da escola pÚblica paranaense 2009 · 6 fundamentação teórica o ensino das geometrias a...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
LUZIA DOGANI GARCIA
ORIENTADOR: Profº drº Doherty Andrade
Mandaguari
2010
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LUZIA DOGANI GARCIA
MANDAGUARI
2010
3
A ESCOLA
Escola é...
o lugar onde se faz amigos,
não se trata só de prédios, salas, quadros,
programas, horários, conceitos...
Escola é, sobretudo, gente,
gente que trabalha, que estuda,
que se alegra, se conhece, se estima.
O diretor é gente,
o coordenador é gente, o professor é gente,
o aluno é gente, cada funcionário é gente.
E a escola será cada vez melhor
na medida em que cada um
se comporte como colega, amigo, irmão.
Nada de “ilha cercada de gente por todos os
lados”.
Nada de conviver com as pessoas e depois
descobrir que não tem amizade a ninguém
nada de ser como o tijolo que forma a parede,
indiferente, frio, só.
Importante na escola não é só estudar,
Não é só trabalhar,
É também criar laços de amizade,
É criar ambiente de camaradagem,
É conviver, é se “amarrar nela”!
Ora, é lógico...
Numa escola assim vai ser fácil
estudar, trabalhar, crescer,
fazer amigos, educar-se, ser feliz.
Paulo Freire
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Sumário
Introdução..............................................................................................................05 Fundamentação Teórica........................................................................................06 Geometria Euclidiana.............................................................................................08 Precursores das Geometrias Não-Euclidianas......................................................11 Geometria Não-Euclidiana.....................................................................................22 Geometria Hiperbólica...........................................................................................25 Geometria Elíptica..................................................................................................29 Comparando as Geometrias..................................................................................36 Encaminhamento Metodológico.............................................................................38 Atividades Propostas.............................................................................................40 Considerações Finais.............................................................................................55 Referências............................................................................................................58
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Introdução
A função da Escola além de transmitir conteúdos está em socializar os conhecimentos científicos produzidos pela humanidade nas diferentes áreas, levando os alunos a se tornarem cidadãos autônomos, empregando os conhecimentos acadêmicos em suas vidas. Na era tecnológica, as informações e os saberes, estão acessíveis a todos, sejam por meios eletrônicos ou impressos, portanto, o preparo do professor torna-se cada vez mais complexo, com a necessidade de uma reestruturação no processo de ensinar e aprender Matemática. Nesse sentido, a presença das Geometrias no currículo escolar é de grande relevância para a formação do educando, por favorecer o desenvolvimento de um tipo de pensamento que possibilita a compreensão e a representação de modo sistematizado de elementos do cotidiano, contribuindo para o desenvolvimento da capacidade de observar o espaço tridimensional, adquirindo habilidade em resolução de problemas. Cumpre destacar que a Secretaria do Estado do Paraná (SEED) incluiu nas Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Estado do Paraná, noções básicas de Geometria Não-euclidianas para o Ensino Médio. No entanto, a Geometria tem tido pouco destaque nas aulas de Matemática e, muitas vezes, confunde-se seu ensino com o das medidas. Deste modo o presente Caderno Pedagógico, apresenta uma nova visão de que a Matemática não é um conjunto de conhecimentos universais e teoricamente definidos, mas sim uma disciplina com saber dinâmico, e em construção. Levando em consideração que a natureza, como a Terra, com sua forma elipsoidal, as montanhas, as ondas do mar, nem tudo é tão regular, faz-se necessário novas formas de compreender o espaço de modo que se construa e sistematiza conceitos de um mundo com diferentes espaços geométricos, possibilitando o desenvolvimento da argumentação, da formulação de conjecturas e do raciocínio dedutivo na prática pedagógica. Este Caderno Pedagógico foi construído, após muita pesquisa, com a abordagem centrada no histórico de cada geometria, contendo textos de fundamentação com as respectivas atividades, envolvendo recursos de materiais manipuláveis e do Software GEOGEBRA, que darão suporte para uma aprendizagem significativa e viável comparando as geometrias nos três espaços uniformes: Espaço Euclidiano, Espaço Esférico e Espaço Hiperbólico. Com o uso da Geometria dinâmica, pretende-se não oferecer apenas a possibilidade de efetuar qualquer construção geométrica de modo mais rápido e preciso do que no ambiente papel e lápis, mas também permitir uma visualização de maneira mais agradável das propriedades e relações geométricas.
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Fundamentação teórica
O Ensino das Geometrias
A Geometria segundo Eves (1992, p.01) surgiu em tempos remotos na
antiguidade e desenvolveu-se conforme necessidade humana. Com o passar do
tempo, ela foi aprimorada para facilitar a resolução de problemas até que se
tornou uma Ciência estudada até os dias de hoje.
As idéias geométricas vistas nas formas da natureza, que aparecem na
vida orgânica e nos objetos produzidos pelas diversas culturas, influenciaram
muito o desenvolvimento humano. Em torno dos anos 300 a C., Euclides
sistematizou o conhecimento geométrico, na obra “ Os Elementos” reunindo todos
os conhecimentos da Geometria que até então se conheciam. Nessa obra, o
conhecimento geométrico é organizado com coesão lógica e concisão de forma,
constituindo a Geometria Euclidiana que engloba tanto a Geometria Plana quanto
a Espacial.
Na primeira metade do século XVII, o conhecimento geométrico passa a ter
nova abordagem com a Geometria Analítica que trouxe uma dinâmica diferente a
Matemática. A Europa passava por uma transição política e econômica onde o
regime capitalista, emergente, requeria das ciências novos conhecimentos no
campo da astronomia e da mecânica. Era preciso que a Matemática resolvesse
cálculos como, por exemplo, de distância entre dois pontos, coordenadas de
pontos que divide um segmento conforme uma razão dada, discussão de curva,
etc. (ALESSANDROV, 1976, p. 225). Por meio da geometria analítica, tais
problemas eram solucionados.
No final do século XVIII e início do século XIX o conhecimento geométrico
teve destaque, com os estudos de Bolyai, Lobachevsky, Riemann e Gauss.
Surgiram as Geometrias Não-euclidianas que trouxeram uma nova maneira de
ver e conceber o conhecimento geométrico. Muitos problemas do cotidiano e do
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mundo científico só são resolvidos pelas Geometrias Não-euclidianas. Um
exemplo são os estudos que resultaram na Teoria da Relatividade, em que a
geometria do espaço, usada por Albert Einstein, foi uma Geometria Não-
euclidiana, de modo que conceitos, como “a luz se propaga ao longo de
geodésicas e a curvatura do espaço é determinada pela natureza da matéria que
o preenche (COURANT & ROBBINS, 2000, p.276), foram fundamentais.
Alguns pesquisadores como Lorenzato (1995), Pavanello (1993) e Kallef
(1998) dão grande destaque ao ensino da Geometria. Demonstram preocupação
com o abandono da Geometria e a forma como ela vem sendo abordada em
alguns livros didáticos e questionam à formação de professores que concluem
seus cursos despreparados para abordar tais conteúdos, sem conhecerem a
beleza da Geometria e não perceberem sua relevância. Esses fatores acabam por
influenciar a formação do estudante. Além disso, o ensino das Geometrias na
grande parte dos currículos é pautado na Geometria Euclidiana, relegando
conceitos de grande valia das Geometrias Não-euclidianas.
Portanto, apesar deste Caderno Pedagógico dar ênfase as Geometrias
Hiperbólica e Esférica, é importante destacar a existência das Geometrias Não
Euclidianas Topológicas, Projetiva e Fractal. Entende-se que a valorização de
definições, as abordagens de enunciados e as demonstrações de seus resultados
são inerentes ao conhecimento geométrico.
Gobbi, Lüdke e Azambuja (2006) ressaltam que o estudo das Geometrias
Não-Euclidianas pode possibilitar discussões importantes sobre a concepção de
verdade, de rigor, de sistema axiomático e reflexões sobre pontos comuns da
Matemática e de outras áreas de conhecimento. Nessa perspectiva, esse
caderno, apresenta abordagens da Geometria Euclidiana e das Geometrias Não-
euclidianas.
