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DESFLORESTAMENTO DUNAR EM CHIZAVANE, POR CARLOS FIGUEIREDO TEMBE

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Page 1: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

Carlos Figueiredo Tembe

Uma abordagem sobre os factores do desflorestamento dunar em Chizavane – Distrito

de Mandlakazi

Licenciatura em Gestão Ambiental, Planificação e Desenvolvimento Comunitário

Universidade Pedagógica

Xai-Xai

2012

Page 2: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

Carlos Figueiredo Tembe

Uma abordagem sobre os factores do desflorestamento dunar em Chizavane – Distrito

de Mandlakazi

Monografia científica apresentada na

Universidade Pedagógica - Delegação de Gaza,

para obtenção do grau académico de Licenciado

em Gestão Ambiental, Planificação e

Desenvolvimento Comunitário.

Supervisora:

Mestre Maria Verónica Francisco Mapatse

Universidade Pedagógica

Xai-Xai

2012

Page 3: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

ÍNDICE PÁGINA

Lista de gráficos, mapas, figuras e tabelas ................................................................................ iv 

Abreviaturas e símbolos usados ................................................................................................. v 

Declaração ................................................................................................................................. vi 

Dedicatória ............................................................................................................................... vii 

Agradecimentos ....................................................................................................................... viii 

Resumo ...................................................................................................................................... ix 

Abstract ....................................................................................................................................... x 

Epígrafe ..................................................................................................................................... xi 

0- Introdução .............................................................................................................................. 1 

0.1- Delimitação do tema ........................................................................................................... 2 

0.2 - Formulação do problema de investigação .......................................................................... 2 

0.2.1- Problematização ............................................................................................................... 2 

0.3- Hipóteses ............................................................................................................................. 3 

0.4- Objectivos ........................................................................................................................... 3 

0.4.1- Geral: ................................................................................................................................ 3 

0.4.2- Específicos: ...................................................................................................................... 3 

0.5- Justificativa ......................................................................................................................... 3 

0.6- Procedimentos metodológicos e técnicos ............................................................................ 4 

CAPÍTULO I: ........................................................................................................................... 6 

1.0- OS FACTORES DO DESFLORESTAMENTO DUNAR: REVISÃO DA

LITERATURA ......................................................................................................................... 6 

1.1- O processo de desflorestamento .......................................................................................... 6 

1.2- Desflorestamento dunar....................................................................................................... 9 

CAPÍTULO II: ........................................................................................................................ 11 

2.0- ASPECTOS GEOGRÁFICOS GERAIS E DA VEGETAÇÃO DUNAR DE

CHIZAVANE .......................................................................................................................... 11 

2.1- Localização geográfica e características gerais de Chizavane .......................................... 11 

2.2- A população e suas actividades ......................................................................................... 14 

2.3- Características da vegetação dunar de Chizavane ............................................................. 14 

Page 4: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

CAPÍTULO III: ...................................................................................................................... 18 

3.0 – O DESFLORESTAMENTO DUNAR EM CHIZAVANE: FACTORES E

IMPACTOS ............................................................................................................................. 18 

3.1- Os factores do desflorestamento dunar em Chizavane...................................................... 18 

3.1.1 - Factores de origem natural ............................................................................................ 19 

a) -O Vento ............................................................................................................................... 19 

b)- A Temperatura .................................................................................................................... 21 

3.1.2 - Factores de origem antropogénica................................................................................. 22 

a)- Causas sociais...................................................................................................................... 24 

b)- Causas económicas ............................................................................................................. 24 

3.2- Os impactos do desflorestamento dunar em Chizavane .................................................... 27 

CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES .............................................................................. 29 

Conclusão ................................................................................................................................. 29 

Recomendações ........................................................................................................................ 30 

Referências bibliográficas ........................................................................................................ 31 

Apêndice ................................................................................................................................... 33 

Anexos ...................................................................................................................................... 38 

 

Page 5: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

iv

Lista de gráficos, mapas, figuras e tabelas

Lista de gráficos Gráfico1: Precipitação média anual ………………………………………………...……… 13

Gráfico 2: Temperaturas médias anuais ….....................………………………………….... 22

Lista de mapas

Mapa 1: Localização geográfica da zona Costeira de Chizavane ……………...…………… 12

Mapa 2: Zona costeira de Mandlakazi ………………..………………………….…………. 38

Mapa 3: Área de estudo …………………………..…………………………………………. 39

Lista de figuras

Figura 1: Duna com vegetação no seu estado clímax ……….…..……………………..….. 16

Figura 2: Duna desflorestada ………………………………………………………...…….. 17

Figura 3: A influência do vento sobre a vegetação ……………………………….………. 20

Figura 4: Palmeira destruída quase por completo no processo de extracção de bebida …... 25

Figura 5: Lagoa em Chizavane numa situação de eutrofização …………............................. 27

Figura 6: Á área concedida a um investidor sul-africano (Het fri farm) para fins agrícolas .. 34

Figura 7: Estância turística erguida no local de estudo “Paradise View” …………..……... 34

Figuras 8 e 9: Efeito combinado da temperatura e do vento no desflorestamento dunar .…. 35

Figura 10: Uma casa implantada numa área ambientalmente sensível (duna primária) .…… 35

Figura 11: Gado bovino pastando na área dunar ………………………………………….… 36

Figuras 12 e 13: Empreendimentos implantados sobre dunas …………….………..…..…... 36

Figura 14 e 15: Queimadas a esquerda e produção e venda de lenha a direita …...………… 37

Figura 16: Uma duna desflorestada, com apenas vegetação herbácea e alguns arbustos .…. 37

Tabelas

Tabela 1: População da localidade de Chicuangue ……………………....…………………. 14

Tabela 2: Relação de empreendimentos implantados na zona costeira de Chizavane ………26

Tabela 3: Espécies identificadas nas dunas primarias ………………..….……..………….. 40

Tabela 4: Espécies identificadas nas dunas secundárias …………………..….……………. 41

Page 6: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

v

Abreviaturas e símbolos usados

AIA - Avaliação do Impacto Ambiental

CDS-ZC- Centro de Desenvolvimento Sustentável para as Zonas Costeiras

cp - Contacto pessoal

DPCA-Gaza - Direcção Provincial para a Coordenação da Acção Ambiental de Gaza

DPTur-Gaza - Direcção Provincial do Turismo de Gaza

EAS - Estudo Ambiental Simplificado

EIA - Estudo de Impacto Ambiental

EN1- Estrada Nacional Número 1

ha – hectare

INE - Instituto Nacional de Estatística

Km- Quilómetro

Km/h – Quilómetro por hora

LA - Licença Ambiental

m - Metro

MICOA - Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental

NE -Nordeste

PGA - Plano de Gestão Ambiental

RGPH - Recenseamento Geral da População e Habitação

UP - Universidade Pedagógica

sd – Sem dados

s/d – sem data

SW - Sudoeste

ºC- Graus centígrados

Page 7: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

vi

Declaração

Declaro que esta Monografia é resultado da minha investigação pessoal e das

orientações da minha supervisora, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas

estão devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final.

Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para

obtenção de qualquer grau académico.

Xai-Xai, 27 de Agosto de 2012

_____________________

Carlos Figueiredo Tembe

Page 8: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

vii

Dedicatória

Dedico aos meus pais Figueiredo e Joaquina (in memoriam) que muito cedo

mostraram-me que a escola era o meio para a minha sobrevivência neste mundo.

À minha esposa e meus filhos que tiveram algumas privações dos seus direitos por

causa da minha formação.

Page 9: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

viii

Agradecimentos

Gostaria de expressar minha profunda gratidão às várias pessoas e instituições que

deram-me seu apoio durante a minha formação técnica e científica. Seria impossível

mencionar todos. Entretanto, estou especialmente grato:

À Deus, pela grande força de vontade que me acompanha para realizar aquilo que é

importante para mim, pela paciência, compreensão e humildade;

À Mestre Maria Verónica Francisco Mapatse, minha supervisora, por acreditar na

minha vontade de concluir aquilo que foi iniciado, pela orientação constante e

participação neste trabalho sem a qual não teria sido possível realizá-lo;

À DPCA-Gaza, que ao curso já iniciado, concedeu-me uma valiosa bolsa de estudo;

Aos professores da Universidade Pedagógica - Delegação de Gaza, curso de Gestão

Ambiental, Planificação e Desenvolvimento Comunitário, pela contribuição e

engrandecimento dos meus conhecimentos e formação tecno-científica;

À minha família, meus irmãos, filhos que souberam apoiar-me e compreender-me nos

momentos em que mais precisei de um ombro amigo;

À Ercília Vicente Mauai, minha esposa, pelo amor que me faz ser forte e persistente

em busca da minha felicidade e por acreditar na minha capacidade;

Ao dr. Micas Mechisso do CDS-ZC, Srs. Paulo Nuvunga do INE, Lúcia Miambo da

DPTur-Gaza, Pascoal Gemo e Américo Mugabe, pela ajuda prestada na concessão de

dados, obras bibliográficas e outros materiais utilizados nesta monografia; e

À logicamente UP, pela expansão das suas delegações, sem as quais, muitos

moçambicanos como eu, dificilmente teriam tido a oportunidade de frequentar o

ensino superior.

