de palinologia e paleobotacircnica tambeacutem sugerem
paleoclima temperado para a Formaccedilatildeo Poti (Iannuzi 1994) considerando que jaacute no final da
deposiccedilatildeo desta unidade existiriam condiccedilotildees de alta taxa de evaporaccedilatildeo com clima ainda
18
mais seco poreacutem razoavelmente frio tornando-se cada vez mais semi-aacuteridas no Pensilvaniano
da Formaccedilatildeo Piauiacute (Goeacutes 1995) Tal paleoclima confere com o encontrado na Formaccedilatildeo Faro
Bacia do Amazonas (Amadou amp Truckenbrodt 1992)
De acordo com estudos palinoloacutegicos (Daemon 1974 Loboziak et al1992) foi
definida idade eocarboniacutefera entre o Tournaisiano e o Viseano para esta formaccedilatildeo sendo
posteriormente sugerido a idade Viseano tardio (Iannuzzi et al 2003 Melo amp Loboziak 2000)
e ratificado por novos dados palinoloacutegicos de subsuperfiacutecie de Pasquo amp Ianuzzi (2014) A
macrofauna estudada por Iannuzzi amp Pfefferkorn (2002) dominada por pteridospermas aleacutem
de licopsiacutedeos arboacutereos e esfenopsiacutedeos apontam idade entre o Viseano Superior e o
Serpukhoviano Inferior Eacute importante salientar que a presenccedila de Cordyosporites
magnidictyus (Daemon 1974) assim como miosporos de Indotriaradites dolianitii satildeo
comuns na Formaccedilatildeo Poti representando bons marcadores estratigraacuteficos para o Viseano em
bacias do nordeste brasileiro podendo ser correlacionada com a Formaccedilatildeo Faro (Melo amp
Loboziak 2018)
19
CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES
A sucessatildeo sedimentar aflorante na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do
Piauiacute eacute constituiacuteda pelas formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute e expotildee-se ao longo de drenagens
secas como os riachos Muqueacutem e Saco em cortes de estradas e proacuteximo da Barragem Salinas
Os depoacutesitos alcanccedilam ateacute 28 m de espessura sendo extensos por dezenas de metros em
algumas localidades com acamamentos contiacutenuos lateralmente por ateacute 50 m evidenciados
pela geometria sigmoidal e tabular das camadas Foram descritas 15 faacutecies sedimentares
(Tabela 2) em 9 seccedilotildees colunares (Figura 7) organizadas em trecircs associaccedilotildees de faacutecies
fluvial (AF1) frente deltaica (AF2) e plataforma de mareacute e onda (AF3)
41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO
A associaccedilatildeo de faacutecies 1 representa a porccedilatildeo basal da Formaccedilatildeo Poti e aflora ao longo
do riacho do Muqueacutem (Baratildeo do Grajauacute) agraves margens da rodovia BR-230 e nas proximidades
da cidade de Floriano em cotas entre 120 e 178 m Estes depoacutesitos consistem em complexos
de arenitos amalgamados extensos por aproximadamente 50 m em sucessotildees com ateacute 4 m de
espessura em contato erosivo com a Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 8A) A AF1 compreende as
faacutecies folhelho com laminaccedilatildeo planar (Fl) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela (App)
arenito com estratificaccedilotildees cruzadas de baixo acircngulo (Aba) acanalada (Aca) planar (Acp)
tabular (Atb) e tangencial (Atg) e arenito maciccedilo (Am)
Os depoacutesitos fluviais satildeo constituiacutedos por arenitos micaacuteceos com estratificaccedilotildees
cruzada acanalada tabular tangencial e de baixo acircngulo Estas rochas apresentam
granulometria areia meacutedia a grossa composta por gratildeos de quartzo monocristalino (92) com
extinccedilatildeo ondulante moderada a forte quartzo policristalino plagioclaacutesio (4) feldspatos
indiferenciados muscovita contorcidas (lt1) e cutiacuteculas de argila (3) localmente Os
constituintes siliciclaacutesticos satildeo subarredondados a arredondados muito bem selecionados
orientaccedilatildeo preferencial marcada pela muscovita e feldspatos O arcabouccedilo da rocha eacute
sustentado por gratildeos com contatos pontuais em sua maioria cocircncavo-convexos e retos e
ainda porosidade intergranular Os feldspatos comumente estatildeo alterados para argilominerais
Os argilominerais identificados atraveacutes da DRX na amostra de folhelho (A8) foram
esmectitas ilita e caulinita
20
Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute
21
Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti
Faacutecies Descriccedilatildeo Interpretaccedilatildeo
Folhelho com laminaccedilatildeo (Fl) Folhelho de cor cinza-escuro apresentando fissilidade Deposiccedilatildeo de sedimentos por meio de decantaccedilatildeo
em condiccedilotildees de baixa energia
Arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela
(Alp)
Arenito amarelo-claro gratildeos de areia fina a muito fina subarredondados bem selecionados estratificaccedilatildeo plano-paralela e
continuidade lateral
Deposiccedilatildeo de sedimentos em regime de fluxo
superior atraveacutes de fluxo unidirecional trativo
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada de
baixo acircngulo (Aba)
Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados estratificaccedilatildeo
cruzada de baixo acircngulo e lateralmente contiacutenua por 5 metros
Agradaccedilatildeo e migraccedilatildeo de formas de leito
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
acanalada (Aca)
Arenito amarelo-claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada
acanalada
Migraccedilatildeo de formas de leito 3D em regime de fluxo
inferior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
planar (Acp)
Arenito amarelo-claro a escuro com gratildeo de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e
estratificaccedilatildeo plano-paralela com continuidade lateral que chegam a cruzar no bottom set
Relacionado agrave forma de leito plano em regime de
fluxo superior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
tabular (Atb)
Arenito cinza- claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados bem selecionados com estratificaccedilatildeo cruzada
tabular e geometria tabular
Migraccedilatildeo de forma de leito 2D sob fluxo
unidirecional e regime de fluxo inferior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
tangencial (Atg)
Arenito cinza-claro com grabulometria meacutedia a grossa subarredondados a arredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada
tangencial que por vezes apresenta foresets com clastos tamanho seixo de quartzo e argila
Migraccedilatildeo e agradaccedilatildeo de formas de leito 2D por
fluxo unidirecional e regime de fluxo inferior
Transporte por traccedilatildeo
Arenito com laminaccedilatildeo ondulada (Alo)
Arenito amarelo-claro de gratildeos muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados com laminaccedilatildeo ondulada
gradando lateralmente para plano-paralela
Deposiccedilatildeo de sedimentos por traccedilatildeo em regime de
fluxo oscilatoacuterio com migraccedilatildeo de formas de leito
onduladas de pequeno porte oriunda da accedilatildeo de
ondas ou correntes
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
sigmoidal (As)
Arenito amarel- claro com gratildeos de areia fina a meacutedia gratildeos subarredondados moderadamente selecionados micaacuteceos exibindo
estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
Migraccedilatildeo formas de leito de meacutedio porte Transiccedilatildeo
entre regime de fluxo inferior e superior em
condiccedilotildees de alta taxa de sedimentaccedilatildeo
Argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela
(Ap)
Argilito de cor cinza-escuro lateralmente contiacutenuas lenticulares com laminaccedilatildeo plano paralela alternando com arenitos gerando
acamamento heteroliacutetico linsen wavy e flaser da base para o topo
Deposiccedilatildeo por decantaccedilatildeo em condiccedilotildees de baixa
energia O acamamento heteroliacutetico estaacute relacionado
a alternacircncia de processos de decantaccedilatildeo de
sedimentos finos e migraccedilatildeo de formas de leito em
um regime de fluxo inferior
Arenito com laminaccedilatildeo cruzada
cavalgante (Alc)
Arenitos com cores amarelo e vermelho com gratildeos de areia muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados
exibindo laminaccedilatildeo cruzada cavalgante com mud drapes nos foresets em ciclos caracterizando tidal bundles Ocorre ainda escape de
fluidos deformaccedilatildeo convoluta no topo da camada estruturas de ball and pillow e pinch and swell Na AF3 localmente gradam para
laminaccedilatildeo sigmoidal
Deposiccedilatildeo de areias por meio de traccedilatildeo e suspensatildeo
com desaceleraccedilatildeo de fluxo associada agrave migraccedilatildeo de
marcas onduladas com crista sinuosa de pequeno
porte As deformaccedilotildees estatildeo relacionadas a
reorganizaccedilatildeo hidroplaacutestica das camadas adjacentes
em funccedilatildeo da diferenccedila de densidade
Arenito maciccedilo (Am) Arenitos amarelo com gratildeos de areia muito finos a meacutedios subangulosos a arredondados (AF1) bem selecionados a muito bem
selecionados com continuidade lateral ausente de estruturas e acamamento maciccedilo Localmente ocorrem escape de fluidos e
acamamentos convolutos
Deposiccedilatildeo raacutepida em condiccedilotildees energeacuteticas
moderada a alta e localmente sobrecarga ou escape
de fluiacutedos
Arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela
(App)
Arenito amarelo-escuro com gratildeos de areia meacutedia a grossa subarredondados a arredondados estratificaccedilatildeo plano-paralela e contiacutenuas
lateralmente
Sedimentos depositados em regime de fluxo superior
atraveacutes de fluxo unidirecional trativo
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
hummocky (Ah)
Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia fino subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada hummocky apresentando
laminaccedilotildees internas onduladas com truncamento Possuem 15 cm de espessura e 120 m de amplitude gradando lateralmente para
estratificaccedilatildeo cruzada swaley
Deposiccedilatildeo em condiccedilotildees de alta energia por meio de
correntes trativas sob accedilatildeo de fluxo combinado durante
accedilatildeo de ondas de tempestade
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
swaley (Aes)
Arenito amarelo-claro com gratildeos finos subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada swaley Accedilatildeo de ondas de tempestade com accedilatildeo de processos
erosivos
22
As estratificaccedilotildees satildeo de meacutedio a grande porte com a faacutecies arenito com
estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (Atg) apresentando clastos de quartzo e argila em tamanhos
entre 1 cm e 45 cm nos foresets (Figura 8B) Arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada de baixo
acircngulo (Aba) tendem a gradar lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela
(App) Estratos com estratificaccedilatildeo cruzada tabular (Atb) apresentam segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica (Figura 8C) As paleocorrentes medidas nos foresets de estratificaccedilotildees
cruzadas indicam orientaccedilatildeo preferencial para NW Camadas de folhelho cinza-escuro (faacutecies
Fl) com espessura de 10 cm ocorrem como lentes entre arenitos com estratificaccedilatildeo plano-
paralela e estratificaccedilatildeo cruzada tangencial e tabular
Sete elementos arquiteturais internos de canal fluvial (Tabela 3) foram identificados
para estes depoacutesitos baseados na anaacutelise bi e tridimensional dos afloramentos referentes a
AF1 bem como na granulometria de gratildeos composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e
principalmente geometria (Miall 1985 1988 1996) Satildeo eles elemento de acreccedilatildeo frontal
(AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de
preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL)
As extensas exposiccedilotildees descritas mostram unidades de litofaacutecies intercalados e
superpostos entre si formando formas de barras complexas O litossoma de acreccedilatildeo frontal
(AF) satildeo corpos arenosos com espessura entre 2 e 4 m e 30 m de extensatildeo limitado por
superfiacutecie de 4ordf ordem (Figura 8D) As litofaacutecies caracteriacutesticas satildeo Arenito com
estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e
tangencial (Atg) limitados por sets de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies limitantes apresentam
mergulhos entre 337deg e 360deg para NW denotando mesma direccedilatildeo das superfiacutecies limitantes
com os estratos cruzados
O elemento acreccedilatildeo lateral (AL) ocorre limitado por superfiacutecies de 4ordf ordem com
espessura meacutedia de 3 m e 15 m de extensatildeo composto por conjuntos de sets com superfiacutecies
de 1ordf e 2ordf ordem inclinadas com direccedilotildees entre 349deg a 40deg para NW e estratos cruzados
limitados por elas com mergulho para SE (Figura 9A e 9B) Para diferenciar este elemento
arquitetural de AF visto que ocorrem de outras formas muito similares foi considerada a
direccedilatildeo de mergulho entre as superfiacutecies limiacutetrofes de 1ordf e 2ordf ordem e os estratos cruzados
Allen (1965 1970) e Miall (1985 1996 2006) citam que a principal forma de diferenciar os
elementos AF e AL estaacute baseada na diferenccedila de orientaccedilatildeo entre as superfiacutecies de acreccedilatildeo e
os estratos cruzados O elemento AL tem geometria e composiccedilatildeo variaacutevel dependendo da
geometria do canal e da carga sedimentar este elemento eacute menos proeminente em rios
23
entrelaccedilados As litofaacutecies que representam este elemento satildeo Arenito com estratificaccedilotildees
cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) baixo acircngulo (Aba) tabular (Atb) tangencial (Atg) e
estratificaccedilatildeo plano-paralela Depoacutesitos de areia meacutedia ou areia grossa apresentam uma
grande variedade de litofaacutecies refletindo formas de leito vigorosas e progradaccedilatildeo de barras
Acamamentos com este elemento AL satildeo complexos e podem esconder a geometria acrescida
lateralmente subjacente (Miall 1985 2006)
Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Longaacute
sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7 conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e
Fig7) B Clastos de argila e quartzo nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo frontal (AF) com concordacircncia
da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta
porccedilatildeo do canal (P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 2
24
A arquitetura de canal (CH) tem forma cocircncava e eacute limitada por superfiacutecies (por
vezes erosivas) de vaacuterias ordens (1ordf 2ordf 3ordf e 4ordf ordem) em diversas escalas chegando a mais
extensa a atingir 105 metros de extensatildeo por 22 metros de altura Trecircs elementos de canal
limitados por superfiacutecies de 4ordf foram descritos e individualizados de acordo com sua
granulometria estruturas sedimentares e configuraccedilatildeo externa (Figuras 9B e 10) Canais
migrantes (CHm) canais de preenchimento (CHp) e canais alternantes (CHa) As principais
litofaacutecies satildeo a estratificaccedilatildeo cruzada acanalada (Aca) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp)
Os canais satildeo componentes comuns em vaacuterios estilos de sistemas fluviais e ocorrem tanto
com geometria assimeacutetrica quanto simeacutetrica nos afloramentos da Formaccedilatildeo Poti
Os canais migrantes (CHm) satildeo constituiacutedos por areia meacutedia a grossa com
estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de larga escala e cruzada planar com geometria assimeacutetrica
(Figura 10) relacionada a migraccedilatildeo lateral e erodida pelo elemento sobreposto limitada por
superfiacutecies de 2ordf e 4ordf ordem As estruturas sedimentares juntamente com a escala do canal
sugerem energia moderada O elemento de canal alternante (CHa) possui granulometria meacutedia
a grossa em arenitos com estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) e planar (Acp) limitados
por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies basais satildeo relativamente simeacutetricas composta
por formas de leito multilaterais por vezes erodindo o adjacente resultante de fluxos
alternados O elemento de canal de preenchimento (CHp) conteacutem arenitos meacutedios a grossos
com menos estratos cruzados que os elementos de canal anteriores Eacute limitado em sua base
por superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem com extensatildeo de 131 m e 190 m preenchimento
concecircntrico (Gibling 2006) e arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada na base passando
para cruzada planar ao topo e localmente arenito maciccedilo sendo interpretado como
preenchimento de um canal menor interno ao cinturatildeo de canais (Miall 1988)
As formas de leito arenosas (FA) tem forma de lenccediloacuteis com dimensotildees que
compreendem 36 m de altura por 9 m de extensatildeo (Figura 9A) limitados por superfiacutecies de
4ordf ordem Eacute divido por sets por vezes amalgamados que conteacutem as litofaacutecies arenito com
estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e
tangencial (Atg) separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem suavemente inclinadas no sentido
para NW gradando lateralmente para o elemento AL As formas de leito arenosas (FA) satildeo
interpretadas como elemento interno ao canal fluvial oriunda da migraccedilatildeo e cavalgamento de
dunas subaquaacuteticas em partes mais rasas do canal (Miall 1996 2006)
Os lenccediloacuteis de areia laminados (LL) tem geometria em lenccedilol (Figura 9B) com
espessura 175 m e 30 m de extensatildeo com arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela (App)
25
gradando lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) Esta unidade
arquitetural eacute limitada acima por uma superfiacutecie de 4ordf ordem interpretada como produto de
deposiccedilatildeo arenosa de enchentes em condiccedilotildees de regime de fluxo superior em leito plano
(Miall 1977 1984b Tunbridge 1981 1984 Sneh 1983 apud Miall 2006) A gradaccedilatildeo de
arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela (App) para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar
(Acp) estaacute relacionada ainda com a diminuiccedilatildeo das condiccedilotildees de fluxo no fim do evento de
enchentes
Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de Baratildeo do Grajaacuteu
26
Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar e
baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes dos estratos
cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram identificados Lenccediloacuteis
de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo contiacutenuo lateralmente por aproximadamente
30 metros limitado acima por superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de
acreccedilatildeo lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem
27
Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti (P1) Canal de
preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo
(CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma
relativamente simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo
411 Interpretaccedilatildeo
Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF1 apresentam dominacircncia de arenitos com
estratificaccedilotildees cruzada tabular acanalada e de baixo acircngulo com ocorrecircncia subordinada de
lentes descontiacutenuas de pelitos As camadas de arenitos exibem geometria geralmente tabular e
um padratildeo de granodecrescecircncia ascendente Segundo a classificaccedilatildeo proposta de Miall
(1977) estes depoacutesitos satildeo caracteriacutesticos de rios do tipo entrelaccedilado (Figura 11) os quais
apresentam canais largos baixa sinuosidade com um ou mais canais sendo favorecido pela
presenccedila de carga de fundo com granulaccedilatildeo grossa grande variabilidade na descarga e
facilidade de erosatildeo das margens (Miall 1981) O acuacutemulo da carga de fundo propicia a
formaccedilatildeo de barras arenosas que obstruem a corrente e a ramificam com aumento do
suprimento detriacutetico (Miall 1981) A formaccedilatildeo de rios entrelaccedilados tambeacutem eacute relacionada a
condiccedilotildees climaacuteticas e a presenccedila de vegetaccedilatildeo (Kasse e al 2005 Miall 1981 Piegay et al
2009) Em condiccedilotildees climaacuteticas mais uacutemidas o niacutevel do lenccedilol freaacutetico mais proacuteximo agrave
superfiacutecie contribui para sedimentaccedilatildeo mais prolongada ao contraacuterio de regiotildees aacuteridas onde
28
o lenccedilol freaacutetico mais profundo resulta em sedimentaccedilatildeo limitada a chuvas torrenciais (Miall
1991)
O modelo de rio entrelaccedilado do tipo Saskatchewan Sul proposto por Miall (1977) eacute o
que mais se assemelha aos depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti Este modelo fluvial consoante
com as caracteriacutesticas litoloacutegicas e arquiteturais condiz com um fluvial entrelaccedilado
relativamente profundo perene com baixa sinuosidade (modelo 10 de Miall 1985 2006) Este
modelo ocorre em rios entrelaccedilados com canais ativos e ciclos dominados por sedimentaccedilatildeo
arenosa (Miall 1981) O fluvial entrelaccedilado eacute marcado pela existecircncia de macroformas com
geometrias de acreccedilatildeo (AF e AL) geralmente limitadas por superfiacutecies de 4ordf ordem diferente
de rios com acamamentos tabulares tiacutepicos de entrelaccedilados rasos (Miall 1985 2006) e baixa
ocorrecircncia de depoacutesitos de overbank devido ao baixo potencial de preservaccedilatildeo em virtude da
instabilidade do canal (Miall 1988 2006) O elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) eacute comum em
rios entrelaccedilados bem como canais secundaacuterios (Brierley 1996) Ambos litossomas de
acreccedilatildeo frontal (AF) e acreccedilatildeo lateral (AL) podem ocorrer em diferentes partes da mesma
barra complexa
No elemento de canais (CHm) a geometria assimeacutetrica da migraccedilatildeo de canais estaacute
relacionada a migraccedilatildeo lateral de acamamentos unidirecionais (Cant amp Walker 1978) A
migraccedilatildeo destes acamamentos foi desenvolvida proacutexima a barras compostas (compound bars)
com relativa alta sinuosidade no flanco do canal (Miall 1988) Nos elementos CHa e CHp a
presenccedila de granulometria meacutedia a grossa arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de
meacutedio a grande porte e o empilhamento das formas de leito sugerem fluxos de alta
velocidade (Li et al 2015) No caso dos afloramentos estudados na Formaccedilatildeo Poti ocorrem
complexos de preenchimento de canais formados pelas migraccedilotildees laterais de canais
As litofaacutecies do elemento de Lenccediloacuteis Laminados (LL) arenito com laminaccedilatildeo
horizontal (App) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) tipicamente indicam fluxo de regime
superior que caracterizam rios que satildeo submetidos a descargas sedimentares sazonais em
fluxos superficiais em rios entrelaccedilados (Miall 1988)
A faacutecies de granulometria fina como Fl forma-se nos canais no periacuteodo de mais
baixa energia quando a descarga diminuiu Estas faacutecies podem se desenvolver ainda
relacionadas agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo de canais fluviais entrelaccedilados em periacuteodo de descarga
elevada (Smith 1970) As medidas de paleocorrentes dominantes para NW estatildeo condizentes
29
com os trabalhos de Goacutees (1994) e Lima amp Leite (1978) que indicam aacutereas fontes para SE
(Figura 9)
As evidecircncias de paleocorrentes indicam que as direccedilotildees principais de fluxo em
elementos arquiteturais individuais variam entre 214deg e 32deg azimute Quatro dos sete
elementos apresentam medidas com orientaccedilotildees principais tendo 20deg do principal azimute
total Com um caacutelculo de 29 leituras no afloramento da Formaccedilatildeo Poti obteve-se uma meacutedia
de 324deg azimute com magnitude de vetor em 95 As medidas de dip direction das
superfiacutecies limitantes de 1deg a 4deg ordem mostram uma tendecircncia similar entre 290deg e 39deg o que
pode ser interpretado como ambiente fluvial de baixa sinuosidade
Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos afloramentos da
Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior dos canais enquanto que as arquiteturas AF e
AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por
avulsotildees de canais ativos
42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA
A associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica da Formaccedilatildeo Poti ocorre sobreposta aos
depoacutesitos fluviais entrelaccedilados (AF1) e aos folhelhos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura
12) Estatildeo expostas em cortes de estrada e ao longo de leito de rios intermitentes as margens
da rodovia BR-230 bem como na Barragem SalinasPI nos municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e
de Nazareacute do Piauiacute A AF2 tem 19 m de espessura com camadas lateralmente contiacutenuas por
centenas de metros exibindo geometria tabular e sigmoidal Tanto o contato inferior com os
30
depoacutesitos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 12) e depoacutesitos fluviais (AF1) e superior com a
associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) tecircm caraacuteter abrupto (Figura 13A)
As principais faacutecies satildeo arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) arenito com
laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo
(Am)
Estas camadas estatildeo organizadas em ciclos de raseamento ascendente (1 a 3 m de
espessura) com arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Figura 13B) ondulada ou
maciccedilo em sua base e arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal no topo (Figuras 13 C)
Tais ciclos (Figura 14 A) exibem geometria lobada (Figura 13D) Arenitos maciccedilos ocorrem
em camadas tabulares e lobadas localmente exibindo acamamentos convolutos (Figura 14B-
C) Os arenitos satildeo classificados como subarcoacutesios com gratildeos entre areia fina a meacutedia
subangulosos a subarredondados e bem selecionados Os constituintes em geral satildeo quartzos
monocristalinos com extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (90) feldspatos indiferenciados
(5) plagioclaacutesio (3) microclina (1) muscovita deformada e cimento de oacutexido-
hidroacutexido de Fe (lt1) O arcabouccedilo da rocha eacute sustentado por gratildeos com contatos
predominantemente cocircncavo-convexos e mais raramente retos e pontuais com porosidade
intergranular Feldspatos comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade
intragranular Medidas de paleocorrentes nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
mostram paleocorrentes preferenciais para NW
Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente deltaica
(Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da
aacuterea de estudo P9)
31
Figura 13- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos depoacutesitos deltaicos
(AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
(Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees
convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido principal para NW D Geometria
lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos deltaicos nas aacutereas de estudo
32
Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) arenito com
estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos
deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem (P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria
lobada Floriano Piauiacute (P8)
421 Interpretaccedilatildeo
Deltas satildeo classificados principalmente em termos de granulometria dominante e da
importacircncia relativa de processos fluviais por onda e mareacute (Bhattacharya 2006 2010) Nesta
associaccedilatildeo de faacutecies natildeo houve exposiccedilatildeo de litofaacutecies indicativas de retrabalhamento por
mareacute sendo a maior influecircncia por correntes unidirecionais Faacutecies referentes agrave frente
deltaicas satildeo comumente depositadas em aacuteguas rasas e portanto recebem maior influecircncia de
processos gerados por ondas e correntes com depoacutesitos arenosos relativamente bem
selecionados (Bhattacharya amp Walker 1992 Nichols 2009)
33
As faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) laminaccedilotildees cruzada
cavalgante (Alc) laminaccedilatildeo ondulada (Alo) e maciccedilo (Am) estatildeo dispostas em camadas com
geometria sigmoidal que exibem ciclos de granocrescecircncia ascendente e espessamento para o
topo indicando depoacutesitos de frente deltaica (Bhattacharya amp Walker 1992 Della Faacutevera
2001) O raseamento ascendente e a granocrescecircncia ascendente satildeo caracteriacutesticas
importantes para a distinccedilatildeo de uma sucessatildeo deltaica (Nichols 2009) juntamente com a
geometria lobada
A predominacircncia de faacutecies de lobos sigmoidais como os da Formaccedilatildeo Poti sugere
semelhanccedila com a arquitetura de foresets e bottomsets dos deltas tipo Gilbert (Della Faacutevera
2001 Gobo et al 2015) Os foresets satildeo basicamente as faacutecies de arenito com estratificaccedilatildeo
cruzada sigmoidal que se desenvolve em lobos e tem sua gecircnese relacionada agrave raacutepida
desaceleraccedilatildeo do fluxo em condiccedilotildees homopicnais com progressivo aumento do aporte
sedimentar Sua deposiccedilatildeo ocorre proacutexima agrave desembocadura onde fluxos pouco densos
manteacutem parte dos sedimentos em suspensatildeo gerando uma geometria de lobos sigmoidais
(Della Faacutevera 1984 2001) Arenitos maciccedilos (Am) podem ser resultantes de processos
secundaacuterios como escape de aacutegua que obliteraram parcial ou completamente as estruturas
primaacuterias (Della Faacutevera 2001) Corroboram com esta interpretaccedilatildeo a presenccedila de porccedilotildees com
acamamento convoluto associado agraves camadas de arenito maciccedilo As faacutecies de bottomsets
arenitos com laminaccedilotildees cruzada cavalgante e laminaccedilatildeo ondulada indicam accedilatildeo de correntes
e ondas que retrabalham os sedimentos depositados na frente do delta e que satildeo recobertos
durante a progradaccedilatildeo do lobo deltaico Rodrigues (2003) descreveu a presenccedila de
estratificaccedilatildeo cruzada hummocky nos depoacutesitos deltaicos da Formaccedilatildeo Poti o que sugere que
a frente deltaica foi retrabalhada por tempestade
Faacutecies arenosas com presenccedila de estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais current ripples
unidirecionais e camadas maciccedilas em frente deltaicas podem indicar presenccedila de certo
domiacutenio fluvial (Bhattacharya amp Walker 1992) As camadas deformadas (Figura 14B-C)
observadas abaixo da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal tambeacutem sugerem
que houve um cisalhamento produzido por correntes sobre uma superfiacutecie onde a fricccedilatildeo de
arrasto pelo movimento da areia resultou em convoluccedilotildees (Tucker 2014)
Paleocorrentes da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal indicam que a
migraccedilatildeo de formas de leito nos depoacutesitos de frente deltaica possuiacuteam sentido principal para
NW Ciclos de camadas iniciadas pelas faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
que passam para as faacutecies arenito maciccedilo e com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal podem ser
interpretados como oriundos de desaceleraccedilatildeo de fluxo ao entrar em um corpo de aacutegua em
34
menor energia (granocrescecircncia ascendente) onde cada ciclo representa a progradaccedilatildeo de um
lobo deltaico individual com espessura diretamente relacionada agrave profundidade da lacircmina
drsquoaacutegua (Elliott 1986)
43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA
As exposiccedilotildees da associaccedilatildeo AF3 ocorrem ao longo de drenagens secas do Riacho do
Saco distante 6 km da rodovia BR-230 e em corte de estrada Compreende depoacutesitos de
arenitos finos e pelitos contiacutenuos lateralmente com geometria tabular e lenticular
respectivamente por vezes com camadas amalgamadas e acamamento ondulado com
espessura que varia de 6 a 20 m
A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) estaacute sotoposta aos
depoacutesitos referentes agrave AF2 (frente deltaacuteica) em contato abrupto (Figura 13A e 15A) e
sobreposta por depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta pelas faacutecies
argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela (Ap) arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc)
laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito maciccedilo (Am) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela
(App) arenito com estratificaccedilotildees cruzada hummocky (Ah) estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
(As) e estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Aes)
Na base desta associaccedilatildeo ocorrem camadas com intercalaccedilatildeo riacutetmica de lacircminas de
argilito (Ap) e arenitos muito finos (Alc Alo e App) formando acamamento heteroliacutetico com
padratildeo granocrescente ascendente com predomiacutenio do tipo linsen na base passando para
wavy e flaser em direccedilatildeo ao topo Esta ciclicidade tambeacutem eacute caracterizada por pares de
arenito e pelitos mais espessos seguidos por pares menos espessos (Figura 16C-D)
As faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada exibem acamamento ondulado no topo
com laminaccedilotildees truncadas por ondas com arranjo interno do tipo bundled upbulding e
chevron (Raaf et al 1977) que variam lateralmente para laminaccedilatildeo plano-paralela com
presenccedila de mud-drapes nos foresets superfiacutecies erosivas e paleocorrentes preferenciais para
NW
As laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes possuem laminaccedilotildees cocircncavo-convexas que se
truncam lateralmente assemelhando-se agrave micro- hummockies exibindo geometria pinch and
swell (Figura 15B) e pontualmente estruturas de escape (Figura 15C) Localmente no topo de
camadas observa-se deformaccedilatildeo convoluta Os arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
satildeo subarcoacutesios com gratildeos de areia muito fina a fina tais como quartzos monocristalinos com
35
extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (86) feldspatos indiferenciados (7) plagioclaacutesio
(5) microclina (1) muscovita deformada oacutexido-hidroacutexido de Fe (ambas lt1) e
localmente cimento de calcita Os gratildeos satildeo subangulosos a subarredondados e muito bem
selecionados A rocha eacute sustentada por gratildeos com contatos pontuais cocircncavo-convexo reto e
suturado exibem ainda gratildeos e micas orientados porosidade intergranular Feldspatos
comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade alveolar Os argilominerais
identificados na anaacutelise de DRX (laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes A1 e A3) foram
esmectitas (montmorilonita) vermiculita clorita ilita e caulinita
Arenito com acamamento heteroliacutetico eacute caracterizado por exibir laminaccedilotildees plano
paralela que passam lateralmente para laminaccedilatildeo ondulada com acamamentos do tipo linsen
wavy e flaser Localmente observa-se estruturas ball and pillow e escape de fluido (Figura
15D-E)
Arenitos finos com marcas onduladas simeacutetricas e assimeacutetricas exibem laminaccedilatildeo
cruzada por onda (Alo) a sigmoidais com tidal bundles nos foresets O comprimento de onda
das marcas onduladas varia de 4 a 8 cm e a altura de 2 a 7 cm Estas estruturas satildeo limitadas
por arenitos com laminaccedilatildeo ondulada paralela a sigmoidal com alternacircncia de pares de areia e
argila (Figura 16A-B) Localmente satildeo observadas variaccedilotildees na inclinaccedilatildeo dos foresets e
superfiacutecies de reativaccedilatildeo As tidal bundles satildeo caracterizadas por alternacircncias milimeacutetricas a
centimeacutetricas de areias e recobrimentos argilosos Estes pares exibem lateralmente espessuras
distintas de recobrimento argiloso formando pares ciacuteclicos ricos em argila seguidos de pares
ricos em areia
Os ritmitos de mareacute apresentam 120 pares de mareacute organizados em 3 ordens de
ciclicidade (Figura 16C-D) 1) os ciclos de primeira ordem satildeo caracterizados por pares de
lacircminas milimeacutetricas a centimeacutetricas de areia e argila que exibem current ripples e
bidirecionalidade dos foresets A deposiccedilatildeo do material mais fino ocorre atraveacutes de suspensatildeo
e ainda floculaccedilatildeo no periacuteodo de stillstand Este ciclo de menor ordem reflete a ciclicidade de
cheia e vazante (flood-ebb) 2) os ciclos de segunda ordem representam agrupamentos de
ciclos de primeira ordem individualizados pela espessura dos pares de areia e argila com cada
ciclo mostrando um aumento da espessura dos pares seguido por uma diminuiccedilatildeo da
espessura dos mesmos Assim haacute ciclos de segunda ordem espessos onde os arenitos exibem
espessura entre 07 cm e 43 cm e argilitos entre 04 a 10 cm Enquanto que outros ciclos
menos espessos de segunda ordem apresentam camadas de arenito entre 01 a 09 cm e de
argila entre 01 a 10 cm de espessura Cada ciclo pode chegar a aproximadamente 18 cm de
espessura e satildeo compostos por 12 a 15 pares de areia-argila 3) Os ciclos de terceira ordem
36
designam a maior ordem de ciclicidade nestes ritmitos com ciclos menos espessos (pares
mais finos) seguidos por ciclos mais espessos (com pares mais grossos) gerando uma
ciclicidade desigual em sucessivos ciclos de variaccedilatildeo vertical de espessura dos pares
Sobrepostos aos depoacutesitos ciacuteclicos de mareacute ocorrem faacutecies mais arenosas (Figura
17A-B) caracterizadas por arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada hummocky que variam
lateralmente para estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Figura 17C-D) As estratificaccedilotildees cruzadas
hummocky ocorrem em camadas tabulares contiacutenuas lateralmente com aproximadamente 20
cm de espessura por 80 de comprimento que exibem topo e base ondulada sendo possiacutevel
observar clastos orientados de argila subarredondados com dimensotildees entre 3 e 9 cm (Figura
17B-C) Dos trecircs tipos de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky descritas por Cheel amp Leckie
(1993) a do tipo scour-and-drape eacute a dominante visto que as superfiacutecies geradas por erosatildeo
ondulatoacuteria estatildeo presentes
A estratificaccedilatildeo cruzada swaley tem espessuras de 5 a 22 cm com dimensotildees entre 7
a 75 cm Esta estrutura comeccedila com uma superfiacutecie erosiva planar passando para ondulada
Internamente a laminaccedilatildeo ondulatoacuteria possui espessuras de 1 a 9 mm com inclinaccedilatildeo de
aproximadamente 15deg com onlap de baixo acircngulo em superfiacutecies erosivas A inclinaccedilatildeo das
laminaccedilotildees pode comeccedilar e terminar lateralmente acentuada formando uma geometria
cocircncava como pode perder a angulaccedilatildeo gradando para laminaccedilatildeo ondulada As faacutecies com
estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley satildeo sotopostas a camadas onduladas que
apresentam estruturas de mareacute e sobreposta por camadas onduladas
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal ocorrem em camadas geralmente
tabulares com ateacute 20 cm de espessura com base e topo suavemente ondulados e que se
adelgaccedilam lateralmente Localmente satildeo observados finos recobrimentos argilosos nos
foresets e dados paleocorrente indicam fluxos para NW
No topo destes depoacutesitos observam-se corpos com geometria de canal (Figura 17B)
Estes canais satildeo caracterizados por evidente migraccedilatildeo mergulho de 310deg compostos por
camadas amalgamadas de arenito fino com laminaccedilatildeo ondulada e plano-paralela que
acompanham a forma cocircncava do canal (preenchimento concecircntrico Gibling 2006) A
paleocorrente dominante deste ambiente estaacute para NW baseado na mediccedilatildeo de laminaccedilotildees
cruzadas cavalgantes Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominados por onda
e mareacute (AF3) de uma forma geral apresentam ciclos retrogradacionais com material argiloso
dominante na base influenciados principalmente por mareacute passando para mais arenoso ao
topo e maior inflencia por onda
37
Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato entre as
associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3 P4) B Arenito com laminaccedilatildeo
cruzada cavalgantes e ondulada com geometria pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em
arenito com microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and pillow (P3) E Escape
de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico (P5)
38
Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal bundles em laminaccedilatildeo
cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de argila (P4) B Wave generated tidal bundles com
acamamento ondulado e sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se ritmicidade
com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute com ciclos de 1a 2a e 3a ordem
superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e
quadratura (P5)
39
Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute (AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4)
B Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas
cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C Estratificaccedilatildeo
cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley
40
431 Interpretaccedilatildeo
Na associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) eacute evidente a
intercalaccedilatildeo regular entre as faacutecies arenosas finas e argilosas na base que gradativamente
passam para dominacircncia de faacutecies arenosa para o topo Esta caracteriacutestica sugere um aumento
crescente de energia passando de um sistema com predomiacutenio de transporte por decantaccedilatildeo
para outro dominado por traccedilatildeo A presenccedila das faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada
cavalgante e mud drapes nos foresets argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela arenito com
laminaccedilatildeo ondulada e ainda acamamento heteroliacutetico linsen wavy e por vezes flaser satildeo
comuns em sistema dominado por mareacute (Choi 2010 Longhitano et al 2012 Reineck amp
Wunderlich 1968 Visser 1980 Yang et al 2008) Os processos especiacuteficos que favorecem a
deposiccedilatildeo de acamamento linsen e flaser refletem condiccedilotildees de flutuaccedilotildees irregulares sendo
comuns em ambientes dominados por mareacute e tambeacutem por ondas (Nio amp Young 1991
Reineck amp Wunderlich 1968) Ritmitos de mareacute exibem ciclicidade entre laminaccedilotildees linsen e
flaser mostrando eventos influenciados por mareacutes Tal estrutura pode ser formada em vaacuterios
ambientes mas a presenccedila de ciclicidade e sua correlaccedilatildeo com diferentes ordens de
ciclicidade de mareacute satildeo evidecircncias suficientes para afirmar a presenccedila de mareacute em depoacutesitos
claacutesticos marinhos rasos (Nio amp Young 1991) Isto associado com as faacutecies de arenito com
laminaccedilatildeo cruzada cavalgante ondulada (exibindo porccedilotildees com bidirecionalidade) e mud
drapes atestam a existecircncia da accedilatildeo de mareacutes na porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti
Nos ritmitos de mareacute a bidirecionalidade em alguns pares de areia e pelito pode
indicar que durante nos periacuteodos de mareacutes siziacutegia (spring tide) a corrente subordinada teve
forccedila suficiente para mover porccedilotildees de areia como pequenas migraccedilotildees de ripples A presenccedila
de depoacutesitos de corrente dominante e subordinada com dois mud drapes podem sugerir
ambiente de submareacute (subtidal) para AF3 sendo coberto por dois periacuteodos de slack water em
um ciclo de mareacute alta e vazante (ebb-flood) (Nio amp Young 1991) A alternacircncia dos ciclos de
2ordf ordem de ritmitos de mareacute (grupos mais e menos espessos) indicam inequidade diurna Esta
alternacircncia pode ser relacionada agraves variaccedilotildees de ciclos semilunares de mareacutes de siziacutegia e
quadratura sugerindo alta taxa de deposiccedilatildeo (Rahmani 1988) A espessura meacutedia entre 12 e
16 cm por ciclo semilunar com 22 e 26 pares indica taxa deposicional de 24 a 32 cm por mecircs
Esta sequecircncia portanto pode ter sido depositada em uma zona de submareacute ou intermareacute
inferior em funccedilatildeo da alternacircncia entre lacircminas de material arenoso e peliacutetico que foram
cobertos por mareacutes durante todo ou na maior parte dos ciclos de mareacutes de siziacutegia e de
quadratura (Tessier et al 1988)
41
As tidal bundles ocorrem em laminaccedilotildees onduladas com 3 a 8 cm de espessura
como jaacute descrito em trabalhos de Boersma (1969) Terwindt (1981) Kreisa e Moiola (1986)
de estruturas de megaripplessandwave de ambientes de submareacute (apud Bhattacharya amp
Bahattacharya 2006) Tidal bundles em camadas de pequena espessura podem indicar
retrabalhamento miacutenimo dos sedimentos mais novos em funccedilatildeo do mud draping espesso
(Bhattacharya amp Bhattacharya 2006) Estruturas similares satildeo reconhecidas pela migraccedilatildeo de
ripples ou sandwaves durante a mareacute principal O recobrimento de argila com forma
sigmoidal nas bandas das tidal bundles podem definir periacuteodos de pausas da mareacute (Kreisa amp
Moiola 1986)
Algumas porccedilotildees de tidal bundles observadas nos afloramentos descritos condizem
com as sugeridas no trabalho de Yang et al (2008) como wave generated tidal bundles
(Figura 16B) com laminaccedilotildees na base dos sets por vezes sigmoidais a onduladas
(componente oscilatoacuteria) e recobrimento de argila nas cristas da ondulaccedilatildeo adjacente
exibindo as geometrias em offshoot e unidirecional descritas por Raaf et al (1977) Os
foresets satildeo recobertos por argila com variaccedilotildees deste material peliacutetico indicando ciclicidade
com porccedilotildees ricas em argila (neap tide) e em areia (spring tide) Na base e topo deste
conjunto de wave generated tidal bundles haacute laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas com
acamamento heteroliacutetico variando linsen-flaser indicando ciclos semilunares (Figura 16B)
Esta estrutura portanto eacute uma soma de resultantes advindas da accedilatildeo tanto de ondas pela
ocorrecircncia de wave generated ripples (Raaf et al 1977) como pela accedilatildeo de correntes de
mareacute pela existecircncia de recobrimento de argilas com ciclicidade
As wave-generated tidal bundles satildeo indicativas de um depoacutesito com superimposiccedilatildeo
de accedilatildeo de ondas bem como de mareacute gerando uma sucessatildeo riacutetmica Estas estruturas diferem
das tidal bundles tiacutepicas por serem estruturas que resultam de uma variaccedilatildeo temporal na
combinaccedilatildeo de correntes de mareacute e onda bem mais do que variaccedilatildeo de corrente de mareacute
apenas (Yang et al 2008) Elas se formam em circunstacircncias onde o pico de energia continua
ainda no campo de estabilidade de ripples sendo portanto estruturas indicativas de deposiccedilatildeo
por tempestade de baixa energia pois em condiccedilotildees de tempo normal a quantidade de
sedimento em suspensatildeo natildeo eacute suficiente para gerar sucessotildees espessas em um uacutenico ciclo de
mareacute principalmente em ambientes de costa aberta (Yang et al 2008) Estruturas deste
gecircnero satildeo difiacuteceis de serem preservadas em funccedilatildeo do intenso retrabalhamento por ondas que
ocorrem no ambiente em que satildeo geradas desta forma elas tendem a ser preservadas por
42
subsidecircncia tectocircnica (Allen amp Bass 1993 Tessier amp Gigot 1989) ou por taxas de
sedimentaccedilatildeo altas
Faacutecies arenito com laminaccedilatildeo ondulada arenito com estratificaccedilotildees cruzada
hummocky sigmoidal e swaley em sedimentos de areia fina denotam sistema mais energeacutetico
com accedilatildeo de ondas de tempestade Clastos de argilas presente nas camadas com estruturas
geradas por ondas ratificam este sistema mais energeacutetico forte o suficiente para retrabalhar
as rochas do substrato Estruturas como estratificaccedilatildeo cruzada hummocky foi primeiramente
descrita por Harms et al (1975) sendo gerada por meio de processos dominantemente
oscilatoacuterios combinados por correntes unidirecionais resultantes de ambiente dominado por
tempestade em aacuteguas rasas (Arnott amp Southhard 1990 Cheel amp Leckie 1993 Duke 1985
Dumas amp Arnott 2006) As estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley estatildeo geneticamente
relacionadas onde a estratificaccedilatildeo cruzada swaley pode ser descrita como estratificaccedilatildeo
cruzada hummocky truncada anisotroacutepica (Dumas amp Arnott 2006) A estratificaccedilatildeo cruzada
hummocky geralmente ocorre em um restrito intervalo de granulometria (areia muito fina a
fina) onde a forma de leito responsaacutevel pela geraccedilatildeo desta estrutura eacute um tipo de ondulaccedilatildeo
orbital (Harms et al 1975 Southard et al 1990 Yang et al 2006)
Em periacuteodos onde a atividade por tempestade foi maior as ondas penetraram e
retrabalharam os depoacutesitos dominados por mareacute formando as estratificaccedilotildees cruzadas
hummocky e swaley visto que a influecircncia de mareacute foi preservada durante periacuteodos de natildeo
tempestade (Vakarelov et al 2012) Em outras palavras a accedilatildeo das ondas retrabalharam os
sedimentos existentes onde tais ondas de tempestade atingiram o substrato acima do niacutevel de
base de onda sob fluxo combinado juntamente com componente unidirecional em regime de
fluxo superior (Arnott amp Southard 1990)
Estruturas de sobrecargadeformaccedilatildeo podem ocorrer atraveacutes do fenocircmeno de fluxo
plaacutestico associado agrave saiacuteda de aacutegua e peso da areia sobreposta (Allen 1982) Superfiacutecies
erosivas nas camadas desta associaccedilatildeo ocorrem trucando estruturas sedimentares e tem forma
ondulada com maior concentraccedilatildeo de material peliacutetico ratificando a interpretaccedilatildeo da accedilatildeo de
ondas e tempestades nestes depoacutesitos (Peng et al 2018) As Superfiacutecies de reativaccedilotildees satildeo
resultantes de variaccedilatildeo de velocidades durante as mareacutes (Klein 1970)
Estruturas balls and pillows compreendem massas redondas de sedimentos claacutesticos
tambeacutem chamados de pseudonoacutedulos em uma matriz similar ou mais fina verticalmente
sobrepostos em um horizonte Satildeo estruturas que se formam atraveacutes da separaccedilatildeo repetitiva de
43
pseudonoacutedulos da base de uma camada fonte que para de fato ocorrer o substrato deve
permanecer liquidificado por um tempo maior em relaccedilatildeo agrave taxa de deformaccedilatildeo sendo
possiacutevel o contraste de densidade das camadas e portanto o aparecimento da forccedila de divisatildeo
(Owen 2003) As estruturas deformacionais penecontemporacircneas presentes na associaccedilatildeo de
faacutecies AF3 evidenciam portanto perturbaccedilatildeo dos sedimentos ainda semi-consolidado ou
inconsolidado (Van Loon amp Brodzokowski 1987)
Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF3 estatildeo relacionados a um shoreface
inferior com accedilatildeo de tempestades episoacutedicas em uma costa retrogradante com accedilatildeo de mareacute
O ambiente plataformal torna-se mais profundo para leste em funccedilatildeo da maior ocorrecircncia de
tempestitos nesta aacuterea Geometria em canal observada no topo de tempestitos denota
proximidade com o continente com fluxo de detritos subaquosos confinados
44
CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS
Na regiatildeo estudada foram identificadas trecircs sequecircncias deposicionais de 4ordf ordem
que tiveram iniacutecio no final do Neodevoniano ateacute o Pensilvaniano e compreendem o topo da
Formaccedilatildeo Longaacute a Formaccedilatildeo Poti e a base da Formaccedilatildeo Piauiacute Estas sequecircncias satildeo
compostas por 5 tratos de sistemas limitados por 4 superfiacutecies estratigraacuteficas (Figuras 18 e
19) Sequecircncia 1 (Trato de Sistema de Mar Alto ndash TSMA) Sequecircncia 2 (Trato de Sistema de
Mar Baixo ndash TSMB e Trato de Sistema Transgressivo ndash TST) e Sequecircncia 3 (Trato de
Sistema de Mar Baixo ndash TSMB)
51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS
As superfiacutecies estratigraacuteficas (S) foram baseadas em faacutecies e limites erosivos que
delimitam os tratos de sistemas identificados (Catuneanu et al 2009 2011) com seu
reconhecimento pautado em mudanccedilas bruscas entre faacutecies e sistemas deposicionais A
superfiacutecie S1 eacute o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti (Figura 8A) representando um limite
de sequecircncia tipo 1 A superfiacutecie S2 representa o limite entre as associaccedilotildees de faacutecies fluvial e
frente deltaica da Formaccedilatildeo Poti e a superfiacutecie S3 eacute interpretada como uma superfiacutecie
transgressiva uma vez que separa depoacutesitos fluacutevio-costeiros (AF1 e AF2) de depoacutesitos de
plataforma rasa (AF3 Figuras 13A e 15A) A superfiacutecie S4 eacute um limite de sequecircncia tipo 1
de depoacutesitos plataformais do topo da Formaccedilatildeo Poti com os fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute
sobrejacente
A inconformidade subaeacuterea tem sua gecircnese relacionada a condiccedilotildees subaacutereas com
resultado de erosatildeo fluvial ou by-pass pedogecircnese degradaccedilatildeo eoacutelica ou dissoluccedilatildeo e
carstificaccedilatildeo (Catuneatu et al 2011) Ocorre quando a taxa de subsidecircncia eacute menor que a de
rebaixamento eustaacutetico na quebra do offlap (Van Wagoner et al 1988) Na aacuterea de estudo
este limite eacute encontrado em toda a regiatildeo onde dois tipos satildeo diferenciados O tipo 1 ocorre
dividindo os depoacutesitos fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti dos plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute
apresentando erosatildeo fluvial com horizontes irregulares O segundo tipo divide os depoacutesitos
plataformais de ondas e mareacute (AF3) de sequecircncias fluviais referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute Esta
superfiacutecie apresenta horizontes erosivos irregulares mais tecircnues que a primeira superfiacutecie
As superfiacutecies S1 e S4 satildeo interpretadas como resultante de queda do niacutevel relativo
do mar onde depoacutesitos fluviais puderam ser desenvolvidos As camadas foram erodidas por
45
essa accedilatildeo resultando em horizontes irregulares A superfiacutecie S2 eacute um limite de faacutecies sendo
estabelecida em um contato abrupto entre litofaacutecies de arenito meacutedio a grosso com
estratificaccedilatildeo cruzada tabular (depoacutesitos fluviais ndash AF1) e finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo
cruzada sigmoidal (depoacutesitos deltaicos ndash AF2) A superfiacutecie transgressiva (S3) limita camadas
progradantes abaixo de camadas retrogradantes acima separando os depoacutesitos transicionais
(AF1 e AF2) de depoacutesitos plataformais (AF3)
52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA
A primeira sequecircncia (Seq 1) consiste no final de uma sequecircncia estratigraacutefica
representada por trato de sistema de mar alto (TSMA) com folhelhos cinza escuros a pretos
homogecircneos ou laminados e bioturbados referente a ambiente plataformal dominado por
tempestade (Goacutees amp Feijoacute 1994) Esta sequecircncia corresponde ao final da deposiccedilatildeo da
Formaccedilatildeo Longaacute limitada acima por uma S1 (LS1) erosiva e deposiccedilatildeo de sedimentos
fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti
O trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Seq 2 (Figura 20A) compreende
depoacutesitos fluviais e deltaicos contemporacircneos (AF1 e AF2) em um contexto de bacia com
conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais Limitados abaixo por S1 (LS1) e acima
por S3 (ST) com ciclos de granodecrescecircncia ascendentes nas litofaacutecies de arenito meacutedio a
grosso com estratificaccedilatildeo cruzadas de meacutedio porte de faacutecies fluvial passando para ciclos
granocrescente ascendente de arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal e
laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes nos depoacutesitos deltaicos com a superfiacutecie S2 separando estes
dois depoacutesitos
A variaccedilatildeo das taxas de criaccedilatildeo de espaccedilo de acomodaccedilatildeo ao longo do tempo
consiste no principal fator para preservaccedilatildeo de sedimentos (Shanley amp McCabe 1994)
Sistemas fluviais costeiros satildeo muito influenciados pela mudanccedila de niacutevel de base (Miall
2006) Em sistemas fluviais controlados pelo niacutevel relativo do niacutevel do mar a identificaccedilatildeo
dos tratos de sistemas estaacute fundamentada em um somatoacuterio de criteacuterios que envolvem a
geometria padratildeo de empilhamento dos canais fluviais razatildeo entre depoacutesitos de canais e de
planiacutecie de inundaccedilatildeo (Miall 2006) O TSMB estaacute relacionado ao final do rebaixamento do
niacutevel do mar e consequente iniacutecio de sua elevaccedilatildeo
De acordo com a anaacutelise arquitetural dos depoacutesitos fluviais os elementos
individualizados foram elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal
46
alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito
arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em
forma de lenccediloacuteis Geralmente sistemas fluviais entrelaccedilados arenosos de TSMB formam
corpos de canais do tipo ldquosheet-likerdquo (Hirst 1991 Miall 2006) com amalgamaccedilatildeo de barras e
canais internos ao canal principal onde a preservaccedilatildeo de sedimentos mais finos comuns de
planiacutecie de inundaccedilatildeo eacute menor (Schanley amp McCabe 1993 Wan Wagoner et al 1995) Tal
disposiccedilatildeo estaacute de acordo com o observado para os depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti De
uma forma geral segundo a variaccedilatildeo de espessura e distribuiccedilatildeo desses depoacutesitos (Figura 19)
observa-se um acunhamento dos depoacutesitos fluviais para a porccedilatildeo SE da regiatildeo
O final do TSMB eacute marcado pelos depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de frente
deltaica (AF2) que denota progradaccedilatildeo com padratildeo de raseamento ascendente Segundo
Bhattacharya amp Walker (1992) durante os periacuteodos de aumento do niacutevel do mar a deposiccedilatildeo
deltaica fica confinada a ambientes de aacuteguas rasas na plataforma e resulta na raacutepida
progradaccedilatildeo dos lobos e comutaccedilatildeo de um ambiente dominado por processos fluviais A
sedimentaccedilatildeo deltaica tende a ser suprimida durante o aumento do niacutevel do mar e em regiotildees
costeiras tende a ser influenciada por processos de onda e mareacute (Miall 2000)
O TSMB eacute sobreposto por um Trato de Sistema Transgressivo (TST Figura 20B)
sendo seu limite marcado pela superfiacutecie S3 que representa uma incursatildeo marinha dentro da
sequecircncia 2 O trato de sistema transgressivo (TST) corresponde a depoacutesitos plataformais de
onda e mareacute (AF3) de tendecircncia granocrescente para o topo iniciando com intercalaccedilatildeo de
pelitos e arenitos finos com laminaccedilotildees com ritmitos de mareacutes e tidal bundles passando para
arenitos estratificados hummocky e swaley e em seguida camadas de arenitos maciccedilos e
ondulados mais espessos para o topo A preservaccedilatildeo de depoacutesitos de mareacute comumente ocorre
em tratos de sistemas caracterizados por taxas altas de aumento relativo do niacutevel do mar (Nio
amp Yang 1991)
Durante a incursatildeo marinha os sedimentos da plataforma rasa eram periodicamente
retrabalhados por tempestades As evidecircncias de accedilatildeo perioacutedica de ondas de tempestades satildeo
laminaccedilotildees onduladas micro-hummockys e pinch-and-swell observadas na base da sequecircncia
que passam para arenitos com Ah e Aes ao topo A diferenccedila de escala observada nas
estruturas sedimentares geradas por tempestades desta sequecircncia corrobora com o contiacutenuo
aumento do niacutevel do mar Yang et al (2006) registram que o tamanho do comprimento de
onda de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky (Ah) diminui conforme se aproxima das aacuteguas mais
rasas devido a diminuiccedilatildeo do tamanho das ondas Baseado nesta premissa as estruturas
47
sedimentares menores (ex micro-hummockys) seriam geradas no iniacutecio do aumento do niacutevel
do mar e as estruturas maiores (Ah e Aes) no aacutepice da incursatildeo marinha
A presenccedila de um ambiente dominado por processos de mareacute e onda e influenciados
por tempestades sugere que o limite TSMB-TST registra a passagem de um mar
epicontinental amplo e de aacuteguas rasas com alta taxa de aporte sedimentar (AF1 e AF2) para
um ambiente de mar mais aberto e elevada taxa de aumento do niacutevel do mar (AF3) O padratildeo
retrogradacional identificado nos depoacutesitos do TST eacute atribuiacutedo agrave geraccedilatildeo de espaccedilo de
acomodaccedilatildeo que supera a taxa de sedimentaccedilatildeo (Catuneanu et al 2011 Posamentier amp Vail
1988)
O topo do TST eacute limitado no topo pela superfiacutecie S4 a qual coincide com a
discordacircncia regional Mesocarboniacutefera A base da sequecircncia 3 representa um TSMB (Figura
20C) com depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta por camadas de
arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilotildees cruzadas tabular acanalada e tangencial com
lags conglomeraacuteticos Apoacutes a instalaccedilatildeo de um sistema plataformal transgressivo no Viseano
houve um rebaixamento do niacutevel de mar que causou um hiato erosivo de 20 Ma registrado em
vaacuterias partes da Bacia do Parnaiacuteba (Caputo 1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007) Este
evento estaria associado ao iniacutecio estaacutegio de continentalizaccedilatildeo que ocorreu durante o
Moscoviano e resultou na formaccedilatildeo do Pangea (Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007)
48
Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de Baratildeo de Grajauacute e
Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba Fonte Modificado de (Vaz et al 2007)
49
Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e principais superfiacutecies
estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)
50
Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da Seq
2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)
51
CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO
As trecircs sequecircncias deposicionais identificadas na aacuterea de estudo que compreendem
as formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute tem sua gecircnese relacionada a variaccedilotildees ciacuteclicas do niacutevel
relativo do mar influenciadas por eventos de eustasia e tectocircnica (Catuneanu 2006) A Seq 1
(TSMA) eacute caracterizada por uma transgressatildeo marinha que iniciou no Fameniano e que deu
origem aos depoacutesitos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (TSMA) com ambiente dominado por
eventos de tempestades (Goacutees amp Feijoacute 1994)
A Seq 2 que engloba TSMB em sua porccedilatildeo inicial eacute composta por depoacutesitos
fluviais e deltaicos caracterizando uma fase seguinte de progradaccedilatildeo As paleocorrentes dos
depoacutesitos fluviais (AF1) e de frente deltaica (AF2) indicam sentido do paleofluxo para NW
com provaacuteveis aacutereas fontes para leste-sudeste Dados preacutevios baseados em anaacutelises de
paleocorrentes e dataccedilotildees U-Pb em zircatildeo detritico indicam que as principais aacutereas fontes dos
sedimentos da bacia do Parnaiacuteba durante o Paleozoico estariam localizadas na Proviacutencia
Borborema que fica a sudeste da aacuterea de estudo (Daly et al 2018 Hollanda et al 2014
Oliveira amp Moura 2019) Sedimentos retrabalhados de rochas paleoproterozoicas e
neoproterozoicas seriam as principais fontes para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti com
contribuiccedilatildeo secundaacuteria de sedimentos reciclados de rochas cambro-ordovicianas ou mais
jovens (Hollanda et al 2014) aleacutem de fontes neoarquenas (Oliveira amp Moura 2019)
Retrabalhamento de rochas do intervalo Devoniano-Tournaisiano tambeacutem eacute sugerido por
dados palinoloacutegicos (Di Pasquo amp Iannuzzi 2014 Streel et al 2012) Assim um progressivo
recuo dos mares epicontinentais entre o Mesodevoniano e o Mississipiano (Goeacutes 1995)
resultou na formaccedilatildeo de extensos depoacutesitos transicionais e na exposiccedilatildeo de rochas cristalinas
e sedimentares preacute-cambrianas (antes inundadas pela incursatildeo marinha devoniana) na regiatildeo a
leste e sudeste da Bacia do Parnaiacuteba (Oliveira amp Moura 2019)
A instalaccedilatildeo deste sistema fluvio-deltaico ocorreu sob um clima semiaacuterido com
vegetaccedilatildeo escassa ou ausente Segundo Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) a vegetaccedilatildeo nas
proximidades da regiatildeo de estudo era mais arbustiva e escassa com presenccedila de plantas
pteridoacutefitas e gimnospermas aleacutem de algas que refletem aacuteguas salobras Ianuzzi (1994)
descreve clima temperado a subtropical no final do Carboniacutefero Inferior passando para
tropical no final do Carboniacutefero Superior com deriva do Continente Americano em direccedilatildeo ao
Equador (Ribeiro 2000) Parrish et al (1986) descrevem variaccedilotildees no clima durante o
Carboniacutefero Superior oscilando entre periacuteodos quentes e mais frios com tendecircncia geral de
52
aquecimento Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) descrevem assembleias fossiliacuteferas tiacutepicas de
intervalos normais a secos assim como ratificado por reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas (Iannuzzi
amp Roumlsler 2000) o qual afirma que a Bacia do Parnaiacuteba teria estado situada em uma zona
climaacutetica semiaacuterida durante a metade do Mississipiano Streel et al (2012) descrevem
miosporos em seccedilotildees de diamictitos da Formaccedilatildeo Poti na borda oeste da bacia depositados
em periacuteodos interglaciais
Os depoacutesitos deltaicos satildeo representados pelo predomiacutenio de camadas com geometria
lobada e estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais que podem estar relacionados a eventos de
sedimentaccedilatildeo episoacutedica durante carga extrema de rios (Della Faacutevera 2001 Ponciano amp Della
Faacutevera 2009) Esta carga extrema geralmente transpassa (by-pass) a parte proximal do sistema
deltaico (Della Faacutevera 2001) A ausecircncia de faacutecies de prodelta nos depoacutesitos estudados pode
estar associada a grande extensatildeo dos depoacutesitos de frente deltaica e alta taxa de progradaccedilatildeo
Apesar da ausecircncia de estruturas como Ah e Aes nos afloramentos estudados a inexistecircncia
de prodelta pode estar associada agrave remoccedilatildeo do material argiloso por tempestades (Della
Faacutevera 2001)
O delta da Formaccedilatildeo Poti flui para um ambiente de mar epicontinental raso Porritt et
al (2020) descrevem deltas similares com baixo gradiente onshore e offshore resultando em
efeitos miacutenimos das variaccedilotildees do niacutevel do mar nos deltas Ainda segundo Porritt et al (2020)
a diferenccedila destes tipos de deltas em mares epiricos para outros eacute sua quantidade baixa de
espaccedilo de acomodaccedilatildeo disponiacutevel e local de sedimentaccedilatildeo controlada por avulsatildeo de rios mais
acima nas superfiacutecies de leque aluvial
Goacutees et al (1997) descreveram ainda exposiccedilotildees referentes ao delta em contatos
laterais ou intercalados com os depoacutesitos dominado por tempestade e onda As bacias do
Parnaiacuteba e do Amazonas durante o Viseano tardio estava inserida nos paralelos 40deg a 50deg
dentro do continente Gondwana (Scotese 2000 Torvski et al 2012) recebendo accedilotildees de
furacotildees que geraram os depoacutesitos tempestiacutesticos da associaccedilatildeo AF3 (Duke 1985)
O continuo avanccedilo do mar para dentro da plataforma continental gerou os depoacutesitos
influenciados por mareacute e onda (AF3) que recobrem o sistema fluvio-deltaico Este limite
sugere a passagem de um ambiente com alta taxa de sedimentaccedilatildeo siliciclaacutestica durante o
recuo marinho para um ambiente com taxa de sedimentaccedilatildeo moderada com aumento do
niacutevel do mar mais lento Desta forma uma configuraccedilatildeo de mares epicontinentais com maior
53
restriccedilatildeo eacute sugerida para o sistema fluvio-deltaico com passagem para mares epicontinentais
amplos poreacutem ainda rasos do sistema plataformal dominado por mareacute e onda
Segundo mapas paleogeograacuteficos de Scotese (2019) observa-se no periacuteodo entre 361
e 351 milhotildees de anos (Fameniano e Tounasiano) a diminuiccedilatildeo de pontos de gelo que
estariam ligados ao processo transgressivo que deu origem a depoacutesitos plataformais marinhos
no topo da Formaccedilatildeo Longaacute Entre 344 Ma e 338 Ma (Viseano) houve o estabelecimento dos
ambientes referentes agrave Formaccedilatildeo Poti com a presenccedila de pontos de gelo relacionados agrave
regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo
que possivelmente deu origem aos depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3)
aqui descritos no topo da Formaccedilatildeo Poti Tal hipoacutetese pode sustentar ainda a existecircncia de
sistema fluvial entrelaccedilado relacionado a descargas e maior proporccedilatildeo de carga de fundo em
regiotildees glaciais oriundas de escoamentos superficiais sazonais (ou ocasionada pelo degelo) A
presenccedila de uma vegetaccedilatildeo arbustiva no Mississipiano aliado a condiccedilotildees ambientais semi-
aridas durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos Poti sustenta a justificativa da instalaccedilatildeo de um
fluvial entrelaccedilado
Uma discordacircncia regional que gerou um hiato deposicional de aproximadamente 20
Ma na Bacia do Parnaiacuteba (Goacutees et al 1992) marca o contato entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute
e consequentemente o final do ciclo deposicional do Grupo Canindeacute Assim apoacutes a
deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti movimentos epirogecircnicos ascendentes e uma regressatildeo de
extensatildeo global seriam fatores que tiveram accedilatildeo na erosatildeo da bacia (Goacutees 1995 Mesner amp
Wooldridge 1964 Santos amp Carvalho 2009) resultando na superfiacutecie S4 e na sedimentaccedilatildeo
da Seq 3 Esta tendecircncia regressiva do mar durante o Carboniacutefero poderia estar relacionada a
movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela orogenia Herciniana que se
desenvolveu principalmente a norte do supercontinente Gondwana com periacuteodos colisionais
entre 380 e 280 Ma (Windley 1995 Vaz et al 2007) O contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Poti
e Piauiacute foi observado na porccedilatildeo oeste da aacuterea de estudo onde depoacutesitos plataformais de onda
e mareacute (AF3) estatildeo sotopostas a litofaacutecies de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo
cruzada de depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Trabalhos referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute
revelam um contexto de sistema deseacutertico associado ao iniacutecio do processo de
continentalizaccedilatildeo no Gondwana (Lima amp Leite 1978 Xavier 2019) Portanto as faacutecies
fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute sobrepostas a AF3 satildeo interpretadas como pertencentes a um
TSMB
54
Em 315 Ma (Moscoviano) houve o estabelecimento de grande camada de gelo nas
porccedilotildees da Bacia do Parnaiacuteba corroborando a natureza regressiva da sequecircncia 3 (TSMB)
com um rebaixamento do niacutevel do mar juntamente com as orogenias que consolidavam o
supercontinente Pangea em condiccedilotildees climaacuteticas quente e semiaacuterida em geometria diferente
na bacia (Caputo et al 2005) referente ao fluvial da Formaccedilatildeo Piauiacute Recentemente Xavier
(2019) associa a discordacircncia entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute a movimentos glacio-eustaacuteticos
que ocorreram durante o primeiro pico de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age
(LPIA)
55
CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES
A anaacutelise dos afloramentos do intervalo da porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Longaacute
Formaccedilatildeo Poti e inferior da Formaccedilatildeo Piauiacute entre os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e Nazareacute
do Piauiacute evidenciaram ocorrecircncia de um short term transgression com depoacutesitos fluvio-
deltaicos recobertos por plataformais no Carboniacutefero inferior onde incursotildees marinhas
formaram mares rasos epicontinentais
Foram descritos para Formaccedilatildeo Poti 9 afloramentos com 15 faacutecies das quais
individualizaram 3 associaccedilotildees de faacutecies Fluvial entrelaccedilado (AF1) Frente deltaica (AF2) e
Plataforma dominada por mareacute e onda (AF3)
A Formaccedilatildeo Longaacute representa a Seq1 com depoacutesitos de tempestitos de um Trato de
Sistema de Mar Alto (TSMA) separada do fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti por um limite de
sequecircncia tipo 1 (S1) A base da Formaccedilatildeo Poti eacute representada por um fluvial entrelaccedilado
(AF1) descrito na porccedilatildeo leste da aacuterea o qual possui 8 faacutecies e sete elementos arquiteturais
elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante
(CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia
laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em forma de lenccediloacuteis
A associaccedilatildeo de Frente deltaica (AF2) possui 4 faacutecies dispostas em geometrias
tabulares a lobadas separada da AF1 por uma superfiacutecie de limite de associaccedilatildeo (S2) AF1 e
AF2 representam um Trato de sistema de Mar Baixo (TSMB) e iniacutecio da Seq 2 da Formaccedilatildeo
Poti em um contexto de bacia com conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais
AF2 separa-se dos depoacutesitos plataformais de onda e mareacute (AF3) por uma superfiacutecie
trangressiva (S3)
A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3) tem 8 faacutecies inseridas em
2 geometrias tabular e em canal Nesta sucessatildeo foram descritos acamamentos heteroliacuteticos e
ritmitos de mareacute bem como estruturas como tidal bundles wave generated que atestam a
accedilatildeo de mareacute e onda nesta unidade Ainda estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley
evidenciam a accedilatildeo de ondas de tempestades Esta associaccedilatildeo representa um Trato de Sistema
Trangressivo (TST) e o final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti sendo um short term transgression
provavelmente associada a derretimento de pontos de gelo na regiatildeo oeste da Bacia AF3
separa-se da Formaccedilatildeo Piauiacute por uma superficie de limite de sequecircncia do tipo 1 (S4) A
Formaccedilatildeo Piauiacute denotaria um Trato de Sistema de Mar Baixo (TMSB) e por isso iniacutecio da
56
Seq 3 que representa os movimentos glacio-eustaacuteticos que ocorreram durante o primeiro pico
de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age (LPIA)
57
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APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA
Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1
arenito com estrat cruzada acanalada A7) A Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a
arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato principalmente pontuais porosidade intergranular e
localmente feldspatos alterando para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na associaccedilatildeo de
faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com porosidade
intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3
Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos subangulosos a subarredondados
muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo
69
APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X
Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras representativas da
Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e 2 referente a plataforma de onda e
mareacute (AF3 A1 e A3) AF1 (A8 Folhelho) A A anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada
com etilenoglicol e calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica expansiva 119889001
indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97 Aring quando calcinada B Em amostra de
rocha total eacute dominante a presenccedila de picos principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio
AF3 (A1 arenito com lam cruzada) C Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a natureza expansiva 119889001
da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A
vermeculita eacute observada como sendo um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a
existecircncia de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring) bem como um
menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de amostra glicolada A ilita eacute melhor
individualizada nesta anaacutelise visto que a muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e
49 Aring do plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em relaccedilatildeo a ilita no pico 71
Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 D Na anaacutelise de poacute total da amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda
em menores picos albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar
montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise de DRX em rocha total e em
lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior
presenccedila de montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser realizados afim de
atestar esta tendecircncia
Universidade Federal do Paraacute Instituto de Geociecircncias Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Geologia e Geoquiacutemica
ESTRATIGRAFIA E PALEOAMBIENTE DA FORMACcedilAtildeO POTI E RELACcedilOtildeES DE CONTATO COM AS FORMACcedilOtildeES
LONGAacute E PIAUIacute BORDA LESTE DA BACIA DO PARNAIacuteBA
Dissertaccedilatildeo apresentada por
ISABELLA DE FAacuteTIMA SANTOS DE MIRANDA
Como requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do Grau de Mestre em Ciecircncias na Aacuterea de GEOLOGIA e Linha de Pesquisa em Anaacutelise de Bacias Sedimentares
Data de Aprovaccedilatildeo 27 07 2020 Banca Examinadora
Prof Dr Joelson Lima Soares (Orientador ndash UFPA)
Profordf Drordf Ana Maria Goacutees (Membro ndash USP)
Prof Dr Joseacute Bandeira Cavalcante Juacutenior
(Membro ndash UFPA)
iv
Ao Grande Arquiteto do Universo
Aos meus pais
v
AGRADECIMENTOS
O apoio de queridos familiares e amigos satildeo de vital importacircncia para a realizaccedilatildeo
dos melhores objetivos na vida Agradeccedilo ao Grande Arquiteto do Universo primeiramente
que me proporcionou calma e feacute Gostaria de agradecer a todas as pessoas que de alguma
forma direta ou indiretamente me ajudaram a desenvolver este trabalho
Aos meus amados pais Isardi Arauacutejo de Miranda e Maria Goretti Fonseca Santos de
Miranda que me possibilitaram ferramentas e carinho para trilhar este caminho da ciecircncia
Tenho eterna gratidatildeo e admiraccedilatildeo profunda pela tamanha grandiosidade de coraccedilatildeo do meu
pai Que este trabalho seja prova que seu amor pelas ciecircncias transbordou geraccedilatildeo e ainda do
meu amor Agrave minha matildee que me ensinou a ser uma mulher forte atraveacutes de sua educaccedilatildeo
inteligecircncia e amor alguns de seus inuacutemeros adjetivos como mulher e matildee Ao meu grande
irmatildeo Isardy Miranda pela gentileza amizade e inspiraccedilatildeo do dia a dia
Agraves minhas avoacutes Maria de Nazareacute (Noca) e Josina modelos de resiliecircncia e forccedila
feminina com histoacuterias de vida tatildeo forte que me influenciaram a nunca desistir Aos meus
avocircs (in memorian) Hardy Miranda e Joseacute das Neves pilares das famiacutelias que formaram pais
incriacuteveis Agraves minhas queridas tias (o) e primas (os) as quais muito me espelho e dedico toda a
minha admiraccedilatildeo Aos meus amados padrinhos Izamar e Margarete os guardo no coraccedilatildeo
Ao meu companheiro Bernardo Noacutebrega e meus bons amigos que fizeram parte
tambeacutem desta etapa Meus amigos Caio Perdigatildeo Felipe Rodriga Rachel Emanuelle e
Heverlyn que me apoiaram incondicionalmente Muito obrigada
Aos meus amigos da UFPA que me proporcionaram boas tardes de discussotildees
geoloacutegicas cafeacutes e momentos de descontraccedilatildeo Obrigada Alexandre Ribeiro pela amizade e
conversas sobre geologia Guilherme Raffaeli pelo apoio durante o trabalho Pedro Augusto
Roberto Arauacutejo pelo companheirismo Renan Cleacuteber Walmir Renato Sol Daniella Sacircmia
Nayra Taynara Mateus Xavier e ao teacutecnico Aldemir Sotero do laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de
raios- X Um reconhecimento especial para a biblioteca do IG da UFPA em especial a Luacutecia
Imbiriba por um excelente trabalho de revisatildeo e apoio em relaccedilatildeo as normas de editoraccedilatildeo
Agradeccedilo ao meu orientador Joelson Soares pela amizade paciecircncia e discussotildees ao
longo desta caminhada Agradeccedilo por me inspirar a ser cada vez melhor Um agradecimento
especial a querida Prof Vacircnia Barriga pela sua amizade e exemplo Tambeacutem minha gratidatildeo
vi
aos professores Joseacute Bandeira e Afonso Nogueira pelas disciplinas ministradas e sugestotildees as
quais foram essenciais para a realizaccedilatildeo desta dissertaccedilatildeo
Ainda sou grata pelo suporte estrutural e financeiro proveniente da PPGG da
Universidade Federal do Paraacute e do Conselho Nacional de Desenvolvimento cientiacutefico e
tecnoloacutegico (CNPq) Agradeccedilo tambeacutem a equipe de coordenaccedilatildeo do Campo 1 da graduaccedilatildeo
da UFPA que proporcionou o campo para esta dissertaccedilatildeo
vii
ldquoThe truth is out thererdquo
(X-Files)
viii
RESUMO
Depoacutesitos siliciclaacutesticos mississipianos ocorrem nas regiotildees leste a sudoeste da Bacia do
Parnaiacuteba com aacuterea de afloramento alongada segundo orientaccedilatildeo N-S acompanhando o
contorno geoloacutegico desta bacia A Formaccedilatildeo Poti estaacute inserida em um contexto de iniacutecio de
recuo dos mares interiores com rebaixamento do niacutevel do mar que posteriormente durante a
deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Pedra de Fogo interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do
Amazonas Esta unidade estaacute inserida ao topo da Sequecircncia Mesodevoniana-Eocarboniacutefera
Grupo Canindeacute sendo composta por arenitos cinzas siltitos e folhelhos depositados em
ambientes de deltas e planiacutecie de mareacute com influecircncia de tempestade Este trabalho definiu as
sequecircncias deposicionais e os paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave
Formaccedilatildeo Poti na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba A regiatildeo de estudo situa-se entre os
municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) e Nazareacute do Piauiacute (PI) onde nove pontos foram
descritos agraves margens das rodovias BR-230 e BR- 343 em cortes de estradas exposiccedilotildees
proacuteximas a drenagens intermitentes e em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute Os
meacutetodos empregados consistiram principalmente em anaacutelise de faacutecies elementos arquiteturais
e estratigraacutefica aleacutem de anaacutelise petrograacutefica e de DRX para melhor classificaccedilatildeo e
identificaccedilatildeo mineral das rochas Foram individualizadas quinze faacutecies sedimentares reunidas
em 3 associaccedilotildees de faacutecies (AF) A associaccedilatildeo de faacutecies AF1 ndash Fluvial entrelaccedilado ndash eacute
composta por lente de folhelho (Fl) camadas de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo
plano paralela (App) a estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) na base sotoposta por arenitos
maciccedilos (Am) e com estratificaccedilotildees cruzadas acanalada (Aca) de baixo acircngulo (Aba) planar
(Acp) tabular (Atb) e tangencial (Atg) com orientaccedilatildeo preferencial para NW organizados
em ciclos granodecrescentes ascendentes A organizaccedilatildeo destas faacutecies individualizaram sete
elementos arquiteturais depoacutesitos de barras de acreccedilatildeo lateral (AL) e frontal (AF) lenccediloacuteis de
areia laminados (LL) formas arenosas (FA) e canais (CHa CHm CHp) A AF2 ndash Frente
deltaica ndash possui as faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) e com laminaccedilatildeo ondulada
(Alo) arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e maciccedilos (Am)
compondo ciclos granocrescentes ascendentes em camadas tabulares e lobadas com
paleocorrentes para NW A associaccedilatildeo de faacutecies AF3 ndash Plataforma de mareacute e onda ndash ocorre
sotoposta aos depoacutesitos AF2 com contato abrupto composta por pelitos com laminaccedilatildeo
plano-paralela (Ap) arenitos finos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) com
recobrimento argiloso ondulada (Alo) bem como arenitos maciccedilos (Am) e com
estratificaccedilotildees cruzadas hummocky (Ah) swaley (Aes) sigmoidal (As) e plano paralela (App)
ix
Acamamentos heteroliacuteticos do tipo linsen a flaser ocorrem na base da associaccedilatildeo com
ritmitos de mareacute e wave generated tidal bundles Localmente satildeo observadas escape de
fluidos laminaccedilotildees convolutas e ball-and-pillow As camadas satildeo tabulares lateralmente
contiacutenuas e com geometria de canal no topo desta sucessatildeo A anaacutelise petrograacutefica permitiu a
classificaccedilatildeo de quartzo-arenitos para os depoacutesitos de AF1 e subarcoacutesios para os referentes agraves
associaccedilotildees AF2 e AF3 Para as exposiccedilotildees estudadas foram identificadas 3 sequecircncias
estratigraacuteficas divididas por 4 superficies A Seq 1 corresponde ao intervalo com depoacutesitos
de tempestitos da Formaccedilatildeo Longaacute representando um TSMA limitada por limite de sequecircncia
tipo 1 (S1) do fluvial da Formaccedilatildeo Poti (AF1) A Seq 2 tem iniacutecio pelo TSMB representado
por depoacutesitos de fluvial entrelaccedilado (AF1) e de frente deltaica (AF2) estas separadas por um
limite (S2) Apoacutes rochas da unidade de plataforma de mareacute e onda (AF3) satildeo separadas dos
depoacutesitos transicionais (AF1 e AF2) por uma superfiacutecie transgressiva (S3) representando um
TST e final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti A Seq 2 eacute separada dos depoacutesitos de fluvial
entrelaccedilado da Formaccedilatildeo Piauiacute acima por uma superfiacutecie de limite de sequecircncia do tipo 1
(S4) A Seq 3 eacute representada pelo fluvial entrelaccedilado do Piauiacute sendo um TSMB O
empilhamento estratigraacutefico e as correlaccedilotildees dos perfis estudados revelaram a existecircncia de
uma transgressatildeo na Formaccedilatildeo Poti O estabelecimento dos ambientes fluacutevio-costeiros com
pontos de gelo da Formaccedilatildeo Poti corroboram a regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com
posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo que possivelmente deu origem aos
depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3) Tal transgressatildeo pode ser
interpretada como de curta duraccedilatildeo (short term transgression) visto que em escala regional a
Formaccedilatildeo Poti na Bacia do Parnaiacuteba eacute regressiva
Palavras-chave Paleoambiente Short-term transgression Bacia do Parnaiacuteba Formaccedilatildeo Poti
x
ABSTRACT
Mississipian siliciclastic deposits occur in the regions east and southwest of the Parnaiacuteba
Basin with an elongated outcrop area according to the N-S orientation following the
geological contour of this basin The Poti Formation is inserted in a context of the beginning
of the retreat of the inland seas with a lowering of the sea level which later during the
deposition of the Pedra de Fogo Formation interrupted the existing connection with the
Amazon Basin This unit is inserted at the top of the Mesodevonian-Eocarboniferous
Sequence Canindeacute Group being composed of gray sandstones siltstones and shales
deposited in environments of deltas and tidal flats with storm influence This work defined the
depositional sequences and paleoenvironments of the sedimentary succession corresponding
to the Poti Formation in the eastern portion of the Parnaiacuteba BasinThe study region is located
between the municipalities of Baratildeo do Grajauacute (MA) and Nazareacute do Piauiacute (PI) where nine
points were described on the margins of the BR-230 and BR-343 highways in road cuts
exposures close to intermittent rivers and in a dam near the city of Nazareacute do Piauiacute The
methods employed consisted mainly of facies analysis architectural and stratigraphic
elements in addition petrographic analysis and XRD for better classification and mineral
identification of rocks Fifteen sedimentary facies were individualized gathered in 3 facies
associations (AF) The facies association AF1 ndash Braided fluvial - is composed of shale lens
(Fl) layers of medium to thick sandstones with plane parallel stratification (App) cross planar
stratification (Acp) at the base overlay by massive sandstones (Am) and cross- bedding
stratification (Aca) low angle (Aba) planar (Acp) tabular (Atb) and tangential (Atg) with
preferential NW orientation organized in fining-upwards cycles The organization of these
facies individualized seven architectural elements deposits of lateral (AL) and frontal (AF)
accretion bars laminated sand sheets (LL) sandy forms (FA) and channels (CHa CHm
CHp) AF2 - Delta front - sandstone facies with climbing ripple cross-lamination (Alc) and
wavy lamination (Alo) fine to medium massive sandstone (Am) and sigmoidal cross
stratification (As) composing coarsening-upward cycles in tabular and lobed layers with
paleocurrents to NW The facies association AF3 - Tidal and wave platform - occurs just
below the AF2 deposits with abrupt contact composed by pelites with plane-parallel
lamination (Ap) fine climbing ripple cross-lamination sandstone (Alc) with mud wavy
lamination (Alo) as well as massive sandstones (Am) and hummocky (Ah) swaley (Aes)
sigmoidal (As) cross stratification and plane parallel (App) Heterolytic bedding linsen to
flaser type occurs at the base of the association with tidal rhythmite and wave generated tidal
xi
bundles Flames structures convoluted laminations and ball-and-pillow are observed locally
The layers are tabular laterally continuous and with channel geometry at the top of this
sequence Petrographic analysis allowed the classification of quartz-sandstones for the AF1
deposits and subarcose for those referring to the AF2 and AF3 associations For the studied
exhibitions 3 stratigraphic sequences were identified and divided by 4 stratigrafic surfaces
Seq 1 corresponds to the interval with storm deposits from the Longaacute Formation representing
a TSMA limited by type 1 (S1) sequence limit from the fluvial braided (AF1) of the Poti
Formation Seq 2 begins with the TSMB represented by the fluvial braided (AF1) and delta
front (AF2) deposits wich are separated between them by a limit (S2) Afterwards tide and
wave platform (AF3) rocks are separated from the transitional deposits (AF1 and AF2) by a
transgressive surface (S3) representing a TST and end of Seq 2 in the Poti Formation Seq 2
is separated from the fluvial braided deposits of the Piauiacute Formation above by a type 1
boundary sequence surface (S4) Seq 3 is represented by the braided fluvial of Piauiacute being a
TSMB The stratigraphic stacking and the correlations of the studied profiles revealed the
existence of a transgression in the Poti Formation The establishment of fluvial-coastal
environments with ice points in the Poti Formation corroborates the initial regression of
Sequence 2 with subsequent melting contributing to the transgression that possibly gave rise
to platform deposits dominated by wave and tide (AF3) Such transgression can be interpreted
as short-term transgression since the regional tendency in the Poti Formation in the Parnaiacuteba
Basin is regressive
Keywords Paleoenvironment Short-term transgression Parnaiacuteba Basin Poti Formation
xii
LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES
Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti
na borda leste da Bacia do Parna3
Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)7
Figura 1- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial (Miall 1996)9
Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies
aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)11
Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil
(Silva et al 2003 modificado de Goacutees 1995)14
Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o
intervalo do final do Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute
1994)15
Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute
do Piauiacute20
Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a
Formaccedilatildeo Longaacute sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7
conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e Fig7) B Clastos de argila e quartzo
nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo
frontal (AF) com concordacircncia da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies
limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta porccedilatildeo do canal
(P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 223
xiii
Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito
arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar
e baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a
arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes
dos estratos cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser
observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram
identificados Lenccediloacuteis de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e
estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo
contiacutenuo lateralmente por aproximadamente 30 metros limitado acima por
superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente
limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de acreccedilatildeo
lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem26
Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti
(P1) Canal de preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies
de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo (CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma
assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma relativamente
simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo27
Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos
afloramentos da Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior
dos canais enquanto que as arquiteturas AF e AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais
elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por avulsotildees de
canais ativos29
Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente
deltaica (Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade
de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da aacuterea de estudo P9)30
xiv
Figura 13 Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos
depoacutesitos deltaicos (AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e
mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada
sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees
convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido
principal para NW D Geometria lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos
deltaicos nas aacutereas de estudo 31
Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc)
arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B
Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem
(P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria lobada
Floriano Piauiacute (P8)32
Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato
entre as associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3
P4) B Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgantes e ondulada com geometria
pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em arenito com
microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and
pillow (P3) E Escape de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico
(P5)37
Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal
bundles em laminaccedilatildeo cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de
argila (P4) B Wave generated tidal bundles com acamamento ondulado e
sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se
ritmicidade com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute
com ciclos de 1a 2a e 3a ordem superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D
Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e quadratura
(P5)38
xv
Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute
(AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4) B
Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com
material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas
cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de
ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C
Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D
Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley39
Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de
Baratildeo de Grajauacute e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba (modificado
de Vaz et al 2007)48
Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e
principais superfiacutecies estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de
variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)49
Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do
Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da
Seq 2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de
sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)50
xvi
Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de
fluvial entrelaccedilado (AF1 arenito com estrat cruzada acanalada A7) A
Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a
arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato
principalmente pontuais porosidade intergranular e localmente feldspatos alterando
para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na
associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios
subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila
de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com
porosidade intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo
Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3 Arenito com
laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos
subangulosos a subarredondados muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas
em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo68
xvii
Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras
representativas da Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado
(AF1) e 2 referente a plataforma de onda e mareacute (AF3) AF1 (A8 Folhelho) A A
anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada com etilenoglicol e
calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica
expansiva 119889001 indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97
Aring quando calcinada B Em amostra de rocha total eacute dominante a presenccedila de picos
principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio AF3 (A1
arenito com lam cruzada) A) Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a
natureza expansiva 119889001 da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em
amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A vermeculita eacute observada como sendo
um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a existecircncia
de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring)
bem como um menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de
amostra glicolada A ilita eacute melhor individualizada nesta anaacutelise visto que a
muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e 49 Aring do
plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em
relaccedilatildeo a ilita no pico 71 Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 B Na anaacutelise de poacute total da
amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda em menores picos
albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar
montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise
de DRX em rocha total e em lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em
clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior presenccedila de
montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser
realizados afim de atestar esta tendecircncia69
xviii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (modificado de Miall 1985 apud
Miall 2006)8
Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti21
Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de
Baratildeo do Grajaacuteu25
xix
SUMAacuteRIO
DEDICATOacuteRIAiv
AGRADECIMENTOS v
EPIacuteGRAFEvii
RESUMO viii
ABSTRACT x
LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES xii
LISTA DE TABELAS xviii
CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 APRESENTACcedilAtildeO 1
12 OBJETIVOS 2
13 LOCALIZACcedilAtildeO 2
CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 4
21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA 4
22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS 5
221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes 9
23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES 12
231 Anaacutelise petrograacutefica 12
232 Difratometria de Raios- X 12
CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO 13
31 GRUPO CANINDEacute 14
32 FORMACcedilAtildeO POTI 16
CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES 19
41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO 19
411 Interpretaccedilatildeo 27
42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA 29
421 Interpretaccedilatildeo 32
43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA 34
431 Interpretaccedilatildeo 40
xx
CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS 44
51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS 44
52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA 45
CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO 51
CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES 55
REFEREcircNCIAS 57
APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA 68
APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X 69
CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO
11 APRESENTACcedilAtildeO
Durante o Carboniacutefero Inferior a regiatildeo oeste do supercontinente Gondwana estava
separada do paleocontinente Lauraacutesia por um estreito segmento do oceano Rheic (Golonka
2007 Torsvik et al 2012) Neste periacuteodo incursotildees marinhas formaram mares rasos
epicontinentais que conectavam as bacias sedimentares intracratocircnicas do Amazonas e
Parnaiacuteba no nortenordeste do Brasil (Almeida amp Carneiro 2004 Della Faacutevera 1990
Medeiros et al 2019 Torsvik amp Cocks 2013) Durante o Carboniacutefero a porccedilatildeo sul-ocidental
do Gondwana era coberta por extensas geleiras que se instalaram desde o final do Devoniano
(Castro 2004 Golonka 2007 Milani et al 2007 Torsvik et al 2012)
De acordo com reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas a Bacia do Parnaiacuteba durante o
Viseano encontrava-se em uma zona de clima semi-aacuterido a temperado e frio (Iannuzzi 1994
Iannuzzi amp Rosner 2000) Neste periacuteodo teve iniacutecio o recuo dos mares interiores com
diminuiccedilatildeo do niacutevel do mar que interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do Amazonas
(Almeida amp Carneiro 2004 Mabesoone amp Neumann 2005) A tendecircncia regressiva deste mar
no periacuteodo Carboniacutefero eacute relacionada a movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela
Orogenia Herciniana (Winldley 1995) ou pelo aumento das capas de gelo na porccedilatildeo sul-
ocidental do Gondwana (Caputo 1984 Caputo et al 2006 ab)
Neste contexto foram depositadas as rochas continentais transicionais e marinhas da
Formaccedilatildeo Poti A Formaccedilatildeo Poti eacute caracterizada por arenitos por vezes conglomeraacuteticos com
intercalaccedilatildeo de folhelhos e finos leitos de carvatildeo (Lima amp Leite 1978 Mesner amp Wooldridge
1964) que registram ambientes de deltas e planiacutecies de mareacute com influecircncia de tempestades
(Goacutees et al 1997 Goacutees amp Feijoacute 1994) A tendecircncia da Formaccedilatildeo Poti eacute principalmente
regressiva contudo os afloramentos na aacuterea de estudo mostram uma relaccedilatildeo incomum entre
depoacutesitos transicionais sotopostos por depoacutesitos de plataforma de mareacute e onda estes por sua
vez foram pouco explorados pela literatura cientiacutefica (Della Faacutevera 1990 Goacutees et al 1997)
Portanto o objetivo principal deste trabalho eacute interpretar os paleoambientes e definir uma
sequecircncia deposicional para as rochas da Formaccedilatildeo Poti que afloram entre as regiotildees de
Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba e elaborar um
modelo deposicional
2
12 OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho eacute definir as sequecircncias deposicionais e interpretar os
paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave Formaccedilatildeo Poti a partir do estudo de
depoacutesitos que afloram na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba Para isto tecircm-se os seguintes
objetivos especiacuteficos
Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo de faacutecies sedimentares e arquiteturais dos sistemas
deposicionais das Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)
Propor sequecircncia estratigraacutefica delimitando suas principais superfiacutecies estratigraacuteficas
para as Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)
Definir um modelo deposicional para as rochas siliciclaacutesticas mississipianas da
Formaccedilatildeo Poti entre as regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute
13 LOCALIZACcedilAtildeO
A aacuterea de estudo estaacute localizada na borda leste da Bacia do Parnaiacuteba na divisa entre
os estados do Maranhatildeo e Piauiacute Os depoacutesitos descritos estatildeo situados ao longo da BR-230 e
BR-343 abrangendo os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) Floriano (PI) e Nazareacute do Piauiacute
(PI) em afloramentos de corte de estradas exposiccedilotildees proacuteximas a drenagens intermitentes e
em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute (Figura 1)
3
Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti na borda leste da
Bacia do Parnaiacuteba (Fonte CPRM)
4
CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A elaboraccedilatildeo deste trabalho contou inicialmente com um levantamento bibliograacutefico
acerca da geologia regional na aacuterea leste da Bacia do Parnaiacuteba A seguir houve a fase de
campo (realizada durante o campo da disciplina de Campo 1 da graduccedilatildeo da UFPA na porccedilatildeo
leste da Bacia do Parnaiacuteba) com anaacutelises facioloacutegica arquitetural e estratigraacutefica e
posteriormente fase de laboratoacuterio com anaacutelise petrograacutefica Estas metodologias foram as
ferramentas utilizadas para alcanccedilar os objetivos propostos nesta dissertaccedilatildeo
Na fase de campo foi realizada a coleta de dados sendo feitas as descriccedilotildees e
interpretaccedilotildees facioloacutegicas a confecccedilatildeo de perfis estratigraacuteficos e coleta de amostras dos
afloramentos das Formaccedilotildees Poti Longaacute e Piauiacute As amostras coletadas originaram as seccedilotildees
delgadas para a anaacutelise petrograacutefica A avaliaccedilatildeo estratigraacutefica envolveu o estudo de nove
afloramentos as margens das BR- 230 e BR-343 sendo os pontos P1 a P5 pontos as margens
de drenagens secas P6 a P8 exposiccedilotildees em cortes de estrada e P9 a barragem Salinas (Figura
1) Na regiatildeo os litotipos referentes aos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti ocorrem com excelente
preservaccedilatildeo de estruturas sedimentares bem como engloba unidades com associaccedilotildees
litoloacutegicas de gecircneses distintas separadas por superfiacutecies que podem ser utilizadas para
correlaccedilotildees estratigraacuteficas
21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA
Para a anaacutelise de faacutecies e estratigraacutefica foi utilizada a teacutecnica de modelamento de
faacutecies com auxiacutelio de perfis colunares e estratigraacuteficos seguindo as propostas de Walker
(1992 2006) Miall (2000) Dalrymple (2010) Bhattacharya (2010) com nomenclatura de
Miall (1977) Segundo a metodologia de Walker (1992 2006) a reconstituiccedilatildeo
paleoambiental de uma unidade sedimentar deve conter caracterizaccedilatildeo das faacutecies
sedimentares com textura composiccedilatildeo geometria estrutura sedimentar e conteuacutedo fossiliacutefero
juntamente com a leitura de paleocorrentes para haver compreensatildeo dos processos
sedimentares que agiram para a formaccedilatildeo de cada faacutecies
As associaccedilotildees de faacutecies identificadas consistem em um conjunto de faacutecies
relacionadas geneticamente que remetem a determinados ambientes e sistemas deposicionais
As medidas de paleocorrentes foram retiradas em arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada e
arenitos com laminaccedilatildeo cruzada com posterior produccedilatildeo de rosetas atraveacutes do programa
OpenStereoreg A representaccedilatildeo de faacutecies em siglas inspirou-se no coacutedigo de faacutecies de Miall
5
(1977) com representaccedilatildeo da primeira letra maiuacutescula referente a litologia principal e a letra
seguinte minuacutescula indicando a estrutura sedimentar dominante Modelos de faacutecies foram
construiacutedos na forma de mapas paleogeograacuteficos representativos perfis verticais e blocos
diagramas A confecccedilatildeo de seccedilotildees panoracircmicas a partir de fotomosaicos de afloramentos
seguiu a teacutecnica de Wilzevic (1991) para auxiliar no estudo de elementos arquiteturais para
depoacutesitos fluviais (Miall 1985 1988 2006) deltaicos e plataformais
O estudo de estratigrafia de sequecircncia de alta resoluccedilatildeo (Catuneanu et al 2011
Zecchin amp Catuneanu 2013) considerou os ciclos as superfiacutecies e as ordens de cada uma e
suas sequecircncias deposicionais identificando superfiacutecies-chave da sucessatildeo e interpretando
seu significado deposicional a partir dos conceitos da estratigrafia de sequecircncias e tratos de
sistemas (Catuneanu 2006 Catuneanu et al 2009 Posamentier amp Vail 1988 Vail et al 1977)
22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS
O estudo de formas de leitos modernos e em boas exposiccedilotildees de sequecircncias antigas
(Allen 1983 Haszeldine 1983 ab Kirk 1983 apud Miall 1985) mostram que interpretaccedilotildees
baseadas apenas em perfis verticais natildeo representam de forma acurada a geometria e
complexidade interna das estruturas de grandes macrofomas de depoacutesitos de barras Portanto
apenas representaccedilotildees por perfis consistem em ferramentas pouco eficientes para o estudo de
sedimentos fluviais em funccedilatildeo das inuacutemeras mudanccedilas laterais de faacutecies e pela natureza
tridimensional de um litossoma individual (Miall 1985 1988) O canal e sua morfologia
usualmente tecircm sido usados como chave principal para a interpretaccedilatildeo de sedimentos fluviais
existindo uma grande diversidade de estilo de canais e tipos de depoacutesitos com origem
relacionada a variedade de controles parcialmente interdependentes que atuam na
sedimentaccedilatildeo fluvial (Miall 1985)
A anaacutelise bi e tridimensional permite individualizar elementos arquiteturais em
sistemas fluviais O conceito de elemento arquitetural permeia-se na noccedilatildeo que depoacutesitos
sedimentares podem ser caracterizados por geometrias estratais escala e superfiacutecies de
acamamento limitantes (Allen 1980 Miall 1985 Miall 1988) Este conceito foi primeiramente
aplicado para definir a geometria e arranjo tridimensional de estratos areniacuteticos de antigos
depoacutesitos fluviais depoacutesitos estes que tem sido difundido na literatura desde o final da deacutecada
de 80 em funccedilatildeo da larga aplicaccedilatildeo no estudo das heterogeneidades de rochas reservatoacuterio
6
(Miall amp Tyler 1991) Contudo atualmente eacute empregado para quaisquer sucessotildees
estratigraacuteficas independentes da idade litologia e gecircnese como as sucessotildees deltaicas de
planiacutecie de mareacute (Eriksson et al 1995) sucessotildees turbidiacuteticas (Mutti amp Normark 1987) e
vulcanoclaacutesticas (Palmer amp Neall 1991) com a finalidade de explanar sobre a disposiccedilatildeo das
faacutecies e de suas associaccedilotildees no espaccedilo (Borghi 2000) Allen (1983) deu origem ao termo
ldquoelemento arquiteturalrdquo e Miall (1985) sumarizou e classificou as rochas fluviais baseado
nestes conhecimentos
Jackson (1975) classifica as formas de leito em microformas mesoformas e
macroformas Microformas satildeo estruturas geradas por variaccedilatildeo turbulenta gerando marcas de
onda de pequena escala e lineaccedilotildees de corrente Mesoformas incluem formas de leito de maior
escala como dunas pequenos canais e barras linguoacuteides longitudinais e diagonais Jaacute as
macroformas mostram o efeito cumulativo de vaacuterios eventos dinacircmicos ao longo dos anos
que incluem canais maiores e formas de barras compostas como point bars side bars sand
flats e ilhas A identificaccedilatildeo apropriada destas macroformas eacute a base para determinar o tipo de
sistema fluvial (Jackson 1975 Miall 1985)
A menor escala de elementos de macroforma eacute composta por oito elementos
arquiteturais baacutesicos Canal fluxo de gravidade de sedimentos formas de leito e barra
cascalhosa acreccedilatildeo frontal acreccedilatildeo lateral lenccediloacuteis de areia laminados formas de leito
arenosas e hollow (Figura 2 Tabela 1) Estes oito elementos arquiteturais satildeo caracterizados
por tamanho do gratildeo composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e principalmente
geometria (Miall 1985) Afloramentos com ao menos vaacuterios deciacutemetros e com certa
quantidade de controle tridimensional satildeo necessaacuterios para um estudo detalhado Todos os
sistemas fluviais satildeo compostos de proporccedilotildees variadas dos oito elementos arquiteturais
7
Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)
A ampliaccedilatildeo de pesquisas ao longo dos anos em depoacutesitos atuais e antigos permitiu
a uma abrangecircncia maior desta classificaccedilatildeo atraveacutes da identificaccedilatildeo de novos seis elementos
externos ao canal (Miall 1996) Dique marginal canais de crevasse espraiamento de
crevasse finos de planiacutecie de inundaccedilatildeo e canais abandonados (Figura 3)
Segundo Miall (1985) elementos arquiteturais devem conter descriccedilotildees e
caracterizaccedilatildeo dos elementos objetivas as quais devem incluir 1) A natureza das superfiacutecies
limitantes superior e inferior 2) a geometria externa 3) escala e 4) geometria interna
Individualizar analisar e descrever os elementos arquiteturais satildeo medidas essenciais pois
podem determinar o padratildeo de alguns tipos de rios do passado e desta forma caracterizar o
tipo de sistema fluvial
8
Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais
Fonte Modificado de (Miall 1985 apud Miall 2006)
9
Figura 3- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial Fonte (Miall 1996)
221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes
De acordo com Miall (1988 1996) existem pelo menos seis ordens de superfiacutecies
limiacutetrofes em sistemas fluviais que separam elementos arquiteturais (Figura 4) Estas satildeo
caracterizadas como superfiacutecies de natildeo deposiccedilatildeo ou erosatildeo representando periacuteodos de tempo
desde alguns minutos ateacute milhares de anos (Miall 1988) Allen (1980) estendeu o conceito de
superfiacutecies limitantes de pequena e grande escala em depoacutesitos eoacutelicos para sistemas
marinhos desenvolvendo modelos teoacutericos para explicar a formaccedilatildeo de sandwaves e
superfiacutecies limiacutetrofes em regimes dominados por mareacute Miall (1988) complementou o
trabalho de Allen (1983) a respeito de superfiacutecies limitantes estendendo a classificaccedilatildeo entatildeo
conhecida resultando em uma classificaccedilatildeo de seis ordens da escala menor (1deg ordem) a
maior (6deg ordem)
10
Superfiacutecies de 1ordf ordem Satildeo planas e limitam sets de laminaccedilotildees cruzadas Representam a
sedimentaccedilatildeo contiacutenua da migraccedilatildeo de formas de leito de mesma morfologia
Superfiacutecies de 2ordf ordem A superfiacutecie natildeo apresenta evidecircncias de erosatildeo ou truncamentos
significativos Separam cosets de litofaacutecies diferentes indicando mudanccedila nas condiccedilotildees
de fluxo ou mudanccedilas na direccedilatildeo do fluxo
Superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem Satildeo mencionadas para superfiacutecies limitantes internas e mais
acima de macroformas As de 3ordf ordem satildeo superfiacutecies erosivas existentes dentro das
macroformas (superfiacutecies de reativaccedilatildeo) geralmente truncando estratos cruzados abaixo
Estas se estendem desde o topo ateacute a porccedilatildeo inferior da macroforma com assembleia de
faacutecies e geometrias acima e abaixo da superfiacutecie sendo similares
As superfiacutecies de 4ordf ordem satildeo interpretadas como limite superior de macroformas
separando diferentes assembleias de faacutecies acima e abaixo Satildeo paralelas que truncam em
baixo acircngulo as superfiacutecies de ordem menor se assemelhando a clinoformas siacutesmicas
Superfiacutecies de 5ordf ordem Superfiacutecies que limitam grandes lenccediloacuteis de areia incluindo
complexos de preenchimento de canais Satildeo planas ou levemente cocircncavas sendo
relacionada a migraccedilatildeo eou incisatildeo lateral de canais fluviais
Superfiacutecies de 6ordf ordem Superfiacutecies que caracterizam subdivisotildees estratigraacuteficas
mapeaacuteveis de uma unidade fluvial com grande extensatildeo lateral Delimitam grupos de
canais e paleovales e marcam mudanccedilas relacionadas ao niacutevel de base estratigraacutefica
11
Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies
aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)
12
23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES
231 Anaacutelise petrograacutefica
A anaacutelise petrograacutefica das amostras de arenito foi realizada em sete seccedilotildees delgadas
das faacutecies mais representativas para este estudo Satildeo elas arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada
da associaccedilatildeo de faacutecies fluvial e em arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante nas
associaccedilotildees de frente deltaacuteica e de plataforma de mareacute e onda Para a classificaccedilatildeo destes
arenitos foi adotada a metodologia de Folk (1968) baseada na descriccedilatildeo de constituintes
textura e faacutebrica da rocha com contagem de 300 pontos (Galenhouse 1971) em cada seccedilatildeo
para melhor quantificaccedilatildeo dos seus constituintes
As amostras selecionadas para esta anaacutelise foram 8 sendo A1 a A6 correspondendo
a arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de
onda e mareacute (AF3) A7 a arenitos com estratificaccedilatildeo tabular (Atb) da associaccedilatildeo de fluvial
entrelaccedilado (AF1) e A8 denotando arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) nos
depoacutesitos de frente deltaacuteica (AF2)
A identificaccedilatildeo das principais feiccedilotildees e relaccedilotildees entre os constituintes dos arenitos
foram obtidas em microscoacutepio petrograacutefico LEICA DM 2700 P com cacircmera acoplada LEICA
MC 170 HD no Laboratoacuterio de Petrografia Sedimentar do Grupo de Anaacutelise de Bacias
Sedimentares da Amazocircnia (GSED) da Universidade Federal do Paraacute
232 Difratometria de raios- X
A teacutecnica de anaacutelise de Difraccedilatildeo de Raios-X foi aplicada em amostras de folhelhos
da associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e em arenitos com laminaccedilatildeo
cruzada cavalgante da associaccedilatildeo de plataforma de mareacute e onda (AF3 A1 e A2) Esta anaacutelise
foi realizada no laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de Raio-X do Instituto de Geociecircncias da
Universidade Federal do Paraacute (UFPA) atraveacutes dos meacutetodos do poacute total e em lacircminas de
argilas orientadas O difratocircmetro utilizado foi o XrsquoPert MPD-PRO PANalytical equipado
com acircnodo de Cu (λ=15406) com a finalidade de identificar as assembleacuteias minerais de cada
rocha O software XrsquoPert HighScore Plus auxiliou na identificaccedilatildeo dos minerais atraveacutes da
compraccedilatildeo dos resultados obtidos com as fichas do banco de dados do International Center
on Diffraction Data (ICDD)
13
CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO
A Bacia do Parnaiacuteba estaacute inserida na Proviacutencia Parnaiacuteba e abrange uma aacuterea total de
668858 kmsup2 com depocentro que atinge cerca de 3500 m e embasamento continental
fortemente estruturado representado por rochas formadas ou retrabalhadas no Ciclo
Brasiliano (Cunha 1986 Goacutees amp Feijoacute 199 Milani amp Zalaacuten 1999 Vaz et al 2007) Ainda
tomografias realizadas na aacuterea desta bacia intracratocircnica indicam uma listosfera com
espessura entre 150 e 180 km (McKenzie amp Priestley 2016) A Proviacutencia Parnaiacuteba coincide
com a denominaccedilatildeo proposta por Goacutees (1995) de Proviacutencia Sedimentar do Meio-Norte
proposta esta que foi pautada na compreensatildeo tectono-sedimentar e na evoluccedilatildeo policiacuteclica da
bacia que favorecem a delimitaccedilatildeo de bacias diferentes
A Proviacutencia do Parnaiacuteba desenvolveu-se acima de um substrato composto por rochas
metamoacuterficas advindas de processos tectonomagmaacuteticos relacionadas ao Estaacutedio de
Estabilizaccedilatildeo da Plataforma Sul-Americana (Almeida amp Carneiro 2004) que agiram ateacute o
Mesoproterozoacuteico onde instalaram-se grabens preenchidos no Neoproterozoacuteico (Formaccedilatildeo
Riachatildeo) e Cambro-Ordoviciano (Formaccedilatildeo Mirador) (Goacutees et al 1992) Segundo Daly et al
(2014) o embasamento desta bacia eacute composto por trecircs unidades crustais A Proviacutencia
Borborema ao leste o Bloco Parnaiacuteba ao centro o cinturatildeo Araguaia e o Craacuteton Amazocircnico
ao oeste A natureza da sedimentaccedilatildeo da Bacia do Parnaiacuteba eacute principalmente siliciclaacutestica
com ocorrecircncias de calcaacuterio anidrita e siacutelex aleacutem de rochas magmaacuteticas
A regiatildeo da Proviacutencia do Parnaiacuteba eacute limitada ao norte pelo Arco Ferrer-Urbano ao
leste pela Falha de Tauaacute a sudeste pelo lineamento Senador Pompeu a oeste pelo
Lineamento Tocantins-Araguaia e a noroeste pelo Arco Capim As principais feiccedilotildees morfo-
estruturais que a compartimentam satildeo a Estrutura Xambioaacute o Arqueamento do Alto Parnaiacuteba
o Lineamento Transbrasiliano o Lineamento Rio Parnaiacuteba o Lineamento Rio Grajauacute e o
sistema de lineamentos orientados com direccedilatildeo NW-SE (Figura 5 Goacutees 1990) Segundo Vaz
et al (2007) as principais estruturas da bacia os lineamentos Picos Santa-Inecircs Marajoacute-
Parnaiacuteba e o Lineamento Transbrasiliano (mais proeminente na bacia) foram importantes nos
estaacutegios iniciais da bacia e durante sua evoluccedilatildeo em funccedilatildeo do direcionamento dos eixos
deposicionais na bacia
14
Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil Fonte (Silva et al
2003 modificado de Goacutees 1995)
Goacutees amp Feijoacute (1994) dividiram a Bacia do Parnaiacuteba em cinco sequecircncias principais
de segunda ordem representadas por grupos correlacionaacuteveis a ciclos tectocircnicos de caraacuteter
global (Goacutees et al 1992) Satildeo elas Sequecircncia Siluriana (Grupo Serra Grande) Sequecircncia
Devoniana (Grupo Canindeacute) Sequecircncia Carboniacutefero-Triaacutessica (Grupo Balsas) Sequecircncia
Juraacutessica (Grupo Mearim) e Sequecircncia Cretaacutecea (Formaccedilotildees Grajauacute Codoacute e Itapecuru) Vaz
et al (2007) sugeriram a compartimentaccedilatildeo desta Bacia em cinco supersequecircncias
delimitadas por discordacircncias regionais oriundas de flutuaccedilotildees dos niacuteveis eustaacuteticos dos
mares do Eopaleozoico poreacutem adotaremos a proposta de Goacutees amp Feijoacute (1994)
31 GRUPO CANINDEacute
O Grupo Canindeacute agrupava inicialmente as formaccedilotildees Pimenteiras Cabeccedilas e
Longaacute Posteriormente Caputo amp Lima (1984) adicionaram a Formaccedilatildeo Itaim e Goacutees et al
(1992) incluiacuteram a Formaccedilatildeo Poti ao grupo
15
Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o intervalo do final do
Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute 1994)
A Formaccedilatildeo Itaim eacute caracterizada por arenitos finos a meacutedios e folhelhos
bioturbados formados em ambientes deltaicos e plataformais dominados por processos de
mareacute e tempestade (Della Faacutevera 1990 Goacutees amp Feijoacute 1994) A Formaccedilatildeo Pimenteiras eacute
composta por folhelhos negros bioturbados e localmente intercalados com arenitos e siltitos
que registram ambiente plataformal raso dominado por tempestades (Della Faacutevera 1990) A
Formaccedilatildeo Cabeccedilas eacute caracterizada por arenitos finos a grossos localmente intercalados com
folhelhos ou deformados e tilitos Estes depoacutesitos registram ambientes deltaicos e
plataformais influenciados por tempestades aleacutem de ambientes glaciais a periglaciais
(Barbosa et al 2015 Caputo 1984 Della Faacutevera 1990 Ponciano amp Della Faacutevera 2009) A
Formaccedilatildeo Longaacute eacute composta principalmente por folhelhos e siltitos bioturbados com raras
lentes de arenitos que registram ambientes plataformais dominados por tempestades (Caputo
1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Lobato amp Borghi 2014 Rodrigues 2003)
A atividade magmaacutetica na Bacia do Parnaiacuteba possui trecircs fases A primeira no
Cambro-Ordoviciano precede a formaccedilatildeo da bacia caracterizada por granitos e vulcacircnicas do
Jaibaras (Oliveira amp Mohriak 2003 apud Daly et al 2018) No entanto Cerri et al (2020)
discorda desta hipoacutetese sugerindo que durante o intervalo de erosatildeonatildeo deposiccedilatildeo entre o
fim da Bacia do Jaibaras e o iniacutecio da Bacia do Parnaiacuteba ocorreu um ciclo completo de
erosatildeo mudanccedilas nos sistemas deposicionais e modificaccedilotildees em todas as aacutereas fontes
Portanto sinais de proveniecircncia revelam que natildeo existe relaccedilatildeo de causa e efeito entre a
deposiccedilatildeo do rift do Jaibaras e das sequecircncias do Parnaiacuteba (Cerri et al 2020)A segunda e
terceira fase ocorrem apoacutes o estabelecimento da bacia no Mesozoico representada pela
16
Formaccedilatildeo Mosquito e no Cretaacuteceo pela Formaccedilatildeo Sardinha (Daly et al 2018 Vaz et al
2007) Estas duas uacuteltimas tecircm sua origem dada pelo estabelecimento de um novo estaacutedio
tectocircnico ativo no Brasil apoacutes a ruptura do Pangea que levaria a abertura do Oceano
Atlacircntico com surgimento de fraturas eventos distensionais remobilizaccedilatildeo de antigas falhas e
intenso magmatismo baacutesico (Almeida amp Carneiro 2004 Vaz et al 2007 Zalaacuten 2004)
32 FORMACcedilAtildeO POTI
A denominaccedilatildeo Poti foi primeiramente proposta por Paiva (1937) para depoacutesitos
siliciclaacutesticos que ocorriam entre as profundidades 219-566m do poccedilo 125 do DNPM
perfurado proacuteximo a cidade de Teresina Piauiacute Campbell (1949) restringiu a Formaccedilatildeo Poti
ao intervalo 219-423m do mesmo poccedilo determinando uma espessura de 204 metros para esta
formaccedilatildeo Conforme mapas de isoacutepacas a Formaccedilatildeo Poti possui espessura maacutexima de 300
metros (Caputo 1984 Cunha 1986 Goacutees 1995)
Litologicamente eacute caracterizada pela predominacircncia de arenitos finos a meacutedios
intercalados subordinamente com siltitos e folhelhos (Lima amp Leite 1978 Ribeiro 2000)
depositados em ambientes fluacutevios-deltaacuteicos com accedilatildeo de tempestade e mareacute (Goeacutes 1995
Ribeiro 2000 Schobbenhaus et al 1984) Diamictitos dropstones e arenitos com
deformaccedilotildees sin-sedimentares descritos em afloramentos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem na
porccedilatildeo oeste e sudeste da bacia foram interpretados como registro de depoacutesitos fluacutevio-
glaciais a periglaciais (Andrade 1972 Caputo 1985 Caputo et al 2006 ab Caputo et al
2008 Della Faacutevera amp Uliana 1979)
O contato entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti eacute geralmente descrito como concordante
podendo ser localmente gradacional e litologicamente brusco (Lima amp Leite 1978) Caputo
(1984) descreve este contato como de caraacuteter concordante na porccedilatildeo central da bacia e
discordante nas bordas Goacutees (1995) interpreta o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti como
pertencentes a uma uacutenica sequecircncia deposicional composta por depoacutesitos deltaicoestuarinos
plataformal litoracircneos e fluvial em um sistema regressivo de costa progradante Na borda leste
da bacia Lobato amp Borghi (2007 2014) descrevem o limite entre estas formaccedilotildees como uma
superfiacutecie discordante erosiva interpretada como o limite de sequecircncia de 3ᵃ ordem Dessa
forma a discordacircncia de caraacuteter regional entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti descrita por Vaz et
al (2007) estaria restrita as bordas da bacia
Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram trecircs sistemas deposicionais para a base
da Formaccedilatildeo Poti marinho deltaico dominado por onda e fluacutevio-deltaico Segundo estes
17
autores estes sistemas se implantaram apoacutes a discordacircncia que separa a Formaccedilatildeo Poti da
Formaccedilatildeo Longaacute e retratam um ciclo transgressivo-regressivo poacutes-glacial pontuado por
novos episoacutedios de regressatildeo forccedilada Segundo Mabesoone amp Neumann (2005) movimentos
tectocircnicos leves durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos da Formaccedilatildeo Longaacute causaram pequenos
avanccedilos do mar que resultaram na deposiccedilatildeo de areias litoracircneas na porccedilatildeo inferior da
Formaccedilatildeo Poti (Struniano-Viseano) Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram a superfiacutecie
discordante como tectocircnica produto de um rebound isostaacutetico enquanto que as superfiacutecies de
regressatildeo forccedilada que limitam as sequecircncias de menor ordem seriam em parte glaacutecio-
eustaacuteticas Esta superfiacutecie discordante envolve um hiato deposicional entre Tournaisiano
Superior e o Viseano Inferior (Melo amp Loboziak 2000) Apoacutes este periacuteodo no iniacutecio do
Carboniacutefero Superior o mar se retirou rapidamente da aacuterea quando um novo episoacutedio de
soerguimento teve iniacutecio (Mabesoone amp Neumann 2005) Este episoacutedio foi marcado pelo
recuo da linha de costa e expocircs a planiacutecie costeira que foi retrabalhada pelos rios (Mabesoone
amp Neumann 2005) Assim a porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti eacute marcada por depoacutesitos de
planiacutecie aluvial (Mabesoone amp Neumann 2005)
Paiva (2018) descreve sistemas deposicionais marinho raso estuarinodeltaico
dominados por mareacute aluvial e deseacutertico organizados em oito sequecircncias deposicionais A
primeira sequecircncia seria uma transiccedilatildeo formacional LongaacutePoti separando depoacutesitos
plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute por rochas de shoreface e offshore do sistema marinho raso
da Formaccedilatildeo Poti Em sequecircncia identificou seis sequecircncias de alta frequecircncia (de 2ordf e 3ordf
ordem) marcada pela mudanccedila abrupta de faacutecies de sistemas fluacutevio estuarinos a fluacutevio-
deseacutertico com a Formaccedilatildeo Piauiacute ao topo Arauacutejo (2018) verificou a existecircncia dos mesmos
sistemas deposicionais agrupados em seis sequecircncias deposicionais onde os reservatoacuterios de
melhor qualidade diante da anaacutelise de poccedilo seriam os arenitos de shoreface frente deltaica
influenciada por mareacute barras de canais fluacutevio-estuarinos porccedilotildees centrais de barras arenosas
de mareacute e wadis
A presenccedila de uma macroflora terrestre e a ausecircncia de palinomorfos marinhos
sugere ambientes transicionais e continentais para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem
na porccedilatildeo oeste da bacia (Iannuzzi amp Pfefferkorn 2002 Melo amp Loboziak 2000) Nas porccedilotildees
leste e central da bacia a ocorrecircncia de Edmondia um bivalve marinho indica breves
incursotildees marinhas (Kegel 1954) Os dados de palinologia e paleobotacircnica tambeacutem sugerem
paleoclima temperado para a Formaccedilatildeo Poti (Iannuzi 1994) considerando que jaacute no final da
deposiccedilatildeo desta unidade existiriam condiccedilotildees de alta taxa de evaporaccedilatildeo com clima ainda
18
mais seco poreacutem razoavelmente frio tornando-se cada vez mais semi-aacuteridas no Pensilvaniano
da Formaccedilatildeo Piauiacute (Goeacutes 1995) Tal paleoclima confere com o encontrado na Formaccedilatildeo Faro
Bacia do Amazonas (Amadou amp Truckenbrodt 1992)
De acordo com estudos palinoloacutegicos (Daemon 1974 Loboziak et al1992) foi
definida idade eocarboniacutefera entre o Tournaisiano e o Viseano para esta formaccedilatildeo sendo
posteriormente sugerido a idade Viseano tardio (Iannuzzi et al 2003 Melo amp Loboziak 2000)
e ratificado por novos dados palinoloacutegicos de subsuperfiacutecie de Pasquo amp Ianuzzi (2014) A
macrofauna estudada por Iannuzzi amp Pfefferkorn (2002) dominada por pteridospermas aleacutem
de licopsiacutedeos arboacutereos e esfenopsiacutedeos apontam idade entre o Viseano Superior e o
Serpukhoviano Inferior Eacute importante salientar que a presenccedila de Cordyosporites
magnidictyus (Daemon 1974) assim como miosporos de Indotriaradites dolianitii satildeo
comuns na Formaccedilatildeo Poti representando bons marcadores estratigraacuteficos para o Viseano em
bacias do nordeste brasileiro podendo ser correlacionada com a Formaccedilatildeo Faro (Melo amp
Loboziak 2018)
19
CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES
A sucessatildeo sedimentar aflorante na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do
Piauiacute eacute constituiacuteda pelas formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute e expotildee-se ao longo de drenagens
secas como os riachos Muqueacutem e Saco em cortes de estradas e proacuteximo da Barragem Salinas
Os depoacutesitos alcanccedilam ateacute 28 m de espessura sendo extensos por dezenas de metros em
algumas localidades com acamamentos contiacutenuos lateralmente por ateacute 50 m evidenciados
pela geometria sigmoidal e tabular das camadas Foram descritas 15 faacutecies sedimentares
(Tabela 2) em 9 seccedilotildees colunares (Figura 7) organizadas em trecircs associaccedilotildees de faacutecies
fluvial (AF1) frente deltaica (AF2) e plataforma de mareacute e onda (AF3)
41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO
A associaccedilatildeo de faacutecies 1 representa a porccedilatildeo basal da Formaccedilatildeo Poti e aflora ao longo
do riacho do Muqueacutem (Baratildeo do Grajauacute) agraves margens da rodovia BR-230 e nas proximidades
da cidade de Floriano em cotas entre 120 e 178 m Estes depoacutesitos consistem em complexos
de arenitos amalgamados extensos por aproximadamente 50 m em sucessotildees com ateacute 4 m de
espessura em contato erosivo com a Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 8A) A AF1 compreende as
faacutecies folhelho com laminaccedilatildeo planar (Fl) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela (App)
arenito com estratificaccedilotildees cruzadas de baixo acircngulo (Aba) acanalada (Aca) planar (Acp)
tabular (Atb) e tangencial (Atg) e arenito maciccedilo (Am)
Os depoacutesitos fluviais satildeo constituiacutedos por arenitos micaacuteceos com estratificaccedilotildees
cruzada acanalada tabular tangencial e de baixo acircngulo Estas rochas apresentam
granulometria areia meacutedia a grossa composta por gratildeos de quartzo monocristalino (92) com
extinccedilatildeo ondulante moderada a forte quartzo policristalino plagioclaacutesio (4) feldspatos
indiferenciados muscovita contorcidas (lt1) e cutiacuteculas de argila (3) localmente Os
constituintes siliciclaacutesticos satildeo subarredondados a arredondados muito bem selecionados
orientaccedilatildeo preferencial marcada pela muscovita e feldspatos O arcabouccedilo da rocha eacute
sustentado por gratildeos com contatos pontuais em sua maioria cocircncavo-convexos e retos e
ainda porosidade intergranular Os feldspatos comumente estatildeo alterados para argilominerais
Os argilominerais identificados atraveacutes da DRX na amostra de folhelho (A8) foram
esmectitas ilita e caulinita
20
Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute
21
Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti
Faacutecies Descriccedilatildeo Interpretaccedilatildeo
Folhelho com laminaccedilatildeo (Fl) Folhelho de cor cinza-escuro apresentando fissilidade Deposiccedilatildeo de sedimentos por meio de decantaccedilatildeo
em condiccedilotildees de baixa energia
Arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela
(Alp)
Arenito amarelo-claro gratildeos de areia fina a muito fina subarredondados bem selecionados estratificaccedilatildeo plano-paralela e
continuidade lateral
Deposiccedilatildeo de sedimentos em regime de fluxo
superior atraveacutes de fluxo unidirecional trativo
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada de
baixo acircngulo (Aba)
Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados estratificaccedilatildeo
cruzada de baixo acircngulo e lateralmente contiacutenua por 5 metros
Agradaccedilatildeo e migraccedilatildeo de formas de leito
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
acanalada (Aca)
Arenito amarelo-claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada
acanalada
Migraccedilatildeo de formas de leito 3D em regime de fluxo
inferior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
planar (Acp)
Arenito amarelo-claro a escuro com gratildeo de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e
estratificaccedilatildeo plano-paralela com continuidade lateral que chegam a cruzar no bottom set
Relacionado agrave forma de leito plano em regime de
fluxo superior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
tabular (Atb)
Arenito cinza- claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados bem selecionados com estratificaccedilatildeo cruzada
tabular e geometria tabular
Migraccedilatildeo de forma de leito 2D sob fluxo
unidirecional e regime de fluxo inferior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
tangencial (Atg)
Arenito cinza-claro com grabulometria meacutedia a grossa subarredondados a arredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada
tangencial que por vezes apresenta foresets com clastos tamanho seixo de quartzo e argila
Migraccedilatildeo e agradaccedilatildeo de formas de leito 2D por
fluxo unidirecional e regime de fluxo inferior
Transporte por traccedilatildeo
Arenito com laminaccedilatildeo ondulada (Alo)
Arenito amarelo-claro de gratildeos muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados com laminaccedilatildeo ondulada
gradando lateralmente para plano-paralela
Deposiccedilatildeo de sedimentos por traccedilatildeo em regime de
fluxo oscilatoacuterio com migraccedilatildeo de formas de leito
onduladas de pequeno porte oriunda da accedilatildeo de
ondas ou correntes
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
sigmoidal (As)
Arenito amarel- claro com gratildeos de areia fina a meacutedia gratildeos subarredondados moderadamente selecionados micaacuteceos exibindo
estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
Migraccedilatildeo formas de leito de meacutedio porte Transiccedilatildeo
entre regime de fluxo inferior e superior em
condiccedilotildees de alta taxa de sedimentaccedilatildeo
Argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela
(Ap)
Argilito de cor cinza-escuro lateralmente contiacutenuas lenticulares com laminaccedilatildeo plano paralela alternando com arenitos gerando
acamamento heteroliacutetico linsen wavy e flaser da base para o topo
Deposiccedilatildeo por decantaccedilatildeo em condiccedilotildees de baixa
energia O acamamento heteroliacutetico estaacute relacionado
a alternacircncia de processos de decantaccedilatildeo de
sedimentos finos e migraccedilatildeo de formas de leito em
um regime de fluxo inferior
Arenito com laminaccedilatildeo cruzada
cavalgante (Alc)
Arenitos com cores amarelo e vermelho com gratildeos de areia muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados
exibindo laminaccedilatildeo cruzada cavalgante com mud drapes nos foresets em ciclos caracterizando tidal bundles Ocorre ainda escape de
fluidos deformaccedilatildeo convoluta no topo da camada estruturas de ball and pillow e pinch and swell Na AF3 localmente gradam para
laminaccedilatildeo sigmoidal
Deposiccedilatildeo de areias por meio de traccedilatildeo e suspensatildeo
com desaceleraccedilatildeo de fluxo associada agrave migraccedilatildeo de
marcas onduladas com crista sinuosa de pequeno
porte As deformaccedilotildees estatildeo relacionadas a
reorganizaccedilatildeo hidroplaacutestica das camadas adjacentes
em funccedilatildeo da diferenccedila de densidade
Arenito maciccedilo (Am) Arenitos amarelo com gratildeos de areia muito finos a meacutedios subangulosos a arredondados (AF1) bem selecionados a muito bem
selecionados com continuidade lateral ausente de estruturas e acamamento maciccedilo Localmente ocorrem escape de fluidos e
acamamentos convolutos
Deposiccedilatildeo raacutepida em condiccedilotildees energeacuteticas
moderada a alta e localmente sobrecarga ou escape
de fluiacutedos
Arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela
(App)
Arenito amarelo-escuro com gratildeos de areia meacutedia a grossa subarredondados a arredondados estratificaccedilatildeo plano-paralela e contiacutenuas
lateralmente
Sedimentos depositados em regime de fluxo superior
atraveacutes de fluxo unidirecional trativo
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
hummocky (Ah)
Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia fino subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada hummocky apresentando
laminaccedilotildees internas onduladas com truncamento Possuem 15 cm de espessura e 120 m de amplitude gradando lateralmente para
estratificaccedilatildeo cruzada swaley
Deposiccedilatildeo em condiccedilotildees de alta energia por meio de
correntes trativas sob accedilatildeo de fluxo combinado durante
accedilatildeo de ondas de tempestade
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
swaley (Aes)
Arenito amarelo-claro com gratildeos finos subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada swaley Accedilatildeo de ondas de tempestade com accedilatildeo de processos
erosivos
22
As estratificaccedilotildees satildeo de meacutedio a grande porte com a faacutecies arenito com
estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (Atg) apresentando clastos de quartzo e argila em tamanhos
entre 1 cm e 45 cm nos foresets (Figura 8B) Arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada de baixo
acircngulo (Aba) tendem a gradar lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela
(App) Estratos com estratificaccedilatildeo cruzada tabular (Atb) apresentam segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica (Figura 8C) As paleocorrentes medidas nos foresets de estratificaccedilotildees
cruzadas indicam orientaccedilatildeo preferencial para NW Camadas de folhelho cinza-escuro (faacutecies
Fl) com espessura de 10 cm ocorrem como lentes entre arenitos com estratificaccedilatildeo plano-
paralela e estratificaccedilatildeo cruzada tangencial e tabular
Sete elementos arquiteturais internos de canal fluvial (Tabela 3) foram identificados
para estes depoacutesitos baseados na anaacutelise bi e tridimensional dos afloramentos referentes a
AF1 bem como na granulometria de gratildeos composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e
principalmente geometria (Miall 1985 1988 1996) Satildeo eles elemento de acreccedilatildeo frontal
(AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de
preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL)
As extensas exposiccedilotildees descritas mostram unidades de litofaacutecies intercalados e
superpostos entre si formando formas de barras complexas O litossoma de acreccedilatildeo frontal
(AF) satildeo corpos arenosos com espessura entre 2 e 4 m e 30 m de extensatildeo limitado por
superfiacutecie de 4ordf ordem (Figura 8D) As litofaacutecies caracteriacutesticas satildeo Arenito com
estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e
tangencial (Atg) limitados por sets de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies limitantes apresentam
mergulhos entre 337deg e 360deg para NW denotando mesma direccedilatildeo das superfiacutecies limitantes
com os estratos cruzados
O elemento acreccedilatildeo lateral (AL) ocorre limitado por superfiacutecies de 4ordf ordem com
espessura meacutedia de 3 m e 15 m de extensatildeo composto por conjuntos de sets com superfiacutecies
de 1ordf e 2ordf ordem inclinadas com direccedilotildees entre 349deg a 40deg para NW e estratos cruzados
limitados por elas com mergulho para SE (Figura 9A e 9B) Para diferenciar este elemento
arquitetural de AF visto que ocorrem de outras formas muito similares foi considerada a
direccedilatildeo de mergulho entre as superfiacutecies limiacutetrofes de 1ordf e 2ordf ordem e os estratos cruzados
Allen (1965 1970) e Miall (1985 1996 2006) citam que a principal forma de diferenciar os
elementos AF e AL estaacute baseada na diferenccedila de orientaccedilatildeo entre as superfiacutecies de acreccedilatildeo e
os estratos cruzados O elemento AL tem geometria e composiccedilatildeo variaacutevel dependendo da
geometria do canal e da carga sedimentar este elemento eacute menos proeminente em rios
23
entrelaccedilados As litofaacutecies que representam este elemento satildeo Arenito com estratificaccedilotildees
cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) baixo acircngulo (Aba) tabular (Atb) tangencial (Atg) e
estratificaccedilatildeo plano-paralela Depoacutesitos de areia meacutedia ou areia grossa apresentam uma
grande variedade de litofaacutecies refletindo formas de leito vigorosas e progradaccedilatildeo de barras
Acamamentos com este elemento AL satildeo complexos e podem esconder a geometria acrescida
lateralmente subjacente (Miall 1985 2006)
Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Longaacute
sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7 conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e
Fig7) B Clastos de argila e quartzo nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo frontal (AF) com concordacircncia
da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta
porccedilatildeo do canal (P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 2
24
A arquitetura de canal (CH) tem forma cocircncava e eacute limitada por superfiacutecies (por
vezes erosivas) de vaacuterias ordens (1ordf 2ordf 3ordf e 4ordf ordem) em diversas escalas chegando a mais
extensa a atingir 105 metros de extensatildeo por 22 metros de altura Trecircs elementos de canal
limitados por superfiacutecies de 4ordf foram descritos e individualizados de acordo com sua
granulometria estruturas sedimentares e configuraccedilatildeo externa (Figuras 9B e 10) Canais
migrantes (CHm) canais de preenchimento (CHp) e canais alternantes (CHa) As principais
litofaacutecies satildeo a estratificaccedilatildeo cruzada acanalada (Aca) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp)
Os canais satildeo componentes comuns em vaacuterios estilos de sistemas fluviais e ocorrem tanto
com geometria assimeacutetrica quanto simeacutetrica nos afloramentos da Formaccedilatildeo Poti
Os canais migrantes (CHm) satildeo constituiacutedos por areia meacutedia a grossa com
estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de larga escala e cruzada planar com geometria assimeacutetrica
(Figura 10) relacionada a migraccedilatildeo lateral e erodida pelo elemento sobreposto limitada por
superfiacutecies de 2ordf e 4ordf ordem As estruturas sedimentares juntamente com a escala do canal
sugerem energia moderada O elemento de canal alternante (CHa) possui granulometria meacutedia
a grossa em arenitos com estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) e planar (Acp) limitados
por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies basais satildeo relativamente simeacutetricas composta
por formas de leito multilaterais por vezes erodindo o adjacente resultante de fluxos
alternados O elemento de canal de preenchimento (CHp) conteacutem arenitos meacutedios a grossos
com menos estratos cruzados que os elementos de canal anteriores Eacute limitado em sua base
por superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem com extensatildeo de 131 m e 190 m preenchimento
concecircntrico (Gibling 2006) e arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada na base passando
para cruzada planar ao topo e localmente arenito maciccedilo sendo interpretado como
preenchimento de um canal menor interno ao cinturatildeo de canais (Miall 1988)
As formas de leito arenosas (FA) tem forma de lenccediloacuteis com dimensotildees que
compreendem 36 m de altura por 9 m de extensatildeo (Figura 9A) limitados por superfiacutecies de
4ordf ordem Eacute divido por sets por vezes amalgamados que conteacutem as litofaacutecies arenito com
estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e
tangencial (Atg) separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem suavemente inclinadas no sentido
para NW gradando lateralmente para o elemento AL As formas de leito arenosas (FA) satildeo
interpretadas como elemento interno ao canal fluvial oriunda da migraccedilatildeo e cavalgamento de
dunas subaquaacuteticas em partes mais rasas do canal (Miall 1996 2006)
Os lenccediloacuteis de areia laminados (LL) tem geometria em lenccedilol (Figura 9B) com
espessura 175 m e 30 m de extensatildeo com arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela (App)
25
gradando lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) Esta unidade
arquitetural eacute limitada acima por uma superfiacutecie de 4ordf ordem interpretada como produto de
deposiccedilatildeo arenosa de enchentes em condiccedilotildees de regime de fluxo superior em leito plano
(Miall 1977 1984b Tunbridge 1981 1984 Sneh 1983 apud Miall 2006) A gradaccedilatildeo de
arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela (App) para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar
(Acp) estaacute relacionada ainda com a diminuiccedilatildeo das condiccedilotildees de fluxo no fim do evento de
enchentes
Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de Baratildeo do Grajaacuteu
26
Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar e
baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes dos estratos
cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram identificados Lenccediloacuteis
de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo contiacutenuo lateralmente por aproximadamente
30 metros limitado acima por superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de
acreccedilatildeo lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem
27
Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti (P1) Canal de
preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo
(CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma
relativamente simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo
411 Interpretaccedilatildeo
Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF1 apresentam dominacircncia de arenitos com
estratificaccedilotildees cruzada tabular acanalada e de baixo acircngulo com ocorrecircncia subordinada de
lentes descontiacutenuas de pelitos As camadas de arenitos exibem geometria geralmente tabular e
um padratildeo de granodecrescecircncia ascendente Segundo a classificaccedilatildeo proposta de Miall
(1977) estes depoacutesitos satildeo caracteriacutesticos de rios do tipo entrelaccedilado (Figura 11) os quais
apresentam canais largos baixa sinuosidade com um ou mais canais sendo favorecido pela
presenccedila de carga de fundo com granulaccedilatildeo grossa grande variabilidade na descarga e
facilidade de erosatildeo das margens (Miall 1981) O acuacutemulo da carga de fundo propicia a
formaccedilatildeo de barras arenosas que obstruem a corrente e a ramificam com aumento do
suprimento detriacutetico (Miall 1981) A formaccedilatildeo de rios entrelaccedilados tambeacutem eacute relacionada a
condiccedilotildees climaacuteticas e a presenccedila de vegetaccedilatildeo (Kasse e al 2005 Miall 1981 Piegay et al
2009) Em condiccedilotildees climaacuteticas mais uacutemidas o niacutevel do lenccedilol freaacutetico mais proacuteximo agrave
superfiacutecie contribui para sedimentaccedilatildeo mais prolongada ao contraacuterio de regiotildees aacuteridas onde
28
o lenccedilol freaacutetico mais profundo resulta em sedimentaccedilatildeo limitada a chuvas torrenciais (Miall
1991)
O modelo de rio entrelaccedilado do tipo Saskatchewan Sul proposto por Miall (1977) eacute o
que mais se assemelha aos depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti Este modelo fluvial consoante
com as caracteriacutesticas litoloacutegicas e arquiteturais condiz com um fluvial entrelaccedilado
relativamente profundo perene com baixa sinuosidade (modelo 10 de Miall 1985 2006) Este
modelo ocorre em rios entrelaccedilados com canais ativos e ciclos dominados por sedimentaccedilatildeo
arenosa (Miall 1981) O fluvial entrelaccedilado eacute marcado pela existecircncia de macroformas com
geometrias de acreccedilatildeo (AF e AL) geralmente limitadas por superfiacutecies de 4ordf ordem diferente
de rios com acamamentos tabulares tiacutepicos de entrelaccedilados rasos (Miall 1985 2006) e baixa
ocorrecircncia de depoacutesitos de overbank devido ao baixo potencial de preservaccedilatildeo em virtude da
instabilidade do canal (Miall 1988 2006) O elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) eacute comum em