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GEOMETRIA EUCLIDIANA
EUCLIDES DE ALEXANDRIA
Sabe-se que Euclides nasceu por volta do ano 325 a.C. e morreu por volta
de 265 a.C., viveu boa parte de sua vida na cidade de Alexandria, no Egito e
trabalhou na famosa biblioteca de Alexandria, fundada por Alexandre, o Grande.
Foi responsável pela compilação de praticamente toda a matemática
desenvolvida até sua época em uma monumental obra de 13 volumes chamada
“Os Elementos”.
Na obra de Euclides temos 10 axiomas, sendo 5 noções comuns e 5
postulados que pretendiam ser proposições específicas da geometria, sendo que,
ambas deveriam ser aceitas sem contestações. A partir desses axiomas Euclides
deduziu 465 proposições.
Euclides de Alexandria
A Geometria de Euclides foi a primeira teoria matemática a ser
axiomatizada, depois surgiram os famosos teoremas fundamentais do Cálculo, da
Aritmética e da Álgebra, entre outros.
Os Axiomas de Euclides são:
1. Coisas iguais a uma terceira são iguais entre si.
2. Se quantidades iguais são adicionadas a iguais, os totais são iguais.
3. Se quantidades iguais são subtraídas de iguais, os restos são iguais.
4. Coisas que coincidem um com a outra são iguais.
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5. O todo é maior do que qualquer de suas partes.
Os postulados de Euclides são:
1. Uma linha reta pode ser traçada de um ponto a outro, escolhidos à
vontade.
2. Uma linha reta pode ser prolongada indefinidamente.
3. Um círculo pode ser traçado com centro e raio arbitrários.
4. Todos os ângulos retos são iguais.
5. Por um ponto P exterior a uma reta r, consideradas em um mesmo plano,
existe uma única reta paralela à reta r.
Figura que apresenta o Quinto Postulado de Euclides
Por cerca de dois mil anos a obra “Os Elementos” era inquestionável. Tão
famosa que, depois da Bíblia, é o livro de maior número de edições. Talvez seu
sucesso se deva ao fato de a Geometria Euclidiana possuir axiomas com noções
facilmente aceitas pela nossa intuição.
A certa altura da História da Ciência, os matemáticos estimulados pelas
afirmações de alguns filósofos como Kant, começaram a questionar e
argumentaram a ideia da possibilidade da não existência de apenas uma
Geometria. Foi dentro desse raciocínio que renomados matemáticos tentaram
provar o 5º postulado de Euclides por considerarem o menos intuitivo e o de
redação mais complicada. Porém, essa pretensão não foi alcançada, por quanto o
5º postulado não é uma conseqüência lógica dos quatro anteriores. Substituindo-o
criam-se novas Geometrias, tão boas e consistentes quanto a Euclidiana.
As mentes criativas dos matemáticos Bolyai, Lobachevsky, Gauss e
Reimann lançaram com a substituição do postulado das paralelas, dois novos
tipos clássicos de Geometria Não-euclidianas: a Geometria Hiperbólica e
Geometria Elíptica.
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“Na Geometria Hiperbólica, o Postulado de Euclides é substituído pelo que afirma
que, por um ponto dado P, fora de uma reta r, existe mais de uma paralela a esta
reta r, enquanto na Geometria Elíptica postula-se que não existe nenhuma
paralela.” (COUTINHO, 2002, p.36)
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PRECURSORES DAS GEOMETRIAS NÃO-EUCLIDIANAS
CLAUDIOS PTOLOMEU
Nasceu em 85 d.C. no Egito e morreu em 165 d.C. em Alexandria. Um dos
matemáticos e astrônomo, que contestou o Quinto Postulado de Euclides a partir
dos quatro primeiros. Escreveu uma importante obra, intitulada “Almagesto”.
Claudios Ptolomeu
PROCLUS DIADOCHUS
Nasceu em 411 d.C. em Constantinopla e morreu em 485 d.C. em Atenas, na
Grécia. Seus escritos tratavam da história e da filosofia da Grécia Antiga.
Escreveu a obra, intitulada “Comentários sobre Euclides” onde, como Ptolomeu,
também critica o Quinto Postulado de Euclides, a partir dos outros quatro
postulados. O erro de Proclus foi o de achar que retas paralelas são
eqüidistantes, o que só ocorre na Geometria Eucliciana.
Proclus Diadochus
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NASIR al - DIN al -TUSI (NASIREDIN)
Nasceu em 18 de fevereiro de 1201 em Tus na Pérsia e morreu em 26 de junho
de 1274 em Kadhimain, Pérsia. Estudou astronomia e tentou provar o Quinto
Postulado de Euclides utilizando uma proposição axiomática, que foi tomada sem
demonstração devido ao seu caráter de auto-evidência. Foi o editor de uma
tradução de “Os Elementos” de Euclides para o árabe.
Nasiredin
JOHN WALLIS
Nasceu em 23 de novembro de 1616 em Ashford na Inglaterra e morreu em 28 de
outubro de 1703 em Oxford na Inglaterra. Escreveu obras sobre secções cônicas,
álgebra e aritmética, entre elas, “Arithmetica Infinitorum”, utilizada por Isaac
Newton em seus estudos. Tentou também demonstrar o Quinto Postulado de
Euclides, a partir dos quatro primeiros, fazendo uso da existência de triângulos
semelhantes e não congruentes. Primeiro matemático a discutir cônicas como
curvas de 2º grau em vez de considerá-las como secções cônicas. Introduziu o
atual símbolo de infinito.
John wallis
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JOHANN HEINRICH LAMBERT
Nasceu em 26 de agosto de 1728 em Mülhausen na França e morreu em 25 de
setembro de 1777 em Berlim na Alemanha. Tentou provar o Quinto Postulado de
Euclides por redução ao absurdo, introduzindo um quadrilátero que possui três
ângulos retos, conhecido hoje como “quadrilátero de Lambert”. Como
conseqüência, deduziu uma série de resultados, destacando como um dos mais
importantes, a dedução de que a soma dos ângulos internos de um triângulo é
inversamente proporcional à sua área, em uma geometria onde não vale o Quinto
Postulado. Chegou a um dos principais teoremas da Geometria Hiperbólica: “A
área de um triângulo hiperbólico é proporcional à diferença entre π e a soma dos
ângulos internos”.
Johann Lambert
ADRIEN MARIE LEGENDRE
Nasceu em 18 de setembro de 1752 em Paris na França e morreu em 10 de
janeiro de 1833 no mesmo local. Escreveu “Eléments de Géométrie”, tentando
demonstrar o Quinto Postulado a partir dos quatro primeiros, e, admitiu em uma
de suas demonstrações que a partir de um ponto no interior de um ângulo não
degenerado, cuja medida não é superior a 60°, é possível tratar uma reta que
intersecta os dois lados desse ângulo.
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Adrien Legendre
JOHANN CARL FRIEDRICH GAUSS
Nasceu em 30 de abril de 1777 em Brunswick na Alemanha e morreu em 23 de
fevereiro de 1855 em Göttingem, também na Alemanha. Desde cedo, por volta
dos quinze anos, tentou demonstrar o Quinto Postulado, a partir dos quatro
primeiros e convenceu-se de que tal demonstração não era possível. Certamente
foi o primeiro matemático a reconhecer a existência de uma Geometria diferente
da Euclidiana, mas não publicou seus resultados, talvez pelo receio da não
aceitação de uma Geometria diferente da clássica e da contestação da filosofia de
Kant, adotada pela igreja, que coloca o universo como euclidiano, desse modo
Gauss preferiu manter seu status social e não divulgou os resultados de sua
pesquisa. O termo Não-euclidiana é da Gauss.
Johann Gauss
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JÁNOS BOLYAI
Nasceu em 15 de dezembro de 1802 em Kolozsvár na Hungria e morreu em 27
de janeiro de 1860 em Marosvásárhely, também na Hungria. Filho de um amigo
de Gauss, chamado Farkas Bolyai, tentou muito cedo demonstrar o Quinto
Postulado de Euclides e resolver o “Problema das Paralelas”. Convencendo-se da
impossibilidade de tal demonstração, começou a admitir e desenvolver diversos
resultados da Geometria Hiperbólica.