Page 10: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

ix

Resumo

Este trabalho de pesquisa, avalia os principais factores do desflorestamento dunar em

Chizavane, Distrito de Mandlakazi. Os ecossistemas dunares possuem recursos naturais de grande importância, económica, social e ambiental. A necessidade de conhecer as potencialidades que a vegetação dunar tem e quanto esta vegetação tem sido afectada pela actividade do homem, é uma informação de capital importância para a preservação e conservação destes sistemas dunares. Da avaliação feita entre os factores naturais e de origem antropogénica, conclui-se que os de origem antropogénica, são os que principalmente influenciam para o desflorestamento dunar de Chizavane, essencialmente no contexto de abertura de campos para a agricultura, pastagem de gado, extracção de material de construção, a caça e a implantação de empreendimentos sobretudo turísticos. Os impactos negativos do desflorestamento dunar incluem a destruição de habitats e redução da biodiversidade, fraca produtividade ecológica, aceleração da erosão costeira, contribuição para as mudanças climáticas e redução do rendimento agrícola. A conclusão deste trabalho avança que sendo o homem o maior catalisador do desflorestamento dunar, há que fazer a monitoria e desenho de estratégias para contrariar o problema de desflorestamento dunar.

Palavras - chave:

Conservação, desflorestamento, dunas costeiras, preservação, sustentabilidade, vegetação

dunar.

Page 11: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

x

Abstract

This research work, assesses the foremost factors of the dune deforestation in

Chizavane, District of Mandlakazi. The dunes ecosystems have got natural resources with economic, social and environmental great importance. The necessitate to know the potential that the dune vegetation has, and how this vegetation has been affected by human activity, is one of the capital importance information for the preservation and conservation of these dunes systems. The done assess, of the natural factors and those of anthropogenic origin, concluded that, those of anthropogenic origin, are the factors of main influence on Chizavane dune deforestation, essentially on context of agriculture opening fields, grazing livestock, mining building material, hunting, and building mostly touristic undertakings. The negative impacts of dune deforestation include the destruction of habitats and biodiversity reduction, weak ecological production, haste the coastal soil erosion, and contribute to the climate changes and agricultural productivity decrease. The conclusion of this work, shows that as the men are the main catalysts of the dune deforestation, must be done the monitoring and strategies designing to change the current dune deforestation problem.

Key-words: Conservation, deforestation, coastal dunes, preservation, sustainability, dune

vegetation.

Page 12: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

xi

Epígrafe

“não herdamos a terra dos nossos pais, mas a tomamos emprestado de nossos filhos”

(Brundtland, 1987)1

1 Relatório de Brundtland, elaborado em 1987 pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e

Desenvolvimento e que realça a relação entre o Homem e meio ambiente. Disponível em www.un-

documents.net/wced-ocf.htm acesso em Agosto de 2009

Page 13: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

xii

JURI

_________________________ dr. Nelson Filipe PRESIDENTE

_________________________ Msc. Maria Verónica Mapatse

SUPERVISORA

_________________________ dr. Joaquim Júnior

ARGUENTE

Xai-Xai, 08 de Outubro de 2012

Page 14: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

1

0- Introdução

A interacção do Homem com o meio ambiente, quer seja ela de forma harmoniosa ou

não, provoca sérias mudanças, o que gera profundas discussões sobre questões ambientais em

todos seguimentos da sociedade. Discute-se a acção do Homem sobre o meio ambiente e suas

consequências.

O desflorestamento dunar que é a destruição da vegetação nas dunas costeiras,

provocada por factores naturais e ou humanos, é objecto de estudo da presente monografia

científica, pois apesar do aumento da consciência sobre a importância da vegetação dunar,

este fenómeno não tem reduzido.

Este trabalho de pesquisa intitulado “Uma abordagem sobre os factores do

desflorestamento dunar em Chizavane”, avalia a influência dos factores que contribuem para

o desflorestamento dunar, através do levantamento das suas causas e impactos por um lado,

por outro, apresenta recomendações para a redução do mesmo desflorestamento através de

algumas medidas de mitigação deste problema ambiental, providenciando desta forma, aos

intervenientes nesta área de estudo, de alguns mecanismos para a utilização sustentável dos

recursos naturais à sua disposição de modo, a assegurar um desenvolvimento socio-

económico sustentável.

O desflorestamento tem consequências ambientais diversas como as alterações do

clima local, regional e mesmo global e o desaparecimento de algumas espécies, todavia, este

trabalho restringe-se na avaliação dos factores do desflorestamento, quer sejam de origem

humana ou natural.

Esta monografia científica é constituída por três capítulos, antecedidos pela

introdução, que integra a delimitação do tema, problematização, hipóteses, justificativa,

objectivos e procedimentos metodológicos. No primeiro capítulo faz-se a revisão da literatura

sobre os factores do desflorestamento dunar. No segundo estão os aspectos geográficos e da

vegetação dunar em Chizavane. No terceiro, apresentam-se os factores e impactos do

desflorestamento dunar em Chizavane. Por fim, estão as conclusões e as recomendações.

Page 15: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

2

0.1- Delimitação do tema

A presente monografia científica foi elaborada no âmbito do trabalho de conclusão do

Curso de Licenciatura em Gestão Ambiental, Planificação e Desenvolvimento Comunitário,

leccionado na Universidade Pedagógica. O objecto de estudo do presente trabalho, é o

desflorestamento dunar.

Em termos da área científica, esta monografia enquadra-se nas ciências ambientais,

baseada fundamentalmente numa discussão dos factores que estão por detrás do

desflorestamento dunar, na zona costeira do Povoado de Chizavane, no Posto Administrativo

de Chidenguele, Distrito de Mandlakazi.

0.2 - Formulação do problema de investigação

0.2.1- Problematização

A zona costeira do Povoado de Chizavane é caracterizada por dunas costeiras

parabólicas bastante altas, que atingem por vezes 100m, facto que caracteriza a zona costeira

do sul de Save. O facto das dunas serem altas e com cobertura vegetal, torna-as caso raro e

excepcional á nível mundial. No entanto, esta vegetação é bastante frágil.

Nos últimos tempos, a vegetação dunar tem sofrido uma grande redução, devido ao

desflorestamento acentuado que se presume que acções naturais e antrópicas estejam

envolvidas, pois, sobre esta frágil vegetação, nota-se uma pressão feita pelo homem através

do desenvolvimento de várias actividades tais como o turismo e outras actividades de

sobrevivência das comunidades locais, como é o caso da agricultura itinerante, extracção de

combustível lenhoso, material de construção, medicamentos, bebida e colecção de frutas para

consumo e venda, entre outras.

Por outro lado, as dunas que segundo CASTANHO, et al., (1972), citado por

MUNGOI (1997) são formações maioritariamente de origem arenosa misturada com outras

partículas de origem sedimentar que varia desde conchas, calcário e material orgânico, cuja

sua composição varia com idade, humidade e potencial orgânico e formam-se através de

transporte de partículas por acção das ondas do mar e por acção dos ventos. Ao perderem a

vegetação que as sustentam, elas se tornam movediças e perdem a qualidade de barreira da

acção dos agentes climatéricos no interior (vento e chuva), perdem-se terras para o

desenvolvimento de várias actividades e interfere-se no equilíbrio ecológico dos ecossistemas.

Page 16: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

3

Perante o cenário aqui apresentado, coloca-se o problema: Até que ponto a acção

antrópica e os agentes naturais são factores do desflorestamento dunar em Chizavane?

0.3- Hipóteses

É provável que a falta do conhecimento dos instrumentos de gestão dos recursos

naturais contribua para o desflorestamento dunar neste local.

É provável que o desflorestamento dunar em Chizavane, seja resultado da

implementação deficiente da legislação existente e outros instrumentos de gestão dos

recursos naturais.

0.4- Objectivos

0.4.1- Geral:

Avaliar a influência dos factores do desflorestamento dunar em Chizavane sobre as

relações socio-ambientais.

0.4.2- Específicos:

Identificar os factores do desflorestamento das dunas costeiras em Chizavane;

Caracterizar os factores do desflorestamento das dunas costeiras;

Caracterizar as formas de uso da vegetação dunar em Chizavane;

Descrever os impactos do desflorestamento dunar; e

Propor medidas que possam contribuir para a preservação da vegetação costeira da

área de estudo.

0.5- Justificativa

A opção de fazer um trabalho relacionado com os factores do desflorestamento dunar

em Chizavane, deve-se ao facto da área de estudo perder duma forma acelerada a sua

vegetação dunar.

Por outro lado, o autor deste trabalho, visitou Chizavane no ano de 2005 e o lugar

ainda apresentava aspectos naturais da sua vegetação dunar, quase intactas, não acontecia

aquilo que era assistido na altura noutros lugares como na Praia de Xai-Xai, onde a agressão

Page 17: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

4

da vegetação dunar já era um facto real. Volvidos alguns anos, a situação mostrou-se diferente

em Chizavane, o desflorestamento também já é um facto real neste local e há necessidade de

trava-lo.

É este debate que se traz para uma abordagem nas percepções relacionadas com o

assunto, por outro lado, espera-se uma contribuição para uma reflexão mais profunda sobre a

importância que a preservação da vegetação dunar tem, para o desenvolvimento socio-

económico não só de Chizavane, mas também para o país todo.

Finalmente, a forma como tem sido praticado o turismo, deixa incertezas sobre a

sustentabilidade desta actividade, pois a comunidade não está empoderada, isto é, não se sente

dona dos seus recursos naturais, limita-se a assistir o que os investidores (estrangeiros) fazem,

a devastação dos recursos naturais sobretudo a vegetação e da beleza paisagística singular que

o lugar ostenta e que constitui um atractivo para o turismo.

