O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
1
SEED - SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
DO PARANÁ
PDE - PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL
CADERNO PEDAGÓGICO
Indisciplina na Escola: Possibilidade de Reflexão para
a Gestão Pedagógica.
PROFESSOR/PDE: Marilda Aparecida Carli Chiavagatti
ORIENTADORA : Professora Nilsa de Oliveira Pawlas
ÁREA: PEDAGOGIA
2009-2010
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CADERNO PEDAGÓGICO
Professor PDE: Marilda Aparecida Carli Chiavagatti
Área/Disciplina PDE: Pedagogia
NRE: Pato Branco – Pr Município: Honório Serpa
Professora Orientadora: Professora Nilsa de Oliveira Pawlas
IES: Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO ,
Guarapuava/PR.
Colégio Estadual Projeto Rondon – Ensino Fundamental e Médio.
Público Objeto da Intervenção: Pais, Professores e Alunos da 1ªsérie do
Ensino Médio.
TEMA DE ESTUDO : Indisciplina no ambiente escolar
TÍTULO: Indisciplina na Escola: Possibilidade de Reflexão para a Gestão
Pedagógica.
Município: Honório Serpa/Paraná
E-mail: [email protected]
Fone: 46 3245 11 20
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO..........................................................................................................05
INTRODUÇÃO...............................................................................................................06
UNIDADE I ....................................................................................................................07
TEXTO PARA REFLEXÃO:..........................................................................................07
Como solucionar o problema de aprendizagem na 1ª série do ensino médio já que o
desinteresse e a indisciplina afetam o ideal da escola que é “um aluno interessado
pelo processo de aprendizagem.”.................................................................................07
Questões para refletir:.....................................................................................................12
Sugestão de Filme: O homem sem Face.........................................................................12
Sinopse do filme: O homem sem Face............................................................................13
Leitura Complementar:...................................................................................................13
UNIDADE II...................................................................................................................14
TEXTO PARA REFLEXÃO:........................................................................................14
Indisciplina na escola: o contexto da sala de aula, e as possíveis causas que levam o
aluno a ser indisciplinado.............................................................................................14
Questões para refletir:.....................................................................................................18
Sugestão de Leitura:........................................................................................................20
Sugestão de Filme; O Preço do Desafio .........................................................................20
Sinopse do Filme: O Preço do Desafio...........................................................................20
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Questão para analisar:..................................................................................................... 21
UNIDEDE III ...............................................................................................................21
TEXTO PARA REFLEXÃO: .........................................................................................21
A ação do professor na construção do conhecimento ...............................................21
Questões para reflexão e discussões em grupo: .............................................................26
Sugestões para Leitura: ..................................................................................................27
Sugestão de Filme: Shrek I ........................................................................................... 27
Sinopse do filme: Shrek I.......................................................................................................27
Questões sobre o filme: .................................................................................................. 28
UNIDADE IV................................................................................................................. 28
TEXTO PARA REFLEXÃO: .........................................................................................28
A Família como primeiro ambiente de sociedade na construção de regras e valores. ....28
Questões para refletir:..................................................................................................... 32
Sugestão de filme: Fuga das Galinhas ...........................................................................32
Sinopse do filme : Fuga das Galinhas .......................................................................... 32
Sugestões Temáticas: ..................................................................................................... 32
Sugestão de Leitura:. ......................................................................................................33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:.......................................................................34
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APRESENTAÇÃO
O caderno pedagógico constitui-se em atividades presenciais e não presenciais
que requerem a participação de pais, professores e alunos, onde se pretendem
desenvolver discussões e seminários, procurando mostras à relevância da escola na vida
dos alunos, realçando a importância da educação no futuro de cada um. Socializar
propostas de reflexão junto aos professores aprimorando a comunicabilidade e o espírito
de equipe que devem ser relevantes entre o grupo de professores.
As implementações deste projeto compreenderão principalmente uma etapa de
sensibilização dos professores, funcionários, equipe pedagógica e direção.
Tem por objetivo criar condições para refletir sobre a indisciplina no ensino
médio a partir do trabalho da gestão pedagógica. Fornecer subsídios para o
encaminhamento da ação do professor pedagogo, interagindo com os pais professores e
alunos.
O estudo de textos será com fundamentação teórica do próprio caderno com
leitura dos mesmos, atividades de reflexão e análise de filmes.
Será utilizada a pesquisa-ação dentro de uma abordagem dialógica por se tratar
de um projeto de intervenção. Permite conhecer as ações necessárias a compreensão dos
processos que estruturam a pedagogia da mudança da práxis na situação em
investigação.
Faz-se necessária a pesquisa através de entrevistas com professores que atuam
em sala de aula, a pesquisa documental utilizando-se de leituras de documentos como:
Regimento Escolar, Projeto Político Pedagógico entre outros e leituras de autores que
tratam do assunto.
Diante da necessidade de pesquisa sobre o tema: Indisciplina no Ambiente
Escolar, este Caderno Pedagógico auxiliará o trabalho do professor, que muitas vezes
sente-se inseguro em tomar certas medidas diante da indisciplina gerada no ambiente
escolar. Com pais serão realizadas palestras e leituras com finalidade de situá-los da
realidade vivida pelos professores na escola. Pretende-se com alunos realizar atividades
de reflexão, conscientizados do papel da escola na formação do aluno cidadão.
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Será preciso um conjunto de esforços de todos os professores, direção e equipe
pedagógica, conhecerem e compreenderem a realidade pela qual a escola vem passando.
INTRODUÇÃO
A educação está passando por momentos difíceis e que são desafiadores para
os educadores, pais e alunos. Sendo a indisciplina um dos principais problemas da
escola atual, assume formas diferentes na sociedade exigindo uma reflexão mais
minuciosa.
Neste contexto quer-se clarear a função da escola sobre o processo de ensino
aprendizagem. Onde a disciplina para além do respeito ao professor passa a ser uma
atitude de respeito para consigo mesmo.
Intenciona-se contribuir para o diálogo sem esgotar o tema, a proposta é
socializar as informações e promover a discussão em direção ao esclarecimento que
subsidiará alternativas de se enfrentar as dificuldades sobre a indisciplina no Ensino
médio.
As considerações teóricas pretendem aprofundar os estudos em prol de
melhorar a prática da gestão pedagógica, utilizando-se como método de estudo, a leitura
e a reflexão sobre bibliografias e vídeos que tratem das causas da indisciplina na escola.
É de suma importância que a escola e a família trabalhem juntas e assumam a
responsabilidade por suas funções cada qual com a sua maneira de agir e construir ações
pedagógicas que venham amenizar o problema da indisciplina na escola.
Com o intuito de atender a solicitação do PDE – Programa de
Desenvolvimento Educacional elaborou-se este Caderno Pedagógico, contemplando
com questões, que podem parecer já tão discutidas na escola e requer atenção especial,
sendo necessário à reflexão/discussão sobre o tema, objetivando a melhoria do processo
ensino-aprendizagem.
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Este caderno será utilizado no período de intervenção pedagógica no Colégio
Estadual Projeto Rondon – Ensino Fundamental e Médio, no segundo semestre de 2010,
em horário pré-estabelecido pelo grupo.
O objeto de estudo é a indisciplina no ambiente escolar, visando à melhoria do
processo ensino-aprendizagem, garantindo a melhoria da qualidade das aulas.
A intervenção será realizada com os professores, pais e alunos.
UNIDADE I
TEXTO PARA REFLEXÃO:
Como solucionar o problema de aprendizagem na 1ª série do
ensino médio já que o desinteresse e a indisciplina afetam o ideal da
escola que é “um aluno interessado pelo processo de aprendizagem.”.
Nesta unidade será apresentada uma breve reflexão sobre a indisciplina na
escola, tema gerador de conflitos entre professores e alunos. É tratado em uma
perspectiva contextualizada sob a ótica de vários autores, e de alguns trabalhos de
pesquisa já realizados. A indisciplina é um dos principais problemas da escola atual.
