documento protegido pela lei de direito autoral · houve também outro artigo publicado em 1944,...

45
1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU O AUTISMO NA INCLUSÃO ESCOLAR Simonís Cavalcanti de Oliveira Marins ORIENTADOR: Prof. Mary Sue Pereira Rio de Janeiro 2016 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

Upload: phungnhan

Post on 17-Nov-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

1

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

O AUTISMO NA INCLUSÃO ESCOLAR

Simonís Cavalcanti de Oliveira Marins

ORIENTADOR: Prof. Mary Sue Pereira

Rio de Janeiro 2016

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

Page 2: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Inclusão Escolar. Por: Simonís Cavalcanti de Oliveira Marins

O AUTISMO NA INCLUSÃO ESCOLAR

Rio de Janeiro 2016

Page 3: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

3

AGRADECIMENTOS

... A Deus em primeiro lugar, sendo minha força

nos momentos mais difíceis, e aos mestres dessa

instituição de ensino, aos familiares e

principalmente ao meu sobrinho que tem me

ensinado muito ensinado bastante sobre esse

Page 4: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

4

DEDICATÓRIA

.... Dedica – se ao meu esposo, aos meus pais,

família, amigos.

Page 5: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

5

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 06

CAPÍTULO I

Aspectos clínicos e históricos do autismo, comunicação e linguagens de crianças autistas. 09

CAPÍTULO II

O autismo no contexto escolar. 17

CAPÍTULO III

Compreendendo melhor para incluir. 25

CONCLUSÃO 35

BIBLIOGRAFIA 39

ÍNDICE 43

Page 6: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

6

INTRODUÇÃO

Este presente trabalho tem o objetivo de desenvolver e apresentar fatos que

permeiam o âmbito pedagógico e familiar sobre o transtorno do espectro autista, que

causa atraso no desenvolvimento da criança e compromete principalmente sua

capacidade de se comunicar, socializar, ter iniciativa, imaginação e criatividade,

despertando o educador para que compreenda melhor o que é autismo e com isto

consiga criar no dia-a-dia, melhores estratégias de inclusão para o portador de

autismo na escola regular.

Essas crianças nascem aparentemente sem nenhuma disfunção ou problema

que seja notável, se comportam e choram na maternidade como todos os bebês,

porém, nos primeiros meses de vida já começam a surgir alguns dos sintomas que

muitas das vezes passam despercebidos pelos pais. Um dos primeiros sinais da

criança com o espectro autista ocorre ainda bebê, tendo em vista que não fixa o

olhar para a mãe e outras pessoas, e quando ocorre esse olhar é muito superficial,

em todos os momentos livres de contato puro e simples, na amamentação, nos

momentos de higiene pessoal do bebê, etc.

A síndrome do autismo pode ser encontrada em famílias de qualquer

configuração racial, étnica e social, a ciência não conseguiu até os dias atuais provar

nenhuma causa psicológica que possa desenvolver esse transtorno, em casos mais

graves, devido à falta de conhecimento dos pais e profissionais da medicina e da

educação a criança autista fica condenada a viver em um mundo que não consegue

compreender. Nesses casos, podem crescer frustradas e responderão ao mundo

com gritos e com agressões; muitas vezes, se auto agridem e machucam-se para

descarregar suas frustrações em não ser compreendido, por isso, é de fundamental

importância que o diagnóstico seja realizado o mais cedo possível, havendo assim

uma intervenção da gravidade dos sintomas e possivelmente um maior sucesso com

o tratamento.

Page 7: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

7

No autismo, o grau de comprometimento varia de intensidade: vai do leve

passando para o moderado até o severo, onde na maior parte dos casos a criança

demonstra um comportamento agressivo, não sendo capaz de manter contatos

interpessoais.

A criança autista deve ser avaliada por diversos profissionais os três principais

são: Neuropediatra, psicóloga, fonoaudióloga, os quais irão diagnosticar está síndrome

e intervir com o tratamento adequado para cada indivíduo.

Silva (2009) aponta a necessidade de orientação aos professores, pois é a falta

de conhecimento a respeito desse transtorno especificamente que os impede de

identificar corretamente as necessidades de seus alunos com autismo.

O papel do professor na pré-escola é fundamental, pois é a partir do diagnóstico

já realizado pelos médicos que ele irá planejar uma estratégia educacional que

minimize as dificuldades da criança, de forma que ela possa se integrar e desenvolver

de acordo com as possibilidades. O mais importante é antes de enxergar o autismo é

ver cada aluno na sua individualidade.

Para que os autistas tenham um bom desenvolvimento é fundamental que a

família e amigos os tratem normalmente, tentando entendê-los em sua forma de ser e

assim ajudá-los, buscando tratamento em todas as áreas que precisem, com o objetivo

de melhorar a qualidade de vida, através da psicologia, terapia ocupacional,

fonoaudiologia, escola, fisioterapia, musicoterapia e etc. Os autistas possuem todas as

variações possíveis de inteligência, alguns são muito inteligentes e se dão bem

pedagogicamente em escolas regulares, apesar de não conseguirem se socializar, pois

não entendem o mundo humano e social, outros necessitam de outros apoios

psicopedagógico diferenciado para que sejam inseridos verdadeiramente nas escolas

regulares e assim obter um bom desenvolvimento.

A inclusão tem como objetivo, inserir sem distinção todas as crianças e

adolescentes com variados graus de comprometimentos social e cognitivo, a fim de

Page 8: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

8

diminuir o preconceito e evitar o isolamento social possibilitando a aquisição de novas

habilidades.

Vale a pena ressaltar a importância da interação social entre a escola, pais

e educadores para que ocorra uma troca de experiências, levando todos a refletir sobre

a verdadeira inclusão que está cada vez mais presente no nosso meio.

Page 9: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

9

CAPÍTULO I

ASPECTOS CLÍNICOS E HISTÓRICOS DO AUTISMO COMUNICAÇÃO E LINGUAGENS DE CRIANÇAS

AUTISTAS

...Deus não escolhe os preparados. Ele prepara os escolhidos.

A Síndrome do Autismo demanda um estudo em conjunto por parte de

profissionais de diferentes campos. Por volta de 1906 foi onde tudo ocorreu

quando o psiquiatra suíço Plouller nomeou o termo “autismo” para explicar

algumas características de isolamento por parte de algumas pessoas. No

entanto em 1943 foi então que Leo Kanner, um médico austríaco residente em

Baltimore, nos Estados Unidos, teve o primeiro contato com um paciente

chamado Donald que o identificou com autismo. Com o passar dos anos o

médico publicou o artigo “Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo”, onde o

mesmo apresentou onze casos de pacientes portadores desse transtorno.

Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger,

com o título Psicopatologia Autística da Infância, descrevendo crianças

semelhantes às descritas por Kanner.

Foi lançada a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de

Transtornos Mentais (DSM-V) em maio de 2013, que trouxe algumas

mudanças importantes, entre elas novos diagnósticos e alterações de nomes

de doenças e condições que já permeia nosso meio. Nesta nova publicação, o

autismo, assim como a Síndrome de Asperger, foi englobado a um novo termo

médico, chamado de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Com essa

nova definição, a Síndrome de Asperger passa a ser considerada, portanto,

uma forma mais branda de autismo. Sendo assim, os pacientes são

diagnosticados apenas em graus de comprometimento, dessa forma o

diagnóstico fica mais completo.

Page 10: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

10

1.1. SOBRE A SÍNDROME DO AUTISMO

“O Autismo é um jeito de ser. Não é possível separar o autismo da pessoa”.

(Jim Sinclair, autista, americano, conferencista sobre o tema Autismo).

O Transtorno do Espectro Autista é definido pela presença de “Déficits

persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos

contextos.

