Download - Fragmentos cronicas urbanas
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F R A G M E N T O S
CRÔNICAS URBANAS
ECOBUENO
ECO
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Inquietante é a vida! As observações diárias
afirmam isso. Ainda mais numa cidade onde o corre-
corre, esse afã diário de chegar a nenhum lugar, nos
dá a sensação de vazio.
.Uma cidade que muitas vezes nos parece
angustiante, inquietante, tanto quanto encantadora e
que revela sua alma nos personagens que vão
compondo sua paisagem, os seres.
Para uns pode parecer carrancuda, para
outros apenas um espaço impessoal, mas para
muitos é encantadora, cheia de histórias. Meu caso.
Edson Bueno
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Há dois tipos de memória visual: aquela em que, de
olhos abertos, recriamos com habilidade uma imagem no
laboratório da mente (...); e a outra em que, de olhos fechados,
instantaneamente projetamos sobre o escuro interior das
pálpebras a réplica objetiva e absolutamente fiel ao rosto
amado, um pequeno fantasma em cores naturais (...)
Vladmir Nabokov (Lolita)
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Sumário
Art of Love ............................................................................................................. 6
Be(ll)atriz ............................................................................................................... 8
Cardápio Instantâneo ........................................................................................ 10
Dom de Existir .................................................................................................... 12
De La Musique .................................................................................................... 13
De Repente! ......................................................................................................... 15
Garrafas ao Mar .................................................................................................. 17
Oásis Primaveril ................................................................................................... 19
Porque Morremos ............................................................................................... 21
De Menina a Mulher ........................................................................................... 24
Ação do Tempo .................................................................................................. 26
Um Ser Especial ................................................................................................. 27
Anjo Existe? ........................................................................................................ 28
Carnaval ............................................................................................................... 30
O Peso da Intolerância ...................................................................................... 31
Homens de Marte, Mulheres de Vênus ............................................................ 33
Tudo Novo, de Novo .......................................................................................... 35
Flashes do passado ........................................................................................... 37
Urbanos ............................................................................................................... 39
Eles revelam ........................................................................................................ 41
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Art of Love
É mês de Junho, e no Brasil dia 12 se comemora o Dia dos Namorados, uma
data que faz lembrar que, apesar de parecer um tema tão batido, ainda é
renovável, ambíguo, feito o viver; o amor.
Iluminados como Buda, Jesus Cristos, Maomé, Gandhi, Madre Tereza, Kardec,
Martin Luther King, entre tantos, tiveram suas lições ligados ao amor. E esse
sentimento que além de ter sua definição clássica, também significa procurar o
melhor de cada ser.
Erich Fromm, psicanalista, destaca em seu livro A Arte de Amar, que: “o amor é
a única resposta sadia e satisfatória para o problema da existência humana”-
pena que nem todos veem assim. O poeta Carlos Drummond de Andrade em
Amar se Aprende Amando, reforça: “amor, a descoberta de sentido no absurdo
de existir”.
No filme O Amor é Contagioso, o personagem Patch Adams, ensina-nos que o
grande antídoto para as enfermidades, é o amor. Sim, o carinho e o afeto,
substitui muitas vezes, a frieza dos hospitais. Na musica, Amadeus Mozart,
compositor clássico, disse: “nem uma inteligência inusitada ou grande
imaginação, nem ambas juntas fazem um gênio. Amor, amor, amor é alma do
gênio”. Camões em Sonetos de Amor, diz que: “Amor é o fogo que arde sem se
ver/ É ferida que dói e não se sente”. Genialidade em prol de um sentimento
maior.
Apesar de ser tema tão repetido, ainda assim se renova, é o veio central da
vida. Acredito que é o sopro da criação, dá-nos a forma e a emoção. Gabriel
Garcia Marques, o Gabo, em Memórias de Minhas Putas Tristes, revela que o
amor é essencial na maturidade; escreveu: “O sexo é o consolo que a gente
tem quando o amor não nos alcança”.
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Mas tem os que encaram o amor de outra maneira. “(..) é o que há de mais
trágico no mundo e na vida; o amor é filho do engano e pai do desengano”.
Adverte o poeta Miguel de Unamuno. No filme 2046-Segredos de Amor, o
cineasta chinês Wong Kar, mostra-nos, em sua visão que amor verdadeiro é
impossível. Sendo assim, só o amor impossível é o verdadeiro amor, o parcial
existe e nos excita, a única possibilidade humana é a incompletude.
Aquilo que sei sobre o amor – apesar de não ser o interlocutor ideal devido
meu anonimato – é que, mesmo que pesem a opinião desses brilhantes
autores a favor ou contra, ainda assim, só ele tem a chave para desvendar o
mistério da existência humana e vencer a morte.
O amor vai além da possibilidade da revolução a dois, não está restrito aos
casais, existem muitas formas de amar. É só prestar atenção que ele se revela.
“Se tiver o amor, jamais morrerá de sede no mar da vida”, disse o poeta.
Por tudo isso, essa data seria uma das mais representativas, se não fosse por
uma questão meramente humana e atual. Tudo, hoje em dia beira o
imediatismo. Quem celebra o verdadeiro amor, num tempo em que os valores
parecem perdidos em meio às banalidades?
Nessa data, muitos correm para comprar um presente, mas não se dão conta
que o presente maior é saber que a cada dia ele, o amor, se renova e se faz
presente nos mais variados temas e formas do viver. Como escreveu
Shakespeare “O amor, não se vê com os olhos, mas com o coração”. Por isso,
eu simplesmente amo.
ecobueno
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Be(ll)atriz
A manhã de um domingo ensolarado anunciava o que estava por vir. No teatro,
quando as cortinas descerraram e as luzes ascenderam, no palco se revela,
doce, leve, encantadora, emanando seu feixe de luz, a bela menina-bailarina.
A música irrompe, ecoando no ar e, segura de si, ela se equilibra sobre o
pedestal de suas pequeninas sapatilhas rosa, com pliés, croisés, elevés, e
meias-ponta, transforma o clássico em lúdico e a competição flui; agradável
brincadeira. Gestos cândidos, meigos, serenos, desliza firme, imperiosa, altiva;
se integra ao cenário, soberana. Centelha divina!
Seu figurino: alegria e dedicação, composto de movimentos em perfeita
harmonia, graciosidade, equilíbrio, Adagio. Os adereços: elegância, perfeição e
pleno domínio do corpo e dos pés, Aplomb. Resultado da fusão, corpo e
musica; o ballet.
Menina, Allegro, de tantos encantos, sua tenra idade não a impede de bailar.
Ela destoa dos demais concorrentes, faz de sua apresentação uma diversão e
nos leva ao estado de êxtase, pura emoção, denunciado no arrepio da pele e
nos olhos marejados.
Sozinha no tablado - sem minhas mãos para amparar - não se assusta, pois
não está só, afinal ali é o seu espaço, seu mundo, se sente a vontade para
revelar o grande domínio de quem, mesmo sendo sua primeira vez
competindo, nasceu para dançar, trazer alegria, encantar e fazer o público
sonhar.
Além dos expectadores, há a banca de jurados composta por bailarinos e
coreógrafos – com experiência internacional - o que torna sua tarefa mais
seletiva e árdua. Mesmo que fosse só uma apresentação lúdica e
descontraída, já seria sublime, porém o peso de estar ali, sendo observada por
tantos olhos atentos faz dela, apesar da pouca idade, um ser de brilho único.
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Traz em mim a doce lembrança de um tempo mágico, sua chegada. Hoje, no
palco é só ela e sua majestosa dança. Com o dom que lhe é peculiar, numa
apresentação brilhante, transforma o sonho em realidade, fantasia em verdade.
