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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU TREINANDO LÍDERES PARA DESENVOLVEREM PESSOAS ALEX RACHED BALZANA ORIENTADOR: Prof. Marcelo Saldanha orientador) Rio de Janeiro 2017 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

TREINANDO LÍDERES PARA DESENVOLVEREM PESSOAS

ALEX RACHED BALZANA

ORIENTADOR: Prof. Marcelo Saldanha orientador)

Rio de Janeiro 2017

DOCUMENTO P

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EITO A

UTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em MBA em Pedagogia Empresarial. Por: Alex Rached Balzana

TREINANDO LÍDERES PARA DESENVOLVEREM PESSOAS

Rio de Janeiro 2017

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AGRADECIMENTOS

Aos amigos e parentes, colegas do trabalho e

curso, além daqueles que me forneceram

materiais para suportar esta monografia.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha esposa, que tanto

me apoia no meu desejo contínuo em permanecer

aprendendo.

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RESUMO

Diante do questionamento se os modelos atuais de treinamentos

para líderes desenvolverem pessoas se esgotaram, o autor do projeto

apresenta um compilado do que é encontrado de relevante para aqueles que

atuam ou se interessam na área de Treinamento e Desenvolvimento, sobretudo

com foco em desenvolvimento de gestores e líderes. A discussão é

imprescindível, pois em 2022, qualquer gestor poderá ser responsável por até

cinco diferentes gerações, além de todas as mudanças tecnológicas e

comportamentais embutidas neste contexto. Tentar saber se o que mercado

oferece atualmente consegue atender estas demandas, qual o melhor modelo

que existe, se é que existe, além de alternativas, cenários ou novas propostas

para os líderes desenvolverem pessoas é uma das premissas que se tenta

apresentar ao longo dos capítulos desta monografia. A maior dificuldade na

área de treinamento está em elaborar um plano de treinamento que consiga

unificar três características naqueles que recebem o mesmo: gerar adesão,

manter motivação, mensurar resultado e garantir evolução. O que ficou claro é

que seja um método ou modelo corporativo de treinamento e desenvolvimento

de líderes, ambos precisam passar por uma reformulação na forma de

elaboração, implementação e análise de continuidade.

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METODOLOGIA

Sobre a metodologia, ao longo da elaboração do projeto foi realizada

uma pesquisa bibliográfica e análise de literatura sobre o tema. Dentro desta

etapa, foram priorizados artigos, revistas, livros e relatórios voltados para o

mercado corporativo, mas que tinham conteúdo técnico ou reflexivo sobre o

tema.

Num segundo momento, foram utilizados os insumos colhidos

durante as palestras e visitas aos stands das empresas no Congresso

Brasileiro de Treinamento e Desenvolvimento, realizado novembro de 2016 na

cidade de Santos. Depois dessa segunda etapa, os recursos disponíveis foram

complementados por novas literaturas dentro do tema e pesquisas

complementares no ambiente on-line.

A produção final, do que será apresentado ao longo dos capítulos, é

um compilado de todos os recursos e insumos coletados durante todas as

etapas.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I

1. Os desafios e processos de mudanças nos métodos de treinamento para

líderes 11

1.1 As necessidades atuais para desenvolver um líder 15

CAPÍTULO II

2. As metodologias e caminhos sugeridos 20

2.1 Os modelos aplicados pelos especialistas e consultorias para o Setor de

Treinamento e Desenvolvimento 26

2.1.1 Liderança Situacional® II - Experience 26

2.1.2 F.A.L.A.R.® 27

2.1.3 ISVOR LAB 28

2.1.4 PNL 29

2.2 O pesadelo da mensuração de resultados e análise de desempenho 30

CAPÍTULO III

3. As propostas que já estão dando certo 32

3.1 O modelo Supertraining 37

3.2 Felicidade dá lucro 39

3.3 Avaliação Kirkpatrick 40

CONCLUSÃO 42

BIBLIOGRAFIA 43

ANEXO 46

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INTRODUÇÃO

Os departamentos de Treinamento e Recursos Humanos das

empresas estão passando por transformações há algum tempo, mas a verdade

é que assim como na natureza, o ambiente corporativo e suas demandas estão

em constantes mudanças e processos de adaptações. Preparar líderes para

desenvolverem seus liderados durante este processo de transformação é um

dos desafios que surgem. O responsável por esta tarefa se vê diante da

escolha sobre qual modelo utilizar. Pensar em algo pronto, criar um novo,

adaptar o que já existe. Fica a pergunta no ar: os modelos atuais de

treinamentos, para líderes desenvolverem pessoas, se esgotaram? Responder

a estas questões será determinante, pois os líderes têm papel fundamental em

processos de mudanças. Deixá-los adequadamente preparados é garantia de

melhores desempenhos corporativos.

“...a maior lição que aprendi é que uma forte liderança de

mudança não é rara, não é um dom inato que apenas poucos

possuem e não é um desafio impossível. Tudo se resume a

habilidade. E essa habilidade pode ser aprendida. ” David Miller

(Gestão de Mudança com Sucesso. Ed. Integrare. Pg. 88)

É fato que hoje há um ritmo acelerado e de cobrança crescente no

mercado de trabalho e ambiente corporativo para todos, porém, mais ainda

para os líderes. Além do mais, é preciso preparar os líderes para o que está

por vir. Em 2022, qualquer gestor poderá ser responsável por até cinco

diferentes gerações, além de todas as mudanças tecnológicas e

comportamentais embutidas neste contexto. Isso tem promovido a constante

necessidade de desenvolvimento das pessoas envolvidas no processo. Tanto

de quem deve efetuar o treinamento quanto o engajamento daquele que

participa.

Tentar saber se o que mercado oferece atualmente consegue

atender estas demandas, qual o melhor modelo que existe, se é que existe,

além de alternativas, cenários ou novas propostas para os líderes

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desenvolverem pessoas é uma das premissas que se tenta apresentar ao

longo dos capítulos desta monografia.

Mensurar o método mais efetivo é um desafio, mas uma

possibilidade está no exemplo da Elektro. O CEO Márcio Fernandes, criou a

metodologia Filosofia de Gestão, focada no conceito de felicidade e, conforme

apresentado no livro “Felicidade dá lucro”, entre 2011 – quando assumiu a

empresa – e 2015, a Elektro atingiu 99% no índice de satisfação dos

funcionários na 19ª edição do GPTW (Great Place to Work), além dele se

tornar o líder mais admirado do país. Entretanto, o próprio Márcio admite, que

todo o método está muito ligado ao comportamento e funciona por uma soma

de fatores que nem sempre é possível atingir rapidamente em outras

corporações.

Quanto se fala de modelo de treinamento em si, existem diversos,

mas há uma proposta de evolução no que atualmente se apresenta para

educação corporativa. Ele se chama “Supertraining”, elaborado por Graziela

Moreno, fundadora da Academia da Estratégia. É composto por seis etapas e

foi testado em mais de 170 mil pessoas presencialmente. A iniciativa é que seja

uma ferramenta multiuso para qualquer proposta de treinamento acelerado no

ambiente corporativo a ser aplicado pelos departamentos de Treinamento e

Desenvolvimento ou Recursos Humanos. Isso também se aplica para lideres

desenvolverem pessoas.

Em suma, atualmente, seja um método ou modelo corporativo de

treinamento e desenvolvimento de líderes, ambos precisam passar por uma

reformulação na forma de elaboração, implementação e análise de

continuidade. A maior dificuldade na área de treinamento, nos cenários acima,

é elaborar um plano de treinamento que consiga unificar três características

naqueles que recebem o mesmo: gerar adesão, manter motivação e garantir

evolução. Depois disso, ainda é preciso observar se a soma destas conquistas

confirmou o desenvolvimento daqueles que participaram e, sobretudo, gerou o

resultado esperado.

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CAPÍTULO I

OS DESAFIOS E PROCESSOS DE MUDANÇAS NOS

MÉTODOS DE TREINAMENTO PARA LÍDERES

Muitos dos princípios nas áreas de recursos humanos que se usam

hoje foram desenvolvidos na virada do século, quando as organizações tinham

estruturas hierárquicas com o poder extremamente centralizado. O autor

Idalberto Chiavenato, diz que: “As organizações eram feitas para durar para

sempre, como se fossem prontas, perfeitas e acabadas e não necessitassem

de melhorias ou ajustes com o passar do tempo. ” (Gestão de Pessoas, 2005,

p. 360). Hoje, em plena Era da Informação e num mundo de negócios

globalizado, com a crescente instabilidade no comportamento e ambiente

organizacional, não há espaço para modelos rígidos. O fato é que,

impulsionadas pelas tecnologias sociais e móveis, as organizações mudaram e

estão cada vez mais horizontais e colaborativas. Antes o papel do setor de

Recursos Humanos era fazer cumprir as normas. Agora, com a introdução de

várias ferramentas de gestão, os Recursos Humanos são cada vez mais

cobrados quanto ao desenvolvimento de seus gestores e colaboradores.

Essas mudanças criaram a possibilidade de uma nova ação e

postura estratégica das áreas que tem, mais do que nunca, a oportunidade de

operar de forma globalmente integrada e tomar decisões baseadas em dados.

A partir disso, é possível desenvolver a liderança, avaliar os talentos e cultura e

entender as necessidades futuras do negócio. Ou seja, as empresas têm hoje a

possibilidade de funcionar como verdadeiras produtoras e propulsoras de

talentos, desenvolvendo e apoiando seus colaboradores de maneira

ininterrupta. Diga-se de passagem, as palavras agilidade e continuidade

descrevem as estratégias de talentos que tendem a ganhar força nas empresas

nos próximos anos. As práticas de Recursos Humanos estão repensadas e

assumem um formato de ação contínua, no qual os conceitos mais antigos (tais

como: revisão anual, ciclo anual de talentos, o treinamento visto como um

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evento e etc.), passam a ter uma forma mais sistêmica em que gestores de

todos os níveis estão envolvidos e as ações ocorrem com mais frequência.