Tema complexo porque tem múltiplas causas, assume formas diferentes na sociedade
atual, exigindo uma reflexão mais minuciosa. Este comportamento tem preocupado a
cada dia mais professores, diretores, e pedagogos das escolas, causando um desgaste
profissional alarmente entre os profissionais da educação tanto de escolas públicas como
particulares. Esse contexto talvez indique a necessidade de transformação no interior das
relações escolares e na relação professor-aluno.
Cada professor tem uma visão diferente do que é indisciplina, depende do seu
ponto de vista, alguns até chegam ser coniventes, pois não tem domínio até mesmo do
conteúdo. Estes professores, não possuem argumentos para mostrar a importância da
disciplina ou conteúdo na formação do aluno. Falta-lhe entusiasmo, ainda usam discurso
arcaico e chavões como: “estudar para se dar bem na vida”. Observa-se nesse exemplo
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que ainda tem professores que não entenderam o verdadeiro sentido de que ensinar
alguém vai além de prepará-los para o “ter”, esquecendo-se do “ser”.
Mais afinal o que significa indisciplina no contexto escolar? Mais
especificamente nas 1ªs séries do ensino médio? Será a falta de conhecimento de regras,
ou revolta contra a forma que elas são colocadas? Há falta de preparação do professor?
O professor estará sendo autoritário? Salienta-se aqui o processo escolar, não constam
aqui às relações familiares, mesmo porque autores como Aquino (1996), defendem que
a indisciplina escolar deve ser tratada a partir do trabalho pedagógico sem relação
objetiva com a família ou outros seguimentos da sociedade. Se tomarmos estas
perguntas para responder, apenas estas, já são difíceis de responder, pois são diversos os
fatores que podem levar a essa condição, além dos fatores externos que podem ser
também complicadores desse processo.
Quando os alunos de uma turma de ensino médio, mesmo formada por grupos divergentes entre si, são capazes de se organizar e estabelecem atitudes indisciplinadas coletivas, que vão desde a prática de um mesmo tipo de tratamento evasivo durante as aulas de determinados professor, passando por estratégias para intimidar uma professora a ponto de forçar que uma professora abandone a escola, até processos complexos de contestação da orientação pedagógica dos professores e da escola. Não se pode afirmar livre de um julgamento moral parcial que este tipo de expressão seja em si mesmo “errado” e neste sentido represente indisciplina. Em cada caso é sempre necessário questionar qual o grau de participação da própria escola na geração de indisciplina, e não apenas assumir a posição simplista e autoritária que sugere, sem a devida fundamentação, que o problema sempre reside ou se origina na atitude dos estudantes. (GARCIA, 1999, p.103).
A indisciplina é uma manifestação de conflito e ninguém está protegido de
enfrentar esse problema real na sala de aula. Gera mal estar e cria tensões. Os alunos
“bagunceiros” desrespeitam o professor, deixam de cumprir as normas estabelecidas no
regimento escolar que muitas vezes é desconhecido do aluno e do professor. Outra
preocupação que acomete os educadores é sobre as tendências pedagógicas que não
tratam, objetivamente, da questão da indisciplina. Nem poderiam tratar, visto que as
concepções pedagógicas referem-se a concepções do processo de ensino e do processo
de aprendizagem. Elas não são concepções de comportamento humano. Porém a
indisciplina está nas entrelinhas do processo didático.
A indisciplina seria talvez o inimigo número um do educador atual, cujo manjo as correntes teóricas não conseguiriam propor de
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imediato, uma vez que se trata de algo que ultrapasse o âmbito estritamente didático-pedagógico, imprevisto ou até insuspeito no ideário das diferentes teorias pedagógicas. (AQUINO, 1996, p.40)
A indisciplina em sala de aula afeta o desenvolvimento da aprendizagem dos
alunos, e o desempenho dos professores, contribuindo para o abandono escolar e a
repetência, ocorrendo com maior frequência nos dias atuais agregada a vários fatores
externos. Para Aquino (1998), indisciplina e baixo aproveitamento dos alunos
representam dois dos grandes males da escola contemporânea, são geradores do fracasso
escolar e um dos principais obstáculos para o trabalho docente.
Falar de indisciplina requer muito estudo e reflexão do assunto, pois é um tema
que vem sendo discutido nas escolas, quando se trata da aprendizagem de nossos alunos.
Como gestar juntamente com a equipe de docentes a responsabilidade, o
comprometimento entre o grupo criando regras claras a serem cumpridas com justiça? O
que o professor pode fazer para ter autoridade e controle perante situações de
indisciplina? Como agir sem ser autoritário? De que forma a equipe de gestão
pedagógica da escola pode ajudar? Será a indisciplina o “obstáculo” maior do trabalho
pedagógico, para o processo ensino-aprendizagem?
A situação dos professores em sala de aula é desconfortável, pois muitos
alunos lhes faltam com respeito. Para os pais a escola é enfadonha e os conteúdos muitas
vezes desvinculados da realidade. Para a historiadora e filosofa Estrela (2002), é
necessário realizar a revisão estatutária para diminuir a distância entre professor/aluno e
estabelecer uma nova relação pedagógica do exercício da autoridade para que o
professor não a perca, e os alunos parem de medir forças visando o enfraquecimento do
professor. Para tanto é necessário dotar os professores de competência didáticas e
relacionais tanto ao longo do período de sua formação quanto de sua experiência, que
sejam voltadas mais para a prevenção do que para a correção. Até porque a escola não é
quartel.
Há professores que usam a repressão psicológica e nem se dão conta da
agressão que estão cometendo usando de uma ação pedagógica autoritária acreditando
garantir o seu espaço através da ordem, mas há várias adversidades que impedem a
tranquilidade. Quanto mais repressor o professor se colocar diante dos alunos mais
indisciplina vai gerar, pois o aluno vem medindo forças com o professor. Também
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segundo Aquino: “É queixa bastante comum dos educadores que o aluno carece de
parâmetros, em maior ou menor grau. É o aluno acometido por agressividade/rebeldia,
ou apatia/indiferença, ou ainda, desrespeito/falta de limite”. (AQUINO,1996, p.45).
Assim a indisciplina prejudica a qualidade do ensino e o desenvolvimento do
projeto político pedagógico e como consequência o processo ensino e aprendizagem,
causando insegurança e desmotivação nos alunos e professores, tornando-se um
obstáculo ao trabalho pedagógico.
Não é possível assumir que a indisciplina se refira ao aluno exclusivo, tratando-se de um problema de cunho psicológico/moral. Também não é possível credita-la totalmente à estruturação escolar e suas circunstância sócio-históricas. Muito menos atribuir a responsabilidade às ações do professor, tornando-a um problema de cunho essencialmente didático-pedagógico. (AQUINO, 1996, p. 48)
O desenvolvimento da proposta baseia-se na concepção de ser humano como
cidadão, sendo um desafio fazer do aluno um cidadão consciente, organizado e
participativo, que sabe respeitar as diversidades existentes participando de um espaço
(escola) aberto e democrático. Entender a concepção de trabalho pedagógico existente
no espaço escolar, como atividade intencional a qual integra a formação humana e
envolve uma organização necessária garantindo o acesso aos saberes científicos
produzidos pela humanidade. Um espaço que possui um protocolo de regras que se
traduzem na disciplina, no esforço, na organização de um trabalho pedagógico que
objetiva a apropriação do conhecimento científico produzido pela humanidade.
A educação é uma prática social, atividade específica dos homens situados
dentro da história, ela não muda o mundo, mas o mundo pode ser mudado pela sua ação
na sociedade e suas relações de trabalho. Segundo Grinspun (1992): Todos os alunos
devem ter o mesmo direito de receber educação e, através dela, assumir uma postura
mais consciente na sociedade em que vivem. Neste contexto não se pode imaginar uma
educação sem normas, sem organização e sem intencionalidade. Seria um caos uma
educação formal sem tais aspectos estruturados. É pela organização, compromisso e
objetividade que se garante através do consenso a democracia, ou seja, a educação para
todos.
