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SALVADOR SÁBADO 18/11/2017 4 2 CRÔNICA DO O FLIN do Henfil Jaguar Cartunista De novo me chamaram para o Flin (Festival Literário de Na- tal). Desta vez sem Célia por causa do Fecripa (Festival de Crises que Assolam o País). To- pei porque o cachê dava para estocar cerveja sem álcool por um bom período. Ao contrário de alguns vinhos, viajo bem. Da decolagem ao desembar- que costumo dormir como um vegetal . Deixei de ter medo de voar depois que me convenci de que avião onde estou não cai. Em meados do século pas- sado voar era bem mais char- moso. As pessoas se arruma- vam como se fossem a uma festa de casamento. Nesta via- gem, meu vizinho de poltrona, todo tatuado, estava de cami- seta , bermuda rasgada e chi- nelo de dedo. Quando comecei a cochilar, a aeromoça me ofe- receu um pacotinho de biscoito e um copo d´água, brinde da Gol. Impossível não lembrar da Varig, comprada pela Gol. O ser- viço de bordo era considerado um dos melhores do mundo. Perfumes franceses no lavabo, cardápio assinado pelo legen- dário Barão Von Stuckart, dono da Vogue, a casa noturna mais sofisticada que o Rio já conhe- ceu. O carro chefe era o pica- dinho de sua criação, sempre imitado, nunca igualado: carne cortada na faca ovo poché, arroz misturado com milho, ervilhas e farofa. E outras iguarias nunca vistas em terras e ares do Brasil. Para beber, Scotch doze anos e Veuve Clicquot. Mas tergiverso: dois terços de crônica e ainda não desembarquei em Natal. Henfil Ivan Cosenza, filho de Henfil, e que participaria da mesma mesa que eu, estava no voo. Há quarenta anos ele não vol- tava a Natal e não se lembrava ondetinhamorado.Tampouco eu, que me hospedei na casa do seu pai pouco antes da fa- mília se mudar para São Paulo. Quem matou a charada foi o quadrinhista (que também participou da mesa) Claudio Oliveira (hoje radicado em São Paulo): “Na ocasião, estáva- mos os dois hospedados na casa do Henfil, na Ponta do “Fiquei impressionado com o interesse da moçada em ouvir o que tínhamos a contar sobre Henfil” OS DESPOSSUÍDOS / URSULA K. LE GUIN Alegoria da Guerra Fria, este clássico da FC volta em nova edição. A americana Le Guin, a mais premiada escri- tora de ficção científica e fantasia, cria aqui um conflito entre dois planetas de perfis di- ferentes, que buscam colonizar um terceiro, de perfil mais anar- quista. Política e filo- sofia no espaço. Ale- ph/ 384 p./ R$ 49,90 ARMÁRIO DE LETRAS DESAPLANAR / NICK SOUSANIS Professor da Universi- dade Estadual de São Francisco, o quadrinis- ta Nick Sousanis lança nesta graphic novel (não-fictícia) um desa- fio intelectual ao pro- por que o pensamento visual pode ser tão efi- ciente quanto a escrita para a sociedade con- temporânea. Uma sur- preendente e premia- da exploração filosó- fica em HQ. Veneta/ 208 p./ R$ 84,90 O CASAMENTO / VICTOR BONINI Aos 24 anos, o paulista Victor Bonini lança seu segundo romance po- licial. Crimes aconte- cem em um sítio du- rante cerimônia de ca- samento, e serão in- vestigados por Lyra, detetive amigo do pai da noiva. Muitas revi- ravoltas e sangue es- pirrando em uma tra- ma de muito suspen- se. Faro Editorial/ 368 p./ R$ 49,90 NA PLATEIA DO MUNDO / SÁBATO MAGALDI A obra traz um conjun- to dos textos para jor- nais que o crítico tea- tral Sábato Magaldi escreveu sobre as montagens que teve a oportunidade de ver no exterior e no Brasil. Organizado por Edla van Steen, traz um pa- norama de grande profundidade. Glo- bal/472 pags/R$ 59/ www.globaledito- ra.com.br O COLETOR DE ESPÍRITOS / RAPHAEL DRACCON No novo romance de Raphael Draccon, Gualter Handam, an- tigo morador do vila- rejo, se vê obrigado a retornar ao local que povoa seus pesadelos. Depois de tantos anos, ele terá de encarar an- tigos fantasmas e en- frentar uma força des- conhecida e furiosa Rocco/ 272págs/ R$ 34, 90/www.roc- co.com.br TENSÕES E EXPERIÊNCIAS: UM RETRATO DAS TRABALHADORAS DOMÉSTICAS DO BRASIL/ NATALI MORI (ORGANIZAÇÃO) O livro se debruça so- bre uma das profis- sões mais antigas: o trabalhador (a) do- méstico (a), com o ob- jetivo de contribuir pa- ra elaboração e apri- moramento de políti- cas públicas Centro Fe- minista de Estudo e As- sessoria/ 