Tendo em vista a aceleração e frequência para o treinamento e

desenvolvimento de um líder e sua consequente replicação para seus

subordinados, uma das mudanças que já se faz sentir em algumas

corporações, é que a área de Treinamento e Desenvolvimento atua e executa

seus projetos sem necessariamente se reportar para a Diretoria de Recursos

Humanos, como um setor à parte, mesmo que os planejamentos sejam feitos

em parceria. Nesse contexto, a área de T&D está sendo repensada, passando

a ser direcionada por um modelo de aprendizagem igualmente contínuo e mais

abrangente. Esse processo está sendo favorecido pela enxurrada de

ferramentas on-line e de conteúdo, que ampliaram a utilização dos programas

de Educação Corporativa com abordagem social e mobile, altamente

integrados com a estratégia de Gestão de Talentos, o que inclui o

desenvolvimento dos líderes neste processo.

“A aceleração da aprendizagem teve muitas influências da educação e da aprendizagem a partir da metade do século XX, o que contribuiu para a disseminação do conceito no mundo corporativo. ” (MEIER, Dave, 2000, The Accelerated Learning Handbook: a Creative Guide to Designing and Delivering Faster, More Effective Training Programs. (Citado em Supertraining. MORENO, Graziela. Ed. Acad Books. Pg. 41)

Com isso, as empresas devem focar cada vez mais na construção

de uma arquitetura de aprendizagem, integrando as suas tecnologias e

buscando tanto profundidade de conteúdo quanto experiências de

aprendizagem mais direcionadas às necessidades do indivíduo. Enquanto

antigamente o modelo de aprendizagem – tanto para novos líderes quanto para

qualquer outro funcionário iniciante – decorria de forma repetitiva e o

conhecimento atingia um ápice no meio do ciclo de vida do funcionário e ia

desaparecendo ao longo do tempo, no modelo de aprendizagem contínua,

esse ápice é antecipado com o uso mesclado de ferramentas digitais,

Coaching, Mentoring, On the Job e melhor preparação do líder para

desenvolver as pessoas neste cenário.

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Quanto a isso, ainda estamos caminhando vagarosamente no Brasil.

A pesquisa sobre o panorama do T&D no Brasil em 2016 (Realizada pela

ABTD), mostrou que a inserção de tecnologias pelo T&D e seu uso não

ultrapassam 15% junto aos empregados (líderes ou não). Além disso, 24% das

empresas, ainda não usam nenhum tipo de tecnologia em seus treinamentos. A

mesma pesquisa apresenta dados sobre as ações voltadas para líderes e 40%

das ações de treinamento nas empresas são para gestores, entretanto, estes

treinamentos são mais voltados para aprenderem suas funções e tarefas, mas

não para desenvolverem pessoas.

Aliás, ter os gestores diretos dos funcionários como parceiros da

área de Treinamento e Recursos Humanos, faz parte da percepção

generalizada dentro do processo de desenvolvimento de pessoas. No

Congresso Brasileiro de Treinamento e Desenvolvimento (CBTD), que

aconteceu em novembro de 2016, o autor desta monografia, teve oportunidade

de assistir diversas palestras, analisar materiais e conversar com empresas

especialistas em treinamento. Após uma compilação inicial, foi possível

perceber que em 70% das palestras, stands visitados e seminários, o líder foi

apontado como fundamental para o sucesso dos projetos. Diante desta

informação, é inevitável que não se pense em preparar melhor os líderes para

que possam contribuir no desenvolvimento de seus colaboradores.

Outro ponto importante captado durante o CBTD é que há uma

preocupação clara com o papel do líder diante das fortes demandas internas e

externas atuais, além da preparação para o líder do futuro. Contudo, não um

futuro tão distante. Estamos falando daqueles que serão os gestores de

pessoas em 2022. A partir deste ano, será possível ter até 5 gerações

diferentes sob a responsabilidade do mesmo líder. Há uma preocupação muito

grande sobre como e quais ferramentas o T&D deve usar para estes cenários.

A Gerente sênior de recrutamento e seleção, comunicação interna e cultura da

Universidade Corporativa da Kroton Educacional, Alessandra Neves, diz que:

“Cada vez mais o ambiente se torna complexo, imprevisível e ambíguo. Para

conseguir engajar as pessoas no mesmo propósito e alcançar resultados

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desejados, é necessária a capacidade de ser líder. ” (Revista Nexialistas –

Edição 1 dez.2016).

“ O programa de desenvolvimento de líderes deve ter em sua base a visão de ser humano integrada. ” (Revista Inteligência Corporativa – Edição Especial “As melhores soluções 2017” –T&D Editora – Pg.40)

Atrelado à discussão sobre diferentes gerações, há ainda o processo

de globalização dos negócios. Cada vez mais profissionais de diferentes

nações estão presentes num mesmo projeto e até mesmo em cargos de gestão

direta na média liderança (não só a alta liderança, conforme estamos

acostumados). Preparar os líderes para lidar com diferentes culturas dentro da

empresa, também já é um ponto de preocupação que está cada vez mais

presente neste novo cenário para o T&D. É preciso não só treinar tecnicamente

o líder para uma correta comunicação, mas também para que ele saiba como

proceder diante de culturas e hábitos diferentes do seu, sem que isso

prejudique o bom andamento do trabalho e a qualidade de vida de todos.

Existe ainda um questionamento claro para os Recursos Humanos e

T&D na estruturação do setor para o futuro: Estamos preparados para a

chamada Quarta Revolução Industrial? Um cenário em que até 2020, muitas

máquinas começarão a substituir trabalhadores em tarefas burocráticas e

organização de dados. Os nossos Recursos Humanos deverão focar em

estratégia, criatividade e análises. Habilidades sociais, como persuasão,

inteligência emocional e capacidade de ensinar, estarão em alta em todas as

indústrias, mais do que programar um sistema ou operar uma máquina. O T&D

precisará repensar as prioridades de ensino e capacitação, enquanto os

funcionários atuais e futuros empregados precisam mudar suas competências

funcionais e embutir o gosto pelo aprendizado. O lado bom é que 80% dos

executivos acreditam que a capacidade de usar ferramentas digitais neste

processo será fundamental para o sucesso no futuro. Apesar disso, apenas

23% criaram uma estratégia para chegar lá. Gerenciar essa transformação de

habilidades deve se tornar a prioridade na agenda dos setores em RH e T&D.

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1.1. As necessidades atuais para desenvolver um líder

Durante uma entrevista, ao receber a pergunta sobre o que significa

ser líder hoje? O diretor global de soluções de liderança da consultoria LHH,

Vince Molinaro, deu a seguinte resposta: “Ser líder só é fácil quando se é um

líder medíocre. As expectativas são muito grandes: é preciso engajar

funcionários, alinhar as equipes com a estratégia, gerar cultura, gerenciar

relações com as partes interessadas dentro e fora da empresa, liderar a

mudança e lidar com a imprevisibilidade. Quando trabalha com um líder

admirável, por quem se tem respeito, o funcionário tende a dar tudo de si. Mas

se a pessoa é medíocre, então o nível de engajamento não é tão grande. O

desempenho cai. Por isso, os líderes precisam ser responsáveis e ter

comprometimento. ” (Revista Você S/A, Líderes em crise, Edição 214, 2016.

Pg. SD). É um resumo claro do que se deve pensar na hora de desenvolver

treinamentos para líderes daqui para frente.

Essa resposta é fruto de sua observação sobre a qualidade dos

executivos durante atividades no Brasil, Estados Unidos e Europa. Há muita

reclamação de pessoas com título de líderes, mas que não lideram de fato.

Uma pesquisa de sua empresa, diagnosticou que 73% das empresas se

queixam que seus líderes não se responsabilizam por decisões, mas isso não é

só fruto de quem decide e aceita ser líder, mas também de quem deve

desenvolvê-lo e orientá-lo para melhor desempenho no cargo.

Ele sugere que as pessoas não aceitem o cargo, sem ter clareza dos

termos e condições que vem depois de dizerem sim. É preciso estar

comprometido, entender sua obrigação e viver de acordo, ou seja, ser um

modelo. Ter coragem e senso de comunidade. Não basta seguir um líder no

topo da cadeia, é preciso ter lideranças fortes em todos os níveis. Para que

isso ocorra, não é possível depender apenas do bom senso de cada indivíduo.

O setor de Recursos Humanos precisa apresentar soluções para garantir que

aqueles que estiverem nesta função hajam de acordo por meio de

aperfeiçoamento de um talento natural ou através de treinamentos que

permitam o desenvolvimento destas competências.

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A necessidade de lideranças efetivas e preparadas é tão urgente,

que se faz sentir fora do ambiente corporativo. Já se fala em treinamento para

líderes reais na política, no Terceiro Setor, no executivo, na cultura, nos

esportes e etc... A formação do cidadão está tão aquém do necessário que as

empresas começam a preencher esta lacuna com as Universidades

Corporativas e as consultorias e espaços de conhecimento são cada vez mais

procurados por aqueles que desejam se desenvolver em qualquer uma dessas

áreas. Na medida em que o ritmo das mudanças aumente e os processos de

gestão levem a uma atuação cada vez mais integrada e “sem muros” na

empresa e na sociedade, parece natural esperar que os colaboradores e

cidadãos do futuro sejam muito diferentes dos atuais: “cabeça” mais

multidisciplinar, formação que transcenda a seara dos negócios tradicionais

(menos engenharia, administração, economia, finanças e mais filosofia,

biologia, antropologia, sociologia?). Se essa é a tendência, o sucesso na

formação de sucessores dependerá de nossa abertura a formar – para o futuro

– pessoas muito diferentes de nós mesmos. O desenvolvimento desse tipo de

mentalidade é algo prioritário. A pergunta é: isso é visto dentro das empresas e

até mesmo em nosso sistema educacional?

