Revista Científica
COSMOS ESPÍRITA ANO 1 – Nº 2 – Fevereiro / 2018
EDITORIAL
Completar o conhecimento Espírita – 3
RESUMOS:
Da Revue Spirite
de janeiro de 1858
Escala Espírita – 4
Imaginação, superstição e realidade – 7
Incrédulos, semicrentes e crentes – 8
Faculdades da Alma e do Espírito – 9
QUESTÕES:
Para refletir sobre o Espiritismo – 10
CIÊNCIAS
Desconhecimento da Ciência Espírita – 12
DEBATES:
O Espiritismo é Ciência, conforme Allan Kardec – 23
PSICOFONIA:
Atenção aos estudos e fontes Espíritas – 21
CRÉDITOS DAS IMAGENS:
A FONTE de todas as imagens utilizadas nesta revista
é a Bibliothèque nationale de France
http://www.bnf.fr/fr/acc/x.accueil.html
QUEM SOMOS
A Organização Espírita para o Ensino e Pesquisa é uma empresa privada
e sem caráter político-partidário que visa ensinar, pesquisar,
dar assistência e esclarecer.
MISSÃO
Ensinar, esclarecer e pesquisar em benefício do desenvolvimento
e respeito à vida.
VALORES
Consciência Plena
Empatia
Comprometimento com os Espíritos Superiores
Compromisso com o Desenvolvimento e com a Paz
Compromisso com a Ciência, Filosofia, Religião, Arte, Tecnologia e Amor ao Próximo
Estudo Permanente com Fé Raciocinada
Comprometimento com a Ética, a Moral e a Caridade
Compromisso com o Desprendimento Material
OBJETIVO
Com base na Ciência Espírita e sob a inspiração dos Espíritos Superiores, nosso
objetivo é o Desenvolvimento da Humanidade pelo ensino, pelo esclarecimento,
pela assistência, pela pesquisa e por ações de engajamento com os
conhecimentos humanos.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, armazenada ou
transmitida, total ou parcialmente, por quaisquer meios ou processos, sem autorização escrita da OEEP.
COSMOS ESPÍRITA
Revista Científica
De estudo das
inteligências e seus
fenômenos: As
relações entre o
Mundo Invisível e o
Mundo Material, suas
causas e
consequências
Organização
Espírita para o
Ensino e Pesquisa
Charles Antonio Kieling
Sócio-Administrador
(51) 99890.8980
www.oeep.com.br
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Porto Alegre – RS
2 Revista Cosmos Espírita, Porto Alegre, ano 1, nº 2, fevereiro de 2018.
EDITORIAL
COMPLETAR O CONHECIMENTO ESPÍRITA
Não te dissemos já muitas vezes que cada coisa virá a seu tempo e que os Espíritos prepostos ao movimento das ideias sabem fazer que surjam circunstâncias favoráveis, em soando o momento de agir?
Dr. Demeure; Obras Póstumas.
Os tempos são outros. As visões, os entendimentos e as interpretações atualmente
oportunizadas pelas Ciências, Filosofias e Religiões são mais completas, complexas e
fundamentadas em evidências, que o século XIX não tinha consolidado o acesso. Em
pouco mais de cem anos, após o advento do Espiritismo, em particular a partir das
décadas de 1960 e 1970, as tecnologias avançaram e oportunizaram ampliar o
entendimento de muitos assuntos considerados misteriosos e impenetráveis. O advento
da era espacial, marcada com a chegada do homem
na Lua em 1969, cem anos após o desencarne de
Allan Kardec, evidenciou a aplicação de novas teorias,
métodos e tecnologias em práticas que no século XIX
figuravam apenas nas páginas literárias da ficção.
As teorias e ciências, que ao tempo de Kardec,
nas décadas de 1850 e 1860, ensaiavam alargar os
conhecimentos, somente o fizeram cem anos depois,
quando novas teorias suplantaram velhas e
oportunizaram um ambiente onde o conhecimento e
as ciências são experimentadas em diferentes formas
práticas. Diante dessas novas realidades, completar
o Espiritismo, no âmbito da Ciência, Filosofia e Religião, bem como de outras novas áreas
que surgiram, oportunizará sua atuação progressiva e de caminhar de par com os
avanços. Além disso, o Espiritismo, enquanto propulsor de conhecimentos e ações,
também deve dar a sua contribuição para o avanço das Ciências e cultura humana.
Nossa iniciativa visa a compreensão do Universo e suas relações com as realidades,
consolidando o Espiritismo como Ciência útil para a formação profissional e a produção
de novos conhecimentos e habilidades que oportunizem a aplicação de recursos práticos,
teóricos e metodológicos relevantes para o desenvolvimento social. A iniciativa da
Organização Espírita é a de oportunizar a discussão, a curiosidade, a alfabetização
científica, a prática profissional, o entretenimento, a variedade de assuntos e a
conscientização.
Charles A.K.
Sócio-Administrador
Organização Espírita para o Ensino e Pesquisa
O Espiritismo,
enquanto propulsor
de conhecimentos e
ações, também
deve dar a sua
contribuição para o
avanço das Ciências
e cultura humana.
3 Revista Cosmos Espírita, Porto Alegre, ano 1, nº 2, fevereiro de 2018.
RESUMOS: Da Revue Spirite de fevereiro de 1858
Allan Kardec, na Revista Espírita, publicada em fevereiro de 1858, trabalhou nos dois
primeiros títulos sobre as diferentes ordens dos Espíritos e a Escala Espírita. Como
fundamentação teórica para desenvolver a Escala Espírita, Kardec serviu-se da
orientação dos Espíritos e as proposições dos botânicos Tournefort, Lineu e Jussieu.
QUADRO 1: Fundamentação Teórica da Escala Espírita
FUNDAMENTO REFERÊNCIAS E CARACTERÍSTICAS O Livro dos Espíritos, questões 96 a 99.