Não poderia ser diferente, superando todas as expectativas e os concorrentes,
ganha o merecido prêmio com seu solo.
Sua alegria leve, iluminada e segura, impressiona e revela a raridade do seu
talento de atriz. No palco a bailar, desfilando seu encanto, a bailarina campeã,
é a brilhante Beatriz.
ecobueno14
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Cardápio Instantâneo
Existem coisas que estão aí e que são parte indissociável da vida. Não damos
muita atenção, é bem verdade, até que num determinado dia, zás, ela nos
toma e fica impossível viver sem.
Não, não é o celular (primeiro na lista das prioridades), nem as redes sociais
(que causa dependência em alguns), ou qualquer uma dessas maravilhas
eletrônicas que povoam nossa casa.
Estou falando de algo que está me salvando (sem exageros) na hora das
refeições. Não é muito agradável contar com aquela pizza amanhecida na
geladeira, quase todos os dias, ou com os lanches que, apesar de ter um leque
variado de opções, parecem sempre ter o mesmo sabor. Haja calorias! A
comida congelada é uma boa alternativa, mas dá trabalho e toma tempo na
hora de descongelar. Tanto faz se no micro-ondas, no forno elétrico ou a gás,
e se for em temperatura ambiente então... A fome não espera.
Então o correto é se alimentar adequadamente. A saúde agradece (dizem).
Uma saída para a falta de tempo é fazer pequenas porções separadas e utilizar
na hora das refeições. Porém tem apenas um probleminha, precisa ser
preparado, geralmente nos finais de semana e isso está fora de cogitação.
Sem contar que não tenho intimidade para a variação de cardápio.
Muitas vezes abro a geladeira e a gaveta de legumes parece um lindo canteiro
(ou latifúndio) da agricultura familiar, tudo em plena brotação. Melhor não
colher fora de hora, penso. Então o que me resta é atacar um pacotinho que já
vem na medida certa - da minha necessidade - colocar água e em três
minutinhos, salpicar o temperinho e, voilá, é só servir.
Tudo bem que não tem muitas opções, pois não importa se é de legumes,
galinha, carne, ou qualquer outro sabor, parecem todos iguais. Mas não sou
muito exigente, dependendo do momento e da disponibilidade (coragem),
acrescento acompanhamento, ovo mexido e queijo ralado.
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Impossível não dar loas a essa maravilha da vida moderna, rápido, prático, não
precisa consultar a receita e tão pouco ficar provando para saber o ponto.
Apesar do custo beneficio não ser um dos melhores, ainda assim dá a
sensação (ilusão) de que estou saboreando – me desculpem pela heresia - um
belo prato da especiaria d’ Itália.
Despois de tanto relutar cheguei a conclusão de que tenho muito a aprender
com meus pequenos. Eles descobriram isso bem antes, e adoram. Sabem das
coisas! Ah, já me tornei um expert nesse tipo de cardápio. Que me perdoem os
chefs de plantão, mas no momento a minha especialidade (necessidade) é o
macarrão instantâneo. Santa invenção! Tá servido?
Estou aguardando ansiosamente pelo ovo frito no mesmo formato, evitaria que
eu o destruísse toda vez que tento virá-lo na frigideira. Seria mais uma opção
de acompanhamento além do queijo ralado e do ovo mexido.
ecobueno14
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Dom de Existir
Hoje, muitos dos que te admiram, pessoas mais próximas, ligadas a ti. Pessoas
que fazem parte do seu dia-a-dia, que pedem e também aconselham, afagam e
recebem a sua recíproca. Pessoas queridas que constam da primeira página
da sua agenda; que habitam seus pensamentos, sentimentos. Pessoas que
compartilham suas alegrias e decepções. Não poderia ser diferente; felicitar-te-
ão!
Sei que durante os demais dias do ano, tais pessoas terão a felicidade de
partilhar suas histórias, seus sorrisos e até mesmo suas lágrimas. Poderão
dizer-te oi, receber seu abraço, sentir seu calor, ganhar seus carinhos mais
íntimos e revelar sentimentos verdadeiros que és capaz de despertar. Nada
mais gratificante!
Dentre as pessoas que farão deste tempo e gestos, uma bela e grata
lembrança e transformar-se-ão numa passagem tão especial que constará no
capítulo dessa única e bela história, seu viver, serei apenas um eco a juntar-se
ao coro de vozes que dirão da sua infinita importância.
Mesmo que seja à distância e apenas nesse átimo de tempo – infinito enquanto
o é - quero fazer parte dessas vozes. E, se puder ao menos, pelo instante em
que dure a leitura dessas linhas, passar a minha admiração e carinho, tenha
certeza que essa felicidade que podes sentir é a minha fonte de alegria em
todos os instantes que tua falta se faz presente. Pois em todos os dias tu és
esse raro presente. Parabéns!
Aconteceu: à Lu(z) ascendeu
Amanheceu mais um dia, seu
E a menina que teus olhos habita
Derrama a luz que d’alma emana
Ondados fios castanhos
Que escorrem ladeando a face
Emolduram traços lhanos
D’onde vem a força e energia
Carregados de paz e harmonia
Beleza interior que aflora
Seu dom de existir, absoluto
Revelados num sorriso, magia
ecobueno081014
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De La Musique
Saí de casa, a manhã estava cinza, fria, chuvosa e, para completar, o transito
me obrigou a parar. Enquanto muitos “apressados” seguiam pelo acostamento,
o que me irritava profundamente, no radio algo me chamou a atenção, então
me desliguei do externo.
Ela, Tulipa Ruiz, cantava Efêmera, do disco de mesmo nome, em que diz, “Vou
ficar mais um pouquinho/Para ver se eu aprendo alguma coisa/nessa parte do
caminho”. Dona de uma voz privilegiada amarra poesia e melodia, esbanjando
atitude, saindo do lugar comum. Nada mais direto.
Ela continuava insistente “Martelo o tempo/Pra eu ficar mais pianinho/Com as
coisas que eu gosto/e que nunca são efêmeras” Me resignei, esqueci o
transito, desbanquei o afã e comecei a pensar em como a pressa, a agenda,
esse eterno ir e vir, nos tira momentos preciosos.
Sem contar que essa “disputa” por espaço faz de nós gladiadores urbanos,
supostamente protegidos em nossa armadura, onde o que importa é ganhar
tempo, que tempo? O acostamento vira estrada e as leis de transito, hora as
leis, só servem para atrapalhar. Se paradoxalmente o acostamento está
“andando”, porque tenho que ficar aqui parado?
Mas Tulipa com sua malemolência descontraída, diz “Martelo o tempo preu
ficar mais pianinho/Com as coisas que eu gosto/ E que nunca são efêmeras/E
que estão despetaladas, acabadas/Sempre pedem um tipo de recomeço”. Uma
forma de dizer, esqueça sua pressa, congele o momento e se reconstrua. A
vida é, apesar de rápida, sublime, aproveite o instante.
Mesmo com esse transito carregado e os “espertos” furando fila, ainda estou
confortável e posso ouvir boa musica, então para que me chatear se “Vou ficar
mais um pouquinho/...Congele o tempo preu ficar devagarinho/ Com as coisa
que eu gosto/...E que passam perecíveis/ E acabam, se despedem/Mas eu
nunca esqueço”. Ela ensina.
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E o transito? O compromisso? A pressa? “Sempre pedem um tipo de
recomeço”, logo estarei em meu destino e o melhor, sem atropelos e ainda foi
possível ouvir boa musica.
ecobueno14
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De Repente!