rios entrelaccedilados bem como canais secundaacuterios (Brierley 1996) Ambos litossomas de
acreccedilatildeo frontal (AF) e acreccedilatildeo lateral (AL) podem ocorrer em diferentes partes da mesma
barra complexa
No elemento de canais (CHm) a geometria assimeacutetrica da migraccedilatildeo de canais estaacute
relacionada a migraccedilatildeo lateral de acamamentos unidirecionais (Cant amp Walker 1978) A
migraccedilatildeo destes acamamentos foi desenvolvida proacutexima a barras compostas (compound bars)
com relativa alta sinuosidade no flanco do canal (Miall 1988) Nos elementos CHa e CHp a
presenccedila de granulometria meacutedia a grossa arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de
meacutedio a grande porte e o empilhamento das formas de leito sugerem fluxos de alta
velocidade (Li et al 2015) No caso dos afloramentos estudados na Formaccedilatildeo Poti ocorrem
complexos de preenchimento de canais formados pelas migraccedilotildees laterais de canais
As litofaacutecies do elemento de Lenccediloacuteis Laminados (LL) arenito com laminaccedilatildeo
horizontal (App) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) tipicamente indicam fluxo de regime
superior que caracterizam rios que satildeo submetidos a descargas sedimentares sazonais em
fluxos superficiais em rios entrelaccedilados (Miall 1988)
A faacutecies de granulometria fina como Fl forma-se nos canais no periacuteodo de mais
baixa energia quando a descarga diminuiu Estas faacutecies podem se desenvolver ainda
relacionadas agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo de canais fluviais entrelaccedilados em periacuteodo de descarga
elevada (Smith 1970) As medidas de paleocorrentes dominantes para NW estatildeo condizentes
29
com os trabalhos de Goacutees (1994) e Lima amp Leite (1978) que indicam aacutereas fontes para SE
(Figura 9)
As evidecircncias de paleocorrentes indicam que as direccedilotildees principais de fluxo em
elementos arquiteturais individuais variam entre 214deg e 32deg azimute Quatro dos sete
elementos apresentam medidas com orientaccedilotildees principais tendo 20deg do principal azimute
total Com um caacutelculo de 29 leituras no afloramento da Formaccedilatildeo Poti obteve-se uma meacutedia
de 324deg azimute com magnitude de vetor em 95 As medidas de dip direction das
superfiacutecies limitantes de 1deg a 4deg ordem mostram uma tendecircncia similar entre 290deg e 39deg o que
pode ser interpretado como ambiente fluvial de baixa sinuosidade
Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos afloramentos da
Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior dos canais enquanto que as arquiteturas AF e
AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por
avulsotildees de canais ativos
42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA
A associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica da Formaccedilatildeo Poti ocorre sobreposta aos
depoacutesitos fluviais entrelaccedilados (AF1) e aos folhelhos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura
12) Estatildeo expostas em cortes de estrada e ao longo de leito de rios intermitentes as margens
da rodovia BR-230 bem como na Barragem SalinasPI nos municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e
de Nazareacute do Piauiacute A AF2 tem 19 m de espessura com camadas lateralmente contiacutenuas por
centenas de metros exibindo geometria tabular e sigmoidal Tanto o contato inferior com os
30
depoacutesitos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 12) e depoacutesitos fluviais (AF1) e superior com a
associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) tecircm caraacuteter abrupto (Figura 13A)
As principais faacutecies satildeo arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) arenito com
laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo
(Am)
Estas camadas estatildeo organizadas em ciclos de raseamento ascendente (1 a 3 m de
espessura) com arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Figura 13B) ondulada ou
maciccedilo em sua base e arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal no topo (Figuras 13 C)
Tais ciclos (Figura 14 A) exibem geometria lobada (Figura 13D) Arenitos maciccedilos ocorrem
em camadas tabulares e lobadas localmente exibindo acamamentos convolutos (Figura 14B-
C) Os arenitos satildeo classificados como subarcoacutesios com gratildeos entre areia fina a meacutedia
subangulosos a subarredondados e bem selecionados Os constituintes em geral satildeo quartzos
monocristalinos com extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (90) feldspatos indiferenciados
(5) plagioclaacutesio (3) microclina (1) muscovita deformada e cimento de oacutexido-
hidroacutexido de Fe (lt1) O arcabouccedilo da rocha eacute sustentado por gratildeos com contatos
predominantemente cocircncavo-convexos e mais raramente retos e pontuais com porosidade
intergranular Feldspatos comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade
intragranular Medidas de paleocorrentes nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
mostram paleocorrentes preferenciais para NW
Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente deltaica
(Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da
aacuterea de estudo P9)
31
Figura 13- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos depoacutesitos deltaicos
(AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
(Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees
convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido principal para NW D Geometria
lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos deltaicos nas aacutereas de estudo
32
Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) arenito com
estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos
deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem (P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria
lobada Floriano Piauiacute (P8)
421 Interpretaccedilatildeo
Deltas satildeo classificados principalmente em termos de granulometria dominante e da
importacircncia relativa de processos fluviais por onda e mareacute (Bhattacharya 2006 2010) Nesta
associaccedilatildeo de faacutecies natildeo houve exposiccedilatildeo de litofaacutecies indicativas de retrabalhamento por
mareacute sendo a maior influecircncia por correntes unidirecionais Faacutecies referentes agrave frente
deltaicas satildeo comumente depositadas em aacuteguas rasas e portanto recebem maior influecircncia de
processos gerados por ondas e correntes com depoacutesitos arenosos relativamente bem
selecionados (Bhattacharya amp Walker 1992 Nichols 2009)
33
As faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) laminaccedilotildees cruzada
cavalgante (Alc) laminaccedilatildeo ondulada (Alo) e maciccedilo (Am) estatildeo dispostas em camadas com
geometria sigmoidal que exibem ciclos de granocrescecircncia ascendente e espessamento para o
topo indicando depoacutesitos de frente deltaica (Bhattacharya amp Walker 1992 Della Faacutevera
2001) O raseamento ascendente e a granocrescecircncia ascendente satildeo caracteriacutesticas
importantes para a distinccedilatildeo de uma sucessatildeo deltaica (Nichols 2009) juntamente com a
geometria lobada
A predominacircncia de faacutecies de lobos sigmoidais como os da Formaccedilatildeo Poti sugere
semelhanccedila com a arquitetura de foresets e bottomsets dos deltas tipo Gilbert (Della Faacutevera
2001 Gobo et al 2015) Os foresets satildeo basicamente as faacutecies de arenito com estratificaccedilatildeo
cruzada sigmoidal que se desenvolve em lobos e tem sua gecircnese relacionada agrave raacutepida
desaceleraccedilatildeo do fluxo em condiccedilotildees homopicnais com progressivo aumento do aporte
sedimentar Sua deposiccedilatildeo ocorre proacutexima agrave desembocadura onde fluxos pouco densos
manteacutem parte dos sedimentos em suspensatildeo gerando uma geometria de lobos sigmoidais
(Della Faacutevera 1984 2001) Arenitos maciccedilos (Am) podem ser resultantes de processos
secundaacuterios como escape de aacutegua que obliteraram parcial ou completamente as estruturas
primaacuterias (Della Faacutevera 2001) Corroboram com esta interpretaccedilatildeo a presenccedila de porccedilotildees com
acamamento convoluto associado agraves camadas de arenito maciccedilo As faacutecies de bottomsets
arenitos com laminaccedilotildees cruzada cavalgante e laminaccedilatildeo ondulada indicam accedilatildeo de correntes
e ondas que retrabalham os sedimentos depositados na frente do delta e que satildeo recobertos
durante a progradaccedilatildeo do lobo deltaico Rodrigues (2003) descreveu a presenccedila de
estratificaccedilatildeo cruzada hummocky nos depoacutesitos deltaicos da Formaccedilatildeo Poti o que sugere que
a frente deltaica foi retrabalhada por tempestade
Faacutecies arenosas com presenccedila de estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais current ripples
unidirecionais e camadas maciccedilas em frente deltaicas podem indicar presenccedila de certo
domiacutenio fluvial (Bhattacharya amp Walker 1992) As camadas deformadas (Figura 14B-C)
observadas abaixo da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal tambeacutem sugerem
que houve um cisalhamento produzido por correntes sobre uma superfiacutecie onde a fricccedilatildeo de
arrasto pelo movimento da areia resultou em convoluccedilotildees (Tucker 2014)
Paleocorrentes da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal indicam que a
migraccedilatildeo de formas de leito nos depoacutesitos de frente deltaica possuiacuteam sentido principal para
NW Ciclos de camadas iniciadas pelas faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
que passam para as faacutecies arenito maciccedilo e com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal podem ser
interpretados como oriundos de desaceleraccedilatildeo de fluxo ao entrar em um corpo de aacutegua em
34
menor energia (granocrescecircncia ascendente) onde cada ciclo representa a progradaccedilatildeo de um
lobo deltaico individual com espessura diretamente relacionada agrave profundidade da lacircmina
drsquoaacutegua (Elliott 1986)
43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA
As exposiccedilotildees da associaccedilatildeo AF3 ocorrem ao longo de drenagens secas do Riacho do
Saco distante 6 km da rodovia BR-230 e em corte de estrada Compreende depoacutesitos de
arenitos finos e pelitos contiacutenuos lateralmente com geometria tabular e lenticular
respectivamente por vezes com camadas amalgamadas e acamamento ondulado com
espessura que varia de 6 a 20 m
A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) estaacute sotoposta aos
depoacutesitos referentes agrave AF2 (frente deltaacuteica) em contato abrupto (Figura 13A e 15A) e
sobreposta por depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta pelas faacutecies
argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela (Ap) arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc)
laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito maciccedilo (Am) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela
(App) arenito com estratificaccedilotildees cruzada hummocky (Ah) estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
(As) e estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Aes)
Na base desta associaccedilatildeo ocorrem camadas com intercalaccedilatildeo riacutetmica de lacircminas de
argilito (Ap) e arenitos muito finos (Alc Alo e App) formando acamamento heteroliacutetico com
padratildeo granocrescente ascendente com predomiacutenio do tipo linsen na base passando para
wavy e flaser em direccedilatildeo ao topo Esta ciclicidade tambeacutem eacute caracterizada por pares de
arenito e pelitos mais espessos seguidos por pares menos espessos (Figura 16C-D)
As faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada exibem acamamento ondulado no topo
com laminaccedilotildees truncadas por ondas com arranjo interno do tipo bundled upbulding e
chevron (Raaf et al 1977) que variam lateralmente para laminaccedilatildeo plano-paralela com
presenccedila de mud-drapes nos foresets superfiacutecies erosivas e paleocorrentes preferenciais para
NW
As laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes possuem laminaccedilotildees cocircncavo-convexas que se
truncam lateralmente assemelhando-se agrave micro- hummockies exibindo geometria pinch and
swell (Figura 15B) e pontualmente estruturas de escape (Figura 15C) Localmente no topo de
camadas observa-se deformaccedilatildeo convoluta Os arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
satildeo subarcoacutesios com gratildeos de areia muito fina a fina tais como quartzos monocristalinos com
35
extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (86) feldspatos indiferenciados (7) plagioclaacutesio
(5) microclina (1) muscovita deformada oacutexido-hidroacutexido de Fe (ambas lt1) e
localmente cimento de calcita Os gratildeos satildeo subangulosos a subarredondados e muito bem
selecionados A rocha eacute sustentada por gratildeos com contatos pontuais cocircncavo-convexo reto e
suturado exibem ainda gratildeos e micas orientados porosidade intergranular Feldspatos
comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade alveolar Os argilominerais
identificados na anaacutelise de DRX (laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes A1 e A3) foram
esmectitas (montmorilonita) vermiculita clorita ilita e caulinita
Arenito com acamamento heteroliacutetico eacute caracterizado por exibir laminaccedilotildees plano
paralela que passam lateralmente para laminaccedilatildeo ondulada com acamamentos do tipo linsen
wavy e flaser Localmente observa-se estruturas ball and pillow e escape de fluido (Figura
15D-E)
Arenitos finos com marcas onduladas simeacutetricas e assimeacutetricas exibem laminaccedilatildeo
cruzada por onda (Alo) a sigmoidais com tidal bundles nos foresets O comprimento de onda
das marcas onduladas varia de 4 a 8 cm e a altura de 2 a 7 cm Estas estruturas satildeo limitadas
por arenitos com laminaccedilatildeo ondulada paralela a sigmoidal com alternacircncia de pares de areia e
argila (Figura 16A-B) Localmente satildeo observadas variaccedilotildees na inclinaccedilatildeo dos foresets e
superfiacutecies de reativaccedilatildeo As tidal bundles satildeo caracterizadas por alternacircncias milimeacutetricas a
centimeacutetricas de areias e recobrimentos argilosos Estes pares exibem lateralmente espessuras
distintas de recobrimento argiloso formando pares ciacuteclicos ricos em argila seguidos de pares
ricos em areia
Os ritmitos de mareacute apresentam 120 pares de mareacute organizados em 3 ordens de
ciclicidade (Figura 16C-D) 1) os ciclos de primeira ordem satildeo caracterizados por pares de
lacircminas milimeacutetricas a centimeacutetricas de areia e argila que exibem current ripples e
bidirecionalidade dos foresets A deposiccedilatildeo do material mais fino ocorre atraveacutes de suspensatildeo
e ainda floculaccedilatildeo no periacuteodo de stillstand Este ciclo de menor ordem reflete a ciclicidade de
cheia e vazante (flood-ebb) 2) os ciclos de segunda ordem representam agrupamentos de
ciclos de primeira ordem individualizados pela espessura dos pares de areia e argila com cada
ciclo mostrando um aumento da espessura dos pares seguido por uma diminuiccedilatildeo da
espessura dos mesmos Assim haacute ciclos de segunda ordem espessos onde os arenitos exibem
espessura entre 07 cm e 43 cm e argilitos entre 04 a 10 cm Enquanto que outros ciclos
menos espessos de segunda ordem apresentam camadas de arenito entre 01 a 09 cm e de
argila entre 01 a 10 cm de espessura Cada ciclo pode chegar a aproximadamente 18 cm de
espessura e satildeo compostos por 12 a 15 pares de areia-argila 3) Os ciclos de terceira ordem
36
designam a maior ordem de ciclicidade nestes ritmitos com ciclos menos espessos (pares
mais finos) seguidos por ciclos mais espessos (com pares mais grossos) gerando uma
ciclicidade desigual em sucessivos ciclos de variaccedilatildeo vertical de espessura dos pares
Sobrepostos aos depoacutesitos ciacuteclicos de mareacute ocorrem faacutecies mais arenosas (Figura
17A-B) caracterizadas por arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada hummocky que variam
lateralmente para estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Figura 17C-D) As estratificaccedilotildees cruzadas
hummocky ocorrem em camadas tabulares contiacutenuas lateralmente com aproximadamente 20
cm de espessura por 80 de comprimento que exibem topo e base ondulada sendo possiacutevel
observar clastos orientados de argila subarredondados com dimensotildees entre 3 e 9 cm (Figura
17B-C) Dos trecircs tipos de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky descritas por Cheel amp Leckie
(1993) a do tipo scour-and-drape eacute a dominante visto que as superfiacutecies geradas por erosatildeo
ondulatoacuteria estatildeo presentes
A estratificaccedilatildeo cruzada swaley tem espessuras de 5 a 22 cm com dimensotildees entre 7
a 75 cm Esta estrutura comeccedila com uma superfiacutecie erosiva planar passando para ondulada
Internamente a laminaccedilatildeo ondulatoacuteria possui espessuras de 1 a 9 mm com inclinaccedilatildeo de
aproximadamente 15deg com onlap de baixo acircngulo em superfiacutecies erosivas A inclinaccedilatildeo das
laminaccedilotildees pode comeccedilar e terminar lateralmente acentuada formando uma geometria
cocircncava como pode perder a angulaccedilatildeo gradando para laminaccedilatildeo ondulada As faacutecies com
estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley satildeo sotopostas a camadas onduladas que
apresentam estruturas de mareacute e sobreposta por camadas onduladas
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal ocorrem em camadas geralmente
tabulares com ateacute 20 cm de espessura com base e topo suavemente ondulados e que se
adelgaccedilam lateralmente Localmente satildeo observados finos recobrimentos argilosos nos
foresets e dados paleocorrente indicam fluxos para NW
No topo destes depoacutesitos observam-se corpos com geometria de canal (Figura 17B)
Estes canais satildeo caracterizados por evidente migraccedilatildeo mergulho de 310deg compostos por
camadas amalgamadas de arenito fino com laminaccedilatildeo ondulada e plano-paralela que
acompanham a forma cocircncava do canal (preenchimento concecircntrico Gibling 2006) A
paleocorrente dominante deste ambiente estaacute para NW baseado na mediccedilatildeo de laminaccedilotildees
cruzadas cavalgantes Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominados por onda
e mareacute (AF3) de uma forma geral apresentam ciclos retrogradacionais com material argiloso
dominante na base influenciados principalmente por mareacute passando para mais arenoso ao
topo e maior inflencia por onda
37
Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato entre as
associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3 P4) B Arenito com laminaccedilatildeo
cruzada cavalgantes e ondulada com geometria pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em
arenito com microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and pillow (P3) E Escape
de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico (P5)
38
Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal bundles em laminaccedilatildeo
cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de argila (P4) B Wave generated tidal bundles com
acamamento ondulado e sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se ritmicidade
com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute com ciclos de 1a 2a e 3a ordem
superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e
quadratura (P5)
39
Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute (AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4)
B Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas
cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C Estratificaccedilatildeo
cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley
40
431 Interpretaccedilatildeo
Na associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) eacute evidente a
intercalaccedilatildeo regular entre as faacutecies arenosas finas e argilosas na base que gradativamente
passam para dominacircncia de faacutecies arenosa para o topo Esta caracteriacutestica sugere um aumento
crescente de energia passando de um sistema com predomiacutenio de transporte por decantaccedilatildeo
para outro dominado por traccedilatildeo A presenccedila das faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada
cavalgante e mud drapes nos foresets argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela arenito com
laminaccedilatildeo ondulada e ainda acamamento heteroliacutetico linsen wavy e por vezes flaser satildeo
comuns em sistema dominado por mareacute (Choi 2010 Longhitano et al 2012 Reineck amp
Wunderlich 1968 Visser 1980 Yang et al 2008) Os processos especiacuteficos que favorecem a
deposiccedilatildeo de acamamento linsen e flaser refletem condiccedilotildees de flutuaccedilotildees irregulares sendo
comuns em ambientes dominados por mareacute e tambeacutem por ondas (Nio amp Young 1991
Reineck amp Wunderlich 1968) Ritmitos de mareacute exibem ciclicidade entre laminaccedilotildees linsen e
flaser mostrando eventos influenciados por mareacutes Tal estrutura pode ser formada em vaacuterios
ambientes mas a presenccedila de ciclicidade e sua correlaccedilatildeo com diferentes ordens de
ciclicidade de mareacute satildeo evidecircncias suficientes para afirmar a presenccedila de mareacute em depoacutesitos
claacutesticos marinhos rasos (Nio amp Young 1991) Isto associado com as faacutecies de arenito com
laminaccedilatildeo cruzada cavalgante ondulada (exibindo porccedilotildees com bidirecionalidade) e mud
drapes atestam a existecircncia da accedilatildeo de mareacutes na porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti
Nos ritmitos de mareacute a bidirecionalidade em alguns pares de areia e pelito pode
indicar que durante nos periacuteodos de mareacutes siziacutegia (spring tide) a corrente subordinada teve
forccedila suficiente para mover porccedilotildees de areia como pequenas migraccedilotildees de ripples A presenccedila
de depoacutesitos de corrente dominante e subordinada com dois mud drapes podem sugerir
ambiente de submareacute (subtidal) para AF3 sendo coberto por dois periacuteodos de slack water em
um ciclo de mareacute alta e vazante (ebb-flood) (Nio amp Young 1991) A alternacircncia dos ciclos de
2ordf ordem de ritmitos de mareacute (grupos mais e menos espessos) indicam inequidade diurna Esta
alternacircncia pode ser relacionada agraves variaccedilotildees de ciclos semilunares de mareacutes de siziacutegia e
quadratura sugerindo alta taxa de deposiccedilatildeo (Rahmani 1988) A espessura meacutedia entre 12 e
16 cm por ciclo semilunar com 22 e 26 pares indica taxa deposicional de 24 a 32 cm por mecircs
Esta sequecircncia portanto pode ter sido depositada em uma zona de submareacute ou intermareacute
inferior em funccedilatildeo da alternacircncia entre lacircminas de material arenoso e peliacutetico que foram
cobertos por mareacutes durante todo ou na maior parte dos ciclos de mareacutes de siziacutegia e de
quadratura (Tessier et al 1988)
41
As tidal bundles ocorrem em laminaccedilotildees onduladas com 3 a 8 cm de espessura
como jaacute descrito em trabalhos de Boersma (1969) Terwindt (1981) Kreisa e Moiola (1986)
de estruturas de megaripplessandwave de ambientes de submareacute (apud Bhattacharya amp
Bahattacharya 2006) Tidal bundles em camadas de pequena espessura podem indicar
retrabalhamento miacutenimo dos sedimentos mais novos em funccedilatildeo do mud draping espesso
(Bhattacharya amp Bhattacharya 2006) Estruturas similares satildeo reconhecidas pela migraccedilatildeo de
ripples ou sandwaves durante a mareacute principal O recobrimento de argila com forma
sigmoidal nas bandas das tidal bundles podem definir periacuteodos de pausas da mareacute (Kreisa amp
Moiola 1986)
Algumas porccedilotildees de tidal bundles observadas nos afloramentos descritos condizem
com as sugeridas no trabalho de Yang et al (2008) como wave generated tidal bundles
(Figura 16B) com laminaccedilotildees na base dos sets por vezes sigmoidais a onduladas
(componente oscilatoacuteria) e recobrimento de argila nas cristas da ondulaccedilatildeo adjacente
exibindo as geometrias em offshoot e unidirecional descritas por Raaf et al (1977) Os
foresets satildeo recobertos por argila com variaccedilotildees deste material peliacutetico indicando ciclicidade
com porccedilotildees ricas em argila (neap tide) e em areia (spring tide) Na base e topo deste
conjunto de wave generated tidal bundles haacute laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas com
acamamento heteroliacutetico variando linsen-flaser indicando ciclos semilunares (Figura 16B)
Esta estrutura portanto eacute uma soma de resultantes advindas da accedilatildeo tanto de ondas pela
ocorrecircncia de wave generated ripples (Raaf et al 1977) como pela accedilatildeo de correntes de
mareacute pela existecircncia de recobrimento de argilas com ciclicidade
As wave-generated tidal bundles satildeo indicativas de um depoacutesito com superimposiccedilatildeo
de accedilatildeo de ondas bem como de mareacute gerando uma sucessatildeo riacutetmica Estas estruturas diferem
das tidal bundles tiacutepicas por serem estruturas que resultam de uma variaccedilatildeo temporal na
combinaccedilatildeo de correntes de mareacute e onda bem mais do que variaccedilatildeo de corrente de mareacute
apenas (Yang et al 2008) Elas se formam em circunstacircncias onde o pico de energia continua
ainda no campo de estabilidade de ripples sendo portanto estruturas indicativas de deposiccedilatildeo
por tempestade de baixa energia pois em condiccedilotildees de tempo normal a quantidade de
sedimento em suspensatildeo natildeo eacute suficiente para gerar sucessotildees espessas em um uacutenico ciclo de
mareacute principalmente em ambientes de costa aberta (Yang et al 2008) Estruturas deste
gecircnero satildeo difiacuteceis de serem preservadas em funccedilatildeo do intenso retrabalhamento por ondas que
ocorrem no ambiente em que satildeo geradas desta forma elas tendem a ser preservadas por
42
subsidecircncia tectocircnica (Allen amp Bass 1993 Tessier amp Gigot 1989) ou por taxas de
sedimentaccedilatildeo altas
Faacutecies arenito com laminaccedilatildeo ondulada arenito com estratificaccedilotildees cruzada
hummocky sigmoidal e swaley em sedimentos de areia fina denotam sistema mais energeacutetico
com accedilatildeo de ondas de tempestade Clastos de argilas presente nas camadas com estruturas
geradas por ondas ratificam este sistema mais energeacutetico forte o suficiente para retrabalhar
as rochas do substrato Estruturas como estratificaccedilatildeo cruzada hummocky foi primeiramente
descrita por Harms et al (1975) sendo gerada por meio de processos dominantemente
oscilatoacuterios combinados por correntes unidirecionais resultantes de ambiente dominado por
tempestade em aacuteguas rasas (Arnott amp Southhard 1990 Cheel amp Leckie 1993 Duke 1985
Dumas amp Arnott 2006) As estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley estatildeo geneticamente
relacionadas onde a estratificaccedilatildeo cruzada swaley pode ser descrita como estratificaccedilatildeo
cruzada hummocky truncada anisotroacutepica (Dumas amp Arnott 2006) A estratificaccedilatildeo cruzada
hummocky geralmente ocorre em um restrito intervalo de granulometria (areia muito fina a
fina) onde a forma de leito responsaacutevel pela geraccedilatildeo desta estrutura eacute um tipo de ondulaccedilatildeo
orbital (Harms et al 1975 Southard et al 1990 Yang et al 2006)
Em periacuteodos onde a atividade por tempestade foi maior as ondas penetraram e
retrabalharam os depoacutesitos dominados por mareacute formando as estratificaccedilotildees cruzadas
hummocky e swaley visto que a influecircncia de mareacute foi preservada durante periacuteodos de natildeo
tempestade (Vakarelov et al 2012) Em outras palavras a accedilatildeo das ondas retrabalharam os
sedimentos existentes onde tais ondas de tempestade atingiram o substrato acima do niacutevel de
base de onda sob fluxo combinado juntamente com componente unidirecional em regime de
fluxo superior (Arnott amp Southard 1990)
Estruturas de sobrecargadeformaccedilatildeo podem ocorrer atraveacutes do fenocircmeno de fluxo
plaacutestico associado agrave saiacuteda de aacutegua e peso da areia sobreposta (Allen 1982) Superfiacutecies
erosivas nas camadas desta associaccedilatildeo ocorrem trucando estruturas sedimentares e tem forma
ondulada com maior concentraccedilatildeo de material peliacutetico ratificando a interpretaccedilatildeo da accedilatildeo de
ondas e tempestades nestes depoacutesitos (Peng et al 2018) As Superfiacutecies de reativaccedilotildees satildeo
resultantes de variaccedilatildeo de velocidades durante as mareacutes (Klein 1970)
Estruturas balls and pillows compreendem massas redondas de sedimentos claacutesticos
tambeacutem chamados de pseudonoacutedulos em uma matriz similar ou mais fina verticalmente
sobrepostos em um horizonte Satildeo estruturas que se formam atraveacutes da separaccedilatildeo repetitiva de
43
pseudonoacutedulos da base de uma camada fonte que para de fato ocorrer o substrato deve
permanecer liquidificado por um tempo maior em relaccedilatildeo agrave taxa de deformaccedilatildeo sendo
possiacutevel o contraste de densidade das camadas e portanto o aparecimento da forccedila de divisatildeo
(Owen 2003) As estruturas deformacionais penecontemporacircneas presentes na associaccedilatildeo de
faacutecies AF3 evidenciam portanto perturbaccedilatildeo dos sedimentos ainda semi-consolidado ou
inconsolidado (Van Loon amp Brodzokowski 1987)
Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF3 estatildeo relacionados a um shoreface
inferior com accedilatildeo de tempestades episoacutedicas em uma costa retrogradante com accedilatildeo de mareacute
O ambiente plataformal torna-se mais profundo para leste em funccedilatildeo da maior ocorrecircncia de
tempestitos nesta aacuterea Geometria em canal observada no topo de tempestitos denota
proximidade com o continente com fluxo de detritos subaquosos confinados
44
CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS
Na regiatildeo estudada foram identificadas trecircs sequecircncias deposicionais de 4ordf ordem
que tiveram iniacutecio no final do Neodevoniano ateacute o Pensilvaniano e compreendem o topo da
Formaccedilatildeo Longaacute a Formaccedilatildeo Poti e a base da Formaccedilatildeo Piauiacute Estas sequecircncias satildeo
compostas por 5 tratos de sistemas limitados por 4 superfiacutecies estratigraacuteficas (Figuras 18 e
19) Sequecircncia 1 (Trato de Sistema de Mar Alto ndash TSMA) Sequecircncia 2 (Trato de Sistema de
Mar Baixo ndash TSMB e Trato de Sistema Transgressivo ndash TST) e Sequecircncia 3 (Trato de
Sistema de Mar Baixo ndash TSMB)
51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS
As superfiacutecies estratigraacuteficas (S) foram baseadas em faacutecies e limites erosivos que
delimitam os tratos de sistemas identificados (Catuneanu et al 2009 2011) com seu
reconhecimento pautado em mudanccedilas bruscas entre faacutecies e sistemas deposicionais A
superfiacutecie S1 eacute o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti (Figura 8A) representando um limite
de sequecircncia tipo 1 A superfiacutecie S2 representa o limite entre as associaccedilotildees de faacutecies fluvial e
frente deltaica da Formaccedilatildeo Poti e a superfiacutecie S3 eacute interpretada como uma superfiacutecie
transgressiva uma vez que separa depoacutesitos fluacutevio-costeiros (AF1 e AF2) de depoacutesitos de
plataforma rasa (AF3 Figuras 13A e 15A) A superfiacutecie S4 eacute um limite de sequecircncia tipo 1
de depoacutesitos plataformais do topo da Formaccedilatildeo Poti com os fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute
sobrejacente
A inconformidade subaeacuterea tem sua gecircnese relacionada a condiccedilotildees subaacutereas com
resultado de erosatildeo fluvial ou by-pass pedogecircnese degradaccedilatildeo eoacutelica ou dissoluccedilatildeo e
carstificaccedilatildeo (Catuneatu et al 2011) Ocorre quando a taxa de subsidecircncia eacute menor que a de
rebaixamento eustaacutetico na quebra do offlap (Van Wagoner et al 1988) Na aacuterea de estudo
este limite eacute encontrado em toda a regiatildeo onde dois tipos satildeo diferenciados O tipo 1 ocorre
dividindo os depoacutesitos fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti dos plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute
apresentando erosatildeo fluvial com horizontes irregulares O segundo tipo divide os depoacutesitos
plataformais de ondas e mareacute (AF3) de sequecircncias fluviais referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute Esta
superfiacutecie apresenta horizontes erosivos irregulares mais tecircnues que a primeira superfiacutecie
As superfiacutecies S1 e S4 satildeo interpretadas como resultante de queda do niacutevel relativo
do mar onde depoacutesitos fluviais puderam ser desenvolvidos As camadas foram erodidas por
45
essa accedilatildeo resultando em horizontes irregulares A superfiacutecie S2 eacute um limite de faacutecies sendo
estabelecida em um contato abrupto entre litofaacutecies de arenito meacutedio a grosso com
estratificaccedilatildeo cruzada tabular (depoacutesitos fluviais ndash AF1) e finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo
cruzada sigmoidal (depoacutesitos deltaicos ndash AF2) A superfiacutecie transgressiva (S3) limita camadas
progradantes abaixo de camadas retrogradantes acima separando os depoacutesitos transicionais
(AF1 e AF2) de depoacutesitos plataformais (AF3)
52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA
A primeira sequecircncia (Seq 1) consiste no final de uma sequecircncia estratigraacutefica
representada por trato de sistema de mar alto (TSMA) com folhelhos cinza escuros a pretos
homogecircneos ou laminados e bioturbados referente a ambiente plataformal dominado por
tempestade (Goacutees amp Feijoacute 1994) Esta sequecircncia corresponde ao final da deposiccedilatildeo da
Formaccedilatildeo Longaacute limitada acima por uma S1 (LS1) erosiva e deposiccedilatildeo de sedimentos
fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti
O trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Seq 2 (Figura 20A) compreende
depoacutesitos fluviais e deltaicos contemporacircneos (AF1 e AF2) em um contexto de bacia com
conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais Limitados abaixo por S1 (LS1) e acima
por S3 (ST) com ciclos de granodecrescecircncia ascendentes nas litofaacutecies de arenito meacutedio a
grosso com estratificaccedilatildeo cruzadas de meacutedio porte de faacutecies fluvial passando para ciclos
granocrescente ascendente de arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal e
laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes nos depoacutesitos deltaicos com a superfiacutecie S2 separando estes
dois depoacutesitos
A variaccedilatildeo das taxas de criaccedilatildeo de espaccedilo de acomodaccedilatildeo ao longo do tempo
consiste no principal fator para preservaccedilatildeo de sedimentos (Shanley amp McCabe 1994)
Sistemas fluviais costeiros satildeo muito influenciados pela mudanccedila de niacutevel de base (Miall
2006) Em sistemas fluviais controlados pelo niacutevel relativo do niacutevel do mar a identificaccedilatildeo
dos tratos de sistemas estaacute fundamentada em um somatoacuterio de criteacuterios que envolvem a
geometria padratildeo de empilhamento dos canais fluviais razatildeo entre depoacutesitos de canais e de
planiacutecie de inundaccedilatildeo (Miall 2006) O TSMB estaacute relacionado ao final do rebaixamento do
niacutevel do mar e consequente iniacutecio de sua elevaccedilatildeo
De acordo com a anaacutelise arquitetural dos depoacutesitos fluviais os elementos
individualizados foram elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal
46
alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito
arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em
forma de lenccediloacuteis Geralmente sistemas fluviais entrelaccedilados arenosos de TSMB formam
corpos de canais do tipo ldquosheet-likerdquo (Hirst 1991 Miall 2006) com amalgamaccedilatildeo de barras e
canais internos ao canal principal onde a preservaccedilatildeo de sedimentos mais finos comuns de
planiacutecie de inundaccedilatildeo eacute menor (Schanley amp McCabe 1993 Wan Wagoner et al 1995) Tal
disposiccedilatildeo estaacute de acordo com o observado para os depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti De
uma forma geral segundo a variaccedilatildeo de espessura e distribuiccedilatildeo desses depoacutesitos (Figura 19)
observa-se um acunhamento dos depoacutesitos fluviais para a porccedilatildeo SE da regiatildeo
O final do TSMB eacute marcado pelos depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de frente
deltaica (AF2) que denota progradaccedilatildeo com padratildeo de raseamento ascendente Segundo
Bhattacharya amp Walker (1992) durante os periacuteodos de aumento do niacutevel do mar a deposiccedilatildeo
deltaica fica confinada a ambientes de aacuteguas rasas na plataforma e resulta na raacutepida
progradaccedilatildeo dos lobos e comutaccedilatildeo de um ambiente dominado por processos fluviais A
sedimentaccedilatildeo deltaica tende a ser suprimida durante o aumento do niacutevel do mar e em regiotildees
costeiras tende a ser influenciada por processos de onda e mareacute (Miall 2000)
O TSMB eacute sobreposto por um Trato de Sistema Transgressivo (TST Figura 20B)
sendo seu limite marcado pela superfiacutecie S3 que representa uma incursatildeo marinha dentro da
sequecircncia 2 O trato de sistema transgressivo (TST) corresponde a depoacutesitos plataformais de
onda e mareacute (AF3) de tendecircncia granocrescente para o topo iniciando com intercalaccedilatildeo de
pelitos e arenitos finos com laminaccedilotildees com ritmitos de mareacutes e tidal bundles passando para
arenitos estratificados hummocky e swaley e em seguida camadas de arenitos maciccedilos e
ondulados mais espessos para o topo A preservaccedilatildeo de depoacutesitos de mareacute comumente ocorre
em tratos de sistemas caracterizados por taxas altas de aumento relativo do niacutevel do mar (Nio
amp Yang 1991)
Durante a incursatildeo marinha os sedimentos da plataforma rasa eram periodicamente
retrabalhados por tempestades As evidecircncias de accedilatildeo perioacutedica de ondas de tempestades satildeo
laminaccedilotildees onduladas micro-hummockys e pinch-and-swell observadas na base da sequecircncia
que passam para arenitos com Ah e Aes ao topo A diferenccedila de escala observada nas
estruturas sedimentares geradas por tempestades desta sequecircncia corrobora com o contiacutenuo
aumento do niacutevel do mar Yang et al (2006) registram que o tamanho do comprimento de
onda de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky (Ah) diminui conforme se aproxima das aacuteguas mais
rasas devido a diminuiccedilatildeo do tamanho das ondas Baseado nesta premissa as estruturas
47
sedimentares menores (ex micro-hummockys) seriam geradas no iniacutecio do aumento do niacutevel
do mar e as estruturas maiores (Ah e Aes) no aacutepice da incursatildeo marinha
A presenccedila de um ambiente dominado por processos de mareacute e onda e influenciados
por tempestades sugere que o limite TSMB-TST registra a passagem de um mar
epicontinental amplo e de aacuteguas rasas com alta taxa de aporte sedimentar (AF1 e AF2) para
um ambiente de mar mais aberto e elevada taxa de aumento do niacutevel do mar (AF3) O padratildeo
retrogradacional identificado nos depoacutesitos do TST eacute atribuiacutedo agrave geraccedilatildeo de espaccedilo de
acomodaccedilatildeo que supera a taxa de sedimentaccedilatildeo (Catuneanu et al 2011 Posamentier amp Vail
1988)
O topo do TST eacute limitado no topo pela superfiacutecie S4 a qual coincide com a
discordacircncia regional Mesocarboniacutefera A base da sequecircncia 3 representa um TSMB (Figura
20C) com depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta por camadas de
arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilotildees cruzadas tabular acanalada e tangencial com
lags conglomeraacuteticos Apoacutes a instalaccedilatildeo de um sistema plataformal transgressivo no Viseano
houve um rebaixamento do niacutevel de mar que causou um hiato erosivo de 20 Ma registrado em
vaacuterias partes da Bacia do Parnaiacuteba (Caputo 1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007) Este
evento estaria associado ao iniacutecio estaacutegio de continentalizaccedilatildeo que ocorreu durante o
Moscoviano e resultou na formaccedilatildeo do Pangea (Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007)
48
Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de Baratildeo de Grajauacute e
Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba Fonte Modificado de (Vaz et al 2007)
49
Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e principais superfiacutecies
estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)
50
Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da Seq
2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)
51
CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO
As trecircs sequecircncias deposicionais identificadas na aacuterea de estudo que compreendem
as formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute tem sua gecircnese relacionada a variaccedilotildees ciacuteclicas do niacutevel
relativo do mar influenciadas por eventos de eustasia e tectocircnica (Catuneanu 2006) A Seq 1
(TSMA) eacute caracterizada por uma transgressatildeo marinha que iniciou no Fameniano e que deu
origem aos depoacutesitos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (TSMA) com ambiente dominado por
eventos de tempestades (Goacutees amp Feijoacute 1994)
A Seq 2 que engloba TSMB em sua porccedilatildeo inicial eacute composta por depoacutesitos
fluviais e deltaicos caracterizando uma fase seguinte de progradaccedilatildeo As paleocorrentes dos
depoacutesitos fluviais (AF1) e de frente deltaica (AF2) indicam sentido do paleofluxo para NW
com provaacuteveis aacutereas fontes para leste-sudeste Dados preacutevios baseados em anaacutelises de
paleocorrentes e dataccedilotildees U-Pb em zircatildeo detritico indicam que as principais aacutereas fontes dos
sedimentos da bacia do Parnaiacuteba durante o Paleozoico estariam localizadas na Proviacutencia
Borborema que fica a sudeste da aacuterea de estudo (Daly et al 2018 Hollanda et al 2014
Oliveira amp Moura 2019) Sedimentos retrabalhados de rochas paleoproterozoicas e
neoproterozoicas seriam as principais fontes para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti com
contribuiccedilatildeo secundaacuteria de sedimentos reciclados de rochas cambro-ordovicianas ou mais
jovens (Hollanda et al 2014) aleacutem de fontes neoarquenas (Oliveira amp Moura 2019)
Retrabalhamento de rochas do intervalo Devoniano-Tournaisiano tambeacutem eacute sugerido por
dados palinoloacutegicos (Di Pasquo amp Iannuzzi 2014 Streel et al 2012) Assim um progressivo
recuo dos mares epicontinentais entre o Mesodevoniano e o Mississipiano (Goeacutes 1995)
resultou na formaccedilatildeo de extensos depoacutesitos transicionais e na exposiccedilatildeo de rochas cristalinas
e sedimentares preacute-cambrianas (antes inundadas pela incursatildeo marinha devoniana) na regiatildeo a
leste e sudeste da Bacia do Parnaiacuteba (Oliveira amp Moura 2019)
A instalaccedilatildeo deste sistema fluvio-deltaico ocorreu sob um clima semiaacuterido com
vegetaccedilatildeo escassa ou ausente Segundo Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) a vegetaccedilatildeo nas
proximidades da regiatildeo de estudo era mais arbustiva e escassa com presenccedila de plantas
pteridoacutefitas e gimnospermas aleacutem de algas que refletem aacuteguas salobras Ianuzzi (1994)
descreve clima temperado a subtropical no final do Carboniacutefero Inferior passando para
tropical no final do Carboniacutefero Superior com deriva do Continente Americano em direccedilatildeo ao
Equador (Ribeiro 2000) Parrish et al (1986) descrevem variaccedilotildees no clima durante o
Carboniacutefero Superior oscilando entre periacuteodos quentes e mais frios com tendecircncia geral de
52
aquecimento Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) descrevem assembleias fossiliacuteferas tiacutepicas de
intervalos normais a secos assim como ratificado por reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas (Iannuzzi
amp Roumlsler 2000) o qual afirma que a Bacia do Parnaiacuteba teria estado situada em uma zona
climaacutetica semiaacuterida durante a metade do Mississipiano Streel et al (2012) descrevem
miosporos em seccedilotildees de diamictitos da Formaccedilatildeo Poti na borda oeste da bacia depositados
em periacuteodos interglaciais
Os depoacutesitos deltaicos satildeo representados pelo predomiacutenio de camadas com geometria
lobada e estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais que podem estar relacionados a eventos de
sedimentaccedilatildeo episoacutedica durante carga extrema de rios (Della Faacutevera 2001 Ponciano amp Della
Faacutevera 2009) Esta carga extrema geralmente transpassa (by-pass) a parte proximal do sistema
deltaico (Della Faacutevera 2001) A ausecircncia de faacutecies de prodelta nos depoacutesitos estudados pode
estar associada a grande extensatildeo dos depoacutesitos de frente deltaica e alta taxa de progradaccedilatildeo
Apesar da ausecircncia de estruturas como Ah e Aes nos afloramentos estudados a inexistecircncia
de prodelta pode estar associada agrave remoccedilatildeo do material argiloso por tempestades (Della
Faacutevera 2001)
O delta da Formaccedilatildeo Poti flui para um ambiente de mar epicontinental raso Porritt et
al (2020) descrevem deltas similares com baixo gradiente onshore e offshore resultando em
efeitos miacutenimos das variaccedilotildees do niacutevel do mar nos deltas Ainda segundo Porritt et al (2020)
a diferenccedila destes tipos de deltas em mares epiricos para outros eacute sua quantidade baixa de
espaccedilo de acomodaccedilatildeo disponiacutevel e local de sedimentaccedilatildeo controlada por avulsatildeo de rios mais
acima nas superfiacutecies de leque aluvial
Goacutees et al (1997) descreveram ainda exposiccedilotildees referentes ao delta em contatos
laterais ou intercalados com os depoacutesitos dominado por tempestade e onda As bacias do
Parnaiacuteba e do Amazonas durante o Viseano tardio estava inserida nos paralelos 40deg a 50deg
dentro do continente Gondwana (Scotese 2000 Torvski et al 2012) recebendo accedilotildees de
furacotildees que geraram os depoacutesitos tempestiacutesticos da associaccedilatildeo AF3 (Duke 1985)
O continuo avanccedilo do mar para dentro da plataforma continental gerou os depoacutesitos
influenciados por mareacute e onda (AF3) que recobrem o sistema fluvio-deltaico Este limite
sugere a passagem de um ambiente com alta taxa de sedimentaccedilatildeo siliciclaacutestica durante o
recuo marinho para um ambiente com taxa de sedimentaccedilatildeo moderada com aumento do
niacutevel do mar mais lento Desta forma uma configuraccedilatildeo de mares epicontinentais com maior
53
restriccedilatildeo eacute sugerida para o sistema fluvio-deltaico com passagem para mares epicontinentais
amplos poreacutem ainda rasos do sistema plataformal dominado por mareacute e onda
Segundo mapas paleogeograacuteficos de Scotese (2019) observa-se no periacuteodo entre 361
e 351 milhotildees de anos (Fameniano e Tounasiano) a diminuiccedilatildeo de pontos de gelo que
estariam ligados ao processo transgressivo que deu origem a depoacutesitos plataformais marinhos
no topo da Formaccedilatildeo Longaacute Entre 344 Ma e 338 Ma (Viseano) houve o estabelecimento dos
ambientes referentes agrave Formaccedilatildeo Poti com a presenccedila de pontos de gelo relacionados agrave
regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo
que possivelmente deu origem aos depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3)
aqui descritos no topo da Formaccedilatildeo Poti Tal hipoacutetese pode sustentar ainda a existecircncia de
sistema fluvial entrelaccedilado relacionado a descargas e maior proporccedilatildeo de carga de fundo em
regiotildees glaciais oriundas de escoamentos superficiais sazonais (ou ocasionada pelo degelo) A
presenccedila de uma vegetaccedilatildeo arbustiva no Mississipiano aliado a condiccedilotildees ambientais semi-
aridas durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos Poti sustenta a justificativa da instalaccedilatildeo de um
fluvial entrelaccedilado
Uma discordacircncia regional que gerou um hiato deposicional de aproximadamente 20
Ma na Bacia do Parnaiacuteba (Goacutees et al 1992) marca o contato entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute
e consequentemente o final do ciclo deposicional do Grupo Canindeacute Assim apoacutes a
deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti movimentos epirogecircnicos ascendentes e uma regressatildeo de
extensatildeo global seriam fatores que tiveram accedilatildeo na erosatildeo da bacia (Goacutees 1995 Mesner amp
Wooldridge 1964 Santos amp Carvalho 2009) resultando na superfiacutecie S4 e na sedimentaccedilatildeo
da Seq 3 Esta tendecircncia regressiva do mar durante o Carboniacutefero poderia estar relacionada a
movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela orogenia Herciniana que se
desenvolveu principalmente a norte do supercontinente Gondwana com periacuteodos colisionais
entre 380 e 280 Ma (Windley 1995 Vaz et al 2007) O contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Poti
e Piauiacute foi observado na porccedilatildeo oeste da aacuterea de estudo onde depoacutesitos plataformais de onda
e mareacute (AF3) estatildeo sotopostas a litofaacutecies de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo
cruzada de depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Trabalhos referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute
revelam um contexto de sistema deseacutertico associado ao iniacutecio do processo de
continentalizaccedilatildeo no Gondwana (Lima amp Leite 1978 Xavier 2019) Portanto as faacutecies
fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute sobrepostas a AF3 satildeo interpretadas como pertencentes a um
TSMB
54
Em 315 Ma (Moscoviano) houve o estabelecimento de grande camada de gelo nas
porccedilotildees da Bacia do Parnaiacuteba corroborando a natureza regressiva da sequecircncia 3 (TSMB)
com um rebaixamento do niacutevel do mar juntamente com as orogenias que consolidavam o
supercontinente Pangea em condiccedilotildees climaacuteticas quente e semiaacuterida em geometria diferente
na bacia (Caputo et al 2005) referente ao fluvial da Formaccedilatildeo Piauiacute Recentemente Xavier
(2019) associa a discordacircncia entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute a movimentos glacio-eustaacuteticos
que ocorreram durante o primeiro pico de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age
(LPIA)
55
CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES
A anaacutelise dos afloramentos do intervalo da porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Longaacute
Formaccedilatildeo Poti e inferior da Formaccedilatildeo Piauiacute entre os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e Nazareacute
do Piauiacute evidenciaram ocorrecircncia de um short term transgression com depoacutesitos fluvio-
deltaicos recobertos por plataformais no Carboniacutefero inferior onde incursotildees marinhas
formaram mares rasos epicontinentais
Foram descritos para Formaccedilatildeo Poti 9 afloramentos com 15 faacutecies das quais
individualizaram 3 associaccedilotildees de faacutecies Fluvial entrelaccedilado (AF1) Frente deltaica (AF2) e
Plataforma dominada por mareacute e onda (AF3)
A Formaccedilatildeo Longaacute representa a Seq1 com depoacutesitos de tempestitos de um Trato de
Sistema de Mar Alto (TSMA) separada do fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti por um limite de
sequecircncia tipo 1 (S1) A base da Formaccedilatildeo Poti eacute representada por um fluvial entrelaccedilado
(AF1) descrito na porccedilatildeo leste da aacuterea o qual possui 8 faacutecies e sete elementos arquiteturais
elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante
(CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia
laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em forma de lenccediloacuteis
A associaccedilatildeo de Frente deltaica (AF2) possui 4 faacutecies dispostas em geometrias
tabulares a lobadas separada da AF1 por uma superfiacutecie de limite de associaccedilatildeo (S2) AF1 e
AF2 representam um Trato de sistema de Mar Baixo (TSMB) e iniacutecio da Seq 2 da Formaccedilatildeo
Poti em um contexto de bacia com conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais
AF2 separa-se dos depoacutesitos plataformais de onda e mareacute (AF3) por uma superfiacutecie
trangressiva (S3)
A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3) tem 8 faacutecies inseridas em
2 geometrias tabular e em canal Nesta sucessatildeo foram descritos acamamentos heteroliacuteticos e
ritmitos de mareacute bem como estruturas como tidal bundles wave generated que atestam a
accedilatildeo de mareacute e onda nesta unidade Ainda estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley
evidenciam a accedilatildeo de ondas de tempestades Esta associaccedilatildeo representa um Trato de Sistema
Trangressivo (TST) e o final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti sendo um short term transgression
provavelmente associada a derretimento de pontos de gelo na regiatildeo oeste da Bacia AF3
separa-se da Formaccedilatildeo Piauiacute por uma superficie de limite de sequecircncia do tipo 1 (S4) A
Formaccedilatildeo Piauiacute denotaria um Trato de Sistema de Mar Baixo (TMSB) e por isso iniacutecio da
56
Seq 3 que representa os movimentos glacio-eustaacuteticos que ocorreram durante o primeiro pico
de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age (LPIA)
57
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APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA
Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1
arenito com estrat cruzada acanalada A7) A Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a
arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato principalmente pontuais porosidade intergranular e
localmente feldspatos alterando para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na associaccedilatildeo de
faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com porosidade
intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3
Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos subangulosos a subarredondados
muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo
69
APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X
Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras representativas da
Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e 2 referente a plataforma de onda e
mareacute (AF3 A1 e A3) AF1 (A8 Folhelho) A A anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada
com etilenoglicol e calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica expansiva 119889001
indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97 Aring quando calcinada B Em amostra de
rocha total eacute dominante a presenccedila de picos principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio
AF3 (A1 arenito com lam cruzada) C Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a natureza expansiva 119889001
da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A
vermeculita eacute observada como sendo um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a
existecircncia de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring) bem como um
menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de amostra glicolada A ilita eacute melhor
individualizada nesta anaacutelise visto que a muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e
49 Aring do plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em relaccedilatildeo a ilita no pico 71
Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 D Na anaacutelise de poacute total da amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda
em menores picos albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar
montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise de DRX em rocha total e em
lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior
presenccedila de montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser realizados afim de
atestar esta tendecircncia
iv
Ao Grande Arquiteto do Universo
Aos meus pais
v
AGRADECIMENTOS
O apoio de queridos familiares e amigos satildeo de vital importacircncia para a realizaccedilatildeo
dos melhores objetivos na vida Agradeccedilo ao Grande Arquiteto do Universo primeiramente
que me proporcionou calma e feacute Gostaria de agradecer a todas as pessoas que de alguma
forma direta ou indiretamente me ajudaram a desenvolver este trabalho
Aos meus amados pais Isardi Arauacutejo de Miranda e Maria Goretti Fonseca Santos de
Miranda que me possibilitaram ferramentas e carinho para trilhar este caminho da ciecircncia
Tenho eterna gratidatildeo e admiraccedilatildeo profunda pela tamanha grandiosidade de coraccedilatildeo do meu
pai Que este trabalho seja prova que seu amor pelas ciecircncias transbordou geraccedilatildeo e ainda do
meu amor Agrave minha matildee que me ensinou a ser uma mulher forte atraveacutes de sua educaccedilatildeo
inteligecircncia e amor alguns de seus inuacutemeros adjetivos como mulher e matildee Ao meu grande
irmatildeo Isardy Miranda pela gentileza amizade e inspiraccedilatildeo do dia a dia
Agraves minhas avoacutes Maria de Nazareacute (Noca) e Josina modelos de resiliecircncia e forccedila
feminina com histoacuterias de vida tatildeo forte que me influenciaram a nunca desistir Aos meus
avocircs (in memorian) Hardy Miranda e Joseacute das Neves pilares das famiacutelias que formaram pais
incriacuteveis Agraves minhas queridas tias (o) e primas (os) as quais muito me espelho e dedico toda a
minha admiraccedilatildeo Aos meus amados padrinhos Izamar e Margarete os guardo no coraccedilatildeo
Ao meu companheiro Bernardo Noacutebrega e meus bons amigos que fizeram parte
tambeacutem desta etapa Meus amigos Caio Perdigatildeo Felipe Rodriga Rachel Emanuelle e
Heverlyn que me apoiaram incondicionalmente Muito obrigada
Aos meus amigos da UFPA que me proporcionaram boas tardes de discussotildees
geoloacutegicas cafeacutes e momentos de descontraccedilatildeo Obrigada Alexandre Ribeiro pela amizade e
conversas sobre geologia Guilherme Raffaeli pelo apoio durante o trabalho Pedro Augusto
Roberto Arauacutejo pelo companheirismo Renan Cleacuteber Walmir Renato Sol Daniella Sacircmia
Nayra Taynara Mateus Xavier e ao teacutecnico Aldemir Sotero do laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de
raios- X Um reconhecimento especial para a biblioteca do IG da UFPA em especial a Luacutecia
Imbiriba por um excelente trabalho de revisatildeo e apoio em relaccedilatildeo as normas de editoraccedilatildeo
Agradeccedilo ao meu orientador Joelson Soares pela amizade paciecircncia e discussotildees ao
longo desta caminhada Agradeccedilo por me inspirar a ser cada vez melhor Um agradecimento
especial a querida Prof Vacircnia Barriga pela sua amizade e exemplo Tambeacutem minha gratidatildeo
vi
aos professores Joseacute Bandeira e Afonso Nogueira pelas disciplinas ministradas e sugestotildees as
quais foram essenciais para a realizaccedilatildeo desta dissertaccedilatildeo
Ainda sou grata pelo suporte estrutural e financeiro proveniente da PPGG da
Universidade Federal do Paraacute e do Conselho Nacional de Desenvolvimento cientiacutefico e
tecnoloacutegico (CNPq) Agradeccedilo tambeacutem a equipe de coordenaccedilatildeo do Campo 1 da graduaccedilatildeo
da UFPA que proporcionou o campo para esta dissertaccedilatildeo
vii
ldquoThe truth is out thererdquo
(X-Files)
viii
RESUMO
Depoacutesitos siliciclaacutesticos mississipianos ocorrem nas regiotildees leste a sudoeste da Bacia do
Parnaiacuteba com aacuterea de afloramento alongada segundo orientaccedilatildeo N-S acompanhando o
contorno geoloacutegico desta bacia A Formaccedilatildeo Poti estaacute inserida em um contexto de iniacutecio de
recuo dos mares interiores com rebaixamento do niacutevel do mar que posteriormente durante a
deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Pedra de Fogo interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do
Amazonas Esta unidade estaacute inserida ao topo da Sequecircncia Mesodevoniana-Eocarboniacutefera
Grupo Canindeacute sendo composta por arenitos cinzas siltitos e folhelhos depositados em
ambientes de deltas e planiacutecie de mareacute com influecircncia de tempestade Este trabalho definiu as
sequecircncias deposicionais e os paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave
Formaccedilatildeo Poti na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba A regiatildeo de estudo situa-se entre os
municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) e Nazareacute do Piauiacute (PI) onde nove pontos foram
descritos agraves margens das rodovias BR-230 e BR- 343 em cortes de estradas exposiccedilotildees
proacuteximas a drenagens intermitentes e em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute Os
meacutetodos empregados consistiram principalmente em anaacutelise de faacutecies elementos arquiteturais
e estratigraacutefica aleacutem de anaacutelise petrograacutefica e de DRX para melhor classificaccedilatildeo e
identificaccedilatildeo mineral das rochas Foram individualizadas quinze faacutecies sedimentares reunidas
em 3 associaccedilotildees de faacutecies (AF) A associaccedilatildeo de faacutecies AF1 ndash Fluvial entrelaccedilado ndash eacute
composta por lente de folhelho (Fl) camadas de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo
plano paralela (App) a estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) na base sotoposta por arenitos
maciccedilos (Am) e com estratificaccedilotildees cruzadas acanalada (Aca) de baixo acircngulo (Aba) planar
(Acp) tabular (Atb) e tangencial (Atg) com orientaccedilatildeo preferencial para NW organizados
em ciclos granodecrescentes ascendentes A organizaccedilatildeo destas faacutecies individualizaram sete
elementos arquiteturais depoacutesitos de barras de acreccedilatildeo lateral (AL) e frontal (AF) lenccediloacuteis de
areia laminados (LL) formas arenosas (FA) e canais (CHa CHm CHp) A AF2 ndash Frente
deltaica ndash possui as faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) e com laminaccedilatildeo ondulada
(Alo) arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e maciccedilos (Am)
compondo ciclos granocrescentes ascendentes em camadas tabulares e lobadas com
paleocorrentes para NW A associaccedilatildeo de faacutecies AF3 ndash Plataforma de mareacute e onda ndash ocorre
sotoposta aos depoacutesitos AF2 com contato abrupto composta por pelitos com laminaccedilatildeo
plano-paralela (Ap) arenitos finos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) com
recobrimento argiloso ondulada (Alo) bem como arenitos maciccedilos (Am) e com
estratificaccedilotildees cruzadas hummocky (Ah) swaley (Aes) sigmoidal (As) e plano paralela (App)
ix
Acamamentos heteroliacuteticos do tipo linsen a flaser ocorrem na base da associaccedilatildeo com
ritmitos de mareacute e wave generated tidal bundles Localmente satildeo observadas escape de
fluidos laminaccedilotildees convolutas e ball-and-pillow As camadas satildeo tabulares lateralmente
contiacutenuas e com geometria de canal no topo desta sucessatildeo A anaacutelise petrograacutefica permitiu a
classificaccedilatildeo de quartzo-arenitos para os depoacutesitos de AF1 e subarcoacutesios para os referentes agraves
associaccedilotildees AF2 e AF3 Para as exposiccedilotildees estudadas foram identificadas 3 sequecircncias
estratigraacuteficas divididas por 4 superficies A Seq 1 corresponde ao intervalo com depoacutesitos
de tempestitos da Formaccedilatildeo Longaacute representando um TSMA limitada por limite de sequecircncia
tipo 1 (S1) do fluvial da Formaccedilatildeo Poti (AF1) A Seq 2 tem iniacutecio pelo TSMB representado
por depoacutesitos de fluvial entrelaccedilado (AF1) e de frente deltaica (AF2) estas separadas por um
limite (S2) Apoacutes rochas da unidade de plataforma de mareacute e onda (AF3) satildeo separadas dos
depoacutesitos transicionais (AF1 e AF2) por uma superfiacutecie transgressiva (S3) representando um
TST e final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti A Seq 2 eacute separada dos depoacutesitos de fluvial
entrelaccedilado da Formaccedilatildeo Piauiacute acima por uma superfiacutecie de limite de sequecircncia do tipo 1
(S4) A Seq 3 eacute representada pelo fluvial entrelaccedilado do Piauiacute sendo um TSMB O
empilhamento estratigraacutefico e as correlaccedilotildees dos perfis estudados revelaram a existecircncia de
uma transgressatildeo na Formaccedilatildeo Poti O estabelecimento dos ambientes fluacutevio-costeiros com
pontos de gelo da Formaccedilatildeo Poti corroboram a regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com
posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo que possivelmente deu origem aos
depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3) Tal transgressatildeo pode ser
interpretada como de curta duraccedilatildeo (short term transgression) visto que em escala regional a
Formaccedilatildeo Poti na Bacia do Parnaiacuteba eacute regressiva
Palavras-chave Paleoambiente Short-term transgression Bacia do Parnaiacuteba Formaccedilatildeo Poti
x
ABSTRACT
Mississipian siliciclastic deposits occur in the regions east and southwest of the Parnaiacuteba
Basin with an elongated outcrop area according to the N-S orientation following the
geological contour of this basin The Poti Formation is inserted in a context of the beginning
of the retreat of the inland seas with a lowering of the sea level which later during the
deposition of the Pedra de Fogo Formation interrupted the existing connection with the
Amazon Basin This unit is inserted at the top of the Mesodevonian-Eocarboniferous
Sequence Canindeacute Group being composed of gray sandstones siltstones and shales
deposited in environments of deltas and tidal flats with storm influence This work defined the
depositional sequences and paleoenvironments of the sedimentary succession corresponding
to the Poti Formation in the eastern portion of the Parnaiacuteba BasinThe study region is located
between the municipalities of Baratildeo do Grajauacute (MA) and Nazareacute do Piauiacute (PI) where nine
points were described on the margins of the BR-230 and BR-343 highways in road cuts
exposures close to intermittent rivers and in a dam near the city of Nazareacute do Piauiacute The
methods employed consisted mainly of facies analysis architectural and stratigraphic
elements in addition petrographic analysis and XRD for better classification and mineral
identification of rocks Fifteen sedimentary facies were individualized gathered in 3 facies
associations (AF) The facies association AF1 ndash Braided fluvial - is composed of shale lens
(Fl) layers of medium to thick sandstones with plane parallel stratification (App) cross planar
stratification (Acp) at the base overlay by massive sandstones (Am) and cross- bedding
stratification (Aca) low angle (Aba) planar (Acp) tabular (Atb) and tangential (Atg) with
preferential NW orientation organized in fining-upwards cycles The organization of these
facies individualized seven architectural elements deposits of lateral (AL) and frontal (AF)
accretion bars laminated sand sheets (LL) sandy forms (FA) and channels (CHa CHm
CHp) AF2 - Delta front - sandstone facies with climbing ripple cross-lamination (Alc) and
wavy lamination (Alo) fine to medium massive sandstone (Am) and sigmoidal cross
stratification (As) composing coarsening-upward cycles in tabular and lobed layers with
paleocurrents to NW The facies association AF3 - Tidal and wave platform - occurs just
below the AF2 deposits with abrupt contact composed by pelites with plane-parallel
lamination (Ap) fine climbing ripple cross-lamination sandstone (Alc) with mud wavy
lamination (Alo) as well as massive sandstones (Am) and hummocky (Ah) swaley (Aes)
sigmoidal (As) cross stratification and plane parallel (App) Heterolytic bedding linsen to
flaser type occurs at the base of the association with tidal rhythmite and wave generated tidal
xi
bundles Flames structures convoluted laminations and ball-and-pillow are observed locally
The layers are tabular laterally continuous and with channel geometry at the top of this
sequence Petrographic analysis allowed the classification of quartz-sandstones for the AF1
deposits and subarcose for those referring to the AF2 and AF3 associations For the studied
exhibitions 3 stratigraphic sequences were identified and divided by 4 stratigrafic surfaces
Seq 1 corresponds to the interval with storm deposits from the Longaacute Formation representing
a TSMA limited by type 1 (S1) sequence limit from the fluvial braided (AF1) of the Poti
Formation Seq 2 begins with the TSMB represented by the fluvial braided (AF1) and delta
front (AF2) deposits wich are separated between them by a limit (S2) Afterwards tide and
wave platform (AF3) rocks are separated from the transitional deposits (AF1 and AF2) by a
transgressive surface (S3) representing a TST and end of Seq 2 in the Poti Formation Seq 2
is separated from the fluvial braided deposits of the Piauiacute Formation above by a type 1
boundary sequence surface (S4) Seq 3 is represented by the braided fluvial of Piauiacute being a
TSMB The stratigraphic stacking and the correlations of the studied profiles revealed the
existence of a transgression in the Poti Formation The establishment of fluvial-coastal
environments with ice points in the Poti Formation corroborates the initial regression of
Sequence 2 with subsequent melting contributing to the transgression that possibly gave rise
to platform deposits dominated by wave and tide (AF3) Such transgression can be interpreted
as short-term transgression since the regional tendency in the Poti Formation in the Parnaiacuteba
Basin is regressive
Keywords Paleoenvironment Short-term transgression Parnaiacuteba Basin Poti Formation
xii
LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES
Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti
na borda leste da Bacia do Parna3
Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)7
Figura 1- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial (Miall 1996)9
Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies
aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)11
Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil
(Silva et al 2003 modificado de Goacutees 1995)14
Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o
intervalo do final do Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute
1994)15
Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute
do Piauiacute20
Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a
Formaccedilatildeo Longaacute sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7
conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e Fig7) B Clastos de argila e quartzo
nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo
frontal (AF) com concordacircncia da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies
limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta porccedilatildeo do canal
(P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 223
xiii
Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito
arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar
e baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a
arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes
dos estratos cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser
observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram
identificados Lenccediloacuteis de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e
estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo
contiacutenuo lateralmente por aproximadamente 30 metros limitado acima por
superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente
limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de acreccedilatildeo
lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem26
Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti
(P1) Canal de preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies
de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo (CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma
assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma relativamente
simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo27
Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos
afloramentos da Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior
dos canais enquanto que as arquiteturas AF e AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais
elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por avulsotildees de
canais ativos29
Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente
deltaica (Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade
de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da aacuterea de estudo P9)30
xiv
Figura 13 Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos
depoacutesitos deltaicos (AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e
mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada
sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees
convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido
principal para NW D Geometria lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos
deltaicos nas aacutereas de estudo 31
Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc)
arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B
Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem
(P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria lobada
Floriano Piauiacute (P8)32
Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato
entre as associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3
P4) B Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgantes e ondulada com geometria
pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em arenito com
microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and
pillow (P3) E Escape de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico
(P5)37
Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal
bundles em laminaccedilatildeo cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de
argila (P4) B Wave generated tidal bundles com acamamento ondulado e
sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se
ritmicidade com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute
com ciclos de 1a 2a e 3a ordem superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D
Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e quadratura
(P5)38
xv
Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute
(AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4) B
Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com
material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas
cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de
ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C
Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D
Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley39
Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de
Baratildeo de Grajauacute e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba (modificado
de Vaz et al 2007)48
Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e
principais superfiacutecies estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de
variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)49
Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do
Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da
Seq 2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de
sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)50
xvi
Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de
fluvial entrelaccedilado (AF1 arenito com estrat cruzada acanalada A7) A
Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a
arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato
principalmente pontuais porosidade intergranular e localmente feldspatos alterando
para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na
associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios
subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila
de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com
porosidade intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo
Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3 Arenito com
laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos
subangulosos a subarredondados muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas
em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo68
xvii
Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras
representativas da Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado
(AF1) e 2 referente a plataforma de onda e mareacute (AF3) AF1 (A8 Folhelho) A A
anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada com etilenoglicol e
calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica
expansiva 119889001 indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97
Aring quando calcinada B Em amostra de rocha total eacute dominante a presenccedila de picos
principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio AF3 (A1
arenito com lam cruzada) A) Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a
natureza expansiva 119889001 da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em
amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A vermeculita eacute observada como sendo
um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a existecircncia
de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring)
bem como um menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de
amostra glicolada A ilita eacute melhor individualizada nesta anaacutelise visto que a
muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e 49 Aring do
plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em
relaccedilatildeo a ilita no pico 71 Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 B Na anaacutelise de poacute total da
amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda em menores picos
albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar
montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise
de DRX em rocha total e em lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em
clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior presenccedila de
montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser
realizados afim de atestar esta tendecircncia69
xviii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (modificado de Miall 1985 apud
Miall 2006)8
Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti21
Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de
Baratildeo do Grajaacuteu25
xix
SUMAacuteRIO
DEDICATOacuteRIAiv
AGRADECIMENTOS v
EPIacuteGRAFEvii
RESUMO viii
ABSTRACT x
LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES xii
LISTA DE TABELAS xviii
CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 APRESENTACcedilAtildeO 1
12 OBJETIVOS 2
13 LOCALIZACcedilAtildeO 2
CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 4
21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA 4
22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS 5
221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes 9
23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES 12
231 Anaacutelise petrograacutefica 12
232 Difratometria de Raios- X 12
CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO 13
31 GRUPO CANINDEacute 14
32 FORMACcedilAtildeO POTI 16
CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES 19
41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO 19
411 Interpretaccedilatildeo 27
42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA 29
421 Interpretaccedilatildeo 32
43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA 34
431 Interpretaccedilatildeo 40
xx
CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS 44
51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS 44
52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA 45
CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO 51
CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES 55
REFEREcircNCIAS 57
APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA 68
APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X 69
CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO
11 APRESENTACcedilAtildeO
Durante o Carboniacutefero Inferior a regiatildeo oeste do supercontinente Gondwana estava
separada do paleocontinente Lauraacutesia por um estreito segmento do oceano Rheic (Golonka
2007 Torsvik et al 2012) Neste periacuteodo incursotildees marinhas formaram mares rasos
epicontinentais que conectavam as bacias sedimentares intracratocircnicas do Amazonas e
Parnaiacuteba no nortenordeste do Brasil (Almeida amp Carneiro 2004 Della Faacutevera 1990
Medeiros et al 2019 Torsvik amp Cocks 2013) Durante o Carboniacutefero a porccedilatildeo sul-ocidental
do Gondwana era coberta por extensas geleiras que se instalaram desde o final do Devoniano
(Castro 2004 Golonka 2007 Milani et al 2007 Torsvik et al 2012)
De acordo com reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas a Bacia do Parnaiacuteba durante o
Viseano encontrava-se em uma zona de clima semi-aacuterido a temperado e frio (Iannuzzi 1994
Iannuzzi amp Rosner 2000) Neste periacuteodo teve iniacutecio o recuo dos mares interiores com
diminuiccedilatildeo do niacutevel do mar que interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do Amazonas
(Almeida amp Carneiro 2004 Mabesoone amp Neumann 2005) A tendecircncia regressiva deste mar
no periacuteodo Carboniacutefero eacute relacionada a movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela
Orogenia Herciniana (Winldley 1995) ou pelo aumento das capas de gelo na porccedilatildeo sul-
ocidental do Gondwana (Caputo 1984 Caputo et al 2006 ab)
Neste contexto foram depositadas as rochas continentais transicionais e marinhas da
Formaccedilatildeo Poti A Formaccedilatildeo Poti eacute caracterizada por arenitos por vezes conglomeraacuteticos com
intercalaccedilatildeo de folhelhos e finos leitos de carvatildeo (Lima amp Leite 1978 Mesner amp Wooldridge
1964) que registram ambientes de deltas e planiacutecies de mareacute com influecircncia de tempestades
(Goacutees et al 1997 Goacutees amp Feijoacute 1994) A tendecircncia da Formaccedilatildeo Poti eacute principalmente
regressiva contudo os afloramentos na aacuterea de estudo mostram uma relaccedilatildeo incomum entre
depoacutesitos transicionais sotopostos por depoacutesitos de plataforma de mareacute e onda estes por sua
vez foram pouco explorados pela literatura cientiacutefica (Della Faacutevera 1990 Goacutees et al 1997)
Portanto o objetivo principal deste trabalho eacute interpretar os paleoambientes e definir uma
sequecircncia deposicional para as rochas da Formaccedilatildeo Poti que afloram entre as regiotildees de
Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba e elaborar um
modelo deposicional
2
12 OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho eacute definir as sequecircncias deposicionais e interpretar os
paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave Formaccedilatildeo Poti a partir do estudo de
depoacutesitos que afloram na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba Para isto tecircm-se os seguintes
objetivos especiacuteficos
Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo de faacutecies sedimentares e arquiteturais dos sistemas
deposicionais das Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)
Propor sequecircncia estratigraacutefica delimitando suas principais superfiacutecies estratigraacuteficas
para as Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)
Definir um modelo deposicional para as rochas siliciclaacutesticas mississipianas da
Formaccedilatildeo Poti entre as regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute
13 LOCALIZACcedilAtildeO
A aacuterea de estudo estaacute localizada na borda leste da Bacia do Parnaiacuteba na divisa entre
os estados do Maranhatildeo e Piauiacute Os depoacutesitos descritos estatildeo situados ao longo da BR-230 e
BR-343 abrangendo os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) Floriano (PI) e Nazareacute do Piauiacute
(PI) em afloramentos de corte de estradas exposiccedilotildees proacuteximas a drenagens intermitentes e
em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute (Figura 1)
3
Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti na borda leste da
Bacia do Parnaiacuteba (Fonte CPRM)
4
CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A elaboraccedilatildeo deste trabalho contou inicialmente com um levantamento bibliograacutefico
acerca da geologia regional na aacuterea leste da Bacia do Parnaiacuteba A seguir houve a fase de
campo (realizada durante o campo da disciplina de Campo 1 da graduccedilatildeo da UFPA na porccedilatildeo
leste da Bacia do Parnaiacuteba) com anaacutelises facioloacutegica arquitetural e estratigraacutefica e
posteriormente fase de laboratoacuterio com anaacutelise petrograacutefica Estas metodologias foram as
ferramentas utilizadas para alcanccedilar os objetivos propostos nesta dissertaccedilatildeo
Na fase de campo foi realizada a coleta de dados sendo feitas as descriccedilotildees e
interpretaccedilotildees facioloacutegicas a confecccedilatildeo de perfis estratigraacuteficos e coleta de amostras dos
afloramentos das Formaccedilotildees Poti Longaacute e Piauiacute As amostras coletadas originaram as seccedilotildees
delgadas para a anaacutelise petrograacutefica A avaliaccedilatildeo estratigraacutefica envolveu o estudo de nove
afloramentos as margens das BR- 230 e BR-343 sendo os pontos P1 a P5 pontos as margens
de drenagens secas P6 a P8 exposiccedilotildees em cortes de estrada e P9 a barragem Salinas (Figura
1) Na regiatildeo os litotipos referentes aos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti ocorrem com excelente
preservaccedilatildeo de estruturas sedimentares bem como engloba unidades com associaccedilotildees
litoloacutegicas de gecircneses distintas separadas por superfiacutecies que podem ser utilizadas para
correlaccedilotildees estratigraacuteficas
21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA
Para a anaacutelise de faacutecies e estratigraacutefica foi utilizada a teacutecnica de modelamento de
faacutecies com auxiacutelio de perfis colunares e estratigraacuteficos seguindo as propostas de Walker
(1992 2006) Miall (2000) Dalrymple (2010) Bhattacharya (2010) com nomenclatura de
Miall (1977) Segundo a metodologia de Walker (1992 2006) a reconstituiccedilatildeo
paleoambiental de uma unidade sedimentar deve conter caracterizaccedilatildeo das faacutecies
sedimentares com textura composiccedilatildeo geometria estrutura sedimentar e conteuacutedo fossiliacutefero
juntamente com a leitura de paleocorrentes para haver compreensatildeo dos processos
sedimentares que agiram para a formaccedilatildeo de cada faacutecies
As associaccedilotildees de faacutecies identificadas consistem em um conjunto de faacutecies
relacionadas geneticamente que remetem a determinados ambientes e sistemas deposicionais
As medidas de paleocorrentes foram retiradas em arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada e
arenitos com laminaccedilatildeo cruzada com posterior produccedilatildeo de rosetas atraveacutes do programa
OpenStereoreg A representaccedilatildeo de faacutecies em siglas inspirou-se no coacutedigo de faacutecies de Miall
5
(1977) com representaccedilatildeo da primeira letra maiuacutescula referente a litologia principal e a letra
seguinte minuacutescula indicando a estrutura sedimentar dominante Modelos de faacutecies foram
construiacutedos na forma de mapas paleogeograacuteficos representativos perfis verticais e blocos
diagramas A confecccedilatildeo de seccedilotildees panoracircmicas a partir de fotomosaicos de afloramentos
seguiu a teacutecnica de Wilzevic (1991) para auxiliar no estudo de elementos arquiteturais para
depoacutesitos fluviais (Miall 1985 1988 2006) deltaicos e plataformais
O estudo de estratigrafia de sequecircncia de alta resoluccedilatildeo (Catuneanu et al 2011
Zecchin amp Catuneanu 2013) considerou os ciclos as superfiacutecies e as ordens de cada uma e
suas sequecircncias deposicionais identificando superfiacutecies-chave da sucessatildeo e interpretando
seu significado deposicional a partir dos conceitos da estratigrafia de sequecircncias e tratos de
sistemas (Catuneanu 2006 Catuneanu et al 2009 Posamentier amp Vail 1988 Vail et al 1977)
22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS
O estudo de formas de leitos modernos e em boas exposiccedilotildees de sequecircncias antigas
(Allen 1983 Haszeldine 1983 ab Kirk 1983 apud Miall 1985) mostram que interpretaccedilotildees
baseadas apenas em perfis verticais natildeo representam de forma acurada a geometria e
complexidade interna das estruturas de grandes macrofomas de depoacutesitos de barras Portanto
apenas representaccedilotildees por perfis consistem em ferramentas pouco eficientes para o estudo de
sedimentos fluviais em funccedilatildeo das inuacutemeras mudanccedilas laterais de faacutecies e pela natureza
tridimensional de um litossoma individual (Miall 1985 1988) O canal e sua morfologia
usualmente tecircm sido usados como chave principal para a interpretaccedilatildeo de sedimentos fluviais
existindo uma grande diversidade de estilo de canais e tipos de depoacutesitos com origem
relacionada a variedade de controles parcialmente interdependentes que atuam na
sedimentaccedilatildeo fluvial (Miall 1985)
A anaacutelise bi e tridimensional permite individualizar elementos arquiteturais em
sistemas fluviais O conceito de elemento arquitetural permeia-se na noccedilatildeo que depoacutesitos
sedimentares podem ser caracterizados por geometrias estratais escala e superfiacutecies de
acamamento limitantes (Allen 1980 Miall 1985 Miall 1988) Este conceito foi primeiramente
aplicado para definir a geometria e arranjo tridimensional de estratos areniacuteticos de antigos
depoacutesitos fluviais depoacutesitos estes que tem sido difundido na literatura desde o final da deacutecada
de 80 em funccedilatildeo da larga aplicaccedilatildeo no estudo das heterogeneidades de rochas reservatoacuterio
6
(Miall amp Tyler 1991) Contudo atualmente eacute empregado para quaisquer sucessotildees
estratigraacuteficas independentes da idade litologia e gecircnese como as sucessotildees deltaicas de
planiacutecie de mareacute (Eriksson et al 1995) sucessotildees turbidiacuteticas (Mutti amp Normark 1987) e
vulcanoclaacutesticas (Palmer amp Neall 1991) com a finalidade de explanar sobre a disposiccedilatildeo das
faacutecies e de suas associaccedilotildees no espaccedilo (Borghi 2000) Allen (1983) deu origem ao termo
ldquoelemento arquiteturalrdquo e Miall (1985) sumarizou e classificou as rochas fluviais baseado
nestes conhecimentos
Jackson (1975) classifica as formas de leito em microformas mesoformas e
macroformas Microformas satildeo estruturas geradas por variaccedilatildeo turbulenta gerando marcas de
onda de pequena escala e lineaccedilotildees de corrente Mesoformas incluem formas de leito de maior
escala como dunas pequenos canais e barras linguoacuteides longitudinais e diagonais Jaacute as
macroformas mostram o efeito cumulativo de vaacuterios eventos dinacircmicos ao longo dos anos
que incluem canais maiores e formas de barras compostas como point bars side bars sand
flats e ilhas A identificaccedilatildeo apropriada destas macroformas eacute a base para determinar o tipo de
sistema fluvial (Jackson 1975 Miall 1985)
A menor escala de elementos de macroforma eacute composta por oito elementos
arquiteturais baacutesicos Canal fluxo de gravidade de sedimentos formas de leito e barra
cascalhosa acreccedilatildeo frontal acreccedilatildeo lateral lenccediloacuteis de areia laminados formas de leito
arenosas e hollow (Figura 2 Tabela 1) Estes oito elementos arquiteturais satildeo caracterizados
por tamanho do gratildeo composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e principalmente
geometria (Miall 1985) Afloramentos com ao menos vaacuterios deciacutemetros e com certa
quantidade de controle tridimensional satildeo necessaacuterios para um estudo detalhado Todos os
sistemas fluviais satildeo compostos de proporccedilotildees variadas dos oito elementos arquiteturais
7
Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)
A ampliaccedilatildeo de pesquisas ao longo dos anos em depoacutesitos atuais e antigos permitiu
a uma abrangecircncia maior desta classificaccedilatildeo atraveacutes da identificaccedilatildeo de novos seis elementos
externos ao canal (Miall 1996) Dique marginal canais de crevasse espraiamento de
crevasse finos de planiacutecie de inundaccedilatildeo e canais abandonados (Figura 3)
Segundo Miall (1985) elementos arquiteturais devem conter descriccedilotildees e
caracterizaccedilatildeo dos elementos objetivas as quais devem incluir 1) A natureza das superfiacutecies
limitantes superior e inferior 2) a geometria externa 3) escala e 4) geometria interna
Individualizar analisar e descrever os elementos arquiteturais satildeo medidas essenciais pois
podem determinar o padratildeo de alguns tipos de rios do passado e desta forma caracterizar o
tipo de sistema fluvial
8
Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais
Fonte Modificado de (Miall 1985 apud Miall 2006)
9
Figura 3- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial Fonte (Miall 1996)
221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes
De acordo com Miall (1988 1996) existem pelo menos seis ordens de superfiacutecies
limiacutetrofes em sistemas fluviais que separam elementos arquiteturais (Figura 4) Estas satildeo
caracterizadas como superfiacutecies de natildeo deposiccedilatildeo ou erosatildeo representando periacuteodos de tempo
desde alguns minutos ateacute milhares de anos (Miall 1988) Allen (1980) estendeu o conceito de
superfiacutecies limitantes de pequena e grande escala em depoacutesitos eoacutelicos para sistemas
marinhos desenvolvendo modelos teoacutericos para explicar a formaccedilatildeo de sandwaves e
superfiacutecies limiacutetrofes em regimes dominados por mareacute Miall (1988) complementou o
trabalho de Allen (1983) a respeito de superfiacutecies limitantes estendendo a classificaccedilatildeo entatildeo
conhecida resultando em uma classificaccedilatildeo de seis ordens da escala menor (1deg ordem) a
maior (6deg ordem)
10
Superfiacutecies de 1ordf ordem Satildeo planas e limitam sets de laminaccedilotildees cruzadas Representam a
sedimentaccedilatildeo contiacutenua da migraccedilatildeo de formas de leito de mesma morfologia
Superfiacutecies de 2ordf ordem A superfiacutecie natildeo apresenta evidecircncias de erosatildeo ou truncamentos
significativos Separam cosets de litofaacutecies diferentes indicando mudanccedila nas condiccedilotildees
de fluxo ou mudanccedilas na direccedilatildeo do fluxo
Superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem Satildeo mencionadas para superfiacutecies limitantes internas e mais
acima de macroformas As de 3ordf ordem satildeo superfiacutecies erosivas existentes dentro das
macroformas (superfiacutecies de reativaccedilatildeo) geralmente truncando estratos cruzados abaixo
Estas se estendem desde o topo ateacute a porccedilatildeo inferior da macroforma com assembleia de
faacutecies e geometrias acima e abaixo da superfiacutecie sendo similares
As superfiacutecies de 4ordf ordem satildeo interpretadas como limite superior de macroformas
separando diferentes assembleias de faacutecies acima e abaixo Satildeo paralelas que truncam em
baixo acircngulo as superfiacutecies de ordem menor se assemelhando a clinoformas siacutesmicas
Superfiacutecies de 5ordf ordem Superfiacutecies que limitam grandes lenccediloacuteis de areia incluindo
complexos de preenchimento de canais Satildeo planas ou levemente cocircncavas sendo
relacionada a migraccedilatildeo eou incisatildeo lateral de canais fluviais
Superfiacutecies de 6ordf ordem Superfiacutecies que caracterizam subdivisotildees estratigraacuteficas
mapeaacuteveis de uma unidade fluvial com grande extensatildeo lateral Delimitam grupos de
canais e paleovales e marcam mudanccedilas relacionadas ao niacutevel de base estratigraacutefica
11
Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies
aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)
12
23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES
231 Anaacutelise petrograacutefica
A anaacutelise petrograacutefica das amostras de arenito foi realizada em sete seccedilotildees delgadas
das faacutecies mais representativas para este estudo Satildeo elas arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada
da associaccedilatildeo de faacutecies fluvial e em arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante nas
associaccedilotildees de frente deltaacuteica e de plataforma de mareacute e onda Para a classificaccedilatildeo destes
arenitos foi adotada a metodologia de Folk (1968) baseada na descriccedilatildeo de constituintes
textura e faacutebrica da rocha com contagem de 300 pontos (Galenhouse 1971) em cada seccedilatildeo
para melhor quantificaccedilatildeo dos seus constituintes
As amostras selecionadas para esta anaacutelise foram 8 sendo A1 a A6 correspondendo
a arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de
onda e mareacute (AF3) A7 a arenitos com estratificaccedilatildeo tabular (Atb) da associaccedilatildeo de fluvial
entrelaccedilado (AF1) e A8 denotando arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) nos
depoacutesitos de frente deltaacuteica (AF2)
A identificaccedilatildeo das principais feiccedilotildees e relaccedilotildees entre os constituintes dos arenitos
foram obtidas em microscoacutepio petrograacutefico LEICA DM 2700 P com cacircmera acoplada LEICA
MC 170 HD no Laboratoacuterio de Petrografia Sedimentar do Grupo de Anaacutelise de Bacias
Sedimentares da Amazocircnia (GSED) da Universidade Federal do Paraacute
232 Difratometria de raios- X
A teacutecnica de anaacutelise de Difraccedilatildeo de Raios-X foi aplicada em amostras de folhelhos
da associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e em arenitos com laminaccedilatildeo
cruzada cavalgante da associaccedilatildeo de plataforma de mareacute e onda (AF3 A1 e A2) Esta anaacutelise
foi realizada no laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de Raio-X do Instituto de Geociecircncias da
Universidade Federal do Paraacute (UFPA) atraveacutes dos meacutetodos do poacute total e em lacircminas de
argilas orientadas O difratocircmetro utilizado foi o XrsquoPert MPD-PRO PANalytical equipado
com acircnodo de Cu (λ=15406) com a finalidade de identificar as assembleacuteias minerais de cada
rocha O software XrsquoPert HighScore Plus auxiliou na identificaccedilatildeo dos minerais atraveacutes da
compraccedilatildeo dos resultados obtidos com as fichas do banco de dados do International Center
on Diffraction Data (ICDD)
13
CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO
A Bacia do Parnaiacuteba estaacute inserida na Proviacutencia Parnaiacuteba e abrange uma aacuterea total de
668858 kmsup2 com depocentro que atinge cerca de 3500 m e embasamento continental
fortemente estruturado representado por rochas formadas ou retrabalhadas no Ciclo
Brasiliano (Cunha 1986 Goacutees amp Feijoacute 199 Milani amp Zalaacuten 1999 Vaz et al 2007) Ainda
tomografias realizadas na aacuterea desta bacia intracratocircnica indicam uma listosfera com
espessura entre 150 e 180 km (McKenzie amp Priestley 2016) A Proviacutencia Parnaiacuteba coincide
com a denominaccedilatildeo proposta por Goacutees (1995) de Proviacutencia Sedimentar do Meio-Norte
proposta esta que foi pautada na compreensatildeo tectono-sedimentar e na evoluccedilatildeo policiacuteclica da
bacia que favorecem a delimitaccedilatildeo de bacias diferentes
A Proviacutencia do Parnaiacuteba desenvolveu-se acima de um substrato composto por rochas
metamoacuterficas advindas de processos tectonomagmaacuteticos relacionadas ao Estaacutedio de
Estabilizaccedilatildeo da Plataforma Sul-Americana (Almeida amp Carneiro 2004) que agiram ateacute o
Mesoproterozoacuteico onde instalaram-se grabens preenchidos no Neoproterozoacuteico (Formaccedilatildeo
Riachatildeo) e Cambro-Ordoviciano (Formaccedilatildeo Mirador) (Goacutees et al 1992) Segundo Daly et al
(2014) o embasamento desta bacia eacute composto por trecircs unidades crustais A Proviacutencia
Borborema ao leste o Bloco Parnaiacuteba ao centro o cinturatildeo Araguaia e o Craacuteton Amazocircnico
ao oeste A natureza da sedimentaccedilatildeo da Bacia do Parnaiacuteba eacute principalmente siliciclaacutestica
com ocorrecircncias de calcaacuterio anidrita e siacutelex aleacutem de rochas magmaacuteticas
A regiatildeo da Proviacutencia do Parnaiacuteba eacute limitada ao norte pelo Arco Ferrer-Urbano ao
leste pela Falha de Tauaacute a sudeste pelo lineamento Senador Pompeu a oeste pelo
Lineamento Tocantins-Araguaia e a noroeste pelo Arco Capim As principais feiccedilotildees morfo-
estruturais que a compartimentam satildeo a Estrutura Xambioaacute o Arqueamento do Alto Parnaiacuteba
o Lineamento Transbrasiliano o Lineamento Rio Parnaiacuteba o Lineamento Rio Grajauacute e o
sistema de lineamentos orientados com direccedilatildeo NW-SE (Figura 5 Goacutees 1990) Segundo Vaz
et al (2007) as principais estruturas da bacia os lineamentos Picos Santa-Inecircs Marajoacute-
Parnaiacuteba e o Lineamento Transbrasiliano (mais proeminente na bacia) foram importantes nos
estaacutegios iniciais da bacia e durante sua evoluccedilatildeo em funccedilatildeo do direcionamento dos eixos
deposicionais na bacia
14
Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil Fonte (Silva et al
2003 modificado de Goacutees 1995)
Goacutees amp Feijoacute (1994) dividiram a Bacia do Parnaiacuteba em cinco sequecircncias principais
de segunda ordem representadas por grupos correlacionaacuteveis a ciclos tectocircnicos de caraacuteter
global (Goacutees et al 1992) Satildeo elas Sequecircncia Siluriana (Grupo Serra Grande) Sequecircncia
Devoniana (Grupo Canindeacute) Sequecircncia Carboniacutefero-Triaacutessica (Grupo Balsas) Sequecircncia
Juraacutessica (Grupo Mearim) e Sequecircncia Cretaacutecea (Formaccedilotildees Grajauacute Codoacute e Itapecuru) Vaz
et al (2007) sugeriram a compartimentaccedilatildeo desta Bacia em cinco supersequecircncias
delimitadas por discordacircncias regionais oriundas de flutuaccedilotildees dos niacuteveis eustaacuteticos dos
mares do Eopaleozoico poreacutem adotaremos a proposta de Goacutees amp Feijoacute (1994)
31 GRUPO CANINDEacute
O Grupo Canindeacute agrupava inicialmente as formaccedilotildees Pimenteiras Cabeccedilas e
Longaacute Posteriormente Caputo amp Lima (1984) adicionaram a Formaccedilatildeo Itaim e Goacutees et al
(1992) incluiacuteram a Formaccedilatildeo Poti ao grupo
15
Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o intervalo do final do
Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute 1994)
A Formaccedilatildeo Itaim eacute caracterizada por arenitos finos a meacutedios e folhelhos
bioturbados formados em ambientes deltaicos e plataformais dominados por processos de
mareacute e tempestade (Della Faacutevera 1990 Goacutees amp Feijoacute 1994) A Formaccedilatildeo Pimenteiras eacute
composta por folhelhos negros bioturbados e localmente intercalados com arenitos e siltitos
que registram ambiente plataformal raso dominado por tempestades (Della Faacutevera 1990) A
Formaccedilatildeo Cabeccedilas eacute caracterizada por arenitos finos a grossos localmente intercalados com
folhelhos ou deformados e tilitos Estes depoacutesitos registram ambientes deltaicos e
plataformais influenciados por tempestades aleacutem de ambientes glaciais a periglaciais
(Barbosa et al 2015 Caputo 1984 Della Faacutevera 1990 Ponciano amp Della Faacutevera 2009) A
Formaccedilatildeo Longaacute eacute composta principalmente por folhelhos e siltitos bioturbados com raras
lentes de arenitos que registram ambientes plataformais dominados por tempestades (Caputo
1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Lobato amp Borghi 2014 Rodrigues 2003)
A atividade magmaacutetica na Bacia do Parnaiacuteba possui trecircs fases A primeira no
Cambro-Ordoviciano precede a formaccedilatildeo da bacia caracterizada por granitos e vulcacircnicas do
Jaibaras (Oliveira amp Mohriak 2003 apud Daly et al 2018) No entanto Cerri et al (2020)
discorda desta hipoacutetese sugerindo que durante o intervalo de erosatildeonatildeo deposiccedilatildeo entre o
fim da Bacia do Jaibaras e o iniacutecio da Bacia do Parnaiacuteba ocorreu um ciclo completo de
erosatildeo mudanccedilas nos sistemas deposicionais e modificaccedilotildees em todas as aacutereas fontes
Portanto sinais de proveniecircncia revelam que natildeo existe relaccedilatildeo de causa e efeito entre a
deposiccedilatildeo do rift do Jaibaras e das sequecircncias do Parnaiacuteba (Cerri et al 2020)A segunda e
terceira fase ocorrem apoacutes o estabelecimento da bacia no Mesozoico representada pela
16
Formaccedilatildeo Mosquito e no Cretaacuteceo pela Formaccedilatildeo Sardinha (Daly et al 2018 Vaz et al
2007) Estas duas uacuteltimas tecircm sua origem dada pelo estabelecimento de um novo estaacutedio
tectocircnico ativo no Brasil apoacutes a ruptura do Pangea que levaria a abertura do Oceano
Atlacircntico com surgimento de fraturas eventos distensionais remobilizaccedilatildeo de antigas falhas e
intenso magmatismo baacutesico (Almeida amp Carneiro 2004 Vaz et al 2007 Zalaacuten 2004)
32 FORMACcedilAtildeO POTI
A denominaccedilatildeo Poti foi primeiramente proposta por Paiva (1937) para depoacutesitos
siliciclaacutesticos que ocorriam entre as profundidades 219-566m do poccedilo 125 do DNPM
perfurado proacuteximo a cidade de Teresina Piauiacute Campbell (1949) restringiu a Formaccedilatildeo Poti
ao intervalo 219-423m do mesmo poccedilo determinando uma espessura de 204 metros para esta
formaccedilatildeo Conforme mapas de isoacutepacas a Formaccedilatildeo Poti possui espessura maacutexima de 300
metros (Caputo 1984 Cunha 1986 Goacutees 1995)
Litologicamente eacute caracterizada pela predominacircncia de arenitos finos a meacutedios
intercalados subordinamente com siltitos e folhelhos (Lima amp Leite 1978 Ribeiro 2000)
depositados em ambientes fluacutevios-deltaacuteicos com accedilatildeo de tempestade e mareacute (Goeacutes 1995
Ribeiro 2000 Schobbenhaus et al 1984) Diamictitos dropstones e arenitos com
deformaccedilotildees sin-sedimentares descritos em afloramentos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem na
porccedilatildeo oeste e sudeste da bacia foram interpretados como registro de depoacutesitos fluacutevio-
glaciais a periglaciais (Andrade 1972 Caputo 1985 Caputo et al 2006 ab Caputo et al
2008 Della Faacutevera amp Uliana 1979)
O contato entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti eacute geralmente descrito como concordante
podendo ser localmente gradacional e litologicamente brusco (Lima amp Leite 1978) Caputo
(1984) descreve este contato como de caraacuteter concordante na porccedilatildeo central da bacia e
discordante nas bordas Goacutees (1995) interpreta o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti como
pertencentes a uma uacutenica sequecircncia deposicional composta por depoacutesitos deltaicoestuarinos
plataformal litoracircneos e fluvial em um sistema regressivo de costa progradante Na borda leste
da bacia Lobato amp Borghi (2007 2014) descrevem o limite entre estas formaccedilotildees como uma
superfiacutecie discordante erosiva interpretada como o limite de sequecircncia de 3ᵃ ordem Dessa
forma a discordacircncia de caraacuteter regional entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti descrita por Vaz et
al (2007) estaria restrita as bordas da bacia
Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram trecircs sistemas deposicionais para a base
da Formaccedilatildeo Poti marinho deltaico dominado por onda e fluacutevio-deltaico Segundo estes
17
autores estes sistemas se implantaram apoacutes a discordacircncia que separa a Formaccedilatildeo Poti da
Formaccedilatildeo Longaacute e retratam um ciclo transgressivo-regressivo poacutes-glacial pontuado por
novos episoacutedios de regressatildeo forccedilada Segundo Mabesoone amp Neumann (2005) movimentos
tectocircnicos leves durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos da Formaccedilatildeo Longaacute causaram pequenos
avanccedilos do mar que resultaram na deposiccedilatildeo de areias litoracircneas na porccedilatildeo inferior da
Formaccedilatildeo Poti (Struniano-Viseano) Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram a superfiacutecie
discordante como tectocircnica produto de um rebound isostaacutetico enquanto que as superfiacutecies de
regressatildeo forccedilada que limitam as sequecircncias de menor ordem seriam em parte glaacutecio-
eustaacuteticas Esta superfiacutecie discordante envolve um hiato deposicional entre Tournaisiano
Superior e o Viseano Inferior (Melo amp Loboziak 2000) Apoacutes este periacuteodo no iniacutecio do
Carboniacutefero Superior o mar se retirou rapidamente da aacuterea quando um novo episoacutedio de
soerguimento teve iniacutecio (Mabesoone amp Neumann 2005) Este episoacutedio foi marcado pelo
recuo da linha de costa e expocircs a planiacutecie costeira que foi retrabalhada pelos rios (Mabesoone
amp Neumann 2005) Assim a porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti eacute marcada por depoacutesitos de
planiacutecie aluvial (Mabesoone amp Neumann 2005)
Paiva (2018) descreve sistemas deposicionais marinho raso estuarinodeltaico
dominados por mareacute aluvial e deseacutertico organizados em oito sequecircncias deposicionais A
primeira sequecircncia seria uma transiccedilatildeo formacional LongaacutePoti separando depoacutesitos
plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute por rochas de shoreface e offshore do sistema marinho raso
da Formaccedilatildeo Poti Em sequecircncia identificou seis sequecircncias de alta frequecircncia (de 2ordf e 3ordf
ordem) marcada pela mudanccedila abrupta de faacutecies de sistemas fluacutevio estuarinos a fluacutevio-
deseacutertico com a Formaccedilatildeo Piauiacute ao topo Arauacutejo (2018) verificou a existecircncia dos mesmos
sistemas deposicionais agrupados em seis sequecircncias deposicionais onde os reservatoacuterios de
melhor qualidade diante da anaacutelise de poccedilo seriam os arenitos de shoreface frente deltaica
influenciada por mareacute barras de canais fluacutevio-estuarinos porccedilotildees centrais de barras arenosas
de mareacute e wadis
A presenccedila de uma macroflora terrestre e a ausecircncia de palinomorfos marinhos
sugere ambientes transicionais e continentais para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem
na porccedilatildeo oeste da bacia (Iannuzzi amp Pfefferkorn 2002 Melo amp Loboziak 2000) Nas porccedilotildees
leste e central da bacia a ocorrecircncia de Edmondia um bivalve marinho indica breves
incursotildees marinhas (Kegel 1954) Os dados de palinologia e paleobotacircnica tambeacutem sugerem
paleoclima temperado para a Formaccedilatildeo Poti (Iannuzi 1994) considerando que jaacute no final da
deposiccedilatildeo desta unidade existiriam condiccedilotildees de alta taxa de evaporaccedilatildeo com clima ainda
18
mais seco poreacutem razoavelmente frio tornando-se cada vez mais semi-aacuteridas no Pensilvaniano
da Formaccedilatildeo Piauiacute (Goeacutes 1995) Tal paleoclima confere com o encontrado na Formaccedilatildeo Faro
Bacia do Amazonas (Amadou amp Truckenbrodt 1992)
De acordo com estudos palinoloacutegicos (Daemon 1974 Loboziak et al1992) foi
definida idade eocarboniacutefera entre o Tournaisiano e o Viseano para esta formaccedilatildeo sendo
posteriormente sugerido a idade Viseano tardio (Iannuzzi et al 2003 Melo amp Loboziak 2000)
e ratificado por novos dados palinoloacutegicos de subsuperfiacutecie de Pasquo amp Ianuzzi (2014) A
macrofauna estudada por Iannuzzi amp Pfefferkorn (2002) dominada por pteridospermas aleacutem
de licopsiacutedeos arboacutereos e esfenopsiacutedeos apontam idade entre o Viseano Superior e o
Serpukhoviano Inferior Eacute importante salientar que a presenccedila de Cordyosporites
magnidictyus (Daemon 1974) assim como miosporos de Indotriaradites dolianitii satildeo
comuns na Formaccedilatildeo Poti representando bons marcadores estratigraacuteficos para o Viseano em
bacias do nordeste brasileiro podendo ser correlacionada com a Formaccedilatildeo Faro (Melo amp
Loboziak 2018)
19
CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES
A sucessatildeo sedimentar aflorante na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do
Piauiacute eacute constituiacuteda pelas formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute e expotildee-se ao longo de drenagens
secas como os riachos Muqueacutem e Saco em cortes de estradas e proacuteximo da Barragem Salinas
Os depoacutesitos alcanccedilam ateacute 28 m de espessura sendo extensos por dezenas de metros em
algumas localidades com acamamentos contiacutenuos lateralmente por ateacute 50 m evidenciados
pela geometria sigmoidal e tabular das camadas Foram descritas 15 faacutecies sedimentares
(Tabela 2) em 9 seccedilotildees colunares (Figura 7) organizadas em trecircs associaccedilotildees de faacutecies
fluvial (AF1) frente deltaica (AF2) e plataforma de mareacute e onda (AF3)
41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO
A associaccedilatildeo de faacutecies 1 representa a porccedilatildeo basal da Formaccedilatildeo Poti e aflora ao longo
do riacho do Muqueacutem (Baratildeo do Grajauacute) agraves margens da rodovia BR-230 e nas proximidades
da cidade de Floriano em cotas entre 120 e 178 m Estes depoacutesitos consistem em complexos
de arenitos amalgamados extensos por aproximadamente 50 m em sucessotildees com ateacute 4 m de
espessura em contato erosivo com a Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 8A) A AF1 compreende as
faacutecies folhelho com laminaccedilatildeo planar (Fl) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela (App)
arenito com estratificaccedilotildees cruzadas de baixo acircngulo (Aba) acanalada (Aca) planar (Acp)
tabular (Atb) e tangencial (Atg) e arenito maciccedilo (Am)
Os depoacutesitos fluviais satildeo constituiacutedos por arenitos micaacuteceos com estratificaccedilotildees
cruzada acanalada tabular tangencial e de baixo acircngulo Estas rochas apresentam
granulometria areia meacutedia a grossa composta por gratildeos de quartzo monocristalino (92) com
extinccedilatildeo ondulante moderada a forte quartzo policristalino plagioclaacutesio (4) feldspatos
indiferenciados muscovita contorcidas (lt1) e cutiacuteculas de argila (3) localmente Os
constituintes siliciclaacutesticos satildeo subarredondados a arredondados muito bem selecionados
orientaccedilatildeo preferencial marcada pela muscovita e feldspatos O arcabouccedilo da rocha eacute
sustentado por gratildeos com contatos pontuais em sua maioria cocircncavo-convexos e retos e
ainda porosidade intergranular Os feldspatos comumente estatildeo alterados para argilominerais
Os argilominerais identificados atraveacutes da DRX na amostra de folhelho (A8) foram
esmectitas ilita e caulinita
20
Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute
21
Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti
Faacutecies Descriccedilatildeo Interpretaccedilatildeo
Folhelho com laminaccedilatildeo (Fl) Folhelho de cor cinza-escuro apresentando fissilidade Deposiccedilatildeo de sedimentos por meio de decantaccedilatildeo
em condiccedilotildees de baixa energia
Arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela
(Alp)
Arenito amarelo-claro gratildeos de areia fina a muito fina subarredondados bem selecionados estratificaccedilatildeo plano-paralela e
continuidade lateral
Deposiccedilatildeo de sedimentos em regime de fluxo
superior atraveacutes de fluxo unidirecional trativo
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada de
baixo acircngulo (Aba)
Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados estratificaccedilatildeo
cruzada de baixo acircngulo e lateralmente contiacutenua por 5 metros
Agradaccedilatildeo e migraccedilatildeo de formas de leito
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
acanalada (Aca)
Arenito amarelo-claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada
acanalada
Migraccedilatildeo de formas de leito 3D em regime de fluxo
inferior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
planar (Acp)
Arenito amarelo-claro a escuro com gratildeo de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e
estratificaccedilatildeo plano-paralela com continuidade lateral que chegam a cruzar no bottom set
Relacionado agrave forma de leito plano em regime de
fluxo superior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
tabular (Atb)
Arenito cinza- claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados bem selecionados com estratificaccedilatildeo cruzada
tabular e geometria tabular
Migraccedilatildeo de forma de leito 2D sob fluxo
unidirecional e regime de fluxo inferior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
tangencial (Atg)
Arenito cinza-claro com grabulometria meacutedia a grossa subarredondados a arredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada
tangencial que por vezes apresenta foresets com clastos tamanho seixo de quartzo e argila
Migraccedilatildeo e agradaccedilatildeo de formas de leito 2D por
fluxo unidirecional e regime de fluxo inferior
Transporte por traccedilatildeo
Arenito com laminaccedilatildeo ondulada (Alo)
Arenito amarelo-claro de gratildeos muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados com laminaccedilatildeo ondulada
gradando lateralmente para plano-paralela
Deposiccedilatildeo de sedimentos por traccedilatildeo em regime de
fluxo oscilatoacuterio com migraccedilatildeo de formas de leito
onduladas de pequeno porte oriunda da accedilatildeo de
ondas ou correntes
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
sigmoidal (As)
Arenito amarel- claro com gratildeos de areia fina a meacutedia gratildeos subarredondados moderadamente selecionados micaacuteceos exibindo
estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
Migraccedilatildeo formas de leito de meacutedio porte Transiccedilatildeo
entre regime de fluxo inferior e superior em
condiccedilotildees de alta taxa de sedimentaccedilatildeo
Argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela
(Ap)
Argilito de cor cinza-escuro lateralmente contiacutenuas lenticulares com laminaccedilatildeo plano paralela alternando com arenitos gerando
acamamento heteroliacutetico linsen wavy e flaser da base para o topo
Deposiccedilatildeo por decantaccedilatildeo em condiccedilotildees de baixa
energia O acamamento heteroliacutetico estaacute relacionado
a alternacircncia de processos de decantaccedilatildeo de
sedimentos finos e migraccedilatildeo de formas de leito em
um regime de fluxo inferior
Arenito com laminaccedilatildeo cruzada
cavalgante (Alc)
Arenitos com cores amarelo e vermelho com gratildeos de areia muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados
exibindo laminaccedilatildeo cruzada cavalgante com mud drapes nos foresets em ciclos caracterizando tidal bundles Ocorre ainda escape de
fluidos deformaccedilatildeo convoluta no topo da camada estruturas de ball and pillow e pinch and swell Na AF3 localmente gradam para
laminaccedilatildeo sigmoidal
Deposiccedilatildeo de areias por meio de traccedilatildeo e suspensatildeo
com desaceleraccedilatildeo de fluxo associada agrave migraccedilatildeo de
marcas onduladas com crista sinuosa de pequeno
porte As deformaccedilotildees estatildeo relacionadas a
reorganizaccedilatildeo hidroplaacutestica das camadas adjacentes
em funccedilatildeo da diferenccedila de densidade
Arenito maciccedilo (Am) Arenitos amarelo com gratildeos de areia muito finos a meacutedios subangulosos a arredondados (AF1) bem selecionados a muito bem
selecionados com continuidade lateral ausente de estruturas e acamamento maciccedilo Localmente ocorrem escape de fluidos e
acamamentos convolutos
Deposiccedilatildeo raacutepida em condiccedilotildees energeacuteticas
moderada a alta e localmente sobrecarga ou escape
de fluiacutedos
Arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela
(App)
Arenito amarelo-escuro com gratildeos de areia meacutedia a grossa subarredondados a arredondados estratificaccedilatildeo plano-paralela e contiacutenuas
lateralmente
Sedimentos depositados em regime de fluxo superior
atraveacutes de fluxo unidirecional trativo
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
hummocky (Ah)
Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia fino subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada hummocky apresentando
laminaccedilotildees internas onduladas com truncamento Possuem 15 cm de espessura e 120 m de amplitude gradando lateralmente para
estratificaccedilatildeo cruzada swaley
Deposiccedilatildeo em condiccedilotildees de alta energia por meio de
correntes trativas sob accedilatildeo de fluxo combinado durante
accedilatildeo de ondas de tempestade
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
swaley (Aes)
Arenito amarelo-claro com gratildeos finos subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada swaley Accedilatildeo de ondas de tempestade com accedilatildeo de processos
erosivos
22
As estratificaccedilotildees satildeo de meacutedio a grande porte com a faacutecies arenito com
estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (Atg) apresentando clastos de quartzo e argila em tamanhos
entre 1 cm e 45 cm nos foresets (Figura 8B) Arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada de baixo
acircngulo (Aba) tendem a gradar lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela
(App) Estratos com estratificaccedilatildeo cruzada tabular (Atb) apresentam segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica (Figura 8C) As paleocorrentes medidas nos foresets de estratificaccedilotildees
cruzadas indicam orientaccedilatildeo preferencial para NW Camadas de folhelho cinza-escuro (faacutecies
Fl) com espessura de 10 cm ocorrem como lentes entre arenitos com estratificaccedilatildeo plano-
paralela e estratificaccedilatildeo cruzada tangencial e tabular
Sete elementos arquiteturais internos de canal fluvial (Tabela 3) foram identificados
para estes depoacutesitos baseados na anaacutelise bi e tridimensional dos afloramentos referentes a
AF1 bem como na granulometria de gratildeos composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e
principalmente geometria (Miall 1985 1988 1996) Satildeo eles elemento de acreccedilatildeo frontal
(AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de
preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL)
As extensas exposiccedilotildees descritas mostram unidades de litofaacutecies intercalados e
superpostos entre si formando formas de barras complexas O litossoma de acreccedilatildeo frontal
(AF) satildeo corpos arenosos com espessura entre 2 e 4 m e 30 m de extensatildeo limitado por
superfiacutecie de 4ordf ordem (Figura 8D) As litofaacutecies caracteriacutesticas satildeo Arenito com
estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e
tangencial (Atg) limitados por sets de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies limitantes apresentam
mergulhos entre 337deg e 360deg para NW denotando mesma direccedilatildeo das superfiacutecies limitantes
com os estratos cruzados
O elemento acreccedilatildeo lateral (AL) ocorre limitado por superfiacutecies de 4ordf ordem com
espessura meacutedia de 3 m e 15 m de extensatildeo composto por conjuntos de sets com superfiacutecies
de 1ordf e 2ordf ordem inclinadas com direccedilotildees entre 349deg a 40deg para NW e estratos cruzados
limitados por elas com mergulho para SE (Figura 9A e 9B) Para diferenciar este elemento
arquitetural de AF visto que ocorrem de outras formas muito similares foi considerada a
direccedilatildeo de mergulho entre as superfiacutecies limiacutetrofes de 1ordf e 2ordf ordem e os estratos cruzados
Allen (1965 1970) e Miall (1985 1996 2006) citam que a principal forma de diferenciar os
elementos AF e AL estaacute baseada na diferenccedila de orientaccedilatildeo entre as superfiacutecies de acreccedilatildeo e
os estratos cruzados O elemento AL tem geometria e composiccedilatildeo variaacutevel dependendo da
geometria do canal e da carga sedimentar este elemento eacute menos proeminente em rios
23
entrelaccedilados As litofaacutecies que representam este elemento satildeo Arenito com estratificaccedilotildees
cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) baixo acircngulo (Aba) tabular (Atb) tangencial (Atg) e
estratificaccedilatildeo plano-paralela Depoacutesitos de areia meacutedia ou areia grossa apresentam uma
grande variedade de litofaacutecies refletindo formas de leito vigorosas e progradaccedilatildeo de barras
Acamamentos com este elemento AL satildeo complexos e podem esconder a geometria acrescida
lateralmente subjacente (Miall 1985 2006)
Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Longaacute
sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7 conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e
Fig7) B Clastos de argila e quartzo nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo frontal (AF) com concordacircncia
da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta
porccedilatildeo do canal (P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 2
24
A arquitetura de canal (CH) tem forma cocircncava e eacute limitada por superfiacutecies (por
vezes erosivas) de vaacuterias ordens (1ordf 2ordf 3ordf e 4ordf ordem) em diversas escalas chegando a mais
extensa a atingir 105 metros de extensatildeo por 22 metros de altura Trecircs elementos de canal
limitados por superfiacutecies de 4ordf foram descritos e individualizados de acordo com sua
granulometria estruturas sedimentares e configuraccedilatildeo externa (Figuras 9B e 10) Canais
migrantes (CHm) canais de preenchimento (CHp) e canais alternantes (CHa) As principais
litofaacutecies satildeo a estratificaccedilatildeo cruzada acanalada (Aca) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp)
Os canais satildeo componentes comuns em vaacuterios estilos de sistemas fluviais e ocorrem tanto
com geometria assimeacutetrica quanto simeacutetrica nos afloramentos da Formaccedilatildeo Poti
Os canais migrantes (CHm) satildeo constituiacutedos por areia meacutedia a grossa com
estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de larga escala e cruzada planar com geometria assimeacutetrica
(Figura 10) relacionada a migraccedilatildeo lateral e erodida pelo elemento sobreposto limitada por
superfiacutecies de 2ordf e 4ordf ordem As estruturas sedimentares juntamente com a escala do canal
sugerem energia moderada O elemento de canal alternante (CHa) possui granulometria meacutedia
a grossa em arenitos com estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) e planar (Acp) limitados
por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies basais satildeo relativamente simeacutetricas composta
por formas de leito multilaterais por vezes erodindo o adjacente resultante de fluxos
alternados O elemento de canal de preenchimento (CHp) conteacutem arenitos meacutedios a grossos
com menos estratos cruzados que os elementos de canal anteriores Eacute limitado em sua base
por superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem com extensatildeo de 131 m e 190 m preenchimento
concecircntrico (Gibling 2006) e arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada na base passando
para cruzada planar ao topo e localmente arenito maciccedilo sendo interpretado como
preenchimento de um canal menor interno ao cinturatildeo de canais (Miall 1988)
As formas de leito arenosas (FA) tem forma de lenccediloacuteis com dimensotildees que
compreendem 36 m de altura por 9 m de extensatildeo (Figura 9A) limitados por superfiacutecies de
4ordf ordem Eacute divido por sets por vezes amalgamados que conteacutem as litofaacutecies arenito com
estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e
tangencial (Atg) separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem suavemente inclinadas no sentido
para NW gradando lateralmente para o elemento AL As formas de leito arenosas (FA) satildeo
interpretadas como elemento interno ao canal fluvial oriunda da migraccedilatildeo e cavalgamento de
dunas subaquaacuteticas em partes mais rasas do canal (Miall 1996 2006)
Os lenccediloacuteis de areia laminados (LL) tem geometria em lenccedilol (Figura 9B) com
espessura 175 m e 30 m de extensatildeo com arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela (App)
25
gradando lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) Esta unidade
arquitetural eacute limitada acima por uma superfiacutecie de 4ordf ordem interpretada como produto de
deposiccedilatildeo arenosa de enchentes em condiccedilotildees de regime de fluxo superior em leito plano
(Miall 1977 1984b Tunbridge 1981 1984 Sneh 1983 apud Miall 2006) A gradaccedilatildeo de
arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela (App) para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar
(Acp) estaacute relacionada ainda com a diminuiccedilatildeo das condiccedilotildees de fluxo no fim do evento de
enchentes
Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de Baratildeo do Grajaacuteu
26
Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar e
baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes dos estratos
cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram identificados Lenccediloacuteis
de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo contiacutenuo lateralmente por aproximadamente
30 metros limitado acima por superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de
acreccedilatildeo lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem
27
Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti (P1) Canal de
preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo
(CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma
relativamente simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo
411 Interpretaccedilatildeo
Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF1 apresentam dominacircncia de arenitos com
estratificaccedilotildees cruzada tabular acanalada e de baixo acircngulo com ocorrecircncia subordinada de
lentes descontiacutenuas de pelitos As camadas de arenitos exibem geometria geralmente tabular e
um padratildeo de granodecrescecircncia ascendente Segundo a classificaccedilatildeo proposta de Miall
(1977) estes depoacutesitos satildeo caracteriacutesticos de rios do tipo entrelaccedilado (Figura 11) os quais
apresentam canais largos baixa sinuosidade com um ou mais canais sendo favorecido pela
presenccedila de carga de fundo com granulaccedilatildeo grossa grande variabilidade na descarga e
facilidade de erosatildeo das margens (Miall 1981) O acuacutemulo da carga de fundo propicia a
formaccedilatildeo de barras arenosas que obstruem a corrente e a ramificam com aumento do
suprimento detriacutetico (Miall 1981) A formaccedilatildeo de rios entrelaccedilados tambeacutem eacute relacionada a
condiccedilotildees climaacuteticas e a presenccedila de vegetaccedilatildeo (Kasse e al 2005 Miall 1981 Piegay et al
2009) Em condiccedilotildees climaacuteticas mais uacutemidas o niacutevel do lenccedilol freaacutetico mais proacuteximo agrave
superfiacutecie contribui para sedimentaccedilatildeo mais prolongada ao contraacuterio de regiotildees aacuteridas onde
28
o lenccedilol freaacutetico mais profundo resulta em sedimentaccedilatildeo limitada a chuvas torrenciais (Miall
1991)
O modelo de rio entrelaccedilado do tipo Saskatchewan Sul proposto por Miall (1977) eacute o
que mais se assemelha aos depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti Este modelo fluvial consoante
com as caracteriacutesticas litoloacutegicas e arquiteturais condiz com um fluvial entrelaccedilado
relativamente profundo perene com baixa sinuosidade (modelo 10 de Miall 1985 2006) Este
modelo ocorre em rios entrelaccedilados com canais ativos e ciclos dominados por sedimentaccedilatildeo
arenosa (Miall 1981) O fluvial entrelaccedilado eacute marcado pela existecircncia de macroformas com
geometrias de acreccedilatildeo (AF e AL) geralmente limitadas por superfiacutecies de 4ordf ordem diferente
de rios com acamamentos tabulares tiacutepicos de entrelaccedilados rasos (Miall 1985 2006) e baixa
ocorrecircncia de depoacutesitos de overbank devido ao baixo potencial de preservaccedilatildeo em virtude da
instabilidade do canal (Miall 1988 2006) O elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) eacute comum em
rios entrelaccedilados bem como canais secundaacuterios (Brierley 1996) Ambos litossomas de
acreccedilatildeo frontal (AF) e acreccedilatildeo lateral (AL) podem ocorrer em diferentes partes da mesma
barra complexa
No elemento de canais (CHm) a geometria assimeacutetrica da migraccedilatildeo de canais estaacute
relacionada a migraccedilatildeo lateral de acamamentos unidirecionais (Cant amp Walker 1978) A
migraccedilatildeo destes acamamentos foi desenvolvida proacutexima a barras compostas (compound bars)
com relativa alta sinuosidade no flanco do canal (Miall 1988) Nos elementos CHa e CHp a
presenccedila de granulometria meacutedia a grossa arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de
meacutedio a grande porte e o empilhamento das formas de leito sugerem fluxos de alta
velocidade (Li et al 2015) No caso dos afloramentos estudados na Formaccedilatildeo Poti ocorrem
complexos de preenchimento de canais formados pelas migraccedilotildees laterais de canais
As litofaacutecies do elemento de Lenccediloacuteis Laminados (LL) arenito com laminaccedilatildeo
horizontal (App) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) tipicamente indicam fluxo de regime
superior que caracterizam rios que satildeo submetidos a descargas sedimentares sazonais em
fluxos superficiais em rios entrelaccedilados (Miall 1988)
A faacutecies de granulometria fina como Fl forma-se nos canais no periacuteodo de mais
baixa energia quando a descarga diminuiu Estas faacutecies podem se desenvolver ainda
relacionadas agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo de canais fluviais entrelaccedilados em periacuteodo de descarga
elevada (Smith 1970) As medidas de paleocorrentes dominantes para NW estatildeo condizentes
29
com os trabalhos de Goacutees (1994) e Lima amp Leite (1978) que indicam aacutereas fontes para SE
(Figura 9)
As evidecircncias de paleocorrentes indicam que as direccedilotildees principais de fluxo em
elementos arquiteturais individuais variam entre 214deg e 32deg azimute Quatro dos sete
elementos apresentam medidas com orientaccedilotildees principais tendo 20deg do principal azimute
total Com um caacutelculo de 29 leituras no afloramento da Formaccedilatildeo Poti obteve-se uma meacutedia
de 324deg azimute com magnitude de vetor em 95 As medidas de dip direction das
superfiacutecies limitantes de 1deg a 4deg ordem mostram uma tendecircncia similar entre 290deg e 39deg o que
pode ser interpretado como ambiente fluvial de baixa sinuosidade
Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos afloramentos da
Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior dos canais enquanto que as arquiteturas AF e
AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por
avulsotildees de canais ativos
42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA
A associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica da Formaccedilatildeo Poti ocorre sobreposta aos
depoacutesitos fluviais entrelaccedilados (AF1) e aos folhelhos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura
12) Estatildeo expostas em cortes de estrada e ao longo de leito de rios intermitentes as margens
da rodovia BR-230 bem como na Barragem SalinasPI nos municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e
de Nazareacute do Piauiacute A AF2 tem 19 m de espessura com camadas lateralmente contiacutenuas por
centenas de metros exibindo geometria tabular e sigmoidal Tanto o contato inferior com os
30
depoacutesitos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 12) e depoacutesitos fluviais (AF1) e superior com a
associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) tecircm caraacuteter abrupto (Figura 13A)
As principais faacutecies satildeo arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) arenito com
laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo
(Am)
Estas camadas estatildeo organizadas em ciclos de raseamento ascendente (1 a 3 m de
espessura) com arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Figura 13B) ondulada ou
maciccedilo em sua base e arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal no topo (Figuras 13 C)
Tais ciclos (Figura 14 A) exibem geometria lobada (Figura 13D) Arenitos maciccedilos ocorrem
em camadas tabulares e lobadas localmente exibindo acamamentos convolutos (Figura 14B-
C) Os arenitos satildeo classificados como subarcoacutesios com gratildeos entre areia fina a meacutedia
subangulosos a subarredondados e bem selecionados Os constituintes em geral satildeo quartzos
monocristalinos com extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (90) feldspatos indiferenciados
(5) plagioclaacutesio (3) microclina (1) muscovita deformada e cimento de oacutexido-
hidroacutexido de Fe (lt1) O arcabouccedilo da rocha eacute sustentado por gratildeos com contatos
predominantemente cocircncavo-convexos e mais raramente retos e pontuais com porosidade
intergranular Feldspatos comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade
intragranular Medidas de paleocorrentes nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
mostram paleocorrentes preferenciais para NW
Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente deltaica
(Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da
aacuterea de estudo P9)
31
Figura 13- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos depoacutesitos deltaicos
(AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
(Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees
convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido principal para NW D Geometria
lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos deltaicos nas aacutereas de estudo
32
Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) arenito com
estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos
deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem (P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria
lobada Floriano Piauiacute (P8)
421 Interpretaccedilatildeo
Deltas satildeo classificados principalmente em termos de granulometria dominante e da
importacircncia relativa de processos fluviais por onda e mareacute (Bhattacharya 2006 2010) Nesta
associaccedilatildeo de faacutecies natildeo houve exposiccedilatildeo de litofaacutecies indicativas de retrabalhamento por
mareacute sendo a maior influecircncia por correntes unidirecionais Faacutecies referentes agrave frente
deltaicas satildeo comumente depositadas em aacuteguas rasas e portanto recebem maior influecircncia de
processos gerados por ondas e correntes com depoacutesitos arenosos relativamente bem
selecionados (Bhattacharya amp Walker 1992 Nichols 2009)
33
As faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) laminaccedilotildees cruzada
cavalgante (Alc) laminaccedilatildeo ondulada (Alo) e maciccedilo (Am) estatildeo dispostas em camadas com
geometria sigmoidal que exibem ciclos de granocrescecircncia ascendente e espessamento para o
topo indicando depoacutesitos de frente deltaica (Bhattacharya amp Walker 1992 Della Faacutevera
2001) O raseamento ascendente e a granocrescecircncia ascendente satildeo caracteriacutesticas
importantes para a distinccedilatildeo de uma sucessatildeo deltaica (Nichols 2009) juntamente com a
geometria lobada
A predominacircncia de faacutecies de lobos sigmoidais como os da Formaccedilatildeo Poti sugere
semelhanccedila com a arquitetura de foresets e bottomsets dos deltas tipo Gilbert (Della Faacutevera
2001 Gobo et al 2015) Os foresets satildeo basicamente as faacutecies de arenito com estratificaccedilatildeo
cruzada sigmoidal que se desenvolve em lobos e tem sua gecircnese relacionada agrave raacutepida
desaceleraccedilatildeo do fluxo em condiccedilotildees homopicnais com progressivo aumento do aporte
sedimentar Sua deposiccedilatildeo ocorre proacutexima agrave desembocadura onde fluxos pouco densos
manteacutem parte dos sedimentos em suspensatildeo gerando uma geometria de lobos sigmoidais
(Della Faacutevera 1984 2001) Arenitos maciccedilos (Am) podem ser resultantes de processos
secundaacuterios como escape de aacutegua que obliteraram parcial ou completamente as estruturas
primaacuterias (Della Faacutevera 2001) Corroboram com esta interpretaccedilatildeo a presenccedila de porccedilotildees com
acamamento convoluto associado agraves camadas de arenito maciccedilo As faacutecies de bottomsets
arenitos com laminaccedilotildees cruzada cavalgante e laminaccedilatildeo ondulada indicam accedilatildeo de correntes
e ondas que retrabalham os sedimentos depositados na frente do delta e que satildeo recobertos
durante a progradaccedilatildeo do lobo deltaico Rodrigues (2003) descreveu a presenccedila de
estratificaccedilatildeo cruzada hummocky nos depoacutesitos deltaicos da Formaccedilatildeo Poti o que sugere que
a frente deltaica foi retrabalhada por tempestade
Faacutecies arenosas com presenccedila de estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais current ripples
unidirecionais e camadas maciccedilas em frente deltaicas podem indicar presenccedila de certo
domiacutenio fluvial (Bhattacharya amp Walker 1992) As camadas deformadas (Figura 14B-C)
observadas abaixo da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal tambeacutem sugerem
que houve um cisalhamento produzido por correntes sobre uma superfiacutecie onde a fricccedilatildeo de
arrasto pelo movimento da areia resultou em convoluccedilotildees (Tucker 2014)
Paleocorrentes da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal indicam que a
migraccedilatildeo de formas de leito nos depoacutesitos de frente deltaica possuiacuteam sentido principal para
NW Ciclos de camadas iniciadas pelas faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
que passam para as faacutecies arenito maciccedilo e com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal podem ser
interpretados como oriundos de desaceleraccedilatildeo de fluxo ao entrar em um corpo de aacutegua em
34
menor energia (granocrescecircncia ascendente) onde cada ciclo representa a progradaccedilatildeo de um
lobo deltaico individual com espessura diretamente relacionada agrave profundidade da lacircmina
drsquoaacutegua (Elliott 1986)
43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA
As exposiccedilotildees da associaccedilatildeo AF3 ocorrem ao longo de drenagens secas do Riacho do
Saco distante 6 km da rodovia BR-230 e em corte de estrada Compreende depoacutesitos de
arenitos finos e pelitos contiacutenuos lateralmente com geometria tabular e lenticular
respectivamente por vezes com camadas amalgamadas e acamamento ondulado com
espessura que varia de 6 a 20 m
A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) estaacute sotoposta aos
depoacutesitos referentes agrave AF2 (frente deltaacuteica) em contato abrupto (Figura 13A e 15A) e
sobreposta por depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta pelas faacutecies
argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela (Ap) arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc)
laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito maciccedilo (Am) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela
(App) arenito com estratificaccedilotildees cruzada hummocky (Ah) estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
(As) e estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Aes)
Na base desta associaccedilatildeo ocorrem camadas com intercalaccedilatildeo riacutetmica de lacircminas de
argilito (Ap) e arenitos muito finos (Alc Alo e App) formando acamamento heteroliacutetico com
padratildeo granocrescente ascendente com predomiacutenio do tipo linsen na base passando para
wavy e flaser em direccedilatildeo ao topo Esta ciclicidade tambeacutem eacute caracterizada por pares de
arenito e pelitos mais espessos seguidos por pares menos espessos (Figura 16C-D)
As faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada exibem acamamento ondulado no topo
com laminaccedilotildees truncadas por ondas com arranjo interno do tipo bundled upbulding e
chevron (Raaf et al 1977) que variam lateralmente para laminaccedilatildeo plano-paralela com
presenccedila de mud-drapes nos foresets superfiacutecies erosivas e paleocorrentes preferenciais para
NW
As laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes possuem laminaccedilotildees cocircncavo-convexas que se
truncam lateralmente assemelhando-se agrave micro- hummockies exibindo geometria pinch and
swell (Figura 15B) e pontualmente estruturas de escape (Figura 15C) Localmente no topo de
camadas observa-se deformaccedilatildeo convoluta Os arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
satildeo subarcoacutesios com gratildeos de areia muito fina a fina tais como quartzos monocristalinos com
35
extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (86) feldspatos indiferenciados (7) plagioclaacutesio
(5) microclina (1) muscovita deformada oacutexido-hidroacutexido de Fe (ambas lt1) e
localmente cimento de calcita Os gratildeos satildeo subangulosos a subarredondados e muito bem
selecionados A rocha eacute sustentada por gratildeos com contatos pontuais cocircncavo-convexo reto e
suturado exibem ainda gratildeos e micas orientados porosidade intergranular Feldspatos
comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade alveolar Os argilominerais
identificados na anaacutelise de DRX (laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes A1 e A3) foram
esmectitas (montmorilonita) vermiculita clorita ilita e caulinita
Arenito com acamamento heteroliacutetico eacute caracterizado por exibir laminaccedilotildees plano
paralela que passam lateralmente para laminaccedilatildeo ondulada com acamamentos do tipo linsen
wavy e flaser Localmente observa-se estruturas ball and pillow e escape de fluido (Figura
15D-E)
Arenitos finos com marcas onduladas simeacutetricas e assimeacutetricas exibem laminaccedilatildeo
cruzada por onda (Alo) a sigmoidais com tidal bundles nos foresets O comprimento de onda
das marcas onduladas varia de 4 a 8 cm e a altura de 2 a 7 cm Estas estruturas satildeo limitadas
por arenitos com laminaccedilatildeo ondulada paralela a sigmoidal com alternacircncia de pares de areia e
argila (Figura 16A-B) Localmente satildeo observadas variaccedilotildees na inclinaccedilatildeo dos foresets e
superfiacutecies de reativaccedilatildeo As tidal bundles satildeo caracterizadas por alternacircncias milimeacutetricas a
centimeacutetricas de areias e recobrimentos argilosos Estes pares exibem lateralmente espessuras
distintas de recobrimento argiloso formando pares ciacuteclicos ricos em argila seguidos de pares
ricos em areia
Os ritmitos de mareacute apresentam 120 pares de mareacute organizados em 3 ordens de
ciclicidade (Figura 16C-D) 1) os ciclos de primeira ordem satildeo caracterizados por pares de
lacircminas milimeacutetricas a centimeacutetricas de areia e argila que exibem current ripples e
bidirecionalidade dos foresets A deposiccedilatildeo do material mais fino ocorre atraveacutes de suspensatildeo
e ainda floculaccedilatildeo no periacuteodo de stillstand Este ciclo de menor ordem reflete a ciclicidade de
cheia e vazante (flood-ebb) 2) os ciclos de segunda ordem representam agrupamentos de
ciclos de primeira ordem individualizados pela espessura dos pares de areia e argila com cada
ciclo mostrando um aumento da espessura dos pares seguido por uma diminuiccedilatildeo da
espessura dos mesmos Assim haacute ciclos de segunda ordem espessos onde os arenitos exibem
espessura entre 07 cm e 43 cm e argilitos entre 04 a 10 cm Enquanto que outros ciclos
menos espessos de segunda ordem apresentam camadas de arenito entre 01 a 09 cm e de
argila entre 01 a 10 cm de espessura Cada ciclo pode chegar a aproximadamente 18 cm de
espessura e satildeo compostos por 12 a 15 pares de areia-argila 3) Os ciclos de terceira ordem
36
designam a maior ordem de ciclicidade nestes ritmitos com ciclos menos espessos (pares
mais finos) seguidos por ciclos mais espessos (com pares mais grossos) gerando uma
ciclicidade desigual em sucessivos ciclos de variaccedilatildeo vertical de espessura dos pares
Sobrepostos aos depoacutesitos ciacuteclicos de mareacute ocorrem faacutecies mais arenosas (Figura
17A-B) caracterizadas por arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada hummocky que variam
lateralmente para estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Figura 17C-D) As estratificaccedilotildees cruzadas
hummocky ocorrem em camadas tabulares contiacutenuas lateralmente com aproximadamente 20
cm de espessura por 80 de comprimento que exibem topo e base ondulada sendo possiacutevel
observar clastos orientados de argila subarredondados com dimensotildees entre 3 e 9 cm (Figura
17B-C) Dos trecircs tipos de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky descritas por Cheel amp Leckie
(1993) a do tipo scour-and-drape eacute a dominante visto que as superfiacutecies geradas por erosatildeo
ondulatoacuteria estatildeo presentes
A estratificaccedilatildeo cruzada swaley tem espessuras de 5 a 22 cm com dimensotildees entre 7
a 75 cm Esta estrutura comeccedila com uma superfiacutecie erosiva planar passando para ondulada
Internamente a laminaccedilatildeo ondulatoacuteria possui espessuras de 1 a 9 mm com inclinaccedilatildeo de
aproximadamente 15deg com onlap de baixo acircngulo em superfiacutecies erosivas A inclinaccedilatildeo das
laminaccedilotildees pode comeccedilar e terminar lateralmente acentuada formando uma geometria
cocircncava como pode perder a angulaccedilatildeo gradando para laminaccedilatildeo ondulada As faacutecies com
estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley satildeo sotopostas a camadas onduladas que
apresentam estruturas de mareacute e sobreposta por camadas onduladas
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal ocorrem em camadas geralmente
tabulares com ateacute 20 cm de espessura com base e topo suavemente ondulados e que se
adelgaccedilam lateralmente Localmente satildeo observados finos recobrimentos argilosos nos
foresets e dados paleocorrente indicam fluxos para NW
No topo destes depoacutesitos observam-se corpos com geometria de canal (Figura 17B)
Estes canais satildeo caracterizados por evidente migraccedilatildeo mergulho de 310deg compostos por
camadas amalgamadas de arenito fino com laminaccedilatildeo ondulada e plano-paralela que
acompanham a forma cocircncava do canal (preenchimento concecircntrico Gibling 2006) A
paleocorrente dominante deste ambiente estaacute para NW baseado na mediccedilatildeo de laminaccedilotildees
cruzadas cavalgantes Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominados por onda
e mareacute (AF3) de uma forma geral apresentam ciclos retrogradacionais com material argiloso
dominante na base influenciados principalmente por mareacute passando para mais arenoso ao
topo e maior inflencia por onda
37
Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato entre as
associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3 P4) B Arenito com laminaccedilatildeo
cruzada cavalgantes e ondulada com geometria pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em
arenito com microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and pillow (P3) E Escape
de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico (P5)
38
Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal bundles em laminaccedilatildeo
cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de argila (P4) B Wave generated tidal bundles com
acamamento ondulado e sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se ritmicidade
com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute com ciclos de 1a 2a e 3a ordem
superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e
quadratura (P5)
39
Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute (AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4)
B Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas
cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C Estratificaccedilatildeo
cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley
40
431 Interpretaccedilatildeo
Na associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) eacute evidente a
intercalaccedilatildeo regular entre as faacutecies arenosas finas e argilosas na base que gradativamente
passam para dominacircncia de faacutecies arenosa para o topo Esta caracteriacutestica sugere um aumento
crescente de energia passando de um sistema com predomiacutenio de transporte por decantaccedilatildeo
para outro dominado por traccedilatildeo A presenccedila das faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada
cavalgante e mud drapes nos foresets argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela arenito com
laminaccedilatildeo ondulada e ainda acamamento heteroliacutetico linsen wavy e por vezes flaser satildeo
comuns em sistema dominado por mareacute (Choi 2010 Longhitano et al 2012 Reineck amp
Wunderlich 1968 Visser 1980 Yang et al 2008) Os processos especiacuteficos que favorecem a
deposiccedilatildeo de acamamento linsen e flaser refletem condiccedilotildees de flutuaccedilotildees irregulares sendo
comuns em ambientes dominados por mareacute e tambeacutem por ondas (Nio amp Young 1991
Reineck amp Wunderlich 1968) Ritmitos de mareacute exibem ciclicidade entre laminaccedilotildees linsen e
flaser mostrando eventos influenciados por mareacutes Tal estrutura pode ser formada em vaacuterios
ambientes mas a presenccedila de ciclicidade e sua correlaccedilatildeo com diferentes ordens de
ciclicidade de mareacute satildeo evidecircncias suficientes para afirmar a presenccedila de mareacute em depoacutesitos
claacutesticos marinhos rasos (Nio amp Young 1991) Isto associado com as faacutecies de arenito com
laminaccedilatildeo cruzada cavalgante ondulada (exibindo porccedilotildees com bidirecionalidade) e mud
drapes atestam a existecircncia da accedilatildeo de mareacutes na porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti
Nos ritmitos de mareacute a bidirecionalidade em alguns pares de areia e pelito pode
indicar que durante nos periacuteodos de mareacutes siziacutegia (spring tide) a corrente subordinada teve
forccedila suficiente para mover porccedilotildees de areia como pequenas migraccedilotildees de ripples A presenccedila
de depoacutesitos de corrente dominante e subordinada com dois mud drapes podem sugerir
ambiente de submareacute (subtidal) para AF3 sendo coberto por dois periacuteodos de slack water em
um ciclo de mareacute alta e vazante (ebb-flood) (Nio amp Young 1991) A alternacircncia dos ciclos de