Admitiram três categorias, classificadas conforme as qualidades morais e intelectuais
TOURNEFORT, Joseph Pitton de (1656 — 1708)
Estabeleceu o conceito de gênero para classificar, tendo como fundamento a análise qualitativa
LINEU, Carlos (1707 — 1778)
Fundamentado no método dedutivo, ou seja, de pensar do geral ao particular, estabeleceu como lógica a organização dos elementos pela "divisão e denominação"; seu procedimento de análise era a classificação qualitativa, agrupando as diferenças conforme uma nomenclatura binominal
JUSSIEU, Antoine Laurent de (1748-1836)
Fundamentado no método dedutivo, estabeleceu como lógica a organização dos elementos pelas características, estruturando um conjunto de ordens, que por sua vez cada ordem tinha um conjunto de classes, e em cada uma dessas classes se agrupavam as classificações de gêneros; ou seja, fundamentado no método dedutivo, do geral ao particular, sua classificação se estruturava por classe, ordem e gênero
Fonte: Adaptado da Revue Spirite de fevereiro de 1858 por Charles A.K. e TOURNEFORT (Elemens de botanique, ou Methode pour connoître les plantes; 1694. Disponível em Biblioteca Nacional da França : http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/btv1b8454361d.r=TOURNEFORT%2C%20Joseph%20Pitton?rk=21459;2), LINEU (Systema naturae, in quo proponuntur naturae regna tria secundum classes, ordines, genera et species; 1744. Disponível em Biblioteca Nacional da França : http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k6468158v.r=Caroli%20Linnaei%20systema?rk=21459;2) e JUSSIEU (Genera plantarum secundum ordines naturales disposita; 1789. Disponível em Biblioteca Nacional da França : http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k15102433.r=Antoine%20Laurent%20de%20Jussieu%20Genera%20plantarum%20secundum%20ordines%20naturales%20disposita?rk=21459;2).
Para estruturar a Escala Espírita e organizar a investigação, Kardec fundamentou-se no
método dedutivo. Como procedimento serviu-se da observação e do estudo de caso,
onde analisou palavras e atos dos Espíritos para identificar questões intelectuais e
morais, estabelecendo uma classificação qualitativa para formar grupos com
características comuns. Kardec destacou que o desenvolvimento do Espírito ocorre de
ESCALA ESPÍRITA
4 Revista Cosmos Espírita, Porto Alegre, ano 1, nº 2, fevereiro de 2018.
forma sempre progressiva, da ordem inferior para a superior na medida que o Espírito
adquire experiência e conhecimentos.
QUADRO 2: Escala Espírita
ORDEM CARACTERÍSITCA GERAL CLASSE – ESPÍRITO CARACTERÍSTICA ESPECÍFICA
Primeira Ordem - PURO ESPÍRITO [Do original PURS
ESPRITS](1)
Estão livres da influência da matéria e da necessidade de reencarnar. São detentores
de superioridade intelectual e moral absoluta
Primeira classe / Classe Única –
PURO ESPÍRITO
Percorreram toda a escala e vivem junto de Deus. Auxiliam os demais Espíritos da
escala. São conhecidos como anjos, arcanjos ou serafins
Segunda Ordem - BONS ESPÍRITOS [Do original BONS
ESPRITS](2)
Predominância do Espírito sobre a matéria; são
bondosos, felizes e praticam o bem. Superaram as condições
de inveja, remorsos e más paixões, mas ainda
necessitam encarnar. Manifestam bons
pensamentos, orientam à prática do bem, protegem e neutralizam a influência dos Espíritos imperfeitos sobre
aqueles a quem não é grato sofrer. Quando encarnados, são bondosos e fazem o bem
pelo bem. São conhecidos como bons gênios, gênios
protetores, Espíritos do bem; as superstições e a ignorância
dos homens os elevam à categoria de divindades
Segunda classe – ESPÍRITOS
SUPERIORES
Reúnem a ciência, a sabedoria e a bondade. Sua linguagem é bondosa e assertiva sobre o mundo incorpóreo.
Quando encarnam na Terra é para missão
Terceira classe – ESPÍRITOS SÁBIOS
Apresentam qualidade morais elevada. São dotados de capacidade intelectual para exprimir juízo assertivo sobre os
homens e as coisas
Quarta classe – ESPÍRITOS CIENTISTAS
Encaram a Ciência do ponto de vista da sua utilidade e jamais dominados por
quaisquer paixões próprias dos Espíritos imperfeitos
Quinta classe – ESPÍRITOS BONDOSOS
[Do original ESPRITS BIENVEILLANTS] (3)
A bondade é sua qualidade dominante. São mais adiantados no aspecto moral
que no intelectual. Sentem-se felizes em prestar serviço aos homens e protegê-los
Terceira Ordem - ESPÍRITOS
IMPERFEITOS
Predominância da matéria sobre o Espírito; ignorância,
orgulho, egoísmo; Têm a intuição de Deus, mas não o compreendem; alguns são mais levianos, irreflexivos e
maliciosos do que maus; outros não fazem o bem nem
o mal; e ainda há os que preferem fazer o mal e se satisfazem quando surge oportunidade. Conhecem
pouco sobre o Mundo Espiritual e o pouco que
sabem se confunde com as ideias e preconceitos da vida
corporal. Conservam a lembrança e a percepção dos sofrimentos da vida corpórea e essa impressão é muitas
vezes mais penosa do que a realidade. Sofrem pelos males de que padeceram em vida e
pelos que ocasionaram. E, como sofrem por longo
tempo, julgam que sofrerão para sempre
Sexta Classe (*) – ESPÍRITOS
BATEDORES E PERTURBADORES
Manifestam-se por efeitos sensíveis e físicos, por pancadas e movimento
anormal de objetos, agitação do ar etc. Parecem ser os agentes dos elementos da terra, quando o é intencional e inteligente
Sétima Classe – ESPÍRITOS NEUTROS
Não ultrapassam a condição comum da Humanidade no que concerne ao bem e ao
mal, a moral e à inteligência; são apegados às coisas terrenas
Oitava Classe – ESPÍRITOS FALSOS
CIENTISTAS [Do original ESPRITS FAUX-SAVANTS] (4)
Possuem amplo conhecimento, mas creem saber muito mais. Com linguagem aparentando seriedade, iludem os
incautos ao misturar verdades com erros; isso decorre dos preconceitos e ideias
sistemáticas que nutriam na vida terrena
Nona classe – ESPÍRITOS LEVIANOS
São ignorantes, travessos e zombeteiros. Respondem a tudo, independente da
verdade, induzindo ao erro por meio de mistificações e espertezas. São conhecidos
como duendes, trasgos, gnomos, diabretes
Décima classe – ESPÍRITOS IMPUROS
Fazem o mal por prazer. Sopram a discórdia e a desconfiança e se mascaram
para melhor enganar. São conhecidos como divindades maléficas, demônios,
maus gênios, Espíritos do mal
Fonte: Adaptado da Revue Spirite de fevereiro de 1858 por Charles A.K. e complementado de Le Livre des Esprits de 1860. (*) Essa classe, dos ESPÍRITOS BATEDORES E PERTURBADORES, não compunha na Escala Espírita na Revista Espírita de 1858 uma classe a parte, mas estava presente no texto dos ESPÍRITOS LEVIANOS na mesma Escala. Allan Kardec fez o ajuste na 2ª edição de O Livro dos Espíritos, em 1860, no item 106.