Um belo dia você percebe que, de repente, eles se perderam numa esquina
qualquer do passado. Onde ela está? Onde ele está? Que fim levaram os
amigos? Em desespero, a gente corre para o meio da rua, ou um lugar
específico, onde possam se esbarrar novamente. Não encontra ninguém,
talvez tenha passado muito tempo e ele, ela, não se recorda mais do lugar, ou
trocou o caminho sem avisar. Então pergunta á quem passa; um guarda, um
transeunte, se não viram alguém com tais características e a resposta é
sempre negativa. Volta para a casa, busca algum vestígio. Relê as cartas,
talvez nos dê uma pista. Rega as plantas, colhe umas flores, melhor decorar o
ambiente. Talvez esteja preparando uma visita surpresa. O telefone toca, a
esperança se renova. Mas do outro lado, engano.
Os dias passam e o carteiro que não bate a sua porta, e a sensação, em cada
cômodo da casa (nosso interior) de vazio, aumenta. Mente, coração,
sentimentos e, sem perceber, soltamos um urro. É inútil! Procuramos, dias,
noites inteiras aquele rosto suave, aquele olhar de brilho único, aquele sorriso
de candura no quarto escuro da memória. Não tem ninguém, não o vemos
mais. Aí o que resta? Se conformar? Talvez seja esse o caminho. Mas a gente
no fundo sabe que não quer isso, afinal pessoas com essas características são
tão raras. Melhor não se entregar, insistir, manter as esperanças acesas.
Sim, tudo passa. Aquele momento de segundos atrás não volta mais. As águas
do rio não passam sob a mesma ponte duas vezes. O que fizemos ontem, não
serve hoje. Mas a gente pode ao menos perpetuar os momentos como nas
reprises, nos flashes, clareando as fotografias da memória, não deixando que
esses momentos tão peculiares escureçam com o tempo e se apaguem.
Mesmo que voltemos aos lugares de sempre, esperemos as cartas que não
chegam. Os telefonemas que são enganos. Que vejamos em nossa busca os
“cômodos” vazios, o tempo que se esvai por entre os dedos. Mesmo que
nossas perguntas não tenham respostas - pois ninguém os viu - e que a
sensação de solidão tome conta de nossas casas, nada melhor que revisitar na
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memória tudo que ficou de bom e claro, assim as chamas do calor desses
carinhos jamais se findarão.
Por isso, volto sempre á mesma esquina e ali, olhando para todos os lados,
para não perder nenhuma cena, um momento, sequer, fico ligado em tudo o
que acontece. Quem sabe verei novamente seus braços abertos vindo em
minha direção para me vestir num abraço. Assim como aconteceu quando nos
esbarramos por acaso e nos conhecemos. Ainda te espero na mesma esquina,
passado, presente e futuro onde num belo dia, as vidas, de repente, se
encontram.
ecobueno
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Garrafas ao Mar
Sim as cartas, mensagens, garrafas...
Quando coloquei uma mensagem numa garrafa e atirei ao mar não poderia
imaginar por onde ela poderia viajar. Ou se seria resgatada. Mas em mim havia
a certeza que o que continha em seu interior era verdadeiro e te encontraria.
E ela percorreu tantos lugares. Tantos mares. Visitou ilhas, geleiras, costas,
arrecifes, praias paradisíacas e desertas. Um longo caminho, nenhum lugar
para atracar.
Seguindo seu destino, tantos locais. Enfrentou tempestades, maremotos,
calmarias. Grandes navios indo e vindo, ora empurrando para um lado, ora
para outro, quase quebrando-a. Barcos grandes pequenos, ancorados ou
soltos ao mar. Eram tantos obstáculos, mas nada fazia com que ela parasse.
Viajou, navegou, boiou. Tantas noites estreladas. Noites de luas que
iluminavam seu mar. Tantas outras, escuras, sombrias. Também foram tantos
dias, quentes, frios, com e sem auroras. Dias longos, intermináveis. Dias
curtos: átimos de segundo. Enfim, nenhum dia se repetia.
Viu pássaros sobrevoarem seu infinito, às vezes curiosos desciam e bicavam
seu casco, outras procuravam abrigo e pousavam em sua superfície lisa, para
um simples descanso. Aviões cruzando o céu, era a vida que seguia. O
cotidiano, tal qual a ela, continuava. A chegada deveria estar próxima -
pensava.
Em seu interior uma mensagem importante para alguém especial, parecendo
pulsar. Tinha que encontrá-la! A garrafa, para tantos, parecia ter um simples
pedaço de papel em seu interior, sem valor. Mas ali se alojava algo de
significado único, de entendimento recíproco.
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Demorou? Talvez! Ficara encalhada em um banco de areia no meio do nada,
esperando pacientemente por uma nova maré. E assim que ela veio, mais
experiente e segura, se lançou ao mar novamente. Onde poderia ir parar? Não
importa. Um lugar, aquele alguém, logo vai chegar.
Enfim, naquela praia, diferente de todas; um ser. A onda, calmamente a leva a
beira mar. Ali estavas tu, olhar distante, como a esperar. Sentiu a água banhar
seus pés descalços e algo frio tocar-lhe a pele. Agachou, no meio da espuma
branca retirou a garrafa. No seu interior aquele bilhete; abriu, e nele estava
escrito: “O destino me trouxe até o teu cais, não estarei só, jamais. (eco)”.
ecobueno
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Oásis Primaveril
Nesses tempos de aridez que faz nascer um deserto de sentimentos, n’alma.
Onde a correria e a rotina diária tornam as pessoas assim, um tanto quanto
distantes e reticentes, é tão bom quando há essa elevação de gestos simples e
verdadeiros que revelam o outro lado, um oásis florido, alegre e vivo!
Ultima sexta-feira de outubro, nenhuma data em especial ou uma
comemoração específica. Apenas mais uma noite que transcorreria
normalmente, rotineira. A única coisa que tínhamos era a temperatura amena e
agradável denunciando essa explosão inebriante de cores, aromas e sabores,
que desperta em nós o espírito primaveril.
Espírito que nos faz, ao menos nesse tempo, baixar o escudo criado ao longo
dessa estiagem, nos tornando, de certa forma, rudes e avessos aos
sentimentos mais simples. E essa umidade e o frescor se exprimem em tons e
sobre tons anunciando a boa nova em nós.
A simplicidade que nos faz lembrar o quanto é bom caminhar por caminhos
salpicados do verde musgo das folhas que devido ao vento forram ao chão.
Simplicidade que se alimenta desses olores que preenchem os ares e se
refestela na magia dessas inúmeras pétalas que despontam e se equilibram
em caules flexíveis. Simplicidade que se mostra em gestos, sorrisos, palavras,
olhares eternizados em flashes de memória.
Noite sem luar? Pouco importa! Pois sabemos que a luz mais importante nesse
momento é a que vem de cada um. O cenário pode não ter as nuanças e
matizes captadas num quadro de Monet, mas tem a unicidade das cores de
cada ser. Nem a trilha sonora é a de Beethoven, mas as notas compostas
pelos tons das cordas vocais de cada um é a mais bela de todas as toadas.
Nem as histórias ali contadas podem ter o mesmo enredo e a clareza de um
livro de Flaubert, mas cada uma delas é tão ou mais importante quanto. Nem
os personagens podem ter a mesma conotação marcante como num livro de
Machado de Assis, mesmo assim são fortes e vibrantes, reais.
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Um lugar comum, uma noite qualquer, após um dia cansativo, pouco importa, o
que vale mesmo é o significado. E nesse cenário, o mosaico de luzes e cores
vai se formando em mais um capitulo inesquecível desse livro, com enredo das
pulsações e reverberações do dom do ser, a Vida! E cada vida que ali se
apresenta, contribui com sua parte para completar esse momento primaveril
denunciado pelas cores percebidas nas formas originais das flores (pessoas).