2ordf ordem de ritmitos de mareacute (grupos mais e menos espessos) indicam inequidade diurna Esta
alternacircncia pode ser relacionada agraves variaccedilotildees de ciclos semilunares de mareacutes de siziacutegia e
quadratura sugerindo alta taxa de deposiccedilatildeo (Rahmani 1988) A espessura meacutedia entre 12 e
16 cm por ciclo semilunar com 22 e 26 pares indica taxa deposicional de 24 a 32 cm por mecircs
Esta sequecircncia portanto pode ter sido depositada em uma zona de submareacute ou intermareacute
inferior em funccedilatildeo da alternacircncia entre lacircminas de material arenoso e peliacutetico que foram
cobertos por mareacutes durante todo ou na maior parte dos ciclos de mareacutes de siziacutegia e de
quadratura (Tessier et al 1988)
41
As tidal bundles ocorrem em laminaccedilotildees onduladas com 3 a 8 cm de espessura
como jaacute descrito em trabalhos de Boersma (1969) Terwindt (1981) Kreisa e Moiola (1986)
de estruturas de megaripplessandwave de ambientes de submareacute (apud Bhattacharya amp
Bahattacharya 2006) Tidal bundles em camadas de pequena espessura podem indicar
retrabalhamento miacutenimo dos sedimentos mais novos em funccedilatildeo do mud draping espesso
(Bhattacharya amp Bhattacharya 2006) Estruturas similares satildeo reconhecidas pela migraccedilatildeo de
ripples ou sandwaves durante a mareacute principal O recobrimento de argila com forma
sigmoidal nas bandas das tidal bundles podem definir periacuteodos de pausas da mareacute (Kreisa amp
Moiola 1986)
Algumas porccedilotildees de tidal bundles observadas nos afloramentos descritos condizem
com as sugeridas no trabalho de Yang et al (2008) como wave generated tidal bundles
(Figura 16B) com laminaccedilotildees na base dos sets por vezes sigmoidais a onduladas
(componente oscilatoacuteria) e recobrimento de argila nas cristas da ondulaccedilatildeo adjacente
exibindo as geometrias em offshoot e unidirecional descritas por Raaf et al (1977) Os
foresets satildeo recobertos por argila com variaccedilotildees deste material peliacutetico indicando ciclicidade
com porccedilotildees ricas em argila (neap tide) e em areia (spring tide) Na base e topo deste
conjunto de wave generated tidal bundles haacute laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas com
acamamento heteroliacutetico variando linsen-flaser indicando ciclos semilunares (Figura 16B)
Esta estrutura portanto eacute uma soma de resultantes advindas da accedilatildeo tanto de ondas pela
ocorrecircncia de wave generated ripples (Raaf et al 1977) como pela accedilatildeo de correntes de
mareacute pela existecircncia de recobrimento de argilas com ciclicidade
As wave-generated tidal bundles satildeo indicativas de um depoacutesito com superimposiccedilatildeo
de accedilatildeo de ondas bem como de mareacute gerando uma sucessatildeo riacutetmica Estas estruturas diferem
das tidal bundles tiacutepicas por serem estruturas que resultam de uma variaccedilatildeo temporal na
combinaccedilatildeo de correntes de mareacute e onda bem mais do que variaccedilatildeo de corrente de mareacute
apenas (Yang et al 2008) Elas se formam em circunstacircncias onde o pico de energia continua
ainda no campo de estabilidade de ripples sendo portanto estruturas indicativas de deposiccedilatildeo
por tempestade de baixa energia pois em condiccedilotildees de tempo normal a quantidade de
sedimento em suspensatildeo natildeo eacute suficiente para gerar sucessotildees espessas em um uacutenico ciclo de
mareacute principalmente em ambientes de costa aberta (Yang et al 2008) Estruturas deste
gecircnero satildeo difiacuteceis de serem preservadas em funccedilatildeo do intenso retrabalhamento por ondas que
ocorrem no ambiente em que satildeo geradas desta forma elas tendem a ser preservadas por
42
subsidecircncia tectocircnica (Allen amp Bass 1993 Tessier amp Gigot 1989) ou por taxas de
sedimentaccedilatildeo altas
Faacutecies arenito com laminaccedilatildeo ondulada arenito com estratificaccedilotildees cruzada
hummocky sigmoidal e swaley em sedimentos de areia fina denotam sistema mais energeacutetico
com accedilatildeo de ondas de tempestade Clastos de argilas presente nas camadas com estruturas
geradas por ondas ratificam este sistema mais energeacutetico forte o suficiente para retrabalhar
as rochas do substrato Estruturas como estratificaccedilatildeo cruzada hummocky foi primeiramente
descrita por Harms et al (1975) sendo gerada por meio de processos dominantemente
oscilatoacuterios combinados por correntes unidirecionais resultantes de ambiente dominado por
tempestade em aacuteguas rasas (Arnott amp Southhard 1990 Cheel amp Leckie 1993 Duke 1985
Dumas amp Arnott 2006) As estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley estatildeo geneticamente
relacionadas onde a estratificaccedilatildeo cruzada swaley pode ser descrita como estratificaccedilatildeo
cruzada hummocky truncada anisotroacutepica (Dumas amp Arnott 2006) A estratificaccedilatildeo cruzada
hummocky geralmente ocorre em um restrito intervalo de granulometria (areia muito fina a
fina) onde a forma de leito responsaacutevel pela geraccedilatildeo desta estrutura eacute um tipo de ondulaccedilatildeo
orbital (Harms et al 1975 Southard et al 1990 Yang et al 2006)
Em periacuteodos onde a atividade por tempestade foi maior as ondas penetraram e
retrabalharam os depoacutesitos dominados por mareacute formando as estratificaccedilotildees cruzadas
hummocky e swaley visto que a influecircncia de mareacute foi preservada durante periacuteodos de natildeo
tempestade (Vakarelov et al 2012) Em outras palavras a accedilatildeo das ondas retrabalharam os
sedimentos existentes onde tais ondas de tempestade atingiram o substrato acima do niacutevel de
base de onda sob fluxo combinado juntamente com componente unidirecional em regime de
fluxo superior (Arnott amp Southard 1990)
Estruturas de sobrecargadeformaccedilatildeo podem ocorrer atraveacutes do fenocircmeno de fluxo
plaacutestico associado agrave saiacuteda de aacutegua e peso da areia sobreposta (Allen 1982) Superfiacutecies
erosivas nas camadas desta associaccedilatildeo ocorrem trucando estruturas sedimentares e tem forma
ondulada com maior concentraccedilatildeo de material peliacutetico ratificando a interpretaccedilatildeo da accedilatildeo de
ondas e tempestades nestes depoacutesitos (Peng et al 2018) As Superfiacutecies de reativaccedilotildees satildeo
resultantes de variaccedilatildeo de velocidades durante as mareacutes (Klein 1970)
Estruturas balls and pillows compreendem massas redondas de sedimentos claacutesticos
tambeacutem chamados de pseudonoacutedulos em uma matriz similar ou mais fina verticalmente
sobrepostos em um horizonte Satildeo estruturas que se formam atraveacutes da separaccedilatildeo repetitiva de
43
pseudonoacutedulos da base de uma camada fonte que para de fato ocorrer o substrato deve
permanecer liquidificado por um tempo maior em relaccedilatildeo agrave taxa de deformaccedilatildeo sendo
possiacutevel o contraste de densidade das camadas e portanto o aparecimento da forccedila de divisatildeo
(Owen 2003) As estruturas deformacionais penecontemporacircneas presentes na associaccedilatildeo de
faacutecies AF3 evidenciam portanto perturbaccedilatildeo dos sedimentos ainda semi-consolidado ou
inconsolidado (Van Loon amp Brodzokowski 1987)
Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF3 estatildeo relacionados a um shoreface
inferior com accedilatildeo de tempestades episoacutedicas em uma costa retrogradante com accedilatildeo de mareacute
O ambiente plataformal torna-se mais profundo para leste em funccedilatildeo da maior ocorrecircncia de
tempestitos nesta aacuterea Geometria em canal observada no topo de tempestitos denota
proximidade com o continente com fluxo de detritos subaquosos confinados
44
CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS
Na regiatildeo estudada foram identificadas trecircs sequecircncias deposicionais de 4ordf ordem
que tiveram iniacutecio no final do Neodevoniano ateacute o Pensilvaniano e compreendem o topo da
Formaccedilatildeo Longaacute a Formaccedilatildeo Poti e a base da Formaccedilatildeo Piauiacute Estas sequecircncias satildeo
compostas por 5 tratos de sistemas limitados por 4 superfiacutecies estratigraacuteficas (Figuras 18 e
19) Sequecircncia 1 (Trato de Sistema de Mar Alto ndash TSMA) Sequecircncia 2 (Trato de Sistema de
Mar Baixo ndash TSMB e Trato de Sistema Transgressivo ndash TST) e Sequecircncia 3 (Trato de
Sistema de Mar Baixo ndash TSMB)
51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS
As superfiacutecies estratigraacuteficas (S) foram baseadas em faacutecies e limites erosivos que
delimitam os tratos de sistemas identificados (Catuneanu et al 2009 2011) com seu
reconhecimento pautado em mudanccedilas bruscas entre faacutecies e sistemas deposicionais A
superfiacutecie S1 eacute o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti (Figura 8A) representando um limite
de sequecircncia tipo 1 A superfiacutecie S2 representa o limite entre as associaccedilotildees de faacutecies fluvial e
frente deltaica da Formaccedilatildeo Poti e a superfiacutecie S3 eacute interpretada como uma superfiacutecie
transgressiva uma vez que separa depoacutesitos fluacutevio-costeiros (AF1 e AF2) de depoacutesitos de
plataforma rasa (AF3 Figuras 13A e 15A) A superfiacutecie S4 eacute um limite de sequecircncia tipo 1
de depoacutesitos plataformais do topo da Formaccedilatildeo Poti com os fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute
sobrejacente
A inconformidade subaeacuterea tem sua gecircnese relacionada a condiccedilotildees subaacutereas com
resultado de erosatildeo fluvial ou by-pass pedogecircnese degradaccedilatildeo eoacutelica ou dissoluccedilatildeo e
carstificaccedilatildeo (Catuneatu et al 2011) Ocorre quando a taxa de subsidecircncia eacute menor que a de
rebaixamento eustaacutetico na quebra do offlap (Van Wagoner et al 1988) Na aacuterea de estudo
este limite eacute encontrado em toda a regiatildeo onde dois tipos satildeo diferenciados O tipo 1 ocorre
dividindo os depoacutesitos fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti dos plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute
apresentando erosatildeo fluvial com horizontes irregulares O segundo tipo divide os depoacutesitos
plataformais de ondas e mareacute (AF3) de sequecircncias fluviais referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute Esta
superfiacutecie apresenta horizontes erosivos irregulares mais tecircnues que a primeira superfiacutecie
As superfiacutecies S1 e S4 satildeo interpretadas como resultante de queda do niacutevel relativo
do mar onde depoacutesitos fluviais puderam ser desenvolvidos As camadas foram erodidas por
45
essa accedilatildeo resultando em horizontes irregulares A superfiacutecie S2 eacute um limite de faacutecies sendo
estabelecida em um contato abrupto entre litofaacutecies de arenito meacutedio a grosso com
estratificaccedilatildeo cruzada tabular (depoacutesitos fluviais ndash AF1) e finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo
cruzada sigmoidal (depoacutesitos deltaicos ndash AF2) A superfiacutecie transgressiva (S3) limita camadas
progradantes abaixo de camadas retrogradantes acima separando os depoacutesitos transicionais
(AF1 e AF2) de depoacutesitos plataformais (AF3)
52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA
A primeira sequecircncia (Seq 1) consiste no final de uma sequecircncia estratigraacutefica
representada por trato de sistema de mar alto (TSMA) com folhelhos cinza escuros a pretos
homogecircneos ou laminados e bioturbados referente a ambiente plataformal dominado por
tempestade (Goacutees amp Feijoacute 1994) Esta sequecircncia corresponde ao final da deposiccedilatildeo da
Formaccedilatildeo Longaacute limitada acima por uma S1 (LS1) erosiva e deposiccedilatildeo de sedimentos
fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti
O trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Seq 2 (Figura 20A) compreende
depoacutesitos fluviais e deltaicos contemporacircneos (AF1 e AF2) em um contexto de bacia com
conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais Limitados abaixo por S1 (LS1) e acima
por S3 (ST) com ciclos de granodecrescecircncia ascendentes nas litofaacutecies de arenito meacutedio a
grosso com estratificaccedilatildeo cruzadas de meacutedio porte de faacutecies fluvial passando para ciclos
granocrescente ascendente de arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal e
laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes nos depoacutesitos deltaicos com a superfiacutecie S2 separando estes
dois depoacutesitos
A variaccedilatildeo das taxas de criaccedilatildeo de espaccedilo de acomodaccedilatildeo ao longo do tempo
consiste no principal fator para preservaccedilatildeo de sedimentos (Shanley amp McCabe 1994)
Sistemas fluviais costeiros satildeo muito influenciados pela mudanccedila de niacutevel de base (Miall
2006) Em sistemas fluviais controlados pelo niacutevel relativo do niacutevel do mar a identificaccedilatildeo
dos tratos de sistemas estaacute fundamentada em um somatoacuterio de criteacuterios que envolvem a
geometria padratildeo de empilhamento dos canais fluviais razatildeo entre depoacutesitos de canais e de
planiacutecie de inundaccedilatildeo (Miall 2006) O TSMB estaacute relacionado ao final do rebaixamento do
niacutevel do mar e consequente iniacutecio de sua elevaccedilatildeo
De acordo com a anaacutelise arquitetural dos depoacutesitos fluviais os elementos
individualizados foram elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal
46
alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito
arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em
forma de lenccediloacuteis Geralmente sistemas fluviais entrelaccedilados arenosos de TSMB formam
corpos de canais do tipo ldquosheet-likerdquo (Hirst 1991 Miall 2006) com amalgamaccedilatildeo de barras e
canais internos ao canal principal onde a preservaccedilatildeo de sedimentos mais finos comuns de
planiacutecie de inundaccedilatildeo eacute menor (Schanley amp McCabe 1993 Wan Wagoner et al 1995) Tal
disposiccedilatildeo estaacute de acordo com o observado para os depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti De
uma forma geral segundo a variaccedilatildeo de espessura e distribuiccedilatildeo desses depoacutesitos (Figura 19)
observa-se um acunhamento dos depoacutesitos fluviais para a porccedilatildeo SE da regiatildeo
O final do TSMB eacute marcado pelos depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de frente
deltaica (AF2) que denota progradaccedilatildeo com padratildeo de raseamento ascendente Segundo
Bhattacharya amp Walker (1992) durante os periacuteodos de aumento do niacutevel do mar a deposiccedilatildeo
deltaica fica confinada a ambientes de aacuteguas rasas na plataforma e resulta na raacutepida
progradaccedilatildeo dos lobos e comutaccedilatildeo de um ambiente dominado por processos fluviais A
sedimentaccedilatildeo deltaica tende a ser suprimida durante o aumento do niacutevel do mar e em regiotildees
costeiras tende a ser influenciada por processos de onda e mareacute (Miall 2000)
O TSMB eacute sobreposto por um Trato de Sistema Transgressivo (TST Figura 20B)
sendo seu limite marcado pela superfiacutecie S3 que representa uma incursatildeo marinha dentro da
sequecircncia 2 O trato de sistema transgressivo (TST) corresponde a depoacutesitos plataformais de
onda e mareacute (AF3) de tendecircncia granocrescente para o topo iniciando com intercalaccedilatildeo de
pelitos e arenitos finos com laminaccedilotildees com ritmitos de mareacutes e tidal bundles passando para
arenitos estratificados hummocky e swaley e em seguida camadas de arenitos maciccedilos e
ondulados mais espessos para o topo A preservaccedilatildeo de depoacutesitos de mareacute comumente ocorre
em tratos de sistemas caracterizados por taxas altas de aumento relativo do niacutevel do mar (Nio
amp Yang 1991)
Durante a incursatildeo marinha os sedimentos da plataforma rasa eram periodicamente
retrabalhados por tempestades As evidecircncias de accedilatildeo perioacutedica de ondas de tempestades satildeo
laminaccedilotildees onduladas micro-hummockys e pinch-and-swell observadas na base da sequecircncia
que passam para arenitos com Ah e Aes ao topo A diferenccedila de escala observada nas
estruturas sedimentares geradas por tempestades desta sequecircncia corrobora com o contiacutenuo
aumento do niacutevel do mar Yang et al (2006) registram que o tamanho do comprimento de
onda de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky (Ah) diminui conforme se aproxima das aacuteguas mais
rasas devido a diminuiccedilatildeo do tamanho das ondas Baseado nesta premissa as estruturas
47
sedimentares menores (ex micro-hummockys) seriam geradas no iniacutecio do aumento do niacutevel
do mar e as estruturas maiores (Ah e Aes) no aacutepice da incursatildeo marinha
A presenccedila de um ambiente dominado por processos de mareacute e onda e influenciados
por tempestades sugere que o limite TSMB-TST registra a passagem de um mar
epicontinental amplo e de aacuteguas rasas com alta taxa de aporte sedimentar (AF1 e AF2) para
um ambiente de mar mais aberto e elevada taxa de aumento do niacutevel do mar (AF3) O padratildeo
retrogradacional identificado nos depoacutesitos do TST eacute atribuiacutedo agrave geraccedilatildeo de espaccedilo de
acomodaccedilatildeo que supera a taxa de sedimentaccedilatildeo (Catuneanu et al 2011 Posamentier amp Vail
1988)
O topo do TST eacute limitado no topo pela superfiacutecie S4 a qual coincide com a
discordacircncia regional Mesocarboniacutefera A base da sequecircncia 3 representa um TSMB (Figura
20C) com depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta por camadas de
arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilotildees cruzadas tabular acanalada e tangencial com
lags conglomeraacuteticos Apoacutes a instalaccedilatildeo de um sistema plataformal transgressivo no Viseano
houve um rebaixamento do niacutevel de mar que causou um hiato erosivo de 20 Ma registrado em
vaacuterias partes da Bacia do Parnaiacuteba (Caputo 1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007) Este
evento estaria associado ao iniacutecio estaacutegio de continentalizaccedilatildeo que ocorreu durante o
Moscoviano e resultou na formaccedilatildeo do Pangea (Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007)
48
Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de Baratildeo de Grajauacute e
Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba Fonte Modificado de (Vaz et al 2007)
49
Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e principais superfiacutecies
estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)
50
Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da Seq
2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)
51
CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO
As trecircs sequecircncias deposicionais identificadas na aacuterea de estudo que compreendem
as formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute tem sua gecircnese relacionada a variaccedilotildees ciacuteclicas do niacutevel
relativo do mar influenciadas por eventos de eustasia e tectocircnica (Catuneanu 2006) A Seq 1
(TSMA) eacute caracterizada por uma transgressatildeo marinha que iniciou no Fameniano e que deu
origem aos depoacutesitos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (TSMA) com ambiente dominado por
eventos de tempestades (Goacutees amp Feijoacute 1994)
A Seq 2 que engloba TSMB em sua porccedilatildeo inicial eacute composta por depoacutesitos
fluviais e deltaicos caracterizando uma fase seguinte de progradaccedilatildeo As paleocorrentes dos
depoacutesitos fluviais (AF1) e de frente deltaica (AF2) indicam sentido do paleofluxo para NW
com provaacuteveis aacutereas fontes para leste-sudeste Dados preacutevios baseados em anaacutelises de
paleocorrentes e dataccedilotildees U-Pb em zircatildeo detritico indicam que as principais aacutereas fontes dos
sedimentos da bacia do Parnaiacuteba durante o Paleozoico estariam localizadas na Proviacutencia
Borborema que fica a sudeste da aacuterea de estudo (Daly et al 2018 Hollanda et al 2014
Oliveira amp Moura 2019) Sedimentos retrabalhados de rochas paleoproterozoicas e
neoproterozoicas seriam as principais fontes para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti com
contribuiccedilatildeo secundaacuteria de sedimentos reciclados de rochas cambro-ordovicianas ou mais
jovens (Hollanda et al 2014) aleacutem de fontes neoarquenas (Oliveira amp Moura 2019)
Retrabalhamento de rochas do intervalo Devoniano-Tournaisiano tambeacutem eacute sugerido por
dados palinoloacutegicos (Di Pasquo amp Iannuzzi 2014 Streel et al 2012) Assim um progressivo
recuo dos mares epicontinentais entre o Mesodevoniano e o Mississipiano (Goeacutes 1995)
resultou na formaccedilatildeo de extensos depoacutesitos transicionais e na exposiccedilatildeo de rochas cristalinas
e sedimentares preacute-cambrianas (antes inundadas pela incursatildeo marinha devoniana) na regiatildeo a
leste e sudeste da Bacia do Parnaiacuteba (Oliveira amp Moura 2019)
A instalaccedilatildeo deste sistema fluvio-deltaico ocorreu sob um clima semiaacuterido com
vegetaccedilatildeo escassa ou ausente Segundo Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) a vegetaccedilatildeo nas
proximidades da regiatildeo de estudo era mais arbustiva e escassa com presenccedila de plantas
pteridoacutefitas e gimnospermas aleacutem de algas que refletem aacuteguas salobras Ianuzzi (1994)
descreve clima temperado a subtropical no final do Carboniacutefero Inferior passando para
tropical no final do Carboniacutefero Superior com deriva do Continente Americano em direccedilatildeo ao
Equador (Ribeiro 2000) Parrish et al (1986) descrevem variaccedilotildees no clima durante o
Carboniacutefero Superior oscilando entre periacuteodos quentes e mais frios com tendecircncia geral de
52
aquecimento Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) descrevem assembleias fossiliacuteferas tiacutepicas de
intervalos normais a secos assim como ratificado por reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas (Iannuzzi
amp Roumlsler 2000) o qual afirma que a Bacia do Parnaiacuteba teria estado situada em uma zona
climaacutetica semiaacuterida durante a metade do Mississipiano Streel et al (2012) descrevem
miosporos em seccedilotildees de diamictitos da Formaccedilatildeo Poti na borda oeste da bacia depositados
em periacuteodos interglaciais
Os depoacutesitos deltaicos satildeo representados pelo predomiacutenio de camadas com geometria
lobada e estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais que podem estar relacionados a eventos de
sedimentaccedilatildeo episoacutedica durante carga extrema de rios (Della Faacutevera 2001 Ponciano amp Della
Faacutevera 2009) Esta carga extrema geralmente transpassa (by-pass) a parte proximal do sistema
deltaico (Della Faacutevera 2001) A ausecircncia de faacutecies de prodelta nos depoacutesitos estudados pode
estar associada a grande extensatildeo dos depoacutesitos de frente deltaica e alta taxa de progradaccedilatildeo
Apesar da ausecircncia de estruturas como Ah e Aes nos afloramentos estudados a inexistecircncia
de prodelta pode estar associada agrave remoccedilatildeo do material argiloso por tempestades (Della
Faacutevera 2001)
O delta da Formaccedilatildeo Poti flui para um ambiente de mar epicontinental raso Porritt et
al (2020) descrevem deltas similares com baixo gradiente onshore e offshore resultando em
efeitos miacutenimos das variaccedilotildees do niacutevel do mar nos deltas Ainda segundo Porritt et al (2020)
a diferenccedila destes tipos de deltas em mares epiricos para outros eacute sua quantidade baixa de
espaccedilo de acomodaccedilatildeo disponiacutevel e local de sedimentaccedilatildeo controlada por avulsatildeo de rios mais
acima nas superfiacutecies de leque aluvial
Goacutees et al (1997) descreveram ainda exposiccedilotildees referentes ao delta em contatos
laterais ou intercalados com os depoacutesitos dominado por tempestade e onda As bacias do
Parnaiacuteba e do Amazonas durante o Viseano tardio estava inserida nos paralelos 40deg a 50deg
dentro do continente Gondwana (Scotese 2000 Torvski et al 2012) recebendo accedilotildees de
furacotildees que geraram os depoacutesitos tempestiacutesticos da associaccedilatildeo AF3 (Duke 1985)
O continuo avanccedilo do mar para dentro da plataforma continental gerou os depoacutesitos
influenciados por mareacute e onda (AF3) que recobrem o sistema fluvio-deltaico Este limite
sugere a passagem de um ambiente com alta taxa de sedimentaccedilatildeo siliciclaacutestica durante o
recuo marinho para um ambiente com taxa de sedimentaccedilatildeo moderada com aumento do
niacutevel do mar mais lento Desta forma uma configuraccedilatildeo de mares epicontinentais com maior
53
restriccedilatildeo eacute sugerida para o sistema fluvio-deltaico com passagem para mares epicontinentais
amplos poreacutem ainda rasos do sistema plataformal dominado por mareacute e onda
Segundo mapas paleogeograacuteficos de Scotese (2019) observa-se no periacuteodo entre 361
e 351 milhotildees de anos (Fameniano e Tounasiano) a diminuiccedilatildeo de pontos de gelo que
estariam ligados ao processo transgressivo que deu origem a depoacutesitos plataformais marinhos
no topo da Formaccedilatildeo Longaacute Entre 344 Ma e 338 Ma (Viseano) houve o estabelecimento dos
ambientes referentes agrave Formaccedilatildeo Poti com a presenccedila de pontos de gelo relacionados agrave
regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo
que possivelmente deu origem aos depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3)
aqui descritos no topo da Formaccedilatildeo Poti Tal hipoacutetese pode sustentar ainda a existecircncia de
sistema fluvial entrelaccedilado relacionado a descargas e maior proporccedilatildeo de carga de fundo em
regiotildees glaciais oriundas de escoamentos superficiais sazonais (ou ocasionada pelo degelo) A
presenccedila de uma vegetaccedilatildeo arbustiva no Mississipiano aliado a condiccedilotildees ambientais semi-
aridas durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos Poti sustenta a justificativa da instalaccedilatildeo de um
fluvial entrelaccedilado
Uma discordacircncia regional que gerou um hiato deposicional de aproximadamente 20
Ma na Bacia do Parnaiacuteba (Goacutees et al 1992) marca o contato entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute
e consequentemente o final do ciclo deposicional do Grupo Canindeacute Assim apoacutes a
deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti movimentos epirogecircnicos ascendentes e uma regressatildeo de
extensatildeo global seriam fatores que tiveram accedilatildeo na erosatildeo da bacia (Goacutees 1995 Mesner amp
Wooldridge 1964 Santos amp Carvalho 2009) resultando na superfiacutecie S4 e na sedimentaccedilatildeo
da Seq 3 Esta tendecircncia regressiva do mar durante o Carboniacutefero poderia estar relacionada a
movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela orogenia Herciniana que se
desenvolveu principalmente a norte do supercontinente Gondwana com periacuteodos colisionais
entre 380 e 280 Ma (Windley 1995 Vaz et al 2007) O contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Poti
e Piauiacute foi observado na porccedilatildeo oeste da aacuterea de estudo onde depoacutesitos plataformais de onda
e mareacute (AF3) estatildeo sotopostas a litofaacutecies de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo
cruzada de depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Trabalhos referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute
revelam um contexto de sistema deseacutertico associado ao iniacutecio do processo de
continentalizaccedilatildeo no Gondwana (Lima amp Leite 1978 Xavier 2019) Portanto as faacutecies
fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute sobrepostas a AF3 satildeo interpretadas como pertencentes a um
TSMB
54
Em 315 Ma (Moscoviano) houve o estabelecimento de grande camada de gelo nas
porccedilotildees da Bacia do Parnaiacuteba corroborando a natureza regressiva da sequecircncia 3 (TSMB)
com um rebaixamento do niacutevel do mar juntamente com as orogenias que consolidavam o
supercontinente Pangea em condiccedilotildees climaacuteticas quente e semiaacuterida em geometria diferente
na bacia (Caputo et al 2005) referente ao fluvial da Formaccedilatildeo Piauiacute Recentemente Xavier
(2019) associa a discordacircncia entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute a movimentos glacio-eustaacuteticos
que ocorreram durante o primeiro pico de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age
(LPIA)
55
CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES
A anaacutelise dos afloramentos do intervalo da porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Longaacute
Formaccedilatildeo Poti e inferior da Formaccedilatildeo Piauiacute entre os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e Nazareacute
do Piauiacute evidenciaram ocorrecircncia de um short term transgression com depoacutesitos fluvio-
deltaicos recobertos por plataformais no Carboniacutefero inferior onde incursotildees marinhas
formaram mares rasos epicontinentais
Foram descritos para Formaccedilatildeo Poti 9 afloramentos com 15 faacutecies das quais
individualizaram 3 associaccedilotildees de faacutecies Fluvial entrelaccedilado (AF1) Frente deltaica (AF2) e
Plataforma dominada por mareacute e onda (AF3)
A Formaccedilatildeo Longaacute representa a Seq1 com depoacutesitos de tempestitos de um Trato de
Sistema de Mar Alto (TSMA) separada do fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti por um limite de
sequecircncia tipo 1 (S1) A base da Formaccedilatildeo Poti eacute representada por um fluvial entrelaccedilado
(AF1) descrito na porccedilatildeo leste da aacuterea o qual possui 8 faacutecies e sete elementos arquiteturais
elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante
(CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia
laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em forma de lenccediloacuteis
A associaccedilatildeo de Frente deltaica (AF2) possui 4 faacutecies dispostas em geometrias
tabulares a lobadas separada da AF1 por uma superfiacutecie de limite de associaccedilatildeo (S2) AF1 e
AF2 representam um Trato de sistema de Mar Baixo (TSMB) e iniacutecio da Seq 2 da Formaccedilatildeo
Poti em um contexto de bacia com conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais
AF2 separa-se dos depoacutesitos plataformais de onda e mareacute (AF3) por uma superfiacutecie
trangressiva (S3)
A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3) tem 8 faacutecies inseridas em
2 geometrias tabular e em canal Nesta sucessatildeo foram descritos acamamentos heteroliacuteticos e
ritmitos de mareacute bem como estruturas como tidal bundles wave generated que atestam a
accedilatildeo de mareacute e onda nesta unidade Ainda estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley
evidenciam a accedilatildeo de ondas de tempestades Esta associaccedilatildeo representa um Trato de Sistema
Trangressivo (TST) e o final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti sendo um short term transgression
provavelmente associada a derretimento de pontos de gelo na regiatildeo oeste da Bacia AF3
separa-se da Formaccedilatildeo Piauiacute por uma superficie de limite de sequecircncia do tipo 1 (S4) A
Formaccedilatildeo Piauiacute denotaria um Trato de Sistema de Mar Baixo (TMSB) e por isso iniacutecio da
56
Seq 3 que representa os movimentos glacio-eustaacuteticos que ocorreram durante o primeiro pico
de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age (LPIA)
57
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APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA
Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1
arenito com estrat cruzada acanalada A7) A Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a
arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato principalmente pontuais porosidade intergranular e
localmente feldspatos alterando para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na associaccedilatildeo de
faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com porosidade
intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3
Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos subangulosos a subarredondados
muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo
69
APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X
Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras representativas da
Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e 2 referente a plataforma de onda e
mareacute (AF3 A1 e A3) AF1 (A8 Folhelho) A A anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada
com etilenoglicol e calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica expansiva 119889001
indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97 Aring quando calcinada B Em amostra de
rocha total eacute dominante a presenccedila de picos principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio
AF3 (A1 arenito com lam cruzada) C Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a natureza expansiva 119889001
da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A
vermeculita eacute observada como sendo um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a
existecircncia de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring) bem como um
menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de amostra glicolada A ilita eacute melhor
individualizada nesta anaacutelise visto que a muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e
49 Aring do plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em relaccedilatildeo a ilita no pico 71
Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 D Na anaacutelise de poacute total da amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda
em menores picos albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar
montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise de DRX em rocha total e em
lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior
presenccedila de montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser realizados afim de
atestar esta tendecircncia
v
AGRADECIMENTOS
O apoio de queridos familiares e amigos satildeo de vital importacircncia para a realizaccedilatildeo
dos melhores objetivos na vida Agradeccedilo ao Grande Arquiteto do Universo primeiramente
que me proporcionou calma e feacute Gostaria de agradecer a todas as pessoas que de alguma
forma direta ou indiretamente me ajudaram a desenvolver este trabalho
Aos meus amados pais Isardi Arauacutejo de Miranda e Maria Goretti Fonseca Santos de
Miranda que me possibilitaram ferramentas e carinho para trilhar este caminho da ciecircncia
Tenho eterna gratidatildeo e admiraccedilatildeo profunda pela tamanha grandiosidade de coraccedilatildeo do meu
pai Que este trabalho seja prova que seu amor pelas ciecircncias transbordou geraccedilatildeo e ainda do
meu amor Agrave minha matildee que me ensinou a ser uma mulher forte atraveacutes de sua educaccedilatildeo
inteligecircncia e amor alguns de seus inuacutemeros adjetivos como mulher e matildee Ao meu grande
irmatildeo Isardy Miranda pela gentileza amizade e inspiraccedilatildeo do dia a dia
Agraves minhas avoacutes Maria de Nazareacute (Noca) e Josina modelos de resiliecircncia e forccedila
feminina com histoacuterias de vida tatildeo forte que me influenciaram a nunca desistir Aos meus
avocircs (in memorian) Hardy Miranda e Joseacute das Neves pilares das famiacutelias que formaram pais
incriacuteveis Agraves minhas queridas tias (o) e primas (os) as quais muito me espelho e dedico toda a
minha admiraccedilatildeo Aos meus amados padrinhos Izamar e Margarete os guardo no coraccedilatildeo
Ao meu companheiro Bernardo Noacutebrega e meus bons amigos que fizeram parte
tambeacutem desta etapa Meus amigos Caio Perdigatildeo Felipe Rodriga Rachel Emanuelle e
Heverlyn que me apoiaram incondicionalmente Muito obrigada
Aos meus amigos da UFPA que me proporcionaram boas tardes de discussotildees
geoloacutegicas cafeacutes e momentos de descontraccedilatildeo Obrigada Alexandre Ribeiro pela amizade e
conversas sobre geologia Guilherme Raffaeli pelo apoio durante o trabalho Pedro Augusto
Roberto Arauacutejo pelo companheirismo Renan Cleacuteber Walmir Renato Sol Daniella Sacircmia
Nayra Taynara Mateus Xavier e ao teacutecnico Aldemir Sotero do laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de
raios- X Um reconhecimento especial para a biblioteca do IG da UFPA em especial a Luacutecia
Imbiriba por um excelente trabalho de revisatildeo e apoio em relaccedilatildeo as normas de editoraccedilatildeo
Agradeccedilo ao meu orientador Joelson Soares pela amizade paciecircncia e discussotildees ao
longo desta caminhada Agradeccedilo por me inspirar a ser cada vez melhor Um agradecimento
especial a querida Prof Vacircnia Barriga pela sua amizade e exemplo Tambeacutem minha gratidatildeo
vi
aos professores Joseacute Bandeira e Afonso Nogueira pelas disciplinas ministradas e sugestotildees as
quais foram essenciais para a realizaccedilatildeo desta dissertaccedilatildeo
Ainda sou grata pelo suporte estrutural e financeiro proveniente da PPGG da
Universidade Federal do Paraacute e do Conselho Nacional de Desenvolvimento cientiacutefico e
tecnoloacutegico (CNPq) Agradeccedilo tambeacutem a equipe de coordenaccedilatildeo do Campo 1 da graduaccedilatildeo
da UFPA que proporcionou o campo para esta dissertaccedilatildeo
vii
ldquoThe truth is out thererdquo
(X-Files)
viii
RESUMO
Depoacutesitos siliciclaacutesticos mississipianos ocorrem nas regiotildees leste a sudoeste da Bacia do
Parnaiacuteba com aacuterea de afloramento alongada segundo orientaccedilatildeo N-S acompanhando o
contorno geoloacutegico desta bacia A Formaccedilatildeo Poti estaacute inserida em um contexto de iniacutecio de
recuo dos mares interiores com rebaixamento do niacutevel do mar que posteriormente durante a
deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Pedra de Fogo interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do
Amazonas Esta unidade estaacute inserida ao topo da Sequecircncia Mesodevoniana-Eocarboniacutefera
Grupo Canindeacute sendo composta por arenitos cinzas siltitos e folhelhos depositados em
ambientes de deltas e planiacutecie de mareacute com influecircncia de tempestade Este trabalho definiu as
sequecircncias deposicionais e os paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave
Formaccedilatildeo Poti na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba A regiatildeo de estudo situa-se entre os
municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) e Nazareacute do Piauiacute (PI) onde nove pontos foram
descritos agraves margens das rodovias BR-230 e BR- 343 em cortes de estradas exposiccedilotildees
proacuteximas a drenagens intermitentes e em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute Os
meacutetodos empregados consistiram principalmente em anaacutelise de faacutecies elementos arquiteturais
e estratigraacutefica aleacutem de anaacutelise petrograacutefica e de DRX para melhor classificaccedilatildeo e
identificaccedilatildeo mineral das rochas Foram individualizadas quinze faacutecies sedimentares reunidas
em 3 associaccedilotildees de faacutecies (AF) A associaccedilatildeo de faacutecies AF1 ndash Fluvial entrelaccedilado ndash eacute
composta por lente de folhelho (Fl) camadas de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo
plano paralela (App) a estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) na base sotoposta por arenitos
maciccedilos (Am) e com estratificaccedilotildees cruzadas acanalada (Aca) de baixo acircngulo (Aba) planar
(Acp) tabular (Atb) e tangencial (Atg) com orientaccedilatildeo preferencial para NW organizados
em ciclos granodecrescentes ascendentes A organizaccedilatildeo destas faacutecies individualizaram sete
elementos arquiteturais depoacutesitos de barras de acreccedilatildeo lateral (AL) e frontal (AF) lenccediloacuteis de
areia laminados (LL) formas arenosas (FA) e canais (CHa CHm CHp) A AF2 ndash Frente
deltaica ndash possui as faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) e com laminaccedilatildeo ondulada
(Alo) arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e maciccedilos (Am)
compondo ciclos granocrescentes ascendentes em camadas tabulares e lobadas com
paleocorrentes para NW A associaccedilatildeo de faacutecies AF3 ndash Plataforma de mareacute e onda ndash ocorre
sotoposta aos depoacutesitos AF2 com contato abrupto composta por pelitos com laminaccedilatildeo
plano-paralela (Ap) arenitos finos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) com
recobrimento argiloso ondulada (Alo) bem como arenitos maciccedilos (Am) e com
estratificaccedilotildees cruzadas hummocky (Ah) swaley (Aes) sigmoidal (As) e plano paralela (App)
ix
Acamamentos heteroliacuteticos do tipo linsen a flaser ocorrem na base da associaccedilatildeo com
ritmitos de mareacute e wave generated tidal bundles Localmente satildeo observadas escape de
fluidos laminaccedilotildees convolutas e ball-and-pillow As camadas satildeo tabulares lateralmente
contiacutenuas e com geometria de canal no topo desta sucessatildeo A anaacutelise petrograacutefica permitiu a
classificaccedilatildeo de quartzo-arenitos para os depoacutesitos de AF1 e subarcoacutesios para os referentes agraves
associaccedilotildees AF2 e AF3 Para as exposiccedilotildees estudadas foram identificadas 3 sequecircncias
estratigraacuteficas divididas por 4 superficies A Seq 1 corresponde ao intervalo com depoacutesitos
de tempestitos da Formaccedilatildeo Longaacute representando um TSMA limitada por limite de sequecircncia
tipo 1 (S1) do fluvial da Formaccedilatildeo Poti (AF1) A Seq 2 tem iniacutecio pelo TSMB representado
por depoacutesitos de fluvial entrelaccedilado (AF1) e de frente deltaica (AF2) estas separadas por um
limite (S2) Apoacutes rochas da unidade de plataforma de mareacute e onda (AF3) satildeo separadas dos
depoacutesitos transicionais (AF1 e AF2) por uma superfiacutecie transgressiva (S3) representando um
TST e final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti A Seq 2 eacute separada dos depoacutesitos de fluvial
entrelaccedilado da Formaccedilatildeo Piauiacute acima por uma superfiacutecie de limite de sequecircncia do tipo 1
(S4) A Seq 3 eacute representada pelo fluvial entrelaccedilado do Piauiacute sendo um TSMB O
empilhamento estratigraacutefico e as correlaccedilotildees dos perfis estudados revelaram a existecircncia de
uma transgressatildeo na Formaccedilatildeo Poti O estabelecimento dos ambientes fluacutevio-costeiros com
pontos de gelo da Formaccedilatildeo Poti corroboram a regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com
posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo que possivelmente deu origem aos
depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3) Tal transgressatildeo pode ser
interpretada como de curta duraccedilatildeo (short term transgression) visto que em escala regional a
Formaccedilatildeo Poti na Bacia do Parnaiacuteba eacute regressiva
Palavras-chave Paleoambiente Short-term transgression Bacia do Parnaiacuteba Formaccedilatildeo Poti
x
ABSTRACT
Mississipian siliciclastic deposits occur in the regions east and southwest of the Parnaiacuteba
Basin with an elongated outcrop area according to the N-S orientation following the
geological contour of this basin The Poti Formation is inserted in a context of the beginning
of the retreat of the inland seas with a lowering of the sea level which later during the
deposition of the Pedra de Fogo Formation interrupted the existing connection with the
Amazon Basin This unit is inserted at the top of the Mesodevonian-Eocarboniferous
Sequence Canindeacute Group being composed of gray sandstones siltstones and shales
deposited in environments of deltas and tidal flats with storm influence This work defined the
depositional sequences and paleoenvironments of the sedimentary succession corresponding
to the Poti Formation in the eastern portion of the Parnaiacuteba BasinThe study region is located
between the municipalities of Baratildeo do Grajauacute (MA) and Nazareacute do Piauiacute (PI) where nine
points were described on the margins of the BR-230 and BR-343 highways in road cuts
exposures close to intermittent rivers and in a dam near the city of Nazareacute do Piauiacute The
methods employed consisted mainly of facies analysis architectural and stratigraphic
elements in addition petrographic analysis and XRD for better classification and mineral
identification of rocks Fifteen sedimentary facies were individualized gathered in 3 facies
associations (AF) The facies association AF1 ndash Braided fluvial - is composed of shale lens
(Fl) layers of medium to thick sandstones with plane parallel stratification (App) cross planar
stratification (Acp) at the base overlay by massive sandstones (Am) and cross- bedding
stratification (Aca) low angle (Aba) planar (Acp) tabular (Atb) and tangential (Atg) with
preferential NW orientation organized in fining-upwards cycles The organization of these
facies individualized seven architectural elements deposits of lateral (AL) and frontal (AF)
accretion bars laminated sand sheets (LL) sandy forms (FA) and channels (CHa CHm
CHp) AF2 - Delta front - sandstone facies with climbing ripple cross-lamination (Alc) and
wavy lamination (Alo) fine to medium massive sandstone (Am) and sigmoidal cross
stratification (As) composing coarsening-upward cycles in tabular and lobed layers with
paleocurrents to NW The facies association AF3 - Tidal and wave platform - occurs just
below the AF2 deposits with abrupt contact composed by pelites with plane-parallel
lamination (Ap) fine climbing ripple cross-lamination sandstone (Alc) with mud wavy
lamination (Alo) as well as massive sandstones (Am) and hummocky (Ah) swaley (Aes)
sigmoidal (As) cross stratification and plane parallel (App) Heterolytic bedding linsen to
flaser type occurs at the base of the association with tidal rhythmite and wave generated tidal
xi
bundles Flames structures convoluted laminations and ball-and-pillow are observed locally
The layers are tabular laterally continuous and with channel geometry at the top of this
sequence Petrographic analysis allowed the classification of quartz-sandstones for the AF1
deposits and subarcose for those referring to the AF2 and AF3 associations For the studied
exhibitions 3 stratigraphic sequences were identified and divided by 4 stratigrafic surfaces
Seq 1 corresponds to the interval with storm deposits from the Longaacute Formation representing
a TSMA limited by type 1 (S1) sequence limit from the fluvial braided (AF1) of the Poti
Formation Seq 2 begins with the TSMB represented by the fluvial braided (AF1) and delta
front (AF2) deposits wich are separated between them by a limit (S2) Afterwards tide and
wave platform (AF3) rocks are separated from the transitional deposits (AF1 and AF2) by a
transgressive surface (S3) representing a TST and end of Seq 2 in the Poti Formation Seq 2
is separated from the fluvial braided deposits of the Piauiacute Formation above by a type 1
boundary sequence surface (S4) Seq 3 is represented by the braided fluvial of Piauiacute being a
TSMB The stratigraphic stacking and the correlations of the studied profiles revealed the
existence of a transgression in the Poti Formation The establishment of fluvial-coastal
environments with ice points in the Poti Formation corroborates the initial regression of
Sequence 2 with subsequent melting contributing to the transgression that possibly gave rise
to platform deposits dominated by wave and tide (AF3) Such transgression can be interpreted
as short-term transgression since the regional tendency in the Poti Formation in the Parnaiacuteba
Basin is regressive
Keywords Paleoenvironment Short-term transgression Parnaiacuteba Basin Poti Formation
xii
LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES
Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti
na borda leste da Bacia do Parna3
Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)7
Figura 1- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial (Miall 1996)9
Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies
aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)11
Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil
(Silva et al 2003 modificado de Goacutees 1995)14
Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o
intervalo do final do Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute
1994)15
Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute
do Piauiacute20
Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a
Formaccedilatildeo Longaacute sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7
conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e Fig7) B Clastos de argila e quartzo
nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo
frontal (AF) com concordacircncia da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies
limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta porccedilatildeo do canal
(P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 223
xiii
Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito
arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar
e baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a
arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes
dos estratos cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser
observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram
identificados Lenccediloacuteis de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e
estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo
contiacutenuo lateralmente por aproximadamente 30 metros limitado acima por
superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente
limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de acreccedilatildeo
lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem26
Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti
(P1) Canal de preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies
de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo (CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma
assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma relativamente
simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo27
Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos
afloramentos da Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior
dos canais enquanto que as arquiteturas AF e AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais
elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por avulsotildees de
canais ativos29
Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente
deltaica (Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade
de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da aacuterea de estudo P9)30
xiv
Figura 13 Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos
depoacutesitos deltaicos (AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e
mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada
sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees
convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido
principal para NW D Geometria lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos
deltaicos nas aacutereas de estudo 31
Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc)
arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B
Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem
(P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria lobada
Floriano Piauiacute (P8)32
Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato
entre as associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3
P4) B Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgantes e ondulada com geometria
pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em arenito com
microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and
pillow (P3) E Escape de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico
(P5)37
Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal
bundles em laminaccedilatildeo cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de
argila (P4) B Wave generated tidal bundles com acamamento ondulado e
sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se
ritmicidade com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute
com ciclos de 1a 2a e 3a ordem superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D
Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e quadratura
(P5)38
xv
Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute
(AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4) B
Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com
material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas
cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de
ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C
Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D
Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley39
Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de
Baratildeo de Grajauacute e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba (modificado
de Vaz et al 2007)48
Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e
principais superfiacutecies estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de
variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)49
Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do
Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da
Seq 2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de
sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)50
xvi
Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de
fluvial entrelaccedilado (AF1 arenito com estrat cruzada acanalada A7) A
Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a
arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato
principalmente pontuais porosidade intergranular e localmente feldspatos alterando
para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na
associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios
subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila
de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com
porosidade intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo
Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3 Arenito com
laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos
subangulosos a subarredondados muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas
em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo68
xvii
Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras
representativas da Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado
(AF1) e 2 referente a plataforma de onda e mareacute (AF3) AF1 (A8 Folhelho) A A
anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada com etilenoglicol e
calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica
expansiva 119889001 indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97
Aring quando calcinada B Em amostra de rocha total eacute dominante a presenccedila de picos
principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio AF3 (A1
arenito com lam cruzada) A) Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a
natureza expansiva 119889001 da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em
amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A vermeculita eacute observada como sendo
um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a existecircncia
de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring)
bem como um menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de
amostra glicolada A ilita eacute melhor individualizada nesta anaacutelise visto que a
muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e 49 Aring do
plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em
relaccedilatildeo a ilita no pico 71 Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 B Na anaacutelise de poacute total da
amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda em menores picos
albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar
montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise
de DRX em rocha total e em lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em
clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior presenccedila de
montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser
realizados afim de atestar esta tendecircncia69
xviii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (modificado de Miall 1985 apud
Miall 2006)8
Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti21
Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de
Baratildeo do Grajaacuteu25
xix
SUMAacuteRIO
DEDICATOacuteRIAiv
AGRADECIMENTOS v
EPIacuteGRAFEvii
RESUMO viii
ABSTRACT x
LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES xii
LISTA DE TABELAS xviii
CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 APRESENTACcedilAtildeO 1
12 OBJETIVOS 2
13 LOCALIZACcedilAtildeO 2
CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 4
21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA 4
22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS 5
221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes 9
23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES 12
231 Anaacutelise petrograacutefica 12
232 Difratometria de Raios- X 12
CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO 13
31 GRUPO CANINDEacute 14
32 FORMACcedilAtildeO POTI 16
CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES 19
41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO 19
411 Interpretaccedilatildeo 27
42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA 29
421 Interpretaccedilatildeo 32
43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA 34
431 Interpretaccedilatildeo 40
xx
CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS 44
51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS 44
52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA 45
CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO 51
CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES 55
REFEREcircNCIAS 57
APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA 68
APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X 69
CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO
11 APRESENTACcedilAtildeO
Durante o Carboniacutefero Inferior a regiatildeo oeste do supercontinente Gondwana estava
separada do paleocontinente Lauraacutesia por um estreito segmento do oceano Rheic (Golonka
2007 Torsvik et al 2012) Neste periacuteodo incursotildees marinhas formaram mares rasos
epicontinentais que conectavam as bacias sedimentares intracratocircnicas do Amazonas e
Parnaiacuteba no nortenordeste do Brasil (Almeida amp Carneiro 2004 Della Faacutevera 1990
Medeiros et al 2019 Torsvik amp Cocks 2013) Durante o Carboniacutefero a porccedilatildeo sul-ocidental
do Gondwana era coberta por extensas geleiras que se instalaram desde o final do Devoniano
(Castro 2004 Golonka 2007 Milani et al 2007 Torsvik et al 2012)
De acordo com reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas a Bacia do Parnaiacuteba durante o
Viseano encontrava-se em uma zona de clima semi-aacuterido a temperado e frio (Iannuzzi 1994
Iannuzzi amp Rosner 2000) Neste periacuteodo teve iniacutecio o recuo dos mares interiores com
diminuiccedilatildeo do niacutevel do mar que interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do Amazonas
(Almeida amp Carneiro 2004 Mabesoone amp Neumann 2005) A tendecircncia regressiva deste mar
no periacuteodo Carboniacutefero eacute relacionada a movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela
Orogenia Herciniana (Winldley 1995) ou pelo aumento das capas de gelo na porccedilatildeo sul-
ocidental do Gondwana (Caputo 1984 Caputo et al 2006 ab)
Neste contexto foram depositadas as rochas continentais transicionais e marinhas da
Formaccedilatildeo Poti A Formaccedilatildeo Poti eacute caracterizada por arenitos por vezes conglomeraacuteticos com
intercalaccedilatildeo de folhelhos e finos leitos de carvatildeo (Lima amp Leite 1978 Mesner amp Wooldridge
1964) que registram ambientes de deltas e planiacutecies de mareacute com influecircncia de tempestades
(Goacutees et al 1997 Goacutees amp Feijoacute 1994) A tendecircncia da Formaccedilatildeo Poti eacute principalmente
regressiva contudo os afloramentos na aacuterea de estudo mostram uma relaccedilatildeo incomum entre
depoacutesitos transicionais sotopostos por depoacutesitos de plataforma de mareacute e onda estes por sua
vez foram pouco explorados pela literatura cientiacutefica (Della Faacutevera 1990 Goacutees et al 1997)
Portanto o objetivo principal deste trabalho eacute interpretar os paleoambientes e definir uma
sequecircncia deposicional para as rochas da Formaccedilatildeo Poti que afloram entre as regiotildees de
Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba e elaborar um
modelo deposicional
2
12 OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho eacute definir as sequecircncias deposicionais e interpretar os
paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave Formaccedilatildeo Poti a partir do estudo de
depoacutesitos que afloram na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba Para isto tecircm-se os seguintes
objetivos especiacuteficos
Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo de faacutecies sedimentares e arquiteturais dos sistemas
deposicionais das Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)
Propor sequecircncia estratigraacutefica delimitando suas principais superfiacutecies estratigraacuteficas
para as Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)
Definir um modelo deposicional para as rochas siliciclaacutesticas mississipianas da
Formaccedilatildeo Poti entre as regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute
13 LOCALIZACcedilAtildeO
A aacuterea de estudo estaacute localizada na borda leste da Bacia do Parnaiacuteba na divisa entre
os estados do Maranhatildeo e Piauiacute Os depoacutesitos descritos estatildeo situados ao longo da BR-230 e
BR-343 abrangendo os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) Floriano (PI) e Nazareacute do Piauiacute
(PI) em afloramentos de corte de estradas exposiccedilotildees proacuteximas a drenagens intermitentes e
em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute (Figura 1)
3
Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti na borda leste da
Bacia do Parnaiacuteba (Fonte CPRM)
4
CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A elaboraccedilatildeo deste trabalho contou inicialmente com um levantamento bibliograacutefico
acerca da geologia regional na aacuterea leste da Bacia do Parnaiacuteba A seguir houve a fase de
campo (realizada durante o campo da disciplina de Campo 1 da graduccedilatildeo da UFPA na porccedilatildeo
leste da Bacia do Parnaiacuteba) com anaacutelises facioloacutegica arquitetural e estratigraacutefica e
posteriormente fase de laboratoacuterio com anaacutelise petrograacutefica Estas metodologias foram as
ferramentas utilizadas para alcanccedilar os objetivos propostos nesta dissertaccedilatildeo
Na fase de campo foi realizada a coleta de dados sendo feitas as descriccedilotildees e
interpretaccedilotildees facioloacutegicas a confecccedilatildeo de perfis estratigraacuteficos e coleta de amostras dos
afloramentos das Formaccedilotildees Poti Longaacute e Piauiacute As amostras coletadas originaram as seccedilotildees
delgadas para a anaacutelise petrograacutefica A avaliaccedilatildeo estratigraacutefica envolveu o estudo de nove
afloramentos as margens das BR- 230 e BR-343 sendo os pontos P1 a P5 pontos as margens
de drenagens secas P6 a P8 exposiccedilotildees em cortes de estrada e P9 a barragem Salinas (Figura
1) Na regiatildeo os litotipos referentes aos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti ocorrem com excelente
preservaccedilatildeo de estruturas sedimentares bem como engloba unidades com associaccedilotildees
litoloacutegicas de gecircneses distintas separadas por superfiacutecies que podem ser utilizadas para
correlaccedilotildees estratigraacuteficas
21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA
Para a anaacutelise de faacutecies e estratigraacutefica foi utilizada a teacutecnica de modelamento de
faacutecies com auxiacutelio de perfis colunares e estratigraacuteficos seguindo as propostas de Walker
(1992 2006) Miall (2000) Dalrymple (2010) Bhattacharya (2010) com nomenclatura de
Miall (1977) Segundo a metodologia de Walker (1992 2006) a reconstituiccedilatildeo
paleoambiental de uma unidade sedimentar deve conter caracterizaccedilatildeo das faacutecies
sedimentares com textura composiccedilatildeo geometria estrutura sedimentar e conteuacutedo fossiliacutefero
juntamente com a leitura de paleocorrentes para haver compreensatildeo dos processos
sedimentares que agiram para a formaccedilatildeo de cada faacutecies
As associaccedilotildees de faacutecies identificadas consistem em um conjunto de faacutecies
relacionadas geneticamente que remetem a determinados ambientes e sistemas deposicionais
As medidas de paleocorrentes foram retiradas em arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada e
arenitos com laminaccedilatildeo cruzada com posterior produccedilatildeo de rosetas atraveacutes do programa
OpenStereoreg A representaccedilatildeo de faacutecies em siglas inspirou-se no coacutedigo de faacutecies de Miall
5
(1977) com representaccedilatildeo da primeira letra maiuacutescula referente a litologia principal e a letra
seguinte minuacutescula indicando a estrutura sedimentar dominante Modelos de faacutecies foram
construiacutedos na forma de mapas paleogeograacuteficos representativos perfis verticais e blocos
diagramas A confecccedilatildeo de seccedilotildees panoracircmicas a partir de fotomosaicos de afloramentos
seguiu a teacutecnica de Wilzevic (1991) para auxiliar no estudo de elementos arquiteturais para
depoacutesitos fluviais (Miall 1985 1988 2006) deltaicos e plataformais
O estudo de estratigrafia de sequecircncia de alta resoluccedilatildeo (Catuneanu et al 2011
Zecchin amp Catuneanu 2013) considerou os ciclos as superfiacutecies e as ordens de cada uma e
suas sequecircncias deposicionais identificando superfiacutecies-chave da sucessatildeo e interpretando
seu significado deposicional a partir dos conceitos da estratigrafia de sequecircncias e tratos de
sistemas (Catuneanu 2006 Catuneanu et al 2009 Posamentier amp Vail 1988 Vail et al 1977)
22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS
O estudo de formas de leitos modernos e em boas exposiccedilotildees de sequecircncias antigas
(Allen 1983 Haszeldine 1983 ab Kirk 1983 apud Miall 1985) mostram que interpretaccedilotildees
baseadas apenas em perfis verticais natildeo representam de forma acurada a geometria e
complexidade interna das estruturas de grandes macrofomas de depoacutesitos de barras Portanto
apenas representaccedilotildees por perfis consistem em ferramentas pouco eficientes para o estudo de
sedimentos fluviais em funccedilatildeo das inuacutemeras mudanccedilas laterais de faacutecies e pela natureza
tridimensional de um litossoma individual (Miall 1985 1988) O canal e sua morfologia
usualmente tecircm sido usados como chave principal para a interpretaccedilatildeo de sedimentos fluviais
existindo uma grande diversidade de estilo de canais e tipos de depoacutesitos com origem
relacionada a variedade de controles parcialmente interdependentes que atuam na
sedimentaccedilatildeo fluvial (Miall 1985)
A anaacutelise bi e tridimensional permite individualizar elementos arquiteturais em
sistemas fluviais O conceito de elemento arquitetural permeia-se na noccedilatildeo que depoacutesitos
sedimentares podem ser caracterizados por geometrias estratais escala e superfiacutecies de
acamamento limitantes (Allen 1980 Miall 1985 Miall 1988) Este conceito foi primeiramente
aplicado para definir a geometria e arranjo tridimensional de estratos areniacuteticos de antigos
depoacutesitos fluviais depoacutesitos estes que tem sido difundido na literatura desde o final da deacutecada
de 80 em funccedilatildeo da larga aplicaccedilatildeo no estudo das heterogeneidades de rochas reservatoacuterio
6
(Miall amp Tyler 1991) Contudo atualmente eacute empregado para quaisquer sucessotildees
estratigraacuteficas independentes da idade litologia e gecircnese como as sucessotildees deltaicas de
planiacutecie de mareacute (Eriksson et al 1995) sucessotildees turbidiacuteticas (Mutti amp Normark 1987) e
vulcanoclaacutesticas (Palmer amp Neall 1991) com a finalidade de explanar sobre a disposiccedilatildeo das
faacutecies e de suas associaccedilotildees no espaccedilo (Borghi 2000) Allen (1983) deu origem ao termo
ldquoelemento arquiteturalrdquo e Miall (1985) sumarizou e classificou as rochas fluviais baseado
nestes conhecimentos
Jackson (1975) classifica as formas de leito em microformas mesoformas e
macroformas Microformas satildeo estruturas geradas por variaccedilatildeo turbulenta gerando marcas de
onda de pequena escala e lineaccedilotildees de corrente Mesoformas incluem formas de leito de maior
escala como dunas pequenos canais e barras linguoacuteides longitudinais e diagonais Jaacute as
macroformas mostram o efeito cumulativo de vaacuterios eventos dinacircmicos ao longo dos anos
que incluem canais maiores e formas de barras compostas como point bars side bars sand
flats e ilhas A identificaccedilatildeo apropriada destas macroformas eacute a base para determinar o tipo de
sistema fluvial (Jackson 1975 Miall 1985)
A menor escala de elementos de macroforma eacute composta por oito elementos
arquiteturais baacutesicos Canal fluxo de gravidade de sedimentos formas de leito e barra
cascalhosa acreccedilatildeo frontal acreccedilatildeo lateral lenccediloacuteis de areia laminados formas de leito
arenosas e hollow (Figura 2 Tabela 1) Estes oito elementos arquiteturais satildeo caracterizados
por tamanho do gratildeo composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e principalmente
geometria (Miall 1985) Afloramentos com ao menos vaacuterios deciacutemetros e com certa
quantidade de controle tridimensional satildeo necessaacuterios para um estudo detalhado Todos os
sistemas fluviais satildeo compostos de proporccedilotildees variadas dos oito elementos arquiteturais
7
Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)
A ampliaccedilatildeo de pesquisas ao longo dos anos em depoacutesitos atuais e antigos permitiu
a uma abrangecircncia maior desta classificaccedilatildeo atraveacutes da identificaccedilatildeo de novos seis elementos
externos ao canal (Miall 1996) Dique marginal canais de crevasse espraiamento de
crevasse finos de planiacutecie de inundaccedilatildeo e canais abandonados (Figura 3)
Segundo Miall (1985) elementos arquiteturais devem conter descriccedilotildees e
caracterizaccedilatildeo dos elementos objetivas as quais devem incluir 1) A natureza das superfiacutecies
limitantes superior e inferior 2) a geometria externa 3) escala e 4) geometria interna
Individualizar analisar e descrever os elementos arquiteturais satildeo medidas essenciais pois
podem determinar o padratildeo de alguns tipos de rios do passado e desta forma caracterizar o
tipo de sistema fluvial
8
Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais
Fonte Modificado de (Miall 1985 apud Miall 2006)
9
Figura 3- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial Fonte (Miall 1996)
221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes
De acordo com Miall (1988 1996) existem pelo menos seis ordens de superfiacutecies
limiacutetrofes em sistemas fluviais que separam elementos arquiteturais (Figura 4) Estas satildeo
caracterizadas como superfiacutecies de natildeo deposiccedilatildeo ou erosatildeo representando periacuteodos de tempo
desde alguns minutos ateacute milhares de anos (Miall 1988) Allen (1980) estendeu o conceito de
superfiacutecies limitantes de pequena e grande escala em depoacutesitos eoacutelicos para sistemas
marinhos desenvolvendo modelos teoacutericos para explicar a formaccedilatildeo de sandwaves e
superfiacutecies limiacutetrofes em regimes dominados por mareacute Miall (1988) complementou o
trabalho de Allen (1983) a respeito de superfiacutecies limitantes estendendo a classificaccedilatildeo entatildeo
conhecida resultando em uma classificaccedilatildeo de seis ordens da escala menor (1deg ordem) a
maior (6deg ordem)
10
Superfiacutecies de 1ordf ordem Satildeo planas e limitam sets de laminaccedilotildees cruzadas Representam a
sedimentaccedilatildeo contiacutenua da migraccedilatildeo de formas de leito de mesma morfologia
Superfiacutecies de 2ordf ordem A superfiacutecie natildeo apresenta evidecircncias de erosatildeo ou truncamentos
significativos Separam cosets de litofaacutecies diferentes indicando mudanccedila nas condiccedilotildees
de fluxo ou mudanccedilas na direccedilatildeo do fluxo
Superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem Satildeo mencionadas para superfiacutecies limitantes internas e mais
acima de macroformas As de 3ordf ordem satildeo superfiacutecies erosivas existentes dentro das
macroformas (superfiacutecies de reativaccedilatildeo) geralmente truncando estratos cruzados abaixo
Estas se estendem desde o topo ateacute a porccedilatildeo inferior da macroforma com assembleia de
faacutecies e geometrias acima e abaixo da superfiacutecie sendo similares
As superfiacutecies de 4ordf ordem satildeo interpretadas como limite superior de macroformas
separando diferentes assembleias de faacutecies acima e abaixo Satildeo paralelas que truncam em
baixo acircngulo as superfiacutecies de ordem menor se assemelhando a clinoformas siacutesmicas
Superfiacutecies de 5ordf ordem Superfiacutecies que limitam grandes lenccediloacuteis de areia incluindo
complexos de preenchimento de canais Satildeo planas ou levemente cocircncavas sendo
relacionada a migraccedilatildeo eou incisatildeo lateral de canais fluviais
Superfiacutecies de 6ordf ordem Superfiacutecies que caracterizam subdivisotildees estratigraacuteficas
mapeaacuteveis de uma unidade fluvial com grande extensatildeo lateral Delimitam grupos de
canais e paleovales e marcam mudanccedilas relacionadas ao niacutevel de base estratigraacutefica
11
Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies
aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)
12
23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES
231 Anaacutelise petrograacutefica
A anaacutelise petrograacutefica das amostras de arenito foi realizada em sete seccedilotildees delgadas
das faacutecies mais representativas para este estudo Satildeo elas arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada
da associaccedilatildeo de faacutecies fluvial e em arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante nas
associaccedilotildees de frente deltaacuteica e de plataforma de mareacute e onda Para a classificaccedilatildeo destes
arenitos foi adotada a metodologia de Folk (1968) baseada na descriccedilatildeo de constituintes
textura e faacutebrica da rocha com contagem de 300 pontos (Galenhouse 1971) em cada seccedilatildeo
para melhor quantificaccedilatildeo dos seus constituintes
As amostras selecionadas para esta anaacutelise foram 8 sendo A1 a A6 correspondendo
a arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de
onda e mareacute (AF3) A7 a arenitos com estratificaccedilatildeo tabular (Atb) da associaccedilatildeo de fluvial
entrelaccedilado (AF1) e A8 denotando arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) nos
depoacutesitos de frente deltaacuteica (AF2)
A identificaccedilatildeo das principais feiccedilotildees e relaccedilotildees entre os constituintes dos arenitos
foram obtidas em microscoacutepio petrograacutefico LEICA DM 2700 P com cacircmera acoplada LEICA
MC 170 HD no Laboratoacuterio de Petrografia Sedimentar do Grupo de Anaacutelise de Bacias
Sedimentares da Amazocircnia (GSED) da Universidade Federal do Paraacute
232 Difratometria de raios- X
A teacutecnica de anaacutelise de Difraccedilatildeo de Raios-X foi aplicada em amostras de folhelhos
da associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e em arenitos com laminaccedilatildeo
cruzada cavalgante da associaccedilatildeo de plataforma de mareacute e onda (AF3 A1 e A2) Esta anaacutelise
foi realizada no laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de Raio-X do Instituto de Geociecircncias da
Universidade Federal do Paraacute (UFPA) atraveacutes dos meacutetodos do poacute total e em lacircminas de
argilas orientadas O difratocircmetro utilizado foi o XrsquoPert MPD-PRO PANalytical equipado
com acircnodo de Cu (λ=15406) com a finalidade de identificar as assembleacuteias minerais de cada
rocha O software XrsquoPert HighScore Plus auxiliou na identificaccedilatildeo dos minerais atraveacutes da
compraccedilatildeo dos resultados obtidos com as fichas do banco de dados do International Center
on Diffraction Data (ICDD)
13
CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO
A Bacia do Parnaiacuteba estaacute inserida na Proviacutencia Parnaiacuteba e abrange uma aacuterea total de
668858 kmsup2 com depocentro que atinge cerca de 3500 m e embasamento continental
fortemente estruturado representado por rochas formadas ou retrabalhadas no Ciclo
Brasiliano (Cunha 1986 Goacutees amp Feijoacute 199 Milani amp Zalaacuten 1999 Vaz et al 2007) Ainda
tomografias realizadas na aacuterea desta bacia intracratocircnica indicam uma listosfera com
espessura entre 150 e 180 km (McKenzie amp Priestley 2016) A Proviacutencia Parnaiacuteba coincide
com a denominaccedilatildeo proposta por Goacutees (1995) de Proviacutencia Sedimentar do Meio-Norte
proposta esta que foi pautada na compreensatildeo tectono-sedimentar e na evoluccedilatildeo policiacuteclica da
bacia que favorecem a delimitaccedilatildeo de bacias diferentes
A Proviacutencia do Parnaiacuteba desenvolveu-se acima de um substrato composto por rochas
metamoacuterficas advindas de processos tectonomagmaacuteticos relacionadas ao Estaacutedio de
Estabilizaccedilatildeo da Plataforma Sul-Americana (Almeida amp Carneiro 2004) que agiram ateacute o
Mesoproterozoacuteico onde instalaram-se grabens preenchidos no Neoproterozoacuteico (Formaccedilatildeo
Riachatildeo) e Cambro-Ordoviciano (Formaccedilatildeo Mirador) (Goacutees et al 1992) Segundo Daly et al
(2014) o embasamento desta bacia eacute composto por trecircs unidades crustais A Proviacutencia
Borborema ao leste o Bloco Parnaiacuteba ao centro o cinturatildeo Araguaia e o Craacuteton Amazocircnico
ao oeste A natureza da sedimentaccedilatildeo da Bacia do Parnaiacuteba eacute principalmente siliciclaacutestica
com ocorrecircncias de calcaacuterio anidrita e siacutelex aleacutem de rochas magmaacuteticas
A regiatildeo da Proviacutencia do Parnaiacuteba eacute limitada ao norte pelo Arco Ferrer-Urbano ao
leste pela Falha de Tauaacute a sudeste pelo lineamento Senador Pompeu a oeste pelo
Lineamento Tocantins-Araguaia e a noroeste pelo Arco Capim As principais feiccedilotildees morfo-
estruturais que a compartimentam satildeo a Estrutura Xambioaacute o Arqueamento do Alto Parnaiacuteba
o Lineamento Transbrasiliano o Lineamento Rio Parnaiacuteba o Lineamento Rio Grajauacute e o
sistema de lineamentos orientados com direccedilatildeo NW-SE (Figura 5 Goacutees 1990) Segundo Vaz
et al (2007) as principais estruturas da bacia os lineamentos Picos Santa-Inecircs Marajoacute-
Parnaiacuteba e o Lineamento Transbrasiliano (mais proeminente na bacia) foram importantes nos
estaacutegios iniciais da bacia e durante sua evoluccedilatildeo em funccedilatildeo do direcionamento dos eixos
deposicionais na bacia
14
Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil Fonte (Silva et al
2003 modificado de Goacutees 1995)
Goacutees amp Feijoacute (1994) dividiram a Bacia do Parnaiacuteba em cinco sequecircncias principais
de segunda ordem representadas por grupos correlacionaacuteveis a ciclos tectocircnicos de caraacuteter
global (Goacutees et al 1992) Satildeo elas Sequecircncia Siluriana (Grupo Serra Grande) Sequecircncia
Devoniana (Grupo Canindeacute) Sequecircncia Carboniacutefero-Triaacutessica (Grupo Balsas) Sequecircncia
Juraacutessica (Grupo Mearim) e Sequecircncia Cretaacutecea (Formaccedilotildees Grajauacute Codoacute e Itapecuru) Vaz
et al (2007) sugeriram a compartimentaccedilatildeo desta Bacia em cinco supersequecircncias
delimitadas por discordacircncias regionais oriundas de flutuaccedilotildees dos niacuteveis eustaacuteticos dos
mares do Eopaleozoico poreacutem adotaremos a proposta de Goacutees amp Feijoacute (1994)
31 GRUPO CANINDEacute
O Grupo Canindeacute agrupava inicialmente as formaccedilotildees Pimenteiras Cabeccedilas e
Longaacute Posteriormente Caputo amp Lima (1984) adicionaram a Formaccedilatildeo Itaim e Goacutees et al
(1992) incluiacuteram a Formaccedilatildeo Poti ao grupo
15
Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o intervalo do final do
Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute 1994)
A Formaccedilatildeo Itaim eacute caracterizada por arenitos finos a meacutedios e folhelhos
bioturbados formados em ambientes deltaicos e plataformais dominados por processos de
mareacute e tempestade (Della Faacutevera 1990 Goacutees amp Feijoacute 1994) A Formaccedilatildeo Pimenteiras eacute
composta por folhelhos negros bioturbados e localmente intercalados com arenitos e siltitos
que registram ambiente plataformal raso dominado por tempestades (Della Faacutevera 1990) A
Formaccedilatildeo Cabeccedilas eacute caracterizada por arenitos finos a grossos localmente intercalados com
folhelhos ou deformados e tilitos Estes depoacutesitos registram ambientes deltaicos e
plataformais influenciados por tempestades aleacutem de ambientes glaciais a periglaciais
(Barbosa et al 2015 Caputo 1984 Della Faacutevera 1990 Ponciano amp Della Faacutevera 2009) A
Formaccedilatildeo Longaacute eacute composta principalmente por folhelhos e siltitos bioturbados com raras
lentes de arenitos que registram ambientes plataformais dominados por tempestades (Caputo
1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Lobato amp Borghi 2014 Rodrigues 2003)
A atividade magmaacutetica na Bacia do Parnaiacuteba possui trecircs fases A primeira no
Cambro-Ordoviciano precede a formaccedilatildeo da bacia caracterizada por granitos e vulcacircnicas do
Jaibaras (Oliveira amp Mohriak 2003 apud Daly et al 2018) No entanto Cerri et al (2020)
discorda desta hipoacutetese sugerindo que durante o intervalo de erosatildeonatildeo deposiccedilatildeo entre o
fim da Bacia do Jaibaras e o iniacutecio da Bacia do Parnaiacuteba ocorreu um ciclo completo de
erosatildeo mudanccedilas nos sistemas deposicionais e modificaccedilotildees em todas as aacutereas fontes
Portanto sinais de proveniecircncia revelam que natildeo existe relaccedilatildeo de causa e efeito entre a
deposiccedilatildeo do rift do Jaibaras e das sequecircncias do Parnaiacuteba (Cerri et al 2020)A segunda e
terceira fase ocorrem apoacutes o estabelecimento da bacia no Mesozoico representada pela
16
Formaccedilatildeo Mosquito e no Cretaacuteceo pela Formaccedilatildeo Sardinha (Daly et al 2018 Vaz et al
2007) Estas duas uacuteltimas tecircm sua origem dada pelo estabelecimento de um novo estaacutedio
tectocircnico ativo no Brasil apoacutes a ruptura do Pangea que levaria a abertura do Oceano
Atlacircntico com surgimento de fraturas eventos distensionais remobilizaccedilatildeo de antigas falhas e
intenso magmatismo baacutesico (Almeida amp Carneiro 2004 Vaz et al 2007 Zalaacuten 2004)
32 FORMACcedilAtildeO POTI
A denominaccedilatildeo Poti foi primeiramente proposta por Paiva (1937) para depoacutesitos
siliciclaacutesticos que ocorriam entre as profundidades 219-566m do poccedilo 125 do DNPM
perfurado proacuteximo a cidade de Teresina Piauiacute Campbell (1949) restringiu a Formaccedilatildeo Poti
ao intervalo 219-423m do mesmo poccedilo determinando uma espessura de 204 metros para esta
formaccedilatildeo Conforme mapas de isoacutepacas a Formaccedilatildeo Poti possui espessura maacutexima de 300
metros (Caputo 1984 Cunha 1986 Goacutees 1995)
Litologicamente eacute caracterizada pela predominacircncia de arenitos finos a meacutedios
intercalados subordinamente com siltitos e folhelhos (Lima amp Leite 1978 Ribeiro 2000)
depositados em ambientes fluacutevios-deltaacuteicos com accedilatildeo de tempestade e mareacute (Goeacutes 1995
Ribeiro 2000 Schobbenhaus et al 1984) Diamictitos dropstones e arenitos com
deformaccedilotildees sin-sedimentares descritos em afloramentos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem na
porccedilatildeo oeste e sudeste da bacia foram interpretados como registro de depoacutesitos fluacutevio-
glaciais a periglaciais (Andrade 1972 Caputo 1985 Caputo et al 2006 ab Caputo et al
2008 Della Faacutevera amp Uliana 1979)
O contato entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti eacute geralmente descrito como concordante
podendo ser localmente gradacional e litologicamente brusco (Lima amp Leite 1978) Caputo
(1984) descreve este contato como de caraacuteter concordante na porccedilatildeo central da bacia e
discordante nas bordas Goacutees (1995) interpreta o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti como
pertencentes a uma uacutenica sequecircncia deposicional composta por depoacutesitos deltaicoestuarinos
plataformal litoracircneos e fluvial em um sistema regressivo de costa progradante Na borda leste
da bacia Lobato amp Borghi (2007 2014) descrevem o limite entre estas formaccedilotildees como uma
superfiacutecie discordante erosiva interpretada como o limite de sequecircncia de 3ᵃ ordem Dessa
forma a discordacircncia de caraacuteter regional entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti descrita por Vaz et
al (2007) estaria restrita as bordas da bacia
Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram trecircs sistemas deposicionais para a base
da Formaccedilatildeo Poti marinho deltaico dominado por onda e fluacutevio-deltaico Segundo estes
17
autores estes sistemas se implantaram apoacutes a discordacircncia que separa a Formaccedilatildeo Poti da
Formaccedilatildeo Longaacute e retratam um ciclo transgressivo-regressivo poacutes-glacial pontuado por
novos episoacutedios de regressatildeo forccedilada Segundo Mabesoone amp Neumann (2005) movimentos
tectocircnicos leves durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos da Formaccedilatildeo Longaacute causaram pequenos
avanccedilos do mar que resultaram na deposiccedilatildeo de areias litoracircneas na porccedilatildeo inferior da
Formaccedilatildeo Poti (Struniano-Viseano) Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram a superfiacutecie
discordante como tectocircnica produto de um rebound isostaacutetico enquanto que as superfiacutecies de
regressatildeo forccedilada que limitam as sequecircncias de menor ordem seriam em parte glaacutecio-
eustaacuteticas Esta superfiacutecie discordante envolve um hiato deposicional entre Tournaisiano
Superior e o Viseano Inferior (Melo amp Loboziak 2000) Apoacutes este periacuteodo no iniacutecio do
Carboniacutefero Superior o mar se retirou rapidamente da aacuterea quando um novo episoacutedio de
soerguimento teve iniacutecio (Mabesoone amp Neumann 2005) Este episoacutedio foi marcado pelo
recuo da linha de costa e expocircs a planiacutecie costeira que foi retrabalhada pelos rios (Mabesoone
amp Neumann 2005) Assim a porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti eacute marcada por depoacutesitos de
planiacutecie aluvial (Mabesoone amp Neumann 2005)
Paiva (2018) descreve sistemas deposicionais marinho raso estuarinodeltaico
dominados por mareacute aluvial e deseacutertico organizados em oito sequecircncias deposicionais A
primeira sequecircncia seria uma transiccedilatildeo formacional LongaacutePoti separando depoacutesitos
plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute por rochas de shoreface e offshore do sistema marinho raso
da Formaccedilatildeo Poti Em sequecircncia identificou seis sequecircncias de alta frequecircncia (de 2ordf e 3ordf
ordem) marcada pela mudanccedila abrupta de faacutecies de sistemas fluacutevio estuarinos a fluacutevio-
deseacutertico com a Formaccedilatildeo Piauiacute ao topo Arauacutejo (2018) verificou a existecircncia dos mesmos
sistemas deposicionais agrupados em seis sequecircncias deposicionais onde os reservatoacuterios de
melhor qualidade diante da anaacutelise de poccedilo seriam os arenitos de shoreface frente deltaica
influenciada por mareacute barras de canais fluacutevio-estuarinos porccedilotildees centrais de barras arenosas
de mareacute e wadis
A presenccedila de uma macroflora terrestre e a ausecircncia de palinomorfos marinhos
sugere ambientes transicionais e continentais para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem
na porccedilatildeo oeste da bacia (Iannuzzi amp Pfefferkorn 2002 Melo amp Loboziak 2000) Nas porccedilotildees
leste e central da bacia a ocorrecircncia de Edmondia um bivalve marinho indica breves
incursotildees marinhas (Kegel 1954) Os dados de palinologia e paleobotacircnica tambeacutem sugerem
paleoclima temperado para a Formaccedilatildeo Poti (Iannuzi 1994) considerando que jaacute no final da
deposiccedilatildeo desta unidade existiriam condiccedilotildees de alta taxa de evaporaccedilatildeo com clima ainda
18
mais seco poreacutem razoavelmente frio tornando-se cada vez mais semi-aacuteridas no Pensilvaniano
da Formaccedilatildeo Piauiacute (Goeacutes 1995) Tal paleoclima confere com o encontrado na Formaccedilatildeo Faro
Bacia do Amazonas (Amadou amp Truckenbrodt 1992)
De acordo com estudos palinoloacutegicos (Daemon 1974 Loboziak et al1992) foi
definida idade eocarboniacutefera entre o Tournaisiano e o Viseano para esta formaccedilatildeo sendo
posteriormente sugerido a idade Viseano tardio (Iannuzzi et al 2003 Melo amp Loboziak 2000)
e ratificado por novos dados palinoloacutegicos de subsuperfiacutecie de Pasquo amp Ianuzzi (2014) A
macrofauna estudada por Iannuzzi amp Pfefferkorn (2002) dominada por pteridospermas aleacutem
de licopsiacutedeos arboacutereos e esfenopsiacutedeos apontam idade entre o Viseano Superior e o
Serpukhoviano Inferior Eacute importante salientar que a presenccedila de Cordyosporites
magnidictyus (Daemon 1974) assim como miosporos de Indotriaradites dolianitii satildeo
comuns na Formaccedilatildeo Poti representando bons marcadores estratigraacuteficos para o Viseano em
bacias do nordeste brasileiro podendo ser correlacionada com a Formaccedilatildeo Faro (Melo amp
Loboziak 2018)
19
CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES
A sucessatildeo sedimentar aflorante na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do
Piauiacute eacute constituiacuteda pelas formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute e expotildee-se ao longo de drenagens
secas como os riachos Muqueacutem e Saco em cortes de estradas e proacuteximo da Barragem Salinas
Os depoacutesitos alcanccedilam ateacute 28 m de espessura sendo extensos por dezenas de metros em
algumas localidades com acamamentos contiacutenuos lateralmente por ateacute 50 m evidenciados
pela geometria sigmoidal e tabular das camadas Foram descritas 15 faacutecies sedimentares
(Tabela 2) em 9 seccedilotildees colunares (Figura 7) organizadas em trecircs associaccedilotildees de faacutecies
fluvial (AF1) frente deltaica (AF2) e plataforma de mareacute e onda (AF3)
41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO
A associaccedilatildeo de faacutecies 1 representa a porccedilatildeo basal da Formaccedilatildeo Poti e aflora ao longo
do riacho do Muqueacutem (Baratildeo do Grajauacute) agraves margens da rodovia BR-230 e nas proximidades
da cidade de Floriano em cotas entre 120 e 178 m Estes depoacutesitos consistem em complexos
de arenitos amalgamados extensos por aproximadamente 50 m em sucessotildees com ateacute 4 m de
espessura em contato erosivo com a Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 8A) A AF1 compreende as
faacutecies folhelho com laminaccedilatildeo planar (Fl) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela (App)
arenito com estratificaccedilotildees cruzadas de baixo acircngulo (Aba) acanalada (Aca) planar (Acp)
tabular (Atb) e tangencial (Atg) e arenito maciccedilo (Am)
Os depoacutesitos fluviais satildeo constituiacutedos por arenitos micaacuteceos com estratificaccedilotildees
cruzada acanalada tabular tangencial e de baixo acircngulo Estas rochas apresentam
granulometria areia meacutedia a grossa composta por gratildeos de quartzo monocristalino (92) com
extinccedilatildeo ondulante moderada a forte quartzo policristalino plagioclaacutesio (4) feldspatos
indiferenciados muscovita contorcidas (lt1) e cutiacuteculas de argila (3) localmente Os
constituintes siliciclaacutesticos satildeo subarredondados a arredondados muito bem selecionados
orientaccedilatildeo preferencial marcada pela muscovita e feldspatos O arcabouccedilo da rocha eacute
sustentado por gratildeos com contatos pontuais em sua maioria cocircncavo-convexos e retos e
ainda porosidade intergranular Os feldspatos comumente estatildeo alterados para argilominerais
Os argilominerais identificados atraveacutes da DRX na amostra de folhelho (A8) foram
esmectitas ilita e caulinita
20
Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute
21
Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti
Faacutecies Descriccedilatildeo Interpretaccedilatildeo
Folhelho com laminaccedilatildeo (Fl) Folhelho de cor cinza-escuro apresentando fissilidade Deposiccedilatildeo de sedimentos por meio de decantaccedilatildeo
em condiccedilotildees de baixa energia
Arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela
(Alp)
Arenito amarelo-claro gratildeos de areia fina a muito fina subarredondados bem selecionados estratificaccedilatildeo plano-paralela e
continuidade lateral
Deposiccedilatildeo de sedimentos em regime de fluxo
superior atraveacutes de fluxo unidirecional trativo
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada de
baixo acircngulo (Aba)
Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados estratificaccedilatildeo
cruzada de baixo acircngulo e lateralmente contiacutenua por 5 metros
Agradaccedilatildeo e migraccedilatildeo de formas de leito
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
acanalada (Aca)
Arenito amarelo-claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada
acanalada
Migraccedilatildeo de formas de leito 3D em regime de fluxo
inferior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
planar (Acp)
Arenito amarelo-claro a escuro com gratildeo de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e
estratificaccedilatildeo plano-paralela com continuidade lateral que chegam a cruzar no bottom set
Relacionado agrave forma de leito plano em regime de
fluxo superior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
tabular (Atb)
Arenito cinza- claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados bem selecionados com estratificaccedilatildeo cruzada
tabular e geometria tabular
Migraccedilatildeo de forma de leito 2D sob fluxo
unidirecional e regime de fluxo inferior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
tangencial (Atg)
Arenito cinza-claro com grabulometria meacutedia a grossa subarredondados a arredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada
tangencial que por vezes apresenta foresets com clastos tamanho seixo de quartzo e argila
Migraccedilatildeo e agradaccedilatildeo de formas de leito 2D por
fluxo unidirecional e regime de fluxo inferior
Transporte por traccedilatildeo
Arenito com laminaccedilatildeo ondulada (Alo)
Arenito amarelo-claro de gratildeos muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados com laminaccedilatildeo ondulada
gradando lateralmente para plano-paralela
Deposiccedilatildeo de sedimentos por traccedilatildeo em regime de
fluxo oscilatoacuterio com migraccedilatildeo de formas de leito
onduladas de pequeno porte oriunda da accedilatildeo de
ondas ou correntes
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
sigmoidal (As)
Arenito amarel- claro com gratildeos de areia fina a meacutedia gratildeos subarredondados moderadamente selecionados micaacuteceos exibindo
estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
Migraccedilatildeo formas de leito de meacutedio porte Transiccedilatildeo
entre regime de fluxo inferior e superior em
condiccedilotildees de alta taxa de sedimentaccedilatildeo
Argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela
(Ap)
Argilito de cor cinza-escuro lateralmente contiacutenuas lenticulares com laminaccedilatildeo plano paralela alternando com arenitos gerando
acamamento heteroliacutetico linsen wavy e flaser da base para o topo
Deposiccedilatildeo por decantaccedilatildeo em condiccedilotildees de baixa
energia O acamamento heteroliacutetico estaacute relacionado
a alternacircncia de processos de decantaccedilatildeo de
sedimentos finos e migraccedilatildeo de formas de leito em
um regime de fluxo inferior
Arenito com laminaccedilatildeo cruzada
cavalgante (Alc)
Arenitos com cores amarelo e vermelho com gratildeos de areia muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados
exibindo laminaccedilatildeo cruzada cavalgante com mud drapes nos foresets em ciclos caracterizando tidal bundles Ocorre ainda escape de
fluidos deformaccedilatildeo convoluta no topo da camada estruturas de ball and pillow e pinch and swell Na AF3 localmente gradam para
laminaccedilatildeo sigmoidal
Deposiccedilatildeo de areias por meio de traccedilatildeo e suspensatildeo
com desaceleraccedilatildeo de fluxo associada agrave migraccedilatildeo de
marcas onduladas com crista sinuosa de pequeno
porte As deformaccedilotildees estatildeo relacionadas a
reorganizaccedilatildeo hidroplaacutestica das camadas adjacentes
em funccedilatildeo da diferenccedila de densidade
Arenito maciccedilo (Am) Arenitos amarelo com gratildeos de areia muito finos a meacutedios subangulosos a arredondados (AF1) bem selecionados a muito bem
selecionados com continuidade lateral ausente de estruturas e acamamento maciccedilo Localmente ocorrem escape de fluidos e
acamamentos convolutos
Deposiccedilatildeo raacutepida em condiccedilotildees energeacuteticas
moderada a alta e localmente sobrecarga ou escape
de fluiacutedos
Arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela
(App)
Arenito amarelo-escuro com gratildeos de areia meacutedia a grossa subarredondados a arredondados estratificaccedilatildeo plano-paralela e contiacutenuas
lateralmente
Sedimentos depositados em regime de fluxo superior
atraveacutes de fluxo unidirecional trativo
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
hummocky (Ah)
Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia fino subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada hummocky apresentando
laminaccedilotildees internas onduladas com truncamento Possuem 15 cm de espessura e 120 m de amplitude gradando lateralmente para
estratificaccedilatildeo cruzada swaley
Deposiccedilatildeo em condiccedilotildees de alta energia por meio de
correntes trativas sob accedilatildeo de fluxo combinado durante
accedilatildeo de ondas de tempestade
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
swaley (Aes)
Arenito amarelo-claro com gratildeos finos subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada swaley Accedilatildeo de ondas de tempestade com accedilatildeo de processos
erosivos
22
As estratificaccedilotildees satildeo de meacutedio a grande porte com a faacutecies arenito com
estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (Atg) apresentando clastos de quartzo e argila em tamanhos
entre 1 cm e 45 cm nos foresets (Figura 8B) Arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada de baixo
acircngulo (Aba) tendem a gradar lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela
(App) Estratos com estratificaccedilatildeo cruzada tabular (Atb) apresentam segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica (Figura 8C) As paleocorrentes medidas nos foresets de estratificaccedilotildees
cruzadas indicam orientaccedilatildeo preferencial para NW Camadas de folhelho cinza-escuro (faacutecies
Fl) com espessura de 10 cm ocorrem como lentes entre arenitos com estratificaccedilatildeo plano-
paralela e estratificaccedilatildeo cruzada tangencial e tabular
Sete elementos arquiteturais internos de canal fluvial (Tabela 3) foram identificados
para estes depoacutesitos baseados na anaacutelise bi e tridimensional dos afloramentos referentes a
AF1 bem como na granulometria de gratildeos composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e
principalmente geometria (Miall 1985 1988 1996) Satildeo eles elemento de acreccedilatildeo frontal
(AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de
preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL)
As extensas exposiccedilotildees descritas mostram unidades de litofaacutecies intercalados e
superpostos entre si formando formas de barras complexas O litossoma de acreccedilatildeo frontal
(AF) satildeo corpos arenosos com espessura entre 2 e 4 m e 30 m de extensatildeo limitado por
superfiacutecie de 4ordf ordem (Figura 8D) As litofaacutecies caracteriacutesticas satildeo Arenito com
estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e
tangencial (Atg) limitados por sets de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies limitantes apresentam
mergulhos entre 337deg e 360deg para NW denotando mesma direccedilatildeo das superfiacutecies limitantes
com os estratos cruzados
O elemento acreccedilatildeo lateral (AL) ocorre limitado por superfiacutecies de 4ordf ordem com
espessura meacutedia de 3 m e 15 m de extensatildeo composto por conjuntos de sets com superfiacutecies
de 1ordf e 2ordf ordem inclinadas com direccedilotildees entre 349deg a 40deg para NW e estratos cruzados
limitados por elas com mergulho para SE (Figura 9A e 9B) Para diferenciar este elemento
arquitetural de AF visto que ocorrem de outras formas muito similares foi considerada a
direccedilatildeo de mergulho entre as superfiacutecies limiacutetrofes de 1ordf e 2ordf ordem e os estratos cruzados
Allen (1965 1970) e Miall (1985 1996 2006) citam que a principal forma de diferenciar os
elementos AF e AL estaacute baseada na diferenccedila de orientaccedilatildeo entre as superfiacutecies de acreccedilatildeo e
os estratos cruzados O elemento AL tem geometria e composiccedilatildeo variaacutevel dependendo da
geometria do canal e da carga sedimentar este elemento eacute menos proeminente em rios
23
entrelaccedilados As litofaacutecies que representam este elemento satildeo Arenito com estratificaccedilotildees
cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) baixo acircngulo (Aba) tabular (Atb) tangencial (Atg) e
estratificaccedilatildeo plano-paralela Depoacutesitos de areia meacutedia ou areia grossa apresentam uma
grande variedade de litofaacutecies refletindo formas de leito vigorosas e progradaccedilatildeo de barras
Acamamentos com este elemento AL satildeo complexos e podem esconder a geometria acrescida
lateralmente subjacente (Miall 1985 2006)
Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Longaacute
sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7 conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e
Fig7) B Clastos de argila e quartzo nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo frontal (AF) com concordacircncia
da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta
porccedilatildeo do canal (P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 2
24
A arquitetura de canal (CH) tem forma cocircncava e eacute limitada por superfiacutecies (por
vezes erosivas) de vaacuterias ordens (1ordf 2ordf 3ordf e 4ordf ordem) em diversas escalas chegando a mais
extensa a atingir 105 metros de extensatildeo por 22 metros de altura Trecircs elementos de canal
limitados por superfiacutecies de 4ordf foram descritos e individualizados de acordo com sua
granulometria estruturas sedimentares e configuraccedilatildeo externa (Figuras 9B e 10) Canais
migrantes (CHm) canais de preenchimento (CHp) e canais alternantes (CHa) As principais
litofaacutecies satildeo a estratificaccedilatildeo cruzada acanalada (Aca) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp)
Os canais satildeo componentes comuns em vaacuterios estilos de sistemas fluviais e ocorrem tanto
com geometria assimeacutetrica quanto simeacutetrica nos afloramentos da Formaccedilatildeo Poti
Os canais migrantes (CHm) satildeo constituiacutedos por areia meacutedia a grossa com
estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de larga escala e cruzada planar com geometria assimeacutetrica
(Figura 10) relacionada a migraccedilatildeo lateral e erodida pelo elemento sobreposto limitada por
superfiacutecies de 2ordf e 4ordf ordem As estruturas sedimentares juntamente com a escala do canal
sugerem energia moderada O elemento de canal alternante (CHa) possui granulometria meacutedia
a grossa em arenitos com estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) e planar (Acp) limitados
por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies basais satildeo relativamente simeacutetricas composta
por formas de leito multilaterais por vezes erodindo o adjacente resultante de fluxos
alternados O elemento de canal de preenchimento (CHp) conteacutem arenitos meacutedios a grossos
com menos estratos cruzados que os elementos de canal anteriores Eacute limitado em sua base
por superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem com extensatildeo de 131 m e 190 m preenchimento
concecircntrico (Gibling 2006) e arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada na base passando
para cruzada planar ao topo e localmente arenito maciccedilo sendo interpretado como
preenchimento de um canal menor interno ao cinturatildeo de canais (Miall 1988)
As formas de leito arenosas (FA) tem forma de lenccediloacuteis com dimensotildees que
compreendem 36 m de altura por 9 m de extensatildeo (Figura 9A) limitados por superfiacutecies de
4ordf ordem Eacute divido por sets por vezes amalgamados que conteacutem as litofaacutecies arenito com
estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e
tangencial (Atg) separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem suavemente inclinadas no sentido
para NW gradando lateralmente para o elemento AL As formas de leito arenosas (FA) satildeo
interpretadas como elemento interno ao canal fluvial oriunda da migraccedilatildeo e cavalgamento de
dunas subaquaacuteticas em partes mais rasas do canal (Miall 1996 2006)
Os lenccediloacuteis de areia laminados (LL) tem geometria em lenccedilol (Figura 9B) com
espessura 175 m e 30 m de extensatildeo com arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela (App)
25
gradando lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) Esta unidade
arquitetural eacute limitada acima por uma superfiacutecie de 4ordf ordem interpretada como produto de
deposiccedilatildeo arenosa de enchentes em condiccedilotildees de regime de fluxo superior em leito plano
(Miall 1977 1984b Tunbridge 1981 1984 Sneh 1983 apud Miall 2006) A gradaccedilatildeo de
arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela (App) para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar
(Acp) estaacute relacionada ainda com a diminuiccedilatildeo das condiccedilotildees de fluxo no fim do evento de
enchentes
Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de Baratildeo do Grajaacuteu
26
Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar e
baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes dos estratos
cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram identificados Lenccediloacuteis
de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo contiacutenuo lateralmente por aproximadamente
30 metros limitado acima por superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de
acreccedilatildeo lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem
27
Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti (P1) Canal de
preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo
(CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma
relativamente simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo
411 Interpretaccedilatildeo
Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF1 apresentam dominacircncia de arenitos com
estratificaccedilotildees cruzada tabular acanalada e de baixo acircngulo com ocorrecircncia subordinada de
lentes descontiacutenuas de pelitos As camadas de arenitos exibem geometria geralmente tabular e
um padratildeo de granodecrescecircncia ascendente Segundo a classificaccedilatildeo proposta de Miall
(1977) estes depoacutesitos satildeo caracteriacutesticos de rios do tipo entrelaccedilado (Figura 11) os quais
apresentam canais largos baixa sinuosidade com um ou mais canais sendo favorecido pela
presenccedila de carga de fundo com granulaccedilatildeo grossa grande variabilidade na descarga e
facilidade de erosatildeo das margens (Miall 1981) O acuacutemulo da carga de fundo propicia a
formaccedilatildeo de barras arenosas que obstruem a corrente e a ramificam com aumento do
suprimento detriacutetico (Miall 1981) A formaccedilatildeo de rios entrelaccedilados tambeacutem eacute relacionada a
condiccedilotildees climaacuteticas e a presenccedila de vegetaccedilatildeo (Kasse e al 2005 Miall 1981 Piegay et al
2009) Em condiccedilotildees climaacuteticas mais uacutemidas o niacutevel do lenccedilol freaacutetico mais proacuteximo agrave
superfiacutecie contribui para sedimentaccedilatildeo mais prolongada ao contraacuterio de regiotildees aacuteridas onde
28
o lenccedilol freaacutetico mais profundo resulta em sedimentaccedilatildeo limitada a chuvas torrenciais (Miall
1991)
O modelo de rio entrelaccedilado do tipo Saskatchewan Sul proposto por Miall (1977) eacute o
que mais se assemelha aos depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti Este modelo fluvial consoante
com as caracteriacutesticas litoloacutegicas e arquiteturais condiz com um fluvial entrelaccedilado
relativamente profundo perene com baixa sinuosidade (modelo 10 de Miall 1985 2006) Este
modelo ocorre em rios entrelaccedilados com canais ativos e ciclos dominados por sedimentaccedilatildeo
arenosa (Miall 1981) O fluvial entrelaccedilado eacute marcado pela existecircncia de macroformas com
geometrias de acreccedilatildeo (AF e AL) geralmente limitadas por superfiacutecies de 4ordf ordem diferente
de rios com acamamentos tabulares tiacutepicos de entrelaccedilados rasos (Miall 1985 2006) e baixa
ocorrecircncia de depoacutesitos de overbank devido ao baixo potencial de preservaccedilatildeo em virtude da
instabilidade do canal (Miall 1988 2006) O elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) eacute comum em
rios entrelaccedilados bem como canais secundaacuterios (Brierley 1996) Ambos litossomas de
acreccedilatildeo frontal (AF) e acreccedilatildeo lateral (AL) podem ocorrer em diferentes partes da mesma
barra complexa
No elemento de canais (CHm) a geometria assimeacutetrica da migraccedilatildeo de canais estaacute
relacionada a migraccedilatildeo lateral de acamamentos unidirecionais (Cant amp Walker 1978) A
migraccedilatildeo destes acamamentos foi desenvolvida proacutexima a barras compostas (compound bars)
com relativa alta sinuosidade no flanco do canal (Miall 1988) Nos elementos CHa e CHp a
presenccedila de granulometria meacutedia a grossa arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de
meacutedio a grande porte e o empilhamento das formas de leito sugerem fluxos de alta
velocidade (Li et al 2015) No caso dos afloramentos estudados na Formaccedilatildeo Poti ocorrem
complexos de preenchimento de canais formados pelas migraccedilotildees laterais de canais
As litofaacutecies do elemento de Lenccediloacuteis Laminados (LL) arenito com laminaccedilatildeo
horizontal (App) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) tipicamente indicam fluxo de regime
superior que caracterizam rios que satildeo submetidos a descargas sedimentares sazonais em
fluxos superficiais em rios entrelaccedilados (Miall 1988)
A faacutecies de granulometria fina como Fl forma-se nos canais no periacuteodo de mais
baixa energia quando a descarga diminuiu Estas faacutecies podem se desenvolver ainda
relacionadas agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo de canais fluviais entrelaccedilados em periacuteodo de descarga
elevada (Smith 1970) As medidas de paleocorrentes dominantes para NW estatildeo condizentes
29
com os trabalhos de Goacutees (1994) e Lima amp Leite (1978) que indicam aacutereas fontes para SE
(Figura 9)
As evidecircncias de paleocorrentes indicam que as direccedilotildees principais de fluxo em
elementos arquiteturais individuais variam entre 214deg e 32deg azimute Quatro dos sete
elementos apresentam medidas com orientaccedilotildees principais tendo 20deg do principal azimute
total Com um caacutelculo de 29 leituras no afloramento da Formaccedilatildeo Poti obteve-se uma meacutedia
de 324deg azimute com magnitude de vetor em 95 As medidas de dip direction das
superfiacutecies limitantes de 1deg a 4deg ordem mostram uma tendecircncia similar entre 290deg e 39deg o que
pode ser interpretado como ambiente fluvial de baixa sinuosidade
Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos afloramentos da
Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior dos canais enquanto que as arquiteturas AF e
AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por
avulsotildees de canais ativos
42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA
A associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica da Formaccedilatildeo Poti ocorre sobreposta aos
depoacutesitos fluviais entrelaccedilados (AF1) e aos folhelhos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura
12) Estatildeo expostas em cortes de estrada e ao longo de leito de rios intermitentes as margens
da rodovia BR-230 bem como na Barragem SalinasPI nos municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e
de Nazareacute do Piauiacute A AF2 tem 19 m de espessura com camadas lateralmente contiacutenuas por
centenas de metros exibindo geometria tabular e sigmoidal Tanto o contato inferior com os
30
depoacutesitos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 12) e depoacutesitos fluviais (AF1) e superior com a
associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) tecircm caraacuteter abrupto (Figura 13A)
As principais faacutecies satildeo arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) arenito com
laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo
(Am)
Estas camadas estatildeo organizadas em ciclos de raseamento ascendente (1 a 3 m de
espessura) com arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Figura 13B) ondulada ou
maciccedilo em sua base e arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal no topo (Figuras 13 C)
Tais ciclos (Figura 14 A) exibem geometria lobada (Figura 13D) Arenitos maciccedilos ocorrem
em camadas tabulares e lobadas localmente exibindo acamamentos convolutos (Figura 14B-
C) Os arenitos satildeo classificados como subarcoacutesios com gratildeos entre areia fina a meacutedia
subangulosos a subarredondados e bem selecionados Os constituintes em geral satildeo quartzos
monocristalinos com extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (90) feldspatos indiferenciados
(5) plagioclaacutesio (3) microclina (1) muscovita deformada e cimento de oacutexido-
hidroacutexido de Fe (lt1) O arcabouccedilo da rocha eacute sustentado por gratildeos com contatos
predominantemente cocircncavo-convexos e mais raramente retos e pontuais com porosidade
intergranular Feldspatos comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade
intragranular Medidas de paleocorrentes nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
mostram paleocorrentes preferenciais para NW
Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente deltaica
(Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da
aacuterea de estudo P9)
31
Figura 13- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos depoacutesitos deltaicos
(AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
(Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees
convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido principal para NW D Geometria
lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos deltaicos nas aacutereas de estudo
32
Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) arenito com
estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos
deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem (P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria
lobada Floriano Piauiacute (P8)
421 Interpretaccedilatildeo
Deltas satildeo classificados principalmente em termos de granulometria dominante e da
importacircncia relativa de processos fluviais por onda e mareacute (Bhattacharya 2006 2010) Nesta
associaccedilatildeo de faacutecies natildeo houve exposiccedilatildeo de litofaacutecies indicativas de retrabalhamento por
mareacute sendo a maior influecircncia por correntes unidirecionais Faacutecies referentes agrave frente
deltaicas satildeo comumente depositadas em aacuteguas rasas e portanto recebem maior influecircncia de
processos gerados por ondas e correntes com depoacutesitos arenosos relativamente bem
selecionados (Bhattacharya amp Walker 1992 Nichols 2009)
33
As faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) laminaccedilotildees cruzada
cavalgante (Alc) laminaccedilatildeo ondulada (Alo) e maciccedilo (Am) estatildeo dispostas em camadas com
geometria sigmoidal que exibem ciclos de granocrescecircncia ascendente e espessamento para o
topo indicando depoacutesitos de frente deltaica (Bhattacharya amp Walker 1992 Della Faacutevera
2001) O raseamento ascendente e a granocrescecircncia ascendente satildeo caracteriacutesticas
importantes para a distinccedilatildeo de uma sucessatildeo deltaica (Nichols 2009) juntamente com a
geometria lobada
A predominacircncia de faacutecies de lobos sigmoidais como os da Formaccedilatildeo Poti sugere
semelhanccedila com a arquitetura de foresets e bottomsets dos deltas tipo Gilbert (Della Faacutevera
2001 Gobo et al 2015) Os foresets satildeo basicamente as faacutecies de arenito com estratificaccedilatildeo
cruzada sigmoidal que se desenvolve em lobos e tem sua gecircnese relacionada agrave raacutepida
desaceleraccedilatildeo do fluxo em condiccedilotildees homopicnais com progressivo aumento do aporte
sedimentar Sua deposiccedilatildeo ocorre proacutexima agrave desembocadura onde fluxos pouco densos
manteacutem parte dos sedimentos em suspensatildeo gerando uma geometria de lobos sigmoidais
(Della Faacutevera 1984 2001) Arenitos maciccedilos (Am) podem ser resultantes de processos
secundaacuterios como escape de aacutegua que obliteraram parcial ou completamente as estruturas
primaacuterias (Della Faacutevera 2001) Corroboram com esta interpretaccedilatildeo a presenccedila de porccedilotildees com
acamamento convoluto associado agraves camadas de arenito maciccedilo As faacutecies de bottomsets
arenitos com laminaccedilotildees cruzada cavalgante e laminaccedilatildeo ondulada indicam accedilatildeo de correntes
e ondas que retrabalham os sedimentos depositados na frente do delta e que satildeo recobertos
durante a progradaccedilatildeo do lobo deltaico Rodrigues (2003) descreveu a presenccedila de
estratificaccedilatildeo cruzada hummocky nos depoacutesitos deltaicos da Formaccedilatildeo Poti o que sugere que
a frente deltaica foi retrabalhada por tempestade
Faacutecies arenosas com presenccedila de estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais current ripples
unidirecionais e camadas maciccedilas em frente deltaicas podem indicar presenccedila de certo
domiacutenio fluvial (Bhattacharya amp Walker 1992) As camadas deformadas (Figura 14B-C)
observadas abaixo da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal tambeacutem sugerem
que houve um cisalhamento produzido por correntes sobre uma superfiacutecie onde a fricccedilatildeo de
arrasto pelo movimento da areia resultou em convoluccedilotildees (Tucker 2014)
Paleocorrentes da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal indicam que a
migraccedilatildeo de formas de leito nos depoacutesitos de frente deltaica possuiacuteam sentido principal para
NW Ciclos de camadas iniciadas pelas faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
que passam para as faacutecies arenito maciccedilo e com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal podem ser
interpretados como oriundos de desaceleraccedilatildeo de fluxo ao entrar em um corpo de aacutegua em
34
menor energia (granocrescecircncia ascendente) onde cada ciclo representa a progradaccedilatildeo de um
lobo deltaico individual com espessura diretamente relacionada agrave profundidade da lacircmina
drsquoaacutegua (Elliott 1986)
43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA
As exposiccedilotildees da associaccedilatildeo AF3 ocorrem ao longo de drenagens secas do Riacho do
Saco distante 6 km da rodovia BR-230 e em corte de estrada Compreende depoacutesitos de
arenitos finos e pelitos contiacutenuos lateralmente com geometria tabular e lenticular
respectivamente por vezes com camadas amalgamadas e acamamento ondulado com
espessura que varia de 6 a 20 m
A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) estaacute sotoposta aos
depoacutesitos referentes agrave AF2 (frente deltaacuteica) em contato abrupto (Figura 13A e 15A) e
sobreposta por depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta pelas faacutecies
argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela (Ap) arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc)
laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito maciccedilo (Am) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela
(App) arenito com estratificaccedilotildees cruzada hummocky (Ah) estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
(As) e estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Aes)
Na base desta associaccedilatildeo ocorrem camadas com intercalaccedilatildeo riacutetmica de lacircminas de
argilito (Ap) e arenitos muito finos (Alc Alo e App) formando acamamento heteroliacutetico com
padratildeo granocrescente ascendente com predomiacutenio do tipo linsen na base passando para
wavy e flaser em direccedilatildeo ao topo Esta ciclicidade tambeacutem eacute caracterizada por pares de
arenito e pelitos mais espessos seguidos por pares menos espessos (Figura 16C-D)
As faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada exibem acamamento ondulado no topo
com laminaccedilotildees truncadas por ondas com arranjo interno do tipo bundled upbulding e
chevron (Raaf et al 1977) que variam lateralmente para laminaccedilatildeo plano-paralela com
presenccedila de mud-drapes nos foresets superfiacutecies erosivas e paleocorrentes preferenciais para
NW
As laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes possuem laminaccedilotildees cocircncavo-convexas que se
truncam lateralmente assemelhando-se agrave micro- hummockies exibindo geometria pinch and
swell (Figura 15B) e pontualmente estruturas de escape (Figura 15C) Localmente no topo de
camadas observa-se deformaccedilatildeo convoluta Os arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
satildeo subarcoacutesios com gratildeos de areia muito fina a fina tais como quartzos monocristalinos com
35
extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (86) feldspatos indiferenciados (7) plagioclaacutesio
(5) microclina (1) muscovita deformada oacutexido-hidroacutexido de Fe (ambas lt1) e
localmente cimento de calcita Os gratildeos satildeo subangulosos a subarredondados e muito bem
selecionados A rocha eacute sustentada por gratildeos com contatos pontuais cocircncavo-convexo reto e
suturado exibem ainda gratildeos e micas orientados porosidade intergranular Feldspatos
comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade alveolar Os argilominerais
identificados na anaacutelise de DRX (laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes A1 e A3) foram
esmectitas (montmorilonita) vermiculita clorita ilita e caulinita
Arenito com acamamento heteroliacutetico eacute caracterizado por exibir laminaccedilotildees plano
paralela que passam lateralmente para laminaccedilatildeo ondulada com acamamentos do tipo linsen
wavy e flaser Localmente observa-se estruturas ball and pillow e escape de fluido (Figura
15D-E)
Arenitos finos com marcas onduladas simeacutetricas e assimeacutetricas exibem laminaccedilatildeo
cruzada por onda (Alo) a sigmoidais com tidal bundles nos foresets O comprimento de onda
das marcas onduladas varia de 4 a 8 cm e a altura de 2 a 7 cm Estas estruturas satildeo limitadas
por arenitos com laminaccedilatildeo ondulada paralela a sigmoidal com alternacircncia de pares de areia e
argila (Figura 16A-B) Localmente satildeo observadas variaccedilotildees na inclinaccedilatildeo dos foresets e
superfiacutecies de reativaccedilatildeo As tidal bundles satildeo caracterizadas por alternacircncias milimeacutetricas a
centimeacutetricas de areias e recobrimentos argilosos Estes pares exibem lateralmente espessuras
distintas de recobrimento argiloso formando pares ciacuteclicos ricos em argila seguidos de pares
ricos em areia
Os ritmitos de mareacute apresentam 120 pares de mareacute organizados em 3 ordens de
ciclicidade (Figura 16C-D) 1) os ciclos de primeira ordem satildeo caracterizados por pares de
lacircminas milimeacutetricas a centimeacutetricas de areia e argila que exibem current ripples e
bidirecionalidade dos foresets A deposiccedilatildeo do material mais fino ocorre atraveacutes de suspensatildeo
e ainda floculaccedilatildeo no periacuteodo de stillstand Este ciclo de menor ordem reflete a ciclicidade de
cheia e vazante (flood-ebb) 2) os ciclos de segunda ordem representam agrupamentos de
ciclos de primeira ordem individualizados pela espessura dos pares de areia e argila com cada
ciclo mostrando um aumento da espessura dos pares seguido por uma diminuiccedilatildeo da
espessura dos mesmos Assim haacute ciclos de segunda ordem espessos onde os arenitos exibem
espessura entre 07 cm e 43 cm e argilitos entre 04 a 10 cm Enquanto que outros ciclos
menos espessos de segunda ordem apresentam camadas de arenito entre 01 a 09 cm e de
argila entre 01 a 10 cm de espessura Cada ciclo pode chegar a aproximadamente 18 cm de
espessura e satildeo compostos por 12 a 15 pares de areia-argila 3) Os ciclos de terceira ordem
36
designam a maior ordem de ciclicidade nestes ritmitos com ciclos menos espessos (pares
mais finos) seguidos por ciclos mais espessos (com pares mais grossos) gerando uma
ciclicidade desigual em sucessivos ciclos de variaccedilatildeo vertical de espessura dos pares
Sobrepostos aos depoacutesitos ciacuteclicos de mareacute ocorrem faacutecies mais arenosas (Figura
17A-B) caracterizadas por arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada hummocky que variam
lateralmente para estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Figura 17C-D) As estratificaccedilotildees cruzadas
hummocky ocorrem em camadas tabulares contiacutenuas lateralmente com aproximadamente 20
cm de espessura por 80 de comprimento que exibem topo e base ondulada sendo possiacutevel
observar clastos orientados de argila subarredondados com dimensotildees entre 3 e 9 cm (Figura
17B-C) Dos trecircs tipos de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky descritas por Cheel amp Leckie
(1993) a do tipo scour-and-drape eacute a dominante visto que as superfiacutecies geradas por erosatildeo
ondulatoacuteria estatildeo presentes
A estratificaccedilatildeo cruzada swaley tem espessuras de 5 a 22 cm com dimensotildees entre 7
a 75 cm Esta estrutura comeccedila com uma superfiacutecie erosiva planar passando para ondulada
Internamente a laminaccedilatildeo ondulatoacuteria possui espessuras de 1 a 9 mm com inclinaccedilatildeo de
aproximadamente 15deg com onlap de baixo acircngulo em superfiacutecies erosivas A inclinaccedilatildeo das
laminaccedilotildees pode comeccedilar e terminar lateralmente acentuada formando uma geometria
cocircncava como pode perder a angulaccedilatildeo gradando para laminaccedilatildeo ondulada As faacutecies com
estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley satildeo sotopostas a camadas onduladas que
apresentam estruturas de mareacute e sobreposta por camadas onduladas
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal ocorrem em camadas geralmente
tabulares com ateacute 20 cm de espessura com base e topo suavemente ondulados e que se
adelgaccedilam lateralmente Localmente satildeo observados finos recobrimentos argilosos nos
foresets e dados paleocorrente indicam fluxos para NW
No topo destes depoacutesitos observam-se corpos com geometria de canal (Figura 17B)
Estes canais satildeo caracterizados por evidente migraccedilatildeo mergulho de 310deg compostos por
camadas amalgamadas de arenito fino com laminaccedilatildeo ondulada e plano-paralela que
acompanham a forma cocircncava do canal (preenchimento concecircntrico Gibling 2006) A
paleocorrente dominante deste ambiente estaacute para NW baseado na mediccedilatildeo de laminaccedilotildees
cruzadas cavalgantes Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominados por onda
e mareacute (AF3) de uma forma geral apresentam ciclos retrogradacionais com material argiloso
dominante na base influenciados principalmente por mareacute passando para mais arenoso ao
topo e maior inflencia por onda
37
Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato entre as
associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3 P4) B Arenito com laminaccedilatildeo
cruzada cavalgantes e ondulada com geometria pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em
arenito com microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and pillow (P3) E Escape
de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico (P5)
38
Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal bundles em laminaccedilatildeo
cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de argila (P4) B Wave generated tidal bundles com
acamamento ondulado e sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se ritmicidade
com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute com ciclos de 1a 2a e 3a ordem
superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e
quadratura (P5)
39
Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute (AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4)
B Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas
cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C Estratificaccedilatildeo
cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley
40
431 Interpretaccedilatildeo
Na associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) eacute evidente a
intercalaccedilatildeo regular entre as faacutecies arenosas finas e argilosas na base que gradativamente
passam para dominacircncia de faacutecies arenosa para o topo Esta caracteriacutestica sugere um aumento
crescente de energia passando de um sistema com predomiacutenio de transporte por decantaccedilatildeo
para outro dominado por traccedilatildeo A presenccedila das faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada
cavalgante e mud drapes nos foresets argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela arenito com
laminaccedilatildeo ondulada e ainda acamamento heteroliacutetico linsen wavy e por vezes flaser satildeo
comuns em sistema dominado por mareacute (Choi 2010 Longhitano et al 2012 Reineck amp
Wunderlich 1968 Visser 1980 Yang et al 2008) Os processos especiacuteficos que favorecem a
deposiccedilatildeo de acamamento linsen e flaser refletem condiccedilotildees de flutuaccedilotildees irregulares sendo
comuns em ambientes dominados por mareacute e tambeacutem por ondas (Nio amp Young 1991
Reineck amp Wunderlich 1968) Ritmitos de mareacute exibem ciclicidade entre laminaccedilotildees linsen e
flaser mostrando eventos influenciados por mareacutes Tal estrutura pode ser formada em vaacuterios
ambientes mas a presenccedila de ciclicidade e sua correlaccedilatildeo com diferentes ordens de
ciclicidade de mareacute satildeo evidecircncias suficientes para afirmar a presenccedila de mareacute em depoacutesitos
claacutesticos marinhos rasos (Nio amp Young 1991) Isto associado com as faacutecies de arenito com
laminaccedilatildeo cruzada cavalgante ondulada (exibindo porccedilotildees com bidirecionalidade) e mud
drapes atestam a existecircncia da accedilatildeo de mareacutes na porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti
Nos ritmitos de mareacute a bidirecionalidade em alguns pares de areia e pelito pode
indicar que durante nos periacuteodos de mareacutes siziacutegia (spring tide) a corrente subordinada teve
forccedila suficiente para mover porccedilotildees de areia como pequenas migraccedilotildees de ripples A presenccedila
de depoacutesitos de corrente dominante e subordinada com dois mud drapes podem sugerir
ambiente de submareacute (subtidal) para AF3 sendo coberto por dois periacuteodos de slack water em
um ciclo de mareacute alta e vazante (ebb-flood) (Nio amp Young 1991) A alternacircncia dos ciclos de
2ordf ordem de ritmitos de mareacute (grupos mais e menos espessos) indicam inequidade diurna Esta
alternacircncia pode ser relacionada agraves variaccedilotildees de ciclos semilunares de mareacutes de siziacutegia e
quadratura sugerindo alta taxa de deposiccedilatildeo (Rahmani 1988) A espessura meacutedia entre 12 e
16 cm por ciclo semilunar com 22 e 26 pares indica taxa deposicional de 24 a 32 cm por mecircs
Esta sequecircncia portanto pode ter sido depositada em uma zona de submareacute ou intermareacute
inferior em funccedilatildeo da alternacircncia entre lacircminas de material arenoso e peliacutetico que foram
cobertos por mareacutes durante todo ou na maior parte dos ciclos de mareacutes de siziacutegia e de
quadratura (Tessier et al 1988)
41
As tidal bundles ocorrem em laminaccedilotildees onduladas com 3 a 8 cm de espessura
como jaacute descrito em trabalhos de Boersma (1969) Terwindt (1981) Kreisa e Moiola (1986)
de estruturas de megaripplessandwave de ambientes de submareacute (apud Bhattacharya amp
Bahattacharya 2006) Tidal bundles em camadas de pequena espessura podem indicar
retrabalhamento miacutenimo dos sedimentos mais novos em funccedilatildeo do mud draping espesso
(Bhattacharya amp Bhattacharya 2006) Estruturas similares satildeo reconhecidas pela migraccedilatildeo de
ripples ou sandwaves durante a mareacute principal O recobrimento de argila com forma
sigmoidal nas bandas das tidal bundles podem definir periacuteodos de pausas da mareacute (Kreisa amp
Moiola 1986)
Algumas porccedilotildees de tidal bundles observadas nos afloramentos descritos condizem
com as sugeridas no trabalho de Yang et al (2008) como wave generated tidal bundles
(Figura 16B) com laminaccedilotildees na base dos sets por vezes sigmoidais a onduladas
(componente oscilatoacuteria) e recobrimento de argila nas cristas da ondulaccedilatildeo adjacente
exibindo as geometrias em offshoot e unidirecional descritas por Raaf et al (1977) Os
foresets satildeo recobertos por argila com variaccedilotildees deste material peliacutetico indicando ciclicidade
com porccedilotildees ricas em argila (neap tide) e em areia (spring tide) Na base e topo deste
conjunto de wave generated tidal bundles haacute laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas com
acamamento heteroliacutetico variando linsen-flaser indicando ciclos semilunares (Figura 16B)
Esta estrutura portanto eacute uma soma de resultantes advindas da accedilatildeo tanto de ondas pela
ocorrecircncia de wave generated ripples (Raaf et al 1977) como pela accedilatildeo de correntes de
mareacute pela existecircncia de recobrimento de argilas com ciclicidade
As wave-generated tidal bundles satildeo indicativas de um depoacutesito com superimposiccedilatildeo
de accedilatildeo de ondas bem como de mareacute gerando uma sucessatildeo riacutetmica Estas estruturas diferem
das tidal bundles tiacutepicas por serem estruturas que resultam de uma variaccedilatildeo temporal na
combinaccedilatildeo de correntes de mareacute e onda bem mais do que variaccedilatildeo de corrente de mareacute
apenas (Yang et al 2008) Elas se formam em circunstacircncias onde o pico de energia continua
ainda no campo de estabilidade de ripples sendo portanto estruturas indicativas de deposiccedilatildeo
por tempestade de baixa energia pois em condiccedilotildees de tempo normal a quantidade de
sedimento em suspensatildeo natildeo eacute suficiente para gerar sucessotildees espessas em um uacutenico ciclo de
mareacute principalmente em ambientes de costa aberta (Yang et al 2008) Estruturas deste
gecircnero satildeo difiacuteceis de serem preservadas em funccedilatildeo do intenso retrabalhamento por ondas que
ocorrem no ambiente em que satildeo geradas desta forma elas tendem a ser preservadas por
42
subsidecircncia tectocircnica (Allen amp Bass 1993 Tessier amp Gigot 1989) ou por taxas de
sedimentaccedilatildeo altas
Faacutecies arenito com laminaccedilatildeo ondulada arenito com estratificaccedilotildees cruzada
hummocky sigmoidal e swaley em sedimentos de areia fina denotam sistema mais energeacutetico
com accedilatildeo de ondas de tempestade Clastos de argilas presente nas camadas com estruturas
geradas por ondas ratificam este sistema mais energeacutetico forte o suficiente para retrabalhar
as rochas do substrato Estruturas como estratificaccedilatildeo cruzada hummocky foi primeiramente
descrita por Harms et al (1975) sendo gerada por meio de processos dominantemente
oscilatoacuterios combinados por correntes unidirecionais resultantes de ambiente dominado por
tempestade em aacuteguas rasas (Arnott amp Southhard 1990 Cheel amp Leckie 1993 Duke 1985
Dumas amp Arnott 2006) As estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley estatildeo geneticamente
relacionadas onde a estratificaccedilatildeo cruzada swaley pode ser descrita como estratificaccedilatildeo
cruzada hummocky truncada anisotroacutepica (Dumas amp Arnott 2006) A estratificaccedilatildeo cruzada
hummocky geralmente ocorre em um restrito intervalo de granulometria (areia muito fina a
fina) onde a forma de leito responsaacutevel pela geraccedilatildeo desta estrutura eacute um tipo de ondulaccedilatildeo
orbital (Harms et al 1975 Southard et al 1990 Yang et al 2006)
Em periacuteodos onde a atividade por tempestade foi maior as ondas penetraram e
retrabalharam os depoacutesitos dominados por mareacute formando as estratificaccedilotildees cruzadas
hummocky e swaley visto que a influecircncia de mareacute foi preservada durante periacuteodos de natildeo
tempestade (Vakarelov et al 2012) Em outras palavras a accedilatildeo das ondas retrabalharam os
sedimentos existentes onde tais ondas de tempestade atingiram o substrato acima do niacutevel de
base de onda sob fluxo combinado juntamente com componente unidirecional em regime de
fluxo superior (Arnott amp Southard 1990)
Estruturas de sobrecargadeformaccedilatildeo podem ocorrer atraveacutes do fenocircmeno de fluxo
plaacutestico associado agrave saiacuteda de aacutegua e peso da areia sobreposta (Allen 1982) Superfiacutecies
erosivas nas camadas desta associaccedilatildeo ocorrem trucando estruturas sedimentares e tem forma
ondulada com maior concentraccedilatildeo de material peliacutetico ratificando a interpretaccedilatildeo da accedilatildeo de
ondas e tempestades nestes depoacutesitos (Peng et al 2018) As Superfiacutecies de reativaccedilotildees satildeo
resultantes de variaccedilatildeo de velocidades durante as mareacutes (Klein 1970)
Estruturas balls and pillows compreendem massas redondas de sedimentos claacutesticos
tambeacutem chamados de pseudonoacutedulos em uma matriz similar ou mais fina verticalmente
sobrepostos em um horizonte Satildeo estruturas que se formam atraveacutes da separaccedilatildeo repetitiva de
43
pseudonoacutedulos da base de uma camada fonte que para de fato ocorrer o substrato deve
permanecer liquidificado por um tempo maior em relaccedilatildeo agrave taxa de deformaccedilatildeo sendo
possiacutevel o contraste de densidade das camadas e portanto o aparecimento da forccedila de divisatildeo
(Owen 2003) As estruturas deformacionais penecontemporacircneas presentes na associaccedilatildeo de
faacutecies AF3 evidenciam portanto perturbaccedilatildeo dos sedimentos ainda semi-consolidado ou
inconsolidado (Van Loon amp Brodzokowski 1987)
Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF3 estatildeo relacionados a um shoreface
inferior com accedilatildeo de tempestades episoacutedicas em uma costa retrogradante com accedilatildeo de mareacute
O ambiente plataformal torna-se mais profundo para leste em funccedilatildeo da maior ocorrecircncia de
tempestitos nesta aacuterea Geometria em canal observada no topo de tempestitos denota
proximidade com o continente com fluxo de detritos subaquosos confinados
44
CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS
Na regiatildeo estudada foram identificadas trecircs sequecircncias deposicionais de 4ordf ordem
que tiveram iniacutecio no final do Neodevoniano ateacute o Pensilvaniano e compreendem o topo da
Formaccedilatildeo Longaacute a Formaccedilatildeo Poti e a base da Formaccedilatildeo Piauiacute Estas sequecircncias satildeo
compostas por 5 tratos de sistemas limitados por 4 superfiacutecies estratigraacuteficas (Figuras 18 e
19) Sequecircncia 1 (Trato de Sistema de Mar Alto ndash TSMA) Sequecircncia 2 (Trato de Sistema de
Mar Baixo ndash TSMB e Trato de Sistema Transgressivo ndash TST) e Sequecircncia 3 (Trato de
Sistema de Mar Baixo ndash TSMB)
51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS
As superfiacutecies estratigraacuteficas (S) foram baseadas em faacutecies e limites erosivos que
delimitam os tratos de sistemas identificados (Catuneanu et al 2009 2011) com seu
reconhecimento pautado em mudanccedilas bruscas entre faacutecies e sistemas deposicionais A
superfiacutecie S1 eacute o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti (Figura 8A) representando um limite
de sequecircncia tipo 1 A superfiacutecie S2 representa o limite entre as associaccedilotildees de faacutecies fluvial e
frente deltaica da Formaccedilatildeo Poti e a superfiacutecie S3 eacute interpretada como uma superfiacutecie
transgressiva uma vez que separa depoacutesitos fluacutevio-costeiros (AF1 e AF2) de depoacutesitos de
plataforma rasa (AF3 Figuras 13A e 15A) A superfiacutecie S4 eacute um limite de sequecircncia tipo 1
de depoacutesitos plataformais do topo da Formaccedilatildeo Poti com os fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute
sobrejacente
A inconformidade subaeacuterea tem sua gecircnese relacionada a condiccedilotildees subaacutereas com
resultado de erosatildeo fluvial ou by-pass pedogecircnese degradaccedilatildeo eoacutelica ou dissoluccedilatildeo e
carstificaccedilatildeo (Catuneatu et al 2011) Ocorre quando a taxa de subsidecircncia eacute menor que a de
rebaixamento eustaacutetico na quebra do offlap (Van Wagoner et al 1988) Na aacuterea de estudo
este limite eacute encontrado em toda a regiatildeo onde dois tipos satildeo diferenciados O tipo 1 ocorre
dividindo os depoacutesitos fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti dos plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute
apresentando erosatildeo fluvial com horizontes irregulares O segundo tipo divide os depoacutesitos
plataformais de ondas e mareacute (AF3) de sequecircncias fluviais referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute Esta
superfiacutecie apresenta horizontes erosivos irregulares mais tecircnues que a primeira superfiacutecie
As superfiacutecies S1 e S4 satildeo interpretadas como resultante de queda do niacutevel relativo
do mar onde depoacutesitos fluviais puderam ser desenvolvidos As camadas foram erodidas por
45
essa accedilatildeo resultando em horizontes irregulares A superfiacutecie S2 eacute um limite de faacutecies sendo
estabelecida em um contato abrupto entre litofaacutecies de arenito meacutedio a grosso com
estratificaccedilatildeo cruzada tabular (depoacutesitos fluviais ndash AF1) e finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo
cruzada sigmoidal (depoacutesitos deltaicos ndash AF2) A superfiacutecie transgressiva (S3) limita camadas
progradantes abaixo de camadas retrogradantes acima separando os depoacutesitos transicionais
(AF1 e AF2) de depoacutesitos plataformais (AF3)
52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA
A primeira sequecircncia (Seq 1) consiste no final de uma sequecircncia estratigraacutefica
representada por trato de sistema de mar alto (TSMA) com folhelhos cinza escuros a pretos
homogecircneos ou laminados e bioturbados referente a ambiente plataformal dominado por
tempestade (Goacutees amp Feijoacute 1994) Esta sequecircncia corresponde ao final da deposiccedilatildeo da
Formaccedilatildeo Longaacute limitada acima por uma S1 (LS1) erosiva e deposiccedilatildeo de sedimentos
fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti
O trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Seq 2 (Figura 20A) compreende
depoacutesitos fluviais e deltaicos contemporacircneos (AF1 e AF2) em um contexto de bacia com
conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais Limitados abaixo por S1 (LS1) e acima
por S3 (ST) com ciclos de granodecrescecircncia ascendentes nas litofaacutecies de arenito meacutedio a
grosso com estratificaccedilatildeo cruzadas de meacutedio porte de faacutecies fluvial passando para ciclos
granocrescente ascendente de arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal e
laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes nos depoacutesitos deltaicos com a superfiacutecie S2 separando estes
dois depoacutesitos
A variaccedilatildeo das taxas de criaccedilatildeo de espaccedilo de acomodaccedilatildeo ao longo do tempo
consiste no principal fator para preservaccedilatildeo de sedimentos (Shanley amp McCabe 1994)
Sistemas fluviais costeiros satildeo muito influenciados pela mudanccedila de niacutevel de base (Miall
2006) Em sistemas fluviais controlados pelo niacutevel relativo do niacutevel do mar a identificaccedilatildeo
dos tratos de sistemas estaacute fundamentada em um somatoacuterio de criteacuterios que envolvem a
geometria padratildeo de empilhamento dos canais fluviais razatildeo entre depoacutesitos de canais e de
planiacutecie de inundaccedilatildeo (Miall 2006) O TSMB estaacute relacionado ao final do rebaixamento do
niacutevel do mar e consequente iniacutecio de sua elevaccedilatildeo
De acordo com a anaacutelise arquitetural dos depoacutesitos fluviais os elementos
individualizados foram elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal
46
alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito
arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em
forma de lenccediloacuteis Geralmente sistemas fluviais entrelaccedilados arenosos de TSMB formam
corpos de canais do tipo ldquosheet-likerdquo (Hirst 1991 Miall 2006) com amalgamaccedilatildeo de barras e
canais internos ao canal principal onde a preservaccedilatildeo de sedimentos mais finos comuns de
planiacutecie de inundaccedilatildeo eacute menor (Schanley amp McCabe 1993 Wan Wagoner et al 1995) Tal
disposiccedilatildeo estaacute de acordo com o observado para os depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti De
uma forma geral segundo a variaccedilatildeo de espessura e distribuiccedilatildeo desses depoacutesitos (Figura 19)
observa-se um acunhamento dos depoacutesitos fluviais para a porccedilatildeo SE da regiatildeo
O final do TSMB eacute marcado pelos depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de frente
deltaica (AF2) que denota progradaccedilatildeo com padratildeo de raseamento ascendente Segundo
Bhattacharya amp Walker (1992) durante os periacuteodos de aumento do niacutevel do mar a deposiccedilatildeo
deltaica fica confinada a ambientes de aacuteguas rasas na plataforma e resulta na raacutepida
progradaccedilatildeo dos lobos e comutaccedilatildeo de um ambiente dominado por processos fluviais A
sedimentaccedilatildeo deltaica tende a ser suprimida durante o aumento do niacutevel do mar e em regiotildees
costeiras tende a ser influenciada por processos de onda e mareacute (Miall 2000)
O TSMB eacute sobreposto por um Trato de Sistema Transgressivo (TST Figura 20B)
sendo seu limite marcado pela superfiacutecie S3 que representa uma incursatildeo marinha dentro da
sequecircncia 2 O trato de sistema transgressivo (TST) corresponde a depoacutesitos plataformais de
onda e mareacute (AF3) de tendecircncia granocrescente para o topo iniciando com intercalaccedilatildeo de
pelitos e arenitos finos com laminaccedilotildees com ritmitos de mareacutes e tidal bundles passando para
arenitos estratificados hummocky e swaley e em seguida camadas de arenitos maciccedilos e
ondulados mais espessos para o topo A preservaccedilatildeo de depoacutesitos de mareacute comumente ocorre
em tratos de sistemas caracterizados por taxas altas de aumento relativo do niacutevel do mar (Nio
amp Yang 1991)
Durante a incursatildeo marinha os sedimentos da plataforma rasa eram periodicamente
retrabalhados por tempestades As evidecircncias de accedilatildeo perioacutedica de ondas de tempestades satildeo
laminaccedilotildees onduladas micro-hummockys e pinch-and-swell observadas na base da sequecircncia
que passam para arenitos com Ah e Aes ao topo A diferenccedila de escala observada nas
estruturas sedimentares geradas por tempestades desta sequecircncia corrobora com o contiacutenuo
aumento do niacutevel do mar Yang et al (2006) registram que o tamanho do comprimento de
onda de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky (Ah) diminui conforme se aproxima das aacuteguas mais
rasas devido a diminuiccedilatildeo do tamanho das ondas Baseado nesta premissa as estruturas
47
sedimentares menores (ex micro-hummockys) seriam geradas no iniacutecio do aumento do niacutevel
do mar e as estruturas maiores (Ah e Aes) no aacutepice da incursatildeo marinha
A presenccedila de um ambiente dominado por processos de mareacute e onda e influenciados
por tempestades sugere que o limite TSMB-TST registra a passagem de um mar
epicontinental amplo e de aacuteguas rasas com alta taxa de aporte sedimentar (AF1 e AF2) para
um ambiente de mar mais aberto e elevada taxa de aumento do niacutevel do mar (AF3) O padratildeo
retrogradacional identificado nos depoacutesitos do TST eacute atribuiacutedo agrave geraccedilatildeo de espaccedilo de
acomodaccedilatildeo que supera a taxa de sedimentaccedilatildeo (Catuneanu et al 2011 Posamentier amp Vail
1988)
O topo do TST eacute limitado no topo pela superfiacutecie S4 a qual coincide com a
discordacircncia regional Mesocarboniacutefera A base da sequecircncia 3 representa um TSMB (Figura
20C) com depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta por camadas de
arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilotildees cruzadas tabular acanalada e tangencial com
lags conglomeraacuteticos Apoacutes a instalaccedilatildeo de um sistema plataformal transgressivo no Viseano
houve um rebaixamento do niacutevel de mar que causou um hiato erosivo de 20 Ma registrado em
vaacuterias partes da Bacia do Parnaiacuteba (Caputo 1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007) Este
evento estaria associado ao iniacutecio estaacutegio de continentalizaccedilatildeo que ocorreu durante o
Moscoviano e resultou na formaccedilatildeo do Pangea (Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007)
48
Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de Baratildeo de Grajauacute e
Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba Fonte Modificado de (Vaz et al 2007)
49
Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e principais superfiacutecies
estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)
50
Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da Seq
2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)
51
CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO
As trecircs sequecircncias deposicionais identificadas na aacuterea de estudo que compreendem
as formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute tem sua gecircnese relacionada a variaccedilotildees ciacuteclicas do niacutevel
relativo do mar influenciadas por eventos de eustasia e tectocircnica (Catuneanu 2006) A Seq 1
(TSMA) eacute caracterizada por uma transgressatildeo marinha que iniciou no Fameniano e que deu
origem aos depoacutesitos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (TSMA) com ambiente dominado por
eventos de tempestades (Goacutees amp Feijoacute 1994)
A Seq 2 que engloba TSMB em sua porccedilatildeo inicial eacute composta por depoacutesitos
fluviais e deltaicos caracterizando uma fase seguinte de progradaccedilatildeo As paleocorrentes dos
depoacutesitos fluviais (AF1) e de frente deltaica (AF2) indicam sentido do paleofluxo para NW
com provaacuteveis aacutereas fontes para leste-sudeste Dados preacutevios baseados em anaacutelises de
paleocorrentes e dataccedilotildees U-Pb em zircatildeo detritico indicam que as principais aacutereas fontes dos
sedimentos da bacia do Parnaiacuteba durante o Paleozoico estariam localizadas na Proviacutencia
Borborema que fica a sudeste da aacuterea de estudo (Daly et al 2018 Hollanda et al 2014
Oliveira amp Moura 2019) Sedimentos retrabalhados de rochas paleoproterozoicas e
neoproterozoicas seriam as principais fontes para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti com
contribuiccedilatildeo secundaacuteria de sedimentos reciclados de rochas cambro-ordovicianas ou mais
jovens (Hollanda et al 2014) aleacutem de fontes neoarquenas (Oliveira amp Moura 2019)
Retrabalhamento de rochas do intervalo Devoniano-Tournaisiano tambeacutem eacute sugerido por
dados palinoloacutegicos (Di Pasquo amp Iannuzzi 2014 Streel et al 2012) Assim um progressivo
recuo dos mares epicontinentais entre o Mesodevoniano e o Mississipiano (Goeacutes 1995)
resultou na formaccedilatildeo de extensos depoacutesitos transicionais e na exposiccedilatildeo de rochas cristalinas
e sedimentares preacute-cambrianas (antes inundadas pela incursatildeo marinha devoniana) na regiatildeo a
leste e sudeste da Bacia do Parnaiacuteba (Oliveira amp Moura 2019)
A instalaccedilatildeo deste sistema fluvio-deltaico ocorreu sob um clima semiaacuterido com
vegetaccedilatildeo escassa ou ausente Segundo Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) a vegetaccedilatildeo nas
proximidades da regiatildeo de estudo era mais arbustiva e escassa com presenccedila de plantas
pteridoacutefitas e gimnospermas aleacutem de algas que refletem aacuteguas salobras Ianuzzi (1994)
descreve clima temperado a subtropical no final do Carboniacutefero Inferior passando para
tropical no final do Carboniacutefero Superior com deriva do Continente Americano em direccedilatildeo ao
Equador (Ribeiro 2000) Parrish et al (1986) descrevem variaccedilotildees no clima durante o
Carboniacutefero Superior oscilando entre periacuteodos quentes e mais frios com tendecircncia geral de
52
aquecimento Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) descrevem assembleias fossiliacuteferas tiacutepicas de
intervalos normais a secos assim como ratificado por reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas (Iannuzzi
amp Roumlsler 2000) o qual afirma que a Bacia do Parnaiacuteba teria estado situada em uma zona
climaacutetica semiaacuterida durante a metade do Mississipiano Streel et al (2012) descrevem
miosporos em seccedilotildees de diamictitos da Formaccedilatildeo Poti na borda oeste da bacia depositados
em periacuteodos interglaciais
