diário do professor 26 a 30 de abril
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Diário do Professor 26 a 30 de AbrilTRANSCRIPT
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Diário do Professor (26, 29 e 30 de Abril)
Começarei a minha reflexão falando acerca dos efeitos que
têm a alteração das rotinas dentro da sala de aula. Temos vindo
a constatar a importância que a rotina tem na sala de aula. Já
por mais de uma vez tivemos que alterar o Plano do Dia e os alunos
demonstraram-se extremamente excitados. Quando os alunos não
sabem quando farão determinada actividade ficam desinquietos,
perguntando constantemente “o que é que vamos fazer agora?”,
“é agora?”… Nesta segunda-feira, pudemos constatar a mesma
situação. Na semana anterior, já tinha sido informada que neste
dia iria haver uma formação sobre o peso das mochilas, e que
esta começaria por volta das 9 horas. Assim sendo organizei-me
contando que as aulas começassem às 9.30. Mas não foi isso que
aconteceu, pois a formação começou pelas 9.30. Esta alteração na
rotina da turma provocou uma agitação maior do que normal,
estendendo-se a todo o dia de trabalho.
Penso que a minha prestação durante o Conselho de
Planificação foi positiva, pois estava bastante ciente de todas as
actividades que os alunos iriam desempenhar nessa semana de
trabalho. Preparei-me atempadamente para que nada pudesse
falhar. O que facilita imenso é a nossa cooperante avisar-nos do
que irá ser trabalho nos dias em que nós não lá estivermos.
Depois planificadas as actividades para a semana, mudámos as
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tarefas. Em seguida distribui os PIT’s alertando os alunos para
seguirem as orientações dos professores, dizendo que estas eram
importantes para a marcação do trabalho semanal. Enquanto os
alunos planificavam o seu trabalho circulei pela sala
orientando alguns alunos na marcação do seu PIT. As tarefas só
foram efectuadas após a formação e a aula de música.
Na Matemática Colectiva estivemos a trabalhar o Euro. Os
momentos colectivos são sempre os mais
difíceis, pois é uma actividade deita
para todo o grupo onde queremos que
todos participem activamente. Comecei
por afixar no registo, já existente, as moedas de
cêntimos e de 1 e 2 euros, assim como as notas. Quando um
aluno me disse que em vez de uma nota de 10 euros poderiam
ser duas de 5 euros aproveitei para iniciar a decomposição das
notas e das moedas. Esta actividade permitiu que os alunos se
apropriassem do aspecto do dinheiro, como também do seu valor.
Durante a actividade, chegou a uma
altura a que já estávamos todos
cansados. O que eu deveria ter feito
era ter avançado para a etapa
seguinte da actividade, mas não foi isso
que eu fiz, continuando a decompor mais algumas
moedas. Quando estávamos a decompor a moeda de 1 euro houve
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a B. disse: “1 euro é a mesma coisa do que 100 cêntimos”.
Pronunciei-me logo a dizer que esta tinha dito uma coisa muito
importante.
Em seguida passámos para a exploração de um panfleto,
como não tínhamos muito tempo explorámos apenas a primeira
página. Como existiam preços maiores e menores que um Euro
achei que esta seria uma boa opção. Pedi-lhes que reparassem
que os preços tinham vírgulas, ao que quase todos me
responderam que depois da vírgula
eram os cêntimos. Na exploração do
panfleto vimos o preço mais alto,
mais baixo e se podíamos comprar
alguma coisa com 5 euros. Achei
engraçada a resposta do F: “pudemos comprar qualquer uma
destas coisas, não podemos é trazer tudo”.
Acho que a actividade correu bem, visto terem sido todos os
objectivos propostos conseguidos, mas achei-a bastante cansativa.
É muito difícil conseguir chegar a todos e fazer com que
participem, também é muito difícil conseguir aproveitar tudo
aquilo que nos dizem sem nos perdermos. Acho que é uma mais-
valia a descrição das actividades, pois permitem-nos uma
estruturação da actividade. Assim temos bem consciente tudo
aquilo que pretendemos fazer. Ainda neste tempo senti a
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necessidade de chamar à atenção um aluno, pois estava a ser
muito difícil concentrar-me.