Um trio inigualável, matiz de amarelo, rosa e verde.
O amarelo vivo que denuncia a áurea alegre, vibrante e espontânea, ao qual
não é possível passar incólume, pois possui luz própria, o Girassol.
O rosa, encanta, acalenta, embala e apazigua os corações, almas e mentes.
Apesar dos espinhos tem um ar frágil, porém forte, intermitente. A delicadeza
aveludada das pétalas de aroma suave, não deixa dúvidas, a Rosa!
O verde, comum a maioria das plantas e que faz com azul o elo para enfeitar
dias gris. Se expõem, e se impõem essa eterna esperança, tão importante,
verdes mares!
Eu, ali, apenas um aprendiz de jardineiro, observando, admirando, cultivando e
solvendo tão sublimes flores (mulheres) que com suas diferenças completam
esse oásis primaveril!
ecobueno2010
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Porque Morremos
Uma das coisas que não gostamos de falar é que, todo dia morremos um
pouco. Não é algo agradável de dizer, mas convivemos com isso todos os dias.
Tinha uma frase que minha avó sempre dizia, “se não está remediado,
remediado está”. Então, dia menos dia iremos nos deparar com essa realidade:
O apagar das luzes.
Mas qual será o motivo em que relutamos tanto para entrar nesse tipo de
detalhe? Isso mesmo, detalhe, pois temos tantos momentos magníficos, o
nascimento, o aprendizado, o amor dos pais, os amigos, saúde, trabalho, e
tantas coisas que já valeriam esse viver, então não deveríamos ter medo de
falar a respeito. É estranho escrever sobre isso, algo que a gente não quer,
mas é real. Por que morremos?
Essa é uma pergunta que não gostaríamos de fazer e tão pouco responder.
Todos preferem o “Por que vivemos?”. Mas a verdade é que morremos um
pouco a cada dia.
Eu morro um pouco cada vez que um novo ano se inicia. A cada aniversário.
Também morro quando vejo tantas mazelas desses ditos nossos
representantes políticos. A cada notícia de atentado a bomba, sequestros,
mortes banais e essa arrogância dos poderosos para com os menos
favorecidos. Uma célula em mim é assassinada a todo instante.
A cada dia sinto que a idade avança. A linda juventude será apenas uma
lembrança do passado. Quando a idade apertar, se é que chegarei até ela,
lembrarei que jamais sentirei pulsar novamente um seio jovem em minhas
mãos, e que a agilidade que tanto me gabava, não a terei mais. Por isso a cada
dia, morro um pouco.
Morro um pouco a cada dia, ao ver essa juventude sem perspectiva, tão
consumista, só querem ter, e tão alheia ao viver, ao ser. Morro um pouco a
cada dia, quando ouço essas musicas, se é que podemos chamar de música
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isso que nos empurram ouvidos adentro e, acreditem, é o som do momento,
está nas paradas, às dez mais, etc. Assistir tanta banalidade na TV, programas
que exploram a miséria humana, novelas intermináveis que mostram o quanto
é fácil trocar de amantes, o quanto a vida é fútil. Revistas que evidenciam os
artistas e suas casas “chiques”, automóveis de luxo, viagens, posses, e deixam
a alma tão vazia. Riquezas conseguidas ás custas dos fãs tão pobres (não só
no sentido figurado) que economizam para poder comprar um CD, roupa,
calçado, e tudo o mais que tenha a marca do ídolo. Morro ao ver que os
estudos são desprezados por carreiras meteóricas, onde o ser famoso é mais
importante que ser culto, critico, inteligente, humano. Isso não dá ibope.
Morro um pouco a cada dia, ao lembrar do abandono, da falta de carinho, do
tão esquecido beijo apaixonado, do sexo com amor e do respeito esquecido.
Essa vertiginosa busca por mais e mais prazeres e menos emoção, temos que
ser uma máquina sexual, sensual, etc e tal. Esse estado de letargia que toma
os casais e que leva à rotina, a falta de compreensão para com os “defeitos”
alheios como se fossemos todos perfeitos.
Morro um pouco a cada momento quando lembro que nunca mais recebi um oi
de um amigo tão querido, quando envio cartas e elas retornam. Quando me
recordo que um dia dei o meu amor e ele não foi correspondido. Sentimento
descartado feito objeto ultrapassado. Tais lembranças corroem a alma. Morro
um pouco a cada dia quando sinto que posso tocar nessa imensa solidão e
provar o silêncio. A partida dos entes queridos, as crianças que crescem e não
querem mais passear com os pais caretas, os tios ultrapassados, “melhor
andar com a tribo”, dizem. Sair para as baladas, festas, diversão... tudo vão.
Morro um pouco a cada dia quando paro nos sinais e vejo uma criança pedinte.
Qual será o seu futuro? Quando ando pelas ruas da cidade e lá estão tantos
andarilhos e mendigos, que nada mais são que minha imagem e semelhança.
Quando olho nos suntuosos palácios, prédios com suas fachadas e marquises
em mármores frios, frequentadas por pessoas maltrapilhas se escondendo do
frio, da chuva e sequer possuem um canto para se aquecerem. Num paradoxo
entre a riqueza e pobreza.
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Morro a cada dia porque sou simplesmente humano e estou aqui apenas para
cumprir o ciclo da vida, “crescei e multiplicai”. Morro a cada dia, mesmo não
querendo e cada ano que passa tudo isso se torna mais evidente nas mexas
brancas dos cabelos, no reflexo do espelho e nas recordações. Morro, a cada
instante um pouco, e nem por isso deixo de ter esperança no viver. Morro sim,
como todos morrem, envelheço, sim e isso não me preocupa, pois o mais
importante é acreditar que ao vivermos cumprimos nosso papel e quando
chegar o momento, das luzes se apagarem e as cortinas cerrarem, haverá
sempre uma nova vida, que continuará o que planejamos.
Então antes que isso aconteça: Melhor ouvir músicas de verdade, ler bons
livros, ir ao teatro, ao cinema, não feito meros expectadores e sim como
formadores de opinião, críticos de verdade. Ler uma coluna de jornal e debatê-
la. Mesmo não sendo poeta ou escritor, escrever ao menos uma carta de
felicitações, ou um simples “oi, como vai?”. Nunca perder o endereço de um
amigo. Mesmo que os “amores” do passado se forem, lembre-se que eles um
dia foram atuais, então, nada melhor compartilhar com outro alguém, um novo
amor, sem medo de ser feliz.
Antes que o tempo nos leve, melhor fazer uma criança sorrir, dar um pouco de
alento á quem precisa. Dar aquele abraço carinhoso sem pedir nada em troca.
Se possível, dê um presente á um órfão, mesmo que ele seja sua própria
companhia. Encontre melhores amigos. Dê um beijo demorado em seu
companheiro (a) e recorde o quanto era bom namorar. Brinque mais, sorria
mais. Não diga que precisa sempre de mais dinheiro, torne o que tens o
suficiente. Viva mais, porque morremos um pouco a cada dia e o tempo não
volta.
Sei que morro um pouco a cada dia, mas quando as luzes se apagarem e as
cortinas cerrarem, valerá ao menos ter vivido esse pouco tempo que tive,
intensamente, e saber que ao menos eu fui feliz, por te conhecer.
ecobueno
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De Menina a Mulher
Vendo as crianças crescerem num mundo onde tudo parece correr rápido
demais, fico sem entender porque muitas coisas não mudam com a mesma
velocidade. Ainda mais no que se refere ao tratamento com as meninas.