Os depoacutesitos deltaicos satildeo representados pelo predomiacutenio de camadas com geometria
lobada e estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais que podem estar relacionados a eventos de
sedimentaccedilatildeo episoacutedica durante carga extrema de rios (Della Faacutevera 2001 Ponciano amp Della
Faacutevera 2009) Esta carga extrema geralmente transpassa (by-pass) a parte proximal do sistema
deltaico (Della Faacutevera 2001) A ausecircncia de faacutecies de prodelta nos depoacutesitos estudados pode
estar associada a grande extensatildeo dos depoacutesitos de frente deltaica e alta taxa de progradaccedilatildeo
Apesar da ausecircncia de estruturas como Ah e Aes nos afloramentos estudados a inexistecircncia
de prodelta pode estar associada agrave remoccedilatildeo do material argiloso por tempestades (Della
Faacutevera 2001)
O delta da Formaccedilatildeo Poti flui para um ambiente de mar epicontinental raso Porritt et
al (2020) descrevem deltas similares com baixo gradiente onshore e offshore resultando em
efeitos miacutenimos das variaccedilotildees do niacutevel do mar nos deltas Ainda segundo Porritt et al (2020)
a diferenccedila destes tipos de deltas em mares epiricos para outros eacute sua quantidade baixa de
espaccedilo de acomodaccedilatildeo disponiacutevel e local de sedimentaccedilatildeo controlada por avulsatildeo de rios mais
acima nas superfiacutecies de leque aluvial
Goacutees et al (1997) descreveram ainda exposiccedilotildees referentes ao delta em contatos
laterais ou intercalados com os depoacutesitos dominado por tempestade e onda As bacias do
Parnaiacuteba e do Amazonas durante o Viseano tardio estava inserida nos paralelos 40deg a 50deg
dentro do continente Gondwana (Scotese 2000 Torvski et al 2012) recebendo accedilotildees de
furacotildees que geraram os depoacutesitos tempestiacutesticos da associaccedilatildeo AF3 (Duke 1985)
O continuo avanccedilo do mar para dentro da plataforma continental gerou os depoacutesitos
influenciados por mareacute e onda (AF3) que recobrem o sistema fluvio-deltaico Este limite
sugere a passagem de um ambiente com alta taxa de sedimentaccedilatildeo siliciclaacutestica durante o
recuo marinho para um ambiente com taxa de sedimentaccedilatildeo moderada com aumento do
niacutevel do mar mais lento Desta forma uma configuraccedilatildeo de mares epicontinentais com maior
53
restriccedilatildeo eacute sugerida para o sistema fluvio-deltaico com passagem para mares epicontinentais
amplos poreacutem ainda rasos do sistema plataformal dominado por mareacute e onda
Segundo mapas paleogeograacuteficos de Scotese (2019) observa-se no periacuteodo entre 361
e 351 milhotildees de anos (Fameniano e Tounasiano) a diminuiccedilatildeo de pontos de gelo que
estariam ligados ao processo transgressivo que deu origem a depoacutesitos plataformais marinhos
no topo da Formaccedilatildeo Longaacute Entre 344 Ma e 338 Ma (Viseano) houve o estabelecimento dos
ambientes referentes agrave Formaccedilatildeo Poti com a presenccedila de pontos de gelo relacionados agrave
regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo
que possivelmente deu origem aos depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3)
aqui descritos no topo da Formaccedilatildeo Poti Tal hipoacutetese pode sustentar ainda a existecircncia de
sistema fluvial entrelaccedilado relacionado a descargas e maior proporccedilatildeo de carga de fundo em
regiotildees glaciais oriundas de escoamentos superficiais sazonais (ou ocasionada pelo degelo) A
presenccedila de uma vegetaccedilatildeo arbustiva no Mississipiano aliado a condiccedilotildees ambientais semi-
aridas durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos Poti sustenta a justificativa da instalaccedilatildeo de um
fluvial entrelaccedilado
Uma discordacircncia regional que gerou um hiato deposicional de aproximadamente 20
Ma na Bacia do Parnaiacuteba (Goacutees et al 1992) marca o contato entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute
e consequentemente o final do ciclo deposicional do Grupo Canindeacute Assim apoacutes a
deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti movimentos epirogecircnicos ascendentes e uma regressatildeo de
extensatildeo global seriam fatores que tiveram accedilatildeo na erosatildeo da bacia (Goacutees 1995 Mesner amp
Wooldridge 1964 Santos amp Carvalho 2009) resultando na superfiacutecie S4 e na sedimentaccedilatildeo
da Seq 3 Esta tendecircncia regressiva do mar durante o Carboniacutefero poderia estar relacionada a
movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela orogenia Herciniana que se
desenvolveu principalmente a norte do supercontinente Gondwana com periacuteodos colisionais
entre 380 e 280 Ma (Windley 1995 Vaz et al 2007) O contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Poti
e Piauiacute foi observado na porccedilatildeo oeste da aacuterea de estudo onde depoacutesitos plataformais de onda
e mareacute (AF3) estatildeo sotopostas a litofaacutecies de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo
cruzada de depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Trabalhos referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute
revelam um contexto de sistema deseacutertico associado ao iniacutecio do processo de
continentalizaccedilatildeo no Gondwana (Lima amp Leite 1978 Xavier 2019) Portanto as faacutecies
fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute sobrepostas a AF3 satildeo interpretadas como pertencentes a um
TSMB
54
Em 315 Ma (Moscoviano) houve o estabelecimento de grande camada de gelo nas
porccedilotildees da Bacia do Parnaiacuteba corroborando a natureza regressiva da sequecircncia 3 (TSMB)
com um rebaixamento do niacutevel do mar juntamente com as orogenias que consolidavam o
supercontinente Pangea em condiccedilotildees climaacuteticas quente e semiaacuterida em geometria diferente
na bacia (Caputo et al 2005) referente ao fluvial da Formaccedilatildeo Piauiacute Recentemente Xavier
(2019) associa a discordacircncia entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute a movimentos glacio-eustaacuteticos
que ocorreram durante o primeiro pico de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age
(LPIA)
55
CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES
A anaacutelise dos afloramentos do intervalo da porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Longaacute
Formaccedilatildeo Poti e inferior da Formaccedilatildeo Piauiacute entre os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e Nazareacute
do Piauiacute evidenciaram ocorrecircncia de um short term transgression com depoacutesitos fluvio-
deltaicos recobertos por plataformais no Carboniacutefero inferior onde incursotildees marinhas
formaram mares rasos epicontinentais
Foram descritos para Formaccedilatildeo Poti 9 afloramentos com 15 faacutecies das quais
individualizaram 3 associaccedilotildees de faacutecies Fluvial entrelaccedilado (AF1) Frente deltaica (AF2) e
Plataforma dominada por mareacute e onda (AF3)
A Formaccedilatildeo Longaacute representa a Seq1 com depoacutesitos de tempestitos de um Trato de
Sistema de Mar Alto (TSMA) separada do fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti por um limite de
sequecircncia tipo 1 (S1) A base da Formaccedilatildeo Poti eacute representada por um fluvial entrelaccedilado
(AF1) descrito na porccedilatildeo leste da aacuterea o qual possui 8 faacutecies e sete elementos arquiteturais
elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante
(CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia
laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em forma de lenccediloacuteis
A associaccedilatildeo de Frente deltaica (AF2) possui 4 faacutecies dispostas em geometrias
tabulares a lobadas separada da AF1 por uma superfiacutecie de limite de associaccedilatildeo (S2) AF1 e
AF2 representam um Trato de sistema de Mar Baixo (TSMB) e iniacutecio da Seq 2 da Formaccedilatildeo
Poti em um contexto de bacia com conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais
AF2 separa-se dos depoacutesitos plataformais de onda e mareacute (AF3) por uma superfiacutecie
trangressiva (S3)
A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3) tem 8 faacutecies inseridas em
2 geometrias tabular e em canal Nesta sucessatildeo foram descritos acamamentos heteroliacuteticos e
ritmitos de mareacute bem como estruturas como tidal bundles wave generated que atestam a
accedilatildeo de mareacute e onda nesta unidade Ainda estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley
evidenciam a accedilatildeo de ondas de tempestades Esta associaccedilatildeo representa um Trato de Sistema
Trangressivo (TST) e o final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti sendo um short term transgression
provavelmente associada a derretimento de pontos de gelo na regiatildeo oeste da Bacia AF3
separa-se da Formaccedilatildeo Piauiacute por uma superficie de limite de sequecircncia do tipo 1 (S4) A
Formaccedilatildeo Piauiacute denotaria um Trato de Sistema de Mar Baixo (TMSB) e por isso iniacutecio da
56
Seq 3 que representa os movimentos glacio-eustaacuteticos que ocorreram durante o primeiro pico
de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age (LPIA)
57
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APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA
Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1
arenito com estrat cruzada acanalada A7) A Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a
arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato principalmente pontuais porosidade intergranular e
localmente feldspatos alterando para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na associaccedilatildeo de
faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com porosidade
intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3
Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos subangulosos a subarredondados
muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo
69
APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X
Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras representativas da
Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e 2 referente a plataforma de onda e
mareacute (AF3 A1 e A3) AF1 (A8 Folhelho) A A anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada
com etilenoglicol e calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica expansiva 119889001
indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97 Aring quando calcinada B Em amostra de
rocha total eacute dominante a presenccedila de picos principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio
AF3 (A1 arenito com lam cruzada) C Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a natureza expansiva 119889001
da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A
vermeculita eacute observada como sendo um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a
existecircncia de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring) bem como um
menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de amostra glicolada A ilita eacute melhor
individualizada nesta anaacutelise visto que a muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e
49 Aring do plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em relaccedilatildeo a ilita no pico 71
Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 D Na anaacutelise de poacute total da amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda
em menores picos albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar
montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise de DRX em rocha total e em
lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior
presenccedila de montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser realizados afim de
atestar esta tendecircncia
vi
aos professores Joseacute Bandeira e Afonso Nogueira pelas disciplinas ministradas e sugestotildees as
quais foram essenciais para a realizaccedilatildeo desta dissertaccedilatildeo
Ainda sou grata pelo suporte estrutural e financeiro proveniente da PPGG da
Universidade Federal do Paraacute e do Conselho Nacional de Desenvolvimento cientiacutefico e
tecnoloacutegico (CNPq) Agradeccedilo tambeacutem a equipe de coordenaccedilatildeo do Campo 1 da graduaccedilatildeo
da UFPA que proporcionou o campo para esta dissertaccedilatildeo
vii
ldquoThe truth is out thererdquo
(X-Files)
viii
RESUMO
Depoacutesitos siliciclaacutesticos mississipianos ocorrem nas regiotildees leste a sudoeste da Bacia do
Parnaiacuteba com aacuterea de afloramento alongada segundo orientaccedilatildeo N-S acompanhando o
contorno geoloacutegico desta bacia A Formaccedilatildeo Poti estaacute inserida em um contexto de iniacutecio de
recuo dos mares interiores com rebaixamento do niacutevel do mar que posteriormente durante a
deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Pedra de Fogo interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do
Amazonas Esta unidade estaacute inserida ao topo da Sequecircncia Mesodevoniana-Eocarboniacutefera
Grupo Canindeacute sendo composta por arenitos cinzas siltitos e folhelhos depositados em
ambientes de deltas e planiacutecie de mareacute com influecircncia de tempestade Este trabalho definiu as
sequecircncias deposicionais e os paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave
Formaccedilatildeo Poti na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba A regiatildeo de estudo situa-se entre os
municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) e Nazareacute do Piauiacute (PI) onde nove pontos foram
descritos agraves margens das rodovias BR-230 e BR- 343 em cortes de estradas exposiccedilotildees
proacuteximas a drenagens intermitentes e em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute Os
meacutetodos empregados consistiram principalmente em anaacutelise de faacutecies elementos arquiteturais
e estratigraacutefica aleacutem de anaacutelise petrograacutefica e de DRX para melhor classificaccedilatildeo e
identificaccedilatildeo mineral das rochas Foram individualizadas quinze faacutecies sedimentares reunidas
em 3 associaccedilotildees de faacutecies (AF) A associaccedilatildeo de faacutecies AF1 ndash Fluvial entrelaccedilado ndash eacute
composta por lente de folhelho (Fl) camadas de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo
plano paralela (App) a estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) na base sotoposta por arenitos
maciccedilos (Am) e com estratificaccedilotildees cruzadas acanalada (Aca) de baixo acircngulo (Aba) planar
(Acp) tabular (Atb) e tangencial (Atg) com orientaccedilatildeo preferencial para NW organizados
em ciclos granodecrescentes ascendentes A organizaccedilatildeo destas faacutecies individualizaram sete
elementos arquiteturais depoacutesitos de barras de acreccedilatildeo lateral (AL) e frontal (AF) lenccediloacuteis de
areia laminados (LL) formas arenosas (FA) e canais (CHa CHm CHp) A AF2 ndash Frente
deltaica ndash possui as faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) e com laminaccedilatildeo ondulada
(Alo) arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e maciccedilos (Am)
compondo ciclos granocrescentes ascendentes em camadas tabulares e lobadas com
paleocorrentes para NW A associaccedilatildeo de faacutecies AF3 ndash Plataforma de mareacute e onda ndash ocorre
sotoposta aos depoacutesitos AF2 com contato abrupto composta por pelitos com laminaccedilatildeo
plano-paralela (Ap) arenitos finos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) com
recobrimento argiloso ondulada (Alo) bem como arenitos maciccedilos (Am) e com
estratificaccedilotildees cruzadas hummocky (Ah) swaley (Aes) sigmoidal (As) e plano paralela (App)
ix
Acamamentos heteroliacuteticos do tipo linsen a flaser ocorrem na base da associaccedilatildeo com
ritmitos de mareacute e wave generated tidal bundles Localmente satildeo observadas escape de
fluidos laminaccedilotildees convolutas e ball-and-pillow As camadas satildeo tabulares lateralmente
contiacutenuas e com geometria de canal no topo desta sucessatildeo A anaacutelise petrograacutefica permitiu a
classificaccedilatildeo de quartzo-arenitos para os depoacutesitos de AF1 e subarcoacutesios para os referentes agraves
associaccedilotildees AF2 e AF3 Para as exposiccedilotildees estudadas foram identificadas 3 sequecircncias
estratigraacuteficas divididas por 4 superficies A Seq 1 corresponde ao intervalo com depoacutesitos
de tempestitos da Formaccedilatildeo Longaacute representando um TSMA limitada por limite de sequecircncia
tipo 1 (S1) do fluvial da Formaccedilatildeo Poti (AF1) A Seq 2 tem iniacutecio pelo TSMB representado
por depoacutesitos de fluvial entrelaccedilado (AF1) e de frente deltaica (AF2) estas separadas por um
limite (S2) Apoacutes rochas da unidade de plataforma de mareacute e onda (AF3) satildeo separadas dos
depoacutesitos transicionais (AF1 e AF2) por uma superfiacutecie transgressiva (S3) representando um
TST e final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti A Seq 2 eacute separada dos depoacutesitos de fluvial
entrelaccedilado da Formaccedilatildeo Piauiacute acima por uma superfiacutecie de limite de sequecircncia do tipo 1
(S4) A Seq 3 eacute representada pelo fluvial entrelaccedilado do Piauiacute sendo um TSMB O
empilhamento estratigraacutefico e as correlaccedilotildees dos perfis estudados revelaram a existecircncia de
uma transgressatildeo na Formaccedilatildeo Poti O estabelecimento dos ambientes fluacutevio-costeiros com
pontos de gelo da Formaccedilatildeo Poti corroboram a regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com
posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo que possivelmente deu origem aos
depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3) Tal transgressatildeo pode ser
interpretada como de curta duraccedilatildeo (short term transgression) visto que em escala regional a
Formaccedilatildeo Poti na Bacia do Parnaiacuteba eacute regressiva
Palavras-chave Paleoambiente Short-term transgression Bacia do Parnaiacuteba Formaccedilatildeo Poti
x
ABSTRACT
Mississipian siliciclastic deposits occur in the regions east and southwest of the Parnaiacuteba
Basin with an elongated outcrop area according to the N-S orientation following the
geological contour of this basin The Poti Formation is inserted in a context of the beginning
of the retreat of the inland seas with a lowering of the sea level which later during the
deposition of the Pedra de Fogo Formation interrupted the existing connection with the
Amazon Basin This unit is inserted at the top of the Mesodevonian-Eocarboniferous
Sequence Canindeacute Group being composed of gray sandstones siltstones and shales
deposited in environments of deltas and tidal flats with storm influence This work defined the
depositional sequences and paleoenvironments of the sedimentary succession corresponding
to the Poti Formation in the eastern portion of the Parnaiacuteba BasinThe study region is located
between the municipalities of Baratildeo do Grajauacute (MA) and Nazareacute do Piauiacute (PI) where nine
points were described on the margins of the BR-230 and BR-343 highways in road cuts
exposures close to intermittent rivers and in a dam near the city of Nazareacute do Piauiacute The
methods employed consisted mainly of facies analysis architectural and stratigraphic
elements in addition petrographic analysis and XRD for better classification and mineral
identification of rocks Fifteen sedimentary facies were individualized gathered in 3 facies
associations (AF) The facies association AF1 ndash Braided fluvial - is composed of shale lens
(Fl) layers of medium to thick sandstones with plane parallel stratification (App) cross planar
stratification (Acp) at the base overlay by massive sandstones (Am) and cross- bedding
stratification (Aca) low angle (Aba) planar (Acp) tabular (Atb) and tangential (Atg) with
preferential NW orientation organized in fining-upwards cycles The organization of these
facies individualized seven architectural elements deposits of lateral (AL) and frontal (AF)
accretion bars laminated sand sheets (LL) sandy forms (FA) and channels (CHa CHm
CHp) AF2 - Delta front - sandstone facies with climbing ripple cross-lamination (Alc) and
wavy lamination (Alo) fine to medium massive sandstone (Am) and sigmoidal cross
stratification (As) composing coarsening-upward cycles in tabular and lobed layers with
paleocurrents to NW The facies association AF3 - Tidal and wave platform - occurs just
below the AF2 deposits with abrupt contact composed by pelites with plane-parallel
lamination (Ap) fine climbing ripple cross-lamination sandstone (Alc) with mud wavy
lamination (Alo) as well as massive sandstones (Am) and hummocky (Ah) swaley (Aes)
sigmoidal (As) cross stratification and plane parallel (App) Heterolytic bedding linsen to
flaser type occurs at the base of the association with tidal rhythmite and wave generated tidal
xi
bundles Flames structures convoluted laminations and ball-and-pillow are observed locally
The layers are tabular laterally continuous and with channel geometry at the top of this
sequence Petrographic analysis allowed the classification of quartz-sandstones for the AF1
deposits and subarcose for those referring to the AF2 and AF3 associations For the studied
exhibitions 3 stratigraphic sequences were identified and divided by 4 stratigrafic surfaces
Seq 1 corresponds to the interval with storm deposits from the Longaacute Formation representing
a TSMA limited by type 1 (S1) sequence limit from the fluvial braided (AF1) of the Poti
Formation Seq 2 begins with the TSMB represented by the fluvial braided (AF1) and delta
front (AF2) deposits wich are separated between them by a limit (S2) Afterwards tide and
wave platform (AF3) rocks are separated from the transitional deposits (AF1 and AF2) by a
transgressive surface (S3) representing a TST and end of Seq 2 in the Poti Formation Seq 2
is separated from the fluvial braided deposits of the Piauiacute Formation above by a type 1
boundary sequence surface (S4) Seq 3 is represented by the braided fluvial of Piauiacute being a
TSMB The stratigraphic stacking and the correlations of the studied profiles revealed the
existence of a transgression in the Poti Formation The establishment of fluvial-coastal
environments with ice points in the Poti Formation corroborates the initial regression of
Sequence 2 with subsequent melting contributing to the transgression that possibly gave rise
to platform deposits dominated by wave and tide (AF3) Such transgression can be interpreted
as short-term transgression since the regional tendency in the Poti Formation in the Parnaiacuteba
Basin is regressive
Keywords Paleoenvironment Short-term transgression Parnaiacuteba Basin Poti Formation
xii
LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES
Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti
na borda leste da Bacia do Parna3
Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)7
Figura 1- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial (Miall 1996)9
Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies
aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)11
Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil
(Silva et al 2003 modificado de Goacutees 1995)14
Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o
intervalo do final do Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute
1994)15
Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute
do Piauiacute20
Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a
Formaccedilatildeo Longaacute sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7
conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e Fig7) B Clastos de argila e quartzo
nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo
frontal (AF) com concordacircncia da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies
limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta porccedilatildeo do canal
(P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 223
xiii
Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito
arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar
e baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a
arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes
dos estratos cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser
observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram
identificados Lenccediloacuteis de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e
estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo
contiacutenuo lateralmente por aproximadamente 30 metros limitado acima por
superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente
limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de acreccedilatildeo
lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem26
Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti
(P1) Canal de preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies
de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo (CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma
assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma relativamente
simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo27
Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos
afloramentos da Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior
dos canais enquanto que as arquiteturas AF e AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais
elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por avulsotildees de
canais ativos29
Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente
deltaica (Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade
de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da aacuterea de estudo P9)30
xiv
Figura 13 Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos
depoacutesitos deltaicos (AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e
mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada
sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees
convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido
principal para NW D Geometria lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos
deltaicos nas aacutereas de estudo 31
Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc)
arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B
Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem
(P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria lobada
Floriano Piauiacute (P8)32
Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato
entre as associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3
P4) B Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgantes e ondulada com geometria
pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em arenito com
microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and
pillow (P3) E Escape de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico
(P5)37
Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal
bundles em laminaccedilatildeo cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de
argila (P4) B Wave generated tidal bundles com acamamento ondulado e
sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se
ritmicidade com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute
com ciclos de 1a 2a e 3a ordem superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D
Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e quadratura
(P5)38
xv
Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute
(AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4) B
Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com
material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas
cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de
ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C
Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D
Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley39
Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de
Baratildeo de Grajauacute e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba (modificado
de Vaz et al 2007)48
Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e
principais superfiacutecies estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de
variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)49
Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do
Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da
Seq 2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de
sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)50
xvi
Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de
fluvial entrelaccedilado (AF1 arenito com estrat cruzada acanalada A7) A
Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a
arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato
principalmente pontuais porosidade intergranular e localmente feldspatos alterando
para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na
associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios
subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila
de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com
porosidade intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo
Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3 Arenito com
laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos
subangulosos a subarredondados muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas
em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo68
xvii
Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras
representativas da Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado
(AF1) e 2 referente a plataforma de onda e mareacute (AF3) AF1 (A8 Folhelho) A A
anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada com etilenoglicol e
calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica
expansiva 119889001 indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97
Aring quando calcinada B Em amostra de rocha total eacute dominante a presenccedila de picos
principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio AF3 (A1
arenito com lam cruzada) A) Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a
natureza expansiva 119889001 da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em
amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A vermeculita eacute observada como sendo
um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a existecircncia
de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring)
bem como um menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de
amostra glicolada A ilita eacute melhor individualizada nesta anaacutelise visto que a
muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e 49 Aring do
plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em
relaccedilatildeo a ilita no pico 71 Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 B Na anaacutelise de poacute total da
amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda em menores picos
albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar
montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise
de DRX em rocha total e em lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em
clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior presenccedila de
montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser
realizados afim de atestar esta tendecircncia69
xviii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (modificado de Miall 1985 apud
Miall 2006)8
Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti21
Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de
Baratildeo do Grajaacuteu25
xix
SUMAacuteRIO
DEDICATOacuteRIAiv
AGRADECIMENTOS v
EPIacuteGRAFEvii
RESUMO viii
ABSTRACT x
LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES xii
LISTA DE TABELAS xviii
CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 APRESENTACcedilAtildeO 1
12 OBJETIVOS 2
13 LOCALIZACcedilAtildeO 2
CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 4
21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA 4
22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS 5
221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes 9
23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES 12
231 Anaacutelise petrograacutefica 12
232 Difratometria de Raios- X 12
CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO 13
31 GRUPO CANINDEacute 14
32 FORMACcedilAtildeO POTI 16
CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES 19
41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO 19
411 Interpretaccedilatildeo 27
42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA 29
421 Interpretaccedilatildeo 32
43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA 34
431 Interpretaccedilatildeo 40
xx
CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS 44
51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS 44
52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA 45
CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO 51
CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES 55
REFEREcircNCIAS 57
APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA 68
APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X 69
CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO
11 APRESENTACcedilAtildeO
Durante o Carboniacutefero Inferior a regiatildeo oeste do supercontinente Gondwana estava
separada do paleocontinente Lauraacutesia por um estreito segmento do oceano Rheic (Golonka
2007 Torsvik et al 2012) Neste periacuteodo incursotildees marinhas formaram mares rasos
epicontinentais que conectavam as bacias sedimentares intracratocircnicas do Amazonas e
Parnaiacuteba no nortenordeste do Brasil (Almeida amp Carneiro 2004 Della Faacutevera 1990
Medeiros et al 2019 Torsvik amp Cocks 2013) Durante o Carboniacutefero a porccedilatildeo sul-ocidental
do Gondwana era coberta por extensas geleiras que se instalaram desde o final do Devoniano
(Castro 2004 Golonka 2007 Milani et al 2007 Torsvik et al 2012)
De acordo com reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas a Bacia do Parnaiacuteba durante o
Viseano encontrava-se em uma zona de clima semi-aacuterido a temperado e frio (Iannuzzi 1994
Iannuzzi amp Rosner 2000) Neste periacuteodo teve iniacutecio o recuo dos mares interiores com
diminuiccedilatildeo do niacutevel do mar que interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do Amazonas
(Almeida amp Carneiro 2004 Mabesoone amp Neumann 2005) A tendecircncia regressiva deste mar
no periacuteodo Carboniacutefero eacute relacionada a movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela
Orogenia Herciniana (Winldley 1995) ou pelo aumento das capas de gelo na porccedilatildeo sul-
ocidental do Gondwana (Caputo 1984 Caputo et al 2006 ab)
Neste contexto foram depositadas as rochas continentais transicionais e marinhas da
Formaccedilatildeo Poti A Formaccedilatildeo Poti eacute caracterizada por arenitos por vezes conglomeraacuteticos com
intercalaccedilatildeo de folhelhos e finos leitos de carvatildeo (Lima amp Leite 1978 Mesner amp Wooldridge
1964) que registram ambientes de deltas e planiacutecies de mareacute com influecircncia de tempestades
(Goacutees et al 1997 Goacutees amp Feijoacute 1994) A tendecircncia da Formaccedilatildeo Poti eacute principalmente
regressiva contudo os afloramentos na aacuterea de estudo mostram uma relaccedilatildeo incomum entre
depoacutesitos transicionais sotopostos por depoacutesitos de plataforma de mareacute e onda estes por sua
vez foram pouco explorados pela literatura cientiacutefica (Della Faacutevera 1990 Goacutees et al 1997)
Portanto o objetivo principal deste trabalho eacute interpretar os paleoambientes e definir uma
sequecircncia deposicional para as rochas da Formaccedilatildeo Poti que afloram entre as regiotildees de
Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba e elaborar um
modelo deposicional
2
12 OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho eacute definir as sequecircncias deposicionais e interpretar os
paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave Formaccedilatildeo Poti a partir do estudo de
depoacutesitos que afloram na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba Para isto tecircm-se os seguintes
objetivos especiacuteficos
Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo de faacutecies sedimentares e arquiteturais dos sistemas
deposicionais das Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)
Propor sequecircncia estratigraacutefica delimitando suas principais superfiacutecies estratigraacuteficas
para as Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)
Definir um modelo deposicional para as rochas siliciclaacutesticas mississipianas da
Formaccedilatildeo Poti entre as regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute
13 LOCALIZACcedilAtildeO
A aacuterea de estudo estaacute localizada na borda leste da Bacia do Parnaiacuteba na divisa entre
os estados do Maranhatildeo e Piauiacute Os depoacutesitos descritos estatildeo situados ao longo da BR-230 e
BR-343 abrangendo os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) Floriano (PI) e Nazareacute do Piauiacute
(PI) em afloramentos de corte de estradas exposiccedilotildees proacuteximas a drenagens intermitentes e
em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute (Figura 1)
3
Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti na borda leste da
Bacia do Parnaiacuteba (Fonte CPRM)
4
CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A elaboraccedilatildeo deste trabalho contou inicialmente com um levantamento bibliograacutefico
acerca da geologia regional na aacuterea leste da Bacia do Parnaiacuteba A seguir houve a fase de
campo (realizada durante o campo da disciplina de Campo 1 da graduccedilatildeo da UFPA na porccedilatildeo
leste da Bacia do Parnaiacuteba) com anaacutelises facioloacutegica arquitetural e estratigraacutefica e
posteriormente fase de laboratoacuterio com anaacutelise petrograacutefica Estas metodologias foram as
ferramentas utilizadas para alcanccedilar os objetivos propostos nesta dissertaccedilatildeo
Na fase de campo foi realizada a coleta de dados sendo feitas as descriccedilotildees e
interpretaccedilotildees facioloacutegicas a confecccedilatildeo de perfis estratigraacuteficos e coleta de amostras dos
afloramentos das Formaccedilotildees Poti Longaacute e Piauiacute As amostras coletadas originaram as seccedilotildees
delgadas para a anaacutelise petrograacutefica A avaliaccedilatildeo estratigraacutefica envolveu o estudo de nove
afloramentos as margens das BR- 230 e BR-343 sendo os pontos P1 a P5 pontos as margens
de drenagens secas P6 a P8 exposiccedilotildees em cortes de estrada e P9 a barragem Salinas (Figura
1) Na regiatildeo os litotipos referentes aos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti ocorrem com excelente
preservaccedilatildeo de estruturas sedimentares bem como engloba unidades com associaccedilotildees
litoloacutegicas de gecircneses distintas separadas por superfiacutecies que podem ser utilizadas para
correlaccedilotildees estratigraacuteficas
21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA
Para a anaacutelise de faacutecies e estratigraacutefica foi utilizada a teacutecnica de modelamento de
faacutecies com auxiacutelio de perfis colunares e estratigraacuteficos seguindo as propostas de Walker
(1992 2006) Miall (2000) Dalrymple (2010) Bhattacharya (2010) com nomenclatura de
Miall (1977) Segundo a metodologia de Walker (1992 2006) a reconstituiccedilatildeo
paleoambiental de uma unidade sedimentar deve conter caracterizaccedilatildeo das faacutecies
sedimentares com textura composiccedilatildeo geometria estrutura sedimentar e conteuacutedo fossiliacutefero
juntamente com a leitura de paleocorrentes para haver compreensatildeo dos processos
sedimentares que agiram para a formaccedilatildeo de cada faacutecies
As associaccedilotildees de faacutecies identificadas consistem em um conjunto de faacutecies
relacionadas geneticamente que remetem a determinados ambientes e sistemas deposicionais
As medidas de paleocorrentes foram retiradas em arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada e
arenitos com laminaccedilatildeo cruzada com posterior produccedilatildeo de rosetas atraveacutes do programa
OpenStereoreg A representaccedilatildeo de faacutecies em siglas inspirou-se no coacutedigo de faacutecies de Miall
5
(1977) com representaccedilatildeo da primeira letra maiuacutescula referente a litologia principal e a letra
seguinte minuacutescula indicando a estrutura sedimentar dominante Modelos de faacutecies foram
construiacutedos na forma de mapas paleogeograacuteficos representativos perfis verticais e blocos
diagramas A confecccedilatildeo de seccedilotildees panoracircmicas a partir de fotomosaicos de afloramentos
seguiu a teacutecnica de Wilzevic (1991) para auxiliar no estudo de elementos arquiteturais para
depoacutesitos fluviais (Miall 1985 1988 2006) deltaicos e plataformais
O estudo de estratigrafia de sequecircncia de alta resoluccedilatildeo (Catuneanu et al 2011
Zecchin amp Catuneanu 2013) considerou os ciclos as superfiacutecies e as ordens de cada uma e
suas sequecircncias deposicionais identificando superfiacutecies-chave da sucessatildeo e interpretando
seu significado deposicional a partir dos conceitos da estratigrafia de sequecircncias e tratos de
sistemas (Catuneanu 2006 Catuneanu et al 2009 Posamentier amp Vail 1988 Vail et al 1977)
22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS
O estudo de formas de leitos modernos e em boas exposiccedilotildees de sequecircncias antigas
(Allen 1983 Haszeldine 1983 ab Kirk 1983 apud Miall 1985) mostram que interpretaccedilotildees
baseadas apenas em perfis verticais natildeo representam de forma acurada a geometria e
complexidade interna das estruturas de grandes macrofomas de depoacutesitos de barras Portanto
apenas representaccedilotildees por perfis consistem em ferramentas pouco eficientes para o estudo de
sedimentos fluviais em funccedilatildeo das inuacutemeras mudanccedilas laterais de faacutecies e pela natureza
tridimensional de um litossoma individual (Miall 1985 1988) O canal e sua morfologia
usualmente tecircm sido usados como chave principal para a interpretaccedilatildeo de sedimentos fluviais
existindo uma grande diversidade de estilo de canais e tipos de depoacutesitos com origem
relacionada a variedade de controles parcialmente interdependentes que atuam na
sedimentaccedilatildeo fluvial (Miall 1985)
A anaacutelise bi e tridimensional permite individualizar elementos arquiteturais em
sistemas fluviais O conceito de elemento arquitetural permeia-se na noccedilatildeo que depoacutesitos
sedimentares podem ser caracterizados por geometrias estratais escala e superfiacutecies de
acamamento limitantes (Allen 1980 Miall 1985 Miall 1988) Este conceito foi primeiramente
aplicado para definir a geometria e arranjo tridimensional de estratos areniacuteticos de antigos
depoacutesitos fluviais depoacutesitos estes que tem sido difundido na literatura desde o final da deacutecada
de 80 em funccedilatildeo da larga aplicaccedilatildeo no estudo das heterogeneidades de rochas reservatoacuterio
6
(Miall amp Tyler 1991) Contudo atualmente eacute empregado para quaisquer sucessotildees
estratigraacuteficas independentes da idade litologia e gecircnese como as sucessotildees deltaicas de
planiacutecie de mareacute (Eriksson et al 1995) sucessotildees turbidiacuteticas (Mutti amp Normark 1987) e
vulcanoclaacutesticas (Palmer amp Neall 1991) com a finalidade de explanar sobre a disposiccedilatildeo das
faacutecies e de suas associaccedilotildees no espaccedilo (Borghi 2000) Allen (1983) deu origem ao termo
ldquoelemento arquiteturalrdquo e Miall (1985) sumarizou e classificou as rochas fluviais baseado
nestes conhecimentos
Jackson (1975) classifica as formas de leito em microformas mesoformas e
macroformas Microformas satildeo estruturas geradas por variaccedilatildeo turbulenta gerando marcas de
onda de pequena escala e lineaccedilotildees de corrente Mesoformas incluem formas de leito de maior
escala como dunas pequenos canais e barras linguoacuteides longitudinais e diagonais Jaacute as
macroformas mostram o efeito cumulativo de vaacuterios eventos dinacircmicos ao longo dos anos
que incluem canais maiores e formas de barras compostas como point bars side bars sand
flats e ilhas A identificaccedilatildeo apropriada destas macroformas eacute a base para determinar o tipo de
sistema fluvial (Jackson 1975 Miall 1985)
A menor escala de elementos de macroforma eacute composta por oito elementos
arquiteturais baacutesicos Canal fluxo de gravidade de sedimentos formas de leito e barra
cascalhosa acreccedilatildeo frontal acreccedilatildeo lateral lenccediloacuteis de areia laminados formas de leito
arenosas e hollow (Figura 2 Tabela 1) Estes oito elementos arquiteturais satildeo caracterizados
por tamanho do gratildeo composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e principalmente
geometria (Miall 1985) Afloramentos com ao menos vaacuterios deciacutemetros e com certa
quantidade de controle tridimensional satildeo necessaacuterios para um estudo detalhado Todos os
sistemas fluviais satildeo compostos de proporccedilotildees variadas dos oito elementos arquiteturais
7
Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)
A ampliaccedilatildeo de pesquisas ao longo dos anos em depoacutesitos atuais e antigos permitiu
a uma abrangecircncia maior desta classificaccedilatildeo atraveacutes da identificaccedilatildeo de novos seis elementos
externos ao canal (Miall 1996) Dique marginal canais de crevasse espraiamento de
crevasse finos de planiacutecie de inundaccedilatildeo e canais abandonados (Figura 3)
Segundo Miall (1985) elementos arquiteturais devem conter descriccedilotildees e
caracterizaccedilatildeo dos elementos objetivas as quais devem incluir 1) A natureza das superfiacutecies
limitantes superior e inferior 2) a geometria externa 3) escala e 4) geometria interna
Individualizar analisar e descrever os elementos arquiteturais satildeo medidas essenciais pois
podem determinar o padratildeo de alguns tipos de rios do passado e desta forma caracterizar o
tipo de sistema fluvial
8
Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais
Fonte Modificado de (Miall 1985 apud Miall 2006)
9
Figura 3- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial Fonte (Miall 1996)
221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes
De acordo com Miall (1988 1996) existem pelo menos seis ordens de superfiacutecies
limiacutetrofes em sistemas fluviais que separam elementos arquiteturais (Figura 4) Estas satildeo
caracterizadas como superfiacutecies de natildeo deposiccedilatildeo ou erosatildeo representando periacuteodos de tempo
desde alguns minutos ateacute milhares de anos (Miall 1988) Allen (1980) estendeu o conceito de
superfiacutecies limitantes de pequena e grande escala em depoacutesitos eoacutelicos para sistemas
marinhos desenvolvendo modelos teoacutericos para explicar a formaccedilatildeo de sandwaves e
superfiacutecies limiacutetrofes em regimes dominados por mareacute Miall (1988) complementou o
trabalho de Allen (1983) a respeito de superfiacutecies limitantes estendendo a classificaccedilatildeo entatildeo
conhecida resultando em uma classificaccedilatildeo de seis ordens da escala menor (1deg ordem) a
maior (6deg ordem)
10
Superfiacutecies de 1ordf ordem Satildeo planas e limitam sets de laminaccedilotildees cruzadas Representam a
sedimentaccedilatildeo contiacutenua da migraccedilatildeo de formas de leito de mesma morfologia
Superfiacutecies de 2ordf ordem A superfiacutecie natildeo apresenta evidecircncias de erosatildeo ou truncamentos
significativos Separam cosets de litofaacutecies diferentes indicando mudanccedila nas condiccedilotildees
de fluxo ou mudanccedilas na direccedilatildeo do fluxo
Superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem Satildeo mencionadas para superfiacutecies limitantes internas e mais
acima de macroformas As de 3ordf ordem satildeo superfiacutecies erosivas existentes dentro das
macroformas (superfiacutecies de reativaccedilatildeo) geralmente truncando estratos cruzados abaixo
Estas se estendem desde o topo ateacute a porccedilatildeo inferior da macroforma com assembleia de
faacutecies e geometrias acima e abaixo da superfiacutecie sendo similares
As superfiacutecies de 4ordf ordem satildeo interpretadas como limite superior de macroformas
separando diferentes assembleias de faacutecies acima e abaixo Satildeo paralelas que truncam em
baixo acircngulo as superfiacutecies de ordem menor se assemelhando a clinoformas siacutesmicas
Superfiacutecies de 5ordf ordem Superfiacutecies que limitam grandes lenccediloacuteis de areia incluindo
complexos de preenchimento de canais Satildeo planas ou levemente cocircncavas sendo
relacionada a migraccedilatildeo eou incisatildeo lateral de canais fluviais
Superfiacutecies de 6ordf ordem Superfiacutecies que caracterizam subdivisotildees estratigraacuteficas
mapeaacuteveis de uma unidade fluvial com grande extensatildeo lateral Delimitam grupos de
canais e paleovales e marcam mudanccedilas relacionadas ao niacutevel de base estratigraacutefica
11
Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies
aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)
12
23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES
231 Anaacutelise petrograacutefica
A anaacutelise petrograacutefica das amostras de arenito foi realizada em sete seccedilotildees delgadas
das faacutecies mais representativas para este estudo Satildeo elas arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada
da associaccedilatildeo de faacutecies fluvial e em arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante nas
associaccedilotildees de frente deltaacuteica e de plataforma de mareacute e onda Para a classificaccedilatildeo destes
arenitos foi adotada a metodologia de Folk (1968) baseada na descriccedilatildeo de constituintes
textura e faacutebrica da rocha com contagem de 300 pontos (Galenhouse 1971) em cada seccedilatildeo
para melhor quantificaccedilatildeo dos seus constituintes
As amostras selecionadas para esta anaacutelise foram 8 sendo A1 a A6 correspondendo
a arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de
onda e mareacute (AF3) A7 a arenitos com estratificaccedilatildeo tabular (Atb) da associaccedilatildeo de fluvial
entrelaccedilado (AF1) e A8 denotando arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) nos
depoacutesitos de frente deltaacuteica (AF2)
A identificaccedilatildeo das principais feiccedilotildees e relaccedilotildees entre os constituintes dos arenitos
foram obtidas em microscoacutepio petrograacutefico LEICA DM 2700 P com cacircmera acoplada LEICA
MC 170 HD no Laboratoacuterio de Petrografia Sedimentar do Grupo de Anaacutelise de Bacias
Sedimentares da Amazocircnia (GSED) da Universidade Federal do Paraacute
232 Difratometria de raios- X
A teacutecnica de anaacutelise de Difraccedilatildeo de Raios-X foi aplicada em amostras de folhelhos
da associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e em arenitos com laminaccedilatildeo
cruzada cavalgante da associaccedilatildeo de plataforma de mareacute e onda (AF3 A1 e A2) Esta anaacutelise
foi realizada no laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de Raio-X do Instituto de Geociecircncias da
Universidade Federal do Paraacute (UFPA) atraveacutes dos meacutetodos do poacute total e em lacircminas de
argilas orientadas O difratocircmetro utilizado foi o XrsquoPert MPD-PRO PANalytical equipado
com acircnodo de Cu (λ=15406) com a finalidade de identificar as assembleacuteias minerais de cada
rocha O software XrsquoPert HighScore Plus auxiliou na identificaccedilatildeo dos minerais atraveacutes da
compraccedilatildeo dos resultados obtidos com as fichas do banco de dados do International Center
on Diffraction Data (ICDD)
13
CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO
A Bacia do Parnaiacuteba estaacute inserida na Proviacutencia Parnaiacuteba e abrange uma aacuterea total de
668858 kmsup2 com depocentro que atinge cerca de 3500 m e embasamento continental
fortemente estruturado representado por rochas formadas ou retrabalhadas no Ciclo
Brasiliano (Cunha 1986 Goacutees amp Feijoacute 199 Milani amp Zalaacuten 1999 Vaz et al 2007) Ainda
tomografias realizadas na aacuterea desta bacia intracratocircnica indicam uma listosfera com
espessura entre 150 e 180 km (McKenzie amp Priestley 2016) A Proviacutencia Parnaiacuteba coincide
com a denominaccedilatildeo proposta por Goacutees (1995) de Proviacutencia Sedimentar do Meio-Norte
proposta esta que foi pautada na compreensatildeo tectono-sedimentar e na evoluccedilatildeo policiacuteclica da
bacia que favorecem a delimitaccedilatildeo de bacias diferentes
A Proviacutencia do Parnaiacuteba desenvolveu-se acima de um substrato composto por rochas
metamoacuterficas advindas de processos tectonomagmaacuteticos relacionadas ao Estaacutedio de
Estabilizaccedilatildeo da Plataforma Sul-Americana (Almeida amp Carneiro 2004) que agiram ateacute o
Mesoproterozoacuteico onde instalaram-se grabens preenchidos no Neoproterozoacuteico (Formaccedilatildeo
Riachatildeo) e Cambro-Ordoviciano (Formaccedilatildeo Mirador) (Goacutees et al 1992) Segundo Daly et al
(2014) o embasamento desta bacia eacute composto por trecircs unidades crustais A Proviacutencia
Borborema ao leste o Bloco Parnaiacuteba ao centro o cinturatildeo Araguaia e o Craacuteton Amazocircnico
ao oeste A natureza da sedimentaccedilatildeo da Bacia do Parnaiacuteba eacute principalmente siliciclaacutestica
com ocorrecircncias de calcaacuterio anidrita e siacutelex aleacutem de rochas magmaacuteticas
A regiatildeo da Proviacutencia do Parnaiacuteba eacute limitada ao norte pelo Arco Ferrer-Urbano ao
leste pela Falha de Tauaacute a sudeste pelo lineamento Senador Pompeu a oeste pelo
Lineamento Tocantins-Araguaia e a noroeste pelo Arco Capim As principais feiccedilotildees morfo-
estruturais que a compartimentam satildeo a Estrutura Xambioaacute o Arqueamento do Alto Parnaiacuteba
o Lineamento Transbrasiliano o Lineamento Rio Parnaiacuteba o Lineamento Rio Grajauacute e o
sistema de lineamentos orientados com direccedilatildeo NW-SE (Figura 5 Goacutees 1990) Segundo Vaz
et al (2007) as principais estruturas da bacia os lineamentos Picos Santa-Inecircs Marajoacute-
Parnaiacuteba e o Lineamento Transbrasiliano (mais proeminente na bacia) foram importantes nos
estaacutegios iniciais da bacia e durante sua evoluccedilatildeo em funccedilatildeo do direcionamento dos eixos
deposicionais na bacia
14
Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil Fonte (Silva et al
2003 modificado de Goacutees 1995)
Goacutees amp Feijoacute (1994) dividiram a Bacia do Parnaiacuteba em cinco sequecircncias principais
de segunda ordem representadas por grupos correlacionaacuteveis a ciclos tectocircnicos de caraacuteter
global (Goacutees et al 1992) Satildeo elas Sequecircncia Siluriana (Grupo Serra Grande) Sequecircncia
Devoniana (Grupo Canindeacute) Sequecircncia Carboniacutefero-Triaacutessica (Grupo Balsas) Sequecircncia
Juraacutessica (Grupo Mearim) e Sequecircncia Cretaacutecea (Formaccedilotildees Grajauacute Codoacute e Itapecuru) Vaz
et al (2007) sugeriram a compartimentaccedilatildeo desta Bacia em cinco supersequecircncias
delimitadas por discordacircncias regionais oriundas de flutuaccedilotildees dos niacuteveis eustaacuteticos dos
mares do Eopaleozoico poreacutem adotaremos a proposta de Goacutees amp Feijoacute (1994)
31 GRUPO CANINDEacute
O Grupo Canindeacute agrupava inicialmente as formaccedilotildees Pimenteiras Cabeccedilas e
Longaacute Posteriormente Caputo amp Lima (1984) adicionaram a Formaccedilatildeo Itaim e Goacutees et al
(1992) incluiacuteram a Formaccedilatildeo Poti ao grupo
15
Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o intervalo do final do
Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute 1994)
A Formaccedilatildeo Itaim eacute caracterizada por arenitos finos a meacutedios e folhelhos
bioturbados formados em ambientes deltaicos e plataformais dominados por processos de
mareacute e tempestade (Della Faacutevera 1990 Goacutees amp Feijoacute 1994) A Formaccedilatildeo Pimenteiras eacute
composta por folhelhos negros bioturbados e localmente intercalados com arenitos e siltitos
que registram ambiente plataformal raso dominado por tempestades (Della Faacutevera 1990) A
Formaccedilatildeo Cabeccedilas eacute caracterizada por arenitos finos a grossos localmente intercalados com
folhelhos ou deformados e tilitos Estes depoacutesitos registram ambientes deltaicos e
plataformais influenciados por tempestades aleacutem de ambientes glaciais a periglaciais
(Barbosa et al 2015 Caputo 1984 Della Faacutevera 1990 Ponciano amp Della Faacutevera 2009) A
Formaccedilatildeo Longaacute eacute composta principalmente por folhelhos e siltitos bioturbados com raras
lentes de arenitos que registram ambientes plataformais dominados por tempestades (Caputo
1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Lobato amp Borghi 2014 Rodrigues 2003)
A atividade magmaacutetica na Bacia do Parnaiacuteba possui trecircs fases A primeira no
Cambro-Ordoviciano precede a formaccedilatildeo da bacia caracterizada por granitos e vulcacircnicas do
Jaibaras (Oliveira amp Mohriak 2003 apud Daly et al 2018) No entanto Cerri et al (2020)
discorda desta hipoacutetese sugerindo que durante o intervalo de erosatildeonatildeo deposiccedilatildeo entre o
fim da Bacia do Jaibaras e o iniacutecio da Bacia do Parnaiacuteba ocorreu um ciclo completo de
erosatildeo mudanccedilas nos sistemas deposicionais e modificaccedilotildees em todas as aacutereas fontes
Portanto sinais de proveniecircncia revelam que natildeo existe relaccedilatildeo de causa e efeito entre a
deposiccedilatildeo do rift do Jaibaras e das sequecircncias do Parnaiacuteba (Cerri et al 2020)A segunda e
terceira fase ocorrem apoacutes o estabelecimento da bacia no Mesozoico representada pela
16
Formaccedilatildeo Mosquito e no Cretaacuteceo pela Formaccedilatildeo Sardinha (Daly et al 2018 Vaz et al
2007) Estas duas uacuteltimas tecircm sua origem dada pelo estabelecimento de um novo estaacutedio
tectocircnico ativo no Brasil apoacutes a ruptura do Pangea que levaria a abertura do Oceano
Atlacircntico com surgimento de fraturas eventos distensionais remobilizaccedilatildeo de antigas falhas e
intenso magmatismo baacutesico (Almeida amp Carneiro 2004 Vaz et al 2007 Zalaacuten 2004)
32 FORMACcedilAtildeO POTI
A denominaccedilatildeo Poti foi primeiramente proposta por Paiva (1937) para depoacutesitos
siliciclaacutesticos que ocorriam entre as profundidades 219-566m do poccedilo 125 do DNPM
perfurado proacuteximo a cidade de Teresina Piauiacute Campbell (1949) restringiu a Formaccedilatildeo Poti
ao intervalo 219-423m do mesmo poccedilo determinando uma espessura de 204 metros para esta
formaccedilatildeo Conforme mapas de isoacutepacas a Formaccedilatildeo Poti possui espessura maacutexima de 300
metros (Caputo 1984 Cunha 1986 Goacutees 1995)
Litologicamente eacute caracterizada pela predominacircncia de arenitos finos a meacutedios
intercalados subordinamente com siltitos e folhelhos (Lima amp Leite 1978 Ribeiro 2000)
depositados em ambientes fluacutevios-deltaacuteicos com accedilatildeo de tempestade e mareacute (Goeacutes 1995
Ribeiro 2000 Schobbenhaus et al 1984) Diamictitos dropstones e arenitos com
deformaccedilotildees sin-sedimentares descritos em afloramentos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem na
porccedilatildeo oeste e sudeste da bacia foram interpretados como registro de depoacutesitos fluacutevio-
glaciais a periglaciais (Andrade 1972 Caputo 1985 Caputo et al 2006 ab Caputo et al
2008 Della Faacutevera amp Uliana 1979)
O contato entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti eacute geralmente descrito como concordante
podendo ser localmente gradacional e litologicamente brusco (Lima amp Leite 1978) Caputo
(1984) descreve este contato como de caraacuteter concordante na porccedilatildeo central da bacia e
discordante nas bordas Goacutees (1995) interpreta o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti como
pertencentes a uma uacutenica sequecircncia deposicional composta por depoacutesitos deltaicoestuarinos
plataformal litoracircneos e fluvial em um sistema regressivo de costa progradante Na borda leste
da bacia Lobato amp Borghi (2007 2014) descrevem o limite entre estas formaccedilotildees como uma
superfiacutecie discordante erosiva interpretada como o limite de sequecircncia de 3ᵃ ordem Dessa
forma a discordacircncia de caraacuteter regional entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti descrita por Vaz et
al (2007) estaria restrita as bordas da bacia
Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram trecircs sistemas deposicionais para a base
da Formaccedilatildeo Poti marinho deltaico dominado por onda e fluacutevio-deltaico Segundo estes
17
autores estes sistemas se implantaram apoacutes a discordacircncia que separa a Formaccedilatildeo Poti da
Formaccedilatildeo Longaacute e retratam um ciclo transgressivo-regressivo poacutes-glacial pontuado por
novos episoacutedios de regressatildeo forccedilada Segundo Mabesoone amp Neumann (2005) movimentos
tectocircnicos leves durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos da Formaccedilatildeo Longaacute causaram pequenos
avanccedilos do mar que resultaram na deposiccedilatildeo de areias litoracircneas na porccedilatildeo inferior da
Formaccedilatildeo Poti (Struniano-Viseano) Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram a superfiacutecie
discordante como tectocircnica produto de um rebound isostaacutetico enquanto que as superfiacutecies de
regressatildeo forccedilada que limitam as sequecircncias de menor ordem seriam em parte glaacutecio-
eustaacuteticas Esta superfiacutecie discordante envolve um hiato deposicional entre Tournaisiano
Superior e o Viseano Inferior (Melo amp Loboziak 2000) Apoacutes este periacuteodo no iniacutecio do
Carboniacutefero Superior o mar se retirou rapidamente da aacuterea quando um novo episoacutedio de
soerguimento teve iniacutecio (Mabesoone amp Neumann 2005) Este episoacutedio foi marcado pelo
recuo da linha de costa e expocircs a planiacutecie costeira que foi retrabalhada pelos rios (Mabesoone
amp Neumann 2005) Assim a porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti eacute marcada por depoacutesitos de
planiacutecie aluvial (Mabesoone amp Neumann 2005)
Paiva (2018) descreve sistemas deposicionais marinho raso estuarinodeltaico
dominados por mareacute aluvial e deseacutertico organizados em oito sequecircncias deposicionais A
primeira sequecircncia seria uma transiccedilatildeo formacional LongaacutePoti separando depoacutesitos
plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute por rochas de shoreface e offshore do sistema marinho raso
da Formaccedilatildeo Poti Em sequecircncia identificou seis sequecircncias de alta frequecircncia (de 2ordf e 3ordf
ordem) marcada pela mudanccedila abrupta de faacutecies de sistemas fluacutevio estuarinos a fluacutevio-
deseacutertico com a Formaccedilatildeo Piauiacute ao topo Arauacutejo (2018) verificou a existecircncia dos mesmos
sistemas deposicionais agrupados em seis sequecircncias deposicionais onde os reservatoacuterios de
melhor qualidade diante da anaacutelise de poccedilo seriam os arenitos de shoreface frente deltaica
influenciada por mareacute barras de canais fluacutevio-estuarinos porccedilotildees centrais de barras arenosas
de mareacute e wadis
A presenccedila de uma macroflora terrestre e a ausecircncia de palinomorfos marinhos
sugere ambientes transicionais e continentais para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem
na porccedilatildeo oeste da bacia (Iannuzzi amp Pfefferkorn 2002 Melo amp Loboziak 2000) Nas porccedilotildees
leste e central da bacia a ocorrecircncia de Edmondia um bivalve marinho indica breves
incursotildees marinhas (Kegel 1954) Os dados de palinologia e paleobotacircnica tambeacutem sugerem
paleoclima temperado para a Formaccedilatildeo Poti (Iannuzi 1994) considerando que jaacute no final da
deposiccedilatildeo desta unidade existiriam condiccedilotildees de alta taxa de evaporaccedilatildeo com clima ainda
18
mais seco poreacutem razoavelmente frio tornando-se cada vez mais semi-aacuteridas no Pensilvaniano
da Formaccedilatildeo Piauiacute (Goeacutes 1995) Tal paleoclima confere com o encontrado na Formaccedilatildeo Faro
Bacia do Amazonas (Amadou amp Truckenbrodt 1992)
De acordo com estudos palinoloacutegicos (Daemon 1974 Loboziak et al1992) foi
definida idade eocarboniacutefera entre o Tournaisiano e o Viseano para esta formaccedilatildeo sendo
posteriormente sugerido a idade Viseano tardio (Iannuzzi et al 2003 Melo amp Loboziak 2000)
e ratificado por novos dados palinoloacutegicos de subsuperfiacutecie de Pasquo amp Ianuzzi (2014) A
macrofauna estudada por Iannuzzi amp Pfefferkorn (2002) dominada por pteridospermas aleacutem
de licopsiacutedeos arboacutereos e esfenopsiacutedeos apontam idade entre o Viseano Superior e o
Serpukhoviano Inferior Eacute importante salientar que a presenccedila de Cordyosporites
magnidictyus (Daemon 1974) assim como miosporos de Indotriaradites dolianitii satildeo
comuns na Formaccedilatildeo Poti representando bons marcadores estratigraacuteficos para o Viseano em
bacias do nordeste brasileiro podendo ser correlacionada com a Formaccedilatildeo Faro (Melo amp
Loboziak 2018)
19
CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES
A sucessatildeo sedimentar aflorante na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do
Piauiacute eacute constituiacuteda pelas formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute e expotildee-se ao longo de drenagens
secas como os riachos Muqueacutem e Saco em cortes de estradas e proacuteximo da Barragem Salinas
Os depoacutesitos alcanccedilam ateacute 28 m de espessura sendo extensos por dezenas de metros em
algumas localidades com acamamentos contiacutenuos lateralmente por ateacute 50 m evidenciados
pela geometria sigmoidal e tabular das camadas Foram descritas 15 faacutecies sedimentares
(Tabela 2) em 9 seccedilotildees colunares (Figura 7) organizadas em trecircs associaccedilotildees de faacutecies
fluvial (AF1) frente deltaica (AF2) e plataforma de mareacute e onda (AF3)
41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO
A associaccedilatildeo de faacutecies 1 representa a porccedilatildeo basal da Formaccedilatildeo Poti e aflora ao longo
do riacho do Muqueacutem (Baratildeo do Grajauacute) agraves margens da rodovia BR-230 e nas proximidades
da cidade de Floriano em cotas entre 120 e 178 m Estes depoacutesitos consistem em complexos
de arenitos amalgamados extensos por aproximadamente 50 m em sucessotildees com ateacute 4 m de
espessura em contato erosivo com a Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 8A) A AF1 compreende as
faacutecies folhelho com laminaccedilatildeo planar (Fl) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela (App)
arenito com estratificaccedilotildees cruzadas de baixo acircngulo (Aba) acanalada (Aca) planar (Acp)
tabular (Atb) e tangencial (Atg) e arenito maciccedilo (Am)
Os depoacutesitos fluviais satildeo constituiacutedos por arenitos micaacuteceos com estratificaccedilotildees
cruzada acanalada tabular tangencial e de baixo acircngulo Estas rochas apresentam
granulometria areia meacutedia a grossa composta por gratildeos de quartzo monocristalino (92) com
extinccedilatildeo ondulante moderada a forte quartzo policristalino plagioclaacutesio (4) feldspatos
indiferenciados muscovita contorcidas (lt1) e cutiacuteculas de argila (3) localmente Os
constituintes siliciclaacutesticos satildeo subarredondados a arredondados muito bem selecionados
orientaccedilatildeo preferencial marcada pela muscovita e feldspatos O arcabouccedilo da rocha eacute
sustentado por gratildeos com contatos pontuais em sua maioria cocircncavo-convexos e retos e
ainda porosidade intergranular Os feldspatos comumente estatildeo alterados para argilominerais
Os argilominerais identificados atraveacutes da DRX na amostra de folhelho (A8) foram
esmectitas ilita e caulinita
20
Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute
21
Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti
Faacutecies Descriccedilatildeo Interpretaccedilatildeo
Folhelho com laminaccedilatildeo (Fl) Folhelho de cor cinza-escuro apresentando fissilidade Deposiccedilatildeo de sedimentos por meio de decantaccedilatildeo
em condiccedilotildees de baixa energia
Arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela
(Alp)
Arenito amarelo-claro gratildeos de areia fina a muito fina subarredondados bem selecionados estratificaccedilatildeo plano-paralela e
continuidade lateral
Deposiccedilatildeo de sedimentos em regime de fluxo
superior atraveacutes de fluxo unidirecional trativo
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada de
baixo acircngulo (Aba)
Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados estratificaccedilatildeo
cruzada de baixo acircngulo e lateralmente contiacutenua por 5 metros
Agradaccedilatildeo e migraccedilatildeo de formas de leito
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
acanalada (Aca)
Arenito amarelo-claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada
acanalada
Migraccedilatildeo de formas de leito 3D em regime de fluxo
inferior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
planar (Acp)
Arenito amarelo-claro a escuro com gratildeo de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e
estratificaccedilatildeo plano-paralela com continuidade lateral que chegam a cruzar no bottom set
Relacionado agrave forma de leito plano em regime de
fluxo superior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
tabular (Atb)
Arenito cinza- claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados bem selecionados com estratificaccedilatildeo cruzada
tabular e geometria tabular
Migraccedilatildeo de forma de leito 2D sob fluxo
unidirecional e regime de fluxo inferior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
tangencial (Atg)
Arenito cinza-claro com grabulometria meacutedia a grossa subarredondados a arredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada
tangencial que por vezes apresenta foresets com clastos tamanho seixo de quartzo e argila
Migraccedilatildeo e agradaccedilatildeo de formas de leito 2D por
fluxo unidirecional e regime de fluxo inferior
Transporte por traccedilatildeo
Arenito com laminaccedilatildeo ondulada (Alo)
Arenito amarelo-claro de gratildeos muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados com laminaccedilatildeo ondulada
gradando lateralmente para plano-paralela
Deposiccedilatildeo de sedimentos por traccedilatildeo em regime de
fluxo oscilatoacuterio com migraccedilatildeo de formas de leito
onduladas de pequeno porte oriunda da accedilatildeo de
ondas ou correntes
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
sigmoidal (As)
Arenito amarel- claro com gratildeos de areia fina a meacutedia gratildeos subarredondados moderadamente selecionados micaacuteceos exibindo
estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
Migraccedilatildeo formas de leito de meacutedio porte Transiccedilatildeo
entre regime de fluxo inferior e superior em
condiccedilotildees de alta taxa de sedimentaccedilatildeo
Argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela
(Ap)
Argilito de cor cinza-escuro lateralmente contiacutenuas lenticulares com laminaccedilatildeo plano paralela alternando com arenitos gerando
acamamento heteroliacutetico linsen wavy e flaser da base para o topo
Deposiccedilatildeo por decantaccedilatildeo em condiccedilotildees de baixa
energia O acamamento heteroliacutetico estaacute relacionado
a alternacircncia de processos de decantaccedilatildeo de
sedimentos finos e migraccedilatildeo de formas de leito em
um regime de fluxo inferior
Arenito com laminaccedilatildeo cruzada
cavalgante (Alc)
Arenitos com cores amarelo e vermelho com gratildeos de areia muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados
exibindo laminaccedilatildeo cruzada cavalgante com mud drapes nos foresets em ciclos caracterizando tidal bundles Ocorre ainda escape de
fluidos deformaccedilatildeo convoluta no topo da camada estruturas de ball and pillow e pinch and swell Na AF3 localmente gradam para
laminaccedilatildeo sigmoidal
Deposiccedilatildeo de areias por meio de traccedilatildeo e suspensatildeo
com desaceleraccedilatildeo de fluxo associada agrave migraccedilatildeo de
marcas onduladas com crista sinuosa de pequeno
porte As deformaccedilotildees estatildeo relacionadas a
reorganizaccedilatildeo hidroplaacutestica das camadas adjacentes
em funccedilatildeo da diferenccedila de densidade
Arenito maciccedilo (Am) Arenitos amarelo com gratildeos de areia muito finos a meacutedios subangulosos a arredondados (AF1) bem selecionados a muito bem
selecionados com continuidade lateral ausente de estruturas e acamamento maciccedilo Localmente ocorrem escape de fluidos e
acamamentos convolutos
Deposiccedilatildeo raacutepida em condiccedilotildees energeacuteticas
moderada a alta e localmente sobrecarga ou escape
de fluiacutedos
Arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela
(App)
Arenito amarelo-escuro com gratildeos de areia meacutedia a grossa subarredondados a arredondados estratificaccedilatildeo plano-paralela e contiacutenuas
lateralmente
Sedimentos depositados em regime de fluxo superior
atraveacutes de fluxo unidirecional trativo
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
hummocky (Ah)
Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia fino subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada hummocky apresentando
laminaccedilotildees internas onduladas com truncamento Possuem 15 cm de espessura e 120 m de amplitude gradando lateralmente para
estratificaccedilatildeo cruzada swaley
Deposiccedilatildeo em condiccedilotildees de alta energia por meio de
correntes trativas sob accedilatildeo de fluxo combinado durante
accedilatildeo de ondas de tempestade
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
swaley (Aes)
Arenito amarelo-claro com gratildeos finos subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada swaley Accedilatildeo de ondas de tempestade com accedilatildeo de processos
erosivos
22
As estratificaccedilotildees satildeo de meacutedio a grande porte com a faacutecies arenito com
estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (Atg) apresentando clastos de quartzo e argila em tamanhos
entre 1 cm e 45 cm nos foresets (Figura 8B) Arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada de baixo
acircngulo (Aba) tendem a gradar lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela
(App) Estratos com estratificaccedilatildeo cruzada tabular (Atb) apresentam segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica (Figura 8C) As paleocorrentes medidas nos foresets de estratificaccedilotildees
cruzadas indicam orientaccedilatildeo preferencial para NW Camadas de folhelho cinza-escuro (faacutecies
Fl) com espessura de 10 cm ocorrem como lentes entre arenitos com estratificaccedilatildeo plano-
paralela e estratificaccedilatildeo cruzada tangencial e tabular
Sete elementos arquiteturais internos de canal fluvial (Tabela 3) foram identificados
para estes depoacutesitos baseados na anaacutelise bi e tridimensional dos afloramentos referentes a
AF1 bem como na granulometria de gratildeos composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e
principalmente geometria (Miall 1985 1988 1996) Satildeo eles elemento de acreccedilatildeo frontal
(AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de
preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL)
As extensas exposiccedilotildees descritas mostram unidades de litofaacutecies intercalados e
superpostos entre si formando formas de barras complexas O litossoma de acreccedilatildeo frontal
(AF) satildeo corpos arenosos com espessura entre 2 e 4 m e 30 m de extensatildeo limitado por
superfiacutecie de 4ordf ordem (Figura 8D) As litofaacutecies caracteriacutesticas satildeo Arenito com
estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e
tangencial (Atg) limitados por sets de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies limitantes apresentam
mergulhos entre 337deg e 360deg para NW denotando mesma direccedilatildeo das superfiacutecies limitantes
com os estratos cruzados
O elemento acreccedilatildeo lateral (AL) ocorre limitado por superfiacutecies de 4ordf ordem com
espessura meacutedia de 3 m e 15 m de extensatildeo composto por conjuntos de sets com superfiacutecies
de 1ordf e 2ordf ordem inclinadas com direccedilotildees entre 349deg a 40deg para NW e estratos cruzados
limitados por elas com mergulho para SE (Figura 9A e 9B) Para diferenciar este elemento
arquitetural de AF visto que ocorrem de outras formas muito similares foi considerada a
direccedilatildeo de mergulho entre as superfiacutecies limiacutetrofes de 1ordf e 2ordf ordem e os estratos cruzados
Allen (1965 1970) e Miall (1985 1996 2006) citam que a principal forma de diferenciar os
elementos AF e AL estaacute baseada na diferenccedila de orientaccedilatildeo entre as superfiacutecies de acreccedilatildeo e
os estratos cruzados O elemento AL tem geometria e composiccedilatildeo variaacutevel dependendo da
geometria do canal e da carga sedimentar este elemento eacute menos proeminente em rios
23
entrelaccedilados As litofaacutecies que representam este elemento satildeo Arenito com estratificaccedilotildees
cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) baixo acircngulo (Aba) tabular (Atb) tangencial (Atg) e
estratificaccedilatildeo plano-paralela Depoacutesitos de areia meacutedia ou areia grossa apresentam uma
grande variedade de litofaacutecies refletindo formas de leito vigorosas e progradaccedilatildeo de barras
Acamamentos com este elemento AL satildeo complexos e podem esconder a geometria acrescida
lateralmente subjacente (Miall 1985 2006)
Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Longaacute
sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7 conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e
Fig7) B Clastos de argila e quartzo nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo frontal (AF) com concordacircncia
da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta
porccedilatildeo do canal (P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 2
24
A arquitetura de canal (CH) tem forma cocircncava e eacute limitada por superfiacutecies (por
vezes erosivas) de vaacuterias ordens (1ordf 2ordf 3ordf e 4ordf ordem) em diversas escalas chegando a mais
extensa a atingir 105 metros de extensatildeo por 22 metros de altura Trecircs elementos de canal
limitados por superfiacutecies de 4ordf foram descritos e individualizados de acordo com sua
granulometria estruturas sedimentares e configuraccedilatildeo externa (Figuras 9B e 10) Canais
migrantes (CHm) canais de preenchimento (CHp) e canais alternantes (CHa) As principais
litofaacutecies satildeo a estratificaccedilatildeo cruzada acanalada (Aca) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp)
Os canais satildeo componentes comuns em vaacuterios estilos de sistemas fluviais e ocorrem tanto
com geometria assimeacutetrica quanto simeacutetrica nos afloramentos da Formaccedilatildeo Poti
Os canais migrantes (CHm) satildeo constituiacutedos por areia meacutedia a grossa com
estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de larga escala e cruzada planar com geometria assimeacutetrica
(Figura 10) relacionada a migraccedilatildeo lateral e erodida pelo elemento sobreposto limitada por
superfiacutecies de 2ordf e 4ordf ordem As estruturas sedimentares juntamente com a escala do canal
sugerem energia moderada O elemento de canal alternante (CHa) possui granulometria meacutedia
a grossa em arenitos com estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) e planar (Acp) limitados
por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies basais satildeo relativamente simeacutetricas composta
por formas de leito multilaterais por vezes erodindo o adjacente resultante de fluxos
alternados O elemento de canal de preenchimento (CHp) conteacutem arenitos meacutedios a grossos
com menos estratos cruzados que os elementos de canal anteriores Eacute limitado em sua base
por superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem com extensatildeo de 131 m e 190 m preenchimento
concecircntrico (Gibling 2006) e arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada na base passando
para cruzada planar ao topo e localmente arenito maciccedilo sendo interpretado como
preenchimento de um canal menor interno ao cinturatildeo de canais (Miall 1988)
As formas de leito arenosas (FA) tem forma de lenccediloacuteis com dimensotildees que
compreendem 36 m de altura por 9 m de extensatildeo (Figura 9A) limitados por superfiacutecies de
4ordf ordem Eacute divido por sets por vezes amalgamados que conteacutem as litofaacutecies arenito com
estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e
tangencial (Atg) separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem suavemente inclinadas no sentido
para NW gradando lateralmente para o elemento AL As formas de leito arenosas (FA) satildeo
interpretadas como elemento interno ao canal fluvial oriunda da migraccedilatildeo e cavalgamento de
dunas subaquaacuteticas em partes mais rasas do canal (Miall 1996 2006)
Os lenccediloacuteis de areia laminados (LL) tem geometria em lenccedilol (Figura 9B) com
espessura 175 m e 30 m de extensatildeo com arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela (App)
25
gradando lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) Esta unidade
arquitetural eacute limitada acima por uma superfiacutecie de 4ordf ordem interpretada como produto de
deposiccedilatildeo arenosa de enchentes em condiccedilotildees de regime de fluxo superior em leito plano
(Miall 1977 1984b Tunbridge 1981 1984 Sneh 1983 apud Miall 2006) A gradaccedilatildeo de
arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela (App) para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar
(Acp) estaacute relacionada ainda com a diminuiccedilatildeo das condiccedilotildees de fluxo no fim do evento de
enchentes
Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de Baratildeo do Grajaacuteu
26
Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar e
baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes dos estratos
cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram identificados Lenccediloacuteis
de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo contiacutenuo lateralmente por aproximadamente
30 metros limitado acima por superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de
acreccedilatildeo lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem
27
Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti (P1) Canal de
preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo
(CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma
relativamente simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo
411 Interpretaccedilatildeo
Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF1 apresentam dominacircncia de arenitos com
estratificaccedilotildees cruzada tabular acanalada e de baixo acircngulo com ocorrecircncia subordinada de
lentes descontiacutenuas de pelitos As camadas de arenitos exibem geometria geralmente tabular e
um padratildeo de granodecrescecircncia ascendente Segundo a classificaccedilatildeo proposta de Miall
(1977) estes depoacutesitos satildeo caracteriacutesticos de rios do tipo entrelaccedilado (Figura 11) os quais
apresentam canais largos baixa sinuosidade com um ou mais canais sendo favorecido pela
presenccedila de carga de fundo com granulaccedilatildeo grossa grande variabilidade na descarga e
facilidade de erosatildeo das margens (Miall 1981) O acuacutemulo da carga de fundo propicia a
formaccedilatildeo de barras arenosas que obstruem a corrente e a ramificam com aumento do
suprimento detriacutetico (Miall 1981) A formaccedilatildeo de rios entrelaccedilados tambeacutem eacute relacionada a
condiccedilotildees climaacuteticas e a presenccedila de vegetaccedilatildeo (Kasse e al 2005 Miall 1981 Piegay et al
2009) Em condiccedilotildees climaacuteticas mais uacutemidas o niacutevel do lenccedilol freaacutetico mais proacuteximo agrave
superfiacutecie contribui para sedimentaccedilatildeo mais prolongada ao contraacuterio de regiotildees aacuteridas onde
28
o lenccedilol freaacutetico mais profundo resulta em sedimentaccedilatildeo limitada a chuvas torrenciais (Miall
1991)
O modelo de rio entrelaccedilado do tipo Saskatchewan Sul proposto por Miall (1977) eacute o
que mais se assemelha aos depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti Este modelo fluvial consoante
com as caracteriacutesticas litoloacutegicas e arquiteturais condiz com um fluvial entrelaccedilado
relativamente profundo perene com baixa sinuosidade (modelo 10 de Miall 1985 2006) Este
modelo ocorre em rios entrelaccedilados com canais ativos e ciclos dominados por sedimentaccedilatildeo
arenosa (Miall 1981) O fluvial entrelaccedilado eacute marcado pela existecircncia de macroformas com
geometrias de acreccedilatildeo (AF e AL) geralmente limitadas por superfiacutecies de 4ordf ordem diferente
de rios com acamamentos tabulares tiacutepicos de entrelaccedilados rasos (Miall 1985 2006) e baixa
ocorrecircncia de depoacutesitos de overbank devido ao baixo potencial de preservaccedilatildeo em virtude da
instabilidade do canal (Miall 1988 2006) O elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) eacute comum em
rios entrelaccedilados bem como canais secundaacuterios (Brierley 1996) Ambos litossomas de
acreccedilatildeo frontal (AF) e acreccedilatildeo lateral (AL) podem ocorrer em diferentes partes da mesma
barra complexa
No elemento de canais (CHm) a geometria assimeacutetrica da migraccedilatildeo de canais estaacute
relacionada a migraccedilatildeo lateral de acamamentos unidirecionais (Cant amp Walker 1978) A
migraccedilatildeo destes acamamentos foi desenvolvida proacutexima a barras compostas (compound bars)
com relativa alta sinuosidade no flanco do canal (Miall 1988) Nos elementos CHa e CHp a
presenccedila de granulometria meacutedia a grossa arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de
meacutedio a grande porte e o empilhamento das formas de leito sugerem fluxos de alta
velocidade (Li et al 2015) No caso dos afloramentos estudados na Formaccedilatildeo Poti ocorrem
complexos de preenchimento de canais formados pelas migraccedilotildees laterais de canais
As litofaacutecies do elemento de Lenccediloacuteis Laminados (LL) arenito com laminaccedilatildeo
horizontal (App) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) tipicamente indicam fluxo de regime
superior que caracterizam rios que satildeo submetidos a descargas sedimentares sazonais em
fluxos superficiais em rios entrelaccedilados (Miall 1988)
A faacutecies de granulometria fina como Fl forma-se nos canais no periacuteodo de mais
baixa energia quando a descarga diminuiu Estas faacutecies podem se desenvolver ainda
relacionadas agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo de canais fluviais entrelaccedilados em periacuteodo de descarga
elevada (Smith 1970) As medidas de paleocorrentes dominantes para NW estatildeo condizentes
29
com os trabalhos de Goacutees (1994) e Lima amp Leite (1978) que indicam aacutereas fontes para SE
(Figura 9)
As evidecircncias de paleocorrentes indicam que as direccedilotildees principais de fluxo em
elementos arquiteturais individuais variam entre 214deg e 32deg azimute Quatro dos sete
elementos apresentam medidas com orientaccedilotildees principais tendo 20deg do principal azimute
total Com um caacutelculo de 29 leituras no afloramento da Formaccedilatildeo Poti obteve-se uma meacutedia
de 324deg azimute com magnitude de vetor em 95 As medidas de dip direction das
superfiacutecies limitantes de 1deg a 4deg ordem mostram uma tendecircncia similar entre 290deg e 39deg o que
pode ser interpretado como ambiente fluvial de baixa sinuosidade
Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos afloramentos da
Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior dos canais enquanto que as arquiteturas AF e
AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por
avulsotildees de canais ativos
42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA
A associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica da Formaccedilatildeo Poti ocorre sobreposta aos
depoacutesitos fluviais entrelaccedilados (AF1) e aos folhelhos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura
12) Estatildeo expostas em cortes de estrada e ao longo de leito de rios intermitentes as margens
da rodovia BR-230 bem como na Barragem SalinasPI nos municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e
de Nazareacute do Piauiacute A AF2 tem 19 m de espessura com camadas lateralmente contiacutenuas por
centenas de metros exibindo geometria tabular e sigmoidal Tanto o contato inferior com os
30
depoacutesitos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 12) e depoacutesitos fluviais (AF1) e superior com a
associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) tecircm caraacuteter abrupto (Figura 13A)
As principais faacutecies satildeo arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) arenito com
laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo
(Am)
Estas camadas estatildeo organizadas em ciclos de raseamento ascendente (1 a 3 m de
espessura) com arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Figura 13B) ondulada ou
maciccedilo em sua base e arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal no topo (Figuras 13 C)
Tais ciclos (Figura 14 A) exibem geometria lobada (Figura 13D) Arenitos maciccedilos ocorrem
em camadas tabulares e lobadas localmente exibindo acamamentos convolutos (Figura 14B-
C) Os arenitos satildeo classificados como subarcoacutesios com gratildeos entre areia fina a meacutedia
subangulosos a subarredondados e bem selecionados Os constituintes em geral satildeo quartzos
monocristalinos com extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (90) feldspatos indiferenciados
(5) plagioclaacutesio (3) microclina (1) muscovita deformada e cimento de oacutexido-
hidroacutexido de Fe (lt1) O arcabouccedilo da rocha eacute sustentado por gratildeos com contatos
predominantemente cocircncavo-convexos e mais raramente retos e pontuais com porosidade
intergranular Feldspatos comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade
intragranular Medidas de paleocorrentes nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
mostram paleocorrentes preferenciais para NW
Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente deltaica
(Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da
aacuterea de estudo P9)
31
Figura 13- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos depoacutesitos deltaicos
(AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
(Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees
convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido principal para NW D Geometria
lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos deltaicos nas aacutereas de estudo
32
Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) arenito com
estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos
deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem (P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria
lobada Floriano Piauiacute (P8)
421 Interpretaccedilatildeo
Deltas satildeo classificados principalmente em termos de granulometria dominante e da
importacircncia relativa de processos fluviais por onda e mareacute (Bhattacharya 2006 2010) Nesta
associaccedilatildeo de faacutecies natildeo houve exposiccedilatildeo de litofaacutecies indicativas de retrabalhamento por
mareacute sendo a maior influecircncia por correntes unidirecionais Faacutecies referentes agrave frente
deltaicas satildeo comumente depositadas em aacuteguas rasas e portanto recebem maior influecircncia de
processos gerados por ondas e correntes com depoacutesitos arenosos relativamente bem
selecionados (Bhattacharya amp Walker 1992 Nichols 2009)
33
As faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) laminaccedilotildees cruzada
cavalgante (Alc) laminaccedilatildeo ondulada (Alo) e maciccedilo (Am) estatildeo dispostas em camadas com
geometria sigmoidal que exibem ciclos de granocrescecircncia ascendente e espessamento para o
topo indicando depoacutesitos de frente deltaica (Bhattacharya amp Walker 1992 Della Faacutevera
2001) O raseamento ascendente e a granocrescecircncia ascendente satildeo caracteriacutesticas
importantes para a distinccedilatildeo de uma sucessatildeo deltaica (Nichols 2009) juntamente com a
geometria lobada
A predominacircncia de faacutecies de lobos sigmoidais como os da Formaccedilatildeo Poti sugere
semelhanccedila com a arquitetura de foresets e bottomsets dos deltas tipo Gilbert (Della Faacutevera
2001 Gobo et al 2015) Os foresets satildeo basicamente as faacutecies de arenito com estratificaccedilatildeo
cruzada sigmoidal que se desenvolve em lobos e tem sua gecircnese relacionada agrave raacutepida
desaceleraccedilatildeo do fluxo em condiccedilotildees homopicnais com progressivo aumento do aporte
sedimentar Sua deposiccedilatildeo ocorre proacutexima agrave desembocadura onde fluxos pouco densos
manteacutem parte dos sedimentos em suspensatildeo gerando uma geometria de lobos sigmoidais
(Della Faacutevera 1984 2001) Arenitos maciccedilos (Am) podem ser resultantes de processos
secundaacuterios como escape de aacutegua que obliteraram parcial ou completamente as estruturas
primaacuterias (Della Faacutevera 2001) Corroboram com esta interpretaccedilatildeo a presenccedila de porccedilotildees com
acamamento convoluto associado agraves camadas de arenito maciccedilo As faacutecies de bottomsets
arenitos com laminaccedilotildees cruzada cavalgante e laminaccedilatildeo ondulada indicam accedilatildeo de correntes
e ondas que retrabalham os sedimentos depositados na frente do delta e que satildeo recobertos
durante a progradaccedilatildeo do lobo deltaico Rodrigues (2003) descreveu a presenccedila de
estratificaccedilatildeo cruzada hummocky nos depoacutesitos deltaicos da Formaccedilatildeo Poti o que sugere que
a frente deltaica foi retrabalhada por tempestade
Faacutecies arenosas com presenccedila de estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais current ripples
unidirecionais e camadas maciccedilas em frente deltaicas podem indicar presenccedila de certo
domiacutenio fluvial (Bhattacharya amp Walker 1992) As camadas deformadas (Figura 14B-C)
observadas abaixo da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal tambeacutem sugerem
que houve um cisalhamento produzido por correntes sobre uma superfiacutecie onde a fricccedilatildeo de
arrasto pelo movimento da areia resultou em convoluccedilotildees (Tucker 2014)
Paleocorrentes da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal indicam que a
migraccedilatildeo de formas de leito nos depoacutesitos de frente deltaica possuiacuteam sentido principal para
NW Ciclos de camadas iniciadas pelas faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
que passam para as faacutecies arenito maciccedilo e com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal podem ser
interpretados como oriundos de desaceleraccedilatildeo de fluxo ao entrar em um corpo de aacutegua em
34
menor energia (granocrescecircncia ascendente) onde cada ciclo representa a progradaccedilatildeo de um
lobo deltaico individual com espessura diretamente relacionada agrave profundidade da lacircmina
drsquoaacutegua (Elliott 1986)
43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA
As exposiccedilotildees da associaccedilatildeo AF3 ocorrem ao longo de drenagens secas do Riacho do
Saco distante 6 km da rodovia BR-230 e em corte de estrada Compreende depoacutesitos de
arenitos finos e pelitos contiacutenuos lateralmente com geometria tabular e lenticular
respectivamente por vezes com camadas amalgamadas e acamamento ondulado com
espessura que varia de 6 a 20 m
A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) estaacute sotoposta aos
depoacutesitos referentes agrave AF2 (frente deltaacuteica) em contato abrupto (Figura 13A e 15A) e
sobreposta por depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta pelas faacutecies
argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela (Ap) arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc)
laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito maciccedilo (Am) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela
(App) arenito com estratificaccedilotildees cruzada hummocky (Ah) estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
(As) e estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Aes)
Na base desta associaccedilatildeo ocorrem camadas com intercalaccedilatildeo riacutetmica de lacircminas de
argilito (Ap) e arenitos muito finos (Alc Alo e App) formando acamamento heteroliacutetico com
padratildeo granocrescente ascendente com predomiacutenio do tipo linsen na base passando para
wavy e flaser em direccedilatildeo ao topo Esta ciclicidade tambeacutem eacute caracterizada por pares de
arenito e pelitos mais espessos seguidos por pares menos espessos (Figura 16C-D)
As faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada exibem acamamento ondulado no topo
com laminaccedilotildees truncadas por ondas com arranjo interno do tipo bundled upbulding e
chevron (Raaf et al 1977) que variam lateralmente para laminaccedilatildeo plano-paralela com
presenccedila de mud-drapes nos foresets superfiacutecies erosivas e paleocorrentes preferenciais para
NW
As laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes possuem laminaccedilotildees cocircncavo-convexas que se
truncam lateralmente assemelhando-se agrave micro- hummockies exibindo geometria pinch and
swell (Figura 15B) e pontualmente estruturas de escape (Figura 15C) Localmente no topo de
camadas observa-se deformaccedilatildeo convoluta Os arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
satildeo subarcoacutesios com gratildeos de areia muito fina a fina tais como quartzos monocristalinos com
35
extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (86) feldspatos indiferenciados (7) plagioclaacutesio
(5) microclina (1) muscovita deformada oacutexido-hidroacutexido de Fe (ambas lt1) e
localmente cimento de calcita Os gratildeos satildeo subangulosos a subarredondados e muito bem
selecionados A rocha eacute sustentada por gratildeos com contatos pontuais cocircncavo-convexo reto e
suturado exibem ainda gratildeos e micas orientados porosidade intergranular Feldspatos
comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade alveolar Os argilominerais
identificados na anaacutelise de DRX (laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes A1 e A3) foram
esmectitas (montmorilonita) vermiculita clorita ilita e caulinita
Arenito com acamamento heteroliacutetico eacute caracterizado por exibir laminaccedilotildees plano
paralela que passam lateralmente para laminaccedilatildeo ondulada com acamamentos do tipo linsen
wavy e flaser Localmente observa-se estruturas ball and pillow e escape de fluido (Figura
15D-E)
Arenitos finos com marcas onduladas simeacutetricas e assimeacutetricas exibem laminaccedilatildeo
cruzada por onda (Alo) a sigmoidais com tidal bundles nos foresets O comprimento de onda
das marcas onduladas varia de 4 a 8 cm e a altura de 2 a 7 cm Estas estruturas satildeo limitadas
por arenitos com laminaccedilatildeo ondulada paralela a sigmoidal com alternacircncia de pares de areia e
argila (Figura 16A-B) Localmente satildeo observadas variaccedilotildees na inclinaccedilatildeo dos foresets e
superfiacutecies de reativaccedilatildeo As tidal bundles satildeo caracterizadas por alternacircncias milimeacutetricas a
centimeacutetricas de areias e recobrimentos argilosos Estes pares exibem lateralmente espessuras
distintas de recobrimento argiloso formando pares ciacuteclicos ricos em argila seguidos de pares
ricos em areia
Os ritmitos de mareacute apresentam 120 pares de mareacute organizados em 3 ordens de
ciclicidade (Figura 16C-D) 1) os ciclos de primeira ordem satildeo caracterizados por pares de
lacircminas milimeacutetricas a centimeacutetricas de areia e argila que exibem current ripples e
bidirecionalidade dos foresets A deposiccedilatildeo do material mais fino ocorre atraveacutes de suspensatildeo
e ainda floculaccedilatildeo no periacuteodo de stillstand Este ciclo de menor ordem reflete a ciclicidade de
cheia e vazante (flood-ebb) 2) os ciclos de segunda ordem representam agrupamentos de
ciclos de primeira ordem individualizados pela espessura dos pares de areia e argila com cada
ciclo mostrando um aumento da espessura dos pares seguido por uma diminuiccedilatildeo da
espessura dos mesmos Assim haacute ciclos de segunda ordem espessos onde os arenitos exibem
espessura entre 07 cm e 43 cm e argilitos entre 04 a 10 cm Enquanto que outros ciclos
menos espessos de segunda ordem apresentam camadas de arenito entre 01 a 09 cm e de
argila entre 01 a 10 cm de espessura Cada ciclo pode chegar a aproximadamente 18 cm de
espessura e satildeo compostos por 12 a 15 pares de areia-argila 3) Os ciclos de terceira ordem
36
designam a maior ordem de ciclicidade nestes ritmitos com ciclos menos espessos (pares
mais finos) seguidos por ciclos mais espessos (com pares mais grossos) gerando uma
ciclicidade desigual em sucessivos ciclos de variaccedilatildeo vertical de espessura dos pares
Sobrepostos aos depoacutesitos ciacuteclicos de mareacute ocorrem faacutecies mais arenosas (Figura
17A-B) caracterizadas por arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada hummocky que variam
lateralmente para estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Figura 17C-D) As estratificaccedilotildees cruzadas
hummocky ocorrem em camadas tabulares contiacutenuas lateralmente com aproximadamente 20
cm de espessura por 80 de comprimento que exibem topo e base ondulada sendo possiacutevel
observar clastos orientados de argila subarredondados com dimensotildees entre 3 e 9 cm (Figura
17B-C) Dos trecircs tipos de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky descritas por Cheel amp Leckie
(1993) a do tipo scour-and-drape eacute a dominante visto que as superfiacutecies geradas por erosatildeo
ondulatoacuteria estatildeo presentes
A estratificaccedilatildeo cruzada swaley tem espessuras de 5 a 22 cm com dimensotildees entre 7
a 75 cm Esta estrutura comeccedila com uma superfiacutecie erosiva planar passando para ondulada
Internamente a laminaccedilatildeo ondulatoacuteria possui espessuras de 1 a 9 mm com inclinaccedilatildeo de
aproximadamente 15deg com onlap de baixo acircngulo em superfiacutecies erosivas A inclinaccedilatildeo das
laminaccedilotildees pode comeccedilar e terminar lateralmente acentuada formando uma geometria
cocircncava como pode perder a angulaccedilatildeo gradando para laminaccedilatildeo ondulada As faacutecies com
estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley satildeo sotopostas a camadas onduladas que
apresentam estruturas de mareacute e sobreposta por camadas onduladas
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal ocorrem em camadas geralmente
tabulares com ateacute 20 cm de espessura com base e topo suavemente ondulados e que se
adelgaccedilam lateralmente Localmente satildeo observados finos recobrimentos argilosos nos
foresets e dados paleocorrente indicam fluxos para NW
No topo destes depoacutesitos observam-se corpos com geometria de canal (Figura 17B)
Estes canais satildeo caracterizados por evidente migraccedilatildeo mergulho de 310deg compostos por
camadas amalgamadas de arenito fino com laminaccedilatildeo ondulada e plano-paralela que
acompanham a forma cocircncava do canal (preenchimento concecircntrico Gibling 2006) A
paleocorrente dominante deste ambiente estaacute para NW baseado na mediccedilatildeo de laminaccedilotildees
cruzadas cavalgantes Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominados por onda
e mareacute (AF3) de uma forma geral apresentam ciclos retrogradacionais com material argiloso
dominante na base influenciados principalmente por mareacute passando para mais arenoso ao
topo e maior inflencia por onda
37
Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato entre as
associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3 P4) B Arenito com laminaccedilatildeo
cruzada cavalgantes e ondulada com geometria pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em
arenito com microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and pillow (P3) E Escape
de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico (P5)
38
Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal bundles em laminaccedilatildeo
cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de argila (P4) B Wave generated tidal bundles com
acamamento ondulado e sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se ritmicidade
com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute com ciclos de 1a 2a e 3a ordem
superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e
quadratura (P5)
39
Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute (AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4)
B Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas
cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C Estratificaccedilatildeo
cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley
40
431 Interpretaccedilatildeo
Na associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) eacute evidente a
intercalaccedilatildeo regular entre as faacutecies arenosas finas e argilosas na base que gradativamente
passam para dominacircncia de faacutecies arenosa para o topo Esta caracteriacutestica sugere um aumento
crescente de energia passando de um sistema com predomiacutenio de transporte por decantaccedilatildeo
para outro dominado por traccedilatildeo A presenccedila das faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada
cavalgante e mud drapes nos foresets argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela arenito com
laminaccedilatildeo ondulada e ainda acamamento heteroliacutetico linsen wavy e por vezes flaser satildeo
comuns em sistema dominado por mareacute (Choi 2010 Longhitano et al 2012 Reineck amp
Wunderlich 1968 Visser 1980 Yang et al 2008) Os processos especiacuteficos que favorecem a
deposiccedilatildeo de acamamento linsen e flaser refletem condiccedilotildees de flutuaccedilotildees irregulares sendo
comuns em ambientes dominados por mareacute e tambeacutem por ondas (Nio amp Young 1991
Reineck amp Wunderlich 1968) Ritmitos de mareacute exibem ciclicidade entre laminaccedilotildees linsen e
flaser mostrando eventos influenciados por mareacutes Tal estrutura pode ser formada em vaacuterios
ambientes mas a presenccedila de ciclicidade e sua correlaccedilatildeo com diferentes ordens de
ciclicidade de mareacute satildeo evidecircncias suficientes para afirmar a presenccedila de mareacute em depoacutesitos
claacutesticos marinhos rasos (Nio amp Young 1991) Isto associado com as faacutecies de arenito com
laminaccedilatildeo cruzada cavalgante ondulada (exibindo porccedilotildees com bidirecionalidade) e mud
drapes atestam a existecircncia da accedilatildeo de mareacutes na porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti
Nos ritmitos de mareacute a bidirecionalidade em alguns pares de areia e pelito pode
indicar que durante nos periacuteodos de mareacutes siziacutegia (spring tide) a corrente subordinada teve
forccedila suficiente para mover porccedilotildees de areia como pequenas migraccedilotildees de ripples A presenccedila
de depoacutesitos de corrente dominante e subordinada com dois mud drapes podem sugerir
ambiente de submareacute (subtidal) para AF3 sendo coberto por dois periacuteodos de slack water em
um ciclo de mareacute alta e vazante (ebb-flood) (Nio amp Young 1991) A alternacircncia dos ciclos de
2ordf ordem de ritmitos de mareacute (grupos mais e menos espessos) indicam inequidade diurna Esta
alternacircncia pode ser relacionada agraves variaccedilotildees de ciclos semilunares de mareacutes de siziacutegia e
quadratura sugerindo alta taxa de deposiccedilatildeo (Rahmani 1988) A espessura meacutedia entre 12 e
16 cm por ciclo semilunar com 22 e 26 pares indica taxa deposicional de 24 a 32 cm por mecircs
Esta sequecircncia portanto pode ter sido depositada em uma zona de submareacute ou intermareacute
inferior em funccedilatildeo da alternacircncia entre lacircminas de material arenoso e peliacutetico que foram
cobertos por mareacutes durante todo ou na maior parte dos ciclos de mareacutes de siziacutegia e de
quadratura (Tessier et al 1988)
41
As tidal bundles ocorrem em laminaccedilotildees onduladas com 3 a 8 cm de espessura
como jaacute descrito em trabalhos de Boersma (1969) Terwindt (1981) Kreisa e Moiola (1986)
de estruturas de megaripplessandwave de ambientes de submareacute (apud Bhattacharya amp
Bahattacharya 2006) Tidal bundles em camadas de pequena espessura podem indicar
retrabalhamento miacutenimo dos sedimentos mais novos em funccedilatildeo do mud draping espesso
(Bhattacharya amp Bhattacharya 2006) Estruturas similares satildeo reconhecidas pela migraccedilatildeo de
ripples ou sandwaves durante a mareacute principal O recobrimento de argila com forma
sigmoidal nas bandas das tidal bundles podem definir periacuteodos de pausas da mareacute (Kreisa amp
Moiola 1986)
Algumas porccedilotildees de tidal bundles observadas nos afloramentos descritos condizem
com as sugeridas no trabalho de Yang et al (2008) como wave generated tidal bundles
(Figura 16B) com laminaccedilotildees na base dos sets por vezes sigmoidais a onduladas
(componente oscilatoacuteria) e recobrimento de argila nas cristas da ondulaccedilatildeo adjacente
exibindo as geometrias em offshoot e unidirecional descritas por Raaf et al (1977) Os
foresets satildeo recobertos por argila com variaccedilotildees deste material peliacutetico indicando ciclicidade
com porccedilotildees ricas em argila (neap tide) e em areia (spring tide) Na base e topo deste
conjunto de wave generated tidal bundles haacute laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas com
acamamento heteroliacutetico variando linsen-flaser indicando ciclos semilunares (Figura 16B)
Esta estrutura portanto eacute uma soma de resultantes advindas da accedilatildeo tanto de ondas pela
ocorrecircncia de wave generated ripples (Raaf et al 1977) como pela accedilatildeo de correntes de
mareacute pela existecircncia de recobrimento de argilas com ciclicidade
As wave-generated tidal bundles satildeo indicativas de um depoacutesito com superimposiccedilatildeo
de accedilatildeo de ondas bem como de mareacute gerando uma sucessatildeo riacutetmica Estas estruturas diferem
das tidal bundles tiacutepicas por serem estruturas que resultam de uma variaccedilatildeo temporal na
combinaccedilatildeo de correntes de mareacute e onda bem mais do que variaccedilatildeo de corrente de mareacute
apenas (Yang et al 2008) Elas se formam em circunstacircncias onde o pico de energia continua
ainda no campo de estabilidade de ripples sendo portanto estruturas indicativas de deposiccedilatildeo
por tempestade de baixa energia pois em condiccedilotildees de tempo normal a quantidade de
sedimento em suspensatildeo natildeo eacute suficiente para gerar sucessotildees espessas em um uacutenico ciclo de
mareacute principalmente em ambientes de costa aberta (Yang et al 2008) Estruturas deste
gecircnero satildeo difiacuteceis de serem preservadas em funccedilatildeo do intenso retrabalhamento por ondas que
ocorrem no ambiente em que satildeo geradas desta forma elas tendem a ser preservadas por
42
subsidecircncia tectocircnica (Allen amp Bass 1993 Tessier amp Gigot 1989) ou por taxas de
sedimentaccedilatildeo altas
Faacutecies arenito com laminaccedilatildeo ondulada arenito com estratificaccedilotildees cruzada
hummocky sigmoidal e swaley em sedimentos de areia fina denotam sistema mais energeacutetico
com accedilatildeo de ondas de tempestade Clastos de argilas presente nas camadas com estruturas
geradas por ondas ratificam este sistema mais energeacutetico forte o suficiente para retrabalhar
as rochas do substrato Estruturas como estratificaccedilatildeo cruzada hummocky foi primeiramente
descrita por Harms et al (1975) sendo gerada por meio de processos dominantemente
oscilatoacuterios combinados por correntes unidirecionais resultantes de ambiente dominado por
tempestade em aacuteguas rasas (Arnott amp Southhard 1990 Cheel amp Leckie 1993 Duke 1985
Dumas amp Arnott 2006) As estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley estatildeo geneticamente
relacionadas onde a estratificaccedilatildeo cruzada swaley pode ser descrita como estratificaccedilatildeo
cruzada hummocky truncada anisotroacutepica (Dumas amp Arnott 2006) A estratificaccedilatildeo cruzada
hummocky geralmente ocorre em um restrito intervalo de granulometria (areia muito fina a
fina) onde a forma de leito responsaacutevel pela geraccedilatildeo desta estrutura eacute um tipo de ondulaccedilatildeo
orbital (Harms et al 1975 Southard et al 1990 Yang et al 2006)
Em periacuteodos onde a atividade por tempestade foi maior as ondas penetraram e
retrabalharam os depoacutesitos dominados por mareacute formando as estratificaccedilotildees cruzadas
hummocky e swaley visto que a influecircncia de mareacute foi preservada durante periacuteodos de natildeo
tempestade (Vakarelov et al 2012) Em outras palavras a accedilatildeo das ondas retrabalharam os
sedimentos existentes onde tais ondas de tempestade atingiram o substrato acima do niacutevel de
base de onda sob fluxo combinado juntamente com componente unidirecional em regime de
fluxo superior (Arnott amp Southard 1990)
Estruturas de sobrecargadeformaccedilatildeo podem ocorrer atraveacutes do fenocircmeno de fluxo
plaacutestico associado agrave saiacuteda de aacutegua e peso da areia sobreposta (Allen 1982) Superfiacutecies
erosivas nas camadas desta associaccedilatildeo ocorrem trucando estruturas sedimentares e tem forma
ondulada com maior concentraccedilatildeo de material peliacutetico ratificando a interpretaccedilatildeo da accedilatildeo de
ondas e tempestades nestes depoacutesitos (Peng et al 2018) As Superfiacutecies de reativaccedilotildees satildeo
resultantes de variaccedilatildeo de velocidades durante as mareacutes (Klein 1970)
Estruturas balls and pillows compreendem massas redondas de sedimentos claacutesticos
tambeacutem chamados de pseudonoacutedulos em uma matriz similar ou mais fina verticalmente
sobrepostos em um horizonte Satildeo estruturas que se formam atraveacutes da separaccedilatildeo repetitiva de
43
pseudonoacutedulos da base de uma camada fonte que para de fato ocorrer o substrato deve
permanecer liquidificado por um tempo maior em relaccedilatildeo agrave taxa de deformaccedilatildeo sendo
possiacutevel o contraste de densidade das camadas e portanto o aparecimento da forccedila de divisatildeo
(Owen 2003) As estruturas deformacionais penecontemporacircneas presentes na associaccedilatildeo de
faacutecies AF3 evidenciam portanto perturbaccedilatildeo dos sedimentos ainda semi-consolidado ou
inconsolidado (Van Loon amp Brodzokowski 1987)
Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF3 estatildeo relacionados a um shoreface
inferior com accedilatildeo de tempestades episoacutedicas em uma costa retrogradante com accedilatildeo de mareacute
O ambiente plataformal torna-se mais profundo para leste em funccedilatildeo da maior ocorrecircncia de
tempestitos nesta aacuterea Geometria em canal observada no topo de tempestitos denota
proximidade com o continente com fluxo de detritos subaquosos confinados
44
CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS
Na regiatildeo estudada foram identificadas trecircs sequecircncias deposicionais de 4ordf ordem
que tiveram iniacutecio no final do Neodevoniano ateacute o Pensilvaniano e compreendem o topo da
Formaccedilatildeo Longaacute a Formaccedilatildeo Poti e a base da Formaccedilatildeo Piauiacute Estas sequecircncias satildeo
compostas por 5 tratos de sistemas limitados por 4 superfiacutecies estratigraacuteficas (Figuras 18 e
19) Sequecircncia 1 (Trato de Sistema de Mar Alto ndash TSMA) Sequecircncia 2 (Trato de Sistema de
Mar Baixo ndash TSMB e Trato de Sistema Transgressivo ndash TST) e Sequecircncia 3 (Trato de
Sistema de Mar Baixo ndash TSMB)
51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS
As superfiacutecies estratigraacuteficas (S) foram baseadas em faacutecies e limites erosivos que
delimitam os tratos de sistemas identificados (Catuneanu et al 2009 2011) com seu
reconhecimento pautado em mudanccedilas bruscas entre faacutecies e sistemas deposicionais A
superfiacutecie S1 eacute o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti (Figura 8A) representando um limite
de sequecircncia tipo 1 A superfiacutecie S2 representa o limite entre as associaccedilotildees de faacutecies fluvial e
frente deltaica da Formaccedilatildeo Poti e a superfiacutecie S3 eacute interpretada como uma superfiacutecie
transgressiva uma vez que separa depoacutesitos fluacutevio-costeiros (AF1 e AF2) de depoacutesitos de
plataforma rasa (AF3 Figuras 13A e 15A) A superfiacutecie S4 eacute um limite de sequecircncia tipo 1
de depoacutesitos plataformais do topo da Formaccedilatildeo Poti com os fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute
sobrejacente
A inconformidade subaeacuterea tem sua gecircnese relacionada a condiccedilotildees subaacutereas com
resultado de erosatildeo fluvial ou by-pass pedogecircnese degradaccedilatildeo eoacutelica ou dissoluccedilatildeo e
carstificaccedilatildeo (Catuneatu et al 2011) Ocorre quando a taxa de subsidecircncia eacute menor que a de
rebaixamento eustaacutetico na quebra do offlap (Van Wagoner et al 1988) Na aacuterea de estudo
este limite eacute encontrado em toda a regiatildeo onde dois tipos satildeo diferenciados O tipo 1 ocorre
dividindo os depoacutesitos fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti dos plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute
apresentando erosatildeo fluvial com horizontes irregulares O segundo tipo divide os depoacutesitos
plataformais de ondas e mareacute (AF3) de sequecircncias fluviais referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute Esta
superfiacutecie apresenta horizontes erosivos irregulares mais tecircnues que a primeira superfiacutecie
As superfiacutecies S1 e S4 satildeo interpretadas como resultante de queda do niacutevel relativo
do mar onde depoacutesitos fluviais puderam ser desenvolvidos As camadas foram erodidas por
45
essa accedilatildeo resultando em horizontes irregulares A superfiacutecie S2 eacute um limite de faacutecies sendo
estabelecida em um contato abrupto entre litofaacutecies de arenito meacutedio a grosso com
estratificaccedilatildeo cruzada tabular (depoacutesitos fluviais ndash AF1) e finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo
cruzada sigmoidal (depoacutesitos deltaicos ndash AF2) A superfiacutecie transgressiva (S3) limita camadas
progradantes abaixo de camadas retrogradantes acima separando os depoacutesitos transicionais
(AF1 e AF2) de depoacutesitos plataformais (AF3)
52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA
A primeira sequecircncia (Seq 1) consiste no final de uma sequecircncia estratigraacutefica
representada por trato de sistema de mar alto (TSMA) com folhelhos cinza escuros a pretos
homogecircneos ou laminados e bioturbados referente a ambiente plataformal dominado por
tempestade (Goacutees amp Feijoacute 1994) Esta sequecircncia corresponde ao final da deposiccedilatildeo da
Formaccedilatildeo Longaacute limitada acima por uma S1 (LS1) erosiva e deposiccedilatildeo de sedimentos
fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti
O trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Seq 2 (Figura 20A) compreende
depoacutesitos fluviais e deltaicos contemporacircneos (AF1 e AF2) em um contexto de bacia com
conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais Limitados abaixo por S1 (LS1) e acima
por S3 (ST) com ciclos de granodecrescecircncia ascendentes nas litofaacutecies de arenito meacutedio a
grosso com estratificaccedilatildeo cruzadas de meacutedio porte de faacutecies fluvial passando para ciclos
granocrescente ascendente de arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal e
laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes nos depoacutesitos deltaicos com a superfiacutecie S2 separando estes
dois depoacutesitos
A variaccedilatildeo das taxas de criaccedilatildeo de espaccedilo de acomodaccedilatildeo ao longo do tempo
consiste no principal fator para preservaccedilatildeo de sedimentos (Shanley amp McCabe 1994)
Sistemas fluviais costeiros satildeo muito influenciados pela mudanccedila de niacutevel de base (Miall
2006) Em sistemas fluviais controlados pelo niacutevel relativo do niacutevel do mar a identificaccedilatildeo
dos tratos de sistemas estaacute fundamentada em um somatoacuterio de criteacuterios que envolvem a
geometria padratildeo de empilhamento dos canais fluviais razatildeo entre depoacutesitos de canais e de
planiacutecie de inundaccedilatildeo (Miall 2006) O TSMB estaacute relacionado ao final do rebaixamento do
niacutevel do mar e consequente iniacutecio de sua elevaccedilatildeo
De acordo com a anaacutelise arquitetural dos depoacutesitos fluviais os elementos
individualizados foram elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal
46
alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito
arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em
forma de lenccediloacuteis Geralmente sistemas fluviais entrelaccedilados arenosos de TSMB formam
corpos de canais do tipo ldquosheet-likerdquo (Hirst 1991 Miall 2006) com amalgamaccedilatildeo de barras e
canais internos ao canal principal onde a preservaccedilatildeo de sedimentos mais finos comuns de
planiacutecie de inundaccedilatildeo eacute menor (Schanley amp McCabe 1993 Wan Wagoner et al 1995) Tal
disposiccedilatildeo estaacute de acordo com o observado para os depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti De
uma forma geral segundo a variaccedilatildeo de espessura e distribuiccedilatildeo desses depoacutesitos (Figura 19)
observa-se um acunhamento dos depoacutesitos fluviais para a porccedilatildeo SE da regiatildeo
O final do TSMB eacute marcado pelos depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de frente
deltaica (AF2) que denota progradaccedilatildeo com padratildeo de raseamento ascendente Segundo
Bhattacharya amp Walker (1992) durante os periacuteodos de aumento do niacutevel do mar a deposiccedilatildeo
deltaica fica confinada a ambientes de aacuteguas rasas na plataforma e resulta na raacutepida
progradaccedilatildeo dos lobos e comutaccedilatildeo de um ambiente dominado por processos fluviais A
sedimentaccedilatildeo deltaica tende a ser suprimida durante o aumento do niacutevel do mar e em regiotildees
costeiras tende a ser influenciada por processos de onda e mareacute (Miall 2000)
O TSMB eacute sobreposto por um Trato de Sistema Transgressivo (TST Figura 20B)
sendo seu limite marcado pela superfiacutecie S3 que representa uma incursatildeo marinha dentro da
sequecircncia 2 O trato de sistema transgressivo (TST) corresponde a depoacutesitos plataformais de
onda e mareacute (AF3) de tendecircncia granocrescente para o topo iniciando com intercalaccedilatildeo de
pelitos e arenitos finos com laminaccedilotildees com ritmitos de mareacutes e tidal bundles passando para
arenitos estratificados hummocky e swaley e em seguida camadas de arenitos maciccedilos e
ondulados mais espessos para o topo A preservaccedilatildeo de depoacutesitos de mareacute comumente ocorre
em tratos de sistemas caracterizados por taxas altas de aumento relativo do niacutevel do mar (Nio
amp Yang 1991)
Durante a incursatildeo marinha os sedimentos da plataforma rasa eram periodicamente
retrabalhados por tempestades As evidecircncias de accedilatildeo perioacutedica de ondas de tempestades satildeo
laminaccedilotildees onduladas micro-hummockys e pinch-and-swell observadas na base da sequecircncia
que passam para arenitos com Ah e Aes ao topo A diferenccedila de escala observada nas
estruturas sedimentares geradas por tempestades desta sequecircncia corrobora com o contiacutenuo
aumento do niacutevel do mar Yang et al (2006) registram que o tamanho do comprimento de
onda de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky (Ah) diminui conforme se aproxima das aacuteguas mais
rasas devido a diminuiccedilatildeo do tamanho das ondas Baseado nesta premissa as estruturas
47
sedimentares menores (ex micro-hummockys) seriam geradas no iniacutecio do aumento do niacutevel
do mar e as estruturas maiores (Ah e Aes) no aacutepice da incursatildeo marinha
A presenccedila de um ambiente dominado por processos de mareacute e onda e influenciados
por tempestades sugere que o limite TSMB-TST registra a passagem de um mar
epicontinental amplo e de aacuteguas rasas com alta taxa de aporte sedimentar (AF1 e AF2) para
um ambiente de mar mais aberto e elevada taxa de aumento do niacutevel do mar (AF3) O padratildeo
retrogradacional identificado nos depoacutesitos do TST eacute atribuiacutedo agrave geraccedilatildeo de espaccedilo de
acomodaccedilatildeo que supera a taxa de sedimentaccedilatildeo (Catuneanu et al 2011 Posamentier amp Vail
1988)
O topo do TST eacute limitado no topo pela superfiacutecie S4 a qual coincide com a
discordacircncia regional Mesocarboniacutefera A base da sequecircncia 3 representa um TSMB (Figura
20C) com depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta por camadas de
arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilotildees cruzadas tabular acanalada e tangencial com
lags conglomeraacuteticos Apoacutes a instalaccedilatildeo de um sistema plataformal transgressivo no Viseano
houve um rebaixamento do niacutevel de mar que causou um hiato erosivo de 20 Ma registrado em
vaacuterias partes da Bacia do Parnaiacuteba (Caputo 1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007) Este
evento estaria associado ao iniacutecio estaacutegio de continentalizaccedilatildeo que ocorreu durante o
Moscoviano e resultou na formaccedilatildeo do Pangea (Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007)
48
Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de Baratildeo de Grajauacute e
Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba Fonte Modificado de (Vaz et al 2007)
49
Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e principais superfiacutecies
estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)
50
Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da Seq
2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)
51
CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO
As trecircs sequecircncias deposicionais identificadas na aacuterea de estudo que compreendem
as formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute tem sua gecircnese relacionada a variaccedilotildees ciacuteclicas do niacutevel
relativo do mar influenciadas por eventos de eustasia e tectocircnica (Catuneanu 2006) A Seq 1
(TSMA) eacute caracterizada por uma transgressatildeo marinha que iniciou no Fameniano e que deu
origem aos depoacutesitos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (TSMA) com ambiente dominado por
eventos de tempestades (Goacutees amp Feijoacute 1994)
A Seq 2 que engloba TSMB em sua porccedilatildeo inicial eacute composta por depoacutesitos
fluviais e deltaicos caracterizando uma fase seguinte de progradaccedilatildeo As paleocorrentes dos
depoacutesitos fluviais (AF1) e de frente deltaica (AF2) indicam sentido do paleofluxo para NW
com provaacuteveis aacutereas fontes para leste-sudeste Dados preacutevios baseados em anaacutelises de
paleocorrentes e dataccedilotildees U-Pb em zircatildeo detritico indicam que as principais aacutereas fontes dos
sedimentos da bacia do Parnaiacuteba durante o Paleozoico estariam localizadas na Proviacutencia
Borborema que fica a sudeste da aacuterea de estudo (Daly et al 2018 Hollanda et al 2014
Oliveira amp Moura 2019) Sedimentos retrabalhados de rochas paleoproterozoicas e
neoproterozoicas seriam as principais fontes para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti com
contribuiccedilatildeo secundaacuteria de sedimentos reciclados de rochas cambro-ordovicianas ou mais
jovens (Hollanda et al 2014) aleacutem de fontes neoarquenas (Oliveira amp Moura 2019)
Retrabalhamento de rochas do intervalo Devoniano-Tournaisiano tambeacutem eacute sugerido por
dados palinoloacutegicos (Di Pasquo amp Iannuzzi 2014 Streel et al 2012) Assim um progressivo
recuo dos mares epicontinentais entre o Mesodevoniano e o Mississipiano (Goeacutes 1995)
resultou na formaccedilatildeo de extensos depoacutesitos transicionais e na exposiccedilatildeo de rochas cristalinas
e sedimentares preacute-cambrianas (antes inundadas pela incursatildeo marinha devoniana) na regiatildeo a
leste e sudeste da Bacia do Parnaiacuteba (Oliveira amp Moura 2019)
A instalaccedilatildeo deste sistema fluvio-deltaico ocorreu sob um clima semiaacuterido com
vegetaccedilatildeo escassa ou ausente Segundo Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) a vegetaccedilatildeo nas
proximidades da regiatildeo de estudo era mais arbustiva e escassa com presenccedila de plantas
pteridoacutefitas e gimnospermas aleacutem de algas que refletem aacuteguas salobras Ianuzzi (1994)
descreve clima temperado a subtropical no final do Carboniacutefero Inferior passando para
tropical no final do Carboniacutefero Superior com deriva do Continente Americano em direccedilatildeo ao
Equador (Ribeiro 2000) Parrish et al (1986) descrevem variaccedilotildees no clima durante o
Carboniacutefero Superior oscilando entre periacuteodos quentes e mais frios com tendecircncia geral de
52
aquecimento Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) descrevem assembleias fossiliacuteferas tiacutepicas de
intervalos normais a secos assim como ratificado por reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas (Iannuzzi
amp Roumlsler 2000) o qual afirma que a Bacia do Parnaiacuteba teria estado situada em uma zona
climaacutetica semiaacuterida durante a metade do Mississipiano Streel et al (2012) descrevem
miosporos em seccedilotildees de diamictitos da Formaccedilatildeo Poti na borda oeste da bacia depositados
em periacuteodos interglaciais
Os depoacutesitos deltaicos satildeo representados pelo predomiacutenio de camadas com geometria
lobada e estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais que podem estar relacionados a eventos de
sedimentaccedilatildeo episoacutedica durante carga extrema de rios (Della Faacutevera 2001 Ponciano amp Della
Faacutevera 2009) Esta carga extrema geralmente transpassa (by-pass) a parte proximal do sistema
deltaico (Della Faacutevera 2001) A ausecircncia de faacutecies de prodelta nos depoacutesitos estudados pode
estar associada a grande extensatildeo dos depoacutesitos de frente deltaica e alta taxa de progradaccedilatildeo
Apesar da ausecircncia de estruturas como Ah e Aes nos afloramentos estudados a inexistecircncia
de prodelta pode estar associada agrave remoccedilatildeo do material argiloso por tempestades (Della
Faacutevera 2001)
O delta da Formaccedilatildeo Poti flui para um ambiente de mar epicontinental raso Porritt et
al (2020) descrevem deltas similares com baixo gradiente onshore e offshore resultando em
efeitos miacutenimos das variaccedilotildees do niacutevel do mar nos deltas Ainda segundo Porritt et al (2020)
a diferenccedila destes tipos de deltas em mares epiricos para outros eacute sua quantidade baixa de
espaccedilo de acomodaccedilatildeo disponiacutevel e local de sedimentaccedilatildeo controlada por avulsatildeo de rios mais
acima nas superfiacutecies de leque aluvial
Goacutees et al (1997) descreveram ainda exposiccedilotildees referentes ao delta em contatos
laterais ou intercalados com os depoacutesitos dominado por tempestade e onda As bacias do
Parnaiacuteba e do Amazonas durante o Viseano tardio estava inserida nos paralelos 40deg a 50deg
dentro do continente Gondwana (Scotese 2000 Torvski et al 2012) recebendo accedilotildees de
furacotildees que geraram os depoacutesitos tempestiacutesticos da associaccedilatildeo AF3 (Duke 1985)
O continuo avanccedilo do mar para dentro da plataforma continental gerou os depoacutesitos
influenciados por mareacute e onda (AF3) que recobrem o sistema fluvio-deltaico Este limite
sugere a passagem de um ambiente com alta taxa de sedimentaccedilatildeo siliciclaacutestica durante o
recuo marinho para um ambiente com taxa de sedimentaccedilatildeo moderada com aumento do
niacutevel do mar mais lento Desta forma uma configuraccedilatildeo de mares epicontinentais com maior
53
restriccedilatildeo eacute sugerida para o sistema fluvio-deltaico com passagem para mares epicontinentais
amplos poreacutem ainda rasos do sistema plataformal dominado por mareacute e onda
Segundo mapas paleogeograacuteficos de Scotese (2019) observa-se no periacuteodo entre 361
e 351 milhotildees de anos (Fameniano e Tounasiano) a diminuiccedilatildeo de pontos de gelo que
estariam ligados ao processo transgressivo que deu origem a depoacutesitos plataformais marinhos
no topo da Formaccedilatildeo Longaacute Entre 344 Ma e 338 Ma (Viseano) houve o estabelecimento dos
ambientes referentes agrave Formaccedilatildeo Poti com a presenccedila de pontos de gelo relacionados agrave
regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo
que possivelmente deu origem aos depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3)
aqui descritos no topo da Formaccedilatildeo Poti Tal hipoacutetese pode sustentar ainda a existecircncia de
sistema fluvial entrelaccedilado relacionado a descargas e maior proporccedilatildeo de carga de fundo em
regiotildees glaciais oriundas de escoamentos superficiais sazonais (ou ocasionada pelo degelo) A
presenccedila de uma vegetaccedilatildeo arbustiva no Mississipiano aliado a condiccedilotildees ambientais semi-
aridas durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos Poti sustenta a justificativa da instalaccedilatildeo de um
fluvial entrelaccedilado
Uma discordacircncia regional que gerou um hiato deposicional de aproximadamente 20
Ma na Bacia do Parnaiacuteba (Goacutees et al 1992) marca o contato entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute
e consequentemente o final do ciclo deposicional do Grupo Canindeacute Assim apoacutes a
deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti movimentos epirogecircnicos ascendentes e uma regressatildeo de
extensatildeo global seriam fatores que tiveram accedilatildeo na erosatildeo da bacia (Goacutees 1995 Mesner amp
Wooldridge 1964 Santos amp Carvalho 2009) resultando na superfiacutecie S4 e na sedimentaccedilatildeo
da Seq 3 Esta tendecircncia regressiva do mar durante o Carboniacutefero poderia estar relacionada a
movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela orogenia Herciniana que se
desenvolveu principalmente a norte do supercontinente Gondwana com periacuteodos colisionais
entre 380 e 280 Ma (Windley 1995 Vaz et al 2007) O contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Poti
e Piauiacute foi observado na porccedilatildeo oeste da aacuterea de estudo onde depoacutesitos plataformais de onda
e mareacute (AF3) estatildeo sotopostas a litofaacutecies de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo
cruzada de depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Trabalhos referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute
revelam um contexto de sistema deseacutertico associado ao iniacutecio do processo de
continentalizaccedilatildeo no Gondwana (Lima amp Leite 1978 Xavier 2019) Portanto as faacutecies
fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute sobrepostas a AF3 satildeo interpretadas como pertencentes a um
TSMB
54
Em 315 Ma (Moscoviano) houve o estabelecimento de grande camada de gelo nas
porccedilotildees da Bacia do Parnaiacuteba corroborando a natureza regressiva da sequecircncia 3 (TSMB)
com um rebaixamento do niacutevel do mar juntamente com as orogenias que consolidavam o
supercontinente Pangea em condiccedilotildees climaacuteticas quente e semiaacuterida em geometria diferente
na bacia (Caputo et al 2005) referente ao fluvial da Formaccedilatildeo Piauiacute Recentemente Xavier
(2019) associa a discordacircncia entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute a movimentos glacio-eustaacuteticos
que ocorreram durante o primeiro pico de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age
(LPIA)
55
CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES
A anaacutelise dos afloramentos do intervalo da porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Longaacute
Formaccedilatildeo Poti e inferior da Formaccedilatildeo Piauiacute entre os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e Nazareacute
do Piauiacute evidenciaram ocorrecircncia de um short term transgression com depoacutesitos fluvio-
deltaicos recobertos por plataformais no Carboniacutefero inferior onde incursotildees marinhas
formaram mares rasos epicontinentais
Foram descritos para Formaccedilatildeo Poti 9 afloramentos com 15 faacutecies das quais
individualizaram 3 associaccedilotildees de faacutecies Fluvial entrelaccedilado (AF1) Frente deltaica (AF2) e
Plataforma dominada por mareacute e onda (AF3)
A Formaccedilatildeo Longaacute representa a Seq1 com depoacutesitos de tempestitos de um Trato de
Sistema de Mar Alto (TSMA) separada do fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti por um limite de
sequecircncia tipo 1 (S1) A base da Formaccedilatildeo Poti eacute representada por um fluvial entrelaccedilado
(AF1) descrito na porccedilatildeo leste da aacuterea o qual possui 8 faacutecies e sete elementos arquiteturais
elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante
(CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia
laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em forma de lenccediloacuteis
A associaccedilatildeo de Frente deltaica (AF2) possui 4 faacutecies dispostas em geometrias
tabulares a lobadas separada da AF1 por uma superfiacutecie de limite de associaccedilatildeo (S2) AF1 e
AF2 representam um Trato de sistema de Mar Baixo (TSMB) e iniacutecio da Seq 2 da Formaccedilatildeo
Poti em um contexto de bacia com conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais
AF2 separa-se dos depoacutesitos plataformais de onda e mareacute (AF3) por uma superfiacutecie
trangressiva (S3)
A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3) tem 8 faacutecies inseridas em
2 geometrias tabular e em canal Nesta sucessatildeo foram descritos acamamentos heteroliacuteticos e
ritmitos de mareacute bem como estruturas como tidal bundles wave generated que atestam a
accedilatildeo de mareacute e onda nesta unidade Ainda estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley
evidenciam a accedilatildeo de ondas de tempestades Esta associaccedilatildeo representa um Trato de Sistema
Trangressivo (TST) e o final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti sendo um short term transgression
provavelmente associada a derretimento de pontos de gelo na regiatildeo oeste da Bacia AF3
separa-se da Formaccedilatildeo Piauiacute por uma superficie de limite de sequecircncia do tipo 1 (S4) A
Formaccedilatildeo Piauiacute denotaria um Trato de Sistema de Mar Baixo (TMSB) e por isso iniacutecio da
56
Seq 3 que representa os movimentos glacio-eustaacuteticos que ocorreram durante o primeiro pico
de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age (LPIA)
57
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APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA
Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1
arenito com estrat cruzada acanalada A7) A Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a
arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato principalmente pontuais porosidade intergranular e
localmente feldspatos alterando para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na associaccedilatildeo de
faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com porosidade
intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3
Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos subangulosos a subarredondados
muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo
69
APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X
Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras representativas da
Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e 2 referente a plataforma de onda e
mareacute (AF3 A1 e A3) AF1 (A8 Folhelho) A A anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada
com etilenoglicol e calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica expansiva 119889001
indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97 Aring quando calcinada B Em amostra de
rocha total eacute dominante a presenccedila de picos principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio
AF3 (A1 arenito com lam cruzada) C Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a natureza expansiva 119889001
da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A
vermeculita eacute observada como sendo um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a
existecircncia de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring) bem como um
menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de amostra glicolada A ilita eacute melhor
individualizada nesta anaacutelise visto que a muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e
49 Aring do plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em relaccedilatildeo a ilita no pico 71
Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 D Na anaacutelise de poacute total da amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda
em menores picos albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar
montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise de DRX em rocha total e em
lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior
presenccedila de montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser realizados afim de
atestar esta tendecircncia
vii
ldquoThe truth is out thererdquo
(X-Files)
viii
RESUMO
Depoacutesitos siliciclaacutesticos mississipianos ocorrem nas regiotildees leste a sudoeste da Bacia do
Parnaiacuteba com aacuterea de afloramento alongada segundo orientaccedilatildeo N-S acompanhando o
contorno geoloacutegico desta bacia A Formaccedilatildeo Poti estaacute inserida em um contexto de iniacutecio de
recuo dos mares interiores com rebaixamento do niacutevel do mar que posteriormente durante a
deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Pedra de Fogo interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do
Amazonas Esta unidade estaacute inserida ao topo da Sequecircncia Mesodevoniana-Eocarboniacutefera
Grupo Canindeacute sendo composta por arenitos cinzas siltitos e folhelhos depositados em
ambientes de deltas e planiacutecie de mareacute com influecircncia de tempestade Este trabalho definiu as
sequecircncias deposicionais e os paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave
Formaccedilatildeo Poti na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba A regiatildeo de estudo situa-se entre os
municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) e Nazareacute do Piauiacute (PI) onde nove pontos foram
descritos agraves margens das rodovias BR-230 e BR- 343 em cortes de estradas exposiccedilotildees
proacuteximas a drenagens intermitentes e em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute Os
meacutetodos empregados consistiram principalmente em anaacutelise de faacutecies elementos arquiteturais
e estratigraacutefica aleacutem de anaacutelise petrograacutefica e de DRX para melhor classificaccedilatildeo e
identificaccedilatildeo mineral das rochas Foram individualizadas quinze faacutecies sedimentares reunidas
em 3 associaccedilotildees de faacutecies (AF) A associaccedilatildeo de faacutecies AF1 ndash Fluvial entrelaccedilado ndash eacute
composta por lente de folhelho (Fl) camadas de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo
plano paralela (App) a estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) na base sotoposta por arenitos
maciccedilos (Am) e com estratificaccedilotildees cruzadas acanalada (Aca) de baixo acircngulo (Aba) planar
(Acp) tabular (Atb) e tangencial (Atg) com orientaccedilatildeo preferencial para NW organizados
em ciclos granodecrescentes ascendentes A organizaccedilatildeo destas faacutecies individualizaram sete
elementos arquiteturais depoacutesitos de barras de acreccedilatildeo lateral (AL) e frontal (AF) lenccediloacuteis de
areia laminados (LL) formas arenosas (FA) e canais (CHa CHm CHp) A AF2 ndash Frente
deltaica ndash possui as faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) e com laminaccedilatildeo ondulada
(Alo) arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e maciccedilos (Am)
compondo ciclos granocrescentes ascendentes em camadas tabulares e lobadas com
paleocorrentes para NW A associaccedilatildeo de faacutecies AF3 ndash Plataforma de mareacute e onda ndash ocorre
sotoposta aos depoacutesitos AF2 com contato abrupto composta por pelitos com laminaccedilatildeo
plano-paralela (Ap) arenitos finos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) com
recobrimento argiloso ondulada (Alo) bem como arenitos maciccedilos (Am) e com
estratificaccedilotildees cruzadas hummocky (Ah) swaley (Aes) sigmoidal (As) e plano paralela (App)
ix
Acamamentos heteroliacuteticos do tipo linsen a flaser ocorrem na base da associaccedilatildeo com
ritmitos de mareacute e wave generated tidal bundles Localmente satildeo observadas escape de
fluidos laminaccedilotildees convolutas e ball-and-pillow As camadas satildeo tabulares lateralmente
contiacutenuas e com geometria de canal no topo desta sucessatildeo A anaacutelise petrograacutefica permitiu a
classificaccedilatildeo de quartzo-arenitos para os depoacutesitos de AF1 e subarcoacutesios para os referentes agraves
associaccedilotildees AF2 e AF3 Para as exposiccedilotildees estudadas foram identificadas 3 sequecircncias
estratigraacuteficas divididas por 4 superficies A Seq 1 corresponde ao intervalo com depoacutesitos
de tempestitos da Formaccedilatildeo Longaacute representando um TSMA limitada por limite de sequecircncia
tipo 1 (S1) do fluvial da Formaccedilatildeo Poti (AF1) A Seq 2 tem iniacutecio pelo TSMB representado
por depoacutesitos de fluvial entrelaccedilado (AF1) e de frente deltaica (AF2) estas separadas por um
limite (S2) Apoacutes rochas da unidade de plataforma de mareacute e onda (AF3) satildeo separadas dos
depoacutesitos transicionais (AF1 e AF2) por uma superfiacutecie transgressiva (S3) representando um
TST e final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti A Seq 2 eacute separada dos depoacutesitos de fluvial
entrelaccedilado da Formaccedilatildeo Piauiacute acima por uma superfiacutecie de limite de sequecircncia do tipo 1
(S4) A Seq 3 eacute representada pelo fluvial entrelaccedilado do Piauiacute sendo um TSMB O
empilhamento estratigraacutefico e as correlaccedilotildees dos perfis estudados revelaram a existecircncia de
uma transgressatildeo na Formaccedilatildeo Poti O estabelecimento dos ambientes fluacutevio-costeiros com
pontos de gelo da Formaccedilatildeo Poti corroboram a regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com
posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo que possivelmente deu origem aos
depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3) Tal transgressatildeo pode ser
interpretada como de curta duraccedilatildeo (short term transgression) visto que em escala regional a
Formaccedilatildeo Poti na Bacia do Parnaiacuteba eacute regressiva
Palavras-chave Paleoambiente Short-term transgression Bacia do Parnaiacuteba Formaccedilatildeo Poti
x
ABSTRACT
Mississipian siliciclastic deposits occur in the regions east and southwest of the Parnaiacuteba
Basin with an elongated outcrop area according to the N-S orientation following the
geological contour of this basin The Poti Formation is inserted in a context of the beginning
of the retreat of the inland seas with a lowering of the sea level which later during the
deposition of the Pedra de Fogo Formation interrupted the existing connection with the
Amazon Basin This unit is inserted at the top of the Mesodevonian-Eocarboniferous
Sequence Canindeacute Group being composed of gray sandstones siltstones and shales
deposited in environments of deltas and tidal flats with storm influence This work defined the
depositional sequences and paleoenvironments of the sedimentary succession corresponding
to the Poti Formation in the eastern portion of the Parnaiacuteba BasinThe study region is located
between the municipalities of Baratildeo do Grajauacute (MA) and Nazareacute do Piauiacute (PI) where nine
points were described on the margins of the BR-230 and BR-343 highways in road cuts
exposures close to intermittent rivers and in a dam near the city of Nazareacute do Piauiacute The
methods employed consisted mainly of facies analysis architectural and stratigraphic
elements in addition petrographic analysis and XRD for better classification and mineral
identification of rocks Fifteen sedimentary facies were individualized gathered in 3 facies
associations (AF) The facies association AF1 ndash Braided fluvial - is composed of shale lens
(Fl) layers of medium to thick sandstones with plane parallel stratification (App) cross planar
stratification (Acp) at the base overlay by massive sandstones (Am) and cross- bedding
stratification (Aca) low angle (Aba) planar (Acp) tabular (Atb) and tangential (Atg) with
preferential NW orientation organized in fining-upwards cycles The organization of these
facies individualized seven architectural elements deposits of lateral (AL) and frontal (AF)
accretion bars laminated sand sheets (LL) sandy forms (FA) and channels (CHa CHm
CHp) AF2 - Delta front - sandstone facies with climbing ripple cross-lamination (Alc) and
wavy lamination (Alo) fine to medium massive sandstone (Am) and sigmoidal cross
stratification (As) composing coarsening-upward cycles in tabular and lobed layers with
paleocurrents to NW The facies association AF3 - Tidal and wave platform - occurs just
below the AF2 deposits with abrupt contact composed by pelites with plane-parallel
lamination (Ap) fine climbing ripple cross-lamination sandstone (Alc) with mud wavy
lamination (Alo) as well as massive sandstones (Am) and hummocky (Ah) swaley (Aes)
sigmoidal (As) cross stratification and plane parallel (App) Heterolytic bedding linsen to
flaser type occurs at the base of the association with tidal rhythmite and wave generated tidal
xi
bundles Flames structures convoluted laminations and ball-and-pillow are observed locally
The layers are tabular laterally continuous and with channel geometry at the top of this
sequence Petrographic analysis allowed the classification of quartz-sandstones for the AF1
deposits and subarcose for those referring to the AF2 and AF3 associations For the studied
exhibitions 3 stratigraphic sequences were identified and divided by 4 stratigrafic surfaces
Seq 1 corresponds to the interval with storm deposits from the Longaacute Formation representing
a TSMA limited by type 1 (S1) sequence limit from the fluvial braided (AF1) of the Poti
Formation Seq 2 begins with the TSMB represented by the fluvial braided (AF1) and delta
front (AF2) deposits wich are separated between them by a limit (S2) Afterwards tide and
wave platform (AF3) rocks are separated from the transitional deposits (AF1 and AF2) by a
transgressive surface (S3) representing a TST and end of Seq 2 in the Poti Formation Seq 2
is separated from the fluvial braided deposits of the Piauiacute Formation above by a type 1
boundary sequence surface (S4) Seq 3 is represented by the braided fluvial of Piauiacute being a
TSMB The stratigraphic stacking and the correlations of the studied profiles revealed the
existence of a transgression in the Poti Formation The establishment of fluvial-coastal
environments with ice points in the Poti Formation corroborates the initial regression of
Sequence 2 with subsequent melting contributing to the transgression that possibly gave rise
to platform deposits dominated by wave and tide (AF3) Such transgression can be interpreted
as short-term transgression since the regional tendency in the Poti Formation in the Parnaiacuteba
Basin is regressive
Keywords Paleoenvironment Short-term transgression Parnaiacuteba Basin Poti Formation
xii
LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES
Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti
na borda leste da Bacia do Parna3
Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)7
Figura 1- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial (Miall 1996)9
Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies
aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)11
Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil
(Silva et al 2003 modificado de Goacutees 1995)14
Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o
intervalo do final do Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute
1994)15
Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute
do Piauiacute20
Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a
Formaccedilatildeo Longaacute sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7
conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e Fig7) B Clastos de argila e quartzo
nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo
frontal (AF) com concordacircncia da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies
limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta porccedilatildeo do canal
(P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 223
xiii
Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito
arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar
e baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a
arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes
dos estratos cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser
observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram
identificados Lenccediloacuteis de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e
estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo
contiacutenuo lateralmente por aproximadamente 30 metros limitado acima por
superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente
limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de acreccedilatildeo
lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem26
Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti
(P1) Canal de preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies
de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo (CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma
assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma relativamente
simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo27
Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos
afloramentos da Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior
dos canais enquanto que as arquiteturas AF e AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais
elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por avulsotildees de
canais ativos29
Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente
deltaica (Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade
de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da aacuterea de estudo P9)30
xiv
Figura 13 Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos
depoacutesitos deltaicos (AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e
mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada
sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees
convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido
principal para NW D Geometria lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos
deltaicos nas aacutereas de estudo 31
Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc)
arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B
Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem
(P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria lobada
Floriano Piauiacute (P8)32
Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato
entre as associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3
P4) B Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgantes e ondulada com geometria
pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em arenito com
microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and
pillow (P3) E Escape de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico
(P5)37
Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal
bundles em laminaccedilatildeo cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de
argila (P4) B Wave generated tidal bundles com acamamento ondulado e
sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se
ritmicidade com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute
com ciclos de 1a 2a e 3a ordem superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D
Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e quadratura
(P5)38
xv
Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute
(AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4) B
Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com
material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas
cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de
ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C
Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D
Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley39
Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de
Baratildeo de Grajauacute e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba (modificado
de Vaz et al 2007)48
Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e
principais superfiacutecies estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de
variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)49
Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do
Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da
Seq 2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de
sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)50
xvi
Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de
fluvial entrelaccedilado (AF1 arenito com estrat cruzada acanalada A7) A
Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a
arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato
principalmente pontuais porosidade intergranular e localmente feldspatos alterando
para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na
associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios
subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila
de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com
porosidade intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo
Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3 Arenito com
laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos
subangulosos a subarredondados muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas
em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo68
xvii
Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras
representativas da Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado
(AF1) e 2 referente a plataforma de onda e mareacute (AF3) AF1 (A8 Folhelho) A A
anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada com etilenoglicol e
calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica
expansiva 119889001 indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97
Aring quando calcinada B Em amostra de rocha total eacute dominante a presenccedila de picos
principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio AF3 (A1
arenito com lam cruzada) A) Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a
natureza expansiva 119889001 da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em
amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A vermeculita eacute observada como sendo
um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a existecircncia
de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring)
bem como um menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de
amostra glicolada A ilita eacute melhor individualizada nesta anaacutelise visto que a
muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e 49 Aring do
plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em
relaccedilatildeo a ilita no pico 71 Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 B Na anaacutelise de poacute total da
amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda em menores picos
albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar
montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise
de DRX em rocha total e em lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em
clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior presenccedila de
montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser
realizados afim de atestar esta tendecircncia69
xviii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (modificado de Miall 1985 apud
Miall 2006)8
Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti21
Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de
Baratildeo do Grajaacuteu25
xix
SUMAacuteRIO
DEDICATOacuteRIAiv
AGRADECIMENTOS v
EPIacuteGRAFEvii
RESUMO viii
ABSTRACT x
LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES xii
LISTA DE TABELAS xviii
CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 APRESENTACcedilAtildeO 1
12 OBJETIVOS 2
13 LOCALIZACcedilAtildeO 2
CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 4
21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA 4
22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS 5
221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes 9
23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES 12
231 Anaacutelise petrograacutefica 12
232 Difratometria de Raios- X 12
CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO 13
31 GRUPO CANINDEacute 14
32 FORMACcedilAtildeO POTI 16
CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES 19
41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO 19
411 Interpretaccedilatildeo 27
42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA 29
421 Interpretaccedilatildeo 32
43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA 34
431 Interpretaccedilatildeo 40
xx
CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS 44
51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS 44
52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA 45
CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO 51
CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES 55
REFEREcircNCIAS 57
APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA 68
APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X 69
CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO
11 APRESENTACcedilAtildeO
Durante o Carboniacutefero Inferior a regiatildeo oeste do supercontinente Gondwana estava
separada do paleocontinente Lauraacutesia por um estreito segmento do oceano Rheic (Golonka
2007 Torsvik et al 2012) Neste periacuteodo incursotildees marinhas formaram mares rasos
epicontinentais que conectavam as bacias sedimentares intracratocircnicas do Amazonas e
Parnaiacuteba no nortenordeste do Brasil (Almeida amp Carneiro 2004 Della Faacutevera 1990
Medeiros et al 2019 Torsvik amp Cocks 2013) Durante o Carboniacutefero a porccedilatildeo sul-ocidental
do Gondwana era coberta por extensas geleiras que se instalaram desde o final do Devoniano
(Castro 2004 Golonka 2007 Milani et al 2007 Torsvik et al 2012)
De acordo com reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas a Bacia do Parnaiacuteba durante o
Viseano encontrava-se em uma zona de clima semi-aacuterido a temperado e frio (Iannuzzi 1994
Iannuzzi amp Rosner 2000) Neste periacuteodo teve iniacutecio o recuo dos mares interiores com
diminuiccedilatildeo do niacutevel do mar que interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do Amazonas
(Almeida amp Carneiro 2004 Mabesoone amp Neumann 2005) A tendecircncia regressiva deste mar
no periacuteodo Carboniacutefero eacute relacionada a movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela
Orogenia Herciniana (Winldley 1995) ou pelo aumento das capas de gelo na porccedilatildeo sul-
ocidental do Gondwana (Caputo 1984 Caputo et al 2006 ab)
Neste contexto foram depositadas as rochas continentais transicionais e marinhas da
Formaccedilatildeo Poti A Formaccedilatildeo Poti eacute caracterizada por arenitos por vezes conglomeraacuteticos com
intercalaccedilatildeo de folhelhos e finos leitos de carvatildeo (Lima amp Leite 1978 Mesner amp Wooldridge
1964) que registram ambientes de deltas e planiacutecies de mareacute com influecircncia de tempestades
(Goacutees et al 1997 Goacutees amp Feijoacute 1994) A tendecircncia da Formaccedilatildeo Poti eacute principalmente
regressiva contudo os afloramentos na aacuterea de estudo mostram uma relaccedilatildeo incomum entre
depoacutesitos transicionais sotopostos por depoacutesitos de plataforma de mareacute e onda estes por sua
vez foram pouco explorados pela literatura cientiacutefica (Della Faacutevera 1990 Goacutees et al 1997)
Portanto o objetivo principal deste trabalho eacute interpretar os paleoambientes e definir uma
sequecircncia deposicional para as rochas da Formaccedilatildeo Poti que afloram entre as regiotildees de
Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba e elaborar um
modelo deposicional
2
12 OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho eacute definir as sequecircncias deposicionais e interpretar os
paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave Formaccedilatildeo Poti a partir do estudo de
depoacutesitos que afloram na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba Para isto tecircm-se os seguintes
objetivos especiacuteficos
Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo de faacutecies sedimentares e arquiteturais dos sistemas
deposicionais das Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)
Propor sequecircncia estratigraacutefica delimitando suas principais superfiacutecies estratigraacuteficas
para as Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)
Definir um modelo deposicional para as rochas siliciclaacutesticas mississipianas da
Formaccedilatildeo Poti entre as regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute
13 LOCALIZACcedilAtildeO
A aacuterea de estudo estaacute localizada na borda leste da Bacia do Parnaiacuteba na divisa entre
os estados do Maranhatildeo e Piauiacute Os depoacutesitos descritos estatildeo situados ao longo da BR-230 e
BR-343 abrangendo os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) Floriano (PI) e Nazareacute do Piauiacute
(PI) em afloramentos de corte de estradas exposiccedilotildees proacuteximas a drenagens intermitentes e
em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute (Figura 1)
3
Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti na borda leste da
Bacia do Parnaiacuteba (Fonte CPRM)
4
CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A elaboraccedilatildeo deste trabalho contou inicialmente com um levantamento bibliograacutefico
acerca da geologia regional na aacuterea leste da Bacia do Parnaiacuteba A seguir houve a fase de
campo (realizada durante o campo da disciplina de Campo 1 da graduccedilatildeo da UFPA na porccedilatildeo
leste da Bacia do Parnaiacuteba) com anaacutelises facioloacutegica arquitetural e estratigraacutefica e
posteriormente fase de laboratoacuterio com anaacutelise petrograacutefica Estas metodologias foram as
ferramentas utilizadas para alcanccedilar os objetivos propostos nesta dissertaccedilatildeo
Na fase de campo foi realizada a coleta de dados sendo feitas as descriccedilotildees e
interpretaccedilotildees facioloacutegicas a confecccedilatildeo de perfis estratigraacuteficos e coleta de amostras dos
afloramentos das Formaccedilotildees Poti Longaacute e Piauiacute As amostras coletadas originaram as seccedilotildees
delgadas para a anaacutelise petrograacutefica A avaliaccedilatildeo estratigraacutefica envolveu o estudo de nove
afloramentos as margens das BR- 230 e BR-343 sendo os pontos P1 a P5 pontos as margens
de drenagens secas P6 a P8 exposiccedilotildees em cortes de estrada e P9 a barragem Salinas (Figura
1) Na regiatildeo os litotipos referentes aos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti ocorrem com excelente
preservaccedilatildeo de estruturas sedimentares bem como engloba unidades com associaccedilotildees
litoloacutegicas de gecircneses distintas separadas por superfiacutecies que podem ser utilizadas para
correlaccedilotildees estratigraacuteficas
21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA
Para a anaacutelise de faacutecies e estratigraacutefica foi utilizada a teacutecnica de modelamento de
faacutecies com auxiacutelio de perfis colunares e estratigraacuteficos seguindo as propostas de Walker
(1992 2006) Miall (2000) Dalrymple (2010) Bhattacharya (2010) com nomenclatura de
Miall (1977) Segundo a metodologia de Walker (1992 2006) a reconstituiccedilatildeo
paleoambiental de uma unidade sedimentar deve conter caracterizaccedilatildeo das faacutecies
sedimentares com textura composiccedilatildeo geometria estrutura sedimentar e conteuacutedo fossiliacutefero
juntamente com a leitura de paleocorrentes para haver compreensatildeo dos processos
sedimentares que agiram para a formaccedilatildeo de cada faacutecies
As associaccedilotildees de faacutecies identificadas consistem em um conjunto de faacutecies
relacionadas geneticamente que remetem a determinados ambientes e sistemas deposicionais
As medidas de paleocorrentes foram retiradas em arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada e
arenitos com laminaccedilatildeo cruzada com posterior produccedilatildeo de rosetas atraveacutes do programa
OpenStereoreg A representaccedilatildeo de faacutecies em siglas inspirou-se no coacutedigo de faacutecies de Miall
5
(1977) com representaccedilatildeo da primeira letra maiuacutescula referente a litologia principal e a letra
seguinte minuacutescula indicando a estrutura sedimentar dominante Modelos de faacutecies foram
construiacutedos na forma de mapas paleogeograacuteficos representativos perfis verticais e blocos
diagramas A confecccedilatildeo de seccedilotildees panoracircmicas a partir de fotomosaicos de afloramentos
seguiu a teacutecnica de Wilzevic (1991) para auxiliar no estudo de elementos arquiteturais para
depoacutesitos fluviais (Miall 1985 1988 2006) deltaicos e plataformais
O estudo de estratigrafia de sequecircncia de alta resoluccedilatildeo (Catuneanu et al 2011
Zecchin amp Catuneanu 2013) considerou os ciclos as superfiacutecies e as ordens de cada uma e
suas sequecircncias deposicionais identificando superfiacutecies-chave da sucessatildeo e interpretando
seu significado deposicional a partir dos conceitos da estratigrafia de sequecircncias e tratos de
sistemas (Catuneanu 2006 Catuneanu et al 2009 Posamentier amp Vail 1988 Vail et al 1977)
22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS
O estudo de formas de leitos modernos e em boas exposiccedilotildees de sequecircncias antigas
(Allen 1983 Haszeldine 1983 ab Kirk 1983 apud Miall 1985) mostram que interpretaccedilotildees
baseadas apenas em perfis verticais natildeo representam de forma acurada a geometria e
complexidade interna das estruturas de grandes macrofomas de depoacutesitos de barras Portanto
apenas representaccedilotildees por perfis consistem em ferramentas pouco eficientes para o estudo de
sedimentos fluviais em funccedilatildeo das inuacutemeras mudanccedilas laterais de faacutecies e pela natureza
tridimensional de um litossoma individual (Miall 1985 1988) O canal e sua morfologia
usualmente tecircm sido usados como chave principal para a interpretaccedilatildeo de sedimentos fluviais
existindo uma grande diversidade de estilo de canais e tipos de depoacutesitos com origem
relacionada a variedade de controles parcialmente interdependentes que atuam na
sedimentaccedilatildeo fluvial (Miall 1985)
A anaacutelise bi e tridimensional permite individualizar elementos arquiteturais em
sistemas fluviais O conceito de elemento arquitetural permeia-se na noccedilatildeo que depoacutesitos
sedimentares podem ser caracterizados por geometrias estratais escala e superfiacutecies de
acamamento limitantes (Allen 1980 Miall 1985 Miall 1988) Este conceito foi primeiramente
aplicado para definir a geometria e arranjo tridimensional de estratos areniacuteticos de antigos
depoacutesitos fluviais depoacutesitos estes que tem sido difundido na literatura desde o final da deacutecada
de 80 em funccedilatildeo da larga aplicaccedilatildeo no estudo das heterogeneidades de rochas reservatoacuterio
6
(Miall amp Tyler 1991) Contudo atualmente eacute empregado para quaisquer sucessotildees
estratigraacuteficas independentes da idade litologia e gecircnese como as sucessotildees deltaicas de
planiacutecie de mareacute (Eriksson et al 1995) sucessotildees turbidiacuteticas (Mutti amp Normark 1987) e
vulcanoclaacutesticas (Palmer amp Neall 1991) com a finalidade de explanar sobre a disposiccedilatildeo das
faacutecies e de suas associaccedilotildees no espaccedilo (Borghi 2000) Allen (1983) deu origem ao termo
ldquoelemento arquiteturalrdquo e Miall (1985) sumarizou e classificou as rochas fluviais baseado
nestes conhecimentos
Jackson (1975) classifica as formas de leito em microformas mesoformas e
macroformas Microformas satildeo estruturas geradas por variaccedilatildeo turbulenta gerando marcas de
onda de pequena escala e lineaccedilotildees de corrente Mesoformas incluem formas de leito de maior
escala como dunas pequenos canais e barras linguoacuteides longitudinais e diagonais Jaacute as
macroformas mostram o efeito cumulativo de vaacuterios eventos dinacircmicos ao longo dos anos
que incluem canais maiores e formas de barras compostas como point bars side bars sand
flats e ilhas A identificaccedilatildeo apropriada destas macroformas eacute a base para determinar o tipo de
sistema fluvial (Jackson 1975 Miall 1985)
A menor escala de elementos de macroforma eacute composta por oito elementos
arquiteturais baacutesicos Canal fluxo de gravidade de sedimentos formas de leito e barra
cascalhosa acreccedilatildeo frontal acreccedilatildeo lateral lenccediloacuteis de areia laminados formas de leito
arenosas e hollow (Figura 2 Tabela 1) Estes oito elementos arquiteturais satildeo caracterizados
por tamanho do gratildeo composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e principalmente
geometria (Miall 1985) Afloramentos com ao menos vaacuterios deciacutemetros e com certa
quantidade de controle tridimensional satildeo necessaacuterios para um estudo detalhado Todos os
sistemas fluviais satildeo compostos de proporccedilotildees variadas dos oito elementos arquiteturais
7
Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)
A ampliaccedilatildeo de pesquisas ao longo dos anos em depoacutesitos atuais e antigos permitiu
a uma abrangecircncia maior desta classificaccedilatildeo atraveacutes da identificaccedilatildeo de novos seis elementos
externos ao canal (Miall 1996) Dique marginal canais de crevasse espraiamento de
crevasse finos de planiacutecie de inundaccedilatildeo e canais abandonados (Figura 3)
Segundo Miall (1985) elementos arquiteturais devem conter descriccedilotildees e
caracterizaccedilatildeo dos elementos objetivas as quais devem incluir 1) A natureza das superfiacutecies
limitantes superior e inferior 2) a geometria externa 3) escala e 4) geometria interna
Individualizar analisar e descrever os elementos arquiteturais satildeo medidas essenciais pois
podem determinar o padratildeo de alguns tipos de rios do passado e desta forma caracterizar o
tipo de sistema fluvial
8
Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais
Fonte Modificado de (Miall 1985 apud Miall 2006)
9
Figura 3- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial Fonte (Miall 1996)
221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes
De acordo com Miall (1988 1996) existem pelo menos seis ordens de superfiacutecies
limiacutetrofes em sistemas fluviais que separam elementos arquiteturais (Figura 4) Estas satildeo
caracterizadas como superfiacutecies de natildeo deposiccedilatildeo ou erosatildeo representando periacuteodos de tempo
desde alguns minutos ateacute milhares de anos (Miall 1988) Allen (1980) estendeu o conceito de
superfiacutecies limitantes de pequena e grande escala em depoacutesitos eoacutelicos para sistemas
marinhos desenvolvendo modelos teoacutericos para explicar a formaccedilatildeo de sandwaves e
superfiacutecies limiacutetrofes em regimes dominados por mareacute Miall (1988) complementou o
trabalho de Allen (1983) a respeito de superfiacutecies limitantes estendendo a classificaccedilatildeo entatildeo
conhecida resultando em uma classificaccedilatildeo de seis ordens da escala menor (1deg ordem) a
maior (6deg ordem)
10
Superfiacutecies de 1ordf ordem Satildeo planas e limitam sets de laminaccedilotildees cruzadas Representam a
sedimentaccedilatildeo contiacutenua da migraccedilatildeo de formas de leito de mesma morfologia
Superfiacutecies de 2ordf ordem A superfiacutecie natildeo apresenta evidecircncias de erosatildeo ou truncamentos
significativos Separam cosets de litofaacutecies diferentes indicando mudanccedila nas condiccedilotildees
de fluxo ou mudanccedilas na direccedilatildeo do fluxo
Superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem Satildeo mencionadas para superfiacutecies limitantes internas e mais
acima de macroformas As de 3ordf ordem satildeo superfiacutecies erosivas existentes dentro das
macroformas (superfiacutecies de reativaccedilatildeo) geralmente truncando estratos cruzados abaixo
Estas se estendem desde o topo ateacute a porccedilatildeo inferior da macroforma com assembleia de
faacutecies e geometrias acima e abaixo da superfiacutecie sendo similares
As superfiacutecies de 4ordf ordem satildeo interpretadas como limite superior de macroformas
separando diferentes assembleias de faacutecies acima e abaixo Satildeo paralelas que truncam em
baixo acircngulo as superfiacutecies de ordem menor se assemelhando a clinoformas siacutesmicas
Superfiacutecies de 5ordf ordem Superfiacutecies que limitam grandes lenccediloacuteis de areia incluindo
complexos de preenchimento de canais Satildeo planas ou levemente cocircncavas sendo
relacionada a migraccedilatildeo eou incisatildeo lateral de canais fluviais
Superfiacutecies de 6ordf ordem Superfiacutecies que caracterizam subdivisotildees estratigraacuteficas
mapeaacuteveis de uma unidade fluvial com grande extensatildeo lateral Delimitam grupos de
canais e paleovales e marcam mudanccedilas relacionadas ao niacutevel de base estratigraacutefica
11
Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies
aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)
12
23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES
231 Anaacutelise petrograacutefica
A anaacutelise petrograacutefica das amostras de arenito foi realizada em sete seccedilotildees delgadas
das faacutecies mais representativas para este estudo Satildeo elas arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada
da associaccedilatildeo de faacutecies fluvial e em arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante nas
associaccedilotildees de frente deltaacuteica e de plataforma de mareacute e onda Para a classificaccedilatildeo destes
arenitos foi adotada a metodologia de Folk (1968) baseada na descriccedilatildeo de constituintes
textura e faacutebrica da rocha com contagem de 300 pontos (Galenhouse 1971) em cada seccedilatildeo
para melhor quantificaccedilatildeo dos seus constituintes
As amostras selecionadas para esta anaacutelise foram 8 sendo A1 a A6 correspondendo
a arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de
onda e mareacute (AF3) A7 a arenitos com estratificaccedilatildeo tabular (Atb) da associaccedilatildeo de fluvial
entrelaccedilado (AF1) e A8 denotando arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) nos
depoacutesitos de frente deltaacuteica (AF2)
A identificaccedilatildeo das principais feiccedilotildees e relaccedilotildees entre os constituintes dos arenitos
foram obtidas em microscoacutepio petrograacutefico LEICA DM 2700 P com cacircmera acoplada LEICA
MC 170 HD no Laboratoacuterio de Petrografia Sedimentar do Grupo de Anaacutelise de Bacias
Sedimentares da Amazocircnia (GSED) da Universidade Federal do Paraacute
232 Difratometria de raios- X
A teacutecnica de anaacutelise de Difraccedilatildeo de Raios-X foi aplicada em amostras de folhelhos
da associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e em arenitos com laminaccedilatildeo
cruzada cavalgante da associaccedilatildeo de plataforma de mareacute e onda (AF3 A1 e A2) Esta anaacutelise
foi realizada no laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de Raio-X do Instituto de Geociecircncias da
Universidade Federal do Paraacute (UFPA) atraveacutes dos meacutetodos do poacute total e em lacircminas de
argilas orientadas O difratocircmetro utilizado foi o XrsquoPert MPD-PRO PANalytical equipado
com acircnodo de Cu (λ=15406) com a finalidade de identificar as assembleacuteias minerais de cada
rocha O software XrsquoPert HighScore Plus auxiliou na identificaccedilatildeo dos minerais atraveacutes da
compraccedilatildeo dos resultados obtidos com as fichas do banco de dados do International Center
on Diffraction Data (ICDD)
13
CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO
A Bacia do Parnaiacuteba estaacute inserida na Proviacutencia Parnaiacuteba e abrange uma aacuterea total de
668858 kmsup2 com depocentro que atinge cerca de 3500 m e embasamento continental
fortemente estruturado representado por rochas formadas ou retrabalhadas no Ciclo
Brasiliano (Cunha 1986 Goacutees amp Feijoacute 199 Milani amp Zalaacuten 1999 Vaz et al 2007) Ainda
tomografias realizadas na aacuterea desta bacia intracratocircnica indicam uma listosfera com
espessura entre 150 e 180 km (McKenzie amp Priestley 2016) A Proviacutencia Parnaiacuteba coincide
com a denominaccedilatildeo proposta por Goacutees (1995) de Proviacutencia Sedimentar do Meio-Norte
proposta esta que foi pautada na compreensatildeo tectono-sedimentar e na evoluccedilatildeo policiacuteclica da
bacia que favorecem a delimitaccedilatildeo de bacias diferentes
A Proviacutencia do Parnaiacuteba desenvolveu-se acima de um substrato composto por rochas
metamoacuterficas advindas de processos tectonomagmaacuteticos relacionadas ao Estaacutedio de
Estabilizaccedilatildeo da Plataforma Sul-Americana (Almeida amp Carneiro 2004) que agiram ateacute o
Mesoproterozoacuteico onde instalaram-se grabens preenchidos no Neoproterozoacuteico (Formaccedilatildeo
Riachatildeo) e Cambro-Ordoviciano (Formaccedilatildeo Mirador) (Goacutees et al 1992) Segundo Daly et al
(2014) o embasamento desta bacia eacute composto por trecircs unidades crustais A Proviacutencia
Borborema ao leste o Bloco Parnaiacuteba ao centro o cinturatildeo Araguaia e o Craacuteton Amazocircnico
ao oeste A natureza da sedimentaccedilatildeo da Bacia do Parnaiacuteba eacute principalmente siliciclaacutestica
com ocorrecircncias de calcaacuterio anidrita e siacutelex aleacutem de rochas magmaacuteticas
A regiatildeo da Proviacutencia do Parnaiacuteba eacute limitada ao norte pelo Arco Ferrer-Urbano ao
leste pela Falha de Tauaacute a sudeste pelo lineamento Senador Pompeu a oeste pelo
Lineamento Tocantins-Araguaia e a noroeste pelo Arco Capim As principais feiccedilotildees morfo-
estruturais que a compartimentam satildeo a Estrutura Xambioaacute o Arqueamento do Alto Parnaiacuteba
o Lineamento Transbrasiliano o Lineamento Rio Parnaiacuteba o Lineamento Rio Grajauacute e o
sistema de lineamentos orientados com direccedilatildeo NW-SE (Figura 5 Goacutees 1990) Segundo Vaz
et al (2007) as principais estruturas da bacia os lineamentos Picos Santa-Inecircs Marajoacute-
Parnaiacuteba e o Lineamento Transbrasiliano (mais proeminente na bacia) foram importantes nos
estaacutegios iniciais da bacia e durante sua evoluccedilatildeo em funccedilatildeo do direcionamento dos eixos
deposicionais na bacia
14
Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil Fonte (Silva et al
2003 modificado de Goacutees 1995)
Goacutees amp Feijoacute (1994) dividiram a Bacia do Parnaiacuteba em cinco sequecircncias principais
de segunda ordem representadas por grupos correlacionaacuteveis a ciclos tectocircnicos de caraacuteter
global (Goacutees et al 1992) Satildeo elas Sequecircncia Siluriana (Grupo Serra Grande) Sequecircncia
Devoniana (Grupo Canindeacute) Sequecircncia Carboniacutefero-Triaacutessica (Grupo Balsas) Sequecircncia
Juraacutessica (Grupo Mearim) e Sequecircncia Cretaacutecea (Formaccedilotildees Grajauacute Codoacute e Itapecuru) Vaz
et al (2007) sugeriram a compartimentaccedilatildeo desta Bacia em cinco supersequecircncias
delimitadas por discordacircncias regionais oriundas de flutuaccedilotildees dos niacuteveis eustaacuteticos dos
mares do Eopaleozoico poreacutem adotaremos a proposta de Goacutees amp Feijoacute (1994)
31 GRUPO CANINDEacute
O Grupo Canindeacute agrupava inicialmente as formaccedilotildees Pimenteiras Cabeccedilas e
Longaacute Posteriormente Caputo amp Lima (1984) adicionaram a Formaccedilatildeo Itaim e Goacutees et al
(1992) incluiacuteram a Formaccedilatildeo Poti ao grupo
15
Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o intervalo do final do
Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute 1994)
A Formaccedilatildeo Itaim eacute caracterizada por arenitos finos a meacutedios e folhelhos
bioturbados formados em ambientes deltaicos e plataformais dominados por processos de
mareacute e tempestade (Della Faacutevera 1990 Goacutees amp Feijoacute 1994) A Formaccedilatildeo Pimenteiras eacute
composta por folhelhos negros bioturbados e localmente intercalados com arenitos e siltitos
que registram ambiente plataformal raso dominado por tempestades (Della Faacutevera 1990) A
Formaccedilatildeo Cabeccedilas eacute caracterizada por arenitos finos a grossos localmente intercalados com
folhelhos ou deformados e tilitos Estes depoacutesitos registram ambientes deltaicos e
plataformais influenciados por tempestades aleacutem de ambientes glaciais a periglaciais
(Barbosa et al 2015 Caputo 1984 Della Faacutevera 1990 Ponciano amp Della Faacutevera 2009) A
Formaccedilatildeo Longaacute eacute composta principalmente por folhelhos e siltitos bioturbados com raras
lentes de arenitos que registram ambientes plataformais dominados por tempestades (Caputo
1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Lobato amp Borghi 2014 Rodrigues 2003)
A atividade magmaacutetica na Bacia do Parnaiacuteba possui trecircs fases A primeira no
Cambro-Ordoviciano precede a formaccedilatildeo da bacia caracterizada por granitos e vulcacircnicas do
Jaibaras (Oliveira amp Mohriak 2003 apud Daly et al 2018) No entanto Cerri et al (2020)
discorda desta hipoacutetese sugerindo que durante o intervalo de erosatildeonatildeo deposiccedilatildeo entre o
fim da Bacia do Jaibaras e o iniacutecio da Bacia do Parnaiacuteba ocorreu um ciclo completo de
erosatildeo mudanccedilas nos sistemas deposicionais e modificaccedilotildees em todas as aacutereas fontes
Portanto sinais de proveniecircncia revelam que natildeo existe relaccedilatildeo de causa e efeito entre a
deposiccedilatildeo do rift do Jaibaras e das sequecircncias do Parnaiacuteba (Cerri et al 2020)A segunda e
terceira fase ocorrem apoacutes o estabelecimento da bacia no Mesozoico representada pela
16
Formaccedilatildeo Mosquito e no Cretaacuteceo pela Formaccedilatildeo Sardinha (Daly et al 2018 Vaz et al
2007) Estas duas uacuteltimas tecircm sua origem dada pelo estabelecimento de um novo estaacutedio
tectocircnico ativo no Brasil apoacutes a ruptura do Pangea que levaria a abertura do Oceano
Atlacircntico com surgimento de fraturas eventos distensionais remobilizaccedilatildeo de antigas falhas e
intenso magmatismo baacutesico (Almeida amp Carneiro 2004 Vaz et al 2007 Zalaacuten 2004)
32 FORMACcedilAtildeO POTI
A denominaccedilatildeo Poti foi primeiramente proposta por Paiva (1937) para depoacutesitos
siliciclaacutesticos que ocorriam entre as profundidades 219-566m do poccedilo 125 do DNPM
perfurado proacuteximo a cidade de Teresina Piauiacute Campbell (1949) restringiu a Formaccedilatildeo Poti
ao intervalo 219-423m do mesmo poccedilo determinando uma espessura de 204 metros para esta
formaccedilatildeo Conforme mapas de isoacutepacas a Formaccedilatildeo Poti possui espessura maacutexima de 300
metros (Caputo 1984 Cunha 1986 Goacutees 1995)
Litologicamente eacute caracterizada pela predominacircncia de arenitos finos a meacutedios
intercalados subordinamente com siltitos e folhelhos (Lima amp Leite 1978 Ribeiro 2000)
depositados em ambientes fluacutevios-deltaacuteicos com accedilatildeo de tempestade e mareacute (Goeacutes 1995
Ribeiro 2000 Schobbenhaus et al 1984) Diamictitos dropstones e arenitos com
deformaccedilotildees sin-sedimentares descritos em afloramentos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem na
porccedilatildeo oeste e sudeste da bacia foram interpretados como registro de depoacutesitos fluacutevio-
glaciais a periglaciais (Andrade 1972 Caputo 1985 Caputo et al 2006 ab Caputo et al
2008 Della Faacutevera amp Uliana 1979)
O contato entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti eacute geralmente descrito como concordante
podendo ser localmente gradacional e litologicamente brusco (Lima amp Leite 1978) Caputo
(1984) descreve este contato como de caraacuteter concordante na porccedilatildeo central da bacia e
discordante nas bordas Goacutees (1995) interpreta o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti como
pertencentes a uma uacutenica sequecircncia deposicional composta por depoacutesitos deltaicoestuarinos
plataformal litoracircneos e fluvial em um sistema regressivo de costa progradante Na borda leste
da bacia Lobato amp Borghi (2007 2014) descrevem o limite entre estas formaccedilotildees como uma
superfiacutecie discordante erosiva interpretada como o limite de sequecircncia de 3ᵃ ordem Dessa
forma a discordacircncia de caraacuteter regional entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti descrita por Vaz et
al (2007) estaria restrita as bordas da bacia
Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram trecircs sistemas deposicionais para a base
da Formaccedilatildeo Poti marinho deltaico dominado por onda e fluacutevio-deltaico Segundo estes
17
autores estes sistemas se implantaram apoacutes a discordacircncia que separa a Formaccedilatildeo Poti da
Formaccedilatildeo Longaacute e retratam um ciclo transgressivo-regressivo poacutes-glacial pontuado por
novos episoacutedios de regressatildeo forccedilada Segundo Mabesoone amp Neumann (2005) movimentos
tectocircnicos leves durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos da Formaccedilatildeo Longaacute causaram pequenos
avanccedilos do mar que resultaram na deposiccedilatildeo de areias litoracircneas na porccedilatildeo inferior da
Formaccedilatildeo Poti (Struniano-Viseano) Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram a superfiacutecie
discordante como tectocircnica produto de um rebound isostaacutetico enquanto que as superfiacutecies de
regressatildeo forccedilada que limitam as sequecircncias de menor ordem seriam em parte glaacutecio-
eustaacuteticas Esta superfiacutecie discordante envolve um hiato deposicional entre Tournaisiano
Superior e o Viseano Inferior (Melo amp Loboziak 2000) Apoacutes este periacuteodo no iniacutecio do
Carboniacutefero Superior o mar se retirou rapidamente da aacuterea quando um novo episoacutedio de
soerguimento teve iniacutecio (Mabesoone amp Neumann 2005) Este episoacutedio foi marcado pelo
recuo da linha de costa e expocircs a planiacutecie costeira que foi retrabalhada pelos rios (Mabesoone
amp Neumann 2005) Assim a porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti eacute marcada por depoacutesitos de
planiacutecie aluvial (Mabesoone amp Neumann 2005)
Paiva (2018) descreve sistemas deposicionais marinho raso estuarinodeltaico
dominados por mareacute aluvial e deseacutertico organizados em oito sequecircncias deposicionais A
primeira sequecircncia seria uma transiccedilatildeo formacional LongaacutePoti separando depoacutesitos
plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute por rochas de shoreface e offshore do sistema marinho raso
da Formaccedilatildeo Poti Em sequecircncia identificou seis sequecircncias de alta frequecircncia (de 2ordf e 3ordf
ordem) marcada pela mudanccedila abrupta de faacutecies de sistemas fluacutevio estuarinos a fluacutevio-
deseacutertico com a Formaccedilatildeo Piauiacute ao topo Arauacutejo (2018) verificou a existecircncia dos mesmos
sistemas deposicionais agrupados em seis sequecircncias deposicionais onde os reservatoacuterios de
melhor qualidade diante da anaacutelise de poccedilo seriam os arenitos de shoreface frente deltaica
influenciada por mareacute barras de canais fluacutevio-estuarinos porccedilotildees centrais de barras arenosas
de mareacute e wadis
A presenccedila de uma macroflora terrestre e a ausecircncia de palinomorfos marinhos
sugere ambientes transicionais e continentais para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem
na porccedilatildeo oeste da bacia (Iannuzzi amp Pfefferkorn 2002 Melo amp Loboziak 2000) Nas porccedilotildees
leste e central da bacia a ocorrecircncia de Edmondia um bivalve marinho indica breves
incursotildees marinhas (Kegel 1954) Os dados de palinologia e paleobotacircnica tambeacutem sugerem
paleoclima temperado para a Formaccedilatildeo Poti (Iannuzi 1994) considerando que jaacute no final da
deposiccedilatildeo desta unidade existiriam condiccedilotildees de alta taxa de evaporaccedilatildeo com clima ainda
18
mais seco poreacutem razoavelmente frio tornando-se cada vez mais semi-aacuteridas no Pensilvaniano
da Formaccedilatildeo Piauiacute (Goeacutes 1995) Tal paleoclima confere com o encontrado na Formaccedilatildeo Faro
Bacia do Amazonas (Amadou amp Truckenbrodt 1992)
De acordo com estudos palinoloacutegicos (Daemon 1974 Loboziak et al1992) foi
definida idade eocarboniacutefera entre o Tournaisiano e o Viseano para esta formaccedilatildeo sendo
posteriormente sugerido a idade Viseano tardio (Iannuzzi et al 2003 Melo amp Loboziak 2000)
e ratificado por novos dados palinoloacutegicos de subsuperfiacutecie de Pasquo amp Ianuzzi (2014) A
macrofauna estudada por Iannuzzi amp Pfefferkorn (2002) dominada por pteridospermas aleacutem
de licopsiacutedeos arboacutereos e esfenopsiacutedeos apontam idade entre o Viseano Superior e o
Serpukhoviano Inferior Eacute importante salientar que a presenccedila de Cordyosporites
magnidictyus (Daemon 1974) assim como miosporos de Indotriaradites dolianitii satildeo
comuns na Formaccedilatildeo Poti representando bons marcadores estratigraacuteficos para o Viseano em
bacias do nordeste brasileiro podendo ser correlacionada com a Formaccedilatildeo Faro (Melo amp
Loboziak 2018)
19
CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES
A sucessatildeo sedimentar aflorante na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do
Piauiacute eacute constituiacuteda pelas formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute e expotildee-se ao longo de drenagens
secas como os riachos Muqueacutem e Saco em cortes de estradas e proacuteximo da Barragem Salinas
Os depoacutesitos alcanccedilam ateacute 28 m de espessura sendo extensos por dezenas de metros em
algumas localidades com acamamentos contiacutenuos lateralmente por ateacute 50 m evidenciados
pela geometria sigmoidal e tabular das camadas Foram descritas 15 faacutecies sedimentares
(Tabela 2) em 9 seccedilotildees colunares (Figura 7) organizadas em trecircs associaccedilotildees de faacutecies
fluvial (AF1) frente deltaica (AF2) e plataforma de mareacute e onda (AF3)
41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO
A associaccedilatildeo de faacutecies 1 representa a porccedilatildeo basal da Formaccedilatildeo Poti e aflora ao longo
do riacho do Muqueacutem (Baratildeo do Grajauacute) agraves margens da rodovia BR-230 e nas proximidades
da cidade de Floriano em cotas entre 120 e 178 m Estes depoacutesitos consistem em complexos
de arenitos amalgamados extensos por aproximadamente 50 m em sucessotildees com ateacute 4 m de
espessura em contato erosivo com a Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 8A) A AF1 compreende as
faacutecies folhelho com laminaccedilatildeo planar (Fl) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela (App)
arenito com estratificaccedilotildees cruzadas de baixo acircngulo (Aba) acanalada (Aca) planar (Acp)
tabular (Atb) e tangencial (Atg) e arenito maciccedilo (Am)
Os depoacutesitos fluviais satildeo constituiacutedos por arenitos micaacuteceos com estratificaccedilotildees
cruzada acanalada tabular tangencial e de baixo acircngulo Estas rochas apresentam
granulometria areia meacutedia a grossa composta por gratildeos de quartzo monocristalino (92) com
extinccedilatildeo ondulante moderada a forte quartzo policristalino plagioclaacutesio (4) feldspatos
indiferenciados muscovita contorcidas (lt1) e cutiacuteculas de argila (3) localmente Os
constituintes siliciclaacutesticos satildeo subarredondados a arredondados muito bem selecionados
orientaccedilatildeo preferencial marcada pela muscovita e feldspatos O arcabouccedilo da rocha eacute
sustentado por gratildeos com contatos pontuais em sua maioria cocircncavo-convexos e retos e
ainda porosidade intergranular Os feldspatos comumente estatildeo alterados para argilominerais
Os argilominerais identificados atraveacutes da DRX na amostra de folhelho (A8) foram
esmectitas ilita e caulinita
20
Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute
21
Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti
Faacutecies Descriccedilatildeo Interpretaccedilatildeo
Folhelho com laminaccedilatildeo (Fl) Folhelho de cor cinza-escuro apresentando fissilidade Deposiccedilatildeo de sedimentos por meio de decantaccedilatildeo
em condiccedilotildees de baixa energia
Arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela
(Alp)
Arenito amarelo-claro gratildeos de areia fina a muito fina subarredondados bem selecionados estratificaccedilatildeo plano-paralela e
continuidade lateral
Deposiccedilatildeo de sedimentos em regime de fluxo
superior atraveacutes de fluxo unidirecional trativo
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada de
baixo acircngulo (Aba)
Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados estratificaccedilatildeo
cruzada de baixo acircngulo e lateralmente contiacutenua por 5 metros
Agradaccedilatildeo e migraccedilatildeo de formas de leito
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
acanalada (Aca)
Arenito amarelo-claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada
acanalada
Migraccedilatildeo de formas de leito 3D em regime de fluxo
inferior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
planar (Acp)
Arenito amarelo-claro a escuro com gratildeo de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e
estratificaccedilatildeo plano-paralela com continuidade lateral que chegam a cruzar no bottom set
Relacionado agrave forma de leito plano em regime de
fluxo superior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
tabular (Atb)
Arenito cinza- claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados bem selecionados com estratificaccedilatildeo cruzada
tabular e geometria tabular
Migraccedilatildeo de forma de leito 2D sob fluxo
unidirecional e regime de fluxo inferior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
tangencial (Atg)
Arenito cinza-claro com grabulometria meacutedia a grossa subarredondados a arredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada
tangencial que por vezes apresenta foresets com clastos tamanho seixo de quartzo e argila
Migraccedilatildeo e agradaccedilatildeo de formas de leito 2D por
fluxo unidirecional e regime de fluxo inferior
Transporte por traccedilatildeo
Arenito com laminaccedilatildeo ondulada (Alo)
Arenito amarelo-claro de gratildeos muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados com laminaccedilatildeo ondulada
gradando lateralmente para plano-paralela
Deposiccedilatildeo de sedimentos por traccedilatildeo em regime de
fluxo oscilatoacuterio com migraccedilatildeo de formas de leito
onduladas de pequeno porte oriunda da accedilatildeo de
ondas ou correntes
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
sigmoidal (As)
Arenito amarel- claro com gratildeos de areia fina a meacutedia gratildeos subarredondados moderadamente selecionados micaacuteceos exibindo
estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
Migraccedilatildeo formas de leito de meacutedio porte Transiccedilatildeo
entre regime de fluxo inferior e superior em
condiccedilotildees de alta taxa de sedimentaccedilatildeo
Argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela
(Ap)
Argilito de cor cinza-escuro lateralmente contiacutenuas lenticulares com laminaccedilatildeo plano paralela alternando com arenitos gerando
acamamento heteroliacutetico linsen wavy e flaser da base para o topo
Deposiccedilatildeo por decantaccedilatildeo em condiccedilotildees de baixa
energia O acamamento heteroliacutetico estaacute relacionado
a alternacircncia de processos de decantaccedilatildeo de
sedimentos finos e migraccedilatildeo de formas de leito em
um regime de fluxo inferior
Arenito com laminaccedilatildeo cruzada
cavalgante (Alc)
Arenitos com cores amarelo e vermelho com gratildeos de areia muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados
exibindo laminaccedilatildeo cruzada cavalgante com mud drapes nos foresets em ciclos caracterizando tidal bundles Ocorre ainda escape de
fluidos deformaccedilatildeo convoluta no topo da camada estruturas de ball and pillow e pinch and swell Na AF3 localmente gradam para
laminaccedilatildeo sigmoidal
Deposiccedilatildeo de areias por meio de traccedilatildeo e suspensatildeo
com desaceleraccedilatildeo de fluxo associada agrave migraccedilatildeo de
marcas onduladas com crista sinuosa de pequeno
porte As deformaccedilotildees estatildeo relacionadas a
reorganizaccedilatildeo hidroplaacutestica das camadas adjacentes
em funccedilatildeo da diferenccedila de densidade
Arenito maciccedilo (Am) Arenitos amarelo com gratildeos de areia muito finos a meacutedios subangulosos a arredondados (AF1) bem selecionados a muito bem
selecionados com continuidade lateral ausente de estruturas e acamamento maciccedilo Localmente ocorrem escape de fluidos e
acamamentos convolutos
Deposiccedilatildeo raacutepida em condiccedilotildees energeacuteticas
moderada a alta e localmente sobrecarga ou escape
de fluiacutedos
Arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela
(App)
Arenito amarelo-escuro com gratildeos de areia meacutedia a grossa subarredondados a arredondados estratificaccedilatildeo plano-paralela e contiacutenuas
lateralmente
Sedimentos depositados em regime de fluxo superior
atraveacutes de fluxo unidirecional trativo
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
hummocky (Ah)
Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia fino subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada hummocky apresentando
laminaccedilotildees internas onduladas com truncamento Possuem 15 cm de espessura e 120 m de amplitude gradando lateralmente para
estratificaccedilatildeo cruzada swaley
Deposiccedilatildeo em condiccedilotildees de alta energia por meio de
correntes trativas sob accedilatildeo de fluxo combinado durante
accedilatildeo de ondas de tempestade
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
swaley (Aes)
Arenito amarelo-claro com gratildeos finos subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada swaley Accedilatildeo de ondas de tempestade com accedilatildeo de processos
erosivos
22
As estratificaccedilotildees satildeo de meacutedio a grande porte com a faacutecies arenito com
estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (Atg) apresentando clastos de quartzo e argila em tamanhos
entre 1 cm e 45 cm nos foresets (Figura 8B) Arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada de baixo
acircngulo (Aba) tendem a gradar lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela
(App) Estratos com estratificaccedilatildeo cruzada tabular (Atb) apresentam segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica (Figura 8C) As paleocorrentes medidas nos foresets de estratificaccedilotildees
cruzadas indicam orientaccedilatildeo preferencial para NW Camadas de folhelho cinza-escuro (faacutecies
Fl) com espessura de 10 cm ocorrem como lentes entre arenitos com estratificaccedilatildeo plano-
paralela e estratificaccedilatildeo cruzada tangencial e tabular
Sete elementos arquiteturais internos de canal fluvial (Tabela 3) foram identificados
para estes depoacutesitos baseados na anaacutelise bi e tridimensional dos afloramentos referentes a
AF1 bem como na granulometria de gratildeos composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e
principalmente geometria (Miall 1985 1988 1996) Satildeo eles elemento de acreccedilatildeo frontal
(AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de
preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL)
As extensas exposiccedilotildees descritas mostram unidades de litofaacutecies intercalados e
superpostos entre si formando formas de barras complexas O litossoma de acreccedilatildeo frontal
(AF) satildeo corpos arenosos com espessura entre 2 e 4 m e 30 m de extensatildeo limitado por
superfiacutecie de 4ordf ordem (Figura 8D) As litofaacutecies caracteriacutesticas satildeo Arenito com
estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e
tangencial (Atg) limitados por sets de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies limitantes apresentam
mergulhos entre 337deg e 360deg para NW denotando mesma direccedilatildeo das superfiacutecies limitantes
com os estratos cruzados
O elemento acreccedilatildeo lateral (AL) ocorre limitado por superfiacutecies de 4ordf ordem com
espessura meacutedia de 3 m e 15 m de extensatildeo composto por conjuntos de sets com superfiacutecies
de 1ordf e 2ordf ordem inclinadas com direccedilotildees entre 349deg a 40deg para NW e estratos cruzados
limitados por elas com mergulho para SE (Figura 9A e 9B) Para diferenciar este elemento
arquitetural de AF visto que ocorrem de outras formas muito similares foi considerada a
direccedilatildeo de mergulho entre as superfiacutecies limiacutetrofes de 1ordf e 2ordf ordem e os estratos cruzados
Allen (1965 1970) e Miall (1985 1996 2006) citam que a principal forma de diferenciar os
elementos AF e AL estaacute baseada na diferenccedila de orientaccedilatildeo entre as superfiacutecies de acreccedilatildeo e
os estratos cruzados O elemento AL tem geometria e composiccedilatildeo variaacutevel dependendo da
geometria do canal e da carga sedimentar este elemento eacute menos proeminente em rios
23
entrelaccedilados As litofaacutecies que representam este elemento satildeo Arenito com estratificaccedilotildees
cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) baixo acircngulo (Aba) tabular (Atb) tangencial (Atg) e
estratificaccedilatildeo plano-paralela Depoacutesitos de areia meacutedia ou areia grossa apresentam uma
grande variedade de litofaacutecies refletindo formas de leito vigorosas e progradaccedilatildeo de barras
Acamamentos com este elemento AL satildeo complexos e podem esconder a geometria acrescida
lateralmente subjacente (Miall 1985 2006)
Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Longaacute
sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7 conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e
Fig7) B Clastos de argila e quartzo nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo frontal (AF) com concordacircncia
da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta
porccedilatildeo do canal (P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 2
24
A arquitetura de canal (CH) tem forma cocircncava e eacute limitada por superfiacutecies (por
vezes erosivas) de vaacuterias ordens (1ordf 2ordf 3ordf e 4ordf ordem) em diversas escalas chegando a mais
extensa a atingir 105 metros de extensatildeo por 22 metros de altura Trecircs elementos de canal
limitados por superfiacutecies de 4ordf foram descritos e individualizados de acordo com sua
granulometria estruturas sedimentares e configuraccedilatildeo externa (Figuras 9B e 10) Canais
migrantes (CHm) canais de preenchimento (CHp) e canais alternantes (CHa) As principais
litofaacutecies satildeo a estratificaccedilatildeo cruzada acanalada (Aca) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp)
Os canais satildeo componentes comuns em vaacuterios estilos de sistemas fluviais e ocorrem tanto
com geometria assimeacutetrica quanto simeacutetrica nos afloramentos da Formaccedilatildeo Poti
Os canais migrantes (CHm) satildeo constituiacutedos por areia meacutedia a grossa com
estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de larga escala e cruzada planar com geometria assimeacutetrica
(Figura 10) relacionada a migraccedilatildeo lateral e erodida pelo elemento sobreposto limitada por
superfiacutecies de 2ordf e 4ordf ordem As estruturas sedimentares juntamente com a escala do canal
sugerem energia moderada O elemento de canal alternante (CHa) possui granulometria meacutedia
a grossa em arenitos com estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) e planar (Acp) limitados
por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies basais satildeo relativamente simeacutetricas composta
por formas de leito multilaterais por vezes erodindo o adjacente resultante de fluxos
alternados O elemento de canal de preenchimento (CHp) conteacutem arenitos meacutedios a grossos
com menos estratos cruzados que os elementos de canal anteriores Eacute limitado em sua base
por superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem com extensatildeo de 131 m e 190 m preenchimento
concecircntrico (Gibling 2006) e arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada na base passando
para cruzada planar ao topo e localmente arenito maciccedilo sendo interpretado como
preenchimento de um canal menor interno ao cinturatildeo de canais (Miall 1988)
As formas de leito arenosas (FA) tem forma de lenccediloacuteis com dimensotildees que
compreendem 36 m de altura por 9 m de extensatildeo (Figura 9A) limitados por superfiacutecies de
4ordf ordem Eacute divido por sets por vezes amalgamados que conteacutem as litofaacutecies arenito com
estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e
tangencial (Atg) separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem suavemente inclinadas no sentido
para NW gradando lateralmente para o elemento AL As formas de leito arenosas (FA) satildeo
interpretadas como elemento interno ao canal fluvial oriunda da migraccedilatildeo e cavalgamento de
dunas subaquaacuteticas em partes mais rasas do canal (Miall 1996 2006)
Os lenccediloacuteis de areia laminados (LL) tem geometria em lenccedilol (Figura 9B) com
espessura 175 m e 30 m de extensatildeo com arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela (App)
25
gradando lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) Esta unidade
arquitetural eacute limitada acima por uma superfiacutecie de 4ordf ordem interpretada como produto de
deposiccedilatildeo arenosa de enchentes em condiccedilotildees de regime de fluxo superior em leito plano
(Miall 1977 1984b Tunbridge 1981 1984 Sneh 1983 apud Miall 2006) A gradaccedilatildeo de
arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela (App) para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar
(Acp) estaacute relacionada ainda com a diminuiccedilatildeo das condiccedilotildees de fluxo no fim do evento de
enchentes
Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de Baratildeo do Grajaacuteu
26
Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar e
baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes dos estratos
cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram identificados Lenccediloacuteis
de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo contiacutenuo lateralmente por aproximadamente
30 metros limitado acima por superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de
acreccedilatildeo lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem
27
Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti (P1) Canal de
preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo
(CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma
relativamente simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo
411 Interpretaccedilatildeo
Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF1 apresentam dominacircncia de arenitos com
estratificaccedilotildees cruzada tabular acanalada e de baixo acircngulo com ocorrecircncia subordinada de
lentes descontiacutenuas de pelitos As camadas de arenitos exibem geometria geralmente tabular e
um padratildeo de granodecrescecircncia ascendente Segundo a classificaccedilatildeo proposta de Miall
(1977) estes depoacutesitos satildeo caracteriacutesticos de rios do tipo entrelaccedilado (Figura 11) os quais
apresentam canais largos baixa sinuosidade com um ou mais canais sendo favorecido pela
presenccedila de carga de fundo com granulaccedilatildeo grossa grande variabilidade na descarga e
facilidade de erosatildeo das margens (Miall 1981) O acuacutemulo da carga de fundo propicia a
formaccedilatildeo de barras arenosas que obstruem a corrente e a ramificam com aumento do
suprimento detriacutetico (Miall 1981) A formaccedilatildeo de rios entrelaccedilados tambeacutem eacute relacionada a
condiccedilotildees climaacuteticas e a presenccedila de vegetaccedilatildeo (Kasse e al 2005 Miall 1981 Piegay et al
2009) Em condiccedilotildees climaacuteticas mais uacutemidas o niacutevel do lenccedilol freaacutetico mais proacuteximo agrave
superfiacutecie contribui para sedimentaccedilatildeo mais prolongada ao contraacuterio de regiotildees aacuteridas onde
28
o lenccedilol freaacutetico mais profundo resulta em sedimentaccedilatildeo limitada a chuvas torrenciais (Miall
1991)
O modelo de rio entrelaccedilado do tipo Saskatchewan Sul proposto por Miall (1977) eacute o
que mais se assemelha aos depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti Este modelo fluvial consoante
com as caracteriacutesticas litoloacutegicas e arquiteturais condiz com um fluvial entrelaccedilado
relativamente profundo perene com baixa sinuosidade (modelo 10 de Miall 1985 2006) Este
modelo ocorre em rios entrelaccedilados com canais ativos e ciclos dominados por sedimentaccedilatildeo
arenosa (Miall 1981) O fluvial entrelaccedilado eacute marcado pela existecircncia de macroformas com
geometrias de acreccedilatildeo (AF e AL) geralmente limitadas por superfiacutecies de 4ordf ordem diferente
de rios com acamamentos tabulares tiacutepicos de entrelaccedilados rasos (Miall 1985 2006) e baixa
ocorrecircncia de depoacutesitos de overbank devido ao baixo potencial de preservaccedilatildeo em virtude da
instabilidade do canal (Miall 1988 2006) O elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) eacute comum em
rios entrelaccedilados bem como canais secundaacuterios (Brierley 1996) Ambos litossomas de
acreccedilatildeo frontal (AF) e acreccedilatildeo lateral (AL) podem ocorrer em diferentes partes da mesma
barra complexa
No elemento de canais (CHm) a geometria assimeacutetrica da migraccedilatildeo de canais estaacute
relacionada a migraccedilatildeo lateral de acamamentos unidirecionais (Cant amp Walker 1978) A
migraccedilatildeo destes acamamentos foi desenvolvida proacutexima a barras compostas (compound bars)
com relativa alta sinuosidade no flanco do canal (Miall 1988) Nos elementos CHa e CHp a
presenccedila de granulometria meacutedia a grossa arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de
meacutedio a grande porte e o empilhamento das formas de leito sugerem fluxos de alta
velocidade (Li et al 2015) No caso dos afloramentos estudados na Formaccedilatildeo Poti ocorrem
complexos de preenchimento de canais formados pelas migraccedilotildees laterais de canais
As litofaacutecies do elemento de Lenccediloacuteis Laminados (LL) arenito com laminaccedilatildeo
horizontal (App) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) tipicamente indicam fluxo de regime
superior que caracterizam rios que satildeo submetidos a descargas sedimentares sazonais em
fluxos superficiais em rios entrelaccedilados (Miall 1988)
A faacutecies de granulometria fina como Fl forma-se nos canais no periacuteodo de mais
baixa energia quando a descarga diminuiu Estas faacutecies podem se desenvolver ainda
relacionadas agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo de canais fluviais entrelaccedilados em periacuteodo de descarga
elevada (Smith 1970) As medidas de paleocorrentes dominantes para NW estatildeo condizentes
29
com os trabalhos de Goacutees (1994) e Lima amp Leite (1978) que indicam aacutereas fontes para SE
(Figura 9)
As evidecircncias de paleocorrentes indicam que as direccedilotildees principais de fluxo em
elementos arquiteturais individuais variam entre 214deg e 32deg azimute Quatro dos sete
elementos apresentam medidas com orientaccedilotildees principais tendo 20deg do principal azimute
total Com um caacutelculo de 29 leituras no afloramento da Formaccedilatildeo Poti obteve-se uma meacutedia
de 324deg azimute com magnitude de vetor em 95 As medidas de dip direction das
superfiacutecies limitantes de 1deg a 4deg ordem mostram uma tendecircncia similar entre 290deg e 39deg o que
pode ser interpretado como ambiente fluvial de baixa sinuosidade
Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos afloramentos da
Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior dos canais enquanto que as arquiteturas AF e
AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por
avulsotildees de canais ativos
42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA
A associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica da Formaccedilatildeo Poti ocorre sobreposta aos
depoacutesitos fluviais entrelaccedilados (AF1) e aos folhelhos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura
12) Estatildeo expostas em cortes de estrada e ao longo de leito de rios intermitentes as margens
da rodovia BR-230 bem como na Barragem SalinasPI nos municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e
de Nazareacute do Piauiacute A AF2 tem 19 m de espessura com camadas lateralmente contiacutenuas por
centenas de metros exibindo geometria tabular e sigmoidal Tanto o contato inferior com os
30
depoacutesitos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 12) e depoacutesitos fluviais (AF1) e superior com a
associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) tecircm caraacuteter abrupto (Figura 13A)
As principais faacutecies satildeo arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) arenito com
laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo
(Am)
Estas camadas estatildeo organizadas em ciclos de raseamento ascendente (1 a 3 m de
espessura) com arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Figura 13B) ondulada ou
maciccedilo em sua base e arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal no topo (Figuras 13 C)
Tais ciclos (Figura 14 A) exibem geometria lobada (Figura 13D) Arenitos maciccedilos ocorrem
em camadas tabulares e lobadas localmente exibindo acamamentos convolutos (Figura 14B-
C) Os arenitos satildeo classificados como subarcoacutesios com gratildeos entre areia fina a meacutedia
subangulosos a subarredondados e bem selecionados Os constituintes em geral satildeo quartzos
monocristalinos com extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (90) feldspatos indiferenciados
(5) plagioclaacutesio (3) microclina (1) muscovita deformada e cimento de oacutexido-
hidroacutexido de Fe (lt1) O arcabouccedilo da rocha eacute sustentado por gratildeos com contatos
predominantemente cocircncavo-convexos e mais raramente retos e pontuais com porosidade
intergranular Feldspatos comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade
intragranular Medidas de paleocorrentes nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
mostram paleocorrentes preferenciais para NW
Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente deltaica
(Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da
aacuterea de estudo P9)
31
Figura 13- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos depoacutesitos deltaicos
(AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
(Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees
convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido principal para NW D Geometria
lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos deltaicos nas aacutereas de estudo
32
Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) arenito com
estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos
deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem (P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria
lobada Floriano Piauiacute (P8)
421 Interpretaccedilatildeo
Deltas satildeo classificados principalmente em termos de granulometria dominante e da
importacircncia relativa de processos fluviais por onda e mareacute (Bhattacharya 2006 2010) Nesta
associaccedilatildeo de faacutecies natildeo houve exposiccedilatildeo de litofaacutecies indicativas de retrabalhamento por
mareacute sendo a maior influecircncia por correntes unidirecionais Faacutecies referentes agrave frente
deltaicas satildeo comumente depositadas em aacuteguas rasas e portanto recebem maior influecircncia de
processos gerados por ondas e correntes com depoacutesitos arenosos relativamente bem
selecionados (Bhattacharya amp Walker 1992 Nichols 2009)
33
As faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) laminaccedilotildees cruzada
cavalgante (Alc) laminaccedilatildeo ondulada (Alo) e maciccedilo (Am) estatildeo dispostas em camadas com
geometria sigmoidal que exibem ciclos de granocrescecircncia ascendente e espessamento para o
topo indicando depoacutesitos de frente deltaica (Bhattacharya amp Walker 1992 Della Faacutevera
2001) O raseamento ascendente e a granocrescecircncia ascendente satildeo caracteriacutesticas
importantes para a distinccedilatildeo de uma sucessatildeo deltaica (Nichols 2009) juntamente com a
geometria lobada
A predominacircncia de faacutecies de lobos sigmoidais como os da Formaccedilatildeo Poti sugere
semelhanccedila com a arquitetura de foresets e bottomsets dos deltas tipo Gilbert (Della Faacutevera
2001 Gobo et al 2015) Os foresets satildeo basicamente as faacutecies de arenito com estratificaccedilatildeo
cruzada sigmoidal que se desenvolve em lobos e tem sua gecircnese relacionada agrave raacutepida
desaceleraccedilatildeo do fluxo em condiccedilotildees homopicnais com progressivo aumento do aporte
sedimentar Sua deposiccedilatildeo ocorre proacutexima agrave desembocadura onde fluxos pouco densos
manteacutem parte dos sedimentos em suspensatildeo gerando uma geometria de lobos sigmoidais
(Della Faacutevera 1984 2001) Arenitos maciccedilos (Am) podem ser resultantes de processos
secundaacuterios como escape de aacutegua que obliteraram parcial ou completamente as estruturas
primaacuterias (Della Faacutevera 2001) Corroboram com esta interpretaccedilatildeo a presenccedila de porccedilotildees com
acamamento convoluto associado agraves camadas de arenito maciccedilo As faacutecies de bottomsets
arenitos com laminaccedilotildees cruzada cavalgante e laminaccedilatildeo ondulada indicam accedilatildeo de correntes
e ondas que retrabalham os sedimentos depositados na frente do delta e que satildeo recobertos
durante a progradaccedilatildeo do lobo deltaico Rodrigues (2003) descreveu a presenccedila de
estratificaccedilatildeo cruzada hummocky nos depoacutesitos deltaicos da Formaccedilatildeo Poti o que sugere que
a frente deltaica foi retrabalhada por tempestade
Faacutecies arenosas com presenccedila de estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais current ripples
unidirecionais e camadas maciccedilas em frente deltaicas podem indicar presenccedila de certo
domiacutenio fluvial (Bhattacharya amp Walker 1992) As camadas deformadas (Figura 14B-C)
observadas abaixo da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal tambeacutem sugerem
que houve um cisalhamento produzido por correntes sobre uma superfiacutecie onde a fricccedilatildeo de
arrasto pelo movimento da areia resultou em convoluccedilotildees (Tucker 2014)
Paleocorrentes da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal indicam que a
migraccedilatildeo de formas de leito nos depoacutesitos de frente deltaica possuiacuteam sentido principal para
NW Ciclos de camadas iniciadas pelas faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
que passam para as faacutecies arenito maciccedilo e com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal podem ser
interpretados como oriundos de desaceleraccedilatildeo de fluxo ao entrar em um corpo de aacutegua em
34
menor energia (granocrescecircncia ascendente) onde cada ciclo representa a progradaccedilatildeo de um
lobo deltaico individual com espessura diretamente relacionada agrave profundidade da lacircmina
drsquoaacutegua (Elliott 1986)
43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA
As exposiccedilotildees da associaccedilatildeo AF3 ocorrem ao longo de drenagens secas do Riacho do
Saco distante 6 km da rodovia BR-230 e em corte de estrada Compreende depoacutesitos de
arenitos finos e pelitos contiacutenuos lateralmente com geometria tabular e lenticular
respectivamente por vezes com camadas amalgamadas e acamamento ondulado com
espessura que varia de 6 a 20 m
A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) estaacute sotoposta aos
depoacutesitos referentes agrave AF2 (frente deltaacuteica) em contato abrupto (Figura 13A e 15A) e
sobreposta por depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta pelas faacutecies
argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela (Ap) arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc)
laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito maciccedilo (Am) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela
(App) arenito com estratificaccedilotildees cruzada hummocky (Ah) estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
(As) e estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Aes)
Na base desta associaccedilatildeo ocorrem camadas com intercalaccedilatildeo riacutetmica de lacircminas de
argilito (Ap) e arenitos muito finos (Alc Alo e App) formando acamamento heteroliacutetico com
padratildeo granocrescente ascendente com predomiacutenio do tipo linsen na base passando para
wavy e flaser em direccedilatildeo ao topo Esta ciclicidade tambeacutem eacute caracterizada por pares de
arenito e pelitos mais espessos seguidos por pares menos espessos (Figura 16C-D)
As faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada exibem acamamento ondulado no topo
com laminaccedilotildees truncadas por ondas com arranjo interno do tipo bundled upbulding e
chevron (Raaf et al 1977) que variam lateralmente para laminaccedilatildeo plano-paralela com
presenccedila de mud-drapes nos foresets superfiacutecies erosivas e paleocorrentes preferenciais para
NW
As laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes possuem laminaccedilotildees cocircncavo-convexas que se
truncam lateralmente assemelhando-se agrave micro- hummockies exibindo geometria pinch and
swell (Figura 15B) e pontualmente estruturas de escape (Figura 15C) Localmente no topo de
camadas observa-se deformaccedilatildeo convoluta Os arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
satildeo subarcoacutesios com gratildeos de areia muito fina a fina tais como quartzos monocristalinos com
35
extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (86) feldspatos indiferenciados (7) plagioclaacutesio
(5) microclina (1) muscovita deformada oacutexido-hidroacutexido de Fe (ambas lt1) e
localmente cimento de calcita Os gratildeos satildeo subangulosos a subarredondados e muito bem
selecionados A rocha eacute sustentada por gratildeos com contatos pontuais cocircncavo-convexo reto e
suturado exibem ainda gratildeos e micas orientados porosidade intergranular Feldspatos
comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade alveolar Os argilominerais
identificados na anaacutelise de DRX (laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes A1 e A3) foram
esmectitas (montmorilonita) vermiculita clorita ilita e caulinita
Arenito com acamamento heteroliacutetico eacute caracterizado por exibir laminaccedilotildees plano
paralela que passam lateralmente para laminaccedilatildeo ondulada com acamamentos do tipo linsen
wavy e flaser Localmente observa-se estruturas ball and pillow e escape de fluido (Figura
15D-E)
Arenitos finos com marcas onduladas simeacutetricas e assimeacutetricas exibem laminaccedilatildeo
cruzada por onda (Alo) a sigmoidais com tidal bundles nos foresets O comprimento de onda
das marcas onduladas varia de 4 a 8 cm e a altura de 2 a 7 cm Estas estruturas satildeo limitadas
por arenitos com laminaccedilatildeo ondulada paralela a sigmoidal com alternacircncia de pares de areia e
argila (Figura 16A-B) Localmente satildeo observadas variaccedilotildees na inclinaccedilatildeo dos foresets e
superfiacutecies de reativaccedilatildeo As tidal bundles satildeo caracterizadas por alternacircncias milimeacutetricas a
centimeacutetricas de areias e recobrimentos argilosos Estes pares exibem lateralmente espessuras
distintas de recobrimento argiloso formando pares ciacuteclicos ricos em argila seguidos de pares
ricos em areia
Os ritmitos de mareacute apresentam 120 pares de mareacute organizados em 3 ordens de
ciclicidade (Figura 16C-D) 1) os ciclos de primeira ordem satildeo caracterizados por pares de
lacircminas milimeacutetricas a centimeacutetricas de areia e argila que exibem current ripples e
bidirecionalidade dos foresets A deposiccedilatildeo do material mais fino ocorre atraveacutes de suspensatildeo
e ainda floculaccedilatildeo no periacuteodo de stillstand Este ciclo de menor ordem reflete a ciclicidade de
cheia e vazante (flood-ebb) 2) os ciclos de segunda ordem representam agrupamentos de
ciclos de primeira ordem individualizados pela espessura dos pares de areia e argila com cada
ciclo mostrando um aumento da espessura dos pares seguido por uma diminuiccedilatildeo da
espessura dos mesmos Assim haacute ciclos de segunda ordem espessos onde os arenitos exibem
espessura entre 07 cm e 43 cm e argilitos entre 04 a 10 cm Enquanto que outros ciclos
menos espessos de segunda ordem apresentam camadas de arenito entre 01 a 09 cm e de
argila entre 01 a 10 cm de espessura Cada ciclo pode chegar a aproximadamente 18 cm de
espessura e satildeo compostos por 12 a 15 pares de areia-argila 3) Os ciclos de terceira ordem
36
designam a maior ordem de ciclicidade nestes ritmitos com ciclos menos espessos (pares
mais finos) seguidos por ciclos mais espessos (com pares mais grossos) gerando uma
ciclicidade desigual em sucessivos ciclos de variaccedilatildeo vertical de espessura dos pares
Sobrepostos aos depoacutesitos ciacuteclicos de mareacute ocorrem faacutecies mais arenosas (Figura
17A-B) caracterizadas por arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada hummocky que variam
lateralmente para estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Figura 17C-D) As estratificaccedilotildees cruzadas
hummocky ocorrem em camadas tabulares contiacutenuas lateralmente com aproximadamente 20
cm de espessura por 80 de comprimento que exibem topo e base ondulada sendo possiacutevel
observar clastos orientados de argila subarredondados com dimensotildees entre 3 e 9 cm (Figura
17B-C) Dos trecircs tipos de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky descritas por Cheel amp Leckie
(1993) a do tipo scour-and-drape eacute a dominante visto que as superfiacutecies geradas por erosatildeo
ondulatoacuteria estatildeo presentes
A estratificaccedilatildeo cruzada swaley tem espessuras de 5 a 22 cm com dimensotildees entre 7
a 75 cm Esta estrutura comeccedila com uma superfiacutecie erosiva planar passando para ondulada
Internamente a laminaccedilatildeo ondulatoacuteria possui espessuras de 1 a 9 mm com inclinaccedilatildeo de
aproximadamente 15deg com onlap de baixo acircngulo em superfiacutecies erosivas A inclinaccedilatildeo das
laminaccedilotildees pode comeccedilar e terminar lateralmente acentuada formando uma geometria
cocircncava como pode perder a angulaccedilatildeo gradando para laminaccedilatildeo ondulada As faacutecies com
estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley satildeo sotopostas a camadas onduladas que
apresentam estruturas de mareacute e sobreposta por camadas onduladas
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal ocorrem em camadas geralmente
tabulares com ateacute 20 cm de espessura com base e topo suavemente ondulados e que se
adelgaccedilam lateralmente Localmente satildeo observados finos recobrimentos argilosos nos
foresets e dados paleocorrente indicam fluxos para NW
No topo destes depoacutesitos observam-se corpos com geometria de canal (Figura 17B)
Estes canais satildeo caracterizados por evidente migraccedilatildeo mergulho de 310deg compostos por
camadas amalgamadas de arenito fino com laminaccedilatildeo ondulada e plano-paralela que
acompanham a forma cocircncava do canal (preenchimento concecircntrico Gibling 2006) A
paleocorrente dominante deste ambiente estaacute para NW baseado na mediccedilatildeo de laminaccedilotildees
cruzadas cavalgantes Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominados por onda
e mareacute (AF3) de uma forma geral apresentam ciclos retrogradacionais com material argiloso
dominante na base influenciados principalmente por mareacute passando para mais arenoso ao
topo e maior inflencia por onda
37
Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato entre as
associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3 P4) B Arenito com laminaccedilatildeo
cruzada cavalgantes e ondulada com geometria pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em
arenito com microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and pillow (P3) E Escape
de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico (P5)
38
Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal bundles em laminaccedilatildeo
cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de argila (P4) B Wave generated tidal bundles com
acamamento ondulado e sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se ritmicidade
com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute com ciclos de 1a 2a e 3a ordem
superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e
quadratura (P5)
39
Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute (AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4)
B Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas
cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C Estratificaccedilatildeo
cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley
40
431 Interpretaccedilatildeo
Na associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) eacute evidente a
intercalaccedilatildeo regular entre as faacutecies arenosas finas e argilosas na base que gradativamente
passam para dominacircncia de faacutecies arenosa para o topo Esta caracteriacutestica sugere um aumento
crescente de energia passando de um sistema com predomiacutenio de transporte por decantaccedilatildeo
para outro dominado por traccedilatildeo A presenccedila das faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada
cavalgante e mud drapes nos foresets argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela arenito com
laminaccedilatildeo ondulada e ainda acamamento heteroliacutetico linsen wavy e por vezes flaser satildeo
comuns em sistema dominado por mareacute (Choi 2010 Longhitano et al 2012 Reineck amp
Wunderlich 1968 Visser 1980 Yang et al 2008) Os processos especiacuteficos que favorecem a
deposiccedilatildeo de acamamento linsen e flaser refletem condiccedilotildees de flutuaccedilotildees irregulares sendo
comuns em ambientes dominados por mareacute e tambeacutem por ondas (Nio amp Young 1991
Reineck amp Wunderlich 1968) Ritmitos de mareacute exibem ciclicidade entre laminaccedilotildees linsen e
flaser mostrando eventos influenciados por mareacutes Tal estrutura pode ser formada em vaacuterios
ambientes mas a presenccedila de ciclicidade e sua correlaccedilatildeo com diferentes ordens de
ciclicidade de mareacute satildeo evidecircncias suficientes para afirmar a presenccedila de mareacute em depoacutesitos
claacutesticos marinhos rasos (Nio amp Young 1991) Isto associado com as faacutecies de arenito com
laminaccedilatildeo cruzada cavalgante ondulada (exibindo porccedilotildees com bidirecionalidade) e mud
drapes atestam a existecircncia da accedilatildeo de mareacutes na porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti
Nos ritmitos de mareacute a bidirecionalidade em alguns pares de areia e pelito pode
indicar que durante nos periacuteodos de mareacutes siziacutegia (spring tide) a corrente subordinada teve
forccedila suficiente para mover porccedilotildees de areia como pequenas migraccedilotildees de ripples A presenccedila
de depoacutesitos de corrente dominante e subordinada com dois mud drapes podem sugerir
ambiente de submareacute (subtidal) para AF3 sendo coberto por dois periacuteodos de slack water em
um ciclo de mareacute alta e vazante (ebb-flood) (Nio amp Young 1991) A alternacircncia dos ciclos de
2ordf ordem de ritmitos de mareacute (grupos mais e menos espessos) indicam inequidade diurna Esta
alternacircncia pode ser relacionada agraves variaccedilotildees de ciclos semilunares de mareacutes de siziacutegia e
quadratura sugerindo alta taxa de deposiccedilatildeo (Rahmani 1988) A espessura meacutedia entre 12 e
16 cm por ciclo semilunar com 22 e 26 pares indica taxa deposicional de 24 a 32 cm por mecircs
Esta sequecircncia portanto pode ter sido depositada em uma zona de submareacute ou intermareacute
inferior em funccedilatildeo da alternacircncia entre lacircminas de material arenoso e peliacutetico que foram
cobertos por mareacutes durante todo ou na maior parte dos ciclos de mareacutes de siziacutegia e de
quadratura (Tessier et al 1988)
41
As tidal bundles ocorrem em laminaccedilotildees onduladas com 3 a 8 cm de espessura
como jaacute descrito em trabalhos de Boersma (1969) Terwindt (1981) Kreisa e Moiola (1986)
de estruturas de megaripplessandwave de ambientes de submareacute (apud Bhattacharya amp
Bahattacharya 2006) Tidal bundles em camadas de pequena espessura podem indicar
retrabalhamento miacutenimo dos sedimentos mais novos em funccedilatildeo do mud draping espesso
(Bhattacharya amp Bhattacharya 2006) Estruturas similares satildeo reconhecidas pela migraccedilatildeo de
ripples ou sandwaves durante a mareacute principal O recobrimento de argila com forma
sigmoidal nas bandas das tidal bundles podem definir periacuteodos de pausas da mareacute (Kreisa amp
Moiola 1986)
Algumas porccedilotildees de tidal bundles observadas nos afloramentos descritos condizem
com as sugeridas no trabalho de Yang et al (2008) como wave generated tidal bundles
(Figura 16B) com laminaccedilotildees na base dos sets por vezes sigmoidais a onduladas
(componente oscilatoacuteria) e recobrimento de argila nas cristas da ondulaccedilatildeo adjacente
exibindo as geometrias em offshoot e unidirecional descritas por Raaf et al (1977) Os
foresets satildeo recobertos por argila com variaccedilotildees deste material peliacutetico indicando ciclicidade
com porccedilotildees ricas em argila (neap tide) e em areia (spring tide) Na base e topo deste
conjunto de wave generated tidal bundles haacute laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas com
acamamento heteroliacutetico variando linsen-flaser indicando ciclos semilunares (Figura 16B)
Esta estrutura portanto eacute uma soma de resultantes advindas da accedilatildeo tanto de ondas pela
ocorrecircncia de wave generated ripples (Raaf et al 1977) como pela accedilatildeo de correntes de
mareacute pela existecircncia de recobrimento de argilas com ciclicidade
As wave-generated tidal bundles satildeo indicativas de um depoacutesito com superimposiccedilatildeo
de accedilatildeo de ondas bem como de mareacute gerando uma sucessatildeo riacutetmica Estas estruturas diferem
das tidal bundles tiacutepicas por serem estruturas que resultam de uma variaccedilatildeo temporal na
combinaccedilatildeo de correntes de mareacute e onda bem mais do que variaccedilatildeo de corrente de mareacute
apenas (Yang et al 2008) Elas se formam em circunstacircncias onde o pico de energia continua
ainda no campo de estabilidade de ripples sendo portanto estruturas indicativas de deposiccedilatildeo
por tempestade de baixa energia pois em condiccedilotildees de tempo normal a quantidade de
sedimento em suspensatildeo natildeo eacute suficiente para gerar sucessotildees espessas em um uacutenico ciclo de
mareacute principalmente em ambientes de costa aberta (Yang et al 2008) Estruturas deste
gecircnero satildeo difiacuteceis de serem preservadas em funccedilatildeo do intenso retrabalhamento por ondas que
ocorrem no ambiente em que satildeo geradas desta forma elas tendem a ser preservadas por
42
subsidecircncia tectocircnica (Allen amp Bass 1993 Tessier amp Gigot 1989) ou por taxas de
sedimentaccedilatildeo altas
Faacutecies arenito com laminaccedilatildeo ondulada arenito com estratificaccedilotildees cruzada
hummocky sigmoidal e swaley em sedimentos de areia fina denotam sistema mais energeacutetico
com accedilatildeo de ondas de tempestade Clastos de argilas presente nas camadas com estruturas
geradas por ondas ratificam este sistema mais energeacutetico forte o suficiente para retrabalhar
as rochas do substrato Estruturas como estratificaccedilatildeo cruzada hummocky foi primeiramente
descrita por Harms et al (1975) sendo gerada por meio de processos dominantemente
oscilatoacuterios combinados por correntes unidirecionais resultantes de ambiente dominado por
tempestade em aacuteguas rasas (Arnott amp Southhard 1990 Cheel amp Leckie 1993 Duke 1985
Dumas amp Arnott 2006) As estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley estatildeo geneticamente
relacionadas onde a estratificaccedilatildeo cruzada swaley pode ser descrita como estratificaccedilatildeo
cruzada hummocky truncada anisotroacutepica (Dumas amp Arnott 2006) A estratificaccedilatildeo cruzada
hummocky geralmente ocorre em um restrito intervalo de granulometria (areia muito fina a
fina) onde a forma de leito responsaacutevel pela geraccedilatildeo desta estrutura eacute um tipo de ondulaccedilatildeo
orbital (Harms et al 1975 Southard et al 1990 Yang et al 2006)
Em periacuteodos onde a atividade por tempestade foi maior as ondas penetraram e
retrabalharam os depoacutesitos dominados por mareacute formando as estratificaccedilotildees cruzadas
hummocky e swaley visto que a influecircncia de mareacute foi preservada durante periacuteodos de natildeo
tempestade (Vakarelov et al 2012) Em outras palavras a accedilatildeo das ondas retrabalharam os
sedimentos existentes onde tais ondas de tempestade atingiram o substrato acima do niacutevel de
base de onda sob fluxo combinado juntamente com componente unidirecional em regime de
fluxo superior (Arnott amp Southard 1990)
Estruturas de sobrecargadeformaccedilatildeo podem ocorrer atraveacutes do fenocircmeno de fluxo
plaacutestico associado agrave saiacuteda de aacutegua e peso da areia sobreposta (Allen 1982) Superfiacutecies
erosivas nas camadas desta associaccedilatildeo ocorrem trucando estruturas sedimentares e tem forma
ondulada com maior concentraccedilatildeo de material peliacutetico ratificando a interpretaccedilatildeo da accedilatildeo de
ondas e tempestades nestes depoacutesitos (Peng et al 2018) As Superfiacutecies de reativaccedilotildees satildeo
resultantes de variaccedilatildeo de velocidades durante as mareacutes (Klein 1970)
Estruturas balls and pillows compreendem massas redondas de sedimentos claacutesticos
tambeacutem chamados de pseudonoacutedulos em uma matriz similar ou mais fina verticalmente
sobrepostos em um horizonte Satildeo estruturas que se formam atraveacutes da separaccedilatildeo repetitiva de
43
pseudonoacutedulos da base de uma camada fonte que para de fato ocorrer o substrato deve
permanecer liquidificado por um tempo maior em relaccedilatildeo agrave taxa de deformaccedilatildeo sendo
possiacutevel o contraste de densidade das camadas e portanto o aparecimento da forccedila de divisatildeo
(Owen 2003) As estruturas deformacionais penecontemporacircneas presentes na associaccedilatildeo de
faacutecies AF3 evidenciam portanto perturbaccedilatildeo dos sedimentos ainda semi-consolidado ou
inconsolidado (Van Loon amp Brodzokowski 1987)
Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF3 estatildeo relacionados a um shoreface
inferior com accedilatildeo de tempestades episoacutedicas em uma costa retrogradante com accedilatildeo de mareacute
O ambiente plataformal torna-se mais profundo para leste em funccedilatildeo da maior ocorrecircncia de
tempestitos nesta aacuterea Geometria em canal observada no topo de tempestitos denota
proximidade com o continente com fluxo de detritos subaquosos confinados
44
CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS
Na regiatildeo estudada foram identificadas trecircs sequecircncias deposicionais de 4ordf ordem
que tiveram iniacutecio no final do Neodevoniano ateacute o Pensilvaniano e compreendem o topo da
Formaccedilatildeo Longaacute a Formaccedilatildeo Poti e a base da Formaccedilatildeo Piauiacute Estas sequecircncias satildeo
compostas por 5 tratos de sistemas limitados por 4 superfiacutecies estratigraacuteficas (Figuras 18 e
19) Sequecircncia 1 (Trato de Sistema de Mar Alto ndash TSMA) Sequecircncia 2 (Trato de Sistema de
Mar Baixo ndash TSMB e Trato de Sistema Transgressivo ndash TST) e Sequecircncia 3 (Trato de
Sistema de Mar Baixo ndash TSMB)
51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS
As superfiacutecies estratigraacuteficas (S) foram baseadas em faacutecies e limites erosivos que
delimitam os tratos de sistemas identificados (Catuneanu et al 2009 2011) com seu
reconhecimento pautado em mudanccedilas bruscas entre faacutecies e sistemas deposicionais A
superfiacutecie S1 eacute o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti (Figura 8A) representando um limite
de sequecircncia tipo 1 A superfiacutecie S2 representa o limite entre as associaccedilotildees de faacutecies fluvial e
frente deltaica da Formaccedilatildeo Poti e a superfiacutecie S3 eacute interpretada como uma superfiacutecie
transgressiva uma vez que separa depoacutesitos fluacutevio-costeiros (AF1 e AF2) de depoacutesitos de
plataforma rasa (AF3 Figuras 13A e 15A) A superfiacutecie S4 eacute um limite de sequecircncia tipo 1
de depoacutesitos plataformais do topo da Formaccedilatildeo Poti com os fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute
sobrejacente
A inconformidade subaeacuterea tem sua gecircnese relacionada a condiccedilotildees subaacutereas com
resultado de erosatildeo fluvial ou by-pass pedogecircnese degradaccedilatildeo eoacutelica ou dissoluccedilatildeo e
carstificaccedilatildeo (Catuneatu et al 2011) Ocorre quando a taxa de subsidecircncia eacute menor que a de
rebaixamento eustaacutetico na quebra do offlap (Van Wagoner et al 1988) Na aacuterea de estudo
este limite eacute encontrado em toda a regiatildeo onde dois tipos satildeo diferenciados O tipo 1 ocorre
dividindo os depoacutesitos fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti dos plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute
apresentando erosatildeo fluvial com horizontes irregulares O segundo tipo divide os depoacutesitos
plataformais de ondas e mareacute (AF3) de sequecircncias fluviais referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute Esta
superfiacutecie apresenta horizontes erosivos irregulares mais tecircnues que a primeira superfiacutecie
As superfiacutecies S1 e S4 satildeo interpretadas como resultante de queda do niacutevel relativo
do mar onde depoacutesitos fluviais puderam ser desenvolvidos As camadas foram erodidas por
45
essa accedilatildeo resultando em horizontes irregulares A superfiacutecie S2 eacute um limite de faacutecies sendo
estabelecida em um contato abrupto entre litofaacutecies de arenito meacutedio a grosso com
estratificaccedilatildeo cruzada tabular (depoacutesitos fluviais ndash AF1) e finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo
cruzada sigmoidal (depoacutesitos deltaicos ndash AF2) A superfiacutecie transgressiva (S3) limita camadas
progradantes abaixo de camadas retrogradantes acima separando os depoacutesitos transicionais
(AF1 e AF2) de depoacutesitos plataformais (AF3)
52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA
A primeira sequecircncia (Seq 1) consiste no final de uma sequecircncia estratigraacutefica
representada por trato de sistema de mar alto (TSMA) com folhelhos cinza escuros a pretos
homogecircneos ou laminados e bioturbados referente a ambiente plataformal dominado por
tempestade (Goacutees amp Feijoacute 1994) Esta sequecircncia corresponde ao final da deposiccedilatildeo da
Formaccedilatildeo Longaacute limitada acima por uma S1 (LS1) erosiva e deposiccedilatildeo de sedimentos
fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti
O trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Seq 2 (Figura 20A) compreende
depoacutesitos fluviais e deltaicos contemporacircneos (AF1 e AF2) em um contexto de bacia com
conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais Limitados abaixo por S1 (LS1) e acima
por S3 (ST) com ciclos de granodecrescecircncia ascendentes nas litofaacutecies de arenito meacutedio a
grosso com estratificaccedilatildeo cruzadas de meacutedio porte de faacutecies fluvial passando para ciclos
granocrescente ascendente de arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal e
laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes nos depoacutesitos deltaicos com a superfiacutecie S2 separando estes
dois depoacutesitos
A variaccedilatildeo das taxas de criaccedilatildeo de espaccedilo de acomodaccedilatildeo ao longo do tempo
consiste no principal fator para preservaccedilatildeo de sedimentos (Shanley amp McCabe 1994)
Sistemas fluviais costeiros satildeo muito influenciados pela mudanccedila de niacutevel de base (Miall
2006) Em sistemas fluviais controlados pelo niacutevel relativo do niacutevel do mar a identificaccedilatildeo
dos tratos de sistemas estaacute fundamentada em um somatoacuterio de criteacuterios que envolvem a
geometria padratildeo de empilhamento dos canais fluviais razatildeo entre depoacutesitos de canais e de
planiacutecie de inundaccedilatildeo (Miall 2006) O TSMB estaacute relacionado ao final do rebaixamento do
niacutevel do mar e consequente iniacutecio de sua elevaccedilatildeo
De acordo com a anaacutelise arquitetural dos depoacutesitos fluviais os elementos
individualizados foram elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal
46
alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito
arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em
forma de lenccediloacuteis Geralmente sistemas fluviais entrelaccedilados arenosos de TSMB formam
corpos de canais do tipo ldquosheet-likerdquo (Hirst 1991 Miall 2006) com amalgamaccedilatildeo de barras e
canais internos ao canal principal onde a preservaccedilatildeo de sedimentos mais finos comuns de
planiacutecie de inundaccedilatildeo eacute menor (Schanley amp McCabe 1993 Wan Wagoner et al 1995) Tal
disposiccedilatildeo estaacute de acordo com o observado para os depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti De
uma forma geral segundo a variaccedilatildeo de espessura e distribuiccedilatildeo desses depoacutesitos (Figura 19)
observa-se um acunhamento dos depoacutesitos fluviais para a porccedilatildeo SE da regiatildeo
O final do TSMB eacute marcado pelos depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de frente
deltaica (AF2) que denota progradaccedilatildeo com padratildeo de raseamento ascendente Segundo
Bhattacharya amp Walker (1992) durante os periacuteodos de aumento do niacutevel do mar a deposiccedilatildeo
deltaica fica confinada a ambientes de aacuteguas rasas na plataforma e resulta na raacutepida
progradaccedilatildeo dos lobos e comutaccedilatildeo de um ambiente dominado por processos fluviais A
sedimentaccedilatildeo deltaica tende a ser suprimida durante o aumento do niacutevel do mar e em regiotildees
costeiras tende a ser influenciada por processos de onda e mareacute (Miall 2000)
O TSMB eacute sobreposto por um Trato de Sistema Transgressivo (TST Figura 20B)
sendo seu limite marcado pela superfiacutecie S3 que representa uma incursatildeo marinha dentro da
sequecircncia 2 O trato de sistema transgressivo (TST) corresponde a depoacutesitos plataformais de
onda e mareacute (AF3) de tendecircncia granocrescente para o topo iniciando com intercalaccedilatildeo de
pelitos e arenitos finos com laminaccedilotildees com ritmitos de mareacutes e tidal bundles passando para
arenitos estratificados hummocky e swaley e em seguida camadas de arenitos maciccedilos e
ondulados mais espessos para o topo A preservaccedilatildeo de depoacutesitos de mareacute comumente ocorre
em tratos de sistemas caracterizados por taxas altas de aumento relativo do niacutevel do mar (Nio
amp Yang 1991)
Durante a incursatildeo marinha os sedimentos da plataforma rasa eram periodicamente
retrabalhados por tempestades As evidecircncias de accedilatildeo perioacutedica de ondas de tempestades satildeo
laminaccedilotildees onduladas micro-hummockys e pinch-and-swell observadas na base da sequecircncia
que passam para arenitos com Ah e Aes ao topo A diferenccedila de escala observada nas
estruturas sedimentares geradas por tempestades desta sequecircncia corrobora com o contiacutenuo
aumento do niacutevel do mar Yang et al (2006) registram que o tamanho do comprimento de
onda de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky (Ah) diminui conforme se aproxima das aacuteguas mais
rasas devido a diminuiccedilatildeo do tamanho das ondas Baseado nesta premissa as estruturas
47
sedimentares menores (ex micro-hummockys) seriam geradas no iniacutecio do aumento do niacutevel
do mar e as estruturas maiores (Ah e Aes) no aacutepice da incursatildeo marinha
A presenccedila de um ambiente dominado por processos de mareacute e onda e influenciados
por tempestades sugere que o limite TSMB-TST registra a passagem de um mar
epicontinental amplo e de aacuteguas rasas com alta taxa de aporte sedimentar (AF1 e AF2) para
um ambiente de mar mais aberto e elevada taxa de aumento do niacutevel do mar (AF3) O padratildeo
retrogradacional identificado nos depoacutesitos do TST eacute atribuiacutedo agrave geraccedilatildeo de espaccedilo de
acomodaccedilatildeo que supera a taxa de sedimentaccedilatildeo (Catuneanu et al 2011 Posamentier amp Vail
1988)
O topo do TST eacute limitado no topo pela superfiacutecie S4 a qual coincide com a
discordacircncia regional Mesocarboniacutefera A base da sequecircncia 3 representa um TSMB (Figura
20C) com depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta por camadas de
arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilotildees cruzadas tabular acanalada e tangencial com
lags conglomeraacuteticos Apoacutes a instalaccedilatildeo de um sistema plataformal transgressivo no Viseano
houve um rebaixamento do niacutevel de mar que causou um hiato erosivo de 20 Ma registrado em
vaacuterias partes da Bacia do Parnaiacuteba (Caputo 1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007) Este
evento estaria associado ao iniacutecio estaacutegio de continentalizaccedilatildeo que ocorreu durante o
Moscoviano e resultou na formaccedilatildeo do Pangea (Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007)
48
Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de Baratildeo de Grajauacute e
Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba Fonte Modificado de (Vaz et al 2007)
49
Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e principais superfiacutecies
estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)
50
Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da Seq
2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)
51
CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO
As trecircs sequecircncias deposicionais identificadas na aacuterea de estudo que compreendem
as formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute tem sua gecircnese relacionada a variaccedilotildees ciacuteclicas do niacutevel
relativo do mar influenciadas por eventos de eustasia e tectocircnica (Catuneanu 2006) A Seq 1
(TSMA) eacute caracterizada por uma transgressatildeo marinha que iniciou no Fameniano e que deu
origem aos depoacutesitos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (TSMA) com ambiente dominado por
eventos de tempestades (Goacutees amp Feijoacute 1994)
A Seq 2 que engloba TSMB em sua porccedilatildeo inicial eacute composta por depoacutesitos
fluviais e deltaicos caracterizando uma fase seguinte de progradaccedilatildeo As paleocorrentes dos
depoacutesitos fluviais (AF1) e de frente deltaica (AF2) indicam sentido do paleofluxo para NW
com provaacuteveis aacutereas fontes para leste-sudeste Dados preacutevios baseados em anaacutelises de
paleocorrentes e dataccedilotildees U-Pb em zircatildeo detritico indicam que as principais aacutereas fontes dos
sedimentos da bacia do Parnaiacuteba durante o Paleozoico estariam localizadas na Proviacutencia
Borborema que fica a sudeste da aacuterea de estudo (Daly et al 2018 Hollanda et al 2014
Oliveira amp Moura 2019) Sedimentos retrabalhados de rochas paleoproterozoicas e
neoproterozoicas seriam as principais fontes para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti com
contribuiccedilatildeo secundaacuteria de sedimentos reciclados de rochas cambro-ordovicianas ou mais
jovens (Hollanda et al 2014) aleacutem de fontes neoarquenas (Oliveira amp Moura 2019)
Retrabalhamento de rochas do intervalo Devoniano-Tournaisiano tambeacutem eacute sugerido por
dados palinoloacutegicos (Di Pasquo amp Iannuzzi 2014 Streel et al 2012) Assim um progressivo
recuo dos mares epicontinentais entre o Mesodevoniano e o Mississipiano (Goeacutes 1995)
resultou na formaccedilatildeo de extensos depoacutesitos transicionais e na exposiccedilatildeo de rochas cristalinas
e sedimentares preacute-cambrianas (antes inundadas pela incursatildeo marinha devoniana) na regiatildeo a
leste e sudeste da Bacia do Parnaiacuteba (Oliveira amp Moura 2019)
A instalaccedilatildeo deste sistema fluvio-deltaico ocorreu sob um clima semiaacuterido com
vegetaccedilatildeo escassa ou ausente Segundo Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) a vegetaccedilatildeo nas
proximidades da regiatildeo de estudo era mais arbustiva e escassa com presenccedila de plantas
pteridoacutefitas e gimnospermas aleacutem de algas que refletem aacuteguas salobras Ianuzzi (1994)
descreve clima temperado a subtropical no final do Carboniacutefero Inferior passando para
tropical no final do Carboniacutefero Superior com deriva do Continente Americano em direccedilatildeo ao
Equador (Ribeiro 2000) Parrish et al (1986) descrevem variaccedilotildees no clima durante o
Carboniacutefero Superior oscilando entre periacuteodos quentes e mais frios com tendecircncia geral de
52
aquecimento Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) descrevem assembleias fossiliacuteferas tiacutepicas de
intervalos normais a secos assim como ratificado por reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas (Iannuzzi
amp Roumlsler 2000) o qual afirma que a Bacia do Parnaiacuteba teria estado situada em uma zona
climaacutetica semiaacuterida durante a metade do Mississipiano Streel et al (2012) descrevem
miosporos em seccedilotildees de diamictitos da Formaccedilatildeo Poti na borda oeste da bacia depositados
em periacuteodos interglaciais
Os depoacutesitos deltaicos satildeo representados pelo predomiacutenio de camadas com geometria
lobada e estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais que podem estar relacionados a eventos de
sedimentaccedilatildeo episoacutedica durante carga extrema de rios (Della Faacutevera 2001 Ponciano amp Della
Faacutevera 2009) Esta carga extrema geralmente transpassa (by-pass) a parte proximal do sistema
deltaico (Della Faacutevera 2001) A ausecircncia de faacutecies de prodelta nos depoacutesitos estudados pode
estar associada a grande extensatildeo dos depoacutesitos de frente deltaica e alta taxa de progradaccedilatildeo
Apesar da ausecircncia de estruturas como Ah e Aes nos afloramentos estudados a inexistecircncia
de prodelta pode estar associada agrave remoccedilatildeo do material argiloso por tempestades (Della
Faacutevera 2001)
O delta da Formaccedilatildeo Poti flui para um ambiente de mar epicontinental raso Porritt et
al (2020) descrevem deltas similares com baixo gradiente onshore e offshore resultando em
efeitos miacutenimos das variaccedilotildees do niacutevel do mar nos deltas Ainda segundo Porritt et al (2020)
a diferenccedila destes tipos de deltas em mares epiricos para outros eacute sua quantidade baixa de
espaccedilo de acomodaccedilatildeo disponiacutevel e local de sedimentaccedilatildeo controlada por avulsatildeo de rios mais
acima nas superfiacutecies de leque aluvial
Goacutees et al (1997) descreveram ainda exposiccedilotildees referentes ao delta em contatos
laterais ou intercalados com os depoacutesitos dominado por tempestade e onda As bacias do
Parnaiacuteba e do Amazonas durante o Viseano tardio estava inserida nos paralelos 40deg a 50deg
dentro do continente Gondwana (Scotese 2000 Torvski et al 2012) recebendo accedilotildees de
furacotildees que geraram os depoacutesitos tempestiacutesticos da associaccedilatildeo AF3 (Duke 1985)
O continuo avanccedilo do mar para dentro da plataforma continental gerou os depoacutesitos
influenciados por mareacute e onda (AF3) que recobrem o sistema fluvio-deltaico Este limite
sugere a passagem de um ambiente com alta taxa de sedimentaccedilatildeo siliciclaacutestica durante o
recuo marinho para um ambiente com taxa de sedimentaccedilatildeo moderada com aumento do
niacutevel do mar mais lento Desta forma uma configuraccedilatildeo de mares epicontinentais com maior
53
restriccedilatildeo eacute sugerida para o sistema fluvio-deltaico com passagem para mares epicontinentais
amplos poreacutem ainda rasos do sistema plataformal dominado por mareacute e onda
Segundo mapas paleogeograacuteficos de Scotese (2019) observa-se no periacuteodo entre 361
e 351 milhotildees de anos (Fameniano e Tounasiano) a diminuiccedilatildeo de pontos de gelo que
estariam ligados ao processo transgressivo que deu origem a depoacutesitos plataformais marinhos
no topo da Formaccedilatildeo Longaacute Entre 344 Ma e 338 Ma (Viseano) houve o estabelecimento dos
ambientes referentes agrave Formaccedilatildeo Poti com a presenccedila de pontos de gelo relacionados agrave
regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo
que possivelmente deu origem aos depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3)
aqui descritos no topo da Formaccedilatildeo Poti Tal hipoacutetese pode sustentar ainda a existecircncia de
sistema fluvial entrelaccedilado relacionado a descargas e maior proporccedilatildeo de carga de fundo em
regiotildees glaciais oriundas de escoamentos superficiais sazonais (ou ocasionada pelo degelo) A
presenccedila de uma vegetaccedilatildeo arbustiva no Mississipiano aliado a condiccedilotildees ambientais semi-
aridas durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos Poti sustenta a justificativa da instalaccedilatildeo de um
fluvial entrelaccedilado
Uma discordacircncia regional que gerou um hiato deposicional de aproximadamente 20
Ma na Bacia do Parnaiacuteba (Goacutees et al 1992) marca o contato entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute
e consequentemente o final do ciclo deposicional do Grupo Canindeacute Assim apoacutes a
deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti movimentos epirogecircnicos ascendentes e uma regressatildeo de
extensatildeo global seriam fatores que tiveram accedilatildeo na erosatildeo da bacia (Goacutees 1995 Mesner amp
Wooldridge 1964 Santos amp Carvalho 2009) resultando na superfiacutecie S4 e na sedimentaccedilatildeo
da Seq 3 Esta tendecircncia regressiva do mar durante o Carboniacutefero poderia estar relacionada a
movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela orogenia Herciniana que se
desenvolveu principalmente a norte do supercontinente Gondwana com periacuteodos colisionais
entre 380 e 280 Ma (Windley 1995 Vaz et al 2007) O contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Poti
e Piauiacute foi observado na porccedilatildeo oeste da aacuterea de estudo onde depoacutesitos plataformais de onda
e mareacute (AF3) estatildeo sotopostas a litofaacutecies de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo
cruzada de depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Trabalhos referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute
revelam um contexto de sistema deseacutertico associado ao iniacutecio do processo de
continentalizaccedilatildeo no Gondwana (Lima amp Leite 1978 Xavier 2019) Portanto as faacutecies
fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute sobrepostas a AF3 satildeo interpretadas como pertencentes a um
TSMB
54
Em 315 Ma (Moscoviano) houve o estabelecimento de grande camada de gelo nas
porccedilotildees da Bacia do Parnaiacuteba corroborando a natureza regressiva da sequecircncia 3 (TSMB)
com um rebaixamento do niacutevel do mar juntamente com as orogenias que consolidavam o
supercontinente Pangea em condiccedilotildees climaacuteticas quente e semiaacuterida em geometria diferente
na bacia (Caputo et al 2005) referente ao fluvial da Formaccedilatildeo Piauiacute Recentemente Xavier
(2019) associa a discordacircncia entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute a movimentos glacio-eustaacuteticos
que ocorreram durante o primeiro pico de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age
(LPIA)
55
CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES
A anaacutelise dos afloramentos do intervalo da porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Longaacute
Formaccedilatildeo Poti e inferior da Formaccedilatildeo Piauiacute entre os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e Nazareacute
do Piauiacute evidenciaram ocorrecircncia de um short term transgression com depoacutesitos fluvio-
deltaicos recobertos por plataformais no Carboniacutefero inferior onde incursotildees marinhas
formaram mares rasos epicontinentais
Foram descritos para Formaccedilatildeo Poti 9 afloramentos com 15 faacutecies das quais
individualizaram 3 associaccedilotildees de faacutecies Fluvial entrelaccedilado (AF1) Frente deltaica (AF2) e
Plataforma dominada por mareacute e onda (AF3)
A Formaccedilatildeo Longaacute representa a Seq1 com depoacutesitos de tempestitos de um Trato de
Sistema de Mar Alto (TSMA) separada do fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti por um limite de
sequecircncia tipo 1 (S1) A base da Formaccedilatildeo Poti eacute representada por um fluvial entrelaccedilado
(AF1) descrito na porccedilatildeo leste da aacuterea o qual possui 8 faacutecies e sete elementos arquiteturais
elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante
(CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia
laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em forma de lenccediloacuteis
A associaccedilatildeo de Frente deltaica (AF2) possui 4 faacutecies dispostas em geometrias
tabulares a lobadas separada da AF1 por uma superfiacutecie de limite de associaccedilatildeo (S2) AF1 e
AF2 representam um Trato de sistema de Mar Baixo (TSMB) e iniacutecio da Seq 2 da Formaccedilatildeo
Poti em um contexto de bacia com conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais
AF2 separa-se dos depoacutesitos plataformais de onda e mareacute (AF3) por uma superfiacutecie
trangressiva (S3)
A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3) tem 8 faacutecies inseridas em
2 geometrias tabular e em canal Nesta sucessatildeo foram descritos acamamentos heteroliacuteticos e
ritmitos de mareacute bem como estruturas como tidal bundles wave generated que atestam a
accedilatildeo de mareacute e onda nesta unidade Ainda estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley
evidenciam a accedilatildeo de ondas de tempestades Esta associaccedilatildeo representa um Trato de Sistema
Trangressivo (TST) e o final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti sendo um short term transgression
provavelmente associada a derretimento de pontos de gelo na regiatildeo oeste da Bacia AF3
separa-se da Formaccedilatildeo Piauiacute por uma superficie de limite de sequecircncia do tipo 1 (S4) A
Formaccedilatildeo Piauiacute denotaria um Trato de Sistema de Mar Baixo (TMSB) e por isso iniacutecio da
56
Seq 3 que representa os movimentos glacio-eustaacuteticos que ocorreram durante o primeiro pico
de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age (LPIA)
57
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APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA
Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1
arenito com estrat cruzada acanalada A7) A Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a
arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato principalmente pontuais porosidade intergranular e
localmente feldspatos alterando para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na associaccedilatildeo de
faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com porosidade
intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3
Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos subangulosos a subarredondados
muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo
69
APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X
Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras representativas da
Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e 2 referente a plataforma de onda e
mareacute (AF3 A1 e A3) AF1 (A8 Folhelho) A A anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada
com etilenoglicol e calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica expansiva 119889001
indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97 Aring quando calcinada B Em amostra de
rocha total eacute dominante a presenccedila de picos principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio
AF3 (A1 arenito com lam cruzada) C Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a natureza expansiva 119889001
da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A
vermeculita eacute observada como sendo um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a
existecircncia de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring) bem como um
menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de amostra glicolada A ilita eacute melhor
individualizada nesta anaacutelise visto que a muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e
49 Aring do plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em relaccedilatildeo a ilita no pico 71
Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 D Na anaacutelise de poacute total da amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda
em menores picos albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar
montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise de DRX em rocha total e em
lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior
presenccedila de montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser realizados afim de
atestar esta tendecircncia
viii
RESUMO
Depoacutesitos siliciclaacutesticos mississipianos ocorrem nas regiotildees leste a sudoeste da Bacia do
Parnaiacuteba com aacuterea de afloramento alongada segundo orientaccedilatildeo N-S acompanhando o
contorno geoloacutegico desta bacia A Formaccedilatildeo Poti estaacute inserida em um contexto de iniacutecio de
recuo dos mares interiores com rebaixamento do niacutevel do mar que posteriormente durante a
deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Pedra de Fogo interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do
Amazonas Esta unidade estaacute inserida ao topo da Sequecircncia Mesodevoniana-Eocarboniacutefera
Grupo Canindeacute sendo composta por arenitos cinzas siltitos e folhelhos depositados em
ambientes de deltas e planiacutecie de mareacute com influecircncia de tempestade Este trabalho definiu as
sequecircncias deposicionais e os paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave
Formaccedilatildeo Poti na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba A regiatildeo de estudo situa-se entre os
municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) e Nazareacute do Piauiacute (PI) onde nove pontos foram
descritos agraves margens das rodovias BR-230 e BR- 343 em cortes de estradas exposiccedilotildees
proacuteximas a drenagens intermitentes e em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute Os
meacutetodos empregados consistiram principalmente em anaacutelise de faacutecies elementos arquiteturais
e estratigraacutefica aleacutem de anaacutelise petrograacutefica e de DRX para melhor classificaccedilatildeo e
identificaccedilatildeo mineral das rochas Foram individualizadas quinze faacutecies sedimentares reunidas
em 3 associaccedilotildees de faacutecies (AF) A associaccedilatildeo de faacutecies AF1 ndash Fluvial entrelaccedilado ndash eacute
composta por lente de folhelho (Fl) camadas de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo
plano paralela (App) a estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) na base sotoposta por arenitos
maciccedilos (Am) e com estratificaccedilotildees cruzadas acanalada (Aca) de baixo acircngulo (Aba) planar
(Acp) tabular (Atb) e tangencial (Atg) com orientaccedilatildeo preferencial para NW organizados
em ciclos granodecrescentes ascendentes A organizaccedilatildeo destas faacutecies individualizaram sete
elementos arquiteturais depoacutesitos de barras de acreccedilatildeo lateral (AL) e frontal (AF) lenccediloacuteis de
areia laminados (LL) formas arenosas (FA) e canais (CHa CHm CHp) A AF2 ndash Frente
deltaica ndash possui as faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) e com laminaccedilatildeo ondulada
(Alo) arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e maciccedilos (Am)
compondo ciclos granocrescentes ascendentes em camadas tabulares e lobadas com
paleocorrentes para NW A associaccedilatildeo de faacutecies AF3 ndash Plataforma de mareacute e onda ndash ocorre
sotoposta aos depoacutesitos AF2 com contato abrupto composta por pelitos com laminaccedilatildeo
plano-paralela (Ap) arenitos finos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) com
recobrimento argiloso ondulada (Alo) bem como arenitos maciccedilos (Am) e com
estratificaccedilotildees cruzadas hummocky (Ah) swaley (Aes) sigmoidal (As) e plano paralela (App)
ix
Acamamentos heteroliacuteticos do tipo linsen a flaser ocorrem na base da associaccedilatildeo com
ritmitos de mareacute e wave generated tidal bundles Localmente satildeo observadas escape de
fluidos laminaccedilotildees convolutas e ball-and-pillow As camadas satildeo tabulares lateralmente
contiacutenuas e com geometria de canal no topo desta sucessatildeo A anaacutelise petrograacutefica permitiu a
classificaccedilatildeo de quartzo-arenitos para os depoacutesitos de AF1 e subarcoacutesios para os referentes agraves
associaccedilotildees AF2 e AF3 Para as exposiccedilotildees estudadas foram identificadas 3 sequecircncias
estratigraacuteficas divididas por 4 superficies A Seq 1 corresponde ao intervalo com depoacutesitos
de tempestitos da Formaccedilatildeo Longaacute representando um TSMA limitada por limite de sequecircncia
tipo 1 (S1) do fluvial da Formaccedilatildeo Poti (AF1) A Seq 2 tem iniacutecio pelo TSMB representado
por depoacutesitos de fluvial entrelaccedilado (AF1) e de frente deltaica (AF2) estas separadas por um
limite (S2) Apoacutes rochas da unidade de plataforma de mareacute e onda (AF3) satildeo separadas dos
depoacutesitos transicionais (AF1 e AF2) por uma superfiacutecie transgressiva (S3) representando um
TST e final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti A Seq 2 eacute separada dos depoacutesitos de fluvial
entrelaccedilado da Formaccedilatildeo Piauiacute acima por uma superfiacutecie de limite de sequecircncia do tipo 1
(S4) A Seq 3 eacute representada pelo fluvial entrelaccedilado do Piauiacute sendo um TSMB O
empilhamento estratigraacutefico e as correlaccedilotildees dos perfis estudados revelaram a existecircncia de
uma transgressatildeo na Formaccedilatildeo Poti O estabelecimento dos ambientes fluacutevio-costeiros com
pontos de gelo da Formaccedilatildeo Poti corroboram a regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com
posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo que possivelmente deu origem aos
depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3) Tal transgressatildeo pode ser
interpretada como de curta duraccedilatildeo (short term transgression) visto que em escala regional a
Formaccedilatildeo Poti na Bacia do Parnaiacuteba eacute regressiva
Palavras-chave Paleoambiente Short-term transgression Bacia do Parnaiacuteba Formaccedilatildeo Poti
x
ABSTRACT
Mississipian siliciclastic deposits occur in the regions east and southwest of the Parnaiacuteba
Basin with an elongated outcrop area according to the N-S orientation following the
geological contour of this basin The Poti Formation is inserted in a context of the beginning
of the retreat of the inland seas with a lowering of the sea level which later during the
deposition of the Pedra de Fogo Formation interrupted the existing connection with the
Amazon Basin This unit is inserted at the top of the Mesodevonian-Eocarboniferous
Sequence Canindeacute Group being composed of gray sandstones siltstones and shales
deposited in environments of deltas and tidal flats with storm influence This work defined the
depositional sequences and paleoenvironments of the sedimentary succession corresponding
to the Poti Formation in the eastern portion of the Parnaiacuteba BasinThe study region is located
between the municipalities of Baratildeo do Grajauacute (MA) and Nazareacute do Piauiacute (PI) where nine
points were described on the margins of the BR-230 and BR-343 highways in road cuts
exposures close to intermittent rivers and in a dam near the city of Nazareacute do Piauiacute The
methods employed consisted mainly of facies analysis architectural and stratigraphic
elements in addition petrographic analysis and XRD for better classification and mineral
identification of rocks Fifteen sedimentary facies were individualized gathered in 3 facies
associations (AF) The facies association AF1 ndash Braided fluvial - is composed of shale lens
(Fl) layers of medium to thick sandstones with plane parallel stratification (App) cross planar
stratification (Acp) at the base overlay by massive sandstones (Am) and cross- bedding
stratification (Aca) low angle (Aba) planar (Acp) tabular (Atb) and tangential (Atg) with
preferential NW orientation organized in fining-upwards cycles The organization of these
facies individualized seven architectural elements deposits of lateral (AL) and frontal (AF)
accretion bars laminated sand sheets (LL) sandy forms (FA) and channels (CHa CHm
CHp) AF2 - Delta front - sandstone facies with climbing ripple cross-lamination (Alc) and
wavy lamination (Alo) fine to medium massive sandstone (Am) and sigmoidal cross
stratification (As) composing coarsening-upward cycles in tabular and lobed layers with
paleocurrents to NW The facies association AF3 - Tidal and wave platform - occurs just
below the AF2 deposits with abrupt contact composed by pelites with plane-parallel
lamination (Ap) fine climbing ripple cross-lamination sandstone (Alc) with mud wavy
lamination (Alo) as well as massive sandstones (Am) and hummocky (Ah) swaley (Aes)
sigmoidal (As) cross stratification and plane parallel (App) Heterolytic bedding linsen to
flaser type occurs at the base of the association with tidal rhythmite and wave generated tidal
xi
bundles Flames structures convoluted laminations and ball-and-pillow are observed locally
The layers are tabular laterally continuous and with channel geometry at the top of this
sequence Petrographic analysis allowed the classification of quartz-sandstones for the AF1
deposits and subarcose for those referring to the AF2 and AF3 associations For the studied
exhibitions 3 stratigraphic sequences were identified and divided by 4 stratigrafic surfaces
Seq 1 corresponds to the interval with storm deposits from the Longaacute Formation representing
a TSMA limited by type 1 (S1) sequence limit from the fluvial braided (AF1) of the Poti
Formation Seq 2 begins with the TSMB represented by the fluvial braided (AF1) and delta
front (AF2) deposits wich are separated between them by a limit (S2) Afterwards tide and
wave platform (AF3) rocks are separated from the transitional deposits (AF1 and AF2) by a
transgressive surface (S3) representing a TST and end of Seq 2 in the Poti Formation Seq 2
is separated from the fluvial braided deposits of the Piauiacute Formation above by a type 1
boundary sequence surface (S4) Seq 3 is represented by the braided fluvial of Piauiacute being a
TSMB The stratigraphic stacking and the correlations of the studied profiles revealed the
existence of a transgression in the Poti Formation The establishment of fluvial-coastal
environments with ice points in the Poti Formation corroborates the initial regression of
Sequence 2 with subsequent melting contributing to the transgression that possibly gave rise
to platform deposits dominated by wave and tide (AF3) Such transgression can be interpreted
as short-term transgression since the regional tendency in the Poti Formation in the Parnaiacuteba
Basin is regressive
Keywords Paleoenvironment Short-term transgression Parnaiacuteba Basin Poti Formation
xii
LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES
Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti
na borda leste da Bacia do Parna3
Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)7
Figura 1- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial (Miall 1996)9
Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies
aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)11
Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil
(Silva et al 2003 modificado de Goacutees 1995)14
Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o
intervalo do final do Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute
1994)15
Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute
do Piauiacute20
Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a
Formaccedilatildeo Longaacute sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7
conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e Fig7) B Clastos de argila e quartzo
nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo
frontal (AF) com concordacircncia da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies
limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta porccedilatildeo do canal
(P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 223
xiii
Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito
arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar
e baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a
arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes
dos estratos cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser
observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram
identificados Lenccediloacuteis de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e
estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo
contiacutenuo lateralmente por aproximadamente 30 metros limitado acima por
superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente
limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de acreccedilatildeo
lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem26
Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti
(P1) Canal de preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies
de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo (CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma
assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma relativamente
simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo27
Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos
afloramentos da Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior
dos canais enquanto que as arquiteturas AF e AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais
elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por avulsotildees de
canais ativos29
Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente
deltaica (Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade
de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da aacuterea de estudo P9)30
xiv
Figura 13 Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos
depoacutesitos deltaicos (AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e
mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada
sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees
convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido
principal para NW D Geometria lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos
deltaicos nas aacutereas de estudo 31
Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc)
arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B
Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem
(P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria lobada
Floriano Piauiacute (P8)32
Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato
entre as associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3
P4) B Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgantes e ondulada com geometria
pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em arenito com
microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and
pillow (P3) E Escape de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico
(P5)37
Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal
bundles em laminaccedilatildeo cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de
argila (P4) B Wave generated tidal bundles com acamamento ondulado e
sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se
ritmicidade com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute
com ciclos de 1a 2a e 3a ordem superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D
Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e quadratura
(P5)38
xv
Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute
(AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4) B
Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com
material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas
cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de
ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C
Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D
Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley39
Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de
Baratildeo de Grajauacute e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba (modificado
de Vaz et al 2007)48
Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e
principais superfiacutecies estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de
variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)49
Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do
Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da
Seq 2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de
sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)50
xvi
Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de
fluvial entrelaccedilado (AF1 arenito com estrat cruzada acanalada A7) A
Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a
arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato
principalmente pontuais porosidade intergranular e localmente feldspatos alterando
para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na
associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios
subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila
de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com
porosidade intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo
Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3 Arenito com
laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos
subangulosos a subarredondados muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas
em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo68
xvii
Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras
representativas da Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado
(AF1) e 2 referente a plataforma de onda e mareacute (AF3) AF1 (A8 Folhelho) A A
anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada com etilenoglicol e
calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica
expansiva 119889001 indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97
Aring quando calcinada B Em amostra de rocha total eacute dominante a presenccedila de picos
principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio AF3 (A1
arenito com lam cruzada) A) Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a
natureza expansiva 119889001 da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em
amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A vermeculita eacute observada como sendo
um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a existecircncia
de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring)
bem como um menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de
amostra glicolada A ilita eacute melhor individualizada nesta anaacutelise visto que a
muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e 49 Aring do
plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em
relaccedilatildeo a ilita no pico 71 Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 B Na anaacutelise de poacute total da
amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda em menores picos
albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar
montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise
de DRX em rocha total e em lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em
clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior presenccedila de
montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser
realizados afim de atestar esta tendecircncia69
xviii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (modificado de Miall 1985 apud
Miall 2006)8
Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti21
Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de
Baratildeo do Grajaacuteu25
xix
SUMAacuteRIO
DEDICATOacuteRIAiv
AGRADECIMENTOS v
EPIacuteGRAFEvii
RESUMO viii
ABSTRACT x
LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES xii
LISTA DE TABELAS xviii
CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 APRESENTACcedilAtildeO 1
12 OBJETIVOS 2
13 LOCALIZACcedilAtildeO 2
CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 4
21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA 4
22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS 5
221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes 9
23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES 12
231 Anaacutelise petrograacutefica 12
232 Difratometria de Raios- X 12
CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO 13
31 GRUPO CANINDEacute 14
32 FORMACcedilAtildeO POTI 16
CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES 19
41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO 19
411 Interpretaccedilatildeo 27
42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA 29
421 Interpretaccedilatildeo 32
43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA 34
431 Interpretaccedilatildeo 40
xx
CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS 44
51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS 44
52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA 45
CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO 51
CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES 55
REFEREcircNCIAS 57
APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA 68
APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X 69
CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO
11 APRESENTACcedilAtildeO
Durante o Carboniacutefero Inferior a regiatildeo oeste do supercontinente Gondwana estava
separada do paleocontinente Lauraacutesia por um estreito segmento do oceano Rheic (Golonka
2007 Torsvik et al 2012) Neste periacuteodo incursotildees marinhas formaram mares rasos
epicontinentais que conectavam as bacias sedimentares intracratocircnicas do Amazonas e
Parnaiacuteba no nortenordeste do Brasil (Almeida amp Carneiro 2004 Della Faacutevera 1990
Medeiros et al 2019 Torsvik amp Cocks 2013) Durante o Carboniacutefero a porccedilatildeo sul-ocidental
do Gondwana era coberta por extensas geleiras que se instalaram desde o final do Devoniano
(Castro 2004 Golonka 2007 Milani et al 2007 Torsvik et al 2012)
De acordo com reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas a Bacia do Parnaiacuteba durante o
Viseano encontrava-se em uma zona de clima semi-aacuterido a temperado e frio (Iannuzzi 1994
Iannuzzi amp Rosner 2000) Neste periacuteodo teve iniacutecio o recuo dos mares interiores com
diminuiccedilatildeo do niacutevel do mar que interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do Amazonas
(Almeida amp Carneiro 2004 Mabesoone amp Neumann 2005) A tendecircncia regressiva deste mar
no periacuteodo Carboniacutefero eacute relacionada a movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela
Orogenia Herciniana (Winldley 1995) ou pelo aumento das capas de gelo na porccedilatildeo sul-
ocidental do Gondwana (Caputo 1984 Caputo et al 2006 ab)
Neste contexto foram depositadas as rochas continentais transicionais e marinhas da
Formaccedilatildeo Poti A Formaccedilatildeo Poti eacute caracterizada por arenitos por vezes conglomeraacuteticos com
intercalaccedilatildeo de folhelhos e finos leitos de carvatildeo (Lima amp Leite 1978 Mesner amp Wooldridge
1964) que registram ambientes de deltas e planiacutecies de mareacute com influecircncia de tempestades
(Goacutees et al 1997 Goacutees amp Feijoacute 1994) A tendecircncia da Formaccedilatildeo Poti eacute principalmente
regressiva contudo os afloramentos na aacuterea de estudo mostram uma relaccedilatildeo incomum entre
depoacutesitos transicionais sotopostos por depoacutesitos de plataforma de mareacute e onda estes por sua
vez foram pouco explorados pela literatura cientiacutefica (Della Faacutevera 1990 Goacutees et al 1997)
Portanto o objetivo principal deste trabalho eacute interpretar os paleoambientes e definir uma
sequecircncia deposicional para as rochas da Formaccedilatildeo Poti que afloram entre as regiotildees de
Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba e elaborar um
modelo deposicional
2
12 OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho eacute definir as sequecircncias deposicionais e interpretar os
paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave Formaccedilatildeo Poti a partir do estudo de
depoacutesitos que afloram na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba Para isto tecircm-se os seguintes
objetivos especiacuteficos
Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo de faacutecies sedimentares e arquiteturais dos sistemas
deposicionais das Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)
Propor sequecircncia estratigraacutefica delimitando suas principais superfiacutecies estratigraacuteficas
para as Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)
Definir um modelo deposicional para as rochas siliciclaacutesticas mississipianas da
Formaccedilatildeo Poti entre as regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute
13 LOCALIZACcedilAtildeO
A aacuterea de estudo estaacute localizada na borda leste da Bacia do Parnaiacuteba na divisa entre
os estados do Maranhatildeo e Piauiacute Os depoacutesitos descritos estatildeo situados ao longo da BR-230 e
BR-343 abrangendo os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) Floriano (PI) e Nazareacute do Piauiacute
(PI) em afloramentos de corte de estradas exposiccedilotildees proacuteximas a drenagens intermitentes e
em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute (Figura 1)
3
Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti na borda leste da
Bacia do Parnaiacuteba (Fonte CPRM)
4
CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A elaboraccedilatildeo deste trabalho contou inicialmente com um levantamento bibliograacutefico
acerca da geologia regional na aacuterea leste da Bacia do Parnaiacuteba A seguir houve a fase de
campo (realizada durante o campo da disciplina de Campo 1 da graduccedilatildeo da UFPA na porccedilatildeo
leste da Bacia do Parnaiacuteba) com anaacutelises facioloacutegica arquitetural e estratigraacutefica e
posteriormente fase de laboratoacuterio com anaacutelise petrograacutefica Estas metodologias foram as
ferramentas utilizadas para alcanccedilar os objetivos propostos nesta dissertaccedilatildeo
Na fase de campo foi realizada a coleta de dados sendo feitas as descriccedilotildees e
interpretaccedilotildees facioloacutegicas a confecccedilatildeo de perfis estratigraacuteficos e coleta de amostras dos
afloramentos das Formaccedilotildees Poti Longaacute e Piauiacute As amostras coletadas originaram as seccedilotildees
delgadas para a anaacutelise petrograacutefica A avaliaccedilatildeo estratigraacutefica envolveu o estudo de nove
afloramentos as margens das BR- 230 e BR-343 sendo os pontos P1 a P5 pontos as margens
de drenagens secas P6 a P8 exposiccedilotildees em cortes de estrada e P9 a barragem Salinas (Figura
1) Na regiatildeo os litotipos referentes aos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti ocorrem com excelente
preservaccedilatildeo de estruturas sedimentares bem como engloba unidades com associaccedilotildees
litoloacutegicas de gecircneses distintas separadas por superfiacutecies que podem ser utilizadas para
correlaccedilotildees estratigraacuteficas
21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA
Para a anaacutelise de faacutecies e estratigraacutefica foi utilizada a teacutecnica de modelamento de
faacutecies com auxiacutelio de perfis colunares e estratigraacuteficos seguindo as propostas de Walker
(1992 2006) Miall (2000) Dalrymple (2010) Bhattacharya (2010) com nomenclatura de
Miall (1977) Segundo a metodologia de Walker (1992 2006) a reconstituiccedilatildeo
paleoambiental de uma unidade sedimentar deve conter caracterizaccedilatildeo das faacutecies
sedimentares com textura composiccedilatildeo geometria estrutura sedimentar e conteuacutedo fossiliacutefero
juntamente com a leitura de paleocorrentes para haver compreensatildeo dos processos
sedimentares que agiram para a formaccedilatildeo de cada faacutecies
As associaccedilotildees de faacutecies identificadas consistem em um conjunto de faacutecies
relacionadas geneticamente que remetem a determinados ambientes e sistemas deposicionais
As medidas de paleocorrentes foram retiradas em arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada e
arenitos com laminaccedilatildeo cruzada com posterior produccedilatildeo de rosetas atraveacutes do programa
OpenStereoreg A representaccedilatildeo de faacutecies em siglas inspirou-se no coacutedigo de faacutecies de Miall
5
(1977) com representaccedilatildeo da primeira letra maiuacutescula referente a litologia principal e a letra
seguinte minuacutescula indicando a estrutura sedimentar dominante Modelos de faacutecies foram
construiacutedos na forma de mapas paleogeograacuteficos representativos perfis verticais e blocos
diagramas A confecccedilatildeo de seccedilotildees panoracircmicas a partir de fotomosaicos de afloramentos
seguiu a teacutecnica de Wilzevic (1991) para auxiliar no estudo de elementos arquiteturais para
depoacutesitos fluviais (Miall 1985 1988 2006) deltaicos e plataformais
O estudo de estratigrafia de sequecircncia de alta resoluccedilatildeo (Catuneanu et al 2011
Zecchin amp Catuneanu 2013) considerou os ciclos as superfiacutecies e as ordens de cada uma e
suas sequecircncias deposicionais identificando superfiacutecies-chave da sucessatildeo e interpretando
seu significado deposicional a partir dos conceitos da estratigrafia de sequecircncias e tratos de
sistemas (Catuneanu 2006 Catuneanu et al 2009 Posamentier amp Vail 1988 Vail et al 1977)
22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS
O estudo de formas de leitos modernos e em boas exposiccedilotildees de sequecircncias antigas
(Allen 1983 Haszeldine 1983 ab Kirk 1983 apud Miall 1985) mostram que interpretaccedilotildees
baseadas apenas em perfis verticais natildeo representam de forma acurada a geometria e
complexidade interna das estruturas de grandes macrofomas de depoacutesitos de barras Portanto
apenas representaccedilotildees por perfis consistem em ferramentas pouco eficientes para o estudo de
sedimentos fluviais em funccedilatildeo das inuacutemeras mudanccedilas laterais de faacutecies e pela natureza
tridimensional de um litossoma individual (Miall 1985 1988) O canal e sua morfologia
usualmente tecircm sido usados como chave principal para a interpretaccedilatildeo de sedimentos fluviais
existindo uma grande diversidade de estilo de canais e tipos de depoacutesitos com origem
relacionada a variedade de controles parcialmente interdependentes que atuam na
sedimentaccedilatildeo fluvial (Miall 1985)
A anaacutelise bi e tridimensional permite individualizar elementos arquiteturais em
sistemas fluviais O conceito de elemento arquitetural permeia-se na noccedilatildeo que depoacutesitos
sedimentares podem ser caracterizados por geometrias estratais escala e superfiacutecies de
acamamento limitantes (Allen 1980 Miall 1985 Miall 1988) Este conceito foi primeiramente
aplicado para definir a geometria e arranjo tridimensional de estratos areniacuteticos de antigos
depoacutesitos fluviais depoacutesitos estes que tem sido difundido na literatura desde o final da deacutecada
de 80 em funccedilatildeo da larga aplicaccedilatildeo no estudo das heterogeneidades de rochas reservatoacuterio
6
(Miall amp Tyler 1991) Contudo atualmente eacute empregado para quaisquer sucessotildees
estratigraacuteficas independentes da idade litologia e gecircnese como as sucessotildees deltaicas de
planiacutecie de mareacute (Eriksson et al 1995) sucessotildees turbidiacuteticas (Mutti amp Normark 1987) e
vulcanoclaacutesticas (Palmer amp Neall 1991) com a finalidade de explanar sobre a disposiccedilatildeo das
faacutecies e de suas associaccedilotildees no espaccedilo (Borghi 2000) Allen (1983) deu origem ao termo
ldquoelemento arquiteturalrdquo e Miall (1985) sumarizou e classificou as rochas fluviais baseado
nestes conhecimentos
Jackson (1975) classifica as formas de leito em microformas mesoformas e
macroformas Microformas satildeo estruturas geradas por variaccedilatildeo turbulenta gerando marcas de
onda de pequena escala e lineaccedilotildees de corrente Mesoformas incluem formas de leito de maior
escala como dunas pequenos canais e barras linguoacuteides longitudinais e diagonais Jaacute as
macroformas mostram o efeito cumulativo de vaacuterios eventos dinacircmicos ao longo dos anos
que incluem canais maiores e formas de barras compostas como point bars side bars sand
flats e ilhas A identificaccedilatildeo apropriada destas macroformas eacute a base para determinar o tipo de
sistema fluvial (Jackson 1975 Miall 1985)
A menor escala de elementos de macroforma eacute composta por oito elementos
arquiteturais baacutesicos Canal fluxo de gravidade de sedimentos formas de leito e barra
cascalhosa acreccedilatildeo frontal acreccedilatildeo lateral lenccediloacuteis de areia laminados formas de leito
arenosas e hollow (Figura 2 Tabela 1) Estes oito elementos arquiteturais satildeo caracterizados
por tamanho do gratildeo composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e principalmente
geometria (Miall 1985) Afloramentos com ao menos vaacuterios deciacutemetros e com certa
quantidade de controle tridimensional satildeo necessaacuterios para um estudo detalhado Todos os
sistemas fluviais satildeo compostos de proporccedilotildees variadas dos oito elementos arquiteturais
7
Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)
A ampliaccedilatildeo de pesquisas ao longo dos anos em depoacutesitos atuais e antigos permitiu
a uma abrangecircncia maior desta classificaccedilatildeo atraveacutes da identificaccedilatildeo de novos seis elementos
externos ao canal (Miall 1996) Dique marginal canais de crevasse espraiamento de
crevasse finos de planiacutecie de inundaccedilatildeo e canais abandonados (Figura 3)
Segundo Miall (1985) elementos arquiteturais devem conter descriccedilotildees e
caracterizaccedilatildeo dos elementos objetivas as quais devem incluir 1) A natureza das superfiacutecies
limitantes superior e inferior 2) a geometria externa 3) escala e 4) geometria interna
Individualizar analisar e descrever os elementos arquiteturais satildeo medidas essenciais pois
podem determinar o padratildeo de alguns tipos de rios do passado e desta forma caracterizar o
tipo de sistema fluvial
8
Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais
Fonte Modificado de (Miall 1985 apud Miall 2006)
9
Figura 3- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial Fonte (Miall 1996)
221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes
De acordo com Miall (1988 1996) existem pelo menos seis ordens de superfiacutecies
limiacutetrofes em sistemas fluviais que separam elementos arquiteturais (Figura 4) Estas satildeo
caracterizadas como superfiacutecies de natildeo deposiccedilatildeo ou erosatildeo representando periacuteodos de tempo
desde alguns minutos ateacute milhares de anos (Miall 1988) Allen (1980) estendeu o conceito de
superfiacutecies limitantes de pequena e grande escala em depoacutesitos eoacutelicos para sistemas
marinhos desenvolvendo modelos teoacutericos para explicar a formaccedilatildeo de sandwaves e
superfiacutecies limiacutetrofes em regimes dominados por mareacute Miall (1988) complementou o
trabalho de Allen (1983) a respeito de superfiacutecies limitantes estendendo a classificaccedilatildeo entatildeo
conhecida resultando em uma classificaccedilatildeo de seis ordens da escala menor (1deg ordem) a
maior (6deg ordem)
10
Superfiacutecies de 1ordf ordem Satildeo planas e limitam sets de laminaccedilotildees cruzadas Representam a
sedimentaccedilatildeo contiacutenua da migraccedilatildeo de formas de leito de mesma morfologia
Superfiacutecies de 2ordf ordem A superfiacutecie natildeo apresenta evidecircncias de erosatildeo ou truncamentos
significativos Separam cosets de litofaacutecies diferentes indicando mudanccedila nas condiccedilotildees
de fluxo ou mudanccedilas na direccedilatildeo do fluxo
Superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem Satildeo mencionadas para superfiacutecies limitantes internas e mais
acima de macroformas As de 3ordf ordem satildeo superfiacutecies erosivas existentes dentro das
macroformas (superfiacutecies de reativaccedilatildeo) geralmente truncando estratos cruzados abaixo
Estas se estendem desde o topo ateacute a porccedilatildeo inferior da macroforma com assembleia de
faacutecies e geometrias acima e abaixo da superfiacutecie sendo similares
As superfiacutecies de 4ordf ordem satildeo interpretadas como limite superior de macroformas
separando diferentes assembleias de faacutecies acima e abaixo Satildeo paralelas que truncam em
baixo acircngulo as superfiacutecies de ordem menor se assemelhando a clinoformas siacutesmicas
Superfiacutecies de 5ordf ordem Superfiacutecies que limitam grandes lenccediloacuteis de areia incluindo
complexos de preenchimento de canais Satildeo planas ou levemente cocircncavas sendo
relacionada a migraccedilatildeo eou incisatildeo lateral de canais fluviais
Superfiacutecies de 6ordf ordem Superfiacutecies que caracterizam subdivisotildees estratigraacuteficas
mapeaacuteveis de uma unidade fluvial com grande extensatildeo lateral Delimitam grupos de
canais e paleovales e marcam mudanccedilas relacionadas ao niacutevel de base estratigraacutefica
11
Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies
aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)
12
23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES
231 Anaacutelise petrograacutefica
A anaacutelise petrograacutefica das amostras de arenito foi realizada em sete seccedilotildees delgadas
das faacutecies mais representativas para este estudo Satildeo elas arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada
da associaccedilatildeo de faacutecies fluvial e em arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante nas
associaccedilotildees de frente deltaacuteica e de plataforma de mareacute e onda Para a classificaccedilatildeo destes
arenitos foi adotada a metodologia de Folk (1968) baseada na descriccedilatildeo de constituintes
textura e faacutebrica da rocha com contagem de 300 pontos (Galenhouse 1971) em cada seccedilatildeo
para melhor quantificaccedilatildeo dos seus constituintes
As amostras selecionadas para esta anaacutelise foram 8 sendo A1 a A6 correspondendo
a arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de
onda e mareacute (AF3) A7 a arenitos com estratificaccedilatildeo tabular (Atb) da associaccedilatildeo de fluvial
entrelaccedilado (AF1) e A8 denotando arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) nos
depoacutesitos de frente deltaacuteica (AF2)
A identificaccedilatildeo das principais feiccedilotildees e relaccedilotildees entre os constituintes dos arenitos
foram obtidas em microscoacutepio petrograacutefico LEICA DM 2700 P com cacircmera acoplada LEICA
MC 170 HD no Laboratoacuterio de Petrografia Sedimentar do Grupo de Anaacutelise de Bacias
Sedimentares da Amazocircnia (GSED) da Universidade Federal do Paraacute
232 Difratometria de raios- X
A teacutecnica de anaacutelise de Difraccedilatildeo de Raios-X foi aplicada em amostras de folhelhos
da associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e em arenitos com laminaccedilatildeo
cruzada cavalgante da associaccedilatildeo de plataforma de mareacute e onda (AF3 A1 e A2) Esta anaacutelise
foi realizada no laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de Raio-X do Instituto de Geociecircncias da
Universidade Federal do Paraacute (UFPA) atraveacutes dos meacutetodos do poacute total e em lacircminas de
argilas orientadas O difratocircmetro utilizado foi o XrsquoPert MPD-PRO PANalytical equipado
com acircnodo de Cu (λ=15406) com a finalidade de identificar as assembleacuteias minerais de cada
rocha O software XrsquoPert HighScore Plus auxiliou na identificaccedilatildeo dos minerais atraveacutes da
compraccedilatildeo dos resultados obtidos com as fichas do banco de dados do International Center
on Diffraction Data (ICDD)
13
CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO
A Bacia do Parnaiacuteba estaacute inserida na Proviacutencia Parnaiacuteba e abrange uma aacuterea total de
668858 kmsup2 com depocentro que atinge cerca de 3500 m e embasamento continental
fortemente estruturado representado por rochas formadas ou retrabalhadas no Ciclo
Brasiliano (Cunha 1986 Goacutees amp Feijoacute 199 Milani amp Zalaacuten 1999 Vaz et al 2007) Ainda
tomografias realizadas na aacuterea desta bacia intracratocircnica indicam uma listosfera com
espessura entre 150 e 180 km (McKenzie amp Priestley 2016) A Proviacutencia Parnaiacuteba coincide
com a denominaccedilatildeo proposta por Goacutees (1995) de Proviacutencia Sedimentar do Meio-Norte
proposta esta que foi pautada na compreensatildeo tectono-sedimentar e na evoluccedilatildeo policiacuteclica da
bacia que favorecem a delimitaccedilatildeo de bacias diferentes
A Proviacutencia do Parnaiacuteba desenvolveu-se acima de um substrato composto por rochas
metamoacuterficas advindas de processos tectonomagmaacuteticos relacionadas ao Estaacutedio de
Estabilizaccedilatildeo da Plataforma Sul-Americana (Almeida amp Carneiro 2004) que agiram ateacute o
Mesoproterozoacuteico onde instalaram-se grabens preenchidos no Neoproterozoacuteico (Formaccedilatildeo
Riachatildeo) e Cambro-Ordoviciano (Formaccedilatildeo Mirador) (Goacutees et al 1992) Segundo Daly et al
(2014) o embasamento desta bacia eacute composto por trecircs unidades crustais A Proviacutencia
Borborema ao leste o Bloco Parnaiacuteba ao centro o cinturatildeo Araguaia e o Craacuteton Amazocircnico
ao oeste A natureza da sedimentaccedilatildeo da Bacia do Parnaiacuteba eacute principalmente siliciclaacutestica
com ocorrecircncias de calcaacuterio anidrita e siacutelex aleacutem de rochas magmaacuteticas
A regiatildeo da Proviacutencia do Parnaiacuteba eacute limitada ao norte pelo Arco Ferrer-Urbano ao
leste pela Falha de Tauaacute a sudeste pelo lineamento Senador Pompeu a oeste pelo
Lineamento Tocantins-Araguaia e a noroeste pelo Arco Capim As principais feiccedilotildees morfo-
estruturais que a compartimentam satildeo a Estrutura Xambioaacute o Arqueamento do Alto Parnaiacuteba
o Lineamento Transbrasiliano o Lineamento Rio Parnaiacuteba o Lineamento Rio Grajauacute e o
sistema de lineamentos orientados com direccedilatildeo NW-SE (Figura 5 Goacutees 1990) Segundo Vaz
et al (2007) as principais estruturas da bacia os lineamentos Picos Santa-Inecircs Marajoacute-
Parnaiacuteba e o Lineamento Transbrasiliano (mais proeminente na bacia) foram importantes nos
estaacutegios iniciais da bacia e durante sua evoluccedilatildeo em funccedilatildeo do direcionamento dos eixos
deposicionais na bacia
14
Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil Fonte (Silva et al
2003 modificado de Goacutees 1995)
Goacutees amp Feijoacute (1994) dividiram a Bacia do Parnaiacuteba em cinco sequecircncias principais
de segunda ordem representadas por grupos correlacionaacuteveis a ciclos tectocircnicos de caraacuteter
global (Goacutees et al 1992) Satildeo elas Sequecircncia Siluriana (Grupo Serra Grande) Sequecircncia
Devoniana (Grupo Canindeacute) Sequecircncia Carboniacutefero-Triaacutessica (Grupo Balsas) Sequecircncia
Juraacutessica (Grupo Mearim) e Sequecircncia Cretaacutecea (Formaccedilotildees Grajauacute Codoacute e Itapecuru) Vaz
et al (2007) sugeriram a compartimentaccedilatildeo desta Bacia em cinco supersequecircncias
delimitadas por discordacircncias regionais oriundas de flutuaccedilotildees dos niacuteveis eustaacuteticos dos
mares do Eopaleozoico poreacutem adotaremos a proposta de Goacutees amp Feijoacute (1994)
31 GRUPO CANINDEacute
O Grupo Canindeacute agrupava inicialmente as formaccedilotildees Pimenteiras Cabeccedilas e
Longaacute Posteriormente Caputo amp Lima (1984) adicionaram a Formaccedilatildeo Itaim e Goacutees et al
(1992) incluiacuteram a Formaccedilatildeo Poti ao grupo
15
Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o intervalo do final do
Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute 1994)
A Formaccedilatildeo Itaim eacute caracterizada por arenitos finos a meacutedios e folhelhos
bioturbados formados em ambientes deltaicos e plataformais dominados por processos de
mareacute e tempestade (Della Faacutevera 1990 Goacutees amp Feijoacute 1994) A Formaccedilatildeo Pimenteiras eacute
composta por folhelhos negros bioturbados e localmente intercalados com arenitos e siltitos
que registram ambiente plataformal raso dominado por tempestades (Della Faacutevera 1990) A
Formaccedilatildeo Cabeccedilas eacute caracterizada por arenitos finos a grossos localmente intercalados com
folhelhos ou deformados e tilitos Estes depoacutesitos registram ambientes deltaicos e
plataformais influenciados por tempestades aleacutem de ambientes glaciais a periglaciais
(Barbosa et al 2015 Caputo 1984 Della Faacutevera 1990 Ponciano amp Della Faacutevera 2009) A
Formaccedilatildeo Longaacute eacute composta principalmente por folhelhos e siltitos bioturbados com raras
lentes de arenitos que registram ambientes plataformais dominados por tempestades (Caputo
1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Lobato amp Borghi 2014 Rodrigues 2003)
A atividade magmaacutetica na Bacia do Parnaiacuteba possui trecircs fases A primeira no
Cambro-Ordoviciano precede a formaccedilatildeo da bacia caracterizada por granitos e vulcacircnicas do
Jaibaras (Oliveira amp Mohriak 2003 apud Daly et al 2018) No entanto Cerri et al (2020)
discorda desta hipoacutetese sugerindo que durante o intervalo de erosatildeonatildeo deposiccedilatildeo entre o
fim da Bacia do Jaibaras e o iniacutecio da Bacia do Parnaiacuteba ocorreu um ciclo completo de
erosatildeo mudanccedilas nos sistemas deposicionais e modificaccedilotildees em todas as aacutereas fontes
Portanto sinais de proveniecircncia revelam que natildeo existe relaccedilatildeo de causa e efeito entre a
deposiccedilatildeo do rift do Jaibaras e das sequecircncias do Parnaiacuteba (Cerri et al 2020)A segunda e
terceira fase ocorrem apoacutes o estabelecimento da bacia no Mesozoico representada pela
16
Formaccedilatildeo Mosquito e no Cretaacuteceo pela Formaccedilatildeo Sardinha (Daly et al 2018 Vaz et al
2007) Estas duas uacuteltimas tecircm sua origem dada pelo estabelecimento de um novo estaacutedio
tectocircnico ativo no Brasil apoacutes a ruptura do Pangea que levaria a abertura do Oceano
Atlacircntico com surgimento de fraturas eventos distensionais remobilizaccedilatildeo de antigas falhas e
intenso magmatismo baacutesico (Almeida amp Carneiro 2004 Vaz et al 2007 Zalaacuten 2004)
32 FORMACcedilAtildeO POTI
A denominaccedilatildeo Poti foi primeiramente proposta por Paiva (1937) para depoacutesitos
siliciclaacutesticos que ocorriam entre as profundidades 219-566m do poccedilo 125 do DNPM
perfurado proacuteximo a cidade de Teresina Piauiacute Campbell (1949) restringiu a Formaccedilatildeo Poti
ao intervalo 219-423m do mesmo poccedilo determinando uma espessura de 204 metros para esta
formaccedilatildeo Conforme mapas de isoacutepacas a Formaccedilatildeo Poti possui espessura maacutexima de 300
metros (Caputo 1984 Cunha 1986 Goacutees 1995)
Litologicamente eacute caracterizada pela predominacircncia de arenitos finos a meacutedios
intercalados subordinamente com siltitos e folhelhos (Lima amp Leite 1978 Ribeiro 2000)
depositados em ambientes fluacutevios-deltaacuteicos com accedilatildeo de tempestade e mareacute (Goeacutes 1995
Ribeiro 2000 Schobbenhaus et al 1984) Diamictitos dropstones e arenitos com
deformaccedilotildees sin-sedimentares descritos em afloramentos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem na
porccedilatildeo oeste e sudeste da bacia foram interpretados como registro de depoacutesitos fluacutevio-
glaciais a periglaciais (Andrade 1972 Caputo 1985 Caputo et al 2006 ab Caputo et al
2008 Della Faacutevera amp Uliana 1979)
O contato entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti eacute geralmente descrito como concordante
podendo ser localmente gradacional e litologicamente brusco (Lima amp Leite 1978) Caputo
(1984) descreve este contato como de caraacuteter concordante na porccedilatildeo central da bacia e
discordante nas bordas Goacutees (1995) interpreta o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti como
pertencentes a uma uacutenica sequecircncia deposicional composta por depoacutesitos deltaicoestuarinos
plataformal litoracircneos e fluvial em um sistema regressivo de costa progradante Na borda leste
da bacia Lobato amp Borghi (2007 2014) descrevem o limite entre estas formaccedilotildees como uma
superfiacutecie discordante erosiva interpretada como o limite de sequecircncia de 3ᵃ ordem Dessa
forma a discordacircncia de caraacuteter regional entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti descrita por Vaz et
al (2007) estaria restrita as bordas da bacia
Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram trecircs sistemas deposicionais para a base
da Formaccedilatildeo Poti marinho deltaico dominado por onda e fluacutevio-deltaico Segundo estes
17
autores estes sistemas se implantaram apoacutes a discordacircncia que separa a Formaccedilatildeo Poti da
Formaccedilatildeo Longaacute e retratam um ciclo transgressivo-regressivo poacutes-glacial pontuado por
novos episoacutedios de regressatildeo forccedilada Segundo Mabesoone amp Neumann (2005) movimentos
tectocircnicos leves durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos da Formaccedilatildeo Longaacute causaram pequenos
avanccedilos do mar que resultaram na deposiccedilatildeo de areias litoracircneas na porccedilatildeo inferior da
Formaccedilatildeo Poti (Struniano-Viseano) Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram a superfiacutecie
discordante como tectocircnica produto de um rebound isostaacutetico enquanto que as superfiacutecies de
regressatildeo forccedilada que limitam as sequecircncias de menor ordem seriam em parte glaacutecio-
eustaacuteticas Esta superfiacutecie discordante envolve um hiato deposicional entre Tournaisiano
Superior e o Viseano Inferior (Melo amp Loboziak 2000) Apoacutes este periacuteodo no iniacutecio do
Carboniacutefero Superior o mar se retirou rapidamente da aacuterea quando um novo episoacutedio de
soerguimento teve iniacutecio (Mabesoone amp Neumann 2005) Este episoacutedio foi marcado pelo
recuo da linha de costa e expocircs a planiacutecie costeira que foi retrabalhada pelos rios (Mabesoone
amp Neumann 2005) Assim a porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti eacute marcada por depoacutesitos de
planiacutecie aluvial (Mabesoone amp Neumann 2005)
Paiva (2018) descreve sistemas deposicionais marinho raso estuarinodeltaico
dominados por mareacute aluvial e deseacutertico organizados em oito sequecircncias deposicionais A
primeira sequecircncia seria uma transiccedilatildeo formacional LongaacutePoti separando depoacutesitos
plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute por rochas de shoreface e offshore do sistema marinho raso
da Formaccedilatildeo Poti Em sequecircncia identificou seis sequecircncias de alta frequecircncia (de 2ordf e 3ordf
ordem) marcada pela mudanccedila abrupta de faacutecies de sistemas fluacutevio estuarinos a fluacutevio-
deseacutertico com a Formaccedilatildeo Piauiacute ao topo Arauacutejo (2018) verificou a existecircncia dos mesmos
sistemas deposicionais agrupados em seis sequecircncias deposicionais onde os reservatoacuterios de
melhor qualidade diante da anaacutelise de poccedilo seriam os arenitos de shoreface frente deltaica
influenciada por mareacute barras de canais fluacutevio-estuarinos porccedilotildees centrais de barras arenosas
de mareacute e wadis
A presenccedila de uma macroflora terrestre e a ausecircncia de palinomorfos marinhos
sugere ambientes transicionais e continentais para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem
na porccedilatildeo oeste da bacia (Iannuzzi amp Pfefferkorn 2002 Melo amp Loboziak 2000) Nas porccedilotildees
leste e central da bacia a ocorrecircncia de Edmondia um bivalve marinho indica breves
incursotildees marinhas (Kegel 1954) Os dados de palinologia e paleobotacircnica tambeacutem sugerem
paleoclima temperado para a Formaccedilatildeo Poti (Iannuzi 1994) considerando que jaacute no final da
deposiccedilatildeo desta unidade existiriam condiccedilotildees de alta taxa de evaporaccedilatildeo com clima ainda
18
mais seco poreacutem razoavelmente frio tornando-se cada vez mais semi-aacuteridas no Pensilvaniano
da Formaccedilatildeo Piauiacute (Goeacutes 1995) Tal paleoclima confere com o encontrado na Formaccedilatildeo Faro
Bacia do Amazonas (Amadou amp Truckenbrodt 1992)
De acordo com estudos palinoloacutegicos (Daemon 1974 Loboziak et al1992) foi
definida idade eocarboniacutefera entre o Tournaisiano e o Viseano para esta formaccedilatildeo sendo
posteriormente sugerido a idade Viseano tardio (Iannuzzi et al 2003 Melo amp Loboziak 2000)
e ratificado por novos dados palinoloacutegicos de subsuperfiacutecie de Pasquo amp Ianuzzi (2014) A
macrofauna estudada por Iannuzzi amp Pfefferkorn (2002) dominada por pteridospermas aleacutem
de licopsiacutedeos arboacutereos e esfenopsiacutedeos apontam idade entre o Viseano Superior e o
Serpukhoviano Inferior Eacute importante salientar que a presenccedila de Cordyosporites
magnidictyus (Daemon 1974) assim como miosporos de Indotriaradites dolianitii satildeo
comuns na Formaccedilatildeo Poti representando bons marcadores estratigraacuteficos para o Viseano em
bacias do nordeste brasileiro podendo ser correlacionada com a Formaccedilatildeo Faro (Melo amp
Loboziak 2018)
19
CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES
A sucessatildeo sedimentar aflorante na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do
Piauiacute eacute constituiacuteda pelas formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute e expotildee-se ao longo de drenagens
secas como os riachos Muqueacutem e Saco em cortes de estradas e proacuteximo da Barragem Salinas
Os depoacutesitos alcanccedilam ateacute 28 m de espessura sendo extensos por dezenas de metros em
algumas localidades com acamamentos contiacutenuos lateralmente por ateacute 50 m evidenciados
pela geometria sigmoidal e tabular das camadas Foram descritas 15 faacutecies sedimentares
(Tabela 2) em 9 seccedilotildees colunares (Figura 7) organizadas em trecircs associaccedilotildees de faacutecies
fluvial (AF1) frente deltaica (AF2) e plataforma de mareacute e onda (AF3)
41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO
A associaccedilatildeo de faacutecies 1 representa a porccedilatildeo basal da Formaccedilatildeo Poti e aflora ao longo
do riacho do Muqueacutem (Baratildeo do Grajauacute) agraves margens da rodovia BR-230 e nas proximidades
da cidade de Floriano em cotas entre 120 e 178 m Estes depoacutesitos consistem em complexos
de arenitos amalgamados extensos por aproximadamente 50 m em sucessotildees com ateacute 4 m de
espessura em contato erosivo com a Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 8A) A AF1 compreende as
faacutecies folhelho com laminaccedilatildeo planar (Fl) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela (App)
arenito com estratificaccedilotildees cruzadas de baixo acircngulo (Aba) acanalada (Aca) planar (Acp)
tabular (Atb) e tangencial (Atg) e arenito maciccedilo (Am)
Os depoacutesitos fluviais satildeo constituiacutedos por arenitos micaacuteceos com estratificaccedilotildees
cruzada acanalada tabular tangencial e de baixo acircngulo Estas rochas apresentam
granulometria areia meacutedia a grossa composta por gratildeos de quartzo monocristalino (92) com
extinccedilatildeo ondulante moderada a forte quartzo policristalino plagioclaacutesio (4) feldspatos
indiferenciados muscovita contorcidas (lt1) e cutiacuteculas de argila (3) localmente Os
constituintes siliciclaacutesticos satildeo subarredondados a arredondados muito bem selecionados
orientaccedilatildeo preferencial marcada pela muscovita e feldspatos O arcabouccedilo da rocha eacute
sustentado por gratildeos com contatos pontuais em sua maioria cocircncavo-convexos e retos e
ainda porosidade intergranular Os feldspatos comumente estatildeo alterados para argilominerais
Os argilominerais identificados atraveacutes da DRX na amostra de folhelho (A8) foram
esmectitas ilita e caulinita
20
Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute
21
Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti
Faacutecies Descriccedilatildeo Interpretaccedilatildeo
Folhelho com laminaccedilatildeo (Fl) Folhelho de cor cinza-escuro apresentando fissilidade Deposiccedilatildeo de sedimentos por meio de decantaccedilatildeo
em condiccedilotildees de baixa energia
Arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela
(Alp)
Arenito amarelo-claro gratildeos de areia fina a muito fina subarredondados bem selecionados estratificaccedilatildeo plano-paralela e
continuidade lateral
Deposiccedilatildeo de sedimentos em regime de fluxo
superior atraveacutes de fluxo unidirecional trativo
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada de
baixo acircngulo (Aba)
Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados estratificaccedilatildeo
cruzada de baixo acircngulo e lateralmente contiacutenua por 5 metros
Agradaccedilatildeo e migraccedilatildeo de formas de leito
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
acanalada (Aca)
Arenito amarelo-claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada
acanalada
Migraccedilatildeo de formas de leito 3D em regime de fluxo
inferior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
planar (Acp)
Arenito amarelo-claro a escuro com gratildeo de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e
estratificaccedilatildeo plano-paralela com continuidade lateral que chegam a cruzar no bottom set
Relacionado agrave forma de leito plano em regime de
fluxo superior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
tabular (Atb)
Arenito cinza- claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados bem selecionados com estratificaccedilatildeo cruzada
tabular e geometria tabular
Migraccedilatildeo de forma de leito 2D sob fluxo
unidirecional e regime de fluxo inferior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
tangencial (Atg)
Arenito cinza-claro com grabulometria meacutedia a grossa subarredondados a arredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada
tangencial que por vezes apresenta foresets com clastos tamanho seixo de quartzo e argila
Migraccedilatildeo e agradaccedilatildeo de formas de leito 2D por
fluxo unidirecional e regime de fluxo inferior
Transporte por traccedilatildeo
Arenito com laminaccedilatildeo ondulada (Alo)
Arenito amarelo-claro de gratildeos muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados com laminaccedilatildeo ondulada
gradando lateralmente para plano-paralela
Deposiccedilatildeo de sedimentos por traccedilatildeo em regime de
fluxo oscilatoacuterio com migraccedilatildeo de formas de leito
onduladas de pequeno porte oriunda da accedilatildeo de
ondas ou correntes
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
sigmoidal (As)
Arenito amarel- claro com gratildeos de areia fina a meacutedia gratildeos subarredondados moderadamente selecionados micaacuteceos exibindo
estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
Migraccedilatildeo formas de leito de meacutedio porte Transiccedilatildeo
entre regime de fluxo inferior e superior em
condiccedilotildees de alta taxa de sedimentaccedilatildeo
Argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela
(Ap)
Argilito de cor cinza-escuro lateralmente contiacutenuas lenticulares com laminaccedilatildeo plano paralela alternando com arenitos gerando
acamamento heteroliacutetico linsen wavy e flaser da base para o topo
Deposiccedilatildeo por decantaccedilatildeo em condiccedilotildees de baixa
energia O acamamento heteroliacutetico estaacute relacionado
a alternacircncia de processos de decantaccedilatildeo de
sedimentos finos e migraccedilatildeo de formas de leito em
um regime de fluxo inferior
Arenito com laminaccedilatildeo cruzada
cavalgante (Alc)
Arenitos com cores amarelo e vermelho com gratildeos de areia muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados
exibindo laminaccedilatildeo cruzada cavalgante com mud drapes nos foresets em ciclos caracterizando tidal bundles Ocorre ainda escape de
fluidos deformaccedilatildeo convoluta no topo da camada estruturas de ball and pillow e pinch and swell Na AF3 localmente gradam para
laminaccedilatildeo sigmoidal
Deposiccedilatildeo de areias por meio de traccedilatildeo e suspensatildeo
com desaceleraccedilatildeo de fluxo associada agrave migraccedilatildeo de
marcas onduladas com crista sinuosa de pequeno
porte As deformaccedilotildees estatildeo relacionadas a
reorganizaccedilatildeo hidroplaacutestica das camadas adjacentes
em funccedilatildeo da diferenccedila de densidade
Arenito maciccedilo (Am) Arenitos amarelo com gratildeos de areia muito finos a meacutedios subangulosos a arredondados (AF1) bem selecionados a muito bem
selecionados com continuidade lateral ausente de estruturas e acamamento maciccedilo Localmente ocorrem escape de fluidos e
acamamentos convolutos
Deposiccedilatildeo raacutepida em condiccedilotildees energeacuteticas
moderada a alta e localmente sobrecarga ou escape
de fluiacutedos
Arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela
(App)
Arenito amarelo-escuro com gratildeos de areia meacutedia a grossa subarredondados a arredondados estratificaccedilatildeo plano-paralela e contiacutenuas
lateralmente
Sedimentos depositados em regime de fluxo superior
atraveacutes de fluxo unidirecional trativo
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
hummocky (Ah)
Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia fino subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada hummocky apresentando
laminaccedilotildees internas onduladas com truncamento Possuem 15 cm de espessura e 120 m de amplitude gradando lateralmente para
estratificaccedilatildeo cruzada swaley
Deposiccedilatildeo em condiccedilotildees de alta energia por meio de
correntes trativas sob accedilatildeo de fluxo combinado durante
accedilatildeo de ondas de tempestade
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
swaley (Aes)
Arenito amarelo-claro com gratildeos finos subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada swaley Accedilatildeo de ondas de tempestade com accedilatildeo de processos
erosivos
22
As estratificaccedilotildees satildeo de meacutedio a grande porte com a faacutecies arenito com
estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (Atg) apresentando clastos de quartzo e argila em tamanhos
entre 1 cm e 45 cm nos foresets (Figura 8B) Arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada de baixo
acircngulo (Aba) tendem a gradar lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela
(App) Estratos com estratificaccedilatildeo cruzada tabular (Atb) apresentam segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica (Figura 8C) As paleocorrentes medidas nos foresets de estratificaccedilotildees
cruzadas indicam orientaccedilatildeo preferencial para NW Camadas de folhelho cinza-escuro (faacutecies
Fl) com espessura de 10 cm ocorrem como lentes entre arenitos com estratificaccedilatildeo plano-
paralela e estratificaccedilatildeo cruzada tangencial e tabular
Sete elementos arquiteturais internos de canal fluvial (Tabela 3) foram identificados
para estes depoacutesitos baseados na anaacutelise bi e tridimensional dos afloramentos referentes a
AF1 bem como na granulometria de gratildeos composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e
principalmente geometria (Miall 1985 1988 1996) Satildeo eles elemento de acreccedilatildeo frontal
(AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de
preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL)
As extensas exposiccedilotildees descritas mostram unidades de litofaacutecies intercalados e
superpostos entre si formando formas de barras complexas O litossoma de acreccedilatildeo frontal
(AF) satildeo corpos arenosos com espessura entre 2 e 4 m e 30 m de extensatildeo limitado por
superfiacutecie de 4ordf ordem (Figura 8D) As litofaacutecies caracteriacutesticas satildeo Arenito com
estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e
tangencial (Atg) limitados por sets de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies limitantes apresentam
mergulhos entre 337deg e 360deg para NW denotando mesma direccedilatildeo das superfiacutecies limitantes
com os estratos cruzados
O elemento acreccedilatildeo lateral (AL) ocorre limitado por superfiacutecies de 4ordf ordem com
espessura meacutedia de 3 m e 15 m de extensatildeo composto por conjuntos de sets com superfiacutecies
de 1ordf e 2ordf ordem inclinadas com direccedilotildees entre 349deg a 40deg para NW e estratos cruzados
limitados por elas com mergulho para SE (Figura 9A e 9B) Para diferenciar este elemento
arquitetural de AF visto que ocorrem de outras formas muito similares foi considerada a
direccedilatildeo de mergulho entre as superfiacutecies limiacutetrofes de 1ordf e 2ordf ordem e os estratos cruzados
Allen (1965 1970) e Miall (1985 1996 2006) citam que a principal forma de diferenciar os
elementos AF e AL estaacute baseada na diferenccedila de orientaccedilatildeo entre as superfiacutecies de acreccedilatildeo e
os estratos cruzados O elemento AL tem geometria e composiccedilatildeo variaacutevel dependendo da
geometria do canal e da carga sedimentar este elemento eacute menos proeminente em rios
23
entrelaccedilados As litofaacutecies que representam este elemento satildeo Arenito com estratificaccedilotildees
cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) baixo acircngulo (Aba) tabular (Atb) tangencial (Atg) e
estratificaccedilatildeo plano-paralela Depoacutesitos de areia meacutedia ou areia grossa apresentam uma
grande variedade de litofaacutecies refletindo formas de leito vigorosas e progradaccedilatildeo de barras
Acamamentos com este elemento AL satildeo complexos e podem esconder a geometria acrescida
lateralmente subjacente (Miall 1985 2006)
Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Longaacute
sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7 conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e
Fig7) B Clastos de argila e quartzo nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo frontal (AF) com concordacircncia
da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta
porccedilatildeo do canal (P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 2
24
A arquitetura de canal (CH) tem forma cocircncava e eacute limitada por superfiacutecies (por
vezes erosivas) de vaacuterias ordens (1ordf 2ordf 3ordf e 4ordf ordem) em diversas escalas chegando a mais
extensa a atingir 105 metros de extensatildeo por 22 metros de altura Trecircs elementos de canal
limitados por superfiacutecies de 4ordf foram descritos e individualizados de acordo com sua
granulometria estruturas sedimentares e configuraccedilatildeo externa (Figuras 9B e 10) Canais
migrantes (CHm) canais de preenchimento (CHp) e canais alternantes (CHa) As principais
litofaacutecies satildeo a estratificaccedilatildeo cruzada acanalada (Aca) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp)
Os canais satildeo componentes comuns em vaacuterios estilos de sistemas fluviais e ocorrem tanto
com geometria assimeacutetrica quanto simeacutetrica nos afloramentos da Formaccedilatildeo Poti
Os canais migrantes (CHm) satildeo constituiacutedos por areia meacutedia a grossa com
estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de larga escala e cruzada planar com geometria assimeacutetrica
(Figura 10) relacionada a migraccedilatildeo lateral e erodida pelo elemento sobreposto limitada por
superfiacutecies de 2ordf e 4ordf ordem As estruturas sedimentares juntamente com a escala do canal
sugerem energia moderada O elemento de canal alternante (CHa) possui granulometria meacutedia
a grossa em arenitos com estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) e planar (Acp) limitados
por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies basais satildeo relativamente simeacutetricas composta
por formas de leito multilaterais por vezes erodindo o adjacente resultante de fluxos
alternados O elemento de canal de preenchimento (CHp) conteacutem arenitos meacutedios a grossos
com menos estratos cruzados que os elementos de canal anteriores Eacute limitado em sua base
por superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem com extensatildeo de 131 m e 190 m preenchimento
concecircntrico (Gibling 2006) e arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada na base passando
para cruzada planar ao topo e localmente arenito maciccedilo sendo interpretado como
preenchimento de um canal menor interno ao cinturatildeo de canais (Miall 1988)
As formas de leito arenosas (FA) tem forma de lenccediloacuteis com dimensotildees que
compreendem 36 m de altura por 9 m de extensatildeo (Figura 9A) limitados por superfiacutecies de
4ordf ordem Eacute divido por sets por vezes amalgamados que conteacutem as litofaacutecies arenito com
estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e
tangencial (Atg) separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem suavemente inclinadas no sentido
para NW gradando lateralmente para o elemento AL As formas de leito arenosas (FA) satildeo
interpretadas como elemento interno ao canal fluvial oriunda da migraccedilatildeo e cavalgamento de
dunas subaquaacuteticas em partes mais rasas do canal (Miall 1996 2006)
Os lenccediloacuteis de areia laminados (LL) tem geometria em lenccedilol (Figura 9B) com
espessura 175 m e 30 m de extensatildeo com arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela (App)
25
gradando lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) Esta unidade
arquitetural eacute limitada acima por uma superfiacutecie de 4ordf ordem interpretada como produto de
deposiccedilatildeo arenosa de enchentes em condiccedilotildees de regime de fluxo superior em leito plano
(Miall 1977 1984b Tunbridge 1981 1984 Sneh 1983 apud Miall 2006) A gradaccedilatildeo de
arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela (App) para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar
(Acp) estaacute relacionada ainda com a diminuiccedilatildeo das condiccedilotildees de fluxo no fim do evento de
enchentes
Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de Baratildeo do Grajaacuteu
26
Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar e
baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes dos estratos
cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram identificados Lenccediloacuteis
de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo contiacutenuo lateralmente por aproximadamente
30 metros limitado acima por superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de
acreccedilatildeo lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem
27
Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti (P1) Canal de
preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo
(CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma
relativamente simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo
411 Interpretaccedilatildeo
Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF1 apresentam dominacircncia de arenitos com
estratificaccedilotildees cruzada tabular acanalada e de baixo acircngulo com ocorrecircncia subordinada de
lentes descontiacutenuas de pelitos As camadas de arenitos exibem geometria geralmente tabular e
um padratildeo de granodecrescecircncia ascendente Segundo a classificaccedilatildeo proposta de Miall
(1977) estes depoacutesitos satildeo caracteriacutesticos de rios do tipo entrelaccedilado (Figura 11) os quais
apresentam canais largos baixa sinuosidade com um ou mais canais sendo favorecido pela
presenccedila de carga de fundo com granulaccedilatildeo grossa grande variabilidade na descarga e
facilidade de erosatildeo das margens (Miall 1981) O acuacutemulo da carga de fundo propicia a
formaccedilatildeo de barras arenosas que obstruem a corrente e a ramificam com aumento do
suprimento detriacutetico (Miall 1981) A formaccedilatildeo de rios entrelaccedilados tambeacutem eacute relacionada a
condiccedilotildees climaacuteticas e a presenccedila de vegetaccedilatildeo (Kasse e al 2005 Miall 1981 Piegay et al
2009) Em condiccedilotildees climaacuteticas mais uacutemidas o niacutevel do lenccedilol freaacutetico mais proacuteximo agrave
superfiacutecie contribui para sedimentaccedilatildeo mais prolongada ao contraacuterio de regiotildees aacuteridas onde
28
o lenccedilol freaacutetico mais profundo resulta em sedimentaccedilatildeo limitada a chuvas torrenciais (Miall
1991)
O modelo de rio entrelaccedilado do tipo Saskatchewan Sul proposto por Miall (1977) eacute o
que mais se assemelha aos depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti Este modelo fluvial consoante
com as caracteriacutesticas litoloacutegicas e arquiteturais condiz com um fluvial entrelaccedilado
relativamente profundo perene com baixa sinuosidade (modelo 10 de Miall 1985 2006) Este
modelo ocorre em rios entrelaccedilados com canais ativos e ciclos dominados por sedimentaccedilatildeo
arenosa (Miall 1981) O fluvial entrelaccedilado eacute marcado pela existecircncia de macroformas com
geometrias de acreccedilatildeo (AF e AL) geralmente limitadas por superfiacutecies de 4ordf ordem diferente
de rios com acamamentos tabulares tiacutepicos de entrelaccedilados rasos (Miall 1985 2006) e baixa
ocorrecircncia de depoacutesitos de overbank devido ao baixo potencial de preservaccedilatildeo em virtude da
instabilidade do canal (Miall 1988 2006) O elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) eacute comum em
rios entrelaccedilados bem como canais secundaacuterios (Brierley 1996) Ambos litossomas de
acreccedilatildeo frontal (AF) e acreccedilatildeo lateral (AL) podem ocorrer em diferentes partes da mesma
barra complexa
No elemento de canais (CHm) a geometria assimeacutetrica da migraccedilatildeo de canais estaacute
relacionada a migraccedilatildeo lateral de acamamentos unidirecionais (Cant amp Walker 1978) A
migraccedilatildeo destes acamamentos foi desenvolvida proacutexima a barras compostas (compound bars)
com relativa alta sinuosidade no flanco do canal (Miall 1988) Nos elementos CHa e CHp a
presenccedila de granulometria meacutedia a grossa arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de
meacutedio a grande porte e o empilhamento das formas de leito sugerem fluxos de alta
velocidade (Li et al 2015) No caso dos afloramentos estudados na Formaccedilatildeo Poti ocorrem
complexos de preenchimento de canais formados pelas migraccedilotildees laterais de canais
As litofaacutecies do elemento de Lenccediloacuteis Laminados (LL) arenito com laminaccedilatildeo
horizontal (App) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) tipicamente indicam fluxo de regime
superior que caracterizam rios que satildeo submetidos a descargas sedimentares sazonais em
fluxos superficiais em rios entrelaccedilados (Miall 1988)
A faacutecies de granulometria fina como Fl forma-se nos canais no periacuteodo de mais
baixa energia quando a descarga diminuiu Estas faacutecies podem se desenvolver ainda
relacionadas agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo de canais fluviais entrelaccedilados em periacuteodo de descarga
elevada (Smith 1970) As medidas de paleocorrentes dominantes para NW estatildeo condizentes
29
com os trabalhos de Goacutees (1994) e Lima amp Leite (1978) que indicam aacutereas fontes para SE
(Figura 9)
As evidecircncias de paleocorrentes indicam que as direccedilotildees principais de fluxo em
elementos arquiteturais individuais variam entre 214deg e 32deg azimute Quatro dos sete
elementos apresentam medidas com orientaccedilotildees principais tendo 20deg do principal azimute
total Com um caacutelculo de 29 leituras no afloramento da Formaccedilatildeo Poti obteve-se uma meacutedia
de 324deg azimute com magnitude de vetor em 95 As medidas de dip direction das
superfiacutecies limitantes de 1deg a 4deg ordem mostram uma tendecircncia similar entre 290deg e 39deg o que
pode ser interpretado como ambiente fluvial de baixa sinuosidade
Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos afloramentos da
Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior dos canais enquanto que as arquiteturas AF e
AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por
avulsotildees de canais ativos
42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA
A associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica da Formaccedilatildeo Poti ocorre sobreposta aos
depoacutesitos fluviais entrelaccedilados (AF1) e aos folhelhos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura
12) Estatildeo expostas em cortes de estrada e ao longo de leito de rios intermitentes as margens
da rodovia BR-230 bem como na Barragem SalinasPI nos municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e
de Nazareacute do Piauiacute A AF2 tem 19 m de espessura com camadas lateralmente contiacutenuas por
centenas de metros exibindo geometria tabular e sigmoidal Tanto o contato inferior com os
30
depoacutesitos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 12) e depoacutesitos fluviais (AF1) e superior com a
associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) tecircm caraacuteter abrupto (Figura 13A)
As principais faacutecies satildeo arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) arenito com
laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo
(Am)
Estas camadas estatildeo organizadas em ciclos de raseamento ascendente (1 a 3 m de
espessura) com arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Figura 13B) ondulada ou
maciccedilo em sua base e arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal no topo (Figuras 13 C)
Tais ciclos (Figura 14 A) exibem geometria lobada (Figura 13D) Arenitos maciccedilos ocorrem
em camadas tabulares e lobadas localmente exibindo acamamentos convolutos (Figura 14B-
C) Os arenitos satildeo classificados como subarcoacutesios com gratildeos entre areia fina a meacutedia
subangulosos a subarredondados e bem selecionados Os constituintes em geral satildeo quartzos
monocristalinos com extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (90) feldspatos indiferenciados
(5) plagioclaacutesio (3) microclina (1) muscovita deformada e cimento de oacutexido-
hidroacutexido de Fe (lt1) O arcabouccedilo da rocha eacute sustentado por gratildeos com contatos
predominantemente cocircncavo-convexos e mais raramente retos e pontuais com porosidade
intergranular Feldspatos comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade
intragranular Medidas de paleocorrentes nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
mostram paleocorrentes preferenciais para NW
Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente deltaica
(Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da
aacuterea de estudo P9)
31
Figura 13- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos depoacutesitos deltaicos
(AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
(Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees
convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido principal para NW D Geometria
lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos deltaicos nas aacutereas de estudo
32
Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) arenito com
estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos
deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem (P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria
lobada Floriano Piauiacute (P8)
421 Interpretaccedilatildeo
Deltas satildeo classificados principalmente em termos de granulometria dominante e da
importacircncia relativa de processos fluviais por onda e mareacute (Bhattacharya 2006 2010) Nesta
associaccedilatildeo de faacutecies natildeo houve exposiccedilatildeo de litofaacutecies indicativas de retrabalhamento por
mareacute sendo a maior influecircncia por correntes unidirecionais Faacutecies referentes agrave frente
deltaicas satildeo comumente depositadas em aacuteguas rasas e portanto recebem maior influecircncia de
processos gerados por ondas e correntes com depoacutesitos arenosos relativamente bem
selecionados (Bhattacharya amp Walker 1992 Nichols 2009)
33
As faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) laminaccedilotildees cruzada
cavalgante (Alc) laminaccedilatildeo ondulada (Alo) e maciccedilo (Am) estatildeo dispostas em camadas com
geometria sigmoidal que exibem ciclos de granocrescecircncia ascendente e espessamento para o
topo indicando depoacutesitos de frente deltaica (Bhattacharya amp Walker 1992 Della Faacutevera
2001) O raseamento ascendente e a granocrescecircncia ascendente satildeo caracteriacutesticas
importantes para a distinccedilatildeo de uma sucessatildeo deltaica (Nichols 2009) juntamente com a
geometria lobada
A predominacircncia de faacutecies de lobos sigmoidais como os da Formaccedilatildeo Poti sugere
semelhanccedila com a arquitetura de foresets e bottomsets dos deltas tipo Gilbert (Della Faacutevera
2001 Gobo et al 2015) Os foresets satildeo basicamente as faacutecies de arenito com estratificaccedilatildeo
cruzada sigmoidal que se desenvolve em lobos e tem sua gecircnese relacionada agrave raacutepida
desaceleraccedilatildeo do fluxo em condiccedilotildees homopicnais com progressivo aumento do aporte
sedimentar Sua deposiccedilatildeo ocorre proacutexima agrave desembocadura onde fluxos pouco densos
manteacutem parte dos sedimentos em suspensatildeo gerando uma geometria de lobos sigmoidais
(Della Faacutevera 1984 2001) Arenitos maciccedilos (Am) podem ser resultantes de processos
secundaacuterios como escape de aacutegua que obliteraram parcial ou completamente as estruturas
primaacuterias (Della Faacutevera 2001) Corroboram com esta interpretaccedilatildeo a presenccedila de porccedilotildees com
acamamento convoluto associado agraves camadas de arenito maciccedilo As faacutecies de bottomsets
arenitos com laminaccedilotildees cruzada cavalgante e laminaccedilatildeo ondulada indicam accedilatildeo de correntes
e ondas que retrabalham os sedimentos depositados na frente do delta e que satildeo recobertos
durante a progradaccedilatildeo do lobo deltaico Rodrigues (2003) descreveu a presenccedila de
estratificaccedilatildeo cruzada hummocky nos depoacutesitos deltaicos da Formaccedilatildeo Poti o que sugere que
a frente deltaica foi retrabalhada por tempestade
Faacutecies arenosas com presenccedila de estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais current ripples
unidirecionais e camadas maciccedilas em frente deltaicas podem indicar presenccedila de certo
domiacutenio fluvial (Bhattacharya amp Walker 1992) As camadas deformadas (Figura 14B-C)
observadas abaixo da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal tambeacutem sugerem
que houve um cisalhamento produzido por correntes sobre uma superfiacutecie onde a fricccedilatildeo de
arrasto pelo movimento da areia resultou em convoluccedilotildees (Tucker 2014)
Paleocorrentes da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal indicam que a
migraccedilatildeo de formas de leito nos depoacutesitos de frente deltaica possuiacuteam sentido principal para
NW Ciclos de camadas iniciadas pelas faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
que passam para as faacutecies arenito maciccedilo e com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal podem ser
interpretados como oriundos de desaceleraccedilatildeo de fluxo ao entrar em um corpo de aacutegua em
34
menor energia (granocrescecircncia ascendente) onde cada ciclo representa a progradaccedilatildeo de um
lobo deltaico individual com espessura diretamente relacionada agrave profundidade da lacircmina
drsquoaacutegua (Elliott 1986)
43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA
As exposiccedilotildees da associaccedilatildeo AF3 ocorrem ao longo de drenagens secas do Riacho do
Saco distante 6 km da rodovia BR-230 e em corte de estrada Compreende depoacutesitos de
arenitos finos e pelitos contiacutenuos lateralmente com geometria tabular e lenticular
respectivamente por vezes com camadas amalgamadas e acamamento ondulado com
espessura que varia de 6 a 20 m
A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) estaacute sotoposta aos
depoacutesitos referentes agrave AF2 (frente deltaacuteica) em contato abrupto (Figura 13A e 15A) e
sobreposta por depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta pelas faacutecies
argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela (Ap) arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc)
laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito maciccedilo (Am) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela
(App) arenito com estratificaccedilotildees cruzada hummocky (Ah) estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
(As) e estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Aes)
Na base desta associaccedilatildeo ocorrem camadas com intercalaccedilatildeo riacutetmica de lacircminas de
argilito (Ap) e arenitos muito finos (Alc Alo e App) formando acamamento heteroliacutetico com
padratildeo granocrescente ascendente com predomiacutenio do tipo linsen na base passando para
wavy e flaser em direccedilatildeo ao topo Esta ciclicidade tambeacutem eacute caracterizada por pares de
arenito e pelitos mais espessos seguidos por pares menos espessos (Figura 16C-D)
As faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada exibem acamamento ondulado no topo
com laminaccedilotildees truncadas por ondas com arranjo interno do tipo bundled upbulding e
chevron (Raaf et al 1977) que variam lateralmente para laminaccedilatildeo plano-paralela com
presenccedila de mud-drapes nos foresets superfiacutecies erosivas e paleocorrentes preferenciais para
NW
As laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes possuem laminaccedilotildees cocircncavo-convexas que se
truncam lateralmente assemelhando-se agrave micro- hummockies exibindo geometria pinch and
swell (Figura 15B) e pontualmente estruturas de escape (Figura 15C) Localmente no topo de
camadas observa-se deformaccedilatildeo convoluta Os arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
satildeo subarcoacutesios com gratildeos de areia muito fina a fina tais como quartzos monocristalinos com
35
extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (86) feldspatos indiferenciados (7) plagioclaacutesio
(5) microclina (1) muscovita deformada oacutexido-hidroacutexido de Fe (ambas lt1) e
localmente cimento de calcita Os gratildeos satildeo subangulosos a subarredondados e muito bem
selecionados A rocha eacute sustentada por gratildeos com contatos pontuais cocircncavo-convexo reto e
suturado exibem ainda gratildeos e micas orientados porosidade intergranular Feldspatos
comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade alveolar Os argilominerais
identificados na anaacutelise de DRX (laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes A1 e A3) foram
esmectitas (montmorilonita) vermiculita clorita ilita e caulinita
Arenito com acamamento heteroliacutetico eacute caracterizado por exibir laminaccedilotildees plano
paralela que passam lateralmente para laminaccedilatildeo ondulada com acamamentos do tipo linsen
wavy e flaser Localmente observa-se estruturas ball and pillow e escape de fluido (Figura
15D-E)
Arenitos finos com marcas onduladas simeacutetricas e assimeacutetricas exibem laminaccedilatildeo
cruzada por onda (Alo) a sigmoidais com tidal bundles nos foresets O comprimento de onda
das marcas onduladas varia de 4 a 8 cm e a altura de 2 a 7 cm Estas estruturas satildeo limitadas
por arenitos com laminaccedilatildeo ondulada paralela a sigmoidal com alternacircncia de pares de areia e
argila (Figura 16A-B) Localmente satildeo observadas variaccedilotildees na inclinaccedilatildeo dos foresets e
superfiacutecies de reativaccedilatildeo As tidal bundles satildeo caracterizadas por alternacircncias milimeacutetricas a
centimeacutetricas de areias e recobrimentos argilosos Estes pares exibem lateralmente espessuras
distintas de recobrimento argiloso formando pares ciacuteclicos ricos em argila seguidos de pares
ricos em areia
Os ritmitos de mareacute apresentam 120 pares de mareacute organizados em 3 ordens de
ciclicidade (Figura 16C-D) 1) os ciclos de primeira ordem satildeo caracterizados por pares de
lacircminas milimeacutetricas a centimeacutetricas de areia e argila que exibem current ripples e
bidirecionalidade dos foresets A deposiccedilatildeo do material mais fino ocorre atraveacutes de suspensatildeo
e ainda floculaccedilatildeo no periacuteodo de stillstand Este ciclo de menor ordem reflete a ciclicidade de
cheia e vazante (flood-ebb) 2) os ciclos de segunda ordem representam agrupamentos de
ciclos de primeira ordem individualizados pela espessura dos pares de areia e argila com cada
ciclo mostrando um aumento da espessura dos pares seguido por uma diminuiccedilatildeo da
espessura dos mesmos Assim haacute ciclos de segunda ordem espessos onde os arenitos exibem
espessura entre 07 cm e 43 cm e argilitos entre 04 a 10 cm Enquanto que outros ciclos
menos espessos de segunda ordem apresentam camadas de arenito entre 01 a 09 cm e de
argila entre 01 a 10 cm de espessura Cada ciclo pode chegar a aproximadamente 18 cm de
espessura e satildeo compostos por 12 a 15 pares de areia-argila 3) Os ciclos de terceira ordem
36
designam a maior ordem de ciclicidade nestes ritmitos com ciclos menos espessos (pares
mais finos) seguidos por ciclos mais espessos (com pares mais grossos) gerando uma
ciclicidade desigual em sucessivos ciclos de variaccedilatildeo vertical de espessura dos pares
Sobrepostos aos depoacutesitos ciacuteclicos de mareacute ocorrem faacutecies mais arenosas (Figura
17A-B) caracterizadas por arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada hummocky que variam
lateralmente para estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Figura 17C-D) As estratificaccedilotildees cruzadas
hummocky ocorrem em camadas tabulares contiacutenuas lateralmente com aproximadamente 20
cm de espessura por 80 de comprimento que exibem topo e base ondulada sendo possiacutevel
observar clastos orientados de argila subarredondados com dimensotildees entre 3 e 9 cm (Figura
17B-C) Dos trecircs tipos de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky descritas por Cheel amp Leckie
(1993) a do tipo scour-and-drape eacute a dominante visto que as superfiacutecies geradas por erosatildeo
ondulatoacuteria estatildeo presentes
A estratificaccedilatildeo cruzada swaley tem espessuras de 5 a 22 cm com dimensotildees entre 7
a 75 cm Esta estrutura comeccedila com uma superfiacutecie erosiva planar passando para ondulada
Internamente a laminaccedilatildeo ondulatoacuteria possui espessuras de 1 a 9 mm com inclinaccedilatildeo de
aproximadamente 15deg com onlap de baixo acircngulo em superfiacutecies erosivas A inclinaccedilatildeo das
laminaccedilotildees pode comeccedilar e terminar lateralmente acentuada formando uma geometria
cocircncava como pode perder a angulaccedilatildeo gradando para laminaccedilatildeo ondulada As faacutecies com
estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley satildeo sotopostas a camadas onduladas que
apresentam estruturas de mareacute e sobreposta por camadas onduladas
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal ocorrem em camadas geralmente
tabulares com ateacute 20 cm de espessura com base e topo suavemente ondulados e que se
adelgaccedilam lateralmente Localmente satildeo observados finos recobrimentos argilosos nos
foresets e dados paleocorrente indicam fluxos para NW
No topo destes depoacutesitos observam-se corpos com geometria de canal (Figura 17B)
Estes canais satildeo caracterizados por evidente migraccedilatildeo mergulho de 310deg compostos por
camadas amalgamadas de arenito fino com laminaccedilatildeo ondulada e plano-paralela que
acompanham a forma cocircncava do canal (preenchimento concecircntrico Gibling 2006) A
paleocorrente dominante deste ambiente estaacute para NW baseado na mediccedilatildeo de laminaccedilotildees
cruzadas cavalgantes Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominados por onda
e mareacute (AF3) de uma forma geral apresentam ciclos retrogradacionais com material argiloso
dominante na base influenciados principalmente por mareacute passando para mais arenoso ao
topo e maior inflencia por onda
37
Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato entre as
associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3 P4) B Arenito com laminaccedilatildeo
cruzada cavalgantes e ondulada com geometria pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em
arenito com microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and pillow (P3) E Escape
de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico (P5)
38
Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal bundles em laminaccedilatildeo
cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de argila (P4) B Wave generated tidal bundles com
acamamento ondulado e sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se ritmicidade
com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute com ciclos de 1a 2a e 3a ordem
superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e
quadratura (P5)
39
Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute (AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4)
B Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas
cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C Estratificaccedilatildeo
cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley
40
431 Interpretaccedilatildeo
Na associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) eacute evidente a
intercalaccedilatildeo regular entre as faacutecies arenosas finas e argilosas na base que gradativamente
passam para dominacircncia de faacutecies arenosa para o topo Esta caracteriacutestica sugere um aumento
crescente de energia passando de um sistema com predomiacutenio de transporte por decantaccedilatildeo
para outro dominado por traccedilatildeo A presenccedila das faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada
cavalgante e mud drapes nos foresets argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela arenito com
laminaccedilatildeo ondulada e ainda acamamento heteroliacutetico linsen wavy e por vezes flaser satildeo
comuns em sistema dominado por mareacute (Choi 2010 Longhitano et al 2012 Reineck amp
Wunderlich 1968 Visser 1980 Yang et al 2008) Os processos especiacuteficos que favorecem a
deposiccedilatildeo de acamamento linsen e flaser refletem condiccedilotildees de flutuaccedilotildees irregulares sendo
comuns em ambientes dominados por mareacute e tambeacutem por ondas (Nio amp Young 1991
Reineck amp Wunderlich 1968) Ritmitos de mareacute exibem ciclicidade entre laminaccedilotildees linsen e
flaser mostrando eventos influenciados por mareacutes Tal estrutura pode ser formada em vaacuterios
ambientes mas a presenccedila de ciclicidade e sua correlaccedilatildeo com diferentes ordens de
ciclicidade de mareacute satildeo evidecircncias suficientes para afirmar a presenccedila de mareacute em depoacutesitos
claacutesticos marinhos rasos (Nio amp Young 1991) Isto associado com as faacutecies de arenito com
laminaccedilatildeo cruzada cavalgante ondulada (exibindo porccedilotildees com bidirecionalidade) e mud
drapes atestam a existecircncia da accedilatildeo de mareacutes na porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti
Nos ritmitos de mareacute a bidirecionalidade em alguns pares de areia e pelito pode
indicar que durante nos periacuteodos de mareacutes siziacutegia (spring tide) a corrente subordinada teve
forccedila suficiente para mover porccedilotildees de areia como pequenas migraccedilotildees de ripples A presenccedila
de depoacutesitos de corrente dominante e subordinada com dois mud drapes podem sugerir
ambiente de submareacute (subtidal) para AF3 sendo coberto por dois periacuteodos de slack water em
um ciclo de mareacute alta e vazante (ebb-flood) (Nio amp Young 1991) A alternacircncia dos ciclos de
2ordf ordem de ritmitos de mareacute (grupos mais e menos espessos) indicam inequidade diurna Esta
alternacircncia pode ser relacionada agraves variaccedilotildees de ciclos semilunares de mareacutes de siziacutegia e
quadratura sugerindo alta taxa de deposiccedilatildeo (Rahmani 1988) A espessura meacutedia entre 12 e
16 cm por ciclo semilunar com 22 e 26 pares indica taxa deposicional de 24 a 32 cm por mecircs
Esta sequecircncia portanto pode ter sido depositada em uma zona de submareacute ou intermareacute
inferior em funccedilatildeo da alternacircncia entre lacircminas de material arenoso e peliacutetico que foram
cobertos por mareacutes durante todo ou na maior parte dos ciclos de mareacutes de siziacutegia e de
quadratura (Tessier et al 1988)
41
As tidal bundles ocorrem em laminaccedilotildees onduladas com 3 a 8 cm de espessura
como jaacute descrito em trabalhos de Boersma (1969) Terwindt (1981) Kreisa e Moiola (1986)
de estruturas de megaripplessandwave de ambientes de submareacute (apud Bhattacharya amp
Bahattacharya 2006) Tidal bundles em camadas de pequena espessura podem indicar
retrabalhamento miacutenimo dos sedimentos mais novos em funccedilatildeo do mud draping espesso
(Bhattacharya amp Bhattacharya 2006) Estruturas similares satildeo reconhecidas pela migraccedilatildeo de
ripples ou sandwaves durante a mareacute principal O recobrimento de argila com forma
sigmoidal nas bandas das tidal bundles podem definir periacuteodos de pausas da mareacute (Kreisa amp
Moiola 1986)
Algumas porccedilotildees de tidal bundles observadas nos afloramentos descritos condizem
com as sugeridas no trabalho de Yang et al (2008) como wave generated tidal bundles
(Figura 16B) com laminaccedilotildees na base dos sets por vezes sigmoidais a onduladas
(componente oscilatoacuteria) e recobrimento de argila nas cristas da ondulaccedilatildeo adjacente
exibindo as geometrias em offshoot e unidirecional descritas por Raaf et al (1977) Os
foresets satildeo recobertos por argila com variaccedilotildees deste material peliacutetico indicando ciclicidade
com porccedilotildees ricas em argila (neap tide) e em areia (spring tide) Na base e topo deste
conjunto de wave generated tidal bundles haacute laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas com
acamamento heteroliacutetico variando linsen-flaser indicando ciclos semilunares (Figura 16B)
Esta estrutura portanto eacute uma soma de resultantes advindas da accedilatildeo tanto de ondas pela
ocorrecircncia de wave generated ripples (Raaf et al 1977) como pela accedilatildeo de correntes de
mareacute pela existecircncia de recobrimento de argilas com ciclicidade
As wave-generated tidal bundles satildeo indicativas de um depoacutesito com superimposiccedilatildeo
de accedilatildeo de ondas bem como de mareacute gerando uma sucessatildeo riacutetmica Estas estruturas diferem
das tidal bundles tiacutepicas por serem estruturas que resultam de uma variaccedilatildeo temporal na
combinaccedilatildeo de correntes de mareacute e onda bem mais do que variaccedilatildeo de corrente de mareacute
apenas (Yang et al 2008) Elas se formam em circunstacircncias onde o pico de energia continua
ainda no campo de estabilidade de ripples sendo portanto estruturas indicativas de deposiccedilatildeo
por tempestade de baixa energia pois em condiccedilotildees de tempo normal a quantidade de
sedimento em suspensatildeo natildeo eacute suficiente para gerar sucessotildees espessas em um uacutenico ciclo de
mareacute principalmente em ambientes de costa aberta (Yang et al 2008) Estruturas deste
gecircnero satildeo difiacuteceis de serem preservadas em funccedilatildeo do intenso retrabalhamento por ondas que
ocorrem no ambiente em que satildeo geradas desta forma elas tendem a ser preservadas por
42
subsidecircncia tectocircnica (Allen amp Bass 1993 Tessier amp Gigot 1989) ou por taxas de
sedimentaccedilatildeo altas
Faacutecies arenito com laminaccedilatildeo ondulada arenito com estratificaccedilotildees cruzada
hummocky sigmoidal e swaley em sedimentos de areia fina denotam sistema mais energeacutetico
com accedilatildeo de ondas de tempestade Clastos de argilas presente nas camadas com estruturas
geradas por ondas ratificam este sistema mais energeacutetico forte o suficiente para retrabalhar
as rochas do substrato Estruturas como estratificaccedilatildeo cruzada hummocky foi primeiramente
descrita por Harms et al (1975) sendo gerada por meio de processos dominantemente
oscilatoacuterios combinados por correntes unidirecionais resultantes de ambiente dominado por
tempestade em aacuteguas rasas (Arnott amp Southhard 1990 Cheel amp Leckie 1993 Duke 1985
Dumas amp Arnott 2006) As estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley estatildeo geneticamente
relacionadas onde a estratificaccedilatildeo cruzada swaley pode ser descrita como estratificaccedilatildeo
cruzada hummocky truncada anisotroacutepica (Dumas amp Arnott 2006) A estratificaccedilatildeo cruzada
hummocky geralmente ocorre em um restrito intervalo de granulometria (areia muito fina a
fina) onde a forma de leito responsaacutevel pela geraccedilatildeo desta estrutura eacute um tipo de ondulaccedilatildeo
orbital (Harms et al 1975 Southard et al 1990 Yang et al 2006)
Em periacuteodos onde a atividade por tempestade foi maior as ondas penetraram e
retrabalharam os depoacutesitos dominados por mareacute formando as estratificaccedilotildees cruzadas
hummocky e swaley visto que a influecircncia de mareacute foi preservada durante periacuteodos de natildeo
tempestade (Vakarelov et al 2012) Em outras palavras a accedilatildeo das ondas retrabalharam os
sedimentos existentes onde tais ondas de tempestade atingiram o substrato acima do niacutevel de
base de onda sob fluxo combinado juntamente com componente unidirecional em regime de
fluxo superior (Arnott amp Southard 1990)
Estruturas de sobrecargadeformaccedilatildeo podem ocorrer atraveacutes do fenocircmeno de fluxo
plaacutestico associado agrave saiacuteda de aacutegua e peso da areia sobreposta (Allen 1982) Superfiacutecies
erosivas nas camadas desta associaccedilatildeo ocorrem trucando estruturas sedimentares e tem forma
ondulada com maior concentraccedilatildeo de material peliacutetico ratificando a interpretaccedilatildeo da accedilatildeo de
ondas e tempestades nestes depoacutesitos (Peng et al 2018) As Superfiacutecies de reativaccedilotildees satildeo
resultantes de variaccedilatildeo de velocidades durante as mareacutes (Klein 1970)
Estruturas balls and pillows compreendem massas redondas de sedimentos claacutesticos
tambeacutem chamados de pseudonoacutedulos em uma matriz similar ou mais fina verticalmente
sobrepostos em um horizonte Satildeo estruturas que se formam atraveacutes da separaccedilatildeo repetitiva de
43
pseudonoacutedulos da base de uma camada fonte que para de fato ocorrer o substrato deve
permanecer liquidificado por um tempo maior em relaccedilatildeo agrave taxa de deformaccedilatildeo sendo
possiacutevel o contraste de densidade das camadas e portanto o aparecimento da forccedila de divisatildeo
(Owen 2003) As estruturas deformacionais penecontemporacircneas presentes na associaccedilatildeo de
faacutecies AF3 evidenciam portanto perturbaccedilatildeo dos sedimentos ainda semi-consolidado ou
inconsolidado (Van Loon amp Brodzokowski 1987)
Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF3 estatildeo relacionados a um shoreface
inferior com accedilatildeo de tempestades episoacutedicas em uma costa retrogradante com accedilatildeo de mareacute
O ambiente plataformal torna-se mais profundo para leste em funccedilatildeo da maior ocorrecircncia de
tempestitos nesta aacuterea Geometria em canal observada no topo de tempestitos denota
proximidade com o continente com fluxo de detritos subaquosos confinados
44
CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS
Na regiatildeo estudada foram identificadas trecircs sequecircncias deposicionais de 4ordf ordem
que tiveram iniacutecio no final do Neodevoniano ateacute o Pensilvaniano e compreendem o topo da
Formaccedilatildeo Longaacute a Formaccedilatildeo Poti e a base da Formaccedilatildeo Piauiacute Estas sequecircncias satildeo
compostas por 5 tratos de sistemas limitados por 4 superfiacutecies estratigraacuteficas (Figuras 18 e
19) Sequecircncia 1 (Trato de Sistema de Mar Alto ndash TSMA) Sequecircncia 2 (Trato de Sistema de
Mar Baixo ndash TSMB e Trato de Sistema Transgressivo ndash TST) e Sequecircncia 3 (Trato de
Sistema de Mar Baixo ndash TSMB)
51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS
As superfiacutecies estratigraacuteficas (S) foram baseadas em faacutecies e limites erosivos que
delimitam os tratos de sistemas identificados (Catuneanu et al 2009 2011) com seu
reconhecimento pautado em mudanccedilas bruscas entre faacutecies e sistemas deposicionais A
superfiacutecie S1 eacute o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti (Figura 8A) representando um limite
de sequecircncia tipo 1 A superfiacutecie S2 representa o limite entre as associaccedilotildees de faacutecies fluvial e
frente deltaica da Formaccedilatildeo Poti e a superfiacutecie S3 eacute interpretada como uma superfiacutecie
transgressiva uma vez que separa depoacutesitos fluacutevio-costeiros (AF1 e AF2) de depoacutesitos de
plataforma rasa (AF3 Figuras 13A e 15A) A superfiacutecie S4 eacute um limite de sequecircncia tipo 1
de depoacutesitos plataformais do topo da Formaccedilatildeo Poti com os fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute
sobrejacente
A inconformidade subaeacuterea tem sua gecircnese relacionada a condiccedilotildees subaacutereas com
resultado de erosatildeo fluvial ou by-pass pedogecircnese degradaccedilatildeo eoacutelica ou dissoluccedilatildeo e
carstificaccedilatildeo (Catuneatu et al 2011) Ocorre quando a taxa de subsidecircncia eacute menor que a de
rebaixamento eustaacutetico na quebra do offlap (Van Wagoner et al 1988) Na aacuterea de estudo
este limite eacute encontrado em toda a regiatildeo onde dois tipos satildeo diferenciados O tipo 1 ocorre
dividindo os depoacutesitos fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti dos plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute
apresentando erosatildeo fluvial com horizontes irregulares O segundo tipo divide os depoacutesitos
plataformais de ondas e mareacute (AF3) de sequecircncias fluviais referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute Esta
superfiacutecie apresenta horizontes erosivos irregulares mais tecircnues que a primeira superfiacutecie
As superfiacutecies S1 e S4 satildeo interpretadas como resultante de queda do niacutevel relativo
do mar onde depoacutesitos fluviais puderam ser desenvolvidos As camadas foram erodidas por
45
essa accedilatildeo resultando em horizontes irregulares A superfiacutecie S2 eacute um limite de faacutecies sendo
estabelecida em um contato abrupto entre litofaacutecies de arenito meacutedio a grosso com
estratificaccedilatildeo cruzada tabular (depoacutesitos fluviais ndash AF1) e finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo
cruzada sigmoidal (depoacutesitos deltaicos ndash AF2) A superfiacutecie transgressiva (S3) limita camadas
progradantes abaixo de camadas retrogradantes acima separando os depoacutesitos transicionais
(AF1 e AF2) de depoacutesitos plataformais (AF3)
52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA
A primeira sequecircncia (Seq 1) consiste no final de uma sequecircncia estratigraacutefica
representada por trato de sistema de mar alto (TSMA) com folhelhos cinza escuros a pretos
homogecircneos ou laminados e bioturbados referente a ambiente plataformal dominado por
tempestade (Goacutees amp Feijoacute 1994) Esta sequecircncia corresponde ao final da deposiccedilatildeo da
Formaccedilatildeo Longaacute limitada acima por uma S1 (LS1) erosiva e deposiccedilatildeo de sedimentos
fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti
O trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Seq 2 (Figura 20A) compreende
depoacutesitos fluviais e deltaicos contemporacircneos (AF1 e AF2) em um contexto de bacia com
conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais Limitados abaixo por S1 (LS1) e acima
por S3 (ST) com ciclos de granodecrescecircncia ascendentes nas litofaacutecies de arenito meacutedio a
grosso com estratificaccedilatildeo cruzadas de meacutedio porte de faacutecies fluvial passando para ciclos
granocrescente ascendente de arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal e
laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes nos depoacutesitos deltaicos com a superfiacutecie S2 separando estes
dois depoacutesitos
A variaccedilatildeo das taxas de criaccedilatildeo de espaccedilo de acomodaccedilatildeo ao longo do tempo
consiste no principal fator para preservaccedilatildeo de sedimentos (Shanley amp McCabe 1994)
Sistemas fluviais costeiros satildeo muito influenciados pela mudanccedila de niacutevel de base (Miall
2006) Em sistemas fluviais controlados pelo niacutevel relativo do niacutevel do mar a identificaccedilatildeo
dos tratos de sistemas estaacute fundamentada em um somatoacuterio de criteacuterios que envolvem a
geometria padratildeo de empilhamento dos canais fluviais razatildeo entre depoacutesitos de canais e de
planiacutecie de inundaccedilatildeo (Miall 2006) O TSMB estaacute relacionado ao final do rebaixamento do
niacutevel do mar e consequente iniacutecio de sua elevaccedilatildeo
De acordo com a anaacutelise arquitetural dos depoacutesitos fluviais os elementos
individualizados foram elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal
46
alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito
arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em
forma de lenccediloacuteis Geralmente sistemas fluviais entrelaccedilados arenosos de TSMB formam
corpos de canais do tipo ldquosheet-likerdquo (Hirst 1991 Miall 2006) com amalgamaccedilatildeo de barras e
canais internos ao canal principal onde a preservaccedilatildeo de sedimentos mais finos comuns de
planiacutecie de inundaccedilatildeo eacute menor (Schanley amp McCabe 1993 Wan Wagoner et al 1995) Tal
disposiccedilatildeo estaacute de acordo com o observado para os depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti De
uma forma geral segundo a variaccedilatildeo de espessura e distribuiccedilatildeo desses depoacutesitos (Figura 19)
observa-se um acunhamento dos depoacutesitos fluviais para a porccedilatildeo SE da regiatildeo
O final do TSMB eacute marcado pelos depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de frente
deltaica (AF2) que denota progradaccedilatildeo com padratildeo de raseamento ascendente Segundo
Bhattacharya amp Walker (1992) durante os periacuteodos de aumento do niacutevel do mar a deposiccedilatildeo
deltaica fica confinada a ambientes de aacuteguas rasas na plataforma e resulta na raacutepida
progradaccedilatildeo dos lobos e comutaccedilatildeo de um ambiente dominado por processos fluviais A
sedimentaccedilatildeo deltaica tende a ser suprimida durante o aumento do niacutevel do mar e em regiotildees
costeiras tende a ser influenciada por processos de onda e mareacute (Miall 2000)
O TSMB eacute sobreposto por um Trato de Sistema Transgressivo (TST Figura 20B)
sendo seu limite marcado pela superfiacutecie S3 que representa uma incursatildeo marinha dentro da
sequecircncia 2 O trato de sistema transgressivo (TST) corresponde a depoacutesitos plataformais de
onda e mareacute (AF3) de tendecircncia granocrescente para o topo iniciando com intercalaccedilatildeo de
pelitos e arenitos finos com laminaccedilotildees com ritmitos de mareacutes e tidal bundles passando para
arenitos estratificados hummocky e swaley e em seguida camadas de arenitos maciccedilos e
ondulados mais espessos para o topo A preservaccedilatildeo de depoacutesitos de mareacute comumente ocorre
em tratos de sistemas caracterizados por taxas altas de aumento relativo do niacutevel do mar (Nio
amp Yang 1991)
Durante a incursatildeo marinha os sedimentos da plataforma rasa eram periodicamente
retrabalhados por tempestades As evidecircncias de accedilatildeo perioacutedica de ondas de tempestades satildeo
laminaccedilotildees onduladas micro-hummockys e pinch-and-swell observadas na base da sequecircncia
que passam para arenitos com Ah e Aes ao topo A diferenccedila de escala observada nas
estruturas sedimentares geradas por tempestades desta sequecircncia corrobora com o contiacutenuo
aumento do niacutevel do mar Yang et al (2006) registram que o tamanho do comprimento de
onda de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky (Ah) diminui conforme se aproxima das aacuteguas mais
rasas devido a diminuiccedilatildeo do tamanho das ondas Baseado nesta premissa as estruturas
47
sedimentares menores (ex micro-hummockys) seriam geradas no iniacutecio do aumento do niacutevel
do mar e as estruturas maiores (Ah e Aes) no aacutepice da incursatildeo marinha
A presenccedila de um ambiente dominado por processos de mareacute e onda e influenciados
por tempestades sugere que o limite TSMB-TST registra a passagem de um mar
epicontinental amplo e de aacuteguas rasas com alta taxa de aporte sedimentar (AF1 e AF2) para
um ambiente de mar mais aberto e elevada taxa de aumento do niacutevel do mar (AF3) O padratildeo
retrogradacional identificado nos depoacutesitos do TST eacute atribuiacutedo agrave geraccedilatildeo de espaccedilo de
acomodaccedilatildeo que supera a taxa de sedimentaccedilatildeo (Catuneanu et al 2011 Posamentier amp Vail
1988)
O topo do TST eacute limitado no topo pela superfiacutecie S4 a qual coincide com a
discordacircncia regional Mesocarboniacutefera A base da sequecircncia 3 representa um TSMB (Figura
20C) com depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta por camadas de
arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilotildees cruzadas tabular acanalada e tangencial com
lags conglomeraacuteticos Apoacutes a instalaccedilatildeo de um sistema plataformal transgressivo no Viseano
houve um rebaixamento do niacutevel de mar que causou um hiato erosivo de 20 Ma registrado em
vaacuterias partes da Bacia do Parnaiacuteba (Caputo 1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007) Este
evento estaria associado ao iniacutecio estaacutegio de continentalizaccedilatildeo que ocorreu durante o
Moscoviano e resultou na formaccedilatildeo do Pangea (Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007)
48
Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de Baratildeo de Grajauacute e
Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba Fonte Modificado de (Vaz et al 2007)
49
Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e principais superfiacutecies
estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)
50
Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da Seq
2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)
51
CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO
As trecircs sequecircncias deposicionais identificadas na aacuterea de estudo que compreendem
as formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute tem sua gecircnese relacionada a variaccedilotildees ciacuteclicas do niacutevel
relativo do mar influenciadas por eventos de eustasia e tectocircnica (Catuneanu 2006) A Seq 1
(TSMA) eacute caracterizada por uma transgressatildeo marinha que iniciou no Fameniano e que deu
origem aos depoacutesitos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (TSMA) com ambiente dominado por
eventos de tempestades (Goacutees amp Feijoacute 1994)
A Seq 2 que engloba TSMB em sua porccedilatildeo inicial eacute composta por depoacutesitos
fluviais e deltaicos caracterizando uma fase seguinte de progradaccedilatildeo As paleocorrentes dos
depoacutesitos fluviais (AF1) e de frente deltaica (AF2) indicam sentido do paleofluxo para NW
com provaacuteveis aacutereas fontes para leste-sudeste Dados preacutevios baseados em anaacutelises de
paleocorrentes e dataccedilotildees U-Pb em zircatildeo detritico indicam que as principais aacutereas fontes dos
sedimentos da bacia do Parnaiacuteba durante o Paleozoico estariam localizadas na Proviacutencia
Borborema que fica a sudeste da aacuterea de estudo (Daly et al 2018 Hollanda et al 2014
Oliveira amp Moura 2019) Sedimentos retrabalhados de rochas paleoproterozoicas e
neoproterozoicas seriam as principais fontes para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti com
contribuiccedilatildeo secundaacuteria de sedimentos reciclados de rochas cambro-ordovicianas ou mais
jovens (Hollanda et al 2014) aleacutem de fontes neoarquenas (Oliveira amp Moura 2019)
Retrabalhamento de rochas do intervalo Devoniano-Tournaisiano tambeacutem eacute sugerido por
dados palinoloacutegicos (Di Pasquo amp Iannuzzi 2014 Streel et al 2012) Assim um progressivo
recuo dos mares epicontinentais entre o Mesodevoniano e o Mississipiano (Goeacutes 1995)
resultou na formaccedilatildeo de extensos depoacutesitos transicionais e na exposiccedilatildeo de rochas cristalinas
e sedimentares preacute-cambrianas (antes inundadas pela incursatildeo marinha devoniana) na regiatildeo a
leste e sudeste da Bacia do Parnaiacuteba (Oliveira amp Moura 2019)
A instalaccedilatildeo deste sistema fluvio-deltaico ocorreu sob um clima semiaacuterido com
vegetaccedilatildeo escassa ou ausente Segundo Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) a vegetaccedilatildeo nas
proximidades da regiatildeo de estudo era mais arbustiva e escassa com presenccedila de plantas
pteridoacutefitas e gimnospermas aleacutem de algas que refletem aacuteguas salobras Ianuzzi (1994)
descreve clima temperado a subtropical no final do Carboniacutefero Inferior passando para
tropical no final do Carboniacutefero Superior com deriva do Continente Americano em direccedilatildeo ao
Equador (Ribeiro 2000) Parrish et al (1986) descrevem variaccedilotildees no clima durante o
Carboniacutefero Superior oscilando entre periacuteodos quentes e mais frios com tendecircncia geral de
52
aquecimento Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) descrevem assembleias fossiliacuteferas tiacutepicas de
intervalos normais a secos assim como ratificado por reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas (Iannuzzi
amp Roumlsler 2000) o qual afirma que a Bacia do Parnaiacuteba teria estado situada em uma zona
climaacutetica semiaacuterida durante a metade do Mississipiano Streel et al (2012) descrevem
miosporos em seccedilotildees de diamictitos da Formaccedilatildeo Poti na borda oeste da bacia depositados
em periacuteodos interglaciais
Os depoacutesitos deltaicos satildeo representados pelo predomiacutenio de camadas com geometria
lobada e estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais que podem estar relacionados a eventos de
sedimentaccedilatildeo episoacutedica durante carga extrema de rios (Della Faacutevera 2001 Ponciano amp Della
Faacutevera 2009) Esta carga extrema geralmente transpassa (by-pass) a parte proximal do sistema
deltaico (Della Faacutevera 2001) A ausecircncia de faacutecies de prodelta nos depoacutesitos estudados pode
estar associada a grande extensatildeo dos depoacutesitos de frente deltaica e alta taxa de progradaccedilatildeo
Apesar da ausecircncia de estruturas como Ah e Aes nos afloramentos estudados a inexistecircncia
de prodelta pode estar associada agrave remoccedilatildeo do material argiloso por tempestades (Della
Faacutevera 2001)
O delta da Formaccedilatildeo Poti flui para um ambiente de mar epicontinental raso Porritt et
al (2020) descrevem deltas similares com baixo gradiente onshore e offshore resultando em
efeitos miacutenimos das variaccedilotildees do niacutevel do mar nos deltas Ainda segundo Porritt et al (2020)
a diferenccedila destes tipos de deltas em mares epiricos para outros eacute sua quantidade baixa de
espaccedilo de acomodaccedilatildeo disponiacutevel e local de sedimentaccedilatildeo controlada por avulsatildeo de rios mais
acima nas superfiacutecies de leque aluvial
Goacutees et al (1997) descreveram ainda exposiccedilotildees referentes ao delta em contatos
laterais ou intercalados com os depoacutesitos dominado por tempestade e onda As bacias do
Parnaiacuteba e do Amazonas durante o Viseano tardio estava inserida nos paralelos 40deg a 50deg
dentro do continente Gondwana (Scotese 2000 Torvski et al 2012) recebendo accedilotildees de
furacotildees que geraram os depoacutesitos tempestiacutesticos da associaccedilatildeo AF3 (Duke 1985)
O continuo avanccedilo do mar para dentro da plataforma continental gerou os depoacutesitos
influenciados por mareacute e onda (AF3) que recobrem o sistema fluvio-deltaico Este limite
sugere a passagem de um ambiente com alta taxa de sedimentaccedilatildeo siliciclaacutestica durante o
recuo marinho para um ambiente com taxa de sedimentaccedilatildeo moderada com aumento do
niacutevel do mar mais lento Desta forma uma configuraccedilatildeo de mares epicontinentais com maior
53
restriccedilatildeo eacute sugerida para o sistema fluvio-deltaico com passagem para mares epicontinentais
amplos poreacutem ainda rasos do sistema plataformal dominado por mareacute e onda
Segundo mapas paleogeograacuteficos de Scotese (2019) observa-se no periacuteodo entre 361
e 351 milhotildees de anos (Fameniano e Tounasiano) a diminuiccedilatildeo de pontos de gelo que
estariam ligados ao processo transgressivo que deu origem a depoacutesitos plataformais marinhos
no topo da Formaccedilatildeo Longaacute Entre 344 Ma e 338 Ma (Viseano) houve o estabelecimento dos
ambientes referentes agrave Formaccedilatildeo Poti com a presenccedila de pontos de gelo relacionados agrave
regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo
que possivelmente deu origem aos depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3)
aqui descritos no topo da Formaccedilatildeo Poti Tal hipoacutetese pode sustentar ainda a existecircncia de
sistema fluvial entrelaccedilado relacionado a descargas e maior proporccedilatildeo de carga de fundo em
regiotildees glaciais oriundas de escoamentos superficiais sazonais (ou ocasionada pelo degelo) A
presenccedila de uma vegetaccedilatildeo arbustiva no Mississipiano aliado a condiccedilotildees ambientais semi-
aridas durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos Poti sustenta a justificativa da instalaccedilatildeo de um
fluvial entrelaccedilado
Uma discordacircncia regional que gerou um hiato deposicional de aproximadamente 20
Ma na Bacia do Parnaiacuteba (Goacutees et al 1992) marca o contato entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute
e consequentemente o final do ciclo deposicional do Grupo Canindeacute Assim apoacutes a
deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti movimentos epirogecircnicos ascendentes e uma regressatildeo de
extensatildeo global seriam fatores que tiveram accedilatildeo na erosatildeo da bacia (Goacutees 1995 Mesner amp
Wooldridge 1964 Santos amp Carvalho 2009) resultando na superfiacutecie S4 e na sedimentaccedilatildeo
da Seq 3 Esta tendecircncia regressiva do mar durante o Carboniacutefero poderia estar relacionada a
movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela orogenia Herciniana que se
desenvolveu principalmente a norte do supercontinente Gondwana com periacuteodos colisionais
entre 380 e 280 Ma (Windley 1995 Vaz et al 2007) O contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Poti
e Piauiacute foi observado na porccedilatildeo oeste da aacuterea de estudo onde depoacutesitos plataformais de onda
e mareacute (AF3) estatildeo sotopostas a litofaacutecies de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo
cruzada de depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Trabalhos referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute
revelam um contexto de sistema deseacutertico associado ao iniacutecio do processo de
continentalizaccedilatildeo no Gondwana (Lima amp Leite 1978 Xavier 2019) Portanto as faacutecies
fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute sobrepostas a AF3 satildeo interpretadas como pertencentes a um
TSMB
54
Em 315 Ma (Moscoviano) houve o estabelecimento de grande camada de gelo nas
porccedilotildees da Bacia do Parnaiacuteba corroborando a natureza regressiva da sequecircncia 3 (TSMB)
com um rebaixamento do niacutevel do mar juntamente com as orogenias que consolidavam o
supercontinente Pangea em condiccedilotildees climaacuteticas quente e semiaacuterida em geometria diferente
na bacia (Caputo et al 2005) referente ao fluvial da Formaccedilatildeo Piauiacute Recentemente Xavier
(2019) associa a discordacircncia entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute a movimentos glacio-eustaacuteticos
que ocorreram durante o primeiro pico de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age
(LPIA)
55
CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES
A anaacutelise dos afloramentos do intervalo da porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Longaacute
Formaccedilatildeo Poti e inferior da Formaccedilatildeo Piauiacute entre os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e Nazareacute
do Piauiacute evidenciaram ocorrecircncia de um short term transgression com depoacutesitos fluvio-
deltaicos recobertos por plataformais no Carboniacutefero inferior onde incursotildees marinhas
formaram mares rasos epicontinentais
Foram descritos para Formaccedilatildeo Poti 9 afloramentos com 15 faacutecies das quais
individualizaram 3 associaccedilotildees de faacutecies Fluvial entrelaccedilado (AF1) Frente deltaica (AF2) e
Plataforma dominada por mareacute e onda (AF3)
A Formaccedilatildeo Longaacute representa a Seq1 com depoacutesitos de tempestitos de um Trato de
Sistema de Mar Alto (TSMA) separada do fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti por um limite de
sequecircncia tipo 1 (S1) A base da Formaccedilatildeo Poti eacute representada por um fluvial entrelaccedilado
(AF1) descrito na porccedilatildeo leste da aacuterea o qual possui 8 faacutecies e sete elementos arquiteturais
elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante
(CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia
laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em forma de lenccediloacuteis
A associaccedilatildeo de Frente deltaica (AF2) possui 4 faacutecies dispostas em geometrias
tabulares a lobadas separada da AF1 por uma superfiacutecie de limite de associaccedilatildeo (S2) AF1 e
AF2 representam um Trato de sistema de Mar Baixo (TSMB) e iniacutecio da Seq 2 da Formaccedilatildeo
Poti em um contexto de bacia com conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais
AF2 separa-se dos depoacutesitos plataformais de onda e mareacute (AF3) por uma superfiacutecie
trangressiva (S3)
A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3) tem 8 faacutecies inseridas em
2 geometrias tabular e em canal Nesta sucessatildeo foram descritos acamamentos heteroliacuteticos e
ritmitos de mareacute bem como estruturas como tidal bundles wave generated que atestam a
accedilatildeo de mareacute e onda nesta unidade Ainda estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley
evidenciam a accedilatildeo de ondas de tempestades Esta associaccedilatildeo representa um Trato de Sistema
Trangressivo (TST) e o final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti sendo um short term transgression
provavelmente associada a derretimento de pontos de gelo na regiatildeo oeste da Bacia AF3
separa-se da Formaccedilatildeo Piauiacute por uma superficie de limite de sequecircncia do tipo 1 (S4) A
Formaccedilatildeo Piauiacute denotaria um Trato de Sistema de Mar Baixo (TMSB) e por isso iniacutecio da
56
Seq 3 que representa os movimentos glacio-eustaacuteticos que ocorreram durante o primeiro pico
de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age (LPIA)
57
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APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA
Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1
arenito com estrat cruzada acanalada A7) A Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a
arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato principalmente pontuais porosidade intergranular e
localmente feldspatos alterando para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na associaccedilatildeo de
faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com porosidade
intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3
Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos subangulosos a subarredondados
muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo
69
APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X
Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras representativas da
Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e 2 referente a plataforma de onda e
mareacute (AF3 A1 e A3) AF1 (A8 Folhelho) A A anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada
com etilenoglicol e calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica expansiva 119889001
indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97 Aring quando calcinada B Em amostra de
rocha total eacute dominante a presenccedila de picos principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio
AF3 (A1 arenito com lam cruzada) C Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a natureza expansiva 119889001
da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A
vermeculita eacute observada como sendo um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a
existecircncia de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring) bem como um
menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de amostra glicolada A ilita eacute melhor
individualizada nesta anaacutelise visto que a muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e
49 Aring do plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em relaccedilatildeo a ilita no pico 71
Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 D Na anaacutelise de poacute total da amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda
em menores picos albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar
montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise de DRX em rocha total e em
lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior
presenccedila de montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser realizados afim de
atestar esta tendecircncia
ix
Acamamentos heteroliacuteticos do tipo linsen a flaser ocorrem na base da associaccedilatildeo com
ritmitos de mareacute e wave generated tidal bundles Localmente satildeo observadas escape de
fluidos laminaccedilotildees convolutas e ball-and-pillow As camadas satildeo tabulares lateralmente
contiacutenuas e com geometria de canal no topo desta sucessatildeo A anaacutelise petrograacutefica permitiu a
classificaccedilatildeo de quartzo-arenitos para os depoacutesitos de AF1 e subarcoacutesios para os referentes agraves
associaccedilotildees AF2 e AF3 Para as exposiccedilotildees estudadas foram identificadas 3 sequecircncias
estratigraacuteficas divididas por 4 superficies A Seq 1 corresponde ao intervalo com depoacutesitos
de tempestitos da Formaccedilatildeo Longaacute representando um TSMA limitada por limite de sequecircncia
tipo 1 (S1) do fluvial da Formaccedilatildeo Poti (AF1) A Seq 2 tem iniacutecio pelo TSMB representado
por depoacutesitos de fluvial entrelaccedilado (AF1) e de frente deltaica (AF2) estas separadas por um
limite (S2) Apoacutes rochas da unidade de plataforma de mareacute e onda (AF3) satildeo separadas dos
depoacutesitos transicionais (AF1 e AF2) por uma superfiacutecie transgressiva (S3) representando um
TST e final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti A Seq 2 eacute separada dos depoacutesitos de fluvial
entrelaccedilado da Formaccedilatildeo Piauiacute acima por uma superfiacutecie de limite de sequecircncia do tipo 1
(S4) A Seq 3 eacute representada pelo fluvial entrelaccedilado do Piauiacute sendo um TSMB O
empilhamento estratigraacutefico e as correlaccedilotildees dos perfis estudados revelaram a existecircncia de
uma transgressatildeo na Formaccedilatildeo Poti O estabelecimento dos ambientes fluacutevio-costeiros com
pontos de gelo da Formaccedilatildeo Poti corroboram a regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com
posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo que possivelmente deu origem aos
depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3) Tal transgressatildeo pode ser
interpretada como de curta duraccedilatildeo (short term transgression) visto que em escala regional a
Formaccedilatildeo Poti na Bacia do Parnaiacuteba eacute regressiva
Palavras-chave Paleoambiente Short-term transgression Bacia do Parnaiacuteba Formaccedilatildeo Poti
x
ABSTRACT
Mississipian siliciclastic deposits occur in the regions east and southwest of the Parnaiacuteba
Basin with an elongated outcrop area according to the N-S orientation following the
geological contour of this basin The Poti Formation is inserted in a context of the beginning
of the retreat of the inland seas with a lowering of the sea level which later during the
deposition of the Pedra de Fogo Formation interrupted the existing connection with the
Amazon Basin This unit is inserted at the top of the Mesodevonian-Eocarboniferous
Sequence Canindeacute Group being composed of gray sandstones siltstones and shales
deposited in environments of deltas and tidal flats with storm influence This work defined the
depositional sequences and paleoenvironments of the sedimentary succession corresponding
to the Poti Formation in the eastern portion of the Parnaiacuteba BasinThe study region is located
between the municipalities of Baratildeo do Grajauacute (MA) and Nazareacute do Piauiacute (PI) where nine
points were described on the margins of the BR-230 and BR-343 highways in road cuts
exposures close to intermittent rivers and in a dam near the city of Nazareacute do Piauiacute The
methods employed consisted mainly of facies analysis architectural and stratigraphic
elements in addition petrographic analysis and XRD for better classification and mineral
identification of rocks Fifteen sedimentary facies were individualized gathered in 3 facies
associations (AF) The facies association AF1 ndash Braided fluvial - is composed of shale lens
(Fl) layers of medium to thick sandstones with plane parallel stratification (App) cross planar
stratification (Acp) at the base overlay by massive sandstones (Am) and cross- bedding
stratification (Aca) low angle (Aba) planar (Acp) tabular (Atb) and tangential (Atg) with
preferential NW orientation organized in fining-upwards cycles The organization of these
facies individualized seven architectural elements deposits of lateral (AL) and frontal (AF)
accretion bars laminated sand sheets (LL) sandy forms (FA) and channels (CHa CHm
CHp) AF2 - Delta front - sandstone facies with climbing ripple cross-lamination (Alc) and
wavy lamination (Alo) fine to medium massive sandstone (Am) and sigmoidal cross
stratification (As) composing coarsening-upward cycles in tabular and lobed layers with
paleocurrents to NW The facies association AF3 - Tidal and wave platform - occurs just
below the AF2 deposits with abrupt contact composed by pelites with plane-parallel
lamination (Ap) fine climbing ripple cross-lamination sandstone (Alc) with mud wavy
lamination (Alo) as well as massive sandstones (Am) and hummocky (Ah) swaley (Aes)
sigmoidal (As) cross stratification and plane parallel (App) Heterolytic bedding linsen to
flaser type occurs at the base of the association with tidal rhythmite and wave generated tidal
xi
bundles Flames structures convoluted laminations and ball-and-pillow are observed locally
The layers are tabular laterally continuous and with channel geometry at the top of this
sequence Petrographic analysis allowed the classification of quartz-sandstones for the AF1
deposits and subarcose for those referring to the AF2 and AF3 associations For the studied
exhibitions 3 stratigraphic sequences were identified and divided by 4 stratigrafic surfaces
Seq 1 corresponds to the interval with storm deposits from the Longaacute Formation representing
a TSMA limited by type 1 (S1) sequence limit from the fluvial braided (AF1) of the Poti
Formation Seq 2 begins with the TSMB represented by the fluvial braided (AF1) and delta
front (AF2) deposits wich are separated between them by a limit (S2) Afterwards tide and
wave platform (AF3) rocks are separated from the transitional deposits (AF1 and AF2) by a
transgressive surface (S3) representing a TST and end of Seq 2 in the Poti Formation Seq 2
is separated from the fluvial braided deposits of the Piauiacute Formation above by a type 1
boundary sequence surface (S4) Seq 3 is represented by the braided fluvial of Piauiacute being a
TSMB The stratigraphic stacking and the correlations of the studied profiles revealed the
existence of a transgression in the Poti Formation The establishment of fluvial-coastal
environments with ice points in the Poti Formation corroborates the initial regression of
Sequence 2 with subsequent melting contributing to the transgression that possibly gave rise
to platform deposits dominated by wave and tide (AF3) Such transgression can be interpreted
as short-term transgression since the regional tendency in the Poti Formation in the Parnaiacuteba
Basin is regressive
Keywords Paleoenvironment Short-term transgression Parnaiacuteba Basin Poti Formation
xii
LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES
Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti
na borda leste da Bacia do Parna3
Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)7
Figura 1- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial (Miall 1996)9
Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies
aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)11
Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil
(Silva et al 2003 modificado de Goacutees 1995)14
Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o
intervalo do final do Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute
1994)15
Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute
do Piauiacute20
Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a
Formaccedilatildeo Longaacute sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7
conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e Fig7) B Clastos de argila e quartzo
nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo
frontal (AF) com concordacircncia da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies
limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta porccedilatildeo do canal
(P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 223
xiii
Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito
arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar
e baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a
arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes
dos estratos cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser
observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram
identificados Lenccediloacuteis de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e
estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo
contiacutenuo lateralmente por aproximadamente 30 metros limitado acima por
superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente
limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de acreccedilatildeo
lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem26
Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti
(P1) Canal de preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies
de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo (CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma
assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma relativamente
simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo27
Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos
afloramentos da Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior
dos canais enquanto que as arquiteturas AF e AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais
elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por avulsotildees de
canais ativos29
Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente
deltaica (Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade
de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da aacuterea de estudo P9)30
xiv
Figura 13 Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos
depoacutesitos deltaicos (AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e
mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada
sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees
convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido
principal para NW D Geometria lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos
deltaicos nas aacutereas de estudo 31
Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc)
arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B
Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem
(P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria lobada
Floriano Piauiacute (P8)32
Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato
entre as associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3
P4) B Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgantes e ondulada com geometria
pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em arenito com
microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and
pillow (P3) E Escape de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico
(P5)37
Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal
bundles em laminaccedilatildeo cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de
argila (P4) B Wave generated tidal bundles com acamamento ondulado e
sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se
ritmicidade com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute
com ciclos de 1a 2a e 3a ordem superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D
Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e quadratura
(P5)38
xv
Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute
(AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4) B
Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com
material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas
cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de
ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C
Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D
Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley39
Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de
Baratildeo de Grajauacute e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba (modificado
de Vaz et al 2007)48
Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e
principais superfiacutecies estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de
variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)49
Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do
Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da
Seq 2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de
sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)50
xvi
Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de
fluvial entrelaccedilado (AF1 arenito com estrat cruzada acanalada A7) A
Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a
arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato
principalmente pontuais porosidade intergranular e localmente feldspatos alterando
para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na
associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios
subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila
de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com
porosidade intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo
Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3 Arenito com
laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos
subangulosos a subarredondados muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas
em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo68
xvii
Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras
representativas da Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado
(AF1) e 2 referente a plataforma de onda e mareacute (AF3) AF1 (A8 Folhelho) A A
anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada com etilenoglicol e
calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica
expansiva 119889001 indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97
Aring quando calcinada B Em amostra de rocha total eacute dominante a presenccedila de picos
principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio AF3 (A1
arenito com lam cruzada) A) Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a
natureza expansiva 119889001 da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em
amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A vermeculita eacute observada como sendo
um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a existecircncia
de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring)
bem como um menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de
amostra glicolada A ilita eacute melhor individualizada nesta anaacutelise visto que a
muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e 49 Aring do
plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em
relaccedilatildeo a ilita no pico 71 Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 B Na anaacutelise de poacute total da
amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda em menores picos
albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar
montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise
de DRX em rocha total e em lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em
clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior presenccedila de
montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser
realizados afim de atestar esta tendecircncia69
xviii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (modificado de Miall 1985 apud
Miall 2006)8
Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti21
Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de
Baratildeo do Grajaacuteu25
xix
SUMAacuteRIO
DEDICATOacuteRIAiv
AGRADECIMENTOS v
EPIacuteGRAFEvii
RESUMO viii
ABSTRACT x
LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES xii
LISTA DE TABELAS xviii
CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 APRESENTACcedilAtildeO 1
12 OBJETIVOS 2
13 LOCALIZACcedilAtildeO 2
CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 4
21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA 4
22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS 5
221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes 9
23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES 12
231 Anaacutelise petrograacutefica 12
232 Difratometria de Raios- X 12
CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO 13
31 GRUPO CANINDEacute 14
32 FORMACcedilAtildeO POTI 16
CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES 19
41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO 19
411 Interpretaccedilatildeo 27
42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA 29
421 Interpretaccedilatildeo 32
43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA 34
431 Interpretaccedilatildeo 40
xx
CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS 44
51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS 44
52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA 45
CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO 51
CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES 55
REFEREcircNCIAS 57
APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA 68
APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X 69
CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO
11 APRESENTACcedilAtildeO
Durante o Carboniacutefero Inferior a regiatildeo oeste do supercontinente Gondwana estava
separada do paleocontinente Lauraacutesia por um estreito segmento do oceano Rheic (Golonka
2007 Torsvik et al 2012) Neste periacuteodo incursotildees marinhas formaram mares rasos
epicontinentais que conectavam as bacias sedimentares intracratocircnicas do Amazonas e
Parnaiacuteba no nortenordeste do Brasil (Almeida amp Carneiro 2004 Della Faacutevera 1990
Medeiros et al 2019 Torsvik amp Cocks 2013) Durante o Carboniacutefero a porccedilatildeo sul-ocidental
do Gondwana era coberta por extensas geleiras que se instalaram desde o final do Devoniano
(Castro 2004 Golonka 2007 Milani et al 2007 Torsvik et al 2012)
De acordo com reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas a Bacia do Parnaiacuteba durante o
Viseano encontrava-se em uma zona de clima semi-aacuterido a temperado e frio (Iannuzzi 1994
Iannuzzi amp Rosner 2000) Neste periacuteodo teve iniacutecio o recuo dos mares interiores com
diminuiccedilatildeo do niacutevel do mar que interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do Amazonas
(Almeida amp Carneiro 2004 Mabesoone amp Neumann 2005) A tendecircncia regressiva deste mar
no periacuteodo Carboniacutefero eacute relacionada a movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela
Orogenia Herciniana (Winldley 1995) ou pelo aumento das capas de gelo na porccedilatildeo sul-
ocidental do Gondwana (Caputo 1984 Caputo et al 2006 ab)
Neste contexto foram depositadas as rochas continentais transicionais e marinhas da
Formaccedilatildeo Poti A Formaccedilatildeo Poti eacute caracterizada por arenitos por vezes conglomeraacuteticos com
intercalaccedilatildeo de folhelhos e finos leitos de carvatildeo (Lima amp Leite 1978 Mesner amp Wooldridge
1964) que registram ambientes de deltas e planiacutecies de mareacute com influecircncia de tempestades
(Goacutees et al 1997 Goacutees amp Feijoacute 1994) A tendecircncia da Formaccedilatildeo Poti eacute principalmente
regressiva contudo os afloramentos na aacuterea de estudo mostram uma relaccedilatildeo incomum entre
depoacutesitos transicionais sotopostos por depoacutesitos de plataforma de mareacute e onda estes por sua
vez foram pouco explorados pela literatura cientiacutefica (Della Faacutevera 1990 Goacutees et al 1997)
Portanto o objetivo principal deste trabalho eacute interpretar os paleoambientes e definir uma
sequecircncia deposicional para as rochas da Formaccedilatildeo Poti que afloram entre as regiotildees de
Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba e elaborar um
modelo deposicional
2
12 OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho eacute definir as sequecircncias deposicionais e interpretar os
paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave Formaccedilatildeo Poti a partir do estudo de
depoacutesitos que afloram na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba Para isto tecircm-se os seguintes
objetivos especiacuteficos
Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo de faacutecies sedimentares e arquiteturais dos sistemas
deposicionais das Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)
Propor sequecircncia estratigraacutefica delimitando suas principais superfiacutecies estratigraacuteficas
para as Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)
Definir um modelo deposicional para as rochas siliciclaacutesticas mississipianas da
Formaccedilatildeo Poti entre as regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute
13 LOCALIZACcedilAtildeO
A aacuterea de estudo estaacute localizada na borda leste da Bacia do Parnaiacuteba na divisa entre
os estados do Maranhatildeo e Piauiacute Os depoacutesitos descritos estatildeo situados ao longo da BR-230 e
BR-343 abrangendo os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) Floriano (PI) e Nazareacute do Piauiacute
(PI) em afloramentos de corte de estradas exposiccedilotildees proacuteximas a drenagens intermitentes e
em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute (Figura 1)
3
Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti na borda leste da
Bacia do Parnaiacuteba (Fonte CPRM)
4
CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A elaboraccedilatildeo deste trabalho contou inicialmente com um levantamento bibliograacutefico
acerca da geologia regional na aacuterea leste da Bacia do Parnaiacuteba A seguir houve a fase de
campo (realizada durante o campo da disciplina de Campo 1 da graduccedilatildeo da UFPA na porccedilatildeo
leste da Bacia do Parnaiacuteba) com anaacutelises facioloacutegica arquitetural e estratigraacutefica e
posteriormente fase de laboratoacuterio com anaacutelise petrograacutefica Estas metodologias foram as
ferramentas utilizadas para alcanccedilar os objetivos propostos nesta dissertaccedilatildeo
Na fase de campo foi realizada a coleta de dados sendo feitas as descriccedilotildees e
interpretaccedilotildees facioloacutegicas a confecccedilatildeo de perfis estratigraacuteficos e coleta de amostras dos
afloramentos das Formaccedilotildees Poti Longaacute e Piauiacute As amostras coletadas originaram as seccedilotildees
delgadas para a anaacutelise petrograacutefica A avaliaccedilatildeo estratigraacutefica envolveu o estudo de nove
afloramentos as margens das BR- 230 e BR-343 sendo os pontos P1 a P5 pontos as margens
de drenagens secas P6 a P8 exposiccedilotildees em cortes de estrada e P9 a barragem Salinas (Figura
1) Na regiatildeo os litotipos referentes aos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti ocorrem com excelente
preservaccedilatildeo de estruturas sedimentares bem como engloba unidades com associaccedilotildees
litoloacutegicas de gecircneses distintas separadas por superfiacutecies que podem ser utilizadas para
correlaccedilotildees estratigraacuteficas
21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA
Para a anaacutelise de faacutecies e estratigraacutefica foi utilizada a teacutecnica de modelamento de
faacutecies com auxiacutelio de perfis colunares e estratigraacuteficos seguindo as propostas de Walker
(1992 2006) Miall (2000) Dalrymple (2010) Bhattacharya (2010) com nomenclatura de
Miall (1977) Segundo a metodologia de Walker (1992 2006) a reconstituiccedilatildeo
paleoambiental de uma unidade sedimentar deve conter caracterizaccedilatildeo das faacutecies
sedimentares com textura composiccedilatildeo geometria estrutura sedimentar e conteuacutedo fossiliacutefero
juntamente com a leitura de paleocorrentes para haver compreensatildeo dos processos
sedimentares que agiram para a formaccedilatildeo de cada faacutecies
As associaccedilotildees de faacutecies identificadas consistem em um conjunto de faacutecies
relacionadas geneticamente que remetem a determinados ambientes e sistemas deposicionais
As medidas de paleocorrentes foram retiradas em arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada e
arenitos com laminaccedilatildeo cruzada com posterior produccedilatildeo de rosetas atraveacutes do programa
OpenStereoreg A representaccedilatildeo de faacutecies em siglas inspirou-se no coacutedigo de faacutecies de Miall
5
(1977) com representaccedilatildeo da primeira letra maiuacutescula referente a litologia principal e a letra
seguinte minuacutescula indicando a estrutura sedimentar dominante Modelos de faacutecies foram
construiacutedos na forma de mapas paleogeograacuteficos representativos perfis verticais e blocos
diagramas A confecccedilatildeo de seccedilotildees panoracircmicas a partir de fotomosaicos de afloramentos
seguiu a teacutecnica de Wilzevic (1991) para auxiliar no estudo de elementos arquiteturais para
depoacutesitos fluviais (Miall 1985 1988 2006) deltaicos e plataformais
O estudo de estratigrafia de sequecircncia de alta resoluccedilatildeo (Catuneanu et al 2011
Zecchin amp Catuneanu 2013) considerou os ciclos as superfiacutecies e as ordens de cada uma e
suas sequecircncias deposicionais identificando superfiacutecies-chave da sucessatildeo e interpretando
seu significado deposicional a partir dos conceitos da estratigrafia de sequecircncias e tratos de
sistemas (Catuneanu 2006 Catuneanu et al 2009 Posamentier amp Vail 1988 Vail et al 1977)
22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS
O estudo de formas de leitos modernos e em boas exposiccedilotildees de sequecircncias antigas
(Allen 1983 Haszeldine 1983 ab Kirk 1983 apud Miall 1985) mostram que interpretaccedilotildees
baseadas apenas em perfis verticais natildeo representam de forma acurada a geometria e
complexidade interna das estruturas de grandes macrofomas de depoacutesitos de barras Portanto
apenas representaccedilotildees por perfis consistem em ferramentas pouco eficientes para o estudo de
sedimentos fluviais em funccedilatildeo das inuacutemeras mudanccedilas laterais de faacutecies e pela natureza
tridimensional de um litossoma individual (Miall 1985 1988) O canal e sua morfologia
usualmente tecircm sido usados como chave principal para a interpretaccedilatildeo de sedimentos fluviais
existindo uma grande diversidade de estilo de canais e tipos de depoacutesitos com origem
relacionada a variedade de controles parcialmente interdependentes que atuam na
sedimentaccedilatildeo fluvial (Miall 1985)
A anaacutelise bi e tridimensional permite individualizar elementos arquiteturais em
sistemas fluviais O conceito de elemento arquitetural permeia-se na noccedilatildeo que depoacutesitos
sedimentares podem ser caracterizados por geometrias estratais escala e superfiacutecies de
acamamento limitantes (Allen 1980 Miall 1985 Miall 1988) Este conceito foi primeiramente
aplicado para definir a geometria e arranjo tridimensional de estratos areniacuteticos de antigos
depoacutesitos fluviais depoacutesitos estes que tem sido difundido na literatura desde o final da deacutecada
de 80 em funccedilatildeo da larga aplicaccedilatildeo no estudo das heterogeneidades de rochas reservatoacuterio
6
(Miall amp Tyler 1991) Contudo atualmente eacute empregado para quaisquer sucessotildees
estratigraacuteficas independentes da idade litologia e gecircnese como as sucessotildees deltaicas de
planiacutecie de mareacute (Eriksson et al 1995) sucessotildees turbidiacuteticas (Mutti amp Normark 1987) e
vulcanoclaacutesticas (Palmer amp Neall 1991) com a finalidade de explanar sobre a disposiccedilatildeo das
faacutecies e de suas associaccedilotildees no espaccedilo (Borghi 2000) Allen (1983) deu origem ao termo
ldquoelemento arquiteturalrdquo e Miall (1985) sumarizou e classificou as rochas fluviais baseado
nestes conhecimentos
Jackson (1975) classifica as formas de leito em microformas mesoformas e
macroformas Microformas satildeo estruturas geradas por variaccedilatildeo turbulenta gerando marcas de
onda de pequena escala e lineaccedilotildees de corrente Mesoformas incluem formas de leito de maior
escala como dunas pequenos canais e barras linguoacuteides longitudinais e diagonais Jaacute as
macroformas mostram o efeito cumulativo de vaacuterios eventos dinacircmicos ao longo dos anos
que incluem canais maiores e formas de barras compostas como point bars side bars sand
flats e ilhas A identificaccedilatildeo apropriada destas macroformas eacute a base para determinar o tipo de
sistema fluvial (Jackson 1975 Miall 1985)
A menor escala de elementos de macroforma eacute composta por oito elementos
arquiteturais baacutesicos Canal fluxo de gravidade de sedimentos formas de leito e barra
cascalhosa acreccedilatildeo frontal acreccedilatildeo lateral lenccediloacuteis de areia laminados formas de leito
arenosas e hollow (Figura 2 Tabela 1) Estes oito elementos arquiteturais satildeo caracterizados
por tamanho do gratildeo composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e principalmente
geometria (Miall 1985) Afloramentos com ao menos vaacuterios deciacutemetros e com certa
quantidade de controle tridimensional satildeo necessaacuterios para um estudo detalhado Todos os
sistemas fluviais satildeo compostos de proporccedilotildees variadas dos oito elementos arquiteturais
7
Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)
A ampliaccedilatildeo de pesquisas ao longo dos anos em depoacutesitos atuais e antigos permitiu
a uma abrangecircncia maior desta classificaccedilatildeo atraveacutes da identificaccedilatildeo de novos seis elementos
externos ao canal (Miall 1996) Dique marginal canais de crevasse espraiamento de
crevasse finos de planiacutecie de inundaccedilatildeo e canais abandonados (Figura 3)
Segundo Miall (1985) elementos arquiteturais devem conter descriccedilotildees e
caracterizaccedilatildeo dos elementos objetivas as quais devem incluir 1) A natureza das superfiacutecies
limitantes superior e inferior 2) a geometria externa 3) escala e 4) geometria interna
Individualizar analisar e descrever os elementos arquiteturais satildeo medidas essenciais pois
podem determinar o padratildeo de alguns tipos de rios do passado e desta forma caracterizar o
tipo de sistema fluvial
8
Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais
Fonte Modificado de (Miall 1985 apud Miall 2006)
9
Figura 3- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial Fonte (Miall 1996)
221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes
De acordo com Miall (1988 1996) existem pelo menos seis ordens de superfiacutecies
limiacutetrofes em sistemas fluviais que separam elementos arquiteturais (Figura 4) Estas satildeo
caracterizadas como superfiacutecies de natildeo deposiccedilatildeo ou erosatildeo representando periacuteodos de tempo
desde alguns minutos ateacute milhares de anos (Miall 1988) Allen (1980) estendeu o conceito de
superfiacutecies limitantes de pequena e grande escala em depoacutesitos eoacutelicos para sistemas
marinhos desenvolvendo modelos teoacutericos para explicar a formaccedilatildeo de sandwaves e
superfiacutecies limiacutetrofes em regimes dominados por mareacute Miall (1988) complementou o
trabalho de Allen (1983) a respeito de superfiacutecies limitantes estendendo a classificaccedilatildeo entatildeo
conhecida resultando em uma classificaccedilatildeo de seis ordens da escala menor (1deg ordem) a
maior (6deg ordem)
10
Superfiacutecies de 1ordf ordem Satildeo planas e limitam sets de laminaccedilotildees cruzadas Representam a
sedimentaccedilatildeo contiacutenua da migraccedilatildeo de formas de leito de mesma morfologia
Superfiacutecies de 2ordf ordem A superfiacutecie natildeo apresenta evidecircncias de erosatildeo ou truncamentos
significativos Separam cosets de litofaacutecies diferentes indicando mudanccedila nas condiccedilotildees
de fluxo ou mudanccedilas na direccedilatildeo do fluxo
Superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem Satildeo mencionadas para superfiacutecies limitantes internas e mais
acima de macroformas As de 3ordf ordem satildeo superfiacutecies erosivas existentes dentro das
macroformas (superfiacutecies de reativaccedilatildeo) geralmente truncando estratos cruzados abaixo
Estas se estendem desde o topo ateacute a porccedilatildeo inferior da macroforma com assembleia de
faacutecies e geometrias acima e abaixo da superfiacutecie sendo similares
As superfiacutecies de 4ordf ordem satildeo interpretadas como limite superior de macroformas
separando diferentes assembleias de faacutecies acima e abaixo Satildeo paralelas que truncam em
baixo acircngulo as superfiacutecies de ordem menor se assemelhando a clinoformas siacutesmicas
Superfiacutecies de 5ordf ordem Superfiacutecies que limitam grandes lenccediloacuteis de areia incluindo
complexos de preenchimento de canais Satildeo planas ou levemente cocircncavas sendo
relacionada a migraccedilatildeo eou incisatildeo lateral de canais fluviais
Superfiacutecies de 6ordf ordem Superfiacutecies que caracterizam subdivisotildees estratigraacuteficas
mapeaacuteveis de uma unidade fluvial com grande extensatildeo lateral Delimitam grupos de
canais e paleovales e marcam mudanccedilas relacionadas ao niacutevel de base estratigraacutefica
11
Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies
aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)
12
23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES
231 Anaacutelise petrograacutefica
A anaacutelise petrograacutefica das amostras de arenito foi realizada em sete seccedilotildees delgadas
das faacutecies mais representativas para este estudo Satildeo elas arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada
da associaccedilatildeo de faacutecies fluvial e em arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante nas
associaccedilotildees de frente deltaacuteica e de plataforma de mareacute e onda Para a classificaccedilatildeo destes
arenitos foi adotada a metodologia de Folk (1968) baseada na descriccedilatildeo de constituintes
textura e faacutebrica da rocha com contagem de 300 pontos (Galenhouse 1971) em cada seccedilatildeo
para melhor quantificaccedilatildeo dos seus constituintes
As amostras selecionadas para esta anaacutelise foram 8 sendo A1 a A6 correspondendo
a arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de
onda e mareacute (AF3) A7 a arenitos com estratificaccedilatildeo tabular (Atb) da associaccedilatildeo de fluvial
entrelaccedilado (AF1) e A8 denotando arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) nos
depoacutesitos de frente deltaacuteica (AF2)
A identificaccedilatildeo das principais feiccedilotildees e relaccedilotildees entre os constituintes dos arenitos
foram obtidas em microscoacutepio petrograacutefico LEICA DM 2700 P com cacircmera acoplada LEICA
MC 170 HD no Laboratoacuterio de Petrografia Sedimentar do Grupo de Anaacutelise de Bacias
Sedimentares da Amazocircnia (GSED) da Universidade Federal do Paraacute
232 Difratometria de raios- X
A teacutecnica de anaacutelise de Difraccedilatildeo de Raios-X foi aplicada em amostras de folhelhos
da associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e em arenitos com laminaccedilatildeo
cruzada cavalgante da associaccedilatildeo de plataforma de mareacute e onda (AF3 A1 e A2) Esta anaacutelise
foi realizada no laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de Raio-X do Instituto de Geociecircncias da
Universidade Federal do Paraacute (UFPA) atraveacutes dos meacutetodos do poacute total e em lacircminas de
argilas orientadas O difratocircmetro utilizado foi o XrsquoPert MPD-PRO PANalytical equipado
com acircnodo de Cu (λ=15406) com a finalidade de identificar as assembleacuteias minerais de cada
rocha O software XrsquoPert HighScore Plus auxiliou na identificaccedilatildeo dos minerais atraveacutes da
compraccedilatildeo dos resultados obtidos com as fichas do banco de dados do International Center
on Diffraction Data (ICDD)
13
CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO
A Bacia do Parnaiacuteba estaacute inserida na Proviacutencia Parnaiacuteba e abrange uma aacuterea total de
668858 kmsup2 com depocentro que atinge cerca de 3500 m e embasamento continental
fortemente estruturado representado por rochas formadas ou retrabalhadas no Ciclo
Brasiliano (Cunha 1986 Goacutees amp Feijoacute 199 Milani amp Zalaacuten 1999 Vaz et al 2007) Ainda
tomografias realizadas na aacuterea desta bacia intracratocircnica indicam uma listosfera com
espessura entre 150 e 180 km (McKenzie amp Priestley 2016) A Proviacutencia Parnaiacuteba coincide
com a denominaccedilatildeo proposta por Goacutees (1995) de Proviacutencia Sedimentar do Meio-Norte
proposta esta que foi pautada na compreensatildeo tectono-sedimentar e na evoluccedilatildeo policiacuteclica da
bacia que favorecem a delimitaccedilatildeo de bacias diferentes
A Proviacutencia do Parnaiacuteba desenvolveu-se acima de um substrato composto por rochas
metamoacuterficas advindas de processos tectonomagmaacuteticos relacionadas ao Estaacutedio de
Estabilizaccedilatildeo da Plataforma Sul-Americana (Almeida amp Carneiro 2004) que agiram ateacute o
Mesoproterozoacuteico onde instalaram-se grabens preenchidos no Neoproterozoacuteico (Formaccedilatildeo
Riachatildeo) e Cambro-Ordoviciano (Formaccedilatildeo Mirador) (Goacutees et al 1992) Segundo Daly et al
(2014) o embasamento desta bacia eacute composto por trecircs unidades crustais A Proviacutencia
Borborema ao leste o Bloco Parnaiacuteba ao centro o cinturatildeo Araguaia e o Craacuteton Amazocircnico
ao oeste A natureza da sedimentaccedilatildeo da Bacia do Parnaiacuteba eacute principalmente siliciclaacutestica
com ocorrecircncias de calcaacuterio anidrita e siacutelex aleacutem de rochas magmaacuteticas
A regiatildeo da Proviacutencia do Parnaiacuteba eacute limitada ao norte pelo Arco Ferrer-Urbano ao
leste pela Falha de Tauaacute a sudeste pelo lineamento Senador Pompeu a oeste pelo
Lineamento Tocantins-Araguaia e a noroeste pelo Arco Capim As principais feiccedilotildees morfo-
estruturais que a compartimentam satildeo a Estrutura Xambioaacute o Arqueamento do Alto Parnaiacuteba
o Lineamento Transbrasiliano o Lineamento Rio Parnaiacuteba o Lineamento Rio Grajauacute e o
sistema de lineamentos orientados com direccedilatildeo NW-SE (Figura 5 Goacutees 1990) Segundo Vaz
et al (2007) as principais estruturas da bacia os lineamentos Picos Santa-Inecircs Marajoacute-
Parnaiacuteba e o Lineamento Transbrasiliano (mais proeminente na bacia) foram importantes nos
estaacutegios iniciais da bacia e durante sua evoluccedilatildeo em funccedilatildeo do direcionamento dos eixos
deposicionais na bacia
14
Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil Fonte (Silva et al
2003 modificado de Goacutees 1995)
Goacutees amp Feijoacute (1994) dividiram a Bacia do Parnaiacuteba em cinco sequecircncias principais
de segunda ordem representadas por grupos correlacionaacuteveis a ciclos tectocircnicos de caraacuteter
global (Goacutees et al 1992) Satildeo elas Sequecircncia Siluriana (Grupo Serra Grande) Sequecircncia
Devoniana (Grupo Canindeacute) Sequecircncia Carboniacutefero-Triaacutessica (Grupo Balsas) Sequecircncia
Juraacutessica (Grupo Mearim) e Sequecircncia Cretaacutecea (Formaccedilotildees Grajauacute Codoacute e Itapecuru) Vaz
et al (2007) sugeriram a compartimentaccedilatildeo desta Bacia em cinco supersequecircncias
delimitadas por discordacircncias regionais oriundas de flutuaccedilotildees dos niacuteveis eustaacuteticos dos
mares do Eopaleozoico poreacutem adotaremos a proposta de Goacutees amp Feijoacute (1994)
31 GRUPO CANINDEacute
O Grupo Canindeacute agrupava inicialmente as formaccedilotildees Pimenteiras Cabeccedilas e
Longaacute Posteriormente Caputo amp Lima (1984) adicionaram a Formaccedilatildeo Itaim e Goacutees et al
(1992) incluiacuteram a Formaccedilatildeo Poti ao grupo
15
Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o intervalo do final do
Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute 1994)
A Formaccedilatildeo Itaim eacute caracterizada por arenitos finos a meacutedios e folhelhos
bioturbados formados em ambientes deltaicos e plataformais dominados por processos de
mareacute e tempestade (Della Faacutevera 1990 Goacutees amp Feijoacute 1994) A Formaccedilatildeo Pimenteiras eacute
composta por folhelhos negros bioturbados e localmente intercalados com arenitos e siltitos
que registram ambiente plataformal raso dominado por tempestades (Della Faacutevera 1990) A
Formaccedilatildeo Cabeccedilas eacute caracterizada por arenitos finos a grossos localmente intercalados com
folhelhos ou deformados e tilitos Estes depoacutesitos registram ambientes deltaicos e
plataformais influenciados por tempestades aleacutem de ambientes glaciais a periglaciais
(Barbosa et al 2015 Caputo 1984 Della Faacutevera 1990 Ponciano amp Della Faacutevera 2009) A
Formaccedilatildeo Longaacute eacute composta principalmente por folhelhos e siltitos bioturbados com raras
lentes de arenitos que registram ambientes plataformais dominados por tempestades (Caputo
1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Lobato amp Borghi 2014 Rodrigues 2003)
A atividade magmaacutetica na Bacia do Parnaiacuteba possui trecircs fases A primeira no
Cambro-Ordoviciano precede a formaccedilatildeo da bacia caracterizada por granitos e vulcacircnicas do
Jaibaras (Oliveira amp Mohriak 2003 apud Daly et al 2018) No entanto Cerri et al (2020)
discorda desta hipoacutetese sugerindo que durante o intervalo de erosatildeonatildeo deposiccedilatildeo entre o
fim da Bacia do Jaibaras e o iniacutecio da Bacia do Parnaiacuteba ocorreu um ciclo completo de
erosatildeo mudanccedilas nos sistemas deposicionais e modificaccedilotildees em todas as aacutereas fontes
Portanto sinais de proveniecircncia revelam que natildeo existe relaccedilatildeo de causa e efeito entre a
deposiccedilatildeo do rift do Jaibaras e das sequecircncias do Parnaiacuteba (Cerri et al 2020)A segunda e
terceira fase ocorrem apoacutes o estabelecimento da bacia no Mesozoico representada pela
16
Formaccedilatildeo Mosquito e no Cretaacuteceo pela Formaccedilatildeo Sardinha (Daly et al 2018 Vaz et al
2007) Estas duas uacuteltimas tecircm sua origem dada pelo estabelecimento de um novo estaacutedio
tectocircnico ativo no Brasil apoacutes a ruptura do Pangea que levaria a abertura do Oceano
Atlacircntico com surgimento de fraturas eventos distensionais remobilizaccedilatildeo de antigas falhas e
intenso magmatismo baacutesico (Almeida amp Carneiro 2004 Vaz et al 2007 Zalaacuten 2004)
32 FORMACcedilAtildeO POTI
A denominaccedilatildeo Poti foi primeiramente proposta por Paiva (1937) para depoacutesitos
siliciclaacutesticos que ocorriam entre as profundidades 219-566m do poccedilo 125 do DNPM
perfurado proacuteximo a cidade de Teresina Piauiacute Campbell (1949) restringiu a Formaccedilatildeo Poti
ao intervalo 219-423m do mesmo poccedilo determinando uma espessura de 204 metros para esta
formaccedilatildeo Conforme mapas de isoacutepacas a Formaccedilatildeo Poti possui espessura maacutexima de 300
metros (Caputo 1984 Cunha 1986 Goacutees 1995)
Litologicamente eacute caracterizada pela predominacircncia de arenitos finos a meacutedios
intercalados subordinamente com siltitos e folhelhos (Lima amp Leite 1978 Ribeiro 2000)
depositados em ambientes fluacutevios-deltaacuteicos com accedilatildeo de tempestade e mareacute (Goeacutes 1995
Ribeiro 2000 Schobbenhaus et al 1984) Diamictitos dropstones e arenitos com
deformaccedilotildees sin-sedimentares descritos em afloramentos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem na
porccedilatildeo oeste e sudeste da bacia foram interpretados como registro de depoacutesitos fluacutevio-
glaciais a periglaciais (Andrade 1972 Caputo 1985 Caputo et al 2006 ab Caputo et al
2008 Della Faacutevera amp Uliana 1979)
O contato entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti eacute geralmente descrito como concordante
podendo ser localmente gradacional e litologicamente brusco (Lima amp Leite 1978) Caputo
(1984) descreve este contato como de caraacuteter concordante na porccedilatildeo central da bacia e
discordante nas bordas Goacutees (1995) interpreta o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti como
pertencentes a uma uacutenica sequecircncia deposicional composta por depoacutesitos deltaicoestuarinos
plataformal litoracircneos e fluvial em um sistema regressivo de costa progradante Na borda leste
da bacia Lobato amp Borghi (2007 2014) descrevem o limite entre estas formaccedilotildees como uma
superfiacutecie discordante erosiva interpretada como o limite de sequecircncia de 3ᵃ ordem Dessa
forma a discordacircncia de caraacuteter regional entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti descrita por Vaz et
al (2007) estaria restrita as bordas da bacia
Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram trecircs sistemas deposicionais para a base
da Formaccedilatildeo Poti marinho deltaico dominado por onda e fluacutevio-deltaico Segundo estes
17
autores estes sistemas se implantaram apoacutes a discordacircncia que separa a Formaccedilatildeo Poti da
Formaccedilatildeo Longaacute e retratam um ciclo transgressivo-regressivo poacutes-glacial pontuado por
novos episoacutedios de regressatildeo forccedilada Segundo Mabesoone amp Neumann (2005) movimentos
tectocircnicos leves durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos da Formaccedilatildeo Longaacute causaram pequenos
avanccedilos do mar que resultaram na deposiccedilatildeo de areias litoracircneas na porccedilatildeo inferior da
Formaccedilatildeo Poti (Struniano-Viseano) Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram a superfiacutecie
discordante como tectocircnica produto de um rebound isostaacutetico enquanto que as superfiacutecies de
regressatildeo forccedilada que limitam as sequecircncias de menor ordem seriam em parte glaacutecio-
eustaacuteticas Esta superfiacutecie discordante envolve um hiato deposicional entre Tournaisiano
Superior e o Viseano Inferior (Melo amp Loboziak 2000) Apoacutes este periacuteodo no iniacutecio do
Carboniacutefero Superior o mar se retirou rapidamente da aacuterea quando um novo episoacutedio de
soerguimento teve iniacutecio (Mabesoone amp Neumann 2005) Este episoacutedio foi marcado pelo
recuo da linha de costa e expocircs a planiacutecie costeira que foi retrabalhada pelos rios (Mabesoone
amp Neumann 2005) Assim a porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti eacute marcada por depoacutesitos de
planiacutecie aluvial (Mabesoone amp Neumann 2005)
Paiva (2018) descreve sistemas deposicionais marinho raso estuarinodeltaico
dominados por mareacute aluvial e deseacutertico organizados em oito sequecircncias deposicionais A
primeira sequecircncia seria uma transiccedilatildeo formacional LongaacutePoti separando depoacutesitos
plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute por rochas de shoreface e offshore do sistema marinho raso
da Formaccedilatildeo Poti Em sequecircncia identificou seis sequecircncias de alta frequecircncia (de 2ordf e 3ordf
ordem) marcada pela mudanccedila abrupta de faacutecies de sistemas fluacutevio estuarinos a fluacutevio-
deseacutertico com a Formaccedilatildeo Piauiacute ao topo Arauacutejo (2018) verificou a existecircncia dos mesmos
sistemas deposicionais agrupados em seis sequecircncias deposicionais onde os reservatoacuterios de
melhor qualidade diante da anaacutelise de poccedilo seriam os arenitos de shoreface frente deltaica
influenciada por mareacute barras de canais fluacutevio-estuarinos porccedilotildees centrais de barras arenosas
de mareacute e wadis
A presenccedila de uma macroflora terrestre e a ausecircncia de palinomorfos marinhos
sugere ambientes transicionais e continentais para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem
na porccedilatildeo oeste da bacia (Iannuzzi amp Pfefferkorn 2002 Melo amp Loboziak 2000) Nas porccedilotildees
leste e central da bacia a ocorrecircncia de Edmondia um bivalve marinho indica breves
incursotildees marinhas (Kegel 1954) Os dados de palinologia e paleobotacircnica tambeacutem sugerem
paleoclima temperado para a Formaccedilatildeo Poti (Iannuzi 1994) considerando que jaacute no final da
deposiccedilatildeo desta unidade existiriam condiccedilotildees de alta taxa de evaporaccedilatildeo com clima ainda
18
mais seco poreacutem razoavelmente frio tornando-se cada vez mais semi-aacuteridas no Pensilvaniano
da Formaccedilatildeo Piauiacute (Goeacutes 1995) Tal paleoclima confere com o encontrado na Formaccedilatildeo Faro
Bacia do Amazonas (Amadou amp Truckenbrodt 1992)
De acordo com estudos palinoloacutegicos (Daemon 1974 Loboziak et al1992) foi
definida idade eocarboniacutefera entre o Tournaisiano e o Viseano para esta formaccedilatildeo sendo
posteriormente sugerido a idade Viseano tardio (Iannuzzi et al 2003 Melo amp Loboziak 2000)
e ratificado por novos dados palinoloacutegicos de subsuperfiacutecie de Pasquo amp Ianuzzi (2014) A
macrofauna estudada por Iannuzzi amp Pfefferkorn (2002) dominada por pteridospermas aleacutem
de licopsiacutedeos arboacutereos e esfenopsiacutedeos apontam idade entre o Viseano Superior e o
Serpukhoviano Inferior Eacute importante salientar que a presenccedila de Cordyosporites
magnidictyus (Daemon 1974) assim como miosporos de Indotriaradites dolianitii satildeo
comuns na Formaccedilatildeo Poti representando bons marcadores estratigraacuteficos para o Viseano em
bacias do nordeste brasileiro podendo ser correlacionada com a Formaccedilatildeo Faro (Melo amp
Loboziak 2018)
19
CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES
A sucessatildeo sedimentar aflorante na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do
Piauiacute eacute constituiacuteda pelas formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute e expotildee-se ao longo de drenagens
secas como os riachos Muqueacutem e Saco em cortes de estradas e proacuteximo da Barragem Salinas
Os depoacutesitos alcanccedilam ateacute 28 m de espessura sendo extensos por dezenas de metros em
algumas localidades com acamamentos contiacutenuos lateralmente por ateacute 50 m evidenciados
pela geometria sigmoidal e tabular das camadas Foram descritas 15 faacutecies sedimentares
(Tabela 2) em 9 seccedilotildees colunares (Figura 7) organizadas em trecircs associaccedilotildees de faacutecies
fluvial (AF1) frente deltaica (AF2) e plataforma de mareacute e onda (AF3)
41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO
A associaccedilatildeo de faacutecies 1 representa a porccedilatildeo basal da Formaccedilatildeo Poti e aflora ao longo
do riacho do Muqueacutem (Baratildeo do Grajauacute) agraves margens da rodovia BR-230 e nas proximidades
da cidade de Floriano em cotas entre 120 e 178 m Estes depoacutesitos consistem em complexos
de arenitos amalgamados extensos por aproximadamente 50 m em sucessotildees com ateacute 4 m de
espessura em contato erosivo com a Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 8A) A AF1 compreende as
faacutecies folhelho com laminaccedilatildeo planar (Fl) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela (App)
arenito com estratificaccedilotildees cruzadas de baixo acircngulo (Aba) acanalada (Aca) planar (Acp)
tabular (Atb) e tangencial (Atg) e arenito maciccedilo (Am)
Os depoacutesitos fluviais satildeo constituiacutedos por arenitos micaacuteceos com estratificaccedilotildees
cruzada acanalada tabular tangencial e de baixo acircngulo Estas rochas apresentam
granulometria areia meacutedia a grossa composta por gratildeos de quartzo monocristalino (92) com
extinccedilatildeo ondulante moderada a forte quartzo policristalino plagioclaacutesio (4) feldspatos
indiferenciados muscovita contorcidas (lt1) e cutiacuteculas de argila (3) localmente Os
constituintes siliciclaacutesticos satildeo subarredondados a arredondados muito bem selecionados
orientaccedilatildeo preferencial marcada pela muscovita e feldspatos O arcabouccedilo da rocha eacute
sustentado por gratildeos com contatos pontuais em sua maioria cocircncavo-convexos e retos e
ainda porosidade intergranular Os feldspatos comumente estatildeo alterados para argilominerais
Os argilominerais identificados atraveacutes da DRX na amostra de folhelho (A8) foram
esmectitas ilita e caulinita
20
Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute
21
Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti
Faacutecies Descriccedilatildeo Interpretaccedilatildeo
Folhelho com laminaccedilatildeo (Fl) Folhelho de cor cinza-escuro apresentando fissilidade Deposiccedilatildeo de sedimentos por meio de decantaccedilatildeo
em condiccedilotildees de baixa energia
Arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela
(Alp)
Arenito amarelo-claro gratildeos de areia fina a muito fina subarredondados bem selecionados estratificaccedilatildeo plano-paralela e
continuidade lateral
Deposiccedilatildeo de sedimentos em regime de fluxo
superior atraveacutes de fluxo unidirecional trativo
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada de
baixo acircngulo (Aba)
Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados estratificaccedilatildeo
cruzada de baixo acircngulo e lateralmente contiacutenua por 5 metros
Agradaccedilatildeo e migraccedilatildeo de formas de leito
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
acanalada (Aca)
Arenito amarelo-claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada
acanalada
Migraccedilatildeo de formas de leito 3D em regime de fluxo
inferior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
planar (Acp)
Arenito amarelo-claro a escuro com gratildeo de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e
estratificaccedilatildeo plano-paralela com continuidade lateral que chegam a cruzar no bottom set
Relacionado agrave forma de leito plano em regime de
fluxo superior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
tabular (Atb)
Arenito cinza- claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados bem selecionados com estratificaccedilatildeo cruzada
tabular e geometria tabular
Migraccedilatildeo de forma de leito 2D sob fluxo
unidirecional e regime de fluxo inferior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
tangencial (Atg)
Arenito cinza-claro com grabulometria meacutedia a grossa subarredondados a arredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada
tangencial que por vezes apresenta foresets com clastos tamanho seixo de quartzo e argila
Migraccedilatildeo e agradaccedilatildeo de formas de leito 2D por
fluxo unidirecional e regime de fluxo inferior
Transporte por traccedilatildeo
Arenito com laminaccedilatildeo ondulada (Alo)
Arenito amarelo-claro de gratildeos muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados com laminaccedilatildeo ondulada
gradando lateralmente para plano-paralela
Deposiccedilatildeo de sedimentos por traccedilatildeo em regime de
fluxo oscilatoacuterio com migraccedilatildeo de formas de leito
onduladas de pequeno porte oriunda da accedilatildeo de
ondas ou correntes
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
sigmoidal (As)
Arenito amarel- claro com gratildeos de areia fina a meacutedia gratildeos subarredondados moderadamente selecionados micaacuteceos exibindo
estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
Migraccedilatildeo formas de leito de meacutedio porte Transiccedilatildeo
entre regime de fluxo inferior e superior em
condiccedilotildees de alta taxa de sedimentaccedilatildeo
Argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela
(Ap)
Argilito de cor cinza-escuro lateralmente contiacutenuas lenticulares com laminaccedilatildeo plano paralela alternando com arenitos gerando
acamamento heteroliacutetico linsen wavy e flaser da base para o topo
Deposiccedilatildeo por decantaccedilatildeo em condiccedilotildees de baixa
energia O acamamento heteroliacutetico estaacute relacionado
a alternacircncia de processos de decantaccedilatildeo de
sedimentos finos e migraccedilatildeo de formas de leito em
um regime de fluxo inferior
Arenito com laminaccedilatildeo cruzada
cavalgante (Alc)
Arenitos com cores amarelo e vermelho com gratildeos de areia muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados
exibindo laminaccedilatildeo cruzada cavalgante com mud drapes nos foresets em ciclos caracterizando tidal bundles Ocorre ainda escape de
fluidos deformaccedilatildeo convoluta no topo da camada estruturas de ball and pillow e pinch and swell Na AF3 localmente gradam para
laminaccedilatildeo sigmoidal
Deposiccedilatildeo de areias por meio de traccedilatildeo e suspensatildeo
com desaceleraccedilatildeo de fluxo associada agrave migraccedilatildeo de
marcas onduladas com crista sinuosa de pequeno
porte As deformaccedilotildees estatildeo relacionadas a
reorganizaccedilatildeo hidroplaacutestica das camadas adjacentes
em funccedilatildeo da diferenccedila de densidade
Arenito maciccedilo (Am) Arenitos amarelo com gratildeos de areia muito finos a meacutedios subangulosos a arredondados (AF1) bem selecionados a muito bem
selecionados com continuidade lateral ausente de estruturas e acamamento maciccedilo Localmente ocorrem escape de fluidos e
acamamentos convolutos
Deposiccedilatildeo raacutepida em condiccedilotildees energeacuteticas
moderada a alta e localmente sobrecarga ou escape
de fluiacutedos
Arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela
(App)
Arenito amarelo-escuro com gratildeos de areia meacutedia a grossa subarredondados a arredondados estratificaccedilatildeo plano-paralela e contiacutenuas
lateralmente
Sedimentos depositados em regime de fluxo superior
atraveacutes de fluxo unidirecional trativo
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
hummocky (Ah)
Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia fino subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada hummocky apresentando
laminaccedilotildees internas onduladas com truncamento Possuem 15 cm de espessura e 120 m de amplitude gradando lateralmente para
estratificaccedilatildeo cruzada swaley
Deposiccedilatildeo em condiccedilotildees de alta energia por meio de
correntes trativas sob accedilatildeo de fluxo combinado durante
accedilatildeo de ondas de tempestade
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
swaley (Aes)
Arenito amarelo-claro com gratildeos finos subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada swaley Accedilatildeo de ondas de tempestade com accedilatildeo de processos
erosivos
22
As estratificaccedilotildees satildeo de meacutedio a grande porte com a faacutecies arenito com
estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (Atg) apresentando clastos de quartzo e argila em tamanhos
entre 1 cm e 45 cm nos foresets (Figura 8B) Arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada de baixo
acircngulo (Aba) tendem a gradar lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela
(App) Estratos com estratificaccedilatildeo cruzada tabular (Atb) apresentam segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica (Figura 8C) As paleocorrentes medidas nos foresets de estratificaccedilotildees
cruzadas indicam orientaccedilatildeo preferencial para NW Camadas de folhelho cinza-escuro (faacutecies
Fl) com espessura de 10 cm ocorrem como lentes entre arenitos com estratificaccedilatildeo plano-
paralela e estratificaccedilatildeo cruzada tangencial e tabular
Sete elementos arquiteturais internos de canal fluvial (Tabela 3) foram identificados
para estes depoacutesitos baseados na anaacutelise bi e tridimensional dos afloramentos referentes a
AF1 bem como na granulometria de gratildeos composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e
principalmente geometria (Miall 1985 1988 1996) Satildeo eles elemento de acreccedilatildeo frontal
(AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de
preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL)
As extensas exposiccedilotildees descritas mostram unidades de litofaacutecies intercalados e
superpostos entre si formando formas de barras complexas O litossoma de acreccedilatildeo frontal
(AF) satildeo corpos arenosos com espessura entre 2 e 4 m e 30 m de extensatildeo limitado por
superfiacutecie de 4ordf ordem (Figura 8D) As litofaacutecies caracteriacutesticas satildeo Arenito com
estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e
tangencial (Atg) limitados por sets de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies limitantes apresentam
mergulhos entre 337deg e 360deg para NW denotando mesma direccedilatildeo das superfiacutecies limitantes
com os estratos cruzados
O elemento acreccedilatildeo lateral (AL) ocorre limitado por superfiacutecies de 4ordf ordem com
espessura meacutedia de 3 m e 15 m de extensatildeo composto por conjuntos de sets com superfiacutecies
de 1ordf e 2ordf ordem inclinadas com direccedilotildees entre 349deg a 40deg para NW e estratos cruzados
limitados por elas com mergulho para SE (Figura 9A e 9B) Para diferenciar este elemento
arquitetural de AF visto que ocorrem de outras formas muito similares foi considerada a
direccedilatildeo de mergulho entre as superfiacutecies limiacutetrofes de 1ordf e 2ordf ordem e os estratos cruzados
Allen (1965 1970) e Miall (1985 1996 2006) citam que a principal forma de diferenciar os
elementos AF e AL estaacute baseada na diferenccedila de orientaccedilatildeo entre as superfiacutecies de acreccedilatildeo e
os estratos cruzados O elemento AL tem geometria e composiccedilatildeo variaacutevel dependendo da
geometria do canal e da carga sedimentar este elemento eacute menos proeminente em rios
23
entrelaccedilados As litofaacutecies que representam este elemento satildeo Arenito com estratificaccedilotildees
cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) baixo acircngulo (Aba) tabular (Atb) tangencial (Atg) e
estratificaccedilatildeo plano-paralela Depoacutesitos de areia meacutedia ou areia grossa apresentam uma
grande variedade de litofaacutecies refletindo formas de leito vigorosas e progradaccedilatildeo de barras
Acamamentos com este elemento AL satildeo complexos e podem esconder a geometria acrescida
lateralmente subjacente (Miall 1985 2006)
Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Longaacute
sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7 conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e
Fig7) B Clastos de argila e quartzo nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo frontal (AF) com concordacircncia
da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta
porccedilatildeo do canal (P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 2
24
A arquitetura de canal (CH) tem forma cocircncava e eacute limitada por superfiacutecies (por
vezes erosivas) de vaacuterias ordens (1ordf 2ordf 3ordf e 4ordf ordem) em diversas escalas chegando a mais
extensa a atingir 105 metros de extensatildeo por 22 metros de altura Trecircs elementos de canal
limitados por superfiacutecies de 4ordf foram descritos e individualizados de acordo com sua
granulometria estruturas sedimentares e configuraccedilatildeo externa (Figuras 9B e 10) Canais
migrantes (CHm) canais de preenchimento (CHp) e canais alternantes (CHa) As principais
litofaacutecies satildeo a estratificaccedilatildeo cruzada acanalada (Aca) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp)
Os canais satildeo componentes comuns em vaacuterios estilos de sistemas fluviais e ocorrem tanto
com geometria assimeacutetrica quanto simeacutetrica nos afloramentos da Formaccedilatildeo Poti
Os canais migrantes (CHm) satildeo constituiacutedos por areia meacutedia a grossa com
estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de larga escala e cruzada planar com geometria assimeacutetrica
(Figura 10) relacionada a migraccedilatildeo lateral e erodida pelo elemento sobreposto limitada por
superfiacutecies de 2ordf e 4ordf ordem As estruturas sedimentares juntamente com a escala do canal
sugerem energia moderada O elemento de canal alternante (CHa) possui granulometria meacutedia
a grossa em arenitos com estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) e planar (Acp) limitados
por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies basais satildeo relativamente simeacutetricas composta
por formas de leito multilaterais por vezes erodindo o adjacente resultante de fluxos
alternados O elemento de canal de preenchimento (CHp) conteacutem arenitos meacutedios a grossos
com menos estratos cruzados que os elementos de canal anteriores Eacute limitado em sua base
por superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem com extensatildeo de 131 m e 190 m preenchimento
concecircntrico (Gibling 2006) e arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada na base passando
para cruzada planar ao topo e localmente arenito maciccedilo sendo interpretado como
preenchimento de um canal menor interno ao cinturatildeo de canais (Miall 1988)
As formas de leito arenosas (FA) tem forma de lenccediloacuteis com dimensotildees que
compreendem 36 m de altura por 9 m de extensatildeo (Figura 9A) limitados por superfiacutecies de
4ordf ordem Eacute divido por sets por vezes amalgamados que conteacutem as litofaacutecies arenito com
estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e