János, em carta ao seu pai Farkas escrevia em 1823:
“Resolvi publicar um trabalho sobre a teoria das paralelas tão logo tenha o
material organizado... O objetivo ainda não foi alcançado, mas tenho feito
descobertas maravilhosas que quase sou esmagado por elas... do nada criei um
universo novo e estranho”.
Em contrapartida, Farkas, que passou a vida inteira tentando provar o postulado
das paralelas, quando soube que seu filho estava absorvido pelo problema,
escreveu-lhe:
“Pelo amor de Deus, eu lhe peço, desista! Tema, tanto isto quanto as
paixões sensuais, porque isso também pode tomar todo seu tempo, e privá-lo de
sua saúde, paz de espírito e felicidade na vida”.
Bolyai não mostrou nenhuma indecisão nas suas convicções e publicou, em latim,
o fruto do seu trabalho sob o título “Ciência do Espaço Absoluto” em 1832.
Ao tomar conhecimento do trabalho de János, Gauss disse que elogiar a
publicação de János seria o mesmo que elogiar a si próprio, uma vez que a
maioria dos seus resultados já havia sido descoberto por ele mesmo anos antes.
Tal declaração provocou profundo descontentamento em János, que passou a
cultivar profunda aversão ao “Príncipe da Matemática”.
A cerimônia de seu enterro parecia um ritual de esquecimento. Apenas três
pessoas estiveram presentes e seus restos mortais foram colocados em um
túmulo coletivo sem lápide. O registro de sua morte na igreja dizia apenas: “Sua
vida passou inutilmente”.
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János Bolyai
NIKOLAI IVANOVICH LOBACHEWSKY
Nasceu em 01 de dezembro de 1792 em Nizhny na Rússia e morreu em 24 de
fevereiro de 1856 em Kazen, também na Rússia. Logo no início de seus estudos
se convenceu da impossibilidade de demonstrar o Quinto Postulado de Euclides a
partir dos quatro primeiros, dessa forma, passou a reconhecer a existência de
uma nova Geometria, diferente da Euclidiana, denominada por ele de
Pangeometria ou Geometria Imaginária. Em 1829, publicou em russo um trabalho
sobre suas descobertas, mas foi quase que completamente ignorado pela
comunidade científica russa. Em 1840, em busca de reconhecimento do seu
trabalho, publicou uma versão em alemão, intitulada “Pesquisa Geométrica Sobre
a Teoria das Paralelas”, obra essa que ao ser lida por Gauss deixou-o novamente
surpreso com o fato de Lobachewsky ter descoberto os mesmo resultados seus
de forma independente. Em 1866, dez anos após sua morte, foi publicada uma
versão em francês de seu trabalho. Cronologicamente sua publicação foi a
primeira a admitir a existência de geometria não-euclidiana.
Seu interesse na Geometria Não-euclidiana fez com que Lobachewsky fosse visto
na Rússia como uma pessoa “excêntrica”, sendo atacado em um artigo
humilhante e ignorante publicado no periódico “O Filho da Pátria”. Todos os seus
estudantes o abandonaram e seu funeral, quando era comum serem realizados
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discursos enaltecendo a obra do defunto, nada foi dito sobre o assunto de sua
vida: a geometria não-euclidiana.
Nikolai Lobachewsky
GEORG FRIEDRICH BERNHARD RIEMANN
Nasceu em 17 de setembro de 1826 em Breselenz na Alemanha e morreu em 20
de julho de 1866 em Selasca na Itália, antes de completar 40 anos, onde
procurava um clima melhor para curar a tuberculose. Generalizou as Geometrias
Não-euclidianas por meio do conceito de curvaturas, dando origem a Geometria
Elíptica, sobre uma esfera, obtida da negação do Quinto Postulado de Euclides e
à substituição do Segundo Postulado por postulados que permitem que uma reta
seja finita. Riemann introduziu as Geometrias Reimannianas, que foram
posteriormente, utilizadas na Teoria da Relatividade de Albert Einstein em 1906.
Georg Riemann
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EUGENIO BELTRAMI
Nasceu em 16 de novembro de 1835 em Crenoma no Império Austríaco e morreu
em 18 de fevereiro de 1900 em Roma, na Itália. Nesta época, o problema da
consistência dos teoremas de Geometria Hiperbólica ainda não havia sido
resolvido e a preocupação era garantir a impossibilidade de se encontrar, no
futuro, uma contradição lógica dessa teoria, ou seja, um resultado verdadeiro cuja
negação também pudesse ser provada verdadeira. A resolução surgiu mediante a
introdução de modelos euclidianos para a Geometria Hiperbólica (Modelo do
Disco de Klein) e dois modelos para a Geometria Elíptica ( Modelo do Disco
Fechado e Modelo Duplo da Esfera).
Construindo o modelo da pseudo-esfera de Beltrami a partir da tractriz.
Eugenio Beltrami
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FELIX CRISTIAN KLEIN
Nasceu em 25 de abril de 1849 em Düsseldorf na Prússia e morreu em 22 de
junho de 1925 em Göttingen na Alemanha. Eminente geômetra que publicou em
1871 dois artigos onde introduziu um modelo completo para a Geometria
Hiperbólica (Modelo da Divisão de Klein) e dois modelos para a Geometria
Elíptica (Modelo do Disco Fechado e Modelo Duplo da Esfera).
Triângulo elíptico no modelo Modelo duplo da esfera para a Geometria Elíptica.
do disco de Klein.
Cabe ressaltar que os termos “hiperbólica” e “elíptica” para as duas
geometrias, homogêneas, Não-euclidianas foram introduzidas por Klein
Felix Klein
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JULES HENRI POINCARÉ
Nasceu em 29 de abril de 1854 em Nancy na França e morreu em 17 de julho de
1912 em Paris, também na França. Um dos maiores matemáticos de todos os
tempos é considerado detentor de conhecimento profundo de todas as áreas da
matemática. Ao pesquisar grupos de transformações automorfas do plano,
introduziu dois modelos euclidianos para a Geometria Hiperbólica.
Os modelos completos introduzidos por Poincaré são amplamente utilizados no
ensino da Geometria Hiperbólica. Neste modelo, as retas são arcos de círculos
que representa o plano hiperbólico, onde podemos provar que:
Existe um único círculo euclidiano Existe uma única reta euclidiana r As retas são arcos de círculos
C que passa pelos pontos A e B e passando pelos pontos A, B e O perpendiculares ao círculo, que
intercepta o bordo de D ortogonal ao bordo de D representa o plano hiperbólico.
Jules Poincaré
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DAVID HILBERT
Nasceu em 23 de janeiro de 1862 em Königsberg na Prússia e morreu em 14 de
fevereiro de 1943 em Göttingen na Alemanha. Publicou um célebre trabalho,
intitulado “Grundlagen der Geometrie” (Fundamentos da Geometria), em que
coloca a Geometria Euclidiana sobre bases sólidas por meio da substituição dos
cinco Postulados de Euclides por cinco grupos de axiomas: Axioma de Incidência.
Axioma de Ordem, Axioma de Congruência e Axioma das Paralelas.
David Hilbert
Com a publicação de “Fundamentos da Geometria” de Hilbert encerra-se
talvez o mais longo problema em aberto na Matemática, o “Problema das
Paralelas” que, introduzido pelo próprio Euclides resistiu por cerca de 2200 anos.
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GEOMETRIA NÃO-EUCLIDIANA
É consenso entre os pesquisadores, que a perfeição dos espaços
geográficos é conseqüência da atividade humana, sendo que, em muitos espaços
onde vivemos nos deparamos com situações que fogem aos conceitos da
geometria plana, portanto, é indispensável mostrar ao educando que um mesmo
problema que envolve conhecimento geométrico, para sua solução, pode
depender de conceitos não apenas da geometria Euclidiana, mas também da
geometria Não-euclidiana.