231 págs/ www. cfemea.org.br AMAR É UMA CONEXÃO DISCADA /SAULO DOURADO O escritor e professor Saulo Dourado narra um relacionamento à distância na era da in- ternet discada, entre Caio e Vitória. Em ple- no início dos anos 2000, os dois vivem as delícias e aflições de bate-papos no IQC, correntes no e-mail e fotos no MSN, ao som de Los Hermanos. FB Publicações/ 80 pági- nas/R$ 35 CORTEJO O projeto acontece sempre às sextas-feiras, às 19h, até o fim do verão Personagens de Jorge Amado passeiam pelas ruas do Pelô ROBERTO AGUIAR Quem passa pelas ruas e la- deiras do Pelourinho nas noi- tes de sexta-feira tem um en- contro inesperado com perso- nagens da obra do maior es- critor baiano. O espetáculo musical Circuito Jorge Amado é uma das ações do Pelourinho Dia e Noite 2017, projeto da Prefeitura de Salvador, que tem como objetivo dar vida ao Centro Histórico da capital baiana. A encenação percorre pon- tos importantes do centro an- tigo. São seis cenas criadas a partir dos livros Gabriela Cravo e Canela (1958), A Morte e a Morte de Quincas Berro D´Água (1959), O Compadre de Ogum (1964), Tenda dos Milagres (1969) e Dona Flor e seus Dois Maridos (1976). O cortejo começa com o Ve- lório de Quincas Berro D’Água, no Largo do Pelourinho, às 19h, e se encerra no Cabaré da Zazá, na Cantina da Lua, no Terreiro de Jesus, às 21h. Quem viu de perto, adorou a ideia. “Gostei bastante, não esperava encontrar o cortejo. Acompanhei tudo. Deixou um gostinho de quero mais. Agora vou aos livros, ler Jorge Ama- do”, disse Gabriel Sodré, mo- rador de Goiânia (GO), a pas- seio por Salvador. A universitária Adriana Cos- ta também elogiou o cortejo. “Sempre venho aqui. Gostei muito do cortejo. A gente se vê no espetáculo. Iniciativas co- mo essa permitem que mais pessoas venham visitar o Cen- tro Histórico, valorizar a nossa história”, afirmou. Homenagem “Jorge Amado representa a Ba- hia. Seus personagens mais populares foram inspirados no universo do Centro Histórico. Nada mais interessante que trazê-los para a dinâmica do dia a dia do Pelourinho. É uma homenagem ao nosso escritor maior”, ressalta Eliana Pedro- so , diretora de gestão do Cen- tro Histórico da Secretaria Mu- nicipal de Cultura e Turismo (Secult). “O cortejo é o encontro da literatura, teatro e música pe- las ruas do centro antigo. Cau- sa impacto no público pela multiplicidade linguística, que é parte da concepção de todo o projeto”, frisa Eliana. O Circuito Jorge Amado vai ocupar as ruas do Pelô até o final do verão. O projeto tem a direção de Edvard Passos, tri- lha sonora de Gerônimo San- tana, direção musical de Lucia- no Bahia, elenco de atores baianos e participação da Cia de Dança Tradições. CIRCUITO JORGE AMADO - MUSICAL DE RUA / TODAS ÀS SEXTAS-FEIRAS, ATÉ FINAL DE DEZEMBRO, ÀS 19H, NO LARGO DO PELOURINHO / GRATUITO SOB A SUPERVISÃO DA EDITORA MÁRCIA MOREIRA Anderson Moreira / Divulgação Gabriela, personagem de Jorge Amado que saiu dos livro para TV e o cinema, caminha e dança feliz pelas ruas do Pelourinho Morcego. Até hoje me lembro: ele, com aquele jeito de tutor, mandava a gente dormir às 10 da noite. Mas Jaguar, quando a casa silenciava, fugia pela janela e ia para os bares da praia dos Artistas. Uma vez, acordei antes da seis da manhã e ele estava chegando”. O pior é que Henfil nos fazia levantar às 7 da manhã para caminhar na praia e o eu mal me aguen- tava nas pernas. Fiquei impressionado com o interesse da moçada que lotou totalmente o auditório – que não era pequeno – para ouvir o que tínhamos a contar sobre Henfil, falecido antes deles nascerem. Da mesa também participavam André Dahmer (da Folha e do Globo, Claudio Oliveira, quadrinhista poti- guar radicado em São Paulo, e Woden Madruga, cronista da Tribuna do Norte). E olha que, numa tenda ao lado, se apre- sentava o genial Antônio Nó- brega, homenageando o não menos genial Ariano Suassu- na. Bateu inveja: o prefeito, Carlos Eduardo Alves deu a maior força ao Festival, en- quanto Crivella, que odeia o Rio, corta no que pode as ver- bas da Cultura. O cartunista Henfil influenciou uma geração de cartunistas potiguares, como Claudio Oliveira, Roberto Solino e Manuel Vaz Claudio Oliveira / reprodução Tribuna do Norte