[...] para existir a escola não basta à existência do saber sistematizado. É necessário viabilizar as condições de sua transmissão e assimilação.
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Isso implica dosá-lo e sequenciá-lo de modo que a criança passe gradativamente do seu não domínio ao seu domínio. Ora, o saber dosado e seqüenciado para efeitos de sua transmissão-assimilação no espaço escolar, ao longo de um tempo determinado, é o que nós convencionamos chamar de “saber escolar”. ( SAVIANI,2005,p.18)
Vista como processo de desenvolvimento da natureza humana, a educação tem
suas finalidades voltadas para o aperfeiçoamento do homem que dela necessita para
construir e transformar a realidade. O conhecimento é produzido nas relações sociais
mediadas pelo trabalho, não ocorre individualmente e gera mudanças, tendo sempre uma
intencionalidade. E na intencionalidade do trabalho pedagógico encontra-se a
necessidade de organização sistêmica e estrutural para dar conta da democratização do
processo educacional dentro da educação formal. Este trabalho pedagógico carece
hodiernamente de uma reflexão sobre sua sistematização e sua estruturação. É neste
conflito que se encontra a equipe pedagógica juntamente com seus professores e toda a
comunidade escolar.
Para que haja mudanças em relação a indisciplina é necessário uma mudança
na educação em seus diferentes níveis, o aluno, o professor, os pais a comunidade e
política, tarefa essa difícil pois no campo educativo as coisas avançam muito
lentamente, o contexto mudou o público escolar é diferente. O problema não novo,
somente aumentou sua magnitude, em muitos casos já violência.
Somente em uma escola democrática pode-se prevenir a indisciplina, com
respeito entre professores, alunos e pais.
Se queremos combater a indisciplina, é importante que na sala de aula possam serem discutidos, de maneira democrática, não apenas os conteúdos escolares , mas, também, as regras de convivência. Isto implica também permitir que os alunos falem pois isso mostra uma disposição em acreditar que eles são capazes de cooperar e respeitar uns aos outros, e inda que o professor pode respeitar seus alunos. (DAYAN, 2008, p.70)
O professor deve ser autoridade, com competência, respeitar e ouvir os alunos,
juntos construir as regras a partir do regimento da escola, discutindo o funcionamento da
escola, com harmonia, todos tem o direito de falar e ser ouvido, inclusive o professor
precisa cumprir as regras, as sanções discutidas devem serem cumpridas quando alguém
desrespeitar as regras que devem serem explicitas e precisas. O aluno precisa da
autoridade do professor e procura essa autoridade nele. O professor não é igual o aluno e
cada um deve manter o seu lugar, o papel do professor é fundamental.
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Para Dayan, 2008 “a linha disciplinar da escola deveria figurar no projeto
político pedagógico, não apenas como um conjunto de normas que organizam o
ambiente escolar, mas, também, como um objetivo educacional.”
O diálogo entre professor e aluno é importante são ferramentas fundamentais
para a construção do conhecimento, mas, também, para a socialização e
consequentemente para o estabelecimento da disciplina.
A indisciplina supõe a existência de conflito e o problema é saber negociar as regras para que possa conviver de maneira mais produtiva. Nessa situação os alunos chegam a respeitar a pontualidade, respeitar companheiros e professores levantando a mão antes de falar e não interrompendo o professor. Por seu lado, o professor aceita explicar mais devagar até que a maioria dos alunos entenda os conteúdos mínimos, ele escuta e consulta seus alunos para não tomar decisões autoritárias. (DAYAN, 2008, p.125)
Quando os alunos são responsáveis na comunidade escolar, isso contribui para
a sua formação, liberdade e finalidade na educação ajuda a crescer, a tornar-se adulto o
papel do Diretor neste trabalho é indispensável deve estar presente em todos os espaços
incentivando os alunos e os professores.
O professor precisa ensinar o aluno a discutir, contribuir para a formação da
cidadania e uma dimensão mais afetiva, como parte integrante do processo de ensino,
sendo este fundamental na vida pública, aprender a expressar bem, argumentar, trocar
idéias, discutir o seu ponto de vista, bem como a favor ou contra. A gestão da aula
nesse sentido se torna mais difícil pois exige diversas competências , o educador é
colocado a prova.
Questões para refletir:
Analisando os problemas indisciplinares, faremos uma reflexão das seguintes
questões:
• Qual é a concepção de indisciplina?
• A indisciplina em sala de aula afeta o processo ensino-
aprendizagem?
• Quais as estratégias e ações que podemos criar para amenizar o
problema da indisciplina na sala de aula?
Sugestão de Filme: O homem sem Face
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Direção: Mel Gibson
Com: Nick Stahl (CHUCK)
Mel Gibson (JUSTIN McLeod
Sinopse do filme: O homem sem Face
O Homem Sem Face é um dos mais corajosos filmes na carreira do galã Mel
Gibson. Depois de ter seu rosto e corpo desfigurados num acidente de carro, o professor
Justin McLeod passa a viver sozinho numa enorme casa localizada em uma ilha na costa
do Maine. Ele etenta conviver com a humilhação e provocação de seus vizinhos. Sua
vida muda depois que conhece o adolescente Chuc um garoto de 12 anos deseja
ingressar no Colégio Militar. Reprovado no exame vai conquistar a ajuda de um
estranho: o professor Mcleod.Eles se tornam amigos inseparáveis, mas os problemas
não acabam. A família do garoto e a polícia acusam o professor de molestar crianças.
Agora McLeod tem mais um desafio para vencer. Tentar provar que é inocente.
Os dois chegam a entender-se e engendram um processo desafiador de ensino-
aprendizagem. Neste processo muitas coisas acontecem, as quais mexem com as nossas
emoções humanas.
Leitura Complementar:
AQUINO, J. G. A desordem na relação professor-aluno: indisciplina,
moralidade e conhecimento. In.:_______Indisciplina na Escola: Alternativas Teóricas
e Prática São Paulo: Summus, 1996.
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UNIDADE II
TEXTO PARA REFLEXÃO:
Indisciplina na escola: o contexto da sala de aula, e as possíveis
causas que levam o aluno a ser indisciplinado.
Há necessidade de fazer uma análise histórica para compreender a realidade, os
problemas, a crise de autoridade, mudanças de valores, a falta de autoridade da família,
o autoritarismo do professor, a crise de identidade da escola que vem se refletindo no
ambiente escolar. Todos estes aspectos são relevantes quando há interesse em estudar a
indisciplina dentro da escola. Também são aspectos que deixam os envolvidos no
processo indisciplinar confusos e desnorteados, sem saber o que fazer para dar um rumo
na construção de comportamentos mais adequados ao contexto educacional escolar.
Nesta unidade o foco será a sala de aula, o contexto da escola. Portanto a abordagem
terá como ponto de partida a educação formal, o papel do professor e a relação
professor-aluno.
O professor que realmente ensina, quer dizer, que trabalha os conteúdos no quadro da rigorosidade do pensar certo, nega, como falsa, a fórmula farisaica do “faça o que eu mando e não o que eu faço”. Quem pensa certo está cansado de saber que as palavras a que falta a corporeidade do exemplo pouco ou quase nada valem. Pensar certo é fazer certo. ( Freire, 1996,p.34)
O professor precisa viver aquilo que coloca como exemplo para os alunos, pois
está o tempo todo sendo observado visto e analisado pelos alunos que cobram a análise
crítica, a reflexão, o gosto pelo que estuda, a organização que tem com sua disciplina,
com o tempo e espaço da escola. O professor é olhado com exemplo, como modelo de
comportamentos frente ao exercício de elaboração do conhecimento.
O professor é autoridade na sala de aula cabe a ele saber usa-la. Também é ele
que, pelo menos supostamente, detém o conhecimento e oportuniza a reflexão sobre o
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mesmo. E, é neste exercício entre o trabalho do professor e a construção do
conhecimento no aluno que também se leva o educando a compreender o que é
autonomia, estabelecer relações, fazer o uso de sua liberdade a partir de escolhas
conscientes, resgatarem virtudes deixadas despercebidas, contribuir para a construção da
cidadania.