Este assunto vem sendo cada vez mais discutido e ganhando espaço na

sociedade. Foi investido um esforço especial para que este trabalho possa ser

considerado como uma pequena, porém solidária voz a mais a juntar-se ao

demais investigadores sobre a questão da pessoa portadora dessa síndrome,

que sofre inclusive pela carência de formulação de leis e de políticas públicas

que assegurem seu tratamento e sua cidadania.

GAUDERER diz que: “Autismo é uma doença grave, crônica, incapacitante que

compromete o desenvolvimento normal de uma criança... que

relacionam-se com objetos, eventos e pessoas de maneira não

usual, tudo levando a crer que haja um comprometimento

orgânico do sistema nervoso central em níveis mais diversos. ...

Não se sabe explicar exatamente o porquê da associação entre

autismo e a deficiência mental”. (GAUDERER, 1993 página 302).

Eles possuem vida psíquica e uma rede de relações sociais que com ele

tentam interagir. Possuem família, que se sente de alguma forma responsável

pelo que ocorre com eles. Sendo assim, este trabalho pretende abrir um

espaço para os discursos e relatos de algumas dessas famílias, onde foi

reunido um esforço conjunto no sentido de buscar compreender como é por

elas construídas a ideia de pessoa autista.

Muitos dos sujeitos autistas, por não serem diagnosticados como

autistas quando crianças, são tidos como retardados e “esquecidos” em

instituições para doentes mentais.

Page 11: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

11

Para que o portador dessa síndrome consiga lidar melhor com suas

dificuldades, se faz necessário um acompanhamento por diversos profissionais,

sendo na maioria das vezes o custo é muito alto e nem sempre acessível a

todas as classes sócias. Toda essa carência propicia uma desordem familiar,

no que diz respeito a família dos autistas, visto que muitas destas famílias

arcam sozinhas com todo o tipo de dificuldades sociais, financeiras e

emocionais, causadas por possuírem um parente “estranho” ao comportamento

do seu grupo de origem.

E comum que, o sujeito autista, já adulto, torna-se despossuído do seu

direito de ser legitimado como pessoa, como cidadão, sendo indefinidamente

considerado como “estranho”, “diferente”, “especial”.

Na realidade ninguém ainda conseguiu decifrar o enigma do sujeito autista:

“Ele não quer ou ele não consegue? ” Existem muitas polêmicas sobre o

assunto, porém ninguém ainda não chegou a um denominador comum.

É extremante comum ouvirmos que todos autista tem um mundo só dele,

isso caracteriza uma forma de descrever o comportamento desse indivíduo,

mais isso é mito, devido as alterações neurológicas desse transtorno o mesmo

tem dificuldades a captação dos estímulos, ou seja do que está acontecendo

ao seu redor.

Complementa a pediatra Katia Elena Semeghini Caputo, da Associação

dos Familiares Amigos e Pais dos Autista de Bauru (Afapab).

“Não existe um mundo autista, existe um indivíduo com

graus de dificuldades que são diferentes em cada um e precisam muito de

ajuda para vencer essas dificuldades”.

1.2. A TRÍADE DE PERTUBAÇÕES DO ESPECTRO AUTISTA

Segundo Lorna Wing (1979) os indivíduos autistas possuem três

grandes grupos de perturbações, as quais se manifestam em diferentes

aéreas, vindo a prejudicá-las. São elas: a Área Social, a da Linguagem e

Comunicação e a do Comportamento e Pensamento. No entanto as tríades não

são separáveis como leva a crer o termo “tríade”, essa expressão resultou para

demonstrar os comprometimentos que apareciam nessas áreas, e não

Page 12: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

12

ocorriam “ao acaso”; apresentavam-se juntos, embora com graus de

intensidade e qualidades variadas.

1.2.1. INTERAÇÃO SOCIAL

Um dos aspectos mais prejudicado na tríade é a dificuldade da pessoa

de se relacionar com o outro, pois não conseguem interagir para compreender

as regras sociais de convivência. É fundamental destacar algumas

características da pessoa autista relacionadas a essa área como: não se

relacionar com contato visual, expressões faciais, ficar preso a rotina, sendo

que a criança autista pode tanto isolar-se como também interagir de forma

estranha aos padrões habituais. A inabilidade no relacionamento interpessoal

chamou a atenção de Kanner (1943, p. 244, in: Baptista e Bossa, 2002, p.23-

24) levando-o a afirmar que “há nelas a necessidade poderosa de não serem

perturbadas. Tudo o que é trazido para a criança do exterior, tudo o que altera

o seu meio externo ou interno representa uma intrusão assustadora”. Estudos

recentes comprovam, que nem todos os autistas mostram aversão ao toque ou

isolamento, alguns ao contrário, podem buscar o contato físico, inclusive de

uma forma intensa até demais.

Esta parte da interação ser prejudicada está relacionado à dificuldade do

autista de entender o que os outros pensam, sentem e reagem, pois sua

capacidade de compartilhar sentimentos é extremamente comprometida, existe

uma enorme dificuldade em discriminar pessoas e entender o ponto de vista de

cada um, compreendendo que as outras pessoas apresentam sentimentos,

ideias e pensamentos diferentes.

1.2.2. COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM

Os autistas tanto na linguagem verbal como na linguagem não verbal,

apresenta dificuldades, e quando ocorre essa linguagem verbal é bem diferente

dos padrões habituais, pois possuem uma linguagem repetitiva e estereotipada,

não conseguindo iniciar e manter um diálogo.

Page 13: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

13

Sendo uma das áreas bastante prejudicada entre os autistas, grande

parte deles apresentam ecolalia. A ecolalia se apresenta de dois tipos: a

ecolalia imediata e a mediata.

Na ecolalia imediata, a criança autista repete quase que imediatamente

aquilo que acaba de escutar após a verbalização de outra pessoa, sendo uma

forma de tentar compreender o que o outro quer dizer.

Na ecolalia mediata, a criança demora certo tempo para repetir o que

ouviu. Esse fato ocorre devido a intenção da criança autista em manter certa

interação social, buscando significados para compreender uma mensagem.

Sendo assim a ecolalia seria um grande esforço do autista para

participar da interação social, levando em consideração seu repertorio verbal

ser bastante limitado.

Esses indivíduos apresentam problemas de comunicação, pois não

conseguem entender a real função da linguagem, e ao tenta usá-la

consequentemente acaba falhando, ocorrendo assim um desgaste emocional

que muitas das vezes é expressado através de estereotipias.

Diante de grandes estudos foi observado que a comunicação da criança

autista é caracterizada por falta de verbalização ou por ecolalia, sendo raro

encontrar autistas que falam normalmente.

1.2.3. COMPORTAMENTO E PENSAMENTO

Essa é a terceira área afetada sendo caracterizada pela rigidez do

comportamento e do pensamento, e também pela dificuldade de imaginação e

criatividade. Destaca-se também a ausência do de faz de conta, pois não

consegue perceber o objeto inteiro, mas só uma parte, vendo apenas um

detalhe e não entendem o real significado do brinquedo.

Para os autistas é extremante difícil associar uma expressão ao estado

emocional de uma pessoa típica. O autismo altera, totalmente, a forma como

vemos o mundo. Eles não interpretam as coisas ou os sentimentos como nós,

e para lidar com todas essas perturbações que os atormentam acabam criando

estratégias diferentes das nossas para suas limitações.

Page 14: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

14

1.3. LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO DOS AUTISTAS

Quando falamos de comunicação, lembramo-nos da comunicação oral, pois

é a mais comum entre nós. Todavia, está não é a única forma de comunicação.

Principalmente para as crianças com autismo, está será provavelmente a forma

mais difícil de se comunicar, (acredita-se que cerca de 50% dos autistas não

conseguem desenvolver a linguagem verbal).