0.6- Procedimentos metodológicos e técnicos

Para o presente trabalho privilegiou-se:

a) Para a recolha de dados:

Consulta Bibliográfica - que foi desenvolvida com base em material já elaborado,

constituído principalmente por livros e artigos científicos, sobre o desflorestamento e

foi a base fundamental para o presente trabalho, no que tange a fundamentação teórica,

pois para sustentar o problema de estudo, foram confrontadas obras de vários autores

sobre esta questão do desflorestamento;

Observação Directa - que é realizada através de aferição de dados no local de estudo,

permitiu confirmar no local o estado actual da conservação da vegetação e do

desflorestamento dunar em Chizavane, com base nesta, faz-se a observação e registo

de características físicas e sociais, cobertura vegetal, uso de solos e actividades

económicas desenvolvidas no local, através de captação de imagens fotográficas;

Observação Indirecta - um tipo de consulta realizado com base em material

cartográfico e/ou fotográfico sobre um determinado assunto; permitiu recorrer-se ao

material cartográfico existente sobre o local (mapas) além de interpretação das

fotografias tiradas pelo autor sobre o estágio da vegetação dunar; e

Page 18: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

5

Entrevista - foi baseado na condução de entrevista semi-estruturada aos

intervenientes na área de estudo, neste caso em (3) três instituições do Governo

(DPCA-Gaza, DPTUR-Gaza e CDS-ZC) e (2) duas entidades de autoridade local

(Chefe de Localidade e Líder Comunitário), como forma de saber e aprofundar quais

os factores que contribuem para o desflorestamento dunar em Chizavane e o que está a

ser feito para salvaguardar os recursos naturais no geral e a vegetação dunar em

particular. Este grupo focal foi escolhido por ser aquele que principalmente intervém

na gestão dos recursos naturais nesta área de estudo. Deste modo, foi usado um guião

de entrevista constante no apêndice I.

b) Para o processamento de dados:

Os dados colhidos através de métodos e técnicas supracitadas, para o seu

processamento, fez-se a transcrição das entrevistas tendo em conta o tópico em discussão, as

fotografias foram comparadas tendo em conta a situação que contribui para o

desflorestamento e a situação desejada. Foram produzidos e comparados gráficos e tabelas da

situação climática da área de estudo em diferentes momentos, que permitiram mostrar até que

ponto esta situação pode ou não contribuir para o desflorestamento.

Page 19: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

6

CAPÍTULO I:

1.0- OS FACTORES DO DESFLORESTAMENTO DUNAR: REVISÃO DA

LITERATURA

Este capítulo, apresenta a revisão da literatura que está em torno do desflorestamento,

um assunto não tão fácil de aborda-lo, pois ainda são escassas as obras que o abordam

profundamente. Esta revisão da literatura tem uma perspectiva de levar a discussão, o

conceito de desflorestamento, que é um problema ambiental altamente prejudicial ao

funcionamento dos ecossistemas e interfere na vida humana.

Mostra-se neste capítulo a importância teórica das florestas e os factores que

contribuem para o acelerado desflorestamento, incluindo as tendências do desflorestamento

no mundo.

1.1- O processo de desflorestamento

O desflorestamento ou desmatamento é o processo de destruição das florestas através

da acção do homem. Ocorre, geralmente, para a exploração de madeira, abertura de áreas para

a agricultura ou pastagem para o gado. As queimadas descontroladas é um dos processos mais

utilizados para o desflorestamento2.

A destruição de florestas, principalmente pelo processo de queimadas, também

contribui para o desenvolvimento do efeito estufa, provocando o aquecimento global, que

consiste na elevação de temperaturas a nível global, o que pode afectar o funcionamento dos

ecossistemas e consequentemente afectam os meios de sobrevivência das comunidades.

O desflorestamento, com todas suas causas e formas distintas, tem uma dimensão

espacial. Os componentes bióticos e abióticos da floresta, junto com a influência humana,

existem e interagem no espaço. O tamanho e a forma da floresta influem na maneira como a

população abre novas terras.

Cada desflorestamento é induzido por factores sociais, económicos, políticos e

ecológicos que mudam através do tempo e que é improvável para uma esperada

2 Disponível em http://www.suapesquisa.com/o_que_e/desflorestamento.htm.

Page 20: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

7

estacionalidade dos dados de desflorestamento. Assim, apenas alguns anos de validade podem

ser assumidos para cada projecção temporal.

Para (MECHISSO & MATUSSE, 2005), definem desflorestamento como sendo a

destruição ou abate indiscriminado de matas e floresta sem reposição devida. O processo de

desflorestamento ocorre a milhares de anos. Em algumas regiões do mundo, as florestas foram

totalmente destruídas. Na Europa e nos Estados Unidos, por exemplo, quase não há mais

florestas nativas.

Ao eliminar uma floresta, ocorre, ao mesmo tempo, a morte de muitas espécies

animais. Isto ocorre, pois várias espécies fazem da floresta o habitat e obtém dela o alimento e

protecção necessários para a sua sobrevivência.

Além de existir incerteza sobre a exacta dimensão das perdas e dos custos ambientais

dos desmatamentos, a percepção sobre os possíveis ganhos económicos e sociais do

processo carece de base empírica e analítica. Isto tem levado a uma gama de

perspectivas sobre o real processo de ocupação e desmatamento. Entre elas incluem-

se os custos ambientais, medidos local, nacional e globalmente, que são tão elevados

que tornam irracionais quaisquer actividades causadoras dos desmatamentos

(MARGULIS, 2003, p. 13).

O desflorestamento é o tipo de mudança de uso da terra que (à longo prazo) provocaria

os efeitos mais severos nas condições do clima. Os factores que afectam o desflorestamento

variam imensamente de lugar para lugar e portanto, estes deveriam ser definidos a partir de

estudos locais (RODRIGUES. 2004 citando HUTTL et. al. 2001).

Parar com o desflorestamento tornou-se uma prioridade não só do nosso país como

também a nível mundial, pois afecta a hidrografia e o clima, os quais têm efeitos

significativos sobre a biodiversidade e a qualidade de vida humana.

MENDOZA & ANDERSON, (s/d, p.2) citando MYERS, (1980) referem-se ao

desflorestamento no contexto da floresta tropical, onde dizem que:

O desflorestamento da floresta tropical é uma ameaça potencial à sustentabilidade

ecológica e ao desenvolvimento socioeconómico a longo prazo. Tendo em vista a

Page 21: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

8

tendência actual deste processo na floresta tropical, uma pergunta emerge de quanto

dano este ecossistema frágil pode resistir e ainda recuperar-se.

As razões para a preocupação com o desflorestamento estão agrupadas em duas

grandes categorias: primeiro, a floresta tropical exibe a maior diversidade de espécies da

maior comunidade biológica, então sua destruição implicaria numa extinção em massa e um

atentado aos recursos genéticos do planeta e segundo, pela provável mudança climática (efeito

estufa) que o desflorestamento poderia estar a contribuir.

A destruição da floresta tropical resulta de uma complexa combinação de causas

sociais, económicas e biológicas que afectam à flora, fauna e os estilos de vida das

populações indígenas. Empiricamente, para o desflorestamento existe um número

significante de variáveis que sugerem o modelo de uso da terra, principalmente as

características da área (como qualidade do solo, tipo de vegetação) e os factores que

afectam os custos de transporte (como rodovias pavimentadas, dimensão dos rios,

distância dos mercados consumidores). A principal exploração da floresta tropical é

mais recente, incentivada por vários episódios económicos e de sobrevivência nos

inícios do século XIX e acelerado nas últimas décadas (MENDOZA & ANDERSON

s/d, p. 2 citando NATIONS, 1988).

Uma das principais investigações sobre desflorestamento tropical é a determinação dos

factores causais. A identificação dos factores que contribuem com o desflorestamento é

considerada como o primeiro passo para controlar a perda da floresta.

Segundo MICOA, (1996, p. 53), “a cobertura florestal desempenha uma enorme

função pois, é nela que grande parte da população rural se abastece em fontes de

combustível lenhoso, material de construção, alimentos silvestres, plantas medicinais,

pastagens de gado, etc.”

Page 22: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

9

Ainda MICOA (1996), refere que embora haja estas vantagens oferecidas pela floresta

nativa, esta, está a enfrentar inúmeras perturbações, dada a procura abusiva dos seus recursos

por parte dos utilizadores e as práticas agrícolas inadequadas tal como o uso de queimadas

que culminam com o desmatamento.

As florestas são destruídas por muitas razões, mas muitas delas, estão ligadas as

questões económicas. O grande catalisador do desflorestamento é a agricultura. Os

agricultores destroem florestas para a prática de culturas e pastar animais. Alguns camponeses

cortam as árvores para a produção do combustível lenhoso.

Não é todo o desflorestamento que é intencional, algum é causado pela combinação de

factores humanos e naturais como queimadas e sub-pastoreio de gado.

O desflorestamento tem muitos efeitos no ambiente. O mais dramático impacto é a

perda de habitat de milhões de espécies, cerca de 70% dos animais e plantas na terra vivem

nas florestas e muitos não podem sobreviverem em desflorestamento que destrói seu meio.

Este problema também leva as mudanças climáticas, leva à alterações das características do

solo e influência no ciclo hidrológico.

1.2- Desflorestamento dunar

A floresta dunar está sendo ameaçada por inúmeros factores que a levam ao seu rápido

desflorestamento. Para este desflorestamento são apontados factores naturais e humanos,

como os que contribuem para o seu surgimento.

