dissertaÇÃo de mestrado penhorabilidade da casa de .por fazerem de mim a pessoa que sou hoje e
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INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAO
COIMBRA
DISSERTAO DE MESTRADO
Penhorabilidade da casa de morada de famlia e Crise
Econmica
Dissertao de Mestrado elaborado pelo
aluno n. 11651 Sara Letra, sob a orientao do Dr.
Pedro Melanda.
COIMBRA
2016
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Dissertao de Mestrado
Crise Econmica e
Penhorabilidade da casa de morada de famlia
Dissertao de Mestrado
elaborado pelo aluno n. 11651 Sara
Letra, sob a orientao do Dr. Pedro
Melanda.
COIMBRA
2016
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LISTA DE SIGLAS
art. artigo
CC Cdigo Civil
CPC Cdigo de Processo Civil
CRP Constituio da Repblica Portuguesa
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AGRADECIMENTOS
minha me e ao meu pai, por todo o apoio que me deram ao longo destes anos.
Por fazerem de mim a pessoa que sou hoje e por me tornarem algum que luta pelo que
quer independentemente das barreiras que possam surgir.
Aos meus avs paternos, por todo o apoio e carinho que sempre me deram e
porque sem eles eu no seria a pessoa que sou. Tal como aos meus pais, parte de mim a
eles lhe devo.
Aos meus avs maternos pelo apoio e carinho ao longo destes anos.
s minhas amigas, por se manterem sempre a meu lado em qualquer a situao e
por partilharem comigo os melhores momentos da minha vida.
Ao Dr. Pedro Melanda, como meu orientador, pelo auxlio na concretizao
deste relatrio.
Ao Instituto Superior de Contabilidade e Administrao de Coimbra e a todos os
seus docentes, por terem partilhado com gosto e dinamizao os seus conhecimentos,
ajudando a aperfeioar os conhecimentos dos alunos quebrando um pouco a barreira que
existe entre aluno e instituio.
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INTRODUO
A presente dissertao de mestrado consiste no estudo sobre a penhorabilidade
da casa de morada de famlia.
Numa primeira fase do projeto estudei os direitos fundamentais em geral e
enquadrei-os na Constituio da Repblica Portuguesa uma vez que, na minha opinio,
no faz sentido falar do direito habitao sem analisar os direitos do homem, direitos
fundamentais e qual a sua fora jurdica.
Aps explicar em geral os direitos fundamentais, onde esto consagrados na
Constituio da Repblica e um pouco da sua evoluo ao longo dos tempos, fao
referncia s entidades que esto vinculadas a estes direitos.
O captulo II consagra o tema Famlia e casa de morada de famlia. Trata da
noo de famlia, que se encontra plasmada no artigo 1576. do Cdigo Civil, da
importncia desta para o Homem, ou seja, como a famlia quase uma necessidade do
ser humano. A famlia parte fundamental da sociedade e devido sua importncia, o
ordenamento jurdico portugus dispe de normas que asseguram a sua proteco.
Dou incio ao captulo III, falando da crise em Portugal e dos motivos que
levaram ao agravamento da mesma. Esta grave crise econmica que se vive provocou
profundas consequncias sociais, por exemplo, o sobreendividamento das pessoas
singulares, que j uma realidade em Portugal. Explico o que so aes executivas,
onde existe o exequente que ser o credor e o executado o devedor, estes so parte
legitima e devem constar no ttulo. Por norma neste tipo de aes no h discusso
sobre matrias de direito uma vez que o credor tem em sua posse um documento que
prova a existncia do seu crdito. Analiso o processo de penhora, que segundo o artigo
10, n.4 do CPC e 817. do CC, a aco executiva visa assegurar ao credor a satisfao
da prestao que o devedor no cumpriu de forma voluntria, seja atravs do produto da
venda executiva de bens ou direitos patrimoniais do devedor ou da realizao, por
terceiro devedor, em favor da execuo, da prestao. Ainda neste captulo refiro o
princpio da dignidade e o direito habitao. o A dignidade um valor que est
inerente pessoa humana e desde o nascimento que precisamos de condies dignas
para desenvolvermos a nossa personalidade. Todas as pessoas tm direito a ter uma vida
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digna. A parte final deste captulo III, refere o direito do Credor versus Direito
Fundamental do Proprietrio da Habitao. Importa referir Refiro o princpio da
proporcionalidade, que dos pressupostos materiais para a restrio legtima dos
direitos, liberdades e garantias.e que pode ser designado por princpio da
proporcionalidade ou princpio da proibio do excesso. As medidas restritivas
devem ser adequadas para a prossecuo dos fins visados pela lei, a fim de proteger os
bens constitucionalmente protegidos.