Antes do Tempo de Estudo Autónomo a T. apresentou a sua
história da Mala Era uma vez …, “A cama saltitona”. Já na semana
anterior a aluna tinha-me dito que já tinha a história pronta, o
que demonstra a responsabilidade que os alunos sentem nos seus
compromissos com a turma. Devo dizer que durante a leitura
notou-se que esta encontrava-se bastante familiarizada com a
história, pois leu-a demasiado rápido. No meu comentaria à
história disse que esta encontrava-se bastante completa, e
aproveitando o comentário da H.: “leste muito rápido”, disse-lhe
que como esta já lia fluentemente devia começar a respeitar os
sinais de pontuação.
No Tempo de Estudo Autónomo estive a trabalhar com a H. e a L..
Com a primeira estivemos a fazer melhoramento de texto, assim
como listas de palavras com os sons “o=ou” e “c=ss”. Durante este
trabalho não senti nenhuma dificuldade, apercebendo-me de
que aqueles erros cometidos pela aluna tinham sido por
distracção. Com a L. estive a fazer uma ficha de matemática e
um melhoramento de texto. Notei que a aluna tem algumas
dificuldades no cálculo mental, pois não conseguia fazer
contagens simples. No trabalho de texto comecei por ler o texto
tal como estava escrito, dizendo-lhe que tinha dificuldades em
perceber o que lá estava escrito. Depois de a aluna me explicar o
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que queria dizer disse-lhe que então era isso que ela deveria
escrever.
Após as tarefas e o Balanço do Dia , os alunos cantaram com a
respectiva coreografia uma canção para o dia da mãe.
Na quinta-feira discutimos o Plano do Dia . Expliquei-lhes
que como não haveria Educação Física iríamos jogar à Matança.
Os alunos ficaram bastante satisfeitos, pois já na minha outra
semana de orientação tínhamos falado sobre esse jogo.
Depois de executadas as tarefas passámos ao Ler, Mostrar e
Contar . Neste habitual Circuito de Comunicação foram apresentados
dois textos, um, suposto, teatro e uma canção para a rádio da
sala. A C. apresentou um relato do dia-a-dia que tínhamos
melhorado juntas. Já não é a primeira vez que assisto à
apresentação de textos que ajudei a melhorar. Acho que esta
atitude evidencia a responsabilidade, que alguns alunos têm,
com a apresentação de trabalhos com qualidade.
A L. S., a B., a A. R., o D. e uma aluna do 4ºano
apresentaram um teatro, no final da apresentação a L. disse:
“acho que isto não foi um teatro”. Achei bastante importante que
a aluna se consciencializasse com o seu trabalho, sendo ela a
primeira a criticar. No comentário ao, suposto, teatro senti
dificuldades, visto aquilo não ser nenhum teatro, mas um texto
lido por cinco pessoas. Depois de lhes dizer que tinha gostado
que tivessem convidado uma aluna de outra turma para
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apresentar o trabalho com eles, disse-lhes que aquilo não era
um teatro, pois estes tinham limitado a ler. Falei-lhes ainda
sobre o texto que escreveram, dizendo-lhes que este estava
confuso. Custou-me ser assim tão dura com os alunos, ainda por
cima quando também estava uma aluna convidada. A professora
Sofia interveio dizendo que tinha assistido à preparação
daquela apresentação e que “Nada se faz sem empenho, tempo e
esforço.”, pois os alunos elaboraram aquele trabalho no recreio
entre muita brincadeira.
A M. e a H. apresentaram o primeiro capítulo da história
“O capitão Cosquinhas e as sanitas voadoras”. No meu
comentário desvalorizei o vocabulário utilizado no texto, dando
ênfase à estruturação do mesmo.
Na apresentação do H. e do J., a canção para a rádio, tentei
desencorajá-los, visto achar mais adequado cantarem em
português, mas como os alunos estavam bastante convictos com
aquela canção, disse-lhes que achava que aquela canção iria
ficar bem na rádio da turma. Aliás, acho que devem ser os
alunos a escolherem o que querem emitir na sua rádio.
O F. apresentou “As minhas piadas favoritas”. Acho que é
sempre notável quando os alunos tomam a iniciativa de
apresentarem livros, demonstrando assim que têm imenso prazer
nas leituras que fazem.