Segundo as Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica
do Estado do Paraná “almeja-se um ensino de Matemática que possibilite ao
educando análises, discussões, conjecturas, apropriação de conceitos e
formulação de idéias” e para que isso aconteça os processos de ensinar e
aprender Matemática deve propiciar situações de reflexão, com abordagem
centrada em temas que despertem interesse por conceitos e conteúdos novos.
Acredita-se que as Geometrias Não-euclidianas auxiliam nessa motivação
e interesse, pois apresenta algo que faz parte do espaço em que vivemos mais do
que a Geometria Euclidiana.
Sempre a Geometria tem vindo a racionalizar-se mais e mais, mas o
surpreendente é a sua enorme independência do cérebro humano se a
compararmos com outras áreas da Matemática. Como disse F.W. Bessel em
1830: “enquanto o número é produto exclusivo do nosso espírito, o espaço tem
uma realidade para além do espírito, cujas leis não podemos prescrever
completamente”.
Vimos que a Geometria Euclidiana funciona muito bem em superfícies
planas. Entretanto, quando precisamos considerar distâncias sobre a superfície
da Terra a Geometria de Euclides não funciona. Visto que a Geometria Euclidiana
não é satisfatória para resolver situações-problemas em espaços curvos foi
necessária a colaboração de pesquisadores que marcaram a história da
Matemática e criaram a Geometria de espaços curvos. Basicamente o que esses
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pesquisadores investigaram era o que ocorreria se eles desprezassem o Quinto
Postulado de Euclides e considerassem exatamente o oposto, ou seja, que
através de um ponto C não situado sobre uma dada linha reta AB, pudéssemos
traçar não uma mas duas, e consequentemente um número infinito, de linhas
paralelas a AB.
Após muitos estudos os matemáticos não encontraram contradições no
Quinto Postulado, mais ainda, eles descobriram que tinha uma nova e elegante
geometria com várias características interessantes e únicas. Essa nova geometria
em uma região pequena do espaço era praticamente Euclidiana, mas em grandes
regiões as duas eram essencialmente diferentes.
Tanto Gauss quanto Lobachewski não se limitaram aos aspectos
matemáticos, mas começaram a pensar como essa nova geometria poderia estar
relacionada com o mundo físico.
Ao contrário da Geometria Euclidiana, as geometrias que estamos agora
relacionando são definidas sobre superfície de uma esfera ou de um hiperbolóide.
Vamos tentar explicar melhor o que é uma Geometria Não-euclidiana.
Suponha que a Terra seja perfeitamente esférica e que ela é habitada por “seres
planos”, criaturas que têm apenas duas dimensões e que não percebem o sentido
de “altura”. (ON, artigo, p.3).
O método usado por estas criaturas para identificar “linhas retas” como sendo as
linhas de mais curta distância entre dois pontos consiste em estender linhas
através da superfície conectando dois pontos quaisquer. Para essas criaturas
essa linha parece ser uma reta à medida que elas se movem ao longo delas uma
vez que as direções de chegada ou de partida dessas criaturas em qualquer
ponto sobre a linha têm ângulo zero entre elas.
Com esta definição os “seres planos” encontram que todas as linhas retas se
interceptam e que se movendo ao longo de qualquer linha reta eles finalmente
retornam ao seu ponto de partida.
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Segundo Coutinho (2001, p.21) o astrônomo Dr. Igor Ariamatar em suas
palestras, explicando se o espaço em que vivemos é ou não euclidiano, se
divertia com charadas e problemas como o que segue. “Se envolvermos a Terra,
supostamente esférica e perfeitamente lisa, por uma corda de comprimento 30m
maior do que sua circunferência , iremos, é claro, obter uma folga entre a
superfície do planeta e a corda. Esta folga se for mantida a mesma em toda a
extensão da circunferência, daria para passar um elefante ou só teria chance um
bicho não maior do que uma formiga?”
Fonte: Convite às Geometrias Não-Euclidianas - Lazaro Coutinho - Pág. 21
Seja C o comprimento da circunferência da Terra e R o seu raio, então:
C= 2 R (1)
Se a corda é 30m maior do que C escreve-se:
C + 30 m = 2 (R + x), ou
C + 30 = 2 R + 2 x (2),
onde x é o correspondente aumento do raio, ou o valor procurado da folga.
Subtraindo (1) de (2), resulta: 2 x = 30 ou seja x 4,8m.
Folga suficiente para passar um elefante.
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GEOMETRIA HIPERBÓLICA
Esta Geometria foi desenvolvida independentemente, por Nicolai
Lobachewsky e, quase simultaneamente, por János Bolyai.
A Geometria Euclidiana e a Geometria Hiperbólica diferem não somente
em conteúdo, mas também no modo em que foram construídas. Enquanto a
primeira foi desenvolvida a partir da percepção tátil e visual e posteriormente
axiomatizada, a segunda foi desenvolvida a partir da axiomatização e
posteriormente é que foram desenvolvidos modelos matemáticos para sua
percepção tátil e visual.
O principal axioma que faz com se perceba a existência de uma geometria
distinta da geometria euclidiana, é o axioma hiperbólico. Nessa Geometria o
postulado das paralelas é substituído pelo postulado de Lobachewsky, que diz:
“Na Geometria Hiperbólica existe uma reta L1 e um ponto P não pertencente
a L1, tal que existem duas retas distintas L2 e L3 que passam por P e são
paralelas a L1. Na superfície da pseudo-esfera, encontra-se a possibilidade da
afirmação do Postulado de Lobachewsky.
Nesta figura, pode-se visualizar e compreender melhor que por um ponto P fora de uma reta L1, passam duas paralelas L2 e L3.
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Com a preocupação de provar a existência de um modelo real, que
satisfizesse o axioma hiperbólico, os matemáticos construíram modelos que não
deixam dúvidas de sua existência.
O primeiro a apresentar em modelo plano para esta geometria foi Felix Klein que
trata de um círculo no plano euclidiano, e é considerado apenas o interior do
círculo. As retas desse plano são cordas do círculo excluindo suas extremidades.
Para completar o modelo, é preciso que as retas tenham uma extensão infinita
dentro de uma área finita. Assim, na figura abaixo, dada a reta AB e o ponto P
fora dela, as retas DP e EP são paralelas a AB; as infinitas retas que passam por
P e situadas no interior do ângulo são as retas não-secantes.
Figura que representa o modelo de Klein.
Segundo (COUTINHO, 2001, p. 44), o matemático Henry Poincaré criou o
seu modelo, que difere do de Klein no que diz respeito às retas, onde, as retas
são arcos de círculos perpendiculares ao círculo, que representa o plano
hiperbólico. Na figura abaixo, pode se visualizar o conhecido disco de Poincaré,
onde duas retas são paralelas somente se elas não tiverem ponto em comum.
Esta figura está planificada e mostra as retas a e b paralelas.
27
O quadro abaixo elaborado por (CABARITI, 2004, p.61) facilita ao
entendimento dos principais objetos do plano hiperbólico.
OBJETO HIPERBÓLICO INTERPRETAÇÃO EUCLIDIANA
PLANO Interior de uma circunferência euclidiana.
PONTO Ponto interior ao horizonte.
RETA Diâmetro do horizonte e arcos de circunferência
ortogonais ao horizonte.
Na gravura de Escher, feita em 1959, é possível observar as geodésicas
que formam triângulos e quadriláteros hiperbólicos, como propostos no disco de
Poincaré
Fonte: www.seara.ufc.br
28
A Geometria Hiperbólica é a geometria das geodésicas sobre superfície
negativa. Assim, trabalhando com esta Geometria é possível perceber elementos
diferentes dos apresentados na Geometria Euclidiana e estabelecer novas
relações com o mundo.
Destacando algumas propriedades da geometria hiperbólica, temos:
A soma dos ângulos internos de um triângulo é menor que dois retos.
A soma das medidas dos ângulos internos de qualquer quadrilátero é
menor que 360°.
Uma reta é dividida em duas partes por um ponto.
As retas paralelas nunca são eqüidistantes.