“ Queremos protagonistas em nossas organizações. Pessoas engajadas, comprometidas, auto motivadas, com elevado senso de responsabilidade. Com espírito de quem é “dono do negócio”. Na realidade, queremos líderes em todos os lugares. Em todos os cargos. Em todas as funções. Mas queremos ver todos esses líderes atuando em quê? Não seria natural vê-los atuando em tudo o que é preciso melhorar no nosso país? Atuando no que é efetivamente necessário...? (Artigo A liderança necessária. Reflexões Amana – Key. Por Oscar Motomura. Pg. 1)

Junto a todas as necessidades e anseios acima, o setor de T&D e

RH ainda deve se preocupar com uma variável em voga nos últimos oito anos

e que parece que perdurará por mais algum tempo: a crise econômica mundial.

Já há sinais de leve recuperação, mas é preciso criatividade e assertividade

para melhor otimização dos recursos. São nestes momentos que o

desenvolvimento dos funcionários e a retenção dos talentos são primordiais

para o bom desempenho da empresa. A parceria entre estas áreas e os

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líderes da empresa é crucial. As estratégias e planos de desenvolvimentos

devem ser discutidos em vias de mão dupla, onde os líderes apresentam suas

necessidades, os setores buscam soluções e vice-versa. Ainda é um desafio

dentro das lideranças das empresas, entenderem a importância do treinamento

e desenvolvimento para além da capacitação e ampliação da eficiência do

colaborador. É preciso entender que as ferramentas de educação corporativa

do T&D também têm como objetivo o engajamento e alinhamento dos

colaboradores na estratégia e missão da empresa para enfrentar estes

momentos de crise.

São nestes momentos que os profissionais passam a direcionar

seus esforços em ações imediatistas e perdem o foco. Os objetivos do T&D

deve ser a manutenção do alinhamento entre os colaboradores ao que a

empresa precisa e, ao mesmo tempo, engajadas, sentindo-se desafiadas,

cuidadas e com propósitos claros. Ou seja, reforçar a importância do T&D junto

às lideranças funciona não só como disseminação de conhecimento, mas

também como atração e retenção de talentos.

Sobre a preocupação dos gestores com a retenção de talentos, a

empresa de recrutamento Robert Half publicou na Revista Você RH os dados

coletados com mais de 100 diretores de RH no Brasil, em abril de 2016, sobre

as tendências que irão impactar o ambiente de trabalho no futuro. Nela se

concluiu que existem três grandes questões que vão dar trabalho ao setor,

dentro de alguns anos: a “guerra” por talentos (48%), o engajamento de

colaboradores (38%) e o planejamento da sucessão (37%).

Reter talentos e engajar a equipe na estratégia da empresa são

alguns dos fatores trabalhados constantemente nos treinamentos, através do

desenvolvimento da capacidade de motivar pessoas, ajudar na busca de

soluções criativas, favorecer o autoconhecimento e melhorar a empatia entre a

equipe. Essas são competências fundamentais para o futuro de uma

organização. Quando ao planejamento de sucessão, terceiro tópico de

preocupação, de acordo com a pesquisa, formar sucessores é muito mais do

que formar substitutos de curto prazo. Na medida em que pensamos em

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horizontes de planejamento que transcendem a vida da geração que hoje dirige

a empresa, trazemos uma nova perspectiva à própria expressão “formação de

sucessores”. As empresas ainda estão muito presas a prazos relativamente

curtos de planejamento – principalmente por causa da “imprevisibilidade” da

economia. Quando pensamos o futuro da empresa em horizontes mais

distantes (20, 50, 100 anos), a questão das gerações fica mais clara e a

necessidade de começar já a formação da 2ª, 3ª geração fica evidente… Esta

seria uma questão a receber alta prioridade dentro dos setores de T&D e RH

das empresas? Não é o que parece. Em empresas nas quais existe uma

permanente preocupação com a preparação da empresa para o futuro por meio

do desenvolvimento de seus colaboradores, tende a prevalecer uma cultura de

formação de “back-ups”, sucessores e “substitutos” na empresa como um todo

(e não só para cargos de direção). Até que ponto a excessiva preocupação em

enxugar a empresa tende a levá-la a atropelar uma eventual cultura de

formação de sucessores é algo que precisa ser refletido e fazer parte da

preparação dos líderes por meio das novas ferramentas de T&D.

Dentro desta prerrogativa e como consequência de um processo de

evolução natural, que passou pela economia industrial, financeira e do

consumo, o big data – ou coleta de grandes volumes de dados e métricas, se

preferir – conforme sugerido mais acima pela a quarta revolução industrial, será

agora a peça chave na chamada economia do talento. Embora a utilização

dessas ferramentas de análise na gestão de talentos ainda desperte certa

desconfiança entre os líderes das empresas (assunto que será abordado em

outro capítulo), de acordo com as pesquisas realizadas ao redor do mundo, ela

está consolidada como direção a ser tomada nos próximos anos pelos diretores

de RH. Sendo que os investimentos nesse sentido já demonstram crescimento

significativo atualmente.

“ Quando você pode mensurar o que está ensinando, e consegue expressar isso em números, você realmente sabe alguma coisa sobre o assunto; mas quando você não consegue mensurar, quando não consegue expressar em números, seu conhecimento é superficial e insatisfatório. ” Willian Thomson (Lord Kelvin) [1824 – 1907] Site Exame.com em 14/01/17

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É uma preocupação que exige mudanças. Cabendo à área usar a

mesma tecnologia que despertou um novo tipo de engajamento profissional

para monitorar, entender e dar vazão aos anseios de cada um dos

colaboradores, assim como compreender questões fundamentais no

desenvolvimento do capital humano como um todo. A possibilidade de

acompanhar e analisar, em tempo real, o comportamento dos colaboradores

permite que o RH produza modelos estatísticos que podem ajudar a aumentar

a capacidade de inovar dos talentos que existem na empresa; a adquirir novos

conhecimentos sobre o negócio; a melhorar a relação custo-benefício,

especialmente em ambientes organizacionais mais abertos, ágeis e produtivos;

além de revelar relações que auxiliam na tomada de decisões, muitas vezes

baseadas apenas no instinto de gestores e em suas experiências profissionais.

Por fim, acima falamos de tecnologia digital, máquinas, processos e

dados, mas são a inteligência emocional e a flexibilidade cognitiva as

competências almejadas para os líderes do futuro. Um líder que tenha

conhecimentos e habilidades para conectividade humana e neuroliderança. No

entanto, organizações gerenciadas dentro do paradigma industrial não sabem

como lidar com esse universo. As emoções tendem a ser ignoradas, dentro da

premissa de que a vida profissional e a vida pessoal não devem ser

misturadas. O ambiente de trabalho é tornado estéril do ponto de vista das

emoções. Uma das grandes virtudes esperadas para os líderes do futuro será

reverter essa situação e reconhecer o valor essencial das emoções para a

estratégia da empresa. Em função de sua posição na organização, líderes têm

poder para cativar e mobilizar pessoas. Entretanto, raras serão as pessoas que

chegarão nas empresas com estas habilidades estabelecidas. Caberá aos

responsáveis pela área de Treinamento e Desenvolvimento encontrar e

desenvolver ferramentas que possam capacitar os gestores atuais e os que

ainda estão por vir com estas competências.

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CAPÍTULO II

AS METODOLOGIAS E CAMINHOS SUGERIDOS

Autoconhecimento, Diagnóstico e Cognição. Essas parecem ser as

palavras que formam a base do que se pretende discutir dentro dos tópicos que

estamos abordando. A frase “Um novo mundo, exige um novo ser humano”

(Site Pressenza.com em 17/01/17) seria uma afirmativa radical? Talvez não.

Foi em cima desta premissa que Lucia Helena Cordeiro apresentou a palestra

Líder 2022 - A Magia da era Cognitiva durante o Congresso Brasileiro de

Treinamento e Desenvolvimento (CBTD) em novembro de 2016. Ela não foi a

única a abordar essa necessidade. Aliás, outras palavras, tais como:

neuroliderança, autodesenvolvimento, conectividade humana, consciência

social, autotransformação e caráter, foram necessidades citadas em 70% das

palestras que abordaram o papel do T&D e do líder ao longo das

apresentações neste Congresso, o que reafirma essa tendência na

metodologia que deverá ser priorizada.

A discussão do diagnóstico não é nova. “A primeira etapa do

treinamento é o levantamento das necessidades de treinamento que a

organização apresenta” afirmou Chiavenato em 2005 (Gestão de Pessoas. 2ª

edição Ed. Campus. Pg.344). Segundo ele, essas necessidades nem sempre

são claras e são necessários insumos que possam apresentar qual o

diagnóstico correto, para a posterior aplicação do treinamento. Dentro deste

tema, o foco deverá ser nas ferramentas de análises de desempenho e melhor

uso dos dados com o advento do big data.

O terceiro item desta base de discussão é o autoconhecimento. O

líder e as organizações do futuro precisarão deste autoconhecimento para

desenvolvimento mútuo. Diante disso, os pesquisadores Marcus Buckingham e

Donald O. Clifton propõem uma revolução nas organizações onde, para se

destacar na área em que atua e encontrar satisfação no que faz (outra variável

valorizada no futuro), cada um precisará se autoconhecer. Precisaremos nos

tornar peritos em localizar, descrever, ajustar, praticar e refinar nossos pontos

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fortes. Devemos mudar nosso foco em melhorar o que não fazemos bem para

priorizar o desenvolvimento no que somos melhores. Por isso,

autoconhecimento será fundamental tanto para o funcionário quanto para a

organização, pois segundo análise dos dados do Instituto Gallup (Descubra

seus pontos fortes. BUCKINGHAM, Marcus e CLIFTON, Donald O. Ed.

Sextante), é mais fácil encontrar organizações com foco em gastar mais

dinheiro treinando pessoas depois que são contratadas do que as selecionando

bem e como consequência disso, também gasta tempo em tapar buracos nas

habilidades ou competências dos funcionários, trabalhando isso como áreas de

oportunidade.