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Na Matemática Colectiva foram trabalhados conteúdos que
tinham como propósito a sistematização dos conteúdos abordados
na aula anterior. Depois de distribuídos os materiais
manipuláveis (notas e moedas) e os panfletos, coloquei-lhes
questões como: “ As moedas e as notas são todas iguais?”; “Um
euro vale tanto como?”; “Se eu trocar uma nota de dez euros que
moedas me poderão dar?”. Como os alunos já tinham os
panfletos, alguns distraíram-se. Deveria ter olhado mais
atentamente para cada aluno.
Após esta breve introdução, os alunos fizeram a ficha de
trabalho. Antes de começarem a sua resolução li-a e expliquei-
a. O que eu poderia ter feito, pois assim obrigava-os a seguir
atentamente a explicação, era tê-los posto a ler e depois
explicava o que era pretendido. Durante a elaboração da mesma,
fui circulando pela sala tirando algumas dúvidas. Fiquei com a
ideia de que os alunos não sentiram praticamente nenhumas
dificuldades.
Ao começar a Língua Portuguesa , pedi-lhes que fechassem os
olhos e que imaginassem que estavam num castelo, dizendo-lhes
em seguida que estavam num baile. Enquanto isso, com a ajuda
da professora Sofia e do João,
fomos afixando diversas
personagens da Disney no
quadro.
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Quando abriram os olhos, disse que tinha ido a um baile e
que todas aquelas personagens estavam lá. Os alunos começaram
logo a identificar as personagens dizendo: “Olha o Pinóquio!”,
“Olha a Ariel”, “O Peter Pan também está ali!”… Comecei a
contar-lhes “pormenores” do baile. Disse-lhes que tinha
dançado toda a noite com o príncipe, que a madrasta e as suas
filhas não tinham gostado muito da ideia. Contei-lhes ainda
que o príncipe de vez em quando deixava-me, porque a Bela
Adormecida adormecia e ele ia dar-lhe um beijo para acordá-
la… O meu propósito era fazer-lhes lembrar as características de
cada personagem. Penso que até correu bastante bem, pois
consegui envolver a turma toda. Aliás, nem foi assim tão difícil,
porque chegou a uma altura em que
eram eles que me estavam a
fazer perguntas, tais como: “
O que é que a Sininho
estava a fazer?”; “O que é que
estavam a fazer o Winnie the
Pooh e o Tigre?; “E o Remy? Era o cozinheiro?”
Em seguida distribui as personagens pelos quatro grupos,
dizendo-lhes que quando o baile terminou eles viveram uma
aventura e o que eu queria era que eles imaginassem como esta
teria sido. A particularidade desta actividade prendia-se com o
facto de existirem dois finais possíveis, pois dentro de cada
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grupo, foram criadas duas histórias. Uma com um final feliz e
outra com um triste. Achei que seria interessante ver como é que
os alunos lidariam ao dar um final menos feliz a uma história,
sendo o mais natural tudo acabar bem. Acho que todos os alunos
se saíram bem nesta actividade, tanto aqueles que tinham que
escrever um final alegre à sua história, como aqueles que
tiveram que fazer o contrário. O que eu me apercebi durante a
actividade foi que talvez não deveria ter usado tantas
personagens, sete por grupo, pois os alunos queriam fazer uma
história bastante completa descrevendo cada personagem, assim
como o seu papel. Se tivesse utilizado menos personagens, esta
actividade não se teria alongado tanto.
No Tempo de Estudo Autónomo trabalhei inicialmente com a B.
M., ajudando-a a inventar e a resolver problemas. Como esta
tinha tido dificuldades em inventar um problema que
envolvesse a multiplicação, começámos por ver quando é que a
poderíamos usar. Rapidamente a aluna apercebeu-se que só
poderia usá-la nas adições sucessivas e quando se referiam à
mesma coisa. Depois de interiorizado o conceito a aluna
inventou (e resolveu) dois problemas, sem nenhumas
complicações.
