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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU” FACULDADES INTEGRADAS AVM O DESENVOLVIMENTO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL DAS ESCOLAS PÚBLICAS Por: Vivian Maria de Sousa Lima Sezures Chagas Orientador Prof. Mary Sue Pereira Rio de Janeiro 2014 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

FACULDADES INTEGRADAS AVM

O DESENVOLVIMENTO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL DAS ESCOLAS PÚBLICAS

Por: Vivian Maria de Sousa Lima Sezures Chagas

Orientador

Prof. Mary Sue Pereira

Rio de Janeiro

2014

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

2

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSO”

AVM FACULDADES INTEGRADAS

O DESENVOLVIMENTO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL DAS ESCOLAS PÚBLICAS

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do grau

De especialista em Orientação Educacional e Pedagógica

Por: Vivian Maria de Sousa Lima Sezures Chagas

3

AGRADECIMENTOS

À Deus em primeiro lugar por me

proporcionar mais esta oportunidade, aos

meus professores que foram essencial para

conclusão deste trabalho, aos meus amigos

de turma que muito me incentivam e a minha

família por toda paciência e colaboração.

4

DEDICATÓRIA

Dedica-se aos meus pais, ao meu marido,

ao meu amado filho e aos meus amigos

por toda dedicação e incentivo.

5

RESUMO

Este trabalho foi realizado tendo como base algumas escolas públicas

que atendem desde a Educação Infantil até o 5º ano do Ensino Fundamental.

O estudo ressalta o papel do Orientador Educacional e suas atribuições,

tendo como base fundamental sua atuação nas turmas de Educação Infantil,

sua função e sua importância em tal segmento.

O primeiro contato da criança com a escola se dá através das turmas de

Educação Infantil, pois é neste momento que a criança sai do universo familiar

para fazer parte do convívio social com outras pessoas e crianças. Esse

momento é de grande descoberta e é de suma importância que se tenha um

olhar especial com os alunos desde o início, para que os mesmos obtenham

um processo de ensino-aprendizagem embasado em suas necessidades e

especificidades.

O Orientador educacional é o mediador da escola, fazendo um elo entre

professores, alunos e responsáveis, atuando sempre para administrar

diferentes pontos de vista. Ele também atua no Currículo da escola, auxilia os

professores e está sempre atento as necessidades dos alunos, atende e

conversa com os responsáveis afim de tentar melhorar a aprendizagem dos

discentes, buscando solucionar suas necessidades desde as primeiras

experiências na Educação Infantil.

6

METODOLOGIA

A metodologia deste trabalho teve com apoio pesquisas bibliográficas,

leitura de jornais, revistas, depoimentos de outros profissionais e observações

do trabalho do Orientador Educacional nas escolas públicas.

O estudo deste trabalho iniciou-se através da observação da

necessidade de se ter um profissional com os olhos voltados para a Educação

Infantil a fim de criar um elo entre professores, alunos e responsáveis e atribuir-

lhes suas importâncias na observação e participação da vida acadêmica dos

alunos desde os seus primeiros passos na vida escolar, evitando assim

problemas futuros no seu processo de ensino-aprendizagem.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I – A Orientação Educacional na Educação Infantil das

escolas públicas 10

CAPÍTULO II – A atuação do Orientador Educacional nas turmas de

Educação Infantil na rede pública 19

CAPÍTULO III – As propostas do Orientador Educacional para Educação

Infantil 28

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38

BIBLIOGRAFIA CITADA 39

ÍNDICE 40

8

INTRODUÇÃO

Esta monografia teve como propósito investigar a importância do

Orientador Educacional nas turmas de Educação Infantil das escolas públicas.

Sabendo que a educação é essencial ao desenvolvimento humano e que é na

escola que diferentes identidades se encontram.

Este trabalho tem como base analisar a grande e imprescindível

importância do papel do Orientador Educacional no primeiro contato da criança

com a escola que se dá na Educação Infantil.

Muitas pessoas ainda costumam ter um olhar preconceituoso sobre este

segmento, por acharem que neste período a criança não aprende, só brinca,

esquecendo-se do essencial, pois é brincando que se aprende muita coisa,

principalmente a se relacionar com outras pessoas e isso é de muita

importância para o futuro processo de ensino-aprendizagem do aluno.

É na Educação Infantil que surgem os primeiros conflitos relacionados

aos alunos, quer seja no âmbito intelectual, familiar, físico ou social e se tal

problemática for detectada precocemente, melhor será o resultado para tentar

ajudar o discente.

A pesquisa teve como ponto de partida situações vivenciadas nas escola

públicas, onde muitas das vezes fica claro o interesse somente nas turmas de

Ensino Fundamental, visando os resultados que terão que ser obtidos e

esquece-se que se investissem mais e tivessem mais atenção nas turmas de

Educação Infantil tais resultados seriam ainda melhores e é a partir daí que

entra o papel do Orientador Educacional, estudando e mediando propostas

juntamente com a equipe escolar visando uma atenção diferenciada para o

segmento da Educação Infantil.

9

Os fatos abordados acima estarão presentes no primeiro capítulo deste

trabalho monográfico.

A pesquisa monográfica abordará também o trabalho do Orientador

Educacional a fim de tentar mediar e possivelmente sanar problemas que se

não fossem detectados desde a Educação Infantil trariam consequências

negativas para a vida escolar do educando.

Entretanto é notório os resultados positivos a partir da intervenção do

trabalho do Orientador Educacional nas turmas de Educação Infantil das

escolas públicas fazendo um elo entre os profissionais da educação e família.

10

CAPÍTULO I

A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL DAS ESCOLAS PÚBLICAS

Em algumas escolas públicas do Rio de Janeiro o Orientador

Educacional recebe o nome de Coordenador Pedagógico, porém exerce a

mesma função. Seu papel é de suma importância para um bom funcionamento

da escola.

No segmento de Educação Infantil das escolas públicas a participação

do Orientador Educacional ajuda muito para o bom rendimento dos alunos,

principalmente porque esse é o primeiro contato do aluno e da família com a

escola, o orientador juntamente com a equipe da escola recebe os novos

alunos e suas respectivas famílias, fazendo com que ali comece o primeiro elo

entre escola e família e também é a partir daí que se dá o processo de

“anamnese”, ou seja, entrevistas com a família e talvez possíveis detecções de

situações problemas que mais tarde poderiam causar algum tipo de prejuízo na

vida escolar do aluno, e que se visto e trabalhado desde o início não será mais

um problema futuro para o discente.

Embora o papel do orientador seja fundamental, muitas escolas não

contam com este profissional, porém designam um outro educador para estar

tratando de situações pessoais dos alunos. Vale ressaltar que o papel do

orientador não deve ser confundido com o de um psicólogo, o orientador

educacional lida com assuntos que dizem respeito a escolhas, relacionamentos

com os outros alunos, professores e suas vivências familiares.