Para poder iniciar o trabalho de desenvolvimento nestas

competências, se faz necessário definir qual o melhor caminho. No capítulo

anterior abordamos a Era da Informação, que já vivemos há algum tempo, e a

chegada do big data como tendência. O questionamento que se faz nos dias de

hoje é o que fazemos com estes dados? É preciso começar a saber como

utilizá-los. Como sugestão para o T&D, esse é o objetivo em nossas próximas

linhas: investir na cultura da aprendizagem. Estamos totalmente conectados,

com informações em tempo real e o grande diferencial competitivo das

empresas será preparar os seus líderes na administração e bom uso desse

conhecimento.

Investir em conhecimento não é algo simples, muito menos barato.

Por causa disso, há muita discussão sobre a cultura da aprendizagem

atualmente. O cenário é de mudanças muito rápidas nos modelos de negócio e

na velocidade dos acontecimentos. Novas tecnologias alteram o mercado de

uma semana para outra. Em qualquer palestra ou curso atual sobre novos

modelos de negócio e o impacto da tecnologia, não há uma que não aborde

como que a Netflix, o Uber, AirbnB, entre outros, estão mudando a nossa forma

de pensar e agir sobre as nossas necessidades de serviço e modo de vida.

Imagine o impacto que este ritmo não causa nas organizações. O tempo para

aprender e se adaptar às mudanças é cada vez menor. É preciso garantir que

cada funcionário aprenda rápido e esteja apto com o novo modelo. Antes, se

acreditava no modelo formal de ensino: sala de aula. Entretanto, novos estudos

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mostram que a aprendizagem formal necessita ser combinada com outras

estratégias de aprendizagem para a que a mudança gere resultado. Alguns

chamam de Mix de ferramentas, outros de Blended Learning, mas o que

importa é o formato para este modelo de aprendizagem, cuja pesquisa foi

conduzida pelos professores Morgan McCall, Robert Eichinger e Michael

Lombardo, do Centre for Creative Leadership, Carolina do Norte (EUA), após

os estudos, o método ficou conhecido mundialmente como modelo de

aprendizagem 70/20/10.

Estes estudos mostraram que 70% do aprendizado de um

colaborador vêm dos desafios profissionais que a pessoa enfrenta em sua

própria rotina de trabalho. Os 20% dizem respeito ao aprendizado que se

constrói interagindo com outras pessoas no ambiente corporativo,

principalmente líderes e profissionais mais experientes. Os últimos 10% dizem

respeito à educação formal, incluindo os treinamentos em sala de aula, ou seja,

justamente o menor percentual de aprendizado está na forma como

pensávamos ser o modelo de aprendizagem ideal. A sistematização deste

modelo ajuda a dar ordem no processo de aprendizagem dentro das

corporações e potencializa os resultados, fazendo que esta tenha um ganho

em competitividade. Acredita-se que o colaborador deva ter conhecimento de

cada uma das partes e saber o que significam os 70%, 20% e 10%, justamente

para que possa ter oportunidade para desenvolver o seu potencial.

Mesmo os 10% da educação formal, quando estão inseridos em

alguns projetos e bem implementados, conseguem potencializar o aprendizado

dos outros 70% e 20%. Isso acontece, porque a absorção de conhecimento

destes 10% se dará na rotina profissional. É por esse motivo que se acredita no

papel fundamental dos líderes na disseminação do conhecimento quando estes

realmente se comprometem com o processo estratégico de aprendizado de

seus liderados e no quanto isso beneficia o empreendimento profissional de

todos individualmente e consequente ganho de recurso para a organização

como um todo.

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Entretanto, ainda existe um problema comum, detectado pelas

consultorias corporativas. As empresas investem em treinamento para resolver

algum problema atual e não para garantir que a estratégia desta seja

alcançada ao longo do tempo. O aprendizado deve ser um propulsor para que

a estratégia seja colocada em prática. Os responsáveis pela empresa têm que

olhar para o futuro e saber para onde o negócio está indo e preparar os

colaboradores para desafios do percurso. As próprias consultorias contratadas

pelas empresas percebem que muitas vezes treinam as pessoas para fazer

aquilo que já deveria estar sendo feito, mas estão baseadas no levantamento

de necessidades de treinamento (LNT) realizado pelo RH para detectar pontos

de desenvolvimento. Aqui está a divergência do que fazer diante de uma

informação coletada e qual o diagnóstico e decisão a seguir: capacitar as

pessoas nas lacunas que não deveriam mais existir ou executar a estratégia

determinada pela empresa numa ação para o futuro? Segundo os

especialistas, é aqui que entra o modelo 70/20/10, mas para isso é preciso

estar disposto a estruturar a estratégia de aprendizado da organização e

também o jeito dos colaboradores aprenderem.

“...considerando os desafios que temos, a educação não precisa ser reformada. Precisa ser transformada. ” Sir Ken Robinson (Nextpedia – Portfólio de soluções de aprendizagem 2016. Affero.Lab. Pg 55)

Para garantir este processo de mudança, o papel do líder é

fundamental. Segundo David Miller “Uma liderança eficaz da mudança ocorre

quando líderes de mudanças fornecem direção, condução e suporte às

pessoas que estão implementando as mudanças, bem como àqueles afetados

por ela e trabalham com as mudanças diariamente”. (MILLER, David. Gestão

de Mudança com Sucesso. Ed. Integrare. Pg. 89). Para isso, ele apresenta

como o T&D pode se beneficiar no envolvimento dos líderes no processo e

atuar nos três principais papeis da liderança na mudança: sponsors,

influenciadores e agentes de mudança. Ele sugere uma análise dos três papéis

para construir maior clareza na diferença entre eles para quem vai orientá-los.

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Os sponsors são responsáveis pela implementação das mudanças

com sucesso em sua área de responsabilidade. São essas pessoas que

asseguram que os benefícios das mudanças sejam totalmente alcançados.

Não confundir esse papel com títulos atribuídos a alguns, tais como “Executivo

Sponsor” ou “Líder do Projeto”. O termo deve ser usado para designar todos

aqueles que tenham a responsabilidade de fazer uma mudança acontecer. Em

grandes mudanças de sucesso existem geralmente múltiplos sponsors que se

relacionam com as mudanças e as transmitem em efeitos cascata pela

organização. Na verdade, cada gestor que tem que assegurar que a mudança

ocorra é um sponsor. Para David Miller, para que este papel tem sucesso, é

preciso que o sponsor lidere com “atos”. Não é só o que dizem, mas

principalmente o que fazem que será notado. Os sponsors também precisam

de comunicação consistente e congruente em relação à mudança. São bons

ouvintes ao que está passando durante o processo. Por último, sponsors de

sucesso constroem uma forte rede de outros sponsors e para isso é preciso

envolvimento dos mesmos. A participação dentro do processo é a melhor forma

de engajamento de novos sponsors, mas persuasão e recompensa também

fazem parte das ferramentas do T&D para este processo.

Influenciadores lidam com poderes informais importantes. Uma das

definições de influência é o poder de afetar, controlar ou manipular algo ou

alguém; a habilidade de mudar o desenvolvimento de coisas flutuantes, como

condutas, pensamentos ou decisões; uma ação exercida por uma pessoa ou

coisa que exerce um poder ou ação. Segundo Miller, o ponto chave nisso tudo

é o poder informal. Em outras palavras, influenciadores não podem direcionar

as pessoas a algo, mas eles exercem um tipo diferente de poder que é

igualmente importante. O papel das pessoas influentes sempre foi importante

para a mudança, mas cresceu exponencialmente com o avanço da tecnologia

de comunicação. Assim, esses indivíduos estão tendo um controle cada vez

maior conforme sua influência se dissemina pela organização mediante uma

variedade de novos meios tecnológicos.

Ainda dentro do perfil de influenciadores, iremos encontrar quatro

tipos deles dentro das organizações. Os advogados, conectores, controladores

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e especialistas. O responsável pelo T&D precisa compreender e identificar o

papel de cada um desses influenciadores exerce. O advogado (ou advocate,

como o mundo corporativo costuma falar), são pessoas que podem

potencialmente persuadir outras sobre benefícios da mudança. É muito

importante trabalhar com eles logo no início do processo. É preciso plantar

ideias em seus pensamentos e transformá-los em militantes logo no como do

processo. Os conectores vão ajudar a contatar outras pessoas da rede que

você queira influenciar. Ajudam a conseguir aliados e suporte. Também ajudam

a desenvolver concentrações importantes de pessoas que são chave no

processo de mudança. Os controladores serão aqueles que farão exatamente o

que o nome diz: controlarão o acesso às pessoas e informações. Não

necessitam ser experientes, mas precisam de dedicação e também

compreender como podem ajudar você. Os últimos são os especialistas. Estes

são reconhecidos pela credibilidade técnica dentro da corporação. Um item

importante é que podem até não ser realmente especialistas no que fazem,

mas podem ser vistos como especialistas pelos colaboradores como tal. Por

isso estão no tipo de influenciadores. Todos estes quatro serão influenciadores,

mas serão necessários em momentos diferentes no processo de mudança para

esta nova perspectiva de aprendizagem e conhecimento.

Por fim, os agentes de mudança são aqueles que trabalham com os

sponsors para planejar e executar as tarefas ou atividades que possibilitam às

pessoas se adaptarem às mudanças, além de assegurar que elas estejam

totalmente implantadas e não apenas instaladas ou até esquecidas. Não

costumam ter poder formal suficiente e dependem de persuadir e trabalhar com

outras pessoas para fazer a mudança acontecer. Costumam ser os gerentes ou

líderes de projetos que atuam construindo o mesmo, coordenando as etapas e

variáveis que possam surgir em sua execução, mas é fundamental que sejam

percebidos pela credibilidade, respeito e confiança dentro da organização.

Também precisam ser capazes de lançar e enfrentar desafios por toda a

empresa. O setor de T&D também precisará capacitá-los com alguma

habilidade em influência e persuasão para garantir a continuidade do processo

de mudança.

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2.1. Os modelos aplicados pelos especialistas e consultorias

para o Setor de Treinamento e Desenvolvimento

Não há discussão de que a Alemanha, Estados Unidos e o Japão

são exemplos de produtividade e eficiência em diversos departamentos da

economia, por reflexo claro de como vivem o mundo corporativo e seu sistema

de aprendizagem. O autor John E. Rehfeld tenta apresentar em seu livro,

“Alquimia de Um Líder” (REHFELD, John E. Alquimia de Um Líder – Combine

os estilos de administração do ocidente e do Japão e transforme sua empresa.