Duas retas distintas perpendiculares a uma terceira são paralelas.
Dois triângulos com ângulos correspondentes iguais são congruentes.
29
GEOMETRIA ELÍPTICA
Após a Geometria Hiperbólica, surgiu a possibilidade de novas geometrias;
foi então que o matemático alemão Riemann criou a Geometria Elíptica.
Modelos da Geometria Elíptica incluem a Geometria Projetiva, a Geometria
Estereográfica e a Geometria Hiperesférica, mas veremos neste Caderno
Pedagógico a Geometria Esférica, conhecida também como Geometria
Riemanniana.
Georg Friedrich Riemann abriu um grande campo para novos estudos,
criando um novo universo geométrico, que contribuiu para a resolução de
problemas fundamentais como os da Teoria da Relatividade.
O universo é considerado finito e ilimitado tendo o espaço uma curvatura
constante positiva, que corresponde ao espaço de Riemann, portanto, a
Geometria Euclidiana, por si só não pode interpretar todos os elementos da
natureza.
Para consolidação da Geometria Elíptica, Riemann interpretou o plano
como a superfície de uma esfera e uma reta como o círculo máximo de uma
esfera ou geodésicas, desconsiderando que a reta é infinita, mas considerando-a
ilimitada.
Exemplos de Geodésicas
30
Após estudos e em oposição ao Quinto Postulado de Euclides, Riemann
estabeleceu segundo (COUTINHO, 2001, p.73) como um de seus postulados que:
“Quaisquer duas retas em um plano têm um ponto de encontro”.
Ainda segundo Coutinho, uma maneira de interpretar o postulado acima
seria pensar na superfície esférica, onde “retas” seriam os círculos máximos ou
geodésicas da superfície esférica. Nessa superfície, quaisquer dois círculos
máximos se interceptam, aliás, em mais de um ponto. Evita-se esse
inconveniente considerado idênticos os dois pontos de intersecção.
Considerando o postulado de Riemann, verifica-se que:
Quaisquer duas retas em um plano têm um ponto de encontro.
É possível perceber que, na superfície esférica, duas circunferências máximas
ou duas geodésicas se interceptam num ponto.
31
Dados dois pontos sobre a esfera, pode-se encontrar infinitas retas
que possuem esses pontos que são chamados de Pólo.
Duas circunferências máximas que passam pelos Pólos, interceptam
uma outra circunferência máxima oposta aos Pólos, formando um
ângulo de 90°.
O ângulo sobre a esfera é chamado de ângulo esférico, sendo que
suas medidas são calculadas pelas tangentes e as geodésicas que
passam pelo ponto de intersecção; podendo ser medidos em graus
ou em radianos.
32
Um triângulo esférico é formado pelos segmentos de arcos que unem
os três pontos não pertencentes a uma mesma circunferência
máxima.
Enquanto na Geometria Euclidiana dois pontos determinam uma reta, na
Geometria Esférica, dois pontos determinam geodésicas. Na Geometria
Euclidiana, temos segmentos de reta, e na Geometria Esférica temos arco da
geodésica.
O triângulo esférico é formado pelos arcos de círculos máximos que unem
3 pontos distintos, dois a dois. Os lados dos triângulos esféricos são medidos
em graus ou radianos.
Assim como nos triângulos planos, os triângulos esféricos possuem três
alturas, três bissetrizes, três medianas e podem ser classificados de acordo
com as medidas dos seus lados ou de seus ângulos.
Segundo (COUTINHO, 2001, p.86) os triângulos esféricos classificam-se:
Quanto aos ângulos:
- Retângulo – um ângulo reto;
- Birretângulo – dois ângulos retos;
33
- Trirretângulo – três ângulos retos.
Quanto aos lados:
- Retilátero – um lado medindo 90°;
- Birretilátero – dois lados medindo 90° cada um;
- Trirretilátero – cada um dos lados medindo 90°.
Convém notar que, se um triângulo esférico é trirretângulo, sê-lo-á também
trirretilátero e, reciprocamente, ou seja, trata-se de um triângulo que cobre
exatamente a oitava parte da superfície esférica.
A união de três pontos A, B e C distintos pertencentes a uma mesma
circunferência máxima formam um triângulo esférico cuja soma podem variar
de 189° a 900°, onde:
Se o triângulo ocupar metade da esfera a soma dos ângulos internos
variam entre 180° < α + β+ γ < 540°
Se o triângulo ocupar quase toda a área da esfera a soma dos ângulos
internos variam entre 540° < α+ β+ γ< 900°.
Na figura abaixo, observa-se a superfície esférica dividida em triângulos, onde:
34
- O ponto A, encontro das geodésicas, é o vértice de 8 triângulos, portanto
cada ângulo mede 8
360 = 45° ;
- O ponto B é o vértice de 4 triângulos, portanto cada ângulo mede 4
360= 90°;
- O ponto C é o vértice de 6 triângulos, portanto cada ângulo mede 6
360= 60°.
Para cálculo da área de um triângulo esférico temos:
α + β + γ = π + k . A ou seja: A = k
)(
Destacando algumas propriedades da geometria elíptica temos:
A soma dos ângulos internos de um triângulo é maior do que dois retos.
A soma das medidas dos ângulos internos de qualquer quadrilátero é maior
que 360°.
A área da superfície esférica de raio unitário é 720°.
O plano é uma superfície esférica, e a reta uma geodésica, ou
circunferência de círculo máximo.
Duas retas distintas perpendiculares a uma terceira se interceptam.
35
Círculos máximos nunca são paralelos.
Um arco de círculo máximo é o caminho mais curto entre dois pontos, é
finito, se interceptam em dois pontos e têm dois centros que são os pólos.
Dois triângulos com ângulos correspondentes iguais são congruentes.
Dois círculos máximos têm sempre dois pontos em comum e se forem
perpendiculares, formam oito ângulos retos dividindo a esfera em quatro
regiões finitas.
Com essa nova Geometria é possível um novo entendimento do
nosso espaço, pois permite desenvolver atividades relacionadas ao espaço
esférico fazendo comparações com o espaço plano e seus elementos
permitem uma associação com o globo terrestre, estabelecendo relações
entre a disciplina da Matemática e a da Geografia.
36
COMPARANDO AS GEOMETRIAS
As Geometrias que estamos apresentando neste Caderno Pedagógico são
definidas sobre as superfícies: plana, esférica ou de um hiperbolóide.
As figuras abaixo mostram essas três geometrias e observa-se que:
A curvatura é negativa – triângulo hiperbólico. A soma dos seus ângulos
internos é menor que a soma de dois retos e a área é proporcional à
diferença da soma dos ângulos.
A curvatura é zero – Triângulo plano. A soma dos ângulos internos é igual
a 180°.
A curvatura é positiva – Triângulo esférico. A soma dos ângulos internos
é maior que a soma de dois retos e área é proporcional ao excesso da
soma dos ângulos.
Uma maneira prática pela qual podemos distinguir essas três geometrias
pode ser a seguinte:
- pegue uma folha de papel e coloque-a sobre uma superfície plana. Observe que
o papel irá cobrir a superfície suavemente. Isso indica que a área do papel é igual
à área que você pretende cobrir.
37
- pegue outra folha de papel idêntica a primeira e coloque-a sobre uma superfície
esférica. Observe que para cobrir a superfície próxima a qualquer ponto sobre ela
terá que permitir que surjam vincos no papel. Isso indica que a área do papel é
maior que a área que você está tentando cobrir.
- pegue outra folha de papel, também idêntica as anteriores e coloque sobre uma
superfície hiperbolóide (ex. cela do cavalo). Observe que o papel será insuficiente
para cobrir a superfície próxima a qualquer ponto sobre ela. Isso indica o inverso,
ou seja, que a área do papel é menor que a área que você está tentando cobrir.
A tabela abaixo mostra claramente os principais pontos de comparação entre
essa três Geometrias.
EUCLIDIANA ELÍPTICA HIPERBÓLICA
Através de um ponto
dado podemos traçar
somente uma paralela a
uma linha reta.