Sobre o trabalho do Orientador educacional MARY RANGEL DIZ:

A mediação das questões pela supervisão e orientação educacional, atuando diretamente com pais, alunos, professores (sem postergar, dividir ou transferir, não apenas a responsabilidade, mas, sobretudo, as possibilidades de sua ação) propicia a superação de problemas e contribui no sentido de sua ação-reflexiva-ação

11

conjunta. Assim, as dificuldades, os possíveis conflitos, transformam-se em temas de estudo de supervisão, orientação educacional, de professores, alunos e família, aproximando-os em torno de um objetivo: a aprendizagem do conhecimento, que é direito e valor da vida cidadã, pelo qual a escola, no seu conjunto integrado de pessoas e serviços, elabora o seu projeto e organiza a sua ação pedagógica.(MARY RANGEL, 2014, p, 11).

1.1 – O trabalho do Orientador Educacional.

O trabalho do Orientador Educacional na escola consiste na mediação

de assuntos referentes ao que diz respeito ao aluno, professor, responsáveis e

todos aqueles que estão envolvidos de certa forma na vida escolar do

educando, seu trabalho tem como foco principal o aluno, ajudando-o no seu

desenvolvimento pessoal em parceria com os professores para tentar

compreender o comportamento dos estudantes, para tentar agir de maneira

adequada em relação a eles.

Apesar de atuarem diretamente com os alunos, professores e

orientadores educacionais possuem papéis bem diferentes com relação aos

mesmos. O professor está voltado para o processo de ensino aprendizagem e

para isso precisa seguir seu planejamento diário, afim de executá-lo e cumprir

o seu cronograma de acordo com o que lhe é proposto, já o orientador

educacional não tem planejamento a seguir e seu compromisso é com a

formação permanente de valores, atitudes, emoções, e eventuais situações

que de certa maneira possam prejudicar todo o processo de ensino

aprendizagem proposto pelo professor em sala, tais como problemas

emocionais, psicológicos e até mesmo familiar.

A orientação educacional enquanto prática transformadora, busca o

trabalho conjunto em que todos os profissionais têm contribuição a oferecer em

sua especificidade de ação.

O orientador educacional é um especialista nas relações existentes

dentro da escola.

12

Cabe ao orientador buscar elementos vigentes da realidade do aluno

para discutir e refletir junto à equipe escolar (professores, diretores,

supervisores, etc ) a fim de contribuir no processo de ensino-aprendizagem

Nesta discussão, os alunos, bem como seus pais, também poderão

participar, já que são partes do processo, segundo Garcia (2001). Ela afirma a

relevância de se trabalhar os conteúdos curriculares contextualizados com a

realidade dos alunos. À medida que os conteúdos curriculares contextualizados

com a realidade dos alunos. . À medida que os conhecimentos transmitidos na

escola se aproximam de sua vida diária, há maiores chances de que o

interesse do aluno seja conquistado e maior possibilidade de que ele obtenha

sucesso, uma vez que os assuntos tratados dirão respeito a um mundo que lhe

é familiar, condição fundamental para que ele possa compreender outros

mundos.

Junto com a equipe escolar a Orientação Educacional deve participar da

busca de metodologias adequadas ao tipo de alunos que possui, sem deixar de

mostrar a necessidade que a escola tem de passar conteúdos em sua

totalidade, visto que a maioria dos alunos das classes menos favorecidas só

tem acesso ao saber científico na escola.

O serviço de orientação educacional quando se volta para a investigação

da situação e a solução na prática, há um encontro entre o conhecimento

científico e os resultados produzidos na sociedade, estes resultados irão

constituir um novo conhecimento que influenciará a aprendizagem do

educando, por meio da ideologia que lhe é transmitida pelos

métodos e técnicas utilizadas pelo orientador educacional.

O orientador educacional quando leva para a escola a realidade do

aluno para ser trabalhada de forma contextualizada com os conteúdos do

currículo, contribui para a promoção do aluno e o desenvolvimento de sua

aprendizagem; uma vez que a orientação educacional não existe para

padronizar os educandos nos conceitos escolhidos como

ajustados, disciplinados e responsáveis, “o importante é a singularidade dentro

do coletivo. (GRISPUN, 2003, p.29).

13

1.2 – A Educação Infantil nas escolas públicas.

A Educação Infantil faz parte da educação básica, é a sua primeira fase.

Antes da lei nº 11.274/06 era destinada a crianças de zero a seis anos. Hoje,

destina-se a crianças de zero a cinco anos.

A Educação Infantil pode ser encarada de duas maneiras: aquela que

está voltada a suprir as deficiências nutricionais, culturais e cognitivas ou

aquela que prepara a criança para a vida, como prevê a Constituição Federal,

desenvolvendo as competências e habilidades necessárias para seu

desenvolvimento integral

Em algumas escolas públicas a Educação Infantil não é oferecida de

forma satisfatória pois pode-se observar que o foco não é o desenvolvimento

das competências e habilidades necessárias e Isso é observado até por leigos,

uma vez que para o objetivo ser alcançado, deve haver toda uma estrutura que

vai do envolvimento da família até a formação do docente.

Os aspectos afetivos e sociais são importantes para essa fase, mas a

referência pedagógica usada neste período é um fator decisivo para a

aprendizagem da criança. Neste ponto, a escolaridade do profissional que atua

nessa área faz a diferença, pois seu planejamento e suas atitudes que irão

nortear o direcionamento das atividades propostas para que a criança alcance

os objetivos.

O desenvolvimento integral e a construção da autonomia infantil são

alguns dos objetivos esperados que a criança alcance na Educação Infantil.

Para isso, deve-se observar o aluno verificando seu ritmo, sua origem social e

cultural, os vínculos afetivos, além de seus desejos e suas expectativas. Os

aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social serão observados durante

esse período visando à formação de indivíduos críticos e criativos, preparando-

os para o exercício da cidadania em sua vida.

14

Um ponto relevante sobre a Educação Infantil é que ela não é pré-

requisito para o ingresso no Ensino Fundamental. Caso fosse, possivelmente a

Educação Infantil seria tratada com mais seriedade pelas autoridades

competentes em relação ao seu oferecimento. Hoje ela deve ser oferecida da

seguinte forma:

*Para crianças de zero a três anos- em creches.

*Para crianças de quatro e cinco anos- em pré-escola.

O município é o responsável pelo oferecimento da Educação Infantil e

fundamental, devendo destinar, no mínimo, 25% da receita resultante de

impostos.