Diante dessa reflexão surgem outras questões que nos levam a pensar sobre o
que Aquino (1996) coloca como “ética pedagógica”. Ele questiona a teoria aplicada pelo
professor que provoque o interesse do aluno através dos conteúdos trabalhados. Os
procedimentos (a metodologia) usados na aula são adequados, são trabalhados com
autoridade e ética? Como está a qualificação do docente? Ele, docente, tem sido
competente? O professor precisa tomar consciência de que seu papel é de responsável
pelo conhecimento, pois o aluno sabe reconhecer quando o professor não tem claros os
seus objetivos. Estas são algumas questões que precisam ser analisadas pelo educador,
para que não sejam geradas crises na autoridade docente.
A indisciplina hoje está pior que em anos atrás, pois, a escola está aberta a
todos, é menos excludente, está mais democratizada. As escolas públicas, hoje, são
freqüentadas por populações heterogêneas, contando com alunos de grupos sociais
diferentes, e com distintos comportamentos de interação social. O desafio está em fazer
com que este novo aluno permaneça na escola, despertando-o para a valorização do
conhecimento. É importante que ele esteja na escola porque gosta, porque sente prazer
em descobrir a magia de aprender e transformar esse aprendizado. Este aluno deseja
compreender o passado, para chegar ao conhecimento elaborado, transformando o seu
presente e projetando melhoria nas oportunidades futuras. Para Aquino (1998), dentro da
sala de aula o professor é o guia dos alunos, levando-os a viagem do conhecimento,
redescobrindo com eles o caminho a ser percorrido. Ao recontar as histórias das
descobertas humanas, o professor pede aos alunos imaginação e inquietude.
O que será que motiva o aparecimento da indisciplina com tamanha
constância? Será a falta de obediência? Antes se garantia a obediência com regras,
punições e coerções e, atualmente não se tem regras? Como são construídas as normas
dentro da escola? Existem mecanismos pelos quais se garantiria a obediência?
Antigamente os alunos memorizavam, aprendiam? Era importante saber decorado. Era o
tempo do aluno repetente. Se o aluno repetia o que o professor ensinava, estava
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aprovado. Atualmente é o tempo da construção do conhecimento, da elaboração própria
do aluno, dos embates das idéias, dos confrontos entre o conhecimento elaborado e o
saber da realidade. E isto tudo não provoca prazer, não desperta atenção no aluno? Não
há motivação em aprender? Só causa indisciplina?
Diante deste contexto o que fazer para melhorar as condições de aprendizagem,
no que se refere aos comportamentos de atenção, de interesse, de desejo, de prazer em
aprender dentro de uma proposta pedagógica modificada, transformada. Uma proposta
pedagógica que passou de opressora e repressora, para uma proposta de elaboração
científica para a emancipação cidadã. Uma proposta pedagógica que visa à participação
efetiva dos sujeitos na transformação da sociedade. Uma proposta pedagógica que
deixou de ser normatizadora e moralizadora para tornar-se reflexiva e crítico-social dos
conteúdos. Será esta pedagogia progressista a grande vilã que motiva a indisciplina entre
os alunos? Os dispersa, deixando-os desatentos, desinteressados e descomprometidos
com a elaboração do conhecimento? Será preciso um retorno a Pedagogia tradicional?
Estes são aspectos que merecem uma abordagem mais aprofundada juntos aos
colegas professores, junto às equipes pedagógicas, juntos aos alunos, junto aos
familiares dos nossos alunos. Quem sabe neste exercício de reflexão possamos levantar
quais são os possíveis motivos que levam nossos alunos à indisciplina. Este é um
exercício necessário e intra-escolar. Porém, alguns autores tratam também da
indisciplina escolar, como um processo mais amplo, onde a família poderia também ser
uma fonte de pesquisa para explicar a indisciplina dentro da sala de aula.
É necessário que a escola encontre o seu rumo, a autoridade se perdeu, diante
de tantos conflitos sociais e volte a desenvolver o seu objetivo maior, a educação.
Não é possível imaginar que a saída para a compreensão e o manejo da indisciplina resida em alguma instância alheia à relação professor-aluno, ou que esta permaneça sempre a reboque das determinações extra-escolares. A saída possível está no coração mesmo da relação professor-aluno, isto é, nos nossos vínculos cotidianos e, principalmente, na maneira com que nos posicionamos perante o nosso outro complementar. Pois bem, este trabalho de incessante indagação, inspirado no traçado científico, não requer que o aluno permaneça estático, calado, obediente. O trabalho do conhecimento, pelo contrário, implica a inquietação, o desconcerto, a desobediência. A questão fundamental está na transformação desta turbulência em ciência, desta desordem em uma nova ordem... (AQUINO, 1996, p.50)
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É preciso romper com a idéia de que uma classe silenciosa há realmente
aprendizagem. Há necessidade de se fazer uma análise crítica para compreender os
problemas disciplinares, a crise da autoridade as mudanças de valores. Será o momento
de pensarmos mais em autonomia do que autoridade? O que motiva o aparecimento da
indisciplina? E como abordar esse tema com os alunos.
Para Gasparim (2002), ouvir os alunos possibilita ao professor tornar-se um
companheiro: gera confiança e possibilita também que a relação entre educador e
educandos caminhe no sentido de superação da contradição, da dicotomia que possa
existir entre eles.
Segundo Aquino (1998), a indisciplina do aluno pode ser compreendida como
uma espécie de termômetro da própria relação professor com o seu campo de trabalho,
seu papel e suas funções. É neste momento que a comunidade, pode participar através de
seus representantes nos conselhos escolares dando sugestões e ajudando a direção da
escola a gerenciar esse problema. Garcia (1999) avalia que as escolas necessitam
desenvolver uma diretriz disciplinar alicerçada em seu Projeto Político Pedagógico.
Nesta diretriz competiria o desenvolvimento de regras e procedimentos disciplinares.
Mas a legitimação desta diretriz só poderia ocorrer desde que tais regras e
procedimentos sejam construídos com a participação dos estudantes e de toda a
comunidade escolar.
Ter claro as regras de convivência, construídas com a participação de todos os
envolvidos pode minimizar os conflitos nas relações interpessoais dentro da escola. Para
La Taille (2006), o problema é que o poder de conhecimento moral está nos princípios, e
não nas regras. Se os princípios forem claros, não será necessário formular tantas regras.
Portanto uma das tarefas necessárias ao trabalho da escola frente à indisciplina é
estabelecer os princípios morais dentro do Projeto Político Pedagógico.
Todos os profissionais da escola devem conhecer o Regimento Escolar , pois ai
está toda a organização da escola em todos os seus aspectos de maneira mais detalhada.
[...] É o Regimento Escolar que estrutura, define, regula e normatiza as ações do coletivo escolar, haja vista ser a escola um espaço em que as relações sociais, com suas especificidades, se concretizam. Integrante de um sistema de ensino, em uma sociedade. A escola tem, no Regimento Escolar, a sua expressão política, pedagógica,
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concepção de educação, os princípios constitucionais, a legislação educacional e as normas específicas estabelecidas pelo Sistema de Ensino do Paraná. (ARCO-VERDE, 2008, p.10)
Está claro que sem disciplina não há aprendizagem eficaz e de
qualidade.A indisciplina caracteriza um descomprometimento dos alunos com as
normas estabelecidas pela escola. Para Aquino (1998) grande parte de nossos
contratempos profissionais pode ser resolvido com algumas idéias simples e eficazes
mesmo porque muitas das armadilhas que o cotidiano nos arma parece ter nossa
anuência, quando não a nossa autoria.
São várias as indagações sobre quem faz a indisciplina, no entanto o problema
continua. Cabe aos educadores o papel de repensar a prática, as atitudes numa
perspectiva não só idealizadora, mas transformadora, a indisciplina não pode ser algo de
motivação dos conflitos e violência na sala de aula.
Diante de tantos obstáculos entre professores e educação, alguns não
acreditam que a de indisciplina, e até violência, possam ter solução. Impregnados com
conceitos de educação e comportamento dos alunos, se recusam a repensar sua prática.