5 Revista Cosmos Espírita, Porto Alegre, ano 1, nº 2, fevereiro de 2018.
As traduções do Francês para o Português e outras línguas deturparam o significado de alguns termos dados pelos Espíritos ou colocados por Allan Kardec, afetando o entendimento do Espiritismo. Alguns desses termos podem ser destacados na Escala Espírita: (1)Puro Espírito: do original em francês PURS ESPRITS o termo foi traduzido e colocado no sentido invertido, como Espíritos Puros. (2)Bons Espíritos: do original em francês BONS ESPRITS o termo foi traduzido e colocado no sentido invertido, como Espíritos Bons. (3)Espíritos Bondosos: do original em francês ESPRITS BIENVEILLANTS o termo foi traduzido como Espíritos Benévolos, mas nesse caso não ocorreu problema de sentido teórico e prático. (4)Espíritos Falsos Cientistas: do original em francês ESPRITS FAUX-SAVANTS o termo foi traduzido e colocado em sentido equivocado, como Espíritos Pseudo-Sábios; o termo que Kardec faz referência é para Falsos Cientistas e não para Falsos Sábios.
Conforme orientação de Kardec, com o auxílio do quadro 2, pode-se classificar o Espírito
que se manifesta e o grau de confiança ou de estima que merece.
Espíritos Errantes ou Encarnados Os Espíritos podem estar na condição errante ou encarnado. Todo Espírito que não está encarnado é, por isso mesmo, errante. Não sendo a encarnação senão um estado transitório, a erraticidade é o estado normal dos Espíritos.
QUADRO 3: Diferença entre Espíritos encarnados ou errantes
ENCARNADOS ERRANTES A encarnação é um estado transitório, e ocorre quando o Espírito se une a um corpo num mundo qualquer
A erraticidade é o estado normal dos Espíritos, e se encontrarão felizes ou desventurados conforme seu grau de elevação e segundo o bem ou mal praticado
Fonte: Adaptado da Revue Spirite de fevereiro de 1858 por Charles A.K.
6 Revista Cosmos Espírita, Porto Alegre, ano 1, nº 2, fevereiro de 2018.
RESUMOS: Da Revue Spirite de fevereiro de 1858
Nas sociedades de todos os tempos, as coisas
mais simples, quando da ausência da racionalidade,
se tornam prodígios ou coisas fantásticas na exata
proporção da imaginação, fazendo nascer e se
fortalecer a superstição.
Ora. A superstição é filha da realidade; não há
superstição que não repouse sobre um fundo real;
mas a racionalidade está em discernir onde termina
a imaginação e a superstição e começa a realidade
e a racionalidade.
Mas diante do sagrado, do culto e da pompa das
cerimônias, facilmente se encontrará a veneração
e a credulidade mergulhando a racionalidade em
tantos meios de fascinação que a torna incapaz de
perceber a realidade.
Ocorre que o
meio de desfazer as superstições não é contestá-
las de maneira absoluta; em certas pessoas há
ideias que não se desenraizam tão facilmente,
porque sempre há fatos a citar em apoio de sua
opinião; ao contrário, é preciso mostrar o que há
de real.
Quando encarnado, o pensamento desatento pode
desenvolver interpretações do mundo com uma tal
imaginação que, quando desencarna, a Alma
fortalece a ilusão em detrimento da realidade.
IMAGINAÇÃO, SUPERSTIÇÃO E REALIDADE
Quanto mais imperfeitos os
Espíritos, mais restritas e
circunscritas são suas
ideias; para eles o futuro
está vago; não o
compreendem. Sofrem;
seus sofrimentos são longos
e, para quem sofre por
muito tempo, é sofrer
sempre.
São Luís
O Espiritismo é o despertar
da Antiguidade, porém da
Antiguidade esclarecida
pelas luzes da civilização e
da realidade.
Allan Kardec
7 Revista Cosmos Espírita, Porto Alegre, ano 1, nº 2, fevereiro de 2018.
RESUMOS: Da Revue Spirite de fevereiro de 1858
Allan Kardec, ao analisar os tipos de pessoas e suas relações e pensamentos sobre os
fenômenos Espíritas e sobre o Espiritismo, desenvolveu a classificação das
características que percebeu, conforme o quadro 4.
QUADRO 4: Tipos de crentes e características
Incrédulos autênticos
A incredulidade também é uma espécie de crença, quando se preza bastante para não chocar as opiniões contrárias,
também oportuniza observações úteis
Semicrentes Admitem todos os fenômenos, mas estão indecisos quanto à sua causa
Adeptos fervorosos
(De três tipos)
Crentes admirados
Os que nas experiências não veem mais que uma diversão e um passatempo, e
cuja admiração se traduz por estas palavras ou seus análogos: É espantoso! É singular! É bem engraçado! Mas não vão
além disto. Crentes sérios,
instruídos e observadores
A quem nenhum detalhe escapa e para as quais as menores coisas constituem objeto
de estudo.
Ultra crentes ou crentes
cegos
Os que se pode censurar pelo excesso de credulidade, cuja fé, não suficientemente esclarecida, dá-lhes uma tal confiança nos
Espíritos a ponto de lhes emprestarem todos os conhecimentos, a presciência,
sobretudo. Assim, é com a melhor boa-fé do mundo que fazem perguntas sobre
todos os assuntos, sem lhes passar pela mente que teriam obtido as mesmas respostas de uma cartomante a quem
pagassem algumas moedas. Para eles, a mesa falante não é matéria de estudo ou
de observação: é um oráculo. Fonte: Adaptado da Revue Spirite de fevereiro de 1858 por Charles A.K.
INCRÉDULOS, SEMICRENTES E CRENTES
8 Revista Cosmos Espírita, Porto Alegre, ano 1, nº 2, fevereiro de 2018.
RESUMOS: Da Revue Spirite de fevereiro de 1858
A Alma vê o presente, o passado e um pouco do futuro, conforme sua perfeição e sua
proximidade de Deus; vê o futuro mais claramente à medida que se aproxima de Deus.
Depois da morte a Alma vê e abarca de relance todas as suas passadas migrações, mas
não pode ver o que Deus lhe prepara; para isso, é preciso que esteja inteiramente em
Deus, desde muitas existências.