Pelo fato de ser vista como uma supressora das carências daquelas

crianças menos favorecidas, a Educação Infantil nas escolas públicas ainda é

vista como um lugar onde as mães que trabalham possam deixar seus filhos,

tendo função de assistência social, sanitária e higiênica, longe da função

básica que prevê a lei e é neste ponto que o trabalho do Orientador

Educacional faz a diferença, conscientizando estes responsáveis do verdadeiro

papel da escola pra vida de um aluno, por isso faz tão necessária a presença

de um Profissional de Orientação Educacional nesta fase, para desde de cedo

implantar na realidade da família o valor e importância desta fase para a vida

futura da criança, evitando assim prejudicar o aluno no Ensino Fundamental e

garantindo um processo de ensino-aprendizagem de qualidade.

A Educação Infantil vem passando por um longo e permanente

processo de transformação no Brasil, especialmente nos últimos 20 anos. Se

antes as escolas responsáveis pela fase inicial do aprendizado da criança

adquiriam caráter de assistência social, hoje é consenso que essas instituições

são, sim, um assunto do âmbito da Educação. Mais do que isso: especialistas,

educadores e pesquisadores reconhecem a importância do desenvolvimento

integral nos primeiros anos de vida e encaram a vivência escolar como parte

essencial desse processo. A preocupação se reflete na inclusão do tema como

um dos itens do Compromisso Todos pela Educação, lançado pelo Ministério

da Educação (MEC) como parte do Plano de Desenvolvimento da Educação.

15

O ensino infantil destina-se a crianças de 0 a 6 anos. Sua função é a de

complementar a educação fornecida pela família, garantindo o

desenvolvimento da criança.Como dito anteriormente nas escolas de educação

infantil, as crianças não são apenas cuidadas, mas participam de um programa

pedagógico que contribui para o desenvolvimento de suas capacidades e

formação. De maneira geral, as crianças que frequentam essas escolas são

mais espertas, independentes, comunicativas e acostumadas a conviver com

outras crianças.A educação infantil divide-se em Creches, que atendem

crianças entre 0 e 3 anos, e Pré-Escolas, que trabalham com crianças entre 4 e

6 anos.

A educação infantil pública e gratuita é uma obrigação do Estado,

garantida por lei. Cabe à prefeitura oferecer e garantir esse serviço a todas as

crianças do município, por meio das escolas de ensino infantil públicas ou

conveniadas.

1.3 – As necessidades dos alunos da educação infantil das escolas

públicas.

Segundo SÔNIA KRAMER (2003) as diferenças no desenvolvimento das

crianças se dão por vários motivos dentre os quais cita: condições de moradia,

nível de escolaridade dos pais, profissão dos pais, religiosidades e etc.

Todo esse panorama é muito importante, pois dele se pode inferir que as

crianças têm diversos modos de inserção e compreensão do mundo físico e

social que as rodeia. Considerando-se, ainda, que a construção de

conhecimentos a respeito dos outros, de si mesmo e da realidade social é

influenciada pelas ações e interações significativas da vida cotidiano e, ao

mesmo tempo, nelas interfere, podemos supor que contextos tão heterogêneos

quanto o destas crianças irão gerar formas de compreensão do mundo e

acesso a conhecimentos também bastante diversos. Essa afirmativa fica por

ora como uma inferência; progressivamente, com a continuidade de cada

trabalho e com as investigações que vão sendo desenvolvidas, torna-se

16

possível delinear um quadro mais preciso de quem são as crianças com quem

trabalhamos e de como constroem conhecimento.

Muito antes de ensinar crianças a ler e escrever, escola e família devem

estar preparados para lidar com uma série de outras necessidades que vão

garantir que o aluno se desenvolva plenamente durante os anos seguintes.

Voltada a crianças de zero a seis anos, a Educação Infantil é uma obrigação do

Estado, mas inserir ou não a criança no ambiente escolar durante essa etapa é

uma escolha da família. Especialistas afirmam que as diretrizes pedagógicas

estão melhorando a qualidade do ensino, mas a área ainda apresenta

carências.

Segundo a diretora da Divisão de Educação Infantil e Complementar da

Unicamp, Roberta Borges, a escola precisa prestar atenção às necessidades

das crianças nesta etapa, que diferem dos alunos mais velhos. "A educação

infantil esbarra na formação do professor e na organização de espaços. O

professor realmente preparado deve realizar um trabalho voltado ao

desenvolvimento da criança, e não apenas adaptar aquilo que é proposto aos

estudantes maiores".

Sabemos que as primeiras relações sociais da criança ocorrem na

família e é nesta relação familiar que surgem as primeiras regras do convívio

social, porém é na escola que a criança tem a oportunidade de ampliar seus

conhecimentos.

As brincadeiras e jogos da Educação infantil devem fazer parte deste

momento e são fundamentais para o desenvolvimento da aprendizagem da

criança, pois através da brincadeira a criança mostra como reflete, organiza,

constrói e reconstrói seu mundo. NICOLAU afirma que:

“O brinquedo possibilita o desenvolvimento integral da

criança, já que ela se envolve afetivamente e opera

mentalmente, tudo isso de maneira envolvente, em que

a criança imagina, constrói conhecimento, e cria

17

alternativas para resolver imprevistos que surgem no

ato de brincar.” (NICOLAU, 1988,p,78)

Piaget ressalta que a escola deve partir do processo de assimilação da

criança, propondo atividades desafiadoras que provoquem desequilíbrios e

reequilibrações sucessivas, promovendo assim a descoberta do conhecimento.

As crianças também são protegidas pelas leis que regem o país. A LDB

(Lei de Diretrizes e Bases da Educação) regulamenta em seu artigo 29. A

Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o

desenvolvimento integral da criança até seus 5 (cinco) anos, em seus aspectos

físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da

comunidade.

A educação infantil é duplamente protegida pela Constituição Federal de

1988 (CF/88): tanto é direito subjetivo das crianças com idade entre zero e 5

(cinco) anos (art.208, IV), como é direito dos(as) trabalhadores(as) urbanos(as)

e rurais em relação a seus filhos e dependentes (art.7°, XXV) . Ou seja, a

educação infantil é um exemplo vivo da indivisibilidade e interdependência que

caracterizam os direitos humanos, pois reúne em um mesmo conceito vários

direitos: ao desenvolvimento, à educação e ao trabalho.

Além da Constituição, o direito à educação infantil vem assegurado em

outras normas nacionais, principalmente a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional – LDB (Lei n° 9.394/1996), o Estatuto da Criança e do

Adolescente - ECA (Lei n° 8.069/1990) e o Plano Nacional de Educação - PNE

(Lei n° 10.172/2001).

Grande parte dos alunos matriculados na rede pública de ensino são

levados à escola muitas das vezes, não com a intenção de busca de

conhecimentos, mas com a intenção do cuidar, pois muitos responsáveis

trabalharam fora para manter suas famílias necessitam desse apoio para terem

um local onde deixarem seus filhos com segurança, mas uma vez vale

ressaltar que o Orientador Educacional novamente fará toda diferença para

18

esclarecimento da importância do papel pedagógico da escola, aquele que

cuida diretamente dos valores, conhecimentos socioculturais, didáticos etc,

sabendo que o cuidar também vem junto, mas o mais importante na escola não

é o cuidar e sim a busca do conhecimento.