Elas passam por várias transformações ao longo da vida e são responsáveis
por tantas belezas, não apenas físicas que muitas vezes as prejudicam, mas
principalmente sentimentais, que fica difícil entender o porquê de tantas
cobranças. São sempre responsabilizadas, desde o comportamento até as
tarefas diárias e por coisas (abusos, por exemplo) que por ventura possam a vir
acontecer a elas.
Acredito – mesmo não podendo sentir fisicamente, infelizmente - que ser
mulher é algo, divino, engrandecedor e único. Cientificamente falando, está
comprovado que o corpo feminino é duas vezes mais resistente que o
masculino. Por isso elas suportam a dor do parto. Mesmo não gerando, a
mulher tem essa coisa indescritível que é o dom e a capacidade de ser mãe.
Algo sublime e que transcende uma explicação do feminino.
Ser menina-mulher é passar da inocência para a descoberta do que é a vida.
Os medos os anseios, tudo vem mais forte com as mudanças hormonais. Mas
também é a chegada da transcendência, das habilidades mais apuradas, é
viver um novo sonho a cada amanhecer, é encantar, não só pela beleza, mas
pela sua representatividade. A capacidade de se reinventar rapidamente. É ser
intensa e superficial quando for preciso. É saber com harmonia e sensibilidade,
encontrar a saída diante de situações difíceis. É ter essa sutileza única,
feminina.
Tudo isso deve ser tão difícil e desesperador, ás vezes, ainda mais numa
sociedade tão egoísta e machista. Mesmo que se diga que muita coisa mudou,
sabemos que por questões e razões culturais, o machismo ainda é
predominante. Vivemos numa cultura patriarcal, onde o papel masculino é o de
dominador.
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Quantas meninas que por descuido, imaturidade, falta de conhecimento, base
familiar, dentre tantas outras carências, acabam fazendo algo que não “é coisa
de menina”, e por isso recebem toda a carga de recriminação e
responsabilidade, por uma coisa que não se pode fazer sozinho? Se por
ventura ela engravida, é um “Deus nos acuda!”, pois o menino não tem culpa,
afinal “está no seu papel de homem”.
Muitas vezes vemos pais que por não se importarem, se conscientizarem, ou
por pura ignorância, incentivam a sensualidade em suas filhas ao ouvirem
certas músicas com letras pejorativas, assistirem programas impróprios, etc.
Outros incitam seus pupilos a serem machos, “pegarem” todas, sem ensinar
que o respeito cabe em qualquer situação, que a responsabilidade é mutua, e
que a figura materna também é uma mulher.
Sempre cabe a figura feminina saber se “pôr” no seu devido lugar. Até nas
brincadeiras é assim. Não pode brincar na rua, de bola, carrinho, pois são
brincadeiras de menino. As repreensões como: não seja vulgar, arrume o
vestido, essa saia está muito curta, sente-se direito, etc. Mesmo que se diga
que muita coisa mudou, ainda é evidente que os costumes machistas
continuam arraigados. É triste!
Quem sabe um dia, não muito distante, tudo isso muda. Quero ver essas
crianças passando de meninas a mulheres sendo o que são de verdade, belas,
fortes, libertas, sonhadoras, criativas, encantadoras, plenas e corajosas. Sem
que o passado seja um peso sobre seus ombros. E assim possam tomar os
lugares que lhes são de direito.
ecobueno
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Ação do Tempo
A casa plantada em meio ao arvoredo e coberta pela pálida claridade do
entardecer, parece mergulhada em tristeza. Suas paredes de um quase rosa,
desbotadas, ainda eram capazes de refletir a despedida do dia que começava
a esmaecer dando lugar à noitinha que se insinuava.
Rodeada de um lúgubre sentimento, não era mais a mesma de tempos atrás,
pois nela jaz seu ilustre morador. Aquele que enchia de luz e cor cada canto,
reluzindo cada objeto, trazendo a sensação de bem estar. Aquela imensa
cordialidade que habitava o seu interior, não se segurava entre suas paredes e
transbordava porta afora, contagiando a vizinhança com sua poesia.
Como o tempo tudo corrói e o passado não é capaz de fixar e revelar por si só
o que representava aquele pequeno lar, a impressão de quem pela primeira
vez a vê, é de assombro, por tanto, vazio, silêncio e escombros. Afinal quem
poderia imaginar que ali, um dia, ele vivera com toda força e ardor?
Mas, como é o ser humano, com suas deficiências, incoerências e fragilidades,
quem escreve a história, conseguiu, com tais limitações, matar aquele que nos
ensina a viver dentro da verdade, do carinho e do respeito; o amor.
ecobueno
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Um Ser Especial
(Happy Birthday)
Mais um ano, e temos a sua admirável presença. Não é apenas mais um dia
entre tantos, é o seu dia! E nesse dia o presente, é nosso!
Tu que sempre me acolheu, de alegrias me encheu, de carinhos me cercou, e
se hoje tenho que comemorar, é porque tu o concebeu.
Não és mais um apenas, entre tantos seres, és única. És mulher, amiga,
companheira, mãe é pra vida inteira.
Em minhas veias não corre teu sangue, mas minha alma tem a sua alegria.
Meus dias a sua magia. Minha formação tem suas mãos. Minha personalidade
tem a sua força, e sempre hei de enfatizar, no meu viver, ainda bem que existe
teu ser.
Então, sem errar, posso dizer, com todo respeito e admiração, que fazer parte
dos seus dias, é uma grande benção. Obrigado e Parabéns!
ecobueno
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Anjo Existe?
Nessa correria, onde tudo parece o caos, os compromissos, o transito
alucinado das grandes cidades, o relógio que não dá trégua, horas marcadas, a
repetição, enfim a rotina, às vezes pode ser quebrada por uma simples
situação, pequena, singular, mas que faz valer o dia.
Na Avenida Rebouças, sentido Rua da Consolação em meio ao transito caótico
que se repete todos os dias, característicos das manhãs nas ruas de São
Paulo, seguia. Creio que isso não vai melhorar nunca, afinal construíram um
túnel que apenas antecipa a chegada ao próximo congestionamento. Também
fizeram novos corredores de ônibus para que o transporte de massa fluísse
mais rápido, e que na verdade, são utilizados por certos motoristas – “os bons”
- em seus possantes que passam por nós, ali parados nas faixas regulares,
como se nos dissessem o quanto somos otários, pois eles é que são os
espertos, claro, assim conseguem ir mais rápido e quando lá adiante, não há
mais saída, forçam a entrada colocando suas máquinas, sem a menor
cerimônia, entre os carros que estão “atrapalhando”, e se não os deixam entrar
os fulminam com seus olhares desafiadores, cheios de razão. Quem sabe um
pouquinho mais educação, ajudaria a melhorar um pouquinho esse caos.
Os motores dos carros roncando aflitos e as buzinas insistentes, agonizantes
nos dedos aflitos dos motoqueiros, que ciceroneiam por entre os carros a toda
velocidade desafiando a lei da gravidade, até que tudo para, o farol fecha. Ali
espremido, cercado de carros por todos os lados, o que me resta é olhar os
outdoors, as fachadas das lojas, ou qualquer coisa que se movimente pelas
calçadas. E em meio a esse caos sinto uma vontade louca de largar tudo e
sair correndo.
Mas nem tudo está perdido e nessa tresloucada agonia, algo me chama a
atenção. No carro ao lado, com janelas de vidros esverdeados - ainda bem que
não são aqueles todos pretos (fumê) - posso ver aquela linda imagem, quase
uma pintura. Olhos amendoados, vivos, sorriso fácil, gestos delicados e
decididos, cabelos castanhos claros, curtos, naturais, sem tinta, com cachinhos
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dourados que refletiam os raios de sol da manhã, deixando à mostra orelhas
rosadas de onde reluzia um delicado par de brincos em forma de minúsculas
gotas. Um oásis.