Através de um ponto dado
não podemos traçar
nenhuma paralela a um
ponto dado.
Através de um ponto
dado podemos traçar
mais de uma paralela a
uma linha reta.
A soma dos ângulos
interiores de um triângulo
é igual a dois ângulos
retos
A soma dos ângulos
interiores de um triângulo
é maior do que dois
ângulos retos.
A soma dos ângulos
interiores de um triângulo
é menor do que dois
ângulos retos.
A circunferência de um
círculo é igual a vezes
o seu diâmetro
A circunferência de um
círculo é menor que
vezes o seu diâmetro.
A circunferência de um
círculo é maior que
vezes o seu diâmetro.
A soma dos ângulos
interiores de qualquer
quadrilátero é igual a
360°
A soma dos ângulos
interiores de qualquer
quadrilátero é maior que
360°
A soma dos ângulos
interiores de qualquer
quadrilátero é menor que
360°
38
ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO
Introdução
O propósito deste Caderno Pedagógico é selecionar dentre os conteúdos
propostos nas Diretrizes Curriculares do Ensino Médio o conteúdo de Geometria e
apresentar atividades que relacionam a Geometria Euclidiana com a Geometria
Não-euclidiana, atividades estas que serão desenvolvidas durante a intervenção
pedagógica na escola.
Metodologia
Sabendo que os conteúdos destas Geometrias são amplos e complexos e
devido ao curto prazo que o PDE disponibiliza para a intervenção pedagógica, as
atividades apresentadas neste caderno serão relacionadas apenas à Geometria
Euclidiana Plana e as Geometrias Não-euclidianas Hiperbólica e Elíptica.
As atividades estão em grau de dificuldades que possam ser aplicadas
conforme proposto no Projeto, aos alunos do 2º ano do Ensino Médio do Colégio
Estadual José Luiz Gori – Ensino Fundamental e Médio, do município de
Mandaguari, Núcleo de Maringá tendo como professora regente de sala, eu, Luzia
Dogani Garcia.
Para uma melhor interação entre os conteúdos, neste momento não será
possível a articulação com outros conteúdos do currículo, pois as atividades serão
propostas em forma de oficinas e aplicadas em grupos, utilizando Materiais
Manipuláveis e o Software Geogebra.
O Software Geogebra é um instrumento de Matemática Dinâmica, gratuito
e disponível na internet, que possibilita desenvolver atividades de geometria e
álgebra. Tem uma interface de fácil acesso e não requer conhecimentos prévios
de informática, o estudante é quem determina o que vai ser executado na tela.
Entre os Softwares citados no Projeto, neste trabalho as atividades serão
construídas no Geogebra pelo fato de ser o único software instalado nos
39
computadores dos laboratórios de informática das Escolas Públicas do Estado do
Paraná.
A opção em utilizar Materiais Manipuláveis é por acreditar que o seu
manuseio favorece a participação ativa dos alunos na construção do seu próprio
conhecimento levando a aquisição de uma maior confiança em expressar e
elaborar argumentos pertinentes à ação.
As atividades da Geometria Plana e das Geometrias Não-Euclidianas estão
relacionadas paralelamente para que os alunos tenham ferramentas que
contribuam para a melhor compreensão e comparação entre seus conceitos
fazendo articulações entre as duas.
Com o propósito de tornar claros conceitos até então confusos, este
trabalho apresenta a contribuição que os ambientes em Geometria Dinâmica
podem trazer à superação de dificuldades. Através de sessões de trabalhos
realizados com os alunos onde as estratégias apresentadas evidenciam uma
nova abordagem ao ensino e aprendizado da Geometria, serão feitas conjeturas a
partir da experimentação, corrigidas e refinadas a partir do feedback oferecido
pelo ambiente, até que propriedades estáveis sob a ação de movimento de
desenho se estabeleçam, surgindo então naturalmente o processo de
argumentação e dedução.
As questões as quais vamos nos deter aqui são: os processos de formação
do conceito de objeto geométrico entre o experimental e o abstrato, onde
evidencia-se o quanto softwares com recursos de “desenho em movimento”
podem ser ferramentas ideais na superação das dificuldades.
40
ATIVIDADES PROPOSTAS
ATIVIDADE 1 – GEOMETRIA EUCLIDIANA – PLANA
Matemática Dinâmica – Construindo no GEOGEBRA
Conteúdo: Classificação de triângulos quanto aos lados.
Desenvolvimento: Para que os alunos se familiarizem com o software Geogebra
vamos iniciar com atividades em nível de dificuldade considerado fácil.
Construa utilizando o programa Geogebra os seguintes triângulos:
a) Triângulo Eqüilátero: Para construirmos um triângulo eqüilátero, temos em
mente que todos os seus lados são congruentes. Existe uma ferramenta chamada
polígono regular, que nos permite construir triângulos equiláteros com a medida
dos lados que desejarmos.
Passos: - Na barra de ferramentas, clique no botão polígonos; em seguida em
polígonos regulares. Após isto, indique dois pontos quaisquer que serão o
comprimento do lado do triângulo; depois aparecerá uma janela solicitando o
número de lado do polígono. Digite 3, e veja que um triângulo aparecerá na janela
do Geogebra.
Espera-se que com esta atividade os alunos percebam, observando a
janela de álgebra, que todos os lados do polígono possuem o mesmo
comprimento.
b) Triângulo Isósceles: Pela definição de triângulos isósceles, temos que dois de
seus três lados são congruentes.
Passos:- Construa um segmento de reta definido por dois pontos (A e B);
utilizando a barra de ferramenta ponto médio, encontre o ponto médio deste
segmento; após isso construa uma reta perpendicular ao segmento que você
construiu, cruzando justamente no ponto médio da reta; marque um ponto (C) em
41
qualquer lugar desta reta perpendicular; trace segmentos de retas unindo o ponto
A com C e o ponto B com C.
Espera-se que com esta atividade os alunos percebam, que todo triângulo
que for construído utilizando como vértice os extremos do segmento, e um ponto
qualquer na reta perpendicular ao segmento será um triângulo isósceles.
c) Triângulo escaleno: Pela definição de triângulo escaleno, temos que todos os
seus comprimentos são distintos.
Passos:- Na barra ferramenta clique no botão polígono e, em seguida clique na
tela o seu primeiro ponto, clique o segundo ponto a uma certa distância, em
seguida o terceiro a uma distância diferente da anterior e volte ao ponto de partida
Espera-se que com esta atividade os alunos observem a janela de álgebra
e percebam que os lados desse triângulo possuem medidas distintas.
ATIVIDADE 2 – GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA
Matemática Dinâmica – Software Geogebra.
Conteúdo – Polígonos.
Construa com auxílio do Geogebra as seguintes figuras geométricas.
a) Retângulo: Usando a ferramenta polígono na barra de ferramenta do
Geogebra, e se orientando pela malha quadriculada indicamos os vértices do
polígono, assim construindo a figura. Observe um exemplo.
42
b) Quadrado: Usando a barra de ferramenta polígono e se orientando pela malha
quadriculada indicamos os vértices do quadrado, onde temos de ter certo
cuidado, pois a medida do comprimento de cada segmento é a mesma. Observe
um exemplo.
d) Circunferência: O conjunto de todos os pontos que distam de um ponto
central é chamado de circunferência. O Geogebra nos possibilita construir uma
circunferência usando a ferramenta círculo, definido pelo centro e um dos seus
pontos, que nos permite estipular o valor para o raio. Observe um exemplo.
43
e) Polígonos: Sabemos que existem figuras com número grande de lados. O
Geogebra nos possibilita fazer figuras com (n) número de lados. Veja os
exemplos e em seguida construa outras figuras.
f) Polígonos regulares: Polígonos regulares são figuras que possuem todos os
lados e ângulos congruentes. Para construí-los no Geogebra é muito simples.
Passos: Clique na barra de ferramenta polígono e em seguida clique em polígono
regular. Após isto, você deverá indicar dois pontos quaisquer. Em seguida uma
janela será automaticamente aberta solicitando o número de lados de seu
polígono; após ter escolhido tal número, o seu polígono será desenhado na tela
do Geogebra.