O desflorestamento nas dunas estabilizadas está ligado principalmente aos vários

factores sobretudo de origem humana, tal é o caso das queimadas e extracção de sedimentos

arenosos para utilização na construção civil, a estes, integram-se também a agricultura e

extracção de combustível vegetal. Estas acções crescentes que também atingem esta unidade

vêm desrespeitando a legislação ambiental que desencoraja o desflorestamento das dunas. A

intensificação da prática agrícola nas dunas vem provocando graves danos ambientais, pois

esta unidade não é potencialmente apta para a exploração agrícola, devido principalmente a

sua instabilidade geomorfológica, inexistência de solos férteis e de baixa humidade

superficial, apesar de manter aquíferos superficiais.

As florestas dunares são dizimadas para suprir as necessidades cada vez mais

crescentes em energia (para cozinha) e para materiais de construção. E por conseguinte, acção

de desflorestamento é mais grave nas proximidades das cidades e vilas (HOGUANE, 2007).

Page 23: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

10

Isto pode estar a acontecer pois nas cidades e vilas há maior concentração da população e por

conseguinte, maior pressão é exercida sobre os recursos sobretudo os florestais para a

produção do combustível lenhoso, material de construção, medicina tradicional entre outros

fins.

Por outro lado, os altos níveis de perturbações nas dunas, resultam em um decréscimo

na altura e cobertura da vegetação, deixando o terreno exposto e vulnerável a acções erosivas

(LEITE & ANDRADE 2003). Estas acções erosivas, são mais severas em locais onde não

haja uma boa cobertura vegetal, pois a ausência da vegetação reduz a taxa de infiltração da

água e consequentemente aumento do escoamento superficial, iniciando deste modo, a erosão.

A destruição da vegetação dunar faz com que a areia e as dunas que já estavam fixadas

voltem a se movimentar e dê início ao processo migratório, podendo soterrar casas e

principalmente a vegetação localizadas em suas proximidades. (SANTOS & ROSÁRIO

1988), citados em (BASTOS, 1995), estudando a vegetação fixadora das dunas, alertam para

o perigo do desequilíbrio entre as dunas e a vegetação que as fixam e que pode ser nefasto

para o mesmo sistema dunar e MICOA, p.11 (s/d) reforça ainda que:

Uma das causas do desflorestamento dunar é o abate de árvores para a produção de

carvão, lenha e material de construção e isto conduz para um baixo nível de

desenvolvimento e a concentração da população criou um certo número de problemas

que podem ameaçar seriamente o necessário e esperado desenvolvimento dentro da

área costeira.

Os autores aqui apresentados, todos convergem na sua abordagem sobre o

desflorestamento, pois, olham para o desflorestamento como um processo de redução das

áreas ocupadas pelas florestas nativas, criando danos a qualidade da terra, perturbação do

funcionamento dos ecossistemas através da extinção de espécies e também pela contribuição

do desflorestamento nas mudanças climáticas, pois as árvores jogam um papel crucial na

absorção dos gases de efeito estufa. Ter poucas florestas significa muitos gases de efeito

estufa e consequente aumento drástico do aquecimento global.

No capítulo a seguir, faz-se a caracterização da vegetação dunar de Chizavane, sua

distribuição que parte das dunas primárias até as terciárias. Esta caracterização é antecedida

pela descrição dos aspectos geográficos e da vegetação da área de estudo.

Page 24: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

11

CAPÍTULO II:

2.0- ASPECTOS GEOGRÁFICOS GERAIS E DA VEGETAÇÃO DUNAR DE

CHIZAVANE

A zona costeira de Chizavane, é caracterizada por um ecossistema formado por

vegetação frágil assente em dunas arenosas, cuja sua disposição constitui ponto de

convergência para muitos grupos de interesses, tal é o caso de empreendedores turísticos,

turistas e agropecuários.

Neste capítulo, faz-se a descrição da área de estudo, tendo em conta a localização

geográfica, topografia e o estado do clima, faz-se igualmente a caracterização da vegetação

dunar em Chizavane, tendo em conta a sua distribuição por grupo de espécies no mesmo

sistema dunar.

Esta caracterização mostra a importância que a vegetação dunar representa para a

manutenção e desenvolvimento do sistema dunar.

2.1- Localização geográfica e características gerais de Chizavane

Chizavane é um dos povoados da localidade de Chicuangue, no Posto Administrativo

de Chidenguele, Distrito de Mandlakazi, cujos aspectos geomorfológicos e climáticos, se

enquadram nas características gerais da Zona Costeira de Mandlakazi.

A Zona Costeira de Mandlakazi localiza-se no Distrito do mesmo nome, Província de

Gaza, abrangendo partes de Chicuangue, Chidenguele Sede e Dengoine, compreende uma

faixa de cerca de 10 km (Oceano Indico - EN1), com uma extensão (comprimento) de cerca

de 49,2km. Tem como limites a Norte a Estrada Nacional nº1, a Sul o Oceano Indico, a Oeste

o Distrito de Xai-Xai e a Este o Distrito de Zavala (DPCA-Gaza, 2007).

Page 25: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

12

Mapa 1: Localização geográfica da zona Costeira de Chizavane

Fonte: Direcção Provincial para a Coordenação da Acção Ambiental de Gaza –(2012)

Page 26: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

13

Segundo (SOUSA, 2004, p. 20), “Chizavane encontra-se à altitudes que variam entre

20 e 30m junto às lagoas e de 60 a 80m nas dunas. As dunas costeiras neste local, possuem

uma orientação NE-SW e são da idade sub-recente a recente (Quaternário)”.

No que diz respeito aos solos, a área de estudo apresenta sedimentos arenosos, que

segundo (NYAMUNO, et. al., 1995), citado em (MUNGOI, 1997) são solos muito profundos,

de areias grosseiras, brancas e quartzosos, excessivamente drenados. São solos pobres em

matéria orgânica e a capacidade de retenção de água destes solos é muito baixa. Estão

localizados nas dunas de areia, altamente onduladas com declives que vão de 4 a 30%.

Contudo, as diferenças topográficas ao longo da costa determinam as pequenas

variações que se verificam, principalmente nas condições de drenagem.

O clima é tropical húmido. As temperaturas médias mensais e anuais situam-se entre

os 20 e 28ºC. A pluviosidade embora esteja a registar algum decréscimo nos últimos anos (ver

o gráfico 1), é maior nesta região, facto que tem efeitos directos no período de crescimento

anual das plantas que é de 270 dias.

Gráfico1: Precipitação média anual registada na área de estudo

Fonte: Autor, com base na organização de dados obtidos na Delegação Provincial de Meteorologia. 2012

120,88

85,65

56,7

45,3

105,4996,11

0

20

40

60

80

100

120

140

2006 2007 2008 2009 2010 2011

Precipitação

 em m

m

Precipitação Media Anual

Precipitação Media Anual

Page 27: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

14

2.2- A população e suas actividades

O número exacto da população da área de estudo, foi de difícil obtenção, por este

motivo, os dados aqui apresentados são do nível da localidade e deles pode-se ter uma ideia

sobre o comportamento demográfico da área de estudo. De acordo com dados do censo 2007,

a população da Localidade de Chicuangue, foi estimada em cerca de 9.565 habitantes,

constituída maioritariamente por mulheres, (ver tabela 1) (INE, 1999).

Tabela 1: População da localidade de Chicuangue

ANO TOTAL HOMENS MULHERES

1997 9.069 3.851 5.218

2007 9.565 4.364 5.201

Fonte: Autor, adaptado do INE 1999 p. 13 e dados colhidos no INE em Fevereiro de 2012

A principal actividade desenvolvida pela população local é agricultura basicamente

familiar, cujas lavouras são feitas geralmente a enxadas e raramente com uso da tracção

animal ou mecânica, sendo que as culturas praticadas são milho, mandioca, feijão nhemba,

amendoim consociados com culturas permanentes de mafurreiras, cajueiros, laranjeiras,

tangerineiras e ananaseiros (MICOA, 1998).

Em Chizavane, enquanto as mulheres dedicam-se à agricultura, os homens dedicam-se

mais a pesca artesanal. A pecuária é exercida predominantemente pelo sector familiar, que

cria gado bovino, caprino e suíno. O trabalho nas minas da África do Sul, a pequena indústria

e o comércio maioritariamente informal ocupam posições secundárias.

Depois de Chidenguele, Chizavane é o segundo maior centro turístico do Distrito de

Mandlakazi devido as suas características físicos-naturais que permitem o desenvolvimento

de actividades turísticas, que actualmente são asseguradas por investidores estrangeiros, que

empregam maioritariamente indivíduos de locais fora de Chizavane.

2.3- Características da vegetação dunar de Chizavane

No concernente à vegetação da área de estudo, sua composição é dominada pelas

condições ecológicas locais, incluindo a intervenção do homem. Maior parte das espécies

vegetais existentes nesta área, tem a folhagem coriácea, características de espécies que se

adaptam as condições de alta salinidade, incluindo ventos fortes e constantes.

Page 28: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

15

As dunas costeiras na área de estudo são caracterizadas por uma cobertura de

vegetação compreendendo espécies herbáceas suculentas sobre as dunas primárias,

graduando-se para mata ou florestas bem desenvolvidas sobre as dunas mais altas do lado da

terra. O clímax das dunas é composto por espécies diversas (MUNGOI, 1997).