Fico hipnotizado, não consigo desviar o olhar; não vejo mais nada ao redor.
Como são meigos aqueles olhos. Os lábios pequenos, vermelho carmim, bem
desenhados se abrem em um sorriso maroto. Um rosto com ar tão angelical e
gestos calmos. Não consigo fazer outra coisa a não ser ficar admirando. E
mesmo através dos vidros, posso sentir a paz que transmite.
Repentinamente ela me fita e sorri timidamente. Desfaço o ar defensivo. Por
instantes perco os sentidos. Olho ao redor para certificar se é para mim. Ela,
como que percebendo minha aflição e desconfiança, reafirma o gesto, agora
com um sorriso largo e acena com suas mãos pequenas, delicadas e afoitas.
Ainda titubeante retribuo, sinto meu coração disparar de alegria. Devo estar
com aquela cara de bobo. Mas ela nem liga e continua me acenando
insistentemente.
O transito lá fora... Que transito? O sinal vermelho? Tomara que demore! As
buzinas que irritavam, agora parecem acompanhamento da musica de
Bettoven que tocava no radio do carro. Ela conseguiu transformar a rotina em
um dia repleto de emoções. A pressa desacelerou!
Nesse pequeno instante consegui sorrir, me encantar e viver com coisas tão
singelas que andavam tão esquecidas. Aquele olhar doce e meigo de um par
d’olhos vívidos e brilhantes, sorriso suave e farto, vindos daquele ser que em
sua cadeirinha, fixada no banco traseiro do carro, me fitava através da janela.
Tão linda! Quem seria aquela menina? Não sei. O farol ficou verde e ela
partiu... Seria o meu anjo da guarda? Não sei só sei que valeu o dia!
ecobueno
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Carnaval
O som que ecoa. Essa mistura de repiques, agogôs, reco-reco, chocalhos,
cuícas, tamborins, caixas, surdos, pandeiros, ao comando de apitos, vão
estruturando as peças, formando esse mosaico de timbres e tons que se
encaixam em perfeita harmonia, bateria.
Nas alas, a coreografia que vai num crescente, feito onda, toma forma, se
espalhando por todos os lados, ocupando cada espaço, cada canto, cada
corpo, num transe coletivo, a massa se agiganta e deságua nesse mar de
euforia, onde o que vale é se divertir, dançar, sambar.
Em meio à folia, esse pulsar forte, estandarte, no peito que bate sem parar,
corre por entre as veias, eriçam pêlos, dilata os poros e explode na carne
quente, na pele molhada, branca ou corada, pura ou miscigenada, revelando a
alegria estampada no rosto de olhos brilhantes, vida!
Cabeças, troncos, peitos, braços, coxas, pernas; cobertos, entreabertos,
coloridos, ou simplesmente desnudos. Sem pudores, gingando, rodopiando,
bailando, se entregando às batidas fortes de cada instrumento, o compasso
que dita o passo, em uníssono reverberando no ar, onde curvas e sons se
completam, corpos.
Em meio ao colorido dos adereços, fantasias e serpentinas, o corpo parece sair
de nós, se lança ao imponderável, tem vida própria, e nos leva onde querem. E
nessa inquietude onde se misturam todos os sentidos, nada parece fazer
sentido, a não ser esse ritmo compassado que faz o corpo flutuar. Samba!
Um dia, outro dia, até o sol raiar, atrás do trio elétrico, na avenida, nas praças,
salões, em qualquer lugar. Um dia outro dia, até o corpo não mais aguentar, se
entregar ao êxtase, e completamente em cinzas, na quarta chegar, quando o
carnaval terminar.
ecobueno
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O Peso da Intolerância
Caminhar por entre a multidão e não conhecer ninguém é algo no mínimo
curioso, mesmo rodeado de pessoas, ainda assim dá sensação de vazio e
solidão. Que situação estranha, tantos rostos e nenhum familiar! Bate uma
saudade não sei bem porque, um medo não sei bem de quê, e a vontade louca
de voltar para o afago de um olhar conhecido.
Era o que sentia ao caminhar por entre os prédios antigos e as ruas estreitas
do centro velho de São Paulo, apesar do movimento intenso e o coro dos
ambulantes querendo a atenção (dinheiro) dos transeuntes, afinal o fim de ano
se aproxima, precisam faturar.
Após ter cumprido minha “missão”, é preciso abortar a incursão pelos
“labirintos” dessa cidade fria e cinzenta e pôr fim a essa solidão. Segui célere
pela Rua da Consolação rumo ao estacionamento da Praça Roosevelt, onde
estava o carro. Na esquina com a Rua Nestor Pestana me deparei com uma
cena muito insólita. Em meio ao som de buzinas insistentes que se misturavam
às vozes, via alguns motoristas que colocavam o corpo para fora da janela do
carro e aos berros proferiam palavrões. Qual seria o motivo de tanta ira?
Aparentando muito mais idade que verdadeiramente poderia ter, devido aos
seus trajes surrados, rosto sofrido, cabelos sem corte, que mal se ajeitavam
sob o boné, desbotado, reflexo da exposição excessiva ao sol. Os pés
calçados com aquelas famosas sandálias de grife internacional, alojadas por
entre os vãos dos dedos, que faltavam nos calcanhares, sem glamour,
revelando a realidade de um pedaço de borracha, que mal servia para proteger
as solas calejadas, uma mulher com visível esforço, indiferente aos
xingamentos, determinada, puxava uma carroça com materiais que encontrara
pela calçada.
À sua frente, duas crianças, um casal, que não aparentava mais que sete ou
oito anos, com suas vestes também surradas. Ele mais novo, de cabelos
raspados, olhar vívido, porém distante, camiseta e bermuda, ambos
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desbotados, os tênis que não lhe serviam direito nos pés e por isso eram
usados como se fossem sandálias. Ela com os cabelos curtos e emaranhados
que emolduravam seu rosto e olhos miúdos, brilhantes; blusinha em que uma
das alças pendia dos ombros, bermuda preta, nos pés um par de sandálias
com tirinhas amareladas pelo tempo, mas que ainda lhe serviam. Alheios à
realidade, os dois pareciam se divertir como qualquer criança dessa idade.
Por que o espanto, afinal de contas quantas pessoas não perambulam pelas
ruas da cidade, puxando uma carroça? Indaguei, tentando não me sensibilizar.
Mas era impossível ignorar tal cena. A mulher e, possivelmente, seus filhos,
com aquela carroça “atrapalhava” o trânsito e isso era motivo da ira dos
motoristas que afloravam seus instintos mais primitivos. Ela era hostilizada por
cometer tamanha heresia, impedir a boa fluidez do transito. Que fosse puxar a
carroça em outro lugar, ali não!
Fiquei sem ação diante de tamanha intolerância daqueles que se veem como
civilizados e se acham superiores só por terem uma condição “melhor” (será?).
Envergonhado, pude notar a minha pequenez e insignificância diante de tanta
covardia e ignorância. Minha solidão se misturou a angustia e a sensação de
impotência. Deixei a cidade para traz, mas ela me acompanha corrói m’alma e
dilacera meus sentimentos, é o peso da intolerância.
ecobueno2006/14
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Homens de Marte, Mulheres de Vênus
O que acontece no universo entre homens e mulheres é algo inusitado e
imprevisível. Não existe uma formula a ser seguida, afinal, parafraseando John
Gray, homens são de Marte, mulheres são de Vênus.