Alguns professores alegam que o interesse por jogos de videogames, televisão entre
outros jogos de entretenimento afastam os alunos do interesse em aprender e adquirir
conhecimento.
Questões para refletir:
Atualmente a indisciplina tornou-se um “obstáculo” ao trabalho
pedagógico e os professores ficam desgastados, tentam de várias alternativas, e já não
sabendo o que fazer, chega mesmo em algumas oportunidades a pedir ao aluno
indisciplinado que se retire da sala já que ele atrapalha o rendimento do restante do
grupo. Muitas vezes há pressões por parte dos professores para que sejam aplicadas
punições severas as estudantes. Como agir nessa situação? De que forma ajudar? O que
é uma Classe Indisciplinada?
1) Segundo AQUINO (1996), “O conceito de indisciplina, como toda
criação cultural, não é estático, uniforme, nem tampouco universal. Ele se
relaciona com o conjunto de valores e expectativas que variam ao longo da
história, entre as diferentes culturas e numa mesma sociedade”.
19
2) Conforme AQUINO (1996), ressalta que a manutenção da disciplina era
uma preocupação de muitas épocas como vemos em textos de Platão e nas confissões de
Santo Agostinho, de como a sua vida de professor era amargurada pela indisciplina dos
jovens que perturbavam “a ordem instituída para seu próprio bem”.
Diante dessa idéia de AQUINO, não podemos deixar de lembrar a forma
como as escolas até os anos 1960, conseguiam fazer com que seus alunos se
comportassem. A disciplina era imposta de forma autoritária, com ameaças e
castigos.
Os educandos temiam as punições e esse medo levava a obediência e a
subordinação. Além de submetidos a uma rigorosa fiscalização, não podiam se
posicionar utilizando-se de questionamentos e reflexões. Os professores eram
considerados modelos e, em virtudes do conhecimento que possuíam, agiam como
donos do saber.
Agora, escreva suas reflexões sobre os grifos que destacamos.
3) Para GUIMARÃES (1996), apresentado em AQUINO (1998), existe um
confronto positivo entre professor-aluno, além da manutenção da ordem e das regras, há
uma “batalha” que promove o desafio e o exercício da autonomia no aluno.
A escola, como qualquer outra instituição, está planificada para que as pessoas sejam todas iguais. Há quem afirme: quanto mais igual, mais fácil de dirigir. A homogeneização é exercida através de mecanismos disciplinares, ou seja, de atividades que esquadrinham o tempo, o espaço, o movimento, gestos e atitudes dos alunos, dos professores, dos diretores, impondo aos seus corpos uma atitude de submissão e docilidade. Assim como a escola tem esse poder de dominação que não tolera as diferenças, ela também é recortada por formas de resistência que não se submetem às imposições das normas do dever-ser. Compreender essa situação implica aceitar a escola como um lugar que se expressa numa extrema tensão entre forças antagônicas. [...] O professor imagina que a garantia do seu lugar se dá pela manutenção da ordem, mas a diversidade dos elementos que compõem a sala de aula impede a tranqüilidade da permanência nesse lugar. Ao mesmo tempo em que a ordem é necessária, o professor desempenha um papel violento e ambíguo, pois se, de um lado, ele tem a função de estabelecer os limites da realidade, das obrigações e das normas, de outro, ele desencadeia novos dispositivos para que o aluno, ao se diferenciar dele, tenha autonomia sobre o seu próprio aprendizado e sobre sua própria vida. (GUIMARÃES, 1996; apud AQUINO, 1998).
20
É neste contexto que se consolida a Instituição Escolar. E será nesta Instituição
que se constrói a autonomia do aluno em confronto com a autoridade do Professor. A
partir da leitura do texto, escreva como o autor desenvolve a idéia sobre autoridade do
professor e autonomia do aluno?
Sugestão de Leitura:
GARCIA, Joe. Indisciplina na Escola: uma reflexão sobre a dimensão
preventiva. Curitiba, n95, jan./abr.1999, p.101-108. Disponível em:
http://www.ipardes.gov.br.pdf/revista e.
Sugestão de Filme; O Preço do Desafio
Diretor: Ramon Menendez
Sinopse do Filme: O Preço do Desafio
Recorte do Filme: Primeiro dia de aula. Professor novo. Turma pouco afeita ao
estudo. No caminho para seus novos afazeres os corredores da escola não parecem nada
animadoras para recém-chegado professor. Na sala de aula todos os alunos estão de pé,
circulando despreocupadamente, sem qualquer tipo de compromisso com o trabalho que
está apenas começando. Querem falar de outros assuntos, mais próprios e interessantes
em sua opinião para pessoas que, com o eles, estão em idade de freqüentar o Ensino
Médio. Matemática não lhes parece parte integrante dos conhecimentos que necessitam
para sobreviver na selva que percebem em seus cotidianos. Jaime seu novo professor,
mal consegue se apresentar, pois é interrompido com menos de 10 minutos em sala de
aula pelo acionamento do sinal que faz com que todos os alunos saiam rapidamente da
classe. É apenas mais uma entre várias “brincadeiras” promovidas pelos alunos para
interromper o trabalho que está sendo desenvolvido. Numa outra aula, quando as
primeiras páginas do livro estavam sendo abertas no capítulo sobre frações e
porcentagem, surgem dois novos alunos, atrasados, que trazem consigo justificativas que
lhes permitem permanecer na aula. Nenhum dos dois tem materiais apropriados e ainda
desrespeitam o professor com gestos obscenos. Ao ser interpelado pelo professor no
final da aula um dos estudantes diz que não tem qualquer interesse pelo o que está sendo
21
ensinado e, além disso, ameaça o professor. Para desestabilizar ainda mais as aulas de
matemática, os jovens amotinados passam a assistir a aula tendo a seu lado outras
pessoas que, como eles, não estão dispostos a estudar e que, da mesma forma como os
primeiros, querem ameaçar e boicotar os esforços de Jaime. Para piorar mais a situação,
entre os outros membros do corpo docente a descrença na capacidade dos estudantes
também se faz notar. Nas reuniões pedagógicas ou mesmo nos intervalos (na sala dos
professores), fica claro para o novo professor de matemática que entre seus colegas de
trabalho não há nenhuma perspectiva positiva para o futuro de seus novos alunos. Nem
mesmo entre os pais a educação é vista como uma possibilidade de crescimento, de
amadurecimento e de melhores chances no futuro.... A seqüência de acontecimentos
acima descrita retratar fatos ocorridos em qualquer escola do Brasil. Apresenta o que
para muitos que trabalham com educação seriam situações corriqueiras, do cotidiano de
seu trabalho.
Questão para analisar:
Analisar em que contexto ocorre o filme e fazer comparações com a realidade
da escola pública brasileira.
UNIDADE III
TEXTO PARA REFLEXÃO:
A ação do professor na construção do conhecimento
Nesta unidade faremos uma breve reflexão sobre as regras, limites e a
formação moral dos alunos na escola atual.
Na escola a indisciplina é quase sempre vista como um enfraquecimento do
processo de desenvolvimento da moral. Para o professor isso se torna um obstáculo
pedagógico, a ser enfrentado. A disciplina tornar-se–ia então condição base para o
ensino. Assim a escola intervém no campo da moralidade, “ordenando” condutas, que
considera moralmente correta. A escola constrói regras e limites para a convivência
escolar. O ordenamento requer um entendimento de todos do que seja melhor para uma
22
coletividade. Quando se pensa no bem e no bom para uma coletividade, temos então
uma ação que passa da moral para a ética, pois abarca a todos e perpassa as instituições.
Para compreender a moral, necessário se faz uma aproximação para a
compreensão do que é moral e do que é ética. Termos estes que envolvem conceitos
diferentes, mas complementares. Moral e ética geralmente são confundidas. Se nos
reportamos ao filme “Sherek (1)”, temos lá uma abordagem ética, quando Sherek diz ao
burro: Nós Ogros, somos como cebolas, feitos em camadas!