A Alma se estende para muito distante, vendo muitas coisas e se desloca a grandes
distâncias com a rapidez do pensamento, que é a própria Alma a se desprender de seu
envoltório, a aparência etérea do Espírito.
Quando o pensamento (a Alma) se transporta para algum lugar, a aparência (o Espírito)
se desvanece; o pensamento (a Alma) segue sozinho, sem agir por intermédio da
matéria. O Espírito (a aparência), como a sombra, se dissipa em tal lugar e reproduz-
se onde o pensamento (a Alma) a guia.
FACULDADES DA ALMA E DO ESPÍRITO
Allan Kardec publicou na Revue
Spirite de fevereiro de 1858, no título
Conversas de Além-Túmulo com a
Senhorita Clary D..., uma comunicação
que tratou sobre Alma e Espírito.
Obs.: não foi tratado sobre o
Perispírito, que é o que liga o Espírito à
matéria.
9 Revista Cosmos Espírita, Porto Alegre, ano 1, nº 2, fevereiro de 2018.
Charles A.K.
Para refletirmos sobre a abordagem do
Espiritismo e sua realização prática
enquanto Espírita em diferentes contextos,
algumas questões para raciocinar:
1- Quais são os conceitos técnicos do
Espiritismo?
2- Quais ferramentas intelectuais
possibilitam o entendimento dos fenômenos
Espíritas?
3- Quais são as Identidades Culturais e a
Cultura do Espiritismo fundado por Allan
Kardec?
4- Como os Espíritas ordenam sua
racionalidade para ter consciência das
realidades?
5- O que imprime sentido às reflexões dos Espíritas?
QUESTÕES:
Para refletir sobre o Espiritismo
10 Revista Cosmos Espírita, Porto Alegre, ano 1, nº 2, fevereiro de 2018.
6- Como estabelecer procedimentos práticos e
experimentáveis que evidenciem a existência do
Pensamento independentemente da matéria?
7- Vida e Pensamento são a mesma coisa? Pode
existir Vida sem Pensamento?
8- O que é Doutrina Espírita? Como foi
elaborada? Com que objetivo foi elaborada?
Quando foi elaborada?
9- O que condiciona as pessoas acreditarem em
argumentos sobre História, Ciência, Filosofia,
Religião ou outras áreas, produzidos por
indivíduos sem formação na respectiva área?
Será que essas mesmas pessoas aceitariam que
um Engenheiro, ou outra profissão diversa, lhe
faça uma cirurgia médica, sem ter a formação
para isso?
10- Para que serve a Racionalidade? Para que serve a Consciência?
Estas questões, que
podem despertar a
intolerância nos
ingênuos e nos
radicais, necessitam
de tempo para
reflexão. Qualquer
reposta rápida
inviabiliza um
entendimento racional
e transformador.
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11 Revista Cosmos Espírita, Porto Alegre, ano 1, nº 2, fevereiro de 2018.
DESCONHECIMENTO DA CIÊNCIA ESPÍRITA As Evidências do desconhecimento sobre o Espiritismo
estruturado por Allan Kardec
Charles A.K.
São consistentes as evidências quanto ao desconhecimento sobre as Ciências, a
Ciência Espírita e seu fundador. Raros conhecem ou compreendem o Espiritismo tal
como Kardec o concebeu. Os que estudam ou praticam o Espiritismo desde fins do
século XIX fundamentam-se em fontes de senso comum, ou na imaginação, ou no mito,
ou na opinião pessoal e na opinião de “autoridades” que justificam seus argumentos
com base em fragmentos e frases das obras de
Kardec e em ações pessoais de auxílio e de
caridade que estimulam um sentimento coletivo a
ser seguido.
O desconhecimento sobre o Espiritismo
estruturado por Allan Kardec é identificado em sete
evidências. Nesta edição discorreremos sobre as
outras quatro evidências.
Raros conhecem ou
compreendem o
Espiritismo tal
como Kardec o
concebeu.
CIÊNCIAS
12 Revista Cosmos Espírita, Porto Alegre, ano 1, nº 2, fevereiro de 2018.
4ª EVIDÊNCIA Prática da Fé Cega e Negação do Ceticismo
O fundamento no qual Allan Kardec pautou a
construção da Doutrina Espírita é o ceticismo, o
pensamento cético; ou seja, o de nunca aceitar nada
sem que passe pelo crivo da razão, pela confirmação e
investigação das evidências e jamais aceitar toda e
qualquer coisa que seja
desprovida de evidências,
bem como jamais aceitar
qualquer coisa,
independente da fonte ou
do nome, sem passar por
uma análise criteriosa que confirme as fontes e
evidências, evitando cair em uma Fé Cega.
Essa segurança racional pautada por Kardec, ou seja,
a postura cética, com relação a tudo que é produzido ou
tenha relação com o Espiritismo e os fenômenos
espirituais, visou estabelecer Espíritas prevenidos da
irracionalidade, da ingenuidade cega, ou mesmo de uma
Fé Cega.
No entanto, apesar das orientações de Kardec para
consolidar um Espiritismo sério e seguro contra os
enganos, as ilusões, fantasias ou fascinações, são
volumosos os pesquisadores Espíritas e os que se afirmam
como autoridades no Espiritismo que não compreendem o
contexto criterioso e sério; pois as divergências do que
esses expõem, falam, ou escrevem, até mesmo por
psicografias e psicofonias que incluem assinatura de
Essa segurança
racional pautada
por Kardec, ou
seja, a postura
cética, com relação
a tudo que é
produzido ou tenha
relação com o
Espiritismo, visou
estabelecer
Espíritas
prevenidos da
irracionalidade, da
ingenuidade cega,
ou mesmo de uma
fé cega.
...nunca aceitar
nada sem que
passe pelo crivo da
razão, pela
confirmação e
investigação das
evidências...
13 Revista Cosmos Espírita, Porto Alegre, ano 1, nº 2, fevereiro de 2018.
nomes honrados, evidenciam a ausência de ceticismo
e de uma análise criteriosa conforme as orientações de
Kardec para o Espiritismo.
Todo aquele e toda aquela que se posiciona ou se
considera “autoridade” mediúnica, ou que se assume
na condição de “teólogo ou teóloga” sobre Espiritismo,
ou autodidata em Espiritismo, deve ceder lugar à
dúvida metódica e possibilitar o ceticismo e o
conhecimento científico, em sinal de humildade, e
como praticante do
Espiritismo reconhecer
que erra ou errou ao
oportunizar e facultar a
fascinação, a mistifica-
ção e a veneração
pessoal.