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Page 1: DO · 2017. 11. 22. · RAPHAEL DRACCON No novo romance de Raphael Draccon, Gualter Handam, an-tigo morador do vila-rejo, se vê obrigado a retornar ao local que povoaseuspesadelos

SALVADOR SÁBADO 18/11/20174 2CRÔNICA

DO

O FLIN do Henfil

JaguarCartunista

De novo me chamaram para oFlin (Festival Literário de Na-tal). Desta vez sem Célia porcausa do Fecripa (Festival deCrises que Assolam o País). To-pei porque o cachê dava paraestocar cerveja sem álcool porum bom período. Ao contráriode alguns vinhos, viajo bem.Da decolagem ao desembar-que costumo dormir como umvegetal . Deixei de ter medo devoar depois que me convencide que avião onde estou nãocai.

Em meados do século pas-sado voar era bem mais char-moso. As pessoas se arruma-vam como se fossem a umafesta de casamento. Nesta via-gem, meu vizinho de poltrona,todo tatuado, estava de cami-seta , bermuda rasgada e chi-

nelo de dedo. Quando comeceia cochilar, a aeromoça me ofe-receu um pacotinho de biscoitoe um copo d´água, brinde daGol. Impossível não lembrar daVarig,compradapelaGol.Oser-viço de bordo era consideradoum dos melhores do mundo.Perfumes franceses no lavabo,cardápio assinado pelo legen-dário Barão Von Stuckart, donoda Vogue, a casa noturna maissofisticada que o Rio já conhe-ceu. O carro chefe era o pica-dinho de sua criação, sempreimitado, nunca igualado: carnecortadanafacaovopoché,arrozmisturadocommilho,ervilhasefarofa. E outras iguarias nuncavistas em terras e ares do Brasil.Para beber, Scotch doze anos eVeuve Clicquot. Mas tergiverso:dois terços de crônica e aindanão desembarquei em Natal.