19

CAPÍTULO II

A ATUAÇÃO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL

NAS TURMAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL DAS

ESCOLAS PÚBLICAS.

O profissional de Orientação Educacional possui formação acadêmica

semelhante aos outros profissionais da equipe técnica pedagógica que trabalha

nas escolas, oriundos de diferentes habilitações do Curso de Pedagogia e pelo

fato de terem a mesma formação, atuarem no mesmo espaço físico e visarem

objetivos comuns torna-se não só difícil mas necessária a delimitação clara das

atribuições de cada profissional, contribuindo para melhor compreensão dos

respectivos papéis, maior facilidade na execução, controlo e avaliação das

tarefas e melhor integração da equipe técnica. Em contrapartida, o

desconhecimento das atribuições e de seus limites podem gerar expectativas

infundada quanto ao desempenho de cada especialista, diz GIACAGLIA e

PENTEADO (2000).

Por isso é importante que cada profissional tenha plena consciência de

seu papel na escola e também de seus limites como profissional, para que um

não interfira negativamente no trabalho do outro, e sim, contribua com outro,

sempre visando o melhor para o aluno no seu processo de ensino-

aprendizagem.

É de grande importância ressaltar que o papel do Orientador

Educacional não se restringe apenas a resolução de “problemas”, pelo

contrário, procura uma compreensão mais abrangente e consistente,

observando escola não superficialmente, mas como um todo, sempre

investigando e ouvindo todas as partes envolvidas afim de se chegar em um

denominador comum, favorável a todos envolvidos.

20

Na Educação Infantil o Orientador faz-se necessário, assim como no

Ensino Fundamental, pois como dito no capítulo anterior é na Educação Infantil

que se dá o primeiro contato do aluno com a escola, sendo de suma

importância a presença deste profissional, para informação e esclarecimento

do verdadeiro papel da escola na vida de um aluno. Nas escolas públicas em

geral, tais informações ficam focadas em explicações a família do aluno, pois

muitos pais ainda enxergam a modalidade de Educação Infantil simplesmente

como um depósito de crianças, achando que neste período as crianças ainda

não aprendem só brincam, e não possuem uma informação verdadeira e

concreta sobre tal assunto, precisando sempre da orientação da equipe da

escola para tal esclarecimento.

2.1- O trabalho de mediador do Orientador Educacional

O Orientador Educacional atua nas escolas como mediador da equipe

escolar e da família do aluno, para isso é importante definir os objetivos gerais

do SOE (Serviço de Orientação Educacional), sendo necessário considerar que

o Decreto nº 72846/73, no seu Artigo 1º, estabelece o seguinte objetivo para a

O.E.: “Assistir o educando, individualmente ou em grupo, no âmbito do 1º e 2º

graus, visando o desenvolvimento integral e harmonioso da personalidade,

ordenando e integrando os elementos que exercem influência em sua formação

e preparando-o para o exercício das opções básicas” e sempre que necessário

fazendo esse elo entre escola e família.

O Orientador Educacional deve respeitar o campo específico dos demais

especialistas, assim como fazer com que estes ajam com respeito em relação

ao dele. É importante que o diálogo, a troca de ideias, a cooperação e o auxílio

mútuo sejam constantes e sempre de acordo com os princípios éticos. A escola

não deve se transformar em um campo de disputas entre profissionais. O que

deve haver, na mesma, são esforços conjuntos para a finalidade comum que é

o pleno desenvolvimento do aluno.

Como vimos a função principal da escola seja o ensino, ela tem

assumido, cada vez mais, a responsabilidade pela educação integral do aluno.

Tal objetivo não deixa de ser legítimo, pois o indivíduo que aprende é um ser

21

complexo que se desenvolve não só no aspecto intelectual como também

emocional, físico-motor, social, sexual, vocacional, enfim, em todos os

aspectos da personalidade. Por esta razão e também porque dificuldades ou

problemas nessas áreas poderão afetar o rendimento escolar do aluno, o

Orientador Educacional não pode desconsiderá-las no seu trabalho, e para que

este trabalho flua bem é extremamente necessária a mediação do Orientador

com a família do aluno, para se aprofundar na vida pessoal do educando afim

de se buscar tais informações que favoreçam o aluno em seu desenvolvimento

escolar.

2.2- A relação escola-família e suas respectivas responsabilidades.

Ao entrar para a escola, deve-se considerar que o aluno irá passar nela,

muitas horas do dia e muitos dias de sua vida. É importante, pois, que a

mesma se constitua em um ambiente interessante e agradável que, além da

formação intelectual, favoreça o desenvolvimento sadio do educando.

Entretanto, por outro lado, ela pode vir a se tornar e, infelizmente às vezes se

torna, pelo menos para alguns alunos, um meio hostil problemas preexistentes

se agravam e/ou onde sérios conflitos tem início.

É comum que, ao entrar pela primeira vez na escola, a criança sinta-se

abandonada pela mãe temendo que a mesma não volte mais, principalmente

se ela se atrasar na hora de vir buscá-la. A existência e a permanência no lar,

de irmãos menores, em especial de recém nascidos, podem agravar a

situação, pois a criança passa a conceber a escola como local onde ela é

deixada para que a mãe possa dar mais afeto aos que ficam em casa. Nessas

circunstâncias, a escola adquire, para a criança, uma conotação desagradável

e ameaçadora, apesar do esforço de professores e funcionários para confortá-

la, agradá-la e dos brinquedos e atividades lúdicas disponíveis.

Segundo GIACAGLIA e PENTEADO (2000) não apenas alunos novos

enfrentam problemas sérios de adaptação e integração à escola. Costuma

ocorrer, com frequência , a existência de estudantes que, por pertencerem a

minorias de algum tipo (cor, religião, classe social), são rejeitados pelos

colegas.

22

Segundo M C A, PEREZ em seu Artigo: “Infância e Escolarização”, o

conhecimento de que família e escola são produções da sociedade possibilita

um distanciamento de argumentos do senso comum que tendem a naturalizar

essas instituições, considerando-as como instituições estáveis, não passíveis

de mudanças.

Os papéis desempenhados pela família e pela escola sofrem influências

das determinações de todo um contexto histórico-social.

Podemos afirmar que as práticas educativas da família e da escola, bem

como as representações sobre elas, refletem o contexto social em que estão

inseridas.

Como produtos sociais, família e escola tendem a desempenhar práticas

de regulação social, uma vez que normatizam os fenômenos da sociedade, no

sentido de oferecerem interpretações da realidade, incorporados por meio de

atitudes, valores, crenças, costumes, interesses e sentimentos, todavia, vale

destacar que as influências recebidas são diferenciadas, dependendo da

inserção do educando e dos agentes socializadores em determinada camada

social.