EUA. Ed. Record 1994.), uma proposta de combinação, alquimia, do que

funciona nas corporações do Japão e do Ocidente para que as empresas e

seus respectivos líderes que à aplicassem pudessem ser mais eficientes. Em

outro material coletado no site Exame.com (http://exame.abril.com.br/revista-

exame/a-formula-alema/ - 09/01/17), “A fórmula alemã” é apresentada como

fonte de inspiração para países emergentes como o Brasil. Porém, a realidade

é que soluções efetivas e modelos prontos auxiliam a criar o que chamamos de

base da construção do treinamento, mas é numa interação entre os

especialistas em T&D, com seus conhecimentos dos profissionais, e os líderes

responsáveis pelas estratégias da organização, com suas informações de

diagnósticos e objetivos a serem trabalhados, é que se definirá qual ou quais

serão os modelos adequados que serão aplicados no cenário que se

apresentar. A ideia é que as próximas linhas auxiliem aqueles que desejam

uma trilha melhor definida para iniciar a caminhada.

“A educação é a arma mais poderosa pela qual se pode mudar o mundo” Nelson Mandela (http://www.frasesfamosas.com.br/frases-de/nelson-mandela/ em 20/01/17)

2.1.1. Liderança Situacional® II - Experience

A empresa Intercultural, através da parceria com a empresa

Blanchard, apresenta um modelo de treinamento baseado em pesquisas desta

última que foi designado como Liderança Operacional. De acordo com a

Intercultural, a Liderança Operacional demonstrou ter um impacto muito mais

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poderoso sobre as três variáveis críticas do que a Liderança Estratégica, que

engloba a Visão, a Cultura e os Imperativos Estratégicos da empresa. A

conclusão prática desses estudos e pesquisas é simples: o que faz diferença

para o sucesso, o crescimento e a própria sobrevivência das organizações,

especialmente em períodos de crise, é a qualidade das interações entre líderes

e colaboradores no dia a dia. Sabe-se hoje que uma melhoria nas práticas de

liderança pode acrescentar milhões aos resultados da empresa, dependendo

do tamanho da organização e nas lacunas existentes na gestão de pessoas.

Em cima deste diagnóstico, a Intercultural aplica o modelo Liderança

Situacional II – Experience. Esta é reconhecida tanto como uma linguagem

corporativa quanto uma estrutura para desenvolvimento dos colaboradores que

transcende as fronteiras culturais, linguísticas e geográficas. Seu fundamento

consiste em ensinar líderes a diagnosticar as necessidades de um colaborador

ou uma equipe e então utilizar o estilo apropriado de liderança para atender às

necessidades de cada pessoa. O programa promove a integração de

atividades de treinamento altamente interativas com ferramentas de pré e pós-

avaliação que auxiliam a reforçar, mensurar e solidificar o aprendizado. São

também incluídas situações de aprendizagens breves, em ritmo acelerado,

utilizando problemas reais de trabalho que prendem a atenção dos

participantes. O resultado é uma aprendizagem acelerada que permite aos

participantes começarem a utilizar este modelo mais rapidamente que outros

anteriores.

2.1.2. F.A.L.A.R.®

Os cursos in company, apresentados pelo Instituto Passadori, levam

até o ambiente empresarial um programa de desenvolvimento para todos os

níveis de colaboradores, incluindo líderes, com a metodologia F.A.L.A.R.®. Ela

foi desenvolvida Reinaldo Passadori, CEO deste Instituto, e para ele está clara

a necessidade de uma ação integrada, que conecta os colaboradores nas

práticas empresariais. A metodologia em si é fácil de assimilar, já que as letras

são as iniciais das etapas trabalhadas ao longo do projeto: Finalidade, Análise,

Lapidação, Avaliação e Resultado. Na primeira etapa, busca-se a definição

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clara do que se pretende atingir, quer seja em desafios, metas empresariais ou

objetivos e sonhos pessoais. Em seguida, na Análise, é feito o diagnóstico e

levantamento das necessidades, considerando um mapeamento da realidade,

como seus elementos favoráveis e desfavoráveis para que a meta seja

alcançada. Culmina com a elaboração de um plano de ação. Depois é a etapa

da Lapidação. É a hora da execução das estratégias para que, levando em

conta o que foi detectado na análise, todos os conceitos e fundamentos sejam

trabalhados e praticados, para que a Finalidade seja alcançada. A etapa logo

após é a Avaliação, na qual se verifica se todas as ações necessárias foram

devidamente implementadas para que o objetivo fosse alcançado. Se ainda

faltam tópicos a serem trabalhados, volta-se para a etapa da Lapidação. Por

último, é a etapa Resultado. É a fase na qual se verifica se o objetivo foi

atingido. Se sim, estabelecem-se ajustes finais e continuidade do processo

para que haja plena satisfação na realização do objetivo.

2.1.3. ISVOR LAB

O Instituto per Sviluppo Organizativo (ISVOR) se posiciona como

Universidade Corporativa ancorada no modelo educativo ligado aos pilares da

Andragogia, Design Thinking, Protagonismo Conhecimento. O objetivo é fazer

com que os líderes treinados possam promover mudanças positivas na

organização, além de cumprirem as estratégias organizacionais. Sejam ainda,

protagonistas na tomada de decisão para o futuro da organização, com um

programa de desenvolvimento de líderes com a visão de um ser humano

integrado, em sua base. A proposta é por uma combinação de atores com

diferentes competências que podem ser resumidos nos seguintes

personagens: Explorer; Hacker; Maker; Networker. Segue abaixo, um conceito

de cada um deles.

O Explorer é aquele que estuda, avalia e se apropria de aspectos de

um determinado problema, contexto, cenário e é capaz de entender e

desdobrá-los em elementos relevantes para uma realidade. Já o Hacker, vai se

dedicar, com intensidade incomum, a modificar alguma coisa (por exemplo: um

software, uma máquina, um processo, uma organização, etc...) e trabalha para

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conseguir soluções e efeitos extraordinários – fora da ordem natural e normal –

contornando barreiras que normalmente o impediriam de prosseguir utilizando

competências para ganhar velocidade em escala.

No caso do Maker, ele trabalha fazendo, seja construindo ou

realizando, e se utiliza de tecnologia para materializar rapidamente conceitos

na forma de protótipos. É capaz de trabalhar na intercessão de disciplinas

aparentemente distantes para materializar ideias. O conceito do Networker é

para aquele que consegue atrair pessoas, formar e acionar redes de

colaboração em torno de problemas, ideias, oportunidades e causas. Utiliza-se

de mecanismos pessoais e de tecnologia para confluir esforços em torno de um

propósito. A ideia central é expor os indivíduos a desafios e trabalhar o

desenvolvimento das competências “digitais” de explorar, hackear, fazer

(making) e colaborar (networking) em oficinas de prototipação rápida.

O plano é desenvolver oficinas customizadas, envolvendo

especialistas das diversas áreas do mundo digital e utilizando este espaço de

colaboração e fabricação, para trabalhar aspectos como cultura de inovação,

experimentação e tolerância ao erro, visão estratégica, colaboração,

programação e a manipulação de tecnologias.

2.1.4. PNL

A utilização da Programação Neurolinguística (PNL) em programas

de treinamento permite alinhar padrões externos, como comportamentos e

linguagens verbal e não verbal, à padrões internos, como crenças e

pressupostos, gerando poderosos recursos para realizar atividades com

excelência, influenciar positivamente resultados e alcançar objetivos.

A PNL é uma metodologia que proporciona autoconhecimento,

permitindo às pessoas identificarem e compreenderem seus modelos mentais,

possibilitando questioná-los, refletir sobre os mesmos, se é preciso ou não

modificá-los. E assim, as possibilidades de escolha de atitudes e

comportamentos são ampliadas, tirando as pessoas do “automático” e gerando

mudanças positivas no indivíduo e no ambiente que o cerca.

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Para a PNL, por trás de todo comportamento existe uma estrutura

interna de pensamentos e emoções, um “modelo de mundo” que impacta as

ações das pessoas e, consequentemente, os resultados que elas obtêm. O

palestrante Gilberto Cury, Fundador e Presidente da Sociedade Brasileira de

Programação Neurolinguística (SBPNL), afirmou, durante sua apresentação “O

Novo Mapa Mental da Liderança” no CBTD 2016, ao falar de PNL, “o bom líder

fala o que deve fazer e não o que não quer que seja feito”.

2.2. O pesadelo da mensuração de resultados e análise de

desempenho

Se existe uma questão, cujo solo é fértil para divergências, conflitos

e potencial para tomadas equivocadas de decisão, ela se chama avaliação de

desempenho. Mais ainda: uma pesquisa divulgada em 2014 pela Associação

Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD) previa que no Brasil

haveria um investimento com taxas de crescimento superiores às do PIB do

País em educação corporativa, mas seu resultado precisará ser medido de

alguma forma. O Setor de Treinamento é visto como essencial por lideranças

de todos os níveis, e absolutamente fundamental no desenvolvimento de uma

liderança eficaz e completa. Contudo, o nível de satisfação sobre os resultados

não é unânime na mesma proporção. Por quê? O problema está nos métodos?

Nas técnicas? Nos líderes ou nos facilitadores? Uma pista pode estar na forma

como os resultados são mensurados. Estabelecer qual o ROI (Retorno sobre

investimento) de uma atividade de treinamento é bastante subjetivo, mas é

uma cobrança cada vez mais constante aos departamentos de RH e T&D.