HenfilIvan Cosenza, filho de Henfil, eque participaria da mesmamesa que eu, estava no voo.Há quarenta anos ele não vol-

tava a Natal e não se lembravaondetinhamorado.Tampoucoeu, que me hospedei na casado seu pai pouco antes da fa-mília se mudar para São Paulo.Quem matou a charada foi oquadrinhista (que tambémparticipou da mesa) ClaudioOliveira (hoje radicado em SãoPaulo): “Na ocasião, estáva-mos os dois hospedados nacasa do Henfil, na Ponta do

“Fiquei impressionado com ointeresse da moçada em ouvir o quetínhamos a contar sobre Henfil”

OS DESPOSSUÍDOS / URSULA

K. LE GUIN

Alegoria da GuerraFria, este clássico da FCvolta em nova edição.A americana Le Guin, amais premiada escri-tora de ficção científicae fantasia, cria aquium conflito entre doisplanetas de perfis di-ferentes, que buscamcolonizar um terceiro,de perfil mais anar-quista. Política e filo-sofia no espaço. Ale-ph/ 384 p./ R$ 49,90

ARMÁRIO DE LETRAS

DESAPLANAR / NICK SOUSANIS

Professor da Universi-dade Estadual de SãoFrancisco, o quadrinis-ta Nick Sousanis lançanesta graphic novel(não-fictícia) um desa-fio intelectual ao pro-por que o pensamentovisual pode ser tão efi-ciente quanto a escritapara a sociedade con-temporânea. Uma sur-preendente e premia-da exploração filosó-fica em HQ. Veneta/208 p./ R$ 84,90

O CASAMENTO / VICTOR

BONINI

Aos24anos,opaulistaVictor Bonini lança seusegundo romance po-licial. Crimes aconte-cem em um sítio du-rante cerimônia de ca-samento, e serão in-vestigados por Lyra,detetive amigo do paida noiva. Muitas revi-ravoltas e sangue es-pirrando em uma tra-ma de muito suspen-se. Faro Editorial/ 368p./ R$ 49,90

NA PLATEIA DO MUNDO /

SÁBATO MAGALDI

A obra traz um conjun-to dos textos para jor-nais que o crítico tea-tral Sábato Magaldiescreveu sobre asmontagens que teve aoportunidade de verno exterior e no Brasil.Organizado por Edlavan Steen, traz um pa-norama de grandeprofundidade. Glo-bal/472 pags/R$ 59/www.globaledito-ra.com.br

O COLETOR DE ESPÍRITOS /

RAPHAEL DRACCON

No novo romance deRaphael Draccon,Gualter Handam, an-tigo morador do vila-rejo, se vê obrigado aretornar ao local quepovoa seus pesadelos.Depois de tantos anos,ele terá de encarar an-tigos fantasmas e en-frentar uma força des-conhecida e furiosaRocco/ 272págs/ R$34, 90/www.roc-co.com.br

TENSÕES E EXPERIÊNCIAS: UM

RETRATO DAS

TRABALHADORAS DOMÉSTICAS

DO BRASIL/ NATALI MORI

(ORGANIZAÇÃO)

O livro se debruça so-bre uma das profis-sões mais antigas: otrabalhador (a) do-méstico (a), com o ob-jetivo de contribuir pa-ra elaboração e apri-moramento de políti-cas públicas Centro Fe-minista de Estudo e As-sessoria/ 231 págs/www. cfemea.org.br

AMAR É UMA CONEXÃO

DISCADA /SAULO DOURADO

O escritor e professorSaulo Dourado narraum relacionamento àdistância na era da in-ternet discada, entreCaio e Vitória. Em ple-no início dos anos2000, os dois vivem asdelícias e aflições debate-papos no IQC,correntes no e-mail efotos no MSN, ao somde Los Hermanos. FBPublicações/ 80 pági-nas/R$ 35

CORTEJO O projeto acontece sempre àssextas-feiras, às 19h, até o fim do verão

Personagens deJorge Amadopasseiam pelasruas do PelôROBERTO AGUIAR

Quem passa pelas ruas e la-deiras do Pelourinho nas noi-tes de sexta-feira tem um en-contro inesperado com perso-nagens da obra do maior es-critor baiano. O espetáculomusical Circuito Jorge Amado éuma das ações do PelourinhoDia e Noite 2017, projeto daPrefeitura de Salvador, quetem como objetivo dar vida aoCentro Histórico da capitalbaiana.