A seguir temos exemplos de polígono de 5 e de 8 lados. Observe-os e construa
outros polígonos regulares com total de lados a seu critério de escolha.
44
Espera-se que com esta atividade os alunos observem a janela de álgebra
e generalizem que em polígonos regulares todos os lados possuem o mesmo
comprimento, e mais ainda, que todos os ângulos destes polígonos são
congruentes.
Atividade 3 – Geometria Euclidiana – Plana
Matemática Dinâmica – Software Geogebra
Conteúdo: Área de figuras geométricas.
A área de uma figura geométrica é a região interior desta, onde por algumas
fórmulas podemos facilmente calculá-las. Contudo, existem figuras com muitos
lados, onde seria complicado calcular sua área através de fórmulas. O Geogebra
nos possibilita, através da sua ferramenta área, calcular estes valores.
Primeiramente desenhamos a figura do polígono desejado. Após tê-lo desenhado,
vamos calcular sua área. Na barra de ferramenta, nas opções relativas a ângulo
observe que existirá uma opção chamada área, clique nesta opção e logo após
clique sobre o polígono. Logo você verificará que um número aparecerá próximo à
figura, este número é a área da figura.
45
Veja abaixo um exemplo.
Agora desenhe uma circunferência de raio 4, com centro em (1,1), um quadrado
de lado 6 e um polígono qualquer de 7 lados. Determine a área de cada figura.
ATIVIDADE 4 – GEOMETRIA EUCLIDIANA - PLANA
Material manipulável: régua, transferidor, tesoura, cola, lápis de cor e papel sulfite.
Conteúdo: Soma das medidas dos ângulos internos de um triângulo.
Desenvolvimento:
- Desenhar um triângulo eqüilátero qualquer.
- Marcar os três ângulos internos e medir seus valores
- Somar os ângulos e anotar o resultado obtido
- Colorir os ângulos e em seguida recortar o contorno do triângulo e dividi-lo em
três partes de maneira que em cada parte fique um ângulo.
- Juntar as partes, colar sobre uma linha reta de um sulfite unindo os três ângulos.
- Anotar que tipo de ângulo formou e qual sua medida em graus.
- Repetir a atividade com um triângulo isósceles qualquer.
- Repetir a atividade com um triângulo escaleno qualquer.
46
- Qual o resultado obtido?
Nesta atividade, espera-se que os alunos generalizem que a soma dos
ângulos internos de qualquer triângulo é 180°, independente de sua forma e
tamanho.
ATIVIDADE 5 – GEOMETRIA ELÍPTICA
Material Manipulável: transferidor de papel e balão de ar .
Conteúdo: Soma das medidas dos ângulos internos de um triângulo
Para a realização desta tarefa vamos usar uma charada.
Um urso saiu de sua casa e caminhou 100 km para o Sul. Depois virou ao
Oeste e caminhou por mais 100 km. Então virou novamente e caminhou por mais
100 km ao Norte. Qual não foi a sua surpresa quando descobriu que voltara
novamente a sua casa. Qual a cor do urso? (LAMPARELI, 1975, p.21) .
Desenvolvimento:
- Esboce em uma folha o trajeto
percorrido pelo urso.
- Foi possível o urso chegar ao mesmo
lugar após uma caminhada como a
descrita acima?
Fonte: www.planobeta.com...autor: Marcos Morais
- Esboce agora em uma bola o trajeto do urso.
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- Foi possível o urso chegar ao mesmo lugar na superfície esférica? Agora é
possível definir a cor do urso?
- Construa em folha separada um transferidor de papel, recorte-o e use-o para
medir os ângulos do desenho do triângulo na bola de plástico.
- Some os ângulos obtidos. Qual o resultado?
- Faça triângulos de vários tamanhos em balões de ar, use o transferidor de papel
e meça seus ângulos adicionando em seguida seus valores.
- Compare os resultados.
- Qual sua conclusão?
- É possível determinar o terceiro ângulo deste triângulo conhecendo os outros
dois? Justifique.
Nesta atividade, espera-se que os alunos percebam que na Geometria
Euclidiana, não é possível o urso chegar em casa e para resolver situações
problemas como essa é que surgiu as Geometrias Não-euclidianas. Espera-se
também que os alunos concluam que na superfície esférica a soma das medidas
dos ângulos internos de qualquer triângulo será maior que 180°.
ATIVIDADE 6 – GEOMETRIA HIPERBÓLICA
Material Manipulável: Cornetas de brinquedo e transferidor de papel.
Conteúdo: Soma dos ângulos internos de um triângulo.
Desenvolvimento:
- Desenhe na região hiperbolóide da corneta um triângulo qualquer.
- Com o auxilio do transferidor de papel meça seus ângulos, anote seus valores e
em seguida adicione-os.
48
- Repita o procedimento com desenhos maiores e menores que o primeiro.
- Quais os resultados obtidos?
- Generalize.
ATIVIDADE 7 – GEOMETRIA ELÍPTICA
Material Manipulável: Laranjas tomadas como representação de uma esfera.
Conteúdo: Raio, diâmetro e círculos máximos
Desenvolvimento:
- Fatiar algumas laranjas no sentido contrário aos gomos.
- Fatiar uma laranja o mais próximo possível do meio.
- Foi possível visualizar a circunferência máxima?
- Se resolvêssemos fatiar a esfera que figuras encontraríamos?
Sistematize o que é raio, o que é diâmetro e o que é círculo máximo.
49
ATIVIDADE 8 – GEOMETRIA ELÍPTICA
Material Manipulável: Bola de isopor, alfinete, barbante e transferidor de papel.
Conteúdo: Perpendicularismo e classificação de triângulos.
Desenvolvimento:
- Com auxílio de alfinetes e barbante represente um círculo máximo em uma bola
de isopor.
- Represente outro círculo máximo perpendicular ao primeiro.
- Represente um terceiro círculo máximo, perpendicular aos dois já construídos.
- Quantos triângulos ficaram determinados pelas três circunferências máximas?
- Quanto mede cada ângulo desses triângulos?
- Qual a soma dos ângulos internos de cada um desses triângulos?
- Como é classificado esse triângulo esférico de acordo com seus ângulos e
lados?
Espera-se que com esta atividade os alunos relembrem conceitos de
perpendicularismo e assimilem conceitos de classificação de triângulos quanto
aos lados e quanto aos ângulos.
50
ATIVIDADE 9 - GEOMETRIA PLANA
Matemática Dinâmica Software Geogebra
Conteúdo: Soma dos ângulos internos de um triângulo.
Desenvolvimento:
- Construa um triângulo ABC qualquer
- Meça seus ângulos
- Usando o “Campo de Entrada, calcule soma dos seus ângulos internos.
- Observe qual o resultado obtido.
- Movimente os vértices do triângulo de modo que o mesmo aumente e diminua
de tamanho e vá observando o que acontece com o resultado.
- Será possível determinar a medida do ângulo interno de um triângulo a partir da
medida de dois internos dados? Como?
ATIVIDADE 10 – GEOMETRIA HIPERBÓLICA
Matemática Dinâmica – Software Geogebra
51
Conteúdo: Soma dos ângulos internos de um triângulo
Desenvolvimento:
- Para a realização desta atividade é necessário a construção das quatro macros
seguintes que auxiliarão a construção de geodésicas.
1- Construir uma reta perpendicular a uma reta hiperbólica dada por um ponto
dado;
2- Construir um segmento hiperbólico por um ponto dado;
3- Construir um ponto médio de um segmento hiperbólico dado;
4- Calcular a distância hiperbólica entre dois pontos dados.
- Construa um triângulo na geometria hiperbólica ABC qualquer e meça seus
ângulos.
- Usando o campo de “Entrada” na janela de álgebra, some os seus ângulos
internos.
- Qual o resultado obtido?
- Movimente os vértices do triângulo, de modo que ele aumente e depois diminua.
O resultado da soma dos ângulos se altera?
- Que conclusão é possível tirar?