Nossa construção moral se dá em camadas, que vão se constituindo até a
construção do que se chama ética. A Moral está fundada nos valores, que são
construídos ao longo do processo educativo, em várias instâncias e instituições: família,
justiça, trabalho, educação escolar. Portanto, o que pode aparecer como moralmente
correto, devidamente regrado em um campo de relações, não aparece adequado em
outro. Daí o aparecimento do que se chama indisciplina.
O ordenamento moral, entendido por todos, deve ser obedecido por todos. A
obediência pode ser garantida de diversas formas: entendimento, compreensão,
aceitação das regras e punição para aqueles que não a empregam, coagindo e
amedrontando.
Segundo Piaget, nascemos na anomia (fase em que não existem regras e não as
conhecemos), mais tarde, por volta dos 3 anos, iniciamos a aquisição das regras a
heteronomia (fase em que compreendemos as regras exteriores a nós). A fase da
heteronomia nos leva a assimilação e a acomodação daquilo que nos convém, rumo a
autonomia (fase em que a origem da norma está no próprio sujeito). A última fase é a
moral da autonomia (aquisição do juízo moral para a convivência). Este é o percurso da
construção moral do sujeito.
Na verdade a maioria dos alunos está em fase de heteronomia, fase esta que
deve ser vivenciada e superada, rumo a autonomia. É a fase do egocentrismo que precisa
ser superada. A autonomia, que também é a fase dos encontros escolares, por volta dos 7
aos 9 anos, é uma fase onde o sujeito leva o outro em consideração. Parte daí o processo
de construção das inter-relações pautadas no respeito pelos limites que nascem do outro
e se confrontam com aqueles que nascem de si. Portanto há um embate de autonomias,
entre professor-aluno e entre aluno-aluno. Os limites começam aqui a ter uma
importância, pois estabelecem regras de convivência que antes eram somente de fora
para dentro e agora aparecem em uma integração entre o dado e o compreendido e aceito
23
para a convivência mútua. São os contratos pedagógicos. E são também os
combinados, entre os alunos. E ainda os aconselhados pela família. Os limites portanto
constituem regras básicas para a vida em sociedade. E precisam ser aprendidos,
confrontados e moralmente acomodados. Os limites circunscrevem a vida coletiva, a
vida em sociedade.
Porém os limites devem ser discutidos e construídos, pois compõem o
processo de construção moral do sujeito. Moral esta que está construída e discutida
socialmente. Os limites podem ser ensinados e compreendidos a partir de três
alternativas, isoladas ou combinadas, são elas:
- ensinam-se limites pelo medo, pela coação, pela punição;
- ensinam-se limites pelo amor, pela cumplicidade;
- ensinam-se limites pela confiança, pelo respeito;
Segundo TAILLE (2006) não há nenhuma culpabilidade neste processo
de ensino quando tudo estiver sendo usado para a compreensão e construção da moral
no sujeito. Pois socialmente, estas três formas de ensino estão presentes e muitas vezes
se interelacionam. Em família é natural que os pais exerçam uma autoridade que muitas
vezes causa medo nos filhos. Normal também que haja critérios de punição, como os
castigos. Na escola este tipo de ensino não é adequado, nem aceito como desempenho
profissional do professor. Na escola deve haver uma conquista da confiança do aluno e
do respeito pelo trabalho com o conhecimento. Mas, se percebe que esta construção se
faz equilibrada e combinada. Cada instituição desempenha um papel nesta construção.
É importante fazer uma reflexão de como sociedade está organizada, onde se
valoriza mais jovem do que o idoso. O avô, o pai que tem muito mais vivência que o
filho, e é visto como ultrapassado pelos jovens. Os pais respeitam os filhos o que não
ocorre o inverso. Os limites não são dados e a criança pode fazer tudo o que quer. A
partir daí pode surgir a indisciplina também na escola.
Com Piaget, define-se “valor” como “caráter afetivo do objeto”. Na escola
devem-se trabalhar valores? A discussão se funda em quais valores devem ser
trabalhados e como serão trabalhados. Para tanto TAILLE,(2006) identifica o objetivo
que tem a escola: transmitir conhecimentos para formar o cidadão. A transmissão do
conhecimento está para a “educação moral” e a formação do cidadão está para a
“formação ética”. Ter conhecimento é dar sentido às variadas informações que
24
retiramos do meio ou que nos são transmitidas socialmente. É dar sentido ao mundo.
Falta dizer que disciplinas, trabalham com conhecimentos, pois relacionam
informações. O conhecimento tem valor sobre a informação. Então passa a ser o
conhecimento um valor a ser trabalhado pela escola. E a valorização do conhecimento
pode se dar em 4 situações:
- ver no conhecimento uma riqueza cultural;
- ver no conhecimento um elemento de progresso para a humanidade;
- ver o conhecimento como meio de progresso pessoal;
- ver no conhecimento a base para a autonomia intelectual que nos protege
contra as manipulações, a alienação, as mentiras e os mitos.
Muitas vezes não se dá ao conhecimento a valorização necessária. Pois boa
parte do conhecimento, notadamente científico, responde a uma curiosidade pura, não a
uma demanda pragmática e urgente. Em uma sociedade de busca desesperada de prazer
imediato e estonteante, a alegria de conhecer fica em segundo plano, ou simplesmente
não existe.
Neste contexto a ação do professor é primordial na construção do
conhecimento como valor:
- fazer uma clara diferença entre informação e conhecimento, deixando-a clara
para os alunos (pode haver fontes e mais fontes para a informação, só conheço uma para
o conhecimento- a escola);
- reconhecer a manipulação econômica e política a que são submetidas às
informações, onde só o conhecimento nos livra da ignorância;
- resgatar a condição de detentores do conhecimento, os professores são
pessoas que devem possuir esta riqueza e desejam dividi-la. O que ensinam é um valor
e, portanto não tem preço.
Outro ponto importante é observar e perceber que “quanto mais controle
externo, menos controle interno”. A moral é a constituição de valores que devem ser
respeitados e compreendidos por determinada sociedade, correspondendo aos deveres
praticados coletivamente. A Moral se transmite através do regramento à vida coletiva.
Se precisarmos moralizar, cada vez mais uma sociedade, estamos tendo mais indivíduos
imorais ou amorais. Estamos em anomia, ou não aceitamos e não compreendemos o
regramento social, na heteronomia. Assim não chegaremos à autonomia, nem tampouco
a autonomia moral.
25
Ainda a moral, a despeito dos belos discursos sobre a formação do cidadão,
parece ser um valor que ocupa lugar inferior na hierarquia de muitas escolas públicas e
privadas. Na escola se trabalha o conhecimento, então além das regras, é importante
trabalhar os princípios que nos permitem elaborar as regras. Porém observa-se que na
escola se trabalha a regra, e costumam ser numerosas, mas os princípios ficam secretos,
desconhecidos de pais, alunos e professores. Para Yves de La Taille, o problema é que o
poder de convencimento da moral está nos princípios, e não nas regras. Muitas vezes o
excesso delas, ao invés de levar as pessoas à obediência, leva-as à desobediência. Se os
princípios forem claros, não será necessário formular tantas regras, que deles serão
decorrência lógica.
A ação do professor está em entender que a dimensão moral transcende a
escola, mas nem por isso deve deixar de dar sua contribuição.
Ética, não cabe o ditado popular: Esta é a minha vida e ninguém tem nada a
ver com ela. Isso pesa muito mais sobre o educador, pois ele enfrenta o processo de
construção ética, duas vezes: Uma porque ensina à ética, outra porque é exemplo de
vida ética. Nenhum educador pode se dar ao luxo de não ter sua vida pautada eticamente
em todos os âmbitos.