Essas dunas são revestidas de vegetação arbustiva ou arbórea baixa, densa, de porte

sensivelmente uniforme, devido à influência do vento, de folhagem coriácea na maioria parte

das espécies e de extracto inferior muito reduzido, por vezes nulo. Estas dunas:

Basicamente são constituídas por arbustos permanentemente verdes em todas

estações de ano, abarcando quase que a totalidade da superfície dunar, formando

assim matagais cerrados a esparsos, com plantas herbáceas que retêm as dunas dos

agentes erosivos, nomeadamente o vento e as chuvas (SOUSA, 2004, p.25).

A vegetação tem um papel muito importante na formação e desenvolvimento das

dunas e nesta área, as dunas são altas, expostas a ventos fortes e consequentemente são

susceptíveis a erosão eólica se a sua vegetação for removida.

De acordo com (GOVE & BOANE, 2001), citados por (CDS-ZC, 2008), a vegetação

das dunas, localiza-se junto às dunas costeiras. É típica da zona sul de Moçambique, desde

Bazaruto à ponta de Ouro, esta área apresenta espécies mais comuns que são: Ipomoea pés-

caprae, scaevola thunbergii, Carpobrotos dimidiatus, Sporobolus virginicus, Cyperus

maritimus, Lannea sarmentosa e Asystasia gangetica: Outras especies maioritariamente

lenhosas são: Mimusops caffra, Diospyros rotundifolia, Clerodendron grabrum, Eugenia

capensis e Sideroxylon inerme. Ocorrem também as espécies Apodites dimidiata, Phoenix

reclinata, Carissa Bispinosa, Brachylaena discolor, Deimbolia oblogifolia, Euclea natalensis,

Azima tetracantha e Xylotheca kraussiana.

A brenha costeira ou matagal ocorre no topo das dunas interiores, ao redor das lagoas

onde é mais desenvolvida. O extracto arbóreo atinge 3 a 5 metros, algumas espécies comuns

são: Afzelia quanzensis (Chanfuta), Dialium schlereti, Apodites dimidiata, Brachylaena

discolor, Olax dissidiflora, Garcinia livingstonei, Trcalysia sp., Asystasia gageta, Rhus

natalensis, deimbolia oblingifolia, Ozoroa obovata, Albizia adiantifolia, Albizia versicolor,

Euphorbia tyrucalli, Mimusops caffra e Phoenix reclinata. Partes destas florestas ainda

Page 29: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

16

encontram-se intactas, porém, uma parte significativa foi modificada pela agricultura familiar

(ver figura 1).

Figura 1: Dunas com vegetação no seu estado clímax.

Fonte: Autor, Dezembro de 2010

Na pradaria arborizada ou graminal arbóreo das planícies e dunas interiores, encontra-

se uma vegetação subtropical caracterizada por espécies lenhosas Albizia sp., Afzelia

quanzensis, Sclerocarya birrea e algumas espécies herbáceas comuns Hyperrhemia sp.,

Themeda sp., Panicum maximum e Helichurysum sp, (ver a relação das espécies que ocorrem

no sistema dunar de Chizavane nas tabelas 3 e 4 no anexo III).

MUNGOI, (1997), citando HATTON et. al. (1995) considera que a vegetação atrás

das dunas é classificada como matas costeiras abertas compreendendo espécies tais como

Albizia sp., Afzelia quanzensis (chanfuta), Strychnos sp. (massala e macuácua) e Sclerocarya

birrea (canhoeiro). No entanto, na área de estudo estas matas muitas foram convertidas em

machambas de pequena escala através do corte e queima.

Apesar desta relação de espécies, as dunas costeiras nesta área estão a sofrer de

desmatamento, o que pode provocar alterações do funcionamento do sistema e perda de

espécies (ver a figura 2). Este fenómeno verifica-se principalmente nas áreas onde as

concessões de terra para implantação de empreendimentos turísticos ou afins continuam

progressivamente e cujo critério de atribuição de espaços, incluindo a construção de infra-

Page 30: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

17

estruturas em alguns casos não obedecem os instrumentos normativos existentes, tal é o caso

do Zoneamento Costeiro de Mandlakazi, elaborado sob orientação da DPCA-Gaza em 2008 e

o Decreto 45/2004, de 29 de Setembro, que regula o Processo de Avaliação do Impacto

Ambiental, entre outros.

Figura 2: Duna desflorestada.

Fonte: Autor, Dezembro de 2011

Há iniciativas isoladas de reflorestamento das áreas dunares desflorestadas em muitos

casos com recurso á espécies exóticas porque as nativas demoram o seu crescimento

(MECHISSO, 2012, cp3) e que por causas das condições ambientais adversas, muitas não

suportam as condições do local definitivo.

O capítulo a seguir apresenta os factores e impactos do desflorestamento dunar em

Chizavane, desde os naturais até os antrópicos. Mostra-se até que ponto cada um dos grupos

de factores do desflorestamento dunar contribui para a ocorrência deste problema ambiental.

Mostram-se igualmente neste capítulo os impactos negativos do desflorestamento

dunar, tanto no funcionamento dos ecossistemas, assim como na vida sócio-económica das

comunidades.

3 Micas Mechisso, Funcionário do CDS-ZC, cp. em 20 de Janeiro de 2012.

Page 31: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

18

CAPÍTULO III:

3.0 – O DESFLORESTAMENTO DUNAR EM CHIZAVANE: FACTORES E

IMPACTOS

Este capítulo restringe-se na identificação e descrição dos factores que contribuem

para o desflorestamento dunar e seu impacto nos ecossistemas e na vida das comunidades.

Abordam-se neste, os factores naturais e antropogénicos no processo de

desflorestamento, incluindo a magnitude de cada grupo de factores para este problema

ambiental.

3.1- Os factores do desflorestamento dunar em Chizavane

A fragilidade que os ecossistemas dunares apresentam, face à pressão a que estão

sujeitos implica que com facilidade, as espécies vegetais sejam afectadas quer pela pressão

humana, quer por factores geoclimáticos, diminuindo a riqueza de espécies e a cobertura

vegetal nos locais onde se verificam maiores impactos SILVA, et. al. s/d citando (YILMAZ,

2002).

MATTOS, et al, (2000) citando CARNEIRO, et. al, (1993), refere que a adequada

gestão ambiental é necessária para garantir que a degradação ambiental e a consequente

decadência da qualidade de vida, tanto nas cidades como no campo, parem de ocorrer. E que a

necessidade do homem se satisfazer de recursos naturais seja compatível com a de se

preservar o meio ambiente.

Actualmente, a vegetação dunar de Chizavane, encontra-se ameaçada em decorrência

de vários factores desde os naturais até os que resultam da acção antropogénica, neste último

caso, integram-se as causas sociais e económicas.

MUNGOI (1997) citando BOOT et. al. (1994) Considera que uma cobertura do solo

com vegetação é de mais alta importância, porque quebra a energia das gotas de chuvas, reduz

o escoamento superficial, estabiliza a superfície do terreno e aumenta a infiltração.

Page 32: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

19

3.1.1 - Factores de origem natural

As plantas funcionam como camada interceptoras de frentes a acção mecânica de

chuvas, como obstáculo ao escoamento pluvial e aos ventos e através do fornecimento do

húmus, como factor de agregação dos solos. “Quando se verifica o desabamento das árvores,

de modo natural ocorre movimentação de terra na superfície da encosta”

(CRISTOFOLETTI, 1979), citado em (MUNGOI, 1997, p. 24).

Os factores naturais do desflorestamento dunar são principalmente de origem

climática4, nomeadamente ventos, precipitação e temperatura. Estes factores aparecem como

catalisadores do desflorestamento principalmente quando associados à acção antrópica.

Estes factores de origem natural comparativamente aos de origem antrópica, têm

impacto negativo relativamente reduzido, pois os factores de origem natural ocorrem de forma

lenta e precisam dum tempo relativamente longo para que seus efeitos sejam notórios, ao

passo que o homem sua intervenção quer por forma de derrube directo da vegetação usando

equipamento quer usando fogo criam um desflorestamento acelerado, cujos efeitos são

imediatos.

A sua manifestação resulta da dinâmica dos elementos atmosféricos que têm a ver com

o vento, a temperatura, a precipitação e a pressão, portanto, o clima de Chizavane é do tipo

tropical húmido, caracterizado por duas estações, uma quente e chuvosa que ocorre de

Novembro a Março e outra fria e seca de Abril a Outubro.

Como factores naturais, nesta pesquisa, destacam-se o vento e a temperatura por serem

os elementos que mais interferem no desflorestamento dunar em Chizavane.

a) -O Vento

O vento é um factor ecológico de certa importância a vários títulos. Directamente,

actua como um agente de transporte, desempenhando um papel notável na polinização das

flores, na dispersão das sementes, no deslocamento dos pequenos organismos. Indirectamente

altera de modo significativo a temperatura, para mais ou para menos, conforme as massas de

ar envolvidas e aumenta de modo claro a evaporação, pelo que exerce um importante efeito

dessecante. (KNAPIC, 1983).

No entanto, SILVA, p. 3 et. al. (s/d) refere que “a interacção existente entre o vento e

a vegetação torna-se um processo chave para o desenvolvimento dunar”. São as 4 O clima é o conjunto de fenómenos meteorológicos que ocorrem num determinado local, durante um longo intervalo de tempo, considerado entre os especialistas, um período de 30 anos. A precipitação e a temperatura são os principais factores na caracterização de um clima, e estes afectam directamente a vegetação (MEAZA et. al., 2000) citado por (NETO, 2008, p.16).

Page 33: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

20

características morfológicas e fisiológicas desta vegetação que determinam a eficácia destas

plantas na captura e retenção das areias transportadas pelo vento (induzindo à formação de

padrões morfológicos nas dunas costeiras de acordo com o zoneamento das espécies em

função do gradiente ambiental.