A aceitação cega de
mensagens, textos,
recados, instruções,
artes, obras etc, é a
evidência cabal da
vulnerabilidade para a
propagação de um
conhecimento sério do
Espiritismo.
A ausência do ceticismo inviabiliza que a Doutrina
Espírita atinja seu caráter de Ciência. E a evidência de o
atual Espiritismo ter personalidades na condição de
autoridades em grau de sacralidade, deixa patente a
ausência do ceticismo proposto por Kardec e a clara
idealização da Fé Cega.
...as divergências
do que esses
expõem, falam, ou
escrevem, até
mesmo por
psicografias e
psicofonias que
incluem assinatura
de nomes
honrados,
evidencia a
ausência de
ceticismo e de uma
análise criteriosa
conforme as
orientações de
Kardec para o
Espiritismo.
A ausência do
ceticismo inviabiliza
que a Doutrina
Espírita atinja seu
caráter de Ciência.
E a evidência de o
atual Espiritismo
ter personalidades
na condição de
autoridades em
grau de
sacralidade, deixa
patente a ausência
do ceticismo
proposto por
Kardec e a clara
idealização da Fé
Cega.
14 Revista Cosmos Espírita, Porto Alegre, ano 1, nº 2, fevereiro de 2018.
5ª EVIDÊNCIA Desconhecimento e Não Aceitação do
Pensamento e de Ideias Contra o Espiritismo
Conviver e aceitar o conhecimento contraditório, o pensamento divergente, ou
seja, aceitar os conhecimentos, as opiniões e argumentos que são contrários e
divergem dos próprios que se compreende como certos, que negam os próprios pontos
de vista e perspectivas sobre as coisas, são necessários
para se demonstrar a humildade necessária e o
posicionamento científico orientado por Kardec.
No contexto do desenvolvimento da Doutrina
Espírita e no aprimoramento do conhecimento da
Ciência Espírita, Kardec orientou aos Espíritas
estudarem as obras e autores que questionavam sobre
os Espíritos e o Espiritismo. São obras que aparecem no
seu Catalogo Racional das Obras para se Fundar Uma
Biblioteca Espírita. Tal postura caracteriza o
pensamento científico e humildade do pesquisador que
compreende sobre a mutabilidade das coisas. O
desenvolvimento do conhecimento Espírita depende
exatamente desse processo de argumentos e
evidências.
Todavia, sobre o pensamento contraditório, sobre o conhecimento divergente, esta
realidade não é aceita ou realizada dentro dos critérios racionais, filosóficos e científicos
estabelecidos por Kardec ou mesmo pelos padrões das ciências atuais; a evidência
identificada e posta diante do conhecimento que contraria o Espiritismo, é a que
estabelece uma “cruzada” de Fé, uma campanha Religiosa.
...a evidência
identificada e posta
diante do
conhecimento que
contraria o
Espiritismo, é a que
estabelece uma
“cruzada” de Fé,
uma campanha
Religiosa.
15 Revista Cosmos Espírita, Porto Alegre, ano 1, nº 2, fevereiro de 2018.
6ª EVIDÊNCIA Desconhecimento das Obras Fundamentais da
Doutrina Espírita, elaboradas por Allan Kardec
Ao deparar-se com algo racional e passível de
investigação científica, Allan Kardec passou a
desenvolver um conjunto de enunciados em
conformidade com a organização de perguntas e
respostas obtidas nas entrevistas que realizava com
os Espíritos. Essa iniciativa deu origem a primeira
edição de O Livro dos Espíritos, publicado em 1957,
que era composto de duas colunas: numa coluna as
918 perguntas e as respectivas respostas e na outra
os 389 enunciados teóricos que desenvolveu em
conformidade com as respostas dos espíritos.
Entretanto, na segunda edição de O Livro dos
Espíritos, publicado em 1860, a coluna dos enunciados
foi suprimida e as questões foram aumentadas para
1019. Os enunciados teóricos presentes tão somente
na primeira edição são desconhecidos pela maioria
dos Espíritas, bem como algumas das perguntas e
respostas presentes na primeira edição e que foram
suprimidas na segunda edição.
Na segunda edição de O Livro dos Espíritos,
Kardec também aumentou o número de capítulos, que
de 24 passou para 29, e aumentou consideravelmente
a quantidade de notas explicativas. Outra novidade foi
incluir dois textos de resumos teóricos e dois textos de
considerações sobre hipóteses, bem como incluiu
Os enunciados
teóricos presentes tão
somente na primeira
edição são
desconhecidos pela
maioria dos Espíritas,
bem como algumas
das perguntas e
respostas presentes
na primeira edição e
que foram suprimidas
na segunda edição.
...a 2ª edição foi
aumentada e
melhorada, mas
manteve o estilo de
entrevista. 16
Revista Cosmos Espírita, Porto Alegre, ano 1, nº 2, fevereiro de 2018.
textos assinados por Espíritos e aumentou as considerações presentes na Conclusão.
Pode-se constatar que a 2ª edição foi aumentada e melhorada, mas manteve o estilo
de entrevista.
QUADRO 5: Comparação de características entre 1ª e 2ª edições de O Livro dos Espíritos
O LIVRO DOS ESPÍRITOS Característica 1ª Edição - 1857 2ª Edição - 1860
Formato Duas colunas Uma coluna Coluna 1 – conteúdo Perguntas e respostas Perguntas e respostas
Coluna 2 – conteúdo Enunciados teóricos formulados por Kardec Suprimida
Quantidade de perguntas e respostas 918 1019
Quantidade de enunciados teóricos 389 Nenhum Quantidade de capítulos 24 29
Notas Explicativas 08 188 Considerações hipotéticas Nenhum Duas
Resumos teóricos Nenhum Dois Textos de psicografias Nenhum Nove
Conclusão Uma página Nove páginas Fonte: Elaborado por Charles A.K.
Kardec também aconselhou uma
ordem para quem desejasse estudar o
Espiritismo, que deveria iniciar pelo O
QUE É O ESPIRITISMO, depois O
LIVRO DOS ESPÍRITOS, O LIVRO DOS
MÉDIUNS e a REVISTA ESPÍRITA (de
janeiro de 1858 a abril de 1869), onde
se publicavam os debates para o
desenvolvimento do Espiritismo. Além
dessas obras, também outras
desenvolvidas por Kardec são
relevantes para o estudo do
Espiritismo:
-O EVANGELHO SEGUNDO O
ESPIRITISMO;
-O CÉU E O INFERNO;
-A GÊNESE OU OS MILAGRES E AS
PREDIÇÕES, SEGUNDO O
ESPIRITISMO;
Para aqueles que desejarem
adquirir esses conhecimentos
preliminares... aconselhamos a
seguinte ordem:
1°.) O QUE É O ESPIRITISMO
2°.) O LIVRO DOS ESPÍRITOS
3°.) O LIVRO DOS MÉDIUNS
4°.) A REVISTA ESPÍRITA
... Mas os que desejam conhecer
completamente uma ciência devem
ler necessariamente tudo o que foi
escrito a respeito... não se limitando
a um único autor... ler os prós e os
contras, as críticas e as apologias...