A encenação percorre pon-tos importantes do centro an-tigo. São seis cenas criadas apartir dos livros Gabriela Cravoe Canela (1958), A Morte e aMorte de Quincas BerroD´Água (1959), O Compadre

de Ogum (1964), Tenda dosMilagres (1969) e Dona Flor eseus Dois Maridos (1976).

O cortejo começa com o Ve-lório de Quincas Berro D’Água,no Largo do Pelourinho, às19h, e se encerra no Cabaré daZazá, na Cantina da Lua, noTerreiro de Jesus, às 21h.

Quem viu de perto, adoroua ideia. “Gostei bastante, nãoesperava encontrar o cortejo.Acompanhei tudo. Deixou umgostinho de quero mais. Agoravou aos livros, ler Jorge Ama-do”, disse Gabriel Sodré, mo-rador de Goiânia (GO), a pas-seio por Salvador.

A universitária Adriana Cos-ta também elogiou o cortejo.“Sempre venho aqui. Gosteimuito do cortejo. A gente se vê

no espetáculo. Iniciativas co-mo essa permitem que maispessoas venham visitar o Cen-tro Histórico, valorizar a nossahistória”, afirmou.

Homenagem“Jorge Amado representa a Ba-hia. Seus personagens maispopulares foram inspirados nouniverso do Centro Histórico.

Nada mais interessante quetrazê-los para a dinâmica dodia a dia do Pelourinho. É umahomenagem ao nosso escritormaior”, ressalta Eliana Pedro-so , diretora de gestão do Cen-tro Histórico da Secretaria Mu-nicipal de Cultura e Turismo(Secult).

“O cortejo é o encontro daliteratura, teatro e música pe-

las ruas do centro antigo. Cau-sa impacto no público pelamultiplicidade linguística, queé parte da concepção de todoo projeto”, frisa Eliana.

O Circuito Jorge Amado vaiocupar as ruas do Pelô até ofinal do verão. O projeto tem adireção de Edvard Passos, tri-lha sonora de Gerônimo San-tana, direção musical de Lucia-

no Bahia, elenco de atoresbaianos e participação da Ciade Dança Tradições.

CIRCUITO JORGE AMADO - MUSICAL DE

RUA / TODAS ÀS SEXTAS-FEIRAS, ATÉ FINAL

DE DEZEMBRO, ÀS 19H, NO LARGO DO

PELOURINHO / GRATUITO

SOB A SUPERVISÃO DA EDITORA MÁRCIA

MOREIRA

Anderson Moreira / Divulgação

Gabriela, personagem de Jorge Amado que saiu dos livro para TV e o cinema, caminha e dança feliz pelas ruas do Pelourinho

Morcego. Até hoje me lembro:ele, com aquele jeito de tutor,mandava a gente dormir às 10da noite. Mas Jaguar, quandoa casa silenciava, fugia pelajanela e ia para os bares dapraia dos Artistas. Uma vez,acordeiantesdaseisdamanhãe ele estava chegando”. O pioré que Henfil nos fazia levantaràs 7 da manhã para caminharna praia e o eu mal me aguen-

tava nas pernas.Fiquei impressionado com o

interesse da moçada que lotoutotalmente o auditório – quenão era pequeno – para ouviro que tínhamos a contar sobreHenfil, falecido antes delesnascerem. Da mesa tambémparticipavam André Dahmer(da Folha e do Globo, ClaudioOliveira, quadrinhista poti-guar radicado em São Paulo, e

Woden Madruga, cronista daTribuna do Norte). E olha que,numa tenda ao lado, se apre-sentava o genial Antônio Nó-brega, homenageando o nãomenos genial Ariano Suassu-na. Bateu inveja: o prefeito,Carlos Eduardo Alves deu amaior força ao Festival, en-quanto Crivella, que odeia oRio, corta no que pode as ver-bas da Cultura.

O cartunista Henfil influenciou uma geração de cartunistas potiguares, como Claudio Oliveira, Roberto Solino e Manuel Vaz

Claudio Oliveira / reprodução Tribuna do Norte