tangencial (Atg) separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem suavemente inclinadas no sentido
para NW gradando lateralmente para o elemento AL As formas de leito arenosas (FA) satildeo
interpretadas como elemento interno ao canal fluvial oriunda da migraccedilatildeo e cavalgamento de
dunas subaquaacuteticas em partes mais rasas do canal (Miall 1996 2006)
Os lenccediloacuteis de areia laminados (LL) tem geometria em lenccedilol (Figura 9B) com
espessura 175 m e 30 m de extensatildeo com arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela (App)
25
gradando lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) Esta unidade
arquitetural eacute limitada acima por uma superfiacutecie de 4ordf ordem interpretada como produto de
deposiccedilatildeo arenosa de enchentes em condiccedilotildees de regime de fluxo superior em leito plano
(Miall 1977 1984b Tunbridge 1981 1984 Sneh 1983 apud Miall 2006) A gradaccedilatildeo de
arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela (App) para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar
(Acp) estaacute relacionada ainda com a diminuiccedilatildeo das condiccedilotildees de fluxo no fim do evento de
enchentes
Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de Baratildeo do Grajaacuteu
26
Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar e
baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes dos estratos
cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram identificados Lenccediloacuteis
de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo contiacutenuo lateralmente por aproximadamente
30 metros limitado acima por superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de
acreccedilatildeo lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem
27
Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti (P1) Canal de
preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo
(CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma
relativamente simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo
411 Interpretaccedilatildeo
Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF1 apresentam dominacircncia de arenitos com
estratificaccedilotildees cruzada tabular acanalada e de baixo acircngulo com ocorrecircncia subordinada de
lentes descontiacutenuas de pelitos As camadas de arenitos exibem geometria geralmente tabular e
um padratildeo de granodecrescecircncia ascendente Segundo a classificaccedilatildeo proposta de Miall
(1977) estes depoacutesitos satildeo caracteriacutesticos de rios do tipo entrelaccedilado (Figura 11) os quais
apresentam canais largos baixa sinuosidade com um ou mais canais sendo favorecido pela
presenccedila de carga de fundo com granulaccedilatildeo grossa grande variabilidade na descarga e
facilidade de erosatildeo das margens (Miall 1981) O acuacutemulo da carga de fundo propicia a
formaccedilatildeo de barras arenosas que obstruem a corrente e a ramificam com aumento do
suprimento detriacutetico (Miall 1981) A formaccedilatildeo de rios entrelaccedilados tambeacutem eacute relacionada a
condiccedilotildees climaacuteticas e a presenccedila de vegetaccedilatildeo (Kasse e al 2005 Miall 1981 Piegay et al
2009) Em condiccedilotildees climaacuteticas mais uacutemidas o niacutevel do lenccedilol freaacutetico mais proacuteximo agrave
superfiacutecie contribui para sedimentaccedilatildeo mais prolongada ao contraacuterio de regiotildees aacuteridas onde
28
o lenccedilol freaacutetico mais profundo resulta em sedimentaccedilatildeo limitada a chuvas torrenciais (Miall
1991)
O modelo de rio entrelaccedilado do tipo Saskatchewan Sul proposto por Miall (1977) eacute o
que mais se assemelha aos depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti Este modelo fluvial consoante
com as caracteriacutesticas litoloacutegicas e arquiteturais condiz com um fluvial entrelaccedilado
relativamente profundo perene com baixa sinuosidade (modelo 10 de Miall 1985 2006) Este
modelo ocorre em rios entrelaccedilados com canais ativos e ciclos dominados por sedimentaccedilatildeo
arenosa (Miall 1981) O fluvial entrelaccedilado eacute marcado pela existecircncia de macroformas com
geometrias de acreccedilatildeo (AF e AL) geralmente limitadas por superfiacutecies de 4ordf ordem diferente
de rios com acamamentos tabulares tiacutepicos de entrelaccedilados rasos (Miall 1985 2006) e baixa
ocorrecircncia de depoacutesitos de overbank devido ao baixo potencial de preservaccedilatildeo em virtude da
instabilidade do canal (Miall 1988 2006) O elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) eacute comum em
rios entrelaccedilados bem como canais secundaacuterios (Brierley 1996) Ambos litossomas de
acreccedilatildeo frontal (AF) e acreccedilatildeo lateral (AL) podem ocorrer em diferentes partes da mesma
barra complexa
No elemento de canais (CHm) a geometria assimeacutetrica da migraccedilatildeo de canais estaacute
relacionada a migraccedilatildeo lateral de acamamentos unidirecionais (Cant amp Walker 1978) A
migraccedilatildeo destes acamamentos foi desenvolvida proacutexima a barras compostas (compound bars)
com relativa alta sinuosidade no flanco do canal (Miall 1988) Nos elementos CHa e CHp a
presenccedila de granulometria meacutedia a grossa arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de
meacutedio a grande porte e o empilhamento das formas de leito sugerem fluxos de alta
velocidade (Li et al 2015) No caso dos afloramentos estudados na Formaccedilatildeo Poti ocorrem
complexos de preenchimento de canais formados pelas migraccedilotildees laterais de canais
As litofaacutecies do elemento de Lenccediloacuteis Laminados (LL) arenito com laminaccedilatildeo
horizontal (App) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) tipicamente indicam fluxo de regime
superior que caracterizam rios que satildeo submetidos a descargas sedimentares sazonais em
fluxos superficiais em rios entrelaccedilados (Miall 1988)
A faacutecies de granulometria fina como Fl forma-se nos canais no periacuteodo de mais
baixa energia quando a descarga diminuiu Estas faacutecies podem se desenvolver ainda
relacionadas agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo de canais fluviais entrelaccedilados em periacuteodo de descarga
elevada (Smith 1970) As medidas de paleocorrentes dominantes para NW estatildeo condizentes
29
com os trabalhos de Goacutees (1994) e Lima amp Leite (1978) que indicam aacutereas fontes para SE
(Figura 9)
As evidecircncias de paleocorrentes indicam que as direccedilotildees principais de fluxo em
elementos arquiteturais individuais variam entre 214deg e 32deg azimute Quatro dos sete
elementos apresentam medidas com orientaccedilotildees principais tendo 20deg do principal azimute
total Com um caacutelculo de 29 leituras no afloramento da Formaccedilatildeo Poti obteve-se uma meacutedia
de 324deg azimute com magnitude de vetor em 95 As medidas de dip direction das
superfiacutecies limitantes de 1deg a 4deg ordem mostram uma tendecircncia similar entre 290deg e 39deg o que
pode ser interpretado como ambiente fluvial de baixa sinuosidade
Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos afloramentos da
Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior dos canais enquanto que as arquiteturas AF e
AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por
avulsotildees de canais ativos
42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA
A associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica da Formaccedilatildeo Poti ocorre sobreposta aos
depoacutesitos fluviais entrelaccedilados (AF1) e aos folhelhos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura
12) Estatildeo expostas em cortes de estrada e ao longo de leito de rios intermitentes as margens
da rodovia BR-230 bem como na Barragem SalinasPI nos municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e
de Nazareacute do Piauiacute A AF2 tem 19 m de espessura com camadas lateralmente contiacutenuas por
centenas de metros exibindo geometria tabular e sigmoidal Tanto o contato inferior com os
30
depoacutesitos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 12) e depoacutesitos fluviais (AF1) e superior com a
associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) tecircm caraacuteter abrupto (Figura 13A)
As principais faacutecies satildeo arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) arenito com
laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo
(Am)
Estas camadas estatildeo organizadas em ciclos de raseamento ascendente (1 a 3 m de
espessura) com arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Figura 13B) ondulada ou
maciccedilo em sua base e arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal no topo (Figuras 13 C)
Tais ciclos (Figura 14 A) exibem geometria lobada (Figura 13D) Arenitos maciccedilos ocorrem
em camadas tabulares e lobadas localmente exibindo acamamentos convolutos (Figura 14B-
C) Os arenitos satildeo classificados como subarcoacutesios com gratildeos entre areia fina a meacutedia
subangulosos a subarredondados e bem selecionados Os constituintes em geral satildeo quartzos
monocristalinos com extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (90) feldspatos indiferenciados
(5) plagioclaacutesio (3) microclina (1) muscovita deformada e cimento de oacutexido-
hidroacutexido de Fe (lt1) O arcabouccedilo da rocha eacute sustentado por gratildeos com contatos
predominantemente cocircncavo-convexos e mais raramente retos e pontuais com porosidade
intergranular Feldspatos comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade
intragranular Medidas de paleocorrentes nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
mostram paleocorrentes preferenciais para NW
Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente deltaica
(Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da
aacuterea de estudo P9)
31
Figura 13- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos depoacutesitos deltaicos
(AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
(Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees
convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido principal para NW D Geometria
lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos deltaicos nas aacutereas de estudo
32
Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) arenito com
estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos
deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem (P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria
lobada Floriano Piauiacute (P8)
421 Interpretaccedilatildeo
Deltas satildeo classificados principalmente em termos de granulometria dominante e da
importacircncia relativa de processos fluviais por onda e mareacute (Bhattacharya 2006 2010) Nesta
associaccedilatildeo de faacutecies natildeo houve exposiccedilatildeo de litofaacutecies indicativas de retrabalhamento por
mareacute sendo a maior influecircncia por correntes unidirecionais Faacutecies referentes agrave frente
deltaicas satildeo comumente depositadas em aacuteguas rasas e portanto recebem maior influecircncia de
processos gerados por ondas e correntes com depoacutesitos arenosos relativamente bem
selecionados (Bhattacharya amp Walker 1992 Nichols 2009)
33
As faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) laminaccedilotildees cruzada
cavalgante (Alc) laminaccedilatildeo ondulada (Alo) e maciccedilo (Am) estatildeo dispostas em camadas com
geometria sigmoidal que exibem ciclos de granocrescecircncia ascendente e espessamento para o
topo indicando depoacutesitos de frente deltaica (Bhattacharya amp Walker 1992 Della Faacutevera
2001) O raseamento ascendente e a granocrescecircncia ascendente satildeo caracteriacutesticas
importantes para a distinccedilatildeo de uma sucessatildeo deltaica (Nichols 2009) juntamente com a
geometria lobada
A predominacircncia de faacutecies de lobos sigmoidais como os da Formaccedilatildeo Poti sugere
semelhanccedila com a arquitetura de foresets e bottomsets dos deltas tipo Gilbert (Della Faacutevera
2001 Gobo et al 2015) Os foresets satildeo basicamente as faacutecies de arenito com estratificaccedilatildeo
cruzada sigmoidal que se desenvolve em lobos e tem sua gecircnese relacionada agrave raacutepida
desaceleraccedilatildeo do fluxo em condiccedilotildees homopicnais com progressivo aumento do aporte
sedimentar Sua deposiccedilatildeo ocorre proacutexima agrave desembocadura onde fluxos pouco densos
manteacutem parte dos sedimentos em suspensatildeo gerando uma geometria de lobos sigmoidais
(Della Faacutevera 1984 2001) Arenitos maciccedilos (Am) podem ser resultantes de processos
secundaacuterios como escape de aacutegua que obliteraram parcial ou completamente as estruturas
primaacuterias (Della Faacutevera 2001) Corroboram com esta interpretaccedilatildeo a presenccedila de porccedilotildees com
acamamento convoluto associado agraves camadas de arenito maciccedilo As faacutecies de bottomsets
arenitos com laminaccedilotildees cruzada cavalgante e laminaccedilatildeo ondulada indicam accedilatildeo de correntes
e ondas que retrabalham os sedimentos depositados na frente do delta e que satildeo recobertos
durante a progradaccedilatildeo do lobo deltaico Rodrigues (2003) descreveu a presenccedila de
estratificaccedilatildeo cruzada hummocky nos depoacutesitos deltaicos da Formaccedilatildeo Poti o que sugere que
a frente deltaica foi retrabalhada por tempestade
Faacutecies arenosas com presenccedila de estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais current ripples
unidirecionais e camadas maciccedilas em frente deltaicas podem indicar presenccedila de certo
domiacutenio fluvial (Bhattacharya amp Walker 1992) As camadas deformadas (Figura 14B-C)
observadas abaixo da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal tambeacutem sugerem
que houve um cisalhamento produzido por correntes sobre uma superfiacutecie onde a fricccedilatildeo de
arrasto pelo movimento da areia resultou em convoluccedilotildees (Tucker 2014)
Paleocorrentes da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal indicam que a
migraccedilatildeo de formas de leito nos depoacutesitos de frente deltaica possuiacuteam sentido principal para
NW Ciclos de camadas iniciadas pelas faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
que passam para as faacutecies arenito maciccedilo e com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal podem ser
interpretados como oriundos de desaceleraccedilatildeo de fluxo ao entrar em um corpo de aacutegua em
34
menor energia (granocrescecircncia ascendente) onde cada ciclo representa a progradaccedilatildeo de um
lobo deltaico individual com espessura diretamente relacionada agrave profundidade da lacircmina
drsquoaacutegua (Elliott 1986)
43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA
As exposiccedilotildees da associaccedilatildeo AF3 ocorrem ao longo de drenagens secas do Riacho do
Saco distante 6 km da rodovia BR-230 e em corte de estrada Compreende depoacutesitos de
arenitos finos e pelitos contiacutenuos lateralmente com geometria tabular e lenticular
respectivamente por vezes com camadas amalgamadas e acamamento ondulado com
espessura que varia de 6 a 20 m
A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) estaacute sotoposta aos
depoacutesitos referentes agrave AF2 (frente deltaacuteica) em contato abrupto (Figura 13A e 15A) e
sobreposta por depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta pelas faacutecies
argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela (Ap) arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc)
laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito maciccedilo (Am) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela
(App) arenito com estratificaccedilotildees cruzada hummocky (Ah) estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
(As) e estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Aes)
Na base desta associaccedilatildeo ocorrem camadas com intercalaccedilatildeo riacutetmica de lacircminas de
argilito (Ap) e arenitos muito finos (Alc Alo e App) formando acamamento heteroliacutetico com
padratildeo granocrescente ascendente com predomiacutenio do tipo linsen na base passando para
wavy e flaser em direccedilatildeo ao topo Esta ciclicidade tambeacutem eacute caracterizada por pares de
arenito e pelitos mais espessos seguidos por pares menos espessos (Figura 16C-D)
As faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada exibem acamamento ondulado no topo
com laminaccedilotildees truncadas por ondas com arranjo interno do tipo bundled upbulding e
chevron (Raaf et al 1977) que variam lateralmente para laminaccedilatildeo plano-paralela com
presenccedila de mud-drapes nos foresets superfiacutecies erosivas e paleocorrentes preferenciais para
NW
As laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes possuem laminaccedilotildees cocircncavo-convexas que se
truncam lateralmente assemelhando-se agrave micro- hummockies exibindo geometria pinch and
swell (Figura 15B) e pontualmente estruturas de escape (Figura 15C) Localmente no topo de
camadas observa-se deformaccedilatildeo convoluta Os arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
satildeo subarcoacutesios com gratildeos de areia muito fina a fina tais como quartzos monocristalinos com
35
extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (86) feldspatos indiferenciados (7) plagioclaacutesio
(5) microclina (1) muscovita deformada oacutexido-hidroacutexido de Fe (ambas lt1) e
localmente cimento de calcita Os gratildeos satildeo subangulosos a subarredondados e muito bem
selecionados A rocha eacute sustentada por gratildeos com contatos pontuais cocircncavo-convexo reto e
suturado exibem ainda gratildeos e micas orientados porosidade intergranular Feldspatos
comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade alveolar Os argilominerais
identificados na anaacutelise de DRX (laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes A1 e A3) foram
esmectitas (montmorilonita) vermiculita clorita ilita e caulinita
Arenito com acamamento heteroliacutetico eacute caracterizado por exibir laminaccedilotildees plano
paralela que passam lateralmente para laminaccedilatildeo ondulada com acamamentos do tipo linsen
wavy e flaser Localmente observa-se estruturas ball and pillow e escape de fluido (Figura
15D-E)
Arenitos finos com marcas onduladas simeacutetricas e assimeacutetricas exibem laminaccedilatildeo
cruzada por onda (Alo) a sigmoidais com tidal bundles nos foresets O comprimento de onda
das marcas onduladas varia de 4 a 8 cm e a altura de 2 a 7 cm Estas estruturas satildeo limitadas
por arenitos com laminaccedilatildeo ondulada paralela a sigmoidal com alternacircncia de pares de areia e
argila (Figura 16A-B) Localmente satildeo observadas variaccedilotildees na inclinaccedilatildeo dos foresets e
superfiacutecies de reativaccedilatildeo As tidal bundles satildeo caracterizadas por alternacircncias milimeacutetricas a
centimeacutetricas de areias e recobrimentos argilosos Estes pares exibem lateralmente espessuras
distintas de recobrimento argiloso formando pares ciacuteclicos ricos em argila seguidos de pares
ricos em areia
Os ritmitos de mareacute apresentam 120 pares de mareacute organizados em 3 ordens de
ciclicidade (Figura 16C-D) 1) os ciclos de primeira ordem satildeo caracterizados por pares de
lacircminas milimeacutetricas a centimeacutetricas de areia e argila que exibem current ripples e
bidirecionalidade dos foresets A deposiccedilatildeo do material mais fino ocorre atraveacutes de suspensatildeo
e ainda floculaccedilatildeo no periacuteodo de stillstand Este ciclo de menor ordem reflete a ciclicidade de
cheia e vazante (flood-ebb) 2) os ciclos de segunda ordem representam agrupamentos de
ciclos de primeira ordem individualizados pela espessura dos pares de areia e argila com cada
ciclo mostrando um aumento da espessura dos pares seguido por uma diminuiccedilatildeo da
espessura dos mesmos Assim haacute ciclos de segunda ordem espessos onde os arenitos exibem
espessura entre 07 cm e 43 cm e argilitos entre 04 a 10 cm Enquanto que outros ciclos
menos espessos de segunda ordem apresentam camadas de arenito entre 01 a 09 cm e de
argila entre 01 a 10 cm de espessura Cada ciclo pode chegar a aproximadamente 18 cm de
espessura e satildeo compostos por 12 a 15 pares de areia-argila 3) Os ciclos de terceira ordem
36
designam a maior ordem de ciclicidade nestes ritmitos com ciclos menos espessos (pares
mais finos) seguidos por ciclos mais espessos (com pares mais grossos) gerando uma
ciclicidade desigual em sucessivos ciclos de variaccedilatildeo vertical de espessura dos pares
Sobrepostos aos depoacutesitos ciacuteclicos de mareacute ocorrem faacutecies mais arenosas (Figura
17A-B) caracterizadas por arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada hummocky que variam
lateralmente para estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Figura 17C-D) As estratificaccedilotildees cruzadas
hummocky ocorrem em camadas tabulares contiacutenuas lateralmente com aproximadamente 20
cm de espessura por 80 de comprimento que exibem topo e base ondulada sendo possiacutevel
observar clastos orientados de argila subarredondados com dimensotildees entre 3 e 9 cm (Figura
17B-C) Dos trecircs tipos de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky descritas por Cheel amp Leckie
(1993) a do tipo scour-and-drape eacute a dominante visto que as superfiacutecies geradas por erosatildeo
ondulatoacuteria estatildeo presentes
A estratificaccedilatildeo cruzada swaley tem espessuras de 5 a 22 cm com dimensotildees entre 7
a 75 cm Esta estrutura comeccedila com uma superfiacutecie erosiva planar passando para ondulada
Internamente a laminaccedilatildeo ondulatoacuteria possui espessuras de 1 a 9 mm com inclinaccedilatildeo de
aproximadamente 15deg com onlap de baixo acircngulo em superfiacutecies erosivas A inclinaccedilatildeo das
laminaccedilotildees pode comeccedilar e terminar lateralmente acentuada formando uma geometria
cocircncava como pode perder a angulaccedilatildeo gradando para laminaccedilatildeo ondulada As faacutecies com
estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley satildeo sotopostas a camadas onduladas que
apresentam estruturas de mareacute e sobreposta por camadas onduladas
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal ocorrem em camadas geralmente
tabulares com ateacute 20 cm de espessura com base e topo suavemente ondulados e que se
adelgaccedilam lateralmente Localmente satildeo observados finos recobrimentos argilosos nos
foresets e dados paleocorrente indicam fluxos para NW
No topo destes depoacutesitos observam-se corpos com geometria de canal (Figura 17B)
Estes canais satildeo caracterizados por evidente migraccedilatildeo mergulho de 310deg compostos por
camadas amalgamadas de arenito fino com laminaccedilatildeo ondulada e plano-paralela que
acompanham a forma cocircncava do canal (preenchimento concecircntrico Gibling 2006) A
paleocorrente dominante deste ambiente estaacute para NW baseado na mediccedilatildeo de laminaccedilotildees
cruzadas cavalgantes Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominados por onda
e mareacute (AF3) de uma forma geral apresentam ciclos retrogradacionais com material argiloso
dominante na base influenciados principalmente por mareacute passando para mais arenoso ao
topo e maior inflencia por onda
37
Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato entre as
associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3 P4) B Arenito com laminaccedilatildeo
cruzada cavalgantes e ondulada com geometria pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em
arenito com microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and pillow (P3) E Escape
de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico (P5)
38
Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal bundles em laminaccedilatildeo
cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de argila (P4) B Wave generated tidal bundles com
acamamento ondulado e sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se ritmicidade
com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute com ciclos de 1a 2a e 3a ordem
superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e
quadratura (P5)
39
Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute (AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4)
B Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas
cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C Estratificaccedilatildeo
cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley
40
431 Interpretaccedilatildeo
Na associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) eacute evidente a
intercalaccedilatildeo regular entre as faacutecies arenosas finas e argilosas na base que gradativamente
passam para dominacircncia de faacutecies arenosa para o topo Esta caracteriacutestica sugere um aumento
crescente de energia passando de um sistema com predomiacutenio de transporte por decantaccedilatildeo
para outro dominado por traccedilatildeo A presenccedila das faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada
cavalgante e mud drapes nos foresets argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela arenito com
laminaccedilatildeo ondulada e ainda acamamento heteroliacutetico linsen wavy e por vezes flaser satildeo
comuns em sistema dominado por mareacute (Choi 2010 Longhitano et al 2012 Reineck amp
Wunderlich 1968 Visser 1980 Yang et al 2008) Os processos especiacuteficos que favorecem a
deposiccedilatildeo de acamamento linsen e flaser refletem condiccedilotildees de flutuaccedilotildees irregulares sendo
comuns em ambientes dominados por mareacute e tambeacutem por ondas (Nio amp Young 1991
Reineck amp Wunderlich 1968) Ritmitos de mareacute exibem ciclicidade entre laminaccedilotildees linsen e
flaser mostrando eventos influenciados por mareacutes Tal estrutura pode ser formada em vaacuterios
ambientes mas a presenccedila de ciclicidade e sua correlaccedilatildeo com diferentes ordens de
ciclicidade de mareacute satildeo evidecircncias suficientes para afirmar a presenccedila de mareacute em depoacutesitos
claacutesticos marinhos rasos (Nio amp Young 1991) Isto associado com as faacutecies de arenito com
laminaccedilatildeo cruzada cavalgante ondulada (exibindo porccedilotildees com bidirecionalidade) e mud
drapes atestam a existecircncia da accedilatildeo de mareacutes na porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti
Nos ritmitos de mareacute a bidirecionalidade em alguns pares de areia e pelito pode
indicar que durante nos periacuteodos de mareacutes siziacutegia (spring tide) a corrente subordinada teve
forccedila suficiente para mover porccedilotildees de areia como pequenas migraccedilotildees de ripples A presenccedila
de depoacutesitos de corrente dominante e subordinada com dois mud drapes podem sugerir
ambiente de submareacute (subtidal) para AF3 sendo coberto por dois periacuteodos de slack water em
um ciclo de mareacute alta e vazante (ebb-flood) (Nio amp Young 1991) A alternacircncia dos ciclos de
2ordf ordem de ritmitos de mareacute (grupos mais e menos espessos) indicam inequidade diurna Esta
alternacircncia pode ser relacionada agraves variaccedilotildees de ciclos semilunares de mareacutes de siziacutegia e
quadratura sugerindo alta taxa de deposiccedilatildeo (Rahmani 1988) A espessura meacutedia entre 12 e
16 cm por ciclo semilunar com 22 e 26 pares indica taxa deposicional de 24 a 32 cm por mecircs
Esta sequecircncia portanto pode ter sido depositada em uma zona de submareacute ou intermareacute
inferior em funccedilatildeo da alternacircncia entre lacircminas de material arenoso e peliacutetico que foram
cobertos por mareacutes durante todo ou na maior parte dos ciclos de mareacutes de siziacutegia e de
quadratura (Tessier et al 1988)
41
As tidal bundles ocorrem em laminaccedilotildees onduladas com 3 a 8 cm de espessura
como jaacute descrito em trabalhos de Boersma (1969) Terwindt (1981) Kreisa e Moiola (1986)
de estruturas de megaripplessandwave de ambientes de submareacute (apud Bhattacharya amp
Bahattacharya 2006) Tidal bundles em camadas de pequena espessura podem indicar
retrabalhamento miacutenimo dos sedimentos mais novos em funccedilatildeo do mud draping espesso
(Bhattacharya amp Bhattacharya 2006) Estruturas similares satildeo reconhecidas pela migraccedilatildeo de
ripples ou sandwaves durante a mareacute principal O recobrimento de argila com forma
sigmoidal nas bandas das tidal bundles podem definir periacuteodos de pausas da mareacute (Kreisa amp
Moiola 1986)
Algumas porccedilotildees de tidal bundles observadas nos afloramentos descritos condizem
com as sugeridas no trabalho de Yang et al (2008) como wave generated tidal bundles
(Figura 16B) com laminaccedilotildees na base dos sets por vezes sigmoidais a onduladas
(componente oscilatoacuteria) e recobrimento de argila nas cristas da ondulaccedilatildeo adjacente
exibindo as geometrias em offshoot e unidirecional descritas por Raaf et al (1977) Os
foresets satildeo recobertos por argila com variaccedilotildees deste material peliacutetico indicando ciclicidade
com porccedilotildees ricas em argila (neap tide) e em areia (spring tide) Na base e topo deste
conjunto de wave generated tidal bundles haacute laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas com
acamamento heteroliacutetico variando linsen-flaser indicando ciclos semilunares (Figura 16B)
Esta estrutura portanto eacute uma soma de resultantes advindas da accedilatildeo tanto de ondas pela
ocorrecircncia de wave generated ripples (Raaf et al 1977) como pela accedilatildeo de correntes de
mareacute pela existecircncia de recobrimento de argilas com ciclicidade
As wave-generated tidal bundles satildeo indicativas de um depoacutesito com superimposiccedilatildeo
de accedilatildeo de ondas bem como de mareacute gerando uma sucessatildeo riacutetmica Estas estruturas diferem
das tidal bundles tiacutepicas por serem estruturas que resultam de uma variaccedilatildeo temporal na
combinaccedilatildeo de correntes de mareacute e onda bem mais do que variaccedilatildeo de corrente de mareacute
apenas (Yang et al 2008) Elas se formam em circunstacircncias onde o pico de energia continua
ainda no campo de estabilidade de ripples sendo portanto estruturas indicativas de deposiccedilatildeo
por tempestade de baixa energia pois em condiccedilotildees de tempo normal a quantidade de
sedimento em suspensatildeo natildeo eacute suficiente para gerar sucessotildees espessas em um uacutenico ciclo de
mareacute principalmente em ambientes de costa aberta (Yang et al 2008) Estruturas deste
gecircnero satildeo difiacuteceis de serem preservadas em funccedilatildeo do intenso retrabalhamento por ondas que
ocorrem no ambiente em que satildeo geradas desta forma elas tendem a ser preservadas por
42
subsidecircncia tectocircnica (Allen amp Bass 1993 Tessier amp Gigot 1989) ou por taxas de
sedimentaccedilatildeo altas
Faacutecies arenito com laminaccedilatildeo ondulada arenito com estratificaccedilotildees cruzada
hummocky sigmoidal e swaley em sedimentos de areia fina denotam sistema mais energeacutetico
com accedilatildeo de ondas de tempestade Clastos de argilas presente nas camadas com estruturas
geradas por ondas ratificam este sistema mais energeacutetico forte o suficiente para retrabalhar
as rochas do substrato Estruturas como estratificaccedilatildeo cruzada hummocky foi primeiramente
descrita por Harms et al (1975) sendo gerada por meio de processos dominantemente
oscilatoacuterios combinados por correntes unidirecionais resultantes de ambiente dominado por
tempestade em aacuteguas rasas (Arnott amp Southhard 1990 Cheel amp Leckie 1993 Duke 1985
Dumas amp Arnott 2006) As estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley estatildeo geneticamente
relacionadas onde a estratificaccedilatildeo cruzada swaley pode ser descrita como estratificaccedilatildeo
cruzada hummocky truncada anisotroacutepica (Dumas amp Arnott 2006) A estratificaccedilatildeo cruzada
hummocky geralmente ocorre em um restrito intervalo de granulometria (areia muito fina a
fina) onde a forma de leito responsaacutevel pela geraccedilatildeo desta estrutura eacute um tipo de ondulaccedilatildeo
orbital (Harms et al 1975 Southard et al 1990 Yang et al 2006)
Em periacuteodos onde a atividade por tempestade foi maior as ondas penetraram e
retrabalharam os depoacutesitos dominados por mareacute formando as estratificaccedilotildees cruzadas
hummocky e swaley visto que a influecircncia de mareacute foi preservada durante periacuteodos de natildeo
tempestade (Vakarelov et al 2012) Em outras palavras a accedilatildeo das ondas retrabalharam os
sedimentos existentes onde tais ondas de tempestade atingiram o substrato acima do niacutevel de
base de onda sob fluxo combinado juntamente com componente unidirecional em regime de
fluxo superior (Arnott amp Southard 1990)
Estruturas de sobrecargadeformaccedilatildeo podem ocorrer atraveacutes do fenocircmeno de fluxo
plaacutestico associado agrave saiacuteda de aacutegua e peso da areia sobreposta (Allen 1982) Superfiacutecies
erosivas nas camadas desta associaccedilatildeo ocorrem trucando estruturas sedimentares e tem forma
ondulada com maior concentraccedilatildeo de material peliacutetico ratificando a interpretaccedilatildeo da accedilatildeo de
ondas e tempestades nestes depoacutesitos (Peng et al 2018) As Superfiacutecies de reativaccedilotildees satildeo
resultantes de variaccedilatildeo de velocidades durante as mareacutes (Klein 1970)
Estruturas balls and pillows compreendem massas redondas de sedimentos claacutesticos
tambeacutem chamados de pseudonoacutedulos em uma matriz similar ou mais fina verticalmente
sobrepostos em um horizonte Satildeo estruturas que se formam atraveacutes da separaccedilatildeo repetitiva de
43
pseudonoacutedulos da base de uma camada fonte que para de fato ocorrer o substrato deve
permanecer liquidificado por um tempo maior em relaccedilatildeo agrave taxa de deformaccedilatildeo sendo
possiacutevel o contraste de densidade das camadas e portanto o aparecimento da forccedila de divisatildeo
(Owen 2003) As estruturas deformacionais penecontemporacircneas presentes na associaccedilatildeo de
faacutecies AF3 evidenciam portanto perturbaccedilatildeo dos sedimentos ainda semi-consolidado ou
inconsolidado (Van Loon amp Brodzokowski 1987)
Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF3 estatildeo relacionados a um shoreface
inferior com accedilatildeo de tempestades episoacutedicas em uma costa retrogradante com accedilatildeo de mareacute
O ambiente plataformal torna-se mais profundo para leste em funccedilatildeo da maior ocorrecircncia de
tempestitos nesta aacuterea Geometria em canal observada no topo de tempestitos denota
proximidade com o continente com fluxo de detritos subaquosos confinados
44
CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS
Na regiatildeo estudada foram identificadas trecircs sequecircncias deposicionais de 4ordf ordem
que tiveram iniacutecio no final do Neodevoniano ateacute o Pensilvaniano e compreendem o topo da
Formaccedilatildeo Longaacute a Formaccedilatildeo Poti e a base da Formaccedilatildeo Piauiacute Estas sequecircncias satildeo
compostas por 5 tratos de sistemas limitados por 4 superfiacutecies estratigraacuteficas (Figuras 18 e
19) Sequecircncia 1 (Trato de Sistema de Mar Alto ndash TSMA) Sequecircncia 2 (Trato de Sistema de
Mar Baixo ndash TSMB e Trato de Sistema Transgressivo ndash TST) e Sequecircncia 3 (Trato de
Sistema de Mar Baixo ndash TSMB)
51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS
As superfiacutecies estratigraacuteficas (S) foram baseadas em faacutecies e limites erosivos que
delimitam os tratos de sistemas identificados (Catuneanu et al 2009 2011) com seu
reconhecimento pautado em mudanccedilas bruscas entre faacutecies e sistemas deposicionais A
superfiacutecie S1 eacute o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti (Figura 8A) representando um limite
de sequecircncia tipo 1 A superfiacutecie S2 representa o limite entre as associaccedilotildees de faacutecies fluvial e
frente deltaica da Formaccedilatildeo Poti e a superfiacutecie S3 eacute interpretada como uma superfiacutecie
transgressiva uma vez que separa depoacutesitos fluacutevio-costeiros (AF1 e AF2) de depoacutesitos de
plataforma rasa (AF3 Figuras 13A e 15A) A superfiacutecie S4 eacute um limite de sequecircncia tipo 1
de depoacutesitos plataformais do topo da Formaccedilatildeo Poti com os fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute
sobrejacente
A inconformidade subaeacuterea tem sua gecircnese relacionada a condiccedilotildees subaacutereas com
resultado de erosatildeo fluvial ou by-pass pedogecircnese degradaccedilatildeo eoacutelica ou dissoluccedilatildeo e
carstificaccedilatildeo (Catuneatu et al 2011) Ocorre quando a taxa de subsidecircncia eacute menor que a de
rebaixamento eustaacutetico na quebra do offlap (Van Wagoner et al 1988) Na aacuterea de estudo
este limite eacute encontrado em toda a regiatildeo onde dois tipos satildeo diferenciados O tipo 1 ocorre
dividindo os depoacutesitos fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti dos plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute
apresentando erosatildeo fluvial com horizontes irregulares O segundo tipo divide os depoacutesitos
plataformais de ondas e mareacute (AF3) de sequecircncias fluviais referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute Esta
superfiacutecie apresenta horizontes erosivos irregulares mais tecircnues que a primeira superfiacutecie
As superfiacutecies S1 e S4 satildeo interpretadas como resultante de queda do niacutevel relativo
do mar onde depoacutesitos fluviais puderam ser desenvolvidos As camadas foram erodidas por
45
essa accedilatildeo resultando em horizontes irregulares A superfiacutecie S2 eacute um limite de faacutecies sendo
estabelecida em um contato abrupto entre litofaacutecies de arenito meacutedio a grosso com
estratificaccedilatildeo cruzada tabular (depoacutesitos fluviais ndash AF1) e finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo
cruzada sigmoidal (depoacutesitos deltaicos ndash AF2) A superfiacutecie transgressiva (S3) limita camadas
progradantes abaixo de camadas retrogradantes acima separando os depoacutesitos transicionais
(AF1 e AF2) de depoacutesitos plataformais (AF3)
52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA
A primeira sequecircncia (Seq 1) consiste no final de uma sequecircncia estratigraacutefica
representada por trato de sistema de mar alto (TSMA) com folhelhos cinza escuros a pretos
homogecircneos ou laminados e bioturbados referente a ambiente plataformal dominado por
tempestade (Goacutees amp Feijoacute 1994) Esta sequecircncia corresponde ao final da deposiccedilatildeo da
Formaccedilatildeo Longaacute limitada acima por uma S1 (LS1) erosiva e deposiccedilatildeo de sedimentos
fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti
O trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Seq 2 (Figura 20A) compreende
depoacutesitos fluviais e deltaicos contemporacircneos (AF1 e AF2) em um contexto de bacia com
conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais Limitados abaixo por S1 (LS1) e acima
por S3 (ST) com ciclos de granodecrescecircncia ascendentes nas litofaacutecies de arenito meacutedio a
grosso com estratificaccedilatildeo cruzadas de meacutedio porte de faacutecies fluvial passando para ciclos
granocrescente ascendente de arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal e
laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes nos depoacutesitos deltaicos com a superfiacutecie S2 separando estes
dois depoacutesitos
A variaccedilatildeo das taxas de criaccedilatildeo de espaccedilo de acomodaccedilatildeo ao longo do tempo
consiste no principal fator para preservaccedilatildeo de sedimentos (Shanley amp McCabe 1994)
Sistemas fluviais costeiros satildeo muito influenciados pela mudanccedila de niacutevel de base (Miall
2006) Em sistemas fluviais controlados pelo niacutevel relativo do niacutevel do mar a identificaccedilatildeo
dos tratos de sistemas estaacute fundamentada em um somatoacuterio de criteacuterios que envolvem a
geometria padratildeo de empilhamento dos canais fluviais razatildeo entre depoacutesitos de canais e de
planiacutecie de inundaccedilatildeo (Miall 2006) O TSMB estaacute relacionado ao final do rebaixamento do
niacutevel do mar e consequente iniacutecio de sua elevaccedilatildeo
De acordo com a anaacutelise arquitetural dos depoacutesitos fluviais os elementos
individualizados foram elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal
46
alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito
arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em
forma de lenccediloacuteis Geralmente sistemas fluviais entrelaccedilados arenosos de TSMB formam
corpos de canais do tipo ldquosheet-likerdquo (Hirst 1991 Miall 2006) com amalgamaccedilatildeo de barras e
canais internos ao canal principal onde a preservaccedilatildeo de sedimentos mais finos comuns de
planiacutecie de inundaccedilatildeo eacute menor (Schanley amp McCabe 1993 Wan Wagoner et al 1995) Tal
disposiccedilatildeo estaacute de acordo com o observado para os depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti De
uma forma geral segundo a variaccedilatildeo de espessura e distribuiccedilatildeo desses depoacutesitos (Figura 19)
observa-se um acunhamento dos depoacutesitos fluviais para a porccedilatildeo SE da regiatildeo
O final do TSMB eacute marcado pelos depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de frente
deltaica (AF2) que denota progradaccedilatildeo com padratildeo de raseamento ascendente Segundo
Bhattacharya amp Walker (1992) durante os periacuteodos de aumento do niacutevel do mar a deposiccedilatildeo
deltaica fica confinada a ambientes de aacuteguas rasas na plataforma e resulta na raacutepida
progradaccedilatildeo dos lobos e comutaccedilatildeo de um ambiente dominado por processos fluviais A
sedimentaccedilatildeo deltaica tende a ser suprimida durante o aumento do niacutevel do mar e em regiotildees
costeiras tende a ser influenciada por processos de onda e mareacute (Miall 2000)
O TSMB eacute sobreposto por um Trato de Sistema Transgressivo (TST Figura 20B)
sendo seu limite marcado pela superfiacutecie S3 que representa uma incursatildeo marinha dentro da
sequecircncia 2 O trato de sistema transgressivo (TST) corresponde a depoacutesitos plataformais de
onda e mareacute (AF3) de tendecircncia granocrescente para o topo iniciando com intercalaccedilatildeo de
pelitos e arenitos finos com laminaccedilotildees com ritmitos de mareacutes e tidal bundles passando para
arenitos estratificados hummocky e swaley e em seguida camadas de arenitos maciccedilos e
ondulados mais espessos para o topo A preservaccedilatildeo de depoacutesitos de mareacute comumente ocorre
em tratos de sistemas caracterizados por taxas altas de aumento relativo do niacutevel do mar (Nio
amp Yang 1991)
Durante a incursatildeo marinha os sedimentos da plataforma rasa eram periodicamente
retrabalhados por tempestades As evidecircncias de accedilatildeo perioacutedica de ondas de tempestades satildeo
laminaccedilotildees onduladas micro-hummockys e pinch-and-swell observadas na base da sequecircncia
que passam para arenitos com Ah e Aes ao topo A diferenccedila de escala observada nas
estruturas sedimentares geradas por tempestades desta sequecircncia corrobora com o contiacutenuo
aumento do niacutevel do mar Yang et al (2006) registram que o tamanho do comprimento de
onda de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky (Ah) diminui conforme se aproxima das aacuteguas mais
rasas devido a diminuiccedilatildeo do tamanho das ondas Baseado nesta premissa as estruturas
47
sedimentares menores (ex micro-hummockys) seriam geradas no iniacutecio do aumento do niacutevel
do mar e as estruturas maiores (Ah e Aes) no aacutepice da incursatildeo marinha
A presenccedila de um ambiente dominado por processos de mareacute e onda e influenciados
por tempestades sugere que o limite TSMB-TST registra a passagem de um mar
epicontinental amplo e de aacuteguas rasas com alta taxa de aporte sedimentar (AF1 e AF2) para
um ambiente de mar mais aberto e elevada taxa de aumento do niacutevel do mar (AF3) O padratildeo
retrogradacional identificado nos depoacutesitos do TST eacute atribuiacutedo agrave geraccedilatildeo de espaccedilo de
acomodaccedilatildeo que supera a taxa de sedimentaccedilatildeo (Catuneanu et al 2011 Posamentier amp Vail
1988)
O topo do TST eacute limitado no topo pela superfiacutecie S4 a qual coincide com a
discordacircncia regional Mesocarboniacutefera A base da sequecircncia 3 representa um TSMB (Figura
20C) com depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta por camadas de
arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilotildees cruzadas tabular acanalada e tangencial com
lags conglomeraacuteticos Apoacutes a instalaccedilatildeo de um sistema plataformal transgressivo no Viseano
houve um rebaixamento do niacutevel de mar que causou um hiato erosivo de 20 Ma registrado em
vaacuterias partes da Bacia do Parnaiacuteba (Caputo 1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007) Este
evento estaria associado ao iniacutecio estaacutegio de continentalizaccedilatildeo que ocorreu durante o
Moscoviano e resultou na formaccedilatildeo do Pangea (Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007)
48
Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de Baratildeo de Grajauacute e
Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba Fonte Modificado de (Vaz et al 2007)
49
Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e principais superfiacutecies
estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)
50
Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da Seq
2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)
51
CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO
As trecircs sequecircncias deposicionais identificadas na aacuterea de estudo que compreendem
as formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute tem sua gecircnese relacionada a variaccedilotildees ciacuteclicas do niacutevel
relativo do mar influenciadas por eventos de eustasia e tectocircnica (Catuneanu 2006) A Seq 1
(TSMA) eacute caracterizada por uma transgressatildeo marinha que iniciou no Fameniano e que deu
origem aos depoacutesitos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (TSMA) com ambiente dominado por
eventos de tempestades (Goacutees amp Feijoacute 1994)
A Seq 2 que engloba TSMB em sua porccedilatildeo inicial eacute composta por depoacutesitos
fluviais e deltaicos caracterizando uma fase seguinte de progradaccedilatildeo As paleocorrentes dos
depoacutesitos fluviais (AF1) e de frente deltaica (AF2) indicam sentido do paleofluxo para NW
com provaacuteveis aacutereas fontes para leste-sudeste Dados preacutevios baseados em anaacutelises de
paleocorrentes e dataccedilotildees U-Pb em zircatildeo detritico indicam que as principais aacutereas fontes dos
sedimentos da bacia do Parnaiacuteba durante o Paleozoico estariam localizadas na Proviacutencia
Borborema que fica a sudeste da aacuterea de estudo (Daly et al 2018 Hollanda et al 2014
Oliveira amp Moura 2019) Sedimentos retrabalhados de rochas paleoproterozoicas e
neoproterozoicas seriam as principais fontes para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti com
contribuiccedilatildeo secundaacuteria de sedimentos reciclados de rochas cambro-ordovicianas ou mais
jovens (Hollanda et al 2014) aleacutem de fontes neoarquenas (Oliveira amp Moura 2019)
Retrabalhamento de rochas do intervalo Devoniano-Tournaisiano tambeacutem eacute sugerido por
dados palinoloacutegicos (Di Pasquo amp Iannuzzi 2014 Streel et al 2012) Assim um progressivo
recuo dos mares epicontinentais entre o Mesodevoniano e o Mississipiano (Goeacutes 1995)
resultou na formaccedilatildeo de extensos depoacutesitos transicionais e na exposiccedilatildeo de rochas cristalinas
e sedimentares preacute-cambrianas (antes inundadas pela incursatildeo marinha devoniana) na regiatildeo a
leste e sudeste da Bacia do Parnaiacuteba (Oliveira amp Moura 2019)
A instalaccedilatildeo deste sistema fluvio-deltaico ocorreu sob um clima semiaacuterido com
vegetaccedilatildeo escassa ou ausente Segundo Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) a vegetaccedilatildeo nas
proximidades da regiatildeo de estudo era mais arbustiva e escassa com presenccedila de plantas
pteridoacutefitas e gimnospermas aleacutem de algas que refletem aacuteguas salobras Ianuzzi (1994)
descreve clima temperado a subtropical no final do Carboniacutefero Inferior passando para
tropical no final do Carboniacutefero Superior com deriva do Continente Americano em direccedilatildeo ao
Equador (Ribeiro 2000) Parrish et al (1986) descrevem variaccedilotildees no clima durante o
Carboniacutefero Superior oscilando entre periacuteodos quentes e mais frios com tendecircncia geral de
52
aquecimento Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) descrevem assembleias fossiliacuteferas tiacutepicas de
intervalos normais a secos assim como ratificado por reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas (Iannuzzi
amp Roumlsler 2000) o qual afirma que a Bacia do Parnaiacuteba teria estado situada em uma zona
climaacutetica semiaacuterida durante a metade do Mississipiano Streel et al (2012) descrevem
miosporos em seccedilotildees de diamictitos da Formaccedilatildeo Poti na borda oeste da bacia depositados
em periacuteodos interglaciais
Os depoacutesitos deltaicos satildeo representados pelo predomiacutenio de camadas com geometria
lobada e estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais que podem estar relacionados a eventos de
sedimentaccedilatildeo episoacutedica durante carga extrema de rios (Della Faacutevera 2001 Ponciano amp Della
Faacutevera 2009) Esta carga extrema geralmente transpassa (by-pass) a parte proximal do sistema
deltaico (Della Faacutevera 2001) A ausecircncia de faacutecies de prodelta nos depoacutesitos estudados pode
estar associada a grande extensatildeo dos depoacutesitos de frente deltaica e alta taxa de progradaccedilatildeo
Apesar da ausecircncia de estruturas como Ah e Aes nos afloramentos estudados a inexistecircncia
de prodelta pode estar associada agrave remoccedilatildeo do material argiloso por tempestades (Della
Faacutevera 2001)
O delta da Formaccedilatildeo Poti flui para um ambiente de mar epicontinental raso Porritt et
al (2020) descrevem deltas similares com baixo gradiente onshore e offshore resultando em
efeitos miacutenimos das variaccedilotildees do niacutevel do mar nos deltas Ainda segundo Porritt et al (2020)
a diferenccedila destes tipos de deltas em mares epiricos para outros eacute sua quantidade baixa de
espaccedilo de acomodaccedilatildeo disponiacutevel e local de sedimentaccedilatildeo controlada por avulsatildeo de rios mais
acima nas superfiacutecies de leque aluvial
Goacutees et al (1997) descreveram ainda exposiccedilotildees referentes ao delta em contatos
laterais ou intercalados com os depoacutesitos dominado por tempestade e onda As bacias do
Parnaiacuteba e do Amazonas durante o Viseano tardio estava inserida nos paralelos 40deg a 50deg
dentro do continente Gondwana (Scotese 2000 Torvski et al 2012) recebendo accedilotildees de
furacotildees que geraram os depoacutesitos tempestiacutesticos da associaccedilatildeo AF3 (Duke 1985)
O continuo avanccedilo do mar para dentro da plataforma continental gerou os depoacutesitos
influenciados por mareacute e onda (AF3) que recobrem o sistema fluvio-deltaico Este limite
sugere a passagem de um ambiente com alta taxa de sedimentaccedilatildeo siliciclaacutestica durante o
recuo marinho para um ambiente com taxa de sedimentaccedilatildeo moderada com aumento do
niacutevel do mar mais lento Desta forma uma configuraccedilatildeo de mares epicontinentais com maior
53
restriccedilatildeo eacute sugerida para o sistema fluvio-deltaico com passagem para mares epicontinentais
amplos poreacutem ainda rasos do sistema plataformal dominado por mareacute e onda
Segundo mapas paleogeograacuteficos de Scotese (2019) observa-se no periacuteodo entre 361
e 351 milhotildees de anos (Fameniano e Tounasiano) a diminuiccedilatildeo de pontos de gelo que
estariam ligados ao processo transgressivo que deu origem a depoacutesitos plataformais marinhos
no topo da Formaccedilatildeo Longaacute Entre 344 Ma e 338 Ma (Viseano) houve o estabelecimento dos
ambientes referentes agrave Formaccedilatildeo Poti com a presenccedila de pontos de gelo relacionados agrave
regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo
que possivelmente deu origem aos depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3)
aqui descritos no topo da Formaccedilatildeo Poti Tal hipoacutetese pode sustentar ainda a existecircncia de
sistema fluvial entrelaccedilado relacionado a descargas e maior proporccedilatildeo de carga de fundo em
regiotildees glaciais oriundas de escoamentos superficiais sazonais (ou ocasionada pelo degelo) A
presenccedila de uma vegetaccedilatildeo arbustiva no Mississipiano aliado a condiccedilotildees ambientais semi-
aridas durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos Poti sustenta a justificativa da instalaccedilatildeo de um
fluvial entrelaccedilado
Uma discordacircncia regional que gerou um hiato deposicional de aproximadamente 20
Ma na Bacia do Parnaiacuteba (Goacutees et al 1992) marca o contato entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute
e consequentemente o final do ciclo deposicional do Grupo Canindeacute Assim apoacutes a
deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti movimentos epirogecircnicos ascendentes e uma regressatildeo de
extensatildeo global seriam fatores que tiveram accedilatildeo na erosatildeo da bacia (Goacutees 1995 Mesner amp
Wooldridge 1964 Santos amp Carvalho 2009) resultando na superfiacutecie S4 e na sedimentaccedilatildeo
da Seq 3 Esta tendecircncia regressiva do mar durante o Carboniacutefero poderia estar relacionada a
movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela orogenia Herciniana que se
desenvolveu principalmente a norte do supercontinente Gondwana com periacuteodos colisionais
entre 380 e 280 Ma (Windley 1995 Vaz et al 2007) O contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Poti
e Piauiacute foi observado na porccedilatildeo oeste da aacuterea de estudo onde depoacutesitos plataformais de onda
e mareacute (AF3) estatildeo sotopostas a litofaacutecies de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo
cruzada de depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Trabalhos referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute
revelam um contexto de sistema deseacutertico associado ao iniacutecio do processo de
continentalizaccedilatildeo no Gondwana (Lima amp Leite 1978 Xavier 2019) Portanto as faacutecies
fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute sobrepostas a AF3 satildeo interpretadas como pertencentes a um
TSMB
54
Em 315 Ma (Moscoviano) houve o estabelecimento de grande camada de gelo nas
porccedilotildees da Bacia do Parnaiacuteba corroborando a natureza regressiva da sequecircncia 3 (TSMB)
com um rebaixamento do niacutevel do mar juntamente com as orogenias que consolidavam o
supercontinente Pangea em condiccedilotildees climaacuteticas quente e semiaacuterida em geometria diferente
na bacia (Caputo et al 2005) referente ao fluvial da Formaccedilatildeo Piauiacute Recentemente Xavier
(2019) associa a discordacircncia entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute a movimentos glacio-eustaacuteticos
que ocorreram durante o primeiro pico de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age
(LPIA)
55
CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES
A anaacutelise dos afloramentos do intervalo da porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Longaacute
Formaccedilatildeo Poti e inferior da Formaccedilatildeo Piauiacute entre os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e Nazareacute
do Piauiacute evidenciaram ocorrecircncia de um short term transgression com depoacutesitos fluvio-
deltaicos recobertos por plataformais no Carboniacutefero inferior onde incursotildees marinhas
formaram mares rasos epicontinentais
Foram descritos para Formaccedilatildeo Poti 9 afloramentos com 15 faacutecies das quais
individualizaram 3 associaccedilotildees de faacutecies Fluvial entrelaccedilado (AF1) Frente deltaica (AF2) e
Plataforma dominada por mareacute e onda (AF3)
A Formaccedilatildeo Longaacute representa a Seq1 com depoacutesitos de tempestitos de um Trato de
Sistema de Mar Alto (TSMA) separada do fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti por um limite de
sequecircncia tipo 1 (S1) A base da Formaccedilatildeo Poti eacute representada por um fluvial entrelaccedilado
(AF1) descrito na porccedilatildeo leste da aacuterea o qual possui 8 faacutecies e sete elementos arquiteturais
elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante
(CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia
laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em forma de lenccediloacuteis
A associaccedilatildeo de Frente deltaica (AF2) possui 4 faacutecies dispostas em geometrias
tabulares a lobadas separada da AF1 por uma superfiacutecie de limite de associaccedilatildeo (S2) AF1 e
AF2 representam um Trato de sistema de Mar Baixo (TSMB) e iniacutecio da Seq 2 da Formaccedilatildeo
Poti em um contexto de bacia com conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais
AF2 separa-se dos depoacutesitos plataformais de onda e mareacute (AF3) por uma superfiacutecie
trangressiva (S3)
A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3) tem 8 faacutecies inseridas em
2 geometrias tabular e em canal Nesta sucessatildeo foram descritos acamamentos heteroliacuteticos e
ritmitos de mareacute bem como estruturas como tidal bundles wave generated que atestam a
accedilatildeo de mareacute e onda nesta unidade Ainda estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley
evidenciam a accedilatildeo de ondas de tempestades Esta associaccedilatildeo representa um Trato de Sistema
Trangressivo (TST) e o final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti sendo um short term transgression
provavelmente associada a derretimento de pontos de gelo na regiatildeo oeste da Bacia AF3
separa-se da Formaccedilatildeo Piauiacute por uma superficie de limite de sequecircncia do tipo 1 (S4) A
Formaccedilatildeo Piauiacute denotaria um Trato de Sistema de Mar Baixo (TMSB) e por isso iniacutecio da
56
Seq 3 que representa os movimentos glacio-eustaacuteticos que ocorreram durante o primeiro pico
de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age (LPIA)
57
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APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA
Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1
arenito com estrat cruzada acanalada A7) A Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a
arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato principalmente pontuais porosidade intergranular e
localmente feldspatos alterando para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na associaccedilatildeo de
faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com porosidade
intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3
Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos subangulosos a subarredondados
muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo
69
APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X
Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras representativas da
Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e 2 referente a plataforma de onda e
mareacute (AF3 A1 e A3) AF1 (A8 Folhelho) A A anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada
com etilenoglicol e calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica expansiva 119889001
indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97 Aring quando calcinada B Em amostra de
rocha total eacute dominante a presenccedila de picos principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio
AF3 (A1 arenito com lam cruzada) C Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a natureza expansiva 119889001
da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A
vermeculita eacute observada como sendo um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a
existecircncia de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring) bem como um
menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de amostra glicolada A ilita eacute melhor
individualizada nesta anaacutelise visto que a muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e
49 Aring do plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em relaccedilatildeo a ilita no pico 71
Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 D Na anaacutelise de poacute total da amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda
em menores picos albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar
montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise de DRX em rocha total e em
lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior
presenccedila de montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser realizados afim de
atestar esta tendecircncia
x
ABSTRACT
Mississipian siliciclastic deposits occur in the regions east and southwest of the Parnaiacuteba
Basin with an elongated outcrop area according to the N-S orientation following the
geological contour of this basin The Poti Formation is inserted in a context of the beginning
of the retreat of the inland seas with a lowering of the sea level which later during the
deposition of the Pedra de Fogo Formation interrupted the existing connection with the
Amazon Basin This unit is inserted at the top of the Mesodevonian-Eocarboniferous
Sequence Canindeacute Group being composed of gray sandstones siltstones and shales
deposited in environments of deltas and tidal flats with storm influence This work defined the
depositional sequences and paleoenvironments of the sedimentary succession corresponding
to the Poti Formation in the eastern portion of the Parnaiacuteba BasinThe study region is located
between the municipalities of Baratildeo do Grajauacute (MA) and Nazareacute do Piauiacute (PI) where nine
points were described on the margins of the BR-230 and BR-343 highways in road cuts
exposures close to intermittent rivers and in a dam near the city of Nazareacute do Piauiacute The
methods employed consisted mainly of facies analysis architectural and stratigraphic
elements in addition petrographic analysis and XRD for better classification and mineral
identification of rocks Fifteen sedimentary facies were individualized gathered in 3 facies
associations (AF) The facies association AF1 ndash Braided fluvial - is composed of shale lens
(Fl) layers of medium to thick sandstones with plane parallel stratification (App) cross planar
stratification (Acp) at the base overlay by massive sandstones (Am) and cross- bedding
stratification (Aca) low angle (Aba) planar (Acp) tabular (Atb) and tangential (Atg) with
preferential NW orientation organized in fining-upwards cycles The organization of these
facies individualized seven architectural elements deposits of lateral (AL) and frontal (AF)
accretion bars laminated sand sheets (LL) sandy forms (FA) and channels (CHa CHm
CHp) AF2 - Delta front - sandstone facies with climbing ripple cross-lamination (Alc) and
wavy lamination (Alo) fine to medium massive sandstone (Am) and sigmoidal cross
stratification (As) composing coarsening-upward cycles in tabular and lobed layers with
paleocurrents to NW The facies association AF3 - Tidal and wave platform - occurs just
below the AF2 deposits with abrupt contact composed by pelites with plane-parallel
lamination (Ap) fine climbing ripple cross-lamination sandstone (Alc) with mud wavy
lamination (Alo) as well as massive sandstones (Am) and hummocky (Ah) swaley (Aes)
sigmoidal (As) cross stratification and plane parallel (App) Heterolytic bedding linsen to
flaser type occurs at the base of the association with tidal rhythmite and wave generated tidal
xi
bundles Flames structures convoluted laminations and ball-and-pillow are observed locally
The layers are tabular laterally continuous and with channel geometry at the top of this
sequence Petrographic analysis allowed the classification of quartz-sandstones for the AF1
deposits and subarcose for those referring to the AF2 and AF3 associations For the studied
exhibitions 3 stratigraphic sequences were identified and divided by 4 stratigrafic surfaces
Seq 1 corresponds to the interval with storm deposits from the Longaacute Formation representing
a TSMA limited by type 1 (S1) sequence limit from the fluvial braided (AF1) of the Poti
Formation Seq 2 begins with the TSMB represented by the fluvial braided (AF1) and delta
front (AF2) deposits wich are separated between them by a limit (S2) Afterwards tide and
wave platform (AF3) rocks are separated from the transitional deposits (AF1 and AF2) by a
transgressive surface (S3) representing a TST and end of Seq 2 in the Poti Formation Seq 2
is separated from the fluvial braided deposits of the Piauiacute Formation above by a type 1
boundary sequence surface (S4) Seq 3 is represented by the braided fluvial of Piauiacute being a
TSMB The stratigraphic stacking and the correlations of the studied profiles revealed the
existence of a transgression in the Poti Formation The establishment of fluvial-coastal
environments with ice points in the Poti Formation corroborates the initial regression of
Sequence 2 with subsequent melting contributing to the transgression that possibly gave rise
to platform deposits dominated by wave and tide (AF3) Such transgression can be interpreted
as short-term transgression since the regional tendency in the Poti Formation in the Parnaiacuteba
Basin is regressive
Keywords Paleoenvironment Short-term transgression Parnaiacuteba Basin Poti Formation
xii
LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES
Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti
na borda leste da Bacia do Parna3
Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)7
Figura 1- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial (Miall 1996)9
Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies
aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)11
Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil
(Silva et al 2003 modificado de Goacutees 1995)14
Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o
intervalo do final do Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute
1994)15
Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute
do Piauiacute20
Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a
Formaccedilatildeo Longaacute sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7
conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e Fig7) B Clastos de argila e quartzo
nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo
frontal (AF) com concordacircncia da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies
limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta porccedilatildeo do canal
(P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 223
xiii
Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito
arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar
e baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a
arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes
dos estratos cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser
observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram
identificados Lenccediloacuteis de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e
estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo
contiacutenuo lateralmente por aproximadamente 30 metros limitado acima por
superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente
limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de acreccedilatildeo
lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem26
Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti
(P1) Canal de preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies
de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo (CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma
assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma relativamente
simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo27
Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos
afloramentos da Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior
dos canais enquanto que as arquiteturas AF e AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais
elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por avulsotildees de
canais ativos29
Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente
deltaica (Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade
de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da aacuterea de estudo P9)30
xiv
Figura 13 Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos
depoacutesitos deltaicos (AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e
mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada
sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees
convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido
principal para NW D Geometria lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos
deltaicos nas aacutereas de estudo 31
Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc)
arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B
Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem
(P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria lobada
Floriano Piauiacute (P8)32
Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato
entre as associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3
P4) B Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgantes e ondulada com geometria
pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em arenito com
microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and
pillow (P3) E Escape de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico
(P5)37
Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal
bundles em laminaccedilatildeo cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de
argila (P4) B Wave generated tidal bundles com acamamento ondulado e
sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se
ritmicidade com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute
com ciclos de 1a 2a e 3a ordem superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D
Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e quadratura
(P5)38
xv
Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute
(AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4) B
Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com
material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas
cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de
ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C
Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D
Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley39
Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de
Baratildeo de Grajauacute e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba (modificado
de Vaz et al 2007)48
Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e
principais superfiacutecies estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de
variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)49
Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do
Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da
Seq 2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de
sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)50
xvi
Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de
fluvial entrelaccedilado (AF1 arenito com estrat cruzada acanalada A7) A
Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a
arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato
principalmente pontuais porosidade intergranular e localmente feldspatos alterando
para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na
associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios
subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila
de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com
porosidade intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo
Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3 Arenito com
laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos
subangulosos a subarredondados muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas
em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo68
xvii
Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras
representativas da Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado
(AF1) e 2 referente a plataforma de onda e mareacute (AF3) AF1 (A8 Folhelho) A A
anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada com etilenoglicol e
calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica
expansiva 119889001 indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97
Aring quando calcinada B Em amostra de rocha total eacute dominante a presenccedila de picos
principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio AF3 (A1
arenito com lam cruzada) A) Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a
natureza expansiva 119889001 da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em
amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A vermeculita eacute observada como sendo
um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a existecircncia
de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring)
bem como um menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de
amostra glicolada A ilita eacute melhor individualizada nesta anaacutelise visto que a
muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e 49 Aring do
plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em
relaccedilatildeo a ilita no pico 71 Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 B Na anaacutelise de poacute total da
amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda em menores picos
albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar
montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise
de DRX em rocha total e em lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em
clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior presenccedila de
montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser
realizados afim de atestar esta tendecircncia69
xviii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (modificado de Miall 1985 apud
Miall 2006)8
Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti21
Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de
Baratildeo do Grajaacuteu25
xix
SUMAacuteRIO
DEDICATOacuteRIAiv
AGRADECIMENTOS v
EPIacuteGRAFEvii
RESUMO viii
ABSTRACT x
LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES xii
LISTA DE TABELAS xviii
CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 APRESENTACcedilAtildeO 1
12 OBJETIVOS 2
13 LOCALIZACcedilAtildeO 2
CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 4
21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA 4
22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS 5
221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes 9
23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES 12
231 Anaacutelise petrograacutefica 12
232 Difratometria de Raios- X 12
CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO 13
31 GRUPO CANINDEacute 14
32 FORMACcedilAtildeO POTI 16
CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES 19
41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO 19
411 Interpretaccedilatildeo 27
42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA 29
421 Interpretaccedilatildeo 32
43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA 34
431 Interpretaccedilatildeo 40
xx
CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS 44
51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS 44
52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA 45
CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO 51
CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES 55
REFEREcircNCIAS 57
APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA 68
APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X 69
CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO
11 APRESENTACcedilAtildeO
Durante o Carboniacutefero Inferior a regiatildeo oeste do supercontinente Gondwana estava
separada do paleocontinente Lauraacutesia por um estreito segmento do oceano Rheic (Golonka
2007 Torsvik et al 2012) Neste periacuteodo incursotildees marinhas formaram mares rasos
epicontinentais que conectavam as bacias sedimentares intracratocircnicas do Amazonas e
Parnaiacuteba no nortenordeste do Brasil (Almeida amp Carneiro 2004 Della Faacutevera 1990
Medeiros et al 2019 Torsvik amp Cocks 2013) Durante o Carboniacutefero a porccedilatildeo sul-ocidental
do Gondwana era coberta por extensas geleiras que se instalaram desde o final do Devoniano
(Castro 2004 Golonka 2007 Milani et al 2007 Torsvik et al 2012)
De acordo com reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas a Bacia do Parnaiacuteba durante o
Viseano encontrava-se em uma zona de clima semi-aacuterido a temperado e frio (Iannuzzi 1994
Iannuzzi amp Rosner 2000) Neste periacuteodo teve iniacutecio o recuo dos mares interiores com
diminuiccedilatildeo do niacutevel do mar que interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do Amazonas
(Almeida amp Carneiro 2004 Mabesoone amp Neumann 2005) A tendecircncia regressiva deste mar
no periacuteodo Carboniacutefero eacute relacionada a movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela
Orogenia Herciniana (Winldley 1995) ou pelo aumento das capas de gelo na porccedilatildeo sul-
ocidental do Gondwana (Caputo 1984 Caputo et al 2006 ab)
Neste contexto foram depositadas as rochas continentais transicionais e marinhas da
Formaccedilatildeo Poti A Formaccedilatildeo Poti eacute caracterizada por arenitos por vezes conglomeraacuteticos com
intercalaccedilatildeo de folhelhos e finos leitos de carvatildeo (Lima amp Leite 1978 Mesner amp Wooldridge
1964) que registram ambientes de deltas e planiacutecies de mareacute com influecircncia de tempestades
(Goacutees et al 1997 Goacutees amp Feijoacute 1994) A tendecircncia da Formaccedilatildeo Poti eacute principalmente
regressiva contudo os afloramentos na aacuterea de estudo mostram uma relaccedilatildeo incomum entre
depoacutesitos transicionais sotopostos por depoacutesitos de plataforma de mareacute e onda estes por sua
vez foram pouco explorados pela literatura cientiacutefica (Della Faacutevera 1990 Goacutees et al 1997)
Portanto o objetivo principal deste trabalho eacute interpretar os paleoambientes e definir uma
sequecircncia deposicional para as rochas da Formaccedilatildeo Poti que afloram entre as regiotildees de
Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba e elaborar um
modelo deposicional
2
12 OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho eacute definir as sequecircncias deposicionais e interpretar os
paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave Formaccedilatildeo Poti a partir do estudo de
depoacutesitos que afloram na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba Para isto tecircm-se os seguintes
objetivos especiacuteficos
Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo de faacutecies sedimentares e arquiteturais dos sistemas
deposicionais das Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)
Propor sequecircncia estratigraacutefica delimitando suas principais superfiacutecies estratigraacuteficas
para as Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)
Definir um modelo deposicional para as rochas siliciclaacutesticas mississipianas da
Formaccedilatildeo Poti entre as regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute
13 LOCALIZACcedilAtildeO
A aacuterea de estudo estaacute localizada na borda leste da Bacia do Parnaiacuteba na divisa entre
os estados do Maranhatildeo e Piauiacute Os depoacutesitos descritos estatildeo situados ao longo da BR-230 e
BR-343 abrangendo os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) Floriano (PI) e Nazareacute do Piauiacute
(PI) em afloramentos de corte de estradas exposiccedilotildees proacuteximas a drenagens intermitentes e
em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute (Figura 1)
3
Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti na borda leste da
Bacia do Parnaiacuteba (Fonte CPRM)
4
CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A elaboraccedilatildeo deste trabalho contou inicialmente com um levantamento bibliograacutefico
acerca da geologia regional na aacuterea leste da Bacia do Parnaiacuteba A seguir houve a fase de
campo (realizada durante o campo da disciplina de Campo 1 da graduccedilatildeo da UFPA na porccedilatildeo
leste da Bacia do Parnaiacuteba) com anaacutelises facioloacutegica arquitetural e estratigraacutefica e
posteriormente fase de laboratoacuterio com anaacutelise petrograacutefica Estas metodologias foram as
ferramentas utilizadas para alcanccedilar os objetivos propostos nesta dissertaccedilatildeo
Na fase de campo foi realizada a coleta de dados sendo feitas as descriccedilotildees e
interpretaccedilotildees facioloacutegicas a confecccedilatildeo de perfis estratigraacuteficos e coleta de amostras dos
afloramentos das Formaccedilotildees Poti Longaacute e Piauiacute As amostras coletadas originaram as seccedilotildees
delgadas para a anaacutelise petrograacutefica A avaliaccedilatildeo estratigraacutefica envolveu o estudo de nove
afloramentos as margens das BR- 230 e BR-343 sendo os pontos P1 a P5 pontos as margens
de drenagens secas P6 a P8 exposiccedilotildees em cortes de estrada e P9 a barragem Salinas (Figura
1) Na regiatildeo os litotipos referentes aos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti ocorrem com excelente
preservaccedilatildeo de estruturas sedimentares bem como engloba unidades com associaccedilotildees
litoloacutegicas de gecircneses distintas separadas por superfiacutecies que podem ser utilizadas para
correlaccedilotildees estratigraacuteficas
21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA
Para a anaacutelise de faacutecies e estratigraacutefica foi utilizada a teacutecnica de modelamento de
faacutecies com auxiacutelio de perfis colunares e estratigraacuteficos seguindo as propostas de Walker
(1992 2006) Miall (2000) Dalrymple (2010) Bhattacharya (2010) com nomenclatura de
Miall (1977) Segundo a metodologia de Walker (1992 2006) a reconstituiccedilatildeo
paleoambiental de uma unidade sedimentar deve conter caracterizaccedilatildeo das faacutecies
sedimentares com textura composiccedilatildeo geometria estrutura sedimentar e conteuacutedo fossiliacutefero
juntamente com a leitura de paleocorrentes para haver compreensatildeo dos processos
sedimentares que agiram para a formaccedilatildeo de cada faacutecies
As associaccedilotildees de faacutecies identificadas consistem em um conjunto de faacutecies
relacionadas geneticamente que remetem a determinados ambientes e sistemas deposicionais
As medidas de paleocorrentes foram retiradas em arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada e
arenitos com laminaccedilatildeo cruzada com posterior produccedilatildeo de rosetas atraveacutes do programa
OpenStereoreg A representaccedilatildeo de faacutecies em siglas inspirou-se no coacutedigo de faacutecies de Miall
5
(1977) com representaccedilatildeo da primeira letra maiuacutescula referente a litologia principal e a letra
seguinte minuacutescula indicando a estrutura sedimentar dominante Modelos de faacutecies foram
construiacutedos na forma de mapas paleogeograacuteficos representativos perfis verticais e blocos
diagramas A confecccedilatildeo de seccedilotildees panoracircmicas a partir de fotomosaicos de afloramentos
seguiu a teacutecnica de Wilzevic (1991) para auxiliar no estudo de elementos arquiteturais para
depoacutesitos fluviais (Miall 1985 1988 2006) deltaicos e plataformais
O estudo de estratigrafia de sequecircncia de alta resoluccedilatildeo (Catuneanu et al 2011
Zecchin amp Catuneanu 2013) considerou os ciclos as superfiacutecies e as ordens de cada uma e
suas sequecircncias deposicionais identificando superfiacutecies-chave da sucessatildeo e interpretando
seu significado deposicional a partir dos conceitos da estratigrafia de sequecircncias e tratos de
sistemas (Catuneanu 2006 Catuneanu et al 2009 Posamentier amp Vail 1988 Vail et al 1977)
22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS
O estudo de formas de leitos modernos e em boas exposiccedilotildees de sequecircncias antigas
(Allen 1983 Haszeldine 1983 ab Kirk 1983 apud Miall 1985) mostram que interpretaccedilotildees
baseadas apenas em perfis verticais natildeo representam de forma acurada a geometria e
complexidade interna das estruturas de grandes macrofomas de depoacutesitos de barras Portanto
apenas representaccedilotildees por perfis consistem em ferramentas pouco eficientes para o estudo de
sedimentos fluviais em funccedilatildeo das inuacutemeras mudanccedilas laterais de faacutecies e pela natureza
tridimensional de um litossoma individual (Miall 1985 1988) O canal e sua morfologia
usualmente tecircm sido usados como chave principal para a interpretaccedilatildeo de sedimentos fluviais
existindo uma grande diversidade de estilo de canais e tipos de depoacutesitos com origem
relacionada a variedade de controles parcialmente interdependentes que atuam na
sedimentaccedilatildeo fluvial (Miall 1985)
A anaacutelise bi e tridimensional permite individualizar elementos arquiteturais em
sistemas fluviais O conceito de elemento arquitetural permeia-se na noccedilatildeo que depoacutesitos
sedimentares podem ser caracterizados por geometrias estratais escala e superfiacutecies de
acamamento limitantes (Allen 1980 Miall 1985 Miall 1988) Este conceito foi primeiramente
aplicado para definir a geometria e arranjo tridimensional de estratos areniacuteticos de antigos
depoacutesitos fluviais depoacutesitos estes que tem sido difundido na literatura desde o final da deacutecada
de 80 em funccedilatildeo da larga aplicaccedilatildeo no estudo das heterogeneidades de rochas reservatoacuterio
6
(Miall amp Tyler 1991) Contudo atualmente eacute empregado para quaisquer sucessotildees
estratigraacuteficas independentes da idade litologia e gecircnese como as sucessotildees deltaicas de
planiacutecie de mareacute (Eriksson et al 1995) sucessotildees turbidiacuteticas (Mutti amp Normark 1987) e
vulcanoclaacutesticas (Palmer amp Neall 1991) com a finalidade de explanar sobre a disposiccedilatildeo das
faacutecies e de suas associaccedilotildees no espaccedilo (Borghi 2000) Allen (1983) deu origem ao termo
ldquoelemento arquiteturalrdquo e Miall (1985) sumarizou e classificou as rochas fluviais baseado
nestes conhecimentos
Jackson (1975) classifica as formas de leito em microformas mesoformas e
macroformas Microformas satildeo estruturas geradas por variaccedilatildeo turbulenta gerando marcas de
onda de pequena escala e lineaccedilotildees de corrente Mesoformas incluem formas de leito de maior
escala como dunas pequenos canais e barras linguoacuteides longitudinais e diagonais Jaacute as
macroformas mostram o efeito cumulativo de vaacuterios eventos dinacircmicos ao longo dos anos
que incluem canais maiores e formas de barras compostas como point bars side bars sand
flats e ilhas A identificaccedilatildeo apropriada destas macroformas eacute a base para determinar o tipo de
sistema fluvial (Jackson 1975 Miall 1985)
A menor escala de elementos de macroforma eacute composta por oito elementos
arquiteturais baacutesicos Canal fluxo de gravidade de sedimentos formas de leito e barra
cascalhosa acreccedilatildeo frontal acreccedilatildeo lateral lenccediloacuteis de areia laminados formas de leito
arenosas e hollow (Figura 2 Tabela 1) Estes oito elementos arquiteturais satildeo caracterizados
por tamanho do gratildeo composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e principalmente
geometria (Miall 1985) Afloramentos com ao menos vaacuterios deciacutemetros e com certa
quantidade de controle tridimensional satildeo necessaacuterios para um estudo detalhado Todos os
sistemas fluviais satildeo compostos de proporccedilotildees variadas dos oito elementos arquiteturais
7
Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)
A ampliaccedilatildeo de pesquisas ao longo dos anos em depoacutesitos atuais e antigos permitiu
a uma abrangecircncia maior desta classificaccedilatildeo atraveacutes da identificaccedilatildeo de novos seis elementos
externos ao canal (Miall 1996) Dique marginal canais de crevasse espraiamento de
crevasse finos de planiacutecie de inundaccedilatildeo e canais abandonados (Figura 3)
Segundo Miall (1985) elementos arquiteturais devem conter descriccedilotildees e
caracterizaccedilatildeo dos elementos objetivas as quais devem incluir 1) A natureza das superfiacutecies
limitantes superior e inferior 2) a geometria externa 3) escala e 4) geometria interna
Individualizar analisar e descrever os elementos arquiteturais satildeo medidas essenciais pois
podem determinar o padratildeo de alguns tipos de rios do passado e desta forma caracterizar o
tipo de sistema fluvial
8
Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais
Fonte Modificado de (Miall 1985 apud Miall 2006)
9
Figura 3- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial Fonte (Miall 1996)
221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes
De acordo com Miall (1988 1996) existem pelo menos seis ordens de superfiacutecies
limiacutetrofes em sistemas fluviais que separam elementos arquiteturais (Figura 4) Estas satildeo
caracterizadas como superfiacutecies de natildeo deposiccedilatildeo ou erosatildeo representando periacuteodos de tempo
desde alguns minutos ateacute milhares de anos (Miall 1988) Allen (1980) estendeu o conceito de
superfiacutecies limitantes de pequena e grande escala em depoacutesitos eoacutelicos para sistemas
marinhos desenvolvendo modelos teoacutericos para explicar a formaccedilatildeo de sandwaves e
superfiacutecies limiacutetrofes em regimes dominados por mareacute Miall (1988) complementou o
trabalho de Allen (1983) a respeito de superfiacutecies limitantes estendendo a classificaccedilatildeo entatildeo
conhecida resultando em uma classificaccedilatildeo de seis ordens da escala menor (1deg ordem) a
maior (6deg ordem)
10
Superfiacutecies de 1ordf ordem Satildeo planas e limitam sets de laminaccedilotildees cruzadas Representam a
sedimentaccedilatildeo contiacutenua da migraccedilatildeo de formas de leito de mesma morfologia
Superfiacutecies de 2ordf ordem A superfiacutecie natildeo apresenta evidecircncias de erosatildeo ou truncamentos
significativos Separam cosets de litofaacutecies diferentes indicando mudanccedila nas condiccedilotildees
de fluxo ou mudanccedilas na direccedilatildeo do fluxo
Superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem Satildeo mencionadas para superfiacutecies limitantes internas e mais
acima de macroformas As de 3ordf ordem satildeo superfiacutecies erosivas existentes dentro das
macroformas (superfiacutecies de reativaccedilatildeo) geralmente truncando estratos cruzados abaixo
Estas se estendem desde o topo ateacute a porccedilatildeo inferior da macroforma com assembleia de
faacutecies e geometrias acima e abaixo da superfiacutecie sendo similares
As superfiacutecies de 4ordf ordem satildeo interpretadas como limite superior de macroformas
separando diferentes assembleias de faacutecies acima e abaixo Satildeo paralelas que truncam em
baixo acircngulo as superfiacutecies de ordem menor se assemelhando a clinoformas siacutesmicas
Superfiacutecies de 5ordf ordem Superfiacutecies que limitam grandes lenccediloacuteis de areia incluindo
complexos de preenchimento de canais Satildeo planas ou levemente cocircncavas sendo
relacionada a migraccedilatildeo eou incisatildeo lateral de canais fluviais
Superfiacutecies de 6ordf ordem Superfiacutecies que caracterizam subdivisotildees estratigraacuteficas
mapeaacuteveis de uma unidade fluvial com grande extensatildeo lateral Delimitam grupos de
canais e paleovales e marcam mudanccedilas relacionadas ao niacutevel de base estratigraacutefica
11
Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies
aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)
12
23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES
231 Anaacutelise petrograacutefica
A anaacutelise petrograacutefica das amostras de arenito foi realizada em sete seccedilotildees delgadas
das faacutecies mais representativas para este estudo Satildeo elas arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada
da associaccedilatildeo de faacutecies fluvial e em arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante nas
associaccedilotildees de frente deltaacuteica e de plataforma de mareacute e onda Para a classificaccedilatildeo destes
arenitos foi adotada a metodologia de Folk (1968) baseada na descriccedilatildeo de constituintes
textura e faacutebrica da rocha com contagem de 300 pontos (Galenhouse 1971) em cada seccedilatildeo
para melhor quantificaccedilatildeo dos seus constituintes
As amostras selecionadas para esta anaacutelise foram 8 sendo A1 a A6 correspondendo
a arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de
onda e mareacute (AF3) A7 a arenitos com estratificaccedilatildeo tabular (Atb) da associaccedilatildeo de fluvial
entrelaccedilado (AF1) e A8 denotando arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) nos
depoacutesitos de frente deltaacuteica (AF2)
A identificaccedilatildeo das principais feiccedilotildees e relaccedilotildees entre os constituintes dos arenitos
foram obtidas em microscoacutepio petrograacutefico LEICA DM 2700 P com cacircmera acoplada LEICA
MC 170 HD no Laboratoacuterio de Petrografia Sedimentar do Grupo de Anaacutelise de Bacias
Sedimentares da Amazocircnia (GSED) da Universidade Federal do Paraacute
232 Difratometria de raios- X
A teacutecnica de anaacutelise de Difraccedilatildeo de Raios-X foi aplicada em amostras de folhelhos
da associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e em arenitos com laminaccedilatildeo
cruzada cavalgante da associaccedilatildeo de plataforma de mareacute e onda (AF3 A1 e A2) Esta anaacutelise
foi realizada no laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de Raio-X do Instituto de Geociecircncias da
Universidade Federal do Paraacute (UFPA) atraveacutes dos meacutetodos do poacute total e em lacircminas de
argilas orientadas O difratocircmetro utilizado foi o XrsquoPert MPD-PRO PANalytical equipado
com acircnodo de Cu (λ=15406) com a finalidade de identificar as assembleacuteias minerais de cada
rocha O software XrsquoPert HighScore Plus auxiliou na identificaccedilatildeo dos minerais atraveacutes da
compraccedilatildeo dos resultados obtidos com as fichas do banco de dados do International Center
on Diffraction Data (ICDD)
13
CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO
A Bacia do Parnaiacuteba estaacute inserida na Proviacutencia Parnaiacuteba e abrange uma aacuterea total de
668858 kmsup2 com depocentro que atinge cerca de 3500 m e embasamento continental
fortemente estruturado representado por rochas formadas ou retrabalhadas no Ciclo
Brasiliano (Cunha 1986 Goacutees amp Feijoacute 199 Milani amp Zalaacuten 1999 Vaz et al 2007) Ainda
tomografias realizadas na aacuterea desta bacia intracratocircnica indicam uma listosfera com
espessura entre 150 e 180 km (McKenzie amp Priestley 2016) A Proviacutencia Parnaiacuteba coincide
com a denominaccedilatildeo proposta por Goacutees (1995) de Proviacutencia Sedimentar do Meio-Norte
proposta esta que foi pautada na compreensatildeo tectono-sedimentar e na evoluccedilatildeo policiacuteclica da
bacia que favorecem a delimitaccedilatildeo de bacias diferentes
A Proviacutencia do Parnaiacuteba desenvolveu-se acima de um substrato composto por rochas
metamoacuterficas advindas de processos tectonomagmaacuteticos relacionadas ao Estaacutedio de
Estabilizaccedilatildeo da Plataforma Sul-Americana (Almeida amp Carneiro 2004) que agiram ateacute o
Mesoproterozoacuteico onde instalaram-se grabens preenchidos no Neoproterozoacuteico (Formaccedilatildeo
Riachatildeo) e Cambro-Ordoviciano (Formaccedilatildeo Mirador) (Goacutees et al 1992) Segundo Daly et al
(2014) o embasamento desta bacia eacute composto por trecircs unidades crustais A Proviacutencia
Borborema ao leste o Bloco Parnaiacuteba ao centro o cinturatildeo Araguaia e o Craacuteton Amazocircnico
ao oeste A natureza da sedimentaccedilatildeo da Bacia do Parnaiacuteba eacute principalmente siliciclaacutestica
com ocorrecircncias de calcaacuterio anidrita e siacutelex aleacutem de rochas magmaacuteticas
A regiatildeo da Proviacutencia do Parnaiacuteba eacute limitada ao norte pelo Arco Ferrer-Urbano ao
leste pela Falha de Tauaacute a sudeste pelo lineamento Senador Pompeu a oeste pelo
Lineamento Tocantins-Araguaia e a noroeste pelo Arco Capim As principais feiccedilotildees morfo-
estruturais que a compartimentam satildeo a Estrutura Xambioaacute o Arqueamento do Alto Parnaiacuteba
o Lineamento Transbrasiliano o Lineamento Rio Parnaiacuteba o Lineamento Rio Grajauacute e o
sistema de lineamentos orientados com direccedilatildeo NW-SE (Figura 5 Goacutees 1990) Segundo Vaz
et al (2007) as principais estruturas da bacia os lineamentos Picos Santa-Inecircs Marajoacute-
Parnaiacuteba e o Lineamento Transbrasiliano (mais proeminente na bacia) foram importantes nos
estaacutegios iniciais da bacia e durante sua evoluccedilatildeo em funccedilatildeo do direcionamento dos eixos
deposicionais na bacia
14
Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil Fonte (Silva et al
2003 modificado de Goacutees 1995)
Goacutees amp Feijoacute (1994) dividiram a Bacia do Parnaiacuteba em cinco sequecircncias principais
de segunda ordem representadas por grupos correlacionaacuteveis a ciclos tectocircnicos de caraacuteter
global (Goacutees et al 1992) Satildeo elas Sequecircncia Siluriana (Grupo Serra Grande) Sequecircncia
Devoniana (Grupo Canindeacute) Sequecircncia Carboniacutefero-Triaacutessica (Grupo Balsas) Sequecircncia
Juraacutessica (Grupo Mearim) e Sequecircncia Cretaacutecea (Formaccedilotildees Grajauacute Codoacute e Itapecuru) Vaz
et al (2007) sugeriram a compartimentaccedilatildeo desta Bacia em cinco supersequecircncias
delimitadas por discordacircncias regionais oriundas de flutuaccedilotildees dos niacuteveis eustaacuteticos dos
mares do Eopaleozoico poreacutem adotaremos a proposta de Goacutees amp Feijoacute (1994)
31 GRUPO CANINDEacute
O Grupo Canindeacute agrupava inicialmente as formaccedilotildees Pimenteiras Cabeccedilas e
Longaacute Posteriormente Caputo amp Lima (1984) adicionaram a Formaccedilatildeo Itaim e Goacutees et al
(1992) incluiacuteram a Formaccedilatildeo Poti ao grupo
15
Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o intervalo do final do
Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute 1994)
A Formaccedilatildeo Itaim eacute caracterizada por arenitos finos a meacutedios e folhelhos
bioturbados formados em ambientes deltaicos e plataformais dominados por processos de
mareacute e tempestade (Della Faacutevera 1990 Goacutees amp Feijoacute 1994) A Formaccedilatildeo Pimenteiras eacute
composta por folhelhos negros bioturbados e localmente intercalados com arenitos e siltitos
que registram ambiente plataformal raso dominado por tempestades (Della Faacutevera 1990) A
Formaccedilatildeo Cabeccedilas eacute caracterizada por arenitos finos a grossos localmente intercalados com
folhelhos ou deformados e tilitos Estes depoacutesitos registram ambientes deltaicos e
plataformais influenciados por tempestades aleacutem de ambientes glaciais a periglaciais
(Barbosa et al 2015 Caputo 1984 Della Faacutevera 1990 Ponciano amp Della Faacutevera 2009) A
Formaccedilatildeo Longaacute eacute composta principalmente por folhelhos e siltitos bioturbados com raras
lentes de arenitos que registram ambientes plataformais dominados por tempestades (Caputo
1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Lobato amp Borghi 2014 Rodrigues 2003)
A atividade magmaacutetica na Bacia do Parnaiacuteba possui trecircs fases A primeira no
Cambro-Ordoviciano precede a formaccedilatildeo da bacia caracterizada por granitos e vulcacircnicas do
Jaibaras (Oliveira amp Mohriak 2003 apud Daly et al 2018) No entanto Cerri et al (2020)
discorda desta hipoacutetese sugerindo que durante o intervalo de erosatildeonatildeo deposiccedilatildeo entre o
fim da Bacia do Jaibaras e o iniacutecio da Bacia do Parnaiacuteba ocorreu um ciclo completo de
erosatildeo mudanccedilas nos sistemas deposicionais e modificaccedilotildees em todas as aacutereas fontes
Portanto sinais de proveniecircncia revelam que natildeo existe relaccedilatildeo de causa e efeito entre a
deposiccedilatildeo do rift do Jaibaras e das sequecircncias do Parnaiacuteba (Cerri et al 2020)A segunda e
terceira fase ocorrem apoacutes o estabelecimento da bacia no Mesozoico representada pela
16
Formaccedilatildeo Mosquito e no Cretaacuteceo pela Formaccedilatildeo Sardinha (Daly et al 2018 Vaz et al
2007) Estas duas uacuteltimas tecircm sua origem dada pelo estabelecimento de um novo estaacutedio
tectocircnico ativo no Brasil apoacutes a ruptura do Pangea que levaria a abertura do Oceano
Atlacircntico com surgimento de fraturas eventos distensionais remobilizaccedilatildeo de antigas falhas e
intenso magmatismo baacutesico (Almeida amp Carneiro 2004 Vaz et al 2007 Zalaacuten 2004)
32 FORMACcedilAtildeO POTI
A denominaccedilatildeo Poti foi primeiramente proposta por Paiva (1937) para depoacutesitos
siliciclaacutesticos que ocorriam entre as profundidades 219-566m do poccedilo 125 do DNPM
perfurado proacuteximo a cidade de Teresina Piauiacute Campbell (1949) restringiu a Formaccedilatildeo Poti
ao intervalo 219-423m do mesmo poccedilo determinando uma espessura de 204 metros para esta
formaccedilatildeo Conforme mapas de isoacutepacas a Formaccedilatildeo Poti possui espessura maacutexima de 300
metros (Caputo 1984 Cunha 1986 Goacutees 1995)
Litologicamente eacute caracterizada pela predominacircncia de arenitos finos a meacutedios
intercalados subordinamente com siltitos e folhelhos (Lima amp Leite 1978 Ribeiro 2000)
depositados em ambientes fluacutevios-deltaacuteicos com accedilatildeo de tempestade e mareacute (Goeacutes 1995
Ribeiro 2000 Schobbenhaus et al 1984) Diamictitos dropstones e arenitos com
deformaccedilotildees sin-sedimentares descritos em afloramentos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem na
porccedilatildeo oeste e sudeste da bacia foram interpretados como registro de depoacutesitos fluacutevio-
glaciais a periglaciais (Andrade 1972 Caputo 1985 Caputo et al 2006 ab Caputo et al
2008 Della Faacutevera amp Uliana 1979)
O contato entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti eacute geralmente descrito como concordante
podendo ser localmente gradacional e litologicamente brusco (Lima amp Leite 1978) Caputo
(1984) descreve este contato como de caraacuteter concordante na porccedilatildeo central da bacia e
discordante nas bordas Goacutees (1995) interpreta o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti como
pertencentes a uma uacutenica sequecircncia deposicional composta por depoacutesitos deltaicoestuarinos
plataformal litoracircneos e fluvial em um sistema regressivo de costa progradante Na borda leste
da bacia Lobato amp Borghi (2007 2014) descrevem o limite entre estas formaccedilotildees como uma
superfiacutecie discordante erosiva interpretada como o limite de sequecircncia de 3ᵃ ordem Dessa
forma a discordacircncia de caraacuteter regional entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti descrita por Vaz et
al (2007) estaria restrita as bordas da bacia
Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram trecircs sistemas deposicionais para a base
da Formaccedilatildeo Poti marinho deltaico dominado por onda e fluacutevio-deltaico Segundo estes
17
autores estes sistemas se implantaram apoacutes a discordacircncia que separa a Formaccedilatildeo Poti da
Formaccedilatildeo Longaacute e retratam um ciclo transgressivo-regressivo poacutes-glacial pontuado por
novos episoacutedios de regressatildeo forccedilada Segundo Mabesoone amp Neumann (2005) movimentos
tectocircnicos leves durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos da Formaccedilatildeo Longaacute causaram pequenos
avanccedilos do mar que resultaram na deposiccedilatildeo de areias litoracircneas na porccedilatildeo inferior da
Formaccedilatildeo Poti (Struniano-Viseano) Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram a superfiacutecie
discordante como tectocircnica produto de um rebound isostaacutetico enquanto que as superfiacutecies de
regressatildeo forccedilada que limitam as sequecircncias de menor ordem seriam em parte glaacutecio-
eustaacuteticas Esta superfiacutecie discordante envolve um hiato deposicional entre Tournaisiano
Superior e o Viseano Inferior (Melo amp Loboziak 2000) Apoacutes este periacuteodo no iniacutecio do
Carboniacutefero Superior o mar se retirou rapidamente da aacuterea quando um novo episoacutedio de
soerguimento teve iniacutecio (Mabesoone amp Neumann 2005) Este episoacutedio foi marcado pelo
recuo da linha de costa e expocircs a planiacutecie costeira que foi retrabalhada pelos rios (Mabesoone
amp Neumann 2005) Assim a porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti eacute marcada por depoacutesitos de
planiacutecie aluvial (Mabesoone amp Neumann 2005)
Paiva (2018) descreve sistemas deposicionais marinho raso estuarinodeltaico
dominados por mareacute aluvial e deseacutertico organizados em oito sequecircncias deposicionais A
primeira sequecircncia seria uma transiccedilatildeo formacional LongaacutePoti separando depoacutesitos
plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute por rochas de shoreface e offshore do sistema marinho raso
da Formaccedilatildeo Poti Em sequecircncia identificou seis sequecircncias de alta frequecircncia (de 2ordf e 3ordf
ordem) marcada pela mudanccedila abrupta de faacutecies de sistemas fluacutevio estuarinos a fluacutevio-
deseacutertico com a Formaccedilatildeo Piauiacute ao topo Arauacutejo (2018) verificou a existecircncia dos mesmos
sistemas deposicionais agrupados em seis sequecircncias deposicionais onde os reservatoacuterios de
melhor qualidade diante da anaacutelise de poccedilo seriam os arenitos de shoreface frente deltaica
influenciada por mareacute barras de canais fluacutevio-estuarinos porccedilotildees centrais de barras arenosas
de mareacute e wadis
A presenccedila de uma macroflora terrestre e a ausecircncia de palinomorfos marinhos
sugere ambientes transicionais e continentais para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem
na porccedilatildeo oeste da bacia (Iannuzzi amp Pfefferkorn 2002 Melo amp Loboziak 2000) Nas porccedilotildees
leste e central da bacia a ocorrecircncia de Edmondia um bivalve marinho indica breves
incursotildees marinhas (Kegel 1954) Os dados de palinologia e paleobotacircnica tambeacutem sugerem
paleoclima temperado para a Formaccedilatildeo Poti (Iannuzi 1994) considerando que jaacute no final da
deposiccedilatildeo desta unidade existiriam condiccedilotildees de alta taxa de evaporaccedilatildeo com clima ainda
18
mais seco poreacutem razoavelmente frio tornando-se cada vez mais semi-aacuteridas no Pensilvaniano
da Formaccedilatildeo Piauiacute (Goeacutes 1995) Tal paleoclima confere com o encontrado na Formaccedilatildeo Faro
Bacia do Amazonas (Amadou amp Truckenbrodt 1992)
De acordo com estudos palinoloacutegicos (Daemon 1974 Loboziak et al1992) foi
definida idade eocarboniacutefera entre o Tournaisiano e o Viseano para esta formaccedilatildeo sendo
posteriormente sugerido a idade Viseano tardio (Iannuzzi et al 2003 Melo amp Loboziak 2000)
e ratificado por novos dados palinoloacutegicos de subsuperfiacutecie de Pasquo amp Ianuzzi (2014) A
macrofauna estudada por Iannuzzi amp Pfefferkorn (2002) dominada por pteridospermas aleacutem
de licopsiacutedeos arboacutereos e esfenopsiacutedeos apontam idade entre o Viseano Superior e o
Serpukhoviano Inferior Eacute importante salientar que a presenccedila de Cordyosporites
magnidictyus (Daemon 1974) assim como miosporos de Indotriaradites dolianitii satildeo
comuns na Formaccedilatildeo Poti representando bons marcadores estratigraacuteficos para o Viseano em
bacias do nordeste brasileiro podendo ser correlacionada com a Formaccedilatildeo Faro (Melo amp
Loboziak 2018)
19
CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES
A sucessatildeo sedimentar aflorante na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do
Piauiacute eacute constituiacuteda pelas formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute e expotildee-se ao longo de drenagens
secas como os riachos Muqueacutem e Saco em cortes de estradas e proacuteximo da Barragem Salinas
Os depoacutesitos alcanccedilam ateacute 28 m de espessura sendo extensos por dezenas de metros em
algumas localidades com acamamentos contiacutenuos lateralmente por ateacute 50 m evidenciados
pela geometria sigmoidal e tabular das camadas Foram descritas 15 faacutecies sedimentares
(Tabela 2) em 9 seccedilotildees colunares (Figura 7) organizadas em trecircs associaccedilotildees de faacutecies
fluvial (AF1) frente deltaica (AF2) e plataforma de mareacute e onda (AF3)
41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO
A associaccedilatildeo de faacutecies 1 representa a porccedilatildeo basal da Formaccedilatildeo Poti e aflora ao longo
do riacho do Muqueacutem (Baratildeo do Grajauacute) agraves margens da rodovia BR-230 e nas proximidades
da cidade de Floriano em cotas entre 120 e 178 m Estes depoacutesitos consistem em complexos
de arenitos amalgamados extensos por aproximadamente 50 m em sucessotildees com ateacute 4 m de
espessura em contato erosivo com a Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 8A) A AF1 compreende as
faacutecies folhelho com laminaccedilatildeo planar (Fl) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela (App)
arenito com estratificaccedilotildees cruzadas de baixo acircngulo (Aba) acanalada (Aca) planar (Acp)
tabular (Atb) e tangencial (Atg) e arenito maciccedilo (Am)
Os depoacutesitos fluviais satildeo constituiacutedos por arenitos micaacuteceos com estratificaccedilotildees
cruzada acanalada tabular tangencial e de baixo acircngulo Estas rochas apresentam
granulometria areia meacutedia a grossa composta por gratildeos de quartzo monocristalino (92) com
extinccedilatildeo ondulante moderada a forte quartzo policristalino plagioclaacutesio (4) feldspatos
indiferenciados muscovita contorcidas (lt1) e cutiacuteculas de argila (3) localmente Os
constituintes siliciclaacutesticos satildeo subarredondados a arredondados muito bem selecionados
orientaccedilatildeo preferencial marcada pela muscovita e feldspatos O arcabouccedilo da rocha eacute
sustentado por gratildeos com contatos pontuais em sua maioria cocircncavo-convexos e retos e
ainda porosidade intergranular Os feldspatos comumente estatildeo alterados para argilominerais
Os argilominerais identificados atraveacutes da DRX na amostra de folhelho (A8) foram
esmectitas ilita e caulinita
20
Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute
21
Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti
Faacutecies Descriccedilatildeo Interpretaccedilatildeo
Folhelho com laminaccedilatildeo (Fl) Folhelho de cor cinza-escuro apresentando fissilidade Deposiccedilatildeo de sedimentos por meio de decantaccedilatildeo
em condiccedilotildees de baixa energia
Arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela
(Alp)
Arenito amarelo-claro gratildeos de areia fina a muito fina subarredondados bem selecionados estratificaccedilatildeo plano-paralela e
continuidade lateral
Deposiccedilatildeo de sedimentos em regime de fluxo
superior atraveacutes de fluxo unidirecional trativo
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada de
baixo acircngulo (Aba)
Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados estratificaccedilatildeo
cruzada de baixo acircngulo e lateralmente contiacutenua por 5 metros
Agradaccedilatildeo e migraccedilatildeo de formas de leito
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
acanalada (Aca)
Arenito amarelo-claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada
acanalada
Migraccedilatildeo de formas de leito 3D em regime de fluxo
inferior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
planar (Acp)
Arenito amarelo-claro a escuro com gratildeo de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e
estratificaccedilatildeo plano-paralela com continuidade lateral que chegam a cruzar no bottom set
Relacionado agrave forma de leito plano em regime de
fluxo superior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
tabular (Atb)
Arenito cinza- claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados bem selecionados com estratificaccedilatildeo cruzada
tabular e geometria tabular
Migraccedilatildeo de forma de leito 2D sob fluxo
unidirecional e regime de fluxo inferior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
tangencial (Atg)
Arenito cinza-claro com grabulometria meacutedia a grossa subarredondados a arredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada
tangencial que por vezes apresenta foresets com clastos tamanho seixo de quartzo e argila
Migraccedilatildeo e agradaccedilatildeo de formas de leito 2D por
fluxo unidirecional e regime de fluxo inferior
Transporte por traccedilatildeo
Arenito com laminaccedilatildeo ondulada (Alo)
Arenito amarelo-claro de gratildeos muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados com laminaccedilatildeo ondulada
gradando lateralmente para plano-paralela
Deposiccedilatildeo de sedimentos por traccedilatildeo em regime de
fluxo oscilatoacuterio com migraccedilatildeo de formas de leito
onduladas de pequeno porte oriunda da accedilatildeo de
ondas ou correntes
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
sigmoidal (As)
Arenito amarel- claro com gratildeos de areia fina a meacutedia gratildeos subarredondados moderadamente selecionados micaacuteceos exibindo
estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
Migraccedilatildeo formas de leito de meacutedio porte Transiccedilatildeo
entre regime de fluxo inferior e superior em
condiccedilotildees de alta taxa de sedimentaccedilatildeo
Argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela
(Ap)
Argilito de cor cinza-escuro lateralmente contiacutenuas lenticulares com laminaccedilatildeo plano paralela alternando com arenitos gerando
acamamento heteroliacutetico linsen wavy e flaser da base para o topo
Deposiccedilatildeo por decantaccedilatildeo em condiccedilotildees de baixa
energia O acamamento heteroliacutetico estaacute relacionado
a alternacircncia de processos de decantaccedilatildeo de
sedimentos finos e migraccedilatildeo de formas de leito em
um regime de fluxo inferior
Arenito com laminaccedilatildeo cruzada
cavalgante (Alc)
Arenitos com cores amarelo e vermelho com gratildeos de areia muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados
exibindo laminaccedilatildeo cruzada cavalgante com mud drapes nos foresets em ciclos caracterizando tidal bundles Ocorre ainda escape de
fluidos deformaccedilatildeo convoluta no topo da camada estruturas de ball and pillow e pinch and swell Na AF3 localmente gradam para
laminaccedilatildeo sigmoidal
Deposiccedilatildeo de areias por meio de traccedilatildeo e suspensatildeo
com desaceleraccedilatildeo de fluxo associada agrave migraccedilatildeo de
marcas onduladas com crista sinuosa de pequeno
porte As deformaccedilotildees estatildeo relacionadas a
reorganizaccedilatildeo hidroplaacutestica das camadas adjacentes
em funccedilatildeo da diferenccedila de densidade
Arenito maciccedilo (Am) Arenitos amarelo com gratildeos de areia muito finos a meacutedios subangulosos a arredondados (AF1) bem selecionados a muito bem
selecionados com continuidade lateral ausente de estruturas e acamamento maciccedilo Localmente ocorrem escape de fluidos e
acamamentos convolutos
Deposiccedilatildeo raacutepida em condiccedilotildees energeacuteticas
moderada a alta e localmente sobrecarga ou escape
de fluiacutedos
Arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela
(App)
Arenito amarelo-escuro com gratildeos de areia meacutedia a grossa subarredondados a arredondados estratificaccedilatildeo plano-paralela e contiacutenuas
lateralmente
Sedimentos depositados em regime de fluxo superior
atraveacutes de fluxo unidirecional trativo
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
hummocky (Ah)
Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia fino subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada hummocky apresentando
laminaccedilotildees internas onduladas com truncamento Possuem 15 cm de espessura e 120 m de amplitude gradando lateralmente para
estratificaccedilatildeo cruzada swaley
Deposiccedilatildeo em condiccedilotildees de alta energia por meio de
correntes trativas sob accedilatildeo de fluxo combinado durante
accedilatildeo de ondas de tempestade
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
swaley (Aes)
Arenito amarelo-claro com gratildeos finos subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada swaley Accedilatildeo de ondas de tempestade com accedilatildeo de processos
erosivos
22
As estratificaccedilotildees satildeo de meacutedio a grande porte com a faacutecies arenito com
estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (Atg) apresentando clastos de quartzo e argila em tamanhos
entre 1 cm e 45 cm nos foresets (Figura 8B) Arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada de baixo
acircngulo (Aba) tendem a gradar lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela
(App) Estratos com estratificaccedilatildeo cruzada tabular (Atb) apresentam segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica (Figura 8C) As paleocorrentes medidas nos foresets de estratificaccedilotildees
cruzadas indicam orientaccedilatildeo preferencial para NW Camadas de folhelho cinza-escuro (faacutecies
Fl) com espessura de 10 cm ocorrem como lentes entre arenitos com estratificaccedilatildeo plano-
paralela e estratificaccedilatildeo cruzada tangencial e tabular
Sete elementos arquiteturais internos de canal fluvial (Tabela 3) foram identificados
para estes depoacutesitos baseados na anaacutelise bi e tridimensional dos afloramentos referentes a
AF1 bem como na granulometria de gratildeos composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e
principalmente geometria (Miall 1985 1988 1996) Satildeo eles elemento de acreccedilatildeo frontal
(AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de
preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL)
As extensas exposiccedilotildees descritas mostram unidades de litofaacutecies intercalados e
superpostos entre si formando formas de barras complexas O litossoma de acreccedilatildeo frontal
(AF) satildeo corpos arenosos com espessura entre 2 e 4 m e 30 m de extensatildeo limitado por
superfiacutecie de 4ordf ordem (Figura 8D) As litofaacutecies caracteriacutesticas satildeo Arenito com
estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e
tangencial (Atg) limitados por sets de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies limitantes apresentam
mergulhos entre 337deg e 360deg para NW denotando mesma direccedilatildeo das superfiacutecies limitantes
com os estratos cruzados
O elemento acreccedilatildeo lateral (AL) ocorre limitado por superfiacutecies de 4ordf ordem com
espessura meacutedia de 3 m e 15 m de extensatildeo composto por conjuntos de sets com superfiacutecies
de 1ordf e 2ordf ordem inclinadas com direccedilotildees entre 349deg a 40deg para NW e estratos cruzados
limitados por elas com mergulho para SE (Figura 9A e 9B) Para diferenciar este elemento
arquitetural de AF visto que ocorrem de outras formas muito similares foi considerada a
direccedilatildeo de mergulho entre as superfiacutecies limiacutetrofes de 1ordf e 2ordf ordem e os estratos cruzados
Allen (1965 1970) e Miall (1985 1996 2006) citam que a principal forma de diferenciar os
elementos AF e AL estaacute baseada na diferenccedila de orientaccedilatildeo entre as superfiacutecies de acreccedilatildeo e
os estratos cruzados O elemento AL tem geometria e composiccedilatildeo variaacutevel dependendo da
geometria do canal e da carga sedimentar este elemento eacute menos proeminente em rios
23
entrelaccedilados As litofaacutecies que representam este elemento satildeo Arenito com estratificaccedilotildees
cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) baixo acircngulo (Aba) tabular (Atb) tangencial (Atg) e
estratificaccedilatildeo plano-paralela Depoacutesitos de areia meacutedia ou areia grossa apresentam uma
grande variedade de litofaacutecies refletindo formas de leito vigorosas e progradaccedilatildeo de barras
Acamamentos com este elemento AL satildeo complexos e podem esconder a geometria acrescida
lateralmente subjacente (Miall 1985 2006)
Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Longaacute
sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7 conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e
Fig7) B Clastos de argila e quartzo nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo frontal (AF) com concordacircncia
da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta
porccedilatildeo do canal (P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 2
24
A arquitetura de canal (CH) tem forma cocircncava e eacute limitada por superfiacutecies (por
vezes erosivas) de vaacuterias ordens (1ordf 2ordf 3ordf e 4ordf ordem) em diversas escalas chegando a mais
extensa a atingir 105 metros de extensatildeo por 22 metros de altura Trecircs elementos de canal
limitados por superfiacutecies de 4ordf foram descritos e individualizados de acordo com sua
granulometria estruturas sedimentares e configuraccedilatildeo externa (Figuras 9B e 10) Canais
migrantes (CHm) canais de preenchimento (CHp) e canais alternantes (CHa) As principais
litofaacutecies satildeo a estratificaccedilatildeo cruzada acanalada (Aca) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp)
Os canais satildeo componentes comuns em vaacuterios estilos de sistemas fluviais e ocorrem tanto
com geometria assimeacutetrica quanto simeacutetrica nos afloramentos da Formaccedilatildeo Poti
Os canais migrantes (CHm) satildeo constituiacutedos por areia meacutedia a grossa com
estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de larga escala e cruzada planar com geometria assimeacutetrica
(Figura 10) relacionada a migraccedilatildeo lateral e erodida pelo elemento sobreposto limitada por
superfiacutecies de 2ordf e 4ordf ordem As estruturas sedimentares juntamente com a escala do canal
sugerem energia moderada O elemento de canal alternante (CHa) possui granulometria meacutedia
a grossa em arenitos com estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) e planar (Acp) limitados
por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies basais satildeo relativamente simeacutetricas composta
por formas de leito multilaterais por vezes erodindo o adjacente resultante de fluxos
alternados O elemento de canal de preenchimento (CHp) conteacutem arenitos meacutedios a grossos
com menos estratos cruzados que os elementos de canal anteriores Eacute limitado em sua base
por superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem com extensatildeo de 131 m e 190 m preenchimento
concecircntrico (Gibling 2006) e arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada na base passando
para cruzada planar ao topo e localmente arenito maciccedilo sendo interpretado como
preenchimento de um canal menor interno ao cinturatildeo de canais (Miall 1988)
As formas de leito arenosas (FA) tem forma de lenccediloacuteis com dimensotildees que
compreendem 36 m de altura por 9 m de extensatildeo (Figura 9A) limitados por superfiacutecies de
4ordf ordem Eacute divido por sets por vezes amalgamados que conteacutem as litofaacutecies arenito com
estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e
tangencial (Atg) separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem suavemente inclinadas no sentido
para NW gradando lateralmente para o elemento AL As formas de leito arenosas (FA) satildeo
interpretadas como elemento interno ao canal fluvial oriunda da migraccedilatildeo e cavalgamento de
dunas subaquaacuteticas em partes mais rasas do canal (Miall 1996 2006)
Os lenccediloacuteis de areia laminados (LL) tem geometria em lenccedilol (Figura 9B) com
espessura 175 m e 30 m de extensatildeo com arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela (App)
25
gradando lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) Esta unidade
arquitetural eacute limitada acima por uma superfiacutecie de 4ordf ordem interpretada como produto de
deposiccedilatildeo arenosa de enchentes em condiccedilotildees de regime de fluxo superior em leito plano
(Miall 1977 1984b Tunbridge 1981 1984 Sneh 1983 apud Miall 2006) A gradaccedilatildeo de
arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela (App) para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar
(Acp) estaacute relacionada ainda com a diminuiccedilatildeo das condiccedilotildees de fluxo no fim do evento de
enchentes
Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de Baratildeo do Grajaacuteu
26
Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar e
baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes dos estratos
cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram identificados Lenccediloacuteis
de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo contiacutenuo lateralmente por aproximadamente
30 metros limitado acima por superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de
acreccedilatildeo lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem
27
Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti (P1) Canal de
preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo
(CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma
relativamente simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo
411 Interpretaccedilatildeo
Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF1 apresentam dominacircncia de arenitos com
estratificaccedilotildees cruzada tabular acanalada e de baixo acircngulo com ocorrecircncia subordinada de
lentes descontiacutenuas de pelitos As camadas de arenitos exibem geometria geralmente tabular e
um padratildeo de granodecrescecircncia ascendente Segundo a classificaccedilatildeo proposta de Miall
(1977) estes depoacutesitos satildeo caracteriacutesticos de rios do tipo entrelaccedilado (Figura 11) os quais
apresentam canais largos baixa sinuosidade com um ou mais canais sendo favorecido pela
presenccedila de carga de fundo com granulaccedilatildeo grossa grande variabilidade na descarga e
facilidade de erosatildeo das margens (Miall 1981) O acuacutemulo da carga de fundo propicia a
formaccedilatildeo de barras arenosas que obstruem a corrente e a ramificam com aumento do
suprimento detriacutetico (Miall 1981) A formaccedilatildeo de rios entrelaccedilados tambeacutem eacute relacionada a
condiccedilotildees climaacuteticas e a presenccedila de vegetaccedilatildeo (Kasse e al 2005 Miall 1981 Piegay et al
2009) Em condiccedilotildees climaacuteticas mais uacutemidas o niacutevel do lenccedilol freaacutetico mais proacuteximo agrave
superfiacutecie contribui para sedimentaccedilatildeo mais prolongada ao contraacuterio de regiotildees aacuteridas onde
28
o lenccedilol freaacutetico mais profundo resulta em sedimentaccedilatildeo limitada a chuvas torrenciais (Miall
1991)
O modelo de rio entrelaccedilado do tipo Saskatchewan Sul proposto por Miall (1977) eacute o
que mais se assemelha aos depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti Este modelo fluvial consoante
com as caracteriacutesticas litoloacutegicas e arquiteturais condiz com um fluvial entrelaccedilado
relativamente profundo perene com baixa sinuosidade (modelo 10 de Miall 1985 2006) Este
modelo ocorre em rios entrelaccedilados com canais ativos e ciclos dominados por sedimentaccedilatildeo
arenosa (Miall 1981) O fluvial entrelaccedilado eacute marcado pela existecircncia de macroformas com
geometrias de acreccedilatildeo (AF e AL) geralmente limitadas por superfiacutecies de 4ordf ordem diferente
de rios com acamamentos tabulares tiacutepicos de entrelaccedilados rasos (Miall 1985 2006) e baixa
ocorrecircncia de depoacutesitos de overbank devido ao baixo potencial de preservaccedilatildeo em virtude da
instabilidade do canal (Miall 1988 2006) O elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) eacute comum em
rios entrelaccedilados bem como canais secundaacuterios (Brierley 1996) Ambos litossomas de
acreccedilatildeo frontal (AF) e acreccedilatildeo lateral (AL) podem ocorrer em diferentes partes da mesma
barra complexa
No elemento de canais (CHm) a geometria assimeacutetrica da migraccedilatildeo de canais estaacute
relacionada a migraccedilatildeo lateral de acamamentos unidirecionais (Cant amp Walker 1978) A
migraccedilatildeo destes acamamentos foi desenvolvida proacutexima a barras compostas (compound bars)
com relativa alta sinuosidade no flanco do canal (Miall 1988) Nos elementos CHa e CHp a
presenccedila de granulometria meacutedia a grossa arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de
meacutedio a grande porte e o empilhamento das formas de leito sugerem fluxos de alta
velocidade (Li et al 2015) No caso dos afloramentos estudados na Formaccedilatildeo Poti ocorrem
complexos de preenchimento de canais formados pelas migraccedilotildees laterais de canais
As litofaacutecies do elemento de Lenccediloacuteis Laminados (LL) arenito com laminaccedilatildeo
horizontal (App) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) tipicamente indicam fluxo de regime
superior que caracterizam rios que satildeo submetidos a descargas sedimentares sazonais em
fluxos superficiais em rios entrelaccedilados (Miall 1988)
A faacutecies de granulometria fina como Fl forma-se nos canais no periacuteodo de mais
baixa energia quando a descarga diminuiu Estas faacutecies podem se desenvolver ainda
relacionadas agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo de canais fluviais entrelaccedilados em periacuteodo de descarga
elevada (Smith 1970) As medidas de paleocorrentes dominantes para NW estatildeo condizentes
29
com os trabalhos de Goacutees (1994) e Lima amp Leite (1978) que indicam aacutereas fontes para SE
(Figura 9)
As evidecircncias de paleocorrentes indicam que as direccedilotildees principais de fluxo em
elementos arquiteturais individuais variam entre 214deg e 32deg azimute Quatro dos sete
elementos apresentam medidas com orientaccedilotildees principais tendo 20deg do principal azimute
total Com um caacutelculo de 29 leituras no afloramento da Formaccedilatildeo Poti obteve-se uma meacutedia
de 324deg azimute com magnitude de vetor em 95 As medidas de dip direction das
superfiacutecies limitantes de 1deg a 4deg ordem mostram uma tendecircncia similar entre 290deg e 39deg o que
pode ser interpretado como ambiente fluvial de baixa sinuosidade
Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos afloramentos da
Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior dos canais enquanto que as arquiteturas AF e
AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por
avulsotildees de canais ativos
42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA
A associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica da Formaccedilatildeo Poti ocorre sobreposta aos
depoacutesitos fluviais entrelaccedilados (AF1) e aos folhelhos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura
12) Estatildeo expostas em cortes de estrada e ao longo de leito de rios intermitentes as margens
da rodovia BR-230 bem como na Barragem SalinasPI nos municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e
de Nazareacute do Piauiacute A AF2 tem 19 m de espessura com camadas lateralmente contiacutenuas por
centenas de metros exibindo geometria tabular e sigmoidal Tanto o contato inferior com os
30
depoacutesitos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 12) e depoacutesitos fluviais (AF1) e superior com a
associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) tecircm caraacuteter abrupto (Figura 13A)
As principais faacutecies satildeo arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) arenito com
laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo
(Am)
Estas camadas estatildeo organizadas em ciclos de raseamento ascendente (1 a 3 m de
espessura) com arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Figura 13B) ondulada ou
maciccedilo em sua base e arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal no topo (Figuras 13 C)
Tais ciclos (Figura 14 A) exibem geometria lobada (Figura 13D) Arenitos maciccedilos ocorrem
em camadas tabulares e lobadas localmente exibindo acamamentos convolutos (Figura 14B-
C) Os arenitos satildeo classificados como subarcoacutesios com gratildeos entre areia fina a meacutedia
subangulosos a subarredondados e bem selecionados Os constituintes em geral satildeo quartzos
monocristalinos com extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (90) feldspatos indiferenciados
(5) plagioclaacutesio (3) microclina (1) muscovita deformada e cimento de oacutexido-
hidroacutexido de Fe (lt1) O arcabouccedilo da rocha eacute sustentado por gratildeos com contatos
predominantemente cocircncavo-convexos e mais raramente retos e pontuais com porosidade
intergranular Feldspatos comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade
intragranular Medidas de paleocorrentes nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
mostram paleocorrentes preferenciais para NW
Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente deltaica
(Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da
aacuterea de estudo P9)
31
Figura 13- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos depoacutesitos deltaicos
(AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
(Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees
convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido principal para NW D Geometria
lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos deltaicos nas aacutereas de estudo
32
Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) arenito com
estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos
deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem (P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria
lobada Floriano Piauiacute (P8)
421 Interpretaccedilatildeo
Deltas satildeo classificados principalmente em termos de granulometria dominante e da
importacircncia relativa de processos fluviais por onda e mareacute (Bhattacharya 2006 2010) Nesta
associaccedilatildeo de faacutecies natildeo houve exposiccedilatildeo de litofaacutecies indicativas de retrabalhamento por
mareacute sendo a maior influecircncia por correntes unidirecionais Faacutecies referentes agrave frente
deltaicas satildeo comumente depositadas em aacuteguas rasas e portanto recebem maior influecircncia de
processos gerados por ondas e correntes com depoacutesitos arenosos relativamente bem
selecionados (Bhattacharya amp Walker 1992 Nichols 2009)
33
As faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) laminaccedilotildees cruzada
cavalgante (Alc) laminaccedilatildeo ondulada (Alo) e maciccedilo (Am) estatildeo dispostas em camadas com
geometria sigmoidal que exibem ciclos de granocrescecircncia ascendente e espessamento para o
topo indicando depoacutesitos de frente deltaica (Bhattacharya amp Walker 1992 Della Faacutevera
2001) O raseamento ascendente e a granocrescecircncia ascendente satildeo caracteriacutesticas
importantes para a distinccedilatildeo de uma sucessatildeo deltaica (Nichols 2009) juntamente com a
geometria lobada
A predominacircncia de faacutecies de lobos sigmoidais como os da Formaccedilatildeo Poti sugere
semelhanccedila com a arquitetura de foresets e bottomsets dos deltas tipo Gilbert (Della Faacutevera
2001 Gobo et al 2015) Os foresets satildeo basicamente as faacutecies de arenito com estratificaccedilatildeo
cruzada sigmoidal que se desenvolve em lobos e tem sua gecircnese relacionada agrave raacutepida
desaceleraccedilatildeo do fluxo em condiccedilotildees homopicnais com progressivo aumento do aporte
sedimentar Sua deposiccedilatildeo ocorre proacutexima agrave desembocadura onde fluxos pouco densos
manteacutem parte dos sedimentos em suspensatildeo gerando uma geometria de lobos sigmoidais
(Della Faacutevera 1984 2001) Arenitos maciccedilos (Am) podem ser resultantes de processos
secundaacuterios como escape de aacutegua que obliteraram parcial ou completamente as estruturas
primaacuterias (Della Faacutevera 2001) Corroboram com esta interpretaccedilatildeo a presenccedila de porccedilotildees com
acamamento convoluto associado agraves camadas de arenito maciccedilo As faacutecies de bottomsets
arenitos com laminaccedilotildees cruzada cavalgante e laminaccedilatildeo ondulada indicam accedilatildeo de correntes
e ondas que retrabalham os sedimentos depositados na frente do delta e que satildeo recobertos
durante a progradaccedilatildeo do lobo deltaico Rodrigues (2003) descreveu a presenccedila de
estratificaccedilatildeo cruzada hummocky nos depoacutesitos deltaicos da Formaccedilatildeo Poti o que sugere que
a frente deltaica foi retrabalhada por tempestade
Faacutecies arenosas com presenccedila de estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais current ripples
unidirecionais e camadas maciccedilas em frente deltaicas podem indicar presenccedila de certo
domiacutenio fluvial (Bhattacharya amp Walker 1992) As camadas deformadas (Figura 14B-C)
observadas abaixo da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal tambeacutem sugerem
que houve um cisalhamento produzido por correntes sobre uma superfiacutecie onde a fricccedilatildeo de
arrasto pelo movimento da areia resultou em convoluccedilotildees (Tucker 2014)
Paleocorrentes da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal indicam que a
migraccedilatildeo de formas de leito nos depoacutesitos de frente deltaica possuiacuteam sentido principal para
NW Ciclos de camadas iniciadas pelas faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
que passam para as faacutecies arenito maciccedilo e com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal podem ser
interpretados como oriundos de desaceleraccedilatildeo de fluxo ao entrar em um corpo de aacutegua em
34
menor energia (granocrescecircncia ascendente) onde cada ciclo representa a progradaccedilatildeo de um
lobo deltaico individual com espessura diretamente relacionada agrave profundidade da lacircmina
drsquoaacutegua (Elliott 1986)
43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA
As exposiccedilotildees da associaccedilatildeo AF3 ocorrem ao longo de drenagens secas do Riacho do
Saco distante 6 km da rodovia BR-230 e em corte de estrada Compreende depoacutesitos de
arenitos finos e pelitos contiacutenuos lateralmente com geometria tabular e lenticular
respectivamente por vezes com camadas amalgamadas e acamamento ondulado com
espessura que varia de 6 a 20 m
A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) estaacute sotoposta aos
depoacutesitos referentes agrave AF2 (frente deltaacuteica) em contato abrupto (Figura 13A e 15A) e
sobreposta por depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta pelas faacutecies
argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela (Ap) arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc)
laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito maciccedilo (Am) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela
(App) arenito com estratificaccedilotildees cruzada hummocky (Ah) estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
(As) e estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Aes)
Na base desta associaccedilatildeo ocorrem camadas com intercalaccedilatildeo riacutetmica de lacircminas de
argilito (Ap) e arenitos muito finos (Alc Alo e App) formando acamamento heteroliacutetico com
padratildeo granocrescente ascendente com predomiacutenio do tipo linsen na base passando para
wavy e flaser em direccedilatildeo ao topo Esta ciclicidade tambeacutem eacute caracterizada por pares de
arenito e pelitos mais espessos seguidos por pares menos espessos (Figura 16C-D)
As faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada exibem acamamento ondulado no topo
com laminaccedilotildees truncadas por ondas com arranjo interno do tipo bundled upbulding e
chevron (Raaf et al 1977) que variam lateralmente para laminaccedilatildeo plano-paralela com
presenccedila de mud-drapes nos foresets superfiacutecies erosivas e paleocorrentes preferenciais para
NW
As laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes possuem laminaccedilotildees cocircncavo-convexas que se
truncam lateralmente assemelhando-se agrave micro- hummockies exibindo geometria pinch and
swell (Figura 15B) e pontualmente estruturas de escape (Figura 15C) Localmente no topo de
camadas observa-se deformaccedilatildeo convoluta Os arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
satildeo subarcoacutesios com gratildeos de areia muito fina a fina tais como quartzos monocristalinos com
35
extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (86) feldspatos indiferenciados (7) plagioclaacutesio
(5) microclina (1) muscovita deformada oacutexido-hidroacutexido de Fe (ambas lt1) e
localmente cimento de calcita Os gratildeos satildeo subangulosos a subarredondados e muito bem
selecionados A rocha eacute sustentada por gratildeos com contatos pontuais cocircncavo-convexo reto e
suturado exibem ainda gratildeos e micas orientados porosidade intergranular Feldspatos
comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade alveolar Os argilominerais
identificados na anaacutelise de DRX (laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes A1 e A3) foram
esmectitas (montmorilonita) vermiculita clorita ilita e caulinita
Arenito com acamamento heteroliacutetico eacute caracterizado por exibir laminaccedilotildees plano
paralela que passam lateralmente para laminaccedilatildeo ondulada com acamamentos do tipo linsen
wavy e flaser Localmente observa-se estruturas ball and pillow e escape de fluido (Figura
15D-E)
Arenitos finos com marcas onduladas simeacutetricas e assimeacutetricas exibem laminaccedilatildeo
cruzada por onda (Alo) a sigmoidais com tidal bundles nos foresets O comprimento de onda
das marcas onduladas varia de 4 a 8 cm e a altura de 2 a 7 cm Estas estruturas satildeo limitadas
por arenitos com laminaccedilatildeo ondulada paralela a sigmoidal com alternacircncia de pares de areia e
argila (Figura 16A-B) Localmente satildeo observadas variaccedilotildees na inclinaccedilatildeo dos foresets e
superfiacutecies de reativaccedilatildeo As tidal bundles satildeo caracterizadas por alternacircncias milimeacutetricas a
centimeacutetricas de areias e recobrimentos argilosos Estes pares exibem lateralmente espessuras
distintas de recobrimento argiloso formando pares ciacuteclicos ricos em argila seguidos de pares
ricos em areia
Os ritmitos de mareacute apresentam 120 pares de mareacute organizados em 3 ordens de
ciclicidade (Figura 16C-D) 1) os ciclos de primeira ordem satildeo caracterizados por pares de
lacircminas milimeacutetricas a centimeacutetricas de areia e argila que exibem current ripples e
bidirecionalidade dos foresets A deposiccedilatildeo do material mais fino ocorre atraveacutes de suspensatildeo
e ainda floculaccedilatildeo no periacuteodo de stillstand Este ciclo de menor ordem reflete a ciclicidade de
cheia e vazante (flood-ebb) 2) os ciclos de segunda ordem representam agrupamentos de
ciclos de primeira ordem individualizados pela espessura dos pares de areia e argila com cada
ciclo mostrando um aumento da espessura dos pares seguido por uma diminuiccedilatildeo da
espessura dos mesmos Assim haacute ciclos de segunda ordem espessos onde os arenitos exibem
espessura entre 07 cm e 43 cm e argilitos entre 04 a 10 cm Enquanto que outros ciclos
menos espessos de segunda ordem apresentam camadas de arenito entre 01 a 09 cm e de
argila entre 01 a 10 cm de espessura Cada ciclo pode chegar a aproximadamente 18 cm de
espessura e satildeo compostos por 12 a 15 pares de areia-argila 3) Os ciclos de terceira ordem
36
designam a maior ordem de ciclicidade nestes ritmitos com ciclos menos espessos (pares
mais finos) seguidos por ciclos mais espessos (com pares mais grossos) gerando uma
ciclicidade desigual em sucessivos ciclos de variaccedilatildeo vertical de espessura dos pares
Sobrepostos aos depoacutesitos ciacuteclicos de mareacute ocorrem faacutecies mais arenosas (Figura
17A-B) caracterizadas por arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada hummocky que variam
lateralmente para estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Figura 17C-D) As estratificaccedilotildees cruzadas
hummocky ocorrem em camadas tabulares contiacutenuas lateralmente com aproximadamente 20
cm de espessura por 80 de comprimento que exibem topo e base ondulada sendo possiacutevel
observar clastos orientados de argila subarredondados com dimensotildees entre 3 e 9 cm (Figura
17B-C) Dos trecircs tipos de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky descritas por Cheel amp Leckie
(1993) a do tipo scour-and-drape eacute a dominante visto que as superfiacutecies geradas por erosatildeo
ondulatoacuteria estatildeo presentes
A estratificaccedilatildeo cruzada swaley tem espessuras de 5 a 22 cm com dimensotildees entre 7
a 75 cm Esta estrutura comeccedila com uma superfiacutecie erosiva planar passando para ondulada
Internamente a laminaccedilatildeo ondulatoacuteria possui espessuras de 1 a 9 mm com inclinaccedilatildeo de
aproximadamente 15deg com onlap de baixo acircngulo em superfiacutecies erosivas A inclinaccedilatildeo das
laminaccedilotildees pode comeccedilar e terminar lateralmente acentuada formando uma geometria
cocircncava como pode perder a angulaccedilatildeo gradando para laminaccedilatildeo ondulada As faacutecies com
estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley satildeo sotopostas a camadas onduladas que
apresentam estruturas de mareacute e sobreposta por camadas onduladas
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal ocorrem em camadas geralmente
tabulares com ateacute 20 cm de espessura com base e topo suavemente ondulados e que se
adelgaccedilam lateralmente Localmente satildeo observados finos recobrimentos argilosos nos
foresets e dados paleocorrente indicam fluxos para NW
No topo destes depoacutesitos observam-se corpos com geometria de canal (Figura 17B)
Estes canais satildeo caracterizados por evidente migraccedilatildeo mergulho de 310deg compostos por
camadas amalgamadas de arenito fino com laminaccedilatildeo ondulada e plano-paralela que
acompanham a forma cocircncava do canal (preenchimento concecircntrico Gibling 2006) A
paleocorrente dominante deste ambiente estaacute para NW baseado na mediccedilatildeo de laminaccedilotildees
cruzadas cavalgantes Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominados por onda
e mareacute (AF3) de uma forma geral apresentam ciclos retrogradacionais com material argiloso
dominante na base influenciados principalmente por mareacute passando para mais arenoso ao
topo e maior inflencia por onda
37
Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato entre as
associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3 P4) B Arenito com laminaccedilatildeo
cruzada cavalgantes e ondulada com geometria pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em
arenito com microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and pillow (P3) E Escape
de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico (P5)
38
Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal bundles em laminaccedilatildeo
cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de argila (P4) B Wave generated tidal bundles com
acamamento ondulado e sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se ritmicidade
com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute com ciclos de 1a 2a e 3a ordem
superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e
quadratura (P5)
39
Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute (AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4)
B Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas
cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C Estratificaccedilatildeo
cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley
40
431 Interpretaccedilatildeo
Na associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) eacute evidente a
intercalaccedilatildeo regular entre as faacutecies arenosas finas e argilosas na base que gradativamente
passam para dominacircncia de faacutecies arenosa para o topo Esta caracteriacutestica sugere um aumento
crescente de energia passando de um sistema com predomiacutenio de transporte por decantaccedilatildeo
para outro dominado por traccedilatildeo A presenccedila das faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada
cavalgante e mud drapes nos foresets argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela arenito com
laminaccedilatildeo ondulada e ainda acamamento heteroliacutetico linsen wavy e por vezes flaser satildeo
comuns em sistema dominado por mareacute (Choi 2010 Longhitano et al 2012 Reineck amp
Wunderlich 1968 Visser 1980 Yang et al 2008) Os processos especiacuteficos que favorecem a
deposiccedilatildeo de acamamento linsen e flaser refletem condiccedilotildees de flutuaccedilotildees irregulares sendo
comuns em ambientes dominados por mareacute e tambeacutem por ondas (Nio amp Young 1991
Reineck amp Wunderlich 1968) Ritmitos de mareacute exibem ciclicidade entre laminaccedilotildees linsen e
flaser mostrando eventos influenciados por mareacutes Tal estrutura pode ser formada em vaacuterios
ambientes mas a presenccedila de ciclicidade e sua correlaccedilatildeo com diferentes ordens de
ciclicidade de mareacute satildeo evidecircncias suficientes para afirmar a presenccedila de mareacute em depoacutesitos
claacutesticos marinhos rasos (Nio amp Young 1991) Isto associado com as faacutecies de arenito com
laminaccedilatildeo cruzada cavalgante ondulada (exibindo porccedilotildees com bidirecionalidade) e mud
drapes atestam a existecircncia da accedilatildeo de mareacutes na porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti
Nos ritmitos de mareacute a bidirecionalidade em alguns pares de areia e pelito pode
indicar que durante nos periacuteodos de mareacutes siziacutegia (spring tide) a corrente subordinada teve
forccedila suficiente para mover porccedilotildees de areia como pequenas migraccedilotildees de ripples A presenccedila
de depoacutesitos de corrente dominante e subordinada com dois mud drapes podem sugerir
ambiente de submareacute (subtidal) para AF3 sendo coberto por dois periacuteodos de slack water em
um ciclo de mareacute alta e vazante (ebb-flood) (Nio amp Young 1991) A alternacircncia dos ciclos de
2ordf ordem de ritmitos de mareacute (grupos mais e menos espessos) indicam inequidade diurna Esta
alternacircncia pode ser relacionada agraves variaccedilotildees de ciclos semilunares de mareacutes de siziacutegia e
quadratura sugerindo alta taxa de deposiccedilatildeo (Rahmani 1988) A espessura meacutedia entre 12 e
16 cm por ciclo semilunar com 22 e 26 pares indica taxa deposicional de 24 a 32 cm por mecircs
Esta sequecircncia portanto pode ter sido depositada em uma zona de submareacute ou intermareacute
inferior em funccedilatildeo da alternacircncia entre lacircminas de material arenoso e peliacutetico que foram
cobertos por mareacutes durante todo ou na maior parte dos ciclos de mareacutes de siziacutegia e de
quadratura (Tessier et al 1988)
41
As tidal bundles ocorrem em laminaccedilotildees onduladas com 3 a 8 cm de espessura
como jaacute descrito em trabalhos de Boersma (1969) Terwindt (1981) Kreisa e Moiola (1986)
de estruturas de megaripplessandwave de ambientes de submareacute (apud Bhattacharya amp
Bahattacharya 2006) Tidal bundles em camadas de pequena espessura podem indicar
retrabalhamento miacutenimo dos sedimentos mais novos em funccedilatildeo do mud draping espesso
(Bhattacharya amp Bhattacharya 2006) Estruturas similares satildeo reconhecidas pela migraccedilatildeo de
ripples ou sandwaves durante a mareacute principal O recobrimento de argila com forma
sigmoidal nas bandas das tidal bundles podem definir periacuteodos de pausas da mareacute (Kreisa amp
Moiola 1986)
Algumas porccedilotildees de tidal bundles observadas nos afloramentos descritos condizem
com as sugeridas no trabalho de Yang et al (2008) como wave generated tidal bundles
(Figura 16B) com laminaccedilotildees na base dos sets por vezes sigmoidais a onduladas
(componente oscilatoacuteria) e recobrimento de argila nas cristas da ondulaccedilatildeo adjacente
exibindo as geometrias em offshoot e unidirecional descritas por Raaf et al (1977) Os
foresets satildeo recobertos por argila com variaccedilotildees deste material peliacutetico indicando ciclicidade
com porccedilotildees ricas em argila (neap tide) e em areia (spring tide) Na base e topo deste
conjunto de wave generated tidal bundles haacute laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas com
acamamento heteroliacutetico variando linsen-flaser indicando ciclos semilunares (Figura 16B)
Esta estrutura portanto eacute uma soma de resultantes advindas da accedilatildeo tanto de ondas pela
ocorrecircncia de wave generated ripples (Raaf et al 1977) como pela accedilatildeo de correntes de
mareacute pela existecircncia de recobrimento de argilas com ciclicidade
As wave-generated tidal bundles satildeo indicativas de um depoacutesito com superimposiccedilatildeo
de accedilatildeo de ondas bem como de mareacute gerando uma sucessatildeo riacutetmica Estas estruturas diferem
das tidal bundles tiacutepicas por serem estruturas que resultam de uma variaccedilatildeo temporal na
combinaccedilatildeo de correntes de mareacute e onda bem mais do que variaccedilatildeo de corrente de mareacute
apenas (Yang et al 2008) Elas se formam em circunstacircncias onde o pico de energia continua
ainda no campo de estabilidade de ripples sendo portanto estruturas indicativas de deposiccedilatildeo
por tempestade de baixa energia pois em condiccedilotildees de tempo normal a quantidade de
sedimento em suspensatildeo natildeo eacute suficiente para gerar sucessotildees espessas em um uacutenico ciclo de
mareacute principalmente em ambientes de costa aberta (Yang et al 2008) Estruturas deste
gecircnero satildeo difiacuteceis de serem preservadas em funccedilatildeo do intenso retrabalhamento por ondas que
ocorrem no ambiente em que satildeo geradas desta forma elas tendem a ser preservadas por
42
subsidecircncia tectocircnica (Allen amp Bass 1993 Tessier amp Gigot 1989) ou por taxas de
sedimentaccedilatildeo altas
Faacutecies arenito com laminaccedilatildeo ondulada arenito com estratificaccedilotildees cruzada
hummocky sigmoidal e swaley em sedimentos de areia fina denotam sistema mais energeacutetico
com accedilatildeo de ondas de tempestade Clastos de argilas presente nas camadas com estruturas
geradas por ondas ratificam este sistema mais energeacutetico forte o suficiente para retrabalhar
as rochas do substrato Estruturas como estratificaccedilatildeo cruzada hummocky foi primeiramente
descrita por Harms et al (1975) sendo gerada por meio de processos dominantemente
oscilatoacuterios combinados por correntes unidirecionais resultantes de ambiente dominado por