Grande parte dessas crianças autistas utiliza o modo gestual para se

comunicar ou utilizam outra pessoa como apoio para conseguir o que desejam.

Uma boa parte deles não adquire a linguagem verbal e as que conseguem

essa linguagem, apresentam problemas na fala com dificuldade em construir

diálogos e se expressar de forma continua e contextualizada.

Somos todos diferentes e, por isso, temos necessidades diferentes, mas

aprender a se comunicar é um primeiro passo para uma vida em sociedade.

Aprender a falar pode ser um grande desafio para as crianças autistas, mas

não é impossível. Os autistas possuem uma imensa dificuldade em relacionar

as palavras com o seu significado. É muito frustrante para uma pessoa autista

tentar falar qualquer coisa e não encontrar as palavras certas para isso.

Ocorrendo na maioria das vezes um descontrolo emocional e até mudanças de

humor, não conseguindo se expressar como os outros.

À medida que esses indivíduos crescem e entram na idade adulta, há, em

geral, uma melhora do isolamento social, mas as dificuldades em estabelecer

amizades permanecem, dependendo do grau de comprometimento de cada

indivíduo.

Com relação às dificuldades na comunicação acontecem em graus

variados, tanto na habilidade verbal quanto na não-verbal de compartilhar

informações com os demais.

Esses déficits de linguagem e de comunicação persistem na vida adulta, e

grande parte dos autistas permanecem não-verbais. Os que conseguem

adquirir habilidades verbais podem demonstrar ou não déficits persistentes em

estabelecer uma conversa, e até mesmo dificuldades em compreender

sutilezas de linguagem, piadas ou ironia, por isso é fundamental a presença

principalmente de um fonoaudiólogo no processo de desenvolvimento da fala

Page 15: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

15

desde a infância, para que eles consigam lidar melhor com as situações de seu

cotidiano.

1.4. CARACTERÍSTICAS DO AUTISMO

São muitas as características comportamentais apresentadas por

autistas, tais como: distúrbios do relacionamento, distúrbios da fala e

linguagem, distúrbios da motilidade e distúrbio da percepção. Exemplificarei

melhor cada um deles abaixo.

Distúrbios do relacionamento: Falta do desenvolvimento de uma relação

com quem está ao seu redor e de contato visual. Ausência de sorriso social,

desinteresse em participar de jogos e brincadeiras, preferência por permanecer

só.

Distúrbios da fala e linguagem - comunicação: Atraso da linguagem é

comum entre os autistas. Quando a fala comunicativa se desenvolve, ela é

atonal, arrítmica, sem inflexão e incapaz de comunicar utilizando das emoções.

O que ocorre na verdade, toda a comunicação está comprometida: linguagem

oral comunicativa, linguagem receptiva, linguagem gestual e expressão facial.

Distúrbios da motilidade: São caracterizados por alguns estereótipos como

caminhar na ponta dos pés, jogar-se para frente e para trás, balançar

(acompanhado de rolar ou balançar a cabeça no ar ou no chão ou bater a

cabeça contra a parede), rolar ou girar objetos.

Distúrbio da percepção: Existem falhas em usar estímulos sensoriais para

discriminar o que é importante ou não, ou seja, ocorre um erro de seletividade.

Há alternância em procurar ou fugir de estímulos. Sendo assim, certos

estímulos o apavoram, como o barulho do liquidificador, e entre outros.

Qualquer criança típica aprende por meio de brincadeiras, com os pais e

todas as pessoas que estão em sua volta. Faz amizades e adquire muitas

habilidades motoras e cognitivas. Simplesmente vivendo ela aprende. Todas

impressões e informações na criança penetram em sua mente pelos seus

sentidos e geram conhecimentos. Já para uma criança autista as coisas não

são bem assim. Existe uma relação diferente entre o cérebro e os sentidos e as

Page 16: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

16

informações nem sempre geram conhecimento. Ao analisarmos todas as

colocações observarmos diversas dificuldades encontradas nesses indivíduos.

Se faz necessário um olhar diferenciado para enxergar a criança além das suas

limitações, não só pelos os profissionais de educação, mas por todos os que

estão a sua volta e de uma forma ou de outra estejam contribuindo para o seu

crescimento.

Page 17: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

17

CAPÍTULO II

O AUTISMO NO CONTEXTO ESCOLAR

O papel da escola é reconhecer a importância da elaboração de estratégias

e planos individualizado para que estes alunos com autismo consigam

desenvolver capacidades para se integrar e interagir com as outras crianças

ditas “normais”. Já a família tem também um papel muito importante, pois é a

responsável por dar atenção, os cuidados, estimular e amar acima de tudo.

Com relação à criança autista na escola, Alves (2010) coloca:

“A escola deve conhecer as características da criança e

prover as acomodações físicas e curriculares necessárias;

treinar os profissionais continuamente e buscar de novas

informações; buscar consultores para avaliar precisamente as

crianças; preparar programas para atender a diferentes perfis

visto que os autistas podem possuir diferentes estilos e

potencialidades; ter professores cientes que inclusive a

avaliação da aprendizagem deve ser adaptada; educadores

conscientes que para o autismo, conhecimento e habilidades

possuem definições diferentes; analisar o ambiente e evitar

situações que tenham impacto sobre os alunos, alterar o

ambiente se for possível; a escola deverá prover todo o suporte

físico e acadêmico para garantir a aprendizagem dos alunos

incluídos” (p.45)

O professor possui uma grande responsabilidade a dar atenção

individualizada e especial, e buscar sensibilizar a turma para entender quem

são e como se comportam esses alunos autistas. É primordial entender que o

ensino é o principal objetivo do trabalho com os autistas. Ensinar coisas

funcionais para a criança autista é a essência de um trabalho adequado e a

persistência é um grande aliado deste objetivo.

É fundamental atender imediatamente toda vez que a criança autista

solicitar e tentar o diálogo, a interação é essencial para esse convívio escolar.

Page 18: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

18

Todo conteúdo programático deve estar de acordo com o potencial de cada

criança autista, de acordo com o seu interesse e sua idade.

A escola necessita promover uma educação inclusiva para melhorar o

ensino e aprendizagem dessas pessoas como diferentes estilos e

comportamentos.

É obrigatoriedade de a escola prover; todo o suporte físico e acadêmico

para garantir a aprendizagem dos alunos incluídos; atividade física regular é

indispensável para o trabalho motor; a inclusão não pode ser feita sem a

presença de um mediador.

Educar uma criança autista é uma experiência que leva o professor a rever

questionar suas ideias e estratégias, educação normalidade e competência

profissional. Torna-se um desafio descrever um impacto dos primeiros contatos

entre este professor e estas crianças tão desconhecidas e na maioria das

vezes imprevisíveis.

É de suma importância a escola e da continuidade nos estudos para uma

criança autista, para que se torne menos dependente, mesmo que isto envolva

várias tentativas, e ela não consiga aprender.

Quando acontecer de chamar uma criança autista e ela não atender, é

necessária ir até ela, pegar sua mão e levá-la para fazer o que foi solicitado.

Sempre que a criança conseguir realizar uma tarefa, ou falar uma palavra, ou

mostrar progresso, é importante reforçar com elogios. Quando o professor

deseja falar com essas crianças deverá segura-se delicadamente no rosto,

direcionando-o para o seu rosto, pois desse modo estará tendo como meta um

desenvolvimento de uma relação baseada em controle, segurança, confiança e

amor.

2.1. O PAPEL DO PROFESSOR NA ESCOLA INCLUSIVA

Os alunos com autismo não devem ser vistos somente a partir de suas

limitações, é preciso um interesse e um conhecimento maior por parte dos

professores sobre essa deficiência. Portanto, a inclusão escolar é um fator

muito importante para o desenvolvimento e aprendizagem dessas crianças,

pois, com isso, elas poderão se socializar e aprender com a interação junto

Page 19: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

19

com os demais, convivendo e aprendendo com as diferenças e descobrindo

que ninguém é igual a ninguém, mas que todos nós somos capazes de

obtermos conquistas. Porém é necessário um olhar além do autismo como

sendo uma síndrome, e sim o indivíduo com suas limitações e potencialidades.