Com o D. estivemos a resolver uma ficha do manual de
Língua Portuguesa. Fiquei bastante satisfeita, pois para além de
ter sido o aluno a pedir-me ajuda, notei que este já lia mais
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fluentemente. O aluno tem feito enormes progressos. Este facto
tem-me feito pensar, se o aluno estivesse a trabalhar segunda
outra metodologia teria chegado onde chegou? Hoje digo sem
nenhuma hesitação que não. O ensino individualizado, em
casos como este faz toda a diferença. Noutra metodologia ele não
teria o apoio sistemático de um professor onde pudesse trabalhar
as suas dificuldades. Claro que também não podemos descurar o
interesse e o empenho do aluno, pois a sua dedicação tem sido
enorme.
Antes de irmos até ao pátio jogar à “matança”, o D.
apresentou a sua história da Mala Era uma vez …, “O tesouro
perdido”. O aluno começou a ler bem a sua história, mas a
partir do momento em que se enganou, este começou a ficar
nervoso e a leitura começou a ficar pouco fluente. Para ajudá-
lo, dirigi-me até ele e quando este não conseguia ler alguma
palavra, ajudava-o. Também fui interrompendo a leitura, para
que o D. pudesse descansar um pouco. Para que este não se
sentisse desacreditado, ia questionando a turma acerca do que
poderia acontecer a seguir ou então fazia um apanhado do que o
aluno tinha lido.
Na sexta-feira, no Ler Mostrar e Contar , todos os alunos
apresentaram textos. A B. apresentou “As formas”, a T. “O
Manuel doente”, a C. e a A. R. “A Laura curiosa” e o J. “Em
busca das moedas perdidas”. Já não é a primeira vez que referiu
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que a maior parte das comunicações são textos. Acho que esta
vontade de dar a conhecer o seu trabalho é muito significativa,
pois representa a importância que os alunos dão aos textos. Desde
que comecei a observar a turma, noto que têm imensa
preocupação em produzir cada vez mais e melhores textos. Essa
preocupação e empenho é o fundamental para que possam
continuar a evoluir na sua escrita.
Em seguida o D. e a L. S.
apresentaram o seu projecto sobre
“Os artefactos valiosos”.
Começaram por ler o Plano e
mostrar onde tinham feito as
suas pesquisas. Estes explicaram a
necessidade de inventar o dinheiro, falando sobre as trocas
comerciais. Contaram ainda como é que era fabricado o
dinheiro. A preocupação que os alunos têm tido com a
apresentação dos seus projectos é bastante visível, pois para além
de se documentarem bem para a comunicação, também
preocupam-se com a estética do cartaz. Antes de jogarem ao jogo
da “Glória doa Artefactos Valiosos”, responderam às perguntas
sobre o projecto
Depois foi o Tempo de Trabalho
de Projecto . Para este momento
de trabalho é importante que
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o professor esteja dentro de cada assunto, documentando-se
previamente para que possa ajudar os diferentes grupos nos seus
trabalhos. É igualmente importante que o professor saiba onde e
como procurar a documentação, pois assim poderá orientar os
alunos nos seus projectos. Neste dia trabalhei com a A. R. e a T.,
ajudando-as com o seu projecto sobre os Dentes.
Antes do almoço foi o Tempo de Estudo Autónomo . Neste tempo
trabalhei com a A. R., ajudando-a com uma ficha de tabuadas.
A dificuldade da aluna prendia-se essencialmente com o
cálculo mental, pois esta sabia muito bem que as tabuadas são
somas sucessivas. Durante o trabalho fomos arranjando
estratégias para chegar ao resultado mais rapidamente. Como a
aluna conseguia calcular rapidamente a tabuada dos cinco,
disse-lhe que ela podia usar esse como base. Por exemplo, se fosse
para calcular 6X7, como ela sabia a dos 5, e se 6X5 eram 30,
ela somava + 7 e + 7 para chegar ao resultado, neste caso seria
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O Conselho de Cooperação foi mais curto que o habitual, pois
fomos assistir a uma acção de sensibilização sobre a Saúde Oral.
Por esse motivo não foram avaliados pelo grupo, os habituais
quatro PIT’s . No conselho foram avaliadas as tarefas e lido o
Diário de Turma . Não existiu nenhum assunto em que eu tenha tido
muitas dificuldades em resolvê-lo. Comecei sempre pela
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clarificação dos assuntos e conjuntamente com os alunos fizemos
uma reflexão ética dos acontecimentos.