Allan Kardec, O Livro dos Médiuns
17 Revista Cosmos Espírita, Porto Alegre, ano 1, nº 2, fevereiro de 2018.
-O ESPIRITISMO NA SUA EXPRESSÃO MAIS SIMPLES;
-RESUMO DA LEI DOS FENÔMENOS ESPÍRITAS;
-CARÁTER DA REVELAÇÃO ESPÍRITA;
-VIAGEM ESPÍRITA EM 1862;
-CATALOGO RACIONAL DAS OBRAS PARA SE
FUNDAR UMA BIBLIOTECA ESPÍRITA;
-COLEÇÃO DE PRECES ESPÍRITAS;
-ESTUDO ACERCA DA POESIA MEDIANÍMICA.
E uma obra publicada após o desencarne de Allan
Kardec, que também merece igual atenção é o
OBRAS PÓSTUMAS, onde constam a trajetória dos
fatos envolvendo Kardec, os fenômenos Espíritas e
a história do Espiritismo.
Ocorre que diversos pesquisadores Espíritas e
muitos autores de textos, livros e apostilas que
tratam sobre o Espiritismo, não realizaram estudos
adequados nas obras de Kardec; e a evidência mais
contundente disso está nos livros de Estudo
Sistematizado, ou Aprofundado, da Doutrina
Espírita, entre outros, onde constam fragmentos do
ensino de Kardec, em estruturas textuais
desconexas de lógica, de método e de teoria
Espírita, onde outros textos e fragmentos de
autores tidos como especialistas no assunto,
rivalizam com proposições infundadas,
pseudocientíficas e desprovidas de evidências ou de
racionalidade científica e/ou Espírita.
Ocorre que diversos
pesquisadores
Espíritas e muitos
autores de textos,
livros e apostilas que
tratam sobre o
Espiritismo, não
realizaram estudos
adequados nas obras
de Kardec; e a
evidência mais
contundente disso
está nos livros de
Estudo Sistematizado,
ou Aprofundado, da
Doutrina Espírita
18 Revista Cosmos Espírita, Porto Alegre, ano 1, nº 2, fevereiro de 2018.
7ª EVIDÊNCIA Extensa produção bibliográfica passível de
estudos sérios e comprovações
A extensa biografia e de bibliografias
produzidas e que tratam sobre o Espiritismo ou
sobre situações das mais diversas e de origem dita
mediúnica, constituem numa colcha de retalhos.
Muitas são impressionantes aos desatentos. Muitas
outras são superficiais e mesmo banais. Diversas
abordam sobre situações exclusivamente pessoais e
que com suas histórias oportunizam contribuições
apenas fascinantes e fantasiosas, sem utilidade
prática para o desenvolvimento individual, social e
coletivo. Diversas também abordam questões de
vida material, facilmente identificável nos contextos
próximos dos autores, mas são figuradas e narradas
como sendo originárias nos cenários dos panos
Espirituais. O que está ausente em muitas são os
conhecimentos básicos da Doutrina Espírita, o que
aponta que tanto os médiuns como os Espíritos
desconhecem sobre a Doutrina ou mesmo sobre o
Mundo Espiritual. São obras ditas de fonte
mediúnica onde se percebe uma ausência ou um
conflito flagrante com a Doutrina Espírita, com os
estudos de Allan Kardec, com suas linhas científicas,
de método, filosofias e religiões. Fato é que toda
essa colcha de retalhos se constitui em matéria
O que está ausente em
muitas são os
conhecimentos básicos
da Doutrina Espírita, o
que aponta que tanto os
médiuns como os
Espíritos desconhecem
sobre a Doutrina ou
mesmo sobre o Mundo
Espiritual. São obras
ditas de fonte mediúnica
onde se percebe uma
ausência ou um conflito
flagrante com a Doutrina
Espírita, com os estudos
de Allan Kardec, com
suas linhas científicas, de
método, filosofias e
religiões.
19 Revista Cosmos Espírita, Porto Alegre, ano 1, nº 2, fevereiro de 2018.
prima para trabalhos metódicos e organizar
conhecimentos para o Espiritismo sério, consciente e
esclarecedor.
O Espiritismo é uma ciência transdisciplinar,
interdisciplinar e de cultura multipolar. Entretanto, o
padrão cultural tradicional que foi estabelecido pelo
Espiritismo é apenas o religioso; ou seja, unipolar,
disciplinar e dogmático. Esse contexto exige uma
ruptura com essa subordinação e imposição
religiosa, para reconstituir a parte científica e
filosófica, bem como o de reestabelecer os
fundamentos de Kardec.
O que está em questão é a possibilidade de fazer
emergir um indivíduo essencialmente Espírita, numa
perspectiva que supere as interpretações e
imposições tradicionais estancadas nas perspectivas
religiosas, místicas, romanceadas, fantasiosas e
sobrenaturais.
As evidências, fatos e variáveis necessitam ser
consideradas frente ao uso dos conceitos e a
aplicação ou formulação das teorias.
Em suas comunicações, os Espíritos dão provas
do alcance de seus conhecimentos sobre Ciência,
Filosofia, Religião, bem como sobre as questões
Morais e de relacionamentos, deixam a mostra suas
culturas específicas e suas identidades culturais
correspondente à época que estiveram encarnados.
O produto da Ciência e da Filosofia não podem
ser entendidos como algo separado das práticas
Espíritas postuladas por Allan Kardec e nem
permanecerem apartadas do contexto de suas
práticas diárias, sejam quais forem.
O Espiritismo é uma
ciência
transdisciplinar,
interdisciplinar e de
cultura multipolar.
Entretanto, o padrão
cultural tradicional
que foi estabelecido
pelo Espiritismo é
apenas o religioso; ou
seja, unipolar,
disciplinar e
dogmático. Esse
contexto exige uma
ruptura com essa
subordinação e
imposição religiosa,
para reconstituir a
parte científica e
filosófica, bem como
o de reestabelecer os
fundamentos de
Kardec.