tempestade em aacuteguas rasas (Arnott amp Southhard 1990 Cheel amp Leckie 1993 Duke 1985
Dumas amp Arnott 2006) As estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley estatildeo geneticamente
relacionadas onde a estratificaccedilatildeo cruzada swaley pode ser descrita como estratificaccedilatildeo
cruzada hummocky truncada anisotroacutepica (Dumas amp Arnott 2006) A estratificaccedilatildeo cruzada
hummocky geralmente ocorre em um restrito intervalo de granulometria (areia muito fina a
fina) onde a forma de leito responsaacutevel pela geraccedilatildeo desta estrutura eacute um tipo de ondulaccedilatildeo
orbital (Harms et al 1975 Southard et al 1990 Yang et al 2006)
Em periacuteodos onde a atividade por tempestade foi maior as ondas penetraram e
retrabalharam os depoacutesitos dominados por mareacute formando as estratificaccedilotildees cruzadas
hummocky e swaley visto que a influecircncia de mareacute foi preservada durante periacuteodos de natildeo
tempestade (Vakarelov et al 2012) Em outras palavras a accedilatildeo das ondas retrabalharam os
sedimentos existentes onde tais ondas de tempestade atingiram o substrato acima do niacutevel de
base de onda sob fluxo combinado juntamente com componente unidirecional em regime de
fluxo superior (Arnott amp Southard 1990)
Estruturas de sobrecargadeformaccedilatildeo podem ocorrer atraveacutes do fenocircmeno de fluxo
plaacutestico associado agrave saiacuteda de aacutegua e peso da areia sobreposta (Allen 1982) Superfiacutecies
erosivas nas camadas desta associaccedilatildeo ocorrem trucando estruturas sedimentares e tem forma
ondulada com maior concentraccedilatildeo de material peliacutetico ratificando a interpretaccedilatildeo da accedilatildeo de
ondas e tempestades nestes depoacutesitos (Peng et al 2018) As Superfiacutecies de reativaccedilotildees satildeo
resultantes de variaccedilatildeo de velocidades durante as mareacutes (Klein 1970)
Estruturas balls and pillows compreendem massas redondas de sedimentos claacutesticos
tambeacutem chamados de pseudonoacutedulos em uma matriz similar ou mais fina verticalmente
sobrepostos em um horizonte Satildeo estruturas que se formam atraveacutes da separaccedilatildeo repetitiva de
43
pseudonoacutedulos da base de uma camada fonte que para de fato ocorrer o substrato deve
permanecer liquidificado por um tempo maior em relaccedilatildeo agrave taxa de deformaccedilatildeo sendo
possiacutevel o contraste de densidade das camadas e portanto o aparecimento da forccedila de divisatildeo
(Owen 2003) As estruturas deformacionais penecontemporacircneas presentes na associaccedilatildeo de
faacutecies AF3 evidenciam portanto perturbaccedilatildeo dos sedimentos ainda semi-consolidado ou
inconsolidado (Van Loon amp Brodzokowski 1987)
Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF3 estatildeo relacionados a um shoreface
inferior com accedilatildeo de tempestades episoacutedicas em uma costa retrogradante com accedilatildeo de mareacute
O ambiente plataformal torna-se mais profundo para leste em funccedilatildeo da maior ocorrecircncia de
tempestitos nesta aacuterea Geometria em canal observada no topo de tempestitos denota
proximidade com o continente com fluxo de detritos subaquosos confinados
44
CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS
Na regiatildeo estudada foram identificadas trecircs sequecircncias deposicionais de 4ordf ordem
que tiveram iniacutecio no final do Neodevoniano ateacute o Pensilvaniano e compreendem o topo da
Formaccedilatildeo Longaacute a Formaccedilatildeo Poti e a base da Formaccedilatildeo Piauiacute Estas sequecircncias satildeo
compostas por 5 tratos de sistemas limitados por 4 superfiacutecies estratigraacuteficas (Figuras 18 e
19) Sequecircncia 1 (Trato de Sistema de Mar Alto ndash TSMA) Sequecircncia 2 (Trato de Sistema de
Mar Baixo ndash TSMB e Trato de Sistema Transgressivo ndash TST) e Sequecircncia 3 (Trato de
Sistema de Mar Baixo ndash TSMB)
51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS
As superfiacutecies estratigraacuteficas (S) foram baseadas em faacutecies e limites erosivos que
delimitam os tratos de sistemas identificados (Catuneanu et al 2009 2011) com seu
reconhecimento pautado em mudanccedilas bruscas entre faacutecies e sistemas deposicionais A
superfiacutecie S1 eacute o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti (Figura 8A) representando um limite
de sequecircncia tipo 1 A superfiacutecie S2 representa o limite entre as associaccedilotildees de faacutecies fluvial e
frente deltaica da Formaccedilatildeo Poti e a superfiacutecie S3 eacute interpretada como uma superfiacutecie
transgressiva uma vez que separa depoacutesitos fluacutevio-costeiros (AF1 e AF2) de depoacutesitos de
plataforma rasa (AF3 Figuras 13A e 15A) A superfiacutecie S4 eacute um limite de sequecircncia tipo 1
de depoacutesitos plataformais do topo da Formaccedilatildeo Poti com os fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute
sobrejacente
A inconformidade subaeacuterea tem sua gecircnese relacionada a condiccedilotildees subaacutereas com
resultado de erosatildeo fluvial ou by-pass pedogecircnese degradaccedilatildeo eoacutelica ou dissoluccedilatildeo e
carstificaccedilatildeo (Catuneatu et al 2011) Ocorre quando a taxa de subsidecircncia eacute menor que a de
rebaixamento eustaacutetico na quebra do offlap (Van Wagoner et al 1988) Na aacuterea de estudo
este limite eacute encontrado em toda a regiatildeo onde dois tipos satildeo diferenciados O tipo 1 ocorre
dividindo os depoacutesitos fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti dos plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute
apresentando erosatildeo fluvial com horizontes irregulares O segundo tipo divide os depoacutesitos
plataformais de ondas e mareacute (AF3) de sequecircncias fluviais referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute Esta
superfiacutecie apresenta horizontes erosivos irregulares mais tecircnues que a primeira superfiacutecie
As superfiacutecies S1 e S4 satildeo interpretadas como resultante de queda do niacutevel relativo
do mar onde depoacutesitos fluviais puderam ser desenvolvidos As camadas foram erodidas por
45
essa accedilatildeo resultando em horizontes irregulares A superfiacutecie S2 eacute um limite de faacutecies sendo
estabelecida em um contato abrupto entre litofaacutecies de arenito meacutedio a grosso com
estratificaccedilatildeo cruzada tabular (depoacutesitos fluviais ndash AF1) e finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo
cruzada sigmoidal (depoacutesitos deltaicos ndash AF2) A superfiacutecie transgressiva (S3) limita camadas
progradantes abaixo de camadas retrogradantes acima separando os depoacutesitos transicionais
(AF1 e AF2) de depoacutesitos plataformais (AF3)
52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA
A primeira sequecircncia (Seq 1) consiste no final de uma sequecircncia estratigraacutefica
representada por trato de sistema de mar alto (TSMA) com folhelhos cinza escuros a pretos
homogecircneos ou laminados e bioturbados referente a ambiente plataformal dominado por
tempestade (Goacutees amp Feijoacute 1994) Esta sequecircncia corresponde ao final da deposiccedilatildeo da
Formaccedilatildeo Longaacute limitada acima por uma S1 (LS1) erosiva e deposiccedilatildeo de sedimentos
fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti
O trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Seq 2 (Figura 20A) compreende
depoacutesitos fluviais e deltaicos contemporacircneos (AF1 e AF2) em um contexto de bacia com
conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais Limitados abaixo por S1 (LS1) e acima
por S3 (ST) com ciclos de granodecrescecircncia ascendentes nas litofaacutecies de arenito meacutedio a
grosso com estratificaccedilatildeo cruzadas de meacutedio porte de faacutecies fluvial passando para ciclos
granocrescente ascendente de arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal e
laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes nos depoacutesitos deltaicos com a superfiacutecie S2 separando estes
dois depoacutesitos
A variaccedilatildeo das taxas de criaccedilatildeo de espaccedilo de acomodaccedilatildeo ao longo do tempo
consiste no principal fator para preservaccedilatildeo de sedimentos (Shanley amp McCabe 1994)
Sistemas fluviais costeiros satildeo muito influenciados pela mudanccedila de niacutevel de base (Miall
2006) Em sistemas fluviais controlados pelo niacutevel relativo do niacutevel do mar a identificaccedilatildeo
dos tratos de sistemas estaacute fundamentada em um somatoacuterio de criteacuterios que envolvem a
geometria padratildeo de empilhamento dos canais fluviais razatildeo entre depoacutesitos de canais e de
planiacutecie de inundaccedilatildeo (Miall 2006) O TSMB estaacute relacionado ao final do rebaixamento do
niacutevel do mar e consequente iniacutecio de sua elevaccedilatildeo
De acordo com a anaacutelise arquitetural dos depoacutesitos fluviais os elementos
individualizados foram elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal
46
alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito
arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em
forma de lenccediloacuteis Geralmente sistemas fluviais entrelaccedilados arenosos de TSMB formam
corpos de canais do tipo ldquosheet-likerdquo (Hirst 1991 Miall 2006) com amalgamaccedilatildeo de barras e
canais internos ao canal principal onde a preservaccedilatildeo de sedimentos mais finos comuns de
planiacutecie de inundaccedilatildeo eacute menor (Schanley amp McCabe 1993 Wan Wagoner et al 1995) Tal
disposiccedilatildeo estaacute de acordo com o observado para os depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti De
uma forma geral segundo a variaccedilatildeo de espessura e distribuiccedilatildeo desses depoacutesitos (Figura 19)
observa-se um acunhamento dos depoacutesitos fluviais para a porccedilatildeo SE da regiatildeo
O final do TSMB eacute marcado pelos depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de frente
deltaica (AF2) que denota progradaccedilatildeo com padratildeo de raseamento ascendente Segundo
Bhattacharya amp Walker (1992) durante os periacuteodos de aumento do niacutevel do mar a deposiccedilatildeo
deltaica fica confinada a ambientes de aacuteguas rasas na plataforma e resulta na raacutepida
progradaccedilatildeo dos lobos e comutaccedilatildeo de um ambiente dominado por processos fluviais A
sedimentaccedilatildeo deltaica tende a ser suprimida durante o aumento do niacutevel do mar e em regiotildees
costeiras tende a ser influenciada por processos de onda e mareacute (Miall 2000)
O TSMB eacute sobreposto por um Trato de Sistema Transgressivo (TST Figura 20B)
sendo seu limite marcado pela superfiacutecie S3 que representa uma incursatildeo marinha dentro da
sequecircncia 2 O trato de sistema transgressivo (TST) corresponde a depoacutesitos plataformais de
onda e mareacute (AF3) de tendecircncia granocrescente para o topo iniciando com intercalaccedilatildeo de
pelitos e arenitos finos com laminaccedilotildees com ritmitos de mareacutes e tidal bundles passando para
arenitos estratificados hummocky e swaley e em seguida camadas de arenitos maciccedilos e
ondulados mais espessos para o topo A preservaccedilatildeo de depoacutesitos de mareacute comumente ocorre
em tratos de sistemas caracterizados por taxas altas de aumento relativo do niacutevel do mar (Nio
amp Yang 1991)
Durante a incursatildeo marinha os sedimentos da plataforma rasa eram periodicamente
retrabalhados por tempestades As evidecircncias de accedilatildeo perioacutedica de ondas de tempestades satildeo
laminaccedilotildees onduladas micro-hummockys e pinch-and-swell observadas na base da sequecircncia
que passam para arenitos com Ah e Aes ao topo A diferenccedila de escala observada nas
estruturas sedimentares geradas por tempestades desta sequecircncia corrobora com o contiacutenuo
aumento do niacutevel do mar Yang et al (2006) registram que o tamanho do comprimento de
onda de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky (Ah) diminui conforme se aproxima das aacuteguas mais
rasas devido a diminuiccedilatildeo do tamanho das ondas Baseado nesta premissa as estruturas
47
sedimentares menores (ex micro-hummockys) seriam geradas no iniacutecio do aumento do niacutevel
do mar e as estruturas maiores (Ah e Aes) no aacutepice da incursatildeo marinha
A presenccedila de um ambiente dominado por processos de mareacute e onda e influenciados
por tempestades sugere que o limite TSMB-TST registra a passagem de um mar
epicontinental amplo e de aacuteguas rasas com alta taxa de aporte sedimentar (AF1 e AF2) para
um ambiente de mar mais aberto e elevada taxa de aumento do niacutevel do mar (AF3) O padratildeo
retrogradacional identificado nos depoacutesitos do TST eacute atribuiacutedo agrave geraccedilatildeo de espaccedilo de
acomodaccedilatildeo que supera a taxa de sedimentaccedilatildeo (Catuneanu et al 2011 Posamentier amp Vail
1988)
O topo do TST eacute limitado no topo pela superfiacutecie S4 a qual coincide com a
discordacircncia regional Mesocarboniacutefera A base da sequecircncia 3 representa um TSMB (Figura
20C) com depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta por camadas de
arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilotildees cruzadas tabular acanalada e tangencial com
lags conglomeraacuteticos Apoacutes a instalaccedilatildeo de um sistema plataformal transgressivo no Viseano
houve um rebaixamento do niacutevel de mar que causou um hiato erosivo de 20 Ma registrado em
vaacuterias partes da Bacia do Parnaiacuteba (Caputo 1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007) Este
evento estaria associado ao iniacutecio estaacutegio de continentalizaccedilatildeo que ocorreu durante o
Moscoviano e resultou na formaccedilatildeo do Pangea (Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007)
48
Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de Baratildeo de Grajauacute e
Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba Fonte Modificado de (Vaz et al 2007)
49
Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e principais superfiacutecies
estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)
50
Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da Seq
2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)
51
CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO
As trecircs sequecircncias deposicionais identificadas na aacuterea de estudo que compreendem
as formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute tem sua gecircnese relacionada a variaccedilotildees ciacuteclicas do niacutevel
relativo do mar influenciadas por eventos de eustasia e tectocircnica (Catuneanu 2006) A Seq 1
(TSMA) eacute caracterizada por uma transgressatildeo marinha que iniciou no Fameniano e que deu
origem aos depoacutesitos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (TSMA) com ambiente dominado por
eventos de tempestades (Goacutees amp Feijoacute 1994)
A Seq 2 que engloba TSMB em sua porccedilatildeo inicial eacute composta por depoacutesitos
fluviais e deltaicos caracterizando uma fase seguinte de progradaccedilatildeo As paleocorrentes dos
depoacutesitos fluviais (AF1) e de frente deltaica (AF2) indicam sentido do paleofluxo para NW
com provaacuteveis aacutereas fontes para leste-sudeste Dados preacutevios baseados em anaacutelises de
paleocorrentes e dataccedilotildees U-Pb em zircatildeo detritico indicam que as principais aacutereas fontes dos
sedimentos da bacia do Parnaiacuteba durante o Paleozoico estariam localizadas na Proviacutencia
Borborema que fica a sudeste da aacuterea de estudo (Daly et al 2018 Hollanda et al 2014
Oliveira amp Moura 2019) Sedimentos retrabalhados de rochas paleoproterozoicas e
neoproterozoicas seriam as principais fontes para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti com
contribuiccedilatildeo secundaacuteria de sedimentos reciclados de rochas cambro-ordovicianas ou mais
jovens (Hollanda et al 2014) aleacutem de fontes neoarquenas (Oliveira amp Moura 2019)
Retrabalhamento de rochas do intervalo Devoniano-Tournaisiano tambeacutem eacute sugerido por
dados palinoloacutegicos (Di Pasquo amp Iannuzzi 2014 Streel et al 2012) Assim um progressivo
recuo dos mares epicontinentais entre o Mesodevoniano e o Mississipiano (Goeacutes 1995)
resultou na formaccedilatildeo de extensos depoacutesitos transicionais e na exposiccedilatildeo de rochas cristalinas
e sedimentares preacute-cambrianas (antes inundadas pela incursatildeo marinha devoniana) na regiatildeo a
leste e sudeste da Bacia do Parnaiacuteba (Oliveira amp Moura 2019)
A instalaccedilatildeo deste sistema fluvio-deltaico ocorreu sob um clima semiaacuterido com
vegetaccedilatildeo escassa ou ausente Segundo Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) a vegetaccedilatildeo nas
proximidades da regiatildeo de estudo era mais arbustiva e escassa com presenccedila de plantas
pteridoacutefitas e gimnospermas aleacutem de algas que refletem aacuteguas salobras Ianuzzi (1994)
descreve clima temperado a subtropical no final do Carboniacutefero Inferior passando para
tropical no final do Carboniacutefero Superior com deriva do Continente Americano em direccedilatildeo ao
Equador (Ribeiro 2000) Parrish et al (1986) descrevem variaccedilotildees no clima durante o
Carboniacutefero Superior oscilando entre periacuteodos quentes e mais frios com tendecircncia geral de
52
aquecimento Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) descrevem assembleias fossiliacuteferas tiacutepicas de
intervalos normais a secos assim como ratificado por reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas (Iannuzzi
amp Roumlsler 2000) o qual afirma que a Bacia do Parnaiacuteba teria estado situada em uma zona
climaacutetica semiaacuterida durante a metade do Mississipiano Streel et al (2012) descrevem
miosporos em seccedilotildees de diamictitos da Formaccedilatildeo Poti na borda oeste da bacia depositados
em periacuteodos interglaciais
Os depoacutesitos deltaicos satildeo representados pelo predomiacutenio de camadas com geometria
lobada e estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais que podem estar relacionados a eventos de
sedimentaccedilatildeo episoacutedica durante carga extrema de rios (Della Faacutevera 2001 Ponciano amp Della
Faacutevera 2009) Esta carga extrema geralmente transpassa (by-pass) a parte proximal do sistema
deltaico (Della Faacutevera 2001) A ausecircncia de faacutecies de prodelta nos depoacutesitos estudados pode
estar associada a grande extensatildeo dos depoacutesitos de frente deltaica e alta taxa de progradaccedilatildeo
Apesar da ausecircncia de estruturas como Ah e Aes nos afloramentos estudados a inexistecircncia
de prodelta pode estar associada agrave remoccedilatildeo do material argiloso por tempestades (Della
Faacutevera 2001)
O delta da Formaccedilatildeo Poti flui para um ambiente de mar epicontinental raso Porritt et
al (2020) descrevem deltas similares com baixo gradiente onshore e offshore resultando em
efeitos miacutenimos das variaccedilotildees do niacutevel do mar nos deltas Ainda segundo Porritt et al (2020)
a diferenccedila destes tipos de deltas em mares epiricos para outros eacute sua quantidade baixa de
espaccedilo de acomodaccedilatildeo disponiacutevel e local de sedimentaccedilatildeo controlada por avulsatildeo de rios mais
acima nas superfiacutecies de leque aluvial
Goacutees et al (1997) descreveram ainda exposiccedilotildees referentes ao delta em contatos
laterais ou intercalados com os depoacutesitos dominado por tempestade e onda As bacias do
Parnaiacuteba e do Amazonas durante o Viseano tardio estava inserida nos paralelos 40deg a 50deg
dentro do continente Gondwana (Scotese 2000 Torvski et al 2012) recebendo accedilotildees de
furacotildees que geraram os depoacutesitos tempestiacutesticos da associaccedilatildeo AF3 (Duke 1985)
O continuo avanccedilo do mar para dentro da plataforma continental gerou os depoacutesitos
influenciados por mareacute e onda (AF3) que recobrem o sistema fluvio-deltaico Este limite
sugere a passagem de um ambiente com alta taxa de sedimentaccedilatildeo siliciclaacutestica durante o
recuo marinho para um ambiente com taxa de sedimentaccedilatildeo moderada com aumento do
niacutevel do mar mais lento Desta forma uma configuraccedilatildeo de mares epicontinentais com maior
53
restriccedilatildeo eacute sugerida para o sistema fluvio-deltaico com passagem para mares epicontinentais
amplos poreacutem ainda rasos do sistema plataformal dominado por mareacute e onda
Segundo mapas paleogeograacuteficos de Scotese (2019) observa-se no periacuteodo entre 361
e 351 milhotildees de anos (Fameniano e Tounasiano) a diminuiccedilatildeo de pontos de gelo que
estariam ligados ao processo transgressivo que deu origem a depoacutesitos plataformais marinhos
no topo da Formaccedilatildeo Longaacute Entre 344 Ma e 338 Ma (Viseano) houve o estabelecimento dos
ambientes referentes agrave Formaccedilatildeo Poti com a presenccedila de pontos de gelo relacionados agrave
regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo
que possivelmente deu origem aos depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3)
aqui descritos no topo da Formaccedilatildeo Poti Tal hipoacutetese pode sustentar ainda a existecircncia de
sistema fluvial entrelaccedilado relacionado a descargas e maior proporccedilatildeo de carga de fundo em
regiotildees glaciais oriundas de escoamentos superficiais sazonais (ou ocasionada pelo degelo) A
presenccedila de uma vegetaccedilatildeo arbustiva no Mississipiano aliado a condiccedilotildees ambientais semi-
aridas durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos Poti sustenta a justificativa da instalaccedilatildeo de um
fluvial entrelaccedilado
Uma discordacircncia regional que gerou um hiato deposicional de aproximadamente 20
Ma na Bacia do Parnaiacuteba (Goacutees et al 1992) marca o contato entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute
e consequentemente o final do ciclo deposicional do Grupo Canindeacute Assim apoacutes a
deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti movimentos epirogecircnicos ascendentes e uma regressatildeo de
extensatildeo global seriam fatores que tiveram accedilatildeo na erosatildeo da bacia (Goacutees 1995 Mesner amp
Wooldridge 1964 Santos amp Carvalho 2009) resultando na superfiacutecie S4 e na sedimentaccedilatildeo
da Seq 3 Esta tendecircncia regressiva do mar durante o Carboniacutefero poderia estar relacionada a
movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela orogenia Herciniana que se
desenvolveu principalmente a norte do supercontinente Gondwana com periacuteodos colisionais
entre 380 e 280 Ma (Windley 1995 Vaz et al 2007) O contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Poti
e Piauiacute foi observado na porccedilatildeo oeste da aacuterea de estudo onde depoacutesitos plataformais de onda
e mareacute (AF3) estatildeo sotopostas a litofaacutecies de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo
cruzada de depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Trabalhos referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute
revelam um contexto de sistema deseacutertico associado ao iniacutecio do processo de
continentalizaccedilatildeo no Gondwana (Lima amp Leite 1978 Xavier 2019) Portanto as faacutecies
fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute sobrepostas a AF3 satildeo interpretadas como pertencentes a um
TSMB
54
Em 315 Ma (Moscoviano) houve o estabelecimento de grande camada de gelo nas
porccedilotildees da Bacia do Parnaiacuteba corroborando a natureza regressiva da sequecircncia 3 (TSMB)
com um rebaixamento do niacutevel do mar juntamente com as orogenias que consolidavam o
supercontinente Pangea em condiccedilotildees climaacuteticas quente e semiaacuterida em geometria diferente
na bacia (Caputo et al 2005) referente ao fluvial da Formaccedilatildeo Piauiacute Recentemente Xavier
(2019) associa a discordacircncia entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute a movimentos glacio-eustaacuteticos
que ocorreram durante o primeiro pico de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age
(LPIA)
55
CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES
A anaacutelise dos afloramentos do intervalo da porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Longaacute
Formaccedilatildeo Poti e inferior da Formaccedilatildeo Piauiacute entre os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e Nazareacute
do Piauiacute evidenciaram ocorrecircncia de um short term transgression com depoacutesitos fluvio-
deltaicos recobertos por plataformais no Carboniacutefero inferior onde incursotildees marinhas
formaram mares rasos epicontinentais
Foram descritos para Formaccedilatildeo Poti 9 afloramentos com 15 faacutecies das quais
individualizaram 3 associaccedilotildees de faacutecies Fluvial entrelaccedilado (AF1) Frente deltaica (AF2) e
Plataforma dominada por mareacute e onda (AF3)
A Formaccedilatildeo Longaacute representa a Seq1 com depoacutesitos de tempestitos de um Trato de
Sistema de Mar Alto (TSMA) separada do fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti por um limite de
sequecircncia tipo 1 (S1) A base da Formaccedilatildeo Poti eacute representada por um fluvial entrelaccedilado
(AF1) descrito na porccedilatildeo leste da aacuterea o qual possui 8 faacutecies e sete elementos arquiteturais
elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante
(CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia
laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em forma de lenccediloacuteis
A associaccedilatildeo de Frente deltaica (AF2) possui 4 faacutecies dispostas em geometrias
tabulares a lobadas separada da AF1 por uma superfiacutecie de limite de associaccedilatildeo (S2) AF1 e
AF2 representam um Trato de sistema de Mar Baixo (TSMB) e iniacutecio da Seq 2 da Formaccedilatildeo
Poti em um contexto de bacia com conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais
AF2 separa-se dos depoacutesitos plataformais de onda e mareacute (AF3) por uma superfiacutecie
trangressiva (S3)
A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3) tem 8 faacutecies inseridas em
2 geometrias tabular e em canal Nesta sucessatildeo foram descritos acamamentos heteroliacuteticos e
ritmitos de mareacute bem como estruturas como tidal bundles wave generated que atestam a
accedilatildeo de mareacute e onda nesta unidade Ainda estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley
evidenciam a accedilatildeo de ondas de tempestades Esta associaccedilatildeo representa um Trato de Sistema
Trangressivo (TST) e o final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti sendo um short term transgression
provavelmente associada a derretimento de pontos de gelo na regiatildeo oeste da Bacia AF3
separa-se da Formaccedilatildeo Piauiacute por uma superficie de limite de sequecircncia do tipo 1 (S4) A
Formaccedilatildeo Piauiacute denotaria um Trato de Sistema de Mar Baixo (TMSB) e por isso iniacutecio da
56
Seq 3 que representa os movimentos glacio-eustaacuteticos que ocorreram durante o primeiro pico
de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age (LPIA)
57
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APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA
Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1
arenito com estrat cruzada acanalada A7) A Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a
arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato principalmente pontuais porosidade intergranular e
localmente feldspatos alterando para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na associaccedilatildeo de
faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com porosidade
intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3
Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos subangulosos a subarredondados
muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo
69
APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X
Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras representativas da
Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e 2 referente a plataforma de onda e
mareacute (AF3 A1 e A3) AF1 (A8 Folhelho) A A anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada
com etilenoglicol e calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica expansiva 119889001
indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97 Aring quando calcinada B Em amostra de
rocha total eacute dominante a presenccedila de picos principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio
AF3 (A1 arenito com lam cruzada) C Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a natureza expansiva 119889001
da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A
vermeculita eacute observada como sendo um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a
existecircncia de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring) bem como um
menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de amostra glicolada A ilita eacute melhor
individualizada nesta anaacutelise visto que a muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e
49 Aring do plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em relaccedilatildeo a ilita no pico 71
Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 D Na anaacutelise de poacute total da amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda
em menores picos albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar
montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise de DRX em rocha total e em
lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior
presenccedila de montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser realizados afim de
atestar esta tendecircncia
xi
bundles Flames structures convoluted laminations and ball-and-pillow are observed locally
The layers are tabular laterally continuous and with channel geometry at the top of this
sequence Petrographic analysis allowed the classification of quartz-sandstones for the AF1
deposits and subarcose for those referring to the AF2 and AF3 associations For the studied
exhibitions 3 stratigraphic sequences were identified and divided by 4 stratigrafic surfaces
Seq 1 corresponds to the interval with storm deposits from the Longaacute Formation representing
a TSMA limited by type 1 (S1) sequence limit from the fluvial braided (AF1) of the Poti
Formation Seq 2 begins with the TSMB represented by the fluvial braided (AF1) and delta
front (AF2) deposits wich are separated between them by a limit (S2) Afterwards tide and
wave platform (AF3) rocks are separated from the transitional deposits (AF1 and AF2) by a
transgressive surface (S3) representing a TST and end of Seq 2 in the Poti Formation Seq 2
is separated from the fluvial braided deposits of the Piauiacute Formation above by a type 1
boundary sequence surface (S4) Seq 3 is represented by the braided fluvial of Piauiacute being a
TSMB The stratigraphic stacking and the correlations of the studied profiles revealed the
existence of a transgression in the Poti Formation The establishment of fluvial-coastal
environments with ice points in the Poti Formation corroborates the initial regression of
Sequence 2 with subsequent melting contributing to the transgression that possibly gave rise
to platform deposits dominated by wave and tide (AF3) Such transgression can be interpreted
as short-term transgression since the regional tendency in the Poti Formation in the Parnaiacuteba
Basin is regressive
Keywords Paleoenvironment Short-term transgression Parnaiacuteba Basin Poti Formation
xii
LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES
Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti
na borda leste da Bacia do Parna3
Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)7
Figura 1- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial (Miall 1996)9
Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies
aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)11
Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil
(Silva et al 2003 modificado de Goacutees 1995)14
Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o
intervalo do final do Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute
1994)15
Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute
do Piauiacute20
Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a
Formaccedilatildeo Longaacute sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7
conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e Fig7) B Clastos de argila e quartzo
nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo
frontal (AF) com concordacircncia da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies
limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta porccedilatildeo do canal
(P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 223
xiii
Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito
arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar
e baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a
arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes
dos estratos cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser
observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram
identificados Lenccediloacuteis de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e
estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo
contiacutenuo lateralmente por aproximadamente 30 metros limitado acima por
superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente
limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de acreccedilatildeo
lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem26
Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti
(P1) Canal de preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies
de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo (CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma
assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma relativamente
simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo27
Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos
afloramentos da Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior
dos canais enquanto que as arquiteturas AF e AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais
elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por avulsotildees de
canais ativos29
Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente
deltaica (Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade
de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da aacuterea de estudo P9)30
xiv
Figura 13 Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos
depoacutesitos deltaicos (AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e
mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada
sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees
convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido
principal para NW D Geometria lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos
deltaicos nas aacutereas de estudo 31
Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc)
arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B
Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem
(P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria lobada
Floriano Piauiacute (P8)32
Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato
entre as associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3
P4) B Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgantes e ondulada com geometria
pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em arenito com
microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and
pillow (P3) E Escape de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico
(P5)37
Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal
bundles em laminaccedilatildeo cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de
argila (P4) B Wave generated tidal bundles com acamamento ondulado e
sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se
ritmicidade com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute
com ciclos de 1a 2a e 3a ordem superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D
Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e quadratura
(P5)38
xv
Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute
(AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4) B
Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com
material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas
cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de
ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C
Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D
Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley39
Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de
Baratildeo de Grajauacute e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba (modificado
de Vaz et al 2007)48
Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e
principais superfiacutecies estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de
variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)49
Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do
Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da
Seq 2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de
sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)50
xvi
Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de
fluvial entrelaccedilado (AF1 arenito com estrat cruzada acanalada A7) A
Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a
arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato
principalmente pontuais porosidade intergranular e localmente feldspatos alterando
para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na
associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios
subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila
de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com
porosidade intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo
Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3 Arenito com
laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos
subangulosos a subarredondados muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas
em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo68
xvii
Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras
representativas da Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado
(AF1) e 2 referente a plataforma de onda e mareacute (AF3) AF1 (A8 Folhelho) A A
anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada com etilenoglicol e
calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica
expansiva 119889001 indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97
Aring quando calcinada B Em amostra de rocha total eacute dominante a presenccedila de picos
principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio AF3 (A1
arenito com lam cruzada) A) Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a
natureza expansiva 119889001 da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em
amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A vermeculita eacute observada como sendo
um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a existecircncia
de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring)
bem como um menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de
amostra glicolada A ilita eacute melhor individualizada nesta anaacutelise visto que a
muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e 49 Aring do
plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em
relaccedilatildeo a ilita no pico 71 Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 B Na anaacutelise de poacute total da
amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda em menores picos
albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar
montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise
de DRX em rocha total e em lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em
clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior presenccedila de
montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser
realizados afim de atestar esta tendecircncia69
xviii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (modificado de Miall 1985 apud
Miall 2006)8
Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti21
Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de
Baratildeo do Grajaacuteu25
xix
SUMAacuteRIO
DEDICATOacuteRIAiv
AGRADECIMENTOS v
EPIacuteGRAFEvii
RESUMO viii
ABSTRACT x
LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES xii
LISTA DE TABELAS xviii
CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 APRESENTACcedilAtildeO 1
12 OBJETIVOS 2
13 LOCALIZACcedilAtildeO 2
CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 4
21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA 4
22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS 5
221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes 9
23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES 12
231 Anaacutelise petrograacutefica 12
232 Difratometria de Raios- X 12
CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO 13
31 GRUPO CANINDEacute 14
32 FORMACcedilAtildeO POTI 16
CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES 19
41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO 19
411 Interpretaccedilatildeo 27
42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA 29
421 Interpretaccedilatildeo 32
43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA 34
431 Interpretaccedilatildeo 40
xx
CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS 44
51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS 44
52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA 45
CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO 51
CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES 55
REFEREcircNCIAS 57
APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA 68
APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X 69
CAPIacuteTULO 1 INTRODUCcedilAtildeO
11 APRESENTACcedilAtildeO
Durante o Carboniacutefero Inferior a regiatildeo oeste do supercontinente Gondwana estava
separada do paleocontinente Lauraacutesia por um estreito segmento do oceano Rheic (Golonka
2007 Torsvik et al 2012) Neste periacuteodo incursotildees marinhas formaram mares rasos
epicontinentais que conectavam as bacias sedimentares intracratocircnicas do Amazonas e
Parnaiacuteba no nortenordeste do Brasil (Almeida amp Carneiro 2004 Della Faacutevera 1990
Medeiros et al 2019 Torsvik amp Cocks 2013) Durante o Carboniacutefero a porccedilatildeo sul-ocidental
do Gondwana era coberta por extensas geleiras que se instalaram desde o final do Devoniano
(Castro 2004 Golonka 2007 Milani et al 2007 Torsvik et al 2012)
De acordo com reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas a Bacia do Parnaiacuteba durante o
Viseano encontrava-se em uma zona de clima semi-aacuterido a temperado e frio (Iannuzzi 1994
Iannuzzi amp Rosner 2000) Neste periacuteodo teve iniacutecio o recuo dos mares interiores com
diminuiccedilatildeo do niacutevel do mar que interrompeu a conexatildeo existente com a Bacia do Amazonas
(Almeida amp Carneiro 2004 Mabesoone amp Neumann 2005) A tendecircncia regressiva deste mar
no periacuteodo Carboniacutefero eacute relacionada a movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela
Orogenia Herciniana (Winldley 1995) ou pelo aumento das capas de gelo na porccedilatildeo sul-
ocidental do Gondwana (Caputo 1984 Caputo et al 2006 ab)
Neste contexto foram depositadas as rochas continentais transicionais e marinhas da
Formaccedilatildeo Poti A Formaccedilatildeo Poti eacute caracterizada por arenitos por vezes conglomeraacuteticos com
intercalaccedilatildeo de folhelhos e finos leitos de carvatildeo (Lima amp Leite 1978 Mesner amp Wooldridge
1964) que registram ambientes de deltas e planiacutecies de mareacute com influecircncia de tempestades
(Goacutees et al 1997 Goacutees amp Feijoacute 1994) A tendecircncia da Formaccedilatildeo Poti eacute principalmente
regressiva contudo os afloramentos na aacuterea de estudo mostram uma relaccedilatildeo incomum entre
depoacutesitos transicionais sotopostos por depoacutesitos de plataforma de mareacute e onda estes por sua
vez foram pouco explorados pela literatura cientiacutefica (Della Faacutevera 1990 Goacutees et al 1997)
Portanto o objetivo principal deste trabalho eacute interpretar os paleoambientes e definir uma
sequecircncia deposicional para as rochas da Formaccedilatildeo Poti que afloram entre as regiotildees de
Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba e elaborar um
modelo deposicional
2
12 OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho eacute definir as sequecircncias deposicionais e interpretar os
paleoambientes da sucessatildeo sedimentar correspondente agrave Formaccedilatildeo Poti a partir do estudo de
depoacutesitos que afloram na porccedilatildeo leste da Bacia do Parnaiacuteba Para isto tecircm-se os seguintes
objetivos especiacuteficos
Descriccedilatildeo e interpretaccedilatildeo de faacutecies sedimentares e arquiteturais dos sistemas
deposicionais das Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)
Propor sequecircncia estratigraacutefica delimitando suas principais superfiacutecies estratigraacuteficas
para as Formaccedilotildees Poti Longaacute (topo) e Piauiacute (base)
Definir um modelo deposicional para as rochas siliciclaacutesticas mississipianas da
Formaccedilatildeo Poti entre as regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute
13 LOCALIZACcedilAtildeO
A aacuterea de estudo estaacute localizada na borda leste da Bacia do Parnaiacuteba na divisa entre
os estados do Maranhatildeo e Piauiacute Os depoacutesitos descritos estatildeo situados ao longo da BR-230 e
BR-343 abrangendo os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute (MA) Floriano (PI) e Nazareacute do Piauiacute
(PI) em afloramentos de corte de estradas exposiccedilotildees proacuteximas a drenagens intermitentes e
em barragem proacutexima a cidade de Nazareacute do Piauiacute (Figura 1)
3
Figura 1- Mapa de localizaccedilatildeo e geoloacutegico da aacuterea de estudo dos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti na borda leste da
Bacia do Parnaiacuteba (Fonte CPRM)
4
CAPIacuteTULO 2 MATERIAIS E MEacuteTODOS
A elaboraccedilatildeo deste trabalho contou inicialmente com um levantamento bibliograacutefico
acerca da geologia regional na aacuterea leste da Bacia do Parnaiacuteba A seguir houve a fase de
campo (realizada durante o campo da disciplina de Campo 1 da graduccedilatildeo da UFPA na porccedilatildeo
leste da Bacia do Parnaiacuteba) com anaacutelises facioloacutegica arquitetural e estratigraacutefica e
posteriormente fase de laboratoacuterio com anaacutelise petrograacutefica Estas metodologias foram as
ferramentas utilizadas para alcanccedilar os objetivos propostos nesta dissertaccedilatildeo
Na fase de campo foi realizada a coleta de dados sendo feitas as descriccedilotildees e
interpretaccedilotildees facioloacutegicas a confecccedilatildeo de perfis estratigraacuteficos e coleta de amostras dos
afloramentos das Formaccedilotildees Poti Longaacute e Piauiacute As amostras coletadas originaram as seccedilotildees
delgadas para a anaacutelise petrograacutefica A avaliaccedilatildeo estratigraacutefica envolveu o estudo de nove
afloramentos as margens das BR- 230 e BR-343 sendo os pontos P1 a P5 pontos as margens
de drenagens secas P6 a P8 exposiccedilotildees em cortes de estrada e P9 a barragem Salinas (Figura
1) Na regiatildeo os litotipos referentes aos depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti ocorrem com excelente
preservaccedilatildeo de estruturas sedimentares bem como engloba unidades com associaccedilotildees
litoloacutegicas de gecircneses distintas separadas por superfiacutecies que podem ser utilizadas para
correlaccedilotildees estratigraacuteficas
21 ANAacuteLISE FACIOLOacuteGICA E ESTRATIGRAacuteFICA
Para a anaacutelise de faacutecies e estratigraacutefica foi utilizada a teacutecnica de modelamento de
faacutecies com auxiacutelio de perfis colunares e estratigraacuteficos seguindo as propostas de Walker
(1992 2006) Miall (2000) Dalrymple (2010) Bhattacharya (2010) com nomenclatura de
Miall (1977) Segundo a metodologia de Walker (1992 2006) a reconstituiccedilatildeo
paleoambiental de uma unidade sedimentar deve conter caracterizaccedilatildeo das faacutecies
sedimentares com textura composiccedilatildeo geometria estrutura sedimentar e conteuacutedo fossiliacutefero
juntamente com a leitura de paleocorrentes para haver compreensatildeo dos processos
sedimentares que agiram para a formaccedilatildeo de cada faacutecies
As associaccedilotildees de faacutecies identificadas consistem em um conjunto de faacutecies
relacionadas geneticamente que remetem a determinados ambientes e sistemas deposicionais
As medidas de paleocorrentes foram retiradas em arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada e
arenitos com laminaccedilatildeo cruzada com posterior produccedilatildeo de rosetas atraveacutes do programa
OpenStereoreg A representaccedilatildeo de faacutecies em siglas inspirou-se no coacutedigo de faacutecies de Miall
5
(1977) com representaccedilatildeo da primeira letra maiuacutescula referente a litologia principal e a letra
seguinte minuacutescula indicando a estrutura sedimentar dominante Modelos de faacutecies foram
construiacutedos na forma de mapas paleogeograacuteficos representativos perfis verticais e blocos
diagramas A confecccedilatildeo de seccedilotildees panoracircmicas a partir de fotomosaicos de afloramentos
seguiu a teacutecnica de Wilzevic (1991) para auxiliar no estudo de elementos arquiteturais para
depoacutesitos fluviais (Miall 1985 1988 2006) deltaicos e plataformais
O estudo de estratigrafia de sequecircncia de alta resoluccedilatildeo (Catuneanu et al 2011
Zecchin amp Catuneanu 2013) considerou os ciclos as superfiacutecies e as ordens de cada uma e
suas sequecircncias deposicionais identificando superfiacutecies-chave da sucessatildeo e interpretando
seu significado deposicional a partir dos conceitos da estratigrafia de sequecircncias e tratos de
sistemas (Catuneanu 2006 Catuneanu et al 2009 Posamentier amp Vail 1988 Vail et al 1977)
22 ELEMENTOS ARQUITETURAIS
O estudo de formas de leitos modernos e em boas exposiccedilotildees de sequecircncias antigas
(Allen 1983 Haszeldine 1983 ab Kirk 1983 apud Miall 1985) mostram que interpretaccedilotildees
baseadas apenas em perfis verticais natildeo representam de forma acurada a geometria e
complexidade interna das estruturas de grandes macrofomas de depoacutesitos de barras Portanto
apenas representaccedilotildees por perfis consistem em ferramentas pouco eficientes para o estudo de
sedimentos fluviais em funccedilatildeo das inuacutemeras mudanccedilas laterais de faacutecies e pela natureza
tridimensional de um litossoma individual (Miall 1985 1988) O canal e sua morfologia
usualmente tecircm sido usados como chave principal para a interpretaccedilatildeo de sedimentos fluviais
existindo uma grande diversidade de estilo de canais e tipos de depoacutesitos com origem
relacionada a variedade de controles parcialmente interdependentes que atuam na
sedimentaccedilatildeo fluvial (Miall 1985)
A anaacutelise bi e tridimensional permite individualizar elementos arquiteturais em
sistemas fluviais O conceito de elemento arquitetural permeia-se na noccedilatildeo que depoacutesitos
sedimentares podem ser caracterizados por geometrias estratais escala e superfiacutecies de
acamamento limitantes (Allen 1980 Miall 1985 Miall 1988) Este conceito foi primeiramente
aplicado para definir a geometria e arranjo tridimensional de estratos areniacuteticos de antigos
depoacutesitos fluviais depoacutesitos estes que tem sido difundido na literatura desde o final da deacutecada
de 80 em funccedilatildeo da larga aplicaccedilatildeo no estudo das heterogeneidades de rochas reservatoacuterio
6
(Miall amp Tyler 1991) Contudo atualmente eacute empregado para quaisquer sucessotildees
estratigraacuteficas independentes da idade litologia e gecircnese como as sucessotildees deltaicas de
planiacutecie de mareacute (Eriksson et al 1995) sucessotildees turbidiacuteticas (Mutti amp Normark 1987) e
vulcanoclaacutesticas (Palmer amp Neall 1991) com a finalidade de explanar sobre a disposiccedilatildeo das
faacutecies e de suas associaccedilotildees no espaccedilo (Borghi 2000) Allen (1983) deu origem ao termo
ldquoelemento arquiteturalrdquo e Miall (1985) sumarizou e classificou as rochas fluviais baseado
nestes conhecimentos
Jackson (1975) classifica as formas de leito em microformas mesoformas e
macroformas Microformas satildeo estruturas geradas por variaccedilatildeo turbulenta gerando marcas de
onda de pequena escala e lineaccedilotildees de corrente Mesoformas incluem formas de leito de maior
escala como dunas pequenos canais e barras linguoacuteides longitudinais e diagonais Jaacute as
macroformas mostram o efeito cumulativo de vaacuterios eventos dinacircmicos ao longo dos anos
que incluem canais maiores e formas de barras compostas como point bars side bars sand
flats e ilhas A identificaccedilatildeo apropriada destas macroformas eacute a base para determinar o tipo de
sistema fluvial (Jackson 1975 Miall 1985)
A menor escala de elementos de macroforma eacute composta por oito elementos
arquiteturais baacutesicos Canal fluxo de gravidade de sedimentos formas de leito e barra
cascalhosa acreccedilatildeo frontal acreccedilatildeo lateral lenccediloacuteis de areia laminados formas de leito
arenosas e hollow (Figura 2 Tabela 1) Estes oito elementos arquiteturais satildeo caracterizados
por tamanho do gratildeo composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e principalmente
geometria (Miall 1985) Afloramentos com ao menos vaacuterios deciacutemetros e com certa
quantidade de controle tridimensional satildeo necessaacuterios para um estudo detalhado Todos os
sistemas fluviais satildeo compostos de proporccedilotildees variadas dos oito elementos arquiteturais
7
Figura 2- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais (Miall 1985)
A ampliaccedilatildeo de pesquisas ao longo dos anos em depoacutesitos atuais e antigos permitiu
a uma abrangecircncia maior desta classificaccedilatildeo atraveacutes da identificaccedilatildeo de novos seis elementos
externos ao canal (Miall 1996) Dique marginal canais de crevasse espraiamento de
crevasse finos de planiacutecie de inundaccedilatildeo e canais abandonados (Figura 3)
Segundo Miall (1985) elementos arquiteturais devem conter descriccedilotildees e
caracterizaccedilatildeo dos elementos objetivas as quais devem incluir 1) A natureza das superfiacutecies
limitantes superior e inferior 2) a geometria externa 3) escala e 4) geometria interna
Individualizar analisar e descrever os elementos arquiteturais satildeo medidas essenciais pois
podem determinar o padratildeo de alguns tipos de rios do passado e desta forma caracterizar o
tipo de sistema fluvial
8
Tabela 1- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais
Fonte Modificado de (Miall 1985 apud Miall 2006)
9
Figura 3- Elementos arquiteturais externos de canal fluvial Fonte (Miall 1996)
221 Hierarquia das superfiacutecies limitantes
De acordo com Miall (1988 1996) existem pelo menos seis ordens de superfiacutecies
limiacutetrofes em sistemas fluviais que separam elementos arquiteturais (Figura 4) Estas satildeo
caracterizadas como superfiacutecies de natildeo deposiccedilatildeo ou erosatildeo representando periacuteodos de tempo
desde alguns minutos ateacute milhares de anos (Miall 1988) Allen (1980) estendeu o conceito de
superfiacutecies limitantes de pequena e grande escala em depoacutesitos eoacutelicos para sistemas
marinhos desenvolvendo modelos teoacutericos para explicar a formaccedilatildeo de sandwaves e
superfiacutecies limiacutetrofes em regimes dominados por mareacute Miall (1988) complementou o
trabalho de Allen (1983) a respeito de superfiacutecies limitantes estendendo a classificaccedilatildeo entatildeo
conhecida resultando em uma classificaccedilatildeo de seis ordens da escala menor (1deg ordem) a
maior (6deg ordem)
10
Superfiacutecies de 1ordf ordem Satildeo planas e limitam sets de laminaccedilotildees cruzadas Representam a
sedimentaccedilatildeo contiacutenua da migraccedilatildeo de formas de leito de mesma morfologia
Superfiacutecies de 2ordf ordem A superfiacutecie natildeo apresenta evidecircncias de erosatildeo ou truncamentos
significativos Separam cosets de litofaacutecies diferentes indicando mudanccedila nas condiccedilotildees
de fluxo ou mudanccedilas na direccedilatildeo do fluxo
Superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem Satildeo mencionadas para superfiacutecies limitantes internas e mais
acima de macroformas As de 3ordf ordem satildeo superfiacutecies erosivas existentes dentro das
macroformas (superfiacutecies de reativaccedilatildeo) geralmente truncando estratos cruzados abaixo
Estas se estendem desde o topo ateacute a porccedilatildeo inferior da macroforma com assembleia de
faacutecies e geometrias acima e abaixo da superfiacutecie sendo similares
As superfiacutecies de 4ordf ordem satildeo interpretadas como limite superior de macroformas
separando diferentes assembleias de faacutecies acima e abaixo Satildeo paralelas que truncam em
baixo acircngulo as superfiacutecies de ordem menor se assemelhando a clinoformas siacutesmicas
Superfiacutecies de 5ordf ordem Superfiacutecies que limitam grandes lenccediloacuteis de areia incluindo
complexos de preenchimento de canais Satildeo planas ou levemente cocircncavas sendo
relacionada a migraccedilatildeo eou incisatildeo lateral de canais fluviais
Superfiacutecies de 6ordf ordem Superfiacutecies que caracterizam subdivisotildees estratigraacuteficas
mapeaacuteveis de uma unidade fluvial com grande extensatildeo lateral Delimitam grupos de
canais e paleovales e marcam mudanccedilas relacionadas ao niacutevel de base estratigraacutefica
11
Figura 4- Hierarquia das superfiacutecies limiacutetrofes em sistemas fluviais A ordem das superfiacutecies
aumenta conforme os nuacutemeros nos ciacuterculos (Miall 1996)
12
23 ANAacuteLISES COMPLEMENTARES
231 Anaacutelise petrograacutefica
A anaacutelise petrograacutefica das amostras de arenito foi realizada em sete seccedilotildees delgadas
das faacutecies mais representativas para este estudo Satildeo elas arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada
da associaccedilatildeo de faacutecies fluvial e em arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante nas
associaccedilotildees de frente deltaacuteica e de plataforma de mareacute e onda Para a classificaccedilatildeo destes
arenitos foi adotada a metodologia de Folk (1968) baseada na descriccedilatildeo de constituintes
textura e faacutebrica da rocha com contagem de 300 pontos (Galenhouse 1971) em cada seccedilatildeo
para melhor quantificaccedilatildeo dos seus constituintes
As amostras selecionadas para esta anaacutelise foram 8 sendo A1 a A6 correspondendo
a arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de
onda e mareacute (AF3) A7 a arenitos com estratificaccedilatildeo tabular (Atb) da associaccedilatildeo de fluvial
entrelaccedilado (AF1) e A8 denotando arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) nos
depoacutesitos de frente deltaacuteica (AF2)
A identificaccedilatildeo das principais feiccedilotildees e relaccedilotildees entre os constituintes dos arenitos
foram obtidas em microscoacutepio petrograacutefico LEICA DM 2700 P com cacircmera acoplada LEICA
MC 170 HD no Laboratoacuterio de Petrografia Sedimentar do Grupo de Anaacutelise de Bacias
Sedimentares da Amazocircnia (GSED) da Universidade Federal do Paraacute
232 Difratometria de raios- X
A teacutecnica de anaacutelise de Difraccedilatildeo de Raios-X foi aplicada em amostras de folhelhos
da associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e em arenitos com laminaccedilatildeo
cruzada cavalgante da associaccedilatildeo de plataforma de mareacute e onda (AF3 A1 e A2) Esta anaacutelise
foi realizada no laboratoacuterio de Difraccedilatildeo de Raio-X do Instituto de Geociecircncias da
Universidade Federal do Paraacute (UFPA) atraveacutes dos meacutetodos do poacute total e em lacircminas de
argilas orientadas O difratocircmetro utilizado foi o XrsquoPert MPD-PRO PANalytical equipado
com acircnodo de Cu (λ=15406) com a finalidade de identificar as assembleacuteias minerais de cada
rocha O software XrsquoPert HighScore Plus auxiliou na identificaccedilatildeo dos minerais atraveacutes da
compraccedilatildeo dos resultados obtidos com as fichas do banco de dados do International Center
on Diffraction Data (ICDD)
13
CAPIacuteTULO 3 CONTEXTO GEOLOacuteGICO
A Bacia do Parnaiacuteba estaacute inserida na Proviacutencia Parnaiacuteba e abrange uma aacuterea total de
668858 kmsup2 com depocentro que atinge cerca de 3500 m e embasamento continental
fortemente estruturado representado por rochas formadas ou retrabalhadas no Ciclo
Brasiliano (Cunha 1986 Goacutees amp Feijoacute 199 Milani amp Zalaacuten 1999 Vaz et al 2007) Ainda
tomografias realizadas na aacuterea desta bacia intracratocircnica indicam uma listosfera com
espessura entre 150 e 180 km (McKenzie amp Priestley 2016) A Proviacutencia Parnaiacuteba coincide
com a denominaccedilatildeo proposta por Goacutees (1995) de Proviacutencia Sedimentar do Meio-Norte
proposta esta que foi pautada na compreensatildeo tectono-sedimentar e na evoluccedilatildeo policiacuteclica da
bacia que favorecem a delimitaccedilatildeo de bacias diferentes
A Proviacutencia do Parnaiacuteba desenvolveu-se acima de um substrato composto por rochas
metamoacuterficas advindas de processos tectonomagmaacuteticos relacionadas ao Estaacutedio de
Estabilizaccedilatildeo da Plataforma Sul-Americana (Almeida amp Carneiro 2004) que agiram ateacute o
Mesoproterozoacuteico onde instalaram-se grabens preenchidos no Neoproterozoacuteico (Formaccedilatildeo
Riachatildeo) e Cambro-Ordoviciano (Formaccedilatildeo Mirador) (Goacutees et al 1992) Segundo Daly et al
(2014) o embasamento desta bacia eacute composto por trecircs unidades crustais A Proviacutencia
Borborema ao leste o Bloco Parnaiacuteba ao centro o cinturatildeo Araguaia e o Craacuteton Amazocircnico
ao oeste A natureza da sedimentaccedilatildeo da Bacia do Parnaiacuteba eacute principalmente siliciclaacutestica
com ocorrecircncias de calcaacuterio anidrita e siacutelex aleacutem de rochas magmaacuteticas
A regiatildeo da Proviacutencia do Parnaiacuteba eacute limitada ao norte pelo Arco Ferrer-Urbano ao
leste pela Falha de Tauaacute a sudeste pelo lineamento Senador Pompeu a oeste pelo
Lineamento Tocantins-Araguaia e a noroeste pelo Arco Capim As principais feiccedilotildees morfo-
estruturais que a compartimentam satildeo a Estrutura Xambioaacute o Arqueamento do Alto Parnaiacuteba
o Lineamento Transbrasiliano o Lineamento Rio Parnaiacuteba o Lineamento Rio Grajauacute e o
sistema de lineamentos orientados com direccedilatildeo NW-SE (Figura 5 Goacutees 1990) Segundo Vaz
et al (2007) as principais estruturas da bacia os lineamentos Picos Santa-Inecircs Marajoacute-
Parnaiacuteba e o Lineamento Transbrasiliano (mais proeminente na bacia) foram importantes nos
estaacutegios iniciais da bacia e durante sua evoluccedilatildeo em funccedilatildeo do direcionamento dos eixos
deposicionais na bacia
14
Figura 5- Proviacutencia Parnaiacuteba composta pelas quatro bacias deposicionais nordeste do Brasil Fonte (Silva et al
2003 modificado de Goacutees 1995)
Goacutees amp Feijoacute (1994) dividiram a Bacia do Parnaiacuteba em cinco sequecircncias principais
de segunda ordem representadas por grupos correlacionaacuteveis a ciclos tectocircnicos de caraacuteter
global (Goacutees et al 1992) Satildeo elas Sequecircncia Siluriana (Grupo Serra Grande) Sequecircncia
Devoniana (Grupo Canindeacute) Sequecircncia Carboniacutefero-Triaacutessica (Grupo Balsas) Sequecircncia
Juraacutessica (Grupo Mearim) e Sequecircncia Cretaacutecea (Formaccedilotildees Grajauacute Codoacute e Itapecuru) Vaz
et al (2007) sugeriram a compartimentaccedilatildeo desta Bacia em cinco supersequecircncias
delimitadas por discordacircncias regionais oriundas de flutuaccedilotildees dos niacuteveis eustaacuteticos dos
mares do Eopaleozoico poreacutem adotaremos a proposta de Goacutees amp Feijoacute (1994)
31 GRUPO CANINDEacute
O Grupo Canindeacute agrupava inicialmente as formaccedilotildees Pimenteiras Cabeccedilas e
Longaacute Posteriormente Caputo amp Lima (1984) adicionaram a Formaccedilatildeo Itaim e Goacutees et al
(1992) incluiacuteram a Formaccedilatildeo Poti ao grupo
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Figura 6- Detalhe da carta litoestratigraacutefica da Bacia do Parnaiacuteba com enfoque para o intervalo do final do
Grupo Canindeacute e iniacutecio do Grupo Balsas (Goacutees amp Feijoacute 1994)
A Formaccedilatildeo Itaim eacute caracterizada por arenitos finos a meacutedios e folhelhos
bioturbados formados em ambientes deltaicos e plataformais dominados por processos de
mareacute e tempestade (Della Faacutevera 1990 Goacutees amp Feijoacute 1994) A Formaccedilatildeo Pimenteiras eacute
composta por folhelhos negros bioturbados e localmente intercalados com arenitos e siltitos
que registram ambiente plataformal raso dominado por tempestades (Della Faacutevera 1990) A
Formaccedilatildeo Cabeccedilas eacute caracterizada por arenitos finos a grossos localmente intercalados com
folhelhos ou deformados e tilitos Estes depoacutesitos registram ambientes deltaicos e
plataformais influenciados por tempestades aleacutem de ambientes glaciais a periglaciais
(Barbosa et al 2015 Caputo 1984 Della Faacutevera 1990 Ponciano amp Della Faacutevera 2009) A
Formaccedilatildeo Longaacute eacute composta principalmente por folhelhos e siltitos bioturbados com raras
lentes de arenitos que registram ambientes plataformais dominados por tempestades (Caputo
1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Lobato amp Borghi 2014 Rodrigues 2003)
A atividade magmaacutetica na Bacia do Parnaiacuteba possui trecircs fases A primeira no
Cambro-Ordoviciano precede a formaccedilatildeo da bacia caracterizada por granitos e vulcacircnicas do
Jaibaras (Oliveira amp Mohriak 2003 apud Daly et al 2018) No entanto Cerri et al (2020)
discorda desta hipoacutetese sugerindo que durante o intervalo de erosatildeonatildeo deposiccedilatildeo entre o
fim da Bacia do Jaibaras e o iniacutecio da Bacia do Parnaiacuteba ocorreu um ciclo completo de
erosatildeo mudanccedilas nos sistemas deposicionais e modificaccedilotildees em todas as aacutereas fontes
Portanto sinais de proveniecircncia revelam que natildeo existe relaccedilatildeo de causa e efeito entre a
deposiccedilatildeo do rift do Jaibaras e das sequecircncias do Parnaiacuteba (Cerri et al 2020)A segunda e
terceira fase ocorrem apoacutes o estabelecimento da bacia no Mesozoico representada pela
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Formaccedilatildeo Mosquito e no Cretaacuteceo pela Formaccedilatildeo Sardinha (Daly et al 2018 Vaz et al
2007) Estas duas uacuteltimas tecircm sua origem dada pelo estabelecimento de um novo estaacutedio
tectocircnico ativo no Brasil apoacutes a ruptura do Pangea que levaria a abertura do Oceano
Atlacircntico com surgimento de fraturas eventos distensionais remobilizaccedilatildeo de antigas falhas e
intenso magmatismo baacutesico (Almeida amp Carneiro 2004 Vaz et al 2007 Zalaacuten 2004)
32 FORMACcedilAtildeO POTI
A denominaccedilatildeo Poti foi primeiramente proposta por Paiva (1937) para depoacutesitos
siliciclaacutesticos que ocorriam entre as profundidades 219-566m do poccedilo 125 do DNPM
perfurado proacuteximo a cidade de Teresina Piauiacute Campbell (1949) restringiu a Formaccedilatildeo Poti
ao intervalo 219-423m do mesmo poccedilo determinando uma espessura de 204 metros para esta
formaccedilatildeo Conforme mapas de isoacutepacas a Formaccedilatildeo Poti possui espessura maacutexima de 300
metros (Caputo 1984 Cunha 1986 Goacutees 1995)
Litologicamente eacute caracterizada pela predominacircncia de arenitos finos a meacutedios
intercalados subordinamente com siltitos e folhelhos (Lima amp Leite 1978 Ribeiro 2000)
depositados em ambientes fluacutevios-deltaacuteicos com accedilatildeo de tempestade e mareacute (Goeacutes 1995
Ribeiro 2000 Schobbenhaus et al 1984) Diamictitos dropstones e arenitos com
deformaccedilotildees sin-sedimentares descritos em afloramentos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem na
porccedilatildeo oeste e sudeste da bacia foram interpretados como registro de depoacutesitos fluacutevio-
glaciais a periglaciais (Andrade 1972 Caputo 1985 Caputo et al 2006 ab Caputo et al
2008 Della Faacutevera amp Uliana 1979)
O contato entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti eacute geralmente descrito como concordante
podendo ser localmente gradacional e litologicamente brusco (Lima amp Leite 1978) Caputo
(1984) descreve este contato como de caraacuteter concordante na porccedilatildeo central da bacia e
discordante nas bordas Goacutees (1995) interpreta o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti como
pertencentes a uma uacutenica sequecircncia deposicional composta por depoacutesitos deltaicoestuarinos
plataformal litoracircneos e fluvial em um sistema regressivo de costa progradante Na borda leste
da bacia Lobato amp Borghi (2007 2014) descrevem o limite entre estas formaccedilotildees como uma
superfiacutecie discordante erosiva interpretada como o limite de sequecircncia de 3ᵃ ordem Dessa
forma a discordacircncia de caraacuteter regional entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti descrita por Vaz et
al (2007) estaria restrita as bordas da bacia
Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram trecircs sistemas deposicionais para a base
da Formaccedilatildeo Poti marinho deltaico dominado por onda e fluacutevio-deltaico Segundo estes
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autores estes sistemas se implantaram apoacutes a discordacircncia que separa a Formaccedilatildeo Poti da
Formaccedilatildeo Longaacute e retratam um ciclo transgressivo-regressivo poacutes-glacial pontuado por
novos episoacutedios de regressatildeo forccedilada Segundo Mabesoone amp Neumann (2005) movimentos
tectocircnicos leves durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos da Formaccedilatildeo Longaacute causaram pequenos
avanccedilos do mar que resultaram na deposiccedilatildeo de areias litoracircneas na porccedilatildeo inferior da
Formaccedilatildeo Poti (Struniano-Viseano) Lobato amp Borghi (2007 2014) interpretaram a superfiacutecie
discordante como tectocircnica produto de um rebound isostaacutetico enquanto que as superfiacutecies de
regressatildeo forccedilada que limitam as sequecircncias de menor ordem seriam em parte glaacutecio-
eustaacuteticas Esta superfiacutecie discordante envolve um hiato deposicional entre Tournaisiano
Superior e o Viseano Inferior (Melo amp Loboziak 2000) Apoacutes este periacuteodo no iniacutecio do
Carboniacutefero Superior o mar se retirou rapidamente da aacuterea quando um novo episoacutedio de
soerguimento teve iniacutecio (Mabesoone amp Neumann 2005) Este episoacutedio foi marcado pelo
recuo da linha de costa e expocircs a planiacutecie costeira que foi retrabalhada pelos rios (Mabesoone
amp Neumann 2005) Assim a porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti eacute marcada por depoacutesitos de
planiacutecie aluvial (Mabesoone amp Neumann 2005)
Paiva (2018) descreve sistemas deposicionais marinho raso estuarinodeltaico
dominados por mareacute aluvial e deseacutertico organizados em oito sequecircncias deposicionais A
primeira sequecircncia seria uma transiccedilatildeo formacional LongaacutePoti separando depoacutesitos
plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute por rochas de shoreface e offshore do sistema marinho raso
da Formaccedilatildeo Poti Em sequecircncia identificou seis sequecircncias de alta frequecircncia (de 2ordf e 3ordf
ordem) marcada pela mudanccedila abrupta de faacutecies de sistemas fluacutevio estuarinos a fluacutevio-
deseacutertico com a Formaccedilatildeo Piauiacute ao topo Arauacutejo (2018) verificou a existecircncia dos mesmos
sistemas deposicionais agrupados em seis sequecircncias deposicionais onde os reservatoacuterios de
melhor qualidade diante da anaacutelise de poccedilo seriam os arenitos de shoreface frente deltaica
influenciada por mareacute barras de canais fluacutevio-estuarinos porccedilotildees centrais de barras arenosas
de mareacute e wadis
A presenccedila de uma macroflora terrestre e a ausecircncia de palinomorfos marinhos
sugere ambientes transicionais e continentais para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti que ocorrem
na porccedilatildeo oeste da bacia (Iannuzzi amp Pfefferkorn 2002 Melo amp Loboziak 2000) Nas porccedilotildees
leste e central da bacia a ocorrecircncia de Edmondia um bivalve marinho indica breves
incursotildees marinhas (Kegel 1954) Os dados de palinologia e paleobotacircnica tambeacutem sugerem
paleoclima temperado para a Formaccedilatildeo Poti (Iannuzi 1994) considerando que jaacute no final da
deposiccedilatildeo desta unidade existiriam condiccedilotildees de alta taxa de evaporaccedilatildeo com clima ainda
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mais seco poreacutem razoavelmente frio tornando-se cada vez mais semi-aacuteridas no Pensilvaniano
da Formaccedilatildeo Piauiacute (Goeacutes 1995) Tal paleoclima confere com o encontrado na Formaccedilatildeo Faro
Bacia do Amazonas (Amadou amp Truckenbrodt 1992)
De acordo com estudos palinoloacutegicos (Daemon 1974 Loboziak et al1992) foi
definida idade eocarboniacutefera entre o Tournaisiano e o Viseano para esta formaccedilatildeo sendo
posteriormente sugerido a idade Viseano tardio (Iannuzzi et al 2003 Melo amp Loboziak 2000)
e ratificado por novos dados palinoloacutegicos de subsuperfiacutecie de Pasquo amp Ianuzzi (2014) A
macrofauna estudada por Iannuzzi amp Pfefferkorn (2002) dominada por pteridospermas aleacutem
de licopsiacutedeos arboacutereos e esfenopsiacutedeos apontam idade entre o Viseano Superior e o
Serpukhoviano Inferior Eacute importante salientar que a presenccedila de Cordyosporites
magnidictyus (Daemon 1974) assim como miosporos de Indotriaradites dolianitii satildeo
comuns na Formaccedilatildeo Poti representando bons marcadores estratigraacuteficos para o Viseano em
bacias do nordeste brasileiro podendo ser correlacionada com a Formaccedilatildeo Faro (Melo amp
Loboziak 2018)
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CAPIacuteTULO 4 DESCRICcedilAtildeO DE FAacuteCIES
A sucessatildeo sedimentar aflorante na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do
Piauiacute eacute constituiacuteda pelas formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute e expotildee-se ao longo de drenagens
secas como os riachos Muqueacutem e Saco em cortes de estradas e proacuteximo da Barragem Salinas
Os depoacutesitos alcanccedilam ateacute 28 m de espessura sendo extensos por dezenas de metros em
algumas localidades com acamamentos contiacutenuos lateralmente por ateacute 50 m evidenciados
pela geometria sigmoidal e tabular das camadas Foram descritas 15 faacutecies sedimentares
(Tabela 2) em 9 seccedilotildees colunares (Figura 7) organizadas em trecircs associaccedilotildees de faacutecies
fluvial (AF1) frente deltaica (AF2) e plataforma de mareacute e onda (AF3)
41 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 1 (AF1) ndash FLUVIAL ENTRELACcedilADO
A associaccedilatildeo de faacutecies 1 representa a porccedilatildeo basal da Formaccedilatildeo Poti e aflora ao longo
do riacho do Muqueacutem (Baratildeo do Grajauacute) agraves margens da rodovia BR-230 e nas proximidades
da cidade de Floriano em cotas entre 120 e 178 m Estes depoacutesitos consistem em complexos
de arenitos amalgamados extensos por aproximadamente 50 m em sucessotildees com ateacute 4 m de
espessura em contato erosivo com a Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 8A) A AF1 compreende as
faacutecies folhelho com laminaccedilatildeo planar (Fl) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela (App)
arenito com estratificaccedilotildees cruzadas de baixo acircngulo (Aba) acanalada (Aca) planar (Acp)
tabular (Atb) e tangencial (Atg) e arenito maciccedilo (Am)
Os depoacutesitos fluviais satildeo constituiacutedos por arenitos micaacuteceos com estratificaccedilotildees
cruzada acanalada tabular tangencial e de baixo acircngulo Estas rochas apresentam
granulometria areia meacutedia a grossa composta por gratildeos de quartzo monocristalino (92) com
extinccedilatildeo ondulante moderada a forte quartzo policristalino plagioclaacutesio (4) feldspatos
indiferenciados muscovita contorcidas (lt1) e cutiacuteculas de argila (3) localmente Os
constituintes siliciclaacutesticos satildeo subarredondados a arredondados muito bem selecionados
orientaccedilatildeo preferencial marcada pela muscovita e feldspatos O arcabouccedilo da rocha eacute
sustentado por gratildeos com contatos pontuais em sua maioria cocircncavo-convexos e retos e
ainda porosidade intergranular Os feldspatos comumente estatildeo alterados para argilominerais
Os argilominerais identificados atraveacutes da DRX na amostra de folhelho (A8) foram
esmectitas ilita e caulinita
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Figura 7- Perfis estratigraacuteficos estudados nas regiotildees de Baratildeo do Grajauacute Floriano e Nazareacute do Piauiacute
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Tabela 2- Tabela de Litofaacutecies da Formaccedilatildeo Poti
Faacutecies Descriccedilatildeo Interpretaccedilatildeo
Folhelho com laminaccedilatildeo (Fl) Folhelho de cor cinza-escuro apresentando fissilidade Deposiccedilatildeo de sedimentos por meio de decantaccedilatildeo
em condiccedilotildees de baixa energia
Arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela
(Alp)
Arenito amarelo-claro gratildeos de areia fina a muito fina subarredondados bem selecionados estratificaccedilatildeo plano-paralela e
continuidade lateral
Deposiccedilatildeo de sedimentos em regime de fluxo
superior atraveacutes de fluxo unidirecional trativo
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada de
baixo acircngulo (Aba)
Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados estratificaccedilatildeo
cruzada de baixo acircngulo e lateralmente contiacutenua por 5 metros
Agradaccedilatildeo e migraccedilatildeo de formas de leito
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
acanalada (Aca)
Arenito amarelo-claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada
acanalada
Migraccedilatildeo de formas de leito 3D em regime de fluxo
inferior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
planar (Acp)
Arenito amarelo-claro a escuro com gratildeo de areia meacutedios a grossos subarredondados a arredondados muito bem selecionados e
estratificaccedilatildeo plano-paralela com continuidade lateral que chegam a cruzar no bottom set
Relacionado agrave forma de leito plano em regime de
fluxo superior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
tabular (Atb)
Arenito cinza- claro com gratildeos meacutedios a grossos subarredondados a arredondados bem selecionados com estratificaccedilatildeo cruzada
tabular e geometria tabular
Migraccedilatildeo de forma de leito 2D sob fluxo
unidirecional e regime de fluxo inferior
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
tangencial (Atg)
Arenito cinza-claro com grabulometria meacutedia a grossa subarredondados a arredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada
tangencial que por vezes apresenta foresets com clastos tamanho seixo de quartzo e argila
Migraccedilatildeo e agradaccedilatildeo de formas de leito 2D por
fluxo unidirecional e regime de fluxo inferior
Transporte por traccedilatildeo
Arenito com laminaccedilatildeo ondulada (Alo)
Arenito amarelo-claro de gratildeos muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados com laminaccedilatildeo ondulada
gradando lateralmente para plano-paralela
Deposiccedilatildeo de sedimentos por traccedilatildeo em regime de
fluxo oscilatoacuterio com migraccedilatildeo de formas de leito
onduladas de pequeno porte oriunda da accedilatildeo de
ondas ou correntes
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
sigmoidal (As)
Arenito amarel- claro com gratildeos de areia fina a meacutedia gratildeos subarredondados moderadamente selecionados micaacuteceos exibindo
estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
Migraccedilatildeo formas de leito de meacutedio porte Transiccedilatildeo
entre regime de fluxo inferior e superior em
condiccedilotildees de alta taxa de sedimentaccedilatildeo
Argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela
(Ap)
Argilito de cor cinza-escuro lateralmente contiacutenuas lenticulares com laminaccedilatildeo plano paralela alternando com arenitos gerando
acamamento heteroliacutetico linsen wavy e flaser da base para o topo
Deposiccedilatildeo por decantaccedilatildeo em condiccedilotildees de baixa
energia O acamamento heteroliacutetico estaacute relacionado
a alternacircncia de processos de decantaccedilatildeo de
sedimentos finos e migraccedilatildeo de formas de leito em
um regime de fluxo inferior
Arenito com laminaccedilatildeo cruzada
cavalgante (Alc)
Arenitos com cores amarelo e vermelho com gratildeos de areia muito finos a finos subangulosos a subarredondados bem selecionados
exibindo laminaccedilatildeo cruzada cavalgante com mud drapes nos foresets em ciclos caracterizando tidal bundles Ocorre ainda escape de
fluidos deformaccedilatildeo convoluta no topo da camada estruturas de ball and pillow e pinch and swell Na AF3 localmente gradam para
laminaccedilatildeo sigmoidal
Deposiccedilatildeo de areias por meio de traccedilatildeo e suspensatildeo
com desaceleraccedilatildeo de fluxo associada agrave migraccedilatildeo de
marcas onduladas com crista sinuosa de pequeno
porte As deformaccedilotildees estatildeo relacionadas a
reorganizaccedilatildeo hidroplaacutestica das camadas adjacentes
em funccedilatildeo da diferenccedila de densidade
Arenito maciccedilo (Am) Arenitos amarelo com gratildeos de areia muito finos a meacutedios subangulosos a arredondados (AF1) bem selecionados a muito bem
selecionados com continuidade lateral ausente de estruturas e acamamento maciccedilo Localmente ocorrem escape de fluidos e
acamamentos convolutos
Deposiccedilatildeo raacutepida em condiccedilotildees energeacuteticas
moderada a alta e localmente sobrecarga ou escape
de fluiacutedos
Arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela
(App)
Arenito amarelo-escuro com gratildeos de areia meacutedia a grossa subarredondados a arredondados estratificaccedilatildeo plano-paralela e contiacutenuas
lateralmente
Sedimentos depositados em regime de fluxo superior
atraveacutes de fluxo unidirecional trativo
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
hummocky (Ah)
Arenito amarelo-claro com gratildeos de areia fino subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada hummocky apresentando
laminaccedilotildees internas onduladas com truncamento Possuem 15 cm de espessura e 120 m de amplitude gradando lateralmente para
estratificaccedilatildeo cruzada swaley
Deposiccedilatildeo em condiccedilotildees de alta energia por meio de
correntes trativas sob accedilatildeo de fluxo combinado durante
accedilatildeo de ondas de tempestade
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada
swaley (Aes)
Arenito amarelo-claro com gratildeos finos subarredondados bem selecionados e estratificaccedilatildeo cruzada swaley Accedilatildeo de ondas de tempestade com accedilatildeo de processos
erosivos
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As estratificaccedilotildees satildeo de meacutedio a grande porte com a faacutecies arenito com
estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (Atg) apresentando clastos de quartzo e argila em tamanhos
entre 1 cm e 45 cm nos foresets (Figura 8B) Arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada de baixo
acircngulo (Aba) tendem a gradar lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela
(App) Estratos com estratificaccedilatildeo cruzada tabular (Atb) apresentam segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica (Figura 8C) As paleocorrentes medidas nos foresets de estratificaccedilotildees
cruzadas indicam orientaccedilatildeo preferencial para NW Camadas de folhelho cinza-escuro (faacutecies
Fl) com espessura de 10 cm ocorrem como lentes entre arenitos com estratificaccedilatildeo plano-
paralela e estratificaccedilatildeo cruzada tangencial e tabular
Sete elementos arquiteturais internos de canal fluvial (Tabela 3) foram identificados
para estes depoacutesitos baseados na anaacutelise bi e tridimensional dos afloramentos referentes a
AF1 bem como na granulometria de gratildeos composiccedilatildeo da forma de leito sequecircncia interna e
principalmente geometria (Miall 1985 1988 1996) Satildeo eles elemento de acreccedilatildeo frontal
(AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de
preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL)
As extensas exposiccedilotildees descritas mostram unidades de litofaacutecies intercalados e
superpostos entre si formando formas de barras complexas O litossoma de acreccedilatildeo frontal
(AF) satildeo corpos arenosos com espessura entre 2 e 4 m e 30 m de extensatildeo limitado por
superfiacutecie de 4ordf ordem (Figura 8D) As litofaacutecies caracteriacutesticas satildeo Arenito com
estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e
tangencial (Atg) limitados por sets de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies limitantes apresentam
mergulhos entre 337deg e 360deg para NW denotando mesma direccedilatildeo das superfiacutecies limitantes
com os estratos cruzados
O elemento acreccedilatildeo lateral (AL) ocorre limitado por superfiacutecies de 4ordf ordem com
espessura meacutedia de 3 m e 15 m de extensatildeo composto por conjuntos de sets com superfiacutecies
de 1ordf e 2ordf ordem inclinadas com direccedilotildees entre 349deg a 40deg para NW e estratos cruzados
limitados por elas com mergulho para SE (Figura 9A e 9B) Para diferenciar este elemento
arquitetural de AF visto que ocorrem de outras formas muito similares foi considerada a
direccedilatildeo de mergulho entre as superfiacutecies limiacutetrofes de 1ordf e 2ordf ordem e os estratos cruzados
Allen (1965 1970) e Miall (1985 1996 2006) citam que a principal forma de diferenciar os
elementos AF e AL estaacute baseada na diferenccedila de orientaccedilatildeo entre as superfiacutecies de acreccedilatildeo e
os estratos cruzados O elemento AL tem geometria e composiccedilatildeo variaacutevel dependendo da
geometria do canal e da carga sedimentar este elemento eacute menos proeminente em rios
23
entrelaccedilados As litofaacutecies que representam este elemento satildeo Arenito com estratificaccedilotildees
cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) baixo acircngulo (Aba) tabular (Atb) tangencial (Atg) e
estratificaccedilatildeo plano-paralela Depoacutesitos de areia meacutedia ou areia grossa apresentam uma
grande variedade de litofaacutecies refletindo formas de leito vigorosas e progradaccedilatildeo de barras
Acamamentos com este elemento AL satildeo complexos e podem esconder a geometria acrescida
lateralmente subjacente (Miall 1985 2006)
Figura 8- Associaccedilatildeo de faacutecies fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti A Contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Longaacute
sotoposta ao fluvial da Formaccedilatildeo Poti na cidade de Floriano (P7 conforme os pontos de localizaccedilatildeo da Fig1 e
Fig7) B Clastos de argila e quartzo nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada tangencial (P1) C Segregaccedilatildeo
granulomeacutetrica em foresets cruzados (P1) D Elemento arquitetural de acreccedilatildeo frontal (AF) com concordacircncia
da direccedilatildeo de estratos cruzados e superfiacutecies limitantes sugerindo migraccedilatildeo preferencialmente frontal nesta
porccedilatildeo do canal (P1) As siglas destas faacutecies satildeo descritas na tabela 2
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A arquitetura de canal (CH) tem forma cocircncava e eacute limitada por superfiacutecies (por
vezes erosivas) de vaacuterias ordens (1ordf 2ordf 3ordf e 4ordf ordem) em diversas escalas chegando a mais
extensa a atingir 105 metros de extensatildeo por 22 metros de altura Trecircs elementos de canal
limitados por superfiacutecies de 4ordf foram descritos e individualizados de acordo com sua
granulometria estruturas sedimentares e configuraccedilatildeo externa (Figuras 9B e 10) Canais
migrantes (CHm) canais de preenchimento (CHp) e canais alternantes (CHa) As principais
litofaacutecies satildeo a estratificaccedilatildeo cruzada acanalada (Aca) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp)
Os canais satildeo componentes comuns em vaacuterios estilos de sistemas fluviais e ocorrem tanto
com geometria assimeacutetrica quanto simeacutetrica nos afloramentos da Formaccedilatildeo Poti
Os canais migrantes (CHm) satildeo constituiacutedos por areia meacutedia a grossa com
estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de larga escala e cruzada planar com geometria assimeacutetrica
(Figura 10) relacionada a migraccedilatildeo lateral e erodida pelo elemento sobreposto limitada por
superfiacutecies de 2ordf e 4ordf ordem As estruturas sedimentares juntamente com a escala do canal
sugerem energia moderada O elemento de canal alternante (CHa) possui granulometria meacutedia
a grossa em arenitos com estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) e planar (Acp) limitados
por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem As superfiacutecies basais satildeo relativamente simeacutetricas composta
por formas de leito multilaterais por vezes erodindo o adjacente resultante de fluxos
alternados O elemento de canal de preenchimento (CHp) conteacutem arenitos meacutedios a grossos
com menos estratos cruzados que os elementos de canal anteriores Eacute limitado em sua base
por superfiacutecies de 3ordf e 4ordf ordem com extensatildeo de 131 m e 190 m preenchimento
concecircntrico (Gibling 2006) e arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada na base passando
para cruzada planar ao topo e localmente arenito maciccedilo sendo interpretado como
preenchimento de um canal menor interno ao cinturatildeo de canais (Miall 1988)
As formas de leito arenosas (FA) tem forma de lenccediloacuteis com dimensotildees que
compreendem 36 m de altura por 9 m de extensatildeo (Figura 9A) limitados por superfiacutecies de
4ordf ordem Eacute divido por sets por vezes amalgamados que conteacutem as litofaacutecies arenito com
estratificaccedilotildees cruzada acanalada (Aca) planar (Acp) tabular (Atb) baixo acircngulo (Aba) e
tangencial (Atg) separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem suavemente inclinadas no sentido
para NW gradando lateralmente para o elemento AL As formas de leito arenosas (FA) satildeo
interpretadas como elemento interno ao canal fluvial oriunda da migraccedilatildeo e cavalgamento de
dunas subaquaacuteticas em partes mais rasas do canal (Miall 1996 2006)
Os lenccediloacuteis de areia laminados (LL) tem geometria em lenccedilol (Figura 9B) com
espessura 175 m e 30 m de extensatildeo com arenito com laminaccedilatildeo plano-paralela (App)
25
gradando lateralmente para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) Esta unidade
arquitetural eacute limitada acima por uma superfiacutecie de 4ordf ordem interpretada como produto de
deposiccedilatildeo arenosa de enchentes em condiccedilotildees de regime de fluxo superior em leito plano
(Miall 1977 1984b Tunbridge 1981 1984 Sneh 1983 apud Miall 2006) A gradaccedilatildeo de
arenito com estratificaccedilatildeo plano paralela (App) para arenito com estratificaccedilatildeo cruzada planar
(Acp) estaacute relacionada ainda com a diminuiccedilatildeo das condiccedilotildees de fluxo no fim do evento de
enchentes
Tabela 3- Elementos arquiteturais internos de canais fluviais da Formaccedilatildeo Poti na regiatildeo de Baratildeo do Grajaacuteu
26
Figura 9- Elementos Arquiteturais do Rio Muqueacutem Formaccedilatildeo Poti (P1) A Formas de leito arenosas composta pelas faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada planar e
baixo acircngulo separadas por superfiacutecies de 1ordf e 2ordf ordem gradando a SE para a arquitetura de acreccedilatildeo frontal com superfiacutecies limiacutetrofes com direccedilotildees divergentes dos estratos
cruzados dominantes Camadas centimeacutetricas de folhelhos podem ser observadas entre sets de estratos cruzados B Quatro elementos arquiteturais foram identificados Lenccediloacuteis
de areia laminado (LL arenitos com laminaccedilatildeo planar e estratificaccedilatildeo cruzada planar) ocorrem na porccedilatildeo basal do afloramento sendo contiacutenuo lateralmente por aproximadamente
30 metros limitado acima por superfiacutecie de 4ordf ordem Canal (CH) com forma geomeacutetrica cocircncava evidente limitado por superfiacutecie de 3ordf e 1ordf ordem gradando para o elemento de
acreccedilatildeo lateral (AL) para SE limitado por superfiacutecie de 4ordf ordem
27
Figura 10- Classificaccedilatildeo dos elementos arquiteturais de canal da exposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti (P1) Canal de
preenchimento (CHp) com acreccedilatildeo vertical limitado por superfiacutecies de 1ordf 3ordf e 4ordf ordem Canal de migraccedilatildeo
(CHm) com migraccedilatildeo lateral e forma assimeacutetrica Canal alternante (CHa) com migraccedilatildeo bilateral forma
relativamente simeacutetrica e superfiacutecies de reativaccedilatildeo
411 Interpretaccedilatildeo
Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF1 apresentam dominacircncia de arenitos com
estratificaccedilotildees cruzada tabular acanalada e de baixo acircngulo com ocorrecircncia subordinada de
lentes descontiacutenuas de pelitos As camadas de arenitos exibem geometria geralmente tabular e
um padratildeo de granodecrescecircncia ascendente Segundo a classificaccedilatildeo proposta de Miall
(1977) estes depoacutesitos satildeo caracteriacutesticos de rios do tipo entrelaccedilado (Figura 11) os quais
apresentam canais largos baixa sinuosidade com um ou mais canais sendo favorecido pela
presenccedila de carga de fundo com granulaccedilatildeo grossa grande variabilidade na descarga e
facilidade de erosatildeo das margens (Miall 1981) O acuacutemulo da carga de fundo propicia a
formaccedilatildeo de barras arenosas que obstruem a corrente e a ramificam com aumento do
suprimento detriacutetico (Miall 1981) A formaccedilatildeo de rios entrelaccedilados tambeacutem eacute relacionada a
condiccedilotildees climaacuteticas e a presenccedila de vegetaccedilatildeo (Kasse e al 2005 Miall 1981 Piegay et al
2009) Em condiccedilotildees climaacuteticas mais uacutemidas o niacutevel do lenccedilol freaacutetico mais proacuteximo agrave
superfiacutecie contribui para sedimentaccedilatildeo mais prolongada ao contraacuterio de regiotildees aacuteridas onde
28
o lenccedilol freaacutetico mais profundo resulta em sedimentaccedilatildeo limitada a chuvas torrenciais (Miall
1991)
O modelo de rio entrelaccedilado do tipo Saskatchewan Sul proposto por Miall (1977) eacute o
que mais se assemelha aos depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti Este modelo fluvial consoante
com as caracteriacutesticas litoloacutegicas e arquiteturais condiz com um fluvial entrelaccedilado
relativamente profundo perene com baixa sinuosidade (modelo 10 de Miall 1985 2006) Este
modelo ocorre em rios entrelaccedilados com canais ativos e ciclos dominados por sedimentaccedilatildeo
arenosa (Miall 1981) O fluvial entrelaccedilado eacute marcado pela existecircncia de macroformas com
geometrias de acreccedilatildeo (AF e AL) geralmente limitadas por superfiacutecies de 4ordf ordem diferente
de rios com acamamentos tabulares tiacutepicos de entrelaccedilados rasos (Miall 1985 2006) e baixa
ocorrecircncia de depoacutesitos de overbank devido ao baixo potencial de preservaccedilatildeo em virtude da
instabilidade do canal (Miall 1988 2006) O elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) eacute comum em
rios entrelaccedilados bem como canais secundaacuterios (Brierley 1996) Ambos litossomas de
acreccedilatildeo frontal (AF) e acreccedilatildeo lateral (AL) podem ocorrer em diferentes partes da mesma
barra complexa
No elemento de canais (CHm) a geometria assimeacutetrica da migraccedilatildeo de canais estaacute
relacionada a migraccedilatildeo lateral de acamamentos unidirecionais (Cant amp Walker 1978) A
migraccedilatildeo destes acamamentos foi desenvolvida proacutexima a barras compostas (compound bars)
com relativa alta sinuosidade no flanco do canal (Miall 1988) Nos elementos CHa e CHp a
presenccedila de granulometria meacutedia a grossa arenito com estratificaccedilatildeo cruzada acanalada de
meacutedio a grande porte e o empilhamento das formas de leito sugerem fluxos de alta
velocidade (Li et al 2015) No caso dos afloramentos estudados na Formaccedilatildeo Poti ocorrem
complexos de preenchimento de canais formados pelas migraccedilotildees laterais de canais
As litofaacutecies do elemento de Lenccediloacuteis Laminados (LL) arenito com laminaccedilatildeo
horizontal (App) e estratificaccedilatildeo cruzada planar (Acp) tipicamente indicam fluxo de regime
superior que caracterizam rios que satildeo submetidos a descargas sedimentares sazonais em
fluxos superficiais em rios entrelaccedilados (Miall 1988)
A faacutecies de granulometria fina como Fl forma-se nos canais no periacuteodo de mais
baixa energia quando a descarga diminuiu Estas faacutecies podem se desenvolver ainda
relacionadas agrave planiacutecie de inundaccedilatildeo de canais fluviais entrelaccedilados em periacuteodo de descarga
elevada (Smith 1970) As medidas de paleocorrentes dominantes para NW estatildeo condizentes
29
com os trabalhos de Goacutees (1994) e Lima amp Leite (1978) que indicam aacutereas fontes para SE
(Figura 9)
As evidecircncias de paleocorrentes indicam que as direccedilotildees principais de fluxo em
elementos arquiteturais individuais variam entre 214deg e 32deg azimute Quatro dos sete
elementos apresentam medidas com orientaccedilotildees principais tendo 20deg do principal azimute
total Com um caacutelculo de 29 leituras no afloramento da Formaccedilatildeo Poti obteve-se uma meacutedia
de 324deg azimute com magnitude de vetor em 95 As medidas de dip direction das
superfiacutecies limitantes de 1deg a 4deg ordem mostram uma tendecircncia similar entre 290deg e 39deg o que
pode ser interpretado como ambiente fluvial de baixa sinuosidade
Figura 11- Modelo fluvial esquemaacutetico dos principais elementos arquiteturais encontrados nos afloramentos da
Formaccedilatildeo Poti Os elementos LL e FA estatildeo inseridos no interior dos canais enquanto que as arquiteturas AF e
AL ocorrem nas aacutereas arenosas Tais elementos em conjunto sugerem um sistema entrelaccedilado dominado por
avulsotildees de canais ativos
42 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 2 (AF2) ndash FRENTE DELTAICA
A associaccedilatildeo de faacutecies de frente deltaacuteica da Formaccedilatildeo Poti ocorre sobreposta aos
depoacutesitos fluviais entrelaccedilados (AF1) e aos folhelhos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura
12) Estatildeo expostas em cortes de estrada e ao longo de leito de rios intermitentes as margens
da rodovia BR-230 bem como na Barragem SalinasPI nos municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e
de Nazareacute do Piauiacute A AF2 tem 19 m de espessura com camadas lateralmente contiacutenuas por
centenas de metros exibindo geometria tabular e sigmoidal Tanto o contato inferior com os
30
depoacutesitos da Formaccedilatildeo Longaacute (Figura 12) e depoacutesitos fluviais (AF1) e superior com a
associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) tecircm caraacuteter abrupto (Figura 13A)
As principais faacutecies satildeo arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) arenito com
laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo
(Am)
Estas camadas estatildeo organizadas em ciclos de raseamento ascendente (1 a 3 m de
espessura) com arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Figura 13B) ondulada ou
maciccedilo em sua base e arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal no topo (Figuras 13 C)
Tais ciclos (Figura 14 A) exibem geometria lobada (Figura 13D) Arenitos maciccedilos ocorrem
em camadas tabulares e lobadas localmente exibindo acamamentos convolutos (Figura 14B-
C) Os arenitos satildeo classificados como subarcoacutesios com gratildeos entre areia fina a meacutedia
subangulosos a subarredondados e bem selecionados Os constituintes em geral satildeo quartzos
monocristalinos com extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (90) feldspatos indiferenciados
(5) plagioclaacutesio (3) microclina (1) muscovita deformada e cimento de oacutexido-
hidroacutexido de Fe (lt1) O arcabouccedilo da rocha eacute sustentado por gratildeos com contatos
predominantemente cocircncavo-convexos e mais raramente retos e pontuais com porosidade
intergranular Feldspatos comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade
intragranular Medidas de paleocorrentes nos foresets de estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
mostram paleocorrentes preferenciais para NW
Figura 12- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) Contato entre os depoacutesitos da frente deltaica
(Formaccedilatildeo Poti) e os de plataforma da Formaccedilatildeo Longaacute proacuteximo a cidade de Nazareacute do Piauiacute (porccedilatildeo leste da
aacuterea de estudo P9)
31
Figura 13- Associaccedilatildeo de faacutecies de Frente deltaica (AF2) A Contato de caraacuteter abrupto dos depoacutesitos deltaicos
(AF2) com a associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma por onda e mareacute (AF3 P8) B laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
(Alc) C Estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) com laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes (Alc) e laminaccedilotildees
convolutas na porccedilatildeo basal Paleocorrentes de estratos cruzados com sentido principal para NW D Geometria
lobada frequentemente encontrada nos depoacutesitos deltaicos nas aacutereas de estudo
32
Figura 14- A Ciclos com camadas compostas de arenito com laminaccedilatildeo cruzada (Alc) arenito com
estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) e arenito maciccedilo (Am P6) B Laminaccedilatildeo convoluta na base de lobos
deltaicos na regiatildeo de Baratildeo do Grajauacutem (P6) C Convoluccedilatildeo em camada de arenito maciccedilo com geometria
lobada Floriano Piauiacute (P8)
421 Interpretaccedilatildeo
Deltas satildeo classificados principalmente em termos de granulometria dominante e da
importacircncia relativa de processos fluviais por onda e mareacute (Bhattacharya 2006 2010) Nesta
associaccedilatildeo de faacutecies natildeo houve exposiccedilatildeo de litofaacutecies indicativas de retrabalhamento por
mareacute sendo a maior influecircncia por correntes unidirecionais Faacutecies referentes agrave frente
deltaicas satildeo comumente depositadas em aacuteguas rasas e portanto recebem maior influecircncia de
processos gerados por ondas e correntes com depoacutesitos arenosos relativamente bem
selecionados (Bhattacharya amp Walker 1992 Nichols 2009)
33
As faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal (As) laminaccedilotildees cruzada
cavalgante (Alc) laminaccedilatildeo ondulada (Alo) e maciccedilo (Am) estatildeo dispostas em camadas com
geometria sigmoidal que exibem ciclos de granocrescecircncia ascendente e espessamento para o
topo indicando depoacutesitos de frente deltaica (Bhattacharya amp Walker 1992 Della Faacutevera
2001) O raseamento ascendente e a granocrescecircncia ascendente satildeo caracteriacutesticas
importantes para a distinccedilatildeo de uma sucessatildeo deltaica (Nichols 2009) juntamente com a
geometria lobada
A predominacircncia de faacutecies de lobos sigmoidais como os da Formaccedilatildeo Poti sugere
semelhanccedila com a arquitetura de foresets e bottomsets dos deltas tipo Gilbert (Della Faacutevera
2001 Gobo et al 2015) Os foresets satildeo basicamente as faacutecies de arenito com estratificaccedilatildeo
cruzada sigmoidal que se desenvolve em lobos e tem sua gecircnese relacionada agrave raacutepida
desaceleraccedilatildeo do fluxo em condiccedilotildees homopicnais com progressivo aumento do aporte
sedimentar Sua deposiccedilatildeo ocorre proacutexima agrave desembocadura onde fluxos pouco densos
manteacutem parte dos sedimentos em suspensatildeo gerando uma geometria de lobos sigmoidais
(Della Faacutevera 1984 2001) Arenitos maciccedilos (Am) podem ser resultantes de processos
secundaacuterios como escape de aacutegua que obliteraram parcial ou completamente as estruturas
primaacuterias (Della Faacutevera 2001) Corroboram com esta interpretaccedilatildeo a presenccedila de porccedilotildees com
acamamento convoluto associado agraves camadas de arenito maciccedilo As faacutecies de bottomsets
arenitos com laminaccedilotildees cruzada cavalgante e laminaccedilatildeo ondulada indicam accedilatildeo de correntes
e ondas que retrabalham os sedimentos depositados na frente do delta e que satildeo recobertos
durante a progradaccedilatildeo do lobo deltaico Rodrigues (2003) descreveu a presenccedila de
estratificaccedilatildeo cruzada hummocky nos depoacutesitos deltaicos da Formaccedilatildeo Poti o que sugere que
a frente deltaica foi retrabalhada por tempestade
Faacutecies arenosas com presenccedila de estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais current ripples
unidirecionais e camadas maciccedilas em frente deltaicas podem indicar presenccedila de certo
domiacutenio fluvial (Bhattacharya amp Walker 1992) As camadas deformadas (Figura 14B-C)
observadas abaixo da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal tambeacutem sugerem
que houve um cisalhamento produzido por correntes sobre uma superfiacutecie onde a fricccedilatildeo de
arrasto pelo movimento da areia resultou em convoluccedilotildees (Tucker 2014)
Paleocorrentes da faacutecies arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal indicam que a
migraccedilatildeo de formas de leito nos depoacutesitos de frente deltaica possuiacuteam sentido principal para
NW Ciclos de camadas iniciadas pelas faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
que passam para as faacutecies arenito maciccedilo e com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal podem ser
interpretados como oriundos de desaceleraccedilatildeo de fluxo ao entrar em um corpo de aacutegua em
34
menor energia (granocrescecircncia ascendente) onde cada ciclo representa a progradaccedilatildeo de um
lobo deltaico individual com espessura diretamente relacionada agrave profundidade da lacircmina
drsquoaacutegua (Elliott 1986)
43 ASSOCIACcedilAtildeO DE FAacuteCIES 3 (AF3) ndash PLATAFORMA DE MAREacute E ONDA
As exposiccedilotildees da associaccedilatildeo AF3 ocorrem ao longo de drenagens secas do Riacho do
Saco distante 6 km da rodovia BR-230 e em corte de estrada Compreende depoacutesitos de
arenitos finos e pelitos contiacutenuos lateralmente com geometria tabular e lenticular
respectivamente por vezes com camadas amalgamadas e acamamento ondulado com
espessura que varia de 6 a 20 m
A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) estaacute sotoposta aos
depoacutesitos referentes agrave AF2 (frente deltaacuteica) em contato abrupto (Figura 13A e 15A) e
sobreposta por depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta pelas faacutecies
argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela (Ap) arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc)
laminaccedilatildeo ondulada (Alo) arenito maciccedilo (Am) arenito com estratificaccedilatildeo plano-paralela
(App) arenito com estratificaccedilotildees cruzada hummocky (Ah) estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal
(As) e estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Aes)
Na base desta associaccedilatildeo ocorrem camadas com intercalaccedilatildeo riacutetmica de lacircminas de
argilito (Ap) e arenitos muito finos (Alc Alo e App) formando acamamento heteroliacutetico com
padratildeo granocrescente ascendente com predomiacutenio do tipo linsen na base passando para
wavy e flaser em direccedilatildeo ao topo Esta ciclicidade tambeacutem eacute caracterizada por pares de
arenito e pelitos mais espessos seguidos por pares menos espessos (Figura 16C-D)
As faacutecies de arenito com laminaccedilatildeo cruzada exibem acamamento ondulado no topo
com laminaccedilotildees truncadas por ondas com arranjo interno do tipo bundled upbulding e
chevron (Raaf et al 1977) que variam lateralmente para laminaccedilatildeo plano-paralela com
presenccedila de mud-drapes nos foresets superfiacutecies erosivas e paleocorrentes preferenciais para
NW
As laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes possuem laminaccedilotildees cocircncavo-convexas que se
truncam lateralmente assemelhando-se agrave micro- hummockies exibindo geometria pinch and
swell (Figura 15B) e pontualmente estruturas de escape (Figura 15C) Localmente no topo de
camadas observa-se deformaccedilatildeo convoluta Os arenitos com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante
satildeo subarcoacutesios com gratildeos de areia muito fina a fina tais como quartzos monocristalinos com
35
extinccedilatildeo ondulante forte a moderada (86) feldspatos indiferenciados (7) plagioclaacutesio
(5) microclina (1) muscovita deformada oacutexido-hidroacutexido de Fe (ambas lt1) e
localmente cimento de calcita Os gratildeos satildeo subangulosos a subarredondados e muito bem
selecionados A rocha eacute sustentada por gratildeos com contatos pontuais cocircncavo-convexo reto e
suturado exibem ainda gratildeos e micas orientados porosidade intergranular Feldspatos
comumente exibem alteraccedilatildeo para argilominerais e porosidade alveolar Os argilominerais
identificados na anaacutelise de DRX (laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes A1 e A3) foram
esmectitas (montmorilonita) vermiculita clorita ilita e caulinita
Arenito com acamamento heteroliacutetico eacute caracterizado por exibir laminaccedilotildees plano
paralela que passam lateralmente para laminaccedilatildeo ondulada com acamamentos do tipo linsen
wavy e flaser Localmente observa-se estruturas ball and pillow e escape de fluido (Figura
15D-E)
Arenitos finos com marcas onduladas simeacutetricas e assimeacutetricas exibem laminaccedilatildeo
cruzada por onda (Alo) a sigmoidais com tidal bundles nos foresets O comprimento de onda
das marcas onduladas varia de 4 a 8 cm e a altura de 2 a 7 cm Estas estruturas satildeo limitadas
por arenitos com laminaccedilatildeo ondulada paralela a sigmoidal com alternacircncia de pares de areia e
argila (Figura 16A-B) Localmente satildeo observadas variaccedilotildees na inclinaccedilatildeo dos foresets e
superfiacutecies de reativaccedilatildeo As tidal bundles satildeo caracterizadas por alternacircncias milimeacutetricas a
centimeacutetricas de areias e recobrimentos argilosos Estes pares exibem lateralmente espessuras
distintas de recobrimento argiloso formando pares ciacuteclicos ricos em argila seguidos de pares
ricos em areia
Os ritmitos de mareacute apresentam 120 pares de mareacute organizados em 3 ordens de
ciclicidade (Figura 16C-D) 1) os ciclos de primeira ordem satildeo caracterizados por pares de
lacircminas milimeacutetricas a centimeacutetricas de areia e argila que exibem current ripples e
bidirecionalidade dos foresets A deposiccedilatildeo do material mais fino ocorre atraveacutes de suspensatildeo
e ainda floculaccedilatildeo no periacuteodo de stillstand Este ciclo de menor ordem reflete a ciclicidade de
cheia e vazante (flood-ebb) 2) os ciclos de segunda ordem representam agrupamentos de
ciclos de primeira ordem individualizados pela espessura dos pares de areia e argila com cada
ciclo mostrando um aumento da espessura dos pares seguido por uma diminuiccedilatildeo da
espessura dos mesmos Assim haacute ciclos de segunda ordem espessos onde os arenitos exibem
espessura entre 07 cm e 43 cm e argilitos entre 04 a 10 cm Enquanto que outros ciclos
menos espessos de segunda ordem apresentam camadas de arenito entre 01 a 09 cm e de
argila entre 01 a 10 cm de espessura Cada ciclo pode chegar a aproximadamente 18 cm de
espessura e satildeo compostos por 12 a 15 pares de areia-argila 3) Os ciclos de terceira ordem
36
designam a maior ordem de ciclicidade nestes ritmitos com ciclos menos espessos (pares
mais finos) seguidos por ciclos mais espessos (com pares mais grossos) gerando uma
ciclicidade desigual em sucessivos ciclos de variaccedilatildeo vertical de espessura dos pares
Sobrepostos aos depoacutesitos ciacuteclicos de mareacute ocorrem faacutecies mais arenosas (Figura
17A-B) caracterizadas por arenitos com estratificaccedilatildeo cruzada hummocky que variam
lateralmente para estratificaccedilatildeo cruzada swaley (Figura 17C-D) As estratificaccedilotildees cruzadas
hummocky ocorrem em camadas tabulares contiacutenuas lateralmente com aproximadamente 20
cm de espessura por 80 de comprimento que exibem topo e base ondulada sendo possiacutevel
observar clastos orientados de argila subarredondados com dimensotildees entre 3 e 9 cm (Figura
17B-C) Dos trecircs tipos de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky descritas por Cheel amp Leckie
(1993) a do tipo scour-and-drape eacute a dominante visto que as superfiacutecies geradas por erosatildeo
ondulatoacuteria estatildeo presentes
A estratificaccedilatildeo cruzada swaley tem espessuras de 5 a 22 cm com dimensotildees entre 7
a 75 cm Esta estrutura comeccedila com uma superfiacutecie erosiva planar passando para ondulada
Internamente a laminaccedilatildeo ondulatoacuteria possui espessuras de 1 a 9 mm com inclinaccedilatildeo de
aproximadamente 15deg com onlap de baixo acircngulo em superfiacutecies erosivas A inclinaccedilatildeo das
laminaccedilotildees pode comeccedilar e terminar lateralmente acentuada formando uma geometria
cocircncava como pode perder a angulaccedilatildeo gradando para laminaccedilatildeo ondulada As faacutecies com
estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley satildeo sotopostas a camadas onduladas que
apresentam estruturas de mareacute e sobreposta por camadas onduladas
Arenito com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal ocorrem em camadas geralmente
tabulares com ateacute 20 cm de espessura com base e topo suavemente ondulados e que se
adelgaccedilam lateralmente Localmente satildeo observados finos recobrimentos argilosos nos
foresets e dados paleocorrente indicam fluxos para NW
No topo destes depoacutesitos observam-se corpos com geometria de canal (Figura 17B)
Estes canais satildeo caracterizados por evidente migraccedilatildeo mergulho de 310deg compostos por
camadas amalgamadas de arenito fino com laminaccedilatildeo ondulada e plano-paralela que
acompanham a forma cocircncava do canal (preenchimento concecircntrico Gibling 2006) A
paleocorrente dominante deste ambiente estaacute para NW baseado na mediccedilatildeo de laminaccedilotildees
cruzadas cavalgantes Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominados por onda
e mareacute (AF3) de uma forma geral apresentam ciclos retrogradacionais com material argiloso
dominante na base influenciados principalmente por mareacute passando para mais arenoso ao
topo e maior inflencia por onda
37
Figura 15- Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por mareacute e onda (AF3) A Contato entre as
associaccedilotildees de frente deltaica (AF2) e de plataforma por onda e mareacute (AF3 P4) B Arenito com laminaccedilatildeo
cruzada cavalgantes e ondulada com geometria pinch and sweel (P4) C Estrutura biogecircnica de escape em
arenito com microhummocky proacuteximo ao contato com a AF2 (P8) D Estruturas ball and pillow (P3) E Escape
de fluido com evidecircncia de ajustamento hidroplaacutestico (P5)
38
Figura 16- Associaccedilatildeo de faacutecies plataforma dominada por onda e mareacute (Af3) A Tidal bundles em laminaccedilatildeo
cruzada cavalgante mostrando foresets com recobrimento de argila (P4) B Wave generated tidal bundles com
acamamento ondulado e sigmoidal e foresets recobertos por argila Em ciclos maiores observa-se ritmicidade
com laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas (P4) C Ritmitos de mareacute com ciclos de 1a 2a e 3a ordem
superfiacutecies erosivas e bidirecionalidade (P5) D Ritmito de mareacute com ciclos semilunares de mareacute de siziacutegia e
quadratura (P5)
39
Figura 17- A Exposiccedilatildeo da associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma dominada por onda e mareacute (AF3) sobreposta aos depoacutesitos de frente deltaica (AF2) da Formaccedilatildeo Poti (P4)
B Canais de mareacute na associaccedilatildeo AF3 com evidente espessamento para o topo com material peliacutetico dominado por ritmitos de mareacute na base e laminaccedilatildeo cruzadas
cavalgantes com tidal bundles passando para camadas dominadas por accedilatildeo de ondas exibindo estratificaccedilotildees cruzada hummocky e swaley ao topo (P5) C Estratificaccedilatildeo
cruzada hummocky com clastos de argila ao entorno D Estratificaccedilatildeo cruzada hummocky passando lateralmente para swaley
40
431 Interpretaccedilatildeo
Na associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de mareacute e onda (AF3) eacute evidente a
intercalaccedilatildeo regular entre as faacutecies arenosas finas e argilosas na base que gradativamente
passam para dominacircncia de faacutecies arenosa para o topo Esta caracteriacutestica sugere um aumento
crescente de energia passando de um sistema com predomiacutenio de transporte por decantaccedilatildeo
para outro dominado por traccedilatildeo A presenccedila das faacutecies arenito com laminaccedilatildeo cruzada
cavalgante e mud drapes nos foresets argilito com laminaccedilatildeo plano-paralela arenito com
laminaccedilatildeo ondulada e ainda acamamento heteroliacutetico linsen wavy e por vezes flaser satildeo
comuns em sistema dominado por mareacute (Choi 2010 Longhitano et al 2012 Reineck amp
Wunderlich 1968 Visser 1980 Yang et al 2008) Os processos especiacuteficos que favorecem a
deposiccedilatildeo de acamamento linsen e flaser refletem condiccedilotildees de flutuaccedilotildees irregulares sendo
comuns em ambientes dominados por mareacute e tambeacutem por ondas (Nio amp Young 1991
Reineck amp Wunderlich 1968) Ritmitos de mareacute exibem ciclicidade entre laminaccedilotildees linsen e
flaser mostrando eventos influenciados por mareacutes Tal estrutura pode ser formada em vaacuterios
ambientes mas a presenccedila de ciclicidade e sua correlaccedilatildeo com diferentes ordens de
ciclicidade de mareacute satildeo evidecircncias suficientes para afirmar a presenccedila de mareacute em depoacutesitos
claacutesticos marinhos rasos (Nio amp Young 1991) Isto associado com as faacutecies de arenito com
laminaccedilatildeo cruzada cavalgante ondulada (exibindo porccedilotildees com bidirecionalidade) e mud
drapes atestam a existecircncia da accedilatildeo de mareacutes na porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Poti
Nos ritmitos de mareacute a bidirecionalidade em alguns pares de areia e pelito pode
indicar que durante nos periacuteodos de mareacutes siziacutegia (spring tide) a corrente subordinada teve
forccedila suficiente para mover porccedilotildees de areia como pequenas migraccedilotildees de ripples A presenccedila
de depoacutesitos de corrente dominante e subordinada com dois mud drapes podem sugerir
ambiente de submareacute (subtidal) para AF3 sendo coberto por dois periacuteodos de slack water em
um ciclo de mareacute alta e vazante (ebb-flood) (Nio amp Young 1991) A alternacircncia dos ciclos de
2ordf ordem de ritmitos de mareacute (grupos mais e menos espessos) indicam inequidade diurna Esta
alternacircncia pode ser relacionada agraves variaccedilotildees de ciclos semilunares de mareacutes de siziacutegia e
quadratura sugerindo alta taxa de deposiccedilatildeo (Rahmani 1988) A espessura meacutedia entre 12 e
16 cm por ciclo semilunar com 22 e 26 pares indica taxa deposicional de 24 a 32 cm por mecircs
Esta sequecircncia portanto pode ter sido depositada em uma zona de submareacute ou intermareacute
inferior em funccedilatildeo da alternacircncia entre lacircminas de material arenoso e peliacutetico que foram
cobertos por mareacutes durante todo ou na maior parte dos ciclos de mareacutes de siziacutegia e de
quadratura (Tessier et al 1988)
41
As tidal bundles ocorrem em laminaccedilotildees onduladas com 3 a 8 cm de espessura
como jaacute descrito em trabalhos de Boersma (1969) Terwindt (1981) Kreisa e Moiola (1986)
de estruturas de megaripplessandwave de ambientes de submareacute (apud Bhattacharya amp
Bahattacharya 2006) Tidal bundles em camadas de pequena espessura podem indicar
retrabalhamento miacutenimo dos sedimentos mais novos em funccedilatildeo do mud draping espesso
(Bhattacharya amp Bhattacharya 2006) Estruturas similares satildeo reconhecidas pela migraccedilatildeo de
ripples ou sandwaves durante a mareacute principal O recobrimento de argila com forma
sigmoidal nas bandas das tidal bundles podem definir periacuteodos de pausas da mareacute (Kreisa amp
Moiola 1986)
Algumas porccedilotildees de tidal bundles observadas nos afloramentos descritos condizem
com as sugeridas no trabalho de Yang et al (2008) como wave generated tidal bundles
(Figura 16B) com laminaccedilotildees na base dos sets por vezes sigmoidais a onduladas
(componente oscilatoacuteria) e recobrimento de argila nas cristas da ondulaccedilatildeo adjacente
exibindo as geometrias em offshoot e unidirecional descritas por Raaf et al (1977) Os
foresets satildeo recobertos por argila com variaccedilotildees deste material peliacutetico indicando ciclicidade
com porccedilotildees ricas em argila (neap tide) e em areia (spring tide) Na base e topo deste
conjunto de wave generated tidal bundles haacute laminaccedilotildees onduladas a plano paralelas com
acamamento heteroliacutetico variando linsen-flaser indicando ciclos semilunares (Figura 16B)
Esta estrutura portanto eacute uma soma de resultantes advindas da accedilatildeo tanto de ondas pela
ocorrecircncia de wave generated ripples (Raaf et al 1977) como pela accedilatildeo de correntes de
mareacute pela existecircncia de recobrimento de argilas com ciclicidade
As wave-generated tidal bundles satildeo indicativas de um depoacutesito com superimposiccedilatildeo
de accedilatildeo de ondas bem como de mareacute gerando uma sucessatildeo riacutetmica Estas estruturas diferem
das tidal bundles tiacutepicas por serem estruturas que resultam de uma variaccedilatildeo temporal na
combinaccedilatildeo de correntes de mareacute e onda bem mais do que variaccedilatildeo de corrente de mareacute
apenas (Yang et al 2008) Elas se formam em circunstacircncias onde o pico de energia continua
ainda no campo de estabilidade de ripples sendo portanto estruturas indicativas de deposiccedilatildeo
por tempestade de baixa energia pois em condiccedilotildees de tempo normal a quantidade de
sedimento em suspensatildeo natildeo eacute suficiente para gerar sucessotildees espessas em um uacutenico ciclo de
mareacute principalmente em ambientes de costa aberta (Yang et al 2008) Estruturas deste
gecircnero satildeo difiacuteceis de serem preservadas em funccedilatildeo do intenso retrabalhamento por ondas que
ocorrem no ambiente em que satildeo geradas desta forma elas tendem a ser preservadas por
42
subsidecircncia tectocircnica (Allen amp Bass 1993 Tessier amp Gigot 1989) ou por taxas de
sedimentaccedilatildeo altas
Faacutecies arenito com laminaccedilatildeo ondulada arenito com estratificaccedilotildees cruzada
hummocky sigmoidal e swaley em sedimentos de areia fina denotam sistema mais energeacutetico
com accedilatildeo de ondas de tempestade Clastos de argilas presente nas camadas com estruturas
geradas por ondas ratificam este sistema mais energeacutetico forte o suficiente para retrabalhar
as rochas do substrato Estruturas como estratificaccedilatildeo cruzada hummocky foi primeiramente
descrita por Harms et al (1975) sendo gerada por meio de processos dominantemente
oscilatoacuterios combinados por correntes unidirecionais resultantes de ambiente dominado por
tempestade em aacuteguas rasas (Arnott amp Southhard 1990 Cheel amp Leckie 1993 Duke 1985
Dumas amp Arnott 2006) As estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley estatildeo geneticamente
relacionadas onde a estratificaccedilatildeo cruzada swaley pode ser descrita como estratificaccedilatildeo
cruzada hummocky truncada anisotroacutepica (Dumas amp Arnott 2006) A estratificaccedilatildeo cruzada
hummocky geralmente ocorre em um restrito intervalo de granulometria (areia muito fina a
fina) onde a forma de leito responsaacutevel pela geraccedilatildeo desta estrutura eacute um tipo de ondulaccedilatildeo
orbital (Harms et al 1975 Southard et al 1990 Yang et al 2006)
Em periacuteodos onde a atividade por tempestade foi maior as ondas penetraram e
retrabalharam os depoacutesitos dominados por mareacute formando as estratificaccedilotildees cruzadas
hummocky e swaley visto que a influecircncia de mareacute foi preservada durante periacuteodos de natildeo
tempestade (Vakarelov et al 2012) Em outras palavras a accedilatildeo das ondas retrabalharam os
sedimentos existentes onde tais ondas de tempestade atingiram o substrato acima do niacutevel de
base de onda sob fluxo combinado juntamente com componente unidirecional em regime de
fluxo superior (Arnott amp Southard 1990)
Estruturas de sobrecargadeformaccedilatildeo podem ocorrer atraveacutes do fenocircmeno de fluxo
plaacutestico associado agrave saiacuteda de aacutegua e peso da areia sobreposta (Allen 1982) Superfiacutecies
erosivas nas camadas desta associaccedilatildeo ocorrem trucando estruturas sedimentares e tem forma
ondulada com maior concentraccedilatildeo de material peliacutetico ratificando a interpretaccedilatildeo da accedilatildeo de
ondas e tempestades nestes depoacutesitos (Peng et al 2018) As Superfiacutecies de reativaccedilotildees satildeo
resultantes de variaccedilatildeo de velocidades durante as mareacutes (Klein 1970)
Estruturas balls and pillows compreendem massas redondas de sedimentos claacutesticos
tambeacutem chamados de pseudonoacutedulos em uma matriz similar ou mais fina verticalmente
sobrepostos em um horizonte Satildeo estruturas que se formam atraveacutes da separaccedilatildeo repetitiva de
43
pseudonoacutedulos da base de uma camada fonte que para de fato ocorrer o substrato deve
permanecer liquidificado por um tempo maior em relaccedilatildeo agrave taxa de deformaccedilatildeo sendo
possiacutevel o contraste de densidade das camadas e portanto o aparecimento da forccedila de divisatildeo
(Owen 2003) As estruturas deformacionais penecontemporacircneas presentes na associaccedilatildeo de
faacutecies AF3 evidenciam portanto perturbaccedilatildeo dos sedimentos ainda semi-consolidado ou
inconsolidado (Van Loon amp Brodzokowski 1987)
Os depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies AF3 estatildeo relacionados a um shoreface
inferior com accedilatildeo de tempestades episoacutedicas em uma costa retrogradante com accedilatildeo de mareacute
O ambiente plataformal torna-se mais profundo para leste em funccedilatildeo da maior ocorrecircncia de
tempestitos nesta aacuterea Geometria em canal observada no topo de tempestitos denota
proximidade com o continente com fluxo de detritos subaquosos confinados
44
CAPIacuteTULO 5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUEcircNCIAS
Na regiatildeo estudada foram identificadas trecircs sequecircncias deposicionais de 4ordf ordem
que tiveram iniacutecio no final do Neodevoniano ateacute o Pensilvaniano e compreendem o topo da
Formaccedilatildeo Longaacute a Formaccedilatildeo Poti e a base da Formaccedilatildeo Piauiacute Estas sequecircncias satildeo
compostas por 5 tratos de sistemas limitados por 4 superfiacutecies estratigraacuteficas (Figuras 18 e
19) Sequecircncia 1 (Trato de Sistema de Mar Alto ndash TSMA) Sequecircncia 2 (Trato de Sistema de
Mar Baixo ndash TSMB e Trato de Sistema Transgressivo ndash TST) e Sequecircncia 3 (Trato de
Sistema de Mar Baixo ndash TSMB)
51 SUPERFIacuteCIES ESTRATIGRAacuteFICAS
As superfiacutecies estratigraacuteficas (S) foram baseadas em faacutecies e limites erosivos que
delimitam os tratos de sistemas identificados (Catuneanu et al 2009 2011) com seu
reconhecimento pautado em mudanccedilas bruscas entre faacutecies e sistemas deposicionais A
superfiacutecie S1 eacute o limite entre as formaccedilotildees Longaacute e Poti (Figura 8A) representando um limite
de sequecircncia tipo 1 A superfiacutecie S2 representa o limite entre as associaccedilotildees de faacutecies fluvial e
frente deltaica da Formaccedilatildeo Poti e a superfiacutecie S3 eacute interpretada como uma superfiacutecie
transgressiva uma vez que separa depoacutesitos fluacutevio-costeiros (AF1 e AF2) de depoacutesitos de
plataforma rasa (AF3 Figuras 13A e 15A) A superfiacutecie S4 eacute um limite de sequecircncia tipo 1
de depoacutesitos plataformais do topo da Formaccedilatildeo Poti com os fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute
sobrejacente
A inconformidade subaeacuterea tem sua gecircnese relacionada a condiccedilotildees subaacutereas com
resultado de erosatildeo fluvial ou by-pass pedogecircnese degradaccedilatildeo eoacutelica ou dissoluccedilatildeo e
carstificaccedilatildeo (Catuneatu et al 2011) Ocorre quando a taxa de subsidecircncia eacute menor que a de
rebaixamento eustaacutetico na quebra do offlap (Van Wagoner et al 1988) Na aacuterea de estudo
este limite eacute encontrado em toda a regiatildeo onde dois tipos satildeo diferenciados O tipo 1 ocorre
dividindo os depoacutesitos fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti dos plataformais da Formaccedilatildeo Longaacute
apresentando erosatildeo fluvial com horizontes irregulares O segundo tipo divide os depoacutesitos
plataformais de ondas e mareacute (AF3) de sequecircncias fluviais referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute Esta
superfiacutecie apresenta horizontes erosivos irregulares mais tecircnues que a primeira superfiacutecie
As superfiacutecies S1 e S4 satildeo interpretadas como resultante de queda do niacutevel relativo
do mar onde depoacutesitos fluviais puderam ser desenvolvidos As camadas foram erodidas por
45
essa accedilatildeo resultando em horizontes irregulares A superfiacutecie S2 eacute um limite de faacutecies sendo
estabelecida em um contato abrupto entre litofaacutecies de arenito meacutedio a grosso com
estratificaccedilatildeo cruzada tabular (depoacutesitos fluviais ndash AF1) e finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo
cruzada sigmoidal (depoacutesitos deltaicos ndash AF2) A superfiacutecie transgressiva (S3) limita camadas
progradantes abaixo de camadas retrogradantes acima separando os depoacutesitos transicionais
(AF1 e AF2) de depoacutesitos plataformais (AF3)
52 SEQUEcircNCIAS E TRATOS DE SISTEMA
A primeira sequecircncia (Seq 1) consiste no final de uma sequecircncia estratigraacutefica
representada por trato de sistema de mar alto (TSMA) com folhelhos cinza escuros a pretos
homogecircneos ou laminados e bioturbados referente a ambiente plataformal dominado por
tempestade (Goacutees amp Feijoacute 1994) Esta sequecircncia corresponde ao final da deposiccedilatildeo da
Formaccedilatildeo Longaacute limitada acima por uma S1 (LS1) erosiva e deposiccedilatildeo de sedimentos
fluviais (AF1) da Formaccedilatildeo Poti
O trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Seq 2 (Figura 20A) compreende
depoacutesitos fluviais e deltaicos contemporacircneos (AF1 e AF2) em um contexto de bacia com
conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais Limitados abaixo por S1 (LS1) e acima
por S3 (ST) com ciclos de granodecrescecircncia ascendentes nas litofaacutecies de arenito meacutedio a
grosso com estratificaccedilatildeo cruzadas de meacutedio porte de faacutecies fluvial passando para ciclos
granocrescente ascendente de arenitos finos a meacutedios com estratificaccedilatildeo cruzada sigmoidal e
laminaccedilotildees cruzadas cavalgantes nos depoacutesitos deltaicos com a superfiacutecie S2 separando estes
dois depoacutesitos
A variaccedilatildeo das taxas de criaccedilatildeo de espaccedilo de acomodaccedilatildeo ao longo do tempo
consiste no principal fator para preservaccedilatildeo de sedimentos (Shanley amp McCabe 1994)
Sistemas fluviais costeiros satildeo muito influenciados pela mudanccedila de niacutevel de base (Miall
2006) Em sistemas fluviais controlados pelo niacutevel relativo do niacutevel do mar a identificaccedilatildeo
dos tratos de sistemas estaacute fundamentada em um somatoacuterio de criteacuterios que envolvem a
geometria padratildeo de empilhamento dos canais fluviais razatildeo entre depoacutesitos de canais e de
planiacutecie de inundaccedilatildeo (Miall 2006) O TSMB estaacute relacionado ao final do rebaixamento do
niacutevel do mar e consequente iniacutecio de sua elevaccedilatildeo
De acordo com a anaacutelise arquitetural dos depoacutesitos fluviais os elementos
individualizados foram elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal
46
alternante (CHa) canal migrante (CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito
arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em
forma de lenccediloacuteis Geralmente sistemas fluviais entrelaccedilados arenosos de TSMB formam
corpos de canais do tipo ldquosheet-likerdquo (Hirst 1991 Miall 2006) com amalgamaccedilatildeo de barras e
canais internos ao canal principal onde a preservaccedilatildeo de sedimentos mais finos comuns de
planiacutecie de inundaccedilatildeo eacute menor (Schanley amp McCabe 1993 Wan Wagoner et al 1995) Tal
disposiccedilatildeo estaacute de acordo com o observado para os depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Poti De
uma forma geral segundo a variaccedilatildeo de espessura e distribuiccedilatildeo desses depoacutesitos (Figura 19)
observa-se um acunhamento dos depoacutesitos fluviais para a porccedilatildeo SE da regiatildeo
O final do TSMB eacute marcado pelos depoacutesitos da associaccedilatildeo de faacutecies de frente
deltaica (AF2) que denota progradaccedilatildeo com padratildeo de raseamento ascendente Segundo
Bhattacharya amp Walker (1992) durante os periacuteodos de aumento do niacutevel do mar a deposiccedilatildeo
deltaica fica confinada a ambientes de aacuteguas rasas na plataforma e resulta na raacutepida
progradaccedilatildeo dos lobos e comutaccedilatildeo de um ambiente dominado por processos fluviais A
sedimentaccedilatildeo deltaica tende a ser suprimida durante o aumento do niacutevel do mar e em regiotildees
costeiras tende a ser influenciada por processos de onda e mareacute (Miall 2000)
O TSMB eacute sobreposto por um Trato de Sistema Transgressivo (TST Figura 20B)
sendo seu limite marcado pela superfiacutecie S3 que representa uma incursatildeo marinha dentro da
sequecircncia 2 O trato de sistema transgressivo (TST) corresponde a depoacutesitos plataformais de
onda e mareacute (AF3) de tendecircncia granocrescente para o topo iniciando com intercalaccedilatildeo de
pelitos e arenitos finos com laminaccedilotildees com ritmitos de mareacutes e tidal bundles passando para
arenitos estratificados hummocky e swaley e em seguida camadas de arenitos maciccedilos e
ondulados mais espessos para o topo A preservaccedilatildeo de depoacutesitos de mareacute comumente ocorre
em tratos de sistemas caracterizados por taxas altas de aumento relativo do niacutevel do mar (Nio
amp Yang 1991)
Durante a incursatildeo marinha os sedimentos da plataforma rasa eram periodicamente
retrabalhados por tempestades As evidecircncias de accedilatildeo perioacutedica de ondas de tempestades satildeo
laminaccedilotildees onduladas micro-hummockys e pinch-and-swell observadas na base da sequecircncia
que passam para arenitos com Ah e Aes ao topo A diferenccedila de escala observada nas
estruturas sedimentares geradas por tempestades desta sequecircncia corrobora com o contiacutenuo
aumento do niacutevel do mar Yang et al (2006) registram que o tamanho do comprimento de
onda de estratificaccedilatildeo cruzada hummocky (Ah) diminui conforme se aproxima das aacuteguas mais
rasas devido a diminuiccedilatildeo do tamanho das ondas Baseado nesta premissa as estruturas
47
sedimentares menores (ex micro-hummockys) seriam geradas no iniacutecio do aumento do niacutevel
do mar e as estruturas maiores (Ah e Aes) no aacutepice da incursatildeo marinha
A presenccedila de um ambiente dominado por processos de mareacute e onda e influenciados
por tempestades sugere que o limite TSMB-TST registra a passagem de um mar
epicontinental amplo e de aacuteguas rasas com alta taxa de aporte sedimentar (AF1 e AF2) para
um ambiente de mar mais aberto e elevada taxa de aumento do niacutevel do mar (AF3) O padratildeo
retrogradacional identificado nos depoacutesitos do TST eacute atribuiacutedo agrave geraccedilatildeo de espaccedilo de
acomodaccedilatildeo que supera a taxa de sedimentaccedilatildeo (Catuneanu et al 2011 Posamentier amp Vail
1988)
O topo do TST eacute limitado no topo pela superfiacutecie S4 a qual coincide com a
discordacircncia regional Mesocarboniacutefera A base da sequecircncia 3 representa um TSMB (Figura
20C) com depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Esta sucessatildeo eacute composta por camadas de
arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilotildees cruzadas tabular acanalada e tangencial com
lags conglomeraacuteticos Apoacutes a instalaccedilatildeo de um sistema plataformal transgressivo no Viseano
houve um rebaixamento do niacutevel de mar que causou um hiato erosivo de 20 Ma registrado em
vaacuterias partes da Bacia do Parnaiacuteba (Caputo 1984 Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007) Este
evento estaria associado ao iniacutecio estaacutegio de continentalizaccedilatildeo que ocorreu durante o
Moscoviano e resultou na formaccedilatildeo do Pangea (Goacutees amp Feijoacute 1994 Vaz et al 2007)
48
Figura 18- Coluna estratigraacutefica proposta para a regiatildeo de estudo entre os municiacutepios de Baratildeo de Grajauacute e
Nazareacute do Piauiacute borda leste da Bacia do Parnaiacuteba Fonte Modificado de (Vaz et al 2007)
49
Figura 19- Carta estratigraacutefica da aacuterea de estudo com as sequecircncias deposicionais (SEQ) e principais superfiacutecies
estratigraacuteficas (S) associaccedilatildeo de faacutecies (AF) e curva de variaccedilatildeo do niacutevel do mar local (A=alto e B=baixo)
50
Figura 20- Modelo evolutivo proposto para a regiatildeo de estudo borda leste da Bacia do Parnaiacuteba A Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Poti iniacutecio da Seq
2 B Trato de sistema transgressivo (TST) final da Seq 2 C Trato de sistema de mar baixo (TSMB) da Formaccedilatildeo Piauiacute (Seq 3)
51
CAPIacuteTULO 6 DISCUSSAtildeO
As trecircs sequecircncias deposicionais identificadas na aacuterea de estudo que compreendem
as formaccedilotildees Longaacute Poti e Piauiacute tem sua gecircnese relacionada a variaccedilotildees ciacuteclicas do niacutevel
relativo do mar influenciadas por eventos de eustasia e tectocircnica (Catuneanu 2006) A Seq 1
(TSMA) eacute caracterizada por uma transgressatildeo marinha que iniciou no Fameniano e que deu
origem aos depoacutesitos marinhos da Formaccedilatildeo Longaacute (TSMA) com ambiente dominado por
eventos de tempestades (Goacutees amp Feijoacute 1994)
A Seq 2 que engloba TSMB em sua porccedilatildeo inicial eacute composta por depoacutesitos
fluviais e deltaicos caracterizando uma fase seguinte de progradaccedilatildeo As paleocorrentes dos
depoacutesitos fluviais (AF1) e de frente deltaica (AF2) indicam sentido do paleofluxo para NW
com provaacuteveis aacutereas fontes para leste-sudeste Dados preacutevios baseados em anaacutelises de
paleocorrentes e dataccedilotildees U-Pb em zircatildeo detritico indicam que as principais aacutereas fontes dos
sedimentos da bacia do Parnaiacuteba durante o Paleozoico estariam localizadas na Proviacutencia
Borborema que fica a sudeste da aacuterea de estudo (Daly et al 2018 Hollanda et al 2014
Oliveira amp Moura 2019) Sedimentos retrabalhados de rochas paleoproterozoicas e
neoproterozoicas seriam as principais fontes para os depoacutesitos da Formaccedilatildeo Poti com
contribuiccedilatildeo secundaacuteria de sedimentos reciclados de rochas cambro-ordovicianas ou mais
jovens (Hollanda et al 2014) aleacutem de fontes neoarquenas (Oliveira amp Moura 2019)
Retrabalhamento de rochas do intervalo Devoniano-Tournaisiano tambeacutem eacute sugerido por
dados palinoloacutegicos (Di Pasquo amp Iannuzzi 2014 Streel et al 2012) Assim um progressivo
recuo dos mares epicontinentais entre o Mesodevoniano e o Mississipiano (Goeacutes 1995)
resultou na formaccedilatildeo de extensos depoacutesitos transicionais e na exposiccedilatildeo de rochas cristalinas
e sedimentares preacute-cambrianas (antes inundadas pela incursatildeo marinha devoniana) na regiatildeo a
leste e sudeste da Bacia do Parnaiacuteba (Oliveira amp Moura 2019)
A instalaccedilatildeo deste sistema fluvio-deltaico ocorreu sob um clima semiaacuterido com
vegetaccedilatildeo escassa ou ausente Segundo Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) a vegetaccedilatildeo nas
proximidades da regiatildeo de estudo era mais arbustiva e escassa com presenccedila de plantas
pteridoacutefitas e gimnospermas aleacutem de algas que refletem aacuteguas salobras Ianuzzi (1994)
descreve clima temperado a subtropical no final do Carboniacutefero Inferior passando para
tropical no final do Carboniacutefero Superior com deriva do Continente Americano em direccedilatildeo ao
Equador (Ribeiro 2000) Parrish et al (1986) descrevem variaccedilotildees no clima durante o
Carboniacutefero Superior oscilando entre periacuteodos quentes e mais frios com tendecircncia geral de
52
aquecimento Di Pasquo amp Iannuzzi (2014) descrevem assembleias fossiliacuteferas tiacutepicas de
intervalos normais a secos assim como ratificado por reconstruccedilotildees paleoclimaacuteticas (Iannuzzi
amp Roumlsler 2000) o qual afirma que a Bacia do Parnaiacuteba teria estado situada em uma zona
climaacutetica semiaacuterida durante a metade do Mississipiano Streel et al (2012) descrevem
miosporos em seccedilotildees de diamictitos da Formaccedilatildeo Poti na borda oeste da bacia depositados
em periacuteodos interglaciais
Os depoacutesitos deltaicos satildeo representados pelo predomiacutenio de camadas com geometria
lobada e estratificaccedilotildees cruzadas sigmoidais que podem estar relacionados a eventos de
sedimentaccedilatildeo episoacutedica durante carga extrema de rios (Della Faacutevera 2001 Ponciano amp Della
Faacutevera 2009) Esta carga extrema geralmente transpassa (by-pass) a parte proximal do sistema
deltaico (Della Faacutevera 2001) A ausecircncia de faacutecies de prodelta nos depoacutesitos estudados pode
estar associada a grande extensatildeo dos depoacutesitos de frente deltaica e alta taxa de progradaccedilatildeo
Apesar da ausecircncia de estruturas como Ah e Aes nos afloramentos estudados a inexistecircncia
de prodelta pode estar associada agrave remoccedilatildeo do material argiloso por tempestades (Della
Faacutevera 2001)
O delta da Formaccedilatildeo Poti flui para um ambiente de mar epicontinental raso Porritt et
al (2020) descrevem deltas similares com baixo gradiente onshore e offshore resultando em
efeitos miacutenimos das variaccedilotildees do niacutevel do mar nos deltas Ainda segundo Porritt et al (2020)
a diferenccedila destes tipos de deltas em mares epiricos para outros eacute sua quantidade baixa de
espaccedilo de acomodaccedilatildeo disponiacutevel e local de sedimentaccedilatildeo controlada por avulsatildeo de rios mais
acima nas superfiacutecies de leque aluvial
Goacutees et al (1997) descreveram ainda exposiccedilotildees referentes ao delta em contatos
laterais ou intercalados com os depoacutesitos dominado por tempestade e onda As bacias do
Parnaiacuteba e do Amazonas durante o Viseano tardio estava inserida nos paralelos 40deg a 50deg
dentro do continente Gondwana (Scotese 2000 Torvski et al 2012) recebendo accedilotildees de
furacotildees que geraram os depoacutesitos tempestiacutesticos da associaccedilatildeo AF3 (Duke 1985)
O continuo avanccedilo do mar para dentro da plataforma continental gerou os depoacutesitos
influenciados por mareacute e onda (AF3) que recobrem o sistema fluvio-deltaico Este limite
sugere a passagem de um ambiente com alta taxa de sedimentaccedilatildeo siliciclaacutestica durante o
recuo marinho para um ambiente com taxa de sedimentaccedilatildeo moderada com aumento do
niacutevel do mar mais lento Desta forma uma configuraccedilatildeo de mares epicontinentais com maior
53
restriccedilatildeo eacute sugerida para o sistema fluvio-deltaico com passagem para mares epicontinentais
amplos poreacutem ainda rasos do sistema plataformal dominado por mareacute e onda
Segundo mapas paleogeograacuteficos de Scotese (2019) observa-se no periacuteodo entre 361
e 351 milhotildees de anos (Fameniano e Tounasiano) a diminuiccedilatildeo de pontos de gelo que
estariam ligados ao processo transgressivo que deu origem a depoacutesitos plataformais marinhos
no topo da Formaccedilatildeo Longaacute Entre 344 Ma e 338 Ma (Viseano) houve o estabelecimento dos
ambientes referentes agrave Formaccedilatildeo Poti com a presenccedila de pontos de gelo relacionados agrave
regressatildeo inicial da Sequecircncia 2 com posterior derretimento contribuindo para a transgressatildeo
que possivelmente deu origem aos depoacutesitos plataformais dominados por onda e mareacute (AF3)
aqui descritos no topo da Formaccedilatildeo Poti Tal hipoacutetese pode sustentar ainda a existecircncia de
sistema fluvial entrelaccedilado relacionado a descargas e maior proporccedilatildeo de carga de fundo em
regiotildees glaciais oriundas de escoamentos superficiais sazonais (ou ocasionada pelo degelo) A
presenccedila de uma vegetaccedilatildeo arbustiva no Mississipiano aliado a condiccedilotildees ambientais semi-
aridas durante a deposiccedilatildeo dos sedimentos Poti sustenta a justificativa da instalaccedilatildeo de um
fluvial entrelaccedilado
Uma discordacircncia regional que gerou um hiato deposicional de aproximadamente 20
Ma na Bacia do Parnaiacuteba (Goacutees et al 1992) marca o contato entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute
e consequentemente o final do ciclo deposicional do Grupo Canindeacute Assim apoacutes a
deposiccedilatildeo da Formaccedilatildeo Poti movimentos epirogecircnicos ascendentes e uma regressatildeo de
extensatildeo global seriam fatores que tiveram accedilatildeo na erosatildeo da bacia (Goacutees 1995 Mesner amp
Wooldridge 1964 Santos amp Carvalho 2009) resultando na superfiacutecie S4 e na sedimentaccedilatildeo
da Seq 3 Esta tendecircncia regressiva do mar durante o Carboniacutefero poderia estar relacionada a
movimentos de isostasia e soerguimentos gerados pela orogenia Herciniana que se
desenvolveu principalmente a norte do supercontinente Gondwana com periacuteodos colisionais
entre 380 e 280 Ma (Windley 1995 Vaz et al 2007) O contato erosivo entre a Formaccedilatildeo Poti
e Piauiacute foi observado na porccedilatildeo oeste da aacuterea de estudo onde depoacutesitos plataformais de onda
e mareacute (AF3) estatildeo sotopostas a litofaacutecies de arenitos meacutedios a grossos com estratificaccedilatildeo
cruzada de depoacutesitos fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute Trabalhos referentes agrave Formaccedilatildeo Piauiacute
revelam um contexto de sistema deseacutertico associado ao iniacutecio do processo de
continentalizaccedilatildeo no Gondwana (Lima amp Leite 1978 Xavier 2019) Portanto as faacutecies
fluviais da Formaccedilatildeo Piauiacute sobrepostas a AF3 satildeo interpretadas como pertencentes a um
TSMB
54
Em 315 Ma (Moscoviano) houve o estabelecimento de grande camada de gelo nas
porccedilotildees da Bacia do Parnaiacuteba corroborando a natureza regressiva da sequecircncia 3 (TSMB)
com um rebaixamento do niacutevel do mar juntamente com as orogenias que consolidavam o
supercontinente Pangea em condiccedilotildees climaacuteticas quente e semiaacuterida em geometria diferente
na bacia (Caputo et al 2005) referente ao fluvial da Formaccedilatildeo Piauiacute Recentemente Xavier
(2019) associa a discordacircncia entre as formaccedilotildees Poti e Piauiacute a movimentos glacio-eustaacuteticos
que ocorreram durante o primeiro pico de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age
(LPIA)
55
CAPIacuteTULO 7 CONCLUSOtildeES
A anaacutelise dos afloramentos do intervalo da porccedilatildeo superior da Formaccedilatildeo Longaacute
Formaccedilatildeo Poti e inferior da Formaccedilatildeo Piauiacute entre os municiacutepios de Baratildeo do Grajauacute e Nazareacute
do Piauiacute evidenciaram ocorrecircncia de um short term transgression com depoacutesitos fluvio-
deltaicos recobertos por plataformais no Carboniacutefero inferior onde incursotildees marinhas
formaram mares rasos epicontinentais
Foram descritos para Formaccedilatildeo Poti 9 afloramentos com 15 faacutecies das quais
individualizaram 3 associaccedilotildees de faacutecies Fluvial entrelaccedilado (AF1) Frente deltaica (AF2) e
Plataforma dominada por mareacute e onda (AF3)
A Formaccedilatildeo Longaacute representa a Seq1 com depoacutesitos de tempestitos de um Trato de
Sistema de Mar Alto (TSMA) separada do fluvial (AF1) da Formaccedilatildeo Poti por um limite de
sequecircncia tipo 1 (S1) A base da Formaccedilatildeo Poti eacute representada por um fluvial entrelaccedilado
(AF1) descrito na porccedilatildeo leste da aacuterea o qual possui 8 faacutecies e sete elementos arquiteturais
elemento de acreccedilatildeo frontal (AF) acreccedilatildeo lateral (AL) canal alternante (CHa) canal migrante
(CHm) canal de preenchimento (Chp) formas de leito arenosas (FA) e lenccediloacuteis de areia
laminados (LL) com camadas por vezes amalgamadas e em forma de lenccediloacuteis
A associaccedilatildeo de Frente deltaica (AF2) possui 4 faacutecies dispostas em geometrias
tabulares a lobadas separada da AF1 por uma superfiacutecie de limite de associaccedilatildeo (S2) AF1 e
AF2 representam um Trato de sistema de Mar Baixo (TSMB) e iniacutecio da Seq 2 da Formaccedilatildeo
Poti em um contexto de bacia com conexatildeo oceacircnica restrita ou de mares epicontinentais
AF2 separa-se dos depoacutesitos plataformais de onda e mareacute (AF3) por uma superfiacutecie
trangressiva (S3)
A associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3) tem 8 faacutecies inseridas em
2 geometrias tabular e em canal Nesta sucessatildeo foram descritos acamamentos heteroliacuteticos e
ritmitos de mareacute bem como estruturas como tidal bundles wave generated que atestam a
accedilatildeo de mareacute e onda nesta unidade Ainda estratificaccedilotildees cruzadas hummocky e swaley
evidenciam a accedilatildeo de ondas de tempestades Esta associaccedilatildeo representa um Trato de Sistema
Trangressivo (TST) e o final da Seq 2 na Formaccedilatildeo Poti sendo um short term transgression
provavelmente associada a derretimento de pontos de gelo na regiatildeo oeste da Bacia AF3
separa-se da Formaccedilatildeo Piauiacute por uma superficie de limite de sequecircncia do tipo 1 (S4) A
Formaccedilatildeo Piauiacute denotaria um Trato de Sistema de Mar Baixo (TMSB) e por isso iniacutecio da
56
Seq 3 que representa os movimentos glacio-eustaacuteticos que ocorreram durante o primeiro pico
de acumulaccedilatildeo de gelo da Late Paleozoic Ice Age (LPIA)
57
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APEcircNDICE A ndash PETROGRAFIA
Figura 21- Petrografia de arenitos da Formaccedilatildeo Poti em luz natural Associaccedilatildeo de faacutecies de fluvial entrelaccedilado (AF1
arenito com estrat cruzada acanalada A7) A Quartzo-arenito com granulometria meacutedia a grossa subarredondados a
arredondados muito bem selecionados e suportado por gratildeos B Contato principalmente pontuais porosidade intergranular e
localmente feldspatos alterando para argilominerais Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante (Alc) na associaccedilatildeo de
faacutecies de frente deltaacuteica (AF A9) C Subarcoacutesios finos a meacutedios subangulosos a subarredondados bem selecionado suportado por gratildeos e presenccedila de argila entre gratildeos D Contato cocircncavo-convexos pontuais e retos com porosidade
intergranular e por vezes oacutexido-hidroacutexido de Fe as preenchendo Associaccedilatildeo de faacutecies de plataforma de onda e mareacute (AF3
Arenito com laminaccedilatildeo cruzada cavalgante A1) E-F Subarcoacutesios muito finos a finos subangulosos a subarredondados
muito bem selecionados Porccedilotildees da rocha ricas em argila em porisidade intergranular demarcando laminaccedilatildeo
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APEcircNDICE B ndash DIFRATOMETRIA DE RAIOS - X
Figura 22- Foram realizadas difraccedilatildeo de raios-X em poacute total e argila orientada para 3 amostras representativas da
Formaccedilatildeo Poti sendo 1 da associaccedilatildeo de fluvial entrelaccedilado (AF1 A8) e 2 referente a plataforma de onda e
mareacute (AF3 A1 e A3) AF1 (A8 Folhelho) A A anaacutelise no modo orientada natural neste folhelho saturada
com etilenoglicol e calcinada revela a existecircncia de esmectitas sendo observado a caracteriacutestrica expansiva 119889001
indo de 155 Aring para 171 Aring quando glicolada e colapsando para 97 Aring quando calcinada B Em amostra de
rocha total eacute dominante a presenccedila de picos principais de quartzo e secundariamente illita caulinita e ortoclaacutesio
AF3 (A1 arenito com lam cruzada) C Na anaacutelise em lacircmina de argila orientada a natureza expansiva 119889001
da esmectita e vermeculita vai de 144 Aring para 16 Aring em amostra glicolada e colapsando para 98 Aring A
vermeculita eacute observada como sendo um pico secundaacuterio na curva glicolada deste mesmo pico Observa-se a
existecircncia de esmectitas (montmorilonitabendelita) e vermeculita no pico principal (144 Aring) bem como um
menor pico de clorita sendo este melhor diferenciado na curva de amostra glicolada A ilita eacute melhor
individualizada nesta anaacutelise visto que a muscovita natildeo eacute reduzida a argila estando presente nos picos 99 Aring e
49 Aring do plano 119889002 e 33 Aring do plano 119889003 A caulinita ocorre em picos menores em relaccedilatildeo a ilita no pico 71
Aring 119889001 e 35 Aring 119889002 D Na anaacutelise de poacute total da amostra A1 o mineral dominante eacute o quartzo ocorrendo ainda
em menores picos albita ortoclaacutesio e muscovitailitas Ainda nesta anaacutelise eacute possiacutevel individualizar
montmorilonita trioctaeacutedrica 119889060 149 Aring para o grupo das esmectitas A anaacutelise de DRX em rocha total e em
lacircmina de argila orientada sugerem deposiccedilatildeo em clima uacutemido (AF1) para seco (AF3) em virtude da maior
presenccedila de montmorilonita e vermeculita em AF3 poreacutem mais anaacutelises e estudos devem ser realizados afim de
atestar esta tendecircncia