As mudanças nas finalidades da família são resultado do processo de

profundas mudanças históricas, sociais, econômicas e culturais; muitos

aspectos contribuíram para a caracterização desse grupo, tal qual o

concebemos em nossos dias, ou seja, como instituição que representa espaço

de educação e transmissão de valores e normas, bem como de expressão da

afetividade entre seus componentes.

A sociedade brasileira enfrentou grandes transformações demográficas,

econômicas e sociais que refletiram na estrutura e no funcionamento da

família. Presenciamos as mudanças na estrutura e nos papéis dos membros do

grupo familiar, em decorrência das alterações sociais que, por sua vez, acabam

colaborando para a existência de diversas formas de constituição e

modalidades de educação, negando a construção histórica de um modelo de

família único e ideal, baseado nos padrões da família nuclear burguesa,

constituída pela presença de pai, mãe e filhos, vivendo em um espaço físico e

sentimental privado.

A influência da escola deve ser compreendida à luz de sua evolução

histórica, da qual emergiu como instituição destinada a instruir os educandos

23

da classe privilegiada sendo, portanto, por longo período, restrita a poucos. É

com o processo de modernização da sociedade que a escola se faz necessária

para a formação da população em geral, no entanto, a educação escolar,

mesmo com a democratização do acesso ao ensino, sempre foi diferenciada

entre os segmentos sociais, pois, para a classe dominante, a escola é

considerada meio de formação intelectual e acadêmica. Já para as camadas

pobres, a escola é vista como meio de qualificação para o trabalho e de

mobilidade social.

A criança de modo geral, se desenvolve na instituição familiar que é

encarregada de prover recursos necessários à sua sobrevivência; de propiciar-

lhe uma base afetiva: de dar-lhe assistência na área de saúde e de ministrar-

lhe os primeiros ensinamentos. Por sua vez, a instituição escolar está

incumbida de realizar a educação formal das crianças.

Cada família alimenta expectativas diferentes em relação ao papel da

escola. O mesmo ocorre com a escola em relação à família. Surge então, como

condição básica para que possam ser cumpridas as finalidades educacionais, a

necessidade do conhecimento mútuo entre ambas para a compatibilização das

expectativas e da integração entre as duas instituições. Nesse momento a

participação do Orientador educacional será exercida em cooperação com a

família, cabendo ao Orientador participar no processo de integração escola-

família-comunidade.

O Orientador Educacional vai atuar como mediador entre família-escola,

devendo manter uma comunicação constante com a mesma, respeitando os

valores e procurando obter sua colaboração, já que ambos têm por objetivo

bem-estar, o desenvolvimento e formação do educando.

Ao planejar o trabalho na área de orientação Familiar, é necessário

levantar um conjunto amplo de informações para caracterizar as famílias, seus

valores e suas expectativas. Após conhecer os dados básicos, terá maior

facilidade para manter um canal e um fluxo permanentes de comunicação entre

o Orientador Educacional e a família e vice-versa, além de ter elementos para

melhor compreender o comportamento do aluno. O conhecimento da família e

uma comunicação efetiva entre ela e a escola, além de condições básicas para

a realização de uma Orientação Familiar eficiente, são essenciais para a busca

de uma unidade de princípios e de atuação entre ambas instituições.

24

Segundo GIACAGLIA e PENTEADO (2000) em educação, é bastante

prejudicial a existência de conflitos de orientação por parte daqueles que

educam, embora essa situação não seja nada incomum, tanto entre os próprios

pais como também entre esses e a escola.

Segundo Sônia Kramer (2003) são dois os principais objetivos da

interação escola-família, primeiro: o conhecimento dos pais e responsáveis

sobre a proposta pedagógica que está sendo desenvolvida, para que possam

discuti-la com a equipe, segundo: essa interação favorece e contempla o

trabalho realizado na escola com as crianças, na medida em que se possibilita

que se conheça seus contextos de vida, os costumes e valores culturais de

suas famílias, e as diferenças e semelhanças existentes entre elas e em

relação à proposta.

“O conhecimento, o relacionamento franco e a participação das famílias das crianças na vida da escola são componentes fundamentais de nossa proposta pedagógica, principalmente por termos compromisso firmado com a educação democrática”.

(KRAMER, Sônia, p 100, 2003).

É importante perceber a maneira com que pais e professores estão

relacionados às práticas autoritárias que são em geral adotadas pela maioria

das escolas. Nesse sentido pode-se mencionar por exemplo, a culpabilização

constante, feita pelas escolas, que costumam atribuir às famílias a

responsabilidade pelos mais diversos problemas das crianças ( de dificuldades

afetivas até de aprendizagem), isentando-se, muitas das vezes, de assumir o

seu papel de ensinar. Essa prática é comum, seja na rede pública ou particular.

Além disso, os pais em especial das áreas urbanas, pela própria

complexidade da vida nos grandes centros e pelas condições do seu contexto

familiar passam a exigir cada vez mais da própria escola. Isentando-se também

de assumir seu papel, a família espera tudo (formação de hábitos, valores,

saúde, etc) além ou em vez do ensino.

Finalmente, sabemos que o trabalho conjunto escola-família é um dos

maiores desafios de uma proposta pedagógica, na medida em que reflete a

problemática social mais ampla. De um lado, a população não sente como seu

25

o espaço público, mas muito ao contrário, considera que a rua, a praça etc “não

são de ninguém”. De outro lado as pessoas também não se sentem

responsáveis pelas instituições “particulares” como a escola que assim devem

ser cuidadas por seus “donos”. Nesse sentido, é preciso compreender os

fatores sociais e políticos que estão em jogo na relação escola-família, não

acusando nem culpando os pais quando não pais quando não participam da

vida escolar e, simultaneamente, buscando as formas de aproximá-los da

nossa proposta e de aproximar-nos de seus interesses.

2.3- A evasão dos alunos da educação infantil nas escolas públicas

A evasão nas escolas públicas na fase da Educação Infantil ainda é

muito comum, tudo isso porque muitos responsáveis ainda não se

conscientizaram da importância desse ciclo na vida de seus filhos e

consequentemente por acharem que nesta fase não se aprende, sendo assim ,

para eles não é necessário que a criança frequente regularmente eximindo-se

da responsabilidade de levá-los assiduamente para a escola.

Segundo Piaget a pré-escola não pode ser vista como um passatempo,

e sim um espaço criativo, que permite a diversificação e ampliação das

experiências infantis, valorizando a inventividade da criança e promovendo a

sua autonomia.