O nível de desenvolvimento da aprendizagem do autista geralmente é lento

e gradativo, portanto, caberá ao professor adequar o seu sistema de

comunicação a cada aluno.

Segundo William:

“ Todo tipo de apoio deve reconhecer que embora o

autismo seja uma parte muito importante do que eu sou, não é

tudo o que eu sou. Pais e profissionais deveriam reconhecer

que não somente nós podemos aprender com eles, mas eles

também podem aprender conosco”. (William Recai, voluntário

no National Autistic Society da Escócia, diagnosticado aos 25

anos.

Inicialmente para que o autista venha desenvolver, ele precisa aprender a

se socializar, pois, assim, conseguirá se superar e aprender com mais

facilidade. Para isso é necessária a convivência com este aluno para descobrir

quais são os seus interesses e as suas capacidades, com isso, trabalhá-las e

fazer disto um incentivo para a sua aprendizagem, investindo sempre em

atividades diversificadas.

A interação com outras crianças de mesma faixa etária proporciona

contextos sociais que permitem vivenciar experiências que dão origem à troca

de ideias. Desta forma, é relevante a convivência de autistas com crianças

normais, pois isso o incentivará a ter um relacionamento afetivo e significativo

com outros indivíduos. Reforçando, na escola o papel de levar a criança a obter

novos conhecimentos e também novos comportamentos, uma vez que a

inclusão pode não só beneficiar o desenvolvimento do autista, mas, também,

pode oportunizar o conhecimento e o crescimento de novas experiências para

as outras crianças, ou seja, elas podem aprender a lidar com as diferenças.

Para melhor entender a importância do professor no desenvolvimento e

inclusão da criança com deficiência, principalmente aquela que tem autismo,

Page 20: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

20

pode-se considerar como um domínio de constante transformação a partir do

amadurecimento de funções cognitivas que futuramente serão consolidadas.

Sendo assim, o professor deve reconhecer o nível de desenvolvimento e

comprometimento intelectual de cada aluno, para então, conduzi-lo a estágios

ainda não alcançados, fazendo com que ele atinja níveis mais avançados de

desenvolvimento real.

De tal modo, a interação professor-aluno é um processo de mão-dupla

interativa, no qual o mediador deve envolver o mesmo em atividades de

resolução de problemas com objetivo de auxiliá-lo a enfrentar as

tarefas/problemas com eficácia e enriquecer os comportamentos visando à

autonomia do aluno em atividades futuras.

2.2 PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM DOS AUTISTAS

Quando falamos no ensino de crianças autistas no contexto educacional, de

fato é bem complicado, pois existe uma série de implicações que não permitem

que a palavra tão falada nos dias atuais “inclusão” seja totalmente vivenciada

em todas as escolas públicas e particulares. São diversas dificuldades

encontradas seja por falta de incentivo e investimentos governamentais, pela

falta de assistência e parceria de todo o corpo pedagógico, e até mesmo pela

falta de formação do professor preparado para lidar com essa situação.

Desse modo compreendemos a angústia de muitos professores ao

receberem a responsabilidade de ensinar crianças autistas. Diante de tantos

contrapontos é vital que o professor busque alternativas que podem ser

encontradas através de um bom planejamento e um material próprio para

promover uma aprendizagem significativa.

Sendo assim, educar uma criança autista é um grande desafio, mas

também um grande privilégio, pois segundo Bereohff “é uma experiência que

leva o professor a rever e questionar suas ideias sobre desenvolvimento,

educação normalidade e competência profissional” (1994, p.11).

É preciso levar em consideração que esses indivíduos com autismo têm um

déficit no Sistema Nervoso que afetam algumas áreas, e dificulta

Page 21: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

21

principalmente sua interação social e seu domínio de linguagem e

comunicação, no entanto as práticas pedagógicas devem ser desenvolvidas

respeitando essas limitações, mas ao mesmo tempo incentivando a superação.

Cabe ao professor ter um olhar sensível para perceber o que de fato

funciona, pois, cada autista é único e nem sempre o que dá certo para um irá

funciona para todos.

Quanto mais significativo para a criança forem os professores, maiores

serão as chances de ela promover novas aprendizagens, ou seja,

independentemente da programação estabelecida, ela só ganhará dimensão

educativa quando ocorrer uma interação entre o aluno autista e o professor.

(SCHWARTZMAN E ASSUNÇÃO JUNIOR, 1995).

No entanto, sabemos que acolher e contribuir com a educação dos autistas,

não é uma tarefa fácil e apenas do educador, a relação professor/aluno é

imprescindível para o ensino-aprendizagem de qualidade.

2.3. A RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA

Toda a estrutura familiar é particularmente um cenário de comunicação e

afetividade entre os membros, da mesma geração ou não, que habitam no

mesmo espaço. A família é o alicerce da construção e do desenvolvimento da

personalidade das crianças, influenciadas pela sua interação direta com os

pais.

Independente da proposta pedagógica, um atendimento consciente não

acontece somente no âmbito escolar. A família do indivíduo com autismo

possui um papel decisivo no seu desenvolvimento. Sabemos que se trata de

famílias que passaram por dores em diversas fases da vida, a partir do

momento da notícia da deficiência, e que percorre durante o processo de

desenvolvimento de seus filhos.

Sabemos que é muito comum a sobrecarga emocional e das tarefas

estarem sobre a mãe do indivíduo. Muitas mulheres costumam deixar de lado

inclusive a vida profissional e/ou acadêmica e passam a viver em função do

filho.

Page 22: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

22

Quando chegar a hora da matrícula da criança portadora de autismo na

escola pode trazer muitas alterações na família, dentre elas a preocupação

com o envolvimento das demais crianças com seu filho autista.

É um dos momentos mais difíceis e problemáticos na vida destas crianças e

de seus familiares. A necessidade de uma articulação entre a família e a

escola, as duas principais instituições de socialização da criança, precisa está

intimamente ligada como objetivo de favorecer uma evolução na vida funcional

do autista.

A família e a escola são os primeiros ambientes que a criança conhece,

sendo, portanto, determinantes para o seu desenvolvimento. A escola é o único

espaço social que divide com a família a responsabilidade de educar. Ela

favorece uma certa transitoriedade entre as diferenças individuais e as

necessidades do grupo, oferecendo ao indivíduo oportunidades de

comportamentos mais socializadores e um desenvolvimento significativo para

vida na sociedade. Vale apena ressaltar o que a lei de Salamanca diz: “o papel

das famílias e dos pais pode ser valorizado se lhes forem transmitidos os

esclarecimentos necessários (Y). Tanto os pais como os educadores podem

(Y) trabalhar em conjunto, como parceiros. ” (Declaração de Salamanca, p.29).

Deste modo, a relação escola/família deve ser uma relação de proximidade,

sendo a participação dos pais fundamental. Sabemos que as responsabilidade

e funções a desempenhar são diferentes, mas no processo educativo todos

temos o nosso papel.

A escola tem também as suas responsabilidades, deve utilizar-se de meios

adequados que permita uma comunicação saudável entre aluno, o professor,

os pais e a comunidade; na sensibilização e apoio aos pais e a comunidade,

que permita o seu envolvimento com vista ao desenvolvimento global do aluno.

As relações interinstitucionais entre a escola, a família e a comunidade, são

consideradas como um conjunto, que influência na aprendizagem das crianças

e reconhece que existem práticas que as escolas, famílias e comunidade

podem realizar de forma separada, mas que outras deverão ser conduzidas em

conjunto com os mesmos objetivos para que ambos saiam ganhando.