Existe a máxima de que os opostos se atraem, mas nem sempre isso se
confirma. A mulher é criada sobre alguns valores bem distintos dos homens.
Mulher é emoção; homem é razão. Mulheres acreditam nos sonhos; homens
na praticidade. Mulher é carinho; homem é toque. Mulher é sensação; homem
é reação. Mulher é inspiração; homem é transpiração. Mulher tem sexto
sentido; homem, imediatismo. Mulher é família; homens, círculo de amigos.
Mulheres trocam confidencias; homens conquistas. Mulher é sensibilidade;
homem intuição. Mulher é amor; homem, sexo. Enfim, seria possível continuar
descrevendo um enorme rosário sobre as diferenças de cada ser.
E em meio a esse turbilhão, fico entre a cruz e a espada. Afinal nasci de uma
mulher, mas sou homem e fui criado dentro de uma sociedade machista.
Recebi dos seios os primeiros sumos da vida, porém segui o caminho
masculino, como homem que sou, ou deveria ser. Convivo com seres do sexo
feminino. Gosto delas e muito do que elas gostam me fazem bem. Tento
entendê-las, mas nem sempre é possível, afinal meu instinto é masculino.
Por ter esse instinto, penso, anseio, desejo, sofro e vivo como tal. Às vezes me
sinto perdido entre um mundo e outro. Mesmo ambíguo, como seria bom ter a
força e a delicadeza. Ter a emoção e a razão. Ser inspiração e transpiração.
Ter o sexto sentido e o imediatismo. Ser família e conviver com o círculo de
amigos. Ser confidente e saborear as conquistas. Ser de Marte e habitar
Vênus. Aliar e viver em harmonia com amor e sexo. Enfim, com a união do
contraditório, ser completo!
As diferenças são tão gritantes que ao tentar viver essa emoção, poderei
confundir-me (ou se confundirem), ou até mesmo perder o norte. Ao mesmo
tempo penso que poderia acontecer o contrário e então me realizaria
34
definitivamente. Depois concluo que a complexidade feminina ainda não seja
acessível a um mero mortal (homem), que sou.
Em momentos difíceis, entre Vênus e Marte, busco uma compreensão, mesmo
que pequena (conforme limitações óbvias). E diante de tantas diferenças, a
única coisa que tenho certeza é que as lágrimas que caem – comuns a ambos
- são fragmentos desses sentimentos tão difusos.
Quem sabe um dia, possa evoluir feito á alma feminina, e nesse dia saberei,
que tanto homem como mulher (mais o homem), verão, entenderão e se
completarão pela mesma ótica. Então, quem sabe, minhas limitações sejam
diminuídas. Sendo assim essas dores que hoje carrego, devido essa
insipiência nata que me é peculiar e que revela a falta do conhecimento e
sensibilidade da alma feminina, sejam apenas lembranças distantes que não
mais abalarão minhas finitudes masculinas. E assim, não mais me verei tão só.
ecobueno07
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Tudo Novo, de Novo
Inicio de ano. Autoridades competentes, discursos, consistentes, reticentes,
improvisados ou não. Poderia ser um refrão de musica de rock, samba enredo,
ou a máxima de mais uma entre tantas inaugurações que acontecem durante o
ano em nossa cidade. Seria apenas mais uma instituição entre tantas outras?
Não foi.
Corpo docente, diretores, autoridades municipais, militares, religiosa,
funcionários, todos reunidos para prestigiar essa que seria a “aula inaugural” da
nossa FIT. Sim nossa, pois somos o alvo principal para a criação de uma
instituição com esse quesito, apesar de ser particular, ainda assim nos
pertence. Nós, alunos, isso mesmo!
As apresentações de praxe, as considerações se misturavam as expectativas
contidas no semblante de cada um que estava na plateia com os olhos fixos
nos palestrantes, pareciam hipnotizados, mesmo sem se conhecerem tinham a
mesma convicção, ávidos por uma força maior: a esperança.
Apesar de estarem mirados no instante, no visível, no próximo, no palpável, no
agora, eles revelavam o abstrato. As emoções traduzidas num brilho
compenetrado, único e emocionado, vislumbrando a satisfação de, lá adiante,
terem atingido mais uma etapa. Era o futuro, o amanhã, o sucesso que lhes
saltavam aos olhos. O término do curso.
Vinte e seis de Fevereiro, o inicio das aulas, o primeiro dia das primeiras
disciplinas - Letras, Pedagogia, Administração - os primeiros alunos, os
primeiros professores, as primeiras palavras proferidas, a primeira lição
recebida feito um novo bálsamo que escorre pela alma e alimenta o espírito da
sabedoria, tudo isso se misturando a alvenaria das paredes ainda cheirando a
tinta. Tudo novo, de novo!
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A sala de aula repleta. Tantas faces, muitos sonhos, diferentes histórias. Um
grande mosaico feito de olhos, bocas, lábios, sorriso e sentidos, formando uma
tela viva, emoldurada pela ânsia do aprender: Estudantes!
Essa miscigenação de pessoas e anseios, alinhavados com paciência, feito os
retalhos que são apenas um pedacinho de tecido qualquer, mas que com
capricho, atenção e sabedoria vão sendo aos poucos transformados, por
mestres, em uma linda colcha de retalhos multicolorida. Um manto que cobrirá
de alegria e orgulho aqueles que podem desfrutá-la.
Como não poderia deixar de ser, nesse intrincado, maravilhoso e infinito mundo
do conhecimento, metafórico ou não, tantas pessoas diferentes, mas com um
sonho em comum nesse primeiro passo em busca de um objetivo latente, um
amanhã menos nebuloso e um futuro promissor.
É o que eu pretendo e sinto, assim como todos, que se matricularam nessa
instituição que veio para dar mais vida e brilho a esses olhares ansiosos e
visionários. Valeu FIT- Faculdade de Itapecerica da Serra.
ecobueno
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Flashes do passado
O tempo passa, a vida segue até chegar o dia de descer naquela estação, que
não sabemos onde nem quando. Só sabemos, isso sim, que muita coisa
mudou e isso está estampado nas marcas (rugas) da face, nos cabelos
brancos, que começam a aparecer, a agilidade que foi perdida, e que a gente
reluta em aceitar, mas é verdade.
Quando as lembranças ficam mais frequentes que o normal, tantas que a
ordem cronológica não são respeitadas, as datas nunca são precisas, e
aquelas crianças, tão pequenas que pareciam indefesas, um dia, nos
apresentam suas namoradas (os). Os gostos culturais e musicais, de certa
forma, se moldaram. É a sequência da vida, o tempo que segue.
Tanta coisa muda, vidas que se vão, outras vidas que chegam. Novos
caminhos, novos velhos amigos, novas maneiras de ver as mesmas coisas, as
cicatrizes que ficaram. Amores que não vingaram, outros que vieram, lágrimas
que rolaram, mas que secaram devido ao calor dos sorrisos, tantos
acontecimentos que é impossível lembrar de todos assim, de repente.
Sim, tudo passa, mas algo nunca se esvai, o passado. E esse tempo que ficou
para trás, sempre nos chega em flashes, quadro a quadro, revelando aos
poucos certas fotografias que pareciam perdidas em um canto qualquer da
memória. Momentos que marcaram, músicas, lugares, paisagens e o principal,
as pessoas e suas particularidades.
Pessoas especiais que nunca somem, pois quando menos se espera, elas vão
se materializando em cada clique da memória. Tomam forma e se tornam
presentes. As peculiaridades como o brilho nos olhos, o sorriso franco, o jeito
de cortar os cabelos, o tom dos esmaltes, do batom, a cor das roupas, os
gostos, o paladar, a maneira de se expressar, a melanina da pele, o jeito de
andar, de falar, as manias, os trejeitos e vícios, denunciam cada um, é
simplesmente revelador.