Tal procedimento de algumas famílias acabam resultando em uma

regressão futura no processo de ensino-aprendizagem de alguns alunos. A

Educação Infantil não se restringe apenas para a preparação para o Ensino

Fundamental, ela deve favorecer a construção do desenvolvimento moral, deve

respeitar a curiosidade da criança, levando-a à refletir sobre as perguntas que

faz. A Educação Infantil precisa visar o desenvolvimento da criança em todas

as suas dimensões: física, socioeconômica, intelectual e afetiva; ela não pode

estar comprometida através dos seus propósitos e objetivos, com a situação de

sucesso ou insucesso escolar de seus alunos em outros níveis de seu

processo se escolarização.

26

Segundo Wallon, a Educação Infantil ideal, atende as necessidades da

criança nos planos afetivo, cognitivo e motor e, promove o seu

desenvolvimento em todas esses níveis. A Educação Infantil é um meio para

uma meta maior do desenvolvimento da pessoa, afinal, a inteligência tem

status de parte no constituído pela pessoa. A dimensão estética da realidade

é valorizada e a expressividade do sujeito ocupa lugar de destaque.

Por isso é importante que a equipe escolar fique atenta afim de criar

estratégias para resgatar esses alunos que no meio do caminho abandonam a

escola na modalidade da Educação Infantil, nesse momento o papel do

Orientador Educacional é de extrema valia para se fazer um trabalho de

conscientização dessas famílias e regates desses alunos que de certa maneira

ainda fazem os números de evasão escolares crescerem.

È importantíssimo também que os professores busquem novas

estratégias para envolver os alunos no dia-a-dia em suas aulas, para tornarem

a sala de aula em um ambiente agradável e acolhedor, para que os mesmos se

sintam motivados em estarem na escola e em desenvolverem as atividades

juntamente com a professora e seus amiguinhos, pois é no processo de

integração entre o grupo que se é possível aprender, analisar e compreender

os alunos.

O processo de conscientização das famílias é de suma importância, pois

os alunos da Educação Infantil dependem de seus responsáveis para

chegarem à escola.

Para tanto vale ressaltar que para realizar esse elo entre família e escola

mais uma vez entra em ação o valioso papel desempenhado pelo profissional

de Orientação Educacional.

Neste trabalho monográfico enfatizamos sempre o pedagógico, mas não

podemos esquecer também do lazer do aluno, pois tal fato é imprescindível

para que o aluno se sinta ambientado na escola.

E com relação aos professores, o Orientador Educacional buscará se

integrar, principalmente com os professores de Educação Física e de

Educação Artística, para que os alunos sejam orientados quanto ao lazer.

27

O esporte é muito importante na vida do jovem, sendo, ao mesmo

tempo, uma forma de lazer e de educação. Na prática do esporte o aluno

desenvolve suas habilidades motoras essenciais para a escola, para sua saúde

e bem-estar físico e mental, além de aprender a competir, a cooperar, a

obedecer regras e regulamentos, a ter responsabilidade, desenvolvendo sua

socialidade.

28

CAPÍTULO III

AS PROPOSTAS DO ORIENTADOR

EDUCACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL.

Cabe ao Orientador Educacional elaborar propostas para integração

escola-família afim de propiciar ao educando um ensino de mais qualidade.

Tais propostas buscam primeiramente a observação do cotidiano dos alunos

na escola, relatos dos professores sobre seu desenvolvimento de

aprendizagem, relatos de outros profissionais da escola que de alguma

maneira contribuem também na educação do educando e consequentemente

entrevistas e reuniões com a família da criança para que com esses subsídios

consiga traçar um perfil do aluno em um todo, buscando o maior número de

informações possíveis.

Para FELTRAN (1990) a Orientação Educacional participará das

decisões sobre a Educação Infantil na Pré-Escola brasileira e deverá:

• Pesquisar, durante o desenrolar da ação pedagógica, quem é a criança

representante dos grupos socioculturais existentes no Brasil: quais são

seus valores, como ela adquire conhecimento, qual é a sua linguagem,

em que medida se aplicam à criança localizada historicamente neste

país as constatações sobre o desenvolvimento infantil universal;

• Definir com clareza com clareza, quais os fins desta ação educativa

escolar: para onde direcionar a educação da criança de forma a conciliar

o universal nela presente e as necessidades contextuais de seu

desenvolvimento;

• Explicar, finalmente, e como decorrência das ações anteriores, as

funções desta modalidade no contexto da democratização.

As decisões de sua proposta terão como fundamentos:

29

• Uma proposição de fins educacionais e uma concepção de criança, que

necessariamente estejam assentadas na relação validez universal e

historicidade.

3.1- Os objetivos da Orientação Educacional na Educação Infantil.

Como já vimos anteriormente, muitos são os objetivos a serem traçados

pelo Orientador Educacional para tentar garantir ao educando um ensino de

qualidade. Desta forma, considerando-se o SOE como um todo constituem

exemplos de objetivos para Orientação Educacional:

Suas Assistir o aluno no desenvolvimento de sua capacidade de fazer

opções, levando-o a identificar suas potencialidades e limitações, as do meio, e

a adquirir habilidades necessárias ao processo decisório.

Colaborar com a Direção e professores na realização do processo

educativo, visando o desenvolvimento integral e ajustamento do educando.

Atender aos alunos nas várias áreas de Orientação Educacional.

Coletar e sistematizar informações necessárias ao desenvolvimento das

atividades do Orientador.

Segundo GIACAGLIA e PENTADO (2000) além dos objetivos gerais do

SOE, é importante que constem do plano aqueles relativos a cada uma das

áreas. São apresentados, a seguir, exemplos desses objetivos.

Em relação à área de Orientação à Família:

Colaborar com a família no desenvolvimento e educação do aluno.

Contribuir para o processo de integração escola-família-comunidade,

atuando como elemento de ligação e comunicação entre todos.

Desenvolver atitudes favoráveis à efetiva participação dos pais na tarefa

educativa.

Identificar possibilidades e disponibilidades de colaboração por parte dos

pais, em relação à escola.

30

Orientar os pais para que tenham atitudes corretas em relação ao

estudos dos filhos.

Identificar possíveis influências do ambiente familiar que possam estar

prejudicando o desempenho do aluno na escola e atuar sobre elas.

Quanto á área de Orientação Escolar, são exemplos de objetivos.

Colaborar na análise dos indicadores de aproveitamento escolar,

evasão, repetência e absenteísmo.

Desenvolver uma ação integrada com o corpo docente e a coordenação

pedagógica, visando a melhoria do rendimento escolar, por meio da aquisição

de bons hábitos de estudo.

Instrumentar o aluno para a Organização eficiente do trabalho escolar,

tornando a aprendizagem mais eficaz.

Assistir o aluno na análise de seu desempenho escolar e no

desenvolvimento de atitudes responsáveis em relação ao estudo.

Propiciar orientação e experiências para que os alunos trabalhem

eficientemente em grupo.

Identificar e assistir alunos que apresentem dificuldades de ajustamento

à escola, problemas de rendimento escolar e dificuldades escolares.