Page 23: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

23

Quando o professor dividi a responsabilidade com os pais na educação dos

filhos, fica com a sua tarefa facilitada, pois se o trabalho realizado na escola

tiver continuação em casa, a evolução da criança será mais eficiente. Para Glat

(2004), a compreensão da dinâmica das relações familiares é essencial para a

compreensão do indivíduo especial, e, para que as propostas pedagógicas e

clínicas tenham êxito, é primordial que haja um trabalho paralelo com os

familiares, já que as intervenções promovem efeitos recíprocos em cada um

dos membros.

O processo de intervenção com crianças portadoras de autismo tem que ser

consistente e iguais nos diversos ambientes por onde ela passa, para que seja

mais fácil a sua adaptação a sua independência.

2.4. O CURRÍCULO ESCOLAR

A escola não é apenas um espaço social de aprendizado, de emancipação

ou libertador, mas sim um cenário de socialização de mudança. O currículo

educativo representa a composição dos conhecimentos e valores que

caracterizam um processo social e educacional. Sendo ele responsável pelo

trabalho pedagógico nas escolas.

Segundo Minetto:

Uma escola consegue organizar um currículo inclusivo

quando reconhece a complexidade das relações humanas, a

amplitude e os limites de seus objetivos e ações; quando

entende o ambiente escolar como um espaço relacional que

estabelece laços que contribuem para a formação de uma

identidade individual e social (MINETTO, 2008, p. 32).

O currículo não é caracterizado em um simples processo de transmissão de

conteúdos e conhecimentos. É fundamental que o currículo seja organizado

sempre de maneira a envolver professor-aluno; escola-comunidade; ensino-

aprendizagem. Uma escola inclusiva deve prover um currículo aberto e flexível,

e com objetivos bem definidos, que favoreça um bom desenvolvimento.

Page 24: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

24

É necessário que a escola deixe de ser mero reprodutor de currículos e

programas, para se transformar em responsável pelas escolhas de atividades,

conteúdos ou experiências mais adequadas, que possibilite novas aquisições

de conhecimentos e desenvolvimento das capacidades dos alunos, levando em

consideração suas potencialidades e necessidades.

Page 25: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

25

CAPÍTULO III

COMPREENDENDO MELHOR PARA INCLUIR

A Educação Inclusiva tem por objetivo entender as diferenças,

mantendo-as ativas, tornando-as presentes e utilizáveis para o processo

educativo de todos os alunos. Incluir uma criança na escola regular significa

proporcionar a todos os alunos o aprendizado de conviver com a diversidade,

sem anulá-la. Embora sabemos que a inclusão que idealizamos não é a

mesma que acontece na prática.

“A Inclusão não é simplesmente levar uma criança com deficiência a

frequentar o ensino regular. A inclusão é uma conquista diária para a escola,

para a criança e para seus pais. Todo dia é um dia novo na inclusão (FACION,

2009, p. 203).”

Para que aconteça a inclusão de fato no ensino regular, é importante

sensibilizar os alunos, a escola, a comunidade e todos profissionais envolvidos

nesse processo, transmitindo informação acerca desse assunto.

Segundo Mantoan

A educação inclusiva deve ser entendida como uma

tentativa a mais de atender as dificuldades de aprendizagem de

qualquer aluno no sistema educacional e com um meio de

assegurar que os alunos, que apresentam alguma deficiência,

tenham os mesmos direitos que os outros, ou seja, os mesmos

direitos dos seus colegas escolarizados em uma escola regular.

Mantoan (2003, p. 97):

Segundo Mazzotta (1996) a preocupação com a educação das pessoas

portadoras de necessidades especiais no Brasil é recente, tendo se iniciado

efetivamente no século XIX inspirado em experiências norte-americanas e

europeias. O histórico pode ser dividido em quatro grandes períodos, a saber:

*Graduada em Normal Superior pela Universidade Professor Antônio

Carlos-Campus; Leopoldina-MG. Pós-graduanda em Supervisão, Orientação e

Inspeção Escolar pela Faculdade Cristo Redentor.

Page 26: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

26

Até 1854 os portadores de deficiências de qualquer natureza – física,

mental ou sensorial – eram excluídos tanto da família como da sociedade,

sendo acolhidos em asilos e instituições de cunho filantrópico e/ou religioso.

Não raro passavam ali toda a sua vida sem receber nenhum atendimento

especial de modo a torná-los produtivos. Entre 1854 e 1956 foi marcado pelo

gradual surgimento de algumas escolas especiais de caráter privado, com

ênfase no atendimento clínico especializado. Neste período a sociedade

começava a compreender que os deficientes poderiam ser produtivos, e o

atendimento foi migrando lentamente do âmbito da saúde para o da educação.

De 1957 a 1993 constituiu-se em um período marcado por ações oficiais de

âmbito nacional. A educação especial se estabeleceu como sendo uma

modalidade de educação escolar, que assegurava um conjunto de serviços

educacionais especiais, organizados nas diferentes instituições de ensino,

sendo: apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os

serviços educacionais comuns. O objetivo era de garantir o acesso a educação

escolar formal e desenvolver as potencialidades dos alunos. Em 1990, com a

participação do Brasil na Conferência Mundial sobre Educação para Todos na

cidade de Jomtien, na Tailândia, se estabeleceu os primeiros ensaios da

política de educação inclusiva. E desde 1994, a concepção de educação

inclusiva substituiu definitivamente o conceito de educação especial com base

na Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), que ampliou o conceito de

necessidade educacional especial e defendeu a necessidade de inclusão dos

alunos especiais no sistema regular de ensino, tendo por princípio uma

“Educação para Todos”. A proposta da educação inclusiva se baseia na

adaptação curricular, realizada através da ação de uma equipe multidisciplinar

que oferece suporte tanto ao professor quanto ao portador de necessidades

especiais, por meio do acompanhamento, estudo e pesquisa de modo a inseri-

lo e mantê-lo na rede comum de ensino em todos os seus níveis. A

concretização da escola inclusiva baseia-se na defesa de princípios e valores

éticos, nos ideais de cidadania e justiça, para todos, em contraposição

Aos sistemas hierarquizados de inferioridade e desigualdade. Para

SASSAKI (1997, p. 41) inclusão é um processo pelo qual a sociedade se

adapta para poder incluir em seus sistemas sociais gerais pessoas com

Page 27: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

27

necessidades especiais e, simultaneamente, estas se preparam para assumir

seus papéis na sociedade. Incluir é trocar, entender, respeitar, valorizar, lutar

contra exclusão, transpor barreiras que a sociedade criou para as pessoas. É

oferecer o desenvolvimento da autonomia, por meio da colaboração de

pensamentos e formulação de juízo de valor, de modo a poder decidir, por si

mesmo, como agir nas diferentes circunstâncias da via.

A educação inclusiva diz respeito ao direito à educação e, conforme

Monteiro (2004) deve buscar-se em princípios tais como: a preservação da

dignidade humana, a busca de identidade e o exercício de cidadania. Segundo

Macedo (2005), é preciso refletir sobre os fundamentos da educação inclusiva,

procurar saber e repensar o modo de funcionamento institucional, hoje pautado

na lógica da exclusão em favor da inclusão. Conforme consta na Cartilha da

Inclusão dos Direitos das Pessoas com deficiência, para se ter realmente uma

escola democrática, é preciso criar uma nova ordem social, pela qual todos

sejam incluídos no universo dos direitos e deveres. (GODOY, 2000) Segundo

Mantoan (2005) para haver um projeto escolar inclusivo são necessárias

mudanças nas propostas educacionais da maioria das escolas, uma nova

organização curricular idealizada e executada pelos seus professores,

diretores, pais, alunos e todos os que se interessam pela educação na

comunidade onde está a escola. Pietro (2006), a inclusão é uma possibilidade

que se abre para o aperfeiçoamento da educação escolar e para o benefício de

todos os alunos.