Ao ser alterada a estrutura da vegetação e ao ser interrompido ou reduzido o fluxo de

areia e os processos sedimentares como a deriva costeira, a duna vai sendo erodida sem ser

reposta a areia necessária para o restabelecimento desse stock.

A vegetação nos sistemas dunares condiciona a fixação das areias e a consolidação das

dunas, definindo, desta forma a extensão do próprio sistema dunar, que está directamente

relacionada com o seu estado de degradação e vulnerabilidade.

O vento exerce uma acção deformante quando sopra com frequência e intensidade. As

árvores e os arbustos são vergados na sua direcção. Os ramos torcidos crescem junto ao solo e

o próprio tronco pode ser forçado a desenvolver-se também à altura do solo (KNAPIC, 1983)

(ver figura 3)

Figura 3: A influência do vento sobre a vegetação.

Fonte: Autor, Fevereiro de 2012

O vento, pela sua intensidade, é um factor limitante, tal como acontece em Chizavane,

o vento que aqui sopra é predominantemente do Sul e por vezes de Sueste com velocidade de

Page 34: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

21

cerca de 16km/h e que segundo a Escala de Beaufort5 este vento tem a designação de Brisa

Moderada e que de certa forma influência no desenvolvimento da vegetação dunar.

b)- A Temperatura

A temperatura é um factor ecológico fundamental, pela influência que exerce no

conjunto dos processos vitais, controlando em grande medida o desenvolvimento, o

comportamento e a distribuição dos seres vivos à superfície terrestre. Actua não só pelos seus

valores extremos, mínimo e máximo, mas também, pelas suas variações diárias e anuais.

Para todo o organismo vivo existe uma temperatura óptima, em que a actividade

biológica se realiza nas melhores condições, independentemente da intervenção de

outros factores. Mas à medida que a temperatura se afasta desse óptimo, para menos

ou para mais, a actividade biológica vai diminuindo. Atinge-se uma temperatura letal,

para a qual o organismo deixa mesmo de poder viver (KNAPIC, 1983, p. 19).

Segundo dados recolhidos na Delegação Provincial de Meteorologia de Gaza, a

temperatura média anual registada neste local nos anos 2006 a 2011 foi de 23,1ºC.

Comparando com os dados dos anos 1991 a 1998, cuja temperatura média foi de 23ºC, não

houve alteração considerável. Mesmo assim, a temperatura influência para o

desflorestamento, se consideramos que numa área desnuda a temperatura pode elevar-se até

mais 3 a 4ºC, o que quer dizer que se alguma vegetação estiver próxima duma área desnuda, a

probabilidade de eliminar-se por causa da temperatura é maior.

5 Disponível em www.luisfernandez.info/Beaufort.pdf - Escala de Beaufort que classifica a intensidade dos ventos, tendo em conta a sua velocidade e os efeitos resultantes das ventanias no mar e em terra. Foi desenhada pelo meteorologista anglo-irlandês Francis Beaufort no início do século XIX.

Page 35: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

22

Gráfico 2: Temperaturas médias anuais registadas na área de estudo.

Fonte: Autor, com base na organização de dados obtidos na Delegação Provincial de Meteorologia.

2012

Nos casos em que há diminuição da vegetação numa determinada área por uma razão

qualquer, criam-se condições para que haja microclima, como por exemplo, o registo de

temperaturas elevadas durante o dia e redução drástica nas noites, portanto, condições

inóspitas para certas espécies vegetais que não toleram essa variação.

Deste modo, a temperatura encontra condições para contribuir no desflorestamento, se

tomamos em consideração que há diferença de 3 a 4ºC, entre uma área sob um conjunto de

árvores e uma sem vegetação, totalmente aberta à radiação solar, portanto, a vegetação que se

encontra próxima duma área nua acaba por não suportar esta variação de temperatura, factor

este igualmente limitante para uma nova colonização (ROBINETTE e MASCARÓ, 1996),

citados por (CARVALHO, 2001).

3.1.2 - Factores de origem antropogénica

O homem mesmo sabendo da fragilidade e da importância do sistema dunar, é o maior

agressor. Este, pratica a agricultura de subsistência nesta área íngreme de solos arenosos cuja

fertilidade é muito baixa. Por estas particularidades, as comunidades locais desbravam mais

áreas novas para a prática de agricultura, contribuindo desta forma na redução da cobertura

vegetal neste local, onde a agricultura é basicamente familiar e itinerante e por outro lado, não

22,9

23,091 23,066

23,3

23,64

23,075

22,4

22,6

22,8

23

23,2

23,4

23,6

23,8

2006 2007 2008 2009 2010 2011

Temperatura Médias Anuais em ºC

Temperaturas Médias Anuais

Temperatura

Page 36: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

23

são aplicados outros factores de produção tal é o caso de adubos, fitofármacos e sementes

melhoradas.

As queimadas descontroladas são outras principais causas do desflorestamento dunar.

Estas queimadas surgem como resultado da abertura de campos para agricultura, caça de

animais, renovação de pastos para o gado tanto bovino, caprino e até ovino (MICOA, 2001).

Informação fornecida por MACAMO, 2012. cp6, ao responder à pergunta que queria

saber qual era o efectivo de gado bovino e caprino na área de estudo, indica que muitos

grandes e pequenos criadores que se encontram nas cidades principalmente Xai-Xai e

Maputo, têm seus currais em Chizavane, onde a pastagem é feita de forma livre, o que não é

recomendado para esta área ambientalmente sensível, por um lado e por outro, é centro de

muitos interesses sócio-económicos.

O outro factor antropogénico que contribui para o desflorestamento dunar é a

fragilidade institucional, pois maior parte das instituições afins, ainda não têm meios materiais

nem humanos suficientes para fazer face a este mal.

Aos factores antropogénicos, integram-se as causas sociais e económicas, pois,

Chizavane apesar da fragilidade dos seus ecossistemas, já regista evidências de sobreposição

de interesses, o que origina nalguns conflitos.

A prática de turismo, pesca, agro-pecuária, extracção de material de construção,

extracção de combustível lenhoso, são as principais formas de utilização e ao mesmo tempo

de desflorestamento sobretudo da vegetação dunar local, a estes elementos integra-se a

deficiente implementação dos instrumentos de gestão territorial (Planos de Ordenamento

Territorial, incluindo os zoneamentos de recursos).

Embora a população de Chizavane não esteja a crescer significativamente se

comparados dados do II RGPH de 1997, com os resultados do III RGPH de 2007, cuja taxa de

crescimento foi de apenas 5,19%, a comunidade local mesmo assim, exerce uma pressão

sobre a vegetação dunar, pois, maioritariamente tem a sua economia baseada na agricultura de

subsistência praticada numa área de solos arenosos com fertilidade muito baixa, aliada a este

factor há que ter em conta os meios tradicionais utilizados, isto leva com que a produção e a

produtividade sejam baixos e consequente uma baixa renda familiar (ver tabela 1) (INE,

1999).

6 Zacarias Francisco Macamo, Chefe da Localidade de Chicuangue, cp em 21 de Fevereiro de 2012.

Page 37: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

24

a)- Causas sociais

As causas sociais estão relacionadas principalmente com as crenças locais, o que leva

a procura de medicamentos tradicionais por um lado e por outro, maior parte das habitações

de Chizavane são construídas com base em material local, o que leva igualmente a se recorrer

a vegetação dunar para a extracção do material de construção, portanto, estacas, laca-lacas,

palha entre outros e de plantas de ornamentação.

Neste contexto, estas causas, revelam-se através do derrube da vegetação, onde se usa

qualquer parte da planta, desde as raízes até mesmo as folhas, dependendo de cada fim.

b)- Causas económicas

Relativamente aos factores económicos, há que fazer referência a agropecuária que é a

actividade principal praticada pela população local, não só para o consumo mas também para

a venda, de modo a incrementar a sua renda. Portanto, de modo a incrementar a renda, têm se

em conta o supra citado, onde aumentam-se áreas de produção e efectivos pecuários e

consequentemente redução das áreas com vegetação.

Outros elementos atribuídos a causas económicas são, a produção de carvão e da lenha

que são posteriormente comercializados ao longo da EN1, procura de medicamentos

tradicionais e de matéria-prima usada por artesões não somente para a satisfação das

comunidades locais, como também abastecer dentre vários locais, os mercados das cidades de

Xai-Xai e Maputo (MACAMO, 2012. cp7), em resposta a pergunta, que actividades

contribuem para o desflorestamento dunar?

A extracção da seiva das palmeiras bravas (ver a figura 4), que serve de bebida

alcoólica (VUTCHEMA)8 apreciada pela comunidade local, que não só consome, mas

também vende para incremento da sua renda, usa-se fogo para reduzir a parte espinhosa destas

espécies vegetais, o que em muitos casos origina queimadas descontroladas.

7 Zacarias Francisco Macamo, Chefe da Localidade de Chicuangue, cp em 21 de Fevereiro de 2012. 8 Vutchema termo changana dado a bebida extraída de palmeiras bravas (Hyphaene coriacea e Phoenix reclinata)

Page 38: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

25

Figura 4: Palmeira destruída quase por completo no processo de extracção de bebida

Fonte: Autor, Dezembro de 2010

A comunidade local, recorre-se a esta vegetação para dela extrair material de

construção (estacas, laca-lacas e palha), é igualmente fonte de medicina tradicional e de

plantas de ornamentação que igualmente abastece pontos mais distantes deste.