20 Revista Cosmos Espírita, Porto Alegre, ano 1, nº 2, fevereiro de 2018.
Atenção aos estudos e fontes Espíritas
Pelo Espírito Francisco Spinelli
Queridos irmãos e irmãs. Aqui estamos trazendo o abraço do Mundo Espiritual e da equipe encarregada dos trabalhos do Estudo Sistematizado. Trazendo nosso apoio para que os trabalhos dos irmãos possam ter o maior êxito possível e que decorram da melhor maneira. Para que o aproveitamento seja bem confortável e com bastante conhecimento da Doutrina. Porque a Doutrina Espírita é a maravilha dos tempos. Pois, é o Espiritismo que vai transformar a humanidade; fazendo com que a humanidade se ame e se compreenda. E só através do conhecimento da Doutrina, através da confiança, da Fé e do Amor é que poderemos melhorar e angariar melhores moradas na casa do Pai.
Mas para evoluir, precisamos cumprir com a missão que temos aqui na Terra. Porque a mediunidade é uma missão que se pede antes de reencarnar. E vocês não são capazes de calcular o valor que existe no médium que pode dar situações de conforto às entidades. É uma maravilha. Nós nos sentimos felizes quando podemos usar um médium. E pedimos aos irmãozinhos, que estão desenvolvendo, que não tenham medo. Tenham confiança. E procurem se preparar e estudar bastante a Doutrina. Pois, o médium para desenvolver precisa exercitar, precisa de exercício e estudar muito.
Portanto, a base do estudo deve ser em obras que sabemos que são puramente Espíritas, ditadas por Espíritos, principalmente as obras de Kardec, como também André Luiz e Emmanuel. Porque André Luiz, por exemplo, ensina muito o Mundo dos Espíritos; como eles vivem no Mundo Espiritual. E é muito importante saber isso, para estar preparado na hora do desencarne. Pois, notamos que muitas criaturas estudam o Espiritismo, mas não sabem o que vai acontecer na hora do desencarne e nem para onde poderiam ir.
PSICOFONIA
Porque a Doutrina
Espírita é a
maravilha dos
tempos. Pois, é o
Espiritismo que
vai transformar a
humanidade;
fazendo com que
a humanidade se
ame e se
compreenda. E só
através do
conhecimento da
Doutrina, através
da confiança, da
Fé e do Amor é
que poderemos
melhorar e
angariar melhores
moradas na casa
do Pai.
21 Revista Cosmos Espírita, Porto Alegre, ano 1, nº 2, fevereiro de 2018.
Outro assunto importante a salientar é sobre Léon Denis e Camille Flammarion, os quais foram os que iniciaram o Espiritismo junto com Kardec. Só que eles discutiam muito. Léon, por exemplo, tinha um tipo diferente de pensar; e Kardec discordava, tanto que, Kardec, três anos depois de terem formado um centro de estudos e divulgação da Doutrina, pediu a demissão da direção daquele centro, onde ambos três trabalhavam: pediu a demissão por discordar de Léon Denis e de Camille Flammarion.
Mas é muito importante prestar atenção: foi Kardec quem recebeu a missão de trazer o Espiritismo para a face da Terra. E a verdadeira doutrina é a kardecista. E para quem está começando, é Kardec. Kardec é a chave, não sair dali. Se conseguir estudar tudo o que Kardec ensinou, não precisa mais nada. Daí é que se está dentro do Espiritismo mesmo. Se souber estudar, pregar isso, utilizar os ensinamentos como a Doutrina aconselha, se portar dentro da moral cristã e da moral espírita como ensinam as obras de Kardec, então daí... Parabéns!”
Francisco Spinelli
Mentor encarregado dos
trabalhos do Estudo Sistematizado.
Mensagem psicofônica pelo Médium Antônio em 04 de
junho de 1992.
Portanto, a base do
estudo deve ser em
obras que sabemos
que são puramente
Espíritas, ditadas
por Espíritos,
principalmente as
obras de Kardec,
como também André
Luiz e Emmanuel.
Porque André Luiz,
por exemplo, ensina
muito o Mundo dos
Espíritos; como eles
vivem no Mundo
Espiritual. E é muito
importante saber
isso, para estar
preparado na hora
do desencarne. Pois,
notamos que muitas
criaturas estudam o
Espiritismo, mas não
sabem o que vai
acontecer na hora
do desencarne e
nem para onde
poderiam ir.
Mas é muito
importante
prestar atenção:
foi Kardec quem
recebeu a missão
de trazer o
Espiritismo para a
face da Terra. E a
verdadeira
doutrina é a
kardecista. E para
quem está
começando, é
Kardec. Kardec é
a chave, não sair
dali. Se conseguir
estudar tudo o
que Kardec
ensinou, não
precisa mais
nada. Daí é que se
está dentro do
Espiritismo
mesmo.
22 Revista Cosmos Espírita, Porto Alegre, ano 1, nº 2, fevereiro de 2018.
Charles A.K.
Allan Kardec orientou e argumentou em diversas passagens, no conjunto de suas obras,
afirmando que o Espiritismo é uma Ciência e não uma Religião. Listamos 160
citações nesse sentido e passaremos a publicá-las.
DEBATES: O Espiritismo é Ciência, conforme Allan Kardec
1
Reflexão
A contradição no
Espiritismo se dá quando
da condição cultural dos
Espíritos, bem como da
Ciência incompleta de
Espíritas e dos Espíritos
que se manifestam.
1
AFIRMAÇÃO DE KARDEC
As contradições que frequentemente se
notam, na linguagem dos Espíritos, não
podem causar admiração senão àqueles que
só possuem da Ciência Espírita um
conhecimento incompleto, pois são a
consequência da natureza mesma dos
Espíritos, que, como já dissemos, não sabem
as coisas senão na razão do seu
adiantamento, sendo que muitos podem
saber menos que certos homens.
Fonte: O Que é o Espiritismo
23 Revista Cosmos Espírita, Porto Alegre, ano 1, nº 2, fevereiro de 2018.
2
AFIRMAÇÃO DE KARDEC
O Espiritismo sério não pode responder
por aqueles que o compreendem mal, ou que
o praticam de modo contrário aos seus
preceitos; assim como não o faz a poesia por
aqueles que produzem maus versos.
É deplorável, dizem, que existam tais
obras prejudicando a verdadeira Ciência.
Sem dúvida, seria preferível que só as
houvesse boas; o maior mal, porém, consiste
em não se darem ao trabalho de estuda-las
todas. Todas as artes, todas as Ciências,
além disso, estão no mesmo caso. Não
vemos, sobre as mais sérias coisas,
aparecerem tratados absurdos e cheios de
erros?