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Então, buscando na memória, nomes, apelidos, ou algo que relembre tais
pessoas, bate a vontade de revê-las (como é difícil, pois estão dispersos por aí,
cada um seguindo sua vida) para revivermos juntos os momentos, ou
simplesmente olhar nos olhos. Quantas revelações aparecerão? Quantos
segredos dissiparão? A paixão escondida, as noites passadas em claro devido
à ansiedade por querer rever. A raiva escondida num momento de
desentendimento. O beijo que nunca fora dado, as dores de cada um, da alma,
do peito, as cólicas, mal estar, as desconfianças, que hoje mais parecem
temperos e destemperos da vida.
Em meio a tantos fatos e fotos, sempre há o especial, o inesquecível, um
momento específico, um passeio, um presente, um dia, uma data, e aquela
pessoa que jamais desaparece e quando os flashes começam. Ela ou ele está
em todas as cenas, em todos os momentos, são os atores principais.
Engraçado como isso é único, para mim pode ser fulano, paro o outro, beltrano,
e assim nesse circulo, todos são ou foram especiais para alguém.
Estou escrevendo, pois só assim tento dizer um olá aos que estão distantes,
mas continuam presentes. Pois um dia, fomos parte da mesma “família”, e hoje
nem ao menos nos vemos. Não quero reviver o passado, mas perdê-los de
vista assim é ruim demais.
ecobueno2004
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Urbanos
Todo dia é isso, transito carregado. Essa São Paulo que corre para algum
lugar, não sei onde, e a gente se envolve, ou fica envolvido (preso) nesse
trânsito que anda e para, para e anda. Se bem que no meu entender trânsito é
onde se transita e como fica tudo parado deveria ter outro nome. Daqui, de
dentro do carro só se consegue ver esse horizonte limitado, um mar de carros,
cimento, concreto... Mas pensando bem, é possível ter uma visão diferente.
Farol vermelho; tenho que parar, é a regra do jogo. Como tudo na vida existe
uma regra esta é a de quem está no transito. Vale também para se manter
vivo. E logo ali em frente uma faixa pintada sobre o asfalto negro, listras
brancas, (da paz?) indicam onde devem passar os pedestres, pessoas. Tantos
e tão diferentes.
Mas não é uma simples faixa. Tem-se ali um desfile de gente que não há igual
em passarela alguma, nem mesmo nos mais badalados desfiles de moda, onde
todos são parecidos, magérrimos e com aquela cara de “tô nem aí!”. Ali em
frente, passando, desfilando, tantas modas, tantas estações que se misturam é
uma verdadeira miscigenação de estilos e cores. É a faixa de pedestres!
Primavera, verão, outono ou inverno, não importa a estação, o que importa são
as peculiaridades. Homens, mulheres, crianças, jovens ou idosos. Cabelos
pintados, descoloridos, cortados, compridos, ou a falta deles, caíram ou foram
raspados. Calças, saias, bermudas, vestidos, conjuntos, baby luck, bad boy,
fashion ou qualquer outra combinação. Cores variadas, mas o que predomina é
o branco (ou será que sou eu que vejo mais o branco?), impressionante.
Listradas, xadrezadas, estampadas, cores sóbrias, chamativas, floridas,
manchadas. Será que existe passarela mais versátil e eclética que a faixa de
pedestres?
Pessoas indo e vindo, se trombam, algumas com olhares assustados, fixos,
outros displicentes, distantes. Homens sisudos, outros nem tantos; barbas por
fazer, outros nem as tem ainda. Mulheres altas, baixas, magras, esquálidas,
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pálidas, sílfides, gordinhas, rostos suaves, ou extremamente maquiados.
Pessoas contentes, altivas, outras tristes, o que será que carregam em seu
interior? Crianças puxadas pelas mãos, que procuram entender o porquê de
tanta correria, olhares de espanto, de admiração, incompreensão. Os mais
levadinhos que saltitam, sorriem para quem passa. Jovens que passam com
seus fones de ouvidos, mascam seus chicletes, cabelos de cores indefinidas.
Meninos com seus bermudões, cabelos compridos, tênis sujos, transgredindo
as regras, ou será preguiça de lavá-los? Meninas com suas minis sais, calças
de cós baixo, umbigo á mostra, com ou sem piercing, óculos tipo pára-brisa de
carro, iguais aos da revista teen, assim mostram que são da mesma tribo.
Os mais idosos com toda aquela bagagem, cabelos brancos que brilham ao
sol. A pele enrugada, marcas do tempo, mas em suas expressões uma certa
satisfação ou mera interrogação. Mudança dos tempos? Observam toda essa
correria com um sorriso maroto de quem desdenha tanta pressa e sem se
importar com o “pique dos jovens”. E passo a passo atravessam a rua.
Carros motos, competindo por um espaço, essa correria e a pressa de chegar
a nenhum lugar. Tantos e essa cidade tão vazia, tu não está. Ouço buzinas,
tenho que seguir. O farol está verde outra vez.
ecobueno2003
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Eles revelam
São pequenos pontos luminosos localizados estrategicamente no cume mais
elevado, emoldurados por franjas longas ou curtas, flavas ou trigueiras, de
onde é possível ter uma magnifica panorâmica. Não são grandes em
dimensões, porém tem uma amplidão invejável e, além de tudo, são capazes
de traduzir sentimentos sem dizer palavra alguma.
São aos pares, compostos: diamantes-negros, azul-turquesa, cerúleo, ou
mareado, verde-esmeralda, turmalinas, tão diversos quanto raros. Tem brilho
próprio, cores vivas e vibrantes, ávidos por absorver, desvendar os segredos
dessa imensidão, mundo.
Por esse maravilhoso instrumento, a luz adentra, escancara matizes de claros
e escuros e, feito prisma, nos reflete essa possibilidade de imagens, cores e
formas. Ao mesmo tempo decanta e enriquece a beleza ao redor; arco-íris.
Desbravam esse mundo intrigante, emocionante, cativante, inquietante,
diverso. Faz perder o fôlego quando mira essa pintura, céu e mar que se
juntam no horizonte. Farol. Despertam, ascendem à luz das manhãs, curiosos,
percorrem o dia até o entardecer, refletem as estrelas e o brilho do luar e
quando o cansaço chega, feito eclipse, serenam.
Mesmo quando não estão alertas, fechados para o mundo, num merecido
descanso, no sono, as imagens hora refletidas, luzes da memória, serão
relembradas em todos os seus detalhes, flashes, como numa fotografia, que
ilustrará os sonhos.
Nada é tão múltiplo e ao mesmo tempo, tão singular. Altivos, paralelos,
acompanham movimentos, gravam momentos, desvendam sentimentos, dores
e alegrias. Muitas vezes revelam um ser tão maravilhoso, que num belo dia há
de emanar sua luz, um presente, às vezes com ares de interrogação, timidez,
espanto, desdém e emoção, a fim de refletir em sua órbita, nossa imagem e
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semelhança, dessa alegria vinda de uma cor sublime, enamorada. Vida,
luminada.
O tempo passa, os traços do rosto se acentuam, o corpo cansa, a voz
embarga, o cabelo perde a cor, o andar se acalma, mas eles jamais perdem o
brilho, a paixão e a vontade de observar, enquanto energia tiver. Ah, eles
iluminam e revelam de uma maneira tão simples e peculiar, brilhos e lágrimas,
num simples piscar: Seu olhar!
ecobueno14
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Edson Bueno
Ecobueno
Eco
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