- È possível determinar o terceiro ângulo deste triângulo conhecendo os outros
dois? Justifique?
52
Nesta atividade, com os movimentos da figura que o software possibilita, espera-
se, que os alunos generalizem que a soma dos ângulos internos de qualquer
triângulo hiperbólico independente do seu tamanho será sempre menor que 180°.
ATIVIDADE 12 – GEOMETRIA ELIPTICA
Matemática Dinâmica – Software Geogebra
Conteúdo: Soma dos ângulos internos de um triângulo
Desenvolvimento:
Seguir o mesmo procedimento da atividade 10, construindo agora um triângulo
elíptico.
Nesta atividade, com o movimento da figura que o software possibilita, espera-se,
que os alunos generalizem que a soma dos ângulos internos de qualquer
triângulo elíptico será sempre maior que 180° e menor que 900°.
53
ATIVIDADE 11 – GEOMETRIA PLANA E HIPERBÓLICA
Matemática Dinâmica Software Geogebra
Conteúdo: Soma das medidas dos ângulos internos de um quadrilátero.
Desenvolvimento:
- Construa um círculo e construa nele um polígono de quatro lados.
- Construa outro círculo e por meio das geodésicas construa um quadrilátero
hiperbólico.
- Meça os ângulos de cada uma das figuras.
- Usando o “Campo de Entrada”, calcule a soma dos ângulos internos de cada
figura.
- Qual o resultado obtido?
- Movimente cada figura e verifique o que acontece com a soma dos ângulos.
- Generalize.
Com esta atividade espera-se que os alunos percebam que a soma dos
ângulos internos de um quadrilátero na geometria plana será sempre 360° e na
Geometria Hiperbólica será sempre menor que 360°.
54
ATIVIDADE 11 – COMPARANDO AS GEOMETRIAS
Material Manipulável – Corneta, bola de isopor e fita adesiva colorida.
Usando a parte hiperbólica da corneta e fatiando a bola de isopor como mostra a
figura, construir um material em que se possa visualizar os três espaços: plano,
hiperbólico e elíptico.
Com auxilio da fita adesiva, desenhar um triângulo em cada espaço.
Com auxilio de um transferidor de papel medir e anotar cada ângulo.
Calcular a soma das medidas dos ângulos de cada triângulo e comparar.
Com a construção desse material o aluno
poderá comparar e fixar o conceito de que a
soma dos ângulos internos de um triângulo
será:
- no espaço plano igual a 180° .
- no espaço hiperbólico menor que 180°.
- no espaço elíptico maior que 180°.
Com a realização dessas atividades os alunos poderão perceber as regularidades
quando ocorrem transformações nas figuras, fazendo conjecturas e
generalizações entre as Geometrias Plana, Elíptica e Hiperbólica.
55
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em Geometria, uma das questões centrais, trata de direcionar a
aprendizagem para que, ao final da resolução de cada atividade, o aluno seja
capaz de saber por seus próprios meios se o resultado que obteve é razoável ou
absurdo, se o caminho utilizado foi correto ou não, se o argumento de seu colega
é consistente ou contraditório, para que ao longo da sua caminhada escolar possa
aprender a praticar ações cada vez mais complexas, com maior autonomia e
maior grau de sociabilidade.
Para conseguir prender a atenção dos alunos, é necessário esquecer a
aula tradicional, aquela em que determinado conteúdo é apresentado no quadro
negro, explicado e, em seguida, memorizado por meio da resolução de uma
bateria de exercícios baseados em exemplos dados.
Nada mais empolgante para os jovens do que serem desafiados. Por isso
nada de apresentar questões apenas para verificar se os conteúdos foram
fixados. Ensinar Geometria requer do professor um esforço para que as
atividades selecionadas contribuam para o desenvolvimento intelectual do aluno,
estimulem a criatividade, a intuição e a capacidade de análise.
O enfrentamento das situações que o aluno terá pela frente no
prosseguimento de seus estudos, no trabalho e no exercício da cidadania, requer
mais do que informações, exigindo a mobilização de conhecimentos e
habilidades. Isso não significa que os exercícios do tipo: “calcule...”, “resolva...”,
devam ser eliminados, pois eles cumprem a função do aprendizado de técnicas e
propriedades, mas não são suficientes para que possa conduzir o aluno à
construção de conceitos matemáticos. Se o professor insistir em cumprir
programas extensos, com conteúdos fragmentados e sem significado,
transmitindo-os de uma única maneira a alunos cujo papel se restringe a ouvir e
repetir, sem dúvida as competências propostas pelo MEC e descrita nos PCNEM
(Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio) estarão fora do
alcance.
56
A avaliação do aluno deve ser repensada, assumindo a função de cooperar
no avanço de sua aprendizagem e na construção de seu saber guiando o
professor no sentido de fazer intervenções que permitam ao aluno avançar
sempre. Não existe processo avaliativo sem o recolhimento de dados para serem
analisados; daí a importância dos instrumentos de avaliação, sua escolha e seus
critérios de uso. Sabendo que o importante é que a avaliação forneça dados que
possibilitem ao professor compreender o que foi aprendido ou não, o que,
certamente, gerará dados valiosos sobre os alunos e o processo de ensino, o
aproveitamento na implementação deste material, dará maior ênfase a
capacidade de síntese adquirida do que a memorização de conteúdos.
Com o objetivo de que os alunos desenvolvam habilidades de raciocínio
lógico, esse caderno pedagógico, traz diversas atividades que proporcionam a
reflexão, permitindo que sejam feitas relações entre as três Geometrias – Plana,
Hiperbólica e Elíptica – desafiando-os a generalizar novos conceitos. Essas
atividades priorizam o uso de material manipulável e do software Geogebra por
verificar a falta de habilidade dos alunos com números em consequência de um
ensino mecanizado, sem significado e da ausência de um trabalho efetivo com
cálculo mental e estimativa em todos os níveis escolares. Cabe a escola levar o
aluno a dominar, minimamente, as tecnologias presentes em sua realidade e este
papel não está sendo cumprido.
A utilização de material manipulável e das tecnologias humaniza e atualiza
as aulas, permite ao aluno ganhar mais confiança para buscar novas experiências
de aprendizagem, auxilia no gerenciamento do tempo e das ações de ensino e
favorece a retomada de conceitos.
A aplicação das atividades é variável. Dependerá do interesse dos alunos
pelo tema proposto, do modo de se trabalhar, que não deve ser rígido, pois as
exigências de cada momento orientarão a forma de cada etapa do trabalho. No
entanto, isso não significa que o professor deva assumir uma atitude
espontaneísta na condução do trabalho. É importante que haja um planejamento
do que vai ser feito a cada dia, do preparo do material necessário para cada
atividade e da disponibilidade do laboratório de informática.
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Durante o desenvolvimento das atividades, é conveniente que o professor
observe os alunos trabalhando. A fim de conhecer suas áreas de interesse e
desenvolver estratégias para auxiliar cada um a avançar no que demonstrar ter
maior dificuldade.
Experiências em sala de aula mostraram que os recursos didáticos quando
assertivamente empregados contribuem positivamente nos processos de ensinar
e aprender, melhorando a prática pedagógica do professor e provocando uma
postura diferente dos alunos que demonstram maior interesse e participação nas
aulas.
A participação no Programa de Desenvolvimento Educacional nos dá uma
oportunidade de crescimento pessoal e profissional, pois propicia a busca de
conhecimentos teóricos e práticos para fundamentar o nosso fazer pedagógico.
Com certeza a partir desse projeto minha prática pedagógica não será a mesma,
pois o conhecimento nos torna diferente e não será possível mais ensinar
matemática de forma mecânica conhecendo outros meios de se realizar uma
aprendizagem significativa.
Finalizando não poderia deixar de agradecer as orientações do Professor
Dr. Doherty Andrade, sua dedicação e atenção nos encaminhamentos,
partilhando as experiências e os conhecimentos que possui. Aos meus familiares,
pelo amor e dedicação, pelo apoio e incentivo. Enfim, a todos que, de uma
maneira ou outra, contribuíram para que este trabalho se concretizasse.
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