Fonte: O Que é o Espiritismo
2
Reflexão
Kardec argumenta sobre
a incompreensão da
Ciência Espírita e de
práticas que contrariam
os preceitos do
Espiritismo, criticando
àqueles que
compreendem mal o
Espiritismo e produzem
obras que prejudicam a
verdadeira ciência.
3
AFIRMAÇÃO DE KARDEC
Desde já podemos ouvir numerosas
pessoas dizerem: mas há um meio bem mais
simples de termos essa chave: por que não a
pedem aos Espíritos? É o caso de realçar um
erro em que cai a maior parte dos que
julgam a Ciência Espírita sem a conhecer.
Lembremos, primeiramente, deste princípio
fundamental: os Espíritos, ao contrário do
que se pensava outrora, longe estão de tudo
saber.
Fonte: Revista Espírita, Ano I, julho de 1858
3
Reflexão
A Ciência Espírita
reconhece a condição
cultural dos Espíritos e
sabe que eles não
possuem o pleno
conhecimento.
24 Revista Cosmos Espírita, Porto Alegre, ano 1, nº 2, fevereiro de 2018.
4
AFIRMAÇÃO DE KARDEC
As contradições encontradas muito
frequentemente na linguagem dos Espíritos,
mesmo sobre questões essenciais, foram,
até hoje, para certas pessoas, uma causa de
incerteza quanto ao valor real de suas
comunicações, circunstância da qual não
deixaram os adversários de tirar partido.
Com efeito, à primeira vista essas
contradições parecem ser uma das principais
pedras de tropeço da Ciência Espírita.
Vejamos se elas têm a importância que lhes
atribuem.
Fonte: Revista Espírita, Ano I, agosto de 1858
4
Reflexão
A Ciência Espírita
reconhece que é da
condição cultural dos
Espíritos que se
destacam a linguagem e
seu grau de
conhecimento.
5
AFIRMAÇÃO DE KARDEC
A Ciência Espírita repousa,
necessariamente, sobre a existência dos
Espíritos e sua intervenção no mundo
corpóreo.
Instruções Práticas sobre as
Manifestações Espíritas. Introdução.
Fonte: O Espiritismo em sua Expressão mais
Simples
5
Reflexão
A Ciência Espírita
reconhece a existência
do Mundo Invisível e dos
Espíritos e da relação
desses com o mundo
corpóreo.
25 Revista Cosmos Espírita, Porto Alegre, ano 1, nº 2, fevereiro de 2018.
6
AFIRMAÇÃO DE KARDEC
A primeira fonte das contradições decorre,
pois, do grau de desenvolvimento intelectual
e moral dos Espíritos; porém há outras,
sobre as quais é útil chamar a atenção. Dirão
que passamos sobre a questão dos Espíritos
inferiores, desde que assim o é;
compreende-se que possam enganar-se por
ignorância; todavia, como se justifica que
Espíritos superiores estejam em dissidência?
Que utilizem em certo país uma linguagem
diferente da que empregam em outro?
Finalmente, que o mesmo Espírito nem
sempre seja coerente consigo mesmo?
A resposta a essa questão repousa sobre o
conhecimento completo da Ciência Espírita,
e essa Ciência não pode ser ensinada em
poucas palavras, porque é tão vasta quanto
todas as Ciências Filosóficas. Como todos os
ramos do conhecimento humano, só é
adquirida pelo estudo e pela observação.
Não podemos repetir aqui tudo quanto já
publicamos sobre o assunto; a ele, pois,
remetemos nossos leitores, limitando-nos a
um simples resumo. Todas essas
dificuldades desaparecem para quem quer
que lance sobre esse terreno um olhar
investigador e sem prevenção.
Fonte: Revista Espírita, Ano I, agosto de 1858
6
Reflexão
A Ciência Espírita
reconhece que para
compreender a condição
cultural dos Espíritos e
trabalhar como Espírita,
é preciso dedicação,
estudo e observação.
26 Revista Cosmos Espírita, Porto Alegre, ano 1, nº 2, fevereiro de 2018.
7
AFIRMAÇÃO DE KARDEC
O progresso da Ciência Espírita, que
diariamente se enriquece com novas
observações, mostra-nos a quantas causas
diferentes e influências delicadas, que não
se suspeitava, são submetidas as relações
inteligentes com o mundo espiritual. Os
Espíritos não podiam ensinar tudo ao mesmo
tempo; mas, como hábeis professores, à
medida que as ideias se desenvolvem,
entram em maiores detalhes e desdobram os
princípios que, dados prematuramente, não
teriam sido compreendidos e teriam
confundido o nosso pensamento.
Fonte: Revista Espírita, Ano VIII, maio de
1865
7
Reflexão
O progresso da Ciência
Espírita se dá com o
progresso simultâneo de
Espíritas, Pesquisadores,
Médiuns e Sociedade.
8
Reflexão
O Espiritismo é a Ciência
que prova a existência
do Mundo Invisível e de
sua relação com o
Mundo Material.
8
AFIRMAÇÃO DE KARDEC
5. O Espiritismo é a nova Ciência que vem
revelar aos homens, por meio de provas
irrecusáveis, a existência e a natureza do
mundo espiritual e suas relações com o
mundo material.
Fonte: O Evangelho Segundo o Espiritismo
27 Revista Cosmos Espírita, Porto Alegre, ano 1, nº 2, fevereiro de 2018.
9
AFIRMAÇÃO DE KARDEC
As explicações dos fatos admitidos pelo
Espiritismo, de suas causas e suas
consequências morais, constituem toda uma
Ciência e toda uma Filosofia que exigem
estudo sério, perseverante e aprofundado;
Fonte: O Livro dos Médiuns.
9
Reflexão
A Ciência Espírita
reconhece que os
estudos e explicações
dos fatos Espíritas
exigem estudos sérios,
perseverantes e
profundos.
10
Reflexão
A Ciência Espírita
estabelece a explicação
lógica dos fatos, da
natureza e da ação dos
Espíritos e sobre o
futuro.
10
AFIRMAÇÃO DE KARDEC
O que é moderno é a explicação lógica dos
fatos, o conhecimento mais completo da
natureza dos Espíritos, de seu papel e de seu
modo de ação, a revelação de nosso estado
futuro, enfim, sua constituição em corpo de
Ciência e de doutrina e suas diversas
aplicações.
Fonte: O Espiritismo em sua Expressão mais
Simples
28 Revista Cosmos Espírita, Porto Alegre, ano 1, nº 2, fevereiro de 2018.