No entanto, há um enfoque individualista presente nos dias de hoje. Muitos
procuram uma vida feliz sem outrem e muito menos para outrem. Há um exagero
individualista que despreza as instituições, há um descompromisso nas relações para
com os outros, bem como, para com as instituições justas. Daí a incivilidade, o
desrespeito, a violência, o descaso. Este é um sintoma provável de um mal-estar
psicológico de inúmeras pessoas. Para muitos o “ter” é o sentido do “ser”. Ter alguém
que lhe sirva, que lhe faça feliz, é mais importante do que ser feliz. Ter uma riqueza
física pelo culto ao corpo belo é mais importante do que ser belo por aquilo que já tem
no seu corpo. Do ponto de vista psicológico o “ter” nunca contempla todas as
exigências do “ser”, assim continuamos consumindo para “ter”. Aquilo que obtemos
nos satisfaz momentaneamente, mas logo perde sua mágica, perde seu efeito, e a pessoa
vai em busca de mais. O “ter” sustenta o consumo alienante e fortalece a heteronomia
(fase em que as regras de convivência estão vindas de fora). Neste sentido podemos
indicar que a maior parte da sociedade não saiu da fase da heteronomia.
Pode a escola ajudar? Afinal, muitos sujeitos ficam na escola, em média 20
anos, da pré-escola até o terceiro grau. Bem, a felicidade não é questão curricular, é
óbvio, mas nem por isso está ausente das cabeças que ensinam e das cabeças que
26
aprendem. Portanto, pode-se refletir sobre o lugar do conhecimento na busca de uma
vida significativa para o “ter” ou para o “ser”, ou para os dois. Pode-se refletir sobre o
lugar do outro nos planos de vida individuais. Pode-se refletir qual é a importância e a
relevância da escola e os valores que lá estão sendo transmitidos pelos nossos
educadores. Enfim, qual é a relação entre escola e vida?
Questões para reflexão e discussões em grupo:
É possível verificar que há um grande incentivo da família quanto aos estudos
e ao mesmo tempo há um maior acesso a recursos que facilitam e promovem o processo
de ensino aprendizagem, como livros, computadores, internet, revistas, jornais, filmes....
Essas circunstâncias realmente os torna mais críticos, questionadores e participativos>
Porém nem todos conseguem utilizar essas ferramentas de forma consciente e produtiva.
Os pais por sua vez comparecem a escola para presenciar a apresentação de
trabalhos realizados por seus filhos apenas como observadores, sem posicionamentos
mais efetivos e críticos. Há porém baixo índice de comparecimento nas reuniões
solicitadas pela escola, especialmente entre os pais cujos filhos freqüentam turmas do
ensino médio? O que o professor pode fazer para ter controle perante situação de
indisciplina?
Será que sabemos ouvir nossos alunos? O diálogo envolve o respeito em saber
ouvir e entender nossos alunos, mostrando a eles nossa preocupação com suas opiniões e
com suas atitudes e o nosso interesse em poder dar assistência necessária ao
aperfeiçoamento do seu processo de aprendizagem?
27
Sugestões para Leitura:
SILVA, N.O. Ética, (in)disciplina e relação professor-aluno. LA TAILLE , Y
Indisciplina/disciplina : ética, moral e ação do professor. Porto Alegre: Mediação, 2005.
Sugestão de Filme: Shrek I
Direção: Andrew Adamson, Vicky Jenson
Sinopse do filme: Shrek I
Shrek vive em um pântano e é considerado por todos os habitantes das
redondezas como o ser mais feio e temido que haja. Mas na realidade não é bem assim,
Shrek quer apenas paz e sossego em sua vida. Isso ele tem de sobra, pelo menos até que
o impiedoso Lorde Farquaad resolve exilar todos os personagens de contos-de-fada que
existem no seu reino para dentro da floresta... Onde está localizado o pântano de Shrek.
O sossego do ogro verde chegou ao fim! Agora ele deve tirar satisfações pessoalmente
com Farquaad para rever sua floresta intacta. Shrek consegue um acordo: se resgatar
para o Lorde uma princesa que está adormecida em um perigoso e longínquo castelo,
Farquaad devolve a paz a ele.
Questões sobre o filme:
Qual a relação que o filme apresenta sobre:
Trabalho; transformação da sociedade, formação do cidadão; papel da
educação.
28
UNIDADE IV
TEXTO PARA REFLEXÃO:
A Família como primeiro ambiente de sociedade na construção
de regras e valores.
Nesta unidade aborda-se-a o papel da família no contexto social sendo o
primeiro ambiente socializador dos filhos, a escolar pode ser o segundo, portanto pais e
professores são figuras essenciais no desenvolvimento do indivíduo, cabendo a eles o
papel de ensinar normas e valores de conduta e estabelecer formas e limites para as
crianças e adolescentes.
A construção coletiva de normas e regras, além de fortalecer os laços entre
família e escola garante processos de aprendizagem, da apropriação de conhecimentos,
efetivando um comportamento adequado numa disciplina pedagógica democrática
dentro de uma perspectiva dialógica, problematizadora e critica da educação
pressupondo pedagogicamente ações que orientem os professores na escola e na sala de
aula respeitando a diversidade escolar unindo forças como que acreditas em superar as
dificuldades em resolver a indisciplina dos alunos numa condição de conquista e
manutenção dos direitos e deveres, ampliando os mecanismos de participação da família
na escola é condição para que os conflitos sejam objetos de discussão e reflexão. Não há
democracia sem participação, não há participação sem diálogo e não há dialogo sem o
uso da palavra numa concepção mútua na resolução do problema sem manipulação
(autoritarismo), ou seja, alunos respeitando os professores e professores respeitando seus
alunos sem utopia, pelo contrário o papel do educador é formar na verdade dar liberdade
de expressão respeitando o direito do discurso e outras leituras do mundo
O aluno de hoje respeita menos que o aluno de ontem e, a escola é mais
permissiva hoje que antigamente. Vejamos, a escola anterior aos anos 70, era para
poucos, existia a exclusão. Eram elitistas escolas militares ou religiosas na maioria,
poucas leigas. Nossos pais não completaram a escolarização mínima de 8 anos e nossos
avós, sequer freqüentaram a escola.
Atualmente, percorridos muitos contratempos, temos uma escola ampliada
consideravelmente. São 9 anos de educação básica, mais vagas e mais estabelecimentos
29
de ensino. Porém o projeto de democratização da escola é inacabado. Hoje o desafio dos
educadores é a permanência “de fato” do aluno na escola. Outro dado importante é que
as escolas eram militarizadas, particularmente existia uma relação de medo e coação.
Seu funcionamento era à base de ameaças e castigos. Ao constatarmos que nosso aluno
de hoje não viveu a “ditadura”, sendo fruto de outras coordenadas históricas, fica claro
que será preciso estabelecer outro tipo de relação civil em sala de aula. Podemos
respeitar alguém por temê-lo ou por admirá-lo. Na escola a avaliação pode ser um
castigo ou mais um momento de ensino e de aprendizagem. Concretamente construir
relações pautadas no processo de democratização das relações não tem sido algo fácil,
levar o aluno a ter respeito pela autoridade do professor ainda é tarefa também
inacabada e depende muitas vezes de cada professor.
Hoje os pais são obrigados a colocar o seu filho menor na escola, caso
contrário é penalizado de alguma forma. Muitas famílias deixam de receber o benefício
do Programa “Bolsa Família”, o que faz uma diferença na situação social, econômica e
cultural em que vivem no Brasil, as classes menos favorecidas debilitadas pela pobreza e
pela desigualdade social. Muitas vezes o objetivo de vida destas famílias não é o mesmo
proposto pela escola. Para as crianças advindas desta situação a escola torna-se
enfadonha e, o aluno permanece na escola por uma obrigação legal. Também não vê
perspectivas futuras permanecendo na escola a não ser a garantia do benefício. Assim é
obrigado, pelos pais, a freqüentar a escola. A crise econômica desestabiliza muitas
famílias e reflete na educação. Nesta realidade fica difícil convencer o aluno de que
aprender é uma possibilidade de transformação da sua realidade sócio-econômica.
Porém, como Acácia Kuenzer, na obra “Pedagogia da Fábrica” (1986), Taille também
acredita que: “A escola continua sendo o grande sustentáculo da sociedade e
considerada como elemento-chave da formação do sujeito, da construção da cidadania,
do desenvolvimento tecnológico e da expansão da economia”(LA TAILLE, 2005,
p.35).