Outro elemento de capital importância a considerar é o sector de grandes

investimentos. Pois a vegetação dunar deste local, serviu e ainda serve de atractivo para a

implantação e prática de actividades turísticas.

A zona costeira de Chizavane, com uma área de 3.206ha, dos 5 empreendimentos que

existiam em 2006, actualmente conta com 11 empreendimentos já implantados, sendo 10

turísticos e 1 agrícola, (ver a tabela 2), todos ocupando uma área de cerca de 46ha. Todavia,

respondendo a pergunta, querendo saber se haverá alguma área reservada para interesses

comunitários? MACAMO, 2012. cp9, respondeu que quase toda área de Chizavane já tem

pretendentes para a pratica de diversas actividades, principalmente relacionadas com o

turismo e/ou agro-pecuária.

Isto mostra a pressão que é exercida sobre as dunas e consequentemente a vegetação

nelas assente. Dos 11 empreendimentos implantados, apenas 6 é que foram submetidos ao

Processo de Avaliação do Impacto Ambiental e têm certificados ambientais10 dai que os

9 Zacarias Francisco Macamo, Chefe da Localidade de Chicuangue, cp em 21 de Fevereiro de 2012. 10 Certificados ambientais: refere-se a licenças ambientais emitidas para empreendimentos de categoria A ou B e declarações de isenção emitidas para empreendimentos de categoria C.

Page 39: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

26

outros 5, fazem intervenção sobretudo sobre a vegetação sem nenhuma orientação de

entidades ambientais.

Tabela 2: Relação de empreendimentos implantados na zona costeira de Chizavane

Ordem EMPREENDIMENTO ÁREA (ha) ACTIVIDADE

SITUAÇÃO

AMBIENTAL

01 Paradise Magoo 2 Turismo Com LA

02 East African Safari 10 Turismo Sem LA

03 Het Fri Farm 6,76 Agricultura Com PGA

04 Paradise View sd Turismo Sem LA

05 Baleias da Praia 2 Turismo Sem LA

06 Nascer do Sol 4 Turismo Com LA

07 Zona Braza 1 Turismo Com LA

08 Lua de Mar 2 Turismo Sem LA

09 Moya Moya 8.36 Turismo Sem LA

10 Paradise the Reef Lodge 6 Turismo Com LA

11 Treleda Lda 4 Turismo Com LA

TOTAL DA ÁREA OCUPADA (ha) 46,12

Fonte: Autor, adaptado em DPCA-Gaza, 2007

Alguns empreendimentos para a sua implantação são antecedidos por uma profunda

terraplanagem, nestes solos não consolidados, remove-se impiedosamente a vegetação e

instalam-se edifícios e vias de acesso, muitas das vezes sem observância de orientações

constantes nos EIA/EAS/PGA, para aqueles que pelo menos foram submetidos ao processo de

AIA. Este factor, é subsidiado ainda pelo MECHISSO, 2012, cp., ao responder a pergunta que

queria saber se os estudos ambientais são devidamente cumpridos e se estão a contribuir para

a manutenção da vegetação dunar, como resposta, afirmou que alguns empreendedores

mesmo recomendados através do processo de AIA, chegados ao terreno contrariam tudo,

devido ao aproveitamento por parte dos empreendedores por um lado e fraqueza institucional

por outro.

Page 40: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

27

3.2- Os impactos do desflorestamento dunar em Chizavane

As aspirações cada vez crescentes de satisfazer as necessidades da comunidade local e

de investidores de várias áreas de desenvolvimento, estimulam o uso de técnicas

insustentáveis do recurso natural (vegetação dunar) e estas levam ao surgimento de impactos

negativos.

São vários os impactos negativos decorrentes do desflorestamento dunar, desde os

sócio-ambientais até os económicos.

Quando ocorre a remoção da vegetação reduz-se a transferência de nutrientes minerais

do solo para a biomassa porque a vegetação é importante para o ciclo hidrológico. A partir da

vegetação protege-se da lixiviação e o escoamento superficial será bastante elevado tornando

esta zona de floresta numa área sem vegetação (MENDOZA & ANDERSON. s/d).

O desflorestamento estimula a ocorrência do processo de erosão que por sua vez,

conduz a deterioração de outros recursos naturais como água, provocando assoreamento das

praias, dos lagos neste último, poderá se criar uma situação de eutrofização, turbidez das suas

águas, provocando a falta de luz que alguns seres vivos precisam para a realização da

fotossíntese, dai resulta na extinção da flora e da fauna que a comunidade local usa para sua

sobrevivência (ver figura 5).

Figura 5: Lagoa em Chizavane numa situação de eutrofização.

Fonte: Autor, Dezembro de 2011

Page 41: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

28

“Quando se retira a cobertura vegetal, os ventos atingem a superfície exposta e o que

fora antes uma duna estabilizada transforma-se numa massa movediça para o interior,

soterrando a restante vegetação” (MUNGOI, 1997, p. 74 citando (DREW, 1989). Por outro

lado os construtores de hotéis e campos de campismos na área de estudo têm uma tendência

de remover a vegetação natural para proporcionar as praias um aspecto limpo e aberto.

O desflorestamento contribui para que os agentes erosivos procedam com o processo

de transporte e deposição de solos, o que leva a destruição de infra-estruturas socio-

económicas, tal é o caso de estâncias turísticas e vias de acesso (ver a figura 10)

Com a remoção da vegetação, perde-se oportunidades de obtenção de meios de

subsistência das comunidades locais, seja por meio de emprego ou produção directa, por

exemplo, a escassez ou extinção de espécies vegetais usadas para alimentação ou geração de

renda por um lado, por outro a vegetação constitui um atractivo turístico para quem quer sair

da monotonia urbana e com o desflorestamento, as estâncias turísticas são menos procuradas

dai redução de mão-de-obra.

O desflorestamento é prejudicial para o funcionamento de ecossistemas, pois a flora é

habitat, fonte de alimentação e de protecção para a sobrevivência de muitos animais, ao

elimina-la, significa remeter a fauna à uma redução ou mesmo extinção. Dai que se pode

afirmar que a fauna em Chizavane é bastante pobre, limitando-se por exemplo á macacos

(Cercophithecus pygerothrus), repteis, esquilos e uma reduzida avifauna (SOUSA, 2004).

Esta situação demostra que maior parte de espécies principalmente animais, que aqui

tinham como habitat, já se migraram outros até extintos.

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CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

Conclusão

A necessidade de fazer uma abordagem sobre os factores do desflorestamento dunar,

visa avaliar a influência dos factores que nela influem de forma a estreitar as relações sócio-

ambientais.

Em Chizavane, dois grupos de factores contribuem para o desflorestamento, portanto,

factores naturais e antropogénicos.

Os factores naturais de desflorestamento, são principalmente de origem climática,

nomeadamente ventos, precipitação e temperatura. Estes factores aparecem como

catalisadores do desflorestamento principalmente quando associados à acção antrópica.

Por seu turno, os factores de origem antrópica, que contribuem para o

desflorestamento, são resultado do desenvolvimento de várias actividades tanto de

sobrevivência, assim como de rendimento, tal é o caso da prática de actividades turísticas,

agro-pecuária e caça que originam em alguns casos queimadas descontroladas, extracção de

material de construção, extracção de combustível lenhoso, medicamentos tradicionais e

matérias-primas para os artesões.

Estas são as principais formas de utilização e ao mesmo tempo de desflorestamento da

vegetação dunar local, a estes elementos integra-se a deficiente implementação dos

instrumentos de gestão territorial (Planos de Ordenamento Territorial, incluindo os

zoneamentos de recursos).

O presente trabalho, mostra que o desflorestamento tem muitos efeitos no ambiente. O

mais dramático impacto é a perda de habitat de espécies animais e vegetais. Este problema

também leva as mudanças climáticas, leva à alterações das características do solo e influência

no ciclo hidrológico.

Concluindo, os factores de origem antrópica, são os que mais contribuem para o

desflorestamento dunar em Chizavane, pois o homem na tentativa de satisfazer suas

necessidades, exerce uma pressão sobre os recursos, neste caso concreto, vegetação dunar.

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30

Recomendações

Para mitigar o problema do desflorestamento dunar em Chizavane, o presente trabalho

apresenta as seguintes recomendações:

É preciso regular a actividade humana dentro dos limites da vegetação dunar, por

exemplo, através do cumprimento do zoneamento costeiro e outros instrumentos

de orientação ou gestão territorial porque estes instrumentos já existem. Por outro

lado, na elaboração dos instrumentos de gestão territorial para esta área, é preciso

permitir que se formem mosaicos entre a vegetação dunar e as infra-estruturas a

implantar.

Há necessidade de levar a cabo campanhas de sensibilização e de

consciencialização ambiental.

Para que as dunas continuem cobertas de vegetação, é preciso que três elementos

sejam considerados, nomeadamente:

O Governo com a sua base legal, recursos humanos e meios materiais à altura de

responder a demanda;

Os investidores que utilizam/exploram os recursos naturais (marinhos e costeiros);

e

As comunidades locais que são os beneficiários dos recursos naturais para o seu

sustento.

É preciso que os decisores olhem para a vegetação dunar como um bem a conservar e

que dela se pode tirar muito proveito por muito mais tempo e não vê-la como um

elemento desaproveitado e também assegurar a coordenação inter-sectorial, na gestão

das áreas dunares.

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Referências bibliográficas

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prospectivo do Parque das Dunas em Natal. Natal, UFRN Biblioteca Central, 2001.

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GAZA. Relatório da verificação dos aspectos legais no Posto Administrativo de Chidenguele.