Com e sem deficiência; ensinar é marcar um encontro com o outro, e a

inclusão escolar provoca, basicamente, uma mudança de atitude diante do

outro, esse que é alguém especial e que requer do educador ir além. Construir

um projeto político pedagógico, numa perspectiva de escola inclusiva exige,

portanto: reorientar radicalmente o currículo em todos os seus aspectos, desde

a organização das turmas, a escolha de cada professor ou professora para

cada grupo de alunas, a horários de aula, a seleção de conteúdos culturais que

na escola ganham o nome de conteúdos pedagógicos, a escolha dos materiais

didáticos, das metodologias e didáticas ao tipo de relações que se dão na sala

de aula e no espaço fora da sala de aula, a relação da escola com as famílias

das alunas e com a comunidade circundante e, até a repensar a avaliação em

Page 28: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

28

suas consequências na vida das alunas. A reorientação curricular leva a um

novo projeto político-pedagógico orientado por uma visão intercultural que

acolha todas as etnias, contribuindo assim para que a escola se torne

efetivamente uma escola inclusiva, sintonizada com um projeto de sociedade

mais democrática e, portanto, excludente. (GARCIA, 2003) Freire (1997) uma

das virtudes do educador democrático é saber ouvir as diferentes vozes com

suas linguagens específicas, construídas a partir de um contexto sociocultural,

o que implica em saber silenciar, em estar imerso na experiência histórica e

concreta dos educandos, mas nunca imerso de forma paternalista, de modo a

falar por eles mais do que verdadeiramente ouvi-los.

A inclusão de estudantes com deficiência no sistema regular de ensino está

baseada nessa perspectiva de educação para todos, pois, ao serem feitas

adaptações pedagógicas para um aluno que tenha algum tipo de deficiência,

leva-se em conta distintas formas de aprender e de ensinar. Pensando em

como realizar da melhor maneira as práticas inclusivas para essas pessoas, de

forma a desenvolver suas potencialidades, busca-se também a qualidade do

ensino para todos os estudantes, independentemente de terem ou não

deficiência. O uso de estratégias de ensino adequadas a diferentes tipos de

necessidades específicas de aprendizagem só vem a contribuir para o

desenvolvimento de todos os estudantes envolvidos no processo, ou seja,

indivíduos com diferentes deficiências ou necessidades educacionais

específicas, de diferentes origens socioeconômicas e contextos culturais

distintos, com habilidades igualmente distintas entre si, poderão beneficiar-se

de estratégias didático-metodológicas heterogêneas; afinal, em uma escola

cada vez mais plural e democrática, não se pode supor que exista uma única

forma de ensinar e aprender.

3.1. ESCOLA INCLUSIVA X ESCOLA ESPECIAL

Podemos dizer que no século XV e XVII os deficientes eram tratados como

doentes e eram internados em manicômios e orfanatos, somente no final do

sec. XVIII e início do sec. XIX, começou a institucionalização da Educação

especial.

Page 29: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

29

Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos de necessidades

especiais o:

Recursos educativos com especificidades próprias para cada necessidade,

técnicas, métodos e currículos.

A inclusão parte do princípio que devemos entender que é para todos e de

todos, sem distinção alguma.

Etnia, sexo, religião, patologias, síndromes, transtornos, enfim, visa o

convívio, acolhimento de todos e assim entender diferenças que existem entre

todos independente de qualquer coisa

A Educação Especial é direcionada ao atendimento a pessoas com

deficiência, transtornos, síndromes, patologias em instituições especializadas

para atenderem determinadas necessidades.

Tendo uma equipe multidisciplinar para garantir tal atendimento.

Antes de mais nada, precisamos repensar nossas atitudes, hábitos,

posturas e buscar conhecimento para verdadeiramente termos uma inclusão

efetiva, ou seja, de todos e para todos.

Podemos dizer que as escolas especiais eram voltadas há objetivos

isolados e como característica a intenção do que propriamente dita ação.

A discursão sobre o tema inclusão escolar aqui no Brasil começou

efetivamente na década de 90.

Onde passou-se a fomentar-se entre estudiosos da área a nossa inclusão

nas escolas públicas e privadas.

E ainda hoje temos muito caminho a percorrer entre a intenção e a ação em

nossas escolas brasileiras de fato.

Como de fato somos seres inacabados, que aprendemos o tempo todo,

construindo e descontruindo saberes, a partir do que temos, do que

aprendemos com as trocas, com o outro, independentemente se é branco,

preto, roxo, patologias, etnias e credo.

“O homem, na sua essência, é um ser inacabado, num processo contínuo

de vir a ser, mediado pelo acesso às interações sociais” (GADOTTI, 1999,

p.44)

Nesse grande processo as escolas tiveram que se adequarem as

exigências estabelecidas pelo MEC.

Page 30: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

30

A nossa LDB 9.394/96 vem reforçar a obrigação e expressa alguns avanços

como:

A extensão da oferta da Educação Especial com faixa etária de zero à seis

anos; o intuito é melhorar as qualidades de serviços ao atendimento à

diversidade dos alunos.

Entretanto devemos salientar que os serviços especificados pela lei, ainda

está muito longe de serem alcançados, porem devemos enfatizar que a

integração social desses alunos foi uma conquista.

Segundo Cury (1997),

Toda Lei nova carrega algum grau de esperança, mas carrega

alguma forma de dor, já que nem todos os interesses nela

previamente depositados puderam ser satisfeitos. Esta lei, de

modo especial, registra as vozes que, de modo dominante, lhe

deram vida. Mas registra, também, vozes recessivas umas,

abafadas outras, silenciosas tantas, todas imbricadas na

complexidade de sua tramitação. Por isso a leitura da LDB não

pode prescindir desta polifonia presente na Lei, polifonia nem

sempre afinada, polifonia dissonante.

A Lei de Diretrizes e Bases Nº 9394/96, artigos 58, 59, 60 propõe que todas

as crianças têm direitos iguais. (Anexo). É direito das crianças com

necessidades especiais sejam incluídas nas escolas regulares de ensino,

sejam elas públicas ou particulares. Dessa forma, as escolas ou instituições

especiais devem atuar como coadjuvantes no processo educacional dessas

crianças, visto que, incluir é lei, recusar um aluno portador de necessidades

educativas especiais é crime. É preciso desenvolver nas escolas regulares um

trabalho educacional bem planejado, onde o educador visa o melhor e mais

aceitável método para o desenvolvimento deste aluno.

Essa nova proposta de um sistema educacional inclusivo passa, então, a

ser transformado enquanto processo de reflexão e prática, que viabiliza

grandes mudanças conceituais e pedagógicas, tornando coerente o propósito

de oferecer o direito de todos à educação, assegurado pela LDB e Constituição

Federal.

Page 31: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

31

Muito se tem discutindo sobre esse novo paradigma da inclusão escolar,

porém essa concepção de inclusão para algumas pessoas passa longe da

ideal, pois sabe-se que ainda hoje é negada a matricula desses alunos nas

escolas, ou essas crianças estão inseridas nas salas de aulas, porém excluídas

no contexto escolar devido as suas limitações. Percebe-se que o professor

sozinho, qualificando-se, refletindo sua prática e buscando constante

atualização, dificilmente alcançará o ideal de uma educação emancipatória e

mais adequada às exigências atual, é preciso trabalhar como um sistema

flexível e com metas e objetivos comuns a todos os envolvidos nesse processo.

Portanto a lei assegura a inclusão para todos, e cabe a sociedade prover

as condições de acessibilidade necessárias a fim de possibilitar esses

indivíduos com deficiência viverem de forma independente.