3.2- Informações e recursos necessárias ao SOE.

Tanto a organização do SOE como a elaboração de diferentes

instrumentos que visam a obtenção de informações necessárias para agilizar

as atividades do mesmo exigem tempo, conhecimento e experiência. Sendo

assim é muito importante que tenhamos sempre modelos desses instrumentos.

Como dito anteriormente, seria inviável que o Orientador educacional.

Sozinho, utilizasse, eficientemente, todas as sugestões de questionários ou

fichas. O importante é que ele tome conhecimento de modelos existentes e que

saiba selecionar os que são adequados á sua realidade de trabalho. Para essa

finalidade, neste capítulo, serão apresentadas sugestões consideradas úteis

para uma boa organização e funcionamento eficiente do SOE.

A ordem de apresentação desse material é:

31

1. Modelo para comunicação de ocorrência em sala de aula ( do professor

para o SOE)

2. Modelo para comunicação entre SOE e os pais ou responsáveis pelos

alunos.

3. Modelo para registro de entrevista com pais ou responsáveis ou com

alunos.

4. Modelo de ficha de informações sobre estagiários.

5. Modelo de ficha de identificação de professores e funcionários.

6. Modelo de questionário informativo sobre professor, a ser preenchido

pelos professores.

7. Modelo de questionário informativo sobre o funcionário, a ser

preenchidos pelos funcionários.

8. Modelo de ficha-resumo de preferências e disponibilidade dos

funcionários, a ser preenchida pelo Or. E.

9. Ficha-resumo de preferências e disponibilidade dos professores, a ser

preenchida pelo Or. E.

Para o assunto aqui abordado neste trabalho de Orientação Educacional

na Educação Infantil, faz-se de importância os modelos 1, 2 e 3, pois a partir do

preenchimentos de tais fichas já é possível traçar um certo perfil do aluno a ser

estudado, pois já é possível saber informações sobre seu comportamento em

sala e com a família.

Além dos fatos relativos á vida escolar relativos do aluno, outra maneira

de atrair os responsáveis á escola é a realização de eventos abertos ao

público.

Inserida na comunidade, a escola pode vir a ser um núcleo de irradiação socioeconômica e cultural. Por esse motivo, nela poderão ser organizados cursos de pequena duração sobre diferentes temas. (GIACAGLIA e PENTEADO p, 63, 2000)

32

No entanto nas comunidades há entidades que são voltadas para o

atendimento ao público aos quais o SOE poderia entrar em contato para

oferecê-las na escola, afim de aproximar a comunidade com o ambiente

escolar.

Embora alguns eventos como festas escolares e atividades extraclasse

não seja de responsabilidade do Orientador Educacional, ele tem nelas a

oportunidade de manter contatos com os pais e a comunidade, facilitando

assim sua atuação.

Esses eventos pelo seu caráter festivo e de lazer, contribuem para

desvincular a ideia de que a presença de pais na escola significa reclamação

sobre o aluno. É importante mostrar que relações escola-família não se

restringem a punições ou reclamações mútuas, antes devem se basear no

espírito cooperativo e integrativo.

Visando ainda essa colaboração e integração, a escola pode cooperar

em muitas campanhas que dizem respeito à comunidade, colocando sua

estrutura e recursos à disposição e educando, em sentido mais amplo, os

alunos.

3.3- A participação do Orientador Educacional em relação ao rendimento

do aluno da Educação Infantil

Como já foi dito nos capítulos anteriores, o trabalho do Orientador

Educacional é de suma importância, e em especial no primeiro vínculo da

criança com a escola que se dá na Educação Infantil, e para tal compreensão

da palavra “ensinar “, nada melhor do que PAULO FREIRE (2011) em seu livro

Pedagogia da Autonomia em que diz que: “ensinar não é transmitir

conhecimento” e que “ensinar exige a convicção de que a mudança é possível”.

O orientador Educacional deverá primeiramente observar os alunos da

Educação Infantil, respeitando suas diferenças, e nunca desprezando a

“bagagem” que o aluno já traz consigo quando chega à escola, e

33

principalmente o Orientador deve ter em mente que a mudança é possível,

desde que nunca deixe de se acreditar numa educação de qualidade.

O Orientador Educacional deve trabalhar sempre em conjunto com o

professor de Educação Infantil, e estar sempre atentos a qualquer situação que

o aluno possa apresentar, sempre com um olhar diferencia e amplo sobre o

aluno e sobre o que o rodeia, levando em conta dos os aspectos socioculturais

que o envolve.

A este profissional cabe criar estratégias que busquem um ambiente

saudável e de confiança, tanto em relação ao aluno, como também, em relação

a toda equipe escolar, não se deixando abater com as dificuldades que

certamente aparecerão ao logo do seu trabalho.

Segundo GIACAGLIA e PENTEADO (2000) com o corpo discente e com

os seus familiares, serão discutidos temas da maior importância para o bom

aproveitamento escolar, como: local adequado e hábitos eficazes de estudo,

tarefas de casa, ordem e manuseio de livros, cadernos, agendas e demais

materiais escolares, realizações de pesquisas e trabalhos em grupo e preparo

para as provas. Nessas ocasiões, serão tratados princípios de aprendizagem

que a Psicologia provou levarem a um melhor aproveitamento de estudos.

Das palavras acima citadas, cabe ao Orientador Educacional selecionar

aquelas que melhor se encaixem com a Educação Infantil aqui discutida.

Na Educação Infantil o uso diário da agenda é de grande eficácia do

trabalho escolar, sendo importantíssima para observação do rendimento do

aluno, tanto para a família, como para a equipe da escola.

Alguns aspectos devem ser levados em conta em relação ao

aproveitamento do aluno da Educação Infantil, e devem sempre pleitear as

observações do Orientador Educacional:

• Adaptação à situação escolar.

• Horários e disciplina.

• Concentração.

• Relacionamentos com professores e colegas.

34

• Prontidão.

• Hábitos e cuidados com o material.

• Falta, repetência e evasão.

• Problemas de visão e de audição.

• Hábitos de estudo.

• Problemas familiares.

• Problemas emocionais.

Com tudo, e focado sempre no educando e tudo que o rodeia, e tendo

em mente que mudar é possível, o trabalho do Orientador Educacional na

Educação Infantil, fará grande diferença na vida do aluno no futuro.

Algumas outras condições se fazem necessárias, quer no que se refere

ao aluno e seu ambiente familiar, quer no que se refere à instituição escolar.

Nesse sentido, são importantes e contribuem para a aprendizagem:

fatores socioeconômicos e culturais, ambiente escolar e familiar próprios;

professores bem preparados e principalmente motivados, metodologia e de

ensino e material didático adequado, além de por parte do aluno,

assiduidade, adaptação á escola, disciplina, bons hábitos de estudo,

condições físicas e psicológicas favoráveis e bom relacionamento com

professores e demais funcionários, bem como com os colegas.