Será que sabemos mesmo o que estamos criticando? Com essa

pergunta, o Consultor Rogério Leme abriu uma das etapas da sua

apresentação sobre o “Futuro da Avaliação de Desempenho e o impacto em

T&D”, durante o CBTD 2016. Ao se questionar a diferença real entre Avaliação

de Desempenho, Avaliação de Competências e Avaliação de Resultados, será

que todos sabem a resposta? Ele fez o convite para avaliar se estas três

afirmativas a seguir eram verdadeiras ou falsas: Primeiro, um profissional pode

ter competência, mas pode não ter obtido um bom resultado. Segundo, um

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profissional pode ter atingido um bom resultado, mas não ter as competências

desenvolvidas. Terceiro, um profissional pode ter competência, ter um bom

desempenho, mas não ter atingido resultado. Uma reflexão sobre elas nos faz

perceber que todas são verdadeiras.

O problema não está na avaliação pelo fato dela ser uma avaliação,

mas sim na forma como é conduzida. Não encontramos nas empresas um

instrumento de avaliação de desempenho. Normalmente, as empresas utilizam

um instrumento de avaliação comportamental e, na maioria das vezes, sem

critérios ou cuidados fundamentais para ter sucesso em uma avaliação. Muitas

chamam de avaliação de desempenho um instrumento que não é avaliação de

desempenho. Avaliar desempenho requer a avaliação da qualidade que os

colaboradores executam suas atribuições. O mesmo instrumento é utilizado

para toda a empresa, o que torna o instrumento subjetivo e sem foco.

A maioria dos instrumentos não gera a informação correta para que

o gestor dê feedback adequado, com isso, o problema e a subjetividade são

transferidos para o gestor e sem o devido preparo, o gestor sabota o processo.

Pensando na causa e não no sintoma para propor o futuro da avaliação de

desempenho, esta deve gerar a informação correta para o feedback, facilitando

a condução pelo gestor. A proposta metodológica e a tecnologia de apoio

escolhida devem atender e resolver as causas dos sintomas apresentados e

não apenas os sintomas.

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CAPÍTULO III

AS PROPOSTAS QUE JÁ ESTÃO DANDO CERTO

Diante das sugestões e abordagens apresentadas nos capítulos

anteriores, o desafio é definir o que está se destacando e dando certo dentro

deste volume de dados. Apresentar quais podem ser consideradas como as

melhores práticas e seus referenciais para a definição de estratégias no futuro

da organização? Porém, em tempos de turbulências, incertezas e grandes

transformações globais é que muitas organizações descobrem que o conceito

de melhores práticas que utilizam precisa ser revisado. Tanto o Treinamento e

Desenvolvimento quanto o Recursos Humanos precisam estar atentos para

não criarem modelos idênticos (receitas prontas) e baseados em melhores

práticas que são referências no mercado e apenas atrelá-los às estratégias

corporativas. Para isso, o objetivo deste capítulo é apresentar três melhores

práticas que possam servir de referência, cada uma delas, como modelo de

T&D, metodologia de desenvolvimento e avaliação de desempenho,

respectivamente nos três subtítulos seguintes.

Contudo, para que estas referências sejam frutíferas e antes de

apresentá-las, se faz necessário apresentar também uma nova forma de

abordagem para as corporações: o “Princípio Caórdico”, trabalhado junto às

organizações que vão ao Grupo Amana-Key para desenvolvimento corporativo

e é baseado no conceito apresentado por Dee Hock em seu livro “Nascimento

da Era Caórdica”, Editora Cultrix. 2005. A estrutura caórdica tem sido apontada

como o arquétipo da organização do século 21, ou seja, o design

organizacional que substituirá o hierárquico de comando e controle, que ainda

prevalece em muitas organizações do setor empresarial e governamental. Uma

nota de destaque é que este princípio influenciou diretamente na metodologia

apresentada no segundo subtítulo deste capítulo.

É uma abordagem que irá estimular as empresas e setores de T&D

a não ficarem presas aos modelos pré-definidos de boas práticas, mas os

usem como referência. Por exemplo, diante de um cenário adverso, algumas

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empresas normalmente se ajustam a estes altos e baixos da economia e dos

mercados praticando cortes de pessoal, redução de despesas,

redimensionamento dos investimentos etc. Mesmo numa conjuntura como a

atual, essas empresas continuam a fazer mais do mesmo: cortes mais severos,

revisões mais radicais... Continuam a aplicar as “melhores práticas” da cartilha

básica.

Outras empresas, porém, procuram ir além. Sabem que esse básico

só serve para estancar a urgência. Querem saber quais são as causas. Daí as

perguntas que incomodam e geram até debates acalorados: será que existe

algo de errado com o próprio ramo em que atuam? Até que ponto é realista o

anseio de voltar aos tempos de bonança do passado? É hora de resgatar os

debates sobre o futuro? Debates em que, em tempos de crescimento a dois

dígitos, poucos estavam a fim de investir tempo e recursos. Não seria mais

importante, neste momento, investir fortemente em reflexões sobre a

reinvenção dos negócios da empresa, o lançamento de “embriões de negócios

do futuro” ou outro projeto de longo prazo?

Há ainda uma terceira categoria de empresas. São as que

transcendem o que fazem e querem entender o que ocorre no mundo da forma

mais profunda possível. O que há de errado no grande sistema político-

econômico-social da sociedade global? O que faz todas as economias

buscarem crescimento ilimitado em um mundo de recursos limitados? Quais as

consequências para o futuro global e para a própria empresa? E quanto às

“melhores práticas” do mundo subterrâneo, que não vê limites em sua busca

por maximização de resultados e gera corrupção persistente, competição

predatória e manipulação, até dos stakeholders? Que modelo mental conduz à

visão de guerras como oportunidades de negócio ou a considerar como

naturais e inevitáveis práticas doentias (nas esferas política, financeira-

econômica e nos negócios) que acabam gerando problemas sistêmicos para o

todo?

Seria essa terceira categoria – de empresas que levam suas

reflexões até esse ponto – que está criando as melhores práticas na área de

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estratégia para o futuro? Seriam essas as organizações que, por meio de uma

atuação política mais consciente, estariam até reinventando as próprias

instituições (em sindicatos e federações), para catalisar de modo genuíno e

eficaz as transformações de raiz que se fazem necessárias? Para Dee Hock,

essa seria uma organização que atua no princípio caórdico.

Estruturas “caórdicas” são aquelas em que o conceito de “caos com

ordem” está no núcleo de sua construção. “Caos” representa a ideia de

liberdade criativa. “Ordem” seria aquele mínimo de princípios a ser seguido por

todos os envolvidos, que faz com que o todo funcione e evolua muito bem, ou

seja, sem que a grande liberdade de todos leve ao caos, a algo caótico. Para

atingir a simbiose entre este caos e ordem são sugeridas reflexões sobre dez

princípios que, se praticados, podem levar a sua construção.

O primeiro é o lado ordem em sim. No caórdico, a ordem é

determinada pela essência. Preserve-a e assegure contínua modernização da

forma (dos “produtos” e serviços, os processos. etc.). A essência é duradoura,

a forma está em contínua evolução. A essência dá o senso de direção maior e

estabelece a identidade dentro da qual a forma pode assumir um número

infinito de variações em função do que ocorre no contexto maior. Ambas são

importantes. O ponto do sucesso contínuo está em saber distinguir uma da

outra e gerenciar refinadamente a dinâmica da relação entre elas.

Em seguida, o lado “caos” criativo. No caórdico, todos estão em

contínuo processo de substituir o superado pelo novo. Assegurar que todos na

organização estejam em contínua renovação, deixando de fazer coisas

desnecessárias, superadas e abandonando ideias obsoletas. A mente é como

uma sala repleta de coisas que vão se acumulando com o tempo. Você precisa

se livrar – de forma contínua – daquelas que não lhe servem mais (teorias

superadas, premissas limitadoras, receitas obsoletas que continuam a ser

usadas no ‘piloto automático’), ao invés de só pensar em trazer mais coisas

novas para dentro. O problema nunca está em como colocar ideias novas na

mente, mas em como retirar as antigas e superadas de lá. Ao esvaziar espaços

na mente, a criatividade irá instantaneamente preenchê-los.

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O terceiro princípio do caórdico é o organismo vivo. Nele, todos

estão em contínuo processo de substituir o superado pelo novo. Veja sempre a

organização como o conjunto das crenças das pessoas que a compõem, do

caráter delas, de seus julgamentos, atos e esforços. Uma organização não é

uma máquina que pode ser construída a partir de um projeto. Todas as

organizações são organismos vivos que materializam um conceito básico muito

antigo: a ideia de comunidade. O sucesso de uma organização tem muito mais

a ver com a clareza de propósitos, princípios, crenças e competências

humanas do que com ativos, processo operacional, competências técnicas e

etc.

Depois, vem à auto-organização dentro deste conceito. Busca-se

criar as melhores condições possíveis para auto-organização. Assegurar que a

estrutura de governança da organização não seja uma cadeia de comando e

controle, mas um quadro de referência para diálogos, deliberações e

coordenação entre iguais. A posição na hierarquia não deve dar poder de

dominar discussões ou controlar decisões, ou seja, de substituir o diálogo que

faz emergir a inteligência coletiva. O que deve prevalecer sempre é tudo aquilo

que possa vir a contribuir, da melhor forma possível, para a realização do

propósito da organização. O objetivo final é a liberação da iniciativa e

criatividade das pessoas e a criação de processos que vão se aperfeiçoando e

evoluindo de forma natural e orgânica.

O “Poder” é o quinto princípio caórdico. Nele, há distribuição ampla

de poder. A estrutura de governança da organização deve distribuir poder e

funções até o nível mais baixo possível. Nenhuma função deve ser realizada

por qualquer parte da organização se ela puder ser realizada, razoavelmente

bem, por outra parte mais periférica ou da base da organização. Nenhum poder

deve ser atribuído a qualquer parte do todo se esse poder puder ser exercido

razoavelmente bem por uma parte da estrutura que estiver mais perto de sua

base. A organização precisa cultivar igualdade, autonomia e oportunidades

para todos. Tendo as condições adequadas, a partir de sonhos, propósito e

liberdade para experimentar, pessoas comuns consistentemente conseguem

coisas extraordinárias.