Sabe-se que no Brasil existe os órgãos e as leis que assegura os diretos

dessas pessoas com deficiência. Portanto, ainda é precário o atendimento no

âmbito pedagógico e nas mais diversas áreas que permite a essas pessoas

uma qualidade vida.

De fato, todos devem fazer parte, do Sistema Educacional inclusivo onde

deve ser proibido a utilização de práticas discriminatórias para que se garanta

igualdade de oportunidades. Todos os alunos têm o direito de frequentar a

escola regular onde existe diversidade que devem ser valorizadas, e a

construção de aprendizagem deve ser oferecida a todos, no mesmo espaço

escolar com oportunidades iguais.

Desse modo a educação inclusiva torna-se um direito inquestionável e

incondicional, e está aí para romper com todos os preconceitos e paradigmas

da sociedade.

Quando se fala de uma sociedade inclusiva, pensa-se naquela que valoriza

a diversidade humana e fortalece a aceitação das diferenças individuais. É

dentro dela que se aprende a conviver, contribuir e construir juntos um mundo

de oportunidades reais (não obrigatoriamente iguais) para todos.

Concretizar a inclusão é um grande desafio já que envolve mudanças na

concepção de sociedade, de indivíduos, de educação e de escola. Mudar

concepções já enraizadas não é uma tarefa fácil, principalmente quando as

Page 32: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

32

mudanças vão favorecer pessoas que foram excluídas e injustiçadas na

sociedade e consequentemente na escola.

3.2. INCLUSÃO/ EXCLUSÃO/ SEGREGAÇÃO

A exclusão social vem desde a antiguidade, onde mulheres, estrangeiros

e deficientes que era considerado fora do que é normal pela sociedade eram

excluídos, porém naquela época era tido como normal. Esse acontecimento era

resultado de um processo histórico de construção de valores morais por parte

das diferentes culturas.

Dessa forma essas pessoas, passaram então, do lugar de excluídas

para ocuparem a posição de segregadas. Pois ainda tinha a concepção de que

as pessoas com deficiência poderiam oferecer algum perigo para a sociedade,

sendo então estes indivíduos isolados em instituições segregadoras.

Sabemos que a escola pode ter um papel fundamental na construção de

valores que auxiliam os membros da sociedade a pautar sua vida pessoal e

coletiva no respeito pelas diferenças, provocadas de exclusão, e da

segregação, criando condições para que haja principalmente mais tolerância na

vida em sociedade.

A inclusão tem como base a igualdade para que todos os alunos têm o

direito de frequentar a escola regular, onde toda diversidade deve ser

valorizada, sendo a aprendizagem oferecida e construída com todos e para

todos. Segundo Mantoan (2003) “Inclusão é o privilégio de conviver com as

diferenças”, ou seja, é a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e,

assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de

nós. A educação inclusiva abrange todas as pessoas, sem exceção. Desde o

estudante com deficiência física, para os que têm comprometimento mental,

para os superdotados, e para todas as crianças que é discriminada por

qualquer outro motivo ou limitações não aparentes.

Ser incluído não significa que precisa ser igual ou semelhante aos

demais aos quais se agregou ou estão juntos. Se trata de uma sociedade

inclusiva, aquela que pensa, que valoriza a diversidade humana e que fortalece

Page 33: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

33

a aceitação das diferenças individuais, construindo princípios e valores em

conjunto e igual para todos.

3.3. INTEGRAÇÃO/ INCLUSÃO

São palavras bem parecidas, porém com significados bem diferentes, quando

se fala em integração está relacionado a está presente, está inserido, onde abrange

apenas uma parte desses alunos com necessidades especiais, os quais estavam

“aptos” para serem integrados na escola regular buscando apenas normatização.

Para Mantoan a integração, para ser entendida, precisa de uma metáfora que diz que:

[...] integração escolar, cuja metáfora é o sistema de cascata, é

uma forma condicional de inserção em que vai depender do

aluno, ou seja, do nível de sua capacidade de adaptação às

opções do sistema escolar, a sua integração, seja em uma sala

regular, uma classe especial, ou mesmo em instituições

especializadas. Trata- se de uma alternativa em que tudo se

mantém, nada se questiona do esquema em vigor”.

(MANTOAN, 1997, p. 8).

Como Mantoan define na citação acima, se caracteriza a integração

escolar sendo o sistema de cascata, onde cada aluno precisa segui-lo, sem

jamais leva em consideração a individualidade.

O conceito de inclusão é bem mais abrangente do que simplesmente a

integração, pois ela é mais radical, completa e sistemática. E vai muito além

do simples fato de esta inserido, refere-se à vida social e educativa, e todos

eles devem ser incluídos nas escolas regulares e não somente implantados

dentro de um único sistema.

Essas escolas inclusivas propõem um novo modo de se pensar e

constituir o sistema educacional, que leva em consideração as necessidades

de todos os alunos, e que se estrutura em função dessas necessidades. O

principal papel da inclusão é causar uma mudança de perspectiva educacional,

pois não se limita a ajudar somente os alunos com necessidades especiais,

Page 34: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

34

dessa forma torna-se uma via de mão dupla onde todos ensinam aprendem

juntos.

Mantoan acrescenta que:

[...] inclusão se concilia com uma educação para todos e com

um ensino especializado no aluno, mas não se consegue

implantar uma opção de inserção tão revolucionária sem

enfrentar um desafio ainda maior: o que recai sobre o fator

humano. Os recursos físicos e os meios materiais para a

efetivação de um processo escolar de qualidade cedem sua

prioridade ao desenvolvimento de novas atitudes e formas de

interação na escola exigindo mudanças no relacionamento

pessoal e social e na maneira de se efetivar os processos de

ensino e aprendizagem. (MANTOAN, 1997, p. 8-9)

Para efetivação da inclusão, se faz necessário que ocorram algumas

mudanças tanto nas práticas pedagógicas do professor, quanto da estrutura

física do espaço onde a criança esteja inserida, pois elas necessitam de

espaços adequados, de recursos pedagógicos específicos e professores

qualificados. Percebe-se ainda que, o trabalho para a inclusão desses alunos

com necessidades especiais nas escolas regulares necessita de grandes

avanços em todos as áreas para que a inclusão venha acontecer de fato.

Page 35: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

35

CONCLUSÃO

Pode-se afirmar que são muitos desafios encontrados no indivíduo

portador do espectro autista, mas sabemos também que de acordo com o grau

de comprometimento de cada autista, existe uma grande possibilidade de eles

conseguir desenvolver comunicação verbal, integração social, ser alfabetizado,

dependerá muito da intensidade e adequação do tratamento. Portanto, superar

a barreira que isola o indivíduo autista do mundo “normal” não é um trabalho

fácil rápido e impossível. Esses indivíduos, apesar de ter suas dificuldades,

conseguem aprender os padrões de comportamento aceitos pela sociedade,

adquirir conhecimento e integrar-se na sociedade sendo um agente

transformador da sua própria história. Desse modo o papel da escola é

indispensável e de caráter transformador para a vida desses indivíduos.

Sabe-se também que a inclusão é um processo que precisa ser aceito,

principalmente pela sociedade, para que possa realmente acontecer é preciso

que haja um comprometimento com todos que estão em volta, a família e a

escola necessita está intimamente ligada e com os mesmos objetivos, pois só

através da educação poderemos derrubar os preconceitos e entraves que

abordam o desenvolvimento da cidadania garantindo o direito igualdade para

todos.

Page 36: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

36

ANEXO

LDB 9.394/96 – LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO

Capítulo V da Educação Especial

Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a

modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular

de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do

desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. (Redação dada pela Lei

nº 12.796, de 2013)

§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na

escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação

especial.

§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou

serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos

alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino

regular.

§ 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem

início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.

Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com

deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou

superdotação: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)

I - Currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização

específicos, para atender às suas necessidades;

II - Terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível

exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas

deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar

para os superdotados;

Page 37: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

37

III - Professores com especialização adequada em nível médio ou

superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino

regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns;

IV - Educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração

na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não

revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante

articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que

apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou

psicomotora;

V - Acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais

suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.

Art. 59-A. O poder público deverá instituir cadastro nacional de alunos

com altas habilidades ou superdotação matriculados na educação básica e na

educação superior, a fim de fomentar a execução de políticas públicas

destinadas ao desenvolvimento pleno das potencialidades desse

alunado. (Incluído pela Lei nº 13.234, de 2015)

Parágrafo único. A identificação precoce de alunos com altas habilidades

ou superdotação, os critérios e procedimentos para inclusão no cadastro

referido no caput deste artigo, as entidades responsáveis pelo cadastramento,

os mecanismos de acesso aos dados do cadastro e as políticas de

desenvolvimento das potencialidades do alunado de que trata o caput serão

definidos em regulamento.

Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão

critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos,

especializadas e com atuação exclusiva em educação especial, para fins de

apoio técnico e financeiro pelo Poder Público.

Parágrafo único. O poder público adotará, como alternativa preferencial,

a ampliação do atendimento aos educandos com deficiência, transtornos

globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na própria

Page 38: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

38

rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições

previstas neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)

Page 39: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

AUTISMO: guia prático/ Mello, Ana Maria S. Ros de; colaboração: Marialice de

Castro Vatavuk_ 6. Ed._ São Paulo: AMA; Brasília: CORDE,2007

ASSOCIAÇÃO DE AMIGOS AUTISTAS (AMA).

Disponível em: http://www.ama.org.br/html/home.php

HIGASHIDA, NAOKI o que me faz pular; tradução Rogério Durst. I. ed. –Rio de

Janeiro: Intrínseca, 2014.

INDAGAÇÕES SOBRE CURRÍCULO. Currículo, conhecimento e cultura.

Ministério da Educação, 2008.

FERREIRA, Maria E. C.; GUIMARÃES, Marly. Educação inclusiva. Rio de

Janeiro: DP&A editora, 2003.

Site consultado:

http://www.pedagobrasil.com.br/educacaoespecial/inclusaoescolar

Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva

Brasília: Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial, 2008.

Disponível em:

http://www.portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf

Revista, Autismo; ed. Alto astral; ano 2 N° 3 – 2015

http://www.revistaautismo.com.br

Page 40: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

40

BIBLIOGRAFIA CITADA

BEREOHFF, Ana Maria P; LEPPOS, Ana Lúcia E FREIRE, Helena

Vasconcelos. Considerações Técnicas sobre o atendimento psicopedagógico

do aluno portador de condutas típicas da síndrome do autismo e de psicoses

infanto-juvenis. Brasília: ASTECA, 1994.

CURY, Carlos Roberto Jamil. Flexibilidade e avaliação na LDB. In Seminário o

que muda na educação brasileira com a nova Lei de Diretrizes e Bases? Anais.

São Paulo, 1997. São Paulo, FIESP/SESI/SP/SENAI/SP, 1997, p. 13-31.

DECLARAÇÃO DE SALAMANCA Sobre Princípios, Políticas e Práticas na

Área das Necessidades Educativas Especiais. Disponível em:

http://www.portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf

FACION, José Raimundo et al. Inclusão escolar e suas implicações. 2. ed.

Curitiba: 2009.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. 34. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,

1997. 148 p. GARCIA, Regina L. Desafios de uma escola que tenta incluir

numa sociedade excludente. In: Seminário Internacional Educação Intercultural,

Gênero e Movimentos Sociais, 2, 2003, Florianópolis SC, 2003. Anais...

Florianópolis, 2003.

GAUDERER, E. C. (org.). Autismo e outros atrasos do desenvolvimento: guia

para pais e professores. Rio de Janeiro: REVINTER, 1997.

GADOTTI, Moacir 1999. Paulo Freire- da ‘pedagogia do oprimido à

‘ecopedagogia’. Cadernos Pensamento Paulo Freire. São Paulo. Instituto Paulo

Freire.

GLAT, R. & DUQUE, M. A. T. A integração social dos portadores de

deficiências: uma reflexão. Rio de Janeiro: Editora 7 Letras, 2004.

Page 41: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

41

GODOY, Andréa et al. Cartilha da inclusão dos direitos das pessoas com

deficiência. Belo Horizonte: PUC Minas, 2000 GÓES, Maria Cecília Rafael.

LAPLANE, Adriana Lia Frizman de. (Org.) políticas e práticas da educação

inclusiva. São Paulo: Autores Autorizados, 2004.

LDB 9.394/96 – LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO; Capítulo V

da Educação Especial; Art. 58; Art. 59; Art. 59-A; Art. 60.

MACEDO, Neusa Dias de. Biblioteca escolar brasileira em debate: da memória

profissional a um fórum virtual. São Paulo: Senac, 2005. 446 p. MANTOAN,

Maria Tereza Eglêr. Inclusão escolar: o que é? por quê? Como fazer?. São

Paulo: Moderna, 2005.

MANTOAN, Maria Tereza. Inclusão escolar: o que é? Por quê? Como fazer?

São Paulo: Moderna,2005.

MANTOAN, M. T. E. (1997) A Inclusão Escolar de Deficientes Mentais:

contribuições para o Debate. In. Revista Integração, Brasília.

MELERO, M. L. Diversidade e cultura: uma escola sem exclusões. Espanha:

Universidade de Málaga, 2002.

MINETTO, Maria de Fátima. Currículo na educação inclusiva: entendendo esse

desafio. 2. ed. rev. atual. ampl. Curitiba. Ibpex. 2008.

MONTEIRO, Mariângela da Silva. Resinificando a educação: a educação

inclusiva para seres humanos especiais. Disponível em:

<www.educacaoonline.pro.br>. Acesso em 2004.

SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos.

Rio de Janeiro: WVA, 1997.

Page 42: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

42

SCHWARTZMAN, José Salomão; ASSUMPÇÃO JR, Francisco Baptista.

Autismo infantil. São Paulo: 1995.

WING, LORNA (1979); Alves, M.M.C.; Lisboa, D.O. (2010) Autismo e Inclusão

Escolar.

Page 43: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

43

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 SUMÁRIO 05 INTRODUÇÃO 06

CAPÍTULO I ASPECTOS CLÍNICOS E HISTÓRICOS DO AUTISMO, COMUNICAÇÃO E

LINGUAGENS DE CRIANÇAS AUTISTAS. 09

1.1. Sobre a síndrome do autismo 10 1.2. A tríade de perturbações do Espectro Autista 11 1.2.1.Interação Social 12

1.2.2. Comunicação e Linguagem 12

1.2.3. Comportamento e Pensamento 13

1.3. Linguagem e comunicação dos autistas 14

1.4. Características do autismo 15

CAPÍTULO II O AUTISMO NO CONTEXTO ESCOLAR 17 2.1.O Papel do professor na escola inclusiva 18 2.2. Processo de ensino aprendizagem dos autistas 20

2.3. A Relação família e escola 21 2.4. O Currículo escolar 23 CAPÍTULO III COMPREENDENDO MELHOR PARA INCLUIR 25 3.1. Escola inclusiva X Escola especial 30 3.2. Inclusão/ Exclusão/ Segregação 32

3.3. Integração/ Inclusão 33

CONCLUSÃO 35 ANEXO 36 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39

Page 44: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

44

BIBLIOGRAFIA CITADA 40 ÍNDICE 43

Page 45: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Houve também outro artigo publicado em 1944, pelo médico Hans Asperger, com o título Psicopatologia Autística da Infância,

45