É muito importante que todos esses fatores atuem como facilitador da

aprendizagem, cabendo a toda comunidade o dever de cuidar para que isso

aconteça, da melhor forma possível. Nessa tarefa, entretanto, estão

envolvidos, mais diretamente, os professores, a Coordenação Pedagógica e

o Orientador Educacional.

É através de uma avaliação que sabemos como foi o desempenho

escolar dos alunos, no segmento da Educação Infantil não é avaliado

através de provas e sim através de relatórios que são feitos pela professora

da turma através de observações e progressos atingidos pelos alunos.

Segundo Sônia Kramer (2003) o papel da avaliação decorre das próprias

metas educacionais estabelecidas para a proposta. Assim a avaliação se

destina a obter informações e subsídios capazes de favorecer o

desenvolvimento das crianças e a ampliação de seus conhecimentos.

35

Dispondo dos principais elementos relativos a elas e a pré-escola como

instituição, podemos planejar e redirecionar nosso trabalho cotidiano.

Nesse sentido avaliar, não é apenas medir comparar ou julgar. Muito

mais do que isso, a avaliação tem uma importância social e política crucial

no fazer educativo. E essa importância está presente em todas as atitudes e

estratégias avaliativas que adotamos.

A avaliação é então, um aspecto fundamental de qualquer proposta

curricular; é na verdade, parte integrante dessa proposta.

Não só a Educação Infantil, mas também todo o Ensino Fundamental é

avaliado, porém, só quem são avaliados são os alunos.

No entanto é preciso analisar criticamente essa prática, pois o fato de os

alunos serem o único “objeto” da avaliação revela a estrutura de poder e

autoridade da grande maioria das instituições.

É preciso portanto que se faça também uma avaliação da equipe escolar

e corpo docente para obtermos um rendimento escolar dos alunos muito

mais produtivos, pois ambos são passíveis de erros e precisam sempre

estar dispostos a mudar e buscar novos métodos de ensino que se adapte

as necessidades individuas de cada aluno.

36

CONCLUSÃO

Ao finalizarmos este trabalho monográfico conclui-se que o papel do

Orientador Educacional é imprescindível para um bom desenvolvimento da

escola em relação ao processo de ensino-aprendizagem dos alunos,

principalmente na Educação Infantil, que é onde se dá o primeiro contato da

criança com a escola e em especial nas escolas públicas,pois o Orientador

Educacional funcionará como um elo entre família e escola afim de esclarecer

o verdadeiro papel da escola na vida dos educandos.

Toda equipe pedagógica conta com o trabalho do Orientador

Educacional na escola, pois tal profissional faz toda diferença, funcionando

como elo entre professores, alunos e família, lembrando sempre que o trabalho

de Orientação Educacional não funciona sozinho, é necessário que toda equipe

escolar trabalhe junto para que trabalho do mesmo obtenha todo êxito.

O Orientador Educacional deve estar ciente que para desenvolver tal

função é necessário gostar do que faz, pois a problemática enfrentada será

árdua, mas com responsabilidade e satisfação seu trabalho fará toda diferença

e o resultado com certeza será plenamente satisfatório.

Quando analisamos a prática da Orientadora na perspectiva da teoria,

também levamos em consideração que cada comunidade escolar é única,

sendo diverso em seu modo de ver o mundo, de agir em cada situação, de

encarar acontecimentos de formas específicas, e isso não se faz diferente com

relação à realidade observada na escola escolhida.

GRINSPUN (2002), quando descreve o papel do Orientador

Educacional, acaba focando para a atuação desse na questão da relação do

projeto pedagógico da escola com a comunidade, principalmente ao dizer que

junto aos pais o Orientador tema função de fazer “com que eles participem do

projeto dela (da escola) de diferentes formas, desde o planejamento do projeto

pedagógico até as decisões que a escola deve tomar” (2002, p. 109).

37

A importância de se ter um profissional de Orientação Educacional na

escola nos leva a pensar que aqueles que não acreditam no seu trabalho não

entendem de organização escolar.

38

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Da

Educação. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado S.ª IMESP, 1993.

BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente. Lei n° 8.069/1990

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei 9394/96 de 20

de dezembro de 1996.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei 9394/96 de 20

de dezembro de 1996. Alterada por lei nº 11.274/06

FELTRAN, R. C. S. Orientação Educacional na Pré-escola. Campinas,

Papirus, 1990.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática

educativa. São Paulo: Paz e terra, 2011.

GIACAGLIA Lia Renata Angelini, PENTEADO, Wilma Millan Alves. Orientação

Educacional na prática: princípios, técnicas, instrumentos. São Paulo, SP:

Pioneira.Educação, 2000.

KRAMER, Sonia. Com a pré-escola nas mãos. – 14ª. ed. São Paulo: Ática, 2003.

NICOLAU, M.L.M. A educação pré-escolar. São Paulo: Ática, 1988.

Plano Nacional de Educação - PNE (Lei n° 10.172/2001).

RANGEL, Mary (org). Supervisão e Gestão na Escola. Conceitos e Práticas de

Mediação. Campinas – SP: Papirus, 2013

39

BIBLIOGRAFIA CITADA

CABRAL, Adriana Alvez. PIMENTA, Izabel Nunes. Serviço de Orientação

Educacional. disponível em <http://www.jmj-bsb.com.br> acessado em

03/03/2009.

GARCIA, Regina. Orientação educacional: conflito de paradigmas e

alternativas para a escola. São Paulo, Cortez, 2001.

GRISPUN, M.P.S.Z. O papel da orientação educacional diante das

perspectivas atuais da escola. São Paulo: Cortez, 2003.

40

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL DAS

ESCOLAS PÚBLICAS.

10

1.1- O trabalho do Orientador Educacional 11

1.2- A educação Infantil nas escolas públicas 13

1.3- As necessidades dos alunos da Educação Infantil das

escolas públicas 15

CAPÍTULO II

A ATUAÇÃO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NAS TURMAS DE

EDUCAÇÃO INFANTIL DAS ESCOLAS PÚBLICAS

19

2.1- O trabalho de mediador do Orientador Educacional 20

2.2- A relação escola-família e suas respectivas

responsabilidades 21

2.3- A evasão dos alunos da Educação Infantil das escolas

públicas 25

CAPÍTULO III

AS PROPOSTAS DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NAS ESCOLAS

PÚBLICAS

28

3.1- Os objetivos do Orientador Educacional na Educação Infantil 39

3.2- Informações e recursos necessários ao SOE 30

3.3- A participação do Orientador Educacional em relação ao 32

41

rendimento dos alunos da Educação Infantil

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38

BIBLIOGRAFIA CITADA 39

ÍNDICE 40