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O próximo é a liderança biológica. Dentro do caórdico, liderança tem

um significado muito diferente de “comando e controle”. Deve-se agir com base

na premissa de que o coração e a alma de tudo estão na liderança. Se você

busca liderar, invista pelo menos 40% do seu tempo gerenciando a si próprio

(sua ética, seu caráter, seus princípios, sua motivação e sua conduta). Invista

pelo menos 30% do tempo gerenciando os que têm autoridade sobre você e

15% gerenciando seus pares. Use os 15% restantes para estimular aqueles

para quem você trabalha a entender e praticar esta teoria. O termo “para quem

você trabalha” é usado aqui conscientemente, pois se você não entende que

deveria trabalhar para os que são erroneamente rotulados de “subordinados”,

você não entendeu coisa alguma. Lidere você mesmo, lidere seus superiores,

lidere seus pares e dê liberdade às pessoas para fazerem o mesmo, pois todo

o resto, como consequência, acontece de forma natural.

No princípio “Profissionalismo”, cada colaborador precisa ser um

profissional pleno. Contrate e promova primeiro com base na integridade; em

segundo lugar, na motivação; em terceiro lugar, na capacidade; em quarto

lugar, na compreensão; em quinto lugar, no conhecimento; e finalmente, em

último lugar, no “currículo”. Sem integridade, a motivação é perigosa; sem

motivação, a capacidade é impotente; sem capacidade, a compreensão é

limitada; sem compreensão, o conhecimento não tem significado; sem

conhecimento, o “currículo” é só “tempo de casa protocolar”. Os reais

benefícios que um “currículo” gera são rapidamente conseguidos e colocados

em bom uso por pessoas que tenham todas as outras qualidades.

A “Diversidade” é o oitavo princípio do caórdico. Respeitar, proteger

e encorajar a diversidade. Nunca contratar ou promover pessoas com base em

sua própria imagem. É bobagem replicar os pontos fortes de quem contrata. É

ridículo replicar seus pontos fracos. O essencial é empregar, reconhecer e

confiar naqueles que têm formação, experiência e capacidades até bem

diferentes das de quem o contrata, embora comunguem mutuamente da ética e

dos valores mais essenciais e tenham um genuíno interesse em fazer os

propósitos das organizações serem realizados com sucesso. Esteja consciente

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de que conseguir isso na prática requer humildade, tolerância e sabedoria

incomuns.

No princípio “Relacionamento” do caórdico, o comportamento das

pessoas é algo espontâneo, natural e não condicionado ou comandado.

Assegurar que as relações entre as pessoas que compõem a organização

sejam genuínas e construtivas. E que os conflitos de toda natureza sejam

resolvidos de forma criativa e cooperativa, sem qualquer tipo de violência

(psicológica, social, física ou ecológica), sempre tendo por foco principal a

realização dos mais altos propósitos da organização. E o jeito de ser e agir das

pessoas deve vir de dentro delas, de forma autêntica, e não ser algo moldado

por elementos que estejam fora delas, sejam elas o chefe, por exemplo, ou

sistemas de qualquer natureza e etc.

Por último, o princípio “Motivação”. Para o caórdico, a fonte da

motivação está na realização da essência. Garantir que a fonte da motivação

esteja no propósito e nos princípios e valores da organização. O dinheiro não

deve ser visto como a alavanca que estimula as pessoas. Ele pode até mover o

corpo e influenciar a mente, mas não é capaz de tocar o coração ou mover o

espírito. A verdadeira motivação é aquela que se faz presente quando estamos

livres para expressar nossa criatividade. Quando a engenhosidade humana

está totalmente liberada e quando conseguimos sentir que fazemos diferença.

E que estamos contribuindo para a construção de algo melhor para todos e

para o todo.

“Não force o desenvolvimento. Elimine os fatores que o limitam. ” Peter Senge (https://prezi.com/59krumjmkxkn/gestao-de-pessoas/ em 28/01/17)

3.1. O modelo Supertraining

Com o objetivo de expor os princípios da aceleração da

aprendizagem e explicar como aplicar cada fundamento em um modelo de

educação corporativa, são analisados os seguintes conceitos-chave:

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aprendizagem, educação, andragogia, cérebro trino, estilos de aprendizagem e

aceleração da aprendizagem, neurociência e a relação entre o cérebro e a

aprendizagem. Após isso, é aplicado o modelo Supertraining, elaborado por

Graziela Moreno, fundadora da Academia da Estratégia e apresentado em seu

livro “Supertraining” (1ª edição. 2014. Ed. ACAD Books), que é composto por

seis etapas: Despertar, Conhecer, Praticar, Transferir, Transformar e Reforçar.

Foi testado em mais de 170 mil pessoas presencialmente. A iniciativa é que

seja uma ferramenta multiuso para qualquer proposta de treinamento acelerado

no ambiente corporativo a ser aplicado pelos departamentos de Treinamento e

Desenvolvimento ou Recursos Humanos.

Na etapa Despertar, a função é despertar nos participantes o

interesse pelo conhecimento que será transmitido, criando sentimentos

positivos acerca da experiência de aprendizagem. O grande desafio é atingir

estágios inconscientes, por isso é essencial ajudar o participante a encontrar

um modo de aprender que seja interessante, agradável, relevante e

multissensorial, que atenda ao seu estilo de aprendizagem. Assim, essa etapa

trabalha a sensibilização, por meio de ações que estimulam um estado

emocional positivo, criando um ambiente propício para a aprendizagem e

permitindo que o participante se sinta à vontade durante todo o processo.

Com a etapa Conhecer, o objetivo é fazer os participantes terem o

primeiro contato com o conteúdo do treinamento de maneira interessante, leve

e agradável, gerando ao mesmo tempo uma aprendizagem efetiva. A proposta

dessa etapa é incluir o público de forma ativa no processo de aprendizagem

por meio do conteúdo técnico do treinamento. A aprendizagem virá do

envolvimento completo e ativo dos participantes e não da ação de apenas

escutar e prestar atenção do facilitador. Já a terceira etapa, que é Praticar, são

experimentadas as regras teóricas por meio de atividades que dão margem à

vivência de um fenômeno novo. Sem ela, a aprendizagem não se torna real.

Aqui se põe em prática a Andragogia, pois mostra ao participante a aplicação

do seu conhecimento do dia-a-dia.

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A próxima etapa é Transferir. Em treinamentos tradicionais, o

conteúdo é levado para a rotina dos participantes ao passo que o Supertraining

faz o inverso: transporta esse dia a dia para dentro da sala de aula. Cada

participante tem a oportunidade de se comprometer com mudanças e

resultados desejáveis. O Transferir dá condições ao aprendiz de sair da

simulação e entrar na realidade, estabelecendo comparações e analogias de

seu cotidiano com o que ele experimenta no momento do treinamento. Em

seguida vem a etapa Transformar, onde ocorre o inverso da primeira etapa: a

mudança já está dentro do participante. Nesta etapa acontece o fechamento do

treinamento presencial. É um momento de reflexão e de encantamento, em que

os participantes são levados a uma retomada de consciência e de

empoderamento quantos aos novos conhecimentos construídos em sala.

Por fim, na etapa Reforçar, o objetivo é manter a curva de

aprendizagem em alta. Reforçar os conhecimentos adquiridos e de transmitir

conteúdos novos e complementares que ampliem ainda mais o conhecimento,

além de estabelecer novas conexões. Neste caso, o intuito é destinar algumas

ações para essa etapa, tais como: vídeo-aula, fóruns e oficinas.

3.2. Felicidade dá lucro

Durante recente palestra para executivos, Márcio Fernandes, CEO

da Elektro e responsável pela criação da metodologia Filosofia de Gestão,

focada no conceito de felicidade, conforme apresentado em seu livro

“Felicidade dá lucro” (Ed. Portfólio-Penguin. 2015), perguntou se é preciso de

sorte para ser feliz? Após algumas reflexões iniciais, veio a sua afirmativa:

propósito. Você precisa de um propósito para ser feliz. Com base nesta

premissa, desde que assumiu a empresa, e atuando junto aos seus

colaboradores, a Elektro atingiu em quatro anos 99% do índice de satisfação

dos funcionários na 19ª edição da pesquisa GPTW (Great Place to Work – O

melhor lugar para trabalhar), além de se tornar o líder mais admirado do país.

Entretanto, conforme o próprio Márcio admite durante sua

apresentação, todo o método está muito ligado ao comportamento de como se

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reflete, define e executa este propósito. Segundo ele, o líder, em seu dia a dia

de trabalho, deve ter um propósito maior que simplesmente “ganhar a vida,

pagar as contas e sobreviver”. Para ele, o líder deve inspirar as pessoas na

busca da própria felicidade. Aliás, todos devem agir assim, mesmo que sejam

gestores. Se assumirmos nosso protagonismo, logo seremos líderes. A

coerência do líder é extremamente poderosa. É sua credibilidade que estimula

a autonomia e a autoconsciência dos colaboradores, gerando resultados

efetivos.

O líder deve conversar com seus colaboradores e traçar um plano

de desenvolvimento individual. Uma sugestão é que mais de um deve ser

discutido, mas depois de análises, deve-se definir por apenas um projeto. Este

deve ser viável diante do cenário e das circunstâncias do momento e estar de

acordo com a essência do seu critério de felicidade e valores da vida. A

Filosofia de Gestão não é uma receita, uma fórmula ou uma rota fixa para a

felicidade e a lucratividade. Ela é orgânica, interativa, aberta à criatividade,

inovação e adaptável. A prioridade é a pessoa. Não se trata de bondade e

muito menos de bom-mocismo. É uma necessidade inevitável para que sejam

alcançados os melhores resultados do ciclo de humanização, que é o centro da

Filosofia de Gestão.

3.2. Avaliação Kirkpatrick

Conforme foi discutido durante a introdução, uma das maiores

dificuldades na área de treinamento é mensurar o resultado do que está sendo

feito. Entretanto, a Avaliação de Kirkpatrick, modelo de avaliação criado pelo

professor norte-americano da Universidade de Wisconsin, Donald L. Kirkpatrick

é considerado atualmente como um padrão da indústria de RH e T&D.