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2003. http://150.162.1.115/index.php/biotemas/article/view/23266/21000 acesso em 03 de

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12. MECHISSO, Micas. e MATUSSE, Alberto Jacob. Conceitos e noções básicas de

educação ambiental. Xai-Xai, UDEBA-LAB, 2005

Page 45: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

32

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16. __________________________ . Estratégia de gestão integrada - Maputo. s/d

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www.ppe.ufrj.br/ppe/production/tesis/rlvrodrigues.pdf - Acesso em 18 de Janeiro de 2012

21. SILVA, P. et. al,. Estudo de indicadores de vulnerabilidade de sistemas dunares: um

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http://scholar.google.com.br/scholar?q = degrada%C3%A7%C3%A3o+das+dunas&hl=pt-

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Maputo, 2004

23. http://www.suapesquisa.com/o_que_e/desflorestamento.htm - Acesso em 15 de Setembro

de 2011

24. http://www.luisfernandez.info/Beaufort.pdf - Acesso em 06 de Fevereiro de 2012

Page 46: Desflorestamento dunar   carlos f tembe

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Apêndice

Apêndice I: Guião de entrevistas

Questões as autoridades locais

Qual é o número da população de Chizavane?

Qual é a área total de Chizavane, qual é a ocupada pela pastagem/agricultura e outras

actividades?

Já ouviu falar ou já trabalhou com algum plano de ordenamento territorial?

Que actividades principais são desenvolvidas pela comunidade local?

Que actividades contribuem para o desflorestamento dunar?

Qual é o efectivo de gado bovino e caprino?

O que motiva a ocorrência de queimadas descontroladas?

Há alguma área reservada para interesses comunitários?

Questões ao CDS-ZC

O que é que contribui para o desflorestamento dunar?

Será que os estudos ambientais estão a ser devidamente cumpridos e a contribuir para a

manutenção da vegetação dunar?

Questões à DPTur-Gaza

Quantos empreendimentos turísticos existiam em Chizavane em 2007 e em 2011?

Qual é a área ocupada por cada um dos empreendimentos?

Há alguma legislação de suporte para a conservação da vegetação em áreas sensíveis tal

como nas dunas?

O que é que o sector do turismo tem feito para a conservação da vegetação dunar, tendo em

conta que este serve de atractivo turístico?

Questões à DPCA-Gaza

O que é que pode estar a contribuir para o desflorestamento dunar?

Será que os estudos ambientais estão a ser devidamente cumpridos e a contribuir para a

manutenção da vegetação dunar?

Os empreendimentos turísticos em Chizavane são construídos em áreas sensível (dunas

costeiras), o que tem sido feito para salvaguardar o equilíbrio ecológico?

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Apêndice II: Figuras

Figura 6: Área concedida a um investidor sul-africano (Het fri farm) para fins agrícolas

Fonte: Autor, Dezembro de 2010

Figura 7: Estância turística erguida no local de estudo “Paradise View”

Fonte: Autor, Dezembro de 2011

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Figuras 8 e 9: Efeito combinado da temperatura e do vento no desflorestamento dunar.

Fonte: Autor, Fevereiro de 2012

Figura 10: Uma casa implantada numa área ambientalmente sensível (duna primária)

Fonte: Autor, Dezembro de 2010

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Figura 11: Gado bovino pastando na área dunar Fonte: Autor, Fevereiro de 2012 Figuras 12 e 13: Empreendimentos implantados sobre dunas. Fonte: Autor, Fevereiro de 2012

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Figuras 14 e 15: Queimadas a esquerda e produção e venda de lenha a direita. Fonte: Autor, Fevereiro de 2012 Figura 16: Uma duna desflorestada, com apenas vegetação herbácea e alguns arbustos. Fonte: Autor, Fevereiro de 2012

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Anexos Anexo I:

Mapa 2: Zona costeira de Mandlakazi

Fonte: DPCA-Gaza, 2007

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Anexo II: Mapa 3: Área de estudo

Fonte: http://maps.google.co.mz/maps?hl=pt-pt&tab=wl - Imagem satélite: o tracejado vermelho indica a área de estudo.

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Anexo III: Tabelas

Relação de espécies vegetais que ocorrem nas dunas costeiras de Chizavane

Tabela 3: Espécies identificadas nas dunas primárias

Nome Científico

Família

Aristida barbicollis Poaceae Asparagus falcatus Liliaceae Asystacia gagentica Acanthaceae Azima tetracantha Salvadoranceae Canavalia rosea Fabaceae Carbichonia decumbes Aizoaceae Carpobrotus dimidiatus Mesembrenaceae Cassyta filiformis Cacytaceae Chrynsanthemoides monolifera Asteravceae Cissus quadrangularis Vitaceae Commelina sp. Commelinaceae Cynodon dactylon Poaceae Cyperus maritimus Cyperaceae Eleusina indica Poaceae Grewia caffra Tiliaceae Grewia occidentalis Tiliaceae Helichrysum kraussi Asteraceae Hibiscus tiliaceus Malvaceae Ipomaea pes-caprae Convulvulaceae Panicum maximum Poaceae Phoenix reclinata Arecaceae Rhoicissus rivolii Vitaceae Sansevieira sp. Liliaceae Scaevola thunbergii Godineaceae Sporobolus virginicus Poaceae Tephrosia perpurea Fabaceae Xylotheca kraussiana Flacourtiaceae Fonte: SOUSA, 2004, p. 40

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Tabela 4: Espécies identificadas nas dunas secundárias Nome Científico

Família

Abrus precatorius Fabaceae Acacia karoo Fabaceae Acacia kraussian Fabaceae Acalypha sp. Euphorbiaceae Afzelia quanzensis Fabaceae Alysicarpus vaginalis Fabaceae Apodytes dimidiata Icacinaceae Asparagus falcatus Liliaceae Asystasia gagentica Acantaceae Azima tetracantha Salvadoraceae Boerhavia difusa Nyctaginaceae Brachylaena discolor Asteraceae Brexia madagascariensis Brexiaceae Bridelia catártica Euphorbiaceae Carbichonia decumbes Aizoaceae Carissa bispinosa Apocynaceae Carpobrotus dimidiatus Mesembrenaceae Cassine aethiopica Celastraceae Cassyta filiformis Cassytaceae Catunaregam obovata Rubiaceae Chrysanthemoides monolifera Asteraceae Cissampelos hirta Menispremaceae Cissus quadrangularis Vitaceae Clerodendrum glabrum Verbenaceae Commelina sp. Commelinaceae Commimphora neglecta Burseraceae Crotolaria sp. Fabaceae Croton pseudopulchellus Euphorbiaceae Cucumis sp. Cucurbitaceae Cyathula próstata Amaranthaceae Cympopogon valius Poaceae Cynodon dactylon Poaceae Dactyloctenium aegyptium Poaceae Dalbergia sp. Fabaceae Deinbollia oblongifolia Sapindaceae Dicerocarym zanguebarium Pedaliaceae Diospyros rotundifólia Ebenaceae Ehrtia sp. BoraginaceaeEncephalarthus ferox Cycadadeae Euclea natalensis Ebenaceae

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Eugenia capensis Myrtaceae Euphorbia ingens Euphorbiaceae Euphorbia tirucallii Euphorbiaceae Euphorbia sp. Euphorbiaceae Ficus sycomorus Moraceae Flagellaria guineensis Flagellaceae Gamphrena celesioides Amaranthaceae Garcinia livingstonii Clusiaceae Grewia caffra Teliaceae Helichrysum kraussii Asteracea Hibiscus tiliaceus Malvaceae Hyphaena coriácea Arecaceae Lagynias lasiantha Rubiaceae Landolphia kirkii Apocynaceae Lantana camara Verbenaceae Lannea schweinfurthii Anacardiaceae Maclura africana Moraceae Maytenus senegalensis celastraceae Mimusops caffra Sapotaceae Ocimum sp. Cactaceae Olax dissitiflora Olacaceae Oppilia tomantella Opiliaceae Opuntia sp. Cactaceae Osyris compressa Satalaceae Ozoroa obvata Anacardeaceae Pinicum maximum Poaceae Pavetta revoluta Rubiaceae Phoenix reclinata Arecaceae Phyllanthusriticulatus Euphorbiaceae Polichia campestres Illecebraceae Psilotrichum africanum Amaranthaceae Rhoicissus revoilii Vitaceae Rhus chirindensis Anacardiaceae Rhynchelyntrum repens Poaceae Recinus cummunis EuphorbiaceaeSalacia kraussiana Celasteraceae Salvadora pérsica Salvadoraceae Sansevieria sp. Liliaceae Sclerocarya birrea Anacardeaceae Scolipia zeyheri Flacourtiaceae Senecio sp Asteraceae Senna abreviata Fabaceae Setaria verticilata Poaceae Sideroxylon inerme Sapotaceae Sporobolus viginicus Poaceae

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Strychnos spinosa Longaniaceae Synaptolepis kirkii Thymelaceae Tabernaemontana elegans Apocynacea Tephrosia purpúrea Fabaceae Thespesia acutíloba Malvaceae Thunbergia sp. Acantacea Tragia okanyua Euphorbiaceae Tribulus terrestres Zygophyllaceae Tricalisya capensis Rubiaceae Tricalysis sonderiana Rubiaceae Vepris undulata Rutaceae Vepris lanceolata Rutaceae Xylotheca kraussiana Flacourtiaceae Zanthoxylum capense Rutaceae Fonte: SOUSA, 2004, p. 41