O ltimo captulo trata de tempos que tendem a ser de mudana, novas ideias, novos
projectos, com o objetivo de proteger a casa de morada de famlia. Falo do projeto de
Lei, de dia 8/01/2016. Foram aprovados na Assembleia da Repblica, diplomas que
visam a proteo da casa de morada de famlia no que respeita a processos de execuo
fiscal. Estes diplomas foram apresentados pelo Partido Socialista e pelo Bloco de
Esquerda.
Pareceu-me oportuno desenvolver um trabalho sobre este tema.
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NDICE
INTRODUO ...............................................................................................................5
Captulo I Direitos Fundamentais ...............................................................................8
1. A Constituio e os Direitos Fundamentais em geral ...........................................8
1.2. Breve conceito de Direitos Fundamentais ........................................................... 10
1.3. Entidades destinatrias das normas jurdicas ..................................................... 16
1.4. Princpio do carter restritivo das restries dos direitos, liberdades e garantias . 20
2. Democracia e cidadania - Relao entre democracia e cidadania democrtica .... 21
2.1. Medidas legislativas, medidas institucionais e prticas democrticas ................... 22
Captulo II Famlias Portuguesas em tempos de mudanas Socioeconmicas .....26
1. Famlia Portuguesas - poca de mudana .......................................................... 26
1.1. A Revoluo nos seios familiares .................................................................... 27
2. Pobreza em Portugal condies de vida da populao ...................................... 34
2.1. Novas dinmicas familiares e Casa de morada de famlia .................................... 39
Captulo III Crise econmica e financeira em Portugal .........................................45
1. Estado Social Portugus .................................................................................... 45
1.1. Poltica oramental em Portugal ........................................................................ 48
1.1.1. Breve abordagem aos principais impostos em Portugal ................................ 48
1.2. Assimetrias populacionais ................................................................................. 50
1.3. Motivos da Crise ............................................................................................... 52
Captulo IV Penhora e Direito Habitao .............................................................59
1. Aes Executivas ............................................................................................... 59
2. Penhora anlise da penhora e como esta poder violar um direito fundamental 63
2.1. Princpio da dignidade humana e direito habitao .......................................... 67
2.1.1. Dignidade humana breve definio .............................................................. 67
2.2. Crise Econmica e o acesso habitao.............................................................. 71
3. Direito do Credor versus Direito Fundamental do Proprietrio da Habitao .. 79
Captulo V Tempos de Mudana...............................................................................82
1. Projeto de Lei ................................................................................................... 82
1.1. Nova Lei ......................................................................................... 84
2. Prescrio suspensa ..................................................................................... 88
CONCLUSO................................................................................................................90
BIBLIOGRAFIA ...........................................................................................................92
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Captulo I Direitos Fundamentais
1. A Constituio e os Direitos Fundamentais em geral
Dedico esta 1 parte do meu trabalho aos direitos fundamentais em geral,
enquadrando-os na Constituio da Repblica Portuguesa. Os valores fundamentais so
o resultado da evoluo da humanidade, so direitos que esto na base da condio
humana e portanto esto tutelados na CRP. Na minha opinio no faz sentido falar do
direito habitao como um possvel direito fundamental, sem falar do que so direitos
fundamentais em geral e qual a sua fora jurdica.
A Constituio da Repblica Portuguesa dedica a sua Parte I aos Direitos
Fundamentais. A Parte I est dividida em trs ttulos, do artigo 12. ao 79.. O ttulo I
incide sobre princpios gerais, o ttulo II