As ideias não são novas. Elas foram publicadas originalmente em

1959, em uma série de artigos no US Training and Developement Journal.

Somente em 1994, quando ele publicou o livro “Avaliando Programas de

Treinamento” (Kirkpatrick, DL, & Kirkpatrick, JD. 1994. Original: Berrett-Koehler

Publishers), foi que ele consolidou tais teorias que se transformaram no modelo

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mais popular e amplamente utilizado para avaliar ações de treinamento e

aprendizado em todo o mundo, que leva seu nome: modelo Kirkpatrick.

Atualmente, este modelo é considerado por muitos como um padrão da

indústria de RH e T&D.

O professor desenvolveu quatro níveis para realização de uma

avaliação completa do aprendizado no ambiente corporativo. O primeiro nível

avalia a reação de quem aprende, o que eles pensam e como se sentem em

relação ao treinamento. No segundo é mensurado o aprendizado através do

resultado em termos de novos conhecimentos e capacidades. No terceiro

avalia-se a mudança de comportamento e evolução de capacidades. No quarto

são avaliados os resultados, os efeitos alcançados no negócio em função dos

conhecimentos e capacidades adquiridos pelo participante. Alberto Roitman,

Chief Creative Officer na Nexialistas Consultores, explica que atualmente já

existem alguns estudiosos que mencionam um desdobramento do quarto nível,

conhecido como ROI (Retorno sobre o Investimento). Para alguns

especialistas, o ROI pode ser incluído como uma parte do quarto nível de

Kirkpatrick, pois também trata de resultados. Segundo Roitman, a avaliação do

aprendizado é uma área de pesquisa vasta e importante devido à relevância da

educação corporativa e do nível de competitividade entre organizações

principalmente na cultura empresarial pós-moderna.

Apesar do modelo de Kirkpatrick não ser o único, para boa parte do

T&D das empresas, ele é suficiente, mesmo que ainda não seja aplicado na

maioria das organizações pela falta de conhecimento ou recursos. Até porque,

na medida em que se avança através dos níveis, os custos se elevam. Roitman

também explica que no segundo nível, por exemplo, recomenda-se um teste de

seis meses depois da primeira avaliação. Para o terceiro nível, são outros seis

meses, ou seja, é um processo longo, que requer dedicação e

comprometimento das lideranças e suas equipes. Para chegar ao nível do ROI,

a empresa precisará ter passado pelos quatro níveis para garantir a efetividade

dos investimentos realizados.

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CONCLUSÃO

Assim como Charles Darwin fez as pessoas refletirem sobre a Teoria

da Evolução e até hoje, vivenciamos discussões a acerca do tema, a

Revolução Industrial mudou a história da relação do homem com o trabalho. O

que discutimos hoje no mundo corporativo e dentro das organizações

profissionais são apenas processos evolutivos de como o homem se relaciona

com seu desenvolvimento profissional e com aqueles dentro da sua rede de

ligações. No meio desta engrenagem se encontra o líder, cujo papel é

fundamental, mas também precisa ser definido de forma clara. O desafio dos

setores ligados ao Treinamento e Desenvolvimento e Recursos Humanos é

fazer com que esta relação seja saudável e frutífera para todos os envolvidos,

desenvolvendo a todos: pessoas, líderes e organizações.

Para isso, hoje é possível encontrar uma infinidade de modelos,

ferramentas, metodologias e pesquisas voltadas para desenvolvimento de

pessoas e negócios que suportam estes setores no dia a dia destas

organizações. O papel dos profissionais nesta área é conseguir separar o joio

do trigo e também detectar quais dos métodos se adequam ao cenário em que

vai atuar. Não existe um modelo ou ferramenta ideal e definitiva. Ficou claro ao

longo das linhas desta monografia que fazer o diagnóstico correto é uma das

etapas decisivas para a definição dos rumos seguintes a tomar pelo T&D.

Por fim, o T&D também precisará se preparar melhor para as

mudanças que estão surgindo. Se, como foi dito acima, ainda vivemos o reflexo

do que a Revolução Industrial nos trouxe, como devemos nos preparar para os

reflexos da Era da Informação, novas tecnologias, pesquisas sobre

neurociência e cognição? Se as pessoas são impactadas em sua rotina, o que

pensar do papel do líder no futuro! Cabe ao profissional do T&D se capacitar

para lidar adequadamente com os cenários que se apresentarem.

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BIBLIOGRAFIA

Affero.Lab. Nextpedia – Portfólio de soluções de aprendizagem. Ed. 2016.

www.afferolab.com.br

ALVES, Flora. Design Instrucional de Aprendizagem Com Uso de Canvas

Trahentem. São Paulo 2016. Editora DVS

BALZANA, Alex Rached. Como um gestor deve conduzir a carreira da sua

equipe. Monografia apresentada no curso de Gestão Estratégica para

Universidade Candido Mendes. Pós-Graduação “Lato Sensu”. AVM Faculdade

Integrada.

CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas. 2ª edição. Rio de Janeiro: Ed.

Elsevier, 2005.

Congresso Brasileiro de Treinamento e Desenvolvimento (CBTD 2016). P-36:

O Futuro da Avaliação de Desempenho e o Impacto em T&D

Apresentador: Rogério Leme

Congresso Brasileiro de Treinamento e Desenvolvimento (CBTD 2016). P-44:

Fale Para o Outro Ver e Gere Ação

Apresentadora: Joyce Baena

Congresso Brasileiro de Treinamento e Desenvolvimento (CBTD 2016). P-56:

O Novo Mapa Mental da Liderança

Apresentador: Gilberto Cury

Congresso Brasileiro de Treinamento e Desenvolvimento (CBTD 2016). P-85:

As Empresas Estão Globalizadas... Seu Time Está? Você Está Preparado (a)?

Apresentadora: Ling Wang

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Congresso Brasileiro de Treinamento e Desenvolvimento (CBTD 2016). P-86:

Líder 2022 - A Magia da era Cognitiva

Apresentadora: Lucia Helena Cordeiro

Congresso Brasileiro de Treinamento e Desenvolvimento (CBTD 2016). W-32:

Neuroliderança: O Novo Papel do Líder nas Organizações

Apresentador: Marco Fabossi

DE SOUZA, Vera Lúcia. Gestão de Desempenho: julgamento ou diálogo? Ed.

FGV. Ed. 2002.

FERNANDES, Márcio. Felicidade dá Lucro. São Paulo: Ed. Portfólio-Penguin,

2015.

HOCK, Dee. Nascimento da Era Caórdica. 6ª edição. 2016. Ed. Cultrix.

HUNTER, James C. O Monge e o Executivo – Uma história sobre a essência

da liderança. 15ª edição. Rio de Janeiro. Ed. Sextante 2004. Copyright 1998.

KIRKPATRICK, DL, e KIRKPATRICK, JD. Avaliando Programas de

Treinamento. Ano 1994. Publicação original: Berrett-Koehler

MILLER, David. Gestão de Mudança com Sucesso. São Paulo: Ed. Integrare

Business, 2012.

MORENO, Graziela. Supertraining. São Paulo: Ed. ACAD Books, 2014.

MOTOMURA, Oscar. Reflexões Amana-Key. Artigo A liderança necessária.

www.amana-key.com.br

REHFELD, John E. Alquimia de Um Líder – Combine os estilos de

administração do ocidente e do Japão e transforme sua empresa. EUA. Ed.

Record 1994.

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Revista Nexialistas. Crise? O que esperar do treinamento para 2017. Edição 1.

Ano 1. Novembro/dezembro 2016.

Revista TeD Inteligência Corporativa. Desafios que geram soluções em

Educação Corporativa. ed. especial 2017.

Revista Você RH. OLIVEIRA, Anna Carolina. Vai faltar trabalho? ed. 42.

Fevereiro/março 2016.

ROITMAN, Alberto. Você é o que Você Entrega! 2ª edição - 2016. São Paulo.

CIP Brasil. Impressão Bartira Gráfica.

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ANEXO I

INTERNET

1. Crescimentum -

http://emkt.crescimentum.com.br/emkt/tracer/?1,3890632,5adf8274,18e8

2. Exame - http://exame.abril.com.br/blog/voce-e-o-dinheiro/aquilo-que-

nao-se-pode-medir-nao-se-pode-melhorar/

3. Exame.com - http://exame.abril.com.br/revista-exame/a-formula-alema/

4. Frases Famosas - http://www.frasesfamosas.com.br/frases-de/nelson-

mandela/

5. Pensador - https://pensador.uol.com.br/frase/MTMzMjQ5NA/

6. Pressenza - https://www.pressenza.com/pt-pt/2016/06/coerencia-tema-

reflexao-curso-no-recife/

7. Prezi - https://prezi.com/59krumjmkxkn/gestao-de-pessoas/

8. Você RH - http://vocerh.uol.com.br/noticias/agenda/quais-serao-as-

tendencias-de-maior-impacto-no-trabalho-dos-hs.phtml#.WHrW3VMrLZ4

9. Wikipédia -

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cataloga%C3%A7%C3%A3o_na_fonte

10. Wikipédia - https://pt.wikipedia.org/wiki/William_Thomson

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I

1. Os desafios e processos de mudanças nos métodos de treinamento para líderes 11

1.1. As necessidades atuais para desenvolver um líder 15

CAPÍTULO II

2. As metodologias e caminhos sugeridos 20

2.1. Os modelos aplicados pelos especialistas e consultorias para o Setor de Treinamento e Desenvolvimento 26

2.1.1 Liderança Situacional® II - Experience 26

2.1.2 F.A.L.A.R. ® 27

2.1.3 ISVOR LAB 28

2.1.4 PNL 29

2.2 O pesadelo da mensuração de resultados e análise de

desempenho 30

CAPÍTULO III

3. As propostas que já estão dando certo 32

3.1. O modelo Supertraining 37

3.2. Felicidade dá lucro 39

3.2. Avaliação Kirkpatrick 40

CONCLUSÃO 42 BIBLIOGRAFIA 43 ANEXO 46