Kuenzer (1986) Diante da dicotomia entre a teoria e a prática e as relações do
modo de produção capitalista coloca que se precisa ter uma visão que a escola não é
fábrica e trabalha com seres humanos, e a sala de aula precisa tornar-se um espaço de
relações onde adquire conhecimento e oportunidade para o aluno sair do senso comum à
consciência filosófica.
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Enquanto a tarefa da escola é mostrar para o aluno das classes menos
favorecidas, que através da educação pode melhorar de vida, exercer a cidadania e isso
proporciona a ele uma mudança na realidade que tanto o incomoda. É comum observar
que nas classes mais abastadas, para suprir a ausência e distanciamento dos filhos em
função de necessidades de subsistência alguns pais acabam não cumprindo a sua
responsabilidade de educar e para compensar esta falta deixam os filhos agirem com
muita liberdade, fazendo-lhes todas as vontades. Dessa forma as crianças deixam de
perceber que existem limites para suas vontades e comportamentos instalando-se
comportamentos inadequados também dentro das relações familiares. Uma grande
porcentagem de pais acaba deixando que outras pessoas cumpram o seu papel no ato de
educar, concentrando-se aí o motivo das queixas dos professores, que culpam a família
pelo mau comportamento dos filhos.
A escola está substituindo a família como instituição primária encarregada do acolhimento e da formação básica do sujeito. Atualmente tudo passa pela educação, desde o problema do desenvolvimento econômico do país até o problema da gravidez na adolescência. (LA TAILLE, 2005, p.37).
A cada dia a escola assume mais atribuições, crianças muito novas são
matriculadas na escola, sem estarem preparadas, ou seja maduras para a aprendizagem,
onde deveriam estar sob os cuidados da família. A educação infantil inicia-se nos
berçários. As creches, ou Centros de Atendimento Educacional à criança, são criados
para que os pais possam trabalhar e alimentar o consumo que alimenta o sistema
capitalista. E nestas condições a família vai se constituindo de diversas formas. Os
comportamentos vão sendo também modificados.
O sujeito contemporâneo, ao contrário, não é mais aquele fixo, identitário, mas sim aquele que vive em constante transformação de idéias, pensamentos, crenças, valores, condutas, relações afetivas...É um “desatento”, mergulhado na fluidez, na desterritorialização, no nomadismo e na “transformação” constante. (JUSTO, 2006, p.31)
Na escola fundamental, a partir da quinta série, temos alunos com ordem
judicial ocupando o mesmo espaço, gerando desconforto entre os professores, pais e
alunos. Mais um aspecto interessante de entender quando se aborda a questão da
indisciplina e se produz na sociedade instituições que acabam por serem desrespeitadas,
como é o caso da Instituição Jurídica.
31
Diante desta realidade os professores e a escola sentem-se despreparados
para fazer uma educação de qualidade, sendo julgado como os únicos culpados. A
sociedade, em seu todo, tem que se esforçar para trazer de volta a questão da
importância de se respeitar os limites. Segundo Vasconcelos, “a crise da disciplina
escolar hoje está associada justamente à crise de objetivos e de limites que estamos
vivenciando”. (1997, p.231) .
A escola e seus atores constitutivos, principalmente o professor, parecem tornar-se reféns de sobre determinações que em muito lhes ultrapassam, restando-lhes apenas um misto de resignação desconforto e, inevitavelmente, desincumbência perante os efeitos extensão, seu manejo teórico-metodológico residiriam fora, ou para além, dos muros escolares. (AQUINO, 1998, p.8).
O papel da escola e da família é condição primordial, quanto aos problemas
causados pela indisciplina, bagunça, agressividade, desrespeito etc. fenômeno que
atrapalha o processo ensino aprendizagem, além de provocar conflitos no ambiente
escolar. São os principais envolvidos que têm que refletir sobre estas questões, para que
possam formar cidadãos capazes de transformar essa realidade conturbada. O professor
não pode se eximir do seu papel, jogando a responsabilidade para o outro. A indisciplina
gerada na escola deve ser resolvida na escola.
A família é a instituição primeira que apresenta sua importância e
responsabilidade no sentido de influenciar a vida das crianças, principalmente no que diz
respeito à aprendizagem e internalização dos comportamentos, hábitos e atitudes que
vão se tornando os primeiros elementos na construção dos valores e modelos éticos a
serem seguidos. Sendo assim de acordo com La Taille:
A família deveria proporcionar condições para a formação de uma estrutura psicológicas moral capaz de preparar esse aluno para conviver em ambientes regrados. Isso só reforça a relação que se estabelece entre o comportamento indisciplinado do aluno e sua formação moral: indicando, portanto, que a raiz do problema está também no tipo de educação moral que as crianças vêm recebendo. (1996, p. 23).
A educação moral faz-se necessária à educação para a cidadania este é um processo de aprendizagem que leva o aluno ao discernimento e a reflexão sobre os valores que lhe são significativos e são assumidos por ele. Assim, a partir das experiências que ocorre também no seio familiar ocorrerá a construção do seu quadro de valores. Segundo La Taille (l996) para exercermos a cidadania, necessário são alguns
32
aspectos como: conhecimento, memória, respeito pelo espaço público, normas de relações interpessoais e diálogo.
Questões para refletir:
Enquanto envolvido no processo educacional e com base no texto que lhe foi
apresentado, apresente uma analise reflexiva de sua prática educativa, sugerindo formas
de “resgatar” o “aluno indisciplinado” para o processo de aprendizagem significativa.
Sugestão de filme:
Fuga das Galinhas
Sinopse:
O filme apresenta um debate das galinhas a respeito do caráter da
exploração. A líder tenta mostrar estratégias e possibilidade de libertação coletiva e
superação da situação de exploração.
Ginger e sua turma são detentas da Granja dos Tweedy, onde toda galinha que
não botar o ovo da manhã acaba virando o jantar. Elas estão determinadas a fugir antes
de irem para a mesa.
O tempo começa a se esgotar quando a gananciosa dona da granja, a Sra.
Tweedy, descobre que pode enriquecer vendendo tortas de galinha.
É nesse cenário que chega à granja um galo americano chamado Rocky e as
coisas começam a mudar.
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Sugestões Temáticas:
Alienação e trabalho; transformação da sociedade, formação do cidadão; papel
da educação.
Palavras-chave: alienação, trabalho, exploração, estratégias, libertação
coletiva, mobilidade social, transformação da sociedade, formação do cidadão, papel da
educação, professor, líder....
Fonte: http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=10063
Sugestão de Leitura:
JUSTO, José Sterza . Escola no Epicentro da Crise Social. In: LA TAILLE, Yves de.
Indisciplina/disciplina: ética, moral e ação do professor. Porto Alegre: Mediação, 2005.
A partir das reflexões feitas, organizar o grupo para o desencadeamento de ações
que possam ser desenvolvidas no âmbito do contexto educacional, que venham
contribuir para a permanência e o sucesso do aluno. (Elaboração de um Plano de Ação).
34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ARCO-VERDE, Y. F. de S. Caderno de Apoio para Elaboração do Regimento Escolar. Disponível em: http:www.diaadia.pr.gov.br/cge/arquivos/File/ REGIMENTO ESCOLAR 08 04.pdf.,acesso em 01 mar.2010
AQUINO, J. G. A indisciplina e a escola atual. Fac. Educ.vol. 24 n.2 São Paulo Jul./Dez. 1998.
______, J. G. Indisciplina na Escola: Alternativas Teórica e Pratica São Paulo: Summus, 1996.
______, J G. A violência e a crise da autoridade docente. Cadernos da Cedes, ano XIX, nº 47, dezembro/98.
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Fonte: http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=10063
FILMES:
O homem sem Face
O Preço do Desafio . Diretor: Ramon Menendez
Shrek I. Direção : Andrew Adamson, Vicky Jenson
Fuga das Galinhas